Download PDF
ads:
Campos de Vetores Lineares Revers´ıveis
Equivariantes
Michele de Oliveira Alves
Orientador: Prof. Dr. Cl´audio Aguinaldo Buzzi
Disserta¸ao apresentada ao Departamento de
Matem´atica - IBILCE - UNESP, como parte dos
requisitos para obten¸ao do t´ıtulo de Mestre em
Matem´atica.
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
2
ao Jos´e do Rio Preto - SP
Fevereiro - 2006
ads:
COMISS
˜
AO JULGADORA
Titulares
Prof. Dr. Cl´audio Aguinaldo Buzzi (UNESP) - Orientador
Profa. Dra. Miriam Garcia Manoel (USP)
Profa. Dra. Angela Maria Sitta (UNESP)
Suplentes
Prof. Dr. Parham Salehyan (UNESP)
Prof. Dr. Osvaldo Germano do Rocio (UEM)
Dedico `a minha fam´ılia
Gentil, Neusa e Marcelo.
Agradecimentos
Ao ermino deste trabalho gostaria de agradecer a Deus por me dar a
gra¸ca de concluir mais uma etapa de minha vida. Ele que esteve presente
durante estes dois anos atraes da doce presen¸ca de minha querida ae Nossa
Senhora de atima.
A minha fam´ılia pelo apoio, sacrif´ıcio, compreens˜ao de minha ausˆencia
em muitos momentos e por ser o alicerce que me a for¸ca, alegria, amor e
perseveran¸ca.
Ao professor Cl´audio por todos os ensinamentos, paciˆencia, aten¸ao e dis-
ponibilidade para me atender, esclarecer uvidas etc...
As minhas amigas/irm˜as de rep´ublica Aline e Miriam, elas sim me aguen-
taram pacientemente, me ouviram (e como ouviram!) durante estes dois anos.
Pela oportunidade de ampliar minha amizade com a Miriam (j´a ao quase 6
anos) e de conhecer a Aline, vivendo em um ambiente de paz e amizade em
nossa casa.
Agrade¸co tamb´em aos amigos dos grupos de ora¸ao ao Pe Pio, ao Se-
basti˜ao e GOU-UNidos no ESP´ırito que proporcionaram para mim momentos
de intensa intimidade com Deus, onde eu sempre recarreguei minhas for¸cas.
Se hoje recebo este t´ıtulo, eles fazem parte desta conquista tamb´em.
Aos meus amigos da os-gradua¸ao pelo conv´ıvio e amizade. Em particular,
aos grandes amigos Anderson e ulio vocˆes com certeza estar˜ao em meu cora¸ao
mesmo que estejamos distantes.
Aos amigos de Prudente, Manduri e Cerqueira C´esar que mesmo distantes
fisicamente estavam juntos em ora¸ao e no cora¸ao.
Ao professor Jos´e Roberto Nogueira (FCT/UNESP) que me incentivou a
seguir carreira acadˆemica.
Aos professores do departamento e funcion´arios do IBILCE. Particular-
mente aos professores Parham Salehyan e
ˆ
Angela Maria Sitta pelas corre¸oes
e dicas na qualifica¸ao. Tamb´em a Prof
a
. Dr
a
. Miriam Garcia Manoel pela
ajuda e as valiosas corre¸oes em meu trabalho.
E tamb´em a FAPESP que me ajudou financeiramente e me incetivou ainda
mais a pesquisa.
“Que fosse poss´ıvel colocar a ciˆencia ao servi¸co de Deus,
o o compreendi claramente com Santo Tom´as; e foi isso
que me fez decidir dedicar-me inteiramente ao trabalho
cient´ıfico.”
Edith Stein.
Sum´ario
Lista de S´ımbolos 9
Introdu¸ao 13
1 Resultados Importantes de
´
Algebra e Representa¸ao de Grupo 15
1.1
´
Algebra Linear Real . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
1.2 Automorfismos de
´
Algebras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
1.3 Grupos de Lie,
´
Algebras de Lie e oes Adjuntas . . . . . . . . 30
1.4 Representa¸oes, Lema de Schur . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
1.5 Decomposi¸ao Isot´ıpica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
2 Classifica¸ao das Representa¸oes de G 54
2.1 Sistemas Lineares Revers´ıveis e Equivariantes . . . . . . . . . . 54
2.2 Prova de alguns resultados importantes . . . . . . . . . . . . . . 62
2.3 Representa¸oes Irredut´ıveis de G . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
3 Dinˆamica dos Sistemas Lineares Revers´ıveis Equivariantes 92
3.1 Fluxos Topologicamente Conjugados . . . . . . . . . . . . . . . 92
3.2 Estudo dos autovalores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111
Referˆencias Bibliogr´aficas 120
´
Indice Remissivo 122
Lista de S´ımbolos
S´ımbolo Descri¸ao P´agina
A
+
{A A| Σ(A) = A} 24
A
{A A| Σ(A) = A} 24
A Automorfismo K
Σ
(A) quando Σ ´e a conjuga¸ao complexa 23
A
Automorfismo K
Σ
(A) quando Σ ´e a conjuga¸ao 23
quaterniˆonica
C
´
Algebra dos Complexos 14
gl(m; K)
´
Algebra das Matrizes m ×m com entradas em K 17
gl(m; H
) Conjunto das fun¸oes H
α
lineares, 28
onde α ´e a conjuga¸ao quaterniˆonica
gl(m; C) Conjunto das fun¸oes C
α
lineares, 28
onde α ´e aconjuga¸ao complexa
gl(V ; K) {f : V V | f ´e K linear} 15
gl(V ) {f : V V | f ´e K linear} 15
gl(V ; K
α
) {f : V V | f(xk) = f (x)α(k), 26
x U, k K}
gl(V
1
, V
2
) {f : V
1
V
2
| f ´e K linear} 15
gl
G
(V ) {f : V V | f(ρ(g)v) = ρ(g)f(v), 42
g G, v V }
gl
σ
(V ) {L : V V | L(ρ(g)v) = σ(g)ρ(g)L(v), 61
g G, v V }
S´ımbolo Descri¸ao agina
gl
σ
(V, ρ) {L : V V | L(ρ(g)v) = σ(g)ρ(g)L(v), 61
g G, v V }
G Grupo de Lie Compacto 56
GL(V ) {f : V V | f ´e K linear, invert´ıvel} 15
GL(V ; K) {f : V V | f ´e K linear, invert´ıvel} 15
GL(m; K) Grupo das matrizes m × m, invert´ıveis com 29
entradas em K
GL
G
(V ) {f : V V | f ´e invert´ıvel e 50
f(ρ(g)v) = ρ(g )f (v), g G, v V }
G
+
Conjunto dos pontos fixos da involu¸ao Σ sobre G 31
H
´
Algebra dos Quat´ernios 14
I
G
((V
1
, ρ
1
), (V
2
, ρ
2
)) {f : V
1
V
2
| f(ρ
1
(g)v) = ρ
2
(g)f (v), 42
g G, v V
1
}
I
G
((V
1
, V
2
) {f : V
1
V
2
| f(ρ
1
(g)v) = ρ
2
(g)f (v), 42
g G, v V
1
}
K
Σ
(A) Σ
1
AΣ, onde Σ ´e um automorfismo 23
sobre K
l(m, n; K) Conjunto das matrizes m × n com entradas em K 33
NSD Representa¸ao irredut´ıvel que ao ´e σauto dual 77
SD Representa¸ao irredut´ıvel que ´e σauto dual 77
R
´
Algebra dos Reais 14
(R, σ) Representa¸ao de um grupo G sobre Z
2
61
SO(n) {A GL(n; R)| AA
t
= Id
n
e det(A) = 1} 29
(U, τ
σ
) Representa¸ao σdual de (U, τ) 68
U V Produto Tensorial de U por V 17
(V, ρ) Representa¸ao de um grupo G sobre V 42
Σ
i
Conjuga¸ao Quaterniˆonica 23
Resumo
Neste trabalho apresentamos um estudo dos campos de vetores lineares re-
vers´ıveis e equivariantes. Tal estudo tem como base a Teoria de Representa¸oes
de grupos de Lie compactos. Usaremos o fato de que a ao de um grupo
de Lie compacto pode ser decomposta como soma direta de representa¸oes
irredut´ıveis e de acordo com o Lema de Schur tais representa¸oes poder˜ao ser
de trˆes tipos: R, C ou H. Daremos uma classifica¸ao das poss´ıveis estrutu-
ras dos sistemas lineares revers´ıveis equivariantes baseado na teoria de repre-
senta¸oes citada acima e faremos um estudo dos autovalores para uma classe
particular de fun¸oes σrevers´ıveis. Dessa forma temos um cen´ario bem claro
da dinˆamica de tais sistemas em cada uma dessas classes.
Palavras chave: Sistemas Revers´ıveis, Sistemas Equivariantes, Teoria das
Representa¸oes, Lema de Schur.
Abstract
In this work we present a study of the linear equivariant reversible vec-
tor fields. This study is based on the Theory of Representation of compact
Lie groups. We use the fact that an action of a compact Lie group can be
decomposed as a direct sum of irreducible representations, and according to
Schur’s Lemma these representations can be only of three types: R, C ou
H. We give a classification of the possible structures of the linear equivariant
reversible systems based on the Theory of Representations mentioned above
and we study of the eigenvalues for a particular classes of σreversible maps.
In this way we have a very clear scenario about the dynamics of such systems
in each one of these classes.
Key words: Reversible Systems, Equivariant Systems, Theory of Represen-
tations, Schur’s Lemma.
Introdu¸ao
Os sistemas lineares formam a base da maioria dos estudos sobre sistemas
dinˆamicos ao-lineares. Em muitos casos, a dinˆamica local na vizinhan¸ca de
uma singularidade no espa¸co de fase ´e similar `a dinˆamica do sistema linear,
como o pr´oprio Teorema de Hartman garante, ver por exemplo [15]. Outro
aspecto que mostra a importˆancia do estudo de sistemas lineares ´e o seguinte:
A Teoria das Bifurca¸oes, que estuda como a dinˆamica dos sistemas mudam
quando parˆametros ao variados, em geral usa a teoria dos sistemas lineares
como uma de suas t´ecnicas principais.
O principal objetivo do trabalho ´e fazer um estudo da estrutura dos siste-
mas lineares que ao simultaneamente revers´ıveis equivariantes.
Como veremos adiante no trabalho, os sistemas lineares revers´ıveis equiva-
riantes est˜ao associados a um grupo de Lie compacto G. Utilizamos resultados
da Teoria de representa¸ao de grupos [6] e [7].
Usamos o fato de que a ao de um grupo de Lie compacto pode ser de-
composta como soma direta de representa¸oes irredut´ıveis e de acordo com o
Lema de Schur tais representa¸oes poder˜ao ser de trˆes tipos: R, C ou H. Assim
classificamos as representa¸oes irredut´ıveis do grupo G mencionado acima.
Ap´os esta classifica¸ao fizemos um estudo dos autovalores de um sistema li-
near revers´ıvel equivariante para uma classe particular de aplica¸oes Rlineares
σrevers´ıveis. Esse estudo ´e importante pois, para sistemas lineares, a posi¸ao
dos autovalores no plano complexo determinam completamente a dinˆamica de
um sistema linear.
INTRODUC¸
˜
AO 14
A referˆencia principal utilizada no desenvolvimento deste trabalho foi o
artigo de Lamb e Roberts [13]. Outros textos que serviram de apoio para
o estudo foram: Adams [1], Br¨ocker e Dieck [3], Golubitsky e Schaeffer [6],
Golubitsky [7] e Buzzi e Lamb [4].
O trabalho est´a organizado da seguinte maneira. No cap´ıtulo 1 abordamos
alguns resultados importantes de
´
Algebra e de Representa¸ao de Grupos, tais
como Representa¸oes Irredut´ıveis, Lema de Schur e Decomposi¸ao Isot´ıpica,
que ser˜ao ´uteis nos cap´ıtulos seguintes para o desenvolvimento do trabalho.
No cap´ıtulo 2 apresentamos uma classifica¸ao das Representa¸oes
Irredut´ıveis baseada no Lema de Schur.
No cap´ıtulo 3 fizemos uma an´alise de como podem ser os autovalores e suas
respectivas multiplicidades para uma classe particular de fun¸oes Rlineares
σrevers´ıveis. Vimos tamem condi¸oes para que dois sistemas lineares te-
nham a mesma dinˆamica, ou seja, para que seus fluxos lineares sejam topolo-
gicamente conjugados.
Cap´ıtulo 1
Resultados Importantes de
´
Algebra e Representa¸ao de
Grupo
1.1
´
Algebra Linear Real
Nesta se¸ao veremos alguns conceitos asicos de
´
Algebra Linear Real, Pro-
dutos Tensoriais, entre outros que nos ser˜ao ´util na classifica¸ao dos sistemas
lineares revers´ıveis equivariantes.
Defini¸ao 1.1.1. Uma ´algebra linear real ´e um espco vetorial real A junto
com a operao produto, isto ´e, uma fun¸ao bilinear de A×A em A.
Exemplos que tem um importante papel em teoria de representa¸oes de
grupos incluem R, C e H, as ´algebras dos reais, complexos e quat´ernios com
seus produtos usuais.
Observao 1.1.1. A operao produto na ´algebra dos quat´ernios ´e dada por
m · n = (a + bi + cj + dk) · (x + yi + uj + wk)
= (ax + by cu dw) + (ay + bx + cw du)i+
(au bw + cx + dy)j + (aw + bu cy + dx)k,
1.1.
´
ALGEBRA LINEAR REAL 16
para qualquer m, n H.
Defini¸ao 1.1.2. Seja A uma ´algebra linear real. Dizemos que A
+
A ´e
uma sub´algebra se para qualquer A, B A
+
temos AB A
+
.
Os n´umeros reais formam uma sub´algebra de C pois
R = { a + bi C| b = 0} e C ´e uma sub´algebra de H, pois
C = { a + bi + cj + dk H| c = d = 0}.
Temos que se K denota R, C ou H, ent˜ao K
m
denota a soma direta de m
opias de K.
Defini¸ao 1.1.3. Dizemos que V ´e um espco vetorial `a esquerda de dimens˜ao
m sobre K, se existe uma fun¸ao K × V V dada por
(k, v) = kv = k(v
1
, ··· , v
m
) = (kv
1
, ··· , kv
m
).
A estrutura de um espa¸co vetorial `a direita ´e an´aloga a estrutura de espa¸co
vetorial `a esquerda, sendo que esta coincide para R e C, pois eles ao comu-
tativos, o que ao acontece para H. Sempre usaremos a estrutura de espa¸co
vetorial `a direita em H
m
, exceto onde ´e explicita a declara¸ao que ´e requerida
uma estrutura esquerda.
Note que as imers˜oes de R em C e C em H significa que qualquer espa¸co
vetorial sobre H ´e naturalmente tamb´em um espa¸co vetorial sobre C e qualquer
espa¸co vetorial sobre C ´e tamem um espa¸co vetorial sobre R.
Temos tamem para estrutura de espa¸co vetorial K
m
, a estrutura de uma
´algebra linear real com a opera¸ao produto dada por
u.v = (u
1
, ··· , u
m
)(v
1
, ··· , v
m
) = (u
1
v
1
, ··· , u
m
v
m
), u, v K
m
.
Para qualquer espa¸co vetorial `a direita V sobre K, denotaremos por gl(V ; K),
ou simplesmente gl(V ), o espa¸co das fun¸oes K-lineares de V em V , gl(V
1
, V
2
)
o espa¸co das fun¸oes K-lineares de V
1
em V
2
e por GL(V ; K), ou simplesmente
GL(V ), o espa¸co das fun¸oes K-lineares invert´ıveis de V em V .
1.1.
´
ALGEBRA LINEAR REAL 17
Proposi¸ao 1.1.1. Se V ´e um espco vetorial `a esquerda, ent˜ao gl(V ; K) ´e
um espco vetorial `a direita.
Demonstra¸ao.
Sejam T gl(V ; K) tal que sua matriz ´e dada por
t
11
··· t
1m
.
.
.
.
.
.
.
.
.
t
m1
··· t
mm
,
v = (v
1
, ··· , v
m
) V e k K.
Temos por defini¸ao que (kT )(v) = T (kv) e como por hip´otese V ´e um
espa¸co vetorial `a esquerda segue que
(kT )(v) = kT (v) = T (kv) = T (kv
1
, ··· , kv
m
),
ou ainda
(kT )(v) =
t
11
··· t
1m
.
.
.
.
.
.
.
.
.
t
m1
··· t
mm
kv
1
.
.
.
kv
m
=
m
j=1
t
1j
kv
j
.
.
.
m
j=1
t
mj
kv
j
=
t
11
k ··· t
1m
k
.
.
.
.
.
.
.
.
.
t
m1
k ··· t
mm
k
v
1
.
.
.
v
m
= (T k)(v).
Portanto, gl(V ; K) ´e um espa¸co vetorial `a direita.
Analogamente, se V ´e um espa¸co vetorial `a direita sobre K, o espa¸co
gl(V ; K) ´e um espa¸co vetorial `a esquerda sobre K. Composi¸ao de fun¸oes
1.1.
´
ALGEBRA LINEAR REAL 18
tamem definem um produto em g l(V ; K) e assim temos a estrutura de uma
´algebra linear real.
Se V = K
m
denotaremos esta ´algebra por gl(m, K), como sendo a ´algebra
das matrizes m × m com entradas em K.
Vejamos que espa¸cos e fun¸oes lineares podem ser combinadas por produtos
tensoriais. Para isto definiremos primeiro o centro de uma ´algebra linear com
o objetivo de utilizar produtos tensoriais quando K = H.
Defini¸ao 1.1.4. Seja A uma ´algebra linear real. Definimos o centro de A
como o conjunto dos elementos que comutam com todos os elementos de A,
isto ´e
Z(A)= {x ∈A| xg = gx, g ∈A} .
Exemplo 1.1.1. O centro da ´algebra linear real H ´e R.
Defini¸ao 1.1.5. Sejam U, V, M, N espcos vetoriais e suponha que
ϕ : U × V M ´e uma aplicao bilinear de U × V em M. O par ( M, ϕ)
´e chamado produto tensorial para U × V se dada ψ : U × V N uma
transforma¸ao bilinear, ent˜ao existe uma ´unica f : M N linear tal que
ψ = f ϕ.
Ou ainda, se o diagrama ´e comutativo.
M
f
##
G
G
G
G
G
U × V
ϕ
OO
ψ
//
N
Denotaremos M por U V e o par (M, ϕ) ´e a aplica¸ao ϕ : U ×V U V
dada por ϕ(x, y) = x y.
Assim, o fato de ϕ : U ×V U V ser bilinear nos diz que para qualquer
x, x
1
, x
2
U , y, y
1
, y
2
V e λ, µ K,
1. (λx
1
+ µx
2
) y = λ(x
1
y) + µ(x
2
y),
1.1.
´
ALGEBRA LINEAR REAL 19
2. x (λy
1
+ µy
2
) = λ(x y
1
) + µ(x y
2
).
Observao 1.1.2. A defini¸ao acima que estaremos usando de produto ten-
sorial ao ´e a defini¸ao mais geral, por´em esta pode ser encontrada em [20],
agina 54.
Observao 1.1.3. Para K = R ou C o produto tensorial U W de dois
espcos vetoriais U e W sobre K ´e tamb´em um espco vetorial sobre K.
Defini¸ao 1.1.6. Sejam U
1
, U
2
, V
1
, V
2
espcos vetoriais sobre K, S gl(V
1
, V
2
),
T gl(U
1
, U
2
). Ent˜ao, o produto tensorial de S e T ´e dado pela fun¸ao
S T : V
1
K
U
1
V
2
K
U
2
(v u) − S(v) T (u).
Em termos de matrizes temos,
[S T ] =
S
11
[T ] ··· S
1m
[T ]
.
.
.
.
.
.
.
.
.
S
m1
[T ] ··· S
mm
[T ]
,
onde [T ] ´e a matriz da fun¸ao linear T e [S] =
S
11
··· S
1m
.
.
.
.
.
.
.
.
.
S
m1
··· S
mm
´e a matriz
de S.
Observe que sendo a dimS = m e dimT = n, ent˜ao dimS T = mn.
Proposi¸ao 1.1.2. Sejam U e W espcos vetoriais sobre K, onde K = R ou
C, de dimens˜oes m e n, respectivamente. Se A : U U e B : W W
ao fun¸oes K-lineares, ent˜ao A B ´e uma fun¸ao K-linear de U
K
W em
U
K
W .
1.1.
´
ALGEBRA LINEAR REAL 20
Demonstra¸ao
Sejam u, w U
K
W , onde u =
u
1
.
.
.
u
l
, w =
w
1
.
.
.
w
l
e l = mn.
Queremos mostrar que
A
K
B(αu + βw) = αA
K
B(u) + βA
K
B(w),
para qualquer α, β K.
Por hip´otese, temos que A e B ao fun¸oes lineares. Consideremos suas
matrizes
[A] =
A
11
··· A
1m
.
.
.
.
.
.
.
.
.
A
m1
··· A
mm
e [B] =
B
11
··· B
1n
.
.
.
.
.
.
.
.
.
B
n1
··· B
nn
.
Enao, αA
K
B(u) + βA
K
B(w) ´e dado por
α
0
B
B
B
@
A
11
[B] . . . A
1m
[B]
.
.
.
.
.
.
A
m1
[B] . . . A
mm
[B]
1
C
C
C
A
0
B
B
B
@
u
1
.
.
.
u
l
1
C
C
C
A
+ β
0
B
B
B
@
A
11
[B] . . . A
1m
[B]
.
.
.
.
.
.
A
m1
[B] . . . A
mm
[B]
1
C
C
C
A
0
B
B
B
@
w
1
.
.
.
w
l
1
C
C
C
A
= α
0
B
B
B
B
B
B
B
@
A
11
B
11
. . . A
11
B
1n
· · ·
.
.
.
.
.
.
A
11
B
n1
. . . A
11
B
nn
· · ·
.
.
.
.
.
.
1
C
C
C
C
C
C
C
A
0
B
B
B
@
u
1
.
.
.
u
l
1
C
C
C
A
+ β
0
B
B
B
B
B
B
B
@
A
11
B
11
. . . A
11
B
1n
· · ·
.
.
.
.
.
.
A
11
B
n1
. . . A
11
B
nn
· · ·
.
.
.
.
.
.
1
C
C
C
C
C
C
C
A
0
B
B
B
@
w
1
.
.
.
w
l
1
C
C
C
A
=
0
B
B
B
B
B
B
B
@
A
11
B
11
αu
1
+ · · · + A
11
B
1n
αu
n
+ · · · + A
11
B
11
βw
1
+ · · · + A
11
B
1n
βw
n
+ · · ·
.
.
.
A
11
B
n1
αu
1
+ · · · + A
11
B
nn
αu
n
+ · · · + A
11
B
n1
βw
1
+ · · · + A
11
B
nn
βw
n
+ · · ·
.
.
.
1
C
C
C
C
C
C
C
A
.
1.1.
´
ALGEBRA LINEAR REAL 21
Assim,
αA
K
B(u) + βA
K
B(w) =
0
B
B
B
B
B
B
B
@
A
11
B
11
(αu
1
+ βw
1
) + · · · + A
11
B
1n
(αu
n
+ βw
n
) + · · ·
.
.
.
A
11
B
n1
(αu
1
+ βw
1
) + · · · + A
11
B
nn
(αu
n
+ βw
n
) + · · ·
.
.
.
1
C
C
C
C
C
C
C
A
=
0
B
B
B
B
B
B
B
@
A
11
B
11
· · · A
11
B
1n
· · ·
.
.
.
.
.
.
A
11
B
n1
· · · A
11
B
nn
· · ·
.
.
.
.
.
.
1
C
C
C
C
C
C
C
A
0
B
B
B
B
B
B
B
@
αu
1
+ βw
1
.
.
.
αu
n
+ βw
n
.
.
.
1
C
C
C
C
C
C
C
A
= A
K
B(αu + βw).
´
E preciso cuidado quando K = H, pois este ao ´e comutativo. Contudo, se
U ´e um espa¸co vetorial `a direita sobre H e W ´e um espa¸co vetorial `a esquerda
sobre H, enao U
H
W ´e ainda bem definido e naturalmente tem a estrutura
de um espa¸co vetorial sobre o centro de H, isto ´e, sobre R.
Se A : U U e B : W W ao fun¸oes H-lineares, com estruturas
direita e esquerda sobre H, respectivamente, enao A
H
B ´e uma fun¸ao R-
linear de U
H
W sobre ele mesmo.
Vejamos algumas inclus˜oes naturais de ´algebra linear real que ser˜ao usadas
de forma natural por todo este texto.
