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SUELY MASTER
ANÁLISE ACÚSTICA E PERCEPTIVO-AUDITIVA DA VOZ
DE ATORES E NÃO ATORES MASCULINOS:
LONG TERM AVERAGE SPECTRUM E O “FORMANTE DO ATOR”
Tese apresentada à Universidade Federal de São Paulo -
Escola Paulista de Medicina, para obtenção do
Título de Doutor em Ciências pelo Programa de
Pós-Graduação em Distúrbios da Comunicação Humana.
São Paulo
2005
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SUELY MASTER
ANÁLISE ACÚSTICA E PERCEPTIVO-AUDITIVA DA VOZ
DE ATORES E NÃO ATORES MASCULINOS:
LONG TERM AVERAGE SPECTRUM E O “FORMANTE DO ATOR”
orientadora Prof
a
. Dra. Noemi De Biase
co-orientadora Prof
a
. Dra. Anne-Maria Laukkanen
co-orientadora Prof
a
. Dra. Brasília Maria Chiari
Tese apresentada à Universidade Federal de São Paulo -
Escola Paulista de Medicina, para obtenção do
Título de Doutor em Ciências pelo Programa de
Pós-Graduação em Distúrbios da Comunicação Humana.
São Paulo
2005
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Master, S.
Análise acústica da voz de atores e não atores masculinos: long
term average spectrum e o “formante do ator”.
/Suely Master. São Paulo: UNIFESP / EPM, Programa de Pós-graduação dos
Distúrbios da Comunicação Humana; 2005, 140f.
1. Qualidade de voz 2. Acústica da Fala 3. Treinamento da fala
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO
ESCOLA PAULISTA DE MEDICINA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
DISTÚRBIOS DA COMUNICAÇÃO HUMANA
COORDENADORA: Prof
a
. Dra. Brasília Maria Chiari
À memória de todos os meus familiares
que tão cedo se foram da minha vida...
André Ronald Havas e Suely Master, meus tios.
Sigismund e Maria Singer Havas, meus avós maternos.
Aron e Erika Vera Master, meus amados pais.
Dr. Luiz Master, meu avô, exemplo de sensibilidade e inteligência.
Marcia Master, minha doce e inesquecível irmã.
E, à minha eterna e sempre amada, Vó Negra!
Marcelo Master, meu irmão querido,
por estar sempre me lembrando que
“quem tem um sonho não dança".
À Francisca Gonçalves pelo carinho,
dedicação e pela preocupação com
o meu bem estar o tempo todo.
À Claudia e ao pequeno Diego Aron
Master, minha família.
Ao Luiz Roberto, com todo meu amor!
AGRADECIMENTOS
À Dra. Anne-Maria Laukkanem, sem a qual esta pesquisa não seria possível, por todo o seu
esforço em me orientar, apesar da distância, generosidade ao me ensinar e ainda, por todas as
suas palavras de incentivo ao longo deste processo.
À Dra. Noemi De Biase, pela confiança em mim depositada quando me aceitou por sua
primeira orientanda.
À Prof. Dra. Brasília Maria Chiari que sempre esteve ao meu lado em diferentes etapas da
minha vida acadêmica: na especialização, no Mestrado e agora, como co-orientadora do meu
Doutorado.
Ao Prof. Dr. Luiz Roberto Ramos, cujos ensinamentos e colaboração nesta pesquisa, da
introdução à conclusão, foram determinantes e imprescindíveis.
Ao Prof. Dr. Paulo Pontes que gentilmente cedeu o espaço do INLAR para as gravações das
amostras de fala.
À Ângela Tavares Paes, pela análise estatística cuidadosa e detalhada.
Ao Prof. Dr. Timo Leino, pelo auxílio na interpretação dos LTAS e explicações durante a
minha estadia na Universidade de Tampere, Fi.
Ao Jarmo
Helin, técnico responsável pelo laboratório voz e fala da Universidade de Tampere,
pela preciosa colaboração na análise acústica.
Aos atores e não atores que tão prontamente atenderam meu pedido e participaram com
bastante interesse desta pesquisa.
Aos colegas fonoaudiólogos que atenciosamente se dispuseram a participar da análise
perceptiva auditiva.
Aos colegas do Instituto de Artes da UNESP – Universidade Estadual Paulista “Júlio de
Mesquita Filho” - e, mais especialmente, do Departamento de Artes Cênicas e Fundamentos
da Educação e Comunicação pela contribuição em várias etapas desta pesquisa.
Ao Dr. Johan Sundberg, Dr. Ingo Titze, Dr. Ronald C. Scherer, Dr. Brad Story, Dra. Boonie
Raphael, Arthur Lessac, Catherine Fitzmaurice e Dr. Fernando Iazzetta que prontamente
enviaram artigos, sugestões e responderam os meus e-mails esclarecendo minhas
intermináveis dúvidas.
À Vanessa Pedrosa Vieira que com muito carinho me auxiliou em diferentes etapas deste
trabalho, desde a gravação dos atores até a bibliografia.
À D. Josefina Grandino, pelo seu auxílio na pesquisa bibliográfica.
À prestativa Mirian Bernardes de Souza, pela a atenção dispensada nos momentos
burocráticos desta pesquisa.
Ao Programa de Pós Graduação dos Distúrbios da Comunicação Humana da UNIFESP-EPM
por ter viabilizado a minha formação acadêmica.
À Universidade de Tampere (UTA) – Finlândia, pela acolhida durante o meu estágio no
Laboratório de voz em novembro de 2004.
À Fundação pelo desenvolvimento da UNESP – FUNDUNESP, pelo auxílio-pesquisa
Ao Fundo de auxílio aos docentes e alunos da UNIFESP – FADA
ÍNDICE
Listas de figuras i
Lista de tabelas iii
Lista de quadros iv
Lista de abreviaturas e símbolos v
Resumo vi
Abstract viii
I. Introdução 1
II. Objetivos do estudo 27
III. Método 28
IV. Resultados 34
V. Discussão 51
VI. Conclusões 73
VII. Referências 75
VIII. Anexos 87
LISTA DE FIGURAS
Figura III.1 Long term average spectrum mostrando as extensões das regiões relativas à
freqüência fundamental e formantes que foram tomadas como referência para mensurar as
variáveis da análise acústica. 31
Figura IV.1 Perfis médios do nível de pressão sonora médio e desvio padrão de atores e não
atores nas loudness habitual, moderada e forte. 35
Figura IV.2 Perfis médios e desvio padrão da proporção alpha de atores e não atores nas
loudness habitual, moderada e forte. 36
Figura IV.3 Perfis médios e desvio padrão da freqüência fundamental média de atores e
não atores nas loudness habitual, moderada e forte. 37
Figura IV.4 Long term average spectrum médio de atores e não atores na loudness habitual.
38
Figura IV.5 Long term average spectrum médio de atores e não atores na loudness
moderada. 38
Figura IV.6 Long term average spectrum médio de atores e não atores na loudness forte.
39
Figura IV.7 Long term average spectrum médio de atores nas loudness habitual, moderada
e forte. 39
Figura IV.8 Long term average spectrum médio de não atores nas loudness habitual,
moderada e forte. 40
Figura IV.9 Perfis médios e desvio padrão de amplitude da freqüência fundamental para
atores e não atores nas loudness habitual, moderada e forte. 41
Figura IV.10 Perfis médios e desvio padrão da freqüência do primeiro formante para atores e
não atores nas loudness habitual, moderada e forte. 42
Figura IV.11 Perfis médios e desvio padrão para a amplitude do primeiro formante em LH,
LM e LF para atores e não atores nas loudness habitual, moderada e forte. 43
Figura IV.12 Perfis médios e desvio padrão da amplitude do primeiro formante menos a
amplitude da freqüência fundamental nas loudness habitual, moderada e forte. 44
Figura IV.13 Perfis médios e desvio padrão do “formante do ator” para atores e não atores
nas loudness habitual, moderada e forte. 45
Figura IV.14 Perfis médios e desvio padrão do nível de pressão sonora do “formante do
ator” para atores e não atores nas loudness habitual, moderada e forte. 46
Figura IV.15 Perfis médios e desvio padrão para grau de projeção vocal nas loudness
habitual, moderada e forte. 47
Figura 1V.16 Perfis médios e desvio padrão para grau de tensão nas loudness habitual,
moderada e forte. 48
Figura 1V.17 Perfis médios e desvio padrão para grau de loudness nas loudness habitual,
moderada e forte. 49
LISTA DE TABELAS
Tabela I.1 Esforço vocal para falantes em dB. ISO 9921-2, 1996. 6
Tabela IV.1 Estatística descritiva para idade de atores e não atores. 34
Tabela IV.2 Estatística descritiva para tempo de atuação no teatro, em anos, e tempo
de treino de técnica vocal, em meses, para atores e não atores. 34
Tabela IV.3 Comparações entre as áreas sob a curva do long term average spectrum nas
loudness habitual, moderada e forte. 40
Tabela IV.4 Freqüências da região de 2-4kHz nas loudness habitual, moderada e forte que
apresentaram p < .01 no t de Student. 40
Tabela IV.5 Estatística descritiva e t-Student para o re-teste da análise perceptiva auditiva
49
Tabela IV.6 Correlações entre as variáveis da análise acústica nas loudness habitual,
moderada e forte. 50
Tabela IV.7 Correlações entre as variáveis da análise perceptiva auditiva nas loudness
habitual, moderada e forte. 50
Tabela IV.8 Correlações entre variáveis da análise acústica e análise perceptiva auditiva nas
loudness habitual, moderada e forte. 50
LISTA DE QUADROS
Quadro V.1 Esforço vocal para falantes em dB de acordo com a Tabela ISO, corrigidos
para 15cm de distância. 51
Quadro V.2 Valores do nível de pressão sonora médio em db @15cm para atores
masculinos nas loudness habitual, moderada e forte, nomenclatura de acordo com a Tabela
ISO. 52
Quadro V.3 NPS médio em db @ 15cm para falantes masculinos nas loudness habitual,
moderada e forte e nomenclatura de acordo com a Tabela ISO. 52
Quadro V.4 Valores de freqüência fundamental média em Hz nas loudness habitual,
moderada e forte. 55
Quadro V.5 Valores de freqüência do primeiro formante para diferentes grupos de falantes
masculinos em Hz. 56
Quadro V.6 Valores de amplitude da freqüência do primeiro formante menos a amplitude
da freqüência fundamental para diferentes grupos de falantes masculinos. 58
Quadro V.7 Valores de proporção alpha para atores masculinos. 60
Quadro V.8 Valores de “formante do ator” em dB para diferentes grupos de falantes
masculinos. 64
Quadro V.9 Valores da freqüência do “formante do ator” em Hz para falantes masculinos.
64
Quadro V.10 Valores das variáveis da análise acústica em diferentes estudos distribuídos de
acordo com o nível de pressão sonora médios. 65
LISTA DE ABREVIAÇÕES E SIMBOLOS
AC análise acústica
APA análise perceptivo-auditiva
dB deciBel
DP desvio padrão
F0 freqüência fundamental
F1 primeiro formante
F2 segundo formante
F3 terceiro formante
F4 quarto formante
FA formante do ator
Fc formante do cantor
Hz Hertz
ISO Internacional Organization of Standartization
KHz kiloHertz
L0 nível de pressão sonora da freqüência fundamental
L1 nível de pressão sonora do primeiro formante
L 4 nível de pressão sonora do quarto formante
L1-L0 diferença entre os níveis de pressão sonora f0 e F1
LH loudness habitual
LM loudness moderada
LF loudness forte
LTA long term average
LTAS Long term average spectrum
NPS nível de pressão sonora
@ 15cm à distância de 15cm.
RESUMO
O conhecimento das diferenças entre as vozes de atores e não atores, nos seus aspectos
perceptivos e acústicos - especialmente por meio do Long-term average spectrum – podem
contribuir para o re-direcionamento tanto da avaliação quanto da preparação vocal destes que
buscam uma técnica vocal econômica e eficiente, os atores. Não há em nosso meio estudos
da voz de atores utilizando o LTAS.
O objetivo do presente estudo é estabelecer as diferenças entre as vozes de atores e não
atores nas loudness habitual, moderada e forte, por meio da análise acústica e perceptiva
auditiva e verificar as correlações entre as diferentes variáveis.
Trata-se de um estudo de desenho transversal, do qual participaram 11 atores e 10 não
atores do gênero masculino, tendo no português brasileiro a sua língua-mãe, sem queixas de
voz, e com idade variando entre 20 e 60 anos para garantir uma voz madura, fora do período
de muda vocal e não presbifônica.
As variáveis acústicas analisadas foram: nível de pressão sonora médio, proporção
alpha, freqüência fundamental, nível de pressão sonora da freqüência fundamental, freqüência
do primeiro formante, nível de pressão sonora do primeiro formante, diferença entre L1 e L0.
Para calcular o nível de pressão sonora médio, a proporção Alpha e a freqüência fundamental,
usamos o sistema de análise computadorizada Intelligent Speech Analyser (Raimo Toivonen
M. Sc. Eng.). Os espectros do LTAS para cada indivíduo foram feitos por meio do Analisador
de Sinal Hewllett-Packard 3561A. A extensão de freqüências analisada pelo programa foi de
0-10kHz, janelamento Hanning, com resolução de janela de tempo de 40msec e largura de
banda de 37.5Hz. Os sons não vozeados, sons fracos, sons da qualidade do /s/ e as pausas
foram automaticamente cortados pelo programa. As variáveis perceptivo-auditivas analisadas
foram: o grau de projeção, o grau de loudness, e o grau de tensão. Para fazer a avaliação
perceptivo-auditiva, as 21 vozes foram gravadas de maneira aleatória em CDs, um para cada
loudness. As vozes foram apresentadas para um grupo de 8 fonoaudiólogas especialistas em
voz, com mais de 5 anos de profissão, e treino em avaliação perceptiva auditiva.
Os resultados da análise perceptiva auditiva mostraram diferenças estatisticamente
significantes entre os dois grupos, em todas as loudness, na proporção alpha que foi menor
para o grupo de atores (p < .001), e no nível de pressão sonora do “formante do ator” que foi
maior para atores (p < .001). Na análise perceptiva auditiva, o grau de projeção e de loudness
foi maior para atores que para não atores nas três loudness (p <.001). No LTAS, atores
apresentaram o “formante do ator” nas três loudness e não atores, nas loudness moderada e
forte. Os valores dos “formante do ator” para atores foram de -23,4dB, -19,3dB e -19,4dB
respectivamente para loudness habitual, moderada e forte e para não atores, -25,4dB e -
24,5dB respectivamente para loudness moderada e forte. Para ambos os grupos, a freqüência
central do “formante do ator” está em 3.4 kHz.
Podemos concluir que as vozes de atores e não atores se diferenciaram
significativamente tanto na análise acústica quanto na perceptiva auditiva. Algumas variáveis
acústicas, proporção alpha e “formante do ator”, correlacionaram-se significativamente com o
grau de loudness da análise perceptivo auditiva. No LTAS dos atores o “formante do ator” foi
verificado em todas as loudness.
ABSTRACT
The knowledge about the differences between actors and non actors’ voices, regarding
perceptual and acoustic parameters – especially through the Long-term average spectrum
could contribute for a better evaluation and vocal preparation of those who pursue an
economic and efficient vocal technique like actors themselves. There are not studies, in our
country, of the actors’ voices using LTAS.
The objective of the present study is to establish the differences between actors and
non actors’ voices in habitual, median and strong loudness through acoustic and perceptual
analysis and verify the correlations between the different variables.
It is a cross-sectional study with the participation of 11 actors and 10 non actors of the
male gender, who had Brazilian Portuguese as their mother tongue, without voice complaints,
and within the 20 to 60 age group to ensure a mature voice, out of the vocal mutational period
and not yet presbifonic.
The acoustic variables analyzed were: sound pressure level, alpha proportion,
fundamental frequency, sound pressure level of the fundamental frequency, frequency of the
first formant, sound pressure level of the first formant, difference between L1 and L0. To
calculate the sound pressure level, alpha proportion and the fundamental frequency, it was
used the system of computerized analysis Intelligent Speech Analyser. (Raimo Toivonen M.
Sc. Eng.). The LTAS’ spectrums for each individual were done through the Hewllett-Packard
3561A signal analyzer. The frequency range analyzed by the program was 0-10kHz, Hanning
window, which gives time window of 40 msec and bandwidth of 37.5 Hz. The program
excluded the voiceless sounds, weak sounds, s-kind of sounds and pauses. The perceptual
variables analyzed were: degree of projection, degree of loudness and degree of tightness. To
allow the perceptual evaluation, the 21 voices were randomly recorded in CDs. The voices
were presented to 8 speech therapists specialized in voice, with more than 5 years of
experience and trained for perceptual evaluation.
The results of the acoustic analysis showed statistically significant differences between
the groups in all the loudness, for alpha proportion, that was smaller in the actors group (p <.
001)
, and the sound pressure level of the “actors formant”, that was greater for actors (p <.
001). In the perceptual analysis the degree of projection and loudness were greater among
actors in the three loudness (p <. 001), In the LTAS, actors presented an “actor’s formant” in
the three loudness and non-actors in the median and strong loudness. The mean values of the
“actor’s formant” in the actors group was -23.4dB, -19.3dB, and -19,4dB in the habitual,
median and strong loudness respectively, and in the non actors group, -25.4dB, -24.4dB in the
median and strong loudness respectively. For both groups the central frequency of the “actor's
formant” was 3.4 kHz.
We can conclude that actors and non actor’s voices were significantly differentiated
either in the acoustic or in the perceptual analysis. Some acoustic variables, as alpha
proportion and “actor’s formant”, significantly correlated with the degree of loudness in the
perceptual analysis. The “actor’s formant” in the LTAS was verified for actors in all the three
loudness.
1
I. INTRODUÇÃO
“Não basta que o próprio ator sinta prazer com o
som da sua fala. Ele deve também tornar possível,
ao público presente no teatro, ouvir e compreender
o que quer que mereça a sua atenção. As palavras e
a entonação das palavras devem chegar aos seus
ouvidos sem esforço”.
Stanislavski, 1986.
I.1 A voz do ator
Era o que Stanislavski (1986), grande diretor do Teatro de Moscou, que revolucionou
toda uma estética teatral vigente no século passado marcando o momento de transição entre o
romantismo e o naturalismo, falava aos seus alunos sobre projeção vocal. Um dos primeiros
autores de livros sobre a preparação do ator, com ele morre o ator de um papel só, que tinha
no virtuosismo vocal sua máxima interpretativa, e nasce o ator que vivencia uma situação
dada, imitando com a arte, a vida. O ator durante um espetáculo teatral precisa ao menos ser
ouvido e entendido para que o texto exerça sua ação na platéia, despertando sensações,
emoções, transportando-a para o mundo do imaginário. “Falar é agir!”. É transmitir por meio
das palavras de valor, das nuances da entonação, das pausas de um texto, as intenções do
personagem (Stanislawski, 1986).
Para tanto, a voz do ator em cena deve, necessariamente, receber determinados ajustes
em função do espaço teatral para que o público presente ao espetáculo seja por ela afetado.
Dizemos desta voz cênica que ela tem que ser “projetada”, atributo que por si só indica que
esta voz está além do seu uso cotidiano.
Embora possam existir vozes especiais, naturalmente fortes e ressonantes, um talento
inato, a voz projetada pode ser desenvolvida com o treinamento vocal. A projeção vocal é
produto de um preparo técnico intenso com o objetivo de vencer a demanda vocal do ator em
cena que, tendo em vista os diferentes tipos de palcos, de tamanhos de espaços teatrais e
acústica mais ou menos eficiente, precisa falar forte e ainda, manter toda a carga emocional de
suas falas sem entretanto criar uma maneira artificial e exibicionista de se expressar.
Uma boa técnica tem como base os processos fisiológicos. A respiração, a fonação, a
ressonância e a articulação são trabalhadas de maneira integrada objetivando as necessidades
da voz cênica. A qualidade da voz – projetada - depende em grande parte dos ajustes feitos
nas caixas de ressonância da boca, laringe e faringe. Depende ainda do equilíbrio entre os
músculos respiratórios e os da laringe para que ao falar forte não haja um fechamento
hipertônico de pregas vocais na tentativa de manter uma pressão subglótica aumentada e, em
2
função deste ajuste, perder a modulação dos tons. Na preparação vocal do ator, as consoantes
são reforçadas e as vogais dinamizadas em pitch, loudness e timbre para colorir a dicção. A
plasticidade vocal, a possibilidade que o ator tem de encontrar diferentes vozes ao viver
situações cênicas, a criatividade, também encontram suporte em uma boa técnica. Para
Beuttenmüller e Laport (1974), a prática de exercícios de relaxamento, respiração e
ressonância deve ser estimulada, para que a voz seja emitida corretamente, sem esforço e com
naturalidade. A projeção da voz é alcançada por meio do trabalho com as vogais que podem
ser alongadas ou abreviadas. A vogal é quem “empresta cadência e ritmo e pode ser clara,
escura, enfim, ter todos os matizes que desejar”. Para Segre e Naidich (1981), falar em
público, em caráter profissional, requer conhecimento da técnica vocal. A voz deve correr
para que possa ser ouvida em qualquer ponto do recinto e isto acontece quando não existe a
necessidade de fazer esforços musculares ou gritar e sim, usar corretamente o ar e os
ressonadores.
A análise e a compreensão do mecanismo da fala permite ao profissional desenvolver
uma voz audível, de dicção compreensível e que cumpra o requisito fundamental de não
fatigá-lo, o que também daria ao ator uma certa garantia de não ficar rouco durante o
espetáculo e de ter voz amanhã. E a platéia, por sua vez, não precisa se esforçar para
acompanhar o texto, nem perder trechos de falas, o que traz muita inquietação e ruído na
comunicação.
O trabalho de voz deve considerar ainda a estética do espetáculo – romantismo,
naturalismo, surrealismo, a estética do diretor, as características dos mais variados gêneros
teatrais – tragédia, comédia, farsa, drama - e as necessidades do papel. A expressividade é
soberana e a técnica, a ela se submete, e só por ela se justifica.
A técnica, por si só, tendo em vista o virtuosismo vocal, hoje em dia, não comove mais
o espectador como antes o fazia. Herança da Grécia antiga, dos grandes oradores, da arte de
declamar das escolas francesas e italianas do período do romantismo, foi sendo substituída
por esta fala “orgânica”, “verdadeira” e “natural” que nasceu com o naturalismo e que pode
conduzir nossos atores a um engano: de que se pode falar no palco como se fala na vida! No
Brasil do Séc. XIX, João Caetano traz, nas suas Lições Dramáticas de 1862, copiadas dos
franceses, as primeiras noções sobre técnica vocal para o Teatro de que temos conhecimento.
Antes dele, a declamação era uma espécie de cantiga monótona, como uma ladainha. Segundo
Souza (1968), "João Caetano substituiu aquela cantilena pela declamação expressiva, com
inflexões e tonalidades apropriadas, ensinou a representação natural, chamou atenção para a
3
importância da respiração e mostrou que o ator deve estudar o caráter da personagem que
encarna, procurando imitar, não igualar, a natureza".
A partir do Primeiro Congresso Brasileiro da Língua Falada no Teatro, realizado em
1956 em Salvador, foi recomendado o português padrão do Rio de Janeiro como a variedade
modelar (Nunes, 1976). Consolida-se então a emissão “impostada”, com voz grave e exagero
na articulação dos “r”, ensinada por Maria José de Carvalho e Milene Pacheco, grandes
professoras de voz para teatro da USP. Atualmente, a voz enquanto material sonoro, tem sido
muito explorada pelas vanguardas, como performances e espetáculos expressionistas.
I.1.1 Projeção e loudness vocal
Do diretor de teatro ao cientista da voz, são múltiplas as definições e o emprego da
palavra “projeção”. A projeção não envolve tão somente a fala, a voz e a linguagem mas
também parâmetros não vocais tais como postura, gestos, maquiagem e roupas. Para Hodge
(1971) a projeção depende de uma colocação da voz na região anterior da boca, boa
pronúncia, falar bem uma língua sem usar regionalismos, boa qualidade de voz, volume
adequado, inflexões de pitch e um nível alto de energia e confiança. Albright (1972) enumera
vários fatores que podem causar uma falta de projeção: inexperiência do falante, uma voz que
é pobre no dia a dia, o medo do público, fadiga, respiração insuficiente, tensão e ansiedade.
Para Beuttenmüller e Laport (1974), a projeção consiste naquele “abraço sonoro” em que a
voz assume a mensagem a ser transmitida. Sievers, Stiver e Kahan (1974) consideram que
projetar é reforçar emocionalmente determinadas linhas do texto, apoiar a voz por meio de um
controle respiratório eficiente, manter um bom grau de abertura da boca, movimentar de
maneira vigorosa os lábios e a língua na formação de consoantes, além de dar grande ênfase
articulatória em falas intimistas ou sussurradas. Para Dean e Carra (1974), a importância do
fascínio que o ator exerce na platéia, da qualidade da sua voz e da sua dicção, da graça e da
precisão de movimentos e do seu magnetismo pessoal, são fatores que contribuem para a
habilidade de projetar. Crawford (1980) entende que a projeção é a habilidade de acentuar
determinadas palavras do texto, ter um bom volume de voz e boa articulação bem como,
movimento e emoção.
Para Michel e Willis (1983), a projeção vocal muitas vezes se mistura com a
interpretação, com as intenções do texto dramático e ainda, com a ação que o ator desenvolve
por meio da sua voz. Os autores conduziram um experimento com o objetivo relacionar
análise acústica e percepção de projeção. Não houve consistência entre os juízes em relação às
respostas, uma vez que a mesma voz podia ou não ser considerada como sendo bem projetada,
4
e também não houve correspondência entre espectros e ranking de melhor e pior voz. Assim,
concluíram que a natureza da percepção da projeção é multifatorial e não pode ser avaliada
somente por um único fator como a voz ou a análise do seu espectro. Os autores, com base
nos critérios que justificaram as avaliações feitas, propõe uma classificação de variáveis que
podem exercer influência no momento do julgamento do quão projetada é uma voz:
articulação, qualidade e ressonância, pitch e variação do pitch, loudness e variação de
loudness, velocidade e variação de velocidade, concentração e confiança. Postura e
movimento: de acordo com o texto, gestos e nível de energia. Ambiente: posição no palco,
iluminação, ângulo em relação à audiência, acústica do teatro, presença de ruído mascarante
no ambiente. Material (texto): familiaridade com o texto por parte da platéia, língua ou dialeto
que é falado, cultura, tipo do texto (clássico, contemporâneo), personagem. Platéia: interesse,
atenção, concentração, fadiga, conhecimento da história.
Para Sundberg (1974) a voz projetada no canto lírico “é a voz que pode ser ouvida, sem
amplificação, na presença de toda uma orquestra”, e que com ela não se confunde, muito pelo
contrário, destaca-se claramente.
Para Raphael e Scherer (1987) a voz projetada possibilita ao ator ser ouvido por sobre
ruídos de fundo, uma música, ou qualquer outro evento de sonoplastia que esteja em
competição sonora. Pela abrangência da sua conceituação, Le Huche e Allali (1999) merecem
atenção especial. Os autores reconhecem que a emissão da voz é “um fenômeno que comporta
grandes variações; além das consideráveis diferenças de uma pessoa para outra, a voz se
apresenta em um mesmo indivíduo sob múltiplos aspectos”. E a partir desta colocação,
classificam a diversidade das manifestações vocais segundo quatro pontos de vista centrados
no instrumento vocal, na expressividade da voz, nas circunstâncias de sua apresentação e, por
fim, na intencionalidade do sujeito e no tipo de ação que ele realiza ao se expressar
vocalmente, que é onde a voz projetada se inclui. A voz projetada corresponde a um
comportamento vocal por meio do qual o sujeito procura agir deliberadamente sobre o outro:
“seu interlocutor ou seu público encontra-se evidentemente em primeiro plano nas suas
preocupações; a sua intenção de ser ouvido, em todos os sentidos é óbvia”. A voz é antes de
tudo um instrumento de ação. Associa-se ainda uma atitude corporal (que decorre da intenção
de atuar sobre o outro por meio da voz, de ser ouvido), o olhar (que se orienta para o local
próximo ou distante da ação vocal empreendida manifestando a intenção de agir e ao mesmo
tempo captar as reações do outro como um radar), o alongamento do corpo (a maneira como
esticamos em graus variáveis o corpo para falar com alguém) e por último, a respiração
profunda.
