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FERNANDA COSTA LUZ ROSSI
CLÍNICA PSICANALÍTICA: O SENTIMENTO DE SOLIDÃO E A SAÚDE
MENTAL DE MULHERES CASADAS
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação
em Psicologia da Saúde da Universidade Metodista de
São Paulo como requisito parcial para obtenção do título
de Mestre em Psicologia da Saúde
Orientador: Prof. Dr. José Tolentino Rosa
São Bernardo do Campo
2005
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UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO
UMESP
FERNANDA COSTA LUZ ROSSI
CLÍNICA PSICANALÍTICA: O SENTIMENTO DE SOLIDÃO E A SAÚDE
MENTAL DE MULHERES CASADAS
BANCA EXAMINADORA
PRESIDENTE: Dr. José Tolentino Rosa
TITULAR – UMESP: Dra. Maria Geralda Viana Heleno
TITULAR – IPUSP: Dra. Ivonise Fernandes da Motta
São Bernardo do Campo
2005
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FICHA CATALOGRÁFICA
Rossi, Fernanda Costa Luz
Clinica psicanalítica: o sentimento de solidão em mulheres casadas / Fernanda Costa Luz
Rossi. São Bernardo do Campo, 2005.
180 p.
Dissertação (Mestrado) - Universidade Metodista de São Paulo, Faculdade de Psicologia e
Fonoaudiologia, Curso de Pós-Graduação em Psicologia da Saúde.
Orientação : José Tolentino Rosa
1. Mulheres - Casamento 2. Saúde mental - Mulheres 3. Solidão (Psicologia) 4. Sentimentos
(Psicologia) I. Título.
CDD 157.9
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Banca Examinadora
Dr. José Tolentino Rosa – Presidente da Banca
________________________________________________
MEMBROS TITULARES
________________________________________________
1- Dra. Maria Geralda Viana Heleno – UMESP – Titular
________________________________________________
2- Dra. Ivonise Fernandes da Motta – IPUSP - Titular
SUPLENTES
Dr. Manuel Morgado Rezende –– Suplente UMESP
Dra. Yvette Piha Lehman – Suplente IPUSP
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A todas as mulheres que por medo, angústia,
e solidão se refugiam numa busca eterna por
relacionamentos satisfatórios.
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Agradecimentos
Foram muitas as pessoas que me acompanharam nesta fase tão importante da minha vida. Por
esta razão, antes de tudo faço um agradecimento geral a todos que estão ao meu lado nestes
últimos dois anos. Em especial agradeço primeiro a quem me ajudou a preparar esta dissertação,
o professor José Tolentino Rosa, que me ensinou o que significa ser uma pesquisadora, me
orientou e ensinou conteúdos não só relacionados à tese, mas há vida. Agradeço também a
professora Maria Geralda Viana Heleno que me mostrou possibilidades na relação psicólogo-
paciente que eu não compreendia. E por último a querida professora Marília Vizzoto por todo
aprendizado em relação à parte metodológica e por todo o carinho e sorrisos com os quais sempre
me recebia.
Agradeço também meu marido, Reginaldo, por todo apoio, carinho e paciência que teve comigo
durante a correria do mestrado, a força que me dava a cada viagem (e foram muitas), e as
inúmeras noites não dormidas me ouvindo falar sobre os resultados esperados e depois
encontrado e então discutidos.
Aos meus pais Valdir e Mariângela por acreditarem, me ouvirem, apoiarem e investirem em mim.
Aos meus irmãos Lorena, Lucas, Valdir e minha querida cunhada Fernanda também agradeço.
Também, ainda na família, a minha “boadrasta” Sandra, que tem sido uma grande amiga,
principalmente nos últimos anos. Agradeço ainda as minhas amigas Helem e Marcela. Sem o
carinho e presença destes companheiros de vida esta possibilidade não teria sido vivenciada.
Sem cada um de vocês, este mestrado não teria séc concretizado.
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“A relação conjugal só é ideal quando não é necessária
para a sobrevivência de cada parceiro [...] para se relacionar
plenamente com outro, você precisa primeiro relacionar-se
consigo mesmo. Se não conseguimos abraçar nossa própria
solidão, simplesmente usamos o outro como escudo contra o
isolamento. Somente quando você consegue viver como águia,
sem absolutamente qualquer publico, você consegue se voltar
para outra pessoa com amor; somente então é capaz de
preocupar-se com o engrandecimento de outro ser humano”
(YALOM, 2005, p. 372)
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ROSSI, F.C.L., Clinica psicanalítica: o sentimento de solidão e a saúde mental de
mulheres casadas. ROSA, J. T. Programa de Pós Graduação em Psicologia da Saúde, São
Bernardo do Campo, 2005.
RESUMO
Este trabalho teve como objetivo principal investigar o sentimento de solidão e a saúde mental de
mulheres casadas, procurando comparar a maneira de compreender e vivenciar este sentimento
em mulheres solteiras e casadas, bem como verificar em que medida este sentimento pode ser
mitigado pela presença do outro no casamento (coabitação) e em que condições isto ocorria.
Partiu-se da hipótese de que esse sentimento é compartilhado por todas as pessoas, já que o ser
humano é uno e individual. Logo, a separação eterna do outro, que se inicia quando o bebê
percebe que é diferente da mãe e, assim, um indivíduo único, está associado a uma sensação de
solidão que acompanha o ser humano por toda a vida. Desta forma, é muito comum ver pessoas
se envolver em relacionamentos para diminuir este sentimento, que se vê intensificado a cada dia
em função da superficialidade dos vínculos emocionais. A presença de outrem pode ser
aproveitada numa relação interpessoal quando se diminui a intensidade da hostilidade, associada
ao sentimento de solidão. O antídoto contra tal sentimento vem do fortalecimento do auto-
conhecimento, da autonomia, e da amizade por um companheiro que mostra aceitação
incondicional pelo verdadeiro self. Para análise deste sentimento em mulheres casadas, foi
realizada uma pesquisa quantitativa e qualitativa com mulheres solteiras e universitárias. A
escolha da amostra foi aleatória e por conglomerado, em três estágios. Participaram do estudo
184 mulheres, 38% casadas, 7,6% separadas e 52,7% solteiras. Da pesquisa quantitativa foi
possível analisar que a percepção das mulheres sobre a solidão vem, em muitos aspectos, de
encontro com a teoria psicanalítica. Pelas respostas encontradas percebeu-se que a grande maioria
das participantes tem um baixo sentimento de solidão (58,7%) e 41,3% se classificaram com um
escore de alto a médio sentimento de solidão, nestes dois grupos a maioria são de mulheres
casadas e separadas, sendo que quanto mais nova a mulher maior a tendência a buscar um
relacionamento para fugir da solidão, sendo entre as casadas também que isto ocorre com mais
freqüência. A partir destes escores, 18 mulheres foram convidadas a participar de uma entrevista
diagnóstica. Destas dezoito, seis mulheres apresentavam alto sentimento de solidão, sendo duas
casadas, duas solteiras e duas separadas. Da mesma forma as mulheres com média e baixa
solidão. Os resultados encontrados nestas entrevistas foram que todas as mulheres que
apresentaram um alto sentimento de solidão demonstram uma adaptação ineficaz perante a vida,
enquanto que aquelas que apresentaram médio ou baixo sentimento de solidão dificilmente
apresentam adaptação ineficaz. Do grupo de médio sentimento de solidão, três mulheres
apresentaram adaptação eficaz, e do grupo de baixo sentimento de solidão apenas uma
participante apresentou adaptação ineficaz leve. Com isso concluímos que a solidão, quando em
alta medida, além de dolorosa indica uma grande dificuldade do indivíduo em lidar com seus
aspectos emocionais e produtivos, necessitando de ajuda psíquica.
Palavras-chave: sentimento de solidão, mulheres, escala adaptativa.
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ROSSI, F.C.L., Psychoanalytic medicine pratice: the feeling and married women's
mental health. ROSA, J. T. Programa de Pós Graduação em Psicologia da Saúde, São
Bernardo do Campo, 2005.
ABSTRACT
This present work had as a main objective to investigate the feeling of loneliness and mental
health of married women by comparing both ways of understanding and experiencing this
feeling between single and married women as well as to verify how this emotion can be mitigated
thorough the presence of a partner in a marriage (cohabitation) and also the conditions in which it
would happen. We started from the hypothesis that this sentiment is shared by everybody, once
human being is unique and individual. Thus, the eternal separation from the other, which starts
when the baby realizes that he is different from the mother, consequently, a unique individual, is
associated to a sensation of which accompanies the human being throughout his life. Therefore, it
is very common to observe people getting involved in relationships in order to minimize this
feeling, which in turn, gets stronger and each passing day to the superficiality of emotional
bondings. The presence of another person can be an advantage in an interpersonal relationship
when the intensity of the hostility decreases added by the feeling of solitude. The antidote against
this sentiment comes from strengthening self knowledge, autonomy and from the friendship of a
companion who shows unconditional acceptance by the true self. For this reason, a quantitative
and qualitative study using undergraduate single women was carried out in order to analyze this
sentiment in married women. The sample was randomized and grouped in three phases. 184
women, 38% married, 7,6% divorced and 52,7% single took part in the study. From the
quantitative research data, it was possible to analyze that women's perception about loneliness, in
many aspects, matched the psychoanalytic theory. By analyzing the answers fond in this work, it
has been perceived that most of the participants had a low sentiment of solitude (58,7%) and
41,3% classified themselves into a category ranging from high and medium one. In these groups,
most women were either married or single, leading to the conclusion that, the younger the
woman, the higher the tendency to search for relationship in order to scape from solitude. Also, is
has been verified that this was true specially among married women. From these scores, 18
women were invited to take part into a diagnostic interview which consisted of six women in
each group: two married, two single and two divorced from different ages, one of them being up
to 29 and the other over 30 years old. The results found in these interviews were that all the
women who presented a high feeling of loneliness have shown an inefficient adaptation to life,
while those who presented a medium or low sentiment of solitude hardly presented this kind of
behavior. Within the group of medium sentiment of solitude, three women presented inefficient
adaptation to life and from the low sentiment of solitude group, only one participant presentd a
slight one. Finally, we can conclude that loneliness if exaggerated, is not only painful but also
indicates a great difficult of the individual to deal with his emotional and productive aspects
leading him to need psychological help.
Key Words: feeling of loneliness, women, adaptative scale.
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SUMÁRIO
Lista de Tabelas ....................................................................................................................... 10
Lista de Quadros...................................................................................................................... 11
1. INTRODUÇÃO.................................................................................................................. 12
1.1. O dualismo sociedade solitária X sociedade social........................................................... 17
1.2. Solidão, palavra tão curta com definições tão complexas................................................. 26
1.3. O sentimento de solidão na visão psicanalítica................................................................. 33
1.4. Objetivos........................................................................................................................... 38
2. METODO............................................................................................................................ 40
2.1. Participantes...................................................................................................................... 40
2.2. Ambiente........................................................................................................................... 41
2.3. Instrumento....................................................................................................................... 41
2.4. Procedimento..................................................................................................................... 46
2.5. Tratamento dos dados....................................................................................................... 47
3. RESULTADOS................................................................................................................... 49
3.1. Conhecendo as participantes............................................................................................. 49
3.2. Compreensão do sentimento de solidão segundo a opinião das entrevistadas.................. 52
3.3. Medida do sentimento de solidão nas mulheres pesquisadas............................................ 57
3.4. Entrevistas preventivas com mulheres com alto sentimento de solidão – escore entre
38 e 60 pontos....................................................................................................................
69
3.5. Entrevistas preventivas com mulheres com médio sentimento de solidão – escore entre
61 e 65 pontos....................................................................................................................
90
3.6. Entrevistas preventivas com mulheres com baixo sentimento de solidão – escore de 66
pontos em diante...............................................................................................................
108
3.7. Síntese dos resultados........................................................................................................ 123
4. DISCUSSÃO....................................................................................................................... 125
5. CONCLUSÃO.................................................................................................................... 133
6. REFERÊNCIAS................................................................................................................. 136
ANEXO.................................................................................................................................... 141
Termo de consentimento livre e esclarecido I....................................................................... 142
Termo de consentimento livre e esclarecido II..................................................................... 143
Resultados Estatísticos.......................................................................................................... 144
11
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Faixa etária das entrevistadas ..........................................................................49
Tabela 2 – Cursos de graduação das entrevistadas............................................................50
Tabela 3 – Anoq eue stá cursando as entrevistadas............................................................50
Tabela 4 – Faculdade que estuda as enrtrevistadas ...........................................................51
Tabela 5 – Atividade profissional das entrevistadas .........................................................51
Tabela 6 – Estado civil das entrevistadas..........................................................................51
Tabela 7 – Tempo de relacionamento das entrevistadas ...................................................52
Tabela 8 – Número de filhos das entrevistadas..................................................................52
Tabela 9 – Percepção da solidão........................................................................................53
Tabela 10 - Companhias X Solidão...................................................................................54
Tabela 11 - Etiologia da solidão........................................................................................55
Tabela 12 - Mitigação da solidão ......................................................................................56
Tabela 13 - Anáise da carga fatorial do questionário Liquet ............................................57
Tabela 14 - Solidão X Busca de relacionamentos.............................................................59
Tabela 15 - Solidão X Sentimentos internos .....................................................................59
Tabela 16 - Solidão X Companhias...................................................................................60
Tabela 17 - Fator 1: questões com maior carga fatorial ....................................................62
Tabela 18 - Fator 2: questões com segunda maior carga fatorial......................................62
Tabela 19 - Fator 3: questões com terceira maior carga fatorial .......................................63
Tabela 20 - Fator 4: questões com quarta maior carga fatorial .........................................63
Tabela 21 - Fator 5: questões com quinra maior carga fatorial.........................................64
Tabela 22 - Fator 6: questões com sexta maior carga fatorial...........................................64
Tabela 23 - Adaptação das mulheres com alto sentimento de solidão .............................68
Tabela 24 - Adaptação das mulheres com médio sentimento de solidão..........................68
Tabela 25 - Adaptação das mulheres com baixo sentimento de solidão ...........................69
12
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Distribuição dos pontos no questionário Liquert..................................... 65
Quadro 2 – Classificação da solidão........................................................................... 66
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1. INTRODUÇÃO
Solidão tem sido um tema comumente escutado atualmente. Muitos programas de televisão,
revistas populares e livros de auto-ajuda tem voltado sua atenção para a discussão desta idéia,
discutindo o que significa este sentimento, quais são seus efeitos sobre a vida do ser humano,
bem como ensinando a como fugir dele ou como aprender a conviver com a solidão
(CANELLAS, PONTUAL, 2005; DIAMOND, 2004; GOLDKORN, 2003; LAMOURERE,
1992; LESSA, 1998; VEIGA, 2001). Sendo que todos estes textos partem do princípio de que a
solidão tem sido um resultante da modernidade, que trouxe trabalho em excesso, casamentos
menos duradouros, menor número de filhos, aumento das separações, independência feminina e
outros fatores típicos destes últimos tempos.
Estas idéias são comprovadas na pesquisa realizada por Néri (2005), junto a Fundação Getúlio
Vargas sobre Sexo, Casamento e Economia, tal pesquisa buscou compreender como o fator
econômico afeta e é afetado pelo fato do indivíduo estar solteiro ou casado. Neste estudo
percebeu-se uma grande concentração de mulheres sozinhas no país, sendo o número exato de
36,2 milhões. Com base nesta informação foi construído um ranking das capitais da solidão,
sendo que o Salvador, Recife e Belo Horizonte foram às três capitais com maior número
respectivamente de mulheres sozinhas. O que segundo este estudo é resultante da metropolização,
da concentração de renda maior entre este gênero devido a maior participação na economia, e aos
direitos previdenciários. E as capitais com maior número de mulheres acompanhadas, são
Palmas, Boa Vista e Porto Velho respectivamente. O estado do Paraná vem em sexto lugar no
Ranking das Acompanhadas (NÉRI, 2005).
Néri (2005) afirma ainda que o número de mulheres sozinhas aumentou de 1970 para os dias
atuais de forma maior que o esperado, pois com o envelhecimento da população o número de
mulheres solteiras deveria ter diminuído e na realidade aumentou, enquanto que o de viúvas e
descasadas esperava-se ter aumentado, mas não tanto quanto aconteceu. A explicação para este
fato é que como os indivíduos estão vivendo mais, assim o numero de viúvas aumenta. Ao
mesmo tempo as mulheres estão separando-se em maior número e as solteiras casando-se cada
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vez mais velhas ou nem chegando a se casar, com isto o percentual de mulheres solteiras
aumentou drasticamente. Desta forma, a conclusão a que Néri chegou foi de que
a proporção comportamental das mulheres é de ficarem menos no status viúvas, contudo
mais descasadas e mais solteiras. [...] Em suma, há maior tendência comportamental das
mulheres pela vida solitária (NÉRI, 2005, p. 21).
E as razões para esta situação, segundo o estudo, são três: primeiro, as mulheres estão vivendo
mais que os homens; segundo, as mulheres preferem homens mais velhos para se envolverem
emocionalmente e, como a oferta de homens mais velhos e descompromissados é pequena,
acabam tendo poucas opções; e terceiro, a independência econômica feminina, pois as mulheres
solitárias têm um nível de escolaridade e salário proporcionalmente melhor que o das
acompanhadas.
O estudo revela também, que o número de homens sozinhos é menor que o de mulheres, e que
estes costumam se manter mais sozinhos na juventude, enquanto as mulheres são na fase da
maturidade, sendo que após os 60 anos o número de mulheres sozinhas é quase o triplo do de
homens da mesma idade. Por esta razão a solidão neste estudo é chamada de “a solidão é
senhora” (NÉRI, 2005).
Com vista a esta proporção maior de mulheres solitárias, faz-se importante compreender como
estes indivíduos percebem e vivenciam o sentimento de solidão.
Entretanto, a solidão que pretendemos trabalhar nesta dissertação não é somente a solidão física,
ou seja, de estar sem um parceiro, mas antes se pretende estudar e compreender a solidão interna,
a qual pode ser abrandada por uma situação externa, mas nunca eliminada (KLEIN, 1963). Esta
solidão é defendida pelos existencialistas como uma condição inevitável da vida humana, que é
quando o homem percebe que não há ninguém igual a ele no mundo, o que o leva a uma
consciência de que se vive só neste mundo (DOMENICO, 1996). Tal consciência é real ao todos
os seres humanos. A visão psicanalista defendida por Melanie Klein (1963), aprofunda ainda
mais esta idéia, pois a autora defende que este sentimento além de ser comum a todos os seres
humanos (mesmo que em medidas diferentes), independe de companhias externas, ao contrário, é
15
um sentir-se só mesmo na presença de outros, podendo ainda se manter mesmo quando o
indivíduo está recebendo amor.
Além do que, diante das mudanças sociais a que o homem tem sido exposto nos últimos tempos,
tais como violência urbana, seqüestros, desemprego, recessão econômica, excesso de
necessidades (ou de desejos de compras) e tecnologia, percebe-se a existência cada vez maior de
um do abismo entre os indivíduos (NINA,1997). Este isolamento pode ser positivo no sentido de
impulsionar tanto os homens quanto as mulheres a uma independência e maturidade cada vez
maior. Contudo tem como fator negativo um distanciamento doloroso do outro, que ocorre a
partir de um viver no meio de muitos, contudo conhecendo poucos. O conviver intimamente, ou
seja, trocando afetos, ocorre com poucos.
Esse isolamento é indicado como doloroso, pois impede os indivíduos de demonstrarem seus
afetos dentro da sociedade. Como as relações precisam existir no sentido profissional e
comercial, o papel da família se transforma em dois aspectos: primeiro, por questões econômicas
e sociais vão se tornando menor, mais afastadas dos parentes e amigos até o ponto de tornarem-se
fam-ilhas, e segundo (e decorrente do anterior) a família ganha o status de refúgio afetivo
(JABLONSKI, 1998). Este refúgio, segundo Jablonski (1998), por mais que pareça algo bonito e
romântico não tem sido verdadeiro, ou seja, sobre a família se impõem uma fantasia de que esta é
a solução dos problemas, entretanto pode-se observar “uma real dificuldade para a família urbana
moderna e isolada, a nossa fam-ilha atender a essas expectativas” (p.60). É desta idéia de
Jablonski (1998) que se parte neste trabalho, a de que a família além de estar a cada dia mais
isolada está, também, a cada momento também mais envolta de expectativas não alcançadas.
Ou seja, a partir destas visões, levantamos a hipótese de que o sentimento de solidão acaba por
ser aprofundado na população. No caso deste estudo, na mulher. Para tanto, procuramos
compreender, em que medida o sentimento de solidão tem sido experimentado no mundo interno
das mulheres ainda que estejam acompanhadas. Visto que segundo Klein (1963) tal sentimento
perdura mesmo na presença do objeto amado. E que segundo Jablonsky (1998) não tem sido
satisfeito nas relações familiares. O que significa que mesmo numa relação estável, entenda-se
casamento ou coabitação, o sentimento de solidão além de ser real pode ainda ser incômodo, mas
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em que medida? Esta compreensão pode levantar possibilidades de medidas de prevenção para a
população em questão. Partindo-se do princípio de que a existência desta circunstância é
desgastante e passível de agravar o adoecimento psíquico. Sendo que apesar de não poder ser
eliminado, tal sentimento, na visão kleiniana pode ser mais bem administrado dependendo das
capacidades psíquicas do indivíduo (KLEIN, 1963).
Isto porque existe ainda no imaginário popular, e principalmente no feminino, a idéia de que se a
mulher não está bem é pela falta de um companheiro, ou de um relacionamento estável. Ariès
(1978) no livro História social da criança e da família, demonstra que esta idéia é resultado do
“sentimento de família” que foi sendo desenvolvido no decorrer da história humana e se fixando
como ideal de vida para as gerações atuais, onde por questões sociais e financeiras o núcleo
familiar foi sendo cada vez mais restrito ao marido, esposa e filhos, onde o número de filhos
também foi diminuindo com o passar dos anos. Este pequeno núcleo passou a ser mais valorizado
e desejado pela sociedade como um todo. Idéia comprovada na pesquisa de Stasevskas e Schor
(2000) que procuraram compreender como o conceito de família influencia a vida e escolha da
mulher. Para tanto, os autores, entrevistaram algumas mulheres e estas destacaram que a falta de
um companheiro, e o fato de não estarem casadas, em muitos momentos aprofundava seu
sentimento de solidão, sendo que o desejo de constituir uma relação matrimonial tinha como
função a realização de um sonho e/ ou mudança de postura na vida, ou seja, da postura de filha
para de dona da casa. Sendo esta perspectiva real independente das conquistas alcançadas na
carreira ou outros aspectos da vida.
Na pesquisa realizada por Moulton (1980) este pensamento é confirmado, pois na análise de
algumas pacientes de meia-idade (35-45 anos), com vida profissional definida, social e
sexualmente ativas, em processo terapêutico, e divorciadas há pouco tempo (algumas se
separando durante a terapia), demonstraram grandes dificuldades para se adaptarem a vida sem a
presença masculina, mesmo muitas vezes morando com os filhos a solidão se apoderava de tais
mulheres, pois afirmavam só sentirem-se atraentes quando na presença de um homem, bem como
dependentes do afeto deles. Todas elas apresentaram uma infância solitária. E algumas destas
pacientes, as sexualmente inseguras, tendiam a se envolver com homens simpáticos e com boas
17
qualidades, mas que não desejam contrair matrimônio, o que as deixava ainda mais dependentes
deste indivíduo.
É partindo deste referencial que levantamos a possibilidade de que muitas mulheres estejam,
ainda que menor número que antigamente, se envolvendo em relacionamentos acreditando que
seu sentimento de solidão e tantos outros sentimentos possam ser resolvidos. Caso isto se
confirme, surge a importância da prevenção, pois como já vimos segundo a teoria kleiniana o
relacionamento ameniza a solidão, mas não a elimina (KLEIN, 1963).
Porém como a sociedade ainda propõe este ideal de que para a mulher ser feliz deve estar
acompanhada, mesmo que o casamento não seja mais uma exigência, a relação ainda é
normalmente dependente de um amor fantasioso e idealizado, no qual não existem dificuldades
nem sentimentos contraditórios, o que pode ser visto nos filmes, novelas, livros de romance e etc.
Segundo Féres-Carneiro (1998) nos últimos tempos tem ocorrido uma super valorização do
casamento, onde
Os indivíduos têm que funcionar como reservatórios inesgotáveis de conteúdos
psicológicos latentes e a satisfação da entrega total podem produzir uma sensação de
esvaziamento. Há um aumento das expectativas, uma extrema idealização do outro e
uma superexigência consigo mesmo, provocando tensão e conflito na relação conjugal,
podendo levar a separação (FÉRES-CARNEIRO, 1998, p. 382).
Sendo que esta separação é resultado deste excesso de valor e expectativas não correspondidas
sobre o casamento tanto que os divorciados buscam novos relacionamentos matrimoniais
(FÉRES-CARNEIRO, 1998). Ou seja, o desejo de estar acompanhado existe e é forte nos
indivíduos. Mas não se tem levado em conta que o ser humano é uma totalidade, que tem
sentimentos que se contrapõem momento a momento, que não são robôs ou bolos, passíveis de
seguir manuais de instrução ou receitas, em detrimento dos inúmeros livros de auto-ajuda que
procuram fazer tal situação se tornar possível. Fica então, uma exigência obrigatória de encontrar
alguém, relacionar-se emocionalmente, como se isto fosse resolver todos os infortúnios
vivenciados por elas. E que esta relação tem uma forma pré-moldada, que entra em conflito com
valores modernos como individualidade, independência, gerando um desejo de se envolver, mas
18
um medo de que com esta relação venham limitações não desejadas atualmente, com isto, entra-
se num ringue entre o que se quer e o que se deve fazer (FÉRES-CARNEIRO, 1998).
Diante deste quadro, levanta-se a hipótese de que muitas mulheres se envolvem em
relacionamentos pelo medo de ficar, ou por este “sentimento de família”. Pois concordamos com
a idéia de Féres-Carneiro de que “os conjugues se unem por supostos comuns, quase sempre
inconscientes, e com a expectativa de que o parceiro o liberte de seu conflito” (FÉRES-
CARNEIRO, 1998, p. 391). E como partimos do princípio de que a solidão é um acompanhante
do ser humano chegando, em muitos indivíduos, a ser incômodo, muitas pessoas podem se
envolver emocionalmente com a expectativa de que este sentimento seja eliminado, sendo que
quando isto não ocorre, podendo até ser diminuído no início, mas que se esvai diante das
discussões e conflitos comuns a todos os casais, surge novamente a solidão. Podendo ser
vivenciada de forma ainda mais dolorosa, pois apesar de estarem acompanhadas sente faltar algo
na relação, algo a que não consegue dar nome, e que se mostra através do sentimento de solidão,
que é um sentimento pessoal e só pode ser resolvido neste nível.
Partindo-se destas idéias, foi procurado compreender a seguinte questão: para as mulheres
pesquisadas a presença do objeto amado no mundo externo é condição necessária e suficiente
para mitigar o sentimento de solidão? Para tanto foi realizada uma comparação entre mulheres
solteiras e casadas. Tendo como base teórica a hipótese sustentada por Klein (1963) de que o
sentimento de solidão não acaba pela presença de outrem, no máximo é amenizado. Foi também
pesquisada qual a defesa para este sentimento. Sendo que compartilhamos a idéia de que a
mitigação deste sentimento ocorre pela integração dos objetos bons e maus na vida psíquica do
indivíduo o que em termos comuns significa auto-conhecimento, pois conforme a pessoa se
(re)conhece, se torna mais autônoma, e dona de si, passa a se sentir completa a partir dela mesma
e não do outro, tendo então a possibilidade de viver uma relação de companheirismo e troca e não
um envolvimento por questão de necessidade ou carência. Algo não muito fácil de ser vivenciado
na sociedade atual, que presa muito mais a idéia de ter, seja lá o que for, do que ser algo. Ou
conforme afirma Fraiman (1988):
É preciso conhecer a própria unicidade, o valor de ser único, criação que não tem igual, a
solidão intrínseca do ser, para que possa apreciar uma relação. E aqui o casamento
19
haverá de engrandecer as partes, ao invés de sufocá-las. Torna-se um casamento de
individualização e valorização das identidades, e não uma tábua de salvação (p.90).
1.1. O dualismo sociedade solitária X sociedade social
Baseando-se no fato de que o homem é um ser social, conclui-se que ele necessita da presença do
outro. Pois esta socialização é inata ao ser humano, tanto que o homem necessita do outro até
mesmo para nascer e não apenas para sua vinda ao mundo, mas também, para se sustentar nele,
no mínimo em sua primeira década de vida, diferente de todos os outros animais que muito
rapidamente se adaptam a natureza e mesmo vivendo em bandos se sustem sozinhos. O homem
não vive desta forma, tanto que sem a presença de outro indivíduo seria impossível a continuação
de uma vida, pois como um bebê se alimentaria sozinho? Ou como aprenderia a falar, e com isto
a raciocinar e demonstrar seus sentimentos?
Bonin (1998) afirma que o homem é um animal cultural, animal no sentido de ter
comportamentos inatos ligados a sua estrutura biológica, e cultural pelo fato de ao chegar no
mundo encontrar um sistema social já moldado, ao qual precisa aprender a viver, sendo que
sozinho não conseguiria tal façanha. Mas ao contrário, é exatamente através dos relacionamentos
com o outro, primeiramente na relação com a mãe partindo aos poucos para a relação com a
sociedade, que o indivíduo vai aprendendo como deve se comportar, passando de uma relação
interpessoal para um controle intrapessoal das suas atividades. Ou seja, muitos de seus
comportamentos ainda serão inatos, mas a forma de expressá-los passará a se apresentar
culturalmente, através do que aprender a sua volta.
Desta forma clarifica-se a idéia de que para um indivíduo chegar a existir – no sentido de viver -
ele precisa do outro:
Cada indivíduo pode ser considerado um nó em uma extensa rede de inter-relações em
movimento. O ser humano desenvolve, através destas relações, um “eu” ou pessoa (self),
isto é, um autocontrole “egóico”, que é um aspecto do “eu” no qual o indivíduo se
controla pela auto-instrução falada de acordo com a sua auto-imagem ou imagem de si
próprio (BONIN, 1998, p. 59)
20
Isto significa que tanto o meio é moldado pelo indivíduo nele inserido, como este indivíduo é
moldado por este meio. Sendo que a sociedade não está acima do homem, mas faz parte de sua
vida. Igualmente ao corpo humano que apesar de seus diversos membros – braços, pernas, rosto –
não tem divisórias, mas antes é um corpo só. Da mesma forma a sociedade e o homem, um não
existe sem o outro, um faz parte do outro. Por menor que seja a sociedade em que o indivíduo
nasça ele só poderá se desenvolver se alguém o acompanhar nesta jornada, passando,
inevitavelmente para ele, a cultura aprendida anteriormente.
Aranha (2003) relata no capitulo sobre a Natureza e a Cultura, que existe um grande interesse
sobre as diferenças entre o comportamento animal e o humano. E cita os casos da literatura
infantil como Tarzan e os relatos (ou lenda) sobre as meninas indianas criadas por lobos. O que
estas histórias têm em comum é a idéia central de que independente de quem cria o indivíduo,
sem que alguém faça este papel ele não sobreviveria. E mais, o indivíduo irá aprender o que lhe
ensinarem seja lá o que for este ensinamento. Tarzan e as meninas indianas se comunicavam
como animais através de grunhidos, andavam como eles – na posição quadrúpede – e
demonstravam afeições da mesma maneira que seus criadores. O filme Nell com Judie Foster,
que é baseado em fatos reais, e que conta a historia de uma moça criada somente pela mãe que
tinha uma paralisia facial que a impedia de comunicar-se de forma natural, demonstra também
este fato, pois a garota, como não tinha contato com outros humanos, aprendeu a se comunicar
igual a sua progenitora, o que confirma a idéia citada anteriormente.
