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Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Instituto de Ciências Básicas da Saúde
Departamento de Fisiologia
Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas: Fisiologia
A Expressão e a Atividade da Bomba MRP1/GS-X e de Proteínas de Choque
Térmico (HSP70) no Miocárdio e Gastrocnêmio de Ratos Adaptados a Uma
Semana de Natação: Possível Mecanismo de Citoproteção Induzido pelo
Exercício
Contra os Efeitos do Estresse Oxidativo
Dissertação de Mestrado
Mauricio da Silva Krause
Porto Alegre, 2005
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Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Instituto de Ciências Básicas da Saúde
Departamento de Fisiologia
Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas: Fisiologia
A Expressão e a Atividade da Bomba MRP1/GS-X e de Proteínas de Choque Térmico
(HSP70) no Miocárdio e Gastrocnêmio de Ratos Adaptados a Uma Semana de Natação:
Possível Mecanismo de Citoproteção Induzido pelo Exercício
Contra os Efeitos do Estresse Oxidativo
Mauricio da Silva Krause
Orientador: Dr. Paulo Ivo Homem de Bittencourt Júnior
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas – Fisiologia, do
Instituto de Ciências Básicas da Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, como requisito
parcial para a obtenção do título de mestre.
Porto Alegre, 2005
4
A Expressão e a Atividade da Bomba MRP1/GS-X e de Proteínas de Choque
Térmico (HSP70) no Miocárdio e Gastrocnêmio de Ratos Adaptados a Uma
Semana de Natação: Possível Mecanismo de Citoproteção Induzido pelo
Exercício
Contra os Efeitos do Estresse Oxidativo
Mauricio da Silva Krause
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas –
Fisiologia, do Instituto de Ciências Básicas da Saúde da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, como requisito parcial para a obtenção do título de mestre.
Orientador: ________________________________________________
Dr. Paulo Ivo Homem de Bittencourt Júnior
Comissão Examinadora: __________________________________________
Profa. Dra. Tânia Cristina Pithon Curi (USP/Unimep/Unicastelo)
__________________________________________
Profa. Dra. Maria Cláudia Costa Irigoyen (Fisiologia-UFRGS)
__________________________________________
Profa. Dr. Álvaro ReischaK de Oliveira (ESEF-UFRGS)
5
“Com efeito, é possível que nenhum de nós saiba nada
de importante; só que ele pensa que sabe, embora não
saiba; ao passo que eu, se nada sei, também não
considero que sei. Em suma, parece-me que sou um
pouco mais sábio do que ele, quanto mais não seja pelo
fato de não considerar saber aquilo que não sei”.
Sócrates
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7
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, pela formação do meu caráter, amizade, amor e apoio
incondicional, sem o qual não teria sido possível a realização dos meus projetos de
vida.
A minha namorada, Josianne, pela paciência em tolerar minhas obsessões
profissionais, amor e companheirismo.
Aos meus irmãos pelos momentos de alegria e bom humor.
Ao meu orientador e amigo Paulo Ivo, pela oportunidade, atenção, apoio e
confiança, bem como pelas calorosas discussões sobre fisiologia e bioquímica.
Aos meus colegas de laboratório, dos quais sempre pude contar com a boa
vontade e paciência. Pelas eternas, mas sempre divertidas, madrugadas no
laboratório de fisiologia celular.
Aos professores e funcionários do departamento de fisiologia e ao pessoal da
segurança do ICBS.
Ao CNPq pelo apoio financeiro, sem o qual não seria possível a realização
deste projeto.
Aos colegas de pós-graduação pelas prazerosas horas de estudos e
discussões.
8
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS....................................................................................................9
LISTA DE TABELAS..................................................................................................10
LISTA DE ABREVIATURAS......................................................................................11
RESUMO....................................................................................................................12
ABSTRACT................................................................................................................13
INTRODUÇÃO............................................................................................................14
1.1Objetivos................................................................................................................15
1.2 Objetivo Principal..................................................................................................15
1.3 Objetivos Específicos............................................................................................16
1.4 Estratégia Experimental........................................................................................16
1.5 Justificativa e Impacto Social ...............................................................................16
REVISÃO DE LITERATURA......................................................................................16
2.1 Estresse, proteínas de choque térmico e citoproteção.........................................18
2.2 Heat shock factors e a regulação da resposta do choque térmico......................21
2.3 Papel citoprotetor das HSP...................................................................................24
2.4 Outras Chaperonas...............................................................................................25
2.4.1 Pequenas...........................................................................................................25
2.4.2 HSP60................................................................................................................26
2.4.3 HSP90................................................................................................................27
2.5 Radicais Livres, estresse oxidativo e exercício.....................................................27
2.6 NO, HSP e proteção contra injúria tecidual..........................................................34
9
2.7 HSP e Citoproteção no Miocárdio......... ..............................................................38
2.8 Regulação da expressão de HSP70 no miocárdio durante o exercício...............40
2.9 Músculo esquelético, exercício e expressão de HSP..........................................46
2.10 Músculo esquelético, treinamento físico e expressão de HSP...........................52
2.11 Bomba GS-X......................................................................................................53
2.12 Metabolismo da Glutationa e a Bomba GS-X....................................................54
2.13 Proteínas Multidroga resistentes........................................................................58
2.14 A Famílias das MRP`s.......................................................................................60
2.15 Substratos e Propriedades Cinéticas.................................................................64
2.16 Liberação de Glutationa por diferentes isoformas de MRP................................65
2.17 Função da MRP na defesa contra o Estresse Oxidativo....................................66
2.18 Regulação dos Genes da MRP..........................................................................67
METODOLOGIA........................................................................................................70
3.1 Animais................................................................................................................70
3.2 Exercício..............................................................................................................70
3.3 Treinamento.........................................................................................................71
3.4 Grupos experimentais..........................................................................................71
3.5 Preparações e determinações bioquímicas realizadas.......................................71
3.6 Determinação do conteúdo intracelular de GSH (glutationa reduzida) e GSSG
(dissulfeto de glutationa ou glutationa oxidada).........................................................72
3.7 Expressão de proteínas de choque térmico (HSP) e análises por SDS-PAGE....75
3.8 Expressão de MRP1 e análises por SDS-PAGE.................................................77
3.9 Cálculo das concentrações de proteínas nas amostras analisadas.....................78
10
3.10 Medida da atividade da ATPase de GSH (Bomba GS-X) em membranas de
músculo cardíaco e gastrocnêmio..............................................................................79
3.11 Análise estatística..............................................................................................84
4. RESULTADOS.......................................................................................................85
4.1 Metabolismo da glutationa no miocárdio de ratos submetidos ao exercício agudo
de natação..................................................................................................................85
4.2 Metabolismo da glutationa no miocárdio de ratos submetidos ao exercício agudo
após treinamento de natação.....................................................................................89
4.3 Variações no metabolismo da glutationa no miocárdio entre animais submetidos
ao exercício agudo e treinados por uma semana......................................................93
4.4 Metabolismo da glutationa no gastrocnêmio de ratos submetidos ao exercício
agudo de natação.......................................................................................................97
4.5 Metabolismo da glutationa no gastrocnêmio de ratos submetidos ao exercício
agudo após treinamento de natação.........................................................................101
4.6 Variações no metabolismo da glutationa no gastrocnêmio entre animais
submetidos ao exercício agudo e treinados por uma semana..................................105
4.7 Atividade da Bomba MRP1/GS-X no gastrocnêmio e miocárdio de ratos treinados
submetidos a exercício agudo de natação................................................................109
4.8 Expressão de Proteínas de Choque Térmico (HSP70) e da bomba MRP1/GS-X
no miocárdio e gastrocnêmio de ratos sedentários e treinados submetidos a exercício
físico agudo ..............................................................................................................112
6. DISCUSSÃO.........................................................................................................120
5. CONCLUSÕES.....................................................................................................135
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................137
11
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Revisão dos nomes alternativos para a família das MRP`s........................57
Figura 2. Modelo topológico da estrutura da MRP1 e 5.............................................60
Figura 3. MRP1 e 2 mediando o transporte de GSSG...............................................65
Figura 4. Conteúdo de dissulfeto de glutationa no miocárdio de ratos submetidos a
exercício físico agudo de natação...............................................................................84
Figura 5. Conteúdo de glutationa reduzida no miocárdio de ratos submetidos a
exercício físico agudo de natação...............................................................................85
Figura 6. Relação média de GSSG/GSH no miocárdio de ratos submetidos a
exercício físico agudo de natação...............................................................................86
Figura 7. Conteúdo de dissulfeto de glutationa no miocárdio de ratos submetidos a
exercício físico agudo de natação após treinamento..................................................88
Figura 8. Conteúdo de glutationa reduzida no miocárdio de ratos submetidos a
exercício físico agudo de natação após treinamento..................................................89
Figura 9. Relação média de GSSG/GSH no miocárdio de ratos submetidos a
exercício físico agudo de natação após treinamento..................................................90
Figura 10. Conteúdo médio de glutationa reduzida no miocárdio. Os valores são
expressos como média ± desvio padrão da média. ...................................................92
Figura 11. Conteúdo médio de dissulfeto de glutationa no miocárdio. Os valores são
expressos como média ± desvio padrão da média. ...................................................93
Figura 12. Relação média de GSSG/GSH no miocárdio. Os valores são expressos
como média ± desvio padrão da média......................................................................94
Figura 13. Conteúdo médio de GSSG no gastrocnêmio de ratos submetidos a
exercício agudo de natação. ......................................................................................96
Figura 14. Conteúdo médio de glutationa reduzida no gastrocnêmio de animais
sedentários submetidos ao exercício agudo de natação............................................97
Figura 15. Relação GSSG/GSH média no gastrocnêmio de ratos submetidos ao
exercício agudo de natação........................................................................................98
Figura 16. Conteúdo médio de glutationa reduzida no gastrocnêmio de animais
treinados submetidos ao exercício agudo de natação..............................................100
Figura 17. Conteúdo médio de glutationa oxidada no gastrocnêmio de animais
treinados submetidos ao exercício agudo de natação..............................................101
Figura 18. . Relação GSSG/GSH média no gastrocnêmio de ratos treinados
submetidos ao exercício agudo de natação..............................................................102
Figura 19. Conteúdo médio de dissulfeto de glutationa no gastrocnêmio................104
Figura 20. Conteúdo médio de glutationa reduzida no gastrocnêmio.......................105
Figura 21. Relação média de GSSG/GSH no gastrocnêmio....................................106
Figura 22. Atividade GS-X no miocárdio de ratos treinados.....................................108
Figura 23. Atividade GS-X no gastrocnêmio de ratos treinados...............................109
Figura 24. Expressão de HSP70 em animais sedentários submetidos ao exercício
físico e seus respectivos controles...........................................................................111
Figura 25. Expressão de HSP70 e MRP1 em ratos treinados..................................112
Figura 26. Expressão média de HSP70 no miocárdio de ratos................................114
Tabela 27. Expressão de MRP1 em miocárdio de ratos...........................................115
Figura 28. Expressão de HSP70 em gastrocnêmio de ratos treinados....................116
12
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Isoformas de MRP. Atividade GS-X, transportadora de drogas e localização
no corpo......................................................................................................................62
Tabela 2. Metabolismo da Glutationa no miocárdio de ratos submetidos a exercício
físico agudo. ...............................................................................................................83
Tabela 3. Metabolismo da Glutationa no miocárdio de ratos submetidos a exercício
físico agudo após treinamento de natação. ...............................................................87
Tabela 4. Metabolismo da Glutationa no gastrocnêmio de ratos submetidos a
exercício físico agudo.................................................................................................95
Tabela 5. Metabolismo da Glutationa no gastrocnêmio de ratos submetidos a
exercício físico agudo após treinamento de natação.................................................99
Tabela 6. Atividade da bomba MRP1/GS-X no gastrocnêmio e miocárdio de ratos
treinados submetidos a exercício agudo de natação................................................107
Tabela 7. Expressão de HSP70 e MRP1 no miocárdio e gastrocnêmio de ratos
treinados...................................................................................................................114
13
LISTA DE ABREVIATURAS
ROS- Espécies reativas do oxigênio
GPx- Glutationa peroxidase
GSH- Glutationa Reduzida
GSSG- Dissulfeto de Glutationa
GST- Glutationa S-transferase
HSP – Heat shock protein (proteína de choque térmico)
LPO- Lipoperoxidação
MRP – Multi drug resistence protein (Proteína de multirresistência a drogas)
NO- Óxido nítrico
PMSF – Fluoreto de fenil metil sulfonila
Ql- Quimiluminescência
SOD – Superóxido Dismutase
TBA-RS – Substancias reativas ao ácido tiobarbitúrico
RNS- Espécies reativas do nitrogênio
ROI – Intermediários reativos do oxigênio
14
RESUMO
A relação entre as concentrações intracelulares de glutationa (GSH) e dissulfeto de
glutationa (GSSG), dita o estado redox celular que, por sua vez, modula a atividade de
muitos genes e proteínas sensíveis às alterações de potencial redox. As proteínas de
choque térmico (HSP) são fundamentais na defesa contra o estresse oxidativo e em
processos de reparo celular. Já a bomba GS-X codificada pelo gene MRP1 pode regular o
estado redox celular exportando dissulfeto de glutationa (GSSG), prevenindo o estresse
oxidativo. Nosso objetivo foi verificar a expressão de HSP70, da bomba MRP1 e sua
atividade, bem como o metabolismo da glutationa (GSH) no miocárdio e gastrocnêmio de
ratos submetidos ao exercício agudo e ao treinamento físico de natação. Ratos machos
Wistar, separados em controle e exercício (n=6; treinamento de uma semana, com carga de
5% do peso corporal na cauda, temperatura da água ± 30°C). Após o exercício os ratos
foram sacrificados e o músculo cardíaco e gastrocnêmio retirados. Para análise do estado
redox, foram utilizadas técnicas bioquímicas de análise do conteúdo intracelular de GSH e
GSSG; para análise da expressão de HSP70 e MRP1 foram utilizadas técnicas de SDS-
PAGE e Western blotting. A atividade da bomba MRP1 foi medida por técnicas
espectrofotométricas em membranas isoladas dos músculos em estudo. Os resultados foram
expressos como média ± desvio padrão da média. Foi utilizado o teste de análise de
variância complementado com o teste de comparações múltiplas de Student-Newmann-
Keus, para p <
0,05. Na análise do estado redox celular ([GSSG]/[GSH]), o miocárdio não
apresentou mudanças significativas, enquanto que o gastrocnêmio do grupo exercício
demonstrou aumento nesta modalidade indicando estresse (controle: 0,424± 0,056 e
exercício: 3,775 ± 0,466). Com relação à expressão de HSP70 (unidades arbitrárias), o
miocárdio não apresentou diferença, enquanto o gastrocnêmio do grupo exercício obteve um
aumento significativo (controle 0,602± 0,047 e exercício 0,807 ± 0,224). Na expressão da
MRP1, o coração apresentou diferença significativa (controle: 0,360± 0,028 e exercício:
0,800 ± 0,094), enquanto o gastrocnêmio não. A atividade da bomba MRP1 foi 21,4% maior
no coração, e essa atividade foi diminuída pelo treinamento em 27,76% em relação ao
controle. Os dados obtidos indicam que o miocárdio parece estar mais protegido do que o
gastrocnêmio contra o estresse oxidativo induzido pelo exercício por apresentar maior
expressão e atividade da bomba MRP1, uma vez que esta previne o acúmulo de GSSG
intracelular bombeando o mesmo para o exterior da célula.
15
ABSTRACT
The relation enters the intracellular concentrations of glutathione (GSH) and
gluthatione dissulfide (GSSG), said the cellular redox state that, in turn, it modulates
the activity of many genes and sensible proteins to the potential alterations redox.
The HSPs is basic in the defense against oxidative stress and in processes of cellular
repair. Already the MRP1 can regulate the cellular state redox exporting glutathione
disulfide (GSSG), preventing oxidative stress. Our objective was to verify the
expression of HSP70, MRP1 pump and its activity, as well as the metabolism of
glutathione (GSH) in the myocardium and gastrocnemium of rats submitted to the
acute exercise and the physical training of swimming. Male rats (Wistar), separate in
control and exercise (n=6; training of one week, whith load of 5% of the corporal
weight in the tail, temperature water ± 30°C). After the exercise the removed rats had
been sacrificed and cardiac muscle and gastrocnemium muscle. For analysis of the
redox state, had been used biochemical techniques of analysis of the intracellular
content of GSH and GSSG; for analysis of the expression of HSP70 and MRP1
techniques of SDS-PAGE and Western blotting had been used. The activity of MRP1
pump was measured by spectrophotometric techniques. The results had been
express as average ± shunting line standard of the average. The test of analysis of
variance was used complemented with the test of multiple comparisons of Student-
Newmann-Keus. In the analysis of the cellular redox state ([GSSG]/[GSH ]), the
myocardium did not present significant changes, while that the gastrocnemium of the
group exercise demonstrated increase in this modality indicating stress (control:
0,424± 0,056 and exercise: 3,775 ± 0,466). With relation to the HSP70 expression
(Unit. arbit.), the myocardium did not present difference, while the gastrocnemium of
the exercise group got a significant increase (0,047 control 0,602± and 0,807 exercise
± 0,224). In the expression of the MRP1, the heart control presented significant
difference (: 0,360± 0,028 and exercise: 0,800 ± 0,094), while the gastrocnêmio not.
The activity of MRP1 pump was 21.4% greater in the heart, and this activity was
diminished by the training in 27,76% in relation to the control. The gotten data
indicate that the myocardium seems to be more protecting than gastrocnêmio against
oxidative stress induced for the exercise for presenting greater expression and
activity of bomb MRP1, a time that this prevents the intracellular accumulation of
GSSG the same pumping for the exterior of the cell.
16
1. INTRODUÇÃO
O termo proteína de choque térmico (HSP, do Inglês, heat shock protein) tem
sido usado para um grupo de proteínas de expressão induzida por calor ou por outros
desafios metabólicos. A indução dessas proteínas é fundamental nos processos de
reparo que seguem diferentes tipos de danos e na prevenção da agregação de
proteínas não nativas, principal mecanismo através do qual as HSP conferem
citoproteção. A exposição prévia das células a condições estressantes, não-letais,
pode suscitar a síntese de HSP e proteger contra os efeitos lesivos de novas
exposições. Uma vez que o exercício físico é capaz de proporcionar condições
bastante semelhantes àquelas indutoras da síntese de HSP, é provável que a
expressão de HSP esteja relacionada com a prevenção de desnaturação protéica por
radicais livres, sendo qual se constitui em uma e das principais alterações
moleculares que levam a cardioproteção induzida pelo exercício.
O estresse oxidativo induzido por situações estressantes, como por exemplo,
de isquemia-reperfusão, levam ao aumento do conteúdo intracelular de glutationa
oxidada (GSSG) e a depleção de glutationa reduzida (GSH), alterando o estado redox
e logo a homeostase celular. Sabe-se que o aumento de GSSG e depleção de GSH
afetam a função de inúmeras proteínas por um processo conhecido como
glutatiolação (formação de pontes dissulfeto mistas), como, por exemplo, à bomba de
cálcio do retículo sarcoplasmático (SERCA) inativando-a e, com isso, aumentando o
conteúdo intracelular de cálcio, podendo ser então maléfica para a função cardíaca.
17
A bomba MRP1/GS-X (multidrug resistence protein 1), encontrada em diversas
células, inclusive no miocárdio e músculo esquelético, tem a capacidade de bombear
o conteúdo de glutationa oxidada para o meio extracelular, impedindo seu acúmulo e
com isso a manutenção do estado redox celular e com isso pode estar envolvida no
processo de cardioproteção.
Por estas razões, foi proposta a investigação do comportamento destas
variáveis (HSP70, MRP1 e metabolismo da glutationa) no miocárdio e músculo
esquelético de ratos em uma situação estressante de exercício físico agudo.
1.1 OBJETIVOS
Conforme discutido acima, HSP são induzidas pelo exercício e fazem
citoproteção. Entretanto o mecanismo de indução pelo exercício não está esclarecido.
Alterações de expressão e atividade da bomba MRP1 nunca foram investigadas em
exercício tampouco sua relação com a cardioproteção. Por esta razão, neste trabalho
propusemos investigar os aspectos da indução de HSP70 e MRP1 relacionada ao
exercício físico no miocárdio.
1.2 Objetivo principal
Caracterizar a correlação entre a indução da síntese de HSP e MRP1 no
músculo cardíaco e estresse oxidativo; sua comparação com o músculo
esquelético em resposta ao exercício agudo e treinamento e seu significado
fisiológico.
18
1.3 Objetivos específicos:
Avaliar a existência de expressão de HSP70, em resposta às alterações
cardiovasculares induzidas pelo exercício agudo e ao treinamento físico.
Avaliar a expressão e atividade da bomba MRP1/GS-x em resposta às
alterações cardiovasculares induzidas pelo exercício agudo e ao
treinamento físico.
Avaliar o estado redox através do metabolismo da glutationa.
Comparar as alterações destas variáveis no músculo cardíaco e no
gastrocnêmio.
1.4 Estratégia Experimental:
Avaliar em ratos sedentários (controles) e treinados (em natação) no miocárdio e
gastrocnêmio:
Expressão de HSP70;
Expressão e atividade da bomba MRP1/GS-X;
Determinação das concentrações intramusculares de GSH (glutationa reduzida),
GSSG (dissulfeto de glutationa ou glutationa oxidada) - (relação GSSG/GSH,
índice de estresse oxidativo).
1.5 JUSTIFICATIVA E IMPACTO SOCIAL
O exercício físico também é capaz de promover a síntese de proteínas de
estresse. Entretanto, o mecanismo exato de indução de HSP e seu papel na resposta
19
à injúria resultante do exercício ainda não estão totalmente esclarecidos. Sabe-se
que a HSP70 é uma provável candidata à cardioproteção induzida pelo exercício,
enquanto a MRP1, que jamais foi relacionada a esta função, pode ser uma das
proteínas mais importante em situações de estresse cardiovascular.
Como foi discutido anteriormente, o acúmulo de GSSG no interior da célula,
está diretamente relacionado com a perda da função de diversas proteínas essenciais
para a homeostase cardíaca. Por esta razão, qualquer fator que altere o conteúdo de
GSSG para menos, pode ser um mecanismo de cardioproteção.
Dado que a prática de atividades físicas é um fenômeno social indiscutível e
contribui para a promoção da qualidade de vida, a pesquisa e produção científica e/ou
acadêmica mostra-se plenamente justificável. Por isso, a relevância social do projeto
é óbvia, uma vez que o mesmo virá a contribuir para produção de conhecimento na
área de Fisiologia Humana e do Exercício. Além disso, a geração desse
conhecimento permitirá que o acompanhamento das adaptações orgânicas às
atividades físicas direcionadas ao tratamento de doenças crônico-degenerativas seja
feito de forma mais eficiente e racional.
20
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Estresse, proteínas de choque térmico e citoproteção
Diversas estratégias foram desenvolvidas pelas células para lidar com
mudanças adversas no ambiente. Entre essas, a resposta de choque térmico,
também referida como resposta ao estresse (WELCH, 1992), é a mais conservada
(LOCKE and NOBLE, 1995; FEHRENBACH and NIESS, 1999). Ela consiste na
rápida expressão de uma classe de proteínas conhecidas como proteínas de choque
térmico (LOCKE and NOBLE, 1995; FEHRENBACH and NIESS, 1999), que são
essenciais para a sobrevivência de células confrontadas com um agente ambiental
estressante (WELCH, 1992).