5
A despeito destas várias colocações sobre projeção, podemos notar que existe
consenso entre os autores basicamente sobre o seguinte aspecto: artistas que projetam bem a
sua voz podem ser ouvidos – e acima de tudo entendidos – com bastante facilidade por todos
os presentes no espetáculo e em todo o espaço teatral.
Falar forte não melhora a projeção, da mesma forma que não o fazem uma simples
mudança de pitch ou de velocidade de fala (Michel e Willis, 1983). Teoricamente, projeção
não se confunde com loudness. Na prática sim! É comum submetermos a loudness à projeção
da voz. Tem-se a impressão de que é mais fácil projetar a voz falando forte, mas isso não quer
dizer que toda a voz forte seja projetada, nem que uma voz sussurrada não possa estar em
projeção pois no teatro, por vezes, as falas do ator são cochichadas e mesmo assim ele pode
ser ouvido. Por outro lado, determinados ajustes articulatórios levam a um aumento do nível
de pressão sonora da emissão por efeito de ressonância, sem aumento de esforço expiratório,
aumento da percepção de loudness, favorecendo assim a projeção da voz (Sundberg, 1987).
Loudness é definida com a sensação subjetiva de intensidade de um som e está à ela
relacionada a partir da sua pressão, energia ou amplitude (Russo, 1999). É o atributo da
sensação auditiva em termos dos quais os sons podem ser ordenados em uma escala que varia
de forte a fraco (Speaks, 1992). Intensidade e loudness não são perfeitamente correlacionadas
pois a sensação de loudness aumenta menos que o aumento real de intensidade (Borden,
Harris e Raphael, 2002).
Observamos que a qualidade de uma voz pode influenciar a loudness sem afetar a
intensidade. Vozes tensas e/ou ressonantes parecem mais fortes que vozes “neutras”. A
configuração do trato vocal, por um efeito de ressonância, também exerce influência na
loudness do som: vozes emitidas com a mandíbula aberta serão percebidas como sendo mais
fortes e terão um maior nível de pressão sonora (NPS) que as emitidas com a mandíbula
fechada (Isshiki, 1964).
Nos estudos que medem o nível de pressão sonora e loudness vocal não existe
consenso sobre o que é forte e fraco, ou quanto representa em dB uma emissão muito forte ou
um sussurro. A Tabela ISO, buscando normatizar estes valores, apresenta os “níveis de
pressão sonora esperados em situações de comunicação entre falantes com audição normal em
função da distância” (Tabela I.1).
6
Tabela I.1 Esforço vocal para falantes em dB. ISO 9921-2, 1996 (curva - A de ponderação).
Coleman, Mabis e Hinson (1977), a maior intensidade medida para mulheres, por meio
do fonetograma foi 122dB. Para homens, 126dB. A menor intensidade medida foi 48dB para
as mulheres e 51dB para os homens, medidas feitas à distância de 15cm. Buekers, Bierens,
Kingma e Marres (1995), com o microfone posicionado à uma distância de 30cm da fonte e
Vilkman, Alku e Vintturi (2002), com uma distância de 40cm microfone – fonte, o nível de
pressão sonora para uma voz suave seria menor que 50-70dB, para emissões fortes, estaria
entre 70-90dB e no grito seria maior que 90dB. Assim a diferença entre emissões suaves e
fortes para homens estaria em torno 30dB. No canto lírico esta diferença pode alcançar 60dB
(Titze, 1994). De acordo com Emerich, Titze, Svec, Popolo e Logan (2005), atores
masculinos gravados no palco, se comparados às suas gravações feitas em estúdio, tendem a
sair da sua freqüência fundamental (f0) média e do seu nível de pressão sonora médio e usar
os valores máximos da sua extensão para ambos os parâmetros.
Sobre a relação entre projeção vocal e loudness, Arthur Lessac (1967) um dos mais
respeitados professores de voz para o Teatro, autor do livro “The use and training of the
human voice: a bio-dynamic approach to vocal life”, cujo trabalho também foi adaptado à
terapia dos problemas de voz por Verdolini, Druker, Palmer e Samawi (1998) - Método
Lessac-Madsen, disse: “projeção não se confunde com loudness. Loudness é uma força
quantitativa mais que uma energia qualitativa” (Lessac, comunicação pessoal, 07/2004).
Catherine Fitzmaurice, professora de voz do Teatro da Universidade de Delaware – USA fez a
seguinte observação: “eu não uso a palavra projeção porque ‘projetar’ significa atirar a voz
para fora, para longe do corpo. Ao contrário, meu trabalho aumenta a percepção de
ressonância NO corpo do falante e é isto que leva o som até o ouvinte e a sensação de
loudness aumentada vem naturalmente” (Fitzmaurice, comunicação pessoal, 07/2004).
Raphael, B. do Centro de Artes Dramáticas da Universidade da Carolina do Norte, observa
que “uma das características mais importantes da projeção vocal para o ator é muito mais
ressonância que esforço muscular. Muitos atores - especialmente aqueles não treinados -
acham que para projetar é preciso fazer força, trabalhar mais ou jogar a voz em algum lugar.
Esforço vocal 100cm 30cm
Máximo 90 100
Grito 84 94
Muito forte 78 88
Forte 72 82
Moderado 66 76
Normal 60 70
Relaxado 54 64
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A projeção está mais relacionada com um certo alinhamento do trato vocal de forma a
produzir uma emissão fácil e um maior números de harmônicos, do que com uma sensação de
loudness e esforço” (Raphael, comunicação pessoal, 08/2005).
Existem evidencias de que a forma tridimensional do trato vocal contribui
decisivamente tanto para a projeção quanto para a loudness de som. Para Isshiki (1964), ao
passarmos de uma voz habitual para um grito, além de intensificar o esforço expiratório, a
mandíbula tem que estar livre para modificar /aumentar sua abertura pois, caso contrário, a
variação na loudness de fonação será muito pouca, em torno de 15db contra os 30db possíveis
com este ajuste. Beckett (1969) afirma que é possível modificar com consciência a
configuração do trato vocal para produzir emissões com diferentes graus de constrição - ainda
que não se saiba se esta está ocorrendo em nível de faringe ou laringe – e ainda, que estas
emissões são auditivamente percebidas como mais ou menos tensas por um ouvinte. Perkins
(1971) descreve a configuração de uma voz “aberta” - com uma sensação subjetiva de
garganta expandida como no início de um bocejo - em oposição a uma produção “tensa” -
semelhante ao início da deglutição – também afirmando que é possível termos algum controle
sobre as dimensões da faringe. Para Tanaka e Gould (1983), o cantor pode mudar a forma do
trato vocal para sintonizar freqüência formante e harmônicos, o que se traduz por um aumento
do nível de pressão sonora de uma vogal e conseqüentemente da loudness vocal. No canto
lírico, em pitch agudíssimo, é comum uma cantora soprano aumentar a abertura da mandíbula,
em detrimento da inteligibilidade da articulação da vogal, para ajustar o F1 com a f0
(Carlsson e Sundberg, 1992). Também o ator, ao projetar sua voz, pode agravar a freqüência
do primeiro formante (F1), protruindo os lábios, para que este encontre o segundo parcial do
espectro e assim, aumente o nível da pressão sonora e em conseqüência a loudness de fonação
e a projeção (Raphael e Scherer, 1987). Para Acker (1987), uma voz emitida com grande
abertura da região orofaríngea e da cavidade oral será percebida como mais forte que a voz
produzida com o mesmo esforço expiratório porém com constrição. Se o espaço orofaríngeo
está “fechado”, a mandíbula com abertura reduzida e a língua alta durante uma emissão, a voz
soa tensa, apertada. Resta saber se este ajuste motor ocorreu mesmo em nível de região
orofaríngea e é um produto de ressonância ou se esta tensão esta ocorrendo em nível laríngeo
modificando o modo de vibração das pregas vocais e em conseqüência, o espectro da fonte
glótica. Para Sundberg (1987) e Leino (1993), se o vestíbulo laríngeo é menor que a faringe,
numa proporção de 1:6, forma-se um tubo de ressonância que é independente e que estaria
relacionado com a produção dos formantes do “cantor” e do “ator” e conferem brilho e
projeção para a voz. Para Titze (2001), esta mesma configuração laríngea faria aumentar a
8
impedância da coluna de ar supraglótica que por sua vez modificaria o fluxo de ar entre as
pregas vocais, diminuindo-o, e fazendo o nível de pressão sonora aumentar em até 10dB em
decorrência da diminuição da fase de fechamento das pregas vocais.
I.2 Análise perceptivo-auditiva: projeção vocal enquanto qualidade de voz
Projeção pode ser entendida como uma qualidade da voz supranormal. Voz sonora,
voz ressonante, voz brilhante também qualificam a voz profissional do ator e do cantor e por
vezes são usadas enquanto sinônimo de projeção. Acker (Acker, Miller, Raphael, Rubin,
Scherer e Sundberg, 1987) refere que quando ouve a voz de alguns atores, especialmente
aqueles treinados nos padrões de fala Sheakespearianos, ele pode ouvir mais o “formante do
cantor” que o primeiro formante!
O termo “qualidade”, referindo-se a voz humana, têm sido usado quando se quer falar
sobre uma característica especial da voz tal como registro, pitch, brilho. Pode ser um traço
suprasegmental situacional que assinala, por exemplo, um estado emocional, ou um parâmetro
de longo termo que diferencia um indivíduo de outro, bem como grupo de indivíduos
enquanto grupo social, cultura etc (Crystal, 1960). Abercrombie (1967) define qualidade
vocal como “aquelas características que estão presentes - mais ou menos – durante quase todo
o tempo em que uma pessoa está falando: é uma qualidade quasi permanente que permeia
todos os sons que saem da nossa boca”. “Qualidade da voz” pode ser entendida como “uma
característica audível de cor, que depende de contribuições laríngeas e supralaríngeas, e que
aparece de modo contínuo na fala de um sujeito” (Trask, 1996). De acordo com Laver (1991),
a fala, enquanto um meio de comunicação humana, transmite informações entre falante e
ouvinte em diferentes níveis: lingüístico, paralinguístico e supralinguístico. A qualidade da
voz estaria incluída no terceiro nível de comunicação, o extralingüístico, que engloba todos as
características físicas e fisiológicas (incluindo fatores orgânicos envolvidos na produção da
fala) que caracterizam falantes tais como gênero, idade, sua voz, a extensão vocal, o pitch e a
loudness usada na fala, assim como outros fatores habituais. Uma “boa qualidade da voz”
enquanto objetivo de treino seria o resultado de um uso ótimo do mecanismo fonatório no
sentido de ter um uma resposta acústica máxima com o mínimo de esforço muscular (Cooper,
1973; Laukkanen, 1995).
A avaliação da voz é feita preferencialmente por meio da análise perceptivo-auditiva.
Este tipo de análise, ainda que soberana, envolve desde aspectos sócio-econômicos e culturais
até as preferências individuais do avaliador (Behlau e Pontes, 1995). São muitos os adjetivos
usados para qualificar, uma voz, e os métodos que podem ser empregados nesta classificação,
9
pela subjetividade envolvida neste processo, acabam gerando uma certa confusão, com
discordâncias entre os ouvintes e dificuldades de assumir um consenso em torno do uso desta
ou daquela terminologia, deste ou daquele método (Bele, 2002). Para Löfqvist (1997), o sinal
acústico revela a interação entre diferentes níveis de comunicação, mas o fato dos ouvintes
conseguirem identificar cada um destes níveis a partir de um sinal de fala cria uma base para a
avaliação perceptivo-auditiva.
A elaboração de protocolos para análise perceptivo-auditiva de vozes profissionais
ainda é um caminho a ser percorrido.
I.3 Análise acústica: o long term average spectrum (LTAS)
Com o objetivo de “complementar a avaliação perceptivo-auditiva, os laboratórios
computadorizados de voz e fonética e com eles, a análise acústica, chegaram à clínica
fonoaudiológica possibilitando formas de avaliação mais objetivas e precisas da voz” (Behlau
e Madazio, 1997).
A espectrografia é um dos métodos mais utilizados no estudo dos sons. Segundo Russo
e Behlau (1993), desde a análise acústica, as vogais são “definidas basicamente pela
amplificação inserida na energia glótica. As faixas de freqüência amplificadas, ou seja, os
picos de energia variam de acordo com a vogal emitida e, no caso específico das vogais,
representam grupos de harmônicos e recebem o nome de formante do som”. E (...) “o
formante é expresso em Hertz e seu valor numérico é a média das freqüências que ele contém
e corresponde às freqüências naturais de ressonância do trato vocal cuja configuração
tridimensional varia de acordo com a posição dos articuladores, de características anatomo-
funcionais e ainda, do treino de voz. As consoantes possuem no seu espectro regiões de
incremento de energia que não representam grupos de harmônicos amplificados e sim ruídos
produzidos por uma fonte sonora de fricção. As consoantes sonoras têm, além da fonte
friccional, a superposição de um padrão harmônico decorrente da vibração das pregas vocais.
Assim, as regiões de incremento de energia no caso das consoantes não recebem a
denominação de formantes e são simplesmente denominadas de áreas de alta intensidade”
(Russo e Behlau, 1993).
Para Borden, Harris e Raphael (2002), o primeiro, o segundo e o terceiro formantes -
F1, F2 e F3 – estão relacionados com a qualidade de uma vogal e o quarto e o quinto
formantes - F4 e F5 - pela qualidade de uma voz. Os primeiros formantes - F1, F2 e F3 - são
mais instáveis, variam muito de vogal para vogal, enquanto F4 e F5 são mais estáveis.
10
O som pode também ser descrito por meio da sua forma de onda e do espectro.
“Existem propriedades importantes do espectro da fonte glótica que só podem ser observadas
num espectro em decibéis. É o caso da amplitude dos parciais mais agudos que, apesar de ser
pequena, é de extrema importância para a nossa percepção do timbre”. O espectro é o
correlato acústico da qualidade de uma voz (Gauffin e Sundberg, 1989).
O Long-term average spectrum (LTAS), um espectro de força, vem sendo utilizado em
numerosos estudos por permitir “quantificar” a qualidade de uma voz, marcando as diferenças
entre gênero, idade, voz profissional - falada e cantada - e vozes disfônicas, contribuindo
assim não só para a avaliação como para o acompanhamento de treinamentos e/ou tratamentos
(Kitzing, 1986; Hammarberg, Fritzell, Gauffin, Sundberg, 1986; Kitzing e Akerlund, 1993;
Leino, 1993; Leino e Kärkkäinen, 1995; Mendoza, Valencia, Muñoz, Trujillo, 1996;
Cleveland, Sundberg e Stone, 2001; White, 2001; Sjölander, 2003; Laukkanen, Syrja, Laitala
e Leino, 2004; Jorge, Gregio e Camargo, 2004).
O LTAS reflete as características tanto da fonte glótica quanto do filtro para a
qualidade de uma voz (Nordemberg e Sundberg, 2003). Dispõe em um só espectro a média de
vários espectros momentâneos obtidos, por exemplo, a cada 200 milésimos de segundo (5
espectros em 1 segundo = 300 espectros em 1 minuto). No eixo da abscissa ele mostra o nível
de pressão sonora em decibels e no eixo da ordenada, a freqüência em Hertz. Características
do som que são melhores representadas no domínio do tempo, tais como freqüência e
amplitude e, portanto, todas as variáveis a ele associadas (jitter, shimmer e proporção
harmônico/ruído), não são capturadas pelo LTAS, a não ser que interfiram, de fato, no
espectro da fonte glótica. Ou seja, algumas qualidades de voz do tipo rouquidão e aspereza,
relacionadas com a fonte glótica, não são facilmente representadas no LTAS enquanto outras,
que se relacionam com o modo de fonação - mais ou menos tenso - sim, e também as que se
relacionam com as ressonâncias do trato vocal. Mendoza, Valencia, Muñoz, Trujillo (1996)
sugerem que esse é um método particularmente útil porque “fatores mais persistentes (da
voz), que se relacionam às características do espectro da fonte glótica, podem ser
investigados, fatores estes (...) que poderiam não aparecer em amostras de menor duração”.
Para Jorge, Gregio e Camargo (2004), “a análise acústica de longo termo envolve a
observação dos espectros de longo termo enquanto representação de energia ao longo de uma
faixa de freqüência (...). Os aspectos definidos em tal análise são recorrente no tempo, ou seja,
configuram-se como traços estáveis do falante e independem da mensagem falada, mais
especificamente da composição no plano segmental”. Para Laukkanen, Syrja, Laitala e Leino
(2004) e Tanner, Roy, Ash e Buder (2005), o LTAS fornece medidas que podem se constituir
11
em possíveis marcadores objetivos de comparação da qualidade vocal antes e depois da
intervenção terapêutica e ainda, segundo Hammarberg, Fritzell e Schiratzi (1984) e Hartl,
Hans, Vaissiere e Brasnu (2003), antes e depois de procedimentos cirúrgicos, no caso da
avaliação de soprosidade em paralisias de pregas vocais.
I.3.1 Metodologia
Como o LTAS calcula uma média do sinal de fala ao longo de um tempo, para fazer
estas médias e se estabilizar, ele precisa deste tempo que pode variar de 20 até 40 segundos.
Para Li et al (1969), os resultados “para serem de fato confiáveis precisam ter uma duração de
pelo menos 30' ou 40'”. Para White (1998), 20’ é tempo suficiente. Majewski, Rothman e
Hollien (1977) recomendam até 1 minuto de fala para evitar que o efeito decorrente da
maneira particular que cada indivíduo tem de emitir sons interfira na análise. Kiukaanniemi,
Siponem e Mattila (1982) compartilham as mesmas conclusões. Para Leino (1993) o LTAS
nos dá informações sobre a qualidade de uma voz somente se a duração do exemplo “for
longa o suficiente para evitar as particularidades inerentes às emissões de cada sujeito”. No
que diz respeito à metodologia que deve ser empregada para fazermos um LTAS, destacamos
o trabalho de Löfqvist e Mandersson (1987). Em parte deste trabalho, ao tentarem estabelecer
um tempo mínimo para execução do espectro, os autores concluíram que, entre 12' e 9' de
amostragem, não existem diferenças significantes nos valores espectrais obtidos; se este
tempo for menor, os resultados serão fortemente afetados pelas diferentes estruturas dos
fonemas e pela maneira particular que cada indivíduo tem de falar.
Desta forma, se o sinal de entrada for suficientemente longo, o LTAS resultante não
será afetado por características individuais da emissão - sotaque, regionalismo - nem por
diferenças no material da fala. Apesar de não considerar o contexto lingüístico, Löfqvist e
Mandersson (1987) sugerem que um mesmo texto padrão seja sempre usado na coleta de
dados e ainda, que este seja foneticamente balanceado. Estes aspectos fazem aumentar a
confiabilidade das comparações entre diferentes falantes e entre estudos feitos com o LTAS.
Ao fazermos um LTAS, é necessário excluir todos os sons surdos do texto que vai ser
gravado para que as características da fonte glótica possam ser evidenciadas. A influência
destes sons, que são gerados pela fonte sonora de ruído, pode comprometer a interpretação
dos resultados de acordo com Linville e Rens (2001), Forkjaer-Jensen e Prytz (1976), Kitizing
(1986), Löfqvist e Mandersson (1987), Wedin, Leanderson e Wedin (1978) e Wendler,
Rauhaut e Krüger (1980). Para Mendoza, Valencia, Muñoz e Trujillo (1996) “a vantagem de
eliminar os sons não vozeados é que estes podem afetar a média dos segmentos vozeados e
mascarar a informação da fonte de voz”. Löfqvist e Mandersson (1987) apesar de
12
concordarem que “se o objetivo do estudo é conhecer a fonte glótica, tirar os sons não
vozeados da amostra de fala faz muito sentido” demonstram que uma mesma amostra de fala
analisada com e sem pausas e sons não vozeados, ao menos em vozes normais, afeta o
espectro na faixa de 5-8 kHz, o que de fato não compromete a análise do espectro cujas
informações mais importantes – qualidade da vogal e da voz - se concentram até a faixa de
freqüência de 5 kHz.
Nos estudos verificados até então, o LTAS tem sido mensurado de acordo com o
interesse em um ou outro ponto especifico de estudo, “formante do cantor”, “do ator”,
soprosidade na voz etc. Não existem índices ou padrões adotados por todos os autores e esta é
precisamente uma das limitações do seu uso pois, apesar de não inviabilizar, dificulta as
comparações entre pesquisadores (Löfqvist e Mandersson, 1987). Por outro lado, tem a
vantagem de ser uma ferramenta de trabalho flexível.
Ao interpretarmos o espectro do LTA devemos relacionar, em função da amplitude, a
freqüência fundamental e freqüências formantes do trato vocal. As regiões de pico no espectro
do LTA correspondem à média de cada formante de todos os sons amostrados. Existe
consenso entre autores que tanto a inclinação da curva quanto as regiões de pico de um LTAS
estão relacionadas com a qualidade da voz. Esta qualidade compreende o grau de projeção e
brilho da voz profissional falada e cantada, a qualidade da voz que discrimina gênero e faixas
etárias e as diferentes qualidades de uma voz alterada (Leino, 1993; Nawka, Anders, Cebulla
e Zurakowski, 1997, Hammarberg, Fritzell, Gauffin, Sundberg e Wedin, 1980; Anders,
Cebula e Zurakowski, 1997; Mendoza, Valencia, Muñoz e Trujillo, 1996; White, 2001). Estes
picos no espectro, sua freqüência e amplitude, correspondem à extensão da variação da
freqüência fundamental (f0) e dos formantes (F). A região mais grave do espectro, de 0-1kHz,
é a que concentra mais energia sonora e se relaciona fortemente com o nível de pressão
sonora médio de uma emissão. O nível de pressão sonora médio de uma emissão, calculado a
partir de fala encadeada, sem sons surdo, pausas e silêncios também é chamado de Leq. -
equivalent sound level (Nordemberg e Sundberg, 2003).
Existem diversas formas de medir a diferença entre o nível de pressão sonora médio da
região mais forte do espectro e o nível de pressão sonora médio da região mais fraca, ou seja,
a inclinação da curva do LTAS. A proporção Alpha, 1-5kHz menos 1kHz, é uma destas
medidas inicialmente proposta por FrØkjaer-Jensen e Prytz (1976). Estes autores calcularam, a
partir do espectro de 22 vozes saudáveis e 50 vozes alteradas, a razão entre a energia acima e
abaixo de 1 kHz e concluem que uma maior concentração de energia acústica acima de 1 kHz
13
pode ser indicativo de presença de ruído compatível com soprosidade. Hammarberg, Fritzell,
Schiratzki, (1984), priorizando o estudo da correlação perceptual e acústica nas disfonias,
medem o nível de pressão da região da freqüência fundamental (f0), entre 0.4 e 0.6 kHz (F1),
em 1.5 kHz (F2), em 5 kHz e entre 5-10 kHz. As diferenças entre o valor obtido em 0.4 e 0.6
kHz e os outros pontos do espectro são então calculadas. Kitzing (1986) relacionou medidas
acústicas e julgamento perceptivo auditivo de sonoridade e tensão, especificamente e indica
que as medidas mais úteis para isso são: a relação entre o nível de energia acima e abaixo de
1.0 kHz, a inclinação da curva na região de F1, e a proporção entre o nível de energia da
freqüência fundamental e da região que corresponde ao F1. Löfqvist e Mandersson (1987)
propõem para diferentes qualidades de vozes femininas disfônicas “medidas - práticas do
ponto de vista clínico – e que reflitam as propriedades da fonte glótica”, sugerindo calcular a
proporção entre 0-1kHz e 1-5 kHz e entre 5-8 kHz. A primeira medida provê uma visão geral
da inclinação da curva. Um valor alto indicaria que a fundamental e os harmônicos mais
graves dominam o espectro e a curva cai acentuadamente; quando estes valores são baixos, a
queda da curva é menos acentuada. Estas medidas se relacionam respectivamente com vozes
hipofuncionais e hiperfuncionais. Na segunda medida, a energia entre 5.0-8.0 kHz é
investigada. Segundo Yanagihara (1967), um nível alto de energia nesta região está
relacionado com componentes de ruído na emissão. Omory, Kacker, Carrol, Riley e
Blaugrund (1996) usaram uma outra medida para o canto, o Singing Power Ratio (SPR), que
se expressa pela diferença entre as regiões de 2-4kHz e 0-2kHz cujos valores ficaram em
torno de -18,11dB para cantores falando, -11,80dB para cantores cantando e entre -15dB e -
39dB para cantores e falantes sem treino. Pincozower e Oates (2005) usaram medida
semelhante ao SPR para atores e, na loudness habitual e forte, os valores encontrados foram
respectivamente de -12dB e –9,9dB. Lundu (2000) encontrou valores de SPR -10,95dB para
cantores falando e -11,08dB para cantores cantando.
Contribuindo para estes diferentes valores de proporção alpha temos, do ponto de vista
fisiológico, os modos de fonação: um ajuste hipercinético das pregas vocais produz
harmônicos mais intensos pelo aumento da fase fechada do ciclo vibratório, aumento da
velocidade da fase de fechamento das pregas vocais e conseqüente modificação da forma da
onda do fluxo glótico. Na fonação com hipoaduação, ao contrário, os harmônicos perdem
intensidade e são substituídos por ruído (Gauffin e Sundberg, 1989). Para Verdoline, Druker,
Palmer (1998) e Titze (2001), a “voz ressonante” resultado de pregas vocais nem
hiperaduzidas e nem hipoaduzidas, produz uma voz rica em harmônicos ou seja, com menor
proporção alpha.
14
Também um aumento do nível de pressão sonora fortalece a energia nas regiões mais
agudas do espectro, diminuindo a proporção alpha. Nordemberg e Sundberg (2003)
observaram que para um aumento em torno de 10dB houve um aumento de 15-20dB nos
parciais mais agudos do LTAS, em torno de 2.5kHz. Um aumento de energia na região de 2-
4kHz por um efeito de ressonância, como no caso dos “formante do cantor e do ator” também
teria a sua contribuição para diminuir a proporção alpha (Sundberg, 1987; Leino, 1993).
Efeitos de ressonância associados à aproximação de determinadas freqüências na
região mais grave do espectro (tanto a aproximação de F1 do segundo harmônico com a
aproximação de F1 e F2, ambas por modificações nos ajustes articulatórios) além de aumentar
a loudness, fazem com que a curva do espectro caia de maneira menos acentuada. Acker
(1987), comparando emissões tensas com emissões em “ring” de uma atriz treinada pelo
Método Lessac (1967), concluiu que os espectros em “ring” caíram de maneira menos
acentuada a partir do quinto harmônico (1360Hz) enquanto para a emissão tensa, houve queda
a partir do terceiro harmônico (816Hz).
De uma maneira geral, Leino (1993) observou que o LTAS diferenciou, pela
inclinação da sua curva, as vozes de atores masculinos perceptivamente identificadas como
“muito boas” de “muito ruins” porém, as vozes “relativamente boas”, “relativamente ruins” e
“muito boas” não se diferenciaram entre si por este mesmo aspecto. Assim, vozes “sonoras”,
ricas em harmônicos, apresentaram queda menos acentuada do envelope de espectro ao
contrário das vozes “pobres”.
Uma outra medida importante vem da diferença entre o nível de pressão sonora de f0 e
o nível de pressão sonora de F1 (L1 menos L0) que mostrou estar moderadamente
correlacionada com o modo de fonação (FrØkjaer-Jensen e Prytz, 1976; Kitzing, 1986).
Muitas vezes a proporção alpha - a inclinação da curva do espectro - tem que ser analisada
junto com esta variável pois, um aumento de energia na região de agudos, por exemplo, pode
ser compatível tanto com uma voz produzida com maior tensão nas pregas vocais quanto com
uma voz mais rica em harmônicos. O grau de adução das pregas vocais, que se reflete na
relação L1 – L0, vai complementar esta medida. A análise perceptivo-auditiva também.
Gauffin e Sundberg (1989), a partir do glotograma de fluxo diferenciado estabeleceram
correlações entre o modo de fonação e o NPS da freqüência fundamental (L0). Assim, no
espectro de vozes que a apresentam uma hiperadução glótica acentuada a L0 é fraca, e no
espectro de vozes com hipoadução glótica, a L0 é mais forte. Estas variáveis foram ainda
correlacionadas respectivamente com a percepção de voz tensa, forte, sonora e voz soprosa,
fluída, fraca (Hammarberg, Fritzell, Gauffin, Sundberg e Wedin, 1980; Hammarberg, Fritzell,
15
Gauffin e Sundberg, 1986 e Bele, 2002). Kitzing (1986) observa que “L0 forte e L1 fraca
estão presentes no espectro de vozes fluídas e soprosas, enquanto uma L0 fraca e L1 forte, no
de vozes tensas”, indicando respectivamente hiperadução e hipoadução das pregas vocais.
