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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
DEPARTAMENTO DE FITOTECNIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA
LABORATÓRIO DE ECOLOGIA VEGETAL
Estudo da Cobertura Vegetal do Município de Areia-PB:
Subsídios para a Gestão Ambiental
Maria José Vicente de Barros
AREIA - PB
MARÇO DE 2005
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M a r i a J o s é V i c e n t e d e B a r r o s
Estudo da Cobertura Vegetal do Município de Areia-PB:
Subsídios para a Gestão Ambiental
Dissertação apresentada do Programa de Pós-
Graduação em Agronomia da Universidade
Federal da Paraíba como requisito para
obtenção do título de Mestre
.
Professor Leonaldo Alves de Andrade, D. Sc
(Orientador)
Prof. Paulo Roberto de Oliveira Rosa, Ms em Gestão e Políticas Ambientais
(Co-Orientador)
AREIA - PB
2005
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B277e Barros, Maria José Vicente de.
Estudo da Cobertura Vegetal do Município de Areia-PB:
subsídios para a Gestão Ambiental/ Maria José Vicente de
Barros.
82p.: il
Inclui sumário e bibliografia
Orientador: Leonaldo Alves de Andrade.
Dissertação (mestrado) – CCA/UFPB
1. Ecologia Vegetal – Areia (PB) 2. Ecologia de Paisagem
3. Geoprocessamento 4. Gestão Ambiental – Areia (PB).
UFPB/BC 581.5 (813.3)(043)
M a r i a J o s é V i c e n t e d e B a r r o s
Estudo da Cobertura Vegetal do Município de Areia-PB:
Subsídios para a Gestão Ambiental
Dissertação aprovada pelo Programa de Pós-
Graduação em Agronomia da Universidade
Federal da Paraíba como requisito para
obtenção do título de Mestre, pela seguinte
banca examinadora:
______________________________________________
Prof. Leonaldo Alves de Andrade, D. Sc
Departamento de Fitotecnia - CCA-UFPB
_______________________________________________________
Prof. José de Paulo Marsola Garcia, Dr. em Geografia Física
Examinador – Departamento de Geociências – CCEN - UFPB
________________________________________________________
Prof. José Antônio Pacheco de Almeida, Dr. em Geografia
Examinador – Departamento de Geografia – CECH – UFS
________________________________________________________
Prof. Antônio Carlos Cavalcanti, Dr.
Suplente – Departamento de Informática – CCEN - UFPB
Areia, PB, ____/____/2005
Aos que amo, cada qual de uma maneira especial...
A meu irmão José Carlos (in memorian);
A meus pais Severino e Maria;
A meus irmãos Sueli, Sérgio, Suelene, Sandra e Cileide;
A meus sobrinhos Sérgio, Gutemberg, Juliana, Joelson, Keliane, Jeykob,
Emily, Renata, Samanta, Everton e Kervelin ;
A meu tio José Felipe;
À minha avó Maria das Dores;
A meus cunhados Célio, Bela e Gerônimo.
Carinhosamente dedico.
Agradecimentos
Agora chegando ao final desta etapa que consiste numa ascensão espiritual me vejo
de frente não apenas comigo mesma com o trabalho que está sendo apresentado ao público, cujo
aval vem não apenas dos examinadores. No entanto, quando olho para o trabalho, ele em si não é
apenas uma relação minha com um ambiente que busquei representar, mas sim uma relação que
tem na representação o toque de toda uma história, mesmo que tenha sido breve, mas foi uma
etapa de minha travessia com a vida.
Um jangadeiro mesmo quando ruma para o largo do mar, ele, apesar de sozinho, leva
consigo uma gama de situações sócio-econômicas e também culturais. As travessias que fazemos
em vida, são realizadas porque estamos rodeados de pessoas que nos ajudam a vencer o caminho.
Vamos sempre em frente porque muitos de nossos pares estão ali para nos dar àquela força. Em
alguns momentos, esses pares são verdadeiros ímpares e nos empurram para frente e para o alto.
A oportunidade para ir em busca do aperfeiçoamento em nível de mestrado não veio
com a leveza das plumas ao vento e só foi possível porque tive a presença desses que agora
agradeço.
Ao Programa de Pós-Graduação em Agronomia, pela oportunidade de aperfeiçoamento
em nível de mestrado.
Ao Prof. Leonaldo, pela orientação, correções e sugestões, mostrando-se sempre
preocupado quando salientava a responsabilidade dos resultados da pesquisa, bem como de sua
apresentação formal, pois deseja contribuir com o lugar, deixando marcas positivas para os que
virão.
A Paulo, pela orientação e por todo o apoio, incentivo e puxões de orelhas, sem os quais
ainda estaria fazendo e refazendo alguns experimentos, pois sempre existe algo que pode ser mais
explorado.
Ao Prof. Albericio, pelo crédito de confiança, quando nos acolheu no CCA defendendo
que o Programa abrisse suas portas para profissionais de outras áreas.
Aos Professores Umbelino de Freitas, Sérgio Alonso, Antônio Carlos e Roney de
Marcos, pela boa avaliação que fizeram da equipe ressaltando nossa competência e
responsabilidade.
Ao Professores Pacheco e José Paulo, por terem aceitado participar da banca.
Ao Prof. Bruno, Coordenador do Programa, pela assistência, compreensão e, acima de
tudo, incentivo para que seguíssemos adiante em momentos bem difíceis.
Ao Prof. Ivandro, pela oportunidade ímpar de viajar no tempo, através das histórias do
lugar as quais deram suporte para o entendimento de algumas situações do presente na área de
estudo.
Aos demais professores do Programa, pelo aperfeiçoamento durante o período em que
foram cursadas as disciplinas.
A Eliane, Secretária do Programa, e aos demais funcionários pela competência e
dedicação.
Ao PRODEMA, especialmente a Hélia, pela realização de intercâmbio, permitindo que
cursássemos disciplinas de nosso interesse.
Aos funcionários da Biblioteca, em especial a Heron, pela disponibilidade em ajudar
sempre que solicitado.
Ao Setor de Transporte, pela disponibilização de veículo para saída de campo.
Ao IBAMA, na pessoa de Edilton da Nóbrega, que se disponibilizou a ir ao campo
conosco.
À Adalgisa, doutoranda, pela disponibilidade e ajuda no início de nossa estadia.
Aos colegas Júlio, Wlamink e Otávio, pela ajuda nos estudos em grupo e,
principalmente, por toda a alegria dos momentos de descontração, nos intervalos de estudo, os
quais permitiram que tenhamos boas lembranças de situações cômicas das quais ainda podemos
dar boas risadas.
Aos colegas Nustenil e Gelmar, pelas explicações nos estudos de algumas disciplinas,
necessárias à integralização dos créditos.
Aos colegas Djalma e Evanduir, pelo carinho e disponibilidade em ajudar quando
precisei.
Aos colegas Alessandra, Ronni, Arthur, Fernando, Rosângela, Geandson, Fabiano,
Barbosa, Márcia, Geovanne, Lúcio, Ubaldo e Adelmo, pelas permutas.
Às colegas Kallianna, Mônica, Késsia e Renata com quem dividi moradia, alegrias e
angústias e que também me ajudaram a superar meu pior momento no decorrer do curso.
Aos amigos Júlia e Elias pelo apoio e incentivo no início do curso.
A Pazera, por ter se disponibilizado a ler meu trabalho e pelas bibliografias que indicou.
A Odete, companheira de estudo nos horários em que podia e ombro amigo com qual
pude contar nos momentos de desabafos.
A Conrad, pela preocupação que teve em não me deixar sozinha quando precisava
trabalhar até um pouco mais tarde no LGA, para cumprir prazos estabelecidos.
A Liése e Ana Cláudia, por participarem de algumas discussões sobre a pesquisa e
acompanharem toda a trajetória, prontas a ajudar no que fosse necessário.
A Pablo por toda a ajuda que me deu, principalmente na resolução de problemas
técnicos referentes ao geoprocessamento.
À Nílvea, por todo o apoio e por não ter medido esforços para realizar as revisões,
mesmo estando extremamente atarefada com sua pesquisa de doutoramento.
Aos meus familiares, por compreenderem minhas ausências e que mesmo estando
distante, me passaram muita energia nos momentos em que necessitei.
Ao convênio CAPES – UFPB, pela concessão de bolsa de estudo.
A todos aqueles que de alguma forma contribuíram, mas não foi possível mencionar
nominalmente.
A autora agradece com sinceridade.
A José Carlos,
Por que foi embora tão jovem deixando tanta saudade em meu coração?
Por que não deu tempo de me despedir e dizer que havia perdoado a mágoa que me fez tempos
atrás; que estava feliz por tê-lo perdoado e, acima de tudo, que o amava muito, mesmo quando
conseguia me tirar do sério?
Lembra que nos protegíamos mutuamente quando criança das brigas infantis com os irmãos
mais velhos?
Quando adulto, sempre brincava me questionando o porquê de estudar tanto... Mas sei que me
respeitava muito por isso, pois escutava atentamente as histórias que eu contava... Embora tenha
crescido, transformando-se em um gigante, ainda matinha um sorriso maroto, e à hora de falar
sobre a família, mostrava sabedoria que poucos que o conheciam sabiam dessa existência...
Sei que andava meio triste, pois, mesmo buscando não demonstrar, procurando ser solidário e
alegre com os amigos...os que o conheciam mais de perto notavam que mesmo com o sorriso nos
lábios, seu olhar às vezes mostrava-se tristonho...como se tivesse perdido...sem saber direito o
que buscava...a que veio...ou para onde ia...?
Saudades...
Resumo
As florestas em todo o mundo vêm sofrendo processos de devastação. As florestas tropicais,
embora possuam grande exuberância e riqueza em biodiversidade, também não foram poupadas
da devastação. No Brasil a Floresta Atlântica foi quase que totalmente destruída em função
principalmente da produção agrícola, restando alguns remanescentes que se encontram de forma
bastante fragmentada. No Nordeste, a faixa de domínio da Mata Atlântica apresenta-se mais
estreita do que nos estados ao sul da região, entretanto sua destruição foi intensificada pela
expansão da cana-de-açúcar. No Estado da Paraíba, esse bioma está distribuído na faixa litorânea
denominada Zona da Mata, apresentando alguns enclaves no interior do Estado, na zona do
Brejo. Objetivou-se neste trabalho inventariar a cobertura vegetal do Município de Areia – parte
integrante do Brejo paraibano – em dois momentos distintos, correspondentes a 1986 e 2001.
Para tanto, foram utilizados imagens dos sensores TM/Landsat-5 e ETM/Landsat-7, técnicas de
sensoriamento remoto e geoprocessamento, através do uso de um SIG (Sistema de Informações
Geográficas) – o SPRING que possibilitou gerar os mapas referentes às tipologias vegetais e uso
do solo no município nas duas épocas, sendo ainda gerados mapas de hipsometria e declividade a
partir do MNT (Modelo Numérico de Terreno). Foram identificadas duas principais tipologias
florestais diferentes no município: Floresta Ombrófila Aberta e Savana Estépica. As análises
estatísticas referentes aos dados de área de cada tipologia com ênfase nos fragmentos de Floresta
Ombrófila Aberta revelaram que no intervalo de 15 anos a cobertura vegetal teve um recuo na
ordem de 23%. Foram mapeadas 379 unidades de fragmentos a partir de 0,5 ha, sendo agrupados
em 7 classes. O diagnóstico da cobertura vegetal denota a necessidade de políticas que
contemplem tanto a conservação dos remanescentes, quanto a recomposição em áreas prioritárias,
como as encostas de declividade acentuada. Essa recomposição pode se dar em forma de
corredores ecológicos que além de evitar processos erosivos fortes, servirá como suporte para o
fluxo gênico. O banco de dados poderá subsidiar novas pesquisas nesses remanescentes
fragmentados.
Abstract
The forests in the whole world are suffering high devastation processes. The tropical forests in
spite of their great exuberance and biodiversity, had not been saved of the devastation. In Brazil,
the Atlantic Forest was almost totally destroyed mainly for the agricultural production, remaining
some remainders of forest in a very fragmented shape. In the Brazilian northeast, the strip of
Atlantic forest domain is narrower than in the states to the south of the region, however its
destruction was intensified by the expansion of the sugar cane plantations. In the Paraíba state,
this bioma is distributed in the coastal strip, also called “Zona da Mata”, presenting some
enclaves in the interior of the State, as in “Brejo” Zone. The purpose of this study is to make an
inventory of the vegetal covering of Areia’s municipal district (part of Paraiba”s “Brejo”) in two
different moments: 1986 and 2001. We used Imagery sensors TM/Landsat-5 and ETM/Landsat-7
with remote sensing and geoprocessing techniques in Geographical Information System
environment. The software was SPRING. There were generated Vegetation typologies maps and
the soil covering and use in Areia at the two times analyzed. It was applied Digital Terrain
Modeling techniques to obtain hipsometric maps. As main results there were identified two
different typologies in the municipal district: Open Rain Forest and Steppe Savanna. The
statistical analyses were accomplished to the data for the area by each typology, with emphasis in
the fragments of the Open Rain Forest. The analyses shows that in 15 years the vegetatation
covering had a 23% retreat.. There were mapped 379 units of fragments starting from 0.5 ha,
being grouped in 7 classes. The diagnosis of the vegetal covering denotes the necessity of
politics that contemplate the conservation of the remainders, as well as the regeneration of
priority areas as in the hill slopes of accented declivity. That regeneration is able to form in
ecological corridors, preventing erosion and it will provide the support of the genetic flow. The
database will be able to subsidize new researches in those fragments remainders.
Lista de Figuras
FIGURA 1 – Mapa de localização da área de estudo............................................................ 26
FIGURA 2 - Fotografia trimetrogon mostrando a vista da frente da escarpa da
Borborema, no Brejo da Paraíba..................................................................
27
FIGURA 3 - Grade retangular contendo a poligonal do Município demonstrando a
orientação e o traçado dos perfis...................................................................
28
FIGURA 4 – Perfil mostrando o modelado do relevo do Município de Areia no sentido
Norte-Sul
...................................................................................................................
29
FIGURA 5 – Perfil mostrando o modelado do relevo do Município de Areia no sentido
Noroeste-Sudeste............................................................................................
30
FIGURA 6 - Perfil mostrando o modelado do relevo do Município de Areia no sentido
Noroeste-Sudeste.............................................................................................
31
FIGURA 7 – Imagem 3D em nível de cinza representando a área municipal e a
rugosidade do ambiente................................................................................
32
FIGURA 8 - Rede de drenagem no Município de Areia.....................................................
33
FIGURA 9 – Aspectos históricos da ocupação do solo em Areia.........................................
36
FIGURA 10 – Imagem Landsat de 1986, bandas 5, 4 e 3 em composição colorida RGB....
39
FIGURA 11 – Imagem Landsat de 2001, bandas 5, 4 e 3 em composição colorida RGB....
40
FIGURA 12 – Trajeto percorrido no campo para conferências e coletas de pontos
amostrais......................................................................................................
41
FIGURA 13 – Aspectos da Floresta Ombrófila Aberta em diferentes estágios de
regeneração.............................................................................................
43
FIGURA 14 – Aspectos da Savana Estépica no Município de Areia....................................
44
FIGURA 15 – Zoneamento da vegetação nativa do Município de Areia..............................
45
FIGURA 16 – Uso agrícola no Município de Areia..............................................................
46
FIGURA 17 – Tipologias vegetais e uso do solo no Município de Areia – PB em
1986..............................................................................................................
48
FIGURA 18 - Tipologias vegetais e uso do solo no Município de Areia – PB em
2001..............................................................................................................
50
FIGURA 19 – Dinâmica da ocupação do solo no Município de Areia – PB no intervalo
de 15 anos.......................................................................................................
