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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA E DE PRODUÇÃO
PROGRAMA DE MESTRADO EM ENGENHARIA E CIÊNCIA DE
MATERIAIS
CARACTERIZAÇÃO E COMPORTAMENTO DA ALVENARIA
ESTRUTURAL DE BLOCOS CERÂMICOS
CARLOS EDUARDO DE FRANÇA VILLAR
DISSERTAÇÃO APRESENTADA À
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
COMO PARTE DOS REQUISITOS PARA A
OBTENÇÃO DO TÍTULO DE MESTRE EM
ENGENHARIA E CIÊNCIA DE MATERIAIS.
ORIENTADOR: Prof. Dr. Hamilton Ferreira Gomes de Abreu
CO-ORIENTADOR: Prof Dr. Luís Alberto de Melo Carvalho
FORTALEZA - CE
ABRIL - 2005
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II
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA E DE PRODUÇÃO
PROGRAMA DE MESTRADO EM ENGENHARIA E CIÊNCIA DE
MATERIAIS
PARECER DA COMISSÃO DE DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
CARLOS EDUARDO DE FRANÇA VILLAR
“CARACTERIZAÇÃO E COMPORTAMENTO DA ALVENARIA
ESTRUTURAL DE BLOCOS CERÂMICOS”
A Comissão de Dissertação composta pelos professores Hamilton Ferreira Gomes de
Abreu (Presidente e Orientador) do Departamento de Engenharia Mecânica e de Produção da
Universidade Federal do Ceará, Luiz Alberto de Melo Carvalho do Departamento de
Engenharia Estrutural e Construção Civil, da Universidade Federal do Ceará e Márcio
Roberto Silva Corrêa do Departamento de Estruturas da Escola de Engenharia de São Carlos,
da Universidade de São Paulo, consideram o candidato:
( ) Aprovado com Louvor ( ) Aprovado ( ) Não Aprovado
Secretaria do Programa de Mestrado em Engenharia e Ciência de Materiais da
Universidade Federal do Ceará, em 20 de abril de 2005.
_____________________________ __________________________________
Hamilton Ferreira Gomes de Abreu Luiz Alberto de Melo Carvalho
Presidente e Orientador Membro e Co-orientador
_________________________
Márcio Roberto Silva Corrêa
Membro
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III
AGRADECIMENTOS
A Deus pela saúde e força concedidas para vencer os desafios ao longo de minha vida.
À Universidade Federal do Ceará pela oportunidade de realizar este Mestrado.
Ao Prof. Dr. Hamilton Ferreira Gomes de Abreu, meu orientador, por todo o
trabalho de orientação e que, com sua sabedoria e experiência, soube conduzir de forma
irretocável o desenvolvimento deste trabalho sempre com total dedicação.
Ao Professor Dr. Luís Alberto de Melo Carvalho, meu co-orientador, por toda a
dedicação, ensinamentos, incentivo e acompanhamento ao longo de toda a minha vida
acadêmica.
Ao Professor Dr. Ricardo Emílio por sua grande ajuda na área dos materiais
cerâmicos e nas revisões do artigo que foi escrito.
Aos Professores Dr. Lindberg Lima Gonçalves e Dr. Francisco Alcides Germano
por conduzirem o Programa de Mestrado com muita dedicação e seriedade.
Ao Engenheiro José Ramalho pela grande e indispensável ajuda na realização dos
ensaios deste trabalho.
Aos Mestres Adailson, Flávio Herculano, Marcelo e Nélio que muito colaboraram
para a realização deste trabalho.
Aos colegas de mestrado Engenheiros Jean, John, Paulo e Rodrigo que
colaboraram para o desenvolvimento deste trabalho.
Ao aluno de graduação Éder pela sua grande cooperação nos ensaios de
resistência à compressão.
À Jacerama Jaguaruana Cerâmica LTDA pela doação dos blocos cerâmicos
estruturais utilizados.
Aos meus pais Villar e Kelma pelo incentivo, todos os ensinamentos e pela
intensa presença em todas as etapas de minha vida.
À minha esposa Melissa pela grande ajuda, incentivo e compreensão,
fundamentais para ao desenvolvimento e conclusão deste trabalho.
A todos que de alguma forma colaboraram para a realização deste trabalho.
IV
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS........................................................................................................................................... VI
LISTA DE TABELAS............................................................................................................................................X
RESUMO.............................................................................................................................................................. XI
ABSTRACT.........................................................................................................................................................XII
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................................................. 1
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA........................................................................................................................ 4
2.1 Conceito de alvenaria estrutural.............................................................................................................. 4
2.2 Aspectos históricos da alvenaria estrutural ............................................................................................. 5
2.3 Componentes da alvenaria estrutural ...................................................................................................... 8
2.3.1 Blocos.............................................................................................................................................. 8
2.3.2 Argamassa..................................................................................................................................... 11
2.3.3 Graute............................................................................................................................................ 12
2.3.4 Armadura ...................................................................................................................................... 14
2.4 Mecanismos de ruptura da alvenaria estrutural..................................................................................... 14
2.4.1 Comportamento do bloco.............................................................................................................. 17
2.4.2 Comportamento da argamassa....................................................................................................... 18
2.4.3 Comportamento simultâneo da argamassa e do bloco................................................................... 19
2.5 A alvenaria estrutural de blocos cerâmicos........................................................................................... 20
2.6 Caracterização dos materiais cerâmicos................................................................................................ 23
2.6.1 Diagrama de fases ......................................................................................................................... 23
2.6.2 Microestrutura............................................................................................................................... 24
3 MATERIAIS E MÉTODOS ......................................................................................................................... 26
3.1 Ensaios dos blocos cerâmicos estruturais.............................................................................................. 26
3.1.1 Determinação das características geométricas .............................................................................. 26
3.1.1.1 Determinação dos valores médios dos comprimentos das faces............................................... 27
3.1.1.2 Determinação do desvio em relação ao esquadro..................................................................... 28
3.1.1.3 Determinação da planeza das faces .......................................................................................... 29
3.1.1.4 Determinação da área líquida ................................................................................................... 29
3.1.1.5 Determinação da área bruta......................................................................................................30
3.1.2 Determinação da resistência à compressão ................................................................................... 30
3.1.3 Caracterização da microestrutura.................................................................................................. 31
3.2 Ensaios das argamassas......................................................................................................................... 33
3.2.1 Determinação da resistência à compressão ................................................................................... 34
3.3 Ensaios dos prismas .............................................................................................................................. 34
3.3.1 Determinação da resistência à compressão ................................................................................... 35
3.4 Ensaios dos prismas contrafiados.......................................................................................................... 35
3.4.1 Determinação da resistência à compressão ................................................................................... 36
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................................................................ 37
4.1 Ensaios dos blocos cerâmicos estruturais.............................................................................................. 37
4.1.1 Características geométricas........................................................................................................... 37
4.1.1.1 Valores médios dos comprimentos das faces ........................................................................... 37
4.1.1.2 Desvio em relação ao esquadro ................................................................................................ 39
4.1.1.3 Planeza das faces...................................................................................................................... 40
4.1.1.4 Área líquida.............................................................................................................................. 41
4.1.1.5 Área bruta................................................................................................................................. 42
4.1.2 Resistência à compressão.............................................................................................................. 43
4.1.3 Caracterização da microestrutura.................................................................................................. 43
4.2 Ensaios das argamassas......................................................................................................................... 64
V
4.2.1 Resistência à compressão.............................................................................................................. 65
4.3 Ensaios dos prismas .............................................................................................................................. 66
4.3.1 Resistência à compressão.............................................................................................................. 66
4.4 Ensaios dos prismas contrafiados.......................................................................................................... 71
4.4.1 Resistência à compressão.............................................................................................................. 71
5 CONCLUSÕES ............................................................................................................................................ 77
5.1 Blocos cerâmicos estruturais................................................................................................................. 77
5.1.1 Características geométricas........................................................................................................... 77
5.1.2 Resistência à compressão.............................................................................................................. 77
5.1.3 Caracterização da microestrutura.................................................................................................. 77
5.2 Prismas.................................................................................................................................................. 79
5.3 Prismas contrafiados ............................................................................................................................. 80
5.4 Sugestões para pesquisas futuras........................................................................................................... 81
REFERÊNCIAS.................................................................................................................................................... 83
ANEXOS .............................................................................................................................................................. 87
ANEXO A............................................................................................................................................................. 88
ANEXO B........................................................................................................................................................... 106
VI
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 2.1 – OBRAS HISTÓRICAS CONSTRUÍDAS EM ALVENARIA ESTRUTURAL.(A) PIRÂMIDES
DO EGITO; (B) COLISEO, EM ROMA; (C) MURALHA DA CHINA............................................................... 6
FIGURA 2.2 – EDIFÍCIO MONADNOCK, CHICAGO (1891). (A) FACHADA MOSTRANDO OS SEUS 16
PAVIMENTOS; (B) PAREDES DO PAVIMENTO TÉRREO COM 1,80M DE LARGURA. ............................ 7
FIGURA 2.3 - ESQUEMA DE BLOCOS CERÂMICOS ESTRUTURAIS. (A) PAREDES VAZADAS; (B)
PAREDES MACIÇAS; (C) PERFURADO............................................................................................................ 9
FIGURA 2.4 – ESQUEMA DE UMA PAREDE COMPRIMIDA....................................................................... 15
FIGURA 2.5 – ESQUEMA DE DISTRIBUIÇÃO DE TENSÕES NO BLOCO E ARGAMASSA EM UMA
PAREDE COMPRIMIDA. ................................................................................................................................... 16
FIGURA 2.6 – ESQUEMA DE RUPTURA DOS BLOCOS QUANDO SUBMETIDOS À COMPRESSÃO
UNIAXIAL OU TRAÇÃO UNIAXIAL............................................................................................................... 17
FIGURA 2.7 – GRÁFICO DA RELAÇÃO ENTRE A TENSÃO DE RUPTURA À COMPRESSÃO
UNIAXIAL DO BLOCO E A TENSÃO DE RUPTURA À TRAÇÃO UNIAXIAL DO BLOCO. .................... 18
FIGURA 2.8 – AUMENTO DA RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO DA ARGAMASSA SOB UM ESTADO
MULTIAXIAL DE TENSÕES DE COMPRESSÃO........................................................................................... 19
FIGURA 2.9 – DIAGRAMA DE FASES DO SISTEMA AL
2
O
3
-SIO
2.
FONTE AKSAY AND PASK APUD
KINGERY ET AL. (1976).................................................................................................................................... 24
FIGURA 3.1 – BLOCO CERÂMICO ESTRUTURAL UTILIZADO................................................................. 26
FIGURA 3.2 – LOCAIS ONDE FORAM FEITAS AS MEDIÇÕES DA LARGURA (L) DOS BLOCOS........ 27
FIGURA 3.3 – LOCAIS ONDE FORAM FEITAS AS MEDIÇÕES DA ALTURA (H) DOS BLOCOS........... 27
FIGURA 3.4 – LOCAIS ONDE FORAM FEITAS AS MEDIÇÕES DO COMPRIMENTO (C) DOS
BLOCOS.................................................................................................................................................................28
FIGURA 3.5 – ESQUEMA DE MEDIDA DO DESVIO EM RELAÇÃO AO ESQUADRO (D)....................... 28
FIGURA 3.6 – ESQUEMA DE MEDIDA DA PLANEZA DAS FACES (F). .................................................... 29
FIGURA 3.7 - ENSAIO DE ÁREA LÍQUIDA: BLOCOS IMERSOS EM ÁGUA FERVENTE........................ 30
FIGURA 3.8 - ENSAIO DE DETERMINAÇÃO DA RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO DOS BLOCOS....... 31
FIGURA 3.9 - ESQUEMA USADO PARA RETIRADA DAS AMOSTRAS. ................................................... 32
FIGURA 3.10 - ENSAIO DE DETERMINAÇÃO DA RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO DOS PRISMAS.... 35
FIGURA (3.11) - ENSAIO DE DETERMINAÇÃO DA RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO DOS PRISMAS
CONTRAFIADOS................................................................................................................................................ 36
FIGURA 4.1 - MICROGRAFIA 1 DO BLOCO 7, CORTE AA, EM CAMPO ESCURO COM UM AUMENTO
DE 100X.MATRIZ DE COR ALARANJADA (1), ............................................................................................. 44
FIGURA 4.2 - MICROGRAFIA 2 DO BLOCO 7, CORTE BB, EM CAMPO ESCURO COM UM AUMENTO
DE 100X. MATRIZ DE COR ALARANJADA (1), INCLUSÕES DE SÍLICA DE DIVERSOS TAMANHOS
(2) E UMA GRANDE QUANTIDADE DE POROS ALONGADOS (3), NA DIREÇÃO DE EXTRUSÃO DO
BLOCO (4). .......................................................................................................................................................... 44
FIGURA 4.3 - MICROGRAFIA 2 DO BLOCO 7, CORTE CC, EM CAMPO ESCURO COM UM AUMENTO
DE 100X. MATRIZ DE COR ALARANJADA (1), INCLUSÕES DE SÍLICA DE DIVERSOS TAMANHOS
VII
(2) E UMA GRANDE QUANTIDADE DE POROS ALONGADOS (3), NA DIREÇÃO PARALELA AO
COMPRIMENTO DO BLOCO (4). ..................................................................................................................... 45
FIGURA 4.4 - REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DA DISPOSIÇÃO DOS POROS NOS BLOCOS; (A)
SEGUNDO O CORTE B-B; (B) SEGUNDO O CORTE C-C; (C) SEGUNDO O CORTE A-A; (D)
DISPOSIÇÃO DOS POROS NOS BLOCOS....................................................................................................... 47
FIGURA 4.5 - ESQUEMA TEÓRICO PROPOSTO PARA A FORMAÇÃO DE PLANOS DE RUPTURA. ... 48
FIGURA 4.6 - ESQUEMA DE NUCLEAÇÃO E PROPAGAÇÃO DAS TRINCAS ENTRE OS POROS........ 48
FIGURA 4.7 - BLOCO ROMPIDO POR COMPRESSÃO. A RUPTURA SE DEU SEGUNDO UM PLANO
VERTICAL, PELA SEPARAÇÃO DE “CAMADAS”........................................................................................ 49
FIGURA 4.8 – DETALHE DA FORMAÇÃO DE FISSURAS VERTICAIS EM UM PEDAÇO DE BLOCO
ROMPIDO À COMPRESSÃO (UMA CAIXA DE FÓSFOROS FOI COLOCADA PARA EFEITO DE
ESCALA).............................................................................................................................................................. 49
FIGURA 4.9 – MICROGRAFIA DO BLOCO 7, CORTE BB EM CAMPO CLARO (100X) PARA A
QUANTIFICAÇÃO DA FASE DE SÍLICA. ....................................................................................................... 51
FIGURA 4.10 – IMAGEM DA MICROGRAFIA DO BLOCO 7, CORTE BB EM CAMPO CLARO (100X)
FILTRADA PARA DESTACAR A FASE DE SÍLICA....................................................................................... 51
FIGURA 4.11 - MICROGRAFIA DO BLOCO 7, CORTE BB EM CAMPO ESCURO (100X) PARA A
QUANTIFICAÇÃO DA FASE DE POROS. ....................................................................................................... 52
FIGURA 4.12 - IMAGEM DA MICROGRAFIA DO BLOCO 7, CORTE BB EM CAMPO ESCURO (100X)
FILTRADA PARA DESTACAR A FASE DE POROS....................................................................................... 52
FIGURA 4.13 – FRAÇÃO VOLUMÉTRICA DAS FASES PRESENTES NOS BLOCOS 2, 5 E 7. ................. 53
FIGURA 4.14 – MICROGRAFIA DO BLOCO 0 (100X) INDICANDO OS PONTOS ONDE FORAM FEITAS
ANÁLISES DE COMPOSIÇÃO QUÍMICA (A). ESPECTROS DE EDS DO BLOCO 0 EM QUATRO
DIFERENTES PONTOS. (B) PONTO A; (C) PONTO B; (D) PONTO C; (E) PONTO D................................. 59
FIGURA 4.15 – MICROGRAFIA DO BLOCO 2 (100X) INDICANDO OS PONTOS ONDE FORAM FEITAS
ANÁLISES DE COMPOSIÇÃO QUÍMICA (A). ESPECTROS DE EDS DO BLOCO 2 EM QUATRO
DIFERENTES PONTOS. (B) PONTO A; (C) PONTO B; (D) PONTO C; (E) PONTO D................................. 60
FIGURA 4.16 – MICROGRAFIA DO BLOCO 5 (100X) INDICANDO OS PONTOS ONDE FORAM FEITAS
ANÁLISES DE COMPOSIÇÃO QUÍMICA (A). ESPECTROS DE EDS DO BLOCO 5 EM QUATRO
DIFERENTES PONTOS. (B) PONTO A; (C) PONTO B; (D) PONTO C; (E) PONTO D................................. 61
FIGURA 4.17 – MICROGRAFIA DO BLOCO 7 (100X) INDICANDO OS PONTOS ONDE FORAM FEITAS
ANÁLISES DE COMPOSIÇÃO QUÍMICA (A). ESPECTROS DE EDS DO BLOCO 7 EM QUATRO
DIFERENTES PONTOS. (B) PONTO A; (C) PONTO B; (D) PONTO C; (E) PONTO D................................. 62
FIGURA 4.18 – CURVA F
P
X F
A
PARA OS TRÊS TRAÇOS DE ARGAMASSA UTILIZADOS. ................. 67
FIGURA 4.19 – INÍCIO DE RUPTURA DO PRISMA PELOS BLOCOS. FORMAÇÃO DE TRINCA
VERTICAL AO LONGO DA DIREÇÃO DE EXTRUSÃO (1) E DESPRENDIMENTO DE PEQUENOS
PEDAÇOS (2)....................................................................................................................................................... 68
FIGURA 4.20 – RUPTURA DO PRISMA PELA FORMAÇÃO DE PLANO DE RUPTURA PROVOCADA
PELA TRAÇÃO NO BLOCO COM O DESPRENDIMENTO DE UM GRANDE PEDAÇO. .......................... 68
FIGURA 4.21 – CURVA F
PCF
X F
A
PARA OS TRÊS TRAÇOS DE ARGAMASSA UTILIZADOS. .............. 72
FIGURA 4.22 – RUPTURA DE UM PRISMA CONTRAFIADOS. FORMAÇÃO DE TRINCAS VERTICAIS
AO LONGO DA DIREÇÃO DE EXTRUSÃO (1) E DESPRENDIMENTO DE PEQUENOS PEDAÇOS (2). 73
VIII
FIGURA 4.23 – CURVA F
PCF
X F
P
PARA OS TRÊS TRAÇOS DE ARGAMASSA UTILIZADOS................ 74
FIGURA 4.24 – RELAÇÕES ENTRE A RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO DOS BLOCOS, PRISMAS E
PRISMAS CONTRAFIADOS, COM OS TRAÇOS DE ARGAMASSA............................................................ 76
FIGURA A1 - MICROGRAFIA 1 DO BLOCO 0, CORTE AA, EM CAMPO ESCURO COM UM AUMENTO
DE 100X. .............................................................................................................................................................. 89
FIGURA A2 - MICROGRAFIA 2 DO BLOCO 0, CORTE AA, EM CAMPO ESCURO COM UM AUMENTO
DE 100X. .............................................................................................................................................................. 89
FIGURA A3 – MICROGRAFIA 3 DO BLOCO 0, CORTE AA, EM CAMPO ESCURO COM UM AUMENTO
DE 100X. .............................................................................................................................................................. 90