Segundo Sundberg (1987) a amplitude da f0 no espectro pode aumentar 15dB ou mais quando
a fonação passa de um modo tenso para soproso.
O “formante do ator”, pico na região de 3-4kHz, e o “formante do cantor”, pico na
região de 2-3kHz, são outras medidas que podem ser feitas no LTAS. Estes formantes são
calculados a partir da diferença entre estas regiões referidas e a região mais forte do espectro
0 -1kHz que tanto pode ser F1 como f0.
Com o objetivo de facilitar a mensuração destes valores e a comparação entre
diferentes espectros, os valores do LTAS podem ser normalizados, o que significa colocar o
componente mais forte em zero dB, passando os demais componentes a ter um valor em dB
que é negativo.
I.3.2 Efeito do aumento da intensidade no espectro LTA
O nível de pressão sonora total de uma emissão é produto da fonte glótica, da função
de transferência do trato vocal e da radiação deste som no espaço, a maior contribuição
vindo, entretanto, da amplitude de vibração das pregas vocais basicamente controlada pela
pressão subglótica e pelo maior ou menor fluxo de ar que passa por entre as pregas vocais de
acordo com o seu grau de adução; o trato vocal oferece uma contribuição adicional conforme
a relação que se estabelece entre parciais e freqüências formantes (Carlsson e Sundberg,
1992). O espectro da fonte glótica é diretamente afetado por variações de freqüência e de
intensidade. A relação entre loudness e envelope de espectro já foi bem documentada e
discutida em diversos estudos e o principal aspecto a ser destacado é que com o aumento do
nível de pressão de um som, o ganho em dB na região de freqüências agudas é maior que na
região de graves, ou seja, a resposta para todas as freqüências não é linear (Bloothooft e
Plomp, 1986; White, 1998; White e Sundberg, 2000). Com o LTAS não ocorre diferente pois
sendo ele um espectro é de se esperar que se comporte da mesma forma que os outros tipos
de espectros. (Nordemberg e Sundberg, 2003).
Fant (1970) observa que se a loudness de fonação aumenta, a amplitude da
fundamental aumenta menos que a dos harmônicos mais graves: um aumento de 10dB numa
emissão, incide somente em 4dB na f0. Nas vozes soprosas, hipofuncionais, a freqüência
fundamental é o componente mais forte do espectro. Em fonação normal ou forte, o parcial
que é amplificado é o que está mais próximo do F1 e que se relaciona fortemente com o SPL
total de uma emissão (Gramming e Sundberg, 1988).
16
Gauffin e Sundberg (1989) demonstraram que, em cantores barítonos, este aumento
maior de energia nos agudos, teria origem na fonte glótica: um aumento no nível de som é
produzido pelo aumento da pressão subglótica, que, por sua vez, afeta a forma da onda do
fluxo aéreo transglótico pois faz aumentar a fase fechamento (e a fechada) do ciclo vibratório
e assim, distância entre os picos de amplitude do fluxograma. Estes efeitos contribuem para
uma amplitude maior do pico negativo da forma da onda do fluxograma diferenciado que, por
sua vez, determina a amplitude dos parciais do espectro (Fant, Qi-guang e Gobl, 1985). A
amplitude dos parciais mais agudos é particularmente sensível à velocidade da fase de
fechamento do ciclo vibratório, i.e. da velocidade com que o fluxo de ar diminui no final da
fase aberta: quanto mais rápida esta velocidade de fechamento, maior a pressão subglótica, e
mais intensos os harmônicos agudos do espectro. Fant (1970), em um estudo teórico
demonstra que para adultos, um aumento de 10dB no nível de pressão sonora resulta num
aumento de quase 3dB por oitava, acima de 3 kHz. Para Sundberg (1987) um aumento de 6dB
na região de graves corresponde a 9dB na região de agudos. Ternström (1993) conduziu um
estudo com cantores coralistas adolescentes e adultos em diferentes ambientes e estabeleceu
um “fator ganho freqüência-dependente” que permite calcular o envelope de espectro do LTA
por banda de freqüência, a partir de determinado nível de pressão sonora. Nos seus resultados,
um ganho de 10dB na intensidade total, resultou num acréscimo de 10dB na região de 0.8
kHz, e de 20dB em 3 kHz. White e Sundberg (2000) analisando a influência da variação de
intensidade no espectro de cantores barítonos, por meio do LTAS, observaram que um
aumento em 10 dB no nível de pressão sonora total incidia em 15/20 dB nos parciais
próximos de 5 kHz, sendo este incremento, uma função linear do log da pressão subglótica.
Nordemberg e Sundberg (2003) indicam que um aumento no nível de pressão sonora causa
um aumento menor no espectro na região de 0.5 kHz do que em 3 kHz, ou seja, não é
uniforme para todas as freqüências e, usando o mesmo fator proposto por Ternström (1993),
concluem que, em todas as bandas de freqüências abaixo de 1 kHz e acima de 4 kHz, existe
uma relação linear (1.0) entre aumento do Leq e o aumento de amplitude dos parciais. Entre 1
kHz e 4 kHz este ganho pode ser estimado com uma margem de erro de 2dB a 3dB pelo fator
ganho freqüência - dependente que para mulheres é de 1.4 e para os homens, 1.6.
Desta forma pode-se questionar a validade de comparar dados produzidos em
diferentes níveis de intensidade. Só tem sentido falar de dB NPS mensurado se esta distância
for especificada – 15dB @ 30cm. É possível comparar valores do NPS obtidos em diferentes
distâncias usando a fórmula 10 log
10
(d2/d1)
2
ou 20 log
10
(d2/d1) onde d2 é a distância que eu
mensurei e d1 a distância que eu quero mensurar. Exemplo: NPS calculado à 10cm = 80dB.
17
Para calcular o NPS à 40cm, a diferença entre as duas distâncias seria dada por 20 log (10/40)
= 20 log 0.25 = 20 x (-0.602) = -12dB. 80dB – 12dB = 68dB, que seria o NPS mensurado à
distância de 40cm (Rossing, 1990). Para minimizar esta interferência, o registro de um sinal
de fala pode ser controlado por decibelímetro bem como a distância entre falante e microfone,
já que monitorar o esforço fonatório é praticamente impossível. Calibrar o programa de
análise acústica por meio de um som de referência também é quesito básico na mensuração do
nível de pressão sonora.
I.3.3 LTAS e qualidade de voz
A análise de um LTAS, como mencionado, revela eventos acústicos que refletem as
contribuições tanto da fonte glótica quanto do trato vocal para uma qualidade de voz. Estes
eventos devem ser sempre relacionados com a nossa percepção auditiva e com a fisiologia da
voz. Assim, o aumento de energia em determinadas regiões do espectro confere com a nossa
percepção de brilho e projeção de uma voz cantada ou falada, de vozes que discriminam
gênero, faixa etária (White, 1998; White, 2001; Linville e Rens, 2001, Sjölander, 2003) e
ainda, de uma gama de qualidades de vozes alteradas (Hammarberg, Fritzell, Gauffin,
Sundberg e Wedin, 1980; Hammarberg, Fritzell e Schiratzki, 1984; Hammarberg, Fritzell,
Gauffin e Sundberg, 1986). Destacamos os estudos brasileiros com o LTAS de Soyama,
Espassatempo, Gregio e Camargo (2005) que pesquisaram a qualidade vocal de idosos e
Camargo (2002); Camargo, Vilarim e Cukier (2004); Jorge, Gregio e Camargo (2004), com
vozes disfônicas.
Buscando marcar as diferenças acústicas entre vozes masculinas e femininas para além
da freqüência fundamental, da distribuição de F1 e F2, e da relação entre f0 e F1, os
resultados de Mendoza, Valencia, Muñoz e Trujillo (1996) mostraram um nível alto de
energia, provavelmente proveniente de ruído aspirado, para o gênero feminino na região
3kHz, correspondente ao terceiro formante (F3) e, em função deste ruído, uma inclinação
menos acentuada da curva espectral. O ruído estaria relacionado com uma fenda triangular
posterior comum às mulheres que lhes daria uma qualidade de voz soprosa. A autora
considera que este padrão de voz pode ter sido “escolhido” por influência de um
comportamento sócio cultural, ao menos entre as mulheres americanas e espanholas, grupos
até então estudados por meio do LTAS. Esta qualidade vocal vem ao encontro dos resultados
de Klatt e Klatt (1990).
Em diferentes loudness de fonação, Nordemberg e Sundberg (2003) observaram que a
freqüência do F3 é quase 20% mais aguda para as mulheres, que apresentaram picos em
2.9kHz e 4.1kHz. Para os homens, estes picos estão em 2.4kHz e 3.4kHz. Referem que para
18
um mesmo nível de pressão sonora de 70dB, as mulheres apresentaram uma curva de
espectro em média 3.5dB mais forte na região de 1-4kHz, provavelmente por que tendem a
necessitar de um maior grau de esforço vocal para alcançar uma mesma intensidade que os
homens. Os autores apontam que as mulheres, ao aumentar a loudness de fonação no canto
lírico, o fazem mais por adução glótica do que permitindo uma maior vazão do fluxo de ar
entre as pregas vocais o que gera um primeiro formante muito mais forte que o habitual, e
ainda, um pico na região de agudos, F3, relacionado mais com uma maneira tensa de vibrar
as pregas vocais do que propriamente com um aumento de intensidade ou com projeção
vocal.
Linville (2002) identificou várias diferenças em pontos específicos de espectros de
mulheres jovens e idosas: ambas teriam uma voz soprosa, mas são diferentes as freqüências
onde a soprosidade aparece: em 3.040 Hz e em 3.2 kHz, respectivamente, sendo que estes
níveis de energia seriam menores para os idosos quando comparados às idosas. O espectro de
homens idosos também indica uma maior soprosidade que o de jovens, reforçando os
achados da tele-laringoscopia que mostra fenda glótica para esta faixa etária. White (1998)
registrou no LTAS de crianças, uma maior concentração de energia na região de 5kHz para o
gênero masculino, o que identificaria estas vozes infantis. Também observou que as meninas,
assim como as mulheres adultas, tendem a falar mais forte usando uma maior adução glótica
do que dando maior vazão ao fluxo de ar entre as pregas vocais (White, 1998; White, 2001) o
que influencia o espectro do LTAS. Sjölander P (2003), comparou os resultados do LTAS
com a análise – perceptivo-auditiva da voz de 30 meninos e 29 meninas entre 3 e 12 anos. Os
resultados mostraram um pico proeminente na região de 5kHz nos espectros de vozes
identificadas perceptivamente como sendo de meninos, e uma curva um pouco mais plana
para as vozes percebidas como sendo de meninas – independentemente destas vozes serem
de fato de meninos e/ou de meninas. Estes achados sugerem que existem diferenças entre
meninos e meninas, que se revelam em emissões de longo termo, e que podem ser
mensuradas acusticamente. Entretanto, não ficou claro se este pico carrega informações
perceptivas.
Gauffin e Sundberg (1977), Wendler, Rauhaut e Krüger (1980), Hurme e Sonninem
(1985), Löfqvist e Mandersson (1987) entre outros autores, estudaram diversos tipos de
vozes disfônicas por meio do LTAS. FrØkjaer-Jensen e Prytz (1976) e Löfqvist (1986)
tiverem nos seus experimentos a preocupação de definir as características do LTAS que
poderiam ser usadas para classificar a etiologia de uma alteração vocal, porém não foram
bem sucedidos. O LTAS não pode ser empregado para dizer se existe ou não uma lesão
19
laríngea e qual é a natureza desta lesão. Já Hammarberg, Fritzell, Gauffin, Sundberg, Wedin
(1980), Hammarberg, Fritzell, Schiratzki (1984) e Hammarberg, Fritzell, Gauffin e Sundberg
(1986) - relacionando aspectos fisiológicos, perceptivo-auditivos e acústicos das alterações
de voz por meio do LTAS foram mais bem sucedidos ao agrupar diferentes qualidades de
vozes disfônicas, que poderiam se manifestar em uma ou mais afecções, e considerando este
aspecto, relacioná-las ao espectro acústico. Os autores observam que “procurar semelhanças
no LTAS a partir de um diagnóstico de alteração laríngea, desconsiderando a avaliação
perceptivo-auditiva, não pode dar certo, pois, o tipo de voz para um mesmo diagnóstico
etiológico e, conseqüentemente, o seu espectro, pode variar consideravelmente”.
Nas vozes de qualidade soprosa, com fechamento glótico incompleto de pregas vocais,
as principais características do LTAS são: pouca concentração de energia na região de 0.4 –
4 kHz, correspondente aos principais formantes, com uma inclinação acentuada da curva até
5 kHz e grande concentração de energia na região de 5-8 kHz (Hammarberg, Fritzell,
Gauffin, Sundberg e Wedin, 1980). Nolan (1983) observou que no espectro de vozes
soprosas e nos diferentes tipos de falsetes, a curva espectral cai de maneira abrupta,
acentuada, até 3 kHz o mesmo ocorrendo no espectro de vozes ásperas, resultantes da
vibração das bandas ventriculares, e no espectro de vozes crepitantes. Hurme e Sonninen
(1985) também constataram que no espectro das disfonias por paralisia de pregas vocais, a
grande concentração de energia fica acima de 7 kHz. Camargo (2002) e Camargo, Vilarim e
Cukier (2004), em trabalhos brasileiros, estabeleceram correlações positivas entre ajustes
laríngeos e supra-laríngeos constatados na avaliação de disfonias com motivação fonética
(avaliação perceptivo-auditiva) e medidas do LTAS, mais especificamente com a inclinação
espectral.
Estudos longitudinais, constatando a evolução e desenvolvimento normal ou alterado
também são possíveis por meio do LTAS. Hartl, Hans, Vaissiere e Brasnu, (2003)
compararam 2 casos de paralisia laríngea, antes e depois do surgimento do sintoma de
soprosidade, e observaram um aumento de energia na região média e aguda do espectro e
decréscimo na região mais grave. Laukkanen, Sundberg e Björkner (2004) investigaram os
aspectos fisiológicos, acústicos e perceptivo-auditivos da “voz na garganta”, em apenas 2
casos, um indivíduo do sexo masculino e outro feminino. Esta qualidade de voz, embora não
esteja associada às lesões laríngeas, é nociva à saúde vocal. Dentre os resultados,
relacionaram a percepção desta qualidade ao aumento de energia na região de F1, diminuição
em F4 e, nas vogais anteriores, diminuição do F2 – relacionado ao estreitamento da faringe.
No indivíduo masculino, ainda, existem evidências de um ajuste motor hiperfuncional.
20
Outros autores merecem ser lembrados pela sua contribuição no esclarecimento tanto
da metodologia quanto do uso do LTAS: Williams e Stevens (1972), Pittam, Gallois, Callan
(1990) e Laukkanen, Vilkman, Alku, e Oksanen (1997) estudaram o papel da expressão das
emoções na qualidade da voz; Nolan (1983) estudou diversas qualidades de voz tendo como
referência settings ou ajustes musculares de longa duração impostos ao aparelho fonador
(Laver, 1980) e Kiukaanniemi, Siponem e Mattila (1982), como a maneira particular de falar
de cada indivíduo afeta o LTAS.
O LTAS não tem valor diagnóstico uma vez que um mesmo espectro pode ser
relacionado com vários tipos de vozes, o diferencial sendo dado pelo o que ouvimos
enquanto qualidade vocal. A questão da reprodutibilidade do experimento deve ainda ser
sempre considerada quando usamos este tipo de análise já que voz de um mesmo indivíduo
pode se apresentar diferente em momentos diferentes.
I.3.4 LTAS e as vozes profissionais: o “formante do ator”
O LTAS também tem sido empregado com bastante sucesso no estudo das vozes
profissionais, de cantores líricos e de atores de teatro. Johan Sundberg é com certeza uma das
maiores autoridades neste assunto, destacando-se com suas pesquisas na área do canto lírico.
No espectro de cantores líricos masculinos, Bartholomew (1934) um pico na região de
3-4kHz. Os estudos de Sundberg (1974) sobre a produção vocal destes cantores, levaram-no
ao conceito do “formante do cantor” (FC), ressonância adicional que diferencia canto de fala.
Também seria o responsável pela nossa percepção de que a voz do cantor pode ser ouvida
claramente na presença de toda uma orquestra. Este formante, fortemente relacionado com a
percepção de “brilho” e de projeção vocal, dependendo da classificação da voz, estaria
localizado na região de 2.3-3 kHz em baixos e 3 kHz e 3.8 kHz em tenores (Seidner, Schutte,
Wendler, Rauhut, 1983) e seria resultado de um fenômeno de ressonância que se traduz pelo
agrupamento dos formantes 3, 4 e 5 - F3, F4 e F5 - a partir de uma determinada configuração
glótica: um estreitamento do vestíbulo laríngeo em relação ao tubo da faringe, numa
proporção de 1:6, e ainda um alargamento da região dos ventrículos laríngeos – aumentar o
diâmetro de um tubo aberto-fechado, como o trato vocal, abaixa a sua freqüência de
ressonância - que ocorre quando a laringe abaixa (Sundberg, 1974). A laringe, assim isolada,
tem a sua própria estrutura formântica e atuaria como um ressonador independente gerando
um formante “extra” entre o terceiro e quarto formantes. O nível de pressão sonora do
“formante do cantor” depende de vários fatores, dentre eles o NPS total da emissão. O FA é
mensurado em relação ao nível de pressão sonora do F1 (Sundberg, 1987). De fato, a maioria
21
das escolas de canto lírico enfatiza a importância técnica do abaixamento da laringe para
homens na produção de uma voz mais “brilhante”, mais rica.
A partir destas colocações, pesquisas foram desenvolvidas nos mais diferentes estilos
de canto, verificando a possibilidade de carregar ajustes ressonantais do canto para a fala
(Barrichelo, Heuer, Dean e Sataloff, 2001; Cleveland, Sundberg e Stone, 2001; Stone,
Cleveland, Sundberg e Prokop, 2003) e ainda, estudos onde se buscou relacionar a variação
de parâmetros tais como freqüência fundamental, NPS, estrutura formântica das vogais,
classificação vocal com a freqüência central e o NPS do “formante do cantor” (Sundberg e
Nordströn, 1983; Bloothoot e Plomp, 1986; Sundberg, 1987; Sundberg, Gramming, Lovetri,
1993; Sundberg, Titze, Scherer, 1993; Schutte, Miller e Svec, 1995; Weiss, Brown e Morris,
2001; Sundberg, 2001). No Brasil, citamos os trabalhos de Figueiredo (1993) que confirma
ser possível identificar por meio do LTAS, a identidade de um falante, e Navarro (2000) que
observou uma qualidade de voz crepitante na fala espontânea e fluída em narrações de
locutores esportivos.
Também na voz falada, este achado teve repercussão. Na mesma linha de raciocínio de
Sundberg, Leino (1993) começou a pesquisar a voz do ator e propôs o termo “formante do
ator” (FA) ou “formante do falante” (FF) para o pico identificado no LTAS de atores
masculinos finlandeses, em torno de 3.5kHz, e que seria resultado de um agrupamento do
quarto e do quinto formantes, F4 e F5, localizado “1.0kHz acima do “formante do cantor”
(FC) mas com menor amplitude, -15 e -25dB para as vozes muito boas, chegando a 10dB a
diferença entre pico e vale”. Comparável ao FC enquanto fenômeno de ressonância estaria
ainda relacionado com vozes perceptivamente avaliadas como sendo boas ou projetadas.
O “formante do ator” pode ser intensificado por meio do treino de voz e dicção. Leino
e Kärkkäinem (1995) intensificaram o treinamento de voz de 7 alunos de teatro – masculinos -
com aulas extracurriculares. Especial atenção foi dada para os exercícios de ressonância com
objetivo fortificar a faixa de 3.5kHz. A comparação entre espectros antes e depois do
treinamento mostrou uma curva com declive menos acentuado - provavelmente devido ao
aumento de energia nas freqüências mais agudas - além de um aumento significativo da
freqüência central do formante do falante, confirmando assim a sua importância na projeção
da voz. Munro (2002) acompanhou com eficiência um treinamento de voz e dicção por meio
do LTAS e, entre os resultados, observou um aumento de energia na faixa da freqüência
fundamental (f0) e primeiro formante (F1) decorrente de um ajuste entre essas duas
freqüências que estaria relacionado ao mecanismo de projeção vocal citado por Raphael e
22
Scherer (1987) e ainda, um aumento de energia em 2.5kHz e 3kHz, e em 4-4.5 kHz, aspectos
que se correlacionaram com a percepção auditiva de voz projetada. Leino e Kärkkäinem
(1995) e posteriormente, Laukkanen, Syrja, Laitala, Leino (2004) treinaram a voz falada de
um grupo de alunos de teatro e observaram, após 2 meses de treino com apoio visual em
tempo real de programas de análise acústica, um aumento de 3-4dB na região de 3-5kHz no
espectro do LTA chamando assim a atenção sobre a efetividade do treinamento para fortalecer
esta região.
Estudos realizados com atores americanos, finlandeses, alemães, sul africanos,
noruegueses e australianos comprovaram a tendência de um “formante do ator” nos espectros
de vozes projetadas.
I.4 Revisão dos estudos com o LTAS
Acker (1987) em um estudo preliminar com uma professora e atriz treinada pelo
método Lessac (1967) verificou por meio das análises perceptivo-auditiva e acústica, e RX
lateral, se existe um efeito de ressonância associado às mudanças da forma do trato vocal
entre dois tipos de emissão projetada da vogal /o/: em ring - faringe e/ou a laringe aberta - e
com constrição - faringe e/ou laringe tensa. Este efeito de ressonância faria com que a voz em
ring fosse percebida como mais forte. As gravações foram julgadas por 10 sujeitos treinados
que deveriam avaliar somente a loudness e não a qualidade da voz. 80% dos juízes
selecionaram a emissão em ring como sendo mais forte e referiram que lhes dava uma
sensação de vibração, de som claro, forte e não abafado. Na espectrografia, a amplitude
relativa dos harmônicos for calculada, e o envelope de espectro mostrou uma queda a partir
do quinto harmônico (1360Hz) nas emissões em ring, enquanto nas emissões tensas a
amplitude caiu a partir do terceiro harmônico (816Hz). O ring teve maior amplitude na região
de 1.3kHz, 2kHz e em 3.6kHz, um nível de pressão sonora maior - em média 3.8dB mais forte
- e no RX, a abertura da mandíbula foi maior, a laringe mais alta e a língua mais afastada da
parede da faringe. As semelhanças entre os envelopes de espectros sugerem a não existência
de diferença de loudness entre as duas produções. O autor, com base nos seus resultados,
questiona se esta percepção de loudness aumentada na emissão em ring estaria relacionada
com o aumento de energia na região mais grave do espetro, resultado de uma determinada
configuração do trato vocal, mais aberto, mais relaxado, e que propiciaria um efeito de
ressonância – F1 próximo de f0 - ou se estaria relacionada com uma diferença na qualidade da
voz evidenciada por uma inclinação menos acentuada da curva do espectro e que seria
resultado da fonte glótica. Conclui que é preciso de uma casuística maior para que se possam
23
estabelecer correlações entre os aspectos fisiológicos, acústicos e perceptivo-auditivos destas
emissões. O ring para Arthur Lessac (1967) é produto de um ajuste articulatório muito
específico onde a mandíbula está bem aberta, os lábios arredondados e protruídos, a ponta da
língua avançando sobre os dentes incisivos inferiores, o dorso da língua abaixado, o palato
mole elevado. Existe uma sensação subjetiva de garganta aberta e ainda, o falante deve sentir
uma sensação forte de vibração na cavidade oral. A voz do ator, quando bem projetada,
apresentaria este ring.
Raphael e Scherer (1987) em outro estudo preliminar que envolveu 4 atores
americanos – 2 homens e 2 mulheres - treinados pelo método Lessac (1967) avaliaram por
meio da análise acústica as emissões em modo habitual e em call.- outra técnica do Método
Lessac (1967). Os resultados apontaram para diferenças significantes inter-sujeitos quando
comparadas as emissões: a região do F1 despontou no call e diminuiu na região do segundo
formante, o que acabou por acentuar o primeiro formante. Segundo os autores nesta emissão
ocorreu um ajuste entre F1 e segundo harmônico quando o ator “aumentou a abertura da
mandíbula, protruiu os lábios, relaxou a língua e manteve a faringe aberta”. Já a energia na
faixa de freqüência de 2.150 e 2.350Hz, região do F3, foi relativamente maior para três dos
quatro sujeitos. A projeção do F1 e este pico de energia na região de F3, embora não
coincidentes com o “formante do cantor” sugerem ser este aspecto importante para a
percepção de uma voz projetada do ator.
Leino (1993), no primeiro artigo que buscava a existência de um “formante do ator”,
investigou se o Long term average spectrum seria uma ferramenta eficiente para esta tarefa.
48 atores finlandeses foram então gravados e classificados auditivamente por profissionais da
área em quatro grupos: vozes muito boas, razoavelmente boas, razoavelmente ruins e ruins.
Os resultados indicam que o LTAS é um instrumento adequado para diferenciar estas
qualidades de voz de acordo com os seguintes parâmetros: inclinação do envelope de espectro
e o pico em 3.5kHz. O envelope do espectro diferenciou vozes muito ruins das outras vozes,
mas não diferenciou entre si as vozes muito boas, razoavelmente boas e as razoavelmente
ruins vozes. E o pico em 3.5kHz, calculado a partir da diferença entre o pico mais forte do
espectro (região de F1) e o pico em 3-4kHz, caracterizaria o “formante do falante” ou
“formante do ator” (FA), principal característica acústica das vozes muito boas. Este pico
variou entre -15 e -25 dB para as vozes muito boas e ainda, quanto maior o pico, mais
acentuado as regiões de vale que o circundavam, chegando a 10dB esta diferença entre pico e
vale. Já para as vozes pobres, ficou em - 30dB. Segundo o autor, o “formante do ator” é mais
fraco e está localizado quase que 1kHz acima do “formante do cantor”, podendo ser uma
24
fusão entre F4 e F5. Uma observação importante que Leino (1993) fez neste estudo é que o
“formante do falante” não é “pré-requisito absoluto” para uma boa voz mas sim uma
tendência pois na sua amostragem algumas boas vozes apresentaram este pico bem fraco
enquanto vozes ruins apresentaram um pico forte. O autor questiona ainda, diante destes
resultados se, para a nossa percepção auditiva de qualidade vocal, não seria de maior
importância a distância entre F3 e F4 e a distância do vale ao pico do FA. O autor conclui que
o “formante do falante” é resultado de um efeito de ressonância que ocorre quando a área do
vestíbulo laríngeo é menor que a área da faringe o suficiente para atuar como um tubo de
ressonância independente. A natureza do formante do ator ainda não está totalmente
esclarecida.
Nawka, Anders, Cebulla e Zurakowski (1997) estudaram as vogais em fala encadeada
emitidas por três grupos de falantes masculinos alemães cujas vozes foram classificadas como
normais, moderadamente roucas e trabalhadas (voz de ator). Aos atores foi ainda solicitada
uma leitura em 3 níveis de intensidade: 60dB, 80dB e 100dB. No envelope de espectro, um
aumento de energia entre 3.150 e 3.700Hz, região do quarto formante, foi estatisticamente
confirmado durante a análise das vogais de vozes trabalhadas. A esta concentração de energia
chamaram de “formante do falante”. Nos espectros, a queda de intensidade ao longo das
freqüências foi menos acentuada nas vozes de qualidade sonora – dos atores – e nas suas
emissões em intensidade mais forte, quando comparadas respectivamente às vozes normais e
moderadamente roucas. Os autores concluíram que o formante do falante está relacionado
com a qualidade “sonora” e “brilhante” de uma voz, e que é cerca de 10dB mais forte nas
vozes masculinas profissionais que nas normais em intensidade de conversação em 60dB.
Emitida em 80 dB, a freqüência central do formante aparece 30dB acima que a encontrada
para as vozes normais; porém, em 110 dB, a energia do espectro aumenta somente nas bandas
críticas adjacentes mas não na freqüência central.
