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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA CELULAR, EMBRIOLOGIA E GENÉTICA
LABORATÓRIO DE GENÉTICA DO COMPORTAMENTO
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FARMACOLOGIA
A Influência de Fatores Genéticos e Ambientais
em Modelos Animais de Ansiedade e sua Relação
com um Modelo de Alcoolismo
Geison de Souza Izídio
Florianópolis, Abril de 2005.
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA CELULAR, EMBRIOLOGIA E GENÉTICA
LABORATÓRIO DE GENÉTICA DO COMPORTAMENTO
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FARMACOLOGIA
A Influência de Fatores Genéticos e
Ambientais em Modelos Animais de
Ansiedade e sua Relação com um Modelo
de Alcoolismo
Geison de Souza Izídio
Dissertação apresentada como requisito
parcial à obtenção do título de Mestre ao
Curso de Pós-graduação em Farmacologia
da Universidade Federal de Santa Catarina.
Orientador:
Prof. Dr. André de Ávila Ramos
Florianópolis, Abril de 2005.
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“...como você define real?
Se você está falando do que você consegue sentir, cheirar, provar, ver, ouvir,
então real são simplesmente sinais elétricos interpretados pelo seu cérebro...”
Warner Bros. (Matrix I, 1999)
4
In memorian
“Vivam o presente se preocupando apenas com cada instante e se esforcem para
fazer deste momento o mais feliz possível”
Bruno Rodrigo Gonçalves
5
AGRADECIMENTOS
Gostaria aqui de registrar meus mais sinceros agradecimentos a algumas
pessoas que possibilitaram a realização de mais esta etapa da minha vida. Peço
desculpas aos possíveis esquecidos desta lista.
Ao professor Dr. André Ramos, pela amizade e pela oportunidade de trabalhar
neste laboratório, que deu início a minha carreira científica. Também agradeço
a excelente orientação dedicada a mim, sem a qual este trabalho não seria
possível.
A Dra. Silvana Chiavegatto que me recebeu no INCOR em São Paulo para um
trabalho em colaboração, onde pude conhecer pela primeira vez outro
laboratório, que já rendeu e ainda renderá excelentes resultados.
Aos colegas de laboratório Douglas, Elayne, Fedra, Luiz e Thaís pela amizade
e os bons momentos juntos, além da grande ajuda nas tarefas diárias,
especialmente no momento da redação deste trabalho.
A todos os meus amigos e amigas do Programa de Pós-graduação em
Farmacologia especialmente a turma do futebol Rui, Luciano, Pamplona,
Fabrício A., Fabrício H., Jarbas, Daniel, Inácio, Juliano, Rodrigo.
Aos famosos Calangueadores” Marcos Tortato, Tiago Juruá Damo Ranzi
Fernando Luiz Hoffman Jr., Rafael Dornelles, Luiz Spricigo Jr., Marcos Pires,
pelas inúmeras provas de verdadeira amizade e por todos os momentos de
descontração proporcionados ao longo destes últimos anos.
Aos professores e funcionários Diana, Goretti e Pedro do Departamento de
Farmacologia da UFSC, que trabalham em favor de uma universidade pública,
6
gratuita e de qualidade.
A minha namorada Carolina, por estar sempre ao meu lado em todos os
momentos, de alegrias ou de dificuldades. A toda a sua família por me acolher
e me apoiar nestes últimos anos, especialmente a sua mãe Dona Luci que
muitos almoços me serviu durante estes dois anos.
A minha grande família, especialmente, aos meus pais Nilson e Elisete, aos
meus irmãos Juliana, Gustavo e Tatiana e as minhas avós Bárbara e Olinda,
por todo o apoio e torcida para que tudo desse certo.
Aos professores Drs. Reinaldo Naoto Takahashi, Silvana Chiavegatto e
Thereza Christina Monteiro de Lima, por terem aceitado o convite para
participar da avaliação deste trabalho e contribuir com melhorias para com o
mesmo.
Aos colegas de apartamento antigos, Reinaldo e Bruno, e atuais, Carazinho e
Joel, com quem tanto pude aprender, descontrair-me e passar grandes
momentos.
Ao meu grande amigo Bruno Rodrigo Gonçalves, que tanto me ensinou
nesta vida e que hoje não se faz mais presente.
Aos “ratinhos” que são minha espécie de estudo e que me permitem ir a
busca de conhecimento para o bem da nossa própria espécie.
Ao apoio financeiro da CAPES, sem o qual esta etapa não teria sido
completada.
7
IZÍDIO, Geison Souza A Influência de Fatores Genéticos e Ambientais em Modelos
Animais de Ansiedade e sua Relação com um Modelo de Alcoolismo. Florianópolis,
2005. 1p. Dissertação (Mestrado em Farmacologia) – Programa de Pós Graduação em
Farmacologia, Universidade Federal de Santa Catarina.
Orientador: André de Ávila Ramos
Defesa: 22/02/05
Nós avaliamos a influência de fatores ambientais e genéticos sobre medidas
comportamentais de ansiedade e alcoolismo. Para isso, testamos os ratos LEW e SHR em:
(a) 3 testes comportamentais de ansiedade, com algumas variações no ambiente de
laboratório, (b) um protocolo de alcoolismo e (c) medidas de expressão gênica. Os ratos
Floripa H/L foram avaliados nos mesmos testes de ansiedade e alcoolismo. Os resultados
mostraram que as linhagens LEW/SHR diferem no teste da caixa branca/preta (CBP), tanto
na fase clara como na fase escura do ciclo circadiano, e no labirinto em cruz elevado
(LCE), tanto no teste como no reteste 24h depois, com os animais LEW sendo mais
“ansiosos” do que os SHR. A posição da gaiola no biotério e o estado comportamental
(sono/vigília) do animal antes do teste influenciam os resultados dos testes de ansiedade. A
linhagem mais “ansiosa” (LEW), foi a que consumiu maiores quantidades de etanol. Os
ratos LEW apresentaram menores níveis de expressão nica de NPY e maiores níveis de
receptores 5-HT
1A
em relação aos SHR no hipocampo. A linhagem Floripa L foi mais
“ansiosa” e ingeriu mais etanol. Concluindo, (a) teste e reteste no LCE podem compartilhar
componentes psicológicos comuns, (b) as diferenças genéticas entre ratos LEW e SHR são
influenciadas por alguns detalhes do ambiente de laboratório, (c) parece existir uma
correlação positiva entre a ansiedade e o alcoolismo e (d) o NPY e os receptores 5-HT
1A
do
hipocampo parecem estar envolvidos nestas patologias.
8
RESUMO
A influência da genética nas características relacionadas com os transtornos de
ansiedade tem sido amplamente demonstrada tanto em humanos, quanto em
modelos animais. No entanto, a comparação de linhagens de roedores em testes
comportamentais de ansiedade/emocionalidade pode apresentar resultados não-
reproduzíveis entre diferentes estudos e laboratórios, mesmo quando os genótipos
são mantidos constantes. Então, além de se estudar os fatores genéticos, a
identificação de fatores ambientais relevantes e as interações genótipo-ambiente
parecem ser pontos importantes para aumentar a reprodutibilidade dos estudos
genéticos e neurocomportamentais. Neste estudo, nós objetivamos avaliar a
influência de fatores ambientais e genéticos sobre medidas comportamentais
relacionadas à ansiedade e a possível relação entre modelos animais de
ansiedade e alcoolismo. Para isso nós testamos um modelo genético animal (ratos
das linhagens LEW e SHR) em: (a) três testes comportamentais de ansiedade,
com algumas variações no ambiente de laboratório ou na situação de teste, (b) um
protocolo de ingestão espontânea de etanol e (c) medidas de expressão gênica
em duas regiões do cérebro relacionadas com comportamentos de ansiedade e
alcoolismo. Além disso, um segundo modelo genético (ratos Floripa H e L) foi
avaliado nos mesmos testes comportamentais de ansiedade e consumo de etanol.
Os resultados mostraram que as linhagens LEW e SHR apresentaram diferenças
relacionadas à ansiedade no teste da caixa branca/preta (CBP), tanto na fase
clara como na fase escura do ciclo circadiano, e no labirinto em cruz elevado
(LCE), tanto no teste como no reteste 24h depois, com os animais LEW parecendo
mais “ansiosos” do que os animais SHR. Nós também mostramos que a posição
9
da gaiola no biotério e o estado comportamental (sono/vigília) do animal logo
antes do teste têm influência nos resultados dos testes comportamentais de
ansiedade, com algumas destas influências sendo genótipo-dependentes. Foi
ainda demonstrado que a linhagem considerada a mais “ansiosa” (LEW) no nosso
modelo genético, foi a que consumiu maiores quantidades de etanol quando este
foi oferecido em livre escolha a concentrações de 6% e 10%. Além disso, foram
encontrados menores níveis de expressão gênica de NPY e maiores níveis de
expressão gênica de receptores 5-HT
1A
no hipocampo, mas não no hipotálamo,
dos ratos LEW em relação a ratos SHR. Outro gene investigado neste estudo,
Grin2b, o diferiu no hipocampo ou no hipotálamo entre os ratos LEW e SHR.
Finalmente, o protocolo de auto-administração de etanol aplicado às linhagens
Floripa H e L sugeriu novamente uma correlação positiva entre os
comportamentos de “ansiedade” e o consumo de álcool, pois a linhagem Floripa L,
que foi a mais “ansiosa” neste modelo genético, também foi a que ingeriu maiores
quantidades de etanol. Em conclusão, os resultados deste trabalho: (a) sugeriram
que o teste e o reteste do LCE podem compartilhar componentes psicológicos
comuns, (b) reforçaram as linhagens LEW e SHR como um importante modelo
genético para o estudo da ansiedade, (c) mostraram que, apesar de sua robustez,
as diferenças genéticas entre ratos LEW e SHR podem ser influenciadas por
alguns detalhes do ambiente de laboratório, (d) sugeriram uma correlação positiva
entre índices experimentais de ansiedade e consumo de etanol e (e) reforçaram a
hipótese de participação do NPY e dos receptores 5-HT
1A
do hipocampo nas
variações genéticas nestes comportamentos.
10
ABSTRACT
The influence of genetics on anxiety-related traits has been thoroughly
demonstrated both in humans and animal models. The comparison of rodent
strains in behavioural tests of anxiety/emotionality can show non-reproducible
results across different laboratories and studies, even when genotypes are kept
constant. Therefore, identifying the relevant environmental factors and the
genotype/environment interactions seem to be an important step to increase the
confiability of both genetic and neurobehavioural studies. In this study, we aimed to
evaluate the influence of environmental and genetic factors on anxiety-related
measures and the possible relationship between anxiety and alcoholism
experimental models. Thus, we evaluated one genetic animal model (LEW and
SHR rats) in: (a) three anxiety behavioural tests with some variations in the
environment of the laboratory or in the test situation (b) one ethanol self-
administration procedure and (c) one gene expression test (Real-time RT-PCR) on
two different anxiety and alcoholism-related brain regions. Furthermore, a second
genetic model (Floripa H and L rats) was evaluated in the same anxiety and
alcoholism behavioural tests. The results have shown that LEW and SHR rats
present differences related to anxiety in the black/white box (BWB) in the dark
phase of the circadian cycle and in the elevated plus-maze (EPM) in the test as
well as in the retest 24h later, with LEW animals seeming more "anxious" than
SHR animals. This suggests that the emotional differences between these strains
are robust and not phase-dependent in the BWB and that the test/retest in the
EPM can share common psychological components. We also showed that the
11
cage position inside the housing room and the rat’s behavioral state before the test
influence the results of anxiety tests, with some of these influences being
genotype-dependent. Moreover, we demonstrated that the strain considered to be
"more anxious" (LEW) in our genetic model was the one that consumed greater
amounts of ethanol when offered in free-choice at concentrations of 6% and 10%.
Moreover, LEW rats showed lower levels of gene expression of NPY and higher
levels of 5-HT
1A
receptor in the hippocampus, in relation to SHR rats. Finally, the
self-administration protocol, applied to the Floripa H and L rat strains, suggested
again a positive correlation between anxiety and alcoholism-related behaviors. The
Floripa L strain, that was more emotionally reactive in this genetic model, was also
the one that ingested higher amounts of ethanol. In conclusion, the results of this
work suggested that (a) the test and retest of the EPM can share common
psychological components, (b) LEW and SHR rats are an important genetic model
for the study of the anxiety, (c) the genetic differences between them can be
influenced by some variations in the laboratory environment, (d) there is a positive
correlation between experimental indices of anxiety and ethanol consumption and
(e) the participation of NPY and 5-HT1A receptors in the hippocampus are
important for the genetic variations observed in these behaviors.
12
LISTA DE ABREVIAÇÕES
ACTH = Hormônio adrenocorticotrófico.
AMPA = ácido amino-3-hidroxi-5-metil 1-4 propiônico isoxazolínico.
ANOVA = análise de variância.
CA = campo aberto.
CBP = caixa branca/preta.
CRF = hormônio de liberação de corticotrofinas.
DNA = ácido desoxirribonucléico.
GABA = ácido γ-aminobutírico.
HPA = hipotálamo-pituitária-adrenal.
ICV = Intracerebroventricular.
LCE = labirinto em cruz elevado.
LEW = Lewis.
NAR = Núcleo arcuado.
NMDA = N-metil-D-aspartato.
NPV = Núcleo paraventricular.
NPY = Neuropeptídeo Y
NR2b = Subunidade 2b do receptor NMDA.
RNA = ácido ribonucléico.
13
RT-PCR = Reverse transcription-polymerase chain reaction.
SHR = Spontaneously Hipertensive Rats.
SNC = Sistema nervoso central.
SNP = Single nucleotide polimorfism.
TNF = Teste do nado forçado.
QTL = Quantitative trait loci.
WKY = Wistar-Kyoto.
5-HT = 5-hidroxitriptamina.
5-HTT= transportador de 5-hidroxitriptamina.
8-OH-DPAT = 8-hidroxi-2-(di-n-propilamino) tetralina.
14
ARTIGOS E RESUMOS ORIGINADOS POR ESTE TRABALHO
Artigos em revistas especializadas:
Izídio, G. S.; Spricigo Jr., L.; Ramos, A. (2005) Genetic differences in the elevated
plus-maze persist after first exposure of inbred rats to the test apparatus. Behav
Processes, 68: 129-134.
Izídio, G. S.; Lopes, D. M.; Spricigo Jr., L.; Ramos, A. (2005) Common variations in
the pre-test environment influence genotypic comparisons in models of anxiety.
Genes, Brain Behav (In print).
Resumos internacionais:
Ramos, A.; Izídio, G. S.; Bibancos, T.; Jardim, D. L.; Aneas, I.; Chiavegatto, S.
(2004) Emotionality, Alcohol Intake and Gene Expression in the Lewis and SHR
inbred rat strains. Society for Neuroscience meeting 2004, San Diego - USA.
Ramos, A.; Izídio, G. S.; Chiavegatto, S. (2004) Anxiety-related behaviors and 5-
HT1A receptor gene expression in Lewis and SHR inbred rats. The Biological
Basis of Personality and Individual Differences, Long Island - USA.
Izídio, G. S.; Lopes, D. M.; Spricigo Jr., L.; Ramos, A. (2004) Variations in the
environment of the laboratory can modify genotypic differences in behavioral
models of anxiety. 4
°
Taller de Neurociencias, Vaquerías, Cordoba, Argentina.
15
Resumos nacionais:
Izídio, G. S.; Bruske, G. R.; Spricigo Jr, L; Ramos, A. Comparação
comportamental em testes de ansiedade de duas linhagens isogênicas de ratos
em duas fases do ritmo circadiano de sono/vigília. FESBE, 2002, Salvador.
Izídio, G. S.; Bruske, G. R.; Spricigo Jr, L.; Ramos, A. Ratos Lewis e SHR, um
modelo genético para o estudo da ansiedade, caracterizados no teste/reteste do
labirinto em cruz elevado. FESBE, 2003, Curitiba, 2003.
Izídio, G. S.; Ramos, A.; Bibancos, T.; Jardim, D. L.; Aneas, I.; Chiavegatto, S.
Expressão Gênica, Emocionalidade e Consumo de Álcool nas Linhagens de Ratos
Isogênicas Lewis e SHR. 50° Congresso Brasileiro de Genética, 2004,
Florianópolis.
Izídio, G. S.; Lopes, D. M.; Spricigo Jr, L.; Ramos, A. Variações no ambiente de
laboratório podem mascarar diferenças genotípicas no modelo genético de
ansiedade em ratos. 50° Congresso Brasileiro de Genética, 2004, Florianópolis.
Izídio, G. S.; Spricigo Jr, L.; Ramos, A. Índices experimentais de ansiedade e
alcoolismo aparecem associados nas linhagens de ratos Lewis e SHR. XIX
FESBE, 2004, Águas de Lindóia.
16
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO..................................................................................................... 1
1.1 A Ansiedade ...................................................................................................... 2
1.1.1 Definição ............................................................................................. 2
1.1.2 Sintomas e tratamento da ansiedade ...................................................3
1.2 Roedores na pesquisa biomédica ..................................................................... 4
1.3 Testes Comportamentais....................................................................................6
1.3.1 Campo Aberto ..................................................................................... 8
1.3.2 Labirinto em Cruz Elevado .................................................................. 9
1.3.3 Caixa Branca/Preta ........................................................................... 12
1.4 Modelos Genéticos Animais.............................................................................14
1.4.1 Linhagens Lewis e SHR .....................................................................16
1.4.2 Linhagens Floripa H e L .....................................................................18
1.5 Ambiente ......................................................................................................... 19
1.5.1 Ciclo Sono-Vigília .............................................................................. 21
1.5.2 Teste/Reteste no LCE........................................................................ 22
1.5.3 Experimentador ................................................................................. 22
1.5.4 Posição das gaiolas .......................................................................... 23
1.5.5 Estado comportamental dos animais antes do teste ........................ 23
1.6 Alcoolismo ....................................................................................................... 24
1.6.1 Etanol e os transtornos de ansiedade ............................................... 25
1.7 Busca de Genes Candidatos .......................................................................... 26
1.7.1 Neurotransmissores envolvidos na ansiedade e no alcoolismo ....... 29
1.7.1.1 Neuropeptídeo Y .................................................................. 29
1.7.1.2 Glutamato ............................................................................ 30
1.7.1.3 Serotonina ........................................................................... 31
2. OBJETIVOS ..................................................................................................... 33
2.1.Gerais ............................................................................................................. 34
2.2.Específicos ...................................................................................................... 34
17
2.2.1 Bloco Experimental 1 ........................................................................ 34
2.2.2 Bloco Experimental 2 ........................................................................ 34
2.2.3 Bloco Experimental 3 ........................................................................ 35
2.2.4 Bloco Experimental 4 ........................................................................ 35
3. MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................. 36
3.1 Animais .......................................................................................................... 37
3.2 Desenho Experimental ................................................................................... 38
3.3 Testes Comportamentais ............................................................................... 39
3.3.1 Campo Aberto .................................................................................. 39
3.3.2 Labirinto em Cruz Elevado ................................................................ 41
3.3.3 Caixa Branca/Preta .......................................................................... 42
3.3.4 Consumo espontâneo de etanol ...................................................... 43
3.4 Fatores Ambientais ........................................................................................ 45
3.4.1 Ritmo circadiano ............................................................................... 45
3.4.2 Reteste no LCE ................................................................................ 45
3.4.3 Experimentador ................................................................................ 45
3.4.4 Posição da gaiola dentro do biotério ................................................ 46
3.4.5 Estado comportamental antes do teste ............................................ 47
3.5 Expressão Gênica .......................................................................................... 48
3.5.1 Extração de RNAm ........................................................................... 48
3.5.2 Preparação dos primers ................................................................... 49
3.5.3 Síntese de cDNA .............................................................................. 50
3.5.4 Análise da expressão gênica ........................................................... 50
3.6 Estatística ...................................................................................................... 52
3.6.1 Bloco Experimental 1........................................................................ 52
3.6.2 Bloco Experimental 2 ....................................................................... 52
3.6.3 Bloco Experimental 3 ........................................................................ 53
3.6.4 Bloco Experimental 4 ........................................................................ 53
4. RESULTADOS ................................................................................................. 55
18
4.1 Bloco Experimental 1 ........................................................................... 57
4.1.1 Ritmos Circadianos (CBP) ...................................................... 57
4.1.2 Teste/Reteste (LCE) ............................................................... 60
4.2 Bloco Experimental 2 ........................................................................... 64
4.2.1 Efeito do experimentador ........................................................ 64
4.2.2 Posição das gaiolas dentro do biotério ................................... 64
4.2.3 Estado comportamental antes do teste .................................. 68
4.3 Bloco Experimental 3 ........................................................................... 71
4.3.1 Consumo espontâneo com LEW e SHR ................................ 71
4.3.2 Consumo espontâneo com Floripa H e L ............................... 75
4.4 Bloco Experimental 4 ........................................................................... 82
5. DISCUSSÃO...................................................................................................... 86
5.1 Variações ambientais .................................................................87
5.2 A relação entre “ansiedadee “alcoolismo” ............................. 100
5.3 Expressão gênica .................................................................... 104
6. CONCLUSÕES................................................................................................ 113
7. REFERÊNCIAS............................................................................................... 116
ANEXOS ............................................................................................................. 140
19
1-INTRODUÇÃO
20
1. INTRODUÇÃO
1.1 Ansiedade
1.1.1 Definição
A ansiedade é um dos clássicos tipos de emoções que, provavelmente,
foi experimentada por todos nós algumas vezes durante a vida. Por definição, ela
significa o estado afetivo em que sentimento de insegurança. Podemos
caracterizá-la como um conjunto de respostas fisiológicas (aumento da atividade
do sistema nervoso autonômico, taquicardia, sudorese) e comportamentais
(aumento na vigília e na reatividade comportamental; esquiva) aumentadas que
juntas protegem um indivíduo de um possível dano diante de uma situação
potencialmente perigosa (File et al., 1993; Lang et al., 2000; Adamec et al., 2001;
Belzung e Griebal, 2001; Blanchard et al., 2001a, 2001b; Dielenberg e McGregor,
2001; File, 2001).
