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2.2 - Vitrificação:
Vitrificação é a solidificação de uma solução em baixas temperaturas, sem a
formação de cristais de gelo (Vajta, 2000). O fenômeno é obtido com o aumento
extremo da viscosidade, que requer grande velocidade de resfriamento e o uso de
soluções crioprotetoras que impeçam a formação de cristais de gelo e aumentem a
viscosidade em baixas temperaturas. Algum grau de vitrificação acontece em qualquer
processo de criopreservação, com o aumento da concentração das soluções ao redor dos
ovócitos ou embriões, determinadas pela retirada gradual da água na forma de gelo
(Rall et al., 1984). Em criobiologia, o termo vitrificação se refere ao processo onde a
solução inteira que contém a amostra biológica vitrifica completamente. O sucesso da
vitrificação está relacionado com a capacidade de permeação, a concentração, o tempo
de exposição e o volume do crioprotetor, que devem ser adequados para impedir a
formação de cristais de gelo intracelular sem, entretanto, provocar lesões de efeito
osmótico ou tóxico (Rall; Fahy, 1985).
A estratégia da vitrificação é diferente do congelamento lento ou tradicional,
uma vez que no congelamento lento a taxa de resfriamento possibilita manter um
equilíbrio entre os vários fatores que podem resultar em injúrias, como a formação de
cristais de gelo, fratura da zona, alterações de organelas intracelulares e do
citoesqueleto (Massip, 1989; Dobrinsky, 1996; Kasai, 1997; Martino, 1996a; Saha,
1996). Na vitrificação, se elimina totalmente a formação de cristais de gelo intracelular,
porém como conseqüência negativa do processo, existe uma grande probabilidade de
ocorrer quase todos os danos, com exceção dos causados pela cristalização de gelo.
Para contornar esses problemas, principalmente tóxicos e osmóticos, utilizam-se
associações de diferentes crioprotetores. O emprego de substâncias químicas menos
tóxicas, a combinação de duas ou três substâncias, incluindo pelo menos uma
permeável, é um ponto chave para diminuir os danos na vitrificação (Fahy, 1984; Rall,
1989; Massip, 1995; Kasai, 1990; Smorag, 1994; Palasz, 1996).
Por outro lado, a vitrificação resultou em algumas conseqüências positivas, além
da eliminação total da formação de cristais de gelo. O aumento da velocidade de
resfriamento reduziu os danos produzidos pelas gotas lipídicas intracelulares,
principalmente as contidas nas membranas e no citoesqueleto, por atravessar mais
rapidamente as faixas críticas (+15°C a –5°C) de temperatura (Dobrinski, 1996;
Martino, 1996b; Isachenko, 1998; Zeron, 1999).