FIGURA A4 - MICROGRAFIA 1 DO BLOCO 0, CORTE BB, EM CAMPO ESCURO COM UM AUMENTO
DE 100X. .............................................................................................................................................................. 90
FIGURA A5 - MICROGRAFIA 2 DO BLOCO 0, CORTE BB, EM CAMPO ESCURO COM UM AUMENTO
DE 100X. .............................................................................................................................................................. 91
FIGURA A6 - MICROGRAFIA 3 DO BLOCO 0, CORTE BB, EM CAMPO ESCURO COM UM AUMENTO
DE 100X. .............................................................................................................................................................. 91
FIGURA A7 - MICROGRAFIA 1 DO BLOCO 0, CORTE CC, EM CAMPO ESCURO COM UM AUMENTO
DE 100X. .............................................................................................................................................................. 92
FIGURA A8 - MICROGRAFIA 2 DO BLOCO 0, CORTE CC, EM CAMPO ESCURO COM UM AUMENTO
DE 100X. .............................................................................................................................................................. 92
FIGURA A9 - MICROGRAFIA 3 DO BLOCO 0, CORTE CC, EM CAMPO ESCURO COM UM AUMENTO
DE 100X. .............................................................................................................................................................. 93
FIGURA A10 - MICROGRAFIA 1 DO BLOCO 2, CORTE AA, EM CAMPO ESCURO COM UM
AUMENTO DE 100X. ......................................................................................................................................... 93
FIGURA A11 - MICROGRAFIA 2 DO BLOCO 2, CORTE AA, EM CAMPO ESCURO COM UM
AUMENTO DE 100X. ......................................................................................................................................... 94
FIGURA A12 – MICROGRAFIA 3 DO BLOCO 2, CORTE AA, EM CAMPO ESCURO COM UM
AUMENTO DE 100X. ......................................................................................................................................... 94
FIGURA A13 - MICROGRAFIA 1 DO BLOCO 2, CORTE BB, EM CAMPO ESCURO COM UM
AUMENTO DE 100X. ......................................................................................................................................... 95
FIGURA A14 - MICROGRAFIA 2 DO BLOCO 2, CORTE BB, EM CAMPO ESCURO COM UM
AUMENTO DE 100X. ......................................................................................................................................... 95
FIGURA A15 - MICROGRAFIA 3 DO BLOCO 2, CORTE BB, EM CAMPO ESCURO COM UM
AUMENTO DE 100X. ......................................................................................................................................... 96
FIGURA A16 - MICROGRAFIA 1 DO BLOCO 2, CORTE CC, EM CAMPO ESCURO COM UM
AUMENTO DE 100X. ......................................................................................................................................... 96
FIGURA A17 - MICROGRAFIA 2 DO BLOCO 2, CORTE CC, EM CAMPO ESCURO COM UM
AUMENTO DE 100X. ......................................................................................................................................... 97
FIGURA A18 - MICROGRAFIA 3 DO BLOCO 2, CORTE CC, EM CAMPO ESCURO COM UM
AUMENTO DE 100X. ......................................................................................................................................... 97
FIGURA A19 - MICROGRAFIA 1 DO BLOCO 5, CORTE AA, EM CAMPO ESCURO COM UM
AUMENTO DE 100X. ......................................................................................................................................... 98
IX
FIGURA A20 - MICROGRAFIA 2 DO BLOCO 5, CORTE AA, EM CAMPO ESCURO COM UM
AUMENTO DE 100X. ......................................................................................................................................... 98
FIGURA A21 – MICROGRAFIA 3 DO BLOCO 5, CORTE AA, EM CAMPO ESCURO COM UM
AUMENTO DE 100X. ......................................................................................................................................... 99
FIGURA A22 - MICROGRAFIA 1 DO BLOCO 5, CORTE BB, EM CAMPO ESCURO COM UM
AUMENTO DE 100X. ......................................................................................................................................... 99
FIGURA A23 - MICROGRAFIA 2 DO BLOCO 5, CORTE BB, EM CAMPO ESCURO COM UM
AUMENTO DE 100X. ....................................................................................................................................... 100
FIGURA A24 - MICROGRAFIA 3 DO BLOCO 5, CORTE BB, EM CAMPO ESCURO COM UM
AUMENTO DE 100X. ....................................................................................................................................... 100
FIGURA A25 - MICROGRAFIA 1 DO BLOCO 5, CORTE CC, EM CAMPO ESCURO COM UM
AUMENTO DE 100X. ....................................................................................................................................... 101
FIGURA A26 - MICROGRAFIA 2 DO BLOCO 5, CORTE CC, EM CAMPO ESCURO COM UM
AUMENTO DE 100X. ....................................................................................................................................... 101
FIGURA A27 - MICROGRAFIA 3 DO BLOCO 5, CORTE CC, EM CAMPO ESCURO COM UM
AUMENTO DE 100X. ....................................................................................................................................... 102
FIGURA A28 - MICROGRAFIA 2 DO BLOCO 7, CORTE AA, EM CAMPO ESCURO COM UM
AUMENTO DE 100X. ....................................................................................................................................... 102
FIGURA A29 – MICROGRAFIA 3 DO BLOCO 7, CORTE AA, EM CAMPO ESCURO COM UM
AUMENTO DE 100X. ....................................................................................................................................... 103
FIGURA A30 - MICROGRAFIA 1 DO BLOCO 7, CORTE BB, EM CAMPO ESCURO COM UM
AUMENTO DE 100X. ....................................................................................................................................... 103
FIGURA A31 - MICROGRAFIA 3 DO BLOCO 7, CORTE BB, EM CAMPO ESCURO COM UM
AUMENTO DE 100X. ....................................................................................................................................... 104
FIGURA A32 - MICROGRAFIA 1 DO BLOCO 7, CORTE CC, EM CAMPO ESCURO COM UM
AUMENTO DE 100X. ....................................................................................................................................... 104
FIGURA A33 - MICROGRAFIA 3 DO BLOCO 7, CORTE CC, EM CAMPO ESCURO COM UM
AUMENTO DE 100X. ....................................................................................................................................... 105
X
LISTA DE TABELAS
TABELA 3.1 – CARACTERÍSTICAS DOS TRAÇOS DE ARGAMASSA UTILIZADOS. ............................. 34
TABELA 4.1 – LARGURA DOS BLOCOS........................................................................................................ 37
TABELA 4.2 – ALTURA DOS BLOCOS. .......................................................................................................... 38
TABELA 4.3 – COMPRIMENTO DOS BLOCOS.............................................................................................. 38
TABELA 4.4 – DESVIO EM RELAÇÃO AO ESQUADRO DOS BLOCOS..................................................... 40
TABELA 4.5 – PLANEZA DAS FACES DOS BLOCOS................................................................................... 41
TABELA 4.6 – ÁREA LÍQUIDA DOS BLOCOS............................................................................................... 41
TABELA 4.7 – ÁREA BRUTA DOS BLOCOS.................................................................................................. 42
TABELA 4.8 – CARGA DE RUPTURA E RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO DOS BLOCOS. ..................... 43
TABELA 4.9 – TAMANHO DAS INCLUSÕES DA FASE DE SÍLICA PARA OS BLOCOS 2, 5 E 7............ 55
TABELA 4.10 – TAMANHO DOS POROS PARA OS BLOCOS 0, 2, 5 E 7. ................................................... 56
TABELA 4.11 – DIÂMETRO MÉDIO DOS CORPOS DE PROVA DE ARGAMASSA.................................. 65
TABELA 4.12 – RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO DOS CORPOS DE PROVA DE ARGAMASSA............ 65
TABELA 4.13 – RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO DOS PRISMAS NA ÁREA BRUTA. ............................. 66
TABELA 4.14 – INFLUÊNCIA DA RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO DAS ARGAMASSAS NA
RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO DOS PRISMAS........................................................................................... 69
TABELA 4.15 – FATOR DE MAJORAÇÃO DA RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO DA ARGAMASSA..... 69
TABELA 4.16 – EFICIÊNCIA DOS PRISMAS.................................................................................................. 70
TABELA 4.17 – RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO DOS PRISMAS CONTRAFIADOS NA ÁREA
BRUTA................................................................................................................................................................. 72
TABELA 4.18 – INFLUÊNCIA DA RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO DAS ARGAMASSAS NA
RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO DOS PRISMAS CONTRAFIADOS. .......................................................... 74
TABELA 4.19 – RAZÃO ENTRE AS RESISTÊNCIAS À COMPRESSÃO DOS PRISMAS CONTRAFIADOS
E DOS BLOCOS. ................................................................................................................................................. 75
XI
RESUMO
Neste trabalho apresenta-se um estudo de caracterização de blocos cerâmicos
estruturais. A finalidade principal é estudar aspectos da microestrutura desses blocos,
determinantes no processo de sua ruptura à compressão. São utilizados 18 blocos
cerâmicos estruturais, submetidos à compressão até a ruptura. Para a caracterização da
microestrutura, retiram-se amostras de blocos específicos de acordo com os resultados
obtidos nos ensaios de resistência à compressão. A observação da microestrutura é
realizada com a utilização de microscopia ótica e de microscopia eletrônica de
varredura. São também realizadas análises de composição química através de EDS
“energy dispersion spectrometry”. Com a análise dos resultados identifica-se a
existência de relações fundamentais entre formato e disposição dos poros presentes na
microestrutura dos blocos e o processo de ruptura à compressão. Com base nestas
relações, propõe-se um esquema teórico para o mecanismo de ruptura dos blocos
cerâmicos estruturais. Também é apresentado um estudo quantitativo da microestrutura
(metalografia) dos blocos cerâmicos estruturais. Adicionalmente são confeccionados
prismas (dois blocos unidos por uma junta de argamassa) e prismas contrafiados
(formados por um bloco e meio na base e com três fiadas de altura, unidos por juntas
verticais e horizontais) com três diferentes traços de argamassa. Determina-se para os
prismas e para os prismas contrafiados a resistência à compressão. São, então, propostas
equações relacionando as propriedades medidas para cada um dos elementos (prismas e
prismas contrafiados) estudados.
XII
ABSTRACT
This work presents a study of characterization of structural ceramic blocks. The
main goal of it is to investigate microstructure features of these blocks which determine
their process of failure under compression. Eighteen ceramic blocks are subjected to
compression up to failure. Samples are removed from specific blocks according to the
results of the compression tests in order to characterize their microstructure.
Investigation of microstructure is carried out by means of optical and scanning electron
microscopy. Chemical analysis is realized by energy dispersion spectrometry (EDS).
Analyzing the results, it is possible to identify the existence of a basic relationship
between shape and distribution of pores present in the microstructure and the process of
failure under compression. Based on this relationship, a model is proposed to explain
the failure mechanism of structural ceramic blocks. A metallographic study of
microstructure is also presented. In addition, prisms (two blocks on top of each other
joined by mortar) and small scale walls are assembled using three different mortar
mixes. Prisms and small scale walls have strength determined. Finally, equations are
proposed to relate measured properties of each element (prism and small wall) studied.
1
1 Introdução
Desde as civilizações mais antigas se tem construído edificações em alvenaria.
Em uma edificação em alvenaria estrutural pode-se chegar a uma economia de até 25%
do custo total de uma obra, ampliando-se muito a possibilidade de acesso à moradia de
uma parcela importante da população. Este aspecto tem uma grande importância em um
país que convive com sérios problemas econômicos e sociais, agravados pela grande
falta de moradia, o que tem gerado uma ocupação desordenada dos grandes centros
urbanos.
No Brasil, a partir da década de 70, devido a um grande aumento do déficit
habitacional, se começou a construir e pesquisar alvenaria estrutural de forma mais
acentuada. Devido à tradição brasileira em obras de concreto armado, os investimentos
e pesquisas foram centrados na alvenaria estrutural de blocos de concreto o que
culminou com a elaboração de um conjunto de normas técnicas para alvenaria estrutural
de blocos de concreto a partir da década de 80.
A alvenaria estrutural de blocos cerâmicos ficou em segundo plano de forma que
até hoje não se dispõe, no Brasil, das normas necessárias para a sua utilização segura.
Atualmente se dispõe apenas de um número reduzido de normas para a alvenaria de
blocos cerâmicos. Estas normas tratam tanto da alvenaria estrutural como da alvenaria
de vedação, não sendo, portanto, específicas para a alvenaria estrutural de blocos
cerâmicos. Isto tem levado a interpretações errôneas e perigosas. O que se tem feito
para preencher esta lacuna é recorrer a normas internacionais e a adaptações da norma
para a alvenaria estrutural de blocos de concreto.
Encontra-se em fase de elaboração, um conjunto completo de normas para a
alvenaria estrutural de blocos cerâmicos. Ao longo deste trabalho, foram utilizados
alguns desses projetos de norma, pois se avaliou que estes fazem uma abordagem mais
atual, refletindo a nova tendência na utilização da alvenaria estrutural de blocos
cerâmicos no Brasil. Não se recorreu, portanto, salvo indicação em contrário, a normas
internacionais e a adaptações das normas para blocos de concreto.
A utilização da alvenaria estrutural no Brasil ainda convive com conceitos e
procedimentos inadequados, pondo muitas vezes em risco, a segurança dos habitantes.
Atualmente, ainda persistem alguns questionamentos importantes, basicamente no que
diz respeito à caracterização e ao comportamento conjunto dos materiais principalmente
dos blocos cerâmicos. O uso inadequado da alvenaria estrutural vem ocasionando a
ocorrência de problemas graves em obras, inclusive com vítimas fatais e, portanto,
induzindo a “preconceito” e reação à sua utilização.
2
Este trabalho tem como objetivo principal determinar características na
microestrutura de blocos cerâmicos estruturais determinantes no processo de sua ruptura
à compressão. Para isso, utilizam-se 18 blocos que são submetidos à compressão até a
ruptura.
O segundo capítulo trata dos conceitos e definições gerais sobre a alvenaria
estrutural bem como um breve histórico da sua utilização e evolução desde a
antiguidade até os dias atuais. São mostrados os mecanismos de ruptura da alvenaria em
função do comportamento de seus componentes.
No terceiro capítulo mostram-se todos os ensaios que foram realizados ao longo
deste trabalho. Detalham-se todos os materiais, equipamentos e procedimentos
experimentais que foram utilizados para a realização destes experimentos. Também são
descritos os equipamentos e técnicas que foram utilizados na caracterização da
microestrutura dos blocos cerâmicos estruturais.
O quarto capítulo é o cerne do trabalho. Nele são apresentados todos os resultados
obtidos nos ensaios e medidas que foram realizados bem como as análises da
microestrutura.
Para a caracterização da microestrutura, são retiradas amostras de blocos
específicos de acordo com os resultados obtidos nos ensaios de ruptura à compressão. O
estudo da microestrutura é realizado com a utilização de microscopia ótica e
microscopia eletrônica de varredura. Também são realizadas análises de composição
química através de EDS “energy dispersion spectrometry” – espectroscopia por
dispersão de energia em equipamento acoplado a um microscópio eletrônico de
varredura. Com os resultados obtidos identifica-se a existência de relações fundamentais
entre formato e disposição dos poros presentes na microestrutura e o processo de
ruptura à compressão. Com base nestas relações, propõe-se um esquema teórico para a
ruptura dos blocos através do qual se explica porque os blocos cerâmicos estruturais
apresentam eficiência bem menor que os blocos de concreto estruturais. Também se
apresenta um estudo quantitativo da microestrutura (metalografia). Pode-se constatar a
existência de um conjunto de relações entre características das fases presentes na
microestrutura dos blocos e o seu comportamento à compressão.
Adicionalmente são dosados três traços de argamassa para os quais se realizaram
ensaios de resistência à compressão. Para cada um dos traços dosados, confeccionam-se
prismas (dois blocos unidos por uma junta de argamassa) e prismas contrafiados
(formados por um bloco e meio na base e com três fiadas de altura, unidos por juntas
verticais e horizontais). Para os prismas e para os prismas contrafiados determina-se a
3
resistência à compressão. Com base nos resultados obtidos, são desenvolvidas equações
relacionando as propriedades medidas para cada um dos elementos (prismas e prismas
contrafiados) estudados.
Avalia-se também, a influência das propriedades dos componentes (blocos e
argamassa) no comportamento dos elementos da alvenaria estrutural de blocos
cerâmicos.
No quinto capítulo apresentam-se as conclusões finais deste trabalho bem como
algumas sugestões para futuras pesquisas que poderão complementá-lo. Por fim, têm-se
os seguintes anexos:
Anexo A – Micrografias feitas para os blocos 0, 2 ,5 e 7, que foram usadas nos
estudos da microestrutura e de quantificação de fases.
Anexo B – Formulário de levantamento do sistema produtivo dos blocos
cerâmicos estruturais utilizados neste trabalho.
4
2 Revisão Bibliográfica
2.1 Conceito de alvenaria estrutural
GALLEGOS (1991) define a alvenaria como um material estrutural composto
que, em sua forma tradicional, é formado por unidades básicas, assentadas com
argamassa e, portando, fracamente ligadas. Trata-se de um material heterogêneo e
anisotrópico, que tem por natureza, uma resistência à compressão elevada e dependente
principalmente da resistência das unidades básicas, os blocos. A resistência à tração é
baixa e depende da aderência entre as unidades e a junta de argamassa.
PRUDÊNCIO JR. et al. (2002) consideram a alvenaria estrutural um tipo de
estrutura em que as paredes são elementos portantes, compostos por unidades de
alvenaria, unidos por juntas de argamassa e capazes de resistirem a outras cargas além
de seu peso próprio.
Segundo RAMALHO e CORRÊA (2003), o principal conceito ligado à utilização
da alvenaria estrutural é a transmissão de ações através de tensões de compressão. Esse
é mais importante conceito a ser levado em conta quando se discute a alvenaria como
processo construtivo para a elaboração de estruturas. Tensões de tração devem,
preferencialmente, se restringir a regiões limitadas da estrutura e não apresentar valores
muito elevados. Se as trações ocorrerem de forma generalizada, este tipo de estrutura
pode ser até tecnicamente viável, mas não será economicamente adequada.
Pode-se, então, concluir que em uma edificação de alvenaria estrutural são as
paredes que resistem às ações verticais e horizontais, transmitindo-as às fundações
através de tensões de compressão. São, portanto, responsáveis pela segurança do
edifício, substituindo as vigas e os pilares das estruturas convencionais de concreto
armado. Cumprem, portanto, um papel duplo de estrutura e vedação.
De acordo com a norma brasileira NB-1228 (1989), a alvenaria estrutural pode ser
classificada em três categorias:
Alvenaria estrutural não armada: Aquela construída com blocos vazados,
assentados com argamassa e que contém armaduras com finalidade
construtiva ou de amarração, não sendo esta considerada na absorção dos
esforços calculados.
Alvenaria estrutural armada: Aquela construída com blocos vazados,
assentados com argamassa, na qual certos furos são preenchidos
continuamente com graute, contendo armaduras para absorver os esforços
calculados além daquelas com finalidades construtivas ou de amarração.
5
Alvenaria estrutural parcialmente armada: Aquela em que algumas paredes
são construídas segundo as recomendações da alvenaria armada, sendo as
paredes restantes consideradas não armadas.
2.2 Aspectos históricos da alvenaria estrutural
A alvenaria estrutural é o sistema construtivo mais antigo de que se tem notícia,
tendo sido utilizado desde o início da atividade humana. Segundo GALLEGOS (1991),
é provável que a alvenaria tenha sido inventada por um nômade a cerca de 15000 anos.
Ao não encontrar refúgio natural para se proteger do frio, decidiu empilhar pedras
construindo um local onde pudesse se abrigar.
Conforme a NATIONAL CONCRETE MANSONRY ASSOCIATION apud
PRUDÊNCIO JR. et al. (2002), no ano de 4000 a.C. a argila passou a ser trabalhada,
possibilitando a produção de tijolos. Alguns anos depois os romanos desenvolveram a
argamassa de cal utilizada tanto para assentamento como para revestimento.
