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Pensava-se que as florestas fossem simples conseqüências das
condições climáticas. Hoje, porém existem fortes evidências, de que os níveis de
precipitação são em partes controlados pela floresta. As condições da região,
cortada pelo Equador e recebendo os ventos alísios quentes e úmidos que vem
do Atlântico, geram condições básicas para o desenvolvimento da floresta
tropical úmida. À medida, porém, em que a floresta foi-se desenvolvendo, as
condições iniciais foram se alterando havendo um controle da radiação solar, do
tempo de residência da água e do balanço hídrico através da evapotranspiração
da floresta. Desta forma, o equilíbrio dinâmico da água que hoje existe na região
é aquele definido pela interação da biosfera com a atmosfera (SALATI, 1985).
Em função dessas evidências, o ciclo da derrubada e queima, tão prejudicial ao
ambiente, é facilmente observável em qualquer local desta região.
Essa prática há muito tempo vem sendo condenada pelos ambientalistas e
autoridades das áreas ambientais, ligados aos órgãos de fiscalização do governo, que
convivem com esse grave problema, e indicam como alternativa, o manejo sustentável.
Prática tecnológica que para os colonos é impossível de ser executada, não só
pela falta de cultura e recursos financeiros, mas também pela falta de tecnologias a seu
dispor. Assim em toda região sul do Estado de Roraima, todos os anos árvores e árvores
são derrubadas para dar lugar às pastagens.
Como conseqüência dessa rotina destrutiva, a população, através dos anos de
convivência com esses danos ambientais, já os acham tão naturais que não mais
percebem o mal que causam ao Ambiente, à qualidade de vida da população e ao
planeta Terra.
O igarapé do Chico Reis foi num passado não tão distante, o principal
fornecedor de água de boa qualidade, para toda comunidade da antiga vila do
INCRA. Mas com a emancipação da vila a município, e conseqüente aumento da
população, a mata ciliar foi aos poucos sendo dizimada, para a construção de
barracos, através de uma ocupação desordenada do solo, que deveria ser
preservado, trazendo conseqüências drásticas ao meio ambiente e ao próprio
homem, que sem a necessária Educação Ambiental, utilizou o igarapé de forma
irracional, degradando-o em toda área da cidade. Transformando-o em um foco
de transmissores de várias doenças, colocando em risco a vida do igarapé e a
qualidade da saúde da população (MARQUES, 2004, p. 11).
A falta de atenção e a desinformação em relação aos danos ambientais
transferem-se a todos os lugares das cidades: os igarapés, devido à poluição estão
praticamente, mortos; o saneamento básico, a coleta de lixo (quando há) são precários.
Utiliza-se muito da lenha e do carvão vegetal para se cozinhar, possibilitando que o
Ambiente, de uma forma ou outra, a todo instante seja bastante agredido.