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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO ODONTOPEDIATRIA
Ana Carolina Couto Robles
Atitude e percepção sobre saúde bucal de mães de crianças
atendidas na Cnica de Odontopediatria da UFSC
Dissertação de Mestrado
Florianópolis
2005
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO ODONTOPEDIATRIA
Ana Carolina Couto Robles
Atitude e percepção sobre saúde bucal de mães de crianças atendidas
na Clínica de Odontopediatria da UFSC
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em
Odontologia do Centro de Ciências da Saúde da
Universidade Federal de Santa Catarina como parte dos
requisitos para obtenção do título de Mestre em
Odontologia – Área de Concentração Odontopediatria
Orientadora: Profa Dra Vera Lúcia Bosco
Co-orientadora: Profa Dra Suely Grosseman
Floriapolis
2005
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ANA CAROLINA COUTO ROBLES
“ATITUDE E PERCEPÇÃO SOBRE SAÚDE BUCAL DE MÃES DE CRIANÇAS
ATENDIDAS NA CLÍNICA DE ODONTOPEDIATRIA DA UFSC”
Esta dissertação foi julgada adequada para obtenção do título de MESTRE EM
ODONTOLOGIA – OPÇÃO: ODONTOPEDIATRIA e aprovada em sua forma final pelo
Programa de Pós-Graduação em Odontologia da Universidade Federal de Santa Catarina.
Florianópolis, 15 de dezembro de 2005.
_________________________________________________________________________
Prof.Dr. Ricardo de Sousa Vieira (Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Odontologia)
BANCA EXAMINADORA
______________________________________________________________________________
Profa. Dra. Veracia Bosco (Orientadora)
______________________________________________________________________________
Profa. Dra. Suely Grosseman (Co-orientadora)
______________________________________________________________________________
Prof. Dr. Saul Martins de Paiva (Membro)
______________________________________________________________________________
Profa. Dra. Zuleica Maria Patcio (Membro)
AGRADECIMENTOS
Ao meu amor e melhor amigo, Esdras Camargos, pelo incentivo, paciência e carinho.
Obrigada por entender minha ausência, meu nervosismo e insegurança nos últimos dois anos.
Sem o seu apoio, tudo isso ainda seria um sonho... Te amo muito!
Aos meus pais, Arlete e Antônio Carlos Robles por terem me ensinado o valor dos
estudos e a enfrentar os obstáculos da vida com caráter e força. Obrigada por tudo o que fizeram
por mim e, por muitas vezes, abrirem o de seus sonhos em prol dos meus. O que sou hoje,
devo a vocês... Pai, obrigada também por ter melhorado e corrigido os resumos em inglês.
À Professora Doutora Vera Lúcia Bosco, por ter colocado a metodologia qualitativa em
minha vida, pelas boas conversas, pelos conselhos, pela atenção dispensada, sempre oferecendo
grande contribuição a este trabalho. Obrigada pelo incentivo!
À Professora Doutora Suely Grosseman, pelo exemplo de ser humano e de profissional
que é. Sua amizade, atenção e ensinamentos foram essenciais nesta caminhada. Obrigada por me
acolher e por me auxiliar em todos os momentos que precisei, pelos almoços deliciosos e
agradáveis em sua casa, pela confiança depositada em mim. Tudo o que escrever aqui será pouco,
diante do que fez por mim... Professora, obrigada por tudo!
Aos demais professores da área de concentração em Odontopediatria, Prof. Dr. Ricardo de
Souza Vieira, Profa. Dra. Izabel Cristina Santos Almeida, Profa Dra. Joeci Oliveira, Profa
Dra. Maria José de Carvalho Rocha, por terem me proporcionado a oportunidade de fazer parte
do curso de mestrado 2004/2005 desta Instituição.
Às colegas e amigas, Ângela Scarparo Caldo-Teixeira e Carla Moreira Pitoni, pelo
exemplo de amor à odontopediatria e à pesquisa. Meninas, a amizade de vocês tornou esta
jornada muito mais leve e agradável. Obrigada por tudo o que me ensinaram, pelo apoio e,
principalmente, pelos momentos agradáveis que vivemos juntas. Nunca esquecerei as tardes em
Santo Antonio de Lisboa e os “pastéis” na Lagoa.... Vocês são demais!
À grande amiga, “quase irmã”, Tatiana N. R. Clementino Luedmann, por continuar
presente em minha vida, mesmo estando tão longe! Tati, você merece um agradecimento
especial, pois continua sendo uma super companheira, apesar das dificuldades que a distância
impõe. Nunca esquecerei o seu apoio, as dicas e a enorme colaboração, buscando artigos para
este e outros trabalhos, muitas vezes abrindo mão de seu tempo para me auxiliar. Muito obrigada!
À Mariane Cardoso e Ana Cristina Gerent Petry Nunes, pela orientação durante o
período de estágio no Programa de Atendimento ao Paciente Traumatizado.
Ao Prof. Luís Candido Pinto da Silva, pelo exemplo, carinho e incentivo, desde os tempos
da Graduação na PUC-MG.
Aos demais colegas de mestrado e doutorado, pelos momentos de descontração durante
os últimos dois anos.
À Ângela Gama e Raimundo Gama, pela calorosa acolhida em Floriapolis. Obrigada
pelos conselhos e pelos almoços de domingo! Vocês têm sido minha segunda família!
À Mariana Couto Gama, pelo aulio na elaboração dos resumos em inglês.
Às mães que participaram da construção desta pesquisa , sempre socitas e amáveis,
dispostas a dividir comigo um pouco da sua vida, de seus problemas, de seus sentimentos. Com
vocês, aprendi a enxergar a vida e a Odontologia de maneira diferente.
“Não existe caminho...
o caminho se faz ao andar...”
A. Machado.
ROBLES, Ana Carolina Couto. Atitude e percepção sobre saúde bucal de mães de crianças atendidas na Clínica
de Odontopediatria da UFSC. 2005. 76p. Dissertação (Mestrado em Odontologia – Área de Concentração
Odontopediatria) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis.
RESUMO
Esta pesquisa foi dividida em dois artigos. O método utilizado foi o qualitativo, tipo estudo
de caso. Os dados foram coletados através de entrevista semi-estruturada e a população estudada
constituiu-se por sete mães de crianças que estavam sendo atendidas em clínicas de odontopediatria
da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). O Artigo I buscou conhecer práticas e
significados de saúde bucal das mães entrevistadas. Observou-se que experiências negativas
vivenciadas em tratamentos odontológicos anteriores, dificuldades financeiras e gravidez
influenciaram-nas na busca e adesão a tratamentos. A procura pelo dentista ocorreu,
principalmente, para realização de procedimentos curativos. As mães cuidam dos dentes de seus
filhos por considerarem tais cuidados responsabilidade materna, para prevenir cárie e suas
conseqüências, evitar gastos com tratamentos onerosos e que as crianças passem por experiências
desagradáveis com dentistas. As fontes de informação citadas sobre os cuidados com a boca foram
dentistas, médicos, enfermeiras, escolas, veículos de comunicação em massa e acadêmicos de
odontologia da UFSC. Apesar de desejarem cuidar da saúde de seus filhos de maneira adequada,
nem sempre elas têm condições econômicas e sociais favoráveis para colocar os ensinamentos em
prática. O Artigo II objetivou conhecer a percepção de mães em relação ao atendimento
odontológico prestado em clínicas de odontopediatria da Universidade Federal de Santa Catarina
(UFSC), bem como sua concepção sobre como seria o dentista “ideal”. Observou-se que, para as
mães entrevistadas, o dentista ideal deveria reunir habilidades afetivas, psicomotoras e cognitivas,
tais como, gostar do que faz, ser atencioso e amigável, fornecer informações claras sobre saúde
bucal, resolver os problemas bucais do paciente e manter-se atualizado. Os aspectos interpessoais
foram fundamentais para a satisfação com o atendimento na universidade, além da capacidade
técnica dos alunos e a facilidade para conseguir uma vaga no serviço de odontopediatria. Sugere-
se maior entendimento, por parte dos profissionais, dos aspectos que envolvem a relação dentista-
paciente, de maneira a associar fatores afetivos aos cognitivos e psicomotores no dia-a dia da
prática odontológica.
Palavras-chave: Saúde Bucal. Conduta de saúde. Relações dentista-paciente.
ROBLES, Ana Carolina Couto. Mother’s attitude and perception about the oral health of their children
attended at the UFSC’s dental pediatric clinic. 2005. 76p. Dissertação (Mestrado em Odontologia – Área de
Concentração Odontopediatria) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis.
ABSTRACT
This research was divided into two separate articles. The qualitative method was used in
both ones. The data have been collected by means of open-ended questions and the studied
population consisted of seven mothers whose children were attended at the dental pediatric
clinics at the Federal University of Santa Catarina (UFSC). Article I aimed to know oral health
practices and meanings of the interviewed mothers. It was observed that negative odontologic
experiences occurred in the past, economic difficulties and pregnancy have influenced those
mothers to look for and adhere to dental care. The dental visits occurred, mostly, for curative
assistance. The mothers take care of their children’s teeth because they considered this a maternal
responsibility, to prevent dental caries and their consequences, to avoid wasting money with
expensive treatment and children’s bad experiences with dentists. Mothers received information
on the subject from dentists, doctors, nurses, schools, mass communication media and UFSC’s
odontology students. Despite of their desiring to take care adequately of their children’s health,
those mothers don’t always have favorable socio-economic conditions to put the obtained
instructions into practice. Article II aimed to know mothers’ perception in relation to the given
dental attendance at pediatric dentistry clinics’ of the Federal University of Santa Catarina and
their conception about the “ideal” dentist. It was observed that, for the mothers, the ideal dentist
should come together with affective, psychomotor and cognitive abilities, like enjoy what they
do, be attentive, friendly, inform clearly about oral health, resolve the patient’s oral problems and
be actualized. The interpersonal aspects were fundamental for the satisfaction with the attendance
at the university, besides the technical ability of the students, and the promptness to obtain a
service. Better understanding of aspects that involve dentist-patient relations is suggested,
associating affective factors to cognitive and psychomotor in the everyday practical dental
assistance.
