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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
PROGRAMA DE MESTRADO ACADÊMICO EM ADMINISTRAÇÃO
JULIANA VIEIRA ALMEIDA SILVA
AS RELAÇÕES DE TRABALHO, FAMÍLIA E SUCESSO: um estudo com
gerentes
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Biguaçu- SC
2006
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JULIANA VIEIRA ALMEIDA SILVA
AS RELAÇÕES DE TRABALHO, FAMÍLIA E SUCESSO: um estudo com
gerentes
Dissertação submetida ao Programa de Pós-graduação em
Administração da Universidade do Vale do Itajaí, Centro
de Ciências Sociais, como parte dos requisitos para
obtenção do Título de Mestre em Administração.
Orientadora: Profª Dra. Christiane Kleinübing Godoi
Biguaçu- SC
2006
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JULIANA VIEIRA ALMEIDA SILVA
AS RELAÇÕES DE TRABALHO, FAMÍLIA E SUCESSO: um estudo
com gerentes
Esta dissertação foi julgada adequada para a obtenção do título de Mestre em
Administração e aprovada pelo Programa de Pós-Graduação em Administração da
Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Educação Biguaçu.
Área de concentração: Organizações e Sociedade
Biguaçu, 28 de março de 2006.
________________________________________
Profº Dr. Carlos Ricardo Rossetto
Coordenador do Programa
_______________________________________
Profª Dra. Christiane Kleinübing Godoi
UNIVALI- CE Biguaçu
Orientadora
________________________________________
Profº Dr. Carlos Ricardo Rossetto
UNIVALI- CE Biguaçu
_______________________________________
Profº Dr. Cleverson Renan da Cunha
(UFPR)
4
iv
Dedico esta dissertação à minha
família e o meu namorado Raoni,
pessoas muito importantes
da minha vida.
AGRADECIMENTOS
Durante a realização desta dissertação, muitas pessoas estiveram ao meu
lado e cada uma foi muito importante para eu atingir esse objetivo, que tem um
significado muito importante para a minha vida. A todos vocês agradeço
imensamente o carinho e apoio dado.
Primeiramente, agradeço a minha família e principalmente a minha mãe
Berenice que me apoiou e incentivou em todos os sentidos. Meu pai Nerilson, que
sempre esteve ao meu lado, me orientando com a sua experiência de vida.
Ao meu querido namorado Raoni, uma pessoa muito especial, com a sua
dedicação , paciência, apoio emocional e “técnico”, estando sempre ao meu lado
com muito carinho. Ao meu irmão Nerilson, por me fazer curtir a vida, dando mais
energia para concretização dessa etapa. A minha vó Leonor pela fé e orações
feitas.
As minhas cunhadas Iracema e Tatiana e ao concunhado James em
colaborar com apoio “moral”, busca de materiais acadêmicos, arrumações de
computador e gráficos para esta dissertação. Aos meus sogros que sempre
confiaram e me incentivaram nesta caminhada.
Ao meu querido ex-orientador professor Anielson, que por motivos
profissionais, não pode me acompanhar de perto, mas continuou acompanhando e
ajudando firmemente de longe.
A minha orientadora Christiane que sempre acreditou, confiou, incentivou e
me mostrou um caminho de conhecimento e que tenho muita admiração.
As minhas especiais amigas Bárbara e Carmo pelos momentos de alegrias e
“sofrimentos” que passamos juntas e tenho certeza que torceram por mim.
A todos os gerentes que participaram desse trabalho , pela disponibilidade e
interesse em dividir as suas experiências de vida.
Ao Programa de Mestrado em Administração da UNIVALI, ao coordenador,
aos professores e funcionários, especialmente a secretária Cristina, sempre
dispostos para colaborar.
E por último uma pessoa muito especial que me deu saúde, persistência e fé:
Deus.
RESUMO
SILVA, Juliana Vieira Almeida. As relações de trabalho, família e sucesso: um
estudo com gerentes. 2006, 139 fls. Dissertação (Mestrado em Administração) –
Programa de Mestrado em Administração, UNIVALI, Biguaçu, SC, 2006.
Este estudo teve como objetivo compreender os significados construídos acerca da
relação trabalho, família e sucesso na prática gerencial. Para atingir este objetivo, foi
construído um quadro teórico sobre os seguintes sub-temas interrelacionados:
origem e significados sobre a gerência; equilíbrio, tempo e conflito entre trabalho e
família do gerente; a experiência do gerente interligada às dimensões trabalho,
família e sucesso. O estudo foi sustentado pelo paradigma interpretativo e
fenomenológico e a abordagem qualitativa, visando à captação, compreensão e
análise do fenômeno estudado: significados construídos pelos gerentes acerca da
relação trabalho, família e sucesso. O método de pesquisa utilizado foi a
fenomenologia (VAN MANEN, 1990), a técnica de coleta empregada foi à entrevista
em profundidade (SIERRA, 1998) e a técnica de análise a categorização
(MERRIAM, 1998; GODOI e BALSINI, 2004). Nove gerentes que trabalham em uma
empresa multinacional do setor elétrico em Itajaí, Santa Catarina, participaram da
pesquisa. Em decorrência da análise das entrevistas realizadas com os gerentes,
revelaram-se três temas: a prática gerencial; relações familiares e relações de
trabalho; vivenciando a relação trabalho, família e sucesso. A partir dos temas,
emergiram sub-temas que foram analisados de forma interpretativa e
fenomenológica: contexto organizacional; funções gerenciais; significado de família e
a influência no trabalho; significado de trabalho e a influência na família; conflitos na
relação trabalho e família (questão do tempo); atitudes para buscar o equilíbrio na
relação trabalho e família; significado de sucesso; a percepção de ser uma pessoa
de sucesso; significados acerca da relação trabalho, família e sucesso (a busca do
equilíbrio). A análise dos resultados possibilitou a irrupção de diferentes articulações
entres as categorias estudas trabalho, família e sucesso. Pôde-se constatar que
tanto a família originária (pai, mãe e irmãos) quanto a atual (esposa e filhos)
influenciam o gerente na sua atuação profissional, através de valores e
comportamentos. A influência do trabalho na família é uma forma de interferência
geradora de conflitos em alguns momentos, principalmente quando está relacionada
ao tempo de dedicação à atividade profissional. Para minimizar o conflito, os
gerentes acabam tomando algumas atitudes no sentido de equilibrar a dimensão
trabalho e família e esse equilíbrio se torna sinônimo de sucesso. Os significados
revelados fazem parte da história de vida dos gerentes pesquisados, podendo
auxiliá-los em uma reflexão, bem como, contribuir para o campo de conhecimento
do tema.
Palavras-chave: gerentes, família, trabalho e sucesso.
ABSTRACT
SILVA, Juliana Vieira Almeida. The work, family and success: a study with managers.
2006, 272 pg. Dissertation (Up graduate of Manager) – Program of the Up graduate
Manager, UNIVALI, Biguaçu, SC, 2006.
This study has as objective to know the meanings that regarding relation with work,
family and success, in the manager practicum. For this goal a theoric fundamention
was maden, over the related subtheams: the beginning and meaning about the
managing; balance, time and conflict between work and the manager's family; the
experience of the manager connected with the dimensions work, family and success.
This work was based in the interpretative “fenomenological” and the quality
approach, for helping in capturing, comprehending and the fenomenal studied:
meanings that relation with work, family and success for manager. The research
method used it was the phenomenology (VAN MANEN, 1990), the technique of used
collection was the interview in depth (SIERRA, 1998) and the analysis technique was
the “categorition” (MERRIAM, 1998; GODOI e BALSINI, 2004). Nine managers that
work at a multinational company of the electric department at Itajaí – Santa Catarina,
participated in the research. Due to the analysis of the interviews accomplished with
the managers, reviewed three topics: the manager’s practicum; family relations and
work relations; leaving the relation success, work and family. From this topics
subtheams appeared that were analyzed with interpretative form and fenomenologic:
organizational context; manager’s functions; what the family mean for them and the
influence in there work; the meaning of the work and the influence at the family;
conflicts relation in the work and the family (matter of time); attitudes to get the
balance in the work and the family relation; the meaning of success; the perception of
being a successful person; meanings of the success, work and family (finding the
balance). The analysis of the results made possible the irruption of different
articulations among the categories work, family and success. Besides, it is possible
to check that as originally family (father, mother and brothers) as the current (wife
and children) influence at the manager in your professional performance, through
values and behaviors. The influence of the work in the family is a form of generating
interference of conflicts in some moments, mainly when it is related with the time that
the person made and dedicated for the professional activity. To minimize conflict, the
managers finally take some attitudes for balance the work and family dimension and
this balance is synonym of success. The significates reviewed are part of the history
of the live of the managers researched, that could help them in a reflexion, as to
contribute in the knowledgment field of this topic.
Key-words: managers, family, work and success.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Quadro 1 Mitos e Verdades mais comuns sobre funções do gerente ..................... 17
Figura 1 Como o impulso competitivo e a aprendizagem para a vida toda contribuem
para o sucesso profissional ...................................................................................... 20
Figura 2 Incompatibilidade das pressões dos papéis trabalho-família .................... 28
Figura 3 Modelos de determinantes da família interferindo no trabalho (FIT) e do
trabalho interferindo na família (TIF) ........................................................................ 30
Figura 4 Interesses Organizacionais: cargo, carreira e vida fora da organização... 37
Figura 5: Processo cíclico da Análise da Pesquisa ................................................. 47
Quadro 2: Contexto organizacional, prática e funções gerenciais .......................... 57
Quadro 3: Relações familiares e relações de trabalho ............................................ 72
Quadro 4: Vivenciando a relação trabalho, família e sucesso ................................. 87
Quadro 5: Significados da família originária e atual ................................................ 93
Quadro 6: Significados do trabalho e dedicação ao trabalho gerando conflito ....... 94
Quadro 7: Atitudes dos gerentes e significados ...................................................... 95
Quadro 8: Funções gerenciais técnicas e comportamentais ................................... 96
Quadro 9: Significados de sucesso e percepção de pessoa de sucesso ................ 96
Figura 6: Sucesso como dimensão ou como equilíbrio entre trabalho e família ..... 97
Figura 7: Significados de trabalho, família e sucesso.............................................. 98
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................... 11
1.1 OBJETIVOS....................................................................................................... 14
1.1.1 Objetivo Geral.................................................................................................. 14
1.1.2 Objetivos Específicos ...................................................................................... 14
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................ 15
2.1 Funções, transformações e significados da prática gerencial ............................ 15
2.2 As dimensões família e trabalho na experiência gerencial: interferências e
conflito ...................................................................................................................... 23
2.3 A dimensão sucesso na experiência gerencial .................................................. 32
3 METODOLOGIA .................................................................................................. 42
3.1 Interpretativismo, fenomenologia e experiência vivida........................................ 42
3.2 O método fenomenológico e a abordagem qualitativa ....................................... 43
3.3 A entrevista em profundidade, a técnica de categorização e os sujeitos da
pesquisa.................................................................................................................... 44
4 RESULTADOS DA PESQUISA ............................................................................ 49
4.1 O contexto organizacional ................................................................................. 49
4.2 Caracterização e trajetória profissional dos gerentes pesquisados ................... 50
4.3 A prática e as funções gerenciais dos sujeitos pesquisados ............................. 55
4.4 Relações familiares e relações de trabalho ........................................................ 59
4.4.1 Significado de família e a influência no trabalho ............................................. 59
4.4.2 Significado de trabalho e a influência na família ............................................. 63
4.4.3 Conflitos na relação trabalho e família: a questão do tempo .......................... 65
4.4.4 Atitudes para buscar o equilíbrio na relação trabalho e família ....................... 68
4.5 Vivenciando a relação trabalho, família e sucesso............................................. 78
4.5.1 Significado de sucesso .................................................................................... 78
4.5.2 A percepção de ser uma pessoa de sucesso ................................................. 81
4.5.3 Significados acerca da relação trabalho, família e sucesso: a busca do
equilíbrio ................................................................................................................... 84
10
5 CONCLUSÕES ..................................................................................................... 92
REFERÊNCIAS....................................................................................................... 101
APÊNDICES ........................................................................................................... 111
I. INTRODUÇÃO
Os estudos sobre a gerência são amplamente desenvolvidos no contexto
organizacional (STEWART, 1984; MCCALL
et al.
, 1988; MINTZBERG, 1990;
BOTELHO, 1991; CALDAS, 1992; MARCHESE
et al.
, 2002; HILL, 1993; OECHSLI,
1993; ARYEE, 1994; SIEVERS, 1994; ESCRIVÃO, 1995; HATAKEYAMA, 1995;
MORGAN, 1995; BENFARI, 1996; TEODÓSIO, 1997; SILVA, 2000; BARTOLOMÉ e
EVANS, 1980; FRIEDMAN, CHRISTENSEN e DEGROOT, 2001; LEVINSON, 2001;
MEINICKE, 2003; QUICK
et al
, 2003, para mencionar alguns). Para Andion (2002),
desde o aparecimento das primeiras teorias administrativas (Taylor e Fayol), o
gerente é considerado objeto de estudos para diversos teóricos, em qualquer parte
do mundo, dominando o universo social e de acordo com Davel e Vergara (2001)
constituindo-se como os principais atores da administração.
Para Mintzberg (1990), os estudos clássicos demonstram que as funções
principais dos gerentes são controlar, organizar, planejar e coordenar, mas,
atualmente, isso parece não condizer com a realidade. As rápidas mudanças no
cenário das organizações estão chamando a atenção dos gerentes para um perfil
cada vez mais amplo (MEINICKE, 2003). A atividade de um gerente é dinâmica,
envolve diferentes situações de trabalho, busca de respostas e soluções para
diversos problemas e pessoas.
Um indivíduo ao exercer uma função de gerência passa por uma
transformação da sua identidade, ou melhor, de seus comportamentos. Hatakeyama
(1995) destaca que o papel de maior importância para um gerente é identificar quem
ele é e qual a sua posição. Com isso consegue discriminar as dificuldades do seu
setor e a maneira de resolvê-los. A busca da sobrevivência profissional acaba
sendo o foco dos esforços gerenciais, esquecendo-se muitas vezes do vínculo com
a sua família (TEODÓSIO
et al.
,1997), desconsiderando um dos aspectos mais
importantes do ser humano (FU e SHAFFER, 2001; SKITEMORE e AHMAD, 2003).
Há inúmeras pesquisas com gerentes sobre conflitos de trabalho e família
que consideram este conflito como um modelo bi-direcional, tanto o trabalho
interferindo na família, como a família interferindo no trabalho, causando conflitos
nas duas dimensões (FRONE
et al.
, 1992; FRONE
et al.
, 1997; NETEMEYER
et al.
,
12
1996; FU e SHAFFER, 2001; MARCHESE
et al.
, 2002; HAMMER
et al.
, 2003;
BOYAR, MAERTZ e PEARSON, 2005). Hill (1993) sugere que não é uma tarefa fácil
para os gerentes conhecerem suas necessidades e encontrar alternativas de como
equilibrar suas obrigações pessoais e profissionais ou ter uma vida bem–sucedida,
originando diversas pesquisas.
Ser uma pessoa bem-sucedida pode ter diferentes significados. Sucesso é
uma palavra utilizada desde a época da Grécia Antiga, que foi remodelada e
ressignificada no decorrer dos tempos, adquirindo força principalmente a partir da
década de 60. Por muitos anos, o sucesso esteve somente relacionado à dimensão
trabalho e a sua busca diretamente associada a seguir uma carreira - sinônimo de
segurança e estrutura - bem como, havia um comportamento obsessivo por parte de
uma determinada classe social para atingi-lo, mesmo que fosse a qualquer preço
(RAYNOR, 1969). Contudo, a partir da década de 80, os gerentes começaram a
questionar se tanto esforço valia realmente a pena, pois o mundo organizacional
estava ainda imerso em uma incerteza e insegurança. Já a partir da década de 90, o
significado do conceito de sucesso foi ampliado, visto também como sucesso
pessoal, dando margem a uma dimensão privada e, porque não, familiar.
Corroborando com essa idéia, Huggins (1997) resgata Levinson, e define sucesso
não somente como a busca de dinheiro ou tecnologia, mas a descoberta de um
equilíbrio entre trabalho, lazer, família e comunidade.
Apesar de o significado do sucesso ter sido ampliado, ainda se mantém em
empresas, ou em nível individual, um conceito adotado desde a década de 60, onde
o foco do indivíduo ou o seu tempo é voltado ao trabalho para que consiga atingir o
sucesso, esquecendo outras dimensões de sua vida, como por exemplo, a família.
Bartolomé e Evans (1980) assinalam que em casos de gerentes que não
conseguem administrar as dificuldades do seu trabalho, o sucesso profissional é
atingido através do sacrifício da vida pessoal. McCall
et al.
(1988) apontam também
que apesar de alguns executivos quererem manter a sua vida pessoal afastada da
profissional, o trabalho influenciava na vida familiar,que a vida familiar não podia
de maneira alguma interferir no seu trabalho, pois afetaria por conseqüência o
sucesso desses executivos e a sua liderança.
Morgan (1995), fazendo uma análise sobre poder, sucesso e liderança,
aponta que um indivíduo que vivencia um progresso ou sucesso, muitas vezes quer
13
ir além, atingir mais e mais, ou melhor, o poder atua como estimulador ou catalisador
para o indivíduo na busca insaciável do sucesso. Quick
et al.
(1987) descrevem que,
apesar do sucesso não ter um significado único para todos os executivos, constitui
um objetivo em comum, variando os critérios de sucesso conforme a profissão e a
cultura na qual o executivo ou gerente está inserido.
Observa-se que as dimensões trabalho, família e sucesso estão de diversas
formas relacionadas na literatura. Para melhor compreender a relação entre essas
três dimensões foi realizada uma pesquisa com gerentes de uma empresa
multinacional, norteada pela seguinte pergunta:
como os significados da relação
trabalho, família e sucesso foram construídos pelos gerentes?
Neste sentido,
pretendeu-se compreender os significados das três dimensões já mencionadas,
revelando como os gerentes vivenciam-nas.
Este estudo foi sustentado pelo paradigma interpretativo e fenomenológico
(BURREL e MORGAN, 1979) e utilizou-se uma abordagem qualitativa (MERRIAN,
1998), visando à captação, compreensão e análise do fenômeno estudado:
significados construídos pelos gerentes acerca da relação trabalho, família e
sucesso.
O método de pesquisa utilizado foi fenomenologia (VAN MANEN, 1990), a
técnica de coleta empregada foi a entrevista em profundidade (SIERRA, 1998) e
técnica de análise a categorização (MERRIAM, 1998; GODOI e BALSINI, 2004) que
contribuíram para atingir o objetivo pesquisado.
Decorrente da análise das entrevistas realizadas com os gerentes revelaram-
se três temas: a prática gerencial; relações familiares e relações de trabalho;
vivenciando a relação trabalho, família e sucesso. A partir dos temas emergiram sub-
temas que foram analisados de forma interpretativa e fenomenológica: contexto
organizacional; funções gerenciais; significado de família e a influência no trabalho;
significado de trabalho e a influência na família; conflitos na relação trabalho e
família (questão do tempo); atitudes para buscar o equilíbrio na relação trabalho e
família; significado de sucesso; a percepção de ser uma pessoa de sucesso;
significados acerca da relação trabalho, família e sucesso (a busca do equilíbrio).
Porém, primeiramente para atingir esses temas foi construído um quadro teórico
sobre: origem e significados sobre a gerência; a relação entre família e trabalho:
14
equilíbrio, tempo e conflito; a experiência do gerente interligada às dimensões
trabalho, família e sucesso.
Ainda que a maior parte das pesquisas que sustentam o quadro teórico deste
trabalho seja originária de periódicos internacionais, devido também à escassez de
publicação nacional, a compreensão dos significados produzidos pelos gerentes no
contexto brasileiro pretende ampliar a possibilidade de investigação do tema no
Brasil. O estudo permite também – em virtude do paradigma fenomenológico - aos
próprios gerentes participantes da pesquisa a leitura reflexiva sobre a sua prática.
1.1. Objetivos
1.1.1 Objetivo Geral
Compreender os significados da relação trabalho, família e sucesso
construídos pelos gerentes pesquisados.
1.1.2 Objetivos Específicos
Descrever as experiências vividas dos gerentes na relação trabalho,
família e sucesso.
Identificar os significados de trabalho, família e sucesso para os
gerentes.
Analisar as configurações vinculares entre trabalho, família e sucesso
entre os gerentes estudados.
II. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O quadro teórico deste estudo está embasado em autores que fundamentam
a gerência, considerando a sua origem e significado, bem como as relações de
influência entre trabalho, família e sucesso .primeiramente será descrito sobre as
funções, transformações e significados da prática gerencial, pois os gerentes
constituíram os entrevistados dessa pesquisa. Em um segundo momento, abordar-
se-á as dimensões família e trabalho na experiência do gerente. E no terceiro
momento, a dimensão sucesso. As três dimensões serão descritas nesse estudo,
pois estão relacionadas ao objetivo da pesquisa.
2.1 Funções, transformações e significados da prática gerencial
Estudos sobre a gerência constituem um dos assuntos mais encontrados na
área da administração, focalizados em temas como: papéis e funções gerenciais
(MINTZBERG, 1990; BOTELHO, 1991; CALDAS, 1992; HILL, 1993; SIEVERS,
1994; HATAKEYAMA, 1995; LEITE, 1997; TEODÓSIO, 1997; SILVA, 2000;
MEINICKE, 2003); significado de ser gerente (ESCRIVÃO, 1995; BENFARI, 1996),
estresse (QUICK
et al.
, 2003); poder gerencial (HILL, 1993; MORGAN, 1995;
TEODÓSIO, 1997); trabalho e vida pessoal dos gerentes (MACCALL
et al.
, 1988;
BARTOLOMÉ e EVANS, 1980; FRIEDMAN, CHRISTENSEN e DEGROOT, 2001;
LEVINSON, 2001; MARCHESE
et al.
, 2002); e sucesso gerencial (OECHSLI, 1993;
ARYEE, 1994). Para Andion (2002), tais estudos apresentam inúmeras definições
sobre a natureza e funções da gerência, características de personalidade e
comportamento, sua vivência e transformações na prática gerencial. Temas sobre as
funções do gerente nos estudos clássicos, o gerente como
super-homem
aproximando-se do gerente contemporâneo - e questões relacionadas à
subjetividade e à aprendizagem do gerente são abordadas no decorrer desta seção.
Para Bernardes (1993), a função gerencial sempre existiu no cenário das
organizações, porém, com atributos diferenciados em cada tempo. As características
gerenciais foram sendo modificadas paralelamente às mudanças da sociedade e
16
das organizações. De acordo com Silva (2005), no primeiro momento, as atividades
gerenciais estavam mais associadas a um esforço individual do que a um esforço de
um grupo. Contudo, quando houve uma necessidade de ajustar interesses do grupo
com interesses profissionais, a transformação dos objetivos da atividade gerencial
ocorreu, tornando-se mais complexa e demandando outras competências gerenciais.
Um funcionário de uma empresa pode ser denominado um especialista, um
profissional ou um produtor que, na maioria das vezes, exerce o seu trabalho de
forma individual (HILL, 1993). Já o gerente, em uma visão reducionista, tem como
funções ser responsável pela organização ou por uma sub-unidade, supervisionar e
orientar os outros (DAVEL e VERGARA, 2001). Portanto, o gerenciamento no
campo administrativo esteve sempre associado a exercer sobre os outros uma
influência, fornecendo uma orientação para atingir um resultado, isto é, o gerente é
aquele que faz com que os outros façam o trabalho (ANDION, 2002). Reddin (1986,
p. 34) define um gerente como sendo “[...] uma pessoa que ocupa um cargo numa
organização formal, sendo responsável pelo trabalho de uma outra pessoa pelo
menos, tendo autoridade formal sobre essa pessoa”.
Caldas (1992) percebe o gerente tendo uma função hierárquica superior em
organizações públicas ou em organizações privadas. Mas o termo gerente pode
estar associado à pessoa diretamente relacionada a funções administrativas de
planejar, controlar, direcionar, organizar e coordenar, ou melhor, funções
administrativas encontradas na teoria clássica (SILVA, 2000). Stewart (1984) afirma
que os gerentes estão sempre lidando com situações diversas no seu trabalho, sem
ao menos terem a oportunidade de planejar para posteriormente executá-las.
Mintzberg (1990) ressalta que apesar dos estudos clássicos da administração
demonstrarem que as funções principais dos gerentes são as de controlar,
organizar, planejar e coordenar, os fatos sugerem o contrário, por exemplo, como o
gerente pode ter essas funções como principais se ele lida com a incerteza,
variedade e descontinuidade? Devido a esse questionamento, o autor ainda
descreve mitos e verdades que envolvem a prática gerencial e assinala que as
funções do gerente não são racionais e previsíveis como os autores clássicos
afirmaram. O quadro a seguir, formulado por Silva (2005), ilustra os mitos e
realidades da prática gerencial baseado em Mintzberg (1990):
17
MITOS REALIDADE
1º Mito: O gerente é um
planejador sistemático e
reflexivo.
Um grande número de estudos prova que os gerentes
trabalham num ritmo inexorável e que suas atividades se
caracterizam pela brevidade, variedade e descontinuidade
e que eles estão firmemente orientados para a ação, não
apresentando inclinações para atividades de reflexão.
2º Mito: O verdadeiro gerente
não executa atividades de
rotina.
Além de se ocupar com exceções, o trabalho administrativo
envolve a execução de uma série de deveres rotineiros,
incluindo rituais e cerimônias, negociações e
processamento de pequenas informações que ligam a
organização ao seu meio ambiente.
3º Mito: os principais gerentes
necessitam de informações
agregadas, que podem ser
melhor obtidas através de um
sistema formal de
informações gerenciais.
Os gerentes preferem a mídia verbal, principalmente
telefonemas e reuniões.
4º Mito: a administração é, ou
pelo menos está se
transformando rapidamente,
em ciência e profissão.
Os programas dos gerentes – para organizar o tempo,
processar informações, tomar decisões e outras coisas
mais permanecem trancados em suas cabeças.
Quadro 1: Mitos envolvendo o trabalho do gerente
Fonte: Silva (2005, p.40) baseado em
Mintzberg (1990).
Sobre a função exercida pelo gerente sobre outras pessoas, Acktouf (1998)
verifica que muitas vezes o gerente usa de força, no entanto, antigamente
(primórdios da Revolução Industrial) utilizava-se tamm da força física e coerção,
pois representavam capatazes. Conforme Meinicke (2003), embora tenha ocorrido o
desenvolvimento das funções adotadas pelos gerentes, observam-se conceitos e
ações, como controle e persuasão ainda presentes nas suas condutas, o que a
autora denomina de lado racional. Contudo, em uma outra perspectiva, residem a
imprevisibilidade, as relações interpessoais, denominadas de dimensão ilógica ou
emocional, considerando a dimensão da subjetividade (DAVEL e VERGARA, 2001).
Sobre a legitimação do gerente no campo da administração, Sievers (1994)
descreve que a função de gerência ou liderança tem um significado de uma carga de
responsabilidade muito grande e, além disso, as pressões praticadas sobre o
gerente estão cada vez mais intensas. De acordo Mintzberg (1990), esse fato
acontece, devido às explicações que o gerente precisa dar aos seus subordinados e
18
ao mesmo tempo lidar com as influências externas, sendo que no passado
respondia somente aos proprietários e diretores da organização.
Os estudos posteriores à Revolução Industrial procuram expandir ou não
considerar somente as idéias tradicionais sobre gerência, atribuindo qualidades ao
gerente como se o mesmo fosse um verdadeiro
super-homem
(TEODÓSIO
et al.,
1997). Botelho (1991) ressalta que, há décadas atrás, foram atribuídas ao gerente
as funções de planejar, organizar e controlar mas, atualmente, essas funções são
consideradas como aliadas as de coordenar, comunicar, tomar decisões, motivar e
dirigir. Portanto, cada vez mais as suas funções estão sendo ampliadas
aproximando-se da imagem de um
super-homem
. Teodósio
et al.
(1997), resgatando
Leite (1997), complementam que o gerente é visto como conhecedor e com poder
para tudo em uma organização, exercendo controle e supervisão, contrariando o
cenário de complexidade vigente, que é um cenário de incertezas e flexibilidade
(MOTTA, 1999). Alguns gerentes, líderes, empresários ou trabalhadores adaptam-se
a esse mundo de incertezas, enquanto outros sentem-se impotentes frente a esta
situação. Para Leite (1997), aqueles gerentes que não conseguem acompanhar as
mudanças, são considerados inimigos da modernidade e da sobrevivência da
organização. Kliksberg (1993) percebe que o gerente pertencente a esse contexto
necessitaria realizar o denominado salto tecnológico, munir-se de diferentes
qualidades para promover a descentralização, participação e a aproximação com as
metodologias avançadas.
Para Simon (1979), o gerente é responsável por manter a estrutura da
empresa bem organizada e tomar decisões. Sobre a tomada de decisão, o autor
não percebe o gerente como o tomador de decisões excelentes ou ampliadoras e
sim, como o que adota decisões satisfatórias. Já Motta (1991) analisa - tendo como
influência pensamentos de SIMON (1979) - que atrás de um
super-homem gerencial
está um indivíduo estruturado na eficácia da supervisão e controle, no planejamento
sistemático e na racionalidade decisória, em contraposição a atual realidade,
baseada na crescente complexidade e transformação.
O aceleramento das transformações nas organizações contribui para uma
representação cada vez mais ampla dos gerentes (MEINICKE, 2003). A atividade de
um gerente envolve diversas experiências de trabalho, busca respostas e soluções
para diversos problemas e pessoas. O gerente lida com uma diversidade de
19
demandas precisando pensar, decidir e agir para atingir resultados. Evans (1996)
afirma que os gerentes podem ser responsáveis pelo seu trabalho, aliados a parte
operacional de suas funções, projetos, desenvolvimentos e pelas mudanças
externas e internas, horizontais e transversais. Já Mintzberg (1990, p.7), assinala
que os gerentes trabalham em um ritmo implacável e suas atividades são
caracterizadas pela brevidade, diversificação e descontinuidade, sendo norteados
para a ação, não apresentando interesses para as atividades de reflexão e
apresenta papéis que um gerente pode desempenhar:
Papel ligado à imagem do chefe: ações cujo resultado são importantes para
o funcionamento de uma organização, como comparecer a eventos sociais
dos seus subordinados;
Ações diretas e indiretas: treinamento da sua equipe, motivação, mediador
entre os objetivos da empresa e as necessidades individuais dos seus
funcionários;
Gerente como centro nervoso: não conhece tudo, mas sabe mais da sua
equipe do que qualquer outra pessoa da organização;
Gerente como empreendedor: em busca constante do desenvolvimento do
seu setor, ajustando-o às mudanças;
Gerente como navegador: dirigindo as negociações para tomada de
decisões e captar recursos.
Quando o gerente é percebido como uma das pessoas mais importantes
como agente de transformação de uma organização “[...] deve facilitar, alimentar e
alavancar o conhecimento das pessoas, maximizando a aprendizagem e
incentivando-as a se tornarem pensadores independentes, capazes de julgar a
qualidade de suas próprias idéias sem a presença de um chefe ou superior”
(DIÓRIO, 2002, p.2). Porém, para esse autor, o gerente vem se modificando no
decorrer da sua trajetória profissional, aprendendo novas habilidades e a colocá-las
em prática, mas tamm utilizando conhecimentos adquiridos na sua vida, como os
aprendidos com a sua família.
20
Além da aprendizagem adquirida através da sua família, para Kotter (1996), a
aprendizagem do gerente está relacionada a outros fatores também, como por
exemplo, capacidades inatas, experiências da infância e experiências do trabalho e
educação. Porém, essas diversas maneiras de aprender são diferentes para cada
indivíduo, influenciando diretamente no impulso competitivo, na auto-confiança e na
forma de desempenhar diferentes situações como ilustra a figura 1:
Figura 1: Como o impulso competitivo e a aprendizagem para a vida toda contribuem para o
sucesso profissional.
Fonte: Kotter (1996, p. 133).
De acordo com a figura 1, as diferenças nos padrões de desempenho, um
fraco impulso e falta de autoconfiança em situações competitivas podem interferir na
aprendizagem para a vida. E a história pessoal de cada gerente pode interferir
História pessoal (de vida)
Capacidades inatas
Experiências de infância
Experiências de trabalho e educação
Impulso competitivo
Quão elevados são os padrões
Quanto a pessoa quer se sair bem
Quanta confiança a pessoa tem em situações competitivas
Aprendizagem para a vida toda
Disposição para procurar novos desafios
Disposição para refletir honestamente sobre os sucessos e os fracassos
Habilidades e Capacidades
Conhecimentos
Habilidades Intelectuais
Habilidades Interpessoais
Capacidade Competitiva
Com que capacidade a pessoa sabe lidar com um ambiente econômico cada vez mais
competitivo e em rápida mudança.
21
diretamente nas habilidades e capacidades competitivas. Como demonstra a figura
também, as variáveis relacionadas à aprendizagem (disposição para procurar novos
desafios e disposição para refletir honestamente sobre os sucessos e fracassos),
interferem na vida pessoal e no trabalho dos gerentes.
Para Tamkin e Barber (1998), os gerentes aprendem a ser gerentes a partir
de diferentes experiências e oportunidades que estão relacionadas a experiências
mais formais ou menos formais, como experiências do próprio trabalho. Às vezes, as
oportunidades podem estar associadas a uma situação de sofrimento, mas que
auxiliam nas habilidades de liderança, como uma situação que cause estresse para
o gerente (RUDERMAN e OHLOTT, 2000).
Aprender e analisar freqüentemente a experiência vivida do gerente, com o
intuito de criar espaços para novos valores e práticas é o que propõe Meinicke
(2003). A autora assinala que os resultados podem ser previstos, analisados e
avaliados, mas só serão alcançados através de pessoas e numa interação humana
freqüente. Rouleau (2001) corrobora com a autora e assinala que a partir da década
de 90, as temáticas que tratam do indivíduo e suas experiências dentro do espaço
organizacional tornaram-se um ponto-chave no mundo acadêmico, pois oferece
diferentes oportunidades na prática da pessoas nas organizações.
Não há uma forma universal de gerenciar, de acordo com Davel e Vergara
(2001), pois as práticas administrativas são constituídas de valores e significados
específicos do grupo ou ambiente organizacional ao qual o gerente pertence. De
acordo com Rouleau (2001), o gerente precisa estar atento como vivem as suas
experiências, desenvolver o seu autoconhecimento, conhecer as suas emoções para
assim lidar de forma a enfrentar as dificuldades, tanto suas, do seu setor, bem como
da sua equipe.
Hill (1993), em decorrência dos resultados de sua pesquisa, demonstra que
novos gerentes percebem o significado de ser gerente a partir de experiências
anteriores com seus gerentes, bem como, vivenciando a situação de serem gerentes
- situação envolvendo desde resolução de conflitos até lidar com as demandas de
seus superiores -, constituindo a partir disso uma identidade gerencial. Entretanto,
essa identidade não é constituída de uma hora para outra e sim em um processo,
sendo que no primeiro momento, perceber-se gerente está relacionado quase que
exclusivamente à expressão de autoridade e à gestão de tarefas, descartando a
22
gestão de pessoas. Benfari (1996) destaca que o gerente não entende o seu
significado rapidamente e o que passa a constituir o estilo de gerência depende de
como ele apreende o mundo a sua volta, como obtém uma sensação de satisfação e
competência pessoal, como lida com os conflitos, como faz uso do poder e por final
como administra o estresse. Escrivão (1995) ressalta que o gerente embasa o seu
estilo tanto pela experiência profissional quanto pelo aprendizado de vida.
Com as alterações no cenário organizacional e novos comportamentos dos
gerentes, as relações de poder já consolidadas na organização também modificam-
se. Morgan (1995, p.182) aponta que as organizações possuem uma grande fonte
que é a habilidade de uma pessoa em influenciar outras para os seus objetivos ou
“[...] idealizar realidades que sejam mais interessantes para alguém perseguir”,
sendo o gerente o detentor do poder. Ao mesmo tempo, em que tem acontecido
uma considerável mudança dos níveis gerenciais, os gerentes continuam a ocupar
uma posição central na dinâmica organizacional (TEODÓSIO
et al.,
1997).
O motivo principal para os indivíduos que assumem uma função de gerência
está vinculado em assumir maior autoridade e responsabilidade e até mesmo ter
uma melhor remuneração, contribuindo para o sucesso da empresa e ao seu próprio
sucesso. Esses indivíduos “consideram a promoção para a gerência, com o
dinheiro, o prestígio e o
status
a ela ligados, como sendo símbolos desejáveis da
realização e de sucesso” (HILL, 1993, p.138). E para dar conta de toda a demanda,
a carga horária e a ansiedade aumentam, ansiedade inerente a esse período de
transição, ou seja, expectativas sobre se vão gostar e/ou se vão realizar de forma
adequada esse novo trabalho e, como conseqüência, os gerentes começam a
apresentar sintomas psicológicos e/ou físicos refletindo na sua vida pessoal. Hill
(1993) ressalta que os novos gerentes pouco falavam de suas vidas fora da
organização, parecendo que não possuíam outra vida além da empresa e quando
comentavam sobre a sua vida pessoal, vários relataram que tinham negligenciado
sua vida familiar, expressavam sentimento de culpa em não apoiar a família quando
ela mais precisava, bem como, de terem ignorado suas necessidades de lazer e
descanso. Devido à vida desequilibrada, sintomas psicológicos e físicos aparecem e
afetam o desempenho.
Ao exercer uma função de gerência, um indivíduo inicia uma transformação
da sua identidade, reestruturando crenças, pensamentos e comportamentos, para se
23
manter na nova função. Hatakeyama (1995) destaca que para o gerente, o papel de
maior importância é identificar quem ele é e qual a sua posição e com isso
discriminar as dificuldades do seu setor e a maneira de resolvê-los. Teodósio
et al.
(1997) analisam a dedicação no trabalho como sendo um dos objetivos do empenho
gerencial, deixando de lado a dimensão família, como será discutido na seção
seguinte.
2.2 As dimenes família e trabalho na experiência gerencial: interferências e
conflitos
O termo família vem do latim
famulus
que denota “um conjunto de servos e
dependentes de um chefe ou senhor” (PRADO, 1991, p.51). Prado (1991) afirma
que há diferentes tipos de família e, de acordo com o tipo de sociedade, de cultura e
época vivida, varia a composição da família, sendo que a família não é meramente
um fenômeno natural, e sim, uma instituição social modificando-se no decorrer da
história. Segalen (1999), acordando com Prado, ressalta que apesar da família ser
um fenômeno universal, acaba tendo diferentes configurações conforme a sociedade
vigente. Sullerot (1997) menciona que a família é um fenômeno de natureza, mas
também um fenômeno de cultura, pois vai se modificando segundo os costumes,
normas e valores de uma determinada sociedade.
Apesar dos conflitos existentes em uma família, Prado (1991) a considera sob
diferentes fatores, em seu papel determinante no desenvolvimento da afetividade,
sociabilidade e do bem-estar físico dos indivíduos. Segalen (1999) complementa que
na década de 70, embora a família fosse analisada em crise e também o seu
enfraquecimento, todos os teóricos percebiam a família como sendo um lugar que
oferece suporte afetivo aos seus membros. De acordo com Bruschini e Ridenti
(1994), a família é percebida como um lugar de refúgio, de afetividade, de relações
de sentimento entre os seus membros.
Além de a família ser considerado um lugar que oferece suporte, o trabalho
também muitas vezes é visto dessa forma. O trabalho vem sendo objeto de estudo
desde a Idade Antiga, quando Aristóteles já diferenciava dois elementos no trabalho:
o pensar e o produzir (ANTUNES, 2003). Etimologicamente, trabalhar, tem origem
24
do latim vulgar
tripaliare
– proveniente de
tripalium
, instrumento de tortura e castigo
para escravos -, portanto trabalho acaba possuindo um significado negativo -
situando-se a origem semântica do trabalho próxima da labuta penosa (ALBORNOZ,
1986). Braverman (1977) descreve o trabalho como uma atividade que modifica o
estado natural dos materiais da natureza para uma melhor utilidade, porém o valor
do trabalho humano está em ser planejado, proposital e consciente, diferentemente
de outros animais em que é instintivo.
Do ponto de vista religioso judaico-cristão, o trabalho é percebido como uma
pena a ser cumprida, pois o homem está condenado pelo pecado. Contudo, Lutero,
na Reforma Protestante, considerou o trabalho de outra forma, podendo ser também
a base e a chave para a vida, sendo uma forma de conseguir a sua salvação
(ALBORNOZ, 1986). Weber (1985) analisou a ética protestante ao espírito do
capitalismo, percebendo no trabalho um valor em si mesmo e as pessoas vivendo
em função de sua atividade para terem a sensação de missão cumprida. Já para o
materialismo histórico, o trabalho está relacionado ao processo de produção e
reprodução da vida, como constatado por Marx que analisava a sociedade humana
associada à produção e a história do homem construída através do trabalho
(OHLWEILER, 1985).
De acordo com Lima e Vieira (2005), a partir da alteração da configuração do
trabalho ao longo dos tempos, foi necessário estabelecer novos modelos de vida e
trabalho adequados e compreender a organização racional do trabalho e da
sociedade para aprimorar os sistemas de produção e de geração de lucro, que
embasou a construção da Teoria Geral da Administração. Um exemplo disso, no
século XX, é o cronômetro taylorista e a produção em série fordista (ANTUNES,
2002), visando a produtividade. Ainda, para Lima e Vieira (2005, p.3), as
transformações ocorridas “[...]demandam novos processos de gestão tanto da
produção quanto do homem – indivíduo e trabalhador - que, na maioria das vezes,
encontra-se desamparado, obrigado a administrar
per se
sua formação, carreira e
vida pessoal e a manter sua empregabilidade [...]”. Como conseqüência, a dimensão
familiar sofre alterações e uma delas é a saída da mulher para o trabalho na busca
da sua igualdade com os homens e não tendo “[...] a certeza se são causa ou
conseqüência da situação profissional, os sujeitos transferem para dentro de casa
25
toda a incerteza, turbulência e crises de identidade e de valores presentes na
sociedade” (LIMA e VIEIRA, 2005, p.4) .
Para Grosseman (2001, p.18), o trabalho é considerado fonte de prazer e
realização quando está relacionado aos desejos do indivíduo e às vezes acaba
sendo utilizado com uma maneira de compensar as suas carências em outras
dimensões. Entretanto, quando o trabalho não está de acordo com os desejos, “[...]
torna-se uma fonte de sofrimento e tristeza e o ser humano tenta criar mecanismos
para amenizar conseqüências”.
Estudos (FU e SHAFFER, 2001; SKITEMORE e AHMAD,2003) ressaltam que
família e trabalho são as duas dimensões mais importantes da vida e, quando estão
em conflitos, há conseqüências adversas para o indivíduo e as organizações. O
trabalho também serve como forma de subsistência, como afirma Albornoz (1986) e,
além disso, como uma maneira de se inserir em um grupo social, formando uma
identidade que vai sendo construída através da trocas sociais no seu próprio
ambiente de trabalho (GARAY, 1997). Desse modo, trabalho é uma forma
fundamental de as pessoas viverem (KOFODIMOS, 1995), oferece afeto, alegria,
considerado como o “espaço de sucesso”, exercendo um papel fundamental na vida
de uma pessoa, pois é responsável pela sobrevivência, tornando-se mais fácil à
pessoa mudar comportamentos frente à família do que no próprio trabalho
(TONELLI, 2001, p. 255). Trabalho está associado a relacionamento, a sentimentos,
evitação do tédio ao objetivo de vida. Há três características que contribuem para
dar sentido ao trabalho, de acordo com o modelo de Hackman e Oldham (1976):
variedade das tarefas (variedade de tarefas exige uma variedade de competências);
identidade do trabalho (se identificar com o que está fazendo); significado do
trabalho (impacto positivo do trabalho nas pessoas).
Devido ao fato de as relações de família e trabalho acontecerem de diferentes
formas, acabam por demandar pesquisas referentes a como as pessoas vivem e
trabalham. No final do século XX, houve diversos estudos sobre família e trabalho,
alguns deles buscavam demonstrar estratégias que as pessoas utilizam para lidarem
com questões sobre trabalho e família (PARCEL, 1999).
Evans (1996) demonstra que o papel do trabalho na sociedade sofreu uma
rápida mudança, principalmente no que diz respeito à redução de funcionários em
uma organização e, como conseqüência, as pessoas que permaneceram precisaram
26
trabalhar mais, desenvolver mais funções, como também procurar o
aperfeiçoamento duas vezes mais. O autor complementa que essas mudanças,
sobretudo, a partir da década de 90, trouxeram consigo uma era de tensões,
envolvendo tanto a vida profissional quanto a vida privada. Freitas (1998),
concordando com Evans (1996), assinala que o mundo do trabalho tem sofrido
diferentes alterações como a desvalorização de algumas profissões e a perda
eminente da estabilidade profissional e estas alterações afetaram diretamente o
mundo familiar: índices de separação, a diminuição dos membros em uma família e
a entrada da mulher no trabalho.
Diferentes organizações têm observado que o indivíduo dedicado somente ao
seu trabalho tem trazido resultados negativos para o ambiente de trabalho e para o
próprio indivíduo, como a baixa satisfação e performance em suas atividades,
aumento dos níveis de estresse e altos custos com cuidado de saúde para a
empresa (CARLSON
et al.
, 1995). Com isso, essas organizações estão ampliando
programas para seus funcionários, principalmente gerentes e supervisores, para que
os mesmos encontrem estratégias de compartilhar momentos com a família e
momentos com o trabalho de uma forma saudável, pois quando conseguem lidar
com os conflitos que surgem entre as duas dimensões - trabalho e família -,
geralmente apresentam uma melhora em diversos aspectos, como por exemplo, na
satisfação do seu trabalho (WATKINS, 1995).
Sobre a satisfação do trabalho, Schneer e Reitman (1993) percebem o
modelo tradicional do gerente próspero na organização, como uma pessoa que está
disposta e capacitada a identificar às demandas de uma carreira administrativa,
incluindo viagem, recolocação e horas de trabalho extensas. Para os autores, este
gerente é um homem que a esposa não trabalha e que apóia a sua carreira, estando
atenta às necessidades pessoais dele, enquanto permite ao marido focalizar as
energias no seu trabalho. Os autores complementam que seria esperado que um
homem com tal estrutura familiar seja satisfeito com a sua carreira profissional e que
possuísse um equilíbrio entre vida pessoal e familiar. Saginak e Saginak (2005),
analisam de outro ângulo: a satisfação matrimonial. Esses autores acreditam que a
satisfação matrimonial está significativamente relacionada quando os cônjuges
conseguem um equilíbrio entre as suas demandas sobre trabalho e família.
27
Em relação a funções de liderança, como o cargo de gerência, estudos como
de Friedman, Christensen e Degroot (2001) demonstram que muitos gerentes
possuem famílias e um trabalho que requer muita dedicação e horas trabalhadas,
ocasionando um desequilíbrio entre duas áreas da sua vida: a familiar e a
profissional. Isso tudo pode acarretar uma ineficiência no seu trabalho. Bartolomé
(1983), através de seu estudo sobre gerentes, levanta o questionamento de que
muitas vezes não é somente a dedicação ao trabalho que acarreta um desequilíbrio
e sim outros fatores, como o medo de enfrentar os conflitos na vida familiar, ou seja,
executivos não conseguindo lidar com seus problemas familiares, acabam se
dedicando mais ao seu trabalho, sendo que teriam o mesmo tempo para o trabalho
comparado ao tempo de convívio em família.
Sobre o tempo dedicado ao trabalho, Hochschild (1996) analisa que a
mudança cultural das últimas décadas, em que a ênfase está na recompensa pelas
horas trabalhadas, gerou uma diminuição relativa da convivência do gerente com a
sua família. a pesquisa realizada por Kiecolt (2003), demonstra que gerentes
mulheres têm encontrado mais satisfação em estar trabalhando do que cuidando da
casa, considerando o trabalho como o seu porto seguro, porém isso não contribuiu
para qualquer aumento em horas de trabalho. Stolzenberg (2001), discordando de
Kiecolt (2003), afirma que as mulheres acabam se dedicando a longas horas de
trabalho e, como conseqüência, afetam a saúde de seus maridos negativamente. O
autor complementa que isso pode estar acontecendo, provavelmente, porque as
esposas têm menos tempo para cuidar da saúde da sua família. Além disso, horas
de trabalho longas também podem diminuir a socialização informal da família com a
sua comunidade, acarretando mais prejuízos aos membros dessa família
(HOCHSCHILD, 1996).
Pittman (1994) procura investigar a relação entre horas de trabalho e
qualidade matrimonial, e não foi constatada na amostra selecionada, a relação de
horas de trabalho com a tensão matrimonial, sendo que os maridos percebiam as
suas horas de trabalho contribuindo ao ajuste com suas famílias. Para Teodósio,
Gaspar e Rodrigues (1998) e Silva (2005), as horas de trabalho ou a intensificação
do trabalho ocasionam conflitos entre trabalho e família para gerentes.
Os indivíduos que vivenciam o conflito de trabalho e família podem ter risco
de saúde, desempenho inadequado no seu papel familiar (como pai ou como
28
cônjuge), insatisfação e problemas conjugais (FU e SHAFFER, 2001). Além disso,
para Schultz e Henderson (1985), a falta de habilidade para lidar com as demandas
dessas duas dimensões pode se manifestar na forma de absentismo, compromisso
organizacional reduzido e baixa produtividade.
O conflito entre o trabalho e família pode estar relacionado a diferentes
fatores e esse conflito pode se intensificar quando os papéis do trabalho e da família
são importantes para o auto-conceito da pessoa e quando também existe forte
pressão negativa para a não aceitação com as exigências dos papéis, como ilustra o
modelo a seguir (GREENHAUS; BEUTELL, 1985).
Figura 2: Incompatibilidade das pressões dos papéis Trabalho-Família.
Fonte: Greenhaus e Beutel (1985, p. 78).
Para Greenhaus e Beutell (1985) há três maiores formas de conflito: conflito
baseado no tempo, conflito baseado na tensão e conflito baseado no
comportamento como descritos a seguir:
- conflito baseado no tempo: quando existe um tempo excessivo dedicado
ao trabalho causando conflito em outras dimensões;
- conflito baseado na tensão: surge quando estressores no trabalho podem
acarretar sintomas de tensão, ansiedade, fadiga, depressão, apatia e irritabilidade.