A natureza universal dessa resposta tem sido continuamente confirmada desde
sua descrição inicial por Ritosa em (1962), em células de glândula salivar de
Drosophila busckii. Segundo este autor, a sujeição das larvas deste inseto a um
choque térmico
1
, por 30 min, determinava uma alteração do padrão de espessamento
cromossomal
2
. Como esses espessamentos são locais de intensa atividade
transcricional, a mudança de padrão evidenciava que o choque térmico havia ativado
um conjunto de genes que determinavam a expressão de um grupo específico de
proteínas. Ritosa também demonstrou que a variação no padrão de espessamento
cromossomal ocorria quando a temperatura atingia rapidamente um valor limiar
1
Correspondendo ao aumento de 25 para 30
o
C na temperatura do ambiente em que
se desenvolvia a larva
2
Esta elevação de temperatura determinava, no cromossoma 2L, o surgimento de
espessamentos nas regiões 2L 14, 2L15 e 2L20, além da regressão do
espessamento normalmente existente em 2L 8.
21
determinado, e não em resposta a qualquer variação brusca de temperatura de
amplitude entre 5 a 6 °C (RITOSA, 1962).
O termo proteína de choque térmico (HSP
3
), ou simplesmente proteína de
estresse (SP
4
), tem sido usado para as proteínas induzidas por calor (LOCKE and
NOBLE, 1995), assim como por outros desafios metabólicos, incluindo análogos de
aminoácidos, vários metais pesados, agentes que atacam os grupos sulfidrila das
proteínas (como o arsenito de sódio), diversos ionóforos
5
e venenos metabólicos que
afetam a produção de ATP (Welch, 1992). A expressão de HSP também pode ser
induzida por estresse oxidativo, mecânico e por citocinas (FEHRENBACH and
NIESS, 1999). Muitos destes agentes estressantes têm em comum a capacidade de
afetarem de modo adverso à conformação correta e, conseqüentemente, a função
das proteínas (MINOWADA, 1995).
A importância das HSP para a manutenção da homeostase celular pode ser
avaliada pelo fato de estas proteínas constituírem uma classe altamente conservada,
desde procariotos até o homem (MEYER e DA SILVA, 1999). Elas podem ser
agrupadas por suas massas moleculares, em famílias, sendo as mais comuns:
HSP110, HSP100, HSP90, HSP70, HSP60 e HSP30 (27,28 e 30 e p
32
-heme-
oxigenase). Muitas destas famílias de proteínas têm sido identificadas em células de
mamíferos (FEHRENBACH and NIESS, 1999), sendo que o principal grupo de HSP
apresenta peso molecular de aproximadamente 70 kDa e ponto isoelétrico entre os
pH 5,2 e 6,3 (LOCKE, NOBLE and ATKINSON, 1991). Incluído neste grupo estão as
3
heat shock/stress proteins
4
stress proteins
5
proteína que funciona como canal iônico
22
proteínas conhecidas como reguladas pela glicose (GRP
6
) (LOCKE, NOBLE and
ATKINSON, 1991) que são induzidas por privação de glicose, influxo de cálcio,
exposição prolongada a hipóxia ou agentes que perturbam a N-glicosilação
(FEHRENBACH and NIESS, 1999).
As HSP não são induzidas apenas em condições de estresse. Há
componentes desta classe de proteínas que são expressos constitutivamente (HSC
7
),
ou seja, em células não submetidas a condições de estresse. As formas induzíveis,
quando expressas, se somam às constitutivas (MEYER e DA SILVA, 1999). Em
células eucarióticas, a família das proteínas de 70 kDa é composta primariamente
pela HSP70, que é uma proteína induzível de 72 kDa e da HSC70 que é uma
proteína constitutiva de 73 kDa. Os membros desta família possuem um domínio
capaz de ligar ATP e outro de ligar peptídeos, e se localizam tanto no compartimento
nuclear, como no citoplasmático (WELCH, 1992). Quando estas proteínas atacam
uma proteína desnaturada (dobrada de forma inadequada
8
) ou nascente (ainda não
dobrada
9
), estabelecem com estas uma ligação através do domínio ligante de
peptídeo com o objetivo de impedir agregação proteína-proteína. Como documentado
para a RNA-polimerase, a HSP70 desagrega e reativa as proteínas termicamente
danificadas. A energia liberada pela hidrólise do ATP é utilizada para separar a
proteína da HSP. A família HSP70 também auxilia no correto dobramento e
estabilização de polipeptídeos recém-formados, antes de estes assumirem seus
estados nativos. Em função destas características, as HSP70 são conhecidas como
6
glucose regulated proteins.
7
Heat Shock Cognates
8
misfolded
23
chaperonas moleculares
10
(WELCH, 1992; ESSIG and NOSEK,1997). As HSC70 são
encontradas em níveis relativamente altos na maioria das células. Em presença de
estresse e da desnaturação de proteínas, as HSC70 migram para o núcleo e
nucléolo, onde ligam a pré-ribossomas desnaturados ou que ainda não tenham
adquirido a conformação nativa. Acredita-se que HSC70 e HSP70 auxiliem na
estabilização de proteínas, sendo que a primeira agiria regularmente, em condições
não-estressantes, enquanto a segunda seria sintetizada para atender demandas
extras impostas à célula sob estresse (ESSIG and NOSEK,1997).
2.2 Heat shock factors e a regulação da resposta ao choque térmico.
Em células eucarióticas, a regulação dos genes HSP pelo calor requer a
ativação e translocação, para o núcleo, de uma proteína transregulatória, o HSF
(“heat shock factor”), que reconhece e liga-se a uma seqüência de elementos
localizada no promotor do gene HSP, denominada HSE (“heat shock element”)
deflagrando o processo de transcrição (SANTORO, 2000 e MEYER,1999). Uma
característica-chave do HSE é a presença de segmentos GAA/TCC arranjados
periodicamente, a intervalos de dois nucleotídeos. Os blocos GAA provavelmente
representam pontos de contato para o HSF, sendo que um HSE funcional inclui um
mínimo de três segmentos GAA, não-consecutivos. É possível que interações HSF-
DNA produtivas impliquem no dobramento dos sítios de ligação e que a presença de
múltiplos pontos de contato seja pré-requisito para que o fator induza tal dobramento
9
unfolded
10
do Inglês, chaperone = acompanhante
24
(AMIN et al. 1988). Em mamíferos, nos promotores dos genes das HSP70 e HSP90,
o HSE é composto por cinco e seis unidades pentaméricas, respectivamente, em
estreita proximidade com os elementos basais dos promotores (SANTORO, 2000).
Enquanto um único tipo de HSF foi descrito em fungos e em Drosophila, uma família
multigênica de HSF foi identificada em plantas e vertebrados. A presença de
diferentes HSFs na maioria dos eucariotos sugere que a interação entre eles deva ser
importante para proteger organismos complexos das diversas formas de alterações
ambientais (SANTORO, 2000).
Em um grande número de eucariotos, o HSF1 está presente tanto em células
submetidas, como não submetidas a diferentes tipos de estresse. Entretanto, na
ausência de estresse, o HSF1 é expresso na forma de um monômero inerte ligado à
HSP70 e a outras chaperonas. Na presença de um agente estressante capaz de
provocar um súbito aumento na presença de proteínas não-nativas, se estabelece
maior necessidade de chaperonas (HSP70, HSP90) para prevenir o surgimento de
agregados de proteínas desnaturadas. Conseqüentemente, as chaperonas
dissociam-se dos monômeros de HSF1, permitindo que estes assumam um estado
trimérico, sejam fosforilados nos resíduos de serina e translocados para o núcleo. A
partir deste momento, ligam-se aos HSEs, localizados a montante dos genes HSP,
resultando na transcrição induzida por estresse. Com o aumento da síntese de HSP,
é restabelecido equilíbrio inicial entre chaperonas livres e ligadas à proteínas não-
nativas. As HSP deslocam-se para o núcleo, ligam-se ao domínio ativador de
transcrição dos HSF1, reprimindo novamente o processo de transcrição de genes
HSP (SANTORO, 2000, FEHRENBACH and NIESS, 1999).
25
Além do HSF1, considerado o fator estresse-responsivo rapidamente ativado,
existem ainda o HSF2, 3 e 4. O HSF2 (co-expresso) é ativado em resposta a distintos
estímulos de desenvolvimento ou diferenciação; O HSF3, que mostra muitas
características semelhantes aos HSF1, é ativado principalmente por exposição a
temperaturas extremas e sob condições severas de estresse e parece ser importante
co-regulador do HSF1, aumentando a habilidade celular de regular com precisão a
resposta ao choque térmico; e finalmente, o HSF4, que parece ser regulador negativo
da resposta ao choque térmico, reprimindo a expressão dos genes HSP (SANTORO,
2000).
A ativação do HSF induzida por exercício observada em coração de ratos é
similar à ativação observada em coração de animais submetidos a choque térmico,
sugerindo que o exercício e o choque térmico induzem a expressão de HSP pelo
mesmo mecanismo geral. Em alguns casos, a temperatura interna do animal era
menor que a necessária para ativação por choque térmico, indicando que outros
fatores, além do calor, devem contribuir para a ativação do HSF pelo exercício
(FEHRENBACH and NIESS, 1999).
Embora a expressão de HSP seja regulada primariamente em nível
transcricional, mecanismos pós-transcricionais também devem ser importantes. O
mRNA de HSP70 é relativamente instável sob condições fisiológicas normais e é
quase indetectável através de Northern blot em músculos não submetidos a estresse.
Assim, quando o status fisiológico volta ao normal, a quantidade de mRNA de HSP70
viável é diminuída, determinando baixos níveis de transcrição (FEHRENBACH and
NIESS, 1999).
26
2.3 Papel citoprotetor das HSP
Apesar de a indução destas proteínas ter sido inicialmente interpretada como
um sinal para a detecção de estresse fisiológico, está bem estabelecido agora que a
indução é fundamental nos processos de reparo que seguem diferentes tipos de
danos e na prevenção contra a agregação e coagulação de proteínas não-nativas
(SANTORO, 2000), que é o principal mecanismo através do qual as HSP conferem
citoproteção, evitando dobraduras e interações incorretas entre as proteínas. Em
condições fisiológicas, os segmentos predominantemente hidrofóbicos das cadeias
polipeptídicas que formam as proteínas corretamente dobradas localizam-se no
interior da molécula, enquanto os segmentos hidrofílicos voltam-se para o exterior.
Esta disposição possibilita a solubilidade das proteínas em meio aquoso e impede a
formação de agregados que ocorreriam pela interação das partes hidrofóbicas de
diferentes moléculas (MEYER e DA SILVA, 1999).
O papel citoprotetor das HSP e, em particular, das HSP70, tem sido
extensivamente documentado tanto in vitro como in vivo, em uma variedade de
doenças humanas incluindo: distúrbios metabólicos, inflamação, infecção e isquemia.
No tecido cardíaco, diferentes tipos de agressões, incluindo isquemia miocárdica,
trauma e hipertermia, resultam na síntese de HSP, as quais desempenham um papel
central no restabelecimento da função cardíaca após injúria, tanto in vitro como em
modelos animais. No caso da inflamação, as HSP protegem as células de mamíferos
da citotoxicidade mediada pelos TNF
11
α e β. Também foi demonstrado que a
11
Tumor necrosis factor
27
expressão destas suprime a expressão de iNOS
12
(geradora de NO, um gás pró-
inflamatório) em células da astroglia. Em modelos da síndrome da angústia
respiratória do adulto (SARA) em roedores, o acúmulo induzido de HSP70 nos
pulmões está associado com uma diminuição da resposta inflamatória e prevenção
da letalidade desta doença. A expressão aumentada de HSP também está associada
com a inibição da replicação viral durante infecções agudas (SANTORO, 2000).
2.4 Outras Chaperonas
2.4.1 HSPs Pequenas
A ubiquitina provavelmente é a menor HSP (peso molecular de
aproximadamente 8kDa) sendo expressa em praticamente todas as células dos
mamíferos. É uma proteína altamente conservada que apresenta função na estrutura
da cromatina bem como na degradação de proteínas. Muitas proteínas intracelulares
são, antes de serem degradadas, ligadas covalentemente (em resíduos de lisina) e
modificadas pela adição de ubiquitina. O aumento de ubiquitina após o estresse
presumivelmente, facilita o endereçamento e remoção de proteínas desnaturadas
como conseqüência do evento estressante.
A HSP20 foi encontrada em tecido muscular esquelético de ratos constituindo
mais de 1,3% da proteína celular total do músculo e sua expressão é relacionada
com a contração muscular, especialmente em fibras de contração lenta.
Tem sido demonstrado, que a HSP27 é expressa tanto em tecido muscular
humano quanto de ratos. Ela se localiza no citossol em condições normais e é
12
inducible nitric oxide synthase
28
translocada ao núcleo em condições de estresse. Esta proteína é expressa em
concentrações relativamente baixas, porém em adição do estresse ela exibe uma
indução de sua expressão de 10 a 20 vezes maior que em repouso. As principais
funções relacionadas às HSP27 incluem a estabilização de microfilamentos e a
transdução de sinal das citocinas.
Outra importante HSP encontrada nos músculos estriados é a alfa-cristalina.
Esta se divide em duas isoformas: alfa A e alfa B. A primeira é expressa
principalmente no cristalino enquanto a segunda é expressa constitutivamente em
muitos tecidos diferentes e pode ser induzida pelo estresse fisiológico. Ambas
dividem o mesmo gene de origem; o tipo B atua como chaperona molecular tanto
para prevenir agregação de proteínas desnaturadas como para facilitar a renaturação
da mesma. Por esta razão, a tipo B pode desempenhar um papel fundamental no
desenvolvimento das células musculares.
2.4.2 HSP60
O músculo esquelético é capaz de expressar HSP60 sob condições de
estresse. Esta chaperona é encontrada no interior da mitocôndria, porem existem
evidências de que ela é sintetizada no citoplasma e então translocada à mitocôndria
onde é processada na sua forma madura. A HSP60 facilita o dobramento correto e a
montagem de proteínas endereçadas a entrar na mitocôndria. Também é capaz de
estabilizar proteínas sob situações de estresse. Essa proteína é expressa
constitutivamente em tecido muscular estriado e outras células em proporção ao
conteúdo mitocôndrial e é aumentada após estimulação elétrica crônica.
Recentemente tem se demonstrado que o treinamento de resistência aumenta sua
29
expressão de forma correspondente com a atividade enzimática mitocondrial
apresentada.
2.4.3 HSP90
As HSP90, são uma família de proteínas compostas por três subtipos: duas
intimamente relacionadas com isoformas citoplasmáticas (α e β) e uma proteína
reguladora da glicose (GRP94). A HSP90 é encontrada no citosol, núcleo e retículo
endoplasmático, e é relatada existindo em muitos tipos de células. Outra importante
atividade da HSP90 é a sua ligação com receptores de hormônios esteroidais não
ligados, incluindo receptores de estrógeno, progesterona, glicocorticóides e
andrógenos. A HSP90 apresenta um importante papel na regulação da atividade
destes receptores onde, na ausência do hormônio, ela se fixa e os inativa; após a
ligação do hormônio, ela se desliga dos receptores e permite que este seja
translocado ao sítio específico no DNA.
2.5 Radicais livres, estresse oxidativo e exercício
A prática diária de exercícios físicos de intensidade moderada é benéfica para a
saúde, reduzindo os riscos de diversas desordens relacionadas ao envelhecimento.
Por outro lado, exercícios intensos e prolongados têm efeitos adversos sobre a
saúde, provavelmente em função da excessiva geração de espécies reativas do
oxigênio (RADAK et al. 1999). De fato, o músculo esquelético gera consideráveis
quantidades de radicais livres durante contração muscular intensa (CLANTON e
30
KLAWITTER, 1999), assim como neutrófilos, eosinófilos e monócitos, em resposta ao
exercício vigoroso (NIESS et al. 1999).
Radicais livres são átomos ou moléculas que possuem um ou mais elétrons
desemparelhados e, em função disso, apresentam acentuada reatividade química.
Esta característica dá origem ao potente efeito oxidante desses radicais (que
facilmente subtraem elétrons de substâncias aceptoras), que é a base para seu efeito
destrutivo contra lipídios, proteínas, ácidos nucléicos e a matriz extracelular. Os
radicais livres de maior importância biológica são os radicais superóxido (O
2
-
),
hidroxila (OH
-
) e óxido nítrico (NO). Vários mecanismos enzimáticos envolvendo a
catálise por cobre ou ferro, são responsáveis pela geração destes radicais nos
sistemas biológicos. Derivados oxidantes secundários podem resultar da reação de
um radical livre com outro, como por exemplo, o peróxido de hidrogênio (H
2
O
2
), o
peroxinitrito (ONOO
-
) e o ácido hipocloroso (HOCl). Eles também contribuem para o
estresse oxidativo devido ao fato de apresentarem ainda maior toxicidade do que os
radicais livres originais. Uma distinção terminológica é feita entre as espécies reativas
do oxigênio (ROS
13
), que incluem os radicais de oxigênio (O
2
-
, OH
-
) e seus derivados
(H
2
O
2
e o átomo de oxigênio), e as espécies reativas do nitrogênio (RNS
14
), tais como
o NO e o ONOO
-
(NIESS et al., 1999).
O estresse oxidativo resulta do desequilíbrio entre a produção de oxidantes e as
defesas antioxidantes, o que pode ser conseqüência de condições como: isquemia-
reperfusão, hipóxia severa, estresse térmico severo, choque séptico e lesão induzida
13
Reactive Oxygen Species
14
Reactive Nitrogen Species
31
por distensão muscular. Essas condições podem levar a injúria e disfunção mecânica
(CLANTON e KLAWITTER, 1999).
Diversos mecanismos são apontados como responsáveis pela produção de
radicais livres durante a atividade física. No processo de fosforilação oxidativa
mitocondrial, a enzima citocromo oxidase catalisa a redução do oxigênio molecular, o
que corresponde a 90 a 98% do consumo de O
2
. O oxigênio restante (2 a 10%) sofre
redução incompleta, um processo que conduz à geração de superóxido (O
2
-
). Assim,
a quantidade absoluta de O
2
-
tende a aumentar como resultado do aumento do
consumo de oxigênio pelo músculo em contração (NIESS, et al. 1999).
Outro importante mecanismo de geração de O
2
-
é a atividade da xantina
oxidase
15
, que catalisa a conversão da hipoxantina em xantina, e esta em ácido úrico.
Esta enzima age normalmente como desidrogenase, utilizando nicotinamida adenina
dinucleotídeo (NAD
+
) como aceptor de elétrons. Entretanto, condições de proteólise
causada por distúrbios na homeostase do cálcio intracelular, estresse térmico e
oxidação de grupos tióis determinam sua conversão para a forma oxidase, a qual
forma O
2
-
durante sua ação catalítica. Tanto em condições de isquemia-reperfusão,
como de exercício de alta intensidade, ocorre acúmulo de adenosina monofosfato
(AMP) como resultado da ação da adenilato quinase, a fim de compensar a
ressíntese inadequada de adenosina trifosfato (ATP). A metabolização subseqüente
do AMP para inosina monofosfato (IMP) leva a um aumento dos níveis de
hipoxantina, a qual é o principal substrato da xantina oxidase. Além disso, a
perturbação da homeostase do cálcio celular permite a conversão da xantina
15
Enzima localizada predominantemente no endotélio vascular
32
desidrogenase para sua forma oxidase e, portanto, aumenta a quantidade de O
2
-
produzido durante e após o exercício (NIESS, et al. 1999).
Finalmente, um mecanismo adicional de formação de ROS é a conversão de H
2
O
2
para o radical muito mais agressivo OH
-
, via reação de Fenton, na presença de ferro.
A extensão da geração de OH
-
depende principalmente da disponibilidade de ferro
livre. O exercício exaustivo parece estar associado a uma liberação aumentada de
ferro das hemo e mioglobinas, ou de seus produtos de degradação, como resultado
de danos ao tecido muscular. O cobre, catalisador na reação Haber-Weiss, também
pode contribuir para a formação aumentada de OH
-
(NIESS et al, 1999).
Os radicais livres podem agir como sinalizadores em diversos tipos de células
(JACKSON, 1999; CLANTON, ZUO e KLAWITTER, 1999) e o conhecimento dos
mecanismos através dos quais eles influenciam a expressão gênica é de importância
particular nos tecidos que, como o músculo esquelético, são sistematicamente
expostos a uma quantidade variável de estresse oxidativo (JACKSON, 1999).
Especula-se que os radicais livres, através da indução de fatores de transcrição
sensíveis ao estado redox da célula, como o NF-κB e a AP-1
16
, tenham importante
papel na efetivação das adaptações ao treinamento físico. Corrobora com esta idéia o
fato de que a geração intracelular de ROS, por estímulos patogênicos ou
inflamatórios, resulta na degradação da subunidade inibitória I-κB do NF-κB,
permitindo que este ligue às seqüências reguladoras da expressão de genes-alvo. No
entanto, o papel, no exercício, da ativação do NF-κB e do AP-1, pelas ROS, é pouco
conhecido (NIESS et al. 1999).
33
Antagonizando os efeitos das ROS, os sistemas de proteção antioxidantes do
corpo, assim como os antioxidantes alimentares, modulam diversos processos de
sinalização sensíveis ao estado redox da célula. Esses sistemas, que incluem as
enzimas superóxido dismutase (SOD – que dismuta o O
2
-
em H
2
O
2
), catalase (CAT-
que transforma H
2
O
2
em H2O), glutationa peroxidase (GSPx- que reduz peróxidos
orgânicos na presença de GSH), heme oxigenase-1 (HO-1) e outras proteínas de
choque térmico (HSP), podem ser influenciados tanto pelo esforço físico agudo como
pelo treinamento (NIESS et al. 1999).
Os antioxidantes dietéticos, como o α-tocoferol e o ácido ascórbico, podem
exercer efeitos moduladores sobre o sistema imune, suprimindo a produção de várias
citocinas inflamatórias e também inibindo a expressão de iNOS nos macrófagos. No
entanto, o efeito protetor destas manipulações sobre os danos musculares induzidos
pelo exercício não é claro. Outro aspecto que também merece consideração no que
diz respeito ao uso de antioxidantes dietéticos é que não se pode excluir a
possibilidade de que, em grandes doses, eles possam ser contra-produtivos para o
processo de regeneração do músculo, que parece depender de um certo nível de
estresse oxidativo. Desta forma, é preciso considerar a necessidade de manutenção
de níveis ótimos de α-tocoferol e ácido ascórbico (NIESS et al. 1999).
