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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GENÉTICA E EVOLUÇÃO
ESTUDOS MOLECULARES DA SELENOCISTEÍNA SINTASE
(SELA) DE ESCHERICHIA COLI
Alexandre Cassago
SÃO CARLOS – SP
2005
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ii
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GENÉTICA E EVOLUÇÃO
ESTUDOS MOLECULARES DA SELENOCISTEÍNA SINTASE
(SELA) DE ESCHERICHIA COLI
Alexandre Cassago
SÃO CARLOS – SP
2005
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa
de Pós-Graduação em Genética e Evolução do
Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da
Universidade Federal de São Carlos, como parte dos
requisitos para a obtenção do título de Mestre em
Genética e Evolução, área de concentração:
Genética e Evolução.
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Ficha catalográfica elaborada pelo DePT da
Biblioteca Comunitária da UFSCar
C343em
Cassago, Alexandre.
Estudos moleculares da Selenocisteína Sintase (SELA)
de Escherichia coli / Alexandre Cassago. -- São Carlos :
UFSCar, 2005.
87 p.
Dissertação (Mestrado) -- Universidade Federal de São
Carlos, 2005.
1. Biologia molecular. 2. Selenocisteína Sintase. 3.
Selenocisteína. I. Título.
CDD: 574.88 (20
a
)
iii
Prof. Dr. Otavio Henrique Thiemann
PROFESSOR ORIENTADOR
iv
AGRADECIMENTOS
Agradeço ao professor Dr. Otavio Henrique Thiemann pela forma concisa e
previdente na elaboração dos projetos destinados a seus alunos, bem como a
sua mente aberta para novas parcerias o que possibilita uma maior explanação
e aprendizagem frente aos novos desafios. Agradeço também pela confiança,
atenção e amizade, fundamentais para realização desse trabalho e dos muitos
outros ainda a serem realizados juntos.
Ao Laboratório de Cristalografia de Proteínas e Biologia Estrutural do Instituto
de Física de São Carlos – USP, ao Programa de Pós Graduação em Genética
e Evolução – UFSCar, bem como a CAPES pela oportunidade de realizar este
trabalho.
À Rosemari A. T. Curilla , Regiane Ribeiro e Tatiane T. Callegario secretárias
do Programa de Genética e Evolução pela dedicação e ajuda.
À Profa. Dra Íris Torriani e ao Dr. Cristiano L. P. de Oliveira do Laboratório
Nacional de Luz Síncrotron pela pronta colaboração fundamental para
realização deste trabalho.
À Profa. Dra. Heloísa Sobreiro S. de Araújo do Laboratório de Fármacos e
Bioquímica da Universidade Federal de São Carlos pelo colaboração junto a
produção de anticorpos policlonais.
À Profa. Dra. Ana Paula Ulian de Araújo do Grupo de Biofísica Molecular do
Instituto de Física – USP por sua atenção e sempre disponibilidade nas
inúmeras discussões.
Às amigas Dra. Andréa S. Costa, Dra. Elisete Correa, Dra. Daniella NeoJustino,
Dra. Sandra Pfister e mestra Patrícia A. Possik pela introdução à biologia
molecular e formação ao longo de toda minha Iniciação Científica. A amizade
v
desenvolvida ao longo de todos esses anos foi fundamental em momentos
decisivos da minha vida.
À amiga Dra. Raquel Kelly Bortoleto Bugs por suas aulas sobre purificação de
proteínas e amizade ao longo da convivência no laboratório.
Ao amigo e companheiro de bancada Ney Ribeiro Leite pelas inúmeras
discussões e trabalhos conjuntos.
Às amigas Elisandra M. Rodrigues e Susana A. Sculaccio pela amizade e apoio
na chegada ao laboratório de Cristalografia.
Aos meus amigos do laboratório e fora dele pela ajuda, paciência e amizade.
À Carolina A. de Guzzi por suas sugestões e revisões, companheirismo,
paciência e amor ao longo de nossas vidas.
À minha família: meu pai Hermínio Cassago Júnior pelo exemplo acadêmico, a
minha mãe Maria Rita de Vasconcelos Cassago por sua personalidade
estrovertida e forte e a minha irmã Ana Paula Cassago, por sua determinação.
Todos modelos que tento seguir e moldar meu caráter, personalidade e vida
durante o curto período de aprendizagem nesse mundo.
A Deus presente em todos os momentos de nossa vida.
vi
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1.1: Esquema ilustrando o tRNA e suas respectivas regiões........................................02
Figura 1.2: Aminoacilação do tRNA por aaRSs........................................................................03
Figura 1.3: Aminoacil-tRNA sintetases......................................................................................04
Figura 1.4: Representação dos aminoácidos Cisteína e Selenocisteína..................................05
Figura 1.5: Diagrama esquemático na forma de trevo da estrutura do tRNA
sec
uca
....................06
Figura 1.6a: Etapas envolvidas na biossíntese e incorporação de selenocisteínas.................08
Figura 1.6b: Esquema detalhado da conversão do aminoácido serina em selenocisteína pela
enzima Selenocisteína Sintase (SELA)......................................................................................09
Figura 1.7: Seqüência de nucleotídeos e respectivos aminoácidos da proteína SELA............11
Figura 1.8: Imagens obtidas da proteína SELA pela técnica de microscopia eletrônica de
transmissão................................................................................................................................12
Figura 1.9: Diagrama representativo do equipamento de Espalhamento Dinâmico de Luz
(DLS)..........................................................................................................................................17
Figura 1.10: Luz circularmente polarizada à direita..................................................................19
Figura 1.11: Espectros do dicroísmo circular............................................................................22
Figura 1.12: Diferença de fase entre raios incidentes e espalhados........................................24
Figura 1.13: Problema inverso do espalhamento......................................................................25
Figura 1.14: Curva de correlação entre a função p(r) altura e o número de linhas com
comprimentos r e r+dr................................................................................................................26
Figura 1.15: Comparações entre funções de p(r) de uma esfera, um elipsóide prolato e um
elipsóide oblato de mesmo raio de giro......................................................................................27
Figura 4.1: Etapas envolvidas na purificação da proteína SELA de Escherichia coli................48
Figura 4.2: Esquema representativo da digestão do vetor pUC19-selC com a enzima Bst N1 e
posterior transcrição in vitro do tRNA
sec
uca
.................................................................................56
Figura 5.1: Amplificação do gene selA de Escherichia coli.......................................................57
Figura 5.2: Caracterização dos transformantes pET28a-selA e pET29a-selA..........................58
Figura 5.3: Alinhamento utilizando Blastn no modo Dot-Plot (NCBI) das seqüências selA
clonadas nos respectivos vetores de expressão pET29a e pET28a..........................................59
Figura 5.4: Expressão da proteína SELA..................................................................................59
Figura 5.5: Etapas da purificação da proteína SELA anteriormente a sua aplicação em coluna
aniônica DEAE Sepharose Fast Flow........................................................................................60
Figura 5.6: Purificação da proteína SELA utilizando coluna aniônica DEAE Sepharose Fast
Flow............................................................................................................................................61
Figura 5.7: Comparação dos rendimentos resultantes da purificação da proteína SELA
utilizando as colunas aniônicas DEAE Sepharose Fast Flow e Hi Trap Q HP .........................62
vii
Figura 5.8: Concentração da proteína SELA após purificação em coluna aniônica Hi Trap Q
HP..............................................................................................................................................63
Figura 5.9: Nova estratégia de purificação da proteína SELA utilizando colunas de troca iônica
Hydroxyapatite e posterior Hi Trap Q HP...................................................................................64
Figura 5.10: Titulação dos anticorpos anti-SELA produzidos em camundongos (Mus
musculus)...................................................................................................................................65
Figura 5.11: Imunobloting utilizando anticorpo anti-SELA – 3 produzido em camundongos Mus
musculus e extratos celulares de Leishmania major, Trypanosoma cruzi e Homo
sapiens.......................................................................................................................................66
Figura 5.12: Ensaio de DLS utilizando proteína SELA purificada [0,1 mg/mL] diluída em
tampão I’ contendo 10% de glicerol...........................................................................................67
Figura 5.13: Espectro de CD utilizando proteína SELA purificada [0,1 mg/mL] diluída em
tampão I’ contendo 10% de glicerol...........................................................................................68
Figura 5.14: Curvas experimentais obtidas nos experimentos de SAXS para a proteína
decamérica SELA:......................................................................................................................69
Figura 5.15: Determinação da estrutura global da proteína decamérica SELA........................70
Figura 5.16: Amplificação do gene de inserção selenocisteína tRNA
sec
uca
(selC)....................71
Figura 5.17: Caracterização dos transformantes pUC19-selC.................................................72
Figura 5.18: Alinhamento utilizando Blastn no modo Dot-Plot (NCBI) da seqüência T7 – selC
clonadas no vetor de clonagem pUC19.....................................................................................72
Figura 5.19: Transcrição in vitro do tRNA
sec
uca
..........................................................................73
Figura 5.20: Amplificação por RT-PCR do gene de inserção selenocisteína tRNA
sec
uca
...........74
viii
ÍNDICE DE TABELA
Tabela 1.1: Enzimas aminoacil-tRNA sintetases.......................................................................04
Tabela 4.1: Programa utilizado na Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) para amplificação
do gene selA de Escherichia coli a partir de DNA genômico.....................................................37
Tabela 4.2: Programa utilizado na Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) para
seqüênciamento das clonagens do inserto selA nos respectivos vetores pGEM-T, pET28a+ e
pET29a+.....................................................................................................................................42
Tabela 4.3: Programa utilizado na Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) para amplificação
do gene de Inserção Selenocisteína tRNA
sec
uca
+ região promotora T7....................................54
Tabela 4.4: Programa utilizado na Reação de Transcrição Reversa para verificação do produto
relativo a transcrição in vitro do tRNA
sec
uca
....................................................................56
Tabela 5.1: Desconvoluções obtidas pelo programa SELCON-2 a partir do espectro de
CD..............................................................................................................................................68
Tabela 5.2: Parâmetros obtidos a partir dos ensaios da proteína decamérica SELA
(SAXS)........................................................................................................................................70
ix
ÍNDICE
I. INTRODUÇÃO .............................................................................................1
1.1. O Ácido Ribonucléico Transportador (tRNA)............................................1
1.2. Aminoacil-tRNA Sintetases ......................................................................2
1.3. Mecanismo de Biossíntese e Incorporação do aminoácido
Selenocisteína nas Proteínas em Procariontes...............................................5
1.4. Selenocisteína Sintase (SELA) ..............................................................10
1.5. Selênio ...................................................................................................12
1.6. Selenoproteínas .....................................................................................13
1.7. Determinação Estrutural de Proteínas ...................................................16
1.7.1. Espalhamento Dinâmico de Luz..........................................................16
1.7.2. Dicroísmo Circular...............................................................................18
1.7.3. Espalhamento de Raios X a Baixo Ângulo ..........................................22
1.7.4. Difração de Raios X em Cristais de Proteínas ....................................28
1.8. Desenvolvimento de Fármacos Capazes de Bloquear a Biossíntese de
Selenocisteína...............................................................................................29
II. OBJETIVOS..............................................................................................31
III. JUSTIFICATIVA E PERSPECTIVAS.......................................................32
IV. MATERIAIS E MÉTODOS.......................................................................34
4.1. Materiais.................................................................................................34
4.2. Métodos..................................................................................................36
4.2.1. Amplificação do gene Selenocisteína Sintase (selA)...........................37
4.2.2. Clonagem do inserto selA ao vetor pGEM-T.......................................37
4.2.3. Clonagem do inserto selA aos vetores pET28a+ e pET29a+..............38
4.2.4. Transformação de células E. coli competentes...................................39
4.2.5. Caracterização das cepas recombinantes...........................................40
4.2.6. Seqüenciamento dos plasmídeos recombinantes ...............................41
4.2.7. Primeiros ensaios de expressão da proteína SELA ............................42
x
4.2.8. Primeiros ensaios de purificação da proteína SELA ...........................43
4.2.9. Padronização de um novo protocolo de purificação da proteína SELA
......................................................................................................................46
4.2.10. Esquemas de purificação utilizados ..................................................48
4.2.11. Produção de Anticorpos Policlonais anti-SELA .................................49
4.2.12. Titulação dos Anticorpos Produzidos ................................................49
4.2.13. Busca de Formas Homólogas da Proteína SELA a partir de
Anticorpos Policlonais ...................................................................................50
4.2.14. Determinação Estrutural da Proteína SELA ......................................50
4.2.14.1. Espalhamento Dinâmico de Luz.....................................................50
4.2.14.2. Dicroísmo Circular..........................................................................51
4.2.14.3. Espalhamento de Raios X a Baixo Ângulo .....................................52
4.2.15. Amplificação do gene de Inserção Selenocisteína-tRNA
sec
uca
(selC) 53
4.2.16. Clonagem do inserto selC em vetores de clonagem .........................54
4.2.17. Seqüenciamento dos plasmídeos recombinantes .............................55
4.2.18. Transcrição in vitro e purificação do tRNA
sec
uca
.................................55
4.2.19. Verificação do tRNAsecuca transcrito por RT-PCR...........................56
V. RESULTADOS..........................................................................................57
5.1. Resultados referentes ao gene Selenocisteína Sintase (selA)...............57
5.1.1. Amplificação do gene selA ..................................................................57
5.1.2. Caracterização dos transformantes pET28a-selA e pET29a-selA ......57
5.1.3. Seqüenciamento dos recombinantes pET28a-selA e pET29a-selA ....58
5.2. Resultados referentes à proteína Selenocisteína Sintase (SELA) .........59
5.2.1. Primeiros ensaios de expressão da proteína SELA ............................59
5.2.2. Primeiros ensaios de purificação da proteína SELA ...........................60
5.2.3. Padronização de um novo protocolo de purificação da proteína SELA
......................................................................................................................61
5.2.4. Titulação dos Anticorpos Produzidos ..................................................65
5.2.5. Busca de Formas Homólogas da Proteína SELA a partir de Anticorpos
Policlonais .....................................................................................................66
5.2.6. Espalhamento Dinâmico de Luz..........................................................66
5.2.7. Dicroísmo Circular...............................................................................67
xi
5.2.8. Difração de Raios X a Baixo Ângulo....................................................69
5.3. Resultados referentes ao Selenocisteína-tRNA
sec
uca
(selC) ...................70
5.3.1 Amplificação do gene Selenocisteína-tRNA
sec
uca
(selC).......................70
5.3.2. Clonagem do inserto selC em vetores de clonagem ...........................71
5.3.3. Seqüenciamento dos recombinantes pUC19-selC..............................72
5.3.4. Transcrição in vitro e purificação do tRNA
sec
uca
...................................73
VI. DISCUSSÃO............................................................................................75
VII. PERSPECTIVAS FUTURAS ..................................................................79
VIII. REFERÊNCIAS .....................................................................................80
xii
RESUMO
O estudo de processos de tradução atrai o interesse de diversos grupos
de pesquisa pelo seu papel central no metabolismo geral da célula. Em
particular o estudo da via de síntese de novos aminoácidos, como o
selenocisteína e o pirrolisina, que resultam na expansão do código genético
dos tradicionais 20 aminoácidos para atualmente um total de 22 aminoácidos.
O aminoácido selenocisteína representa a principal forma biológica do
elemento selênio, sendo sua síntese e sua incorporação co-traducional em
selenoproteínas uma resposta a um códon de terminação UGA em fase de
leitura através de uma complexa maquinaria molecular.
Em Escherichia coli as principais proteínas envolvidas nessa via são:
Selenocisteína Sintase (SELA), Fator de Elongação de Selenocisteína (SELB
ou EFSec), Selenofosfato Sintetase (SELD) além de um tRNA
sec
próprio dessa
via denominado tRNA de Inserção de Selenocisteína (SELC).
A proteína SELA alvo de estudo deste trabalho, foi primeiramente
purificada por Forchhammer em 1991 e o único trabalho estrutural até agora
realizado foi desenvolvido por Engelhardt em 1992, a partir da técnica de
escaneamento por microscopia eletrônica de Transmissão (STEM). Possuindo
um monômero de aproximadamente 50kDa a proteína SELA assume uma
configuração espacial homodecamérica, em que cada dímero é capaz de ligar-
se a um tRNA
sec
portando o aminoácido serina que será convertido em
selenocisteína, numa reação dependente do cofator enzimático piridoxal
5’fosfato.
Nesse trabalho foi possível o desenvolvimento de um novo protocolo de
purificação para a proteína SELA, reduzindo consideravelmente os passos e
conseqüente tempo na obtenção da proteína purificada. Também aumentando
os rendimentos obtidos pela literatura, de 1mg/mL a partir de 10 litros, para
aproximadamente 4,5mg/mL a partir de 3 litros de cultura bacteriana.
Quanto aos experimentos estruturais foi possível a partir de
xiii
Espalhamento Dinâmico de Luz (DLS) a predição da massa molecular em
aproximadamente 442kDa, por Dicroísmo Circular (CD) a predição das
estruturas secundárias como predominantemente constituída por hélices-α e
experimentos de Espalhamento de raio X a Baixo Ângulo (SAXS), a
determinação da estrutura global da proteína SELA com um diâmetro máximo
de 185Å, sua massa molecular em aproximadamente 527kDa e um raio de giro
de 67,3Å.
xiv
ABSTRACT
The study of translation processes attracts the interest of a wide range of
research groups due to its main role in general cellular metabolism. In
particular, the investigation of new amino acid residues, such as selenocysteine
and pyrrolysin, which result in an expansion of the genetic code from the
traditional 20 residues to a total of 22 residues up to the current time. The
amino acid, selenocysteine represents the main biological form of the selenium
element and its synthesis and co-translational incorporation into selenoproteins
are due to an in-frame UGA stop codon using complex molecular machinery.
On Escherichia coli, the main proteins involved in this pathway are:
Selenocysteine Synthase (SELA), Selenocysteine Elongation Factor (SELB or
EFSec), Selenophosphate Synthetase (SELD) and a tRNA
sec
uca
specific for this
pathway named Selenocysteine Insertion tRNA (SELC).
The SELA protein, the subject of this study, was firstly purified by
Forchhammer in 1991 and the sole structural analysis realized to this day was
developed by Engelhardt in 1992, using the Scanning Transmission Electron
Microscope (STEM) technique. With a monomer of approximately 50kDa, SELA
assumes an homodecamerical spatial configuration, each dimmer capable of
binding to a tRNA
sec
uca
with the serine amino acid which will be converted in
selenocysteine, in a reaction dependant of the enzymatic cofactor piridoxal
5’fosfato.