Portanto, a tensão em um papel afeta o desempenho em outros papéis, sendo esses
papéis incompatíveis, no sentido que a tensão originada por um papel interfere na
demanda do outro;
DOMÍNIO DO TRABALHO
DOMÍNIO DA FAMÍLIA
29
- conflito baseado no comportamento: aparece quando padrões específicos
de comportamentos podem ser incompatíveis a comportamentos em um outro papel.
O conflito trabalho e família têm sido conceituado como uma dupla dimensão
para diferentes autores (por exemplo FRONE
et al.
, 1992; FRONE
et al.
, 1997;
HAMMER
et al.
, 2003; NETEMEYER
et al.
, 1996), sendo que uma dimensão afeta a
outra, às vezes direta ou indiretamente. Fu e Shaffer (2001) analisam a influência
mútua da família e do trabalho e destacam que existem fatores relacionados ao
conflito da interferência da família no trabalho (FIT) e do trabalho interferindo na
família (TIF). O FIT é explicado no modelo A que descreve as seguintes variáveis
causadoras de conflito da família no trabalho: estado civil, cônjuge trabalhando,
demandas de parentes, horas despendidas ou trabalho em casa e gênero. Já o
modelo TIF é ilustrado no modelo B, aonde são descritas as variáveis de conflito:
autonomia do papel, ambigüidade do papel, conflito do papel, sobrecarga do papel,
horas-extras e gênero. Os modelos são ilustrados na figura 3:
30
Figura 3: Modelos de determinantes da família interferindo no trabalho (FIT) e do trabalho
interferindo na família (TIF)
Fonte: Fu e Sheffer (2001, p. 504).
Assim como a vida pessoal pode interferir no trabalho, Bartolomé e Evans
(1980) apontam o trabalho interferindo na vida pessoal. Demonstram ainda, que
para haver uma vida pessoal saudável é necessário que o indivíduo consiga
administrar as dificuldades do trabalho, mas não é o que acontece geralmente com
muitos gerentes. Tremblay (2004) assinala que a família e o trabalho são uma
realidade em duplo sentido: se o trabalho influencia a vida familiar, o inverso tamm
acontece, o desequilíbrio da vida familiar pode causar conseqüências sobre o
rendimento do trabalho. Portanto, se o gerente consegue ter uma vida profissional
Cônjuge Trabalha
fora
Demandas de
Parentes
Interferência da Família com
conflito no trabalho:
Ambigüidade do
papel
Conflito de papéis Interferência do Trabalho
com conflito na família:
31
saudável como conseqüência terá uma vida pessoal saudável e vice-versa. Quick
et
al.
(2003), ratificando esta posição, colocam que a obsessão e a preocupação com o
trabalho trazem prejuízos à vida pessoal, familiar, bem como ao trabalho,
desempenho baixo e até perda do emprego.
Em relação à influência recíproca entre trabalho e família, McCall
et al.
(1988)
assinalam que alguns executivos procuram manter a sua vida pessoal afastada da
profissional, mas às vezes somente o trabalho influencia a vida familiar. A família
não podendo influenciar o trabalho sugere resquícios de um pensamento parsoniano
de que na era da industrialização os laços de parentescos precisavam estar
afastados e o marido, “o escolhido” a ser o único membro economicamente ativo,
precisaria se afastar do seu núcleo familiar para desempenhar o seu trabalho
(SEGALEN, 1999).
De acordo com Pittman (1994), a satisfação com a jornada de trabalho e com
o próprio trabalho pode apontar um ajuste entre trabalho e família, porém quando
esse ajuste não acontece, pode resultar em desordem entre as relações trabalho e
família, devido a efeitos psicológicos e comportamentais negativos.
Ao mesmo tempo em que alguns gerentes passam uma imagem para a
empresa da sua vida profissional desvinculada da sua vida pessoal, Bartolomé e
Evans (1980) afirmam que quando há uma situação na empresa que interfere na
vida privada do gerente, como uma transferência para outro país, os mesmos
esperam que a organização compreenda as suas preocupações sobre isto. Ainda
sobre a transferência, Evans (1996) demonstra que muitas empresas apresentam
altas taxas de insucesso quando seus gerentes são transferidos para o exterior,
sendo que o principal motivo está relacionado à não-adaptação de suas famílias. Hill
(1993) sugere que muitas vezes os gerentes não reconhecem suas necessidades e
isso se torna difícil para que os mesmos equilibrem suas obrigações pessoais e
profissionais ou tenham uma vida bem - sucedida conforme denominação de Ferry
(2004).
32
2.3 A dimensão sucesso na experiência gerencial
O sucesso é uma palavra que já vem sendo abordada desde o tempo da
Grécia Antiga, onde era sinônimo de fortuna. Na modernidade, o sucesso foi
revestido de novos significados, principalmente com a ascensão do capitalismo
industrial. Weber (1985) coloca que, nesse período, as pessoas que não
acreditavam no sucesso, desapareceram ou na melhor das suposições
permaneceram onde estavam. No sistema da época, era necessária uma dedicação
ao apelo do enriquecimento, uma crença de que as pessoas podiam ser felizes e
realizadas e não fracassadas, uma visão econômica de sucesso imposta pela
sociologia, mais de duzentos anos que agora chega ao fim, devido a variados
padrões de emprego surgidos (PAHL, 1999).
Por muitos anos, acreditou-se que “seguir uma carreira” fosse o caminho para
o sucesso, os denominados caminhos sem riscos, estruturados e cada degrau
subido, assumia-se graus mais altos de responsabilidade, de
status
ou de
remuneração (EVANS, 1996). Mas sem escadas definidas se tornava mais difícil
alcançar o objetivo tão determinado e a aceitação social (PAHL, 1997), e sem a
concordância social, a idéia de sucesso é afetada. Da mesma forma que o sucesso
acaba tendo uma representação para cada indivíduo, o trabalho também, sendo este
glorificado desde muito tempo (BORGES e TAMAYO, 2000).
Quando se desenvolve uma carreira, a relação que o indivíduo constitui com o
seu trabalho se revela, pois a carreira profissional está diretamente ligada a duas
dimensões: a objetiva - os cargos que o indivíduo ocupa na sua trajetória
profissional; e a subjetiva - como a pessoa percebe a sua trajetória pertinente ou não
ao seu projeto de vida (LACOMBE, 2002). A carreira pode abranger experiências
vivenciadas no trabalho, pressões exercidas sobre o profissional, mas também as
dimensões dos indivíduos e da organização (DUTRA, 1996). Projetar uma carreira, é
um processo que envolve indivíduo, organização e interesses dos dois
(TACHIZAWA
et al.,
2001).
Nos Estados Unidos, o caminho do sucesso estava baseado na família da
década de 50, onde a mãe ficava em casa para criar seus filhos, enquanto o pai era
o responsável pelo sustento da família e planejava a sua carreira. Esta divisão clara
33
de trabalho fornecia ao pai dedicação de todas as suas energias para a carreira e a
sua esposa toda energia era voltada para a família (SCHNEER e REITMAN, 2002).
Recolocação, muitas horas de trabalho e viagem freqüente eram assim possíveis,
tornando-se uma condição prévia para o desenvolvimento da sua carreira (NIEVA,
1985). Porém, o modelo de carreira administrativo da década de 50 é uma raridade
atualmente tanto nos Estados Unidos como na realidade brasileira, devido à
inserção das mulheres no mercado de trabalho.
Durante a década de 60, a busca do sucesso passou a ser uma obstinação
ou até mesmo um comportamento obsessivo da classe média, como descreve
Raynor (1969). Corroborando com Raynor, Goldsmith (2003) apresenta que pessoas
bem-sucedidas possuem quatro crenças norteadoras voltadas somente para sua
vida profissional: a escolha para ter sucesso; elas podem ter sucesso; elas terão
sucesso; e elas estão tendo sucesso.
A partir da década de 80, os gerentes começaram a ter um olhar diferenciado
da sua qualidade de vida, privilegiando menos o seu trabalho. Iniciou o
questionamento se tanto esforço ou dedicação por parte do indivíduo, em uma
organização, vale a pena em relação a sua saúde. Essa foi uma mudança social
marcante no mundo, ou melhor, uma mudança de uma ética de trabalho pautada em
obrigação para uma fundamentada em hedonismo, isto é, antes o trabalho era
pautado na obrigação de prover a família, dever para com a empresa e para com o
empregador mudando para uma nova ética fundamentada no divertimento e na
eficiência (EVANS, 1996).
Na década de 90, a incerteza e a insegurança permearam o mundo
organizacional. Palavras como enxugar, diminuir e demitir imperaram nesse
momento, contrapondo-se às carreiras estáveis e a idéia da vida pessoal não estar
em primeiro plano. A partir dessas mudanças, Pahl (1997, p.71) demonstra que
surge então um novo conceito de sucesso, o sucesso pessoal em “que critérios
alheios ao trabalho desempenham importante papel nas concepções pessoais de
sucesso” e não somente uma busca de realização profissional, mas também uma
busca de realização pessoal.
Atualmente o significado de sucesso somente como busca de realização
profissional não é inexistente, contudo não se mantém com toda força como há
décadas atrás, trazendo também uma aceitação do fracasso. Discordando dessa
34
idéia de aceitação do fracasso, Ferry (2004) compreende que a busca pelo sucesso
é muitas vezes a meta principal, mas que não é dita pelas pessoas. “Chega-se ao
ponto de o imperativo de êxito assumir a feição de um novo modo de culpabilização
dos indivíduos: os ‘fracassados’ permanecerão anônimos” (FERRY, 2004, p.14).
Bendassolli (2003, p.66) corrobora com Ferry e menciona que na cultura norte-
americana há um intenso desejo de ganhar e vencer aliado ao valor do sucesso
individual, que o autor reflete como “um pensamento instrumental e prático”, ou
melhor, “a obsessão pela quantidade e um positivismo científico”.
O que é uma vida bem-sucedida é a reflexão de Ferry (2004), demonstrando
que uma vida bem-sucedida é a preocupação do homem moderno. O mundo
contemporâneo voltado para a valorização do dinheiro e poder acaba por estar em
busca do sucesso como um ideal absoluto. Porém, o autor ressalta que uma vida
bem-sucedida está relacionada a ser bem-sucedido socialmente, inerente aos
valores construídos por nossa sociedade, mas que difere de pessoa para pessoa,
valores como querer ser amado, bonito, inteligente ou ganhar muito dinheiro e ter
status
. Para Pahl (1997), sucesso não pode ser considerado sinônimo de fama, pois
esta propicia gratificação e o sucesso vai além disso.
Há diversos conceitos sobre sucesso: o sucesso com significado diferente de
acordo com o período vivenciado e quanto mais complexa a sociedade, maior o
número de modelos de sucesso (PAHL, 1997); cada indivíduo possui um significado
de sucesso (BORGES E TAMAYO, 2000); o início do equilíbrio entre trabalho e
família (HUGGINS, 1997); um domínio de referência desejado, um ideal absoluto
(FERRY, 2004). Para Quick
et al.
(1987), sucesso não tem uma definição universal,
apesar de ser um objetivo perseguido por grande parte dos gerentes.
Para Rego e Carvalho (2002), pessoas de sucesso podem ser definidas de
acordo com as seguintes características: aspirar metas mais realistas; responder
positivamente à competição; tomar iniciativa; preferir tarefas de cujos resultados
possam ser pessoalmente responsáveis; assumir riscos moderados; a procura de
feedback
para melhorar seus desempenhos. Além dessas características, pessoas
que são dotadas de competência emocional acima da média possuem maior
probabilidade de serem bem-sucedidas (BENDASSOLLI, 2003).
Raramente o sucesso pode ser atingido sem esforço, porém também não
precisa ser sinônimo de opressão e gerador de muita ansiedade (PAHL, 1997). O
35
trabalho também não precisa se tornar um comportamento compulsivo, pois isso
também não significa que conseguir-se-á o sucesso e sim, que o indivíduo encontre
além do trabalho coisas que lhe dêem satisfação, que haja um equilíbrio entre
sucesso profissional ou dedicação e vida pessoal.
Summers e Nowicki (2002) afirmam que, freqüentemente, para atingir o
sucesso é necessário esforço substancial e comprometimento com o tempo. E que a
busca do equilíbrio entre a vida pessoal e trabalho muitas vezes encontra barreira e
nem sempre é conseguido.
Zaleznik (1991) demonstra que existem homens que são arruinados pelo
sucesso e acabam desenvolvendo comportamentos inadequados. O sucesso acaba
reforçando o sucesso, as energias do indivíduo passam a estar somente orientadas
para o sucesso e seu trabalho tendo como conseqüência menos orientação ou
energia para a vida pessoal, como também para a família (MCCALL
et al.
, 1988).
Kofodimos (1995) argumenta que muitos profissionais, gerentes e executivos que
tem buscado o sucesso e recompensas em suas carreiras, desfrutam de uma forma
melhor o seu trabalho, mas não faz referência da dimensão família. Já Oechsli
(1993) percebe a necessidade de que o sucesso se torne um hábito para gerentes,
pois assim conseguirão ter motivação.
Algumas pessoas que trabalham em demasia, de acordo com Bartolomé
(1983), podem ser os denominados
workaholics
(viciados em trabalho) ou são os
“prisioneiros do sucesso”. Porém, de acordo com Evans (1996), há uma diferença
entre eles, sendo que o
workaholic
procura fugir da sua vida pessoal se dedicando
ao trabalho e os prisioneiros se “apaixonaram” pelo trabalho. Portanto, os gerentes
prisioneiros do sucesso não fogem da sua vida pessoal e sim, a negligenciam, pois
preferem o trabalho a sua vida pessoal.
Para Serva e Ferreira (2004), o indivíduo
workaholic
pode ter surgido para
corresponder a uma realidade fortemente competitiva de um mercado turbulento.
Com isso as empresas começaram a exigir dos seus gerentes mais horas de
dedicação e envolvimento com os seus trabalhos, estando absorvidos pela empresa
de forma integral. Os autores afirmam que parece ser a norma para as empresas
sobreviverem e o exclusivo caminho para alcançar o sucesso na carreira gerencial,
os gerentes terem uma vida exclusivamente voltada para o trabalho, deixando de
lado a sua família. Mieher (1993) menciona que homens que ignoram a vida em
36
família percebendo o sucesso através de setenta horas de trabalho por semana,
são compulsivos e não conseguem se relacionar intimamente. Como conseqüência,
esses homens acabam não casando e muito menos constituindo uma família ou
quando casam, há uma grande probabilidade para o divórcio.
O sucesso pode estar muitas vezes relacionado ou influenciado por diversos
fatores, dentre eles a relação familiar e/ou a relação de trabalho, bem como um ser
afetado pelo outro. Bartolomé e Evans (1980) assinalam casos em que os gerentes
possuem dificuldades em gerenciar as demandas do seu trabalho, o sucesso
profissional é conseguido com sacrifício da vida pessoal. Bartolomé (1983) afirma
que isto é decorrente da inadequação do gerente, ou melhor, da falta de habilidade
de gerenciar essas áreas da sua vida.
A busca do sucesso muitas vezes traz consigo um sentimento de ansiedade,
frustração e insegurança, pois o fracasso profissional está relacionado somente ao
próprio indivíduo. Com isso, acaba afetando o indivíduo como um todo, como
menciona Pahl (1997), acarretando o aumento de taxas de divórcio e suicídio, bem
como, o indivíduo se acostuma a ficar menos tempo com suas famílias (COOPER
apud PAHL, 1997). Pahl (1997) cita um estudo mostrando que a maioria dos
entrevistados gostaria de ter um equilíbrio em sua vida profissional e familiar,
contudo não se observava uma ação dos entrevistados para que isso acontecesse.
Muitos gerentes se dedicam ao seu trabalho deixando de lado outras
dimensões importantes da vida. A maior parte do tempo é focada para o trabalho e a
busca do sucesso acaba criando decepções (TONELLI, 2001), pois os gerentes não
conseguem lidar de forma adequada com as perdas da carreira pessoal, do poder e
de seus interesses (ZALEZNIK, 1991).
Morgan (1995) aborda a questão do interesse como sendo um conjunto de
predisposições de valores, desejos e objetivos que acabam direcionando a pessoa
na sua ação, concebendo interesse em três aspectos: tarefa, carreira e vida pessoal.
A tarefa está relacionada ao trabalho que deve desempenhar; carreira como
aspirações e desejos do indivíduo no seu mundo de trabalho; e vida pessoal
pertinente a atitudes próprias, personalidade e crenças. O autor ainda menciona que
as três dimensões podem interagir, mas também podem estar separadas,
dependendo da forma como o indivíduo consegue lidar com elas, portanto, um
37
gerente que equilibra vida pessoal, tarefa e carreira, obm um bom desempenho em
todas as áreas da sua vida.
Figura 4: interesses organizacionais: cargo, carreira e exterior da organização
Fonte: Morgan (1995, p. 154).
Para Aryee
et al.
(1994), inerente ao conceito de carreira está a idéia de
progresso ou avanço que embasaram critérios para definir sucesso profissional,
como por exemplo, título de cargo, salário, e promoção. Recentemente, de acordo
com os mesmos autores, tem-se estudado o sucesso profissional ou sucesso na
carreira através de definição subjetiva (GATTIKER e LARWOOD, 1986, 1988;
KORMAN, WITTIG-BERMAN e LANG, 1981; SCHEIN, 1978; POOLE, LANGAN-
RAPOSA e OMODEI, 1993), ou melhor, gerentes que possuem título e salário, mas
não são satisfeitos ou orgulhosos das suas realizações- seus sentimentos em
relação a sua profissão. Korman
et al.
(1981) esclarecem que essa não satisfação
dos gerentes era decorrente à própria perspectiva subjetiva de sucesso: os
gerentes tinham medo do sucesso, em não conseguirem alcançá-lo.
No seu estudo em Singapura, Aryee
et al.
(1994) analisam quatro diferentes
proposições associadas aos antecedentes subjetivos de uma carreira de sucesso
entre amostras de 200 gerentes (174 homens e 26 mulheres) que seguem abaixo:
capital humano está relacionado à obtenção de educação, competência e
trabalho que estão associados a sucesso de carreira;
papel profissional em destaque e valor do indivíduo na organização podem
ser medidas de carreira de sucesso;
38
integração de trabalho e família quando há uma relação recompensadora
entre trabalho e esposos ou outros papéis parentais, há um efeito positivo no
sucesso da carreira, mas quando só o marido trabalha pode ter um efeito negativo
no sucesso ou da carreira ou ambos;
expectativa de controle, expectativa de responsabilidade, trabalho interno,
desempenho recompensado e discrição no trabalho serão positivamente
relacionados a sucesso de carreira subjetivo.
Percebe-se que o sucesso profissional está também associado à vida familiar,
sendo um antecedente subjetivo de carreira de sucesso (ARYEE
et al.
, 1994).
Parasuraman
et al.
(1989) assinalam uma negativa relação entre conflito de
trabalho-família e a satisfação no cargo ou desempenho na carreira. Há uma
expectativa de integração de trabalho e vida familiar como tendo uma conseqüência
benéfica no desempenho de carreira da pessoa. Schein (1978) demonstra que uma
vida familiar de sucesso contribui para uma carreira de sucesso e satisfação
pessoal.
De acordo com Kotter (1996), a maioria das pessoas se considera bem
sucedidas quando possui um emprego satisfatório - tanto economicamente quanto
psicologicamente - e que haja uma vida pessoal e familiar saudável. Mas muitos
gerentes relacionam o sucesso ao trabalho e isso significa que acabam por vivenciar
de forma mais intensa essa dimensão.
Para gerentes bem-sucedidos, trabalho não será à base da sua identidade
como afirmam Quick
et al.
(1987) e sim, outros aspectos como a família. Gerentes
bem sucedidos, conforme esses autores, não precisam de outras pessoas, objetos
ou atividades para darem a eles o senso de identidade. Em vez disso, uma
identidade emerge de dentro que é associada a influências do ambiente, como a
interferência da família.
Levinson (2001) menciona que, para alguns gerentes, o tempo dedicado às
suas famílias é muito importante, bem como se sentem culpados por privarem esse
tempo em prol de seu trabalho e ao mesmo tempo frustrados por não conseguirem
lidar com esta situação. Bartolomé (1983) também faz referência a essa culpa
sentida pelos gerentes e complementa afirmando que em alguns casos a dedicação
ao trabalho de uma forma desequilibrada, acarreta uma vida familiar insatisfatória.
39
Kimmel (2001) reflete sobre um outro panorama, relacionando à empresa,
sucesso e vida pessoal, como é o caso da dedicação ao trabalho sendo a única
maneira para atingir o sucesso profissional e assim o indivíduo busca esconder a
sua participação em casa, como se não tivesse família, senão a sua reputação
poderia ser manchada, como mencionam McCall
et al.
(1988). Para Tonelli (2001,
p.252) o mundo atual do trabalho exige uma intensa dedicação, pois o significado de
sucesso não é mais estável, não conseguir “a fama e a notabilidade no trabalho é
vivida (da mesma forma que a não-realização amorosa) como sinal de fracasso e
inabilidade pessoal”.
A recessão econômica e a inserção das mulheres no mercado de trabalho
contribuíram para que um novo homem surgisse: um homem que procura conciliar
um pai participativo com um executivo de prestígio-sucesso, trabalho e família
(MCCALL
et al.
, 1988). Porém, esse novo homem terá que abdicar de crenças
perpetuadas por diferentes gerações, aonde se acreditava que para alcançar o
sucesso profissional era necessário dedicar-se somente ao seu trabalho. Pahl (1997)
também faz referência ao novo comportamento, ou melhor, que atualmente a
obsessão tecnológica, o enriquecimento, a ânsia por
status
já trazem muitas dúvidas
sobre se é somente isto que o indivíduo necessita para ter sucesso. Cada vez mais,
aumenta a preocupação com a qualidade de vida fundamentada em família e
relacionamentos. Ainda, complementa, que enquanto as mulheres engendram no
mundo da competição organizacional, os homens estão tentando engendrar no
mundo do lar, estando ambos os gêneros procurando um equilíbrio. Corroborando
com essa idéia, Huggins (1997) resgatando Levinson, define sucesso como a busca
de descobrir um equilíbrio entre trabalho, lazer, família e comunidade, não só
trabalho e não só família.
Sobre a questão do equilíbrio entre carreira ou negócios e família, Austin
(1997) assinala que não uma fórmula, e sim escolhas a serem feitas. Mas que o
sucesso está relacionado a ter amor ao trabalho e amor à família, equilibrando de
maneira que um não prejudique o outro, só que para o autor isso é uma ilusão.
Discordando dessa idéia de ilusão, uma pesquisa com 48 mulheres em função de
gerência ou empresárias, demonstrou que 50 por cento destas mulheres não
perceberam o trabalho e família como excludentes e sim, sentiam como uma
dimensão enriquecendo a outra, contribuindo para o sucesso delas. Porém,
40
achavam que não tiveram muito tempo para gastar com as suas famílias, mas
sentiam que o tempo que estavam com as suas famílias era de qualidade e isso
oferecia benefícios psicológicos (WHITE, 1995).
Devido à incerteza no mundo organizacional, o trabalho não pode ser
considerado a única fonte de auto-realização ou sucesso. O homem não é mais
sinônimo de homem de empresa, observando-se um destaque menor no interesse
do sucesso profissional. Quando somente o trabalho é fonte de identificação, a
perda de emprego é igual à perda de auto-estima e autoconfiança, provocando
rupturas no autoconceito (TONELLI, 2001). Pahl (1997) demonstra que esses fatores
então, passam a ser reforçadores para que o indivíduo não tenha um compromisso
obsessivo com o seu trabalho e sim, uma maior preocupação com a qualidade de
vida, melhores relacionamentos e mais tempo com a família.
Em relação à qualidade de vida, Evans (1996), realizou uma entrevista com
14.600 gerentes e seu foco era se existia algum problema acerca da qualidade de
vida. Os resultados da pesquisa foram que 45% dos gerentes demonstravam
insatisfação com o seu nível de qualidade de vida e, no Brasil, somente um terço dos
pesquisados encontravam-se satisfeitos. O autor assinala três possíveis
alternativas:
1. pressão exercida pelo parceiro e família: a família não concorda com o modo
de trabalho do gerente e passa a cobrá-lo;
2. trabalho requer muito tempo e energia: os gerentes passam muitas horas do
seu dia envolvidos com o trabalho e a família acaba por ficar em segundo
plano. Porém, Evans (1996) não acredita nessa afirmativa e afirma que está
ligado ao fenômeno do transbordamento emocional negativo - o gerente está
experimentando alguma emoção negativa, como ansiedade ou estresse e
acaba levando para a sua vida pessoal, diminuindo assim a sua qualidade de
vida;
3. é uma pergunta: o que ocorre quando a vida no trabalho funciona muito bem?
É quando o gerente se torna prisioneiro do seu próprio sucesso, do seu
trabalho, pois é fonte de prazer e a família se torna uma obrigação.
41
Ainda sobre o transbordamento emocional negativo, Silva (2005) destaca que
quando isso ocorre, geralmente, os gerentes demonstram os seus
descontentamentos com seus estilos de vida e mencionam que desejam ter mais
tempo para a vida pessoal. As emoções que se estendem no trabalho aparecem em
casa, às vezes em forma de ausência psicológica, depressão ou comportamentos
agressivos. Esses comportamentos podem ser desde perder o controle com seus
filhos até mesmo momentos de fúria com as suas esposas, devido à baixa
tolerância.
Kimmel (2001, p.144) afirma que as empresas também precisam mudar a
maneira de ver o homem, isto é, percebendo-o de uma nova forma, possuindo um
equilíbrio entre vida familiar e profissional, podendo “fornecer uma base estável de
definição de pessoal de sucesso para todos os homens” e assim tendo uma vida
bem-sucedida. Como afirma Evans (1996), um indivíduo tendo uma vida profissional
bem-sucedida pode acarretar em uma vida familiar tamm bem-sucedida, porém se
houverem dificuldades profissionais, essas dificuldades refletirão na vida pessoal,
trazendo conseqüências negativas para o indivíduo.
O sucesso também pode ser considerado como equilíbrio entre família e
trabalho, bem como pode ser a procura por ser amado, inteligente, ganhar muito
dinheiro e ter
status
(FERRY, 2004), sendo que as mudanças ocorridas na
sociedade modificaram tanto o significado de sucesso quanto o de família e trabalho.
O entendimento desses significados e relação entre as dimensões trabalho, família e
sucesso, ocasionalmente, não é tão harmonioso como parece, gerando conflitos
entre os gerentes e sua família. A investigação sobre esse tema pode auxiliar a
compreensão de como se constroem esses significados e a relação entre eles,
sendo que os significados surgem a partir da experiência vivida de cada gerente.
No próximo capítulo, será tratado da metodologia do trabalho, ou seja,
paradigma, abordagem, método de pesquisa, técnica de coleta e de análise utilizada
nesse estudo a fim de entender como os gerentes compreendem os significados da
relação trabalho, família e sucesso.
42
III METODOLOGIA
3.1 Interpretativismo, fenomenologia e experiência vivida
O paradigma interpretativo tem uma visão subjetivista da realidade e ressalta
a importância de compreender os processos relacionais do sujeito com a sua
realidade, tendo a realidade um significado para cada indivíduo, como afirmam
Burrel e Morgan (1979).
A partir do paradigma interpretativo é que emerge a fenomenologia. Segundo
Van Manen (2004), fenomenologia é o estudo do fenômeno, sendo este as coisas
que aparecem a nós em experiência ou consciência, isto é, descrever o que é dado
a nós em experiência imediata sem estar impregnado por pré-concepções e noções
teóricas. Considera-se consciência como o único caminho de acesso que os
indivíduos têm ao mundo e o que sai da consciência, sai do limite da experiência
vivida. Estar consciente é permanecer atento, como afirma Van Manen (2004), e
perceber a consciência como transitiva, podendo também ser objeto de consciência,
ou melhor, objeto dela mesma. Esse processo acontece quando reflito sobre a
minha experiência, sobre o meu pensamento, mas nunca no momento que estou
vivenciando. A reflexão fenomenológica é a reflexão da experiência que já passou
ou já foi vivenciada.
Fenomenologia é o estudo da essência. Portanto, não produz observações
empíricas ou teóricas ou ainda mensuração, mas revela o espaço da experiência,
tempo, corpo e relação humana como nós vivemos (VAN MANEN, 2004). Para
Dartigues (1992) a fenomenologia procura entender o fenômeno que está sendo
observado, interpretá-lo e perceber o seu significado. Assim, o pesquisador busca
compreender como a realidade se estabelece através da experiência das pessoas,
demonstrando que o paradigma interpretativo e fenomenológico é adequado para o
presente estudo, pois se tem como objetivo compreender os significados para os
gerentes sobre a relação trabalho, família e sucesso.
43
O fenômeno é percebido como uma possível experiência humana e as
descrições fenomenológicas possuem um caráter universal. Diante dessas
assertivas, Van Manen (2004) demonstra que o pesquisador pode usar a forma “eu”
ou “nós”, já que as experiências da pessoa podem ser as dos outros e a dos outros
podem ser as experiências da pessoa. Para a escrita fenomenológica não se faz
necessário o investigador se prender a forma científica de escrever, o importante é
ater-se à precisão das informações e a riqueza das mesmas (BARRIT
et al
., 2000).
3.2 O método fenomenológico e a abordagem qualitativa
Uma pesquisa baseada no método fenomenológico se inicia no
lifeworld
, ou
melhor, no mundo da vida, no mundo da pessoa, no mundo da experiência vivida,
construindo a visão da pessoa, contribuindo para a sua reflexão, sendo que este
mundo vai fornecer ao pesquisador o material no qual ele trabalhará (VAN MANEN,
2004). Para o mesmo autor, a pesquisa fenomenológica possui como objetivo obter
um entendimento mais profundo da natureza ou significado das experiências vividas
e oferece ao pesquisador, percepções aceitáveis que o colocam em contato direto
com o mundo dos informantes através da entrevista.
A entrevista (conversacional), norteada pela pergunta de pesquisa,
gradativamente se transforma em uma entrevista hermenêutica, onde o informante
se torna um participante que fornecerá “dados” (experiências de vida) ao
pesquisador. Ellis e Flaherty (1992) fazendo referência a experiência vivida,
resgatam Bochner que a percebe como uma história interpretativa que vive
associada à pluralidade de experiências e quando se une à linguagem pode se
tornar diferente e nova, ou melhor, o resultado é improvisação, mudanças,
contradições, ambigüidades e vulnerabilidade.
Para Merleau-Ponty (1994) o mundo da fenomenologia não é neutro, ele está
associado à subjetividade do sujeito, transparecendo na conexão das minhas
experiências e na interconexão com as experiências dos outros, formando uma
unidade trazida pelo sujeito das suas experiências passadas e das experiências
passadas dos outros. O método fenomenológico utiliza-se dessas experiências e
44
aplicação desse método na pesquisa é a captação de alguma experiência vivida
comum aos participantes (MOREIRA, 2002).
A fenomenologia como método de pesquisa, está baseada em pressupostos
da hermenêutica para “descrever e interpretar um fenômeno”. Sendo a hermenêutica
uma interpretação de experiência utilizando alguma forma simbólica ou texto (VAN
MANEN, 1990), ou seja, a fenomenologia tem como objetivo captar a experiência
vivida e decodificá-la em uma expressão textual.
A fenomenologia, para Sanders (1982) é um método de pesquisa qualitativo,
pois está relacionada aos significados das experiências. A abordagem qualitativa
emerge da escolha por uma abordagem fenomenológica (RAY, 1994; SANTOS,
1994; SHERRY, 1998). Para Patton (1990) a abordagem qualitativa pressupõe que
as crenças, emoções, percepções e valores “determinam” o modo de agir dos
indivíduos e que o comportamento possui sempre um significado e precisa ser
“desvelado”.
Para Chizzotti (2003), a pesquisa qualitativa é uma relação dinâmica entre o
indivíduo e o mundo real, entre o sujeito e o objeto, um vínculo inseparável entre o
mundo da objetividade e da subjetividade. O sujeito-observador faz parte do
processo de interpretação do fenômeno por onde dará um significado ao mesmo,
não o percebendo como um dado isolado, inerte e neutro.O pesquisador observa
mais livremente e busca a compreensão das inter-relações que permeiam a
realidade. Merriam (1998) expõe que é um tipo de pesquisa que auxilia no
entendimento e compreensão do fenômeno, ou melhor, entender como as pessoas
dão sentido aos seus mundos e as experiências que elas têm do mundo, vindo ao
encontro do objetivo geral da pesquisa.
3.3 A entrevista em profundidade, a técnica de categorização e os sujeitos da
pesquisa
Para compreender a experiência vivida sobre a relação trabalho, família e
sucesso dos gerentes foi utilizada a entrevista, pois permite tratar de assuntos
complexos, explorando-os em profundidade (ALVES-MAZZOTTI e
GEWANDSZNAJDER, 1999). A entrevista em profundidade proporciona a
45
associação de enfoques práticos, analíticos e interpretativos em torno do processo
de comunicação em que fazem parte um emissor (entrevistador) e um receptor
(entrevistado) trazendo consigo experiências, interpretações, emoções, sentimentos
por parte do entrevistado, ou seja, as entrevistas dão sustentação para o método
fenomenológico (ICHIKAWA e SANTOS, 2003) resgatando fontes de dados.
Entende-se como um tipo de entrevista qualitativa quando possui como objeto
de investigação a vida, idéias, experiências, valores e estruturas simbólicas do
entrevistado, ou melhor, pretende demonstrar um panorama dinâmico das vivências
e cognições do entrevistado (SIERRA, 1998). Segundo Van Manen (1990) a
entrevista fenomenológica pode ter dois objetivos: uma maneira de explorar e
aglomerar o material fornecido pelos entrevistados e/ ou utilizada como um meio
para conversar com os entrevistados sobre os significados das suas experiências.
O propósito da entrevista é escutar o que o entrevistado tem a dizer e
estimular a narrativa com comentários compreensivos e perguntas relacionadas ao
tema da pesquisa (CALLISON, 2004), alcançando um ponto de interseção, para que
tanto entrevistador como entrevistado, compartilhem algo novo (REINALDO, SAEKI
e REINALDO, 2003 resgatando DEBERT). Porém, as entrevistas fenomenológicas
não podem ser um meio de coleta de dados e sim, como um momento de
conversação (EVANS, 1999).
Elaborou-se um roteiro semi-estruturado de entrevista (apêndice 1),
construído a partir do objetivo da pesquisa - que emergiu do estudo de teorias pela
pesquisadora - como também foram realizadas entrevistas individuais, sendo estas
gravadas e transcritas, transformando em informações para a pesquisadora.
O roteiro geral de entrevistas foi elaborado com base no projeto e na
pesquisa exaustiva sobre o tema. Sua função é dupla: promove a síntese das
questões levantadas durante a pesquisa em fontes primárias e secundárias e
constitui instrumento fundamental para orientar as atividades subseqüentes,
especialmente a elaboração dos roteiros individuais. O primeiro passo precisa
constar no roteiro geral uma cronologia minuciosa dos acontecimentos ocorridos no
período que se quer investigar e que forem considerados relevantes em relação aos
objetivos do estudo, acrescentar informações relativas às análises dos autores
consultados, julgadas procedentes e significativas para o estudo. O segundo passo,
46
serviu de base para a elaboração dos roteiros individuais e, posteriormente de
instrumento de avaliação dos resultados da pesquisa.
O roteiro individual se dá pela junção do roteiro geral com os resultados da
pesquisa biográfica sobre o entrevistado, ou seja, um cruzamento entre o que há de
particular naquele sujeito e o geral a todos os que foram listados, isto é, aquilo que
se constitui, ao longo da pesquisa, no conhecimento sobre o tema.
A fase de coleta de informações é a etapa intitulada de “etapa de
compreensão” para a fenomenologia, tendo o seu objetivo atingido, quando o
pesquisador coletou material suficiente para descrever a experiência de uma forma
rica e detalhada sobre a realidade, isto é, descrever o fenômeno tal qual como
ocorre (CARVALHO E VERGARA, 2002). Para a fenomenologia não há uma única
realidade e sim, quantas forem as suas interpretações e significados.
Após a entrevista, as informações obtidas e gravadas foram transcritas- de
acordo com as normas do Projeto de Estudo da Norma Lingüística Urbana Culta de
São Paulo (apêndice 2) - gerando dados qualitativos. Para Barboza (2002), a
transcrição não é percebida somente no momento em que há a passagem da fala
para o escrito e sim, já inicia quando o pesquisador planeja a entrevista e na própria
entrevista.
Os “dados” qualitativos foram analisados através da metodologia qualitativa,
que a partir de leitura e releitura do material coletado e transcrito (protocolos de
entrevistas), surgiram núcleos temáticos. Consideramos núcleos temáticos como
uma forma de capturar o fenômeno, como multidimensional, que se reflete sobre as
estruturas de experiência que compõem o fenômeno, isto é, as experiências vividas
(VAN MANEN, 1990). Essa fase é também chamada de
categorização
, onde há a
construção de categorias analíticas a partir dos dados coletados na entrevista
(MERRIAM, 1998; GODOI e BALSINI, 2004). A criação de categorias pode ser um
processo intuitivo, todavia também pode ser considerado sistemático, mas para isso
é necessário que empregue um método comparativo e de análise dos dados -
processo de desconstrução e reconstrução das entrevistas- que agrupe o material
coletado, a fim de procurar desvelar semelhanças entre unidades de dados
(MERRIAM, 1988; COFFEY e ATKINSON, 1996). Após agrupar as semelhanças,
foram construídos os resultados dessa pesquisa que consiste nas categorias
formadas, associando à teoria anteriormente pesquisada.
47
A análise da entrevista proporciona que o pesquisador apreenda os
significados não diretamente ou intencionalmente expressos nas falas do
pesquisado, admitindo uma análise do discurso não no sentido restrito que, se
pensando em um conjunto de depoimentos (VAN MANEN, 1990). Porém, é
necessário que se tenha cuidado durante a entrevista, quanto menos o testemunho
do entrevistado seja moldado pelas perguntas do entrevistador, melhor
(THOMPSON, 1992), pois o objetivo não é que o entrevistador domine o produto
final da entrevista, bem como o próprio entrevistado (SHOPES, 2002). A figura 5,
baseada em Silva (2005), ilustra as etapas da análise do material coletado, sendo
essas etapas integradas e cíclicas (SILVA, 2005).
Figura 5: Processo cíclico da Análise da Pesquisa
Fonte: Adaptado de Silva (2005)
Como demonstra a figura 5, iniciou-se com a leitura e releitura de cada
entrevista para que pudesse, na 2ª etapa, agrupar as falas dos gerentes. Com o
agrupamento das falas pode-se construir as categorias de análise (3ª etapa) e
posteriormente, a formação de quadros temáticos (4ª etapa), conforme descrito no
capítulo dos resultados. Na etapa, a construção dos resultados em forma de texto
e na etapa a associação das categorias a teoria sobre o tema pesquisado. Para
1
a
Etapa: leitura e releitura
de cada um dos protocolos
das entrevistas realizadas
com os gerentes para
análise.
2
a
Etapa: agrupamento dos
relatos dos gerentes.
3
a
Etapa: construção das
4
a
Etapa: inserção dos
relatos dos gerentes por
temas em quadros
temáticos.
5
a
Etapa: construção dos
resultados em forma textual.
6
a
Etapa: associação
das categorias à teoria
pesquisada.
PROCESSOCLICO
DA ANÁLISE DA
PESQUISA
48
uma análise das categorias foi necessária a retomada das entrevistas, reiniciando-se
o ciclo.
Diante da metodologia exposta, a amostra foi constituída por nove gerentes
de uma das filiais da empresa multinacional do setor elétrico do estado de Santa
Catarina, denominada Vatech, sendo que cada gerente foi codificado da seguinte
forma: Gn, sendo G, gerente e n, o número do gerente entrevistado. A delimitação
da amostra foi norteada por teorias que descrevem sobre trabalho, família e o
sucesso. O número de entrevistados dependeu da questão problema da pesquisa. A
autora ainda coloca que é importante observar o conceito de “saturação” formulado
por Daniel Bertaux, que existe um momento em que as entrevistas se repetem, não
havendo nada de novo a aprender sobre o projeto de estudo. Corroborando com
Daniel Bertaux, os autores Glaser e Strauss (1967), ressaltam que a amostra em
uma pesquisa qualitativa é teórica e se dá através de saturação teórica.
Para isso, observa-se que o paradigma interpretativo foi o mais indicado para
nortear esse trabalho ao invés de um paradigma positivista (BURRELL e MORGAN,
1979). Contudo, a maioria de estudos encontrados sobre a relação trabalho, família
e sucesso optam pelo paradigma positivista (SCHNEER, e REITMAN, 1993;
PITTMAN, 1994; CARLSON
et al.
,1995; HOCHSCHILD, 1996; FU e SHAFFER,
2001; MENNINO e BRAYFIELD, 2002; SCHNEER, e REITMAN, 2002; KIECOLT,
2003; SKITMORE e AHMAD, 2003; SMYRNIOS, ROMANO, TANEWSKI,
et al.
,
2003).
IV. RESULTADOS DA PESQUISA
4.1 O contexto organizacional
A empresa pesquisada- Vatech-, desde outubro de 2005, está passando por
uma fusão, porém o nome da nova empresa não foi autorizado a ser divulgado, por
isso nas falas dos gerentes foi substituída por Empresa Y.
O clima organizacional trazido por alguns gerentes é caracterizado por uma
instabilidade das suas funções, como também uma instabilidade da permanência na
unidade de Santa Catarina, na qual os mesmos exercem as suas funções. Os
gerentes estão à mercê das transformações que irão ocorrer, sendo que algumas
áreas gerenciais já foram definidas, ou melhor, transferidas para outros. Os gerentes
que trabalham há mais tempo, comentam que a empresa já passou por diversas
fusões e transformações devido a vários fatores, mas que cada mudança gera um
momento de instabilidade.
O gerente G1 demonstra que essa fase, que ele caracteriza como uma fase
de transição, gera uma preocupação: “
eu estou passando por uma fase de transição
de aquisição da empresa- querendo ou não isso gera uma determinada
preocupação
”. O gerente G7, menciona que é um momento de pressão e
instabilidade e acaba afetando de alguma forma: “
de bastante pressão- a própria
venda da Vatech pra Y é uma fase difícil pra todo mundo – uma situação de
instabilidade já tive uma experiência entre quatro ou cinco filiais e tudo mais então a
gente () afetar
”. Já o gerente G9, além de se preocupar com os eu futuro
profissional, também se importa com as mudanças que estão ocorrendo a todos os
momentos.
O gerente G8 demonstra apreensão com a mudança, mas não relacionado a
si e sim, aos seus subordinados e a demissão dos mesmos que pode gerar devido a
essa nova fusão: “
agora vamo passar por mais uma mudança {Agora com a Y?}
é..mas mudança de pessoas () é complicado...é complicado...demitir pessoas () a Y
é uma empresa grande que já tem pessoas trabalhando- mas eu não tô com medo-
eu particularmente não estou com medo- sou conhecido no mercado- tenho
50
facilidade fora- mas estou muito preocupado com as pessoas que trabalham aqui
comigo
”.
Sobre o contexto de cada gerente é observado que cada um possui a sua
área de atuação com funções específicas. O G1 é responsável pelo processo de
qualidade do produto; o G2 pela área de projetos; G3 pela área de divulgação de
informação interna e externa; G4 pela área de vendas; G5 pela área de custos; G6
pela área de transferência de tecnologia; G7 pela área de ofertas; G8 pela área de
suprimentos e G9 pela área de sistemas. No que se refere ao contexto de atuação
do gerente, existem áreas de atuação com focos específicos e cada área tem as
suas especificidades.
4.2 Caracterização e trajetória profissional dos gerentes pesquisados
Os gerentes descritos fizeram parte desse estudo e foram identificados no
decorrer do texto não pelos seus nomes e sim, pela denominação de G1, G2, G3,
G4, G5, G6, G7, G8 e G9.
a) Caracterização do Gerente 1 (G1) e sua trajetória profissional
O gerente 1 possui três meses de gerência, 35 anos de idade e 2 anos e 9
meses de tempo de casamento. Mora com a sua esposa, não tendo filhos e é
formado em Engenharia Mecânica com Pós-graduação na área de Administração
Industrial; sua esposa é formada em Engenharia Elétrica com Pós-graduação na
área de Administração, mas não exerce a sua profissão.
Graduou-se em Engenharia e durante o curso começou a estagiar na
Toschiba- empresa japonesa que fabrica transformadores- terminou o estágio e foi
efetivado como planejador de produção, tendo uma ascensão muito rápida de
acordo com a fala do gerente. Tempos depois, assumiu a chefia de produção que
permaneceu por 5 anos. Foi transferido para a Toschiba de São Paulo e assumiu a
gerência de planejamento- finanças até chegar na produção. No final de 2002,
queria se casar e ter filhos e criá-los com qualidade de vida e não ficar mais em São
51
Paulo. Nesse momento, buscou uma cidade menor e veio para Jaraguá do Sul, pois
a sua esposa trabalhava na Weg em São Paulo e conseguiu transferência.
Trabalhou na Weg durante 4 meses. Ficou desempregado e um amigo lhe convidou
para trabalhar em São Paulo, em um outro emprego. Porém, ele não queria ir, mas
a sua esposa ficou em Santa Catarina e todo final de semana se encontravam.
Permaneceu durante 7 meses em São Paulo e voltou a procurar algum emprego
aqui no sul. Ficou de fevereiro a julho desempregado, buscando trabalho, até que foi
contratado na empresa pesquisada como supervisor de planejamento. Há 3 meses
atrás foi promovido a gerente industrial.
b) Caracterização do Gerente 2 (G2) e sua trajetória profissional
O gerente 2 possui treze anos de gerência, 46 anos de idade, 20 anos de
tempo de casamento e mora com a sua esposa e mais três filhos com a idade de 19,
17 e 6 anos. É formado em Engenharia Elétrica com Pós-graduação na área e sua
esposa é formada em Economia com Pós-graduação na área, trabalhando como
bancária.
Sua trajetória profissional iniciou- se na empresa pesquisada, que na época
era uma empresa nacional, passando por diversas mudanças e fusões. Seu primeiro
emprego foi como estagiário, depois assumiu outras funções como supervisor e
após três anos foi gerente de uma parte de serviço técnico. A cada nova fusão,
assumia uma parte de um serviço técnico (engenharia de aplicação e de produtos) e
em uma das fusões a área de atendimento a cliente. A partir de 2003, se tornou
responsável especificamente pela área de engenharia de aplicação voltado ao
cliente, como gerente de equipamentos.
c) Caracterização do Gerente 3(G3) e sua trajetória profissional
O gerente 3 possui seis anos de gerência, 46 anos de idade, 21 anos de
tempo de casamento e mora com a sua esposa e mais dois filhos com a idade de 20
e 16 anos. É formado em Engenharia Elétrica e sua esposa é formada em
Pedagogia, trabalhando como professora.
52
Sobre este gerente não foram relatadas mais informações, pois a fita gravada
apresentou problema. Não foi realizada outra entrevista por causa da
indisponibilidade de tempo do gerente devido às demandas da nova empresa.
d) Caracterização do Gerente 4 (G4) e sua trajetória profissional
O gerente 4 possui nove anos de gerência, 51 anos de idade, 19 anos de
tempo de casamento e mora com a sua esposa e mais dois filhos com a idade de 17
e 15 anos. É formado em Engenharia Industrial e sua esposa está cursando a
faculdade de Jornalismo, trabalhando como bancária.
Na empresa pesquisada, trabalha desde julho de 1983 quando iniciou na
área de engenharia como projetista. Posteriormente, foi transferido para a área de
transferência de tecnologia e tempos mais tarde passou a fazer parte da área de
serviços onde está até o momento.
e) Caracterização do Gerente 5 (G5) e sua trajetória profissional
O gerente 5 possui oito meses de gerência, 35 anos de idade e 9 anos de
tempo de casamento. Durante a semana mora sozinho em um município próximo da
empresa pesquisada e nos finais de semana reside com a sua esposa e mais um
filho com a idade de 1 ano e 8 meses, no município de Curitiba. É formado em
Engenharia Elétrica e sua esposa é formada em História, mas não trabalha.
Iniciou a sua trajetória profissional na área de energia elétrica como estagiário
e depois migrou para a área de telecomunicações, onde trabalhou durante dois
anos. Depois retornou para área elétrica e começou a desempenhar funções de
gerente dentro da área relacionada, atuou como coordenador de equipe, funções
que se prolongaram durante os seus últimos anos. A partir de março de 2005,
assumiu oficialmente a função de gerente.
f) Caracterização do Gerente 6 (G6) e sua trajetória profissional
53
O gerente 6 possui quatro anos de gerência, 51 anos de idade, 25 anos de
tempo de casamento e mora com a sua esposa e mais dois filhos com a idade de 18
e 15 anos. É formado em Engenharia Elétrica com Pós- graduação na área e sua
esposa é formada em Arquitetura, trabalhando na área.
Formou-se no ano de 1977, no Rio de Janeiro, e desde a fase de estudante
sempre trabalhou na área de projetos- estudo e desenvolvimento de sistemas. Em
1992, foi trabalhar em São Paulo, em uma empresa de construção- montagem de
eletromecânica e projetos, mas em 1999 recebeu um convite para trabalhar na
empresa pesquisada como chefe de projeto. Depois em 2002, foi convidado para ser
gerente de engenharia de sistema em São Paulo. Depois disso, começou a trabalhar
com desenvolvimento de projetos especiais, em Santa Catarina.
g) Caracterização do Gerente 7 (G7) e sua trajetória profissional
O gerente 7 possui cinco anos de gerência, 41 anos de idade, 5 meses de
tempo de casamento e mora com a sua esposa, não tendo filhos. É formado em
Engenharia Elétrica com Pós- graduação na área e sua esposa é formada em
Jornalismo, trabalhando na área de Recursos Humanos.
Formou-se em 1987 e veio trabalhar na empresa pesquisada e construiu a
sua carreira nesta, vivenciando as mudanças e fusões. Seu primeiro emprego
então, foi na empresa pesquisada, a princípio na área de contrato e depois na área
de serviço com vendas, associada também à parte de ofertas. dois anos
permanece somente com a área de ofertas de toda a empresa.
h) Caracterização do Gerente 8 (G8) e sua trajetória profissional
O gerente 8 possui nove anos de gerência, sendo cinco anos em uma outra
empresa e quatro na empresa pesquisada. Tem 54 anos de idade, 23 anos de
tempo de casamento e mora no final de semana com a sua esposa e dois filhos de
20 e 18 anos e durante a semana mora sozinho. É formado em Engenharia Elétrica
com Pós- graduação na área e sua esposa é formada em Administração, mas não
trabalha.