Alguns pesquisadores sugerem que em sua forma não-patológica a
ansiedade pode ser dividida em duas categorias: “ansiedade estado” e “ansiedade
traço”. Estas refletiriam, respectivamente, as respostas de ansiedade aumentadas
de um indivíduo em um momento particular, na presença de uma situação
provocadora e a ansiedade constante através do tempo, como uma característica
permanente do indivíduo (Lister, 1990). em sua forma patológica, segundo o
DSM-IV (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, 1994), a
ansiedade é classificada em seis transtornos principais: transtorno de ansiedade
generalizada, fobia social, fobia específica, transtorno de pânico, transtorno de
stress pós-traumático e transtorno obsessivo-compulsivo.
21
Apesar de a ansiedade ser um fenômeno humano subjetivo, respostas
fisiológicas e comportamentais semelhantes têm sido descritas em diversas
espécies animais e parecem ser parte de um mecanismo universal através do qual
os organismos se adaptam a condições adversas (Gross e Hen, 2004).
1.1.2 Sintomas e tratamento da ansiedade
Os transtornos de ansiedade podem interferir severamente na vida normal
do indivíduo apresentando desde sintomas básicos como: inquietação,
taquicardia, sudorese, distúrbios gastrintestinais e do sono, até os sintomas
específicos de cada um dos seis transtornos que a compreendem. Existe uma
estimativa de que 20% das pessoas o afetadas por algum destes transtornos
em alguma fase da sua vida e que são gastos mais de 42 bilhões de dólares por
ano, somente nos Estados Unidos, com tratamento e prejuízos causados pelos
transtornos de ansiedade (Greenberg, 1999).
A ansiedade vem sendo tratada principalmente com drogas que deprimem
o sistema nervoso central (álcool, barbitúricos, opióides, beta-bloqueadores e
benzodiazepinas). Dentre estas, as benzodiazepinas são as mais específicas e
efetivas e, portanto, são ainda as drogas mais utilizadas, atualmente, no
tratamento destes transtornos (Shader e Greenblatt, 1993; Groenink et al., 2003).
Sabe-se que estas drogas atuam de maneira seletiva sobre os receptores GABA
A
(ácido γ-aminobutírico), potencializando a abertura de canais de cloreto mediada
pelo neurotransmissor GABA. Os efeitos mais importantes dos benzodiazepínicos
22
consistem em: redução da ansiedade e da agressão, sedação e indução do sono
e redução do tônus muscular e da coordenação (Rang et al., 2001).
Para que possamos desenvolver novos fármacos tão ou mais eficientes que
os benzodiazepínicos para o tratamento da ansiedade, ou mesmo para que
possamos aprender mais sobre a etiologia deste transtorno, é de essencial
importância que disponhamos de testes comportamentais com animais não-
humanos. Desta maneira, considerável esforço vem sendo feito ao longo dos
últimos anos no intuito de desenvolver, validar e aperfeiçoar os testes
comportamentais e os modelos animais de psicopatologias humanas.
1.2 Roedores na Pesquisa Biomédica
Como já foi comentado brevemente, os animais não humanos são de
grande importância para a pesquisa biomédica. Dentre estes, os roedores
assumem um papel de grande destaque, pois muitas das manipulações
necessárias para a elucidação de mecanismos genéticos, bioquímicos ou
fisiológicos envolvidos em patologias são realizadas neles. Isto se deve ao fato de
que os roedores são também mamíferos e ainda apresentam diversas
similaridades com os humanos como: plano de corpo, sistemas orgânicos e
mecanismos de regulação psicológica (Tecott, 2003). Além disso, análises
genômicas comparativas indicam que o ancestral comum de humanos e
ratos/camundongos viveu a aproximadamente 75 milhões de anos atrás (Madsen
et al., 2001; Murphy et al., 2001) e que a separação entre ratos e camundongos
ocorreu há aproximadamente 25 milhões de anos (Rew, 2004), um evento recente
quando falamos em termos evolutivos. Ainda podemos citar outras vantagens do
23
uso de roedores na pesquisa como: a disponibilidade de várias gerações em um
mesmo ano, o controle de variáveis ambientais envolvidas, o grande número de
indivíduos que podem ser mantidos em um laboratório e a possibilidade de
manipulações genéticas controladas. Como exemplo desta última nós podemos
citar as recentes metodologias de animais knock-out, knock-in e transgênicos que
são realizadas em roedores. Estas técnicas auxiliam na investigação de genes
importantes para funções cerebrais e transtornos mentais, dentre os milhares que
foram identificados com o seqüenciamento do genoma humano (The International
Human Genome Mapping Consortium, 2001; Venter et al., 2001).
Dentre os roedores, o camundongo é o modelo preferido pelos geneticistas,
por razões práticas (custo mais baixo, facilidades de armazenamento e de
manipulação) e históricas (maior conhecimento acumulado, sendo o primeiro
roedor com o genoma seqüenciado (Gregory et al., 2002)). Porém, o rato tem
ganhado maior atenção nos últimos anos entre os geneticistas, pois teve
recentemente o seu genoma completamente seqüenciado (Rat Genome
Sequencing Project Consortium, 2004). Além disso, há um acúmulo de
conhecimento considerável em diversas áreas, inclusive com a possibilidade,
através de bancos de dados gênomicos, de se comparar regiões cromossômicas
suas com humanos e camundongos.
Com 2,75 bilhões de pares de bases e 21 cromossomos, o rato apresenta um
genoma um pouco menor do que o dos humanos (2,9 bilhões de pares de bases e
23 cromossomos) e um pouco maior do que o de camundongos (2,6 bilhões de
pares de bases e 20 cromossomos). Entretanto, todos as três espécies
apresentam cerca de 30 mil genes, sendo que 40% deles são muito próximos em
24
estrutura e função (Rew, 2004). Além disso, existem cerca de 1000 doenças
hereditárias humanas documentadas atualmente, onde a participação genética
não é bem entendida, sendo que 75% delas têm genes análogos em ratos (Rew,
2004).
No campo de pesquisa da ansiedade, existem diversos modelos de ratos e
camundongos validados (Broadhurst, 1975; Plomin et al., 1990; Fujita et al., 1994;
Ramos et al., 1997; Driscoll et al., 1998; Liebsch et al., 1998; Brush et al., 1999;
Landgraf e Wigger, 2003; Ramos et al., 2003). Estes animais são testados em
diversos aparatos que induzem comportamentos de algum modo relacionados aos
transtornos humanos. Devido ao exposto acima, fica claro, então, a grande
importância de estudarmos os modelos genéticos animais para diferentes
patologias ou transtornos como, por exemplo, a ansiedade.
1.3 Testes Comportamentais
Existem vários testes comportamentais descritos na literatura que tentam
medir comportamentos relacionados à ansiedade em animais de laboratório (Hall,
1934; File e Hyde, 1978; Crawley, 1981; Pellow et al., 1985; Blanchard et al.,
1990; Merali et al., 2003). Eles apresentam uma grande importância na triagem ou
no desenvolvimento de novas drogas ativas para o combate da ansiedade em
humanos (Dawson e Tricklebank, 1995). Porém, quando diversos testes
comportamentais são utilizados simultaneamente em uma mesma população de
roedores, raramente são encontradas correlações estatísticas entre diferentes
variáveis que deveriam medir a mesma característica emocional (Ramos et al.,
1997). Isto pode sugerir que (a) tais medidas não estão avaliando uma mesma
25
característica emocional (File, 1995), e que (b) diferentes testes comportamentais
podem estar avaliando diferentes subtipos de “ansiedade”, até mesmo com o
envolvimento de substratos biológicos distintos (Ramos e Mormède, 1998). Fica
claro, então, que para a obtenção de um perfil emocional o mais completo possível
dos animais a serem estudados, seria recomendável se utilizar diferentes testes e
várias medidas comportamentais em uma mesma população (Ramos et al., 1997),
pois um animal poderia ser classificado como mais ansioso em relação a uma
determinada medida e como menos ansioso em relação à outra. Porém, o uso de
múltiplas medidas, apesar das vantagens citadas, gera uma situação complexa
que dificulta a análise estatística, sendo muitas vezes necessário o uso de
análises multivariadas (fatoriais) para melhor se compreender o conjunto total de
resultados (Ramos e Mormède, 1998).
Normalmente, os diferentes testes comportamentais expõem o animal, por
uma quantidade de tempo variável, a um ou vários estímulos aversivos enquanto o
observador faz a análise simultaneamente. Estes estímulos podem ser
classificados como físicos (temperaturas extremas, choques elétricos, privação de
comida) ou psicológicos (ambientes inéditos, áreas fortemente iluminadas,
espaços abertos, lugares altos; File, 1995; Ramos e Mormède, 1998).
Para que um teste possa ser considerado um modelo comportamental de
ansiedade, ele deve permitir a mensuração de respostas quantitativas/qualitativas
que devem responder à aplicação de drogas ansiolíticas/ansiogênicas no mesmo
sentido que estas drogas atuam em humanos. Ou seja, drogas ansiolíticas (que
reduzem a ansiedade em humanos) devem aumentar a exploração do ambiente
aversivo do teste comportamental por parte dos animais e drogas ansiogênicas
26
(que aumentam a ansiedade em humanos) devem diminuir a exploração do
mesmo ambiente aversivo. Além disso, o modelo não deve responder a outras
classes de drogas (antidepressivos, antipsicóticos, etc.; File, 1987). Basicamente,
são reconhecidos dois tipos de testes de ansiedade: (a) os baseados em
respostas não condicionadas (exploratórios, de consumo e de comportamentos
sociais) e (b) os baseados nos paradigmas de aprendizagem animal ou no
condicionamento (esquiva ativa condicionada, desamparo aprendido) (Treit, 1985;
Dawson e Tricklebank, 1995; Rodgers e Cole, 1995; Rodgers e Dalvi, 1997;
Rodgers et al., 1997).
No presente trabalho, nós enfocaremos três testes comportamentais de
ansiedade que são comumente utilizados na pesquisa mundial, sendo que todos
eles são baseados em respostas não condicionadas de medo/ansiedade.
1.3.1 Campo Aberto
O teste do campo aberto (CA) é provavelmente o mais popular teste de
emocionalidade no mundo. Ele foi desenvolvido em 1934 por Calvin Hall (Hall,
1934) e desde então diversos trabalhos têm utilizado este aparato para avaliar os
efeitos de manipulações ambientais, de drogas e de fatores genéticos sobre a
emocionalidade de roedores. O aparato consiste de uma arena cercada por
paredes onde o animal é colocado e pode explorar o aparato livremente por uma
certa quantidade de tempo. Na literatura disponível sobre este aparato,
encontramos freqüentemente diferenças na forma, cor, iluminação e métodos de
avaliação (Walsh e Cummins, 1976; Sternberg et al., 1992; Trullas e Skolnick,
1993; Castanon e Mormède, 1994; Ossenkopp et al., 1994). Algumas destas
27
modificações na situação de teste podem prejudicar a reprodutibilidade dos
resultados obtidos e até mesmo mascarar efeitos genéticos (Crabbe et al., 1999;
Chesler et al., 2002; Wahlsten et al., 2003). Pode ser medido um grande número
de variáveis comportamentais no teste do CA como: locomoção, defecação,
congelamento, alisamento, exploração de pé, vocalização, etc:. (Archer, 1973;
Walsh e Cummins, 1976). Dentre estas medidas, as duas mais comumente
aceitas como medidas de emocionalidade animal são: a locomoção e a defecação
em resposta a um ambiente inédito (Gray, 1979; Lister, 1990; Ossenkopp et al.,
1994). Existem, ainda, outras medidas no teste do CA, que nem sempre são
consideradas em estudos de emocionalidade (tempo e locomoção na área central
e periférica), as quais são obtidas a partir da distinção deste aparato em área
central e área periférica (Ramos e Mormède, 1998). A área central, como o próprio
nome diz é a área que se localiza no centro do aparato desprovida de paredes,
sendo a área periférica aquela adjacente às paredes do aparato e que permite a
realização de tigmotaxia por parte do animal. Considera-se, classicamente, que a
área central deste aparato seja a mais aversiva, pois drogas ansiolíticas tendem a
aumentar a locomoção e o tempo de permanência nesta área, enquanto drogas
ansiogênicas apresentam o resultado contrário (Gentsch et al., 1987).
Provavelmente, isto se deva ao fato de que os roedores evitam os espaços
abertos onde não possam realizar tigmotaxia (movimento que o rato faz com as
vibrissas no intuito de receber informações sensoriais do meio) (Treit et al., 1993).
1.3.2 Labirinto em Cruz Elevado
O labirinto em cruz elevado (LCE), que consiste de um labirinto em forma
28
de cruz com quatro braços, sendo dois abertos e dois fechados (com paredes), é
um dos modelos animais de ansiedade mais utilizados e foi desenvolvido baseado
na observação de que os ratos evitam lugares abertos e elevados e que este
comportamento de esquiva é gerado pelo medo (Montgomery, 1955).
Simplificadamente, durante o teste o rato é colocado em uma plataforma central
(região de intersecção entre os quatro braços), podendo ali permanecer ou dirigir-
se a um dos braços (aberto ou fechado). Em um extenso estudo, Pellow et al.
(1985) validaram este teste através do uso de abordagens farmacológicas,
comportamentais e fisiológicas. Quando expostos ao LCE pela primeira vez, um
rato ou camundongo naïve apresentará sinais de conflito, esquiva e fuga, sendo
que o animal considerado como mais “ansioso” irá menos vezes e permanecerá
por menos tempo nos braços abertos e desprotegidos do aparato. Esta esquiva
aos braços abertos (região aversiva do aparato) é diminuída através de drogas
ansiolíticas clássicas (clordiazepóxido, diazepam, midazolam, etanol) e
aumentada por substâncias ansiogênicas (escopolamina, flumazenil, fluprazina,
eltoprazina, naltrexona) (Pellow et al., 1985; Lee e Rodgers, 1987; Lee e Rodgers,
1990; Rodgers et al., 1992; Handley e McBlane, 1993; Rodgers e Cole, 1994;
Rodgers e Cole, 1995).
Neste aparato, como em outros, pode-se realizar uma segunda exposição
dos ratos algumas horas ou dias depois da primeira exposição. Nestes casos, que
chamamos de reteste, observa-se normalmente um grande aumento na esquiva
dos braços abertos. Segundo a literatura, não se sabe ao certo qual é o estímulo
responsável pela redução de entradas e do tempo de permanência nos braços
abertos na segunda exposição, porém sabe-se que as situações aversivas para o
29
rato no LCE podem ser diminuídas com um mínimo de mudanças no aparato. Por
exemplo, Fernandes e File (1996) relataram que a introdução de bordas nos
braços abertos do LCE alteram os resultados de manipulações farmacológicas.
No LCE, a resposta a drogas ansiolíticas tem mostrado diminuir ou mesmo
desaparecer quando os animais são previamente expostos ao mesmo aparato de
teste, um fenômeno conhecido como tolerância a uma exposição (one-trial
tolerance) (File, 1990). Sugere-se que isso possa ser devido à liberação de
agonistas inversos endógenos, que ocorreria durante a primeira exposição,
alterando os receptores benzodiazepínicos em algumas regiões do cérebro e,
mais tarde, induzindo-os a dessensibilização (Holmes e Rodgers, 1998). Este
fenômeno o tem sido descrito apenas para as benzodiazepinas (Rodgers et al.,
1992; Treit et al., 1993; File e Zangrossi, 1993; File et al., 1998; 1999), mas
também para outros ligantes do complexo receptor GABAa como o etanol,
fenobarbital e para os ligantes do receptor glicina-B/NMDA (N-metil-D-aspartato)
(Bertoglio e Carobrez, 2002a; 2002b; 2003). Contudo, a significância psicológica
exata desta mudança de comportamento dos animais entre teste e reteste ainda
permanece obscura (Rodgers et al., 1992; File et al., 1993; Holmes e Rodgers,
1998). Os resultados obtidos no estudo de Bertoglio e Carobrez (2000) sugerem
que é necessário que os ratos conheçam tanto os braços abertos quanto os
braços fechados do aparato, para que eles adquiram medo dos braços abertos.
Estas evidências dão suporte à idéia de alguns autores de que uma primeira
exposição ao aparato sem tratamento de drogas provoca uma mudança qualitativa
na reação ansiedade/medo, de uma forma de resposta não condicionada para
uma forma de resposta de “fobia adquirida” (File e Zangrossi, 1993; Hogg e File,
30
1994). Outros autores, contudo, mesmo reconhecendo que existe uma mudança
qualitativa no tipo de emocionalidade avaliado na segunda exposição ao LCE,
consideram que a significância psicológica desta mudança não é clara (Holmes e
Rodgers, 1998). Apesar de que diferentes abordagens farmacológicas têm sido
usadas na tentativa de esclarecer este ponto, ao nosso conhecimento, ele nunca
foi analisado antes a partir de uma perspectiva de comparação de linhagens
isogênicas contrastantes. Então, se linhagens de roedores com perfis emocionais
contrastantes forem diferentes entre si na primeira, mas não na segunda
exposição ao LCE, ou vice-versa, isto proveria suporte adicional para a hipótese
de que estas duas condições de teste avaliam diferentes formas de reação
emocional.
1.3.3 Caixa Branca/Preta (CBP)
Outro teste comportamental utilizado no presente estudo foi a caixa
branca/preta (CBP) (uma pequena caixa com dois compartimentos conectados:
um branco e fortemente iluminado e outro preto somente com iluminação
vermelha), onde o rato é colocado, no centro do compartimento branco, podendo
então atravessar em direção ao compartimento preto ou permanecer no branco.
Considera-se classicamente que o nível de exploração do compartimento branco e
o número de transições entre os compartimentos dependem do nível de
“ansiedade” do animal (Crawley, 1981). Segundo Crawley (1981), este teste
possui algumas vantagens, como a rapidez e a simplicidade do método, a
reprodutibilidade dos resultados e o pequeno tamanho do aparato. Ainda, a alta
eficiência e a especificidade psicofarmacológica para medir os efeitos
31
comportamentais de agentes ansiolíticos (benzodiazepinas, álcool e nicotina) e
ansiogênicos (FG7142), fazem deste teste um bom modelo para o estudo da
ansiedade (Crawley, 1981; Costall et al., 1989). Assim como no teste do CA,
também na CBP algumas modificações na situação de teste foram introduzidas
em diferentes estudos (Costall et al., 1989; Belzung e Le Pape, 1994; Belzung et
al., 1994), o que pode, como dito anteriormente, complicar a interpretação dos
resultados.
Sabe-se, por outro lado, que os roedores apresentam um ritmo circadiano
de sono/vigília, com a atividade prevalecendo durante a noite e o descanso
durante o dia (Cipolla-Neto et al., 1988; Gorka et al., 1996). Entretanto, a maioria
dos experimentos realizados neste aparato têm sido realizados durante o período
diurno (Crawley, 1981; Smythe et al., 1996; Chaouloff et al., 1997; Ramos et al.,
1997, 1998, 2003), ignorando alguns estudos que sugerem uma possível
correlação entre a ansiedade e os ritmos circadianos (Arushanian e Beer, 1999;
Morin, 1999). Além disso, ainda existe o fato deste teste comportamental ter como
principal componente aversivo a forte iluminação (Crawley, 1981), sugerindo até
mesmo a participação do sistema visual, que faz com que ratos albinos e
pigmentados apresentem diferenças quando testados (Ramos e Mormède, 1998).
Então, poderíamos sugerir que, além das possíveis diferenças relacionadas aos
ritmos circadianos per se, o desempenho dos animais poderia ser também afetado
pelo fato de, anteriormente ao momento do teste, eles estarem sob condições de
luz ou de escuridão (dia ou noite).
32
A seguir, comentaremos um pouco sobre uma das abordagens possíveis de
serem utilizadas no estudo da ansiedade com roedores (os modelos genéticos
compostos de duas linhagens) e que foi aplicada no presente estudo.
1.4 Modelos Genéticos Animais
A influência de fatores genéticos foi amplamente demonstrada para
comportamentos ligados à ansiedade, tanto em humanos como em roedores
(Brodkin e Nestler, 1998; Ramos e Mormède, 1998; Ramos et al., 1999; Henninger
et al., 2000; Toye e Cox, 2001; Turri et al., 2001; Wood e Toth, 2001; Clément et
al., 2002). Sabe-se que diferentes linhagens de ratos ou camundongos podem
responder de maneira diferente aos mesmos estímulos ambientais e que, então, a
comparação simultânea destas linhagens pode revelar correlações genéticas entre
diversas reações bioquímicas ou comportamentais (Ramos e Mormède, 1998).
Portanto, o estudo comparativo de modelos genéticos pode representar uma
ferramenta útil para o estudo dos mecanismos envolvidos nos transtornos
relacionados à ansiedade (Trullas e Skolnick, 1993; Rex et al., 1996). Estes
modelos genéticos, normalmente compostos de duas linhagens contrastantes,
podem ser originados a partir de: (a) características que se diferenciaram
aleatoriamente por cruzamentos independentes realizados em diferentes
populações ou linhagens ou (b) a partir de uma seleção genética bidirecional
planejada sobre uma característica específica.
A primeira alternativa certamente é mais rápida e menos trabalhosa, pois
trabalha com linhagens estabelecidas, porém, pode ser menos informativa do
que a segunda (Ramos e Mormède, 1998). Por exemplo, se trabalharmos com
33
populações isogênicas (consangüíneas), onde os animais são geneticamente
idênticos, temos um maior controle das influências ambientais sobre o fenótipo.
Porém, devemos estar atentos ao fato de que nem sempre os genes importantes
para a característica em estudo são polimórficos entre as linhagens que compõem
o modelo (Ramos e Mormède, 1998). Diversos estudos recentes têm demonstrado
que linhagens isogênicas de roedores que não tinham sido intencionalmente
selecionadas para características emocionais, podem constituir ferramentas
interessantes no estudo destas características (Crawley e Davis, 1982; Trullas e
Skolnick, 1993; Glowa e Hansen, 1994; Mathis et al., 1994; Armário et al., 1995;
Guillot e Chapoutier, 1996; Lahmame e Armário, 1996; Rex et al., 1996).
na segunda alternativa, a seleção bidirecional (seleção genética dos dois
extremos de uma característica) numa dada população, tem a vantagem de
maximizar as diferenças genéticas entre os grupos. Após muitas gerações de
seleção, é esperado que uma das linhagens resultantes apresente quase todos os
genes que afetam positivamente a característica de seleção, enquanto a outra
linhagem teria a maioria dos genes que afetam negativamente a mesma
característica (Ramos e Mormède, 1998). Então, as diferenças fenotípicas
tenderiam ao máximo contraste (Okamoto e Aoki, 1963; Fujita et al., 1994). São
conhecidos na literatura vários exemplos desta abordagem como: as linhagens de
camundongo DeFries H e L, os ratos Maudsley reactive e non-reactive, os ratos
Roman high - e low-avoidance, os ratos Syracuse high - e low-avoidance, os ratos
Tsukuba high - e low-emotional, os ratos HAB e LAB e os ratos Floripa H e L
(Broadhurst, 1975; Plomin et al., 1990; Fujita et al., 1994; Driscoll et al., 1998;
Liebsch et al., 1998; Brush et al., 1999; Ramos et al., 2003).
