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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM
MESTRADO EM ENFERMAGEM
Christyna Beatriz Genovez
Banco de Leite Humano:
uma análise das diferenças entre as doadoras
adultas e adolescentes no ano de 2004
Maringá
2005
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Christyna Beatriz Genovez
Banco de Leite Humano:
uma análise das diferenças entre as doadoras
adultas e adolescentes no ano de 2004
Orientadora: ProfªDra Taqueco Teruya Uchimura
Maringá
2005
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-
Graduação do Departamento de
Enfermag
em da do Departamento de
Enfermagem Universidade Estadual de
Maringá para obtenção do título de Mestre
em Enfermagem.
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Christyna Beatriz Genovez
Banco de Leite Humano: uma análise das diferenças entre as
doadoras adultas e adolescentes no ano de 2004
Dissertação apresentada ao Programa de Pós –Graduação
em Enfermagem do Departamento de Enfermagem da
Universidade Estadual de Maringá como requisito parcial para
a obtenção do título de Mestre em Enfermagem, orientada
pela Profª. Drª. Taqueco Teruya Uchimura.
Aprovada em:_____________
BANCA EXAMINADORA
___________________________________
Profª. Drª. Taqueco Teruya Uchimura
Universidade Estadual de Maringá - UEM
____________________________________
Prof.ª Drª. Marli Terezinha Vanuchi
Universidade Estadual de Londrina - UEL
_______________________________________
Profª Drª. Luciana Olga Bercini
Universidade Estadual de Maringá – UEM
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Dedicatória
A meu filho Emanuel
A meu filho EmanuelA meu filho Emanuel
A meu filho Emanuel
A ti dei meu leite, como te dou o
meu amor e a mim mesma...
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Agradecimentos
Agradeço primeiramente ao meu Senhor Jeová, porque Ele é o Deus de todas
as coisas.
Agradeço a meu filho, por ter cedido horas que lhe seriam dispensadas por
direito, em decorrência da dedicação necessária ao Mestrado, e a meu marido, pelo
amor, apoio e incentivo dedicados a mim, desde o início desta empreitada.
À minha mãe e ao meu pai, porque sempre me estimularam a ir cada vez
mais longe e sempre acreditaram em mim.
À minha sogra Carmem, minha sobrinha Carla e meu cunhado Carlos, por
terem ajudado meu marido e a mim nos momentos em que precisamos.
Às minhas amigas Adriana Rocha, Débora Arruda, Rita Cardoso, Viviani
Dourado, Maria Aparecida Salci e Rosemeire Molina, por terem ouvido meus
desabafos, incertezas e alegrias.
Às companheiras de curso, por mostrarem-se ser pessoas maravilhosas.
Às Profª Drª Marli Terezinha Oliveira Vannuchi, Zuleika Thomson, Luciana
Olga Bercini e Thaís Aidar de Freitas Mathias, por gentilmente aceitarem fazer parte
da minha banca de defesa.
À Profª Drª Sônia Silva Marcon, porque sua perseverança e determinação
contagiam.
E muito obrigada, especialmente à minha orientadora Profª Drª Taqueco
Teruya Uchimura, por ser além de orientadora, uma verdadeira mestra, me
ensinando passo a passo os caminhos da pesquisa e me apoiando nos momentos
em que mais precisei. Obrigada Taqueco! Além de professora te considero minha
amiga.
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Nós somos culpadas de muitos erros e falhas, mas o pior crime é o abandono
das crianças, negando-lhes a fonte da vida.
A maioria das coisas que nós necessitamos pode esperar.
As crianças não podem.
Agora é o momento em que seus ossos e seu sangue estão em formação
E seus sentidos estão se desenvolvendo.
A elas nós não podemos responder “amanhã”.
Seu nome é “Hoje”.
Gabriela Mistral
A cultura é a essência que trazemos dentro de nós e o que temos de mais
genuíno quanto ao resgate do que somos.
Não podemos esquecer da re-elaboração cultural
a que foram submetidas tantas gerações
acerca do aleitamento artificial,
em virtude de interesses comerciogênicos.
Cabe a nós, hoje, munidos do conhecimento que nos presenteou a ciência,
orientar o resgate da cultura
e apoiar a prática do aleitamento materno
para que este seja um processo absolutamente natural
para mães e bebês humanos.
Christyna Beatriz Genovez
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GENOVEZ, C. B. Banco de Leite Humano: uma análise das diferenças entre
doadoras adultas e adolescentes, no ano de 2004. 2005. Dissertação (Mestrado)
– Departamento de Enfermagem. Universidade Estadual de Maringá, 2005.
Resumo: Atualmente a problemática da gravidez na adolescência tem assumido
proporções significativas e, neste estudo, o grupo de adolescentes é bastante
expressivo e as doadoras de leite humano ordenhado (LHO) apresentaram entre si
diferenças etárias, culturais e sócio-econômicas, que exigem dos profissionais de
saúde habilidades para saber lidar com estas condições peculiares. Neste sentido,
este estudo objetivou realizar a análise do perfil da população, salientar as
diferenças entre doadoras adultas e adolescentes, verificar o tipo de coleta mais
freqüente e se a doação de LHO corresponde às preconizadas pela Portaria 322/88.
Este é um estudo transversal, analítico, realizado no Banco de Leite Humano (BLH)
de Maringá-Pr. A população do estudo foi constituída pelo total de doadoras
cadastradas no ano de 2004 (443) e a fonte de dados foi a Ficha de Inscrição de
Doadoras. Foram analisadas variáveis sócio-econômicas, demográficas, perinatais e
relacionadas à doação de leite humano. A variável idade foi dividida em doadoras
adolescentes (<20 anos) e adultas (>=20anos) sendo a condição de ser doadora
adolescente considerada como variável dependente; foram testadas interações e
diferenças entre esta e as outras variáveis do estudo. Observou-se freqüência de
16,35% de adolescentes, encontrando-se associação estatisticamente significativa
(p<0,001) entre mulheres adolescentes e baixa renda familiar, viver sem
companheiro, prematuridade e parto cesáreo. Concluiu-se que as doadoras
adolescentes necessitam de atendimento diferenciado e maior incentivo à prática do
aleitamento materno por apresentarem condições sócio-econômicas e perinatais
desfavoráveis.
Palavras-chave: Aleitamento Materno; Bancos de Leite Humano; Leite Humano;
Adolescência; Doadoras.
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GENOVEZ, C. B. Human Milk Bank: an analysis of differences between adults
and adolescents donors, in 2004. 2005. Dissertation (Master) – Departament of
Nursing. State University of Maringá, 2005.
Abstract: Nowadays, the problem of pregnancy in adolescence has assumed
significant proportions and, in this study, the adolescent group is quite expressive,
and the Human Milk Donors (HM) present age, cultural and socioeconomic
differences among each others, demanding from the professionals of health abilities
to know how to work with these peculiar conditions. In this sense, this study aimed at
analyzing the population’s profile to point out differences among adult and adolescent
donors, to verify the type of the most frequent collection and if the donation of HM
corresponds to the preconizations of the Regulation 322/88. It was a traverse,
analytic study carried out in the Human Milk Bank (HMB) of Maringá-Pr. The
population of the study was the total of registered donors in the year 2004 (443) and
the source of data was the Record of Donors’ Registration. Socioeconomic,
demographic, perinatal variables related to the human milk donation were analyzed.
The age variable was divided in adolescent donors (< 20 years old) and adult donors
(>=20 years old) and according to that, the condition of being adolescent donor was
considered as dependent variable, being interactions and differences between the
latter and the other variables of the study tested. Frequency of 16.35% of
adolescents was observed. Significant statistical association (p < 0.001) among
adolescent women and low family income, living without companion, prematurity and
cesarean childbirth were found. Results show that the adolescent donors need
differentiated service and greater incentive for the breastfeeding practice, for they
present socioeconomic and unfavorable perinatal conditions.
Key words: breastfeeding; human milk bank; human milk; adolescent; donors.
9
LISTA DE TABELAS
Tabela 01 Distribuição do n e % das doadoras segundo variáveis sócio-
econômicas, demográficas e perinatais. Maringá-Pr,
2004.……...................................................................................…..56
Tabela 02 - Análise univariada das doadoras adolescentes (<20 anos) e
adultas (>=20 anos), segundo as variáveis escolaridade,
ocupação, renda familiar, cor e situação conjugal. Maringá-Pr,
2004...................................................................................................65
Tabela 03 - Análise multivariada das doadoras adolescentes (<=13 anos e
>=16 anos) e adultas (>=20 anos), segundo as variáveis
escolaridade, ocupação, renda familiar e situação conjugal.
Maringá-Pr, 2004 .......................................................................... 68
Tabela 04 Análise univariada das doadoras adolescentes (<20 anos) e
adultas (>=20 anos), segundo variáveis tipo de parto, paridade,
idade gestacional e sexo do bebê. Maringá-Pr, 2004. ...............71
Tabela 05 Análise multivariada das doadoras adolescentes (<20 anos),
segundo as variáveis tipo de parto e idade gestacional.
Maringá-Pr, 2004. ..........................................................................74
10
Tabela 06 - Análise multivariada das doadoras adolescentes (>=13 anos e
<=16 anos) e adultas (>=20anos), segundo as variáveis tipo de
parto e idade gestacional. Maringá-Pr, 2004 ..............................75
11
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................13
1.1 Fundamentação Teórica ....................................................................18
1.1.1 O leite humano .....................................................................18
1.1.2 Composição do leite humano – uma visão sistêmica........21
1.1.3 Composição química ............................................................23
1.1.3.1 Água ..........................................................................23
1.1.3.2 Proteínas ...................................................................24
1.1.3.3 Lipídios ......................................................................26
1.1.3.4 Carboidratos ..............................................................28
1.1.3.5 Minerais .....................................................................29
1.1.3.6 Vitaminas ...................................................................30
1.1.4 Aspectos imunológicos ........................................................31
1.1.4.1 IgA secretora e demais componentes imunológicos
solúveis..................................................................................32
1.1.4.2 Componentes celulares ............................................36
1.1.4.3 Ciclo bronco-entero-mamário ...................................37
1.1.4.4 Flora normal ou microbiota do leite humano ............38
1.1.5 Os Bancos de Leite Humano ................................................39
1.1.5.1 A coleta de leite humano ...........................................42
1.5.2 A doadora .....................................................................43
1.1.6 A gravidez na adolescência ..................................................44
2 OBJETIVOS ........................................................................................................47
2.1 Geral .....................................................................................................47
12
2.2 Específicos ..........................................................................................47
3 METODOLOGIA ................................................................................................48
3.1 Tipo de Estudo ....................................................................................48
3.2 Local do Estudo ..................................................................................48
3.3 População do Estudo .........................................................................50
3.4. Variáveis Estudadas ..........................................................................51
3.5 Processamento dos Dados e Análise Estatística ............................55
3.6 Aspectos Éticos ..................................................................................55
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO .........................................................................56
4.1 Variáveis Demográficas e Sócio-econômicas .................................64
4.1.1 Análise univariada ................................................................64
4.1.2 Análise multivariada .............................................................67
4.2 Variáveis Perinatais ............................................................................70
4.2.1 Análise univariada ................................................................70
4.2.2 Análise multivariada .............................................................73
4.3 Variáveis Sobre o Tipo de Doação de Leite Humano .....................76
5 CONCLUSÕES .................................................................................................80
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..............................................................................82
7 REFERÊNCIAS .................................................................................................84
ANEXO 1 - Ficha de Inscrição de Doadoras ......................................................
ANEXO 2 - Aprovão do Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade Estadual de Maringá ..................................................
ANEXO 3 - Ofício para permissão da coleta dos dados ....................................
ANEXO 4 - Dispensa do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)
ANEXO 5 - Dez Passos Para o Sucesso do Aleitamento Materno....................
13
1 INTRODUÇÃO
O leite humano é muito mais que uma simples coleção de nutrientes, é uma
substância viva, de alta qualidade, grande complexidade biológica e forte ação
protetora e imunomoduladora. Além de proporcionar proteção exclusiva contra
alergias e infecções, estimula o desenvolvimento adequado do sistema imunológico
do bebê e contém muitos componentes antinflamatórios (AKRÉ, 1994).
É considerado o alimento ideal para recém-nascidos a termo até o sexto mês
de vida (LAWRENCE, 1994) justificando o crescente uso do leite materno também
para prematuros, por possuir teores maiores de proteínas totais e imunoproteínas,
lipídeos, cálcio, alguns microminerais e vitaminas (ATKINSON et al., 1995;
ARAÚJO GÓES, 1999).
A superioridade do leite humano quando comparada a outros tipos de
alimentos deve-se, portanto, a fatores como: composição química e
biodisponibilidade de nutrientes adequados, presença de fatores de proteção contra
infecções, ausência de componentes alergênicos, benefícios psicológicos de
interação mãe e filho e ausência de gastos com alimentação durante o período de
aleitamento materno exclusivo (AME). A amamentação apresenta ainda vantagens
adicionais para populações que vivem em regiões de higiene precária, que somadas
à falta de informação sobre a importância da sanitização do meio em que está
inserido o recém-nascido (RN) e do alimento fornecido a este, resulta em elevada
morbimortalidade por infecções (ARAÚJO GÓES, 1999).
Observa-se, entretanto, que a despeito de ser sistematicamente enaltecida e
recomendada, a amamentação natural não é ainda uma prática universal apesar das
propriedades ímpares do leite humano e que, o desmame precoce, especialmente
14
nos grupos sociais menos favorecidos, assume características de um importante
problema de saúde pública (NOTZON, 1984).
Para reverter este quadro, sobretudo nos países em desenvolvimento como o
Brasil, governos, Organizações Não-Governamentais (ONGs), agências
internacionais, universidades e grupos sociais organizados, concentram esforços no
sentido de definir políticas e desenvolver programas de incentivo à amamentação
(BRASIL, 2001a).
No Brasil, uma das ações políticas que atuam com eficiência no incentivo e
promoção do aleitamento materno, são os Bancos de Leite Humano (BLH), os quais
funcionam através de uma Rede Nacional e do Programa Nacional de Qualidade em
Bancos de Leite Humano, que permite ações padronizadas e uniformes, pautadas
em conhecimento técnico-científico (BRASIL, 2003a).
Os BLHs surgiram no Brasil no início da década de quarenta quando
começaram os esforços para sua organização no país. O primeiro BLH brasileiro foi
implantado no Instituto Fernandes Figueira (IFF) da Fundação Oswaldo Cruz
(FIOCRUZ) e tinha como objetivos a coleta e distribuição do leite humano. Eram
considerados receptores formais bebês prematuros, crianças com carências
nutricionais importantes, ou ainda os que apresentassem intolerância ao leite
artificial (MAIA et al., 2004).
Segundo Almeida e Novak (2001), os BLHs também surgiram como resposta
às falhas do paradigma do desmame comerciogênico, que havia substituído as
tradicionais amas-de-leite, mas foi somente com a implantação do Programa
Nacional de Incentivo ao Aleitamento Materno (PNIAM) que passaram a adquirir
representatividade (BRASIL, 1998a).
15
O PNIAM iniciou seu desenvolvimento em 1981 e, aliada a ele, retomou-se a
valorização do aleitamento materno. Este fato veio a corroborar na importância do
atendimento aos RNs impossibilitados clinicamente de serem amamentados pela
própria e e a imprescindível necessidade de se obter leite humano disponível o
suficiente para atender à demanda (BRASIL, 1998b).
Diante destes fatos, os BLHs foram constituídos, porém, de forma
desordenada e, em 1984, passaram a ser motivo de preocupação, considerando que
esta proliferação levou a atendimentos não uniformes, constatando-se, dentre
outros, a comercialização financeira ou a permuta de leite humano por cestas
alimentícias, além da ausência do controle de qualidade (BRASIL, 1998a).
Estes procedimentos incorretos evidenciaram a vulnerabilidade a que
estavam submetidos os principais consumidores do leite humano os prematuros e
RNs de baixo peso, mostrando a necessidade urgente de uma normatização.
A partir de 1985, em uma ação conjunta realizada pela FIOCRUZ e o
Ministério da Saúde (MS) por meio do PNIAM, iniciou-se o desenvolvimento de um
subprograma com a finalidade de promover uma expansão dos BLHs no Brasil,no
sentido de que estes se tornassem referência também para a promoção do
aleitamento materno, reduzindo as dificuldades com a lactação, particularmente
aquelas que impediam a amamentação (ALMEIDA; NOVAK, 2001).
Estes esforços somados entre o PNIAM e a FIOCRUZ culminaram na
legislação brasileira que regulamenta a implantação e o funcionamento dos BLHs
a Portaria 322/88; além disso, houve o desenvolvimento de um Programa Nacional
de Apoio Técnico a estas unidades, tornando o Brasil o primeiro país a possuir tal
instrumento legal (BRASIL, 1998a; BRASIL, 1998b).
16
Dentre as definições da Portaria 322/88, destacam-se as que dizem respeito
às doadoras de leite humano. Considerando as disposições preliminares, são
doadoras “todas as nutrizes sadias que apresentem secreção láctica superior às
necessidades de seu filho e que se dispõem a doar o excesso, clinicamente
comprovado, por livre e espontânea vontade” (BRASIL, 1998a).