A falta de conhecimento dos materiais e a utilização de técnicas rudimentares não
impediram a construção de obras monumentais de alvenaria estrutural. As pirâmides do
Egito (figura 2.1a), o Pathernon na Grécia, o Coliseo em Roma (figura 2.1b) e a
muralha da China (figura 2.1c), podem ser citados como exemplos da capacidade,
confiabilidade e durabilidade e deste sistema.
(a)
6
(b)
(c)
Figura 2.1 – Obras históricas construídas em alvenaria estrutural.(a)
Pirâmides do Egito; (b) Coliseo, em Roma; (c) Muralha da China.
Entre 1889 e 1891, foi construído em Chicago, o edifício Monadnock (figura 2.2).
Com 16 pavimentos e 65m de altura, foi o primeiro arranha-céu em alvenaria estrutural.
Em sua base, as paredes tinham 1,80m de largura e foram dimensionadas utilizando-se
métodos empíricos que eram os únicos disponíveis à época.
7
(a) (b)
Figura 2.2 – Edifício Monadnock, Chicago (1891). (a) Fachada mostrando
os seus 16 pavimentos; (b) Paredes do pavimento térreo com 1,80m de
largura.
PRUDÊNCIO JR. et al. (2002) comenta que, até o final do século XIX, a
alvenaria predominou como material estrutural. Entretanto, devido à ausência de
procedimentos racionais de dimensionamento, as estruturas eram muito robustas e
pouco econômicas. Nessa época, surgiram as estruturas de aço e de concreto armado.
Fundamentadas em teorias racionais de cálculo, e devido ao grande arrojo e
flexibilidade de forma que possibilitaram às edificações, esses novos tipos de estrutura
proliferaram pelo mundo deixando a alvenaria estrutural relegada a um segundo plano.
Segundo RAMALHO e CORRÊA (2003), edifícios altos de alvenaria estrutural
foram construídos no Brasil a partir de 1972. Inicialmente construiu-se em São Paulo o
condomínio Central Parque Lapa com 4 blocos de 12 pavimentos em alvenaria armada
de blocos de concreto. Logo depois veio o edifício Muriti, em São José dos Campos,
com 16 pavimentos também em alvenaria armada de blocos de concreto.
Atualmente a utilização da alvenaria estrutural, principalmente a de blocos de
concreto, se encontra bastante difundida no Brasil, concentrando-se nas regiões sul e
sudeste. Apesar de dirigida essencialmente para habitações populares, a alvenaria
estrutural já rompeu esta barreira. Edifícios de padrão médio e até mesmo de alto padrão
tem sido construídos utilizando-se esta técnica.
8
2.3 Componentes da alvenaria estrutural
Segundo RAMALHO e CORRÊA (2003), entende-se por componente da
alvenaria, uma entidade básica, ou seja, algo que compõe os elementos. Os elementos,
por sua vez, irão compor a estrutura. Os componentes principais da alvenaria estrutural
são: blocos, argamassa, graute e armadura. Os elementos da alvenaria estrutural são
aqueles formados por pelos menos dois componentes. Como exemplo de elementos
podemos citar: prismas, paredes, cintas, verga e contra-vergas.
2.3.1 Blocos
Segundo GALLEGOS (1991), os blocos são os componentes básicos para a
execução da alvenaria.
Os blocos respondem por cerca de 80% do volume total das paredes e, portanto,
desempenham um papel fundamental para a sua resistência. Na maioria dos casos,
quanto mais resistente for o bloco, mais resistente será a alvenaria. No Brasil, se
utilizam principalmente blocos de concreto e blocos cerâmicos tendo-se
respectivamente a alvenaria estrutural de blocos de concreto e a alvenaria estrutural de
blocos cerâmicos.
Conforme o projeto de norma NBR XX02/2003 – REV. 16 (2003), os blocos
cerâmicos estruturais são componentes da alvenaria estrutural que possuem furos
prismáticos perpendiculares às faces que os contêm, são assentados com os furos na
vertical e são produzidos por conformação plástica de matéria-prima argilosa contendo
ou não aditivos e queimados a elevadas temperaturas. O projeto de norma citado
também adota a seguintes definições, que são utilizadas neste trabalho:
Área bruta: Área da seção perpendicular aos eixos dos furos, sem o
desconto das áreas desses furos;
Área líquida: Área da seção perpendicular aos eixos dos furos, com o
desconto das áreas desses furos;
Área argamassada: Área da seção perpendicular aos eixos dos furos,
correspondente à área ocupada pela argamassa de assentamento;
Bloco cerâmico estrutural de paredes vazadas: É aquele cujas paredes
externas e internas apresentam vazados, sendo a razão da área líquida para
a área bruta não maior que 60% (figura 2.3a);
Bloco cerâmico estrutural com paredes maciças: É aquele cujas paredes
externas são maciças e as internas podem apresentar vazados, sendo a
razão da área líquida para a área bruta não maior que 65% (figura 2.3b);
9
Bloco cerâmico estrutural perfurado: É aquele com vazados distribuídos
em toda a sua face de assentamento sendo a razão da área líquida para a
área bruta não maior que 75% (figura 2.3c).
(a) (b) (c)
Figura 2.3 - Esquema de blocos cerâmicos estruturais. (a) Paredes vazadas;
(b) Paredes maciças; (c) Perfurado.
Devido à grande importância que tem para a resistência da alvenaria, os blocos
estruturais devem ser fabricados sob condições rígidas de controle, de modo a
apresentarem propriedades uniformes. Infelizmente, no Brasil, não se convive com esta
realidade, principalmente quando se trata de blocos cerâmicos estruturais. Estes blocos
são produzidos em condições extremamente diversas. Tem-se desde sofisticadas
fábricas que produzem blocos de alta qualidade, com propriedades uniformes e
respeitando todas as especificações de norma, até olarias precárias, muitas vezes
temporárias produzindo blocos sem nenhum tipo de controle de qualidade.
Devido a essas diferenças, GALLEGOS (1991) recomenda que, a qualidade dos
blocos estruturais seja controlada através do coeficiente de variação de suas
propriedades significativas. O coeficiente de variação é um parâmetro estatístico que
mede o efeito da variação ou dispersão em relação à média. Ele é calculado através da
razão entre o desvio padrão e a média (equação 2.1).
x
σ
ν
= (2.1)
Onde:
ν: coeficiente de variação
σ:
desvio padrão
x
: média
10
É importante se apresentar aqui a definição de prisma. Segundo o projeto de
norma NBR XX03/2003 – REV. 23 (2004) tem-se:
Prisma oco: Elemento composto pela justaposição de dois blocos
cerâmicos unidos por junta de argamassa, destinado ao ensaio de
compressão axial.
Prisma cheio: Elemento composto pela justaposição de dois blocos
cerâmicos unidos por junta de argamassa, tendo seus vazios usados para o
grauteamento, preenchidos por graute destinado ao ensaio de compressão
axial.
Neste trabalho foram usados apenas prismas ocos que são chamados
simplesmente de prismas.
O prisma é, portanto, o elemento da alvenaria estrutural usado para avaliar o
comportamento conjunto do bloco e da argamassa. A ele está ligado um conceito
fundamental utilizado para a avaliação do comportamento das alvenarias. Trata-se da
eficiência do prisma que é definida como a razão entre a resistência à compressão do
prisma e a resistência à compressão do bloco (equação 2.2). Também se pode definir a
eficiência da parede, que é a razão entre a resistência à compressão da parede e a
resistência à compressão do bloco (equação 2.3).
b
p
p
f
f
=
η
(2.2)
b
par
par
f
f
=
η
(2.3)
Onde:
η
p
: Eficiência do prisma
η
par
: Eficiência da parede
f
p
: Resistência à compressão do prisma
f
par
: Resistência à compressão da parede
f
b
: Resistência à compressão do bloco
11
2.3.2 Argamassa
Segundo GALLEGOS (1991), a argamassa tem a função de absorver as
irregularidades inevitáveis existentes na superfície dos blocos e, sobretudo, uni-los ou
aderi-los com relativa estabilidade durante o processo construtivo. A argamassa deve
prover a rigidez necessária para garantir o assentamento da fiada seguinte e, para formar
um conjunto durável, impermeável e com alguma resistência à tração.
Segundo RAMALHO e CORRÊA (2003), a argamassa de assentamento possui as
funções básicas de solidarizar os blocos, transmitir e uniformizar as tensões, absorver
pequenas deformações e prevenir a entrada de água e de vento nas edificações.
Usualmente composta de cimento, cal, areia e água, a argamassa deve reunir boas
características de trabalhabilidade, resistência, plasticidade e durabilidade para o
desempenho de suas funções.
GALLEGOS (1991), ressalta a importância de se distinguir as propriedades da
argamassa no estado fresco e no estado endurecido. No estado fresco a propriedade
essencial da argamassa é a trabalhabilidade. A argamassa com uma trabalhabilidade
adequada é aquela que pode ser manipulada e espalhada com facilidade sobre as
superfícies horizontais e verticais dos blocos, se aderindo facilmente e estabelecendo
um contato completo com as irregularidades presentes. Outra propriedade importante da
argamassa no estado fresco é a retenção de água. PRUDÊNCIO JR. et al. (2002), define
a retenção de água como a capacidade da argamassa de opor resistência à perda de água
quando em contato com os blocos, que são, em geral, ávidos por água. Se a argamassa
não possui boa retenção, a mesma enrijecerá rapidamente, dificultando ou até mesmo
impedindo o assentamento da fiada seguinte e a completa hidratação do cimento. Se a
retenção de água for muito elevada, será difícil manter a correta espessura da junta de
argamassa, principalmente depois da confecção das fiadas subseqüentes.
Segundo GALLEGOS (1991), as propriedades da argamassa no estado endurecido
são a aderência e a resistência à compressão.
A aderência é uma propriedade essencial da argamassa, que vai garantir a
solidarização entre os blocos e, portanto, depende das características do bloco que está
sendo utilizado. Já a resistência à compressão da argamassa é tida como uma
propriedade com importância secundária.
Segundo RAMALHO e CORRÊA (2003), deve-se destacar pelo menos dois
fatores quando se trata da influência da argamassa na resistência à compressão das
paredes. O primeiro diz respeito à espessura da junta horizontal que deve se situar
dentro de limites bem estreitos, em torno de 10mm. O segundo diz respeito a resistência
12
à compressão argamassa que deve estar entre 70% e 100% da resistência do bloco na
área bruta não devendo ser inferior a 40%.
A argamassa é, portanto, o componente de ligação entre os blocos sendo
constituída por cimento, cal, areia e água. Responde por cerca de 20% do volume total
da parede desempenhando, pois, um papel secundário para a resistência. Entretanto,
cabe à argamassa o papel fundamental de controlar o tipo de ruptura das paredes. De
maneira geral, em paredes com juntas de argamassa muito resistentes, a ruptura se dará
nos blocos sendo, portanto, uma ruptura frágil, o que não é desejável. Em paredes com
juntas de argamassa com uma resistência adequada, a ruptura ocorrerá primeiro na junta
de argamassa e depois no bloco, o que garante um menor grau fragilidade à alvenaria,
sendo, portanto, desejável. Diante disso, pode-se atribuir à junta de argamassa o papel
de conferir ductilidade às paredes de alvenaria estrutural.
PRUDÊNCIO JR. et al. (2002) comenta que, apesar do uso de argamassas de
assentamento de blocos de alvenaria datar dos primórdios da civilização, só nas últimas
décadas é que se deu um enfoque e um tratamento racionais de sua tecnologia.
Inicialmente, os avanços eram alcançados por um processo de tentativa e erro e a
técnica era passada de geração para geração. Atualmente, apesar de haver um crescente
interesse científico e tecnológico neste material, muitos dos vícios e do
desconhecimento do meio técnico da construção, no que se refere à sua formulação,
persistem.
É importante destacar que as argamassas utilizadas na alvenaria estrutural devem
ser mistas, ou seja, devem ter a cal como um de seus componentes. A cal otimiza as
propriedades da argamassa conferindo-lhe plasticidade, coesão, retenção de água e
principalmente uma melhoria de sua aderência, sendo, portanto, fundamental.
Como a argamassa e o concreto são elaborados basicamente a partir dos mesmos
componentes (aglomerantes e agregados), há uma tendência de se confundir esse dois
materiais que tem funções totalmente diferentes. O concreto, como um material
estrutural, tem como meta básica a resistência. Já a argamassa é um adesivo e, portanto,
a aderência é o seu principal objetivo. Portanto, a elaboração de uma boa argamassa não
segue as mesmas diretrizes do concreto sento muitas vezes completamente diferentes.
2.3.3 Graute
Segundo o American Concrete Institute-ACI em PRUDÊNCIO JR. et al. (2002), o
graute é definido como uma mistura de materiais cimentícios e água, com ou sem
13
agregados graúdos, em proporção tal que se obtenha uma consistência líquida sem
segregação de seus constituintes.
RAMALHO e CORRÊA (2003), definem o graute como um concreto com
agregados de pequena dimensão e relativamente fluido, eventualmente necessário para o
preenchimento dos vazios dos blocos. Sua função é propiciar o aumento da área líquida
da seção transversal dos blocos ou promover a solidarização dos blocos com eventuais
armaduras colocadas em seus vazios.
O Graute é, portanto, um concreto bastante fluido constituído por cimento,
agregados e água que é utilizado para preencher os furos dos blocos, aumentando assim
a sua área líquida e, portanto, sua capacidade de carga. O graute ideal é aquele que
garante um aumento da capacidade de carga das paredes tão somente pelo aumento da
área líquida (não havendo dessa forma aumento da resistência das paredes). Ele também
deve ser capaz de garantir o funcionamento monolítico do conjunto bloco-graute-
armadura, bem como proteger as armaduras contra a corrosão.
O graute é elaborado com os mesmos componentes do concreto, porém deve-se
atingir uma elevada fluidez. Isto é necessário para permitir que ele preencha
completamente os furos dos blocos em uma parede ao longo da sua altura. Têm-se então
dois fatores que exigem esta alta fluidez. O primeiro é a pequena dimensão dos furos
dos blocos muitas vezes ainda diminuída pela presença de armadura. O segundo é a
grande altura a ser preenchida pelo graute que normalmente exige que o lançamento
seja feito em duas etapas limitando esta altura à metade da altura da parede.
Para se atingir essa fluidez elevada é necessária a utilização de grandes
quantidades de água o que pode resultar em um produto final muito poroso e
conseqüentemente com uma baixa resistência à compressão. Esta queda da resistência
não ocorre pois os blocos onde o graute será colocado absorvem o excesso de água o
que diminui a relação água/cimento e resulta em uma maior resistência à compressão.
Combinações inadequadas de graute com o bloco podem afetar negativamente as
propriedades da parede. Por exemplo, se o graute tiver um módulo de deformação muito
menor do que o bloco, ele terá uma deformação transversal exagerada levando a uma
ruptura por tração das paredes dos blocos. Estes problemas se tornam mais críticos na
alvenaria estrutural de blocos cerâmicos devido às diferenças existentes entre as
propriedades dos dois materiais (concreto e cerâmica).
14
2.3.4 Armadura
São Barras de aço (do mesmo tipo utilizado em estruturas de concreto) colocadas
nos furos dos blocos que deverão ser preenchidos com graute para que se garanta a
solidarização bloco-graute-armadura. Tem a função de reforçar as paredes aumentando,
portanto, sua capacidade de carga, combater eventuais esforços de tração e reforçar,
determinadas regiões onde se observam concentrações de tensões.
É importante destacar as duas funções distintas da armadura que pode ser
encontrada nas paredes de alvenaria estrutural. A primeira é combater eventuais
esforços de tração oriundos de deformações volumétricas (devido à retração, variações
de temperatura e de umidade) e reforçar determinadas regiões onde ocorrem
concentrações de tensões (bordas de aberturas e extremidades de paredes). Trata-se,
portanto, de uma armadura construtiva, que não é calculada, sendo encontrada em todos
as categorias de alvenaria estrutural (não armada, parcialmente armada e armada). A
segunda função é a de reforçar as paredes aumentando, portanto, sua capacidade de
carga. Trata-se, portanto, de uma armadura obrigatória, calculada, sem a qual as paredes
não resistem aos esforços de compressão aos quais estão submetidas. Esta armadura é
encontrada apenas na alvenaria armada. Ressalta-se, que o aumento da capacidade de
carga da alvenaria permitido pela NB 1228 (1989), em função colocação de armadura, é
muito reduzido.
2.4 Mecanismos de ruptura da alvenaria estrutural
Segundo GALLEGOS (1991), a alvenaria é um material composto, heterogêneo e
anisotrópico em que se reúnem, com um comportamento único, materiais com
características elásticas distintas. As juntas horizontais, devido a sua natureza contínua,
dividem a alvenaria em camadas (as fiadas) lhe dando a aparência de um material
composto laminado. Por outro lado, quando os furos dos blocos estão preenchidos com
graute, se consegue atingir um determinado grau de continuidade o que diminui o
caráter anisotrópico do conjunto.
Várias pesquisas têm sido desenvolvidas na tentativa de se elaborar modelos
matemáticos que sejam capazes de prever a resistência à compressão de uma parede de
alvenaria estrutural.
GALLEGOS (1991), comenta que os primeiros estudos sobre este assunto foram
realizados por Haller em 1959 e se basearam em uma análise elástica do sistema bloco-
argamassa. Os resultados obtidos não condiziam com a realidade, uma vez que foram
15
encontrados, para a resistência à compressão dos prismas, valores maiores que os da
resistência à compressão dos blocos.
Posteriormente, HILLSDORF apud GALLEGOS (1991), em 1969 e FRANCIS et
al. apud GALLEGOS (1991), em 1970, de forma independente, desenvolveram
modelos elásticos baseados na resistência e na deformação do bloco e da argamassa
submetidos a esforços multiaxiais. FRANCIS et al. Apud RAMALHO e CORRÊA
(2003), se basearam na deformação unitária dos materiais para fundamentar seu modelo
enquanto que HILLSDORF apud RAMALHO e CORRÊA (2003), baseou-se nos
esforços resistidos pelos materiais. Estes pesquisadores, apesar de terem trabalhado
separadamente, adotaram as mesmas hipóteses para elaborar suas pesquisas:
Blocos sólidos, isto é, sem furos;
Relação linear, ou de Coulomb, entre o valor da resistência à tração biaxial
e a resistência à compressão uniaxial, para definir a envoltória de ruptura
do bloco submetido a um carregamento triaxial;
Esforços laterais de tração uniformes ao longo da altura dos blocos;
Esforços de tração iguais nas duas direções laterais dos blocos;
Aderência perfeita entre a argamassa e os blocos.
Quando o bloco está inserido no contexto de uma parede submetida a uma ação de
compressão, como apresentado na figura (2.4), surgem tensões que serão transmitidas
através de seus componentes de formas distintas.
Figura 2.4 – Esquema de uma parede comprimida.
bloco do Altura
argamassa de junta da Espessura
aplicada Carga P
b
a
t
t
16
Segundo DUARTE (1999), a argamassa apresenta um módulo de deformação
menor que o do bloco, porém seu coeficiente de Poisson é maior. Devido a essas
diferenças de propriedades, quando bloco e argamassa trabalham em conjunto sob
compressão, a argamassa se deforma mais que o bloco e, de forma simplificada, em
uma parede com blocos e argamassa (sem graute), a solicitação dos componentes dar-
se-á como no esquema apresentado na figura (2.5).
Figura 2.5 – Esquema de distribuição de tensões no bloco e argamassa em
uma parede comprimida.