Aprofundando este pensamento, podemos lembrar do mito de Robinson Crusoe, escrito por
Daniel Defoe em 1719. No artigo Educação e Modernidade, Amorim (2002) afirma que o tema
central desta obra é o individualismo, pois Robinson, após sobreviver a um náufrago é capaz de
viver sozinho por 28 anos numa ilha deserta, fazendo uso para tanto apenas da razão e da fé.
Sendo que somente após 20 anos é que chega a conversar novamente com um outro homem, ao
qual passa a ter como melhor amigo. A partir desta história se faz possível correlacionar a idéia
de que somos capazes de ficar sozinhos, mas não de nos criamos isolados. Pois tudo que Crusoe
construiu foi com base no que viu, experimentou ou soube anteriormente, sem esta experiência
prévia, e sem ser naquele momento um adulto teria ele sobrevivido?
21
Um outro exemplo ainda com o mesmo tema é o filme Náufrago com Tom Hanks, o qual conta
uma história parecida com a anterior, mas com o diferencial de que o acidentado luta bravamente
durante os quatro anos em que fica na ilha deserta para voltar para a civilização. Sendo tamanha a
angústia de ficar só que faz de uma bola de futebol seu melhor amigo ao qual chama de Sr.
Wilson (marca da bola), tamanha a necessidade de manter um relacionamento, de conversar, de
expressar afetos. E mesmo sendo um objeto, a carência de estar solitário era tão imensa que
quando esta bola se perde no mar o protagonista vivencia um desespero e tristeza tão grande que
lhe fazem desanimar de viver.
Este filme demonstra o tanto que estar fisicamente sozinho, isolado, pode ser doloroso. Além de
do fato de que estar longe de outras pessoas, ou até mesmo da família, não afasta o homem de
suas raízes, pois as lembranças estão dentro dele em seu psiquismo, e não é o ambiente que muda
isto. Sendo que cada nova relação constituída por esta pessoa, as influências destas primeiras
lembranças se demonstraram pelas marcas antigas que lhe foram deixadas, sejam elas positivas
ou negativas, servindo para seguir o antigo modelo ou para tentar fugir do mesmo.
Isto porque, como visto anteriormente, a convivência com o outro além de ser um fator
impossível de não ser vivenciado, é também essencial para a sobrevivência tanto do indivíduo
como da própria humanidade, pois é no contato com o outro que o indivíduo se constrói.
Porém, nas décadas de sessenta a oitenta (e hoje ainda em menores proporções), com a evolução
da sociedade e a busca por melhores condições de vida, surgiu o fenômeno da urbanização, ou
seja, a mudança de partes da população das cidades rurais ou interioranas para os grandes centros
urbanos. Segundo Pinheiro e Tamayo (1987) tal situação marcou uma grande mudança nos
relacionamentos entre os moradores das cidades “grandes”. Os autores defendem que nas cidades
pequenas, de vida predominantemente rural, era encontrada uma maior liberdade tanto física
quanto emocional possibilitada pelo conhecimento mútuo entre os moradores e, também, pela
prática da boa vizinhança que se demonstravam através de quermesses, chás da tarde e assim por
diante. Sendo que este meio possibilitava a manutenção dos contatos mais profundos, já que os
relacionamentos íntimos têm grande valor.
22
Enquanto que na vida urbana os contatos entre os habitantes caem para segundo plano, tornando
as relações secundárias, através do processo de dessemelhança e isolamento. O que denota um
grande contraste:
um amontoado de pessoas que, mesmo vivendo fisicamente mais próximas nas cidades
do que no meio rural, vivem isoladas umas das outras, e, em nome de preservar uma
privacidade, passam a restringir seu âmbito de convivência humana, gerando outrossim,
uma distância social (PINHEIRO e TAMAYO, 1987, p. 54)
Este contraste possibilita levantar duas idéias, primeiro que intimidade independe de contato
físico, sendo muito mais dependente da expressão dos sentimentos. Pois ter uma vida sexual ativa
não significa necessariamente sentir-se menos solitário, e ao contrario pode até mesmo indicar
uma tentativa de fugir da solidão através do envolvimento sexual, como demonstrado na pesquisa
de Moulton (1980).
E segundo que, como afirma Pinheiro e Tamayo (1987), nas cidades pequenas e interioranas o
contato emocional entre os moradores é muito maior que nas cidades grandes, o que se pode
perceber pelo levantamento de questões simples, tais como: quantos moradores de grandes
centros urbanos conhecem seus vizinhos pelo nome? Ou sabem das necessidades dos colegas de
trabalho? Sabem o nome do carteiro? Conhecem o dono e família do armazém da esquina? Estas
são perguntas simples que em cidades pequenas são comumente respondidas com facilidade, mas
raramente em centros urbanos.
Roazzi, Federicci e Carvalho (2002) numa pesquisa sobre o medo entre adultos, levantam a
questão de que diante de um mundo onde as notícias a cada momento mais freqüentes são sobre
violência, tanto homens quanto mulheres sentem-se vulneráveis para vivenciar alguns destes
dramas, como assalto, estupro, seqüestro e etc. E quando se relaciona esta idéia com a tese de
Nina (1997), sobre a individualização, onde a autora defende que a prioridade atual é o “eu” e
não mais o “nosso”, fica fácil compreender como nos últimos trinta anos a sociedade está
vivenciando “um processo gradativo de reclusão, de isolamento, no pequeno núcleo familiar”
(NINA, 1997, p.111).
23
Para Nina (1997) este processo de reclusão resulta de vários fatores entre eles o desenvolvimento
tecnológico e o aumento da concentração de pessoas nas grandes cidades na busca por melhores
empregos e conseqüentemente por uma vida melhor. Sendo que esta busca gerou uma grande
competitividade, pois o número de ofertas de emprego era, e é, menor que o número de
indivíduos necessitando dos mesmos. Diante disto, Nina (1997) supõe que as faltas de
oportunidades geram os problemas atualmente tão conhecidos: desemprego, fome, violência,
assaltos e etc. O que resulta em seres humanos vivendo em reclusão, primeiro diante dos medos
de comportamentos violentos, somados ao próprio estresse do dia-a-dia e segundo devido a
competitividade cada vez maior. Perante este quadro, de uma forma natural o indivíduo passa a se
isolar, primeiro dos grandes grupos, se limitando ao pequeno núcleo familiar, e mais tarde até
mesmo deste subgrupo, pois:
O isolamento das pessoas acontece naturalmente, pois o convívio familiar e social pede
vínculos, manifestações de afeto, conflitos, situações emocionais difíceis de lidar,
principalmente quando se tem que “lutar” pela sobrevivência. Enfim, racional ou
inconscientemente, conclui-se que viver sozinho é a melhor saída (NINA, 1997, p. 112)
Mas este viver só também é aterrorizador, apesar de estar sendo tão buscando atualmente, não se
pensa nesta situação como algo permanente e sim como um momento de vida. E apesar desta
situação ser tão comentada nos dias atuais, segundo Pinheiro e Tamayo (1987) é uma
problemática antiga, tanto que na década de 80 os autores realizaram um estudo sobre o
fenômeno da urbanização e perceberam que tal circunstância resultava na solidão. A urbanização
e a modernidade resultam, para Nina (1997), em isolamento.
Este isolamento se mostra pela falta de tempo, e até de abertura, para conhecer o outro, ou se
comunicar da mesma forma que antigamente. São tantos os afazeres, as obrigações, que fica
difícil até mesmo ter tempo para um telefonema para um amigo de longa data. E sair na rua e ser
gentil com todos não é nem muito recomendável, diante desta violência que se encontra instalada
nos grandes centros urbanos. Estes comportamentos vão se somando e se isolar, torna-se algo
normal e até necessário diante das pressões da vida. E de tão normal passa-se a acreditar que
certas emoções, sentimentos e necessidades não são reais para todos e sim apenas para este
indivíduo que está sozinho, aprofundando a sensação de vazio e solidão, obrigando este indivíduo
a se fechar ainda mais com medo de ser julgado pelo que sente, pensa e necessita (NINA, 1997).
24
Soma-se a isto a idéia atual de que vence o melhor, e de que para ser o melhor se pagam preços
altos, tanto financeiros, quanto emocionais. Quem “gasta tempo” com amigos, ou namorados, por
exemplo, está deixando de cumprir outras tarefas. O adolescente que fica uma hora depois do
almoço conversando com a família, está deixando de estudar, enquanto seu concorrente de
vestibular está devorando os livros. Ou seja, os valores também mudaram, o que antes era
valorizado hoje é desnecessário. Um outro exemplo desta idéia é citado por Féres-Carneiro
(1998) na idéia de que o casamento está muito influenciado pelos valores individuais, tendo
ocorrido uma mudança na ênfase dos relacionamentos, sendo que no passado o principio do
casamento eram os laços de dependência do casal, enquanto atualmente a ênfase se sobrepõe na
autonomia e satisfação de cada cônjuge.
A constituição e a manutenção do casamento contemporâneo são muitos influenciados
pelos valores do individualismo. Os ideais contemporâneos de relação conjugal
enfatizam mais a autonomia e a satisfação de cada cônjuge do que os laços de
dependência entre eles. [...] A relação conjugal vai se manter enquanto for “útil” para os
cônjuges. Valorizar os espaços individuais significa muitas vezes, fragilizar os espaços
conjugais. (FÉRES-CARNEIRO, 1980, p. 381).
Enfim, a proposta da sociedade atual chama ao individualismo, tudo voltado para o ‘eu’. O
slogan é a busca por uma carreira promissora que resultaria em uma independência financeira,
que levaria ao bem-estar e a uma maior qualidade de vida, o que Féres-Carneiro (1998) chama de
“ideais individualistas” (p.382), onde cada um está preocupado em sustentar seu próprio
desenvolvimento. Neste contexto, estar com alguém, compartilhar segredos, desejos, enfim ter
intimidade só será real se obedecer primeiramente às regras acima citadas. E dificilmente uma
relação se mantém diante de idéias assim, ou seja, os valores familiares só serão seguidos se
estiverem possibilitando ou ao menos facilitando os ideais indicados.
Fraiman (1988) no estudo sobre a possibilidade de conciliação entre os espaços pessoais e os
vínculos conjugais defende que quando uma relação emocional se estabelece o casal passa a
refletir sobre como conjugar seus espaços, sendo que o espaço pessoal é o que cada um é, o que
necessita e deseja. Este espaço “é defendido com unha e dentes” (p.87). Na interação com o
mundo as pessoas estabelecem espaços sociais onde estão perto de outros, os reconhecem,
percebem, mas não a ponto de saber ou perceber detalhes deste indivíduo. Mas com algumas
pessoas se estabelece um espaço privado, onde ao outro é permitido entrar porque por ele existe
25
um sentimento de confiança e de amor. Entretanto conciliar estes espaços segundo os autores é
muito difícil pelo fato de que muitas pessoas expressam no espaço social algumas características
que na intimidade muitas vezes é completamente oposta, “socialmente a pessoa pode se mostrar
segura e desembaraçada, mas em se tratando de sua intimidade, revela-se insegura inexperiente e
medrosa. Ou vice-versa” (Fraiman,1988, p.89). É desta situação que surgem os conflitos entre os
casais.
E segundo os estudos são vários os fatores que influenciaram para que esta relação esteja a cada
dia mais complexa, pois com a emancipação da mulher, a autonomia feminina (FERES-
CARNEIRO, 1998), aliada as mudanças sociais, econômicas e psicológicas dos últimos anos
(MIRANDA, 1987), acabou resultando em uma: “crise do casamento como instituição social”
(SCHEIN, 1986, p. 18). Esta crise tem possibilitado uma nova postura tanto do homem quanto da
mulher diante um do outro e diante de si próprios (SCHEIN, 1986).
Entretanto o movimento feminista que foi tão libertador para a mulher a obrigou a ajudar no
sustento do lar e muitas vezes ser a grande responsável por ele. Assim, a mulher deixou de ser a
cuidadora da casa que esperava pelo marido, e que tinha como maior objetivo cuidar dos afazeres
do lar e dos filhos, para se tornar como o homem, a responsável pelo seu próprio sustento e de
outros também, quando não, a única a ser responsável por isto na casa, situação de muitas
mulheres divorciadas entre outras. E isto tudo sem deixar de exercer os afazeres anteriores. Sendo
que esta mulher que ao mesmo tempo é tão forte, mostra-se também tão frágil resultado, segundo
Stasevska e Scho (2000), para as mulheres de classe baixa desta “dupla jornada, sem
companheiro” (p. 82).
Assim, o mesmo mundo que propõem tantas possibilidades: carreira, compras, viagens,
divertimentos, impõem também um conjunto grande de limitações e responsabilidades.
Um outro fator que influiu no isolamento a que a sociedade está vivenciando foi à tecnologia.
Pois os celulares, a internet, os e-mails, o fax e tudo mais, facilitam a vida no sentido de
transmissão de dados e correspondências. Mas também, possibilitam um afastamento das
pessoas, pois se torna cada vez menos necessário sair do seu lar, ou deixar algo de lado para ir ao
26
encontro do outro. O que resulta em um viver sozinho, apesar de com muitos a sua volta.
Chegando até a esquecer que o que se veste, come, compra, e até a rua onde se pisa, foram
construídas por pessoas, que muitas vezes, na maioria, são ignoradas.
Desta forma, podemos afirmar que o isolamento é resultante da modernidade. Tal idéia se
comprova tanto na pesquisa da FGV apresentada no inicio o trabalho. Quanto na pesquisa de
Síntese de Indicadores Sociais realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE) em 2004, o qual demonstrou que o número de brasileiros morando sozinhos soma em
9,9% da população brasileira. Indicando que uma em cada oito casas nas principais capitais
brasileiras estava sendo habitada por apenas um morador, e metades dos flats estavam ocupadas
por uma única pessoa. Sendo que a característica mais comum entre estes indivíduos, era a
dedicação integral a profissão. O que vem a comprovar idéia de Nina (1997) sobre a disposição
do homem para o trabalho em detrimento da disposição para os relacionamentos.
A pesquisa revelou também que estes indivíduos se declaravam pessoas independentes e que
estavam satisfeitos com suas vidas. Entretanto, se mostravam preocupados com a idéia de
viverem sós por tempo indeterminado, pois reconheciam o medo da solidão. Completando desta
forma a idéia de que estar só pode ser melhor (NINA, 1997), mas não como uma condição eterna,
mas ao contrario apenas momentânea. Ainda assim preocupante.
Pois apesar de o ser humano ser social, diante das necessidades e exigências da sociedade atual, o
homem tem aprendido a ser só, a estar só. A ser ilha, morando num continente. O que não
necessariamente indica um problema este só se instala quando o fato de estar só passa a ser algo
doloroso. E o pior, quando o indivíduo passa a sofrer com esta solidão mesmo na presença de
outros.
Pois, estar só pode não ser algo ruim. Muitos gostam, apreciam e até preferem. Entretanto, estar
só é diferente de sofrer com a solidão. Estar só pode indicar um momento de vida, a um estar sem
uma companhia efetiva ou estável. Mas não significa que uma pessoa que está sozinha esteja
sentindo uma solidão incômoda, ou com necessidade de estar com outrem. E nem significa que
27
quem sente solidão está fisicamente sozinho, ao contrário, pode estar acompanhado, casado e se
sentindo solitário, é exatamente esta ultima perspectiva da solidão que é preocupante.
Montero y Lopez Lena e Sanchas-Sosa (2001), descrevem a solidão como sendo de três tipos:
primeiro como crônica, que é quando esta instalada há muitos anos, chegando a impedir o
indivíduo de estabelecer relações satisfatórias. O segundo tipo seria a solidão situacional que está
relacionada com as situações diversas da vida como luto, perdas, etc. E o último tipo de solidão
seria a solidão transitória, que é expressa em breves sensações de solidão. Todas estas formas de
solidão são vistas pelo autor como dolorosas, todavia defendem que existe uma solidão positiva,
tanto interna quanto externa, a interna se surge quando o indivíduo percebe sua necessidade de se
reconhecer, de descobrir-se e conhecer-se melhor, enquanto que a solidão interna negativa está
relacionada a uma alienação pessoal. E a solidão externa positiva surge quando o indivíduo busca
propositadamente uma experiência solitária visando reflexão, esta solidão é negativa quando há
isolamento (MONTERO Y LOPEZ LENA E SANCHAS-SOSA, 2001).
Acima de tudo a palavra solidão tem uma conotação negativa que lembra algo ruim. Segundo o
dicionário solidão é o estado de quem está só, representa isolamento ou a sensação de quem vive
isolado de algo (FERREIRA, 1999). E partindo desta visão, estar só, como explicado, pode não
significar algo triste, mas estar isolado sim, pois indica ser deixado (ou se pôr?) de lado,
ignorado, esquecido, e nenhum ser humano sente-se bem diante deste tipo de situação.
E na tentativa de acabar com este sentimento as pessoas agem das formas mais variadas, algumas
se fecham ainda mais e acabam por se isolar até mesmo dos que amam, tendo um comportamento
defensivo podendo chegar a desenvolver uma depressão. Outros passam a acreditar que o
problema está no relacionamento atual ou então na falta de algum relacionamento amoroso.
Quando este é o referencial, se começa uma busca para se envolver com outras pessoas, surgem
os relacionamentos extraconjugais, os divórcios, recasamentos e etc. (FÉRES-CARNEIRO,
1998). No caso dos solteiros, surgem comportamentos como “ficar” tão comum atualmente.
Enfim, apesar do ditado popular ‘melhor só do que mal acompanhado’, diante do incômodo da
solidão / isolamento, surge uma atitude de envolvimento com outros numa busca frenética de
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encontrar satisfação, preenchimento, que quando não ocorre com um parceiro, procuram-se outro
e outro, numa eterna tentativa de encontrar alguém que supra tal sensação. Entretanto também é
comum ver estas pessoas acompanhadas que se envolveram para fugir da solidão, depois de
algum tempo afirmarem que o sentimento não mudou e até se aprofundou. E mesmo a relação
estando insatisfatória existe pessoas que permanecem nela, não por ter encontrado alguém que
verdadeiramente ama, ou deseja, e sim por medo de ficar sozinho (a), pelo medo da solidão. Mas
afinal o que é a solidão?
1.2. Solidão, palavra tão curta com definições tão complexas.
Apesar de haver muitos estudos sobre a solidão, este tema é um dos mais complexos que da
psicologia. Sendo que muito se tem escrito, falado e discutido, porém os autores se dividem iem
diversas opiniões, o que acaba confundindo e impedindo uma compreensão plena sobre o
assunto.
Na psicologia em geral os estudos sobre este tema têm sido vários. Nos últimos dez anos,
houveram muitos estudos correlacionando a solidão com outros temas, tais como: o aumento ou a
causa da solidão como decorrente de situações de doença (ANDRÉS, et al, 1999;
COBERLLINE, 2000; FIGUEIREDO; COELHO, 1996; GOMES; FRAGA, 1997; LEITE, 1995;
LOPES; FRAGA, 1998; PINTO, 1996; SAUCEDO MOLINA; MONTERO Y LOPES LENA,
1996), como decorrente do envelhecimento (ALMEIDA, et al, 2004; ANDRÉS, et al, 1999;
ANTONUCCIO, 1999; BERMEJO, 2003; BORINI; CINTRA, 2002; DOCI, 2003; FELDMAN,
1999; GATTO, 2002, KROEFF, 1999; LEITE, 2002; SANTANA, 2001; STEVENS, 1997;
VARGAS, 1997), como decorrente de situações familiares (CARRETEIRO, 2001; DEFEY, et al,
1996; GIBSON; HARTSHORNE, 1996; SOUZA, 2000), de situações de profissionais, sendo o
ambiente de trabalho o causador da solidão (POLAK, 1997; SEIDMANN, et al, 2002). Outros
estudos relacionaram, ainda, a solidão com a prática clinica de psicologia (FONTES, 2002).
Entretanto, sobre a solidão em si, ou seja, procurando responder o que é este tema, como as
pessoas o vivenciam e quais os sofrimentos em decorrência do mesmo, são poucos.
29
O primeiro artigo neste sentido foi em 1975, material escrito por Wright (1975) a partir de um
caso clínico de atendimento de um casal, onde foi levantada a importância do tratamento da
solidão para a esposa em detrimento dos comportamentos do marido que não percebia suas
necessidades. Na fundamentação teórica do artigo Wrigth (1975) levanta a idéia do quão pouco
este sentimento havia, até aquele momento, sido realmente compreendido e que existiam diversas
teorias para explicá-lo, como veremos mais adiante, mas pouco consenso sobre as mesmas.
Afirma então, que este sentimento pode ser comparado com a estrutura de uma árvore, onde a
solidão seria sua raiz que progride para o topo levando a um ou a alguns tipos de comportamentos
para se defender de tal sentimento, e as folhas desta árvore seriam as desilusões amorosas que o
indivíduo passa no decorrer da vida como resultado dos comportamentos tidos.
Após este trabalho somente na década de 80 foram encontrados novos estudos – oito no total – o
primeiro deles versava sobre a existência do sentimento de solidão em mulheres estudantes de
medicina, que era comparavelmente maior que nos homens (HOFEREK; SARNOWSKI, 1981).
O segundo em 1983, foi sobre a relação de tal sentimento com a idade das mulheres, defendendo
que quanto mais velhas mais se sentem solitárias (GATZ; PERARSON; FUNTES, 1983). No
Brasil, foram escritos seis destes artigos, quatro por Pinheiro e Tamayo (1984a, 1984b, 1985 e
1987) que procuraram compreender o que é a solidão, se havia diferença entre homens e
mulheres no vivenciar tal sensação, e se a urbanização era fator de agravamento deste sentimento.
Foram estes autores também os responsáveis pela adaptação e validação da Escala UCLA de
Solidão. Os outros dois artigos escritos no país fizeram uma análise a partir do referencial
psicanalítico: Salotti e Silva (1989) estudaram a relação da solidão com o narcisismo; e
Domenico (1989) procurou entender como diferentes autores conceituam a solidão.
Nos anos 90 foram lançados cinco novos artigos (PUENTE, 1990; DESIDÉRIO, 1990;
SEEWALD, 1995; NEGREIROS, 1995; DOMENICO, 1996; e NINA, 1997) sendo que o único
trabalho de campo com pesquisa empírica foi o de Negreiros (1995), que procurou analisar a
problemática do conflito existente na mulher de meia idade entre se relacionar ou ficar sozinha.
Já no século XXI foram lançados até o momento cinco novos artigos, Montero, Lena e Sanches-
Sosa (2001) tiveram o propósito de estudar a solidão dentro do contexto mexicano. Em 2002,
30
Belloti fez um estudo de campo analisando se usuários de internet são mais propensos ao
sentimento de solidão, buscando tal mecanismo tecnológico como uma fuga desta emoção, os
resultados mostraram que não há esta relação, muitos usuários sentem a solidão e muitos não, não
significando que todo usuário tenha tal sentimento aprofundado. E finalmente, dois anos mais
tarde foram lançados três novos estudos. Um deles empírico, que procurou analisar o conceito de
solidão na experiência de oito idosas que estavam sendo tratadas de depressão, os autores
perceberam que quanto mais deprimidas as pacientes estavam mais vulneráveis ficavam a este
sentimento sendo o contrário também verdadeiro (PIERCE, et al, 2003). Os outros dois artigos
são casos clínicos, um theco que analisa a solidão como um problema social e médico (DOCI, et
al, 2003). E por fim, Spira e Richards (2003), estudaram a relação da terapia com o sentimento de
solidão, onde o paciente usa da transferência para trabalhar seu sentimento de abandono e
negligência.
Cada um destes artigos centrou-se num aspecto da solidão, ou a definiu de uma forma diferente.
Sendo que a se basearam muito mais em pesquisas teóricas do que empíricas.
Segundo Pinheiro e Tamayo (1984a), que fizeram uma revisão dos estudiosos sobre o tema em
questão, a solidão se divide em seis dimensões:
1º dimensão: Falta de objetivo e significado de vida
Um indivíduo sem objetivo definido na vida sente-se sem significado, provocando desta
forma a solidão.
2º dimensão: Reação Emocional
A solidão se mostra através de uma imensa dor emocional, que é provocada pela ausência
de relacionamentos gratificantes.
3º dimensão: Sentimento indesejado e desagradável
Demonstra os aspectos qualitativos deste sentimento, que é indesejado pelo fato de ser
resultante de experiências desagradáveis.
4º dimensão: Sentimento de isolamento e separação
Parte-se do princípio de que este sentimento surge quando ocorre uma separação, ou seja,
é o resultado do sentir-se isolado, separado de uma ou mais pessoas.
5º dimensão: Deficiência nos relacionamentos e carência de intimidade
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Esta dimensão é a mais comumente estudada, liga a solidão a uma carência de intimidades
com pessoas significativas, o que pode estar relacionado tanto as falhas nos
relacionamento que foram vivenciados ou que estão sendo vividos, como pode ter relação
com a dificuldade do próprio indivíduo em se envolver com outros.
6º dimensão: Unattachment
Diz respeito a um sentir-se solto, descomprometido, enfim sozinho. Esta dimensão
segundo os autores, é muito mais profunda podendo significar a própria idéia geral da
solidão, muito mais que uma dimensão da mesma. Pois está relacionado a uma ausência
de relacionamentos significativos, o qual o indivíduo tem dificuldade de vivenciar. Neste
contexto os autores citam Weiss (apud PINHEIRO e TAMAYO, 1984a) que divide esta
dimensão em outras duas: primeiro como resultado do isolamento emocional como
descrito acima, e numa segunda idéia como um isolamento social, onde existe a falta de
um circulo social.
Enfim, a definição geral para a solidão, segundo Pinheiro e Tamayo (1984a), seria a união de
todas estas dimensões, ou seja, a solidão seria “uma reação emocional de insatisfação, decorrente
da falta e/ou deficiência de relacionamentos pessoais significativos, a qual inclui algum tipo de
isolamento” (p.35).
Sendo que todas estas dimensões remetem a solidão a um sentimento individual, dependente e
resultante do próprio indivíduo, relacionada à dificuldade de estar ou ter relações com o outro. O
que significa que esta problemática está relacionada a uma dificuldade primária de relacionar-se
consigo próprio. Ou em outras palavras a ser íntimo de si mesmo, o que envolve se aceitar.
Moustakas (apud PINHEIRO E TAMOYO, 1984a) aprofunda esta idéia ao afirmar que tal
sentimento pode ir além de uma condição terrível, podendo proporcionar ao indivíduo uma
experiência de visualizar a vida de forma totalmente nova. Pois a solidão demonstra ao homem
que ele é só no mundo pelo fato ser um indivíduo único e diferenciado de todos os outros. Esta
convicção pode amedrontar ou possibilitar uma nova postura, ou seja, poderá se tornar um
sentimento agradável ou desagradável dependendo da visão e maneira de encarar da própria
pessoa. Será agradável se o indivíduo tiver tal sentimento como uma noção de solitude. E
32
desagradável caso esta postura seja influenciada por uma história de vida triste ou pelas poucas
condições psíquicas desta pessoa.
O estudo da solidão segundo Domenico (1996) é um fenômeno antigo realizado desde os
primeiros filósofos existencialistas, principalmente Kierkgaard, Nietzsche e Kafka, que
afirmaram que a solidão é inevitável, pois quando o homem alcança a consciência individual de
que não há no mundo ninguém como ele, sente-se arrebatado por esta sensação, que pode se
expressar de três diferentes formas.
Primeiro como uma solitude, onde o indivíduo ao alcançar tal consciência sente-se a vontade com
ele mesmo (se aceita?), não sentindo necessidade de estar com outros, nem de eliminar estes
outros de sua vida, pois percebe sua essência e se vê como único. Esta forma de solidão
possibilita ao indivíduo a manutenção da sua integridade.
A segunda forma de expressão da solidão existencial esta ligada as experiências da vida. É o
sentimento de ser deserdado, desamparado, diante das diferentes situações a que é exposto
durante sua história de vida. Sendo que cada indivíduo responde a estas situações de formas
diferentes.
Vem então, a última forma de expressão da solidão, chamada pelos filósofos existencialistas de
solidão neurótica, nesta a pessoa se volta para dentro dela mesma, por se sentir incapaz de se
abrir com outras pessoas, é visão da solidão como doença, resultante de experiências traumáticas
vividas anteriormente, seja com a própria família, com relacionamentos amorosos ou com a rede
social em que está inserida. Levando a pessoa a não conseguir estabelecer relacionamentos
saudáveis com trocas afetivas, vivendo na defensiva, fechado para o outro.
Faz-se interessante notar que na visão Existencialista a solidão passa desde um sentimento
saudável e agradável até uma situação patológica. Melanie Klein (1963) aborda exatamente este
lado doentio do sentimento de solidão, enquanto que Winicott (1958) defende a possibilidade
deste sentir ser algo positivo. Mas os dois autores concordam que a solidão é real e necessária ao
homem (SEEWALD, et al, 1995).
33
Como visto anteriormente, nos anos 80 foram realizadas duas pesquisas empíricas procurando
relacionar a solidão com outras condições. Uma relacionou o sexo com a solidão, procurando
compreender se havia diferença entre homens e mulheres no vivenciar este sentimento, e tanto
pela revisão dos estudos teóricos quanto práticos sobre esta relação ficou comprovado que
pessoas de ambos os sexos sentem solidão, o que pode mudar para o homem ou para a mulher é a
expressão desta emoção – que normalmente é mais expressa verbal ou comportamentalmente
pelas mulheres, dando a idéia de que elas sentem mais solidão do que o homem – o que não é
verdade, já que o sentimento é real no mundo interior de todos os indivíduos pesquisados
(PINHEIRO e TAMAYO, 1985).
A outra pesquisa, gerenciada dois anos mais tarde pelos mesmos autores, procurou relacionar a
taxa de urbanização com a solidão, partindo da hipótese de quanto maior a cidade e mais habitada
for, maior seria a solidão entre os habitantes. Pois as grandes cidades, apesar de permitirem uma
maior proximidade física (visto que o número da população é maior em detrimento de um espaço
pequeno para tantos habitantes), exige um preservar da privacidade, o que impede a comunicação
livre das cidades interioranas. Entretanto a pesquisa não conseguiu comprovar tal idéia, segundo
os autores provavelmente pelo fato de ter sido realizada entre jovens universitários, grupo,
segundo eles, onde normalmente as relações sociais são mais fortes, mais freqüentes e mais
intimas, devido às possibilidades e necessidades desta época (PINHEIRO e TAMAYO, 1987).
Com certeza a idade e o ambiente podem camuflar tal sentimento. Na pesquisada realizada por
Negreiros (1995) com mulheres de meia idade (45-55 anos), todas inseridas no mercado de
trabalho e com nível de escolaridade acima da média, sobre o processo de envelhecimento na
mulher, destacou que a dualidade solidão X afiliação era a mais expressiva nos discursos
apresentados por elas. Sendo que estas participantes vivenciaram o rompimento com os modelos
femininos tradicionais através de separações, trabalho autônomo, criação dos filhos sozinha, entre
outros comportamentos atípicos para sua época. E expunham claramente a relação do sentimento
de solidão com o medo e até com a influência dele na capacidade de se envolver e escolher novos
relacionamentos. Pois apesar de apenas 20% das entrevistadas não estarem em um
relacionamento estável, a palavra solidão foi recorrente em todas as entrevistas. Mas ao mesmo
34
tempo em que apareceu o medo de tal sentimento surgiu também o desejo de enfrentá-lo, como
sendo uma oportunidade para encontrar-se consigo mesma.