Key-words: Oral health. Health behavior. Dentist-patient relations
SUMÁRIO
RESUMO 7
ABSTRACT 9
1 APRESENTAÇÃO
13
2 ARTIGO 1
16
2.1 Resumo 17
2.2 Abstract 18
2.3 Introdução 19
2.4 Metodologia 20
2.5 Resultados 22
2.5.1 Perfil das mães entrevistadas 22
2.5.2 Conhecendo a história de saúde bucal das mães 22
2.5.2.1 Cuidados com a saúde bucal na infância e adolescência 22
2.5.2.2 Experiências relacionadas ao tratamento odontológico na infância 24
2.5.2.3 Experiências odontológicas na gestação 24
2.5.2.4 Experiências odontológicas recentes 25
2.5.3 Conhecendo a história de saúde bucal dos filhos 26
2.5.3.1 Cuidados com a saúde bucal dos filhos 26
2.5.4 Os significados atribuídos à saúde bucal 29
2.6 Discussão 31
2.6.1 Dos cuidados de ontem... aos cuidados de hoje 31
2.7 Considerações Finais 38
2.8 Referências 40
3
ARTIGO 2
44
3.1 Resumo 45
3.2 Abstract 46
3.3 Introdução 47
3.4 Metodologia 49
3.5 Resultados 51
3.6 Discussão 56
3.7 Considerações Finais 61
3.8 Referências 62
4 APÊNDICES
66
4.1 Andice A 66
4.2 Apêndice B 68
5 ANEXOS
70
5.1 Anexo A 70
5.2 Anexo B 72
5.3 Anexo C 73
6 REFERÊNCIAS
75
7 RELAÇÃO DE TRABALHOS PUBLICADOS OU ENVIADOS PARA
PUBLICAÇÃO DURANTE O CURSO DE MESTRADO
76
1 APRESENTAÇÃO
O modelo biomédico, ainda brutalmente hegemônico, tem levado a uma visão reducionista
da doença, vista como um processo exclusivamente biológico. As crenças quanto aos padrões de
comportamento dos indivíduos fazem parte do sistema de atenção à saúde e são, em parte,
derivadas de regras culturais. Estes aspectos relacionam-se com a integralidade e humanização da
saúde e devem ser levados em consideração, pois caso contrário, a abordagem do profissional
será apenas parcial e, menores serão as chances de se alcançar o sucesso em um tratamento
1,2
.
A prática da odontologia integral implica na construção de uma odontologia educativa,
considerando os indivíduos não mais como seres que necessitam ser preenchidos pelo
conhecimento científico, e sim, como sujeitos biopsicossociais, dotados de sabedorias, valores e
condutas determinados culturalmente. Desta forma, entender a lógica da percepção que os
indivíduos têm acerca de seus problemas de saúde, confrontando estes saberes populares com o
científico podem contribuir no processo de promoção de saúde
3
.
“Percepção pode ser entendida como uma forma simbólica através da qual os indivíduos
representam a realidade objetiva em que vivem. Esta realidade simbólica, ou mundo subjetivo,
o se cria no vazio e sim como reflexo dessas realidades objetivas nas quais os indivíduos e
os grupos humanos se inserem, permeados por um processo cultural e historicamente
determinados”
3
.
Percepção em saúde é baseada em perspectivas individuais, subjetivas, que podem refletir a
condição atual de saúde, experiências com os serviços relacionados, conhecimentos sobre o
processo saúde e doença ou interpretações de sintomas
4,5
.
De acordo com o conceito de promoção da saúde, é indispensável maior participação dos
sujeitos nas questões poticas da sociedade, redistribuindo responsabilidades entre poder público
e população, possibilitando a construção da “saúde que o povo quer
6
. Assim, conhecer a visão
das pessoas acerca do processo saúde e doença bucal, bem como sua percepção sobre o
atendimento recebido, são maneiras de adequar as ações de saúde, oferecendo um serviço de
qualidade não só na concepção dos profissionais, mas também da populão que usufrui destes
serviços.
Na área da saúde, tradicionalmente, o diagnóstico das condições de saúde e doença da
população tem sido abordado por métodos quantitativos de pesquisa, produzidos por
instrumentos padronizados, visando à objetividade e generalização dos resultados. É inegável a
contribuição do positivismo na produção de conhecimento em saúde, entretanto, a realidade vai
além daquilo que pode ser reduzido à operacionalização de variáveis
7,8
. Estudos quantitativos e
qualitativos são complementares e a escolha deve ser baseada nos objetivos do estudo
9
.
Segundo Patcio
9
, o contexto sócio-econômico brasileiro necessita modelos de pesquisa
baseados nas Ciências Sociais, a fim de desnudar situações, identificar problemas e apontar
alternativas para resolução de problemas atuais. É particularmente importante em estudos que
envolvem seres humanos e suas relações com a sociedade, buscando conhecer significados,
valores, crenças, representações, hábitos, atitudes e aspirações, enfim, fenômenos impossíveis de
serem quantificados.
Partindo destes princípios e levando-se em consideração a influência da subjetividade no
processo saúde/doença, a iia para a realização deste trabalho surgiu do interesse da
pesquisadora em aprofundar conhecimentos relacionados à influência do contexto biopsicossocial
na saúde bucal. Optou-se pela utilização do método qualitativo, pois através dele seria possível
extrair a percepção dos sujeitos acerca do femeno de interesse, sem partir de questões pré-
concebidas pelo pesquisador, já que cada sujeito é um ser único, dotado de opiniões, valores,
sentimentos, de acordo com o meio social em que está inserido. Assim, determinadas questões de
grande relevância, talvez só pudessem ser evidenciadas através de questões abertas. Partiu-se
então de certos questionamentos básicos, evitando pré-conceitos, e junto com o entrevistado o
contdo da pesquisa foi sendo construído.
A pergunta da pesquisa foi: “Qual a percepção de mães de crianças atendidas na Clínica de
Odontopediatria da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em relação ao processo saúde /
doença bucal?” Para que o objetivo fosse alcançado, partiu-se de 8 questões norteadoras (APÊNDICE
A), permitindo aos sujeitos falarem livremente, sem interrupções ou induções por parte do
pesquisador. Após cada entrevista, passou-se à transcrição e análise dos dados.
Em função da riqueza dos dados coletados por meio da entrevista semi-estruturada, foram
então elaborados dois artigos, já que outras questões emergiram, além daquelas que estavam
restritas ao roteiro de entrevista. Cada artigo desta dissertação foi formatado de acordo as normas
das revistas às quais foram submetidos (Artigo 1/Cadernos de Saúde Pública; Artigo 2/Revista
Ciência & Saúde Coletiva).
Os dados relativos às práticas e significados de saúde bucal das mães entrevistadas foram
abordados no 1º artigo desta dissertação e a percepção das mães sobre o atendimento nas clínicas
de odontopediatria da UFSC foi enfocado no 2º artigo. Espera-se que o conhecimento produzido
forneça subsídios para melhorar a compreensão dos profissionais da saúde, em especial de
odontopediatras, sobre a realidade de seus pacientes, propiciando uma abordagem mais próxima
de suas necessidades.
2 ARTIGO 1
“Práticas e significados de saúde bucal: um estudo qualitativo com mães de crianças
atendidas na Universidade Federal de Santa Catarina”
“Practices and meanings of oral health: a qualitative study with mothers of children who
were attended at the Federal University of Santa Catarina”
tulo corrido: “Práticas e significados de saúde bucal
Autores:
Ana Carolina Couto Robles
Centro de Ciências da Saúde. Departamento de Estomatologia. Universidade Federal de Santa
Catarina
Servidão Feliciano Martins Vieira 114 Apto. 109. Itacorubi. Cep: 88034130. Florianópolis – SC.
E-mail: aninharobles@hotmail.com
Profa. Dra. Suely Grosseman
Centro de Ciências da Saúde. Departamento de Pediatria. Universidade Federal de Santa
Catarina
Profa. Dra. Vera Lúcia Bosco
Centro de Ciências da Saúde. Departamento de Estomatologia. Universidade Federal de Santa
Catarina
2.1 RESUMO:
Este estudo objetivou conhecer práticas e significados de saúde bucal de mães de crianças
atendidas em clínicas de odontopediatria da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). O
método qualitativo, tipo estudo de caso, foi utilizado e os dados foram coletados através de
entrevista semi-estruturada. A população estudada constituiu-se por sete mães que levavam seus
filhos para atendimento odontológico na universidade. Observou-se que experiências negativas
vivenciadas em tratamentos odontológicos anteriores, dificuldades financeiras e gravidez
influenciaram-nas na busca e adesão a tratamentos. A procura pelo dentista ocorreu,
principalmente, para realização de procedimentos curativos. As mães cuidam dos dentes de seus
filhos por considerarem tais cuidados responsabilidade materna, para prevenir cárie e suas
conseqüências, evitar gastos com tratamentos onerosos e que as crianças passem por experiências
desagradáveis com dentistas. As fontes de informação citadas sobre os cuidados com a boca foram
dentistas, médicos, enfermeiras, escolas, veículos de comunicação em massa e acadêmicos de
odontologia da UFSC. Apesar de desejarem cuidar da saúde de seus filhos de maneira adequada,
nem sempre elas têm condições econômicas e sociais favoráveis para colocar os ensinamentos em
prática.
PALAVRAS-CHAVE: Saúde bucal; Percepção; Conduta de saúde; Mães; Pesquisa
qualitativa
2.2 ABSTRACT:
This research aimed to know oral health practices and meanings of mothers whose children
were attended in the dental pediatric clinics of the Federal University of Santa Catarina (UFSC).
The qualitative method, case study, was used and data were collected by semi-structured interview.
The studied population consisted by seven mothers that were taken their children to odontologic
attendance at the university. It was observed that negative odontologic experiences occurred in the
past, economic difficulties and pregnancy have influenced those mothers to look for and adhere to
dental care. The dental visits occurred, mostly, for curative assistance. The mothers take care of
their children’s teeth because they considered this a maternal responsibility, to prevent dental
caries and their consequences, to avoid wasting money with expensive treatment and children’s
bad experiences with dentists. Mothers received information on the subject from dentists, doctors,
nurses, schools, mass communication media and UFSCs odontology students. Despite of their
desiring to take care adequately of their children’s health, those mothers don’t always have
favorable socio-economic conditions to put the obtained instructions into practice.
KEY-WORDS: Oral Health; Perception; Health behavior, Mothers; Qualitative study
2.3 INTRODUÇÃO
Saúde e doença são fenômenos clínicos e sociais vividos culturalmente. Para promover saúde
de maneira efetiva, deve-se levar em conta não só aspectos objetivos deste processo, mas também
os subjetivos, relativos às opiniões das pessoas que o vivenciam
1,2
.
Pesquisas sobre percepção em saúde são importantes pois possibilitam entender os
comportamentos e a influência que o processo saúde e doença exerce na qualidade de vida das
pessoas
3,4,5,6,7
.
Em relação à saúde bucal, a compreensão dos profissionais da saúde, em especial de
odontopediatras, sobre a realidade de seus pacientes, propiciam uma abordagem mais próxima de
suas necessidades. Esta compreensão pode ser favorecida por estudos qualitativos, entretanto,
segundo Östberg et al.
8
, estudos deste tipo têm sido pouco freqüentes.
O conteúdo deste trabalho teve como fonte de dados a dissertação de mestradoAtitude e
percepção sobre saúde bucal de mães de crianças atendidas em cnicas de Odontopediatria da
UFSC”
9
. Através da metodologia utilizada, emergiram dois grandes temas: “Práticas e
significados de saúde bucal” e “Satisfação com o atendimento odontológico”. O primeiro deles
será abordado neste artigo, cujo objetivo foi conhecer práticas e significados de saúde bucal de
mães de crianças atendidas em clínicas de odontopediatria da UFSC.
2.4 METODOLOGIA
O método qualitativo, tipo estudo de caso
10,11
, foi utilizado. Neste método, “o significado que
as pessoas dão às coisas e à vida são focos de atenção especial pelo pesquisador
12
.
A amostra foi escolhida intencionalmente e constituiu-se de sete mães que traziam seus filhos
para consultas em clínicas de odontopediatria da UFSC. Este número justifica-se pois a partir da
quinta entrevista observou-se saturação dos dados .