52
FIGURA 20 – Mata do Pau Ferro..........................................................................................
54
FIGURA 21 - Intervenção na borda imediata da Mata do Pau Ferro....................................
55
FIGURA 22 – Práticas agrícolas e aspectos do relevo no Município...................................
56
FIGURA 23 – Mapa hipsométrico demonstrando os desníveis do relevo.............................
57
FIGURA 24 – Mapa demonstrando os níveis de declividade do modelado, adequados e
inadequados à ocupação por atividades econômicas.....................................
58
FIGURA 25 – Deslizamentos após precipitações..................................................................
59
FIGURA 26 - Distribuição dos fragmentos segundo a área..................................................
61
FIGURA 27
– Correlação entre perímetro e área dos fragmentos.........................................
63
FIGURA 28 – Relação entre perímetro e área dos fragmentos considerando a forma..........
63
FIGURA 29 - Diagrama demonstrando a topografia da área de estudo................................
64
FIGURA 30 - Fragmentos dos remanescentes da Floresta Ombrófila Aberta Submontana
no Município de Areia – PB...........................................................................
66
Lista de Quadros
Quadro 1 - Estrutura fundiária do Município de Areia..............................................................
20
Quadro 2 - Tipologias vegetais e uso do solo no Município de Areia – PB em 1986...............
34
Quadro 3 - Tipologias vegetais e uso do solo no Município de Areia – PB em 2001................
36
Quadro 4 - Dinâmica de ocupação e das tipologias Vegetais no Município de Areia.............
37
Quadro 5 – Distribuição dos fragmentos do Município de Areia – PB no ano de 2001 e
m
classes de tamanhos...............................................................................................
45
Sumário
1 Introdução
.......................................................................................................................
13
2 Revisão de Literatura
..............................................................................................
16
2.1 Gestão do Território e Ecologia de Paisagens................................................................
16
2.2 A Floresta Atlântica........................................................................................................ 18
2.3 O Contexto da Antropização: aspectos socioeconômicos.............................................. 19
2.4 Efeitos da Fragmentação e Alternativas de Conservação.............................................. 21
2.5 Estudos de Paisagens Apoiados em Geotecnologias...................................................... 22
3 Material e Métodos.
..................................................................................................
25
3.1 Descrição Geral da Área Estudada.................................................................................
25
3.2 Metodologia.................................................................................................................... 34
4 Resultados e Discussão.
...........................................................................................
40
4.1 As Tipologias Vegetais e o Uso do Solo do Município.................................................
28
4.2 Os Remanescentes Florestais do Município de Areia em 1986..................................... 43
4.3 Os Remanescentes Florestais do Município de Areia em 2001.....................................
46
4.4 Avaliação Multitemporal da Ocupação do Solo e Seu Efeito Sobre a Cobertura
Vegetal do Município de Areia...................................................................................
48
4.5 Subsídios para Recuperação da Vegetação...................................................................
56
5 Considerações Finais
................................................................................................
64
Referências Bibliográficas
........................................................................................
66
Apêndice
...............................................................................................................................
70
13
1 Introdução
A paisagem é dotada de uma série de elementos que interagem entre si, dos quais
percebe-se o panorama geral, ou seja, o aspecto visível que se mostra como resultado global
dessas interações. As paisagens naturais estão constantemente em evolução e ao longo do tempo
vêm sofrendo alterações de variadas ordens, sendo remodeladas pelos usos diversos
implementados pelo homem. Destes usos, a pressão agrícola destaca-se como sendo uma das
atividades humanas que modificam rapidamente a paisagem, seja esteticamente ou em suas
relações de fluxos de matéria e energia.
A fisionomia paisagística é então determinada pelas condições geográficas, sendo
considerados também o potencial ecológico e a utilização antrópica. Da combinação desses
fatores irá sobressair o aspecto global de determinada paisagem. A vegetação, um dos
componentes da categoria, é apontada como um indicador das condições locais, pois a partir dela,
pode-se inferir sobre aspectos do solo, do clima, entre outros. Daí a importância que é dada à
vegetação, considerando como um dos levantamentos realizados prioritariamente, para
posteriores aprofundamentos em suas relações/conexões.
Sabe-se que as florestas desempenham importante papel na proteção dos ambientes,
principalmente na proteção dos solos. As florestas tropicais possuem grande exuberância em
decorrência da freqüência e intensidade de energia luminosa recebida através da radiação solar,
entre outros fatores. O Brasil possui em sua faixa litorânea uma alta pluviosidade, o que
proporciona a inserção de uma diversidade de formações vegetais. A Floresta Atlântica que
engloba várias formações vegetacionais, estendendo-se do Estado do Rio Grande do Norte ao Rio
Grande do Sul, foi devastada em grandes proporções. De acordo com as estimativas do Dossiê
Mata Atlântica (2001), atualmente, restam cerca de 7% da área anteriormente ocupada por esse
bioma, considerando sua cobertura original no Brasil. O Bioma sofreu devastações em índices
diferenciados de acordo com as regiões as quais vivenciaram processos econômicos de ordens
diferentes no que se refere à ampliação da fronteira agrícola. Em decorrência desse fato, o que
restou dessa vegetação apresenta-se de forma fragmentada em pequenas porções rodeadas por
culturas diversas.
No Sul, a área de ocupação da Mata Atlântica se estendia para o continente por uma
ampla faixa, enquanto que no Nordeste, a Mata Atlântica delineava uma faixa mais estreita,
14
aquela que possuía uma umidade maior devido à proximidade com o oceano, apresentando ainda
alguns encraves no interior, devido a algumas condições locais. Na Paraíba o bioma também
sofreu devastação em grandes proporções, em decorrência dos ciclos econômicos pelos quais o
Estado passou. Tomando como base o já citado Dossiê, restam aproximadamente 8% da área
original do domínio na Paraíba, que também se apresentam de forma fragmentada, distribuídos na
faixa litorânea e no Brejo.
A presença de porções da Mata Atlântica no Brejo paraibano está relacionada com as
condições da elevada altitude, mostrando-se de forma mais expressiva na escarpa oriental do
Planalto da Borborema em decorrência de sua posição a barlavento, que favorece uma maior
umidade através das chuvas orográficas. O Município de Areia, localizado nessa microrregião,
possui em sua extensão vários fragmentos da mata que outrora recobria grande parte de seu
território. A relação clima, relevo e solo pode ser denotada pelo perfil aparente da comunidade
vegetal, que se caracteriza pela presença efetiva de formações de grande porte, como as florestas.
A presença dessa tipologia no local contrasta com outras situações espacialmente próximas,
destacando uma paisagem diferenciada da realidade de Municípios vizinhos.
Embora possua suporte ecológico distinto, contemplando uma complexidade entre
elementos e fatores bioclimáticos que permitem uma constituição que lhe confere o status de
Brejo de Altitude, Areia apresenta uma paisagem degradada, decorrente das fases econômicas
vividas pela população. O Município possui características bem particulares, mas não há estudos
focalizando a situação atual desses ambientes. De todo modo, vê-se a necessidade de
implementação de ações que sejam direcionadas para a recuperação de algumas áreas,
contemplando a manutenção de seus recursos naturais para a utilização pelas gerações futuras.
Este trabalho teve por objetivo inventariar a cobertura vegetal existente no Município de
Areia em dois momentos distintos, a partir do questionamento: qual a dinâmica do componente
florestal nos períodos referentes ao intervalo de 1986 e 2001, considerando suas condições
ecológicas e tendo como propósito apresentar subsídios à gestão ambiental. Tendo em vista o
inventário ultrapassar o nível da descrição pura e simples, foram estabelecidas duas hipóteses
para que a investigação seja contemplada com elementos teóricos na sua corroboração ou
contestação, observando que esse inventário será de uma representação do espaço em dois
momentos distintos no caso da cobertura vegetal existente no Município de Areia, ressaltando o
nível de fragmentação das florestas. Essas hipóteses estabelecidas a partir de afirmativas
15
passíveis de demonstração, foram testadas com a utilização de um SIG – Sistema de Informações
Geográficas:
a) A fragmentação da Floresta Ombrófila Aberta no Município de Areia já se
apresentava estabelecida no ano de 1986.
b) Houve recuo da cobertura florestal do Município de Areia nas duas últimas décadas.
Assim posto, este trabalho permitiu a valoração do ativo ambiental existente enquanto
saldo contábil dos remanescentes florestais. Levando em consideração que a superfície da área de
estudo está situada na encosta a barlavento do Planalto da Borborema pouco acima dos Mares
de Morros já profundamente dissecados pelo intemperismo mecânico, o que denota a ação efetiva
do agente modelador do relevo que é a erosão há uma necessidade premente para a contenção
desse processo que degrada a paisagem.
16
2 Revisão de Literatura
2.1 Gestão do Território e Ecologia de Paisagens
No que se refere aos levantamentos ambientais, Tricart (1977) propõe que eles sejam
superiores aos inventários simples, pois são vistos de forma estática na paisagem. O mesmo autor
aponta ainda que diversos elementos devem ser contemplados nos levantamentos ambientais para
a construção de uma carta Ecodinâmica, servindo, inevitavelmente, para melhor fomentar as
tomadas de decisão em relação à Gestão do Território.
O termo gestão é muito utilizado na área da administração, economia e contabilidade
para designar a gerência do patrimônio de uma determinada entidade, seja ela pública, privada ou
de economia mista. A gestão, enquanto conceito trabalhado pelo universo teórico-conceitual da
contabilidade, consiste em uma atividade que estabelece os levantamentos de bens a partir de
inventários para que se processem os balanços entre os componentes do patrimônio. A gestão
engloba na contabilidade os acontecimentos decorrentes ou não da ação administrativa chamados
fatos contábeis, bem como atos administrativos praticados pelos dirigentes da entidade que não
trazem variações imediatas ao seu patrimônio. Essas variações são verificadas através do balanço
patrimonial que demonstra a sua dinâmica. O gestor deverá coordenar e orientar os trabalhos
desenvolvidos para que esse balanço não se mostre deficitário, ou seja, que a entidade não sofra
prejuízo (Franco, 1977).
A leitura e interpretação da paisagem, sendo esta um patrimônio relativo não só às
gerações atuais, mas também às futuras, deve considerar diversos aspectos da economia e
contabilidade, realizando balanços entre seu ativo e passivo dos bens naturais como matrizes
ambientais, ou seja, dos componentes relativos àquele ambiente que, constituindo uma riqueza
enquanto bem poderá propiciar a sustentabilidade. Dessa forma vê-se uma necessidade da prática
de gestão ambiental. Pode-se dizer que Gestão Ambiental é uma área nova que envolve
conhecimentos sobre o meio ambiente, também conhecimentos sobre a contabilidade, economia,
administração e legislação. A combinação dessas áreas dará condições para a prática da gestão do
território, considerando seus aspectos ambientais e sociais. Assim, a gestão ambiental torna-se
uma área de conhecimento multidisciplinar, visando à utilização dos recursos naturais de forma
racional e planejada, observando-os como suporte à vida.
17
A elaboração de cartas, além de permitir uma relação de distribuição de fragmentos de
florestas, permite uma medição efetiva entre as extensões das áreas que contemplam a cobertura
florestal nos momentos distintos e estabelece os saldos das coberturas vegetais perpassando todas
essas noções inerentes à compreensão da paisagem.
O conceito de paisagem vem sendo trabalhado também pela geografia, por isso, na
acepção do termo, procurou-se conceituá-lo como uma categoria geográfica, buscando uma
referência científica para a sua utilização. A paisagem torna-se, assim um dos pilares para os
estudos regionais. De acordo com Bertrand (1972) ela seria o resultado da combinação dinâmica
de elementos físicos, biológicos e antrópicos interagindo entre eles, formando um conjunto único
e indissociável, em constante evolução. Para este autor, os estudos que abordam apenas um
aspecto da categoria apresentam-se como elementares, se comparados ou relacionados ao
complexo formado pela paisagem. Visando incorporá-la nos estudos geográficos de forma mais
consistente, C. Troll (1966) lançou Landscape ecology, quando instruiu seu estudo considerando
o aspecto ecológico, até então desprezado ou pouco trabalhado por outros autores. Entretanto
Troll deixou vaga a definição dos ecótopos, não trabalhando também a hierarquização de fatores,
o que para Bertrand implicava em problema de representação cartográfica. Dolfuss (1973)
discutiu a paisagem como sendo um conjunto constituído de subconjuntos, denominando-os de
potencial ecológico, exploração biológica e utilização antrópica.
Algum tempo depois, ainda perdura a indefinição e discussão sobre o assunto. Jean
Tricart (1982) discute agora as relações conceituais entre as terminologias paisagem e
ecossistema. A primeira é uma categoria que pode ter seus limiares mais ou menos delimitados,
enquanto que o ecossistema não possui limiares bem definidos, o que impossibilita sua
representação cartográfica. Para Tricart, a paisagem representa uma porção perceptível a um
observador, considerando uma combinação de fatos visíveis e invisíveis, bem como interações,
dos quais o observador percebe o resultado global.
Mais recentemente Metzger (2001) retoma a discussão sobre paisagem, dando um
enfoque ecológico. Em “O que é ecologia de paisagem?”, Metzger enfatiza duas abordagens
sobre o tema: uma abordagem geográfica e outra ecológica. Para ele, a primeira abordagem,
essencialmente geográfica, privilegiaria a influência do homem sobre a paisagem e a gestão do
território, enquanto que a abordagem ecológica daria ênfase ao contexto espacial sobre os
processos ecológicos e sua importância no que se refere à conservação biológica.
18
Dessa forma, o estudo sistemático da paisagem possibilita um acompanhamento de sua
evolução. Esse tipo de estudo pode ser realizado, dependendo do tamanho da área estudada, com
imagens resultado do uso de sensores que podem ser o satélite, o radar ou fotografias aéreas.
Destes, o satélite tem sido o mais utilizado ultimamente em decorrência de sua praticidade na
utilização de programas específicos, que permitem uma leitura do terreno a partir da resposta
espectral. Dos elementos constituintes da paisagem, Wooldridge (1967) destaca o valor da
vegetação como índice de terreno, tornando-se fundamental para uma leitura prévia das
condições ambientais, visto que a partir dela pode-se inferir sobre o clima e o solo presentes nos
locais em que estão inseridas. A percepção se faz através das diferenças observadas
aparentemente, entretanto, as mudanças ocorridas que observamos constituem apenas a
aparência, enquanto que a essência das relações é de difícil apreensão em curto prazo.
2.2 A Floresta Atlântica
As florestas tropicais apresentam grande diversidade biológica. A Floresta Atlântica
detém expressiva fração dessa biodiversidade, possuindo ampla distribuição na faixa latitudinal, o
que lhe confere uma variabilidade de condições ecológicas decorrentes de sua posição azonal.
Essa Floresta ocupa as áreas mamelonares
1
, aquelas a que Ab’Sáber (2003) chama de Mares de
Morros em sua classificação dos Domínios Morfoclimáticos Brasileiros.
Durante muito tempo procurou-se delimitar o domínio desse bioma, contudo não havia
uma consolidação quanto aos critérios utilizados pelos diversos pesquisadores. Só a partir de
meados da década de 80, com a mobilização da sociedade em busca de sua preservação, é que as
discussões sobre o tema começaram a ganhar mais legitimidade. Até o momento, as pesquisas
eram feitas isoladamente, o que impossibilitava a tomada de decisões de uma forma mais geral
para a sua exploração ou conservação. A legitimidade da busca de um conceito científico mais
consensual entre os pesquisadores ganhou mais força a partir da Constituição Federal de 1988,
que em seu Artigo 225, §4º declara a Mata Atlântica, dentre outros biomas, como patrimônio
nacional. Em 1990, a Fundação SOS Mata Atlântica e Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(INPE), em parceira com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
1
São áreas de relevo em forma de mamelão, que de acordo com Guerra (1989) é uma forma topográfica piramidal,
arredondada, constituída por pequena elevação, as vezes, isolada.