O que segundo Desidério (1990) é o desejável, pois para este autor a solidão é uma necessidade
de todos os indivíduos ao menos em alguns momentos da vida. Pois
auxilia a pessoa no contato consigo mesma, na percepção de quem é, seus objetivos, seus
próprio corpo, sensações, posturas, atitudes, pensamentos, sentimentos. Esta solidão
facilita o indivíduo a adequar-se a si mesmo, a progredir, olhar-se, recolocar-se. Ela é
especialmente necessária em cada mudança de fase de desenvolvimento [...] Uma boa
dose de solidão funciona como um termômetro que marca a adequação do indivíduo a si
mesmo (DESIDÉRIO, 1990, p. 65)
Desta forma, pode-se concluir que a solidão quando vista como resultante de isolamento mostra-
se como um sentimento incômodo, comum nos seres humanos, mesmo que em medidas
diferentes e nem sempre reconhecido nem por quem sente, nem pelos que estão à volta de quem
sofre. Entretanto, quando a solidão é vista como um espaço para crescimento individual se torna
desejável, não necessariamente menos dolorosa, mas com recompensas por este reencontro
interior, o que possibilita ao indivíduo a enfrentar e suportá-la.
1.3. O sentimento de solidão na visão psicanalítica
Procuraremos compreender neste momento qual a visão psicanalítica sobre o sentimento de
solidão. Nesta área de conhecimento existem duas visões diferenciadas: a visão kleiniana descrita
no artigo Sobre o sentimento de solidão (KLEIN, 1963), e a de Winnicott descrita no artigo Sobre
a capacidade estar só (1958). Estudaremos neste momento estes dois autores.
Começaremos por Klein (1963) que segundo Seewald (1995) usa neste texto uma atitude
negativa quanto à solidão. Visto que sua visão sobre este sentimento é de que se assemelha a uma
doença psíquica, por ser um sentimento vivenciado como doloroso e incômodo. E que está além
da situação de estar ou não sozinho fisicamente, ou seja
Por sentimento de solidão, não me estou referindo à situação objetiva de estar privado de
companhia externa. Estou-me referindo ao sentimento de solidão interior – o sentimento
35
de estar sozinho independentemente de circunstancias externas; de sentir-se só mesmo
quando entre amigos ou recebendo amor. (KLEIN, 1963, p. 341)
Por esta visão a solidão é compreendida como sendo um sentimento verdadeiro em todos os
indivíduos, mesmo que vivenciado em medidas diferenciadas. Sendo que sua origem e
intensidade são dependentes das angústias paranóides e depressivas, que se formam nos primeiros
meses de vida durante a relação com a mãe:
Uma relação inicial satisfatória com a mãe implica um contato íntimo entre o
inconsciente da mãe e da criança. Esse é o alicerce para a vivência mais completa de ser
compreendido e está essencialmente vinculado ao estágio pré-verbal. Por mais
gratificante que seja, mais tarde na vida, expressar pensamentos e sentimentos para uma
pessoa com quem se tenha afinidade, permanece um anseio insatisfeito por uma
compreensão sem palavras – em ultima instância, pela relação mais arcaica com a mãe.
Esse anseio contribui para o sentimento de solidão e deriva do sentimento depressivo de
uma perda irrecuperável. (KLEIN, 1963, p. 342)
Ou seja, na visão kleiniana (KLEIN, 1963) se o objeto bom (que primariamente é a mãe) é
estabelecido com segurança, se tornará o centro do desenvolvimento, para que isto ocorra se faz
necessária uma relação satisfatória com a mãe nos primeiros meses de vida, o que significa que
houve um contato pleno entre o inconsciente da mãe e do bebê, que levam a uma sensação de
compreensão e vinculamento não verbal, possibilitando a sensação de ser compreendido sem
palavras. Este vínculo tão intenso tornar-se para a criança um objeto de desejo a ser buscado nos
próximos relacionamentos, assim ao crescer (e durante o crescimento) o individuo busca relações
amorosas e de amizade que possam suprir este desejo. Tal circunstância não é consciente e nem
clara, muito pelo contrario. E como este vinculo não pode ser novamente estabelecido de forma
tão intensa, surge à solidão.
O que se aprofunda, pelo fato da relação com a mãe não ocorrer de forma tão perfeita, pois
“mesmo na melhor das hipóteses, no entanto, a relação feliz com a mãe e seu seio nunca é livre
de perturbações” (KLEIN, 1963, p. 342). O que significa que por mais que a mãe esteja
disponível para este filho, a relação com ele nunca estará livre de perturbações tanto internas
(dependentes do próprio bebê) quanto externas (dependente do meio), estas perturbações são
resultados dos impulsos de vida e de morte que estão em conflito na vida de todos os seres
humanos desde a mais tenra idade e que levam ao surgimento de ansiedades persecutórias,
36
sentimento este que faz parte da posição esquizo-paranóide que ocorre com maior força nos três
primeiros meses de vida (KLEIN, 1963).
Klein (1963) defende ainda que a posição depressiva se inicia mais ou menos aos três meses de
vida, levando a um ego mais integrado que possibilita ao bebê perceber essa mãe de forma
completa e não cindida. Desta forma a ansiedade persecutória dá lugar à ansiedade depressiva.
Essa integração leva a uma diminuição do ódio através do amor, bem como dos impulsos
destrutivos. E a um aumento da segurança do ego em relação a sua possibilidade de sobreviver
(diminui o instinto de morte) e manutenção do objeto bom. Entretanto, esta integração não ocorre
facilmente. Pois ela tem aspectos bons e maus o que no primeiro momento aumenta a ansiedade
pelo medo de que o mal domine. Este medo faz com que a integração que é ansiada, seja ao
mesmo tempo evitada. Pois no momento enquanto esta integração ocorre surge à solidão, e
naqueles indivíduos em que o superego for severo, se produz uma repressão dos impulsos
destrutivos, aumentando ainda mais a sensação de estar sozinhos para enfrentar tamanhas dores.
E além da integração não ocorrer facilmente, ela nunca é completa, sendo que por toda a vida os
indivíduos a vivenciam ao serem perturbados continuamente pelas pressões internas e externas.
Uma integração completa nunca é possível, pois alguma polaridade entre as pulsões de
vida e de morte sempre persiste e permanece como a fonte mais profunda de conflito. Já
que a integração plena nunca é alcançada, também não é possível uma compreensão e
aceitação completas de nossas próprias emoções, fantasias e ansiedades, o que
permanece como um fator importante na solidão. (KLEIN, 1963, p. 343)
Desta forma, como esta integração nunca é completa, a auto-aceitação também não ocorre
completamente, sendo a base para o aprofundamento do sentimento de solidão, que produz no
indivíduo um eterno desejo de encontrar algo ou alguém que o complete, numa esperança de que
esta outra pessoa contenha suas partes excedidas que foram idealizadas.
Seguindo esta idéia, a solidão também está relacionada com a convicção de que não há pessoa ou
grupo a que se pertença. Esse não pertencer segundo a teoria kleiniana (1963) sempre existiria no
indivíduo, visto que certos componentes do self foram anteriormente excluídos e nunca mais
poderiam ser recuperados por mais que o indivíduo busque isto. E como alguns destes
componentes são projetados em outras pessoas, surge à sensação de não ter posse de si próprio, o
37
que instiga ainda mais a solidão. Sendo que quanto menos houver esta projeção menos o
indivíduo vivenciará esta solidão, o que significa que as pessoas sentem a solidão de maneira e
quantidade diferenciadas. Da mesma forma, quanto maior a ansiedade mais os sentimentos
internos são perturbados e maior fica a solidão, pois mais o indivíduo terá projetado seus
sentimentos e suspeitas persecutórias nas pessoas a sua volta, sentindo então o mundo como
hostil (KLEIN, 1963).
Para Klein (1963) a solidão pode também, ser intitulada como uma doença quando houver
predominância da ansiedade persecutória, surgindo casos como de esquizofrenia, que são
resultantes da grande dificuldade deste indivíduo de integrar os objetos bons e maus e da grande
fragmentação que existe dentro deles, indicadas através da incapacidade de confiar num objeto
bom externo, interno e nele próprio, o que eleva a solidão a estágios patológicos. Bem como este
sentimento é aprofundado pela dificuldade do indivíduo de perceber o que é dele e o que é do
outro ficando numa eterna confusão de sentimentos (devido à identificação projetiva e
desconfiança paranóide) que o impedem de estabelecer relacionamentos significativos, que
apesar de ansiar por mantê-los não conseguem ser estabelecidos.
Mas nos indivíduos em que predomina a posição depressiva a solidão tem outra configuração. A
elaboração desta posição depende da integração. Conforme esta integração ocorre, o bebê começa
a perceber a realidade, ou seja, para o pequeno tudo depende do que é visto, assim, quando a mãe
se afasta indica para ele que ela se perdeu, morreu e esta morte o leva a temer a sua própria
morte, aprofundando a solidão. Mas com a integração, esta onipotência é diminuída e dá lugar a
uma maior confiança em si e no outro (surge a confiança de que a mãe voltará). Ocorrendo
também uma diminuição da idealização, ou seja, aquela idéia de perfeição do objeto bom e de um
self ideal começam a se desidealizar. Esta desidealização, tão importante e necessária para o
indivíduo ter uma vida melhor adaptada, aumenta a solidão, pois se diminui a esperança no ideal
e leva a um encontro com a realidade, o que apesar de necessário é temido (KLEIN, 1963).
O perigo desta fase para Klein (1963) é o indivíduo desenvolver a bipolaridade, ou seja, tornar-se
maníaco-depressivo, que é quando a pessoa consegue perceber o objeto bom (diferente do
esquizofrênico), mas não consegue mantê-lo nem protegê-lo. Isto ocorre quando a posição
38
depressiva não foi completamente elaborada, não tendo ocorrido reparação e sintetização do
objeto bom. O que leva a um sentimento de que não ser amado e a uma sensação de que poderá
ser destruído, com isto o indivíduo mantém a desconfiança como base de seus relacionamentos,
aliado a uma sensação de incapacidade para manter relações, o que aprofunda a solidão.
Assim, quanto mais o indivíduo tiver a possibilidade de integrar suas partes cindidas (muitas
vezes somente através da terapia) menor será seu sentimento de solidão, pois a integração leva a
um aumento da qualidade dos relacionamentos. O que indica a estrita relação entre a solidão e a
capacidade para integração. Quanto maior um menor o outro (KLEIN, 1963).
A partir desta idéia, o fator que diminui a solidão é a elaboração da posição depressiva, que
significa que houve uma internalização do seio bom, a constituição de um ego forte que dificulta
a fragmentação, bem como uma boa identificação com este ego, o que diminui os impulsos
destrutivos e a severidade do superego, possibilitando uma atitude tolerante e compreensiva com
os objetos amados sem prejuízo à relação. Há também uma diminuição da onipotência que leva a
perda da esperança de encontrar o idealizado e se faz possível à destruição dos impulsos, hostis,
possibilitando que sentimentos de agressividade e ódio sejam sentidos como menos perigosos.
Estes fatores indicam uma adaptação a realidade, ou seja, uma auto-aceitação e perdão pelos
erros e frustrações passados. Essa elaboração bem feita possibilita a descoberta de fontes externas
de satisfação, o que diminui a voracidade e aumenta a capacidade de aproveitar o que lhe está
disponível e não apenas do que seria desejável. Esta situação leva a uma troca nos
relacionamentos, onde dar e receber amor torna-se possível. No caso do bebê, a satisfação deixa
de ser apenas pelo alimento e passa a ser pela presença e troca de afeto realizado com a mãe. O
sentimento de satisfação diminui a ansiedade e possibilita uma aproximação e confiança na
relação com o outro, ou seja, há um aumento da gratidão pelo outro, que faz surgir o desejo de
retribuir tal sentimento que lhe foi ofertado, surgindo desta forma a atitude de generosidade..
Todos estes fatores levam a uma diminuição da solidão (KLEIN, 1963).
Porém segundo M. Klein (1963) nada elimina por completo o sentimento de solidão, podem
ocorrer diminuições ou defesas contra ele, mas não um desaparecimento.
39
Todos os fatores no desenvolvimento a que me referi nunca chegam a eliminar
totalmente o sentimento de solidão, apesar de mitigá-lo; podem, por conseguinte, ser
usados como defesas. Quando essas defesas são muito poderosas e se ajustam com
sucesso, a solidão poderá, freqüentemente, não ser vivenciada de maneira consciente.
(KLEIN, 1963, p. 352, grifo nosso)
Como não é vivenciada de forma consciente muitos acreditam não senti-la, entretanto
A negação da solidão, que com freqüência é usada como uma defesa, provavelmente
atrapalhará boas relações de objeto, em contraste com uma atitude na qual a solidão é
realmente vivenciada e se torna um estímulo para as relações de objeto.
Pois, é exatamente o perceber esta solidão em seu íntimo (mesmo que pequena), que impulsiona
ou estimula a manutenção de relações objetais satisfatórias tanto internas quanto externas. E ao
contrário, quanto menos à pessoa tem consciência é porque mais uso está fazendo de mecanismos
defensivos não eficazes para se proteger de tais sentimentos.
Estes mecanismos defensivos podem ser dos seguintes tipos: primeiro uma extrema dependência
do outro que se torna um padrão na vida do indivíduo, levando-o a buscar relações mesmo que
não satisfatórias nem significativas, para preencher o vazio que sentem. Segundo, ao contrário da
anterior, uma atitude de independência extrema com intuito de não se permitir ficar vulnerável ao
outro, com medo do que este outro indivíduo pode lhe fazer. A terceira defesa é a idealização
excessiva do passado para não sofrer na atualidade, ou o contrário, uma idealização do futuro
para não sofrer ainda mais com a situação atual, nas duas formas é uma defesa contra o entrar em
contato com a realidade. Quarto, a necessidade de ser apreciado pelos outros e de conquistar
coisas (sucesso), esta defesa serve como uma forma de diminuir a solidão, mas é ineficaz, pois a
confiança fica posta no externo e não em si próprio, podendo assim ser abalada por mínimos
acontecimentos. Destaca-se aqui que a relação com o próximo não pode e não consegue ser usada
como uma defesa da solidão, pois apesar da solidão ser parcialmente abrandada por relações
externas significativas, ela nunca é eliminada. E por último, a negação da solidão, que impede o
indivíduo de entrar em contato com seus reais sentimentos para então poder perceber quais suas
verdadeiras necessidades (KLEIN, 1963).
Enfim, para a teoria kleiniana (1963), a etiologia da solidão e sua diminuição dependem de
fatores externos e internos. Visto que é na relação positiva entre estes fatores que ocorre a
40
possibilidade de integração, bem como se a relação entre estes fatores for negativa, haverá uma
menor ou nenhuma integração o que aprofundará a solidão.
É esta visão kleiniana, de que a solidão nunca acaba e que necessita eternamente de atenção, que
é vista pelos estudiosos como sendo uma postura negativa em relação a este sentimento
(SEEWALD, 1995).
Já na visão de Winnicott (1958) a solidão é um beneficio que todos os indivíduos têm a seu favor.
E por esta razão sua teoria é compreendida como otimista, pois enfoca os aspectos positivos deste
sentimento, ou capacidade como descrito pelo autor. Isto porque, “a capacidade do indivíduo de
ficar só [...] é um dos sinais mais importantes do amadurecimento do desenvolvimento
emocional” (WINNICOTT, 1958, p.31)
Esta capacidade é desenvolvida também nos primeiros meses de vida através da relação
primordial com a mãe, resultante do paradoxo de ficar só na presença dela, como colocado
abaixo:
Embora muitos tipos de experiência levem à formação da capacidade de ficar só, há um
que é básico, e sem o qual a capacidade de ficar só não surge; essa experiência é a de
ficar só como lactente ou como criança pequena, na presença da mãe. Assim, a base da
capacidade de ficar só é um paradoxo; é a capacidade de ficar só quando mais alguém
estiver presente. (WINNICOTT, 1958, p.32)
Este alguém presente é a mãe suficientemente boa que proporciona ao filho a sensação de
proteção e amor incondicional. Sendo que nos primeiros meses de vida este comportamento se
demonstra através da capacidade egóica da mãe, ou seja, “estar só na presença de alguém pode
ocorrer num estágio bem precoce, quando a imaturidade do ego é naturalmente compensada pelo
apoio do ego da mãe” (WINNICOTT, 1958, p.34).
Assim, conforme este individuo vai amadurecendo, passa a desenvolver uma capacidade de se
sentir especial e único, resultando em um sentir-se inteiro, e logo, capaz de ter prazer em estar
sozinho, no sentido de estar gostando de si próprio, se aceitando, na presença e a partir do outro.
Conforme esta mãe aceitadora e protetora vai se internalizado na mente da criança esta
41
capacidade de estar só, vai se ampliando para outras situações, onde a pessoa pode estar
fisicamente só é estar bem, isto porque foi internalizado um meio interno positivo, ou seja, houve
introjeção de uma mãe suficientemente boa.
Gradualmente, o ambiente auxiliar é introjetado e construído dentro da personalidade do
indivíduo de modo a surgir a capacidade de estar realmente sozinho. Mesmo assim,
teoricamente há sempre alguém presente, alguém que é no final das contas, equivalente,
inconscientemente, à mãe, à pessoa que, nos dias e semanas iniciais, estava
temporariamente identificada com seu lactente, e na ocasião não estava interessada em
mais nada que não fosse seu cuidado. (WINNICOTT, 1958, p.37)
Desta forma o individuo aprende a dizer, mesmo que apenas inconscientemente, “Eu estou só”, o
que significa que quando diz o “eu”, é porque houve integração dos objetos bons e maus. Mais
tarde aprende a dizer o “eu estou”, que significa um reconhecimento pessoal, que só ocorre
quando “existe um meio que é protetor [...] que é de fato a mãe preocupada com sua criança”
(WINNICOTT, 1958, p. 35). E, por fim, a pessoa consegue dizer a frase completa, demonstrando
que houve “uma apreciação por parte da criança da existência continua de sua mãe”
(WINNICOTT, 1958, p. 35), ou seja, o individuo compreende que pode estar só, acompanhado
ou não, e feliz por isto, pois dentro de si há integração, confiança no objeto externo e manutenção
de um objeto interno concreto e positivo.
Seewald (1995) fez uma análise destes dois autores numa tentativa de demonstrar que há
semelhança e continuidades na idéia dos mesmos. Afirma, para tanto, que os dois textos são
complementares, tanto que Klein parte do conflito e das angústias primitivas como sendo os
responsáveis pelo sentimento de solidão; enquanto que Winnicott parte do princípio de que o
desenvolvimento adequado da relação primária com a mãe propicia a capacidade de ficar só. O
que se assemelha a teoria de Klein, pois para esta quando a posição depressiva é elabora há uma
diminuição deste sentimento tornando o individuo capaz de demonstrar e receber emoções, e ao
mesmo tempo de aceitar-se e ao outro, o que resulta numa capacidade de estar só.
A partir da análise destes autores, propomos que o sentimento de solidão é real nos seres
humanos, entretanto são diferentes para cada um. Pois, conforme cada indivíduo aprende a se
aceitar, através da internalização de um objeto bom, pode, então, sentir-se livre para estar bem
consigo próprio, o que resultará em uma capacidade de estar só. Sendo este o lado positivo da
42
solidão, ou como dizem os existencialistas, seria a solitude (DOMENICO, 19996). É a partir
deste referencial que se torna possível mitigar a solidão, e até mesmo viver relacionamentos
satisfatórios onde o outro será desejado e não necessitado.
43
1.4. Objetivos
Diante do material exposto, esta pesquisa teve três objetivos principais:
o Investigar o sentimento de solidão em mulheres
o Comparar a maneira de compreender e vivenciar o sentimento de solidão por mulheres
solteiras e casadas
o Analisar em que medida este sentimento pode ser mitigado pela presença do outro, no
casamento ou coabitação, e em que condições isto ocorre.
E destes principais se subdividiram nos seguintes objetivos específicos:
a) Identificar a concepção que as mulheres contemporâneas têm sobre o sentimento de
solidão e compará-la com a proposta da teoria das relações objetais;
b) Classificar o sentimento de solidão das mulheres, de acordo com os parâmetros do grupo
que respondeu um questionário;
c) Verificar se há diferença no vivenciar a solidão entre solteiras e casadas de diferentes
idades.
d) Relacionar os resultados do questionário com a eficácia adaptativa das mulheres segundo
o sistema diagnóstico de adaptação operacionalizado;
e) Relacionar o sentimento de solidão destas mulheres com as condições objetivas do
cotidiano.
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II. MÉTODO
O delineamento de pesquisa adotado para este trabalho foi o estudo exploratório e de caso,
prevendo-se análises quantitativa e qualitativa. Procurou-se levantar dados sobre o sentimento de
solidão em mulheres casadas e compreender as condições em que ocorre este sentimento.
2.1. Participantes
Participaram da pesquisa 184 mulheres universitárias, adultas com idade entre 18 e 52 anos,
sendo 52,7% solteiras, 38% casadas, 7,6% separadas e três mulheres eram freiras ou viúvas. O
critério de inclusão para mulheres casadas pressupunha um relacionamento estável indicado por
uma relação de casamento ou coabitação. Enquanto que o critério de inclusão para mulheres
solteiras pressupunha o não haver um relacionamento em forma de casamento ou coabitação.
Todas as participantes estavam cursando faculdade, e este critério tinha como objetivo analisar
mulheres com um mesmo nível intelectual. O grupo de pesquisa eram as mulheres casadas, para
tanto foi utilizado como grupo controle, as mulheres solteiras, desde que fossem também
universitárias, com ou sem namorado desde que não houvesse coabitação. Neste grupo de 184
mulheres foi aplicado um questionário que está explicado no item instrumento.
A partir da análise do questionário, foram convidadas 18
1
mulheres para dar continuidade ao
trabalho, na parte quantitativa do mesmo. Sendo três mulheres casadas com idade entre 18 e 29
anos, três casadas com idade entre 30 e 52 anos, três solteiras com idade entre 18 e 29 anos e três
solteiras com idade entre 30 e 52 anos. E da mesma forma, três separadas com idade entre 18 e 29
anos e outras três separadas com idade entre 30 e 52 anos.
Escolha e composição da amostra
A escolha amostral foi por amostragem aleatória por conglomerado em três estágios. Na cidade
de Maringá existem seis instituições universitárias de ensino superior, destas foram sorteadas
1
No grupo de médio sentimento de solidão, apenas uma mulher separada participou da entrevista, pois não havia
nenhuma nesta condição conjugal com menos de trinta anos.
45
duas delas (estágio 1), a partir deste sorteio foram sorteados três cursos de cada faculdade,
excluindo os majoritariamente masculinos (estágio 2), e então foram sorteadas dentro dos cursos
duas séries (estágio 3). Após ter a faculdade, os cursos e as séries definidas, foi então aplicado em
todas as alunas que se enquadravam nestes grupos o questionário sobre o sentimento de solidão,
que compõem a primeira fase da pesquisa que era quantitativa. Sendo que estas mulheres não
foram obrigadas a participar da pesquisa, sendo a elas apresentado juntamente com o questionário
um termo de autorização, que explicava a pesquisa bem como assegurava o compromisso de
responsabilidade do pesquisador quanto ao sigilo na identificação e utilização dos dados dos
sujeitos (anexo1). Entretanto das doze classes participantes apenas oito mulheres se negaram a
responder o questionário, entregando-o em branco.
2.2. AMBIENTE
O local da pesquisa inicial – quantitativa – foram duas instalações universitárias de Ensino
Superior da cidade de Maringá. Tendo em vista que as universidades contemplam diversos
cursos, em diversos horários (matutino, noturno e integral), sendo excluídos da pesquisa os
cursos de perfil majoritariamente masculino, já que a população alvo eram mulheres. A segunda
fase da pesquisa ocorreu através de um encontro de duração média de uma hora e meia com
dezessete mulheres que participaram da primeira parte do projeto, tais encontros ocorreram numa
clinica de psicologia.
2.3. INSTRUMENTOS
O material escolhido para a primeira fase, quantitativa, foi um questionário contendo questões
que contemplavam o sentimento de solidão. Este questionário continha 61 perguntas, sendo que
quarenta questões eram de verdadeiro/sim e falso/não. E as outras vinte e uma estavam
apresentadas dentro da escala Likert. O primeiro questionário foi inspirado no trabalho de
dissertação de mestrado de Bellotti (2002) que pesquisou o sentimento de solidão em usuários de
internet, e para tanto montou um questionário longo abrangendo diversas questões sobre o tema,
muitas delas são utilizadas no presente trabalho, mas como o objetivo era compreender se estas
46
mulheres em primeiro lugar percebem a solidão e em que medida a sentem, algumas perguntas
foram modificadas, o questionário foi diminuído e ao mesmo tempo extraído dele e montado o
segundo grupo de perguntas que foram elaboradas com a possibilidade de respostas em escalas –
a escala likert – que possibilitou avaliar a medida em que as mulheres sentem solidão,
classificando-as em três grupos: de alto, médio e baixo sentimento de solidão.
Em primeiro plano vinha um questionário preliminar para análise dos dados sobre cada mulher,
possibilitando dividir as mulheres em grupos de casadas e não casadas e idades diferenciadas,
alem de outras questões:
Nome: ____________________________________________________________________ Idade: _______ anos
Curso:___________________________ Serie: ______ Faculdade: _________________________
Trabalha: ( ) Não ( ) Sim, qual ocupação atual __________________________________
Situação Conjugal:
1. ( ) Casada ou mantêm uma união estável com coabitação (mora junto). A quanto tempo_________
2. ( ) Separada / Divorciada / Desquitada sem namorado atualmente.
3. ( ) Separada / Divorciada / Desquitada com namorado atualmente, mas sem coabitação. Tempo de namoro
4. ( ) Solteira, sem namorado atualmente
5. ( ) Solteira, com namorado mas sem coabitação. Há quanto tempo namora _________
Tem filhos? ( ) Não ( ) Sim, quantos? ________
Em seguida vinha o primeiro questionário que tinha como objetivo compreender qual a opinião
das mulheres sobre o sentimento de solidão. Segue abaixo as questões, com o bagarito esperado,
o qual foi montado pela pesquisadora a partir da leitura do texto de M. Klein (1963), “Sobre o
sentimento de solidão”:
Questões
Resposta
Esperada
1. Você percebe que as pessoas sentem solidão?
Sim
2. Este sentimento é real em todas as pessoas?
Sim
3. Este sentimento é real nas pessoas na maior parte do tempo?
Sim
4. O sentimento de solidão NÃO tem a haver com a falta de companhias externas?
Verdadeiro
5. O sentimento de solidão refere-se a um sentir-se só, independente de circunstâncias externas?
Sim
6. O sentimento de solidão é resultado do desejo de um estado interno perfeito nunca alcançado?
Sim
47
7. A solidão NÃO brota da ansiedade?
Falsa
8. A crença de que não há pessoa ou grupo a que se pertença pode levar ao sentimento de
solidão?
Sim
9. NÃO há diferenças individuais na maneira pela qual se experimenta a solidão?
Falsa
10. A sensação de estar rodeado por um mundo hostil, aumenta a ansiedade e influência o
sentimento de solidão?
Sim
11. A confusão mental NÃO contribui para a solidão?
Falsa
12. Desejar ser capaz de estabelecer relações com as pessoas e não conseguir influência a solidão?
Sim
13. O temor da morte NÃO contribui para a solidão?
Falsa
14. O sofrimento NÃO contribui para a solidão?
Falsa
15. O sentimento de solidão NUNCA desaparece inteiramente?
Verdadeiro
16. Se uma criança pulasse do 10º andar de um prédio poderia se machucar?
Sim
17. A maioria das pessoas NÃO se sentem solitárias com relação aos familiares?
Falsa
18. As conquistas alcançadas na vida podem ser utilizadas como uma defesa contra a solidão?
Verdadeiro
19. As influências externas e internas contribuem para o aparecimento da solidão?
Sim
20. Os relacionamentos possibilitam um aumento ou uma diminuição da solidão?
Sim
21. As influências externas NÃO diminuem a solidão?
Falsa
22. O sentimento de solidão pode desaparecer no ser humano?
Não
23. É comum as pessoas se envolverem em relacionamentos amorosos para fugir da solidão?
Sim
24. A solidão faz parte de uma doença ou de um transtorno de personalidade?
Sim
25. Na maioria das vezes a solidão tem início na infância?
Verdadeiro
26. O sentimento de solidão NÃO se origina da sensação de uma perda irreparável?
Falsa
27. A insegurança é uma das raízes da solidão?
Sim
28. A ansiedade é um dos componentes da solidão?
Sim
29. NÃO pertencer a um grupo significa estar só?
Falsa
30. A presença de amigos diminui o sentimento de solidão?
Sim
31. Uma criança carregaria facilmente uma pedra de 500 quilos?
Falsa
32. Há diferenças individuais significativas na maneira pela qual se experimenta a solidão?
Verdadeira
33. Sentimentos de infelicidade e culpa NÃO conduzem a solidão?
Falsa
34. Aumentar a capacidade para relacionamentos ajuda a combater a sensação de solidão?
Sim
35. A sensação de liberdade é um meio de contrabalançar a solidão?
Sim
36. Impulsos como agressão e ódio NÃO aumentam a solidão?
Falsa
37. Aceitar as próprias limitações NÃO diminui o sentimento de solidão?
Falsa
38. O alívio do ressentimento pelas frustrações passadas diminui a solidão?
Sim
39. NUNCA menti na minha vida?
Falsa
40. O sentimento de generosidade compensa o de solidão?
Sim
48
E por último vinha o questionário Likert, que possibilitou dividir as participantes em grupos de
alto, médio e baixo sentimento de solidão. Sendo que mulheres que obtinham neste questionário
um escore entre 38 e 60 pontos indicavam um alto sentimento de solidão, o escore entre 61 e 65
pontos um médio sentimento de solidão e acima de 66 pontos um baixo sentimento de solidão.
As questões que indicavam um alto sentimento de solidão eram as questões: 1, 3 a 7, 9, 11 a 13,
15, e 18 a 21, que estavam respondidas como sempre ou quase sempre. E as questões: 2, 8, 10,
14, 16 e 17, que estavam respondidas como raramente ou nunca. Enquanto que as questões que
indicavam um baixo sentimento de solidão eram as: 1, 3 a 7, 9, 11 a 13, 15, 18 a 21 que estavam
respondidas como nunca ou raramente. E as questões 2, 8, 10, 14, 16 e 17, respondidas como
sempre ou quase sempre.
Segue o questionário:
SEMPRE
QUASE
SEMPRE
AS
VEZES
RARAMENTE NUNCA
1. Tendo a NEGAR o sentimento de solidão
1 2 3 4 5
2. Quando consigo aceitar e dar sinto compensar a solidão
1 2 3 4 5
3. O sentimento de culpa me faz sentir solidão
1 2 3 4 5
4. Quando criança me sentia solitária
1 2 3 4 5
5. A dificuldade no relacionamento me faz sentir solidão
1 2 3 4 5
6. Procuro estar com uma pessoa, mesmo não significativa,
para fugir da solidão
1 2 3 4 5
7. Tenho um sentimento de dependência por uma pessoa
significativa e isso me faz sentir menos solidão
1 2 3 4 5
8. A satisfação com a proximidade da pessoa amada pode
compensar minha solidão
1 2 3 4 5
9. Continuo sentindo-me solitária mesmo quando estou entre
amigos ou recebendo amor
1 2 3 4 5
10. Aceitar as minhas próprias limitações diminui o
sentimento de solidão
1 2 3 4 5
11. É preferível estar com qualquer pessoa do que sozinha
1 2 3 4 5
12. A dificuldade no relacionamento amoroso aumenta o
meu sentimento de solidão
1 2 3 4 5
49
13. Independente de condições externas continuo sentindo-
me só
1 2 3 4 5
14. Consigo superar meu sentimento de solidão
1 2 3 4 5
15. É comum me envolver em relacionamentos amorosos
para fugir da solidão
1 2 3 4 5
16. Quando aumento minha capacidade para
relacionamentos sinto diminuir a sensação de solidão
1 2 3 4 5
17. Saber que uma pessoa significativa me ama, diminui o
sentimento de solidão
1 2 3 4 5
18. No relacionamento com minha família (pais e irmãos)
me sinto solitária
1 2 3 4 5
19. A minha solidão depende de acontecimentos externos
1 2 3 4 5
20. A sensação de estar rodeado por um mundo hostil
aumenta meus sentimentos de solidão
1 2 3 4 5
21. Envolvo-me em relacionamentos para fugir da solidão
1 2 3 4 5
A partir das respostas a este último questionário, foram selecionadas seis mulheres de cada grupo,
sendo duas casadas, duas solteiras e duas separadas. Duas de cada situação conjugal, sendo uma
com até 29 anos e outra com mais de 30 anos de idade. A elas foi feito um convite para participar
da continuidade da pesquisa. Entrando neste momento, na segunda parte do trabalho que foi
qualitativa, onde foi buscado encontrar na amostra, de que forma este sentimento de solidão se
mostra nos indivíduos selecionados, relacionando este sentimento com as fantasias inconscientes
demonstradas e com a forma com que este indivíduo lida com as questões afetivo-relacionais,
produtivas, orgânicas e sócio-culturais. Para tanto, foi realizado com as participantes, um
processo de analise, através de entrevistas diagnósticas, a qual foi analisada com base na Escala
Diagnóstica Adaptativa Operacionalizada - EDAO (SIMON, 1989).