1. K K
m
gl(m; K).
De fato, a primeira inclus˜ao ´e dada pela fun¸ao k − (k, ··· , k) e a se-
gunda por (k
1
, ··· , k
m
) − diag(k
1
, ··· , k
m
), isto ´e, na matriz diagonal
com entradas k
1
, ··· , k
m
.
2. gl(m; K) gl(rm; K) para qualquer r 1.
De fato, esta inclus˜ao ´e dada em termos de matrizes pela fun¸ao
1.1.
´
ALGEBRA LINEAR REAL 22
A =
a
11
··· a
1m
.
.
.
.
.
.
.
.
.
a
1m
··· a
mm
−
a
11
I
r
··· a
1m
I
r
.
.
.
.
.
.
.
.
.
a
m1
I
r
··· a
mm
I
r
,
onde I
r
´e a fun¸ao identidade sobre K
r
. Isto ocorre usando 1), onde
a
ij
− diag(a
ij
) tal que i, j = 1, ··· , m.
3. gl(m; R) gl(m; C) gl(m; H).
De fato, estas inclus˜oes valem pelo fato das inclus˜oes naturais
R C H, isto ´e, qualquer matriz com entradas em R pode ser conside-
rada uma matriz com entradas em C que por sua vez pode ser considerada
uma matriz com entradas em H.
4. gl(m; C) gl(2m; R).
De fato, o isomorfismo entre os espa¸cos vetoriais C e R
2
dado por
a + bi − (a, b) se estende naturalmente para um isomorfismo entre
C
m
e R
2m
. A inclus˜ao de gl(m; C) em gl(2m; R) ´e obtido por considerar
fun¸oes lineares complexas sobre C
m
como fun¸oes lineares reais sobre
R
2m
. Em termos de matrizes temos
a
11
+ ib
11
··· a
1m
+ ib
1m
.
.
.
.
.
.
.
.
.
a
m1
+ ib
m1
··· a
mm
+ ib
mm
−
a
11
b
11
··· a
1m
b
1m
b
11
a
11
··· b
m1
a
1m
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
a
m1
b
m1
··· a
mm
b
mm
b
m1
a
m1
··· b
mm
a
mm
.
Isto decorre do isomorfismo
a
ij
+ ib
ij
−
a
ij
0
0 a
ij
+
0 1
1 0
b
ij
0
0 b
ij
,
tal que i −
0 1
1 0
.
1.2. AUTOMORFISMOS DE
´
ALGEBRAS 23
5. gl(m; H) gl(2m; C).
De fato, o isomorfismo entre H e C
2
´e dado por q = α + jβ − (α, β)
que induz um isomorfismo dos espa¸cos C-vetoriais H
m
com C
2m
, onde a
estrutura complexa sobre H
m
´e aquela herdada da estrutura direita de
H. Sobre este isomorfismo toda fun¸ao H-linear ´e C-linear.
Em termos de matrizes a inclus˜ao ´e dada por
0
B
B
B
@
α
11
+ jβ
11
· · · α
1m
+ jβ
1m
.
.
.
.
.
.
.
.
.
α
m1
+ jβ
m1
· · · α
mm
+ jβ
mm
1
C
C
C
A
−
0
B
B
B
B
B
B
B
B
B
@
α
11
β
11
· · · α
1m
β
1m
β
11
α
11
· · · β
1m
α
1m
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
α
m1
β
m1
· · · α
mm
β
mm
β
m1
α
m1
· · · β
mm
α
mm
1
C
C
C
C
C
C
C
C
C
A
.
1.2 Automorfismos de
´
Algebras
Defini¸ao 1.2.1. Um automorfismo sobre uma ´algebra linear real A ´e uma
aplicao R-linear invert´ıvel Σ : A A que preserva a operao produto,
isto ´e, Σ(AB) = Σ(A)Σ(B), para quaisquer A, B A.
O seguinte resultado descreve os automorfismos das ´algebras R, C e H.
Proposi¸ao 1.2.1. 1. O automorfismo da ´algebra R ´e somente a fun¸ao
identidade.
2. Os automorfismos da ´algebra C ao a identidade e o conjugado complexo.
3. Os automorfismos da ´algebra H ao precisamente as fun¸oes
Σ
q
: H H dada por Σ
q
(x) = q
1
xq, para algum quat´ernio invert´ıvel
q.
Demonstra¸ao.
Demonstraremos apenas os casos 1 e 2. O caso 3 se encontra em [16]
aginas 230-231.
1. Seja Σ um automorfismo da ´algebra de R. Por defini¸ao de automorfismo
Σ(m) = mΣ(1) para qualquer m R. Mas temos que R ´e um corpo, ou
seja, Σ(1) = 1. Ent˜ao, Σ(m) = m, para qualquer m R.
1.2. AUTOMORFISMOS DE
´
ALGEBRAS 24
Portanto, a identidade ´e o ´unico automorfismo da ´algebra de R.
2. Seja x C tal que x = a + bi, com a, b R. Por defini¸ao de automor-
fismo Σ(x) = a + bΣ(i).
Observe que
Σ(i) = Σ(
1) = Σ
2
(i) = Σ
2
(
1) = Σ((
1)
2
) = Σ(1) = 1
= Σ(i) = ±
1 = ±i.
Enao, Σ(x) = a + bi = x ou Σ(x) = a bi = x. Portanto, os automor-
fismos da ´algebra de C ao a identidade e o conjugado complexo.
Ser´a conveniente para os automorfismos Σ
i
de H um tratamento especial e
os denotaremos por Σ
i
(x) = x
, chamado conjuga¸ao quaterniˆonica.
Note que, Σ
i
(a + ib + jc + kd) = (a + ib + jc + kd)
= a + ib jc kd
e seu conjunto de pontos fixos ´e a sub´algebra C imersa em H. Isto ´e an´alogo
ao aspecto de R como o conjunto de pontos fixos do automorfismo conjugado
complexo sobre C.
Um automorfismo Σ sobre K = R, C ou H estende-se de forma natural
para um automorfismo de K
m
que continuaremos denotando por Σ,
Σ(k
1
, ··· , k
m
) = (Σ(k
1
), ··· , Σ(k
m
)).
Um automorfismo de gl(m; K), denotado por K
Σ
, ´e dado por
K
Σ
(A) = Σ
1
A Σ, (1.1)
onde Σ ´e o automorfismo sobre K.
Se A ´e uma matriz com entradas em K a matriz K
Σ
(A) ´e obtida aplicando
Σ em cada uma de suas entradas. Se Σ ´e o automorfismo conjugado complexo
ou quaterniˆonico, denotaremos K
Σ
(A) por A ou A
, respectivamente.
1.2. AUTOMORFISMOS DE
´
ALGEBRAS 25
Relembraremos a defini¸ao de involu¸ao e de um odulo sobre uma ´algebra,
para utilizarmos na demonstra¸ao da pr´oxima proposi¸ao.
Defini¸ao 1.2.2. Uma involu¸ao sobre uma ´algebra A ´e o automorfismo in-
vert´ıvel Σ sobre A que ´e o seu pr´oprio inverso, ou seja, Σ
2
= Id
K
.
Defini¸ao 1.2.3. Dizemos que um odulo V sobre uma ´algebra A ´e um espco
vetorial, juntamente com uma operao de multiplicao V V , deno-
tada por (X, v) − Xv, que satisfaz as seguintes propriedades
i) (X + Y )v = Xv + Y v,
ii) X(u + v) = Xu + Xv,
iii) xXv = X(xv),
iv) [X, Y ]v = XY v Y Xv, onde [ , ] ´e o colchete de Lie,
para qualquer X, Y ∈A, v, u V e um escalar x, .
Exemplos de involu¸oes sobre uma ´algebra ao os automorfismos da con-
juga¸ao complexa e quaterniˆonica.
Algumas propriedades elementares de involu¸oes sobre uma ´algebra ao
resumidas na seguinte proposi¸ao.
Proposi¸ao 1.2.2. Seja A uma ´algebra linear real com uma involu¸ao Σ.
1. A ´algebra A se decomp˜oe com uma soma direta de espcos lineares
A = A
+
A
, onde
A
+
= {A A| Σ(A) = A} e A
= {A A| Σ(A) = A}.
2. O subespco A
+
´e uma sub´algebra de A e A ´e um odulo sobre A
+
.
3. O subespco A
´e um subm´odulo de A sobre A
+
.
1.2. AUTOMORFISMOS DE
´
ALGEBRAS 26
Demonstra¸ao.
1. Mostraremos que A = A
+
+ A
e A
+
A
= {0}.
De fato
A A
+
A
= A A
+
e A A
= Σ(A) = A e Σ(A) = A
= A = A
= A = 0
= A
+
A
= {0}.
Seja A A. Temos que A =
A + Σ(A)
2
+
A Σ(A)
2
.
Observe que
A + Σ(A)
2
A
+
e
A Σ(A)
2
A
.
Portanto, A = A
+
A
.
2. Mostremos primeiramente que A
+
´e uma sub´algebra de A. De fato,
Σ(AB) = Σ(A)Σ(B) = AB = AB A
+
, A, B ∈A
+
.
Pela Defini¸ao (1.1.1), A ´e um espa¸co vetorial real com a aplica¸ao pro-
duto dada pela fun¸ao bilinear de A×A em A. Em particular, tem-se a
opera¸ao f : A
+
×A− A dada por (A
+
, A)−A
+
A, que satisfaz, para
qualquer A
+
, B
+
∈A
+
, A, B ∈A e um escalar x
i) (A
+
+ B
+
)A = f(A
+
+ B
+
, A) = f (A
+
, A) + f (B
+
, A)
= (A
+
A) + (B
+
A),
ii) A
+
(A+B) = f (A
+
, A+B) = f(A
+
, A)+f (A
+
, B) = (A
+
A)+(A
+
B),
iii) xA
+
A = xf(A
+
, A) = f (A
+
, xA) = A
+
(xA),
1.2. AUTOMORFISMOS DE
´
ALGEBRAS 27
iv) [A
+
, B
+
]A = (A
+
B
+
B
+
A
+
)A = f(A
+
B
+
B
+
A
+
, A)
= f (A
+
B
+
, A) f (B
+
A
+
, A) = (A
+
B
+
A) (B
+
A
+
A).
Portanto de i), ii), iii) e iv) segue que A ´e um odulo sobre A
+
.
3. Mostrar que A
´e um subm´odulo de A sobre A
+
, ou seja,
A
+
A
+
, A
A
, A
+
A
A
.
De fato, sejam A
+
A
+
e A
A
Σ(A
+
A
) = Σ(A
+
)Σ(A
) = A
+
(A
) = (A
+
A
) = A
+
A
A
.
Defini¸ao 1.2.4. Sejam U e V espcos vetoriais `a direita sobre K e α ´e
um automorfismo de K. Dizemos que uma fun¸ao R-linear f de U em V ´e
K
α
-linear ou K-semilinear com rela¸ao a α se
f(xk) = f (x)α(k), x U, k K.
Uma defini¸ao an´aloga pode ser feita para fun¸oes entre espa¸cos vetoriais
esquerdo. Denotaremos o espa¸co das fun¸oes K
α
-lineares do espa¸co vetorial V
em V por gl(V ; K
α
).
Observao 1.2.1. Se V ´e um K-espco vetorial `a direita de dimens˜ao n,
ent˜ao como gl(V ; K) ´e um espco vetorial esquerdo, gl(V ; K
α
) ´e um K-espco
vetorial esquerdo.
De fato, sejam f gl(V ; K
α
), k K e x = (x
1
, ··· , x
n
) V .
(kf )(x) = kf(x) = k
a
11
··· a
1n
.
.
.
.
.
.
.
.
.
a
n1
··· a
nn
x
1
.
.
.
x
n
.
1.2. AUTOMORFISMOS DE
´
ALGEBRAS 28
Enao,
(kf )(x) =
ka
11
··· ka
1n
.
.
.
.
.
.
.
.
.
ka
n1
··· ka
nn
x
1
.
.
.
x
n
=
x
1
ka
11
+ ··· + x
n
ka
1n
.
.
.
x
1
ka
n1
+ ··· + x
n
ka
nn
.
Portanto,
(kf )(x) = (kf)(x).
Observao 1.2.2. Como a composi¸ao de duas fun¸oes K
α
-lineares ´e K-
linear, para K = R ou C e ao K
α
-linear, se α ao ´e a identidade, ent˜ao em
geral gl(V ; K
α
) ao ´e uma ´algebra em rela¸ao a composi¸ao.
De fato, sejam A, B gl(V ; K
α
), x V e k K.
(A B)(xk) = A(B(xk)) = A(B(x)α(k)) = A B(x)α
2
(k). (1.2)
Por outro lado, para qualquer x V e k K
(A B)(xk) = A B( x)α(k). (1.3)
Portanto, de (1.2) e (1.3) temos que,
α
2
= α = α = Id
K
,
ou seja, (AB) ´e K
α
linear se, e somente se, o automorfismo α ´e a identidade.
Vejamos que A B ´e K-linear. De fato, sejam β K e u, v V .
Como A e B ao K
α
-lineares, por defini¸ao, segue que A e B ao R-lineares.
Logo,
A B(u + v) = A(B(u) + B(v)) = A B(u) + A B(v), u, v V.
E ainda por (1.2)
A B(wβ) = A B(w)α
2
(β), w V, β K.
1.2. AUTOMORFISMOS DE
´
ALGEBRAS 29
Pela Proposi¸ao (1.2.1) segue que,
i) Se K = R, enao α = Id
R
. Logo A B(wβ) = A B(w)β, para qualquer
w V e β K.
ii) Se K = C, ent˜ao α = Id
C
ou conjuga¸ao complexa.
Se α = Id
C
, ent˜ao analogamente ao item 1. A B(βw) = βA B(w),
para qualquer w V e β K.
Se α = conjuga¸ao complexa, enao
A B(wβ) = A B(w)α
2
(β) = A B(w)β = A B(w)β, w V, β K.
Portanto, A B ´e Klinear para K = R ou C.
No caso em que K = C e α ´e a conjuga¸ao complexa, substitu´ımos a nota¸ao
K
α
por C, ou seja, g l(V ; K
α
) = gl(m; C). Analogamente, para K = H e α a
conjuga¸ao quaterniˆonica, temos que gl(V ; K
α
) = gl(m; H
).
Fun¸oes semilineares podem ser combinadas por produtos tensoriais em
muitos casos usando o mesmo caminho que as fun¸oes lineares. Em
particular, se U e W ao espa¸cos K-vetoriais `a direita e `a esquerda, respectiva-
mente, A : U U e B : W W ao fun¸oes K
α
-lineares, ent˜ao A
K
B ´e
bem definido como uma fun¸ao K
α
-linear de U
K
W em U
K
W , considerado
como um espa¸co vetorial sobre o centro de K.
De fato, sejam u w U
K
W e k K.
(A
K
B)((u w)k) = (A
K
B)(u (wk))
= A(u)
K
B(wk)
= A(u)
K
(B(w)α(k))
= [A(u)
K
B(w)]α(k)
= (A
K
B)(u w)α(k).
Portanto A
K
B ´e semilinear.
1.3. GRUPOS DE LIE,
´
ALGEBRAS DE LIE E AC¸
˜
OES ADJUNTAS 30
Observe que o produto tensorial U
K
W est´a bem definido sobre o centro
de K, pois K = H ao ´e comutativo. Assim o automorfismo que torna A
K
B
K
α
linear ´e o automorfismo α restrito ao centro de K.
Se K
α
= C, ent˜ao temos que A
K
B ´e uma fun¸ao C-linear bem definida,
enquanto que se K
α
= H
, A
K
B ´e uma fun¸ao R-linear.
1.3 Grupos de Lie,
´
Algebras de Lie e oes
Adjuntas
Defini¸ao 1.3.1. Seja G uma variedade diferenci´avel com estrutura de grupo.
Dizemos que G ´e um grupo de Lie se a aplicao G × G G definida por
(a, b) − ab
1
for diferenci´avel. Em particular a aplicao G G tal que
b − b
1
´e diferenci´avel.
Exemplo 1.3.1. O espco euclidiano R
n
e o espco C
, dos umeros comple-
xos ao nulos, com as operoes de adi¸ao e multiplicao, respectivamente.
Exemplo 1.3.2. O conjunto GL(m; K) das matrizes invert´ıveis m × m com
entradas em K e a operao de multiplicao de matrizes.
Exemplo 1.3.3. O conjunto das rota¸oes n-dimensionais dado por
SO(n) = {A GL(n; R)| AA
t
= Id
n
e det(A) = 1}.
Defini¸ao 1.3.2. Uma ´algebra de Lie g sobre R ´e um espco vetorial real g
junto com um operador [ , ] : g ×g g tal que para todo X, Y, Z g temos
1. [X, X] = 0,
2. [[X, Y ], Z] + [[Y, Z], X] + [[Z, X], Y ] = 0.
Exemplo 1.3.4. O espco gl(m; K) tem a estrutura de uma ´algebra de Lie
com a operao colchetes de Lie dada por
[A, B] = AB BA.
1.3. GRUPOS DE LIE,
´
ALGEBRAS DE LIE E AC¸
˜
OES ADJUNTAS 31
Observao 1.3.1. 1. A importˆancia do conceito de ´algebra de Lie ´e que
existe uma ´algebra de Lie especial, de dimens˜ao finita, intimamente as-
sociada com o respectivo grupo de Lie, e que propriedades do grupo de
Lie ao refletidas em propriedades de sua ´algebra de Lie associada.
2. A ´algebra de Lie g tamb´em pode ser vista como o espco tangente do
Grupo de Lie G em seu elemento neutro.
3. O conjunto GL(n; K) ´e o grupo de Lie associado a ´algebra de Lie gl (n; K).
Defini¸ao 1.3.3. Sejam M um conjunto qualquer e G um grupo de Lie. Di-
zemos que uma ao de G sobre M ´e uma fun¸ao C
, µ : G × M M
satisfazendo
1. µ(στ, m) = µ(σ, µ(τ, m)) para quaisquer σ, τ G, m M ,
2. µ(e, m) = m, para qualquer m M onde e ´e o elemento neutro de G,
3. Para cada τ G,
µ(τ, v
1
+ v
2
) = µ(τ, v
1
) + µ(τ, v
2
),
µ(τ, αv) = αµ(τ, v),
para quaisquer v, v
1
, v
2
M e α K.
Exemplo 1.3.5. A ao canˆonica ou natural do grupo de Lie GL(m; K) sobre
sua ´algebra gl(m; K) ´e dada por
GL(m; K) × gl(m; K) gl(m; K)
(φ, A) − φ
1
Aφ.
Esta ao ´e chamada ao Adjunta de GL(m; K) sobre gl(m; K).
De maneira geral, para cada ´algebra de Lie g existe um grupo de Lie G
associado e uma ao natural adjunta de G sobre g.
1.3. GRUPOS DE LIE,
´
ALGEBRAS DE LIE E AC¸
˜
OES ADJUNTAS 32
Defini¸ao 1.3.4. Uma involu¸ao Σ sobre uma ´algebra de Lie g ´e uma in-
volu¸ao de Lie sobre esta ´algebra se preserva o colchete de Lie, isto ´e,
[Σ(A), Σ(B)] = Σ([ A, B]).
Observe que se Σ ´e uma involu¸ao sobre a ´algebra gl(m; K), enao clara-
mente, tamb´em ´e uma involu¸ao de Lie sobre gl(m; K). De fato,
[Σ(A), Σ(B)] = Σ(A )Σ(B) Σ(B)Σ(A) = Σ(AB BA) = Σ([A, B]).
Uma involu¸ao de Lie sobre uma ´algebra de Lie g induz uma involu¸ao de
Lie sobre seu grupo de Lie G, correspondente, que denotaremos tamb´em por
Σ.
Como A
+
e A
denotam os ±1 autoespa¸cos de Σ sobre A, pela Proposi¸ao
(1.2.2), A
+
´e uma sub´algebra de Lie da ´algebra de Lie A e A
um subm´odulo
sobre A
+
. Se G
+
denota o conjunto dos pontos fixos de Σ sobre G, os seguintes
resultados ao consequˆencias imediatas das defini¸oes.
Proposi¸ao 1.3.1. 1. A sub´algebra de Lie A
+
´e a ´algebra de Lie de G
+
.
2. A restri¸ao da ao adjunta de G em A, para G
+
, preserva os subespcos
A
+
e A
. A ao induzida de G
+
sobre A
+
´e a ao adjunta de G
+
.
Demonstra¸ao.
1. Queremos mostrar que A
+
= T
e
G
+
, isto ´e, A
+
´e o plano tangente de G
+
em seu elemento neutro e.
De fato,
a T
e
G
+
= λ : (, ) G
+
, onde λ
(0) = a e λ(0) = e. (1.4)
Temos que λ ´e um caminho e para todo t (, ), λ(t) G
+
. Logo
como G
+
denota o conjunto dos pontos fixos de Σ, segue que
Σ(λ(t)) = λ(t) para todo t (, ).
Observe, pela Regra da Cadeia, que λ
(t) = (Σ(λ(t)))
= DΣ
λ(t)
(λ
(t)),
para todo t (, ).
1.3. GRUPOS DE LIE,
´
ALGEBRAS DE LIE E AC¸
˜
OES ADJUNTAS 33
Em particular para t = 0
λ
(0) = DΣ
λ(0)
(λ
(0)) = DΣ
e
(λ
(0)).
Enao, por (1.4) segue que, Σ(a) = a, ou seja, a A
+
. Portanto,
T
e
G
+
A
+
.
Analogamente seja b A
+
, assim Σ(b) = b.
Seja o caminho,
λ : (, ) G
+
t − tb.
Temos que λ(0) = 0 e λ
(0) = b. Portanto, A
+
T
e
G
+
.
Finalmente, conclu´ımos que A
+
= T
e
G
+
, e pela observao (1.3.1), segue
que A
+
´e a ´algebra de Lie associada `a G
+
.
2. Considere a ao adjunta de G sobre A dada por
ϕ : G × A A
(T, t) − T t.
Restringindo ϕ para G
+
devemos mostrar que as fun¸oes
ϕ
: G
+
× A
+
A
+
ϕ

: G
+
× A
A
est˜ao bem definidas.
De fato, lembrando que
A
+
= {A A| Σ(A) = A} e A
= {A A| Σ(A) = A}.
1.3. GRUPOS DE LIE,
´
ALGEBRAS DE LIE E AC¸
˜
OES ADJUNTAS 34
sejam T G
+
, t
+
∈A
+
e t
∈A
.
i) Σ(T t
+
) = Σ(T ) Σ(t
+
) = T t
+
= T t
+
∈A
+
.
ii) Σ(T t
) = Σ(T ) Σ(t
) = T (t
) = T t
= T t
∈A
.
Portanto, de i) e ii) segue que ϕ
e ϕ

est˜ao bem definidas. Assim,
conclu´ımos que A
+
e A
ao preservados pela ao adjunta de G sobre
A restrita `a G
+
.
Descreveremos alguns exemplos de ´algebras de Lie A e involu¸oes Σ que
ser˜ao usados posteriormente.
Para estes exemplos consideremos a involu¸ao R
m,n
sobre K
m
K
n
que fixa
K
m
e atua por I sobre K
n
, ent˜ao sua matriz ´e dada por [R] =
I
m×m
O
m×n
O
n×m
I
n×n
.
E lembremos que l(m, n; K) ´e o conjunto das matrizes m ×n com entradas em
K.
Exemplo 1.3.6. Seja a ´algebra A= gl(m + n; K) e a involu¸ao
Σ(A) = R
1
m,n
A R
m,n
sobre A.
Considere A A
+
dado pela matriz [A] =
A
1
A
2
A
3
A
4
tal que
A
1
= [A
1
]
m×m
, A
2
= [A
2
]
m×n
, A
3
= [A
3
]
n×m
e A
4
= [A
4
]
n×n
.
Assim,
Σ(A) = A = R
1
m,n
A R
m,n
= A = A R
m,n
= R
m,n
A.
1.3. GRUPOS DE LIE,
´
ALGEBRAS DE LIE E AC¸
˜
OES ADJUNTAS 35
Em termos de matrizes,
A
1
A
2
A
3
A
4
I
m×m
O
m×n
O
n×m
I
n×n
=
I
m×m
O
m×n
O
n×m
I
n×n
A
1
A
2
A
3
A
4
= A
2
= A
3
= 0
= [A] =
A
1
0
0 A
4
= A
1
A
4
,
onde A
1
gl(m; K) e A
4
gl(n; K).
Enao, A
+
gl(m; K) gl(n; K). Portanto, A
+
= gl(m; K) gl(n; K) pois
facilmente verificamos inclus˜ao contr´aria.