On this work it was possible to develop a new purification protocol for the
SELA protein, considerably reducing the steps and consequently the time
involved for obtaining purified protein. The process also yielded better protein
production when compared to literature, from 1mg/ml starting with 10 liters to
approximately 4.5mg/ml starting with 3 liters of bacterial medium.
As for the structural experiments, it was possible to predict by Dynamic
Light Scattering (DLS) the molecular mass as about 442kDa, Circular Dichroism
(CD) predicted the secondary structure as mainly composed by α-helices and
xv
Small Angle X-ray Scattering (SAXS) showed the global structure of SELA with
a maximum diameter of 185Å, a molecular mass of about 527kDa and a radius
of gyration of 67.3 Å
1
I. INTRODUÇÃO
1.1. O Ácido Ribonucléico Transportador (tRNA)
Uma seqüência de ácido ribonucléico mensageiro (mRNA) é incapaz de
traduzir sozinha sua seqüência de ribonucleotídeos para uma seqüência de
aminoácidos, constituintes das proteínas. Assim, moléculas importantes como
os ácidos ribonucléicos transportadores (tRNA) são necessários para esse
processo denominado de tradução (Alberts et al., 2002).
O primeiro tRNA foi descoberto em 1965 por Robert Holley, um tRNA de
76 ribonucleotídeos responsável pelo transporte do aminoácido alanina.
Atualmente sabe-se que os tRNAs são seqüências de ribonucleotídeos de
tamanho variável, entre 60 a 95 ribonucleotídeos, que esquematicamente
assumem a forma de uma folha de trevo, devido a seqüências complementares
ao longo de sua fita simples capazes de formar quatro ramos (Voet et al., 1999)
(Figura 1.1). É também sabido da existência de pelo menos um tRNA para
cada tipo de aminoácido e que os tRNA possuem alguns ribonucleotídeos
modificados pós-transcricionalmente que possibilitam seu reconhecimento
tanto pelas moléculas de ácido ribonucléico ribossômico (rRNA) quanto pelas
respectivas aminoacil-tRNA sintetases (aaRS) (Voet et al., 1999).
Os tRNAs também possuem características comuns uns com os outros
como por exemplo o grupamento fosfato 5’ terminal; o número de nucleotídeos
complementares que formam os quatro ramos da estrutura esquemática de
trevo; além da seqüência CCA com um grupamento OH na extremidade 3’
terminal (Voet et al., 1999) (Figura 1.1).
Cada uma das quatro alças da estrutura do tRNA recebe um nome
específico, assim sendo: região do braço D; região do braço Anticódon; região
variável; região do braço TψC além de uma haste que compartilha a seqüência
5’ e 3’ do tRNA, que recebe o nome de braço aceptor. No braço aceptor ocorre
a ligação do aminoácido ao grupamento OH na extremidade 3’ terminal,
enquanto que a região anticódon ocorre a interação entre tRNA e mRNA no
interior dos ribossomos (Voet et al., 1999; Alberts et al., 2002) (Figura 1.1).
2
1.2. Aminoacil-tRNA Sintetases
As aminoacil-tRNA sintetases (aaRSs) são uma família de enzimas que
asseguram a correta ligação entre um aminoácido e seu tRNA correspondente
gerando um conjunto de tRNAs aminoacilados essenciais para o processo de
síntese protéica.
As aaRSs realizam a reação de aminoacilação em duas etapas: primeiro
uma molécula de ATP reage com o aminoácido resultando na adenilação desse
aminoácido e liberação de difosfato. Na segunda etapa da reação, ocorre a
transferência do aminoácido ativado para o tRNA liberando assim o
aminoacil-tRNA e AMP (Nelson and Cox, 2000) (Figura 1.2). Devido as
similaridades de reação catalisadas pelas aaRSs e as similaridades estruturais
dos tRNAs era suposto que todas as aaRSs proviessem de um ancestral
comum e deveriam assim estar estruturalmente relacionadas, entretanto essas
enzimas possuem diferenças em seu tamanho e estrutura tridimensional,
sendo classificadas em dois grupos (Classe I e II - Tabela 1.1 e Figura 1.3)
(Voet et al., 1999; Kim et al.,2003).
Figura 1.1: Esquema ilustrando o
tRNA
Phe
e suas respectivas regiões.
Na extremidade 3’ terminal ligado a
hidroxila um resíduo de aminoácido
(Phe). Modificado de Molecular Biology
of The Cell 4
th
Ed – Alberts et al., 2002
p. 337.
3
Cada aaRS possui cavidades precisas para o ATP e o seu respectivo
aminoácido. As aaRS de classe I reconhecem a seqüência anticódon para
inserir o respectivo aminoácido, geralmente maior e hidrofóbico, enquanto que
as aaRS de classe II não interagem com a região anticódon. A configuração
estrutural do tRNA é mais importante do que a própria seqüência, sendo que os
principais pontos de interação ocorrem com a região anticódon e região
aceptora. É devido a isso que uma aaRS pode reconhecer mais de um tRNA
para um dado aminoácido (Alberts et al., 2002).
Figura 1.2: Aminoacilação do
tRNA por aaRSs. Nas aaRS de
classe I o aminoácido é
transferido inicialmente para a
hidroxila 2’ e posteriormente, por
uma reação de transesterificação
passa à hidroxila 3’. Nas aaRSs
de classe II a aminoacilação
ocorre diretamente na hidroxila 3’.
(Extraído de Lehninger Principles
of Biochemistry 3
rd
Ed. – Nelson
and Cox, 2000 p. 1040)
4
SUBCLASSE CLASSE I CLASSE II SUBCLASSE
Ia IRS ARS IIa
LRS PRS
VRS HRS
CRS SRS
MRS TRS
RRS GRS
Ib QRS NRS IIb
ERS DRS
KRS-I KRS-II
Ic YRS FRS IIc
WRS
TABELA 1.1: Enzimas aminoacil-tRNA sintetase (XRS) agrupada em classe I e II conforme
ligação ao grupamento OH da ribose do aminoácido e em subclasses a, b e c segundo
características presentes nos aminoácidos. Modificado de Kim et al., 2003.
A
B
Figura 1.3: Aminoacil-tRNA sintetases. Ambas as enzimas de classe I (A) e II (B) estão
mostradas ligadas ao seu tRNA (em verde). O ATP ligado esta indicado em vermelho. A:
Gln-tRNA sintetase de E. coli, uma típica aaRS monomérica de classe I. B: Asp-tRNA
sintetase de levedura, uma típica aaRS dimérica de classe II. (Extraído de Lehninger
Principles of Biochemistry 3
rd
Ed. – Nelson and Cox, 2000 p. 1043)
5
1.3. Mecanismo de Biossíntese e Incorporação do aminoácido
Selenocisteína nas Proteínas em Procariontes
O selenocisteína é o vigésimo primeiro aminoácido descrito na literatura
e presente em grande número de enzimas distribuídas nas três linhagens
descendentes (eubactérias, arqueobactérias e eucariotos) do ancestral
primordial comum (Forchhammer et al., 1991a ; Böck et al., 1991; Stadtman,
1991). Sua constituição é muito similar ao aminoácido cisteína, diferindo pela
substituição do elemento enxofre pelo selênio em sua cadeia lateral (Figura
1.4).
Em Escherichia coli a formação e incorporação do aminoácido
selenocisteína deve-se a uma complexa via de biossíntese cujas principais
proteínas envolvidas são: Selenocisteína Sintase (SELA), Fator de Elongação
de Selenocisteína (SELB ou EFSec), Selenofosfato Sintetase (SELD), serina-
tRNA
ser
Sintetase (SRS), além de um tRNA próprio denominado tRNA de
Inserção de Selenocisteína (SELC) (Leinfelder et. al., 1988b). Em revisões
mais recentes também foi verificada a necessidade de uma seqüência
específica que promove uma alça (stem-loop), denominada de Seqüência de
Inserção Sec (SECIS) (Low and Berry, 1996; Hatfield and Gladyshev, 2002) e
em alguns organismos, eucariotos, proteínas auxiliares denominadas Proteína
Ligante ao SECIS-2 (SBP2) (Copeland et. al., 2000; Hatfield and Gladyshev,
2002; Low et. al., 2000).
O tRNA
sec
uca
de Escherichia coli codificado pelo gene de Inserção de
Selenocisteína tRNA
sec
uca
(selC) possui 95 ribonucleotídeos (Leinfelder et al.,
Figura 1.4: Representação dos
aminoácidos Cisteína (A) e
Selenocisteína (B). Observar a
substituição do elemento Enxofre
pelo Selênio na cadeia lateral.
A B
6
1988a) e através da enzima serina-tRNA sintetase é capaz de ligar-se a um
aminoácido serina (Böck, et al., 1991). Em sua região anticódon é encontrada a
seqüência UCA complementar ao códon de terminação UGA (Figura 1.5).
Após a aminoacilação do tRNA
sec
uca
para seril-tRNA
sec
uca
, (Figura 1.6a –
etapa 1 a 2) a serina será convertida em selenocisteína pela ação da enzima
Selenocisteína Sintase (SELA), uma proteína decamérica, cujo monômero
possui aproximadamente 50 KDa (Böck et al., 1991; Low and Berry, 1996)
(Figura 1.6a – etapa 3). Cada monômero da proteína SELA está ligado
covalentemente com uma molécula de Piridoxal 5’-Fosfato, um cofator
enzimático responsável pela interação com o seril-tRNA
sec
uca
, formando dessa
maneira uma base de Schiff (ligação dupla entre um nitrogênio e um carbono)
entre o grupamento amino α do resíduo de serina e o grupamento azo-formil do
piridoxal, resultando na eliminação de uma molécula de água e síntese de uma
molécula intermediária denominada de aminoacrilil-tRNA
sec
uca
. A partir desse
composto intermediário o aminoácido insaturado pode tautomerisar para uma
forma instável imino que espontaneamente hidrolisa a piruvato e amônia.
Alternativamente a dupla ligação pode ser reduzida por um agente redutor
(borohidrato de potássio, KBH
4
) para a formação de alanil-tRNA
sec
uca
. O passo
seguinte consiste na transferência do selênio reduzido e ativado para a
Figura 1.5: Diagrama esquemático na
forma de trevo da estrutura do tRNA
sec
uca
de Escherichia coli. Essa estrutura
permite a observação das regiões
complementares (dupla fita), além da
seqüência anticódon UCA complementar
ao códon de terminação UGA, bem
como uma longa região variável.
(Extraído de Tormay et al., 1994)
7
molécula intermediária (aminoacrilil-tRNA
sec
uca
), resultando no vigésimo
primeiro aminoácido Selenocisteína (Forchhammer and Böck, 1991b) (Figura
1.6b).
O selênio é obtido a partir de selenito (um sal com o ânion divalente
SeO
3
-2
) ou de selenocisteínas pela proteína Selenotransferase ou
Selenocisteína Liase respectivamente que reduzem o selênio capaz de ser
utilizado pela proteína com função enzimática Selenofosfato Sintetase (SELD)
(Burk, 1991), aproximadamente 37 kDa (Leinfelder et al., 1990), numa reação
dependente de ATP, que fosforila o selênio a selenofosfato, dando
continuidade a biossíntese do aminoácido selenocisteína e evitando que a
célula sofra intoxicação por excesso de selênio (Ehrenreich, 1992; Lacourciere
and Stadtman, 2001) (Figura 1.6a – etapa B).
A incorporação do aminoácido selenocisteína juntamente as seqüências
polipeptídicas das selenoproteínas deve-se a ação de uma proteína, com
características similares ao fator de elongação EF-Tu, denominada de Fator de
Elongação SELB, de aproximadamente 68 kDa (Forchhamer, Leinfelder and
Böck, 1989). Entretanto para que haja tal incorporação é necessária a
existência de uma alça (stem-loop) derivada de seqüências complementares de
ribonucleotídeos, denominada SECIS seguida ao códon de terminação UGA na
seqüência do mRNA possibilitando uma ligação mais eficiente da proteína
SELB - selenocisteil-tRNA
sec
uca
a fita de mRNA e ao ribossomo (Lescure et al.,
2002) (Figura 1.6a – etapa 4).
8
Figura 1.6a: Etapas envolvidas na biossíntese e incorporação de selenocisteínas
conforme descrito no texto. A etapa 3 pode ser visualizada em detalhe na figura
1.3.3b na
página seguinte.
9
Figura 1.6b: Esquema detalhado da conversão do aminoácido serina em selenocisteína
pela enzima Selenocisteína Sintase (SEL
A
) parcialmente representada em azul. Também
indicado ligado à enzima SELA o cofator enzimático Piridoxal 5’- Fosfato: 1- Ligação do
seril-tRNA
sec
uca
ao cofator piridoxal 5’-fosfato. 2- liberação de uma molécula de água com a
formação de um composto intermediário (aminoacrilil-tRNA
sec
uca
). Nessa etapa o composto
intermediário pode tautomerisar liberando Piruvato (espontaneamente), ou devido a um
agente redutor (borohidratado de potássio) liberar alanil-tRNA
sec
uca
. 3- transferência do
selênio reduzido e ativado à molécula intermediária, resultando no selenocisteil-tRNA
sec
uca
.
4- liberação do aminoácido selenocisteína, disponibilizando a enzima SEL
A
e o cofator
Piridoxal 5’- Fosfato para reinício do ciclo. Modificado de Forchhammer and Böck, 1991b.
10
1.4. Selenocisteína Sintase (SELA)
A proteína Selenocisteína Sintase (SELA) de Escherichia coli é uma
proteína com função enzimática de 464 resíduos de aminoácidos e massa
molecular aproximada de 50,667 kDa como mostrado na figura 1.7. Entretanto
a proteína SELA na forma nativa apresentou migração em gel filtração um
tamanho aproximado de 600 kDa (Forchhammer et al., 1991a).
A estrutura tridimensional da Selenocisteína Sintase pôde ser melhor
estudada por Engelhardt et al., 1992, através de experimentos utilizando
microscopia eletrônica de transmissão capazes de demonstrar que a SELA é
composta de um anel simetricamente quintuplicado, (cinco bi-lóbulos distintos).
Juntando-se as informações obtidas por Forchhammer et al., 1991a e
Engelhardt et al., 1992, foi possível sugerir que a SELA não era uma proteína
possuidora de cinco monômeros bi-lobulados, mas de dez monômeros. Os
estudos de Engelhardt et al., 1992, também conseguiram determinar um
diâmetro de 19 nm com um buraco central de 4 nm. As dimensões de cada
subunidade de aproximadamente 8,5 nm e sua espessura de 5-6 nm
(Figura 1.8).
11
Figura 1.7: Seqüência de nucleotídeos e respectivos aminoácidos da proteína SELA.
Modificado de Forchhammer et al., 1991a.
12
Estudos utilizando microscopia eletrônica de transmissão (do inglês
Scanning Transmission electron microscope – STEM) (Figura 1.8) possibilitou o
cálculo da massa estimada da SELA em aproximadamente 493
+
/
-
20 kDa, com
95% de confiabilidade. Sabendo que cada monômero possui uma massa
aproximada de 50,667 kDa e que cada monômero está ligado covalentemente
a uma molécula de piridoxal 5’-fosfato (FW 265,2 ), obtem-se uma massa de
509,322 kDa . Podendo concluir que a SELA de Escherichia coli é uma
proteína homodecamérica constituída por cinco subunidades diméricas como
sugerido pela Figura 1.8.
A enzima Selenocisteína Sintase forma complexos altamente estáveis
com moléculas seril-tRNA
sec
uca
quando comparada com o seril-tRNA
ser
(Forchhammer et al., 1991a ; Böck et al., 1991) e estudos de Engelhardt et al.,
1992 demonstraram que apenas uma molécula de seril-tRNA
sec
uca
liga-se por
subunidade dimérica de maneira independente (não cooperativa) e randômica.
1.5. Selênio
O Selênio é um mineral não metálico encontrado no solo e plantas como
arroz, trigo, castanha do Pará, também pode ser encontrado em mariscos e
carnes (Nacional Câncer Institute).
Como um micronutriente essencial na dieta de muitas formas de vida,
incluindo humanos e outros mamíferos, benefícios significativos com relação à
Figura 1.8: Imagens da proteína SELA
obtidas pela técnica de microscopia
eletrônica de transmissão utilizando
como marcador acetato de urânio.
A- ilustrando a simetria encontrada na
enzima SELA. B- vista lateral
mostrando uma subunidade dimérica.
C e D representam vista frontal e
lateral respectivamente da enzima
SELA ligada ao composto
intermediário aminoacrilil-tRNA
sec
uca
.
(Reproduzido de Engelhardt et al.,
1992)
13
saúde são atribuídos a esse elemento, assim como: agente quimiopreventivo
contra câncer devido a sua ação antioxidante capaz de controlar os danos
celulares que podem conduzir ao câncer (Nacional Câncer Institute); fortes
evidência como redutor da expressão viral; na prevenção contra doenças
cardíacas e outras desordens cardiovasculares e musculares; retardamento no
progresso de imunodeficiência de pacientes humanos portadores de Síndrome
da Imunodeficiência Adquirida, AIDS; evidências de participação no
desenvolvimento de mamíferos; na reprodução masculina; no processo de
envelhecimento (Hatfield and Gladyshev, 2002) dentre outros.
A essencialidade de selênio em sistemas biológicos é reconhecida
desde 1950, em que a deficiência de tal elemento implica em inúmeras
patologias acima citadas (Burk, 1991).
A maneira como o selênio se distribui nas células é incorporando-se ao
aminoácido selenocisteína como descrito pela via de incorporação de selênio
no item 1.3, e posteriormente incorporado em selenoproteínas, que serão
discutidas no item 1.6. Além das selenoproteínas o selênio pode ser inserido
em proteínas de maneira não específica, pela substituição do enxofre do
aminoácido metionina resultando em selenometioninas encontrado em cereais
e gramíneas. Ou ainda em proteínas ligantes ao selênio (Selenium-Binding
Proteins), em que tais proteínas ligam-se fortemente ao selênio (Hatfield and
Gladyshev, 2002; Lyn Patrick, 2004). De outra maneira o selênio em grandes
quantidades e na sua forma livre é altamente tóxico (Burk, 1991).