Munro, Leino e Wissing (1996) propuseram mais um estudo preliminar onde a
eficiência do o y-buzz, exploração da voz usada no método de Lessac (1967), foi avaliado. Por
meio do LTAS compararam as emissões do próprio Lessac explorando o y-buz” e depois,
lendo um texto em prosa. As mesmas tarefas foram solicitadas para atores sul-africanos
treinados e não treinados. A eficácia do método foi comprovada ao mesmo tempo que
reforçou a hipótese da existência do “formante do falante” uma vez que os espectros do
professor Lessac e dos atores treinados, apresentaram em ambas as emissões, uma maior
concentração de energia na região de 3-4kHz.
25
Pinczower e Oates (2005) em estudo preliminar com 13 atores australianos,
procuraram determinar se o LTAS pode distinguir projeção vocal emveis de pressão sonora
confortável e máxima, investigar se existem diferenças perceptivas entre estas duas condições
de projeção e determinar relações entre achados acústico e perceptivo-auditivo. Os autores
mensuraram a diferença entre o NPS da região de 2-4 kHz e 0-2ekHz e a diferença entre os
picos mais fortes no espectro do LTAS destas mesmas regiões. A análise perceptivo-auditiva
feita pelos próprios atores e por especialistas considerou as seguintes qualidades de voz:
tensão, aspereza, soprosidade e projeção. A projeção foi definida como “o quanto esta voz é
clara e levada naturalmente, sem esforço”. E ainda, quanto uma voz tem “ressonância
balanceada e rica”. Os resultados mostraram que quando o NPS aumenta, a diferença entre o
NPS de 2-4kHz e 0-2kHz diminui. Em relação à análise perceptivo-auditiva, as vozes com
projeção máxima foram melhores avaliadas em relação à percepção do grau de projeção.
Atores também pareceram ter uma voz mais tensa na condição de máxima projeção que na
confortável. A auto-avaliação feita pelos atores não mostrou diferenças estatisticamente
significantes com a avaliação feita pelos especialistas, a não ser no grau de tensão. Quando a
diferença entre estas regiões mais forte e mais fraca do espectro diminui, a projeção aumenta,
a percepção de tensão aumenta e a percepção de soprosidade diminui. Em relação aos picos
do espectro, a projeção e a percepção de tensão aumentaram com a diminuição da diferença
entre os picos da região forte e fraca. Os autores concluem que o LTAS consegue diferenciar
estas duas condições de projeção vocal e que atores que têm boa projeção de voz apresentam
no espectro do LTA um pico semelhante ao fenômeno acústico do “formante do cantor”.
Bele (2002), comparando vozes de atores e professores noruegueses, observou as
seguintes diferenças no LTAS: atores têm mecanismos de emissão mais eficiente em
intensidades fortes e portanto, valores menores na relação entre L1 e L0, a região do
“formante do falante” é mais forte para os atores mas não tão forte como referido pela
literatura. Segundo a autora, a avaliação auditiva foi mais eficiente que o LTAS na
diferenciação destas vozes, o que a leva a seguinte questão: algo afeta o nosso julgamento
subjetivo de qualidade vocal, algo que não pode ser objetivamente mensurado. Em relação ao
pico em 3.5kHz, Bele (2002) observa que este também pode estar relacionado com vozes
nasalizadas, ásperas e em vocal fry, reforçando a necessidade de considerar a nossa percepção
quando estivermos fazendo a análise com o LTAS.
26
I.5 Justificativa
A análise perceptivo-auditiva tem sido considerada como o “padrão ouro” da avaliação
fonoaudiológica no que se refere à voz, seja ela profissional, não profissional ou disfônica e,
como qualquer método de avaliação que envolve a subjetividade, o consenso entre autores
sobre o emprego desta ou daquela terminologia, ou mesmo, a concordância inter e intra
sujeitos no julgamento de uma voz, é pequena e gera bastante confusão.
A análise acústica computadorizada, por sua vez, se propõe a complementar a análise
perceptivo-auditiva com dados mais objetivos.
Entre as opções de análise espectrográfica, o long term average spectrum (LTAS) tem
sido apontado como uma ferramenta promissora por considerar a contribuição tanto da fonte
glótica quanto do filtro para a qualidade de uma voz (Kitzing, 1986; Hammarberg, Fritzell,
Gauffin, Sundberg, 1986; Kitzing e Akerlund, 1993; Mendoza, Valencia, Muñoz, Trujillo,
1996, 1996; Cleveland, Sundberg e Stone, 2001; White, 2001; Jorge, Gregio e Camargo,
2004).
Estudos feitos com o LTAS evidenciaram, nas vozes projetadas de atores masculinos,
um pico de grande amplitude na região de 3.4kHz, o “formante do ator”, que estaria
moderadamente relacionado com a percepção auditiva de projeção vocal, de brilho na voz
(Leino, 1993; Bele, 2002; Laukkanen, Syrja, Laitala e Leino, 2004; Pinczower e Oates, 2005).
As características acústicas do espectro de uma voz projetada, sua relação com a
análise perceptivo-auditiva e ainda, a própria análise perceptivo-auditiva que não contempla
de maneira satisfatória a avaliação destas vozes profissionais, precisam ser melhor
investigadas. Por outro lado, o “formante do ator”, sua natureza, a configuração do trato vocal
que estaria na sua gênese, sua freqüência central e amplitude, sua relação com a qualidade da
voz, são ainda assuntos controvertidos. E, finalmente, explicar a variância do “formante do
ator” em função de parâmetros acústicos tais como NPS, modo de fonação, freqüência
fundamental, NPS da freqüência fundamental, estrutura formântica das vogais, por si só,
constitui um vasto e inexplorado campo de pesquisa.
No Brasil são poucos os estudos com LTAS, estudos estes que investigam
especialmente as vozes disfônicas (Camargo, 2002; Camargo, Vilarim e Cukier 2004; Jorge,
Gregio e Camargo, 2004; Soyama, Espassatempo, Gregio e Camargo 2005), e Navarro
(2000), com voz profissional de locutores esportivos.
Estudos envolvendo a análise perceptivo-auditiva e determinados parâmetros acústicos
relacionados à projeção vocal tais como - o nível de pressão sonora médio, a f0, o modo de
fonação, a inclinação da curva do espectro, o “formante do ator” e outros parâmetros - em
27
emissões de longo termo, em diferentes loudness e ainda, por meio do LTAS, são
inexistentes.
Conhecer as diferenças entre as vozes de atores e não atores nos seus aspectos
perceptivos e acústicos, especialmente por meio do Long-term average spectrum, poderá
contribuir para o re-direcionamento tanto da avaliação quanto da preparação vocal destes que
buscam uma técnica vocal econômica e eficiente, os atores.
II. OBJETIVOS DO ESTUDO
II.1 Objetivo geral
Comparar a voz de atores e não atores nas loudness habitual, moderada e forte, por
meio da análise acústica e perceptivo-auditiva e verificar as correlações entre as diferentes
variáveis.
28
III. MÉTODO
A presente pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética Médica da UNIFESP-EPM em
31 de outubro de 2003, CEP 1141/03. Todos os sujeitos concordaram livre e espontaneamente
em participar deste trabalho, e tiveram conhecimento de que as amostras de voz seriam
analisadas e eventualmente, apresentadas ao público mas, que suas identidades estariam
preservadas.
III.1 Estudo
Estudo de desenho transversal, descritivo analítico das características das vozes de
atores e não atores, por meio da análise acústica e da análise perceptivo-auditiva.
III.2 Amostra
Vozes de 11 atores e 10 não atores em loudness habitual, moderada e forte sendo todos
os sujeitos do gênero masculino, tendo no português brasileiro a sua língua- mãe.
III.2.1 Critérios de inclusão
Para o grupo de atores, houve a exigência de um tempo mínimo de atuação de 5 anos
em teatro, treino formal de voz de pelo menos 1 ano e estar em cartaz no momento da
gravação. Para os não atores, não poderiam ter tido nenhum treino formal de voz falada ou
cantada e nem usar a voz profissionalmente.
III.2.2 Critérios de exclusão
Para ambos os grupos, a idade não poderia ser inferior a 20 anos, para garantir a
maturidade da voz, e não poderia ser superior a 60 anos, para excluir a possibilidade de
presbifonia, e ainda não poderia haver história pregressa ou atual de disfonia.
III.3 Coleta dos dados
III.3.1 Instruções
Antes das gravações, os participantes responderam um questionário breve (Anexo 1).
Atores e não atores leram um mesmo texto (Anexo 2) para os quais foi dada a seguinte
instrução: “- vocês vão ler este texto imaginando que estão falando em um espaço pequeno,
como o do Teatro Eugenio Kusnet (130 lugares); na segunda leitura, vão imaginar o espaço
de uma sala média, como a sala do Teatro João Caetano (500 lugares); e por último uma sala
grande, como a sala Esther Mesquita do Teatro de Cultura Artística (1150 lugares)”.
III.3.2 Texto
O texto usado para gravação foi “A descoberta de Cristóvão Colombo” de Mowa
Lebesque, de aproximadamente 190 palavras (Anexo VIII.2).
29
III.3.3 Gravações
Os sujeitos foram gravados em cabine acusticamente tratada e com medição de ruído
abaixo de 30dB em seu interior. O microfone foi posicionado a 15cm de distância dos falantes
que estavam em pé.
O equipamento utilizado para registro das vozes foi um gravador DAT (Digital Audio
Tape) da marca Sony®, modelo TDC-D8, freqüência de 44.1 kHz, padrão CD e microfone
Shure SM58®, unidirecional dinâmico (cardióide). No total, foram gravadas 63 vozes – 11
atores e 10 de não atores - na loudness habitual, moderada e forte. A duração das gravações
foi de 90’.
III.3.4 Calibração do sistema
Para calibrar o programa usamos o Decibelímetro Minipa, modelo MSL 1350, com o
filtro de freqüência de ponderação-A e um gerador Korg GA-30. Após cada gravação foi
gerado um som de referência de freqüência Lá
3
por meio do gerador posicionado a 15cm do
microfone. A intensidade do som foi fixada em 80dB, por meio do decibelímetro colocado
junto ao microfone, isto é, a 15cm do gerador de som. Este som de referência foi registrado no
DAT sendo sua intensidade fixada em 80dB por meio do decibelímetro posicionado a 15cm
do gerador, junto ao microfone.
III.4 Análise acústica
III.4.1 Programas e configurações
Para a análise acústica foram digitalizadas apenas 40’ da amostra de cada indivíduo,
sendo desprezados o início e o fim de cada gravação.
Os espectros do LTAS para cada indivíduo foram feitos por meio do Analisador de
Sinal Hewllett-Packard 3561A. A extensão de freqüências analisada pelo programa foi de 0-
10kHz, janelamento Hanning, com resolução de janela de tempo de 40msec e largura de
banda de 37.5Hz. Os sons não vozeados, sons fracos, /s/ e as pausas foram automaticamente
cortados pelo programa.
Para obter os LTAS médios para grupo, nos diferentes níveis de pressão sonora, foi
usado o programa Spectrum_Awe desenvolvido pela DSP- Systems, Heikki Alatalo, M. Sc.
Este programa permitiu ainda transpor os valores em decibéis das freqüências do LTAS, a
cada 25Hz, para um arquivo Excel, a partir do qual as análises estatísticas foram feitas.
30
Para calcular o nível de pressão sonora médio, a proporção Alpha e a freqüência
fundamental, usamos o sistema de análise computadorizada Intelligent Speech Analyser (ISA)
desenvolvido por Raimo Toivonen M. Sc. Eng.
Ainda por meio do ISA, refizemos os LTAS. A extensão das freqüências analisadas foi
de 0-11kHz, os LTAS normalizados foram obtidos a partir da Transformação Rápida de
Fourier (FFT) de 1024 espectros, janelamento Blackmann-Harris, resolução da janela de
tempo de 46.43msec e largura de banda de 21Hz. Os sons não vozeados, sons fracos, /s/ e as
pausas foram automaticamente cortados pelo programa. Não tendo havido diferenças entre os
LTAS dos dois programas, optamos por apresentar neste estudo somente os LTAS obtidos
com o Spectrum_awe.
No nosso estudo consideramos a faixa de freqüência até 5kHz por entender que as
informações que nos interessavam se encontram nesta região do espectro.
Com o objetivo de facilitar a mensuração e a comparação, os espectros foram
normalizados ou seja, o componente mais forte do eixo da abscissa, que indica a intensidade
das freqüências, foi colocado em zero, passando os demais a ter um valor em dB que é
negativo.
III.4.2 Variáveis da análise acústica para loudness habitual, moderada e forte.
Comparação entre as áreas dos LTAS.
Nível de pressão sonora médio (NPS) da região de 0 - 5kHz também chamada de Leq.
Esta medida foi extraída automaticamente pelo programa Intelligent Speech Analyser
(ISA) desenvolvido por Raimo Toivonen M. Sc. Eng.
Proporção Alpha: diferença entre o NPS médio da região de 1-5kHz e o NPS médio da
região de 0,5-1kHz. Medida extraída automaticamente pelo programa Intelligent
Speech Analyser (ISA) desenvolvido por Raimo Toivonen M. Sc. Eng.
Freqüência fundamental (f0). Medida extraída automaticamente pelo programa
Intelligent Speech Analyser (ISA) desenvolvido por Raimo Toivonen M. Sc. Eng.
Amplitude da freqüência fundamental (L0). A partir do valor que o programa ISA nos
deu para a média da f0, medimos o L0 na janela do LTAS do programa
Spectrum_Awe manualmente. O programa calculou o valor da amplitude
automaticamente.
Freqüência e amplitude do primeiro formante (F1 e L1). Identificados visualmente e
mensurados automaticamente na janela do LTAS do programa Spectrum _Awe,
quando consideramos o pico mais forte da região entre 300Hz e 1200Hz.
31
Freqüência em Hz
Diferenças entre as amplitudes do primeiro formante e da freqüência fundamental (L1-
L0). Medida feita a partir dos valores obtidos anteriormente para L1 e L0. Para cada
sujeito, a relação L1-L0 foi calculada para posterior cálculo da média.
Diferença entre as amplitudes dos picos mais fortes das regiões de 3-4kHz e 0-1kHz.
O pico na região de 3-4kHz, em princípio é a região do quarto formante (F4). A
amplitude do F4 (L4) pode ainda ser denominada de “formante do ator” quando o pico
estiver em torno de -15 e -25dB (FA) e/ou simplesmente de região do “formante do
ator”. O pico mais forte da região de 3-4Kz foi identificado visualmente e mensurado
automaticamente na janela do LTAS do programa Spectrum_Awe e diminuído do pico
mais forte da região de 50-300kHz, que tanto podia ser f0 quanto F1.
Freqüência do pico da região de 3-4kHz ou do “formante do ator”. Medida feita na
janela do LTAS quando identificamos a freqüência do pico mais forte na região de 3-
4kHz.
Apresentamos na Figura III.1, o esquema do gráfico do LTAS, onde podem ser
identificadas as extensões das regiões relativas a f0 e Formantes. As medidas das variáveis da
análise acústica foram feitas com base nestas regiões.
Figura III.1: LTAS onde as extensões das regiões relativas à f0 e Formantes, tomadas como
referência para mensurar as variáveis da análise acústica, foram demarcadas.
f0 F1 F2 F3 F4
Amplitude
em dB
32
III.5 Análise perceptivo-auditiva
III.5.1 Procedimento
Para fazer a avaliação perceptivo-auditiva, as 21 vozes foram gravadas de maneira
aleatória em CDs, um para cada loudness. Foi apresentado o CD das vozes na loudness forte,
em seguida na loudness habitual e moderada. Para avaliar o grau de confiabilidade das
respostas dadas pelos especialistas re-testamos 10 vozes fortes que foram selecionadas de
maneira aleatória entre atores e não atores.
As vozes foram apresentadas para um grupo de 8 fonoaudiólogas especialistas em voz,
com mais de 5 anos de profissão, e treino em avaliação perceptivo-auditiva. As
fonoaudiólogas estavam dispostas a 2m da fonte de som e ouviram a gravação com uma
intensidade aproximada de 70dB.
III.5.2 Instruções
Foi dada a seguinte instrução para o grupo de fonoaudiólogas: “-Antes de começar a
análise (Anexo VIII.1), vocês vão ouvir todos os CD para que haja uma referência sobre o
grau de projeção da voz, grau de loudness e grau de tensão”.
Projeção foi definida como “o quanto esta voz é clara e levada naturalmente, sem
esforço” e ainda, o quanto esta voz tem “uma ressonância balanceada e rica” (Michel e Willis,
1983). Grau de tensão foi definido como “o quanto é percebido de esforço nesta emissão”.
Para grau de loudness foi dito: “- Você vai julgar, em relação a loudness que está sendo
apresentada, o quanto esta voz lhe parece forte”.
III.5.3 Variáveis da análise perceptivo-auditiva para loudness habitual, moderada e
forte.
Grau de projeção: foi usada uma escala de 6 pontos. O valor 1 correspondia a
“projeção pobre” e o valor 6 a uma “projeção excelente”.
Grau de tensão: foi usada uma escala de 5 pontos. O valor 1 correspondia a “pouco
tensa” e o valor 5 a “muito tensa”.
Grau de loudness: foi usada uma escala de 5 pontos. O valor 1 correspondia a “pouco
forte” e o valor 5 a “muito forte”.
III.6 Análise estatística
Na análise descritiva, os dados foram resumidos em médias, medianas, desvios
padrão, valores mínimos e máximos apresentados no Anexo VIII (Tabelas VIII 1 - 11 e VIII
14 – 16).
Na análise perceptivo-auditiva, as variáveis analisadas correspondem às médias das
pontuações dadas pelas 8 fonoaudiólogas.
33
Para comparar os 2 grupos (atores e não atores) em relação à idade, tempo de atuação
e tempo de treino foi utilizado o teste t de Student para amostras independentes.
Para comparar os dois grupos na análise acústica e na análise perceptivo-auditiva, a
técnica estatística utilizada foi a de Modelos Lineares Generalizados (MLG), considerando 2
fatores: grupo (atores e não atores) e loudness da voz (habitual, moderada e forte). Para a
comparação entre grupos e entre loudness, analisou-se a presença do efeito de interação entre
estes dois fatores. Para ilustrar os resultados foram construídos gráficos de perfis médios, e
seus respectivos erros padrão.
Para as comparações referentes ao NPS médio das freqüências de 2-4kHz, medido a
cada 100Hz, foi utilizado o teste t de Student considerando como resposta a área sob a curva
(medida resumo).
O coeficiente de correlação linear de Pearson foi utilizado para analisar as relações
entre variáveis.
Os programas estatísticos utilizados foram o SPSS, versão 11.0 e o SAS versão 8.01.
O nível de significância adotado foi 0,05.
34
IV. RESULTADOS
Neste capítulo, apresentamos as características da amostra e os resultados da análise
acústica e perceptivo-auditiva, bem como a correlação entre ambas, observando que todas as
variáveis são numéricas, apresentaram distribuição normal e coeficientes de assimetria e
kurtose dentro do esperado.
IV.1 Caracterização da amostra
Na Tabela IV.1 apresentamos a estatística descritiva para idade dos sujeitos desta
pesquisa. O t-Student para comparação das médias produziu um p > .05 mostrando não haver
diferença estatisticamente significante entre grupos.
Tabela IV.1 Estatística descritiva para idade para atores e não atores
média mediana
desvio
padrão
mínimo máximo n
atores
39,36 38,00 10,56 26,00 60,00 N =11
não atores
30,90 29,00 8,92 20,00 52,00 N =10
Na Tabela IV.2 apresentamos a estatística descritiva para tempo de atuação no teatro
para os atores em anos e tempo de treino em técnica vocal em meses para atores.
Tabela IV.2 Estatística descritiva para tempo de atuação no Teatro, em anos, e
tempo de treino de
técnica vocal, em meses, para atores e não atores
média mediana
desvio
padrão
mínimo máximo n
tempo
atuação
16,45 13,00 10,76 5,00 40,00 N = 11
tempo
treino voz
18,27 12,00 9,53 12,00 36,00 N = 11
35
IV.2 Análise acústica (AA)
IV.2.1 Nível de pressão sonora médio
A primeira variável mensurada foi o nível de pressão sonora médio das amostras de
fala (Figura IV.1).
93,1
86,6
90,0
87,0
89,8
92,9
70
75
80
85
90
95
100
105
110
Habitual Moderada Forte
Loudness
NPS (dB)
Atores
Não atores
Figura IV.1 Perfis médios do NPS e DP para atores e não atores em LH, LM e LF
Os dois grupos apresentam perfis semelhantes, o NPS aumentando com a sensação de
loudness aumentada. Atores apresentam valores discretamente mais fortes do nível de pressão
sonora médio mas sem diferenças estatisticamente significantes em relação aos não atores
(n.s.). Considerando as variações de loudness, de LH para LF houve diferença
estatisticamente significante (p < .01) mas entre LH e LM e, LM e LF, não (n.s).
36
IV.2.2 Proporção Alpha
Na Figura IV.2 apresentamos os perfis médios da proporção alpha, que nos dá uma
idéia da inclinação da curva do espectro.
-6,5
-9,3
-7,4
-10,0
-11,0
-14,1
-21
-19
-17
-15
-13
-11
-9
-7
-5
-3
Habitual Moderada Forte
Loudness
NPS (dB)
Atores
Não atores
Figura IV.2 Perfis médios e DP da proporção alpha em LH, LM e LF para atores e não atores
Os dois grupos apresentam perfis semelhantes (paralelos) a proporção alpha
diminuindo pelo aumento de energia na região das freqüências agudas, com o aumento da
loudness. Existe diferença estatisticamente significante entre os dois grupos em todas as
loudness, sendo a proporção alpha menor para o grupo de atores (p < .001). Para os dois
grupos existem diferenças estatisticamente significantes entre a proporção alpha da LH para
LM (p < .01) e da LH para LF (p < .001). Entre LM e LF, não (n.s).
37
IV.2.3 Região de freqüência fundamental (f0)
Os perfis médios da freqüência fundamental são apresentados na Figura IV.3.
206,3
193,8
135,2
170,2
140,4
163,6
90
110
130
150
170
190
210
230
250
Habitual Moderada Forte
Loudness
freqüência (Hz)
Atores
Não atores
Figura IV.3 Perfis médios e DP da f0 nas LH, LM e LF para atores e não atores
Os dois grupos apresentaram perfis médios semelhantes, a f0 aumentando com o
aumento da loudness. Na LH, atores apresentaram valor médio de f0 menor e na LM e LF,
valores médios de f0 maiores que não atores. Entretanto, entre grupos, as diferenças não têm
significado estatístico (n.s). Com a variação de nível de pressão sonora, existem diferenças
estatisticamente significantes entre as f0 da LH e LM (p < .001), entre LH e LF (p < .001) e
entre LM e LF (p < .001).
38
IV.2.4 Long term average spectrum (LTAS)
Os LTAS médios para atores e não atores nas LH, LM e LF são apresentados nas
Figuras IV.4, IV.5 e IV.6, onde as linhas vermelhas representam os atores e as linhas azuis, os
não atores.
dB
Freqüência em Hz
Figura IV.4 LTAS médio de atores e não atores na loudness habitual
dB
Freqüência em Hz
Figura IV.5 LTAS médio de atores e não atores na loudness moderada
39
dB
Freqüência em Hz
Figura IV.6 LTAS médio de atores e não atores na loudness forte
Nas Figuras IV.7 e IV.8 apresentamos os LTAS médios para atores e não atores.
Nas figuras, as linhas verdes representam a LH, as linhas vermelhas, a LM, e as linhas
vermelhas, a LF.
dB
Freqüência em HZ
Figura IV.7 LTAS médio de atores em LH, LM e LF
40
dB
Freqüência em Hz
Figura IV.8. LTAS médio de não atores em LH, LM e LF
IV.2.4.1 Comparações entre as áreas do LTAS
Comparando as áreas sob a curva (ASC) do LTAS de atores e não atores, as medidas
resumo mostraram que existem diferenças estatisticamente significantes entre atores e não
atores nos três níveis de pressão sonora (Tabela IV.3).
Tabela IV.3 Comparações entre as áreas sob a curva do LTAS nas loudness habitual, moderada e
forte
Loudness
LH LM LF
ASC
p<.05 p<.05 p<.05
Na Tabela IV.4 apresentamos as freqüências cujos valores de p no t de Student da
região de 2-4kHz foram muito próximos de p < .01. Na Tabela VIII.12 -14 do Anexo VIII, os
valores de p para todas as freqüências podem ser consultados.
Tabela IV.4 Freqüências da região de 2-4kHz em LH, LM e LF com p < .01 no t de Student
Freqüências
Loudness
LH 2.2 2.3 2.4 2.5 3.5 3.6 3.7
LM 2.3 2.4 2.5 2.7 2.9 3.3 3.4 3.5 3.6
LF 2.1 2.3 2.4 2.5 2.7 2.8 2.9 3.0 3.1 3.2 3.3
41
IV.2.4.2 Nível de pressão sonora médio da freqüência fundamental (L0)
Na Figura IV.9 apresentamos o perfil médio desta variável para ambos os grupos.
-3,8
-2,8
-1,9
-3,3
-1,1
-0,9
-8
-7
-6
-5
-4
-3
-2
-1
0
1
Habitual Moderada Forte
Loudness
NPS (dB)
Atores
Não atores
Figura IV.9 Perfis médios e DP de L0 em LH, LM e LF para atores e não atores
Apesar do grupo de atores terem apresentado valores médios menores do L0 nas LH e
LF (n.s), só houve diferenças estatisticamente significantes entre os grupos na LM (p < .01).
De um modo geral, a tendência da L0 foi diminuir com o aumento da loudness para ambos os
grupos. No grupo de atores, as diferenças entre LH e LM (p < .05) e LH e LF (p <.05) foram
estatisticamente significantes mas, entre as f0 da loudness moderada e forte (n.s.), não. Para
não atores, houve diferenças estatisticamente significantes entre LH e LF (p < .05) e LM e LF
(p < .05), mas, entre LH e LM (n.s.) não.
42
IV.2.4.3 Região de primeiro formante (F1)
Na Figura IV.10 podemos observar os valores médios de F1 para ambos os grupos.
443,2
410,0
360,9
386,4
282,5
375,0
100
200
300
400
500
600
700
Habitual Moderada Forte
Loudness
Freqüência (Hz)
Atores
Não atores
Figura IV.10 Perfis médios e DP de F1 em LH, LM e LF para atores e não atores
Atores apresentaram valores médios de F1 maiores, com diferença estatisticamente
significante entre os grupos somente na LH (p < .01). De um modo geral, os grupos se
comportaram de maneira semelhante, a F1 aumentando com o aumento da loudness. Em
relação à variação de loudness, os grupos apresentaram diferenças estatisticamente
significantes para os valores médios de F1 entre LH e LM (p < .05) e LH e LF (p < .01) mas
entre LM e LF, não (n.s.).
43
IV.2.4.4 Nível de pressão sonora médio do primeiro formante (L1)
Na Figura IV.11 mostramos o perfil desta variável para ambos os grupos.
-0,4
-0,5
-1,4
-0,1
-1,5
-0,6
-7
-6
-5
-4
-3
-2
-1
0
1
Habitual Moderada Forte
Loudness
NPS (dB)
Atores
Não atores
Figura IV.11 Perfis médios e DP de L1 em LH, LM e LF para atores e não atores
Atores apresentaram valores médios ligeiramente maiores em LH e LM (L1 mais
forte) e menor na loudness forte (L1 mais fraca) que não atores. No entanto, estas diferenças
entre grupos não foram estatisticamente significantes (n.s). A tendência mostrada foi de uma
L1 maior (mais forte) com o aumento da loudness. Em relação à variação da loudness, houve
diferenças com significância estatística entre os L1 de LH para LM (p < .05) e de LH para LF
(p < .05), mas não entre LM e LF (n.s).
44
IV.2.4.5 Média da diferença entre o nível de pressão sonora de F1 e f0 (L1-L0)
A Figura IV.12 mostra os perfis médios desta variável por grupo e por loudness.
3,3
2,6
0,5
2,9
-0,4
0,4
-8
-6
-4
-2
0
2
4
6
8
Habitual Moderada Forte
Loudness
NPS (dB)
Atores
Não atores
Figura IV.12 Perfis médios e DP para L1-L0 em LH, LM e LF para atores e não atores
Atores apresentaram valores médios maiores desta variável mas, somente na LM,
houve diferença estatisticamente significante entre os grupos (p < .05). No geral, L1-L0
aumentou com a loudness. Os atores modificaram com significância estatística o valor de L1-
L0 na passagem de LH para LM (p < .05) e de LH para LF (p < .05), mas da LM para LF não
(n.s.). Os não atores apresentaram diferenças significantes ao passarem de LH para LF (p <
.05) entretanto, da LH para LM (n.s.) e da LM para LF (n.s.), não.