Para que se garanta a qualidade do leite humano ordenhado (LHO), as
mulheres que apresentam doenças infecto-contagiosas são consideradas inaptas
para a doação; também não deverão ser doadoras, as mulheres que se encontrem
em risco nutricional, como as pacientes portadoras de anemia ou desnutrição
(ALMEIDA; NOVAK, 2001).
É preciso enfatizar também que o produto da secreção láctica da nutriz deve
ser destinado ao seu próprio filho, com ênfase especial aos RNs de baixo peso,
independente da idade gestacional (BRASIL, 1998b).
A nutriz que optar por doar seu leite excedente deverá seguir alguns
procedimentos higiênico-sanitários normatizados, os quais deverão ser orientados
pela equipe do BLH, sendo estes fundamentados na Portaria 322/88 e nas
Recomendações Técnicas para Funcionamento de Bancos de Leite Humano
(BRASIL, 1998a). Além disso, deverão ser submetidas a exames clínicos gerais
periódicos (BRASIL, 1998b).
Estudo realizado por Almeida (1986) enfatiza que fatores como período de
lactação, cor, idade, tempo de amamentação anterior emero de filhos, não
exercem influência estatisticamente significativa sobre o volume de leite produzido
ou sobre suas características físico-químicas. Contudo, a qualidade do LHO
melhorou quando foram adotados procedimentos higiênico-sanitários corretos pelas
doadoras.
17
É necessário, portanto, controlar todo o processo e orientar adequadamente a
doadora quanto à ordenha, coleta e pré-estocagem do LHO, para se alcançar
resultados eficientes, garantindo que os BLHs representem uma das principais
ações de políticas públicas em prol do aleitamento materno e conseqüentemente
contribuam na diminuição dos índices de morbimortalidade infantil (CARVALHO;
TAMEZ, 2002).
É preciso considerar também que dentre as puérperas, o grupo de
adolescentes é bastante expressivo e atualmente, a problemática da gravidez na
adolescência tem assumido proporções significativas (BARROS et al., 1991), o que
motiva a realização de estudos no sentido de ampliar o conhecimento sobre as
repercussões da gravidez precoce na saúde, educação e perspectivas futuras das
adolescentes, inclusive no âmbito dos BLHs (LESSER; ESCOTO-LLOYD, 1999).
Deve-se enfatizar ainda que a doadora de leite humano tem
representatividade primordial no processo que compõe a organização do serviço
prestado pelos BLHs, uma vez que a partir da doação são iniciadas todas as ações
que culminam na distribuição do leite humano pasteurizado aos RNs com indicações
clínicas deste consumo.
Frente a estas considerações, o presente estudo torna-se relevante, tanto
para o BLH de Maringá como para os demais, porque conhecer as diferenças
etárias, culturais e sócio-econômicas, apresentadas por estas mulheres traz
subsídios para que os profissionais de saúde saibam lidar com as condições
peculiares de cada uma delas, ocasionando uma assistência de melhor qualidade.
18
1.1 Fundamentação Teórica
1.1.1 O leite humano
A composição do leite humano tem sido tema de inúmeros estudos e sabe-se
hoje que este leite não é um fluido corporal uniforme e estável, mas sim uma
secreção de composição variável, com flutuações consideráveis, sendo considerado
como um alimento completo (BRASIL, 2002).
Em virtude de sua superioridade em relação aos outros leites não-humanos, a
Organização Mundial de Saúde (OMS) e o MS recomendam que o bebê seja
alimentado exclusivamente com leite materno durante os primeiros seis meses de
vida (AME), e continuado de forma complementar aos alimentos da família, até os
dois anos de idade ou mais, por ser importante fonte de nutrientes e de proteção
contra doenças (WHO, 2000).
A excelência do leite materno como fonte nutricional para RNs e lactentes
vem sendo cada vez mais imposta à medida que suas propriedades tornam-se mais
conhecidas, evidenciando melhor digestibilidade, composição química balanceada,
ausência de fatores alergênicos, proteção contra infecções, além de fortalecer o
vínculo afetivo mãe-filho (BRASIL, 1998a).
Segundo Brasil (2003b), o leite humano pode ser considerado uma solução
viva, altamente complexa, com mais de 200 substâncias, tendo dentre elas o
predomínio de água, proteínas, lulas, sais minerais, carboidratos e gordura. Pela
sua complexidade biológica, promove o desenvolvimento adequado do sistema
imunológico e a maturação do sistema digestivo e neurológico (LAMOUNIER; LEÃO,
1998).
19
É importante ressaltar que o leite materno não é somente uma fonte de
alimentos especificamente adaptados às capacidades metabólicas do bebê; ele é
capaz de exercer um certo grau de controle sobre o metabolismo, que se estende
desde a sutileza das divisões celulares até o comportamento da criança (AKRÉ,
1994).
São inúmeras as vantagens da amamentação uma vez que o leite materno
garante, em muitos casos, a sobrevivência das crianças, particularmente das que
nascem sob condições especiais, como no caso dos prematuros e dos bebês com
baixo peso (BRASIL, 2002).
É consenso considerar o leite humano o melhor alimento para o prematuro,
pois, representa importante fator na proteção contra infecções e no desenvolvimento
cerebral destes bebês (AMERICAN ACADEMY OF PEDIATRICS, 1997); há também
diferenças significativas nos padrões de crescimento e desenvolvimento dos
prematuros amamentados ao seio materno quando comparados com os que foram
alimentados artificialmente.
Em uma meta análise baseada em seis estudos realizados em países como o
Brasil, Gâmbia, Gana, Paquistão, Filipinas e Senegal, foi verificado o risco de morte
por doenças infecciosas entre crianças menores de dois anos que não faziam uso
do aleitamento natural. O estudo mostrou que crianças menores de dois meses e
não amamentadas, apresentaram um risco 6 vezes maior de morrer por infecção. A
proteção contra mortes por diarréia foi maior que a proteção contra mortes por
doenças respiratórias nos primeiros seis meses de vida. Entretanto, a proteção
contra essas duas doenças foi semelhante a partir dos seis meses e se manteve até
o final do segundo ano de vida (WHO, 2000).
20
Outras infecções também estão associadas à alimentação de crianças
menores de um ano; as crianças não amamentadas mostraram um risco 2,5 vezes
maior de morrer no primeiro ano de vida, por infecções além da diarréia e de
doenças respiratórias, quando comparadas com as amamentadas exclusivamente
(VICTORA; BARROS; VAUGHAN, 1988).
O aleitamento materno não protege o bebê de doenças gastrintestinais,
respiratórias e sistêmicas através de uma proteção passiva, como também produz
efeitos a longo prazo, diminuindo a incidência de outras infecções, alergias e
doenças crônicas; o leite humano tem uma importante capacidade de diminuir a taxa
de mortalidade infantil, reduzindo risco de diarréias agudas e persistentes,
septicemia neonatal, doenças respiratórias, dentre outros benefícios (HANSON;
TELEMO, 1999).
ainda na literatura indicações de que o aleitamento materno promova uma
melhor resposta dos anticorpos a vacinas contra tano, difteria, poliomielite e
Haemophilus influenzae tipo β e também de melhor resposta de lulas T para a
vacina de BCG, no entanto não consenso na literatura a respeito destes dados
(HANSON, 1998).
Este autor também relata que a amamentação diminuiria o risco de
desenvolvimento futuro de doenças como diabetes tipo I, esclerose ltipla, artrite
reumatóide, doença celíaca e doença de Crohn.
Diante destas considerações, torna-se imprescindível proporcionar à mãe e
ao bebê uma amamentação bem-sucedida e, para tanto, é necessário fazer uma
boa preparação materna desde o início da gestação, onde os aspectos nutricionais,
imunológicos e as vantagens da amamentação sejam enfatizados.
21
Outra ação relevante é encorajar a mãe a amamentar logo após o parto, para
que este contato íntimo contribua para o desenvolvimento do vínculo afetivo mãe-
filho, ajude na adaptação da criança ao meio ambiente e favoreça a colonização da
pele e o trato gastrintestinal do bebê por microrganismos maternos (LAMOUNIER;
VIEIRA; GOUVÊA, 2001).
O sucesso da amamentação depende também da eliminação de fatores que
diminuam a duração e a freqüência da sucção pelo lactente, tais como a limitação do
tempo da mamada, horários fixos, posicionamento incorreto, uso de bicos, chupetas
e mamadeiras, fornecimento de líquidos como água, chás, soluções açucaradas e
outros leites entre as mamadas (PIPES; TRAHMS, 1993).
1.1.2 Composição do leite humano – uma visão sistêmica
O leite humano possui composição química, nutritiva e imunológica
balanceada, sendo por isso considerado o melhor alimento para lactentes. Sua
constituição é determinada no sentido de oferecer energia e nutrientes necessários e
em quantidades apropriadas, além de conter fatores que conferem a proteção contra
infecções virais e bacterianas; por ser específico à espécie humana, as reações
alérgicas raramente ocorrem com o seu uso (LAMOUNIER; VIEIRA; GOUVÊA,
2001).
Em uma visão sistêmica da sua composição, o leite humano reúne mais de
200 substâncias diferentes (MOURA, 2002) que, apesar de misturadas de forma
homogênea ao microscópio, apresenta-se em três frações: emulsão, suspensão e
solução (ALMEIDA, 1999).
22
A fração emulsão corresponde à fase lipídica do leite humano, na qual
concentram-se os óleos, as gorduras, os ácidos graxos livres, as vitaminas e demais
constituintes lipossolúveis. A fração suspensão refere-se à fase suspensa do leite
materno, na qual as proteínas e quase a totalidade de cálcio e fósforo encontram-se
presentes na forma micelar, constituindo uma conformação coloidal do tipo gel. A
fração solução congrega todos os constituintes hidrossolúveis, como vitaminas,
minerais, carboidratos, proteínas do soro, enzimas e hormônios, podendo por isso
ser considerada como o soro do leite e sendo a água o seu constituinte principal
(ALMEIDA, 1999; KENNEDY; MAYERS; LAYDEN, 1996).
O colostro é o primeiro produto da secreção láctica da nutriz e permite a boa
adaptação fisiológica do RN à vida extra-uterina, sendo secretado desde o último
trimestre da gestação e na primeira semana s-parto. Apresenta coloração
amarelada por ser rico em beta-caroteno, tem grande quantidade de proteínas,
porém menos carboidratos e gorduras; quando comparado ao leite maduro,
apresentando maiores concentrações de sódio, potássio e cloro. Entre 30 e 40 horas
pós-parto um aumento da concentração de lactose e conseqüente aumento do
volume do leite (LAMOUNIER; VIEIRA; GOUVÊA, 2001).
Depois do colostro vem o leite de transição, produzido entre o e o 14º dia
de lactação, no período em que o colostro começa a ser substituído pelo leite
maduro (GENOVEZ, 1999) que passa a ser produzido a partir da segunda semana
após o parto.
O leite maduro é um líquido espesso e opaco, dotado de pouco odor, com
sabor levemente adocicado e que contém todos os nutrientes que a criança precisa
para crescer saudável (BRASIL, 1997). Apresenta variação na sua composição não
23
apenas entre mães, como na mesma mãe entre as mamas, em mamadas diferentes
e até no decurso da mesma mamada (LAMOUNIER; VIEIRA; GOUVÊA, 2001).
Segundo Jelliffe e Jelliffe (1979), a lactação é por si um fenômeno
individualizado. As variações individuais podem ser afetadas por fatores como idade
materna, paridade, idade gestacional, estado nutricional materno, nível sócio-
econômico, saúde materna e uso de drogas e medicamentos.
A composição do leite varia, sobretudo, para cada espécie de mamífero,
portanto, o ideal é que o leite oferecido a qualquer recém-nascido, seja aquele
produzido por sua própria mãe. O leite humano maduro apresenta em sua
composição, menor concentração de proteínas em comparação aos outros leites,
contudo, é adequado ao crescimento normal do lactente, principalmente se for
considerado que crianças alimentadas artificialmente, apresentam altos teores de
proteínas, têm níveis elevados de uréia e aminoácidos no sangue e, portanto,
sobrecarga renal (LAMOUNIER; VIEIRA; GOUVÊA, 2001).
1.1.3 Composição química
1.1.3.1 Água
Segundo Moura (2002), a água é o componente mais abundante do leite
humano, sendo seu teor suficiente para as necessidades hídricas do bebê, além de
desempenhar papel fundamental na regulação da temperatura corpórea. Na água
estão dispersos os compostos nitrogenados não-protéicos, carboidratos, minerais,
fatores de proteção e vitaminas hidrossolúveis (vitaminas C e do complexo B).
24
O leite humano apresenta em sua composição cerca de 87,5% de água, o
que resulta em baixa carga de soluto, quando comparado a outros leites. Bebês
amamentados exclusivamente no peito não necessitam de água adicional, a não ser
que haja perda excessiva de água por diarréia ou vômitos ou em caso de ocorrer
superaquecimento (LAMOUNIER; VIEIRA; GOUVEIA, 2001).
Segundo Lana (2001), um bebê em AME não necessita de complementação
com água, chás e outros, mesmo em climas muito quentes e secos. Os chás
atrapalham, pois enchem o estômago do bebê impossibilitando a aceitação de
volume adequado de leite materno, diminuindo, portanto, a produção adequada dos
hormônios da lactação (ocitocina e prolactina), devido à diminuição do estímulo à
produção láctica.
O autor ressalta ainda que na administração de água ao bebê, o colostro fica
diluído, ocorre redução da proteção imunológica do leite materno e aumento do risco
de doenças, além de causar sobrecarga renal pelo excesso de água, uma vez que
os rins do RN não estão preparados para receber grande volume de líquido.
1.1.3.2 Proteínas
O colostro é rico em proteínas protetoras, especificamente a imunoglobulina
secretora (IgA-s), que age contra infecções e alergia alimentar. O leite maduro por
sua vez contém mais proteínas nutritivas que o colostro, tais como a caseína e as
proteínas do soro (alfa-lactoalbumina, lactoferrina, lisozima, albumina sérica e as
imunoglobulinas IgA, IgG, e IgM) que têm ação antinfecciosa. As proteínas do soro
representam cerca de 72% da proteína total do leite, enquanto que a caseína
constitui em torno de 28% (MAHAN; ARLIN, 1992).
25
O leite humano fornece todos os aminoácidos essenciais ao ser humano
(isoleucina, lisina, leucina, triptofano, treonina, metionina, fenilanina, valina e
taurina), além de outros não essenciais, sendo os sulfurados (taurina, metionina e
cisteína) em alto teor e os aromáticos (tirosina e fenilanina) em baixo teor, uma vez
que o RN tem pouca enzima disponível para metabolização destes últimos, em
especial o pré-termo (LONNERDAL, 2000).
A cistina, presente em maiores concentrações no leite humano, é um
aminoácido essencial para RNs pré-termos, pois a enzima cistationase, que catalisa
a transulfuração de metionina em cistina, está ausente no fígado e cérebro dos
prematuros (LAMOUNIER; VIEIRA; GOUVÊA, 2001).
A taurina tem sido positivamente associada com o desenvolvimento pleno, de
um modo geral e com o sistema nervoso em particular por exercer um papel
neurotransmissor e neuromodulador (GAULL, 1982; UNIVERSITY OF CALIFÓRNIA
AT BERKELEY, 1992), além disso, é necessária para a conjugação de sais biliares e
absorção de gorduras (LAMOUNIER; VIEIRA; GOUVÊA, 2001).
Segundo Moura (2002), a alta concentração de triptofano e
conseqüentemente de seus metabólitos (serotonina e melanina) contribuem para a
maturação cerebral e a auto-regulação da ingestão de alimentos, da saciedade e do
ritmo do sono.
A autora ainda coloca que o leite humano fornece, além da fonte protéica,
cerca de 26% do nitrogênio total do leite, proveniente de uréia, creatina, creatinina,
ácido úrico, açúcares aminados, peptídeos (como a insulina), aminoácidos livres,
carnitina, colina, etanolamina, ácido nucléico, e poliaminas (como a espermina); este
nitrogênio não-protéico é utilizado pelo RN para a síntese de aminoácidos não
essenciais.
26
A carnitina atua no metabolismo dos ácidos graxos de cadeia longa,
presentes em grande quantidade no leite humano e os nucleotídeos regulam o
metabolismo das proteínas, dos lipídeos e dos carboidratos, desempenhando
fundamental papel energético e ainda a espermina protege contra alergias
alimentares, limitando a absorção de proteínas não específicas (DANDRIFOSSE et
al., 2000).
Observa-se uma quantidade três vezes maior de proteínas no leite de vaca
em relação ao leite humano, porém, as proteínas do leite humano são estrutural e
quantitativamente diferentes das do leite de vaca e, por estas diferenças, as
proteínas do leite bovino podem provocar reações antigênicas, uma vez que a
betalactoalbumina presente no soro do leite de vaca e inexistente no leite humano, é
altamente alergênica e, mesmo quando ingerida pela mãe, pode passar para o leite
materno, provocando respostas alérgicas em lactentes atópicos (LAMOUNIER;
VIEIRA; GOUVÊA, 2001).
