De uma maneira geral, a agricultura não produz renda além de ser necessário às famílias, a compra
complementar de alimentos de origem agrícola. Dessa maneira, fica em risco a possibilidade da segurança
alimentar e nutricional que consiste em garantir, a todos, condições de acesso aos alimentos em quantidade e
qualidade suficientes e saudáveis, e de modo permanente, que correspondam aos vários sentidos simbólicos de
que se revestem os alimentos nas diferentes culturas. (PACHECO, 2002).
Juntamente com Azevedo (2000), essa autora relata, também, sobre a adequação de políticas para a
valorização e o fortalecimento dos sistemas agrícolas tradi
cionais. A busca e implementação de estratégias para a
conservação e utilização econômica de recursos genéticos agrícolas através do resgate, da experimentação, da
seleção, do melhoramento, da multiplicação e do uso produtivo do cultivo de diversas culturas, têm enorme
importância para a composição da renda, na reprodução das famílias e para o cuidado das criações.
Sob o ponto de vista social, esse modelo estrutura a diversidade dos sistemas de produção,
asseguram a reprodução dos vários segmentos de agricultores e a biodiversidade agrícola; reduz a concentração
da terra; evita a migração e tende a reduzir problemas de saúde tanto para o produtor como para o consumidor
(ausência dos efeitos da industrialização da agricultura).
Nesse contexto, Azevedo (2000), realça a necessidade de se construir um mundo de inclusão
social, criando e compartilhando a riqueza social com desenvolvimento sustentável e participação coletiva nas
políticas públicas. Reunindo-se o pensamento destas duas autoras, percebe-se a necessidade emergente de
construir um programa em nível global, numa visão com ponto de vista social, ecológico, político e econômico.
Constituindo
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se, assim, um desafio promover a segurança alimentar e nutricional sustentável.
A renda per capita tem sido usada tradicionalmente como o principal indicador de
desenvolvimento. É um indicador importante, mas como média este valor camufla a distribuição de renda, não
refletindo o nível de bem-estar da população de baixa renda, que poderá ser bastante numerosa. Economias com
renda muito concentrada, possuem altas rendas
per capita.
(SOUZA, 1999).
A Região Nordeste e em especial o Estado do Ceará, são locais dos mais subdesenvolvidos e
carentes do Brasil. Estes aspectos ocorrem, em parte, em decorrência da predominância do clima semi-árido, da
elevada concentração de renda, da escassez de recursos hídricos, baixo nível tecnológico, dificuldade de crédito
enfim, todos esses elementos aliados à ausência de políticas públicas coerentes com as reais necessidades e,
muitas vezes, o não acesso à terra por parte de pequenos produtores. Estes fatores - isolados ou em conjunto -
vêm, ao longo do tempo, propiciando para a não efetivação da agricultura familiar levando as famílias a outras
alternativas de fonte de renda e à opção de compra dos produtos agrícolas que poderiam ser produzidos por elas
mesmas. Estas alternativas surgem para recompor a rentabilidade perdida com a produção de alimentos básicos.
Fernandes Filho e Campos (2003), nos relatam que mudanças estruturais na economi
a têm causado
grandes impactos no meio rural, nas unidades de produção e, principalmente nas de base familiar. Propõem,
como uma das alternativas para a recuperação e sustentabilidade dessas unidades familiares, o incentivo ao
desenvolvimento de atividades rurais não-
agrícolas
– a chamada indústria rural artesanal –, que podem melhorar
o nível de renda e emprego, contribuindo para o seu desenvolvimento. Os autores citam que essa diversificação
de atividades dentro da propriedade, pode ocorrer a partir do fomento de processamento de alimentos como, por