A EDAO, instrumento de entrevista criado por Ryad Simon, tem como objetivo analisar, a partir
de uma entrevista diagnóstica, o nível de adaptação do entrevistado diante de alguns fatores de
sua vida. Sendo que se parte do principio de que independente das condições psíquicas, o
individuo se adapta, contudo não necessariamente de forma eficaz. E, quando ocorre a ineficácia,
ocorre também uma dor emocional, indicando que um ou mais dos seguintes setores da vida estão
com problemas: o Afetivo-Relacional – que demonstra as reações emocionais do sujeito frente as
suas relações interpessoais e pessoais; a Produtividade – referente às reações do indivíduo frente
50
ao trabalho ou estudo que esteja realizando; o Sócio-Cultural – abrange as atitudes e ações da
pessoa diante da sociedade, dos valores e costumes culturais em que está inserido; e o Orgânico –
que contempla desde o estado físico do sujeito, até os sentimentos e comportamentos adotados
frente ao próprio corpo. A partir das respostas dadas a estes quatro fatores, é possível avaliar o
nível de adequação do psiquismo do indivíduo frente a sua vida (SIMON, 1989). Esta adequação
cabe em três níveis:
nível 1: Adaptação Eficaz – demonstra que o indivíduo esta conseguindo resolver os
problemas que aparecem em cada um dos setores de forma satisfatória e sem conflito
intrapsíquico ou ambiental.
nível 2 – Adaptação Ineficaz – neste nível, o indivíduo consegue resolver o problema,
mas mesmo se sentindo satisfeito com o comportamento adotado, entra em conflito
psíquico ou ambiental. Ou então, não se sente satisfeito, embora não se sinta em
conflito. Esta adaptação pode ser leve ou moderada dependendo dos sintomas
apresentados.
nível 3 – Adaptação Ineficaz Severa ou Grave – indivíduo ou não consegue resolver o
problema, ou se consegue, não alcança satisfação e ainda surge um conflito interno
e/ou externo.
Além da classificação nestes níveis, a entrevista diagnóstica possibilita também avaliar se a
condição atual do indivíduo está ou não ligada a uma situação de crise. Sendo a crise um
momento onde o sujeito se vê “frente a uma situação nova e vitalmente transformadora”
(SIMON, 1989, p.58). A crise pode ser por perda ou por aquisição.
No primeiro caso, o individuo tem o seu espaço pessoal reduzido, levando a depressão e culpa.
Tais sentimentos podem levar a comportamentos de auto-agressão ou projeção da culpa em
alguém menos resistente. No caso da crise por aquisição, o sujeito tem o seu espaço pessoal
alargado, mas não consegue lidar com as pressões internas de tal melhora ou mudança. Surge,
então, sentimentos de insegurança, inferioridade e inadequação. E os comportamento mais
comuns neste tipo de situação, é a fuga direta – abandono da conquista -, ou fuga indireta –
comportamentos inconscientes que levem o sujeito a perder o que conquistou (SIMON, 1989).
51
2.4. PROCEDIMENTO
O procedimento constou de duas fases, a saber, quantitativa e qualitativa, descritas a seguir de
forma respectiva:
A primeira fase foi realizada a partir do sorteio das universidades, cursos e classes em que seriam
aplicados os questionários, sendo que a escolha amostral ocorreu por amostragem aleatória por
conglomerado em três estágios. Onde foram sorteadas duas universidades, a partir deste sorteio,
foram sorteados três cursos de cada faculdade e então sorteados dentro dos cursos duas séries.
Com as faculdades, os cursos e a séries definidas, foi feito um convite para as alunas destas séries
para participar da pesquisa, as que aceitaram, foi apresentado juntamente com o questionário o
termo de consentimento livre e esclarecido (anexoA). Os resultados do mesmo foram passados
para uma planilha do aplicativo Excell que depois foi transferida para o SSPS, conseguindo, desta
forma a análise dos itens e comparação das opiniões dos diferentes grupos.
A segunda fase da pesquisa baseou-se no convite feito a dezoito mulheres, para participarem da
parte qualitativa da pesquisa. A estas convidadas foi também explicado o objetivo desta
entrevista – compreender como lidam com as angústias e questões de sua vida e como isto se
relaciona com o sentimento de solidão – e aquelas que se dispuseram foi pedido que assinassem
termo de consentimento (anexo B). Estas mulheres foram selecionadas, a partir dos pontos
obtidos no questionário aplicado, que indicavam um alto, médio e baixo sentimento de solidão,
de cada um destes grupos foram chamadas seis mulheres: duas solteiras, duas casadas e duas
separadas. Esta parte qualitativa baseou-se numa entrevista individual de duração média de uma
hora e meia com cada participante. Sendo que apenas no grupo de médio sentimento de solidão
não foram encontradas duas mulheres separadas com idades diferenciadas, por esta razão foi
chamada apenas uma mulher deste subgrupo, ou seja, apresentando um médio sentimento de
solidão e uma situação conjugal de separação. O que resultou num número total de 17 (dezessete)
mulheres, sendo:
Com um alto nível de sentimento de solidão: uma mulher casada de 22 anos e outra de 42 anos,
uma separada de 28 anos e a outra com 31 anos, uma solteira com 18 anos e a outra com 34 anos.
52
Com médio sentimento de solidão, uma casada de 22 anos e a outra com 38 anos, uma separada
de 35 anos, uma solteira com 20 anos e outra de 33 anos. E com baixo sentimento de solidão,
uma casada com uma mulher de 25 anos e outra de 32 anos, uma separada com 28 anos e outra
com 40 anos e por último uma solteira com 20 anos e outra com 39 anos.
2.5. TRATAMENTO DOS DADOS
Os dados do questionário quantitativo foram tabulados em uma planilha do aplicativo Excell, a
qual posteriormente foi transportada para o SSPS a fim de executar a análise de itens e a
comparação das opiniões de mulheres casadas com as solteiras.
O conteúdo das entrevistas da parte qualitativa foi analisado através de um enfoque de
orientação psicanalítica, baseado na teoria das relações objetais de Melanie Klein e da Escala
Diagnostica Adaptativa Operacionalizada e posteriormente foram analisadas se havia diferença
nesta adaptação entre os grupos de alto, médio e baixo sentimento de solidão e as idades das
participantes.
53
III. RESULTADOS
Antes de iniciar a análise dos resultados vale novamente ressaltar que este trabalho teve como
objetivo investigar o sentimento de solidão em mulheres e comparar a maneira de compreender e
vivenciar o sentimento de solidão por mulheres solteiras e casadas. Analisando a medida em que
este sentimento pode ser mitigado pela presença do outro no casamento ou coabitação e em que
condições isto ocorre.
Após a coleta dos dados necessários, o tratamento estatístico da etapa quantitativa foi realizado
com auxílio do aplicativo SSPS. Os resultados estão apresentados a seguir por tabelas e
comentários.
3.1. Conhecendo as participantes
A partir da amostragem aleatória por conglomerado em três estágios, participaram da pesquisa
184 mulheres, com idade variando de 18 a 52 anos, nas seguintes proporções:
Tabela 01 - Faixa etária das entrevistadas
Faixa Etária Freqüência %
de 18 a 24 anos 89 48,4
de 25 a 31 anos 55 29,9
de 32 a 38 anos 24 13,0
de 39 a 45 anos 12 6,5
de 46 a 52 anos 4 2,2
Total 184 100,0
Ou seja, 78,3% das entrevistadas tinham entre 18 e 31 anos e apenas 21,7% eram mulheres com
mais de 32 anos. Apesar de estarem numa proporção menor, foi possível analisar o sentimento de
solidão em mulheres de idades diferenciadas.
Pelo sorteio realizado dos cursos de graduação, saíram dois cursos da área da saúde (enfermagem
e farmácia) e dois cursos da área de ciências sociais aplicadas (direito e administração), sendo
que o curso de farmácia foi o com menos participantes, e o curso com o maior número de
54
participantes foi o de enfermagem. Os outros cursos que saíram no sorteio foi um curso de
humanas e um da área lingüística, como segue abaixo:
Tabela 02 - Curso de graduação das entrevistadas
Graduação Freqüência %
Ciências Sociais Aplicadas
61 33,2
Saúde
64 34,8
Lingüística
24 13,0
Humanas
35 19,0
Total
184 100,0
Do sorteio realizado apenas uma classe de 1º ano foi selecionada, que foi da área de humanas, e
cinco classes de segundo ano, sendo que apenas no curso de direito não foi entrevistado esta
série. Do terceiro e quarto ano foram selecionadas três turmas e do quinto ano nenhuma. Confere-
se abaixo:
Tabela 03 - Ano que está cursando as entrevistadas
Serie Freqüência %
1ºano 17 9,2
2ºano 76 41,3
3ºano 28 15,2
4ºano 63 34,2
Total 184 100,0
Como na cidade de Maringá existem seis faculdades, as duas que foram sorteadas para participar
do projeto estão descritas como A e B para preservar a intimidade das participantes sendo a
Faculdade A com maior número de alunos entre as sorteadas, e a Faculdade B, com um número
um pouco menor. Entretanto, apesar de ser menor a Faculdade B obteve um número maior de
participantes nesta pesquisa, tanto que 53,9% das entrevistadas eram desta universidade. As duas
faculdades são particulares com cursos majoritariamente noturnos, apenas um curso foi matutino,
e como era de se esperar a grande maioria trabalha (67,9%), sendo apenas 32,1% apenas
estudantes. Destas que trabalham muitas atuam em sua própria área profissional através de
estágios, tanto nas profissões da saúde, quanto nas administrativas e educacionais, como mostra
as tabelas abaixo:
55
Tabela 04 - Faculdade que estuda as entrevistadas
Freqüência %
Faculdade A 85 46,2
Faculdade B 99 53,8
Total 184 100,0
Tabela 05 - Atividade profissional das entrevistadas
Atividade Freqüência %
Não Trabalha 59 32,1
Profissional Liberal 7 3,8
Área da Saúde 28 15,2
Área da Educação 6 3,3
Área Administrativa 35 19,0
Comércio 46 25,0
Outras 3 1,6
Total 184 100,0
Das 184 mulheres entrevistadas 38% eram casadas ou coabitavam com o parceiro. Apenas 7,6%
eram separadas, estando ou não namorando naquele momento. E a grande maioria – 52,7% -
eram mulheres solteiras com ou sem namorado. Responderam também ao questionário duas
freiras e uma viúva (outras).
Tabela 06 - Estado civil das entrevistadas
Estado civil Freqüência %
Casada 70 38,0
Separada sem namorado 9 4,9
Separada com namorado 5 2,7
Solteira sem namorado 43 23,4
Solteira com namorado 54 29,3
Outras 3 1,6
Total 184 100,0
Setenta por cento das pesquisadas estavam mantendo um relacionamento amoroso através de
namoro ou casamento, e apenas 30% estavam sem nenhum tipo de envolvimento. Das mulheres
casadas, vinte delas eram recém casadas, ou seja, com até dois anos de casamento (10,9%) e vinte
cinco mulheres estavam casadas a mais de dez anos, segue abaixo a distribuição de tempo de
relacionamento:
56
Tabela 07 - Tempo de relacionamento das entrevistadas
Tempo Freqüência %
Sem casamento ou namoro 55 29,9
Até um ano 19 10,3
de 1 a 5 anos 60 32,6
de 5,1 a 12 anos 29 15,8
de 13 a 24 anos 21 11,4
Total 184 100,0
A grande maioria das entrevistadas não tinha filhos. E 25% tinham de um a dois filhos.
Tabela 08 - Número de filhos da entrevistada
Número de Filhos Freqüência %
Não tem filhos
132 71,7
1 a 2 filhos
46 25
3 a 4 filhos
6 3,2
Total
184 100,0
3.2. Compreensão do sentimento de solidão segundo a opinião das entrevistadas
Após análise do questionário preliminar, podemos analisar as questões de verdadeiro/sim e
falso/não, que era o questionário maior de 40 questões. Este questionário abrangia temas
relacionados ao sentimento de solidão, e tinha como objetivo analisar qual a opinião da
população sobre este sentimento, para ser então comparado com a literatura estudada. E como a
literatura kleiniana sobre este assunto é densa, foi necessário fazer um questionário longo que
envolve-se diversas situações relacionadas ao sentimento de solidão, por esta razão e para
analisar se os participantes estariam respondendo com atenção ao questionário, foram incluídas
três questões neutras e de verossimilhança. São elas as questões 16 (Se uma criança pulasse do
10º andar de um prédio poderia se machucar?), questão 31 (Uma criança carregaria facilmente
uma pedra de 500 quilos?) e a questão 39 (Nunca menti na minha vida.).
A essas três questões as respostas foram coerentes: 95,7% responderam que a criança se
machucaria ao pular de um prédio. Todas responderam que uma criança não carregaria um
grande peso. E 98,4% responderam já ter mentido. Isto indica que as participantes estavam
57
respondendo ao questionário com atenção, lendo as questões e não apenas assinalando respostas
sem pensar.
As questões restantes foram agrupadas em quatro subgrupos pelo tema de cada um. Sendo eles:
(1) Percepção da solidão – grupo de questões sobre como a pessoa percebe este sentimento. (2)
Companhias X Solidão – relação de perguntas que demonstram de que forma a população
entende a relação entre a solidão e os relacionamentos estabelecidos. (3) Etiologia da solidão –
questões que demonstram a origem e relação do sentimento de solidão com outras emoções. E
por último o subgrupo (4) Mitigação da solidão – perguntas que indicam de que forma este
sentimento pode ser amenizado. Segue abaixo a descrição destes subgrupos, com as respostas
dadas para cada questão e análise das mesmas:
Subgrupo (1) – Percepção da solidão:
Tabela 09 - Percepção da Solidão
Questão
Resposta
Esperada
Porcentagem
da resposta
1. Você percebe que as pessoas sentem solidão? Sim 97,8%
2. Este sentimento é real em todas as pessoas? Sim 58,2%
3. Este sentimento é real nas pessoas na maior parte do tempo? Sim 35,9%
9. Não há diferenças individuais significativas na maneira pela qual se experimenta a
solidão?
Falso 80,4%
15. O sentimento de solidão nunca desaparece inteiramente? Verdadeiro 50%
22. O sentimento de solidão pode desaparecer no ser humano? Não 44%
24. A solidão faz parte de uma doença ou de um transtorno de personalidade? Sim 54,3
32. Há diferenças individuais significativas na maneira pela qual se experimenta a
solidão?
Verdadeiro 95,1%
Diante destas respostas podemos compreender que a grande maioria das mulheres percebe a
existência deste sentimento nas pessoas (questão 1), e de que a solidão é vivenciada de forma
diferenciada por cada indivíduo (questão 9 e 22), tais idéias vêm de encontro com a teoria
analisada. Entretanto, a população se divide quanto à idéia deste sentimento ser ou não passível
de eliminação, podendo indicar uma esperança de que a solidão possa tanto desaparecer quanto
não ser real na maior parte do tempo (questões 2, 3, 15 e 32), o que segundo Klein não é
58
verdadeiro, pois este sentimento pode ser mitigado, mas nunca eliminado. Da mesma forma há
uma pouca concordância com idéia de que este sentimento possa fazer parte de uma doença
(questão 24), o que é verdadeiro quando a posição esquizo-paranóide não tiver sido elaborada de
forma adequada.
No segundo subgrupo (descrito abaixo), ficou demonstrado que a população entende que o
sentimento de solidão independe de companhias externas (questão 5), da mesma forma que a
teoria. Mas se contradizem na questão 4 quando a grande maioria acredita que tem haver com a
presença de companhias externas, ou seja, a falta de companhias levaria a um sentimento de
solidão. Entretanto, esta resposta pode indicar o tanto que a maioria das mulheres entrevistadas
percebe a estreita relação de influência existente entre o sentimento de solidão e as companhias
externas, pois nas questões 19, 21, 30 e 34, que se referem a este tema, respondem positivamente.
O que segundo a teoria kleiniana é verdadeiro, pois a solidão é abrandada por um relacionamento
externo. Outra idéia defendida por Klein é de que a sensação de não pertencer a um grupo e o
desejo de buscar por relações e não conseguir pode levar ao sentimento de solidão, com o que a
população em sua maioria concorda (questão 8 e 12) e, da mesma forma que a teoria, percebem
ao mesmo tempo que não necessariamente estar só não significa sentir-se sozinho (questão 29). E
as mulheres percebem, da mesma forma que a hipótese levantada, que é comum as pessoas se
envolverem em relacionamentos para fugir da solidão (questão 23),
Tabela 10 – Companhias X Solidão
Questão
Resposta
Esperada
Porcentagem
da resposta
4.O sentimento de solidão não tem haver com a falta de companhias externas? Verdadeiro 47,8%
5.O sentimento de solidão refere-se a um sentir-se só independente de companhias
externas?
Sim 79,9%
8. A crença de que não há pessoa ou grupo a que se pertença pode levar ao sentimento de
solidão?
Sim 77,7%
12. Desejar ser capaz de estabelecer relações com as pessoas e não conseguir, influencia o
sentimento de solidão?
Sim 87,5%
19.As influencias externas e internas contribuem positiva ou negativamente para o
sentimento de solidão?
Sim 94%
21. As influencias externas não diminuem a solidão? Falso 67,4%
23. É comum as pessoas se envolverem em relacionamentos amorosos para fugir da
solidão?
Sim 96,7%
29. Não pertencer a um grupo significa estar só? Falso 85,3%
59
30. A presença de amigos diminui o sentimento de solidão? Sim 78,3%
34. Aumentar a capacidade para relacionamentos ajuda a combater a sensação de solidão? Sim 77,7%
Subgrupo (3) – Etiologia da solidão:
Tabela 11 – Etiologia da solidão
Questão
Resposta
Esperada
Porcentagem
da resposta
6. O sentimento de solidão é resultado do desejo de um estado interno perfeito nunca
alcançado?
Sim 65,2%
7. A solidão não brota da ansiedade? Falso 67,4%
10.A sensação de estar rodeado por um mundo hostil, aumenta ansiedade e influência o
sentimento de solidão?
Sim 83,7%
11. A confusão mental não contribui para a solidão? Falso 81,5%
13. O temor da morte não contribui para a solidão? Falso 72,3%
14. O sofrimento não contribui para a solidão? Falso 83,7%
26.O sentimento de solidão não se origina da sensação de uma perda irreparável? Falso 62,5%
27. A insegurança é uma das raízes da solidão? Sim 89,7%
28. A ansiedade é um dos componentes da solidão? Sim 70,7%
33.Sentimentos de infelicidade e culpa não conduzem a solidão? Falso 83,2%
36. Impulsos como agressão e ódio não aumentam a solidão? Falso 73,4%
Melanie Klein defende que o sentimento de solidão resulta do desejo de encontrar uma relação
onde o indivíduo sinta-se totalmente compreendido e vinculado a uma pessoa de uma forma não
verbal, que ela denomina pela procura de um estado perfeito, e como tal relacionamento nunca é
alcançado, o indivíduo fica com uma sensação de que perdeu algo que nunca mais poderá ser
reparado. As questões seis e vinte seis tratam deste tema, e pelas respostas obtidas se percebe que
uma boa parte das mulheres sente que esta afirmação é verdadeira. Porém muitas negam
responderam negativamente a tais questões, o que pode indicar que não entenderam a pergunta ou
que realmente não percebem tal correlação. Outra idéia que vem de encontro com a teoria é de
que sentimentos como ansiedade, insegurança, infelicidade e culpa, impulsos de agressão e ódio,
confusão mental, temor da morte, sofrimentos e a sensação de viver num mundo hostil são
emoções que contribuem para o aparecimento ou aumento da solidão, questões com as quais a
60
maioria das entrevistadas concorda (questões 7,10,11,13,14,27,28,33, e 36). Há uma pequena
discordância nas respostas em relação a suposição de que a solidão se origina da ansiedade
(questão 7), parece haver maior consenso com a idéia deste sentimento ser um dos componentes
da solidão(questão 28), mas não de fazer parte de sua origem, o que segundo a literatura é o
verdadeiro.
E o último subgrupo (tabela 12) procura analisar qual a idéia que a população tem sobre a forma
como este sentimento pode mitigado, que na teoria das relações objetais é quando o indivíduo
consegue elaborar a posição depressiva, o que indica que houve uma integração dos objetos bons
e maus, que possibilitam uma identificação positiva consigo próprio e com mundo externo, o que
envolve atitudes de tolerância e compreensão. Sobre esta idéia podemos perceber que muitas
mulheres crêem que algumas atitudes auxiliam na diminuição da solidão. Ou seja, atitudes como
se aceitar integralmente (questão 37), perdoar as dores do passado (questão 38) e alcançar vitórias
na vida emocional ou profissional (questão 18), esta última questão é a de maior concordância
entre as entrevistadas, enquanto as duas anteriores provocam dúvidas, visto que quase 30% não
concordam com tais idéias. Bem como em relação a sensação de liberdade, que também auxilia
na diminuição da solidão (questão 35), não são todas as entrevistadas que concordam com tal
idéia. Em relação a questão sobre o sentimento de generosidade poder mitigar a solidão (questão
40) a contradição é ainda maior, e segundo Klein a generosidade contrabalanceia sim a solidão,
pois resulta da percepção do indivíduo de que pode se aproximar e confiar no outro e que seus
sentimentos poderão ser correspondidos. Entretanto, nem todas concordam ou percebem esta
concepção.
Tabela 12 – Mitigação da solidão
Questão
Resposta
Esperada
Porcentagem
da resposta
18.As conquistas alcançadas na vida podem ser utilizadas como uma defesa contra a
solidão?
Verdadeiro 84,2%
35. A sensação de liberdade é um meio de contrabalançar a solidão? Sim 69%
37. Aceitar as próprias limitações não diminui o sentimento de solidão? Falso 66,3%
38. O alivio de ressentimentos pelas frustrações passadas diminui ao solidão? Sim 69,6%
40. O sentimento de generosidade diminui a solidão? Sim 58,2%
61
Diante da análise do primeiro questionário podemos concluir que a maior parte das entrevistadas
tem opiniões que vem de encontro com a teoria. Pois há uma percepção de que este sentimento é
real em todas as pessoas, mas que não é vivenciado de uma mesma forma. Há também um
entendimento de que este sentimento se origina da idéia de que ninguém poderá compreendê-lo
total e exclusivamente além de ser influenciado por outros sentimentos. E que companhias
externas significativas e sentimentos positivos em relação a si próprios auxiliam na mitigação da
solidão. Porém há na opinião popular uma esperança de este sentimento possa desaparecer
totalmente, ou, ao menos, em alguns momentos. Como se conviver com este sentimento uma
verdade muito incômoda.
3.3. Medida do sentimento de solidão nas mulheres pesquisadas
Entramos agora, na análise dos resultados do questionário que pretendia medir o sentimento de
solidão, e que para tanto foi utilizado a escala Likert. Para esta análise foi utilizado o teste de
esfericidade de Barlett que avalia a adequacidade da análise fatorial sendo que valores entre 0,5 e
1,0 indicam que a análise fatorial é apropriada, o questionário em questão alcançou o índice de
0,801, o que significa que as questões foram validadas. É também através deste índice, que se
pode perceber uma alta correlação entre os fatores, o que possibilitou a análise fatorial. Todas as
questões encontram valores significativos, ou seja, acima de 0,4 sendo que das vinte e uma
questões 12 estão acima de 0,6, o que significa que são questões de altíssima carga fatorial, como
demonstrado abaixo:
Tabela 13 – Análise da Carga Fatorial do questionário Likert
Questão
Carga
Fatorial
10. Aceitar as minhas próprias limitações diminui o sentimento de solidão. ,729
21. Envolvo-me em relacionamentos para fugir da solidão. ,720
12. A dificuldade no relacionamento amoroso aumenta o meu sentimento de solidão. ,709
19. A minha solidão depende de acontecimentos externos. ,693
5. A dificuldade no relacionamento me faz sentir solidão. ,673
13. Independente de condições externas continuo sentindo-me só. ,660
62
15. É comum me envolver em relacionamentos amorosos para fugir da solidão. ,650
9. Continuo sentindo-me solitária mesmo quando estou entre amigos ou recebendo amor. ,644
2. Quando consigo aceitar e dar sinto compensar a solidão. ,643
8. A satisfação com a proximidade da pessoa amada pode compensar minha solidão. ,619
20. A sensação de estar rodeado por um mundo hostil aumenta meus sentimentos de solidão. ,617
3. O sentimento de culpa me faz sentir solidão. ,606
6. Procuro estar com uma pessoa, mesmo não significativa, para fugir da solidão. ,598
16. Quando aumento minha capacidade para relacionamentos sinto diminuir a sensação de solidão. ,590
18. No relacionamento com minha família (pais e irmãos) me sinto solitária. ,551
17. Saber que uma pessoa significativa me ama, diminui o sentimento de solidão. ,549
7. Tenho um sentimento de dependência por uma pessoa significativa e isso me faz sentir menos solidão ,491
4. Quando criança me sentia solitária ,474
1. Tendo a NEGAR o sentimento de solidão ,450
11. É preferível estar com qualquer pessoa a sozinha ,450
14. Consigo superar meu sentimento de solidão. ,440
Deste questionário foram encontradas correlações entre todas as questões, mas iremos analisar as
correlações mais altas, ou seja, acima de 0,4, que resultou em doze correlações. Todas estas
correlações foram de grau positivo o que indica que quanto mais freqüente um estilo de resposta
para uma questão mais freqüente será também para a questão correlacionada a ela. A seguir estão
expostos estas correlações encontradas, e os agrupamentos feitos, bem como suas tabelas.
As questões correlacionadas como Solidão X Busca de relacionamentos (tabela 14) demonstram
um comportamento de envolver-se num relacionamento amoroso como tentativa de diminuir ou
fugir da solidão. Entretanto, segundo a literatura, tal comportamento não obtém o resultado
esperado, pois a presença de um indivíduo no mundo externo não é fator suficiente para eliminar
este sentimento. E, segundo a maior parte das respostas encontradas, estas mulheres não
demonstram ter este tipo de prática, ou seja, não buscam diminuir o sentimento de solidão através
de relacionamentos.
63
Tabela 14 - Solidão X Busca de relacionamentos
Na correlação Solidão X Sentimentos internos (tabela 15), está integrada a idéia de que quanto
mais o sentimento de culpa aumenta a solidão, mais a percepção de estar rodeado por um mundo
hostil também influencia este sentimento. O que na maior parte das vezes é sentido pelas
entrevistadas.
Tabela 15 - Solidão X Sentimentos internos
A correlação Solidão X Companhias, indicadas pela tabela 16, demonstram pelas respostas dadas,
que quanto menos estas mulheres se sentiam solitárias quando crianças, mais a dificuldade no
relacionamento aumentam a sua solidão, o que demonstra a necessidade de fatores externos no
vivenciar deste sentimento, e podem indicar que sentiam na infância que a família supria esta
solidão (questão 4 e 12). Pois quanto menos se sente só na presença do outro menos se sente só
em relação aos familiares (questão 9 e 13). Corroborando com a idéia de quanto menos ela se
sente solitária ao ter pessoas ao seu lado, mais se sente dependente de condições externas para
amenizar esta sensação. Ou seja, se estiver fisicamente sozinha maior será sua solidão. Da mesma
Questão
Grau de correlação + 0,66
Resposta mais
comum
Porcentagem de
respostas
15. É comum me envolver em relacionamentos para fugir da solidão Nunca 57,1%
21. Envolvo-me em relacionamentos para fugir da solidão Nunca 60,9%
Grau de correlação + 0,45
6. Procuro estar com uma pessoa mesmo não significativa para fugir da
solidão
Nunca 53,3%
15. É comum me envolver em relacionamentos para fugir da solidão Nunca 57,1%
Grau de correlação + 0,42
6. Procuro estar com uma pessoa mesmo não significativa para fugir da
solidão
Nunca 53,3%
21. Envolvo-me em relacionamentos para fugir da solidão Nunca 60,9%
Questão
Grau de correlação + 0,44
Resposta mais
comum
Porcentagem de
respostas
3. O sentimento de culpa me faz sentir solidão Às vezes 25,5%
20. A sensação de estar rodeado por um mundo hostil aumenta meu
sentimento de solidão
Às vezes 32,6%
64
forma, quanto mais a dificuldade na relação aprofundar a solidão, mais se sentirá dependente de
acontecimentos externos para perceber ou não a existência de tal sentimento (questão 12 e 13).
Mas as respostas se contradizem na afirmação de que não se sentem dependentes de alguém para
diminuir a solidão, pois respondem que não são dependentes, porém quando existe um problema
no relacionamento isto aumenta o sentimento de solidão (questão 7 e 12). E novamente, quanto
mais a dificuldade na relação lhe aprofunda a solidão, mais se sente dependente de condições
externas, para abrandar este sentimento, da mesma forma, sente que o relacionamento compensa
a solidão e a dificuldade no mesmo aprofunda este sentimento (questão 5 e 13). Sendo que,
quanto mais a solidão depender de acontecimentos externos, mais sentirá que consegue superar
este sentimento, provavelmente sentem desta forma, pois ao se aproximar de alguém sentem
diminuir a solidão (questão 13 e 14). E aqui se levanta a idéia de que por mais que a grande
maioria das mulheres tenha respondido que não se envolvam em relacionamentos para fugir da
solidão, elas sentem que sua solidão é dependente de condições externas, tanto que quando tem
uma dificuldade com o parceiro percebem um aprofundamento de sua solidão. Então, não
procuram relacionamentos para abrandar esta sensação, mas é a manutenção do mesmo de uma
forma satisfatória que faz com que este sentimento seja abrandado, sendo o contrário também
verdadeiro (questão 8 e 12).