1.6. Selenoproteínas
A forma ativa do selênio encontra-se incorporado em proteínas
denominadas Selenoproteínas, através do aminoácido selenocisteína como
descrito no item 1.3. Devido a isso, as selenoproteínas têm despertado
interesse e atualmente é sabido da existência de inúmeras selenoproteínas em
bactérias, arqueobactérias e eucariontes (Low and Berry, 1996). Dentre essas
selenoproteínas foram descritas pelo menos seis em bactérias, três em
arqueobactérias e um número crescente em eucariotos (Böck et. al., 1991; Low
14
and Berry, 1996). Revisões mais atualizadas indicaram sendo de 20 (Hatfield
and Gladyshev, 2002) a 25 (Kryukov et. al., 2003) proteínas contendo
selenocisteína em mamíferos.
O número de selenoproteínas conhecidas tem aumentado muito nos
últimos anos e com exceção da proteína Selenofosfato Sintetase não há
sobreposição entre os selenoproteomas (todas as selenoproteínas de um
organismo) de procariotos e eucariotos. Selenoproteínas de bactérias e
arqueobactérias estão envolvidos primeiramente em processos catabólicos
utilizando o selênio como catalisador em várias reações de redução (Hatfield
and Gladyshev, 2002). Enquanto que selenoproteínas de eucariotos participam
de processos antioxidantes e anabólicos. O que sugere uma origem
independente para os selenoproteomas de procariotos e eucariotos (Hatfield
and Gladyshev, 2002).
Apesar das selenoproteínas não terem seqüências homólogas,
estruturas similares ou funções relacionadas, à localização de selenocisteínas
(Sec) nessas proteínas parece estar limitada a apenas algumas posições,
sendo restrita a apenas um aminoácido selenocisteína em eubactérias e um ou
dois selenocisteínas em arqueobactérias e eucariotos (Hatfield and Gladyshev,
2002), com exceção da selenoproteína P encontrada em eucariotos e que pode
ter de 11 a 17 selenocisteínas ao longo de sua seqüência (Rother et. al., 2001).
A localização desse aminoácido Sec também é importante, pois situa-se no
sítio ativo das proteínas, sendo que sua substituição por outro aminoácido
como serina ou cisteína resulta na perda ou redução drástica da atividade
enzimática (Zinoni et. al.,1987; Axley et. al., 1991).
As selenoproteínas mais estudadas em procariotos são referentes ao
complexo formiato-hidrogênio liase, encontrado em Escherichia coli, e
responsável pela decomposição do ácido fórmico a hidrogênio e dióxido de
carbono, sendo uma importante via fermentadora em condições anaeróbicas
(Axley et. al., 1990). Esse complexo é formado por duas proteínas: Formiato
desidrogenase H (FDH
H
) envolvido na formação do gás e a Formiato
desidrogenase N (FDH
N
) envolvido na transferência de elétrons do formiato
para a Nitrato redutase (Leinfelder et. al., 1988).
15
Nas arqueobactérias, como Methanococcus vannielii, também é
encontrado a selenoproteína Formato Desidrogenase, capaz de decompor o
ácido fórmico a dióxido de carbono e metano, através da fermentação
anaeróbica. Entretanto nesses organismos uma forma alternativa de Formato
Desidrogenase, sem selenocisteínas incorporadas ao longo da cadeia
polipeptídica, também foi verificada, possibilitando a sobrevivência em meios
contendo ou não selênio (Jones and Stadtman, 1981).
Em eucariotos a presença de selenoproteínas é essencial para o
desenvolvimento, como demonstrado que a falta do gene selC resulta na morte
embrionária (Hatfield and Gladyshev, 2002). A seguir serão citadas três das
principais selenoproteínas encontradas em humanos.
A primeira selenoproteína identificada foi a Glutationa Peroxidase (GPx),
que catalisa a oxidação de glutationas reduzidas e permite a redução do
peróxido de hidrogênio à água, prevenindo a peroxidação lipídica e danos
celulares (Lyn Patrick, 2004). São encontradas pelo menos cinco formas de
Glutationa Peroxidase, localizadas em tecidos específicos em humanos como:
GPx clássico, encontrado apenas no citosol celular; GPx gastrintestinal,
encontrado no fígado e no trato gastrintestinal, GPx plasma, encontrado no
plasma e na tireóide; Hidroperóxido Fosfolipídico Glutationa Peroxidase
(PHGPx), encontrada em membranas celulares e as GPx de núcleos
espermáticos, localizadas no núcleo de espermatozóides (Lyn Patrick, 2004).
Selenoproteína P, encontrada em sua grande maioria na circulação
sanguínea atuando também como uma enzima antioxidante e transportadora
de selênio visto da grande quantidade de selenocisteínas incorporados em sua
seqüência polipeptídica (Rother et. al., 2001; Lyn Patrick, 2004).
Tireodoxina Redutase (TR), uma proteína com função enzimática capaz
de degradar peróxidos e hidroperóxidos no exterior de membranas celulares e
responsáveis por danos no DNA, morte celular e atrofia dos tecidos, também
são atuantes na regulagem de vitaminas com C e K3 (Lyn Patrick, 2004). As
TR são expressas em todos os tecidos eucarióticos, sendo sua inibição letal
(Hatfield and Gladyshev, 2002).
A função da maioria das selenoproteínas ainda não é conhecida, sendo
16
sua caracterização uma das direções a serem seguidas pelos pesquisadores
de selenoproteínas (Hatfield and Gladyshev, 2002).
1.7. Determinação Estrutural de Proteínas
A importância de se determinar estruturalmente um composto é vasta,
seja esse composto destinado ao desenvolvimento de novos materiais, seja ele
uma biomolécula de interesse farmacológico. É sabido que as distâncias entre
os átomos dessas moléculas bem como sua configuração eletrônica tem
grande influência nas relações exercidas por ela dentro de seus sistemas de
atuação.
No caso de biomoléculas de interesses farmacológicos poder determinar
a localização de grupos específicos, bem como modificar ou substituir tais
grupos, tem grande importância na elucidação de interações entre eles e o
sistema biológico que tais compostos fazem parte.
Na determinação estrutural de compostos podem ser utilizados métodos
químicos e físicos como os métodos espectrométricos (massa, infravermelho,
ultravioleta, ressonância) que pode gerar inúmeras informações que
combinadas auxiliam muito os estudos da molécula em questão. Entretanto tais
metodologias em alguns casos podem gerar mais de um modelo estrutural
criando inúmeras dificuldades para os passos subseqüentes.
Dentre os métodos espectrométricos o Espalhamento Dinâmico de Luz e
o Dicroísmo Circular são amplamente utilizados gerando informações
importantes para métodos posteriores e mais precisos como o de
Espalhamento de Raios X a Baixo Ângulo e a Difração de Raios X em cristais
de proteínas.
1.7.1. Espalhamento Dinâmico de Luz
O Espalhamento Dinâmico de Luz, do inglês Dynamic Light Sacattering
(DLS), é uma técnica capaz de analisar biomoléculas de interesse em solução,
podendo abranger uma ampla variação na concentração dessas moléculas.
17
Como é sabido, macromoléculas quando em solução apresentam-se em
movimento Browniano e quando uma fonte de radiação é direcionada a essas
moléculas ocorrem pequenas diferenças na freqüência da radiação detectada
em relação a onda emitida, diferença essa resultantes do efeito Doppler.
Assim, as partículas em movimento Browniano são responsáveis pelas
variações da intensidade de luz espalhada (Berne and Pecora, 1976).
A intensidade do espalhamento depende da posição da partícula e do
detector (Figura 1.9). Uma mudança na posição da partícula é acompanhada
pela mudança na medida da intensidade de luz espalhada. O conhecimento
destas intensidades distintas permite obter informações a respeito do
movimento das partículas, ou seja, do coeficiente de difusão e dimensões das
macromoléculas, através de uma função de correlação. A função de correlação
das intensidades medidas (uma medida indireta do coeficiente de difusão das
partículas), é obtida a partir de uma curva de correlação da intensidade que
exibe um decaimento exponencial (Berne and Pecora, 1976).
Dessa forma nos experimentos de DLS, o raio da partícula é deduzido a
partir do coeficiente da difusão e pela equação de Stokes-Einstein que
descreve o “atrito” para uma esfera compacta no meio viscoso. Entretanto, na
prática nem sempre macromoléculas são esféricas e o raio calculado a partir
do coeficiente de difusão oferece uma estimativa do tamanho aparente da
partícula hidratada, isto é, com sua camada de solvatação, denominado assim,
raio hidrodinâmico (partícula e sua camada de solvatação) (Berne and Pecora,
1976).
18
1.7.2. Dicroísmo Circular
A técnica de Dicroísmo Circular, do inglês Circular Dichroism, (CD) é
capaz de detectar as diferenças de interações moleculares, a baixas
concentrações, utilizando uma luz polarizada. Isso ocorre porque toda molécula
que apresenta quiralidade é opticamente ativa, promovendo interações
distintas na luz polarizada que a incide (Fasman, 1996).
Quando a luz é polarizada linearmente, o campo elétrico apresenta
direção constante e sua amplitude varia, enquanto que na polarização circular
o módulo do vetor campo elétrico é constante e a direção é variada (Fasman,
1996).
Desta maneira um feixe de luz polarizado consiste de dois feixes de luz
plano-ortogonal de 90
o
que estão fora de fase por π/2, em que a variação do
vetor elétrico na direção da propagação executa uma volta completa em um
comprimento de onda ou no período de onda de luz. A luz pode ser
circularmente polarizada para direita (rcp) ou para esquerda (lcp) (Fasman,
1996) (Figura 1.10).
Figura 1.9: Diagrama representativo
do equipamento de Espalhamento
Dinâmico de Luz (DLS). Modificado de
Dynamic Light Scattering with
Applications to Chemistry - Berne and
Pecora, 2000 p. 6.
19
Os sinais analisados em CD referem-se às diferenças entre as
absorções da luz circularmente polarizadas a esquerda e as circularmente
polarizadas a direita. Essas diferenças de absorções da luz são extremamente
úteis nas análises de biomoléculas, pois geram informações importantes a
Figura 1.10: Luz circularmente polarizada à direita : A- Os vetores elétricos ortogonalmente polarizados
emitidos a 90
0
estão fora de fase (π/2). B- Os componentes x e y estão representados no ponto ao longo
do eixo z enumerado de 1 a 4 em A, junto com seus resultados. C- A soma do vetor em (b) foi projetada
sobre um plano normal na direção z, demonstrando que a extremidade do vetor do campo elétrico segue
uma via circular quando examinada ao longo da direção de propagação, observada junto a fonte de luz.
D- Representa a luz polarizada circularmente a direita, mostrando o vetor do campo elétrico em função da
posição junto a direção de propagação. Notar que o topo ou a extremidade do vetor do campo elétrico
representa uma hélice transmitido à direita. Com referência A - C, notar que um
observador em um
ponto fixo no eixo z, olhando através da fonte de luz, verá o ponto 1 primeiro seguido do 4. Para este
observador, o vetor do campo elétrico parecerá girar no sentido horário na direção da propagação em
função do tempo. Na luz circularmente polarizada a esquerda, a extremidade do vetor do campo elétrico
representa uma hélice transmitida a esquerda, e um observador no eixo z olhando através da fonte de luz
verá no vetor do campo elétrico a rotação no sentido anti-horário (Circular Dichroism and the
conformacional analysis of biomolecules, Fasman,1996 p. 27).
20
respeito de suas estruturas secundárias, através de um espectro de CD
(Fasman, 1996).
Como é sabido a estrutura secundária de uma proteína tem unidade
peptídica planar e rígida, mas apresenta liberdade rotacional entre suas
unidades, decorrente dos ângulos existentes entre NH e C’=O (ângulos phi θ e
psi ψ). Dessa maneira as estruturas secundárias, juntamente com o núcleo
protéico, formado por aminoácidos preferencialmente hidrofóbicos, promovem
uma arquitetura rígida e estável, com uma certa flexibilidade sendo
consideradas as partes melhores definidas da estrutura protéica (Branden e
Tooze, 1999).
O espectro de CD de uma proteína, em sua forma nativa, para cada
comprimento de onda é a soma da contribuição de cada uma das componentes
da estrutura em análise. Esse espectro pode ser dividido em região UV próxima
250-300 nm, capaz de monitorar as contribuições dos aminoácidos aromáticos
e das pontes dissulfetos e na região UV distante, 190-250 nm, monitora as
transições das cadeias peptídicas da proteína (Fasman, 1996).
No espectro de UV distante é possível monitorar e estimar a composição
e mudanças conformacionais das estruturas secundárias (hélices α, folhas β,
voltas β e seqüências aleatórias) (Fasman, 1996) (Figura 1.11).
Hélices α: descrita pela primeira vez por Linus Pauling em 1951 como
uma estrutura estável e energeticamente favorável nas proteínas, ocorrendo
quanto uma extensão de aminoácidos consecutivos possuem pares de ângulos
θ e ψ aproximadamente -60º e -50º. Possuem 3,6 resíduos de aminoácidos
por volta com ligações de hidrogênio C’=O e NH geralmente no resíduo n e
n+4 respectivamente. Entretanto, mais raramente a espiral pode ser mais
compacta resultado na variação das ligações de hidrogênio n+5 (hélice π) ou
n+3 (hélice 3
10
). As hélices α são polares e praticamente se localizam na
superfície da proteína, podendo nas proteínas globulares ter um comprimento
variável desde 4-5 resíduos a mais de 14 aminoácidos, com um giro de mão
direita em que todas as ligações de hidrogênio possuem a mesma direção
devido as unidades peptídicas estarem alinhadas na mesma orientação ao
longo do eixo da hélice e resultando na extremidade C-terminal, uma carga
21
negativa e na extremidade N-terminal com uma carga positiva (resultante do
momento dipolar encontrado na unidade peptídica) (Branden and Tooze, 1999).
Folhas β: constituída a partir da combinação de várias regiões da cadeia
polipeptídica (fitas β) e diferentemente das hélices α não são formadas por uma
região contínua e enrolada, mas distendida e plana. As fitas β usualmente são
formadas de 5 a 10 resíduas longos, alinhados adjacentes umas das outras
pelas ligações de hidrogênio. Folhas β formadas por várias fitas β apresentam-
se dobradas sucessivamente acima e abaixo do plano da folha (dobra no c
α
) e
podendo interagir dos seguinte modos com as fitas β:
todas as fitas sendo paralelas;
fitas antiparalelas alternadamente,
com fitas mistas, isto é, fitas paralelas e antiparalelas numa mesma folha
(Branden and Tooze, 1999).
Voltas: muitas proteínas são constituídas a partir de combinações e
estruturas secundárias (hélices α e folhas β) que são conectadas por regiões
denominadas voltas (loops), regiões estas de comprimento variável e forma
irregular. A cadeia principal dessas voltas geralmente não formam ligações de
hidrogênio entre elas, e assim ficam expostas ao solvente. Dessa forma os
resíduos encontrados nessas regiões expostas, geralmente carregados ou
polares, podem ser usados em vários esquemas de predições, com alta
confiabilidade quando comparada as estruturas α e β. Com sua ação conectora
entre as estruturas secundárias as voltas freqüentemente participam na
formação de sítios de ligação e nos sítios ativos da enzima (Branden and
Tooze, 1999).
22
1.7.3. Espalhamento de Raios X a Baixo Ângulo
Assim, como descrito nas abordagens de DLS e CD a metodologia de
Espalhamento de raios X a Baixo Ângulo (SAXS) utiliza materiais em soluções
permitindo uma análise detalhada da estrutura global da molécula.
A técnica de SAXS fornece informações estruturais, assim como
predições de estruturas quaternárias em oligômeros e verificações de possíveis
diferenças entre as estruturas no estado cristalino e em soluções (Svergun et.
al., 1994).
Essa técnica utiliza-se das heterogeneidades das densidades
eletrônicas, resultantes da incidência de raios X com comprimento de onda
variando na faixa de 1 a 10Å, dependendo do problema a ser estudado. As
Figura 1.11: Espectros do dicroísmo
circular para α-hélice (vermelho), folha
β (verde) e uma região de seqüência
aleatória (não periódica) (preto) para
uma cadeia polipeptídica. (Circular
Dichroism and the conformacional
analysis of biomolecules, Fasman,1996).
23
dimensões características obtidas em SAXS variam da ordem de 10 a 1000 Å,
em que numerosos tipos de materiais podem ser analisados nessa escala,
como: ligas metálicas, copolímeros, colóides, micelas, micro-emulsões,
materiais nanoporosos e soluções de macromoléculas biológicas como
proteínas, ribossomos, ácidos nucléicos, vírus dentre muitas outras. A
eficiência do espalhamento aumenta linearmente com o número atômico para
raios X sendo que os valores de resolução obtidos situam-se freqüentemente
entre 20 - 30 Å sendo capaz para se determinar a forma aproximada, bem
como o volume ocupado por subdomínios e grupos atômicos da proteína (Dias,
2004).
Macromoléculas biológicas são essencialmente compostas por átomos
leves (H, C, N, O e P) e uma vez estando solubilizadas em água ocorre pouca
diferença na densidade eletrônica, entre a molécula e o solvente, produzindo
um espalhamento muito fraco. Entretanto esse espalhamento pode ser
melhorado com o uso de feixes de raios X produzidos por fontes síncrotron,
que possuem fluxos de fótons muito maiores do que aparelhos de raios X
convencionais (Dias, 2004).
Quando a energia dos fótons incidentes é bem diferente da energia de
ligação dos elétrons, esses elétrons comportam-se como se fossem livres e
essas partículas livres, carregadas e oscilantes produzem ondas espalhadas,
coerentes com a onda incidente, em todas as direções. Todas as ondas
secundárias possuem a mesma freqüência, mas podem ter diferentes fases
devido à diferença de caminho (Oliveira, 2001).
Devido à alta freqüência das ondas é somente possível detectar as
intensidades espalhadas dependentes com o ângulo de espalhamento, que
deve ser menor de 5º (2θ < 5º) (Figura 1.12). Essa dependência angular entre
a amplitude de espalhamento e densidade eletrônica do centro espalhador é
correlacionada pela transformada de Fourier. Sendo que a principal diferença
entre uma estrutura obtida por difração de cristais e na técnica de SAXS ocorre
devido à estrutura cristalina apresentar um arranjo periódico nas três
dimensões com um grande número de repetições, enquanto que em um meio
de espalhamento em solução as partículas não estão ordenadas
24
periodicamente, isto é, as partículas estão imersas com orientação arbitrárias e
distâncias irregulares entre si (em movimento browniano), o que pode ser
compensado pelo grande número de partículas (Oliveira, 2001). Essa diferença
na organização molecular reflete em modificações nas análises da
transformada de Fourier que para sistemas periódicos corresponde a Série de
Fourier, isto é, uma expansão da estrutura periódica a uma sistema periódico
de funções. Enquanto que para sistemas não periódicos de espalhamento em
solução, corresponde a Integral de Fourier, isto é, uma expansão de estruturas
não periódicas a um sistema de funções periódicas (Oliveira, 2001).