1.1.3.3 Lipídios
Os lipídios do leite humano aumentam com o tempo de lactação, o
secretados em forma de glóbulos microscópicos compostos principalmente de
triglicerídios, cujas membranas globulares são compostas de fosfolipídios, proteínas,
colesterol e ésteres de colesterol; representando 98 a 99% da gordura total e
fornecendo cerca de 50% da energia do leite (LONNERDAL, 2000).
Os ácidos graxos essenciais (linoléico e linolênico) também estão presentes e
são importantes para o desenvolvimento cerebral de todo o sistema nervoso do RN
(WOOLRIDGE; INGRAM; BAUM, 1990). Além disso, o ácido linoléico e as gorduras
27
poliinsaturadas têm importante papel na síntese de prostaglandinas, envolvidas
numa série de funções biológicas que atuam sobre a digestão e a maturação de
células intestinais, contribuindo para os mecanismos globais de defesa do lactente
(LAMOUNIER; VIEIRA; GOUVÊA, 2001).
O colesterol é fundamental para o crescimento, a replicação e a manutenção
celular e encontra-se elevado no leite materno, sugerindo a auto-regulação da
secreção endógena futura (WOOLRIDGE; INGRAM; BAUM, 1990).
A criança consome uma dieta rica em gorduras em uma idade em que tanto a
secreção de lípase pancreática quanto a eficiência da conjugação de sais biliares
são ainda imaturas. Esta imaturidade é compensada parcialmente por lípases
linguais e gástricas e por uma lípase adicional não específica, encontrada na fração
não gordurosa do leite humano. Esta enzima contribui para a digestão de gorduras,
principalmente da hidrólise de triglicérides, processo importante para prematuros,
cuja produção de sais biliares e de pase é ainda menor (LAMOUNIER; VIEIRA;
GOUVÊA, 2001).
Outra característica importante em relação aos lipídios do leite humano,
refere-se à capacidade de potencialização da absorção dos ácidos graxos, como o
triglicerídio que libera, por ação enzimática, os ácidos graxos das extremidades,
permitindo a absorção do ácido palmítico ligado ao glicerol, na forma de
monoglicerídio, disponibilizando-o, assim, para o metabolismo lipídico (MOURA,
2002).
A dieta materna é um dos fatores determinantes da qualidade das gorduras
do leite humano; por exemplo, se a dieta for composta predominantemente de
gordura animal, terá um aumento no leite de ácidos graxos saturados. Em
contrapartida, se a dieta for baseada em gordura de origem vegetal, ácido linoléico e
28
seus derivados poliinsaturados, estes estarão presentes em maior proporção. Nas
lactantes cuja dieta é baseada em carboidratos, haverá uma predominância de
ácidos graxos de cadeia média e curta entre os constituintes do leite (NÓBREGA,
1996). Normalmente, porém, a composição de ácidos graxos é relativamente
estável, sendo cerca de 57% de ácidos graxos insaturados de cadeia longa e 42%
de saturados (LAMOUNIER; VIEIRA; GOUVÊA, 2001).
Os autores ressaltam ainda que o teor de lipídios no leite é maior ao final da
mamada do que no leite anterior, chegando a quatro ou cinco vezes mais, e
acredita-se que esse maior teor no final da mamada seja responsável pela
saciedade. Limitar arbitrariamente a duração da mamada, além de interferir na
produção do leite pelo não esvaziamento completo das mamas, pode fazer com que
a criança o receba toda a gordura do leite, o que determinará em solicitação de
mamadas mais freqüentes, podendo ser erroneamente interpretado pela e que
seu leite é fraco (GENOVEZ, 1999).
Estudos realizados por vários autores (NÓBREGA et al., 1985; 1996; BRASIL,
et al.,1996; VITOLO et al., 1996; LOPEZ et al., 1996; DE LA TORRE, 1989; SARNI
et al, 1993) concluíram que independente da faixa etária materna, nível sócio-
econômico, paridade, estado nutricional e idade gestacional, o leite materno tem
condições de promover um desenvolvimento ótimo para lactentes.
1.1.3.4 Carboidratos
O carboidrato mais abundante no leite humano é a lactose (7%), um
dissacarídeo composto de galactose e glicose, sintetizado pelas glândulas
mamárias. Este alto teor de lactose favorece a absorção de cálcio, fornece galactose
29
para a mielinização dos axônios, além de energia. Outros carboidratos encontrados
no leite humano o pequenas quantidades de glicose e galactose, além de
oligossacarídeos simples ligados a moléculas de proteínas (MOURA, 2002).
Almeida (1999) ressalta que 15% dos carboidratos são compostos por
oligossacarídeos, glicopeptídeos, glicose e galactose. A lactose supre cerca de 40%
das necessidades energéticas do recém-nascido. Além disso, participa dos
mecanismos de absorção do cálcio e ferro, bem como constitui substrato para a flora
intestinal do lactente, também chamada de flora normal ou flora bífida.
O autor ressalta também que este mecanismo promove uma das formas de
proteção contra diarréia, pois o resultado do metabolismo da lactose constitui-se em
ácido lático, reduzindo o pH do intestino, o que torna o ambiente inóspito para a
proliferação da flora patogênica. Dentre os oligossacarídeos, destacam-se os
nitrogenados, que constituem fator de crescimento para a flora bífida.
1.1.3.5 Minerais
Os minerais presentes no leite materno são classificados como macrominerais
(sódio, potássio, cloro, cálcio, fósforo e magnésio), por estarem presentes em maior
quantidade, e microminerais (zinco, ferro, cobre, iodo, cromo, selênio, flúor,
manganês) presentes em menor quantidade. Encontram-se na forma de íons
monovalentes (sódio, potássio e cloro), íons divalentes (cálcio, magnésio), sais não
ionizados e sais fracamente ionizados, o que garante para as crianças
amamentadas osmolaridade plasmática próxima à fisiológica (DALE et al., 1975).
A razão cálcio/fósforo varia de 1,8 a 2,4, sendo que ambos diminuem com o
tempo de lactação. O magnésio, além da forma iônica, apresenta-se ligado à
30
caseína (caseinato) e ao fosfato (citrato). O zinco é essencial ao organismo. Sua
absorção é de cerca de 40% e encontra-se em grande quantidade no colostro,
atendendo às necessidades do lactente (MOURA, 2002).
O ferro encontra-se ligado a lipídeos e proteínas. Sua concentração diminui
com o tempo de lactação e sua absorção chega a 40%, garantindo o aporte
necessário à criança em AME nos seis primeiros meses de vida (SHARDA et al.,
1999), mantendo excelente nível de absorção, mesmo com a introdução de outros
alimentos na dieta da criança (ABRAMS; WEN; STUFF, 1997). Embora em pequena
quantidade, o cobre, o selênio, o cromo, o molibdênio e o níquel desempenham
papel fundamental no desenvolvimento e crescimento infantil (MOURA, 2002).
Lonnerdal (2000) afirma que a glândula mamária parece ter mecanismos
específicos para regular a concentração de minerais e oligoelementos no leite,
mesmo em condições especiais de variação da dieta e situações maternas. Dorea
(2000) confirma que situações tais como desnutrição materna, estágio da lactação,
idade materna, duração da gravidez, infecção, variação na dieta dos oligoelementos
cobre e ferro não afetam a concentração destas substâncias no leite humano.
Diante destas afirmativas, Lamounier, Vieira e Gouveia (2001) concluíram que
não suporte clínico ou científico que justifique a necessidade extra de ferro ou
cobre para o recém-nascido a termo que esteja em AME até os seis meses de vida.
Sharda et al. (1999) sugerem a suplementação com zinco e cobre para bebês
nascidos pré-termo e de baixo peso para a idade gestacional.
1.1.3.6 Vitaminas
31
O colostro, além de proteínas e alguns minerais, também apresenta maiores
teores de beta-caroteno (que lhe o tom mais amarelado) e demais vitaminas
lipossolúveis. A vitamina D está presente no soro e na fração lipídica do leite. O teor
de vitamina E se associa diretamente com o teor de lipídios e de ácido linoléico
presente no leite humano (LAWRENCE, 1999).
A vitamina K, além do leite materno, também é produzida pela flora intestinal
normal do bebê, o que reforça a importância dos oligossacarídeos do leite humano
no estabelecimento do fator bífidus, todavia recomenda-se a suplementação com
vitamina K aos RNs, uma vez que a flora intestinal é praticamente estéril
imediatamente após o nascimento (AKRÉ, 1994).
Os casos de aleitamento materno exclusivo e deficiência de algum mineral ou
vitaminas o raros e, em geral, estão relacionados com algum defeito metabólico
ou deficiência nutricional materna, o que reforça a necessidade de nutrição
adequada durante toda a vida da mulher e, em especial, na gestação e lactação
(MOURA, 2002).
A desnutrição materna compromete a produção de leite em volume, mas
mantém o valor nutricional, embora pontualmente possa levar à diminuição das
vitaminas hidossolúveis (complexo B e vitamina C), o que geralmente é reflexo de
uma ingestão recente deficiente (LONNERDAL, 2000).
1.1.4 Aspectos imunológicos do leite humano
Desde tempos remotos se sabia que a criança era protegida contra
infecções pelo aleitamento materno, porém, somente a partir da década de 1960,
começaram a surgir na literatura os primeiros dados a respeito dos mecanismos
32
responsáveis pela proteção antiinfecciosa conferida pela amamentação (GOLDMAN;
OGRA, 1999).
Devido à imaturidade do seu sistema imune, o RN é mais suscetível às
infecções de um modo geral e a natureza desenvolveu mecanismos de proteção
adaptativos, representados pela passagem transplacentária de anticorpos, pelos
fatores de resistência presentes no líquido amniótico e na vida extra-uterina, pelo
colostro e pelo leite maduro (CARBONARE; CARNEIRO-SAMPAIO, 2001).
Almeida (1999) corrobora com esta afirmativa quando enfatiza que o elevado
teor de Ig-A-secretora representa uma resposta à imaturidade do sistema
imunológico do RN, que a relação metionina-cistina presente no leite humano
significa uma adequação à incapacidade inicial do be para realizar a
transulfuração destes aminoácidos e que a presença de oligossacarídeos
nitrogenados de cadeia longa possibilitam a instalação da flora bífida exercendo
importante papel protetor no intestino da criança, dentre outros.
Newman (1995) também afirma que o colostro e o leite humano são
complementares ao sistema imune do RN, atuando como um reforço imunológico; a
proteção conferida pelo leite está relacionada a componentes celulares transferidos
passivamente e que apresentam atividade imunológica e moduladora do
desenvolvimento do sistema imune do neo-nato à diminuição da exposição a
enteropatogênicos que podem contaminar rmulas artificiais e outros alimentos,
além da diminuição da exposição precoce a vários tipos de moléculas que podem
funcionar como alérgenos (LAWRENCE, 1999; CARNEIRO-SAMPAIO e
GRUMACH, 1994).
1.1.4.1 IgA secretora e demais componentes imunológicos solúveis
33
No leite humano, predominam os anticorpos da classe IgA, que, por sua
conformação, não são absorvidos pelo trato gastrointestinal do RN, pois apresentam
a função de ação local, promovendo um revestimento protetor nas superfícies
mucosas da criança (CARBONARE e CARNEIRO-SAMPAIO, 2001).
Os anticorpos secretores da classe IgA (IgA-secretora) apresentam uma
estrutura peculiar, extremamente adaptada para agir nas condições das superfícies
mucosas, sendo geralmente polimérica (dimérica ou trimérica) e associada ao
componente secretor (produzido pelas células epiteliais), constituindo assim um
complexo tetra ou pentamolecular que é a IgA-secretora. A IgA-secretora tem alta
capacidade de ligar-se com antígenos, impedindo sua fixação e maior resistência à
ação de enzimas proteolíticas, abundantes nas secreções mucosas (RUSSEL;
KILIAN e LAMM, 1999).
Uma das principais funções dos anticorpos secretores é promover a exclusão
imune, que consiste em um mecanismo não inflamatório para manter fora do
organismo os microrganismos, toxinas e outros materiais antigênicos potencialmente
perigosos (BRANDTZAEG, 1995).
Como os prematuros são imunologicamente imaturos, o colostro e o leite de
suas mães têm maiores concentrações de Ig-A secretora, lactoferrina e lisozima que
o leite das mães de RNs a termo e, mesmo quando o leite do prematuro é aditivado
com fórmulas artificiais, há maior excreção urinária e fecal destes componentes
imunológicos do leite materno, protegendo contra doenças como sepse tardia e
enterocolite necrosante (GOLDMAN, 1994).
O leite humano representa, portanto, um verdadeiro “suplemento” imunológico
durante o período de imaturidade do prematuro, do RN a termo e do lactente, que se
34
alimentados integralmente pelo leite materno, recebem por dia cerca de 0,2 a 0,3 g/
Kg de IgA –secretória (CARNEIRO-SAMPAIO et al., 1996).
Este mesmo mecanismo pode ocorrer com a IgM polimérica ligada à cadeia J,
que apresenta afinidade pelo componente secretor. Este fato é particularmente
importante nos casos de deficiência de IgA em que há produção e secreção de IgM-
secretora, constituindo assim um mecanismo de compensação que pode substituir a
carência de IgA secretora, observado tanto nas secreções como no leite de
mulheres deficientes de IgA (CARBONARE; CARNEIRO-SAMPAIO, 2001).
Tanto as imunoglobulinas IgM como as IgG estão presentes no leite humano
em menores concentrações que a IgA e seus níveis podem permanecer constantes
durante toda a lactação. Além da função complementar, a IgA-secretora, nos casos
de deficiência, têm alta resistência na luz intestinal, sendo secretadas nas fezes
como IgG e IgM fecal e participam da fixação do complemento e da atividade
bactericida, que são funções não exercidas pela IgA (LAWRENCE, 1999).
As imunoglobulinas D e E são produzidas pela glândula mamária e estão
presentes em pequena concentração no leite materno e no colostro. Suas funções
são pouco conhecidas, mas parecem ter a mesma especificidade antigênica da IgA.
O leite materno contém ainda todos os componentes do sistema
complemento, embora em menores concentrações que no sangue, os quais têm
função na opsonização e lise bacteriana, além de propriedades quimiotáticas e
anafiláticas (REMINGTON; KLEIN, 1995; LAWRENCE 1999).
Os autores também afirmam que o interferon é encontrado em baixas
concentrações, porém, sua presença confere proteção contra infecções virais e tem
também atividade antitumoral. As interleucinas 6 (IL6), 8 (IL8) e 10 (IL10) são
citocinas presentes no leite humano, principalmente nos dois primeiros dias de vida,
35
complementando a função imune do RN quando ele ainda não é totalmente capaz
de produzir citocinas.
A IL6 tem a função de aumentar a produção de anticorpos, principalmente a
IgA, aumentar a fagocitose, ativar linfócitos T e aumentar a ativação de α1-
antitripsina pelos fagócitos mononucleares. A IL8 faz quimiotaxia e ativação de
neutrófilos e linfócitos T e a IL10 tem função antinflamatória, diminuindo a produção
de interferon γ, interleucina 12 e outras citocinas pró-inflamatórias, além de
aumentar a síntese de IgA, IgG e IgM. Estas três interleucinas, juntamente com a
IL1β, fator de necrose tumoral α (TNFα) e fator transformador do crescimento
(TGFβ), são consideradas fundamentais na modulação inicial do desenvolvimento e
função do sistema imune do RN (GOLDMAN, 1994; REMINGTON; KLEIN, 1995;
LAWRENCE, 1999).
Segundo Calvano (2002), a lisozima é um fator antimicrobiano inespecífico,
produzido por neutrófilos e por alguns macrófagos do leite, tendo maiores níveis no
leite humano de mães de prematuros e aumentam com o tempo e duração da
amamentação, podendo estar relacionadas com o aumento de exposição do RN a
antígenos. Ainda tem função bacteriostática, ação sinérgica com a IgA secretora
contra a E. colli, protegendo a mucosa intestinal do RN sem desencadear resposta
inflamatória importante, uma vez que limita a quimiotaxia e liberação de radicais
livres do oxigênio pelos neutrófilos (GOLDMAN et al., 1982; REMINGTON; KLEIN,
1995; LAWRENCE, 1999).
A lactoferrina é uma glicoproteína ligada ao ferro que tem efeito
bacteriostático sobre vários microrganismos, principalmente a E. colli. Mais de 90%
da lactoferrina do leite humano compete com as bactérias e os fungos pelo ferro
necessário à proliferação celular. O uso de ferro via oral em crianças com ingestão
36
de leite materno interfere na ação bacteriostática da lactoferrina, pois há um excesso
de ferro disponível na luz intestinal para ser incorporado pelas bactérias entéricas
(CALVANO, 2002).
A lactoferrina tem ainda ação sinérgica com a IgA secretora, exibindo
atividade bactericida diferenciada da sua capacidade de captar o ferro dentro dos
grânulos dos neutrófilos. Esta ação ocorre através do aumento da liberação de
citocinas por algumas células e, em outras, inibição desta liberação, modulando o
sistema imune. Inibe também a formação de radical hidroxil, o que diminui o dano
celular local, ligando-se a lipopolissacarídeos, diminuindo a resposta inflamatória.