34
Nós realizamos o presente estudo utilizando as duas abordagens
mencionadas, através do modelo genético constituído por linhagens isogênicas
estabelecidas Lewis (LEW) e SHR (Spontaneously Hipertensive Rats), que juntas
mostraram-se úteis para o estudo experimental da ansiedade (Ramos et al., 1997;
1998; 2002), e do modelo genético desenvolvido a partir de uma seleção genética
bidirecional, que originou as linhagens Floripa H (alta locomoção central no teste
do CA) e L (baixa locomoção central no teste do CA) (Ramos et al., 2003).
1.4.2 Linhagens Lewis e SHR
A partir de um estudo com seis linhagens isogênicas de ratos, assim
chamadas porque apresentam uma alta homologia de DNA entre seus indivíduos,
Ramos et al. (1997) propuseram um novo modelo genético animal para o estudo
da ansiedade. Ele era composto de duas linhagens de ratos, chamadas LEW e
SHR, que diferiam em comportamentos relacionados a este transtorno em
humanos.
A linhagem LEW foi originada através de cruzamentos consangüíneos de
ratos da linhagem Wistar, realizados pelo Dr. Lewis, sendo freqüentemente usada
como modelo de doenças autoimunes (Stohr et al., 1999). Os ratos LEW
apresentam uma baixa atividade do eixo hipotálamo-pituitária-adrenal (HPA) em
resposta ao estresse (Calogero et al., 1992; Sternberg et al., 1992). Eles são
considerados importantes no estudo do abuso de diferentes drogas tais como
cocaína (Kosten et al., 1994), morfina (Suzuki et al., 1988a) e etanol (Suzuki et al.,
1988b). Sabe-se que a linhagem LEW, quando comparada com a linhagem SHR,
vai pouco ao centro no teste do CA, mostra uma rápida saída do compartimento
35
branco no teste da CBP e passa menos tempo nos braços abertos e mais tempo
nos braços fechados do LCE (Ramos et al., 1997; 1998; 2002). Isto, aliado ao fato
de que estas duas linhagens não diferem em medidas consideradas como índices
de locomoção nos mais variados testes comportamentais, nos permite sugerir que,
comparativamente, a linhagem LEW tem um perfil de maior “ansiedade
experimental”, em relação à outra linhagem deste modelo genético.
A linhagem SHR é composta de ratos que desenvolvem, a partir de uma
certa idade, hipertensão arterial, tendo sido também obtida através de
cruzamentos consangüíneos a partir da linhagem Wistar (Okamoto e Aoki, 1963).
Entretanto, uma população F
2
originária de um cruzamento entre as linhagens
LEW e SHR, demonstrou que a pressão arterial não está associada aos
comportamentos relacionados à ansiedade nestas linhagens (Ramos et al., 1998).
Sabe-se que os ratos SHR são mais sensíveis aos efeitos hipnóticos do etanol e
também consomem maior quantidade deste líquido, quando comparados aos seus
controles normotensos Wistar-Kyoto (WKY) (Khanna et al., 1990). Contrariamente
aos ratos LEW, que apresentam um hiporesponsividade no eixo HPA, os ratos
SHR exibem um aumento maior e mais prolongado nos níveis de adrenalina e
noradrenalina e também uma maior aumento na freqüência cardíaca e pressão
sanguínea em resposta a situações estressantes quando comparados a outras
linhagens de ratos (Kirby et al., 1989; Hendley e Ohlsson, 1991). A linhagem SHR
também foi sugerida como sendo um bom modelo para o estudo de
comportamentos relacionados ao déficit de atenção e de hiperatividade (Mormède
et al., 2002). Entretanto, os SHR não diferem na locomoção total do teste do
campo aberto, quando comparados com ratos F344 e Wistar (Paré, 1989).
36
Quando comparados aos ratos LEW, os SHR aproximam-se mais dos
compartimentos aversivos de diferentes testes comportamentais,
independentemente do sexo (Ramos et al., 1997; 1998; 2002).
Apesar da caracterização comportamental, farmacológica e bioquímica que
vimos realizando ao longo dos últimos anos, ainda existem dúvidas sobre o
significado psicológico real das diferenças comportamentais entre as linhagens
LEW e SHR. Por esta razão, é necessária uma melhor caracterização destas
linhagens nos mais variados aspectos, a fim de se elucidar vias bioquímicas,
mecanismos biológicos ou genes que estejam contribuindo para a expressão
deste comportamento diferenciado entre elas. Com o melhor entendimento destes
comportamentos, nós poderemos entender melhor os transtornos de ansiedade
em humanos e até mesmo desenvolver medicamentos mais específicos e efetivos
para cada um deles.
1.4.3 Linhagens Floripa “H” e “L”
É provável que os diferentes modelos genéticos desenvolvidos em cada
laboratório não representem exatamente o mesmo conjunto de componentes
genéticos e neurobiológicos, devido às suas diferentes origens e critérios de
seleção, entre outras coisas. Isso tornaria cada modelo genético único e, portanto,
importante no estudo das características emocionais (Ramos et al., 2003).
As linhagens Floripa H e L foram selecionadas inicialmente a partir de uma
população inicial (S0) derivada do cruzamento de três linhagens de ratos. Desde
então, a cada geração, elas são testadas e os melhores animais de cada linhagem
são selecionados, tendo como base a medida de locomoção central no CA (são
37
selecionados os ratos Floripa H com maior locomoção central no CA e os ratos
Floripa L com menor locomoção central no CA). Até a quarta geração de seleção,
estas linhagens mostravam diferenças não somente no teste onde foram
selecionadas (CA), mas também em outros testes de “ansiedade” como o LCE e a
CBP (Ramos et al., 2003). Além disso, os ratos da linhagem Floripa L, que são os
considerados mais “ansiosos”, também apresentaram um perfil considerado como
mais “depressivo” quando comparados com os ratos da linhagem Floripa “H”
(dados não publicados). Este resultado valida estas linhagens como um
importante modelo genético para o estudo de comportamentos relacionados à
ansiedade e outros transtornos/patologias possivelmente associados a ela
(depressão, alcoolismo).
1.5 Ambiente
Durante as décadas passadas, os testes comportamentais em massa de
múltiplas linhagens de roedores tornaram-se um passo chave na pesquisa na área
das neurociências, particularmente no campo da genética comportamental.
Quando populações de animais desenvolvidas através de cruzamentos entre
irmãos (linhagens isogênicas), seleção genética, transgenia ou manipulações de
genes alvo (knockout, knockin) começaram a ser caracterizadas, tornou-se
evidente que dados comportamentais de diferentes laboratórios freqüentemente
não eram reproduzíveis. Tais discrepâncias poderiam resultar, não somente de
diferenças no background genético dos animais, mas também de variações no
ambiente de laboratório (Chesler et al., 2002; Van der Staay e Steckler, 2002;
Würbel, 2002; Wahlsten et al., 2003). Em pacientes humanos, mostrou-se que
38
alguns genes podem aumentar a prevalência de transtornos afetivos somente
quando combinados com contextos ambientais específicos (algum estresse prévio,
por exemplo) (Caspi et al., 2003). Nos animais, a importância do contexto também
se tornou óbvia quando diferentes testes comportamentais, os quais pensava-se
medir o mesmo tipo de estado emocional (ansiedade ou medo), começaram a ser
comparados uns aos outros. Múltiplos testes de emocionalidade (cada um deles
com seus particulares contextos aversivos), quando aplicados aos mesmos grupos
de animais, linhagens ou tratamentos farmacológicos, freqüentemente produzem
resultados conflitantes, indicando que cada teste individual pode de fato se
relacionar a uma distinta dimensão de reatividade emocional (Archer, 1973; File,
1991; Ramos e Mormède, 1998). Em um importante trabalho, Crabbe et al. (1999)
mostraram que grandes esforços para padronizar o ambiente de laboratório ou a
situação de teste não garantem consistência dos resultados comportamentais
entre diferentes laboratórios. Por exemplo, as linhagens de camundongos A/J e
129/SvEvTac, quando comparadas uma com a outra, demonstraram maior ou
menor resposta locomotora para cocaína, dependendo do laboratório onde foram
testadas, apesar dos fatores ambientais terem sido rigorosamente controlados.
Por um lado, estes dados revelam que, mesmo sutis, variações ambientais o
controladas entre e dentro de laboratórios podem influenciar estudos
comportamentais, farmacológicos e genéticos. Por outro lado, os efeitos de tal
background ambiental permanecem grandemente indefinidos. Devido ao fato de
que resultados que são únicos para um laboratório em particular podem estar
refletindo questões específicas daquele laboratório (Würbel, 2002), identificar os
fatores ambientais que são potencialmente relevantes para a maioria dos estudos
39
nos mais diferentes locais, é de grande importância para aumentar a
replicabilidade dos resultados (Olsson et al., 2003) e para revelar interações
cruciais entre os genes e o ambiente. Este ponto o é certamente restrito aos
estudos genéticos e não é limitado somente aos camundongos, já que os testes
comportamentais também são essenciais na farmacologia, por exemplo, e porquê
numerosos estudos usando linhagens isogênicas e transgênicas são realizados
com ratos.
Diversas variáveis biológicas e ambientais são conhecidas por influenciar
os resultados dos testes comportamentais. Elas são, portanto, equalizadas ou ao
menos descritas/listadas na maioria das publicações. Entre elas, nós poderíamos
mencionar: idade (Imhof et al., 1993), sexo (Imhof et al., 1993; Johnston e File,
1991), horário do teste (Gentsch et al., 1982), nível de iluminação (Cardenas et al.,
2001), superfície do aparato (Morato e Castrechini, 1989), transporte à sala de
teste (Morato e Brandão, 1997), experiência prévia no aparato (File, 1992; Treit et
al., 1993; Bertoglio e Carobrez, 2000), manipulação (Henderson, 1970) e
agrupamento nas gaiolas (Maisonnette et al., 1993). Outros fatores, contudo,
apesar de serem potencialmente relevantes, raramente ou nunca são
investigados.
1.5.1 Ciclo Sono-Vigília
Como foi comentado brevemente, os roedores apresentam um ciclo
circadiano de sono/vigília, com a atividade prevalecendo durante a noite e o
descanso durante o dia (Cipolla-Neto et al., 1988; Gorka, et al., 1996). Apesar
disso, todos os estudos comparando as linhagens LEW e SHR em estudos de
40
emocionalidade (incluindo a CBP, que tem uma forte luz branca como seu
principal componente aversivo) têm sido realizados durante o período diurno,
mesmo quando alguns estudos sugerem uma possível correlação entre ansiedade
e ritmos circadianos (Arushanian e Beer, 1999; Morin, 1999). Portanto, no
presente estudo, nós testamos as linhagens LEW e SHR na CBP em duas
diferentes fases do ciclo circadiano, dia e noite, para verificar se suas diferenças
previamente relatadas não são horário-específicas.
1.5.2 Teste/Reteste no LCE
No teste do LCE, existe o fenômeno chamado de “one trial tolerance”, que é
caracterizado pela falta de efeito ansiolítico das benzodiazepinas em animais
submetidos ao LCE pela segunda vez (File, 1990). Apesar de que diferentes
abordagens farmacológicas têm sido usadas na tentativa de inferir o tipo de
medo/ansiedade envolvido na primeira e segunda exposição do LCE, ao nosso
conhecimento, este assunto nunca foi avaliado antes através de uma perspectiva
de comparação de linhagens. Se as linhagens de roedores com perfis emocionais
contrastantes forem diferentes umas da outras na primeira exposição ao LCE mas
não na segunda, isto proveria suporte adicional para a hipótese que estas duas
situações de teste avaliam diferentes formas de reação emocional. Então, no
presente estudo as linhagens LEW e SHR foram avaliadas pela primeira vez em
duas exposições subseqüentes no LCE.
1.5.3 Experimentador
41
O terceiro fator avaliado foi a possível influência do experimentador que
realiza os testes comportamentais nos resultados de um teste de “ansiedade”.
Esta influência já foi confirmada em testes de nocicepção (Chesler et al., 2002).
No presente estudo, este fator variou entre um sujeito que era familiar aos animais
e tinha grande experiência com todas as práticas de laboratório e outro que nunca
tinha ao menos entrado no biotério onde os animais foram criados e
permaneceram até o momento do teste.
1.5.4 Posição das gaiolas
Outra variável medida foi a posição das gaiolas dentro do biotério. Em
muitos laboratórios, este fator pode variar entre as mais ALTAS e as mais BAIXAS
dentre os cinco andares das estantes, o que poderia submeter os animais a
diferentes condições ambientais como: nível de iluminação, temperatura,
composição de gases no ar e estímulos visuais, provocando mudanças na
reatividade emocional dos animais. Por isso, o controle desta variável ambiental
foi alvo de debate em um estudo não comportamental (Herzberg e Lagakos, 1992;
Exner e Clark, 1993). Entretanto, até o presente, nenhum estudo avaliou esta
variável sob uma perspectiva de comparação de linhagens.
1.5.5 Estado comportamental dos animais antes do teste
Também o estado comportamental do animal imediatamente antes do teste
foi monitorado e analisado. Testes comportamentais de ansiedade são tipicamente
curtos em tempo, mas são realizados durante sessões que levam algumas horas e
envolvem muitos animais diferentes. Mesmo se estes indivíduos supostamente
42
não diferem na característica psicológica em questão, pode-se esperar que o seu
estado comportamental (dormindo, comendo, lutando, etc.) no momento
precedente ao teste pode variar aleatoriamente. Além disso, como sugerido por
Lister (1990), a maioria dos modelos de ansiedade fornecem medidas de
“ansiedade estado”, a qual é uma emoção de experiências subjetivas em um
momento particular na presença de uma situação provocadora de ansiedade. Se
tal estado ansioso não é uma característica permanente do indivíduo, nós
podemos hipotetizar que ele pode ser influenciado pelo estado comportamental do
animal imediatamente antes do teste. Nós estudamos este fator utilizando as
linhagens LEW/SHR que estavam em estado de repouso ou vigília nas suas
gaiolas por ao menos cinco minutos contínuos antes do teste do LCE.
1.6 Alcoolismo
Na sociedade ocidental, encontramos alguns tipos de drogas comumente
utilizadas pelos humanos sem nenhuma receita médica (cafeína, etanol, nicotina).
Não é nosso objetivo aqui discutir porque estas drogas passaram a ser
consumidas a ponto de constituirem um problema social, mas sim,
especificamente, descrever de forma sucinta a patologia causada pela
dependência de uma delas, o etanol.
O alcoolismo é um tipo de abuso de drogas (Brady e Sonne, 1999; Ehlert et
al., 2001) que envolve uma dependência física e psicológica (Esel, 2003) pela
droga psicotrópica etanol. A alta prevalência do abuso de etanol na sociedade
humana impõe uma perda financeira estimada em 185 bilhões de dólares anuais
somente nos EUA (Li et al., 2004), devido ao tratamento e a mortalidade dos
43
dependentes e à redução de produtividade das empresas e indústrias. O
alcoolismo e suas conseqüências (patologias psíquicas e somáticas e
dependência) têm uma etiologia complexa, onde a participação de fatores
genéticos é bem estabelecida em humanos e em animais de laboratório (Cloninger
1987; Dumont-Damien e Duyme, 1993; Crabbe, 1999; Foroud e Li, 1999;
Terenina-Rigaldie et al, 2003a; Terenina-Rigaldie et al, 2003b). São reconhecidos
dois tipos principais de alcoolismo: o tipo 1, caracterizado por traços de
personalidade ansiosos e o rápido desenvolvimento de tolerância e dependência
às propriedades ansiolíticas do álcool e o tipo 2, caracterizado por traços de
personalidade anti-social e ingestão de álcool motivada por seus efeitos eufóricos
(Cloninger et al., 1988).
1.6.1 Etanol e os transtornos de ansiedade
O etanol atua no SNC como um depressor, através da facilitação da
abertura dos canais de cloreto acoplados aos receptores GABA. Ele resulta em
um decréscimo de tensão e inibição também da ansiedade (Esel, 2003). O etanol
ainda afeta outros sistemas corporais, podendo causar irritação do trato
gastrintestinal, cardiomiopatia, disfunção sexual, neuropatia e demência (Brady e
Sonne, 1999). Existe, em humanos, uma hipótese de redução de tensão que
prediz que indivíduos normalmente ansiosos ou estressados (em um estado sem
droga), são mais sensíveis aos efeitos ansiolíticos do etanol e, portanto, mostram
uma maior predisposição para consumirem esta droga (para revisão ver Cappell e
Herman, 1972). Tem sido proposto também, que alguns indivíduos alcoólatras são
predispostos a este comportamento devido à ansiedade inata (Schuckit e
44
Hesselbrock, 1994; Cornelius et al., 2003) e estudos clínicos e epidemiológicos
indicam uma comorbidade entre ansiedade e alcoolismo (Regier et al., 1990;
Schuckit, 1994). Enquanto alguns estudos clínicos apontam para esta possível
correlação, existe alguma evidência de que o abuso crônico de etanol precede os
transtornos de ansiedade e não o contrário (Allan, 1995).
Diversos experimentos com roedores foram realizados no intuito de se
entender melhor a possível comorbidade entre estas duas patologias. Alguns
deles têm demonstrado uma correlação positiva entre a ansiedade experimental e
o consumo de etanol, sugerindo assim uma ligação genética entre elas (Colombo
et al., 1995; Möller et al., 1997; Spanagel et al., 1995; Stewart et al., 1993). Porém,
outros estudos não têm encontrado esta correlação positiva (Tuominen et al.,
1990; Viglinskaya et al., 1995; Overstreet et al., 1997; Fernández-Teruel et al.,
2002; Henniger et al., 2002; Da Silva et al., 2004). Em humanos, homens
geralmente consomem mais álcool e tem uma maior prevalência de alcoolismo do
que mulheres (Harford et al., 1998). Entretanto, em roedores, as fêmeas têm
mostrado consumir maiores quantidades de etanol (Almeida et al., 1998; Cailhol e
Mormède, 2002; Da Silva et al., 2004) com sugerida participação de hormônios
sexuais, como por exemplo o estradiol (Sandberg et al., 1982; Marinelli et al.,
2003).
1.7 Busca de Genes Candidatos
Os transtornos de ansiedade são comportamentos complexos e que tem
uma natureza quantitativa, ou seja, são influenciados por múltiplos genes. Existe
uma ferramenta bastante útil para se identificar loci (plural de locus, que são
45
regiões cromossômicas que contém um ou mais genes que influenciam uma
característica) de interesse para uma característica quantitativa (peso, altura,
ansiedade, depressão, alcoolismo, etc.). Esta ferramenta, que é chamada de
análise de QTL (quantitative trait loci), é usada no nível genômico e pode fornecer
informação adicional sobre a associação genética entre características fenotípicas
e, também, informações sobre os mecanismos moleculares moduladores da
característica em estudo (Ramos e Mormède, 1998). Estudos de QTL são um
método de mapeamento de loci, ou regiões cromossômicas, que contêm genes
que afetam características quantitativas através de uma busca ao longo de todo o
genoma (Brodkin e Nestler, 1998). Estes estudos foram uma das técnicas de
biologia molecular mais utilizadas na década de 90 na genética do
comportamento. Na técnica de QTL, após a fenotipagem de um grande número de
animais, é realizada uma análise de ligação genética através marcadores
moleculares de DNA. Um grande número de marcadores é utilizado sendo que
eles devem estar bem espalhados ao longo de todo o genoma do animal e
também devem ser polimórficos (existir sob a forma de diferentes alelos) nas
linhagens parentais. Depois da análise, podemos encontrar um ou mais QTL´s
relacionados com a característica quantitativa em estudo.
Através do uso de uma F2 proveniente de um intercruzamento entre as
linhagens LEW e SHR, Ramos et al., (1999) identificaram e mapearam, pela
primeira vez, um QTL para comportamentos relacionados à emocionalidade em
ratos. Este QTL foi mapeado no cromossomo 4 do rato e afeta a locomoção
central no CA, uma medida sugerida com sendo relacionada à ansiedade
(Gentsch et al., 1987; Treit e Fundytus, 1989; Simon et al., 1994; Nazar et al.,
46
1997; Angrini et al., 1998). Como sugerido por Lander e Kruglyak (1995), os
resultados de um estudo de QTL devem ser replicados para serem realmente
considerados válidos. Isto aconteceu quando Mormède et al. (2002) confirmaram a
existência do QTL no cromossomo 4 para a locomoção central no CA, utilizando o
mesmo par de linhagens do estudo original (LEW e SHR). Curiosamente, outros
dois QTL´s que parecem estar ligados ao consumo de etanol e sacarina (Bice et
al., 1998; Carr et al., 1998; Terenina-Rigaldie et al., 2003) foram encontrados
nesta mesma região do cromossomo 4 do rato. Depois de confirmada a sua
existência, o QTL deve ser investigado a fundo no intuito de descobrir qual/quais
genes estão abrigados dentro da sua região cromossômica e que podem ser os
responsáveis pelo efeito do QTL. Uma das estratégias para confirmar a
importância de um QTL é selecionar duas novas linhagens divergentes de animais
que apresentem contraste para o fenótipo associado a ele, supondo que
mudanças no fenótipo sejam acompanhadas por mudanças progressivas nas
freqüências alélicas na região do QTL. Esta foi uma das razões pelas quais as
linhagens Floripa H e L foram desenvolvidas e por este motivo utilizaremos elas
em parte do presente estudo.