54
Formou-se com 21 anos em Engenharia Elétrica no Chile e foi contratado
numa empresa do setor elétrico, bem como lecionava na faculdade na qual estudou.
Depois de cinco anos de formado veio para o Brasil aonde trabalhou 25 anos em
uma única empresa e posteriormente, foi trabalhar na empresa pesquisada.
i) Caracterização do Gerente 9 (G9) e sua trajetória profissional
O gerente 9 possui onze anos de gerência, 40 anos de idade, 5 anos de
tempo de casamento e dois filhos de 12 e 8 anos do primeiro casamento, sendo que
não tem filhos do segundo casamento. É formado em Administração com
habilitação em Comércio Exterior e Pós- graduação na área e sua esposa está
cursando Direito, mas não trabalha.
Seu primeiro emprego foi na empresa pesquisada, na área de programação
de materiais como auxiliar e posteriormente como programador de materiais. Após,
surgiu uma oportunidade de trabalhar na área de compras de materiais elétricos e
como ele tinha uma formação técnica em eletroeletrônica, conhecia os itens da
fábrica, começou a fazer compras de material elétrico. Quando a empresa foi
vendida e a sua área foi transferida para São Paulo, não quis acompanhar,
permanecendo na empresa em Itajaí e depois de 3 ou 4 meses seria desligado da
empresa. Porém, durante esses 3 ou 4 meses a atividade que ficou era a alta
tensão, passou por uma mudança grande e começou a crescer, permanecendo
como vendedor. Em 1991, ficou responsável pela área de importação e
posteriormente, a gerência dessa área.
Após a caracterização dos gerentes será descrita na próxima seção as suas
funções gerenciais, demonstrando assim a prática gerencial dos indivíduos
pesquisados.
55
4.3 A prática e as funções gerenciais dos sujeitos pesquisados
Nesse estudo a prática gerencial está relacionada diretamente às funções
exercidas pelos gerentes no contexto de uma empresa multinacional do setor
elétrico, denominada Vatech, entendendo como gerente uma pessoa que possui um
cargo numa organização formal e tem responsabilidade e autoridade formal por uma
pessoa pelo menos (REDDIN, 1986), estando inserido em um contexto
organizacional. Esse contexto é caracterizado quando há a transformação social do
espaço físico para a topografia da organização, ou seja, o espaço físico é utilizado
para objetivos sociais (KATZ e KAHN, 1987). Além de cada gerente ter o seu
espaço, existe uma relação com outros espaços constituídos por outras pessoas-
chefias, pares, subordinados e clientes- que estabelece o espaço social da prática
gerencial.
A prática gerencial abrange diferentes funções tanto técnicas como
comportamentais, relacionadas somente a sua área específica ou a outros setores.
Quando perguntado aos gerentes sobre as suas funções, há uma descrição
detalhada das suas funções técnicas, o que faz, como faz, a importância da sua
atividade - demonstrando uma identificação dos gerentes pelas demandas técnicas.
O termo gerente está muitas vezes associado às funções técnicas e administrativas
encontrados na teoria clássica (SILVA, 2000), como revelam as seguintes falas:
Sou gerente industrial- sou responsável pela fábrica- pelo processo de controle de
qualidade do nosso produto
” [G1]; “
Agora é gerenciar produto
” [G2]; “
cabe a mim
produzir o material que representa esse universo que é a empresa
” [G3]; “
Eu sou
gerente de área de custos- que é responsável pela área de sistema de energia- ou
seja- desde do levantamento de custos da minha área a subestações externas e
equipamentos
” [G5]; “
Bom – sou responsável pela área de transferência de
tecnologia e esse tipo de coisa é bastante importante não só pra nossa empresa
mais pro nosso país- o que consiste a transferência de tecnologia?
” [G6]
Em segundo plano, emerge as suas funções comportamentais, por exemplo,
conduzir a equipe, mediar as relações, dar tranqüilidade, conciliar os anseios de
cada profissional e suas dificuldades extra- profissionais. É nesse momento dos
relatos que se observa à dimensão ilógica ou emocional, a dimensão da
56
subjetividade, constituindo a legitimação do gerente no campo da administração
(DAVEL e VERGARA, 2001). Os gerente G4 e G9 ressaltam as suas funções
associadas a sua equipe -
As minhas funções é:: eu- eu administro uma equipe
[G4];
O próprio nome já diz né gerenciar a equipe
[G9]. Já o gerente G8,
analisa as suas
funções pertencentes também à equipe e a funções técnicas- “Bom- eu consigo
(pensar) hoje diria assim digamos... 50% para competências técnicas da área e
outros 50% para gerenciar pessoas
” [G8].
Sobre os conflitos dos seus subordinados e respectivas famílias, percebe-se
uma preocupação por parte dos gerentes em ajudá-los, afirmando que é uma função
gerencial lidar com os conflitos dos seus subordinados, além do contexto do
trabalho. Diório (2002) demonstra que os gestores não podem ser somente
executores de tarefas e respeitadores de ordens decorrentes da direção e sim, que
o gestor fique atento aos comportamentos da sua equipe e auxilie nesse processo.
A função de gerência possui um significado de uma carga de
responsabilidade excessiva, pois os gerentes além de lidar com os seus
subordinados, ao mesmo tempo lidam com as influências externas (MINTZBERG,
1990). Os gerentes se preocupam com as relações dos subordinados também fora
da empresa, com as suas famílias, as falas dos gerentes G5 e G6 ilustram essas
análises: “
Tentar conciliar tudo isso- problemas tradicionais ou problemas até extras
profissionais... as pessoas têm problemas em casa- têm:: problemas diversos e
muitas vezes não conseguem conciliar uma coisa com a outra”
[G5]; “
Bom- é
gerente é:: é um sinônimo de babá de marmanjo né- então é a partir do momento
que você atinge ou estabelece uma- um nível em um degrau superior- se tem um
colega que define bem é:: a função de gerente como é:: uma função que você não
passa a ter mais colegas- você passa a ter filhos”
[G6].
O quadro 2 ilustra essa seção sobre o contexto organizacional, prática e as
funções gerenciais através das falas dos gerentes:
TEMA: CONTEXTO ORGANIZACIONAL, PRÁTICA E FUNÇÕES GERENCIAIS
Fala do Gerente Unidade de Significado Categoria
G1- eu estou passando por uma fase de transição de aquisição da empresa-
querendo ou não isso gera uma determinada preocupação.
A instabilidade profissional devido à fusão da empresa.
Contexto organizacional
G7- de bastante pressão- a própria venda da Vatech pra Y é uma fase
difícil pra todo mundo – uma situação de instabilidadetive uma
experiência entre quatro ou cinco filiais e tudo mais então a gente () afetar.
A instabilidade profissional e pessoal devido à fusão da
empresa.
Contexto organizacional
G8- agora vamo passar por mais uma mudança {Agora com a Y?} é..mas
mudança de pessoas () é complicado...é complicado...demitir pessoas () a
Y é uma empresa grande que já tem pessoas trabalhando- mas eu não tô
com medo- eu particularmente não estou com medo- sou conhecido no
mercado- tenho facilidade fora- mas estou muito preocupado com as
pessoas que trabalham aqui comigo.
A instabilidade profissional e pessoal devido à fusão da
empresa e a preocupação com os seus subordinados.
Contexto organizacional
G1- Sou gerente industrial- sou responsável pela fábrica- pelo processo de
controle de qualidade do nosso produto.
As funções gerenciais estão relacionadas às funções
técnicas.
Funções gerenciais
G2- Agora é gerenciar produto. As funções gerenciais estão relacionadas às funções
técnicas.
Funções gerenciais
G3 cabe a mim produzir o material que representa esse universo que é a
empresa.
As funções gerenciais estão relacionadas às funções
técnicas.
Funções gerenciais
G5- Eu sou gerente de área de custos- que é responsável pela área de
sistema de energia- ou seja- desde do levantamento de custos da minha
área a subestações externas e equipamentos.
As funções gerenciais estão relacionadas às funções
técnicas.
Funções gerenciais
G6- Bom – sou responsável pela área de transferência de tecnologia e esse
tipo de coisa é bastante importante não só pra nossa empresa mais pro
nosso país- o que consiste a transferência de tecnologia?.
As funções gerenciais estão relacionadas às funções
técnicas.
Funções gerenciais
G4- As minhas funções é:: eu- eu administro uma equipe. A função gerencial relacionada à administração de equipe.
Funções gerenciais
G8- Bom- eu consigo (pensar) hoje diria assim digamos... 50% para
competências técnicas da área e outros 50% para gerenciar pessoas.
A função gerencial relacionada à administração de equipe.
Funções gerenciais
G9- O próprio nome já diz né gerenciar a equipe. [G9].
A função gerencial relacionada à administração de equipe.
Funções gerenciais
G5- Tentar conciliar tudo isso- problemas tradicionais ou problemas até
extras profissionais... as pessoas m problemas em casa- tem:: problemas
diversos e muitas vezes não conseguem conciliar uma coisa com a outra-
A função gerencial relacionada à preocupação em lidar
com os conflitos dos seus subordinados.
Funções gerenciais
58
G6 - Bom- é gerente é:: é um sinônimo de babá de marmanjo né- então é a
partir do momento que você atinge ou estabelece uma- um nível em um
degrau superior- se tem um colega que define bem é:: a função de gerente
como é:: uma função que vo não passa a ter mais colegas- vo passa a
ter filhos.
A função gerencial como paternal. Funções gerenciais
4.4 Relações familiares e relações de trabalho
Revelar os significados de trabalho e família, a partir das experiências dos
nove gerentes pesquisados, foi um dos objetivos específicos propostos nesse
estudo que contribuiu para responder a questão de pesquisa. A partir dessas
dimensões - família e trabalho - emergiram outros núcleos temáticos que ajudaram a
melhor compreender o fenômeno estudado - a relação trabalho, família e sucesso.
Nesta seção, será abordado o tema família e trabalho na perspectiva de nove
gerentes com famílias constituídas (esposa e filhos). Os mesmos são pais de
crianças, adolescentes e adultos, sendo que cinco esposas exercem uma atividade
profissional (esposa do G2 e G4 - bancária; G3 - professora; G6 - arquiteta; G7-
trabalha na área de Recursos Humanos). A partir do material coletado das
entrevistas, houve um processo de desconstrução e reconstrução das entrevistas-
que agrupou o material coletado, a fim de procurar desvelar semelhanças entre
unidades de dados, surgindo às categorias analíticas ou categorias e unidades de
significados que foram orientadas pelo Modelo da Incompatibilidade das pressões
trabalho- família (GREENHAUS e BEUTEL, 1985) e os Modelos de determinantes
da família interferindo no trabalho (FIT) e do trabalho interferindo na família (TIF) dos
autores Fu e Sheffer (2001).
4.4.1 Significado de família e a influência no trabalho
A família reproduz os padrões (sentimentos, valores, comportamentos,
pensamentos) da cultura em que vive e que foram aprendidos durante o processo de
socialização (DIAS, 1992), sendo o processo de construção de valores e
comportamentos dos gerentes pesquisados fundamentado a partir da família
originária. O desenvolvimento do gerente é influenciado pelo seu contexto sócio-
cultural, biográfico e histórico e há um contexto estrutural que engloba as diversas
atividades formais, porém as experiências vividas no decorrer das suas vidas
interferem nas suas ações, como o caso da influência da família (SILVA, REBELO e
60
CUNHA, 2003). Os gerentes relatam que a família originária – constituída pelo pai,
mãe e irmãos- é a sustentação e os valores repassados pela família são levados em
todos os momentos tanto na vida pessoal como na profissional, ocorrendo uma
influência dos valores da família na formação de ser gerente.
A honestidade e o respeito são valores repassados pela família para os
gerentes se perpetuando na vida adulta, na sua atuação profissional, como a fala do
gerente G1: “
trago exemplo de casa- aprendi muito com o meu pai em questão de
honestidade- questão de respeito às pessoas- nada de dar exemplo na chibata-
[..]eu trago- os valores que tenho hoje na vida- isso influencia muito – muito- para
essa carreira de se responsabilizar- jogar essa carga de responsabilidade em cima
da gente- de conduzir as pessoas- de saber respeitar o jeito de cada um
“.
A responsabilidade também é outro valor que os pais passaram para os seus
filhos, segundo o gerente G3: “
A formação e a educação que você tem ela
geralmente em geral – você vem disso né isso – é uma família bastante tradicional
bom comportamento pai e mãe casados – meu pai faleceu recentemente – já fazem
dois anos -nós fomos muito bem educados com relação às responsabilidades
”.
A cobrança, como no caso do regime militar, tamm é outro valor importante
para atuar dentro de uma organização. A fala do gerente G5 menciona a influência
desse valor que foi transferido do seu pai para ele: “
Convivi com um militar- passei
cinco anos dentro da escola militar- então pra mim os outros item são fundamentais
por uma organização funcionar direito entendeu a ::o militar ele que nível esteja verá
que ele esteja entendeu- mas a cobrança tem que haver () especialmente diferenciar
a amizade do trabalho tá
”. Portanto, uma educação rígida acaba interferindo na
maneira do gerente lidar com as suas atividades, de acordo com o gerente G7: “
vejo
isso claramente- né aquela educação rígida () uma forma séria de conviver melhor-
de querer um negócio limpo nos seus mínimos detalhes ali- eu acho que dá pra ver
as marcas dos familiares tem tudo haver com isso
”.
Porém, para dois gerentes a família original é importante, mas não aparece
como exercendo influência na sua formação de gerente, como se verifica nas
seguintes falas: “
Eu diria que não – por o seguinte é:: - eu sai muito – viajei – sai –
quem mora aqui praticamente sou eu e a minha esposa nossos parentes estão fora
[...] não é um relacionamento cotidiano que possa tá influenciando eu no dia a dia –
61
entendeu não tem influência
” [G4]; “
Minha família não tem nada a ver com o que eu
faço
” [G6].
A influência da família no trabalho do gerente G8 não é percebida por ele de
acordo com a seguinte fala: “
Não... não tem – ninguém tem influência
”. Mas ao falar
da sua família atual, resgata a família originária: “
Olha sabe que eu me abro muito
com os meus filhos- mas essa coisa de honestidade – de cumpri as regras vem
muita da minha família () a regra é esta – tem que cumprir- eu falo para os meus
filhos- se não quer assim- saia- as normas são estas
”.
O gerente G9 não percebe a influência da sua família originária no seu
trabalho, porém observa que influenciou a vida profissional da sua irmã:
Não – eu
não percebo ... eles sabem por exemplo é :: minha irmã – tenho uma irmã que
trabalha na parte de comércio exterior tá – começou a trabalhar na parte de
comércio exterior porque eu já trabalhava
”.
Acerca da família atual - esposa e filhos - esta exerce um papel muito
importante no dia-a-dia dos gerentes, uma influência direta, em alguns momentos
mais significativas do que a família originária devido principalmente à proximidade.
Segalen (1999) afirma que estudiosos sobre a família percebem-na como um espaço
que oferece suporte afetivo aos seus membros, sendo um lugar de refúgio, de
afetividade, de relações de sentimento entre os seus membros (BRUSCHINI e
RIDENTI, 1994), como descrito na fala do gerente G1:
o exemplo com a esposa- vai
um pouquinho mais afundo- principalmente essa parte de respeito de
relacionamento humano- [...] aceitar o jeito dela ser- que é muito diferente do meu-
isso aí acho que ajuda muito – apesar de eu ter começado a minha carreira
gerencial antes de conhecê-la- antes de me casar- né- eu acho que faz parte do
amadurecimento
”.
O gerente G4 afirma que respeita a opinião de cada membro familiar e ouvir
cada membro é um exercício para a sua prática gerencial: “
respeito à opinião de
cada um – [...] – acho que isso é um reflexo sobre a minha atividade aqui dentro que
também é efeito na casa né – [...] - difícil ser diferente né – um gerente que não
escute – que não fala
”.
O gerente G5 traz a esposa na sua fala e a descreve como sendo muito
serena e pontual, auxiliando na parte comportamental da gerência: “
minha esposa
62
ela é muito serena e muito pontual no:: nas observações dela- então ela por
exemplo ela pode não falar assim – pô mais você tá fazendo isso errado- tá fazendo
isso certo porque ela estaria entrando dentro da metodologia de trabalho e de
repente ela não entende mas – ela ::ela... o modo de ela ser me ajuda do tipo seja
mais ou menos (ousado) nisso- seja mais pontual nisso- [...] não na questão de
técnica- mas na questão comportamental
”.
A esposa também aparece na fala do gerente G6, ressaltando que a sua
esposa é mais ponderada do que ele e essa ponderação o auxilia na sua prática: “
eu
diria que a minha esposa é bem mais equilibrada que eu- [...] eu tenho visto que o
equilíbrio dela fazem as coisas andarem melhor do que às vezes o meu
desequilíbrio
”. O gerente G7 também percebe a importância da sua esposa no seu
trabalho e a mudança que ela causou nos seus comportamentos: “
hoje mudou muito
– depois que a gente começou a ficar junto – tal mudou bastante sabe- na forma de
encarar as coisas tal – na forma de agir a determinadas situações com certeza tem
dela muito também
”.
As falas dos gerentes sobre as esposas só vêm ratificar o que Fu e Shaffer
(2001) descrevem no seu modelo FIT, que consideram o apoio doméstico como
sendo um dos fatores para equilibrar a relação família e trabalho.
Um dos gerentes, G2, possui uma visão diferenciada dos outros gerentes,
relatando que não há uma participação da família atual no seu trabalho como
descrito: “
eles não têm uma:: idéia exata do que eu faço- então eles sabem alguma
coisa por fato pitorescos ou alguma coisa que eu conto- mas como eu trabalho dia-a-
dia eu tenho certeza que eles já sabem como que é que é eles têm uma imagem de
algumas coisas passadas- às vezes problemas- às vezes alguma coisa interessante
é assim- pitoresca- eu diria então é:: a falta é uma noção do que que é o meu
trabalho é:: eles têm uma:: uma visão muito periférica
”.
A família parece ser de forma unânime uma dimensão muito importante para
os gerentes. A família é considerada como a “viga mestra no processo evolutivo do
ser humano” (OSÓRIO, 2002, p.11).Para um dos gerentes a família tem prioridade
sobre tudo, sobre qualquer responsabilidade na empresa: “
eu me ausentei uma
semana pra me dedicar pra ela- sim e :: me dediquei a ela- minha família ela tem
prioridade sobre tudo- mesmo qualquer que seja a minha responsabilidade na
empresa- a minha família é prioridade- a empresa eu não sei até quando vai durar- a
63
minha família eu quero que dure para sempre
” [G1]. Para outro gerente, caso a sua
esposa não possa se dedicar à filha porque quer trabalhar, ele afirma que pararia
em prol da família, dos cuidados devidos que a sua filha necessita: “
se ela falasse
assim pra mim- ah eu arranjei um emprego da minha vida tá- se ela falasse isso e eu
fosse então – eu vou largar a minha carreira e vou dedicar a nossa filha
” [G5].
Para os gerentes de uma forma ou de outra, a família originária e/ou atual,
exerce uma influência que pode ser pelos valores repassados, pelos
comportamentos aprendidos, pelos conselhos dados por seus familiares-
principalmente às esposas- ou por preocupações-
“tem momentos que a tua família
passa por alguns problemas e tal – de saúde- meu pai um tempo atrás estava meio
doente e tal- e aquilo afetou bastante o meu desempenho no trabalho
” [G7],
configurando o que Fu e Shaffer (2001) demonstraram com o seu modelo FIT. Mas
cada gerente tem o seu significado de família e trabalho formado através da sua
história de vida. Para Cruikshank (1996), os relatos orais compostos de experiência
subjetiva, são reconhecidos como um dos fundamentais benefícios do método
fenomenológico, pois através deles que há a possibilidade de entender como o
passado é construído e os significados para cada indivíduo.
4.4.2 Significado de trabalho e a influência na família
Na seção descrita anteriormente foi constatada a importância da família
originária e atual para os gerentes, bem como a influência destas na formação dos
gerentes pesquisados conforme o modelo FIT de Fu e Shaffer (2001). Skitemore e
Ahmad (2003) percebem as dimensões - trabalho e família- como os dois aspectos
mais significativos da vida do indivíduo. A importância do trabalho foi constatada no
relato de vários gerentes: “
eu não quero perder nenhum dos dois- gosto muito do
meu trabalho e amo muito a esposa
[G1]; “
agora a minha família tem que entender
isso e dar sustentação – psicológica pra dizer né – pra que eu possa fazer esse
trabalho de mercado em casa – a somatória dos dois é eu poder dar a minha família
aquilo que eu acho que é necessário
[G3]; “
quando eu tirei férias eles me ligaram
quando eu tirei férias- mais eu não vou deixar de atender a empresa também porque
64
eu tô de férias- porque se preciso também um dia qualquer falar pra empresa eu
preciso de um dia pra ficar com a minha família () entendeu- então eu não posso
erradicar os meus dois pontos importantes
” [G5].
O significado do trabalho também pode estar relacionado a fazer o que gosta
e que seja de responsabilidade como menciona o gerente G6: “
eu entendo que você
tem que trabalhar onde você gosta- se você trabalha num lugar onde você não
gosta- você tem que ter um grande benefício [...] eu não consigo viver sem
responsabilidade
”.
Sobre a influência do trabalho na família percebeu-se que efetivamente existe
- conforme o modelo TIF de Fu e Shaffer (2001)- principalmente uma influência
negativa, pois os gerentes lidam com uma carga de responsabilidade muito grande,
chegando em casa com preocupações, com trabalhos para fazer, cansados e
consideram que precisam estar disponíveis para a empresa a todo o momento,
deixando em segundo plano a família, por mais que essa seja considerada de muita
importância. De acordo com os autores citados, quando há uma sobrecarga de
atividades pode ocorrer uma tensão nas relações trabalho e família.
Bartolomé (1983) assinala que a competição e a busca do sucesso
influenciam diretamente a relação do gerente acerca do trabalho e outras áreas da
sua vida, principalmente em relação ao convívio com a sua família e ao
reconhecimento das suas necessidades. As falas dos gerentes confirmam: “
porque
no fundo você tem uma carga de responsabilidade- você tem que dar 100% do seu
tempo disponível para a empresa- você assumiu essa...esse desafio de ser um
gerente- você tem que estar disponível para a empresa
” [G1]; “
É:: em levar o
trabalho pra casa no ponto de vista é:: não só no trabalho em si-mas aquele
problema- aquela coisa não é uma coisa fácil de fazer- então conforme o teu humor
está- por mais que você faça exercício ele influencia- o cansaço que você chega o
estresse que você tem-ele tem uma influência- não dá para negar isso, ok
?” [G2];
meu filho tá no 2º grau se preparando pro vestibular e ::então ele tá um pouco
precisando de mim- sim falo- tô cansado- quero descansar” [G3]; “muitas vezes eu tô
em casa e o telefone toca- esse celular- esse maldito celular- você não tem mais
sossego – eu não posso desligar o meu celular- é norma da empresa [...] trabalha
demais - aí é o cansaço- o estresse- a irritação que você passa para os filhos- a
irritação.. .passa
” [G8]; “
Complicado fica complicado o :: - o que que acontece tudo
65
isso gera um desgaste violento aqui na empresa pra mim quando você sai chegou o
momento que - é você acaba tendo atritos dentro da própria família – porque você
chega irritado – cansado acaba levando problemas da empresa pra casa eu cansei
de levar por exemplo – não problemas mais serviços propriamente dito levar pra
resolver em casa trabalhar final de semana
” [G9].
De acordo com as falas dos gerentes, a dedicação ao trabalho acaba sendo
maior do que para a família, gerando conflitos, como a questão do tempo descrita
abaixo.
4.4.3 Conflitos na relação trabalho e família: a questão do tempo
O conflito na relação trabalho e família estiveram e estão presentes na vida
da maioria das pessoas (QUENTAL e WETZEL, 2002). Sobre os gerentes
pesquisados, o conflito emerge quando não há um equilíbrio nas dimensões trabalho
e família decorrente do tempo dedicado ao trabalho . Friedman, Christensen e
Degroot (2001), demonstram que muitos gerentes possuem famílias e um trabalho
que requer muita dedicação e horas trabalhadas, ocasionando um desequilíbrio
entre duas áreas da sua vida: a familiar e a profissional. Para Teodósio, Gaspar e
Rodrigues (1998), a rotina do trabalho gerencial possui como característica a
imprevisibilidade, descontinuidade, variabilidade, jornadas de trabalho intensas e
esforço e esforço exaustivo, porém os gerentes às vezes não conseguem lidar da
melhor forma com isso.
Quando o tempo dedicado a uma dimensão não é o mesmo ao de outras
dimensões, as necessidades se tornam diferenciadas e o conflito entre trabalho e
família aparece (GREENHAUS
et al
.,1985). Silva (2005) afirma que quando
acontecem problemas profissionais que são levados para a vida familiar, ocorrem
conseqüências negativas na vida extra-organização do gerente, como é o caso da
quantidade de trabalho citado por Tonelli e Alcadipani (2003).
Sobre as horas trabalhadas, a mudança cultural das últimas décadas, em que
a ênfase esta na recompensa pelas horas trabalhadas, contribuíram para a
66
diminuição da convivência do gerente com a sua família (HOCHSCHILD, 1996).
Marchese
et al.
(2002) demonstram que há inúmeras pesquisas na Administração
com gerentes sobre conflitos de trabalho e família, considerando esse conflito como
um modelo bi-direcional, tanto o trabalho interferindo na família, como a família
interferindo no trabalho, causando conflitos nas duas dimensões.
A palavra conflito apareceu na fala dos gerentes e estava relacionada
diretamente a família, a conseqüência da dedicação ao trabalho ao invés da família.
Greenhaus e Beutel (1985) mencionam que o tempo dedicado em demasia do
gerente para as suas atividades de trabalho pode ocasionar conflito e insatisfação
com os membros familiares como pode ser observado na seguinte fala: “
carga de
responsabilidade- ela transfere às vezes para o lar- transfere às vezes na vida
pessoal- mas sabendo às vezes conduzir isso- o risco é esse- é você não conseguir
administrar esse conflito
[G1].Porém, quando o mesmo gerente é questionado
explicitamente se a dedicação ao trabalho em demasia causa conflito, o mesmo
relata que isso já faz parte do dia-a-dia, como natural, demonstrando o quanto é
difícil assumir que existe um conflito em relação ao tempo, até mesmo durante e no
final da sua fala ri como mostrando que não estava acreditando naquilo que estava
falando: “
Que tipo de conflito? ((risos)) Entre eu e a minha esposa por causa da
dedicação do trabalho? Eu não chamo isso de conflito- é uma ... é uma carga que te
acompanha- você é- o gerente- é responsável não só por uma equipe- por um
recurso físico- por um local- por um posto de trabalho e há uma ... uma preocupação
que – não é conflito- é uma coisa que às vezes te deixa um pouco mais preocupado
que lá fora você não consegue
((risos))”.
Para o G4 não há conflito com a família sobre o tempo dedicado à empresa,
pois acredita que a sua esposa e seus filhos compreendem isso. Porém, a sua
família percebe que o gerente trabalha demais e que poderia se dedicar menos ao
trabalho principalmente no final de semana. As horas trabalhadas em demasia são
percebidas como pressões para os gerentes ocorrendo tensão na sua família
(GREENHAUS e BEUTEL, 1985), conforme a seguinte fala: “
Olha a família acha
realmente que eu trabalho demais né – acha um absurdo () nessa vida – e aí a
semana passada eu fiquei a semana toda fora é :: - é complicado situação nada
agradável né eu reconheço até por mim sei que é pra elas eu tenho duas filhas e ::
- a minha esposa e a gente tem uma dificuldade né – não acho que não temos assim
67
conflito acho que o pessoal entende – né compreende isso não tem conflitos mas a
gente tem analisado
” [G4].
O conflito para o G5 é algo presente na sua vida, contudo procura minimizá-lo
transferindo somente atividades prioritárias para o seu final de semana, como pode
ser observado na sua fala:
É :: os conflitos existem tá- não vou dizer pra você que
não existe () você tem que chegar e tem que tentar remediar que trabalho priorizar
no final de semana
”.
O gerente G8 não mencionou a palavra conflito, porém percebe que a
dedicação ao trabalho em termos de horas interferiu e interfere de forma negativa na
relação com a sua família, causando tensão conforme o modelo de Greenhaus e
Beutel (1985). Descreve a cobrança da filha pela sua ausência devido à dedicação
ao trabalho e percebe isso como realidade
: “a minha filha me cobrou- da minha
ausência- a princípio isso- ela me cobrou que podia ter ficado mais com ela- que
gostaria de ter mais ficado comigo- acordar ela de manhã- que eu saia muito cedo
de casa- que botava ela para dormir- ela me cobrava muito isso- hoje
ela me cobra
muito () eu me dediquei muito ao trabalho e deixei um pouco a família
”. De acordo
com Tremblay (2004) existem vários estudos que demonstraram a dificuldade de
pais em conciliar as obrigações profissionais e família devido à falta de tempo,
gerando-os estresse e angústia.
A palavra conflito não apareceu nas entrevistas dos gerentes G2, G3, G6 e
G7, mas todos mencionaram que a carga horária trabalhada é em média de nove a
dez horas por dia e que geralmente no final de semana existem algumas atividades
para serem realizadas, ocorrendo mais dedicação ao trabalho do que a família. As
falas revelam isso: “
então é comum você trabalhar e aí não menos do que :: nove
horas por dia e ter um padrão que você vai tranqüilamente até a dez e até doze
horas por dia em uma semana-em alguns dias da semana você vai fazer essa
quantidade de horas com certeza é
::”[G2]; “
O meu horário ele não é :: fechado-
apesar de ser das 7:30 às 17:30- mas se eu vou viajar eu já vou sair no vôo das 6:20
[...]os interesses da minha família ficam de lado
“[G3]; “
todos aqui passam mais de
10 horas do seu dia aqui dentro- você dorme 6 horas- então 16 horas do dia você
passa fora da sua família- quando sobra 8 horas eu () – então né:: você passa mais
tempo dentro do trabalho do que com a sua família- então afeta
”[G6]; “
o tempo que
tu tá aqui dentro (tá ocupado) praticamente tem uma extensãozinha aí fora que a
68
gente hoje anda de celular (não tem) faz aquele esquema- saio da empresa acabou
o trabalho- não existe isso
” [G7].
O gerente G9 também não falou sobre conflito, porém afirma que as horas de
trabalho lhe causam desgaste e agitação que interferem na relação com os seus
familiares:
às vezes finais de semana como eu tava te falando – chegava 7:30h da
manhã aqui – chegava em casa 8:00h da noite por exemplo no sábado – isso acaba
queira ou não queira influenciando na família porque é um desgaste né natural e a e
a agitação aí
”.
Para todos os gerentes a dedicação é maior para o seu trabalho do que para
a família, sendo para alguns, considerada motivo de conflitos e insatisfação da sua
família. Os gerentes pesquisados também mencionam que esse tempo de
dedicação, além de estar muito ligado à exigência da empresa e do mercado, em
querer um profissional cem por cento conectado, está muito relacionado à maneira
de como organizam as suas atividades, ou seja, definição de prioridades.
4.4.4 Atitudes para buscar o equilíbrio na relação trabalho e família
De acordo com Clark (2000), o equilíbrio pode ser conceituado como um bom
relacionamento entre o trabalho e a família, tendo o mínimo de conflito entre essas
dimensões. Para Bartolomé e Evans (1980), como a vida pessoal pode influenciar no
trabalho, este também pode influenciar na vida pessoal. Os autores demonstram
ainda, que uma vida pessoal saudável depende do indivíduo conseguir lidar com as
dificuldades do trabalho, porém não é o que acontece comumente com muitos
gerentes. Esses mencionam a dificuldade de separar a família do trabalho e vice-
versa, porém cada um adota várias atitudes para buscar o equilíbrio entre família e
trabalho, afim de que problemas e dificuldades não exerçam uma influência negativa
para os gerentes e seus familiares. Define-se como atitude “padrões habituais de
controle emocional” para lidar com as diversas pressões exercidas, ajustando os
indivíduos “às pressões de uma existência social complexa” (HOWELLS, 1972,
p.50). Como se pode constatar com as seguintes falas dos gerentes, relacionando
69
vida pessoal e profissional: “
dizer eu não vou deixar muito bem definido meus
objetivos- meus parâmetros né- não levo é – trabalho e problemas para casa do
serviço e não trago de casa para o serviço- isso é uma coisa impossível né- ninguém
consegue fazer isso- deve ser pouco né que conseguem fazer isso- as coisas um
pouco se misturam né- você tem é que controlar isso- pra não :: não afetar de lado
nenhum é :: como profissional né
“[G3]; “
eu acho que são coisas que se - se
interligam né- eu não me vejo dissociando trabalho de casa
”[G6].
Para Farias (2004), a família contemporânea, possui como maior objetivo o
diálogo, pois se acredita que é através do diálogo que ocorra uma melhoria das
relações familiares. Os gerentes pesquisados trouxeram o diálogo como sendo uma
das atitudes tomadas para equilibrar a família e o trabalho,como o caso de um dos
gerentes que procura nos momentos de folga estar integralmente com a esposa,
dialogar bastante: “
então ultimamente eu tenho conseguido me dedicar
integralmente me desculpe (( celular tocou)). Procurando :: me entregar à esposa- a
esposa- a vida familiar nos momentos de folga [...] a gente passa o fim de semana
junto- procurando fazer alguma atividade juntos- é os dois- onde um vai o outro está
atrás- o tempo todo convivendo [...]procurar me desligar do trabalho- não deixar que
a pressão seja transferida para ela
” [G1]. O diálogo ainda é mais freqüente quando
um dois está com algum problema: “
ela percebe que alguma coisa da :: alguma
preocupação a mais- nós conversamos muito sobre isso- nós procuramos dialogar
bastante
” [G1].
O gerente G2 também relata que uma das suas atitudes é conversar com
mais freqüência, procura se dedicar mais à noite para os seus familiares- colocar
isso como pauta- conciliar as suas atividades com a dos seus filhos: “
de conversar
com mais freqüência- de repente um dia dá certo né? Porque é :: é vira um hábito-
isso você exclui uma porção de coisas do pai-no caso—no meu caso porque
tradicionalmente em algumas tentativas cobraram-ah:: não fui no encontro –na festa
do filho não fui-então isso eu tenho aceito até-vendo isso acontecer tenho tido nós
últimos tempos uma reação- abro uma janela do windons no programa como tão
importante quanto qualquer reunião que você tá fazendo na empresa-isso é
importante fazer- embora muitas vezes faz
”. Outra atitude está relacionada a
participar de eventos com a sua esposa para poder está mais perto: “
A gente tenta
ficar o mais próximo possível nesse aspecto- ou seja- quando tem um evento vai
70
sempre os dois- seja da empresa de um- seja da empresa do outro e:: tentar
contornar ai as situações na medida do possível-mas o diálogo sempre que possível
é
”.
O gerente G3 menciona a sua dificuldade em dedicar tempo para a família
devido à demanda das suas atividades gerenciais, demonstrando que os seus
familiares não são conformados a essa dedicação que ele tem ao trabalho, mas são
habituados, sentindo-se culpado por isso. Sendo assim, não foi encontrada na sua
fala atitude relacionada à busca de equilíbrio: “
Eles são habituados a essa situação-
não conformados e sim habituados e cobrança existem e vão existir sempre por
motivos diferentes né [...]mas fica dentro da minha pessoa uma dívida
”.
O gerente G4 procura diminuir a sua carga de trabalho- horas trabalhadas-
dentro e fora da empresa conforme a sua fala: “
a gente acaba penalizando aí a
família né – com relação a :: essa carga excessiva aí – eu sei disso – a gente
reconhece e:: tentando me:: - me organizar melhor pra tentar diminuir aos
poucos ((risos)) essa carga de trabalho né
”.
O gerente G5 igualmente ao G4 tem percebido a importância de diminuir a
carga horária de trabalho, mas também revela a questão de ceder tanto para a
família quanto para a empresa e definir o que é prioridade e temporário, como o
seguinte relato: “
saber ceder e também saber explicar que tem horas que não tem
como você não se dedicar entendeu - as empresas eu acho que exigem cada vez
mais do profissional né- ou seja pra morar longe de casa ou seja pra ser transferido
seja pra qualquer coisa que seja o motivo – eu acho que o único ponto que tem de
divergência em relação em casa é que não me dedico demais sem saber como
entrar num acordo pro tipo não isso aqui é temporário- tipo é um trabalho que eu
preciso concluir- terminando esse trabalho eu volto à situação de poder me dedicar à
família no final de semana normal como todo mundo faz
”.
Concordando com o G4 e G5, o gerente G6 tem diminuído todas à noite a sua
carga horária de trabalho e além disso, adota como atitudes conversar com os seus
filhos e esposa. As falas a seguir revelam isso:
“eu :: eu tenho algumas metas na
minha noite- então eu sempre tenho que ouvir música- tenho que conversar com os
meus filhos- com a minha mulher antes de dormir
”.
71
O gerente G7 tem procurando no final de semana se desligar mais do
trabalho, principalmente por estar pouco tempo casado e pelo momento do mercado
não estar exigindo tanta dedicação:
“ultimamente a gente tem conseguido se
desligar um pouco mais no fim de semana né- isso tudo também nessa área da
gente é uma questão de :: fase de mercado né- de :: momento de mercado- tem
vezes que o mercado tá muito aquecido – e aí você tem que vir pra cá no sábado às
vezes no domingo- ou não tem feriado então a:: - sobretudo nessa área que a gente
atua”
.
O gerente G8 procura quando está em casa, não discutir com os seus
familiares, pois já passa muito tempo afastado de casa, estando somente no final de
semana:
“eu tava pensando esses dias...hoje eu tô () com uma mulher na
menopausa uma filha no final da adolescência- uma que está crescendo e outra com
mau-humor- chego na 6ª e saiu no domingo- não posso só ficar brigando com a
minha filha
”. Contrariamente, o gerente G9 enfatiza não a sua atitude, mas sim a
atitude da sua esposa para equilibrar o estresse do trabalho e a relação em família,
procurando desviar os problemas familiares do gerente, porém o gerente tamm
procura não falar de assuntos que o incomodam no seu âmbito familiar:
“são
problemas cotidianos procuro sempre evitar tocar em assuntos assim que vão trazer
mais dor de cabeça pra mim – deixo pra falar numa hora mais apropriada isso ajuda
muito a () por outro lado o que que – o desgaste no dia a dia
”.
Cada gerente tem a sua maneira de agir, atuar no sentido de buscar alguma
forma de melhor vivenciar e equilibrar a relação trabalho e família. De acordo com a
pesquisa de Silva (2005, p.154),
“os gerentes adotam várias atitudes para evitar que
os conflitos experienciados na prática gerencial interfiram na fa
mília”, pois o
desequilíbrio é percebido pelos gerentes como algo negativo e se não estão bem
com a sua família, acontece uma interferência na vida profissional e vice-versa.
O quadro 3 ilustra as falas dos gerentes sobre a relação família e trabalho.
TEMA: Relações Familiares e Relações de Trabalho
Fala do Gerente Unidade de Significado Categoria
G1- trago exemplo de casa- aprendi muito com o meu pai em questão de
honestidade- questão de respeito às pessoas- nada de dar exemplo na
chibata [...] eu trago- os valores que tenho hoje na vida- isso influencia
muito muito- para essa carreira de se responsabilizar- jogar essa carga de
responsabilidade em cima da gente- de conduzir as pessoas- de saber
respeitar o jeito de cada um .
Os valores da família originária influenciando no trabalho.
Significado de família e a
influência no trabalho
G3- A formação e a educação que você tem ela geralmente em geral –
você vem disso né isso – é uma família bastante tradicional – bom
comportamento pai e mãe casados – meu pai faleceu recentemente –
fazem dois anos -nós fomos muito bem educados com relação às
responsabilidades.
Os valores da família originária tradicional influenciando
no trabalho.
Significado de família e a
influência no trabalho
G5- Convivi com um militar- passei cinco anos dentro da escola militar-
então pra mim os outros item são fundamentais por uma organização
funcionar direito entendeu a ::o militar ele que nível esteja verá que ele
esteja entendeu- mas a cobrança tem que haver () especialmente
diferenciar a amizade do trabalho tá.
A influência do pai militar na atuação profissional. Significado de família e a
influência no trabalho
G7- vejo isso claramente- né aquela educação rígida () uma forma séria de
conviver melhor- de querer um negócio limpo nos seus mínimos detalhes
ali- eu acho que dá pra ver as marcas dos familiares tem tudo haver com
isso.
A influência da educação rígida na forma de atuar
profissionalmente.
Significado de família e a
influência no trabalho
G4 - Eu diria que não – por o seguinte é:: - eu sai muito – viajei – sai
quem mora aqui praticamente sou eu e a minha esposa nossos parentes
estão fora [...] não é um relacionamento cotidiano que possa tá
influenciando eu no dia a dia – entendeu não tem influência.
A família originária não exercendo influência na dimensão
trabalho.
Significado de família e a
influência no trabalho
G6- Minha família não tem nada a ver com o que eu faço. A família originária não exercendo influência na dimensão
trabalho.
Significado de família e a
influência no trabalho
G8- Não... não tem – ninguém tem influência. A família originária não exercendo influência na dimensão
trabalho.
Significado de família e a
influência no trabalho
G9- Não – eu não percebo ... eles sabem por exemplo é :: minha irmã –
tenho uma irmã que trabalha na parte de comércio exterior tá – começou a
trabalhar na parte de comércio exterior porque eu já trabalhava.
A família originária não exercendo influência na dimensão
trabalho e sim, o gerente exercendo influência na vida
profissional da irmã.
Significado de família e a
influência no trabalho
73
G1- o exemplo com a esposa- vai um pouquinho mais afundo-
principalmente essa parte de respeito de relacionamento humano [...]
aceitar o jeito dela ser- que é muito diferente do meu- issoacho que
ajuda muitoapesar de eu ter começado a minha carreira gerencial antes
de conhecê-la- antes de me casar- né- eu acho que faz parte do
amadurecimento.
A esposa exercendo um papel importante no dia-a-dia do
gerente.
Significado de família e a
influência no trabalho
G4- respeito à opinião de cada um [...] acho que isso é um reflexo sobre a
minha atividade aqui dentro que também é efeito na casa né [...] difícil ser
diferente né – um gerente que não escute – que não fala.
A comunicação em casa sendo exercida na função
gerencial.
Significado de família e a
influência no trabalho
G5- minha esposa ela é muito serena e muito pontual no:: nas observações
dela- então ela por exemplo ela pode não falar assim – pô mais vo
fazendo isso errado- tá fazendo isso certo porque ela estaria entrando
dentro da metodologia de trabalho e de repente ela não entende mas – ela
::ela... o modo de ela ser me ajuda do tipo seja mais ou menos (ousado)
nisso- seja mais pontual nisso [...] não na questão de técnica- mas na
questão comportamental.
A influência da esposa na questão comportamental
generalizada para o trabalho.
Significado de família e a
influência no trabalho
G6- eu diria que a minha esposa é bem mais equilibrada que eu [...] eu
tenho visto que o equilíbrio dela fazem as coisas andarem melhor do que
às vezes o meu desequilíbrio.
A esposa como modelo de equilíbrio para a atuão
profissional do gerente.
Significado de família e a
influência no trabalho
G7- hoje mudou muito – depois que a gente começou a ficar junto – tal
mudou bastante sabe- na forma de encarar as coisas tal – na forma de agir
a determinadas situações com certeza tem dela muito também.
O comportamento da esposa como agente de mudança
para o gerente.
Significado de família e a
influência no trabalho
G2- eles não têm uma:: idéia exata do que eu faço- então eles sabem
alguma coisa por fato pitorescos ou alguma coisa que eu conto- mas como
eu trabalho dia-a-dia eu tenho certeza que eles já sabem como que é que é
eles têm uma imagem de algumas coisas passadas- às vezes problemas- às
vezes alguma coisa interessante é assim- pitoresca- eu diria então é:: a falta
é uma noção do que que é o meu trabalho é:: eles têm uma:: uma visão
muito periférica.
A família atual não exercendo influência devido à falta de
conhecimento da função do gerente.
Significado de família e a
influência no trabalho
G1- eu me ausentei uma semana pra me dedica pra ela- sim e :: me
dediquei a ela- minha família ela tem prioridade sobre tudo- mesmo
qualquer que seja a minha responsabilidade na empresa- a minha família é
prioridade- a empresa eu não sei até quando vai durar- a minha família eu
quero que dure para sempre.
A família como prioridade. Significado de família e a
influência no trabalho
G5- se ela falasse assim pra mim- ah eu arranjei um emprego da minha
vida tá- se ela falasse isso e eu fosse então eu vou largar a minha carreira
e vou dedicar a nossa filha.
A dedicação à filha. Significado de família e a
influência no trabalho
74
G7- tem momentos que a tua família passa por alguns problemas e tal – de
saúde- meu pai um tempo atrás estava meio doente e tal- e aquilo afetou
bastante o meu desempenho no trabalho né.
A doença do pai e a influência no trabalho. Significado de família e a
influência no trabalho
G1- eu não quero perder nenhum dos dois- gosto muito do meu trabalho e
amo muito a esposa .
O trabalho e a família como dimensões importantes. Significado de trabalho e a
influência na família
G3- agora a minha família tem que entender isso e dar sustentação
psicogica pra dizer né – pra que eu possa fazer esse trabalho de mercado
em casa – a somatória dos dois é eu poder dar a minha família aquilo que
eu acho que é necesrio.
A importância do trabalho e a importância da sustentação
da família.
Significado de trabalho e a
influência na família
G5- quando eu tirei férias ele me ligaram quando eu tirei rias- mais eu
não vou deixar de atender a empresa também porque eu de férias-
porque se preciso também um dia qualquer falar pra empresa eu preciso de
um dia pra ficar com a minha família () entendeu- então eu não posso
erradicar os meus dois pontos importantes.
A importância do trabalho no momento derias. Significado de trabalho e a
influência na família
G6- eu entendo que você tem que trabalhar onde vo gosta- se vo
trabalha num lugar onde vo não gosta- você tem que ter um grande
benefício [...] eu não consigo viver sem responsabilidades.
O trabalho como significado de fazer o que gosta e de
responsabilidade.
Significado de trabalho e a
influência na família
G1- porque no fundo vo tem uma carga de responsabilidade- você tem
que dar 100% do seu tempo disponível para a empresa- você assumiu
essa...esse desafio de ser um gerente- vo tem que estar disponível para a
empresa.
O trabalho significando uma carga de responsabilidade. Significado de trabalho e a
influência na família
G2- É:: em levar o trabalho pra casa no ponto de vista é:: não no
trabalho em si-mas aquele problema- aquela coisa não é uma coisa fácil de
fazer- então conforme o teu humor está- por mais que você faça exercício
ele influencia- o cansaço que você chega o estresse que você tem-ele tem
uma influência- não dá para negar isso, ok
?
O trabalho gerador de cansaço. Significado de trabalho e a
influência na família
G3- meu filho tá no 2º grau se preparando pro vestibular e ::então ele tá
um pouco precisando de mim- sim falo- tô cansado- quero descansar.
O trabalho em primeiro plano, o filho em segundo. Significado de trabalho e a
influência na família
G8- muitas vezes eu tô em casa e o telefone toca- esse celular- esse
maldito celular- vo não tem mais sossego – eu não posso desligar o meu
celular- é norma da empresa- [...] trabalha demais - aí é o cansaço- o
estresse- a irritação que vo passa para os filhos- a irritação.. passa.
O trabalho gerador de cansaço. Significado de trabalho e a
influência na família
G9- Complicado – fica complicado o :: - o que que acontece tudo isso gera
um desgaste violento aqui na empresa pra mim quando vosai chegou o
momento que - é você acaba tendo atritos dentro da própria família –
porque vo chega irritado – cansado acaba levando problemas da empresa
pra casa – eu cansei de levar por exemplo – não problemas mais serviços
propriamente dito levar pra resolver em casa trabalhar final de semana.
O trabalho como gerador de atritos em casa. Significado de trabalho e a
influência na família
75
G1- carga de responsabilidade- ela transfere às vezes para o lar- transfere
às vezes na vida pessoal- mas sabendo às vezes conduzir isso- o risco é
esse- é vo não conseguir administrar esse conflito.
A responsabilidade como risco de conflito entre o trabalho
e a família.
Conflitos na relação trabalho e
família: a questão do tempo
G1- Que tipo de conflito? ((risos))Entre eu e a minha esposa por causa da
dedicação do trabalho? Eu não chamo isso de conflito- é uma ... é uma
carga que te acompanha- vo é- o gerente- é responsável não só por uma
equipe- por um recurso físico- por um local- por um posto de trabalho e há
uma ... uma preocupação quenão é conflito- é uma coisa que às vezes te
deixa um pouco mais preocupado que lá fora você não consegue... ((risos))
O conflito com natural. Conflitos na relação trabalho e
família: a questão do tempo
G4- Olha a família acha realmente que eu trabalho demais né – acha um
absurdo () nessa vida né – e aí a semana passada eu fiquei a semana toda
fora é :: - é complicado situação nada agradável né – eu reconheço até por
mim sei que é pra elas eu tenho duas filhas e :: - a minha esposa e a gente
tem uma dificuldade né – não acho que não temos assim conflito acho que
o pessoal entende – né compreende isso não tem conflitos mas a gente tem
analisado.
A família compreensiva em relação ao tempo de dedicação
ao trabalho.
Conflitos na relação trabalho e
família: a questão do tempo
G5- É :: os conflitos existem tá- não vou dizer pra vo que não existe ()
você tem que chegar e tem que tentar remediar que trabalho priorizar no
final de semana.
Minimizar o conflito através da escolha da atividade de
trabalho a ser realizada em casa.
Conflitos na relação trabalho e
família: a questão do tempo
G2- então é comum vo trabalhar e aí não menos do que :: nove horas por
dia e ter um padrão que você vai tranqüilamente até a dez e até doze horas
por dia em uma semana-em alguns dias da semana você vai fazer essa
quantidade de horas com certeza é ::
Maior tempo no trabalho do que na família. Conflitos na relação trabalho e
família: a questão do tempo
G3- O meu horário ele não é :: fechado- apesar de ser das 7:30 às 17:30-
mas se eu vou viajar eu vou sair no vôo das 6:20 [...]e os interesses da
minha família ficam de lado.