Liga-se ainda ao DNA, alterando a transcrição e possivelmente regulando a
produção celular e a mielopoiese do RN (GOLDMAN, 1982; REMINGTON; KLEIN,
1995; LAWRENCE, 1999).
Outros componentes imunológicos importantes são a fibronecitina que é uma
proteína de alto peso molecular que funciona como uma opsonina para muitos tipos
de partículas pelos fagócitos mononucleares do leite; a proteína ligadora da vitamina
B12 que torna esta vitamina indisponível para o crescimento da E. colli e
Bacteróides; os gangliosídeos que impedem que a toxina de várias bactérias como a
E.colli, Vibrio cholerae, Campylobacter jejuni e Shiguella dysenteriae, se ligue a
receptores presentes nas células intestinais, protegendo as crianças amamentadas
de diarréia induzida por toxinas (REMINGTON e KLEIN, 1995; LAWRENCE, 1999).
Calvano (2002) ressalta ainda que o cortisol do leite materno atua no
amadurecimento da mucosa do trato gastrointestinal, protegendo contra a absorção
intestinal de macromoléculas que funcionam como alérgenos.
1.1.4.2 Componentes celulares
37
Dentre as células encontradas no leite estão os macrófagos, neutrófilos,
linfócitos e as células epiteliais. O macrófago é a célula predominante do leite
humano, correspondendo a cerca de 90% dos leucócitos e a fagocitose parece ser
maior no leite de prematuros do que de RN a termo; além da sua ação fagocítica,
participa da citotoxicidade celular dependente de anticorpos contra o herpes simples
tipo 1, produção dos componentes C3 e C4 do sistema complemento, regulação da
função da célula T, aumento da síntese de IgA e IgG, transporte e estocagem de até
10% da IgA total do leite materno, produção do fator de crescimento epitelial que
contribui para o crescimento e maturação das células intestinais, participação na
síntese e excreção da lactoferrina, lisozima, lactoperoxidase e properdina
(REMINGTON; KLEIN, 1995; LAWRENCE, 1999).
Segundo Calvano (2002), os neutrófilos estão presentes no início da lactação
e têm como função primária proteger o tecido mamário de infecção. Os linfócitos
parecem contribuir para a imunização adaptativa em curto prazo que ocorre no RN,
podendo induzir à sensibilidade e tolerância imunológicas. As células epiteliais
sintetizam o componente secretório da IgA, a caseína e provavelmente também
outros produtos com função imunológica, em associação com o estroma da glândula
mamária.
1.1.4.3 Ciclo bronco-entero-mamário
Além destes complexos mecanismos de proteção, a mama através da
fisiologia da lactação, imprime no leite marcas biológicas constituídas com bases em
matrizes sociais maternas, denominadas placas ou células de Peyer, que atuam
38
através do “ciclo bronco-entero-mamário”, no qual a mãe transfere para o filho, via
leite humano, a sua memória imunológica oriunda de contatos com agentes
enteropatogênicos (ALMEIDA, 1999).
A glândula mamária faz parte de um sistema de tecidos linfóides associados a
mucosas (mucosa-associated lymphoid tissue MALT) que inclui o intestino, os
pulmões, as glândulas lacrimais, salivares, mamárias e trato genital. A glândula
mamária pode agir como uma extensão do tecido linfóide associado ao intestino
(GALT) e do tecido linfóide associado aos brônquios (BALT), conferindo proteção
contra infecções comuns em crianças, como diarréias e doenças respiratórias
(LAWRENCE, 1999).
Os microrganismos entram em contato com as mucosas do aparelho
gastrointestinal ou respiratório maternos; células imunocompetentes das mucosas
são estimuladas a se diferenciar pelos antígenos presentes no local, formando as
células ou placas de Peyer, as quais migram pelas vias linfáticas até os linfonodos
mesentéricos, entram na circulação sanguínea através do ducto torácico, alcançam
o tecido mamário e são estimuladas à produção preferencialmente de IgA, dirigidos
aos patógenos causadores de gastroenterites e doenças respiratórias presentes no
ambiente compartilhado por mãe e filho (NAJDAWI; FAOURI, 1999).
1.1.4.4 Flora normal ou microbiota do leite humano
A flora ou microbiota do leite humano, também conhecida como flora bífida,
atua como uma barreira viva impedindo a instalação de microrganismos patogênicos
no organismo dos bebês aleitados ao seio. A velocidade de crescimento aliada à
capacidade de metabolizar rapidamente a lactose, produzindo grandes quantidades
39
de ácido lático, é uma das características da flora intestinal destas crianças. O ácido
reduz substancialmente o pH do intestino, limitando assim a capacidade de
instalação de bactérias enteropatogênicas invasoras que não toleram acidez
(ALMEIDA, 1992).
Além do ácido lático, a flora saprófita produz também ácidos carboxílicos e
esteres de cadeia curta capazes de sintetizar traços de peróxido de hidrogênio, que
sob a ação da peroxidase, libera o oxigênio nascente. Com isso, o potencial de
oxiredução do intestino tende a aumentar no sentido da microaerofilia para a
aerobiose. Estabelece-se, assim, outro fator de competitividade para impedir a
instalação de enteropatogênicas invasoras, que dependem de um potencial situado
mais próximo ao da microaerofilia. Em resumo o leite humano possibilita uma
proteção ao lactente que transcende à ação dos constituintes imunológicos
(BRASIL, 1998b).
1.1.5 Os Bancos de Leite Humano
A partir de 1985, por meio de uma ação conjunta realizada entre a FIOCRUZ
e o PNIAM, iniciou-se o desenvolvimento de um sub programa com o objetivo de
promover uma expansão quali-quantitativa dos BLHs no Brasil; naquele momento, o
país contava com pouco mais de uma dezena de BLHs, cujo funcionamento era
norteado por um paradigma que foi questionado e substituído (ALMEIDA; NOVAK,
2001).
Estas unidades com maior ou menor grau de dificuldade operacional foram
reorientadas com a intenção de serem transformadas em locais de referência para
incentivo ao aleitamento materno. Mais do que coletar leite, o objetivo passou a ser a
40
promoção da amamentação natural, direcionando esforços principalmente aos
fatores que dificultam esta prática, dentre os quais vale ressaltar a prematuridade
(BRASIL, 2005).
Em 1984 o PNIAM instituiu o Grupo Técnico de Bancos de Leite Humano
como instância de assessoramento técnico objetivando monitorar a implantação e o
funcionamento dos BLHs em todo o território nacional. Esse grupo elaborou o
primeiro documento oficial de recomendações cnicas (BRASIL, 1987), que serviu
como base para a legislação federal publicada em 1988 na forma de portaria do
Ministério da Saúde.
Em 1987 o Grupo Técnico foi ampliado e transformado em Comitê Nacional
de Bancos de Leite Humano (BRASIL, 1991). Dentre os resultados alcançados por
este Comitê, destacam-se a publicação da primeira legislação regulamentando a
implantação e o funcionamento dos BLHs – Portaria 322/88, a implantação de
centros de referência regionais, o desenvolvimento de diferentes programas de
capacitação de recursos humanos, a produção de material instrucional, tais como as
recomendações técnicas e o manual de rotinas e normas gerais para o
funcionamento de BLHs, encontros nacionais de bancos de leite e apoio estratégico
à implementação do Programa Iniciativa Hospital Amigo da Criança, em âmbito
nacional (ALMEIDA, 1999).
Em decorrência da reestruturação do PNIAM, em 1992, o Comitê foi
destituído e em seu lugar foi criada a Comissão Central de Bancos de Leite Humano,
como instância do Ministério da Saúde responsável pelo assessoramento na
reformulação e implementação da política estatal para o setor (BRASIL, 1993),
sendo a presidência desta Comissão exercida pelo IFF – FIOCRUZ.
41
Apesar dos escassos recursos financeiros, a partir da segunda metade dos
anos 90, o envolvimento de um grande contingente de profissionais mobilizados e o
compromisso de inúmeras instituições fizeram dobrar o número de unidades em
funcionamento no país entre 1995 e junho de 1998 (ALMEIDA, 1999).
O autor destaca ainda que a Rede de BLHs foi sendo construída
progressivamente e os investimentos em pesquisa permitiram que o Centro de
Referência Nacional do IFF/ FIOCRUZ desenvolvesse metodologias de controle de
qualidade seguras o suficiente para serem praticadas na rotina, porém, com baixo
custo operacional. Esta realidade possibilitou que se enfrentasse com tranqüilidade
técnica os agravos e riscos decorrentes do advento da AIDS.
Em 1997 o PNIAM foi extinto e em 1998, com a intenção de dinamizar o
trabalho de BLHs no Brasil, o IFF/ FIOCRUZ, através de uma ação integrada com a
Secretaria de Políticas de Saúde Área da Criança, deu início a um novo projeto, a
Rede Nacional de Bancos de Leite Humano (REDEBLH), que visava nortear a
formulação, implementação e acompanhamento da política estatal, no âmbito de
atuação dos BLHs em todo o território brasileiro (BRASIL, 2005).
A estruturação da REDEBLH complementa-se com as referências regionais
ou estaduais formalizadas por meio de convênios de cooperação firmados entre a
FIOCRUZ e as Secretarias Estaduais de Saúde. É dessa forma que se estabelecem
as articulações e criam-se os mecanismos de interlocução e cooperação técnico-
científica com os BLHs participantes (MAIA et al., 2004).
No momento, a REDEBLH conta com mais de 180 unidades em operação,
conforme divulgação no II Congresso Internacional de Bancos de Leite Humano
realizado no Distrito Federal em maio de 2005.
42
A experiência brasileira começa a ser levada para outros países sul-
americanos através de um programa de cooperação técnica estabelecido entre o
MS/ FIOCRUZ e o governo venezuelano, onde dois BLHs foram implantados neste
país; também estão sendo estabelecidos programas de cooperação com a
Universidade Central da Venezuela para transferência de tecnologia no âmbito de
atuação dos BLHs (BRASIL, 2005).
A REDEBLH ocupa ainda importante representação no âmbito da saúde
pública, haja vista o evidente reconhecimento nacional sobre os avanços da saúde
infantil obtidos pela sua implementação (MAIA et al., 2004) e faz parte de uma das
principais Políticas Nacionais de Incentivo ao Aleitamento Materno no Brasil,
constituindo motivo de perplexidade e orgulho, pois seu valor se faz reconhecido
internacionalmente (ALMEIDA, 1999).
1.1.5.1 A coleta de leite humano
Segundo Brasil (2005), a coleta representa a primeira etapa na manipulação
do LHO e compreende desde a massagem e ordenha das mamas até a pré-
estocagem do produto, podendo ser realizada manualmente ou com o auxílio de
bombas manuais ou elétricas, em salas de coleta apropriadas, como nos BLHs ou
Postos de Coleta, ou ainda em enfermarias ou domicílios (BRASIL, 1998a; BRASIL,
1998b).
Ressalte-se que as coletas de leite humano realizadas em enfermarias ou
domicílios demandam um maior rigor higiênico-sanitário, quando comparadas às
efetuadas em salas de coleta exclusivas para este fim, considerando-se as
diferentes formas de contaminação e maior dificuldade de controle (BRASIL, 2005).
43
Quando a coleta for realizada no domicílio, é necessário orientar a doadora a
procurar em sua residência um local tranqüilo, evitando aqueles que tragam risco à
qualidade microbiológica do LHO, como sanitários e locais onde circulam animais
domésticos. Orientá-la também a manter as unhas aparadas e realizar higienização
das mãos com água e sabão imediatamente antes de cada ordenha, usar toalhas
limpas para secar as mãos, evitar conversar durante a ordenha e no caso da
doadora estar resfriada, é necessário utilizar uma fralda sobre o nariz e a boca
(ALMEIDA; NOVAK, 2001).
A primeira coleta deve ser realizada em frascos de vidro com tampa plástica,
do tipo maionese ou café solúvel, previamente limpo e esterilizado pelo BLH
responsável e o LHO deve ser armazenado no freezer ou congelador da doadora
(BRASIL, 2003a; BRASIL, 1998a; BRASIL, 1998b).
Na próxima coleta, para completar o volume de LHO no frasco utilizado, pode
ser utilizado um copo de vidro previamente limpo, submerso em água fervente por
15 minutos e resfriado, colocando o leite recém-coletado, sobre aquele que estiver
sendo mantido no freezer ou congelador (ALMEIDA; NOVAK, 2001; BRASIL, 2005).
Deve ser explicado à doadora que quando o leite for pré-estocado em
refrigerador terá validade de 24 horas e no congelador ou freezer, seu prazo de
validade será de 15 dias, salientando que o frasco deverá estar bem vedado para
evitar que sejam absorvidos odores voláteis que possam alterar o flavor (mistura de
sabor/odor) do leite (BRASIL, 2003a; BRASIL, 2005).
1.1.5.2 A doadora
44
As doadoras são definidas como mulheres sadias que apresentam secreção
láctica superior às exigências de seu filho e que se dispõem a doar o excedente por
livre e espontânea vontade (BRASIL, 2005; BRASIL, 2003a; BRASIL, 1998a;
BRASIL, 1998b).
Para que se garanta a qualidade do LHO, é preciso realizar a anamnese e o
exame físico da doadora, considerando os aspectos clínicos relevantes, sendo
consideradas inaptas para a doação, a critério médico, as nutrizes portadoras de
moléstias infecto-contagiosas ou que se encontrem em risco nutricional, conforme a
Portaria 322/88 (BRASIL, 1998a; ALMEIDA e NOVAK, 2001).
Segundo Brasil (1998a), a doação de LHO é vetada também às nutrizes que
façam uso de drogas ou medicamentos excretáveis no leite humano, em níveis que
promovam efeitos colaterais nos receptores. Também o podem doar aquelas que
estejam sob tratamento quimioterápico, as desnutridas, ou as consideradas inaptas
por outras razões.
1.1.6 A gravidez na adolescência
A Organização Mundial de Saúde (OMS) define a adolescência como o
período da vida compreendido entre 10 e 19 anos de idade, sendo representantes
de 20% a 30% da população, percentual que vem aumentando nas regiões urbanas
dos países emergentes (WHO, 2003). No Brasil, as taxas de fecundidade têm
diminuído nos últimos dez anos em todas as faixas etárias em torno de 30%, exceto
na população adolescente (SOCIEDADE CIVIL DO BEM-ESTAR FAMILIAR, 1996),
que representa um contingente populacional considerável, pois, segundo dados do
45
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os adolescentes eram 20,8%
da população total do Brasil em 2000 (IBGE, 2005).
A Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (PNDS), realizada em 1996,
mostrou que 14% das mulheres na faixa etária de 15 a 19 anos tinham pelo menos
um filho e que as jovens mais pobres apresentavam fecundidade dez vezes maior do
que as de melhor nível sócio-econômico (BRASIL, 1999).
Nos países em desenvolvimento, a gestação e a maternidade na
adolescência, além das altas taxas de mortalidade perinatal e infantil, estão inseridas
em um amplo contexto social, em conseqüência das precárias condições de vida e
saúde da maioria da população (COSTA et al.,2002).
Segundo Yaslle et al. (2002), é consenso geral que o estado gravídico e a
maternidade interferem, negativamente, sobre o estilo de vida da adolescente,
levando a mudanças drásticas no seu estilo de vida e também a conseqüências
desfavoráveis sobre suas perspectivas de estudo, trabalho, crescimento pessoal e
profissional (STEVENS-SIMON; LOWY, 1995).
Pesquisas relacionadas à gestação e maternidade entre adolescentes
(YAZLLE et al., 2002; SIMÕES et al., 2003; COSTA; PINHO; MARTINS, 1995;
GUIMARÃES, 1994) demonstram que a baixa escolaridade e ocupação, assim como
abandono do parceiro e da família, constituem situação de risco, comprometendo o
estado de saúde da adolescente e de seus filhos, principalmente se não houver
suporte pré-natal.
O Sistema de Informação sobre Nascido Vivo (SINASC), mostrou que 20,4%
dos RNs de baixo peso ao nascer eram filhos de mães adolescentes (BRASIL,
1998c). E alguns estudos (FRASER; BROCKERT; WARD, 1995; JOLLY et al., 2000)
têm mostrado aumento na incidência de intercorrências pré-natais, intra-parto, pós-
46
parto e perinatais entre gestantes adolescentes, com destaque à prematuridade e ao
baixo peso ao nascer.
Existem também relatos (BARROS et al., 1991; EURE; LINDSAY; GRAVES,
2002) em relação ao retardo do crescimento intra-uterino, sofrimento fetal agudo
intra-parto, diabetes gestacional e pré-eclâmpsia, podendo resultar em maior número
de cesarianas neste grupo populacional (YASLLE et al., 2002).
Em contrapartida, Lao e Ho (1997) apontam resultados contrários aos
descritos e sustentam a idéia de que a gravidez é fisicamente bem tolerada pelas
adolescentes, principalmente para aquelas que recebem assistência pré-natal
precoce e de forma regular.