45
IV.2.4.6 Freqüência média do pico na região de 3-4kHz
Na Figura IV.13 apresentamos os perfis médios de freqüência do pico na região de 3-
4kHz.
3413,6
3507,5
3475,0
3427,3
3427,5
3400,0
3100
3200
3300
3400
3500
3600
3700
3800
Habitual Moderada Forte
Loudness
Freqüência (Hz)
Atores
Não atores
Figura IV.13 Perfis médios e DP da região de 3-4kHz em LH, LM e LF para atores e não atores
Atores apresentaram valores médios discretamente maiores para a freqüência do pico
mais forte na região de 3-4kHz nas LH e LM, e menor no LF que não atores, entretanto sem
significado estatístico entre os grupos (n.s.) e em relação à variação de loudness (n.s.).
46
IV.2.4.7 Média da diferença entre o NPS do pico mais forte da região de 0 -1kHz e do
pico mais forte da região de 3-4kHz: “formante do ator”
Na Figura IV.14, os perfis médios desta variável são apresentados.
-19,4
-24,5
-19,3
-23,4
-25,4
-31,4
-50
-45
-40
-35
-30
-25
-20
-15
-10
Habitual Moderada Forte
Loudness
NPS (dB)
Atores
Não atores
Figura IV.14. Perfis médios e DP para NPS do FA em LH, LM e LF para atores e não atores
Os perfis médios desta variável são semelhantes (paralelos) para atores e não atores. O
nível de pressão sonora do pico mais forte na região de 3-4kHz aumentou da LH para LM,
estabilizando-se de LM para LF em ambos os grupos. Existem diferenças estatisticamente
significantes entre as médias desta variável para ambos os grupos nas três loudness, com
valores maiores desta variável para atores (p < .001). Em relação à variação de loudness, para
atores e não atores, houve diferenças estatisticamente significantes de LH para LM (p < .05) e
de LH para LF (p < .05) enquanto de LM para LF, não (n.s.).
47
IV.3 Análise perceptivo-auditiva (APA)
IV.3.1 Grau de projeção
A Figura IV.15 dispõe os perfis médios da projeção de voz para atores e não atores,
nas diferentes loudness.
3,5
2,8
3,7
3,6
2,9
2,7
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
5,5
6,0
Habitual Moderada Forte
Loudness
pouco - muito projetada
Atores
Não atores
Figura IV.15 Perfis médios e DP para grau de projeção em LH, LM e LF para atores e não atores
Para grau de projeção vocal, os perfis dos grupos foram semelhantes (paralelos) com
diferenças estatisticamente significantes entre as médias desta variável para ambos os grupos
em todas as loudness (p < .001). As vozes dos atores foram avaliadas como tendo maior grau
de projeção que as de não atores. Com a variação de loudness, não houve diferenças
estatisticamente significantes no julgamento do grau de projeção para ambos os grupos (n.s.).
48
IV.3.2 Grau de tensão
A Figura IV.16 apresenta os perfis médios de ambos os grupos para a média do grau
de tensão nas diferentes loudness.
3,6
3,7
2,9
3,1
3,7
3,7
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
Habitual Moderada Forte
Loudness
pouco - muito tensa
Atores
Não atores
Figura IV.16. Perfis médios e DP do grau de tensão em LH, LM e LF para atores e não atores.
Não atores apresentaram valores médios ligeiramente maiores para esta variável nas
LH e LF entretanto, sem significância estatística. Os perfis médios dos grupos são
semelhantes, a voz parecendo mais tensa com a variação do loudness. Para ambos os grupos,
de LH para LM (p < .001) e de LH para LF (p < .001), as diferenças mostraram ter significado
estatístico, mas de LM para LF, não (n.s.).
49
IV.3.3 Grau de loudness
A Figura IV.17 apresenta os perfis médios de cada grupo para esta variável.
3,9
3,1
3,3
3,6
2,9
2,9
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
Habitual Moderada Forte
Loudness
pouco - muito forte
Atores
Não atores
Figura IV.17. Perfis médios e DP do grau de loudness em LH, LM e LF para atores e não atores
Os grupos apresentam perfis semelhantes (paralelos), as vozes sendo percebidas como
mais fortes com o aumento da loudness. Os atores apresentaram em média valores maiores
que não atores nos diferentes níveis de pressão sonora: LH (p < .01), LM (p < .001) e LF (p <
.001). Quanto à variação de intensidade, para ambos os grupos, não houve diferença
estatisticamente significante entre LH e LM (n.s.), mas sim entre LH e LF (p < .01) e entre
LM e LF (p < .05). Para avaliar o grau de confiabilidade da APA, 10 vozes selecionadas de
maneira aleatória entre atores e não atores, foram re- testadas (Tabela IV.5).
Tabela IV.5 Estatística Descritiva e t-Student re-teste da avaliação perceptivo-auditiva
Média Mediana
Desvio
Padrão
p N
APA
grau de projeção
teste 2,50 2,50 0,54 N = 10
reteste 2,97 3,06 0,58 0,790 N = 10
grau de tensão
teste 3,62 3,75 0,52 N = 10
reteste 3,78 3,06 0,62 0,534 N = 10
grau de loudness
teste 3,40 3,37 0,62 N = 10
reteste 3,36 3,43 0,64 0,863 N = 10
50
IV.4 Correlações entre as variáveis
Nas Tabelas IV.6 IV.7 e IV.8, apresentamos os resultados das principais correlações
observadas entre variáveis da análise acústica (AA), da análise perceptivo-auditiva (APA) e
entre ambas as análises.
IV.4.1 Análise acústica
Tabela IV.6. Correlações entre as variáveis da análise acústica em LH, LM e LF
Loudness
LH LM LF
AA AA
Alpha L1-L0 n.s. .581** .750***
f0 F1 .440* .445* .919***
F1 L0 -.693** n.s. -.619**
F1 FA n.s. n.s. n.s
NPS médio FA n.s. n.s. n.s
f0 FA n.s. n.s. n.s.
L1-L0 FA .555** .509** n.s
Alpha FA .711* .800* .545**
*Correlação significante em .001 **Correlação significante em .01 ***Correlação significante em .05 (2-tailed)
IV.4.2 Análise perceptivo-auditiva
Tabela IV.7 Correlações entre as variáveis da análise perceptivo-auditiva em LH, LM e LF
Loudness
LH LM LF
APA APA
projeção tensão -.675*** -.665*** -.501
projeção
loudness
n.s. n.s. .481*
Tensão
loudness
n.s. n.s. n.s.
*Correlação significante em .001 **Correlação significante em .01 ***Correlação significante em .05 (2-tailed)
IV.4.3 Análise acústica e perceptivo-auditiva.
Tabela IV.8. Correlações entre as variáveis da análise acústica e perceptivo-auditiva em LH, LM e LF
Loudness
LH LM LF
AA APA
f0 tensão .828*** .827*** .536*
f0 projeção -.621** -.617** n.s.
L1-L0
loudness
.485* .617** n.s.
L1-L0 tensão n.s. n.s. n.s.
FA
loudness
.698*** .695*** .492*
FA projeção n.s. n.s. .587**
alpha
loudness
.645*** .690*** .529***
* Correlação significante em .001 **Correlação significante em .01 ***Correlação significante em .05 (2-tailed)
No Anexo VIII, as Tabelas VIII.18, VIII.19 e VIII.20, para todas as correlações entre
análises perceptivo-auditiva e acústica podem ser consultadas.
51
V. DISCUSSÃO
Os resultados e suas implicações, bem como a comparação com estudos de
metodologia semelhante e /ou que investigam a voz do ator, serão focalizados neste capítulo.
O grupo de atores apresentou média de 39 anos e não atores, 30 anos (Tabela IV.1). Os
atores estão no mercado de trabalho há 16 anos e têm treino formal em técnica vocal de pelo
menos 18 meses em média (Tabela IV.2), o que nos leva a supor que tenham experiência e
conhecimento suficientes do uso da voz em cena. Entre os não atores, nenhum havia recebido
treino de voz e nem usava a voz profissionalmente. No momento das gravações, todos os
participantes apresentavam boas condições de saúde, sem nenhuma queixa vocal ou de outra
natureza. Em princípio a amostra cumpre os critérios de inclusão propostos.
V.1 Análise acústica
Dentre as variáveis da análise acústica, a primeira mensurada foi o NPS médio (Figura
IV.1). Objetivando facilitar a comparação entre os nossos resultados e os de outros autores,
uma vez que tanto a nomenclatura quanto as distâncias usadas para registrar o sinal acústico
eram muito diversas, buscamos referência na Internacional Organization of Standartization -
ISO (1996) (Quadro I.1). Como a Tabela ISO fornece valores somente para 30cm e 1m,
calculamos o NPS médio para 15 cm de distância a partir da fórmula 10 log
10
(d2/d1)
2
ou 20
log
10
(d2/d1) (Rossing, 1990).
Esforço vocal 15 cm
máximo 106
Grito 100
muito forte 94
Forte 88
moderado 82
normal 72
relaxado 66
Quadro V.1 Esforço vocal para falantes em dB. ISO 9921-2, 1996, corrigidos para @ 15cm.
Considerando esta padronização para o nível de pressão sonora, os valores encontrados
no nosso estudo, para atores e não atores, seriam classificados entre “moderado, forte e muito
forte” para o que convencionamos chamar de “habitual, moderado e forte”. Talvez fosse mais
adequado usar “NPS_1, NPS_2 e NPS_3” mas optamos por manter esta nomenclatura
acreditando facilitar a descrição dos resultados. No Quadro V.2 e no Quadro V.3 comparamos
os resultados e nomenclatura usada por outros autores com os nossos, respectivamente para
atores e não atores. Todos os valores do NPS médio foram re-calculados para 15cm de
52
distância para que houvesse possibilidade de comparação. Comparamos também a
nomenclatura usada por cada autor com a nomenclatura proposta pela Tabela ISO (1996) no
Quadro V.1.
Pode-se notar que para “loudness habitual”, por exemplo, os valores entre autores
variaram de 66dB a 87dB. Nossos valores para o NPS médio em LH, LM e LF (Figura IV.1),
encontram-se na faixa de resultados observados nas diferentes pesquisas.
Acreditamos que estas diferentes nomenclaturas e variações entre os resultados
apresentados sejam decorrentes da subjetividade implícita no momento de julgar a loudness
de um som pois, o que se entende por “habitual” ou “forte” varia de indivíduo para indivíduo,
de cultura para cultura.
Loudness
habitual moderada forte grito
Autores
Este estudo
86.55
moderado*
89.96
forte*
93.06
muito forte*
Söderstein et al, 2005
87,51
moderado*
98,51
muito forte*
Pinczower e Oates, 2005
69,84
relaxado*
84,83
moderado*
Nordemberg e Sundberg
2003
101,02
grito*
Bele, 2002
77,32
normal*
91,52
forte*
Nawka et al, 1997
66,02
relaxado*
86,02
moderado*
106,02
máximo*
Quadro V.2 Valores do NPS médio em db @15cm para atores masculinos em LH, LM e LF. *ISO
(1996)
Loudness
mínimo máximo grito habitual moderada forte
Autores
Este estudo
86,98
moderado*
89,82
muito forte*
92,94
forte*
Vilkman
et al, 2002
71,41
relaxado*
108,51
máximo*
Buerkers
et al, 1995
56 – 76
relaxado-
normal*
76 – 96
moderado-
muito
forte*
96
muito
forte*
Coleman
et al, 1977
51
*relaxado
126
máximo*
Quadro V.3 Valores do NPS médio em db @ 15cm para falantes masculinos em LH, LM e LF. * ISO
(1996)
O NPS médio está diretamente relacionado com o NPS da região mais forte do
espectro, 0-1kHz, e o aumento de energia na região de agudos está relacionado tanto com o
53
aumento do NPS quanto com o modo de fonação ou seja, com equilíbrio destas variáveis
segundo Laukkanen, Syrja, Laitala, Leino (2004).
O NPS médio não apresentou diferenças significantes entre os dois grupos nas
loudness pesquisadas. Entretanto o grupo de atores apresentou valores de medianas
discretamente maiores bem como maiores desvios padrão em LH, LM e LF e maior diferença
na amplitude da amostra em LM e LF ou seja, maior variabilidade (Tabela VIII.1). É possível
que estas diferenças ficassem mais evidentes em uma amostra maior.
Bele (2002), para atores e professores, na loudness habitual e forte, referiu NPS médio
ligeiramente maior para atores porém com diferença estatisticamente significante somente na
loudness forte. O fato da autora ter feito as suas gravações em teatros e em salas de aula,
espaços mais amplos, talvez justifique os seus achados e, em conseqüência, os nossos. “A
visualização do espaço é uma variável que deve ser considerada no momento da gravação de
vozes” (Rothman, Brown e LaFond , 2002). Aventamos a possibilidade dos nossos grupos
terem apresentado poucas diferenças entre si também porque o nosso experimento foi
conduzido em cabine isolada acusticamente e não em um espaço aberto.
Mesmo cientes desta possível interferência optamos por gravar os sujeitos desta
pesquisa em cabine à prova de som para que pudéssemos registrar somente o que vem -
tecnicamente - do ator, enquanto herança de treino formal de voz, e também porque em um
ambiente acusticamente tratado é possível controlar variáveis que podem, eventualmente,
causar confusão, como o nível de ruído ambiental. Consideramos ainda que em estudos
anteriores com cantores e atores, Thorpe, Cala, Chapman e Davis (2001), Rothman, Brown e
LaFond (2002) e Pinczower e Oates (2005) também realizaram suas pesquisas em locais
outros que não em grandes auditórios e, para suprir a falta de espaço físico, fizeram uso da
imaginação, no sentido de visualizar diferentes tamanhos de espaços, para obter diferentes
graus de intensidade, assim como nós o fizemos.
Em nosso estudo, atores e não atores aumentaram o nível de pressão sonora com o
aumento da loudness em 3dB, de habitual para moderada, e mais 3dB de moderada para forte,
totalizando 6db de habitual para forte. Segundo Colton e Casper (2002) quando falamos
suave, o NPS é baixo, o contrário, se falamos forte. Vilkman, Alku e Vintturi (2002)
encontraram uma diferença de 30db @ 15cm entre uma emissão “mínima e máxima” na voz
falada de homens e mulheres e Titze (1994), uma diferença no canto lírico de até 60dB entre
pianíssimo e fortíssimo, para ambos os gêneros. Embora as variações de NPS de LH para LM
e de LM para LF não tenham diferenças estatisticamente significantes, mas sim, entre LH e
LF, o nível da energia sonora dobra a cada 3dB e, a cada 6dB, o nível da pressão sonora
54
dobra, o que representa um aumento considerável de esforço respiratório no momento da
emissão (Borden, Harris e Raphael, 2002). Ainda, do ponto da percepção auditiva, uma
diferença de 3dB estaria mais ou menos no limite do que podemos detectar com certa
facilidade embora, em condições ambientais adequadas e prestando bastante atenção,
possamos discriminar diferenças menores que 1dB (Iazetta, comunicação pessoal, 2005), ou
seja, uma diferença de 3dB é perceptível mas não é uma grande diferença. Interessante notar
que na rotina clínica, se solicitamos ao paciente que faça uma emissão em voz habitual e
depois outra, com voz mais suave ou mais forte, a mudança no NPS médio costuma variar
entre 3-5dB, que foi exatamente o que aconteceu com nossos sujeitos.
Desta forma, tendo optado por não controlar o nível de pressão sonora do experimento,
foram estes os resultados obtidos em respostas livres a uma mesma solicitação, feita
exatamente da mesma forma para os dois grupos: ler o texto imaginando-se em um espaço
teatral pequeno, médio e grande, o que confere, ao meu ver, credibilidade aos nossos
resultados, a despeito de estar ou não forte o suficiente, haver ou não diferenças marcantes
entre as loudness e a nomenclatura ser mais ou menos adequada. A questão da subjetividade
da loudness vem à tona novamente e nos perguntamos se a maneira como foi solicitada a
tarefa poderia ter interferido nos resultados. O que os outros experimentadores entendem por
fraco/forte? O que o sujeito pesquisado entendeu que deveria ser feito?
A semelhança entre atores e não atores em relação aos valores do NPS médio em todas
as loudness acabaram por facilitar as comparações entre as demais variáveis do nosso estudo
já que se sabe das modificações que ocorrem no espectro com o aumento da intensidade
(Nordemberg e Sundberg, 2003).
Outro parâmetro estudado nesta pesquisa foi a freqüência fundamental (Figura IV.3) e
o seu nível de pressão sonora (Figura IV.9). Para ambos os grupos, a f0 média aumentou com
o aumento do NPS médio o que se justifica plenamente do ponto de vista fisiológico. Uma f0
aguda pode ser um bi-produto do aumento do NPS (Sundberg, 1987; Titze, 1994) da mesma
forma que aumentar a freqüência fundamental é uma maneira eficiente de aumentar a
intensidade (Gauffin e Sundberg, 1989).
No nosso estudo atores apresentaram na LH valor de f0 discretamente menor – voz
mais grave –e, na LM e LF, f0 maior – voz mais aguda – que não atores, sem significado
estatístico nas loudness mensuradas entre grupos.
De acordo com Vilkman, Alku e Vintturi (2002), a f0 para homens pode variar de
91Hz a 242Hz de uma emissão suave para forte. Nossos atores, de LH para LF, aumentaram a
f0 de 135Hz para 206Hz e não atores, aumentaram de 140,3Hz para 193,8Hz. Atores
55
aumentaram a f0 em 11,84Hz para cada dB enquanto os não atores aumentaram 8,91Hz para
cada dB. Bele (2002) encontrou valor médio de f0 mais agudo para atores quando comparados
aos professores em intensidade forte e com significância estatística. Seus atores apresentaram
ainda valores de f0 mais graves que os nossos, podendo ser este um reflexo do padrão cultural
da Noruega. Segundo Krook (1988), a f0 média das mulheres suecas é mais grave que a das
mulheres inglesas, francesas e alemãs.
A variabilidade dos valores de f0 em uma população e ainda, para um mesmo
indivíduo, é muito grande pois este parâmetro sofre influência de diversos fatores:
fisiológicos, biológicos, emocionais, lingüísticos e culturais (Behlau e Pontes, 1995). No
português brasileiro, Behlau, Tosi e Pontes (1985) mensuraram valores de f0 mais graves que
os nossos a partir de emissões sustentadas de vogais isoladas em 30 falantes masculinos na
loudness habitual. Segundo Zraick, Birdwell, Smith-Olinde (2005) é importante considerar a
metodologia empregada para a extração desta variável e, a nossa média para f0, foi feita a
partir de emissões de longa duração que envolvem maior modulação de altura inerente à fala
espontânea, à leitura expressiva. E ainda, no nosso estudo o nível pressão sonora pode ter
sido maior, o que por si só gera uma f0 mais aguda. No Quadro V.4 comparamos os nossos
resultados de f0 com os de outros autores, para atores e não atores.
Autores
Este estudo Bele, 2002
Behlau et al,
1985
Grupo
Loudness
Atores habitual 135,2 119,3
moderado 170,2
forte
206,2 172,0
Não atores habitual 140,3
113,0
moderado 163,5
forte
193,8
Quadro V.4 Valores da F0 média em Hz para LH, LM e LF
Atores, na loudness habitual, apresentaram f0 média mais grave que não atores. Voz
mais agravada parece ser um padrão usado comumente pela classe teatral como sinônimo de
voz boa, projetada. Nosso estudo, embora não comprove a preferência por uma voz mais
grave, indica que o grau de projeção se relacionou de maneira inversa com a f0: as vozes mais
graves foram avaliadas como sendo mais projetadas, na avaliação perceptivo-auditiva (Tabela
IV.8). Nas outras loudness, no entanto, atores apresentaram valores de f0 mais agudos do que
esperávamos pois, acreditamos que com uma técnica vocal eficiente seja possível desvincular
intensidade de freqüência fundamental, a exemplo do que ocorre no canto lírico.
56
Em relação à L0, atores apresentaram valores menores que não atores com L0 mais
fraca mas com diferenças estatisticamente significantes somente em LM ou seja, os grupos se
comportaram de maneira semelhante para esta variável que mostrou uma tendência a ficar
mais fraca com o aumento da loudness (Figura IV.9).
Para F1, atores apresentaram em média valores maiores – mais agudos - com diferença
estatisticamente significante entre grupos somente entre nas LH (Figura IV.10). Para L1,
atores apresentaram valores médios ligeiramente maiores nas loudness habitual e moderada
(L1 mais forte) e menor na loudness forte (L1 mais fraca), sem significância estatística
(Figura IV.11). No Quadro V.5 comparamos os valores de F1 para nossos atores e não atores,
com os falantes do português brasileiro (Behlau, Tosi e Pontes, 1985) e atores noruegueses
masculinos (Bele, 2002), cujos resultados na loudness forte estão bem próximos dos nossos.
Autores
Este estudo Bele, 2002
Russo e Behlau
1993
Grupo
Loudness
Atores habitual 360
moderado 386
forte
443,2 496,56
Não atores habitual 282 300 /i/ -800 /a/
moderado 375
forte
410
Quadro V.5 Valores de F1 para diferentes grupos de falantes masculinos em Hz
O F1 é um formante cujos valores variam muito de vogal para vogal por ser
extremamente susceptível às modificações articulatórias bem como o grau de abertura da
mandíbula e o comprimento do trato vocal (Sundberg, 1987; Titze, 2001). Nossos valores de
F1 foram em média mais graves que os dos autores acima citados. Acreditamos que o LTAS,
no nosso estudo, tenha sofrido maior influência da vogal /i/ que no português brasileiro tem
um F1 em torno de 300Hz (Behlau, Tosi e Pontes, 1985) pois ao ouvir as gravações das vozes
percebemos que esta vogal foi mais acentuada por um recurso expressivo – características do
texto - e também porque na fala coloquial do Rio de Janeiro e São Paulo, o /e/ muitas vezes é
reduzido a /i/.
O valor médio F1, de um modo geral, agudizou com o aumento da loudness para
ambos os grupos. Este resultado pode estar relacionado com a modificação da posição da
laringe no pescoço – mais alta (Sundberg e Nördstron, 1983; Sundberg, 1974) e/ou com um
maior grau de abertura de boca, na tentativa de amplificar melhor os harmônicos da
57
fundamental que também agudizou com o aumento do NPS médio (Figura IV.10). No canto
lírico é muito importante que a laringe esteja baixa no pescoço, o que proporcionaria a
configuração necessária para a gênese do “formante do cantor” (Sundberg, 1987). Na voz
falada não existem métodos que enfoquem diretamente uma laringe mais baixa.
Na LH houve diferença significativa entre F1 de atores e não atores. Este achado está
de acordo com o de Acker (1987): atores, para projetar a voz aproximam F1 de F2, ganhando
em nível de pressão sonora. Segundo Isshiki (1964), este ganho é considerável se comparado
à emissões onde a mandíbula se encontra com um grau reduzido de abertura. Nos estudos de
Raphael e Scherer (1987) e nos de Munro, Leino e Wissing (1996), o ajuste motor relacionado
com a projeção vocal seria o de projetar os lábios na presença de uma mandíbula ainda aberta,
o que provocaria um agravamento de F1, que por sua vez fortaleceria os parciais mais graves
do espectro. Este efeito é, teoricamente, explicado pela teoria acústica que supõe existir
interação entre fonte e filtro na produção de uma voz “ressonante” (Rothemberg, 1986, Titze,
2001, Titze, 2004 e Story, Laukkanen, Titze, 2000). Nosso estudo não reforça esta colocação.
No nosso estudo, a F1 (Figura IV.10) e f0 (Figura IV.3) tornaram-se mais agudas com
o aumento da loudness e estão moderadamente relacionadas em LH e LM e, fortemente
relacionadas em LF.
Em LH e LF, a F1 se relacionou de maneira inversa com L1, ou seja, com o aumento
da loudness, F1 e f0 agudizaram enquanto a região de L0 diminuiu sua amplitude refletindo
desta forma um modo de fonação com maior ação dos músculos adutores da prega vocal
(Tabela IV.6).
A variável L1-L0, como dito anteriormente, se relaciona com o modo de fonação e
com a percepção de determinadas qualidades de uma voz: tensa, fluída, ressonante, forte
(Fr
Økjaer-Jensen e Prytz, 1976; Kitzing, 1986; Hammarberg, Gauffin, Sundberg e Wedin,
1980; Hammarberg, Fritzell, Gauffin e Sundberg, 1986 e Bele 2002). Nos nossos resultados, o
valor de L1-L0 aumentou com o aumento do NPS médio e a percepção do grau de tensão
também, estando de acordo com a literatura acima mencionada (Figura IV.12). Assim atores e
não atores aumentaram a tensão das pregas vocais - não necessariamente tendo entrado em
mecanismo de hiperadução glótica - com o aumento da intensidade. Apesar de não haver
diferenças entre atores e não atores, com exceção da loudness moderada, atores apresentaram
valores um pouco maiores de L1-L0 desde a loudness habitual. Isto tanto pode significar que
atores apresentaram uma fonação mais tensa quanto que não atores apresentaram uma fonação
mais fluída. Apesar da percepção auditiva e o grau de tensão terem aumentado com o
58
aumento de loudness, não houve relação significativa entre grau de tensão e grau de loudness
(Tabela IV.7).
Uma fonação com uma adução glótica exagerada, no entanto, levando uma voz a ser
percebida como tensa e comprimida, é indício de técnica vocal não eficiente. Para Söderstein,
Ternström, Bohman (2005) falantes não treinados ao aumentarem a intensidade sonora
naturalmente passam para um modo de fonação mais tenso adotando um comportamento
vocal hiperfuncional. Do ponto de vista da fisiologia, para aumentar o nível de pressão
sonora, a adução glótica tem que necessariamente ser maior. Mas o fluxo de ar entre as pregas
vocais também tem que ser maior e se assim não for podemos pensar em aumento maior ainda
de tensão dos músculos adutores das pregas vocais na tentativa de manter uma pressão
subglótica aumentada (Pinho, 1996).
Bele (2002) apresentou resultados de L1-L0 maiores que os nossos, provavelmente por
que seu grupo de atores tem uma f0 mais grave ou seja, f0 mais longe de F1 e portanto, mais
fraca, o que é perfeitamente explicado do ponto de vista da teoria acústica que diz que quando
duas freqüências formantes se aproximam, existe um ganho de quase 6db no pico e 12dB no
vale (Fant, 1970).
Se compararmos nossos resultados com os de Bele (2002) podemos notar que em
ambos os estudos, de LH para LF, houve uma diferença de quase 3dB na relação L1-L0.
Porém, a diferença entre o NPS médio de LH para LF no nosso estudo foi de 6db enquanto
para Bele, 14dB. Sendo assim, com o aumento do NPS médio, nossos atores aumentaram
mais a adução glótica que nossos não atores, e mais que os atores do estudo norueguês
(Quadro V.6).
Autores
Este estudo Bele, 2002
Grupo
Loudness
Atores Habitual 0,5 11,76
Moderado 2,9
Forte
3,2 14,46
Não atores Habitual -0,4
Moderado 0,4
Forte
2,6
Quadro V.6 Valores de L1-L0 para diferentes grupos de falantes masculinos
Atores apresentaram harmônicos mais fortes na região de agudos do espectro que não
atores, nas três intensidades sonoras, indicando que o envelope cai de forma menos acentuada
para atores (Figura IV.2). A proporção alpha foi estatisticamente menor para atores que para
não atores nas três loudness, estando nossos resultados de acordo com os de Leino (1993),
59
Kitzing e Akerlund, (1993), Leino e Kärkkäinen (1995), Bele (2002), Laukkanen, Sundberg e
Björkner (2004) e Pincozower e Oates (2005) que referem que atores com boa qualidade de
voz apresentam uma curva que cai de maneira menos acentuada. Omori, Kacker, Carroll,
Riley e Blaugrund (1996) e Nawka, Anders, Cebula e Zurakowski (1997) também
encontraram valores de proporção alpha diminuídos para cantores líricos quando comparados
às vozes de atores e vozes de falantes sem treino.
Leino (1993) no entanto observa que existem vozes consideradas “boas e projetadas”
cujo espectro apresenta uma f0 forte, grave, e pouca energia na região de agudos (proporção
alpha aumentada).