Analogamente seja B ∈A
formado pelos blocos B
i
com as mesmas di-
mens˜oes de A
i
onde i = 1 , 2, 3, 4. Como neste caso Σ(B) = B, em termos de
matrizes temos que
B
1
B
2
B
3
B
4
I
m×m
O
m×n
O
n×m
I
n×n
=
I
m×m
O
m×n
O
n×m
I
n×n
B
1
B
2
B
3
B
4
= B
1
= B
4
= 0
= [B] =
0 B
2
B
3
0
,
onde B
2
l(n, m; K) e B
3
l(m, n; K).
Portanto, A
=
0 B
A 0
| A l(m, n; K) , B l(n, m; K)
.
O grupo de Lie G
+
´e GL(m; K) × GL(n; K), considerando como um sub-
grupo de GL(m + n; K).
A ao de G
+
sobre A
+
´e o pro duto da ao adjunta de GL(m; K) e
GL(n; K). Vejamos qual ´e a ao de G
+
sobre A
.
1.3. GRUPOS DE LIE,
´
ALGEBRAS DE LIE E AC¸
˜
OES ADJUNTAS 36
Da defini¸ao de ao segue que
(GL(m; K) × GL(n; K)) × (l(m, n; K) l(n, m; K)) (l(m, n ; K) l(n, m; K))
((φ
1
, φ
2
), (A, B)) − (φ
1
, φ
2
)
1
(A, B)(φ
1
, φ
2
).
Observe que a matriz de ( φ
1
, φ
2
) ´e dada por
φ
1
0
0 φ
2
e sua inversa
φ
1
1
0
0 φ
1
2
.
Enao,
(φ
1
, φ
2
)
1
(A, B)(φ
1
, φ
2
) =
φ
1
1
0
0 φ
1
2
0 B
A 0
φ
1
0
0 φ
2
=
0 φ
1
1
Bφ
2
φ
1
2
1
0
= (φ
1
2
1
, φ
1
1
Bφ
2
).
Portanto a ao de G
+
sobre A
´e dada por
((φ
1
, φ
2
), (A, B)) − (φ
1
2
1
, φ
1
1
Bφ
2
).
Exemplo 1.3.7. Seja A = gl(m; C) uma ´algebra de Lie e sua involu¸ao dada
por Σ(A) = A.
Observe que neste caso,
A
+
= {A A| A = A} = gl(m; R) e A
= {A A| A = A},
onde A
´e identificado como o espa¸co das matrizes m ×m com entradas ima-
gin´arias.
1.3. GRUPOS DE LIE,
´
ALGEBRAS DE LIE E AC¸
˜
OES ADJUNTAS 37
Considere o isomorfismo,
gl(m; C) gl(m; R) gl(m; R)
A + Bi − (A, B).
Como gl(m; C) = A = A
+
⊕A
, enao o isomorfismo acima restrito a A
mostra que A
=
gl(m; R).
O grupo de Lie G associado `a ´algebra A ´e GL(m; C) e de G
+
´e GL(m; R).
A ao de G
+
sobre A
+
e A
ao ambas isomorfas a ao adjunta de
GL(m; R) sobre gl(m; R).
Exemplo 1.3.8. Considere A = gl(2m; R) e a involu¸ao Σ(A) = iAi, onde
i ´e identificado como um escalar em gl(m; C) e desde a como um elemento de
gl(2m; R).
Seja A ∈A
+
dado pela matriz
a
11
a
12
··· a
1(n1)
a
1n
a
21
a
22
··· a
2(n1)
a
2n
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
a
(n1)1
a
(n1)2
··· a
(n1)(n1)
a
(n1)n
a
n1
a
n2
··· a
n(n1)
a
nn
,
onde a
ij
R e n = 2m.
Considere i como um elemento de gl(2m; R) dado pela matriz
0 1 0 ··· 0
1 0 0 ··· 0
0 0
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
. ··· 0 1
0 0 ··· 1 0
,
isto ´e, i ´e dado por uma matriz 2m × 2m formada pelos blocos
0 1
1 0
em sua diagonal principal.
1.3. GRUPOS DE LIE,
´
ALGEBRAS DE LIE E AC¸
˜
OES ADJUNTAS 38
Assim como A = iAi, fazendo as multiplica¸oes das matrizes, obtemos
que
A =
a
11
a
12
··· a
1(n1)
a
1n
a
12
a
11
··· a
1n
a
1(n1)
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
a
(n1)1
a
(n1)2
··· a
(n1)(n1)
a
(n1)n
a
(n1)2
a
(n1)1
··· a
(n1)n
a
(n1)(n1)
gl(m; C),
pois para cada bloco da matriz A temos
a
ij
a
ik
a
ik
a
ij
=
a
ij
+ a
ik
i.
Enao, segue que A
+
gl(m; C).
Observe ainda que se B gl(m; C), ent˜ao iBi = B, logo, B ∈A
+
e assim
gl(m; C) ⊂A
+
.
Portanto, A
+
= gl(m; C).
Seja D ∈A
dado pela matriz
d
11
d
12
··· d
1(n1)
d
1n
d
21
d
22
··· d
2(n1)
d
2n
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
d
(n1)1
d
(n1)2
··· d
(n1)(n1)
d
(n1)n
d
n1
d
n2
··· d
n(n1)
d
nn
,
onde d
ij
R e n = 2m.
Como D = iDi, fazendo os alculos entre as matrizes, obtemos que,
D =
d
11
d
12
··· d
1(n1)
d
1n
d
12
d
11
··· d
1n
d
1(n1)
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
d
(n1)1
d
(n1)2
··· d
(n1)(n1)
d
(n1)n
d
(n1)2
d
(n1)1
··· d
(n1)n
d
(n1)(n1)
.
Considere u R
m
e k C, dado pela matriz em gl(m; C)
1.3. GRUPOS DE LIE,
´
ALGEBRAS DE LIE E AC¸
˜
OES ADJUNTAS 39
c
11
+ if
11
··· c
1m
+ if
1m
.
.
.
.
.
.
c
m1
+ if
m1
··· c
mm
+ if
mm
,
ou ainda, como um elemento de gl(2m; R)
c
11
f
11
··· c
1m)
f
1m
f
11
c
11
··· f
1m
c
1m
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
c
m1
f
m2
··· c
mm
f
mm
f
m1
c
m1
··· f
mm
c
mm
.
Analogamente, atraes da multiplica¸ao das matrizes, verificaremos que
D(ku) = kD(u), onde a matriz de k ´e dada por,
c
11
f
11
··· c
1m)
f
1m
f
11
c
11
··· f
1m
c
1m
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
c
m1
f
m2
··· c
mm
f
mm
f
m1
c
m1
··· f
mm
c
mm
.
Enao, D gl(m; C) e assim A
gl(m; C).
Seja F gl(m; C), logo iF i = i iF = F , ou seja, F ∈A
, ent˜ao
gl(m; C) ⊂A
.
Portanto, A
= gl(m; C).
Se K : C
m
C
m
´e uma fun¸ao C-linear dada pela conjuga¸ao complexa,
a fun¸ao g : g l(m; C) gl(m; C) dada por B − B K ´e um isomorfismo
entre os espa¸cos vetoriais gl(m; C) e gl(m; C), logo A
=
gl(m; C).
O grupo de Lie G associado a A ´e GL(2m; R) e de G
+
´e GL(m; C).
A ao de G
+
sobre A
+
´e a ao adjunta de GL(m; C) sobre gl(m; C) e
sobre A
´e dada por
ϕ : GL(m; C) × gl(m; C) gl(m; C)
(φ, B) − φ
1
Bφ.
1.3. GRUPOS DE LIE,
´
ALGEBRAS DE LIE E AC¸
˜
OES ADJUNTAS 40
Ou ainda, pelo isomorfismo entre gl(m; C) e gl(m; C), temos que ϕ pode
ser vista como
ψ : GL(m; C) × gl(m; C) gl(m; C)
(φ, B k) − φ
1
(B k)φ.
Observe para β C, u C
m
que
(φ
1
(B k)φ)(βu) = φ
1
(βu)(B k)(βu)φ(βu)
= βφ
1
(u)(B(k(u)β)βφ(u)
= βφ
1
(u)(B k)(u)ββφ(u)
= φ
1
(βu)(B k)(u)βφ(βu)
= φ
1
(βu)B()φ(βu)
= φ
1
B φ(βu).
Assim a fun¸ao ψ : GL(m; C) × gl(m; C) dada por ( φ, B) − φ
1
Bφ ´e
ainda uma ao de GL(m; C) sobre gl(m; C).
Exemplo 1.3.9. Sejam A= gl(m; H) uma ´algebra de Lie e sua involu¸ao
Σ(A) = A
.
Este exemplo ´e semelhante ao anterior. Os ±1 autoespa¸cos ao dados por
A
+
= {A A| A
= A},
A
= {A A| A
= A},
tal que A
+
= gl(m; C) e A
pode ser identificado como as matrizes m ×m com
entradas de quat´ernios da forma cj + dk, c, d R.
O grupo de Lie associado `a ´algebra A ´e GL(m; H) e G
+
= GL(m; C).
Considere o isomorfismo entre os espa¸cos vetoriais gl(m; H) e
1.3. GRUPOS DE LIE,
´
ALGEBRAS DE LIE E AC¸
˜
OES ADJUNTAS 41
gl(m; C) gl(m; C) dado p or
θ : gl(m; C) gl(m; C) gl(m; H)
(A, B) − A + jB.
Este isomorfismo restrito `a A
mostra que A
=
gl(m; C).
Temos que a ao de G sobre A ´e dada por
ϕ : GL(m; C) × gl(m; H) gl(m; H)
(φ, A) − φ
1
Aφ.
Usando o isomorfismo θ acima, segue que, ϕ pode ser vista como
ψ : GL(m; C) × (gl(m; C) gl(m; C)) gl(m; C) gl(m; C)
(φ, (A, B)) − φ
1
(A, B)φ.
Mas,
φ
1
(A, B)φ = φ
1
(A + jB)φ = (φ
1
) + (φ
1
jBφ). (1.5)
Observe para m = 4 que,
φ
1
j =
a
1
+ b
1
i a
2
+ b
2
i
a
3
+ b
3
i a
4
+ b
4
i
j =
a
1
j jb
1
i a
2
j jb
2
i
a
3
j jb
3
i a
4
j jb
4
i
= j
a
1
b
1
i a
2
b
2
i
a
3
b
3
i a
4
b
4
i
= jφ
1
.
Analogamente para qualquer m temos φ
1
j = jφ
1
. Enao, em (1.5),
φ
1
(A, B)φ = (φ
1
) + (jφ
1
B)φ) = (φ
1
) + jφ
1
Bφ,
1.4. REPRESENTAC¸
˜
OES, LEMA DE SCHUR 42
que ´e a ao de G
+
sobre A.
Assim a ao de G
+
sobre A
+
´e a ao adjunta de GL(m; C) sobre gl(m; C),
enquanto que sobre A
´e isomorfo a ao de G
+
sobre o espa¸co das fun¸oes
C-lineares descritas no exemplo anterior.
Exemplo 1.3.10. Sejam A= gl(2m; C) e sua involu¸ao Σ(A) = jAj, onde
j ´e identificado como a fun¸ao linear de H
m
em H
m
obtida pela sua ao `a
direita de H
m
.
Temos que,
A
+
= {A A| jAj = A} = gl(m; H) e
A
= {A A| jAj = A} = gl(m; H
)
Identificamos H
m
com C
2m
tal que
A
+
= gl(m; H) =
A B
C D
| C = B, D = A
,
A
= gl(m; H
) =
A B
C D
| C = B, D = A
.
A fun¸ao
A B
C D
−
A B
B A
define um isomorfismo entre os
espa¸cos vetoriais gl(m; H) e gl(m; H
).
O grupo de Lie G associado a A ´e GL(2m; C) e G
+
´e GL(m; H).
A ao de G
+
sobre A
+
´e a ao adjunta de GL(m; H) sobre gl(m; H).
Sobre o isomorfismo que gl(m; H) descreve acima, a ao sobre A
= gl(m; H
)
´e tamem um isomorfismo para esta ao adjunta.
1.4 Representa¸oes, Lema de Schur
Como nosso objetivo ´e classificar os sistemas lineares revers´ıveis e equiva-
riantes usando a Teoria de Representa¸ao de Grupos, apresentaremos alguns
1.4. REPRESENTAC¸
˜
OES, LEMA DE SCHUR 43
conceitos sobre Teoria de Representa¸ao de Grupos e tamb´em uma de suas
principais ferramentas que ´e o Lema de Schur.
Defini¸ao 1.4.1. Uma representa¸ao de um grupo G sobre um espco veto-
rial V ´e um homomorfismo de grupos ρ : G GL(V ; K). Denotamos a
representa¸ao do grupo G sobre V por (V, ρ ).
A dimens˜ao de V ´e a dimens˜ao da representa¸ao.
Como GL(V ; K) ´e isomorfo a GL(m; K) temos que ´e uma representa¸ao o
homomorfismo ρ : G GL( m; K).
Defini¸ao 1.4.2. Sejam (V
1
, ρ
1
) e (V
2
, ρ
2
) duas representa¸oes do grupo G.
Dizemos que uma fun¸ao φ : V
1
V
2
´e equivariante se esta comutar com as
representa¸oes ρ
1
e ρ
2
, isto ´e,
φ(ρ
1
(g)v
1
) = ρ
2
(g)φ(v
1
), g G, v
1
V
1
.
O espa¸co de todas as fun¸oes lineares equivariantes de uma representa¸ao
(V
1
, ρ
1
) para outra (V, ρ
2
) ser´a denotado por I
G
((V
1
, ρ
1
), (V
2
, ρ
2
)), ou simples-
mente, I
G
(V
1
, V
2
). Quando duas representa¸oes ao iguais, denotamos I
G
(V, V )
por gl
G
(V ). Neste caso as fun¸oes lineares equivariantes podem tamb´em ser
compostas, logo g l
G
(V ) obt´em estrutura de uma ´algebra e ao somente de um
espa¸co vetorial real.
Defini¸ao 1.4.3. Dizemos que duas representa¸oes (V
1
, ρ
1
) e (V
2
, ρ
2
) de G, ao
isomorfas se existe uma fun¸ao f : V
1
V
2
linear, equivariante e invert´ıvel.
Observao 1.4.1. Dizemos que uma representa¸ao ρ ´e trivial se ρ(g) = Id ,
para qualquer g G.
Observao 1.4.2. Dizemos que uma representa¸ao ρ : G GL(V ; K) ´e
fiel quando ker(ρ) = {0}.
1.4. REPRESENTAC¸
˜
OES, LEMA DE SCHUR 44
Defini¸ao 1.4.4. Sejam (V, ρ) uma representa¸ao de G e W um subespco de
V . Dizemos que W ´e um subespco G-invariante de V se ρ(g)W W para
qualquer g G.
Defini¸ao 1.4.5. Uma representa¸ao (V, ρ) de G ´e chamada de irredut´ıvel se
V ao cont´em nenhum subespco linear G-invariante ao trivial.
O seguinte resultado descreve os espa¸cos lineares das fun¸oes lineares entre
representa¸oes irredut´ıveis que ´e o centro da Teoria de Representa¸ao.
Proposi¸ao 1.4.1 (Lema de Schur). Sejam (V
1
, ρ
1
) e (V
2
, ρ
2
) representa¸oes
irredut´ıveis do grupo G sobre V
1
e V
2
, respectivamente. Considere a fun¸ao
f : V
1
V
2
linear tal que f(ρ
1
(g)u) = ρ
2
(g)f (u), para qualquer g G,
u V
1
.
1. Se (V
1
, ρ
1
) e (V
2
, ρ
2
) ao ao isomorfas, ent˜ao I
G
(V
1
, V
2
) = {0}.
2. Se (V
1
, ρ
1
) = (V
2
, ρ
2
) = (V, ρ), ent˜ao gl
G
(V ) ´e isomorfo (como uma
´algebra real) a R, C ou H.
Demonstra¸ao.
1. Seja f I
G
(V
1
, V
2
), isto ´e, f : V
1
V
2
´e uma fun¸ao linear tal que
f(ρ
1
(g)v
1
) = ρ
2
(g)f (v
1
), g G, v
1
V
1
.
i) Se f 0, ent˜ao I
G
(V
1
, V
2
) = {0}, como quer´ıamos demonstrar.
ii) Suponhamos f = 0. Considere W
1
= {x V
1
| f (x) = 0} V
1
,
n´ucleo de f.
Dado x W
1
e g G, como f ´e equivariante, segue que,
f(ρ
1
(g)x) = ρ
2
(g)(f (x)) = ρ
2
(g)(0) = 0
= f(ρ
1
(g)x) = 0
= ρ
1
(g)(x) W
1
.
1.4. REPRESENTAC¸
˜
OES, LEMA DE SCHUR 45
Enao, para qualquer g G, ρ
1
(g)(W
1
) W
1
. Como ρ
1
´e irredut´ıvel,
W
1
= {0} ou W
1
= V
1
.
Mas se W
1
= V
1
, ent˜ao para todo x V
1
, f (x) = 0 logo f 0 o que ´e
absurdo.
Enao, W
1
= {0} e temos assim que f ´e injetora.
Analogamente, considere W
2
= Im(f) = {f (x) V
2
| x V
1
} V
2
.
Tomando y = f (x) W
2
, pela equivariˆancia de f segue que
ρ
2
(g)f (x) = f (ρ
1
(g)x) W
2
= ρ
2
(g)f (x) W
2
, y = f (x) W
2
, g G
= ρ
2
(g)W
2
W
2
, g G
= W
2
= {0} ou W
2
= V
2
.
Se W
2
= {0}, ent˜ao f (x) = 0, para todo x V
1
logo f 0 o que ´e
absurdo.
Logo W
2
= V
2
e assim f ´e sobrejetora.
Finalmente, conclu´ımos que f ´e uma fun¸ao linear, equivariante e in-
vert´ıvel, ent˜ao (V
1
, ρ
1
) e (V
2
, ρ
2
) ao representa¸oes isomorfas, absurdo,
pois contraria a hip´otese.
Portanto, de i) e ii) segue que I
G
(V
1
, V
2
) = {0}.
2. Mostraremos para o caso em que V ´e um Cespa¸co vetorial. Os casos
em que V ´e um Kespa¸co vetorial para K = R ou H foram provados por
Frobenius and Peirce em 1878 e 1880.
Seja f gl
G
(V ). Como C ´e um corpo alg´ebricamente fechado, ou seja,
qualquer polinˆomio de grau m tem exatamente m ra´ızes, temos que f
tem um autovalor complexo.
Consideremos λ este autovalor associado ao autovetor ao nulo x
1
, isto
´e, f(x
1
) = λx
1
.
1.4. REPRESENTAC¸
˜
OES, LEMA DE SCHUR 46
Tomemos F = f λI e observamos que
F (x
1
) = (f λI)(x
1
) = f(x
1
) λx
1
= λx
1
λx
1
= 0.
Logo, kerF = 0 e F ao ´e injetora.
Temos ainda que
F (ρ(g)u) = (f λI)(ρ(g)u)
= f (ρ(g)u) (λI)(ρ(g)u)
= ρ(g)f(u) ρ(g)λu
= ρ(g)(f λI)(u)
= ρ(g)F (u), g G, u V.
Enao, F gl
G
(V ). Analogamente a demonstra¸ao do item anterior
segue que kerF = {0} ou kerF = V .
Se kerF = {0}, enao F ´e injetora o que ´e absurdo, logo kerF = V , ou
seja, F (x) = 0 para qualquer x V , portanto F = 0. Ent˜ao, f λI = 0
e assim f = λI.
Utilizando do isomorfismo λI − λ temos para o caso em que V ´e um
Cespa¸co vetorial que
(a) gl
G
(V )
=
C quando Im(λ) = 0.
(b) gl
G
(V )
=
R quando Im(λ) = 0.
Portanto conclu´ımos que gl
G
(V ) ´e isomorfo, como uma ´algebra real, a R
ou C no caso em que V ´e um Cespa¸co vetorial.
Defini¸ao 1.4.6. Dizemos que uma representa¸ao irredut´ıvel (V, ρ) de G ´e do
tipo R, C ou H segundo a classe do isomorfismo de gl
G
(V ), ou seja, o tipo da
1.5. DECOMPOSIC¸
˜
AO ISOT´ıPICA 47
representa¸ao depende de gl
G
(V ) ser isomorfo, como uma ´algebra linear real,
a R, C ou H.
A ao natural de gl
G
(V ) sobre uma representa¸ao irredut´ıvel (V, ρ) do
tipo K a a V a estrutura de um espa¸co vetorial `a esquerda sobre K. Com
esta estrutura os elementos de G atuam por fun¸oes K-lineares sobre V .
1.5 Decomposi¸c˜ao Isot´ıpica
Nesta se¸ao utilizaremos a Decomposi¸ao Isot´ıpica para descrever a estru-
tura do espa¸co gl
G
(V ) de uma representa¸ao qualquer de G sobre V , sem ser
necessariamente irredut´ıvel.
Primeiramente, relembramos como ´e a matriz de uma transforma¸ao
linear de V em V , quando V ´e soma direta de subespa¸cos vetoriais.
Sejam V = V
1
··· V
m
e T : V V uma transforma¸ao linear tal que
T deixa invariante cada subespa¸co V
i
.
Considere B
i
= {v
1i
, v
2i
, ··· , v
k
i
i
}, com i = 1, ··· , m, bases para os
subespa¸cos vetoriais V
i
, onde dimV
i
= k
i
.
Assim uma base para V ´e dada por
B = {v
11
, v
21
, ··· , v
k
1
1
, ··· , v
1m
, v
2m
, ··· , v
k
m
m
},
tal que dimV = k
1
+ ··· + k
m
.
Enao,
T (v
11
) = α
11
v
11
+ ··· + α
k
1
1
v
k
1
1
+ 0v
12
+ ··· + 0v
k
2
2
+ ··· + 0v
1m
+ ··· + 0v
k
m
m
.
.
.
T (v
k
1
1
) = α
1k
1
v
11
+ ··· + α
k
1
k
1
v
k
1
1
+ 0v
12
+ ··· + 0v
k
2
2
+ ··· + 0v
1m
+ ··· + 0v
k
m
m
.
.
.
T (v
1m
) = 0v
11
+ ··· + 0v
k
1
1
+ 0v
12
+ ··· + 0v
k
2
2
+ ··· + γ
11
v
1m
+ ··· + γ
k
m
1
v
k
m
m
.
.
.
T (v
k
m
m
) = 0v
11
+ ··· + 0v
k
1
1
+ 0v
12
+ ··· + 0v
k
2
2
+ ··· + γ
1k
m
v
1m
··· + γ
k
m
k
m
v
k
m
m
.
1.5. DECOMPOSIC¸
˜
AO ISOT´ıPICA 48
Logo,
[T ] =
α
11
··· α
1k
1
0 ··· 0
.
.
.
0 ··· 0
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
α
k
1
1
··· α
k
1
k
1
0 ··· 0
.
.
.
0 ··· 0
0 ··· 0 β
11
··· β
1k
2
.
.
.
0 ··· 0
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
0 ··· 0 β
k
2
1
··· β
k
2
k
2
.
.
.
0 ··· 0
0 ··· 0 0 ··· 0
.
.
.
γ
11
··· γ
1k
m
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
0 ··· 0 0 ··· 0
.
.
.
γ
k
m
1
··· γ
k
m
k
m
.
Ou ainda [T ] =
A
1
0 0 0
0 A
2
0 0
0 0
.
.
.
0
0 0 0 A
m
= A
1
··· A
m
, onde A
i
, com
i = 1, ··· , m, ´e a matriz de T |
V
i
.
Assim observamos que a matriz de uma transforma¸ao linear definida em
um espa¸co vetorial que ´e soma direta de subespa¸cos vetoriais, ´e dada em forma
de blocos.
Com isso veremos que um espa¸co vetorial pode ser decomposto como soma
direta de subespa¸cos atrav´es da decomposi¸ao isot´ıpica.
Teorema 1.5.1 (Teorema da Redutibilidade Completa). Seja (V, ρ) uma re-
presenta¸ao do grupo de Lie compacto G sobre o espco vetorial V . Ent˜ao,
existem subespcos U
i
onde a representa¸ao (U
i
, τ
i
) de G sobre U
i
´e irredut´ıvel
tais que
V = U
1
··· U
m
. (1.6)
Demonstra¸ao. Ver [7], aginas 33-34.
A decomposi¸ao dada pelo teorema acima ao ´e ´unica.
1.5. DECOMPOSIC¸
˜
AO ISOT´ıPICA 49
Teorema 1.5.2. Seja a representa¸ao (V, ρ) uma representa¸ao do grupo de
Lie compacto G sobre o espco vetorial V .