A coleta de dados foi realizada através de entrevistas semi-estruturadas que foram gravadas,
transcritas e analisadas.
Foram coletados dados de identificação das mães e de seus filhos. As questões norteadoras
foram (APENDICE A): 1) “Como foram as suas experiências com dentistas ao longo da sua
vida?”; 2) “Hoje em dia, como você cuida dos seus dentes?”; 3) “Como você cuida dos dentes dos
seus filhos?”; 4) Por que você acha que os dentes estragam?; 5) “O que você aprendeu sobre os
cuidados com a boca desde que as crianças iniciaram o tratamento na universidade?”.
As explicação dos objetivos do estudo e seu método e da possibilidade de desistência em
qualquer etapa da pesquisa, as mães eram convidadas a participar da pesquisa. Após anuência, era
solicitada assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (ANEXO A). Para manter o
anonimato, elas foram denominadas de M1, M2, M3, M4, M5, M6 e M7.
A análise dos dados foi realizada pelo processo de Análise-Reflexão-Síntese, preconizado por
Patrício
13
. Neste processo, a análise decompõe os dados e a síntese os integra às diversas
dimensões e contextos da vida dos sujeitos. A análise e a síntese são realizadas de maneira
sinérgica, através da reflexão, que é uma reconsideração dos dados, associando sensibilidade e
razão.
O projeto deste estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos
da UFSC, em Dezembro de 2004 (ANEXO C).
2.5 RESULTADOS
2.5.1 PERFIL DAS MÃES ENTREVISTADAS (APÊNDICE B)
A TABELA I apresenta as características das mães entrevistadas e a TABELA II as de seus
filhos.
2.5.2 CONHECENDO A HISTÓRIA DE SAÚDE BUCAL DAS MÃES
2.5.2.1 Cuidados com a saúde bucal na infância e adolescência
Algumas mães comentaram a idade em que iniciaram os cuidados com seus dentes. M4
iniciou a escovação aos 4 anos, M6 aos 7 e M3 aos 10 anos. Cuidar dos dentes era representado
pela escovação; o fio dental não era utilizado. A procura pelo dentista estava associada à casos
agudos e o procedimento realizado, geralmente, se reduzia à exodontia do dente acometido, como
ilustrado no depoimento de M6:
A mãe nunca disse: -“Hoje eu vou ensinar vos a escovar os dentes”. (...) nós tínhamos uma
escova pra quatro irmãos. (...) Fio dental, a gente nem sabia que existia. (...) Eu comecei a
escovar os dentes quando eu fui pra aula, com 7 anos. Eles faziam escovação, flúor, mas meus
dentes já estavam detonados. (...). A mãe levava no dentista quando o dente tava podre. (...)
Só levava pra extrair.
A dificuldade de cuidar dos dentes foi associada às condições financeiras vivenciadas pelas
famílias: “A família é muito humilde, não conhecia escova de dente. Só enxaguava com água. (...)
Com o tempo, meu pai comprou uma escovinha pra cada um (...). Mas eu já tinha uns 10 anos.
Antes, eu nem lembro de ter escovado dente”. (M3)
M1 citou estratégias utilizadas por seu pai para a higienização dentária incluindo a questão
alimentar como forma de cuidar dos dentes: “Escovava o dente da gente com cinza porque deixava
mais branquinho. (...). Era aquele sistema rígido: -‘não vou comprar pasta de dente que é caro’.
Então era com sabonete. (...) O que ajudava é que a gente não comia muito doce. A gente comia
muita carne.
Segundo M5, sua mãe realizava a escovação e permitia que ela “treinasse” a higienização
bucal, “brincando com a escova”. A mãe de M7 também escovava seus dentes, entretanto, nunca a
levou ao dentista.
A maioria das participantes não recebeu informões sobre saúde bucal no âmbito familiar.
M1, M2 e M3 justificaram dizendo que seus pais não tiveram acesso a este tipo de informação, por
morarem na roça: “...em casa, a mãe não fica: -‘Vai escovar o dente!’ (...) ela também não foi
instruída. Minha mãe, aos 25 anos, não tinha mais nenhum dente e meu pai também tinha
dentadura”. (M2)
M4 comentou que aprendeu “sozinha” a cuidar dos dentes, pois a jornada de trabalho da mãe
não permitia envolvimento com tais cuidados. M6 relatou que sua mãe nunca se interessou pela
sde bucal dos filhos: “A mãe nunca se interessou! E ela era professora! Ela ensinava as crianças
na aula, mas em casa, com a gente... como é que pode?”.
Entre as mães que receberam orientações sobre saúde bucal na infância, M5 citou sua mãe
como fonte de informações. Os ensinamentos são repassados às suas filhas atualmente. M1 e M3
citaram o dentista como fonte de informação. A escola foi citada por duas mães como coadjuvante
no aprendizado sobre saúde bucal na infância: “...é mais na escola, eles faziam for (...). E
ofereciam tratamento, palestra.... Foi quando eu aprendi a escovar a língua. (M1)
2.5.2.2 Experiências relacionadas ao tratamento odontológico na infância
Todas as entrevistadas lembravam-se de suas primeiras experiências, sendo bastante
mencionados o medo do dentista, a mágoa, a dor e o trauma.
Meu pai levou nesse dentista da cidade. Ele catou o boticão e tchá! Dentista era sinônimo de
dor, chegava lá e arrancava o dente. (M1)
...quando ela veio pra tirar, a anestesia já tinha passado e ela puxou do mesmo jeito. Eu gritando
e ela puxando...(...) Eu ficava com medo! (M2)
...eu tenho mágoa até hoje. (...) com 7 anos (...) ele (dentista) me arrancou um dente
permanente. (...). O dente tava cariado, um molar, e naquela época acho que eles eram mais pela
opção “arranca do que tentar restaurar o dente, salvar... (M4)
Minha experiência com dentista foi péssima. (...) Extraiu meu dente, deu hemorragia. (...). Eu
fiquei com trauma. Até hoje, se eu sentar numa cadeira de dentista eu tremo! (M6)
M7 não teve acesso ao dentista durante a infância, por residir em povoado sem assistência à
saúde: ...precisava pegar ônibus, era difícil. A mãe (...) só me levava certinho pra fazer as vacinas.
Dente eu só escovava e deu.”
2.5.2.3 Experiências odontológicas na gestação
Durante a gestação, algumas mães procuraram atendimento por terem problemas, como a
necessidade de substituição de restaurações, sangramento gengival e sensibilidade.
...na gravidez, quebrou um dente. (...). Ele (dentista) falou que não podia fazer uma coisa
“mais assim, devido à gravidez, não poderia tomar anestesia. O procedimento que ele ia fazer
poderia interferir no bebê. (M1)
...eu tive problema de sangramento na gengiva. (...) e teve dente que eu tive que arrumar. Ela
viu que era coisa pequena. Eu tava grávida, tinha o problema de levar anestesia, eu não queria.
(M4)
M6 relatou que apresentou cárie dentária durante a gravidez, entretanto, não procurou
atendimento. M2 e M3 não procuraram atendimento por “não ter precisado”. M5 comentou
que foi encaminhada ao dentista na segunda gestação.
2.5.2.4 Experiências odontológicas recentes
As mães continuam procurando atendimento odontológico somente quando necessário. Nas
palavras de M1: “As pessoas só vão no dentista quando está muito grave a coisa. Talvez a dor
insuportável”. M7 teve sua primeira experiência odontológica há dois anos (aos 27 anos de idade),
quando foi submetida à exodontia de quatro dentes em posto de saúde.
Em relação às experiências relacionadas ao atendimento, M2, M3 e M5 sentiram
limitações nos serviços públicos, tais como dificuldade de acesso, qualidade insatisfatória e falta de
serviços especializados:
Demora muito! Quando coma, é só obturação que eles fazem (...). Se tem que fazer
tratamento de canal, ou vovai pra fila ou você paga um. Às vezes, tu nem vai porque é tanta
gente! Ou fica tanto tempo que passa a dor, você acaba deixando e quando dói, vai no posto e
eles tiram, porque está estragado. (M2)
...é que a gente não tem plano de saúde, é o “sistema único”, é bem difícil. Estamos na espera
para fazer. (...). A última vez que eu fiz tratamento foi na policlínica “X”. O dentista era muito
bom. Mas, dependendo do posto... Uma vez, eu fui num dentista particular. Só que aí era bem
diferente. (...). Eles trabalham porque gostam da profissão. Eles fazem a coisa bem feita. Os
outros (do posto), estão ali porque são incumbidos disso, maso porque eles gostam. (M3)
2.5.3 CONHECENDO A HISTÓRIA DE SAÚDE BUCAL DOS FILHOS
2.5.3.1 Cuidados com a saúde bucal dos filhos
As entrevistadas referiram que, quando seus filhos eram bebês, os instrumentos que
utilizaram para a higienização da boca foram fralda ou gaze umedecida, dedeira e escova associada à
pasta infantil. A época em que se deu o início da limpeza variou, sendo que algumas iniciaram a
limpeza antes da erupção dos dentes decíduos e outras após.
...primeiro eu passei gaze. Com o tempo, a gente usava a dedeira. (...). Quando apareceu mais
dentinho, aí começou com escovinha. (...). A mais nova fica brincando com a escova, toma
banho, escova os dentinhos, tudo brincando. (...) já cria aquele hábito. Já sabe que sabonete,
shampoo, escova, está tudo junto. Depois que ela termina eu dou uma olhada, uma massageada.
(M5)
Em relação aos cuidados com a cavidade bucal, as fontes de informação citadas logo que as
mães tiveram seus filhos foram enfermeiras e médicos pediatras.
... Depois que ele nasceu, eu tive informões de como limpar a gengiva com água oxigenada
diluída em água. Pegava uma fraldinha e passava na gengivinha depois das mamadas. Procurar
o colocar açúcar na mamadeira... (M1)
O pediatra auxiliou quando ele viu que a gengiva tava ficando grossa. (M4)
Recebi na maternidade, explicou que depois da mamada tem que passar um algodãozinho na
boca.(M5)
M6 comentou ter aprendido com outra mãe. Ela raramente higienizava os dentes de seu bebê
e comentou que ofereceu muito Nescau
®
, sentindo-se culpada pela precária condição bucal de seu
filho:
Às vezes, eu passava uma fraldinha na boquinha dele. (...) Depois que nasceram os dentinhos,
sabe como é que eu fazia? Dava uma escovinha pra ele brincar. Foram poucas as vezes que eu
escovei. Eu dei muito Nescau
®
. Quando ele tinha 2 anos e meio já tinha cárie. Com 3 anos, tive
que extrair dois dentinhos. Um dia, ele tava todo inchado, deu pena, eu chorei no consultório. A
culpa veio: “-Por que eu não cuidei, por que eu não pedi ajuda?” (M6)
À medida que as crianças foram crescendo, os cuidados direcionados à sua saúde bucal
continuaram associados à escovação e utilização de pasta dental infantil. O fio dental o era
utilizado: “...eu não usava fio dental. Só escovava os dente deles, do jeito que eu escovava os
meus”. (M2)
O controle da alimentação cariogênica também foi lembrado: “Na mamadeira, nunca foi
colocado açúcar. (...) Sempre teve essa consciência de cuidar.” (M4)
Algumas mães comentaram não fazer a escovação noturna porque, ao retornar do trabalho,
encontravam as crianças dormindo: “À noite, tinha vez que eu chegava e eles já estavam dormindo.