Como se pode observar, o bloco está submetido uma combinação de compressão
axial e tração biaxial gerando um estado biaxial de tensões compressão-tração. Isto
caracteriza uma situação desfavorável, por tratar-se de material frágil. Sob estas
circunstâncias o bloco apresenta uma resistência à compressão menor que a obtida para
o mesmo, em um ensaio de compressão uniaxial. Quando colocado para trabalhar em
uma parede, o bloco irá, portanto, atingir a ruptura sob solicitações menores do que se
estivesse trabalhando isoladamente.
A argamassa, entretanto, está submetida a um estado triaxial de compressão o que
lhe confere um aumento na sua capacidade resistente. Quando inserida em uma parede a
σ
za
σ
xa
σ
y
σ
za
σ
xa
σ
y
ARGAMASS
A
L
L
σ
y
σ
zb
σ
xb
σ
y
σ
zb
σ
xb
BLOCO
parede da Extensão
z eixo - argamassa na compressão de Tensão
xeixo - argamassa na compressão de Tensão
z eixo - bloco no traçãode Tensão
xeixo - bloco no traçãode Tensão
y eixo - argamassa e bloco no compressão de Tensão
L
za
xa
zb
xb
y
σ
σ
σ
σ
σ
17
argamassa apresenta, portanto, uma resistência maior que a encontrada quando ela
trabalha isoladamente.
Pode-se compreender melhor as diferentes possibilidades de ruptura da alvenaria
quando se analisa isoladamente seus componentes.
2.4.1 Comportamento do bloco
Segundo DUARTE (1999), quando submetidos ao ensaio de compressão ou de
tração, os blocos apresentam a mesma configuração de ruptura (figura 2.6).
Onde:
bloco do uniaxial traçãoà ruptura de Tensão
bloco do uniaxial compressão à ruptura de Tensão
bt
bc
σ
σ
Figura 2.6 – Esquema de ruptura dos blocos quando submetidos à
compressão uniaxial ou tração uniaxial.
Considerando uma relação linear entre a tensão de ruptura à compressão uniaxial
do bloco e a tensão de ruptura à compressão uniaxial da argamassa, a ruptura dos blocos
quando submetidos à compressão uniaxial e tração uniaxial combinadas, pode então ser
representada pela reta da figura (2.7).
σ
b
c
σ
b
c
σ
b
t
σ
b
t
COMPRESSÃO TRAÇÃO
18
Figura 2.7 – Gráfico da relação entre a tensão de ruptura à compressão
uniaxial do bloco e a tensão de ruptura à tração uniaxial do bloco.
Temos então a equação (2.4), que representa a ruptura do bloco submetido a um
estado de tensões de compressão e tração combinadas:
=
bc
y
btxb
σ
σ
σσ
1
(2.4)
Onde:
bloco do uniaxial traçãoà ruptura de Tensão
bloco do uniaxial compressão à ruptura de Tensão
xeixo - bloco no traçãode Tensão
y eixo - bloco no compressão de Tensão
bt
bc
xb
y
σ
σ
σ
σ
2.4.2 Comportamento da argamassa
De acordo com CHEEMA e KLINGLER Apud MOHAMAD et al. (2002a), o
aumento da resistência à compressão da argamassa devido a um estado multiaxial de
tensões de compressão, pode ser representada pelo gráfico de uma reta com coeficiente
angular de 4,1 (figura 2.8).
σ
b
t
σ
b
c
σ
xb
σ
y
19
Figura 2.8 – Aumento da resistência à compressão da argamassa sob um
estado multiaxial de tensões de compressão.
Temos então a equação (2.5) que representa a ruptura da argamassa submetida a
um estado multiaxial de tensões de compressão:
1.4
acy
xa
σ
σ
σ
=
(2.5)
Onde:
argamassa da uniaxial compressão à ruptura de Tensão
xeixo - argamassa na compressão de Tensão
y eixo - argamassa na compressão de Tensão
ac
xa
y
σ
σ
σ
Considerando o equilíbrio na direção horizontal tem-se a equação (2.6):
==
b
a
xaxbaxabxb
t
t
ltlt
σσσσ
(2.6)
2.4.3 Comportamento simultâneo da argamassa e do bloco
Quando a ruptura ocorre através do bloco, ela se dá de acordo com a equação (2.4)
vista anteriormente.
Quando a ruptura ocorre através da argamassa, ela se dá de acordo com a equação
(2.5) já deduzida. Considerando esta hipótese, teremos a expressão da equação (2.7), a
seguir, para a tensão de tração no bloco.
σ
ac
σ
xa
σ
y
20
=
=
b
a
acy
xb
b
a
xaxb
t
t
t
t
1.4
σ
σ
σσσ
λ
σ
σ
σ
= )(
acyxb
(2.7)
Onde:
=
1.4
b
a
t
t
λ
Igualando os valores da tensão de tração no bloco no eixo x, quando a ruptura se
dá através do bloco (equação 2.4) e quando a ruptura se dá através da argamassa
(equação 2.7), teremos a equação 2.8, a seguir, de ruptura simultânea na argamassa e no
bloco.
=
λσσ
σ
σ
σ
)(1
acy
bc
y
bt
+
+
=
bcbt
acbt
bcy
σλσ
σλσ
σσ
(2.8)
Esta é a equação de HILSDORF apud DUARTE (1999) para a determinação da
tensão de ruptura à compressão da alvenaria.
2.5 A alvenaria estrutural de blocos cerâmicos
Os blocos cerâmicos têm como matéria prima a argila, um material com valor
agregado muito baixo. A fabricação de blocos cerâmicos estruturais, assim como outros
produtos baseados em argila, se caracteriza pelo baixo custo de produção. Isto resulta
em um produto final barato, o que permite uma boa competitividade com os
semelhantes que utilizam outras matérias primas, como os blocos de concreto. O grande
obstáculo para esses produtos é o alto custo com transporte. Este fato exige que as
fábricas de blocos cerâmicos se situem próximas de jazidas de argila bem como de
potenciais mercados consumidores do produto final.
Segundo GALLEGOS (1991), as argilas se originam da degradação natural de
rochas ígneas ou feldspatos. São encontradas em depósitos aluviais ou eólicos,
misturadas com uma grande quantidade de areia e impurezas. Apresentam-se com uma
21
grande variedade de composição e estrutura dependendo do local de onde foram
extraídas. CAPUTO (1988), comenta que apesar de sua aparência amorfa, as argilas são
constituídas por minerais cristalinos denominados minerais argílicos, dentre os quais
podemos destacar três grupos principais: caolinitas, montmorilonitas e ilitas. Para
KINGERY et al. (1976), os minerais argílicos presentes estão normalmente misturados
com quartzo, feldspato, mica e outras impurezas. Impurezas secundárias como dolomita,
rutila e materiais ferruginosos também podem ser encontrados.
Segundo KINGERY et al. (1976), a estrutura dos minerais argílicos é composta
por combinações de camadas (Si
2
O
5
)
n
de SiO
4
tetraédrico unidas pelos vértices com
camadas AlO(OH)
2
de alumina octaédrica. As caolinitas são formadas por camadas
alternadas de (Si
2
O
5
)
n
e AlO(OH)
2
. Já as montmorilonitas têm uma estrutura composta
por camadas de AlO(OH)
2
alternadas por duas camadas de (Si
2
O
5
)
n
.
A obtenção de blocos cerâmicos estruturais se dá através de quatro fases
seqüenciais bem definidas: preparação da matéria-prima, conformação, tratamento
térmico e acabamento.
Na fase de preparação da matéria-prima, a argila extraída da natureza deve passar
por um processo de beneficiamento que a deixe pronta para ser industrializada. Depois
de extraída, a argila é estocada a céu aberto e é deixada em descanso por um
determinado período. Esta etapa é conhecida como sazonamento ou apodrecimento.
Segundo BAUER (1992), o sazonamento tem por finalidade principal a fermentação das
partículas orgânicas, o que aumenta a plasticidade. SOARES et al. (2002), comenta que
apesar do período de descanso para se alcançarem resultados ideais no processamento
cerâmico ser de 1 ano, é comum que a duração da fase de sazonamento esteja associada
à operacionalização de cada indústria.
Após o sazonamento, a argila passa por um processo de redução de seus grãos. A
seguir se tem a correção, que é feita para se dar à argila a constituição desejada. Nesta
etapa, é comum a adição de uma argila pré-queimada e moída. Isto é feito para se
diminuir a proporção de finos, com o objetivo de reduzir a retração ocorrida na queima.
Finalizando a fase de preparação da matéria–prima ocorre a mistura, que é feita de
forma manual ou mecânica para que se obter uma massa homogênea.
A segunda fase na produção de blocos cerâmicos estruturais é da conformação
plástica, que é feita através da extrusão. A extrusão consiste basicamente em se
compactar a massa plástica de argila, numa câmara de alta pressão, contra o molde
(boquilha) de formato desejado. A massa moldada é expelida como um corpo contínuo,
sendo cortada no comprimento desejado. Portanto, é nesta fase que a massa de argila
22
adquire a forma de bloco. Existem três sistemas diferentes para a extrusão: pistão,
cilindros e hélice. Segundo SOARES et al. (2002), para se obter um bom resultado na
extrusão, deve-se garantir que o material a ser conformado apresente as mínimas
variações possíveis, tanto na composição (plasticidade), como na preparação
(granulometria) e no seu teor de umidade.
O tratamento térmico constitui a terceira fase na produção de blocos cerâmicos e
tem duas etapas: secagem e queima. Segundo OLIVEIRA apud SOARES et al. (2002),
o processo de secagem pode ser definido como a eliminação da água de conformação
através do ar aquecido e é considerada uma das fases mais delicadas do processo
produtivo. A umidade de extrusão dos produtos cerâmicos normalmente oscila entre
20% e 30% e, após a secagem, esta umidade residual deve estar abaixo de 5%.
A queima é a etapa fundamental na fabricação de blocos cerâmicos estruturais,
pois é nela que ocorrem a reações químicas para a formação do material cerâmico. Os
fornos são os equipamentos utilizados nesta etapa do processo e são classificados, de
acordo com o tipo de operação, em intermitentes e contínuos.
Segundo KINGERY et al. (1976), durante um processo de queima regular, os
grandes grãos de quartzo e outros minerais, normalmente não são afetados. As argilas
contêm uma quantidade de impurezas suficiente para que haja a pronta formação de
uma fase vítrea. A estrutura resultante consiste em grandes grãos de componentes
secundários envolvidos por uma matriz de grãos pequenos de mulita e partículas de
vidro. O pequeno tamanho dos grãos da matriz torna difícil a observação por
microscopia ótica.
A estrutura interna resultante está diretamente relacionada com a composição da
argila utilizada e com o processo de queima. Blocos que tenham passado por uma
queima insuficiente, apresentam uma grande quantidade de poros o que resulta em uma
baixa resistência e também afeta negativamente as demais propriedades. Produtos que
tenham sido excessivamente queimados tornam-se muito vítreos e, portanto, são muito
frágeis. Uma pequena quantidade de porosidades resulta em altas resistências à
compressão, entretanto, provoca a ruptura do bloco como um todo, de uma forma
explosiva e repentina, quanto submetido a esforços mecânicos. A insuficiência de poros
também impede a obtenção de uma boa aderência entre o bloco e a argamassa.
Tem-se, portanto, que executar uma queima ideal de forma a se conseguir um
bloco que apresente uma boa resistência à compressão e não seja tão frágil, rompendo
através da formação de fissuras que possam ser acompanhadas. É importante, também, a
23
existência de uma determinada quantidade de poros que possa garantir uma boa
aderência com a argamassa.
A coloração dos blocos depende dos seus elementos constituintes. Normalmente o
ferro e o TiO
2
são os principais responsáveis pela cor que pode variar de amarelo a preto
dependendo de impurezas particulares presentes.
2.6 Caracterização dos materiais cerâmicos
2.6.1 Diagrama de fases
No equilíbrio, um sistema está em seu estado de energia livre mais baixo para
uma determinada composição de temperatura, pressão e outras condições impostas.
Quando um determinado conjunto de parâmetros de um sistema é fixado, apenas uma
combinação de fases poderá ser encontrada e a composição de cada uma dessas fases
poderá ser determinada. Os diagramas de equilíbrio de fases permitem de uma forma
clara, representar graficamente esta situação de equilíbrio e são uma ferramenta muito
importante para a caracterização dos sistemas cerâmicos. Eles mostram a composição de
cada fase presente, o número de fases presentes e a quantidade de cada fase presente na
condição de equilíbrio. Os componentes principais dos blocos cerâmicos são a alumina
(Al
2
O
3
) e a sílica (SiO
2
) formando, pois, um sistema Al
2
O
3
-SiO
2
. A figura (2.9) mostra
o diagrama de fases de um sistema Al
2
O
3
-SiO
2
.
24
Figura 2.9 – Diagrama de fases do sistema Al
2
O
3
-SiO
2.
Fonte Aksay and
Pask apud KINGERY et al. (1976).
Os blocos cerâmicos, normalmente têm uma composição de alumina variando
entre 35% e 55%. Dentro deste intervalo e desprezando as impurezas, as fases presentes
no equilíbrio para temperaturas abaixo de 1587°C, de acordo com o diagrama de fases
da figura (2.9), são a mulita e a sílica. A quantidade relativa destas fases varia de acordo
com a composição e provocam variações correspondentes nas propriedades dos blocos.
2.6.2 Microestrutura
Segundo VOORT (1984), uma determinação detalhada e precisa da
microestrutura dos materiais tem uma importância fundamental para a caracterização da
sua composição, estrutura e propriedades.
As propriedades dos materiais cerâmicos, assim como as de outros materiais, são
significativamente influenciadas por sua microestrutura. A observação da
microestrutura pode revelar características de fundamental importância no
comportamento e para a utilização dos blocos cerâmicos estruturais. Algumas das
25
características que contribuem para a resistência e praticamente todas as que iniciam o
processo de falha mecânica podem ser identificadas através do estudo da microestrutura
de um material.
Segundo KINGERY et al. (1976), um fato importante no estudo dos materiais
cerâmicos é que suas propriedades são determinadas não só pela composição e estrutura
das fases presentes, mas também pelo arranjo entre essas fases. A distribuição de fases
ou microestrutura nos produtos finais depende das técnicas de fabricação, matérias
primas, relações de equilíbrio de fases, crescimento dos grãos e processo de queima.
O estudo da microestrutura se baseia essencialmente na capacidade de diferenciar
materiais que tenham diferente composição química, estrutura e orientação. Através
deste estudo, podemos determinar as seguintes características:
A quantidade e identificação das fases presentes, incluindo a porosidade;
A quantidade relativa de cada fase presente;
Características de cada fase como tamanho, forma e orientação.
Segundo KINGERY et al. (1976), os poros, que são uma das fases presentes em
grande parte dos materiais cerâmicos, podem ocorrer com uma grande diversidade de
tamanho, forma e distribuição.
As características dos poros são determinantes no processo de ruptura de um
material uma vez que é a partir dos poros que se inicia o processo de nucleação e
propagação de trincas.
Existem diferentes técnicas para a observação da microestrutura dos materiais
sendo as duas principais a microscopia ótica e a microscopia eletrônica de varredura.
26
3 Materiais e métodos
3.1 Ensaios dos blocos cerâmicos estruturais
Foram utilizados dezoito blocos cerâmicos estruturais comerciais (figura 3.1) com
dimensões nominais de 140 x 290 x 190 (largura, comprimento e altura em mm) que
foram numerados de 0 a 17. Os blocos foram retirados de uma mesma fornada, tendo
sua origem em uma fábrica de blocos cerâmicos localizada no município de Jaguaruana,
estado do Ceará, Brasil. No anexo (B) podem-se verificar detalhadamente as
especificações do processo de fabricação. Os blocos foram selecionados levando-se em
conta características visuais. Foram escolhidos os que não apresentavam defeitos
sistemáticos como trincas, quebras, superfícies irregulares, deformações e indícios de
uma queima inadequada.
Figura 3.1 – Bloco cerâmico estrutural utilizado.
Convém mencionar, para uma melhor identificação dos blocos, que eles são
semelhantes (forma e dimensões) aos blocos Selecta (blocos produzidos pela Selecta,
hoje, Uralita, que se tornaram referência a nível nacional).
3.1.1 Determinação das características geométricas
A determinação das características geométricas dos blocos foi realizada
experimentalmente de acordo de acordo com o projeto de norma NBR XX03/2003 –
REV. 23 (2004).
27
3.1.1.1 Determinação dos valores médios dos comprimentos das faces
Os valores médios dos comprimentos das faces foram determinados para os
dezoito blocos. Foi utilizado um paquímetro com precisão de 0,1mm. Os valores para a
largura (L), altura (H) e comprimento (C) foram obtidos fazendo-se duas medidas em
cada bloco nos pontos indicados nas figuras (3.2), (3.3) e (3.4).
Figura 3.2 – Locais onde foram feitas as medições da largura (L) dos blocos.
Figura 3.3 – Locais onde foram feitas as medições da altura (H) dos blocos.
28
Figura 3.4 – Locais onde foram feitas as medições do comprimento (C) dos
blocos.
3.1.1.2 Determinação do desvio em relação ao esquadro
O desvio em relação ao esquadro (D) foi determinado para os dezoito blocos.
Foram utilizados um esquadro metálico e uma régua metálica com precisão de 0,5mm.
Os valores foram obtidos fazendo-se uma medida em cada bloco conforme a figura
(3.5).
Figura 3.5 – Esquema de medida do desvio em relação ao esquadro (D).
29
3.1.1.3 Determinação da planeza das faces
A planeza das faces (F) foi determinada para os dezoito blocos. Foram utilizados
um esquadro metálico e uma régua metálica com precisão de 1mm. Os valores foram
obtidos fazendo-se uma medida em cada bloco conforme a figura (3.6).
Figura 3.6 – Esquema de medida da planeza das faces (F).
3.1.1.4 Determinação da área líquida
O ensaio de determinação da área líquida foi realizado em cinco blocos (13 a 17).
Os blocos foram saturados através da imersão em água fervente por duas horas como
mostrado na figura (3.7). Depois de saturados, foram enxutos superficialmente com um
pano úmido e pesados obtendo-se a massa saturada M
u
. Posteriormente foram pesados
imersos em água à temperatura de 25°C obtendo-se a massa aparente M
a
.
A área líquida expressa em cm
2
de cada bloco foi então calculada pela equação
(3.1), a seguir:
H
MM
A
au
liq
=
γ
(3.1)
Onde:
A
liq
- área líquida em cm
2
M
u
- massa do bloco saturado, em g.
M
a
- massa aparente do bloco, em g.
H - altura do bloco, em cm.
γ - massa específica da água, g/cm
3
, adotando-se igual a 1.
30
Figura 3.7 - Ensaio de área líquida: blocos imersos em água fervente.
3.1.1.5 Determinação da área bruta
A área bruta dos blocos foi determinada pela multiplicação dos valores médios
obtidos para a largura e comprimento de cada um dos 18 blocos.
3.1.2 Determinação da resistência à compressão
A resistência à compressão foi determinada para os dezoito blocos, os quais foram
submetidos à compressão até a ruptura, na direção dos furos, como se mostra na figura
(3.8). Foi utilizada uma máquina hidráulica para testes em materiais VEB-
Werkstoffprüfmaschinen-Leipzig, modelo 265/6 com capacidade nominal de carga de
3000 kN.
31
Figura 3.8 - Ensaio de determinação da resistência à compressão dos
blocos.
Os ensaios foram realizados de acordo com o projeto de norma NBR XX03/2003
– REV. 23 (2004). As faces de aplicação do carregamento foram regularizadas com
capeamento de enxofre.