A influência de exercícios agudos e crônicos sobre a atividade da SOD, CAT e
GSPx foi investigada em vários tecidos. A SOD, uma metaloproteína localizada
primariamente no citoplasma e mitocôndrias de células de mamíferos, catalisa a
conversão (dismutação) de superóxido (O
2
-
) em peróxido de hidrogênio (H
2
O
2
) e
16
Activator protein-1= dímero de fos+jun
34
oxigênio. A CAT remove o H
2
O
2
pela conversão deste em água e oxigênio. A GSPx é
uma enzima que catalisa a redução de H
2
O
2
e peróxidos de ácidos graxos em água e
dissulfeto de glutationa (também conhecida como glutationa oxidada, GSSG),
utilizando GSH como doador de elétrons. A GSSG é regenerada a GSH numa reação
em que o NADPH é o agente redutor. Resumidamente, o exercício vigoroso agudo
aumenta a atividade da SOD no músculo esquelético, coração, pulmão, fígado e
células sangüíneas vermelhas. Embora tenham sido detectados efeitos estimulantes
do exercício sobre a GSPx, a influência do exercício agudo sobre a esta enzima ainda
é inconsistente. O treinamento físico, por sua vez, parece induzir a atividade da GSPx
e da SOD, embora não tenham sido demonstrados efeitos deste tipo de intervenção,
sobre a atividade da CAT. Em leucócitos humanos, até o presente, não há dados
disponíveis sobre mudanças na atividade de SOD, CAT ou GSPx, relativas ao
exercício (NIESS et al. 1999).
A heme-oxigenase possui duas isoformas: a HO-1 (32 kDa), que é induzível, e a
HO-2, que é constitutiva. A elevação da expressão de HO-1 protege a célula contra o
estresse oxidativo reduzindo o polo intracelular de ferro livre, via indução da síntese
de ferritina, se opondo à geração de ROS através da reação de Fenton. Além disso, a
HO-1 catalisa a etapa inicial na degradação de heme a bilirrubina, um potente
antioxidante hidrossolúvel. Aumentos na expressão de HO-1, em função de exercício,
foram demonstrados em músculos de camundongos e em monócitos, linfócitos e
granulócitos humanos. Além disso também foi observado que a expressão basal de
HO-1 em leucócitos foi menor em indivíduos treinados do que em não treinados,
35
sugerindo um estado pró-oxidante mais baixo nas células, devido a adaptações ao
treinamento físico (NIESS et al. 1999).
A HSP70 também parece proteger contra o estresse oxidativo. No entanto,
apenas a geração intracelular, e não a exposição extracelular às ROS, aumentam as
HSP70 citoplasmáticas. Com relação aos efeitos protetores da HO-1 e da HSP70, a
expressão aumentada dessas proteínas de estresse deve ajudar a manter a
viabilidade, função e capacidade proliferativa de células imuno-competentes, durante
e após o exercício vigoroso (NIESS et al. 1999). Como a ativação de vias das HSP
bloqueia a ativação do NF-κB, é possível que a expressão de HSP esteja relacionada
à modulação da atividade de citocinas inflamatórias.
O envolvimento do NF-κB na expressão de citocinas inflamatórias e,
conseqüentemente, de seus efeitos moduladores sobre os processos inflamatórios
agudos e crônicos, é importante do ponto de vista fisiopatológico. Discute-se o papel
dos antioxidantes como opção terapêutica, devido a um efeito inibitório sobre o NF-
κB, o qual têm sido observado, quando se administra ácido ascórbico e outros
antioxidantes (NIESS et al. 1999).
O aprimoramento das defesas antioxidantes em resposta ao condicionamento
muscular também sugere uma estreita relação entre as espécies reativas de oxigênio
e a atividade contrátil (NIESS et al. 1999).
36
2.6 NO, HSP e proteção contra injúria tecidual
O óxido nítrico é um radical livre gasoso, pequeno e relativamente estável que
prontamente se difunde nas células, onde reage com alvos moleculares. Apesar de
servir como uma molécula sinalizadora-chave em diversos processos fisiológicos (e.g.
defesa imunológica, comunicação neuronal e regulação vascular), pode causar ou
contribuir para condições fisiopatológicas (e.g. choque vascular, diabetes,
neurodegeneração, artrite e inflamação crônica) quando sua síntese é desregulada e
excessiva (GROSS et al. 1995).
Em mamíferos, como resultado de seus efeitos antimicrobianos, o NO e outros
RNS estão envolvidos na defesa do organismo (“host defense”). A enzima
responsável pela síntese de NO, nestas situações, é a NO sintase induzível (iNOS
17
),
que é expressa em monócitos, macrófagos, linfócitos T, neutrófilos, eosinófilos e
células mesangiais, do sistema imunológico humano. Níveis normais de NO também
são necessários para vários outros mecanismos fisiológicos, incluindo as funções de
sinalização, mas sua produção excessiva pode ter efeitos prejudiciais para as células.
No metabolismo energético, os complexos efeitos do NO incluem a inibição da
NADH-ubiquinona e da succinato-ubiquinona-oxirredutase, na cadeia respiratória
mitocondrial, e da gliceraldeído-3-fosfato desidrogenase, na glicólise (NIESS et al.
1999).
Uma ampla variedade de fatores, ativadores e inibidores, foram identificados como
moduladores da expressão de iNOS, através dos quais, várias citocinas
desempenham seu papel. A expressão de iNOS, in vitro, pode ser estimulada pela
37
combinação de IFN-γ, TNF-α e IL-β. IL-8 e IL-6 têm um efeito mais inibitório, o qual
pode ser entendido como um importante mecanismo de feedback na regulação da
iNOS (NIESS et al. 1999) e dos efeitos do NO.
A influência do exercício físico sobre a expressão de iNOS e produção de NO em
células imunocompetentes ainda é pouco conhecido. Foi demonstrado que a corrida
exaustiva em esteira em uma intensidade de 110% do limiar anaeróbio individual
(IAT), em homens não-treinados, resultou em aumento na expressão de iNOS em
neutrófilos e linfócitos, o qual persistiu por 48 h após o exercício. Uma expressão
aumentada de iNOS também foi observada imediatamente após uma corrida de meia-
maratona. Uma vez que o NO não foi determinado nesses estudos, não se sabe se a
expressão aumentada de iNOS se traduz em um aumento relevante na geração de
NO pelos leucócitos. Além disso, o exato mecanismo levando a um aumento na
expressão de iNOS, em função do exercício, não está claro. Fatores que produzem
uma liberação aumentada de citocinas, como IFN-γ, TNF-α ou IL-1β, sob estresse
físico, podem estar envolvidos na produção aumentada de NO (NIESS et al. 1999) e
precisam, portanto, ser investigados.
Segundo Veseley et al. (1998), no tecido muscular esquelético, a HO-1 parece ser
induzida apenas por exercício ou estimulação elétrica in vivo. Estes autores,
estudando os efeitos da hemina e do nitroprussiato de sódio em células da linhagem
de mioblastos esqueléticos de rato L6G8, observaram um aumento tempo e dose-
dependente na atividade de HO-1. O efeito do nitroprussiato de sódio, por sua vez,
17
inducible NO-synthase
38
era reduzido pela co-incubação com hidróxi-cobalamina, sugerindo que o NO deve
estar envolvido na ativação do gene que codifica para HO-1.
A adenosina e o óxido nítrico, substâncias vasoativas candidatas para a regulação
local do fluxo de sangue no músculo esquelético, aumentam nas células musculares
e no fluido intersticial durante o exercício. Além disso, as enzimas responsáveis pela
formação destas duas substâncias, AMP 5’-nucleotidase e a NOS, também estão
ativas durante a contração muscular. Evidências in vivo, como in vitro, sugerem que o
aumento na concentração intersticial de adenosina, induzido por contração, resulta da
síntese extracelular mediada pela AMP 5’-nucleotidase extracelular ligada à
membrana. Ainda não está claro se a indução da formação de óxido nítrico no
músculo se origina da NOS endotelial, localizada no endotélio microvascular, ou da
NOS neuronal (nNOS) das células nervosas e fibras musculares. Evidências
funcionais do papel da adenosina no controle do fluxo sangüíneo muscular se apóiam
em estudos utilizando agonistas e antagonistas do receptor de adenosina, adenosina
desaminase ou inibidores da captação de adenosina. A maioria destes estudos foi
realizada em animais de laboratório e, ainda que estes resultados mostrem alguma
discrepância, a maioria indica que a adenosina participa na regulação do fluxo
sangüíneo muscular. Em humanos, ainda faltam evidências que confirmem este papel
da adenosina. O papel do NO para a fisiologia do músculo esquelético tem sido
estudado com inibidores de NOS. A despeito do grande número de estudos nesta
área, o papel do NO no aumento do fluxo de sangue muscular induzido por contração
ainda é incerto. A maioria dos estudos, mas não todos, em humanos e animais
mostraram que, embora o bloqueio da NOS reduza o fluxo muscular de sangue no
39
repouso, e durante a recuperação do exercício, não há nenhum efeito deste bloqueio
sobre o aumento da perfusão muscular durante o exercício. Ainda não existem
evidências conclusivas sobre os mecanismos subjacentes ao aumento multi-fase do
fluxo sangüíneo muscular durante o exercício, assim como sobre o papel e potência
das diversas substâncias vasoativas (RADEGRAN & HELLSTEN, 2000).
O exercício também provoca estresse oxidativo através da geração aumentada de
intermediários reativos do oxigênio (ROI
18
) no músculo, assim como no sistema
hematopoiético. A elevação de temperatura induzida pelo exercício também pode
provocar o estresse oxidativo, uma vez que Salo et al. observaram que, com o
aumento da temperatura, as mitocôndrias musculares sofriam um progressivo
desacoplamento com geração aumentada de ROI.
Um papel para os intermediários reativos do oxigênio, produzidos primariamente
como conseqüência do elevado ritmo de respiração mitocondrial é postulado na
fadiga muscular. Considerando a capacidade potencial dos intermediários reativos do
oxigênio de danificarem as proteínas intracelulares durante séries consecutivas de
contrações musculares, a capacidade de rotas antioxidantes preexistentes pode ser
complementada pela síntese de HSP. Aumentos no mRNA de HO-1, em particular,
devem fazer parte de uma rota antioxidante induzível no músculo esquelético que é
responsiva ao estresse metabólico associado com contrações musculares repetidas
(FEHRENBACH and NIESS, 1999).
A ativação de neutrófilos descritas após exercício e um aumento dos produtos de
peroxidação lipídica sugerem que o estresse oxidativo desempenha um papel
40
importante nas mudanças induzidas pelo exercício nas células hematopoiéticas. Em
particular, a proteína HO-1 antioxidante é induzida por hipóxia e estresse oxidativo.
Uma rota redox-sensível faz a mediação de pelo menos parte da indução do gene de
HO-1 por hipóxia em miócitos cardíacos. Foi observado que a indução de HO-1 em
leucócitos após exercício de endurance extenuante de longa duração se correlaciona
com a concentração plasmática aumentada de interleucina-8, um indicador da
ocorrência de intermediários reativos de oxigênio in vivo. Estes resultados permitem
considerar o estresse oxidativo como um estímulo potencial para a expressão de HSP
associada ao exercício (FEHRENBACH and NIESS, 1999).
Segundo Salo et al. (1991) a hipertermia do exercício provocaria o
desacoplamento mitocondrial, elevando a concentração de ubisemiquinona e
aumentando a concentração de superóxido (O
2
-
). Este ânion e o peróxido de
hidrogênio (H
2
O
2
), subseqüentemente formado, podem ser responsáveis pela
expressão aumentada de HSP70 e de outras HSP.
2.7. Proteínas de Choque Térmico e Citoproteção no Miocárdio
Diversos mecanismos de citoproteção cardíaca estão associados à expressão de
HSP, a maior parte da atenção é voltada para os processos que envolvem a morte
celular programada – apoptose. A maior via da apoptose envolve a liberação da
citocromo C da mitocôndria. Esta se liga a uma proteína conhecida como Apaf-1 e
desencadeia a sua oligomerização. O complexo formado, então atrai a pro-forma da
18
Reactive oxygen intermediates
41
enzima proteolítica caspase-9 que é clivada e passa a sua forma ativa, e por meio
disso inicia-se o processo apoptótico. Interessantemente, diferentes tipos de HSP têm
demonstrado inibir este processo em diferentes pontos. Foi demonstrado que a
HSP27 é capaz de ligar-se a citocromo-c e prevenir sua ligação a Apaf-1 (GARRIDO
et al, 1999; BRUEY et al, 2000). Inversamente, a HSP90 se liga a Apaf-1 e previne
sua ligação a citocromo-c (PANDEY et al, 2000), enquanto a HSP70 previne a já
oligomerizada Apaf-1 de recrutar a pro-caspase-9 (BEERE et al, 2000; SALEH et al,
2000).
Além de seu efeito anti-apoptótico mediado por caspases, a HSP70 parece
apresentar mecanismos independentes de caspases (JÃÃTTELÃ et al, 1998). A
capacidade da HSP70 de inibir a quinase C-Jun N-terminal (Jnk kinase), indutora de
apoptose, parece ser a maneira independente de caspase pela qual a HSP70 inibe a
morte celular programada (GABAI et al, 2000; PARK et al, 2001). Já foi demonstrado
que o aumento da expressão de HSP70 em células cardíacas protege a célula da
apoptose em decorrência de estímulos estressores como calor e isquemia (BRAR et
al, 1999).
Além deste efeito inibidor de apoptose, as HSP`s apresentam outros efeitos de
proteção como, por exemplo, já foi demonstrado que a HSP27 pode proteger a
integridade dos microtúbulos e do citoesqueleto de actina em miócitos e células
endoteliais expostas à isquemia (BLUHM et al, 1998; LOKTIONOVA et al, 1998).
Além disso, a HSP90 tem demonstrado ligar-se a óxido nítrico sintase endotelial
(eNOS) e estimular sua atividade (GARCIA et al, 1998), enquanto o aumento da
expressão da HSP70 aumenta a produção e NO em resposta à estimulação de
42
citocinas (BELLMAN et al, 2000). Essas observações são particularmente
interessantes em vista das observações de que angina instável ativa ambas HSP72 e
eNOS no coração humano (VALEN et al, 2000), enquanto o NO protege as células
em cultura da morte induzida pelo TNF-α por induzir a expressão de HSP70 (KIM et
al, 1997).
Pelo fato de as HSP, em particular a HSP70, protegerem a célula via múltiplos
mecanismos regulatórios, é possível que estes efeitos possam ser utilizados
terapeuticamente.
2.8 Regulação da Expressão de HSP70 no Miocárdio durante o Exercício
Com relação à sinalização e ativação do HSF1, ativador da expressão de
HSP70, Russo et al (1984) foram os primeiros a observarem que a depleção do
conteúdo de glutationa resultava em concomitante aumento da expressão de HSP70.
A partir deste momento, muitos outros trabalhos utilizando diversos modelos
diferentes de manipulação do conteúdo intracelular de GSH (logo do estado redox da
célula cardíaca) demonstraram que a oxidação e depleção de grupos tiols não
protéicos levavam a ativação do HSF1 (Freeman et al, 1995; Hatayama et al, 1999;
Huang et al, 1994; Jacquier et al, 1996; Liu et al, 1996; Zou at al, 1998) e levaram a
hipótese de que a oxidação de grupos tiols levaria a ativação de HSF1. No entanto,
em um estudo realizado por PAROO (2002), foi verificado que em ratos exercitados
durante uma hora a 30m/min por 60 minutos, não havia correlação entre o conteúdo
de glutationa e a ligação do HSF ao HSE, uma vez que neste exercício não houver
alterações no estado redox celular do coração, mas ainda assim ocorreram ativação e
43
ligação do HSF. Aparentemente, esta relação entre depleção de grupos tiols e HSF1
ocorre apenas em situações farmacológicas e não em fisiológicas.
Sessões de exercício agudo são associadas com um aumento da recuperação
funcional, melhora da contratilidade e preservação da função metabólica durante a
injúria causada por isquemia-reperfusão (PAROO, NOBLE et al, 2002; LOCKE,
1995). Entre os mecanismos moleculares envolvidos nesta citoproteção está a
expressão de HSP70, uma proteína intracelular chave na restauração dos danos
causados pelo estresse isquêmico, facilitando a recuperação do coração ao seu
estado funcional normal (BENJAMIN et al, 1998).
Diversos trabalhos têm indicado que a simples ligação HSF1-HSE no DNA não é
suficiente para induzir a ativação transcripcional do HSF1, sugerindo um evento
adicional na regulação deste fator de transcrição (JURIVICH et al, 1992). Acredita-se
que a hiperfosforilação do HSF1 em seus resíduos de serina seguida de sua ligação
ao HSE inicie sua atividade (XIA et al, 1997).
A proteína quinase C ou PKC (quinase dependente de cálcio-fosfolipídeo) e a
proteína quinas A ou PKA (quinase dependente de AMPcíclico), medeiam muitos
processos de fosforilação em células cardíacas. Durante o exercício, níveis elevados
de catecolaminas no plasma e coração levam ao aumento da atividade da PKC E
PKA, e estas participam na regulação de processos de mobilização de substratos
energéticos, mudanças de fluxo iônico, desenvolvimento de força contrátil bem como
da expressão gênica (SUGDEN et al, 1995; FRANCIS et al, 1982). Já foi
demonstrado que a administração de agonistas β-adrenérgicos que aumentam a
atividade da PKA, potencializam a expressão de HSP70 durante uma sessão aguda
44
de exercício (PAROO et al, 1999), enquanto que autores demonstraram que o
tratamento com inibidores de PKC diminuía a cardioproteção induzida pelo exercício
(YAMASHITA et al, 2001).
A administração do inibidor de PKA (H-89), atenuou a elevação do RNAm da
HSP70 e subseqüente expressão de HSP70 induzida pelo exercício. Em contraste, a
administração do inibidor de PKC (CHEL) não afetou a formação de RNAm da HSP70
bem como seu acumulo intracelular. Isso sugere que, ao contrário do que ocorre em
cultura de células e com o uso de outros agentes estressores, a regulação do gene
da HSP70 no exercício agudo depende apenas da PKA, e não de ambas (MELLING
& NOBLE, 2004).
É sabido que a ativação do HSF1 envolve uma série complexa de eventos
regulatórios, que incluem a localização nuclear, oligomerização, ligação ao HSE e
finalmente à transcrição do gene (SARGE et al, 1993; WESTWOOD et al, 1991). No
entanto, em adição a estes eventos, muitos estudos têm sugerido outro mecanismo
de controle: a regulação da atividade de transcrição do HSF1 (JURIVICH et al, 1992;
BRUCE et al, 1993).
Numerosos estudos demonstraram que a hiperfosforilação induzida do HSF1,
seguida de sua ligação ao HSE dá inicio a sua atividade. As evidencias deste
mecanismo baseiam-se em estudos que demonstram a redução da eletromobilidade
reduzida do HSF1, após um tratamento com fosfatases (SARGE et al, 1993). Estas
observações sugerem que a fosforilação seja um mecanismo importante para a
translocação do HSF1 ao núcleo, e não a sua ativação efetiva.
45
Em estudos com cultura de células, o inibidor da PKC atenuou a fosforilação do
HSF1 e a subseqüente transcrição do gene da HSP70 (OHNISHI et al, 1999). A
importância da fosforilação como mecanismo regulatório da ativação do HSF1ainda
não é esclarecida, mas estudos recentes demonstraram que a ativação do HSF1
ocorre mesmo na ausência da fosforilação. Provavelmente, o exercício induz
mecanismos regulatórios intracelulares diferentes dos que controlam a ativação do
HSF1 na resposta ao choque térmico. Recentemente foi sugerido que a fosforilação
do HSF1 só seria necessária para a máxima ativação transcripcional (HOLMBERG et
al, 1998).
Foi demonstrado que a fosforilação dos resíduos de serina 303, 307 e 363
diminuem a ativação do HSF1 ao invés de ativá-lo (KNAUF et al, 1996; KLINE et al,
1997). A via repressiva da fosforilação da ser303 e 307 na regulação da atividade do
HSF1 é um potencial alvo para a proteína quinase ativada por mitógenos (MAPK) por
sua capacidade de fosforilar estes resíduos (XAVIER et al, 2000; CHU et al, 1998).
Foi demonstrado que a ativação de MAPK e ERK1/2, diminuem a atividade
transcripcional do HSF1, mas não alteram a sua localização, oligomerização nem a
sua ligação ao DNA (CHU et al, 1996). Estudos com a PKA demonstraram que ela
participa de inúmeras vias de sinalização das MAPK`s, incluindo ERK ½ (HAFNER et
al, 1994; DUMAZ et al, 2003).
Outras modificações pós-translacionais além da fosforilação podem participar na
regulação da atividade do HSF1. KIANG et al (1994, 1998), demonstrou a
participação dos níveis de cálcio intracelular na regulação da expressão do gene da
HSP70. Estes estudos demonstraram que o uso de quelantes de cálcio (BAPTA-AM)
46
atenua a elevação de RNAm de HSP70 bem como sua síntese em células cardíacas.
No coração, a PKA é o principal regulador de cálcio intracelular através da
fosforilação dos canais de cálcio tipo-L (PELZER et al, 1990; KEEF et al, 2001).
A maioria dos trabalhos que examinaram a regulação da cardioproteção mediada
por HSP70, eram focadas na PKC. Estes estudos demonstraram que a OKC é
essencial para os processos de cardioproteção, mas as evidencias da sua relação
com a expressão de HSP70 não eram conclusivas (YAMASHITA et al, 1997;
KUKREJA et al, 1999; JOYEUX et al, 1997). Em um estudo de MELLING & NOBLE
(2004), foi sugerido que a PKC não estaria envolvida nos eventos iniciais da ativação
do gene da HSP70, mas 24 horas após o exercício se faria importante, levando a um
mecanismo de proteção posterior à célula cardíaca.
Outro fator indutor da síntese de HSP70 no miocárdio e esquelético são as
mudanças bruscas de temperatura. Com o objetivo de verificar a influência da
temperatura na expressão de HSP70 em uma sessão aguda de exercício, KIM et al
(2004), realizaram um experimento com ratos Sprague-Dawley divididos em três
grupos de exercício (esteira, 17m/min, 0% de inclinação) em diferentes condições
ambientais: frio (11°C), controle (23°C) e quente (41°C). Após o exercício, a
temperatura retal dos animais foi aumentada nos grupos exercício controle e quente,
mas apresentou uma pequena queda no grupo frio. O tempo de exaustão dos animais
variou em 44±18 min (calor), 55.4±11min (frio) e 102±39min (controle). A expressão
de HSP70 foi aumentada nos grupos exercício controle e exercício calor,
permanecendo inalterada no frio. Estes dados sugerem que as temperaturas internas
aumentadas levam a expressão aumentada de HSP70.
47
A indução de HSP70, pelo exercício, segundo Locke et al. (1995), confere ao
miocárdio uma melhor recuperação pós-isquêmica e deve ser responsável, pelo
menos em parte, pela proteção miocárdica associada ao exercício. Em concordância
com estes autores, Powers et al. (1998) sustentam que, em ratos, a melhora da
contratilidade e a redução da peroxidação lipídica no miocárdio submetido a
condições de isquemia/reperfusão, in vivo, parece estar relacionada com aumentos
na concentração de HSP70 e na atividade das enzimas superóxido dismutase (SOD)
e fosfofrutoquinase (PFK), induzidos pelo treinamento de resistência
19
. Locke et al.
(1995), examinando a ativação do HSF no coração de ratos Sprague-Dawley
submetidos a corrida em esteira (24 m/min) por períodos de 0, 20, 40 ou 60 min ou
até a exaustão (102 ± 7 min), observaram que esta ocorria em 80% dos animais que
corriam pelo menos 40 min. Em contraposição, Taylor et al. (1999) observaram que
sessões agudas de exercício podem ter efeitos cardioprotetores sem elevação
concomitante de HSP70.