Em uma tentativa de encurtar-se o longo caminho que se segue entre a
identificação de um QTL e a descoberta do gene propriamente dito, pode–se
tentar avaliar genes candidatos que estejam já mapeados naquela região
cromossômica e que estejam descritos na literatura como potencialmente
relacionados à característica fenopica em estudo. Estes genes podem ser
avaliados comparativamente entre as linhagens parentais (as que deram origem
ao QTL) através: da análise de DNA (Sourthern Blot, análise de SNP,
47
sequenciamento gênico), da expressão de RNA mensageiro (RNAm) (Microarrays,
Real-Time RT-PCR, Northern Blot, Total gene expression analysis (TOGA)) ou da
quantificação da forma final da proteína (Western Blot, imunohistoquímica). Então,
no quarto experimento deste estudo, nós escolhemos avaliar a expressão de
RNAm de dois genes localizados próximos ao QTL do cromossomo 4 do rato
(NPY e Grin2b), identificado por Ramos et al. (1999) (ver anexo 1), e outro
localizado no cromossomo 3 do rato (portanto longe do QTL), mas fortemente
relacionado com a ansiedade em humanos e roedores (receptor 5-HT
1a
). Esta
comparação foi realizada em duas regiões cerebrais importantes (hipocampo e
hipotálamo) na etiologia da ansiedade utilizando o modelo genético LEW/SHR.
1.7.1 Neurotransmissores envolvidos na ansiedade e no alcoolismo
1.7.1.1 Neuropeptídeo Y
O NPY (Neuropeptídeo Y) é um peptídeo de 36 aminoácidos que é
amplamente expresso no sistema nervoso central (SNC), incluindo áreas como o
córtex cerebral, o hipocampo e o hipotálamo. Ele é sintetizado e liberado em duas
regiões do hipotálamo, o núcleo arqueado (NAR) e o núcleo paraventricular (NPV),
respectivamente (Dryden et al., 1995). Os sistemas centrais de NPY são
conhecidos por estarem envolvidos na regulação da alimentação e da homeostase
energética, no crescimento, no comportamento reprodutivo e fisiológico, no ritmo
circadiano, na mobilidade gastrointestinal, na memória, na nocicepção, na
regulação da pressão sanguínea e nos transtornos de ansiedade e alcoolismo
(Heilig et al., 1989; Carr et al., 1998; Hökfelt et al., 1998; Gehlert 1999; Kalra et al.,
1999; Badia-Elder et al., 2001; Kask et al., 2002; Badia-Elder et al., 2003). Sabe-
48
se que o NPY altera a expressão e a secreção de outros neurotransmissores
como a norepinefrina (Ekblad et al., 1984) e a serotonina (Shimizu e Bray, 1989).
As várias funções do NPY são especificamente mediadas pela família de
receptores que consiste de no mínimo cinco membros distintos (Y1, Y2, Y4, Y5 e
Y6) (Blomqvist e Herzog, 1997), todos eles expressos em diferentes regiões no
cérebro (Parker e Herzog, 1999). Alguns estudos têm sugerido uma correlação
negativa entre os níveis de NPY e a emocionalidade (Heilig et al., 1989; Stewart et
al., 1993; Ehlers et al. 1998), e também, entre os níveis de NPY e o alcoolismo
(Badia-Elder et al., 2001; Badia-Elder et al., 2003).
1.7.1.2 Glutamato
O Glutamato é o principal transmissor excitatório no SNC (Cotman et al.,
1995). A transmissão glutamatérgica tem sido envolvida em muitos processos
como: aprendizado e memória (Bliss e Collingridge, 1993; Sakimura et al., 1995),
mal de Alzheimer (Scheuer et al.1996), mal de Parkinson (Greenamyre e Porter,
1994) e ansiedade (Bergink et al., 2004). Este transmissor liga-se a receptores
acoplados a canais de íons: cainato, AMPA (amino-3-hidroxi-5-metil 1-4 ácido
propiônico isoxazole) e NMDA (N-metil-D-aspartato) ou à proteína G. O receptor
NMDA é acoplado a um canal de sódio/cálcio, sendo ativado pela ligação de
glutamato no sistema nervoso central de mamíferos. Em roedores, foram definidos
dois grupos de subunidades do receptor NMDA, chamados de NR1 e NR2 A-D/1-4
(Monyer et al., 1992). A distribuição do RNAm da subunidade NR2B nos roedores
é restrita ao prosencéfalo, ao hipocampo e alguns gânglios basais, que são
patologicamente afetados em muitos transtornos neurodegenerativos (Monyer et
49
al., 1992; Kutsuwada et al., 1992; Wang et al., 1995). Os ratos LEW e SHR são
conhecidos por diferirem em diversos comportamentos relacionados à ansiedade,
um dos quais (locomoção central no CA) é fortemente influenciado por um locus
no cromossomo quatro. Esta região genômica também contem o gene da
subunidade NR2b dos receptores NMDA, chamado de Grin2b em humanos
(Mandich et al., 1994).
1.7.1.3 Serotonina
O sistema de neurotransmissão serotoninérgico tem um ligante endógeno,
a 5-hidroxitriptamina (5-HT), porém ele é bastante complexo devido à existência
de no nimo 14 subtipos de receptores (Hoyer et al., 1994), sendo a maioria
deles acoplados à proteína G. Este é considerado um dos sistemas de
neurotransmissão associados com os transtornos de ansiedade (López et al.,
1998; Pineyro e Blier, 1999; Groenink et al., 2003), depressão (Mckittrick, et al.,
1995) e com a ingestão alimentar (Waldbillig et al., 1981), com os estudos
freqüentemente focando no subtipo de receptor 5-HT
1a
(De Vry, 1995; Barnes e
Sharp, 1999; Chaouloff et al., 1999; Toth, 2003; Groenink et al., 2003). Este
receptor tem sido bem caracterizado farmacologicamente, graças à disponibilidade
de potentes agonistas e antagonistas seletivos. O receptor 5-HT
1a
parece estar
envolvido nos transtornos de ansiedade em humanos, por exemplo, que um
agonista parcial deste receptor, a buspirona, é efetiva no tratamento do transtorno
de ansiedade generalizada humana (Davidson et al., 1999). A ativação dos
receptores 5-HT
1a
s-sinápticos resulta na inibição dos neurônios de vários
sistemas de neurotransmissores, incluindo os interneurônios GABA-érgicos
50
(Barnes e Sharp, 1999). Entretanto, existem também receptores 5-HT
1a
pré-
sinápticos, que funcionam como reguladores da síntese, liberação e recaptação da
5-HT nas áreas de projeção (Boess e Martin, 1994). A distribuição dos neurônios
que contêm 5-HT é bastante disseminada no SNC. As células formam vários
agrupamentos na ponte e na porção superior do bulbo, que são conhecidos como
núcleos da rafe. Estes núcleos projetam-se através do feixe prosencefálico medial
para diversas áreas do cérebro, dentre elas, o hipocampo e o hipotálamo
(Chaouloff et al., 1999).
51
52
2-OBJETIVOS
53
2. OBJETIVOS
2.1 Gerais: O objetivo principal deste estudo foi avaliar a influência de
fatores ambientais (diversas modificações no ambiente de laboratório ou na
situação de teste) e genéticos (através de quatro linhagens diferentes de ratos:
LEW, SHR, Floripa H e Floripa L e de estudos de expressão gênica) nas medidas
comportamentais relacionadas à ansiedade e a possível relação destas com o
consumo de etanol.
2.2 Específicos:
Bloco Experimental 1 (Modelo Genético LEW/SHR; variações na situação
de teste):
Verificar se as diferenças emocionais na CBP entre as linhagens LEW e
SHR, relatadas durante a fase diurna do ritmo circadiano de sono/vigília,
persistem na fase noturna.
Verificar se as linhagens são diferentes no reteste do LCE e avaliar a
relação desta segunda exposição (reteste) com a primeira.
Bloco Experimental 2 (Modelo Genético LEW/SHR; variações no ambiente
de laboratório):
Avaliar a influência de um novo experimentador nos resultados de um teste
de ansiedade, o CA.
54
Avaliar a influência da posição das gaiolas dos ratos (alojamento) dentro do
biotério, desde o momento do desmame até o dia do teste, nos resultados
de três testes de ansiedade (CA, LCE e CBP).
Avaliar a influência do estado comportamental do animal, imediatamente
antes do teste, nos resultados do LCE.
Bloco Experimental 3 (Modelos Genéticos LEW/SHR e Floripa H/L; modelos
de ansiedade e alcoolismo):
Avaliar a possível relação entre modelos de ansiedade e um modelo de
alcoolismo, através de três testes comportamentais de ansiedade e de um
protocolo de auto-administração de etanol.
Avaliar o efeito do sexo nos testes de comportamentais de ansiedade e no
protocolo de auto-administração de etanol.
Bloco Experimental 4 (Modelo Genético LEW/SHR; expressão de genes
candidatos):
Comparar as duas linhagens em relação à expressão (através do RNAm)
de dois genes ligados a um QTL do cromossomo 4 do rato (NPy e NR2b) e
um gene capaz de influenciar comportamentos relacionados à ansiedade e
ao alcoolismo (5-HT
1A
).
55
56
3-MATERIAL
E
MÉTODOS
57
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1 Animais
A colônia dos ratos SHR utilizada neste estudo é originária da Universidade
de Harvard (Boston, MA) sendo obtida a partir da UNESP (Botucatu, SP, Brasil). A
linhagem LEW utilizada é originária da Harlan Spreague Dowley Inc. (Indianápolis,
IN), sendo obtida a partir da UNICAMP (Campinas, SP, Brasil).
As colônias de ratos LEW e SHR usadas neste estudo foram mantidas no
nosso laboratório sob um sistema de acasalamento irmão/irmã como
recomendado para todas as linhagens consangüíneas (ILAR, 1992). os animais
das linhagens Floripa H e L pertenciam à décima geração de seleção bidirecional
(S10) proveniente de uma população inicial (S0), que foi gerada através de
cruzamentos entre três linhagens de ratos (Wistar, Hooded e Lewis) (ver anexo 2).
Em resumo, o processo de seleção era o seguinte: em cada geração, eram
selecionados os cinco animais Floripa H de cada sexo com maior locomoção
central no teste do CA e os cinco animais Floripa L de cada sexo com menor
locomoção central no CA, para serem os progenitores da próxima geração
(Ramos et al., 2003) (ver anexo 3).
Os animais foram desmamados e separados por sexo com quatro semanas
de idade e, após isso, foram mantidos em gaiolas de plástico coletivas (cinco
ratos/gaiola), exceto nos experimentos com etanol, onde os ratos permaneceram
isolados. Comida e água estavam disponíveis ad libitum, sob um ciclo claro/escuro
de 12 : 12h (luzes acessas às 07:00 h) com a temperatura sempre mantida à 22 ±
2 °C. Os experimentos realizados em nosso laboratório estavam de acordo com as
58
normas locais de uso dos animais na pesquisa (CEUA/UFSC) sob a permissão
válida No. 23080.002412/2001-26.
3.2 Desenho Experimental
No primeiro bloco experimental, um total de 157 ratos LEW e SHR de
ambos os sexos foram usados. Destes animais, 117 haviam sido previamente
expostos, em outro estudo de nosso laboratório, a um CA e um LCE, após
receberem uma única dose oral de clordiazepóxido ou de um antagonista do
receptor NK-1 (NKP608). Os animais destes grupos prévios foram equitativamente
distribuídos entre os tratamentos do presente experimento e um período de “wash
out” de duas semanas foi respeitado para evitar eventuais efeitos das drogas.
Estes animais, com 9-10 semanas de idade, foram expostos à CBP durante duas
diferentes fases do ritmo circadiano (diurna: 16/linhagem/sexo; noturna: 12
machos LEW, 13 machos SHR e 14 fêmeas/linhagem). Os 40 animais
(10/linhagem/sexo) restantes nunca haviam passado por nenhuma
experimentação e foram testados, com 8-9 semanas de idade, somente no LCE,
entre 14 e 17h, sendo retestados 24h após no mesmo aparato. Machos e fêmeas
foram testados em dias separados.
No segundo bloco experimental, 78 animais LEW e SHR (9-
10/linhagem/sexo/tratamento) foram testados no CA, LCE e CBP às 9, 10 e 11
semanas de idade, respectivamente, com machos e fêmeas sendo testados em
diferentes dias. Conforme explicado mais adiante, três fatores ambientais foram
avaliados: experimentador, posição da gaiola e estado de sono/vigília antes do
teste. Todos os testes foram realizados entre 14:00 e 18:00 h.
59
No terceiro bloco experimental, 22 machos LEW e SHR (11/linhagem) de
11 semanas de idade foram submetidos a um protocolo de auto-administração que
envolvia sacarina, quinino, etanol e água. Posteriormente, 57 ratos das linhagens
Floripa H e L (Floripa L 15/sexo; Floripa H 15 machos e 12 fêmeas), da décima
geração de seleção, foram submetidos a três testes de ansiedade (CA, LCE e
CBP) com 9 semanas de idade. Cada teste foi realizado durante dois dias no
período das 14:00 h às 18:00 h, sendo que os machos foram sempre testados um
dia antes das fêmeas. Destes 57 animais, 40 (10 linhagem/sexo) foram
selecionados a partir dos seus escores para a locomoção central no teste do CA
(os Floripa H selecionados tinham os maiores escores e os Floripa L os menores)
e foram submetidos ao mesmo protocolo de auto-administração de etanol usado
para as linhagens LEW/SHR.
No quarto bloco experimental, 15 machos LEW e SHR (7-8/linhagem) foram
testados, às 9 semanas de idade, no CA. Dentre estes animais, metade foi testada
em um dia, das 13:30 às 15:00h e a outra metade no dia subseqüente, no mesmo
horário. Um dia após o término dos testes, os animais foram sacrificados e tiveram
seu hipocampo e hipotálamo removidos para análise no Real-time RT-PCR
(Reverse transcription-polymerase chain reaction). Os experimentos deste bloco
experimental foram realizados no Instituto do Coração-SP (INCOR). Os ratos,
criados no LGC, foram enviados ao INCOR uma semana antes dos experimentos,
por via aérea.
3.3 Testes Comportamentais
3.3.1 Campo Aberto (CA)
60
O aparato (Fig 1) era feito de madeira coberta com fórmica impermeável
possuindo uma área de 100 x 100 cm, com o chão branco, dividido em 25
quadrados de 20 x 20 cm (linhas divisórias pretas), 9 quadrados formavam a área
central e 16 a área periférica; as paredes, também brancas, tinham 40 cm de
altura. A luminosidade utilizada durante os testes foi de 7 Lux. Cada rato foi
colocado no centro do aparato, o qual era inédito para o animal e observado por 5
min, sendo os seguintes comportamentos registrados: número de quadrados
periféricos (adjacentes às paredes) e centrais (centro do aparato; sem paredes ao
lado) atravessados com todas as quatro patas e o número de bolotas fecais
depositadas. A partir destes dados foi então calculada a locomoção total (número
total de quadrados atravessados) e a porcentagem da locomoção total que seria
devida à locomoção central. Após cada animal ser testado, o aparato era limpo
com esponja embebida em água e seco com papel toalha. O comportamento de
cada animal foi gravado por uma câmera de vídeo posicionada acima do aparato,
o que permitia o esclarecimento de qualquer dúvida posterior. Além disto, o
monitoramento instantâneo possibilitava a retirada das medidas por um
observador treinado localizado em outra sala, através de um circuito fechado de
TV. Os métodos de limpeza e gravação foram os mesmos para todos os outros
testes de ansiedade utilizados neste estudo.
61
Figura 1-
Campo Aberto utilizado nos
experimentos.
3.3.2
Labirinto em Cruz Elevado (LCE)
O aparato (Fig 2), que era feito de madeira coberta com uma camada de
fórmica preta, apresentava quatro braços, sendo dois fechados e dois abertos,
distantes 52 cm do chão. Os dois braços fechados eram opostos, medindo 50 cm
de comprimento por 10 cm de largura, com paredes de 42 cm de altura, formando
uma cruz com os braços abertos, os quais também mediam 50 cm de
comprimento por 10 cm de largura, sendo margeados por um anteparo de 0,5 cm
de altura e 0,1 cm de espessura (para evitar a queda dos animais do aparato). Na
interseção entre os braços fechados e abertos havia uma plataforma central
medindo 13,5 x 10 cm que dava acesso a cada um dos quatro braços. Durante a
realização dos experimentos, a intensidade luminosa foi de 65 lux na plataforma
central, 70-90 lux nos braços abertos e 20 lux nos braços fechados. Cada rato foi
colocado na plataforma central de frente para um braço aberto e seu
comportamento foi observado por 5 min.
62
Figura 2- Labirinto em Cruz Elevado utilizado nos experimentos.
O mero de entradas e o tempo passado (com as quatro patas) dentro de
cada tipo de braço foram registrados e a porcentagem de entradas nos braços
abertos foi calculada em relação ao número total de entradas.
3.3.3 Caixa Branca/Preta (CBP)
O aparato (Fig 3) era feito de madeira coberta com fórmica e apresentava
dois compartimentos: um branco fortemente iluminado (1.000 Lux), medindo
27x27x27 cm, cujo chão era dividido em 9 quadrados (9x9 cm); e outro preto
iluminado com luz vermelha de 40W, medindo 27x18x27 cm, cujo chão era
dividido em 6 quadrados (9x9 cm). Os dois compartimentos eram conectados por
uma pequena abertura de 7x7 cm. Diz-se que o compartimento preto é escuro,
pois o comprimento de onda vermelho é invisível ao rato, embora exista uma fraca
luminosidade advinda do compartimento branco (20 Lux). Ambas as lâmpadas
eram localizadas 30 cm acima do piso do aparato. Cada rato foi colocado no
63
centro do compartimento branco e observado por 5 min. Os seguintes
comportamentos foram registrados: latência para sair do compartimento branco;
número de quadrados atravessados com as quatro patas e o tempo gasto em
cada compartimento, além do número de transições entre os dois compartimentos
(o que inclui sair do preto, entrar no branco com as quatro patas e voltar para o
preto). A latência para sair do compartimento branco é considerada como o tempo
que o animal, ao ser colocado neste compartimento, leva para deixar o mesmo,
indo para o compartimento preto. O tempo gasto no compartimento branco não
inclui esta latência inicial.
Figura 3- Caixa Branca/Preta utilizada nos experimentos.
3.3.4 Consumo espontâneo de etanol
Neste teste os animais permaneceram isolados em uma caixa plástica com
tampa metálica medindo 21x28x19 cm, e cujo chão era coberto por maravalha (Fig
64
4). A caixa permitia que os animais tivessem movimentos livres e acesso ad
libitum a ração e a uma ou duas garrafas de líquido, conforme o protocolo. O
protocolo de auto-administração consistia de: dois dias de livre-escolha entre
sacarina (7.5 mM) e água; dois dias de livre-escolha entre quinino (2
µ
M) e água;
dois dias de etanol forçado (10%) e livre-escolha entre etanol (2,4,6 e 10%) e água
(2 dias para cada concentração com soluções v/v). O consumo de líquido (etanol,
água, sacarina ou quinino) era medido diariamente (LEW e SHR) ou a cada dois
dias (Floripa H/L), sempre a partir das 16:00h, através da pesagem das garrafas.
No período da pesagem os animais permaneciam sem qualquer tipo de líquido
para consumo. A cada dia as garrafinhas eram cuidadosamente trocadas de lado
para evitar qualquer tipo de efeito da posição. O peso dos animais foi medido a
cada dois dias, a partir do primeiro dia de etanol forçado (10%) até o final do
experimento.
Figura 4- Caixa de auto-administração utilizada nos experimentos.
65
Os dados o apresentados sob a forma de consumo absoluto (ml), g de
etanol/dia/kg do peso do corpo do animal, ou ainda de preferência do animal por
uma solução (etanol, água, sacarina ou quinino) em relação ao consumo total de
fluído (consumo da solução / consumo total de fluído) x 100.
3.4 Fatores Ambientais
3.4.1 Ritmo circadiano
Na CBP, no primeiro bloco experimental, aproximadamente metade dos
animais LEW e SHR foi testada entre 16:00 h e 18:00 h (fase diurna do ritmo
circadiano) e a outra metade entre 23:00 h e 01:00 h (fase noturna do ritmo
circadiano).
3.4.2 Reteste no LCE
Nesta outra parte do primeiro bloco experimental, cada rato LEW e SHR foi
submetido duas vezes ao LCE (teste e reteste) com um intervalo de 24 h entre as
exposições. Em cada sessão os ratos LEW e SHR foram testados
alternadamente, mas todos os machos foram testados e retestados antes das
fêmeas.
3.4.3 Experimentador
No segundo bloco experimental, metade dos animais LEW e SHR testados
no CA foram conduzidos ao teste (tirados das suas gaiolas, transportados até a
sala de testes e colocados dentro do aparato) por um experimentador familiar aos
66
animais, que entrou no biotério todos os dias e foi a única pessoa que manipulou
os animais na limpeza das gaiolas desde o desmame até o dia do teste. Um outro
experimentador (não familiar aos animais), que nunca tinha entrado no biotério
antes do início dos experimentos, conduziu ao teste a outra metade dos animais.
Ambos os experimentadores eram do sexo masculino, não-fumantes e usavam
jalecos de laboratório branco, luvas de látex e nenhum tipo de perfume durante os
dias dos testes. Como nosso objetivo era avaliar a influência da familiaridade do
animal com a pessoa que realiza os testes e não de eventuais diferenças de
procedimentos, os movimentos foram padronizados entre os dois
experimentadores, que treinaram anteriormente com outros animais em outra sala
de laboratório. Todos os objetos que seriam movimentados antes do teste
(gaiolas, tampas, mamadeiras de água, etc.) foram movimentados na mesma
ordem e colocados sobre as mesmas posições na bancada sobre marcas pré-
definidas. Um único observador treinado, localizado em uma sala adjacente,
realizou a observação e a retirada das medidas comportamentais.