Ninguém tinha escovado, ficava. Eu não ia tirar criança da cama pra escovar dente”. (M2)
Os veículos de comunicação em massa (revistas e televisão) foram citados por quatro mães
como fonte de informação atual: “... hoje em dia, as propagandas na televisão... (...) motivando a
cuidar dos dentes... Acho que antigamente não tinha nada disso. Hoje a gente vê na televisão as
propagandas com os cremes dentais.” (M4)
M2 não considera a televisão uma boa fonte de informações, sugerindo quadros explicativos
nas salas de espera dos consultórios: “Tu acha que alguém vai ver a propaganda? Informação de
higiene bucal, higiene do corpo, ou até mesmo de camisinha, de droga... É muito dicil! Você
consegue mais informação quando vai no consultório e vê uns quadrinhos na sala de espera”.
M2 e M5 relembraram que, antigamente, eram realizados teatros nas escolas abordando
temas de saúde bucal e sugeriram a retomada destas atividades educativas no ambiente escolar:
...hoje em dia não existe reforço nas escolas, eu sinto falta disso, de ter um pessoal da
odontologia que faça um trabalho. (...) Porque na minha época eles faziam teatro. A gente
adorava, ficavam aqueles denes, vinha a escovinha... Isso estimula a criança. (M5)
Três mães lembraram do dentista como fonte de informações. M2 e M7 citaram os alunos de
odontologia da UFSC como os responveis pelos seus conhecimentos sobre saúde bucal: “Eu fui
aprender foi lá, porque em outro lugar não ensina” (M2).
As mães comentaram as orientações fornecidas pelos alunos sobre a relação entre
alimentação cariogênica e rie dentária.
Eu adoçava a mamadeira e colocava mel. (...). É uma coisa que eu já tirei. (M5)
Cada vez que come doce tem que escovar bem os dentes. Às vezes, a gente relaxava e nem
escovava.. (M7)
Após o ingresso das crianças no serviço de odontologia da UFSC, parece ter ocorrido uma
mudança de hábitos, principalmente em relação à escovação supervisionada e uso do fio dental:
Nem comeu, já vai escovar os dentes, passo fio dental, ele me ajuda. Hoje eu reviso”.
M4 associou o momento da higiene dentária com sofrimento: “A última escovação da noite...
(...) tadinha, a gente fica judiando dela... porque escovo, escovo...”. (M4)
M5 comentou que realiza a higiene bucal da sua filha caçula, de 3 anos de idade e nela utiliza
creme dental sem flúor: Eu uso porque se não cuspir não faz mal”. (M5)
A preocupação de M5 com a alimentação está também associada ao sobrepeso: “A mais
velha não come verdura, fruta, adora chiclete, bala, chocolate. Então, não compro porque ela tá
acima do peso e, além disso, a boca também, porque o açúcar...”.
M2 referiu ter aprendido a necessidade de troca periódica da escova dentária e M3 a
quantidade de dentifrício a ser utilizada. M4 e M7 comentaram os hábitos de sucção não
nutritiva .
A importância da dentição decídua e sua relação com a saúde geral emergiram em uma
das falas. M5 demonstrou preocupação em relação à condição bucal de outras crianças e
mencionou repassar orientações neste sentido para outras mães.
2.5.4 OS SIGNIFICADOS ATRIBUÍDOS À SAÚDE BUCAL
Observou-se preocupação das participantes em cuidar de seus filhos e sua
responsabilidade materna em relação à promoção da saúde bucal.
É uma responsabilidade que você tem como mãe. (M1)
Eu me preocupo, não quero que eles passem o medo que eu passei. (...) Eu não culpo a minha
mãe dela não ter ensinado, porque ela não aprendeu. Tanto é que ela usa dentadura debaixo e
em cima, desde moça. (M2)
Entre os motivos alegados para cuidar da cavidade bucal, foram citados aqueles vinculados às
conseqüências da doença, tais como o prejuízo na mastigação e na estética, gastos financeiros
com tratamentos onerosos, relação saúde bucal e saúde geral. M2 relatou ainda não querer ser
culpada futuramente pelos filhos pela situação de seus dentes:
Eu vejo como é dicil pra mastigar, prejudica! (...) Depois de grande, está lá com os dentes
feios, tem que gastar... Porque caro do jeito que estão as coisas, e por descuido meu, porque não
vai ser por descuido deles. Aí eles ficam maiores: -“A mãe queo cuidou!”. Por isso que eu
quero cuidar. (M2)
Pra você ter um sorriso adequado, até no conversar, faz parte do corpo, então você tem que
cuidar bem. Por causa de ter boa saúde. Porque senão, você não vai conseguir nem conversar
direito! (M3)
De maneira geral, a falta de cuidados foi o motivo alegado pelas mães para os dentes de seus
filhos terem cariado. Cada uma delas, entretanto, tem uma interpretação diferente do processo
saúde e doença.
Para algumas, a cárie está relacionada à alimentação, higienização insatisfaria da
cavidade bucal e presença de bactérias. Para M3: “Com o tempo, os alimentos vão ali, as
bactérias, e acabam apodrecendo o dente.”
M1, apesar de conhecer os fatores ligados à etiologia desta doença, relatou que: “... nem
sempre você consegue ter controle de escovar o dente sempre depois que ele come alguma coisa.
Às vezes, você não está por perto (...), nem fica sabendo que comeu.” A escovação noturna
também foi lembrada: “Você faz janta, comidinha, vai fazer alguma coisa e quando, tá
dormindo. Já deixa pra outro dia a escovação”. (M1)
Outros fatores mencionados como causadores de cárie foram estomatite, falta de controle
periódico com o cirurgião-dentista, sucção de chupeta e anestesia local.
Eu fiquei com os dentes muito fracos devido à estomatite. (M4)
Falta de higiene e falta de orientação da comida. (...). E visitar o dentista de 6 em 6 meses (...)
porque se tem alguma coisa errada já conserta tudo. (M5)
Meu marido diz que anestesia apodrece os dentes. (M7)
2.6 DISCUSSÃO
2.6.1 DOS CUIDADOS DE ONTEM, AOS CUIDADOS DE HOJE
Enquanto algumas entrevistadas mencionaram a mãe como principal cuidadora, outras
receberam poucos cuidados com a cavidade bucal, sendo a falta de conhecimento de seus pais uma
das justificativas para tal. A jornada de trabalho deles e as dificuldades financeiras foram também
apontadas como fatores que dificultaram os cuidados. Atualmente, elas preocupam-se em cuidar
bem dos filhos, buscando não repetir nas crianças os “erros” cometidos por seus pais.
Estudo realizado na área rural de Itaúna/MG procurou conhecer as representações sociais
sobre o processo saúde/doença entre 29 mães de escolares. Muitas delas não tiveram acesso a
qualquer informação sobre saúde bucal na infância. Entretanto, atualmente, estavam bem
informadas pois algumas tiveram acesso aos serviços odontológicos em universidade próxima e
outras a um serviço itinerante de saúde bucal realizado em escolas. Segundo os autores, as
condições de vida no meio rural nem sempre são favoráveis para a promoção da saúde, impedindo,
muitas vezes, que as mães cuidem de seus filhos “da maneira adequada”, sendo equivocado exigir
das pessoas hábitos que não foram transmitidos pelas gerações passadas
14
.
Quanto à busca por atendimento odontológico na infância, as mães só eram levadas ao
dentista em caso de dor e o procedimento realizado geralmente se reduzia às exodontias e, assim,
as pessoas perdiam seus dentes desnecessariamente, devido à menor ênfase na reabilitão bucal.
Segundo Mendonça
15
, o edentulismo no Brasil é uma ptica instituída pelas instâncias de
saúde bucal como cuidado sanitário. Investigação em área rural da Bahia encontrou associação
entre exodontias e fracasso de tratamentos anteriores, sendo que o encorajamento ao
desdentamento esteve também relacionado a dentistas pticos que firmavam contratos vantajosos,
estabelecendo prazos para a conclusão das extrações e entrega da “chapa” em tempo mínimo, num
valor tal que a extração unitária seria onerosa.
Em relação à preferência por serviços odontológicos particulares, observou-se neste estudo
que também nestes serviços, algumas vezes, os pacientes não recebiam opções de tratamento
diferentes da exodontia.
Matos e colaboradores
16
encontraram diferenças em relão à saúde bucal e ao tipo de
tratamento recebido entre os usuários dos diferentes servos de odontologia. Os usuários dos
serviços privados tinham mais chance de receber tratamento restaurador ou preventivo, enquanto
os que utilizavam os públicos tinham mais chance de receber tratamento cirúrgico (exodontia).
Muitas entrevistadas relataram experiências desagradáveis com dentistas no passado, o que
acabou gerando medo, dor, trauma e mágoa.
Trabalho de Syrjälä et al.
17
, realizado através de entrevistas com 5 adultos, demonstrou que
experiências traumáticas na infância e presença ou ausência de um modelo familiar que
incentivasse os cuidados com os dentes, influenciaram a percepção e o comportamento das pessoas
em relação à sua saúde bucal.
Em nossa investigação, algumas mães iniciaram a escovação tardiamente e o fio dental não
era utilizado. Algumas lembraram a escola como marco inicial dos cuidados bucais e mencionaram
que lá eram realizados bochechos com soluções fluoretadas.
No estudo de Carneiro
18
,
que buscou conhecer a percepção sobre saúde bucal de um grupo de
pessoas residentes na área rural de Brazlândia (Distrito Federal), também foi observado que alguns
entrevistados receberam as primeiras orientações sobre cuidados com a boca na escola. Entretanto,
segundo a autora, mesmo que os programas educativo-preventivos desenvolvidos em escolas
públicas tenham sido importantes, as contribuições, talvez, não tenham sido suficientes para
desenvolver o autocuidado para além do espaço escolar. Abreu, Pordeus e Modena
14
sugerem a
escola como um ambiente procuo para a discussão de temas ligados à alimentação e saúde, por
ser considerado um local de credibilidade, segundo a população rural entrevistada.
Uma participante deste estudo relatou que, na inncia, escovava seus dentes com sabonete e,
às vezes, com cinza, para fazer os dentes brilharem. Num contexto de dificuldades financeiras,
escassez de serviços odontológicos e de informações preventivas, as pessoas acabam cuidando de
sua saúde, guiadas por saberes populares.
No estudo de Carneiro
18
, também foi citada a utilizão de outros recursos para a limpeza
dentária, como escovar os dentes com folha de laranja, folha de juá, fumo ou cinza.
Neste trabalho, a gravidez pareceu influenciar a busca ao tratamento odontológico. Uma mãe
citou ter receio de ser anestesiada e outra relatou ter recebido do próprio dentista informações
contra-indicando determinados procedimentos. Observou-se que as mães que consultaram o
dentista o fizeram por necessitarem procedimentos curativos. Quase todas tiveram acesso ao pré-
natal, mas somente uma foi encaminhada ao cirurgião-dentista.
No trabalho qualitativo de Albuquerque et al.