Maior dedicação ao trabalho do que a família. Conflitos na relação trabalho e
família: a questão do tempo
G6- todos aqui passam mais de 10 horas do seu dia aqui dentro- vo
dorme 6 horas- então 16 horas do dia você passa fora da sua família-
quando sobra 8 horas eu () – então né:: você passa mais tempo dentro do
trabalho do que com a sua família- então afeta.
O tempo no trabalho afetando o convívio com a família. Conflitos na relação trabalho e
família: a questão do tempo
G7- o tempo que tu tá aqui dentro (tá ocupado) praticamente tem uma
extensãozinha aí fora que a gente hoje anda de celular( não tem) faz aquele
esquema- saio da empresa acabou o trabalho- não existe isso.
O trabalho fora da empresa. Conflitos na relação trabalho e
família: a questão do tempo
G8- a minha filha me cobrou- da minha ausência- a princípio isso- ela me
cobrou que podia ter ficado mais com ela- que gostaria de ter mais ficado
comigo- acordar ela de manhã- que eu saia muito cedo de casa- que botava
ela para dormir- ela me cobrava muito isso- hoje ela me cobra muito () eu
me dediquei muito ao trabalho e deixei um pouco a família.
A cobrança da filha e a relação com a esposa devido ao
trabalho.
Conflitos na relação trabalho e
família: a questão do tempo
76
G9- às vezes finais de semana como eu tava te falando – chegava 7:30h da
manhã aqui – chegava em casa 8:00h da noite por exemplo no sábado
isso acaba queira ou não queira influenciando na família porque é um
desgaste né natural e a e a agitação aí .
Tempo dedicado ao trabalho interferindo na família. Conflitos na relação trabalho e
família: a questão do tempo
G3- dizer eu não vou deixar muito bem definido meus objetivos- meus
parâmetros né- não levo é – trabalho e problemas para casa do serviço e
não trago de casa para o servo- isso é uma coisa impossível né- ninguém
consegue fazer isso- deve ser pouco né que conseguem fazer isso- as coisas
um pouco se misturam né- você tem é que controlar isso- pra não :: não
afetar de lado nenhum é :: como profissional né.
Trabalho e família sem fronteiras. Atitudes para buscar o equilíbrio
na relação trabalho e família
G6- eu acho que são coisas que se - se interligam né- eu não me vejo
dissociando trabalho de casa.
Trabalho e família sem dissociação. Atitudes para buscar o equilíbrio
na relação trabalho e família
G1- então ultimamente eu tenho conseguido me dedicar integralmente ...
me desculpe (( celular tocou)). Procurando :: me entregar à esposa- a
esposa- a vida familiar nos momentos de folga- as noites e apesar de eu
viver ... da gente se encontrar duas vezes por semana porque ela
continua em Jaraguá do Sul- a gente passa o fim de semana junto-
procurando fazer alguma atividade juntos- é os dois- onde um vai o outro
está atrás- o tempo todo convivendo- a gente não tem filhos ainda né-
tentando mais – já perdeu- mas eu tenho procurado e entregar
completamente- procurar esquecer- procurar me desligar do trabalho- não
deixar que a pressão seja transferida para ela.
A convivência integral no final de semana com a esposa. Atitudes para buscar o equilíbrio
na relação trabalho e família
G1- ela percebe que alguma coisa da :: alguma preocupação a mais- nós
conversamos muito sobre isso- nós procuramos dialogar bastante.
O diálogo para minimizar a preocupação. Atitudes para buscar o equilíbrio
na relação trabalho e família
G2- de conversar com mais freqüência- de repente um dia dá certo né?
Porque é :: é vira um hábito-isso vo exclui uma porção de coisas do pai-
no caso—no meu caso porque tradicionalmente em algumas tentativas
cobraram-ah:: não fui no encontro –na festa do filho não fui-então isso eu
tenho aceito até-vendo isso acontecer tenho tido nós últimos tempos uma
reação- abro uma janela do Windows
no programa como tão importante
quanto qualquer reunião que você tá fazendo na empresa-isso é importante
fazer- embora muitas vezes faz.
A conversa freqüente e a família como pauta de
prioridade.
Atitudes para buscar o equilíbrio
na relação trabalho e família
G2- A gente tenta ficar o mais próximo possível nesse aspecto- ou seja-
quando tem um evento vai sempre os dois- seja da empresa de um- seja da
empresa do outro e:: tentar contornar ai as situações na medida do
possível-mas o diálogo sempre que possível é.
Convívio mais próximo da esposa através de participão
a eventos.
Atitudes para buscar o equilíbrio
na relação trabalho e família
G3- Eles são habituados a essa situação- não conformados e sim
habituados e cobrança existem e vão existir sempre por motivos diferentes
né- [...] mas fica dentro da minha pessoa uma dívida.
Dificuldade por parte do gerente em conciliar família e
trabalho.
Atitudes para buscar o equilíbrio
na relação trabalho e família
77
G4-a gente acaba penalizando aí a família né – com relação a :: essa carga
excessiva aí eu sei disso – a gente reconhece e:: tô – tentando me:: - me
organizar melhor pro tentar diminuir aos poucos ((risos...)) essa carga de
trabalho né.
Diminuição da carga horária de trabalho. Atitudes para buscar o equilíbrio
na relação trabalho e família
G5- saber ceder e também saber explicar que tem horas que não tem como
você não se dedicar entendeu - as empresas eu acho que exigem cada vez
mais do profissional né- ou seja pra morar longe de casa ou seja pra ser
transferido seja pra qualquer coisa que seja o motivo eu acho que o único
ponto que tem de divergência em relação em casa é que não me dedico
demais sem saber como entrar num acordo pro tipo não isso aqui é
temporário- tipo é um trabalho que eu preciso concluir- terminando esse
trabalho eu volto à situação de poder me dedicar à família no final de
semana normal como todo mundo faz.
Diminuição da carga horária de trabalho e ceder tanto para
a família quanto para a empresa, definido o é prioridade e
temporário.
Atitudes para buscar o equilíbrio
na relação trabalho e família
G6-.eu :: eu tenho algumas metas na minha noite- então eu sempre tenho
que ouvir música- tenho que conversar com os meus filhos- com a minha
mulher antes de dormir.
Conversar com os filhos e esposa como meta diária. Atitudes para buscar o equilíbrio
na relação trabalho e família
G7- ultimamente a gente tem conseguido se desligar um pouco mais no
fim de semana né- isso tudo também nessa área da gente é uma questão de
:: fase de mercado né- de :: momento de mercado- tem vezes que o
mercado muito aquecido – e aí vo tem que vir pra cá no sábado às
vezes no domingo- ou não tem feriado então a:: - sobretudo nessa área que
a gente atua.
O desligamento do trabalho. Atitudes para buscar o equilíbrio
na relação trabalho e família
G8- eu tava pensando esses dias...hoje eu tô () com uma mulher na
menopausa uma filha no final da adolescência- uma que está crescendo e
outra com mau-humor- chego na 6ª e saiu no domingo- não posso ficar
brigando com a minha filha- e elas discutem pra caramba- então eu fico no
meio ()mas tem que entender isso- mulher é complicado- quem sabe isso é
quem tem duas em casa () então o filho também sente falta...eu trabalho
muito com ele.
Não discutir com os familiares. Atitudes para buscar o equilíbrio
na relação trabalho e família
4.5 Vivenciando a relação trabalho, família e sucesso
O tema estudado nesta seção está formatado em três subseções. Na
primeira, os gerentes revelam o significado de sucesso para os mesmos. Na
segunda eles refletem sobre ser uma pessoa de sucesso e posteriormente,
emergem as experiências da relação trabalho, família e sucesso.
4.5.1 Significado de sucesso
O sucesso é percebido de diferentes formas entre os gerentes, como fazer o
que gosta; levar a vida com dignidade e honestidade- valores da família originária;
tentar conciliar a sua vida pessoal com a profissional e social; é ser reconhecido e
respeitado; viver bem; ter responsabilidade; realizar um trabalho de forma bem feita;
as pessoas sentirem orgulho do seu trabalho e sentirem prazer em trabalhar com
ele; ser valorizado e as pessoas vendo-o como detentor de poder.
Fazer o que gosta na vida profissional e equilibrar com a sua vida pessoal, ter
uma vida com dignidade e honestidade, se resume o significado de sucesso para o
gerente G1, sendo que esses valores foram repassados pela sua família originária:
Sucesso para mim é isso que eu tenho- fazer o que gosta- [...] os valores que eu
trago de casa são muito fortes- [...] é levar essa vida com dignidade- honestidade-
então pra mim sucesso é isso- você consegue fazer o que gosta e tentar conciliar
isso com a sua vida pessoal- profissional- social
”.
Ser reconhecido, as pessoas terem confiança, cumprir as funções são os
significados de sucesso para o gerente G2:
O reconhecimento é :: é :: o conteúdo- a
confiança que você deposita nela- ela tá associado ao sucesso ok? Não é
simplesmente um cargo só- mais sim o quanto ela realmente cumpre com essas
funções e ela absorve todos os pontos negativos – positivos
”. Ainda sobre o
significado de sucesso para o gerente G2, é estar bem consigo, com o trabalho e a
sua família- o equilíbrio:
“porque o valor do sucesso meu não é só o trabalho- ele
79
tem uma importância grande- então definir sucesso é você está bem consigo
mesmo- você está bem com o seu trabalho- está bem com a tua família
”.
O sucesso além de estar associado ao reconhecimento também pode
significar as pessoas sentirem orgulho de trabalhar com o gerente e ser valorizado
pela empresa: “
o sucesso pra mim é:: ver que as pessoas sentem orgulho do meu
trabalho- sentem prazer em trabalhar comigo é:: é eu me sentir bem dentro da
empresa- ser valorizado- não técnica mas comercialmente e achar que sou
importante né dentro da empresa e achar que eu tenho o poder tá
” [G6].
Para o gerente G8, sucesso também é ser reconhecido, principalmente fora
da empresa: “
Sucesso é como havia te falado- é ser uma pessoa bem reconhecida-
reconhecida no mercado- aonde eu vou tem gente que me conhece- no aeroporto ()
se eu vou na Europa tem várias pessoas que me conhece-()eu gosto disso- eu gosto
de ser conhecido- de ser reconhecido
”.
Para o gerente G5 o significado do sucesso é tanto ser reconhecido
profissionalmente, realizando um trabalho bem feito como ter o reconhecimento de
seus familiares no sentido da esposa e filhos o respeitarem. Desiderio (2004)
ressalta o imperativo do relacionamento conjugal ser baseado no respeito e na
consideração da sua própria necessidade e na do outro, como afirma o gerente: :
sucesso pra mim é você conseguir realizar um trabalho- esse trabalho foi bem feito
e você foi reconhecido tá – numa promoção- mas você foi reconhecido dentro do
grupo que você tá desempenhando atividade que você é um bom profissional
entendeu- então profissionalmente pra mim isso é sucesso e familiarmente falando
tá – sucesso pra mim é você conseguir em casa e as pessoas te respeitam
”.
Sucesso também pode está ligado a viver bem e não, ao dinheiro como
afirma o gerente G3: “
Sucesso – sucesso é você viver bem – a :: dinheiro é relativo
né – não é o caso né – você ganhar muito – ou mais – não pode mais representar o
sucesso
”.
O gerente G2 também traz a perspectiva de sucesso e família afirmando que
quando há um equilíbrio entre trabalho e família isso é sucesso, concordando com
Huggins (1997). A fala a seguir traz essa representação: “
É às vezes se forma
somando e às vezes concorrendo- é por exemplo eu tive... vários momentos que eu
tive muito bem no trabalho talvez não tão bem na família-e muitas vezes tive muito
80
bem na família- talvez não tão bem no trabalho- então parece que isso até parece
um dual ou você bem num- no meu ponto né- é:: e não tão bem com o outro- e a
busca desse equilíbrio tem sido um desafio pra mim {E o sucesso?} E o sucesso? O
sucesso é ::não é só um e nem só o outro é um equilíbrio
”.
Cada gerente possui o seu significado de sucesso, porém três dos gerentes
demonstraram que o dinheiro não é sinônimo de sucesso para eles. Para o gerente
G1, dinheiro não é prioridade: “
dinheiro é uma prioridade pra mim que tá lá embaixo-
eu nunca coloquei como objetivo nenhum de vida
”. Já o gerente G3, o dinheiro é
relativo e não é o significado de sucesso: “
dinheiro é relativo né – não é o caso né
você ganhar muito – ou mais – não pode mais representar o sucesso.”. E o gerente
G5 percebe o dinheiro como conseqüência do sucesso, mas não o próprio sucesso
em si: “sucesso pra mim não tem nada a ver com dinheiro tá- não tem nada a ver
com a remuneração que a pessoa tem- isso é conseqüência tá
“.
O gerente G6 demonstra o significado de sucesso como as pessoas sentindo
orgulho do seu trabalho e estando bem ao trabalhar com ele, sendo considerado
importante na empresa. Contrapondo os gerentes anteriores, em outro momento da
sua fala, analisa o sucesso pela sua remuneração, demonstrando assim que além
do significado do orgulho, a remuneração também pode ser um sinônimo de
sucesso. Ferry (2004) ressalta que uma vida bem-sucedida está relacionada a
também ganhar muito dinheiro e ter
status
. Quando perguntado se considerava uma
pessoa de sucesso o G6 respondeu: “
Diria que sim{O teu diria que sim não foi
convincente..((risos))}É:: olha eu- eu- eu :: fiz uma :: uma análise bastante
interessante do meu trabalho né- é agora que a gente passou por uma::: por uma
mudança bastante drástica aqui na Vatech- não- não a Y- a Y não- não acarreta
grandes mudanças pra minha turma e pra mim- mas acarreta em outras áreas- mas
não no Brasil [...] por ter no passado é:: grandes tendências técnicas e grande é::
flexibilidade pra conseguir soluções... eu sempre fui um cara muito bem remunerado
desde a época que eu era estagiário
”.
O gerente G9 não considera sucesso como sinônimo de dinheiro, mas analisa
a sua situação financeira privilegiada decorrente do sucesso do seu trabalho:
“o
sucesso de meu trabalho tá proporcionando um bem estar pra minha família sobre o
:: aspecto financeiro né
”.
81
4.5.2 A percepção de ser uma pessoa de sucesso
De acordo com os seus significados de sucesso de cada gerente, os mesmos
se perceberam como pessoas de sucesso e que a sua função gerencial é uma
função de sucesso também. Ser uma pessoa de sucesso está relacionado a ser
feliz, conviver com a esposa, ascensão profissional, ter responsabilidades,
desempenho, reconhecimento da sua importância e ser respeitado.
Para o gerente G1 ser uma pessoa de sucesso está relacionado a ser uma
pessoa feliz, tendo satisfação em trabalhar e conviver com a sua esposa:
“muito a
minha felicidade traduz o meu sucesso – se eu fosse uma pessoa amarga – triste –
eu acho que :: eu não em sentiria assim – pela minha satisfação – pela minha
necessidade mesmo que eu tenha que viver – em levantar e trabalhar e sair daqui e
ir pra casa conviver com minha esposa isso aí também é significado de sucesso
ham – com certeza nós fazemos nosso próprio sucesso – eu tenho a certeza
absoluta disso
”.
Ter responsabilidade para o trabalho, satisfação e desempenho são
características de uma pessoa que se considera de sucesso, como o caso do
gerente G4:
“pela função que eu exerço eu tô satisfeito – pelo trabalho – não vamo
falar em remuneração nem em fim – mas pela responsabilidade pelo trabalho - pelo
desempenho – eu me sinto :: com :: sucesso eu acho entre aspas né – pela
importância – pelas pessoas porque (pra mim faz bastante importância) né
”.
Ser respeitado pelas outras pessoas, principalmente as do trabalho é ser uma
pessoa de sucesso para o gerente G7:
Olho o respeito que eu tenho aqui das
pessoas- a:: sobretudo o respeito das pessoas da companhia [...] acho que é uma
prova desse meu sucesso ao longo dos anos aí na companhia
”.
A trajetória dentro da empresa desde funcionário auxiliar a gerente, cada vez
assumindo mais responsabilidade demonstra para o gerente G9 ser uma pessoa de
sucesso: “
Eu vejo que sim é :: se eu analisar principalmente a minha trajetória aqui
dentro da empresa eu posso me (considerar) que eu sou uma pessoa de sucesso
que eu comecei aqui – sei lá como um funcionário auxiliar () e hoje eu tenho a
gerência que seria um cargo de extrema confiança e [...]então posso dizer assim que
82
eu sou - que eu me considero uma pessoa de sucesso sim é:: se eu analisar todo o
meu histórico de quando eu comecei em que área que eu comecei – quando eu
comecei onde eu estou hoje colocado eu posso dizer que eu sou uma pessoa de
sucesso
”.
O gerente G2 menciona que possui dificuldade em se considerar uma pessoa
de sucesso, por mais que o seu significado esteja relacionado a reconhecimento por
parte de outras pessoas e estar ciente que isso acontece. Mas essa dificuldade está
relacionada a uma questão pessoal como expressa nessa fala:
“tenho dificuldade de
me considerar uma pessoa de sucesso ok- é:: tô trabalhando bastante nisso- é uma
coisa muito mais pessoal
”.
Um outro gerente destaca que se considera uma pessoa de sucesso, pois é
reconhecido por realizar um trabalho bem feito e respeitado pela família, mas avalia
o sucesso como contínuo, a busca de um crescimento pessoal e profissional, não se
sentindo totalmente satisfeito, contrapondo a sua percepção de se considerar uma
pessoa de sucesso: “
o sucesso é contínuo tá- por isso que eu falo que é o primeiro
passo entendeu- eu não posso vamo dizer assim- eu estou cem por cento realizado
profissionalmente porque não é uma verdade tá- eu quero crescer seja- como uma
pessoa disse seja na horizontal seja na vertical entendeu- eu quero crescer na
companhia entendeu- eu quero crescer pessoalmente- é seja no ponto de adquirir
conhecimentos- seja no ponto de vista de crescimento numa empresa numa questão
() entendeu- de exercer outras atividades entendeu- então é o primeiro passo ser
gerente
” [G5].
O gerente G8 se considera uma pessoa de sucesso, pois é reconhecido em
qualquer parte do mundo, tendo sucesso no trabalho, porém sucesso também está
relacionado ao equilíbrio, trabalho e família e afirma que isso não conseguiu,
portanto não conseguindo se considerar bem-sucedido.: “
Bom... no trabalho eu acho
que tive sucesso- eu me sinto muito bem – mas acho que não soube equilibrar as
coisas- isso não é sucesso- não em relação ao meu pais- mas como marido e pai-
eu acho que eu não consegui- deixei minha família de lado
()”. Estudos de Schneer
e Reitman (1993) não concordam com o gerente pesquisado, pois mencionam que
um indivíduo que está disposto e capacitado a identificar as demandas de uma
carreira administrativa, incluindo viagem, recolocação e horas de trabalho extensas,
83
que a sua esposa não trabalha é um homem mais satisfeito com a sua carreira
profissional e possuindo um equilíbrio entre vida pessoal e familiar.
Sobre a função gerencial ser uma função de sucesso, os gerentes afirmam
que sim, pois ser gerente é uma ascensão profissional, é uma função reconhecida,
assumir responsabilidades, tem autonomia e possui poder. De acordo com Hill
(1993) a causa principal de ser gerente está associada a assumir mais autoridade,
responsabilidade, prestígio e uma melhor remuneração, como sendo símbolos
almejados da realização e de sucesso, como observado nas falas: “
ser gerente é
uma pessoa de sucesso... é :: um fator de sucesso- agora quanto tempo o
reconhecimento que se tem nisso é :: quando não se for reconhecido isso tudo
em” [G2]; “Olha eu diria – eu diria o seguinte depende da sua :: - da
responsabilidade né do - da ... () autonomia né
” [G4].
O gerente G6 percebe a função de gerência como de sucesso, porque o
presidente da empresa demonstra isso para ele, bem como o seu trabalho é
importante para todos os funcionários da empresa: “
o presidente que é:: diz que o
sucesso da empresa tá nas minhas mãos- então é se eu considero só 50% do que
ele acha- eu diria que é:: o meu trabalho é extremamente gratificante pra todos aqui
dentro da empresa- então tudo o que eu faço não reflete só é:: no meu bem estar e
no meu ego- reflete no bem estar e no ego de todos aqui dentro dessa empresa-
então todos percebem indiretamente o que eu tô fazendo é
”.
A função de gerência também é considerada de sucesso para o gerente G9,
pois o mesmo percebe essa função como sendo reconhecida: “
Sim – é uma função
de sucesso em termos de reconhecimento por esse aspecto
”.
Para G1 ser gerente é posição de sucesso, porém não é isso que é relevante,
pois está somente relacionado à área técnica e o significado de sucesso para ele vai
além disso, é fazer o que realmente gosta: “
o fato de eu ser gerente é um fator de
conhecimento nesse aspecto de competência técnica – técnica ... () em cada área –
nesse aspecto é um sucesso profissional todo mundo pode enxergar – opa subiu –
teve uma escalada – então isso aí teve um reconhecimento – mas não é o meu
sucesso apesar de aplicá-lo de me dedicar tudo não é:: é felicidade de fazer o que
gosta pra mim é o :: é o sucesso e o restante não tem mais o que dizer – o valor que
eu dou
”.
84
Um dos relatos do gerente revela que ser gerente é uma função de sucesso,
contudo é a primeira função de sucesso dentre outras, faz parte de uma escala
natural: “
Acho que é uma escala evolutiva é :: acho que uma escala natural tá é ::
[...] eu acho que a função gerente é o primeiro passo para o sucesso profissional
entendeu- porque ele conseguiu dá um passo dentro daquilo que ele considera
como uma tendência natural- entendeu
” [G5].
4.5.3 Significados acerca da relação trabalho, família e sucesso: a busca do
equilíbrio
Nesse estudo já foram analisadas as práticas gerenciais, as relações
familiares e de trabalho, significado de sucesso e a percepção dos gerentes
enquanto pessoas de sucesso. Essa seção buscará compreender os significados
construídos acerca da relação trabalho, família e sucesso que constitui o objetivo
geral dessa dissertação relacionando a busca do equilíbrio.
A família originária e atual emergiu como uma dimensão importante para o
sucesso dos gerentes. A família como função de repassar os valores, apoiar, como
parte do sucesso e influenciadora contribuiu para os gerentes chegarem aonde
estão. Em relação à família atual, a esposa tem um papel fundamental como
demonstrado no gerente G7: “
É eu acho que a influência dela {esposa}no meu
sucesso sobretudo nesses últimos dois anos que é o período que a gente tá::
junto aí eu acho que tá sendo muito importante também no sentido de é :: a gente
tem o mercado tá levando a gente para uma situação de :: de bastante pressão- a
própria venda da Vatech pra Y é uma fase difícil pra todo mundo
”.
Os gerentes pesquisados percebem as dimensões trabalho, família e sucesso
relacionados nas suas experiências. Frases como busca do equilíbrio da vida
profissional e pessoal, satisfação profissional transportada para casa e vice-versa,
suporte da família, suporte da empresa, não estar preso no trabalho, não esquecer
da família, tranqüilidade do lar, tranqüilidade no trabalho, ilustram como as três
dimensões estão relacionadas.
85
O gerente G1 analisa que quando há um desequilíbrio em alguma das áreas -
familiar, trabalho e social - uma afeta a outra e a busca do equilíbrio só depende do
gerente: “
Eu acho que totalmente relacionados- como eu disse- a felicidade é hoje
né- fazer o que gosta mas tem que ter o equilíbrio e alguns pontos de desequilíbrio
aí leva o outro a desequilibrar a sua vida social- sua família tem um desequilíbrio ele
leva o seu lado profissional tranqüilamente- assim mesmo com o profissional- se
tiver algum ponto de desequilíbrio ela leva o social- então tá totalmente relacionado
”.
Mas ter o equilíbrio nessas áreas, às vezes, não é considerado tão fácil para o
gerente, como a seguinte fala:
“eu acho que é o ponto mais difícil de se achar o
equilíbrio de você saber trabalhar bastante mais não esquecer que tem uma família-
não ficar preso ao trabalho- se prender ao trabalho mais não deixar ele como ponto
número um
[G5].
A relação trabalho e família é diretamente proporcional acerca da influência,
quando a família está bem, auxilia no sucesso do trabalho e se a família não está
bem, o indivíduo não terá sucesso no trabalho: “
relação pra mim é direta e vice-
versa né – dá :: das duas vias tanto do trabalho pra casa – quanto da casa pro
trabalho aí passando pela família né – com certeza – eu – eu – eu penso
exatamente – eu não sei – eu não diria que uma pessoa que totalmente com
problemas em casa não vai ter sucesso no trabalho
” [G4].
A fala do gerente G6, quando perguntado sobre a relação sucesso, trabalho e
família, concorda com o G4, porém não menciona sobre sucesso, somente sobre a
influência recíproca da família e trabalho: “
tudo que a gente faz no trabalho se
reflete na sua casa- alguém que tipo contrário eu diria que esse é um herói então
se as coisas não estão boas no trabalho é:: eu acho que você- você lembra isso pra
casa
”.
O gerente G9 traz a relação sucesso, trabalho e família como não sendo fácil
de administrar, trazendo a tona novamente a questão do tempo de dedicação:
“é
uma relação complicada porque é o trabalho – sucesso x família é uma equação
meio difícil da gente é resolver como eu te falei às vezes eu saio daqui – venho
trabalhar nos finais de semana ou às vezes eu levo serviço pra casa
”. Mas na sua
perspectiva sucesso, trabalho e família como sendo bons: Ainda, percebe que o seu
sucesso proporciona boas condições para a sua família, como carro, casa e
conforto: “
o aspecto financeiro trabalho – sucesso e família bom - porque eu tenho
86
uma condição de vida razoável né -pra mim então eu creio que o trabalho – o
sucesso de meu trabalho tá proporcionando um bem estar pra minha família sobre o
:: aspecto financeiro né – tenho hoje minha casa – tenho meu carro
”.
A família e o trabalho são uma realidade em duplo sentido para Tremblay
(2004): se o trabalho interfere na vida familiar, o inverso tamm pode acontecer, o
desequilíbrio da vida familiar pode causar conseqüências sobre o rendimento do
trabalho, como é o caso do gerente G7:
Eu acho que sim que tem uma relação total
aí- eu acho que :: eu mesmo já percebi às vezes que tem momentos que a tua
família passa por alguns problemas e tal – de saúde- meu pai um tempo atrás estava
meio doente e tal- e aquilo afetou bastante o meu desempenho no trabalho né- ou
seja se você não tá bem na sua família aquilo se reflete diretamente aqui- você
chega de manhã – você tem uma série- um rol de coisas pra fazer- e você acaba de
repente até não consegue fazer aquilo com a performance que tem que fazer
porque você está com a cabeça voltada pra lá né -então afeta sem dúvida
nenhuma
”.
Austin (1997) considera que o sucesso está relacionado ao equilíbrio entre
trabalho e família e que um não prejudique o outro. De acordo com os relatos dos
gerentes não há como dissociar trabalho, família e sucesso, pois o sucesso está
relacionado a conseguir equilibrar ou conciliar o trabalho e a família. O quadro 4
demonstra as falas dos gerentes sobre o sucesso, trabalho e família.
TEMA: VIVENCIANDO A RELAÇÃO TRABALHO, FAMÍLIA E SUCESSO
Fala do Gerente Unidade de Significado Categoria
G1- Sucesso para mim é isso que eu tenho- fazer o que gosta [...] os
valores que eu trago de casa são muito fortes- [...] é levar essa vida com
dignidade- honestidade- então pra mim sucesso é isso- você consegue
fazer o que gosta e tentar conciliar isso com a sua vida pessoal-
profissional- social.
Sucesso significando fazer o que gosta e conciliar vida
pessoal e profissional.
Significado de sucesso
G2- O reconhecimento é :: é :: o conteúdo- a confiança que você deposita
nela- ela tá associado ao sucesso ok
? Não é simplesmente um cargo só-
mais sim o quanto ela realmente cumpre com essas funções e ela absorve
todos os pontos negativos – positivos.
Sucesso como reconhecimento. Significado de sucesso
G2- porque o valor do sucesso meu não é só o trabalho- ele tem uma
importância grande- então definir sucesso é você está bem consigo
mesmo- vo está bem com o seu trabalho- está bem com a tua família.
Sucesso é estar bem consigo, com o trabalho e com a
família.
Significado de sucesso
G3- Sucesso – sucesso é você viver bem – a :: dinheiro é relativo não
é o caso né – você ganhar muito – ou mais – não pode mais representar o
sucesso.
Sucesso é viver bem. Significado de sucesso
G6 - o sucesso pra mim é:: ver que as pessoas sentem orgulho do meu
trabalho- sentem prazer em trabalhar comigo é:: é eu me sentir bem dentro
da empresa- ser valorizado- não só técnica mas comercialmente e achar
que sou importante né dentro da empresa e achar que eu tenho o poder tá.
Sucesso é ser valorizado. Significado de sucesso
G8- Sucesso é como havia te falado- é ser uma pessoa bem reconhecida-
reconhecida no mercado- aonde eu vou tem gente que me conhece- no
aeroporto () se eu vou na Europa tem várias pessoas que me conhece-()eu
gosto disso- eu gosto de ser conhecido- de ser reconhecido.
Sucesso é ser reconhecido. Significado de sucesso
G5- sucesso pra mim é vo conseguir realizar um trabalho- esse trabalho
foi bem feito e você foi reconhecido tá – numa promoção- mas você foi
reconhecido dentro do grupo que vo tá desempenhando atividade que
você é um bom profissional entendeu- então profissionalmente pra mim
isso é sucesso e familiarmente falando tá – sucesso pra mim é vo
conseguir em casa e as pessoas te respeitam.
Sucesso é ser reconhecido e respeitado pela família. Significado de sucesso
88
G2- É às vezes se forma somando e às vezes concorrendo- é por exemplo
eu tive... vários momentos que eu tive muito bem no trabalho talvez não
tão bem na família-e muitas vezes tive muito bem na família- talvez não
o bem no trabalho- então parece que isso até parece um dual ou você tá
bem num- no meu ponto né- é:: e não tão bem com o outro- e a busca
desse equilíbrio tem sido um desafio pra mim {E o sucesso?} E o sucesso?
O sucesso é ::não é só um e nem só o outro é um equilíbrio.
O sucesso é o equilíbrio entre a família e o trabalho. Significado de sucesso
G1- .dinheiro é uma prioridade pra mim que tá lá embaixo- eu nunca
coloquei como objetivo nenhum de vida.
Dinheiro não é sinônimo de sucesso. Significado de sucesso
G3- dinheiro é relativo né – não é o caso né – vo ganhar muito – ou mais
– não pode mais representar o sucesso.
Sucesso é viver bem e não sinônimo de dinheiro. Significado de sucesso
G5- sucesso pra mim não tem nada a ver com dinheiro tá- não tem nada a
ver com a remuneração que a pessoa tem- isso é conseqüência tá.
Dinheiro não é sinônimo de sucesso. Significado de sucesso
G6- Diria que sim{O teu diria que sim não foi convincente..((risos))}É::
olha eu- eu- eu :: fiz uma :: uma análise bastante interessante do meu
trabalho né- é agora que a gente passou por uma::: por uma mudança
bastante drástica aqui na Vatech- não- não a Y- a Y não- não acarreta
grandes mudanças pra minha turma e pra mim- mas acarreta em outras
áreas- mas não no Brasil- aqui a gente é muito complementar e gente se
muito bem como empresa né- mas é:: eu sempre- eu sempre achei que é::
por ter no passado é:: grandes tendências técnicas e grande é:: flexibilidade
pra conseguir soluções.... eu sempre fui um cara muito bem remunerado
desde a época que eu era estagiário.
Sucesso relacionado à remuneração. Significado de sucesso
G9- o sucesso de meu trabalho tá proporcionando um bem estar pra minha
família sobre o :: aspecto financeiro né.
O sucesso causando uma situação financeira privilegiada. Significado de sucesso
G1- Muito a minha felicidade traduz o meu sucesso – se eu fosse uma
pessoa amarga – triste – eu acho que :: eu não em sentiria assim – pela
minha satisfão – pela minha necessidade mesmo que eu tenha que viver
– em levantar e trabalhar e sair daqui e ir pra casa conviver com minha
esposa isso aí também é significado de sucesso – ham – com certeza nós
fazemos nosso próprio sucesso – eu tenho a certeza absoluta disso.
Considera-se uma pessoa de sucesso por ser feliz. A percepção de ser uma pessoa de
sucesso
G4- pela função que eu exerço eu tô satisfeito – pelo trabalho – não vamo
falar em remuneração nem em fim – mas pela responsabilidade pelo
trabalho - pelo desempenho – eu me sinto :: com :: sucesso eu acho entre
aspas né – pela importância – pelas pessoas porque (pra mim faz bastante
importância) né.
Considera-se uma pessoa de sucesso pela responsabilidade
e importância que tem.
A percepção de ser uma pessoa de
sucesso
89
G7- Olho o respeito que eu tenho aqui das pessoas- a:: sobretudo o respeito
das pessoas da companhia- não só das pessoas do setor- mas também das
pessoas que estão ali no nível inicial dos meus subordinados de outros
setores () tudo mais e o respeito que tenho que eu sinto deles- acho que é
uma prova desse meu sucesso ao longo dos anos aí na companhia.
Considera-se uma pessoa de sucesso pelo respeito que tem
das pessoas.
A percepção de ser uma pessoa de
sucesso
G9- Eu vejo que sim – é :: se eu analisar principalmente a minha trajetória
aqui dentro da empresa eu posso me (considerar) que eu sou uma pessoa
de sucesso que eu comecei aqui – sei lá como um funcionário auxiliar () e
hoje eu tenho a gerência que seria um cargo de extrema confiança e [...]-
então posso dizer assim que eu sou - que eu me considero uma pessoa de
sucesso sim é:: se eu analisar todo o meu histórico de quando eu comecei
em que área que eu comecei quando eu comecei onde eu estou hoje
colocado eu posso dizer que eu sou uma pessoa de sucesso.
G2- tenho dificuldade de me considerar uma pessoa de sucesso ok- é::
trabalhando bastante nisso- é uma coisa muito mais pessoal.
Dificuldade em se perceber uma pessoa de sucesso. A percepção de ser uma pessoa de
sucesso
G5- o sucesso é connuo tá- por isso que eu falo que é o primeiro passo
entendeu- eu não posso vamo dizer assim- eu estou cem por cento
realizado profissionalmente porque não é uma verdade tá- eu quero crescer
seja- como uma pessoa disse seja na horizontal seja na vertical entendeu-
eu quero crescer na companhia entendeu- eu quero crescer pessoalmente- é
seja no ponto de adquirir conhecimentos- seja no ponto de vista de
crescimento numa empresa numa questão () entendeu- de exercer outras
atividades entendeu- então é o primeiro passo ser gerente.
O sucesso como um contínuo. A percepção de ser uma pessoa de
sucesso
G8- Bom... no trabalho eu acho que tive sucesso- eu me sinto muito bem –
mas acho que não soube equilibrar as coisas- isso não é sucesso- não em
relação ao meu pais- mas como marido e pai- eu acho que eu não
consegui- deixei minha família de lado ().
O sucesso como equilíbrio entre família e trabalho, não se
percebendo como um homem de sucesso nesse aspecto.
A percepção de ser uma pessoa de
sucesso
G2- ser gerente é uma pessoa de sucesso... é :: um fator de sucesso- agora
quanto tempo o reconhecimento que se tem nisso é :: quando não se for
reconhecido isso tudo dá em.
Gerente como uma pessoa de sucesso. A percepção de ser uma pessoa de
sucesso
G4- Olha eu diria – eu diria o seguinte depende da sua :: - da
responsabilidade né do - da ... () autonomia né.
Gerente como uma pessoa de sucesso, porque possui
responsabilidade.
A percepção de ser uma pessoa de
sucesso
G6- o presidente que é:: diz que o sucesso da empresa tá nas minhas mãos-
então é se eu considero só 50% do que ele acha- eu diria que é:: o meu
trabalho é extremamente gratificante pra todos aqui dentro da empresa-
então tudo o que eu faço não reflete só é:: no meu bem estar e no meu ego-
reflete no bem estar e no ego de todos aqui dentro dessa empresa- eno
todos percebem indiretamente o que eu tô fazendo é.
Gerência como uma função de sucesso, porque detém o
poder.
A percepção de ser uma pessoa de
sucesso
90
G1- o fato de eu ser gerente é um fator de conhecimento nesse aspecto de
compencia técnica – técnica ... () em cada área – nesse aspecto é um
sucesso profissional todo mundo pode enxergaropa subiu – teve uma
escalada – então isso aí teve um reconhecimento – mas não é o meu
sucesso apesar de aplicá-lo de me dedicar tudo não é:: é felicidade de
fazer o que gosta pra mim é o :: é o sucesso e o restante não tem mais o
que dizer – o valor que eu dou.
Ser gerente é ser uma pessoa de sucesso, porém não só
isso é fazer o que gosta.
A percepção de ser uma pessoa de
sucesso
G5- Acho que é uma escala evolutiva é :: acho que uma escala natural tá é
[...] eu acho que a função gerente é o primeiro passo para o sucesso
profissional entendeu- porque ele conseguiu dá um passo dentro daquilo
que ele considera como uma tendência natural- entendeu.
Gerente como uma pessoa de sucesso, mas é primeira
função de sucesso dentro de uma escala hierárquica.
A percepção de ser uma pessoa de
sucesso
G7- É eu acho que a influência dela {esposa}no meu sucesso sobretudo
nesses últimos dois anos que é o período que a gente tá:: tá junto aí eu
acho que tá sendo muito importante também no sentido de é :: a gente tem
o mercado tá levando a gente para uma situação de :: de bastante pressão- a
própria venda da Vatech pra Y é uma fase difícil pra todo mundo.
Sucesso, trabalho e família relacionados através do apoio
da esposa.
Significados acerca da relação
sucesso , trabalho e família:a busca
do equilíbrio
G1- Eu acho que totalmente relacionados- como eu disse- a felicidade é
hoje né- fazer o que gosta mas tem que ter o equilíbrio e alguns pontos de
desequilíbrio aí leva o outro a desequilibrar a sua vida social- sua família
tem um desequilíbrio ele leva o seu lado profissional tranqüilamente-
assim mesmo com o profissional- se tiver algum ponto de desequilíbrio ela
leva o social- então tá totalmente relacionado.
Sucesso interligado com o equilíbrio entre o trabalho e a
família.
Significados acerca da relação
sucesso , trabalho e família:a busca
do equilíbrio
G4-É :: relação pra mim é direta e vice-versa né – dá :: das duas vias tanto
do trabalho pra casa – quanto da casa pro trabalho aí passando pela família
né – com certeza – eu – eu – eu penso exatamente – eu não sei – eu não
diria que uma pessoa que totalmente com problemas em casa não vai ter
sucesso no trabalho .
Sucesso como satisfação interferindo na família, a
satisfação da família interferindo no trabalho.
Significados acerca da relação
sucesso , trabalho e família:a busca
do equilíbrio
G5- eu acho que é o ponto mais difícil de se achar o equilíbrio de vo
saber trabalhar bastante mais não esquecer que tem uma família- não ficar
preso ao trabalho- se prender ao trabalho mais não deixar ele como ponto
número um.
Sucesso interligado com o equilíbrio entre o trabalho e a
família.
Significados acerca da relação
sucesso , trabalho e família:a busca
do equilíbrio
G6- tudo que a gente faz no trabalho se reflete na sua casa- alguém que
tipo contrário eu diria que esse é um herói – então se as coisa não estão
boas no trabalho é:: eu acho que você- você lembra isso pra casa.
Sucesso relacionado à influência família no trabalho e
vice-versa.
Significados acerca da relação
sucesso , trabalho e família:a busca
do equilíbrio
91
G7- Eu acho que sim que tem uma relação total aí- eu acho que :: eu
mesmo já percebi às vezes que tem momentos que a tua família passa por
alguns problemas e tal – de saúde- meu pai um tempo atrás estava meio
doente e tal- e aquilo afetou bastante o meu desempenho no trabalho né-
ou seja se você não tá bem na sua família aquilo se reflete diretamente
aqui- você chega de manhã – você tem uma série- um rol de coisas pra
fazer- e você acaba de repente até não consegue fazer aquilo com a
performance que tem que fazer porque vo está com a caba voltada pra
lá né -então afeta sem dúvida nenhuma.
Sucesso relacionado à influência família no trabalho e
vice-versa.
Significados acerca da relação
sucesso , trabalho e família:a busca
do equilíbrio
G9- é uma relação complicada porque é o trabalho – sucesso x família é
uma equação meio difícil da gente é resolver como eu te falei às vezes eu
saio daqui – venho trabalhar nos finais de semana ou às vezes eu levo
serviço pra casa .
Sucesso do trabalho proporcionando conforto a família,
mas sendo sucesso e família uma equação difícil de
equilibrar.
Significados acerca da relação
sucesso , trabalho e família:a busca
do equilíbrio
V. CONCLUSÕES
Diante dos resultados da pesquisa e da análise realizada, pode-se constatar a
relação entre as dimensões trabalho, família e sucesso, bem como a importância e o
significado destas para os gerentes entrevistados. Esses resultados foram obtidos
através de entrevista com os gerentes, norteados pelo método fenomenológico, que
possibilitou compreender os significados e a construção dos vínculos das
dimensões.
Cada gerente significou a sua família originária e atual de uma forma, ou seja,
de acordo com as suas experiências. Os significados relacionados à família atual
originária (pai, mãe e irmãos) foram: sustentação, formadora de valores, fonte de
preocupações, espaço que deve ser respeitado, espaço de convivência, como ponto
de equilíbrio.
Alguns significados mencionados pelos gerentes sobre as suas famílias
originárias estão relacionados nas suas trajetórias profissionais e na sua formação
enquanto gerente, como por exemplo, a influência dos valores da família na sua
forma de atuar. A família atual também exerce uma influência na dimensão trabalho
e possui um significado muito importante para a maioria dos gerentes, sendo
considerada muitas vezes mais expressiva do que a família originária, devido
especialmente à convivência diária ou mais freqüente. A família atual também
exerce o papel de ponto de equilíbrio entre a dimensão família e trabalho,
principalmente através das esposas dos gerentes, que os apóiam de diferente
formas. O modelo FIT (família interferindo no trabalho) de Fu e Sheffer (2001)
demonstra que o apoio do cônjuge sobre a dimensão trabalho ao invés de causar
conflito, tem efeitos moderadores nas duas dimensões, facilitando as relações
familiares e de trabalho.
93
Significado da família originária Significado da família atual
- a sustentação.
-formadora de valores como
honestidade, responsabilidade e
disciplina.
-influenciadora na formação enquanto
gerente.
- como fonte de preocupações.
- espaço que deve ter respeito.
-espaço de convivência que se aprende e exercita a
negociação, a escuta e a comunicação.
- a esposa como apoio, ponto de equilíbrio e aconselhadora
- como prioridade.
QUADRO 5 : Significados da família originária e atual
Fonte: Dados empíricos
A família pareceu uma dimensão importante para os gerentes pesquisados,
sendo prioritária na suas vidas, devido à influência por ela exercida na vida
profissional dos gerentes. Porém, na prática, devido ao tempo de dedicação ao
trabalho, ela é colocada em segundo plano, mas quando há uma necessidade, como
uma situação de doença ou uma dificuldade por parte de um dos membros, a família
emerge para o primeiro plano. O modelo TIF (trabalho interferindo na família) de Fu
e Sheffer (2001) é caracterizado aqui, quando há uma interferência da dimensão
trabalho na dimensão família devido às horas de trabalho. A dedicação ao trabalho
com muitas horas de atividades, pode gerar conflitos baseados no tempo e na
tensão entre as dimensões família e trabalho (GREENHAUS e BEUTELL, 1985).
Sobre a dimensão trabalho, pode-se constatar que é importante para os
gerentes, possuindo significados positivos e negativos. Os significados positivos
estão associados a fazer o que gosta e exercer um trabalho que exija
responsabilidade para a sua vida. Já os significados negativos estão ligados à
dedicação as suas atividades e influência na família, geradores de conflito. Os
significados positivos e negativos representam experiências dos gerentes, porém os
positivos são os moderadores de conflitos entre a dimensão trabalho e família (FU e
SHEFFER, 2001) e os negativos são possíveis causadores de conflitos baseados no
tempo, tensão e comportamento (GREENHAUS e BEUTEL,1985)
Os gerentes possuem uma responsabilidade muito grande provocando
diferentes preocupações no âmbito da empresa que trabalham e até mesmo em
casa, o que interfere na dinâmica familiar e gera conflitos conforme assinala
Greenhaus e Beutel (1985). O conflito está sobretudo ligado à dedicação ao
94
trabalho de forma exaustiva que muitas vezes não é compreendido pela esposa e
filhos. Para Silva (2005, p. 199) o conflito na relação trabalho e família está
associado ao tempo dedicado às atividades no trabalho e na família, “à
incompatibilidade de interesses e às divergências de percepção e de visão entre os
agentes envolvidos”. Porém, para alguns gerentes a dedicação não é um fator que
ocasiona conflito, mas se sentem incomodados com esta situação.
Significado do trabalho Dedicação ao trabalho gerando conflito: tempo
-dedicação a atividades.
- fazer o que gosta.
- trabalho de responsabilidade.
- trabalho como influenciador na
família.
- responsabilidade e preocupação do trabalho
transferida para a família.
- o trabalho sendo realizado em casa no âmbito
familiar.
- a família percebendo de forma negativa a dedicação
ao trabalho.
- o conflito presente no dia-a-dia, como natural.
- a carga horária diária mais de dez horas na empresa.
- o notebook e o celular como extensão da empresa.
- a dedicação excessiva gerando insatisfação por parte
do gerente e/ou família.
Quadro 6 : Significados do trabalho e dedicação ao trabalho gerando conflito
Fonte: Dados empíricos
Para minimizar os conflitos ou para buscar o equilíbrio na relação trabalho e
família, os gerentes usam de algumas estratégias, ou melhor, de algumas atitudes.
Os gerentes então, se comportam de diferentes formas, desde a procurar nos
momentos de folga estar integralmente com a esposa e filhos, dialogar, se dedicar à
noite para os familiares, participar em eventos com a esposa e diminuir as horas de
trabalho. Existe uma dificuldade mencionada pelos gerentes em separar a família do
trabalho e vice-versa, no sentindo que problemas do trabalho são trazidos para
casa. Tremblay (2004) demonstra que existem várias soluções aplicáveis e
possíveis para equilibrar o tempo de trabalho, para assim harmonizar o trabalho e a
família.
95
Atitudes dos gerentes Significado das atitudes
-estar com a família integralmente
na sua folga.
- dialogar freqüentemente.
- dedicação à noite para a família.
- participar em eventos com a
família.
- diminuir horas de trabalho.
- minimizar o conflito existente devido à dedicação
excessiva ao trabalho.
- trabalho e família sem dissociação.
- trabalho e família sem fronteiras.
- o diálogo para minimizar a preocupação.
-se desligar do trabalho.
Quadro 7 : Atitudes dos gerentes e significados
Fonte: Dados empíricos
As horas de trabalho e a demanda das atividades exigidas pela empresa vão
ocasionando aos gerentes cansaço, estresse, preocupação e quando chegam em
casa, gera um afastamento da família, caso não haja um esforço do gerente ou da
sua própria família no sentido contrário. Esse estudo não teve como objetivo analisar
se essa carga horária é devido à demanda das atividades exercidas ou se alguns
dos gerentes possam ser denominados
workaholic
, porém o que foi trazido pelos
mesmos está relacionado à demanda das suas atividades.
A carga horária também tem sido aumentada devido à instabilidade na qual a
empresa pesquisada está passando, sendo que no mês de outubro foi comprada por
outro grupo de investidores, estando sofrendo diversas modificações. Para alguns
gerentes essas transformações são motivos de preocupação, uma vez que estão a
mercê das mudanças que podem ocorrer e para outros não. Enquanto isso, os
gerentes vão exercendo as suas funções gerenciais nas suas diferentes áreas:
processo de qualidade do produto; de projetos; divulgação de informação interna e
externa; vendas; custos; transferência de tecnologia; ofertas; suprimentos e
sistemas.
As suas funções gerenciais estão, para a maioria dos gerentes, associadas a
funções técnicas interligadas a sua área específica. Há portanto, uma identificação
em primeiro plano com as funções técnicas e em segundo plano, com as funções
interligadas a conduzir a equipe, dar tranqüilidade aos subordinados, conciliar os
desejos de cada subordinado e suas dificuldades além do trabalho. Pode-se
observar a preocupação por parte de alguns gerentes com o bem-estar dos seus
funcionários não somente dentro da empresa, mas no seu contexto familiar, ou
melhor, fora da empresa. Isso demonstra que um gerente além de possuir funções
96
técnicas, precisa estar atento a gestão de pessoas, formando estratégias que
auxiliem seus funcionários a lidarem com relações trabalho e família e vice-versa.
Funções gerenciais técnicas Funções gerenciais comportamentais
- há uma identificação com as
atividades relacionadas ao
conhecimento específico da área
trabalhada.
- conduzir a equipe.
- dar tranqüilidade aos funcionários.
- conciliar os desejos e anseios de cada subordinado.
- lidar com as dificuldades dos subordinados extra-
empresa.
Quadro 8 : Funções gerenciais técnicas e comportamentais
Fonte: Dados emricos
Os gerentes pesquisados, de acordo com os seus significados de sucesso,
perceberam-se como pessoas de sucesso e que a sua função de ser gerente é uma
função de sucesso também, pois ser uma pessoa de sucesso é ser feliz; conviver
com a família; ter responsabilidades; desempenho; reconhecimento das pessoas
inclusive também da sua família; equilíbrio trabalho e família; ser respeitado e bem
remunerado. Se perceber dessa forma está relacionado ao seu significado de
sucesso: fazer o que gosta; levar a vida com dignidade e honestidade (valores
adquiridos da família originária); conciliar a sua vida pessoal e social; ser
reconhecido e respeitado; viver bem; ter responsabilidade; realizar um trabalho de
forma bem feita; as pessoas sentirem orgulho do seu trabalho; os seus subordinados
sentirem prazer em trabalhar com ele; ser valorizado; vendo-o como detentor de
poder.
Significados de sucesso Percepção de pessoa de sucesso
- ser feliz.
- conviver com a família.
- ter responsabilidades.
- desempenho.
- reconhecimento (inclusive da
família).
- equibrio entre trabalho e família.
- respeito.
- remuneração
- como contínuo.