19
Renováveis (IBAMA), realizaram o mapeamento dos remanescentes florestais de parte do bioma,
englobando desde o Estado da Bahia até o Rio Grande do Sul (PONZONI & HIROTA, 2001).
Após muitas discussões o CONAMA estabeleceu em 1992 o conceito de Domínio de
Mata Atlântica abrangendo as áreas que primitivamente eram ocupadas por formações vegetais
que formavam uma cobertura florestal praticamente contínua nas regiões Sul, Sudeste e
parcialmente nas regiões Nordeste e Centro-Oeste. Em 1993 esse conceito foi incorporado ao
Decreto Federal nº750 que define em seu Artigo 3º as formações florestais e ecossistemas
associados que fazem parte do Domínio da Mata Atlântica:
Art. 3º Para os efeitos deste Decreto, considera-se Mata Atlântica as formações
florestais e ecossistemas associados inseridos no domínio Mata Atlântica, com as
respectivas delimitações estabelecidas pelo Mapa de Vegetação do Brasil, IBGE
1988: Floresta Ombrófila Densa Atlântica, Floresta Ombrófila Mista, Floresta
Ombrófila Aberta, Floresta Estacional Semidecidual, Floresta Estacional Decidual,
manguezais restingas campos de altitude, brejos interioranos e encraves florestais
do Nordeste.
2.3 O Contexto da Antropização: aspectos sócioeconômicos
Conforme o que está registrado pelos historiadores nas obras de referência, a ocupação
do território que hoje condiz com o Município de Areia começou com o desbravamento da zona
do Brejo por volta de 1625, época em que o adentramento do território paraibano estava se dando
de forma mais efetiva, nesse sentido assim está apontado:
Já antes da dominação holandesa, os moradores de Mamanguape haviam feito uma
entrada até a zona do Brejo, no Sertão de Bruxaxá. Seguiram a montante do
Mamanguape e, adiante, já depois da Lagoa do Pão, subiram por um de seus
afluentes, o Mandaú, que nasce ao sopé da esplanada, onde mais tarde surgiu o
núcleo inicial que deu origem à cidade de Areia
.
Os expedicionários eram capitaneados por...Manoel Rodrigues, que empreendera
em 1625, pela primeira vez, essa escalada à Borborema. Na subida tiveram a
atenção despertada por estranho ruído, que ecoava no meio da mata virgem. Era o
Mandaú que se lançava do alto da serra, no salto da Pitombeira, entre Areia e
Alagoa Grande. Os desbravadores, impressionados pela exuberância da natureza,
amenidade do clima, fertilidade do solo, cortado de regatos por todos os lados
voltaram a Mamanguape com o propósito de atrair algumas famílias de Pernambuco
para a zona do Brejo, que acabavam de descobrir, mas a invasão holandesa teria
transformado por completo esse plano de colonização.
Almeida, 1980, p. 2
20
Ainda no que está estabelecido na História brasileira, os ciclos econômicos foram
responsáveis pela transformação do espaço brasileiro e a do Estado da Paraíba não ficou de fora
das investidas econômicas, posto que o espaço continha os recursos necessários para a
acumulação de capital. Especificamente, a retirada da madeira das florestas ou mesmo a retirada
da própria floresta para “desocupar espaço” para outras atividades econômicas mais rentáveis foi
nitidamente marcada na zona da Mata e também nas encostas do Brejo paraibano.
A ocupação agrícola no território Municipal de Areia tem sido uma das principais fontes
de renda desde épocas remotas, e assim como vários dos Municípios constituintes da
microrregião do Brejo paraibano o Município também passou pelos diversos ciclos econômicos,
tendo ascensão e declínio em cada uma das atividades implementadas, onde se buscavam
soluções na substituição de um produto por outro. De acordo com Almeida (1980), essas culturas
obedeceram a seguinte seqüência: café, algodão, cana-de-açúcar, agave e pecuária. Desses
elementos o autor destaca a cana como a cultura intermitente que nunca foi totalmente
abandonada, mas também “não deu jamais ao homem os meios de tirar o pé da lama”. Isso é tão
verdade que em momentos do ciclo do agave, por exemplo, já se tinha a cana-de-açúcar,
entretanto essa era plantada nas várzeas, enquanto o agave era plantado nas vertentes e no topo
geralmente era deixada a mata. Naquela época, como destaca Valverde (1955, p.66) o engenho
era a unidade mais importante da economia rural da região, visto que dele eram exportadas fibras
de agave, rapadura e aguardente, já o açúcar só era produzido no Brejo pela Usina Santa Maria.
De acordo com o autor, haviam 91 engenhos em Areia, sendo 28 só de rapadura, 12 só de
aguardente e 51 de aguardente e rapadura que em 1953 produziam 8.660.000 quilogramas de
rapadura e 2.435.000 litros de aguardente.
Com esses ciclos, as oscilações na economia foram bem fortes, contando com o declínio
em alguns momentos da agricultura, que fatalmente se refletia no comércio. Nesse sentido, em
estudo sobre o agreste paraibano Melo (1980) destaca a ocorrência de um desses declínios na
lavoura entre 1970 e 1975, quando ocorreram quedas nas áreas plantadas de vários Municípios,
dos quais Areia estava na ordem de 18,1%, sendo retomada posteriormente através do Pró-álcool
implementado na década de setenta, quando o plantio da cana-de-açúcar tornou-se mais intenso
subindo inclusive as encostas e os topos. Atualmente, além da agricultura observa grandes áreas
de pastagens no Município.
21
2.4 Efeitos da Fragmentação e Alternativas de Conservação
A Floresta que outrora ocupava vastas áreas do território brasileiro, atualmente
apresenta-se de forma fragmentada, em detrimento da expansão das fronteiras agrícolas. O
processo de fragmentação vem preocupando muitos pesquisadores que há muito tempo alertam
para seus efeitos, apoiados na teoria de ilhas biogeográficas lançada por Robert Macarthur e
Edward Wilson em 1967, os quais realizaram estudos em ilhas oceânicas, constatando uma
relação entre o tamanho da ilha e o número de espécies existentes. Os estudos sobre fragmentos
florestais começaram a ser orientados baseando-se nessa teoria (Schierholz, 1991).
No Brasil foram realizados estudos em fragmentos da Amazônia na década de oitenta
por pesquisadores do INPA e do Smithsonian Institution, os quais observaram alterações na fauna
e na flora de fragmentos de tamanhos variados. O estudo considerou, sobretudo, os efeitos de
borda e a relações existentes entre as espécies. De acordo com esses trabalhos estudos os efeitos
de borda são de grande significância para as políticas de conservação, pois, se afetam até cem
metros no interior da floresta, as reservas de um hectare que tiverem formato quadrado sofrerão
um impacto total dos efeitos; as reservas de dez hectares terão 90% e assim por diante
(Schierholz, 1991).
Ainda considerando o tamanho do fragmento, pesquisas revelam que este poderá afetar a
manutenção de algumas populações de indivíduos vegetais. De acordo com Kageyama (1998), a
fragmentação afeta a genética das populações. Com base em dados de sua pesquisa, na qual
buscou a densidade de indivíduos por área, o Autor defende que as espécies comuns de alta
densidade, não necessitam de grandes áreas, entretanto algumas espécies, consideradas mais raras
devido à baixa densidade, necessitam de milhares de hectares para a manutenção de sua
população.
Viana (1990) e Viana e Pinheiro (1998) consideram que os fatores que mais afetam a
conservação da biodiversidade em fragmentos florestais são decorrentes de vários aspectos como
o tamanho, a forma, o grau de isolamento, o tipo de vizinhança e o histórico de perturbações.
Segundo os pesquisadores, existem relações entre os fenômenos biológicos e são esses fatores
que afetam a natalidade e a mortalidade de plantas. Conforme os autores, em alguns casos
fragmentos menores apresentam um número maior de espécies que um fragmento de tamanho
superior, sendo atribuída essa diferença ao histórico de perturbação, considerado como um fator
22
crítico na riqueza de espécies. A forma do fragmento também irá influenciar bastante a
manutenção da biodiversidade, pois a forma determina o percentual da área que estará sob a ação
do efeito de borda.
Uma das alternativas apontadas por Viana (1990) e Viana Pinheiro (1998) para
minimizar os efeitos causados pela fragmentação é a realização de conexões entre os fragmentos
com vegetação nativa. Esses corredores de vegetação são denominados também de corredores
ecológicos por facilitar os fluxo da fauna e da flora existentes nos diversos fragmentos. Os
corredores podem ser considerados como um suplemento do habitat na paisagem, atuando como
refúgios para a fauna no momento da perturbação do fragmento. Em estudo realizado em
fragmentos do interior de São Paulo, Metzger et al (1999) constataram um índice de diversidade
florística superior nos fragmentos que possuíam um maior número de conexões. O estudo foi
realizado em 15 fragmentos de tamanho aproximado entre um e 70 ha com largura entre 30 e 650
metros. De acordo com os pesquisadores, as densidades de corredores e de pontos de ligação
próximas aos fragmentos influenciaram a variação de diversidade de espécies nos 15 fragmentos.
Em relação à efetiva utilização dos corredores pela fauna, Dário (1999) avaliou a
influência das conexões entre fragmentos de Mata Atlântica na Serra do Mar em São Paulo. A
pesquisa foi realizada em dois fragmentos possuindo entre 26 e 46 hectares, com corredor de
vegetação natural de 656 metros de comprimento e largura entre 36 e 120 metros. Dário
constatou que a avifauna não utilizava o corredor como passagem e que este estava funcionando
como um habitat suplementar, apontando um aumento de espécies mais resistentes às pressões
antrópicas, o que para ele dificulta o fluxo de espécies entre os fragmentos em decorrência da
competição por alimento e abrigo.
2.5 Estudos de Paisagens Apoiados em Geotecnologias
Diversos estudos vêm sendo realizados para verificar a aplicabilidade de sensores
remotos, através de suas imagens, ao estudo de paisagens. Dentre estes se destacam as fotografias
aéreas e as imagens de satélites, entretanto nos últimos tempos há uma preferência pelas imagens
orbitais, devido às vantagens que oferecem em leituras sistemáticas permitindo o monitoramento
de áreas de interesse ambiental. Especificamente, estas imagens facilitam os estudos direcionados
à ecologia da paisagem em decorrência das correlações que podem ser realizadas nos programas
apropriados, nos quais pode-se realizar o cruzamento de dados relativos aos diversos fatores
23
atuantes na fisionomia paisagística, embora não se despreze a utilização das aerofotos, que
possuem também suas vantagens, sendo melhores para se trabalhar áreas de tamanhos mais
reduzidos, as quais necessitam de maior detalhamento.
Jorge (2000) utilizou imagens do Landsat-5 em duas épocas do ano em condições
diferentes, uma após o fim da estação seca e outra no fim da estação chuvosa, quando analisou e
relacionou a variação do comportamento sazonal dos índices de vegetação, calculados a partir da
resposta espectral de cada alvo. O estudo realizado em fragmentos do Município de Botucatu-SP
mostrou que a escolha da época do ano da passagem do satélite influi no mapa de vegetação
gerado a partir dessas imagens.
Com base em cobertura aerofotogramétrica Pereira et al (2001) realizaram estudo
caracterizando a paisagem do Município de Viçosa-MG, a partir do mapeamento dos fragmentos
florestais. Para tanto consideraram os fragmentos a partir de 0,07 ha que estavam no interior do
Município, os que estavam parcialmente dentro e os que eram confinantes a fragmentos que
estavam dentro do território. Entretanto, para cálculo da área média, foram considerados apenas
os fragmentos dentro do limite territorial e que possuíam área igual ou superior a 5 ha. Com o
estudo, verificou-se que a unidade ainda possuía 26,2% de seu território com cobertura florestal
em diversos estágios de regeneração.
Szmuchrowski e Martins (2001) realizaram a aplicação dos sensores para realizar o
mapeamento e a simulação de corredores ecológicos no Município de Palma - TO a partir de um
SIG (sistema de Informações Geográficas), onde foram considerados diversos parâmetros de
análise. O mapa contendo os corredores ecológicos foi gerado em detrimento de fatores como
declividade, altitude, rede de drenagem, unidades de conservação e categorias de uso, utilizando
os fragmentos maiores que 50 ha. Foi levada em consideração a adeqüabilidade das áreas para as
conexões, sendo atribuídos pesos em função da otimização de custos.
Luz (2002) utilizou fotografias aéreas e imagem Ikonos em um SIG para apoiar a análise
da ecologia de paisagem no Município de Araucária - PA. Inicialmente foi feita uma classificação
supervisionada da imagem, entretanto, como não se obteve um resultado preciso, Luz optou pela
classificação visual, sendo gerado um mapa da cobertura vegetal e do uso do solo.
Martins et al (2002) efetuaram a classificação fitofisionômica da paisagem e o uso
antrópico dos fragmentos florestais em uma região do Estado do Tocantins a partir de Imagem de
satélite Landsat-5 em formato analógico e digital. A primeira etapa consistiu em uma
24
interpretação visual nas bandas 3, 4 e 5, nas quais obtiveram resultados que foram comparados no
campo, sendo coletados pontos de controle através do GPS (Global Positioning System), que
posteriormente serviram para georreferenciar a imagem digital. Em formato digital, as “ipucas”
2
tiveram maior destaque na composição 2, 3 e 4, enquanto que as demais feições ficaram mais
facilmente reconhecíveis na composição 3, 4 e 5. Para esse diagnóstico foi contextualizando o
histórico de perturbação, área, perímetro, forma e tipos de vizinhanças dos fragmentos.
2
Denominação regional dos fragmentos florestais naturais.
25
3 Material e Métodos
3.1 Descrição Geral da Área Estudada
O Estado da Paraíba, em suas regiões mais orientais, é agraciado por situações
climáticas mais amenas comandadas pela ação expressiva da massa de ar Ea - Equatorial
atlântica, oriunda da zona de alta pressão estabelecida no Oceano Atlântico ou Zona dos alísios
de SE do anticiclone do Atlântico Sul. Essas massas de ar, originadas no oceano e carregadas de
umidade são movimentadas para o interior do Estado, por convecção acabam precipitando nas
encostas do Planalto da Borborema propiciando condições diferenciadas àquele ambiente, que
devido às condições bioclimáticas é denominado de Brejo. Essa microrregião encravada a
Barlavento do Planalto da Borborema se destaca das adjacências principalmente pelas condições
climáticas presentes que, segundo a classificação de Köeppen, é um clima do tipo As’ – Quente e
úmido com chuvas de outono e inverno, onde a precipitação anual varia de 1400 a 1600 mm, com
variabilidade de 20 mm e estiagem em torno de cinco meses.
A área de Estudo corresponde ao Município de Areia, localizado na microrregião do
Brejo paraibano entre as coordenadas geográficas 6º51’47” e 7º02’04” latitude Sul e longitude
Oeste 35º34’13” e 35º48’28” (FIG. 1) com superfície territorial de 269 km
2
segundo o IBGE
(2004). Iniciando-se na base onde se encontra o piemonte do Planalto da Borborema, a área
contempla também os contrafortes e uma área mais ao topo do Planalto. Inserida no Setor
Oriental Úmido e Subúmido do Estado, possui uma geomorfologia bastante diversificada em suas
diferentes posições, estando permeada por um relevo bastante rugoso com sinuosidades intensas,
cujo modelado encontra-se sobre um conjunto geológico de base estrutural cristalina.