Mas como explicar do ponto de vista da fisiologia, uma proporção alpha diminuída
(maior energia nos agudos) para atores em LH e LF se não existe diferenças significantes do
NPS médio e L1- L0 entre grupos - considerando que estas duas variáveis justificariam um
aumento desta proporção alpha? O que contribui para este aumento de energia em toda uma
região do espectro do LTAS para atores em LH, LM e LF?
Em LH e LF esta diferença entre grupos talvez pudesse ser explicada por uma possível
interação entre o NPS e L1-L0 que não ficou evidente porque o número de sujeitos da nossa
pesquisa era pequeno. Uma outra explicação plausível é que, embora a diferença que houve
entre L1-L0, um pouco maior para atores (mais tensão no modo de fonação) não tenha
importância estatística, fez uma diferença do ponto de vista fisiológico/acústico. Mais
adiante, discutiremos o fato dos atores apresentarem maior concentração de energia na região
de 0-1kHz do espectro, e a relação com a proporção alpha.
Em LM, a variável L1-L0 foi maior, estatisticamente significante, o que justifica a
proporção alpha aumentada para atores de maneira satisfatória.
Assim, com o aumento do NPS médio (Figura IV.1), a proporção alpha, no nosso
estudo diminuiu, confirmando os achados de Gramming e Sundberg, 1988; Gauffin e
Sundberg, 1989 e Nordemberg e Sundberg, 2003.
Para um aumento de 6dB no NPS médio de LH para LF, houve uma diferença na
proporção alpha de 3,5dB para atores e 4.8dB para não atores. Proporcionalmente o grupo de
não atores aumentou mais a proporção alpha que o grupo de atores, embora não tenham
alcançado os mesmos valores. Para Pinczower e Oates (2005), de LH para LF, seus atores
aumentaram o NPS médio em 14,99dB para um aumento de 2,18dB na proporção alpha.
Nossos atores apresentaram valores ainda menores que os atores do estudo em questão
provavelmente porque o modo de fonação foi mais tenso. É bem possível que o fato dos
nossos atores apresentarem valores de f0 mais agudos que os dos povos europeus, a exemplo
60
dos resultados apresentados para os atores de Bele (2002) facilite este mecanismo. No Quadro
V.7 apresentamos nossos resultados e os dos referido estudo para comparação.
Autores
Este estudo
Pinczower e
Oates, 2005
Grupo
Loudness
Atores habitual -10,00 -12,16
moderado -7,40
forte -6,50 -9,98
Quadro V.7 Valores de proporção alpha para atores masculinos
Com base nas figuras IV.4 a IV.8, que apresentam os gráficos do Long term average
spectrum médio de cada grupo em LH, LM e LF, observando que as medidas resumos da área
sob a curva mostraram diferenças estatisticamente significantes entre atores e não atores nas 3
loudness (Tabela IV.3), pudemos fazer as seguintes observações:
Na loudness habitual, apesar da pouca diferença entre o NPS médio e L1-L0 dos
grupos estudados, atores apresentaram harmônicos mais fortes na região de 0-1kHz (Figura
IV.4) que não atores com a curva do espectro começando a cair a partir de 800Hz - quinto
harmônico para uma f0 média de 140Hz - estando de acordo com os achados de Acker (1987),
Raphael e Scherer (1987) Munro, Leino e Wissing (1996) e Munro (2002) para emissões em
ring.
Para nossos não atores, é visível uma queda de energia a partir do segundo ou terceiro
harmônico - para uma f0 de 135Hz - que aparentemente é o componente mais forte do
espectro. De acordo com Gauffin e Sundberg (1989), este achado é compatível com uma
qualidade de voz mais fluída.
Fizemos uma comparação entre as médias de atores e não atores para estas freqüências
usando o t de Student, que produziu um p < .01 nas regiões de 700Hz e 800Hz.
Comparando ambos os grupos, levantamos a possibilidade desta maior concentração
de energia observada na faixa de 0-1kHz no espectro de atores ser resultado de um ajuste
ressonantal - F1 mais agudo na tentativa de melhor amplificar harmônicos - ou de uma
possível interação entre NPS e L1-L0, ou seja, da fonte glótica com mais tensão. O F1 mais
agudo decorre ou de uma maior abertura de mandíbula ou de posicionamento mais alto da
laringe no pescoço (Sundberg, 1987).
Ao contrário dos nossos achados, no estudo de Raphael e Scherer (1987), a
concentração de energia nos parciais entre 700-1000Hz (região de F2) foi menor na emissão
que seus atores fizeram no modo call (Lessac 1967) que em emissões em modo habitual. Em
61
contrapartida, houve uma maior concentração de energia na região de F1, por um
deslocamento da sua freqüência central em direção ao segundo harmônico (uma oitava acima
de f0) ocasionada, provavelmente pelo abaixamento da mandíbula na presença da projeção
dos lábios. Os atores de Raphael e Scherer (1987) apresentaram f0 em torno de 300Hz para as
mulheres e para os homens 193Hz e 240Hz, ou seja, f0 mais agudas que as dos nossos atores.
Talvez em função desta f0 aguda, à semelhança do canto lírico quando cantores aumentam a
abertura da mandíbula em uma freqüência muito aguda para sintonizar f0 com F1, o processo
aqui tenha sido o mesmo: sintonizar F1 com o parcial 2 (variando de 400 – 600Hz). A vogal
utilizada neste estudo foi o /o/ que tem um F1 grave. Os achados de Raphael e Scherer (1987)
demonstram uma possibilidade de projeção vocal muito particular, na minha opinião,
característica do Método de treinamento deste atores (Lessac) que é deslocar a freqüência
central de F1 em direção à f0 ou ao segundo harmônico, ganhando na loudness e não
necessariamente em qualidade vocal, em brilho.
Quanto à região de 1-5kHz, o espectro médio dos nossos atores comparado ao espectro
médio dos não atores em LH mostrou diferenças acentuadas em todas as freqüências (Tabela
IV.3), sendo que esta diferença se acentua em 2-3kHz e 3-4kHz (Tabela IV.4).
Nos espectros do estudo de Acker (1987), que compara emissões em ring com
emissões tensas, também houve uma maior concentração de energia na região de 1.3 a 2kHz e
3.6kHz para emissões em ring.
Os atores do estudo de Raphael e Scherer (1987) não apresentaram esta mesma
concentração de energia em 3-4kHz somente em 2-3kHz.
Talvez no modo de projetar destes atores, o fortalecimento da região de F1, por si só,
seja responsável pela projeção da voz enquanto no espectro dos nossos atores, existe esta
região de F1 mais forte que para não atores mas não às custas de um deslocamento de F1 para
região de graves, ao contrário, o deslocamento de F1 é para agudos.
Será que esta maior concentração de energia no espectro dos atores de Rafael e Scherer
(1987) inviabilizaria o pico em 3-4kHz? Provavelmente não pois teoricamente o “formante do
ator”, seria o resultado de uma configuração laríngea especifica ou seja, seriam dois
mecanismos diferentes.
Se existir uma relação entre F1 e “formante do ator” seria só no sentido de F1 estar
mais próximo ou mais afastado de f0, ou seja, proporcionando maior concentração de energia
na região do espectro que por sua vez geraria harmônicos agudos mais fortes possibilitando
assim a existência do “formante do ator”. A relação entre F1 e FA não se mostrou
significativa (Tabela IV.6) (Master, Biase, Chiari e Ramos, 2005).
62
Na LH o grupo dos atores apresentou, em média, um pico em torno de -21,5dB na
região de 3.4kHz que identificamos como sendo um “formante do ator” (Figura IV.4). Os não
atores apresentaram um pico bem menor, em torno de -29dB, o que não caracteriza o
denominado “formante do ator”. Estes achados estão de acordo com os de Leino (1993),
Leino e Kärkkäinen (1995), Bele (2002) e Piczower e Oates (2005). O “formante do ator” nos
nossos estudos apresenta uma largura de banda aumentada, e uma diferença maior entre vale e
pico, se comparado aos não atores. E ainda, as freqüências do F3 e F4 parecem estar mais
próximas entre si, achado este que poderia estar relacionado com uma laringe mais baixa para
atores. É provável que este pico na região de 3-4kHz seja um fenômeno ressonantal descrito
por Leino (1993) ou seja, o formante do ator teria a mesma natureza do “formante do cantor”.
Com o abaixamento da laringe, o tubo epilaríngeo formaria uma caixa de ressonância
independente do restante do trato vocal que geraria um formante extra na região de 3.4kHz e
assim, F5 se aproximaria de F4, reforçando –se mutuamente.
No espectro do LTAS médio na loudness moderada para ambos os grupos, (Figura
IV.5), na região mais grave do espectro, atores mostram uma maior diferença entre L1-L0
(Figura IV.12) compatível com uma fonação um pouco mais tensa que em LH, enquanto não
atores ganharam energia na região de F1, provavelmente também por aumento de tensão
glótica.
Os espectros de ambos os grupos começam a cair a partir da mesma freqüência,
aparentemente, 500Hz. A partir de 1kHz, os espectros se diferenciam – proporção alpha
aumentada para grupo de atores.
Atores e não atores mantêm diferenças significantes entre as freqüências em toda a
extensão da região de 1-5kHz (Tabela IV.3), sendo que entre 2-3kHz e 3-4kHz, região de F3 e
F4, esta diferença se acentua, com valores de
p < .01 da mesma forma que em LH (Tabela
IV.4).
Para atores, o pico entre 3-4kHz ficou por volta de -18dB, um “formante do ator” e,
para não atores em – 23dB. Não atores estão no limite do que Leino (1993) define como
sendo um “formante do ator” o que nos leva a supor que também tenham uma boa qualidade
de voz, embora o pico em 3-4kHz não seja tão forte quanto o dos atores considerando, que
ambos os grupos têm um NPS médio sem diferenças significantes. Já L1-L0 foi
significativamente diferente entre os dois grupos, o que poderia sinalizar para um modo de
fonação mais tenso no grupo de atores, modificando a queda da curva do espectro (Figura
IV.12). A largura de banda do FA também parece estar ligeiramente aumentada no espectro
de atores. Este pico que aparece no espectro de não atores poderia ser considerado um
63
“formante do ator” de acordo com os critérios de Leino (1993) o que pode traduzir uma
amostra de não atores com boa condição de produção vocal. No entanto, o pico do FA para
atores é bem mais forte, a queda do espectro cai menos acentuadamente e existem diferenças
estatisticamente significantes entre as freqüências desta região (Tabela IV.4).
Na loudness forte (Figura IV.6), a região grave do espectro é muito semelhante entre
grupos, as curvas se diferenciando a partir de 1kHz. Atores apresentam ainda diferenças
significantes entre freqüências de 1-5kHz (Tabela IV.3) sendo que entre 2-3kHz e 3-4kHz,
esta diferença se acentua em relação aos não atores (Tabela IV.4). A proporção alpha também
mostra diferença significativa entre grupos na LF assim como na LH e LM (Figura IV.2).
Atores mantêm o pico do FA em torno de -17,5dB e não atores, em -22dB. Não atores, na LF,
continuam apresentando um grande pico na região de 3-4Hz. Ou seja, mais uma vez no limite
do que Leino reconheceu como sendo um “formante do ator”. Entretanto observando o
espectro médio do LTAS na loudness forte, podemos perceber que a largura da banda do
formante entre 3-4kHz aumentou para atores, resultado semelhante ao de Nawka, Anders,
Cebula e Zurakowski (1997). Acreditamos que a partir de um determinado nível de pressão
sonora, este formante ganhe mais energia na largura de banda do que na sua freqüência
central, ou seja deixa de haver uma relação linear entre estas variáveis, relação esta não
observada no nosso estudo (Tabelas VIII 18-20) mas que Pinczower e Oates (2005) referem
existir. A amplitude do FA (Figura IV.14), para ambos os grupos, aumentou com o NPS
médio de LH para LM mas se estabilizou de LM para LF. Ainda, as freqüências do F3 e F4 se
aproximaram na loudness forte para atores, provavelmente por um abaixamento de laringe
(Sundberg, 1995). Também é interessante notar que aparentemente houve um deslocamento
central da freqüência de F5, sugerindo que tenha se aproximado de F4 provavelmente pelo
abaixamento da laringe, o que está em linha com achados de Leino (1993), Kitzing e
Akerlund, (1993), Leino e Kärkkäinen (1995), Bele (2002), Laukkanen, Sundberg e Björkner
(2004) e Pincozower e Oates (2005).
Nossos resultados deixam dúvidas em relação à questão de quais seriam os limites dos
níveis de pressão sonora de um “formante do ator”. Este pico para não atores seria também
um “formante do ator”?
No Quadro V.8 comparamos nossos resultados para o “formante do ator” com os de
outros autores. Podemos observar que nossos atores apresentaram valores maiores de FA que
os de outros atores, isto é, picos menores.
64
Autores
Este
estudo
Pinczower e
Oates, 2005
Bele,
2002
Cleveland et
al, 2001
Grupo
Loudness
Atores Habitual -21,5 -15,69 -16,72
Moderado -18
Forte -17,5 -12,06 -12,44
Não atores Habitual -29 -18
Moderado -23
Forte -22 -14.4
Cantores -16
Quadro V.8 Valores de “FA” em dB para diferentes grupos de falantes masculinos
A freqüência do “FA” (Figura IV.13), para ambos os grupos e em todas as loudness,
esteve em torno de 3.4kHz, compatível com os resultados de Leino (1993), Cleveland et al
(2001) e Bele (2002). Com o aumento da pressão sonora, atores agravaram um pouco a
freqüência central deste formante, sendo que na loudness forte, não atores mostraram uma
freqüência mais grave entretanto sem significância entre loudness e entre grupos (Quadro
V.9). O FA tem uma contribuição muito importante para o timbre da voz, para as
características que marcam e individualizam uma voz, e sofre influência basicamente do
comprimento do trato vocal e das dimensões do tubo laríngeo (Sundberg, 1987). Observamos
que o conduto auditivo externo tem a sua freqüência de ressonância em torno de 3.4kHz, o
que facilita a passagem de freqüências próximas a esta, e nos faz supor que uma maior
concentração de energia nesta região do espectro, apesar de não contribuir para o NPS médio
de uma emissão, pode ser mais facilmente percebida pelo ouvido humano (Speaks, 1992).
Autores
Este estudo Bele, 2002
Cleveland
et al, 2001
Leino, 1993
Loudness
Habitual 3.475 3.500 3.500
Forte 3.413 3.280 3.500 3.500
Quadro V.9 Valores da freqüência do “formante do ator” em Hz para falantes masculinos
No Quadro V.10 apresentamos de forma resumida os resultados para atores das
principais variáveis da análise acústica em comparação com os de outros autores, ordenados
de acordo com do menos para o maior NPS médio.
65
AA
SPL
Proporção
alpha
F0 L1-L0 FA
Autores
Pinczower e Oates, 2005 69,84 -12,16 -15,69
Bele, 2002 77,32 119,30 11,76 -16,72
Pinczower e Oates, 2005 84,83 -9,98 -12,06
Este estudo 86,00 -10,00 153,20 0,45 -23,78
Este estudo 89,00 -7,40 170,22 2,87 -19,32
Bele, 2002 91,52 172,00 14,46 -12,44
Este estudo 93,00 -6,50 206,29 3,32 -19,38
Quadro V.10 Valores das variáveis da AC em diferentes estudos
Para efeito de discussão e considerando que o desvio padrão para o “formante do ator”
das nossas amostras (Tabela VIII.11) foi relativamente grande, recalculamos os espectros
médios do LTAS para cada grupo e para cada loudness considerando o quartil 3 para atores e
para não atores, o quartil 1, ou seja, os melhores resultados para atores e os piores resultados
para não atores. Nos Anexos VIII.7.3 podemos ver os LTAS resultantes.
Comparando melhores atores com piores não atores na loudness habitual (Figura
VIII.22) o espectro do LTAS mostra parciais mais fortes na região de 0-1kHz para atores,
queda da curva a partir de cerca de 700Hz culminando com uma menor inclinação da curva,
com diferença acentuada em toda a região de do espectro de 800hz – 10kHz, e um pico
acentuado em torno -20dB em 3.4kHz. A região de F5 torna-se mais fraca possivelmente por
ter se aproximado de F4. Para não atores, a região de f0 é mais forte com queda do espectro a
partir da região da fundamental, não existe formante do ator, os picos da região de F3 e F4
estão mais distantes e a região de F5 aparece de forma clara.
Na loudness moderada (Figura VIII.23) atores ainda mantêm parciais mais fortes na
região de 0-1kHz, com F1 mais forte – maior adução glótica - queda da curva a partir de cerca
de 800Hz, queda menos acentuada de todo o espectro evidenciando diferenças em toda a
região do espectro de 800 – 10kHz e pico acentuado de -17dB na região de 3.3kHz. Os picos
do F3 e F4 se aproximam para atores, provavelmente com a descida da laringe e o F5
desaparece possivelmente por ter se fusionado com F4. Não atores apresentam ainda região de
f0 mais forte, queda acentuada da curva do espectro a partir da fundamental, e não apresentam
pico na região do “formante do ator” com maior concentração de energia na região de F5.
Para loudness forte, na região de 0-1khz do espectro já não existe aparentemente muita
diferença entre grupos em relação á força dos parciais mais graves, mas a curva continua a
cair menos acentuada para não atores a partir de cerca de 500Hz (Figura VIII 24). Existem
diferenças em todas as freqüências do espectro a partir de 500Hz até 10kHz. O “formante do
66
ator” aparece em 3.3kHz, pico em -16kHz, e largura de banda aumentada. Os picos do F3 e
F4 estão mais próximos para atores, e o F5 desaparece possivelmente por ter se fusionado
com F4. Não atores apresentam queda mais acentuada da curva do espectro a partir do F1 e
não apresentam pico na região do “formante do ator” com a presença evidente do F5.
Assim, consideramos, que o “formante do ator” é basicamente um fenômeno
ressonantal, resultado da fusão de F4 e F5 na região de 3.4kHz, pico em torno de -20 dB,
aumentando o seu nível de pressão sonora com o aumento da loudness. Em intensidades
fortes parece ganhar mais energia na largura de banda que propriamente na freqüência central.
Seria semelhante, na sua natureza, ao “formante do cantor” porém, mais fraco e estaria em
uma região mais aguda do espectro em decorrência do seguinte ajuste motor: a laringe, no
caso dos atores, não estaria tão baixa na fala como no canto, o que justificaria a formação do
pico numa região mais aguda do espectro. O LTAS também pode ser usado para obtermos
informações sobre determinados ajustes motores: “quando a laringe passa de uma posição
mais alta para uma mais baixa, na fala, as freqüências dos F1, F2 e F3 abaixam de 14% a
40%” (Sundberg e Nordströn, 1983).
Em relação a este ajuste motor que estaria na gênese dos “formantes do ator”,
questionamos se é a laringe que se estreita ou a faringe que se alarga para manter uma
proporção de 1:6 entre estes tubos, capaz de formar um tubo de ressonância laríngeo isolado
do restante do trato vocal, que funcionaria como um ressonador independente (Sundberg,
1987). E ainda, se são todas as laringes que podem, do ponto de vista anatômico, gerar um
formante do ator.
Ressaltamos também que não foi só a região de 3-4kHz que diferenciou os grupos
entre si mas toda uma região de 2-4kHz.
Estudos com a voz cantada mostram que o nível de pressão sonora do formante do
cantor depende da eficiência da técnica vocal, da qualidade da vogal (20dB para /u/ e 6dB
para /e/), da f0, da loudness vocal e do modo de fonação. Segundo Bloothooft e Plomp
(1986), o NPS do “formante do cantor” seria pelo menos 20dB menor que o NPS médio de
uma emissão, aumentando com o aumento da intensidade (f0 constante) e diminuindo com o
aumento de f0 (intensidade constante). Ainda, espectros médios de LTAS mostraram que a
intensidade do formante era forte para barítonos, 3dB menor para baixos e tenores e 9dB a
menos para contraltos. Os autores não encontraram um agrupamento de formantes na região
de F3 e F4 no estudo com sopranos. A freqüência central deste formante aumenta
67
discretamente com a extensão vocal ou com a classificação vocal sendo mais grave para
baixos e mais aguda para tenores (Sundberg, 2001).
A relação nível de pressão sonora do “formante do ator” e com f0, NPS, modo de
fonação, qualidade de vogal, classificação vocal, ainda precisam ser melhores compreendidas.
No nosso estudo não houve correlações entre FA e as variáveis f0, F1, NPS médio (Tabela
IV.6), somente com a proporção alpha, como era esperado (Tabela VIII.18 -20), na LH, LM e
LF e com L1-L0 em LH e LM.
V.2 Análise perceptivo-auditiva
Em relação à análise perceptivo-auditiva, atores foram considerados como tendo a voz
mais projetada que não atores, com significância estatística na LH, LM e LF. A percepção do
grau de projeção não variou com o aumento da loudness (Figura IV.15)
Atores também foram considerados como tendo a voz mais forte que não atores, com
diferenças estatisticamente significantes nas LH, LM e LF (Figura IV.17), apesar do NPS
(Figura IV.1) médio das suas emissões ser apenas ligeiramente maior (s.n) , de L1-L0 indicar
um modo de fonação um pouco mais tenso (s.n) (Figura IV.12) e ainda, serem percebidos
com tendo um mesmo grau de tensão na voz (s.n) (Figura IV.16). Quanto à variação de
intensidade, para ambos os grupos, não houve diferença na percepção de loudness entre LH e
LM, mas houve diferença entre LH e LF e entre LM e LF.
O grau de tensão, apesar de discretamente diminuído para atores na LH e LF, não é
estatisticamente diferente se comparado aos não atores (Figura IV.16). Para ambos os grupos,
a voz pareceu ser mais tensa com a variação do loudness e de LH para LM e de LH para LF,
as diferenças tiveram significado estatístico, mas de LM para LF, não. Para Pincowzer e Oates
(2005), atores em LF foram percebidos como tendo vozes mais tensas que em LH.
O re-teste destas variáveis mostrou haver coerência entre julgamentos e intra-sujeitos,
assegurando, em princípio, a confiabilidade destes resultados (Tabela IV.5). Porém, as médias
das notas dadas para as vozes na avaliação perceptivo-auditiva tiveram uma variabilidade
muito pequena embora tenham diferenciado atores e não atores (Tabela VIII.15-17).
Analisar uma voz supranormal requer uma percepção auditiva diferenciada. Uma voz
“normal” porque não apresenta alteração, porque não é soprosa, não é rouca, não é áspera não
pode ser entendida como uma voz supranormal. Na literatura disponível, não encontramos
referências à escalas normatizadas para avaliação de vozes profissionais de atores.
Nos estudos de Michel e Willis (1983), que relacionaram análise acústica e percepção
de projeção, ao contrário do nosso, não houve consistência entre os juízes em relação às
respostas nem correspondência entre espectros e ranking de melhor e pior voz.
68
V.3 Correlações entre as variáveis
V.3.1 Grau de projeção, grau de tensão e f0
O grau de projeção vocal (Figura IV.15) mostrou estar moderadamente relacionado
com o grau de tensão em LH, LM e LF (Tabela IV.7) e com f0 em LH e LM (Tabela IV.8).
Grau de tensão e f0 estão fortemente relacionadas nas três intensidades. Os valores destas as
correlações diminuem com o aumento do NPS médio.
Grau de tensão, grau de projeção e f0 são variáveis que se relacionam mas, não
pudemos saber qual é a variável dependente, pelo número limitado de sujeitos na pesquisa.
No nosso estudo, vozes mais projetadas foram percebidas como sendo menos tensas e mais
graves.
Somente em LF, o grau de projeção está correlacionado com grau de tensão – que por
sua vez está fortemente relacionado com f0 – e ainda, com percepção de loudness aumentada
e com “formante do ator”, ainda que esta relação não seja forte. Em LF, quanto mais forte a
voz é percebida, mais forte o pico entre 3-4kHz, maior é a sensação de projeção. Entendemos
que com o aumento do NPS médio as vozes foram percebidas como mais projetadas e mais
fortes. Em LH e LM, não existe contribuição significativa do FA para a percepção de
projeção.
Poderíamos supor que a projeção vocal, neste estudo, foi principalmente associada
com a fonte glótica – f0 - em LH e LM mas que na LF, além da fonte glótica, estaria
associada com o filtro, representado pelo “formante do ator”?
Para Leino (1993) pode haver vozes de ótima qualidade que não apresentam no
espectro do LTA um “formante do ator” e ainda, vozes de ótima qualidade, com um
“formante do ator” em torno de -15dB, percebidas no entanto como ruins, pobres. Nas LH e
LM do nosso estudo (Figura VIII.57-59), analisando os gráficos de dispersão da correlação
entre “formante do ator" e projeção vocal, nossos resultados reforçam os de Leino (1993):
alguns sujeitos apresentaram um pico forte na região de 3-4kHz mas não foram avaliados
como tendo boa projeção enquanto outros, sem nenhum pico, foram percebidos como tendo
voz projetada. O “formante do ator” não parece uma condição sine qua non mas sim uma
tendência. Poderíamos ainda explicar a presença de um “formante do ator” nos nossos não
atores da seguinte forma: atores teriam um certo “brilho” na voz mas que, no entanto, não faz
com que seja percebida como mais forte ou como projetada.
No estudo conduzido por Michel e Willis (1983), com o objetivo de relacionar análise
acústica e percepção perceptivo-auditiva de projeção, não houve consistência entre os
julgamentos de projeção vocal espectros levando os autores a concluir que a natureza da
69
percepção da projeção é multifatorial e não pode ser avaliada somente por um único fator
como a voz ou a análise do seu espectro.
Nos estudos de Acker (1987), quando comparadas emissões em “call” e em voz
espontânea, a região mais forte do espectro - 0-1kHz - mostrou estar relacionada com
projeção vocal e com percepção de loudness. Neste estudo, atores aproximaram F1 de F2 para
projetar a voz. Raphael e Scherer (1987) também relacionaram o grau de projeção com a
região mais forte do espectro, comparando emissões em ring com emissões espontâneas,
porém com fortalecimento do segundo parcial do espectro pela aproximação de. No nosso
estudo, atores também apresentaram no espectro do LTAS, ao menos em LH e LM (Figura
IV.4 e IV.5), maior concentração de energia na região dos graves entretanto, a sensação de
loudness aumentada e de maior projeção, se correlacionou com f0 (Tabela IV.8). E a f0 se
correlaciona com F1 de maneira moderada em LH e LM, aumentando muito a força desta
correlação em LF(Tabela IV.6).
Esta relação entre percepção de projeção vocal e f0, no nosso estudo, em LH e LM,
nos faz questionar novamente a avaliação perceptivo-auditiva no seguinte aspecto: até que
ponto nossas avaliadoras usaram como critério a projeção, o ring, o brilho, sonoridade da
voz? Reconhecemos, no entanto não ser fácil para um ouvinte, mesmo treinado, perceber
“auditivamente as vibrações ósseas que o ator sente durante a emissão de uma voz
ressonante”, conforme Titze (2001) refere - considerando que voz projetada e voz ressonante
são assemelhadas, e ainda, lembrando que Titze (2001) se refere especialmente da técnica de
Lessac (1967) e do Método Lessac-Madsen proposto por Verdolini, Druker, Palmer, Samawi
(1998).
Também não houve relação significativa entre grau de tensão e L1-L0, como era
esperado, indicando que a percepção de aumento de tensão não se relacionou com o modo de
fonação (Tabela IV.8).
V.3.2 Grau de loudness, proporção alpha, FA e L1-L0
Atores foram ainda percebidos como tendo vozes mais fortes que não atores - maior
grau de loudness - nas LH, LM e LF, com diferença estatisticamente significantes (Figura
IV.17). A percepção de loudness aumentada poderia ser explicada, principalmente, pela sua
relação estatisticamente significante com a proporção alpha, seguida do “formante do ator” na
LH, LM e LF. A relação entre grau de loudness e proporção alpha tende a aumentar com o
aumento do NPS médio enquanto a relação entre grau de loudness e FA tende a enfraquecer.
Quanto maior a proporção alpha e o FA, maior a percepção de loudness aumentada (Tabela
IV.8).
70
Em LH e LM, a L1-L0 explica, por meio de uma correlação não muito forte, a
percepção de loudness aumentada. Em LF, L1-L0 passa a não ter relação estatisticamente
significante com grau de loudness, e o grau de projeção surge mostrando uma correlação,
ainda que fraca, com o grau de loudness. Parece clara esta relação entre proporção alpha e
percepção de loudness aumentada, estando em linha com diversos estudos (Gramming, 1991;
Gramming e Sundberg, 1988; Bele, 2002; Nordemberg e Sundberg, 2003). Assim, quanto
maior a energia acústica na região de agudos, maior a percepção de loudness, uma vez que um
aumento do NPS médio vem sempre acompanhado por um aumento de energia nas
freqüências mais agudas do espectro e nas larguras das bandas (Brandt, 1969 e Glave, 1975).