- fazer o que gosta.
- levar a vida com dignidade e honestidade (valores
adquiridos da família originária);
-conciliar a sua vida pessoal e social.
- ser reconhecido e respeitado.
- viver bem.
- ter responsabilidade.
- realizar um trabalho de forma bem feita.
- as pessoas sentirem orgulho do seu trabalho.
- os seus subordinados sentirem prazer em trabalhar
com ele.
- ser valorizado.
- vendo-o como detentor de poder.
QUADRO 9 : SIGNIFICADO DE SUCESSO E PERCEPÇÃO DE PESSOA DE SUCESSO
Fonte: Dados empíricos
97
Os significados construídos sobre trabalho, família e sucesso para os
gerentes estão relacionados nas suas experiências. Esses significados emergem em
falas que mencionam a busca do equilíbrio profissional e pessoal; satisfação
profissional transferida para casa e da casa para o trabalho; suporte da família;
suporte da empresa; tranqüilidade do lar; tranqüilidade no trabalho; não estar preso
ao trabalho e não esquecer da família. O sucesso muitas vezes apareceu como
sinônimo de equilíbrio entre o trabalho e a família, não constituindo uma dimensão.
E alguns momentos como uma dimensão separada, e associada ao trabalho e a
família, como ilustra a figura a seguir:
Figura 6- Sucesso como dimensão ou como equilíbrio entre trabalho e família.
Fonte: Dados emricos
Por mais que alguns gerentes tenham apresentado significados semelhantes,
nota-se que cada gerente possui o seu significado de trabalho, família e sucesso.
Isso se deve ao significado estar relacionado à subjetividade e a história de vida de
cada gerente. Sendo que há significados que pertencem as três dimensões ou a
duas ou a uma única dimensão, conforme demonstra a figura a seguir:
GERENTE
FAMÍLIA TRABALHO SUCESSO
SUCESSO
=
98
Figura 7- Significados de trabalho, família e sucesso.
Fonte: Dados emricos
Em relação aos objetivos dessa pesquisa, pode-se constatar que os mesmos
foram atingidos, pois foi conseguido descrever as experiências vividas dos gerentes,
através das suas falas; identificaram-se os significados e como se configuram as
dimensões trabalho, família e sucesso. Das experiências emergiram temas como:
funções gerenciais; relações familiares e relações de trabalho; significado de família
e a influência no trabalho; significado de trabalho e a influência na família; conflitos
na relação trabalho e família; atitudes para buscar o equilíbrio na relação trabalho e
família; vivenciando a relação trabalho, família e sucesso; significado de sucesso; a
Família
a família influenciadora n
a
formação de gerente – ter respeit
o
– convivência que se aprende e
exercita a negociação, a escuta e
a
comunicação – a esposa com
o
ponto de equilíbrio e
aconselhadora – o trabalh
o
influenciando a família.
sustentação – valores como
honestidade, responsabilidade e
disciplina – ser feliz
reconhecimento – equilíbrio -
fazer
o que
gosta
Trabalho
como fonte de
preocupação -
prioridade
Sucesso
dedicação a
atividades
desempenho
remuneração
contínuo
conviver
respeito
99
percepção de ser uma pessoa de sucesso; significados acerca da relação sucesso,
trabalho e família- a busca do equilíbrio.
Diante da análise dos resultados da pesquisa alguns assuntos merecem
destaque. O primeiro assunto se refere à importância da família atual no processo de
desenvolvimento profissional do gerente pesquisado, principalmente as esposas.
Esse apoio das esposas acaba por minimizar os conflitos e equilibrar a dimensão
trabalho e família.
Outro tema importante é o significado de trabalho para cada gerente e que
apesar de sobrepor as horas de convivência com a família, diante de um problema
com os seus familiares, pode ser abandonado, pois a família representa uma
dimensão prioritária. Porém, o trabalho é sentido como realizador para os
pesquisados e eles agem com diferentes atitudes para equilibrá-lo com a família.
Mas mesmo assim, há uma dúvida por parte de alguns gerentes desse equilíbrio e
se tantas horas dedicadas ao trabalho e não a família vale a pena.
O conflito na família dos gerentes muitas vezes está associado ao tempo e
este assume um papel causador de tensão. Esse tempo dedicado ao trabalho
também está relacionado ao sucesso, pois ter responsabilidade é um significado de
sucesso e quanto mais responsabilidades, mais sucesso e que acaba gerando mais
tempo de trabalho.
Perante os temas mencionados acima, surge à necessidade das empresas
estarem atentas às relações dos gerentes com o seu tempo de trabalho dentro e fora
da empresa, para com isso não interfira nas suas famílias, bem como desenvolver
programas para relações trabalho, família e sucesso. Além disso, aprofundar e/ou
desenvolver mais estudos sobre a relação trabalho, família e sucesso para que
assim possa auxiliar os gerentes na sua prática profissional e pessoal.
Do ponto de vista teórico, esperamos que o trabalho possa contribuir para a
ampliação desse tema, principalmente no âmbito do Brasil, que possui uma
quantidade insuficiente de referências ou produções científicas e que a maioria
ainda opta por um paradigma positivista. Como sugerem as pesquisas de Schneer e
Reitman (1993) a relação trabalho e família deve receber mais atenção de
pesquisadores e organizações. Clark (2000) corrobora com os autores anteriores e
100
afirma que a relação trabalho e família ao mesmo tempo em que é uma
preocupação prática, precisa ser uma preocupação teórica.
Além disso, o estudo pode auxiliar na reflexão dos gerentes pesquisados e
também para outros, porém esse trabalho não tem como objetivo a generalização,
pois o método fenomenológico, o objetivo é compreender as experiências desses
gerentes que foram entrevistados. Portanto, a não generalização é considerada
como uma limitação desse trabalho, bem como a escolha de nove gerentes, casados
e que trabalham em uma área específica, pois os resultados, a análise e o
referencial teórico estão relacionados aos significados desses gerentes.
De acordo com as conclusões apresentadas nessa pesquisa, percebe-se a
necessidade de novos estudos. Seguem algumas sugestões de pesquisa:
a relação trabalho, família e sucesso em gerentes mulheres;
como gerentes no final da sua carreira vivenciam as dimensões trabalho, família
e sucesso?
os significados de trabalho, família e sucesso em outros profissionais “não-
gerentes”;
as emoções vivenciadas sobre a trajetória profissional dos gerentes;
os significados de sucesso e fracasso para gerentes e a sua relação familiar;
comportamentos para minimizar conflitos entre trabalho, família e sucesso de
gerentes;
atitudes para buscar e atingir sucesso.
101
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111
A P Ê N D I C E S
112
APÊNDICE 1
ROTEIRO DE ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADO
A. Interação trabalho e família
1. Funções gerenciais
2. Experiência profissional
3. Tempo de trabalho
4. Riscos de ser gerente (econômico,psicológico, social, relação com a família...)
5. Influência do trabalho na vida familiar
6. Mudanças na família em função do trabalho
7. Percepção da família sobre o trabalho
8. Tempo de dedicação à família
9. Conflitos com família
B. Dimensão família e trabalho
1. Influência da sua família originária na formação de gerente
2. Influência da sua família atual na formação de gerente
C. Dimensão sucesso
1. Significado de sucesso
2. Relação gerente e sucesso
3. Sucesso pessoal
D. Interação sucesso, trabalho e família
1. Relação sucesso, trabalho e família
E. Dimensão sucesso e família
1. Família originária e sucesso
2. Família atual e sucesso
F. Dados pessoais e informações dos familiares
1. Nome:
2. Idade:
3. Número dos membros familiares:
4. Nível de instrução:
5. Nível de instrução do marido:
6. Profissão do marido:
7. Tempo de casamento:
8. Número de filhos:
9. Idade dos filhos:
10. Tempo de gerência:
113
APÊNDICE 2
Normas para Transcrição
OCORRÊNCIAS SINAIS EXEMPLIFICAÇÃO*
Incompreensão de palavras
ou segmentos
( )
do nível de renda...( )
nível de renda nominal...
Hipótese do que se ouviu (hipótese)
(estou) meio preocupado
(com o gravador)
Truncamento (havendo
homografia, usa-se acento
indicativo da tônica e/ou
timbre)
/ e comé/ e reinicia
Entoação enfática mascula
porque as pessoas reTÊM
moeda
Prolongamento de vogal e
consoante (como s, r)
:: podendo aumentar para ::::
ou mais
ao emprestarem os... éh::: ...o
dinheiro
Silabação - por motivo tran-sa-ção
Interrogação ? eo Banco... Central... certo?
Qualquer pausa ...
são três motivos... ou três
razões... que fazem com que
se retenha moeda... existe
uma... retenção
Comentários descritivos do
transcritor
((minúsculas)) ((tossiu))
Comentários que quebram a
seqüência temática da
exposição; desvio temático
-- --
... a demanda de moeda --
vamos dar essa notação --
demanda de moeda por
motivo
Superposição,
simultaneidade de vozes
{ ligando as linhas
A. na { casa da sua irmã
B. sexta-feira?
A. fizeram { lá...
B. cozinharam lá?
Indicação de que a fala foi
tomada ou interrompida em
determinado ponto. Não no
seu início, por exemplo.
(...) (...) nós vimos que existem...
Citações literais ou leituras
de textos, durante a
gravação
" "
Pedro Lima... ah escreve na
ocasião... "O cinema falado
em língua estrangeira não
precisa de nenhuma
baRREIra entre nós
"
114
* Exemplos retirados dos inquéritos NURC/SP No. 338 EF e 331 D
2
.
Observações:
1. Iniciais maiúsculas: só para nomes próprios ou para siglas (USP etc.)
2. Fáticos:
ah, éh, eh, ahn, ehn, uhn, tá
(não por
está: tá?
você
está
brava?)
3. Nomes de obras ou nomes comuns estrangeiros são grifados.
4. Números: por extenso.
5. Não se indica o ponto de exclamão (frase exclamativa).
6. Não se anota o
cadenciamento da frase.
7. Podem-se combinar sinais. Por exemplo: oh:::... (
alongamento
e
pausa
).
8. Não se utilizam sinais de
pausa
, típicos da língua escrita, como ponto-e-vírgula, ponto final,
dois pontos, vírgula. As reticências marcam qualquer tipo de
pausa
, conforme referido na
Introdução
.
Fonte: http://www.fflch.usp.br/dlcv/nurc/normas_para_transcricao.htm
115
APÊNDICE 3
TRASCRIÇÃO DAS ENTREVISTAS COM OS GERENTES PESQUISADOS
1. ENTREVISTA GERENTE 1
1. Qual a sua função como gerente?
2. R. Sou gerente Industrial - sou responsável pela fábrica - pelo processo de
controle de qualidade do nosso produto- na qualidade final ... () o controle de
qualidade de materiais - no recebimento e o planejamento de produção.
3. 2. Quantas pessoas têm na sua equipe?
4. R. Tenho quarenta e cinco pessoas subordinadas a mim - quarenta e cinco
aqui – não – não - porque nos outros eu já tive já cheguei a ter 250 pessoas - no
trabalho 40.
5. Fale da sua experiência profissional enquanto gerente.
R. Eu estou aqui há... entrei em 1º de julho de 2004 - há um ano e dois meses- bom
eu trabalhei por 10 anos numa empresa japonesa- na Toshiba- 5 anos na fábrica de
minas Gerais - que é a minha terra nata l- 5 anos em São Paulo - depois eu me
mudei pro sul em Santa Catarina- trabalhei 4 meses na Weg em Jaraguá do Sul -
voltei pra São Paulo- fiquei 7 meses numa empresa de serviço – voltei pra cá e
estou a 1 ano e 2 meses aqui - se quiser mais detalhes? ((risos)).
6. Como foi o início da sua trajetória?
R. Eu me graduei em engenharia em Minas Gerais em Belo Horizonte na
Universidade Federal de Minas e durante o meu curso e final do curso - eu arrumei
estágio na Toschiba- a empresa japonesa que fabrica transformadores- terminou o
estágio e eu fui efetivado como planejador de produção e tive uma ascensão muito
rápida lá dentro- tanto que assumi a chefia... depois assumi a chefia de produção -
em 5 anos e saí de lá como gerente- fui transferido para a Toschiba de São Paulo-
assumi a gerência- fiquei em São Paulo 5 anos ou eu passei pela gerência de
planejamento- finanças até chegar em produção e :: no final de 2002 eu estava
querendo me casar ... estava namorando – querendo me casar e eu decidi – para
casar queria ter filhos e criá-los com qualidade de vida e não queria mais ficar em
São Paulo e aí eu e minha esposa - saí e vim tentar em algum lugar menor- viemos
para Jaraguá do Sul - a minha esposa trabalhava na Weg em São Paulo e
conseguiu transferência – e eu arrumei emprego na Weg só que não deu muito
certo- fiquei4 meses na Weg- foi quando fiquei desempregado e aí um amigo me
convidou para experimentar em São Paulo novamente um outro emprego- eu não
queria mais a minha esposa ficou aqui e eu fui para lá e todo final de semana a
gente se encontrava- fiquei 7 meses e saí de lá e voltei procurar alguma coisa aqui
116
no sul- fiquei de fevereiro a julho desempregado- procurado até que apareceu a
vaga na Vatech- entrei- aqui foi como supervisor de planejamento- 3 meses atrás eu
fui promovido a gerente industrial - o meu gerente ele foi assumir a diretoria de
produto e eu assumi a gerência- resumidamente é isso.
7. Quanto tempo você é gerente?
R. Eu trabalhei foi 4 anos na Toschiba e :: 3 meses aqui- mas sou sempre
supervisor- que foram 9 anos na Toschiba- 4 meses de Weg - 7 meses em São
Paulo e 1 ano e 2 meses aqui- mas de cargo com o nome gerente é isso- aí 4 anos
na Toschiba e 3 meses aqui- isso.
8. Há riscos em ser gerente?
R. Riscos? Depende para quem tem a vocação - pra quem ... gosta- pra quem ...
toma essa decisão de seguir essa carreira administrativa- entre aspas- eu nem vejo
riscos- logicamente é muita responsabilidade é muito maior - você é cobrado pela
sua equipe - você tem que formar um time homogêneo pra que e ... nada... nenhuma
divergência no time - consiga que ... volte contra você- se você é responsável por
uma equipe- você tem que fazer essa equipe trabalhar ordenamente - mas isso não
é risco- isso é função normal do gerente - a responsabilidade é grande- é- mas pra
quem há está habituado e para quem tem essa vocação é normal - é o dia -a-dia-
9. E na vida familiar acaba tendo riscos?
R. Logicamente a :: carga de responsabilidade- ela transfere às vezes para o lar-
transfere às vezes na vida pessoal- mas sabendo às vezes conduzir isso - o risco é
esse- é você não conseguir administrar esse conflito - porque no fundo você tem
uma carga de responsabilidade- você tem que dar 100% do seu tempo disponível
para a empresa- você assumiu essa...esse desafio de ser um gerente- você tem que
estar disponível para a empresa.
10. E como você administra família e trabalho?
R. Olha... eu tenho trabalhado isso muito comigo há muito tempo - desde a época
em que eu estava em São Paulo - que o ritmo é bem mais... acelerado- bem mais
alucinante - que o tempo com a família ele sem complica- como o tempo que você
perde em transito- com o tempo que você perde com outras coisas anormais- eu já
tenho trabalhado muito isso comigo- então ultimamente eu tenho conseguido me
dedicar integralmente ... me desculpe (( celular tocou)). Procurando :: me entregar à
esposa- a esposa- a vida familiar nos momentos de folga- as noites e apesar de eu
viver ... da gente se encontrar só duas vezes por semana porque ela continua em
Jaraguá do Sul- a gente passa o fim de semana junto- procurando fazer alguma
atividade juntos - é os dois- onde um vai o outro está atrás- o tempo todo convivendo
- a gente não tem filhos ainda né- tentando mais – já perdeu- mas eu tenho
procurado e entregar completamente - procurar esquecer - procurar me desligar do
trabalho - não deixar que a pressão seja transferida para ela.
11. Como a sua esposa percebe o seu trabalho?
117
R. Olha - às vezes a:: uma ... ela percebe que alguma coisa da :: alguma
preocupação a mais- nós conversamos muito sobre isso- nós procuramos dialogar
bastante - ela também tem os problemas no trabalho dela - então sempre que há
uma pressão muito grande- alguma coisa que está incomodando bastante - que não
consegue se desligar 100% - a gente conversa bastante- o dialogo tá sendo a
melhor solução o tempo de trabalho é assim mesmo não tem outra- não tem outra
forma.
12. Há conflitos entre vocês por causa do trabalho?
R. que tipo de conflito? ((risos))Entre eu e a minha esposa por causa da dedicação
do trabalho? Eu não chamo isso de conflito- é uma ... é uma carga que te
acompanha - você é - o gerente - é responsável não só por uma equipe - por um
recurso físico - por um local- por um posto de trabalho e há uma ... uma
preocupação que não é conflito- é uma coisa que às vezes te deixa um pouco
mais preocupado que lá fora você não consegue... ((risos)) eliminar 100% essa
preocupação- eu estou passando por uma fase de transição de aquisição da
empresa - querendo ou não isso gera uma determinada preocupação - mais isso não
é do gerente- qualquer operário acho que tá assim em casa também - porque tem
que se dedicar muito- colocar o pé no chão- dialogar bastante- mas eu não chamo
isso muito de conflito ou você perde um emprego ou você perde a família- eu vejo
desta forma – eu vejo neste aspecto- eu não quero perder nenhum dos dois- gosto
muito do meu trabalho e amo muito a esposa- eu tento conduzir para que eu
mantenha os dois- por isso que eu não vejo chamar isso de conflito ((risos)).
13. Você percebe alguma influência da sua família originária na sua formação de
gerente?
R. Muito – primeiro a felicidade que eu trago de casa- tive uma infância
extremamente feliz- tanto é que dá saudade- é muito grande da época da infância ...
tenho uma família maravilhosa- muito unida- família simples do interior- trago
exemplo de casa- aprendi muito com o meu pai em questão de honestidade-
questão de respeito às pessoas- nada de dar exemplo na chibata- vivendo dia-a-dia
com o comportamento dele- meu pai- minha mãe- minhas tias- meus irmãos e
quanta infância feliz que eu tive- essa convivência feliz- os exemplos que eu trago-
os valores que tenho hoje na vida- isso influencia muito – muito- para essa carreira
de se responsabilizar- jogar essa carga de responsabilidade em cima da gente- de
conduzir as pessoas- de saber respeitar o jeito de cada um ... e por mais que se
queira uma equipe homogênea- eu tenho 45 cabeças- cada um com o seu problema
familiar- com seu... suas origens- com seu problema de passado- de pai- de mãe- de
criação- com seus problemas atuais de casamento- de convivência- cada um com o
seu grau de instrução- seu grau de esclarecimento- então isso é... esse respeito eu
agradeço muito aos pais- eu trago de sangue... graças a Deus que me acompanha-
são as coisas boas- eu sou muito feliz por isso.
14. E influência da sua esposa?
R. Sim- acho que sim... é da mesma forma- o exemplo com a esposa- vai um
pouquinho mais afundo- principalmente essa parte de respeito de relacionamento
humano- de condução de pessoas- o casamento nada mais é que uma condução e
118
é muito mais complicado que são dois pontos de vista- quando você lida com 30-40-
50 e acha mais fácil- você consegue chegar num consenso que há uma () agora dois
é cada um pro seu lado- e aprendendo a conviver com ela aprendendo a :: aceitar o
jeito dela ser- que é muito diferente do meu- isso aí acho que ajuda muito – apesar
de eu ter começado a minha carreira gerencial antes de conhecê-la- antes de me
casar- né- eu acho que faz parte do amadurecimento.
15. O que significa ser gerente?
R. Se é vocação tem gente pra tudo no mundo- tem gente que nasceu pra ser gari-
pra ser lixeiro- assim como tem gente que nasceu pra ser gerente- acho que sim a::
até um tempo eu tenho minhas dúvidas- mas enquanto eu tava numa única empresa
e tiro uma exceção- eu tinha essa dúvida se era questão de sucesso- ou se era
questão de que realmente eu nasci pra quilo- mas depois que eu sai- que eu
realmente comecei a conhecer o mercado que eu passei por outras empresas e vi o
meu desempenho- eu vi que é isso mesmo que eu sei fazer- que é isso mesmo que
é a minha vocação- então eu acho que eu nasci sim.
16. Qual o significado de sucesso para você?
R. Sucesso para mim é isso que eu tenho- fazer o que gosta- só isso – como eu te
disse- os valores que eu trago de casa são muito fortes- então :: dinheiro é uma
prioridade pra mim que tá lá embaixo- eu nunca coloquei como objetivo nenhum de
vida- de ter tanto- de ganhar tanto- de guardar tanto... meus objetivos já :: são
poucos- os meus valores são outros- é levar essa vida com dignidade- honestidade-
então pra mim sucesso é isso- você consegue fazer o que gosta e tentar conciliar
isso com a sua vida pessoal- profissional- social () sucesso é o dia de hoje como
está sendo- pessoal ter :: uma família- ter filhos e que :: tenha os mesmo valores
meus- de difundir a :: sabe isso que eu dou valor na minha família – na minha base
que eu hoje idolatro- como eu uso idolatro gostaria de ver o meu filho assim- sim- ter
valores na vida é:: agente tá com uma crise tão grande de caráter né de:: crise de
personalidade de honestidade de tudo né- é uma situação complicada.
17. E sobre ter filhos?
R. Meu sonho é ter filhos- tô só esperando passar esta tempestade- ela teve um
aborto há dois meses atrás () mas fica pra próxima.
18. Sucesso, trabalho e família estão relacionados nas suas experiências?
R.Eu acho que totalmente relacionados- como eu disse- a felicidade é hoje né- fazer
o que gosta mas tem que ter o equilíbrio e alguns pontos de desequilíbrio aí leva o
outro a desequilibrar a sua vida social- sua família tem um desequilíbrio ele leva o
seu lado profissional tranqüilamente- assim mesmo com o profissional- se tiver
algum ponto de desequilíbrio ela leva o social- então tá totalmente relacionado-
agora vou me desligar- acho que tá muito dentro de nós- tá muito na força que a
gente tem- na crença da nossa capacidade- no conhecimento da nossa capacidade-
no orgulho na :: cabeça erguida no saber lutar então tá:: e relacionando um sucesso
ao outro- mas tudo isso é um equilíbrio só- o meu sucesso profissional sou eu que
faço- o meu sucesso familiar sou eu que faço- então tá relacionado- mas ao mesmo
119
tempo a gente tem que ter o pleno domínio sobre isso- se eu não tô fazendo o que
eu gosto eu não vou trabalhar- se eu não tô feliz no casamento eu não vou continuar
casado- mais ou menos isso.
19. E como você faz isso? Procurar o equilíbrio?
R.Difícil- mas é como eu disse a gente tem que :: tem que:: se equilibrar- eu tenho
comigo uma :: eu carrego comigo que :: tentar separar as coisas- da mesma forma
que eu tento sair daqui e me entregar completamente a minha esposa- lá fora tentar
não carregar de preocupação daqui pra ela- eu também procuro o inverso-
mergulhar no trabalho aqui e tentar ocupar a cabeça com outras coisas- até que dá-
então eu acho que recuperei de outra forma- trabalhando mais ou menos isso – mais
envolvimento- mais cede de:: resultado- mais cede de fazer alguma coisa-
logicamente tem aí um vale aí no gráfico- o impacto é grande na primeira semana é
muito complicado- eu me ausentei uma semana pra me dedica pra ela- sim e :: me
dediquei a ela- minha família ela tem prioridade sobre tudo- mesmo qualquer que
seja a minha responsabilidade na empresa- a minha família é prioridade- a empresa
eu não sei até quando vai durar- a minha família eu quero que dure para sempre.
20. E como a empresa percebe isso?
R. A empresa aqui aceita bem- aceita bem- a:: as grandes empresas elas são
formadas por pessoas -também
Gerenciando assim como eu- então eu me coloco no lugar da empresa- assim como
se isso acontecer com um funcionário meu eu vou entender perfeitamente essa
ausência- essa dedicação à família seu eu faço isso – eu valorizo o funcionário que
dá valor a sua família- a sua vida social a :: eu também penso assim que a empresa-
eu sou a empresa- todos nós somos uma empresa- pessoa jurídica não tem vida
própria- as pessoas físicas que fazem a empresa- então eu acho que a empresa- eu
não tive problemas (( risos)) procuro ser ...() são vidas né- é muito mais que 8 horas
de trabalho por dia que tá aqui na nossa mão- não é a convivência de 8 horas ali
que a gente conhece o funcionário e eles têm problemas muito maiores do que a
gente imagina- assim como eu tive essa semana que eu:: pra mim era muito
prioritário eu ficar uma semana com a minha esposa em casa do que ir trabalhar-
nós estamos sozinhos aqui no sul- eu e ela- a família dela é de São Paulo- a
minha é de Minas Gerais- então se eu não der esse apoio a ela- quem vai dar- eu
sou parte envolvida- eu era o pai da criança então ela:: isso é a minha prioridade-
tem certa empresa que entende isso como eu entende- tem funcionários que se
ausentam por meses- teve um funcionário que ficou quase dois meses em casa
porque o filho sofreu um acidente de moto e ficou na UTI um mês- eu vou culpá-lo-
eu vou puni-lo? Não posso – eu não tenho essa frieza- então a empresa e eu acho
que entende- as pessoas que hoje gerenciam () acho que se me entendem- eu
tenho uma escala de prioridade a família é a primeira- isso eu deixo bem claro em
todo lugar que eu vou- a minha família é a primeira- eu posso estar numa reunião
com a diretoria- aconteceu um problema sério em casa eu vou embora – família em
primeiro lugar como eu disse- eu quero ela pra sempre- não casei pra me separar-
eu casei com ela e pra ter filhos- senão- não teria casado
21. Você se percebe com uma pessoa de sucesso?
120
R.Se eu me percebo? Muito a minha felicidade traduz o meu sucesso – se eu fosse
uma pessoa amarga – triste – eu acho que :: eu não em sentiria assim – pela minha
satisfação pela minha necessidade mesmo que eu tenha que viver – em levantar e
trabalhar e sair daqui e ir pra casa conviver com minha esposa isso ai também é
significado de sucesso ham com certeza nós fazemos nosso próprio sucesso –
eu tenho a certeza absoluta disso.
22. A função de gerente está relacionada a sucesso?
R. Interessante – em relação ao meu sucesso né que nós estamos conversando
aqui eu te disse que eu me sinto um homem de sucesso e tudo isso que eu te
expliquei porque tudo isso que eu te expliquei de vocação hora nenhuma nós
falamos de conhecimento – competência técnica – de competências na função né –
hora nenhuma que pra mim eu acho também que é um pouco sociável –
logicamente o fato de eu ser gerente é um fatos de conhecimento nesse aspecto de
competência técnica técnica ... () em cada área – nesse aspecto é um sucesso
profissional todo mundo pode enxergar – opa subiu – teve uma escalada – então
isso ai teve um reconhecimento – mas não é o meu sucesso apesar de aplicá-lo de
me dedicar tudo não é:: é felicidade de fazer o que gosta pra mim é o :: é o sucesso
e o restante não tem mais o que dizer – o valor que eu dou.
23.
R. Isso e também ao significado de ninguém – porque como eu disse lá traz não é
sucesso é vocação – eu já vi perder excelentes funcionários e ganhar certos
gerentes quando se promoviam o melhor funcionário da empresa a gerente – sim
porque tem o :: a pessoa muito boa em vamo promovê-lo – virava gerente e era um
desastre – isso eu falei no início que vocação não é :: ascensão é questão de
vocação – tem gente pra tudo – então faz parte do sucesso – mas a minha vocação
é só isso e eu tô trabalhando nisso – eu gosto do que faço – eu gosto dessa
empresa eu tenho uma felicidade muito grande de ter vindo de onde eu vim – de
ter os valores que eu tenho de ter a família que eu tenho e de ter a esposa que eu
tenho – então tenho todo o sucesso.
2. ENTREVISTA GERENTE 2
1. Experiência profissional?
Como foi aqui na empresa que na época era uma empresa nacional - ela
começou por nacional e é:: desde então eu estou aqui um pouco para e mudança da
empresa para a estrutura - ela logo foi comprada por um grupo francês e dentro do
grupo da França houve várias compras da empresa então ela foi modificando a
forma dela ela era bem é:: ... () e foi mudando com o passar do tempo né...e :: hoje
podemos dizer que dentro dessa evolução já é a quinta e sexta aquisição... () e
sempre todas as mudanças ocorrerão no início...() depois de uns três anos eu fui
121
gerente de uma parte de serviço técnico que é uma parte de estudo e mais tarde é ::
houve muitas modificações a cada novas fusões e eu assumi uma parte de :: (junto)
de um serviço técnico mais um setor que era o :: é :: atendimento para cliente – tem
uma parte produto e uma parte de engenharia da aplicação- é :: tô nessa função-
fiquei nessa função até anos atrás- ano passado - retrasado- não sou bom de datas
– e aí houve nova é- é :: modificação na estrutura onde então eu fiquei só com a
parte de engenharia de aplicação voltado ao cliente e :: é :: mais que uma forma
diferente como ela é na questão.
2. E suas funções de gerente?
Agora () produto-ficar mais a ::- a realidade () mudou bastante a forma que era
gerente- projetos hoje ela ta muito mais projetado () então a forma de trabalho ela é
:: as equipes não são estanques- você tem uma :: () existe o gerente do projeto e
vocês são :: super é :: super gerência de um projeto- o projeto é um pedido ok- então
essa é uma das recentes mudanças –não é mais setor mais é um processo- então
nós temos a principal função é a parte de dar pedidos () cabe ao chefe onde entra
dinheiro e o que faz a primeira atuação nossa-por história e por a nossa fiscalização
nós temos uma segunda tarefa que é a parte de ensaio de tipo –uma parte () de
momento que temos aí vários ensaios () inclusive agora mesmo eu tô no laboratório
() para mais uma bateria de ensaio que já tem sido feito em algum tempo atrás-
estamos até hoje e iremos até o final de ano- então seria a engenharia de aplicação
principalmente ligada a fazer o projeto para clientes e a parte de ensaio de tipo-
estudos especiais é :: relacionados a produto.
3. Você trabalha com uma equipe?
Certo++ e temos é ::engenheiros-vou fazer a conta- temos 1-2-3-4 :: 5
4. Você corre riscos ao ser gerente?
() uma função do que uma (mesma ação) exatamente- o que que é a
expectativa da função gerencial. O cargo é gerencial sem dúvida faz a gente ter um
risco :: ação é :: uma exigência muito grande- até pouco tempo que eu na
empresa isso faz com que a gente tenha convite a fazer trabalhos –se tem um
estudo algum curso ligado a parte técnica-eu já tô escrevendo agora pro dia 10 um
artigo pro ()- o () é uma entidade é :: exatamente da parte da engenharia elétrica da
França – se bem que eu prefiro do Brasil-com certeza.
5. Qual é o seu tempo de trabalho?
Mas no final do dia ((risos...)) é que existe uma tônica né? () suas funções
exigem () com menos faço mais- isso é explícito e é uma exigência para qualquer
gerente (não há nota qualquer para a equipe)- então é comum você trabalhar e
não menos do que :: nove horas por dia e ter um padrão que você vai
tranqüilamente até a dez e até doze horas por dia em uma semana-em alguns dias
da semana você vai fazer essa quantidade de horas com certeza é :: a quantidade
de trabalho é significativa por mais que temos o discernimento de tentar agilizar isso
122
ainda há a concentração em algumas pessoas de uma responsabilidade de
trabalho?
6. E no final de semana como fica?
Final de semana não é freqüente- não é mais- às vezes tem uma atividade que
se leva pra casa é :: o problema é que a parte técnica e a parte gerencial são duas
atividades bem distintas e é :: é difícil levar as duas simultaneamente- porque a parte
gerencial é uma coisa que tá mais forte- tá dando um retorno maior- é um problema
você tentando é :: é você tá encucado- é o dia-a-dia- é um é on-line- a gerência é
on-line- o que acontecendo agora você tem que resolver agora uma coisa é ::
técnico é a coisa mais do que programa aonde você tem que entrar lá dentro da
mina- descobrir as funções, refletir - etc... e resolver o problema- então são duas
coisas que você faz- uma mais introvertida e outra coisa mais extrovertida- mais
forte uma () minha não sei se tá correto- então o trabalho que você faz- é difícil fazer
as duas coisas simultaneamente com o passar dos anos ou se faz uma ou se faz
outra- então isso é típico que você faz na hora que você vai pra casa depois do
horário que você pode então entrar e refletir um texto- analisar um problema- tomar
alguma...é :: fazer algumas conclusões sobre algum problema crítico e a gerência- o
gerenciamento é todo mais on-line- você tem que dar dando mais respostas e
achando funções pra resolver um problema não tecnicamente- como é, e :: resolver
um cargo- uma coisa de :: uma quantidade de trabalho muito grande que é feito
com pouco tempo é convencer-negociar é:: uma comunicação diferente.
7. Você percebe alguma influência do seu trabalho na sua família?
É:: em levar o trabalho pra casa no ponto de vista é:: não só no trabalho em si-
mas aquele problema- aquela coisa não é uma coisa fácil de fazer- então conforme o
teu humor está- por mais que você faça exercício ele influencia- o cansaço que você
chega o estresse que você tem-ele tem uma influência- não dá para negar isso, ok?
E isso também transfere você dedicar mais a família ou não pela quantidade mais
pela qualidade da dedicação que você dá então esse:: esse problema é :: é muito
visível ela tem () significado () no dia-a-dia do trabalho.
8. Você poderia citar algumas?
() pensando ou influenciado por uma decisão que você não tomou e tem que
tomar- então isso te persegue enquanto você não tomar ela te persegue é o tempo
que você tem é com você- é a cobranças são feitas () é formas que seja muito crítico
e quando chega em casa- então já não tá disposto ao- aí como é que vai? Ouvir a
pessoa a se abrir e daí ao contrário ser alguém que vai receber os problemas- que
vai confortar a família que vai é:: é- é... tár em harmonia com ela- então você se
fecha é :: em uma ostra- então não dá aquela vontade- já chega alterado- mínimo
de situações que são favoráveis você não tem uma reação atualmente acolhedora-
ao contrário- você vai até brigando-mais fácil ter uma reação negativa de aceitar
algum problema- alguma discussão-alguma coisa até não confortável () do problema
em si.
123
9. E esse tempo de trabalho influencia na sua família?
Mas é claro porque você tá pouco tempo... é comum você ter muito tempo na
empresa- então você chegar ((risos))... o exemplo mais prático é você chegar lá
pelas 8 horas da noite em casa né- você já tá em casa? ((risos))- e você chegou 8
horas da noite né? Então esse é o mais clássico- então a expectativa de você não
estar em casa- estar em casa então é o complemento mais tempo em casa é a coisa
mais é :: é surpresa mesmo né-é:: número dois é o quanto eles contam com você
pra alguma coisa- então seria muitas decisões-então seria muitas decisões tomadas
a família que no fato fico até triste né-porque eu gostaria de ter participado seja a um
evento que as crianças estão indo então até quando eu notei isso até cheguei falar
olha mesmo que nó estamos () não esqueçam de falar comigo- de conversar com
mais freqüência- de repente um dia dá certo né? Porque é :: é vira um hábito-isso
você exclui uma porção de coisas do pai-no caso—no meu caso porque
tradicionalmente em algumas tentativas cobraram-ah:: não fui no encontro –na festa
do filho não fui-então isso eu tenho aceito até-vendo isso acontecer tenho tido nós
últimos tempos uma reação- abro uma janela do Windows no programa como tão
importante quanto qualquer reunião que você tá fazendo na empresa-isso é
importante fazer- embora muitas vezes faz.
10. Quanto tempo é dedicado a família?
É o seguinte-tenho me dedicado nos dias a noite ok- mas isso não é uma coisa
sistemática- você tem a :: os filhos e a esposa tem a vida deles também- então eles
também têm as viagens deles- as crianças não são crianças né mais tudo bem-
então muitas vezes eles já tão bastante acostumados- senão está acompanhando o
caminho- quando você quer acompanhar- você mostra, mostra () tanto que eles já
então com o programa feito no final de semana e tudo mais- mais por mais que se
queira aproveitar o final de semana pra fazer- você descobre que todos eles já tão
com o compromisso -mais uma vez ele sobrou- você por mais que queira não há
espaço porque eles assumiram um compromisso né.
11. Em relação a sua esposa?
A gente tenta ficar o mais próximo possível nesse aspecto- ou seja- quando
tem um evento vai sempre os dois- seja da empresa de um- seja da empresa do
outro e:: tentar contornar ai as situações na medida do possível-mas o diálogo
sempre que possível é:: como eu te falei- a gente aqui tem uma atmosfera da
empresa é comum, ela () a tua armadura né- tirar a :: quando eu visto a roupa minha
das reuniões que é o terno- ele já tem a estampa assim né- você vai trabalhar- então
ela uma expressão que eu não vejo no meu rosto de diferente- quer dizer como
isso é enraizado lá em casa.
12. Alguma influência da sua família no seu trabalho?
O tempo que:: eles não têm uma:: idéia exata do que eu faço- então eles
sabem alguma coisa por fato pitorescos ou alguma coisa que eu conto- mas como
eu trabalho dia-a-dia eu tenho certeza que eles já sabem como que é que é eles têm
uma imagem de algumas coisas passadas- às vezes problemas- às vezes alguma
124
coisa interessante é assim- pitoresca- eu diria então é:: a falta é uma noção do que
que é o meu trabalho é:: eles têm uma:: uma visão muito periférica.
13. E da sua família originária, pai, mãe, irmãos?
() quando se encontra você não vai falar de assuntos que você trabalha é:: eu
diria que por exemplo a minha irmã e meu cunhado que trabalham é eles tem uma
noção até porque vivemos coisas parecidas-então diria por estarmos em situações
parecidas- não por () um entende a programação do outro- meu pai igualmente
também- foi funcionário da área de umas cinco- seis ou mais- então poucas palavras
que dizem muitas coisas pra eles- já a minha mãe mais- ela sempre acha que você
tem problemas diferentes dos outros () já fica mais mãezona né- o meu filho como é
que pode- mas eu diria que na média os homens tem mais é:: dentro do que eu faço
– do que talvez a minha mãe- do que talvez as mulheres envolvidas- porque tá mais
longe a distancia do meu trabalho em relação do que ela faz ().
14. Qual a formação do teu pai?
Meu pai é engenheiro- também engenheiro químico- ele trabalhou em centro
de pesquisa ou seja na área de tintas- depois na área de metalúrgica e desenvolveu
o sistema- projetos – produtos- então temos atividades em comum na época em que
ele trabalhava.
15. Ser gerente é uma função de sucesso?
Como gerência – gerente é :: ela extrapola a tua meta né? Funcional é ::: tais
administrações do seu posto- então você tem- volte e meia- atividades outras que
estão além do trabalho é :: com o seu grupo e mais eles têm uma expectativa – fora
os clientes – junta o problema importante da empresa – é onde você é:: chamado ao
é:: por todo o conceito que tem em você- sem dúvida isso também é :: por ser
gerente e tudo mais- então é:: uma certa tropa de elite ((risos)).
16. Você se considera uma pessoa de sucesso?
É... eu perguntaria isso para a minha psicóloga ((risos)) tenho dificuldade de
me considerar uma pessoa de sucesso ok- é:: tô trabalhando bastante nisso- é uma
coisa muito mais pessoal- então aí eu dizia que tenho dificuldade por motivos que
seja por expectativa é :: por demais ou até poderia ir é uma discussão muito grande-
por não ir além- porque ficar aqui é que fatores dentro de onde se está indicam que
isso não é sucesso não- essas perguntas que eu teria que responder pra aquela ()-
ser gerente é uma pessoa de sucesso... é :: um fator de sucesso- agora quanto
tempo o reconhecimento que se tem nisso é :: quando não se for reconhecido isso
tudo dá em () em relação ao cliente tem ().
17. Então você relaciona sucesso a reconhecimento?
Sucesso é uma coisa com certo mérito.
125
18. Qual o significado de sucesso para você?
O reconhecimento é :: é :: o conteúdo- a confiança que você deposita nela- ela
tá associado ao sucesso ok? Não é simplesmente um cargo só- mais sim o quanto
ela realmente cumpre com essas funções e ela absorve todos os pontos negativos –
positivos () teria mais motivo hoje não é isso que eu veja pela novas administrações
ou pela novas funções que chegam na empresa ok () profissional e eu tenho como
conceito então eu vejo que é uma mudança- hoje enxergo a mudança no conceito
em relação que eu tenho que é uma coisa mais antiga.
19. Como as pessoas estão te vendo agora?
Ela é muito ... bom eu vou explicar como eu vejo isso- por exemplo é :: quando
eu falo a minha parte final o que que eu sou- o que que eu :: eu tenho com a – tá
muito () pessoal seja a parte de caráter como se absorve tudo isso ela tá
identificado com a personalidade da pessoa uma coisa tá muito próximo da outra –
hoje é uma coisa descolada ou seja é:: o- o ...você tem as ações técnicas é como as
emoções- entre aspas- elas são a forma de como eu sinto elas- existir a profissão
você está por inteiro na profissão é diferente como eles fazem isso – eu não estou
conseguindo ser () na resposta (( risos)) mas é :: muito mais as responsabilidades-
as conseqüências tudo mais- enquanto o outro são muito mais instintos- o quanto
isso envolve eu vou até tal parâmetro isso é o que me propõe – é isso que eu estou
sendo pago então isso seja até mais certo- os limites são muito mais visíveis e
muito mais delimitados- os meus limites são muito mais invisíveis outros muito mais
abertos ok – e :: e todos os dois casos é uma coisa profissional- mas como você
administra esses limites e você está disposto a ir e resolver os problemas é que
envolve isso- então talvez deixa que eu extrapole certas emoções e deixo isso se
misturar mais com a minha vida profissional ou pessoal- profissional e pessoal- e
esses são bem distintos acabou o dia- acabou... por mais que o problema seja
enorme é :: agora é hora de ir embora eu vou- eles têm mais muito tempo- final de
semana por exemplo- tem certas pessoas que é :: só em casos é :: é muito mais
extremos do que aos meus- meu caso extremo é () fazer uma coisa a mais- então
isso é uma coisa ... os níveis de :: de você a () coisa em sua vida particular é que ()
você tá mais tempo na empresa você tá levando pra casa- você tá trabalhando final
de semana () bem (irritado) isso.
20. Como você percebe assim o sucesso?
É às vezes se forma somando e às vezes concorrendo- é por exemplo eu tive...
vários momentos que eu tive muito bem no trabalho talvez não tão bem na família-e
muitas vezes tive muito bem na família- talvez não tão bem no trabalho- então
parece que isso até parece um dual ou você tá bem num- no meu ponto né- é:: e
não tão bem com o outro- e a busca desse equilíbrio tem sido um desafio pra mim.
21. E o sucesso?
E o sucesso? O sucesso é ::não é só um e nem só o outro é um equilíbrio - por sinal
agora com a situação hoje me sinto mais de um certo modo eu diria que dentro da::
da:: da estrutura é o sucesso – o quanto no meu ponto de vista estou sendo
requisitado e sou importante para várias coisas além da minha função- é bastante
126
grande.Com tudo como vida eu tô passando por outro momento que tem haver como
meu é:: estado de maturidade que é :: é (compete)- seja funcionando muitas coisas
que eu tenho que fazer ou que eu deixei de fazer- então eu não tou () como valor ()
eu não estou numa melhor forma de sucesso- então eu vejo hoje aonde é que eu
estou voltado a questionar coisas que eu tenho feito como- como eu vou faze daqui
pra frente e tudo mais então () pessoal eu não estou tão contente- embora o trabalho
é :: é sinto que existe uma é uma ... contam comigo bastante- isso é um fator de
sucesso também profissional- mas no global não está tão bem- porque talvez dentro
da família não está tudo homogêneo- porque o valor do sucesso meu não é só o
trabalho- ele tem uma importância grande- então definir sucesso é você está bem
consigo mesmo- você está bem com o seu trabalho- está bem com a tua família-
então vejo hoje o meu trabalho bastante positivo ... não quer que seja fácil- mas
ele está sendo bem visto- bem solicitado e você não no lado esquerdo da ..da força
né ... ((risos)) é- e por outro lado a minha família também não tá tão negativo- mas
dentro das minhas considerações eu passo por momentos de reflexão.
22. Que momentos de reflexão?
Eu estou revendo talvez- porque você tem em volta e meia a sua vida que você
faz () por onde você tá- pra onde é que você vai- vários fatores levarão pra que seja
isso no momento atual.
23. Você percebe alguma influência da sua família originária?
Há um ano atrás eu dizia que não- hoje eu dizia que sim.
24. Como por exemplo?
O que eu proponho a fazer é:: eu conversei bastante com a minha família-com os
meus irmãos e tudo mais onde certas coisas que eu tinha que eram só minhas- eu
identifiquei em várias pessoas da minha família- pai- mãe- irmão e tudo mais- então
é:: de alguma forma influencia a forma como você enxerga a vida- medos de um-
medos de acertos- enxergar as coisas positivas- algumas coisas não tão positivas-
então você acaba tendo reflexos da forma de:: de:: se comportar.
25. E da sua família atual, você percebe alguma influência?
Eu diria que não- mas sempre influenciam- na hora que eles cobram uma
atitude ou você mesmo vê que você tem que mudar a sua atitude é uma influência
deles- então eles estão crescendo- hoje eles têm 18 e 19 anos- então a importância
que tem que dá pra eles- os problemas- que você tem que ver- você tem que
abordar pontualmente e isso influencia de um certo modo naquilo que eu te falei do
tempo com a família- aquela qualidade- então isso tudo tá naquela forma- falei tô
refletindo o que eu fiz e o que tenho que fazer lá em casa- por exemplo- a forma
como foram 6-7 anos dos meus filhos que hoje estão maiores em relação a vida é
diferente- porque eu te falei da festa- então tinha a festa do dia dos pais que os
meus dois filhos- se eu fui em uma delas foi muito –então essa que teve agora- em
agosto- foi a primeira que eles consideram atualmente- mas () porque eu perdi
muitas coisas dessas daí e passou é um momento () isso que dizer tem outras
coisas mas aquele momento passou- isso influenciou porque o trabalho é tão
127
importante- que deixo de lado uma consulta médica- uma consulta médica é uma
parte- você tem que ter uma agenda muito bem montada pra fazer isso aí- agora vou
ficar com a família- às vezes você deixa facilmente um::... alguma coisa do trabalho
é:: é sobre aquela agenda que é a da família- que é tua e tudo mais- então isso é
uma coisa que tu tem que sustentar- não é fácil quando você deixa é ... alguma
coisa que tem que refazer- retornar- porque você sabe que é importante- você acaba
abrindo mão de planos e deixa influenciar.
3. ENTREVISTA GERENTE 3
1. Fale um pouco das suas funções.
Meu departamento é um departamento – muito pouco atípico né – então meu setor
basicamente eu e mais alguns auxiliares tipo- estagiários né então- cabe a mim
produzir o material que representa esse universo que é a empresa () e trazer o
pacote de informações pra dentro da companhia e de fundir essas informações
internamente () então não tem assim uma- não tem assim você uma grande
quantidade de pessoas que são subordinadas a mim diretamente.
2.São quantos estagiários?
Na engenharia né- são é :: é uma das muitas condições para trabalhar nessa área-
que como eu te disse é o mais técnico né- nas expressão técnico então você tem
uma boa parte técnica em produtos- então em geral é dois em engenharia.
3. Quais são as suas funções gerenciais?
Projeto de equipamentos e soluções () da elétrica né :: ter projetos agora aqui nessa
companhia que iniciei há 22 anos- trabalho com esse projeto de transferência de
tecnologia- que é trazer a tecnologia das empresas da Europa () essa bagagem é o
que possibilitou fazer o meu trabalho- mas é uma questão interessante que esse tipo
de trabalho ele não tem um começo- meio e fim definido então é sempre :: o que tem
que fazer né- então é ::por não ter esses limites bem definidos como uma outra área
é de compras por exemplo- utilizando o material né- então tem início – o processo se
inicia, comunicação um pouco maior que o destino do objetivo né- acaba envolvendo
outras áreas técnicas – como área comercial é :: não tem :: é nós temos um link né-
que faz parte da área comercial na verdade né- e :: a cada necessidade do- das:: de
cada departamento de gerentes comerciais- onde também vem projetar uma::
atividade para o ano né que já é bastante desgastante temos outras emergenciais
que acabam sendo complicadas de administrar () né-
4. Qual o seu tempo dedicado à empresa?
O meu horário ele não é :: fechado- apesar de ser das 7:30 às 17:30- mas se eu vou
viajar eu já vou sair no vôo das 6:20- por exemplo- tem que acordar às cinco horas
da manhã e etc...etc...né..e vai o vôo- se eu vou voltar na noite né- ou então passo
dois a três dias fora né- então a :: a e quando você tá fora né- eu particularmente tô
fora da- da :: do habitat e :: e a noite por exemplo não é uma prática normal
então é :: você fica no cliente até mais tarde ou faz um descanso um pouco e o que
128
sobra você procura estudar ou trabalhar – tudo relacionado ao trabalho- tem vezes
que eu trabalho até a meia-noite- onze horas da noite – e aí tô nessa opção na
semana e nos finais de semana é também um pouco complicado é :: é trabalho
alguns finais de semana também- no sábado- domingo – em casa- em casa quando
você tem um notebook, e :: você tem um celular- um telefone- um trabalho pra
segunda ou terça-feira- né porque essa relação de marketing internacional- ela se
mistura um pouco com marketing estratégico- mesmo porque eu também já fiz aqui
na empresa marketing estratégico- acumulei duas funções- depois você pára e volta
nessas organizações e ficou uma marca né- e que quando se necessita de um
cenário típico de trabalho é :: eu sou uma referência- a:: pois já trabalhei com isso- o
que eu vou fazer né- na Áustria- na França e :: nós vamos representar ao :: a :: a o
mercado () é necessário fazer uma pesquisa de mercado isso é um trabalho que
você faz- você faz ele constantemente- você vai atualizando e se tem um material
atualizado- pois como não trabalho mais com o marketing estratégico consome
muito tempo para atualizar as informações- se você faz isso por aí também
desenvolve pesquisa- reavaliação de posições- reavaliação né do que nós
oferecemos com o concorrente e :: etc...etc... então a:: solicitação (natural) e com
freqüência é uma questão de você dizer assim não é :: eu vou encaixar isso você
deixa de fazer alguma coisa durante a semana né pra fazer trabalho- então eu vou
fazer esse trabalho porque tem que ser feito pra amanhã- isso é tem () tem um
planejamento não sei das quantas não sei aonde você tem que fazer aquilo então
você vai tentar se- é:: é fazer um resumo de funcionamento pra né- como é vamo
dizer assim um exercício né- não está preparado por um imprevisto– essas:: essas
situações que não são tão previsíveis () converso com tal gerente da engenheira-
qualquer um aqui é interessante pra pesquisa- no trabalho que a influência vai pra
família né- e portanto em algumas situações ele vai exigir- tem exigido
constantemente não é uma particularidade do profissional – diz né- isso não é uma
constante () com relação aos outros gerentes no máximo de cada um dos seus
colaboradores né- máximo possível- no máximo que existir é são dois fatos né a
quantidade de :: de trabalho que é colocado e até onde você suporta isso né- ou até
onde você administrar isso dessa sua vida normal né com relação ao trabalho- é por
exemplo- um final de semana por dias ou à noite né- de eu estar fazendo um
trabalho e os interesses da minha família ficam de lado- mas só de fazer as coisas
de tomar a iniciativa né é uma coisa ()mas que isso é falta de iniciativa de eu puxar
todos para levar a fazer alguma coisa ou estimular isso né- justamente porque não tá
sendo acessado de certa forma por esse processo né- eu diria que ultimamente os
afeta.