Devido a esses ajustes existe uma perda de informação em
experimentos a baixo ângulo, devido à média realizada sobre todas as
orientações no espaço. O que não limita o estudo de sistemas monodispersos
e polidispersos, sendo possível à determinação do tamanho, forma e em
algumas circunstâncias, a estrutura interna (sistemas monodispersos).
Enquanto que para sistemas polidispersos é obtida uma função de distribuição
de tamanhos desde que uma forma da partícula seja assumida.
Figura 1.12: Diferença de fase entre raios
incidentes e espalhados através dos
pontos P e O. Em que s
0
vetor incidente, s
vetor espalhado e 2θ o ângulo de
espalhamento entre os vetores s
0
e s.
(modificado de Small angle X-ray
scattering, Glatter and Kratky, 1982 p19.)
25
Dessa forma através da função de distribuição de pares de distâncias
(FDPD), diretamente relacionada com a intensidade de espalhamento
mensurável é possível resolver o problema inverso de espalhamento como
visualizada na figura 1.13. Dessa maneira a partir de uma partícula com
estrutura tridimensional pode-se calcular sua correspondente FDPD e a
intensidade espalhada. O problema inverso de espalhamento é a tentativa para
obter o tamanho, forma e estrutura interna da partícula alvo a partir da
intensidade de espalhamento medida. Apesar desse problema não possuir
solução única, a FDPD é de muita ajuda combinada aos métodos numéricos de
recuperação tridimensional de estruturas a partir de curvas de espalhamento.
Inicialmente a partícula é subdividida em um número infinitamente
grande de elementos idênticos de volume, o que se deve a proporcionalidade
Figura 1.13: Problema inverso do espalhamento. (Newtron, X-ray and light scattering,
Lindner and Zemb, 1991)
26
da função p(r) ao número de linhas com comprimentos r e r + dr que são
encontradas na combinação de qualquer elemento com volume i e qualquer
outro elemento de volume k da partícula (Figura 1.14). No caso em que as
partículas não são homogêneas, deve ser considerada a diferença obtida na
intensidade eletrônica.
Quando os espalhamentos partem de sistemas monodispersos alguns
parâmetros são obtidos diretamente da curva de intensidade espalhada sem a
necessidade de tratamentos exaustivos dos dados obtidos, assim como:
Massa Molecular – é possível seu cálculo pela relação da intensidade a
ângulo zero (I
0
) dividida pelo produto da concentração da solução (C) e massa
da molécula em questão (m) é igual a uma constante (k). Se usarmos a mesma
relação para uma molécula conhecida e igualarmos as constantes teremos de
maneira indireta a massa aproximada da molécula alvo.
Raio de Giro – capaz de medir o grau de uma dada partícula se
comportar como uma esfera compacta em um meio aquoso. Dessa maneira
através da Lei de Guinier é possível determinar o raio de giro em que as
origens dos vetores é tomado no centro de massa da partícula.
Volume Hidrodinâmico – é necessário o cálculo do volume hidratado
devido às macromoléculas em solução apresentarem uma fina camada de
Figura 1.14: Curva de correlação
entre a função p(r) altura e o número
de linhas com comprimentos r e r+dr.
(Newtron, X-ray and light scattering,
Lindner and Zemb, 1991)
27
água em sua superfície (camada de solvatação). Dessa maneira o volume
hidratado é calculado pela divisão da intensidade espalhada pela diferença de
densidades eletrônica.
Utilizando-se da função de distribuição de distâncias (PDDF), isto é, p(r)
e a função de intensidade I(h), somada as informações de massa molecular,
raio de giro e volume hidrodinâmico é possível realizar uma varredura completa
a respeito da forma e estrutura das partículas espalhadoras, isto é, das
macromoléculas de interesse.
Partindo-se de um padrão esférico bem conhecido, as diferenças obtidas
na curva pela função p(r) são capazes de predizerem a forma estrutural da
macromolécula como observado na figura 1.15.
Quanto mais é alterado da forma esférica para estruturas alongadas uni
ou bidimensionalmente, mais o máximo da função se desloca para valores
menores de r (r = R = D/2) ao mesmo tempo em que temos um aumento de D
(a máxima dimensão da partícula).
Essas análises também são utilizadas nas predições de estruturas
poliméricas, entretanto nesses casos a especificação quanto a sua forma em
dímero, trímero e assim por diante, isto é, a imposição de restrições quanto a
simetria dessas partículas será de extrema importância na determinação
tridimensional dessa macromolécula.
Figura 1.15: Comparações entre
funções de p(r) de uma esfera ( ),
um elipsóide prolato ( ) e um
elipsóide oblato ( ) de mesmo raio
de giro. (Small angle X-ray scattering,
Glatter and Kratky, 1982 p. 179)
28
1.7.4. Difração de Raios X em Cristais de Proteínas
Quando estudamos biomoléculas de interesse a técnica que atualmente
fornece maior informação e precisão é a difração de raios – X, uma técnica
física que fornece de maneira precisa, utilizando–se amostras de tamanho
mínimo cristalizadas, um grande número de informações estruturais (Malta,
2003).
Entretanto a cristalização de proteínas é um processo que envolve
múltiplos parâmetros divididos em três passos clássicos: nucleação,
crescimento e estabilização do crescimento. Nesse caminho até a cristalização
é preciso atenção quanto à cinética das reações nas soluções protéicas
devendo-se evitar que durante o processo de diminuição da solubilidade dessa
não precipite ao invés de cristalizar. Dessa forma devem-se preferir processos
em que as diminuições da solubilidade ocorram de forma lenta (Dias, 2004).
A estabilidade das macromoléculas biológicas em solução está baseada
nas competições entre as interações solvente-soluto e as interações
intramoleculares e que podem ser modificadas através dos seguintes
parâmetros: Temperatura, capaz de alterar a desordem das moléculas de
solvente; pH, pode alterar as concentrações de H
+
e OH
-
, isto é, alterar a
protonação e desprotonação dos grupos de macromoléculas; Sais, podem
atuar na força iônica das moléculas; Competidores de ligações de hidrogênio,
em altas concentrações competem com as ligações de hidrogênio da água e
ligações de hidrogênio das macromoléculas; Aditivos hidrofóbicos, capazes de
interagir diretamente com regiões hidrofóbicas das macromoléculas ou alterar
as características do solvente; Solventes orgânicos, modificam a constante
dielétrica (Dias, 2004).
Muitas são as técnicas utilizadas na cristalização de macromoléculas,
sendo o mais freqüente, a Técnica de Difusão a Vapor, em que a solução
protéica por ficar pendurada, “hanging drop” ou num poço “sitting drop”. Nessa
técnica uma pequena gota, 2-10 µL de proteína é misturada com um volume
similar de solução de cristalização e colocada de forma vedada do meio
29
externo num recipiente contendo 500-1000 µL de solução de cristalização. A
solução de cristalização é formada por um tampão, sal e um agente
precipitante. A diferença entre a concentração de soluto entre a gota e o
reservatório de solução cristalizante direciona esse sistema, devido a diferença
de potencial químico, há um equilíbrio de concentrações entre a gota e a
solução do reservatório, através da difusão da fase de vapor da solução menos
concentrada, a gota, para a mais concentrada, o reservatório. Esse equilíbrio
varia de 2-10 dias, no caso de soluções contendo sal até a 25 dias quando
usado soluções contendo PEG (Polietilenoglicol) (Dias, 2004).
1.8. Desenvolvimento de Fármacos Capazes de Bloquear a Biossíntese de
Selenocisteína
O aminoácido selenocisteína está presente em grande número de
enzimas provenientes de eubactérias, arqueobactérias e eucariontes
(Forchhammer et al., 1991a), sendo incorporado nas proteínas segundo
algumas características próprias como explicado no item 1.3.
O desenvolvimento de fármacos inibidoras das aminoacil-tRNA
sintetases, ou ainda de substratos capazes de se ligarem competitivamente ou
de maneira irreversível a biomoléculas envolvidas na via biossintética da
selenocisteína poderiam bloqueá-la .
Trabalhos como de KIM (2003) e TAO and SCHIMMEL (2000)
abordaram vários pontos na tentativa de bloquear reações catalisadas pelos
aaRSs como: interromper a ligação de substrato-aaRSs, através de substratos
análogos de aminoácidos e ATP, pois o reconhecimento específico dos tRNA
pelos aaRSs, possibilita o desenvolvimento de inibidores específico; bloquear o
segundo estágio da reação aminoácido-tRNA, pela geração de uma enzima
que mimetize a reação intermediária da adenilação do aminoácido; o
desenvolvimento de antibióticos contra aaRSs, pois ao longo da evolução os
aaRSs acumularam ampla variedade estrutural.
O desenvolvimento de fármacos capazes de bloquear a síntese de
aminoácidos é bastante promissor não apenas devido às diferenças
30
encontradas nas aaRSs dos diferentes organismos vivos, mas devido à
abundância de informações das seqüências e estruturas que podem servir de
substrato para estudos nessa área.
Assim, o estudo da proteína SELA, uma proteína com função enzimática
importante na biossíntese do selenocisteína em bactérias E. coli pode auxiliar
na compreensão da estrutura e atuação dessa enzima.
31
II. OBJETIVOS
O presente trabalho teve como objetivo o desenvolvimento de um novo
protocolo de purificação da proteína Selenocisteína Sintase (SELA) de
Escherichia coli bem como sua caracterização molecular e bioquímica da,
através de estudos estruturais utilizando-se as técnicas de espalhamento
dinâmico de luz, dicroísmo circular e por meio de espalhamento de raios-X a
baixo angulo. Além des ensaios referentes à enzima SELA, interações in vitro
com o tRNA
sec
uca
, responsável pelo transporte do Selenocisteína até a tradução
em selenoproteínas serem pretendidos, na tentativa de identificar as interações
SELA-tRNA
sec
uca
. Abordagem que poderá vir a contribuir no esclarecimento do
mecanismo enzimático da SELA na síntese de selenocisteínas. Em conjunto
com outras abordagens experimentais e integrado a outros projetos de
pesquisa dentro de uma linha seguida pelo nosso grupo, a dissertação
apresentada vem a contribuir no entendimento dos mecanismos estruturais e
moleculares da síntese de selenocisteínas. A descrição dos diversos objetivos
inicialmente proposto neste projeto encontra-se enunciados a seguir:
1. Clonagem do gene selA de Escherichia coli;
2. Estabelecimento de um protocolo de expressão e purificação da proteína
SELA;
3. Produção de anticorpos policlonais, a partir da proteína pura, para testes
utilizando outras espécies para verificação de reação cruzada e possível
identificação de homólogos;
4. Caracterização estrutural:
a. Por espalhamento de luz dinâmica (DLS)
b. Por análise de dicroísmo circular (CD)
c. Por espalhamento de luz a baixos ângulos (SAXS)
5. Clonagem do gene selC de Escherichia coli;
6. Transcrição in vitro e purificação do tRNA
sec
uca
para posterior ensaios de
interação com a proteína SELA.
32
III. JUSTIFICATIVA E PERSPECTIVAS
A via de síntese de selenocisteínas e sua incorporação co-traducional
em fase com comuns UGA de terminação representa uma via complexa e
intrigante presente em todos os organismos estudados. O entendimento dos
mecanismos enzimáticos envolvidos nessa via, através do estudo das enzimas
participantes, representa uma área de grande interesse. A enzima SELA
participa de forma central nessa via, sendo que seu gene (selA) foi apenas
identificado em bactérias, não tendo sido identificado em outros organismos por
buscas de similaridade seqüencial. Este intrigante fato desperta maior interesse
sobre esta enzima, pois pode representar uma divergência na evolução da via
de síntese de selenoproteínas com importantes conseqüências.
O presente trabalho faz parte de uma linha de pesquisa estabelecida em
nosso grupo com o objetivo de estudar a via de síntese de selenocisteínas
através de seus componentes enzimáticos.
Nenhum estudo estrutural, com exceção de ENGELHADT (1992) foi
realizado sobre a SELA até o presente momento. Apesar da técnica utilizada
STEM ter possibilitado a determinação aproximada da massa, dimensões e
forma da proteína SELA, esta apresentou um baixo grau de resolução não
permitindo o detalhamento tanto da estrutura da proteína SELA com da
interação dela com o respectivo tRNA
sec
uca
.
Apesar do interesse na cristalização e elucidação da estrutura 3D da
SELA, este representa um desenvolvimento futuro do trabalho. Uma
contribuição importante deste trabalho foi o estudo estrutural da SELA por
técnicas de espalhamento de raios-X a baixos ângulos (SAXS), o
espalhamento dinâmico de luz (DLS) e dicroísmo circular (CD). Técnicas que
podem ser realizadas sem a necessidade da obtenção de cristais de proteína.
O espalhamento de raios-X a baixos ângulos, mais freqüentemente
denominado de SAXS (Small Angle X-ray Scattering) é uma técnica
experimental que permite o estudo de características estruturais de “partículas”
ou mais geralmente de “heterogeneidades de densidade eletrônica” de
33
dimensões coloidais (entre 1 e 100 nm). ualquer processo de espalhamento
elástico dos raios-X é sempre caracterizado por uma relação inversa entre o
tamanho dessas heterogeneidades e o ângulo de espalhamento. Dessa forma,
para partículas de tamanho maior que as distâncias interatômicas e para uma
radiação incidente de 1,5Ǻ, o espalhamento produzido se limita a ângulos
baixos, entre 0,1° e 5°.
O espalhamento de raios-X a baixos ângulos é amplamente utilizado
para estudos estruturais de baixa resolução de macromoléculas em solução.
Com esta técnica pode-se obter informações detalhadas sobre raio de giro,
volume, superfície molecular e estado de oligomerização da SELA. Cálculos ab
initio do enovelamento molecular por anelamento simulado ou técnica de
algoritmos genéticos também podem ser utilizados. Estas técnicas vem sendo
trabalhadas pelo grupo em seus estudos preliminares de proteínas
estruturalmente desconhecidas.
34
IV. MATERIAIS E MÉTODOS
4.1. Materiais
Foram utilizados para clonagens do DNA referente aos genes de
Escherichia coli para a proteína Selenocisteína Sintase (SELA) e para o ácido
ribonucléico transportador (tRNA
sec
uca
) os plasmídeos pGEM-T (Promega),
pET28a+, pET29a+ (Novagen) e pUC19 (Fermentas Life Sciences).
As enzimas de restrição Nde I, Hind III, Eco RI, Xba I, Bst NI, enzima
Ligase T4, enzima Taq DNA Polimerase, enzima Platinum Taq DNA Polimerase
“High Fidelity”, enzima T7 RNA Polimerase e seus respectivos tampões e
cofatores (Invitrogen Life Technologies, New England Biolabs, Promega),
também foram utilizados nas reações de transcrição in vitro inibidores de
RNAse e Pirofosfatase, para a reação de RT-PCR o Kit Qiagen OneStep RT-
PCR (Qiagen), bem como para demais soluções e técnicas reagentes
provenientes da Merk e Sigma Chemical Co.
Cepas bacterianas Escherichia coli DH5α, BL21, ER2566 competentes
por cloreto de cálcio. Meios de cultura líquidos e sólidos para crescimento
bacteriano LB e LB-ágar, antibióticos ampicilina e kanamicina.
Estufa (Precision) e agitador (Innova 4430 Incubator Shaker) para cultivo
bacteriano, espectrômetro (Hitachi U-2000 Spectrophotometer), sonicador (550
Sonic Dismembrator Fisher Scientific), centrífuga Sorvall RC Plus (Ou Pont),
cubas de eletroforese horizontais e verticais e para purificação de proteínas
AKTA Explore Automated Liquid Chromatography System (Amersham
Bioscience).
Também foram utilizados para extrações de DNA: DNAzol
TM
Reagent
Genomic Dna Isolation Reagent (Life Technologies), Wizard
R
Genomic DNA
Purification Kit (Promega) e Dneasy
R
Tissue Kit (Qiagen) para DNA genômico e
Wizard
R
Plus SV Minipreps DNA Purification Systtem Kit (Promega) para DNA
plasmideal; para recuperação e purificação de DNA de géis de agarose
Eppendorf Perfect Gel Cleanup Kit (Eppendorf).
35
Para a realização das amplificações dos materiais genético bem como
reações de transcrição in vitro de tRNAs termocicladores PTC-100
TM
Programmable Thermal Controller (MJ RESEARCH, INC) e oligonucleotídeos
sintetizados a partir de seqüências disponíveis em banco de dados
(http://www.ncbi. nlm.nih.gov/).
Oligonucleotídeos para amplificação do gene Selenocisteína Sintase
(selA):
SELA3–E1 5’ ACTGTATCATATGACAACCGAAACGCGTTTC CTCTATAG 3'
SELA–E2 5’ TAGCTAAGCTTTCATTTCAACAACATCTCCAAAAACCG 3’
Oligonucleotídeo interno a seqüência do gene Selenocisteína Sintase
(selA) para reação de seqüenciamento:
SELA – I3 5’ TACTGGCTAAGATCGACCAGCGAGCCACTG 3’
Oligonucleotídeos para amplificação do gene de Inserção Selenocisteína
– tRNA
sec
uca
:
SELC-1 5’ ACGAATTCTAATACGACTCACTATAGGGGGAAGATCGTCGT
CTCCGGTGAGGCGGCTGGACTTCAAATCCAGTTG 3’
SELC-2 5’ ACTCTAGACCTGGGGAAGATCACAGGAGTCGAACCTGCCC
GGGACCGCTGGCGGCCCCAACTGGATTTGAAGTCCAG 3’
SELC-1b 5’ GGAAGATCGTCGTCTCCGGTGAGG 3’
SELC-2b 5’ TGGCGGAAGATCACAGGAGTCG 3’
O registro do DNA manipulado foi realizado através de câmera digial
Kodak Digital Science DC120 (KODAK).
