necessário voltar às raízes do passado, analisar o referido período e projetar o
futuro. Apesar de longo, considero o depoimento que segue:
E
97-3
- Em 1917 o futebol em Sergipe estava evoluindo de uma tal maneira
que, [...], depois da Bahia, Pernambuco [...], esteve sempre na frente na
questão do futebol, porque depois de São Paulo, o primeiro campeonato
do Brasil, [...], foi lá na Bahia. A Bahia disputa campeonato desde o início
do século. Ora [...], por ser perto da Bahia, [...] trouxeram o futebol prá cá,
através dos militares, uma guarnição da Bahia sediava aqui, era o
quadragésimo sétimo batalhão de caçadores, [...]. Aí, elegeram o futebol
como esporte predileto. [...], 1916, então, um campo improvisado que tinha
na praça Tobias Barreto, [...], dedicado as maiores multidões já reunidas
em Aracaju, da época, para assistir jogos de futebol entre Sergipe e
Cotinguiba. Nisso o que fez, Thales Ferraz: ele gostava muito de esporte,
resolveu fundar uma equipe de futebol, O Industrial, era da Fábrica
Sergipe Industrial, [...] é o primeiro Confiança da época, não era da
Fábrica Confiança, que já existia, mas era da Fábrica Sergipe industrial, o
primeiro time proletário que teve aqui não foi o Confiança, foi da Fábrica
Sergipe Industrial, “o Industrial”, camisa preta e branca como a do
Botafogo. Bom, então, esse time “já nasceu grande”, [...], como já nasceu
grande? Em 1917, [...], foi fundado o primeiro clube operário em Sergipe.
[...] esse clube queria ser o maior, ficou entre os três Sergipe e Cotinguiba.
[...] o que fez, mandou contratar os melhores jogadores que tinha na Bahia
do Clube que tinha sido campeão, que era o “República da Bahia”, [...]
jogadores tudo de renome do futebol da Bahia. Vinham como operários da
fábrica, não eram não, tinham residência aqui, tudo mais, mas não
trabalhavam não. Mas, estavam lá escritos como operários da fábrica, só
vinha jogar bola. A reação, eu tenho jornais que dizia, na época, que isso
era uma ilegalidade que estava destruindo o futebol sergipano. [...]
contrários mesmos [...]. Bem, então o Industrial foi campeão em 1921,
depois de algumas tentativas, [...] assim como o Confiança - veja que os
destinos são iguais - em 1918, disputou o campeonato, 1919 aí ele brigou
com a Federação, por causa dessa lei de estágio [...]. Praticamente
orientada pelo Cotinguiba, vendo o perigo que era o domínio “Industrial”,
então, influenciou uma resolução [...] de que só poderia jogar atletas que
tivessem, no mínimo seis meses morando aqui. Teve jogador que veio
depois retornou [...]. Então, o Industrial brigou e saiu da Federação, em
1919, ai não houve campeonato. Aí, em 20, perdoaram tudo, devido a
inauguração do Estádio Adolfo, ele voltou, não foi campeão em 20, mas
disputou com o Cotinguiba. Em 21 ele ai imperou, foi campeão em cima do
Cotinguiba. Em 22, ele disputou, mas, não conseguiu o título, foi o
Sergipe, invicto. Foi o campeonato do centenário, porque era o centenário
da independência do Brasil., Então em 1923, o Industrial novamente foi
disputar uma final com o Cotinguiba. Rapaz, Thales Ferraz foi o patrono,
aí zero a zero, um a um, determinado momento o juiz, que veio da Bahia,
era tão importante que o juiz vinha de fora, na final, resultado, o juiz
chamava Oscar Coelho, então ele marcou um pênalti contra o Industrial,
rapaz o tempo fechou. [...], briga generalizada, entrou polícia, jogadores
foram presos, intimados a ir à delegacia [...], o jogo foi dado como