1. A menos de isomorfismo existe um umero finito de subespcos U
i
tais que (U
i
, τ
i
) ´e uma representa¸ao irredut´ıvel de G. Ou seja,
(U
1
, τ
1
), ··· , (U
m
, τ
m
).
2. Defina V
j
para ser a soma de todos os subespcos U
i
tais que as re-
presenta¸oes (U
i
, τ
i
) de G ao irredut´ıveis e (U
i
, τ
i
) ´e isomorfo a (U
j
, τ
j
)
com i {1, ··· , m }. Ent˜ao,
V = V
1
··· V
k
, (1.7)
Demonstra¸ao. Ver [7], aginas 35-36.
A decomposi¸ao (1.7) ´e ´unica a menos de uma reordena¸ao das somas.
Referimos a V
i
com i {1, ··· , k} como os Blocos Isot´ıpicos de V e a
decomposi¸ao (1.7) como Decomposi¸ao Isot´ıpica de V .
Analogamente, ρ pode ser decomposta da seguinte maneira
ρ
=
ρ
1
··· ρ
k
, (1.8)
onde a representa¸ao ρ
i
com i = 1, ··· , k ´e isomorfa `a uma soma direta de m
i
opias de uma representa¸ao irredut´ıvel (U
i
, τ
i
).
Observe que ρ
1
··· ρ
k
´e uma representa¸ao.
De fato, considere a aplica¸ao
ρ
1
··· ρ
k
: G GL(V
1
··· V
k
)
g − ρ
1
(g) . . . ρ
k
(g),
onde ρ
i
ao representa¸oes do grupo G sobre o espa¸co vetorial V
i
tal que para
v = v
1
··· v
k
V , (ρ
1
(g) ··· ρ
k
(g))(v) = ρ
1
(g)(v
1
) + ··· + ρ
k
(g)(v
k
).
1.5. DECOMPOSIC¸
˜
AO ISOT´ıPICA 50
Sejam g, h G.
(ρ
1
··· ρ
k
)(gh) = ρ
1
(gh) ··· ρ
k
(gh)
= ρ
1
(g)ρ
1
(h) ··· ρ
k
(g)ρ
k
(h)
= (ρ
1
(g) ··· ρ
k
(g))(ρ
1
(h) ··· ρ
k
(h))
= (ρ
1
··· ρ
k
)(g)(ρ
1
··· ρ
k
)(h).
Portanto, ρ
1
··· ρ
k
´e um homomorfismo e assim uma representa¸ao.
Em forma de matriz, ρ se escreve em blocos como
ρ
1
0 0
0
.
.
.
0
0 0 ρ
k
, (1.9)
onde ρ
i
´e a representa¸ao de G em V
i
dada pela matriz da transforma¸ao linear
ρ
i
(g) : V
i
V
i
na base de V
i
.
Teorema 1.5.3. Sejam (V, ρ) uma representa¸ao do grupo compacto de Lie
G sobre o espco vetorial V e a Decomposi¸ao Isot´ıpica de V dada por
V = V
1
··· V
k
.
Considere L : V V ´e uma aplicao Gequivariante. Ent˜ao,
L(V
i
) V
i
, (1.10)
para i = 1, ··· , k.
Demonstra¸ao. Ver [7], agina 41.
Pelo Teorema (1.5.3) temos que gl
G
(V ) decomp˜oe-se como a soma direta
1.5. DECOMPOSIC¸
˜
AO ISOT´ıPICA 51
dos subespa¸cos que ao isomorfos a gl
G
(V
i
), isto ´e,
gl
G
(V )
=
gl
G
(V
1
) ··· gl
G
(V
k
). (1.11)
Restringindo para fun¸oes Gequivariantes invert´ıveis obteremos uma de-
composi¸ao correspondente,
GL
G
(V )
=
GL
G
(V
1
) × ··· × GL
G
(V
k
). (1.12)
O espa¸co gl
G
(V ) ´e a ´algebra de Lie associada ao grupo de Lie GL
G
(V )
e a ao adjunta de GL(V ) sobre gl(V ), restrita as transforma¸oes lineares
equivariantes, ´e a ao adjunta de GL
G
(V ) sobre gl
G
(V ).
Esta ao decomp˜oe-se como a soma direta de oes adjuntas dos grupos
GL
G
(V
i
) sobre os espa¸cos gl
G
(V
i
), ou seja,
φ = φ
1
··· φ
k
, (1.13)
onde φ
i
´e a ao de GL
G
(V
i
) sobre gl
G
(V
i
) tal que i = 1, ··· , k.
Como vimos V
i
= U
1
··· U
m
i
onde cada (U
j
, τ
j
) para j {1, ··· , m
i
}
´e isomorfo a (U
i
, τ
i
).
Seja {u
i
j1
, ··· , u
i
jl
} uma base para U
j
tal que i {1, ··· , k} se refere ao
bloco isot´ıpico V
i
ao qual U
j
pertence e j {1, ··· , m
i
}.
Assim {u
i
11
, ··· , u
i
1l
, ··· , u
i
m
i
1
, ··· , u
i
m
i
l
} ´e uma base para V
i
. Logo como
L(V
i
) V
i
segue que
L(u
i
11
) = α
11
u
i
11
+ ··· + α
l1
u
i
1l
+ ··· + α
((m
i
1)l+1)1
u
i
m
i
1
+ ··· + α
(m
i
l)1
u
i
m
i
l
.
.
.
L(u
i
1l
) = α
1l
u
i
11
+ ··· + α
ll
u
i
1l
+ ··· + α
((m
i
1)l+1)l
u
i
m
i
1
+ ··· + α
(m
i
l)l
u
i
m
i
l
.
.
.
1.5. DECOMPOSIC¸
˜
AO ISOT´ıPICA 52
Enao, sua matriz ´e dada por
[L] =
0
B
B
B
B
B
B
B
B
B
B
B
B
B
B
B
B
B
@
α
11
· · · α
1l
· · ·
.
.
.
.
.
.
α
l1
· · · α
ll
· · ·
.
.
.
.
.
.
α
((m
i
1)l+1)1
· · · α
((m
i
1)l+1)l
· · ·
.
.
.
.
.
.
α
(m
i
l)1
· · · α
(m
i
l)l
· · ·
1
C
C
C
C
C
C
C
C
C
C
C
C
C
C
C
C
C
A
=
0
B
B
B
@
L
11
· · · L
1m
i
.
.
.
.
.
.
L
m
i
1
· · · L
m
i
m
i
1
C
C
C
A
, (1.14)
onde cada L
jt
´e a matriz da transforma¸ao linear L
jt
: U
t
U
j
que ´e equiva-
riante com rela¸ao as representa¸oes (U
t
, τ
t
) e (U
j
, τ
j
) tal que
j, t {1, ··· , m
i
}.
Como V
i
´e isomorfo a soma direta das m
i
opias de U
i
pelo mesmo processo
feito acima obteremos uma matriz na base dos U
i
’s que ´e isomorfa a matriz
(1.14).
Atrav´es deste isomorfismo se (U
i
, τ
i
) ´e do tipo K
i
, enao podemos tomar
L
jt
= l
jt
, onde l
jt
K
i
. Se considerarmos o isomorfismo l
jt
− l
jt
I, onde I
´e a identidade sobre U
i
, enao L
jt
= l
rs
´e isomorfo a l
jt
I. Portanto, a trans-
forma¸ao linear L : V
i
V
i
´e dada pela matriz m
i
× m
i
com elementos em
K
i
, logo gl
G
(V
i
)
=
gl(m
i
; K
i
), onde conclu´ımos a estrutura do espa¸co gl
G
(V
i
).
Analogamente GL
G
(V
i
)
=
GL(m
i
; K
i
) e tamem a ao adjunta de GL
G
(V )
sobre gl
G
(V ) ´e isomorfa `a soma direta de oes adjuntas dos grupos de Lie
GL(m
i
; K
i
) sobre suas ´algebras de Lie gl(m
i
; K
i
).
Este resultado pode ser expresso naturalmente usando produto tensorial.
Primeiramente observemos que se U ´e um espa¸co vetorial sobre K, enao
U = K U .
De fato, seja a aplica¸ao ϕ : K×U U dada p or ϕ(k, u) = ku. Considere
o espa¸co vetorial N e a aplica¸ao bilinear ψ : K ×U N. Tome a aplica¸ao
linear f : U N tal que f(u) = ψ(1, u), logo para qualquer u U e k K
segue que
f ϕ(k, u) = f(ku) = kf(u) = kψ(1, u) = ψ(k, u) = f ϕ = ψ.
1.5. DECOMPOSIC¸
˜
AO ISOT´ıPICA 53
Portanto, pela Defini¸ao (1.1.5) segue que U = K U.
Sendo assim, como V
i
´e soma direta de m
i
opias de U
i
e U
i
´e do tipo K
i
,
temos que
V
i
=
U
i
···U
i
= (K
i
U
i
)···(K
i
U
i
) = (K
i
···K
i
)U
i
= K
m
i
i
U
i
.
Portanto, V
i
=
K
m
i
i
K
i
U
i
. Ou ainda, as representa¸oes (V
i
, ρ
i
) e
(K
m
i
i
K
i
U
i
, 1
m
i
K
i
τ
i
) ao isomorfas.
Temos ainda pela matriz (1.14) que
[L] =
L
11
··· L
1m
i
.
.
.
.
.
.
L
m
i
1
··· L
m
i
m
i
=
l
11
I ··· l
1m
i
I
.
.
.
.
.
.
l
m
i
1
I ··· l
m
i
m
i
I
=
l
11
··· l
1m
i
.
.
.
.
.
.
l
m
i
1
··· l
m
i
m
i
K
i
I = l
K
i
I,
onde l : K
m
i
K
m
i
e [l] = [l
rs
]
m
i
×m
i
.
Portanto, o isomorfismo de gl(m
i
; K
i
) para gl
G
(V
i
) ´e dado por
l − L = l
K
i
I.
Analogamente, restringindo para fun¸oes invert´ıveis teremos o isomorfismo
entre GL(m
i
; K
i
) e GL
G
(V
i
) atraes do produto tensorial.
Finalmente, generalizamos a classifica¸ao de representa¸oes irredut´ıveis em
tipos R, C e H e assim podemos definir o tipo de uma representa¸ao geral
V (definida sobre R) para ser isomorfa `a classe de gl
G
(V ) como uma ´algebra
linear real.
Cap´ıtulo 2
Classifica¸ao das Representa¸oes
de G
2.1 Sistemas Lineares Revers´ıveis e Equivari-
antes
Neste Cap´ıtulo classificaremos as poss´ıveis classes de isomorfismos da
´algebra gl
H
(U) e as formas que os automorfismos Σ podem tomar sobre gl
H
(U)
como na Se¸ao (1.2). Com isso poderemos classificar as representa¸oes ir-
redut´ıveis atraes da Teoria de Representa¸ao de Grupos.
Consideremos um sistema linear da forma
dx
dt
= Lx, (2.1)
onde L : V V ´e uma aplica¸ao linear do espa¸co vetorial V em V .
Defini¸ao 2.1.1. Dizemos que o sistema (2.1) ´e revers´ıvel com rela¸ao a uma
aplicao linear invert´ıvel R : V V se
RL = LR . (2.2)
2.1. SISTEMAS LINEARES REVERS´ıVEIS E EQUIVARIANTES 55
Em outras palavras, se x(t) ´e uma solu¸ao do sistema (2.1), ent˜ao R(x(t))
tamb´em o ´e.
A fun¸ao R acima ´e chamada uma simetria revers´ıvel de L. Devemos notar
que ao exigimos que R seja uma involu¸ao, isto ´e, R
2
= R R ao precisa ser
a identidade I.
Exemplo 2.1.1. Sejam o sistema linear ˙x = Lx e uma simetria revers´ıvel
dada por R =
0 1
1 0
.
Considere L =
a b
c d
tal que a, b, c, d R. Temos pela reversibilidade
do sistema que
LR = RL =
a b
c d
0 1
1 0
=
0 1
1 0
a b
c d
=
b a
d c
=
c d
a b
=
c = b
a = d
= L =
a b
b a
.
Observe que R ao ´e uma involu¸ao, pois R
2
=
1 0
0 1
ao ´e a
identidade.
Defini¸ao 2.1.2. Dizemos que o sistema (2.1) ´e equivariante com rela¸ao a
uma aplicao linear invert´ıvel S : V V do espco vetorial V em V se
SL = LS . (2.3)
2.1. SISTEMAS LINEARES REVERS´ıVEIS E EQUIVARIANTES 56
Equivalentemente, se x(t) ´e solu¸ao de (2.1), ent˜ao S(x(t)) tamb´em ´e
solu¸ao.
Assim quando (2.1) ´e S-equivariante dizemos que S ´e uma simetria de (2.1).
Exemplo 2.1.2. Seja o sistema linear ˙x = Lx tal que S =
1
2
1
1
1
2
´e
uma simetria para o sistema.
Considere L =
a b
c d
tal que a, b, c, d R. Da equivariˆancia do sis-
tema, segue que
LS = SL =
a b
c d
1
2
1
1
1
2
=
1
2
1
1
1
2
a b
c d
.
Assim
LS = SL =
b
a
2
a
b
2
d
c
2
c
d
2
=
c
a
2
d
b
2
a
c
2
b
d
2
=
c = b
d = a
= L =
a b
c a
.
Portanto, para que o sistema linear ˙x = Lx seja equivariante com rela¸ao
`a aplica¸ao S ´e necess´ario e suficiente que L =
a b
c a
.
A composi¸ao de duas simetrias de (2.1) ainda ´e uma simetria de (2.1),
a composi¸ao de duas simetrias revers´ıveis de (2.1) ´e uma simetria de (2.1)
e a composi¸ao de uma simetria com uma simetria revers´ıvel de (2.1) ´e uma
simetria revers´ıvel de (2.1). Portanto, o conjunto das simetrias e simetrias
2.1. SISTEMAS LINEARES REVERS´ıVEIS E EQUIVARIANTES 57
revers´ıveis de L ´e fechado sobre a composi¸ao e formam um grupo que deno-
taremos por G.
Em nosso estudo estaremos considerando G como um Grupo de Lie Com-
pacto.
Seja G um grupo. Se G cont´em simetrias revers´ıveis o subgrupo H das
simetrias ´e um subgrupo de ´ındice 2, ou seja,
G
H
=
Z
2
. (2.4)
Devemos notar que (2.4) ao implica que G cont´em uma simetria revers´ıvel
que seja uma involu¸ao.
Por exemplo, seja o grupo G = {−1, 1, i, i} =< i >
=
Z
4
com a opera¸ao
de multiplica¸ao de n´umeros complexos e H = Z
2
. O conjunto G ao cont´em
nenhuma simetria revers´ıvel que ´e uma involu¸ao.
De fato, primeiramente observemos que
O(
G
H
) = [G : H] =
O(G)
O(H)
=
4
2
= 2 =
G
H
=
Z
2
.
Logo, H ´e um subgrupo normal de G.
Por defini¸ao a identidade ´e sempre uma simetria. Suponhamos que i seja
uma simetria revers´ıvel, logo 1 ´e uma simetria e i ´e uma simetria revers´ıvel.
Assim as simetrias revers´ıveis de G ao i e i, onde i
2
= 1 = 1 e
(i)
2
= 1 = 1, o que nos mostra que G conem simetrias revers´ıveis que
ao ao involu¸oes.
Vejamos que a reversibilidade tem uma implica¸ao similar com a estrutura
Hamiltoniana.
Lema 2.1.1. Sejam L GL (n; R) revers´ıvel e λ um autovalor de L. Ent˜ao,
λ tamb´em ´e autovalor de L.
Demonstra¸ao
Por hip´otese L ´e revers´ıvel, logo existe R : R
n
R
n
tal que LR = RL.
Considere λ o autovalor de L, ou seja, L(x) = λx, para algum x.
2.1. SISTEMAS LINEARES REVERS´ıVEIS E EQUIVARIANTES 58
Logo,
L(R(x)) = R (L( x)) = R(λx) = λR(x),
ou seja, λ ´e um autovalor de L associado ao autovetor R(x).
Portanto, λ ´e autovalor de L.
Observao 2.1.1. Como conseq¨encia do lema anterior, os autovalores dos
sistemas lineares revers´ıveis aparecem como λ = 0, duplas reais ou puramente
imagin´arias, (λ, λ) com λ R ou λ iR.
Vejamos alguns exemplos onde esta observao se verifica.
Exemplo 2.1.3. Considere o caso puramente revers´ıvel, com G = Z
2
agindo
sobre R
2
, por R : R
2
R
2
dada por R(x, y) = (x, y) e H = {I}.
Seja L =
a b
c d
tal que a, b, c, d R. Pela reversibilidade de L
LR = RL =
a b
c d
1 0
0 1
=
1 0
0 1
a b
c d
=
a b
c d
a b
c d
= a = d = 0.
Portanto, os sistemas lineares revers´ıveis em rela¸ao a R dada ao aqueles
tal que
L =
0 b
c 0
com b, c R.
Considere λ tal que o polinˆomio caracter´ıstico de L ´e dado por
det (L λI) = det
λ b
c λ
= λ
2
bc.
Assim λ
1
=
bc e λ
2
=
bc ao os autovalores de L, isto ´e, um par no
eixo real para b > 0 e c > 0 ou um par no eixo imagin´ario para b < 0 ou c < 0.
2.1. SISTEMAS LINEARES REVERS´ıVEIS E EQUIVARIANTES 59
Exemplo 2.1.4. Seja G = Z
4
agindo em R
2
por R =
0 1
1 0
.
Enao, H
=
Z
2
pois como
G
H
=
Z
2
e a ordem de G ´e 4, segue que ordem
de H ´e 2.
Para reversibilidade de L considere sua matriz dada por L =
a b
c d
tal que a, b, c, d R.
LR = RL =
a b
c d
0 1
1 0
=
0 1
1 0
a b
c d
=
b a
d c
=
c d
a b
= L =
a b
b a
, onde a, b, c, d R.
Observe que neste caso L =
a b
b a
tal que a, b, c, d R, ´e revers´ıvel
e equivariante, pois H = {−1, 1}, ou seja, L comuta sempre com os elementos
de H.
Considere p(λ) = (a λ)(a + λ) b
2
o polinˆomio caracter´ıstico de L.
Enao, λ
1
=
a
2
+ b
2
e λ
1
=
a
2
+ b
2
ao os autovalores de L, isto ´e,
sempre um par de valores reais.
Exemplo 2.1.5. Seja G = D
4
=< α, β > agindo com a simetria do quadrado
em R
2
, onde α tem ordem 4, β tem ordem 2 e αβ = βα
3
= βα
1
.
Usando a Teoria de Representa¸ao, considere a representa¸ao tal que
α −
0 1
1 0
e β −
0 1
1 0
.
Como O(G) = 8 temos, por (2.4), que O(H) = 4.
Neste caso temos duas possibilidades para H, ou H
=
Z
2
×Z
2
ou H
=
Z
4
.
Contudo, a dinˆamica conseq¨uente dos dois casos ao diferentes.
2.1. SISTEMAS LINEARES REVERS´ıVEIS E EQUIVARIANTES 60
De fato,
1. Para H
=
Z
2
× Z
2
.
Neste caso consideraremos que α e β ao simetrias revers´ıveis. E assim,
H =< α
2
, αβ >.
Seja L dado pela matriz
a b
c d
tal que a, b, c, d R. Para L ser
equivariante basta verificarmos que L(αβ) = (αβ)L, tendo em vista que
2
= α
2
L sempre vale pois α
2
= Id. Logo
L(αβ) = (αβ)L =
a b
c d
1 0
0 1
=
1 0
0 1
a b
c d
= L =
a 0
0 b
, com a, b R.
Observe que as simetrias revers´ıveis de G ao G\H = {α, α
3
, β, α
2
β}, as-
sim para L ser revers´ıvel ´e necess´ario que a = b. Portanto,
L =
a 0
0 a
onde a R ´e um sistema linear revers´ıvel e equiva-
riante.
O polinˆomio caracter´ıstico de L ´e dado por p(λ) = λ
2
a
2
, ent˜ao λ
1
= a
e λ
2
= a ao os autovalores de L.
O retrato de fase deste sistema linear ´e dado pela seguinte figura.
Figura 2.1: Retrato de fase de um fluxo linear sobre R
2
com o grupo simetria
revers´ıvel G = D
4
e H
=
Z
2
× Z
2
.
2.1. SISTEMAS LINEARES REVERS´ıVEIS E EQUIVARIANTES 61
2. Para H
=
Z
4
.
Neste caso consideraremos que α ´e uma simetria e β ´e uma simetria
revers´ıvel. Assim, H =< α >.
Seja L tal que sua matriz ´e dada por
a b
c d
tal que a, b, c, d R. Da
equivariˆancia de L, segue que
= αL =
a b
c d
0 1
1 0
=
0 1
1 0
a b
c d
= L =
a b
b a
, onde a, b R.
As simetrias revers´ıveis de G ao {β, αβ, α
2
β, α
3
β}, assim da reversibili-
dade de L temos que a = 0.
Portanto, o sistema linear revers´ıvel e equivariante ´e dado pela matriz
L =
0 b
b 0
com b R e seu polinˆomio caracter´ıstico ´e dado por
p(λ) = λ
2
+ b
2
, o que conclu´ımos que λ
1
= bi e λ
2
= bi ao seus
autovalores.
O retrato de fase deste sistema ´e dado na figura abaixo.
Figura 2.2: Retrato de fase de um fluxo linear sobre R
2
com o grupo simetria
revers´ıvel G = D
4
e H = Z
4
.
2.2. PROVA DE ALGUNS RESULTADOS IMPORTANTES 62
Considere o homomorfismo σ : G {1, 1} que identifica precisamente
como o grupo G divide-se em simetrias e simetrias revers´ıveis, isto ´e, se g ´e uma
simetria, ent˜ao σ(g) = 1 e se g ´e uma simetria revers´ıvel, ent˜ao σ(g) = 1.
Temos que H = σ
1
({1}) ´e um subgrupo normal de G.
Defini¸ao 2.1.3. Seja (V, ρ) uma representa¸ao de G sobre V . Dizemos que
L : V V ´e uma fun¸ao (G, σ)-revers´ıvel, ou simplesmente σ- revers´ıvel, se
L(ρ(g)v) = σ(g)ρ(g)L(v), g G, v V. (2.5)
Denotaremos por gl
σ
(V, ρ), ou simplesmente gl
σ
(V ), o espa¸co das aplica¸oes
lineares σ-revers´ıveis de V em V .
Como nosso objetivo ´e usar a Teoria de Representa¸ao para classificar os
sistemas lineares revers´ıveis e equivariantes, combinaremos as duas condi¸oes
(2.2) e (2.3) em uma ´unica condi¸ao dada por
(g) = σ(g)ρ(g)L, (2.6)
onde ρ ´e a representa¸ao do grupo G com a opera¸ao de multiplica¸ao de
n´umeros reais e σ : G {1, 1} ´e um homomorfismo de grupos entre o grupo
G e {−1, 1} GL(1, R) considerado acima.
Observe que L satisfazendo (2.6), pela Defini¸ao (2.1.3), L ´e uma trans-
forma¸ao linear σ-revers´ıvel.
2.2 Prova de alguns resultados importantes
Seja H um subgrupo, de ´ındice 2 de um grupo G e σ : G Z
2
o
homomorfismo tal que kerσ = H.
Identifique Z
2
como o subgrupo de GL(1; R) ´e isomorfo a R{0} tal que
Z
2
´e isomorfo a {−1, 1} e portanto σ : G GL(1; R) como uma repre-
senta¸ao unidimensional (R, σ), que chamaremos de representa¸ao sinal do
2.2. PROVA DE ALGUNS RESULTADOS IMPORTANTES 63
par (G, H).
Sejam φ GL
G
(V ) e L gl
σ
(V ). Para g G e v V temos que
(φ
1
L φ)(ρ(g)v) = φ
1
(L(ρ(g)φ(v))
= φ
1
(σ(g)ρ(g)(v))
= σ(g)φ
1
(ρ(g)(v))
= σ(g)ρ(g)φ
1
((v))
= σ(g)ρ(g)φ
1
L φ(v),
pois como φ ´e equivariante temos que φ
1
tamem o ´e.
Enao, φ
1
L φ gl
σ
(V ).
Portanto, a aplica¸ao
µ : GL
G
(V ) × gl
σ
(V ) gl
σ
(V )
µ(φ, L) − φ
1
L φ,
´e uma ao de GL
G
(V ) sobre gl
σ
(V ).