36
Todas as subclonagens obtidas foram seqüenciadas em seqüenciador
automático ABI Prism
tm
377 DNA Sequencer. Para as realizações de
seqüenciamento utilizou-se os oligonucleotídeos comerciais localizados nos
respectivos vetores de clonagem, além de “Sequencing Reagent Premix”,
“Formamide Loading Dye” (Amershan Pharmacia Biotech) para reações de
amplificações e ressuspensão para posterior aplicação em gel de
seqüenciamento.
Para purificação da proteína SELA colunas de cromatografia de troca
iônica Deae Sepharose Fast Flow, Hi Trap Q HP (Amersham Bioscience) e
Hydroxyapatite (Bio-Rad - ceramic type II). E coluna Hi Trap Desalting
(Amersham Bioscience), para retirada do sal da solução protéica.
Para concentração da proteína SELA concentradores 10000 MWCO
(Millipore).
A produção de anticorpos policlonais foi realizada em camundongos Mus
musculus.
E os ensaios estruturais de Espalhamento Dinâmico de Luz - DLS
(Protein Solution DynaPro), Dicroísmo Circular - CD (Circular Dichroism J-720
Spectropolarimeter – Jasco) e Espalhamento de Raios X a Baixo Ângulo –
SAXS utilizando o feixe de radiação eletromagnética a partir de fonte
Síncrotron (LNLS).
4.2. Métodos
Toda a metodologia de manipulação de DNA e microrganismos foi
realizada como descrito em SAMBROOK and RUSSEL (2001). A metodologia
de expressão e purificação da proteína SELA foi seguida segundo
FORCHHAMMAN et al. (1991a), acrescidas de modificações descritas no item
4.2.9 deste trabalho. A produção de anticorpos policlonais foi feita segundo
HARLOW and LANE (1988). A transcrição in vitro do tRNA
sec
uca
foi realizada
segundo AMBERG et al. (1996), acrescidas de algumas modificações descritas
no item 4.2.18 deste trabalho.
37
4.2.1. Amplificação do gene Selenocisteína Sintase (selA)
O gene para Selenocisteína Sintase (selA) foi obtido a partir de DNA
genômico extraído e purificado de Escherichia coli DH5α, utilizando-se
oligonucleotídeos (SELA3-E1 e SELA-E2) descrito no item 4.1, que
flanqueassem as extremidades do gene acrescidos de seqüências
reconhecidas por enzimas de restrição que facilitassem a posterior
subclonagem aos vetores de expressão pET28a+ e pET29a+.
Para a reação de amplificação foram utilizados 300ng do DNA genômico
molde de Escherichia coli, 2,5 unidades da enzima de amplificação Platinum
High Fidelity e 5,0µL de seu respectivo tampão para uma concentração final de
[1X], foram adicionados também 1,0µL de dNTPs [10mM], 1,5µL de MgSO
2
[50mM] e 1,0µL de ambos os oligonucleotídeos (SELA3-E1, SELA-E2)
[100pMol/µL], resultando em um volume final de 50µL, que foi amplificado em
termocilcador PTC-100
TM
, conforme descrito na tabela 4.1:
AMPLIFICAÇÃO GENE SELA
CICLO
1x 30x 1x
T (
O
C)
95 95 55 68 4
TEMPO
2 min 45 s 30 s 1,5 min indefinido
O fragmento de 1392 pb amplificado foi purificado de gel de agarose 1%,
utilizando o Kit Eppendorf Perfect Gel Cleanup, obtendo-se uma concentração
final de aproximadamente 200ng/µL.
4.2.2. Clonagem do inserto selA ao vetor pGEM-T
O inserto selA amplificado conforme descrito no item 4.2.1 foi
previamente adenilado para posterior ligação ao vetor de clonagem pGEM-T.
Para a reação de adenilação foram utilizados 5µL do DNA amplificado
Tabela 4.1: Programa utilizado na Reação em Cadeia da Polimerase (PCR)
para amplificação do gene selA de Escherichia coli a partir de DNA genômico.
38
[100ng/µL], 1,0µL de enzima Taq DNA Polimerase [5U/µL] e 1,0µL de seu
respectivo tampão para uma concentração final de [1X], foram adicionados
também 0,5µL de dATP [1mM], 0,5µL de MgSO
2
[50mM], resultando em um
volume final de 10µL. A reação permaneceu a 70
o
C por 30 minutos.
O inserto adenilado é então ligado ao vetor de clonagem pGEM-T
adicionado-se a reação 3,0µL do DNA adenilado [50ng/µL], 1,0µL do vetor
[50ng/µL] respeitando a proporção recomendada 3 : 1 (insertos : vetor), 1,0µL
enzima T4 DNA Ligase [1U/µL] e 5,0µL de seu respectivo tampão para uma
concentração final [1X], resultando em um volume final de 10µL que
permaneceu ligando aproximadamente 16 horas a 4
o
C.
4.2.3. Clonagem do inserto selA aos vetores pET28a+ e pET29a+
A escolha dos vetores de expressão pET28a+ e pET29a+ deve-se aos
ótimos resultados de expressão promovidos por tais vetores que utilizam-se de
uma região promotora T7 anteriormente localizada ao inserto do gene em
estudo e a um bom sistema de controle de indução através da variação da
quantidade ministrada do indutor Isopropyl-Thio-B-D-Galactopyranoside
(IPTG). Outra vantagem desses vetores encontra-se na presença de uma
seqüência codificante para um grupo de 6 histidinas localizados 5’ e 3’
respectivamente ao gene de estudo. Na construção pET28a-selA uma cauda
de histidina é codificada na região N-Terminal da proteína para posterior auxílio
durante sua purificação. Essa cauda de histidina é separada do gene por uma
região de reconhecimento pela enzima Trombina para posterior clivagem e
retirada dessa cauda após a purificação da proteína SELA. Na construção
pET29a-selA apesar de uma seqüência codificante de 6 histidinas ser encontra
na região 3’ ao gene inserido, essa não é codificada pela presença de um
códon de terminação presente no final da seqüência do gene selA.
Inicialmente o inserto selA amplificado conforme descrito no item 4.2.1
foi digerido utilizando-se as enzimas de restrição Nde I e Hind III que
flanqueiam suas extremidades. Para a reação de digestão utilizou-se
aproximadamente 6µg do inserto amplificado, 1,0µL de enzima Hind III
39
[10U/µL], 0,5µL de enzima Nde I [20U/µL] e 3,0µL de tampão React 2 para uma
concentração final [1X] resultando em um volume final de 30µL de reação que
permaneceu a 37
o
C por 3 horas.
Do mesmo modo os vetores pET28a+ e pET29a+ foram digeridos
utilizando-se as mesmas enzimas que flanqueiam o inserto selA. Dessa forma
para a reação de digestão foram utilizado aproximadamente 2,6µg do DNA
plasmideal pET28a+ e pET29a+, 0,5µL de enzima Hind III [10U/µL] e Nde I
[20U/µL] e 2,0µL de tampão react 2 para uma concentração final [1X]
resultando em um volume final de 20µL de reação que permaneceu a 37
o
C por
3 horas.
O inserto digerido foi então ligado ao vetor digerido com sítios de
clonagens complementares. A reação de ligação de aproximadamente 16
horas a 16
o
C, utilizou aproximadamente 350ng de DNA plasmideal digerido,
250ng de inserto digerido, 1,0µL de enzima T4 DNA Ligase [3U/µL] e 2,0µL do
seu respectivo tampão para uma concentração final de [1X] resultando em um
volume final de 20µL de reação.
4.2.4. Transformação de células E. coli competentes
As células competentes de E. coli DH5α, BL21 e ER2566, pelo método
do cloreto de cálcio, mantidas estocadas congeladas a –80
o
C, foram utilizadas
para receber as ligações do gene selA junto aos vetores de clonagem pGEM-T,
pET28a+ e pET29a+ assim como cepas de E. coli DH5α utilizadas para
receber a ligação do gene selC junto aos vetores pGEM-T e pUC19.
Alíquotas de 30µL de células competentes foram descongeladas em
gelo, 10µL da ligação foi adicionado e homogeneizado cuidadosamente no tubo
de células. Em seguida a mistura permaneceu em banho maria 42
o
C por 90
segundos e transferida em seguida ao gelo onde permaneceu por 5 minutos.
260µL de meio LB foi adicionado a mistura que permaneceu sob leve agitação
por 1 hora a 37º
C. Decorrido esse tempo 100µL da mistura foi plaqueada em
meio sólido LB-ágar com seu respectivo antibiótico. Os 200µL restantes foram
concentrado 4X (5000rpm por 2 minutos) e plaqueado em uma segunda placa.
40
No caso da ligação utilizando-se o vetor pGEM-T e pUC19 o antibiótico
em questão foi ampicilina [100µg/mL], para vetores pET28a+ e pET29a+ o
antibiótico requerido foi kanamicina [25µg/mL]. Além do antibiótico as placas
que receberam cepas contendo o inserto+pGEM-T devem conter 0,5mM de
IPTG (Isopropyl-Thio-B-D-Galactopyranoside) e 80µg/mL de X-Gal (5-Bromo 4-
Cloro 3-Indocyl β-D-Galactosídeo).
4.2.5. Caracterização das cepas recombinantes
Após a transformação das cepas de E. coli segundo descrito no item
4.2.4 as colônias resultantes necessitam de confirmação quanto à aquisição do
plasmídeo recombinante.
Para cepas que receberam produto de ligação+pGEM-T uma primeira
seleção é feita visualmente pela coloração das colônias transformadas.
Colônias azuis (não recombinantes) e colônias brancas (recombinantes). A
análise pela coloração das colônias é muito eficiente, devido ao inserto ligado
ao vetor pGEM-T retirar de fase o gene para a β-Galactosidase impedindo sua
transcrição e evitando que o X-Gal seja degradado o que resultaria na
coloração brancas das colônias recombinantes. Entretanto, é preciso ater-se
que algumas vezes o inserto clonado no vetor pGEM-T não altera a fase de
leitura para o gene β-Galactosidase e mutações ou mesmo a ausência de
códons de terminação do inserto podem resultar em recombinantes com
coloração levemente azuis.
Além da análise por coloração tanto cepas que possuem ligação
inserto+pGEM-T como inserto+demais vetores descrito no item 4.1 foram
analisadas utilizando a técnica de PCR de colônia ou análise de restrição
utilizando enzimas que flanqueiam o gene. Posteriormente os plasmídeos
recombinantes foram submetidos a seqüênciamento como descrito no item
4.2.6.
Na técnica de PCR de colônia, as colônias crescidas em meio sólido LB-
ágar após transformação são crescidas em meio líquido LB por
aproximadamente 14 horas, 250rpm 37
o
C. Decorrido esse tempo alíquotas de
41
5µL das culturas crescidas são misturadas com outras alíquotas formando
pequenos grupos de 5 colônias. A cada grupo é adicionado 25µL de água para
posterior ser fervido por 5-10 minutos para rompimento da parede celular e
liberação do material genético ao meio. Em seguida uma reação de PCR é
preparada, utilizando 5µL da mistura de DNA e oligonucleotídeos capazes de
alinharem ao vetor em questão. Dessa maneira caso o inserto esteja presente
em alguma colônia do grupo analisado uma amplificação referente ao seu
tamanho mais uma pequena seqüência da região de múltipla clonagem
(polilinker) será visualizada posteriormente em gel de agarose, caso o vetor de
clonagem não tenha recebido o inserto em estudo, apenas a região de múltipla
clonagem será amplificada indicando a ausência do inserto. A técnica de PCR
de colônia é muito utilizada devido a sua fácil, rápida e precisa análise na
busca de colônias recombinantes.
4.2.6. Seqüenciamento dos plasmídeos recombinantes
As amostras pGEMT-selA, pET28a-selA e pET29a-selA selecionadas
pela técnica de PCR de colônia foram seqüenciadas utilizando
oligonucleotídeos comerciais presentes nos vetores de clonagem pGEM-T,
pET28a+ e pET29a+. Devido ao tamanho do gene em questão e a limitação da
técnica de seqüenciamento, oligonucleotídeos sense SELA3-E1 (anterior ao
gene clonado), reverso SELA-E2 (posterior ao gene clonado) e um
oligonucleotídeo reverso interno ao gene SELA-I3 foram utilizados para que
todo o gene pudesse ser seqüenciado e assim verificado a ocorrência de
possíveis mutações.
Na reação e seqüenciamento utilizou-se aproximadamente 500ng do
DNA plasmideal recombinante, 2,0µL de “Sequencer Reagent Premix” (uma
mistura de dNTPs, ddNTPs e enzima), 10pmol do oligonucleotídeo em questão,
completando a reação com água milli-Q autoclavada para um volume final de
10µL. O fragmento de interesse foi amplificado em termociclador conforme o
ciclo abaixo:
42
PCR DE SEQÜENCIAMENTO
CICLO
1x 35x 1x
T (
O
C)
96 96 55 68 4
TEMPO
2 min 20 s 15 s 1 min indefinido
Após a amplificação a amostra foi purificada com a adição de 80µL de
isopropanol 75%, permanecendo em repouso (protegido da luz e a temperatura
ambiente) por 15 minutos. Decorrido esse tempo a amostra foi centrifugada 45
minutos a 13000rpm. O sobrenadante é descartado e 200µL de etanol 70%
gelado é adicionado ao tubo. A amostra foi novamente centrifugada 10 minutos
a 13000rpm. O sobrenadante é descartado e após a secagem do material a
temperatura ambiente, a amostra é ressuspendida em 3µL de “Formamide
Loading Dye” para posterior aplicação em gel de seqüênciamento.
4.2.7. Primeiros ensaios de expressão da proteína SELA
Após a clonagem e confirmação das construções recombinantes
pET28a- selA e pET29a-selA, cepas de expressão BL21 foram transformadas
conforme descrito no item 4.2.4. Para os primeiros ensaios de expressão e
purificação foi dado preferência a construção pET29a-selA devido a ausência
da cauda de histidina (descrito no item 4.2.3).
Dessa maneira um pré-inóculo de 5mL contendo cepas BL21
transformadas com a construção pET29a-selA foram cultivadas em meio de
cultura líquido LB aproximadamente 14 horas sob agitação de 250rpm a 37
o
C,
com seu respectivo antibiótico kanamicina [25µg/mL]. Da mesma forma um
controle negativo de cepas BL21 transformadas com pET29a+ foi cultivado.
Após atingida a saturação do meio de cultura uma alíquota de 50µL
(1:100) de cada um dos pré-inóculos foi transferido para um novo tubo de
LB+kanamicina [25µg/mL] que permaneceu por 2 horas sob agitação de
Tabela 4.2: Programa utilizado na Reação em Cadeia da Polimerase (PCR)
para seqüênciamento das clonagens do inserto selA nos respectivos vetores
pGEM-T, pET28a+ e pET29a+.
43
250rpm a 37
o
C. Decorrido esse tempo 0,1mM do indutor IPTG foi adicionado
aos tubos de cultura para início da expressão que prolongou-se por 2 horas
sob mesmas condições de agitação e temperatura.
Terminado o período de indução as culturas foram centrifugadas por 5
minutos a 4000rpm. Os precipitados foram ressuspendidos em 500µL de
tampão G (50mM Fosfato de Potássio pH7,4; 1mM de EDTA; 3mM de DTT)
contendo 0,6mM de PMSF e alíquotas referente a cada um dos precipitados
ressuspendidos foram retiradas e misturadas a tampão TA [3X] contendo β-
mercaptoetanol na proporção 1 : 2 (amostra : tampão) e colocadas sob gelo
para posterior análise em SDS-PAGE 15%. Ao precipitado ressuspendido
(construção pET29a-selA) foi adicionado [3mg/mL] de Lisozima permanecendo
em repouso sob gelo por 30 minutos para facilitar o rompimento da parede
celular. Decorrido esse tempo a amostra foi sonicada com 4 pulsos de 15
segundos cada (intensidade 4) e intervalos entre eles de 30 segundo.
Novamente uma alíquota foi retirada após a sonicação para verificação de
eventuais perdas da proteína em estudo.
A cultura sonicada foi centrifugada por 15 minutos a 13000rpm. O
sobrenadante foi transferido para um novo tudo e novamente uma alíquota foi
retirada. O precipitado formado foi lavado com tampão G e ressuspendido em
500µL de tampão G para retirada de nova alíquota.
As amostras aliquotadas foram então fervidas 10 minutos e
posteriormente analisadas em SDS-PAGE 15% para verificação da solubilidade
da proteína SELA.
4.2.8. Primeiros ensaios de purificação da proteína SELA
Os primeiros ensaios de purificação da proteína SELA foram seguidos
como sugerido por FORCHHAMMER et al. (1991a).
Dessa maneira pré-inóculos com cepas BL21 contendo plasmídeo
pET29a+ (controle negativo) e pET29a-selA foram cultivados por
aproximadamente 14 horas em meio contendo antibiótico kanamicina
[25µg/mL]. Após atingido a saturação do meio de cultura dos pré-inóculos
44
contendo as cepas BL21-pET29a-selA estas foram transferidas para
erlenmeyers contendo meio de cultura LB e kanamicina [25µg/mL] na
proporção 1 : 100 (pré-inóculo : meio de cultura novo). O controle negativo
(cepas BL21-pET29a+) foi transferido para um novo tubo de pré-inóculo
acompanhando o crescimento das cepas do erlenmeyer.
As culturas nos erlenmeyer permaneceram em cultivo até uma
densidade óptica D.O
600ηm
igual a 1, sob agitação constante 250rpm e
temperatura 37º C. Após a D.O ser atingida a cultura foi induzida com 0,1mM
de IPTG por duas horas sob mesma condição de agitação e temperatura.
Após o tempo de indução a cultura induzida foi centrifugada 10 minutos
a 6000rpm, 4
o
C em um tubo sorvall previamente, pesado para retirada do meio
de cultura LB.
O controle negativo também foi induzido com 0,1mM de IPTG conforme
os tempos utilizados para a cultura do erlenmeyer e centrifugado 5 minutos
4000rpm, 4º C em um tubo falcon para retirada do meio de cultura LB.
Ambos os precipitados (pellets) foram lavados com tampão G (50mM
Fosfato de Potássio pH 7,4; 1mM de EDTA; 3mM de DTT) novamente
centrifugados e secos para posterior ressuspensão em tampão H (50mM
Fosfato de Potássio pH 7,4; 1mM de EDTA; 3mM de DTT; 0,6mM de PMSF;
10µM de Piridoxal 5’-Fosfato). Para cada 1g de precipitado (peso úmido)
adicionar 3mL de tampão H, com relação ao controle negativo, este foi
ressuspendido num volume de 60µL de tampão H respeitando a proporção
calculada através do peso por volume obtida da cultura positiva.