3.1.3 Caracterização da microestrutura
As amostras analisadas para a caracterização da microestrutura foram retiradas de
três blocos após a realização do ensaio de ruptura à compressão. Os blocos foram
selecionados da seguinte forma:
Bloco 5 - foi o que resistiu à maior carga no ensaio de ruptura à compressão;
Bloco 7 - foi o que resistiu à menor carga no ensaio de ruptura à compressão;
Bloco 2 - foi o que resistiu a uma carga próxima da média no ensaio de ruptura à
compressão.
Além destas foram analisadas amostras do bloco 0, retiradas antes do ensaio de
ruptura à compressão.
Para cada um dos blocos selecionados foram retiradas três amostras de acordo
com os três sentidos indicados na figura (3.9). Procurou-se observar cada uma das três
direções possíveis de orientação do material nos blocos. Retirou-se, portanto, três
amostras por bloco, perfazendo um total de doze amostras analisadas.
32
Figura 3.9 - Esquema usado para retirada das amostras.
De acordo com a figura (3.9) tem-se:
Corte vertical A-A: As amostras foram preparadas de forma a se observar
uma área pertencente a um plano paralelo à face de 29x19cm do bloco e,
portanto, paralela à direção de extrusão;
Corte vertical B-B: As amostras foram preparadas de forma a se observar
uma área pertencente a um plano paralelo à face de 14x19cm do bloco e,
portanto, paralela à direção de extrusão;
Corte horizontal C-C: As amostras foram preparadas de forma a se
observar uma área pertencente a um plano paralelo à face de 14x29cm do
bloco e, portanto, perpendicular à direção de extrusão;
Cada uma das amostras foi embutida em Bakelite e posteriormente lixada com
lixas 220, 320, e 600 por um período de cinco minutos para cada uma. Não foi
necessário realizar qualquer tipo de ataque químico, pois as fases presentes puderam ser
bem diferenciadas em microscópio ótico após o processo de lixamento.
As observações foram feitas em um microscópio ótico Olympus BX51M, com
uma ampliação de 100X, equipado com câmera Evolution LC Color modelo PL-A662
para captura das imagens. Para cada uma das amostras se capturou um conjunto de seis
A
A
B
B
C
C
DIREÇÃO DE EXTRUSÃO
14cm
29
cm
19cm
33
imagens (três em campo claro e três em campo escuro) de regiões diferentes totalizando
setenta e duas micrografias.
O estudo quantitativo da microestrutura dos blocos foi realizado através do
software “Image-Pro Plus
®
”. Cada uma das 72 micrografias foi quantificada sendo as
fotos em campo claro usadas para a quantificação da fase de sílica, e as fotos em campo
escuro para a quantificação da fase dos poros.
A obtenção da composição química de pontos específicos das amostras foi
realizada através de análises de EDS “energy dispersion spectrometry” (espectroscopia
por dispersão de energia). Isto foi feito em equipamento acoplado a um microscópio
eletrônico de varredura Philips XL-30. Procurou-se realizar as análises de forma a
identificar a composição química das fases presentes e também de pontos que
apresentaram aspectos particulares. A distinção das fases e dos pontos particulares foi
feita pela coloração apresentada nas observações realizadas no microscópio eletrônico
de varredura com elétrons retroespalhados. Foi escolhida uma amostra de cada bloco na
qual foram feitas quatro medidas em pontos específicos da região observada. No total
realizaram-se, portanto, dezesseis análises de composição química.
3.2 Ensaios das argamassas
Utilizaram-se três traços de argamassa mista (cimento, cal e areia) que foram
dosados de maneira a se obter uma argamassa mais resistente (T1), uma com resistência
intermediária (T2) e uma menos resistente (T3). As argamassas foram preparadas com
cimento Portland CP II-Z-32RS, cal hidratada da classe CH-III e areia lavada de rio.
Devido à pequena dimensão das juntas de argamassa (10mm), a areia recebida foi seca
em estufa e posteriormente peneirada de forma a se obter uma dimensão máxima
característica dos grãos de 2,4 mm. Para a areia, também foi determinado o módulo de
finura e o teor de material pulverulento.
Na produção de cada traço, todos os constituintes foram medidos em massa e
misturados em betoneira. As características de cada traço utilizado são apresentadas na
tabela (3.1). A quantidade de água utilizada foi a necessária para garantir uma
trabalhabilidade semelhante à utilizada em obra, de acordo com a avaliação de um
pedreiro experiente.
34
Tabela 3.1 – Características dos traços de argamassa utilizados.
Identificação
do traço
Traço em volume
(cimento:cal:areia)
Traço em peso
(cimento:cal:areia)
Fator água /cimento
(litros/kg)
T1 1:0,25:3 1:0,089:3,214 0,762
T2 1:0,5:4,5 1:0,179:4,821 1,048
T3 1:1:6 1:0,357:6,429 1,474
Para cada traço de argamassa foram moldados quatro corpos de prova cilíndricos
com 50mm de diâmetro por 100mm de altura perfazendo um total de 12 corpos de
prova. A moldagem foi feita de acordo com a NBR 7215 (1996), imediatamente após a
mistura de cada traço. Posteriormente, os corpos de prova foram deixados em ambiente
laboratorial até a idade de realização dos ensaios de determinação da resistência à
compressão, como recomenda a NBR 13279 (1995
). Para cada corpo de prova foi
determinado o diâmetro através da média de duas medidas realizadas em posições
ortogonais de seu terço médio. Para as medidas, foi utilizado um paquímetro com
precisão de 0,1mm
.
3.2.1 Determinação da resistência à compressão
A resistência à compressão foi determinada para os quatro corpos de prova de
cada traço. Eles foram submetidos à compressão em uma máquina universal para
ensaios mecânicos, marca Instron, modelo 8802, com capacidade nominal de carga de
250 kN.
Os ensaios foram realizados aos 28 dias e de acordo com a NBR 13279 (1995) As
faces de aplicação do carregamento foram regularizadas com capeamento de enxofre.
3.3 Ensaios dos prismas
Para cada traço de argamassa foram moldados três prismas de dois blocos
perfazendo um total de 9 corpos de prova. O preparo, assentamento e cura dos prismas
foram feitos de acordo com as prescrições do projeto de norma NBR XX03/2003 –
REV. 23 (2004).
A moldagem foi feita logo após a mistura da argamassa tendo todos os prismas
sido executados por um mesmo pedreiro com experiência comprovada em alvenaria
estrutural. A espessura das juntas foi controlada para que ficassem com 10±3mm.
Depois de moldados, os prismas foram deixados em ambiente laboratorial até a idade de
realização dos ensaios de determinação da resistência à compressão.
35
3.3.1 Determinação da resistência à compressão
A resistência à compressão foi determinada para os três prismas executados com
cada traço de argamassa. Os prismas foram submetidos à compressão até a ruptura, na
direção dos furos, como se mostra na figura (3.10). Foi utilizada uma máquina
hidráulica para testes em materiais VEB-Werkstoffprüfmaschinen-Leipzig, modelo
265/6 com capacidade nominal de carga de 3000 kN.
Os ensaios foram realizados aos 28 dias e de acordo com as prescrições do
projeto de norma NBR XX03/2003 – REV. 23 (2004). Para a regularização das faces de
aplicação do carregamento, os blocos foram capeados com enxofre.
Figura 3.10 - Ensaio de determinação da resistência à compressão dos
prismas.
3.4 Ensaios dos prismas contrafiados
Para cada traço de argamassa foram moldados três prismas contrafiados com um
bloco e meio de comprimento por três fiadas de altura, totalizando 9 corpos de prova. O
preparo, assentamento e cura dos prismas contrafiados foram feitos de acordo com as
prescrições do projeto de norma NBR XX03/2003 – REV. 23 (2004).
Os prismas contrafiados foram moldados logo após a mistura da argamassa, por
um mesmo pedreiro com experiência comprovada em alvenaria estrutural. A espessura
das juntas foi controlada para que ficassem com 10±3mm. Depois de moldados os
36
prismas contrafiados foram deixados em ambiente laboratorial até a idade de realização
dos ensaios de determinação da resistência à compressão.
3.4.1 Determinação da resistência à compressão
A resistência à compressão foi determinada para os três prismas contrafiados
executados para cada traço de argamassa. Os prismas contrafiados foram submetidos à
compressão até a ruptura, na direção dos furos, como se mostra na figura (3.11). Foi
utilizada uma máquina hidráulica para testes em materiais VEB-
Werkstoffprüfmaschinen-Leipzig, modelo 265/6 com capacidade nominal de carga de
3000 kN.
Os ensaios foram realizados aos 28 dias e de acordo com as prescrições do
projeto de norma NBR XX03/2003 – REV. 23 (2004). As faces de aplicação do
carregamento foram regularizadas com capeamento de enxofre.
Figura (3.11) - Ensaio de determinação da resistência à compressão dos
prismas contrafiados.
37
4 Resultados e discussões
4.1 Ensaios dos blocos cerâmicos estruturais
São apresentados a seguir os resultados obtidos nos ensaios realizados nos blocos
cerâmicos estruturais.
4.1.1 Características geométricas
4.1.1.1 Valores médios dos comprimentos das faces
Os valores individuais e médios obtidos para a largura, altura e comprimento dos
blocos são apresentados na tabela (4.1), tabela (4.2) e tabela (4.3).
Tabela 4.1 – Largura dos blocos.
Bloco Largura (mm)
Medida 1 Medida 2 Média
0 135,7 136,1 135,9
1 135,2 136,4 135,8
2 134,6 135,5 135,1
3 137,0 135,8 136,4
4 136,6 135,5 136,1
5 134,4 135,1 134,8
6 135,7 136,8 136,3
7 134,7 135,9 135,3
8 136,6 135,7 136,2
9 135,4 136,1 135,8
10 135,1 136,0 135,6
11 137,2 136,6 136,9
12 137,4 137,5 137,5
13 136,7 137,3 137,0
14 137,2 136,2 136,7
15 137,4 136,1 136,8
16 136,2 135,5 135,8
17 136,2 135,0 135,6
Largura Média 136,1
Desvio Padrão 0,7
38
Tabela 4.2 – Altura dos blocos.
Bloco Altura (mm)
Medida 1 Medida 2 Média
0 189,8 190,1 190,0
1 190,5 188,0 189,3
2 187,0 190,0 188,5
3 191,0 191,0 191,0
4 190,0 190,0 190,0
5 189,0 190,0 189,5
6 190,0 190,0 190,0
7 189,0 188,5 188,8
8 190,0 190,0 190,0
9 191,0 190,0 190,5
10 188,0 189,0 188,5
11 189,5 191,0 190,3
12 191,0 191,0 191,0
13 188,6 188,7 188,7
14 189,3 189,7 189,5
15 189,8 188,8 189,3
16 188,1 187,8 188,0
17 188,6 189,5 189,0
Altura Média 189,5
Desvio Padrão 0,9
Tabela 4.3 – Comprimento dos blocos.
Bloco Comprimento (mm)
Medida 1 Medida 2 Média
0 285,3 286,4 285,9
1 282,0 283,0 282,5
2 282,0 281,0 281,5
3 286,0 285,0 285,5
4 283,0 280,0 281,5
5 279,0 279,0 279,0
6 282,0 283,0 282,5
7 283,5 284,0 283,8
8 285,0 286,0 285,5
9 284,0 284,0 284,0
10 284,0 282,0 283,0
11 286,0 285,0 285,5
12 288,0 288,0 288,0
13 284,0 284,5 284,3
14 286,2 283,0 284,6
15 285,2 285,2 285,2
16 284,0 284,3 284,2
17 283,1 283,4 283,2
Comprimento Médio 283,9
Desvio Padrão 2,0
39
Conforme o projeto de norma NBR XX02/2003 – REV. 16 (2003) as tolerâncias
dimensionais máximas de fabricação para a largura, altura e comprimento dos blocos
cerâmicos devem ser de ±3mm. Pode-se observar que os blocos não atenderam a essas
exigências tanto na largura (140±3mm) quanto no comprimento (290±3mm). Apenas a
altura ficou dentro dos limites exigidos (190±3mm). As variações dimensionais são um
problema sério nos blocos cerâmicos estruturais. GALLEGOS (1991), comenta que é
difícil se prever a retração dos produtos à base de argila. KIRABIRA (2003), recomenda
a adição de uma argila pré-queimada e triturada (grog) à massa de argila, para diminuir
a retração durante a secagem e a queima.
Esta falta de precisão dimensional invalida o conceito de modulação, que é
fundamental na alvenaria estrutural, levando à necessidade de ajustes para compensar a
imprecisão dos blocos. Estes ajustes são normalmente feitos com um aumento das
juntas de argamassa e dos revestimentos. Isto prejudica a qualidade final das alvenarias
tanto no aspecto econômico, pois será necessário um volume maior de argamassa,
quanto no aspecto estrutural com um pior funcionamento do sistema e um aumento do
peso total da estrutura. Felizmente, a altura dos blocos ficou dentro dos limites exigidos,
pois a execução de juntas horizontais mais espessas tem um efeito muito negativo sobre
o desempenho estrutural do sistema. Segundo GALLEGOS (1991), um aumento da
junta de argamassa de 10mm para 15mm e 20mm provoca respectivamente uma
redução de 30% e 50% na resistência do prisma. OLIVEIRA (2002), encontrou uma
redução de 40% na resistência do prisma quando a junta de argamassa foi aumentada de
10mm para 20mm.
4.1.1.2 Desvio em relação ao esquadro
Os valores obtidos para o desvio em relação ao esquadro dos blocos são
apresentados na tabela (4.4).
40
Tabela 4.4 – Desvio em relação ao esquadro dos blocos.
Bloco Nº Desvio (mm)
0 1,8
1 1,5
2 3,3
3 2,3
4 1,3
5 1,9
6 1,5
7 1,1
8 0,4
9 0,1
10 1,8
11 1,7
12 1,3
13 0,5
14 2,0
15 0,4
16 2,1
17 2,5
Média 1,5
Desvio Padrão 0,8
Conforme o projeto de norma NBR XX02/2003 – REV. 16 (2003) as tolerâncias
dimensionais máximas de fabricação para o desvio em relação ao esquadro dos blocos
cerâmicos devem ser de ±3mm. Pode-se observar que os blocos atenderam a esse
requisito.
4.1.1.3 Planeza das faces
Os valores obtidos para planeza das faces dos blocos são apresentados na tabela
(4.5).
41
Tabela 4.5 – Planeza das faces dos blocos.
Bloco Nº Planeza (mm)
0 0,3
1 0,0
2 0,5
3 0,0
4 0,5
5 0,0
6 0,0
7 0,0
8 0,0
9 0,0
10 0,5
11 0,0
12 0,0
13 0,0
14 0,4
15 0,1
16 0,2
17 0,0
Média 0,1
Desvio Padrão 0,2
Conforme o projeto de norma NBR XX02/2003 – REV. 16 (2003) as tolerâncias
dimensionais máximas de fabricação para planeza das faces dos blocos cerâmicos
devem ser de ±3mm. Pode-se observar que os blocos atenderam a esta exigência.
4.1.1.4 Área líquida
Os blocos ensaiados apresentaram as áreas líquidas que são mostradas na tabela
(4.6).
Tabela 4.6 – Área líquida dos blocos.
Bloco M
u
M
a
Área Líquida
Nº (g) (g) (cm
2
)
13 6527 3563 157
14 6643 3632 159
15 6720 3715 159
16 6531 3646 153
17 6510 3653 151
Média 155,9
Desvio Padrão 3,4
Não existe nenhum padrão de valores exigidos pelas normas para a área líquida.
Este é um dado importante utilizado para a classificação e caracterização dos blocos.
42
4.1.1.5 Área bruta
Os resultados obtidos para a área bruta dos blocos na tabela (4.7).
Tabela 4.7 – Área bruta dos blocos.
Bloco Nº Área Bruta (cm
2
)
0 388,5
1 383,6
2 380,2
3 389,4
4 383,0
5 376,0
6 384,9
7 383,9
8 388,7
9 385,5
10 383,6
11 390,8
12 395,9
13 389,4
14 389,0
15 390,0
16 386,0
17 384,1
Média 386,3
Desvio Padrão 4,5
Assim como para área líquida, não existe nenhum padrão de valores exigidos
pelas normas para a área bruta. Este é um dado importante utilizado para a classificação
e caracterização dos blocos.
Com base na área líquida média e na área bruta média obtida podemos, então,
calcular a razão “área líquida / área bruta” para os blocos:
40,0
3,386
9,155
ruta
==
bÁrea
líquidaÁrea
De acordo com valor obtido para a razão “área líquida / área bruta”, o projeto de
norma NBR XX02/2003 – REV. 16 (2003) classifica os blocos estudados como blocos
cerâmicos estruturais de paredes vazadas. Pode-se também recomendar o uso do valor
obtido como o fator a ser utilizado para a razão “área líquida / área bruta” na elaboração
de projetos de alvenaria estrutural com o bloco estudado.
43
4.1.2 Resistência à compressão
Os resultados obtidos para a resistência à compressão dos blocos na área bruta são
apresentados na tabela (4.8).
Tabela 4.8 – Carga de ruptura e resistência à compressão dos blocos.
Bloco Carga de Ruptura Resistência à Compressão
Nº (kN) (MPa)
0 810,0 20,9
1 575,0 15,0
2 560,0 14,7
3 570,0 14,6
4 555,0 14,5
5 840,0 22,3
6 510,0 13,2
7 370,0 9,6
8 535,0 13,8
9 625,0 16,2
10 530,0 13,8
11 530,0 13,6
12 465,0 11,7
13 625,0 16,0
14 410,0 10,5
15 390,0 10,0
16 640,0 16,6
17 475,0 12,4
Média 556,4 14,4
Desvio Padrão 124,7 3,3
Coef. de Variação (%) 22,4 23,0
GALLEGOS apud OLIVEIRA (2002) recomenda como limite aceitável o valor
máximo de 9% para o coeficiente de variação da resistência à compressão de unidades
de alvenaria submetidas à compressão simples. O coeficiente de variação de 23,0%
obtido indica falta de homogeneidade dos blocos. Com base nesta constatação, pode-se
esperar também uma falta de homogeneidade nas demais propriedades dos blocos
cerâmicos estruturais estudados.
4.1.3 Caracterização da microestrutura
As figuras (4.1), (4.2), e (4.3) apresentam as micrografias feitas para o bloco 7,
onde se mostram características gerais observadas em todas as amostras analisadas. As
demais micrografias realizadas podem ser encontradas no anexo (A).
44
Figura 4.1 - Micrografia 1 do bloco 7, corte AA, em campo escuro com um
aumento de 100X.Matriz de cor alaranjada (1), inclusões de sílica de
diversos tamanhos (2) e uma quantidade de poros muito pequena sem uma
orientação preferencial (3).
Figura 4.2 - Micrografia 2 do bloco 7, corte BB, em campo escuro com um
aumento de 100X. Matriz de cor alaranjada (1), inclusões de sílica de
diversos tamanhos (2) e uma grande quantidade de poros alongados (3), na
direção de extrusão do bloco (4).
45
Figura 4.3 - Micrografia 2 do bloco 7, corte CC, em campo escuro com um
aumento de 100X. Matriz de cor alaranjada (1), inclusões de sílica de
diversos tamanhos (2) e uma grande quantidade de poros alongados (3), na
direção paralela ao comprimento do bloco (4).