19
, a gravidez foi considerada pelas
entrevistadas uma barreira ao atendimento odontológico, já que o próprio dentista desaconselhava
o tratamento neste período. Para elas, existem riscos relativos à anestesia local e à hemorragia e
perigos para o bebê.
Atualmente, ainda é forte a presença de crenças em relação ao atendimento odontológico na
gestação, tanto entre a população em geral quanto entre os profissionais da saúde
2, 20
. O
atendimento odontológico deve fazer parte do pré-natal, integrando profissionais da área da saúde,
possibilitando troca de conhecimentos, fornecimento de orientações e promoção da saúde bucal
materna
20
.
Em relação à higienização bucal do bebê, as mães que foram orientadas realizavam esta
limpeza com fralda, dedeira, ou escova e dentifrício, conforme recomendação do pediatra, de
enfermeiras ou de outras mães. Uma delas mencionou utilização de fralda molhada com água
oxigenada.
A água oxigenada já foi prescrita para a higienização bucal do bebê, entretanto, caiu em
desuso, por desestabilizar a microflora
21
. É recomendável a utilização de dedeiras, fralda ou gaze
umedecida em água filtrada a partir da erupção do primeiro dente decíduo. Antes disso, a limpeza
deve ser realizada somente se houver excesso de placas lácteas. Após a erupção dos molares
decíduos, geralmente a partir de dezoito meses, a escova deve ser introduzida para limpeza das
supercies oclusais. O fio dental faz-se necessário a partir do momento que existirem pontos de
contato entre os dentes
22,23
.
As mães deste estudo foram informadas sobre a limpeza da cavidade bucal do bebê por
enfermeiras, médicos pediatras ou outras mães. Em estudo realizado com 42 mães internadas em
maternidade para terem seus bebês, a maioria das mães desconhecia a época para início, a maneira
de se realizar a higiene bucal do bebê e o momento ideal de levar a criança para a primeira
consulta odontopediátrica. Em relação às fontes de informação sobre saúde bucal do bebê, as mais
citadas foram os pediatras e, principalmente, os veículos de comunicação em massa. O cirurgião-
dentista foi citado por 2,38% das participantes
24
.
Neste estudo, uma mãe comentou deixar seu bebê brincar com a escova durante o banho, para
depois finalizar a escovação. Sua intenção era ele crescer associando os cuidados da boca com os
cuidados do corpo. Esta prática era realizada por sua mãe e foi incorporada à sua rotina. De acordo
com Tiba
25
, a mãe deve permitir que a criança brinque com a escova, assumindo a
complementação da limpeza. É favorável a criação de um momento de descontração durante a
escovação, já que uma escovação apressada pode virar um “castigo” e acabar agredindo a criança.
Nos depoimentos das mães percebeu-se o valor que elas dão à escovação, após as refeições,
e ao controle da alimentação cariogênica (especialmente os doces) como as principais formas de
prevenir a doença cárie.
Algumas mães citaram como dentifrício freqüentemente utilizado, o de marca Tandy
®
,
por
considerarem-no “mais fraco”. Isto provavelmente se deve à maneira como foi veiculado na mídia
e ao seu sabor agradável, favorecendo que a escovação seja realizada com menos resistência por
parte da criança. Este dentifrício contem em sua formulação 1100 ppm de flúor, a mesma
concentração encontrada em muitas pastas prescritas para adultos.
Dentifrícios infantis contêm menos detergente em sua composição, assim, formam menos
espuma, tornando a escovação mais segura
26
. Entretanto, a possibilidade de desenvolvimento da
fluorose é maior em pré-escolares, pois a deglutição da pasta é maior nesta faixa etária
27,28
.
A literatura apresenta controvérsias em relação à época de introdução de dentifrícios
fluoretados na higiene bucal do be. Alguns autores
29
recomendam a sua utilização a partir da
erupção do primeiro dente, enquanto outros
30
consideram cedo a idade de 6 meses, pois até os três
anos de idade a chance de ingestão é grande. Holt e Murray
31
salientam que a indicação de
dentifrícios com concentração menor que 1000 ppmF em crianças deve levar em consideração a
relação risco / benefício, já que, por um lado o risco de desenvolvimento de fluorose diminui,
entretanto, aumentam as chances de desenvolvimento da cárie. O importante é que os pais estejam
orientados a colocar uma pequena quantidade de creme dental na escova, além de realizar a
escovação nas crianças, cuidando para que não ocorra a ingestão da espuma
32
.
Nesta investigação, as mães utilizaram o fio dental ocasionalmente, apesar de reconhecerem
os benefícios da sua utilização. Estes resultados foram também encontrados em outros estudos
14,17,18
.
Mesmo sendo relativamente bem informadas, a rotina do dia-a dia e a falta de tempo das
participantes interferiram nos cuidados com a saúde bucal infantil. Em momentos de esgotamento
físico ou de envolvimento com outras atividades, as crianças acabavam adormecendo sem escovar
os dentes e as mães consideravam inoportuno acordá-las. Assim, não basta ter informações, é
preciso ter condições adequadas para colocar os ensinamentos em prática.
Neste estudo, a culpa pela precária condição bucal do filho emergiu em um depoimento,
sendo associada ao mau cuidado materno. De acordo com Abreu, Pordeus e Modena
14
, a cobrança
da sociedade em relação aos cuidados com os filhos, e ao mesmo tempo, o não cumprimento dessa
regra” acaba causando sentimentos negativos nas mães, prejudicando sua qualidade de vida.
Portanto, ao se aconselhar mães, deve-se levar em conta a realidade em que elas estão inseridas,
para junto delas construir um plano que seja mais adequado para cada família, nas circunstâncias
em que elas vivem.
A partir de alguns discursos, percebeu-se que o acesso ao serviço de odontopediatria da
UFSC marcou o fim da peregrinação de muitas delas por outros serviços, em busca de tratamento
odontológico para as crianças. A universidade foi considerada importante na aquisição de
conhecimentos sobre a etiologia das doenças bucais. As mães sentiram-se mais motivadas e
preparadas para cuidar dos filhos, modificando hábitos de higiene e de alimentação no âmbito
familiar.
A dificuldade de acesso, a falta de vagas e de pessoal despreparado para o atendimento
infantil nos postos de saúde e a impossibilidade de pagar pelo atendimento odontopediátrico
particular foram mencionadas.
Em relação à percepção das mães sobre o processo saúde/doença bucal, de acordo com os
dados deste estudo, cuidar dos dentes está relacionado à prevenção da cárie e suas conseqüências
como dor, alterações estéticas e funcionais, além de gastos financeiros com tratamentos onerosos.
As mães citaram a cárie como uma doença causada por bactérias e alimentação rica em
doces, sendo a escovação, a maneira de evitar que os dentes estraguem. Outros fatores que
poderiam desencadear problemas dentários foram também citados, como a estomatite e a anestesia
local.
A preocupação com aparência dos dentes e com problemas funcionais decorrentes de perdas
dentárias influenciaram as mães a cuidar dos dentes.
Este tema também foi abordado em outros estudos
2,4-6,14,17,18
. As alterações estéticas e
funcionais decorrentes da cárie podem levar à estigmatização das pessoas e limitações
interpessoais ao conversar e ao sorrir. Atualmente, o culto à beleza é supervalorizado e a
aparência pessoal está diretamente relacionada à aceitação social
14
.
A relação saúde bucal e saúde geral foi comentada por algumas mães. Essa preocupação é
importante e, ao mesmo tempo, interessante, já que o curso de odontologia no Brasil é separado do
de medicina, sendo o tratamento da maioria dos problemas de saúde bucal de responsabilidade do
dentista, ficando a saúde geral desvinculada da bucal. Assim, a “boca acaba não fazendo parte de
corpo”, já que não é tratada por médicos. Além disso, a busca constante por especializações dentro
da própria odontologia acabou levando à fragmentação da cavidade bucal.
2.7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através desta pesquisa, pôde-se observar limitações vivenciadas pelas mães em relação à sua
sde bucal, influenciadas principalmente, por experiências negativas com dentistas, dificuldade
de acesso aos serviços públicos de saúde bucal e falta de condões financeiras para freqüentarem
consultórios odontológicos particulares. A odontologia praticada no passado, segundo as
entrevistadas, valorizava a realização de exodontias em detrimento a tratamentos mais
conservadores, causando nelas medo de dentista, trauma, dor e mágoa. Existe preocupação destas
mães em cuidar da saúde bucal de seus filhos para evitar que elas tenham sentimentos de culpa,
pois consideram tais cuidados responsabilidade materna. Além disso, desejam prevenir a cárie
dentária e evitar que as crianças sofram com as conseqüências da doença, como dor, problema
estéticos e funcionais.
Observou-se ainda que profissionais da saúde estão abordando, precocemente, a promoção da
saúde bucal, fato este que indica maior interdisciplinaridade, que diversas entrevistadas citaram
os médicos pediatras e as enfermeiras de maternidades como as primeiras pessoas a orientar sobre
os cuidados com a cavidade bucal do be.
Muitas mães também receberam informações sobre saúde bucal na escola, bem como através
dos veículos de comunicação em massa e cartazes explicativos nos consultórios odontológicos e
consideraram-nos importantes fontes de orientação. Parece que o ingresso de seus filhos no
ambulatório de odontopediatria da UFSC propiciou que elas compreendessem melhor o processo
saúde/doença bucal e ficassem mais motivadas a cuidar da cavidade bucal das crianças.
As entrevistadas mostraram-se satisfeitas com atendimento realizado pelos estudantes nas
clínicas de odontopediatria da Universidade Federal de Santa Catarina e isto provavelmente deve-
se à valorização da filosofia de promoção da saúde, que é ensinada em aulas teóricas e estimulada
nas práticas, buscando aliar comunicação e habilidade técnica e compreender a cultura e a
realidade em que os pacientes vivem, desenvolvendo um plano de tratamento individualizado e
adequado às circunstâncias de cada família.
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Autoria:
ACC Robles (concepção, delineamento, coleta e análise dos dados e redação)
S Grosseman (concepção, delineamento e orientação)
VL Bosco (concepção, delineamento e orientação)
3 ARTIGO 2
“Satisfação com o atendimento odontológico: estudo qualitativo com mães de crianças
atendidas na Universidade Federal de Santa Catarina”
“Satisfaction with odontologic attendance: qualitative study with mothers of children who
were attended at the Federal University of Santa Catarina”
tulo corrido: Satisfação de mães com o atendimento odontológico
Mothers’ satisfaction with the odontologic attendance
Autores:
Ana Carolina Couto Robles
Centro de Ciências da Saúde. Departamento de Estomatologia. Universidade Federal de Santa
Catarina. Floriapolis, Brasil.
Campus Universitário - Trindade
CEP: 88040-970 - Florianópolis - Santa Catarina
TEL: (048) 3331.9394/3331.9525/3331.9785 - FAX: (048) 3331.9542
E-mail: aninharobles@hotmail.com
Profa. Dra. Suely Grosseman
Centro de Ciências da Saúde. Departamento de Pediatria. Universidade Federal de Santa
Catarina. Floriapolis, Brasil.