Nas porções Sul, Sudeste e Leste que ficam a barlavento o relevo aparece bastante
movimentado com configurações semelhantes a Mares de Morros, sendo também comparado por
Valverde (1955, p. 61) com a Cadeia dos Apalaches, que tomou como base sua tectônica (FIG.
2). Esse relevo vem sendo dissecado pelo intemperismo mecânico e o que denota a ação efetiva
do agente modelador do relevo é a erosão. Essa área possui declives bastante acentuados e em
muitos locais supera a angulação de 25º, o que impõe uma drenagem com processos erosivos
intensos, dada à diferença no gradiente altimétrico entre a cimeira na borda do Planalto da
Borborema e o sopé, que é o piemonte na direção Leste, para onde segue o escoamento
superficial em busca dos níveis de menor energia, no qual encontra-se o mar. Em determinadas
26
áreas, o relevo aparece mais suavizado apresentando-se em algumas partes colinoso, já e em
outras, mais aplainado, constituindo as denominadas chãs.
06°52’12’
06°54’54’
06°57’35’
07°00’16’
35°36’54’35°40’10’
35°46’42’ 35°43’26’
35°46’42’
35°43’26’
35°40’10’ 35°36’54’
07°00’16’
06°57’35’
06°54’54’
35°
36°
37°
38°
38°
37°
36°
35°
010 10
20 30 40 KM
B R A S I L
P A R A Í B A
A R E I A
01.2
1.2
2.4
3.6
4.8 km
FIGURA 1 – Mapa de localização da área de estudo.
27
FIGURA 2 - Fotografia trimetrogon
3
mostrando a vista da frente da escarpa da Borborema,
no Brejo da Paraíba. Fonte: Valverde, 1955, p 62.
O MNT
4
(Modelo Numérico de Terreno) gerado permite uma visualização do modelado
do lugar, logo, a partir desse modelo foram traçados perfis na poligonal do município (FIG 3, 4, 5
e 6), onde podem ser visualizadas as diferenças altimétrica do sopé à cimera do Planalto. O perfil
nº1 traçado no sentido Norte-Sul denota os vales dos afluentes dos rios Araçagi e Mamanguape,
enquanto os perfis nº 2 e 3, traçados de Noroeste para Sudeste paralelamente, apresentam
semelhança na variação de altitude que chega aos 400 metros de diferença entre a maior e menor
altitude nas proximidades do núcleo urbano de Alagoa Grande.
3
Sistema de cobertura aerofotográfica com câmara múltipla composta de uma central, vertical e duas laterais
oblíquas a um ângulo de 60 graus da vertical.
4
O MNT consiste em uma representação matemática computacional da distribuição de um fenômeno espacial que
ocorre dentro de uma região da superfície terrestre. (Felgueiras, 2004)
28
FIGURA 3 - Grade retangular contendo a poligonal do Município demonstrando a orientação e
o traçado dos perfis.
32
O relevo do lugar também pode ser visualizado na Figura 7, que consiste na visualização
em 3D do MNT utilizando-se imagem em nível de cinza, onde as tonalidades mais claras
correspondem aos pontos de menor elevação. A figura denota a rugosidade do relevo nas
encostas a Barlavento do Planalto, ou seja, porções Sul e Leste. A Oeste e Nordeste há a
ocorrência de chãs, sendo que esses lugares possuem terrenos mais aplainados e de maior
umidade.
FIGURA 7 – Imagem 3D em nível de cinza representando a área municipal e a rugosidade do
ambiente.
A rede de drenagem do Município está distribuída uniformemente, tendo uma menor
densidade na parte ocidental do território (FIG. 8), onde predominam as chãs. A área de pesquisa
tem uma participação em dois rios de importância para a região, servindo como um divisor de
águas comporta tributários para os rios Mamanguape e o Araçagi, sendo que o primeiro ocupa a
porção ao Sul do Município e o outro ocupa a porção ao Norte.
Afluentes dos Rios
Araçagi e Mamanguape
N
S
O
L
9242885.0
9238458.0
9234031.0
9229604.0
9225177.0
9220750.0
210852.9
205331.0
199809.0
194287.0188765.0
9220750.0
9225177.0
9229604.0
9234031.0
9238458.0
9242885.0
188765.0 194287.0
199809.0
205331.0
210852.9
1.3
0
1.3
2.7 4.0
5.4 km
REDE DE DRENAGEM NO MUNICÍPIO DE AREIA - PB
LEGENDA
Drenagem
Limites do município
N
o
R i
A
r
açag
i
Rio
g
aM
am
a u pe
n
FONTE: Cartas topográficas da SUDENE - 1976
Folhas: SB.25-Y-C-I/SB.25-Y-A-IV
33
Figura 8 - Rede de drenagem no Município de Areia
34
A combinação dos diversos fatores descritos anteriormente condicionou o
desenvolvimento de um solo profundo e fértil e de uma vegetação exuberante nos chamados
contrafortes do planalto, classificada segundo o IBGE, como Floresta Ombrófila Aberta.
Entretanto, na porção mais Ocidental e a Noroeste da parte central do município as condições de
umidade e pedogênese são bem diferentes e isso propiciou a rustificação da vegetação, que
sobrevive às intempéries da escassez de chuvas e do solo pouco profundo. Nesta área
desenvolveu-se uma vegetação de tipologia denominada pelo IBGE de Savana Estépica e
regionalmente conhecida como caatinga (Manual Técnico da Vegetação Brasileira, 1992).
Em decorrência da área conter solos bastante férteis e uma umidade considerável, a
Floresta Ombrófila Aberta foi aos poucos cedendo lugar para as atividades agrícolas que se
instalaram no local, principalmente a atividade canavieira, dando origem a uma fragmentação das
florestas que recobriram toda a área de maior umidade. Um dos fatores que permitiram a
existência de alguns fragmentos, os quais constituem o objeto dessa investigação, foi o relevo
movimentado do lugar que, segundo Melo (1980), impossibilitou a mecanização em decorrência
de seus vales profundos e estreitos, suas encostas íngremes e seus divisores de água locais em
forma de pequenos e altos espigões. Os fragmentos que restaram da vegetação natural atualmente
encontram-se distribuídos no território e estão ilhados pelas diversas formas de uso do solo
atribuídos pela população, o que proporciona uma maior instabilidade, tendo em vista facilitar o
estabelecimento de processos erosivos intensos.
Atualmente a população de Areia está estimada em 26.131 habitantes, sendo que 13.471
são residentes na área urbana e 12.665 na área rural
5
. Neste aspecto é conveniente ressaltar a
estrutura fundiária apresentada no Quadro 1, onde se vê relativo número de pequenas
propriedades (0 a 5 ha ) que representam 51% das propriedades do Município. Entretanto, essas
propriedades respondem por apenas 3,52% das terras, enquanto que no outro extremo, no que se
refere à área, ou sejam, as maiores propriedades (agrupando as que estão acima de 500 ha), estas
representam 21% das terras distribuídas em 7 propriedades. Todavia, a maior concentração de
terras está distribuída de 100 a 500 ha que totalizam 80 propriedades e correspondem a 51% das
terras.
5
Consulta feita ao IBGE em 26/11/2004 www.ibge.gov.br
35
Quadro 1 - Estrutura fundiária do Município de Areia
ÁREA Nº de Imóveis Rurais Área em ha
ha Absoluto % Absoluto %
0 a 5
492 51,14 1.094,90 3,52
5 a10
189 19,65 1.294,10 4,16
10 a 50
155 16,11 2.981,60 9,58
50 a 100
39 4,05 2.894,20 9,3
100 a 500
80 8,32 16.089,00 51,67
500 a 1000
6 0,63 3.727,30 11,97
1000 a mais
1 0,1 3.054,90 9,8
Total 962 100 31.136,00 100
Fonte: Diagnóstico sócio econômico. SEBRAE, 1996.
Os minifúndios devem responder por uma pequena produção para o próprio consumo,
enquanto que as propriedades maiores contribuem tanto para a agricultura quanto para a pecuária,
onde se destacam grandes pastagens na paisagem do Município, salientando que além desses,
inevitavelmente o comércio também possui sua contribuição para a economia do lugar, nesse
caso pode ser corroborado com a arrecadação de ICMS em que o setor terciário, envolvendo o
comércio e serviços de um modo geral se responsabiliza pelo volume de 58%, seguido de perto
do setor primário com 40% e os 2% restantes para o setor secundário, ocupado pela indústria
6
.
Conforme está demonstrado as atividades econômicas estabelecidas pelo setor primário
da economia tornaram-se agentes de fragmentação da zona rural neste espaço geográfico do
território paraibano. Note-se que a relação da sociedade areiense com o meio rural, estabelecida
pela espontaneidade da natureza, foi se tornando distante dando lugar à substituição dos
elementos naturais pela atividade econômica de maior rentabilidade, no caso a substituição das
comunidades florestais por campos de produção tendo através dos anos apenas uma mudança de
um produto por outro, como demonstrado na Figura 9. Essa é uma realidade presente, pois a
pressão das atividades antrópicas sobre o meio é enorme, forçando o recuo efetivo das coberturas
vegetais nativas, mesmo em se tratando de um relevo bastante rugoso, conforme já foi salientado
anteriormente.
6
Consulta feita ao Anuário Estatístico da Paraíba, 2000.
36
FIGURA 9 – Aspectos históricos da ocupação do solo em Areia: a) primeiro plano cultura do
sisal no lado direito e parte superior da foto e plantação de cana no lado
esquerdo. Ao centro engenho Ipueira; b) vale com canavial no fundo, mata
secundária no alto e agave no primeiro plano. Fonte: Valverde, 1955, p 65 e 66.
b
a
37
3.2 Metodologia
Base de Dados
O estudo multitemporal da vegetação existente no município de Areia, inicialmente
impôs a escolha de um SIG (Sistema de Informações Georreferenciadas) e de material
cartográfico referente ao lugar. Tendo em vista a área apresentar problemas na aquisição de
material cartográfico em decorrência de sua localização em área de intensa e constante
nebulosidade - o que dificulta a obtenção de fotografias aéreas e conseqüentemente de cartas
topográficas -, optou-se por utilizar imagens de satélite. Embora apresentassem uma pequena
porcentagem de cobertura de nuvens, essas imagens constituíram-se como única fonte para
aquisição de informações a respeito da vegetação do local em épocas passadas.
As imagens disponíveis para o estudo referem-se a dois momentos e dois sensores: uma
imagem do sensor TM/Landsat-5, órbita 214, ponto 65 datada de 18/07/1986 e outra imagem do
sensor ETM/Landsat-7, mesmo ponto e órbita, datada de 04/08/2001. Além das imagens foram
utilizados mapa municipal estatístico do IBGE e cartas topográficas da SUDENE, todos em
formato digital.
A base de dados foi montada em ambiente SPRING com gerenciador Dbase. A projeção
utilizada foi UTM - Universal Transversa de Mercator e Datum SAD 69, a área do projeto teve
definição entre as coordenadas X 187000/ 217000 e Y 9220000/ 9245000. Criada a base de
dados, procedeu-se à importação dos dados para as respectivas categorias.
Os dados referentes à altitude e rede de drenagem do lugar foram obtidos através de
cartas topográficas da SUDENE de 1999, escala 1:100000, com eqüidistâncias entre as curvas de
nível de 50 m. Foram necessárias duas cartas topográficas para a abrangência da área de estudo:
as folhas SB.25-Y-C-I e SB.25-Y-A-IV, as quais já estavam em meio digital, formato DWG.
Utilizando o programa CAD 2000, atribuíram-se os valores referentes à altitude das curvas de
nível, as quais após importadas para o banco foram conferidas através da edição topológica do
modelo MNT, sendo posteriormente gerada a grade retangular com interpolador ‘média
ponderada por cota e por quadrante’ que serviu para a geração de perfis topográficos e de
imagens sombreada em nível de cinza com visualização em 3D.
Posteriormente, o mapa do Município em formato Tiff foi importado para a base de
dados cuja categoria criada em modelo de dados imagem serviu para visualização da poligonal do
38
município e das estradas presentes no local. A partir dessa imagem em categoria com modelo de
dados cadastral, foram criados diferentes planos de informações (PI) nos quais os dados
referentes aos limites do município e às estradas foram digitalizados em tela.
Selecionadas as imagens Landsat, estas foram recortadas em quadrante maior que o
município de Areia, sendo também reamostradas para Datum SAD 69, com projeção UTM, tendo
em vista que o Datum utilizado no processo de georreferenciamento da CENA era WGS 84. Feito
isso as imagens foram salvas em formato geotiff e importadas para o SPRING em diferentes
categorias do modelo imagem, uma para cada época, ou sejam, em 1986 e 2001.
Mapeamentos Referentes a 1986 e 2001
Analisando as imagens para uma primeira aproximação, realizou-se a verificação de
composições coloridas para escolha da que melhor se adequasse para análise da vegetação a
partir da resposta espectral. Depois de vários ensaios, optou-se pela utilização das bandas 5, 4 e 3
com a composição RGB (FIG 10 e 11). Inicialmente decidiu-se pela classificação visual com
digitalização em tela, delimitando-se as áreas que aparentemente seriam os fragmentos, os quais
constituíam o enfoque principal do trabalho, entretanto, avaliando que os resultados seriam muito
subjetivos ao intérprete para que fosse feita a comparação nos dois momentos, sentiu-se a
necessidade de realização da classificação supervisionada.
Dessa forma, foi feita uma classificação preliminar utilizando a imagem de 2001, tendo
em vista que esta era a mais recente para uma conferência em campo. De posse dessa
classificação foram plotados alguns pontos para a conferência em campo. Além desses pontos
coletados através do programa, foram plotados outros em campo através do GPS (Global
Positioning System), modelo Garmim III. Para a plotagem dos pontos observou-se sempre o
tamanho aproximado da área, tendo em vista a referência estabelecida pelo tamanho do pixel
prevista na imagem Landsat ser 30 por 30 metros, o que corresponde a 900 m
2
.
N
S
W
E
1.2
0
1.2
2.4
3.6
4.8 km
210963.8
205417.3199870.9
194324.4
188778.0
9220237.0
9224427.0
9228617.0
9232807.0
9236997.0
9241187.0
188778.0
194324.4 199870.9
205417.3
210963.8
9241187.0
9236997.0
9232807.0
9228617.0
9224427.0
39
FIGURA 10 - Imagem Landsat de 1986, bandas 5, 4 e 3 em composição colorida RGB.
N
S
W
E
1.2
0
1.2
2.4
3.6
4.8 km
211099.6205481.2199862.8
194244.4
188626.0
9220901.0
9224923.0
9228945.0
9232967.0
9236989.0
9241011.0
188626.0
194244.4 199862.8
205481.2
211099.6
9241011.0
9236989.0
9232967.0
9228945.0
9224923.0
9220901.0
40
FIGURA 11 - Imagem Landsat de 2001, bandas 5, 4 e 3 em composição colorida RGB.
41
Outra informação coletada no campo foi sobre a declividade do terreno através da
utilização do clinômetro para determinar o ângulo de inclinação das vertentes. Dos locais onde
foram coletadas as coordenadas dos pontos e a inclinação do terreno, foi realizado o registro
fotográfico para facilitar o trabalho em laboratório e mesmo para fins ilustrativos sobre as
peculiaridades da vegetação.
De posse dos dados coletados em campo, iniciou-se a classificação digital da imagem de
2001 no SPRING. Inicialmente as coordenadas coletadas e o trajeto percorrido foram transferidos
para a base de dados (FIG 12), de modo que o ponto plotado pôde ser associado à categoria
fisionômica registrada.