Com relação ao aleitamento materno, a literatura mostra que a proporção de
mães amamentando exclusivamente é menor entre adolescentes bem como a
freqüência de desmame completo no final do terceiro mês é maior neste grupo
(FROTA; MARCOPITO, 2004). Em coorte realizada em Pelotas, Rio Grande do Sul,
a prevalência de amamentação aos seis meses de idade foi menor em mães
adolescentes do que em adultas. A idade materna permaneceu como fator de risco
para desmame mesmo após ajuste para outras dez variáveis socioeconômicas,
demográficas e nutricionais (GIGANTE; VICTORA; BARROS, 2000).
Frota e Marcopito (2004) encontraram maior prevalência de aleitamento
materno exclusivo no grupo das adultas em comparação ao das adolescentes e
dentre os fatores associados ao desmame entre estas mulheres destacaram a
situação conjugal e atividade fora do lar após o parto.
47
2 OBJETIVOS
2.1 Geral:
Analisar o perfil da população de mulheres doadoras do Banco de Leite Humano de
Maringá-Pr, no ano de 2004;
2.2 Específicos:
Salientar as diferenças entre as doadoras adultas e adolescentes com relação às
variáveis demográficas, cio-econômicas, perinatais;
Verificar associação entre as variáveis;
Identificar as variáveis relacionadas à doação de leite humano;
Conhecer o tipo de coleta mais freqüente;
Analisar se a doação de leite humano corresponde ao preconizado pela Portaria
322/88 do Ministério da Saúde.
48
3 METODOLOGIA
3.1 Tipo de Estudo
Estudo transversal e analítico, realizado na cidade de Maringá, no Estado do
Paraná.
3.2 Local do Estudo
O município de Maringá foi fundado em 10 de maio de 1947 e está situado na
região noroeste do Paraná. Desde a colonização, Maringá influencia cerca de dois
milhões de pessoas na sua região, que é constituída por 110 municípios. Localizada
estrategicamente, representa importante corredor de importação e exportação,
movimentando negócios para várias regiões do país e, em especial, com os países
do Mercosul. É atualmente a terceira maior cidade do Estado do Paraná e o 66°
município mais populoso do País, com 318.953 habitantes, (DATASUS, 2005),
sendo 98,38% pertencentes à zona urbana (MARINGÁ, 2001).
O Hospital Universitário Regional de Maringá (HUM) é o único hospital
público, totalmente conveniado com o Sistema Único de Saúde (SUS) do município.
É um órgão suplementar da Universidade Estadual de Maringá (UEM), atuando
como hospital de ensino e, portanto, servindo de campo de estudos para diversos
cursos da área de saúde. Em virtude de sua capacidade operacional, é considerado
um hospital de médio porte, possuindo no total 89 leitos, sendo 23 deles reservados
para cuidados intensivos e semi-intensivos neonatal, pediátrico e adulto, atendendo,
portanto, casos de alta complexidade ocorridos em Maringá e região.
A área materno-infantil conta com 15 leitos de Ginecologia e Obstetrícia, dos
quais 12 o reservados para obstetrícia, incluindo tratamento clínico, pré-parto e
49
puerpério. As enfermarias obstétricas funcionam sob o sistema de Alojamento
Conjunto (AC), ou seja, os bebês hígidos e a termo permanecem com suas mães 24
horas por dia.
Além das unidades de UTI-Neonatal e Semi-Intensivo Neonatal, existe uma
enfermaria pertencente à unidade de neonatologia em que se pratica o Método
Canguru, também sob o sistema de AC, onde permanecem internados os bebês que
não têm procedimentos invasivos de qualquer espécie, mas que não podem receber
alta porque ainda estão com peso abaixo de 2.000g.
Dentro do setor de Pediatria, existe ainda uma enfermaria destinada à
internação dos bebês que estão de alta da UTI-Neonatal e/ou do Semi-Intensivo
Neonatal, mas que ainda não têm condições de alta para o domicílio devido ao peso
abaixo de 2.000g. Nesta enfermaria, eles permanecem internados no sistema de AC
e o que difere estas crianças daquelas do Método Canguru é o fato de estarem
recebendo algum tipo de procedimento invasivo.
Para o atendimento de excelência dos cuidados neonatais, surgiu a
necessidade de tornar-se Hospital Amigo da Criança. O HUM conseguiu o
credenciamento por intermédio do Ministério da Saúde em outubro de 2003 sendo o
16º hospital do Paraná a ser credenciado como Hospital Amigo da Criança e o 14º
hospital de ensino do Brasil a receber este título.
Segundo WHO (1989), a Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC) tem por
objetivo a promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno através da
mobilização dos serviços obstétricos e pediátricos de hospitais, mediante a adoção
dos Dez Passos para o Sucesso do Aleitamento Materno (Anexo 5).
Esse código de conduta foi assumido pelo Brasil na Declaração de Innocenti,
na Itália, em 1º de agosto de 1990, durante reunião de cúpula entre formuladores de
50
políticas de saúde dos governos, agências bilaterais e organismos internacionais
(CARVALHO; TAMEZ, 2002).
Tal iniciativa delineia um importante papel de suporte aos hospitais a fim de
tornar o aleitamento materno uma prática universal, contribuindo significativamente
para a saúde e desenvolvimento de milhões de bebês em todo o mundo (WHO,
1989). No Brasil, ela vem sendo implementada através do MS, com o apoio do
Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e Organização Mundial de
Saúde/Organização Panamericana de Saúde (OMS/OPAS) – (BRASIL,1989).
Para se alcançar o título, o HUM contou com o importante papel do BLH de
Maringá, o qual contribui para a manutenção do credenciamento, realizando
palestras, consultorias e treinamentos em amamentação, tanto dentro do hospital
para alunos dos cursos de Medicina e Enfermagem, como no município e região.
O BLH de Maringá foi fundado em 30 de outubro de 1996 atuando como
Projeto de Extensão da Universidade Estadual de Maringá e funcionando dentro das
instalações do HUM. Trabalhou inicialmente como unidade de coleta e,
posteriormente, a partir de março de 1997, passou a exercer também o
processamento do LHO e atendimentos a pacientes com dificuldades em
amamentar.
3.3 População do Estudo
A população do estudo foi constituída pelas 443 mulheres cadastradas como
doadoras de leite humano no BLH de Maringá no ano de 2004.
O BLH de Maringá tornou-se um serviço sedimentado como referência para o
atendimento em aleitamento materno da população do município e região, bem
51
como para o processamento e distribuição do leite humano pasteurizado (LHP)
seguindo, para tanto, critérios contemplados na Portaria 322/88 do Ministério da
Saúde (BRASIL, 1998b). Contudo, para que possa funcionar adequadamente, é
imprescindível que haja doadoras de LHO e o seu cadastramento depende do
cumprimento das normas contempladas nesta Portaria que o: “ter leite materno
excedente ao utilizado na amamentação de seu próprio filho e ser saudável”
(BRASIL, 1998a; Brasil, 1998b; BRASIL, 2005; ALMEIDA; NOVAK, 2001).
O cadastramento das doadoras é realizado por meio da “Ficha de Inscrição
de Doadoras” (Anexo 1), impresso padronizado pelo serviço e que foi utilizado como
fonte de dados para o presente estudo.
3.4 Variáveis Estudadas
Foram estudadas as variáveis sócio-econômicas e demográficas (idade,
escolaridade, ocupação, renda familiar, cor, situação conjugal), as perinatais (tipo de
parto, paridade, idade gestacional, sexo do bebê, amamentação anterior) e as
relacionadas à doação de leite humano (procedência, tipo de coleta, tipo de leite
doado). Para viabilizar o estudo, as variáveis foram categorizadas:
Idade: total de anos completos pela mãe no momento da sua inscrição,
categorizadas segundo WHO (2003) em:
< 20 anos;
de 20 a 34 anos;
>= 35 anos.
Para permitir a análise dos dados, foram consideradas como doadoras
adolescentes as mulheres com idade <20 anos e, como doadoras adultas, as com
52
idade >=20 anos.
Escolaridade: o ideal seria classificá-la segundo os anos de estudo, pois
segundo OPAS (2005), o nível de instrução inferior a quatro anos pode ser
considerado como próximo ao analfabetismo. Contudo, a escolaridade no presente
estudo foi caracterizada pelo grau de escolaridade no momento da inscrição da
doadora devido à forma como foram preenchidas as fichas, sendo categorizadas
como:
dentro dos limites do ensino fundamental para as mulheres analfabetas e as
com 1º grau completo e incompleto;
ensino médio para as que tinham ingressado ou completado o 2º grau;
nível superior para as que tinham ingressado ou completado o 3º grau.
Ocupação: categorizado segundo OPAS (2005) como:
População Economicamente Ativa (PEA) para o contingente de mulheres que
estavam trabalhando no momento do seu cadastramento como doadoras;
fora da PEA, as mulheres que não possuíam atividade remunerada.
Renda familiar: considerou-se os salários mínimos da época (R$240,00)
sendo obedecida a categoria previamente estabelecida na ficha:
até 1 salário mínimo que supõe uma renda per capita inferior a meio salário
mínimo, segundo OPAS (2005);
2 salários mínimos ou mais.
Cor: foi categorizada como:
branca;
não-branca.
Situação Conjugal:
com companheiro as casadas e as amasiadas;
53
sem companheiro as solteiras, viúvas e separadas.
Tipo de parto categorizado segundo Brasil (2001):
parto normal, para as mulheres que realizaram o parto vaginal;
cesariana para aquelas que fizeram parto operatório.
Paridade: caracterizada pelo número de filhos viáveis tidos pela doadora no
momento da inscrição, segundo Rezende (1991) e Ziegel e Cranley (1985) como:
primípara as doadoras que tiveram um filho;
para2 as que tiveram dois filhos;
para3 as que tiveram 3 filhos;
multípara para as que tiveram 4 filhos ou mais.
Para permitir a análise dos dados em relação a esta variável, a população de
doadoras foi dividida em primíparas e com dois filhos ou mais.
Idade gestacional (IG): caracterizada pela duração da gestação em
semanas, segundo Brasil (2001b) em:
pré-termos os partos que ocorreram antes das 37 semanas;
a termo os de 37 semanas ou mais.
Sexo do bebê:
masculino;
feminino.
Amamentação anterior: foi categorizada como:
sim para os casos em que a doadora amamentou o filho anterior;
não quando o filho ou filhos anteriores não foram amamentados;
quando a resposta foi afirmativa, o tempo de amamentação foi categorizado
em meses.
Procedência: foi categorizada como:
54
residentes as mulheres que tinham endereço firmado em Maringá;
não residentes as doadoras que moravam em outra cidade.
Tipo de coleta: caracterizado segundo Brasil (1998a) como:
eventual, quando a coleta foi realizada eventualmente;
exclusiva, quando a doação foi realizada exclusivamente para uma criança
específica;
rota, quando a doação foi feita regularmente pela doadora, através de coleta
domiciliar.
Tipo de leite doado: caracterizado de acordo com o número de dias de
lactação, segundo Brasil (1998a), Brasil (1998b) e Almeida (1999) como:
colostro, para o leite doado dentro dos sete primeiros dias de lactação;
transição, para o leite entre o oitavo e o décimo quinto dia de lactação;
maduro para o leite a partir do décimo sexto dia de lactação.
3.5 Processamento dos Dados e Análise Estatística
Os dados após sua categorização foram compilados no Programa Excell 2000
e analisados no Programa Statistic 6.0. Foram verificadas as freqüências das
variáveis qualitativas e quantitativas e as medidas de tendência central e dispersão.
Para a análise univariada foi utilizado o teste do qui-quadrado de Yates corrigido, a
fim de verificar associação entre as variáveis. Para as variáveis que se
apresentaram com significância, foi realizada a regressão logística com o teste de
Wald e adotado o nível de significância de 5% (p<0,05) para todas as análises.
55
3.6 Aspectos Éticos
Este projeto foi encaminhado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa
da Universidade Estadual de Maringá (Anexo 2). Também foi encaminhado ofício ao
setor de Educação Continuada do Hospital Universitário Regional de Maringá
(Anexo 3), para solicitar a permissão da coleta dos dados, informando os objetivos
da pesquisa e o compromisso da apresentação dos resultados. Foi solicitado
dispensa do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) visto que a
pesquisa seria realizada somente com dados secundários (Anexo 4).
56
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Inicialmente identificaram-se as características sócio-econômicas,
demográficas e perinatais das 443 doadoras que foram cadastradas no BLH de
Maringá no ano de 2004 (Tabela 1).
Tabela 1 -
Distribuição do n e do % de doadoras segundo as variáveis
sócio-econômicas, demográficas e perinatais. Maringá-Pr, 2004
Variáveis
Sócio-econômicas e
Demográficas
Variáveis
Perinatais
Idade
n
%
Total
n %
Tipo de
Parto
n
%
Total
n %
< 20 anos 74 16,70
Cesariana 305 68,84
> 20 anos 342 77,20
Parto Normal 131 29,57
Ignorado 27 6,10
443 100
ignorado 7 1,59
443 100
Escolaridade
Paridade
Até 8 anos de
estudo
121
27,31
Primípara 274 61,85
Mais que 8 anos
de estudo
307
69,30
2 Filhos ou mais
162 36,55
Ignorado
15 3,39
443 100
Ignorado
7 1,60
443 100
Ocupação
Idade
Gestacional
Fora da PEA
207 46,73
Pré-termo 78 17,60
PEA
208 46,95
A Termo
360 81,30
Ignorado
28 6,32
443 100
Ignorado
5 1,10
443 100
Renda
Familiar
Sexo do
Bebê
Até 01 SM
61 13,77
Masculino 216 48,76
01 SM ou mais
346 78,10
Feminino
185 41,76
Ignorado
36 8,13
443 100
Ignorado 42 9,48
443 100
Cor
Aleitamento
Anterior
Não Branca
95 21,44
Não 19 11,80
Branca
299 67,49
Sim
116 72,05
Ignorado
49 11,07
443 100
Ignorado
26 16,15
162 100
Situação
Conjugal
Duração da
Amamentação
S/ Companheiro
83 18,74
< 6 meses
47 29,01
C/companheiro
345 77,88
> 6 meses
78 48,15
Ignorados
15 3,38
443 100
Ignorado
37 22,84
162 100
57
Do total de doadoras, observou-se que 16,70% eram menores de 20 anos,
64,60% tinham idade entre 20 e 34 anos, 13,60% tinham 35 anos e mais e 6,10%
foram dados ignorados. Os percentuais encontrados no presente estudo são
semelhantes aos encontrados em outras pesquisas e melhores, se comparados aos
resultados do Estado do Paraná e aos nacionais. Dados do DATASUS mostraram
que do total de nascidos vivos no Brasil, 22,70% o filhos de mulheres na faixa
etária entre 10 e 19 anos; no Paraná, esta taxa no mesmo ano foi de 21,60%
(DATASUS, 2005).
Estudo realizado por Yazlle et al. (2002), sobre alguns indicadores sociais da
gravidez na adolescência, encontrou um percentual de 16,60% de mulheres nesta
faixa etária. Carniel et al. (2003), analisando a Declaração de Nascidos Vivos,
observaram um percentual de 17,80% de es adolescentes e Ribeiro et al. (2000)
encontraram 17,50% de mães com idade menor que 20 anos.
Ziegel e Cranley (1985), classificaram as mulheres menores de 15 anos ou
maiores de 35 anos como grupos de alto risco para gestação e, estas idades podem
predispor as mulheres e/ou fetos a complicações fisiológicas, tanto no período
gestacional como neonatal. As gestações onde as pacientes apresentam idade
abaixo de 20 e acima de 35 anos são consideradas de risco e com taxas de
morbimortalidade relevantes tanto para mães como para RNs (BUCHALLA, 1988).
Estudos realizados por Aragão et al. (2004) e Simões et al. (2003) apontam
que a gravidez em adolescentes com idade menor que 18 anos está relacionada a
resultados perinatais desfavoráveis, tais como prematuridade, RNs de baixo peso ao
nascer e maior risco de morbimortalidade infantil. Além disso, a maternidade em
idade precoce associa-se também à inexperiência da mãe no manuseio da criança,
58
menor percepção de suas necessidades e menor agilidade em situação de doença
(DRACHLER et al., 2002).
Considerando-se a incidência de gravidez na adolescência e suas
implicações sociais e fisiológicas, faz-se necessário uma atenção especial a este
grupo de mulheres pelas equipes de saúde e profissionais aptos a atender esta
população de forma diferenciada, pois sua imaturidade fisiológica, estado nutricional
deficiente e freqüente relutância em procurar a assistência pré-natal apresentam
maior risco de partos prematuros e bebês de baixo peso (ZIEGEL; CRANLEY,
1985).
Quanto à escolaridade, do total de mulheres, 27,31% tinham o nível de
escolaridade dentro dos limites do ensino fundamental, 69,30% teve mais que oito
anos de estudo e 3,39% foram dados ignorados.
Comparando os resultados com estudos semelhantes, observou-se que o
nível de escolaridade melhorou nos últimos anos, pois Silva (1998) e Genovez
(1999), em estudos realizados com nutrizes, verificaram um percentual de 41,60% e
42,60%, respectivamente, para níveis de escolaridade entre primeiro grau completo
e incompleto nas populações estudadas e Carniel et al. (2003) mostraram que
54,90% das mães não completaram o primeiro grau.