3.4.4 Posição da gaiola dentro do biotério
Os animais LEW e SHR do segundo bloco experimental foram alojados em
gaiolas localizadas em estantes contendo cinco andares cada uma. Eles estiveram
alojados, desde o desmame até o dia do teste, no mesmo biotério, no mais ALTO
ou mais BAIXO andar, com ambos os sexos e linhagens sendo igualmente
distribuídos entre estas duas condições. Os andares mais altos e mais baixos
estavam localizados a 155 e 18 cm do chão, respectivamente. A iluminação
medida nas áreas altas e baixas das estantes mostrou 240 e 12 lux,
67
respectivamente. A temperatura, por outro lado, não variava entre estas duas
condições. Supõe-se que uma variação semelhante na posição das gaiolas é
provavelmente encontrada (mas não controlada) em muitos laboratórios
comportamentais. Os efeitos desta variável foram então avaliados no CA, LCE e
CBP.
3.4.5 Estado comportamental antes do teste
Trinta minutos antes do início do teste no LCE, às 13:30 h, uma gaiola de
cada linhagem LEW e SHR era removida da estante e cuidadosamente colocada
na bancada dentro do biotério, onde um sistema de vídeo podia monitorar ambas
as gaiolas. Assim, sem perturbar os animais, um observador localizado em uma
sala adjacente podia observá-los continuamente. O estado comportamental do
animal foi então classificado em duas categorias, denominadas “repouso” e
“vigília”. A vigília incluía comportamentos ativos, onde movimento corpóreo podia
ser observado (andar, comer, beber, brincar, alisar), e também estados de
imobilidade, onde os olhos estavam abertos, o deixando nenhuma dúvida que o
animal estava acordado. O estado de repouso, pelo contrário, era considerado
quando o animal estava imóvel, com um tônus muscular relaxado, olhos fechados,
em aparente estado de sono. Quando um indivíduo permanecia em um destes
estados durante 5 min contínuos, registrados pelo observador, outro
experimentador treinado entrava no biotério e retirava cuidadosamente o animal
da sua gaiola e imediatamente o transportava para o aparato de teste (LCE),
localizado em uma sala adjacente. Depois de testado, o rato era marcado com
tinta nas suas costas (de maneira que isso pudesse ser reconhecido pelo
68
experimentador através do vídeo, evitando que o animal fosse novamente retirado
para teste) e era devolvido a sua gaiola. Todos os machos foram testados
anteriormente as fêmeas e os testes duraram quatro dias para cada sexo. Dentro
de cada dia, ratos das duas linhagens e dos dois estados comportamentais tinham
suas ordens balanceadas através do tempo.
3.5 Expressão Gênica
Os animais utilizados neste experimento foram testados em um CA, como
aquele descrito anteriormente, exceto que este apresentava iluminação de 80 lux
e o piso dividido em 36 quadrados ao invés de 25. Duas horas antes do momento
do teste, os animais foram isolados em gaiolas de plástico 12x26x15cm para evitar
qualquer tipo de influência de um animal no comportamento do outro. Um dia após
a finalização do teste do CA, os animais foram sacrificados por decapitação e
tiveram seus hipocampos e hipotálamos retirados, sendo estes imediatamente
congelados em nitrogênio líquido e posteriormente transportados ao freezer –70ºC
para futura extração de RNAm. A expressão relativa dos genes codificadores do
NPY, NR2b, 5-HT
1a
e ciclofilina (cyph), como gene controle (housekeeping gene),
no hipocampo e no hipotálamo dos ratos LEW e SHR, foi determinada através de
Real-time RT-PCR com o sistema de detecção de seqüência ABI PRISM 7700
(Applied Biosystems, Foster City, CA).
3.5.1 Extração de RNAm
As amostras foram obtidas do hipocampo e do hipotálamo dos animais LEW e
SHR. O RNA total conforme o protocolo do fabricante foi extraído através do uso
69
de TRIZOL Reagent (Invitrogen). A quantificação do RNA total obtido em solução
aquosa foi realizada no espectrofotômetro de luz UV nos comprimentos de onda
de 260 e 280 nm para a verificação de possíveis contaminações protéicas, onde a
qualidade da extração é verificada através da proporção 260/280 que deve estar
em torno de 2,0. Além disso, foi realizada eletroforese em gel de agarose 1%
comprobatória para observação das bandas das subunidades 28 e 18.
3.5.2 Preparação dos primers
No presente estudo, todos os primers sense e antisense, específicos para
os genes avaliados (NPY, 5-HT
1A
, NR2b) foram desenhados com o auxílio do
Primer3 Software (http://www.broad.mit.edu/cgi-bin/primer/primer3_www.cgi), a
partir do estudo das seqüências conservadas de cDNA desses genes, que
estavam disponíveis no GenBank (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/Genbank). Os
primers foram selecionados pelo tamanho (18-22 nucleotídeos), conteúdo de G/C
(Guanina/Citosina) ao redor de 50%, desenhados em diferentes éxons quando
possível para evitar contaminação com DNA genômico, temperatura de
anelamento entre 58-60ºC, tamanho do amplicon entre 50-150 nucleotídeos com
maior proximidade da terminação 3’ e especificidade utilizando-se a Basic Local
Alignment Search Tool (BLAST, http://www.ncbi.nlm.nih.gov/BLAST). A síntese
dos primers foi realizada pela Invitrogen Technologies (Brasil) e eles tinham as
seguintes seqüências: NPYF 5’ -ACT ACT CCG CTC TGC GAC A 3’; NPYR 5’ -
CCA TCA CCA CAT GGA AGG 3’; NR2BF 5’ -GTT CCG GCA TTG CTT CAT 3’;
NR2BR 5’ -AGC AAG CGT AGG ATG TTG G 3’; 5-HT
1A
F 5' -GGG CTA TCA CCG
70
ACC CTA T 3' e 5-HT
1A
R 5' -AAG CCA ATG AGC CAA GTG A 3'.
3.5.3 Síntese de cDNA
A síntese do cDNA foi realizada através da reação de transcrição reversa
(RT) em um volume reacional de 20 µl que continha 2 µg de RNA total
previamente analisado, 20 mM de Tris-HCl (pH 8,4), 50 mM de KCl, 2,5 mM de
MgCl
2,
10 mM de DTT, 0,5 µg de oligo (dT)
,
0,5 mM de cada dATP, dGTP, dCTP,
dTTP e 200 U da enzima SuperScript II Reverse Transcriptase (Invitrogen, Brasil).
A mistura de RNA e oligo (dT) foi aquecida a 70ºC por 10 min e imediatamente
colocada no gelo para a adição dos demais componentes. Após isto, a reação foi
incubada a 42ºC por 1 hora e interrompida pelo aquecimento a 70ºC por 15 min. O
produto de cDNA foi tratado com 2 U de RNase H (Invitrogen) a 37ºC por 20 min
para remoção dos templates de RNA, com posterior inativação da enzima por
aquecimento a 70ºC por 15 min. As amostras foram armazenada a -20ºC até o
momento do uso.
3.5.4 Análise da expressão gênica
As reações de PCR foram realizadas no ABI Prism 7700 Sequence
Detection System (Applied Biosystems, Foster City, CA). Para cada reação
(equivalente a um poço da placa), utilizou-se um volume reacional de 20 µl
contendo 1
µ
l de cDNA template (com concentração previamente definida através
de curvas de diluição), uma concentração final de 200 nM dos primers sense e
antisense específicos para cada gene (0,32 µl de cada primer), 10 µl do 2X SYBR
71
Green PCR Master Mix (Applied Biosystems, Foster City, CA), e água isenta de
RNase (7,96
µ
l). O 2X SYBR Green PCR Master Mix contém a AmpliTaq DNA
Polymerase, o SYBR Green Buffer, dNTP (dATP, dCTP, dGTP, dTTP), SYBR
Green I e a referência passiva, o corante fluorescente ROX. As reações foram
incubadas a 95ºC por 10 min para a ativação da AmpliTaq DNA Polymerase,
seguido de 50 ciclos de 15 seg a 95ºC, e 60 seg a 60ºC (extensão e coleta do
sinal de fluorescência). Foram utilizados controles negativos para cada gene ou
para o normalizador através do controle sem template (ausência de cDNA) e o
controle sem amplificação (ausência do par de primers). Todas as amostras dos
diferentes grupos, incluindo os controles, foram sempre processadas em triplicata
na mesma placa. Após a reação do RT-PCR, foi realizada uma curva de
dissociação (melting curve) para cada corrida a partir da análise da temperatura
de dissociação (melting point -Tm) da dupla fita de DNA. O ciclo de dissociação foi
realizado através dos seguintes passos: (a) aquecimento a 95ºC por 15 seg, (b)
um decréscimo progressivo da temperatura de 9C para 60°C e manutenção
dessa temperatura por 20 seg, (c) um reaquecimento (dissociação) progressivo
(19 min e 59 seg) de 60°C para 95ºC, e manutenção da temperatura de 95°C por
15 seg. Eventuais produtos de PCR que apresentaram curvas de dissociação com
picos de Tm abaixo do produto de PCR específico (formação de dímeros de
primer), ou ainda picos diversos com diferentes Tms ou platôs (formação de
produtos não-específicos) foram descartados.
3.6 Estatística
72
3.6.1 Bloco Experimental 1
Como o principal objetivo deste estudo foi avaliar diferenças entre as
linhagens e entre as situações de teste, os resultados foram analisados,
separadamente para cada sexo, por uma ANOVA de duas vias para os fatores
linhagem e fase circadiana (dia/noite) para a CBP. Os resultados do LCE foram
analisados por uma ANOVA de duas vias de uma maneira similar, mas com as
exposições (teste e reteste) sendo tratados como medidas repetidas. Nos casos
onde interações significantes foram encontradas entre as linhagens e as variações
dos testes, o teste post hoc LSD foi utilizado para comparar as médias dos grupos.
Todas as análises foram realizadas com o software Statistica (Statsoft, France,
1996).
3.6.2 Bloco Experimental 2
Os resultados foram analisados, separadamente para cada fator ambiental,
por uma ANOVA de três vias para os fatores linhagem (LEW/SHR), sexo
(macho/fêmea) e variável ambiental (experimentador familiar/não familiar; gaiolas
alojadas na parte alta/baixa; estado de repouso/vigília). Nos casos onde
interações significantes foram identificadas, o teste de post hoc LSD foi utilizado
para comparações entre os subgrupos. Todas as análises foram realizadas com o
software Statistica (Statsoft, Tulsa, OK, 1998).
3.6.3 Bloco Experimental 3
73
Os resultados dos testes de consumo de etanol de ratos machos LEW e
SHR foram analisados através do teste-t de Student para amostras
independentes. Os dados dos testes de ansiedade e consumo de etanol de ratos
Floripa H e L foram analisados por uma ANOVA de duas vias para os fatores
linhagem e sexo. Nos casos onde interações significantes foram identificadas, o
teste de post hoc LSD foi utilizado para comparações entre os subgrupos. Todas
as análises foram realizadas com o software Statistica (Statsoft, Tulsa, OK, 1998).
3.6.4 Bloco Experimental 4
Os resultados dos testes do CA e Real-time RT-PCR foram analisados
através do teste-t de Student para amostras independentes comparando as
linhagens (LEW/SHR) com o software Statistica (Statsoft, Tulsa, OK, 1998). No
caso do teste do Real-time RT-PCR, foram utilizadas como medidas as médias ±
erro padrão dos Ct. A quantificação relativa da expressão gênica foi realizada no
Sequence Detector System 1.7 (Applied Biosystem, Foster City, CA). Os dados
coletados foram plotados como sinal de fluorescência Rn (eixo y) versus o
número de ciclos da reação (eixo x). O
Rn foi calculado pelo software a partir da
equação:
A linha de threshold foi traçada no gráfico Rn versus o número de ciclos,
74
no ponto correspondente a 10 vezes o desvio padrão do valor médio da linha de
base. O valor de Ct foi definido como o número do ciclo no qual o Rn intercepta
esse threshold. A quantificação relativa da expressão de cada gene, na linhagem
LEW em relação à linhagem SHR foi dada a partir da equação:
A quantificação relativa da expressão gênica, normalizada com o controle
interno e relativo utilizando o método 2
-

Ct
,
correlaciona-se com a quantificação
gênica absoluta obtida usando-se a curva padrão (User Bulletin 2, Applied
Biosystems, Foster City, CA).
75
76
4-RESULTADOS
77
78
4. RESULTADOS
4.1 Bloco Experimental 1
4.1.1 Ritmos Circadiano (CBP)
Os resultados da CBP estão sumarizados na Tabela 1 e Figura 5. Em machos,
ocorreu um efeito geral significativo de linhagem em todas as medidas: tempo no
compartimento branco (SHR > LEW; F= 6.2 e p < 0.05); locomoção no
compartimento preto (LEW > SHR; F= 59.2 e p < 0.01); tempo no compartimento
preto (LEW > SHR; F= 20.2 e p < 0.01); número de transições (SHR > LEW; F=
9.5 e p < 0.01) e locomoção no compartimento branco (SHR > LEW; F= 8.9 e p <
0.01). Em todos os casos, os ratos SHR aproximaram-se mais do compartimento
branco e aversivo do que os ratos LEW. Não ocorreu nenhum efeito da fase
circadiana em nenhuma medida comportamental.
Nas fêmeas, ocorreu um efeito geral de linhagem significativo em quase todas
as medidas: tempo no compartimento branco (SHR > LEW; F= 14.2 e p < 0.01);
locomoção no compartimento preto (LEW > SHR; F= 30.3 e p < 0.01); tempo no
compartimento preto (LEW > SHR; F= 36.2 e p < 0.01) e locomoção no
compartimento branco (SHR > LEW; F= 8.5 e p < 0.01). Não ocorreu nenhum
efeito geral da fase circadiana. Contudo, ocorreu uma interação entre linhagem e
fase circadiana no número de transições (F= 6.1 e p < 0.05), com as fêmeas SHR,
mas não as LEW, diferindo entre as fases e fazendo mais transições durante a
fase noturna. Como em machos, as fêmeas SHR aproximaram-se mais do
compartimento branco e aversivo do que as LEW.
79
Tabela 1 Medidas da caixa branca/preta (média
±
erro padrão) para ratos
machos e fêmeas das linhagens Lewis e SHR, em duas fases do ritmo circadiano:
GRUPO N
Tempo no preto (s) Número de transições Locomoção no
branco
Machos
LEW / dia 16
261.4
±
8.9 ** 1.1
±
0.4 ** 7.9
±
2.1 **
LEW / noite
12
265.3±9.4 1.0±0.4 6.4±1.8
SHR / dia 16
209.8
±
9.4 2.6
±
0.4 14.4
±
1.8
SHR / noite 13
214.0
±
17.1 2.7
±
0.6 13.3
±
3.0
Fêmeas
LEW / dia 16
240.8±8.1 ** 2.7±0.4 15.8±2.4 **
LEW / noite
14
248.2
±
10.9 2.6
±
0.6 14.5
±
2.9
SHR / dia 16
195.4±10.1 4.3±0.4 19.4±2.3
SHR / noite 14
177.0
±
9.4 7.0
±
0.5 25.0
±
1.7
** representa diferença entre linhagens, para machos ou fêmeas (ANOVA, p
<
0.01).
80
0
10
20
30
40
50
60
70
LEW
*
**
(a)
SHR
Machos Fêmeas
Tempo no
compartimento branco
(s)
D
N
D
N
D
N
D
N
0
10
20
30
40
50
60
LEW
**
**
(b)
SHR
Machos Fêmeas
Locomoção no
compartimento preto
D
N
D
N
D
N
D
N
Figura 5- Tempo passado no compartimento branco (a) e locomoção no
compartimento preto (b) da caixa branca/preta, para ratos LEW e SHR de ambos
os sexos, (ver N na tabela 1), nas duas fases do ritmo circadiano, dia (D; das
16:00h às 18:00h) e noite (N; 23:00h às 01:00h). As barras representam os
valores médios
±
erro padrão. Para cada sexo, * ou ** representam efeito geral de
linhagem (ANOVA, p<0,05 e p<0,01; respectivamente).
81
4.1.2 Teste/Reteste (LCE)
Os resultados obtidos no LCE são mostrados nas Figura 6 e 7. Nos
machos, ocorreu um efeito geral de linhagem apenas para o tempo passado nos
braços abertos (SHR > LEW; F=10.7 e p < 0.01). Um efeito geral da exposição
prévia (teste/reteste) foi encontrado nas medidas: tempo passado nos braços
abertos (teste > reteste; F=9.9 e p < 0.01) e % de entradas nos braços abertos
(teste > reteste; F=11.6 e p < 0.01). Além disso, ocorreram interações entre
linhagem e exposição prévia para: o mero total de entradas (F=5.2 e p < 0.05) e
o número de entradas nos braços fechados (F=7.3 e p < 0.05), com os ratos LEW
e SHR diferindo somente durante o reteste.
Nas fêmeas, ocorreu um efeito geral de linhagem para: tempo passado nos
braços abertos (SHR > LEW; F=48.7 e p < 0.01); % de entradas nos braços
abertos (SHR > LEW; F=21.0 e p < 0.01) e total de entradas (SHR > LEW; F=7.6 e
p < 0.05). Um efeito geral da exposição prévia foi encontrado para: tempo passado
nos braços abertos (teste > reteste; F=14.6 e p < 0.01); % de entradas nos braços
abertos (teste > reteste; F=14.2 e p < 0.01); total de entradas (reteste > teste;
F=71.4 e p < 0.01) e entradas nos braços fechados (reteste > teste; F=118.2 e p <
0.01). Não ocorreram interações significativas entre linhagem e exposição prévia
para fêmeas.
82
0
20
40
60
80
100
120
140
160
LEW
##
**
##
**
(a)
##
##
SHR
Machos Fêmeas
Tempo nos braços
abertos (s)
T
R T R
T
R T R
0
15
30
45
60
75
LEW
##
##
**
##
##
(b)
SHR
Machos Fêmeas
% de entradas nos
braços abertos
T
R T R
T
R T R
Figura 6- Tempo gasto (a) e % de entrada (b) nos braços abertos do labirinto em
cruz elevado, para ratos LEW e SHR de ambos os sexos, (10/linhagem/sexo), no
teste (T) e reteste (R) (24h após). As barras representam os valores médios
±
erro
padrão. Para cada sexo, ** e ## representam, respectivamente, efeito geral de
linhagem e exposição (ANOVA, p<0,01).
83
0
5
10
15
20
LEW
##
##
+
(a)
SHR
T
RTR
T
RTR
Machos Fêmeas
Entradas nos braços
fechados
0
5
10
15
20
25
LEW
*
##
##
(b)
SHR
T
RTR
T
RTR
+
Machos Fêmeas
Total de entradas nos
braços
Figura 7- Entradas nos braços fechados (a) e entradas totais (b) do labirinto em
cruz elevado, para ratos LEW e SHR de ambos os sexos, (10/linhagem/sexo), no
teste (T) e reteste (R) (24h após). As barras representam os valores médios ± erro
padrão. Para cada sexo, * representa efeito geral de linhagem (ANOVA, p<0,05) e
## representa efeito geral de exposição (ANOVA, p<0,01). Diferenças entre os
subgrupos no teste post hoc LSD, são mostradas por + (p<0,05).
84
85
4.2 Bloco Experimental 2
4.2.1 O Efeito do experimentador (CA)
Nenhuma diferença significativa (p > 0.05) entre os experimentadores foi
observada para qualquer medida comportamental do teste do CA (Fig 8a-b), mas
grandes efeitos de linhagem (F=78.0 e p < 0.001) foram encontrados para a
locomoção central no CA, com os ratos LEW mostrando menores escores do que
os SHRs (Fig 8a). Um efeito geral do fator sexo (F=9.61 e p < 0.01) foi encontrado
na locomoção total, com as fêmeas sendo mais ativas do que os machos (Fig 8b).
Nenhuma interação (p > 0.05) foi encontrada entre os fatores.
4.2.2 Posição das gaiolas dentro do biotério
Devido ao fato de que nenhuma influência do experimentador foi encontrada
no CA, os dados de ambos os experimentadores foram agrupados e analisados
para três fatores: linhagem, sexo e posição das gaiolas. Um efeito geral de
posição da gaiola (F=4.35 e p < 0.05) foi encontrado na locomoção central do CA,
não importando a linhagem ou o sexo, com os ratos alojados no andar mais alto
apresentando maiores escores do que aqueles alojados no andar mais baixo (Fig
9a). A posição da gaiola não afetou nenhuma outra medida do CA e nenhuma
medida do LCE.
Diferentes medidas da CBP, que tem a luz como principal componente
aversivo, foram afetadas pela posição das gaiolas. No tempo passado no
compartimento branco (Fig 9b), ocorreu uma interação significativa (F=10.65 e p <
0.01) entre genótipo e ambiente. A análise post hoc revelou que os ratos SHR
(mas não os LEW) de ambos os sexos foram afetados pela posição da gaiola, com
86
os animais alojados na parte baixa mostrando maior esquiva do compartimento
branco do que aqueles alojados na parte alta. Devido a esta interação, diferenças
de linhagem (LEW < SHR) dentro de sexo e tratamento, que foram altamente
significantes (p < 0.001) para os outros subgrupos, não foram detectadas (p >
0.05) nos ratos machos alojados na parte baixa. Para esta mesma variável,
ocorreu também um efeito geral do fator sexo (F=7.19 e p < 0.01), com as fêmeas
passando mais tempo no compartimento branco do que os machos. Uma
interação significativa (F=7.26 e p < 0.01) entre linhagem, sexo e posição da
gaiola foi encontrada na locomoção no compartimento branco (Fig 9c). Aqui,
somente machos SHR e fêmeas LEW tiveram seus escores significativamente
alterados pela posição (alta > baixa), enquanto que as diferenças de linhagens
foram significantes (p < 0.05) para todos os subgrupos de sexo/tratamento. Para o
número de transições, ocorreu também uma interação entre linhagem, sexo e
posição da gaiola (F=5.84 e p < 0.05), com as comparações de post hoc
mostrando as mesmas diferenças que aquelas encontradas no tempo passado no
compartimento branco.
87
0
10
20
30
40
LEW
SHR
efeito de linhagem (F
1,70
= 78,0; p<0,001)
F D F D F D F D
(a)
Machos meas
Locomoção central
0
30
60
90
120
150
LEW
SHR
F D F D F D F D
efeito sexo (F
1,70
= 9,61; p<0,01)
(b)
Machos Fêmeas
Locomoção total
Figura 8- Locomoção central (a) e total (b) no campo aberto, para ratos LEW e
SHR de ambos os sexos, (9-10/linhagem/sexo/tratamento), manipulados por cada
um de dois experimentadores: familiar (F) e desconhecido (D). As barras
representam os valores médios ± erro padrão. Os efeitos significativos revelados
pela ANOVA de três vias estão mostrados nas caixas.