Profa. Dra. Vera Lúcia Bosco
Centro de Ciências da Saúde. Departamento de Estomatologia. Universidade Federal de Santa
Catarina. Floriapolis, Brasil.
3.1 RESUMO:
Esta pesquisa objetivou conhecer a percepção de mães em relação ao atendimento
odontológico prestado em clínicas de odontopediatria da Universidade Federal de Santa Catarina
(UFSC), bem como sua concepção sobre como seria o dentista “ideal”. O todo utilizado foi o
qualitativo, tipo estudo de caso. A coleta de dados foi feita através de entrevista semi-estruturada
e a população estudada constituiu-se por sete mães de crianças atendidas em clínicas de
odontopediatria da UFSC. As entrevistas foram transcritas e analisadas. Observou-se que, para as
mães entrevistadas, o dentista ideal deveria reunir habilidades afetivas, psicomotoras e
cognitivas, tais como, gostar do que faz, ser atencioso e amigável, fornecer informações claras
sobre saúde bucal, resolver os problemas bucais do paciente e manter-se atualizado. Os aspectos
interpessoais foram fundamentais para a satisfação com o atendimento na universidade, além da
capacidade técnica dos alunos e a facilidade para conseguir uma vaga no servo de
odontopediatria. Sugere-se maior entendimento, por parte dos profissionais, dos aspectos que
envolvem a relação dentista-paciente, de maneira a associar fatores afetivos aos cognitivos e
psicomotores no dia-a dia da prática odontológica.
Palavras-chave: relações dentista-paciente; qualidade percebida; mães; cuidado da criança;
assistência ambulatorial; odontopediatria.
3.2 ABSTRACT:
This research aimed to know mothers’ perception in relation to the given dental attendance
at pediatric dentistry clinics’ of the Federal University of Santa Catarina and their conception
about the “ideal” dentist. The qualitative method (case study) was used. The data was collected
by means of semi-structured interview and the studied population consisted of seven mothers of
children who were attended in the dental pediatric clinics of the UFSC. The interviews were
transcribed and analyzed. It was observed that, for the mothers, the ideal dentist should come
together with affective, psychomotor and cognitive abilities, like enjoy what they do, be
attentive, friendly, inform clearly about oral health, resolve the patients oral problems and be
actualized. The interpersonal aspects were fundamental for the satisfaction with the attendance at
the university, besides the technical ability of the students, and the promptness to obtain a
service. Better understanding of aspects that involve dentist-patient relations is suggested,
associating affective factors to cognitive and psychomotor in the everyday practical dental
assistance.
Key-words: dentist-patient relations; perceived quality; mothers; child care;
ambulatory care; pediatric dentistry.
3.3 INTRODUÇÃO
Estudos sobre a satisfação do usuário são importantes pois avaliam a qualidade dos serviços
de saúde, sob a sua ótica, fornecendo subsídios para aqueles que administram tais serviços e para
a equipe que presta os cuidados, possibilitando a superação das limitações detectadas.
Especificamente em relação a um hospital escola, permitem também coletar informações acerca
da qualidade do ensino oferecido aos alunos (Cardoso, 2005; Périco,2004).
A satisfação dos usuários com os serviços prestados é a chave para o sucesso do tratamento
(Douglass & Sheets, 2000)
pois pacientes satisfeitos aderem mais ao tratamento (Gürdal
et al.,
2000).
Em relação ao atendimento infantil, a satisfação dos pais com o atendimento irá influenciar a
saúde de seus filhos, já que dependendo da idade da criança, eles serão os mediadores entre o
profissional da saúde e a criança, acompanhando-a à consulta e colocando em prática os
aconselhamentos ou tratamentos prescritos pelo profissional
(Dougherty & Simpson, 2004).
No Departamento de Estomatologia do Centro de Ciências da Saúde da Universidade
Federal de Santa Catarina (UFSC), o atendimento odontológico infantil tem sido realizado por
alunos e supervisionados pelos professores de Odontopediatria. Os atendimentos acontecem nas
clínicas da Graduação, da Especialização, da Pós Graduação (vel mestrado e doutorado) e de
Atendimento ao Paciente Traumatizado.
O conteúdo deste artigo teve como fonte de dados a dissertação de mestrado “Atitude e
percepção sobre saúde bucal de mães de crianças atendidas em cnicas de Odontopediatria da
UFSC” (Robles, 2005), cujo objetivo foi conhecer a percepção de um grupo de mães sobre o
processo sde e doença bucal. Através da metodologia utilizada, emergiram dois grandes temas:
“Práticas e significados de saúde bucal” e “Satisfação com o atendimento odontológico; este
último será abordado neste artigo.
Este trabalho teve como objetivo conhecer a percepção de mães de crianças atendidas em
clínicas de odontopediatria da UFSC em relação ao atendimento odontológico prestado, bem
como sua concepção sobre como seria o dentista “ideal”. Busca-se com isso, otimizar o
atendimento oferecido à população, valorizando-se as opiniões dos usuários que vivenciam este
serviço.
3.4 METODOLOGIA
O método utilizado foi o qualitativo, tipo estudo de caso (Bogdan & Biklen, 1994; Minayo,
2004; Minayo & Sanches, 1993). A amostra foi escolhida intencionalmente e constituiu-se de sete
mães que traziam seus filhos para consultas em clínicas de odontopediatria da UFSC. O tamanho
da amostra justifica-se pois atingiu-se a saturação dos dados a partir da quinta entrevista.
Para a coleta de dados, utilizou-se entrevista semi-estruturada (APÊNCIDE A). Foram
coletados dados de identificação das mães (iniciais do nome, idade, número de filhos, idade dos
filhos, estado civil, procedência, profissão, escolaridade, renda familiar, data do início do
tratamento na UFSC e motivo da consulta), e dados relativos à entrevista (local, data e hora). As
participantes foram questionadas acerca de sua percepção sobre o serviço de odontopediatria da
UFSC, assim como sua opinião sobre como seria o “dentista ideal”. Para garantia do anonimato,
as entrevistadas foram denominadas de M1, M2, M3, M4, M5, M6 e M7.
As mães foram abordadas na sala de espera ou dentro da clínica, enquanto acompanhavam a
consulta de seus filhos. Após explicação do objetivo, do método, da garantia de confidencialidade
dos dados e da possibilidade de desistência em qualquer etapa da pesquisa, elas eram convidadas a
participar do estudo. Foi solicitada assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(ANEXO A). As entrevistas foram realizadas no local escolhido pelas participantes: três es
foram entrevistadas em sua resincia e quatro na UFSC.
Para avaliação do instrumento proposto, foi realizado um projeto-piloto com três mães.
As entrevistas foram gravadas e transcritas. Os dados foram analisados, a partir da primeira
entrevista, pelo processo de Análise-Reflexão-Síntese, preconizado por Patcio (1995). Neste
processo, a análise decome os dados, a síntese os integra às diversas dimensões e contextos da
vida dos sujeitos. A análise e a síntese são realizadas de maneira sinérgica, através da reflexão,
que é uma reconsideração dos dados, associando sensibilidade e razão.
O projeto de estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da
UFSC em Dezembro de 2004, sob protocolo número 298/04 (ANEXO C).
3.5 RESULTADOS
Os dados de identificação das mães e de seus filhos (em tratamento odontológico na UFSC),
encontram-se nas TABELAS I e II.
Em relação à
concepção das mães sobre o dentista ideal,
diversos aspectos foram
apontados e estes relacionaram-se às habilidades afetivas, cognitivas e psicomotoras do
profissional.
Fatores interpessoais da relação dentista-paciente, tais como atenção, carinho e
comunicação foram muito valorizados pelas entrevistadas: “Tipo vocês (alunos da UFSC), eu
acho bons profissionais. Acho interessante aquela integração que vocês têm com a criança. Não é
só uma coisa da profissão, é um relacionamento que vocês cultivam com o paciente, que faz com
que eles gostem de voltar”. (M1)
M4 citou como ponto importante o fato do dentista saber conversar sobre outros assuntos,
quebrando o gelo” durante a consulta e desenvolvendo uma relação de amizade com o paciente:
...não fica só aquela coisa, a gente chega, ela conversa. A gente conversa outros assuntos, a gente
faz aquela amizade, é bem legal. Não é só aquela coisa, chegou, sentou, abre a boca. Não, a gente
conversa”.
M7 gostaria de ter tido outras opções de tratamento denrio, diferentes da exodontia, ao
vivenciar sua primeira experiência odontológica (há dois anos, aos 27 anos de idade): Eu queria
que eles fizessem o canal, ou obturassem, mas ele (dentista) disse que não tinha mais jeito. Eu não
queria tirar os meus (dentes). Porque dente natural é outra coisa, não é que nem colocar chapa”.
As mães também consideraram fundamental que o dentista se preocupe em orientar o
paciente em relação aos seus problemas dentários:
Um bom dentista é aquele que faz ali direitinho as coisas, mas também que te passe, porque
vo não entende direito, não é da área. Você é leigo ali... (M1)
Não te dão uma orientação, uma coisa que é dicil... aquele médico, médica ou dentista que
conversa com você e te explica alguma coisa. É muito difícil conseguir. Acho que a população
precisa mais é de informação. (M2)
O encaminhamento para atendimento odontológico especializado, quando necessário,
também foi lembrado:
(...) te informar: -“Ó, você vai em tal lugar porque lá tem pediatra” (...). Ou indicar alguém
pelo menos... (...). Mas não! Simplesmente: - “Eu não sou pediatra então...não posso atender”.
passa uma escova e uma pasta de dente na boca das crianças e manda embora! Isso que
fizeram com os meus! (M2)
Além do fornecimento de informações, a resolução dos problemas dentários foi
mencionada por M3: “Aquele dentista que se preocupa, que vai cuidar do problema do dente.
Que a gente quando procure ele, que cuide bem, que trate o problema e que explique a maneira
correta de agir naquela situação”.
Questões relacionadas à atualização de conhecimentos também foram valorizadas: “O
profissional o deve parar no tempo (...). Um bom profissional, que gosta do que faz, tem que
estar sempre ali, indo junto com a tecnologia, facilitando, melhorando naquela área”. (M1)
Para M5, um bom dentista deve ser dedicado e gostar do que faz: “Tem que se dedicar ao
que faz, tem que gostar do que faz. A gente sente quando o dentista (...) tá fazendo por prazer, tá
fazendo porque gosta”.
Quanto à percepção sobre o serviço de odontopediatria oferecido na UFSC, todas as
entrevistadas mencionaram estar satisfeitas com o atendimento na universidade: “Ai, é tudo de
bom. Fiquei feliz de ter conseguido tratamento!”. (M6)
Uma das razões desta satisfação está relacionada ao fornecimento de informações sobre
saúde bucal:
O atendimento é muito bom, vocês dão uma boa instrução, o mais interessante é isso... Que
mesmo indo no particular, você não vai ter isso. (M1)
Vocês se preocupam. Como é que faz escovação, como é que tá a criança... (...). É o melhor
que eu conheço. Porque onde eu fui nunca deram informação nenhuma. (M2)
A capacidade de resolução dos problemas bucais também foi citada: “Eu tô achando
ótimo porque eu fui em outros lugares e é bem pior. (...) Como no posto: -‘ah, eu não sou
pediatra’. Não tem um tratamento de canal... Lá com vocês, pra mim é tudo novo. É onde eu
gosto de ir, porque é onde se preocupam mais”. (M2)
M5 comentou ainda que o atendimento satisfaz não as mães, mas também as crianças
atendidas: “Acho muito bacana, são muito prestativos, dedicados (...). E elas (as filhas) também
gostam. Que é o mais importante, porque criança ir no dentista porque gosta é meio difícil. Elas
gostam de vir”.