Segundo Haidar, Oliveira e Nascimento (2001), existe forte associação entre
a baixa escolaridade materna e marcadores obstétricos de risco para a gestante e o
RN, tais como baixo peso ao nascer, multiparidade e menos de 6 consultas pré-
natais. Okosun et al. (2000) concluíram que a menor escolaridade materna se
apresenta associada à ocorrência de RN de baixo peso e que as mães com menos
de oito anos de escolaridade têm chance 1,5 vezes maior desta ocorrência.
59
Sales et al. (2000) encontraram importante relação entre baixa escolaridade e
dificuldades com aleitamento materno, tais como mastite. Victora et al. (1988)
relacionaram a baixa escolaridade materna ao desmame precoce.
Quanto à ocupação, observou-se que aproximadamente metade da
população geral (46,73%) estava fora da PEA, 46,95% pertenciam à PEA e houve
um índice de 6,32% de dados ignorados. Apesar do fato de somente cerca da
metade da população estar inserida no mercado de trabalho, os resultados podem
ser considerados positivos, comparando-se com estudo realizado por Carniel et al.
(2003) em que foi observado apenas 30,00% da população exercendo atividade
remunerada.
Os resultados do presente estudo refletem a situação atual do Brasil, em que
as mulheres precisam contribuir cada vez mais para a formação do orçamento
familiar e muitas vezes até assumir a própria economia da família (CORREIA;
MACAULIFFE, 1999) e provavelmente este seja um dos motivos da melhoria deste
indicador sócio-econômico quando analisada a população de um modo geral.
Apesar destes resultados, deve-se ressaltar o índice relevante de mulheres
fora da PEA (46,73%), em sua maioria do lar, profissão que por não exigir formação
escolar, reflete piores condições sócio-econômicas, culturais e conseqüentemente,
de qualidade de vida. É importante considerar também que a pequena inserção no
mercado de trabalho e a impossibilidade de dividir o sustento familiar com o
companheiro podem comprometer a qualidade de vida da mãe, da criança e dos
outros familiares (CARNIEL et al., 2003).
Na análise da renda familiar, verificou-se que 13,77% da população possuía
renda familiar de até um salário mínimo (R$240,00 considerando-se o salário mínimo
da época) e 78,10% tinham rendimentos acima de dois salários mínimos por mês; o
60
índice de dados ignorados foi de 8,13%. Estudo realizado por Drachler et al. (2003)
apontaram um percentual de 18,00% da população com renda familiar inferior a
meio salário mínimo per capita, o que é classificado como estado de pobreza pela
OPAS (2005).
A maioria das mulheres apresentou cor branca (67,49%), 21,44 o-branca e
11,07% dos dados foram ignorados. Estes resultados foram semelhantes aos
apresentados no Censo de 2000 (IBGE, 2005), em que a maioria das pessoas
residentes em domicílios particulares da Região Sul (84,60%) considerou-se de cor
branca. O percentual de 24,00% para as outras raças incluiu as raças amarela,
parda e negra, o que provavelmente está relacionado à grande miscigenação de
raças existentes no Brasil.
Ao ser analisada a situação conjugal das doadoras, observou-se que a
maioria (77,88%) era casada ou vivia em união consensual e 18,74% vivia sem
companheiro; o percentual de dados ignorados foi de 3,38%. Resultados positivos,
quando comparados aos de Carniel et al. (2003) que observaram 26,00% da
população sem companheiro fixo.
Com relação ao tipo de parto, observou-se que a maioria da população
(68,84%) realizou parto operatório, 29,57% realizou parto normal e 1,59% dos dados
foram ignorados. Estes índices de parto operatório estão bastante elevados em
comparação com a realidade nacional em que Goldani et al. (2000) e Carniel et al.
(2003) encontraram percentuais de 50,80% e 50,30%, respectivamente, para
cesarianas, em estudos realizados no Sudeste do Brasil. Silva et al. (2001), em
pesquisa com puérperas de maternidades públicas e privadas de São Luiz do
Maranhão, apontaram uma prevalência de 33,80% para cesarianas.
61
Segundo Brasil (2001b), a taxa ideal para a cesariana seria em torno de 15%
a 20% e, no Brasil, existe uma banalização deste procedimento, como se fosse
simples e isento de complicações. O aumento de cesariana sem indicação é
inaceitável, pois esta cirurgia associa-se com maior morbimortalidade materna e
neonatal, quando comparada ao parto normal.
A paridade foi outra variável estudada e observou-se que do total de mulheres
62,00% eram primíparas, 36,40% tinham tido dois filhos ou mais e houve um
percentual de 1,60% de dados ignorados. Genovez (2003) encontrou 60,00% de
primíparas e 40,00% de mulheres com 2 filhos ou mais.
Este resultado pode levar à maior ocorrência de dificuldades apresentadas
por esta população no puerpério, pois as primíparas, por não terem vivenciado a
prática da amamentação, têm maiores chances de problemas com aleitamento
materno, necessitando, portanto, de orientações enfáticas e precisas sobre o manejo
da lactação.
Em contrapartida, com relação à multiparidade, estudo realizado por Lippi et
al. (1989), associou a paridade elevada ao baixo peso ao nascer e Haidar, Oliveira e
Nascimento (2001) encontraram associações significativas entre multiparidade e
baixo nível de escolaridade materna.
Na região Sul do Brasil, conforme o Censo de 2000, estimou-se um número
de 2,25 filhos por mulher e a taxa nacional foi de 2,38. Houve ainda uma redução
percentual da taxa de fecundidade total na região Sul na faixa de 10,66% de 1991
para 2000. É importante destacar que o valor considerado, segundo a ótica
demográfica, como ideal para garantir a reposição das gerações está na faixa de 2,1
filhos por mulher (IBGE, 2005).
62
Em relação à idade gestacional este estudo demonstrou que a maioria das
doadoras (81,30%) tiveram seus bebês a termo, 17,60% dos nascimentos foram pré-
termos e 1,10% dos dados foram ignorados.
Estudo realizado no Maranhão encontrou um índice de 12,70% de partos
prematuros (ARAGÃO et al., 2004). Pesquisas realizadas por Aquino-Cunha et al.
(2002) e Goldani et al. (2000) encontraram, respectivamente, 10,50% e 13,60% de
prematuridade. Comparando os resultados, observa-se que a freqüência de
prematuridade está um pouco mais elevada neste estudo.
Quando analisado o sexo dos bebês, observou-se que 48,76% eram meninos,
41,76% eram meninas e 9,18% dos dados foram ignorados. Resultado semelhante
às informações de saúde quanto aos nascidos-vivos em Maringá, no ano de 2002,
que foi de 51,90% para RNs do sexo masculino (DATASUS, 2005).
Venâncio (2002) encontrou associação entre interrupção do aleitamento
materno exclusivo e crianças do sexo masculino e estudos realizados por Souza et
al. (1988) e Tanaka (1986), observaram que os meninos tiveram a ocorrência de
maior peso ao nascer em comparação às meninas, sendo esta diferença
estatisticamente significativa.
Do total de doadoras, 162 (36,57%) tinham tido dois filhos ou mais e,
portanto, a oportunidade de ter amamentado anteriormente. Destas mulheres,
72,05% amamentaram seus filhos na lactação anterior. Os resultados foram
bastante significativos, corroborando com o estudo realizado por Silva (1998), que
aponta a multiparidade como fator predisponente para a amamentação.
É válido ressaltar que pelo fato destas mulheres terem vivenciado o
aleitamento materno conseguem, a partir das experiências vividas, superar mais
facilmente as dificuldades apresentadas. Segundo Venâncio et al. (2002), o
63
desmame precoce está associado à primiparidade e à ausência de programas de
orientação sobre a prática da amamentação.
Venâncio (2002) ressalta a importância de políticas públicas municipais, pois
os municípios que implantaram campanhas pró-aleitamento conseguiram maior
adesão ao AME e atenuaram o impacto negativo de atributos individuais, tais como o
baixo peso ao nascer e idade materna menor que 20 anos.
Importante observar o alto índice de dados ignorados nesta variável (16,15%),
lembrando a importância do profissional de saúde saber se a mulher conseguiu ou
não amamentar anteriormente, pois se ela não obteve sucesso na experiência
anterior, este pode ser um fator de risco para não conseguir amamentar novamente,
sendo necessário, portanto, um aconselhamento adequado em relação à prática da
amamentação e à resolução de problemas (VENTURA, 2001).
Quando perguntado a elas por quanto tempo amamentaram anteriormente,
48,15% amamentou entre 6 meses e 2 anos de idade ou mais e 29,01%
amamentaram menos que seis meses. Considerando-se a mediana da
amamentação no Brasil, que é em torno de 9,9 meses, segundo Brasil (2003b), os
resultados apresentados nesta população foram positivos.
Novamente o índice de ignorados foi bastante alto (22,48%), sendo
importante ressaltar a importância do preenchimento completo da Ficha de Inscrição
de Doadoras para informação correta dos dados a fim de contribuir com estudos e
pesquisas, bem como para identificar possíveis riscos da doadora interromper
precocemente a amamentação e de não praticar o AME nos primeiros seis meses de
vida do bebê e o aleitamento continuado com alimentação oportuna até os dois anos
de idade ou mais.
64
4.1 Variáveis Demográficas e Sócio-econômicas
4.1.1 Análise univariada
Por ser a idade materna importante indicador epidemiológico e perinatal
(ZIEGEL; CRANLEY, 1985; YASLLE et al., 2002; ARAGÃO et al., 2004; COSTA et
al., 2002), e para possibilitar a análise univariada e multivariada, a variável idade foi
dividida em doadoras adolescentes (<20 anos) e doadoras adultas (>=20anos); a
partir daí a condição de ser doadora adolescente foi considerada como variável
dependente, sendo testadas interações e diferenças entre esta e as outras variáveis
do estudo. Na Tabela 2, está representada a relação entre doadoras adolescentes e
adultas e as características sócio-econômicas e demográficas como escolaridade,
ocupação, renda familiar, cor e situação conjugal.
65
Tabela 2 Análise univariada das doadoras adolescentes (<20 anos) e adultas (>=20 anos),
segundo as variáveis escolaridade, ocupação, renda familiar, cor e situação conjugal. Maringá-
Pr, 2004.
Doadoras
adolescentes
Doadoras
adultas
Total
x
2
RR
IC
p
Escolaridade
n
%
n
%
n
%
17,00
Até 8 anos de
estudo
34
47,22
76
22,61
110
26,96
2,42
(1,61-3,64)
<0,001
Mais que 8
anos de estudo
38
52,78
260
77,38
298
73,03
1
Ocupação
48,42
Fora da PEA 62 87,32 132 40,86
194 49,23
7,10
(3,63-
13,89)
<0,001
PEA 9 12,68 191 59,13
200 50,76
1
Renda
Familiar
7,96
Até 01 SM 18 27,69 40 12,86
58 15,42
2,10
(1,32-3,35)
0,0047
01 SM e mais 47 72,31 271 87,13
318 84,57
1
Cor
0,64
Não Branca 13 19,40 77 24,92
90 23,94
1,31
(0,75-2,28)
0,4229
Branca 54 80,60 232 75,08
286 76,06
1
Situação
Conjugal
30,59
S/ companheiro
30 42,25 45 13,39
75 18,43
3,24
(2,17-4,83)
<0,001
C/ companheiro
41 57,75 291 86,60
332 81,57
1
x
2
= Qui-quadrado (Yates corrigido)
RR = Risco relativo
IC = Intervalo de confiança (95%)
p = Nível descritivo da associação
Observou-se que dentre as mães adolescentes 47,22% apresentaram no
máximo 8 anos de estudo, enquanto que entre as adultas, este percentual foi de
22,61%, sendo encontrada associação estatisticamente significativa e diferença
entre os grupos com RR=2,42 (IC 1,61-3,64).
66
Costa et al. (2002) afirmaram em sua pesquisa sobre partos e nascidos vivos
de mães adolescentes e adultas jovens que, em relação à escolaridade materna, o
nível mais freqüente foi o ensino fundamental incompleto o qual alcançou um
percentual de 51,20%.
Haidar, Oliveira e Nascimento (2001) encontraram associação
estatisticamente significativa entre a menor escolaridade e ocorrência de baixo peso
ao nascer, número de filhos vivos igual ou maior que três e história pregressa de
filhos mortos, concluindo que a escolaridade materna pode ser considerada um
marcador obstétrico de risco para a gestante e o RN.
Ao analisar a idade materna associada à ocupação, observou-se que dentre
as mulheres adolescentes, 87,32% estavam fora da PEA e que somente 12,68%
delas estavam inseridas no mercado de trabalho; entre as mulheres com 20 anos ou
mais, 40,36% eram do lar e 59,13% exerciam atividade remunerada.
Estes resultados tornam-se pertinentes quando analisada a situação da
doadora adolescente, em que se verificou associação estatisticamente significativa
entre este grupo de mulheres e ocupação, com RR de 7,10 (IC 3,63-13,89).
Resultados semelhantes foram encontrados em estudo com adolescentes
realizado por Yazlle et al. (2002), em que 86,00% desta população eram do lar ou
sem ocupação remunerada e somente 14,10% eram economicamente ativas.
Quando realizada a análise entre a doadora adolescente e a renda familiar,
observou-se associação estatisticamente significativa com RR de 2,10 (IC 1,32-
3,35), resultado preocupante, pois, estudos realizados por Guimarães et al. (1999) e
Drachler et al. (2003) apontaram a baixa renda familiar como importante
determinante social do crescimento infantil.
67
Na análise entre a idade materna e a cor, não houve associação significativa
(p=0,4229).
Quando associada a situação conjugal com a doadora adolescente, observou-
se que 42,25% das es com idade menor que 20 anos não tinham companheiro,
enquanto que, para as mulheres adultas, este percentual foi de 13,39%. Aquino-
Cunha et al. (2002) verificaram resultados semelhantes em que a proporção de
mães solteiras foi maior no grupo das adolescentes (28,4%) que nos das adultas
(19,5%).
Ao ser realizado o teste de qui-quadrado, encontrou-se associação
estatisticamente significativa entre adolescência e situação conjugal, com RR de
3,24 (IC 2,17-4,83), resultado inquietante, considerando-se que a presença do
companheiro pode determinar resultados perinatais importantes, conforme aponta
pesquisa realizada por Barbieri (2000), que demonstrou aumento da freqüência de
baixo peso ao nascer de 7,80% em 1978 -1979 para 10,00% em 1994 entre es
sem companheiros.
4.1.2 Análise multivariada
A partir das associações encontradas na análise univariada, verificou-se a
necessidade de realizar a análise multivariada para eliminar os possíveis fatores de
confusão e confirmar os resultados encontrados na primeira análise, porém,
inicialmente, não se encontrou associação significativa entre a escolaridade, a
ocupação e mães adolescentes. Foi necessário então analisar um subgrupo, com
idade >=13 anos e <=16 anos, devido à proximidade do ponto de corte das idades
utilizado primeiramente. A Tabela 3 demonstra as associações encontradas entre a
68
doadora adolescente (>=13 anos e <=16 anos), as adultas e as variáveis
escolaridade, ocupação, renda familiar e situação conjugal.
Tabela 3 Análise multivariada das doadoras adolescentes (<=13 anos e >=16 anos) e adultas
(>=20 anos), segundo as variáveis escolaridade, ocupação, renda familiar e situação conjugal.
Maringá-Pr, 2004.
Doadoras
<=13 anos
e >=16 anos
Doadoras
adultas
Total x
2
RR IC p
Escolaridade
N
%
N
%
N
%
1,35
Até 8 anos de
estudo
12 100,00 76 22,61 88 25,29 0,52
(0,17-5,78)
Mais que 8
anos de estudo
- - 260 77,38 260 74,71 1
0,2459
Ocupação
0,80
Fora da PEA
12 100,00 132 40,86 144 42,99 0,63
(0,23-1,72)
PEA
- - 191 59,13 191 57,01 1
0,3720
Renda
Familiar
9,98
Até 01 SM
08 66,67 40 12,86 48 14,86
9,20
(2,31-36,17)
01 SM e mais
04 33,33 271 87,13 275 85,14
1
<0,001
Situação
Conjugal
62,71
S/ companheiro
07 58,33 45 13,39 52 14,94
67,35
(7,17-
632,70)
C/ companheiro
05 41,67 291 86,60 296 85,06
1
<0,001
x
2
= Estatística de Wald
RR = Risco relativo
IC = Intervalo de confiança (95%)
p = Nível descritivo da associação
Observou-se através da regressão logística que a variável renda familiar
continuou apresentando associação estatisticamente significativa, demonstrando
uma diferença 9 vezes maior entre aquelas que ganham até 1 SM e aquelas com
renda maior. Os resultados demonstram que o baixo nível sócio-econômico pode ter
influência negativa em relação à gravidez na adolescência, provavelmente pelo
69
menor acesso às informações, o que, conseqüentemente, expõe a menina
adolescente a um maior risco de engravidar precocemente.
Como conseqüência, o baixo padrão sócio-econômico leva ainda ao menor
ganho de peso durante a gestação, além de início tardio do pré-natal e seguimento
inadequado do mesmo (HAIDAR; OLIVEIRA; NASCIMENTO, 2001: UCHIMURA,
2000).