Em seguida foram criadas 10 classes temáticas e realizado o treinamento da imagem,
sendo efetivada a sua classificação. As classes criadas foram as seguintes: 1 – Floresta Ombrófila
Aberta, 2 –Floresta Ombrófila Aberta em recomposição, 3 – Savana Estépica, 4 – Savana
Estépica em recomposição, 5 – Uso agrícola, 6 – Área edificada, 7 – Lâmina d’água, 8-
FIGURA 12 – Trajeto percorrido no campo para conferências e coletas de pontos amostrais.
42
Superfície sem cobertura vegetal, 9 – Nuvem e 10 – Sombra de nuvem. Para cada classe foram
adquiridas seis amostras de contorno poligonal, atentando para os locais de maior confiabilidade
a partir dos pontos que foram coletados no campo. A classificação foi realizada através do
classificador Maxver, onde as amostras analisadas apresentaram um desempenho médio de
83,70%, sendo utilizado o mesmo procedimento para a classificação da imagem referente a 1986.
Tendo em vista que a imagem de 2001 apresenta um percentual considerável de
cobertura de nuvens, foi necessária uma reclassificação dessas áreas que continham nuvem
através da edição matricial. Nessa reclassificação foram suprimidas as duas últimas classes. Para
conferência do que havia abaixo das nuvens utilizou-se uma imagem de um outro sensor, o
CBERS onde a cobertura de nuvem apresentava-se em outro local. Após a edição matricial
procedeu-se à quantificação das áreas utilizando a ferramenta do modelo temático ‘medidas de
classes’. Dessa forma, foi possível a obtenção das áreas de cada classe temática referente a cada
período analisado. A estatística desses dados foi trabalhada na planilha eletrônica Excel, onde
foram comparados o crescimento e o recuo de cada classe em hectares e em percentual, sendo
gerados gráficos e tabelas para melhor ilustrar a situação o balanço entre as duas épocas.
Na seqüência, a imagem classificada em forma de matriz foi vetorizada, polígonos
referentes a cada classe isolada foram criados e transferidos para uma categoria de modelo
cadastral. Os polígonos relativos aos fragmentos da Floresta Ombrófila Aberta, que constituíam o
enfoque central do estudo, posteriormente foram associados a rótulos e uma tabela de consulta
por atributos foi gerada, sendo listados os atributos de área e perímetro de cada fragmento
superior a 0,5 hectare. Os dados referentes à tabela foram exportados para a planilha Excel, onde
também foram tratados estatisticamente.
43
4 Resultados e Discussão
4.1 As Tipologias Vegetais e o Uso do Solo no Município
Conforme relatado anteriormente, existem duas principais tipologias vegetais no
município: a Floresta Ombrófila Aberta e a Savana Estépica. A primeira tipologia foi
amplamente suprimida, embora não haja uma resolução contendo uma classificação para o Brejo
Interiorano ou de Altitude, como aponta a resolução Nº10/93 que estabelece os parâmetros
básicos para análise dos estágios de sucessão da Mata Atlântica a qual excluiu essa tipologia para
a utilização desses parâmetros. No campo foi possível distinguir que os fragmentos de Floresta
Ombrófila apresentam-se em diferentes estágios de regeneração natural (FIG 13).
FIGURA 13 – Aspectos da Floresta Ombrófila Aberta em diferentes estágios de regeneração.
44
A Savana Estépica na região apresenta porte arbóreo em sua fase de maior
desenvolvimento ou clímax, entretanto, como resultado do uso do solo essa tipologia também se
apresenta em vários estágios de regeneração (FIG 14).
FIGURA 14 – Aspectos da Savana Estépica no Município de Areia.
Essa tipologia ocupa o extremo Oeste e o Noroeste do Município, onde o relevo é mais
suave e cuja altitude varia entre 450 e 650 metros, entretanto a Floresta Ombrófila tem uma maior
abrangência ocupando as demais partes do território, principalmente onde o relevo é mais
movimentado, assemelhando-se com os Mares de Morros do Sudeste do País. A amplitude
altimétrica de ocorrência da Floresta Ombrófila é bem maior, pois se inicia desde o sopé a 170
metros indo até aos 650 metros, onde a umidade ainda é relativamente grande. A área de
abrangência dessas duas tipologias pode ser visualizada na Figura 15, considerando que entre
essas duas principais tipologias há a formação de um ecótono, que se constitui de uma faixa de
transição, tendo a ocorrência de manchas da Floresta Estacional Decidual e Semidecidual.
Contudo a separação desses fragmentos só seria possível com um trabalho de campo detalhado, o
que foge dos objetivos desse estudo.
9238125.0
9233911.0
9229697.0
9225483.0
9221269.0
216500.2
210730.2204960.1
193420.0
187650.0
199190.1
187650.0
193420.0
199190.1
204960.1
210730.2 216500.2
9221269.0
9225483.0
9229697.0
9233911.0
9238125.0
1.6
0
1.6
3.2
4.8
6.4 km
S
S
W
E
N
ZONEAMENTO DA VEGETAÇÃO NATIVA NO MUNICÍPIO DE AREIA - PB
LEGENDA
Floresta Ombrófila Aberta
Savana Estépica
FIGURA 15 - Zoneamento da vegetação nativa do Município de Areia.
45
Ecótono
46
Com a utilização agrícola a paisagem denota um certo mosaico de contrastes,
comportando culturas e Floresta em áreas vizinhas. A utilização do solo se faz de forma intensiva
e extensiva, onde se tem a presença da cana-de-açúcar, lavouras de subsistência e,
principalmente, pastagens que se estendem praticamente por todo o território, desde terrenos
planos como as chãs, até terrenos mais ondulados (FIG 16).
FIGURA 16 – Uso agrícola no Município de Areia: a) plantio de mandioca próximo à mata; b)
plantio de cana-de-açúcar próximo à mata; c e d) pastagens.
4.2 Os Remanescentes Florestais do Município de Areia em 1986
A partir da geração do mapa referente a 1986 (FIG. 17), vê-se que o território municipal
caracteriza-se como um mosaico de diferentes paisagens. A formação arbórea está presente em
praticamente todo o Município, tendo menor intensidade no extremo Oeste e Noroeste, isso em
decorrência das características físicas dessa parte do território cuja umidade é bem inferior à área
a barlavento do planalto. Assim, esse ambiente permite características físicas de adaptações aos
a
b
c d
47
períodos de estiagens e as porções de formação arbórea que ocorrem nesses locais não
correspondem à mesma tipologia presente nas direções opostas, sejam no sentido leste, sudeste,
sejam no Sul e na parte central, onde se localiza a sede da unidade territorial. A formação arbórea
nestas áreas corresponde à Savana Estépica ou faixas de transição com um adensamento
considerável. Entretanto nessa área, embora não se tenha grandes extensões com uso agrícola,
conforme apresenta a Figura 17 essa tipologia vegetal está em fase de recomposição, talvez nessa
área o corte seja realizado mais para utilização da madeira ou lenha.
Já nas demais áreas o uso agrícola parece bastante disseminado pelo território. Dos
remanescentes contidos no território municipal, a Mata do Pau Ferro a Sudoeste da poligonal do
Município se destaca como maior fragmento florestal, aparentando uma densidade considerável
de indivíduos por área. Existem também vários fragmentos nas encostas a Leste da cidade de
Areia, os quais estão localizados em áreas de declividade acentuada, constituindo uma certa
dificuldade para sua utilização para fins agrícolas. Próximo aos fragmentos em estágios mais
avançados, que constam na cor verde escuro, há uma tonalidade mais clara de verde que
corresponde às áreas de ocupação de menor densidade, ou sejam, terrenos que foram utilizados
com ocupação agrícola e abandonados ou áreas que foram desmatadas aos poucos e encontram-se
em processo de regeneração natural
LEGENDA
N
S
W
E
9240615.0
9236453.0
9232291.0
9228129.0
9223967.0
9219805.0
193716.0
199596.0
205476.0
211356.0
217236.0
0.8
0
0.8
1.6
2.4
3.2 km
9219805.0
9223967.0
9228129.0
9232291.0
9236453.0
9240615.0
217236.0
211356.0
205476.0
199596.0
193716.0
Floresta Ombrófila Aberta
Floresta Omb. Aberta em recomposição
Savana Estépica
Savana Estépica em recomposição
Uso agropecuário
Superfície sem cobertura vegetal
Lâmina d’água
Área edificada
TIPOLOGIAS VEGETAIS E USO DO SOLO NO MUNICÍPIO DE AREIA - PB EM 1986
FIGURA 17 - Tipologias vegetais e uso do solo no Município de Areia - PB em 1986.
48
(CLASSIFICAÇÃO SUPERVISIONADA)
AREIA
MATA DO PAU FERRO
49
Através do mapeamento realizado em SIG foi possível contabilizar as áreas referentes a
cada tipologia vegetal, conforme indica o Quadro 2. A partir desses valores é possível verificar
que em 1986 os fragmentos de Floresta Ombrófila ainda ocupavam uma grande área do território.
Com o correspondente a 6.966,15 ha essa classe era superior às demais, com exceção do uso
agrícola que recobria 8.428 ha. A Floresta Ombrófila Aberta em recomposição ocupava uma área
de 6.961,92 ha, seguida da Savana Estépica em recomposição que representa 2.543,06 ha e por
último a Savana Arbórea com 1.548,63 ha.
Quadro 2 - Tipologias vegetais e uso do solo no Município de Areia – PB em 1986
Tipologias vegetais e uso do solo
no Município de Areia - PB
Área ocupada
em 1986 (ha)
Floresta Ombrófila Aberta
6.966,15
Floresta Ombrófila Aberta em recomposição
6.961,92
Savana Estépica Arbórea
1.548,63
Savana Estépica em recomposição
2.543,06
Uso Agrícola
8.428,00
4.3 Os Remanescentes Florestais do Município de Areia em 2001
O mapa referente a 2001 (FIG 18) reflete uma situação bem diferente de 1986. Note-se
que houve uma grande devastação dos fragmentos e uma diminuição considerável de sua
distribuição no território, onde os fragmentos mais representativos estão localizados em áreas de
declive bem acentuado. Os fragmentos em alguns locais aparentemente mostram-se mais
conservados que em outros, considerando-se nesse caso a área ocupada por esses remanescentes
que estão ilhados por diversas atividades econômicas.
9236469.0
9232372.0
9228275.0
9224178.0
9220081.0
193352.0
199400.1
205448.1
211496.1 217544.2
193352.0
199400.1
205448.1 211496.1
217544.2
9240566.0
9236469.0
9232372.0
9228275.0
9224178.0
9220081.0
9240566.0
0.8
0
0.8
1.6
2.4
3.2 km
LEGENDA
TIPOLOGIAS VEGETAIS E USO DO SOLO NO MUNICÍPIO DE AREIA - PB EM 2001
Floresta Ombrófila Aberta
Floresta Omb. Aberta em recomposição
Savana Estépica
Savana Estépica em recomposição
Uso agropecuário
Superfície sem cobertura vegetal
Área edificada
Lâmina d’água
W
N
S
E
FIGURA 18 - Tipologias vegetais e uso do solo no Município de Areia - PB em 2001.
50
(CLASSIFICAÇÃO SUPERVISIONADA)
AREIA
MATA DO PAU FERRO
51
Em contrapartida, visualmente nota-se que houve uma expansão do uso agrícola que se
estendeu por todo o território, inclusive na área de ocorrência da Savana Estépica a qual também
demonstra sua diminuição de área. A situação real da área correspondente a cada classe em 2001
pode ser visualizada no Quadro 3. Note-se que o uso agrícola aparece com 12.615,84 ha, em
segundo lugar, em termos de área, aparecem os Fragmentos de Floresta Ombrófila com 5.308,73
ha, na seqüência a Floresta Ombrófila Aberta em recomposição aparece com 4.578,07, seguida da
Savana Estépica em recomposição com 3.050,84 ha. Por último, a Savana Estépica Arbórea com
apenas 694,48 ha.
Quadro 3 - Tipologias vegetais e uso do solo no Município de Areia – PB em 2001
Tipologias vegetais e uso do solo
no Município de Areia - PB
Área ocupada
em 2001 (ha)
Floresta Ombrófila Aberta
5.309,73
Floresta Ombrófila Aberta em recomposição
4.578,07
Savana Estépica Arbórea
694,48
Savana Estépica em recomposição
3.050,84
Uso agrícola
12.615,84
4.4 Avaliação Multitemporal da Ocupação do Solo e Seu Efeito Sobre a Cobertura Vegetal
do Município de Areia
Passados quinze anos a partir da contabilidade das áreas dos fragmentos florestais e
demais tipologias, percebe-se uma grande mudança na paisagem dentro do Município de Areia,
pois, conforme os valores apresentados no Quadro 4 e Figura 19 houve um recuo dos fragmentos
das áreas que contêm a Floresta Ombrófila Aberta na ordem de 23,78%, como também diminuiu
a área da floresta em recomposição e da Savana Estépica Arbórea em detrimento de Savana
Estépica em recomposição que cresceu sua área em 19,97% e da área de uso agrícola que teve um
52
crescimento considerável de 49,69%. Esses valores denotam a necessidade de uma política
urgente de conscientização da população e seriedade por parte dos governantes em fiscalizar e
fazer cumprir a lei no que diz respeito ao desmatamento.
Quadro 4 - Dinâmica de ocupação e das tipologias vegetais no Município de Areia
Tipologias vegetais e uso do solo
no Município de Areia - PB
Área
ocupada
em 1986 (ha)
Área
ocupada
em 2001 (ha)
Dinâmica
(ha)
Percentual
(%)
Floresta Ombrófila Aberta
6.966,15 5.309,73 -1.656,42 -23,78
Floresta Omb. Aberta em recomposição
6.961,92 4.578,07 -2.383,85 -34,24
Savana Estépica Arbórea
1.548,63 694,48 -854,15 -55,16
Savana Estépica em recomposição
2.543,06 3.050,84 507,78 19,97
Uso Agrícola
8.428,00 12.615,84 4.187,84 49,69
0
2.000
4.000
6.000
8.000
10.000
12.000
14.000
ÁREA (HA)
Floresta Ombrófila
Aberta
Submontana
Floresta em
recomposição
Savana Estépica
Arbórea
Savana Est. em
proc. de
regeneração
Uso Agrícola
DINÂMICA DA OCUPAÇÃO DO SOLO NO MUNICÍPIO DE AREIA - PB NO INTERVALO DE 15
ANOS
ÁREA OCUPADA EM 1986
ÁREA OCUPADA EM 2001
FIGURA 19 – Dinâmica da ocupação do solo no Município de Areia – PB no intervalo de 15 anos
53
Algumas situações são visíveis a partir da comparação dos dois mapas. Nas porções
Norte, Sul e Leste da poligonal do município a área agrícola se expandiu em detrimento dos
fragmentos, assim é possível ver que as áreas que continham Floresta em recomposição em
1986 também não continuaram a sucessão, sendo suas áreas destinadas ao uso agrícola. A
partir de um recorte pode-se visualizar um dos maiores fragmentos que consistem na Mata do
Pau Ferro (FIG 20) nos dois períodos.
Observando a ilustração, vê-se que a área antropizada dentro da Reserva Ecológica Mata
do Pau Ferro se expandiu. A pressão se dá de fora para dentro, pois nas bordas da Reserva o uso
agrícola vai adentrando aos poucos, mesmo sendo uma área de Reserva seu decreto de criação
não deixa claros seus limites e também não explicita proibições de ações, o que possivelmente
tem facilitado a antropização diminuindo a cobertura florestal da Reserva. O Decreto Estadual
nº14.832 de 19 de outubro de 1992 cria a reserva e define objetivos que vão desde a proteção até
a preservação dos recursos da biota, entretanto sua delimitação e gestão ficaram a cargo da
Superintendência de Administração do Meio Ambiente - SUDEMA. Quanto à legislação pode-se
dizer que ela protege esse patrimônio, no entanto é uma área que não está sendo poupada das
atividades socioeconômicas. A Figura 21 realça como o entorno imediato da área florestada
conota que não havendo elementos de limitação dos lugares poderá haver atividades no seu
interior.