Observao 2.2.1. Seja g G\H. Durante o trabalho consideraremos a
involu¸ao sobre o grupo GL
H
(V ) dada por
Σ : GL
H
(V ) GL
H
(V )
φ − ρ(g)
1
φρ(g).
Note que Σ independe da escolha de g G\H e ainda Σ
2
´e a identidade,
Σ
2
(φ) = Σ(Σ(φ)) = Σ(ρ(g)
1
φρ(g)) = ρ(g)
1
ρ(g)
1
φρ(g)ρ(g)
= ρ(gg)
1
φρ(gg) = ρ(gg)
1
ρ(gg)φ = φ, pois gg H.
2.2. PROVA DE ALGUNS RESULTADOS IMPORTANTES 64
Tamb´em denotaremos por Σ a involu¸ao sobre a ´algebra gl
H
(V ), dada por
Σ : gl
H
(V ) gl
H
(V )
A − ρ(g)
1
(g).
Algumas propriedades elementares desta involu¸ao est˜ao resumidas na se-
guinte proposi¸ao.
Proposi¸ao 2.2.1. 1. O grupo GL
G
(V ) ´e o conjunto dos pontos fixos da
ao Σ sobre GL
H
(V ).
2. A restri¸ao da ao adjunta de GL
H
(V ) sobre gl
H
(V ) para GL
G
(V )
preserva os subespcos
gl
G
(V ) = {A gl
H
(V )| Σ(A) = A},
gl
σ
(V ) = {A gl
H
(V )| Σ(A) = A}.
3. A ao induzida de GL
G
(V ) sobre gl
G
(V ) ´e a ao adjunta.
4. O subespco gl
σ
(V ) ´e um gl
G
(V )-subm´odulo de gl
H
(V ), ambos com res-
pectiva estrutura de ´algebra induzida pela composi¸ao e o produto dado
pelo colchete de Lie.
5. Se existe uma fun¸ao σ-revers´ıvel invert´ıvel T : V V , ent˜ao gl
σ
(V )
´e gerado por T como um gl
G
(V )-subm´odulo de gl
H
(V ) com a operao
de composi¸ao.
Demonstra¸ao.
1. Primeiramente observemos que a involu¸ao Σ : GL
H
(V ) GL
H
(V ),
dada pela Observao (2.2.1), ´e uma ao de G sobre GL
H
(V ).
2.2. PROVA DE ALGUNS RESULTADOS IMPORTANTES 65
De fato, pela Defini¸ao (1.3.3), temos que,
ψ : G × GL
H
(V ) GL
H
(V )
(g, φ) − ρ(g)
1
φρ(g),
´e uma ao de G sobre GL
H
(V ). Como a restri¸ao de uma ao ´e ainda
uma ao e para cada g G \H a aplica¸ao Σ : GL
H
(V ) GL
H
(V ) ´e
uma restri¸ao da aplica¸ao ψ de G para G \H, temos que Σ ´e uma ao.
Considere A = {φ GL
H
(V )| Σ(φ) = φ} o conjunto dos pontos fixos
de Σ.
Seja φ A, logo
Σ(φ) = φ ρ(g)
1
φρ(g) = φ
φρ(g) = ρ(g)φ, g G\H.
Se g H ent˜ao φρ(g) = ρ(g)φ, pois φ GL
H
(V ).
Enao, para qualquer g G temos que φρ(g) = ρ(g)φ, isto ´e,
φ GL
G
(V ) e portanto A GL
G
(V ).
Seja θ GL
G
(V ), logo
θρ(g) = ρ(g)θ, g G.
Em particular para g G\H,
θρ(g) = ρ(g)θ = θ = ρ(g)
1
θρ(g) = Σ( θ)
= Σ(θ) = θ
= GL
G
(V ) A.
Portanto, GL
G
(V ) ´e o conjunto dos pontos fixos da ao Σ sobre GL
H
(V ).
2.2. PROVA DE ALGUNS RESULTADOS IMPORTANTES 66
2. Observe que A= gl
H
(V ), A
+
= gl
G
(V ) e A
= gl
σ
(V ).
De fato, temos que gl
H
(V ) ´e um espa¸co vetorial com a opera¸ao produto
dada p ela composi¸ao, onde para qualquer T
1
, T
2
gl
H
(V ), g H, v V
temos
T
1
T
2
(ρ(g)v) = T
1
(ρ(g)T
2
(v)) = ρ(g)T
1
T
2
(v),
ou seja, T
1
T
2
gl
H
(V ).
Al´em disso,
T gl
G
(V ) gl
H
(V ) = T (ρ(g)v) = ρ(g)T (v), g G, v V
= T (v) = ρ
1
(g)T (v)ρ(g), g G, v V
= T (v) = Σ(T (v)), g G \ H, v V
= T A
+
.
Logo, gl
G
(V ) A
+
.
Seja A A
+
, enao Σ(A) = A e A gl
H
(V ).
Por defini¸ao para todo g G \ H, Σ(A) = ρ
1
(g)(g), assim
A = ρ
1
(g)(g) = (g) = ρ(g)A, g G \ H
= A gl
G
(V ), g G \ H.
Se g H, como A gl
H
(V ), ent˜ao (g) = ρ(g)A.
Enao, para todo g G temos que A gl
G
(V ) e assim A
+
gl
G
(V ).
Portanto, A
+
= gl
G
(V ).
2.2. PROVA DE ALGUNS RESULTADOS IMPORTANTES 67
Temos tamb´em
T gl
σ
(V ) gl
H
(V ) = T (ρ(g)v) = σ(g)ρ(g)T (v), g G, v V
= σ(g)T (v) = ρ
1
(g)T (v)ρ(g), g G, v V
= T (v) = ρ
1
(g)T (v)ρ(g), g G \ H, v V
= Σ(T (v)) = T (v), g G \ H, v V
= T A
= gl
σ
(V ) A
.
Seja B A
, enao Σ(B) = B e B gl
H
(V ).
Se g G \ H, por defini¸ao
Σ(B) = ρ
1
(g)Bρ(g) = B = ρ
1
(g)Bρ(g)
= Bρ(g) = ρ(g)B.
Se g H, como B gl
H
(V ), ent˜ao Bρ(g) = ρ(g)B para qualquer g H.
Assim, Bρ(g) = σ(g)ρ(g)B para qualquer g G, logo, A gl
σ
(V ), ou
seja, A
gl
σ
(V ).
Portanto, A
= gl
σ
(V ).
Considerando G = GL
H
(V ), pelo item 1., G
+
= GL
G
(V ).
Portanto, a demonstra¸ao deste item, segue imediatamente da Proposi¸ao
(1.3.1).
3. Segue diretamente do item 2. da Proposi¸ao (1.3.1), considerando
G
+
= GL
G
(V ) e A
+
= gl
G
(V ).
4. Segue do item 4. da Proposi¸ao (1.2.2).
5. Devemos mostrar que gl
σ
(V ) =< T >, pela opera¸ao de composi¸ao,
isto ´e, dado T gl
σ
(V ), invert´ıvel e qualquer S gl
σ
(V ) temos que
2.2. PROVA DE ALGUNS RESULTADOS IMPORTANTES 68
S = A T , onde A gl
G
(V ).
De fato, observe que como S e T ao fun¸oes σ-revers´ıveis e T ´e invert´ıvel,
enao para g G, v V temos que
T (ρ(g)v) = σ(g)ρ(g)T (v) = ρ(g)v = σ(g)T
1
(ρ(g)T (v)),
ou ainda
T
1
(ρ(g)T (v)) = σ(g)ρ(g)v = σ(g)ρ(g)T
1
(T (v)).
Portanto, T
1
´e σ-revers´ıvel. Assim,
S T
1
(ρ(g)v) = S(σ(g)ρ(g)T
1
(v)) = σ(g)S(ρ(g)T
1
(v))
= σ(g)σ(g)ρ(g)S T
1
(v) = ρ(g)S T
1
(v).
Portanto, S T
1
´e G-equivariante.
Enao,
S = (S T
1
) T = S < T >= gl
σ
(V ) < T >.
Mas se A < T >, ent˜ao A = B T , onde B gl
G
(V ).
A(ρ(g)v) = B T (ρ(g)v) = B(σ(g)ρ(g)T (v)) = σ(g)B(ρ(g)T (v))
= σ(g)ρ(g)B T (v) = σ(g)ρ(g)A(v).
Enao, A gl
σ
(V ) e assim segue que < T > gl
σ
(V ).
Portanto, gl
σ
(V ) =< T >.
Observao 2.2.2. Pelas Proposi¸oes (1.2.2) e (2.2.1) temos que
gl
H
(V ) = gl
G
(V ) gl
σ
(V ).
2.3. REPRESENTAC¸
˜
OES IRREDUT´ıVEIS DE G 69
2.3 Representa¸oes Irredut´ıveis de G
Defini¸ao 2.3.1. Seja (U, τ ) uma representa¸ao do grupo G sobre U . Defini-
mos a sua representa¸ao σ-dual, denotada por (U, τ
σ
), como o homomorfismo
τ
σ
: G GL(U) dado por
τ
σ
(g) = σ(g)τ(g).
Equivalentemente (U, τ
σ
) ´e o pro duto tensorial (sobre R) de (U, τ ) com a
representa¸ao sinal (R, σ), ou seja, as representa¸oes (U, τ
σ
) e (R
R
U, σ
R
τ)
ao isomorfas.
De fato, seja a aplica¸ao linear invert´ıvel
f : U R
R
U
u − 1
R
u.
Temos que
f(τ
σ
(g)u) = f (σ(g)τ(g)u) = σ(g)f (τ (g)u) (2.7)
= σ(g)(1
R
τ(g)u)
e
(σ
R
τ)(g)f (u) = (σ(g)
R
τ(g)) f (u) = (σ(g)
R
τ(g))(1
R
u) (2.8)
= (σ(g)1)
R
(τ(g)u) = σ(g)(1
R
τ(g)u).
Portanto, de (2.7) e (2.8) segue que (U, τ
σ
) ´e o produto tensorial (sobre R)
de (U, τ ) com a representa¸ao sinal (R, σ).
Observe que uma fun¸ao σ-revers´ıvel T : U U p ode ser considerada
tamem uma fun¸ao G-equivariante em rela¸ao `as representa¸oes (U, τ ) e sua
2.3. REPRESENTAC¸
˜
OES IRREDUT´ıVEIS DE G 70
σ-dual, pois
T gl
σ
(U) = T (ρ(g)u) = σ(g)ρ(g)T (u), g G, u U
= T (ρ(g)u) = ρ
σ
(g)T (u), g G, u U
= T ´e G equivariante.
Proposi¸ao 2.3.1. Se duas representa¸oes ao isomorfas, ent˜ao suas σ-duais
tamb´em o ao.
Demonstra¸ao.
Sejam (V
1
, ρ
1
) e (V
2
, ρ
2
) duas representa¸oes de G isomorfas, enao existe
f : V
1
V
2
linear, invert´ıvel tal que f (ρ
1
(g)v) = ρ
2
(g)f (v), para todo
g G, v V
1
. Assim
f((ρ
1
)
σ
(g)v) = f(σ(g)ρ
1
(g)v) = σ(g)f (ρ
1
(g)v) = σ(g)ρ
2
(g)f (v)
= (ρ
2
)
σ
(g)f (v) = (V
1
, (ρ
1
)
σ
)
=
(V
2
, (ρ
2
)
σ
).
Considere a representa¸ao (U, τ
σ
). Temos pela Defini¸ao (2.3.1) que o ho-
momorfismo (τ
σ
)
σ
: G GL(U) dado por
(τ
σ
)
σ
(g) = σ(g)(τ
σ
)(g) = σ(g)σ(g)τ(g)
= σ(gg)τ (g) = τ (g),
´e a representa¸ao σ-dual de (U, τ
σ
), logo, a σ-dual de (U, τ
σ
) ´e (U, τ ). Temos,
enao que o operador (U, τ ) − (U, τ
σ
), que leva uma representa¸ao `a sua σ-
dual define uma involu¸ao sobre o conjunto de todas as classes de isomorfismos
de representa¸oes de G.
Defini¸ao 2.3.2. Seja (U, τ ) uma representa¸ao de um grupo G. Dizemos
(U, τ ) ´e uma representa¸ao σ-auto dual se (U, τ
σ
) ´e isomorfo a (U, τ ).
2.3. REPRESENTAC¸
˜
OES IRREDUT´ıVEIS DE G 71
Considere o automorfismo sobre a ´algebra gl
H
(U), dado por
α : gl
H
(U) gl
H
(U)
A − SAS
1
,
onde S : U U ´e a fun¸ao invert´ıvel que torna a representa¸ao (U, τ ) σ-auto
dual.
Observe que α(S) = SSS
1
= S, para qualquer S gl
H
(U) e α restrito
`a uma ´algebra gl
G
(U) que ´e isomorfo a K, ´e ainda um automorfismo. Este
automorfismo induzido de K ser´a denotado tamb´em por α.
Lema 2.3.1. Seja (U, τ ) uma representa¸ao de G do tipo K, σ-auto dual.
Considere S : U U a transforma¸ao linear que torna (U, τ ) isomorfo a
(U, τ
σ
). Ent˜ao,
1. S : U U ´e semilinear com respectivo automorfismo α.
2. S
2
= kI para algum k K \ {0} com α(k) = k.
Demonstra¸ao.
1. Segue imediatamente da defini¸ao de α, pois
α(k)S I = (SkS
1
)(S I) = (Sk) I = S (kI).
Portanto, S(ku) = α(k)S(u) para qualquer u U, k K.
2. Observemos, primeiramente, que S
2
GL
G
(U), com rela¸ao a repre-
senta¸ao (U, τ) e sua σ-dual.
De fato, seja g G, v U , da hip´otese temos
S(τ (g)v) = τ
σ
(g)S(v) = σ(g)τ(g)S(v).
2.3. REPRESENTAC¸
˜
OES IRREDUT´ıVEIS DE G 72
Aplicando S na igualdade segue que
S
2
(τ(g)v) = S(σ(g)τ (g)S(v)) = σ(g)S(τ (g)S(v))
= σ(g)τ
σ
(g)S
2
(v) = σ(g)σ(g)τ(g)S
2
(v)
= τ (g)S
2
(v) = S
2
(τ(g)v) = τ (g)S
2
(v), g G, v U.
Mas
S
2
GL
G
(U) gl
G
(U)
=
K
=
KI,
logo, S
2
= kI, para algum k K \ {0}.
Aplicando α na igualdade S
2
= kI obtemos que α(k) = k, como quer´ıamos.
Proposi¸ao 2.3.2. Uma representa¸ao (U, τ ) de G ´e irredut´ıvel do tipo K se,
e somente se, sua representa¸ao σ-dual (U, (τ )
σ
) ´e irredut´ıvel do tipo K.
Demonstra¸ao.
Afirmamos que, I
G
((U, τ ), (U, τ)) = I
G
((U, τ
σ
), (U, τ
σ
)). De fato,
f I
G
((U, τ ), (U, τ)) f(τ (g)v) = τ(g)f(v), g G, v U
σ(g)f(τ (g)v) = σ(g)τ (g)f(v), g G, v U
f(σ(g)τ (g)v) = σ(g)τ (g)f(v), g G, v U
f(τ
σ
(g)v) = τ
σ
(g)f (v), g G, v U
f I
G
((U, τ
σ
), (U, τ
σ
)).
Portanto, desta igualdade temos (U, τ ) do tipo K se, e somente se, sua
representa¸ao σ-dual (U, τ
σ
) ´e do tipo K.
Suponhamos que (U, τ
σ
) ´e irredut´ıvel do tipo K.
Sejam V um subespa¸co vetorial de U e g G tal que τ (g)V V , para
todo g G.
2.3. REPRESENTAC¸
˜
OES IRREDUT´ıVEIS DE G 73
Em particular, τ (g)V V para qualquer g ∈ H, ent˜ao τ (g)V V para
qualquer g ∈ H e como τ (g)V V para qualquer g H, segue que
σ(g)τ(g)V V, g G = τ
σ
(g)V V, g G
= V = {0} ou V = U,
pois (U, τ
σ
) ´e irredut´ıvel. Portanto, (U, τ ) ´e irredut´ıvel.
´
E trivial verificar que se (U, τ ) ´e irredut´ıvel, ent˜ao (U, τ
σ
) tamb´em ´e ir-
redut´ıvel.
Teorema 2.3.1. Seja (U, τ ) uma representa¸ao irredut´ıvel de G do tipo K.
Ent˜ao, as seguintes propriedades ao equivalentes
1. A representa¸ao (U, τ ) ´e σ-auto dual.
2. Existe uma fun¸ao linear T : U U σ-revers´ıvel ao nula.
3. Existe uma fun¸ao linear T : U U σ-revers´ıvel, invert´ıvel satisfa-
zendo um dos seguintes conjuntos de condi¸oes,
(a) K = R, T ´e R-linear e T
2
= I.
(b) K = R, T ´e R-linear e T
2
= I.
(c) K = C, T ´e C-linear e T
2
= I.
(d) K = C, T ´e
¯
C-linear e T
2
= I.
(e) K = C, T ´e
¯
C-linear e T
2
= I.
(f) K = H, T ´e H-linear e T
2
= I.
(g) K = H, T ´e H-linear e T
2
= I.
E ainda, se (U, τ ) ´e σ-auto dual e T : U U σ-revers´ıvel, invert´ıvel,
ent˜ao gl
σ
(U) ´e gerado como um odulo sobre gl
G
(U) por T .
2.3. REPRESENTAC¸
˜
OES IRREDUT´ıVEIS DE G 74
Demonstra¸ao.
3) = 2)
´
E imediato, tendo em vista que T
2
= ±I por hip´otese, segue que T
´e ao nula.
2) = 1) Suponhamos que a representa¸ao (U, τ) ao seja σ-auto dual.
Enao, como (U, τ ) e (U, τ
σ
) ao irredut´ıveis, pelo Lema de Schur, temos
que
I
G
((U, τ ), (U, τ
σ
)) = {0},
ou seja, para qualquer f : U U linear, tal que
f(τ(g)u) = τ
σ
(g)f (u), g G, u U, (2.9)
segue que f 0.
Mas observe que f satisfazendo (2.9) teremos que f ´e σ-revers´ıvel.
Enao, conclu´ımos que qualquer fun¸ao f : U U σ-revers´ıvel ´e nula,
absurdo, pois contraria a hip´otese.
Potanto, (U, τ ) ´e σ-auto dual.
1) = 3) Por hip´otese, (U, τ ) ´e isomorfo a (U, τ
σ
), enao existe S : U U
linear, invert´ıvel tal que S(τ(g)u) = τ
σ
(g)S(u), para qualquer g G,
u U.
Assim segue que S ´e σ-revers´ıvel. Tome T = φ S, para algum
φ GL
G
(U).
Afirmamos que T : U U ´e σ-revers´ıvel e invert´ıvel.
De fato, T ´e invert´ıvel pois φ e S ao invert´ıveis. Sejam g G, u U
T (τ(g)u) = φ S(τ(g)u) = φ(S(τ (g)u))
= φ(σ(g)τ (g)S(u)) = σ(g)φ(τ (g)S(u))
= σ(g)τ (g)φ(S(u)) = σ(g)τ (g)φ S(u), pois φ GL
G
(U).
2.3. REPRESENTAC¸
˜
OES IRREDUT´ıVEIS DE G 75
Portanto, T ´e σ-revers´ıvel e invert´ıvel, assim provamos a existˆencia da
T .
Mostremos agora que φ pode ser escolhido de modo que T satisfa¸ca um
dos conjuntos de condi¸oes do item 3. do teorema.
Usando a estrutura de espa¸co K-vetorial sobre U induzido do isomorfismo
de gl
G
(U) com K, as fun¸oes φ podem ser dadas por φ = k
I, para
k
K \ {0} , pois
φ GL
G
(U) gl
G
(U)
=
K
=
KI.
Logo
i) Se K = R, pela Proposi¸ao (1.2.1) e o lema anterior, α deve ser o
automorfismo identidade. Observe que
T
2
= ±I = ±I = (φ S)
2
= ((k
I) S)
2
, k
K \ {0}
= ±I = (k
)
2
(I S)
2
= (k
)
2
(I S)(I S) = (k
)
2
(I S
2
). (2.10)
Mas S
2
= kI, para algum k R \ {0} tal que α(k) = k e isto a
ocorre pois α = Id
R
. Enao, em (2.10) segue que
±I = (k
)
2
(I S
2
) = (k
)
2
(I kI) = (k
)
2
kI = (k
)
2
k = ±1
= k
= |k|
1
2
.
Portanto, T = φ S com φ = |k|
1
2
I para algum k R \ {0}, onde
T ´e R-linear e T
2
= ±I.
ii) Se K = C, pela Proposi¸ao (1.2.1), α pode ser o automorfismo iden-
tidade ou a conjuga¸ao complexa.
No caso de α ser a identidade, pelo mesmo processo do item i),
temos que T = φ S onde φ = k
1
2
I, para algum k C \ {0}. E
ainda T ´e C-linear e T
2
= I.
2.3. REPRESENTAC¸
˜
OES IRREDUT´ıVEIS DE G 76
Quando α ´e a conjuga¸ao complexa, pelo lema anterior, S
2
= kI,
para algum k C \ {0} e
α(k) = k = k = k = k R,
e assim nos restringimos ao caso i) novamente.
Observe que T ´e C-linear, pois seja u U, β C.
T (βu) = (φ S)(βu) = φ(S(βu)) = φ(βS(u)) = β(φ S)(u)
= βT (u) = α(β)T (u) = T (βu) = α(β)T (u).
iii) Se K = H, ent˜ao pela Proposi¸ao (1.2.1), existe q H invert´ıvel
tal que para qualquer r H temos α(r) = q
1
rq, onde α ´e o
automorfismo sobre H. Ou ainda, α(r) = qrq
1
.
Tome T
= q
1
I S.
Observe que para todo r H
T
rI = (q
1
I S) (rI) = q
1
I S(rI)
= q
1
I (α(r)S I) = q
1
I (α(r)I S)
= q
1
I(qrq
1
)I S = q
1
qIrq
1
I S
= Irq
1
I S = rI T
.
Logo, T
´e Hlinear. A composi¸ao (T
)
2
´e tamb´em Hlinear e
ainda
(T
)
2
= (q
1
I S)
2
= (q
1
I S) (q
1
I S)
= q
1
I S(q
1
I S) = q
1
I(α(q
1
)S I S)
= q
1
I((qq
1
q
1
)S I S) = q
1
Iq
1
S I S.
2.3. REPRESENTAC¸
˜
OES IRREDUT´ıVEIS DE G 77
(T
)
2
= q
2
(I S) (I S) = q
2
(I S)
2
= q
2
(I S
2
) GL
G
(U) gl
G
(U),
pois como vimos na demonstra¸ao do Lema (2.3.1), S
2
GL
G
(U).
Enao, como gl
G
(U) ´e isomorfo a H que por sua vez ´e isomorfo a
HI, segue que (T
)
2
= cI, para algum c H.
Mas (T
)
2
´e Hlinear, ou seja,
(T
)
2
rI = rI (T
)
2
= (cI) (rI) = (rI) (cI)
= crI = rcI
= cr = rc, r H e para algum c H
= c R.
Portanto, tomemos φ = |c|
1
2
q
1
I e assim
T = φ S = |c|
1
2
q
1
I S
= |c|
1
2
Iq
1
I S
= |c|
1
2
I T
,
onde T ´e Hlinear e
T
2
= (|c|
1
2
I T
)
2
= (|c|
1
2
I T
)(|c|
1
2
I T
)
= |c|
1
2
I(α(|c|
1
2
)T
I T
) = |c|
1
2
q|c|
1
2
q
1
T
I T
= |c|
1
I (T
)
2
= |c|
1
IcI = ±I.
Os resultados do Teorema (2.3.1) e do pr´oximo corol´ario ao resumidos
2.3. REPRESENTAC¸
˜
OES IRREDUT´ıVEIS DE G 78
na seguinte tabela, onde as siglas NSD e SD significam que a representa¸ao
irredut´ıvel dada ´e ao σauto dual ou σauto dual, respectivamente.
gl
G
(U) gl
H
(U) T T
2
α Σ(L)
NSD-R R R L
NSD-C C C L
NSD-H H H L
SD-RR R R R (1,-1) I R (L
1
, L
2
)
SD-CC C C C (1,-1) I C (L
1
, L
2
)
SD-HH H H H (1,-1) I H (L
1
, L
2
)
SD-RC R C i -I R L
SD-CR C gl(2; R)
1 0
0 1
I C iLi
SD-CH C H j -I C L
SD-HC H gl(2; C)
i 0
0 i
-I H jLj
Tabela 2.1: Classifica¸ao das Representa¸oes Irredut´ıveis de um Grupo de Lie Com-
pacto G e suas restri¸oes para um subgrupo H de ´ındice 2.