Alíquotas tanto do controle negativo como da cultura positiva foram
retiradas para posterior análises em SDS-PAGE da mesma forma como
descrito no item 4.2.7. As manipulações com o controle negativo terminam
nesse passo.
Ao ressuspendido positivo adicionou-se [10µg /mL] de lisozima que
ficou em repouso 30 minutos sob gelo. Em seguida o ressuspendido foi
sonicado para rompimento das células bacterianas com pulsos de 30 segundos
cada (potência 4) e intervalos de 1 minuto entre eles até que o ressuspendido
bacteriano denso apresentasse mais líquido e homogêneo. Novamente uma
45
alíquota do sonicado foi retirada e o restante centrifugado por 30 minutos a
30000G, 4
o
C.
O sobrenadante foi medido, transferido para um novo tubo e aliquotado.
O precipitado é lavado, ressuspendido utilizando o mesmo volume inicial de
tampão H e aliquotado.
Ao sobrenadante foi acrescentado 25% de sulfato de amônio,
previamente macerada, sob leve agitação utilizando um agitador
eletromagnético (pulga eletromagnética). Após a homogeneização a solução é
centrifugada 20 minutos a 20000G, 4
o
C. O sobrenadante pós-sulfato de
amônio é aliquotado e descartado. O precipitado pós-sulfato de amônio
(contendo a proteína SELA) é ressuspendido em média de 6mL de tampão I
(20mM Fosfato de Potássio pH7,4; 0,5mM de EDTA; 2mM de DTT; 10µM de
Piridoxal 5’-Fosfato) para cada 1 litro de cultura induzido e colocado para
dialisar em 2 litros de tampão I (500mL por duas horas, 500mL por duas horas
e 1L 14 horas ). Após a diálise a solução foi centrifugada 15 minutos a
13000rpm para eliminação que qualquer precipitado. Uma alíquota previamente
e posteriormente a diálise foi retirada e a solução protéica foi aplicada à
colunas de purificação descritas abaixo.
A partir desse ponto a metodologia empregada por FORCHHAMMER et
al. (1991a), utiliza-se de duas colunas de troca iônica, uma coluna de exclusão
de massa molecular (gel filtração) e mais uma etapa de precipitação com 40%
de sulfato de amônio.
Inicialmente a coluna aniônica Deae Sepharose Fast Flow previamente
equilibrada com tampão I é usada para purificação da proteína SELA que deve
ser eluída contra um gradiente linear de cloreto de potássio (20–220mM).
A fração relativa a proteína SELA (em torno de 180mM do gradiente
linear de KCl) é separada e aplicada a segunda coluna de troca iônica BioGel
HTP Hydroxyapatite previamente equilibrada com tampão I. A fração adsorvida
na coluna deve ser eluída contra um gradiente linear de 20–200mM de fosfato
de potássio, capaz de liberar a proteína SELA entre 50–124mM de sal.
A fração relativa à proteína SELA é precipitada com 40% de sulfato de
amônio sob gelo. Após a adição do sulfato de amônio a solução protéica é
46
centrifugada 20 minutos a 20000G, 4
o
C e o precipitado é ressuspendido em
4,5mL de tampão I e dialisado por 16h contra tampão I para total solubilização
da proteína SELA.
Após a diálise uma nova centrifugação por 20 minutos a 20000G, 4
o
C é
realizada para eliminação de possíveis precipitados. A fração solúvel deve ser
aplicada em uma terceira coluna de purificação, a coluna de gel filtração
Sephacryl S300, equilibrada previamente com o tampão J (50mM Fosfato de
Potássio pH7,5; 0,5mM de EDTA; 2mM de DTT; 10µM de Piridoxal 5’-Fosfato).
A fração contendo a proteína SELA é concentrada até aproximadamente
1mg/mL, utilizando-se um saco de diálise contra uma solução de poletileno
glicol 20000.
4.2.9. Padronização de um novo protocolo de purificação da proteína
SELA
Devido a problemas encontrados durante a purificação utilizando a
metodologia desenvolvida por FORCHHAMMER et al. (1991a), apenas parte
desse protocolo foi utilizada, desde a expressão até a precipitação com 25% de
sulfato de amônio, sendo que a partir dessa etapa uma nova metodologia foi
desenvolvida para purificação da proteína SELA como será descrita a seguir.
Dessa maneira o precipitado pós-sulfato de amônio (contendo a proteína
SELA) é ressuspendido em média de 6mL de tampão I’ (20mM Fosfato de
Potássio pH7,4; 10µM de Piridoxal 5’-Fosfato) para cada 1 litro de cultura
induzida, e posteriormente passada pela coluna Hi Trap Desalting previamente
equilibrada em tampão I’ para retirada do sulfato de amônio.
Após a retirada do sulfato de amônio, a solução protéica será passada
na coluna de troca iônica Hydroxyapatite, previamente equilibrada em tampão
I’. Parte da proteína SELA é eluída durante a lavagem da coluna enquanto que
outra parte da proteína SELA é eluída entre 80-100% do gradiente linear de
20–500mM de fosfato de potássio.
A fração contendo a proteína SELA obtida durante a lavagem da coluna
de Hydroxyapatite foi aplicada em uma segunda coluna aniônica Hi Trap Q HP
47
previamente equilibrada em tampão I’ e eluída durante o gradiente linear de
cloreto de potássio (20–1000mM) em dois picos, entre 443–544mM e 544–
661mM respectivamente.
A fração referente ao pico eluido entre 443–544mM de sal foi passada
novamente na coluna Hi Trap Desalting previamente equilibrada em tampão I’
para retirada do cloreto de potássio e concentrada até 7,5mg/mL.
Esse novo método de purificação foi desenvolvido com a ajuda da Dra.
Raquel Kelly Bortoleto Bugs do Instituto de Física de São Carlos da
Universidade de São Paulo.
48
4.2.10. Esquemas de purificação utilizados
Figura 4.1: Etapas envolvidas na purificação da proteína SELA de Escherichia coli
descrita no texto item 4.2.8 e 4.2.9. Em A- a partir do método de Forchhamaer et.
al.,1991a; em B- a partir do método desenvolvido neste trabalho.
RESSUSPENSÃO DA
SOLUÇÃO PROTÉICA
PRECIPITADA COM
25% DE SULFATO DE
AMÔNIO
DIÁLISE
COLUNA ANIÔNICA
DEAE SEPHAROSE
FAST FLOW
COLUNA DE TROCA
IÔNICA
HYDROXYAPATITE
PRECIPITAÇÃO COM
40% DE SULFATO DE
AMÔNIO
DIÁLISE
COLUNA DE
EXCLUSÃO DE MASSA
SEPHACRYL S300
CONCENTRAÇÃO ATÉ
1 mg/mL
RESSUSPENSÃO DA
SOLUÇÃO PROTÉICA
PRECIPITADA COM
25% DE SULFATO DE
AMÔNIO
COLUNA DESALTING
COLUNA ANIÔNICA
HI TRAP Q HP
COLUNA DE TROCA
IÔNICA
HYDROXYAPATITE
COLUNA DESALTING
CONCENTRAÇÃO ATÉ
7,5 mg/mL
A B
49
4.2.11. Produção de Anticorpos Policlonais anti-SELA
Os ensaios na produção de anticorpos policlonais da proteína SELA
foram realizados em colaboração com a Profa. Dra. Heloísa Sobreiro S. de
Araújo no Laboratório de Fármacos e Bioquímica da Universidade Federal de
São Carlos.
Foi usado o protocolo de indução de anticorpos, em que 100-150µL de
proteína SELA (aproximadamente 500µg/mL) diluída em tampão I’ (20mM
Fosfato de Potássio pH7,4; 10µM de Piridoxal 5’-Fosfato) foi homogeneizada
em igual volume do adjuvante completo de Freund para imediata aplicação de
50µL subcultaneamente em três camundongos Mus musculus.
Decorrido no mínimo 45 dias uma nova dose (booster), de 100µL de
proteína SELA [100µg/mL] diluída em tampão I’ foi aplicada na região
peritonial de cada um dos camundongos.
Após dez dias da segunda aplicação os camundongos foram
sacrificados e o sangue coletado permaneceu sob temperatura controlada de
37
o
C por 4 horas para sua total coagulação. Após esse período o sangue
coagulado foi centrifugado por 3 minutos a 5000rpm, temperatura ambiente. O
sobrenadante (soro) foi coletado e congelado a -20
o
C, para posterior titulação.
4.2.12. Titulação dos Anticorpos Produzidos
Os anticorpos policlonais produzidos como descrito no item 4.2.11 foram
titulados contra a proteína alvo SELA de Escherichia coli. A metodologia
utilizada foi semelhante à técnica de Imunobloting descrita em SAMBROOK
and RUSSEL (2001).
Dessa maneira a proteína SELA aplicada em gel SDS 15% e
posteriormente transferidas para uma membrana de nitrocelulose, foi incubada
com os anticorpos produzidos pelos três camundongos (anti-SELA – 1, 2, e 3)
numa diluição 1:5000 (anticorpo : tampão), resultando em três análises
independentes umas das outras. Os passos seguintes seguem conforme
descrito para Imunobloting no item 4.2.13.
50
Com a verificação positiva dos anticorpos, o anticorpo anti-SELA - 3 por
apresentar melhor especificidade foi titulado até a diluição 1:60000.
4.2.13. Busca de Formas Homólogas da Proteína SELA a partir de
Anticorpos Policlonais
Os ensaios de imunobloting seguem conforme metodologia descrita em
SAMBROOK and RUSSEL (2001).
Inicialmente extrato celulares de Leishmania major [5x10
7
cel/mL],
Trypanosoma cruzi [ - ] e Homo sapiens [3,2x10
5
cel/mL] foram lisados através
de choques térmicos, 10 repetições de congelamento em nitrogênio líquido e
descongelamento em banho a 42
o
C. 20µL do lisado foi aplicado em gel SDS
15%, transferido para membrana de nitrocelulose. A verificação da
transferência pode ser feita corando-se a membrana de nitrocelulose com o
corante de Ponceau.
Após verificação da transferência do lisado celular dos organismos de
interesse, a membrana foi incubada com o anticorpo anti-SELA – 3, na diluição
1:5000 por 2 horas, lavada e incubada por mais 2 horas com anticorpos
comerciais anti IgG de camundongos. Novamente essa membrana é lavada e
revelada para verificação de interações entre anticorpos anti-SELA e proteínas
homólogas a SELA de Escherichia coli.
4.2.14. Determinação Estrutural da Proteína SELA
Nosso trabalho teve como objetivo a caracterização estrutural da
proteína Selenocisteína Sintase (SELA) através das técnicas de Espalhamento
Dinâmico de Luz, Dicroísmo Circular, Espalhamento de Raios-X a Baixo
Ângulo.
4.2.14.1. Espalhamento Dinâmico de Luz
51
Variadas concentrações de proteína SELA foram medidas utilizando-se
o software DynaPro Dynamic Light Scattering versão 5.26.60.
Aproximadamente 14µL de proteína SELA diluída em tampão I’ (20mM
Fosfato de Potássio pH7,4; 10µM de Piridoxal 5’-Fosfato) contendo 10% de
glicerol foram medidos nas concentrações protéicas de 0,1 – 7,5mg/mL a
temperatura constante de 4
o
C.
Os parâmetros utilizados foram:
- modelo molecular de comparação – Ave 24 – 110 KDa;
- solvente – aquoso 10% de glicerol
- tempo de aquisição – 2,5 segundos
- sensibilidade – variação de 80 – 100%
- pH da solução – 7,4
concentração da proteína – de 0,15 – 7mg/mL
As coletas e análises desses dados foram realizadas com a ajuda da
Dra. Raquel Kelly Bortoleto Bugs do Instituto de Física de São Carlos da
Universidade de São Paulo.
4.2.14.2. Dicroísmo Circular
Os ensaios de CD da proteína SELA foram realizados em colaboração
com a Profa. Dra. Leila Maria Beltramini do Grupo de Biofísica Molecular do
Instituto de Física de São Carlos da Universidade de São Paulo e do Dr. Milton
Roque Bugs.
Aproximadamente 300µL de proteína SELA [0,1mg/mL] diluída em
tampão I’ (20mM Fosfato de Potássio pH7,4; 10µM de Piridoxal 5’-Fosfato)
contendo 10% de glicerol foram medidos no espectropolarímetro Jasco J-720,
variando-se o comprimento de onda de 195 – 240 nm, a temperatura constante
de 22
o
C, com uma média de 16 medidas consecutivas usando uma cubeta de
quartzo de 1mm de caminho óptico.
As análises dos espectros de CD foram realizadas através do programa
Self Consistent (SELLCON-2) (Sreerama and Woody, 2000), que possui um
banco de dados de 33 proteínas distintas usadas para as diferentes análises de
52
desconvoluções das contribuições espectrais de cada estrutura secundária. O
que é conseguido pelo método matemático de análise de “cluster” (Venyaminov
et. al., 1994), em que o espectro de CD é incluído em uma matriz com dados
espectrais de CD e é selecionada inicialmente uma estrutura de uma proteína
referencial ao acaso. Essa solução primária é substituída por outra em um
processo de repetições sucessivas até que uma auto-consistência seja
alcançada (Sreerama et. al., 2000).
4.2.14.3. Espalhamento de Raios X a Baixo Ângulo
A proteína SELA foi utilizada nos estudos de espalhamento de raios-X a
baixos ângulos objetivando-se a determinação do estado de oligomerização e
de seu envelope molecular. Estes estudos foram realizados em colaboração
com a Profa. Dra. Íris L. Toriani e Dr. Cristiano Luis Pinto de Oliveira no
Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS) de Campinas – SP e do aluno
de doutoramento Mario de Oliveira do Instituto de Física de São Carlos da
Universidade de São Paulo.
Toda a parte experimental foi realizada no LNLS, utilizando-se a linha
SAXS, com um comprimento de onda do raio incidente de
λ
=1.488Å. As
distâncias entre amostra e detector utilizadas foram de 1135,2mm e 427mm.
Para aquisição dos dados utilizou-se um detetor 1D sensível à posição (DSP),
e com a ajuda de um multicanal adquiriu-se a curva de intensidade de
espalhamento em função do número de canal.
O espalhamento parasita do ar, janelas e das fendas foi subtraído da
intensidade total espalhada. Foi necessário também ser realizado um
“desmearing”, isto é, uma correção dos dados experimentais para eliminar o
efeito de “borrão” (smearing) introduzido pela janela de entrada dos fótons do
DSP (que era de 8mm).
A solução de proteína SELA utilizada nesse experimento encontrava-se
na concentração de [5,6mg/mL] em sua forma decamérica homogeneamente
diluída em tampão I’ (20mM Fosfato de Potássio pH7,4; 10µM de Piridoxal 5’-
Fosfato) contendo 10% de glicerol, como determinado previamente em ensaios
53
de DLS.
Devido ao LNLS encontrar-se em fase de implementação as medidas de
SAXS foram realizadas no modo “Single Bunch”, com uma corrente de feixe
variando de 9,0 – 2,0mA e tempos de coleta de aproximadamente 15 minutos,
diferentemente da corrente normal oferecida de 250 – 70mA com tempos de
coletas de aproximadamente 90 segundos.
As análises dos dados foram realizadas nos seguintes programas:
OriginPro 7,0 para tratamento e normalização dos dados coletados; Gnom,
para os cálculos do raio de giro, massa dentre outros; Gasbor, para gerar o
modelo PDB (Protein Data Bank) da proteína SELA e para visualização do PBD
gerado o programa PyMOL.
4.2.15. Amplificação do gene de Inserção Selenocisteína-tRNA
sec
uca
(selC)
O gene de Inserção Selenocisteína-tRNA
sec
uca
(selC) foi amplificado a
partir de oligonucleotídeos (SELC-1 e SELC-2) descritos no item 4.1, que
possuem uma região interna complementar de 20 nucleotídeos e seqüências
flanqueadoras de reconhecimento por enzimas de restrição para facilitar a
clonagem em vetores pGEM-T e pUC19. Na seqüência do gene selC também
foi acrescido prontamente a ele uma seqüência promotora T7 e posteriormente
ao gene um sítio de reconhecimento para a enzima de restrição Bst NI para
posterior utilização nos ensaios de transcrição in vitro.
Para a reação de amplificação foram utilizados 1,0µL dos respectivos
oligonucleotídeos (SELC-1 e SELC-2) [100pmol/µL], 2,5U da enzima de
amplificação Taq rec. Polimerase e 5,0µL de seu respectivo tampão para um
concentração final e [1X], foram adicionados também 1,0µL de dNTP [10mM],
1,5mM de MgCl
2
[50mM], resultando em um volume final de 50µL que foi
amplificado em termociclador PTC-100
TM
, conforme descrito abaixo:
54
AMPLIFICAÇÃO GENE SELC
CICLO
1x 30x 1x
T (
O
C)
96 96 40 72 4
TEMPO
3 min 30 s 30 s 30 s indefinido
O fragmento de 132pb amplificado foi purificado de gel de agarose 2%,
utilizando o Kit Eppendorf Perfect Gel Cleanup, obtendo-se uma concentração
final de aproximadamente 150ng/µL.
4.2.16. Clonagem do inserto selC em vetores de clonagem
O inserto selC amplificado conforme descrito no item 4.2.15 foi
previamente adenilado para facilitar a ligação ao vetor de clonagem pGEM-T,
como descrito para a proteína SELA (item 4.2.2).
Para clonagem em vetor pUC19 o inserto selC foi digerido utilizando-se
as enzimas de restrição Eco RI e Xba I que flanqueiam suas extremidades.
Para a reação de digestão utilizou-se aproximadamente 4µg do inserto
amplificado, 0,5µL de enzima Eco RI [10U/µL], 0.5µL de enzima Xba I [20U/µL],
0.5µL de BSA [100X] e 3,0µL de tampão NEbuffer 2 para uma concentração
final [1X] resultando em um volume final de 30µL de reação que permaneceu a
37
o
C por 3 horas.