M3 valorizou o atendimento na UFSC porque conseguiu rapidamente uma vaga na
odontopediatria e lá recebeu orientações adequadas sobre o problema dentário de sua filha.
O fato do dentista conversar com a criança foi considerado importante para M7:
“Conversam com a criança, é muito bom”.
As mães comentaram também sobre algumas experiências vivenciadas em outros serviços
de saúde. Para M1, M2 e M3, os dentistas, geralmente, não orientam seus pacientes de maneira
satisfatória:
...pelo postinho o instrução nenhuma.. Até particular mesmo, às vezes dava o toque, faz
isso faz aquilo com fio dental, mas nada num grau educativo. (M1)
...pode ir até num dentista..... mesmo particular, como esse que eu fui. Ele nunca me falou
como é que é uma escovação. Só assim: - Tem que escovar mais o dente!”. Mas ninguém
ensina. (M2)
...o me lembro deles falarem como que escova (...)! Uma vez eu até fui num dentista
particular. Só que aí era bem diferente, porque era particular. Agora, os dentistas normais (do
posto), eu não me lembro deles terem falado alguma coisa não. (M3)
M2 complementou esta questão repreendendo a postura do profissional da saúde, que, não
informa, porém critica certas atitudes do paciente, desconsiderando fatores sociais e
culturais inerentes à vida das pessoas.
Ele nunca me falou como era pra eu fazer, nunca me perguntou como que eu escovava meus
dentes. Eles só sabem criticar, dizer: - “Ó, tem que escovar mais!”. Como o médico, o médico
também não sabia da minha vida, só disse assim: - “Mãe, tem que cuidar dos dentes dessas
criaas!” Mas ele não tava sabendo o trabalho que eu tava passando. Eu tava correndo ats.
Algumas entrevistadas referiram limitões no atendimento prestado nos serviços públicos
de saúde, relatando demora para conseguir atendimento odontológico:
...é que a gente não tem plano de saúde. É o sistema único e é bem difícil. Então, nós estamos
na espera, esperando eles chamarem. (M3)
...Eu nunca tive condições de fazer tratamento particular. E a gente sabe que tratamento
particular é uma coisa, tratamentoblico, fora da universidade... porque o da universidade é
110%, mas fora disso, deixa muito a desejar. (M5)
... é muito demorado no posto... (M7)
M2 relatou que existe muita dificuldade para conseguir vagas nos serviços de refencia,
onde são realizados os procedimentos de maior complexidade, como tratamentos endodônticos e
próteses. Comentou que, com isso, as pessoas acabam perdendo seus dentes, conforme
depoimento abaixo:
(no posto) é só obturação que eles fazem. (...). Se tem que fazer tratamento de canal ...ou você
vai pra fila de espera ou vo paga um. Mas, às vezes, tu nem vai lá porque é tanta gente....Ou
fica tanto tempo (esperando) que passa a dor, você acaba deixando. Vai relaxando e quando
dói você vai lá no posto e eles tiram (o dente). Porque tá estragado. (M2)
A falta de odontopediatras nos postos também foi vivenciada por duas mães:
Eu fui no posto levar ele, fiquei praticamente uma noite na fila esperando pra marcar, depois
da marcação foi esperado dois meses pra eles chamarem: - “Daqui a 2 meses, tal dia que a
senhora vai trazer ele”. A dentista simplesmente disse: - “Olha mãe, eu vou dar uma
limpadinha nos dentes dele porque eu não sou pediatra”. (M2)
3.6 DISCUSSÃO
De acordo com os achados deste estudo, um bom dentista é aquele que valoriza o
relacionamento interpessoal, estabelecendo uma comunicação adequada com o paciente,
fornecendo informações relevantes para a manutenção da saúde bucal e dispensando atenção e
carinho à criança. Outros elementos citados pelas mães como importantes relacionam-se às
habilidades cognitivas e psicomotoras, e ainda, gostar da profissão e realizar encaminhamento a
um profissional especializado, quando necesrio.
Em estudo qualitativo realizado no Hospital Universitário da UFSC, com mães que levavam
seus filhos para consulta no Serviço Ambulatorial de Pediatria, observou-se resultados
semelhantes em relação à concepção sobre a consulta médica ideal. As expectativas das
entrevistadas giraram em torno de habilidades técnicas e afetivas. Para elas, um médico com bons
conhecimentos e habilidades psicomotoras não é suficiente, pois desejam também que ele
estabeleça uma relação de cumplicidade, aliando atenção e comunicação (Cardoso, 2005).
Resultados similares foram também encontrados em outros estudos
(Périco, 2004; Gürdal et al.
2000; Lewis, 1994).
Segundo Lahti
et al. (1995), existe uma lacuna separando as expectativas dos pacientes e a
realidade encontrada por eles: “as discrepâncias entre o comportamento ideal do dentista e o
efetivamente praticado, geralmente, se dão na área comunicativa, isto é, os dentistas por vezes não
informam seus pacientes acerca de procedimentos preventivos...”
De acordo com Woo et al. (2005)
,
a aceitação do plano de tratamento pelo paciente e a
adesão ao tratamento proposto estão diretamente relacionados à confiança no dentista e sua
habilidade técnica. Neste contexto, Freeman (1999a)
salienta que o dentista deveria assumir uma
posição de igualdade com o seu paciente e sugere que o plano de tratamento seja realizado
levando-se em consideração suas necessidades clínicas e psicológicas.
Na revisão da literatura realizada por Newsome e Wright
(1999), os autores observaram que,
geralmente, os fatores que mais afetam a satisfação do paciente em relação ao tratamento
odontológico são competência técnica, fatores interpessoais, conveniência, custos e outras
facilidades. A competência técnica do dentista é considerada um dos fatores mais importantes na
satisfação do paciente odontológico. Entretanto, segundo os autores, as pessoas apresentam
dificuldades para avaliar a qualidade técnica de um tratamento, formando impressões a respeito do
serviço baseadas em outros aspectos
(
Newsome & Wright, 1999). Trabalhos demonstram que,
geralmente, o atendimento com um todo é avaliado com base no desempenho afetivo (Périco,
2004; Newsome & Wright, 1999; Jung, 1998).
Abrams et al.(1986) destacaram que as habilidades técnicas não necessariamente são
suficientes para convencer o paciente que ele recebeu um tratamento dentário de qualidade.
Outros aspectos da prática odontológica devem também ser considerados, como os fatores
humanos e psicológicos relacionados aos cuidados. Para Freeman
(1999b), as dificuldades dos
pacientes em aderirem ao tratamento proposto pelo dentista, bem como a comportamentos
saudáveis para a promoção da saúde bucal, possuem raízes na infância, na maneira pela qual suas
famílias se relacionavam com os serviços odontológicos e até mesmo em experiências pessoais
negativas. Desta maneira, fatores psicossociais podem influenciar as pessoas, propiciando ou não,
a modificação de hábitos.
O dentista deveria ouvir mais os pacientes, seus sintomas e conhecer os sentimentos
envolvidos em relação ao tratamento, estabelecendo uma comunicação adequada. Assim, estes se
sentirão mais motivados a cuidar de saúde bucal e a colocar em prática as orientações fornecidas
pelo profissional (Freeman, 1999a; Freeman, 1999c).
Neste estudo, as entrevistadas mostraram-se satisfeitas com o serviço de odontopediatria da
UFSC, ressaltando que encontraram na universidade, as qualidades deseveis a um serviço de
saúde. Fornecimento de informações, carinho, atenção e comunicação entre os alunos e os
pacientes / responsáveis, resolução dos problemas bucais, proporcionam, na opinião delas, um
atendimento que satisfaz tanto as mães quanto as crianças atendidas. Estes dados corroboram os
de outros estudos (Cardoso, 2005; Périco, 2004) e ressaltam a importância do atendimento
centrado no paciente e na sua história de vida, e não apenas na doença.
Na investigação de Cardoso
(2005), as entrevistadas consideraram relevante a duração da
consulta, de maneira que o fornecimento de informações e esclarecimento de dúvidas ocorra com
tranqüilidade. A pesquisadora ressaltou a importância da linguagem simples utilizada pelos
acadêmicos, tornando a consulta um momento de interação e aprendizagem.
Segundo Karydis et al. (2001), para se alcançar um serviço de saúde de qualidade, as
expectativas dos pacientes devem ser consideradas. Em estudo realizado em hospital-escola na
Grécia, a empatia na abordagem do paciente foi considerada essencial, assim como o respeito às
normas de biosseguraa (adeo às regras de antissepsia e esterilização, utilização de luvas, gorro
e máscara), boa vontade em ajudar, fornecimento de informações sobre saúde bucal e competência
técnica. Neste trabalho, ter especialização não foi essencial para a escolha de um dentista
.
Al-Mudaf et al. (2003) investigaram, através de questionário, a satisfação de 1242 pacientes
em um serviço de odontologia no Kuwait. A maioria dos entrevistados considerou este serviço
excelente, citando como pontos positivos a capacidade dos dentistas em ouvirem suas queixas, a
atenção dispensada e o interesse em questões pessoais.
A satisfação de pacientes com o atendimento odontológico prestado em uma universidade na
Turquia esteve principalmente associada ao relacionamento interpessoal. Os autores sugerem que,
apesar de diferenças culturais existentes nas diversas sociedades, a interação pessoal deve ser
prioridade nos serviços odontológicos. O reconhecimento, por parte dos profissionais, da
complexidade da relação dentista-paciente promove melhor aceitação e adesão ao tratamento e,
conseqüentemente, maior possibilidade de sucesso, não só para quem presta, mas também para
quem recebe os cuidados (Gürdal et al., 2000)
Alguns estudos realizados em escolas de odontologia encontraram como fatores de
insatisfação do paciente, o elevado tempo de espera, tanto entre as consultas, quanto antes do
atendimento, e consultas excessivamente longas (Gürdal et al., 2000; Karydis et al., 2001). O fato
do atendimento ser realizado por alunos foi motivo de insatisfão para uns, mas não para outros,
que confiam na pessoa que presta os cuidados, já que existe supervisão de professores capacitados
(Gürdal et al., 2000). Outra questão encontrada na literatura relacionada à insatisfação com o
atendimento prestado em escolas de odontologia associa-se à impessoalidade no atendimento, já
que os pacientes são atendidos por diversos alunos ao longo do tratamento (Crossley et al., 2001).
As participantes deste estudo comentaram experiências vivenciadas em outros serviços
públicos de saúde, como dificuldade de acesso e de encaminhamento para os centros de
referência, ausência de profissionais capacitados para o atendimento em odontopediatria e pouca
comunicação entre os profissionais e seus pacientes.
Talvez isto justifique sua preferência pelos
serviços privados. Entretanto, observou-se que mesmo considerando tal servo de melhor
qualidade, na opinião delas, nem sempre o dentista particular fornece informações para a
manuteão da saúde bucal.