Tabela 16 – Solidão X Companhias
Questão
Grau de correlação + 0,67
Resposta mais
comum
Porcentagem de
respostas
4. Quando criança me sentia solitária Nunca 34,2%
12. A dificuldade no relacionamento amoroso aumenta meu sentimento de
solidão
Sempre 23,4%
Grau de correlação + 0,63
9. Continuo sentindo-me solitária mesmo quando estou entre amigos ou
recebendo amor
Raramente 33,2%
13. Independente de condições externas continuo sentindo-me só Raramente 35,9%
Grau de correlação + 0,48
12. A dificuldade no relacionamento amoroso aumenta meu sentimento de
solidão
Sempre 23,4%
13. Independente de condições externas continuo sentindo-me só Raramente 35,9%
65
Grau de correlação + 0,42
7. Tenho um sentimento de dependência por alguém e isso me faz sentir
menos solidão
Nunca 35,3%
12. A dificuldade no relacionamento amoroso aumenta meu sentimento de
solidão
Sempre 23,4%
Grau de correlação + 0,41
9. Continuo sentindo-me solitária mesmo quando estou entre amigos ou
recebendo amor
Raramente 33,2%
18. No relacionamento com minha família (pais e irmãos) me sinto solitária Nunca 41,8%
Grau de correlação + 0,40
5.A dificuldade no relacionamento me faz sentir solidão As vezes 29,9%
13. Independente de condições externas continuo sentindo-me só Raramente 35,9%
Grau de correlação + 0,40
8. A satisfação com a proximidade da pessoa amada pode compensar a
minha solidão
Sempre 42,9%
12. A dificuldade no relacionamento amoroso aumenta meu sentimento de
solidão
Sempre 23,4%
Grau de correlação + 0,40
13. Independente de condições externas continuo sentindo-me só Raramente 35,9%
14. Consigo superar meu sentimento de solidão Quase sempre 34,8%
Além destas correlações, foi realizado o estudo de Autovalor (eingenvalue), onde foi possível
perceber que a solidão poderia ser explicada por seis razões principais, ou seja, por seis fatores.
Sendo que cada um destes fatores inclui um grupo de perguntas, que se fossem feitas a população
corresponderiam a mesma análise realizada acima, bem como correspondem a uma correlação
entre as questões incluídas em cada fator.
O fator 1 (tabela 17), tem uma variância de 5,221 o que indica que as variáveis incluídas neste
fator são muito fortes. Pois todo valor acima de 1,0 indica grande significância. Neste primeiro
fator, estão incluídas as seguintes questões com suas correspondentes cargas fatoriais:
66
Tabela 17 – Fator 1: questões com maior carga fatorial
Questão Carga Fatorial
13. Independente de condições externas continuo sentindo-me só 0,724
9. Continuo sentindo-me solitária mesmo na presença de amigos ou recebendo amor 0,714
18. No relacionamento com minha família (pais e irmãos) me sinto solitária 0,660
4. Quando criança me sentia solitária 0,659
14. Consigo superar meu sentimento de solidão - 0,524
Isto significa que a pessoa que responder que independente de condições externas continua se
sentindo só, responderá também que mesmo na presença de amigos a solidão continua existindo,
e que na relação com a família também sente solidão. E que desde criança este sentimento era
real e, por tudo isto não consegue superar tal sentimento, pois a carga fatorial para esta última
questão é negativa então a resposta é contraria a das anteriores. Sendo que se as respostas a estas
questões anteriores forem negativas, ou seja, se a pessoa deixa de se sentir sozinha dependendo
das condições externas, se na presença de amigos a solidão diminuir, e na relação com familiares
desde criança não tiver solidão, isso resultará, neste indivíduo, numa superação deste sentimento.
No fator 2 (tabela 18), a variância encontrada foi de 2,270, indicando novamente que as variáveis
incluídas neste fator são muito fortes. Segue abaixo as questões deste fator e suas
correspondentes cargas fatoriais:
Tabela 18 – Fator 2: questões com segunda maior carga fatorial
Questão Carga Fatorial
8. A satisfação com a proximidade da pessoa amada pode compensar a minha solidão 0,758
12. A dificuldade no relacionamento aumenta meu sentimento de solidão 0,708
5. A dificuldade no relacionamento aumenta meu sentimento de solidão 0,691
17.Saber que uma pessoa significativa me ama, diminui o sentimento de solidão 0,532
Estas questões indicam que o indivíduo que responder que um relacionamento satisfatório auxilia
na diminuição de sua solidão, sentirá que quando houver dificuldades neste relacionamento sua
solidão será aumentada, pois poderá deixar de sentir-se amado por este indivíduo, o que lhe é
uma pré-condição para sentir menos solidão. Da mesma forma o contrário, ou seja, se a pessoa
não sentir sua solidão ser compensada com o relacionamento, a dificuldade no mesmo não lhe
67
fará sentir mais solidão, e nem saber que uma pessoa significativa lhe ama lhe será um fator
suficiente para abrandar a solidão. Este seria um caso, conforme M. Klein explica em seu texto,
que caracterizaria a solidão como uma doença, que provavelmente apareceria em indivíduos
esquizofrênicos, os quais não conseguem estabelecer relacionamentos satisfatórios com o meio
externo.
O fator 3 (tabela 19), tem uma variância de 1,536 o que indica que as variáveis incluídas neste
fator também são fortes. Este grupo de perguntas indica que o indivíduo busca relacionamentos,
mesmo que com pessoas não significativas em sua vida, como uma tentativa de amenizar o
sentimento de solidão. As questões incluídas neste fator e as correspondentes cargas fatoriais
seguem abaixo:
Tabela 19 – Fator 3: questões com terceira maior carga fatorial
Questão Carga Fatorial
21. Envolvo-me em relacionamentos para fugir da solidão 0,788
6. Procuro estar com uma pessoa, mesmo não significativa, para fugir da solidão 0,735
15. É comum me envolver em relacionamentos amorosos para fugir da solidão 0,694
No fator 4 (tabela 20), a variância encontrada foi de 1,353. Faz parte deste grupo apenas duas
questões significativas, as quais indicam que a pessoa que perceber ter seu sentimento de solidão
compensado por uma troca amorosa, não precisará negar sua solidão, pois esta será diminuída
pelo relacionamento em questão. Ao mesmo tempo em que o indivíduo que nega o sentimento de
solidão é o mesmo que não consegue dar e receber amor, como indica o quadro abaixo:
Tabela 20 – Fator 4: questões com quarta maior carga fatorial
Questão Carga Fatorial
2. Quando consigo aceitar e dar amor sinto compensar a solidão 0,674
1. Tendo a negar o sentimento de solidão - 0,594
O fator 5 (tabela 21), de variância 1,148, correlaciona a idéia de que a pessoa que acredita que
sua solidão depende de acontecimentos externos, sente aumentar esta emoção ao perceber estar
rodeado por um mundo hostil. Igualmente, se sua solidão não depender de acontecimentos
68
externos, sentir-se rodeado de um mundo hostil não aumentará sua solidão. Segue abaixo o
quadro deste fator com as cargas fatoriais presentes:
Tabela 21 – Fator 5: questões com quinta maior carga fatorial
Questão Carga Fatorial
19. A minha solidão depende de acontecimentos externos 0,770
20. A sensação de estar rodeado por um mundo hostil aumenta meu sentimento de solidão 0,630
E por último, vem o fator 6 (tabela 22), com variância de 1,030, correlacionando a idéia de que
quando o indivíduo aceita suas limitações e aumenta sua capacidade para se relacionar sente
diminuir sua solidão, sendo o contrário também verdadeiro. As questões deste fator e suas cargas
fatoriais são:
Tabela 22 – Fator 6: questões com sexta maior carga fatorial
Questão Carga Fatorial
10. Aceitar minhas próprias limitações diminui o sentimento de solidão 0,843
16. Quando aumento minha capacidade para relacionamentos sinto diminuir a sensação de
solidão
0,489
Após estas análises podemos partir para a compreensão das pontuações alcançadas pelas
mulheres pesquisadas. As pontuações encontradas foram entre 38 e 97 pontos, sendo que a maior
parte da população (62,5%) contabilizou entre 58 e 77 pontos, ficando poucas mulheres nas
extremidades, como mostra o quadro abaixo:
69
Quadro 1 – Distribuição dos pontos no questionário Likert
Desta pontuação pode-se dividir a população entrevistada em grupos de alto, médio e baixo
sentimento de solidão, sendo que a pontuação entre 38 e 60 pontos corresponde ao grupo de alto
sentimento de solidão; a pontuação entre 61 e 65 pontos corresponde ao grupo de médio
sentimento de solidão; e, a pontuação entre 66 e 97 pontos corresponde ao último grupo que é de
baixo sentimento de solidão. Pelas respostas obtidas encontramos 58,7% da população com um
baixo sentimento de solidão e 41,3% se dividindo entre o grupo de médio (17,9%) e alto (23,4%)
sentimento de solidão como mostra o quadro abaixo:
70
Dentro do grupo de baixo sentimento de solidão, que estão a maior parte das pesquisadas, 60%
destas mulheres tem até trinta e um anos. E das setenta mulheres casadas que participaram da
pesquisa 44 estão dentro do grupo de baixo sentimento de solidão. Das quatorze mulheres
separadas que responderam ao questionário 50% delas demonstraram baixo sentimento de
solidão, bem como 60% das pesquisadas solteiras.
No grupo de médio sentimento de solidão, foram classificadas trinta e três mulheres, sendo vinte
e duas delas com idade entre 18 e 31 anos, e apenas seis mulheres com idade maior que esta.
Neste grupo de médio sentimento de solidão, dezoito mulheres eram solteiras, oito casadas e
apenas duas solteiras.
Já no grupo de alto sentimento de solidão, quarenta e três mulheres foram classificadas, sendo 35
delas com até trinta e um anos de idade. Deste grupo de classificação vinte mulheres eram
solteiras, dezoito casadas e cinco separadas.
Como o número total de mulheres separadas que participaram da pesquisa foi de quatorze
mulheres, pode-se afirmar que um número alto demonstrou dificuldade em lidar com sua solidão
pois 50% delas alcançaram classificação entre médio e alto sentimento de solidão. Das casadas
37% ficaram entre o médio e alto sentimento de solidão, representado 26 mulheres das setenta
alto médio
baixo
0
10
20
30
40
50
60
Quadro 2 – Classificação da solidão
Pe
P
E
R
C
E
N
T
U
A
L
71
casadas que participaram da pesquisa. E das noventa e sete solteiras que responderam ao
questionário 40% delas apresentaram classificação da solidão entre média e alta.
Visando uma maior análise destas medidas, as questões 06, 11, 15 e 21, que versam sobre o
envolver-se em relacionamentos como uma fuga da solidão, foi correlacionada com as idades das
participantes e a situação conjugal das mesmas. Em todas estas questões a média das respostas
encontradas ficou entre o nunca e o raramente: 77,3%. Onze por cento das pesquisadas em média
responderam que às vezes se envolvem em relacionamentos ou os preferem a estar sozinhas. E
apenas, 10,6% em média das mulheres entrevistadas, responderam que sempre ou quase sempre
procuram estar acompanhadas para fugir da solidão. Entretanto, pela análise dos resultados, foi
possível perceber que quanto mais jovem as mulheres – com idade entre 18 e 24 anos – maior a
tendência a responder a estas questões como às vezes, ou seja, mulheres mais novas tendem, em
alguns momentos, a se envolverem emocionalmente numa tentativa de mitigar a solidão.
Em relação à situação conjugal, em média 76% das entrevistadas responderam a estas questões
como nunca e raramente. A média de 13,5% foi alcançada na resposta de que às vezes as
entrevistadas têm este tipo de comportamento. E novamente, somente 10,6% em média
responderam como sempre ou quase sempre as estas quatro questões. Porém apesar de ser um
número pequeno de mulheres que tendem a se envolver ou manter relacionamentos para fugir da
solidão, a maior parte das que tem este comportamento são as casadas, que responderam estas
questões com maior freqüência entre o quase sempre e às vezes. E as solteiras são as que mais
freqüentemente as vezes se envolvem em relacionamentos como uma fuga da solidão.
A partir dos grupos de alto, médio e baixo sentimento de solidão, foram convidadas seis
mulheres, sendo duas casadas, duas separadas, e duas solteiras. Do grupo de médio sentimento de
solidão só havia uma mulher separada, por esta razão só ela foi convidada. Com estas mulheres
foi realizada uma entrevista diagnóstica individual que posteriormente foi analisada com base na
Escala Diagnostica Adaptativa Operacionalizada. Segue adiante a classificações encontradas.
Todas as mulheres entrevistadas que demonstraram no questionário um Alto sentimento de
solidão demonstram na entrevista uma adaptação ineficaz perante a vida. Sendo duas com
adaptação ineficaz severa, três com adaptação ineficaz moderada e uma com adaptação ineficaz
72
leve. E destas seis mulheres três apresentaram estar em crise diante no seu momento atual de
vida. Como mostra a tabela 23 abaixo:
Tabela 23 – Adaptação das mulheres com Alto sentimento de solidão
Situação conjugal Idade
Escore na escala
Likert
EDAO
Casada (E*) 22 anos 45 pontos Adaptação Ineficaz Moderada em crise
Casada (F*) 42 anos 49 pontos Adaptação Ineficaz Severa em crise
Separada (D*) 28 anos 59 pontos Adaptação Ineficaz Leve
Separada (C*) 31 anos 38 pontos Adaptação Ineficaz Moderada
Solteira (A*) 18 anos 50 pontos Adaptação Ineficaz Moderada em crise
Solteira (B*) 34 anos 40 pontos Adaptação Ineficaz Severa
* Nome da entrevistada
A maior parte das entrevistadas com Médio sentimento de solidão, apresentou uma adaptação
eficaz perante a vida (tabela 24). Das duas mulheres que apresentaram adaptação ineficaz, a
entrevistada G respondeu ao questionário demonstrando ter uma grande dependência de outras
pessoas para a diminuição de seu sentimento de solidão, o que foi confirmado na entrevista. Além
de ter apresentado estar vivenciado um momento de crise. E a entrevistada H, apesar de estar
incluída no grupo de médio sentimento de solidão, apresentou uma tendência para buscar ou
manter relacionamentos para fugir da solidão, (questões 6,15 e 21 respondidas como quase
sempre), o que se confirmou na entrevista.
Tabela 24 – Adaptação das mulheres com Médio sentimento de solidão
Situação conjugal Idade
Escore na escala
Likert
EDAO
Casada (G*) 22 anos 65 pontos Adaptação Ineficaz grave em crise
Casada (H*) 38 anos 62 pontos Adaptação Ineficaz Moderada
Separada (I*) 35 anos 61 pontos Adaptação Eficaz
Solteira (K*) 20 anos 61 pontos Adaptação Eficaz
Solteira (J*) 33 anos 63 pontos Adaptação Eficaz
* Nome da entrevistada
73
Pelas entrevistas realizadas com as mulheres que indicaram Baixo sentimento de solidão, pode-se
perceber que estas tendem a ser mais bem adaptada em sua vida, pois das seis apenas umas
apresentou adaptação ineficaz leve (tabela 25), entretanto esta mulher, apesar de ter obtido no
questionário uma pontuação alta, respondeu as questões 9, 10, 13 e 14 como às vezes e 10 e 17
como raramente, questões estas que indicaram uma dificuldade de manter relacionamentos que
lhe fossem satisfatórios, o que foi comprovado em sua entrevista.
Tabela 25 – Adaptação das mulheres com baixo sentimento de solidão
Situação conjugal Idade
Escore na escala
Likert
EDAO
Casada (L*) 25 anos 80 pontos Adaptação Eficaz
Casada (M*) 32 anos 83 pontos Adaptação Eficaz
Separada (N*) 28 anos 67 pontos Adaptação Eficaz
Separada (O*) 40 anos 84 pontos Adaptação Eficaz
Solteira (P*) 20 anos 92 pontos Adaptação Eficaz
Solteira (Q*) 39 anos 84 pontos Adaptação Ineficaz Leve
* Nome da entrevistada
Segue agora a descrição das entrevistas bem como a análise das mesmas.
3.4. Entrevistas preventivas com mulheres com Alto Sentimento de Solidão – Escore entre
38 e 60 pontos
Relatório da entrevistada “A”
Dados pessoais: 18 anos, solteira, estudante do 1º ano – área de humanas.
Escore de 50 pontos
Diagnóstico: Adaptação Ineficaz Moderada em crise
Justificativa: Na área Afetivo–Relacional apesar de afirmar ter boa relação com todos da
família, apresentou no decorrer da entrevista, uma relação complicada com a mãe devido à
depressão que esta tem, mas gosta de sua presença e de conversar com ela. Tem dificuldade em
expressar seus sentimentos o que se demonstra pelo fato de ter poucas amigas e de não falar de
seus sentimentos. Fica muito angustiada com as atitudes que tem em relação às pessoas quando
estas lhe magoam não tendo coragem de conversar sobre o assunto, o que acaba lhe gerando
74
insatisfação e conflito. Entretanto, o fato de ter conseguido sair da cidade natal, de ir estudar fora,
ter se separado do namorado (pelo qual tinha um sentimento muito forte) quando percebeu que
não estava bom, indicam diversas mudanças em sua vida o que pode estar levando a uma situação
de crise. Mas consegue estabelecer outras relações satisfatórias: tem uma boa relação com o pai e
com a irmã, está morando com uma pessoa com quem tem conseguido se adaptar apesar das
dificuldades e está namorando e gostando desta pessoa. Apresenta então, pouca adequação e um
quadro de crise (AR ++=2 pontos).
No setor Produtividade, apresenta gostar do que faz, tem conseguido se concentrar, mas
sente muita culpa por não fazer as coisas como se propõem (costume de deixar para depois,
exemplo deixa para estudar na ultima hora, apesar de se propor a todos os dias estudar um
pouco). Isto lhe causa conflitos. Mas tem satisfação com os resultados que encontra. Apresenta
pouca adequação (Pr ++= 1 ponto)
No setor Orgânico apresenta conflitos na área sexual – pouco prazer – e muita vaidade a
qual justifica como existindo na tentativa de esconder as espinhas, mas pode revelar também uma
dificuldade de auto-aceitação. Apresenta pouca adequação.
O setor Sócio-Cultural também está pouco adequado, devido à dificuldade em poder ter
uma vida social por exigências da mãe, esta lhe pede para todos os fins de semana voltar para
casa (cidade natal, próxima à cidade em que mora atualmente) e assim acaba deixando de sair
com os colegas que faz. Outro fator para esta baixa adequação ocorre pela sensação que tem de
que as pessoas de sua cidade, principalmente as meninas, têm inveja dela, fato que lhe faz
acreditar que serviu como impedimento de ter tido uma grande amiga. Apresenta também
dificuldade em lidar com as regra da república em que mora.
Diante do exposto, somando-se os setores Afetivo-Relacional (2 pontos) com a
Produtividade (1 ponto), a entrevistada apresenta Adaptação Ineficaz Moderada em crise.
Relatório da entrevistada “B”
Dados pessoais: 34 anos, solteira, estudante do 4º ano – área da saúde
Escore de 40 pontos
Diagnóstico: Adaptação Ineficaz Severa (AR + = 1 e Pr ++ = 1)
Justificativa: Não apresenta satisfação nos relacionamentos pessoais, o que lhe provoca
conflitos, procura não entrar em contato com seus sentimentos, vivendo numa permanente fuga –
75
sai, se envolve, conversa, mas nunca sobre suas emoções. O pai faleceu há dois anos, mas este
ainda não foi elaborado. Diante destes fatores apresenta pouquíssima adaptação no setor Afetivo-
Relacional (AR + = 1 ponto).
Tem boa relação com o trabalho, encontra satisfação tanto com o emprego quanto com a
faculdade que faz, apesar de ter como sonho fazer o curso de direito, mas aparentemente esta
situação não lhe causa conflito, mas tambémo uma satisfação plena. Assim apresenta pouca
adaptação no setor Produtividade (Pr ++ = 1 ponto)
No setor Orgânico apresenta pouquíssima adequação devido a uma insônia e uma
ansiedade elevada, situações estas que tem sido difícil de adaptar, visto que resiste em fazer o
tratamento da forma correta e também tem uma tendência a negar a necessidade de tratamento.
Quanto ao setor Sócio-Cultural demonstra pouca adequação, tem aprendido a lidar com os
sentimentos de culpa diante das regras “cristãs” (família é evangélica e foi criada com estes
princípios), consegue ter satisfação ao sair com amigos, mas as pressões da faculdade
(monografia) têm lhe feito ficar mais em casa, o que pode a estar levando a entrar mais em
contato com suas angústias.
Assim, apresenta Adaptação Ineficaz Severa (AR + = 1 e Pr ++ = 1).
Relatório da entrevistada “C”
Dados pessoais: 31 anos, separada, estudante 2º ano – área da saúde
Escore de 38 pontos
Diagnóstico: Adaptação Ineficaz Moderada (AR = 2 e Pr = 1).
Justificativa: C demonstra uma grande dificuldade em lidar com seus afetos em relação à
irmã e cunhado, que são as pessoas mais próximas que tem, já que a mãe e o pai moram longe e
também são divorciados. Em sua história de vida, apresentou dificuldades de relacionamento,
citamos alguns exemplos: foi casada e como vivenciou muitas dificuldades com este se separou,
mas relata como tendo sido uma situação bastante sofrida. Teve dificuldades com a madrasta
também (o pai se casou de novo alguns anos após a separação). Entretanto consegue estabelecer
relações de amizades, onde se sente amada e querida. Mas ao mesmo tempo devido a uma
pequena deficiência que tem na face, sente medo de que as pessoas se aproximem por dó e não
por gostarem dela. E também acha que por esta razão não conseguirá encontrar uma pessoa para
76
se relacionar amorosamente. Assim, apresenta pouca adequação no setor afetivo-relacional, visto
que seus comportamentos de relacionamentos afetivos lhe geram conflitos (AR ++ = 2).
No setor Produtividade, demonstra prazer pela graduação que está fazendo, e tem
objetivos para o futuro. O conflito gira em torno do fato de ser dependente financeiramente da
mãe, isso lhe traz sentimentos de culpa e indagações sobre estar ou não fazendo o melhor de sua
vida, o que indica uma adaptação pouco eficaz (Pr ++ = 1).
No setor orgânico apresenta uma adequação ineficaz, pois tem dificuldade de aceitar-se
fisicamente devido ao problema que tem na face. E no setor sócio-cultural apresenta uma boa
adequação, pois consegue lidar bem com regras e normas estabelecidas.
Desta forma, o relato C apresenta uma Adaptação Ineficaz Moderada (AR = 2 e Pr = 1).
Relatório da entrevista “D”
Dados pessoais: 28 anos, separada, estudante do 3º ano – área lingüística
Escore de 59 pontos
Diagnóstico: Adaptação Ineficaz Leve (AR 2 e Pr 2)
Justificativa: Apresenta uma boa relação com as pessoas que estão a sua volta, inclusive
família e amigos, se divorciou há alguns anos e tem uma filha pequena. Está morando com a mãe
(os pais são divorciados) tem alguns conflitos com esta, entretanto consegue resolvê-los (brigam
por coisas da casa: maneira de arrumar as coisas, horários, etc). Se sente em conflito pelo fato de
não ter muito tempo para ficar com a filha devido ao fato de estar trabalhando e estudando a
noite. A relação com o atual namorado ainda esta confusa, não tem certeza se quer continuar ou
não. E acredita que pode estar envolvida mais para abrandar a solidão do que por estar realmente
gostando. Tanto que a sexualidade não está sendo aproveitada de forma completa, não tem
sentido prazer, e muitas vezes sente culpa. Tais situações indicam que no setor afetivo-relacional
a entrevistada D apresenta pouca adequação (AR ++ = 2), pois apesar de ter satisfação nos seus
relacionamentos se sente culpada em muitos dos seus comportamentos.
No setor Produtividade tem grande prazer no que faz, sente satisfação e tem conquistado
frutos com seu trabalhão, tem sonhos definidos para o futuro profissional e está caminhando para
alcançá-lo, estando desta forma adequado com este setor (Pr +++ = 2).
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Diante do exposto, esta entrevistada apresentou Adaptação Ineficaz Leve (AR 2 e Pr 2),
pois tem conseguido resolver seus conflitos, mesmo que alguns momentos isto lhe gere algum
conflito ou em outros uma baixa satisfação.
Relatório da entrevistada “E”
Dados pessoais: 22 anos, casada (coabitação), estudante do 3º ano - área de ciências
sociais aplicadas.
Escore de 45 pontos)
Diagnóstico: Adaptação Ineficaz Moderada (AR 1 e Pr 2) em crise
Justificativa: A entrevistada E apresenta muitas angústias em relação aos aspectos afetivo-
relacionais, está namorando uma pessoa que não supre suas necessidades e carências, mora na
casa dele (os pais moram em outro estado e ela se mudou para estudar), onde não se sente bem,
mas ao contrário sente que tem que ficar se privando de ser ela mesma. Não têm amigas, nem
possibilidade de fazer novas amizades devido a ciúmes do namorado. Sobre este ao mesmo
tempo em que diz amá-lo percebe muitas cosias coisas nele que lhe desagradam e tem pensado
em sair da casa dele, mas não quer terminar o relacionamento. Sente muita falta da família de
origem, principalmente da mãe. Mas não parece ser correspondida nesta falta, pois os irmãos são
todos adultos e a mãe não vem visitá-la para não deixar os outros filhos sozinhos. Desta forma,
no setor afetivo-relacional apresenta pouquíssima adequação (AR + = 1). E diante de tantos
conflitos que está vivendo levanta-se a hipótese de que esteja vivenciando um momento de crise.
Em relação ao trabalho e a faculdade, afirma estar fazendo o que gosta e ter prazer com as
duas atividades, tem objetivos profissionais e está em busca dos mesmos. Sua situação financeira
é bem administrada e não lhe causa conflitos, mesmo tendo vontade e até necessidade de ganhar
melhor, prefere manter a situação atual por perceber que o estágio que está fazendo pode lhe
reverter em benefícios no futuro que seria a contratação efetiva. Assim apresenta adequação neste
setor (Pr +++ = 2).
Desta forma, demonstra uma Adaptação Ineficaz Moderada (AR 1 e Pr 2) em crise.
Relatório da entrevistada “F”
Dados pessoais: 42 anos, casada, estudante do 4º ano – área de ciências sociais aplicadas,
Escore de 49 pontos
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Diagnóstico: Adaptação Ineficaz Severa em crise.
Justificativa: A entrevistada F está vivenciando um momento de grandes conflitos e
angústias que indicam momento de crise, e que esta crise está levando a uma adaptação ineficaz
perante a vida, pois não sente mais prazeres, nem consegue resolver seus conflitos em relação a
família, não tem conseguido manter uma relação de troca com o marido nem com os filhos. Está
em conflito em relação aos sentimentos que tem em relação ao marido, não sabe se o ama ou não,
mas tem certeza que tem muitas mágoas dele, mas não tem força para tratar estes problemas, ele
oferece a possibilidade de fazerem cursos de casais ou terapia, porem ela não aceita. Com o filho
mais velho que foi com quem sempre teve uma relação melhor, também tem enfrentado
dificuldades, tem vivido muitas brigas e se andam afastadas.
A cada dia tem sentido menos prazeres em relação às coisas que antes gostava: compras
(algo que sempre fez com prazer e até mesmo de maneira exagerada), sair para jantar, passear,
viajar; e nem se arrumar (sempre foi muito vaidosa, e isto tem ficado completamente de lado).
Não sente mais ânimo para nada. Apesar de perceber que tem depressão (dois psiquiatras
diagnosticaram) não faz nada efetivo em busca de uma cura, a família lhe pede para procurar
ajuda ou tomar remédios, mas ela não aceita. A angústia que sente chega a ser preocupante, pois
tem sentido desejo de morrer. Apresenta pouquíssima adequação na área afetivo-relacional (AR +
= 1).
Em relação ao trabalho apresenta gostar do que faz, mas pelo fato de trabalhar junto com
o marido as discussões são ainda maiores e isto a afeta. É muito exigente consigo mesma e se
esforça para ser uma boa aluna na faculdade. Mas não faz o curso como uma opção de futuro, e
sim para ter algo a mais para fazer, o que indica também baixa adequação (Pr ++ = 1).
Apresenta então Adaptação Ineficaz Severa em crise.
3.6. Entrevistas preventivas com mulheres com Médio Sentimento de Solidão – Escore entre
61 e 65 pontos
Relatório da entrevistada “G”
Dados pessoais: 22 anos, casada (coabitação), estudante do 1º ano – área de humanas,
Escore de 65 pontos
Diagnóstico: Adaptação Ineficaz Grave em crise
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Justificativa: No setor afetivo-relacional está apresentando grandes dificuldades
emocionais, não tem conseguido estabelecer uma relação de troca com o marido (moravam juntos
há alguns anos), tem estado muito triste e sente muita falta da mãe (mora em outro estado).
Passou muitos problemas com a mãe em decorrência de crises emocionais que esta vivenciou,
sendo esta uma das razões de ter ido morar com o namorado. Entretanto diante desta falta da
mãe tem apresentado grande frustração, pois eram grandes amigas e companheiras. O que pode
ser levantado como uma amizade um pouco fantasiada visto que só foi morar com a mãe aos seis
anos de idade (antes morava com os avós, enquanto a mãe se organizava financeiramente) e aos
nove anos a mãe tentou pela primeira vez um suicídio. Como nos últimos dois anos tem vivido
muitas mudanças, sendo algumas delas: a saída da casa da mãe (após esta ter entrado em outra
crise depressiva, levanta-se a possibilidade da mãe ter tido ao menos um surto psicótico, devido a
alucinações), o casamento prematuro, as dificuldades financeiras, e a entrada na faculdade; tantas
mudanças podem indicar que G está em um momento de crise. No casamento também tem
apresentado algumas dificuldades, diz amá-lo muito, mas vivenciam muitas dificuldades. Assim,
na área afetivo-relacional apresenta muitas culpas não conseguindo ter satisfação plena nos
relacionamentos que mantêm e suas atitudes e sentimentos tem se tornado uma fonte de angústia
e causadoras de conflito, o que indica pouquíssima adequação (AR + = 1).
No setor produtividade sente-se sem força para trabalhar, e estudar, apesar de serem duas
coisas que gosta de fazer, tal situação tem lhe provocado conflitos, não conseguindo se organizar,
gerando angústias e insatisfações. Apresentado, então pouquíssima adequação (Pr + = 0,5).
Desta forma o quadro descrito anteriormente, apresenta Adaptação Ineficaz Grave em
crise.
Relatório da entrevistada “H”
Dados pessoais: 38 anos, casada, estudante do 4º - área da saúde.
Escore de 62 pontos
Diagnóstico: Adaptação Ineficaz Moderada
Justificativa: Demonstrou grandes dificuldades de relacionamento: com a filha sente
muita angústia e estão sempre em conflito, sente uma ambivalência sobre a relação da filha com o
marido, pois ao mesmo tempo em que gosta da relação deles (que lhe serve como uma fuga, acha
80
que ele faz o seu papel e ela fica livre disto), não acha correta a forma como ele a educa, o que
pode indicar a frustração que sente por não ser ela a exercer este papel.
A relação com o marido é bastante ineficaz, não tendo certeza do que sente por ele, e ao
mesmo tempo em que deseja viver outros relacionamentos afirma que gostaria de poder voltar no
tempo para “curtir” mais o início do casamento sem os filhos. Com a mãe tem pouca amizade e
compara a visão que tem dela com a visão que tem de Deus – castrador, bravo. Tem poucas
amigas e ninguém para quem contar suas angústias, e desta forma não resolve seus problemas,
guarda tudo para si mesma e afirma que está sempre chorando. As únicas pessoas com quem
mantêm uma boa relação são com o pai e com os filhos homens, mas parece ser uma relação de
pouca intimidade, trocam carinhos, mas não verbalizações. E para não entrar em contato com
todos estes sentimentos procura se refugiar nos estudos e trabalho. Assim, expressa pouquíssima
adequação no setor afetivo-relacional (AR + = 1).
Em relação ao trabalho e estudos tem encontrado neste um local de refúgio. Gosta do que
faz, tem prazer com o trabalho, e com os estudos apesar de não concordar com a forma como
suas disciplinas foram ministradas acha que falta afeto na maneira de aplicar a técnica de sua
área. Por esta razão quer seguir carreira acadêmica, para poder contribuir junto ao curso mudando
esta visão tecnicista. Desta forma, demonstra conseguir resolver o problema de forma satisfatória
e sem conflitos (Pr +++ = 2).