A intensidade do exercício parece ser um fator crítico na evocação da resposta
cardioprotetora da HSP70, conforme demonstrado por Noble et al. (1999). Estes
autores examinaram a possibilidade da corrida espontânea de ratos em uma roda,
conferirem uma resposta similar àquela observada em resposta ao exercício forçado
em esteira. Eles relataram que os níveis de HSP70 eram quatro vezes maiores, em
ambos os ventrículos dos animais forçados a correr na esteira, em comparação com
o ventrículo direito dos ratos que se exercitavam espontaneamente, mesmo que
19
endurance
48
ambos tenham corrido uma distância similar. A expressão de HSP73 e HSP75, por
outro lado, não eram diferentes entre os grupos.
Para determinar os efeitos do exercício sobre a expressão de HSP70 em corações
submetidos à isquemia-reperfusão, TAYLOR et al (1999) utilizou ratas Sprague-
Dawley divididas em 1 dia de corrida (1DR), três dias (3DR), 1 dia no frio de 8°C
(1CR), sedentárias e sedentários com choque térmico (HS). O exercício era composto
de 100min a uma velocidade de 20m/min com 6° de inclinação. Os corações eram
isolados e a isquemia induzida; após esta, eram recuperados por 30 min e os dados
eram coletados. Em todos os parâmetros, o coração dos animais exercitados se
encontravam recuperados do estresse da isquemia-reperfusão, no entanto, os valores
de HSP72 nos grupos sedentários, HS, 1DR e 3DR, mas não em CR. A partir destes
dados, os autores concluíram que o exercício produz cardioproteção sem a elevação
dos níveis de HSP72.
2.9 Músculo esquelético, exercício e expressão de HSP
Células submetidas a estresse podem sobreviver ou morrer dependendo do tipo
de célula, do tipo e intensidade do estresse e de outros fatores. A exposição prévia
das células a condições estressantes não-letais pode suscitar a síntese de HSP e
proteger contra os efeitos lesivos de novas exposições (MEYER e DA SILVA, 1999).
O exercício físico de duração e intensidade adequadas é um estresse capaz de
perturbar a homeostasia celular e proporcionar estímulos como elevação de
temperatura, diminuição de pH, aumento da concentração de íons cálcio e diminuição
da disponibilidade de oxigênio (COYLE et al., 2000), assim como a redução das
49
reservas de glicogênio (FEHRENBACH and NIESS, 1999). Essas condições são
bastante semelhantes àquelas capazes de ativar o HSF e promover a síntese de HSP
(LOCKE and NOBLE, 1995; FEHRENBACH and NIESS, 1999). Na verdade, vários
autores afirmam que o exercício é um estímulo adequado para promover aumentos
na expressão de proteínas de estresse (LOCKE and NOBLE, 1995; ESSIG and
NOSEK, 1997; FEHRENBACH and NIESS, 1999). Em consonância com esta
afirmação está a observação de que o ritmo de síntese de HSP70 aumenta, tanto no
sóleo como no extensor longo dos dedos, após uma única sessão de exercício
(HERNANDO e MANSO, 1997). Também foram observados níveis aumentados de
mRNA codificando para HSP70, em função do exercício, choque térmico e estresse
oxidativo, em músculo cardíaco e esquelético (FEHRENBACH and NIESS, 1999).
Algumas HSP são sintetizadas com o aumento da duração do exercício, enquanto
outras são sintetizadas apenas em condições de exaustão ou próximo a ela (LOCKE
and NOBLE, 1995). Febbraio e Koukoulas (2000) examinaram o efeito do exercício
até a exaustão sobre a expressão do mRNA codificando para HSP70 em cinco
homens saudáveis que pedalaram até a exaustão numa intensidade de 63% da
captação máxima de oxigênio. Foram obtidas amostras do músculo vasto lateral e
medida a temperatura muscular em repouso, aos 10 min de exercício,
aproximadamente 40 min antes da fadiga (144 ± 7 min) e no momento em que
ocorreu a fadiga (186 ± 15 min). A temperatura muscular aumentou inicialmente (10
min) e então se manteve estável até o final do exercício. A concentração de lactato
também aumentou inicialmente (10 min), mas não era diferente dos valores de
repouso 40 min antes e no momento em que ocorreu a fadiga. O conteúdo de
50
glicogênio muscular, por sua vez, diminuiu progressivamente ao longo do exercício,
passando de 486 ± 74 mmol/kg de peso seco no repouso para 25 ± 7 mmol/kg de
peso seco no momento da fadiga. A concentração de mRNA HSP70 aumentou
2,2 ± 0,5 vezes 40 min antes do momento de fadiga e 2,6 ± 0,9 vezes no momento da
fadiga, mas não era diferente dos valores de repouso aos 10 min de exercício. Assim,
os dados sugerem um aumento progressivo no conteúdo de mRNA codificando para
HSP70, indicando que o exercício agudo é capaz de desencadear a resposta de
estresse.
O exercício físico é capaz de elevar a temperatura central até 44
o
C e a muscular
acima de 45
o
C (Salo et al. 1991). Esse aumento de temperatura parece ser
fundamental na expressão das HSP, uma vez que Hammond et al. (apud
FEHRENBACH and NIESS, 1999) não conseguiram demonstrar aumento na
concentração de HSP70 após uma hora de natação. Segundo Fehrenbach and Niess,
a submersão em água, neste experimento, poderia ter amenizado a elevação da
temperatura corporal. No entanto, outros fatores como a proporção de fibras do tipo I
nos grupos musculares envolvidos nesse estudo (LOCKE e NOBLE, 1995), ou que a
intensidade de exercício utilizada (NOBLE et al., 1999) também podem ter
influenciado os resultados.
O aumento coincidente na concentração de catecolaminas e na síntese de
HSP70, levou Paroo e Noble (1999) a estudarem o papel dos receptores beta-
adrenérgicos na expressão dessas proteínas. Os resultados obtidos levaram os
autores a concluir que o receptor beta-adrenérgico não induz a síntese de HSP70, per
51
se, mas deve estar envolvido na complexa regulação da resposta de estresse ao
exercício.
Uma das teorias para explicar a fadiga de baixa freqüência (LFF
20
) aponta a
interrupção de algum estágio no processo de acoplamento excitação-contração em
decorrência da desnaturação, por espécies reativas do oxigênio (ROS
21
), de uma ou
mais proteínas associadas com o mecanismo de liberação do Ca
2+
do retículo
sarcoplasmático. Dado o potencial das ROS danificarem proteínas intracelulares
durante séries subseqüentes de contrações musculares, a capacidade dos sistemas
antioxidantes preexistentes deve ser complementada pela síntese de HSP induzíveis
(ESSIG and NOSEK, 1997). A quantidade de mRNA para HO-1, importante proteína
de estresse oxidativo, aumenta no músculo após repetidas contrações. A ocorrência
deste aumento depende da geração ativa de tensão, não ocorrendo no caso da
geração de tensão por processos passivos. Aumentos na expressão de mRNA
codificando para HO-1 deve fazer parte de um sistema antioxidante induzível pelo
estresse metabólico resultante de contrações musculares repetidas. A análise por
Northern blot mostrou também que o mRNA codificando para HSP70 estava 3,5 a
15,5 vezes maior do que os valores de controle (ESSIG et al. 1997).
A possibilidade das mitocôndrias de músculo cardíaco serem fonte de estresse
oxidativo, in vivo, foi confirmada por Leeuwenburgh et al. (1999) pela observação de
que o exercício determina um aumento de 50% na ocorrência de orto-tirosina, meta-
tirosina e o,o’-ditirosina nas proteínas mitocondriais. Segundo os autores, estes
marcadores aumentam em proteínas oxidadas por radical hidroxila, de modo que os
20
low-frequency fatigue
52
resultados obtidos proporcionam evidência direta de que as mitocôndrias do músculo
cardíaco produzem um intermediário semelhante ao radical hidroxila
(LEEUWENBURGH et al. 1999).
Exercícios de intensidades não habituais e extenuantes podem causar dano ao
músculo esquelético, especialmente se envolverem contrações excêntricas.
22
, o que
pode ser constatado, segundo Clarkson e Sayers (1999), diretamente em nível celular
(diminuição da quantidade e da atividade de proteínas transportadoras de glicose e
lactato/H
+
), ou indiretamente a partir de vários índices da função muscular (menor
capacidade de alongamento e de gerar tensão). O estresse fisiológico associado com
dano muscular resulta em resistência sistêmica à ação da insulina. Os mecanismos
moleculares associados a esta resistência, segundo Del Aguila, et al.(2000),
envolvem a menor ativação do IRS-1
23
, da fosfatidilinositol 3-quinase e da proteína
quinase B, o que leva, presumivelmente, a uma menor captação de glicose mediada
pela insulina. Uma vez que a produção de TNFα se correlaciona (r = 0,77, P < 0,05)
com a menor ação da insulina sobre a PI 3-quinase, é possível que este fator seja
responsável pela diminuição da transdução do sinal da insulina (Del AGUILA et al.
2000). Esta maior resistência à insulina poderia levar a expressão aumentada de
GRP75 e GRP78.
A atividade física prolongada também pode determinar maior expressão de
GRP75 e GRP78, na medida em que leva à progressiva depleção de glicose e das
21
reactive oxygen species
22
Contrações em que o músculo se alonga apesar de estar desenvolvendo tensão.
23
insulin receptor substrate-1
53
reservas de glicogênio muscular, fenômeno que se correlaciona fortemente com
fadiga (ESSIG and NOSEK, 1997).
Em síntese, o exercício promove a síntese de HSP por diversos mecanismos,
porém é mais provável que exista um mecanismo comum entre os vários agentes
estressores relacionados ao exercício. Além disso, deve ocorrer regulação diferencial
tanto em nível de mRNA como em nível de proteínas (FEHRENBACH and NIESS,
1999).
2.10 Músculo esquelético, treinamento físico e expressão de HSP
Considerando os benefícios da expressão de HSP pelas células ou tecidos, é
importante perguntar que efeito teria o exercício físico sistemático sobre a expressão
de HSP?
Embora existam informações limitadas sobre o assunto, o exercício físico regular
(treinamento) parece aumentar o conteúdo de HSP70 no músculo esquelético de
ratos. A extensão dos efeitos obtidos parece depender dos grupos musculares
envolvidos e do tipo de exercício empregado (LOCKE and NOBLE, 1995).
O conteúdo muscular de HSP70, em ratos, está relacionado com a proporção de
fibras que contém meromiosina pesada (MHC
24
) do tipo I, uma vez que a HSP70 é
expressa constitutivamente neste tipo de fibra muscular. Assim, músculos como o
sóleo, composto primariamente por fibras do tipo I, apresentam um elevado conteúdo
de HSP70, parecendo estar em um estado de choque térmico contínuo. Em
24
myosin heavy chain
54
contraste, músculos como o gastrocnêmio, composto primariamente por fibras do tipo
IIb, apresentam um baixo conteúdo de HSP70 (LOCKE and NOBLE, 1995). O
extensor longo dos dedos também apresenta uma expressão constitutiva de HSP70
menor que o sóleo, enquanto a expressão de HSP73 é semelhante (HERNANDO e
MANSO, 1997). O aumento proporcional de MHC do tipo I e de HSP que acompanha
a hipertrofia muscular compensatória do músculo plantar está de acordo com a idéia
de que este tipo de MHC está associado à expressão de proteínas de choque térmico
(LOCKE and NOBLE, 1995).
O treinamento de endurance, em ratos, aumenta a expressão basal de HSP70,
HSP73 e HSP60 nos ventrículos e no músculo sóleo, mas não nos átrios e na porção
lateral do gastrocnêmio (SAMELMAN, 2000). No entanto, Gonzalez et al. (2000)
afirma que a “up-regulation” de HSP70 em resposta ao exercício regular depende da
manutenção deste e que uma alça de retroalimentação deve restabelecer o limiar,
característico das fibras não submetidas a estresse, quando o treinamento é
interrompido.
2.11 Bombas GS-X
Plantas e animais eliminam uma vasta gama de toxinas lipofílicas do citosol
após sua conjugação com glutationa (ISHIKAWA et al, 1992; MARTINOIA et al,
1993; LI et al, 1995). Esse processo de transporte é mediado pelas bombas GS-X,
uma grande família de ATPases transportadoras de ânions dependentes de
magnésio. O termo “bomba GS-X” foi originalmente proposto, baseado na sua
55
atividade transportadora de conjugados de xenobióticos com alta afinidade por S-
conjugados de glutationa, dissulfeto de glutationa e cisteinil leucotrienos. As
propriedades cinéticas e a especificidade por substratos da bomba GS-X tem sido
intensamente estudados usando vesículas de membrana plasmática de diferentes
fontes biológicas. Evidencias acumulativas, sugerem que a bomba GS-X apresenta
uma larga especificidade de substratos orgânicos e que por meio disso, medeia
importantes funções fisiológicas na inflamação, estresse oxidativo, metabolismo de
xenobióticos e resistência a drogas anti-tumor.
Nos últimos anos, ocorreu um notável progresso na compreensão da natureza
molecular das bombas GS-X. A superexpressão do gene das proteínas multidroga
resistentes – MRP1 (COLE et al, 1992; ZAMAN et al, 1994) em células de câncer
humano foram primeiramente reportadas em aumentar o transporte de GS-
conjugados ATP dependente, demonstrando que o gene da MRP1 codifica a bomba
GS-X humana (MULLER et al, 1994; LEIER et al, 1994). Uma bomba GS-X
específica do fígado, chamada de cMOAT, já foi clonada de fígado de ratos e exibe
uma extensa homologia com a MRP1 humana (PAULUSMA et al, 1996; BUCHLER
et al, 1996; ITO et al, 1996). Pelo fato desta bomba ter importante papel na
eliminação de anions orgânicos nos hepatócitos, mutações no gene da cMOAT
implica em hiperbilirrubinemia associada.
56
2.12 Metabolismo da glutationa e a bomba GS-X
Uma das maiores funções da bomba GS-X é a excreção e/ou seqüestro de
compostos tóxicos, atuando como um sistema de proteção. O metabolismo e a
detoxificação de xenobióticos é realizado em três estágios: Na fase 1, os
xenobióticos e substancias endógenas são oxidados, reduzidos ou hidrolisados para
expor ou introduzir um grupo funcional de reatividade apropriada. A citocromo P450
outras oxidases de função mista são exemplos de enzimas da fase 1 que conferem a
eletrofilicidade requerida sobre componentes não reativos para subseqüente
metabolismo pelas enzimas da fase 2. Na fase 2, os derivados ativados são
conjugados com GSH, ácido glucurônico ou sulfato, pela ação das GSH transferases,
UDP-glucuronil transferases e sulfotransferases. Na fase 3, os conjugados são
transportados do citosol para o meio extracelular ou para compartimentos
intracelulares. O principio destas reações é que a conjugação confere a carga
negativa e aumenta a hidrossolubilidade necessária para promover a extrusão pela
bomba GS-X ou outros transportadores ainda não identificados.
A função da bomba GS-X é diretamente ligada com o metabolismo celular da
GSH. A glutatiolação do composto a ser exportado, promove a carga negativa que
permite o seu reconhecimento pela bomba GS-X. GSH apresenta duas importantes
características na sua estrutura, conhecidas como ligação γ-glutamato e grupo SH,
ambos intimamente ligados a sua estabilidade intracelular e suas funções biológicas.
O conteúdo intracelular de GSH em células de mamíferos é na ordem de 1-10mM
(MEISTER et al, 1989), que é mais elevada que a concentração de ATP. Em muitas
57
células, o conteúdo de GSH representa mais de 90% do total de enxofre não
protéico. Esta alta concentração intracelular de GSH é possível, pela ação da
estrutura da ligação γ-glutamato, que protege a molécula de GSH da clivagem
protéica. O grupo SH da GSH é fortemente nucleofílico e confere à molécula a
habilidade de reagir com uma grande variedade de agentes, incluindo radicais livres,
espécies reativas de oxigênio, metais pesados e componentes tóxicos eletrofílicos,
atuando na detoxificação de células vivas, bem como, possivelmente, reagindo com
diversas proteínas e enzimas e com isso alterando sua função normal.
A biossíntese de glutationa é realizada no citosol. A reação consiste de dois
passos catalisados pela γ-glutamillcisteína sintetase e pela GSH sintetase, onde cada
etapa requer uma molécula de ATP. A γ-glutamilcisteína sintetase (γ-GCS) catalisa o
primeiro passo onde uma ligação amida é formada entre o grupo amino da cisteína e
o γ-carboxil do glutamato. No segundo passo, a GSH sitetase catalisa a reação entre
a glicina e o grupo carboxil da cisteína da γ-glutamilcisteína. A reação catalisada pela
γ-GCS é a etapa limite para a síntese de GSH e é controlada por feedback negativo a
partir de seu produto, GSH via inibição competitiva não alostérica (MEISTER et al,
1983).
A via de inativação de drogas mediada pela GSH é biologicamente um
mecanismo “caro”. A síntese de GSH e o transporte de S-conjugados do citosol,
requer pelo menos três moléculas de ATP em ordem de metabolizar 1 mol de
moléculas de droga. Isso parece desfavorável quando se compara com a produção
de apenas duas moléculas de ATP produzidas na glicólise a partir de uma molécula
de glicose. No entanto, como este mecanismo é encontrado nos reinos animal e
58
vegetal sendo ubíquo e muito bem conservado, sugere que esta via é fundamental
para a sobrevivência das células.
De fato, a GSH aparece como fundamental via de proteção de células vivas
sobre condições de estresse oxidativo (SIES et al, 1985). O conteúdo intracelular de
GSSG é mantido a níveis baixos (menos de 3% do conteúdo total de GSH) pela ação
da GSSG redutase e é aumentado pela reação da GSH peroxidase, levando a um
aumento do conteúdo intracelular de GSSG e seu efluxo da célula. O efluxo de
GSSG já foi observado em diversos tipos celulares, incluindo eritrócitos, fígado,
pulmão e coração. É importante notar que os estudos da bomba GS-X começaram
com a descoberta do efluxo de GSSG de eritrócitos humanos.
Em 1969, um trabalho feito por Srivastava e Beutler, demonstrou que o
transporte de GSSG em eritrócitos humanos era unidirecional e dependente de
energia. O transporte de GSSG ocorria mesmo contra um gradiente de concentração
e que levava quase a exaustão de ATP quando eram incubados com drogas
citotóxicas.
Em 1984, foi demonstrada pela primeira vez, a liberação de GSSG e de
conjugados de GSH a partir de corações isolados e perfundidos (ISHIKAWA et al,
1984). O coração é órgão continuamente exposto a altas concentrações de sangue
oxigenado vindo dos pulmões. As cardiomiopatias resultam de danos oriundos de
estresse oxidativo imposto por hiperoxia ou administração de certas drogas, bem
como situações de isquemia-reperfusão. O efluxo de GSSG foi sugerido como
importante mecanismo de defesa contra o estresse oxidativo (ISHIKAWA et al,
1986). A relação entre efluxo de GSSG versus a razão citosólica de ATP/ADP = 10,
sugerindo um processo de transporte ATP dependente. O efluxo de GSSG do
59
coração não é afetado por epinefrina, norepinefrina ou dibutiril AMP cíclico,
sugerindo que o transporte é independente de regelações hormonais α e β-
adrenérgicas (ISHIKAWA et al, 1986). A bomba GS-X cardíaca mostrou ter alta
afinidade por conjugados de glutationa com longa cadeia alifática de carbonos.
No fígado, GSSG e GS-conjugados são predominantemente excretados
na bile. Akerboom et al (1982) demonstraram que o transporte hepatobiliar de GSSG
era inibido por GS-conjugados, sugerindo a existência de um transportador comum
para GSSG e GS-conjugados. Contudo, o potencial de membrana ter sido
especulado como força de direção para o transporte de GSSG e GS-conjugados
(INOUE et al, 1984). Kobaiashi e colaboradores evidenciaram, ao utilizar vesículas
de membranas de canalículos biliares, que o transporte de S-(2,4-dinitrofenil-
glucuronídeo)-glutationa (GS-DNP) era ATP dependente. A inibição do transporte de
glucuronídeos conjugados pela GS-DNP sugeriu que a eliminação hepatobiliar
destes compostos era mediada pela bomba GS-X hepática (KOBAIASHI et al, 1991).
A descoberta de dois tipos de icterícia em ratos, mutantes para bomba GS-X,
Wistar e Sprague-Dawley levou ao aumento dos estudos sobre a bomba GS-X dos
hepatócitos. O efeito predominante era a hiperbilirrubinemia conjugada e a secreção
falha de GSH, GSSG, GS-conjugados (OUDE et al, 1989; 1990; TAKIKAWA et al,
1990), complexos GSH-metais (HOUVEN et al, 1990), conjugados de bilirrubina-
glucuronídeos (JANSEN et al, 1987) e cisteinil-leucotrienos (HUBER et al, 1987;
ISHIKAWA et al, 1990), assim como anions orgânicos (JANSEN et al, 1987;
SATHIRAKUL et al, 1993). Estes achados estimulam a idéia de que a bomba GS-X
hepatobiliar apresenta especificidade para diferentes anions orgânicos. A bomba GS-
60
X hepática também é conhecida como “Transportador canalicular de diferentes
anions orgânicos (cMOAT)”.
2.13 Proteínas Multidrogas Resistentes
A família das MRP`s foi introduzida na temática sobre resistência múltipla a
drogas em 1992 quando Susan Cole e Roger Deeley clonaram a proteína associada
ao gene multidroga resistente, conhecido atualmente como MRP1 (COLE et al,
1992); logo em seguida, foi clonada a MRP2 em 1996 (FLENS et al, 1996;
BUCHLER et al, 1996; TANIGUCHI et al, 1996). Posteriormente, ficou conhecido e
existência de cinco membros desta família de proteínas (KOOL et al, 1997). A MRP6
foi adicionada a este grupo em 1998 (KOOL et al, 1998 e 1999) e já foi observada a
presença de um sétimo membro desta família.
Por serem proteínas transportadoras ligadoras de ATP, são chamadas
também, de “ATP-binding cassette transporters” ou ABC transporters. Atualmente,
pelo menos 21 novos transportadores ABC diferentes já foram identificados com
base em suas seqüências conservadas de aminoácidos (ALLIKMETS et al, 1996).
Algumas destas MRP`s são conhecidas por outros nomes, como demonstrado na
figura abaixo (fig.1). MRP2, como já anteriormente dito, é conhecida como cMOAT
(JANSEN et al, 1985).
ABCC
nomenclatura
MRP
nomenclatura
Outros nomes
adotados
Interações Fisiológicas
ABCC1 MRP1 GS-X Bomba,
LTC4 ATPase, and
A mais expressa bomba carreadora MRP/GS-X.
Carreador fisiológico de LTC
4
and GSSG das células
61
DNP-SG ATPase para o espaço extracelular; co-transportadora de
componentes anfifílicos conjugados com GSH das
células.
ABCC2 MRP2 cMOAT-1 Transporte de anions inorgânicos, como bilirrubina e
compostos sulfatados e glucuronídeos, sulfatos e
glutationa conjugados na bile; co-transporte de
componentes anfifílicos conjugados com GSH sua
deficiência hereditária resulta em hiperbilirrubinemia
conjugada II/síndrome de Dubin-Johnson.