88
Figura 9- Locomoção central no campo aberto (a), tempo gasto (b) e locomoção
no compartimento branco (c) da caixa branca/preta, para ratos LEW e SHR de
ambos os sexos, (9-10/linhagem/sexo/tratamento), alojados em duas diferentes
condições nas estantes do biotério: alto (A) e baixo (B). As barras representam os
valores médios ± erro padrão. Os efeitos significativos revelados pela ANOVA de
três vias estão mostrados nas caixas. ++ representa diferenças entre os ratos
alojados na parte alta e baixa dentro de cada linhagem e sexo (LSD; p<0.01),
quando interações significativas foram encontradas.
0
10
20
30
40
LEW
SHR
A
AA
A B
B
BB
efeito de linhagem (F
1,70
= 81,1; p<0,001)
efeito de posão (F
1,70
= 4,4; p<0,05)
Machos Fêmeas
Locomoção central
(a)
0
15
30
45
60
LEW
SHR
A
AA
A
BB
BB
linhagem x posão (F
1,70
= 10,6; p<0,01)
efeito sexo (F
1,70
= 7,2; p<0,01)
++
++
Machos Fêmeas
Tempo gasto no
compartimento branco
(s)
(b)
0
5
10
15
20
25
LEW
SHR
A
AA
A
BB
BB
linhagem x sexo x posição (F
1,70
= 7,3; p<0,01)
++
++
Machos Fêmeas
Locomoção no
compartimento branco
(c)
89
4.2.3 Estado comportamental antes do teste
Ocorreu um efeito geral de linhagem (F=19.49 e p < 0.001), mas também
do estado comportamental em que o animal estava imediatamente antes do teste
(F=11.72 e p < 0.01) sobre as entradas nos braços fechados no LCE, a principal
medida de locomoção neste teste (Fig 10a). Os ratos LEW fizeram no geral mais
entradas nos braços fechados do que os SHRs e os ratos em vigília foram no
geral mais ativos do que os ratos em repouso. Ocorreu uma interação significativa
entre o estado comportamental e a linhagem para duas das principais medidas
relacionadas a comportamentos de ansiedade do LCE, denominadas tempo
passado (F=6.92 e p < 0.05) e % de entradas (F=6.03 e p < 0.05) nos braços
abertos. As análises post hoc revelaram que os ratos machos LEW e SHR
diferiram entre si em ambas as variáveis comportamentais (LEW < SHR; p < 0.05)
somente quando eles estavam em estado de vigília e não quando eles estavam
em repouso imediatamente antes do teste (Fig 10b e 10c). Nas fêmeas, as
diferenças entre linhagens no tempo passado nos braços abertos foram
significantes (p < 0.05) em ambos os estados de repouso e vigília, enquanto que
na % de entradas nos braços abertos, estas diferenças apareceram somente em
animais no estado de vigília. A vigília mudou (aumentou) o tempo passado nos
braços abertos somente nos ratos machos SHR, mas diminuiu a % de entradas
nos braços abertos nas fêmeas LEW (p < 0.05).
90
Figura 10- Número de entradas nos braços fechados (a), tempo gasto (b) e % de
entradas (c) nos braços abertos do labirinto em cruz elevado, para ratos LEW e SHR de
ambos os sexos, (9-10/linhagem/sexo/tratamento), divididos de acordo com seu estado
comportamental antes do teste repouso (R) e vigília (V). As barras representam os valores
médios ± erro padrão. Os efeitos significativos revelados pela ANOVA de três vias estão
mostrados nas caixas. + representa diferenças entre os ratos em repouso ou em vigília
dentro de cada linhagem e sexo no teste post hoc LSD (p<0.05), quando interações
significativas foram encontradas.
0
2
4
6
8
10
12
14
LEW
SHR
efeito linhagem (F
1,70
= 19,5; p<0,001)
efeito vigília (F
1,70
= 11,7; p<0,01)
R V R V R V R V
(a)
Machos Fêmeas
Entradas nos braços
fechados
0
20
40
60
80
100
120
LEW
SHR
linhagem x sexo (F
1,70
= 6,5; p<0,05)
linhagem x vigília (F
1,70
= 6,9; p<0,05)
+
R V R V R V R V
(b)
Machos Fêmeas
Tempo nos braços
abertos (s)
0
10
20
30
40
50
LEW
SHR
sexo x vigília (F
1,70
= 4,3; p<0,05)
linhagem x vigília (F
1,70
= 6,0; p<0,05)
R V R V R V R V
+
(c)
Machos Fêmeas
% entradas nos braços abertos
91
92
4.3 Bloco Experimental 3
4.3.1 Consumo espontâneo com LEW e SHR
Nenhuma diferença entre ratos machos LEW e SHR foi observada no
consumo de sacarina e quinino em livre escolha; de etanol forçado (10%) (Fig
11a-c), ou de etanol a 2% e 4% em livre escolha (p>0.05) (Fig 12a). Porém, os
ratos LEW ingeriram mais etanol do que os SHR, quando este foi oferecido em
livre escolha nas concentrações de 6% (p<0,05) e 10% (p<0,01) (Fig 12a).
Nenhuma diferença foi observada na preferência a sacarina, quinino (Fig 13a-b),
ou livre escolha a 2% e 4% de etanol (p
>
0.05) (Fig 12b). Além disso, os animais
LEW e SHR diferiram na preferência ao etanol, quando este foi oferecido a
concentrações de 6% (p<0,01) e 10% (p<0,01), com a diferença indo ao encontro
dos dados de consumo absoluto (Fig 12b).
93
0
10
20
30
40
50
60
LEW
SHR
Ingestão de sacarina (ml)
(a)
0
3
6
9
12
15
18
LEW
SHR
Ingestão de quinino (ml)
(b)
0.0
2.5
5.0
7.5
LEW
SHR
(c)
Ingestão de etanol forçado
(ml)
Figura 11- Ingestão de sacarina (7.5 mM) livre escolha (a) de quinino (2
µ
M) livre
escolha (b) e etanol forçado (10%) (c), para ratos LEW e SHR machos,
(11/linhagem), no protocolo de consumo espontâneo de etanol. As barras
representam os valores médios
±
erro padrão.
94
Figura 12- Consumo (g/kg/dia) (a) e preferência (%) (b) ao etanol em livre escolha
nas concentrações de 2, 4, 6 e 10%, para ratos LEW e SHR machos,
(11/linhagem), no protocolo de consumo espontâneo de etanol. Os valores estão
representados como média
±
erro padrão. Diferenças significativas entre linhagens
são representadas por ** (teste-t de Student, p<0,01).
95
0
30
60
90
120
LEW
SHR
(a)
Preferência à sacarina (%)
0
10
20
30
40
50
LEW
SHR
(b)
Preferência ao quinino (%)
Figura 13- Preferência à sacarina (7.5 mM) (a) e ao quinino (2µM) (b) em livre
escolha, para ratos LEW e SHR, (11/linhagem), no protocolo de consumo
espontâneo de etanol. Os valores estão representados como média
±
erro padrão.
96
4.3.2 Consumo espontâneo com Floripa H e L
Os 40 animais das linhagens Floripa H e L selecionados para o estudo de
auto-administração de etanol, apresentaram diferenças em diversas medidas
relacionadas à ansiedade. Ocorreu uma interação entre o fator linhagem e sexo na
medida locomoção central no CA (F=4.40 e p < 0.05), com os ratos Floripa H de
ambos os sexos locomovendo-se mais nesta área aversiva do que os ratos Floripa
L, mas com fêmeas apresentando maiores escores do que machos apenas na
linhagem Floripa H (Fig 14a). No teste do LCE ocorreu um efeito significativo do
fator linhagem na medida tempo gasto nos braços abertos (F=4.60 e p < 0.05)
com os ratos da linhagem Floripa H passando mais tempo neste ambiente
aversivo do que os ratos Floripa L (Fig 14b). Na CBP, os ratos Floripa H
locomoveram-se mais no compartimento branco do que os ratos Floripa L
(F=53.61 e p < 0.001) (Fig 14c).
Os ratos Floripa H e L não diferiram no consumo de sacarina, quinino, ou
álcool forçado (10%) (p
>
0.05) (Fig 15a-c). Porém, os ratos Floripa L ingeriram
mais etanol do que os Floripa H, quando este foi oferecido em livre escolha nas
concentrações de 2% (F=6.07 e p<0,05) e 10% (F=4.12 e p<0,05) (Fig 16a). Além
disso, ocorreram interações entre o fator linhagem e o fator sexo na livre escolha
ao etanol nas concentrações de 4% (F=9.19 e p<0,01) e 6% (F=6.35 e p<0,05)
(Fig 16a). Estas interações revelaram que a diferença entre linhagens aparece
unicamente em fêmeas, com as ratas da linhagem Floripa “L” ingerindo mais
etanol do que as da linhagem Floripa “H”. Ocorreu ainda um efeito geral do fator
97
sexo com as fêmeas ingerindo menos sacarina (F=5.72 e p < 0.05) e mais etanol
na livre escolha (10%) (F=17.21 e p < 0.01) do que os machos.
Os ratos Floripa L apresentaram maior preferência ao etanol do que os da
linhagem Floripa H quando este foi oferecido em livre escolha na concentração de
2% (F=5.57 e p<0,05) (Fig 16b). Ainda ocorreram interações entre os fatores
linhagem e sexo na preferência a concentrações de 4% (F=6.69 e p<0,05) e 6%
(F=7.27 e p<0,05), que revelaram que a diferença entre linhagens somente
ocorreu nas fêmeas. Além disso, as fêmeas preferiram menos sacarina (F=6.02 e
p<0,05) (Fig 17a) e mais etanol na concentração de 10%, independentemente da
linhagem (F=13.33 e p<0,01) (Fig 16b) do que os machos e nenhuma diferença na
preferência ao quinino foi observada (Fig 17b).
98
Figura 14- Locomoção central no campo aberto (a) tempo nos braços abertos no
labirinto em cruz elevado (b) e locomoção no compartimento branco da caixa
branca/preta (c), para ratos Floripa H e L, (10/linhagem/sexo). As barras
representam os valores médios
±
erro padrão. Efeitos significativos revelados pela
ANOVA de duas vias estão mostrados nas caixas. Diferenças entre os subgrupos
no teste post hoc LSD são representados por ++ (p<0,01).
0
5
10
15
20
25
Floripa L
Floripa H
linhagem x sexo (F
1,36
= 4,4; p<0,05)
(a)
Machos Fêmeas
Locomoção central
++
++
++
0
7
14
21
28
35
42
Floripa L
Floripa H
Machos Fêmeas
Tempo nos braços
abertos (s)
(b)
efeito de linhagem (F
1,36
= 4,6; p<0,05)
0
9
18
27
36
Floripa L
Floripa H
Machos Fêmeas
Locomoção no
compartimento branco
(c)
efeito de linhagem (F
1,36
= 53,6; p<0,01)
99
Figura 15- Ingestão de sacarina (7.5 mM) livre escolha (a) de quinino (2µM) livre
escolha (b) e etanol forçado (10%) (c), para ratos Floripa H e L,
(10/linhagem/sexo), no protocolo de consumo espontâneo de etanol. As barras
representam os valores médios
±
erro padrão. Efeitos significativos revelados pela
ANOVA de duas vias estão mostrados nas caixas.
0
10
20
30
40
50
Floripa L
Floripa H
Machos Fêmeas
efeito sexo (F
1,36
= 5,7; p<0,05)
(a)
Ingestão de sacarina (ml)
0.0
2.5
5.0
7.5
10.0
12.5
15.0
Floripa L
Floripa H
Machos Fêmeas
Ingestão de quinino (ml)
(b)
0
5
10
15
20
25
Floripa L
Floripa H
Machos Fêmeas
Consumo de etanol foado
(ml)
(c)
100
0
1
2
3
4
5
2% 4% 6% 10%
*
*
##
+
+
(a)
Floripa L fêmea
Floripa H fêmea
Floripa L macho
Floripa H macho
Concentrão (v/v)
Consumo de etanol [g/kg/dia]
0
10
20
30
40
50
60
70
2% 4% 6% 10%
##
(b)
*
Floripa H fêmea
Floripa L fêmea
Floripa L macho
Floripa H macho
+
+
Concentrão (v/v)
% de preferência ao etanol
Figura 16- Consumo (g/kg/dia) (a) e % de preferência (b) ao etanol nas
concentrações de 2, 4, 6 e 10%, para ratos Floripa H e L, (10/linhagem/sexo), no
protocolo de consumo espontâneo de etanol. Os valores estão representados
como média ± erro padrão. Efeitos significativos das linhagens revelados pela
ANOVA de duas vias são representados por * (p<0,05) e dos sexos por ##
(p<0,01). Diferenças entre linhagens observadas somente em fêmeas são
representadas por + (LSD; p<0,05).
101
0
30
60
90
120
Floripa L
Floripa H
(a)
Machos Fêmeas
Prefencia à sacarina (%)
efeito do sexo (F
1,36
= 6,0; p<0,05)
0
10
20
30
40
50
Floripa L
Floripa H
(b)
Machos Fêmeas
Prefencia ao quinino (%)
Figura 17- Preferência à sacarina (7.5 mM) livre escolha (a) e ao quinino (2
µ
M)
livre escolha (b), para ratos Floripa H e L, (10/linhagem/sexo), no protocolo de
consumo espontâneo de etanol. Os valores estão representados como média
±
erro padrão. Efeito significativo do sexo revelado pela ANOVA de duas vias é
mostrado na caixa.
102
103
4.4 Bloco Experimental 4
Neste bloco experimental, antes dos ratos LEW e SHR serem sacrificados,
eles foram submetidos a um teste do CA como controle comportamental. Nele, os
ratos SHR mostraram maior porcentagem de locomoção central (p<0.01) (ou
menor emocionalidade) (Fig 18a) e nenhuma diferença quanto à locomoção total
(p>0.05) quando comparados com os ratos LEW (Fig 18b).
Os testes de expressão gênica através da técnica do Real-time RT-PCR
revelaram que, no hipocampo, os ratos LEW mostraram uma expressão do gene
para o NPY aproximadamente 40% menor (p<0,01) (Fig 19a), expressão do gene
do receptor 5-HT1a aproximadamente 60% maior (p<0.05) (Fig 19b) e expressão
do gene NR2b semelhante (p>0.05) (Fig 19c), quando comparados aos ratos
SHR. no hipotálamo, nenhum dos três genes apresentou diferença estatística
significativa entre as duas linhagens (Fig 20a-c).
104
0
7
14
21
28
35
Lewis
SHR
**
% de locomoção central
(a)
0
15
30
45
60
75
90
105
Lewis
SHR
Locomão total
(b)
Figura 18- Porcentagem de locomoção central (a) e locomoção total (b) no campo
aberto, para ratos machos LEW e SHR, (7-8/linhagem). As barras representam os
valores médios
±
erro padrão. Diferenças significativas interlinhagens reveladas
pelo teste-t de Student são representadas por ** (p<0,01).
105
Figura 19-
Expressão gênica através da técnica do Real-time RT-PCR do gene do
NPY (a) receptor 5-HT
1A
(b) subunidade NR2b do receptor NMDA (c) e ciclofilina
como gene normalizador (d) de ratos machos LEW e SHR (7-8/linhagem), no
hipocampo. Os quadrinhos demonstram o valor médio das três triplicatas de cada
indivíduo. Nos três primeiros genes os valores estão representados em 1/
Ct para
melhor compreensão dos resultados. Diferenças significativas interlinhagens
reveladas pelo teste-t de Student são representadas por * ou ** (p<0,05 e p<0,01;
respectivamente).
NPY
LEWIS SHR
0.11
0.12
0.13
0.14
1/delta Ct
(a)
**
Receptor 5-HT
1A
LEWIS SHR
0.11
0.12
0.13
(b)
1/delta Ct
*
NR2b
LEWIS SHR
0.09
0.10
0.11
0.12
0.13
(c)
1/delta Ct
Ciclofilina
LEWIS SHR
13
14
15
16
17
18
(d)
Ct
106
Figura 20- Expressão gênica através da técnica do Real-time RT-PCR do gene do
NPY (a) receptor 5-HT
1A
(b) subunidade NR2b do receptor NMDA (c) e ciclofilina
como gene normalizador (d) de ratos machos LEW e SHR (7-8/linhagem), no
hipotálamo. Os quadrinhos demonstram o valor médio das três triplicatas de cada
indivíduo. Nos três primeiros genes os valores estão representados em 1/
Ct para
melhor compreensão dos resultados.
NPY
0.075
0.080
0.085
0.090
0.095
Lewis SHR
1/DCt
(a)
Receptor 5-HT
1A
0.09
0.10
Lewis SHR
1/DCt
(b)
NR2b
0.08
0.09
0.10
0.11
Lewis SHR
1/DCt
(c)
Ciclofilina
13
14
15
16
17
18
(d)
Lewis SHR
Ct
107
108
5-DISCUSSÃO
109
5. DISCUSSÃO
Neste estudo nós objetivamos avaliar a influência de fatores ambientais e
genéticos sobre medidas comportamentais relacionadas à ansiedade e a possível
correlação entre elas e o consumo de álcool. Para isso, nós testamos linhagens de
ratos usadas como modelos genéticos animais em: (a) três testes
comportamentais de ansiedade com algumas variações no ambiente de
laboratório ou na situação de teste (b) um protocolo de auto-administração de
etanol e em (c) um teste de ansiedade seguido de análise da expressão de três
genes candidatos em duas regiões do cérebro relacionadas com comportamentos
de ansiedade e alcoolismo.
5.1 Variações ambientais
Vários estudos demonstram que os ritmos circadianos influenciam padrões
fisiológicos e comportamentais em animais (Bertoglio e Carobrez, 2002; Gorka et
al., 1996; Morin, 1999). Portanto, no primeiro experimento deste trabalho, nós
objetivamos comparar as linhagens de ratos LEW e SHR em um teste de
ansiedade, a CBP, em duas fases diferentes do ritmo circadiano de sono/vigília
(dia e noite). Os presentes resultados revelaram diferenças significativas entre as
duas linhagens testadas, corroborando diferenças encontradas anteriormente
entre elas (Ramos et al., 1997; Ramos et al., 1998; Ramos et al., 2002). Por
exemplo, o tempo gasto e a locomoção no compartimento branco da CBP,
mostram claramente que ratos SHR locomovem-se mais e passam mais tempo
neste compartimento do que ratos LEW. Isto sugere que ratos SHR são menos
“ansiosos” do que ratos LEW neste teste. Segundo Crawley (1981), o
110
compartimento branco é muito aversivo aos roedores devido à forte iluminação e à
novidade do ambiente.
Um ponto a ser levantado é a diferença observada entre as linhagens (LEW
> SHR) para a locomoção no compartimento preto, pois esta é, às vezes,
considerada como medida de locomoção geral. Poderia ser sugerido, baseado
nisso, que a linhagem SHR é menos ativa do que a linhagem LEW, que ratos
SHR locomovem-se menos do que ratos LEW neste compartimento pouco
aversivo. Porém, alguns autores sugerem que a locomoção no compartimento
preto não é uma boa medida de atividade locomotora neste teste, pois ela é
afetada por compostos ansiolíticos (Costall et al., 1989; Smythe et al., 1996;
Chaouloff et al., 1997; Ramos et al., 1997), tendo assim algum componente
emocional. Como exemplo, vemos que a administração do agente FG7142 (um
ansiogênico) aumenta a locomoção no compartimento preto da CBP, o que está
associado com a redução do tempo passado no compartimento branco (Costall et
al., 1989). Ainda neste teste, ocorreram diferenças significativas entre os sexos e
estas podem ser consideradas normais, pois diversos estudos demonstram
diferenças intersexuais em relação a medidas de emocionalidade em ratos ou
camundongos (Gray, 1979; Johnston e File, 1991; Ramos et al., 1997; 1998;
2002), normalmente com os machos locomovendo-se menos do que as fêmeas
em ambientes estressantes ou aversivos.
Em um estudo genético com camundongos, envolvendo diversos testes
comportamentais, foram encontrados dois QTLs, um no cromossomo 11 e outro
no 14, que influenciam especificamente comportamentos no teste da CBP (Turri et
al., 2001). Isto sugere que este teste deve conter particularidades que o
111
aparecem nos outros testes avaliados naquele mesmo estudo, podendo ser
levantada a hipótese de que a luz, que é muito forte e aversiva neste teste, seja
responsável por parte destas diferenças. Por exemplo, Ramos et al. (1997),
mostraram que ratos Brown Norway exibiram o mais baixo grau de aversão ao
compartimento branco da CBP quando comparados com cinco outras linhagens.
Curiosamente, estes ratos eram os únicos naquele estudo com olhos, pele e pêlo
pigmentados. Entretanto, neste mesmo estudo, Ramos et al. (1997) demonstraram
que a locomoção no compartimento branco da CBP ficou no mesmo fator de uma
análise de componentes principais que medidas de ansiedade de outros testes
comportamentais (CA e LCE), sugerindo que o significado desta medida pode
compartilhar algum componente psicológico com as medidas relacionadas a
ansiedade de outros testes.
Exceto por uma interação entre linhagem e fase circadiana para o número
de transições em fêmeas, não ocorreram diferenças entre as fases clara e escura
na CBP. Este resultado é surpreendente, se considerarmos, por exemplo, que os
níveis extracelulares de serotonina (que é relacionada a comportamentos de
ansiedade) e a atividade do eixo HPA (que controla a resposta central ao
estresse) mostram ambos uma ritmicidade circadiana (Korte, 2001; Steckler,
2001). Os presentes resultados também não concordam com os de Costall et al.
(1989), que demonstraram um decréscimo na aversão ao compartimento branco
da CBP em camundongos que foram testados durante a fase diurna. Tal
inconsistência poderia se dever a diferenças interespecíficas entre ratos e
camundongos ou, ainda, ao fato de que nossos experimentos foram realizados
somente em dois diferentes pontos do ciclo circadiano de 24 h (um na fase clara e
112
um na fase escura). Talvez em outros pontos da fase escura, uma diferença em
relação à fase clara pudesse ser evidenciada. Então, nós demonstramos que: a)
as linhagens continuam apresentando diferenças entre si em um teste dependente
da luminosidade, na fase escura do ritmo circadiano de sono/vigília e (b) o perfil
comportamental apresentado por ambas as linhagens à noite não difere daquele
apresentado durante a fase diurna do ritmo circadiano, o que reforça estas
linhagens como um modelo genético robusto para o estudo da ansiedade.