A situação conjugal apresentou associação estatisticamente significativa
demonstrando que existe uma diferença entre as mães adolescentes com risco até
67 vezes entre aquelas sem companheiro e com companheiro. Esta situação reflete
o esperado, considerando-se que as meninas com idade menor que 17 anos
normalmente ainda não estão casadas.
Com relação à escolaridade, não houve associação estatisticamente
significativa entre o grupo de adolescentes com idade >=13 anos e <=16 anos,
resultado esperado visto que nenhuma delas tinha ainda ingressado no ensino
médio ou trabalhava fora, porém os resultados poderiam ser melhores, pois somente
duas mulheres ainda não tinham idade suficiente para ingressar no ensino dio.
Este fato provavelmente ocorra porque ela opta por sair do convívio social em
decorrência da gravidez, agravando ainda mais a sua condição.
Segundo alguns estudos (BOHLAND; JORGE, 1999; CONDE-AGUDELO;
BELIZAN; DIAZ ROSSELLO, 2000) a baixa escolaridade está relacionada à
multiparidade, mortalidade perinatal, neonatal e infantil, sugerindo um
acompanhamento pré-natal inadequado, ou dificuldade de acesso aos serviços de
puericultura, tendo em vista a sua condição social.
Okosun et al. (2000) concluíram que a menor escolaridade materna está
associada à ocorrência de RN de baixo peso e que as mães com menos de oito
70
anos de escolaridade apresentaram chance 1,5 vezes maior para a ocorrência deste
evento.
A ocupação não apresentou associação estatisticamente significativa
(p=0,3720), porém deve-se considerar que o grupo analisado tinha idade inferior a
17 anos e nesta faixa etária o ideal é que a adolescente esteja estudando e não
trabalhando.
Estas afirmativas são corroboradas pelo estudo de Yaslle et al. (2002) que
aponta ser o próprio fator idade o motivo das adolescentes estarem fora da PEA,
pois nesta faixa etária elas ainda o possuem capacitação profissional e, além
disso, com o advento da gravidez, as chances de fazerem parte da PEA tornam-se
ainda menores.
4.2 Variáveis Perinatais
4.2.1 Análise univariada
Quando associado o tipo de parto à idade da doadora, os índices foram
positivos, pois, obteve-se um total de 14,60% de adolescentes que se submeteram à
cesariana. Estudo realizado por Simões et al. (2003) encontrou uma freqüência de
23,00% de es adolescentes que realizaram cesariana. Yazlle et al. (2002)
encontraram percentual de 35,20% de parto operatório nesta faixa etária.
Outra observação relevante é que a freqüência encontrada entre as mães
adolescentes do estudo atual, está compatível com o recomendado pela OMS para
a população em geral, que é em torno de 15,00% (CARNIEL et al., 2003).
71
Para melhor análise dos dados, foram realizadas associações através da
análise univariada entre a idade materna e o tipo de parto, paridade, idade
gestacional e sexo do bebê (Tabela 4).
Tabela 4 Análise univariada das doadoras adolescentes (< 20 anos) e adultas (>=20 anos),
segundo variáveis tipo de parto, paridade, idade gestacional e sexo do bebê. Maringá-Pr,
2004.
Doadoras
adolescentes
Doadoras
adultas
Total x
2
RR IC p
Tipo de
Parto
N
%
N
%
N
%
6,34
Cesariana
43 58,11 251 73,61 294 70,84
0,57
(0,38-0,86) 0,0117
Normal
31 41,89 90 26,39 121 29,16
1
Paridade
21,25
Primípara
64 86,49 195 57,01 259 62,26
3,88
(2,05-7,33) <0,001
2 filhos ou
mais
10 13,51 147 42,98 157 37,74
1
Idade
Gestacional
2,28
<37
Semanas
18 24,32 55 16,13 73 17,59 0,66
(0,42-1,06) 0,1310
>=37
semanas
56 75,68 286 83,87 342 82,41 1
Sexo do
Bebê
0,10
Masculino
38 56,72 169 53,65 207 54,19 1,11
(0,71-1,72) 0,7472
Feminino
29 42,28 146 46,35 175 45,81 1
x
2
= Qui-quadrado (yates corrigido)
RR = Risco relativo
IC = Intervalo de confiança (95%)
p = Nível descritivo da associação
Encontrou-se nesta análise associação estatisticamente significativa
(p=0,0117) entre a doadora adolescente e tipo de parto, com RR de 0,57 (IC 0,38-
72
0,86), em que a cesariana se apresentou como fator de proteção para a gravidez
entre adolescentes.
Este resultado é bastante discutível visto ser um procedimento cirúrgico de
risco, no entanto, na realidade atual, existe um grande percentual de mulheres que
preferem o procedimento cirúrgico pelo medo da dor, aumentando os índices de
cesariana, colocando-a como fator de proteção.
Segundo Correia e MacAuliffe (1999), as indicações atuais para a cesariana
não consideram apenas os critérios técnicos de indicação estabelecidos por órgãos
representativos da ginecologia e obstetrícia, mas sim a preferência da cliente e do
obstetra, podendo ser utilizada ainda como uma conveniência cirúrgica para se
proceder à laqueadura.
Ao ser associada a paridade à idade da doadora, observou-se que a maioria
das adolescentes (86,49%) eram primíparas, porém 13,50% tinham 2 ou mais filhos.
Na análise univariada, verificou-se associação estatisticamente significativa com RR
de 3,88 (IC 2,05-7,33).
Os resultados observados o semelhantes aos nacionais, pois, segundo o
IBGE (2005), pesquisa realizada em 1996 mostrou que 20,00% das adolescentes
residentes na zona rural e 13,00% das residentes na área urbana m pelo menos 1
filho; destacando também que 18,00% das adolescentes de 15 a 19 anos tinham
ficado grávidas pelo menos uma vez. Estudo realizado por Simões et al. (2003)
demonstrou uma taxa de 8,30% das adolescentes com 2 filhos ou mais.
Na análise de associação entre idade gestacional e idade materna,
encontrou-se um percentual de 24,32% de prematuridade entre mães adolescentes,
corroborando com os resultados encontrados em estudos apresentados por Aragão
et al. (2004), Simões et al. (2003) e Aquino-Cunha et al. (2002), que apontam a
73
adolescência como fator de risco para a prematuridade, porém, na análise
univariada, não foram encontradas associações significativas para estas variáveis.
Não foram encontradas associações estatisticamente significativas (p=0,7472)
entre o sexo do bebê e doadoras adolescentes no presente estudo.
Dentre as adolescentes que tiveram mais de um filho, 100% amamentaram na
lactação anterior, portanto, não foram encontradas associações entre ser
adolescente e não amamentar o filho anterior. Os resultados atuais provavelmente
demonstrem um sucesso quanto ao resgate cultural e a revalorização do aleitamento
materno que vem sendo trabalhado nos últimos anos, especialmente no Brasil,
através das Políticas Públicas de Incentivo à Amamentação.
4.2.2 Análise multivariada
A partir dos resultados obtidos na análise univariada, optou-se por realizar
análise multivariada a fim de excluir os fatores de confusão (Tabela 5). Nesta
análise, a paridade não apresentou associação com a idade materna.
74
Tabela 5
Análise multivariada das doadoras adolescentes (<20 anos) e adultas
(>=20 anos), segundo as variáveis tipo de parto e idade gestacional. Maringá-Pr, 2004.
Doadoras
adolescentes
Doadoras
adultas
Total x
2
RR IC p
Tipo de
Parto
N
%
N
%
N
%
18,06
Cesariana
43 58,11 251 73,61 294 70,84
7,56
(2,97-19,10) <0,001
Normal
31 41,89 90 26,39 121 29,16
1
Idade
Gestacional
7,68
<37
Semanas
18 24,32 55 16,13 73 17,59
7,95
(1,83-34,44) 0,0055
>=37
semanas
56 75,68 286 83,87 342 82,41
1
x
2
= Estatística de Wald
RR = Risco relativo
IC = Intervalo de confiança (95%)
p = Nível descritivo da associação
Na regressão logística, entre doadoras adolescentes e adultas e as demais
variáveis, observou-se associação com o tipo de parto (p<0,001) demonstrando risco
7 vezes maior da doadora adolescente realizar cesariana. A idade gestacional
apresentou associação estatisticamente significativa (p=0,0055) em relação à
doadora adolescente, demonstrando risco aproximado a 8 vezes maior da
adolescente ter partos prematuros .
Os resultados foram satisfatórios, porém, optou-se por dividir mais uma vez o
grupo de adolescentes e foi realizada a regressão logística entre as doadoras com
idade >=13 anos e <=16 anos e adultas (>20 anos) e as variáveis tipo de parto e
idade gestacional (Tabela 6).
75
Tabela 6 – Análise multivariada das doadoras adolescentes (>=13 anos e <=16 anos) e
adultas (>=20anos), segundo as variáveis tipo de parto e idade gestacional. Maringá-Pr,
2004.
Doadoras
adolescentes
Doadoras
adultas
Total x
2
RR IC p
Tipo de
Parto
N % N % N %
18,07
Cesariana
7 58,33 251 73,61 258 73,09
5,97
(2,44-
14,60)
Normal
5 41,67 90 26,39 95 26,91
1
<0,001
Idade
Gestacional
7,68
<37
Semanas
2 16,67 55 16,13 57 16,15
6,19
(2,68-
14,27)
>=37
semanas
10 83,33 286 83,87 296 83,85
1
0,0055
x
2
= Estatística de Wald
RR = Risco relativo
IC = Intervalo de confiança (95%)
p = Nível descritivo da associação
Com relação ao tipo de parto, na análise multivariada, pode-se afirmar que as
mães adolescentes, com idade >=13 anos e <=16 anos m aproximadamente risco
6 vezes maior entre as de parto cesariana em comparação às de parto normal,
sendo estes resultados estatisticamente significativos. Yaslle et al. (2002) concluíram
ser esta freqüência elevada, um reflexo do alto índice de cesarianas encontrado na
população adulta, aliado ao fato das gestações em adolescentes estarem
associadas a intercorrências obstétricas de alto risco.
Deve-se considerar ainda que o tipo de parto pode influenciar na duração da
amamentação e no risco de desmame precoce, pois, segundo Carvalho e Tamez
(2002), a sucção precoce funciona como determinante na duração da lactação e o
parto operatório pode dificultar a sucção na sala de parto. Em estudo realizado por
Weiderpass et al. (1998) foi ressaltado que os nascidos por cesárea eletiva
apresentaram um risco três vezes maior de interromper a lactação no primeiro mês
76
de vida, após controle dos fatores de confusão, comparados aos nascidos de parto
normal.
A idade gestacional também apresentou associação significativa (p=0,0055),
podendo-se afirmar com os resultados encontrados que as meninas adolescentes
têm risco 6 vezes maior de terem partos prematuros quando comparadas ao grupo
das adultas.
Vários autores (ESCOBAR et al., 2002; ARAGÃO et al, 2004; SOUZA;
GOTLIEB, 1993), enfatizaram que a não realização do pré-natal ou um pré-natal de
má qualidade aumentam os riscos de prematuridade e pode ocasionar também
outros resultados perinatais desfavoráveis como baixo peso ao nascer e mortalidade
infantil.
4.3 Variáveis Sobre o Tipo de Doação de Leite Humano
A doação de leite humano foi em sua maioria (66,30%) procedente da cidade
de Maringá e o percentual restante do leite doado (33,70%) foi proveniente de
cidades vizinhas como Sarandi, que constituiu 32,10% do total de coleta externa à
cidade de Maringá; Campo Mourão, apesar de não estar localizado na região
metropolitana de Maringá, teve importante percentual de doação de LHO (25,50%),
provavelmente por ter implantado no município um projeto de apoio à amamentação
e instalado uma unidade de coleta de LHO cru.
Quanto à Portaria 322/88, não empecilho nenhum com relação ao
transporte de LHO ser realizado pelo município de origem, desde que os produtos
sejam transportados em embalagens isotérmicas, impermeáveis e de fácil limpeza,
77
resistentes a baixas temperaturas, para que a cadeia de frio seja mantida e o leite
permaneça congelado (BRASIL, 1998b).
O tipo de coleta mais freqüente foi a externa que o BLH de Maringá chama de
rota (78,00%). Esta coleta é aquela realizada no domicílio pela própria doadora,
através de cadastramento e orientação prévia e o BLH fica responsável pela busca
do LHO regularmente na casa da nutriz, mantendo a rede de frio.
As formas de orientação da coleta no domicílio são fornecidas geralmente via
telefone, onde é realizado o primeiro contato com a futura doadora. Neste contato,
são passadas todas as orientações de coleta, identificação, armazenamento e prazo
de validade do LHO; posteriormente quando o funcionário do BLH vai buscar o LHO,
é realizado o cadastramento da doadora através da Ficha de Inscrição da Doadora,
conforme estabelecido na Portaria 322/88, e são reforçadas as orientações, retirado
possíveis dúvidas e fornecidos folders de orientação quanto ao aleitamento materno
e à doação.
A freqüência de coleta interna é baixa no BLH de Maringá (22,00%) e
geralmente ela ocorre vinculada ao atendimento de dificuldades com amamentação,
que se caracteriza pela coleta eventual ou nos casos de mães que, ao visitarem
seus filhos na UTI-Neonatal ou Pediátrica, utilizam o BLH para esgotar as mamas e
armazenar o LHO para posterior distribuição exclusiva deste leite aos seus bebês.
Este procedimento mostra que o BLH de Maringá cumpre a Portaria 322/88
no que diz respeito à doação, pois a doadora é orientada a destinar o leite humano
ao seu próprio filho, principalmente se ele for de baixo peso, independentemente da
idade gestacional e que a doação a outras crianças deve ser somente do excedente
(BRASIL, 1998b).
78
No que concerne à coleta, também está sendo colocada em prática a Portaria
322/88 a qual normatiza que a coleta deve ser realizada em sala de Banco de Leite
Humano, em enfermarias, nos Postos de Coleta ou na residência da doadora
(BRASIL, 1998b).
O tipo de leite doado mais freqüente foi o maduro (58,00%), leite de transição
teve um percentual de 27,00% e colostro de 15,00%. Estes resultados coincidem
com o fato da nutriz ter menor produção de leite no início da lactação; segundo
Lonnerdal (2000), o volume de colostro pode variar de 2ml a 20ml por mamada nos
três primeiros dias e no primeiro dia de lactação há produção de cerca de 100ml de
leite humano. A partir daí, o volume produzido no primeiro semestre aumenta de
acordo com a idade e o peso do bebê (MOURA, 2002).
A média de oito estudos desenvolvidos com nutrizes eutróficas e que
mantiveram amamentação exclusiva indicou 637ml no primeiro s, 692ml no
segundo, 725ml no terceiro, 774ml no quarto, 816ml no quinto, 853ml no sexto e 875
ml no sétimo mês de lactação, quando, a partir daí, há uma diminuição na produção
devido à introdução de novos alimentos na dieta do bebê (FERRIS; JENSEN, 1984),
comprovando que a mulher tem maior capacidade de produção de leite maduro em
comparação à produção de colostro.
O colostro, por suas especificidades, é utilizado nos primeiros dias de vida do
bebê e, em casos de prematuridade, seu volume inicial é bastante baixo, por isso,
não é preocupante no BLH de Maringá a falta de colostro. Em contrapartida, o leite
maduro é utilizado em maiores volumes e por mais tempo na fase em que o
prematuro está engordando por ser mais calórico em comparação ao colostro
(LAMOUNIER; VIEIRA; GOUVÊA, 2001).
79
Sua utilização também é necessária em grandes volumes no caso de crianças
alérgicas ao leite de vaca e que necessitam por indicação médica ou de nutricionista
fazer uso de leite humano até pelo menos os seis meses de vida, sendo, portanto,
contempladas pela Portaria 322/88; devido a estes fatores, apesar do leite maduro
ser o tipo de leite mais coletado, ele é também o mais distribuído e o mais indicado,
podendo por isso vir a faltar no BLH.
Ao normatizar a distribuição de LHP, a Portaria 322/88 determina que serão
selecionados como consumidores os lactentes que apresentarem uma ou mais das
seguintes indicações: ser prematuro ou RN baixo peso que não suga, ser RN
infectado, especialmente com enteroinfecções, portadores de deficiência
imunológica, lactentes com diarréia protraída, ser alérgico a proteínas heterólogas,
gemelares e casos excepcionais mediante justificativa médica.
Neste caso, o BLH de Maringá cumpre esta normatização, pois o leite
humano é distribuído mediante indicação de dico ou nutricionista, de acordo
com o tipo de leite e dose prescrita.
80
5 CONCLUSÕES
O estudo do perfil das doadoras do Banco de Leite Humano de Maringá,
concluiu que o percentual de adolescentes é semelhante à realidade nacional, para
estudos de gestantes adolescentes, apesar de ser um indicador perinatal e
obstétrico desfavorável (ARAGÃO et al., 2004; SIMÕES et al., 2003; ZIEGEL;
CRANLEY, 1985).