As vozes em ring no estudo de Acker (1987) foram percebidas como mais fortes que
as emitidas de modo tenso. Nossos resultados também estão em concordância com os do
autor: uma proporção alpha aumentada contribui para que a voz seja percebida como mais
forte.
A proporção alpha mostrou estar relacionada principalmente com FA, enfraquecendo
esta correlação com o aumento da intensidade (Tabela IV.6), e também com a sensação de
loudness aumentada (Tabela IV.8). Estas três variáveis estão relacionadas: proporção alpha,
“formante do ator” e sensação de loudness aumentada.
O modo de fonação (L1-L0) se correlaciona com proporção alpha nas LH e LM, no
nosso estudo em 86dB e 93dB (Figura IV.1), mostrando que efetivamente uma tensão
aumentada em nível de pregas vocais se faz necessário ou está presente nestes níveis de
intensidade estando de acordo com os achados fisiológicos descritos por Sundberg (1987).
Já a percepção de loudness aumentada está mais fortemente relacionada com a
proporção alpha e com o FA, do que com L1-L0, o modo de fonação, sendo que em LF não
existe correlação significativa entre percepção de loudness e L1-L0.
A variável L1-L0 se correlacionou com FA e com a sensação de loudness aumentada
nas LH e LM. Em LM e LF, a L1-L0 fortalece a sua relação com a proporção alpha, e a
relação com a loudness passa a não ter significado estatístico.
O grau de loudness no nosso estudo mostrou estar correlacionado com L1-L0 em LH e
LM, via FA. E L1-L0 mostrou estar positivamente relacionado com a proporção alpha em LM
e LF confirmando os resultados de Hammarberg, Fritzell, Gauffin, Sundberg e Wedin, 1980;
Hammarberg, Fritzell, Gauffin e Sundberg, 1986; Gauffin e Sundberg, 1989. A proporção
alpha, por sua vez, se relacionou com o grau de percepção de loudness e FA.
71
Na LM, L1-L0 passa a se relacionar com a proporção alpha - numa relação um pouco
mais fraca que a relação da proporção alpha com FA sendo que esta relação entre L1-L0 com
a proporção alpha se intensifica na LF.
Na LF, a relação da proporção alpha com L1-L0 é mais forte que a relação da
proporção alpha com FA. O L1-L0 esta fortemente relacionado com a proporção alpha na LM
e LF e com FA na LH e LM – em LF n.s. - e, a proporção alpha está fortemente relacionada
com Fa sendo que esta relação torna-se mais fraca LH para LF.
V.3.3 “Formante do ator”, grau de projeção e grau de loudness
A qualidade de uma voz influencia a percepção de loudness: vozes que apresentam no
espectro acústico um “formante do cantor ou do ator” são percebidas como tendo mais brilho,
ring, mais projeção e parecem mais fortes, apesar do nível de pressão sonora ser o mesmo
(Titze, comunicação pessoal, 2004). Vozes em ring são percebidas como mais fortes que as
tensas (Acker, 1987).
Vozes mais tensas também são percebidas como sendo mais fortes (Hurme e
Sonninem, 1985, Hammarberg, Fritzell, Gauffin e Sundberg, 1986; Gauffin e Sundberg,
1989; Bele, 2002). É possível que na análise perceptivo-auditiva, o FA tenha sido associado
com loudness aumentada e não com projeção vocal, por este motivo, a tensão pode ter sido
influenciado a percepção de loudness. Ainda, no nosso estudo, a f0 mostrou estar relacionada
com o grau de tensão nas LH, LM e LF (Figura IV.8). Com o aumento do NPS médio (Figura
IV.1) a f0 tornou-se mais aguda (Figura IV.2) e com ela, a percepção do grau de tensão
também aumentou para ambos os grupos (Figura IV.16), talvez contribuindo assim para a
percepção de loudness aumentada.
V.3.4 F0, F1, L1 e modo de fonação
Outra correlação observada foi a de F0 e F1, relação que se tornou mais intensa da LH
para LF (Tabela IV.6). Quanto mais agudo o F1, mais agudo o f0.
F1 também mostrou estar inversamente relacionado com L0 em LH e LF. Assim,
quanto mais agudo F1, mais agudo f0 porém, o L0 torna-se mais fraco ao menos em LH e LF.
Quanto mais agudo o F1 e mais fraco o L0, podemos supor que mais tenso seja o modo de
fonação e assim, maior a concentração de energia nos harmônicos agudos do espectro, e
maior o pico na região de 3-4kHz. Ou seja, esta correlação indica que é necessário, do ponto
de vista fisiológico, um mínimo de tensão nas pregas vocais, para haver um aumento do NPS
na região de agudos do espectro para que as vozes sejam percebidas como sendo mais fortes.
Também este ajuste é necessário para gerar um “formante do ator”. Por este motivo, vozes
fluídas, que no espectro apresenta uma f0 muito mais forte que F1, podem até ser
72
consideradas projetadas, como de fato o foram no nosso estudo, mas não existe possibilidade
de gerar um “formante do ator” (Figura VIII.57 e 58).
V.3.5 “Formante do ator”, L1-L0, loudness e projeção.
O “formante do ator” mostrou estar significativamente relacionado com L1-L0, em LH
e LM mas está mais fortemente relacionado com proporção alpha, nas LH, LM e LF sendo
que esta relação enfraquece na LF.
O Fa está correlacionado com a percepção de loudness aumentada, como já dissemos,
em LH e LM mas esta correlação enfraquece na LF, quando a projeção vocal passa a ter uma
relação mais forte com FA. Assim sendo, na LF, o grau de projeção se correlacionou com FA
e com o grau de loudness; a percepção de loudness se correlacionou com grau de projeção,
com a proporção alpha e com “FA” (Tabela VIII.8). Ainda, provavelmente na loudness forte
não houve associação significativa entre projeção vocal e f0 pois se as vozes projetadas são
percebidas como graves e na loudness forte, como as vozes se tornam naturalmente mais
agudas, o critério de avaliação mudou.
V.4 LTAS: prós e contras
O Long term average spectrum não tem uma metodologia de trabalho fácil de ser
apreendida, principalmente se o estudo envolve a mensuração do nível de pressão sonora, mas
mostrou ser uma ferramenta eficiente para análise da qualidade da voz, dos seus traços mais
estáveis na medida em que “resume” por meio de uma média, uma coleção de espectros
momentâneos, revelando a contribuição da fonte glótica e do filtro para a qualidade da voz.
Não é um método diagnóstico e a avaliação perceptivo-auditiva faz-se imprescindível. Alguns
aspectos tais como f0, jitter, shimmer, proporção harmônico-ruído e análise de freqüências
formantes, que dependem de uma resolução de tempo, não são contempladas pelo LTAS e,
por este motivo, outros tipos de análise acústica são necessários em complementação. Dentre
as variáveis estudadas, a proporção alpha mostrou ser bem consistente e a região do “formante
do ator” pode ser facilmente identificada. A relação L1-L0 foi difícil de ser mensurada, bem
com o pico da região do F1 que muitas vezes se confunde com o do f0, sendo importante a
escolha de um filtro adequado para a realização do espectro.
73
VI. CONCLUSÕES
Com base no LTAS médio da voz de atores e não atores, foi possível verificar que:
Os atores apresentaram o “formante do ator” nas loudness habitual, moderada e forte;
Os não atores apresentaram o “formante do ator” nas loudness moderada e forte.
Buscando as diferenças entre as vozes de atores e não atores por meio da análise acústica,
concluímos que:
Nas loudness habitual, moderada e forte, a proporção alpha e o pico mais forte da região
de 3-4kHz de atores e não atores foram significativamente diferentes;
Na loudness moderada, o nível de pressão sonora da freqüência fundamental (L0) e a
diferença L1-L0 de atores e não atores foram significativamente diferentes;
Na loudness habitual, a freqüência do primeiro formante (F1) de atores e não atores foi
significativamente diferente;
Nas loudness habitual, moderada e forte, o nível de pressão sonora médio (NPS), a
freqüência fundamental média (f0), a freqüência média do primeiro formante (F1) e a
freqüência do “formante do ator” de atores e não atores não apresentaram diferenças
significantes;
Nas loudness habitual e forte, o nível de pressão sonora da freqüência fundamental (L0) e
a diferença L1-L0 de atores e não atores não apresentaram diferenças significantes;
Nas loudness moderada e forte, a freqüência do primeiro formante (F1) de atores e não
atores não apresentaram diferenças significantes;
Buscando as diferenças entre as vozes de atores e não atores, por meio da análise
perceptivo-auditiva concluímos que:
74
Nas loudness habitual, moderada e forte, o grau de projeção e o grau de loudness de atores
e não atores foram significativamente diferentes;
Nas loudness habitual, moderada e forte, o grau de tensão de atores e não atores não
apresentaram diferenças significantes;
Correlacionando as variáveis das análises acústica e perceptivo-auditiva verificamos
que:
Nas loudness habitual, moderada e forte houve correlações significantes entre:
grau de projeção e grau de tensão;
grau de loudness e proporção alpha.
“formante do ator” e proporção alpha;
“formante do ator” e grau de loudness
F0 e F1
Nas loudness moderada e forte houve correlações significantes entre:
grau de projeção e F0;
grau de loudness e diferença L1-L0;
proporção alpha e diferença L1-L0;
Nas loudness habitual e forte houve correlações significantes entre:
F1 e L0
Na loudness forte houve correlações significantes entre:
grau de projeção e grau de loudness;
grau de projeção e “formante do ator”.
75
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87
VIII. ANEXOS
VIII.1 Protocolo
Nome:
Endereço:
Telefone:
D.N.: Cidade / estado:
Escolaridade:
Tempo de atuação:
1.Treino de voz falada? ( ) sim ( ) são
tempo: ( ) menos de um ano ( ) mais de um ano
profissional: ( ) fono ( ) professor de teatro
2.Treino de canto? ( ) sim ( ) não
tempo: ( ) menos de um ano ( ) mais de um ano
professor:
3.Terapia fonoaudiológica? ( ) sim ( ) não
tempo: ( ) 3m ( ) 6m ( ) 9m ( ) 1ano
profissional:
Motivo
4.Saúde vocal
cigarro: sim ( ) quantos por dia ( ) não ( )
álcool: sim ( ) não ( ) copos/ dia ( )
água: sim ( ) não ( ) copos/dia ( )
alimentação equilibrada: sim ( ) não( )
medicamentos:
horas de sono e qualidade de sono:
5.Como você percebe se está projetando a voz?
6.Como você mantém a sua voz?
88
VIII.2 Texto
A descoberta de Cristóvão Colombo.
Mowa Lebesque
Astros que girais sob o olhar de Deus,
Esferas celestes e Vós, forma única, infinitamente recomeçada,
Dizei-me: qual a necessidade do número Um?
Para o número Um só há uma necessidade: morrer.
Anjos que pesais o forte e o fraco, o justo e o injusto,
Vós que balançais o universo ao peso de um grão de areia,
Dizei-me: qual a necessidade do número Dois?
Eu vejo duas terras e dois mares, deste lado do mundo e do outro.
Poderes que libertais os ventos e as velas,
Dizei-me: qual a necessidade do número Três?
Eu vejo três caravelas que partem de Palos,
três comandantes que olham o mar,
três estandartes de Cristo sobre o oceano impoluto.
Eu vejo um homem que chora porque é o único a saber,
E uma rainha que reza porque é a única a não ter fé.
Ó Cristóvão, homem suspeito, homem de orgulho e ressentimento.
É chegado o tempo em que tomando o mundo inteiro
por instrumento de tua glória,
Deus permite enfim,
que sejas o instrumento de tua própria glória.
Venho a ti, homem de cólera,
Para dizer-te que tudo ganhaste,
Porque havias aceito
Tudo perder.
89
VIII.3 Avaliação perceptivo-auditiva
loudness habitual ( ) loudness moderada ( ) loudness forte ( )
Voz 1
1. projeção pobre ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( )5 ( ) 6 excelente
4. tensão (pouco tenso) ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( )5 (muito tenso)
3. loudness (muito fraca) ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( )5 (muito forte)
Voz 2
1. projeção pobre ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( )5 ( ) 6 excelente
4. tensão (pouco tenso) ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( )5 (muito tenso)
3. loudness (muito fraca) ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( )5 (muito forte)
Voz 3
1. projeção pobre ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( )5 ( ) 6 excelente
4. tensão (pouco tenso) ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( )5 (muito tenso)
3. loudness (muito fraca) ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( )5 (muito forte)
Voz 4
1. projeção pobre ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( )5 ( ) 6 excelente
4. tensão (pouco tenso) ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( )5 (muito tenso)
3. loudness (muito fraca) ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( )5 (muito forte)
Voz 5
1. projeção pobre ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( )5 ( ) 6 excelente
4. tensão (pouco tenso) ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( )5 (muito tenso)
3. loudness (muito fraca) ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( )5 (muito forte)
Avaliador _____________________________ Data: __/__/__
90
VIII.4 Análise acústica: descrição dos dados
Tabela VIII.1 Estatística descritiva do NPS médio da região de 2-4kHz, a cada 100Hz, para atores e
não atores em LH
Freqüência
Grupo
Média
Mediana
Desvio
padrão
Erro
padrão
Mínimo
Quartil 1 Quartil 3
Máximo
2kHz Atores -22,95 -21,65 5,36 1,62 -32,30 -27,92 -19,55 -13,95
Não atores -28,90 -29,51 4,25 1,34 -34,01 -33,10 -25,04 -21,59
2,1kHz Atores -24,75 -24,60 4,95 1,49 -33,03 -29,74 -19,52 -17,67
Não atores -29,47 -29,33 4,42 1,40 -34,60 -33,70 -26,93 -20,77
2,2kHz Atores -23,88 -22,34 4,49 1,35 -32,28 -27,91 -20,43 -18,17
Não atores -29,65 -30,59 4,31 1,36 -34,79 -32,82 -27,30 -20,92
2,3kHz Atores -23,97 -23,67 4,18 1,26 -31,52 -26,92 -19,69 -18,49
Não atores -29,82 -30,60 4,88 1,54 -35,98 -33,04 -27,32 -19,65
2,4kHz Atores -22,74 -21,73 4,57 1,38 -30,86 -26,92 -18,68 -16,63
Não atores -29,66 -29,09 4,97 1,57 -36,98 -34,21 -26,82 -21,33
2,5kHz Atores -23,11 -22,08 5,04 1,52 -32,42 -27,35 -19,18 -15,82
Não atores -30,08 -29,12 5,36 1,69 -38,75 -34,20 -25,06 -23,71
2,6kHz Atores -24,68 -24,17 6,24 1,88 -35,40 -30,32 -19,17 -15,85
Não atores -31,33 -30,37 6,15 1,94 -41,67 -36,11 -26,20 -24,59
2,7kHz Atores -26,11 -27,83 6,63 2,00 -36,55 -32,24 -19,67 -16,11
Não atores -32,85 -31,73 6,36 2,01 -43,73 -38,14 -27,60 -24,96
2,8kHz Atores -28,45 -28,99 5,88 1,77 -37,70 -34,60 -22,75 -20,19
Não atores -34,58 -33,35 6,48 2,05 -44,29 -40,09 -29,13 -26,73
2,9kHz Atores -29,70 -30,26 5,46 1,65 -38,24 -35,07 -24,56 -20,90
Não atores -35,87 -34,42 6,35 2,01 -45,72 -40,87 -30,98 -27,97
3,0kHz Atores -29,46 -28,83 5,52 1,66 -37,60 -36,18 -24,79 -21,44
Não atores -35,67 -35,45 6,79 2,15 -45,86 -41,31 -28,72 -27,03
3,1kHz Atores -29,09 -27,72 5,28 1,59 -38,10 -33,96 -24,72 -21,47
Não atores -34,74 -35,26 6,49 2,05 -44,12 -39,72 -29,74 -24,12
3,2kHz Atores -27,84 -26,37 6,02 1,82 -39,85 -33,17 -23,80 -19,36
Não atores -33,61 -34,79 7,02 2,22 -42,54 -39,82 -27,86 -22,47
3,3kHz Atores -25,86 -25,14 6,81 2,05 -40,89 -30,07 -21,16 -16,59
Não atores -33,01 -33,88 6,57 2,08 -42,31 -38,89 -27,70 -22,12
3,4kHz Atores -25,88 -25,48 6,60 1,99 -39,59 -29,46 -21,02 -18,08
Não atores -33,01 -33,32 6,31 1,99 -43,56 -37,88 -27,94 -23,45
3,5kHz Atores -25,89 -22,71 6,36 1,92 -38,62 -30,25 -20,64 -19,74
Não atores -33,32 -33,57 5,73 1,81 -43,80 -37,13 -28,59 -25,08
3,6kHz Atores -26,95 -28,19 6,16 1,86 -37,29 -30,19 -20,54 -18,27
Não atores -34,10 -33,01 5,56 1,76 -46,03 -37,13 -29,44 -27,47
3,7kHz Atores -28,31 -31,31 6,43 1,94 -37,67 -33,10 -22,63 -17,26
Não atores -35,64 -33,47 5,89 1,86 -47,36 -38,86 -32,35 -26,83
3,8kHz Atores -29,77 -30,26 5,93 1,79 -39,13 -34,67 -26,24 -17,74
Não atores -36,87 -36,35 6,60 2,09 -48,18 -40,39 -33,63 -24,18
3,9kHz Atores -32,55 -32,71 6,27 1,89 -40,93 -38,92 -28,20 -20,49
Não atores -38,37 -38,87 6,80 2,15 -49,06 -42,37 -34,97 -23,97
4kHz Atores -33,83 -33,44 5,36 1,62 -41,00 -39,77 -28,61 -26,42
91
Tabela VIII.2 Estatística descritiva do NPS médio da região de 2-4kHz, a cada 100Hz, para atores e
não atores na LM
Freqüência Grupo Média MediaNa Desvio
padrão
Erro
padrão
Mínimo Quartil 1 Quartil 3 Máximo
2kHz Atores -19,42 -18,66 3,14 ,95 -27,46 -20,62 -17,37 -15,59
Não atores -23,12 -23,79 3,19 1,01 -27,28 -25,51 -20,91 -17,50
2,1kHz Atores -20,65 -20,74 2,82 ,85 -27,52 -22,01 -17,95 -17,34
Não atores -24,32 -25,01 3,15 1,00 -27,90 -26,43 -22,55 -17,65
2,2kHz Atores -20,81 -20,63 2,77 ,84 -27,11 -22,06 -18,83 -16,81
Não atores -24,79 -25,69 3,76 1,19 -29,06 -27,57 -23,04 -17,13
2,3kHz Atores -19,67 -18,46 2,73 ,82 -26,54 -21,21 -18,02 -17,22
Não atores -24,14 -25,46 4,21 1,33 -28,06 -27,49 -22,19 -14,59
2,4kHz Atores -19,33 -18,24 2,80 ,84 -25,80 -20,98 -17,66 -16,20
Não atores -24,09 -24,93 4,30 1,36 -29,29 -26,93 -22,01 -14,82
2,5kHz Atores -18,82 -17,75 3,55 1,07 -26,45 -21,28 -16,50 -14,09
Não atores -24,08 -23,77 4,49 1,42 -32,38 -26,71 -21,05 -16,43
2,6kHz Atores -20,33 -20,24 3,57 1,08 -28,51 -22,20 -17,06 -16,32
Não atores -25,34 -23,88 4,57 1,44 -33,02 -29,64 -21,80 -20,34
2,7kHz Atores -21,09 -20,38 3,81 1,15 -30,09 -23,59 -19,20 -15,19
Não atores -26,82 -24,56 5,06 1,60 -35,29 -31,82 -23,08 -22,08
2,8kHz Atores -23,26 -23,02 3,04 ,92 -30,52 -24,67 -20,95 -19,91
Não atores -28,29 -26,45 5,20 1,64 -37,99 -32,84 -24,86 -21,97
2,9kHz Atores -24,13 -23,58 3,00 ,90 -31,11 -25,58 -22,15 -19,98
Não atores -29,95 -28,26 5,60 1,77 -40,13 -33,86 -25,59 -23,51
3kHz Atores -24,35 -24,68 3,83 1,15 -33,44 -26,11 -20,81 -19,84
Não atores -29,54 -28,61 6,26 1,98 -39,91 -33,78 -24,17 -21,63
3,1kHz Atores -23,00 -22,38 4,73 1,43 -33,59 -24,87 -20,52 -15,90
Não atores -29,17 -29,76 6,05 1,91 -37,88 -33,24 -22,86 -20,25
3,2kHz Atores -21,87 -20,64 4,50 1,36 -32,86 -24,36 -18,76 -17,11
Não atores -27,93 -28,81 6,27 1,98 -37,47 -32,58 -20,88 -19,67
3,3kHz Atores -20,72 -19,63 4,67 1,41 -32,64 -23,07 -18,11 -15,83
Não atores -27,00 -27,54 5,89 1,86 -36,73 -31,29 -21,58 -19,15
3,4kHz Atores -20,47 -18,84 4,26 1,28 -31,40 -22,00 -17,11 -16,76
Não atores -26,60 -27,54 5,39 1,70 -35,43 -30,36 -21,38 -19,35
3,5kHz Atores -20,63 -19,58 3,69 1,11 -29,11 -23,70 -18,03 -16,66
Não atores -27,15 -27,01 5,35 1,69 -37,24 -30,45 -22,70 -20,27
3,6kHz Atores -22,10 -21,31 3,65 1,10 -28,96 -25,62 -19,54 -16,86
Não atores -27,84 -27,68 5,83 1,84 -40,35 -30,58 -23,04 -20,49
3,7kHz Atores -23,57 -22,49 4,65 1,40 -31,80 -28,40 -19,66 -17,78
Não atores -29,84 -29,58 6,18 1,95 -43,69 -32,51 -25,15 -21,49
3,8kHz Atores -26,25 -26,78 5,68 1,71 -38,42 -28,04 -20,89 -18,42
Não atores -31,24 -31,01 6,12 1,94 -42,79 -33,54 -28,06 -20,92
3,9kHz Atores -28,10 -28,47 5,37 1,62 -37,95 -31,44 -24,59 -18,01
Não atores -33,28 -32,66 6,81 2,15 -44,27 -38,07 -29,70 -20,02
4kHz Atores -30,49 -29,78 5,08 1,53 -38,84 -33,52 -29,04 -20,05
92
Tebela VIII.3 Estatística descritiva do NPS médio da região de 2-4kHz, a cada 100Hz, para atores e
não atores em LF
Freqüência Grupo Média MediaNa Desvio
padrão
Erro
padrão
Mínimo Quartil 1 Quartil 3 Máximo
2kHz Atores -19,02 -18,58 2,58 ,78 -24,87 -20,47 -17,30 -15,92
Não atores -22,20 -22,81 2,88 ,91 -25,49 -24,55 -20,41 -16,47
2,1kHz Atores -19,87 -20,14 2,40 ,72 -24,47 -21,11 -17,93 -15,80
Não atores -23,29 -24,24 3,02 ,95 -27,18 -25,38 -20,27 -17,51
2,2kHz Atores -20,08 -20,65 3,03 ,91 -24,87 -21,62 -19,48 -14,08
Não atores -22,94 -23,12 2,91 ,92 -25,99 -25,46 -21,15 -18,10
2,3kHz Atores -19,00 -19,07 2,91 ,88 -24,54 -20,70 -17,04 -13,50
Não atores -23,71 -24,61 3,67 1,16 -28,19 -25,57 -22,51 -16,48
2,4kHz Atores -18,15 -18,42 2,69 ,81 -22,95 -19,30 -17,17 -11,99
Não atores -22,42 -23,92 3,65 1,15 -26,79 -24,73 -20,64 -15,28
2,5kHz Atores -17,67 -18,09 3,36 1,01 -24,55 -19,81 -14,72 -12,36
Não atores -22,30 -23,63 3,94 1,25 -27,56 -24,94 -19,61 -15,52
2,6kHz Atores -18,84 -18,20 3,23 ,97 -26,59 -20,31 -17,79 -14,18
Não atores -23,38 -22,97 4,87 1,54 -31,17 -27,07 -19,30 -17,44
Não atores -25,35 -23,98 5,57 1,76 -34,65 -29,82 -20,31 -19,79
2,8kHz Atores -20,83 -20,66 3,20 ,96 -27,62 -23,26 -18,67 -16,09
Não atores -26,77 -25,75 5,21 1,65 -35,03 -30,88 -22,03 -20,73
2,9kHz Atores -21,98 -21,28 2,68 ,81 -28,17 -23,18 -20,31 -18,04
Não atores -28,70 -26,26 4,83 1,53 -37,16 -32,82 -25,17 -24,10
3kHz Atores -21,85 -20,96 4,00 1,21 -29,71 -25,35 -19,61 -15,62
Não atores -28,39 -25,71 4,97 1,57 -37,20 -33,05 -24,97 -24,02
3,1kHz Atores -21,70 -20,97 4,26 1,28 -30,51 -24,54 -19,89 -15,35
Não atores -28,17 -25,89 4,83 1,53 -36,47 -32,36 -24,77 -23,16
3,2kHz Atores -20,45 -19,64 4,04 1,22 -29,01 -22,54 -17,95 -14,35
Não atores -27,14 -25,13 5,44 1,72 -36,03 -32,70 -22,45 -21,89
3,3kHz Atores -19,96 -19,61 3,68 1,11 -29,50 -20,35 -16,74 -16,13
Não atores -25,86 -23,68 4,85 1,53 -34,73 -30,53 -21,80 -20,93
3,4kHz Atores -19,93 -18,27 3,93 1,18 -28,25 -21,80 -17,29 -14,42
Não atores -25,36 -22,93 5,46 1,73 -34,63 -31,14 -20,76 -19,45
3,5kHz Atores -21,13 -20,51 3,79 1,14 -28,20 -22,89 -18,63 -15,00
Não atores -25,37 -23,95 5,67 1,79 -36,42 -30,15 -20,22 -19,87
3,6kHz Atores -22,38 -22,03 5,07 1,53 -33,67 -22,91 -19,93 -13,61
Não atores -26,14 -24,70 6,08 1,92 -37,83 -30,68 -21,53 -18,52
3,7kHz Atores -22,91 -22,26 5,40 1,63 -34,95 -25,13 -20,20 -13,14
Não atores -27,41 -25,56 5,99 1,89 -39,57 -31,58 -22,82 -20,32
3,8kHz Atores -25,03 -25,50 6,49 1,96 -38,35 -28,38 -21,03 -11,90
Não atores -29,55 -27,23 6,04 1,91 -38,95 -35,16 -25,85 -19,89
3,9kHz Atores -25,99 -25,52 6,09 1,84 -37,21 -29,82 -23,51 -12,83
Não atores -31,93 -30,45 6,12 1,94 -40,38 -37,94 -27,88 -21,59
4kHz Atores -27,60 -27,33 6,66 2,01 -40,31 -30,18 -25,36 -13,18
Não atores -34,32 -34,24 5,83 1,84 -41,33 -39,92 -30,48 -22,12
93
Tabela VIII.4 Estatística descritiva do NPS médio em LH, LM e LF para atores e não atores
86,55 89,94 8,16 2,46 73,60 77,91 92,88 95,07 N=11
86,98 88,36 6,17 1,95 76,46 82,16 89,50 98,73 N=10
89,99 92,23 6,82 2,06 80,34 80,92 95,13 99,40 N=11
89,82 89,54 3,74 1,18 83,95 87,61 91,98 96,59 N=10
93,06 95,75 7,41 2,23 79,29 87,06 98,65 102,82 N=11
92,95 94,64 5,76 1,82 78,28 91,37 96,84 97,83 N=10
Atores
Não atores
Grupo
NPS_H
Atores
Não atores
Grupo
NPS_M
Atores
Não atores
Grupo
NPS_F
Média Mediana
Desvio
padrão
Erro
padrão
Mínimo
Quartil
1
Quartil
3
Máximo N
Tabela VIII.5 Estatística descritiva da proporção alpha em LH, LM e LF para atores
e não atores
-9,99 -9,53 3,48 1,05 -16,45 -11,20 -7,71 -4,45 N=11
-14,07 -13,98 3,05 ,96 -19,11 -16,34 -12,00 -9,23 N=10
-7,39 -7,28 2,14 ,65 -11,74 -9,06 -5,70 -4,45 N=11
-10,98 -11,51 2,86 ,90 -15,24 -12,74 -8,87 -6,31 N=10
-6,50 -6,12 3,19 ,96 -14,84 -7,45 -4,19 -3,68 N=11
-9,25 -9,32 2,96 ,93 -13,82 -11,01 -7,95 -4,33 N=10
Atores
Não atores
Grupo
Proporção
Alfa_H
Atores
Não atores
Grupo
Proporção
Alfa_M
Atores
Não atores
Grupo
Proporção
Alfa_F
Média Mediana
Desvio
padrão
Erro
padrão
Mínimo
Quartil
1
Quartil
3
Máximo N
Tabela VIII.6 Estatística descritiva da f0 em LH, LM e LF para atores e não atores
135,20 128,73 25,98 7,83 106,64 115,36 156,28 185,47 N=11
140,36 140,32 16,99 5,37 113,08 127,56 152,98 165,46 N=10
170,22 161,36 27,94 8,43 136,17 146,83 194,19 218,94 N=11
163,56 161,54 29,95 9,47 122,20 134,85 190,58 219,11 N=10
206,29 206,10 21,05 6,35 173,89 193,61 216,33 244,16 N=11
193,82 187,05 24,50 7,75 156,59 175,27 214,03 235,75 N=10
Atores
Não atores
Grupo
f0_H
Atores
Não atores
Grupo
f0_M
Atores
Não atores
Grupo
f0_F
Média Mediana
Desvio
padrão
Erro
padrão
Mínimo
Quartil
1
Quartil
3
Máximo N
94
Tabela VIII.7 Estatística descritiva do LO em LH, LM e LF para atores e não atores
-1,87 -2,30 1,62 ,49 -4,37 -3,03 -,12 ,00 N=11
-1,14 -,79 ,96 ,30 -2,84 -2,16 -,53 ,00 N=10
-3,33 -3,18 1,98 ,60 -5,89 -5,26 -1,90 -,37 N=11
-,95 -,59 1,04 ,33 -2,43 -2,29 ,00 ,17 N=10
-3,76 -2,47 2,54 ,77 -7,72 -6,23 -2,01 ,00 N=11
-2,78 -2,80 2,31 ,73 -7,22 -4,44 -,50 ,00 N=10
Atores
Não atores
Grupo
L0_H
Atores
Não atores
Grupo
L0_M
Atores
Não atores
Grupo
L0_F
Média Mediana
Desvio
padrão
Erro
padrão
Mínimo
Quartil
1
Quartil
3
Máximo N
Tabela VIII.8 Estatística descritiva da freqüência do F1 em LH, LM e LF para atores
e não atores
360,91 375,00 116,98 35,27 220,00 250,00 450,00 525,00 N=11
282,50 287,50 37,36 11,81 225,00 250,00 325,00 325,00 N=10
386,36 375,00 58,48 17,63 325,00 325,00 450,00 450,00 N=11
375,00 337,50 113,04 35,75 250,00 300,00 425,00 625,00 N=10
443,18 450,00 58,19 17,55 350,00 400,00 500,00 550,00 N=11
410,00 400,00 65,83 20,82 300,00 368,75 456,25 525,00 N=10
Atores
Não atores
Grupo
F1_H
Atores
Não atores
Grupo
F1_M
Atores
Não atores
Grupo
F1_F
Média Mediana
Desvio
padrão
Erro
padrão
Mínimo
Quartil
1
Quartil
3
Máximo N
Tabela VIII.9 Estatística descritiva de L1-L0 em LH, LM e LF para atores e não atores
,45 ,94 2,88 ,87 -4,54 -2,31 2,76 4,37 N=11
-,39 ,78 2,90 ,92 -6,22 -2,77 1,42 2,84 N=10
2,87 3,18 3,04 ,92 -4,68 1,90 5,26 5,89 N=11
,39 -,20 1,53 ,48 -1,45 -,86 2,29 2,43 N=10
3,32 2,47 3,50 1,05 -4,85 2,01 6,23 7,72 N=11
2,64 2,80 2,42 ,76 -,47 ,18 4,44 7,22 N=10
Atores
Não atores
Grupo
L1 - L0_H
Atores
Não atores
Grupo
L1 - L0_M
Atores
Não atores
Grupo
L1 - L0_F
Média Mediana
Desvio
padrão
Erro
padrão
Mínimo
Quartil
1
Quartil
3
Máximo N
95
Tabela VIII.10 Estatística descritiva da freqüência do FA em LH, LM e LF para atores
e não atores
3475,00 3425,00 144,91 43,69 3300,00 3325,0 3600,0 3750,00 N=11
3427,50 3425,00 150,21 47,50 3200,00 3312,5 3525,0 3725,00 N=10
3427,27 3425,00 176,94 53,35 3100,00 3300,0 3525,0 3725,00 N=11
3400,00 3412,50 149,07 47,14 3200,00 3256,3 3525,0 3600,00 N=10
3413,64 3375,00 225,93 68,12 3150,00 3200,0 3625,0 3800,00 N=11
3507,50 3500,00 139,97 44,26 3325,00 3368,8 3637,5 3725,00 N=10
Atores
Não atores
Grupo
F4_H
Atores
Não atores
Grupo
F4_M
Atores
Não atores
Grupo
F4_F
Média Mediana
Desvio
padrão
Erro
padrão
Mínimo
Quartil
1
Quartil
3
Máximo N
Tabela VIII.11 Estatística descritiva da amplitude do FA em LH, LM e LF para atores
e não atores
-23,78 -20,54 6,90 2,08 -37,06 -28,82 -18,08 -16,09 N=11
-31,63 -31,97 6,23 1,97 -41,99 -36,60 -26,70 -21,96 N=10
-19,32 -17,30 4,82 1,45 -28,82 -20,55 -15,90 -15,36 N=11
-25,49 -26,48 5,74 1,82 -34,99 -29,50 -19,91 -18,49 N=10
-19,39 -18,63 6,23 1,88 -34,25 -20,31 -15,12 -11,90 N=11
-24,60 -23,51 5,10 1,61 -34,00 -29,51 -20,58 -18,16 N=10
Atores
Não atores
Grupo
L4_H
Atores
Não atores
Grupo
L4_M
Atores
Não atores
Grupo
L4_F
Média Mediana
Desvio
padrão
Erro
padrão
Mínimo
Quartil
1
Quartil
3
Máximo N
96
VIII.5. Análise acústica: t de Student
Tabela VIII.12 Região de 2-4kHz, a cada 100hHz, em LH
freqüência Sig.