Pôde-se observar nas micrografias feitas dos cortes B-B e cortes C-C, figuras (4.2)
e (4.3) respectivamente, a existência de uma matriz onde se detectou através de EDS,
apresentados nas figuras (4.14), (4.15), (4.16) e (4.17), a presença de O, Na, Al, Si, K,
Ca, Mg, Fe e Ti. Nota-se também a existência de poros alongados na direção de
extrusão, paralelamente ao comprimento dos blocos e uma grande quantidade de
inclusões onde se detectou a presença de O e Si de acordo com os resultados de EDS
apresentados nas figuras (4.14), (4.15), (4.16) e (4.17).
As micrografias feitas dos cortes A-A, figura (4.1), mostram a existência da
matriz, uma grande quantidade de inclusões da fase de sílica e uma quase total
inexistência de porosidades. Na realidade, constatou-se, de acordo com as observações
dos cortes B-B e C-C, que, nos cortes A-A as amostras foram retiradas paralelamente
aos poros. Estes se revelaram bem achatados e, portanto, quando visualizados sob este
ângulo, não são facilmente identificados, pois estão sendo seccionadas
longitudinalmente.
O formato e disposição dos poros caracterizam uma estrutura interna que favorece
a formação de um conjunto de planos paralelos preferenciais de ruptura ao longo da
direção de extrusão e paralelos ao comprimento dos blocos quando estes são
46
comprimidos. Na figura (4.4) apresenta-se esquematicamente a disposição dos poros
nos blocos e na figura (4.5) propõe-se um esquema teórico de formação de planos de
ruptura.
47
(a) (b)
(c)
(d)
Figura 4.4 - Representação esquemática da disposição dos poros nos blocos;
(a) segundo o corte B-B; (b) segundo o corte C-C; (c) segundo o corte A-A;
(d) Disposição dos poros nos blocos.
Direção da
extrusão
Direção
paralela ao
comprimento
do bloco
48
Figura 4.5 - Esquema teórico proposto para a formação de planos de ruptura.
Quando os blocos são submetidos a esforços de compressão, a região entre os
poros fica sujeita a uma concentração de tensões, nucleando trincas que acabam por
ligá-los como pode ser visto na figura (4.6). Ocorre, portanto, a formação de camadas
ou planos fazendo com que haja a ruptura através da sua separação.
Figura 4.6 - Esquema de nucleação e propagação das trincas entre os
poros.
Pôde se constatar, nos ensaios de ruptura à compressão, que os blocos romperam
pela formação de grandes trincas verticais com a separação de grandes pedaços e muitas
49
vezes com o descolamento de outros menores. Isto ocorreu sempre ao longo da altura e
na direção de extrusão dos blocos, deixando evidente a formação efetiva de diversas
camadas ou planos de ruptura, como pode ser visto nas figuras (4.7) e (4.8).
Figura 4.7 - Bloco rompido por compressão. A ruptura se deu segundo um
plano vertical, pela separação de “camadas”.
Figura 4.8 – Detalhe da Formação de fissuras verticais em um pedaço de
bloco rompido à compressão (uma caixa de fósforos foi colocada para efeito
de escala).
50
A formação dos planos preferenciais de ruptura devida ao formato e disposição
dos poros encontrados explica porque os blocos cerâmicos apresentam eficiências bem
menores que os blocos de concreto, quando inseridos no contexto de um prisma (f
p
/f
b
)
ou de uma parede (f
par
/f
b
).
As três amostras retiradas do bloco antes do ensaio de ruptura à compressão,
revelaram uma microestrutura semelhante à das nove amostras que foram retiradas dos
três blocos após o ensaio evidenciando que o formato e a disposição dos poros não
foram alterados pelo processo de carregamento. Isto confirma a característica frágil do
material.
A seguir, nas figuras (4.9), (4.10), (4.11) e (4.12) são apresentadas micrografias
típicas, com os respectivos tratamentos de imagem, que foram utilizadas para a
quantificação das fases presentes nos blocos cerâmicos estruturais.
51
Figura 4.9 – Micrografia do Bloco 7, corte BB em campo claro (100X) para
a quantificação da fase de sílica.
Figura 4.10 – Imagem da Micrografia do Bloco 7, corte BB em campo claro
(100X) filtrada para destacar a fase de sílica.
52
Figura 4.11 - Micrografia do Bloco 7, corte BB em campo escuro (100X)
para a quantificação da fase de poros.
Figura 4.12 - Imagem da Micrografia do Bloco 7, corte BB em campo
escuro (100X) filtrada para destacar a fase de poros.
53
O gráfico da figura (4.13) mostra os resultados obtidos para a fração volumétrica
das fases nos blocos 2, 5 e 7 a partir da média dos valores obtidos em cada uma das
micrografias feitas para esses blocos.
Figura 4.13 – Fração volumétrica das fases presentes nos blocos 2, 5 e 7.
Obteve-se, portanto, que:
O bloco 7, que registrou a menor resistência à compressão nos ensaios
realizados (370 kN), apresenta o maior percentual da fase de poros (7,0%),
o maior percentual da fase de sílica (16,7%) e o menor percentual da fase
matriz (78,7%);
O bloco 5, que registrou a maior resistência à compressão nos ensaios
realizados (840 kN), apresenta um percentual intermediário da fase de
poros (6,0%), o menor percentual da fase de sílica (11,8%) e o maior
percentual da matriz (84,3%);
O bloco 2, que registrou uma resistência à compressão próxima da média
nos ensaios realizados (560 kN), apresenta o menor percentual da fase de
poros (4,6%), um percentual intermediário da fase de sílica (14,2%) e
percentual intermediário matriz (82,7%);
FRAÇÃO VOLUMÉTRICA DAS FASES
4,6%
6,0%
7,0%
14,2%
11,8%
16,7%
82,7%
84,3%
78,7%
0,0% 20,0% 40,0% 60,0% 80,0% 100,0%
BLOCO 2
BLOCO 5
BLOCO 7
POROS LICA MATRIZ
54
A partir dos resultados obtidos têm-se as seguintes indicações:
A matriz está relacionada de forma direta com a resistência à compressão
dos blocos influenciando-a de forma positiva, ou seja, quanto maior a
quantidade desta fase, maior a resistência à compressão do bloco e vice
versa.
A fase de sílica está relacionada de forma direta com a resistência à
compressão dos blocos influenciando-a de forma negativa, ou seja, quanto
maior a quantidade desta fase, menor a resistência à compressão do bloco
e vice versa.
A fase de poros, do ponto de vista quantitativo, está relacionada de forma
secundária com a resistência à compressão dos blocos influenciando-a de
forma negativa. O bloco 7, que registrou a menor resistência à compressão
apresentou o maior percentual de poros, o que justifica a influência
negativa, entretanto, houve uma inversão entre os blocos 2 e 5. O bloco 5,
que teve a maior resistência à compressão apresentou um percentual
intermediário de poros e o bloco 2, que teve uma resistência intermediária
à compressão apresentou o menor percentual de poros, o que justifica uma
influência secundária.
A relação secundária dos poros, do ponto de vista quantitativo, com a resistência à
compressão dos blocos, significa que a resistência à compressão dos blocos é menos
sensível a uma alteração da quantidade dos poros, do que a uma alteração no seu
formato e orientação, que, como foi visto, governam o mecanismo de ruptura dos blocos
cerâmicos estruturais.
A tabela (4.9) mostra os resultados obtidos para o tamanho das inclusões da fase
de sílica para os blocos 2, 5 e 7 a partir da média dos valores obtidos em cada uma das
micrografias.
55
Tabela 4.9 – Tamanho das inclusões da fase de sílica para os blocos 2, 5 e 7.
Obteve-se, portanto, que:
O bloco 7, que registrou a menor resistência à compressão nos ensaios
realizados (370 kN), apresenta os maiores valores médios para o tamanho
das inclusões da fase de sílica tanto no eixo menor (9,1µm), como no eixo
maior (18,0µm). Também apresenta os maiores desvios padrão, no eixo
menor (10,3µm) e no eixo maior (19,8µm);
O bloco 5, que registrou a maior resistência à compressão nos ensaios
realizados (840 kN), apresenta os menores valores médios para o tamanho
das inclusões da fase de sílica tanto no eixo menor (7,6µm), como no eixo
maior (14,8µm). Também apresenta os menores desvios padrão, no eixo
menor (8,7µm) e no eixo maior (15,3µm);
O bloco 2, que registrou uma resistência à compressão próxima da média
nos ensaios realizados (560 kN), apresenta valores médios intermediários
para o tamanho das inclusões da fase de sílica tanto no eixo menor
(8,0µm), como no eixo maior (15,4µm). Também apresenta desvios
padrão intermediários, no eixo menor (9,6µm) e no eixo maior (17,2µm);
A partir dos resultados obtidos têm-se as seguintes indicações:
O tamanho das inclusões da fase de sílica está relacionado de forma direta
com a resistência à compressão dos blocos influenciando-a de forma
negativa, isto é, quanto maior for esse tamanho, menor a resistência à
compressão e vice versa.
A uniformidade do tamanho das inclusões da fase de sílica está
relacionada de forma direta com a resistência à compressão dos blocos
influenciando-a de forma positiva, isto é, quanto mais uniformes forem os
tamanhos dessas inclusões, maior a resistência à compressão e vice versa.
INCLUSÕES DA FASE DE SÍLICA
MÍNIMO MÁXIMO MÉDIO DESVIO PADRÃO
5,1 221,0 15,4 17,2
EIXO MAIOR (µm)
BLOCO 2
2,4 116,0 8,0 9,6
EIXO MENOR (µm)
5,1 185,2 14,8 15,3
EIXO MAIOR (µm)
BLOCO 5
2,4 106,5 7,6 8,7
EIXO MENOR (µm)
5,1 213,7 18,0 19,8
EIXO MAIOR (µm)
BLOCO 7
2,4 129,6 9,1 10,3
EIXO MENOR (µm)
56
Além disso, a razão média EIXO MAIOR/EIXO MENOR encontrada para as
inclusões da fase de sílica foi de 2,0. Isto significa que as inclusões da fase de sílica, na
média, apresentaram uma maior dimensão, aproximadamente igual ao dobro da menor
dimensão, caracterizando um formato ligeiramente alongado.
A tabela (4.10) mostra os resultados obtidos para o tamanho dos poros para os
blocos 0, 2, 5 e 7 a partir da média dos valores obtidos em cada uma das micrografias
realizadas. O bloco 0, cujas amostras foram retiradas antes do ensaio de ruptura à
compressão, foi estudado para que se pudesse avaliar se seus poros apresentavam
diferenças em relação aos dos blocos cujas amostras foram retiradas após este ensaio (2,
5 e 7).
Tabela 4.10 – Tamanho dos poros para os blocos 0, 2, 5 e 7.
Obteve-se, portanto, que:
O bloco 7, que registrou a menor resistência à compressão nos ensaios
realizados (370 kN), apresenta os maiores valores médios para o tamanho
dos poros tanto no eixo menor (7,5µm), como no eixo maior (21,9µm).
Também apresenta os maiores desvios padrão, no eixo menor (6,3µm) e
no eixo maior (22,6µm);
O bloco 5, que registrou a maior resistência à compressão nos ensaios
realizados (840 kN), apresenta os menores valores médios para o tamanho
dos poros tanto no eixo menor (6,9µm), como no eixo maior (18,3µm).
Também apresenta o menor desvio padrão no eixo maior (18,0µm) e um
desvio padrão com valor intermediário no eixo menor (6,0µm);
POROS
MÍNIMO MÁXIMO MÉDIO DESVIO PADRÃO
5,6 139,7 17,4 16,1
EIXO MAIOR (µm)
BLOCO 0
2,4 46,7 6,7 5,5
EIXO MENOR (µm)
5,4 146,1 20,9 19,9
EIXO MAIOR (µm)
BLOCO 2
2,4 37,5 7,2 5,4
EIXO MENOR (µm)
5,1 164,2 18,3 18,0
EIXO MAIOR (µm)
BLOCO 5
2,4 60,0 6,9 6,0
EIXO MENOR (µm)
5,6 169,5 21,9 22,6
EIXO MAIOR (µm)
BLOCO 7
2,4 52,9 7,5 6,3
EIXO MENOR (µm)
57
O bloco 2, que registrou uma resistência à compressão próxima da média
nos ensaios realizados (560 kN), apresenta valores médios intermediários
para o tamanho dos poros tanto no eixo menor (7,2µm), como no eixo
maior (20,9µm). Também apresenta desvio padrão intermediário no eixo
maior (19,9µm) e o menor desvio padrão no eixo menor (5,4µm);
O bloco 0 apresenta, quando comparado com os blocos 2, 5 e 7, os
menores valores médios para o tamanho dos poros tanto no eixo menor
(6,7µm), como no eixo maior (17,4µm). Também apresenta o menor
desvio padrão no eixo maior (16,1µm) e um desvio padrão no eixo menor
(5,5µm) com valor muito próximo do menor que é de (5,4µm) no bloco 2;
A partir dos resultados obtidos têm-se as seguintes indicações:
O tamanho dos poros está relacionado de forma direta com a resistência à
compressão dos blocos influenciando-a de forma negativa, isto é, quanto
maior for esse tamanho, menor a resistência à compressão e vice versa.
A uniformidade do tamanho dos poros está relacionada de forma direta
com a resistência à compressão dos blocos influenciando-a de forma
positiva, isto é, quanto mais uniformes forem os tamanhos desses poros,
maior a resistência à compressão e vice versa. Não foi considerada a
pequena discrepância ocorrida para os resultados obtidos no desvio padrão
do eixo menor entre os blocos 2 e 5.
Os ensaios de resistência à compressão provocaram um aumento nas
dimensões dos poros dos blocos, tanto no eixo menor quanto no eixo
maior, bem como uma diminuição na sua uniformidade. O bloco 0 deveria
ter apresentado, com base em sua carga de ruptura (810 kN), dimensões e
desvio padrão para o tamanho dos poros, semelhantes aos que foram
encontradas para o bloco 5 se os ensaios de ruptura não tivessem
influência sobre este parâmetro. Portanto, o processo de fissuração
ocorrido quando os blocos foram submetidos a um carregamento até a
ruptura provocou um aumento permanente do tamanho dos poros como foi
observado nos blocos 2, 5 e 7 quando comparados ao bloco 0.
Além disso, a razão média EIXO MAIOR/EIXO MENOR encontrada para os
poros foi de 2,8. Isto significa que os poros, na média, apresentaram uma maior
dimensão, aproximadamente igual ao triplo da menor dimensão, caracterizando um
formato alongado.
58
São apresentadas nas figuras (4.14), (4.15), (4.16) e (4.17) as micrografias feitas
em microscópio eletrônico de varredura para os blocos 0, 2, 5 e 7 respectivamente, com
as indicações dos pontos onde foram realizadas as análises químicas. Também são
mostrados os espectros de EDS de cada ponto analisado.
59
(a)
(b)
(c)
(d) (e)
Figura 4.14 – Micrografia do bloco 0 (100X) indicando os pontos onde
foram feitas análises de composição química (a). Espectros de EDS do bloco
0 em quatro diferentes pontos. (b) Ponto A; (c) Ponto B; (d) Ponto C; (e)
Ponto D.
60
(a)
(b)
(c)
(d) (e)
Figura 4.15 – Micrografia do bloco 2 (100X) indicando os pontos onde
foram feitas análises de composição química (a). Espectros de EDS do bloco
2 em quatro diferentes pontos. (b) Ponto A; (c) Ponto B; (d) Ponto C; (e)
Ponto D.
61
(a)
(b) (c)
(d) (e)
Figura 4.16 – Micrografia do bloco 5 (100X) indicando os pontos onde
foram feitas análises de composição química (a). Espectros de EDS do bloco
5 em quatro diferentes pontos. (b) Ponto A; (c) Ponto B; (d) Ponto C; (e)
Ponto D.
62
(a)
(b)
(c)
(d) (e)
Figura 4.17 – Micrografia do bloco 7 (100X) indicando os pontos onde
foram feitas análises de composição química (a). Espectros de EDS do bloco
7 em quatro diferentes pontos. (b) Ponto A; (c) Ponto B; (d) Ponto C; (e)
Ponto D.
63
Para o bloco 0, as análises de composição química foram feitas de acordo com a
figura (4.14a):
Fase apresentando uma coloração cinza escuro - foram escolhidos os
pontos A e B onde se detectou a presença de O e Si de acordo com os
espectros de EDS apresentados nas figuras (4.14b) e (4.14c).
Locais apresentando uma coloração branca - foi escolhido o ponto C onde
se detectou a presença de O, Fe, Na, Mg, Al, Si, Ti e Ba de acordo com o
espectro de EDS apresentado na figura (4.14d).
Fase apresentando uma coloração cinza - foi escolhido o ponto D onde se
detectou a presença de O, Na, Al, Si, e K de acordo com o espectro de
EDS apresentado na figura (4.14e).
Para o bloco 2, as análises de composição química foram feitas de acordo com a
figura (4.15a):
Fase apresentando uma coloração cinza escuro - foram escolhidos os
pontos A, B e C onde se detectou a presença de O e Si de acordo com os
espectros de EDS apresentados nas figuras (4.15b), (4.15c) e (4.15d).
Fase apresentando uma coloração cinza - foi escolhido o ponto D onde se
detectou a presença de O, Na, Al, Si, e Ca de acordo com o espectro de
EDS apresentado na figura (4.15e).
Para o bloco 5, as análises de composição química foram feitas de acordo com a
figura (4.16a):
Fase apresentando uma coloração cinza escuro - foram escolhidos os
pontos A e B onde se detectou a presença de O e Si de acordo com os
espectros de EDS apresentados nas figuras (4.16b) e (4.16c).
Local apresentando uma coloração cinza claro - foi escolhido o ponto C
onde se detectou a presença de O, Fe, Al, Si, e Ca de acordo com o
espectro de EDS apresentado na figura (4.16d).
Fase apresentando uma coloração cinza - foi escolhido o ponto D onde se
detectou a presença de O, Fe, Na, Mg, Al, Si, K, Ca e Ti acordo com o
espectro de EDS apresentado na figura (4.16e).
Para o bloco 7, as análises de composição química foram feitas de acordo com a
figura (4.17a):
64
Fase apresentando uma coloração cinza escuro - foram escolhidos os
pontos A, B e C onde se detectou a presença de O e Si de acordo com os
espectros de EDS apresentados nas figuras (4.17b), (4.17c) e (4.17d).
Fase apresentando uma coloração cinza - foi escolhido o ponto D onde se
detectou a presença de O, Na, Al, Si, e K de acordo com o espectro de
EDS apresentado na figura (4.17e).
Segundo as análises químicas realizadas pôde-se constatar:
A existência de uma matriz (região cinza) composta basicamente por O,
Na, Al, Si que foram detectados em todos os blocos e K que só não foi
encontrado na matriz do bloco 2. O elemento Ca que foi encontrado na
matriz dos blocos 2 e 5 pode ser considerado como possível na matriz. O
Fe, Mg e Ti foram encontrados apenas na matriz do bloco 7, podendo ser
considerados como impurezas desta fase.
Uma grande quantidade de inclusões (região cinza escuro) dentro da
matriz compostas de O e Si que foram detectados em todas as análises
realizadas.
4.2 Ensaios das argamassas
A areia utilizada para o preparo das argamassas apresentou um módulo de finura
de 2,5 e um teor de material pulverulento de 4,5%.
Na tabela (4.11) apresenta-se a identificação de cada corpo de prova de argamassa
de acordo com o traço utilizado, bem como os valores médios obtidos para o diâmetro
de cada um.
65
Tabela 4.11 – Diâmetro médio dos corpos de prova de argamassa.
Traço Corpo de Prova Diâmetro
(mm)
T1A 50,2
T1B 50,0
T1C 50,0
T1
T1D 50,2
T2A 50,0
T2B 50,1
T2C 50,1
T2
T2D 50,2
T3A 50,0
T3B 50,0
T3C 49,9
T3
T3D 49,9
4.2.1 Resistência à compressão
Os resultados obtidos para a resistência à compressão dos corpos de prova de
argamassa são apresentados na tabela (4.12).
