47
leitura que fez a diferença em suas vidas, auxiliando-os na formação do gosto:
(...) Estes jovens tão críticos em direção à escola, entre frase e frase
evocavam às vezes a um professor que soube transmitir-lhes sua paixão, sua
curiosidade, seu desejo de ler, de descobrir. Inclusive fazê-los amar textos
difíceis. Hoje, como em outras épocas, ainda que a escola tenha todos os
defeitos, não falta algum professor extraordinário, dotado da habilidade de
introduzi-los a uma relação com os livros que não seja a de dever cultural, a
da obrigação austera
10
(p. 164).
O processo de mediação de leitura ocorre quando o professor instiga o aluno
a ler mais, a ir à biblioteca, ao museu, ao teatro, mas é o contato com o livro e a imagem que o
ilustra que possibilitará a sua interação com o texto.
Estas pessoas têm conservado a recordação de professores que fomentavam
a ascensão sociocultural dos educandos emprestando-lhes obras de sua
biblioteca pessoal, como uma mulher que disse: “Nossa professora da escola
era muito culta e tinha livros e velhas figuras ao longo de sua escada. Para
mim era um verdadeiro prazer, eu acredito que ali devia espalhar esse vírus
[...] ao subir essa escada de caracol encerada, verdadeiramente impecável, e
vendo todos esses livros”.
11
(PETIT, 1999, p. 166).
Só será possível transmitir amor pela leitura, e de modo particular, pelo
texto literário, quando o professor tiver dentro de si a paixão pela literatura, assim ele poderá
exercer o papel de ponte entre o aluno e o texto, seja literário ou pictórico, presente no livro
didático. Concordamos com Petit (1999), no que se refere às “receitas” de leitura: “... não
tenho receitas mágicas para lhes dar. No afã de fazer sentir que o papel do mediador, em todo
_____________
10
Tradução livre da autora do trabalho
. (...) estos jóvenes tan críticos hacia la escuela, entre frase y frase
evocaban a veces a un maestro que había sabido transmitirles su pasión, su curiosidad, su deseo de leer, de
descubrir. E incluso hacerlos amar textos difíciles. Hoy, como en otras épocas, aunque la escuela tenga todos
los defectos, no falta algún maestro singular, dotado de la habilidad de introducirlos a una relación con los
libros que no sea la del deber cultural, la de la obligación austera. (p. 164).
11
Tradução livre da autora do trabalho.
Estas personas han conservado el recuerdo de maestros que
fomentaban el ascenso sociocultural de los niños prestándoles obras de su biblioteca personal, como una mujer
que dice: “Nuestra maestra de escuela era muy culta y tenía libros y viejas estampas a todo lo largo de su
escalera. Para mí era un verdadero placer; yo creo que allí debí atrapar ese virus [...] al subir esa escalera de
caracol encerada, verdaderamente impecable, y viendo todos esos libros”. (PETIT, 1999, p. 166).