Em um segundo experimento, nós submetemos as linhagens LEW e SHR a
duas exposições subseqüentes no LCE, duas condições que se sugere
corresponder a estados de “ansiedade generalizada” e de “fobia adquirida”,
respectivamente (File e Zangrossi, 1993, Hogg e File, 1994). Dois argumentos
principais têm sido usados para sustentar tal hipótese: (a) as benzodiazepinas,
que são efetivas em humanos contra a ansiedade generalizada, mas não tanto
contra as fobias, apresentam efeitos ansiolíticos na primeira, mas não na segunda
exposição ao LCE; e (b) quando a primeira exposição é mais longa do que o usual
(10 min ao invés de 5 min), o fenômeno da “tolerância a uma exposição”
desaparece, fornecendo assim uma analogia com os “estados fóbicos”, que
diminuem de intensidade com a exposição repetida à situação geradora de fobia
(File et al., 1993). Outros autores, no entanto, reconhecem que existe uma
mudança qualitativa no tipo de emocionalidade avaliada durante a primeira e a
segunda exposição ao LCE, mas consideram que o significado psicológico desta
mudança permanece incerto (Holmes e Rodgers, 1998). Os nossos resultados
reforçam esta interpretação cautelosa, pois a diferença encontrada entre as duas
linhagens também no reteste sugere que a primeira e a segunda exposição neste
113
aparato podem compartilhar componentes psicológicos comuns.
Nas duas exposições sucessivas, diferenças gerais entre as linhagens
foram observadas para os dois principais índices de “ansiedade” do LCE, o tempo
gasto e a porcentagem de entradas nos braços abertos (Pellow et al., 1985).
Enquanto que nas fêmeas ambos estes efeitos foram significativos, nos machos
as diferenças de linhagem alcançaram diferença estatística apenas no tempo
gasto nos braços abertos. Por outro lado, os animais de ambas as linhagens e
sexos mostraram um significante decréscimo no tempo passado e na
porcentagem de entradas nos braços abertos, quando retestados 24 após sua
primeira exposição, o que está de acordo com estudos prévios encontrados na
literatura (Rodgers et al., 1992; File et al., 1998; Holmes e Rodgers, 1998; File et
al., 1999; Bertoglio e Carobrez 2000; 2002c).
Sabe-se que a primeira experiência no LCE apresenta uma forte influência
nos padrões comportamentais de exposições subseqüentes (Rodgers et al.,
1996). Treit e col. (1992), relataram que ratos submetidos a 18 sessões no LCE
em 18 dias consecutivos o se habituaram aos braços abertos, continuando a
apresentar fuga desta região. Bertoglio e Carobrez (2000) relataram que é
necessário que os ratos conheçam tanto os braços abertos como os braços
fechados do aparato, para que eles adquiram medo dos braços abertos. Isto
sugere que o processo de aprendizado pode estar ligado com a habilidade
cognitiva para decidir entre diferentes níveis de situações aversivas.
Não se sabe ao certo qual estímulo específico no primeiro teste é
responsável por induzir uma grande esquiva dos braços abertos na segunda
exposição, mas existem evidências experimentais sugerindo que o fato dos braços
114
abertos serem um ambiente aberto e que não permite a tigmotaxia por parte dos
animais possa contribuir mais para essa esquiva do que propriamente a altura ou
a novidade dos braços (Pellow et al., 1985; Treit et al., 1993; Aguilar et al., 2002).
No presente estudo, um aumento significativo nas duas medidas de
atividade locomotora do LCE, entradas totais e entradas nos braços fechados,
(Ramos e Mormède, 1998), foi detectado nas fêmeas no reteste (com uma
diferença não-significativa sendo observada na mesma direção em machos),
assim sugerindo que os níveis de locomoção aumentam durante a segunda
exposição, possivelmente devido à maior familiaridade com o aparato de teste,
como já visto em outros estudos (Osenkopp et al., 1994). Curiosamente, tais
mudanças foram acompanhadas por um aparente aumento na ansiedade (menor
aproximação aos braços abertos), mostrando assim que uma maior
ansiedade/emocionalidade pode não resultar em menor atividade locomotora geral
neste teste.
Nenhuma interação entre linhagem e exposição prévia foi observada no
tempo passado nos braços abertos e na % de entrada nos braços abertos,
indicando que as diferenças emocionais entre os ratos LEW e SHR no LCE
persistem após uma primeira exposição ao aparato. As diferenças entre linhagens
observadas na primeira exposição do presente estudo estão de acordo com
nossos estudos prévios (Ramos et al., 1997, 1998, 2002), que sugerem que os
ratos LEW de ambos os sexos são mais “ansiosos” do que os ratos SHR.
Contudo, estas duas linhagens nunca tinham sido comparadas em um reteste no
LCE. A hipótese de que estas duas linhagens diferem tanto em modelos de
“ansiedade generalizada”, como de “fobia”, o que poderia explicar porquê elas
115
diferem tanto na primeira como na segunda exposição ao LCE, não é apoiada por
outros estudos do nosso laboratório, os quais não revelaram diferenças
significativas entre os ratos LEW e SHR no teste do odor de gato (dados não
publicados), outro modelo sugerido para o estudo de “fobia”.
Estudos farmacológicos prévios indicam que ambas as linhagens LEW e
SHR respondem aos efeitos ansiolíticos das benzodiazepinas quando submetidos
ao LCE pela primeira vez, mas os ratos LEW parecem requerer maiores doses de
diazepam para que o seu perfil ansiogênico seja atenuado (Ramos et al., 1997;
Takahashi et al., 2001). Estudos adicionais são necessários para investigar as
respostas destas linhagens às benzodiazepinas durante a segunda exposição ao
LCE. Entretanto, se as diferenças comportamentais/emocionais entre os ratos
LEW e SHR não tratados fossem de natureza semelhante àquelas tipicamente
observadas entre roedores controles e roedores tratados com benzodiazepinas,
nós poderíamos esperar que as diferenças observadas entre as linhagens na
primeira exposição diminuiriam ou desapareceriam no reteste. No entanto, a falta
de interação entre linhagem e exposição, observada no presente estudo, não
corrobora tal hipótese. Os ratos e camundongos tratados com benzodiazepinas
geralmente diferem dos controles na primeira exposição, mas não na segunda,
enquanto que as linhagens LEW e SHR mostraram-se diferentes uma da outra em
ambas as situações de teste. Portanto, os presentes resultados sugerem que
mecanismos que atuam por outras vias que não as do sistema
GABA/benzodiazepina devem ser responsáveis, ao menos em parte, pelas
diferenças emocionais basais observadas entre as linhagens LEW e SHR. Além
disso, através de uma abordagem genética, estes resultados fornecem uma
116
ligação entre a primeira e a segunda exposição no LCE, sugerindo que as
respostas emocionais destas duas condições de teste podem compartilhar
componentes psicológicos comuns.
No segundo bloco de experimentos, os presentes resultados mostraram
que alguns fatores ambientais comuns que normalmente variam dentro e entre
laboratórios, podem alterar não somente os níveis basais dos comportamentos
relacionados com a ansiedade, mas também diferenças genotípicas entre
linhagens de roedores. A localização das gaiolas dos animais dentro do biotério,
desde o desmame até o dia do teste, influenciou o comportamento dos animais no
CA independentemente da linhagem ou do sexo. Na CBP, por outro lado, esta
mesma variável ambiental interferiu com comportamentos relacionados à
ansiedade/medo de uma maneira dependente do genótipo, a tal ponto que
algumas diferenças entre linhagens apareceram somente quando os ratos
estavam alojados na parte alta das estantes. Além disso, o estado
comportamental do animal, observado imediatamente antes do teste, influenciou
os resultados do teste do LCE, por exemplo, com diferenças relacionadas à
ansiedade aparecendo entre as linhagens somente nos ratos que estavam em
vigília antes do teste. A familiaridade dos animais com o experimentador,
entretanto, não modificou o comportamento de nenhuma das duas linhagens no
teste do CA.
Estudos prévios tinham mostrado que os ratos LEW de ambos os sexos,
quando comparados com os ratos SHR, evitam mais os estímulos aversivos de
diferentes testes, como a área central do CA, os braços abertos do LCE e o
compartimento branco da CBP (Ramos et al., 1997; Berton et al., 1998; Ramos et
117
al
., 1998, 2002). A análise de um intercruzamento entre os ratos LEW e SHR
mostrou que alguns dos contrastes comportamentais entre estas linhagens eram
bastante herdáveis (> 50%) (Ramos et al., 1998). Além disso, como mostramos
anteriormente, as diferenças entre as linhagens resistiram a variações na situação
de teste tais como: o horário do teste na CBP e a experiência prévia no LCE. Em
um outro estudo, o nível de iluminação no CA também não modificou a diferença
entre estas mesmas linhagens (Ramos et al., 2002). Entretanto, apesar da
aparente solidez deste modelo genético animal, alguma variabilidade entre
diferentes estudos têm sido observada. Por exemplo, diferenças entre as
linhagens na % de entradas nos braços abertos, um dos principais índices de
ansiedade do LCE, foram algumas vezes, mas não sempre, significativas em
machos ou fêmeas, dependendo do estudo (Ramos et al., 1997; 1998; 2002;
Vendruscolo et al., 2003). Curiosamente, esta variável específica apresentou uma
baixa herdabilidade (10%) em outro estudo com as linhagens LEW e SHR (Ramos
et al., 1998). Nós sugerimos, portanto, que alguns fatores ambientais podem o
somente alterar os escores basais dos ratos LEW e SHR, mas também interagir
com o genótipo, interferindo assim, na replicabilidade das comparações entre
estas duas linhagens.
O fato dos animais serem manipulados por um experimentador o familiar
antes do teste do CA não foi suficiente para causar mudança no perfil
comportamental das duas linhagens, ou pelo menos estas mudanças não foram
detectadas imediatamente após o contato do animal com o experimentador.
Contrariamente, Crabbe et al. (1999) sugeriram que o experimentador foi uma das
causas dos resultados comportamentais idiossincráticos quando três linhagens de
118
camundongos foram simultaneamente comparadas em três diferentes
laboratórios. Além disso, Chesler et al. (2002) também sugeriram o
experimentador como uma importante causa da variabilidade entre diferentes
estudos de nocicepção. No presente estudo, diferentemente destes trabalhos
prévios, todos os esforços foram feitos para padronizar os procedimentos,
movimentos e roupas dos dois experimentadores, já que nosso objetivo foi
analisar o efeito da familiaridade animal/experimentador. Talvez, se esta extensa
padronização não tivesse sido realizada, o fator experimentador poderia ter
apresentado um efeito significante. A falta de tal efeito no presente estudo sugere
que o controle de todos os procedimentos de pré-teste e de algumas
características e hábitos do experimentador pode ajudar a minimizar ou mesmo
abolir a variabilidade de resultados, quando diferentes experimentadores tiverem
que realizar os mesmos testes dentro de um mesmo laboratório.
Sabemos que os roedores tendem a evitar espaços abertos onde eles não
podem realizar tigmotaxia e que, portanto, eles concentram sua locomoção nas
areas periféricas. Esta esquiva pode ser revertida através do uso de drogas
ansiolíticas (Ramos e Mormède, 1998; Vendruscolo et al., 2003) e, por isso,
sugere-se que este comportamento seja relacionado à ansiedade. A locomoção
central no CA apresenta alta herdabilidade (Ramos et al., 1998) e é a responsável
por dois QTLs nos cromossomos 4 e 7 do rato (Ramos et al., 1999). A posição das
gaiolas na estante (alta ou baixa) dentro do biotério influenciou os resultados de
dois testes comportamentais, o CA e a CBP. No CA, os ratos alojados na parte
alta das estantes, desde o desmame até o dia do teste, apresentaram maior
locomoção central do que aqueles alojados na parte baixa, independentemente
119
das linhagens ou sexos. Isto sugere que os ratos alojados no alto das estantes
são menos “ansiosos/medrosos” neste teste em particular, que foi realizado sob
iluminação fraca. Na CBP, que tem a alta luminosidade como seu principal
componente aversivo, uma influência similar da posição das gaiolas foi observada.
Entretanto, este efeito foi linhagem e sexo específico. Interessantemente, as
diferenças entre linhagens no tempo gasto no compartimento branco, uma medida
altamente contrastante para os ratos alojados no alto das estantes, não foram
significativas para os machos alojados nas partes baixas das estantes. Quando a
medida locomoção no compartimento branco foi considerada, o efeito também foi
linhagem e sexo específico. Então, qualquer estudo que não controle tal variável
ambiental e que tenha um viés no alojamento das gaiolas (por exemplo, todos os
ratos alojados na parte baixa) poderia mascarar importantes diferenças
genotípicas que seriam reveladas se não houvesse a interferência desta variável.
No geral, os presentes resultados sugerem que o fato dos animais serem
alojados por diversas semanas em gaiolas nas partes altas ou baixas provoca
mudanças na reatividade emocional dos animais, o que está de acordo com um
estudo prévio sobre as respostas comportamentais à d-anfetamina (Exner e Clark,
1993). O controle deste fator ambiental também foi alvo de debate em um estudo
não comportamental sobre a carcinogenicidade (Herzberg e Lagakos, 1992), mas
ao nosso conhecimento, o presente estudo é o primeiro a demonstrar que a
posição das gaiolas pode interagir e a mesmo mascarar efeitos genéticos nas
comparações comportamentais de linhagens. Não é possível determinar
qual/quais o/os fator/es responsável/is por tal fenômeno, mas nós podemos
sugerir que a luminosidade tem um papel importante, que ela variou entre 240
1
20
(gaiolas altas) e 12 (gaiolas baixas) lux, enquanto que nenhuma diferença de
temperatura pode ser detectada. Entretanto, outros fatores não controlados aqui
podem ter variado entre as duas situações de alojamento, como exemplo, o odor,
a qualidade do ar e os estímulos visuais (não somente os luminosos).
O LCE, por sua vez, é um modelo de ansiedade que algumas vezes pode
produzir resultados não replicáveis (Hogg, 1996). Como mencionamos acima, esta
variabilidade tem sido observada mesmo entre estudos usando os ratos
isogênicos LEW e SHR (Ramos et al., 1997; 1998; 2002; Vendruscolo et al.,
2003). Os presentes resultados sugerem que o estado de vigília do animal
anteriormente ao teste do LCE pode contribuir para aumentar a variabilidade entre
e dentro de diferentes estudos que utilizam este modelo. Em dois dos mais
importantes índices de ansiedade (tempo passado e % de entradas nos braços
abertos), os ratos LEW e SHR machos foram significativamente diferentes
somente quando testados após estarem em estado de vigília (ao invés de
repouso) nas suas gaiolas durante os 5 min prévios ao teste. A principal medida
de atividade locomotora deste teste, o número de entradas nos braços fechados,
também foi influenciada pela vigília. Nossa observação de que as diferenças
genéticas na ansiedade experimental foram somente observadas nos ratos em
estado de vigília, é compatível com a proposição de Heller de que a ansiedade
humana, diferentemente da depressão, é expressa em uma situação de alta vigília
ou ativação (Schmidtke e Heller, 2004). Esta variável torna-se importante nos
estudos utilizando o LCE, pois o estado comportamental antes do teste o varia
necessariamente de modo aleatório, mas sim em função de alguns fatores que
atuam na sala onde os animais estão alojados previamente ao teste e que
121
dependem, por exemplo, do protocolo de teste (modo de abertura das gaiolas,
retirada do animal e o transporte para o teste) e do número de ratos por gaiola. Se
o estado de um animal for afetado pela ordem na qual ele é testado dentro da sua
gaiola, por exemplo, então nós poderíamos esperar que a ordem de teste do
animal influenciaria o seu desempenho. Esta influência não foi observada em
estudos de nocicepção (Chesler et al., 2002). Entretanto, no presente estudo
(dados não mostrados), ela atuou nas medidas do CA e da CBP. No geral, o
primeiro rato a ser testado em uma dada gaiola foi mais “ansioso” e menos ativo
do que os ratos testados na sua seqüência. Então, os presentes resultados não
são importantes somente na comparação de linhagens, mas também em estudos
farmacológicos, já que o LCE é um teste mundialmente utilizado na busca por
agentes ansiolíticos (Rodgers e Cole, 1994; Dawson e Tricklebank, 1995) e que
este fator de pré-teste normalmente não é controlado.
Na totalidade, os resultados deste segundo bloco experimental sugerem
que os fatores ambientais que atuam anteriormente ao teste (no ambiente de
laboratório), podem ser de fato mais relevantes para as interações genótipo x
ambiente do que as mudanças na situação de teste, no modelo LEW/SHR. A
importância destes fatores é evidenciada quando observamos que os ratos SHR,
normalmente menos “ansiosos” do que os ratos LEW, não apresentaram diferença
em relação a estes, quando alojados em gaiolas baixas ou quando testados logo
após um peodo de repouso.
5.2 A relação entre “ansiedade” e “alcoolismo”
122
A associação entre preferência por sacarina e consumo de etanol tem sido
demonstrada tanto em humanos quanto em animais de laboratório (Kampov-
Polevoy et al., 1997) e até mesmo uma ligação genética entre elas foi sugerida
(Terenina-Rigaldie et al., 2003). Podemos observar que ratos ou camundongos
selecionados para alta preferência ao álcool tendem a escolher soluções
adocicadas concentradas e a beber mais delas, quando comparados com animais
selecionados para baixa preferência ao álcool (Belknap et al., 1993; Bachmanov et
al., 1996; Grahame et al., 1999). Além disso, vemos que alguns modelos animais
selecionados para o consumo de etanol demonstram preferência por soluções de
quinino, uma substância amarga, o que poderia ser um indicativo de que o animal
não está consumindo etanol apenas pelos seus efeitos farmacológicos, mais sim
pelo seu cheiro ou gosto. Por estas razões, em nosso estudo de auto-
administração, no terceiro bloco de experimentos, foi empregado um controle de
dois dias para cada uma das soluções doce e amarga (sacarina e quinino,
respectivamente). Nós observamos que os animais não apresentaram diferença
no consumo destas substâncias, o que reforça a hipótese de que as diferenças
encontradas no consumo de etanol, sejam realmente devidas aos efeitos
farmacológicos desta substância.
Os ratos LEW machos pareceram mais “ansiosos em todos os testes do
presente estudo, corroborando nossos resultados anteriores (Ramos et al., 1997;
1998; 2002), e apresentaram ainda um maior consumo de etanol nas
concentrações de 6% e 10% quando comparados aos animais SHR. Já os animais
Floripa L, foram considerados de perfil mais “ansioso” em relação aos animais
Floripa H nos três testes comportamentais a que foram submetidos,
123
independentemente do sexo, também corroborando nossos resultados com
gerações anteriores (Ramos et al., 2003). Os animais Floripa L apresentaram um
maior consumo de etanol nas concentrações de 2 e 10%. A 10%, a diferença foi
mais acentuada em fêmeas, pois nesta medida a interação entre sexo e linhagem
por pouco não foi significativa (p=0,054). Estes resultados, obtidos com dois
modelos genéticos diferentes (um inbred e outro outbred), foram ao encontro da
hipótese de uma comorbidade ou correlação positiva entre alta “ansiedade” e alto
consumo de etanol (Stewart et al., 1993; Colombo et al., 1995; Spanagel et al.,
1995; Möller et al., 1997). Entretanto, este ponto é bastante controverso, pois
diversos estudos têm mostrado a falta desta correlação em humanos e roedores
(Tuominen et al., 1990; Viglinskaya et al., 1995; Overstreet et al., 1997;
Fernández-Teruel et al., 2002; Henniger et al., 2002; Da Silva et al., 2004).
Dentre os estudos citados acima, um merece especial atenção. Da Silva et
al. (2004) estudaram as linhagens LEW/SHR e Floripa H/L, as mesmas que foram
estudadas aqui. Eles encontraram uma correlação negativa entre medidas
comportamentais de ansiedade e consumo de etanol no modelo genético
LEW/SHR (portanto, o contrário do resultado do presente estudo) e uma falta de
relação entre estas duas características no modelo Floripa H/L. Porém, existem
diferenças significativas entre os protocolos utilizados nestes dois estudos, como a
duração do experimento, as concentrações de etanol utilizadas, a presença de um
período de etanol forçado, a utilização de substâncias controles de sabor e o tipo
de gaiola utilizada para avaliação do consumo.
Para se saber ao certo qual ponto é de fato o causador destes resultados
contraditórios, mais estudos deverão ser realizados, mas nós podemos desde
124
propor explicações a partir de dados da literatura. Sabe-se, por exemplo, que o
estresse da restrição de comida pode estimular o consumo de etanol através de
um mecanismo dependente da corticosterona (Garcia-Belenguer et al., 1993;
Hansen et al., 1995; Söderpalm e Hansen, 1999). Entretanto, ratos da linhagem
LEW apresentam falta, ou um aumento atenuado, dos níveis do hormônio de
liberação de corticotrofinas (CRF), de hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) e de
corticosterona em resposta a uma variedade de eventos estressantes, como
contenção, exposições a ambientes novos, natação forçada ou éter (Sternberg et
al., 1992), quando comparados com outras linhagens de ratos. Então, se
considerarmos que as gaiolas metálicas com piso gradeado utilizadas no protocolo
de Da Silva et al. (2004) podem ser mais estressantes para os animais do que as
gaiolas plásticas com piso com maravalha utilizadas em nosso estudo, o consumo
de etanol poderia ser diminuído em gaiolas metálicas na linhagem LEW, menos
reativa, mas o na linhagem SHR. Esta hipótese é apoiada quando (a) vemos
que as duas linhagens respondem de maneira diferente ao estresse crônico, por
exemplo, com ratos LEW apresentando maior hipofagia e perda de peso corporal
do que ratos SHR (Berton et al., 1997; Berton et al., 1998) e (b) pelo resultado de
outro estudo de auto-administração de etanol realizado em nosso laboratório com
as linhagens LEW e SHR. Nele, os animais LEW apresentaram uma tendência a
consumir mais etanol nas concentrações de 2 e 4% em livre escolha do que os
ratos SHR. Porém, após os animais passarem a receber diariamente a aplicação
de uma droga via oral (um processo considerado estressante), o consumo dos
animais SHR passou a ser maior (dados não publicados). Então, o tipo de gaiola
utilizada nos estudos de alcoolismo com modelos animais pode ser um fator
125
causador de divergências, principalmente entre os resultados obtidos com o
modelo genético LEW/SHR. No caso dos resultados divergentes entre o presente
estudo e o de Da Silva et al. (2004) com as linhagens Floripa H/L, além de todos
os fatores comentados anteriormente, ainda podemos citar o fato de que Da Silva
et al. (2004) utilizaram animais provenientes da quinta geração de seleção,
enquanto que nós utilizamos animais da décima geração. Como os animais vêm
sendo selecionados com base no seu escore para uma medida relacionada à
ansiedade e supondo que o consumo de etanol esteja relacionado geneticamente
com ela, os animais podem ter obtido um ganho genético ao longo das últimas
gerações, o que poderia ter levado ao surgimento da diferença no consumo de
etanol. Então, um futuro estudo medindo o nível de corticosterona também nestas
linhagens parece ser uma boa estratégia para avaliar este ponto.