ABCC3 MRP3 cMOAT-2 or MOAT-D Transportador hepático de anions orgânicos.
ABCC4 MRP4 MOAT-B Transportador de nucleotídeos cíclicos, componentes
anti-retrovirais, e ácidos sulfatados da bile. É o
transportador de antiinflamatórios não esteróides
sensível a prostaglandinas.
ABCC5 MRP5 MOAT-C Confere resistência a drogas anti-retrovirais e
anticâncer.
ABCC6 MRP6 - Confere resistência a drogas anticâncer. Sua deficiênci
a
hereditária resulta em pseudoxanthoma elasticum, uma
desordem multisistêmica que afeta a pele, olhos e os
vasos sanguíneos.
ABCC7 - CFTR Medeia o transporte de GSH. É o regulador da
condutância transmembrânica na fibrose cística..
ABCC8 - SUR-1 Um receptor de sulfoniruléia não apresenta função
intrínseca de transporte, nem ativo nem passivo, mas
esta associada com a proteína do canal de potássio
Kir6.1 ou Kir6.2 que forma o canal de potássio sensível
ao ATP (K
ATP
). Implicado na persistência da
hipoglicemia hiperinsulinêmica na infância.
ABCC9 - SUR-2 Outro receptor de sulfoniruléia que não apresenta
função intrínseca de transporte . Mutações neste,
provoca ativação Na-ATP-dependente de canais de
potássio ATP-sensíveis,
com implicações que induzem
a abertura deste.
ABCC10 MRP7 -
Carreador de anions anfipáticos, para transporte17-β-
estradiol 17-(β-glucoronideo resistência a drogas
anticâncer).
ABCC11 MRP8 - Transporta purinas e pirimidinas cíclicas bem como
seus análogos.
ABCC12 MRP9 - Altamente expresso em câncer de mama.
ABCC13 - - Não é uma ABC funcional.
Figura 1. Revisão dos nomes alternativos para a família das MRP`s.
A homologia entre os membros da família das MRP`s é alta entre MRP1, 2, 3
e 6. Estes transportadores, dividem uma característica comum de apresentarem um
segmento TMDoLo (uma extensão N-terminal com cinco domínios transmembrana
conectados com um núcleo do tipo glicoproteína P – Pgp-like) (BAKOS et al, 1996;
62
TUSNÁDY et al, 1997). Este segmento é ausente na MRP 4 e 5, e esta estrutura
básica é essencial para a atividade transportadora na MRP1 (BAKOS et al, 1998).
2.14 A família das bombas MRP`s
Como citado anteriormente, a família das MRP`s humanas consiste de pelo
menos treze membros (ver fig.1). A estrutura das MRP`s, prevista por inúmeros
métodos computacionais, mostra notáveis semelhanças de pelo menos quatro dos
seis membros da família. Em contraste com a organização dos típicos seis
segmentos transmembrana descritos para a família da P-glicoproteína (LOO et al,
1999; AMBUDKAR et al, 1999), a MRP exibe um domínio amino-terminal adicional
representado pela extensão de aproximadamente 200 aminoácidos. Esta topologia
distingue a MRP dos outros transportadores ABC (TUSNADY et al, 1997). Os
melhores membros caracterizados são a MRP1 (COLE et al, 1992) e o membro
apicalmente localizado MRP2 (BUCHLER et al, 1996; TANIGUCHI et al, 1996). A
MRP1 consiste em uma proteína de 1531 aminoácidos, e seu gene está localizado
no cromossomo 16p13.12-13 pesando aproximadamente 200kb; contém 31 éxons e
nenhum íntron (GRANT et al, 1997). A elucidação da seqüência e da função da
MRP1 (JEDLITSCHKY et al, 1994; LEIER et al, 1994) sugere a presença funcional
de proteínas semelhantes em diversos tecidos. Por exemplo, a comparação de
transportadores obtidos a partir das membranas de vesículas dos canalículos
hepáticos de rato, resultaram na caracterização e identificação da MRP2, uma
63
isoforma apical da MRP1 (MAYER et al, 1995; PAULUSMA et al, 1996). Esta
proteína, além de ser encontrada na membrana dos hepatócitos, se faz presente em
outros domínios apicais como no epitélio do túbulo proximal dos glomérulos renais
(SCHAUB et al, 1997 e 1999).
A íntima relação entre MRP1 e 2 é também evidente na tipologia destes
transportadores. Diversos métodos foram utilizados para predizer a organização
transmembrana da MRP1 e 2 humana. Entre estes métodos, incluem a análise
computacional, análises mutacionais e experimentos limitados por proteólise
(BAKOS at al, 1996), assim como estudos de inserção de epítopos (KAST et al, 1998
e 1999; HIPFNER at al, 1996). A maioria dos estudos se focou na predição
topológica da MRP1, mas outros se focaram na eletrofilicidade e em programas de
predição transmembrana, demonstrando a próxima relação entre MRP1 e 2. Ambos
transportadores apresentam um núcleo estrutural para interação multidroga (MDR-
like), duas regiões transmembrana com dois domínios de ligação para ATP e uma
terceira região transmembrana amino-proximal, como se observa na figura 2.
64
Figura 2. Modelo topológico da estrutura da MRP1 e 5. Núcleo glicoproteína-
like (Pgp-like); Extensão N-terminal extra com cinco domínios transmembrana
(TMDo); Domínio de ligação citoplasmática (Lo).
Uma notável semelhança topológica entre ambas as proteínas foi encontrada
na região amino-terminal. A terminação amino parece ser extracitosólica na maioria
das predições; isto foi descrito primeiramente em MRP2 e depois em MRP1 (CUI et
al, 1999). Estes estudos demonstraram experimentalmente a localização extracelular
do domínio amino-terminal.
A MRP3, 4 e 5 são codificadas por diferentes genes localizados em diferentes
cromossomos. A MRP3 no cromossomo 17q21.3, a MRP4 no cromossomo 13q31-32
e a MRP5 no cromossomo 3q27 (KOOL et al, 1995). Além disso, a MRP3 é mais
65
bem caracterizada em respeito a sua localização e em parte a respeito de sua função
transportadora (HIROHASHI et al, 1999; KONIG et al, 1999; KOOL et al, 1999). A
distribuição tecidual da MRP3 é semelhante a MRP2, ambas expressas
abundantemente no fígado, cólon e rim (KONIG et al 1999). MRP3 é localizada
basolateralmente na membrana de hepatócitos como já estudado por microscopia de
fluorescência (KOOL et al, 1999).
Pouco se sabe a respeito da localização precisa de MRP4, 5 e 6. Sabe-se que
a MRP4 tem função de bomba de efluxo drogas contra o vírus da imunodeficiência
(SCHUCTZ et al, 1999) e que ela apresenta preferência por conjugados fosfatados,
não se sabe a respeito de sua função no transporte de GSH, glucuronídeo ou
conjugados com sulfatos. Com relação a MRP5, esta se apresenta como um
transportador de anions orgânicos conjugados com GSH. A função da MRP6
permanece desconhecida, mas recentemente foi associada à resistência ligada a
antraciclina; é altamente expressa nos rins e fígado, sendo pouco encontrada em
outros tecidos (KOOL et al, 1999). A tabela 1 resume a localização das MRP`s nos
diversos tecidos.
Atividade GS-X Transporte de
Drogas
Localização no
corpo
MRP1
SIM SIM Geral, mas pouco
no Fígado
MRP2 SIM SIM Fígado, Rim e
Intestino
MRP3 SIM SIM Fígado, Adrenais,
Pâncreas, Rim e
Intestino
MRP4 Não Sabe Não Sabe Próstata, Pulmão,
66
Músculo,
Pâncreas,Testículo
e ovário
MRP5 SIM Não Sabe Geral
MRP6 Não Sabe Não Sabe Fígado e Rim
Tabela 1. Isoformas de MRP. Atividade GS-X, transportadora de drogas e
localização no corpo.
2.15 Substratos e Propriedades cinéticas
Conforme discutido anteriormente, a MRP1 funciona como uma bomba ATP
dependente unidirecional para S-conjugados de glutationa-leucotrieno C4 (LEIER et
al, 1994), a especificidade pelo substrato desta proteína transportadora, foi estudada
intensamente usando vesículas de membrana de células que expressavam a
proteína recombinante em altos níveis (LEIRE et al, 1998; JEDLITSCHKY et al, 1997;
RENES et al, 1999). A faixa de substratos inclui anions anfifílicos, principalmente
compostos lipofílícos conjugados com glutationa, glucuronato ou sulfato, incluindo
cisteinil-leucotrienos, bilirrubina glucorinizada e 17β-glucuronil estradiol, assim como
componentes endógenos. Os Leucotrienos conjugados com GSH é o substrato com
maior afinidade (Km=0,1μM). O dissulfeto de glutationa também é exportado pela
MRP1, no entanto, apresenta baixa afinidade (Km=100μM) (LEIER et al, 1996),
indicando que a seu transporte no processo de estresse oxidativo á associado com a
elevação de sua concentração. O transporte de glutationa reduzida não foi detectado
nestes estudos com vesículas (LEIER et al, 1996). No entanto, a glutationa reduzida
67
pode servir como co-substrato neutro ou substancia catiônica. O transporte de
algumas drogas, como a vincristina e daunorubicina, só é realizado pela MRP1,
quando em presença de GSH (LOE et al, 1998). Ambas as drogas, também são
substratos para a MDR1 P-glicoproteína que, em contraste com a MRP1, transporta
estes componentes independentemente da presença de GSH (AMBUDKAR et al,
1999). Para algumas drogas citostáticas, sua conjugação com GSH ou glucuronatos
é necessária para que sejam identificadas pela proteína, sendo, por tanto, substratos
para MRP1.
A especificidade da MRP2 é, apesar de sua semelhança com a MRP1, menor
para leucotrienos C4 (cerca de 4 vezes maior) e por 17β-estradiol cerca de 5 vezes
maior (CUI et al, 1999), enquanto bilirrubina glucuronada é preferencialmente
transportada por MRP2.
A MRP3, exibe, conforme citado anteriormente, similaridade na distribuição
tecidual, mas é localizada na membrana basolateral (KONIG et al, 1999; KOOL et al,
1999), e também apresenta função de transportar conjugados, tendo alta afinidade
por glucuronisídeos e baixa afinidade por leucotrienos C4 (JEDLITSCHKY et al,
1996).
2.16 Liberação de Glutationa pelas Isoformas de MRP
O transporte de GSH de diversas células envolve os membros da família da
MRP (LOE et al, 1996 e 1998; ZAMAN et al, 1995; RAPPA et al, 1997; PAULUSMA
et al, 1999; REBBEOR et al, 1998). Isso é demonstrado pelo co-transporte, GSH
dependente, a partir da MRP1, de toxinas como a vincristina. Além disso, a MRP2 é
68
capaz de exportar GSH do interior de células transfectadas para o espaço
extracelular (bile) de ratos (PAULUSMA et al, 1999). Outros estudos demonstraram
que a MRP2 possui baixa afinidade pelo transporte de GSH, no entanto, como a
concentração de GSH no fígado é muito alta (5-10mM), a MRP2 pode servir como
importante mecanismo de manutenção do fluxo de substancias dependes de GSH
para a bile, bem como para o turnover hepático de GSH (PAULUSMA et al, 1999).
Interessantemente, o transporte de GSH catalisado pela MRP3 não foi identificado
(KOOL et al, 1999).
2.17 Função da MRP na Defesa contra o Estresse Oxidativo
Uma grande variedade de células e tecidos são capazes de liberar GSSG sob
condições de adição de hidriperóxidos ou outros agentes causadores de estresse
oxidativo indicando que as vias que envolvem a GSSG redutase podem ser
insuficientes para prevenir os danos oxidativos (SIES et al, 1975 e 1988;
AKERBOON et al, 1988; HOMOLYA et al, 2003). A identificação de proteínas
liberadoras de GSSG das células, como a MRP1 e 2 (LEIR et al, 1996), sugerem que
os membros da família das MRP`s sejam uma rota essencial para o controle
intracelular dos níveis de GSSG e que as MRP`s medeiem o transporte de GSSG
como um mecanismo adaptativo para compensar o estresse oxidativo quando a
GSSG redutase torna-se a etapa limitante (ver figura 3). A liberação do conteúdo de
GSSG é considerada um importante mecanismo de manutenção do potencial redox
induzido pelos grupos tiols reduzidos. É consistente com esta visão que o estresse
oxidativo aumente a expressão de MRP1 em cultura de células (YAMANE et al,
1998). Em astrócitos de ratos submetidos a estresse oxidativo, já foi verificado que a
69
bomba MRP1 medeia à liberação de GSSG em uma tentativa de defender-se contra
os efeitos do estresse oxidativo, mantendo o estado redox inalterado (HIRRLINGER
et al, 2001).
Figura 3. MRP1 e 2 mediando o transporte de GSSG quando este, causado pela
saturação das vias da GSSG redutase, começa a acumular-se intracelularmente.
Provável mecanismo de defesa contra os danos do estresse oxidativo. (SIES et al,
1988 e HOMOLYA et al, 2003).
2.18 Regulação dos genes de MRP por sinais de estresse
Atualmente sabe-se muito pouco a respeito das vias de sinalização que
controlam a função e expressão das MRP`s, tanto que as seqüências do promotor de
seu gene ainda não foram identificadas. No entanto, as vias de regulação do gene da
70
MRP parece ocorrer através de estímulos de fatores externos. Sabe-se, por exemplo,
que a irradiação gama em linhagens de células T humana causa aumento de até seis
vezes os níveis do RNAm de mrp1 (OOSTHUIZEN et al, 2000; HARVIE et al, 1997).
Estudos recentes apontaram diversas ligações entre a atividade da p53 e a
expressão de mrp1. A p53, aparentemente reduz a transcrição de mrp1 (VOLM et al,
1993) e em células mutantes com a p53 inativadas, os níveis de RNAm de mrp1
apresentam-se elevadas. A regulação negativa a partir da p53 parece ocorrer através
de seus efeitos na transcrição de um ativador Sp-1 (WANG et al, 2000).
Contrariamente, um estudo recente indicou que a expressão de mrp1 em
células cancerígenas de esôfago não é controlada por choque térmico (STEIN et al,
1997). No entanto, esta evidencia é limitada e novos estudos em diferentes linhas de
células devem ser realizados.
Fatores inflamatórios demonstraram reduzir a atividade e a expressão de mrp2
ao nível do RNAm . Esta regulação a menor (“dowregulation”) parece ocorrer durante
a liberação de citocinas infllamatórias, como já demonstrado em camundongos
tratados com IL-6, IL-8β e TNF-α. Além disso, agentes antiinflamatórios como a
dexametasona previnem grandes mudanças na expressão de MRP2 induzidas pela
inflamação (KUBITZ et al, 1999). Recentemente foi demonstrado que alterações no
estado redox celular podem induzir o aumento da expressão de MRP1 e 2
(KAUFFMANN et al, 2002).
A resistência a drogas anticâncer em pacientes com câncer de próstata, é
associada a mutações no gene da PTEN, uma fosfatase que participa na inativação
da via fosfatidilinositol-3-quinase (PI3K). Aparentemente, o aumento da atividade da
71
PI3K leva a aumento da resistência a drogas anticâncer. Interessantemente, a
expressão de MRP1 mas não de MDR1 é observada. Juntos, estes dados sugerem
uma via de comunicação cruzada entre a PI3K e o controle gênico das MRP`s (LEE
et al, 2002).
Como mostrado acima, os mecanismos de regulação da expressão da MRP
ainda são carentes de estudos e, até o momento sua relação com as perturbações do
estado redox em exercício nunca foi abordada.
72
3. METODOLOGIA
3.1 Animais
Foram utilizados 36 ratos Wistar (Rattus norvegicus, var. albinus) adultos (3-4
meses) machos. A opção por animais machos se deve ao fato de que o estrogênio,
segundo Paroo et al. (1999), determina uma menor expressão de HSP70 em resposta
ao exercício. Os animais, obtidos junto ao Biotério do Instituto de Ciências Básicas da
Saúde – UFRGS, foram mantidos sob um ciclo de claro/escuro de 12/12 h e
temperatura ambiente de 23
o
C. Receberam, ad libitum, dieta comercial-padrão para
ratos de laboratório contendo aproximadamente 52% de carboidratos, 21% de
proteínas e 4% de lípides, e livre acesso à água de torneira.
3.2 Exercício
O protocolo de exercício compreendeu natação (60 minutos) em tanque contendo
água a uma temperatura entre 29-30
o
C, a fim de evitar que a imersão em água fria
amenize a elevação da temperatura que acompanha o exercício (FEHRENBACH and
NIESS, 1999). Para evitar que o animal flutuasse foi fixado, à cauda, um peso
correspondendo a 5% do peso corporal deste. A escolha desta carga é baseada no
estudo de GOBATTO (2001) onde foi demonstrado que ratos Wistar sedentários
submetidos a uma sessão de natação aguda, conseguem manter constantes os
níveis de lactato sangüíneo sem causar o acúmulo deste (5,5mmol/l).
73
3.3 Treinamento
O treinamento foi composto de sessões diárias de natação (60 minutos),
durante sete dias sem intervalos. Após a última sessão de treinamento, os animais
foram sacrificados e os tecidos extraídos para análise.
3.4 Grupos experimentais:
Os animais, divididos em pares, foram aleatoriamente distribuídos em quatro
grupos: Grupo exercício Agudo (nada 60min, sem treinamento); Grupo Controle
agudo (mantido na água, sem nadar, pelo mesmo tempo do par que nada até o
término da sessão). Grupo exercício treinado (uma semana) e controle treinado
(mantido na água, sem nadar enquanto o grupo de treinamento nada). Após a última
sessão de exercício os animais foram sacrificados e os músculos gastrocnêmio e
coração serão cirurgicamente removidos e processados para análises.
3.5 Preparações e determinações bioquímicas realizadas:
Obtenção e Preparação dos músculos (gastrocnêmio e coração)
Determinação do Conteúdo Intracelular de GSH e GSSG
SDS-PAGE e Western blotting para HSP70 e MRP1
Cálculo das Concentrações de Proteínas nas Amostras Analisadas
Medida da atividade da ATPase de GSH (Bomba GS-X) em membranas de
músculo cardíaco e gastrocnêmio.
74
3.6 Determinação do conteúdo intracelular de GSH e GSSG
Para a determinação dos conteúdos intracelulares de glutationa (GSH) e
dissulfeto de glutationa (glutationa oxidada, GSSG), os tecidos (cerca de 10 mg)
foram lavados duas vezes em PBS (4°C) e imediatamente rompidos e
homogeneizados em 200 μl de ácido metafosfórico 5% (m/v) para análise cinético-
espectrofotométrica pelo método de reciclagem com o ácido 5,5'-ditiobis-[2-
nitrobenzóico] (DTNB) e GSSG redutase (GSRd) de ANDERSON (1985). A rápida
homogeneização das células e tecidos em meio ácido é um passo de extrema
importância para a inativação das tiol-transferases e γ-glutamiltranspeptidases
reponsáveis pela transformação da GSH em outros derivados peptídicos, levando a
subestimativas das concentrações reais do tripeptídeo. Além disso, a acidificação
previne a auto-oxidação da GSH que ocorre rapidamente em pH superior a 7,0
(ANDERSON, 1985; AKERBOOM & SIES, 1981). Por outro lado, apesar de a auto-
oxidação da GSH em GSSG em meio ácido ocorrer numa taxa mínima (0,1 a 0,2%
por hora), pelo fato de as concentrações intracelulares de GSSG serem naturalmente
muito baixas (menos de 1% da concentração de GSH), o processamento das
amostras para dosagem de GSSG deve ser efetuado o mais rapidamente possível, a
fim de evitar-se resultados falsamente superiores aos valores reais (AKERBOOM &
SIES, 1981). Em preparações celulares frescas (macrófagos, linfócitos e hepatócitos),
as células normalmente são submetidas à incubação com tampão de hemólise para a
retirada de eritrócitos contaminantes, uma vez que eritrócitos, por apresentarem
significativa atividade de enzimas relacionadas ao metabolismo da GSH, podem
75
interferir nos resultados, mesmo quando em baixa densidade celular. Por isso, serão
eliminados os eritrócitos das preparações musculares a serem ensaiadas.
A primeira parte do ensaio consiste na determinação do conteúdo de glutationa "total"
(GSH + 2 GSSG), medido em equivalentes de GSH pelo método da reciclagem com
DTNB que leva à oxidação estequiométrica da GSH em GSSG com formação do
ácido 5-tio-2-nitrobenzóico (TNB) e posterior restituição da GSH pela redução
altamente específica com GSSG redutase (GSRd, EC 1.6.4.2) na presença de
NADPH. A taxa de formação de TNB, proporcional à soma inicial de GSH e GSSG, é,
então, monitorada a 412 nm (ε
TNB
= 13,6 mM
-1
.cm
-1
). Alternativamente, pode ser
monitorada a taxa de consumo de NADPH a 340 nm (ε
NADPH
= 6,22 mM
-1
.cm
-1
) ou
fluorimetricamente (excitação a 366 nm/emissão de 400-3000 nm). O método
empregado é bastante sensível, específico e reprodutível. Contudo, como a
velocidade da reação depende não somente da concentração inicial de GSH +
GSSG, mas, também, da atividade da GSRd, fatores que interfiram na atividade
enzimática, levarão invariavelmente a falsos resultados. Por isso, além de ser
utilizada sempre uma curva de calibração (0,5; 1,0; 2,0; 3,0 e 4,0 nmol) com padrão
de GSH precisamente preparado a cada ensaio, são efetuadas leituras de amostras
com adição de padrão, sendo, normalmente, os resultados obtidos idênticos aos
observados para as amostras separadamente. A incubação é iniciada pela adição de
700 μl de NADPH (concentração final 0,17 mM) e 100 μl de DTNB (final 1,26 mM),
ambos em tampão fosfato de sódio 143 mM (pH 7,5), a cerca de 25 μl de amostra
(em MPA 5%) num volume final 990 μl em cubeta de 1 cm de caminho óptico a 37°C,
sendo registrada a absorbância a 412 nm em jaqueta termostatizada com aquisição
76
direta e processamento cinético automático (em espectrofotômetro Amersham-
Pharmacia Ultrospec 2000, UK) até a estabilização das leituras (12 min). Em seguida,
são adicionados 10 μl de GSRd (atividade final na cubeta de 0,5 U/ml) sob agitação e
as amostras são analisadas espectrofotometricamente a 412 nm por cerca de 20 min
adicionais.
Antes da determinação do conteúdo de GSSG, alíquotas de 100 μl das mesmas
amostras ensaiadas para GSH "total" são retiradas para conjugação da GSH
presente com N-etilmaleimida (NEM, Fluka) segundo metodologia descrita em
AKERBOOM & SIES (1981). São adicionados, então, 35 μl de NEM 200 mM
(concentração final 50 mM) diretamente às amostras dissolvidas em MPA 5%.