O fato de ser evangélica lhe causa grandes angústias em relação ao que deveria ou fazer,
sente-se cobrada e exigida pelas normas e costumes impostos pela religião. Sendo que se não
fosse por esta, poderia até pensar em separar-se do marido. O que indica uma adequação ineficaz
junto ao setor sócio-cultural.
Sua sexualidade não tem sido desfrutada de forma satisfatória e seus desejos têm sido
deixados de lado, o que lhe tem levado a desejar receber agrados de outros homens (como
“cantadas”). Têm aprendido a ser mais vaidosa, a gostar de seu corpo e se cuidar, coisas que não
fazia quando era mais nova, parece que o trabalho e os estudos a ajudaram neste sentido. Apesar
de estar com um mioma não apresenta preocupação, ao contrário, apresenta tranqüilidade e
segurança no tratamento que está fazendo. Apresenta assim, uma adequação eficaz no setor
orgânico.
Desta forma, o relato da entrevistada H apresenta uma Adaptação Ineficaz Moderada.
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Relatório da entrevista “I”
Dados pessoais: 35 anos, separada, estudante do 2º ano – área de humanas
Escore de 61 pontos
Diagnóstico: Adaptação Eficaz
Justificativa: Mora com a filha adolescente, a família é de outra cidade, mudou-se no
inicio da juventude para estudar, mas acabou engravidando do namorado e casando, com isso
mudou seus planos. Viveu três anos com o pai da filha e esta a mais de dez anos, separam porque
ele era uma pessoa ciumenta, que a impedia de viver seus sonhos. No momento não está
namorando, pois colocou como um propósito para sua vida fazer faculdade e acredita que não
tem tempo para trabalhar, administrar uma casa, estudar de forma séria e ainda dar ter um marido
em casa. Esta sozinha a pouco mais de dois anos e no inicio foi muito difícil, porque acha que
tem algumas sobrecargas: mantêm a casa sozinha, faz às vezes de pai e mãe com a filha e acredita
que como a filha está na adolescência não é correto ficar levando homens para dentro de sua casa.
Com a filha a relação melhorou muito depois que começou a fazer faculdade, pois começou a
aprender mais, e hoje estão mantêm uma ótima relação, conversa muito sobre todo tipo de
assunto e a acha muito obediente. Não tem nenhum tipo de relação com o ex-marido, pois este se
afastou.
Assim, no setor afetivo relacional apresenta uma adequação eficaz, pois tem uma boa
relação com a filha, com a qual consegue obter prazer e sem conflitos e isto apesar da filha estar
na adolescência. Com a família de origem tem pouco contato, mas não demonstra ter dificuldade.
Tem grandes amigos, com os quais conversa assiduamente e de forma satisfatória. O estar
sozinha é por uma escolha que administra bem, sem culpas ou conflitos (AR +++ = 3).
Tem prazer no trabalho, vem crescendo de cargo na empresa que trabalha, sendo
respeitada e admirada pelo seu serviço. Em relação aos estudos, consegue se organizar para
estudar, leva a serio e procura se dedicar, mas dentro dos seus limites: não pode deixar o trabalho
de lado por causa da faculdade. Mas pensa em seguir carreira e sente-se mal quando “mata” aula.
Apresenta desta forma respostas adequadas para este setor (Pr +++ = 2).
Assim, apresenta Adaptação Eficaz.
Diante do exposto apresenta Adaptação Eficaz.
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Relatório da entrevistada “J”
Dados pessoais: 33 anos, solteira, estudante do 2º ano – área de humanas
Escore de 63 pontos
Diagnóstico: Adaptação Eficaz
Justificativa: Sua historia de vida foi bastante difícil, com grandes perdas e dificuldades
de relacionamento com a mãe, sua criação foi quase que completamente feita pelo irmão mais
velho, pessoa pela qual tem grande carinho e respeito. Apesar destas dificuldades tem conseguido
resolver seus conflitos: foi morar sozinha há alguns anos, está fazendo terapia, tem facilidade em
fazer amizades e conseguiu um bom emprego. Tem, também, alcançado satisfação em suas
relações, conseguindo perceber onde erra nos relacionamentos amorosos e arrumando a situação,
de forma que se sente bem diante das pessoas que estão a sua volta. Assim o setor afetivo
relacional está adequado (AR +++ = 3).
Em relação ao setor produtividade, demonstra uma boa adequação, pois gosta daquilo que
faz, tem prazer tanto nos estudos quanto no trabalho, e consegue manter bons relacionamentos
neste espaço bem como tem buscado alcançar benefícios em sua vida profissional (Pr +++ = 2).
Desta forma, apresenta Adaptação Eficaz.
Relatório da entrevistada “K”
Dados pessoais: 20 anos, solteira, estudante do 2º ano – área de humanas
Escore de 61 pontos
Diagnóstico: Adaptação Eficaz
Justificativa: Estabelece relações emocionais satisfatórias tanto com a família, quanto com
amigos e namorados. Está com problemas na comunicação com a irmã e com o cunhado, mas que
parecem estar mais ligada à situação nova que esta irmã está vivenciando e não tanto de sua
parte. Assim, tem uma boa adequação diante do setor afetivo-relacional (AR +++ = 3).
O fato de ser evangélica e até de ter um cargo de responsabilidade junto a igreja não lhe
são motivos de angústia, insatisfação ou conflitos, ao contrário consegue viver aquilo que tem
vontade sem se culpar e sem se expor.
Em relação a faculdade demonstra ter prazer com os estudos e objetivos para o futuro,
mas ainda sem muita clareza do que realmente irá fazer. Mas gosta do que esta fazendo e acredita
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estar aprendendo bastante com o mesmo. O setor produtividade indica boa adequação (Pr +++ =
2). Com isto, indica Adaptação Eficaz.
3.6. Entrevistas preventivas com mulheres com Baixo Sentimento de Solidão – Escore de 66
pontos em diante.
Relatório da entrevistada “L”
Dados pessoais: 25 anos, casada, estudante do 3º ano – ciências sociais aplicadas
Escore de 80 pontos
Diagnóstico: Adaptação Eficaz
Justificativa: Não apresenta nenhum tipo de conflito relacional e estabelece bom e
satisfatório relacionamento com as pessoas a sua volta, situação que provavelmente aprendeu
através da terapia. Em relação ao trabalho e estudo também apresenta tranqüilidade nestes
fatores, tanto que está fazendo um curso que sempre desejou e com o qual tem prazer. Não
apresentou nenhum foco estabelecido de conflito e demonstrou alta satisfação com sua vida, o
que indica Adaptação Eficaz (AR +++ = 3 e Pr +++ = 2).
Relatório da entrevistada “M”
Dados pessoais: 32 anos, casada, estudante do 3º ano – área de ciências sociais aplicadas,
Escore de 83 pontos
Diagnóstico: Adaptação Eficaz
Justificativa: consegue estabelecer relações de troca com as pessoas que estão a sua volta,
tem algumas dificuldades na relação com os pais, mas nada que lhe afete muito, parece lidar bem
com esta situação, compreendendo que os pais tem problemas que precisam ser tratados por eles
e que isto não é culpa dela. Tem conseguido uma relação satisfatória com o marido, filho (tem
apenas um) e com as irmãs (2). Com o marido o relacionamento é bastante afetuoso e de
cumplicidade, indicando prazer e satisfação. Bem como com o filho, como está na adolescência
apresenta algumas crises, mas ela entende e tem tentado conversar ao invés de discutir, pois sabe
que as crises são típicas desta idade. Não demonstrou focos de problemas apesar da distância que
existe na relação com os pais o que lhe causa um pouco de angústia, mas que tem conseguido ter
prazeres em outros sentidos. No setor efetivo-relacional apresenta adequação (AR +++ = 3).
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Em relação ao setor produtividade, demonstra prazer com o que faz e que esta obtendo
uma grande satisfação em relação ao trabalho. Apesar de ter iniciado os estudos por insistência
do marido alcançou satisfação e demonstra conseguir vitórias neste sentido (Pr +++ = 2).
Apresenta Adaptação Eficaz (AR 3 e Pr 2).
Relatório da entrevistada “N”
Dados pessoais: 28 anos, separada, estudante do 4º ano – área de ciências sócias aplicadas
Escore de 67 pontos
Diagnóstico: Adaptação Eficaz
Justificativa: Se separou há alguns anos, sofreu muito na época e o pai a acusa muito neste
sentido, julgando-a, mas acredita que fez o melhor e percebe que quando conseguiu superar o fim
do casamento, aprendendo lidar também com as acusações que o pai lhe faz, não se sentindo mais
tão abalada com tal circunstancia. Tem expressado suas emoções, primeiro para si mesmo (faz
uso de um agenda, na qual escreve todos os dias), depois para os amigos mais próximos (não tem
dificuldade em se abrir, e mostrar o que sente). Esta aprendendo a se respeitar nas relações
emocionais que mantêm, não se anulando, e apesar de estabelecer relações com o sexo oposto,
não tem conseguido mantê-las por muito tempo. Entretanto apesar de desejar estar com uma
pessoa e casar, não se envolve de forma indiscriminada, e com pessoas não significativas. Tais
situações indicam boa adequação no setor afetivo-relacional (AR +++ = 3).
Em relação ao trabalho, tem conquistado seu espaço na empresa, é respeitada e tem um
cargo de confiança, investe em sua carreira tanto que resolveu fazer faculdade para se aprimorar e
utiliza tudo o que aprende na empresa que trabalha, indica boa adequação (Pr +++ = 2).
Assim, apresenta uma Adaptação Eficaz (AR 3 e Pr 2).
Relatório da entrevistada “O”
Dados pessoais: 40 anos, separada, estudante do 2º ano – área de humanas
Escore de 84 pontos
Diagnóstico: Adaptação Eficaz
Justificativa: Esta divorciada há seis anos e tem um filho, depois que separou foi morar
com os pais. A separação foi muito difícil principalmente para o filho, então procurou lhe dar
muita atenção. Ele é muito calado e não é de conversar, disse que se aprece com ela, pois também
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é mais quieta. Mas são amigos, ele é obediente, educado e carinhoso com ela. A relação com os
pais é ótima, não tem nenhum tipo de conflito, nem com o filho. Antes do casamento era muito
fechada com os pais, mas após a separação ficou mais apegada a eles. Está fazendo terapia há
dois anos e começou a perceber que pode e deve agir diferente em relação a eles, deve conversar
mais, se abrir, pois percebeu que suas angústias não são problemas que está levando para eles e
sim uma intimidade que está compartilhando com pessoas que a amam. Entretanto ainda se acha
um pouco fechada, gostaria de falar mais. Tem irmãos, se relaciona bem com todos eles. Apesar
da dificuldade de expressar seus sentimentos, a busca pela terapia indica uma capacidade de
autopercepção bastante adequada. Com este trabalho tem conseguido manter e aprofundar seu
relacionamento com os pais e com o filho. E não se sente mal nem se sente incomodada pelo fato
de estar sozinha ao contrário, prefere esta situação (pode indicar uma atitude defensiva, mas não
ficou claro). Consegue estabelecer amizades, mas não no sentido de se tornar íntima da pessoa.
Entretanto também não é algo que lhe causa ansiedade ou frustração. Assim, apresenta adequação
no setor afetivo-relacional (AR +++ = 3).
Não apresenta conflitos no setor produtivo e tem prazer com o que faz tanto no trabalho
quanto na faculdade, e pretende atuar na sua área de graduação, o fato de tanto tempo após ter
parado a faculdade por imposição do ex-marido ter retornado e retomado este sonho indica uma
capacidade de lutar pelo que deseja, indica adequação neste setor (Pr +++ = 2).
Desta forma, apresenta Adaptação Eficaz (AR 3 e Pr 2).
Relatório da entrevistada “P”
Dados pessoais: 20 anos, solteira, estudante do 1º ano – área de humanas
Escore de 92 pontos
Diagnóstico: Adaptação Eficaz
Justificativa: Apresenta uma boa auto-estima e capacidades internas positivas, pois
conseguiu superar a perda dos pais de forma bastante eficaz (os pais faleceram, primeiro o pai
quando ainda era pequena, e ame quando estava na adolescência). Tem conseguido cuidar de sua
vida, perseguir seus sonhos (faculdade) e apesar de ter um pouco de dificuldade de expressar suas
emoções (não é de abraçar, beijar) mantêm relacionamentos estáveis tanto de amizade quanto de
namoro. A relação com os irmãos é um pouco distante e parece lhe provocar um pouco de
angústia, mas procura pessoas mais velhas (mãe das amigas, tios) para lhe aconselhar nos
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momentos difíceis, ou seja, não guarda seus sentimentos para si. Assim, apresenta uma
adequação no setor afetivo-relacional. E também no setor produtividade, pois escolheu um curso
que gosta e tem tido prazer em cursá-lo, enfrenta as dificuldades que se apresentam em relação
aos estudos e se dedica (condução, notas baixas). Diante disto, apresenta uma Adaptação Eficaz
(AR +++ = 3 e Pr +++ = 2).
Relatório da entrevistada “Q”
Dados pessoais: 39 anos, solteira, estudante do 4º ano – área da saúde
Escore de 84 pontos
Diagnóstico: Adaptação Ineficaz Leve
Justificativa: Demonstra dificuldade em se relacionar com a família, a não ser com a irmã,
esta também tem dificuldades com os pais. Entretanto mesmo com esta, tem certos problemas,
discorda do seu namoro, acha que ele faz a irmã sofrer e que deveria terminar com ele.
Entretanto, consegue estabelecer relacionamentos de amizades fora de casa de forma satisfatória.
Demonstrou ter bastante dificuldade em se envolver amorosamente, pelo fato de ter sofrido
anteriormente, por isto mantêm um relacionamento (ao qual chama de “caso”) com um amigo,
situação esta que parece lhe dar prazer e não lhe provocar cobranças. Assim, indica uma
adaptação pouco eficaz no setor afetivo-relacional (AR ++ = 2).
Em relação ao trabalho apresenta prazer e uma grande capacidade de envolvimento tanto
com os colegas de trabalho quanto com seu chefe e também com o trabalho em si – gosta do que
faz, tem satisfação e possibilidades de crescimento com o mesmo. Indica adequação (Pr +++ = 2).
Assim, apresenta Adaptação Ineficaz Leve.
Síntese dos resultados
Enfim, diante dos resultados aqui apresentados, podemos correlacioná-los com os objetivos
iniciais do projeto que eram em primeiro lugar identificar a concepção que as mulheres tinham
sobre o sentimento de solidão e compará-la com a teoria das relações objetais, depois classificar o
sentimento de solidão para então, em terceiro lugar, verificar se havia diferença no vivenciar a
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solidão entre solteiras e casadas de diferentes idades. E por último relacionar a medida do
sentimento de solidão com a eficácia adaptativa das mulheres entrevistadas.
Quanto ao primeiro objetivo que visava identificar se a concepção do senso comum vinha de
encontro com a teoria kleiniana, foi observada uma correlação positiva entre as concepções da
mulher contemporânea e as propostas por Melanie Klein. Pois, em sua grande maioria, as
mulheres percebem a solidão da mesma forma que descrita por Klein (1963), a não ser na idéia
de que este sentimento seja real em todo o tempo ou que não possa desaparecer no ser humano.
Estas duas questões foram as que obtiveram o menor número de respostas afirmativas. Indicando
a crença de que este sentimento pode desaparecer e não ser sempre existente.
Quanto ao objetivo de classificar o sentimento de solidão, foi possível classificar as mulheres em
diferentes medidas deste sentimento, ou seja, mulheres com alto, médio e baixo sentimento de
solidão. Sendo que o baixo sentimento de solidão prevaleceu sobre as pesquisadas. Entretanto, foi
encontrado um número razoável de mulheres que demonstraram sofrer com a existência deste
sentimento, apresentado, portanto, uma perda da eficácia adaptativa e um comprometimento da
saúde mental nesse momento.
Este resultado possibilitou trabalhar o terceiro objetivo que era verificar se havia diferença no
sentir a solidão entre mulheres com condições conjugais e idades diferenciadas. Observou-se que
quanto mais nova a mulher, maior a tendência a procurar relacionamentos para fugir da solidão. E
no quesito situações conjugais foram às casadas que demonstraram uma maior tendência a manter
relacionamentos numa tentativa de diminuir o sentimento de solidão.
Quanto à indagação em que medida o sentimento de solidão se relaciona com a eficácia
adaptativa das mulheres entrevistada, foi possível perceber que quanto maior o sentimento de
solidão menor a eficácia adaptativa, isto é, pior as condições de saúde mental da mulher. E
quanto menor este sentimento maior a eficácia adaptativa e as condições de saúde mental da
mulher. Ou seja, quanto mais se sentem solitárias, mais as mulheres apresentam comportamentos
de buscar relacionamentos amorosos numa tentativa de eliminar a solidão, demonstrando grande
dificuldade em lidar com suas questões afetivo-relacionais e produtivas.
88
IV. DISCUSSÃO
Neste estudo, a partir da análise das respostas que as participantes deram aos instrumentos
utilizados para coleta dos dados (questionário e entrevista) foi possível visualizar como as
mulheres compreendem a solidão, de que forma a vivenciam e como este vivenciar lhes afeta
perante a vida. Resultados estes que vieram de encontro com o objetivo proposto de investigar o
sentimento de solidão em mulheres.
O segundo objetivo centrava-se em comparar a maneira de compreender e vivenciar o sentimento
de solidão por mulheres solteiras e casadas. Este objetivo se dividia em outros três: primeiro
comparar se a idéia sobre a solidão no senso comum se assemelhava com a teoria kleiniana;
segundo classificar este sentimento de solidão em medidas de alto a baixo sentimento de solidão.
E por último, verificar se havia diferença em relação à situação conjugal no vivenciar a solidão.
Para análise deste objetivo partiremos de três tópicos: primeiro analisaremos a teoria kleiniana
comparando-a com as respostas encontradas no questionário de verdadeiro ou falso e depois com
as outras teorias sobre solidão. Depois analisaremos a medida do sentimento de solidão e a
relação do mesmo com a idade e a situação conjugal. E, por último, será discutida a relação entre
o sentimento de solidão e a eficácia adaptativa.
Para o primeiro tópico analisaremos a teoria kleiniana a partir de quatro aspectos: a) origem, b)
relação do sentimento de solidão com outros sentimentos, c) papel dos relacionamentos externos
sobre o sentimento de solidão, d)mitigação da solidão.
a) No aspecto etiológico, Klein (1963) defende que o sentimento de solidão é resultante das
dificuldades de elaboração das posições esquizo-paranóides e depressivas, sendo um sentimento
verdadeiro em todos os seres humanos apesar de existir em medidas diferenciadas entre um e
outro ser. Este sentimento perdura por toda a vida, independente de circunstâncias externas, pois
é um sentimento pessoal e dependente da percepção de que estará eternamente separado do outro,
por ser um indivíduo único.
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Foi encontrado na pesquisa um consenso sobre algumas destas idéias, tais como: a grande
maioria das mulheres percebe a existência deste sentimento nas pessoas, bem como a forma
diferenciada com que cada indivíduo a sente. Demonstraram, também, perceber a relação deste
sentimento com a busca de uma perfeição interna e com a sensação de que algo dentro de si foi
perdido eternamente. Porém, muitas mulheres responderam negativamente a idéia deste
sentimento não ser passível de eliminação, o que pode indicar uma esperança de que a solidão
possa tanto desaparecer quanto não ser real na maior parte do tempo.
b) Quanto à relação do sentimento de solidão com outros sentimentos, a opinião das pesquisadas
vem novamente de encontro com a teoria. Pois as respostas encontradas indicaram que a
percepção de que emoções como ansiedade, insegurança, infelicidade, culpa, impulsos de
agressão e ódio, confusão mental, temor da morte, sofrimentos e a sensação de viver num mundo
hostil contribuem para o aparecimento ou aumento do sentimento de solidão. Mas há uma
concordância maior com a idéia de que estes sentimentos aumentem a solidão, mas não
necessariamente sejam os responsáveis por seu aparecimento. O que tem base teórica, pois
segundo Klein (1963) somente a ansiedade faz parte da origem da solidão, as ansiedades
paranóides e depressivas, enquanto que outros sentimentos são reais para a solidão no sentido de
contribuir para a sua manutenção.
c) O terceiro aspecto da teoria kleiniana é sobre o papel dos relacionamentos externos sobre o
sentimento de solidão. Os resultados demonstraram que as mulheres entendem que o sentimento
de solidão independe de companhias externas, o que tem embasamento teórico. Entretanto, apesar
de perceberam que a solidão existe independente das companhias externas serem reais ou não, a
grande maioria das mulheres demonstraram acreditar que a falta de um relacionamento levaria a
um aprofundamento do sentimento de solidão, ou seja, a solidão existe mesmo quando
acompanhadas, porém o fato de estarem sozinhas pode aprofundar o sentimento de solidão. O
que pode indicar o tanto que a maioria das mulheres entrevistadas percebe a estreita relação de
influência existente entre o sentimento de solidão e as companhias externas, pois todas percebem
ter seu sentimento de solidão aumentado quando diante de problemas no relacionamento
amoroso. E segundo a teoria kleiniana a solidão realmente pode ser abrandada (mas não
eliminada) por um relacionamento externo, e com certeza quando esta relação enfrenta barreiras
90
seria inevitável o aprofundamento da solidão. Outra idéia defendida por Klein (1963) e percebida
na pesquisa como coerente é de que a sensação de não pertencer a um grupo pode levar ao
sentimento de solidão, enquanto que estar fisicamente sozinho não significa estar sofrendo de
solidão. Pois a idéia de que a solidão pode ser real, mas não necessariamente indicar sofrimento,
como descrito na teoria das relações objetais, também é aceita pela população.
d) O último aspecto da teoria de Klein (1963) é sobre a mitigação do sentimento de solidão que,
segundo a teoria, ocorre quando o indivíduo consegue elaborar a posição depressiva, levando a
uma integração dos objetos bons e maus que possibilitam uma identificação positiva consigo
mesmo e com mundo externo, envolvendo atitudes de tolerância e compreensão. Sobre esta idéia
percebeu-se que muitas mulheres crêem que algumas atitudes auxiliam na diminuição da solidão,
tais como: o aceitar-se integralmente, o perdoar as dores do passado, e o alcançar vitórias na vida
emocional ou profissional. Situações estas que indicam um aumento do amor e respeito próprio.
Porém, não foi encontrado na pesquisa consenso sobre a questão da sensação de liberdade e da
atitude de generosidade auxiliar na diminuição da solidão, o que na teoria é dito como verdadeiro.
Desta forma, sobre a relação do senso comum com a teoria psicanalítica do sentimento de
solidão, foi possível percebermos que a maior parte das entrevistadas compreende a solidão de
forma semelhante à teoria. Percebem que este sentimento é real em todas as pessoas, mas que não
é vivenciado de uma mesma forma, que este sentimento se origina da idéia de que ninguém
poderá compreendê-lo total e exclusivamente além de ser influenciado por outros sentimentos.
Bem como companhias externas significativas e sentimentos positivos em relação a si próprios
auxiliam na mitigação da solidão. Como também problemas nesta relação têm o poder de
aprofundar a sensação de solidão. Entretanto, ao contrário da teoria, a pesquisa demonstrou que
há na opinião popular uma esperança de que este sentimento possa desaparecer totalmente, ou, ao
menos, em alguns momentos, o que pode indicar que a idéia de conviver com este sentimento
seja uma verdade muito incômoda.
Estes resultados podem ser analisados também a partir das outras teorias estudas neste trabalho,
pois como descrito por Pinheiro e Tamayo (1984a) a solidão pode ser compreendida a partir de
seis dimensões, sendo elas: Falta de objetivo e significado de vida; Reação Emocional diante da
91
ausência de relacionamentos gratificantes; Sentimento indesejado e desagradável; Sentimento de
isolamento e separação; Deficiência nos relacionamentos e carência de intimidade; e como
Unattachment, que é um sentir-se descomprometido, sozinho. Os autores defendem que a solidão
poderia ser então resumida como “uma reação emocional de insatisfação, decorrente da falta e/ou
deficiência de relacionamentos pessoais significativos, a qual inclui algum tipo de isolamento”
(PINHEIRO; TAMAYO, 1984a, p.35). Idéia aceita nesta pesquisa, pois na análise do primeiro
questionário, percebe-se que as mulheres relacionam a solidão muito mais com o isolamento do
que com uma condição de vida, como defendida na teoria kleiniana, tanto que sempre que as
questões indicavam que problemas no relacionamento ou a falta de amigos pode levar a solidão,
o número de mulheres aceitando esta condição como verdadeira era bastante alta.
Ou seja, dentro desta perspectiva, a compreensão da solidão pelos sujeitos pesquisados está
relacionada primeiro a uma reação emocional onde a capacidade para perdoar (questão 38), se
aceitar (questão 37) e ao próximo (questão 34) auxilia na diminuição da solidão, sendo que não
alcançar estes comportamentos provoca um aumento do sentimento de solidão, como uma reação
a estas emoções ou dificuldades. Em segundo lugar a solidão é percebida como um sentimento
indesejado e desagradável (questão 06, 10, 24, e 26), tanto que as respostas sobre a permanência
do sentimento de solidão no ser humano foram repudiadas pelos sujeitos (questão 03 e 22)
demonstrando uma esperança de que este sentimento acabe. Terceiro, o questionário analisou
também a relação da solidão com sentimentos de isolamento e separação, ao que a grande
maioria das mulheres demonstrou sentir que a ausência de pertencer a um grupo (questão 8, 29),
o fato de não conseguir estabelecer relações significativas (questão 12) e as influências externas e
internas (questão 19, 30, 34) contribuem para o aparecimento deste sentimento.
Da mesma forma em relação à questão da solidão estar relacionada com a deficiência nos
relacionamentos e com a carência de intimidade, sendo que as pesquisadas percebem a relação
entre a solidão e a relação familiar e infância (questão 17 e 25), o que, segundo as participantes,
levaria a uma busca por envolvimento amoroso, numa tentativa de fugir da solidão (questão 23).
Diante desta análise, pode-se perceber que o aspecto do senso comum que mais se contradiz com
a teoria é de que as mulheres acreditam que a solidão seja passível de eliminação. Entretanto
92
apesar da maioria acreditar que tal sentimento possa desaparecer, pensam também que a solidão é
real (questão 01 e 02) e que independe de companhias externas (questão 04 e 05), o que vem de
encontro com a teoria kleiniana e com as idéias dos filósofos existencialistas (DOMENICO,
1996).
Em relação a como a medida do sentimento de solidão se envolve com a idade e a situação
conjugal das mulheres pesquisadas, questões estas que foram analisadas através do questionário
Likert, pôde-se perceber que apesar da grande maioria das mulheres terem apresentado um baixo
sentimento de solidão, as casadas foram as que demonstraram maiores medidas de solidão (alta e
média). Indicando que podem manter a relação pelo medo da solidão. Tanto que foi entre as
casadas o maior número de respostas de quase sempre e às vezes se envolverem ou manterem
relacionamentos amorosos para não entrar em contato com a solidão.
Entretanto as pesquisas estudadas (FÉRES-CARNEIRO, 1998; FRAIMAN, 1988) demonstram
que as relações estão mais frágeis e mais possíveis de acabar quando não estão sendo
satisfatórias, o que indicaria uma contradição com as respostas encontradas, todavia esta
contradição pode ser amenizada se analisada no sentido de que estas mulheres podem até chegar
a se separar, mas após tentarem por um tempo manterem a relação, ou a melhorarem, e que
conforme se sentem mais fortalecidas ou cansadas de lutar contra esse sentimento assumem o fim
do casamento.
Entre as solteiras com escore de médio ou alto sentimento de solidão também foram obtidas altas
pontuações neste tipo de comportamento, mas com respostas de “às vezes” agirem desta maneira.
Confirmando assim o estudo de Stasevskas e Schor (2000) que procuraram compreender como o
conceito de família influencia a vida e escolha da mulher, nos resultados da pesquisa destes
autores foi possível perceber que as mulheres sentiam que o fato de não estarem casadas
aprofundava o sentimento de solidão, existindo nelas o desejo de constituir uma relação
matrimonial. Sendo que esta idéia pode estar também relacionada ao que foi discutido sobre a
imposição social da importância de estar acompanhada (ARIÈS, 1978; FÉRES-CARNEIRO,
1998).
93
No caso da análise das mulheres com situação conjugal de separação foram obtidas respostas que
indicavam grandes dificuldades em lidar com a solidão, tanto que 50% delas alcançaram
pontuações de alto a médio sentimento de solidão. O que confirma a pesquisa de Moulton (1980)
sobre o divórcio na meia-idade, onde as mulheres pesquisadas demonstraram dificuldade em
adaptarem-se a morar sem o companheiro, mesmo tendo outros tipos de companhia (filhos,
amigas), o que as levava a buscar e manter relacionamentos para não precisar enfrentar a solidão,
mesmo que esta relação não estivesse sendo satisfatória.
Em relação à idade, as respostas indicaram que quanto mais nova a mulher, maior a tendência a
buscar por relacionamentos numa tentativa de fugir da solidão. O que pode estar relacionado com
as inseguranças da própria idade. E com a fantasia de que um relacionamento amoroso possa ser
a solução para as angústias vividas. Como descrito a pouco, estas expectativas foram discutidas
no estudo de Stasevskas e Schor (2000) onde afirmaram serem bastante arraigadas nas
sociedades, pois o fato de não estarem casadas aumentava a solidão, sendo que o desejo de
constituir um casamento desempenhava o papel de realização de um sonho e da possibilidade de
uma mudança de postura na vida, deixando de ser filha para tornar-se dona da casa.
Estas idéias vêm de encontro com várias teorias analisadas, tais como os estudos de Féres-
Carneiro (1998), Moulton (1980), e Negreiros (1995) para os quais o estarem sozinhas
significava um incomodo doloroso. Moulton (1980) e Negreiros (1995) defendem que a solidão
incomoda as mulheres devido a fatores como a tendência da sociedade a impor para elas a
importância e necessidade do casamento e a satisfação utópica que este traz. Féres-Carneiro
(1998) endossa este aspecto ao afirmar que as expectativas atuais sobre o casamento são
altíssimas e como estas não são alcançadas as separações se tornam uma grande via de fuga. E
apesar das participantes deste trabalho afirmarem, em sua grande maioria, que não buscam
relacionamentos para fugir da solidão, responderam também que as dificuldades no
relacionamento amoroso aprofundam esta emoção. O que indica que apesar das mulheres não
terem uma atitude de fugir da solidão através de um relacionamento amoroso se sentem
dependentes do parceiro para sentirem-se satisfeitas com a vida, o que é uma expectativa
desproporcional para o casamento, pois não existem relacionamentos sem dificuldades,
discussões e lutas.
94
Como afirma Fraiman (1988) a relação afetiva precisa estar baseada em aceitação, primeiro de si
próprio e depois do outro para só então poder se manter, ou então as discussões tornam-se
inúmeras e a relação impedida de se concretizar. Somente na possibilidade de conciliar as
necessidades individuais com as conjugais é que se faz possível a manutenção de um
relacionamento.
Comparando estes resultados com os encontrados por Néri (2005) pode-se compreender, primeiro
o porquê de ter-se encontrado um baixo nível de solidão entre as mulheres pesquisadas. No
ranking dos estados com menos mulheres solitárias o Paraná ficou em sexto lugar, desta
comprovação levanta-se a possibilidade de que se este estudo fosse realizado em estados ou
cidades onde o número de mulheres sozinhas é maior o resultado encontrado poderia ser
diferenciado. E também como o estudo foi realizado em uma universidade onde há um maior
percentual de jovens (apesar de 21,7% terem mais de 31 anos), caso fosse aplicado em um local
onde o predomínio fosse de jovens senhoras, ou mulheres de meia-idade este resultado também
poderia ser diferente, pois Néri (2005) afirma que quanto mais velhas mais as mulheres tendem a
ser solitárias. Mas lembrando que ser solitária não significa, necessariamente, incomodar-se com
a solidão (KLEIN, 1963; MONTERO Y LOPEZ LENA E SANCHAS-SOSA, 2001).