193788.0
194788.0
195788.0 196788.0
197788.0
198788.0
9225883.0
9226883.0
9227883.0
9228883.0
9229723.0
193788.0
194788.0
195788.0 196788.0
197788.0
198788.0
9225883.0
9226883.0
9227883.0
9228883.0
9229723.0
198788.0
0.5
0
0.5
1.0
1.5
2.0 km
193573.0 194573.0 195573.0 196573.0 197573.0 198573.0
9225733.0
9226733.0
9227733.0
9228733.0
9229533.0
193573.0
194573.0 195573.0
196573.0
197573.0
198573.0
9225733.0
9226733.0
9227733.0
9228733.0
9229533.0
0.5
0
0.5
1.0
1.5
2.0 km
AntropizaçãoAntropização
Avanços da Antropização
FIGURA 20 - Mata do Pau Ferro: a) situação em 1986; b) situação em 2001.
b
a
54
55
FIGURA 21 - Intervenção na borda imediata da Mata do Pau Ferro.
No que se refere ao processo das atividades agrícolas, nesse local ainda não foi
observado o uso das curvas de nível como elemento de contenção tanto das águas oriundas da
precipitação pluvial, quanto da contenção dos solos nas encostas, o que evitaria a perda desse
outro bem patrimonial (FIG 22). Nesse sentido salienta-se a importância da vegetação para a
contenção do solo, pois, segundo Leinz e Amaral (1980), a topografia, a falta de vegetação e o
clima favorecem em muito o processo de denudação
7
. Em um local onde um agente de
modelagem do relevo se faz presente, nesse caso sendo a erosão provocada pelos fatores
climáticos que atacam de forma efetiva a superfície, reconfigurando-a num processo
morfogenético, é necessário que haja um outro agente para atenuar o processo. Uma superfície de
encosta, quanto mais íngreme mais susceptível ao desgaste em que a morfogênese atua de forma
acentuada, sendo abrandada apenas pela presença da vegetação, que passa a ser um impedimento
na ação da morfogênse (Tricart, 1977).
7
Conjunto de processos que agem na remoção e conseqüentemente abaixamento de uma superfície elevada, pela
integração de processos intempéricos e erosivos...(Leinz e Amaral, 1980, p115)
56
FIGURA 22 – Práticas agrícolas e aspectos do relevo no Município: a) plantio de milho e b)
ocupação agrícola em encosta com forte inclinação.
Como a variação altimétrica do lugar é bem acentuada, chegando aos 400 metros de
diferença (FIG 23), consequentemente sua declividade se mostra em parte do território com
declives também acentuados variando de 2 a 37º (FIG 24). É certo que as vertentes que atingem
essa angulação não são a maioria, porém existem muitas com declives de 22 a 24º e algumas
dessas sem a devida proteção que consiste na vegetação nativa, ou seja, a floresta. Strahler e
Strahler (1989) alertam que em vertente coberta com floresta as folhas, ramas, raízes e troncos
caídos diminuem a força da água, entretanto, sem a cobertura, a força da erosão se aplicará
diretamente na superfície desnuda. Quando esgotada a capacidade de infiltração do solo em
função da obstrução dos poros através das partículas arrastadas, bem como das argilas que ao
absorver a água aumentam de volume, a água tende a escorrer pela encosta abaixo formando
enxurrada.
Além disso, com o encharcamento do solo por presença de água pluvial, o ambiente
torna-se propício aos deslizamentos, ou seja, ao escorregamento de massa (FIG 25). A depender
da intensidade e duração da chuva, a enxurrada levará embora uma grande quantidade de solo
para os vales dos rios, os quais vão aos poucos sofrendo o processo de assoreamento.
22º
a
b
175 -| 250 m
250 -| 300 m
300 -| 350 m
350 -| 400 m
450 -| 500 m
500 -| 550 m
550 -| 600 m
400 -| 450 m
600 -| 650 m
LEGENDA
N
S
W
E
9240096.0
9235053.0
9230010.0
9224967.0
193046.0
199034.0
1.3
0
1.3
2.6 3.9
5.2 KM
205022.0
211010.0
211010.0
205022.0
199034.0
193046.0
9240096.0
9235053.0
9230010.0
CLASSES DE ALTITUDE DO MUNICÍPIO DE AREIA - PB E ADJACÊNCIAS
FIGURA 23 - Mapa hipsométrico demonstrando os desníveis do relevo.
57
1.2
0
1.2
2.4
3.6
4.8 km
0 -| 2 º
2 -| 5 º
5 -| 11 º
11 -| 24 º
24 -| 37 º
> 37 º
LEGENDA
N
S
W
E
187102.0
192962.4
198822.8
204683.2
210543.6
9237319.0
9233006.0
9228693.0
9224380.0
187102.0
192962.4
198822.8
204683.2
210543.6
9224380.0
9228693.0
9233006.0
9237319.0
CLASSES DE DECLIVIDADE DO MUNICÍPIO DE AREIA - PB E ADJACÊNCIAS
FIGURA 24 - Mapa demonstrando os níveis de declividade do modelado.
58
59
FIGURA 25 – Deslizamentos após precipitações nas situações a e b.
4.5 Subsídios Para Recuperação da Vegetação
De acordo com Viana et al citado em Viana (1998), o tamanho, a forma, o grau de
isolamento, o tipo de vizinhança e histórico de perturbações, constituem os principais fatores que
afetam a dinâmica de fragmentos florestais, apresentando relações com os fenômenos biológicos
que afetam a natalidade e a mortalidade de plantas. Entretanto, não se constitui como pretensão
deste trabalho abordar todos esses fatores considerados na ecologia dos fragmentos
separadamente, tendo em vista tratarem de estudos mais específicos. De um modo geral,
conforme pode ser observado nos mapas referentes a 1986 e 2001, a fragmentação é bem nítida,
logo a conectividade entre os fragmentos é praticamente inexistente, sendo esses rodeados por
áreas de atividades agrícolas, onde o histórico de perturbações vem desde o desbravamento do
interior da Paraíba. Observando as indicações do autor que toma como base a teoria de
biogeografia de ilhas (MacArthur e Wilson, 1967), os atributos ecológicos dos fragmentos,
destacando especialmente a diversidade de espécies, sofrem grande influência da área da unidade.
Assim, além da distribuição serão apresentados a área e o perímetro dos fragmentos.
Embora ainda restem aproximadamente 5000 hectares de floresta, essa não se encontra
espacializada homogeneamente estando subdividida em 379 fragmentos distribuídos pela área
territorial do Município. Essas unidades fragmentadas que constam no Apêndice A com a
respectiva área e perímetro foram agrupados por classes de tamanho de área, conforme está
apresentado no Quadro 5 e Figura 26. Nota-se a partir desses dados que a maioria dos fragmentos
(144) possui tamanho de proporções bem pequenas, ou sejam, fragmentos cuja área varia entre
0,5 a 2,0 hectares, correspondendo assim ao que consideramos na classificação como sendo a
a
b
60
primeira classe. Na segunda classe estão agrupados fragmentos maiores que 2,0 até 5,0 hectares,
totalizando 116 fragmentos. Regressivamente, na terceira classe que engloba fragmentos acima
de 5,0 até 10 ha a ocorrência é de 57 fragmentos; no intervalo de 10,0 a 20,0 ha restam apenas 29
fragmentos; de 20,0 a 50,0 a ocorrência é de 24 fragmentos; na penúltima classe onde foram
agrupados fragmentos de 50,0 a 100,0 ha ocorreram cinco fragmentos e no último agrupamento
que equivale aos fragmentos acima de 100,0 ha a ocorrência é de quatro fragmentos.
Quadro 5 – Distribuição dos fragmentos do Município de Areia – PB no ano de 2001 em
classes de tamanhos.
Intervalos de Classes
Distribuição de
Freqüência
Percentual
(%)
0,5 |--| 2,0 ha
144 37,99
2,0 --| 5,0 ha
116 30,61
5,0 --| 10,0 ha
57 15,04
10,0 --| 20,0 ha
29 7,65
20,0 --| 50,0 ha
24 6,33
50,0 --| 100,0 ha
5 1,32
> 100,0 ha 4 1,06
61
DISTRIBUIÇÃO DE FREQUÊNCIA DAS CLASSES DE ÁREA DOS FRAGMENTOS
0
20
40
60
80
100
120
140
160
0,5 |--| 2,0 ha 2,0 --| 5,0 ha 5,0 --| 10,0 ha 10,0 --| 20,0 ha 20,0 --| 50,0 ha 50,0 --| 100,0 ha > 100,0 ha
Área (ha)
Nº de ocorrências
FIGURA 26 - Distribuição dos fragmentos segundo a área.
Dos quatro fragmentos agrupados na última classe, dois possuem tamanhos
consideráveis se comparados aos demais. Um deles corresponde à Mata do Pau Ferro que possui
598,39 ha e o maior fragmento ocupa os contrafortes com 1.492,66 ha que somados totalizam
2.091,05 ha, ou sejam, 39,38% da área restante da Floresta Ombrófila Aberta no Município.
Analisando sob uma outra ótica, os fragmentos em sua maioria são de tamanho igual ou
inferior a cinco hectares, totalizando 260 unidades que representam 68,6% dos fragmentos,
ocupando uma área de 562,74 ha. Sob este prisma, infere-se que essa ocorrência facilita de
sobremaneira o desmatamento silencioso desses fragmentos, tornando imperceptível o
desaparecimento da Floresta Ombrófila que a cada ano vai sendo suprimida por parte até finalizar
totalmente cada fragmento.
Como destaca Viana (1998), a fragmentação afeta sobremaneira as espécies arbóreas,
tendo em vista a alteração na abundância de polinizadores, dispersores, predadores e patógenos
que alteram as taxas de recrutamento de plântulas, somando aos efeitos de borda que alteram as
taxas de mortalidade de árvores, como os incêndios e as mudanças microclimáticas. Neste caso,
além do atributo área, é importante destacar que o perímetro do fragmento possui grande
influência no que se refere aos efeitos de borda que esse irá sofrer. A forma dos fragmentos
62
também aparece como um atributo que deve ser considerado na ocasião do planejamento para
conservação.
É importante observar que o perímetro não varia em função unicamente da área. Como
pode ser visualizado na Figura 27 os fragmentos menores mantêm uma certa proporção em
relação ao perímetro e à área. Há uma tendência dos fragmentos de pequena área (variável x),
estarem associados a perímetro relativamente pequeno (variável y), sendo que em alguns casos
essa relação é desproporcional. Entretanto, à medida que os fragmentos vão aumentando de
tamanho essa proporção vai diminuindo, ou sejam, alguns fragmentos possuem área aproximada
e às vezes até inferior a outros e em contrapartida o perímetro é bem superior ao dos demais que
estão em um mesmo patamar em situação de área. Tomemos como exemplo os fragmentos de
aproximadamente oito hectares visualizados nessa mesma figura, onde mostra essa diferença.
Enquanto alguns dos fragmentos apresentam 1500 metros de perímetro, outros chegam aos 2500
metros, trazendo uma diferença de mil metros.
Essa diferença pode ser explicada através da forma do fragmento, pois a partir de sua
configuração geométrica, apresentará um maior ou menor perímetro. Assim, os fragmentos mais
alongados tendem a ter um perímetro superior aos que possuem formas arredondadas. Essa
situação pode ser visualizada na Figura 28, que mostra a forma dos fragmentos de rótulos 0034 e
0106 do Apêndice A. O primeiro com 8,09 hectares e 2506 metros de perímetro e o segundo com
8,2 hectares e perímetro de 1515 metros. Assim, os fragmentos mais alongados são pouco
adequados para a conservação biológica de organismos mais especializados ou exigentes tendo
em vista que esses fragmentos alongados sofrem efeito de borda em uma área superior ao de
forma arredondada, em decorrência do perímetro que fica exposto a esses efeitos.
Embora os fragmentos existentes no Município de Areia ocupem áreas relativamente
pequenas, a maioria abaixo de 10 ha, é importante conserva-los e até recuperá-los, não apenas por
questões biológicas, conforme aponta a maioria das pesquisas sobre fragmentação. A
recomposição florestal nessa área possui um valor econômico maior no que se refere à
conservação do solo e da água, visto que a área alimenta nascente de diversos afluentes do Rio
Mamanguape. Essa recomposição florestal pode ser realizada na forma de corredores ecológicos,
pois além de propiciar a manutenção do solo e da água servirá também para a diversidade
biológica.
63
,
Correlação entre área e perímetro dos fragmentos menores ou
iguais a 10 ha
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
0 20000 40000 60000 80000 100000 120000
ÁREA (m
2
)
PERÍMETRO (m)
FIGURA 27
– Correlação entre perímetro e área dos fragmentos.
FIGURA 28 – Relação entre perímetro e área dos fragmentos considerando a forma: a)
fragmento 0034 com 8,09 ha e 2506 m de perímetro; b) fragmento 0106 com
8,2 ha e 1515 m de perímetro.
a b
64
Os corredores ecológicos ou corredores entre remanescentes, citados no artigo 7º do
Decreto nº 750/93, aparecem como uma possível solução para o repovoamento das áreas com
declividade acentuada. Ainda observando a legislação pertinente, no caso a Resolução CONAMA
nº 09/96 que apresenta os corredores entre remanescentes como faixas de cobertura vegetal
existente entre vegetação primária em estágio médio e avançado de regeneração, nota-se que os
elementos ali descritos são capazes de propiciar habitat ou servir de área de trânsito para a fauna
residente. Os corredores ditos ecológicos, efetivamente o são no sentido de permitir a presença de
diversas populações formando as comunidades naturais.
Apesar da indicação, os corredores, por se tratarem de uma área com cobertura vegetal,
servirão ainda para outros fins, pois se somarão aos fragmentos já existentes, aumentando a área
coberta do Município por floresta, potencializando os outros benefícios que uma floresta pode
oferecer. Por se tratar de uma região bastante acidentada destaca-se a contenção ou diminuição do
processo erosivo, como pode ser visto na imagem diagramada (FIG 29) em formato 3D (3ª
dimensão), sendo que essa composição permite o realce da rugosidade do modelado destacando-
se a diferença topográfica entre a relação altimétrica das nuvens com a superfície. Conforme
apresentado no diagrama, a rugosidade do relevo indica o grau de importância da população
vegetal nas vertentes da encostas dos Contrafortes do Planalto da Borborema.
Contrafortes do
Planalto da Borborema
Alagoa Grande
Areia
Mata do Pau Ferro
FIGURA 29 - Diagrama demonstrando a topografia da área de estudo.
65
Ainda no tocante à legislação a Resolução CONAMA nº 09/96 ela se torna pertinente,
pois assim ressalta:
Parágrafo único: Os corredores entre remanescentes constituem-se:
a) pelas matas ciliares em toda sua extensão e pelas faixas marginais definidas por
lei;
b) pelas faixas de cobertura vegetal existente nas quais seja possível a interligação
de remanescentes, em especial, às unidades de conservação e áreas de
preservação permanente
.
Art. 2º. Nas áreas que se prestem a tal finalidade onde sejam necessárias
intervenções visando sua recomposição florística, esta deverá ser feita com
espécies nativas regionais, definindo-se previamente se essas áreas serão de
preservação ou de uso.
Art. 3º. A largura dos corredores será fixada previamente em 10% (dez por cento)
do seu comprimento total, sendo que a largura mínima será de 100 metros.