Quanto aos níveis de escolaridade, concluiu-se que os resultados
encontrados (27%) estavam dentro dos limites do ensino fundamental e foram
melhores em comparação aos da realidade brasileira. Este percentual de baixo nível
de escolaridade foi maior entre o grupo das adolescentes (47,22%), porém na
análise multivariada, após serem eliminados os possíveis fatores de confusão, não
foi encontrada associação estatisticamente significativa entre a escolaridade e a
idade materna.
Em relação à renda familiar, após a análise estatística, pôde-se concluir haver
forte associação entre a condição de ser mãe adolescente e o baixo nível sócio
econômico, com a doadora adolescente tendo chance 9 vezes maior de ter baixa
renda.
A doadora adolescente apresentou risco até 67 vezes maior de não ter
companheiro e, apesar deste resultado ser esperado, principalmente entre o grupo
de mulheres com idade >=13 anos e <=16 anos, deve-se ressaltar que a situação
destas doadoras adolescentes é complicada, uma vez que elas ficaram grávidas
precocemente, passaram com isso a ter a responsabilidade de cuidar de seus filhos
e estavam sem companheiro para ajudá-las em todo este processo.
81
A doadora com faixa etária <20 anos, apresentou baixa inserção na PEA e
não foi encontrada associação significativa entre ser mãe adolescente e ocupação.
O parto mais freqüente entre as adolescentes foi o operatório, cujas mulheres
tiveram risco 7 vezes maior de realizar este tipo de parto. Concluiu-se, portanto, que
as adolescentes estão mais expostas à cesárea.
Não foi encontrada associação estatisticamente significativa entre paridade e
idade materna, porém a primiparidade se apresentou com maior freqüência (62,00%)
na população estudada e a maioria das adolescentes (86,50%) eram primíparas.
Outro resultado perinatal importante encontrado neste estudo foi a associação
entre a idade materna e a prematuridade. Após eliminação dos fatores de confusão,
as mulheres adolescentes, com idade >=13 anos e <=16 anos, apresentaram risco 6
vezes maior de terem partos prematuros.
Quanto à análise sobre aleitamento anterior, concluiu-se que a maioria
(72,05%) da população que teve dois filhos ou mais havia praticado o aleitamento
materno e entre as adolescentes, este índice foi bastante positivo (100,00%). Os
resultados em relação à duração da amamentação também foram positivos, pois
48,15% conseguiram amamentar por mais de 6 meses.
Os procedimentos de coleta realizados pelo BLH de Maringá estão
condizentes com a Portaria 322/88 e a coleta mais freqüente foi a domiciliar.
82
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
É importante ressaltar que as mulheres deste estudo, de um modo geral,
foram doadoras de leite humano, logo, estavam amamentando seus filhos, prática
que determina melhor qualidade de vida das mães e dos bebês, além de influenciar
positivamente em indicadores sócio-econômicos, bem como na redução dos índices
de morbi-mortalidade infantil (VICTORA, BARROS; VAUGHAN, 1988).
Seria interessante que na Ficha de Inscrição de Doadoras houvesse um
questionamento sobre a duração da amamentação atual e o tipo de aleitamento
materno praticado, para poder ser levantado índice de AME entre esta população.
O fato da adolescência não apresentar associação significativa com a
escolaridade foi esperado, considerando-se que as adolescentes, principalmente as
com idade >=13 anos e <=16 anos, geralmente não tiveram oportunidade de estudar
mais do que oito anos. É importante ressaltar que a gravidez pode trazer maiores
dificuldades para a adolescente continuar estudando, pois terá que dispensar o
tempo disponível para os cuidados com o filho.
Outro fator importante a ser destacado é a associação entre idade materna e
renda familiar. Os resultados encontrados refletem a provável influência que o baixo
nível sócio-econômico tem na condição de ser e adolescente, considerando-se
que este fato diminui o acesso a informações em vários âmbitos, especialmente aos
da saúde e das conseqüências de uma gravidez precoce.
É válido lembrar também, que este menor acesso inicia-se geralmente
durante a gravidez, levando ao acompanhamento inadequado do pré-natal,
incorrendo em maiores chances de uma gravidez e parto complicados,
83
predisponentes nesta população, mesmo nos casos em que acompanhamento
correto.
Em conseqüência de todos estes fatos, é preciso enfatizar a importância da
amamentação, em especial entre mães adolescentes, para evitar a opção
equivocada do aleitamento artificial, difícil de ser mantido devido ao seu alto custo.
Sem conseguir mantê-lo, a mãe opta por diluição inadequada do leite artificial e uso
de engrossantes, podendo comprometer ainda mais a saúde do bebê.
O risco até 67 vezes maior de não ter companheiro, principalmente entre as
meninas com idade >=13 anos e <=16 anos, deve ser considerado como relevante
porque para as mulheres sem companheiro, a vivência da gestação e puerpério
podem ser mais difíceis, uma vez que caberá a elas toda a responsabilidade da
educação e sustento do filho, sendo esta situação mais agravante no caso das
adolescentes que apresentaram outros indicadores sócio-econômicos desfavoráveis.
A questão da doadora com faixa etária <20 anos apresentar baixa inserção na
PEA, provavelmente ocorreu porque nesta idade elas ainda não têm formação
profissional ou capacitação para estarem inseridas no mercado de trabalho e
deveriam, portanto, estar estudando a fim de se prepararem para o futuro
profissional. Contudo, deve-se lembrar que não foi este o caso, uma vez que elas
também não estavam estudando, provavelmente porque tinham que cuidar de seus
filhos.
As mulheres com idade <20 anos estão mais expostas à cesárea,
provavelmente pelas suas condições sócio-econômicas desfavoráveis, que levam à
menor informação, acompanhamento inadequado do pré-natal, menor ganho de
peso durante a gestação, dentre outros, bem como às implicações obstétricas que a
84
gravidez na adolescência implica (BUCHALLA, 1988; ZIEGEL; CRANLEY, 1985;
SIMÕES et al., 2003).
No Brasil, os índices de cesariana estão altíssimos talvez porque os avanços
cirúrgicos e tecnológicos, que felizmente minimizam os riscos desta cirurgia, criaram
no país, uma cultura de que a cesariana é um procedimento corriqueiro e com riscos
mínimos. Tanto as mulheres como alguns obstetras escolhem a melhor data para
realizá-la, geralmente por conveniência e não por indicação.
É importante ressaltar que a cesariana é um procedimento operatório e como
toda a cirurgia envolve riscos. Não desmerecendo o valor do procedimento, que
quando bem indicado salva vidas de es e de crianças, deve-se desmistificar esta
cultura que desconsidera o parto normal como fisiológico e absolutamente natural.
O índice de 62,00% de primiparidade na população em geral e de 86,50% na
população de adolescentes, chama a atenção devido ao presente estudo enfatizar o
aleitamento materno. É válido salientar que as primíparas têm maior chance de
apresentar dificuldades no manejo da lactação, justamente por ainda não terem
vivenciado esta prática.
É imprescindível, portanto, que a equipe de saúde esteja capacitada a
atender esta clientela de forma resolutiva, realizando educação em saúde, com
orientações práticas sobre o manejo da lactação e preparando a mulher para o auto
cuidado, de forma que ela consiga resolver com segurança os problemas que se
apresentarem no domicílio.
Também é necessário assisti-la dentro das técnicas de aconselhamento em
aleitamento materno (BRASIL, 2003a), através de um relacionamento com empatia,
proporcionando conforto, principalmente emocional. Deve-se ainda oferecer apoio,
considerando-se que mesmo com todas estas orientações, ela pode vir a precisar de
85
ajuda para resolução de problemas. O apoio, portanto, é fundamental para evitar a
interrupção precoce da amamentação.
É importante considerar, que o índice de aleitamento materno no primeiro filho
entre as adolescentes foi excelente (100,00%), confirmando mais uma vez o quanto
esta população está estimulada a praticar a amamentação. Contudo, para que estes
índices sejam mantidos e inclusive aumentem, é necessário continuar incentivando a
amamentação, promovendo o aleitamento materno através da ênfase em suas
vantagens e das desvantagens do aleitamento artificial.
Uma ótima proposta é o treinamento da equipe de saúde das Unidades
Básicas, recentemente incentivado pelo governo federal. Apesar de ainda estar em
fase de adequação, a idéia de treinar as equipes de atenção primária à saúde é
excepcional, haja vista, que estes profissionais assistem a gestante no pré-natal e a
puérpera após a alta hospitalar, sendo, portanto, imprescindível que estejam aptos a
orientar adequadamente a prática da amamentação.
Os resultados em relação à duração da amamentação (48,15% conseguiram
amamentar por mais de 6 meses) novamente demonstram a importância das ações
municipais e das políticas nacionais em prol da amamentação que influenciam de
forma positiva tanto na prática como na duração do aleitamento.
A associação entre a idade materna e a prematuridade em que as mulheres
adolescentes, com idade >=13 anos e <=16 anos, apresentaram risco 6 vezes maior
de terem partos prematuros é bastante preocupante, considerando-se os outros
indicadores desfavoráveis discutidos anteriormente, tais como renda familiar, tipo de
parto e situação conjugal. Faz-se necessário, portanto, uma assistência pré-natal de
qualidade, bem como durante o parto e o puerpério para esta população em
especial.
86
É válido ressaltar que programas de saúde, com orientações de planejamento
familiar e facilidades de acesso aos métodos contraceptivos, funcionariam como
maneiras profiláticas de se evitar a gravidez precoce e suas conseqüências. Caso
ela aconteça mesmo assim, estas pacientes devem ser captadas logo no início da
gestação, por meio de programas como o Programa de Saúde da Família, para
serem encaminhadas precocemente ao pré-natal, minimizando os riscos de
prematuridade e outros resultados perinatais desfavoráveis.
A prática de dirigir-se ao BLH exclusivamente para a doação de LHO ainda
não é a ideal, sugerindo uma reflexão no sentido de repensar as formas de captação
de doadoras utilizadas atualmente neste BLH, devendo-se estimular também a
coleta interna, pois este procedimento permite um melhor controle de qualidade,
além de funcionar como forma de apoio ao aleitamento, considerando-se que
durante a doação as mulheres poderão trocar experiências sobre a amamentação,
esclarecer dúvidas e serem apoiadas quanto às dificuldades encontradas durante a
lactação.
Uma forma de estímulo utilizada para aumentar esta prática é o Dia Nacional
da Doação de Leite Humano, lançado pelo governo federal em 2004 e para sua
divulgação são realizadas campanhas através dos meios de comunicação em massa
além de distribuição de cartazes e folders em locais estratégicos, incentivando a
prática da doação, ainda pouco disseminada em alguns municípios.
No município de Maringá, uma outra maneira de captar doadoras para coleta
interna e externa é através do Comitê Municipal de Aleitamento Materno, pela sua
abrangência na comunidade e por ter representantes das maternidades, que
divulgam o serviço de BLH e incentivam as mulheres a fazerem a doação.
87
A coleta em municípios vizinhos se mostrou bastante expressiva, uma vez
que o BLH tem condições de buscar o leite coletado nestes locais, através de
veículo próprio ou veículo fornecido pelo HUM, porém observou-se que em
municípios mais distantes o processo torna-se um pouco mais difícil. Possivelmente
mais leite seria coletado se os municípios pertencentes à regional de saúde bem
como os da macro região, trouxessem o LHO coletado em carros do município de
origem.
Para que esta ação se concretize, é necessário que haja vontade política e
conscientização da importância do leite humano na recuperação de bebês de risco,
tanto por parte dos gestores como dos profissionais de saúde que atuam nesta área.
Enfim, o estudo mostrou que as mulheres e, em especial as adolescentes,
estavam amamentando os seus filhos e praticando um ato de cidadania que é a
doação de leite. Provavelmente isto esteja ocorrendo devido a este trabalho mundial
de revalorização do aleitamento materno. Esta nova geração de mulheres cresceu
ouvindo sobre a importância da amamentação, o que com certeza, influenciou na
decisão de amamentar seus bebês, mostrando a importância das políticas nacionais
e internacionais de incentivo à amamentação na re-elaboração cultural da prática da
lactação.
O fato delas, além de amamentarem, ainda doarem o seu leite aos BLHs,
possivelmente está refletindo o ótimo trabalho que a Rede Nacional de Bancos de
Leite Humano vem desempenhando no Brasil, sendo inclusive modelo para diversos
países da América Latina, América Central e Europa.
88
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ZIEGEL, E.E. e CRANLEY, M.S. Enfermagem Obstétrica. 8ª ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 1985.
98
ANEXO 1
99
ANEXO 2
100
ANEXO 3
Maringá, 27 de Maio de 2005
Hospital Universitário Regional de Maringá
À Superintendência
Considerando o Programa de Pós-Graduação em Enfermagem do Departamento de
Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá;
Considerando ser o Banco de Leite Humano um Projeto de Extensão desta
Universidade, serviço de fundamental importância para o Hospital Universitário de Maringá,
Considerando que este setor exerce atividades importantes no incentivo, promoção,
proteção e apoio ao aleitamento materno, bem como atividades processuais e operacionais
sobre o leite humano coletado;
Considerando que pesquisas na área da saúde materno-infantil e em especial em
Bancos de Leite Humano, vêm a contribuir com subsídios para implementação de ações que
diminuam os índices de morbi-mortalidade nesta área.
Solicitamos a permissão para consultar os bancos de dados do Banco de Leite
Humano, a fim de realizar estudo para Dissertação do Mestrado, que terá como título:
“Análise do perfil das doadoras do Banco de Leite Humano de Maringá-Pr, no ano de 2004”.
O objetivo geral da pesquisa será analisar o perfil da população de doadoras do ano de 2004
FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
Mestrado em Enfermagem
101
do Banco de Leite Humano de Maringá,e para os objetivos específicos as propostas são
identificar as variáveis demográficas, sócio-econômicas e perinatais desta população;
verificar associação entre estas variáveis, conhecer o tipo de coleta mais frequente, analisar se
a doação corresponde ao preconizado pela Portaria 322/88 do Ministério da Saúde.
Será um estudo transversal, analítico e que terá como fonte de dados o impresso
padronizado pelo serviço “Ficha de Inscrição das Doadoras”, cadastradas no ano de 2004. O
mesmo passará pela análise do Comitê de Ética da Universidade Estadual de Maringá.
Através desta, firmamos ainda o compromisso da apresentação dos resultados a partir
das conclusões do estudo.
Colocamo-nos também à disposição para esclarecimentos de dúvidas caso elas surjam.
Sendo para o momento e certas de contarmos com Vossa colaboração e
consentimento agradecemos,
Atenciosamente.
_______________________
Christyna Beatriz Genovez
Aluna do Curso de Pós-Graduação em Enfermagem - UEM
Christyna Beatriz Genovez:
Email: cbgenovex@brturbo.com.br
Fone: 3269-7335/ 3265-3883
102
ANEXO 4
Solicitação de Dispensa do Termo de Consentimento
Eu, Christyna Beatriz Genovez, aluna regularmente matriculada no Programa de Pós-
Graduação em Enfermagem Mestrado em Enfermagem, do Departamento de Enfermagem
da Universidade Estadual de Maringá e orientanda da Prof. Dra Taqueco Teruya Uchimura,
venho por meio desta solicitar a este honroso Comitê, a dispensa do Termo de Consentimento.
O estudo proposto para a Dissertação do Mestrado tem como título “Análise do perfil
das doadoras, no ano de 2004, do Banco de Leite Humano de Maringá-Pr” e será, a partir de
sua aprovação, um estudo retrospectivo, tendo como base dados secundários, retirados da
Ficha de Inscrição de Doadoras. Contudo, para que esteja de acordo com a Resolução 196/96,
segue anexada ao projeto, carta de consentimento e aprovação do uso do banco de dados do
Banco de Leite Humano de Maringá, ao órgão competente do Hospital Universitário Regional
de Maringá.
Sendo para o momento e na certeza de contar com Vosso consentimento,
subscrevo-me.
Atenciosamente,
________________________
Christyna Beatriz Genovez
Aluna do Curso de Pós-Graduação em Enfermagem-UEM
103
ANEXO 5
DEZ PASSOS PARA O SUCESSO DO ALEITAMENTO MATERNO
1. Ter uma norma escrita sobre aleitamento materno, rotineiramente transmitida a
toda a equipe de cuidados de saúde.
2. Treinar toda a equipe de cuidados de saúde, capacitando-a para implementar
esta norma.
3. Informar todas as gestantes sobre as vantagens e o manejo da lactação.
4. Ajudar as mães a iniciar a amamentação na primeira meia hora após o
nascimento.
5. Mostrar às mães como amamentar e como manter a lactação, mesmo se vierem a
ser separadas de seus filhos.
6. Não dar a recém-nascido nenhum outro alimento ou líquido além do leite
materno, a não ser que haja indicação médica.
7. Praticar alojamento conjunto permitir que a mãe e o bebê permaneçam juntos
– 24 horas por dia.
8. Encorajar o aleitamento materno sob livre demanda.
9. Não dar bicos artificiais ou chupetas a crianças amamentadas ao seio.
10. Encorajar a criação de grupos de apoio ao aleitamento materno e encaminhar
mães aos mesmos, por ocasião da alta do hospital ou ambulatório.
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