Por fim esta discussão dos resultados visava relacionar a medida do sentimento de solidão com a
eficácia adaptativa encontrada através das entrevistas diagnósticas. Sobre este tópico foi
alcançado o resultado de que quanto maior o sentimento de solidão maior a ineficácia adaptativa,
sendo o contrário também verdadeiro.
Este resultado, principalmente, indica que mesmo com a grande maioria das mulheres não
demonstrando buscar ou manter relacionamentos amorosos para fugir da solidão. Aquelas que
sentem um alto ou médio sentimento de solidão necessitam de ajuda em relação ao lidar com suas
questões afetivas. Pois das seis mulheres entrevistadas com alto sentimento de solidão todas
demonstraram adaptação ineficaz. E das cinco entrevistadas com médio sentimento de solidão
duas demonstraram ineficácia adaptativa.
95
O que indicaria que a solidão sentida por estas participantes seria a solidão descrita por Montero
y Lopez Lena e Sanchas-Sosa (2001) como a solidão crônica, que impede o indivíduo de
estabelecer relações satisfatórias. Ou como descreve os filósofos existencialistas seria a solidão
neurótica, na qual a pessoa se volta para dentro dela mesma sentindo-se incapaz de se abrir com
outras pessoas, nesta visão o sentimento de solidão é visto como uma doença, resultante de
experiências traumáticas vividas anteriormente seja com a própria família, com relacionamentos
amorosos ou com a rede social em que está inserida, levando a pessoa a não conseguir estabelecer
relacionamentos saudáveis com trocas afetivas, vivendo na defensiva, fechado para o outro
(DOMENICO, 1996). O que se comparado com as entrevistas das mulheres que apresentaram
adaptação ineficaz se percebe como verdadeiro, pois todas elas vivenciaram (ou estavam
vivenciando) dificuldades de relacionamento sendo a grande maioria das dificuldades com a
família de origem, seguindo para os relacionamentos externos que buscassem estabelecer.
Esta idéia demonstra também que o fato de estar se sentindo só provoca no individuo a meta de
buscar por uma pessoa que possa suprir tal sensação, vindo de encontro com a tese defendida por
Klein (1963) de que a partir da relação inicial do bebe com a mãe, a qual envolve um contato
intimo entre o inconsciente destes dois, sendo que mesmo que esta relação não tenha ocorrido de
forma tão satisfatória, a dependência da criança pela mãe é sempre extrema e provoca uma
fantasia inconsciente de que alguém poderá um dia suprir esta dependência da mesma forma e
intensidade que a mãe o fez.
Por mais gratificante que seja, mais tarde na vida, expressar pensamentos e sentimentos
para uma pessoa com quem se tenha afinidade, permanece um anseio insatisfeito por
uma compreensão sem palavras – em ultima instância, pela relação mais arcaica com a
mãe. Esse anseio contribui para o sentimento de solidão e deriva do sentimento
depressivo de uma perda irrecuperável. (KLEIN, 1963, p. 342)
Esta perspectiva teórica fica comprovada nesta pesquisa pelo fato de que todas as mulheres com
alto sentimento de solidão terem demonstrado uma adaptação ineficaz que indica uma posição
esquizo-paranóide mal elaborada, levando-a assim a sentir a solidão em um nível muito mais
profundo, tendo uma crença e esperança de que outra pessoa pode lhe tirar, ou salvar, desta
situação. Desta forma esta procura e necessidade do outro torna-se um mecanismo defensivo
contra a angustia provocada pelo sentimento de solidão.
96
Entretanto a única maneira do individuo ter esta angustia diminuída é através da terapia, onde
poderá trabalhar suas emoções e aos poucos elaborar a posição esquizo-paranoide, o que
possibilitará uma maior eficácia adaptativa, visto que o individuo conseguirá internalizar objetos
bons, constituindo, então, um ego mais fortalecido o que dificultaria a fragmentação e diminuiria
os impulsos destrutivos e a severidade do superego, possibilitando uma atitude de tolerância e
compreensão com seus companheiros. Esta elaboração possibilitará também a diminuição da
onipotência o que leva a perda da esperança de encontrar o objeto idealizado, tornando possível a
diminuição dos impulsos hostis (KLEIN, 1963).
São estes os fatores que indicam uma adaptação a realidade, ou seja, uma auto-aceitação e perdão
pelos erros e frustrações passados. Sendo que é somente através da possibilidade desta elaboração
ser realizada que se abre, para o individuo, a oportunidade de descobrir fontes internas de
satisfação, diminuindo a voracidade e aumentando a capacidade de aproveitar o que lhe está
disponível e não apenas do que seria desejável, que é a base de um relacionamento onde pode
ocorrer troca de sentimentos positivos, onde dar e receber amor torna-se possível (KLEIN, 1963).
Sendo que esta situação descrita acima depende apenas do individuo e não do estar acompanhada
de outra pessoa, idéia proveniente da fantasia de que a felicidade está no fato de estar
acompanhada, como se este outro individuo pudesse ser a salvação de todos os seus males.
Enquanto na verdade essa busca é um sintoma de um problema maior, que é a dificuldade de
estar consigo próprio, ou seja, de aceitar-se e ter prazer em sua própria companhia. Idéia
defendida pelos existencialistas como solitude (DOMENICO, 1996) e por Winnicott (1958)
como a capacidade de estar só.
Com base na análise dos dados expostos e da correlação dos mesmos com as teorias estudadas,
podemos perceber, primeiramente, que há uma aproximação no senso comum em relação às
idéias sobre o sentimento de solidão que são descritas na psicanálise e nas teorias psicológicas
estudadas. E, em segundo plano, que apesar de uma boa parte das mulheres não apresentarem um
alto sentimento de solidão, aquelas que apresentam, sentem grande dificuldade de adaptação, ou
seja, indica que mulheres com alto e médio sentimento de solidão e aquelas que estão
vivenciando um momento de crise, têm baixa capacidade de elaboração das posições esquizo-
97
paranóides e depressivas. Contudo, as mulheres que apresentaram estar em crise na adaptação,
supõem-se que estejam mal ou com problemas neste momento e não necessariamente sempre.
98
V. CONCLUSÃO
As hipóteses levantadas para este projeto versavam sobre a idéia de que as mulheres buscam
relacionamentos amorosos numa tentativa de fugir do sentimento de solidão, porém com o tempo
percebem que sua solidão não foi abrandada a ponto de desaparecer, sendo que em momentos de
conflito com o parceiro, tal sentimento tende a se aprofundar. Porém, por medo de viver
fisicamente a solidão e também para fugir da mesma, muitas vezes mantêm a relação, mesmo
insatisfatória. A idéia levantada, é que para uma sólida diminuição deste sentimento seria
necessária a aceitação individual de seus aspectos positivos e negativos, ou seja, a capacidade do
indivíduo de perceber-se e amar-se integralmente.
Para o estudo destas hipóteses foram levantados três objetivos gerais, o primeiro era investigar o
sentimento de solidão em mulheres. O segundo era comparar a maneira de compreender e
vivenciar a solidão entre mulheres de diferentes idades e situação conjugal. E por último, analisar
em que medida que este sentimento poderia ser mitigado pela presença do outro no casamento e
em que condições isto acontecia.
Para a investigação do sentimento de solidão foi aplicado nas 184 mulheres entrevistadas um
questionário de verdadeiro/sim e falso /não com 40 perguntas, seguido de outro questionário com
vinte e uma perguntas em escala Likert. O primeiro questionário possibilitou analisar a opinião
que as mulheres tinham sobre o sentimento de solidão bem como comparar tais concepções com
a teoria kleiniana. E do segundo questionário foi possível extrair a medida do sentimento de
solidão, que foi dividido em alto, médio e baixo.
Do primeiro questionário percebeu-se que as mulheres têm uma opinião sobre o sentimento de
solidão que vem de encontro com a análise psicanalítica feita por Melanie Klein (1963).
Percebendo este sentimento como real, em diferentes medidas nas pessoas, estando relacionado
com outros sentimentos e podendo ser diminuído a partir de uma boa relação consigo próprio,
bem como pela presença de um ser amado próximo. Porém apenas ter um objeto amado no
mundo externo não significa para as pesquisadas, vindo de encontro com a teoria, fator suficiente
para diminuição da solidão.
99
O único aspecto em que não houve concordância entre o senso comum e a teoria foi no sentido de
que as mulheres responderam, na grande maioria, não acreditar na possibilidade de que este
sentimento não poder desaparecer.
Concluiu-se então que as pesquisadas percebem a solidão da mesma forma que a teoria analisada,
entretanto guardam uma esperança ou desejo de que este sentimento seja passível de eliminação,
situação que não é verdadeira visto que a solidão decorre do fato da percepção realista de que
cada indivíduo é único, diferente e separado de todos os outros, mas não necessariamente precisa
ser vivenciada de forma dolorosa.
Do segundo questionário foi possível classificar as mulheres em diferentes níveis de sentimento
de solidão. Para tanto os resultados obtidos na soma das respostas alcançaram o valor de 38 a 97
pontos, sendo que entre 38 e 60 pontos indicava um alto sentimento de solidão, entre 61 e 65
pontos um médio sentimento de solidão e acima de 66 pontos um baixo sentimento de solidão.
Os resultados encontrados para estas escalas foram de que 58,7% da população têm um baixo
sentimento de solidão e 41,3% demonstram médio ou alto sentimento de solidão.
Sendo que dentro do médio e alto sentimento de solidão, foram encontradas situações que
indicam preocupações, tais como quanto mais nova mulher maior seu sentimento de solidão. O
que pode indicar que conforme a mulher vai amadurecendo vai aprendendo a lidar com suas
questões emocionais, possibilitando uma maior aceitação de si próprias ocorre uma diminuição
seu sentimento de solidão.
Em relação à situação conjugal as mulheres separadas/divorciadas foram o maior grupo a
apresentar um alto sentimento de solidão (35%), seguida das casadas (25%) e das soleiras (21%),
o que índica que as mulheres separadas são as que mais se sentem sozinhas. Havendo pouca
diferença entre solteiras e casadas, o que num primeiro momento derruba a hipótese sustentada
no inicio do trabalho de que as mulheres buscam relacionamentos para fugir da solidão.
Entretanto, ao analisar as respostas que tratam diretamente desta idéia foi possível perceber que
as casadas responderam afirmativamente a tais questões o que pode indicar uma tendência destas
100
mulheres por manter o relacionamento amoroso como escudo contra a solidão e não necessária
ou primeiramente por estarem satisfeitas com a relação, como indicado na hipótese.
Para o estudo do último objetivo que era analisar à medida que este sentimento pode ser mitigado
pela presença do outro no casamento e em que condições isto acontecia. Foram convidadas
algumas mulheres de cada uma das escalas de solidão: seis mulheres de cada grupo (alto, médio e
baixo sentimento de solidão), sendo duas casadas, duas solteiras e duas separadas, duas porque
uma mulher com menos de 30 anos e outra com mais de trinta. A estas mulheres foi feito um
convite para a continuidade do projeto, que ocorreu através de uma entrevista que posteriormente
foi analisada a partir da Escala Diagnostica Adaptativa Operacionalizada. Por esta entrevista foi
possível perceber que quanto maior o sentimento de solidão maior a dificuldade na mulher em
perceber no objeto amado um espaço para diminuir sua solidão, bem como para perceber suas
próprias potencialidades. E quanto menos este sentimento se mostrou alto nas mulheres
entrevistadas, mais estas mulheres apresentaram respostas de aceitação de seu self, bem como de
uma boa capacidade para recebimento e troca de afetos com as pessoas a sua volta.
Enfim, diante dos resultados encontrados podemos concluir que as mulheres pesquisadas
demonstram um baixo sentimento de solidão, bem como uma pouca tendência a buscar
relacionamentos amorosos para fugir deste sentimento. Entretanto, entre as mulheres que
apresentam médio ou alto sentimento de solidão é real esta tendência. E, também, estas mulheres
demonstram uma grande dificuldade de adaptação e aceitação interna, indicando a grande
dificuldade de integrar os objetos bons e maus existentes em sua psique. Sendo que as mulheres
que apresentam alto sentimento de solidão independem da condição conjugal, pois há pouca
diferença entre estes grupos. Mas havendo uma maior tendência a sentirem-se desta forma as
mulheres com menos de 31 anos.
Acreditamos ser necessária uma pesquisa maior com as mulheres que apresentaram alto
sentimento de solidão, pois todas demonstraram adaptação ineficaz perante da vida. Devido à
questão de tempo não foi possível uma maior análise deste grupo, ficando como idéia para uma
próxima pesquisa um aprofundamento destes casos através de um psicodiagnóstico mais
elaborado, com uso de testes projetivos ou através de uma psicoterapia breve, que possibilitaria
101
quem sabe uma mudança neste quadro adaptativo, e uma conseqüente mudança na medida do
sentimento de solidão.
Outro tema de pesquisa seria a analise do papel da mídia sobre este desejo feminino de estar
acompanhada, o qual acaba fortalecido como um ideal necessário e único capaz de levar a
felicidade. Ao invés de demonstrar a necessidade e possibilidade de primeiramente se
desenvolver e conhecer, sendo tais situações sim possíveis de aumentar a gratificação emocional.
Partindo do principio de que estar feliz e saudável não significa estar livre de momentos de
angústia, de dificuldades emocionais, financeiras e de relacionamento. Mas, ao contrário, é o
poder vivenciar tais situações – visto que a partir do momento em que estamos vivos ficamos
vulneráveis a tais circunstancias –, e poder enfrentá-las sem com isso precisar usar de elementos
de salvação, tais como a busca ou manutenção de relacionamentos afetivos.
102
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106
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107
VI - Anexo
108
Anexo A
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Eu,__________________________________________________________ consinto em
participar do estudo O SENTIMENTO DE SOLIDÃO EM MULHERES CASADAS, que tem
por objetivo compreender como é o sentimento de solidão em mulheres que estão vivenciando
um relacionamento, analisando se este sentimento existe ou não quando estão acompanhadas e
em que medida.
Fui informada que será utilizado para a coleta de dados dessa pesquisa um questionário o
qual será aplicado tanto em mulheres solteiras quanto casadas, e que esta pesquisa é realizada por
Fernanda Costa Luz Rossi, aluna do Curso de Pós-Graduação em Psicologia da Saúde, UMESP,
e supevisionado pelo Professor Dr. José Tolentino Rosa. Declaro, ainda, ter compreendido os
objetivos da pesquisa e os procedimentos, com os quais concordo. Fui informada que não sofrerei
nenhum tipo de prejuízo de ordem psicológica ou física e que meu nome será mantido em sigilo.
Concordo com a divulgação dos dados para fins acadêmicos ou científicos, desde que seja
mantida em sigilo a minha identidade. Estou também ciente de que poderei, não participar mais
do presente estudo.
______________________________________
Local e data
__________________________________________________
Assinatura do participante da pesquisa
__________________________________________________
Documento de Identificação
__________________________________________________
Fernanda Costa Luz Rossi - CRP: 08/09960
109
Anexo B
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Eu,__________________________________________________________ consinto em
participar da continuidade do estudo O SENTIMENTO DE SOLIDÃO EM MULHERES
CASADAS, que tem por objetivo compreender como as mulheres lidam com o sentimento de
solidão em suas relações afetivo-relacionais, produtivas, orgânicas e sócio-culturais.
Fui informada que será utilizado para a coleta de dados desta segunda parte da pesquisa
uma entrevista, a qual será aplicada em mulheres que participaram da primeira parte do projeto
(questionário), sendo algumas mulheres solteiras e outras casadas, e que esta pesquisa é realizada
por Fernanda Costa Luz Rossi, aluna do Curso de Pós-Graduação em Psicologia da Saúde,
UMESP, e supervisionado pelo Professor Dr. José Tolentino Rosa. Declaro, ainda, ter
compreendido os objetivos da pesquisa e os procedimentos, com os quais concordo. Fui
informada que não sofrerei nenhum tipo de prejuízo de ordem psicológica ou física e que meu
nome será mantido em sigilo. Concordo com a divulgação dos dados para fins acadêmicos ou
científicos, desde que seja mantida em sigilo a minha identidade. Estou também ciente de que
poderei desistir de participar do presente estudo a qualquer momento. Declaro ainda ter
compreendido os objetivos da pesquisa e os procedimentos, com os quais concordo.
______________________________________
Local e data
__________________________________________________
Assinatura do participante da pesquisa
__________________________________________________
Documento de Identificação
__________________________________________________
Fernanda Costa Luz Rossi - CRP: 08/09960
110
Anexo C
RESULTADOS ESTATISTICOS
TABELAS DE DISTRIBUIÇÃO DE FREQÜÊNCIAS UNIVARIADAS
Questionário 1: Verdadeiro ou Falso e Sim e Não
01. Você percebe que as pessoas sentem solidão?
Resposta
Freqüência
observada
% Freqüência esperadas
Não
4 2,2 0
Sim
180 97,8 184
Total
184 100,0 184
02. Este sentimento de solidão é real em todas as pessoas
Resposta
Freqüência
observada
% Freqüência esperadas
Não
77 41,8 0
Sim
107 58,2 184
Total
184 100,0 184
03. Este sentimento de solidão é real nas pessoas na maior parte do tempo?
Resposta
Freqüência
observada
% Freqüência esperadas
Não
118 64,1 0
Sim
66 35,9 184
Total
184 100,0 184
04. O sentimento de solidão NÃO tem a haver com a falta de companhias externas?
Opinião
Freqüência
observada
% Freqüência esperadas
Falsa
96 52,2 0
Verdadeira
88 47,8 184
Total
184 100,0 184
111
05. O sentimento de solidão refere-se a um sentir-se só, independente de circunstâncias
externas?
Resposta
Freqüência
observada
% Freqüência esperadas
Não
37 20,1 0
Sim
147 79,9 184
Total
184 100,0 184
06. O sentimento de solidão é resultado do desejo de um estado interno perfeito nunca
alcançado?
Resposta
Freqüência
observada
% Freqüência esperadas
Não
64 34,8 0
Sim
120 65,2 184
Total
184 100,0 184
07. A solidão NÃO brota da ansiedade?
Opinião
Freqüência
observada
% Freqüência esperadas
Falso
124 67,4 184
Verdadeiro
60 32,6 0
Total
184 100,0 184
08. A crença de que não há pessoa ou grupo a que se pertença pode levar ao sentimento de
solidão?
Resposta
Freqüência
observada
% Freqüência esperadas
Não
41 22,3 0
Sim
143 77,7 184
Total
184 100,0 184
09. NÃO há diferenças individuais na maneira pela qual se experimenta a solidão?
Resposta
Freqüência
observada
% Freqüência esperadas
Não
148 80,4 184
Sim
36 19,6 0
Total
184 100,0 184
112
10. A sensação de estar rodeado por um mundo hostil, aumenta a ansiedade e influência o
sentimento de solidão?
Resposta
Freqüência
observada
% Freqüência esperadas
Não
30 16,3 0
Sim
154 83,7 184
Total
184 100,0 184
11. A confusão mental NÃO contribui para a solidão?
Opinião
Freqüência
observada
% Freqüência esperadas
Falso
150 81,5 184
Verdadeiro
34 18,5 0
Total
184 100,0 184
12. Desejar ser capaz de estabelecer relações com as pessoas e não conseguir influência a
solidão?
Resposta
Freqüência
observada
% Freqüência esperadas
Não
23 12,5 0
Sim
161 87,5 184
Total
184 100,0 0
13. O temor da morte NÃO contribui para a solidão?
Opinião
Freqüência
observada
% Freqüência esperadas
Falso
133 72,3 184
Verdadeiro
51 27,7 0
Total
184 100,0 184
14. O sofrimento NÃO contribui para a solidão?
Opinião
Freqüência
observada
% Freqüência esperadas
Falso
154 83,7 184
Verdadeiro
30 16,3 0
Total
184 100,0 184
113
15. O sentimento de solidão NUNCA desaparece inteiramente?
Opinião
Freqüência
observada
% Freqüência esperadas
Falso
92 50,0 0
Verdadeiro
92 50,0 184
Total
184 100,0 0
16. Se uma criança pulasse do 10º andar de um prédio poderia se machucar?
Resposta
Freqüência
observada
% Freqüência esperadas
Não
8 4,3 0
Sim
176 95,7 184
Total
184 100,0 184
17. A maioria das pessoas NÃO se sentem solitárias com relação aos familiares?
Opinião
Freqüência
observada
% Freqüência esperadas
Falso
130 70,7 184
Verdadeiro
54 29,3 0
Total
184 100,0 184
18. As conquistas alcançadas na vida podem ser utilizadas como uma defesa contra a
solidão?
Opinião
Freqüência
observada
% Freqüência esperadas
Falso
29 15,8 0
Verdadeiro
155 84,2 184
Total
184 100,0 184
19. As influências externas e internas contribuem para o aparecimento da solidão?
Resposta
Freqüência
observada
% Freqüência esperadas
Não
11 6,0 0
Sim
173 94,0 184
Total
184 100,0 184
114
20. Os relacionamentos possibilitam um aumento ou uma diminuição da solidão?
Resposta
Freqüência
observada
% Freqüência esperadas
Não
19 10,3 0
sim
165 89,7 184
Total
184 100,0 184
21. As influências externas NÃO diminuem a solidão?
Resposta
Freqüência
observada
% Freqüência esperadas
Falso
124 67,4 184
Verdadeiro
60 32,6 0
Total
184 100,0 184
22. O sentimento de solidão pode desaparecer no ser humano?
Resposta
Freqüência
observada
% Freqüência esperadas
Não
81 44,0 184
Sim
103 56,0 0
Total
184 100,0 184
23. É comum as pessoas se envolverem em relacionamentos amorosos para fugir da solidão?
Resposta
Freqüência
observada
% Freqüência esperadas
Não
6 3,3 0
Sim
178 96,7 184
Total
184 100,0 184
24. A solidão faz parte de uma doença ou de um transtorno de personalidade?
Resposta
Freqüência
observada
% Freqüência esperadas
Não
84 45,7 0
Sim
100 54,3 184
Total
184 100,0 184
115
25. Na maioria das vezes a solidão tem início na infância?
Opinião
Freqüência
observada
% Freqüência esperadas
Falso
60 32,6 0
Verdadeiro
124 67,4 184
Total
184 100,0 0
26. O sentimento de solidão NÃO se origina da sensação de uma perda irreparável?
Opinião
Freqüência
observada
% Freqüência esperadas
Falso
115 62,5 184
Verdadeiro
69 37,5 0
Total
184 100,0 184
27. A insegurança é uma das raízes da solidão?
Resposta
Freqüência
observada
% Freqüência esperadas
Não
19 10,3 0
Sim
165 89,7 184
Total
184 100,0 0
28. A ansiedade é um dos componentes da solidão?
Resposta
Freqüência
observada
% Freqüência esperadas
Não
54 29,3 0
Sim
130 70,7 184
Total
184 100,0 184
29. NÃO pertencer a um grupo significa estar só?
Opinião
Freqüência
observada
% Freqüência esperadas
Falso
157 85,3 184
Verdadeiro
27 14,7 0
Total
184 100,0 184
116
30. A presença de amigos diminui o sentimento de solidão?
Resposta
Freqüência
observada
% Freqüência esperadas
Não
40 21,7 0
Sim
144 78,3 184
Total
184 100,0 184
31.Uma criança carregaria facilmente uma pedra de 500 quilos?
Opinião Freqüência
observada
% Freqüência esperadas
Falso 184 100,0 184
Verdadeiro 0 0,0 0
Total 184 100,0 184
32. Há diferenças individuais significativas na maneira pela qual se experimenta a
solidão?
Opinião
Freqüência
observada
% Freqüência esperadas
Falso
9 4,9 0
Verdadeiro
175 95,1 184
Total
184 100,0 184
33.Sentimentos de infelicidade e culpa NÃO conduzem a solidão?
Opinião
Freqüência
observada
% Freqüência esperadas
Falso
153 83,2 184
Verdadeiro
31 16,8 0
Total
184 100,0 184
34. Aumentar a capacidade para relacionamentos ajuda a combater a sensação de solidão?
Resposta
Freqüência
observada %
Freqüência esperadas
Não
41 22,3 0
Sim
143 77,7 184
Total
184 100,0 184
117
35. A sensação de liberdade é um meio de contrabalançar a solidão?
Resposta
Freqüência
observada
% Freqüência esperadas
Não
57 31,0 0
Sim
127 69,0 184
Total
184 100,0 184
36. Impulsos como agressão e ódio NÃO aumentam a solidão?
Opinião
Freqüência
observada
% Freqüência esperadas
Falso
135 73,4 184
Verdadeiro
49 26,6 0
Total
184 100,0 184
37. Aceitar as próprias limitações NÃO diminui o sentimento de solidão?
Opinião
Freqüência
observada
% Freqüência esperadas
Falso
122 66,3 184
Verdadeiro
62 33,7 0
Total
184 100,0 18
38. O alívio do ressentimento pelas frustrações passadas diminui a solidão?
Resposta
Freqüência
observada
% Freqüência esperadas
Não
56 30,4 0
Sim
128 69,6 184
Total
184 100,0 184
39. Nunca menti na minha vida?
Opinião
Freqüência
observada
% Freqüência esperadas
Falso
181 98,4 184
Verdadeiro
3 1,6 0
Total
184 100,0 184
118
40. O sentimento de generosidade compensa o de solidão?
Resposta
Freqüência
observada
% Freqüência esperadas
Não
77 41,8 0
Sim
107 58,2 184
Total
184 100,0 184
Questionário 2: Escala Likert
1. Tendo a NEGAR o sentimento de solidão
Resposta Freqüência %
Sempre
14 7,6
Quase Sempre
28 15,2
As Vezes
77 41,8
Raramente
44 23,9
Nunca
21 11,4
Total
184 100,0
2. Quando consigo aceitar e dar sinto compensar a solidão
Resposta Freqüência %
Sempre
26 14,1
Quase Sempre
50 27,2
As Vezes
62 33,7
Raramente
25 13,6
Nunca
21 11,4
Total
184 100,0
3. O sentimento de culpa me faz sentir solidão
Resposta Freqüência %
Sempre
34 18,5
Quase Sempre
32 17,4
As Vezes
47 25,5
Raramente
31 16,8
Nunca
40 21,7
Total
184 100,0
119
4. Quando criança me sentia solitária
Resposta Freqüência %
Sempre
16 8,7
Quase Sempre
26 14,1
As Vezes
33 17,9
Raramente
46 25,0
Nunca
63 34,2
Total
184 100,0
5. A dificuldade no relacionamento me faz sentir solidão
Resposta Freqüência %
Sempre
40 21,7
Quase Sempre
32 17,4
As Vezes
55 29,9
Raramente
35 19,0
Nunca
22 12,0
Total
184 100,0
6. Procuro estar com uma pessoa, mesmo não significativa, para fugir da solidão
Resposta Freqüência %
Sempre
7 3,8
Quase Sempre
13 7,1
As Vezes
25 13,6
Raramente
41 22,3
Nunca
98 53,3
Total
184 100,0
7. Tenho um sentimento de dependência por uma pessoa significativa e isso me faz sentir
menos solidão
Resposta Freqüência %
Sempre
23 12,5
Quase Sempre
20 10,9
As Vezes
38 20,7
Raramente
38 20,7
Nunca
65 35,3
Total
184 100,0
120
8. A satisfação com a proximidade da pessoa amada pode compensar minha solidão
Resposta Freqüência %
Sempre
79 42,9
Quase Sempre
47 25,5
As Vezes
41 22,3
Raramente
11 6,0
Nunca
6 3,3
Total
184 100,0
9. Continuo sentindo-me solitária mesmo quando estou entre amigos ou recebendo amor
Resposta Freqüência %
Sempre
9 4,9
Quase Sempre
14 7,6
As Vezes
46 25,0
Raramente
61 33,2
Nunca
54 29,3
Total
184 100,0
10. Aceitar as minhas próprias limitações diminui o sentimento de solidão
Resposta Freqüência %
Sempre
34 18,5
Quase Sempre
39 21,2
As Vezes
56 30,4
Raramente
42 22,8
Nunca
13 7,1
Total
184 100,0
11. É preferível estar com qualquer pessoa do que sozinha
Resposta Freqüência %
Sempre
9 4,9
Quase Sempre
7 3,8
As Vezes
35 19,0
Raramente
31 16,8
Nunca
102 55,4
Total
184 100,0
121
12. A dificuldade no relacionamento amoroso aumenta o meu sentimento de solidão
Resposta Freqüência %
Sempre
43 23,4
Quase Sempre
40 21,7
As Vezes
42 22,8
Raramente
33 17,9
Nunca
26 14,1
Total
184 100,0
13. Independente de condições externas continuo sentindo-me só.
Resposta Freqüência %
Sempre
8 4,3
Quase Sempre
22 12,0
As Vezes
50 27,2
Raramente
66 35,9
Nunca
38 20,7
Total
184 100,0
14. Consigo superar meu sentimento de solidão
Resposta Freqüência %
Sempre
45 24,5
Quase Sempre
64 34,8
As Vezes
51 27,7
Raramente
17 9,2
Nunca
7 3,8
Total
184 100,0
15. É comum me envolver em relacionamentos amorosos para fugir da solidão
Resposta Freqüência %
Sempre
9 4,9
Quase Sempre
12 6,5
As Vezes
17 9,2
Raramente
41 22,3
Nunca
105 57,1
Total
184 100,0
122
16. Quando aumento minha capacidade para relacionamentos sinto diminuir a sensação de
solidão
Resposta Freqüência %
Sempre
31 16,8
Quase Sempre
34 18,5
As Vezes
61 33,2
Raramente
37 20,1
Nunca
21 11,4
Total
184 100,0
17. Saber que uma pessoa significativa me ama, diminui o sentimento de solidão
Resposta Freqüência %
Sempre
69 37,5
Quase Sempre
52 28,3
As Vezes
36 19,6
Raramente
19 10,3
Nunca
8 4,3
Total
184 100,0
18. No relacionamento com minha família (pais e irmãos) me sinto solitária
Resposta Freqüência %
Sempre
12 6,5
Quase Sempre
14 7,6
As Vezes
40 21,7
Raramente
41 22,3
Nunca
77 41,8
Total
184 100,0
19. A minha solidão depende de acontecimentos externos
Resposta Freqüência %
Sempre
11 6,0
Quase Sempre
24 13,0
As Vezes
62 33,7
Raramente
51 27,7
Nunca
36 19,6
Total
184 100,0
123
20. A sensação de estar rodeado por um mundo hostil aumenta meus sentimentos de solidão
Resposta Freqüência %
Sempre
19 10,3
Quase Sempre
38 20,7
As Vezes
60 32,6
Raramente
41 22,3
Nunca
26 14,1
Total
184 100,0
21. Envolvo-me em relacionamentos para fugir da solidão
Resposta Freqüência %
Sempre
9 4,9
Quase Sempre
12 6,5
As Vezes
22 12,0
Raramente
29 15,8
Nunca
112 60,9
Total
184 100,0
124
QUESTIONÁRIO 02 – Likert - DISTRIBUIÇÃO DOS PONTOS 5 EM 5
Pontos Freqüência %
38 a 42
5 2,7
43 a 47
4 2,2
48 a 52
5 2,7
53 a 57
17 9,2
58 a 62
22 12,0
63 a 67
31 16,8
68 a 72
38 20,7
73 a 77
24 13,0
78 a 82
16 8,7
83 a 87
11 6,0
88 a 92
8 4,3
93 a 97
3 1,6
Total
184 100,0
125
ÁNÁLISE FATORIAL
Matriz de correlação
A matriz de correlação é representada pelo triângulo inferior da matriz que exibe as correlações
simples r, entre todos os pares possíveis e variáveis incluídas na análise. Os elementos da
diagonal, que são todos iguais a 1, em geral são omitidos
126
Q1 Q2 Q33 Q4 Q5 Q6 Q7 Q8 Q9 Q10 Q11 Q12 Q13 Q14 Q15 Q16 Q17 Q18 Q19 Q29 Q21
Q1 1
Q2 ,25*
*
1
Q3
,14
,36*
*
1
Q4
,00 ,09
,33*
*
1
Q5
,14 ,13
,36*
*
,31*
*
1
Q6 ,20*
*
,10 ,18* ,09
,31*
*
1
Q7 ,21*
*
,22*
*
,29*
*
,19*
*
,33*
*
,37*
*
1
Q8
,08 ,17* ,17* ,11
,37*
*
,21*
*
,38** 1
Q9
,06 ,00
,26*
*
,30*
*
,32*
*
,23*
*
,17* ,06 1
Q10
-,02
,30*
*
,16* ,06 ,07 ,04 ,01 ,18* ,01 1
Q11
,117
,21*
*
,18* ,08 ,00
,29*
*
,23** ,15* ,03 ,08 1
Q12
,12
,26*
*
,21*
*
,67*
*
,24*
*
,35*
*
,42** ,40** ,07 ,12 1
Q13
,029 ,09
,20*
*
,36*
*
,40*
*
,18* ,20** ,11
,63*
*
-,06 ,05 ,48** 1
Q14
,023 ,05 ,16*
,23*
*
,25*
*
,09 ,13 ,11
,34*
*
,13 ,052 ,25**
,40*
*
1
Q15
,17* ,14
,25*
*
,23*
*
,33*
*
,45*
*
,34** ,19**
,29*
*
,05
,21*
*
,32**
,25*
*
,20*
*
1
Q16
,08
,25*
*
,20*
*
,06
,30*
*
,28*
*
,16* ,27** ,12
,23*
*
,18* ,34**
,19*
*
,06 ,23** 1
Q17
,13
,24*
*
,11 ,13 ,17* ,14 ,15* ,36** ,12 ,06 ,101 ,17* -,14 ,00 ,02
,36*
*
1
Q18
-,00 ,16*
,25*
*
,37*
*
,19* ,17* ,18* ,00
,41*
*
,02 ,05 ,19**
,36*
*
,29*
*
,18* ,07 -,09 1
Q19
,02 ,09 ,16* ,05 ,18* ,17* ,13 ,18* ,06 ,07 ,17* ,24** ,06 ,04 ,19**
,20*
*
,18* ,09 1
Q20
,07 ,18*
,44*
*
,23*
*
,35*
*
,13 ,23** ,13
,34*
*
,11 ,03 ,33**
,30*
*
,14* ,20** ,12 ,05
,29*
*
,28*
*
1
Q21 ,20*
*
,18* ,18* ,13
,29*
*
,42*
*
,37** ,17*
,29*
*
,03
,29*
*
,36**
,27*
*
,07 ,66**
,34*
*
,16* ,14
,27*
*
,2** 1
** Correlation is significant at the 0.01 level (2-tailed).
* Correlation is significant at the 0.05 level (2-tailed).