No estudo de Abreu et al.
(2005), também houve cobrança dos entrevistados por tratamentos
de maior complexidade nos postos de saúde. Ainda, a dificuldade de acesso aos serviços públicos
de saúde foi mencionada em outras investigações (Abreu et al., 2005; Albuquerque et al., 2004;
Baldani et al., 2005).
Matos et al. 2(002) encontraram importantes diferenças em relação à saúde bucal e ao tipo
de tratamento recebido entre os usuários de diferentes serviços de odontologia. Os usuários de
serviços privados e de sindicato tinham mais chance de receber tratamento restaurador ou
preventivo, enquanto os que utilizaram os serviços públicos tinham mais chance de receber
tratamento cirúrgico (exodontia). Estes achados são preocupantes pois um dos objetivos do
Programa Saúde da Família (PSF) é a redução das desigualdades, melhorando a qualidade de vida
de indivíduos com menor nívelcio-econômico, que são mais vulneráveis às doenças bucais.
3.7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A percepção deste grupo de mães em relação à consulta odontológica ideal gira em torno de
habilidades afetivas e técnicas dos dentistas. Para elas, é importante que o profissional tenha boas
qualidades cognitivas e psicomotoras, mas que, aliado à isso, demonstre atenção, carinho e
preocupação com a criança. A satisfação com o atendimento em clínicas de Odontopediatria da
UFSC está relacionado justamente ao fato destas mães terem encontrado nos alunos que realizam
o atendimento, as características desejáveis a um dentista “ideal”. Segundo elas, eles são
atenciosos com a criança, aliando habilidades afetivas e técnicas, além de orientarem os pacientes
e seus responsáveis para a manutenção da saúde bucal.
Para que os programas de saúde sejam adaptados às reais necessidades da população é
importante a valorização dos usuários como parceiros na construção dos serviços. Para tanto,
mais estudos sobre a satisfação do usuário deveriam ser realizados, como forma de otimizar o
atendimento oferecido à população.
Somado a isto e levando-se em consideração a importância dos aspectos comunicacionais
para a satisfação com o atendimento, sugere-se que os cursos de odontologia dêem maior ênfase
ao treinamento dos alunos, para que eles possam aprender a se comunicar adequadamente com os
pacientes. Com isso, a consulta se tornará um momento de interação e aprendizagem, aumentando
a satisfação mútua (profissionais e usuários) com a assistência e as chances de sucesso do
tratamento.
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Autoria:
Ana Carolina Couto Robles
Profa. Dra. Vera Lúcia Bosco
Profa. Dra. Suely Grosseman
4 APÊNCICES
4.1 APÊNDICE A - Roteiro de entrevista
Entrevista nº _________________________________
Encontro nº _________________________________
Local: _______________________________________
Data: _______________________________________
Hora: _______________________________________
Características do Sujeito
Participante (iniciais da mãe): _________________________________________
Idade: _______ anos.
Procedência: ______________________________________________________
Estado civil: _______________________________________________________
Endereço:_________________________________________________________
Profissão:_________________________________________________________
Escolaridade:______________________________________________________
Renda Familiar:____________________________________________________
Número de filhos: __________________________________________________
Idade dos filhos: ___________________________________________________
Início do tratamento na UFSC _________________________________________
Motivo da consulta:__________________________________________________
Questões norteadoras
1) Como foram as suas experiências com dentistas ao longo da sua vida?
2) Hoje em dia, como você cuida dos seus dentes?
3) Como você cuida dos dentes dos seus filhos?
4) Por que você acha que os dentes estragam?
5) O que você aprendeu sobre os cuidados com a boca desde que as crianças iniciaram o
tratamento na UFSC?
6) Para você, como é um bom dentista?
7) O que você acha do serviço de odontologia da faculdade?
8) O que você achou da entrevista? Tem alguma sugestão?
4.2 APÊNDICE B
Tabela 1 Perfil das mães entrevistadas
Entrevistada Faixa
Etária
Ocupação Estado
Civil
Procedência Cidade em
que residem
Escolaridade Renda
Familiar
(em reais)
M1
25-30 Do lar Casada Paraná Palhoça
(SC)
2º grau
completo
1800,00
M2
30-35 Balconista Casada Santa
Catarina
Biguaçú
(SC)
2º grau
incompleto
800,00
M3
35-40 Artesã Casada Paraná São José
(SC)
1º grau
incompleto
850,00
M4
30-35 Do lar Casada Santa
Catarina
Floriapolis
(SC)
2º grau
completo
2000,00
M5
30-35 Comerciante Casada Santa
Catarina
Floriapolis
(SC)
2º grau
completo
1000,00
M6
25-30 Auxiliar de
produção
Casada Rio Grande
do Sul
São Jo
(SC)
2º grau
completo
1250,00
M7
25-30 Faxineira Casada Santa
Catarina
Floriapolis
(SC)
1º grau
incompleto
630,00
Tabela 2 Número e idade dos filhos, início do tratamento na UFSC, motivo da consulta
inicial e clínica em que são atendidos
Entrevistada Número de
filhos
Idade dos
filhos
(em anos)
Início do
tratamento
Motivo da 1ª
consulta da
criança
Local de Atendimento
M1
2 3 e 4 2004 Cárie s-graduação
1
M2
2 6 e 8 2004 Cárie s-graduação
1
M3
2 9 e 13* 2005 Cárie e
Hipoplasia
de esmalte
Graduação
2
M4
1 4 2001 Traumatismo
dentário
Programa de Atendimento
ao Paciente Traumatizado
3
M5
2 3 e 10 2005 e 2002 Cárie;
prevenção
Clínica de Bes
4
,
Graduação
M6
1 6 2004 Cárie Graduação
2
M7
4 5, 7*, 14* e
15*
2005 Cárie Graduação
2
*Nãoo pacientes das Clínicas de Odontopediatria da UFSC.
1
Atendimento realizado por alunos dos cursos de Especialização, Mestrado ou Doutorado da
UFSC (Área de Concentração – Odontopediatria).
2
Atendimento realizado por alunos do curso de Graduação em Odontologia da UFSC.
3
Atendimento realizado por alunos dos cursos de Especialização, Mestrado ou Doutorado da
UFSC (Área de Concentração – Odontopediatria).
4
Atendimento realizado por professores e alunos dos cursos de Graduação e
Doutorado.
5 ANEXOS
5.1 ANEXO A - Termo de consentimento livre e esclarecido
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO - ODONTOPEDIATRIA
Meu nome é Ana Carolina Couto Robles e estou desenvolvendo a pesquisa “Atitude e
percepção sobre saúde bucal de mães de crianças atendidas na Clínica de Odontopediatria da
UFSC”, com o objetivo de conhecer o que as mães pensam sobre saúde da boca, como a doença
cárie se estabelece, como prevenir cárie dentária e o que acham do atendimento odontológico
prestado pela Faculdade de Odontologia da UFSC. Este estudo é necessário em virtude da
importância de se verificar se as orientações repassadas pelos alunos são colocadas em prática e,
ao mesmo tempo, conhecer a percepção das mães das crianças atendidas em relação ao processo
saúde / doença na boca. Serão realizadas entrevistas utilizando-se mini-gravadores. Isto não traz
riscos e desconfortos, mas esperamos que traga melhorias no atendimento odontológico prestado
à comunidade. Se você tiver alguma dúvida em relação ao estudo ou não quiser mais fazer parte
do mesmo, pode entrar em contato pelo telefone (48) 3381017. Se você estiver de acordo em
participar, posso garantir que as informações fornecidas serão confidenciais e só serão utilizados
neste trabalho.
Assinaturas:
Pesquisadora principal ________________________________________
Pesquisadoras responsáveis _____________________________________
Eu, , fui esclarecido sobre a
pesquisa “Atitude e percepção sobre saúde bucal de mães de crianças atendidas na Cnica de
Odontopediatria da UFSC” e concordo que meus dados sejam utilizados na realização da mesma.
Florianópolis, / / .
Assinatura: _________________________________ RG: __________________
5.2 ANEXO B – Declaração da instituição
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PÓS-GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO - ODONTOPEDIATRIA
DECLARAÇÃO
Declaro para os devidos fins e efeitos legais que, objetivando atender as
exigências para a obtenção de parecer do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos, e
como representante legal da Instituição, tomei conhecimento do projeto de pesquisa: Atitude e
percepção sobre saúde bucal de mães de crianças atendidas na Clínica de Odontopediatria da
UFSC, e cumprirei os termos da Resolução CNS 196/96 e suas complementares, e como esta
instituição tem condição para o desenvolvimento deste projeto, autorizo a sua execução nos
termos propostos.
Florianópolis, 08/11/2004
Prof. Dr. Gilsée Ivan Regis Filho
Chefe do Departamento de Estomatologia
5.3 ANEXO C – Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos
.
.
6 REFERÊNCIAS
1 Oliveira FA. Anthropology in healthcare services: integrality, culture and communication.
Interface _ Comunic, Saúde, Educ 2002; 6(10): 63-74.
2 Helman CG. Cultura, saúde e doença. Porto Alegre: Editora Artes Médicas; 1994.
3 Bernd B. et al. Percepção popular sobre saúde bucal: o caso das gestantes do Valão. Saúde em
debate 1992; 34: 33-39.
4 Gilbert L. Social factors and self-assessed oral health in South Africa. Community dent Oral
Epidemiol 1994; 22: 47-51.
5 Sogaard A. Theories and models of health behaviour. In: Oral health promotion. Schou L,
Blinkhorn AS, editors. Oxford: Oxford University Press; 1997.
6 Buss PM. Promoção de saúde e qualidade de vida. Ciência & Saúde Coletiva 2000; 5(1): 163-
177.
7 Minayo, MC de S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. São Paulo:
Editora Hucitec; 2004.
8. Minayo MC de S, Sanches O. quantitativo-qualitativo: oposição ou complementaridade? Cadê. Saúde
Pública 1993; 9 (3): 239-262.
9 Patrício ZM, Pinto MDS, Brito SLE, Colossi N. Aplicação dos métodos qualitativos na produção de
conhecimento: uma realidade particular e desafios coletivos para compreensão do ser humano nas
organizações. 23 Encontro da ANPAD. Foz do Iguaçu, Paraná, 1999.
7 RELAÇÃO DE TRABALHOS PUBLICADOS OU ENVIADOS PARA PUBLICAÇÃO
DURANTE O CURSO DE MESTRADO
1 Robles ACC, Bosco VL, Grosseman S. Divulgação sobre saúde bucal da criança em uma revista
informativa de circulação nacional: um estudo de caso. Revista Brasileira de Saúde Materno
Infantil (no prelo).
2 Pitoni CM, Caldo-Teixeira AS, Robles ACC, Vieira RS, Almeida ICS. Efeito de diferentes
concentrações de formol na microdureza de esmalte e dentina de dentes permanentes. Brazilian
Oral Research, v.19, supplement September 2005.
3 Caldo-Teixeira AS, Pitoni CM, Robles ACC, Vieira RS. Influência da calibração inter e intra-
examinador na realização de estudos de microdureza. Brazilian Oral Research, v.19,
supplement September 2005.
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