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estar voltada para os mesmos objetivos, desde que tenha momentos de interlocução para
planejar e avaliar as ações cotidianas.
As características apontadas anteriormente podem servir como base para a
reflexão sobre as tendências atuais na FC de professores, apontadas por Candau (1997).
Antes de tratar das tendências atuais é necessário deter-se na “perspectiva
clássica” da formação de professores. É possível
Identificar a perspectiva que estou chamando de “clássica”, na grande
maioria dos projetos realizados. A ênfase é posta na “reciclagem” dos
professores. Como o próprio nome indica, “reciclar” significa “refazer o
ciclo”, voltar a atualizar a formação recebida. O professor uma vez na
atividade profissional, em determinados momentos realiza atividades
específicas, em gral, volta à universidade para fazer cursos de diferentes
níveis, de aperfeiçoamento, especialização, pós-graduação, não só pós-
graduação lato sensu, mas também strictu sensu. Outras possibilidades de
reciclagem podem ser a freqüência a cursos promovidos pelas próprias
secretarias de educação e/ou a participação em simpósios, congressos,
encontros orientados, de alguma forma, ao seu desenvolvimento profissional.
Trata-se, portanto, de uma perspectiva onde se enfatiza a presença nos
espaços considerados tradicionalmente como o locus de produção do
conhecimento, onde circulam as informações mais recentes, as novas
tendências e buscas nas diferentes áreas do conhecimento. Nesta perspectiva,
o locus da reciclagem privilegiado é a universidade e outros espaços com ela
articulados, diferentes das escolas de primeiro e segundo graus, onde se
supõe que se pode adquirir o que constituiu o avanço científico e
profissional. (CANDAU, 1997, p. 52-53, grifos da autora)
A concepção clássica de FC de professores está muito presente nos anos
atuais. Inúmeras iniciativas vêm sendo tomadas: a adoção de escolas por universidades ou
empresas; cursos promovidos diretamente pela Secretaria da Educação; convênios entre
universidades e secretarias de educação para realização de cursos específicos; vagas em
cursos universitários de graduação e licenciatura, mediante os já citados convênios, para
professores que desejam voltar aos bancos escolares (CANDAU, 1997).
Que concepção de formação continuada está presente nesta perspectiva? Ela
não está informada por uma visão em que se afirma que universidade
corresponde à produção do conhecimento, e aos profissionais do ensino de
primeiro e segundo graus a sua aplicação, socialização e transposição
didática? Esta é a perspectiva que queremos reforçar na área de educação em
geral, e, especialmente, na área de ensino? Se o conhecimento é um processo
contínuo de construção, é construção, desconstrução e reconstrução, estes