Depois, a mistura é neutralizada, cuidadosamente sob agitação, até pH 5,5 pela
adição de 20 μl de KOH 2 M em tampão de ácido piperazina-N,N'-bis-
(etanossulfônico) (PIPES, Boehringer, pKa= 6,8 a 25°C, faixa de trabalho de 6,1 a
7,5) 0,3 M. A inclusão de PIPES, ou outros agentes tamponantes como MOPS (ácido
morfolinopropanossulfônico), previne alcalinização local, durante a neutralização, o
que levaria a auto-oxidação da GSH, favorecida em pHs maiores que 7,0. O excesso
de NEM, que, em concentrações tão baixas quanto 10 μM inibe o processo de
dosagem da GSSG por reciclagem em até 30% é efetuado por extração com 500 μl
de acetato de etila 3 vezes, sendo o excesso de solvente evaporado em concentrador
SpeedVac e por passagem em corrente de nitrogênio. Posteriormente, cerca de 25 μl
de amostra são ensaiados pelo método da reciclagem, como descrito para a GSH,
exceto que as amostras são inicialmente incubadas com a GSRd por 5 min a 37°C,
tendo sido monitorada a absorbância a 340 nm (consumo de NADPH) até a
77
estabilização. Depois, é adicionado o DTNB e as leituras a 412 nm (produção de
TNB) são acompanhadas espectrofotometricamente conforme descrito acima. A
diferença entre os valores obtidos para glutationa "total" e 2 x GSSG fornece os
valores dos conteúdos de GSH procurados (GSH = GSHtotal - 2 x GSSG).
3.7 Expressão de proteínas de choque térmico (HSP) e análises por SDS-PAGE.
Para a avaliação da indução da síntese de HSP nos modelos experimentais
apresentados, quantidades iguais de proteínas foram carregadas em gel de
poliacrilamida (a 10%) para eletroforese. Depois das corridas, foi analisada a indução
de expressão de HSP por densitometria (VDS, Amersham) ou as amostras foram
submetidas à transferência e Western blotting com identificação das HSP70 (72 e 74
kDa, componentes da principal subfamília de HSP), através do uso de anticorpos
monoclonais de camundongo contra HSP70 humana.
Para cada amostra preparada, quantidades iguais de (cerca de 20 a 100 μg,
dependendo do tamanho do gel preparado) são separadas durante 18h (16h a
9mA/gel; 2h a 18mA/gel) à temperatura ambiente (25°C) por eletroforese em gel de
poliacrilamida-SDS (SDS-PAGE). Utiliza-se o sistema vertical Slab Gel BIO-RAD
(BioRad Laboratories, Richmond, CA, USA) e tampão de eletrodo constituído de Tris
a 25 mM, glicina a 192 mM e SDS a 1% (v/v), pH 8,3, usando-se 1 cm de gel de
entrada (empilhamento) a 4% (m/v) e gel de separação a 10% (m/v) em termos de
acrilamida, para corridas em géis de 20 cm em tampão de amostra redutor constituído
de Tris-HCl 62,5 mM pH 6,8, glicerol a 10% (v/v), SDS a 2% (v/v) e β-mercaptoetanol
a 5%, conforme descrito em SANTORO et al (1989). Como marcador de peso
78
molecular, utiliza-se a mistura de padrões de proteínas frias (BIO-RAD), contendo
miosina (200 kDa), fosforilase b (92,5 kDa), BSA (69 kDa), ovalbumina (46 kDa),
anidrase carbônica (30 kDa) e lisozima (14 kDa). Depois das corridas, os géis são
destacados das placas de suporte, sendo os géis de entrada removidos.
Os géis contendo amostras não destinadas a immunoblot são corados sob
agitação contínua com solução de Azul Comassie Brilhante (BIO-RAD) durante
20 min e submetidos à descoloração com agitação por cerca de 2 h em solução de
ácido acético glacial a 5% até que sejam evidenciados os padrões de peso molecular
(ainda fortemente corados contra o fundo já parcialmente descorado dos géis). Os
géis são, então, transferidos para filtro de papel Whatman 3MM, envoltos em película
de PVC e secos a 80°C por 2 h em um BIO-RAD Gel Dryer a vácuo programável.
As amostras contidas em géis destinados a processamento por Western
blotting, como descrito em ELIA & SANTORO (1994), são transferidas diretamente
para membranas de nitrocelulose (Millipore) em sistema refrigerado BIO-RAD Blot
Cell a 70 V até um total de 150 V x h. Após a transferência, as bandas, contendo
proteínas, são evidenciadas pela coloração com Vermelho Ponceaus, sal de sódio
(Sigma) a 0,3% (m/v) em solução de TCA a 3%. Após a verificação, as membranas
são descoradas em tampão TEN (Tris 50 mM pH 7,4, EDTA 5 mM, NaCl 150 mM).
Antes do "immunoblotting", os filtros de nitrocelulose são hibridizados com BSA a 1%
(m/v) em água a fim de recobrirem-se as porções da membrana onde não houve
transferência de proteínas, promovendo-se, então, bloqueio de ligação inespecífica
dos anticorpos ao filtro. Para o Western blotting das HSP70, as membranas são
incubadas à temperatura ambiente durante 18 h sob agitação enérgica em tampão
79
TEN-Tween 20 a 0,05% (v/v) na presença de anticorpo monoclonal 3A3 de
camundongo contra HSP70 humana (Amersham), diluído a 1:1000, que reage
especificamente com o polipeptídeo de 74 kDa, HSP74 (ou HSC70, proteína
constitutiva) e com o de 72 kDa, HSP70 (ou HSP70 induzível). Depois disso, os filtros
são lavados três vezes sob agitação por 10 min com 5 ml de TEN-Tween e incubados
por 1 h com 5 ml de solução contendo o segundo anticorpo, IgG RPN 1177 (de cabra,
contra imunoglobulinas de camundongo, biotinilado, Amersham) em TEN-Tween sob
agitação. Depois disso, repete-se a lavagem dos filtros, como descrito acima e os
filtros são submetidos à reação com o conjugado streptavidin-horseradish peroxidase
(Amersham) sob agitação por 1 h adicional. Após nova lavagem, as membranas são
submetidas à reação com o revelador 4-Cl-Naftol (BIO-RAD) em tampão contendo
NaCl 83 mM, Tris-HCl 17 mM, pH 7,4 e H
2
O
2
a 0,15%. Imediatamente após o
aparecimento das manchas de interesse com boa resolução, os filtros são retirados
do revelador, lavados com água a fim de evitar-se superexposição e submetidos à
secagem em estufa por 30 min a 37°C. Conforme a necessidade em cada caso, as
manchas são fotografadas e levadas ao VDS Amersham Pharmacia para a aquisição
de dados e armazenamento para tratamento e análises estatísticas posteriores.
3.8 Expressão de MRP1 e análises por SDS-PAGE.
Foi utilizada a mesma técnica da análise de HSP70 por SDS-PAGE, utilizando-
se apenas de diferentes anticorpos (moclonais anti-MRP1 humana)
80
3.9 Cálculo das concentrações de proteínas nas amostras analisadas
Na determinação das concentrações de proteínas nas amostras, quando
demandado em cada caso, são utilizados os métodos de BRADFORD (1976) e de
LOWRY et al (1951), conforme indicado. Em ambas as determinações, são utilizadas
como padrão de referência, soluções de albumina sérica bovina (BSA) fração V
(Sigma). A razão para a escolha de um ou outro método é a sensibilidade e
interferência de certos componentes das preparações a serem analisadas. O método
de BRADFORD, baseado na ligação do Azul Comassie Brilhante G-250 0,01% (m/v)
em meio de ácido fosfórico 8,5% (m/v)-etanol 4,7% (m/v) a proteínas das amostras,
com formação de complexo que absorve intensamente a 595 nm (BIO-RAD Protein
Assay kit, Bio-Rad Laboratories, GmbH, DR), apresenta, na faixa de algumas
dezenas de microgramas de proteína ensaiada, sensibilidade um pouco maior que o
método de LOWRY et al. Este, por sua vez, baseia-se na ligação do reagente de
Folin-Ciocalteau a hidroxilas fenólicas presentes em amostras protéicas hidrolisadas
previamente em meio alcalino, com formação de complexo cromogênico que pode ser
monitorado espectrofotometricamente a 750 nm. Por outro lado, em amostras
contendo dodecilsulfato de sódio (SDS), EDTA, EGTA, sacarose, Triton X-100 e Tris,
devido à razoável interferência apresentada, optou-se pela utilização do método de
LOWRY et al.
81
3.10 Medida da atividade da ATPase de GSH (Bomba GS-X) em membranas de
músculo cardíaco e gastrocnêmio
Este protocolo foi desenvolvido em nosso laboratório (Kolberg et al, 2005)
para avaliarmos a capacidade de exportação de S-conjugados de GSH, pelas
membranas das células estudas, independentemente de outros fatores intracelulares
como concentração de GSH e atividade GST. Neste ensaio foi acoplada a hidrólise
de ATP, estimulada por conjugados de GSH (DNPSG sintetizado, como descrito
acima, e GSSG), ao consumo de nicotinamida adenina dinuclotídeo (NADH), em
presença de fosfoenolpiruvato (PEP), piruvato quinase (PK) e lactato desidrogenase
(LDH).
Os tecidos foram homogeneizados manualmente com tampão de extração
em uma proporção de 5ml/g de tecido. Foi utilizado um homogeneizador manual de
vidro (tipo Potter-Elvehjem), adicionada solução de fluoreto de fenil-metil-sulfonila
(PMSF, inibidor de serino-proteases do tipo quimotripsina, tripsina e trombina, bem
como de cisteíno-proteases como papaína) 100 μM, e leupeptina (inibidor de serino-
proteases e tiol-proteases, como tripsina, plasmina, proteinase K, calicreína,
papaína, trombina e catepsina A e B) a 2 μg/ml, e homogeneizado.
Seguiu centrifugação a 1000 x g por 10 min para a separação de restos
celulares, núcleos e células inteiras. O sobrenadante foi reservado e o precipitado
ressuspenso em presença de PMSF 100μM e leupeptina a 2 μg/ml. Em seguida, foi
adicionado tampão de extração, e somados os sobrenadantes que, a seguir, foram
centrifugados a 15.000 x g por 20 min para a remoção da fração mitocondrial.
Descartado o precipitado, o sobrenadante foi novamente centrifugado a 15.000 x g
82
por 10 min para a exclusão eventuais mitocôndrias remanescentes. Novamente, foi
descartado o precipitado e o sobrenadante centrifugado a 100.000 x g por 1 hora
para a obtenção da fração microssomal (de membranas). Descartado o
sobrenadante (fração solúvel), o precipitado (microssomos) foi homogeneizado em
homogeneizador manual de vidro (tipo Potter-Elvehjem) em 5 volumes de tampão de
extração, e centrifugado a 15.000 x g por 20 min para uma nova lavagem das
mitocôndrias contaminantes. Descartado o precipitado, o sobrenadante foi
centrifugado novamente a 100.000 x g por 1 hora para a purificação da fração
microssomal. Depois, o sobrenadante foi desprezado e o precipitado novamente
homogeneizado em homogeneizador manual de vidro (tipo Potter-Elvehjem) em
tampão Tris-Lubrol (veja a seguir, por favor) e centrifugado a 100.000 x g por 1 hora.
Esta etapa foi realizada porque a bomba GS-X pode ser solubilizada em lubrol PX
(um detergente composto de condensados de óxido de etileno com álcoois graxos
normalmente utilizado para a remoção e solubilização de certas proteínas de
membrana , como adenilil ciclase). Após a centrifugação, o precipitado do Tris-lubrol
foi descartado e o sobrenadante (contendo a atividade enzimática a ser testada) foi
reservado para ser ensaiado.
Optou-se por utilizar o detergente lubrol e não Triton-X100, pois, em
experimentos prévios, observamos que o Triton interfere muito na determinação
espectrofotométrica da enzima, provavelmente por inativar a lactato desidrogenase
e/ou a piruvato quinase utlilizadas.
O princípio da técnica desenvolvida em nosso laboratório baseia-se na
monitoração espectrofotométrica da hidrólise de ATP acoplada ao consumo de
83
NADH na presença de amostras de membranas, e do sistema fosfoenolpiruvato,
piruvato quinase e lactato desidrogenase (veja esquema abaixo).
onde
DNP-SG = 2,4-dinitrofenil-S-glutationa
ATP = adenosina, trifosfato
ADP= adenosina, difosfato
Pi = fosfato inorgânico
PK = piruvato quinase
LDH = lactato desidrogenase
PEP = fosfoenolpiruvato
NAD
+
/NADH = nicotinamida adenina dinucleotídeo forma oxidada/reduzida
PRINC
Í
PIO
Bomba GS-X/MRP
DNP-SG
intracelular
DNP-SG
intracelular
ATP ADP+Pi
PEP Piruvato Lactato
NADH + H
+
NAD
+
λ
máx
=340 nm
ε
340
=6,22 mM
-1
.cm
-1
PK
LDH
84
Descrição do ensaio: O ADP formado pela hidrólise do ATP na presença da
ATPase e dos substratos (GSSG ou DNP-SG) é fosforilado pela piruvato quinase
(PK, Boehringer) na presença de fosfoenolpiruvato (PEP, Sigma, que funciona como
doador do grupo fosfato), que também é adicionado à cubeta de reação.
Desfosforilado, o PEP transforma-se em piruvato que, por sua vez, é reduzido a
lactato na presença de NADH (Sigma, adicionado à cubeta) e da enzima lactato
desidrogenase (LDH, Sigma). Como o consumo de NADH é estequiométrico com a
hidrólise de ATP pela ATPase/Bomba GS-X, esta técnica permite avaliar a atividade
de bomba, monitorando o consumo de NADH a 340 nm na presença de
GS-conjugados.
Escolha do substrato: DNP-SG é um substrato mais sensível às várias isoformas
das bombas GS-X/MRP (K
m
< 100 μM). No entanto, o referido substrato é colorido e
absorve fortemente a 340 nm, inviabilizando qualquer determinação
espectrofotométrica nesta faixa de comprimento de onda. A alternativa mais comum
é a utilização de DNP-SG triciado. Entretanto, além de o uso de radioativos ser
sempre motivo de atenção redobrada e, sempre que possível, substituído por outra
técnica, à contagem do substrato captado por transporte ativo pelas vesículas só
pode ser feito a posteriori. A presente técnica tem o diferencial de permitir a
determinação de atividade da bomba GS-X online. No entanto, outro substrato
“incolor” deve ser utilizado. No caso presente, foi utilizado o próprio GSSG, substrato
fisiológico da ATPase e que não absorve a 340 nm. Apesar de a sensibilidade das
ATPase ao GSSG ser menor (K
m
> 1 mM) o dissulfeto de glutationa apresentou
85
perfis cinéticos idênticos aos observados quando o substrato era o DNP-SG. A única
restrição com relação do GSSG é que, por tratar-se de substância fortemente
oxidante (em termos bioquímicos) com E
0
= + 1,26 V, não pode ser adicionado ao
meio de incubação em concentrações superiores a 4 mM, para evitar-se a oxidação
instantânea do NADH (E
0
= - 0,3 V) .
ENSAIO ESPECTROFOTOMÉTRICO
700 μl de tampão de ensaio Tris-Sacarose (TrisHCl 10 mM, pH 7,4, sacarose 250
mM)
50 μl de NADH 4 mM (final 200 μM)
50 μl de MgCl
2
200 mM (final 10 mM)
50 μl de PEP 40 mM (final 2 mM)
50 μl de ATP 20 mM (final 1 mM)
50 μl de mistura de enzimas PK/LDH (20 U/ml de cada = final 1 U/ml de cada)
até 30 μl de membranas solubilizadas
10 μl de inibidores (ouabaína, EGTA etc.)
10 μl de DNP-SG 10 mM (final 100 μM) para o início da corrida
monitora-se o consumo de NADH a 340 nm e 37
o
C
CÁLCULOS:
86
ε
NADH/340 nm
= 6,22 mM
-1
.cm
-1
logo, 6,22 (μmol/ml)
-1
.cm
-1
. Sendo as cubetas de 1 cm
de caminho óptico, e o volume final sempre mantido em 1 ml, podemos dizer que
ε
NADH/340 nm
= 6,22 por μmol de ATP hidrolisado na unidade de tempo. Sendo os
valores obtidos por volta de três ordens de grandeza menores que μmols, podemos
escrever:
nmols de ATP = variação da absorbância/0,00622
ou em termos cinéticos:
nmols de ATP/min/mg proteína = (variação da absorbância/min) /0,00622 x mg
proteína.
3.11 Análise estatística
Os resultados foram expressos como média
± desvio padrão da média. Os
resultados de cada grupo foram avaliados através de teste "t" de Student
pareado.Foi utilizado o teste de análise de variância complementado com o teste de
comparações múltiplas de Student-Newmann-Keus. As diferenças foram
consideradas significativas para um nível de significância de, pelo menos, 5%.
87
RESULTADOS
4.1 Metabolismo da glutationa no miocárdio de ratos submetidos ao
exercício agudo de natação
Os resultados a seguir são apresentados em nmols/g de tecido nas variantes
de dissulfeto de glutationa (GSSG), glutationa reduzida (GSH) e glutationa total,
enquanto a relação GSSG/GSH é representada em unidades arbitrárias.
As variações no conteúdo de GSSG, GSH e a relação GSSG/GSH no
miocárdio entre os grupos controle e exercício agudo não apresentaram diferença
significativa (p0,05) como se pode observar nas tabela 2 e nas figuras 4, 5 e 6.
GRUPOS AMOSTRA
GSH
TOTAL GSSG GSH GSSG/GSH
EXERCÍCIO X1 4986.47
471.08 4044.31 0.1165
X2 4766.92
504.34 3758.24 0.1342
X3 3680.68
314.54 3051.60 0.1031
X4 4664.37
762.37 3139.63 0.2428
CTRL X5 3895.03
405.20 3084.63 0.1314
X6 3815.25
701.86 2411.53 0.2910
X7 5382.80
439.74 4503.32 0.0976
X8 3850.04
466.90 2916.24 0.1601
GSH GSSG GSSG/GSH
GSH
TOTAL
GRUPOS
média
Desvio
Pa média
Desvio
Pa média
Desvio
Pa média
Desvio
Pa
EXERCÍCIO 3498.45 340.07 513.08 131.28 0.149 0.045 4524.610 409.019
CTRL 3228.93 633.88 503.43 95.23 0.170 0.060 4214.695 541.203
Tabela 2. Metabolismo da Glutationa no miocárdio de ratos submetidos a exercício
físico agudo. Animais imediatamente sacrificados após o exercício e tecidos
homogeneizados em MPA a 5%.
88
GSSG média Coração Exercício Agudo
0.00
100.00
200.00
300.00
400.00
500.00
600.00
1
nmols/g tecido
Controle Agudo
Exercício Agudo
Figura 4. Conteúdo de dissulfeto de glutationa no miocárdio de ratos submetidos a
exercício físico agudo de natação. Os valores são expressos como média
± desvio
padrão da média, p
<0,05. Animais imediatamente sacrificados após o exercício e
tecidos homogeneizados em MPA a 5%.
89
GSH média Coração Agudo
0.00
500.00
1000.00
1500.00
2000.00
2500.00
3000.00
3500.00
4000.00
4500.00
1
nmols/g tecido
Coração Controle
Coração Exercício
Figura 5. Conteúdo de glutationa reduzida no miocárdio de ratos submetidos a
exercício físico agudo de natação. Os valores são expressos como média
± desvio
padrão da média, p<0,05. Animais imediatamente sacrificados após o exercício e
tecidos homogeneizados em MPA a 5%.
90
Relação GSSG/GSH Coração
0.000
0.050
0.100
0.150
0.200
0.250
1
Unidades Arbitrárias
Coração Controle
Coração Exercício
Figura 6. Relação média de GSSG/GSH no miocárdio de ratos submetidos a
exercício físico agudo de natação. Os valores são expressos como média ± desvio
padrão da média, p
<0,05. Animais imediatamente sacrificados após o exercício e
tecidos homogeneizados em MPA a 5%.
91
4.2 Metabolismo da glutationa no miocárdio de ratos submetidos ao exercício
agudo após treinamento de natação
Os resultados a seguir são apresentados em nmols/g de tecido nas variantes
de dissulfeto de glutationa (GSSG), glutationa reduzida (GSH) e glutationa total,
enquanto a relação GSSG/GSH é representada em unidades arbitrárias.
Não foram encontradas diferenças significativas entre os conteúdos de GSH
no miocárdio dos grupos estudados. No entanto, o grupo exercício treinado
apresentou uma redução significativa de 29% no conteúdo de dissulfeto de glutationa
com relação ao seu grupo controle. O estado redox, verificado pela relação
GSSG/GSH permaneceu inalterado entre os grupos.
GRUPOS AMOSTRA
GSH
TOTAL
GSSG GSH GSSG/GSH
EXERCÍCIO X1 8,908 680
7547.54 0.0902
X2 5,756 845
4065.08 0.2079
X3 4,707 1,057
2593.23 0.4075
CTRL X4 7,490 1,231
5027.40 0.2449
X5 5,608 1,089
4423.20 0.1941
X6 6,601 1,334
3933.00 0.3391
GSH GSSG GSSG/GSH
GSH
TOTAL
GRUPOS
média
Desvio
Pa média
Desvio
Pa média
Desvio
Pa média
Desvio
Pa
EXERCÍCIO 4735.28 1799.05 860.81 133.37 0.235 0.113 6456.910 1546.355
CTRL 4461.20 387.63 1217.90 87.04 0.259 0.052 6566.267 665.508
Tabela 3. Animais imediatamente sacrificados após o exercício e tecidos
homogeneizados em MPA a 5%. Metabolismo da Glutationa no miocárdio de ratos
submetidos a exercício físico agudo após treinamento de natação.
92
Média Dissulfeto de Glutationa Coração
0.00
200.00
400.00
600.00
800.00
1000.00
1200.00
1400.00
GSSG
nmols/g de tecido
Controle
Exercício
Figura 7. Animais imediatamente sacrificados após o exercício e tecidos
homogeneizados em MPA a 5%. Conteúdo de dissulfeto de glutationa no miocárdio
de ratos submetidos a exercício físico agudo de natação após treinamento. Os
valores são expressos como média
± desvio padrão da média, p<0,05.
93
Glutationa Reduzida Média Coração
0.00
1000.00
2000.00
3000.00
4000.00
5000.00
6000.00
7000.00
GSH
nmols/g de tecido
Controle
Exercício
Figura 8. Animais imediatamente sacrificados após o exercício e tecidos
homogeneizados em MPA a 5%. Conteúdo de glutationa reduzida no miocárdio de
ratos submetidos a exercício físico agudo de natação após treinamento. Os valores
são expressos como média
± desvio padrão da média, p<0,05.
94
Relação GSSG/GSH média Coração
0.000
0.050
0.100
0.150
0.200
0.250
0.300
0.350
0.400
GSSG/GSH
Unidades Arbitrárias
Controle
Exercício
Figura 9. Animais imediatamente sacrificados após o exercício e tecidos
homogeneizados em MPA a 5%. Relação média de GSSG/GSH no miocárdio de
ratos submetidos a exercício físico agudo de natação após treinamento. Os valores
são expressos como média
± desvio padrão da média., p<0,05.
95
4.3 Variações no metabolismo da glutationa no miocárdio entre animais
submetidos ao exercício agudo e treinados uma semana.