Nota-se a partir da Figura 30 que restaram dois grandes fragmentos que se constituem da
Mata do Pau Ferro, legalmente protegida na forma de Reserva Estadual e a Mata do Bodó. É
importante salientar a urgência de medidas que garantam a proteção desses remanescentes.
Tomando como premissa o que está previsto na letra b do parágrafo único da Resolução
09/96, tem-se a possibilidade da recomposição do corpo florístico na faixa Sul e Sudeste do
território municipal interligando esses dois grandes remanescentes, pois, conforme está
demonstrado como resultado do geoprocessamento da imagem, ficou nítido que o corpo florestal
com maior probabilidade de recomposição se encontra nesse lugar, vindo corroborar ao
anunciado sobre a questão da combinação entre relevo, ou sejam, as encostas dos contrafortes do
Planalto é onde se encontra o maior conjunto de fragmentos, podendo ser eles ligados uns aos
outros, pois estão separados por pequenas faixas de terras com diferentes usos do solo.
9239806.0
9234811.0
9229816.0
9224821.0
9219826.0
192995.2
198989.4
204983.7
210977.9
216972.1
192995.2 198989.4 204983.7 210977.9 216972.1
9229816.0
9224821.0
9219826.0
9239806.0
9234811.0
E
W
N
S
Fragmentos florestais
DISTRIBUIÇÃO DOS FRAGMENTOS DE FLORESTA OMBRÓFILA ABERTA NO MUNICÍPIO DE AREIA
LEGENDA
Estrada pavimentada
Estrada de rodagem
0.8
0
0.8
1.6 2.4
3.2 km
FIGURA 30 - Fragmentos dos remanescentes da Floresta Ombrófila Aberta no Município de Areia - PB.
66
Areia
Mata do Pau Ferro
Mata do Bodó
PB 079
PB 079
PB 087
Possíveis corredores
67
5 Considerações Finais
A recuperação da vegetação está condicionada à adequação das políticas públicas na
intenção de viabilizar a aplicação dos resultados de estudos e pesquisas que apontam algumas
soluções para contenção da degradação que se instala nas áreas através das atividades humanas.
As pressões estabelecidas pelo antropismo sobre o meio natural acarretam em processos de
substituição dos elementos naturais por elementos oriundos das atividades econômicas, nesse
caso o meio natural tem sido visto exclusivamente como uma dádiva, em que aparentemente a
natureza é capaz de recompor o que lhe foi tirado. O Município de Areia no Brejo paraibano não
fugiu a essa concepção, pois, desde a chegada dos desbravadores iniciou-se a substituição da
dinâmica espontânea dos recursos naturais pertinentes à natureza, por atividades econômicas.
Mesmo com a rugosidade acentuada do modelado que compõe o relevo local se
constituindo como um fator de impedimento à atividade agropastoril, essa atividade é realizada
sem o cuidado efetivo, tendo em vista que a cultura local não consegue se adequar ao melhor uso
e manuseio das vertentes, nesse caso, conforme foram registrados em fotografias, os plantios são
realizados sem que se observem as curvas de nível, fato esse que acaba por provocar a perda
acentuada de solo nos períodos de alta precipitação pluvial, e a desqualificação do talvegue no
fundo do vale.
A retirada do componente florestal das encostas, desde a cumeada na borda do Planalto
da Borborema até as bases do piemonte, foi verificada em dois momentos distintos: em 1986 e
2001. Sabe-se pelos escritos históricos que esse lugar já foi ocupado por uma comunidade
florestal de elevada densidade, porém hoje está profundamente reduzida. Nesse sentido
remanescentes da Floresta Ombrófila Aberta convivem lado a lado com áreas de uso agrícola.
A verificação das hipóteses só foi possível devido ao uso de ferramentas de alto
desempenho tecnológico, como as geotecnologias oriundas dos recursos informacionais, entre
elas computadores e software adequados. Os pontos estabelecidos como balizas de pesquisa
indicaram a confirmação das hipóteses:
a) A fragmentação da Floresta Ombrófila Aberta no Município de Areia já se
apresentava estabelecida no ano de 1986.
Através do mapa temático gerado no programa SPRING a partir de imagem de satélite
Lantsat de 1986 foi possível verificar o estabelecimento dos fragmentos já nesta data. O mapa
68
temático criado apresenta além dos fragmentos existentes na época, as demais formas de
vegetação, tendo em vista que o território possui além da Floresta Ombrófila Aberta, uma
significativa área de caatinga.
b) Houve recuo da cobertura florestal do Município de Areia nas duas últimas
décadas.
Essa assertiva também foi corroborada, pois, conforme já se disse, a Floresta Ombrófila
Aberta que em 1986 apresentava uma superfície correspondente a área de 6.966,15 ha, essa
comunidade vegetal recuou em 2001 para 5.309,73 ha, significando um decréscimo de 1.656,42
ha e em percentuais um recuo de 23,78%.
Tomando como base os dados apresentados, se em quinze anos a Floresta Ombrófila
teve esse decréscimo, pode-se estimar que em média, a cada ano 110,428 ha da vegetação era
suprimida, logo, se essa população não for conscientizada da importância desses remanescentes
florestais para geração presente e futura e continuar o desmatamento acelerado, considerando que
os dados deste prognóstico referem-se a 2001, em quarenta e cinco anos, ou seja, em 2049 toda a
área remanescente da Floresta Ombrófila do Município de Areia terá sido suprimida. Para tanto
faz-se necessária a implementação de políticas ambientais que contemplem esses fragmentos em
nível municipal, tendo em vista a aplicação dessas políticas com a população do próprio lugar,
visando a maior interação naquele ambiente.
É importante salientar que para o empreendimento de uma possível recuperação da
floresta nessas áreas, é necessário considerar as áreas abandonadas, as quais, se derem
continuidade ao processo de regeneração natural sem a intervenção econômica, em alguns anos
estarão recuperadas e o balanço do patrimônio dessa floresta possivelmente apresentará um saldo
positivo. Isso irá refletir em vários aspectos ambientais iniciando pela flora, atingindo a fauna,
que possuirá áreas maiores buscando a sobrevivência e culminando em outros processos naturais
que afetam direta e indiretamente a população humana, como a contenção dos desmoronamentos
de encostas e a retenção de água na serrapilheira que regulará o fluxo hídrico dos riachos
nascidos naquela porção do território paraibano.
69
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73
Apêndice
APÊNDICE A - Quadro com área e perímetro dos fragmentos
FRAGMENTO/TIPOLOGIA RÓTULO AREA (ha) PERIMETRO (m)
Floresta Ombrófila Aberta 1 598,40 37.404,75
Floresta Ombrófila Aberta 2 32,08 4.772,81
Floresta Ombrófila Aberta 3 8,56 1.808,05
Floresta Ombrófila Aberta 4 104,11 16.537,57
Floresta Ombrófila Aberta 5 3,95 1.068,00
Floresta Ombrófila Aberta 6 13,32 2.819,26
Floresta Ombrófila Aberta 7 9,19 2.122,18
Floresta Ombrófila Aberta 8 16,39 2.335,30
Floresta Ombrófila Aberta 9 112,43 12.715,76
Floresta Ombrófila Aberta 10 37,48 6.873,43
Floresta Ombrófila Aberta 11 13,06 2.578,53
Floresta Ombrófila Aberta 12 6,58 1.975,85
Floresta Ombrófila Aberta 13 39,10 4.848,48
Floresta Ombrófila Aberta 14 12,36 2.831,92
Floresta Ombrófila Aberta 15 20,17 2.592,74
Floresta Ombrófila Aberta 16 26,87 4.112,46
Floresta Ombrófila Aberta 17 6,94 1.733,15
Floresta Ombrófila Aberta 18 4,95 1.062,43
Floresta Ombrófila Aberta 19 29,34 3.488,56
Floresta Ombrófila Aberta 20 5,76 1.303,41
Floresta Ombrófila Aberta 21 7,20 1.809,03
Floresta Ombrófila Aberta 22 51,07 7.022,64
Floresta Ombrófila Aberta 23 21,26 3.126,61
Floresta Ombrófila Aberta 24 34,68 4.836,29
Floresta Ombrófila Aberta 25 1.492,67 131.286,56
Floresta Ombrófila Aberta 26 17,92 2.211,49
Floresta Ombrófila Aberta 27 22,17 6.128,02
Floresta Ombrófila Aberta 28 2,96 923,16
Floresta Ombrófila Aberta 29 5,81 1.703,38
Floresta Ombrófila Aberta 30 6,84 1.774,62
Floresta Ombrófila Aberta 31 2,60 819,02
Floresta Ombrófila Aberta 32 3,41 1.330,72
Floresta Ombrófila Aberta 33 2,07 895,61
Floresta Ombrófila Aberta 34 8,10 2.506,12
Floresta Ombrófila Aberta 35 5,04 1.680,98
Floresta Ombrófila Aberta 36 3,87 1.243,41
Continua...
74
APÊNDICE A - Quadro com área e perímetro dos fragmentos - cont.
Floresta Ombrófila Aberta 37 18,57 4.017,79
Floresta Ombrófila Aberta 38 5,67 1.309,52
Floresta Ombrófila Aberta 39 2,79 896,59
Floresta Ombrófila Aberta 40 3,61 1.748,26
Floresta Ombrófila Aberta 41 23,35 4.169,17
Floresta Ombrófila Aberta 42 9,63 2.087,80
Floresta Ombrófila Aberta 43 4,33 1.720,95
Floresta Ombrófila Aberta 44 2,60 978,77
Floresta Ombrófila Aberta 45 1,07 474,28
Floresta Ombrófila Aberta 46 2,34 820,74
Floresta Ombrófila Aberta 47 6,88 1.534,69
Floresta Ombrófila Aberta 48 2,61 835,61
Floresta Ombrófila Aberta 49 2,16 917,79
Floresta Ombrófila Aberta 50 4,23 1.364,15
Floresta Ombrófila Aberta 51 6,57 1.765,84
Floresta Ombrófila Aberta 52 3,33 1.203,66
Floresta Ombrófila Aberta 53 2,24 816,34
Floresta Ombrófila Aberta 55 25,66 3.331,21
Floresta Ombrófila Aberta 56 67,85 12.170,35
Floresta Ombrófila Aberta 57 8,28 2.113,64
Floresta Ombrófila Aberta 59 9,45 1.940,49
Floresta Ombrófila Aberta 60 13,51 2.829,46
Floresta Ombrófila Aberta 61 26,92 6.118,77
Floresta Ombrófila Aberta 62 4,77 1.562,92
Floresta Ombrófila Aberta 63 3,87 1.099,51
Floresta Ombrófila Aberta 64 3,24 963,66
Floresta Ombrófila Aberta 65 10,36 3.507,03
Floresta Ombrófila Aberta 66 1,80 714,87
Floresta Ombrófila Aberta 67 1,80 658,31
Floresta Ombrófila Aberta 68 1,62 660,00
Floresta Ombrófila Aberta 69 1,17 455,36
Floresta Ombrófila Aberta 70 1,70 690,97
Floresta Ombrófila Aberta 71 1,79 774,87
Floresta Ombrófila Aberta 72 1,70 853,39
Floresta Ombrófila Aberta 73 1,71 643,41
Floresta Ombrófila Aberta 74 1,99 859,51
Floresta Ombrófila Aberta 75 1,89 884,15
Floresta Ombrófila Aberta 76 1,89 708,54
Floresta Ombrófila Aberta 77 2,34 1.035,12
Continua...
75
APÊNDICE A - Quadro com área e perímetro dos fragmentos - cont.
Floresta Ombrófila Aberta 78 1,44 612,44
Floresta Ombrófila Aberta 79 1,62 720,98
Floresta Ombrófila Aberta 80 0,99 457,08
Floresta Ombrófila Aberta 81 1,71 792,44
Floresta Ombrófila Aberta 82 1,16 483,66
Floresta Ombrófila Aberta 83 1,89 874,62
Floresta Ombrófila Aberta 84 1,71 812,69
Floresta Ombrófila Aberta 85 0,90 404,15
Floresta Ombrófila Aberta 86 4,77 1.429,52
Floresta Ombrófila Aberta 87 5,59 1.494,87
Floresta Ombrófila Aberta 88 5,58 1.231,95
Floresta Ombrófila Aberta 89 3,33 1.140,00
Floresta Ombrófila Aberta 90 5,22 1.818,77
Floresta Ombrófila Aberta 91 2,88 925,62
Floresta Ombrófila Aberta 92 2,70 1.050,97
Floresta Ombrófila Aberta 93 1,80 786,33
Floresta Ombrófila Aberta 94 1,88 659,26
Floresta Ombrófila Aberta 95 1,88 779,26
Floresta Ombrófila Aberta 96 1,40 554,15
Floresta Ombrófila Aberta 97 1,98 788,05
Floresta Ombrófila Aberta 98 1,89 866,57
Floresta Ombrófila Aberta 99 2,06 862,18
Floresta Ombrófila Aberta 100 2,07 912,44
Floresta Ombrófila Aberta 101 16,31 2.750,72
Floresta Ombrófila Aberta 102 94,26 12.097,71
Floresta Ombrófila Aberta 103 31,79 4.961,44
Floresta Ombrófila Aberta 104 23,50 3.658,99
Floresta Ombrófila Aberta 105 4,94 1.172,90
Floresta Ombrófila Aberta 106 8,28 1.515,12
Floresta Ombrófila Aberta 107 8,54 1.770,26
Floresta Ombrófila Aberta 108 9,09 1.833,67
Floresta Ombrófila Aberta 109 7,38 2.023,41
Floresta Ombrófila Aberta 110 4,32 1.003,41
Floresta Ombrófila Aberta 111 3,68 1.132,41
Floresta Ombrófila Aberta 112 4,78 1.512,44
Floresta Ombrófila Aberta 113 2,16 677,79
Floresta Ombrófila Aberta 114 18,93 4.315,33
Floresta Ombrófila Aberta 115 8,56 2.325,35
Floresta Ombrófila Aberta 116 10,63 2.607,80
Continua...
76
APÊNDICE A - Quadro com área e perímetro dos fragmentos - cont.
Floresta Ombrófila Aberta 117 13,07 3.006,57
Floresta Ombrófila Aberta 118 4,95 1.615,85
Floresta Ombrófila Aberta 119 4,86 1.155,12
Floresta Ombrófila Aberta 120 9,38 2.604,36
Floresta Ombrófila Aberta 121 23,95 5.106,51
Floresta Ombrófila Aberta 122 2,61 863,90
Floresta Ombrófila Aberta 123 9,00 2.853,89
Floresta Ombrófila Aberta 124 22,65 3.427,95
Floresta Ombrófila Aberta 125 2,16 799,51
Floresta Ombrófila Aberta 126 2,16 906,33
Floresta Ombrófila Aberta 127 3,87 1.500,00
Floresta Ombrófila Aberta 128 3,87 1.227,56
Floresta Ombrófila Aberta 129 3,24 1.399,76
Floresta Ombrófila Aberta 130 7,02 1.881,44
Floresta Ombrófila Aberta 131 2,61 985,84
Floresta Ombrófila Aberta 132 1,52 534,87
Floresta Ombrófila Aberta 133 1,79 673,78
Floresta Ombrófila Aberta 134 10,89 3.060,46
Floresta Ombrófila Aberta 135 3,24 1.359,97
Floresta Ombrófila Aberta 136 2,43 903,66
Floresta Ombrófila Aberta 137 1,88 606,33
Floresta Ombrófila Aberta 138 2,89 1.067,80
Floresta Ombrófila Aberta 139 3,86 1.044,89
Floresta Ombrófila Aberta 140 2,22 789,97
Floresta Ombrófila Aberta 141 2,70 985,84
Floresta Ombrófila Aberta 142 2,06 867,56
Floresta Ombrófila Aberta 143 2,51 790,72
Floresta Ombrófila Aberta 144 9,98 2.388,26
Floresta Ombrófila Aberta 145 6,21 1.794,87
Floresta Ombrófila Aberta 146 5,23 1.547,80
Floresta Ombrófila Aberta 147 10,96 3.116,07
Floresta Ombrófila Aberta 148 3,95 1.180,74
Floresta Ombrófila Aberta 149 4,23 1.485,13
Floresta Ombrófila Aberta 150 3,15 1.202,71
Floresta Ombrófila Aberta 151 1,43 540,39
Floresta Ombrófila Aberta 152 2,68 1.119,02
Floresta Ombrófila Aberta 153 3,70 1.508,05
Floresta Ombrófila Aberta 154 29,53 4.377,30
Floresta Ombrófila Aberta 155 11,88 2.584,85
Continua...