H_2000 ,012
H_2100 ,033
H_2200 ,007
H_2300 ,008
H_2400 ,004
H_2500 ,006
H_2600 ,024
H_2700 ,028
H_2800 ,035
H_2900 ,027
H_3000 ,032
H_3100 ,040
H_3200 ,057
H_3300 ,024
H_3400 ,021
H_3500 ,011
H_3600 ,012
H_3700 ,014
H_3800 ,018
H_3900 ,055
H_4000 ,044
Tabela VIII.13 Região de 2-4kHz, a cada 100Hz, na loudness moderada
freqüência Sig.
M_2000 ,015
M_2100 ,011
M_2200 ,012
M_2300 ,009
M_2400 ,007
M_2500 ,007
M_2600 ,011
M_2700 ,008
M_2800 ,013
M_2900 ,007
M_3000 ,032
M_3100 ,017
M_3200 ,019
M_3300 ,014
M_3400 ,009
M_3500 ,004
M_3600 ,013
M_3700 ,016
M_3800 ,068
M_3900 ,067
M_4000 ,064
97
Tabela VIII.14 Região de 2-4kHz, a cada 100Hz, em LF
freqüência Sig.
F_2000 ,015
F_2100 ,009
F_2200 ,040
F_2300 ,004
F_2400 ,006
F_2500 ,009
F_2600 ,020
F_2700 ,008
F_2800 ,005
F_2900 ,001
F_3000 ,003
F_3100 ,004
F_3200 ,005
F_3300 ,005
F_3400 ,016
F_3500 ,057
F_3600 ,139
F_3700 ,086
F_3800 ,116
F_3900 ,038
F_4000 ,024
VIII.6 Análise perceptivo-auditiva: descrição dos dados
Tabela VIII.15 Estatística descritiva do grau de projeção em LH, LM e LF para atores e não atores
3,70 3,63 ,90 ,27 2,13 3,38 4,13 5,50 N=11
2,90 2,75 ,77 ,24 2,00 2,34 3,34 4,63 N=10
3,58 3,75 1,04 ,31 1,75 2,75 4,25 5,13 N=11
2,74 2,50 ,79 ,25 1,75 2,19 3,28 4,25 N=10
3,48 3,38 ,62 ,19 2,50 3,00 4,00 4,50 N=11
2,79 2,75 ,66 ,21 2,00 2,13 3,41 3,88 N=10
Atores
Não atores
Grupo
Proj _H
Atores
Não atores
Grupo
Proj _M
Atores
Não atores
Grupo
Proj _F
Média Mediana
Desvio
padrão
Erro
padrão Mínimo
Quatil
1
Quartil
3 Máximo N
98
Tabela VIII.16 Estatística descritiva do grau de tensão em LH, LM e LF para atores e não atores
2,85 2,75 ,76 ,23 1,75 2,38 3,75 4,00 N=11
3,10 3,13 ,42 ,13 2,50 2,78 3,31 3,88 N=10
3,74 3,71 ,72 ,22 2,57 3,14 4,57 4,71 N=11
3,74 3,43 ,55 ,18 3,29 3,39 4,18 4,71 N=10
3,60 3,50 ,61 ,18 2,50 3,25 4,13 4,75 N=11
3,66 3,56 ,63 ,20 2,88 3,19 4,22 4,75 N=10
Atores
Não atores
Grupo
tensão_H
Atores
Não atores
Grupo
tensão_M
Atores
Não atores
Grupo
tensão_F
Média Mediana
Desvio
padrão
Erro
padrão
Mínimo
Quartil
1
Quartil
3
Máximo N
Tabela VIII.17 Estatística descritiva do grau de loudness em LH, LM e LF para atores e não atores
3,32 3,38 ,30 ,09 2,88 3,00 3,50 3,88 N=11
2,88 2,94 ,46 ,15 2,25 2,44 3,25 3,63 N=10
3,57 3,63 ,29 ,09 3,13 3,25 3,88 3,88 N=11
2,90 2,88 ,47 ,15 2,13 2,59 3,28 3,75 N=10
3,90 3,88 ,37 ,11 3,25 3,63 4,13 4,50 N=11
3,09 3,06 ,47 ,15 2,38 2,63 3,53 3,75 N=10
Atores
Não atores
Grupo
Loud_H
Atores
Não atores
Grupo
Loud_M
Atores
Não atores
Grupo
Loud_F
Média Mediana
Desvio
padrão
Erro
padrão
Mínimo
Quartil
1
Quartil
3
Máximo N
99
VIII.7 Long term average spectrum
Legenda para todos os LTAS: linha verde, loudness habitual; linha vermelha, loudness
moderada e linha azul, loudness forte.
VIII.7.1 Long term average spectrum para cada indivíduo do grupo de atores nas LH.
LM e LF
Figura VIII.1 ator AG
Figura VIII.2 ator DW
100
Figura VIII.3 ator EC
Figura VIII.4 ator ES
101
Figura VIII.5 ator GP
Figura VIII.6 ator AGk
102
Figura VIII.7 ator JRC
Figura VIII.8 ator LLR
103
Figura VIII.9 ator MS
Figura VIII.10 ator OM
104
Figura VIII.11 ator RRS
VIII.7.2 Long term average spectrum para cada indivíduo do grupo de não atores nas
LH,LM e LH
Figura VIII.12 não ator GP
105
Figura VIII.13 não ator GPK
Figura VIII.14 não ator LC
106
Figura VIII.15 não ator LHB
Figura VIII.16 não ator LRR
107
Figura VIII.17 não ator MB
Figura VIII.18 não ator RSLT
108
Figura VIII.19 não ator SWP
Figura VIII.20 não ator VSJ
109
Figura VIII.21 não ator RB
VIII.7.3 LTAS médio considerando o quartil 3 para atores e o quartil 1 para não atores
nas LH, LM e LF
Nos Gráficos de LTAS, linha vermelha , atores e linha azul, não atores
Figura VIII.22 LTAS médio de atores e não atores em LH
110
Figura VIII.23 LTAS médio de atores e não atores na loudness moderada
Figura VIII.24 LTAS médio de atores e não atores na loudness forte
111
VIII.7.4 LTAS médio para cada grupo na LH, LM e LF, considerando o quartil 1 para
não atores e o quartil 3 para atores.
Nos gráficos do LTAS, linha azul, LH; linha vermelha, LM e linha verde, LF
Figura VIII.25 LTAS médio de não atores nas LH, LM e LF considerando quartil 1
Figura VIII.26 LTAS médio de atores na LH, LM e LF considerando quartil 3
112
VIII.7.5 LTAS individual e médio para atores e não atores na LH, LM e LF
-60
-50
-40
-30
-20
-10
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
2000
2200
2400
2600
2800
3000
32
00
3400
3600
3800
4000
4200
4400
4600
4800
5000
Freqüência (Hz)
NPS (dB)
Figura VIII.27 LTAS individual e médio para atores na LH
-60
-50
-40
-30
-20
-10
0
200
40
0
6
0
0
800
1
0
0
0
1
2
0
0
140
0
1
6
0
0
180
0
2
0
0
0
220
0
2
40
0
260
0
2
80
0
300
0
3
20
0
340
0
3
60
0
380
0
4
0
0
0
420
0
4
4
0
0
460
0
4
8
0
0
500
0
Freqüência (Hz)
NPS (dB)
Figura VIII.28 LTAS individual e médio para atores na LM
113
-60
-50
-40
-30
-20
-10
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1
800
2
000
220
0
240
0
260
0
280
0
300
0
320
0
3400
3600
3800
4000
4200
4400
4600
4800
5000
Freqüência (Hz)
NPS (dB)
Figura VIII.29 LTAS individual e médio para atores na LF
-60
-50
-40
-30
-20
-10
0
200
400
600
800
10
00
120
0
14
00
1600
180
0
2
000
220
0
24
00
260
0
280
0
3
000
320
0
34
00
3600
380
0
4
000
420
0
4
400
4600
480
0
5000
Freqüência (Hz)
NPS (dB)
Figura VIII.30 LTAS individual e médio para não atores na LH
114
-60
-50
-40
-30
-20
-10
0
200
4
0
0
60
0
800
1
000
12
00
1
400
160
0
18
00
2
000
220
0
24
00
2
600
280
0
30
00
320
0
34
00
3
600
380
0
40
00
4
200
4400
46
00
48
00
5000
Freqüência (Hz)
NPS (dB)
Figura VIII.31 LTAS individual e médio para não atores na LM
-60
-50
-40
-30
-20
-10
0
2
00
40
0
6
00
8
00
100
0
1
200
1
400
160
0
1
800
2
000
22
00
24
00
2
600
28
00
30
00
32
00
340
0
36
00
38
00
400
0
4200
4
400
460
0
4800
5
000
Freqüência (Hz)
NPS (dB)
Figura VIII.32 LTAS individual e médio para não atores na LF
VIII.8 Gráficos do perfil médio de cada uma das variáveis dispondo os valores
individuais e a média em LH, LM e LF.
115
70
75
80
85
90
95
100
105
110
Habitual Moderada Forte
Loudness
NPS (dB)
Figura VIII.33 NPS médio do grupo de não atores
70
75
80
85
90
95
100
105
110
Habitual Moderada Forte
Loudness
NPS (dB)
Figura VIII.34 NPS médio do grupo de atores.
116
-21
-19
-17
-15
-13
-11
-9
-7
-5
-3
Habitual Moderada Forte
Loudness
NPS (dB)
Figura VIII.35 Proporção alpha do grupo de não atores
-21
-19
-17
-15
-13
-11
-9
-7
-5
-3
Habitual Moderada Forte
Loudness
NPS (dB)
Figura VIII.36 Proporção alpha do grupo de atores
117
90
110
130
150
170
190
210
230
250
Habitual Moderada Forte
Loudness
freqüência (Hz)
Figura VIII.37 Freqüência fundamental do grupo de não atores
90
110
130
150
170
190
210
230
250
Habitual Moderada Forte
Loudness
freqüência (Hz)
Figura VIII.38 Freqüência fundamental do grupo de atores
118
-8
-7
-6
-5
-4
-3
-2
-1
0
1
Habitual Moderada Forte
Loudness
NPS (dB)
Figura VIII.39 NPS da freqüência fundamental do grupo de não atores
-8
-7
-6
-5
-4
-3
-2
-1
0
1
Habitual Moderada Forte
Loudness
NPS (dB)
Figura VIII.40 NPS da freqüência fundamental do grupo de atores
119
100
200
300
400
500
600
700
Habitual Moderada Forte
Loudness
Freqüência (Hz)
Figura VIII.41 Freqüência do primeiro formante do grupo de não atores
100
200
300
400
500
600
700
Habitual Moderada Forte
Loudness
Freqüência (Hz)
Figura VIII.42 Freqüência do primeiro formante do grupo de atores
120
-7
-6
-5
-4
-3
-2
-1
0
1
Habitual Moderada Forte
Loudness
NPS (dB)
Figura VIII.43 NPS do primeiro formante do grupo de não atores
-7
-6
-5
-4
-3
-2
-1
0
1
Habitual Moderada Forte
Loudness
NPS (dB)
Figura VIII.44 NPS do primeiro formante do grupo de atores
121
-8
-6
-4
-2
0
2
4
6
8
Habitual Moderada Forte
Loudness
NPS (dB)
Figura VIII.45 L1-L0 do grupo de não atores
-8
-6
-4
-2
0
2
4
6
8
Habitual Moderada Forte
Loudness
NPS (dB)
Figura VIII.46 L1-L0 do grupo de atores
122
2900
3000
3100
3200
3300
3400
3500
3600
3700
3800
3900
4000
Habitual Moderda Forte
Loudness
Freqüência (hZ)
Figura VIII.47 Freqüência central do pico na região de 3-4kHz para o grupo não de atores
2900
3000
3100
3200
3300
3400
3500
3600
3700
3800
3900
4000
Habitual Moderda Forte
Loudness
Freqüência (Hz)
Figura VIII.48 Freqüência central do pico na região de 3-4kHz para o grupo de atores
123
-50
-45
-40
-35
-30
-25
-20
-15
-10
Habitual Moderada Forte
Loudness
NPS (dB)
Figura VIII.49 Pico da região de 3-4kHz de não atores menos pico da região de 0-1kHz do grupo de
não atores
-50
-45
-40
-35
-30
-25
-20
-15
-10
Habitual Moderada Forte
Loudness
NPS (dB)
Figura VIII.50 Pico da região de 3-4kHz menos pico da região de 0-1kHz para grupo de atores
124
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
5,5
6,0
Habitual Moderada Forte
Loudness
pouco - muito projetada
Figura VIII.51 Grau de projeção do grupo de não atores
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
5,5
6,0
Habitual Moderada Forte
Loudness
pouco - muito projetada
Figura VIII.52 Grau de projeção do grupo de atores
125
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
5,5
6,0
Habitual Moderada Forte
Loudness
pouco - muito tensa
Figura VIII.53 Grau de tensão do grupo de não atores
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
5,5
6,0
Habitual Moderada Forte
Loudness
pouco - muito projetada
Figura VIII.54 Grau de tensão do grupo de atores
126
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
Habitual Moderada Forte
Loudness
pouco - muito forte
Figura VIII.55 Grau de loudness do grupo de não atores
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
Habitual Moderada Forte
Loudness
pouco - muito forte
Figura VIII.56 Grau de loudness do grupo de atores
127
VIII.9 Correlações entre as variáveis das análises acústica e perceptivo-auditiva em LH,
LM e LF
Tabela VIII.18 Correlações entre as variáveis das análises acústica e perceptivo-auditiva em LH
NPS
médio
proporção
alpha
f0 L0 F1 L1 L1-
L0
FA -
freqüência
Fa -
NPS
projeção tensão loudness
NPS
médio
Pearson
Correlation
1
Sig. (2-
tailed)
alpha Pearson
Correlation
-,046 1
Sig. (2-
tailed)
,845
f0 Pearson
Correlation
,556 ,038 1
Sig. (2-
tailed)
,009 ,872
L0 Pearson
Correlation
,203 -,160 -
,127
1
Sig. (2-
tailed)
,378 ,487 ,584
F1 Pearson
Correlation
,121 ,299 ,440 -
,693
1
Sig. (2-
tailed)
,601 ,188 ,046 ,001
L1 Pearson
Correlation
,141 ,376 ,132 -
,469
,191 1
Sig. (2-
tailed)
,541 ,093 ,569 ,032 ,408
L1-L0 Pearson
Correlation
-,001 ,333 ,150 -
,799
,462 ,906 1
Sig. (2-
tailed)
,997 ,141 ,515 ,000 ,035 ,000
FA -
freqüência
Pearson
Correlation
-,097 ,052 ,203 -
,146
,161 -
,098
,003 1
Sig. (2-
tailed)
,677 ,823 ,378 ,527 ,486 ,671 ,989
FA - NPS Pearson
Correlation
,044 ,800 ,167 -
,445
,468 ,503 ,555 -,018 1
Sig. (2-
tailed)
,851 ,000 ,470 ,043 ,032 ,020 ,009 ,938
projeção Pearson
Correlation
-,143 ,298 -
,621
,059 -
,040
-
,128
-
,115
-,229 ,272 1
Sig. (2-
tailed)
,537 ,190 ,003 ,800 ,865 ,581 ,619 ,317 ,233
tensão Pearson
Correlation
,359 ,179 ,828 -
,222
,350 ,438 ,405 ,242 ,294 -,675 1
Sig. (2-
tailed)
,110 ,437 ,000 ,334 ,120 ,047 ,069 ,290 ,196 ,001
loudness Pearson
Correlation
-,040 ,645 ,137 -
,430
,368 ,410 ,485 ,345 ,678 ,306 ,350 1
Sig. (2-
tailed)
,862 ,002 ,555 ,051 ,101 ,065 ,026 ,126 ,001 ,177 ,119
** Correlation is significant at the .01 level *Correlation is significant at the .05 level (2-tailed).
128
Tabela VIII.19 Correlações entre as variáveis das análises acústica e perceptivo-auditiva em LM
NPS alpha f0 L0 F1 L1 L1-
L0
FA -
freqüência
FA -
NPS
projeção tensão loudness
NPS Pearson
Correlation
1
Sig. (2-
tailed)
alpha Pearson
Correlation
-
,173
1
Sig. (2-
tailed)
,454
f0 Pearson
Correlation
,055 ,316 1
Sig. (2-
tailed)
,814 ,163
L0 Pearson
Correlation
-
,038
-,580 -
,306
1
Sig. (2-
tailed)
,871 ,006 ,178
F1 Pearson
Correlation
,002 ,536 ,445 -
,264
1
Sig. (2-
tailed)
,993 ,012 ,043 ,247
L1 Pearson
Correlation
-
,337
,356 ,023 -
,426
,131 1
Sig. (2-
tailed)
,136 ,113 ,921 ,054 ,572
L1-L0 Pearson
Correlation
-
,118
,581 ,235 -
,920
,251 ,747 1
Sig. (2-
tailed)
,610 ,006 ,306 ,000 ,273 ,000
FA -
freqüência
Pearson
Correlation
-
,078
,144 ,331 ,028 ,070 -
,212
-
,112
1
Sig. (2-
tailed)
,737 ,534 ,143 ,904 ,763 ,357 ,628
FA - NPS Pearson
Correlation
-
,045
,711 ,043 -
,484
,352 ,354 ,509 -,305 1
Sig. (2-
tailed)
,846 ,000 ,854 ,026 ,117 ,115 ,018 ,179
projeção Pearson
Correlation
-
,079
,198 -
,628
-
,041
-
,201
,096 ,071 -,226 ,366 1
Sig. (2-
tailed)
,735 ,389 ,002 ,861 ,382 ,679 ,758 ,324 ,102
tensão Pearson
Correlation
,020 ,269 ,827 -
,309
,483 ,082 ,263 ,462 -
,018
-,665 1
Sig. (2-
tailed)
,930 ,237 ,000 ,173 ,026 ,723 ,250 ,035 ,940 ,001
loudness Pearson
Correlation
-
,093
,874 ,420 -
,676
,514 ,277 ,617 ,172 ,684 ,285 ,350 1
Sig. (2-
tailed)
,690 ,000 ,058 ,001 ,017 ,225 ,003 ,457 ,001 ,211 ,120
** Correlation is significant at the 0.01 level. * Correlation is significant at the 0.05 level (2-tailed).
129
Tabela VIII.20 Correlações entre as variáveis das análises acústica e perceptivo-auditiva em LF
NPS Alpha f0 L0 F1 L1 L1-
L0
FA -
freqüência
Fa -
NPS
projeção tensão loudness
NPS Pearson
Correlation
1
alpha Pearson
Correlation
-
,130
1
Sig. (2-
tailed)
,574
f0 Pearson
Correlation
-
,406
,586 1
Sig. (2-
tailed)
,068 ,005
L0 Pearson
Correlation
,016 -,681 -
,666
1
Sig. (2-
tailed)
,946 ,001 ,001
F1 Pearson
Correlation
-
,350
,670 ,919 -
,619
1
Sig. (2-
tailed)
,119 ,001 ,000 ,003
L1 Pearson
Correlation
-
,215
,541 ,279 -
,349
,359 1
Sig. (2-
tailed)
,350 ,011 ,220 ,121 ,110
L1-L0 Pearson
Correlation
-
,091
,750 ,644 -
,941
,634 ,646 1
Sig. (2-
tailed)
,696 ,000 ,002 ,000 ,002 ,002
FA -
freqüência
Pearson
Correlation
-
,117
-,159 -
,234
,337 -
,106
-
,225
-
,356
1
Sig. (2-
tailed)
,615 ,491 ,307 ,135 ,648 ,327 ,113
FA - NPS Pearson
Correlation
,104 ,545 ,219 -
,382
,304 ,212 ,388 -,045 1
Sig. (2-
tailed)
,654 ,011 ,340 ,087 ,180 ,357 ,082 ,847
projeção Pearson
Correlation
,189 ,278 -
,332
,173 -
,182
-
,046
-
,157
,067 ,588 1
Sig. (2-
tailed)
,413 ,222 ,142 ,454 ,430 ,843 ,496 ,774 ,005
tensão Pearson
Correlation
-
,317
,216 ,536 -
,323
,430 ,133 ,311 ,079 -
,102
-,501 1
Sig. (2-
tailed)
,161 ,347 ,012 ,153 ,052 ,565 ,170 ,732 ,659 ,021
loudness Pearson
Correlation
-
,146
,746 ,451 -
,402
,478 ,132 ,375 -,085 ,491 ,481 ,273 1
Sig. (2-
tailed)
,528 ,000 ,040 ,071 ,029 ,567 ,094 ,715 ,024 ,027 ,231 ,
** Correlation is significant at the 0.01 level (2-tailed). * Correlation is significant at the 0.05 level (2-tailed).
130
VIII.10 Gráficos de dispersão
Na numeração, 1-11 atores e 12-20 não atores.
loudness habitual
L4
0-10-20-30-40-50
grau de projeção
6
5
4
3
2
1
0
21
20
19
18
17
16
15
14
13
12
11
10
9
8
7
6
5
4
3
2
1
Figura VIII.57 Gráfico de correlação entre “formante do ator” e grau de projeção em LH
1, 4, 5, 7, 11: atores com bons formantes e boas/ótimas projeções. 8, 9: atores com bons formantes e
projeções regulares. 2, 3, 6 e 10: atores com formantes fracos e projeções boas – excelentes.
17: não ator
com bom formante e ótima projeção. 14: não ator com bom formante e regular projeção.
12, 19: não ator formante fraco
e projeção boa. VIII, 15, 16, 18, 20 e 21: não atores, com formantes
ruins e projeções regulares.
loudness moderada
L4
0-10-20-30-40-50
grau de projeção
6
5
4
3
2
1
0
21
20
19
18
17
16
15
14
13
12
11
10
9
8
7
6
5
4
3
2
1
Figura VIII.58 Gráfico de correlação entre “formante do ator” e grau de projeção em LM
131
loudness forte
L4
0-10-20-30-40
grau de projeção
6
5
4
3
2
1
0
21
20
19
18
17
16
15
14
13
12
11
10
9
8
7
6
5
4
3
21
Figura VIII.59 Gráfico de correlação entre “formante do ator” e grau de projeção em LF
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