5. Como a sua família percebe essa sua dedicação ao trabalho?
Eles são habituados a essa situação- não conformados e sim habituados e cobrança
existem e vão existir sempre por motivos diferentes né- meu filho tá no 2º grau se
preparando pro vestibular e ::então ele tá um pouco precisando de mim- sim falo- tô
cansado- quero descansar- ou não quero mais sair de casa mas () ela tá aí vai gerar
uma :: (). Tipo assim de uma forma – forma :: agressiva afetar a relação- mas fica
dentro da minha pessoa uma dívida- se você tem divida nesse contexto quanto ao
desempenho das atividades paralelas né como elas são nesses aspectos- na
verdade o difícil é manter o espaço () atividades mesmo a atividades né- sobre a
posição por exemplo- dizer eu não vou deixar muito bem definido meus objetivos-
meus parâmetros né- não levo é – trabalho e problemas para casa do serviço e não
129
trago de casa para o serviço- isso é uma coisa impossível né- ninguém consegue
fazer isso- deve ser pouco né que conseguem fazer isso- as coisas um pouco se
misturam né- você tem é que controlar isso- pra não :: não afetar de lado nenhum é
:: como profissional né.
6. Você percebe influência da sua família atual no seu trabalho?
Nesse ponto eu separo muito bem isso- essa :: questão né então eu trabalho sobre
esse ponto né é :: eu vou atrás de alguma coisa- bem isso é claro e direto pode ser-
eu não consigo avaliar isso né e quanto isso afeta- poderia afetar ou não- mas eu-
eu teria uma atitude pra isso né ((risos) então é::.
7. E da sua família originária de pai- mãe e irmão?
A formação e a educação que você tem ela geralmente em geral – você vem disso
né isso é uma família bastante tradicional – bom comportamento pai e mãe
casados – meu pai faleceu recentemente – já fazem dois anos -nós fomos muito
bem educados com relação às responsabilidades – talvez a te um pouquinho
demais- mas eu a admiro muito a :: tanto eu como meus irmãos não somos
empreendedores- pois o meu pai não era:: era funcionário público a:: fico atento a
isso – cuido para não cair no comodismo- é uma questão até da família e dos
valores mas é outro horizonte que não () mais isso tenho consciência que isso afeta
sim o meu comportamento como profissional né – o meu comportamento ali é ::
gastar muita energia e ter um retorno não satisfatório quando se está numa empresa
– não é o meu caso – não me considero dessa forma – pelo contrario mas pode
existir a situação né – você despensa uma energia muito grande – faz parte né da
tensão a:: de todo profissional né – nesse ponto está vamo dizer assim associado à
questão sucesso.
8. Qual é o seu significado de sucesso?
Sucesso – sucesso é você viver bem – a :: dinheiro é relativo né – não é o caso né
você ganhar muito ou mais – não pode mais representar o sucesso () vou em
busca disso né eu acho que a sensação de felicidade – você atinge no dia a dia a:: o
sucesso na plenitude eu diria até que a perfeição né do que seria é :: de dia né
então aí digo pra você o seguinte a :: você dizer assim – eu não sou uma pessoa de
sucesso – eu não sou o setor de sucesso () se a minha família depende do :: dos ()
que eu levo através do meu trabalho então é se eu não não :: não sigo a evolução
dentro da minha carreira – ou dentro da – da :: empresa – que eu levo o grosso eu
não vou poder levar é :: esses pacotes merecidos pra minha família certo – agora a
minha família tem que entender isso e dar sustentação – psicológica pra dizer né
pra que eu possa fazer esse trabalho de mercado em casa – a somatória dos dois é
eu poder dar a minha família aquilo que eu acho que é necessário dar- é o que eu
poderia dizer – vamo dizer que é sucesso – uma parte do sucesso ().
9. E como você falou cada pessoa pensa de uma maneira?
Sim é :: o do :: contradizer o objetivo de ser batalhador de :: eu ser comprometido –
isso eu acredito desde pequeno né () é :: até mais eu né no sentido empresarial ()
surgirão situação adversas na vida - se tivesse procurado esse caminho é ::
130
recolocando aquele () que meu pai não dava este estimulo né – então o estimulo
que ele dava com processo desta natureza e :: são mais acomodados né – hoje o
que é minha família :: minha mãe que mora em Curitiba e meus dois irmãos e suas
respectivas famílias que moram em Curitiba () uma relação muito próxima é:: nem
tanto o quanto eu gostaria que nós temos ai () metade da família minha
indisponibilidade e o deles vice-versa – então nós tentamos sempre nos encontrar
em momentos festivos né ou então há uma influência hoje na:: na minha vida
profissional não existe uma influência – as diferenças que fazem parte da vida né
() é um pouco difícil trabalhar isso porque eu não sei como seria a minha vida sem a
minha família né – então vamo dizer assim – eu estaria numa outra condição hoje –
melhor do que () não tenho a mínima idéia – o que posso dizer o seguinte – quando
eu vim fazer a faculdade já casado e com filhos né – houve uma :: uma participação
no sentido né.
4. ENTREVISTA GERENTE 4
1 – A sua reunião era com a sua equipe?
R – Não- é uma...- é com uma pessoa da minha equipe mais com uma pessoa da
Vatech Argentina tá- e a gente tá fazendo uma ...- preparando uma oferta pra uma
realização do trabalho na Argentina- porque entre nós (tá a Argentina) então a
gente se une pra poder reduzir os custos de atender o cliente- atender as
solicitações do cliente pra poder entregar a oferta semana que vem dia... 05 -acho
então é uma trabalho...
2 – Qual é a sua área?
R – minha área é a de serviço tá- então é uma área sem gerente dessa área equipe
a gente é responsável- é ... nós somos responsáveis pela- a::- tudo que se refere a
pós - venda ou seja- saiu da fábrica o que acontece com o equipamento fora do
perímetro da fábrica é responsabilidade dessa área- quase vamos dizer assim- se
você imaginar uma assistência técnica- tipo você tem na sua casa seu carro e ele
estraga- você leva numa oficina ou telefona- é só que nós somos autorizados né-
somos aqui autorizados- somos os exclusivos do Brasil- então a gente presta o
serviço seja durante o período de garantia né- que tem o atendimento sem custo-
sem (ônus) pro usuário- seja fora da garantia onde isso passa ser o mesmo ( ) no
negócio então- nós temos metas né é uma área que além de prestar o atendimento
em garantia em atender os problemas que ocorrem nos equipamentos (fora) nós
também temos () de negócios seja é metas de resultados econômicos- então a
gente tem que trabalhar nesse sentido também é.
3 – E quais são as suas funções gerenciais?
R – As minhas funções é:: eu- eu administro uma equipe que são aproximadamente
- é 10 pessoas efetivas- e temos 7 pequenas empresas chamamos de terceiros que
a maioria são ex-funcionários que nos atendem em determinadas atividades dentro
da empresa e fora da empresa- e a responsabilidade - ou seja as tarefas dentro
dessas áreas são essas que eu te apontei o- atendimento dos problemas a solução-
a resolução dos problemas dos equipamentos fora da fábrica que acontece durante
a :: a utilização dos equipamentos - então nós temos uma equipe de técnicos é::
131
treinados aqui em fábrica ..... treinados na Europa- temos alguns equipamentos que
são fabricados aqui no Brasil que vem direto de fora- são instalados aqui no Brasil e
a nossa responsabilidade também é sobre esses equipamentos- então essas
pessoas vão até o cliente para a::buscar solução desses problemas- então essa é
uma das atividades -outra atividade é:: realizamos as ofertas para os negócios que
eu ti falei- então nós temos uma base instalada muito grande hoje temos mais de
6000 equipamentos aqui no Brasil e:: desses equipamentos depois que eles
terminam seu período de garantia então nós é:: damos junto aos clientes usuários
é:: propostas nos serviços e essas propostas devem ser enviadas logicamente ()
entra-se em contato com o esse usuário durante esse período de – de (conversa) ele
entra-se num acordo ou seja na parte técnica daquilo que nós estamos propondo
fazer – seja na parte comercial daquilo que é o preço – daquilo que tá achando que
é realmente justo - a gente explica o porque que é caro que enfim – então existe
uma negociação técnica é comercial e eu tenho aqui três pessoas dentro desse
grupo que se ocupam de fazer essas ofertas em ganhar o cliente - negociar com o
cliente e uma vez observado o cliente emite uma ordem de compra ou um contrato
ele contrata (o veículo) da companhia uma dessas três pessoas no caso que fez a
oferta vai receber esse contrato – esse contrato vai ser registrado dentro da
companhia vai virar uma ordem interna de fabricação ou de serviço né – na
seqüência essa ordem vai gerar necessidade eventuais de compra de material - ou
peças – enfim vai ter uma necessidade e:: essa necessidade assim que chegar ou
seja vem de fora ou é fabricado agora que o material tiver todo disponível planeja
ser a execução desse trabalho no campo - né – onde os técnicos que nós temos –
temos os técnicos que trabalham exclusivamente num campo vão executar esse
serviço na indisponibilidade desses técnicos efetivos são em três – tem mais uns –
quatro – nós contratamos terceiros – então nós temos esses terceiros como eu te
falei que suprem as necessidades pontuais é de trabalho fora o (tempo) da empresa
– então é:: isso é uma atribuição né de oferta e a mesma pessoa que fez oferta –
trouxe o contrato pra dentro realizou ela tem a função de realizações nós
chamamos () são as pessoas que vão gerenciar ordem dentro da empresa desde o
momento que chegar o contrato registrar o contrato – lançar necessidades do
sistema até a execução fora e a adição da nota fiscal - fatura ou seja responsável
por todos os segmentos dentro do processo né de produção ou (execução) é::
cobrança né até a satisfação realização e reclamação do cliente e essa é uma
atribuição outra atribuição na área é :: de treinamentos nós é organizamos e até
ministramos alguns treinamentos no que se refere à instalação do equipamento
colocação em serviço e operação em manutenção então o cliente compra nossos
equipamentos e as pessoas - os usuários precisão saber como usá-los ou até como
é:: uma necessidade - uma necessidade... né então a gente propicia essa formação
através dessas pessoas eu ás vezes dependo da disponibilidade.
4 – Poderia contar brevemente como foi a sua trajetória profissional?
R – Olha eu to aqui deste de 83 – julho de 83 tá – iniciei aqui na área de engenharia
como projetista na área de equipamentos e depois passei um período por:: - na
parte na área de transferência de tecnologia – o que seria isso ? é:: nós aqui
trabalhamos com tecnologia na Europa então á matriz é :: sempre esteve fora então
nós aqui somos um pólo de competência de fabricação então nó não criamos
produtos aqui o produto é desenvolvido fora – então trabalhei muito tempo na
engenharia né – no – na área de transferência e tecnologia – O que significa? Trazer
a tecnologia de fora e integrá-la no mercado nacional – o que significa isso? ...()
132
você tropicalizar em alguns casos é:: - como base no projeto você encontrar
componentes de fabricação – ou mesmo comercialização ou conta de componentes
locais né por conta que você tem é:: ganhos que se referem ao preço de venda
considerando que a moeda ou seja comparando o real com o euro né – ou na época
o franco como o cruzeiro – enfim tem sim uma desvantagem grande – então quando
você tem um produto que é fabricado aqui você é mais competitivo comparando com
o equipamento que vem de fora 100% importado – então trabalhei nessa engenharia
por uma período e ai depois na seqüência eu fiz – fiquei 2 anos fora é:: trabalhando
em empresas do grupo na França e na Itália é nesta área ainda (transferência)
tecnologia ou seja trazendo o- o:: captando – buscando as informações lá de
processos de engenharia – processo de qualidade – processo de fabricação é:: pra
incrementar aqui no Brasil e depois numa outra fase eu sai dessa área de
engenharia e mudei pra essa área de serviços – to até agora.
5 – E há quanto tempo você é gerente?
R – Ó – é:: 8 anos eu acho – 9 anos ou mais não lembro direito ().
6 – E quanto tempo você tem de dedicação ao trabalho?
R – De (bonificação) de área? A:: no mínimo 10:: horas – olha é raro – raro...() ser
menos tá raro – normalmente é trabalho a:: 7:45 (quinze pras oito) agora 8 horas –
12 horas é 10 horas é uma média entre 10 e 12 horas diárias ai – fora os
telefonemas é...
7 – E qual a influência do seu trabalho na família?
R - Olha é:: realmente é alto ruim né – a gente acaba penalizando aí a família né
– com relação a :: essa carga excessiva ai – eu sei disso – a gente reconhece e:: tô
– tentando me:: - me organizar melhor pro tentar diminuir aos poucos ((risos...)) essa
carga de trabalho né – então como a gente por exemplo o meu caso não tenho é::
não tenho horário então - viajo bastante inclusive - talvez por isso né – não ter uma
atividade – é uma atividade muito dinâmica - então as coisas acontecem muito
rápido e uma diversidade grande de atividade e isso faz com que você não
consiga é:: uma rotina né:: então a rotina faz não faz parte no caso da minha
atividade e por não ter essa rotina de atividades que possam ser enquadradas ou
é:: otimizadas ou priorizadas – vamos dizer que de maneira que você consiga ó
vamo fazer uma fila – é:: - vamo fazer uma fila ...() e vou começar trabalhar aqui
aqui – aqui – aqui – aqui...() e ponto – opa entrou mais uma atividade essas vai
entrar no final da fila – então não eu não consigo por que às vezes essa que entrou
aqui – amanha já é urgente – e entra outra mais urgente e assim vai então – acaba
sendo difícil então a coisa é muito dinâmica e a classificação das prioridades se
alteram então é difícil de organizar de forma – ainda to tentando.
8 – E como a família percebe o seu trabalho?
R – Olha a família acha realmente que eu trabalho demais né – acha uma absurdo ()
nessa vida né – e ai a semana passada eu fiquei a semana toda fora é :: - é
complicado situação nada agradável né – eu reconheço até por mim sei que é pra
elas eu tenho duas filhas e :: - a minha esposa e a gente tem uma dificuldade né –
não acho que não temos assim conflito acho que o pessoal entende – né
compreende isso não tem conflitos mas a gente tem analisado né - você acaba ::
transferindo muita coisa pro final de semana né – mesmo até pequenos afazeres
privados que você poderia dedicar um pouco durante a semana – pra deixar o teu
133
final de semana mais pro lazer você acaba transferindo até às vezes atividades – ou
seja – particulares né – no final de semana então – no final de semana até se
compromete – fica comprometido né coisa que você deveria tá mais livre pro final de
semana então se compromete o seu final de semana pra atividades que você
poderia resolver durante a semana e acaba não resolvendo.
9 – E quanto tempo fica de dedicação à família?
R – Durante a semana? Olha durante a semana como eu te falei é pouco né a gente
acaba ____ - ou jantar juntos – sei lá quando se possível ai 8 e meia – procuro o
momento que a gente se encontra né – porque durante o almoço não – não ...() é
impossível né – a gente procura na medida do possível é :: jantar né () eu a esposa
e as minhas duas filhas também – minha esposa também agora tá estudando a noite
então ela tem alguns dias que ela não pode participar e :: só que é cansativo né
você chega em casa não tá mais com muita :: com muito pique né então acaba até
prejudicando e também os filhos também tem as atividade – tem escola – tem
trabalho pra fazer então - acaba é :: diversificando um pouco ai as atividades e no
caso no final de semana é:: diria que ele não é dedicação total para família por conta
de algumas tarefas ainda é:: diria são tarefas privadas tem algumas que são ainda
minhas atividade particulares né – coisas ou fazer algum trabalho alguma
apresentação coisas que você não consegue tranqüilidade né pra trabalhar aqui – o
telefone toca enfim – a gente acaba até levando alguma coisa pro final de semana
pra ler ou estudar inglês estudar um pouquinho –(risos...) fazer alguma coisa - isso
também é complicado né porque é aquilo que eu te falei coisas que de repente você
se organizasse melhor você poderia fazer durante a semana e deixar o final de
semana 100% do lazer com a família e tal – eu diria que o final de semana é :: eu
diria que é 50% - 60 % máximo dedicado ainda à família né penaliza sempre o final
de semana também.
10 – Então você percebe alguma influencia da sua família no seu modo de
gerenciar?
R – eu acho que – a criação – educação a cultura né – eu acho que sem dúvida né
sempre trás um pouco da casa pro trabalho né e vice-versa né – bom então da
família pra minha atividade – o que que eu posso te dizer – o que eu acrescentaria –
não diria que eu acrescentaria nada ruim – como eu te falei por mais que seja ruim
essa minha falta de tempo pra família isso não traz conflito assim () – ou seja
sempre tem as reclamações mais isso não estaria afetando não eu diria direto ali no
meu dia a dia (nada) não tem em nada assim que eu posso acrescentar que possa
tá influenciando :: dentro desse trabalho né – agora o restante é cultura né a gente
conversa bastante então (talvez) – respeito à opinião de cada um(se fala) lá em
casa tem que falar acho que isso é um reflexo sobre a minha atividade aqui dentro
que também é efeito na casa né – então eu acho que isso é uma :: - difícil ser
diferente né – um gerente que não escute – que não fala – que não :: - aqui em casa
talvez seja seja assim também não sei – da pessoa talvez.
11 – Da sua família original- pai- mãe e irmãos- você percebe alguma influência?
R – Eu diria que não – por o seguinte é:: - eu sai muito – viajei – sai – quem mora
aqui praticamente sou eu e a minha esposa nossos parentes estão fora – então
nosso relacionamento com a família – tanto minha quanto dela hoje é:: passa por é::
finais de semana e feriados é:: dias festivos – mesmo no final de semana qualquer
134
mais então é diferente né – não é um relacionamento cotidiano que possa tá
influenciando eu no dia a dia – entendeu não tem influencia.
12 – E você percebe a sua função de gerente como uma função de sucesso?
R – Olha eu diria – eu diria o seguinte depende da sua :: - da responsabilidade né
do - da ... () autonomia né a :: - e remuneração né são fatores que agregam ou não
né pessoal ou profissional né – então diria que é eu to satisfeito com a minha
função – com o meu trabalho né – é :: isso eu diria que é um sucesso pelo :: pessoal
é eu me sinto uma pessoa vamo dizer assim por algum – por alguns aspectos não
diria nem tanto pelo cargo pela função de gerente de repente poderia tá fazendo a
mesma coisa e não ter um cargo de gerente tá – então é relativo – então me ponho
numa condição – faço pergunta – eu to vamo dizer assim satisfeito com o meu
trabalho né - não sei se isso relacionaria ao cargo talvez emcom relação ao por
exemplo um gerente numa empresa (assistem) tem responsabilidades – tem isso –
tem aquilo outro o gerente numa outra empresa – tem outras – então é relativo né –
o cargo vamo dizer assim mas pela função que eu exerço eu to satisfeito – pelo
trabalho – não vamo falar em remuneração nem em fim – mas pela responsabilidade
pelo trabalho - pelo desempenho – eu me sinto :: com :: sucesso eu acho entre
aspas né – pela importância – pelas pessoas porque (pra mim faz bastante
importância) né.
13 – E você consegue relacionar- sucesso- família e trabalho nas suas
experiências?
R – É :: assim eu :: eu diria que tudo haver né – eu acho que tá tudo relacionado à
satisfação ai profissional você transporta isso né pra sua casa – sua família eu acho
que é tudo – tem uma dupla via ai né eu diria que nem sempre os três estão em
harmonia – mas a contribuem – seja por exemplo na tua :: sucesso no trabalho ou ::
qualquer empresa te ajuda á você ter um bom relacionamento na sua casa difícil
dizer o contrario e vice-versa na sua casa né – na sua família – na satisfação te
ajuda você desempenhar um bom trabalho né isso pode – com certeza vai te
propiciar ai ter uma :: - um sucesso né (almejar) ai um futuro um cargo - então
relação pra mim é direta e vice-versa né – dá :: das duas vias tanto do trabalho pra
casa – quanto da casa pro trabalho ai passando pela família né – com certeza – eu –
eu – eu penso exatamente – eu não sei – eu não diria que uma pessoa que
totalmente com problemas em casa não vai ter sucesso no trabalho acho que isso ai
difícil dizer que não aconteça né – mas com certeza contribui pra harmonia – pro
desempenho do teu dia a dia né.
14 – E houveram mudanças na sua família por causa do trabalho?
R – Não :: - tenho – tá :: eu diria que ainda não – eu to conseguindo reconciliar
razoavelmente bem a ralação né – trabalho – família – alguns problemas como eu te
falei que estão na carga de trabalho né mas eu não diria que eu tenho registro ai de
problemas né – então não tenho registro de grandes problemas – problemas do dia
a dia e de você não poder participar de repente de uma reunião de congresso –
de filho é :: nossa é um problema né é uma falta (se não é neste) não é uma falta
grave depende do ângulo né mais tamo conciliando isso né.
5. ENTREVISTA GERENTE 5
135
1. Qual a sua função como gerente?
R. Eu sou gerente de área de custos- que é responsável pela área de sistema de
energia- ou seja- desde do levantamento de custos da minha _____ a subestações
externas e equipamentos.
2. Quantas pessoas têm na sua equipe?
R. Diretamente três tá- indiretamente tem mais... tem departamento que trabalham
interligados que possuem vários tá- diretamente três pessoas.
3.E como é lidar com essas pessoas?
R. Primeiro é tentar conciliar é:: os anseios de cada um dos profissionais dentro da
função- da dificuldade do trabalho né- até saber lidar com as divergências de opinião
desse departamento () tentar resolver os problemas que teoricamente não se
resolvem por si só tá- aí que a gente entra pra tentar o que dá pra resolver dentro do
que existe dentro da lei né- o que dá pra resolver não- não estamos cobertos pela lei
() pro resultado sendo que teoricamente não tá vindo porque ninguém te forneceu ou
o fornecedor não te ofereceu- você precisa dar uma resposta pra empresa- então
tentar conciliar tudo isso- problemas tradicionais ou problemas até extra
profissionais.
4.Tipo o que por exemplo?
R. As pessoas tem problemas em casa- tem :: problemas diversos e muitas vezes
não conseguem conciliar uma coisa com a outra- eno o cara chega aqui aborrecido
porque brigou com o cachorro ou – entendeu? Não adianta descontar nos outros
colegas de trabalho- você tem que tentar botar um pano quente ou o cara não
gostou dos vizinhos ou às vezes está com problemas no trabalho e leva isso pra fora
entendeu? Ou tá tomando uma cerveja com o cara- briga lá fora e depois traz para o
trabalho- tem que tentar saber conciliar os problemas que pode se tornar grandes
problemas.
4. Fale da sua experiência profissional.
R. Há menos de um ano- antes de começar como estagiário como a maioria das
pessoas né- a minha primeira área já foi no segmento de energia elétrica dentro da
()- fui pra parte da telecomunicações- trabalhei dois anos lá- sempre trabalhamos
voltados mais a grande população de ofertas né- e no último ano é:: eu comecei a
desempenhar função de gerente dentro do setor relacionado a propostas né- como
gerente né- então já desempenhando funções como um coordenador de :: de equipe
né- que diretamente você acaba é :: coordenando um grupo de pessoas mesmo que
você não tenha que fazer isso- esse título entendeu é uma coisa inerente das
pessoas que você quando tá num grupo de trabalho seja em qualquer que seja o
lugar algumas pessoas acabam liderando o grupo- mesmo que não tenha esse título
136
de coordenador- então nos meus últimos anos eu indiretamente eu comecei a
coordenar um grupo de pessoas e agora oficialmente eu me tornei gerente... a gente
se dedica muito tempo- é muito tempo é:: é muito difícil- é eu não consigo ter a
chave que você põe os pés pra fora do trabalho e desligue e só vai ligar quando
você colocar os pés de volta-eu não consigo fazer isso tá é:: pode até ser loucura da
minha cabeça- ou pode ser estresse demais das pessoas- mais é difícil tá- se for
considerar é vinte e quatro horas por dia que a gente fica ligado- é lógico você está
passeando com a esposa- ou seja lá quem for- você não está pensando no trabalho-
mas se você parar de fazer alguma coisa relacionado a extra trabalho no caso da
familiar em particular e aí você coma a pensar no trabalho- você sai com um
colega pro bar e aí ele chega e fala assim...vamo falar...vamo pensar...tentar não
pensar em trabalho- daqui a pouco você vê que tá falando de trabalho.
5. Mas sempre estão falando de trabalho?
R. Não- não assim tá- mais é :: eu gosto muito de computador tá- então se você
senta na frente do computador quando você vê você já tá mexendo em alguma
coisa- trocando e-mail- procurando alguma nota- algum documento que você ... que
eu passei pra mim mesmo pra poder dá uma lida enquanto tá fora do trabalho isso é
normal tá- não sei se isso é sadio mais é normal.
6. E qual é o seu tempo dedicado ao trabalho?
R. Eu entro às sete e trinta.
7. E acaba chegando a esse horário?
R. Tem dia que eu chego as sete e trinta- tem dia que chego às oito horas- mas é
pra chegar nesse mais ou menos nessa faixa.
8. Em média, você sai que horas da empresa?
R. Em média às seis horas tá- mais dependendo como seja- se tiver tendo um
evento importante para ser fechado eu fico até mais tarde- mas em média seis- seis
e trinta- não foge muito disso.
9. E no final de semana?
R. Final de semana eu não tô aqui- final de semana eu vou pra casa- não- também
não é raro quando precisa a empresa pede eu – quando há necessidade a pessoa
tem que ficar mais tempo ou às vezes viagem- mas tenho procurado me dedicar a
minha família.
10. E a sua família mora aqui?
R. Não- a minha família mora em Curitiba- eu moro aqui de segunda a sexta- eu não
tenho mais sotaque de lugar nenhum- coisa mas engraçada- se eu vou pro Rio o
pessoal diz que eu não sou do Rio- se eu vou pra Curitiba eu não sou de Curitiba- se
eu venho pra cá não sou daqui- meu sotaque é ... morei lá no nordeste seis anos-
137
morei em São Paulo- em Salvador- Curitiba- Brasília – a polícia começa a me
procurar eu vou embora ((risos)).
11. Que riscos você pode ter enquanto gerente?
R. Não tem risco em ser gerente- toda profissão tem seu risco tá é:: o risco maior é
:: é tipo assim é você não conseguir realizar aquilo que você planeja- se a pessoa
ficar com medo se ela fracassar e não fazer por ter medo é preferível fazer se tiver
que quebrar a cabeça quebra- entendeu? Teoricamente- teoricamente... as pessoas
é:: não tem uma evolução de cargos a nível assim de potencial- elas crescem
gradativamente só que a própria companhia vai investigando aonde as pessoas
podem tar ocupando novos cargos sem que com isso a pessoa se quebre como
profissional e a empresa tenha um prejuízo porque nós não somos instituição de
caridade- há vocês aquele profissional então vamo botar ele como vice-presidente
da empresa isso não existe a pessoa se () para determinado cargo porque a
empresa acredita no potencial da pessoa- pode ser que a pessoa é:: não consiga
dar as respostas que a empresa precisa tudo bem- tem que ser adequar ou ter que
preparar ou tem que estudar só fazendo essas coisas.
12. ?
R. Vejo como dificuldade ou como não claro como medo de ser gerente ou qualquer
outra atividade tá- se hoje eu sou gerente amanhã quero ser diretor não exatamente
amanhã- mas eu quero ter uma carreira- eu quero adquirir os conhecimentos
necessários pra que um dia eu esteja exercendo uma função mais nobre- digamos
assim- com maior estabilidade e assim encaminhando até o dia em que eu falar
assim- não agora posso me apresentar né ((risos)) satisfeito com a minha carreira
é tem um momento da minha carreira que no limite da minha ignorância é o máximo
aonde eu cheguei entendeu- então eu acho que eu tô no limite da minha tenho muito
que aprender- então o dia que eu acho que eu não cheguei a lugar nenhum é que eu
cheguei no limite da minha ignorância porque certamente eu poderia ir mais longe-
todo mundo pode ir mais longe- mais por medo pára- eu também tinha medo- as
pessoas têm medo de dar um passo a frente- a mais- se eu não conseguir
desempenhar essa função – se você não conseguir você vai descobrir- tem que
acabar- como é que é? Pergunta eu não sei fazer isso como é que eu faço? A vou
fazer isso assim- você tem que perguntar- se você não perguntar ninguém vai dizer.
13. E como a sua família percebe o seu trabalho?
R. Eu acho que já é tradicional- eu não posso responder pelas pessoas então eu
venho a responder por mim né- a maior dificuldade que eu vejo é :: poder me
dedicar demais no trabalho tá e acaba que a família começa a ficar em segundo
plano né- então tem horas que a sua esposa fica chateada- pô tu tá trabalhando
demais coisa e tal parar- pororó... é:: dedico pouco tempo pra mim se é que a gente
tem que tentar trabalhar os dois é :: saber ceder e também saber explicar que tem
horas que não tem como você não se dedicar entendeu -as empresas eu acho que
exigem cada vez mais do profissional né- ou seja pra morar longe de casa ou seja
pra ser transferido seja pra qualquer coisa que seja o motivo – eu acho que o único
ponto que tem de divergência em relação em casa é que não me dedico demais
138
sem saber como entrar num acordo pro tipo não isso aqui é temporário- tipo é um
trabalho que eu preciso concluir- terminando esse trabalho eu volto a situação de
poder me dedicar a família no final de semana normal como todo mundo faz.
14. Você tem filhos?
R. Tenho um filho.
15. E como ele percebe o seu trabalho?
R. É:: ela tem um ano e meio- então ela percebe mais a ausência do pai não o
trabalho em si né- o trabalho pra ela não te significado- final de semana se eu tô em
casa então fico em casa com ela e ela fica diferente- uma coisa aconteceu de
diferente né- porque eu tô só no final de semana- porque ela não sabe associar
ainda tempo – hoje ela fica agitada final de semana- depois ela passa o resto da
semana mais tranqüila e o final de semana sempre agitada- é engraçado- a minha
esposa que eu sempre ligo pra ela- que horas ela tá acordando- dia de semana ela
acorda às dez e trinta- final de semana ela acorda cedo- pra fazer bagunça.
16. Houveram mudanças na família em função do trabalho?
R. Nos últimos quatro anos eu mudei bastante a família- mexeu bastante na família
tá- eu morava em Curitiba todo mundo junto e é:: devido a melhorias profissionais eu
troquei de estágio né:: fui pra São Paulo e levar a esposa junto pra São Paulo-
manter uma casa em Curitiba né é inviável ou seja economicamente- seja
psicologicamente porque levar na estrada seis horas todo final de semana que é
considerado alto risco de morte né ((tossiu)).
17. E o que mexeu com a família?
R. O que mexeu na família? Eu tô acostumado a me mudar a cad três anos tá- meu
pai era militar e pra mim isso virou prática normal tanto que eu como profissional
hoje se a empresa falar assim eu preciso de você lá pra um trabalho lá no :: Acre
entendeu- vai ser bom- isso é profissionalmente pra mim- vai ser bom eu vou- não
tenho limitações pra ter um local- mas é que você impõe a tua família já é mais
complicado- que nem todo mundo preparado pra isso- então a minha esposa não
foi acostumada a isso- pra ela – ela nasceu num bairro e tá lá quarenta anos no
mesmo bairro então tem um grupo de amigos que já são enraizados tem família- tem
um monte de coisa—comigo eu já não tenho mais isso entendeu- porque a minha
família não mora aqui- minha família pai- mãe e irmão não moram comigo – então
pra mim ficou uma coisa normal a cada três anos literalmente falando você abre mão
de tudo e sai vai deixa os amigos- deixa todo mundo e volta pra outro lugar- então
pra mim isso é normal- pra ela já não é – então ela ... eu acho que ela sofre muito
nesses últimos quatro anos que ela saiu da cidade que ela residia ela fazia um
curso... faculdade- ela parou a faculdade- então ela abriu mão de uma série de
coisas.
139
18. Ela trabalha?
R. Agora ela também não tá trabalhando tá- porque nós tivemos um neném há um
ano e meio atrás e esse neném precisa de cuidado especiais tá- então ela nasceu
com problemas- e nos pensamos () seria a dedicação total dos pais pra ficar com
ela- então eu fiquei com o compromisso de trazer a grana e ela de cuidar da criança-
e isso eu trabalho com ela- ela leva no médico- tem o tratamento do fisioterapeuta-
não tem- eu não vejo como bom pra criança- pra nossa filha- ela ter uma atividade
extra casa tá- então é:: não se trata de ser milionário- ou não ser milionário tá- eu
acho que tem certas horas que o dinheiro não compensa – então se ela falasse
assim pra mim- ah eu arranjei um emprego da minha vida tá- se ela falasse isso e eu
fosse então – eu vou largar a minha carreira e vou dedicar a nossa filha- porque
alguém tem que dedicar a nossa filha e eu não vou ficar feliz ...do tipo... se você não
puder cuidar dela não dedicarmos e entregarmos a nossa filha pra alguém que não
seja eu e você entendeu? Então como um acordo um dos dois não vai trabalhar- vai
trabalhar mas sem remuneração digamos assim- vai trabalhar cuidando da nossa
filha- tipo ficou com ela essa- essa responsabilidade entendeu- então estamos
felizes tipo não é o ideal- não é:: o ideal seria tá todo mundo junto tá- porque hoje
por questões circunstanciais ela tá lá e eu tô aqui.
19. Ela prefere ficar lá?
R.Ela tá especialmente pelo seguinte- a família dela mora lá entendeu? Então como
ela precisa três vezes por semana se deslocando pra cima e pra baixo os pais são
um suporte- coisa que eu não- mesmo que eu estivesse aqui- se a empresa fosse
em Curitiba eu não conseguiria fazer isso- por exemplo você imagina eu ter que ficar
saindo do trabalho todo dia ou três vezes por semana- seja lá quando for e ficar me
ausentando duas horas passa a :: atrapalhar o meu desempenho como profissional
né- então infelizmente nós temos que saber distinguir as coisas- uma coisa sou eu
como profissional e outra coisa é a minha família- eu tenho que me dedicar a minha
família tenho- mas eu não possa a:: é :: as minhas atribuições como chefe da minha
casa ou como responsável pela minha filha é não pode atrapalhar o meu trabalho- tô
tentando não consegui fazer nenhuma coisa e né outra entendeu- então hoje é
melhor assim- amanhã não sei- amanhã :: amanhã a gente avalia – verifica quão são
os prós e contras- o que já dá pra ceder o que que não dá pra ceder- se ela achar
que tem que vir pra cá ela vem – senão fica morando lá e vamo devagarinho dando
um passo de cada vez.
20. Quais são as características que você percebe da sua família no seu trabalho
como gerente?
R.Eu acho que sim é:: uma vez eu ... as pessoas brincando falam as verdades né-
uma pessoa falou pra mim brincando que eu sou muito autoritário sabe? Eu não
acho que eu sou autoritário tá- mais eu acho que as regras existem pra ser
cumpridas tá- se dentro do possível resolver um problema quebrando uma regra
tá- mais você não pode tornar isso uma regra- porque senão você sempre vai
descumprir regras e ai cada um vai tá fazendo o que quiser da vida- então eu sou
muito exigente com a pontualidade de compromissos- se a pessoa me diz se eu
arranjo regra no trabalho eu tô me reforçando pra alguém que tá me cobrando ()
140
contornando a situação- então eu sou exigente nesse ponto- se uma pessoa quer
assumir compromisso comigo saiba quanto tempo vai levar pra fazer determinada
função pra ninguém ficar passando vergonha tipo na véspera da entrega do
determinado trabalho não vai ficar pronto porque a pessoa não sabe dimensionar o
tempo dela- então eu tenho que cobrar- tenho uma semana pra fazer isso tá bom-
eu não vou lá todo dia perguntar se está pronto – mas na véspera eu vou perguntar-
então como está o andamento do negócio? Lembra-se que essa entrega é pra
amanhã? Se a pessoa falar pode deixar que amanhã tá tudo entregue- se amanhã
não tiver entregue eu vou ter que questioná-lo porque é que não foi entregue e vou
ter que brigar- vou ter que cobrar porque essa é a função – então eu não posso dizer
simplesmente a e:: minha função é ser gerente- e eu não vou gerenciar as pessoas-
gerenciar as atividades e depois vou ter que dar uma justificativa qualquer pro meu
chefe porque o trabalho não ficou pronto- não pode - então eu sou muito exigente
com relação a isso- e as pessoas não entende como eu me coloco e no momento
não tem como não se posicionar é :: rígido e inflexível em determinadas situações
entendeu?
21. E você percebe que essa é uma característica da sua família?
R. Convivi com um militar- passei cinco anos dentro da escola militar- então pra mim
os outros item são fundamentais por uma organização funcionar direito entendeu a
::o militar ele que nível esteja verá que ele esteja entendeu- mas a cobrança tem que
haver () especialmente diferenciar a amizade do trabalho tá – eu acho que uma
coisa é eu ser amigo de uma pessoa lá fora entendeu e :: a gente ser amigo – fazer
de tudo e outra coisa é aqui dentro- aqui dentro eu posso dizer sim senhor- não
senhor-sim senhora- não senhora- eu quero isso agora eu quero isso amanhã- ou
não posso entregar agora senhora- não posso entregar agora senhor- isso pra mim
é bem claro entendeu- às vezes as pessoas é ficam bem chateadas comigo pelas as
minhas posturas entendeu- mas é uma coisa que tá intrínseco – consciente a mim e
eu vivi muito – assim vi muitos ... e vi funcionando entendeu- então eu não consigo é
:: abrir mão desses tipos de sentimentos se eu vi que funcionou- então teoricamente
vai funcionar entendeu- se a gente percebe que de repente o mundo tá mudando de
comportamento para outro mais adequado né- mas enquanto eu não vejo que dá pra
mudar eu vou indo assim.
22. E da sua esposa?
R. Ela se formou em história- bem diferente- então já pra evitar qualquer tipo de ::
como eu tava dizendo pra ti () mais é brincadeira- eu gostaria muito se ela pudesse
dar palpite na:: nas minhas:: no meu lado profissional- tá eu vejo assim- minha
esposa ela é muito serena e muito pontual no:: nas observações dela- então ela por
exemplo ela pode não falar assim – pô mais você tá fazendo isso errado- fazendo
isso certo porque ela estaria entrando dentro da metodologia de trabalho e de
repente ela não entende mas – ela ::ela... o modo de ela ser me ajuda do tipo seja
mais ou menos (ousado) nisso- seja mais pontual nisso- isso aqui é relevante ou
isso aqui não é relevante entendeu- nesse ponto não vamos acioná-los- não na
função propriamente dita- é- não na questão de técnica- mas na questão
comportamental tipo () pô vi uma situação dessa assim- assim ou assado a – o que
se acha que :: ... dá a sua opinião sobre o que aconteceu exatamente- ela dá a
opinião sobre que tá de fora que não viveu o problema e com isso uma opinião de
quem tá dentro do problema é muito importante - tipo você dá um passo atrás e você
141
realmente percebeu o que da mesma situação- se você (avisar) realmente olha-
então assim ou assado ou isso ou aquilo () de repente temo que mudar alguma
coisa.
23. E houve conflitos por causa do trabalho?
R. É :: os conflitos existem tá- não vou dizer pra você que não existe () você tem que
chegar e tem que tentar remediar que trabalho priorizar no final de semana- nos
últimos meses é :: ele tem se agravado bastante tá- eu tô praticamente há um ano e
meio fora de casa () mas é um ano e meio que eu tô morando ... minha esposa mora
em Curitiba e eu tô aqui tá – então tenho saudade de dividir os problemas- como se
ela tivesse carregando o piano sozinho entendeu- corre pra cima e pra baixo com a
minha filha e coisa e tal- então hoje eu não tenho levantado a questão do tipo pô até
que ponto é :: está compensando pra família você :: nós ficarmos na situação e você
ficar longe- passar a semana inteira fora tá- eu tento mostrar pra ela que pode existir
ponto negativo – mas também existe muito ponto positivo tá é:: se eu chegasse
numa conclusão que realmente é insustentável de dois ou um- ou ela viria pra ou
eu teria que abandonar o emprego e arranjar emprego lê entendeu- então por
enquanto ainda tá estável tá é :: nós já estávamos procurando casa pra cá- pra vir
pra cá- pra ela vir morar aqui comigo né- só que agora estamo deixando isso um
pouco de lado né- o que que a gente pode fazer melhor pro próximo ano entendeu-
e aí no início do ano a gente vê o que faz- se eu compro uma casa aqui- é que lá
tem muito mais recurso para a nossa filha.
24. Você se considera uma pessoa de sucesso?
R. Isso é uma pergunta () é ::o que eu poderia dizer para você que sucesso tem
vários tipos de sucesso tá- profissionalmente é muito bom você saber que você tava
galgando é :: no nível de () da empresa tá é muito bom você escutar seus
profissionais – seus colegas de trabalho que você realizou um trabalho de forma
adequada- nada mais gratificante que você realizar um trabalho e chega uma
pessoa e fala assim- parabéns pelo que você fez.
25. Você percebe que isso é sucesso?
R. Isso pra mim é sucesso tá- sucesso pra mim não tem nada a ver com dinheiro tá-
não tem nada a ver com a remuneração que a pessoa tem- isso é conseqüência tá-
isso é um outro é :: uma outra etapa tá -mais profissionalmente sucesso pa mim é
você conseguir realizar um trabalho- esse trabalho foi bem feito e você foi
reconhecido – numa promoção- mas você foi reconhecido dentro do grupo que
você tá desempenhando atividade que você é um bom profissional entendeu- então
profissionalmente pra mim isso é sucesso e familiarmente falando tá – sucesso pra
mim é você conseguir em casa e as pessoas te respeitam- casa com dez carros na
garagem- mansão- você chega em casa e ninguém olha pra você entendeu- você
pode chegar em casa e receber uma braço e ela dizer assim com saudades de você-
pra mim essa pessoa é bem sucedida entendeu- então pra mim isso é sucesso-
sinônimo também de sucesso como de sorte ((risos) eu me considero- felizmente me
considero- se eu não me considerasse eu teria já feito alguma coisa pra mudar a
situação entendeu é :: não tô dizendo que sempre vou conseguir detectar isso a
142
tempo às vezes a gente por medo ou por ter que mexer em alguns pontos fortes a
gente acaba é :: ficando é:: com o sapato apertado ou também muito grande e a
gente acredita () muito grande e a pessoa não se dedica no trabalho é:: não é que
não se dedica é:: () o que poderia fazer digamos nem todo mundo tem que se
dedicar vinte e quatro horas por dia no trabalhou- mas eu acho que se a gente
pudesse se dedicar um pouquinho mais do que manda o figurino seria muito bom- é
eu acho que profissionalmente se a pessoa... você imagina se ninguém se
dedicasse ao trabalho hoje você não teria esse radinho aqui certo- porque nós ainda
estaríamos rolando na pedra né- porque ninguém ia se preocupar em melhorar as
coisas certa- então se tem alguém preocupado significa que esse tá se dedicando
ao trabalho- você entrar num trabalho e sentou na sua cadeira e bateu o cartão e
você levantou e você não foi capaz de olhar pro lado e falou assim pô eu podia
fazer alguma coisa naquele caminho ali pra melhorar- não somente o meu trabalho
mais o trabalho dos meus colegas- a companhia inteira vai melhorar com isso se a
pessoa não tem essa capacidade de :: de fazer uma obra a mais essa pessoa tá
fadada a certamente não ter sucesso profissional tá lastimamente vai viver
trabalhando né- e não vai ter o trabalho como o resultado ().
26. Ser gerente é uma função de sucesso?
R. Acho que é uma escala evolutiva é :: acho que uma escala natural tá é :: existe
pouco é trabalho nobres ou não tão nobres tá é :: então você imagina o seguinte é ::
vou comparar como carreira militar que foi pra mim um exemplo bem simples tá- de
o cara entrar como soldado tá- ele não vai querer morrer como soldado- não que a
função de soldado seja menos nobre mais é uma tendência natural do ser humano
querer evoluir- então (0 tem que ir pra cabo – tem que tornar sargento- virar tenente
e assim sucessivamente ou se começa como tenente e ele quer chegar a coronel-
ele quer ficar general entendeu- então eu como engenheiro é:: você se forma – você
vai virar um engenheiro operacional e o anseio do engenheiro operacional adquirir
conhecimentos e desempenhar funções que saia do operacional e vá para o
gerencial e assim sucessivamente tá –então eu acho que a função gerente é o
primeiro passo para o sucesso profissional entendeu- porque ele conseguiu dá um
passo dentro daquilo que ele considera como uma tendência natural- entendeu. Vou
dizer pra você que eu não cheguei onde eu quero tá é :: o sucesso é contínuo tá- por
isso que eu falo que é o primeiro passo entendeu- eu não posso vamo dizer assim-
eu estou cem por cento realizado profissionalmente porque não é uma verdade tá-
eu quero crescer seja- como uma pessoa disse seja na horizontal seja na vertical
entendeu- eu quero crescer na companhia entendeu- eu quero crescer
pessoalmente- é seja no ponto de adquirir conhecimentos- seja no ponto de vista de
crescimento numa empresa numa questão () entendeu- de exercer outras atividades
entendeu- então é o primeiro passo ser gerente- primeiro passo () também é o
primeiro passo você tem idéia da- da:: forma como a empresa apresenta é::
apresenta com o organograma dela entendeu- então pra mim é o primeiro passo
sim.
27. Sucesso, trabalho e família estão interligados nas suas experiências?
R..Como eu falei pra você que é.. eu acho que é o ponto mais difícil de se achar o
equilíbrio de você saber trabalhar bastante mais não esquecer que tem uma família-
143
não ficar preso ao trabalho- se prender ao trabalho mais não deixar ele como ponto
número um.
28. Você consegue equilíbrio nessas áreas?
R. Não posso julgar as pessoas se é difícil ou não pra outras pessoas pra mim é
difícil- é vamo dizer assim o ideal é isso tá- se eu falar isso pode ser o ideal pra mim
não o ideal pra outras pessoas tá- mas dentro da minha forma de analisar trabalho e
família é muito difícil entendeu- porque parece que é engraçado é :: é natural pra
mim me dedicar demais ao trabalho tá- tanto que você vai pra casa- faz um monte
de coisa e você sabe desligar do trabalho e saber que quando você tá com a
família – está só com a família entendeu- tipo se receber um telefonema- se eu
em casa eu vou atender não vai falar assim ah não vou atender porque eu ... tô
descansando- eu vou atender entendeu- então aí que a gente conclui entendeu- eu
tirei férias- quando eu tirei férias ele me ligaram quando eu tirei férias- mais eu não
vou deixar de atender a empresa também porque eu tô de férias- porque se preciso
também um dia qualquer falar pra empresa eu preciso de um dia pra ficar com a
minha família () entendeu- então eu não posso erradicar os meus dois pontos
importantes- mais achar o equilíbrio é muito difícil porque é :: tem horas que você é
obrigado aceitar que você tá sendo ansioso demais na empresa e outras horas na
família que nem sempre um fica brigando com o outro e nem sempre você vai ter
que escolher eu vou ter que escolher porque o meu coração pede- vou ter que ouvir
a razão ().
29. Há influência da sua família originária no seu sucesso?
R. Eu vejo mais pela carreira que o meu pai teve né- teve influência e você acaba se
espelhando um pouco é () pegar um pouco daquilo que eu julgava que era certo e
aplicar na minha família mesmo que isso não seja bem recebido né (( risos)) tem que
ser.
30. E a sua esposa no seu sucesso?
R. Sucesso eu vejo é :: seja no sucesso em casa tá do equilíbrio da família tá- da
família que se mantendo em pé e tentando () essa de :: de é :: seja é:: com
limitações financeiras ou limitações pessoais- tipo de presença física então () em
casa eu tenho um zoológico- tenho um cachorro- tenho um peixe- tenho uma
tartaruga- tenho os gatos que são da minha filha e tenho o burro que paga a conta
(risos).
31. Em Curitiba mora você, sua esposa e a sua filha?
R.Minha esposa e minha filha – minha esposa ela terminou essa que era de história
e ela iniciou outra faculdade e daí parou () ano que vem () uma semana e outra.
32. ?