As linhagens Floripa H/L vêm sendo selecionadas bidirecionalmente ao
longo de 10 gerações para uma medida comportamental relacionada à ansiedade
(locomoção no centro do CA) e que é fortemente influenciada por um QTL no
cromossomo 4 do rato (Ramos et al., 1999). Esperamos que ao longo das
gerações de seleção, os alelos que estejam dentro desta região e que afetem este
comportamento sejam fixados de maneira contraria nas duas linhagens. Como
podemos observar no resultado deste estudo, a linhagem Floripa L se aproxima
menos dos ambientes aversivos de três diferentes testes comportamentais de
“ansiedade” em comparação com a linhagem Floripa H, sugerindo ser uma
linhagem com maior “ansiedade” (Ramos et al., 2003; Hinojosa et al., em
preparação). Interessantemente, a linhagem Floripa L foi a que bebeu mais etanol
nas concentrações de 2 e 10% (independentemente do sexo) e nas concentrações
126
de 4 e 6% (somente em fêmeas), sugerindo novamente uma correlação positiva
entre comportamentos ligados à ansiedade e ao alcoolismo. Este resultado além
de validar nosso protocolo de auto-administração, ainda, reforça a hipótese de que
a região do cromossomo 4 pode influenciar também a ingestão de etanol. Outro
ponto interessante foi o fato de fêmeas terem bebido maiores quantidades de
etanol do que machos neste modelo genético, o que confirma dados prévios da
literatura (Almeida et al., 1998; Cailhol e Mormède, 2002; Da Silva et al., 2004) e
sugere a importância de se estudar fêmeas nos diferentes protocolos de auto-
administração de etanol.
5.3 Expressão gênica
Em dois dos três genes avaliados nos experimentos de expressão de
RNAm, as linhagens LEW e SHR apresentaram diferenças significativas no
hipocampo, mas não no hipotálamo. Esta falta de diferença no hipotálamo é um
pouco surpreendente, pois esta região faz parte do eixo HPA que é o responsável
por mediar respostas de estresse nos animais (Ramos e Mormède, 1998). Além
disso, sugere-se que o núcleo anatômico das reações de ansiedade/medo seja
representado por um conjunto de estruturas límbicas inter-relacionadas: o sistema
septo-hipocampal, áreas do hipotálamo, alguns núcleos do complexo amigdalóide
e a substância cinzenta periaquedutal no mesencéfalo (Chamey et al., 1996).
Porém, no hipocampo, que também se sugere estar envolvido em diversas
características emocionais, as diferenças entre as duas linhagens foram
evidentes.
127
De maneira interessante, o gene do NPY está dentro ou próximo de três
QTL´s encontrados no cromossomo 4 do rato, que parecem estar ligados ao
consumo de etanol e sacarina (Bice et al., 1998; Carr et al., 1998; Terenina-
Rigaldie et al., 2003) e a comportamentos relacionados à emocionalidade (Ramos
et al., 1999; Mormede et al., 2002). Sabe-se, que os sistemas centrais de NPY são
conhecidos por estarem envolvidos nos transtornos de ansiedade e alcoolismo
(Carr et al., 1998; Badia-Elder et al., 2001; Badia-Elder et al., 2003), por exemplo,
através da alteração da expressão e da secreção de outros neurotransmissores
como a serotonina (Shimizu e Bray, 1989). Pandey (2003) sugeriu que o fator de
transcrição gênico CREB, que regula a expressão do NPY, pode estar envolvido
na regulação da ansiedade e da ingestão de etanol através de uma diminuição
dos níveis de NPY no SNC. Além disso, alguns estudos têm sugerido uma
correlação negativa entre os níveis de NPY e a ansiedade (Heilig et al., 1989;
Stewart et al., 1993; Ehlers et al. 1998) e entre os níveis de NPY e o alcoolismo
(Badia-Elder et al., 2001; Badia-Elder et al., 2003) com os animais knockout NPY
-/-
confirmando que a falta de NPY está envolvida nestas duas patologias (Thiele et
al., 1998). Sabe-se também que a administração intracerebroventricular (ICV) de
NPY reduz o consumo de etanol nos ratos P (alcohol-preferring), mas não nos
ratos NP (non-preferring, menos “ansiosos”) (Badia-Elder et al., 2001) e nas ratas
HAD (high alcohol drinking), mas não nas ratas LAD (low alcohol drinking, menos
“ansiosos”) (Badia-Elder et al., 2003).
O NPY também parece participar na patofisiologia de certos transtornos de
humor, incluindo a depressão (Stogner e Holmes, 2000; Redrobe et al., 2002a;
Redrobe et al., 2002b), correlacionando-se também negativamente a este
128
transtorno. Alguns estudos demonstram que a depressão pode se apresentar em
comorbidade com outras alterações emocionais como, por exemplo, a ansiedade,
pois mais de 85% dos indivíduos depressivos experimentam sintomas
significativos de ansiedade (Rihmer et al., 2001; Yerevanian et al., 2001). Quando
foram realizados estudos que compararam as linhagens LEW/SHR no teste do
nado forçado (TNF), que é considerado um modelo de depressão humana, os
resultados mostraram que a linhagem LEW apresenta um maior tempo de
imobilidade, podendo ser considerada a mais “depressiva” neste teste (Armário et
al., 1995; Lahmame e Armário, 1996; Berton et al., 1998). Ou seja, a linhagem
LEW considerada a mais “ansiosa” neste modelo genético é também a
considerada a mais “depressiva”.
No presente estudo, os ratos LEW apresentaram cerca de 40% menos
expressão gênica de NPY no hipocampo em comparação com os ratos SHR. Ou
seja, este resultado vai ao encontro das diferenças encontradas nos testes de
ansiedade, auto-administração de etanol e depressão, realizados anteriormente
com estas linhagens, que mostraram que a linhagem LEW pareceu mais
“ansiosa”, consumiu mais etanol e apresentou o perfil considerado mais
“depressivo”. Estes resultados confirmam dados prévios da literatura que sugerem
que a linhagem LEW é mais “ansiosa do que a linhagem SHR (Ramos et al.,
1997; 1998; 2002) e é ainda considerada como um modelo de abuso de diversas
drogas, dentre elas psicoestimulantes (Kosten et al., 1994), opióides (Suzuki et al.,
1988a), nicotina (Horan et al., 1997) e etanol (Suzuki et al., 1988b) além de sugerir
que os baixos níveis de NPY estão envolvidos nestes comportamentos também
neste modelo genético.
129
Alguns autores sugerem que as respostas comportamentais e fisiológicas
associadas aos transtornos de ansiedade sejam reguladas no SNC através de um
balanço entre os sistemas GABA-érgico (inibitório) e Glutamatérgico (excitatório)
(Sajdyk e Shekhar, 1997). Diversos trabalhos sugerem a participação do
glutamato nos comportamentos relacionados à ansiedade em animais
experimentais (Kim e McGaugh, 1992; Bertoglio e Carobrez, 2003; Bergink et al.,
2004), ocorrendo um aumento nos níveis extracelulares de glutamato após
estresse ou estímulo aversivo (Timmerman et al., 1999). A ação do glutamato é
realizada através da ligação a diferentes tipos de receptores ionotrópicos e
metabotrópicos deste transmissor e também de diferentes combinações de suas
subunidades (Bergink et al., 2004). Alguns experimentos sugerem que a
administração de antagonistas do receptor NMDA, como o AP7, diminuem a
“ansiedade” experimental em roedores (Plaznik et al., 1994; Wiley et al., 1995;
Jessa et al., 1996). Estes receptores NMDA são formados a partir de dois tipos de
subunidades, NR1 e NR2, podendo, cada uma delas, existir em diferentes
isoformas (Kutsuwada et al., 1992; Barnard et al., 1997). Sabe-se, que populações
hipocampais da subunidade NR2b estão implicadas no comportamento ansioso
que acompanha a retirada da administração crônica de etanol (Stork et al., 2002).
A região do cromossomo 4 do rato que contem o QTL que afeta a locomoção
central no CA, abriga o gene da subunidade NR2b dos receptores NMDA,
chamado de Grin2b (Mandich et al., 1994) que é amplamente distribuída no
cérebro (Milan et al., 2002). Por esta razão, nós comparamos as linhagens
LEW/SHR em relação à expressão gênica da subunidade NR2b do receptor
NMDA e vimos que não ocorreram diferenças entre as linhagens nas duas áreas
130
analisadas, o que sugere que a expressão de uma das subunidades do receptor
NMDA não é diferente entre elas. Entretanto, isto não significa que outros subtipos
das subunidades NR2 ou NR1 não sejam diferencialmente expressos entre estas
duas linhagens.
A princípio, este resultado sugere que o Grin2b não é um bom gene
candidato para o QTL do cromossomo 4 do rato. Porém, neste estudo foram
analisadas apenas duas áreas cerebrais e sabe-se que os receptores NMDA,
além de serem amplamente expressos no cérebro, podem estar regulando os
comportamentos relacionados à ansiedade em outras áreas (Bergink et al., 2004).
Além disso, a quantificação da expressão gênica empregada neste estudo (Bustin,
2000; 2002) não nos permite dizer nada sobre a afinidade (capacidade de uma
molécula de ligar-se a um receptor) e a eficácia (capacidade de, uma vez ligada,
provocar alterações que produzam efeitos) dos receptores NMDA como um todo
das duas linhagens. Experimentos futuros avaliando a sensibilidade das nossas
linhagens a compostos que atuam neste receptor ajudarão a entender melhor este
ponto.
O terceiro gene analisado foi o do receptor 5-HT
1A
, que não está localizado
próximo ao QTL do cromossomo 4 do rato, mas que tem se mostrado um
candidato potencial para o desenvolvimento de drogas efetivas no tratamento dos
transtornos de ansiedade (De Vry, 1995; Barnes e Sharp, 1999). A ativação dos
receptores 5-HT
1A
pós-sinápticos resulta na inibição dos neurônios de vários
sistemas de neurotransmissores, como os interneurônios GABA-érgicos (Barnes e
Sharp, 1999). Entretanto, existem também receptores 5-HT
1A
pré-sinápticos, que
funcionam como reguladores da síntese, liberação e recaptação da 5-HT nas
131
áreas de projeção (Boess e Martin, 1994). Sabe-se, que agonistas dos receptores
5-HT
1A
diminuem o consumo de etanol em uma maneira dose-dependente
(Schreiber et al., 1993).
Além destas ações diretas, vemos que o sistema
serotonérgico apresenta uma relação íntima com o sistema NPY-érgico outro
sistema que, como comentado anteriormente, está envolvido nos comportamentos
relacionados à ansiedade e ao alcoolismo. Por exemplo, o NPV do hipotálamo,
onde o NPY é liberado, contêm inervação serotoninérgica (Sawchenko et al.,
1983; Williams et al., 2001), sugerindo que a serotonina possa regular a liberação
de NPY. Além disto, o sistema serotoninérgico está envolvido na liberação de NPY
na amígdala (Smialowska et al., 2001). Sabe-se que terminais nervosos contendo
5-HT atuam sobre as lulas sintetizadoras de NPY no NAR (Guy et al., 1988) e a
administração de fluoxetina e fenfluramina reduzem os níveis de NPY no NPV e
em outras áreas do hipotálamo (Rodgers et al., 1991; Dube et al., 1992; Dryden et
al., 1994a). Enquanto isso, o agonista do receptor 5-HT
1A
(flesinoxan) aumenta os
níveis de NPY no PVN e no NAR quando injetado agudamente (Dryden et al.,
1994b). Antagonistas do sistema serotoninérgico também parecem aumentar a
síntese e a secreção de NPY no hipotálamo do rato (Dryden et al., 1995).
O inverso também parece ocorrer com o NPY modulando o sistema
serotoninérgico, por exemplo, através dos receptores Y1, que parecem interagir
com os receptores 5-HT
1A
e sua via associada, na integração das vias
comportamentais da agressão (Karl et al., 2004). Apesar destas evidências, o
gene que codifica o receptor 5-HT
1A
o se apresentou diferencialmente expresso
entre as duas linhagens no hipotálamo. Estudos futuros avaliando a expressão e a
132
sensibilidade do receptor 5-HT
1A
e não somente o seu RNAm nesta área cerebral,
deverão ser realizados para investigar melhor este ponto.
Entretanto, no hipocampo a outra área analisada neste estudo e que
também contem receptores 5-HT
1A
pós-sinápticos, a diferença entre as linhagens
foi evidente. A linhagem LEW apresentou uma expressão gênica 57% maior do
receptor 5-HT
1A
quando comparada a linhagem SHR. Diversos estudos têm
demonstrado que baixos níveis do receptor 5-HT
1A
no hipocampo de animais
experimentais estão associados com comportamentos ligados à ansiedade
(Watanabe et al., 1993; Flugge, 1995; McKittrick et al., 1995; Fernandes et al.,
1997; López et al., 1998; Wissink et al., 2000) e que a administração de seus
agonistas parciais em ratos (buspirona, gepirona) e totais 8-hidroxi-2-(di-n-
propilamino) tetralina (8-OH-DPAT) resultam em um efeito ansiolítico (Lucky et al.,
1994; De Vry, 1995).
Sabe-se, que a diminuição nos níveis de serotonina na fenda sináptica está
associada com a depressão em humanos e em modelos animais, com as drogas
antidepressivas atuando no sentido de inibir a recaptação deste e de outros
neurotransmissores (Cryan et al., 2002). Até mesmo os camundongos knockout 5-
HT
1A
-/-
desenvolvidos para este receptor, apresentam um perfil considerado
ansioso (Heisler et al., 1998; Parks et al., 1998; Ramboz et al., 1998). Entretanto,
no nosso estudo os ratos LEW, considerados os mais ansiosos, apresentaram
maior expressão gênica do receptor 5-HT
1A
, contrariando a hipótese inicial. Alguns
pontos podem ser discutidos com o intuito de tentar explicar este resultado.
Os ratos LEW, quando testados em nosso laboratório, apresentaram um
maior tempo de imobilidade no teste do nado forçado quando comparados aos
133
ratos SHR, ou seja, um perfil considerado “depressivo” (dados não publicados).
Isto poderia sugerir que os níveis de serotonina na fenda sináptica no hipocampo
dos animais LEW são mais baixos do que aqueles dos animais SHR causando,
assim, uma upregulation dos receptores 5-HT
1A
nos animais LEW numa tentativa
de amplificar a resposta (Rang et al., 2001). Estudos de binding no hipocampo
com o receptor 5-HT
1A
e o 5-HTT têm mostrado que populações LEW e SHR
francesas não apresentam diferenças, sugerindo que os níveis de serotonina
extracelular nelas sejam iguais (Kulikov et al., 1997). Porém, como estas
populações podem diferir das populações LEW/SHR brasileiras utilizadas aqui nos
estudos de expressão gênica, nós deveremos realizar futuramente outros
experimentos como, por exemplo, binding com o receptor 5-HT
1A
e HPLC com a
serotonina, no hipocampo, para melhor esclarecer esta questão.
Vemos que a diferença entre espécies (ratos/camundongos) parece ser
marcante em estudos relacionados ao receptor 5-HT
1A
. Como foi comentado
anteriormente, em ratos, agonistas deste receptor produzem um perfil ansiolítico,
enquanto que em camundongos o bloqueio seletivo destes receptores apresenta
uma ação ansiolítica comparada àquela das benzodiazepinas (Griebel et al., 1999;
2000). Além desta, existem outras evidências que sugerem que a farmacologia
molecular deste receptor é diferente entre estas duas espécies. Por exemplo, em
camundongos a hipotermia induzida pelo agonista total 8-OH-DPAT é devida a
receptores 5-HT
1A
pré-sinápticos, ou aqueles que inibem a liberação de serotonina
nas áreas de projeção, enquanto que no rato este efeito pode ser mediado por
receptores 5-HT
1A
pós-sinápticos, aqueles responsáveis pelo mecanismo de
transdução de sinal (Bill et al., 1991).
134
Um último ponto que pode ser levantado para explicar os resultados
aparentemente contraditórios, é o fato de que se pode ter originado um
mecanismo compensador ao longo do desenvolvimento dos animais “ansiosos”
knockout 5-HT
1A
-/-
,
que contrabalançou à falta dos receptores 5-HT
1A.
Pois, como
comentado anteriormente, a relação do sistema serotoninérgico é grande com
outros sistemas, como o sistema NPY-érgico. Por exemplo, os camundongos
knockout para o receptor Y1 apresentam redução na “agressividade” de uma
maneira dose-dependente quando injetados com 8-OH-DPAT, um agonista do
receptor 5-HT
1A
. Como estes camundongos Y1
-/-
também apresentam elevado
consumo de etanol (Thiele et al., 1998), s não podemos descartar a
possibilidade de que uma eventual participação dos receptores 5-HT
1A
na auto-
administração de etanol, por exemplo, seja modulada pelos receptores Y1. Outro
ponto que apóia esta hipótese são as diferenças observadas entre as linhagens
LEW/SHR na expressão do receptor 5-HT1A no hipocampo, onde
a linhagem LEW
apresentou uma expressão gênica maior do que a linhagem SHR,
e na auto-
administração de etanol, onde a linhagem LEW consumiu significativamente
maiores quantidades de etanol do que a linhagem SHR.
Para melhor esclarecer
este ponto, estudos avaliando a sensibilidade deste receptor à drogas agonistas e
antagonistas nas linhagens LEW e SHR brasileiras serão futuramente realizados.
135
136
6-CONCLUSÕES
137
6. CONCLUSÕES
Os resultados do presente estudo mostraram que as linhagens LEW e SHR,
que compõem um dos modelos genéticos aqui utilizados, continuaram
apresentando diferenças relacionadas à ansiedade no teste da CBP na fase
escura do ciclo circadiano e no reteste do LCE. Isto sugere que as diferenças
entre estas linhagens são robustas e não fase-dependente e que o teste e o
reteste no LCE devem apresentar componentes emocionais e psicológicos
comuns.
Nós também mostramos dois fatores ambientais de laboratório que tem
influência nos resultados dos testes comportamentais, com algumas destas
influências sendo genótipo-dependente. Ao nosso conhecimento, este foi o
primeiro estudo que relatou a influência da posição das gaiolas e do estado
comportamental anterior ao teste nas comparações comportamentais entre
linhagens de roedores. Estes achados são importantes para estudos que almejam
comparar animais com diferentes genótipos, mas também tem um impacto
potencial em outros tipos de experimentos neurobiológicos. Estudos adicionais
deveriam tentar identificar as causas destes efeitos ambientais, para investigar o
seu impacto na expressão de genes e para propor mudanças nos procedimentos
anteriores ao teste, que poderiam minimizar ou até mesmo abolir os efeitos destas
variáveis ambientais. Enquanto isso, um esforço no sentido de equilibrar estes
efeitos entre diferentes grupos ou tratamentos seria aconselhável. Estes
resultados mostraram ainda que, apesar da robustez do modelo LEW/SHR,
diferenças genéticas de emocionalidade podem depender de alguns detalhes do
ambiente de laboratório. Por exemplo, ratos SHR, normalmente menos “ansiosos”
138
do que ratos LEW se igualam a estes quando alojados em gaiolas baixas ou
quando testados logo após um peodo de repouso.
No terceiro bloco experimental, nós demonstramos que as linhagens
consideradas as mais “ansiosas” nos nossos modelos genéticos foram as que
consumiram maiores quantidades de etanol quando este foi oferecido em livre
escolha. Isto sugere uma correlação positiva entre índices experimentais de
“ansiedade” e “alcoolismo”, porém, estudos futuros com populações segregantes
destas quatro linhagens deverão avaliar melhor este ponto. Como este resultado
foi contrário ao encontrado em estudos prévios, nós sugerimos que a importância
do protocolo empregado, principalmente da gaiola onde são realizados os testes,
é um fator ambiental a ser considerado em estudos futuros de auto-administração.
Finalmente, no quarto bloco experimental, nossos resultados reforçam uma
correlação entre menores níveis de expressão gênica de NPY no hipocampo,
maior ansiedade/emocionalidade e maior consumo de etanol no nosso modelo
genético. Nossos resultados também sugerem a serotonina, como possível
participante dos comportamentos relacionados à ansiedade e ao consumo de
etanol, talvez através de uma interação com o NPY. Porém, estudos adicionais
para se investigar os níveis de proteína do receptor 5-HT
1A
e a sua funcionalidade
nas duas linhagens serão necessários.
139
140
7-REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
141
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8-ANEXOS
165
Anexo 1- QTL identificado por Ramos et al. (1999) para locomoção central no
campo aberto (à esquerda). Região genômica correspondente a este QTL no
cromossomo 4 do rato direita) que serviu de base para a escolha de dois genes
candidatos avaliados neste estudo (NPY e Grin2b).
166
Anexo 2- Processo de origem das linhagens Floripa H e L. Linhagem A=
Wistar, linhagem B= Hooded, linhagem C= Lewis.
Anexo 3- Processo de seleção das linhagens Floripa H e L. Cinco casais são
selecionados a cada geração.
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