Repetindo os resultados anteriormente demonstrados, aqui comparamos o
comportamento das variáveis envolvidas no metabolismo da glutationa entre os
grupos controle do exercício agudo, exercício agudo não treinado, controle repouso
de uma semana e exercício agudo treinado por uma semana.
Os resultados a seguir são apresentados em nmols/g de tecido nas variantes
de dissulfeto de glutationa (GSSG), glutationa reduzida (GSH) e glutationa total,
enquanto a relação GSSG/GSH é representada em unidades arbitrárias.
Com relação ao conteúdo de glutationa reduzida no miocárdio, só foram
encontradas diferenças significativas entre os grupos controle agudo e controle
treinado (27%) e entre o grupo exercício agudo e controle treinado (21%) como se
observa na figura 10.
As concentrações de dissulfeto de glutationa médio no miocárdio foram
significativamente maiores no grupo controle treinado com relação aos grupos
controle agudo (58%), exercício agudo (57%) e exercício treinado (29%). O grupo
exercício treinado apresentou aumento de GSSG quando comparados aos grupos
controle agudo (41%) e exercício agudo (40%); como se observa na figura 11.
Quando o estado redox celular foi avaliado pela relação GSSG/GSH, verificou-
se que este permanecia inalterado, com exceção de uma diferença entre o estado
redox dos grupos exercício agudo e exercício treinado (42% maior no segundo).
96
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
Controle Agudo
Exercício Agudo
Controle Treinado
Exercício Treinado
GSH Coração
Figura 10. Animais imediatamente sacrificados após o exercício e tecidos
homogeneizados em MPA a 5%. Conteúdo médio de glutationa reduzida no
miocárdio. Os valores são expressos como média
± desvio padrão da média, p<0,05.
97
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1
Controle Agudo
Exercício Agudo
Controle Treinado
Exercício Treinado
GSSG Coração
Figura 11. Animais imediatamente sacrificados após o exercício e tecidos
homogeneizados em MPA a 5%. Conteúdo médio de dissulfeto de glutationa no
miocárdio. Os valores são expressos como média
± desvio padrão da média, p<0,05.
98
Relação GSSG/GSH Coração
0
0.05
0.1
0.15
0.2
0.25
0.3
0.35
1
Unidades Arbitrárias
Controle Agudo
Exercício Agudo
Controle Treinado
Exercício Treinado
Figura 12. Animais imediatamente sacrificados após o exercício e tecidos
homogeneizados em MPA a 5%. Relação média de GSSG/GSH no miocárdio. Os
valores são expressos como média
± desvio padrão da média, p<0,05.
99
4.4 Metabolismo da glutationa no gastrocnêmio de ratos submetidos ao
exercício agudo de natação
Os resultados a seguir são apresentados em nmols/g de tecido nas variantes
de dissulfeto de glutationa (GSSG), glutationa reduzida (GSH) e glutationa total,
enquanto a relação GSSG/GSH é representada em unidades arbitrárias. Os
resultados obtidos nesta modalidade podem ser vistos na tabela 4.
GRUPOS AMOSTRA
GSH
TOTAL
GSSG GSH GSSG/GSH
EXERCÍCIO X1 10,746 2,723
5298.70 0.5140
X2 11,206 2,217
6771.18 0.3274
X3 9,002 2,540
3921.31 0.6478
CTRL X4 13,099 1,511 10077.38 0.1499
X5 13,858 905
14352.13 0.0653
X6 16,163 1,151
13860.85 0.0830
GSH GSSG GSSG/GSH
GSH
TOTAL
GRUPOS
média
Desvio
Pa média
Desvio
Pa média
Desvio
Pa média
Desvio
Pa
EXERCÍCIO 5330.40 1007.77 2493.58 181.23 0.496 0.114 10317.563 822.162
CTRL 12763.45 1654.02 1189.04 215.28 0.099 0.032 14373.107 1128.373
Tabela 4. Animais imediatamente sacrificados após o exercício e tecidos
homogeneizados em MPA a 5%. Metabolismo da Glutationa no gastrocnêmio de
ratos submetidos a exercício físico agudo, p
<0,05.
100
Com relação ao conteúdo intracelular de dissulfeto de glutationa, os animais
sedentários que foram submetidos ao exercício físico agudo apresentaram um
aumento significativo de 52% quando comparados com o seu respectivo grupo
controle, como é observado na figura 13.
Média Dissulfeto de Glutationa Gastrocnêmio
0.00
500.00
1000.00
1500.00
2000.00
2500.00
3000.00
GSSG
nmols/g de tecido
Controle
Exercício
Figura 13. Animais imediatamente sacrificados após o exercício e tecidos
homogeneizados em MPA a 5%. Conteúdo médio de GSSG no gastrocnêmio de
ratos submetidos a exercício agudo de natação. Os valores são expressos como
média
± desvio padrão da média, p<0,05.
101
Como mostra a figura 14, a concentração de glutationa reduzida no
gastrocnêmio dos animais exercitados encontra-se diminuída em 58% em relação ao
grupo controle.
Glutationa Reduzida Média Gastrocnêmio
0.00
2000.00
4000.00
6000.00
8000.00
10000.00
12000.00
14000.00
16000.00
GSH
nmols/g de tecido
Controle
Exercício
Figura 14. Animais imediatamente sacrificados após o exercício e tecidos
homogeneizados em MPA a 5%. Conteúdo médio de glutationa reduzida no
gastrocnêmio de animais sedentários submetidos ao exercício agudo de natação. Os
valores são expressos como média
± desvio padrão da média, p<0,05.
102
O estado redox, medido pela relação GSSG/GSH no gastrocnêmio do grupo
exercício foi 80% maior que no grupo controle, indicando a presença de estresse
oxidativo conforme a figura 15.
Relação GSSG/GSH média Gastrocnêmio
0.000
0.100
0.200
0.300
0.400
0.500
0.600
0.700
GSSG/GSH
Unidades Arbitrárias
Controle
Exercício
Figura 15. Animais imediatamente sacrificados após o exercício e tecidos
homogeneizados em MPA a 5%. Relação GSSG/GSH média no gastrocnêmio de
ratos submetidos ao exercício agudo de natação. Os valores são expressos como
média
± desvio padrão da média, p<0,05.
103
4.5 Metabolismo da glutationa no gastrocnêmio de ratos submetidos ao
exercício agudo após treinamento de natação
Os resultados a seguir são apresentados em nmols/g de tecido nas variantes
de dissulfeto de glutationa (GSSG), glutationa reduzida (GSH) e glutationa total,
enquanto a relação GSSG/GSH é representada em unidades arbitrárias. Os
resultados obtidos nesta modalidade podem ser vistos na tabela 5.
GRUPOS AMOSTRA
GSH
TOTAL
GSSG GSH GSSG/GSH
EXERCÍCIO X1 4,664 2,001
662.26 3.0210
X2 4,269 1,910
450.30 4.2405
X3 4,058 1,807
444.60 4.0641
CTRL X4 5,962 1,436
3089.40 0.4649
X5 3,876 1,841
1311.00 0.4750
X6 4,993 998
2998.20 0.3327
GSH GSSG GSSG/GSH
GSH
TOTAL
GRUPOS
média
Desv.
Pad média
Desv.
Pad média
Desv.
Pad média
Desv.
Pad
EXERCÍCIO 519.05 87.72 1905.70 68.56 3.775 0.466 4330.453 217.244
CTRL 2466.20 708.15 1425.00 298.34 0.424 0.056 4943.800 738.203
Tabela 5. Animais imediatamente sacrificados após o exercício e tecidos
homogeneizados em MPA a 5%. Metabolismo da Glutationa no gastrocnêmio de
ratos submetidos a exercício físico agudo após treinamento de natação, p
<0,05.
104
O conteúdo de GSH reduzida no gastrocnêmio do grupo treinado foi 78%
menor do que em seu respectivo controle. (figura 16), enquanto que a sua
concentração de dissulfeto de glutationa foi 29% maior que no grupo controle (figura
17).
Glutationa Reduzida Média Gastrocnêmio
0.00
500.00
1000.00
1500.00
2000.00
2500.00
3000.00
3500.00
GSH
nmols/g de tecido
Controle
Exercício
Figura 16. Animais imediatamente sacrificados após o exercício e tecidos
homogeneizados em MPA a 5%. Conteúdo médio de glutationa reduzida no
gastrocnêmio de animais treinados submetidos ao exercício agudo de natação. Os
valores são expressos como média
± desvio padrão da média, p<0,05.
105
Média Dissulfeto de Glutationa Gastrocnêmio
0.00
500.00
1000.00
1500.00
2000.00
2500.00
GSSG
nmols/g de tecido
Controle
Exercício
Figura 17. Animais imediatamente sacrificados após o exercício e tecidos
homogeneizados em MPA a 5%. Conteúdo médio de glutationa oxidada no
gastrocnêmio de animais treinados submetidos ao exercício agudo de natação. Os
valores são expressos como média
± desvio padrão da média, p<0,05.
106
A relação GSSG/GSH no gastrocnêmio do grupo exercício treinado, foi 88%
maior do que em seu respectivo controle. Como demonstrado na figura 18.
Relação GSSG/GSH média Gastrocnêmio
0.000
0.500
1.000
1.500
2.000
2.500
3.000
3.500
4.000
4.500
GSSG/GSH
Unidades Arbitrárias
Controle
Exercício
Figura 18. . Animais imediatamente sacrificados após o exercício e tecidos
homogeneizados em MPA a 5%. Relação GSSG/GSH média no gastrocnêmio de
ratos treinados submetidos ao exercício agudo de natação. Os valores são
expressos como média
± desvio padrão da média, p<0,05.
107
4.6 Variações no metabolismo da glutationa no gastrocnêmio entre animais
submetidos ao exercício agudo e treinados uma semana.
Repetindo os resultados anteriormente demonstrados, aqui comparamos o
comportamento das variáveis envolvidas no metabolismo da glutationa entre os
grupos controle do exercício agudo, exercício agudo não treinado, controle repouso
de uma semana e exercício agudo treinado por uma semana.
Os resultados a seguir são apresentados em nmols/g de tecido nas variantes
de dissulfeto de glutationa (GSSG), glutationa reduzida (GSH) e glutationa total,
enquanto a relação GSSG/GSH é representada em unidades arbitrárias.
Com relação ao conteúdo de GSH reduzida foram encontradas diferenças
entre todos os grupos. O grupo controle agudo diferiu positivamente em 58% do
grupo exercício agudo, 80% do grupo controle treinado e 95% grupo exercício
treinado. O grupo agudo treinado obteve diferença significativa de 53% maior que no
grupo controle treinado e de 90% com o grupo exercício treinado. Como citado
anteriormente, ouve também diferença de 78% entre o controle treinado e o exercício
treinado.
O grupo controle agudo apresentou diferença estatística significante, em
relação ao seu conteúdo de glutationa oxidada, de 37% comparado com o grupo
exercício treinado e 52% com relação ao controle treinado. O grupo exercício
treinado apresentou seu conteúdo de GSSG 25% maior que seu controle e 23%
maior quando comparado com o grupo exercício agudo. Houve também diferença de
42% entre os grupos exercício agudo e controle treinado.
108
Na avaliação do estado redox (GSSG/GSH), o grupo controle agudo foi
diferente em 80% , 14% e 97% quando comparado respectivamente aos grupos
exercício agudo, treinado controle e exercício treinado. Entre os grupos treinado
controle e exercício treinado houve diferença de 88% e entre o exercício treinado e
exercício agudo de 49%. Estas diferenças tornam-se mais claras quando observadas
nas figuras 19, 20 e 21.
GSSG Gastrocnêmio
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
1
nmol/g tecido
Controle Agudo
Exercício Agudo
Controle Treinado
Exercício Treinado
Figura 19. Animais imediatamente sacrificados após o exercício e tecidos
homogeneizados em MPA a 5%. Conteúdo médio de dissulfeto de glutationa no
109
gastrocnêmio. Os valores são expressos como média ± desvio padrão da média,
p
<0,05.
GSH Gastrocnêmio
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
1
nmol/g tecido
Controle Agudo
Exercício Agudo
Controle Treinado
Exercício Treinado
Figura 20. Animais imediatamente sacrificados após o exercício e tecidos
homogeneizados em MPA a 5%. Conteúdo médio de glutationa reduzida no
gastrocnêmio. Os valores são expressos como média
± desvio padrão da média,
p
<0,05.
110
Relação GSSG/GSH Gatrocnêmio
0
0.5
1
1.5
2
2.5
3
3.5
4
4.5
1
Unidades Arbitrárias
Controle Agudo
Exercício Agudo
Controle Treinado
Exercício Treinado
Figura 21. Animais imediatamente sacrificados após o exercício e tecidos
homogeneizados em MPA a 5%. Relação média de GSSG/GSH no gastrocnêmio.
Os valores são expressos como média
± desvio padrão da média, p<0,05.
111
4.7 Atividade da Bomba MRP1/GS-x no gastrocnêmio e miocárdio de ratos
treinados submetidos a exercício agudo de natação.
A tabela 6 apresenta os dados obtidos a partir dos ensaios bioquímicos
realizados para identificar a atividade enzimática da bomba MRP1. O SLOPE indica
a velocidade de transporte em UI/min. O resultado final da velocide é expresso em
nmol/min/mg de proteína.
CORAÇÃO
ANIMAL SLOPE MÉDIO VELOCIDADE MÉDIA (VM) VALOR FINAL DA VM
(descontando GSSG)
MÉDIA DESVPAD EPM
R1 0,0122
144.70
145.23 8.85 5.11
R2 0,0128
154.34
R3 0,0117
136.66
R4 0,0165
213.02
201.04 10.39 6.00
R5 0,0154
195.56
R6 0,0153
194.54
GASTROCNÊMIO
ANIMAL SLOPE MÉDIO VELOCIDADE MÉDIA (VM) VALOR FINAL DA VM
(descontando GSSG)
R1 0,0134
163.99
164.52 2.45 1.42
R2 0,0133
162.38
R3 0,0136
167.20
R4 0,0136
167.20
165.60 7.37 4.25
R5 0,0139
172.03
R6 0,0130
157.56
Tabela 6. Atividade da bomba MRP1/GS-x no gastrocnêmio e miocárdio de ratos
treinados submetidos a exercício agudo de natação.
112
Os dados obtidos demonstraram que o miocárdio apresenta 21,4% mais
atividade GS-x quando comparado ao gastrocnêmio. Como pode ser observada nas
figuras 22 e 23, a atividade GS-x é alterada com o treinamento, porém a do
gastrocnêmio permanece inalterada.
Atividade Média da Bomba MRP1 no Miocárdio
0.00
50.00
100.00
150.00
200.00
250.00
Atividade Bomba
nmol/min/mg de proteína
Controle
Treinado
Figura 22. Atividade GS-x no miocárdio de ratos treinados. Os valores são expressos
como média
± desvio padrão da média, p<0,05.
113
Atividade Média da Bomba MRP/GS-x no Gastrocnêmio
150.00
155.00
160.00
165.00
170.00
175.00
Atividade Bomba
nmol/min/mg de proteína
Controle
Treinamento
Figura 23. Atividade GS-x no gastrocnêmio de ratos treinados. Os valores são
expressos como média
± desvio padrão da média.
114
4.8 Expressão de Proteínas de Choque Térmico (HSP70) e da bomba MRP1/GS-
x no miocárdio e gastrocnêmio de ratos sedentários e treinados submetidos a
exercício físico agudo
Os resultados a seguir são apresentados como a relação da expressão de
HSP70 e MRP1 sobre a de
β-actina e os valores são demonstrados em unidades
arbitrárias.
Não houve expressão de HSP70 no miocárdio de ratos dos grupos controle
agudo tampouco do grupo submetido ao exercício agudo, por esta razão, estes
dados não foram demonstrados na tabela 6.
115
A
B
C
C C C G G G
Figura 24. Expressão de HSP70 em animais sedentários submetidos ao exercício
físico e seus respectivos controles sacrificados 6 horas após o exercício. A - Na
imagem superior é possível visualizar o conteúdo de
β-actina no gel de poliacrilamida
corado com commassie blue. Na imagem abaixo (B) observa-se, na membrana de
nitrocelulose, a ausência da expressão de HSP70 tanto no gastrocnêmio quanto no
miocárdio dos grupos controles. As primeiras três bandas representam o músculo
cardíaco (C) e as outras três o gastrocnêmio (G). C – Membrana de nitrocelulose dos
animais submetidos a exercício agudo.
116
A
B
C
G G G C C C
Figura 25. Expressão de HSP70 e MRP1 em ratos treinados sacrificados 6 horas
após o exercício. A- Bandas de actina em gel corado com commassie blue; B –
Membrana de nitrocelulose indicando a expressão de HSP70 e MRP1 no grupo
controle treinado; C - Membrana de nitrocelulose indicando a expressão de HSP70 e
MRP1 no exercício treinado. As três primeiras bandas são de amostras de
gastrocnêmio (G) e as três últimas de miocárdio (C).
MRP1
HSP70
MRP1
HSP70
117
RATO ACTINA MRP HSP70
Relação
MRP/Actina
Relação
HSP70/Actina
4
37287 13268 36860 0.355834 0.988548
5
48690 16329 37919 0.335367 0.778784
6
39549 15478 36373 0.391363 0.919695
Média relação 0.360855 0.895676
Desvio Padrão 0.028334 0.106925
GRUPO
TREINADO
RATO ACTINA MRP HSP70
Relação
MRP/Actina
Relação
HSP70/Actina
1
51587 44638 43625 0.865296 0.845659
2
72187 49938 50330 0.691787 0.697217
3
73992 62386 52172 0.843145 0.705103
Média relação 0.800076 0.749326
Desvio Padrão 0.094433 0.083519
GRUPO
CONTROLE
RATO ACTINA MRP HSP70
Relação
MRP/Actina
Relação
HSP70/Actina
4
49163 30820 0 0.626894
5
47197 25841 0 0.547514
6
52372 33166 0 0.633277
Média relação 0 0.602562
Desvio Padrão 0 0.04778
GRUPO
TREINADO
RATO ACTINA MRP HSP70
Relação
MRP/Actina
Relação
HSP70/Actina
1
52751 43567 0 0.825899
2
35732 38103 0 1.066355
3
53984 40256 0 0.745702
Média relação 0 0.879319
Desvio Padrão 0 0.166868
118
Tabela 7. Expressão de HSP70 e MRP1 no miocárdio e gastrocnêmio de ratos
treinados. Resultados em pixels e expressos sobre a relação HSP70/Actina e MRP1/
Actina em unidades arbitrárias.
Relação HSP70/Actina Coração
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
1.2
1
Unidades Arbitrárias
Controle Agudo
Exercício Agudo
Controle Treinado
Exercício Treinado
Figura 26. Expressão média de HSP70 no miocárdio de ratos sacrificados 6 horas
após o exercício. Os valores são expressos como média
± desvio padrão da média,
p<0,05.
119
Relação MRP1/Actina Coração
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
1.2
1
Unidades Arbitrárias
Controle Agudo
Exercício Agudo
Controle Treinado
Exercício Treinado
Tabela 27. Expressão de MRP1 em miocárdio de ratos sacrificados 6 horas após o
exercício. Os valores são expressos como média
± desvio padrão da média, p<0,05.
120
Relação média HSP/Actina Gastrocnêmio
0
0.5
1
1.5
2
2.5
1
Unidades Arbitrárias
Controle Agudo
Exercício Agudo
Controle Treinado
Exercício Treinado
Figura 28. Expressão de HSP70 em gastrocnêmio de ratos treinados sacrificados 6
horas após o exercício . Os valores são expressos como média
± desvio padrão da
média, p<0,05.
121
Os dados indicativos sobre a expressão de HSP70 no miocárdio demonstram
um aumento nos grupos controle treinado e exercício treinado em relação ao controle
e exercício agudo, porém não havia diferença entre eles. Por outro lado, o
gastrocnêmio apresenta um pico elevado de expressão após o exercício agudo dos
animais sedentários (61% maior que o controle treinado e 45% maior que no
exercício treinado); não apresentando expressão nos animais do grupo controle
agudo. O grupo exercício treinado expressou HSP70 28% mais que seu controle.
Com relação à expressão de MRP1, ficou claro que o gastrocnêmio de todos
os grupos não expressou a proteína em quantidade suficiente para detecção pelo
método utilizado. No miocárdio do grupo controle agudo e exercício agudo também
não ocorreram diferenças na expressão de MRP1, no entanto, está é aumentada no
grupo controle e aumentava ainda mais após o treinamento de natação de uma
semana (58%).
122
4. DISCUSSÃO
Os efeitos do estresse oxidativo, independente do tecido atingido, levam ao
dano de lípides de membrana, DNA e proteínas necessárias para a função normal
da célula. Com relação aos efeitos do estresse oxidativo e nitrosativo sobre as
proteínas , este, pode alterar a função das mesmas por um fenômeno conhecido
como glutatiolação (KLATT et al, 2000) . Este processo, se confere na adição
covalente de glutationa aos resíduos de cisteína de diversas proteínas (formando
um composto dissulfeto misto) e parece ser um candidato para explicar como as
mudanças no estado redox induzidas por estresse oxidativo e nitrosativo pode ser
transduzida a uma resposta celular funcional. Esta resposta de formação de
compostos mistos de dissulfeto parece atuar com um mecanismo tampão do
estresse oxidativo e de proteção de importantes proteínas contra a oxidação
irreversível dos resíduos críticos de cisteínas regulando a atividade enzimática
(ZIEGLER et al, 1985; THOMAS et al, 1995). A regulação da função de proteínas
ocorre principalmente pela oxidação reversível de resíduos de metionina e de
cisteína, ambos aminoácidos que apresentam enxofre em sua cadeia lateral. No
primeiro caso, a metionina pode sofrer oxidação reversível a sulfóxido (em
condições razoáveis de estresse oxidativo) ou irreversível a sulfonila (sob
condições de estresse oxidativo severo). Sob a forma de sulfóxido, a proteína
perde sua função temporariamente, mas pode, pela ação de redutases, recuperar
sua forma original. Sobre a forma de sulfonila, a proteína perde definitivamente
sua função (LEVINE et al, 1996). No segundo caso, os resíduos de cisteína
123
podem sofrer oxidação a ácidos sulfênicos (RSOH), sulfínico (RSO2H) e sulfônico
(RSO3H). Nas formas sulfínica e sulfônica, compostos de formas estáveis, a
redução não pode ser efetuada por enzimas redutases. Por outro lado sob a forma
de sulfênico, um composto instável, pode ser reduzido a sua forma original (sendo
assim um processo de oxidação reversível) ou ainda alternativamente oxidado a
sulfinato e sulfonato (processo irreversível) ou ainda formar compostos de
dissulfeto misto com GSH (CLAIBORNE et al, 1999). Conforme imaginado, o
processo de modificação oxidativa em resíduos de cisteína e a conseqüente
formação de dissulfetos mistos é totalmente dependente do estado redox celular,
e estas modificações podem ser reversíveis após o retorno ao estado redox
original (PRINZ et al, 1997). Aparentemente estas transformações sugerem uma
estratégia imediata no combate aos possíveis danos irreversíveis causados por
alterações no estado redox celular, que podem rapidamente alterar a homeostase
celular de forma extremamente prejudicial.