R. Uma resposta diferente a sua () e o que nós podemos fazer dedicação diferente a
cada profissional sem que com isso uns profissionais não se então é:: exemplo tudo
() equivale ao equilíbrio entendeu- então é :: ninguém é igual e teoricamente ()
144
ninguém é igual- mas algum comportamento tem que ser igual pra todo mundo
porque não você vai começar criar tanto pressão no final das contas vira exceção e
exceção vira regra- então é um trabalho difícil lida com pessoas – é muito difícil ()
cumpro porque pode ficar todo mundo cruza os braços e ninguém faz nada – aí você
manda todo mundo ir embora não vai resolver entende- então tem que saber lidar
com esses conflitos de interesses- e em caso já () é a função que eu tenho seja
sendo gerente ou não sendo gerente lá em casa eu vou ter que gerenciar a minha
família- saber também quais são os interesses de cada um deles seja os diretos que
é a minha esposa e a minha filha- seja nas pessoas indiretas que é meu pai- meu
sogro- minha sogra que possam influenciar de forma positiva ou não a estruturação
da família que podem falar- ah pô o cara fica lá em Balneário Camboriú a semana
inteira ele não quer levar você pra lá – é tá na hora de você terminar com o seu
marido- então você tem que saber lidar com esse conflito dizendo que não é nada
disso né- nós estamos aqui porque os dois decidiram assimnão foi uma decisão
unilateral- algumas vezes você tem que ter algumas decisões unilaterais é coisa de
trabalho é:: eu não posso pra tudo- tenho no caso os meus colaboradores se eles
concordam ou não porque se eu fizer isso- então algumas situações eu falo assim
pra eles- tô pensando em fazer isso o que que vocês acham? A decisão final vai ser
minha- isso vai desagradar todo mundo- mais a decisão vai ser essa- a minha- em
favor da companhia- a companhia espera somente isso de você () se tiver um
sucesso todo mundo vai participar disso- se der um fracasso você vai levar as
conseqüências disso tá- gerenciar isso é o mais difícil- as perdas- é um papel do
gerente- você aceita tudo- então você dá o exemplo lá que fulano de tal fez isso
assim () você vê com uma realidade uma devida situação- as pessoas () em
determinadas situações psicológicas depende do outro () não faça isso eu quero que
seja feito assim- se ele falar pra você eu não vou fazer isso o que você faz () tem
que saber fazer () entendeu mesmo que a engrenagem não queira- se tiver que
substituir gente- tem que substituir mais- preferencialmente adequar as :: as
engrenagens- não é só pegar e falar assim- ah não serve- troca- não serve troca...
senão eu vou ficar o tempo todo assim só trocando até a hora que alguém também
não serve vai lá e troca- entendeu- se nós temos determinado capital humano
entendeu- potencial humano vamos saber utilizar eles na melhor forma possível-
vamo usar cem por cento da capacidade da pessoa – se ela tá dando dez por cento
alguma coisa errado ou a pessoa taria- taria indo pro lado errado ou ela tá
precisando de um empurrãozinho e falar você não é pra ficar nessa posição- então
tem que ficar nessa posição e ela vai começar desempenhar toda capacidade que
ela tem – todos temos só precisam de um – de uma ajeitada.
6. ENTREVISTA GERENTE 6
1. Qual a sua função como gerente?
R. Bom- sou responsável pela área de transferência de tecnologia e esse tipo de
coisa é bastante importante não só pra nossa empresa mais pro nosso país- o que
consiste a transferência de tecnologia? É basicamente nenhuma empresa
estrangeira é:: desenvolve produtos para o país- então é :: uma boa parte do valor
agregado que diz respeito à tecnologia volta pra matriz sem que a gente tenha
nenhum tipo de benefício- então a idéia básica da transferência de tecnologia é
145
trazer pro Brasil é :: o maior número possível de componentes que sejam agregados
com fornecedores brasileiros- significa que no produto é :: sei lá que no valor
bastante alto a gente consiga atingir pelo menos 60% de componentes ou serviços
agregados no país com isso a gente consegue um índice de é:: financiamento de
indústria pra área de geração privada bastante alta e passa a ser um :: uma coisa
que a gente recolhe impostos no Brasil- produzindo no Brasil- não manda dívidas pra
fora e o melhor de tudo é que a gente reduz o preço do produto:: do produto:: e com
isso aumenta a nossa competitividade né- então a Vatech como empresa- ela tem
basicamente três grandes centros de desenvolvimento- é a Itália – França e a
Inglaterra- então é os produtos que a gente já fabrica aqui no Brasil tem como base
a Itália- então nós temos vários é:: várias licenças de fabricação com essas
empresas na Itália e algumas na França e Itália né juntas- então eu sou responsável
desde a fase do contrato- avaliação é:: de responsabilidade de fechamento de
câmbios- coordenação do trabalho aqui e na Europa e é a função básica e primordial
de tudo é trazer o produto no menor tempo possível com menor gasto e é isso que a
gente tá fazendo né.
2. E as suas funções enquanto gerente?
R. Bom- é gerente é:: é um sinônimo de babá de marmanjo né- então é a partir do
momento que você atinge ou estabelece uma- um nível em um degrau superior- se
tem um colega que define bem é:: a função de gerente como é:: uma função que
você não passa a ter mais colegas- você passa a ter filhos- então todos os
marmanjos que eram seus colegas passaram a ser teus filhos né- isso de uma forma
carinhosa significa que você é obrigado a dar tranqüilidade- bem estar e é:: todos os
itens agregados a isso que dizem respeito ao trabalho ou não pra que eles possam
reverter suas funções sem o menor distúrbio então- eu acho que quando a gente
consegue quase isso aí a gente tem uma boa chance de ter pessoas satisfeitas-
motivadas e com vontade de criar é:: com uma forma produtiva né- eu tenho uma
equipe que eu posso dizer que produz dessa forma.
3. E você percebe o reflexo da sua liderança?
R. Olha eu diria que sim é:: eu sou um cara bastante puxador- mas ao mesmo
tempo sou um cara bastante justo né- então não adianta ser bonzinho você é
exigente eu diria que sim- então eu acho que você ser exigente dar condições pro
cara cumprir as coisas no padrão que você exige é básico né- não adianta cobrar é
dez coisas se o cara tem condições de fazer uma- ele não vai fazer nada direito-
então eu acho que é esse tipo de coisa é responsabilidade do gerente- tranqüilidade
pro seu é:: pro seu colega de trabalho de um nível inferior produzir o que você quer
que ele produza e a gente consegue isso daí- pelo menos o meu pessoal de equipe
tem bastante motivação e tem conseguido ham... tocar o negócio de acordo com a
minha necessidade- a minha necessidade não é igual à necessidade da empresa- a
minha sempre pior do que a empresa- porque a necessidade da empresa é que eu
defino pra ela e o que eu defino pro meu pessoal é a minha- então a minha é
sempre pior.
4. Quantas pessoas tem na sua equipe?
R. Hoje nós somos em cinco comigo.
146
5. E como foi a sua trajetória profissional?
R. Bom:: eu me formei em 77 em engenheiro eletricista no Rio de Janeiro e desde
de a fase de estudante eu sempre trabalhei em áreas bastante interessantes- na
minha área sempre de projetos- estudo e desenvolvimentos de sistemas e () tenho
trabalhado nos novos empreendimentos que a gente teve aqui no país na área
industrial- na área de metalurgia- geração nuclear é:: química- petroquímica-
plataformas e ainda mais ou menos 92 a situação do Rio de Janeiro tava muito boa
e depois ficou muito ruim e eu vinha já recebendo já alguns anos recebendo muitos
convites pra ir pra São Paulo e em 92 eu achei que as coisas iam melhorar em 6
meses no Rio achei que valia a pena passar um tempinho em São Paulo – me
divertir- comer bem- gastar dinheiro e voltar pra casa- 10 anos então- em 99 eu
recebi um convite pra é quer dizer em 92´eu recebi um convite pra ir pra () que é
uma das maiores empresas na época de construção- montagem de eletromecânica
e projetos que tem hoje no país né- talvez seja maior- em 99 recebi um convite pra
Vatech- como eu não consigo fazer serviços repetitivos e isso me mata e tava
começando a aparecer uma repetitividade muito grande de trabalho e eu falei vai
embora- então eu tô aqui até hoje- então desde 99 eu entrei como chefe de projeto e
depois em 2002 fui convidado pra ser gerente de engenharia de sistema lá em São
Paulo e depois disso eu comecei a trabalhar com desenvolvimento de projeto
especiais- passei a ser gerente de () que é um tipo de projeto que só a gente
desenvolve dentro da Vatech no mundo inteiro nós somos líderes e trata de
soluções especiais pra aplicação de novos projetos e levado em consideração a
tecnologia- o meio ambiente- racionalidade do uso de energia- impacto ambiental
né- subestações são coisas muito feias- então quando a gente consegue humanizá-
las é:: além do cliente achar aquilo um negócio legal- as prefeituras principalmente
de grandes cidades- cidades turísticas adoram né- então eu fui responsável por todo
esse desenvolvimento –levantamento de custos e preparação de material que serve
de base pro nosso departamento de vendas divulgar esse tipo de solução que eles
chamam de soluções modulares e em função disso aí eu comecei a me dedicar
bastante numa área de subestações de alta tecnologia que são subestações
blindadas em gás () que é um gás bastante interessante que tem característica ()
muito grande- isso em termos populares significa que a gente consegue fazer
equipamentos muito pequenos com um isolamento muito grande né- então é :: hoje
um grande problema apesar da gente tá num país extremamente grande – é que
nas grande cidades não existem espaço- então espaços são coisas muito caras-
então o que que eu faço com grandes espaços ou desprezo eles e uso pequenos
espaços.
6. Quanto tempo você é gerente aqui na Vatech?
R. Desde 2002- 2002 início de 2002- acho que foi isso- 4 anos.
7. Você percebe risco em ser gerente?
R. Olha é :: quanto mais você tá – maior é a sua queda- então eu acho que é:: todas
as posições na empresa elas são arriscadas a menos que você as faça bem feitas e
a menor de políticas adversas que basicamente não existem muitos aqui na:: na
Vatech- basicamente nenhuma outra empresa que eu tenho trabalhado- eu trabalhei
147
nas maiores empresas de :: de projetos do país- eu não vejo riscos- eu acho que o
grande risco em você aceitar fazer coisas que você não pode ou não tem
capacidade de fazer- quando você não assume esse risco já que você tá dando um
tiro no pé- o resto tudo é fácil.
8. Algum risco psicológico ou emocional?
R. A pressão é muito grande né- o que que rege hoje qualquer empresa- lucro-
reduzir seus prazos- diminuir custos- aumentar o preço – quando você consegue um
bom () dessas coisas todas do mundo () eu acho que o importante é isso é você
fazer com seriedade aquilo que você consegue e se recusar a fazer aquilo que você
não consegue- então quando você tem esse poder tudo é fácil- né.
9. E você consegue perceber alguma influência do seu trabalho na sua família?
R. Afeta né? A gente passa a maior parte da nossa vida acordado dentro da
empresa eu deixo a minha filha no colégio às 7 horas da manhã não volto pra casa-
venho pra cá- então eu chego aqui 7:15- saio 5 ou 4- porque também eu não tenho
muita hora pra trabalhar- eu trabalho o tempo que eu acho que é importante- então
vou embora de 4 até às 10 horas da noite- então eu tenho me policiado pra ir
embora no horário- se vê é um tipo de ::
10. Então não é u horário exato?
R.Exato- é o próprio ()- então eu acho que esse é o melhor meio de você se policiar-
fazer as coisas dentro dos eu prazo- então a gente tem muita coisa pra fazer- então
prioridades são coisas que a gente já tem que ter agendadas de manhã cedo né-
você chega aqui eu ligo o meu som e já sei tudo que fazer – terminar- fazer tudo que
eu planejei- vou embora há essa hora – então tem dado certo- então vê eu acho a
grande maioria isso não é um privilégio meu- é um privilégio de todos aqui- todos
aqui passam mais de 10 horas dos eu dia aqui dentro- você dorme 6 horas- então 16
horas do dia você passa fora da sua família- quando sobra 8 horas eu () – então né::
você passa mais tempo dentro do trabalho do que com a sua família- então afeta-
afeta realmente né- não afeta sempre né- só afeta se você quiser que afete- é claro
quando você não numa boa- alguém paga ou o cachorro ou o seu filho recebe um
não- algumas coisas dessas- mas é:: eu acho que é muito difícil de dissociar o
trabalho da família pelo menos pra mim é- e eu diria que pra maioria dos meus
colegas também- é dessa forma é difícil porque é :: eu – eu entendo que você tem
que trabalhar onde você gosta- se você trabalha num lugar onde você não gosta-
você tem que ter um grande benefício pra dizer eu tô aqui mais em compensação tô
ganhando ali- então como hoje você raramente tem grandes benefícios- sem
grandes responsabilidades- é ou você trabalha num local que num local que você
gosta ou você vai ficar frustrado- vai ficar preocupado- vai ficar com medo né- então
eu só trabalho onde eu gosto- o dia que eu deixar de gostar eu vou embora e pronto-
eu acho que da mesma forma que a empresa tem uma relação pessoal muito
impessoal- eu acho que a gente também tem que ter essa mesma relação- nenhuma
empresa aceita isso toda empresa acha que só ela tem o direito de te mandar
embora- ela tem o direito de reclamar- só ela tem o direito de exigir que você
faça as coisas como ela quer- mais eu não penso dessa forma- eu acho que também
148
tem que reclamar da empresa- tem que exigir- tem que cobrar- então quando não há
um equilíbrio dessas relações- eu acho que você tem que dizer de tal modo né- eu
não sou um cara muito experiente em termos de empresa e a Vatech é o meu quarto
emprego mas acho que {experiência enquanto na área?} Olha eu não entendi o que
você quis dizer não {na sua função – o que você faz – você tem experiência?} Ah-
sim- é – eu acho que o que – o que me leva a empresa é o desafio – se não tiver
desafio pra mim não tem graça- tá então é :: pedindo pra Vatech sair da área de
estudos- da área de consultoria – da área de definição de sistemas- de suporte de
clientes- são grandes desafios e eu acho que é isso que me motiva- o dia que eu
tiver que fazer algum serviço repetitivo ou tiver que ficar carimbando né- que nem
aquele cara naquele filme do Chaplin- que ele só apertava parafuso lá {tempos
modernos}- eu vou morrer- então quer me matar é me deixar fazendo a mesma
coisa um mês entendeu- bom primeiro porque eu não admito isso- então esse é o
primeiro ponto- segundo é que eu tenho tanta coisa importante pra dar pra empresa
que eu duvido que ela peça que eu faça alguma coisa repetitiva- então a gente tem
uma relação de ódio e amor muito próxima tá- às vezes a empresa me odeia- às
vezes eu odeio a empresa- a gente convive bem né- que nem marido e mulher.
11. E falando de convivência marido e mulher- como constitui a sua família?
R. Ah... eu tenho 2 filhos- uma de 14 e uma de 18 anos- sou casado com a mesma
mulher há 25 anos- a gente ficou bastante tempo sem ter filhos porque a gente não
sabia se ia gostar de ficar casado- aproveitamos bastante- era uma época em que
eu viajava muito a serviço e ela ia comigo né- ela é arquiteta- então o trabalho dela é
bom- bem tranqüilo né- então ela hoje trabalha com artes plásticas- então ela não
tem muito compromisso com ninguém- o compromisso é com ela mesma então {em
com a família também?} sim... claro a família- a :: família eu nem discuto porque eu
acho que a família é uma coisa básica né- então se não tivesse bem a gente não
tária junto- eu não acredito em amor eterno ou tradição- as coisas tem que acontecer
porque não- senão for mais um dia à gente diz até logo mais é:: eu acho que se não
aconteceu até agora e vai ser muito difícil é a gente mudar- eu só posso falar por
mim- mas eu acho que a gente já se conhece bastante pra saber que a gente
convive muito bem- a gente ainda gosta é:: de ficar juntos né- então tenho uma boa
família.
12. E como a sua família percebe o seu trabalho?
R.Olha... o meu trabalho é a minha fonte de renda- é aonde a gente usufrui e hoje é
os bens materiais e as coisa materiais que nos complementam né- ninguém vive só
de amor né- você precisa de é:: amor- precisa de som- precisa de televisão – precisa
de cigarro- precisa de whisky- de cerveja- sei lê- tem que nutrir as suas
necessidades complementares então é:: a minha família eu detenho o meu trabalho
– às vezes perturba quando eu tenho que viajar durante muito tempo – às vezes eu
tenho que passar longos períodos fora do país {e quanto tempo?} Ah... às vezes 40
dias- às vezes 1 -2- 3 semanas- eu tenho conseguido equilibrar as coisas pra pouco
tempo – mais é :: a primeira vez é uma grande raridade- depois passa a ser tudo
igual.
149
13. E quem perturba mais - a esposa ou os filhos?
R.Eu acho que a minha filha pequena- a de 14 anos- 14? Não ela fez 15 agora dia
25- ela perturba mais ela- é bem ligada a mim- aliás a gente é bem ligados um com
o outro né.
14. E quanto tempo vocês acabam passando juntos?
R. Não- não é muito fácil eu:: eu :: eu tenho algumas metas na minha noite- então eu
sempre tenho que ouvir música- tenho que conversar com os meus filhos- com a
minha mulher antes de dormir- então quando eu não consigo fazer isso tudo () então
o que que eu faço? Eu consigo falar com a minha família quando eu não tô de mau
humor 100% todos os dias né- então eu tenho algumas metas por exemplo quando
eu fui pra São Paulo – teve um dia que choveu e eu levei 1 hora e meia pra chegar
do trabalho em casa- eu falei que nunca mais ia levar 1 hora e meia pra chegar em
casa- no Rio eu nunca levei isso – então eu fiquei alucinado em São Paulo – o que
que eu fiz foi voltar pro Rio pra ir a pé pro trabalho – então era fácil sair do trabalho i
para academia da academia pra casa tudo pertinho- e aqui também é a mesma
coisa então eu consigo sair daqui 5 horas- 5 e 15 eu tô em casa- vou andar na
praia- levar o meu cachorro ou não – volto pra casa tô disponível- então às vezes
choradeira ou a minha choradeira e vai revezando né- trocando – trocando as
choradeiras e vai levando.
15. E no final de semana?
R. A gente nunca tem um final de semana igual- a gente... cada final de semana
nosso é diferente né- então por exemplo- é:: a gente... eu me mudei pra cá em
fevereiro- então é a gente sente muita falta de cultura- a gente sente muita falta é de
grandes coisas pra fazer- é os grandes benefícios da cidade grande- aqui são
segurança- peixe fresco- frutos do mar fresco é:: boas praias em volta de Balneário –
um povo super simpático e acolhedor e mais nada- então falta cultura- falta cinema-
falta teatro- falta livro- falta tudo aqui na cidade- a melhor cultura que tem aqui é a
Internet e isso- isso tem perturbado muito a minha vida em particular- eu fico
irritadíssimo- perturba muito a minha filha mais nova que tem 15 anos- eu acho que
ela já leu 80% de todos os livros que eu já li em todo 100% da minha vida mas é::
então a gente às vezes tem que ir pra Curitiba- pra Florianópolis pra trazer alguma
coisa de diferente né- então nas férias de julho por exemplo- minha filha preferiu ir
pra São Paulo do que pra Argentina porque tinha o Fantasma da Ópera- não sei o
que- pois então ela passou 2 semanas- acabou com o meu dinheiro todo- mas ficou
feliz e tudo mais e voltou pra casa- então esse- esse é um lado muito ruim- é esse é
o maior () que eu tenho aqui na região- aqui a gente tem um grupo muito bom-
grandes amigos- então toda semana a gente arruma uma confusão- às vezes uma
peixada ou a gente sai por aí pra tirar fotografia- as minhas filhas também gostam de
fotografar- então a gente vai embora- então a gente nunca tem uma rotina né- finais
de semana não tem rotina.
16. E final de semana tem trabalho?
R. Eu acho que é muito difícil dissociá-la desse trabalho- então quando eu não tenho
o que fazer eu estudando- tô lendo – to fazendo alguma coisa que eu achei que é
150
importante não pra fazer durante a semana- então eu sempre consigo encaixar ou
quase sempre consigo encaixar as coisas- então eu gosto de trabalhar- não sou um
workaholic mais eu gosto de trabalho- tenho prazer em fazer o que eu faço- então
sabe- ficar em casa trabalhando não- não é um sofrimento enorme- é um prazer- é
como se eu tivesse aqui- às vezes eu nem gosto de vir trabalhar não- {mas só
trabalho?}não tenho muito jeito pra isso não- e se eu começar desse jeito alguém vai
me dar um toque lá em casa- mas difícil acontecer- eu acho que faz parte das
obrigações da família dizer olha aqui não tá bom né- assim como eu tenho esse
direito eles também têm direito- todos têm direito iguais lá em casa () diz que
é::reconsidere um colega de trabalho que sempre tem razão.
17. Você percebe alguma influência da sua família originária na sua vida
profissional ou na sua forma de gerenciar?
R. Não- eu tenho uma personalidade muito forte né- então no fim eu acabo sempre
fazendo aquilo que me dá na telha- mesmo errado- então eu costumo pagar pelos
os meu erros- mas eu tenho de :: digamos que nos últimos tempos eu tenho ouvido
mais minha família porque o maior interesse é que eu consiga aumentar ainda mais
meus bens materiais- então {E a família pai e mãe?} Ham.. você tá falando pai e
mãe? Minha família não tem nada a ver com o que eu faço- minha família- eu sou o
único brasileiro da família () hoje né- toda a minha família é grega e ateniense-
porque na grande... vou citar uma característica bastante interessante que é::... se o
seu pai é ateniense- sua mãe é ateniense- você nasceu em Atenas- você também é
ateniense- senão você é grego- minhas primas iam fazer mestrado- doutorado em
volta da França- Itália – Alemanha- na hora de ter filhos voltaram pra Atenas () de
mais- imagina eu que sou brasileiro né- então eu sou ovelha negra- eu sou ovelha
negra né- da família toda- então meu pai era comerciante- meu pai construiu o
primeiro Shopping Center do Brasil numa época em que ninguém pensava que
Shopping Center seria um negócio bom e deu certo né- então o meu pai é um
construtor- ele fez vários prédios no Rio de Janeiro- meu irmão seguiu a profissão
dele né- de construtor- minha irmã é maestrina né- e a mãe era a dona de casa que
na Europa mulher não trabalha né- meu pai nunca se intrometeu no que eu gostaria
de fazer sempre fiz aquilo que eu quis desde pequenininho.
18. Mas algum valor da sua família na sua forma de gerenciar?
R. Oh- eu diria que no começo tinha o dedo do meu pai- mas não tem grandes
influências não- sabe estilo diferente- estilo europeu e eu filho temporão largado na
vida – então não tive muita influência profissional da minha família.
19. E da sua família atual?
R.Olha- eu diria que a minha esposa é bem mais equilibrada que eu- então eu- eu
tenho – eu tenho visto que o equilíbrio dela fazem as coisas andarem melhor do que
às vezes o meu desequilíbrio.
20. E o que é esse seu desequilíbrio?
R. Ham.. pô... eu às vezes estouro né- pô- grito coisa e tal- ham... depois eu vejo-
ham... besteirinha ou outra coisa e tal- mas eu consigo perceber com muita rapidez
151
as besteiras- eu não sou teimoso- então às vezes eu- eu hoje tenho percebido que
quando eu tô a fim de matar alguém- eu não mato – só corto um braço- deixo pra
matar no dia seguinte né- como diz o amigo – deita no travesseiro e dorme- no dia
seguinte vem e mata o cara- então isso tem sido útil pra mim.
21. Então- é essa forma que você percebe a influência da sua esposa?
R. Claro- ela- ela em conflitos ela é mais- ela é mais equilibrada do que eu.
22. A sua função de gerente está relacionada a sucesso?
R. Olha é:: o presidente que é:: diz que o sucesso da empresa tá nas minhas mãos-
então é se eu considero só 50% do que ele acha- eu diria que é:: o meu trabalho é
extremamente gratificante pra todos aqui dentro da empresa- então tudo o que eu
faço não reflete é:: no meu bem estar e no meu ego- reflete no bem estar e no
ego de todos aqui dentro dessa empresa- então todos percebem indiretamente o
que eu tô fazendo é:: então vou passar a ser muito pra todos né- então é uma
responsabilidade muito pesada- mas é :: é uma coisa muito normal {O teu serviço
também é muito pesado?} Eu sempre lidei com responsabilidade desde que eu era
estagiário – então a responsabilidade faz da minha vida- então eu não consigo viver
sem responsabilidade é:: eu não consigo tocar um negócio é:: que não se torne
importante- então se ele não é- eu passo a fazer ele virar importante- então isso é
um negócio meu- não tem jeito sabe- pô- se vai me dar um gravador eu já vou
arranjar uma utilidade ótima pra esse gravador- não só ouvir música- gravar uma
conversinha- mas eu já vou inventar alguma coisa pra fazer com ele é:: já é meu-
então é:: o pessoal diz que falo demais- então é por aí né- eu falo às vezes de mais-
às vezes apanho aqui e ali mas vou andando de um lado pro outro e sempre pra
frente.
23. Qual o significado de sucesso para você?
R. Olha- o sucesso pra mim é:: ver que as pessoas sentem orgulho do meu trabalho-
sentem prazer em trabalhar comigo é:: é eu me sentir bem dentro da empresa- ser
valorizado- não só técnica mas comercialmente e achar que sou importante né
dentro da empresa e achar que eu tenho o poder tá- então eu tenho um poder
bastante relativo – bastante grande aqui dentro- é claro que poder é uma coisa-
vamo dizer não () mas é uma coisa momentânea – mas desde que eu tô aqui- eu
sempre tive poder- pra que? Pra fazer aquilo que eu precisei fazer- então é poder- é
poder é ter- é ter o respaldo das pessoas que tão acima de você e confiar que a tua
decisão é a melhor pra a empresa- então eu diria que eu consiga por enquanto
quase tudo isso – e tem uma coisa que a gente nunca tá satisfeito né- salário- isso
dificilmente alguém vai dizer eu tô feliz com o meu salário porque nunca tá- você
ganha 10- você gasta 10 ou aplica 10 e daqui a pouco você vai dizer- pô poderia ser
14_ então eu acho que isso é- isso é uma coisa boa- então o dia que a gente tá
satisfeito com o nosso salário a gente se acomoda né- ou com o trabalho né- então
eu nunca me acomodo com o trabalho e nem com o salário- eu sempre achei que tá
uma porcaria né- tento me convencer que não.
24. Então você se considera uma pessoa de sucesso?
152
R. Diria que sim{O teu diria que sim não foi convincente..((risos))}É:: olha eu- eu- eu
:: fiz uma :: uma análise bastante interessante do meu trabalho né- é agora que a
gente passou por uma::: por uma mudança bastante drástica aqui na Vatech- não-
não a Empresa Y - a Empresa Y não- não acarreta grandes mudanças pra minha
turma e pra mim- mas acarreta em outras áreas- mas não no Brasil- aqui a gente é
muito complementar e gente se dá muito bem como empresa né- mas é:: eu
sempre- eu sempre achei que é:: por ter no passado é:: grandes tendências técnicas
e grande é:: flexibilidade pra conseguir soluções.... eu sempre fui um cara muito bem
remunerado desde a época que eu era estagiário- quando eu era estagiário eu tinha
dinheiro pra comprar carro- então depois que eu me formei eu comecei a correr nas
curvas mais altas de salários que eu tive dentro da () dentro da () então é:: era uma
época em que é:: a qualificação técnica tava acima da qualificação gerencial- então
mais valia você ter um bom engenheiro do que um bom diretor ou um bom gerente –
então naquela época um gerente era um mexedor de papel era :: grosseiramente
era isso então no período que trabalhei no Rio de Janeiro normalmente o meu
salário era igual ou maior do que o do meu chefe – por uma questão de
responsabilidade de estratégia né – antigamente as grandes empresas faziam o teu
salário resolvesse alguém resolvia – se alguém não resolvia é :: se contratava uma
empresinha e se essa empresinha não resolvia – o seguro pagava – então sempre
alguém saia ganhando – então eu dentro desse princípio eu comecei perceber que é
:: a :: as minhas idéias já não tavam muito alinhadas é :: com as idéias mundiais e
globais – o que no fim você é produto – vamos dizer da – da evolução dos
tempos né – então na década de 70 é :: grandes feitos foram a :: grande meta da
humanidade né – grande poder sobre os grandes feitos – bombas nucleares e ::
direitos humanos () na década de 90 né – os grandes negócios eram negócios
econômicos – o poder econômico começou a tomar conta do mundo e hoje no
século 21 a informação passou a dominar o mundo – então eu vejo que é :: ou você
conseguia ter percebido que isso mudaria a sua vida é :: grosseiramente ia estancar
e ia permanecer num patamar que é importante – mas as empresas não – não te
valorizariam – então quando eu fui para São Paulo com a () eu comecei a não só ...
a tentar desenvolver e tentar recuperar um pouco de tempo perdido né – mas meu
lado técnico é :: muito forte – então é eu comecei a trabalhar um pouco mais coisas
que eu nunca liguei né – então no passado se eu xinga-se a mãe de alguém porque
eu era um bom engenheiro – eu podia xingar a mãe de todo mundo – hoje se eu
xingar a maré do presidente – ele vai me dar um chute na bunda e vai me mandar
embora – então é :: eu comecei a perceber que existem varias formas de você é ::
fazer aquilo que você gosta e uma delas é a arte de passar o que você sabe pro
outros – então é desde que eu fui para São Paulo eu comecei a me dar é :: do lado
contrario de todo mundo que conhece as coisas – todo mundo que conhece e tem e
é :: existe um grande filosofo que diz que da é ensinar – então toda a vez que você
da alguma coisa pra alguém – você recebe alguma coisa em troca nem que você é
um idiota – mas você ganhou alguma coisa e eu sempre fui chegado a fazer
filantropia né – eu já trabalhei com a ONU é :: no Rio – dei aula durante muito tempo
– você não vê engenheiro dando aula – era uma filantropia - era um prazer - era
uma prazer pessoal meu assim como é ouvir musica – tocar – fazer barulho – andar
na praia – () acho que eu fiquei muito comodista né – acho que pra da aula eu ia ter
que da aula ou na Universidade Federal de SC – vou ter que ir para Florianópolis -
vou ter que andar um pouco ou vou ter que ir pra FURB e – então sabe como era
uma filantropia eu prefiro fazer filantropia em casa – tou terminando o meu livro
153
aquele negocio todo né e dou palestra né – faço seminários e me meto em tudo que
eu quero me meter - eu tenho muita liberdade em fazer tudo que eu quero – então
tem um seminário aqui - eu vou – tem ali – eu faço uma apresentação – eu faço um
tape eu dou cursos internos aqui com nosso pessoal – então vou me divertindo –
mas voltando subi tanto que você não conseguia emprego em lugar nenhum – por
que quase ninguém pagava o teu salário - então quando você trocava era uma ::
era uma coisa de louco – então é :: dinheiro foi uma coisa que nunca me preocupou
- tanto que o meu primeira apartamento eu comprei com – eu tinha 34 – eu tinha 7
anos formado comprei meu apartamento a vista porque? Só tinha eu e minha mulher
– então nosso dinheiro era pra diversão – ferias e gastar – eu tinha sempre
boas aplicações – sempre fui um cara muito sortudo com minhas aplicações e
sempre são de riscos eu não gosto de aplicação que não é de risco porque não
tem graça – então fiz umas jogadas muito boas na bolsa de valores e comprei o meu
apartamento então imagina hoje um engenheiro de 7 anos formado e não consegue
nem casar eu já tinha meu apartamento e daí para frente tudo fica mais fácil né –
então eu nunca me preocupei com o cargo gerencia – então na época que eu
trabalhava na () eles sempre quiseram que eu fosse chefe de departamento coisa e
tal na minha cabeça retrograda ... eu sempre achei que é :: gerenciar as pessoas era
virar baba de marmanjo até é né - você vira baba de marmanjo – você tem que
seguir tem que acompanhar todo mundo – não da pra largar os outros que nem o
mineiro diz o boi engorda debaixo dos olhos do dono – então gerenciar é uma
arte – hoje eu diria que gerenciar é uma arte – mas naquela época é gerenciar
nunca me atraiu primeiro porque era parte mais chata – eu sempre fui é muito
sensível a é :: mandar as pessoas embora eu sempre achei que é :: você não
precisa mandar você pedindo com jeito é :: pior do que mandar e sempre consegui
aquela equipe enorme na () já comandei equipe de 30 pessoas lá né muito mais
que hoje nosso departamento de engenharia inteiro aqui e :: () vocês saberiam com
muita naturalidade este tipo de coisa né – então e não me preocupei com cargos
gerenciais até vir pra São Paulo – os tempos haviam mudado a :: vim acompanhado
a engenharia muitos anos e hoje é :: hoje não já tem mais de 10 anos há uma –
uma tendência muito grande a se valorizar muitas pessoas generalistas e jaular
pessoas especialistas – então é :: percebi em São Paulo que a pesar de ter uma
função técnica e salarial bastante alta e via que é :: o custo de vida tinha subido
muito porque a partir do inicio da década de 90 os nossos salários começaram a se
achatar muito né – não só na área de engenharia mas principalmente na área de
engenharia - a grande coqueluche () área financeira – área de controladoria e a
área de inutilidade ou seja – um cara que não sabia porcaria nenhuma mas era uma
cara que sabia mexer as pessoas – mexer negócios e sistemas – então é :: a
importância técnica passou a ser uma coisa secundaria se você não é :: ao sistema
né ao estado em que se meteu – eu achei que é :: eu não poderia fazer mais pela
minha profissão por quer não pelo meu país :: se não mudasse o meu nível de
convencimento – então quando você é um técnico o teu nível de convencimento é::
área técnica – quando você assumi é:: é :: com (letras) gerenciais o teu nível de
consentimento muda de esfera e extrapola a sua empresa então por exemplo na ()
eu era assessor do presidente para assuntos elétricos mas antes então é quando iria
pra algum seminário – pois eu às vezes ia com ele né- então o que que acontece o
teu círculo de conhecimento cresce assustadoramente e o te nível de convencimento
o cara pede porque é seu colega de outra empresa- ou o seu colega é muda então é
mais fácil o cara é técnico que tem o mesmo conhecimento que você – te respeitar
mais- se você tá no nível superior isso deve ser interessante né- porque se você
154
está no mesmo nível dele ele acha que você no nível dele ele pode bater em você-
assim como você pode bater nele à vontade mais quando você tá num degrau acima
ele:: te olha ou se aceita de uma maneira um pouco mais fácil- então pra negócios
isso aí () é um segredo muito grande – então como eu disse eu percebi tarde demais
que é possível exercer atividades é:: administrativas sem perder é:: vamo dizer o
glamour de coisas boas- então por exemplo pô o- o na () aconteceu um negócio
interessante tinha dois amigos eu e outro cara que a gente tava tratado pra ser
gerente de departamento e aí ... esse cara muito meu amigo e aí ele falou somos
nós dois- e eu falei então vamo decidir no par ou impar- não ele falou eu sou ruim
no par ou impar- eu falei então vamo decidir na moeda- cara ou coroa- ele falou não
mais cara e coroa- bom se você tá recusando tudo que eu tô te propondo é porque
você quer o cargo – ele falou é eu tô querendo sim- vem ganhar uma grana e coisa
e tal- eu falei cara você vai vestir o chapéu de cardeal pô- você vai virar babá de
marmanjo? Cara pára como esse negocio- aí ele falou a:: eu acho que eu quero – e
falei a então vai se estressar e aí ele foi e eu falei ah não quero essa porcaria não-
e como os caras me ouviram bastante eu sai fora e ele virou gerente de
departamento dois anos depois e ele teve um ataque cardíaco e eu continue
jogando bola- correndo minhas maratonas e andando pra lá e pra cá e feliz fazendo
o meu trabalho e aí pô ... uma vez saímos nós dois pra tomar chopp e aí eu
perguntei pra ele- valeu a pena? Ele falou não- não valeu a pena- mas olha a minha
mulher tem um carro novo- meu filho está na Disney é:: é sabe ele falou- mas pô
com essa coisas valeu a pena e aí eu começo a perceber que com certeza eu não
teria um ataque cardíaco mas é:: eu perdi a antecipação de uma séries de coisas
que eu levei um pouco mais tempo pra- ter então é fazendo um balanço é :: eu tenho
que recuperar aí um 5 anos ou 6 de dinheiro perdido – como a gente recupera isso?
Nessa fusão não há menos possibilidade de recuperar- porque a gente vai passar a
ser um bicho estranho dentro da nova empresa- e recuperação vai ser uma nova
colocação- então o meu próximo passo é ser o que? Um diretor de engenharia?
Diretor técnico comercial? E eu acho que esse é o meu caminho natural- a empresa
é uma passagem né- pode ser até que seja aqui mas no momento o meu lado muito
crítico não vê essa possibilidade- então hoje eu me vejo tranqüilo dentro da empresa
todo mundo já sabe que sou maluco não mexe comigo- mas eu não vejo grandes
saltos nisso ou então esse é um balanço que eu fiz- fiz pra minha família- quero
pedir desculpas pela minha teimosia mas eu acho que é assim é agora não adianta
mais o tempo já passou né- já foi- então agora é pra frente.
25. Sucesso, trabalho e família estão relacionados nas suas experiências?
R. Eu acho que é :: tudo que a gente faz no trabalho se reflete na sua casa- alguém
que tipo contrário eu diria que esse é um heróientão se as coisa não estão boas
no trabalho é:: eu acho que você- você lembra isso pra casa – não tem como não
levar e assim como toda vez que você é premiado- você também leva isso pra casa
né- então eu acho que a tranqüilidade no lar e a tranqüilidade no trabalho elas são-
vamo dizer- elas andam juntas né- quando você não tá tranqüilo em casa- você não
tá tranqüilo no trabalho e assim como você não dando tranqüilo no trabalho você
não vai tar em casa então eu acho que são coisas que se - se interligam né- eu não
me vejo dissociando trabalho de casa- agora eu separo bem é os meus prazeres no
trabalho dos meus prazeres em casa- tenho conseguido.
26. E você percebe alguma relação entre sucesso e família?
155
R. Eu acho que :: parte do sucesso da gente se deve a família né – o equilíbrio
familiar a a :: a mulher é um – a mulher uma coisa fantástica – é :: você pega uma
homem ou uma mulher e vê uma mulher gostosa passando- você olha a bunda- as
pernas- a boca- o cabelão- e diz pô que mulherão né- e a mulher que tá do seu lado
ela diz você viu que ela tá de calçado 41- você viu que ela raspou as pernas- o
tornozelo dela é fininho demais- o cabelo dela é pintado olha a raiz- então o homem
enxerga pouco né- a mulher percebe os detalhes- tanto é que quando eu comprava
carro eu levava a minha mulher- os caras ficavam loucos porque ela via coisas que
eu não via- então eu olhava pra ver se ele todo equipado- se tinha roda isso e
aquilo- e a minha mulher não -oh tá arranhado aqui- tá ali- tá ali- então eu já fiz
grandes negócios por causa da minha mulher- então eu acho que ouvir uma mulher
é básico então ouvindo uma mulher a tua chance de não errar tanto- pelo menos a
minha é muito maior.
ENTREVISTA GERENTE 7
1. Qual é a sua área aqui na empresa?
R. Bem atualmente eu sou gerente de ofertas né – eu cuido de todas as ofertas da
companhia – é em termos de produtos e que tem aqui também são a minha área
de serviço como gerente – pra mim é isso gerenciar varias ofertas.
2. Quais são as suas funções em quanto gerente?
R. Bom a:: acho que a primeira delas é de conduzir a equipe é :: da forma mais
satisfatória possível pra buscar resultado pra companhia né – que isso é a meta
de todo mundo aqui dentro é :: - acho que a pior preocupação de tudo é isso vai
se mediar as relações disso:: dessas pessoas – equipe é com o pessoal de setor o
pessoal de vendas né que hoje fica em São Paulo a :: seja o próprio pessoal a::
que entende de engenharia – de compras – de fabrica com este tipo de mediação
né – mais ou menos por aí.
3.Fale de sua experiência profissional.
R. Eu é:: me formei em 86 – sou engenheiro eletricista né – em 87 na verdade – eu
vim pra em outubro de 87 ainda quando a :: aqui era uma empresa nacional
(ainda hoje é) e construí todo minha carreira aqui na própria empresa com varias
mudanças de razão social – venda pros franceses a principio e dentro da própria
empresa () – a passagem pra outras empresas do grupo em fimfinalmente a
venda pra Vatech – agora 2002 – por aí e agora finalmente pra Empresa Y
então a carreira foi toda construída aqui dentro desta empresa – o primeiro
emprego foi aqui – aqui a minha primeira atuação profissional foi aqui – a princípio
na área de contrato que eu entrei no quarto ano e assumi a área de :: de serviço
com venda associada a parte de ofertas também – e de um tempo pra cá de uns
dois anos pra cá eu fiquei só com a área de ofertas mais aí então – englobando
toda a oferta na companhia vamo dizer assim.
156
3. Quanto tempo você está como gerente?
R. Como gerente desde janeiro de 2000 – há cinco anos.
4. Você trabalha ainda na área de contrato também?
R. É eu iniciei na área de contrato né como administrador de contrato na companhia
– fiquei nesta área durante muitos anos – com vários tipos é :: de produtos de
serviços na época e tinha média () na época da venda da empresa () essa
empresa francesa – essa área de manutenção saiu daqui de Itajaí agente ficou só
com a alta tensão (eu continuo com a central da alta tensão) né – algum tempo
depois e agente agregou a função também de :: ofertas pro mercado (que eu fazia
não só a parte de contrato) grandes ou coordenadas ou contratos como preparava
também as ofertas pro mercado (eu fazia as duas partes né) tanto vendia como a
:: ajudava internamente nos contratos que já tinham sido assinados pelos clientes
né i :: daí isso teve um período que eu fiquei em São Paulo também na época em
que a empresa tava incrementando a :: uma área de sistema da companhia né –
fui convidado pra lá fiquei um ano a :: e aí quando retornei () o contrato de sistema
de São Paulo – contrato de oferta não na função de gerente – e quando voltei
de São Paulo nestes dois dias então eu assumi a gerencia na área de produtos da
empresa – o contrato em ofertas de produtos.
5. Você trabalha com uma equipe de quantas pessoas?
R. A minha equipe hoje tem 5 pessoas.
6. E como é gerenciar essa equipe?
R. Em que sentido assim você diz? ((risos)) bom na verdade eu procuro deixar o
pessoal a vontade né- eu tenho- eu diria que hoje metade dessa equipe é uma
equipe bastante experiente né- a outra metade ainda tá meio que em formação
né- então eu procuro deixar o pessoal bem a vontade pra tocar os negócios e
procuro interferir só mesmo naquelas questões aonde eu vejo que não tem é:: que
o pessoal não tem a capacidade de entendimento enfim pra definir- aí eu entro tá::
então mais ou menos assim que eu prefiro tocar- procuro ter uma relação com
eles bem próxima né- até pra facilitar a vida deles até mesmo pra colocar os
problemas que eventualmente aconteçam e de forma até que eles sintam é ::
tranqüilos pra tocar o trabalho deles no dia-a-dia e :: e ter sucesso.
7. E quando tem algum problema pessoal- como você lida com isso?
a. Olha alguns já teve alguns do pessoal vim conversar comigo e eu tô sempre
aberto pra esses casos pessoais ai né- é:: tem pessoas que são mais abertas- tem
pessoas que são mais fechadas e tal- então na medida em que o pessoal me
procura- a gente tem- eu acho que cinqüenta por cento da equipe hoje é um
pessoal que até tá mais sempre comigo- então tem mais é mais é:: mais
proximidade para contar sobre seus problemas- então essas pessoas se abrem
com mais facilidade- a outra metade do time que é um pessoal mais recente ainda
tão- ainda tão .... com menos proximidade- mas eu tenho procurado fazer com que
157
eles se sintam a vontade pra chegar e tá discutindo não só os problemas internos
como também algo necessário- discutir sobre os seus problemas externos- enfim.
8. E quanto tempo você se dedica ao seu trabalho?
R. Olha é:: o tempo que tu tá aqui dentro (tá ocupado) praticamente tem uma
extensãozinha fora que a gente hoje anda de celular( não tem) faz aquele
esquema- saio da empresa acabou o trabalho- não existe isso- sobre tudo nessa
área que é detalhe de :: comercial vamo dizer assim né- então a :: muitas vezes
você sai daqui e tem um pessoal comercial praticamente dito (o nosso) tá lá no
cliente (numa reunião) às vezes seis- sete horas da noite- às vezes até mais tarde
e:: às vezes você liga então você tá meio que (sufocado) nesse momento por mais
que você procure ficar meio alheio a esse tipo de coisa- você não consegue- você
tem que ter uma ligação né- ultimamente a gente tem conseguido se desligar um
pouco mais no fim de semana né- isso tudo também nessa área da gente é uma
questão de :: fase de mercado né- de :: momento de mercado- tem vezes que o
mercado tá muito aquecido – e aí você tem que vir pra cá no sábado às vezes no
domingo- ou não tem feriado então a:: - sobretudo nessa área que a gente atua
que hoje é que :: setenta- oitenta por cento dos nossos cliente são a::
consenssionado serviço público e tal então () você tem um prazo para oferta e
é:: se você não apresentar ali você tá fora- então você tem que cumprir aquilo a
risca e pra isso e alguém passa por cima ().
9. Você percebe alguma influência do seu trabalho na sua família?
R. A:: com certeza tanto que – eu::- acabei de me casar recentemente- só depois de
tanto tempo aí eu cheguei a conclusão que poxa agora não tem mais jeito- tem
que – não adianta eu querer – é:: - simplesmente (colocar) cem por cento da
minha vida no trabalho que não tá legal né- acabei casando agora recentemente-
tô conseguindo de certa forma a :: () dar uma certa atenção mais especifica é:: -
em casa né com a família e tal- mas com certeza afeta sim.
10. Como que a sua família percebe o seu trabalho?
R. A :: - olha na verdade- a minha família- meus irmãos – meus pais estão todos no
interior de São Paulo- eu tô 18 anos aqui- então é uma distancia geográfica
bastante grande- então e eu não sentia muito essa interferência- como eu falei eu
casei agora recentemente- por coincidência :: a minha esposa trabalha aqui
também é a Cláudia – é ((risos)) isso é :: - então ela sabe exatamente tudo o que
acontece né:: tá dentro da empresa – então a :: ela entende bem a situação e ela
também às vezes tem que ficar aqui- às vezes até mais tarde- tem que viajar-
esse tempo atrás agora por várias vezes ficou uma semana- dez dias no Chile-
ficou fora enfim- a gente se entende muito bem por conta disso- acho que isso é
um fator facilitador né pra gente levar hoje em dia numa boa.
11. Você se casaram no início do ano?
158
R. Foi em março- final de março na verdade.
12. Há algum tipo de atrito por causa do trabalho?
R. Ainda não tivemos não- talvez pelo fato de ser recente ainda- mas ainda não- a
gente tem se dado muito bem assim tipo- ela entende muito bem quando eu tenho
que vir para cá nem sábado ou num feriado- a ::- da mesma forma eu compreendo
o lado dela- exato – já tive tipo assim a:: a gente ainda nem tava junto – a gente
tava só namorando – mas daí no ano passado teve um feriado prolongado e a
gente programou uma viagem foi um feriado (de seis dias em Itajaí) foi em junho
do ano passado teve um feriadão legal – aí a gente foi pra- a combinamos a vamo
pra Gramado- vamo fazer um passeio pelo Vale lá:: como que é o nome? Vale do
() né e fomos pra lá e aí no quarto dia tivemos que voltar – teve uma festa
enorme aí- a gente ficou meio entristezidinhos assim tá mais foi superado- é
verdade- é verdade...
13. Você percebe alguma influência da sua família originária de pai- mãe e irmão na
sua função de gerente?
R. Eu acredito que sim – vejo isso claramente- né aquela educação rígida () uma
forma séria de conviver melhor- de querer um negócio limpo nos seus mínimos
detalhes ali- eu acho que dá pra ver as marcas dos familiares tem tudo haver com
isso.
14. E da sua esposa?
R. A formação familiar dela com relação a isso também.
15. A sua esposa influencia na sua forma de gerenciar?
R. A muito – hoje mudou muito – depois que a gente começou a ficar junto – tal
mudou bastante sabe- na forma de encarar as coisas tal – na forma de agir a
determinadas situações cm certeza tem dela muito também.
16. Você percebe a sua função de gerente como uma função de sucesso?
R. Eu acredito que sim- eu acredito que sim- eu já tive um monte de sucesso na
companhia – acho que nos últimos dois anos aí é:: - a fase que a gente passou ou
a :: - pela origem da minha companhia ser é :: de uma área é :: de um mercado
elétrico- então o mercado – ou comprava produtos como () ou seja – focado (que
você tem um pacotão para servir e tudo mais) o mercado de um tempo pra cá ele
passou a comprar mais desse sistema então a área que eu tenho escolhido para
mim desenvolver a minha profissão no meu profissionalismo assim é- ela passou a
ser pela companhia como uma área secundária- eu de uma certa forma me vi
prejudicado ou colocado muito de lado e esquecido- então é:: acho que eu tive um
crescimento muito grande na companhia nos anos – aí vamo dizer ... nos
dezesseis- quinze- quinze- quatorze e quinze anos iniciais- acho que foi bem uma
parada neste sentido () e tal por conta dessa questão eu talvez nunca () a área
159
que eu escolhi né da própria companhia foi uma área de mercado que involuiu pro
meu setor.
17. Você se percebe como uma pessoa de sucesso?
R. Eu percebo- eu percebo sim.
18. O que você percebe?
R. Olho o respeito que eu tenho aqui das pessoas- a:: sobretudo o respeito das
pessoas da companhia- não só das pessoas do setor- mas também das pessoas
que estão ali no nível inicial dos meus subordinados de outros setores () tudo mais
e o respeito que tenho que eu sinto deles- acho que é uma prova desse meu
sucesso ao longo dos anos aí na companhia.
19. Você percebe uma relação entre sucesso e família na sua experiência?
R.Eu acho que sim que tem uma relação total aí- eu acho que :: eu mesmo já
percebi às vezes que tem momentos que a tua família passa por alguns
problemas e tal – de saúde- meu pai um tempo atrás estava meio doente e tal- e
aquilo afetou bastante o meu desempenho no trabalho né- ou seja se você não tá
bem na sua família aquilo se reflete diretamente aqui- você chega de manhã –
você tem uma série- um rol de coisas pra fazer- e você acaba de repente até não
consegue fazer aquilo com a performance que tem que fazer porque você está
com a cabeça voltada pra lá né -então afeta sem dúvida nenhuma.
20. Você percebe influência mais na família no trabalho ou trabalho na família?
R. Eu acho- que as duas coisas correm paralelas- eu vejo uma influência (restrita) aí
com uma mesma intensidade.
21. Você consegue equilíbrio nessas áreas?
R. Ultimamente tenho conseguido mas- né como eu te falei antes né- da gente tá
junto eu e a Cláudia- eu era muito mais focado no trabalho do que na família
talvez e sobretudo pelo fato de como eu te falei né- a minha família tirando a
Cláudia – tá toda em São Paulo- no interior- então existia uma distância – então
eu tenho aqui os amigos pra sair- tomar um chopp e tal- mas a grande maioria do
tempo – mesmo fora você tava meio voltado pra empresa né- é tinha aquela
obsessão pelo trabalho tenho que fazer aquilo- tenho que ganhar da concorrência-
eu tenho que fazer este contrato () é mais ou menos isso.