Corol´ario 2.3.1. Seja (U, τ ) uma representa¸ao irredut´ıvel de G do tipo K.
Ent˜ao,
1. A ´algebra gl
H
(U) ´e isomorfa a uma das 10 ´algebras listadas na coluna 3
da Tabela (2.1).
2. Sobre este isomorfismo, nos casos σ-auto dual, o subespco gl
σ
(U) ´e
gerado como um odulo sobre gl
G
(U) pela fun¸ao T mostrada na coluna
4 da Tabela (2.1).
3. Sobre o isomorfismo de 1., o automorfismo Σ : gl
H
(U) gl
H
(U) ´e
isomorfo `a aqueles listados na coluna 7 da Tabela (2.1).
Demonstra¸ao.
Temos que gl
H
(U) = gl
G
(U)gl
σ
(U) pela Observao (2.2.2), considerando
gl
H
(U) =A, gl
G
(U) =A
+
e gl
σ
(U) =A
.
Se (U, τ ) ao ´e σ-auto dual, ent˜ao pelo Teorema (2.3.1) gl
σ
(U) = {0}.
Logo, gl
H
(U) = gl
G
(U). Neste caso o item 1 est´a provado.
2.3. REPRESENTAC¸
˜
OES IRREDUT´ıVEIS DE G 79
Se (U, τ ) ´e σ-auto dual, ent˜ao pelo Teorema (2.3.1) gl
H
(U) ´e gerado por
gl
G
(U) e alguma fun¸ao invert´ıvel, σ-revers´ıvel T : U U.
Escolhemos T para ter as propriedades especificadas no item 3. do Teorema
(2.3.1). Para cada um dos sete casos σ-auto dual define um isomorfismo da
´algebra gl
H
(U) para a ´algebra mostrada na coluna 3 da Tabela (2.1), usando
o isomorfismo dado por hip´otese e T como o elemento na coluna 4.
Por exemplo, no caso SD-CR temos o isomorfismo entre as ´algebras gl
H
(U)
e gl(2; R).
De fato, consideremos S gl
H
(U). Como gl
H
(U) = gl
G
(U)gl
σ
(U), temos
que S = L
1
L
2
T tal que L
1
, L
2
gl
G
(U).
Mas gl
G
(U) ´e isomorfo a C, logo L
1
e L
2
ao dados pelas matrizes
L
1
=
a
1
b
1
b
1
a
1
e L
2
=
a
2
b
2
b
2
a
2
,
onde a
1
, a
2
, b
1
, b
2
R.
Enao, para T = (1, 1), da coluna 4 da Tabela (2.1), segue que
S = L
1
L
2
T =
a
1
b
1
b
1
a
1
a
2
b
2
b
2
a
2
1 0
0 1
=
a
1
+ a
2
b
1
b
2
b
1
b
2
a
1
a
2
gl(2, R).
Portanto, conclu´ımos que gl
H
(U) ´e isomorfo a gl(2; R).
Facilmente verifica-se que este ´e um isomorfismo. Procedendo desta forma,
obtemos os demais isomorfismo da coluna 3 da Tabela (2.1). Assim provamos
o item 1. do corol´ario. O item 2. segue diretamente do Teorema (2.3.1).
Note que o automorfismo Σ : gl
H
(U) gl
H
(U) ´e unicamente determi-
nado pelas condi¸oes que ele ´e identidade sobre gl
G
(U) e satisfaz Σ(T ) = T .
Facilmente verificamos que os automorfismos listados na coluna 7 da Tabela
(2.1) tˆem estas propriedades.
2.3. REPRESENTAC¸
˜
OES IRREDUT´ıVEIS DE G 80
Observao 2.3.1. Em alguns dos casos ´e poss´ıvel escolher o gerador T de
gl
σ
(U) para ter diferentes propriedades daquelas dadas no Teorema (2.3.1) e
na Tabela (2.1).
Em geral, sejam (U, τ ) uma representa¸ao σ-auto dual irredut´ıvel de G
do tipo K e T um gerador de gl
σ
(U). Ent˜ao T
= kI T , para algum
k K onde K ´e isomorfo a gl
G
(U) tamem ´e gerador de gl
σ
(U).
Se T ´e semilinear com um respectivo automorfismo α de K, enao
(T
)
2
= (kI T )
2
= (kI T )(kI T ) = (kI α(k)T I T ) = kα(k)T
2
.
Assim, (T
)
2
= kα(k)T
2
.
E ainda T
´e semilinear com rela¸ao ao automorfismo γ : K K tal que
γ = ϕ α, onde ϕ : K K ´e dada por ϕ(a) = ak, para o mesmo k K que
se define T
.
De fato
T
(βu) = (kI T )(βu) = kI(α(β)T (u))
= kα(β)I T (u) = kα(β)T (u)
= γ(β)T (u), u U, β K.
Consideramos as poss´ıveis formas alternativas para T obtidas por tomar k
com kα(k) = 1.
1. Para K = R, segue que (k) = k
2
= 1 o que ´e absurdo, pois k R,
assim ao existem alternativas para K = R.
2. Para K = C sempre temos α como a identidade e k = i, pois suponhamos
que α ´e a conjuga¸ao complexa. Logo para k = a + bi C
kα(k) = kk = 1 = (a + bi )(a bi) = 1
= a
2
+ b
2
= 1, absurdo.
2.3. REPRESENTAC¸
˜
OES IRREDUT´ıVEIS DE G 81
Portanto, α ´e a identidade e como k
2
= 1 temos que k = i.
Logo pela Tabela (2.1) segue que (U, τ ) ´e uma representa¸ao σ-auto dual
de G do tipo SD-CC e, enao pelo Teorema (2.3.1) o gerador T satisfaz
T
2
= I. Assim, T pode ser substitu´ıdo por um gerador C-linear T
,
sastisfazendo
(T
)
2
= kα(k)T
2
= i
2
T
2
= T
2
=
1 0
0 1
1 0
0 1
= I.
3. Para K = H a condi¸ao kα(k) = 1 pode ser satisfeita em um umero
de caminhos. Por exemplo, se α ´e a identidade, ent˜ao k pode ser al-
gum elemento de H satisfazendo k
2
= 1. Em particular, tomando
k = i, nos casos SD-HH e SD-HC, os geradores H-lineares T satisfazendo
T
2
= ±I podem ser substitu´ıdos pelos geradores H
-lineares T
satisfa-
zendo (T
)
2
= T
2
= I.
Pelo Teorema (2.3.1), Corol´ario (2.3.1) e a Tabela (2.1) classificamos as re-
presenta¸oes irredut´ıveis (U, τ ), e assim o subespa¸co gl
σ
(U) das transforma¸oes
σ-revers´ıveis, que ´e gerado pela fun¸ao T da coluna 4 da Tabela (2.1).
Veremos alguns exemplos que ilustram cada caso do Corol´ario (2.3.1).
Exemplo 2.3.1. Seja G = D
n
= {e, θ, θ
2
, ··· , θ
n1
, R, , ··· ,
n1
} um
grupo diedral de ordem 2n gerado por θ e R, com n 3. Observe que as
ordens de θ e de R ao n e 2, respectivamente e θR =
n1
.
Tome θ como sendo uma simetria e R uma simetria revers´ıvel. Logo
o subgrupo H de G, com ´ındice 2, ´e o grupo c´ıclio de ordem n dado por
H = {e, θ, ··· , θ
n1
} =< θ >
=
Z
n
.
Seja a ao de G sobre U = R
2
dada como a rota¸ao e reflex˜ao sim´etrica
de um polinˆomio regular de dimens˜ao n, logo a representa¸ao dos geradores de
2.3. REPRESENTAC¸
˜
OES IRREDUT´ıVEIS DE G 82
D
n
´e dada por
ρ(θ) =
cos θ
n
senθ
n
senθ
n
cos θ
n
,
ρ(R) =
1 0
0 1
,
onde θ
n
=
2
π
n
tal que n N.
Seja A gl
G
(R
2
) dada por
a b
c d
com a, b, c, d R. Assim como
(g) = ρ(g)A para qualquer g G, segue
1. para g = θ
a b
c d
cos θ
n
senθ
n
senθ
n
cos θ
n
=
cos θ
n
senθ
n
senθ
n
cos θ
n
a b
c d
,
ou seja, b = c = o e assim A =
a 0
0 d
.
2. para g = R
a 0
0 d
1 0
0 1
=
1 0
0 1
a 0
0 d
= a = d.
Enao, segue que para (g) = ρ(g)A, para qualquer g D
n
, temos que
A =
a 0
0 a
tal que a R.
Portanto, gl
G
(R
2
) ´e isomorfo a R e finalmente conclu´ımos pelo Lema de
Schur que ρ ´e uma representa¸ao do tipo R.
Considere a restri¸ao da representa¸ao de G sobre U para H, dada por
ρ
H
: H GL(R
2
).
2.3. REPRESENTAC¸
˜
OES IRREDUT´ıVEIS DE G 83
Seja B gl
H
(R
2
) dado por B =
x y
z w
onde x, y, z, w R.
Analogamente, como Bρ
H
(θ) = ρ
H
(θ)B para qualquer h H segue que
x y
z w
cos θ
n
senθ
n
senθ
n
cos θ
n
=
cos(θ
n
) sen(θ
n
)
sen(θ
n
) cos(θ
n
)
x y
z w
,
ou seja, y = z e x = w.
Logo
B =
x y
y x
=
x 0
0 x
+ y
0 1
1 0
=
x + yi.
Portanto, gl
H
(R
2
) ´e isomorfo a C e assim (R
2
, ρ
H
) ´e do tipo C.
Vejamos que ρ ´e σ-auto dual.
De fato, sejam (R
2
, ρ
σ
) sua representa¸ao σ-dual e f : R
2
R
2
dada pela
matriz
a b
c d
tal que a, b, c, d R.
i) se g ∈ H, ent˜ao σ(g) = 1.
fρ(g) = ρ
σ
(g)f =
a b
c d
1 0
0 1
=
1 0
0 1
a b
c d
= f =
0 b
c 0
.
ii) se g H, ent˜ao σ(g) = 1. Logo,
0 b
c 0
cos θ
n
senθ
n
senθ
n
cos θ
n
=
cos θ
n
sen(θ
n
)
senθ
n
cos θ
n
0 b
c 0
= b senθ
n
= c senθ
n
= b = c,
2.3. REPRESENTAC¸
˜
OES IRREDUT´ıVEIS DE G 84
pois se senθ
n
= 0, enao θ
n
= kπ como k Z e neste caso
ρ(θ) =
1 0
0 1
ou ρ(θ) =
1 0
0 1
, ou seja, Z
n
=
< I > ou
Z
n
=
< I > o que ´e absurdo, pois n 3.
Enao, basta tomar f =
0 1
1 0
para a representa¸ao (R
2
, ρ) ser σ-
auto dual.
Portanto, este ´e um exemplo de uma representa¸ao SD-RC, no Teorema
(2.3.1). O caso G = D
4
e H = Z
4
, no Exemplo (3.2), ´e o caso com n = 4.
Exemplo 2.3.2. Como no Exemplo (2.1.4), seja G = Z
4
que ´e isomorfo a
{1, 1, i, i} =< i >, o grupo c´ıclico de ordem 4 agindo sobre R
2
pela rota¸oes
atrav´es de ultiplos de
π
2
, isto ´e,
ρ : Z
4
GL(R
2
)
i − ρ(i),
onde ρ(i) =
0 1
1 0
.
Considere i uma simetria revers´ıvel. Ent˜ao, H = {−1, 1} denota o sub-
grupo isomorfo a Z
2
.
Temos, pela
´
Algebra Linear, que os ´unicos subespa¸cos vetoriais de R
2
ao
os triviais e W
ab
= {(x, y) = (at, bt)| t R, a
2
+ b
2
= 0},ou seja, as retas que
passam pela origem.
Suponhamos que ρ(g)W
ab
W
ab
, para todo g Z
4
, logo como Z
4
=
< i >,
em particular para g = i temos que
ρ(i)W
ab
W
ab
= ρ(i)w = αw, w W
ab
, α R.
2.3. REPRESENTAC¸
˜
OES IRREDUT´ıVEIS DE G 85
Assim para w = (at, bt), t R, temos que
ρ(i)w = αw =
0 1
1 0
at
bt
=
αat
αbt
=
bt
at
=
αat
αbt
=
(αa + b)t = 0
(αb a)t = 0
= t = 0 ou (α
2
+ 1)a = 0.
Mas t = 0 ´e absurdo, pois ρ(i)w = αw, para todo t R.
Enao, (α
2
+ 1)a = 0, ou seja, a = 0 pois α
2
= 1 ´e absurdo. Logo,
W = {(0, bt)| t R, b = 0}.
Neste caso, ρ(g)W W para qualquer g Z
4
, por exemplo,
ρ(i)W {(ct, 0)| t R e c = 0} W.
Portanto, ρ ao admite subespa¸co Ginvariante ao trivial, ou seja, ρ ´e
irredut´ıvel.
Sejam A gl(R
2
) dada pela matriz
a b
c d
tal que a, b, c, d R.
(i) = ρ(i)A
a b
c d
0 1
1 0
=
0 1
1 0
a b
c d
A =
a b
b a
=
a + ib C.
Logo gl
G
(R
2
)
=
C, e portanto, ρ ´e do tipo C.
Considere a restri¸ao, (R
2
, ρ
H
), da representa¸ao (R
2
, ρ) ao subgrupo H de
G.
2.3. REPRESENTAC¸
˜
OES IRREDUT´ıVEIS DE G 86
Tome W = {(0, y)| y R} um subespa¸co do R
2
. Observe que ρ(h)W W ,
para qualquer h H, isto ´e, R admite um subespa¸co H-invariante ao trivial,
enao ρ
H
ao ´e irredut´ıvel.
Sejam A = {(x, 0)| x R} , B = {(0, y)| y R} subespa¸cos G-invariantes
e as seguintes representa¸oes de H
ρ
1
: H GL(A ) e ρ
2
: H GL(B)
1 − [1] 1 − [1]
Como R
2
= A B segue que ρ
H
= ρ
1
ρ
2
, onde ρ
1
e ρ
2
ao representa¸oes
irredut´ıveis isomorfas do tipo R, logo ρ
H
´e do tipo R.
Seja f gl
G
(R
2
) dada pela matriz
a b
c d
tal que a, b, c, d R.
fρ(i) = ρ
σ
(i)
a b
c d
0 1
1 0
=
0 1
1 0
a b
c d
f =
a b
b a
.
Portanto, tome f =
1 0
0 1
e teremos que (U, ρ) ´e σ-auto dual.
Portanto, este ´e um exemplo SD-CR, do Teorema (2.3.1).
Exemplo 2.3.3. Sejam G = H × Z
2
e (U, τ
H
) uma representa¸ao irredut´ıvel
de H do tipo K.
Estenda esta, para duas representa¸oes ao isomorfas de G, denotadas
(U, τ
+
) e (U, τ
), onde Z
2
age trivialmente sobre U e como I, respectiva-
mente. Isto ´e, para cada g = (h, z) G
τ
+
(h, 1) = τ
H
(h) e τ
+
(h, 1) = τ
H
(h),
τ
(h, 1) = τ
H
(h) e τ
(h, 1) = τ
H
(h).
2.3. REPRESENTAC¸
˜
OES IRREDUT´ıVEIS DE G 87
Observe que se W ´e um subespa¸co vetorial de U tal que τ
+
(g)W W para
todo g G, segue que τ
H
(h)W W para todo h H. Como por hip´otese,
τ
H
´e irredut´ıvel temos que W = {0} ou W = U, logo τ
+
, analogamente τ
, ´e
irredut´ıvel.
Seja g G e x U.
fτ
+
(g)(x) = τ
+
(g)f (x) = f τ
H
(h)(x) = τ
H
(h)f(x), h H
= f gl
H
(U)
=
K
= (U, τ
+
) ´e do tipo K.
Suponha que exista f : U U linear tal que f τ
+
(g)(u) = τ
(g)f (u),
para qualquer g G, u U .
Tome g = (e, 1) G. Assim
f(τ
+
(e, 1)u) = τ
(e, 1)f (u) f (τ
H
(e)u) = τ
H
(e)f(u)
f(u) = f (u)
f 0,
logo f ao ´e invert´ıvel e assim segue que τ
+
ao ´e isomorfa a τ
.
Considere a representa¸ao (τ
+
)
σ
: G GL(U). Logo para g = (h, z) G
temos que
1. se g H, ent˜ao
(τ
+
)
σ
(g) = τ
+
(g) = τ
H
(h) = τ
(g),
ou seja, (τ
+
)
σ
e τ
se coincidem pois ambas ao estens˜ao de τ
H
.
2. se g ∈ H, ent˜ao
(τ
+
)
σ
(g) = τ
+
(g) = τ
H
(h) = τ
(g).
2.3. REPRESENTAC¸
˜
OES IRREDUT´ıVEIS DE G 88
Portanto, a representa¸ao σdual de τ
+
´e τ
e vice-versa. Como τ
+
e τ
ao ao isomorfas, temos que tamem ao σ-auto dual.
Exemplo 2.3.4. Seja (W, π) uma representa¸ao irredut´ıvel do tipo K do grupo
compacto de Lie Γ. Seja H = Γ × Γ e U = W W .
Defina uma representa¸ao τ
H
de H sobre U por τ
H
(γ
1
, γ
2
) = π(γ
1
) π(γ
2
).
Olhando para π(γ
1
) e π(γ
2
) como restri¸oes da representa¸ao de H temos que
τ
H
´e a soma direta de duas representa¸oes ao isomorfas de H do tipo K.
Se G denota o produto semi-direto Z
2
× Γ), onde a ao de Z
2
sobre
H = Γ × Γ ´e gerada pela fun¸ao r : (γ
1
, γ
2
) − (γ
2
, γ
1
).
Estenda a representa¸ao τ
H
de H sobre U = W W para uma representa¸ao
τ de G por requerendo τ (r)(w
1
, w
2
) = (w
2
, w
1
).
Esta ´e uma representa¸ao de G do tipo K e tamb´em fornece exemplos de
SD-RR, SD-CC e SD-HH no Teorema (2.3.1).
Vejamos que o caso com G = D
4
e H
=
Z
2
×Z
2
do Exemplo (2.1.5) ´e para
este tipo com K = R.
De fato, primeiramente observe que neste caso Γ = Z
2
, W = R e
U = R R = R
2
.
Seja (R, π) uma representa¸ao irredut´ıvel do tipo R do grupo compacto de
Lie Z
2
dada por
π : Z
2
GL(R)
1 − [1]
1 − [1],
Defina uma representa¸ao τ
H
de H sobre R
2
por
τ
H
: Z
2
× Z
2
GL(R
2
)
(γ
1
, γ
2
) − π(γ
1
) π(γ
2
) =
π(γ
1
) 0
0 π(γ
2
)
.
2.3. REPRESENTAC¸
˜
OES IRREDUT´ıVEIS DE G 89
Observe que a representa¸ao π(γ
1
) ao ´e isomorfa a representa¸ao π(γ
2
).
De fato, suponha que exista f tal que para qualquer γ
1
, γ
2
Z
2
e x R
f(π(γ
1
)x) = π(γ
2
)f(x).
Em particular para γ
1
= 1 e γ
2
= 1 temos que
f(π(1)x) = π(1)f (x) = f (x) = f (x), x R = f 0,
ou seja, f ao ´e invert´ıvel. Portanto, π(γ
1
) ao ´e isomorfa a representa¸ao
π(γ
2
).
Temos que G = D
4
= Z
2
× H. Assim a representa¸ao τ
H
de H sobre
U = W W estendida para uma representa¸ao τ de G ´e dada por
τ : D
4
GL(R
2
)
(1, h) − τ
H
(h)
(1, h) − τ
H
(h),
tal que para h = (γ
1
, γ
2
) segue que
τ
H
(γ
1
, γ
2
) =
π(γ
1
) 0
0 π(γ
2
)
,
τ
H
(γ
1
, γ
2
) =
0 π(γ
1
)
π(γ
2
) 0
.
Como G =< α, β > e H =< α
2
, αβ > usando a representa¸ao acima temos
que
α − τ(1, (1, 1)) =
0 1
1 0
2.3. REPRESENTAC¸
˜
OES IRREDUT´ıVEIS DE G 90
β − τ (1, (1, 1)) =
0 1
1 0
Considere a aplica¸ao f dada pela matriz
a b
c d
com a, b, c, d R tal
que
fτ(g) = σ(g)τ (g)f, g G.
1. Se g = α ∈ H, enao σ(g) = 1.
a b
c d
0 1
1 0
=
0 1
1 0
a b
c d
= f =
a b
b a
tal que a, b R.
2. Se g = β ∈ H, ent˜ao σ(g) = 1.
a b
b a
0 1
1 0
=
0 1
1 0
a b
b a
= f =
a 0
0 a
tal que a R.
Portanto, basta tomar a matriz invert´ıvel f =
1 0
0 1
que teremos o
isomorfismo entre as representa¸oes τ e τ
σ
, ou seja, a representa¸ao τ ´e σauto
dual.
Vejamos que gl
G
(R
2
) ´e isomorfo a R.
De fato, considere a aplica¸ao F dada pela matriz
x y
z w
com
x, y, z, w R. Logo
2.3. REPRESENTAC¸
˜
OES IRREDUT´ıVEIS DE G 91
1. Se g =
0 1
1 0
segue que
x y
z w
0 1
1 0
=
0 1
1 0
x y
z w
= F =
x y
y x
tal que x, y R.
2. Se g =
0 1
1 0
, enao
x y
y x
0 1
1 0
=
0 1
1 0
x y
y x
= F =
x 0
0 x
=
x R.
Portanto, gl
G
(R
2
) ´e isomorfo a R e pelo Lema (1.4.1) segue que τ ´e uma
representa¸ao do tipo R.
Assim conclu´ımos que este ´e um exemplo SD-RR.
Cap´ıtulo 3
Dinˆamica dos Sistemas Lineares
Revers´ıveis Equivariantes
Nesse cap´ıtulo estudaremos a dinˆamica dos sistemas lineares revers´ıveis
equivariantes. Da teoria cl´assica dos sistemas dinˆamicos sabemos que a dinˆami-
ca de um sistema linear fica completamente determinada por seus autovalores.
Faremos uma an´alise dos poss´ıveis autovalores em uma classe particular de
fun¸oes Rlineares σrevers´ıveis.
Inicialmente veremos as condi¸oes para que dois sistemas lineares tenham
a mesma dinˆamica, ou seja, condi¸oes para que seus fluxos lineares sejam
topologicamente conjugados.
3.1 Fluxos Topologicamente Conjugados
Nesta se¸ao estaremos estudando um pouco sobre teoria de estabilidade,
no¸oes de fluxo de um sistema linear e tamem quando dois fluxos ao top ologi-
camente conjugados e semelhantes. Para isto apresentaremos alguns teoremas
e defini¸oes necess´arias para se obter o teorema que mostra quando dois fluxos
ao topologicamente conjugados.
3.1. FLUXOS TOPOLOGICAMENTE CONJUGADOS 93
Consideremos uma equa¸ao diferencial linear da forma
˙x = Ax. (3.1)
Temos que a solu¸ao de (3.1) ´e dada por
x(t) = e
At
x
0
. (3.2)
Defini¸ao 3.1.1. A aplicao e
At
: R
n
R
n
pode ser considerada como
descrevendo o movimento dos pontos x
0
R
n
ao longo das trajet´orias de
(3.1). Esta aplicao ´e chamada de fluxo do sistema linear (3.1).
Defini¸ao 3.1.2. Se todos os autovalores da matriz A, n × n tem parte real
ao nula, ent˜ao o fluxo e
At
: R
n
R
n
´e chamado uma fluxo hiperb´olico e
(3.1) ´e chamado sistema linear hiperb´olico.
Teorema 3.1.1. Seja A uma matriz real n ×n e considere a equa¸ao ˙x = Ax.
Os seguintes resultados ao equivalentes.
1. Existe uma norma
sobre R
n
e uma constante a > 0 tal que para
toda condi¸ao inicial x R
n
a solu¸ao satisfaz
e
At
x
e
at
x
, t 0
2. Para qualquer norma
existe constantes a > 0 e C 1 tal que para
toda condi¸ao inicial x R
n
a solu¸ao satisfaz
e
At
x
Ce
at
x
, t 0
3.1. FLUXOS TOPOLOGICAMENTE CONJUGADOS 94
3. A parte real de todos os autovalores λ de A ao negativas, ou seja,
Re(λ) < 0.
Demonstra¸ao. Ver [17], agina 129-130.