Em nossos resultados verificamos que as concentrações de GSH e de
GSSG, bem como o estado redox celular (razão de GSSG/GSH), encontraram-se
inalteradas no exercício agudo em relação ao controle no miocárdio. Estes
resultados se repetem ao avaliar as mesmas variáveis entre os grupos exercício
treinados e seu respectivo grupo controle. No entanto, entre os conjuntos: controle
agudo e exercício agudo versus controle treinado e exercício treinado, os valores
basais já se encontravam mais elevados no segundo conjunto. Uma vez que um
dos fatores de grande influencia no conteúdo de glutationa intracelular é a
disponibilidade de seus aminoácidos constituintes, seria possível ,para explicar
124
esse nível basal mais elevado,que a dieta tenha influenciado nos resultados dos
animais estudados. O interessante destes resultados obtidos do metabolismo da
glutationa no miocárdio dos ratos, é de que apesar da pequena diferença entre os
conjuntos estudados, o comportamento das concentrações dos componentes
estudados foi o mesmo, demonstrando que o miocárdio impede variações
significativas no estado redox, mesmo sobre influencia do estresse fisiológico
causado pelo exercício de natação.
Como proposto anteriormente, as variações no estado redox em células
cardíacas tem grande importância no que concerne a alterações na função de
proteínas. Como exemplo clássico de proteína que sofre influencia do estado
redox, está o fator de transcrição NF-
κB. Este fator apresenta uma dupla variação
de ativação ao estado redox, primeiramente, um estado pró-oxidativo é requerido
para sua ativação inicial e, a posteriori, necessita de condições reduzidas para a
sua ligação ao promotor no DNA. A primeira condição, é importante para ativar
uma enzima (IKK) responsável pela degradação da proteína regulatória negativa
do NF-
κB, a IκBα. No segundo momento, pelo fato de que condições pró-
oxidantes poderiam levar a oxidação e a conjugação com glutationa dos resíduos
essenciais de ligação deste fator de transcrição (que devem apresentar carga
positiva) junto à seqüência promotora no DNA (que apresenta carga
essencialmente negativa), e que está impediria o início da transcrição de proteínas
dependentes de sua ligação ao promotor e a sua conseqüente ativação, se faz
necessária à predominância de condições redutoras para dar inicio a transcrição
de proteínas dependentes do NF-
κB. Recentes evidências sugerem que a
125
resposta inflamatória participa no desenvolvimento da insuficiência cardíaca e que
o NF-
κB estaria diretamente ligado a esta condição (VALEN et al, 2001).
Miocárdio de pacientes com insuficiência cardíaca um aumento na ativação do
NF-
κB e como conseqüência uma elevação na expressão de citocinas
inflamatórias COX-2, TNF-
α iNOS e moléculas de adesão celular (CAM`s). Uma
vez que para a ativação e ligação do NF-κB se fazem necessárias condições
especificas de estado redox, é de se pensar nos benefícios de manter estável o
grau de ativação deste fator através da manutenção do estado redox celular no
miocárdio. Nossos dados sugerem que o miocárdio, mesmo durante o estresse do
exercício físico, bem como após uma semana de treinamento, é capaz de manter
constante o conteúdo de glutationa reduzida e oxidada e por conseguinte o estado
redox celular, evitando assim, possíveis ativações indesejáveis deste fator de
transcrição.
Dentre outras proteínas que podem ter sua função alterada como
conseqüência de variações redox está o canal de potássio transiente de efluxo. As
arritmias cardíacas são um dos problemas clínicos que mais contribuem com a
incidência de morte súbita, e sua causa é originada de remodelamentos dos
componentes elétricos do coração (NABAUER et al, 1995; NERBONNE et al,
2000). Apesar de os mecanismos da arritmogênese não serem completamente
conhecidos, diversos estudos sugerem que a regulação a menos (downregulation)
e a atividade dos canais de K transientes de efluxo possam estar envolvidos
(TOMASELLI et al, 1999). A perda da função deste canal, pode levar a
repolarização anormal e a possibilidade do inicio de mecanismo de reentrada da
126
corrente elétrica (PARK et al, 1997; QIN et al, 1996). Outra possível conseqüência
da alteração na funcionalidade deste canal seria o aumento do conteúdo de cálcio
intracelular a uma concentração na qual é possível o inicio de processos de
contratura e insuficiência cardíaca (KAPRIELIAN et al, 1999; WICKENDEN et al,
1998). Dentro desta perspectiva é interessante citar um trabalho de ROZANSKI et
al (2002), onde foi estudado a influencia do metabolismo positivo da glutationa (a
favor de um estado reduzido), induzido por alterações nas etapas limites da
síntese e da disponibilidade de seus aminoácidos precursores, no remodelamento
de canais de potássio em coração de ratos pós-infartados. Neste estudo foi
demonstrado que em miocárdio de ratos pós-infartados havia uma regulação a
menor dos canais de K transientes de efluxo, e que o conteúdo de GSH s
encontrava diminuído e que esta diminuição estava associada à redução das
enzimas glutationa redutase e
γ-glutamilcisteína sintetase. Após o tratamento com
N-acetilcisteína (precursor de glutationa) e de dicloroacetato (substancia que
aumenta a atividade das vias da pentose) esta alterações de regulação a menor
eram recuperadas, demonstrando que as alterações no estado redox induzidas
pelo estresse oxidativo modula esta variável.
Seguindo a mesma linha de raciocínio, os receptores de rianodina, que
medeiam a liberação de cálcio a partir do retículo sarcoplasmático, bem como a
bomba de cálcio (conhecida como SERCA), que bombeia os íons cálcio
citoplasmáticos de volta ao retículo sarcoplasmático, são ambos suscetíveis a
modificações redox. O mecanismo de ativação dos canais de rianodina do
miocárdio se difere das células musculares esqueléticas (LAMB et al, 2000). No
127
músculo esquelético este é ativado por alterações de voltagem (BERS et al,2000)
enquanto no miocárdio sua ativação ocorre estimulada por íons cálcio
citoplasmáticos aumentados, e por conseguinte aparece como um mecanismo de
amplificação onde um aumento inicial de cálcio citosólico induz um aumento ainda
maior por parte dos canais de rianodina (RIOS et al, 1991). Sendo o cálcio, um
íon que atua como segundo mensageiro ubíquo, participando de processos de
transdução dos mais variáveis, na regulação de numerosas enzimas incluindo
fosfatases, quinases, proteases fosfolipases e endonucleases, este deve ser
mantido em concentrações estreitamente controladas. A oxidação dos grupos tiol
dos canais de rianodina, induz a liberação do cálcio a partir do retículo
sarcoplasmático. Já é um fato comprovado, que mudanças na razão GSSG/GSH
(indicativo do estado redox celular) modificam a atividade do canal de rianodina
(FENG et al, 2000; XIA et al, 2000; OBA et al, 2002). Em outros estudos
realizados por ARACENA (2001) e HIDALGO (2002), foi demonstrado que
aumentos de GSSG intracelular, estimulam a liberação de cálcio a partir dos
canais de rianodina.
Com base nos comentários anteriores, fica perfeitamente claro que o
miocárdio, como órgão essencial e permanentemente ativo, deve encontrar
maneiras inteligentes de manter constantes o conteúdo de GSSG e seu estado
redox nos mais variados desafios fisiológicos, para que assim não sofra os efeitos
danosos do estresse oxidativo. Por conseguinte, nosso trabalho demonstrou que
mesmo com o estresse do exercício forçado, bem como durante o treinamento
físico, o miocárdio manteve constante seu estado redox.
128
Ao contrário do miocárdio, o gastrocnêmio sofreu grandes alterações no
estado redox celular. Analisando o conteúdo de glutationa oxidada nos grupos
estudados, é possível notar que estes apresentam um comportamento parecido,
onde o grupo exercício agudo apresenta maior conteúdo que seu controle. O
mesmo se repete entre os grupos exercício treinado e controle treinado, porém
aparentemente existe uma adaptação no que concerne a formação de GSSG ou a
sua eliminação. O conteúdo de glutationa reduzida nos grupos estudados também
apresentou comportamentos semelhantes quando comparados com seus
controles, no entanto, os níveis basais de GSH no grupo controle treinado já eram
inferiores ao controle dos animais do exercício agudo. Esta alteração pode ser
decorrente da dieta ou de possíveis alterações que o estresse da manipulação
realizado por uma semana pode ter influenciado nos dados obtidos. Quando são
observados os dados da razão GSSG/GSH verifica-se mais uma vez um
comportamento semelhante entre os grupos, onde os exercícios apresentam uma
forte alteração redox em suas células. Chama a atenção, a grande diferença
encontrada no grupo exercício treinado, onde os níveis de estado redox atingem
valores altíssimos. Para explicar este comportamento é possível especular que, o
fato dos animais em questão terem sido exercitados diariamente por apenas uma
semana possa ter ocasionado uma resposta inflamatória muscular e, como este
processo é sabidamente um fator produtor de radicais livres é possível que esta
alteração seja a causa dos resultados encontrados. Ainda na mesma linha de
raciocínio é possível pensar que as células do sistema imunológico ativadas no
processo de inflamatório, devido ao seu alto metabolismo, aumentaram o
consumo de glutamina bem como a sua produção, alterando a disponibilidade dos
129
aminoácidos necessários à síntese de glutationa no músculo. É possível também,
especular que a depleção contínua de glutationa e a não adaptação dos
transportadores bem como das enzimas relacionadas á síntese de glutationa em
apenas uma semana de treinamento, tenha levado a este estado redox
encontrado.
Para tentar explicar os resultados encontrados em ambos os tecidos no que
se referem ao metabolismo da glutationa e estado redox celular, podemos analisar
os dados obtidos na expressão e atividade da bomba MRP1/GS-X. Nossa
hipótese inicial, era de que o miocárdio poderia estar protegido dos danos
associados ao estresse oxidativo e nitrosativo por um mecanismo de transporte
ativo do conteúdo de glutationa oxidada do citosol para o meio extracelular e desta
maneira impedir alterações no estado redox celular.
Como citado na introdução, as GS-X são uma grande família de ATPases
transportadoras de ânions e dependentes de magnésio. O termo “bomba GS-X”
foi originalmente proposto, baseado na sua atividade transportadora com alta
afinidade por S-conjugados de glutationa, dissulfeto de glutationa e cisteinil
leucotrienos. Já em 1984, foi demonstrada pela primeira vez, a liberação de
GSSG e de conjugados de GSH a partir de corações isolados e perfundidos
(ISHIKAWA et al, 1984). Como as cardiomiopatias resultam de danos oriundos de
estresse oxidativo imposto por hiperoxia ou administração de certas drogas, bem
como situações de isquemia-reperfusão, o efluxo de GSSG foi sugerido como
importante mecanismo de defesa contra o estresse oxidativo (ISHIKAWA et al,
1986). A identificação de proteínas liberadoras de GSSG das células, como a
130
MRP1 e 2 (LEIR et al, 1996), sugere que os membros da família das MRP`s seja
uma rota essencial para o controle intracelular dos níveis de GSSG e que as
MRP`s medeiem o transporte de GSSG como um mecanismo adaptativo para
compensar o estresse oxidativo quando a GSSG redutase torna-se a etapa
limitante. A liberação do conteúdo de GSSG é considerada um importante
mecanismo de manutenção do potencial redox induzido pelos grupos tiols
reduzidos. Ë consistente a esta visão, que o estresse oxidativo aumente a
expressão de MRP1 em cultura de células (YAMANE et al, 1998). Em astrócitos
de ratos submetidos a estresse oxidativo, já foi verificado que a bomba MRP1
medeia à liberação de GSSG em uma tentativa de defender-se contra os efeitos
do estresse oxidativo, mantendo o estado redox inalterado (HIRRLINGER et al,
2001).
Os dados obtidos neste trabalho, demonstram que o miocárdio aumentou
significativamente sua expressão de MRP1 somente nos grupos treinado controle
e treinado exercício, sendo que a de maior significância foi neste último. Nos
outros grupos, o miocárdio não apresentou expressão suficiente para ser
identificada pelos métodos utilizados na revelação. O controle da expressão da
MRP1, bem como as vias de sinalização que a controlam são muito pouco
conhecidos. Como citado na introdução nem as seqüências do promotor de seu
gene foram identificadas. No entanto, as vias de regulação do gene da MRP
parece ocorrer através de estímulos de fatores externos, como por exemplo a
radiação (OOSTHUIZEN et al, 2000; HARVIE et al, 1997). Estudos recentes
apontaram diversas ligações entre a atividade da p53 e a expressão de mrp1. A
131
p53, aparentemente reduz a transcrição de mrp1 (VOLM et al, 1993) e em células
mutantes com a p53 inativadas, os níveis de RNAm de mrp1 apresentam-se
elevadas. A regulação negativa a partir da p53 parece ocorrer através de seus
efeitos na transcrição de um ativador Sp-1 (WANG et al, 2000). Um estudo
recente indicou que a expressão de mrp1 em células cancerígenas de esôfago
não é controlada por choque térmico (STEIN et al, 1997). No entanto, esta
evidência é limitada e novos estudos em diferentes linhagens de células devem
ser realizados. Interessantemente a resistência a drogas anticâncer em pacientes
com câncer de próstata, é associada a mutações no gene da PTEN, uma
fosfatase que participa na inativação da via fosfatidilinositol-3-quinase (PI3K).
Aparentemente, o aumento da atividade da PI3K leva a aumento da resistência a
drogas anti-cancer. Interessantemente, a expressao de MRP1 mas não de MDR1
é observada. Juntos, estes dados sugerem uma via de comunicação cruzada
entre a PI3K e o controle gênico das MRP`s (LEE et al, 2002). Este último dado
cria a possibilidade de que a regulação da expressão de MRP pode ocorrer por
ativação da via PI3K ou por outros mecanismos de fosforilação. Como não
existem dados na literatura para explicar os possíveis mecanismos de expressão
da MRP1 em situaçoes de exercício físico podemos especular que tálvez,
mecanismos de fosforilação induzidos pela ação de catecolaminas (por exemplo)
podem estar involvidos no controle da expressão de MRP, a longo prazo, após o
treinamento físico. Nossos dados, de expressão de MRP1 no miocárdio sugerem
que esta bomba pode ser, pelo menos em parte, pelo controle do estado redox
celular em diversas situaçoes estressantes como o exercício físico, e que na
132
tentativa de manter contante a relação GSSG/GSH a expressão desta proteína é
aumentada.
Em contrapartida com a expressão aumentada de MRP1 no músculo
cardíaco, o gastrocnemio não apresentou expressão em decorrência do exercício
agudo de uma hora tampouco após o treinamento de uma semana. Levando-se
em consideração todas as alterações provocadas em células submetidas a
estresse oxidativo e a alterações no estado redox celular, pode-se sugerir que o
miocárdio encontra-se mais protegido que o gastrocnemio no que concerne aos
processos de mudança na função de proteínas.
Dada a importância do músculo cardíaco, era de se esperar também, uma
atividade de transporte da bomba GS-x maior em relação ao músculo esquelético.
Este fato foi confirmado em nosso trabalho onde foram encontrados, pela primeira
vez, valores nos animais controle (músculo cardíaco), maiores em relação aos
grupos controle do gastrocnêmio. A atividade da bomba GS-X no gastrocnêmio
permanece inalterada após o treinamento, porém, interessantemente o miocárdio
sofre uma significativa redução. A diminuição da atividade GS-x no miocárdio
poderia ser explicada em função de que uma expressão aumentada de MRP1 no
músculo cardíaco levaria a uma menor disponibilidade de substrato (GSSG) e por
conseguinte uma redução em sua atividade. Estas alterações, na expressão e na
atividade da MRP1 provavelmente têm importância na manutenção do estado
redox celular, impedindo alterações no conteúdo de GSSG intracelular e por
conseguinte impedindo alterações importantes na função de proteínas. A ausência
da expressão de MRP1 no gastrocnêmio, mas a demonstração de que esta
133
apresenta atividade GS-X, sugere que o método de revelação não foi sensível
para detectar alterações mínimas de expressão, ou ainda pela existencia de outra
MRP, por exemplo a MRP5, presente em diversos tecidos.
Entre as muitas estratégias desenvolvidas pelas células para lidar com
mudanças adversas no ambiente como o estresse oxidativo, a expressão de
HSP70 é uma das mais conservadas. Por esta razão, nossa hipótese era de que,
ao se realizar uma sessão aguda de exercício físico de natação, a expressão de
HSP70 encontrar-se-ia aumentada em ambos os tecidos, principalmente no
gastrocnêmio, uma vez que o miocárdio estaria mais protegido contra os efeitos
do estresse oxidativo e das variações redox, pela expressão aumentada de
MRP1.
No miocárdio, a expressão de HSP70 não foi demonstrada no grupo
controle agudo tampouco após uma sessão de exercício agudo. No entanto,
quando observamos o grupo controle treinado, a expressão de HSP70 já se
encontra aumentada e, após o exercício, não sofre alteração significativa. A
ausência da expressão desta proteína de estresse no miocárdio dos animais
submetidos ao exercício agudo poderia ser justificada pela ausência de estresse
oxidativo. Em teoria, se não há estresse oxidativo, não existira desnaturação de
proteínas e por conseguinte não se faria necessária à expressão de HSP70. No
entanto, ambos os grupos, controle treinado e exercício treinado expressaram a
proteína. Como se trata de uma proteína cuja função está associada à
cardioproteção através de inúmeros mecanismos, seria incoerente se pensar que
sua expressão não ocorresse após uma sessão de exercício agudo com animais
134
sedentários como foi demonstrado em nosso trabalho. Entretanto, cabe lembrar
que a ativação do HSF1, fator de transcrição necessário para a síntese de HSP70,
e sua fixação ao promotor no DNA é um mecanismo complexo, e que, como já
demonstrado, a simples ligação HSF1-HSE no DNA não é suficiente para induzir a
ativação transcripcional do HSF1, sugerindo um evento adicional na regulação
deste fator de transcrição (JURIVICH et al, 1992). Acredita-se que a
hiperfosforilação do HSF1 em seus resíduos de serina seguida de sua ligação ao
HSE inicie sua atividade (XIA et al, 1997). Entre os candidatos a ativadores do
HSF por fosforilação, estão a proteína quinase C ou PKC (quinase dependente de
cálcio-fosfolipídeo) e a proteína quinas A ou PKA (quinase dependente de
AMPcíclico). Durante o exercício, níveis elevados de catecolaminas no plasma e
coração levam ao aumento da atividade da PKC E PKA, e estas participam na
regulação de processos de mobilização de substratos energéticos, mudanças de
fluxo iônico, desenvolvimento de força contrátil bem como da expressão gênica
(SUGDEN et al, 1995; FRANCIS et al, 1982). Já foi demonstrado que a
administração de agonistas
β-adrenérgicos que aumentam a atividade da PKA,
potencializam a expressão de HSP70 durante uma sessão aguda de exercício
(PAROO et al, 1999), enquanto que autores demonstraram que o tratamento com
inibidores de PKC diminuía a cardioproteção induzida pelo exercício (YAMASHITA
et al, 2001). Em um estudo de MELLING & NOBLE (2004), foi sugerido que a PKC
não estaria envolvida nos eventos iniciais da ativação do gene da HSP70, mas 24
horas após o exercício se faria importante, levando a um mecanismo de proteção
posterior à célula cardíaca, abrindo a possibilidade de uma janela de controle da
135
expressão de HSP mais ampla. Este último dado, explicaria o fato da ausência da
expressão de HSP70 após o exercício agudo, uma vez que os animais foram
dissecados 6 horas após o exercício,e talvez, este tempo não foram suficientes
para induzir a expressão da proteína. Nesta mesma perspectiva, com relação à
expressão aumentada encontrada no miocárdio dos animais do grupo controle
treinado, poderia ser explicado pelo provável aumento da temperatura corporal
induzida pelo contato diário com a água aquecida (30
°C) do aquário, uma vez que
outro fator indutor da síntese de HSP70 no miocárdio e esquelético são as
mudanças bruscas de temperatura.
Com relação à expressão de HSP70 no gastrocnêmio, a ausência de sua
expressão no grupo controle agudo poderia ser explicada, em parte, assim como
no músculo cardíaco, pela provável resposta retardada ao estresse, muito após as
seis horas do exercício, e por conseguinte, essa resposta já seria visível no grupo
controle treinado, onde neste a expressão foi clara. Obviamente, por adaptações
decorridas do treinamento, a expressão de HSP70 nos animais treinados foi
menor que a dos animais sedentários submetidos ao exercício agudo, resposta
esta, já esperada.
Os nossos dados sugerem que, aparentemente, o músculo cardíaco
apresenta-se mais protegido contra os danos do estresse oxidativo bem como das
variações no estado redox induzidas pelo exercício físico, devido a sua intrínseca
capacidade aumentada de exportar, via MRP1, os excessos de GSSG formado
durante o estresse, evitando assim, importantes mudanças na função de suas
proteínas. Por sua vez, o gastrocnêmio, mais suscetível ao dano oxidativo, teria
136
como principal mecanismo de proteção à expressão de HSP70 aumentada. No
entanto, a expressão de HSP70 no miocárdio também se faz importante em
diversos mecanismos de cardioproteção.
Somados, os resultados sugerem que uma aumentada atividade GS-X
graças a um aumento na expressão da MRP1 possam ter sido uma adaptação
evolutiva importante para impedir o estresse oxidativo no miocárdio em relação ao
músculo esquelético. O significado fisiológico desses achados bem como suas
possíveis aplicações terapêuticas encontra-se em estudo em nosso laboratório.
137
5. CONCLUSÕES
A partir dos resultados obtidos no presente estudo, apresentamos as
conclusões abaixo:
1) O gastrocnêmio de animais sedentários submetidos a exercício agudo de
natação (60 min) apresenta mudanças no estado redox celular, induzidas pelo
estresse oxidativo, quando comparadas ao seu grupo controle. Apresenta
expressão aumentada de HSP70 em relação ao controle e não expressa
MRP1.
2) O gastrocnêmio de animais treinados submetidos a exercício agudo de
natação comporta-se de maneira semelhante ao músculo do animal
sedentário, porém de forma ainda mais acentuada. Expressa HSP70 de forma
significativa em relação ao seu controle, mas esta é inferior ao conteúdo
expresso no animal sedentário submetido ao exercício. . Não expressão
MRP1 e apresenta atividade GS-x baixa e inalterada com o treinamento.
3) Ao contrário do músculo gastrocnêmio, o miocárdio de animais sedentários
submetidos a exercício agudo de natação (60 min) não apresenta mudanças
no estado redox celular quando comparadas ao seu grupo controle. Não
138
apresenta expressão de HSP70 em relação ao controle seis horas após o
exercício tampouco de MRP1.
4) O miocárdio de animais treinados submetidos a exercício agudo de natação
não apresenta variações no estado redox celular quando comparados ao seu
controle. Expressa HSP70 de forma igual ao seu controle, mas esta é superior
ao conteúdo expresso no animal sedentário submetido ao exercício. Expressa
MRP1 de forma acentuada quando comparado ao seu controle e aos animais
sedentários submetidos ao exercício agudo e apresenta atividade GS-X mais
alta que o gastrocnêmio, porém esta é diminuída com o treinamento com o
treinamento.
5) Tomados num todo, nossos resultados sugerem que a expressão da MRP1 e
a conseqüente atividade das bombas GS-X no miocárdio sejam um fator
diferencial que o confere resistência ao estresse oxidativo por exportar GSSG
mais do que o músculo esquelético.
139
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