Tabela 4.12 – Resistência à compressão dos corpos de prova de argamassa.
Corpo de Prova Resistência à Compressão Média Desvio Padrão Coef. Var.
(MPa) (MPa) (MPa) (%)
T1A 14,9
T1B (*)
T1C 13,4
T1D 18,0
15,4 2,4 15,4
T2A 8,2
T2B 9,7
T2C 10,3
T2D 9,5
9,4 0,9 9,6
T3A 4,8
T3B 4,9
T3C 4,5
T3D 4,5
4,7 0,2 5,1
(*) Corpo de Prova descartado.
O corpo de prova T1B foi inutilizado devido a um problema na operação da
máquina de compressão durante o ensaio.
66
4.3 Ensaios dos prismas
4.3.1 Resistência à compressão
Os resultados obtidos para a resistência à compressão dos prismas na área bruta
são apresentados na tabela (4.13).
Tabela 4.13 – Resistência à compressão dos prismas na área bruta.
Corpo de Prova Resistência à Compressão Média Desvio Padrão Coef. Var.
(Mpa) (MPa) (MPa) (%)
P1A
9,7
P1B
10,9
P1C
8,5
9,7 1,2 12,0
P2A
7,5
P2B
8,0
P2C
7,9
7,8 0,3 3,5
P3A
5,2
P3B
5,4
P3C
4,7
5,1 0,4 7,8
Pode-se avaliar a dispersão dos valores de resistência à compressão de prismas
através do coeficiente de variação. Segundo ASTROZA apud OLIVEIRA (1990), os
coeficientes de variação inferiores a 10% podem ser considerados excelentes, entre 10 e
15% são considerados bons e entre 15 e 20% regulares. Valores acima de 20% excedem
o limite considerado aceitável para este tipo de amostragem. Como se pode observar na
tabela (4.13), o resultado de dispersão obtido para os prismas executados com o traço 1
de argamassa foi bom enquanto que os dos traços 2 e 3 foi excelente.
No gráfico da figura (4.18) está representada a relação entre resistência à
compressão dos prismas e a resistência à compressão das argamassas.
67
Figura 4.18 – Curva f
p
x f
a
para os três traços de argamassa utilizados.
A Expressão que melhor representou esta relação foi uma função polinomial do
segundo grau apresentada na equação (4.1).
38,190,002,0
2
+ f + f = f
aap
(4.1)
Os resultados demonstraram que quanto mais fraca a argamassa utilizada, menor
foi a resistência à compressão dos prismas (dentro do intervalo de traços ensaiados).
Isto ocorreu pelo fato de que quando bloco e argamassa trabalham em conjunto,
sob compressão, a argamassa deforma-se mais transversalmente e quanto mais fraca a
argamassa maior é a sua deformação transversal. De forma simplificada, em uma parede
com blocos e argamassa a solicitação dos componentes dá-se como no esquema
apresentado na figura (2.5). Como se pode observar, o bloco fica submetido, entre
outras, a uma tensão de tração perpendicular (σ
xb
) aos planos preferenciais de ruptura o
que potencializa e acelera a formação e separação entre esses planos com a conseqüente
ruptura do bloco. Isto fez com que o bloco (dentro do prisma) rompesse com um nível
de cargas de compressão menor quando foram utilizadas argamassas menos resistentes,
uma vez que as rupturas de todos os prismas ensaiados se deram nos blocos.
As figuras (4.19) e (4.20) mostram a ruptura de prismas pelo bloco através da
formação de grandes trincas verticais, com a separação de grandes pedaços e muitas
vezes com a descamação de outros menores, sempre ao longo da altura e na direção de
extrusão, deixando clara a formação de planos de ruptura. Os prismas de blocos
0
2
4
6
8
10
12
0 5 10 15 20
f
a
(MPa)
f
p
(MPa)
68
cerâmicos se mostraram, portanto, muito sensíveis às deformações da argamassa. Isto se
deve ao formato e disposição interna dos poros vista no item 4.1.3.
Figura 4.19 – Início de ruptura do prisma pelos blocos. Formação de trinca
vertical ao longo da direção de extrusão (1) e desprendimento de pequenos
pedaços (2).
Figura 4.20 – Ruptura do prisma pela formação de plano de ruptura
provocada pela tração no bloco com o desprendimento de um grande
pedaço.
69
A tabela (4.14) apresenta a influência que o aumento da resistência à compressão
das argamassas trouxe para a resistência à compressão dos prismas. Foram feitas
comparações entre as resistências das argamassas e dos prismas obtidas para todos os
traços utilizados.
Tabela 4.14 – Influência da resistência à compressão das argamassas na
resistência à compressão dos prismas.
Traços
comparados
Crescimento da resistência
da argamassa
(%)
Crescimento da
resistência do prisma
(%)
T2 e T1 63,4 24,3
T3 e T2 102,0 53,4
T3 e T1 230,1 90,7
Observa-se que o aumento da resistência à compressão das argamassas não
provocou um aumento da mesma grandeza na resistência à compressão dos prismas.
Teve-se uma transferência média de aumento de resistência de 43% evidenciando o
papel secundário da resistência das juntas de argamassa para resistência à compressão
dos prismas.
Na tabela (4.15) as tensões de trabalho das argamassas, no momento da ruptura
dos prismas, são comparadas com a resistência à compressão obtida para cada traço de
argamassa.
Tabela 4.15 – Fator de majoração da resistência à compressão da argamassa.
Traço da
argamassa
Resistência à
compressão da
argamassa
(MPa)
Tensão da argamassa
no momento da
ruptura do prisma
(MPa)
Fator de majoração da
resistência à compressão
da argamassa
T1 15,4 24,1 1,6
T2 9,4 19,4 2,0
T3 4,7 12,6 2,7
Pode-se observar que o confinamento lateral da junta de argamassa pelos blocos,
no prisma, provocou um aumento significativo na resistência à compressão da
argamassa. Para o traço T1 obteve-se um aumento de 60%, para o traço T2 o aumento
foi de 100% e para o traço T3 de 170%. A diminuição do fator de majoração da
argamassa com o aumento da sua resistência à compressão é um indicador de ruptura do
prisma pelo bloco. Isto ocorre, pois as argamassas mais resistentes exigem maiores
forças de confinamento lateral para terem a sua resistência majorada. O confinamento
70
lateral que o bloco pode exercer sobre a argamassa está limitado à resistência à tração
transversal do bloco. Como não se aumentou a resistência do bloco, não houve aumento
da capacidade de confinamento e, portanto, os blocos romperam, por tração, antes de
conseguirem majorar a resistência à compressão da argamassa.
Como todas as rupturas de prismas ocorreram pelos blocos, ainda se poderiam
obter maiores fatores de majoração da resistência à compressão da argamassa, caso
fossem utilizados blocos mais resistentes ou uma argamassa mais fraca que a do traço
T3.
Na tabela (4.16) são mostrados os resultados da eficiência dos prismas para cada
um dos traços utilizados.
Tabela 4.16 – Eficiência dos prismas.
Traço Eficiência do prisma (f
p
/f
b
)
T1 0,67
T2 0,54
T3 0,35
Os valores mostram uma perda significativa da eficiência do prisma com a
diminuição da resistência à compressão da argamassa. Também se observa o fato
importantíssimo da obtenção do fator de eficiência do prisma muito baixo para o traço
T3.
Na alvenaria estrutural de blocos cerâmicos deve-se, portanto, trabalhar com
argamassas mais resistentes, para que se possam conseguir os maiores fatores de
eficiência do prisma possíveis. Evidentemente que, a partir de um determinado valor de
resistência de argamassa, não se conseguirá mais aumentos na resistência e na eficiência
dos prismas. Este limite existe, pois sempre teremos para a argamassa, deformações
transversais maiores do que no bloco cerâmico. Estas deformações transversais da
argamassa fazem surgir tensões de tração no bloco, provocando a sua ruptura com uma
carga inferior àquela que o romperia quando trabalhando isoladamente (eficiência do
prisma 1). A maior eficiência do prisma encontrada foi com a utilização do traço T1
que apresentou uma resistência um pouco superior (15,4 MPa) à do bloco na área bruta
(14,4 MPa).
CAVALHEIRO E GOMES (2002) apresentam uma série de resultados de
ensaios de prismas de blocos cerâmicos estruturais onde os maiores valores de
eficiência do prisma foram alcançados quando a resistência à compressão da argamassa
é aproximadamente igual ou um pouco superior à resistência à compressão do bloco na
71
área bruta. MOHAMAD et al. (2002b) também chega a esta conclusão trabalhando,
entretanto, com blocos de concreto.
Deve-se procurar, portanto, retardar o aparecimento dos planos de ruptura no
bloco cerâmico com a diminuição da deformação transversal da argamassa. Sugere-se
que isto seja feito com a utilização de traços que gerem argamassas com resistência à
compressão igual à resistência à compressão do bloco na área bruta.
É fundamental se frisar que, devido ao formato e à disposição dos poros, na
alvenaria estrutural de blocos cerâmicos existe a possibilidade de se obterem fatores de
eficiência do prisma muito baixos, quando se usam argamassas muito fracas. Este fato
extremamente perigoso exige que se faça um controle rigoroso das argamassas
utilizadas a fim de se evitarem acidentes graves e inesperados em obras onde se utilizam
blocos cerâmicos estruturais.
Deduz-se que para se obter um comportamento menos frágil para a alvenaria
estrutural de blocos cerâmicos, isto é, onde a ruptura se dá na junta de argamassa ou
simultaneamente na junta e no bloco, ter-se-ia que trabalhar (propositalmente) com
argamassas de resistências muito baixas. Estas baixas resistências implicariam em
fatores de eficiência do prisma muito baixos e, portanto, com um aproveitamento muito
ruim da resistência dos blocos. Para que uma parede pudesse resistir a uma determinada
solicitação de compressão seria necessária a utilização de blocos que resistissem a
solicitações muito maiores. Esta é uma condição extremamente desfavorável ou até
inviável do ponto de vista econômico. Portanto, na alvenaria estrutural de blocos
cerâmicos se estará sempre trabalhando em um regime de ruptura frágil o que ressalta a
importância da utilização de armaduras construtivas.
4.4 Ensaios dos prismas contrafiados
4.4.1 Resistência à compressão
Os resultados obtidos para a resistência à compressão dos prismas contrafiados na
área bruta são apresentados na tabela (4.17).
72
Tabela 4.17 – Resistência à compressão dos prismas contrafiados na área
bruta.
Traço
Corpo de
Prova
Resistência à
Compressão
(MPa)
Média
(MPa)
Desvio Padrão
(MPa)
Coef. Var.
(%)
pcf 1A 7,3
pcf 1B 8,8
T1
pcf
1C 7,8
8,0 0,7 9,2
pcf 2A 5,2
pcf 2B 5,6
T2
pcf
2C 6,4
5,7 0,6 10,6
pcf 3A 3,5
pcf 3B 3,5
T3
pcf
3C 3,8
3,6 0,2 5,0
Como se pode observar, os resultados obtidos apresentaram pequena dispersão
com coeficientes de variação menores do que 11%. Isto demonstra uma homogeneidade
no processo de confecção dos prismas contrafiados garantindo uma boa confiabilidade
nos resultados.
No gráfico da figura (4.21) está representada a relação entre resistência à
compressão dos prismas contrafiados e a resistência à compressão das argamassas.
Figura 4.21 – Curva f
pcf
x f
a
para os três traços de argamassa utilizados.
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
0 5 10 15 20
f
a
(MPa)
f
pcf
(MPa)
73
A Expressão que melhor representou esta relação foi uma função polinomial do
segundo grau apresentada na equação (4.2).
267,1531,0006,0
2
+ f + f = f
aapcf
(4.2)
Os prismas contrafiados se comportaram de maneira semelhante aos prismas. Os
resultados confirmaram que quanto mais fraca a argamassa utilizada, menor a
resistência à compressão dos prismas contrafiados (dentro do intervalo de traços
ensaiados). Verificou-se que as rupturas também ocorreram por tração nos blocos
devido às maiores deformações transversais das juntas de argamassa. Pode-se deduzir
então, que a ruptura nos prismas contrafiados se deu através do mesmo mecanismo
discutido anteriormente para os prismas.
A figuras (4.22) mostra um prisma contrafiado rompido pelo bloco através da
formação de grandes trincas verticais, ao longo da altura e na direção de extrusão. Isto,
mais uma vez, deixa claro a formação dos planos de ruptura devido ao formato e
disposição dos poros nos blocos. Assim como os prismas, os prismas contrafiados
também se mostraram, muito sensíveis às deformações transversais da argamassa.
Figura 4.22 – Ruptura de um prisma contrafiados. Formação de trincas
verticais ao longo da direção de extrusão (1) e desprendimento de pequenos
pedaços (2).
74
A tabela (4.18) apresenta a influência que o aumento da resistência à compressão
das argamassas trouxe para a resistência à compressão dos prismas contrafiados.
Tabela 4.18 – Influência da resistência à compressão das argamassas na
resistência à compressão dos prismas contrafiados.
Traços
comparados
Crescimento da resistência
da argamassa
(%)
Crescimento da resistência
dos prismas contrafiados
(%)
T2 e T1 63,4 39,4
T3 e T2 102,0 58,5
T3 e T1 230,1 120,9
Observa-se que o aumento da resistência à compressão das argamassas não
provocou um aumento da mesma grandeza na resistência à compressão dos prismas
contrafiados. Teve-se uma transferência média de aumento de resistência de 57%
evidenciando, o papel secundário, entretanto maior que nos prismas, das juntas de
argamassa para resistência à compressão dos prismas contrafiados.
No gráfico da figura (4.23) está representada a relação entre resistência à
compressão dos prismas contrafiados e a resistência à compressão dos prismas.
Figura 4.23 – Curva f
pcf
x f
p
para os três traços de argamassa utilizados.
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
024681012
f
p
(MPa)
f
pcf
(MPa)
75
A Expressão que melhor representou esta relação foi uma função polinomial do
segundo grau, apresentada na equação (4.3).
19,337,009,0
2
+ f f = f
pppcf
(4.3)
Segundo GALLEGOS (1991), a resistência de uma parede real equivale a 70% da
resistência do prisma elaborado com os mesmos materiais. Este dado é aceito como um
consenso geral. Utilizando-se uma função linear que passa pela origem para representar
a curva da figura (4.23) temos a equação (4.4), com coeficiente de correlação R
2
=0,96.
f = f
ppcf
78,0
(4.4)
Através da equação (4.4), tem-se para a razão f
pcf
/f
p
o valor de 0,78. Isto indica a
validade de se utilizarem os prismas contrafiados para avaliar o comportamento de
paredes reais de blocos cerâmicos estruturais. Este fato é de fundamental importância
uma vez que o ensaio de paredes em tamanho natural é bastante oneroso, exigindo a
utilização equipamentos de grande porte. Segundo a NBR 8949 (1985), uma parede para
ensaio à compressão simples deve ter 120cm comprimento por 260cm de altura.
Também se pôde confirmar a importância e validade dos prismas para se prever o
comportamento das paredes uma vez que a partir dos valores de f
p
e da razão (constante)
f
pcf
/f
p
, se pode chegar à estimativa de f
pcf
. Portanto, na grande maioria dos casos, se
precisará apenas ensaiar prismas de blocos cerâmicos estruturais.
Na tabela (4.19) são mostrados os resultados da razão entre a resistência à
compressão dos prismas contrafiados e a resistência à compressão dos blocos para cada
um dos traços utilizados.
Tabela 4.19 – Razão entre as resistências à compressão dos prismas
contrafiados e dos blocos.
Traço f
pcf
/f
b
T1 0,55
T2 0,40
T3 0,25
Os valores de f
pcf
/f
b
mostram uma perda significativa da eficiência dos prismas
contrafiados com a diminuição da resistência à compressão da argamassa. Também foi
76
obtido, um valor muito baixo para o traço de argamassa T3, confirmando o perigo que
representa a utilização de argamassas muito fracas com blocos cerâmicos estruturais.
A figura (4.24) ilustra de forma global as variações de resistência à compressão
axial obtidas para os blocos, prismas e prismas contrafiados, para cada um dos três
traços de argamassa utilizados. Pode-se verificar de forma clara, a queda de resistência
ocorrida de blocos para prismas e de prismas para prismas contrafiados. O valor de f
b
está representado por uma reta paralela ao eixo horizontal. A resistência à compressão
do prisma (f
p
) e dos prismas contrafiados (f
pcf
) são duas curvas quase paralelas
evidenciando a relação constante entre essas duas grandezas que caem com a
diminuição da resistência da argamassa.
Figura 4.24 – Relações entre a resistência à compressão dos blocos, prismas
e prismas contrafiados, com os traços de argamassa.
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
12,0
14,0
16,0
123
Traço
Resistência à compressão
(MPa)
fb fp fpcf
77
5 Conclusões
Foram apresentados ao longo dos capítulos 1, 2 3 e 4, uma série de estudos,
ensaios e resultados realizados para a caracterização de blocos cerâmicos estruturais.
Procurou-se entender e justificar o comportamento desses blocos quando submetidos a
ações de compressão. Isto foi feito através do estudo de características na microestrutura
dos blocos que são determinantes no processo de sua ruptura à compressão. Também
foram encontradas relações importantes entre as propriedades dos blocos, da argamassa,
dos prismas e dos prismas contrafiados. A seguir são apresentadas as principais
conclusões deste trabalho.
5.1 Blocos cerâmicos estruturais
5.1.1 Características geométricas
Observou-se, com relação aos valores médios dos comprimentos das faces dos
blocos cerâmicos estruturais (largura, altura e comprimento), que apenas a altura ficou
dentro dos limites exigidos. Esta falta de precisão dimensional invalida o conceito de
modulação, que é fundamental na alvenaria estrutural, levando à necessidade de ajustes
na junta de argamassa e no revestimento para compensar a imprecisão dos blocos. Isto
implica em um maior consumo de materiais, um pior desempenho estrutural do sistema
e um aumento do peso total da estrutura. Com relação ao desvio em relação ao esquadro
e planeza das faces, todos os blocos atenderam os limites exigidos.
Os blocos cerâmicos estruturais apresentaram uma área líquida de 155,9 cm
2
e
uma área bruta de 386,3 cm
2
. A razão “área líquida / área bruta” foi 0,40 e os blocos
podem, portanto, ser classificados como blocos cerâmicos estruturais de paredes
vazadas. Pode-se também recomendar, na elaboração de projetos de alvenaria estrutural
que utilizem os blocos estudados, o uso do valor de 0,40 para a razão “área líquida /
área bruta”.
5.1.2 Resistência à compressão
A resistência à compressão média, na área bruta, encontrada para os blocos
cerâmicos estruturais foi de 14,4 MPa, entretanto, o coeficiente de variação de 23,0%
obtido, indica falta de homogeneidade dos blocos estudados.
5.1.3 Caracterização da microestrutura
Os blocos cerâmicos estruturais investigados apresentam uma microestrutura com
as seguintes características:
78
Uma matriz onde se detectou a presença de O, Na, Al, Si, K, Ca, Mg, Fe e
Ti;
Inclusões de diversos tamanhos em sua grande maioria composta por O e
Si;
Poros achatados orientados de acordo com a direção de extrusão e
paralelamente ao comprimento dos blocos.
O formato e disposição dos poros caracterizam uma estrutura interna que favorece
a formação de um conjunto de planos preferenciais de ruptura ao longo da direção de
extrusão e paralelos ao comprimento dos blocos, quando estes são submetidos à
compressão.