Introduziremos o conceito de autovetor generalizado, com o objetivo de
definir os subespa¸cos est´aveis, inst´aveis e central.
Defini¸ao 3.1.3. Seja λ um autovalor da matriz A, n ×n com multiplicidade
m n. Ent˜ao, para algum k = 1, ··· , m, toda solu¸ao ao nula v de
(A λI)
k
v = 0, (3.3)
´e chamada um autovetor generalizado de A associado ao autovalor λ.
Defini¸ao 3.1.4. Seja A uma matriz n × n. Definimos o autoespco est´avel,
inst´avel e central, como segue respectivamente.
E
s
= {v| v ´e um autovetor generalizado para um autovalor λ com Re(λ) < 0}
E
u
= {v| v ´e um autovetor generalizado para um autovalor λ com Re(λ) > 0}
E
c
= {v| v ´e um autovetor generalizado para um autovalor λ com Re(λ) = 0}.
Teorema 3.1.2. Seja A uma matriz real n × n. Ent˜ao,
R
n
= E
s
E
u
E
c
,
onde E
s
, E
u
e E
c
ao os subespcos est´aveis, inst´aveis e central de (3.1),
repectivamente. Al´em disso E
s
, E
u
e E
c
ao invariantes com o respectivo fluxo
e
At
de (3.1).
Demonstra¸ao.
Como E
s
E
u
E
c
´e o espa¸co gerado pelos autovetores generalizados segue
a igualdade
R
n
= E
s
E
u
E
c
.
3.1. FLUXOS TOPOLOGICAMENTE CONJUGADOS 95
Mostraremos que E
s
´e invariante pelo fluxo e
At
. Os casos dos subespa¸cos
E
u
e E
c
serem invariantes por e
At
seguem analogamente.
De fato, seja v E
s
A
, ou seja, existe λ com parte real negativa e k N tal
que
(A λI)
k
v = 0.
Temos por defini¸ao que
e
At
= I + At +
At
2
2!
+ ··· .
Assim,
Ae
At
= e
At
A.
Logo,
(A λI)
k
e
At
v = e
At
(A λI)
k
v = 0 = e
At
v E
s
A
.
Portanto, E
s
A
´e invariante pelo fluxo e
At
.
O pr´oximo lema e proposi¸ao relacionam a dimens˜ao dos subespa¸cos generali-
zados referente a um autovalor com a soma das multiplicidades alg´ebricas deste
mesmo autovalor. Para isto para cada x V denotaremos por n = nil(x, N)
o menor inteiro positivo tal que N
n
x = 0, onde N : V V ´e um operador
nilpotente.
Lema 3.1.1. Seja n = nil(x, N). Se p(t) ´e um polinˆomio tal que p(N)x = 0,
ent˜ao t
n
divide p(t), isto ´e, existe um polinˆomio p
1
(t) tal que p(t) = t
n
p
1
(t).
Demonstra¸ao. Ver [9], agina 334-335.
Proposi¸ao 3.1.1. Seja A : V V uma transforma¸ao linear tal que
V = N
1
··· N
q
, onde N
k
=
j0
Ker(A λ
k
I)
j
para cada autovalor λ
k
3.1. FLUXOS TOPOLOGICAMENTE CONJUGADOS 96
de A. Se λ
k
´e um autovalor de A com multiplicidade n
k
, ent˜ao dimE
K
= n
k
,
onde E
k
= Ker(A λ
k
I)
n
k
´e o espco generalizado de A referente ao autovalor
λ
k
.
Demonstra¸ao.
Considere a restri¸ao da aplica¸ao A sobre N
k
, ou seja, a aplica¸ao
A
k
: N
k
N
k
.
Vejamos algumas afirma¸oes.
1. λ
k
´e autovalor de A
k
.
De fato, tome v Ker(A λ
k
I) N
k
e assim
(A λ
k
I)v = 0 = Av = λ
k
v = A
k
v = λ
k
v,
pois como v N
k
temos que A = A
k
.
2. λ
k
´e o ´unico autovalor de A
k
.
De fato, suponha que γ ´e um autovalor de A
k
diferente de λ
k
, assim
A
k
(v) = γv,
para algum v N
k
ao nulo.
Assim para qualquer j maior ou igual a zero temos que,
(A
k
λ
k
I)
j
v = (A
k
λ
k
I) ···(A
k
λ
k
I)

j vezes
v
= (A
k
λ
k
I) ···(A
k
λ
k
I)

j1 vezes
(A
k
λ
k
I)v
= (A
k
λ
k
I) ···(A
k
λ
k
I)

j1 vezes
(γ λ
k
)v
= (γ λ
k
)
j
v = 0,
3.1. FLUXOS TOPOLOGICAMENTE CONJUGADOS 97
pois γ = λ e v = 0.
Assim temos que v ao pertence a N
k
o que ´e absurdo. Portanto, λ
k
´e o
´unico autovalor de A
k
.
3. λ
k
tem multiplicidade n
k
como autovalor de A
k
.
De fato, pois como V = N
1
··· N
q
, enao o polinˆomio caracter´ıstico
de A ´e igual ao produto dos polinˆomios caracter´ısticos dos A
i
= A|
N
i
,
com i = 1, ··· , q e para blocos diferentes temos autovalores diferentes,
ou seja, as n
k
opias de λ
k
ao todas autovalores de A
k
.
Temos que a soma das multiplicidades alg´ebricas dos autovalores de A
k
´e
igual a dimens˜ao de N
k
, logo das afirma¸oes acima, temos que a dimens˜ao de
N
k
´e igual a n
k
.
Observe que
Ker(A λ
k
I) Ker(A λ
k
I)
2
··· V. (3.4)
Assim,
dim Ker(A λ
k
I) dim Ker(A λ
k
I)
2
··· dimV < .
Portanto, existe ˜n
k
pertencente aos naturais tal que
Ker(A λ
k
I)
˜n
k
= Ker(A λ
k
I)
n
, n ˜n
k
Ker(A λ
k
I)
˜n
k
1
= Ker(A λ
k
I)
˜n
k
.
Enao, N
k
= Ker(A λ
k
I)
˜n
k
.
Tome v
0
tal que,
v
0
Ker(A λ
k
I)
˜n
k
e (3.5)
v
0
∈ Ker(A λ
k
I)
˜n
k
1
.
3.1. FLUXOS TOPOLOGICAMENTE CONJUGADOS 98
Da´ı temos que,
1. v
0
N
k
,
2. o polinˆomio caracter´ıstico de A
k
´e dado por p
k
(t) = (t λ
k
)
n
k
.
Pela
´
Algebra Linear temos que,
p(A)v = 0, v,
onde p ´e o polinˆomio caracter´ıstico de A. Ent˜ao, em particular para v
0
p
k
(A
k
)v
0
= 0 = (A
k
λ
k
)
n
k
v
0
= 0.
Seja p(t) = t
n
k
. Por (3.5) temos que ˜n
k
= nil(v
0
, A λ
k
I), isto ´e, ˜n
k
´e o
menor inteiro positivo tal que ( A λ
k
I)
˜n
k
v
0
= 0.
Enao, pelo Lema (3.1.1) segue que t
˜n
k
divide p(t) = t
n
k
, ou seja, ˜n
k
´e
menor ou igual a n
k
.
Logo, por constru¸ao
Ker(A λ
k
)
˜n
k
= Ker(A λ
k
)
n
k
= N
k
= E
k
= dimN
k
= dimE
k
.
Portanto, a dimens˜ao do espa¸co E
k
´e igual a n
k
.
Observao 3.1.1. Observe que o espco generalizado E
k
= Ker(A λ
k
I)
n
k
de A referente ao autovalor λ
k
, quando λ
k
tem parte real negativa, positiva ou
nula, coincide com os espcos est´aveis, inst´aveis ou central, respectivamente.
De fato, suponha que λ
k
tem parte real negativa. Ent˜ao,
E
s
= {v| v ´e um autovetor generalizado para um autovalor λ
k
com Re(λ
k
) < 0}
= {v| (A λ
k
I)
j
v = 0 para algum j = 1, ··· , n
k
e Re(λ) < 0}
= Ker(A λ
k
I)
j
,
3.1. FLUXOS TOPOLOGICAMENTE CONJUGADOS 99
onde a parte real de λ
k
´e negativa.
Claramente E
k
E
s
, basta tomar j = n
k
.
Seja v E
s
, ent˜ao existe j
0
< n
k
tal que v Ker(A λ
k
I)
j
0
. Assim
n
k
= m + j
0
, onde m ´e um inteiro positivo menor que n
k
. Logo,
(A λ
k
I)
n
k
v = (A λ
k
I)
m
(A λ
k
I)
j
0
v = (A λ
k
I)
m
0 = 0.
Portanto, E
s
E
k
e assim conclu´ımos a igualdade entre esses dois sub-
espa¸cos.
Teorema 3.1.3. Seja A uma matriz. Assuma que A induz um fluxo hiperb´olico
para a equa¸ao diferencial linear ˙x = Ax onde x R
n
. Se B ´e uma matriz
n × n com entradas suficientemente pr´oximas de A, ent˜ao ˙x = Bx induz um
fluxo linear hiperb´olico tal que a dimens˜ao das parti¸oes de A e B ao as
mesmas.
Demonstra¸ao.
Como por hip´otese B est´a suficientemente pr´oximo de A, ent˜ao o polinˆomio
caracter´ıstico de B, p
B
, est´a suficientemente pr´oximo do polinˆomio caracte-
r´ıstico de A, p
A
.
Sendo assim as ra´ızes dos polinˆomios p
A
e p
B
(autovalores de A e de B,
respectivamente) tamem est˜ao suficientemente pr´oximas umas das outras.
Da´ı conclu´ımos que o n´umero de autovalores contados com sua multiplici-
dade com parte real positiva de A e B ao os mesmos. Analogamente, A e B
tem o mesmo n´umero de autovalores com parte real negativa.
Portanto, as dimens˜oes das parti¸oes E
s
A
, E
u
A
de A ao as mesmas dimens˜oes
das parti¸oes E
s
B
, E
u
B
de B, respectivamente.
Consideraremos que dois fluxos tem as mesmas propriedades qualitativas
e assim topologicamente semelhante, se pudermos transformar continuamente
as trajet´orias de um nas trajet´orias do outro.
3.1. FLUXOS TOPOLOGICAMENTE CONJUGADOS 100
Defini¸ao 3.1.5. Dizemos que dois fluxos ϕ
t
e ψ
t
sobre um espco M (M
pode ser R
n
ou alguma variedade) ao topologicamente conjugados, se existe
um homeomorfismo h : M M tal que
h ϕ
t
(x) = ψ
t
h(x), x M, t R.
Defini¸ao 3.1.6. Dizemos que dois fluxos ϕ
t
e ψ
t
sobre um espco M ao
topologicamente equivalentes, se existe um homeomorfismo h : M M e
uma (reparametriza¸ao) fun¸ao α : R × M R tal que
h ϕ
α(t,x)
(x) = ψ
t
h(x), x M, t R,
onde assumiremos para cada x fixado que α(t, x ) ´e monotonamente decrescente
em t e ´e sobrejetora em todo R.
Observao 3.1.2. Geometricamente dois fluxos ϕ
t
e ψ
t
sobre um espco M
ao topologicamente equivalentes se existe um homeomorfismo h : M M
que leva as trajet´orias de ϕ
t
nas trajet´orias de ψ
t
preservando sua orienta¸ao.
a no caso de serem topologicamente conjugados este homermorfismo tamb´em
preservar´a o tempo.
O seguinte teorema prova que dois fluxos lineares hiperb´olicos com a mesma
dimens˜ao dos espa¸cos est´aveis e inst´aveis ao topologicamente conjugados, ou
seja, ´e poss´ıvel preservar a parametriza¸ao.
Teorema 3.1.4. Sejam A e B duas matrizes reais n × n.
a) Assuma que todos os autovalores de A e B tem parte real negativa.
Ent˜ao, os dois fluxos lineares e
At
e e
Bt
ao topologicamente conjugados.
b) Assuma que todos os autovalores de A e B tem parte real ao nula e a
dimens˜ao da soma direta de todos os autoespcos com parte real negativa
´e a mesma de A e B. (Assim a dimens˜ao da soma direta de todos os
3.1. FLUXOS TOPOLOGICAMENTE CONJUGADOS 101
autoespcos com parte real positiva ´e a mesma de A e B). Ent˜ao, os dois
fluxos lineares e
At
e e
Bt
ao topologicamente conjugados.
c) Em particular, se todos os autovalores de A tem parte real ao nula e B
´e suficientemente pr´oximo de A, ent˜ao os dois fluxos lineares e
At
e e
Bt
ao topologicamente conjugados.
Demonstra¸ao.
Por hip´otese, no item a), todos os autovalores de A e B tem parte real
negativa, logo pelo Teorema (3.1.1) existem normas
A
,
B
e constantes
a, b > 0 tais que temos as estimativas
e
At
x
A
e
at
x
A
e
Bt
x
B
e
bt
x
B
, t > 0. (3.6)
Considerando t 0 temos as estimativas
e
At
x
A
e
a|t|
x
A
e
Bt
x
B
e
b|t|
x
B
. (3.7)
Consideremos duas esferas
S
A
= {x | x
A
= 1} e
S
B
= {x | x
B
= 1}.
Afirmamos que para cada x = 0 a trajet´oria e
At
x cruzar´a, em algum tempo,
a esfera S
A
uma ´unica vez.
De fato, temos trˆes possibilidades para x com rela¸ao a esfera S
A
.
1. Se x
A
= 1, ent˜ao temos que para t = 0 a trajet´oria e
At
x cruza a esfera
S
A
.
2. Se x
A
> 1 temos
lim
t+
e
At
x
A
lim
t+
e
At
x
A
lim
t+
e
at
x
A
= x
A
lim
t+
e
at
= 0.
3.1. FLUXOS TOPOLOGICAMENTE CONJUGADOS 102
Portanto,
lim
t+
e
At
x = 0,
ou seja, a medida que o tempo aumenta a trajet´oria e
At
x se aproxima
da origem da esfera S
A
, logo em algum momento a trajet´oria cruzar´a a
esfera S
A
.
3. Se x
A
< 1 temos que
+ = lim
t+
e
at
x
A
lim
t+
e
At
x
A
= lim
t+
e
At
x
A
= +.
Enao, a medida que o tempo aumenta a trajet´oria e
At
x sai da esfera, e
como x
A
< 1 segue que necessariamente a trajet´oria e
At
x cruzar´a a
esfera S
A
.
Suponha que exista x
0
ao nulo e os tempos t
1
, t
2
distintos, tais que
e
At
1
x
0
A
= 1 e
e
At
2
x
0
A
= 1,
ou seja, a trajet´oria e
At
x cruza a esfera S
A
duas vezes.
Sem perda de generalidade, consideremos t
1
< t
2
.
Tome t = t
1
t
2
e x = e
At
2
x
0
.
Como t ´e negativo, pela Estimativa (3.7)
e
At
x
A
e
a|t|
x
A
=⇒ e
At
1
e
At
2
e
At
2
x
0
A
e
a(t
2
t
1
)
= e
a(t
2
t
1
)
1.
Mas t
2
t
1
> 0, logo e
a(t
2
t
1
)
> 0. Ent˜ao,
e
a(t
2
t
1
)
= 1 = t
1
= t
2
, absurdo.
Portanto, para cada x = 0 a trajet´oria e
At
x cruzar´a a esfera S
A
uma ´unica
vez.
3.1. FLUXOS TOPOLOGICAMENTE CONJUGADOS 103
Analogamente, para cada y = 0 trajet´oria e
Bt
y cruzar´a a esfera S
B
tamem
uma ´unica vez.
Observe que o tempo onde e
At
x
A
= 1 depende continuamente de x.
Assim definiremos como τ (x) o tempo onde a trajet´oria e
At
x cruzar´a a esfera
S
A
para cada x = 0.
Sendo assim segue que τ (e
At
x) ´e o tempo tal que e
(e
At
x)
e
At
x
A
= 1 e ´e
dado por τ (e
At
x) = τ(x) t.
De fato,
e
A(τ(x)t)
e
At
x
A
= e
(x)
e
At
e
At
x
A
= e
(x)
x
A
= 1.
Considere o homeomorfismo entre as esferas S
A
e S
B
dado por
h
0
: S
A
S
B
x −
x
x
B
.
Observe que a inversa de h
0
existe e ´e dada por h
1
0
(y) =
y
y
A
.
De fato,
h
0
h
1
0
(y) = h
0
y
y
A
=
y
y
A
y
A
y
B
= y.
E ainda, h
0
e h
1
0
ao cont´ınuas pois ao compostas de fun¸oes cont´ınuas.
Agora podemos junto com o tempo τ (x), estender o homeomorfismo h
0
para todo o R
n
.
Considere a fun¸ao h : R
n
R
n
dada por
h(x) =
e
Bτ (x)
h
0
(e
(x)
x) se x = 0
0 se x = 0
.
3.1. FLUXOS TOPOLOGICAMENTE CONJUGADOS 104
Geometricamente temos
·
x
·
e
x
h
0
(e
x)
·
·h(x) = e
Bτ
h
0
(e
x)
h
0
h
''
S
A
S
B
Figura 3.1: Representa¸ao geom´etrica para se obter o homeomorfismo h que torna
topologicamente conjugado os fluxos e
At
e e
Bt
, referente aos sistemas lineares ˙x = Ax
e ˙x = Bx, respectivamente.
Observe que
1. Se x = 0, ent˜ao h(x) = 0 e assim
h(e
At
x) = 0 = e
Bt
h(x) = h(e
At
x) = e
Bt
h(x).
2. Se x = 0, ent˜ao
h(e
At
x) = e
B (e
At
x)
h
0
(e
(e
At
x)
e
At
x)
= e
B(τ (x)t)
h
0
(e
A(τ(x)t)
e
At
x)
= e
Bτ (x)
e
Bt
h
0
(e
(x)
e
At
e
At
x)
= e
Bτ (x)
e
Bt
h
0
(e
(x)
x)
= e
Bt
e
Bτ (x)
h
0
(e
(x)
x)
= e
Bt
h(x).
Portanto, h(e
At
x) = e
Bt
h(x) para qualquer x R
n
.
Como τ e os fluxos e
Bt
e e
At
ao cont´ınuas, segue que h ´e uma fun¸ao
cont´ınua nos pontos x = 0.
3.1. FLUXOS TOPOLOGICAMENTE CONJUGADOS 105
Mostremos que para x = 0 a fun¸ao h ´e cont´ınua, ou seja, mostremos que
x
j
0 = h(x
j
) h(0) = 0.
De fato, temos que τ(x
j
) = τ
j
´e o tempo para que e
j
x
j
A
= 1. Pelas
estimativas (3.6) e (3.7) temos que
1 = e
j
x
j
A
e
j
x
j
A
0 para τ
j
0, absurdo.
Enao, consideremos τ
1
0. Como vimos para cada x = 0 a trajet´oria
e
At
x cruza exatamente uma vez a esfera S
A
, enao para cada j existe um ´unico
τ
j
R
e um ´unico y
j
S
A
tal que e
j
x
j
= y
j
.
Suponhamos que |τ
j
| < M para qualquer j e M R. Pelo Teorema de
Bolzano Weierstrass, existe uma subsequˆencia τ
j
i
convergindo para t R.
A sequˆencia τ
j
i
est´a no compacto S
A
, logo existe uma subsequˆencia y
j
i
m
tal
que
y
j
i
m
y
0
, y
0
S
A
.
Portanto,
e
j
i
m
x
j
i
m
= y
j
i
m
. (3.8)
Assim quando m tende ao infinito, temos,
τ
j
i
m
t, x
j
i
m
0 e y
j
i
m
y
0
.
Logo, em (3.8)
e
At
0 = y
0
= y
0
= 0, absurdo.
Portanto, τ
j
tende a menos infinito quando x
j
tende a zero.
Fazendo, y
j
= h
0
(e
j
x
j
) temos que
y
j
B
= h
0
e
j
x
j
B
=
e
j
x
j
B
e
j
x
j
B
= 1.
3.1. FLUXOS TOPOLOGICAMENTE CONJUGADOS 106
Enao, usando a estimativa (3.6) segue que
h(x
j
)
B
= e
Bτ
j
h
0
(e
j
x
j
)
B
≤ e
Bτ
j
B
h
0
(e
j
x
j
)
B
= e
Bτ
j
B
e
b|τ
j
|
0.
Logo, h(x
j
)
B
converge para zero, ou seja, h(x
j
) converge para zero
quanto x
j
converge para zero. Portanto, h ´e cont´ınua em zero.
Sejam x, y tais que h(x) = h(y).
Se x = 0 , ent˜ao 0 = h(x) = h(y), ou seja, y = 0. Portanto, h ´e injetora
para x = 0.
Suponha que x = 0. Ent˜ao,
h(y) = h(x) = 0 = y = 0.
Considere τ(x) = τ e observe que
h(e
x) = e
h(x) = e
h(y) = h(e
y) = h(e
x) = h(e
y). (3.9)
Como vimos τ(e
At
x) = τ t, logo τ (e
x) = τ τ = 0, ent˜ao
h(e
x)
B
= e
Bτ (e
x)
h
0
(e
(e
x)
e
x)
B
(3.10)
= h
0
(e
x)
B
= 1,
logo, h(e
x) S
B
e por (3.9) segue que h(e
y) S
B
.
Observe que para qualquer x que ao pertence a S
A
sua imagem, h(x), ao
pertence a S
B
.
De fato, suponha que exista x
1
ao pertencente a S
A
tal que sua imagem,
h(x
1
), perten¸ca a esfera S
B
.
3.1. FLUXOS TOPOLOGICAMENTE CONJUGADOS 107
x
1
·
h
✫✪
✬✩
·0
·
x
2
·
h
0
(x
2
)
h
0
·
h(x
1
)
✫✪
✬✩
·0
S
A
S
B
Figura 3.2: Representa¸ao geom´etrica, onde x
2
= e
(x
1
)
x
1
.
Pela defini¸ao de h segue que
h(x
1
) = e
Bτ (x
1
)
h
0
(e
(x
1
)
x
1
) = h
0
(e
(x
1
)
x
1
) = e
Bτ (x
1
)
h(x
1
) S
B
.
Mas h(x
1
) pertence a S
B
e como τ (x
1
) ´e o tempo quando a trajet´oria
e
Bτ (x
1
)
h(x
1
) cruza a esfera S
B
, segue que τ (x
1
) = 0. Absurdo, pois como x
1
ao pertence a S
A
temos que τ(x
1
) ´e ao nulo.
Portanto,
h(e
y) S
B
= e
y S
A
= τ = τ (y).
Como em (3.10) temos que h(e
x) = h
0
(e
x), segue que
h
0
(e
x) = h(e
x) = h(e
y) = h
0
(e
y) = e
x = e
y = x = y.
Portanto, h ´e injetora.
Seja z R
n
. Temos que existe um ´unico τ (z) tal que e
Bτ (z)
z S
B
.
Como h
0
´e sobrejetora, existe um ´unico w S
A
tal que h
0
(w) = e
Bτ (z)
z.
Tome x = e
w, logo, w = e
x. Assim
h(x) = e
Bτ
h
0
(e
x) = e
Bτ
h
0
(e
e
w) = e
Bτ
h
0
(w) = e
Bτ
e
Bτ (z)
z = z
Portanto, h ´e sobrejetora.
3.1. FLUXOS TOPOLOGICAMENTE CONJUGADOS 108
Finalmente temos que a inversa de h ´e cont´ınua e ´e dada por
h
1
(y) =
e
(y)
h
1
0
(e
Bτ (y)
y) se y = 0
0 se y = 0
.
Portanto, conclu´ımos que h ´e um homeomorfismo que torna os fluxos e
At
e
e
Bt
topologicamente conjugados.
No item b), pelo Teorema (3.1.2) temos que R
n
= E
u
E
s
, pois E
c
= .
Vejamos que b) segue diretamente do item a).
De fato, tamem pelo Teorema (3.1.2) temos que os subespa¸cos E
s
A
e E
u
A
ao invariantes pelo fluxo e
At
e os subespa¸cos E
u
B
e E
u
B
ao invariantes pelo
fluxo e
Bt
.
Assim pelo item a) os fluxos e
At
e e
Bt
restritos aos subespa¸cos E
s
A
e E
s
B
,
respectivamente, ao topologicamente conjugados, isto ´e, existe um homeo-
morfismo h
s
: E
s
A
E
s
B
tal que
h
s
(e
At
x) = e
Bt
h
s
(x),
para qualquer x E
s
A
e t R.
Observe que se os autovalores de A e B tem parte real negativa, ent˜ao os
autovalores de A e B tem parte real positiva e neste caso os fluxos e
At
e
e
Bt
ao topologocamente conjugados.