Do mesmo modo o vetor pUC19 foi digerido utilizando-se as mesmas
enzimas que flanqueiam o inserto selC. A reação de digestão utilizou
aproximadamente 2,5µg do DNA plasmideal pUC 19, 0,5µL de enzima Eco RI
[10U/µL], 0.5µL de enzima Xba I [20U/µL], 0.5µL de BSA [100X] e 2,0µL de
tampão NEbuffer 2 para uma concentração final [1X] resultando em um volume
final de 20µL de reação que permaneceu a 37
o
C por 3 horas.
A reação de ligação pUC19-selC segue como descrito para o inserto
pET28a-selA e pET29a-selA descritas no item 4.2.3.
Tabela 4.3: Programa utilizado na Reação em Cadeia da Polimerase (PCR)
para amplificação do gene de Inserção Selenocisteína-tRNA
sec
uca
+ região
promotora T7 totalizando 132pb.
55
4.2.17. Seqüenciamento dos plasmídeos recombinantes
As amostras pGEMT-selC e pUC19-selC selecionadas pela técnica de
PCR de colônia foram seqüenciadas utilizando oligonucleotídeos comerciais
presentes nos vetores de clonagem pGEM-T e pUC19. Desta forma a
metodologia e reações de seqüenciamento seguem como descrito no item
4.2.6.
4.2.18. Transcrição in vitro e purificação do tRNA
sec
uca
Os ensaios de transcrição in vitro do tRNA
sec
uca
foram realizados
segundo AMBERG et al. (1996).
Dessa maneira o gene selC amplificado por PCR e o DNA plasmideal
pUC19-selC foram digeridos com a enzima de restrição Bst NI proporcionando
a terminação correta CCA 3’ encontrada nos tRNAs. A reação de ambas as
digestões foram realizadas com aproximadamente 5µg do gene selC (DNA
plasmideal), 2,5µL de enzima Bst NI [10U/µL], 5µL de tampão NEbuffer 2 para
uma concentração final de [1X] e 1µL de BSA [100X] resultando num volume
final de 50µL que permaneceu a 60
o
C por 4 horas.
Após a digestão gene selC e o DNA plasmideal foram precipitados com
acetato de amônio, segundo o protocolo descrito em SAMBROOK and
RUSSEL (2001) para precipitação de ácidos nucléicos, e ressuspendido em
30µL de água livre de RNAse.
Para a realização da reação de transcrição in vitro os 30µL de DNA
precipitado, 20µL de um mix de rNTP [25mM], 1µL de inibidor de RNAse
[39,8µL/mL], 1µL de enzima T7 RNA polimerase [100Un/µL] e 10µL de tampão
[10X] (tris-HCl 0,4M; NaCl 0,05M; MgCl
2
0,22M; DTT 0,1M; Spermidine 0,02M)
foram misturados para um volume final de 100µL e incubados a 37
o
C por 24
horas (Figura 4.2).
As amostras transcritas foram misturadas com tampão de corrida (20mM
MOPS, 1mM EDTA pH 7,0; 31% formamida; 6% formaldeído; 3,5% loading
56
buffer (2% bromophenol blue; 2% xylene cyanol; 99% glycerol)) na proporção
1:1, desnaturadas a 70
o
C por 5 minutos e posterior incubação em gelo para
seguida aplicação em gel desnaturante de formaldeído (0,5g agarose; 2,5mL
tampão 10X (200mM MOPS, 10mM EDTA pH 7,0); 1,5mL formaldeído; 20mL
água).
4.2.19. Verificação do tRNAsecuca transcrito por RT-PCR
Para verificação quanto ao tRNA
sec
uca
transcrito no item 4.2.18 foi
realizado uma reação de RT-PCR, isto é, uma transcrição reversa utilizando-se
como molécula molde o produto da transcrição (item 4.2.18), oligonucleotídeos
(SELC-1b e SELC-2b) específicos descritos no item 4.1 e uma mistura de
enzimas presentes no Kit Quiagen OneStep RT-PCR.
Para a reação de transcrição reversa foram utilizados 1,0µL dos
respectivos oligonucleotídeos (SELC-1b e SELC-2b) [100pmol/µL], 2,0µL da
mistura de enzima Qiagen OneStep RT-PCR e 10,0µL de seu respectivo
tampão para um concentração final [1X], foram adicionados também 2,0µL de
dNTP [10mM], 1,0µL inibidor de RNAse [39,8µL/mL] e 10,0µL do transcrito
(item 4.2.18), resultando em um volume final de 50µL que foi amplificado em
termociclador PTC-100
TM
, conforme descrito abaixo:
TRANSCRIÇÃO REVERSA DO tRNA SELC
CICLO
1x 1x 1x 35x 1x 1x
T (
O
C)
94 50 95 94 50 72 72 4
TEMPO
1 mim 30 mim 15 mim 30 s 30 s 45 s 10 mim indefinido
vetor pUC19 promotor T7 gene Sel C
132 pb
cca 95 rnt
tRNA
sec
transcrito ( selC)
Bst N1
Figura 4.2: Esquema representativo da digestão do vetor pUC19-selC com a enzima Bst
N1 e posterior transcrição in vitro do tRNA
sec
uca
.
Tabela 4.4: Programa utilizado na Reação de Transcrição Reversa para verificação do
produto relativo a transcrição in vitro do tRNA
sec
ucs
57
V. RESULTADOS
5.1. Resultados referentes ao gene Selenocisteína Sintase (selA)
5.1.1. Amplificação do gene selA
Como descrito no item 4.2.1 o gene para Selenocisteína Sintetase (selA)
amplificado e purificado pode ser visualizado em gel de agarose abaixo.
5.1.2. Caracterização dos transformantes pET28a-selA e pET29a-selA
Após a amplificação e purificação do gene selA este foi clonado em
vetores de expressão pET28a+ e pET29a+ conforme descrito no item 4.2.3. Os
recombinantes foram determinados pela técnica de PCR de colônia como
descrito no item 4.2.5 e visualizado em gel de agarose abaixo.
Figura 5.1: Amplificação do gene selA
de Escherichia coli visualizado em gel
de agarore 1% e TAE [1X] corado com
brometo de etídeo. Na coluna 1-
padrão molecular “1Kb Plus DNA
Ladder”; coluna 2- controle negativo e
coluna 3- purificação do gene selA
amplificado por PCR a partir de DNA
genômico de Eschericia coli.
1 2 3
2,0 Kb
1,6 Kb
1
,
0 Kb
500
p
b
sel
A
(
1392
p
b
)
58
A B
5.1.3. Seqüenciamento dos recombinantes pET28a-selA e pET29a-selA
Os vetores recombinantes determinados pelas análises de PCR de
colônia foram seqüenciados em seqüenciador ABI Prism
TM
377 como descrito
no item 4.2.6. As seqüências resultantes do seqüenciamento foram analisadas
no programa de alinhamento via Internet MultiAlin (http://prodes.toulouse.inra.fr/
multalin/multalin.html) e Blastn 2.2.10 – NCBI (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/
blast/bl2seq/wblast2.cgi) como visualizado na figura 5.3 pela representação de
Dot–Plot de identidade.
Figura 5.2: Caracterização dos transformantes pET28a-selA e pET29a-selA visualizada em
gel de agarose 1% e TAE [1X] corado com brometo de etídeo. Em A, PCR de colônia
(grupos de cinco colônias cada) na procura de recombinantes pET28a-selA-,na coluna 1-
padrão molecular “1Kb Plus DNA Ladder”; colunas 2,3,4,6 e 7- amplificação da região de
múltipla-clonagem ( 300pb) indicando ausência de recombinantes nesses grupos; na
coluna 5- além da amplificação da região de múltipla clonagem é visualizado amplificação
do gene selA. Nesse grupo novamente foi realizado uma reação de PCR para identificação
de qual colônia possuía o inserto selA. Em B, amplificação de um dos grupos positivos
(colônias individualizadas) para a reação de PCR na busca de recombinantes pET29a-
selA, indicando a presença do gene SelA na colônia referente a coluna 8.
59
5.2. Resultados referentes à proteína Selenocisteína Sintase (SELA)
5.2.1. Primeiros ensaios de expressão da proteína SELA
Nos primeiros ensaios de expressão da proteína SELA descritos no item
4.2.7, demonstraram que esta apresentava-se solúvel como visualizada no gel
de poliacrilamida 15% abaixo. O mesmo ensaio foi realizado utilizando o
tampão PBS em substituição ao tampão G, com resultados similares (gel não
mostrado).
1 2 3 4 5 6
BSA 67,0 KDa
OVA 45,0 KDa
Ac. Bov 30,0 KDa
IT-Sya 22,46 KDa
Cit. C 13.37 KDa
SELA 50,0 KDa
Figura 5.4: Expressão da proteína SELA, visualizada em SDS-PAGE 15% corado
por Coomassie Blue. Na coluna 1- padrão com suas respectivas massas moleculares
indicados; nas colunas 2- controle negativo (BL21-pET29a+); 3- extrato bruto (BL21-
pET29a-selA); 4- extrato bruto após adição de Lisozima e sonicação; 5- fração
precipitada ressuspendida; 6- sobrenadante indicando que a proteína SELA
encontra-se solúvel. A banda de expressão localizada na altura dos 13 kDa é
resultado de um excesso de Lisozima utilizado durante este ensaio.
Figura 5.3: Alinhamento utilizando Blastn no modo Dot-Plot (NCBI) das seqüências selA
clonadas nos respectivos vetores de expressão pET28a (A) e pET29a (B) seqüênciados
em seqüênciador ABI Prism
TM
377. Nas linhas verticais encontram-se as seqüências dos
vetores e inserto selA (pET28a-selA e pET29a-selA) obtidas após o seqüênciamento,
enquanto que na linha horizontal encontra-se o gene selA disponibilizado no banco de
dados NCBI.
60
5.2.2. Primeiros ensaios de purificação da proteína SELA
A proteína SELA apresenta-se em grande quantidade solúvel como
visualizada pelas alíquotas coletadas ao longo da primeira etapa de lise e
purificação descrita no item 4.2.8.
Após diálise a fração protéica contendo a proteína SELA foi aplicada na
coluna aniônica DEAE Sepharose Fast Flow, em que parte da proteína SELA
não conseguindo ligar-se a resina foi eluída durante a lavagem da coluna com
tampão I. O restante da proteína SELA que interagiu com a resina foi eluído
durante o gradiente linear entre 216–407mM de KCl.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
67,0 KDa
45,0 KDa
30,0 KDa
22,46 KDa
13.37 KDa
SELA 50,0 KDa
Figura 5.5: Etapas de expressão da proteína SELA anteriormente a sua aplicação em coluna
aniônica DEAE Sepharose Fast Flow, visualizada em SDS-PAGE 15% corado por
Coomassie Blue: na coluna 1- padrão com suas respectivas massas moleculares indicados;
nas colunas: 2- controle negativo (BL21-pET29a+); 3- extrato bruto (BL21-pET29a-selA); 4-
extrato bruto após adição de Lisozima e sonicação; 5- sobrenadante contendo SELA solúvel;
6- fração precipitada; 7- sobrenadante após a adição de 25% de sulfato de amônio; 8- fração
precipitada após a adição de 25% de sulfato de amônio; 9- pré-coluna após diálise; 10-
precipitado após diálise.
61
As frações de proteína SELA purificadas pela coluna aniônica DEAE
Sepharose Fast Flow foram unidas e aplicadas na segunda coluna de troca
iônica Hydroxyapatite. Entretanto, nem a proteína SELA nem os contaminantes
interagiram com a coluna sendo eluídos durante sua lavagem, inviabilizando os
passos subseqüentes.
5.2.3. Padronização de um novo protocolo de purificação da proteína
SELA
Devido aos passos de purificação da proteína SELA segundo
FORCHHAMMER et al. (1991a) não terem proporcionado resultados como o
esperado, novos testes foram realizados na tentativa de obter a proteína SELA
purificada em grande quantidade.
Inicialmente na tentativa de aumentarem os rendimentos durante a
primeira etapa de purificação por cromatografia, a coluna aniônica Hi Trap Q
HP foi testada, objetivando a redução das perdas de proteína SELA que
ocorriam durante a lavagem da coluna aniônica Deae Sepharose Fast Flow,
como visualizado na figura 5.7.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
67,0 KDa
45,0 KDa
30,0 KDa
22,46 KDa
13.37 KDa
SELA 50,0 KDa
Figura 5.6: Purificação da proteína SELA utilizando coluna aniônica DEAE Sepharose Fast
Flow, visualizada em SDS-PAGE 15% corado por Coomassie Blue: na coluna 1- padrão
com suas respectivas massas moleculares; nas colunas: 2- amostra pré-coluna; 3- fração
de proteína SELA durante lavagem da coluna; 4,9,10- referentes a proteínas
contaminantes; 5,6,7,8- referente a proteína SELA e alguns contaminantes eluídos durante
gradiente linear 216-407mM de KCl.
62
A
B
C
1 2 3 4 5
67,0 KDa
45,0 KDa
30,0 KDa
22,46 KDa
13.37 KDa
SELA 50,0 KDa
Figura 5.7: Comparação dos rendimentos resultantes da purificação da proteína SELA
utilizando as colunas aniônicas DEAE Sepharose Fast Flow e Hi Trap Q HP. A-
Cromatografia utilizando coluna DEAE Sepharose FF: a seta em vermelho indica grande
quantidade de proteína SELA eluída durante a lavagem da coluna, a seta em azul indica a
proteína SELA eluída durante o gradiente linear de KCl (226-400mM). B- Cromatografia
utilizando coluna Hi Trap: a seta em azul indica a proteína SELA eluída durante gradiente
linear de KCl (332-460mM). C- SDS-PAGE 15% corado por Coomassie Blue: na coluna 1-
padrão com suas respectivas massas moleculares; 2- pré coluna; 3- SELA purificada
utilizando coluna aniônica DEAE Sepharose FF; 4- pré coluna; 5- SELA purificada
utilizando coluna aniônica Hi Trap.
63
O rendimento de proteína SELA purificada utilizando essa nova coluna
foi melhorado, tanto no aumento da quantidade de proteína SELA, devido a
eliminação das perdas de proteínas durante a lavagem da coluna, como na
qualidade de purificação, devido a eliminação de uma forte banda de proteína
contaminante logo abaixo à proteína SELA, que a coluna DEAE não foi capaz
de eliminar (Figura 5.7c).
Entretanto quando a proteína SELA foi concentrada após sua purificação
na coluna Hi Trap uma grande quantidade de proteínas contaminantes pode
ser observada, além de perdas entre 60-80% de proteína SELA na forma de
precipitados.
Em vista dos resultados obtidos uma nova metodologia capaz de
melhorar a purificação da proteína SELA era necessária. O que foi conseguido
com a utilização primeiramente da coluna de troca iônica Hydroxyapatite e
posterior coluna de troca iônica Hi Trap Q HP devido a seus melhores
resultados quando comparados com a coluna DEAE Sepharose Fast Flow.
Além disso o EDTA foi removido das soluções tampões devido a sua ação
quelante extremamente prejudicial para a resina de cálcio presente na coluna
de Hydroxyapatite.Dessa forma um novo protocolo de purificação como
descrito no item 4.2.9 foi testado e os resultados podem ser visualizados na
1 2 3
22,46 KDa
13.37 KDa
45,0 KDa
30,0 KDa
67,0 KDa
SELA 50,0 KDa
Figura 5.8: Concentração da proteína SELA após purificação em coluna aniônica Hi Trap
Q HP, visualizado em SDS-PAGE 15% corado por Coomassie Blue: coluna 1- padrão com
suas respectivas massas moleculares; 2- proteína SELA concentrada a 2mg/mL; 3-
proteína SELA concentrada a 4mg/mL.
64
figura 5.9.
A
B
C
Figura 5.9: Nova estratégia de purificação da proteína SELA utilizando colunas de troca iônica
Hydroxyapatite e posterior coluna Hi Trap Q HP. A- Cromatografia utilizando coluna Hydroxyapatite:
a seta em azul indica parte da proteína SELA eluída durante a lavagem da coluna, a seta em
vermelho indica parte da proteína SELA eluída durante gradiente linear de fosfato de potássio (400-
500mM). B- Cromatografia utilizando coluna Hi Trap: a seta em azul e a seta em vermelho
indicando o primeiro e segundo pico de proteína SELA eluído entre 443-544mM e 544-661mM
respectivamente do gradiente linear de KCl. C- SDS-PAGE 15% corado por Coomassie Blue: 1-
padrão com suas respectivas massas moleculares; 2- pré coluna; 3- proteína SELA eluída durante
lavagem da coluna Hydroxyapatite; 4- proteína SELA eluída 80-100% gradiente linear de fosfato de
potássio na coluna de Hydroxyapatite; 5 e 8- nenhuma proteína eluída; 6,7- proteína SELA eluída
durante gradiente linear KCl na coluna Hi Trap, 443-544mM e 544-661mM respectivamente; 9, 10-
proteína SELA referente a eluição da coluna 6 concentrada a 2mg/mL e 7,5mg/mL respectivamente.
67,0 kDa
45,0 kDa
30,0 kDa
22,46 kDa
13,37 kDa
1 23456789
10
SELA 50,0 kDa
65
Neste novo protocolo de purificação além da redução dos passos e
consideravelmente do tempo na obtenção da proteína purificada como
visualizado no item 4.2.10, foi possível aumentar o rendimento da proteína
SELA de 1mg/mL a partir de 10L para 4,5mg/mL a partir de 3L de cultura
bacteriana, um aumento de 15 vezes comparados com o resultados obtidos na
literatura.
5.2.4. Titulação dos Anticorpos Produzidos
Os anticorpos produzidos e titulados como descrito nos itens 4.2.11 e
4.2.12 respectivamente, podem ser visualizados na figura 5.10 em que
inicialmente foram testados em baixas diluições (1:5000) para verificação da
existência de anticorpos e de suas respectivas especificidades.
O anticorpo anti-SELA – 3 por apresentar menores reações cruzadas foi
titulado até uma diluição 1:60000.
Figura 5.10: Titulação dos anticorpos anti-SELA produzidos em camundongos (Mus
musculus): na coluna 1- marcador de peso molecular corado com Ponceau; em 2, 3 e 4-os
respectivos anticorpos anti-SELA – 1, 2 e 3 na diluição 1:5000; de 5 a 10- o anticorpo anti-
SELA – 3, nas titulações de 1:10000 a 1: 60000.