A ruptura dos blocos ocorreu pela separação de camadas ou planos de ruptura que
se formaram ao longo da altura, na direção de extrusão e paralelamente ao comprimento
dos blocos, quando os blocos foram submetidos à compressão.
A formação dos planos preferenciais de ruptura devida ao formato e disposição
dos poros encontrados explica porque os blocos cerâmicos apresentam eficiências bem
menores que os blocos de concreto, quando inseridos no contexto de um prisma (f
p
/f
b
)
ou de uma parede (f
par
/f
b
).
O formato e a disposição dos poros não foram alterados pelo processo de
carregamento. Isto confirma a característica frágil dos blocos.
A partir do estudo metalográfico dos blocos cerâmicos estruturais ficou indicado
que:
A matriz encontrada na microestrutura dos blocos está relacionada de
forma direta com a resistência à compressão desses blocos, influenciando-
a de forma positiva.
A fase de sílica encontrada na microestrutura dos blocos está relacionada
de forma direta com a resistência à compressão desses blocos,
influenciando-a de forma negativa.
A quantidade da fase de poros encontrada na microestrutura dos blocos
está relacionada de forma secundária com a resistência à compressão
desses blocos, influenciando-a de forma negativa.
O tamanho das inclusões da fase de sílica dos blocos está relacionado de
forma direta com a resistência à compressão desses blocos, influenciando-
a de forma negativa.
79
A uniformidade do tamanho das inclusões da fase de sílica dos blocos está
relacionada de forma direta com a resistência à compressão desses blocos,
influenciando-a de forma positiva.
O tamanho dos poros dos blocos está relacionado de forma direta com a
resistência à compressão desses blocos, influenciando-a de forma negativa.
A uniformidade do tamanho dos poros dos blocos está relacionada de
forma direta com a resistência à compressão desses blocos, influenciando-
a de forma positiva.
Os ensaios de resistência à compressão provocam um aumento nas
dimensões dos poros dos blocos, tanto no eixo menor quanto no eixo
maior, bem como uma diminuição na sua uniformidade.
Os blocos apresentam inclusões de sílica com um formato ligeiramente alongado,
de acordo com a razão média EIXO MAIOR/EIXO MENOR de 2,0 encontrada para
essas inclusões.
Os blocos apresentam poros com um formato alongado, de acordo com a razão
média EIXO MAIOR/EIXO MENOR de 2,8 encontrada para esses poros.
5.2 Prismas
Pôde-se concluir que quanto mais fraca a argamassa utilizada, menor foi a
resistência à compressão dos prismas. Isto ocorre pelo fato de que quando bloco e
argamassa trabalham em conjunto, sob compressão, a argamassa deforma-se mais
transversalmente e quanto mais fraca a argamassa maior é a sua deformação transversal.
Essa deformação da argamassa provoca o surgimento prematuro de tensões de tração
transversais, no bloco, o que potencializa e acelera a formação e separação de planos
preferenciais de ruptura, fazendo com que o bloco (dentro do prisma) rompa.
O aumento da resistência à compressão das argamassas não provocou um
aumento da mesma grandeza na resistência à compressão dos prismas. Teve-se uma
transferência média de aumento de resistência de 43% evidenciando o papel secundário
das juntas de argamassa para resistência à compressão dos prismas.
O confinamento lateral da junta de argamassa pelos blocos, no prisma, provocou
um aumento significativo na resistência à compressão da argamassa. Para o traço T1
obteve-se um aumento de 60%, para o traço T2 o aumento foi de 100% e para o traço
T3 de 170%. Como todas as rupturas de prismas ocorreram pelos blocos, ainda se
poderiam obter fatores maiores de majoração da resistência à compressão da argamassa,
80
caso fossem utilizados blocos mais resistentes ou uma argamassa mais fraca que a do
traço T3.
Houve uma perda significativa da eficiência do prisma (f
p
/f
b
) com a diminuição da
resistência à compressão da argamassa. Devido ao formato e à disposição dos poros na
alvenaria estrutural de blocos cerâmicos, existe a possibilidade de se obterem fatores de
eficiência do prisma muito baixos, quando se usam argamassas muito fracas. Este fato
extremamente perigoso exige que se faça um controle rigoroso das argamassas
utilizadas a fim de se evitarem acidentes graves e inesperados em obras onde se utilizam
blocos cerâmicos estruturais.
Deve-se procurar retardar o aparecimento dos planos de ruptura no bloco
cerâmico com a diminuição da deformação transversal da argamassa. Sugere-se que isto
seja feito com a utilização de traços que gerem argamassas com resistência à
compressão igual à resistência à compressão do bloco na área bruta.
Na alvenaria estrutural de blocos cerâmicos se estará sempre trabalhando em um
regime de ruptura frágil. Para se obter um comportamento menos frágil, ter-se-ia que
trabalhar (propositalmente) com argamassas de resistências muito baixas. Estas baixas
resistências implicariam em fatores de eficiência do prisma (f
p
/f
b
) muito baixos e,
portanto, com um aproveitamento muito ruim da resistência dos blocos. Para que uma
parede pudesse resistir a uma determinada solicitação de compressão seria necessária a
utilização de blocos que resistissem a solicitações muito maiores. Esta é uma condição
extremamente desfavorável ou até inviável do ponto de vista econômico.
5.3 Prismas contrafiados
Houve uma variação da resistência à compressão dos prismas contrafiados de
acordo com o traço de argamassa utilizado. Quanto mais fraco o traço de argamassa,
menor foi a resistência à compressão dos prismas contrafiados. Verificou-se que as
rupturas também ocorreram por tração nos blocos devido às maiores deformações
transversais das juntas de argamassa. Pode-se concluir, que a ruína nos prismas
contrafiados se deu através do mesmo mecanismo de ruptura encontrado para os
prismas.
O aumento da resistência à compressão das argamassas não provocou um
aumento da mesma grandeza na resistência à compressão dos prismas contrafiados.
Teve-se uma transferência média de aumento de resistência de 57% evidenciando o
papel secundário, entretanto maior que nos prismas, das juntas de argamassa para
resistência à compressão dos prismas contrafiados.
81
A função linear passando pela origem que melhor representou a variação da
resistência à compressão dos prismas contrafiados em função da resistência à
compressão dos prismas foi a seguinte:
f = f
ppcf
78,0
O resultado de 0,78 obtido para a razão f
pcf
/f
p
indica a validade de se utilizarem os
prismas contrafiados e/ou os prismas, para avaliar o comportamento de paredes reais de
blocos cerâmicos estruturais.
Houve uma perda significativa da eficiência dos prismas contrafiados (f
pcf
/f
b
) com
a diminuição da resistência à compressão da argamassa. Também foram obtidos fatores
de eficiência dos prismas contrafiados muito baixos, quando se usaram argamassas de
baixa resistência à compressão, confirmando o perigo que representa a utilização de
argamassas muito fracas com blocos cerâmicos estruturais.
5.4 Sugestões para pesquisas futuras
Repetir o trabalho que foi realizado, porém, utilizando blocos cerâmicos
estruturais provenientes de outras cerâmicas do estado do Ceará e de outros estados
brasileiros. Deve-se procurar identificar se as características encontradas na
microestrutura dos blocos estudados podem ser generalizadas para os blocos cerâmicos
principalmente no que diz respeito ao formato e à disposição dos poros. Com isto, será
possível apontar fatores positivos e negativos do processo de fabricação. Pode-se
identificar, por exemplo, se existe alguma diferença nas características dos poros, ligada
ao sistema de extrusão utilizado (pistão, cilindros e hélice). É importante, também, que
se investigue a existência ou não de problemas como a falta de precisão dimensional e
grande variabilidade dos resultados que foram encontrados nos ensaios realizados.
Estudar e implementar alterações no processo de fabricação dos blocos cerâmicos
estruturais, principalmente na etapa da extrusão, visando evitar a formação de poros
com o formato e disposição que favoreçam a formação de planos preferenciais de
ruptura. Analisar a microestrutura e ensaiar os blocos produzidos com estas
modificações para comprovar ou não melhorias nas suas propriedades, principalmente
na resistência à compressão.
Repetir o trabalho que foi realizado utilizando blocos de concreto estruturais.
Estudar a microestrutura dos blocos de concreto visando determinar características que
82
possam ser determinantes no processo de sua ruptura à compressão, principalmente o
formato e a disposição dos poros.
Estudar a microestrutura da interface do graute com o bloco cerâmico estrutural e
do graute com o bloco de concreto estrutural objetivando identificar fatores que possam
ser determinantes para o bom funcionamento desta ligação.
Elaborar um modelo numérico, fundamentado na mecânica da fratura, para avaliar
a formação e propagação das trincas com a posterior formação dos planos de ruptura
nos blocos. Este modelo deve se basear no formato e disposição dos poros que foram
encontrados para os blocos cerâmicos estruturais. Desta forma se poderá ter um modelo
numérico de avaliação do mecanismo de ruptura e da resistência à compressão dos
blocos cerâmicos estruturais, baseado nas características da sua microestrutura.
83
Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Paredes de Alvenaria
estrutural ensaio à compressão simples – Método de ensaio - NBR 8949. Rio de Janeiro,
1985.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS.
Cálculo de alvenaria
estrutural de blocos vazados de concreto
- NB 1228 (NBR 10837). Rio de Janeiro,
1989.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS.
Blocos vazados de
concreto simples para alvenaria – Determinação da resistência à compressão
– MB
1168 (NBR 7184). Rio de Janeiro, 1991.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS.
Argamassa para
assentamento de paredes e revestimento de paredes e tetos – Determinação da
resistência à compressão
- NBR 13279. Rio de Janeiro, 1995.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS.
Cimento Portland –
Determinação da resistência à compressão
- NBR 7215. Rio de Janeiro, 1996.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS.
Concreto –
Determinação dos módulos estáticos de elasticidade e de deformação e da curva
tensão-deformação
- NBR 8522. Rio de Janeiro, 2003.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS.
Bloco cerâmico para
alvenaria estrutural – Especificação -
NBR XX02/2003 – REV. 16. Rio de Janeiro,
2003.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS.
Bloco cerâmico para
alvenaria estrutural e de vedação – Método de Ensaio -
NBR XX03/2003 – REV. 23.
Rio de Janeiro, 2004.
BAUER, L. A. F.
Materiais de construção. Vol. 2, Livros Técnicos e Científicos
Editora,
4ª ed., Rio de Janeiro, 1992.
84
CAPUTO, H. P. Mecânica dos solos e suas aplicações. Vol. 1, Livros Técnicos e
Científicos Editora,
6ª ed., Rio de Janeiro, 1988.
CARASEK, H.
Estudo experimental de Alvenaria Estrutural – Resistência à
compressão e resistência de aderência
. Porto Alegre, 1990. Dissertação de mestrado
apresentada ao curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal
do Rio Grande do Sul.
CAVALHEIRO, O. P.; GOMES, N. S.
Alvenaria Estrutural de Blocos Vazados:
resultados de ensaios de elementos e redutores de resistência à compressão
; pp. 411–
419. In: Proceedings of the VII International Seminar on Structural Mansonry for
Developing Countries. Belo Horizonte, MG, 2002.
DUARTE, R. B.
Recomendações para o Projeto e Execução de Edifícios de
Alvenaria Estrutural
. ANICER, Porto Alegre, 1999.
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549–556. In: Ceramics and Glasses, Engineered Materials Handbook, Vol. 4. ASM
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Albañileria Estructural. Fondo Editorial de la Pontificia
Universidad Católica del Perú, 3ª ed., Lima, Peru, 1991.
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Construcción de la mampostería; Vol 1, pp. 33-71. Anais do
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KIRABIRA, J. B.
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. Licentiate thesis, Royal Institute of Technology, Department
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2003.
MOHAMAD, G.; ROMAN, H. R.; SAGAVE, A. M. (2002a)
Estudo do
comportamento triaxial de argamassas; pp. 59–65. In: Proceedings of the VII
International Seminar on Structural Mansonry for Developing Countries. Belo
Horizonte, MG, 2002.
MOHAMAD, G.; ROMAN, H. R.; SAGAVE, A. M. (2002b)
Comportamento
mecânico na ruptura de prismas e blocos de concreto
; pp. 119–124. In: Proceedings of
the VII International Seminar on Structural Mansonry for Developing Countries. Belo
Horizonte, MG, 2002.
OLIVEIRA, R. A.; GUIMARÃES, G. N.
Análise da resistência de Prismas de
blocos de concreto fabricados no estado de Goiás submetidos à compressão simples
;
pp. 77–86. In: Proceedings of the VII International Seminar on Structural Mansonry for
Developing Countries. Belo Horizonte, MG, 2002.
PRUDÊNCIO JR., L. R.; OLIVEIRA, A. L.; BEDIN C. A.
Alvenaria Estrutural
de Blocos de Concreto
. Florianópolis, 2002.
RAMALHO, M. A.; CORRÊA, M. R. S.
Projeto de Edifícios de Alvenaria
Estrutural
. Pini, São Paulo, 2003.
SOARES, S. R.; CASTILHOS JUNIOR, A. B.; MARTINS, A.; BREITENBACH,
F. E.; PEREIRA, S. W.; BALDO, W. S.
Análise do ciclo de vida de produtos
(revestimentos, blocos e telhas) do setor cerâmico da indústria de construção civil –
Panorama do setor
. Santa Catarina, 2002.
86
STEVENSON, W. J.; Estatística Aplicada à Administração. Haper & Row do
Brasil, São Paulo, 1981.
VOORT, G. F. V.
Metallography, principles and practice. McGraw-Hill, Inc.,
New York, 1984.
87
ANEXOS
88
ANEXO A
89
Figura A1 - Micrografia 1 do bloco 0, corte AA, em campo escuro com um
aumento de 100X.
Figura A2 - Micrografia 2 do bloco 0, corte AA, em campo escuro com um
aumento de 100X.
90
Figura A3 – Micrografia 3 do bloco 0, corte AA, em campo escuro com um
aumento de 100X.
Figura A4 - Micrografia 1 do bloco 0, corte BB, em campo escuro com um
aumento de 100X.
91
Figura A5 - Micrografia 2 do bloco 0, corte BB, em campo escuro com um
aumento de 100X.
Figura A6 - Micrografia 3 do bloco 0, corte BB, em campo escuro com um
aumento de 100X.
92
Figura A7 - Micrografia 1 do bloco 0, corte CC, em campo escuro com um
aumento de 100X.
Figura A8 - Micrografia 2 do bloco 0, corte CC, em campo escuro com um
aumento de 100X.
93
Figura A9 - Micrografia 3 do bloco 0, corte CC, em campo escuro com um
aumento de 100X.
Figura A10 - Micrografia 1 do bloco 2, corte AA, em campo escuro com um
aumento de 100X.
94
Figura A11 - Micrografia 2 do bloco 2, corte AA, em campo escuro com um
aumento de 100X.
Figura A12 – Micrografia 3 do bloco 2, corte AA, em campo escuro com
um aumento de 100X.
95
Figura A13 - Micrografia 1 do bloco 2, corte BB, em campo escuro com um
aumento de 100X.
Figura A14 - Micrografia 2 do bloco 2, corte BB, em campo escuro com um
aumento de 100X.
96
Figura A15 - Micrografia 3 do bloco 2, corte BB, em campo escuro com um
aumento de 100X.
Figura A16 - Micrografia 1 do bloco 2, corte CC, em campo escuro com um
aumento de 100X.
97
Figura A17 - Micrografia 2 do bloco 2, corte CC, em campo escuro com um
aumento de 100X.
Figura A18 - Micrografia 3 do bloco 2, corte CC, em campo escuro com um
aumento de 100X.
98
Figura A19 - Micrografia 1 do bloco 5, corte AA, em campo escuro com um
aumento de 100X.
Figura A20 - Micrografia 2 do bloco 5, corte AA, em campo escuro com um
aumento de 100X.
99
Figura A21 – Micrografia 3 do bloco 5, corte AA, em campo escuro com
um aumento de 100X.
Figura A22 - Micrografia 1 do bloco 5, corte BB, em campo escuro com um
aumento de 100X.
100
Figura A23 - Micrografia 2 do bloco 5, corte BB, em campo escuro com um
aumento de 100X.
Figura A24 - Micrografia 3 do bloco 5, corte BB, em campo escuro com um
aumento de 100X.
101
Figura A25 - Micrografia 1 do bloco 5, corte CC, em campo escuro com um
aumento de 100X.
Figura A26 - Micrografia 2 do bloco 5, corte CC, em campo escuro com um
aumento de 100X.
102
Figura A27 - Micrografia 3 do bloco 5, corte CC, em campo escuro com um
aumento de 100X.
Figura A28 - Micrografia 2 do bloco 7, corte AA, em campo escuro com um
aumento de 100X.
103
Figura A29 – Micrografia 3 do bloco 7, corte AA, em campo escuro com
um aumento de 100X.
Figura A30 - Micrografia 1 do bloco 7, corte BB, em campo escuro com um
aumento de 100X.
104
Figura A31 - Micrografia 3 do bloco 7, corte BB, em campo escuro com um
aumento de 100X.
Figura A32 - Micrografia 1 do bloco 7, corte CC, em campo escuro com um
aumento de 100X.
105
Figura A33 - Micrografia 3 do bloco 7, corte CC, em campo escuro com um
aumento de 100X.
106
ANEXO B
107
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEA
CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MENICA E DE PRODUÇÃO
CURSO DE MESTRADO EM ENGENHARIA E CIÊNCIA DOS MATERIAIS
ALUNO: Engº Carlos Eduardo de França Villar
ORIENTADOR: Prof. Dr. Hamilton Ferreira Gomes de Abreu
CO-ORIENTADOR: Prof. Dr. Luís Alberto de Melo Carvalho
LEVANTAMENTO DE SISTEMAS PRODUTIVOS DE BLOCOS CERÂMICOS ESTRUTURAIS
PRODUTOR: LOCAL: DATA: 9/3/2005
1) PREPARAÇ
Ã
O DA MAT
É
RIA PRIMA:
A argila é estocada depois da extração (sazonamento ou apodrecimento)?
X
SIM
N
Ã
O Duração do sazonamento: 12 meses
Número de argilas utilizadas na preparação da massa de fabricação dos tijolos?
4
A argila é misturada a uma argila pré-queimada e moída ("grog") para a diminuição da retração na queima ?
SIM
X
N
Ã
O
Tipo de mistura utilizada para a homogeneização da massa ?
X
MEC
Â
NICA
MANUAL
2) CONFORMAÇ
Ã
O
Sistema utilizado para a extrusão ?
PIST
Ã
O
CILINDRO
X
H
É
LICE
É
utilizado sistema de desaeração (vácuo) ?
X
SIM
N
Ã
O
3) TRAT AMENTO T
É
RMICO
Tipo de secagem empregada ?
NATURAL
X
ESTUFA
Caso se utilize estufa, qual a fonte de calor utilizada ?
X
AR LIVRE
CALOR DE RECUPERAÇ
Ã
O DOS FORNOS
FORNALHA
PER
Í
ODO DE DURAÇ
Ã
O DA SECAGEM ?
8DIAS
Tipo de forno utilizado na queima?
De Meda De Cuba
X
Intermitente comum
X
Semicontínuo
Intermitente de chama invertida
X
Hoffmann
De Mufla De Túnel
Combinado outro - especifique:
Combustível utilizado na queima?
Temperatura da queima?
950 °C (GRAUS CELSIUS)
Tempo da queima?
72 HORAS
Como é feita a medida e o controle da temperatura de queima.
Utilizando termopares e planilhas de acompanhamento.
Lenha
JACERAMA JAGUARUANA CERÂMICA LTDA Filia/Fortaleza
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