77
APÊNDICE A - Quadro com área e perímetro dos fragmentos - cont.
Floresta Ombrófila Aberta 156 16,03 3.976,35
Floresta Ombrófila Aberta 157 6,02 1.444,64
Floresta Ombrófila Aberta 158 7,03 2.362,43
Floresta Ombrófila Aberta 159 3,33 1.183,41
Floresta Ombrófila Aberta 160 3,05 1.059,97
Floresta Ombrófila Aberta 161 2,43 1.072,20
Floresta Ombrófila Aberta 162 7,58 1.750,04
Floresta Ombrófila Aberta 163 9,37 2.625,59
Floresta Ombrófila Aberta 164 2,51 756,04
Floresta Ombrófila Aberta 165 31,31 5.773,05
Floresta Ombrófila Aberta 166 3,24 965,38
Floresta Ombrófila Aberta 167 3,85 1.156,07
Floresta Ombrófila Aberta 168 2,88 1.150,72
Floresta Ombrófila Aberta 169 1,53 739,51
Floresta Ombrófila Aberta 170 2,52 1.100,49
Floresta Ombrófila Aberta 171 1,38 622,78
Floresta Ombrófila Aberta 172 1,53 612,44
Floresta Ombrófila Aberta 173 2,69 1.120,74
Floresta Ombrófila Aberta 174 1,25 605,38
Floresta Ombrófila Aberta 175 1,26 568,30
Floresta Ombrófila Aberta 176 0,81 404,15
Floresta Ombrófila Aberta 177 1,26 695,36
Floresta Ombrófila Aberta 178 2,11 788,05
Floresta Ombrófila Aberta 179 2,15 767,80
Floresta Ombrófila Aberta 180 1,54 868,30
Floresta Ombrófila Aberta 181 2,07 901,93
Floresta Ombrófila Aberta 182 1,25 543,66
Floresta Ombrófila Aberta 183 1,43 635,36
Floresta Ombrófila Aberta 184 1,44 644,15
Floresta Ombrófila Aberta 185 0,89 402,43
Floresta Ombrófila Aberta 186 0,72 420,00
Floresta Ombrófila Aberta 187 1,53 831,21
Floresta Ombrófila Aberta 188 0,98 486,33
Floresta Ombrófila Aberta 189 0,53 291,21
Floresta Ombrófila Aberta 190 0,54 344,15
Floresta Ombrófila Aberta 191 0,90 519,75
Floresta Ombrófila Aberta 192 0,80 443,90
Floresta Ombrófila Aberta 193 1,26 563,90
Floresta Ombrófila Aberta 194 1,62 814,62
Continua...
78
APÊNDICE A - Quadro com área e perímetro dos fragmentos - cont.
Floresta Ombrófila Aberta 195 0,80 425,74
Floresta Ombrófila Aberta 196 2,80 916,84
Floresta Ombrófila Aberta 197 1,63 728,05
Floresta Ombrófila Aberta 198 2,61 1.064,15
Floresta Ombrófila Aberta 199 1,39 626,57
Floresta Ombrófila Aberta 200 0,80 372,44
Floresta Ombrófila Aberta 201 0,72 355,61
Floresta Ombrófila Aberta 202 0,54 300,00
Floresta Ombrófila Aberta 203 0,90 524,15
Floresta Ombrófila Aberta 204 0,63 360,00
Floresta Ombrófila Aberta 205 1,35 721,93
Floresta Ombrófila Aberta 206 3,24 1.312,20
Floresta Ombrófila Aberta 207 2,34 812,69
Floresta Ombrófila Aberta 208 14,49 3.250,44
Floresta Ombrófila Aberta 209 2,77 934,02
Floresta Ombrófila Aberta 210 1,37 601,93
Floresta Ombrófila Aberta 211 0,88 445,82
Floresta Ombrófila Aberta 212 0,89 431,85
Floresta Ombrófila Aberta 213 11,97 3.291,89
Floresta Ombrófila Aberta 214 5,94 1.993,67
Floresta Ombrófila Aberta 215 1,17 575,36
Floresta Ombrófila Aberta 216 1,25 720,21
Floresta Ombrófila Aberta 217 0,99 751,18
Floresta Ombrófila Aberta 218 4,41 1.080,98
Floresta Ombrófila Aberta 219 13,99 3.241,95
Floresta Ombrófila Aberta 220 19,70 4.006,00
Floresta Ombrófila Aberta 221 4,05 1.440,98
Floresta Ombrófila Aberta 222 17,66 4.168,76
Floresta Ombrófila Aberta 223 1,89 748,30
Floresta Ombrófila Aberta 224 1,88 728,05
Floresta Ombrófila Aberta 225 1,71 644,15
Floresta Ombrófila Aberta 226 14,67 2.941,41
Floresta Ombrófila Aberta 227 3,24 1.115,36
Floresta Ombrófila Aberta 228 2,61 1.099,51
Floresta Ombrófila Aberta 229 8,55 1.705,84
Floresta Ombrófila Aberta 230 3,32 1.181,69
Floresta Ombrófila Aberta 231 7,92 1.828,54
Floresta Ombrófila Aberta 232 5,33 1.106,59
Floresta Ombrófila Aberta 233 2,25 952,20
Continua...
79
APÊNDICE A - Quadro com área e perímetro dos fragmentos - cont.
Floresta Ombrófila Aberta 234 7,84 1.585,84
Floresta Ombrófila Aberta 235 5,32 1.679,26
Floresta Ombrófila Aberta 236 3,24 1.193,15
Floresta Ombrófila Aberta 237 31,69 5.121,69
Floresta Ombrófila Aberta 238 1,62 639,75
Floresta Ombrófila Aberta 239 1,99 728,05
Floresta Ombrófila Aberta 240 1,16 510,97
Floresta Ombrófila Aberta 241 0,99 404,15
Floresta Ombrófila Aberta 242 6,93 1.644,89
Floresta Ombrófila Aberta 243 1,89 835,61
Floresta Ombrófila Aberta 244 1,89 879,75
Floresta Ombrófila Aberta 245 1,98 652,20
Floresta Ombrófila Aberta 246 1,99 781,93
Floresta Ombrófila Aberta 247 2,07 810,97
Floresta Ombrófila Aberta 248 1,53 635,36
Floresta Ombrófila Aberta 249 2,07 796,07
Floresta Ombrófila Aberta 250 5,14 1.901,69
Floresta Ombrófila Aberta 251 1,62 771,21
Floresta Ombrófila Aberta 252 27,20 5.525,35
Floresta Ombrófila Aberta 253 2,25 870,97
Floresta Ombrófila Aberta 254 6,85 2.018,46
Floresta Ombrófila Aberta 255 3,79 1.404,89
Floresta Ombrófila Aberta 256 82,82 11.129,87
Floresta Ombrófila Aberta 257 1,80 635,36
Floresta Ombrófila Aberta 258 4,17 1.116,33
Floresta Ombrófila Aberta 259 2,79 1.072,20
Floresta Ombrófila Aberta 260 2,16 1.068,54
Floresta Ombrófila Aberta 261 4,76 1.367,80
Floresta Ombrófila Aberta 262 76,59 11.963,84
Floresta Ombrófila Aberta 263 3,26 1.563,66
Floresta Ombrófila Aberta 264 0,98 497,79
Floresta Ombrófila Aberta 265 1,07 502,18
Floresta Ombrófila Aberta 266 1,71 815,36
Floresta Ombrófila Aberta 267 3,78 1.146,33
Floresta Ombrófila Aberta 268 11,55 2.652,69
Floresta Ombrófila Aberta 269 11,08 2.595,33
Floresta Ombrófila Aberta 270 4,05 1.470,23
Floresta Ombrófila Aberta 271 7,53 1.795,82
Floresta Ombrófila Aberta 272 7,61 2.012,19
Continua...
80
APÊNDICE A - Quadro com área e perímetro dos fragmentos - cont.
Floresta Ombrófila Aberta 273 3,42 1.503,66
Floresta Ombrófila Aberta 274 5,88 1.233,85
Floresta Ombrófila Aberta 275 34,95 5.505,59
Floresta Ombrófila Aberta 276 3,51 937,08
Floresta Ombrófila Aberta 277 1,97 682,18
Floresta Ombrófila Aberta 278 17,75 2.695,85
Floresta Ombrófila Aberta 279 3,87 1.048,30
Floresta Ombrófila Aberta 280 31,11 5.435,33
Floresta Ombrófila Aberta 281 5,13 1.212,44
Floresta Ombrófila Aberta 282 3,60 1.107,56
Floresta Ombrófila Aberta 283 11,78 1.839,04
Floresta Ombrófila Aberta 284 5,04 1.440,00
Floresta Ombrófila Aberta 285 8,09 1.846,12
Floresta Ombrófila Aberta 286 18,73 2.962,43
Floresta Ombrófila Aberta 287 1,93 741,81
Floresta Ombrófila Aberta 288 3,70 1.333,39
Floresta Ombrófila Aberta 289 1,80 884,15
Floresta Ombrófila Aberta 290 1,07 436,07
Floresta Ombrófila Aberta 291 0,81 415,61
Floresta Ombrófila Aberta 292 1,26 704,15
Floresta Ombrófila Aberta 293 2,86 1.279,51
Floresta Ombrófila Aberta 294 44,81 9.027,69
Floresta Ombrófila Aberta 295 2,26 935,36
Floresta Ombrófila Aberta 296 2,16 839,26
Floresta Ombrófila Aberta 297 3,19 1.155,73
Floresta Ombrófila Aberta 298 1,88 779,26
Floresta Ombrófila Aberta 299 1,44 629,25
Floresta Ombrófila Aberta 300 1,62 803,90
Floresta Ombrófila Aberta 301 11,35 3.755,28
Floresta Ombrófila Aberta 302 3,51 1.014,87
Floresta Ombrófila Aberta 303 1,44 657,54
Floresta Ombrófila Aberta 304 1,44 810,97
Floresta Ombrófila Aberta 305 1,62 821,69
Floresta Ombrófila Aberta 306 1,35 726,33
Floresta Ombrófila Aberta 307 0,90 524,15
Floresta Ombrófila Aberta 308 0,67 374,15
Floresta Ombrófila Aberta 309 0,62 328,30
Floresta Ombrófila Aberta 310 0,81 443,90
Floresta Ombrófila Aberta 311 0,99 600,00
Continua...
81
APÊNDICE A - Quadro com área e perímetro dos fragmentos - cont.
Floresta Ombrófila Aberta 312 0,99 528,54
Floresta Ombrófila Aberta 313 0,62 326,57
Floresta Ombrófila Aberta 314 1,13 647,42
Floresta Ombrófila Aberta 315 0,69 375,12
Floresta Ombrófila Aberta 316 1,08 699,75
Floresta Ombrófila Aberta 317 0,72 408,54
Floresta Ombrófila Aberta 318 3,78 1.277,05
Floresta Ombrófila Aberta 319 5,66 1.534,84
Floresta Ombrófila Aberta 320 12,80 3.167,28
Floresta Ombrófila Aberta 321 9,43 2.084,39
Floresta Ombrófila Aberta 322 4,86 1.645,10
Floresta Ombrófila Aberta 323 2,97 1.066,82
Floresta Ombrófila Aberta 324 7,89 2.521,20
Floresta Ombrófila Aberta 325 8,82 2.710,75
Floresta Ombrófila Aberta 326 3,41 1.148,05
Floresta Ombrófila Aberta 327 3,87 1.130,48
Floresta Ombrófila Aberta 328 6,71 2.301,46
Floresta Ombrófila Aberta 329 1,08 503,90
Floresta Ombrófila Aberta 330 1,80 748,30
Floresta Ombrófila Aberta 331 1,53 750,97
Floresta Ombrófila Aberta 332 1,71 848,05
Floresta Ombrófila Aberta 333 1,62 660,00
Floresta Ombrófila Aberta 334 0,99 512,69
Floresta Ombrófila Aberta 335 1,44 666,33
Floresta Ombrófila Aberta 336 0,99 519,75
Floresta Ombrófila Aberta 337 2,71 855,12
Floresta Ombrófila Aberta 338 1,43 594,87
Floresta Ombrófila Aberta 339 1,79 819,97
Floresta Ombrófila Aberta 340 7,38 2.151,46
Floresta Ombrófila Aberta 341 2,07 888,54
Floresta Ombrófila Aberta 342 1,70 639,75
Floresta Ombrófila Aberta 343 1,98 832,20
Floresta Ombrófila Aberta 344 1,17 642,43
Floresta Ombrófila Aberta 345 1,89 989,28
Floresta Ombrófila Aberta 346 1,52 796,84
Floresta Ombrófila Aberta 347 1,07 546,33
Floresta Ombrófila Aberta 348 0,72 360,00
Floresta Ombrófila Aberta 349 0,99 499,51
Floresta Ombrófila Aberta 350 3,43 1.071,21
Continua...
82
APÊNDICE A - Quadro com área e perímetro dos fragmentos - cont.
Floresta Ombrófila Aberta 351 5,58 1.826,82
Floresta Ombrófila Aberta 352 8,47 2.676,59
Floresta Ombrófila Aberta 353 2,52 960,98
Floresta Ombrófila Aberta 355 1,88 679,51
Floresta Ombrófila Aberta 356 1,53 600,00
Floresta Ombrófila Aberta 357 1,43 790,72
Floresta Ombrófila Aberta 358 2,60 1.021,93
Floresta Ombrófila Aberta 359 1,26 575,36
Floresta Ombrófila Aberta 360 0,98 483,66
Floresta Ombrófila Aberta 361 1,08 584,15
Floresta Ombrófila Aberta 362 1,17 619,51
Floresta Ombrófila Aberta 363 1,34 582,43
Floresta Ombrófila Aberta 364 0,81 395,36
Floresta Ombrófila Aberta 365 1,07 702,43
Floresta Ombrófila Aberta 366 0,63 360,00
Floresta Ombrófila Aberta 367 0,63 344,15
Floresta Ombrófila Aberta 368 0,72 455,36
Floresta Ombrófila Aberta 369 1,16 446,57
Floresta Ombrófila Aberta 354 24,28 5.034,02
Floresta Ombrófila Aberta 370 2,79 1.012,20
Floresta Ombrófila Aberta 371 1,61 831,21
Floresta Ombrófila Aberta 372 1,37 553,39
Floresta Ombrófila Aberta 373 1,17 540,00
Floresta Ombrófila Aberta 374 1,53 780,00
Floresta Ombrófila Aberta 375 4,05 1.240,74
Floresta Ombrófila Aberta 376 3,87 1.099,51
Floresta Ombrófila Aberta 377 3,24 1.386,54
Floresta Ombrófila Aberta 378 2,78 862,18
Floresta Ombrófila Aberta 379 3,34 1.519,51
Floresta Ombrófila Aberta 380 1,88 855,12
Floresta Ombrófila Aberta 381 3,60 1.136,59
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