66
5.2.5. Busca de Formas Homólogas da Proteína SELA a partir de
Anticorpos Policlonais
Foram realizados ensaios de Imunobloting para busca de formas
homólogas em células de Leishmania major, Trypanosoma cruzi e Homo
sapiens visto que até o momento a proteína SELA apenas é descrita em
eubactéias.
Entretanto como visualizado na figura 5.11 até o momento não foi
possível a detecção de proteínas homólogas nesses organismos.
5.2.6. Espalhamento Dinâmico de Luz
Os ensaios de DLS foram capazes de estimarem a massa molecular
hidratada da proteína decamérica SELA em aproximadamente 442 kDa a partir
do raio hidrodinâmico de 6,32ηm (Figura 5.12). A medida foi realizada
utilizando-se proteínas na concentração de [0,1mg/mL] e sensibilidade do
aparelho ajustada para 100%, o que resultou em grande espalhamento durante
as coletas das medidas do experimento. O ideal seria ter ajustado a
67,0 KDa
45,0 KDa
30,0 KDa
22,46 KDa
13.37 KDa
SELA 50,0 KDa
Figura 5.11: Imunobloting utilizando anticorpo anti-SELA – 3 produzido em camundongos
Mus musculus e extratos celulares de Leishmania major, Trypanosoma cruzi e Homo
sapiens: em 1 e 10- marcadores de peso molecular; em 2- controle positivo proteína SELA;
em 5- extrato celular de Leishmania major; em 7- extrato celular de Trypanosoma cruzi; em
9- extrato celular de Homo sapiens.
67
sensibilidade para 60%, resultando em medidas mais confiáveis. Apesar do
histograma apresentar uma escala decrescente de colunas, essa solução pode
ser tida como homogênea e comportando-se dessa maneira devido à
excessiva sensibilidade como mencionado. Essa amostra foi posteriormente
utilizada para ensaios de CD.
5.2.7. Dicroísmo Circular
Os ensaios de CD foram capazes de identificar hélices α como estrutura
secundária predominante na proteína SELA (Figura 5.13). As medidas foram
realizadas utilizando-se proteínas na concentração de [0,1mg/mL],
primeiramente analisadas por DLS para atestar sua homogeneidade.
Figura 5.12: Ensaio de DLS utilizando proteína SELA purificada [0,1mg/mL] diluída em
tampão I’ contendo 10% de glicerol. O histograma mostra o raio hidrodinâmico de 6,32ηm e
a estimativa da massa molecular hidratada de 442 kDa.
68
200 210 220 230 240
-30
-20
-10
0
10
20
Ellipticity (mdeg)
λ (nm)
Sela
A partir do espectro acima análises de desconvoluções foram realizadas
pelo programa SELCON-2 e seus respectivos resultados são ilustrados na
tabela 5.1 abaixo.
Estrutura secundária Estimativa Erro
Hélices - α 0.77 0.06
Folhas - β 0.04 0.03
Turn 0.07 0.01
Elementos de estruturas não regulares 0.12 0.05
Figura 5.13: Espectro de CD utilizando proteína SELA purificada [0,1mg/mL] diluída em tampão I’
contendo 10% de glicerol. O espectro de CD realizado de 195 – 250nm em cubeta com caminho
óptico de 1mm com uma média de 16 medidas a 22
o
C.
Tabela 5.1: Desconvoluções obtidas pelo programa SELCON-2 a partir do espectro de CD realizado
com a proteína SELA entre 195 – 250nm, uma média de 16 medidas a 22
o
C
69
5.2.8. Difração de Raios X a Baixo Ângulo
Os ensaios de SAXS foram capazes de determinar a estrutura global da
proteína SELA na concentração de [5,6mg/mL] como visualizado na curva de
espalhamento experimental e da função de distribuição de distâncias
(Figura 5.14).
A
B
Figura 5.14: Curvas experimentais obtidas nos experimentos de SAXS para a proteína
decamérica SELA: Em A- curva experimental de espalhamento da proteína SELA; em
B- curva teórica da distribuição de Distâncias.
70
A partir dos dados acima obtidos foi possível determinar o raio de giro,
massa, diâmetro máximo, bem como, a estrutura global da proteína SELA
utilizando-se os programas Gnom e Gasbor (Figura 5.15) e (tabela 5.2).
Parâmetros SAXS
Diâmetro (Å) 185
Massa Molecular (kDa) 527 +/-28
Raio de Giro (Å) 67,3 +/-0,3
5.3. Resultados referentes ao Selenocisteína-tRNA
sec
uca
(selC)
5.3.1 Amplificação do gene Selenocisteína-tRNA
sec
uca
(selC)
Como descrito no item 4.2.15 o gene de Inserção Selenocisteína-
tRNA
sec
uca
(selC) amplificado e purificado pode ser visualizado em gel de
Figura 5.15: Determinação da estrutura global da proteína decamérica SELA a partir
da média espacial de 10 modelos calculados independentemente e visualizados em
diferentes ângulos.
Tabela 5.2: Parâmetros obtidos a partir dos ensaios da proteína decamérica SELA a
partir da média espacial de 10 modelos calculados independentemente.
71
agarose 2%.
5.3.2. Clonagem do inserto selC em vetores de clonagem
Após a amplificação e purificação do gene selC este foi clonado em
vetores pGEM-T e pUC19 conforme descrito no item 4.2.16. Os recombinantes
foram determinados pela técnica de PCR de colônia como descrito no item
4.2.5. Dessa forma como visualizada para subclonagens pUC19-selC na figura
5.17 , as colônias negativas apresentam uma amplificação de 76pb referente a
região de múltipla-clonagem e colônias positivas apresentam 208pb (soma de
76pb multiplaclonagem +132 gene Sel C e região promotora T7)
300 pb
200 pb
100 pb
1 2
selC (132 pb)
Figura 5.16: Amplificação do gene de
inserção selenocisteína tRNA
sec
uca
(selC)
visualizado em gel de agarose 2% e TAE
[1X] corado com brometo de etídeo. Na
coluna 1- padrão molecular “1Kb Plus
DNA Ladder”; coluna 2- purificação do
gene selC e sua região promotora T7
amplificado por PCR a partir de
oligonucleotídeos específicos.
72
5.3.3. Seqüenciamento dos recombinantes pUC19-selC
Os vetores recombinantes determinado pelas reações de PCR de
colônia foram seqüênciados em seqüênciador ABI Prism
TM
377 como descrito
no item 4.2.6 e os respectivos alinhamentos podem ser visualizadas abaixo.
300 pb
200 pb
100 pb
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
selC (132 pb)
Figura 5.17: Caracterização dos transformantes pUC19-selC visualizados em gel
de agarose 2% e TAE [1X] corado com brometo de etídeo. Na coluna 1- padrão
molecular “1Kb Plus DNA Ladder”; coluna 6 e 7- amplificações positivas (208pb)
pUC19-selC; colunas 2 a 5 e 8 a 14- amplificações negativas (76pb) pUC19.
Figura 5.18: Alinhamento utilizando Blastn no modo Dot-Plot (NCBI) da seqüência T7 –
selC clonadas no vetor de clonagem pUC19 seqüênciado em seqüênciador ABI Prism
TM
377. Devido ao pequeno tamanho do fragmento clonado apenas o oligonucleotídeo M13
sense do vetor pUC19 foi utilizado e sendo capaz de percorrer os 132 nucleotídeos da
região promotora T7 ligada ao gene Sel C.
73
5.3.4. Transcrição in vitro e purificação do tRNA
sec
uca
O produto da transcrição in vitro realizados tanto com o gene selC como
com o DNA plasmideal pUC19-selC digeridos e purificados como descrito no
item 4.2.18 pode ser visualizado no gel de desnaturante de formaldeído (Figura
5.19).
Para verificação quanto ao produto transcrito no item 4.2.18 uma reação de
RT-PCR foi realizada (item 4.2.19) confirmando a transcrição do tRNA
sec
uca
de
Escherichia coli como pode ser visualizado na figura 5.20.
300 rb
200 rb
100 rn
1 2 3
tRNA
sec
(95 rb)
Figura 5.19: Transcrição in vitro do tRNA
sec
uca
visualizado em gel desnaturante de
formaldeído e TAE [1X] corado com brometo de etídeo. Na coluna 1- padrão
molecular “0,1-2,0 Kb RNA Ladder”; 2- transcrição do tRNA
sec
uca
(95
ribonucleotídeos) a partir do gene selC amplificado por PCR e digerido com
enzima Bst NI e 3- transcrição do tRNA
sec
uca
a partir do DNA plasmideal pUC19-
selC digerido com enzima Bst NI.
74
300 pb
200 pb
100 pb
1 2 3
selC (95 pb)
Figura 5.20: Amplificação por RT-PCR do gene de inserção selenocisteína
tRNA
sec
uca
(selC) visualizado em gel de agarose 2% e TAE [1X] corado com
brometo de etídeo. Na coluna 1- padrão molecular “1Kb Plus DNA Ladder”;
coluna 2- amplificado a partir da transcrição utilizando o gene selC como molde
e 3- amplificado a partir da transcrição utilizando o DNA plasmideal pUC19-
selC como molde.
75
VI. DISCUSSÃO
Tendo em vista da universalidade da via de biossíntese e incorporação
do aminoácido selenocisteína, isto é, presente em eubactérias, arqueobactérias
e eucariotos, através de inúmeras proteínas atualmente identificadas e
classificadas de forma geral como selenoproteínas e seu intrigante mecanismo
de incorporação através do códon de terminação (UGA) auxiliado por uma
complexa interação entre proteínas e moléculas de RNA têm despertado
interesse no sentido de caracterizar as proteínas atuantes nesta via.
Como descrito no tópico 1.3 da introdução desse trabalho são
necessárias algumas proteínas para que a biossíntese e incorporação do
aminoácido selenocisteína ocorram, tais como SELA, SELB, SELD além de um
tRNA próprio (tRNA
sec
uca
) e uma seqüência específica localizada no mRNA
denominada SECIS, quando em procariotos (Leinfelder, 1988). Entretanto,
quando essa via é comparada com a encontrada em arqueobactérias e em
eucariotos novas particularidades são descritas como: a posição e seqüências
específicas da seqüência SECIS, a necessidade de mais uma proteína
denominada de SBP2 e a ausência da proteína SELA.
A posição assumida pela seqüência SECIS em procariotos ocorre ao
longo da seqüência traduzível do mRNA, logo seguida ao códon de
terminação/inserção
Sec
UGA. Comparado com as SECIS de arqueobactérias e
eucariotos localizadas na região não traduzível jusante (3’ UTR) a
aproximadamente 25 e de 51-111 nucleotídeos após o códon de terminação
respectivamente, bem como a presença de seqüências específicas de
reconhecimento encontradas ao longo das SECIS (Liu et. al., 1998; Hatfield et.
al., 2002; Korotkov et. al., 2002; Rother et. al., 2001).
Em eucariotos também foi verificado a existência da Proteína ligante a
Seqüência SECIS (SBP2) capaz de ligar-se a proteína SELB portando o
tRNA
sec
uca
carregando o respectivo aminoácido selenocisteína a seqüência
SECIS localizada na região 3’ UTR, encaminhando ao ribossomo o
selenocisteil-tRNA
sec
uca
, dando continuidade ao processo de incorporação do
selenocisteína a selenoproteínas (Hatfield and Gladyshev, 2002; Atkins and
76
Gesteland, 2000). Entretanto o que permanece ainda obscuro em
arqueobactérias e eucariotos é como ocorre a conversão do aminoácido
precursor serina no vigésimo primeiro aminoácido selenocisteína, visto da
ausência da proteína SELA ou de formas homólogas desta nesses organismos
(Low and Berry, 1996).
A proteína SELA foi identificada e purificada no início da década de 90
(Forchhammer et. al., 1991) e desde então nenhuma forma homóloga a ela foi
encontrada em nenhum outro organismo que não fosse procarioto.
Tendo em vista da importância do elemento selênio na dieta dos
organismos vivos e sabendo que sua forma ativa encontra-se incorporado
especificamente as selenoproteínas sob a forma do aminoácido selenocisteína,
como detalhado no tópico 1.5 e 1.6 dessa dissertação. Este estudo visa à
caracterização molecular e estrutural da proteína Selenocisteína Sintase de
Escherichia coli, visto que o único trabalho estrutural com essa proteína ter sido
realizado em 1992 por Engelhardt, através de microscopia eletrônica de
transmissão (STEM), gerando bons dados quanto às dimensões e massa
aproximada da proteína SELA, mas dados pouco elucidativos quanto sua
estrutura e interação com o respectivo selenocisteil–tRNA
sec
uca
devido as
limitações dessa técnica.
No decorrer deste trabalho, uma nova metodologia de purificação da
proteína SELA foi sugerida com várias vantagens comparada com a descrita
pela literatura (Forchhammer et. al., 1991) (tópico 4.2.8). Nessa nova
metodologia os dois passos de diálises são substituídos pela passagem da
proteína de interesse em coluna Hi Trap Desalting, agilizando em muito o
processo de retirada do sal da solução protéica. A coluna de troca iônica DEAE
Sepharose FF foi substituída pela coluna aniônica Hi Trap Q HP, capaz de reter
em sua resina uma quantidade superior de proteína SELA quando comparada
a coluna anterior. E por fim a ordem da utilização das colunas foi alterada,
sendo primeiramente utilizado a coluna de troca iônica de Hydroxyapatite e
posteriormente a coluna Hi Trap, como descrito no tópico 4.2.9 e no
sumarizado no esquema 4.2.10. Tal alteração resultou na separação de duas
populações de proteína SELA, uma eluída durante a lavagem da coluna e
77
posteriormente utilizada nos passos subseqüentes e uma segunda fração de
proteína SELA eluída em 500mM de fosfato de potássio e que em
aproximadamente 30 minutos após a saída da coluna apresenta-se
completamente precipitada. Também eliminou a necessidade de uma segunda
precipitação com 40% de sulfato de amônio e passagem por uma terceira
coluna (gel filtração).
É suposto que a super expressão da proteína SELA resultasse em uma
população de proteínas mau enoveladas e que durante as fases de
concentrações após a utilização de apenas a coluna Hi Trap, durante a
purificação, ajudasse na alta taxa de proteína precipitadas (até 80%), visto que
essa coluna foi incapaz de separar essas duas populações de proteínas SELA
e além de apenas a utilização dessa coluna resultar em altos graus de
proteínas contaminantes.
Dessa maneira o desenvolvimento de um novo protocolo de purificação
além da redução dos passos e conseqüentemente do tempo na obtenção da
proteína purificada, foi possível o aumento do rendimento da proteína SELA de
1mg/mL a partir de 10L para 4,5mg/mL a partir de 3L de cultura bacteriana. Um
aumento de 15 vezes quando comparado aos resultados descritos na literatura.
Com a purificação da proteína SELA anticorpos policlonais utilizando
camundongo Mus musculus foram obtidos na tentativa de encontrar proteínas
homólogas em organismos como Leishmania major, Trypanosoma cruzi e
Homo sapiens, visto que ainda não foi caracterizada uma proteína ou mais de
uma proteína responsável pela conversão de serina em selenocisteína em
organismos eucarióticos. Entretanto, os ensaios de “Imunobloting” não
detectaram proteína homóloga nesses organismos.
Nesse trabalho uma combinação de técnicas como DLS e CD foram
utilizada na determinação de alguns parâmetros da proteína SELA e posterior
determinação da estrutura global desta foi conseguida pela técnica de SAXS.
O ensaio de Espalhamento Dinâmico de Luz (DLS) foi capaz de
determinar a massa aproximada da molécula em 442 kDa e a homogeneidade
da solução protéica, um requisito fundamental para a realização dos demais
experimentos.
78
Com ensaios de Dicroísmo Circular (CD) foi possível a predição das
estruturas secundárias encontradas na proteínas SELA, como sendo
predominantemente de hélices α. Foram encontrados também pequenas
porcentagens de folhas β e estruturas não periódicas, mas devido ao grande
erro associado a essas medidas esses dados foram reduzidos.
Com concentrações próximas a 6mg/mL experimentos de Espalhamento
de Raios-X a Baixo Ângulo (SAXS) foram possíveis de serem realizados. A
vantagem dessa abordagem é a obtenção de dados estruturais a baixas
resoluções de proteínas em soluções, o que em muitos casos é a única
alternativa visto das dificuldades na obtenção de cristais bons para a
metodologia de Difração de Raios-X
Os dados gerados por SAXS, apesar das coletas terem sido realizadas
em modo “Single Bunch” com uma corrente muito menor do que a rotina do
Laboratório Nacional de Luz Síncrotron disponibiliza a seus usuários, foram
muito bons. Isto é devido ao grande tamanho da proteína homodecamérica
SELA e a simetria nela encontrada.
Desta forma as análises de SAXS foram capaz de determinar o diâmetro
máximo da proteína em 185Å, sua massa molecular em 527 +/- 28 kDa e o raio
de giro de 67,3 +/- 0,3Å, além da estrutura global da proteína SELA com uma
resolução próxima a 20Å.
Essa metodologia de SAXS é muito eficaz quando utilizada em conjunto
com resultados obtidos na difração em cristais, pois permite a sobreposição
das imagens obtidas e comparação da forma protéica em solução e em cristais,
ilustrando uma maior dinâmica das proteínas em estudos, bem com ensaio
entre proteínas e ligantes específicos dessas proteínas (Fisher et. al., 2003).
Experimentos de transcrição in vitro para a síntese do tRNA
sec
uca
de
Escherichia coli, foram realizados e confirmados pela técnica de transcrição
reversa (RT-PCR), para posteriores ensaios de interação com a proteína SELA
através de experimento simples como “Gel Shift” e para posteriores medidas de
DLS, CD e SAXS, variando-se as concentrações do tRNA ligante.
79
VII. PERSPECTIVAS FUTURAS
É objetivo a continuidade deste trabalho através:
Tentativas de aumentar a quantidade obtida de proteína SELA purificada
para posteriores ensaios de cristalização;
Ensaios de interação Proteína-tRNA
sec
uca
, através da técnica de
retardamento da migração em gel (Gel Shift);
Ensaios estruturais em solução do complexo Proteína-tRNA
sec
uca
,
utilizando-se das metodologias de DLS, CD e SAXS;
Tentativa de cristalização do complexo Proteína-tRNA
sec
uca
;
Caso seja possível a cristalização do complexo Proteína-tRNA
sec
uca
,
comparação dos dados obtidos em solução (SAXS) e por cristais.
80
VIII. REFERÊNCIAS
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