127
Um exame dessa matriz permite uma boa visualização da correlação entre as variáveis. Se
as correlações entre as variáveis são pequenas, a análise fatorial pode ser inadequada. Não é esse
o caso, como pode ser visto na matriz de correlação acima. Por exemplo, percebe-se que existe
uma razoável correlação entre as variáveis: ” Q4 – Quanto criança me sentia solitária” e “Q12 –
A dificuldade no relacionamento amoroso aumenta o meu sentimento de solidão”. Há
correlações relativamente elevadas na matriz como as questões Q4 e Q12, Q9 e Q13, Q15 e Q21,
etc., é de se esperar que essas variáveis se correlacionem com o mesmo conjunto de fatores. A
hipótese nula de que a matriz de correlação da população em estudo seja uma matriz identidade, é
rejeitada pelo teste de esfericidade de Bartlett. A estatística do qui-quadrado aproximada é
1.134,64, significância ao nível de 0,05 o valor da estatística KMO (0,801) também é grande , (
>0,5). Assim a análise fatorial pode ser considerada uma técnica apropriada para analisar a
matriz de correlação.
Teste de KMO e Bartlett's
Kaiser-Meyer-Olkin Measure of Sampling Adequacy.
,801
Bartlett's Test of Sphericity Approx. Chi-Square
1134,638
df
210
Sig.
,000
O teste de esfericidade de Bartlett é uma estatística de teste usada para examinar a
hipótese de que as variáveis não sejam correlacionadas na população. Em outras palavras, a
matriz de correlação da população é uma matriz identidade.
A medida de adequacidade da amostra de Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) é um índice usado para
avaliar a adequacidade da análise fatorial. Valores altos (entre 0,5 e 1,0) indicam que a análise
fatorial é apropriada. Valores abaixo de 0,5 indicam que a análise fatorial pode ser inadequada.
O método de análise fatorial recomendado nesse caso é o método de análise de
componentes principais, porque leva em conta a variância total dos dados. A diagonal da matriz
de correlação consiste em unidades, e a variância plena é introduzida na matriz de fatores.
Recomenda-se a análise de componentes principais quando a preocupação maior é determinar o
número mínimo de fatores que respondam pela máxima variância nos dados para utilização em
análises multivariadas subseqüentes. Os fatores são chamados componentes principais.
128
COMUNALIDADES
Comunalidade é a porção da variância que uma variável compartilha com todas as outras
variáveis consideradas. É também a proporção de variância explicada pelos fatores comuns.
Initial Extraction
10. Aceitar as minhas próprias limitações diminui o sentimento de solidão
1,000 ,729
21. Envolvo-me em relacionamentos para fugir da solidão
1,000 ,720
12. A dificuldade no relacionamento amoroso aumenta o meu sentimento de solidão
1,000 ,709
19. A minha solidão depende de acontecimentos externos
1,000 ,693
5. A dificuldade no relacionamento me faz sentir solidão
1,000 ,673
13. Independente de condições externas continuo sentindo-me só
1,000 ,660
15. É comum me envolver em relacionamentos amorosos para fugir da solidão
1,000 ,650
9. Continuo sentindo-me solitária mesmo quando estou entre amigos ou recebendo amor
1,000 ,644
2. Quando consigo aceitar e dar sinto compensar a solidão
1,000 ,643
8. A satisfação com a proximidade da pessoa amada pode compensar minha solidão
1,000 ,619
20. A sensação de estar rodeado por um mundo hostil aumenta meus sentimentos de solidão
1,000 ,617
3. O sentimento de culpa me faz sentir solidão
1,000 ,606
6. Procuro estar com uma pessoa, mesmo não significativa, para fugir da solidão
1,000 ,598
16. Quando aumento minha capacidade para relacionamentos sinto diminuir a sensação de
solidão
1,000 ,590
18. No relacionamento com minha família (pais e irmãos) me sinto solitária
1,000 ,551
17. Saber que uma pessoa significativa me ama, diminui o sentimento de solidão
1,000 ,549
7. Tenho um sentimento de dependência por uma pessoa significativa e isso me faz sentir
menos solidão
1,000 ,491
4. Quando criança me sentia solitária
1,000 ,474
1. Tendo a NEGAR o sentimento de solidão
1,000 ,450
11. É preferível estar com qualquer pessoa do que sozinha
1,000 ,450
14. Consigo superar meu sentimento de solidão
1,000 ,440
Extraction Method: Principal Component Analysis.
Sob “Comunalidades” coluna “inicial”, pode-se ver que a comunalidade para cada variável Q1 a
Q21 é 1, pois foram inseridas unidades na diagonal da matriz de correlação.
A tabela rotulada “Autovalores” (“Eingenvalues”) iniciais” dá os autovalores. Como era de se
esperar , os autovalores para os fatores se apresentam em ordem decrescente de magnitude, na
medida e que caminhamos do fator 1 para o fator 21.
129
AUTOVALOR (Eigenvalue)
O autovalor de um fator indica a variância total atribuída àquele fator. A variância total atribuída
a todos os 21 itens é 21, que é igual ao número de variáveis. O fator 1 responde por uma
variância de 5,221 ou seja 24,86% da variância total. Da mesma forma o fator 2 responde por
2,270 ou seja 10,81% da variância total. Os dois fatores combinados respondem por 35,668% da
variância total. Vimos pela tabela que os autovalores maiores que 1, resulta na extração de 6
fatores. Em principio isso quer dizer que a solidão pode ser explicada por 6 razões principais. A
tabela rotulada “Autovalores” (“Eingenvalues”) iniciais” dá os autovalores. Como era de se
esperar , os autovalores para os fatores se apresentam em ordem decrescente de magnitude, na
medida e que caminhamos do fator 1 para o fator 21. A tabela abaixo mostra que a solidão pode
ser explicada por 6 fatores
Total da Variância explicada
Autovalores iniciais
Soma de quadrados de cargas
extraídas
Soma de quadrados de cargas
rotadas
Compo-
nentes
Total
% da
Variance
%
Cumulative
Total
% da
Variance
%
Cumulative
Total
% da
Variance
%
Cumulative
1
5,221 24,860 24,860 5,221 24,860 24,860 3,092 14,725 14,725
2
2,270 10,808 35,668 2,270 10,808 35,668 2,464 11,732 26,456
3
1,536 7,312 42,980 1,536 7,312 42,980 2,447 11,652 38,109
4
1,353 6,444 49,425 1,353 6,444 49,425 1,695 8,074 46,182
5
1,148 5,468 54,892 1,148 5,468 54,892 1,481 7,054 53,236
6
1,030 4,905 59,797 1,030 4,905 59,797 1,378 6,561 59,797
7
,969 4,613 64,410
8
,926 4,411 68,822
9
,811 3,860 72,681
10
,705 3,356 76,037
11
,665 3,165 79,202
12
,647 3,079 82,282
13
,633 3,015 85,297
14
,519 2,471 87,769
15
,486 2,312 90,081
16
,456 2,172 92,253
17
,411 1,955 94,208
18
,403 1,920 96,128
19
,279 1,331 97,459
20
,273 1,299 98,758
21
,261 1,242 100,000
Extraction Method: Principal Component Analysis.
130
MATRIZ DOS COMPONENTES PRINCIPAIS
Cargas dos fatores: Correlações simples entre as variáveis e os fatores. O valor é significativo
quando superior as 0,300
Fatores
Variáveis
1 2 3 4 5 6
1. Tendo a NEGAR o sentimento de solidão
,210 ,265 -,093 ,371 -,431 -,058
2. Quando consigo aceitar e dar sinto compensar a solidão
,372 ,357 ,452 ,389 -,128 ,078
3. O sentimento de culpa me faz sentir solidão
,546 ,039 ,482 ,174 -,043 -,206
4. Quando criança me sentia solitária
,478 -,386 ,264 ,133 ,012 ,097
5. A dificuldade no relacionamento me faz sentir solidão
,702 -,041 ,024 -,375 -,193 ,038
6. Procuro estar com uma pessoa, mesmo não significativa, para
fugir da solidão
,541 ,162 -,396 ,227 ,165 ,211
7. Tenho um sentimento de dependência por uma pessoa
significativa e isso me faz sentir menos solidão
,573 ,183 -,126 ,116 -,278 -,148
8. A satisfação com a proximidade da pessoa amada pode
compensar minha solidão
,498 ,335 ,021 -,381 -,325 ,085
9. Continuo sentindo-me solitária mesmo quando estou entre
amigos ou recebendo amor
,573 -,513 -,035 -,064 ,117 ,185
10. Aceitar as minhas próprias limitações diminui o sentimento de
solidão
,114 ,308 ,536 -,041 ,228 ,528
11. É preferível estar com qualquer pessoa do que sozinha
,312 ,331 -,090 ,465 ,050 ,123
12. A dificuldade no relacionamento amoroso aumenta o meu
sentimento de solidão
,722 -,008 -,085 -,400 -,131 ,058
13. Independente de condições externas continuo sentindo-me só
,577 -,522 -,041 -,117 -,019 ,198
14. Consigo superar meu sentimento de solidão
-,359 ,424 ,051 -,071 ,344 ,071
15. É comum me envolver em relacionamentos amorosos para
fugir da solidão
,666 -,047 -,380 ,162 ,178 -,038
16. Quando aumento minha capacidade para relacionamentos
sinto diminuir a sensação de solidão
,477 ,414 ,020 -,191 ,284 ,270
17. Saber que uma pessoa significativa me ama, diminui o
sentimento de solidão
,281 ,596 ,028 -,204 -,193 -,186
18. No relacionamento com minha família (pais e irmãos) me
sinto solitária
,438 -,436 ,252 ,296 ,069 -,118
19. A minha solidão depende de acontecimentos externos
,315 ,262 ,044 -,182 ,489 -,501
20. A sensação de estar rodeado por um mundo hostil aumenta
meus sentimentos de solidão
,524 -,127 ,380 -,077 ,186 -,376
21. Envolvo-me em relacionamentos para fugir da solidão
,643 ,155 -,428 ,183 ,253 -,043
Extraction Method: Principal Component Analysis a 6 components extracted.
131
Matriz dos coeficientes de Escores Fatoriais
Fatores
1 2 3 4 5 6
1. Tendo a NEGAR o sentimento de solidão
-,043 ,038 ,011 ,412 -,171 -,188
2. Quando consigo aceitar e dar sinto compensar a solidão
,044 -,073 -,067 ,400 -,002 ,213
3. O sentimento de culpa me faz sentir solidão
,118 -,037 -,154 ,256 ,247 ,039
4. Quando criança me sentia solitária
,250 -,077 -,050 ,055 -,016 ,106
5. A dificuldade no relacionamento me faz sentir solidão
,072 ,324 -,089 -,073 -,037 -,016
6. Procuro estar com uma pessoa, mesmo não significativa,
para fugir da solidão
-,024 -,074 ,375 -,011 -,144 ,073
7. Tenho um sentimento de dependência por uma pessoa
significativa e isso me faz sentir menos solidão
-,021 ,128 ,034 ,231 -,012 -,201
8. A satisfação com a proximidade da pessoa amada pode
compensar minha solidão
-,067 ,407 -,114 ,029 -,113 ,019
9. Continuo sentindo-me solitária mesmo quando estou entre
amigos ou recebendo amor
,242 -,011 ,080 -,173 -,083 ,080
10. Aceitar as minhas próprias limitações diminui o sentimento
de solidão
,056 -,012 -,039 -,028 -,124 ,651
11. É preferível estar com qualquer pessoa do que sozinha
-,040 -,165 ,239 ,243 -,087 ,100
12. A dificuldade no relacionamento amoroso aumenta o meu
sentimento de solidão
,043 ,324 -,020 -,129 -,042 -,015
13. Independente de condições externas continuo sentindo-me
,247 ,066 ,026 -,144 -,149 ,039
14. Consigo superar meu sentimento de solidão
-,182 -,077 ,093 -,128 ,126 ,241
15. É comum me envolver em relacionamentos amorosos para
fugir da solidão
,024 -,073 ,314 -,042 ,040 -,100
16. Quando aumento minha capacidade para relacionamentos
sinto diminuir a sensação de solidão
-,078 ,098 ,171 -,154 ,008 ,351
17. Saber que uma pessoa significativa me ama, diminui o
sentimento de solidão
-,202 ,269 -,073 ,129 ,125 -,073
18. No relacionamento com minha família (pais e irmãos) me
sinto solitária
,245 -,198 -,030 ,125 ,137 -,026
19. A minha solidão depende de acontecimentos externos
-,146 -,055 ,084 -,165 ,624 -,078
20. A sensação de estar rodeado por um mundo hostil aumenta
meus sentimentos de solidão
,102 -,028 -,133 ,009 ,454 -,042
21. Envolvo-me em relacionamentos para fugir da solidão
-,056 -,087 ,379 -,039 ,075 -,065
Extraction Method: Principal Component Analysis. Rotation Method: Varimax with Kaiser Normalization.
Component Scores.
132
MATRIZ ROTADA DOS FATORES
Fatores
Variáveis
1 2 3 4 5 6
13. Independente de condições externas continuo sentindo-me só
,724 ,249 ,206 -,164
9. Continuo sentindo-me solitária mesmo quando estou entre amigos
ou recebendo amor
,714 ,154 ,270 -,190
18. No relacionamento com minha família (pais e irmãos) me sinto
solitária
,660 -,143 ,193 ,227
4. Quando criança me sentia solitária
,659 ,118 ,120
14. Consigo superar meu sentimento de solidão
-,524 -,169 -,138 ,108 ,324
8. A satisfação com a proximidade da pessoa amada pode compensar
minha solidão
,758 ,160 ,112
12. A dificuldade no relacionamento amoroso aumenta o meu
sentimento de solidão
,351 ,708 ,260 ,115
5. A dificuldade no relacionamento me faz sentir solidão
,396 ,691 ,153 ,121
17. Saber que uma pessoa significativa me ama, diminui o sentimento
de solidão
-,335 ,532 ,297 ,240
21. Envolvo-me em relacionamentos para fugir da solidão
,131 ,174 ,788 ,196
6. Procuro estar com uma pessoa, mesmo não significativa, para fugir
da solidão
,120 ,142 ,735 ,121
15. É comum me envolver em relacionamentos amorosos para fugir da
solidão
,312 ,172 ,694 ,150
-
,126
11. É preferível estar com qualquer pessoa do que sozinha
,467 ,446 ,168
2. Quando consigo aceitar e dar sinto compensar a solidão
,112 ,674 ,143 ,384
1. Tendo a NEGAR o sentimento de solidão
,132 ,156 ,594 -,151
-
,169
3. O sentimento de culpa me faz sentir solidão
,395 ,164 ,459 ,428 ,171
7. Tenho um sentimento de dependência por uma pessoa significativa
e isso me faz sentir menos solidão
,150 ,400 ,316 ,413 ,100
-
,168
19. A minha solidão depende de acontecimentos externos
-,123 ,124 ,242 ,770
20. A sensação de estar rodeado por um mundo hostil aumenta meus
sentimentos de solidão
,422 ,169 ,104 ,630
10. Aceitar as minhas próprias limitações diminui o sentimento de
solidão
,843
16. Quando aumento minha capacidade para relacionamentos sinto
diminuir a sensação de solidão
,385 ,411 ,172 ,489
Extraction Method: Principal Component Analysis. Rotation Method: Varimax with Kaiser Normalization.
a Rotation converged in 9 iterations.
133
Classificação sobre a solidão
Classificação Freqüência %
Alto sentimento de solidão
43 23,4
Médio sentimento de solidão
33 17,9
Baixo sentimento de solidão
108 58,7
Total
184 100,0
134
Correlações
Faixa etária da entrevistada X Procuro estar com uma pessoa, mesmo não significativa,
para fugir da solidão
6. Procuro estar com uma pessoa, mesmo não significativa, para
fugir da solidão Total
Faixa etária da
entrevistada
sempre
quase
sempre
as vezes raramente nunca
de 18 a 24 anos
3,4% 6,7% 18,0% 23,6% 48,3% 100,0%
42,9% 46,2% 64,0% 51,2% 43,9% 48,4%
de 25 a 31 anos
3,6% 9,1% 12,7% 18,2% 56,4% 100,0%
28,6% 38,5% 28,0% 24,4% 31,6% 29,9%
de 32 a 38 anos
8,3% 8,3% 8,3% 29,2% 45,8% 100,0%
28,6% 15,4% 8,0% 17,1% 11,2% 13,0%
de 39 a 45 anos
25,0% 75,0% 100,0%
7,3% 9,2% 6,5%
de 46 a 52 anos
100,0% 100,0%
4,1% 2,2%
Total
3,8% 7,1% 13,6% 22,3% 53,3% 100,0%
135
Faixa etária da entrevistada X É preferível estar com qualquer pessoa do que sozinha
11. É preferível estar com qualquer pessoa do que sozinha Total
Faixa etária da entrevistada
sempre quase sempre as vezes raramente nunca
de 18 a 24 anos
7,9% 3,4% 23,6% 20,2% 44,9% 100,0%
77,8% 42,9% 60,0% 58,1% 39,2% 48,4%
de 25 a 31 anos
1,8% 3,6% 18,2% 12,7% 63,6% 100,0%
11,1% 28,6% 28,6% 22,6% 34,3% 29,9%
de 32 a 38 anos
4,2% 4,2% 4,2% 12,5% 75,0% 100,0%
11,1% 14,3% 2,9% 9,7% 17,6% 13,0%
de 39 a 45 anos
16,7% 25,0% 58,3% 100,0%
5,7% 9,7% 6,9% 6,5%
de 46 a 52 anos
25,0% 25,0% 50,0% 100,0%
14,3% 2,9% 2,0% 2,2%
Total
4,9% 3,8% 19,0% 16,8% 55,4% 100,0%
136
Faixa etária da entrevistada X É comum me envolver em relacionamentos amorosos para
fugir da solidão
15. É comum me envolver em relacionamentos amorosos para
fugir da solidão Total
Faixa etária da
entrevistada
sempre quase sempre as vezes raramente nunca
de 18 a 24 anos
3,4% 9,0% 11,2% 22,5% 53,9% 100,0%
33,3% 66,7% 58,8% 48,8% 45,7% 48,4%
de 25 a 31 anos
5,5% 3,6% 7,3% 23,6% 60,0% 100,0%
33,3% 16,7% 23,5% 31,7% 31,4% 29,9%
de 32 a 38 anos
4,2% 8,3% 8,3% 29,2% 50,0% 100,0%
11,1% 16,7% 11,8% 17,1% 11,4% 13,0%
de 39 a 45 anos
16,7% 8,3% 8,3% 66,7% 100,0%
22,2% 5,9% 2,4% 7,6% 6,5%
de 46 a 52 anos
100,0% 100,0%
3,8% 2,2%
Total
4,9% 6,5% 9,2% 22,3% 57,1% 100,0%
137
Faixa etária da entrevistada X Envolvo-me em relacionamentos para fugir da solidão
21. Envolvo-me em relacionamentos para fugir da solidão Total
Faixa etária da
entrevistada
sempre quase sempre as vezes raramente nunca
de 18 a 24 anos
4,5% 6,7% 12,4% 18,0% 58,4% 100,0%
44,4% 50,0% 50,0% 55,2% 46,4% 48,4%
de 25 a 31 anos
7,3% 3,6% 10,9% 14,5% 63,6% 100,0%
44,4% 16,7% 27,3% 27,6% 31,3% 29,9%
de 32 a 38 anos
4,2% 12,5% 12,5% 12,5% 58,3% 100,0%
11,1% 25,0% 13,6% 10,3% 12,5% 13,0%
de 39 a 45 anos
8,3% 16,7% 16,7% 58,3% 100,0%
8,3% 9,1% 6,9% 6,3% 6,5%
de 46 a 52 anos
100,0% 100,0%
3,6% 2,2%
Total
4,9% 6,5% 12,0% 15,8% 60,9% 100,0%
138
Curso de graduação X Procuro estar com uma pessoa, mesmo não significativa, para fugir
da solidão
6. Procuro estar com uma pessoa, mesmo não significativa, para
fugir da solidão
Curso de graduação
sempre quase sempre as vezes raramente nunca
Total
administração
2,6% 7,9% 10,5% 31,6% 47,4% 100,0%
14,3% 23,1% 16,0% 29,3% 18,4% 20,7%
direito
8,7% 8,7% 13,0% 8,7% 60,9% 100,0%
28,6% 15,4% 12,0% 4,9% 14,3% 12,5%
enfermagem
1,8% 10,5% 17,5% 24,6% 45,6% 100,0%
14,3% 46,2% 40,0% 34,1% 26,5% 31,0%
farmácia
28,6% 28,6% 42,9% 100,0%
28,6% 4,9% 3,1% 3,8%
letras
4,2% 16,7% 12,5% 66,7% 100,0%
7,7% 16,0% 7,3% 16,3% 13,0%
psicologia
2,9% 2,9% 11,4% 22,9% 60,0% 100,0%
14,3% 7,7% 16,0% 19,5% 21,4% 19,0%
Total
3,8% 7,1% 13,6% 22,3% 53,3% 100,0%
139
Curso de graduação X A dificuldade no relacionamento amoroso aumenta o meu
sentimento de solidão
12. A dificuldade no relacionamento amoroso aumenta o meu
sentimento de solidão Total
Curso de graduação
sempre quase sempre as vezes raramente nunca
administração
21,1% 21,1% 21,1% 15,8% 21,1% 100,0%
18,6% 20,0% 19,0% 18,2% 30,8% 20,7%
direito
21,7% 17,4% 26,1% 17,4% 17,4% 100,0%
11,6% 10,0% 14,3% 12,1% 15,4% 12,5%
enfermagem
28,1% 21,1% 22,8% 17,5% 10,5% 100,0%
37,2% 30,0% 31,0% 30,3% 23,1% 31,0%
farmcia
28,6% 14,3% 14,3% 42,9% 100,0%
4,7% 2,5% 2,4% 9,1% 3,8%
letras
12,5% 29,2% 12,5% 16,7% 29,2% 100,0%
7,0% 17,5% 7,1% 12,1% 26,9% 13,0%
psicologia
25,7% 22,9% 31,4% 17,1% 2,9% 100,0%
20,9% 20,0% 26,2% 18,2% 3,8% 19,0%
Total
23,4% 21,7% 22,8% 17,9% 14,1% 100,0%
140
Curso de graduação X É comum me envolver em relacionamentos amorosos para fugir da
solidão
15. É comum me envolver em relacionamentos amorosos para fugir
da solidão Total
Curso de graduação
sempre quase sempre as vezes raramente nunca
administração
5,3% 7,9% 7,9% 26,3% 52,6% 100,0%
22,2% 25,0% 17,6% 24,4% 19,0% 20,7%
direito
4,3% 17,4% 26,1% 52,2% 100,0%
8,3% 23,5% 14,6% 11,4% 12,5%
enfermagem
8,8% 7,0% 8,8% 19,3% 56,1% 100,0%
55,6% 33,3% 29,4% 26,8% 30,5% 31,0%
farmácia
14,3% 28,6% 57,1% 100,0%
11,1% 4,9% 3,8% 3,8%
letras
8,3% 25,0% 66,7% 100,0%
11,8% 14,6% 15,2% 13,0%
psicologia
2,9% 11,4% 8,6% 17,1% 60,0% 100,0%
11,1% 33,3% 17,6% 14,6% 20,0% 19,0%
Total
4,9% 6,5% 9,2% 22,3% 57,1% 100,0%
141
Curso de graduação X Envolvo-me em relacionamentos para fugir da solidão
21. Envolvo-me em relacionamentos para fugir da solidão Total
Curso de graduação
sempre quase sempre as vezes raramente nunca
administração
2,6% 7,9% 7,9% 18,4% 63,2% 100,0%
11,1% 25,0% 13,6% 24,1% 21,4% 20,7%
direito
8,7% 17,4% 13,0% 60,9% 100,0%
16,7% 18,2% 10,3% 12,5% 12,5%
enfermagem
10,5% 8,8% 7,0% 17,5% 56,1% 100,0%
66,7% 41,7% 18,2% 34,5% 28,6% 31,0%
farmácia
14,3% 85,7% 100,0%
3,4% 5,4% 3,8%
letras
12,5% 20,8% 66,7% 100,0%
13,6% 17,2% 14,3% 13,0%
psicologia
5,7% 5,7% 22,9% 8,6% 57,1% 100,0%
22,2% 16,7% 36,4% 10,3% 17,9% 19,0%
Total
4,9% 6,5% 12,0% 15,8% 60,9% 100,0%
142
Estado civil X Procuro estar com uma pessoa, mesmo não significativa, para fugir da
solidão
6. Procuro estar com uma pessoa, mesmo não significativa,
para fugir da solidão Total
Estado civil
sempre quase sempre
as
vezes raramente nunca
casada
2,9% 11,4% 12,9% 15,7% 57,1% 100,0%
28,6% 61,5% 36,0% 26,8% 40,8% 38,0%
separada sem namorado
11,1% 11,1% 77,8% 100,0%
7,7% 2,4% 7,1% 4,9%
separada com namorado
20,0% 40,0% 40,0% 100,0%
7,7% 4,9% 2,0% 2,7%
solteira sem namorado
7,0% 2,3% 23,3% 23,3% 44,2% 100,0%
42,9% 7,7% 40,0% 24,4% 19,4% 23,4%
solteira com namorado
3,7% 3,7% 11,1% 29,6% 51,9% 100,0%
28,6% 15,4% 24,0% 39,0% 28,6% 29,3%
outras
33,3% 66,7% 100,0%
2,4% 2,0% 1,6%
Total
3,8% 7,1% 13,6% 22,3% 53,3% 100,0%
143
Estado civil X É preferível estar com qualquer pessoa do que sozinha
11. É preferível estar com qualquer pessoa do que sozinha Total
Estado civil
sempre quase sempre as vezes raramente nunca
casada
4,3% 2,9% 17,1% 8,6% 67,1% 100,0%
33,3% 28,6% 34,3% 19,4% 46,1% 38,0%
separada sem namorado
22,2% 11,1% 33,3% 33,3% 100,0%
28,6% 2,9% 9,7% 2,9% 4,9%
separada com namorado
20,0% 20,0% 60,0% 100,0%
11,1% 3,2% 2,9% 2,7%
solteira sem namorado
2,3% 2,3% 23,3% 20,9% 51,2% 100,0%
11,1% 14,3% 28,6% 29,0% 21,6% 23,4%
solteira com namorado
7,4% 3,7% 20,4% 20,4% 48,1% 100,0%
44,4% 28,6% 31,4% 35,5% 25,5% 29,3%
outras
33,3% 33,3% 33,3% 100,0%
2,9% 3,2% 1,0% 1,6%
Total
4,9% 3,8% 19,0% 16,8% 55,4% 100,0%
144
Estado civil X É comum me envolver em relacionamentos amorosos para fugir da solidão
15. É comum me envolver em relacionamentos amorosos para
fugir da solidão Total
Estado civil
sempre quase sempre as vezes raramente nunca
casada
8,6% 2,9% 10,0% 18,6% 60,0% 100,0%
66,7% 16,7% 41,2% 31,7% 40,0% 38,0%
separada sem namorado
11,1% 22,2% 66,7% 100,0%
11,1% 4,9% 5,7% 4,9%
separada com namorado
40,0% 20,0% 40,0% 100,0%
16,7% 2,4% 1,9% 2,7%
solteira sem namorado
2,3% 9,3% 14,0% 23,3% 51,2% 100,0%
11,1% 33,3% 35,3% 24,4% 21,0% 23,4%
solteira com namorado
1,9% 7,4% 7,4% 27,8% 55,6% 100,0%
11,1% 33,3% 23,5% 36,6% 28,6% 29,3%
outras
100,0% 100,0%
2,9% 1,6%
Total
4,9% 6,5% 9,2% 22,3% 57,1% 100,0%
145
Estado civil X Envolvo-me em relacionamentos para fugir da solidão
21. Envolvo-me em relacionamentos para fugir da solidão Total
Estado civil
sempre quase sempre as vezes raramente nunca
casada
7,1% 8,6% 14,3% 7,1% 62,9% 100,0%
55,6% 50,0% 45,5% 17,2% 39,3% 38,0%
separada sem namorado
11,1% 11,1% 33,3% 44,4% 100,0%
11,1% 8,3% 10,3% 3,6% 4,9%
separada com namorado
20,0% 20,0% 20,0% 40,0% 100,0%
8,3% 4,5% 3,4% 1,8% 2,7%
solteira sem namorado
4,7% 4,7% 14,0% 23,3% 53,5% 100,0%
22,2% 16,7% 27,3% 34,5% 20,5% 23,4%
solteira com namorado
1,9% 3,7% 9,3% 18,5% 66,7% 100,0%
11,1% 16,7% 22,7% 34,5% 32,1% 29,3%
outras
100,0% 100,0%
2,7% 1,6%
Total
4,9% 6,5% 12,0% 15,8% 60,9% 100,0%
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