22. Há influência da sua família originária no seu sucesso?
R. É :: olha eu acho que a influência tá mais voltada pra aquela base familiar- você
tem aquele criação- você tem se dedicado e tal- ficou mais difícil isso a distância
de gente geográfica ai- por mais que você tem telefone ou tem Internet e tudo
mais e queira ir ou não acho que a presença física próxima das pessoas da família
junto é :: tem uma influência muito maior- então eu vejo essa influência no meu
sucesso mais como aquela é:: é aquela que o meu pais enfim que a minha família
160
gostaria (que eu fui criado) né porque () fora isso no período que já vim pra em
87 e tal eu acho que fui muito mais :: o sucesso tem a ver com isso mas não tem
uma interferência direta () a influência tende a ser pequena é tudo pela questão de
base mesmo não é posterior.
23. E a sua esposa no seu sucesso?
R. É eu acho que a influência dela no meu sucesso sobretudo nesses últimos dois
anos que é o período que a gente tá:: tá junto aí eu acho que tá sendo muito
importante também no sentido de é :: a gente tem o mercado tá levando a gente
para uma situação de :: de bastante pressão- a própria venda da Vatech pra
Empresa Y é uma fase difícil pra todo mundo – uma situação de instabilidade já
tive uma experiência entre quatro ou cinco filiais e tudo mais então a gente ()
afetar muito pouco- não adianta dizer que não afeta porque afeta- então eu acho
que nesse sentido o apoio dela e acho que meu apoio pra ela também acho que tá
sendo legal – né- hoje sou responsável por exemplo- se amanhã eu vou embora
seja pra São ou pra Campinas e ela fica ou se ela vai e eu fico- ou se os dois vão-
se os dois ficam se os dois vão embora- então a gente no dia-a-dia a gente tem é::
trocados figurinhas sobre isso e tamo numa boa- tamo tranqüilos.
ENTREVISTA GERENTE 8
1. Você podia descrever a sua função?
R. Gerência de sistemas (), eu tenho no grupo dezenove pessoas, a maioria de
engenheiros () a gente faz controle interno e externo () disjuntor, transformador ()...
2. E as suas funções gerenciais?
R. Bom- eu consigo (pensar) hoje diria assim digamos... 50% para competências
técnicas da área e outros 50% para gerenciar pessoas- que 50% é da competência
pessoal do que chamo ()...o mais difícil pra mim é lidar com pessoas- tenho 33 anos
de formando... () cada dia a pessoa tem uma coisa diferente ()ser gerente da área
que eu tô ou qualquer outro gerente- a diferença não é muito grande- além de você
lidar com pessoa abaixo de você- você tem que lidar com pessoa pra cima- o seu
diretor- o seu chefe- então os seus pares também – você tem que lidar com outros
gerentes- isso tudo é complicado- se você não tiver uma cabeça boa gera muito
conflito ().
3. E como você avalia a sua forma de gerenciar?
R. Olha eu avalio bem... comparando com outras pessoas- outra coisa um
termômetro disso pra mim é que as pessoas gostam muito de mim- na área você
deve ser líder na sua área- e não ser um chefe- se você perguntar para as pessoas
161
se gostam de trabalhar comigo- gostam- porque tem pessoas de outras áreas que
querem trabalhar comigo- se surgir uma vaga.. pu... na hora já querem trabalhar
comigo –além de ser uma área que abrange muitas modalidades- que aprende
muitas coisas-que abre muitas portas...eu sou uma pessoa que gosto muito de
ensinar né- () eu comecei como professor na faculdade ()... eu faço as coisas
naturalmente () eu trabalhei 25 anos em uma empresa multinacional....
4. E quais funções você exercia nessa empresa?
R. Eu comecei já como formado- comecei como eletricista...engenheiro...engenheiro
eletricista- especialista –como gerente da área- de um lado pro outro fui gerente da
outra empresa tá () aí eu saí da empresa e tô aqui- e sou gerente também {E você
está aqui 8 anos?) aqui 4 anos na () 3 anos e quase 5 anos no Chile que
trabalhei numa concessionária elétrica () {E foi professor também?} Lá no Chile { Na
universidade que você se formou} Sim- mas aqui também quando cheguei aqui no
Brasil- estava com 4 ou 5 anos de formado () {Isso faz quanto tempo?} Há 30 anos-
outra coisa que eu também na minha área é que sou muito conhecido
internacionalmente e nacionalmente na minha área () participo muito em congressos
internacionais () participo de um comitê internacional de energia elétrica () um
congresso no mundo todo ()dou muitas palestras- eu falo muito- por isso que parei
um pouco- cansou a garganta ().
5. Essa então foi a sua trajetória profissional... teve mais alguma coisa...foi
professor- gerente em outra empresa- mas alguma coisa que você gostaria de
colocar?
R. Não...assim digamos da área profissional não... () USP...
6. E tempo de gerência- quanto tempo?
R. 9 anos...() cinco anos na outra empresa e 4 aqui... 10 anos administrando
pessoas.
7. E riscos de ser gerente?
R.Riscos... então... riscos grandes - você está sempre sujeito a mudanças () no meu
profissional () um cara meio político- se você tem uma força política você () mas
felizmente passei sempre bem as mudanças- aqui também já tive várias mudanças-
inclusive no ano passado tive uma mudança- a minha vinda de São Paulo pra cá – a
minha área do grupo era toda em São Paulo- () e pela empresa ter passado por
problema econômicos e financeiros () redução de custo dois andares vieram todinho
pra cá de São Paulo () um exemplo uns não concordaram e saíram - outros foram
mandados embora- e mais um desafio pra mim- as pessoas confiavam muito em
mim () viemos pra cá em 5 e 6 pessoas no máximo- só que aí o mercado começou a
mudar- começou a melhorar () e passamos para 19 pessoas e agora vamo passar
por mais uma mudança {Agora com a Empresa Y?} é..mas mudança de pessoas ()
é complicado...é complicado...demitir pessoas () a Empresa Y é uma empresa
162
grande que já tem pessoas trabalhando- mas eu não tô com medo- eu
particularmente não estou com medo- sou conhecido no mercado- tenho facilidade lá
fora- mas estou muito preocupado com as pessoas que trabalham aqui comigo...
8. E em relação a risco psicológicos ou em relação à família?
R. É um problema... isso eu acho importante..eu acabo sofrendo com isso.. porque
quando a gente é novo é jovem- a gente vai se envolvendo nas coisas- a gente vai
fazendo tudo...eu... eu viajo muito... eu sou uma pessoa que viajo muito...() o próprio
cargo vai exigindo cada vez mais...agora mesmo- quando a gente trabalha numa
multinacional não se faz nada sem estar relacionada a multinacional () às vezes
ficava dois meses e três meses fora- e eu ra muito cobrado por isso- com família-
filho pequeno () hoje eu detesto viajar- fiquei 10 dias no Chile- sai de lá e fui para a
Alemanha ()- a minha filha cobrava muito isso- a questão de ficar longe ()...eu me
questiono muito se valeu à pena e a família como ficou? Será que valeu a pena-
você que é psicóloga consegue perceber isso- () mas eu tinha que pagar o conforto
para vocês- dar carro para vocês () só assim- e o meu filho diz- mas eu não queria
tudo isso entendeu? Eu queria ter mais tempo com você {E porque você seguiu esse
caminho?} Eu sou pessoa muito... inquieta...que não consigo ficar parado num lugar
certo- procuro desafios () desde a escola eu não conseguia fica parado- sempre
estava ajudando- eu entrei na faculdade muito novo- muito novo- me formei aos 21
anos- era difícil de encontrar – entrei numa faculdade muito boa lá no Chile () ganhei
o diploma de engenheiro mais novo- dei aula () depois me cansei e sai de lá e vim
pro Brasil () quando eu vi me envolvia- me envolvia e não parava mais {E quando
casou?} E quando casei continuou a mesma coisa- eu continue a brincar de fazer
palestra () hoje com mais de 50 anos se tiver um desafio eu vou () eu não consigo
ficar parado () eu sempre estou procurando () é da minha personalidade.
9. Além da sua personalidade tem alguma influência da sua família originária na
sua forma de gerenciar?
R. Não... não tem – ninguém tem influência...é que...nós somos em 5 irmãos o único
que saiu fui eu- eu era o mais velho e sai mesmo- o pessoal acha que é difícil sair da
() não sai- e eu não sempre procurei sair ()- traça uma meta vai atrás dessa meta- eu
falo isso para a minha filha ()
10. Você percebe alguma influência da sua família atual- esposa e filhos- na sua
função gerencial ou no seu trabalho?
R.Olha sabe que eu me abro muito com o meus filhos- mas essa coisa de
honestidade – de cumpri as regras vem muita da minha família ()a regra é esta – tem
que cumprir- eu falo para os meus filhos- se não quer assim- saia- as normas são
estas- procura outra coisa- se você não consegue mudar o vento- muda a vela::- a
gente não consegue mudar o vento sim- à vela a gente consegue- às vezes alguma
coisa () a esposa fala para falar com a minha filha e pra não fica brigando eu falo
alguma coisa- mas sem brigar.
163
11. Quanto tempo você se dedica à família?
R. Quanto tempo? {É}É tão pouco é mais final de semana- à noite- os meus filhos
trancados no quarto ou saindo com os amigos- chegando de madrugada () domingo
dorme o dia inteiro... é meio difícil também...
12. E no final de semana há trabalho também?
R. Também... muitas vezes eu tô em casa e o telefone toca- esse celular- esse
maldito celular- você não tem mais sossego – eu não posso desligar o meu celular- é
norma da empresa- então () mas eu não trago trabalho para casa {Você prefere
estar com a família?} É eu prefiro e prefiro trabalhar lá- na empresa... {}{E no final de
semana?} Não é sempre- mas de vez em quando é...é ... não tem como escapar-
entendeu? E agora principalmente com essas mudanças que estão por aí ()... tem
que fazer relatório- relatório.. tem que fazer relatório de sexta para segunda- feira e
aí como eu faço? Com viagem marcada para segunda-feira.... () trabalha demais - aí
é o cansaço- o estresse- a irritação que você passa para os filhos- a irritação..
.passa- agora aí é o seguinte...eu tava pensando esses dias...hoje eu tô () com uma
mulher na menopausa uma filha no final da adolescência- uma que está crescendo e
outra com mau-humor- chego na 6ª e saiu no domingo- não posso só ficar brigando
com a minha filha- e elas discutem pra caramba- então eu fico no meio ()mas tem
que entender isso- mulher é complicado- quem sabe isso é quem tem duas em casa
() então o filho também sente falta...eu trabalho muito com ele.
13. Quais foram às mudanças na família por causa do trabalho?
R. () Que a minha filha me cobrou- da minha ausência- a princípio isso- ela me
cobrou que podia ter ficado mais com ela- que gostaria de ter mais ficado comigo-
acordar ela de manhã- que eu saia muito cedo de casa- que botava ela para dormir-
ela me cobrava muito isso- hoje ela me cobra muito () eu me dediquei muito ao
trabalho e deixei um pouco a família - achei que a mulher pudesse dar conta
sozinha- economicamente essas coisas sim- mas não era tão fácil {E ela trabalha?}
Não- ela não trabalha- a minha mulher tem um problema muito grande- ela é filha de
japoneses- ela não fala- ela esconde muitas coisas- () e eu cobro dela () eu não
tenho família aqui e ela não tem família aqui () a minha filha já se deprimiu... ela que
tem mais problema...é uma coisa que ainda eu tenho que trabalhar mais isso ()...
14. Qual o significado de sucesso?
R. Sucesso é como havia te falado- é ser uma pessoa bem reconhecida-
reconhecida no mercado- aonde eu vou tem gente que me conhece- no aeroporto ()
se eu vou na Europa tem várias pessoas que me conhece-()eu gosto disso- eu gosto
de ser conhecido- de ser reconhecido- que as pessoas falam bem de mim- eu gosto
disso- eu acho que isso é sucesso mas por outro lado à família fala mal de mim-
talvez por exemplo eu podia ser um engenheiro normal e viver bem com a família ()-
eu falo para a minha esposa- eu venho de uma família muito grande () a gente era
muito próprio- eu sai do Chile mais por isso () meu pai era marceneiro () fiz uma
inscrição () e ganhei uma bolsa do governo e depois ganhei uma bolsa do governo
para estudar engenharia () consegui formar dois irmãos () hoje eu tenho casa- carro-
apartamento- mas eu questiono muito isso- será que valeu a pena? Eu quando
164
morava em uma casa bem pequenininha lá em São Paulo- um sobradinho- meus
filhos eram pequenos e a minha esposa- eu era feliz pra caramba- hoje eu moro em
um puto apartamento em Balneário- não sei o que- mas feliz? () eu era muito feliz
mesmo () meus filhos reclamam da vida () não vou deixar da para o meu filho () você
estuda e vai ter tudo () meu pai não deixou nada () meu irmão está com 38 anos até
agora não comprou nada () filho você se prepara para vida- pois eu não vou deixar
nada () pra ele tudo é muito fácil () lá em casa cada um tem a sua televisão no
quarto () eu não tive nada disso- eu almoçava com o meu e os irmãos- hoje é muito
difícil almoçar com um filho- porque cada um está no seu quarto () em casa eu não
consigo sentar junto () a minha mulher é muito calada- ela vai sofrendo e não fala
nada () mas eu consigo equilibrar- tudo mais...
15. Como você percebe sucesso e família?
R. Bom... no trabalho eu acho que tive sucesso- eu me sinto muito bemmas acho
que não soube equilibrar as coisas- isso não é sucesso- não em relação ao meu
pais- mas como marido e pai- eu acho que eu não consegui- deixei minha família de
lado ()... tive- tive na Alemanha os caras me trataram muito bem () um cara que
trabalha comigo em São Paulo disse pra mim () mas prefiro ter menos dinheiro e
estar com a minha família ()- botei na balança e é melhor ficar lá em São Paulo- e eu
disse- se você acha que é feliz lá em São Paulo – vai embora () e ele está muito feliz
()
16. Você percebe valores da sua família originária?
R. Os valores da minha família são bem fortes- () ajudar a pessoa que precisa
()ajudar o máximo que eu posso () ter mais dinheiro e tempo () as pessoas às vezes
falam- tá louco- tá louco- o quanto você ajuda () eu gostaria de adotar uma criança-
mas a minha esposa não topa – então é ...tem gerente que é muito político- chaga lá
porque tem alguém por trás- não sabe coisa nenhuma () teve muitas mudanças na
outra empresa- mas eu fui ficando- fui ficando () outra coisa... na outra empresa eu
sofri muita discriminação- porque eu sou chileno- vim de outro país- pô aquele
chileno é gerente- as pessoas diziam () na outra empresa tinha um serviço que só eu
sabia fazer () tudo que eu sabia botei num livro () me mandaram agora para a
Alemanha- pra que? Porque tão contando comigo () mas se quiserem colocar outro
gerente- coloquem () arrisco- mas sempre com risco calculado () a minha vida foi
assim-mas com risco calculado- para comprar apartamento ().
ENTREVISTA GERENTE 9
1. Você é gerente?
R. Sou.
2. Qual a área?
165
R. Área de suprimentos – tô gerenciando toda parte de suprimentos que engloba a
compra de materiais nacionais – produtivos e não produtivos seriam os materiais
efetivamente utilizados na linha de especialização nessa – na linha de produtos – na
linha de produção – e os não produtivos são materiais de manutenção da fabrica e
também da área de importação – a gente já faz importação – que são coisas que a
gente importa para a linha de produtos nossos né – ou até mesmo materiais que a
gente não industrializa aqui mais () direto ao cliente - tipo transformadores é um
exemplo – nós compramos transformadores nó não industrializamos ele – nós
vendemos diretamente pro cliente e também a parte de exportação – nossa empresa
é uma empresa especialmente exportadora (esporadicamente) até então a gente
fazia uma venda ou outra no mercado superior já que o estoque era muito voltado
para o mercado interno e de 1 a 2 anos pra cá começou a crescer mais esse foco de
atendimento ao cliente fora do Brasil no caso aqui a gente tá falando de Mercosul e
alguns outros países fora o Mercosul mais voltados a América do Sul certo.
3. E quais são as suas funções gerenciais?
R. O próprio nome já diz né gerenciar a equipe – a:: fico responsável ()
(eventualmente) as orientações que eu tinha já tem departamento separados em ()
em grupos de trabalho – um grupo de trabalho é voltado especificamente conforme
ao que você para a importação e exportação – o outro grupo de trabalho assim que
a gente chama voltado para a compra de produtos – materiais produtivos da fábrica
– um terceiro grupo voltado para compra de materiais produtivos que não são
industrializados na fábrica mais sim no canteiro de obras – por exemplo um dos
nossos () é são subestações – subestações você :: ... esse produto propriamente
dito depois de concebido é :: ele é industrializado vamos dizer assimnão (pelo
canteiro de obras) ou seja você compra uma serie de materiais por exemplo torres
de transmissão tá todas partes civil – tudo isso a gente não traz pra fábrica pra
industrializar a gente industrializa no próprio canteiro de obras no próprio (SAIT) né –
então um dos produtos nossos é subestações e tem uma equipe que fica voltada a
compra de materiais pra essa – pra esse produto chamado subestação - invés de
mandar entregar a (sobra) a gente manda entregar direto no canteiro de obras e aí a
gente tá falando de compras de materiais propriamente dito de serviço é por
exemplo o contrato empreiteiras pra fazer montagem de equipamentos e pra fazer
parte disso é a terraplanagem na obra então a gente contrata sempre contrata
esses terceiros – eu não vou ter funcionários aqui é :: aguardando por exemplo a
construção de uma subestação – então a gente tem um contrato de serviço né –
então essa equipe fica cuidando e eu fico gerenciando essa parte também – tem
uma outra equipe que (focado) a compra de materiais não produtivos no caso a de ()
e por último tem uma equipe de gerenciamento de fornecedores, o termo seria
propriamente dito gerenciamento seria desenvolvimento e homologação de novos
fornecedores -então é uma equipe que fica () focada no fornecedor verificando onde
é que (existe) melhores oportunidades -então de qualidades comerciais pra
eventualmente está substituindo um componente ou um fornecedor que venha
trabalhando que esteja com um custo é :: acima do desejado correto – então se a
equipe for () procurando novos fornecedores ficar desenvolvendo novos mercados
fornecedores pra substituir os que eu tenho aqui com a mesma qualidade com
melhor – com a melhor condição comercial da VATECH- seja em termos de preço ou
até mesmo de condições de pagamento tá – às vezes eu posso ter um bom preço
mais o fornecedor diz – olha eu só tenho uma condição de pagamento antecipado –
166
então nem sempre o melhor preço significa a melhor situação comercial pra empresa
né – então são basicamente -são 5 equipes que a gente tá gerenciando – além
dessas 5 equipes nós temos ainda alguns compradores que ficam focados
especificamente determinados as obras – por exemplo a obra do () que é o nosso
maior contrato hoje na empresa onde nós temos um comprador específico
comprando em material produtivo à não produtivo praquela obra – elas ficam
cuidando daquela obra – especificamente pra obra – então minha função o que que
é? É fazer o gerenciamento dessas equipes né – dá o suporte necessário a traçar
estratégias pro departamento além do que fazer o (recorde) do :: do andamento – do
departamento – do – do - do resultado departamento da direção aqui no Brasil e da
nossa direção na Áustria agora no plano estratégico do departamento pra empresa.
4. Quantas pessoas tem na sua equipe?
R. São 22 compradores – 22 comigo no total – além desses 20... dessas 22 pessoas
ainda tem mais 2 estagiários e 1 terceirizado – o terceirizado ele cuida da parte de
desembaraço aduaneiro nós temos 1 despachante aduaneiro que faz a liberação de
mercadorias em portos e aeroportos e tem 1 funcionário do despachante prestando
serviço aqui dentro – auxiliando a gente na parte operacional – na parte burocrática
é :: que seria o :: o :: a fase pré desembaraço ou seja - tenho todo um documento –
toda uma burocracia interna que eu preciso preparar pra mandar pro despachante –
então tem um funcionário dele que fica me ajudando nesse serviço e 2 estagiários –
25 pessoas – 26 no total né – quando você olha - () pô as 26 pessoas no
departamento de suprimento é muita gente né – o detalhe ... o que que acontece ?
Nós temos no departamento de suprimento a gente atende várias atividades – só se
você separar o departamento você for () é :: por exemplo é :: pra atender as fábricas
eu tenho hoje é :: 3 (compradores estagiários) comprando todo o material produtivo
pra utilizar na industrialização dos produtos aqui na fábrica – então se você for () o
departamento de suprimento vou verificar pra fábrica são 3 compradores e mais 1
estagiário- então não é muito quando a gente foca é :: na área de projetos que é que
(quando a gente oferece) o produto que a gente chama de () que é industrializado
fora da empresa são 4 – são 5 compradores comprando todos os materiais que vão
– todas as subestações que estão em construção – que estão em andamento –
importação nós temos 4 pessoas e mais 1 terceirizado -então quando você começa
a focar especificamente uma determinada atividade você vai ver que a quantidade é
muito reduzida de pessoas no global você vê e vai dizer -pô uma equipe grande – o
grande detalhe que acontece por exemplo que eu já tive a oportunidade de conhecer
nas outras unidades da empresa no grupo – nós temos na França por exemplo –
eles tem um trabalho único exclusivamente com atividade de produto – na :: na
Áustria único exclusivamente com atividade automação – aqui não – nós temos
todas as atividades englobadas numa única unidade – então 4 – 5 atividades nós
temos que é serviços – produtos – projetos – automação – mais a parte logística que
seria importação ou seja 5 atividades numa única unidade e aí você começa a ter ()
aparentemente um e () de departamento o que na verdade não ... aparentemente –
mais na prática é bem diferente a equipe até reduzido com volume de material – com
volume de trabalho que a gente tem hoje.
5. Conta um pouco de sua trajetória profissional, até chegar aqui na VATEC como
gerente?
167
R. A história que () são 20 anos de empresa eu comecei aqui em 86 – não na
verdade foi em 82 eu sai de Itajaí e aí fui pra Blumenau pra estudar lá é bom
estudando lá a minha formação – pô me formei em eletroeletrônica lá em Blumenau
-curso técnico e depois eu me formei aqui pela UNIVALI é :: administração com
habilitação em comércio exterior – bom e aí depois tem os cursos ao longo da – da
trajetória profissional – mais a minha formação técnica propriamente dita é
eletroeletrônica e comércio exterior – administração com ênfase em comércio
exterior bom e na época em 82 eu fui pra Blumenau pra fazer o curso de
eletroeletrônica lá no inicio ... final de 85 e inicio de 86 eu já estava trabalhando lá-
nessa atividade – nessa área e aí surgiu uma oportunidade pra trabalhar aqui na :: ...
até então a Lorenzeti (lembrança) – né não com Vatech – como Lorenzeti – existia
um a vaga na área de programação de materiais na época eu :: - eu imaginava
assim - pô a Lorenzeti é uma empresa que fabrica equipamentos elétricos né e
eletrônicos na época – pô vou trabalhar na área de programação – só fiz uma
avaliação dizendo o seguinte programação muito focada pra parte de eletrônica e
despertou o interesse mandei pô () tinha um conhecido que estava trabalhando
aqui dentro e assim que surgiu a oportunidade de trabalho aqui na empresa – ele
pediu o meu currículo eu encaminhei e acabei sendo selecionado só que daí na :: na
ocasião achava que eu ia trabalhar com circuito eletrônico que eram o meu desejo e
ai fui verificar que programação de materiais não tenha nada a ver com a minha
formação mas em fim eu já tinha saído de Blumenau – já tinha vindo pra cá e a
minha família é daqui também e acabei ... fui me adaptando – comecei como auxiliar
de programão de materiais e assim foi – sai de auxiliar de programão de
materiais e aí passei pra programador de materiais – coisas que o pessoal faz hoje
que chamam de planejamento de materiais – na época era programação de
materiais e :: passou determinado tempo é solicitado os anos foram passando
passei pra programador de materiais aí que depois virou o departamento de () de
materiais – que na verdade era tudo a mesma coisa – exatamente até que surgiu
uma oportunidade de trabalhar na área de compras nessa época - então eu já
estava fazendo a faculdade aqui em Itajaí – fazia a faculdade de administração e
com especialização em comércio exterior e aí surgiu à oportunidade de trabalhar
com compras de materiais e aí foi o começo – comprar materiais elétricos – como
que eu já tinha um formação técnica em eletroeletrônica – tinha um conhecimento já
profundo da fábrica né – já com quase 10 anos de empresa -então já tinha assim ...
conhecia de todos os itens da fábrica e constituindo equipamentos – é material
elétrico e muito (familiarizado) e aí comecei a fazer compras com material elétrico
com a minha primeira experiência na área de suprimentos e essa compra de
material elétrico e aí que surgiu a () Lorenzeti foi vendido pra () na época e aí tinha
uma outra unidade aqui no Brasil que era unidade em Sumaré e :: eles decidiram
encerrar atividade de baixa e média tensão aqui em Itajaí – ficando somente a alta
tensão eles fizeram um convite pra mim trabalhar com compras em São Paulo e pra
mim é totalmente contra – mão porque já tinha família tudo e não tinha interesse de
sair daqui da região pra ir morar em São Paulo -pra mim era totalmente contra mão
não tinha vantagem nenhuma () seja na :: no aspecto social ou no aspecto é ::
financeiro não tinha vantagem e na época eu percebi () que não ia pra lá () seria
demitido e aí fiquei meio que quebra galho aqui dentro da empresa eu e um outro
comprador pra ajudar aí no processo de transferência pra São Paulo e depois que
encerrasse seria um período de 3 ou 4 meses a gente seria desligado da empresa –
só que durante esses 3 ou 4 meses a atividade que ficou aqui que era a alta tensão
passou por uma mudança grande então muita gente nessa – nós tínhamos 420
168
funcionários e ficaram 73 então você vê que são muito absurdo – e essa quantidade
toda de gente que saiu acabou é :: gerando uma deficiência em varias áreas – por
exemplo à área de compras – tinha sei lá 3 compradores e acabou ficando com 1
que aí começou a atividade de alta tensão que é a atividade que tem até hoje – ela
começou a crescer pra nossa sorte e aí 1 comprador não dava conta do recado
(precisaria de mais) e aí precisou e a gente acabou – naturalmente acabamos
ficando lá no :: na equipe bom e aí fiquei no :: na área de compras aí durante um
bom tempo – e aí passou aí () isso foi em 91 se não me falha a memória passou
mais uns 2 anos a pessoa que gerenciava () e aí o que que aconteceu a pessoa se
desligou do – da área de importação e não tinha ninguém pra substituir e aí o diretor
nosso na época era o Gilberto que hoje é o presidente da companhia é :: essa
pessoa falou - olha o já compra material importado -então tipo tem toda a estrutura
da empresa deixa ele tocar a importação aí acabei abrangendo na área de
importação.
6. E como gerente?
R. Não sempre- como comprador quando passei pra área de importação aí passou
um ano depois que eu assumi a importação mais não – não como supervisor não
como gerente nada – como comprador que cuidava de uma atividade de importação
e aí na época o Gilberto decidiu criar o departamento de importação desvinculando
da área de compras e ai toda parte de compras nacionais () as pessoas – o gerente
de compras ou o gerente de compras lá em São Paulo ela se desligou da empresa e
todo a equipe de compras para projetos se desligaram da empresa e aí ficou aqui
em Itajaí e aí a gente acabou agrupando as atividades até então eu não era gerente
dessa área e aí ficou o gerente de produtos de Itajaí – o gerente de importação o
gerente de projetos de São Paulo tudo de (encontro) o de Itajaí saiu fora – o de São
Paulo saiu fora – ficou eu e o gerente de suprimentos o gerente de suprimentos saiu
fora e eu acabei aos poucos assumindo todas as áreas de compras – compras para
projetos que até então existia no departamento de São Paulo veio pra cá e eu
acabei assumindo compras para produtos que tinham um gerente de compras aqui
que saiu e eu acabei assumindo o gerenciamento da parte de compras essa
exportação que eu já fazia e no fim aí o gerenciamento global acabou caindo todo na
minha mão – enfim foram aí ao longo dos últimos 20 anos meus últimos 2 anos eu
passo dizer que aí houve uma mudança violenta de atividade pra mim.
7. Quanto tempo você percebe que é dedicado ao seu trabalho?
R. Ao meu trabalho ((tossiu)) boa pergunta – não sei nem o que te responder porque
o que que acontece quando é :: - quando se fala assim a gerencia de importação
eu ficava () naquele negócio (full time importação) tá e aí consegui fazer projetos na
área do departamento de importação por exemplo o departamento de modelo
porque tava (full time) () em cima daquela atividade eu conhecia como conheço até
hoje é :: todos os processos desde a parte de importação do sistema – como
funciona os componentes – o cadastro os fornecedores -então eu tenho
conhecimento todo nessa atividade e como eu tava muito focado para a importação
e exportação então pra mim ficou ... o meu tempo era 100% voltado pra essa
atividade seja é :: recortando é :: através de relatórios traçando melhorias no
departamento então facilitava um monte – a partir de agosto do ano passado como
169
eu comecei a pegar várias atividades que até então tinha algumas que eu nem
(detinha) um conhecimento muito bom que era por exemplo compras – projetos uma
atividade muito (peculiar) muito específica não é igual comprar para produtos você
compra às vezes serviços - não compra material fisicamente falando né – e é um
empreiteiro por exemplo pra fazer a :: a parte civil de uma obra do Rio Grande do Sul
não é a mesma empreiteira que pode fazer a parte civil numa obra no Rio Grande do
Norte ele não vai () usar funcionários com família e tudo pro Rio Grande do Norte
então cada região tem suas peculiaridades – cada projeto tem a sua peculiaridade e
as suas particularidades – e eu não detinha um know how de conhecimento bom em
cima dessa área- então você acaba tendo que gerenciar e ao mesmo tempo tem que
aprender nesse processo e tem a parte de compras pra produtos não foi até então
dificultoso pra mim porque porque eu já conhecia todos os produtos da empresa
componentes – onde vai – onde não vai – como monta – como não monta – mais de
qualquer forma é no departamento que ele tava assim é :: muito desgastado com a
imagem do departamento totalmente desgastado em função das diversas mudanças
que ocorreram de problemas no dia – a – dia e a equipe tava – eles estavam
totalmente desmotivados com essa troca de :: de gerência – com essa troca de
líderes de equipe- então entrava um não tava bom – mais quando entrava um novo
à situação parecia que piorava – mas foi imagem que foi criada né () o pessoal para
equipe como todo ta totalmente desacreditados – desgastados assim sem animo
nenhum então é ::é - complicado quando você começa uma atividade nova – aonde
você pega uma equipe totalmente desacreditada pelas outras antes e a própria
equipe totalmente desmotivada – pessoal querendo sair da empresa que não – não
tinha mais condições e a equipe antes tava muito é :: sub-dimensionada então você
tinha uma pessoa que ela ... por mais que ela trabalhasse – se ela trabalhasse 24
horas por dia os 7 dias da semana ela não daria conta do recado então já tava um
cansaço que era hora extra – estresse e o serviço nunca está bom e aí () também
com a má qualidade por parte dos fornecedores – chega na fábrica e ai dá problema
e aí devolve e aí a pressão cai toda em cima de – de compras e aí o que que
acontece a minha dedicação em cima do trabalho – quando você diz assim quanto
tempo você ta dedicando a esse trabalho ? Eu fico dedicando pouco do meu tempo
pra cada uma dessas atividades porque agora não tem uma única atividade preá
gerenciar e sim várias atividades em cada uma dessas atividades tem suas
particularidades tem a suas dificuldades -se pode dizer -você uma hora tá falando
a porque por exemplo serviços gerais – porque a gente precisa pintar a fábrica
porque tá acontecendo assim – assado ou que o fornecedor é :: veio aqui quebro a
parede e acabou quebrando um carro e aí você tem que para pra ir lá gerenciar ou
tentar tratar desse serviço – já pra atividade de projeto a empreiteira tá querendo
abandonar a obra porque disse que com esse orçamento não dá mais pra tocar –
mais você tem que focar um pouco em cima deles – já com importação não é uma
maravilha por mais que você tenha deixado o departamento (redondo) nunca é uma
maravilha porque você bate com o fiscal da receita que não tem boa vontade – a
receita federal em greve – o fiscal que acha que o importador ta sempre querendo
tirar vantagem – tá querendo é sonegar impostos -então o fiscal cria dificuldades -
então você tem que agir focar um pouco ali – se as pessoas que lá estão não detém
todo o know how todo o conhecimento ou todo – vamo dizer assim – toda a
bagagem com ao longo dos anos pra gente tomar atitudes ou tomar decisões ou ter
conhecimento pra agir de maneira mais adequada - então acaba pedindo isso pô.
170
8. E como fica a família nisso tudo, como você percebe a família percebe seu
trabalho?
R. Complicado – fica complicado o :: - o que que acontece tudo isso gera um
desgaste violento aqui na empresa pra mim quando você sai chegou o momento que
- é você acaba tendo atritos dentro da própria família – porque você chega irritado –
cansado acaba levando problemas da empresa pra casa – eu cansei de levar por
exemplo – não problemas mais serviços propriamente dito levar pra resolver em
casa trabalhar final de semana qualquer uma que não agüentava mais ficar dentro
da empresa porque a minha rotina é :: ... do ano passado pra cá a minha rotina
chega tipo 7:30 h – 8:00h da manhã e tenho horário pra entrar mais eu não tenho
horário pra sair.
9. E geralmente que horário você acaba saindo ?
R. Daqui normalmente - normalmente 7:30h à 8:00h da noite normalmente.
10. Mais o teu horário é 17:30h?
R. O meu horário é 17:30h – 17:18h agora né – porque acabou o – o –o :: - como é
que vou te dizer o horário de compensação pro banco de horas – mas o horário
seria 17:18h e normalmente o meu horário pra sair daqui é 19:30h – 19:00h às
vezes 20:00h aconteceu várias vezes eu ficar até 1:00h – 2:00h da manhã aqui
aconteceu casos – vários não foram poucos às vezes eu vir – um feriado pra mim
não é feriado eu vinha trabalhar aqui e a parte burocrática a parte administrativa não
dependia de ligação pra fornecedor mais dependendo de gerais ela pô fazia análise
pra recortar aquele serviço que tava atrasado porque a gente não dava conta né.
11. E a sua família? Você tem filhos?
R. Bom meus filhos o que que acontece – sou separado e eu fico com os meus filhos
a cada 15 dias – em final de semana sim e outro final de semana não – mais eu
tenho assim um ótimo relacionamento com a minha ex- esposa e quando ela precisa
viajar por exemplo ela trabalha na Petrobrás e quando ela precisa viajar pra fazer
curso ou pra dar treinamento em vez ás crianças ficarem com a minha ex-sogra ou
com a babá ela acaba pedindo pra eu ficar com eles – que eles gostam de ficar
comigo então – às vezes vem - meus filhos assim é eu vejo a cada 15 dias – não às
vezes eu fico uma semana direto com eles e aí levo pra escola de manhã – tenho
que buscar no final do dia – não só final de semana.
12. E você consegue se organizar?
R. Eu tento me organizar na medida do possível né – é :: tenho que trabalhar às
vezes saio daqui vou lá pego eles no colégio e volto pra trabalhar – às vezes finais
de semana como eu tava te falando – chegava 7:30h da manhã aqui – chegava em
casa 8:00h da noite por exemplo no sábado – isso acaba queira ou não queira
influenciando na família porque é um desgaste né natural e a e a agitação aí.
13. Você é separado há muito tempo?
171
R. Eu estou separado fazem 8 anos – 7 – 8 anos.
14. E depois disso você constituiu outra família?
R. Constitui família de novo – não tenho filhos – não casei no papel – estou junto
com uma pessoa é :: quer dizer que me dá um suporte de orientação do lado
psicológico vamo dizer assim – me ajuda pra caramba – é uma pessoa bem
tranqüila bem calma assim e muitas vezes quando eu cheguei irritado – eu chegava
muito irritado em casa ela percebia e eu tentava desviar um pouco algum problema
familiar que tinha – são problemas cotidianos procuro sempre evitar tocar em
assuntos assim que vão trazer mais dor de cabeça pra mim – deixo pra falar numa
hora mais apropriada isso ajuda muito a () por outro lado o que que – o desgaste no
dia a dia – como eu tava falando no ano passado pra cá é :: apesar que nos últimos
2 – 3 meses aí eu tenho saído – procuro sair dentro do horário – porque tenho é que
resolver assuntos particulares pra ()mais do ano passado pra cá – pra mim virou
assim – profissionalmente falando dei o meu crescimento profissional dei – é :: isso
aí foi bom pra mim – se for um aspecto experiência sim – se for olhar o aspecto não
– não sei se pode dizer social – mais o aspecto prático eu não vejo – não tiro
vantagem – profissionalmente falando assim ó ... a ele cresceu ganhou o cargo de
gerente só que esse daí eu poderia ser diretor poderia ser presidente da companhia
mais isso daí não me traz é :: satisfação pessoal – satisfação pessoal o que que é -
você trabalhar com vontade com tesão ((risos...)) se é que se pode dizer assim é
trabalhar com amor a camisa né e isso ultimamente não quer dizer que eu tipo
assim tô fazendo por fazer muito pelo contrário eu tô dando o dobro de mim pra
tentar mostrar o resultado pra compania provar é :: vamo dizer assim pra dá uma –
não uma resposta – mais retribuir a confiança que me foi dada – então tento me
desdobrar pra tentar fazer as coisas funcionarem só que pessoalmente falando isso
daí pra mim – tá criando um desgaste violento porque eu não tenho mais sossego
em casa aí eu costumo dizer assim -pô eu era assim () antes e não sabia – todo
mundo diz isso né e a gente sempre almejando o outro () a mais né – ter uma
condição financeira melhor – a :: - um dia eu queria chegar a diretor a presidente sei-
muita gente pensa assim só que quando você dá um pulo né um salto profissional
na sua carreira vamo dizer assim e quando você atinge um determinado nível em
geral aí você começa a dizer assim - pô não é bem assim -como eu sabia dos
problemas do dia- a -dia porque eu tava envolvido né e outros gerentes que tem um
pouco tempo de experiência que a pessoa tinha acabou sobrando pra mim o
problema que ele não conseguia resolver – uma porque não tinha conhecimento de
cargo e outro acabava abraçando – acaba abraçando a causa dele pra resolver
problema-pois não podia deixar o cara pegar queira ou não queira – departamento
era um só (simplesmente) eu tava lá dentro- então se o barco afundo – não é ele
que tá afundando eu afundando junto eu sempre pensava assim e eu acabava
tendo que resolver problemas que não eram atribuídos não eram minhas
responsabilidades mais eu tinha uma co-responsabilidade sobre o departamento
com o todo e a gente costuma dizer e ainda falo pro pessoal assim a gente trabalha
numa equipe se um se dá mal – não é a pessoa que se mal é o departamento
como o todo né – se uma pessoal se dá mal o departamento vai mal.
15. Você percebe que a função gerencial é uma função de sucesso?
172
R. Sim – é uma função de sucesso em termos de reconhecimento por esse aspecto
agora por exemplo num ambiente VATECH ou VATECH (Empresa Y) como a gente
tá agora é por exemplo eu assumi um departamento numa hora que eu
particularmente considero como uma hora imprópria pra mim né – e aí as pessoas
costumam dizer é das adversidades que sempre consegue né – achar as grandes
soluções e consegue crescer profissionalmente só que eu entrei numa situação de
assumir um departamento numa situação pra onde você não pega um barco que já
tá seguindo um rumo – o barco tava totalmente desgovernado e os “marujos” tavam
querendo abandonar o barco porque não agüentavam mais a pressão -então um
trabalho redobrado você tem que reunir o time da animo pra eles – é :: mostrar pra
eles que a coisa vai ser diferente – ou seja estimulá-los a ter amor pela camisa –
vestir a camisa da empresa e ao mesmo tempo é promover as mudanças pra que o
departamento tome outro rumo – então eu vou dizer assim por uma – é uma missão
–está sendo uma missão quase que impossível pra mim e principalmente agora num
ambiente VATECH (Empresa Y) tá onde o pessoal a gente vê em outros
departamentos já aconteceu em nosso departamento às pessoas estão se
(desligando) da empresa – porque - porque estão com medo do novo – da nova
situação da empresa e aiexatamente e ai á aquela história por exemplo é ::
ganhou o gerencial do departamento é sinônimo de sucesso é :: eu acho que é – é
sinônimo de sucesso – porém no meu caso especificamente – é :: é um sucesso (tá
vindo a duras penas) pra mim – eu não tô dando conta do recado – como o todo é o
seguinte eu tô conseguindo promover as melhorias que eu desejo porque ? Porque
toda hora é :: tem uma grande diferença – que a empresa tá sendo comprada – que
as direções mudam o tempo todo – todos e são uma série de fatores que – que
influenciam né pra mim () vou sai daqui – amanhã depois se eu sair da VATECH ou
da Empresa Y – vou embora não posso mais ficar na VATECH é :: vou pegar ... vou
sair daqui pra trabalhar como gerente em outra empresa (se eu não vou querer), não
muito pelo contrário – tenho que () tenho que começar tudo de novo né.
16. Você se vê como uma pessoa de sucesso?
R. Eu vejo que sim – é :: se eu analisar principalmente a minha trajetória aqui dentro
da empresa eu posso me (considerar) que eu sou uma pessoa de sucesso que eu
comecei aqui – sei lá como um funcionário auxiliar () e hoje eu tenho a gerência que
seria um cargo de extrema confiança e principalmente nessa área né de suprimentos
que é uma área que requer não só experiência mais também tem que ser uma
pessoa de extrema confiança por parte da direção porque é uma área muito (visada)
e são todos os aspectos -então posso dizer assim que eu sou - que eu me
considero uma pessoa de sucesso sim é:: se eu analisar todo o meu histórico de
quando eu comecei em que área que eu comecei – quando eu comecei onde eu
estou hoje colocado eu posso dizer que eu sou uma pessoa de sucesso e digo até
mais assim é :: a hora em que eu sair aqui da empresa eu pessoalmente costumo
até falar pro meus funcionários () de colegas de trabalho eu não gosto de considerar
– o gerente – o chefe ou o senhor ou isso ou aquilo eu sempre falo pro pessoal
assim- gente eu sou mais um como vocês só tenho uma responsabilidade um
pouquinho maior que é reportar e falar em nome de vocês pra direção da empresa e
eu costumo dizer pra eles que a pessoa que trabalha em equipe tem um ótimo
desempenho e desempenha um bom trabalho aqui dentro da empresa ela pode sair
daqui trabalhar em qualquer outra empresa com todos os méritos sem :: sem medo
nenhum dizer assim- a mais lá eu acho que eu não vou me dar bem – porque
173
tecnicamente ou profissionalmente falando se faço por tudo que :: por todas as
provações aí da profissão né – então posso dizer assim que o sucesso que eu tenho
hoje dentro da empresa se eu me considerar uma pessoa de sucesso sim me
considero e acho que a bagagem profissional que eu adquiri aqui dentro não teria ().
17. Como você vê a relação sucesso , trabalho e família?
R. Como eu vejo essa relação (essa experiência)? quando você fala é :: eu encaro
sobre alguns aspectos o aspecto financeiro trabalho – sucesso e família bom -
porque eu tenho uma condição de vida razoável né -pra mim então eu creio que o
trabalho – o sucesso de meu trabalho tá proporcionando um bem estar pra minha
família sobre o :: aspecto financeiro né – tenho hoje minha casa – tenho meu carro –
e :: vamo supor assim eu usufruo de alguns privilégios que muitas pessoas não tem
que é poder as vezes tá num final de semana você poder sair pra almoçar – pra
jantar – poder fazer um passeio com a família por conta de que - do sucesso que eu
tenho no meu trabalho tá me dando uma retribuição uma :: é :: uma :: uma condição
financeira tal que me permite levar esse – esse conforto pra minha família sobre o
aspecto financeiro – sobre o aspecto é social (risos...) no negócio é :: é uma relação
complicada porque é o trabalho sucesso x família é uma equação meio difícil da
gente é resolver como eu te falei às vezes eu saio daqui – venho trabalhar nos finais
de semana ou às vezes eu levo serviço pra casa (canso) de levar – às vezes chego
sexta feira em casa pego tomo um banho -tomo café ou faço uma refeição sento na
cama ligo o computador e começo a trabalhar às vezes vai 2 – 3 – 4 horas da manhã
como já acontecei a umas 3 semanas atrás tenho que deixar uma relatório pronto
pra segunda -feira entregar – eu virei de sexta pra sábado e fui dormir o dia tava
amanhecendo.
18. E a sua esposa o que ela fala?
R. Ela entende ela:: - na verdade o que que acontece – ela sabe lidar com essa
responsabilidade que eu tenho tá dessa – dessa :: obrigação que eu tenho pra
comigo mesmo e para a empresa ela sabe assim que eu sou muito perfeccionista –
ela sabe que é necessário isso pra empresa – e o pessoal tem mania de dizer assim
– pode dá tudo certinho – porque eu não gosto – odeio desorganização e não sei
trabalhar com papel - muito papel em cima da mesa eu fico peneirando () pô vão
trabalhar numa mesa organizada e de uma maneira mais limpa que fica até melhor
então ela sabe que eu trago muito isso pra dentro da empresa e levo pra casa
também essa :: essa condição e :: ela entende assim às vezes quando eu levo
serviço e trabalho até 2 3 horas da manhã ela não reclama porque ela sabe que eu
tenho essa mania de perfeccionismo de fazer coisas – tentar deixar tudo em dia
então como ela sabe mais ou menos o meu temperamento o meu gênero – assim eu
tenho um gênero muito – um temperamento muito forte então por um lado ela
compreende a situação e por outro lado como ela sabe que eu tenho temperamento
– um gênero muito forte ela acaba não :: não provocando discussões ou assuntos
que vai levar uma discussão entre a gente – então às vezes tem trabalho () então
ela procura não tocar muito no assunto deixa porque ().
19. Você percebe alguma influência da sua família originária pai, mãe e irmão no seu
sucesso?
174
R. Não eu não percebo ... eles sabem por exemplo é :: minha irmã – tenho uma
irmã que trabalha na parte de comércio exterior tá – começou a trabalhar na parte de
comércio exterior porque eu já trabalhava e :: eu penso em muitos amigos né que eu
– que estudaram junto comigo e que já ... por alguma razão outra algum dia já
prestaram serviços aqui pra VATECH ou tiveram alguma relação profissional aqui
com a VATECH – e :: um dia a minha irmã tava precisando de emprego ela já
trabalhava eu trabalhava em Balneário – numa loja de material gráfico e aí ela
disse- faz uma faculdade em comércio exterior – tem que te formar- fazer alguma
formação em comércio exterior -porque essa cidade é muito focada-é muito voltada
pra essa atividade de negócios aqui e aí passou -eu falava pra um amigo – pro outro
e disse oh a hora que souber de algum local que esteja precisando de gente – uma
irmã – tal tal pessoa de extrema confiança – competente e tal -até um dia que uma
amigo meu acabou entrando no circuito e :: ela sabe mais ou menos como é o meu
jeito de trabalhar.
20. Ela trabalha com você?
R. Não – não comigo – ela trabalha na área de comércio exterior – mas ela sabe
assim muitas coisas que ela precisava é :: desenvolver na empresa dela – ela tinha
que pedir apelo pra mim – perguntar como é que faz – como é que não faz – como
deve agir então – ela aprendeu muita coisa – não vou dizer que ela aprendeu mais
ela pegou muito o jeito de trabalhar comigo – mais é :: da família para comigo eu não
tenho nenhuma relação – procuro separar as coisas apesar de que quando uma
família pais irmãos não quando a família não vai bem obviamente a – o teu
desempenho no dia-a-dia não vai ser 100% porque sempre você vai tá com a tua
cabeça um pouco voltada pra fora da empresa apesar de que eu procuro separar
isso o problema é assim tá dentro da empresa tento focar meu trabalho aqui dentro
não :: procuro trazer problemas de casa pra cá e vice -versa apesar que é difícil
porque muitos vezes levo da empresa pra casa – influência por exemplo () a saúde
da família é complicado a diferença você discute com irmão – discute com a irmã ou
com a mãe com a tua esposa e com o filho é uma situação – mais quando você
tem por exemplo problema de saúde na família – são coisas que não dependem do
:: a me desculpe – não é questão de relacionamento – sim – você não depende só
de você – e às vezes já envolve a questão financeira também- aconteceu ano
passado tava com problema de saúde – o meu pai tem problema de saúde a minha
mãe – mãe tem problema de saúde e você acaba assim queira ou não queira acaba
se abalando um pouco – mas em nenhum momento isso daí fez (diminuir) a
qualidade do meu trabalho ou fez com que é :: por exemplo que a empresa em
algum momento direta ou indiretamente tivesse alguma - algum prejuízo por conta
desses problemas que eu tive na família como todo mundo tementão quem
não tem... tem pai – tem irmão tem mãe ou já teve família :: que às vezes passa por
problemas de saúde e se bem que procurei evitar muito -então assim você houve
assim a família influencia no teu dia-a-dia da empresa -no fundo o fundo acaba
influenciando que você nunca vem 100% tá – como te falei apesar que eu procuro
evitar de misturar as coisas né – mas eu acho que deles para comigo não – de mim
para com eles talvez tem influência como te falei -a minha irmã procura às vezes se
espelhar naquilo que eu faço – naquilo que eu fiz da maneira de eu agir e às vezes
ela vem e pede conselhos para mim e tudo né e na família meus filhos tudo é :: às
vezes – esses dias aconteceu que meu o filho nessa situação assim e aí o meu filho
soube que eu – acho que eu comentei com ele que a empresa tava sendo comprada
175
pela Empresa Y e ele tem o celular da Empresa Y – pô pai que legal quer dizer
agora que eu posso dizer pro meus amigos que tu tá trabalhando na empresa que
fabrica esses celulares – então isso até é um motivo de orgulho legal – nosso –
porque a Empresa Y tem propaganda na Formula 1 – celular Empresa Y - que ele
tem celular Empresa Y e que o pai dele tá trabalhando nessa empresa pra ele acaba
sendo tão bacana a satisfação e o orgulho dele de vê que o pai tá trabalhando na
Empresa Y né – mesmo que isso daí não seja uma :: uma verdade né – por exemplo
não quer dizer que tô trabalhando na Empresa Y -que eu vou tá 100% feliz da vida
tá- principalmente agora que é uma situação de emergência a gente não sabe o que
vai acontecer- mas para ele - pro meu filho é um orgulho assim nossa meu pai tá
trabalhando lá.
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