De fato, basta tomar o homeomorfismo que torna os fluxos e
At
e e
Bt
to-
pologicamente conjugados, o que agora definido do susbespa¸co E
u
A
sobre o
sub-espa¸co E
u
B
, ou seja, tome h
u
: E
u
A
E
u
B
e w = t,
h
u
(e
At
x) = h
s
(e
Aw
x) = e
Bw
h
s
(x) = e
Bt
h
u
(x).
Assim considere o homeomorfismo h
σ
: E
σ
A
E
σ
B
tal que
h
σ
(e
At
x) = e
Bt
h
σ
(x),
3.1. FLUXOS TOPOLOGICAMENTE CONJUGADOS 109
para qualquer x E
σ
A
e t R, onde σ = s, u.
Tome as proje¸oes
π
A
σ
: R
n
E
σ
A
x = x
u
x
s
− x
σ
,
assim qualquer x R
n
pode ser escrito como x = π
A
u
(x) π
A
s
(x).
Utilizando as conjuga¸oes h
u
, h
s
e as proje¸oes podemos obter uma con-
juga¸ao sobre o espa¸co todo.
Considere a fun¸ao
h : R
n
R
n
x − h
u
(π
A
u
(x)) + h
A
s
(π
s
(x)).
Geometricamente temos
E
u
A
E
s
A
·
x
.
.
.
·
· · ·
π
s
(x) = x
s
·
x
u
= π
u
(x)
·
E
u
B
E
s
B
·
h(x)
.
.
.
· · ·
h
s
(x
s
)
·
h
u
(x
u
)
·
h
h
u
%%
h
s
99
Figura 3.3: Representa¸ao geom´etrica para se obter o homeomorfismo h que torna
topologicamente conjugado os fluxos e
At
e e
Bt
, referente aos sistemas lineares ˙x = Ax
e ˙x = Bx, respectivamente.
Como h ´e soma de fun¸oes cont´ınuas segue que h tamem ´e cont´ınua.
A fun¸ao inversa de h ´e dada pela seguinte fun¸ao cont´ınua
h
1
: R
n
R
n
y − h
1
u
(π
B
u
(y)) + h
1
s
(π
B
s
(y)),
3.1. FLUXOS TOPOLOGICAMENTE CONJUGADOS 110
onde π
B
σ
´e a proje¸ao do R
n
sobre E
σ
B
.
De fato,
h h
1
(y) = h(h
1
u
(π
B
u
(y)) + h
1
s
(π
B
s
(y)))
= h(h
1
u
(y
u
) + h
1
s
(y
s
))
= h
u
(π
A
u
(h
1
u
(y
u
) + h
1
s
(y
s
))) + h
s
(π
A
s
(h
1
u
(y
u
) + h
1
s
(y
s
)))
= h
u
(π
A
u
(h
1
u
(y
u
)) + π
A
u
(h
1
s
(y
s
))) + h
s
(π
A
s
(h
1
u
(y
u
)) + π
A
s
(h
1
s
(y
s
)))
= h
u
(π
A
u
(h
1
u
(y
u
))) + h
s
(π
A
s
(h
1
s
(y
s
)))
= h
u
(h
1
u
(y
u
)) + h
s
(h
1
s
(y
s
))
= y
u
+ y
s
= y.
Portanto, h h
1
= Id
R
n
.
Seja x = x
u
x
s
R
n
, t R, como e
At
e e
Bt
ao lineares, segue que
h(e
At
x) = h
u
(π
A
u
(e
At
x)) + h
s
(π
A
s
(e
At
x))
= h
u
(π
A
u
(e
At
(x
u
) e
At
(x
s
)) + h
s
(π
A
s
(e
At
(x
u
) e
At
(x
s
)))
= h
u
(e
At
(x
u
)) + h
s
(e
At
(x
s
)))
= e
Bt
h
u
(x
u
) + e
Bt
h
s
(x
s
)
= e
Bt
(h
u
(x
u
) + h
s
(x
s
))
= e
Bt
(h
u
(π
A
u
(x)) + h
s
(π
A
s
(x)))
= e
Bt
h(x).
Portanto, h comuta com os fluxos lineares e
At
e e
Bt
e assim conclu´ımos que
estes ao topologicamente conjugados.
Sejam A e B satisfazendo a hip´otese do item c). Assim pelo Teorema (3.1.3)
3.2. ESTUDO DOS AUTOVALORES 111
as dimens˜oes das parti¸oes de A e B ao as mesmas, ou seja,
dimE
s
A
= dimE
s
B
e
dimE
u
A
= dimE
u
B
.
Portanto, este caso segue diretamente do item b).
Observao 3.1.3. Pela Proposi¸ao (3.1.1) e o Teorema (3.1.4) temos que
dadas duas matrizes A e B onde o umero de autovalores (contados com suas
multiplicidades) com parte real negativa (ou parte real positiva) ´e igual em am-
bas, segue que os dois fluxos lineares e
At
e e
Bt
ao topologicamente conjugados.
3.2 Estudo dos autovalores
Nesta se¸ao faremos uma an´alise de como podem ser os autovalores e
suas respectivas multiplicidades para uma certa classe de fun¸oes Rlineares
σrevers´ıveis.
Focalizaremos sobre as situa¸oes em que temos uma representa¸ao σauto
dual de G e o automorfismo α ´e trivial. Sobre estas circunstˆancias mos-
traremos que o estudo dos autovalores nesta classe de fun¸oes Rlineares
σrevers´ıveis est´a intimamente ligado com o estudo dos autovalores das ma-
trizes em gl(m; K).
Observao 3.2.1. Os autovalores de uma matriz em gl(m; R) ao por defini-
¸ao aqueles de sua complexificao. Existem m autovalores e se λ ´e um au-
tovalor de uma matriz em gl(m; R), ent˜ao λ ´e tamb´em um autovalor com a
mesma multiplicidade de λ.
Observao 3.2.2. Uma matriz em g l(m; C) tem precisamente m autovalores
se cada um ´e contado de acordo com sua multiplicidade alg´ebrica.
3.2. ESTUDO DOS AUTOVALORES 112
Observao 3.2.3. No caso K = C ou K = H notamos que toda matriz em
gl(m; C) pode ser representada como uma matriz Rlinear em gl(2m; R). Se λ
´e um autovalor de uma matriz complexa com multiplicidade alg´ebrica a, ent˜ao
λ e λ ao ambos autovalores da correspondente matriz em gl(2m; R), cada um
com multiplicidade alg´ebrica igual a a.
De fato, considere o exemplo.
Exemplo 3.2.1. Seja uma fun¸ao Clinear tal que
f : C
2
C
2
(z
1
, z
2
) − (iz
1
, iz
2
).
Tome ξ = {(0, 1), (1, 0)} uma base para C
2
. Enao, a matriz da aplica¸ao
f na base ξ ´e dada por,
[f] =
i 0
0 i
.
Assim temos que i ´e o ´unico autovalor de f com multiplicidade 2.
Consideremos a mesma fun¸ao f , agora com uma fun¸ao Rlinear. Nesse
caso considere a base ξ = {(0, 1), (0, i), (1, 0), (i, 0)} e a matriz de f nesta base
´e tal que
[f] =
0 1 0 0
1 0 0 0
0 0 0 1
0 0 1 0
.
Neste caso os autovalores de f formam o par conjugado (i, i) ambos com
multiplicidade 2. Assim conclu´ımos esta observao.
3.2. ESTUDO DOS AUTOVALORES 113
Observe ainda que se uma fun¸ao Clinear tiver um autovalor real, ent˜ao
esta mesma fun¸ao, vista como uma fun¸ao Rlinear, ter´a este mesmo auto-
valor mas agora com multiplicidade dupla, pois o conjugado de um n´umero
real ´e ele mesmo. Veja um exemplo.
Exemplo 3.2.2. Considere a fun¸ao g : C
2
C
2
tal que g(z
1
, z
2
) = (iz
1
, z
2
).
Analogamente ao exemplo anterior verificamos que g, como uma fun¸ao
Clinear, tem 1 e i como seus autovalores, ambos com multiplicidade simples.
Por´em como uma fun¸ao Rlinear, seus autovalores ao (i, i) ambos com
multiplicidade simples e 1 com multiplicidade 2.
Observao 3.2.4. Os autovalores de uma matriz em gl(m; H) ao por defini-
¸ao aqueles obtidos por esquecendo a estrutura de H e olhando uma matriz em
gl(m; H) como uma fun¸ao Clinear, isto ´e, como uma matriz em gl(2m; C).
Existem portanto 2m autovalores. Quando consideramos uma matriz de
gl(m; H) como uma fun¸ao Rlinear, esta ter´a o mesmo par conjugado como
autovalor, por´em com multiplicidade dupla.
De fato, veja o seguinte exemplo.
Exemplo 3.2.3. Seja f : H
2
H
2
uma fun¸ao tal que f(g
1
, g
2
) = (g
1
i, g
2
i).
Pela defini¸ao para obter os autovalores de f devemos olh´a-la como uma
fun¸ao Clinear. Sendo assim, considere uma Cbase para H
2
dada por
β = {(1, 0), (j , 0), (0, 1), (0, j)}, logo sua matriz em rela¸ao a essa base ´e
[f] =
i 0 0 0
0 i 0 0
0 0 i 0
0 0 0 i
.
O par conjugado complexo (i, i) ´e formado por autovalores de multiplici-
dade dupla da aplica¸ao f.
3.2. ESTUDO DOS AUTOVALORES 114
Olhando f agora como uma aplica¸ao Rlinear, uma Rbase de H
2
´e
{(1, 0), (i, 0), (j, 0), (k, 0), (0, 1), (0, i), (0 , j), (0, k)} e a matriz de f nessa base
´e a matriz
0 1 0 0 0 0 0 0
1 0 0 0 0 0 0 0
0 0 0 1 0 0 0 0
0 0 1 0 0 0 0 0
0 0 0 0 0 1 0 0
0 0 0 0 1 0 0 0
0 0 0 0 0 0 0 1
0 0 0 0 0 0 1 0
.
Nesse caso os autovalores i e i tem multiplicidade 4 cada um.
Destas observoes acima, temos que quando uma fun¸ao linear L de um
Respa¸co vetorial ´e obtida de uma fun¸ao linear de um Cespa¸co vetorial com
autovalores µ
i
com multiplicidade a
i
, ela ter´a pares de autovalores conjugados
complexos (µ
i
, µ
i
) ambos com a mesma multiplicidade a
i
. Se a fun¸ao linear L
de um Respa¸co vetorial em de uma fun¸ao linear de um Hespa¸co vetorial,
que tem pares de autovalores complexos (µ
i
, µ
i
) ambos com multiplicidade a
i
,
ela ter´a esses mesmos pares de autovalores conjugados complexos mas agora
ocorrendo com multiplicidade dupla.
Observao 3.2.5. Sejam as aplicoes A : U U e B : V V . Se
λ e γ ao autovalores de A e B respectivamente, ent˜ao λγ ser´a autovalor da
aplicao A
K
B : U
K
V U
K
V .
De fato, como λ e γ ao autovalores de A e B respectivamente segue que
existem u U e v V ao nulos tais que
A(u) = λu e B(v) = γv.
3.2. ESTUDO DOS AUTOVALORES 115
Tome o vetor ao nulo x = u
K
v U
K
V . Temos que
A
K
B(x) = A
K
B(u
K
v) = A(u)
K
B(v)
= (λu)
K
(γv) = (λγ)(u
K
v) = (λγ)x.
Portanto, λγ ´e autovalor de A
K
B.
Observao 3.2.6. Seja (V, ρ) uma representa¸ao de G sobre V tal que (V, ρ)
´e isomorfo a m opias de uma representa¸ao irredut´ıvel (W, ρ
W
) do tipo K,
onde ρ
W
´e a representa¸ao ρ restrita ao subespco W . Considerando os ca-
sos σauto duais da Tabela (2.1) onde o automorfismo α ´e trivial temos que
se A gl (m, K), ent˜ao L = A
K
T ´e uma aplicao σrevers´ıvel tal que
T : W W ´e dada pela Tabela (2.1).
De fato, como vimos no Cap´ıtulo 1 temos que as representa¸oes (V, ρ) e
(K
m
K
W, 1
m
K
ρ
W
) ao isomorfas. Ent˜ao, mostraremos que L ´e uma aplica¸ao
σrevers´ıvel com rela¸ao a representa¸ao (K
m
K
W, 1
m
K
ρ
W
) e assim a menos
de isomorfismo L tamb´em ser´a σrevers´ıvel com rela¸ao a representa¸ao (V, ρ).
Seja g G como T ´e uma aplica¸ao σrevers´ıvel segue que
L((1
m
K
ρ
W
)(g)) = (A
K
T )(1
m
(g)
K
ρ
W
(g))
= (A1
m
(g))
K
(T ρ
W
(g))
= (1
m
(g)A)
K
(σ(g)ρ
W
(g)T )
= σ(g)[(1
m
(g)A)
K
(ρ
W
(g)T )]
= σ(g)[(1
m
(g)
K
ρ
W
(g))(A T )]
= σ(g)(1
m
K
ρ
W
)(g)L
Com isso podemos estudar os autovalores de uma classe particular de
fun¸oes Rlineares σrevers´ıveis para cada um dos casos σauto duais tal
que o automorfismo α ´e trivial obtido na classifica¸ao dada no Teorema (2.3.1).
3.2. ESTUDO DOS AUTOVALORES 116
Teorema 3.2.1 (Autovalores). Seja (V, ρ) uma representa¸ao de G sobre V
tal que a decomposi¸ao isot´ıpica de V possui um ´unico bloco isot´ıpico e a re-
presenta¸ao (V, ρ) ´e isomorfa a soma direta de m opias de uma representa¸ao
σauto dual irredut´ıvel (W, ρ
W
) do tipo K tal que o automorfismo α ´e trivial.
Denote a dimens˜ao de W como um espco vetorial sobre K por r. Seja ainda
L : V V uma fun¸ao Rlinear σrevers´ıvel dada por L = A
K
T onde
A gl(m, K) e T ´e dada na Tabela (2.1). Ent˜ao, os autovalores de L podem
ser determinados dos autovalores de A como segue.
(SD-RR) Se λ ´e um autovalor de A com multiplicidade alg´ebrica a, ent˜ao
(λ, λ) ´e um par de autovalores de L com multiplicidade alg´ebrica
ar
2
.
Se λ R este a um par real de autovalores. Caso contr´ario λ e λ ao
um autovalor qu´adruplo que degenera em um par imagin´ario quando λ ´e
imagin´ario.
(SD-CC) Se λ ´e um autovalor de A (como uma fun¸ao Clinear) com mul-
tiplicidade alg´ebrica a, ent˜ao (λ, λ, λ, λ) ´e uma qu´adrupla de autova-
lores de L com multplicidade alg´ebrica
ar
2
.
(SD-HH) Se (λ, λ) ´e um par conjugado de autovalores de A (como uma fun¸ao
Clinear) com multiplicidade alg´ebrica a, ent˜ao (λ, λ, λ, λ) ´e uma
qu´adrupla de autovalores de L com multplicidade alg´ebrica ar.
(SD-RC) Se λ ´e um autovalor de A com multiplicidade alg´ebrica a, ent˜ao
(iλ, ) ´e um par de autovalores de L com multiplicidade alg´ebrica ar.
Se λ R este a um par de autovalores imagin´arios. Caso contr´ario λ
e λ ao um autovalor qu´adruplo que degenera em um par real quando λ
´e imagin´ario.
(SD-HC) Se (λ, λ ) ´e um par conjugado de autovalores de A (como uma
fun¸ao Clinear) com multiplicidade alg´ebrica a, ent˜ao (iλ, iλ, iλ, )
´e uma qu´adrupla de autovalores de L com multplicidade alg´ebrica ar. A
3.2. ESTUDO DOS AUTOVALORES 117
qu´adrupla degenera de um par imagin´ario onde λ ´e real e de um par real
onde λ ´e imagin´ario.
Demonstra¸ao.
Por hip´otese temos que L = A
K
T onde A gl(m; K) e a aplica¸ao
T : W W ´e dada pela Tabela (2.1).
A demonstra¸ao ser´a feita por casos.
1. Caso SD-RR.
Neste caso como K = R temos que L = A
R
T com A gl(m; R) e
T = I
+
I
. Assim os ´unicos autovalores de T ao 1 e -1 ambos com
multiplicidade
r
2
, pois a dimens˜ao de W ´e r.
Se λ ´e autovalor de A com multiplicidade a, ent˜ao os autovalores de L
ao λ e λ ambos com multiplicidade
ar
2
.
Temos ainda que se λ R, enao (λ, λ) ´e um par real de autovalores
de L. Se λ C, como A ´e uma matriz com entradas em R, segue que
λ tamem ´e um autovalor de A e assim λ e λ tamb´em ao autovalores
de L, ou seja, (λ, λ, λ, λ) ´e uma qu´adrupla de autovalores para L que
degenera de um par imagin´ario (λ, λ), quando λ ´e imagin´ario.
2. Caso SD-CC.
Para o caso SD-CC temos que L = A
C
T com A gl(m; C) e
T = I
+
I
, a que K = C.
Se λ ´e um autovalor de A com multiplicidade a, ent˜ao λ e λ ao auto-
valores de L ambos com multiplicidade
ar
2
.
Observe que neste caso L ´e uma fun¸ao Clinear, pois por hip´otese A e T
ao fun¸oes Clineares. Ent˜ao, pelas observoes vistas anteriormente,
(λ, λ) e os seus conjugados ser˜ao autovalores de L, agora vista como
uma fun¸ao Rlinear, ambos com a mesma multiplicidade
ar
2
.
3.2. ESTUDO DOS AUTOVALORES 118
Portanto, ( λ, λ, λ, λ) ´e uma qu´adrupla de autovalores da fun¸ao
Rlinear L com multiplicidade
ar
2
.
3. Caso SD-HH.
Temos que L = A
H
T com A gl(m; H) e T = I
+
I
.
Se (λ, λ) ´e um par de autovalores conjugados de A com multiplicidade
a, enao (λ, λ, λ, λ) ´e uma qu´adrupla de autovalores de L com multi-
plicidade
ar
2
.
Por hip´otese A ´e uma fun¸ao Clinear, logo L ´e uma fun¸ao Clinear.
Enao, pelas observoes vistas anteriormente, como o conjugado da
qu´adrupla ´e ela mesmo, segue que (λ, λ, λ, λ) ao autovalores de L
agora com multiplicidade dupla, isto ´e, ar.
4. Caso SD-RC.
Neste caso L = A
R
T com A gl(m, R) e T = i. Observe que o ´unico
autovalor da fun¸ao Clinear T ´e i com multiplicidade r.
Olhando para T como uma fun¸ao Rlinear temos pelas observoes
vistas anteriormente que i tamb´em ´e um autovalor de T com multipli-
cidade r. Ent˜ao, a fun¸ao Rlinear T tem o par conjugado complexo
(i, i) de autovalores ambos com multiplicidades r.
Suponha que λ ´e um autovalor de A com multiplicidade alg´ebrica a,
enao (iλ, ) ao autovalores de L com multiplicidade ar.
Se λ R, enao (λi, λi) ´e um par imagin´ario puro de autovalores de L.
Se λ C, enao como A ´e uma matriz real, λ tamem ´e um autovalor
de A e assim analogamente ao que foi feito anteriormente temos que
λi e λi tamb´em ao autovalores de L. Portanto, os autovalores de L
(λi, λi, λi, λi) formam um autovalor qu´adruplo que se degenera em
um par real quando λ ´e imagin´ario.
3.2. ESTUDO DOS AUTOVALORES 119
5. SD-HC.
Neste caso temos que L = A
H
T , com T =
i 0
0 i
e da hip´otese
A ´e uma fun¸ao Clinear. Analogamente ao caso anterior, i o ´unico
autovalor de T com multiplicidade r.
Suponha que (λ, λ) ´e um par de autovalores de A com multiplicidade a.
Enao, o par (λi, λi) ´e autovalor de L com multiplicidade ar
Por hip´otese A ´e uma fun¸ao Clinear, logo L tamem ´e uma matriz C
linear. Assim, (λi, λi, λi, λi) formam uma qu´adrupla de autovalores
de L ambos com multiplicidade ar.
Esta qu´adrupla degenera em (λi, λi), isto ´e, um par imagin´ario quando
λ ´e real e em um par real quando λ ´e imagin´ario.
Conclus˜ao.
Para se determinar a dinˆamica de uma aplica¸ao Rlinear σrevers´ıvel da
forma L = A
K
T nas condi¸oes da Proposi¸ao (3.2.1) basta fazer uma an´alise
dos autovalores de A.
Referˆencias Bibliogr´aficas
[1] Adams, J. F., Lectures on Lie Groups, Springer-Verlag, New York, 1969.
[2] Arnold, V. I., Geometrical Methods in the Theory of Ordinary Differential
Equations, Benjamim, New York, 1969.
[3] Br¨ocker, T. e Dieck, T., Representations of Compact Lie Groups, Gradu-
ate Texts in Mathematics, vol. 98, Springer-Verlag, New York, 1985.
[4] Buzzi, C. A. e Lamb, J. S. W., Reversible equivariant Hopf bifurcation.
To appear in Arch. Rat. Mech.Anal.
[5] Galin, D. M., On real matrices depending on parameters, Uspekhi Mat.
Nauk 27, 241-242, 1972.
[6] Golubitsky, M. e Schaeffer, D. G., Singularities and Groups in Bifurcation
Theory, Applied Mathematical Sciences, 51, Vol.I, Springer-Verlag, New
York, 1985.
[7] Golubitsky, M. & Stewart, I. & Schaeffer, D. G. Singularities and groups
in bifurcation theory, Vol. II, Applied Mathematics and Sciences, 69,
Springer-Verlag, New York, 1988.
[8] Gon¸calves, A., opicos em Representa¸ao de Grupos, 9
o
Col´oquio Brasi-
leiro de Matem´atica, Impa, Pcos de Caldas, 1973.
[9] Hirsch, M.W., Smale S., Differential Equations, Dynamical Systems, and
Linear Algebra, Academic Press, New York, 1970.
REFER
ˆ
ENCIAS BIBLIOGR
´
AFICAS 121
[10] Hoveijn, I., Versal deformations and normal forms for reversible and Ha-
miltonian linear systems, Journal of Diff. Equations, 126, 408-442, 1996.
[11] Hoveijn, I., Lamb, J. S. W. e Roberts, M., Normal forms and unfoldings
of reversible equivariant linear systems, em prepara¸ao.
[12] Jacobson, N., Pseudo-linear transformations, Ann. Math, 38, 484-507,
1937.
[13] Lamb, J. S. W. e Roberts, M.,Reversible Equivariant Linear Systems,
Journal of Diff. Equations, 159, 239-279, 1999.
[14] San Martin, L. A. B.,
´
Algebras de Lie, Unicamp, Campinas, 1999.
[15] Perko, L., Differential Equations and Dynamical Systems, Springer-
Verlag, New York, 1991.
[16] Pierce, R. S. Associative Algebras , Springer-Verlag, New York, 1982.
[17] Robinson, C., Dynamical Systems: stability, symbolic dynamics, and
chaos, Boca Raton: CRC Press, 1998. (Studies in Advanced Mathematics)
[18] Serre, J. P., Linear Representations of Finite Groups, Graduate Texts in
Mathematics, vol. 42, Springer-Verlag, New York, 1977.
[19] Simon, B., Linear Representations of Finite and Compact Groups, Gradu-
ate Studies in Mathematics, vol. 10, Amer.Math.Soc., Providence, 1996.
[20] Warner, F. W., Foundations of Differentiable Manifolds and Lie Groups,
Springer-Verlag, New York, 1983.
122
´
Indice Remissivo
´
Algebra
Linear Real, 15
de Lie, 30
ao, 31
adjunta, 31
Automorfismo, 23
Blocos Isot´ıpicos, 49
Centro, 18
Conjuga¸ao quaterniˆonica, 24
Decomposi¸ao
isot´ıpica, 49
Fun¸oes
K
α
-lineares, 27
equivariantes, 43
semilineares, 27
Grupo de Lie, 30
Involu¸ao, 25
de Lie, 32
Lema de Schur, 44
Produto Tensorial
entre espa¸cos vetoriais, 18
entre fun¸oes K-lineares, 19
Representa¸oes, 43
σ-auto duais, 71
σ-duais, 69
σ-revers´ıveis, 62
do tipo K, 47
fiel, 43
irredut´ıveis, 44
isomorfas, 43
triviais, 43
Sistema Linear
equivariante, 56
revers´ıvel, 54
Sub´algebra, 16
Subespa¸co G-Invariante, 44
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo