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SABRINA GALLO
SENTIMENTOS DA MULHER FRENTE AO
RELACIONAMENTO AMOROSO
PUC-CAMPINAS
2006
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SABRINA GALLO
SENTIMENTOS DA MULHER FRENTE AO
RELACIONAMENTO AMOROSO
Dissertação de Mestrado apresentada ao programa de
Pós-graduação em Psicologia do Centro de Ciências da
Vida da Pontifícia Universidade Católica de Campinas,
como parte dos requisitos para obtenção de título de
Mestre em Psicologia Clínica.
Orientadora: Dra. Diana Tosello Laloni
PUC-CAMPINAS
2006
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iii
Dedico este trabalho a minha mãe Sueli,
que sempre me incentivou a estudar.
A você, todo meu carinho e
o meu amor para sempre.
iv
Metade dos nossos erros na vida nasce do fato de
sentirmos quando devíamos pensar e
pensarmos quando devíamos sentir.
(J. Collins)
v
AGRADECIMENTOS
À minha orientadora, Profª Drª Diana Tosello Laloni, pela compreensão diante das
dificuldades iniciais e pelo incentivo nos momentos de sucesso.
À Profª Dra. Marilda E. N. Lipp, com quem tanto aprendi e aprendo, por me ensinar a
gostar de pesquisar e, principalmente, por me ensinar a fazê-lo.
À Profª Dra. Karina Brasio Guimarães e à Profª Dra. Marilda E. N. Lipp, pelas valiosas
contribuições e sugestões no exame de qualificação.
À minha avó Vilma e ao Flávio, por toda dedicação, carinho, compreensão e ajuda
constante.
À amiga Vanessa F. Vicentin, por sua constante colaboração, repleta de experiência,
capacidade e afeto.
Às companheiras de mestrado, Juliana Amazonas, Ana Claudia Paranzini, Fernanda
Afonso, Vera Lúcia Messias Marques, pela amizade e colaboração.
À equipe do Laboratório de Estudos Psicofisiológicos do Stress, à secretária
administrativa Vera, pela recepção e carinho, e às amigas Flávia, Ana Carolina, Letícia,
Vivian e Ana Paula, pela cooperação nos momentos necessários.
Aos meus amigos que colaboraram e incentivaram de forma direta e indireta o
desenvolvimento deste trabalho.
Às participantes desta pesquisa, pela disponibilidade e gentileza por prestar as
entrevistas, já que sem elas este estudo não seria possível.
Ao CNPq, pela bolsa de estudos, que viabilizou a conclusão deste trabalho.
vi
SUMÁRIO
ÍNDICE DE TABELAS ................................................................................ vii
ÍNDICE DE ANEXOS .................................................................................. viii
RESUMO ...................................................................................................... ix
ABSTRACT .................................................................................................. xi
APRESENTAÇÃO ....................................................................................... 01
INTRODUÇÃO ............................................................................................ 03
A história da mulher no relacionamento amoroso.......................................... 03
O relacionamento amoroso ............................................................................ 07
Os sentimentos ............................................................................................... 10
Os tipos de sentimentos ................................................................................. 15
O stress emocional ......................................................................................... 18
OBJETIVO ................................................................................................... 28
Objetivo Geral ............................................................................................... 28
Objetivo Específico ....................................................................................... 28
MÉTODO .....................................................................................................
Participante ...................................................................................... ..............
29
29
Instrumento .................................................................................................... 31
Material........................................................................................................... 32
Procedimento ................................................................................................. 32
RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................. 35
CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................... 49
REFERÊNCIAS ........................................................................................... 53
ANEXOS ....................................................................................................... 58
vii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Características demográficas dos participantes ......................................... 30
Tabela 2 – Incidência de stress ................................................................................... 36
Tabela 3 - Sintomatologia ........................................................................................... 37
Tabela 4 - Felicidade: situação passada....................................................................... 39
Tabela 5 - Tristeza: situação passada........................................................................... 39
Tabela 6 - Indiferença: situação passada..................................................................... 40
Tabela 7 - Felicidade: situação presente...................................................................... 40
Tabela 8 - Tristeza: situação presente.......................................................................... 41
Tabela 9 - Indiferença: situação presente...................................................................... 42
Tabela 10 - Felicidade: situação futura.......................................................................... 42
Tabela 11 - Tristeza: situação futura......................................................................... 43
Tabela 12 - Indiferença: situação futura....................................................................... 44
Tabela 13 – Sentimentos e situações ........................................................................... 44
Tabela 14 – Stress e sentimentos ................................................................................. 46
viii
LISTA DE ANEXOS
Anexo A: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.............................................. 58
Anexo B: Ficha de Identificação .................................................................................. 59
Anexo C: Roteiro de Entrevista ................................................................................... 60
Anexo D: Convite ........................................................................................................ 61
Anexo E: Tabela - Análise de associação entre sentimentos e nível de stress .............62
ix
Gallo, S. (2006). Sentimentos da mulher frente ao relacionamento amoroso. Dissertação
(Mestrado em Psicologia Clínica – PUC-Campinas). Campinas. xi + 62p.
RESUMO
Independência e solidão caminham junto para muitas mulheres consideradas modernas (Ferres –
Carneiro, 1998). Com as mudanças culturais, sociais e da vida profissional, os novos modelos
do papel feminino ainda não estão completamente definidos, alterando a possibilidade de
escolha de um parceiro. O papel da mulher na sociedade está passando por transformações:
antigos padrões estabelecidos já não funcionam mais e novos modelos estão sendo definidos.
Tais contingências podem trazer conseqüências para a saúde física e emocional da mulher,
deixando-a mais sensível aos sintomas de stress. Os sentimentos caracterizam-se como eventos
comportamentais atribuídos à pessoa e determinados pelo ambiente; a nomeação de tais
sentimentos é um produto de aprendizagem e tem origem social (Baum, 1999). Objetivou-se
verificar através de relato de mulheres seus sentimentos diante do relacionamento amoroso e se
existe certa relação entre os sentimentos identificados com o nível de stress. Para isso foram
realizadas entrevistas com catorze mulheres, com idade entre 28 e 36 anos, sem um
relacionamento amoroso estável há um ano. As participantes foram submetidas ao Inventário de
Sintomas de Stress de Lipp e a uma entrevista para identificação de seus sentimentos em relação
ao relacionamento amoroso no passado, presente e futuro. Os resultados indicaram que o
sentimento de felicidade foi escolhido pela maioria das participantes para expressar seus
sentimentos em relação às situações do passado e do futuro, sugerindo que as experiências nas
relações amorosas são positivas. A maior parte do grupo apresentou o sentimento de tristeza na
situação atual, que se caracteriza pela falta de um relacionamento amoroso estável, confirmando
que os sentimentos positivos estão relacionados a ter uma relação amorosa e os sentimentos
negativos a não estar envolvida numa relação amorosa. Verificou-se que oito das catorze
participantes apresentaram diagnóstico de stress, seis (42, 9%) encontravam-se na fase de
resistência, duas (14,3%) na fase quase exaustão e seis (42,9%) não apresentaram diagnóstico
de stress. A prevalência de sintomas foi psicológica, variando a porcentagem de 20% a 100%,
indicando que predominantemente a amostra apresentou stress com sintomas psicológicos. As
mulheres sem um relacionamento amoroso estável indicaram uma fonte externa de stress
quando identificaram ausência de relacionamento amoroso estável como uma contingência
aversiva. Indiferença frente às experiências amorosas pode ser interpretada como uma fonte
interna de stress; não discriminação dos sentimentos ou sua negação são comportamentos
encobertos e, portanto, de difícil acesso e interpretação. Observou-se que as participantes que se
encontravam em fase de stress mais leve vivem e expressam seus sentimentos, mesmo que seja
de tristeza. E as participantes que sentem ou expressam indiferença apresentam sintomas de
stress mais graves. Esses resultados sugerem que sejam realizadas mais pesquisas nesta área
x
para que se possa ter uma melhor compreensão da influência das contingências na vida afetiva
das mulheres.
Palavras-chave: Mulher, Relacionamento Amoroso, Sentimento, Stress.
xi
Gallo, S. (2006). Women's loving relationship feelings. Thesis (Master Degree in Clinic
Psychology – PUC-Campinas). Campinas. xi + 62p.
ABSTRACT
Independence and seclusion walk together for many women considered as modern women
(Ferres – Carneiro, 1998). With cultural, social and professional life changes, we live at a time
when new female roles models are not yet completely defined, affecting the possibility of
choosing a partner. Nowadays the woman’s role in society is passing through transformations,
established old patterns are not working anymore and new models are being defined. Such
contingences can have consequences on physical and emotional health, making women more
sensitive to stress symptoms. The feelings reveal themselves as behavioral events, attributed to
the person and determinate for the surrounding, the nomination of these feelings is a product of
learning and has a social origin.(Baum, 1999) Objective is to check through the report of
women, their feelings facing a love relationship and if there is some relation between the feeling
identified with stress level. For this, interviews were performed with 14 women, aged between
28 and 36 years old, without a 1-year established love relationship. The participants were
submitted to Lipp’s Stress Symptoms Inventory for Adults (LSSI) and an interview to identify
their feelings in relation to love relationships in the past, present and future. The results indicate
that happiness was chosen for the majority of participant to express their feelings in relation to
their past and future situations, suggesting that the experiences of love relationship are positives.
The majority of the group presented the feeling of sadness on the actual situation of not having a
stable love relationship, confirming that positive feelings are related to having a love relation
and negative feelings to not being involved in a love relation. It was identified that 8 of the 14
participant presented stress diagnosis, six (42.9%) were in resistance phase, two (14.3%) in
almost exhausting phase and six (42.9%) did not present a stress diagnosis. The predominant
symptoms predominance was psychological varying the percentage of between 20% to 100%,
indicating that predominantly the specimen presented stress with psychological symptoms.
Women without a stable love relationship indicate an external stress source, when identified
absence of stable love relationship as an aversive contingence. Indifference to love experiences
can be interpreted as an internal stress source, no discrimination of the feelings or its denial is
covering behavior and, thus difficult to access and interpret. It was observed that participants
who were on light stress phase live and express their feelings, even their feelings of sadness.
And participants who feel or express indifference present more grave stress symptoms. These
results suggest that more research must be performed in this area to understand better the
contingence influence on affective women lives.
Key-words: Woman, Love Relationship, Feeling, Stress.
1
APRESENTAÇÃO
O relacionamento amoroso é importante na vida das pessoas. A busca do
parceiro perfeito pode se apresentar como um fator estressante diante da necessidade de
garantir a felicidade. As pessoas que não se casam estão expostas a frustrações por não
se casarem, a pressões sociais para o casamento, a preconceitos por estarem solteiras e
ao sofrimento por acreditarem que a felicidade está relacionada ao encontro do parceiro
ideal.
A relação amorosa é atualmente foco de estudo (Feres-Carneiro 1998;
Cipriano 2002; Garcia & Tassara 2003; Araújo 2003; Braz 2003) em diferentes áreas da
Psicologia. Alguns desses estudos apontam a influência de transtornos psicológicos
como depressão, ansiedade e stress nos comportamentos que interferem nas relações
amorosas. Outros estudos de ordem psicossocial analisam o relacionamento amoroso no
contexto no qual ele está inserido.
A evolução cultural e social determinou mudanças na vida em sociedade,
principalmente no que se refere à posição da mulher, que desenvolveu novos repertórios
comportamentais e passou a acumular as funções do lar com atividades profissionais.
Essas mudanças no ambiente cultural e social determinaram alterações nas relações
amorosas, principalmente para a mulher. O estudo desse tema é desafiador e instigante.
Os comportamentos e os sentimentos na relação amorosa são objetos de
estudo da Psicologia. Alguns estudos foram encontrados na área de relacionamentos
conjugais, problemas no casamento (Garcia & Tassara, 2003), stress e relacionamento
conjugal (Vilela, 2000). No entanto, a literatura a respeito de estudos sobre as
expectativas de um relacionamento amoroso estável é escassa. Outros estudos
apontaram que a mulher é mais propensa ao stress (Lipp & Tanganelli 2000; Calais,
Andrade & Lipp 2003).
2
Das informações obtidas na literatura, de minha experiência em trabalhos na
Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), no grupo Mulheres que Amam Demais
Anônimas (MADA) e no contato desinteressado com mulheres da minha faixa etária,
surgiu o interesse em estudar aspectos comportamentais das mulheres diante da
expectativa da relação amorosa.
As mulheres entre 25 e 35 anos, após cursarem a universidade, ao buscarem
um trabalho para sua estabilidade financeira e afirmação profissional, têm dificuldade
de conciliar essas exigências com um relacionamento amoroso.
Este estudo visou identificar, por meio do relato de mulheres, os seus
sentimentos diante do relacionamento amoroso e sua relação com o nível de stress.
Dessa forma procurou-se localizar no discurso a discriminação do sentimento em
relação às experiências amorosa anteriores, à situação atual e à expectativa de um futuro
relacionamento.
A amostra e os materiais utilizados para coleta de dados estão
previamente detalhados no método, bem como o local e o procedimento utilizado para a
realização da pesquisa. Em seguida, são descritos os resultados, a discussão e a
conclusão do estudo, as referências bibliográficas e os anexos.
Espera-se que este estudo contribua futuramente para o desenvolvimento
de estratégias de intervenções mais adequadas às mulheres com dificuldades de
relacionamento amoroso.
3
INTRODUÇÃO
A história da mulher no relacionamento amoroso
Atualmente, os padrões estabelecidos para o papel feminino não são
funcionais e os novos modelos estão sendo definidos. Em algumas culturas existe uma
história comum às mulheres, que nasciam e eram predestinadas à responsabilidade de
um homem. Pelos pais elas eram entregues aos maridos, sem mesmo que elas
soubessem quem e como eles eram, mas aos quais deviam obediência, sendo eles quem
dizia o que fazer e como fazer. O casamento era necessário à mulher para sua proteção e
alimentação, e o objetivo final dessa submissão era a manutenção da riqueza e da
propriedade (Lasch, 1991).
Analisando a história da mulher, percebemos que ao longo dos tempos
ocorreram transformações significativas no modo como elas se posicionaram no mundo.
Strey (1998), discutindo a noção de hierarquia de gênero, descreveu uma situação na
qual o poder e o controle social sobre o trabalho, os recursos e os produtos são
associados à masculinidade. O patriarcado é uma forma de hierarquia em que os homens
detêm o poder e as mulheres são subordinadas. Numa sociedade patriarcal, a autoridade
social efetiva sobre as mulheres é exercida através dos papéis de pai e de marido. Sob as
condições patriarcais, as mulheres às vezes exercem autoridade através do papel de mãe
em oposição aos outros papéis familiares, tais como esposa, filha irmã ou tia.
Segundo Silva (2001), durante o século XIX, após anos de desgaste do
poder patriarcal e do esgotamento dos laços patrilineares, quando a principal finalidade
da aliança matrimonial era o fortalecimento dos grupos e do patrimônio familiar, essa
união foi sendo gradualmente substituída pelo modelo da família nuclear burguesa
urbana, em que a escolha de um parceiro amoroso passa a ser uma união entre um
homem e uma mulher, como uma escolha livre entre os indivíduos.
4
Silva (2001) acrescenta que os intelectuais, no final do século XIX e início
do século XX, acreditavam que somente através da educação o Brasil poderia construir
uma grande nação, dentro dos moldes da civilização européia. No entanto, fazia-se
necessária a instrução das mulheres para que educassem seus filhos, futuros cidadãos de
uma nação civilizada.
De acordo com Duarte (2003), as mulheres brasileiras até o início do século
XX tinham pouco acesso à instrução, e quando tinham o privilégio de serem
alfabetizadas, não eram incentivadas a ler ou a escrever. A primeira legislação que
autorizou a abertura de escolas públicas femininas foi elaborada por volta de 1827. Até
então, as opções para a instrução feminina eram uns poucos conventos, que guardavam
as meninas para o casamento, raras escolas particulares nas casas das professoras, ou
ensino individualizado, todos se ocupando apenas com os afazeres domésticos. Foram
essas primeiras e poucas mulheres diferencialmente instruídas que tomaram para si a
tarefa de estender o conhecimento às demais companheiras, e abriram escolas,
publicaram livros, enfrentaram a opinião da época que dispensava a necessidade da
mulher saber ler e escrever. Dessa forma, a mulher passou a ter consciência da sua
situação degradante e adquiriu capacidade de lutar contra as injustiças e também por sua
emancipação. As mulheres transformaram a educação em uma bandeira de luta pelos
seus direitos sociais e políticos.
Mais recentemente, nos anos sessenta do século XX, Duarte (2003) ressalta
que o movimento feminista trouxe o impulso necessário para despertar o interesse das
ciências humanas pelos assuntos relacionados à mulher, como também trouxe novas
mudanças de estilo de vida, como o divórcio. A mulher surgiu como novo objeto de
estudos de sociólogos, antropólogos e historiadores. A historiografia respondeu com
uma crescente produção, nos anos 70 e 80, de estudos sobre a família, a maternidade, a
5
sexualidade, o casamento, o amor, o trabalho feminino, integrando esses temas à
corrente da história das mentalidades.
Nesse sentido, o século XX pressupõe uma combinação de sexo, afeto,
amizade e procriação, necessitando da atração romântica para a escolha do futuro
parceiro. A liberdade de escolha do parceiro tornou-se mais amplamente fundamentada
no amor e na conformidade psicológica (Riccota, 1994).
Observa-se, hoje, que o discurso social sobre a mulher, apesar de incorporar
esse novo papel de trabalhadora interessada em sua carreira profissional, e de questionar
a doutrina da maternidade como sua essência, mudou muito pouco a definição de
mulher, em especial no que diz respeito à sua função no espaço privado. À mulher ainda
se atribuem os encargos da casa e da família, funções que a sociedade considera como
essencialmente femininas.
A participação das mulheres no mundo público abalou os fundamentos de
um individualismo patriarcal institucionalizado na família conjugal moderna (Vaitsman,
1994). Assim, houve um aprofundamento e uma extensão do individualismo que passou
a incluir as mulheres, que, ao lado de uma identidade antes ligada exclusivamente ao
mundo privado, ampliaram suas aspirações e adicionaram uma identidade relacionada
ao mundo público. Com isso elas modificaram o padrão de comportamento e,
atualmente, os modelos tradicionais do que é feminino coexistem e entrelaçam-se a
modelos contemporâneos, ainda que em contradição.
Essa busca está resultando em uma mulher que assume, simultaneamente, o
modelo tradicional feminino e o modelo que vem sendo traçado já há algumas décadas,
que exige da mulher o desenvolvimento intelectual e a competência profissional. Essa
mulher considerada independente possui um acúmulo de funções: mãe, esposa,
educadora, profissional competente e intelectualmente desenvolvida. Para muitas
6
mulheres consideradas modernas, as idéias de independência e de solidão caminham
junto (Ferres –Carneiro, 1998).
May (1991) ressalta que o homem moderno tem um grande temor de ficar
só. As pessoas poderiam escolher ficar só, temporariamente, mas como opção de vida
geraria um mal-estar, como se existisse algo errado. Por esse motivo, a aceitação pelo
outro é importante, pois, imerso no grupo, no convívio com o outro, se esquece a
solidão, ainda que sob o preço da renúncia à sua existência enquanto personalidade
independente.
O instrumento conceitual de gênero nos permite perceber que a
masculinidade e feminilidade são construções relacionais, e ninguém pode compreender
a construção social dos sexos sem referência ao outro, pois o homem só é definido com
relação à mulher (Scott, 1990). Longe de ser pensada como um absoluto, a
masculinidade, atributo do homem, é relativa e reativa. Tanto que, quando a
feminilidade é modificada pela busca das mulheres de redefinirem sua identidade, a
masculinidade se desestabiliza, bem como a ordem familiar.
As reconfigurações e as divergências de padrões antigos possibilitam a
manifestação de diferentes formas de relacionamento amoroso. Mesmo que os
casamentos formais com fins de constituição de família ainda sejam considerados uma
referência social, essa forma de casamento coexiste com novas formas de
relacionamento, tais como as uniões consensuais, homossexuais, casamentos sem filhos
ou sem coabitação. Com toda essa constante mutação, a sociedade passa a ser mais
flexível em admitir as novas formas de relações amorosas (Araújo, 2002).
As mudanças sociais, econômicas e culturais ocorridas durante a segunda
metade do século XX e início deste século têm determinado profundas alterações nos
7
padrões comportamentais femininos. As adequações das mulheres a essas mudanças
geram conflitos, stress, ansiedade e depressão.
Na verdade, parece que a identidade feminina não foi substancialmente
alterada, mas ampliada para incluir a nova função de profissional competente. Supõe-se
que a sobrecarga de diversas funções sobre a mulher interfira na questão do
relacionamento amoroso, especialmente no que se refere à busca de seu parceiro.
A experiência clínica demonstra que diante dessa questão, as mulheres entre
25 e 35 anos que iniciam a vida profissional, e ao mesmo tempo buscam um
relacionamento amoroso estável, estão mais expostas às exigências provenientes das
mudanças deste século.
Podemos analisar essa situação de duas formas. A primeira seria considerar
as variáveis de contexto ambiental, ou seja, uma pressão do ambiente para que a mulher
se adapte à nova situação. A outra seria a possibilidade de despertar fontes internas de
stress, mobilizando suas crenças, valores e sentimentos, influindo, inclusive, em sua
maneira de se comportar.
O relacionamento amoroso
A expressão relacionamento amoroso pode ser definida de diversas
maneiras. No dicionário (Ferreira, 1977), encontra-se para relacionamento: “ter
relação”, “semelhança”, “vinculação”, “convivência entre duas pessoas”, e para
amoroso: “quem tem ou sente amor”. Entende-se com isso que o relacionamento
amoroso se dá entre duas pessoas que têm um vínculo de amor.
Encontramos diversos autores que definem o termo relacionamento amoroso
dentro de sua visão de indivíduo. Para Ricotta (1994), a relação envolve a
8
correspondência de interesses e afinidades entre duas pessoas, pressupõe a convivência
e o conhecimento recíproco por meio da comunicação verbal ou não verbal.
Segundo a visão psicanalista, o relacionamento amoroso foi assim descrito
por Freud (1988 p. 105):
“...pode-se supor que a formação de famílias deveu-se ao fato de
ter ocorrido um momento em que a necessidade de satisfação
genital não apareceu mais como um hóspede que surge
repentinamente e do qual, após a partida, não mais se houve falar
por longo tempo, mas que, pelo contrário, se alojou como um
inquilino permanente. Quando isso aconteceu, o macho adquiriu
um motivo para conservar a fêmea junto de si, em termos mais
gerais, manter seus objetos sexuais, a seu lado, ao passo que a
fêmea, não querendo separar-se de seus rebentos indefesos, viu-se
obrigada, a permanecer com o macho mais forte”.
Para os humanistas, o relacionamento é de interesse central nas obras de
Rogers, que acredita que a interação com o outro capacita um indivíduo a descobrir,
encobrir, experenciar ou encontrar seu Self real de forma direta. A personalidade torna-
se visível a nós por meio do relacionamento com os outros. Os relacionamentos
oferecem a melhor oportunidade para estar funcionando por inteiro, para estar em
harmonia consigo mesmo, com os outros e com o meio ambiente. Por meio do
relacionamento as necessidades organísmicas básicas do indivíduo podem ser
satisfeitas. A esperança dessa satisfação faz com que as pessoas invistam uma
quantidade de energia incrível em relacionamentos, até mesmo naqueles que não
parecem ser saudáveis ou satisfatórios (Rogers, 2001).
Master e Jonhson (1988), especialistas em sexualidade, entendem
relacionamento amoroso no campo da sexualidade; para eles, a satisfação amorosa está
9
ligada às informações sobre sexo; quanto melhor e mais bem informada a pessoa estiver
sobre o sexo, maior a probabilidade de satisfação amorosa. O aspecto essencial para o
amor é a preocupação com o bem-estar da pessoa amada.
Baum (1999), autor da abordagem behaviorista, define relação como sendo
interações freqüentes repetidas, podendo ter um episódio verbal (comunicação) e um
episódio coercitivo (controle). Quando tais episódios se repetem continuamente entre
duas pessoas, então essas duas pessoas têm relação.
O sentimento de amor é descrito pelos behavioristas como sendo um
elemento reforçador. Para Skinner (1991) existe um elemento reforçador no amor, ou
seja, “eu te amo” significa “você reforça meu comportamento”, uma vez que é o
comportamento que tende a ser fortalecido e a ocorrer novamente. Existe, sem dúvida,
um elemento reforçador no amor. Tudo o que os amantes fazem, no sentido de ficarem
juntos ou evitarem a separação, é reforçado por essas conseqüências e é por isso que
eles passam juntos o maior tempo possível. Descrevemos o efeito privado de um
reforçador quando dizemos que ele “nos dá prazer” ou “faz com que nos sintamos
bem”; é nesse sentido que “eu o amo” significa “você me dá prazer ou me faz sentir
bem”.
Outras definições de amor podem ser citadas, como a de Rubin (1970,
p.265), que descreve o amor como sendo uma “atitude mantida numa pessoa em
relação a uma outra pessoa particular, a qual envolve predisposições para pensar,
sentir e comportar-se de determinadas maneiras relativamente para aquela pessoa”.
Braz (2003), em seu estudo sobre o significado e a importância do amor,
verificou que a experiência amorosa se revelou essencial para o surgimento e o
desenvolvimento da espécie humana, assim como elemento fundamental para a
manutenção da vida em grupo. O amor parece ainda ser importante para responder
10
inúmeras questões que permeiam a existência individual e social do homem
contemporâneo.
As diversas descrições e conceituações sobre as relações amorosas
enfatizam a presença do parceiro e a troca de experiências prazerosas. Os sentimentos aí
originados devem ser identificados.
Os sentimentos
Na literatura encontramos diversas definições de sentimento. Viscott (1982)
considera sentimento como as maneiras como percebemos; sendo possível, por meio do
sentimento, identificar o que estamos experimentando, se é algo ameaçador, agradável,
doloroso, apaixonante, desejado, alegre ou triste. Outros autores conceituam sentimento
como eventos privados, definidos como estímulos e respostas que ocorrem sob a pele do
indivíduo (Skinner, 1974/1982; Tourinho, 1999).
Guilhardi (2002) conceitua sentimento como não sendo entidades mentais e
abstratas, mas sim manifestações corporais concretas do organismo. Nesse sentido, não
há sentimentos sem uma manifestação corporal correspondente. Os sentimentos
incluem, além das manifestações do funcionamento interno do corpo - chamadas de
respostas respondentes ou autônomas -, outras manifestações da pessoa - chamadas de
operantes ou voluntárias -, tais como: falar, gesticular, gritar, abraçar, escrever, entre
outros. Há componentes corporais respondentes e operantes nos sentimentos e nas
emoções. O corpo age, o corpo expressa, o corpo fala e, assim, ele manifesta os
sentimentos; o autor acrescenta ainda que os sentimentos são manifestações corporais
que ocorrem na interação entre a pessoa e seu ambiente físico e ou social e que recebem
o nome arbitrário, convencionado pelo grupo social.
Sidman (1995) disse:
11
“Uma razão importante é a imediaticidade e a intensidade das
reações internas que freqüentemente acompanham nossas ações
abertas. Experenciando os estados internos como sentimentos e
emoções, tendemos a negligenciar os choques externos que
provocam perturbações internas. Em troca, atribuímos status
causal aos sentimentos” (p.140).
Quando falamos de sentimentos e emoções, e sua conseqüência, os
conhecimentos desses eventos (sentir) correspondem de fato a algo inacessível aos
outros, ou seja, o significado dessa fala é algo pessoal . Toda resposta verbal é função
de contingências de reforçamento dispostas por uma comunidade verbal. É a
comunidade que modela nosso repertório verbal, e sua ação é baseada naquilo que lhe
está acessível à observação. Nesse caso, respostas autodescritivas são também instaladas
sob controle de eventos públicos, pois apenas a eles a comunidade tem acesso. Quando
a comunidade ensina a indivíduo emitir a resposta “estou com dor”, ela não pode
reforçar essa resposta contingentemente a um nervo inflamado porque ela não pode
saber com precisão quanto isso existe ou não. Desse fato resulta a total impossibilidade
de discriminação de uma dor, mas resulta um sentido particular para caráter descritivo
da resposta dor (Tourinho, 1999).
O sentimento não explica a fala sobre o bom ou o mau; na verdade, os
eventos fisiológicos e os relatos sobre sentir-se bem ou mal provêm de uma história de
reforço e punição paralela e parcialmente sobreposta à história que gera um discurso
sobre ações boas ou más, isto é julgamento de valor (Baum, 1999). Para cada pessoa o
sentimento é individual e intransferível, conforme sua história pregressa, que é um fator
determinante em sua formação de valores.
Respostas verbais adquiridas com respeito a eventos públicos podem ser
transferidas a eventos privados com base nas propriedades comuns. A linguagem da
12
emoção, por exemplo, é quase inteiramente metafórica; seus termos foram tomados
emprestados de descrições de eventos públicos nos quais tanto a comunidade como o
indivíduo têm acesso aos mesmos estímulos. Aqui a comunidade não pode garantir um
repertório verbal acurado porque as respostas podem ser transferidas dos eventos
públicos para os privados com base em propriedades irrelevantes (Skinner,1998).
As idéias, os sentimentos e os palpites dizem respeito ao mundo, portanto,
devem ter sua origem em nossas experiências com o mundo. Para explicar o que
fazemos, devemos estender a busca a essas experiências passadas ou, em outras
palavras, ao comportamento passado. Se tivermos êxito, teremos também algo útil a
dizer acerca das origens de nossas idéias, de nossos sentimentos e de intuições (Catania,
1999).
Os sentimentos não nascem com as pessoas. As contingências de
reforçamento produzidas pela comunidade verbal produzem comportamentos e
sentimentos que são indissociáveis entre si. Se os comportamentos e sentimentos são
produtos colaterais da contingência de reforçamento, então contingências amenas e
gratificantes não produziriam comportamentos com função de contra-controle ou de
oposição, como mentir ou atacar, mas com função de aproximação e colaboração, como
dialogar, dividir tarefas para benefício de todos; também não produziriam sentimentos
desagradáveis como raiva, ansiedade, tristeza e culpa, mas sentimentos positivos, como
satisfação, bem-estar, felicidade, amor (Guilhardi, 2002).
Quando alguém afirma que está sentindo felicidade, ele está falando da
probabilidade de se comportar de uma dada maneira e não informando uma condição
corporal particular, até porque sua condição corporal no momento do relato pode não
ser exatamente a mesma de um outro momento em que se descreveu como feliz. Por
outro lado, o que está sendo informado é um evento público aprendido socialmente e
13
intimamente articulado com a cultura que o indivíduo partilha. Compreender esse
fenômeno implica, portanto, compreender partes da história de interpretação social do
individuo; e exige, por outro lado, que se esteja razoavelmente informado acerca da
cultura em que ele ocorre (Tourinho, 1999).
O sentimento é um tipo de ação sensorial, como ver e ouvir. Podemos tomar
o sentimento como simples resposta a estímulos, mas seu relato é o produto de
contingências verbais especiais, organizadas por uma comunidade. Discriminar aquilo
que sentimos e falar sobre isso são comportamentos aprendidos, produto da comunidade
verbal que nos ensina a descrever o que fazemos, o que pensamos, e o que sentimos.
Muitas vezes descrevemos sentimentos com metáforas, sinais, objetos, palavras; por
exemplo, um poeta para dizer que está apaixonado escreve um poema sobre a lua
relatando seu amor pela amada. É comum na prática literária descrever os sentimentos
relatando condições capazes de produzir sentimentos semelhantes (Skinner, 1982/
1991).
Garcia-Serpa, Meyer e Del Prette (2003), em um estudo quanto à influência
da comunidade verbal sobre o relato de sentimentos, analisaram a possibilidade dessa
influência a partir da comparação do repertório de crianças de sucessíveis faixas etárias.
A amostra era composta por 72 meninos com quatro e cinco anos de idade, que foram
colocados em situação de identificação de sentimentos do protagonista de uma história
apresentada em vídeo. Conclui-se que os resultados obtidos nesse trabalho são
consistentes com a abordagem skinneriana para o comportamento verbal, fornecendo
evidências empíricas adicionais sobre a influência da comunidade verbal na
aprendizagem de sentimentos, pelo menos quanto à identificação e descrição de
sentimentos. Os resultados sugerem que essa influência seja progressiva ao longo das
14
etapas do desenvolvimento, evidenciando-se na diferenciação de repertório ao longo da
idade.
Os relatos que falam em sentir-se bem ou sentir-se mal são exemplos de
autoconhecimento. Esses relatos são comportamentos verbais sob controle
discriminativo das condições do corpo. Essas condições, pelo menos parcialmente,
podem ser públicas, como quando se registram mudanças no ritmo cardíaco e na
respiração durante uma situação emocionalmente carregada. Públicas ou privadas elas
funcionam como estímulos discriminativos, os quais, junto com circunstâncias externas,
determinam a ocasião para os relatos de sentir-se mal, envergonhado ou culpado.
Relatos de sentir-se bem ocorrem em situações similares àquelas em que o
comportamento no passado foi reforçado (Baum, 1999).
A expressão de sentimento tem que ser analisada em cima do contexto, quer
dizer, das contingências que o determinam. Uma pessoa pode chorar em momentos de
felicidade assim como de tristeza, o que diferencia o sentimento e o comportamento são
as contingências.
Skinner (1945) apresentou um trabalho no qual defendia a idéia de que a
ciência do comportamento poderia dar conta da chamada subjetividade ou interioridade
humana. Ele preferiu chamar de eventos privados por entender que tudo resumia o
comportamento a estímulos que se diferenciavam apenas por ocorrerem no interior de
cada um.
O privado é aquilo que só está acessível de forma direta ao indivíduo em
quem ele ocorre. É apenas nesse sentido que há uma diferença entre público e privado.
O privado é tão físico quanto o evento público e pode ser interpretado em termos de
estímulos e respostas cuja única especificidade reside em seu caráter de inacessibilidade
à observação pública direta. O pensar exemplifica um comportamento encoberto, assim
15
como um nervo inflamado pode exemplificar uma estimulação encoberta. Os
sentimentos também são interpretados, em algumas circunstâncias, em termos de
estímulos privados, porém Skinner adverte que não se trata de estímulos determinantes
do comportamento, mas sim subprodutos das contingências de reforçamento (Tourinho,
1999).
Podemos entender que os eventos privados são atribuídos à pessoa e não ao
ambiente. Eles são mais bem compreendidos como eventos comportamentais. De modo
geral, encontramos dois tipos de evento: o de pensar e o de sentir (Baum, 1999). Neste
estudo vamos enfatizar o evento de sentir.
Os tipos de sentimentos
Alguns autores falam sobre tipos de sentimentos dentro de uma relação
amorosa. Para Fagundes (1991), a energia afetiva flui e é sentida ora como amor ora
como ódio, assim como o afeto pode aparecer de formas diferenciadas. Beck (1995)
considera que embora o amor seja uma poderosa força que ajuda os casais a se apoiarem
mutuamente, ele em si não configura a substância do relacionamento, sendo necessárias
certas qualidades e habilidades pessoais, como lealdade, sensibilidade, generosidade,
consideração, fidelidade, responsabilidade e confiança para um relacionamento feliz.
A felicidade e a tristeza são sentimentos definidos de pessoa para pessoa,
dependendo das experiências ocorridas anteriormente. Podemos observar diferentes
sentimentos numa relação amorosa: felicidade, alegria, tristeza, angústia, ciúme. Neste
estudo vamos destacar a felicidade e a tristeza como sentimentos de análise,
considerando que estão presentes em qualquer relacionamento amoroso.
No dicionário (Ferreira, 1977) encontramos a definição de felicidade como
sendo “qualidade ou estado de feliz”, “bom”, “êxito” ou “sucesso” e tristeza como “que
16
tem mágoa ou aflição”, “cheio de melancolia”, “infeliz”, “abatido”, ‘deprimido”, “que
infunde tristeza”, “severo”, “grave”, “enfadonho” ou “insignificante”. Podemos inferir
que, por essas definições, felicidade esteja relacionada a situações positivas e prazerosas
e tristeza a situações negativas e punitivas.
Os sentimentos positivos ampliam nosso senso de força e de bem-estar,
produzindo prazer, sensação de inteireza, vida, plenitude e esperança. Os sentimentos
negativos interferem no prazer, consomem energia e nos deixam exauridos, com uma
sensação de truncamento, vazio e solidão (Viscott, 1982).
A felicidade
Diversos autores discutem o termo felicidade. Ellis (1982) define a
felicidade dentro da visão da Terapia Racional Emotiva; segundo ele, toda pessoa tem
direito de ser feliz e de defender sua felicidade acima de tudo. A busca da felicidade
implica aceitar integralmente os desafios, sendo importante que as pessoas coloquem a
felicidade pessoal em primeiro plano. Algumas pessoas se auto-sacrificam, esperando
colher gratificação moral dos outros, presumindo que aqueles por quem sacrificam seus
próprios interesses sacrificarão os deles por elas. O ato de se auto-sacrificar encoraja os
outros a continuarem explorando e considerando o sacrificado como uma espécie de
tolo, não havendo, dessa forma, felicidade. Lutar pela felicidade pessoal nos torna
pessoas com quem os outros podem se relacionar com mais carinho e proveito. Quando
as pessoas de fato buscam o que querem da vida e se determinam a conseguir algo para
si mesmas e provavelmente para os outros, elas têm algo especial e único a oferecer.
Quanto mais têm a oferecer a si mesmas, mais terão para oferecer aos outros. Nessas
afirmações, Ellis (1982) discute o que é a felicidade e como conquistá-la.
17
Encontramos a definição de felicidade para os behavioristas como sendo um
subproduto do reforço que sustenta o reforço condicional. As pessoas só ficam felizes
quando seu comportamento é positivamente reforçado e quando estão livres de relações
coercivas e exploradas. As pessoas relatam uma maior felicidade quando estão livres da
possibilidade de conseqüências aversivas ou da possibilidade de perderem o reforço
habitual. Pessoas relatam felicidade quando seu ambiente permite escolhas e essas
escolhas têm conseqüências reforçadoras ao invés de aversivas. As pessoas tendem a
estar felizes nas mesmas condições nas quais relatam se sentirem livres, especialmente
livres de coerção (Baum, 1999).
Seja como for, a vida humana gira em torno da busca da felicidade, em
torno daquilo que nosso corpo interpreta como felicidade. Para alguns pode ser o
acúmulo de bens, para outros a satisfação de prazeres e para muitos o encontro de um
parceiro ideal. O ser humano quer ser feliz. No entanto, o que entendemos por
felicidade, apesar de ser algo muito pessoal, não é um mero conceito teórico ou
filosófico, mas um estado real que se alcança ou se perde; é também um estado relativo,
pode-se ser mais ou menos feliz.
A tristeza
O sentimento de felicidade envolve uma atitude positiva diante da vida; a
tristeza, no entanto, está relacionada a situações negativas como luto, rejeição, perdas,
diagnóstico de doenças, entre outras.
Viscott (1982) definiu tristeza como sendo um sentimento de esgotamento
que segue a mágoa ou a perda. Quando as pessoas se sentem tristes e perguntam a si
mesmas: “O que foi que perdi?” ou “Como foi que fiquei magoada?”, elas podem
manifestar sua raiva para com sua mágoa e dor por causa de sua perda.
18
As pessoas ficam tristes por muito tempo sem compreender o que é que sua
mágoa significa e, freqüentemente, perdem contato com o acontecimento que causou a
tristeza. A tristeza fica nutrida por uma profunda reserva de raiva e rancor. Mesmo que
a tristeza e a depressão possam às vezes parecer a mesma coisa, elas não são. A tristeza
da vida cotidiana se dissipa. A tristeza na depressão, por outro lado, é apanhada numa
armadilha, deixada sozinha ela cresce. A tristeza é uma fase passageira no fluxo natural
dos sentimentos. A depressão é uma ruptura no fluxo dos sentimentos (Viscott, 1982).
Ellis (1982), analisando o sentimento de tristeza, afirmou que quando nos
sentimos tristes, o mais importante é perceber que são nossas convicções (idéias) e não
os acontecimentos da vida que criam a tristeza. Quem se sente triste tem convicções
como estas: “É frustrante estar separada. Perco certos benefícios. Não vai ser fácil
começar com outros parceiros. A vida é dura”. Convicções como essas levam a
sentimentos correspondentes de tristeza.
O conflito de sentimentos e o stress estão presentes como variáveis nas
relações amorosas, e é necessário que elas sejam identificadas e analisadas como
componentes importantes na vida das mulheres.
O stress emocional
O stress é definido como uma reação psicofisiológica complexa, que tem,
em sua gênese, a necessidade do organismo lidar com algo que ameaça sua homeostase
ou equilíbrio interno. Isso pode ocorrer quando a pessoa se confronta com uma situação
que a irrite, amedronte, excite ou confunda, ou mesmo a faça imensamente feliz (Lipp,
2004). Portanto, qualquer situação nova ou desgastante pode levar a pessoa a um
processo de stress, pois o organismo necessita de energia adaptativa para voltar ao
equilíbrio.
19
Podemos ver o stress como uma tentativa de vencer um desafio, de
sobreviver a uma ameaça, ou lidar com uma adaptação necessária no momento, mesmo
que seja algo extremamente desejado e esperado. Assim, o mesmo evento pode
desencadear ou não uma reação de stress em pessoas diferentes, dependendo da
interpretação que cada um dá ao evento (Lipp, 2004).
A definição de stress contempla que o estressor é personalizado em suas
características, fato que aponta o estressor sendo neutro para uma pessoa em certa
situação e com fatores de complicação para a mesma pessoa em outra situação. Além
disso, diferentes predisposições biológicas ou sensibilidades a uma variedade de
estressores adquiridas por aprendizagem desde a infância fazem com que uma pessoa
responda mais negativamente do que outra a eventos reconhecidos por ambas como
estressores (Guimarães, 2003).
O stress é visto como um processo que se desenvolve em etapas. Desse
modo, o stress pode ser um estado temporário, de baixa ou grande intensidade, estar na
etapa de resistência ao fato gerador de desequilíbrio ou já ter atingido um estado de
exaustão tão grande que doenças podem surgir (Lipp, 2004).
Em 1956, Hans Selye propôs que o stress se desenvolve em três fases: de
alerta, de resistência e de exaustão. Na primeira fase, a de alerta, o organismo prepara-se
para a reação de luta e fuga; é essencial para a preservação da vida. Os sintomas
presentes nessa fase dizem respeito ao preparo do corpo e da mente para a preservação
da própria vida. Se o stress continuar presente por tempo indeterminado, inicia-se a fase
de resistência, quando o organismo tenta uma adaptação, em virtude de sua tendência a
procurar a homeostase interna. Na fase de resistência, as reações são opostas àquelas
que surgem na primeira fase e muitos dos sintomas iniciais desaparecem dando lugar a
uma sensação de cansaço. Se o estressor é contínuo e a pessoa não possui estratégias
20
para lidar com o stress, o organismo exaure sua reserva de energia adaptativa e a fase de
exaustão se manifesta (apud Lipp, 2003).
Durante pesquisas sobre stress, Lipp (2000) observou que a fase de
resistência proposta por Selye (1956) era muito extensa, apresentando dois momentos
distintos caracterizados pelos mesmos sintomas, porém com quantidade e intensidade
diferentes; a partir disso propôs o modelo quadrifásico do stress, que inclui mais uma
fase, que nomeou de “quase exaustão”, encontrando-se entre a fase de resistência e de
exaustão. Nessa fase o organismo já não está resistindo ao estressor e conseqüentemente
começa a enfraquecer. Doenças começam a surgir, como problemas dermatológicos,
gastrites, crise de ansiedade e desânimo. Apesar de a pessoa ainda conseguir exercer
suas responsabilidades, o faz com grande dificuldade, sendo que algumas áreas já
começam a ficar comprometidas, como a produção do trabalho e o lazer. Caso não
ocorra um controle do stress, a pessoa encaminhará para a fase de exaustão descrita por
Selye (1956).
De acordo com Lipp (1984), o stress pode ser originado de fontes internas e
externas. As fontes internas do stress estão relacionadas com a maneira de ser do
indivíduo, tipo de personalidade e modo típico de reagir à vida. Já as fontes externas de
stress estão relacionadas às exigências do dia-a-dia do indivíduo, como problemas com
a família, trabalho, doenças, morte ou condições econômicas.
Segundo Tanganelli (2000), muitas vezes o evento em si não torna o
indivíduo irritável ou tenso, mas o seu pensamento sobre o acontecimento que causa o
problema. Nesse caso, o evento será estressante dependendo da interpretação que a
pessoa dá a certa situação.
Ellis (1973) acredita que as perturbações emocionais ocorram como
conseqüência da interpretação que se dá aos eventos, ao invés de serem controladas pelo
21
próprio evento. Nota-se que o stress pode resultar de fontes externas ou internas de
stress e em muitas situações de ambos.
Witkin-Lanoil (1985) menciona que as mulheres estressadas tornam-se
deprimidas, insones, retraídas, apáticas e distraídas. Lipp (2001) cita sintomas de stress
femininos que podem ocorrer: dor nos seios, dor pélvica, inchaço nos seios e nas pernas,
espinhas ou pela ressecada, dificuldades para amamentar, perda da sensibilidade sexual,
perda da vontade sexual, preocupação constante, medo e ansiedade, queda da auto-
estima, ciúme excessivo, dependência emocional e irritabilidade excessiva, além de
outros.
Estratégias de enfrentamento são meios que a pessoa utiliza para lidar com o
stress. São positivas quando, além de diminuir a tensão causada pelas situações
estressantes ou pelo modo de interpretá-las, colaboram para obtenção de uma boa
qualidade de vida (Tanganelli, 2000).
Na vida atual, existem vários tipos de relacionamentos que trazem consigo
muitas alegrias e que também possuem suas fontes específicas de stress.
Independentemente do tipo de relacionamento no qual a pessoa está envolvida, há
determinadas atitudes e idéias a serem cultivadas que são fundamentais para reduzir o
stress em uma relação amorosa (Lipp, 2001).
Lipp (2001, p.56-57) cita os vários tipos de relacionamentos existentes na
vida atual e os possíveis efeitos nos parceiros, tais como: “casamento formal, relações
estáveis onde o casal mora junto, relações estáveis onde o casal não mora junto e
relações não estáveis”. O casamento formal dá uma falsa sensação de segurança para
algumas pessoas; muitas vezes, a certeza de que a situação durará para sempre leva os
parceiros a se descuidarem da relação; às vezes com o tédio da rotina há a procura de
relacionamentos extraconjugais. Relações estáveis em que o casal mora junto envolvem
22
incerteza quanto à continuidade. Encontramos algumas fontes de stress como o ciúme e
a administração dos bens materiais; se a relação termina, a partilha dos bens fica difícil
sem a ação legal. Relações estáveis em que o casal não mora junto agradam a pessoas
mais solitárias ou que se julgam difícil de contato, também pessoas que têm filhos de
outros casamentos e querem preservar sua intimidade com eles. Nesse tipo de
relacionamento a incerteza é muito freqüente. O término, em geral, é simplificado, pois
não envolve um sair de casa, porém é igualmente doloroso como os outros tipos de
relacionamento. As relações não estáveis hoje em dia são comuns; muitas mulheres
optam por essa relação, preferem uma independência emocional maior com parceiros
afetivos sem um compromisso mais forte. Há outras que optam por ficarem sozinhas.
Não se pode esquecer de mulheres que, embora queiram uma relação estável ou um
casamento formal, têm dificuldade de achar um parceiro certo. Fatores estressantes são
encontrados em todas essas situações. Segundo Vilela (2000), a maioria das fontes
estressoras, em casais, refere-se ao conjunto de crenças, à falta de assertividade e à falta
de comunicação na vida a dois.
É possível que a principal fonte de stress esteja ligada ao comportamento
que a mulher tem em relação ao que ela idealizou como parceiro ideal. Pode-se incluir
nesses comportamentos o comportamento cotidiano do homem em relação a ela, como a
fidelidade e a gentileza, e a questão da estabilidade financeira e a segurança em relação
ao futuro.
Cipriano (2002) refere em seu estudo que quando um casal inicia um
relacionamento amoroso, ambos trazem consigo um conjunto de crenças e expectativas
que desenvolveram em função de suas vivências. A situação socioeconômica, os
aspectos culturais e o conjunto de crenças de cada um associados às dificuldades
externas podem levar os membros do casal a estressarem-se mutuamente.
23
No que se refere ao stress do relacionamento amoroso foram encontrados
alguns trabalhos realizados no exterior e poucos realizados no Brasil. Williams (1995)
pesquisou uma amostra de 200 casais e a influência de eventos estressantes em suas
vidas. Dentre eles, destacam-se questões financeiras e interferência de familiares na
vida a dois. Considera-se que essas duas fontes parecem ser importantes e estressantes
de forma semelhante para os membros.
Gray (1996) faz algumas considerações sobre as diferentes maneiras de cada
sexo reagir ao stress do outro. Ressalta que parte das crises se instala porque homens e
mulheres conhecem pouco as próprias reações diante de situação de tensão. Tais reações
parecem fortalecer as diferenças fundamentais de comportamento entre ambos.
Enquanto os homens em situação de stress na maioria das vezes preferem se isolar, as
mulheres, talvez por serem mais verbais, sentem necessidade de discutir as causas de
suas manifestações. Dentre as diferenças nas reações às situações estressantes, essa é
uma de fundamental importância. Compreendê-la implica disponibilidade do homem
para ouvir a parceira, ao mesmo tempo em que a ela cabe respeitar o silêncio dele. Isso
depende da abertura e flexibilidade de ambos.
Com relação às diferenças entre homens e mulheres na forma de demonstrar
sentimentos, Azevedo (1991) as relata frisando que caso não haja uma abertura e boa
vontade de ambas as partes, pode acontecer uma descomunicação na vida a dois. A
sintonia muitas vezes conquistada pode se perder e o acúmulo de tensão tende a gerar
cada vez mais stress no relacionamento.
Vilela (2000) verificou o efeito do treino de controle do stress (TCS) em
casais. Participaram quinze casais divididos em três grupos de cinco casais cada um.
Inicialmente foram avaliados: o stress, as estratégias de enfrentamento, os estressores
pessoais, como, por exemplo, características de personalidade tipo A de
24
comportamento, regras e fontes estressoras do casal. O TCS foi realizado durante oito
sessões como grupo experimental; o grupo-controle passou por palestras variadas, com
conteúdos psicológicos e de stress. O outro grupo-controle não sofreu nenhuma
intervenção, apenas passou pela avaliação inicial e final. Os resultados mostraram que
98% das pessoas encontravam-se na fase de resistência ao stress, 1% em alerta e 1% em
exaustão. Os sintomas físicos foram os mais encontrados entre os casais. O TCS teve
como resultado uma redução significativa nos sintomas de stress. Também o nível de
satisfação conjugal e de regras melhorou após o treino de controle do stress.
Cipriano (2002) objetivou em seu estudo verificar como o relacionamento
afetivo contribui para o stress da mulher. Buscou estudar a sintomatologia do stress e o
nível de satisfação no casamento para averiguar se há influência na qualidade de vida
dessas mulheres. A amostra foi composta por 30 mulheres, com idade média de 39
anos, divididas em três grupos. Dez estavam separadas, dez mantinham o casamento
satisfatório e dez viviam casamentos não satisfatórios. Foi diagnosticado stress com
predominância de sintomas psicológicos nos três grupos, porém o mais prejudicado foi
o de mulheres com casamento não satisfatório e também com pior qualidade de vida no
que se refere ao quadrante afetivo. O diagnóstico de stress no grupo em que as
participantes consideravam seu casamento satisfatório talvez tenha ocorrido por virtude
da vulnerabilidade natural de cada indivíduo, que pode criar stress independente da
condição do casamento em si. Os dados indicam que um casamento não satisfatório
afeta diretamente a vida afetiva de uma mulher. As mulheres separadas revelaram uma
qualidade de vida bastante ruim também, mas as mulheres com casamento infeliz estão
piores no que se refere à afetividade de maneira geral.
Mitsi, Zaquir, Fukahori, Silveira e Soares (2005) estudaram as estratégias de
enfrentamento frente a crises conjugais empregadas por recém-casados e por cônjuges
25
com mais tempo de união. Com esse estudo perceberam uma diferença estatisticamente
significativa na seleção de respostas de enfrentamento frente às situações estressantes
entre as pessoas recém-casadas e pessoas com mais de dez anos de união. Essas
diferenças se localizaram em maior intensidade nos fatores “reavaliação positiva” e
“fuga e esquiva”. A descoberta na identificação de estratégias de enfrentamento de
conflito conjugal pode ser relevante tanto para a proposição de procedimentos clínicos
que gerariam alívio aos casais naquelas condições, quanto para a prevenção do conflito
conjugal ou para a sua resolução. Foi possível concluir que o enfrentamento de
situações estressoras de ordem conjugal pode sofrer mudanças ao longo da vida em
comum. À medida que a união conjugal progride, a forma de lidar com crises conjugais
e com outros estressores pode ser alvo de mudanças, inclusive influência mútua dos
membros do casal.
Encontramos também estudos relacionados à mulher e ao stress. Lipp,
Pereira, Floksztrumpof, Muniz e Ismael (1996) realizaram um estudo em um shopping
center e no aeroporto da cidade de São Paulo e observaram uma maior incidência de
stress nas mulheres do que nos homens.
Tanganelli (2000) em estudo com 104 mulheres no papel de chefes de
família demonstrou que o stress é um fato presente na vida dessas mulheres. A maioria
delas, isto é, 66 participantes do estudo, encontrava-se na fase de resistência do stress,
com prevalência de sintomas psicológicos.
Lipp e Tanganelli (2000), em uma pesquisa com magistrados da justiça do
trabalho, constataram que o número de juízas estressadas era significativamente maior
que o de juízes. Enquanto 82% das juízas apresentavam stress, entre os juízes esse
número era de 56%.
26
Calais, Andrade e Lipp (2003), em pesquisa sobre escolaridade e stress,
descobriram que as mulheres eram mais afetadas pelo stress do que os homens em todas
as faixas etárias pesquisadas.
Justo e Lipp (2005), em estudo sobre as fontes de stress na adolescência e as
diferenças entre meninas e meninos, observaram que as meninas tendem a se estressar
mais com os pais se comparadas com os meninos, o que pode ser compreendido pelas
próprias características da sociedade, visto que os pais tendem a serem mais rígidos em
suas condutas com as meninas principalmente no que se refere a horários, namoro, sexo
e assuntos relacionados à moral.
Encontramos também alguns estudos relacionados a sentimentos
vivenciados no relacionamento amoroso. Araújo (2003) em “O amor feminino:
ocultamento e /ou revelação?”, pesquisou as vivências amorosas da mulher em um
relacionamento amoroso heterossexual, através de estudos de casos. Para a pesquisa
utilizou a experiência de vida amorosa de três mulheres. Duas participantes viveram
relacionamentos extraconjugais enquanto eram casadas e uma solteira viveu
relacionamento amoroso com homens casados. Os discursos revelaram o que é mais
significativamente apreendido como amor. Amor é comunicação; o humor e a
brincadeira são essenciais no relacionamento amoroso significativo; tem um sentido
para elas de modalidade erótica, de alegria e amizade.
Garcia e Tassara (2003) analisaram os tipos de problemas vividos no
casamento referido por mulheres casadas há mais de 15 anos. Os problemas encontrados
refletem as mudanças ocorridas no cenário social que, ao incidirem sobre o casamento,
resultam em alterações nas expectativas sociais quanto ao projeto de relação afetivo-
sexual. Entre aquilo que indicam como problema e aquilo que vivem como problema, as
mulheres sinalizaram um movimento constante de inclusão e exclusão na categoria
27
“feliz no casamento”. Assim ao focalizar as dimensões ideais e materiais, as mulheres
reproduziram categorizações sociais.
Notou-se que embora as pesquisa sobre o relacionamento tenham
aumentado em número de publicações durante os tempos, observa-se a escassez de
estudos empíricos sobre sentimentos no relacionamento e stress em nosso meio,
reconhecendo-se a necessidade de estudos nessa área.
Investigar os comportamentos abertos e encobertos das mulheres que
interferem no relacionamento amoroso e verificar se a presença do stress produz alguma
influência em tais comportamentos são o objetivo deste estudo. Entende-se que o stress
se caracteriza como uma dificuldade de adaptação, e as mulheres participantes da
pesquisa estão em fase de adaptação a uma nova etapa de suas vidas. Assim, é
fundamental verificar por meio de seus relatos como elas se comportam, pensam e se
sentem em relação à busca do relacionamento amoroso.
28
OBJETIVO
Objetivo geral
Verificar, por meio do relato de mulheres, o sentimento diante do
relacionamento amoroso e sua relação com o nível de stress.
Objetivo específico
1) Verificar o nível de stress em mulheres com idade entre 25 e 35 anos sem
relacionamento amoroso estável há um ano ou mais;
2) Identificar os sentimentos dessas mulheres diante do relacionamento
amoroso em três situações: frente à experiência amorosa anterior (passado); diante da
falta de um relacionamento amoroso estável (presente) e da expectativa de um
relacionamento (futuro);
3) Classificar os sentimentos nas categorias felicidade, tristeza e
indiferença;
4) Verificar se há relação entre stress e categorias de sentimento.
29
MÉTODO
Participantes
Participaram do estudo catorze mulheres, com idade entre 28 e 36 anos,
provenientes da comunidade em geral.
Critério de inclusão:
As participantes deveriam estar sem um relacionamento amoroso estável há
um tempo superior a doze meses.
Critério de exclusão:
Considerando-se que a entrevista exigia a compreensão de conceitos
subjetivos, excluíram-se da pesquisa participantes com grau de escolaridade abaixo do
nível médio. Excluíram-se também participantes com transtornos psiquiátricos
conhecidos.
As características demográficas das participantes estão na Tabela 1, que
apresenta dados como: idade, estado civil, grau de escolaridade, religião, com quem
reside, filhos, diagnóstico de stress e tempo de relacionamento.
30
Tabela 1. Características demográficas das participantes.
Idade
anos
Est. Civil
Grau
Escolari dade
Religião Quem reside Filhos
Diagnost.
de stress
Tempo s/
relac. (meses)
01
30 divorciada ---- filho 01 c/stress 17
02
28 solteira católica amiga -- s/ stress 48
03
32 solteira católica pais -- c/stress 15
04
28 solteira batista sozinha 02 c/stress 18
05
28 solteira católica irmã/cunhado -- s/ stress 30
06
29 solteira católica pais -- c/stress 36
07
35 solteira católica mãe/irmã -- s/ stress 24
08
29 solteira católica mãe -- c/stress 17
09
29 solteira católica mãe -- s/ stress 18
10
30 solteira católica pais -- c/stress 36
11
31 solteira católica pais -- s/ stress 22
12
28 solteira católica amiga -- s/ stress 46
13
36 solteira evangélica amiga -- c/stress 15
14
35 solteira católica sozinha -- c/stress 84
A amostra estudada apresentou idade média de 30,5 anos, sendo 28 anos a
menor idade e 36 anos a maior idade. Quanto ao estado civil, das catorze participantes,
treze eram solteiras e somente uma foi casada e durante a pesquisa estava divorciada.
Em relação à escolaridade predominaram as participantes com o nível
superior completo, sendo doze do total da amostra, e apenas duas com grau médio. No
que se refere à religião, onze eram católicas, uma evangélica, uma batista e uma não
indicou nenhuma religião.
Quanto à composição familiar, quatro residem com os pais, duas com a mãe,
uma com o filho, uma com a irmã e a mãe e uma com a irmã e o cunhado, isto é, nove
das catorze participantes residem com a família, três com a amiga e duas sozinhas.
Somente duas das participantes são mães, uma de dois filhos e outra de um filho.
No que se refere ao tempo sem um relacionamento amoroso estável, o
menor tempo foi de quinze meses e o maior foi de 84 meses; a média de tempo sem
relacionamento amoroso estável foi de 30,4 meses.
31
Instrumento
Para a coleta de dados foram utilizados os seguintes instrumentos:
1) Termo de consentimento livre e esclarecido (Anexo A)
Esse instrumento especifica a natureza da pesquisa, os objetivos e
procedimentos que serão utilizados. Informa que a participação é voluntária, podendo
haver recusa, ou mesmo a retirada do consentimento durante a pesquisa, sem qualquer
tipo de prejuízo ou penalização. Assegura sigilo e privacidade. Foi elaborado de acordo
com as diretrizes 196/96 do Ministério da Saúde e as Normas do Comitê de Ética da
PUC-Campinas.
2) Ficha de identificação (Anexo B)
Instrumento construído de perguntas fechadas, destinado a colher dados de
identificação, tais como: nome, idade, escolaridade, religião, profissão, entre outros;
além de questões que visam identificar condições pessoais e familiares.
3) Inventário de Sintomas de Stress para Adultos ISSL (Lipp 2000)
Esse instrumento foi elaborado e padronizado por Lipp (2000), e leva cerca
de dez minutos para ser administrado. Compõe-se de 53 itens, sendo 34 itens físicos e
19 psicológicos, divididos em três quadrantes: o primeiro quadro indica sintomas
experimentados nas últimas 24 horas, o segundo quadro indica sintomas
experimentados na última semana e o terceiro quadro sintomas experimentados no
último mês. O instrumento divide-se em três partes, sendo a primeira aquela que
evidencia a existência ou não do stress, a segunda investiga a fase de stress que a pessoa
32
se encontra - alerta, resistência, quase exaustão ou exaustão - e na terceira o instrumento
indica qual a maior manifestação dos sintomas: físicos e/ou psicológicos.
A avaliação do instrumento é feita através do uso de uma tabela que
transforma os dados brutos em porcentagens para facilitar a análise dos dados obtidos.
4) Roteiro de Entrevista (Anexo C)
Construído especialmente para a presente pesquisa, consta de perguntas
semi-abertas com a finalidade de identificar comportamentos e sentimentos que ocorrem
diante da relação amorosa.
Material
Foram utilizadas fitas cassetes e um gravador de áudio durante as entrevistas
com as participantes para a gravação das informações. A coleta de dados foi realizada
na sala de um consultório particular.
Procedimento
Inicialmente o projeto foi encaminhado ao Comitê de Ética em Pesquisa da
PUC-Campinas, com o parecer nº. 144/05, para apreciação, e, após sua aprovação,
iniciou-se a primeira etapa da pesquisa propriamente.
Foram afixados cartazes (Anexo D) em locais de trabalho
predominantemente femininos, convidando as mulheres para participarem da pesquisa e
informando um telefone para contato. Àquelas que responderam ao convite foi
agendado um horário para a primeira entrevista. As entrevistas foram marcadas
individualmente.
33
Durante a coleta de dados, houve dificuldades em recrutar as participantes,
muitas se comprometiam a retornar a ligação, mas não o faziam. Diante desse fato, e da
disponibilidade de tempo, o número de participantes foi estabelecido conforme as
possibilidades.
Nesse primeiro encontro, as participantes foram informadas sobre a
pesquisa e puderam tirar suas dúvidas. Então, assinaram o Termo de Consentimento
(Anexo A), que era lido e explicado pela pesquisadora, autorizando sua participação na
pesquisa. Depois, as participantes respondiam à Ficha de Identificação (Anexo B), que
também era lida em voz alta pela pesquisadora que ia registrando suas respostas.
Seguiu-se, então, para a aplicação do Inventário de Sintomas de Stress para Adulto de
Lipp (ISSL). Após a aplicação desse instrumento as participantes foram convidadas a
responderem às questões elaboradas de acordo com o Roteiro de Entrevista (Anexo C).
As participantes também foram informadas que a entrevista estava sendo gravada e que
posteriormente a mesma seria transcrita para então ser analisada. Assim, coletaram-se
informações relacionadas aos comportamentos e sentimentos que ocorrem diante da
relação amorosa.
Tendo em vista que stress e sentimentos no relacionamento amoroso muitas
vezes são produtos de situações aversivas, sugere-se que possa haver relação entre eles.
Por essa razão se fez necessário o uso do roteiro de entrevista, com a finalidade de
identificar as variáveis de contexto que eliciam a resposta stress nas participantes e
também se existe certa regularidade nessas variáveis.
As respostas fornecidas pelas participantes durante a entrevista foram
gravadas e o tempo foi de aproximadamente vinte minutos de duração. Ao final da
entrevista, foi solicitado o primeiro nome da participante, assim como o número de
telefone para o agendamento da entrevista devolutiva.
34
Após os registros dos relatos em fitas cassetes, todas as entrevistas foram
transcritas em sua íntegra. Então, foi realizada uma análise das respostas dentro das três
situações apontadas na entrevista: experiência amorosa anterior (passado), sem um
relacionamento amoroso estável (presente) e expectativa de um relacionamento (futuro),
nas categorias de sentimento felicidade, tristeza e indiferença. A partir dessa análise
foram classificados os sentimentos já categorizados anteriormente. A análise desses
dados foi baseada nos princípios da Análise do Comportamento.
Após a aplicação e avaliação do ISSL, foram identificadas as mulheres com
stress e as mulheres sem stress, formando dois grupos distintos. Para as participantes da
pesquisa com diagnóstico de stress, foram oferecidas na devolutiva quatro sessões de
apoio psicológico. Essas sessões não tiveram utilidade neste estudo.
O procedimento de coleta de dados durou aproximadamente três meses, no
período de junho a agosto de 2005.
35
RESULTADOS/ DISCUSSÃO
A proposta deste trabalho difere dos demais estudos já realizados sobre
relacionamento amoroso. O diferencial consiste em verificar os sentimentos diante do
relacionamento amoroso e sua relação com o nível de stress. Descrever situações
estressoras nos relacionamentos amorosos foi foco de diversos estudos publicados, tais
como Williams (1995); Gray (1996); Azevedo (1991); Vilela (2000); Cipriano (2002);
Mitsi, Zaquir, Fukahori, Silveira e Soares (2005); no entanto, identificar os sentimentos
das mulheres no relacionamento amoroso, classificá-los e verificar se há uma relação
entre o stress e os sentimentos é algo novo na literatura científica. Neste estudo, é
apresentada uma análise de alguns sentimentos encontrados nos relatos das participantes
que possa subsidiar intervenções futuras com essa população.
Os resultados em questão dizem respeito ao contexto específico de quatorze
mulheres sem relacionamento amoroso estável que apresentaram algumas similaridades
em seus relatos e, portanto, puderam ser agrupados para análise. Embora os dados
obtidos a partir de quatorze participantes não possam ser generalizados, pode-se supor
que muitos dos comportamentos apresentados por essa amostra também são
apresentados por outras mulheres em contexto semelhante.
Primeiramente, será apresentada a incidência de stress nessa população,
assim como a fase de stress diagnosticada, a predominância de sintomas e a
sintomatologia. Em seguida serão apresentados os resultados obtidos por meio da
entrevista, na qual foram analisadas as categorias de sentimentos felicidade, indiferença
e tristeza e a descrições desses sentimentos nas situações apontadas como passado,
presente e futuro. Adotaram-se categorias de sentimentos, pois eles englobavam os
comportamentos que possuíam a mesma função, sendo assim foi possível realizar uma
36
análise. Por fim, serão apresentados os resultados referentes à relação entre stress e as
categorias de sentimentos.
Incidência de stress
A avaliação do stress foi feita por meio do Inventario de Sintomas de Stress
de Lipp (ISSL). Para analisar a incidência do stress, foram analisadas algumas variáveis,
como a fase de stress em que se encontrava a participante (alerta, resistência, quase
exaustão e exaustão - sendo os dois últimos considerados fases do stress patológico), a
porcentagem da fase do stress, a predominância de sintomas, seja físico, psicológico e
físico/psicológico. O estudo quanto à incidência de stress nesta amostra está
apresentado abaixo na Tabela 2.
Tabela 2 – Incidência de stress
Participante Fase (%) Pred. Sintomas (%)
01
Resistência 8,33% Psicológicos 80%
02
Não apresenta
03
Quase exaustão 66 % Psicológicos 100%
04
Quase exaustão 75% Psicológicos 100%
05
Não apresenta
06
Resistência 16% Psicológicos 60%
07
Não apresenta
08
Resistência 16% Psicológicos 60%
09
Não apresenta
10
Resistência 41% Psicológicos 100%
11
Não apresenta
12
Não apresenta
13
Resistência 16,66% Psicológicos 60%
14
Resistência 8,33% Psicológicos 20%
37
Na amostra, verificou-se que oito das catorze participantes apresentaram
diagnóstico de stress. Com relação à fase diagnosticada do stress, seis mulheres (43%)
encontravam-se na fase de resistência, duas mulheres (14%) na fase de quase exaustão e
seis (43%) não apresentaram diagnóstico de stress.
A predominância de sintomas foi psicológica, variando a porcentagem de 20
a 100%, indicando que a amostra estudada predominantemente apresenta stress com
sintomas psicológicos.
Para avaliar a sintomatologia física e/ou psicológica, foram estudados
percentualmente os resultados dos sintomas no total das respostas assinaladas pelas
participantes no Inventário, e obteve-se o seguinte resultado (Tabela 3).
Tabela 3. Sintomatologia
Participante Psicológico % Físico %
01
68,42 8,82
02
10,52 2,94
03
94,73 29,41
04
94,73 55,88
05
0 0
06
42,10 29,41
07
31,58 5,88
08
63,16 11,76
09
42,10 11,76
10
89,47 29,41
11
10,52 8,2
12
10,52 2,94
13
36,84 20,58
14
26,31 26,47
Observou-se nos dados que todas as participantes assinalaram com maior
freqüência os sintomas psicológicos (44,36%) perante os físicos (17,39%), mesmo as
participantes não diagnosticas com stress assinalaram sintomas, apenas uma não
assinalou.
38
Objetivando-se verificar se o tempo sem relacionamento amoroso relaciona-
se com o nível de stress das participantes, estudou-se a correlação dessas duas variáveis,
utilizando o teste exato de Mann-Whitney, com o nível de significância de p<0,05. Os
resultados obtidos indicaram um p = 0,238 e conforme o nível de significância do teste,
conclui-se que nessa amostra não houve correlação.
Ainda com o objetivo de analisar a variável idade relacionada ao stress, o
mesmo teste estatístico foi usado para obter a correlação. O resultado obtido foi um p =
0, 260, indicando não haver uma correlação.
Os resultados encontrados podem ter sido influenciados pelo tamanho da
amostra, ou ainda, em função de não haver relação das variáveis tempo sem
relacionamento amoroso e idade com o stress. Até o presente momento não foram
encontrados estudos analisando essas variáveis.
Sentimentos descritos em relação às situações: passado, presente e futuro
Nas entrevistas foram coletados dados a respeito dos sentimentos nas
categorias felicidade, indiferença e tristeza frente às situações do passado, presente e
futuro. Cada participante durante a entrevista indicou e descreveu o sentimento que
mais se aproximou da forma como a participante se sente frente a essas situações.
A seguir foram destacados relatos da entrevista sobre as descrições dos
sentimentos feitas pelas participantes. Inicialmente será apresentada a nomeação
utilizada para definir o sentimento de felicidade em relação à situação passada (Tabela
4).
39
Tabela 4. Felicidade: situação passada.
Nº Sentimentos Nomeação
01
Felicidade “Como se esse relacionamento tivesse sido um bálsamo”
02
Felicidade
“Alegria de estar de bem com a vida”
“Penso que é um sentimento bom que poderia estar mais tempo na
minha vida”
05
Felicidade
“Estar bem, ter vontade de estar com a pessoa, de estar falando, quando
está longe... sentir saudade.”
07
Felicidade “Um sentimento bom no início, mas que depois vai se transformando.”
10
Felicidade
“De me descobrir como mulher. Então eu acho que eu tive assim, por
mais que algumas situações não foram relacionamentos estáveis, de
anos, mas foram alguns meses, eu me sinto feliz, eu gosto de lembrar.
Quando eu me lembro eu fico contente.”
12
Felicidade
“é uma felicidade por eu ter me sentido realmente gostada e por ter
gostado, e por eu ter me relacionado com uma pessoa e ter sentido
verdadeiro de ambas as partes”
13
Felicidade
“Um momento que a gente passou junto eu acho que foi bom, eu acho
que foi um relacionamento assim eu estava esperando que eu fosse
casar.”
As participantes usaram o termo felicidade em relação às contingências
positivas e prazerosas. Analisando os relatos, foi possível observar que as participantes
1, 5, 10, 12 e 13 conseguiram identificar que o sentimento de felicidade foi produzido
pelo relacionamento com o outro, e as participantes 2 e 7 apresentaram dificuldades de
identificar a situação que produziu a felicidade.
O sentimento de tristeza apontado pelas participantes em relação à situação
passada está apresentado na Tabela 5 a seguir.
Tabela 5. Tristeza: situação passada.
Nº Sentimentos Nomeação
09
Tristeza “por não ter dado certo”
14
Tristeza “por não ter tido alguma coisa que me deixasse feliz de verdade”
Apenas duas das participantes usaram o sentimento tristeza relacionado às
experiências do passado, ambas descrevem uma situação negativa como perda.
40
A indiferença em relação à situação passada apontada por quatro das
participantes foram identificadas e descritas na Tabela 6.
Tabela 6. Indiferença: situação passada.
Nº Sentimentos Nomeação
03
Indiferença
“Acho que agora eu estou com indiferença no sentido assim, que tem coisas
que eu não aceito mais, pelo fato de eu já ter dado muita chance para todos os
relacionamentos, então agora parece que eu quero um determinado assim, eu
coloquei na minha cabeça o tipo de relacionamento que eu quero, então tem
coisas que eu não aceito mais, eu relevava muitas coisas, e eu percebi que
não adiantava eu ceder porque as pessoas não te dão valor que você quer.”
04
Indiferença
“Eu na realidade às vezes eu fico pensando, eu não tive muita sorte com
namorado”.
“Eu não sei se é uma coisa boa, se é uma coisa ruim, porque eu vejo tantas
pessoas que são felizes, tem uma vida legal, que namoram, só que eu acho
assim que hoje a vida que eu tenho que é rotina. Dividir o meu tempo
também com outra pessoa e tirar o tempo dos meus filhos, então eu acho que
experiência amorosa pra mim, realmente, eu acho que não foi feito”
06
Indiferença
“Eu não lembro e não faço nada. Acho que foi uma experiência, mas hoje
para mim não faz sentido nenhum.”
08
Indiferença
“Foram pessoas assim que passaram pela minha vida, mas não teve grande
importância.”
Duas participantes (3 e 4) identificaram a indiferença diante de uma situação
negativa, na qual houve punição ou ausência de prazer. As outras duas participantes (6 e
8) não relacionaram esse sentimento ao passado.
A seguir serão descritos os sentimentos nomeados em relação à situação
atual, sem um relacionamento amoroso estável. Primeiramente será descrito o
sentimento de felicidade (Tabela 7), em seguida o sentimento de tristeza e por fim o
sentimento de indiferença.
Tabela 7.- Felicidade: situação presente.
Nº Sentimentos Nomeação
11
Felicidade “Descrevo como um sentimento de abertura de portas, de possibilidade,
por isso que me deixa feliz. Porque agora eu consigo abrir a porta, estou
pronta para um relacionamento”.
41
A participante 11 usou o termo felicidade quando discriminou uma situação
de possibilidade de acesso a reforçadores, pois está propensa à possibilidade de novos
relacionamentos. Das participantes, apenas uma relatou sentimentos positivos para a
situação presente.
A seguir, na Tabela 8, estão descritos os sentimentos de tristeza apontados
pelas participantes.
Tabela 8. Tristeza: situação presente.
Nº Sentimentos Nomeação
01
Tristeza “Angústia, desânimo em relação à situação.”
02
Tristeza “Todas amigas namoravam e eu não.”
06
Tristeza “Acho que está faltando alguma coisa.”
08
Tristeza “Dá um vazio muito grande.”
09
Tristeza “por estar sozinha, por estar em busca de um amor.”
10
Tristeza “Incapacidade, me sinto incapaz de encontrar alguém.”
12
Tristeza
“Gostaria de ter um namorado. Eu tenho medo que eu não sou tão jovem e eu
quero ter filhos. Eu também não sei se necessariamente um próximo
namorado eu vou me casar com ele.”
13
Tristeza “solidão, acho que falta alguém.”
14
Tristeza
“Fico revoltada porque não tenho alguém, o que tem de errado em mim para
eu não ter alguém? Eu me questiono muito por não ter alguém.”
As participantes usaram o sentimento de tristeza quando relacionaram uma
situação negativa por estar sem um relacionamento amoroso. Os sentimentos de estar só
e de incapacidade de relacionar-se são os mais freqüentes. Duas participantes (2 e 12)
colocaram no contexto um modelo positivo de busca de um amor, diferenciando-se da
maioria do grupo que indicou apenas sentimentos negativos.
A seguir serão descritos os sentimentos de indiferença nomeados pelas
participantes em relação à expectativa de um relacionamento amoroso estável (Tabela
9).
42
Tabela 9. Indiferença: situação presente.
Nº Sentimentos Nomeação
03
Indiferença “E não estou dando questão a estar com alguém ou não.”
04
Indiferença
“Eu apaguei, eu deletei da minha cabeça, porque foi muita angústia,
muita tristeza, muito problema então é como se não existisse.”
05
Indiferença “Não estou desesperada, não fico triste porque eu não tenho ninguém.”
07
Indiferente
“Eu me sinto indiferente em alguns momentos, alguns momentos felizes
e alguns momentos não estou nem aí.”
Três participantes (3, 5, 7) usaram o termo indiferença quando
discriminaram a situação na qual estar sozinha não é uma condição para que elas
busquem alguém; a participante 4 associou a uma situação aversiva no passado.
A seguir serão descritos os sentimentos de felicidade (Tabela 10), tristeza e
indiferença apontados pelas participantes em relação à expectativa de um
relacionamento amoroso futuro.
Tabela 10. Felicidade: situação futura.
Nº Sentimentos Nomeação
02
Felicidade
“De ter assim, esperança que eu vou encontrar alguém que, que tem,
que goste das mesmas coisas que eu, que tenha uma certa afinidade.”
06
Felicidade “Esperança que o próximo seja diferente, seja bem melhor.”
08
Felicidade
“Eu espero que seja uma coisa que venha me trazer grandes alegrias.
Acho que eu tenho que investir, eu não posso me abalar totalmente,
achar que todos vão ser iguais, não. Eu tenho que ter esperança que vai
ser melhor.”
09
Felicidade
“Estar feliz, dar risada, se vestir bem, sempre está de bem consigo
mesmo e com as pessoas.”
10
Felicidade
“A felicidade que eu busco assim, uma pessoa estável naquilo que ela
quer também, nos sentimentos que ela tem, ser uma pessoa mais
madura.”
11
Felicidade “Sentimento bom de esperança, de um futuro bom, de coisas boas.”
12
Felicidade “Imagino para meu futuro uma coisa muito boa, um namoro.”
14
Felicidade “Se acontecer vou ficar muito feliz.”
43
As participantes usaram o termo felicidade quando discriminaram uma
situação de expectativa positiva. Todas relataram ter expectativa positiva em relação a
um relacionamento amoroso futuro.
É possível observar através dos relatos que cinco participantes (6, 8, 11, 12
e 14) não conseguem identificar claramente uma fonte reforçadora, ou seja,
características específicas no outro; já as participantes 2 e 10 conseguem identificar a
fonte reforçadora, o que elas esperam do outro; a participante 9 não conseguiu
discriminar uma situação que produza o sentimento de felicidade na expectativa de um
relacionamento.
O sentimento de tristeza descrito pelas participantes em relação à
expectativa de um relacionamento futuro está na Tabela 11.
Tabela 11. Tristeza: situação futura.
Nº Sentimentos Nomeação
07
Tristeza
“Fico pensando, estou com 35 anos já, meu sonho era ter um namoro longo
e nunca eu consegui.”
13
Tristeza
“Uma insegurança. Você vê parece que você não conhece mais ninguém.
Parece que você não acha ninguém que dê certo.”
As participantes usaram o termo tristeza para uma situação de falta de
esperança no relacionamento futuro, demonstrando a ausência de comportamentos na
busca da conseqüência reforçadora.
A seguir, na Tabela 12, serão descritos o sentimento de indiferença em
relação à expectativa de um futuro relacionamento.
44
Tabela 12 - Indiferença: situação futura.
Nº Sentimentos Nomeação
01 Indiferença
“Por saber que eles são passageiros, por pensar que eles são passageiros
tento não me empolgar tanto, ir com mais cautela.”
03 Indiferença “Estou indiferente com relação a relacionamento.”
04 Indiferença
“Eu realmente não tenho nos meus planos ter uma pessoa na minha vida,
uma pessoa para eu relacionar, que eu tenha um envolvimento sexual, eu
não quero. Eu já direcionei minha vida para outros planos e eu já vivi até
agora sem, e eu vou conseguir ficar mais. Então não faz parte da minha
vida eu ter alguém.”
05 Indiferença
“Porque a expectativa está longe. È uma coisa assim de se não esperar
mais nada. Então eu acho que assim, a gente fica mais exigente com as
pessoas que a gente conhece, ainda mais depois de um relacionamento
longo assim, a gente começa a ficar mais exigente.”
As participantes usaram o termo indiferença para uma frustração ocorrida
no passado. Três participantes (1, 4 e 5) indicaram seletividade na busca de novos
parceiros e a participante 3 indicou fuga da situação.
Após a analise das respostas dos sentimentos em três situações diferentes de
vida - passado, presente e futuro, observou-se a freqüência dos sentimentos
apresentados em cada uma dessas situações (Tabela 13).
Tabela 13 – Sentimentos e situações
SENTIMENTOS PASSADO PRESENTE FUTURO
Felicidade 7 1 8
Indiferença 4 4 4
Tristeza 2 9 2
Em relação ao passado, experiência amorosa anterior, sete participantes
relacionaram a esta situação o sentimento de felicidade, quatro o de indiferença, e duas
o sentimento de tristeza. A resposta de uma participante foi desprezada por ela não ter
conseguido ser objetiva. Essas observações podem indicar que o sentimento relacionado
com as experiências amorosas anteriores são mais positivos do que negativos.
Com relação aos sentimentos indicados na situação presente, o que significa
45
estar sem um relacionamento amoroso estável, observou-se que nove das catorze
participantes indicaram um sentimento de tristeza, portanto um sentimento negativo,
apenas uma participante indicou um sentimento positivo.
Os sentimentos indicados pelas participantes na situação futura, ou seja, de
expectativa de um futuro relacionamento amoroso, foram principalmente o de
felicidade, indicando sentimentos positivos de expectativa e apenas duas participantes
indicaram sentimentos negativos.
Observou-se que metade das participantes indicou o sentimento de
felicidade para a situação experiência amorosa anterior, o que pode demonstrar que
nessa situação elas interpretaram essas experiências de forma positiva. No momento
atual, quando estão sozinhas, a maioria das participantes identificou o sentimento de
tristeza. Os dados apontaram que somente uma participante indicou o sentimento de
felicidade na situação atual.
Os resultados encontrados neste estudo indicaram que o sentimento de
felicidade foi escolhido pela maioria das participantes para expressarem seus
sentimentos em relação às situações do passado e do futuro, sugerindo que as
experiências nas relações amorosas sejam positivas. E ainda indicaram que a maior
parte do grupo estudado está apresentando o sentimento de tristeza na situação atual,
isto é, estar sem um relacionamento amoroso estável, confirmando que os sentimentos
positivos estão relacionados a ter uma relação amorosa e os sentimentos negativos a não
estar envolvida numa relação amorosa.
Stress e sentimentos
O nível de stress e os sentimentos apontados pelas participantes nas
situações passado, presente e futuro estão na Tabela 14.
46
Tabela 14. Stress e Sentimentos
Participante Fase do Stress Passado Presente Futuro
01
Resistência Felicidade Tristeza Indiferença
03
Quase exaustão Indiferença Indiferença Indiferença
04
Quase exaustão Indiferença Indiferença Indiferença
06
Resistência Indiferença Tristeza Felicidade
08
Resistência Indiferença Tristeza Felicidade
10
Resistência Felicidade Tristeza Felicidade
13
Resistência Felicidade Tristeza Tristeza
14
Resistência Tristeza Tristeza Felicidade
Comparando-se o nível de stress das participantes com seus relatos de
sentimentos apresentados nas diferentes situações (Tabela 14), observou-se que das oito
participantes com stress, quatro indicaram indiferença no passado, três indicaram
felicidade e somente uma participante indicou o sentimento de tristeza. Das
participantes que indicaram o sentimento de indiferença, duas estão na fase de quase
exaustão e duas na fase de resistência do stress; as demais participantes que indicaram o
sentimento de tristeza e felicidade estão na fase de resistência do stress.
Na situação presente, ou seja, sem um relacionamento amoroso estável,
duas participantes indicaram o sentimento de indiferença e as demais indicaram o
sentimento de tristeza. Com relação à fase do stress e ao sentimento indicado, as duas
participantes que indicaram o sentimento de indiferença com relação à situação
encontram-se na fase de quase exaustão do stress, as demais se encontram na fase de
resistência.
Com relação à expectativa de um relacionamento amoroso, quatro
participantes indicaram o sentimento de felicidade em relação a essa situação, três
47
participantes indicaram o sentimento de indiferença e uma participante indicou o
sentimento de tristeza frente a essa situação. Fazendo a comparação das fases do stress e
dos sentimentos, encontramos duas participantes que indicaram o sentimento de
indiferença na fase de quase exaustão e as demais na fase de resistência.
Observa-se nos resultados encontrados que os sentimentos indiferença e
tristeza são apontados pelas participantes estressadas em todas as situações. Na situação
passada o sentimento de indiferença foi apontado com maior freqüência do que os
outros sentimentos; na situação atual o sentimento apontado com maior freqüência pelas
participantes estressadas foi o de tristeza e com relação à expectativa de um
relacionamento futuro o sentimento de felicidade teve maior freqüência.
Para analisar a relação entre as variáveis categóricas nível de stress e
sentimento sobre o relacionamento amoroso foi utilizado o teste exato de Fisher; devido
ao tamanho reduzido da amostra, a presença de valores esperados são menores que 5. O
nível de significância adotado para os testes estatísticos foi de 5%, ou seja, p<0,05.
Devido ao tamanho reduzido da amostra, foi utilizada apenas a presença
e a ausência de stress, sem diferenciar sua fase. Inicialmente a análise foi feita com cada
uma das categorias de sentimento. Depois foi repetida agrupando-se as categorias,
devido ao tamanho da amostra. Os valores encontrados foram os seguintes:
a) Comparação entre as variáveis: sentimentos (felicidade, tristeza,
indiferença) em relação ao passado e stress p = 0,128;
b) Comparação entre as variáveis: sentimentos (felicidade, tristeza,
indiferença) em relação ao presente e stress p = 0,748;
c) Comparação entre as variáveis: sentimentos (felicidade, tristeza,
indiferença) em relação ao futuro e stress p = 0,776.
48
Pelos resultados apresentados no Anexo E, que apresenta as análises de
associação entre as variáveis sentimentos e nível de stress, verifica-se que não houve
associação significativa entre os sentimentos em relação ao relacionamento amoroso e o
nível de stress.
O que foi possível observar nos resultados foi uma maior freqüência de
stress entre as mulheres que sentem indiferença em relação ao relacionamento amoroso,
o que vem ao encontro do estudo realizado por Sandi, Venero e Cordeso (2000). Os
autores observam que a reação do stress acarreta uma hipersecreção de cortisol e um
déficit do neurotransmissor noradrenalina, sendo que esse pode acarretar um déficit no
funcionamento límbico que controla as emoções, podendo gerar anedonia, que é a
incapacidade de sentir prazer emocional.
49
CONSIDERAÇÕES FINAIS E CONCLUSÕES
A partir da realização dessa pesquisa, foi possível perceber que
independentemente da faixa etária das participantes, não foram constatadas diferenças
significativas quanto à maneira pela qual as mulheres vivenciaram o sentimento em
relação a um relacionamento amoroso no sentido de nomeá-lo, pois se sabe que cada
uma dessas mulheres possui sua própria história e descreve seus sentimentos a partir de
suas experiências passadas, atuais e ainda de acordo com as expectativas futuras.
Foi possível observar que algumas participantes tiveram certa dificuldade
em nomear seus sentimentos também em função de suas histórias, pois a expressão de
sentimentos está muito relacionada com suas habilidades sociais, com seu repertório
comportamental. No entanto, a partir do momento que elas estiverem em contato com
uma comunidade que apresente um repertório verbal rico, o desenvolvimento da
percepção e nomeação dos sentimentos serão favorecidos. A nomeação de sentimentos é
importante para o manejo de contingências de reforçamento adequadas para produzir
sentimentos gratificantes e positivos, isto para quem expressa e também para o ouvinte,
que libera o reforçamento.
Observou-se que as histórias de relacionamento amoroso de algumas das
participantes produziram determinados comportamentos e determinados sentimentos.
Algumas histórias produziram sentimentos desagradáveis em função de situações
vividas, como traição no casamento ou no namoro, que acabaram por gerar sentimentos
de dúvida, ansiedade, sensação de incompetência e medo em relação a novos
relacionamentos. Em outras histórias os comportamentos aprendidos foram mais
positivos a novos relacionamentos e os sentimentos relatados mais agradáveis; essas
participantes identificaram o sentimento denominado felicidade como produto de suas
histórias com parceiros.
50
No que se refere aos resultados do Inventário de Sintomas de Stress, pode-se
perceber que oito das catorze participantes apresentaram diagnóstico de stress. Dessas,
43% estão na fase de resistência e 14% na fase de quase exaustão. Em relação à
sintomatologia, a maioria das participantes apresenta uma maior freqüência de sintomas
psicológicos.
As participantes com diagnóstico de stress na fase de quase exaustão, fase
patológica do stress, identificaram o sentimento de indiferença nas situações apontadas -
passado, presente e futuro. Todas as participantes com diagnóstico de stress na fase de
resistência apontaram o sentimento de tristeza em relação à situação presente, sem um
relacionamento amoroso estável.
Pode-se considerar que nesta amostra as mulheres sem um relacionamento
amoroso estável indicaram uma fonte externa de stress, isto é, estar sem relacionamento
amoroso estável como uma contingência aversiva, em função da interpretação e do
julgamento que elas têm dessa situação. Essas contingências podem determinar
emoções e pensamentos, e as reações a esses estímulos podem favorecer o
desenvolvimento de sintomas de stress.
O comportamento de ficar indiferente em relação às experiências amorosas
pode ser interpretado como uma fonte interna de stress, isto é, a não discriminação dos
sentimentos ou a negação desses sentimentos, como comportamentos encobertos e
portanto de difícil acesso e interpretação. Observou-se que as participantes que se
encontravam em fase de stress mais leve vivem e expressam seus sentimentos, mesmo
que seja de tristeza. E as participantes que sentem ou expressam indiferença apresentam
sintomas de stress mais graves. Esses dados podem indicar que ficar indiferente diante
de suas histórias aparentemente é mais estressante, sugerindo que não enfrentar, não
51
discriminar e não se comportar de maneira nova tornam essas mulheres mais
suscetíveis ao stress.
No decorrer da pesquisa algumas dificuldades foram encontradas,
principalmente quanto à demanda das participantes; muitas se comprometeram a
retornar a ligação e não o fizeram, talvez pela subjetividade do tema, ou pelo fato de ele
apresentar alguma conotação de aversividade. O estudo poderia ter tido maior
representatividade se o número de participantes fosse maior, mas as dificuldades
encontradas não invalidaram e nem comprometeram a finalização do estudo, ressaltando
que pesquisas com seres humanos estão sujeitas a influência de variáveis externas.
Pesquisas futuras sobre as estratégias de enfrentamento, crenças e valores
poderão apontar condições internas relacionadas ao stress nas mulheres, além dos
sentimentos verificados. Sugere-se ainda a análise de contingências presentes que
mantém os sentimentos e comportamentos que favorecem ou dificultam a relação
amorosa.
Constatou-se que técnicas de controle de stress são importantes para a
redução e manejo dos sintomas de stress em diversas populações. Considerando-se as
investigações restritas na literatura com essa população específica, aponta-se para a
importância de novos estudos e ainda do desenvolvimento de programas completos de
controle do stress para mulheres que se encontram sem um relacionamento amoroso,
visando também conhecer melhor a influência das situações estressantes na vida afetiva
das mulheres.
Nesse sentido, podem-se realizar novas pesquisas que englobem diferentes
amostras, tais como mulheres com relacionamento amoroso estável, mulheres sem
relacionamento amoroso, mulheres de diferentes condições, utilizando para essas
amostras grupos de controle e a partir desses dados verificar se existe diferença na
52
expressão de sentimentos e no nível de stress dessas mulheres, a fim de auxiliar os
profissionais da área da Psicologia e outras ciências a compreenderem de forma mais
clara o processo de expressão de sentimento e suas possíveis relações com o stress.
Concluiu-se que o relacionamento amoroso é importante para a felicidade
da mulher, mesmo com as mudanças socioculturais; num modelo novo de mulher que
busca sua independência, a presença ou ausência de um parceiro na sua vida amorosa é
um fator que determina sentimentos positivos ou negativos, confirmando assim a nossa
hipótese inicial que apesar da evolução dos costumes, a mulher sente-se mais feliz
quando acredita na relação amorosa.
53
REFERÊNCIAS
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Witkin-Lanoil, G. A. (1985) A síndrome do stress feminino. Rio de Janeiro. Imago.
58
ANEXO A
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
A pesquisa da qual você irá participar buscará descrever comportamentos que interferem o
relacionamento amoroso de mulheres com e sem stress. Ela será realizada pela psicóloga e
estudante de pós-graduação em Psicologia Clínica da Pontifícia Universidade Católica de
Campinas, Sabrina Gallo, para sua dissertação de mestrado sob orientação da professora Dra.
Diana Tosello Laloni.
Você participará de uma entrevista individual, com a pesquisadora, onde serão investigados
quais os comportamentos que podem interferir de forma positiva ou negativa na relação
amorosa e o inventário de sintomas de Stress para Adulto de Lipp (ISSL).
Aos participantes desta pesquisa fica assegurado o sigilo e anonimato. Todos os dados coletados
nesta pesquisa serão utilizados exclusivamente para fins científicos. A entrevista será gravada
para obter maior fidedignidade das informações coletadas. A sua participação é voluntária, você
tem a liberdade de recusar-se a participar ou retirar seu consentimento a qualquer momento. No
final da pesquisa, você poderá ter o acesso aos resultados se assim desejar.
Os resultados desta pesquisa provavelmente terão benefícios para você, e será de importância
para o aperfeiçoamento de estudos futuros sobre relacionamento amoroso. Serão
disponibilizados seus dados individuais e uma orientação, caso desejar.
Para maiores informações segue o telefone da pesquisadora e do Comitê de Ética em Pesquisa:
Sabrina – F: 9608-2011 Comitê de Ética em Pesquisa – F: 3729-8303. Este Termo de
Consentimento é feito em duas vias, sendo que uma permanecerá em seu poder e outra com o
pesquisador responsável.
Por favor, preencha abaixo:
__________________________________
Sabrina Gallo
Psicóloga CRP: 06/65552
Eu, (nome completo em letra de forma) _______________________________________,
portadora do RG: ___________________________, fui informada e compreendi os objetivos e
os métodos da pesquisa e declaro que aceito participar desta, além de autorizar a utilização dos
dados obtidos para fins científicos.
______________________________________
(Assinatura)
Campinas, _____ de ______________ de 2005.
59
ANEXO B
FICHA DE IDENTIFICAÇÃO
Nome (iniciais) _____________________________________________ idade:
________
Estado Civil: ( ) Solteira ( ) Casada ( ) Separada ( ) Divorciada ( )
Viúva
Grau de Escolaridade: ______________ Profissão/Ocupação: _____________________
Religião: _______________________________________________________________
Com quem reside:________________________________________________________
Nº de filhos: ____________________ idade dos filhos:
___________________________
Você passa pelo momento por algum problema de ordem psiquiátrica? ( ) sim ( ) não
Quanto tempo está sem um relacionamento amoroso estável: ___________________
60
ANEXO C
ROTEIRO DE ENTREVISTA
Parte A:
1) Qual é seu sentimento em relação a suas experiências amorosas anteriores?
( ) FELIZ / FELICIDADE ( ) INDIFERENTE ( ) TRISTE / TRISTEZA
2) Como você descreve esse sentimento?
Parte B:
1) Indique qual desses sentimentos você identifica em você por estar sem um
relacionamento amoroso estável neste momento?
( ) FELIZ / FELICIDADE ( ) INDIFERENTE ( ) TRISTE / TRISTEZA
2) Como você descreve esse sentimento?
Parte C:
1) Atualmente frente à expectativa de um relacionamento amoroso que sentimento
ocorre em você?
( ) FELIZ / FELICIDADE ( ) INDIFERENTE ( ) TRISTE / TRISTEZA
2) Como você descreve esse sentimento?
61
ANEXO D
CONVITE
Você que está sozinha há mais de um ano e tem de 25 a 35 anos, venha
participar GRATUITAMENTE de um estudo sobre seus sentimentos, sendo realizado
pela Psicóloga Sabrina Gallo.
Apareça que você receberá algumas dicas de relacionamento.
Marque um encontro,
Cel. 9608-2011
62
ANEXO E
Tabela - Análise de associação entre sentimentos e nível de stress.
SENTIMENTO EM RELAÇÃO
AO PASSADO vs STRESS
SPASSADO STRESS
Frequency,
Row Pct ,
Col Pct ,NÃO ,SIM , Total
---------+--------+--------+
NÃO SABE , 1 , 0 , 1
, 100.00 , 0.00 ,
, 16.67 , 0.00 ,
---------+--------+--------+
FELICIDA , 4 , 3 , 7
, 57.14 , 42.86 ,
, 66.67 , 37.50 ,
---------+--------+--------+
INDIFERE , 0 , 4 , 4
, 0.00 , 100.00 ,
, 0.00 , 50.00 ,
---------+--------+--------+
TRISTEZA , 1 , 1 , 2
, 50.00 , 50.00 ,
, 16.67 , 12.50 ,
---------+--------+--------+
Total 6 8 14
TESTE EXATO DE FISHER:
P=0.128
SENTIMENTO EM RELAÇÃO
AO PRESENTE vs STRESS
SPRESENT STRESS
Frequency,
Row Pct ,
Col Pct ,NÃO ,SIM , Total
---------+--------+--------+
FELICIDA , 1 , 0 , 1
, 100.00 , 0.00 ,
, 16.67 , 0.00 ,
---------+--------+--------+
INDIFERE , 2 , 2 , 4
, 50.00 , 50.00 ,
, 33.33 , 25.00 ,
---------+--------+--------+
TRISTEZA , 3 , 6 , 9
, 33.33 , 66.67 ,
, 50.00 , 75.00 ,
---------+--------+--------+
Total 6 8 14
TESTE EXATO DE FISHER:
P=0.748
SENTIMENTO EM RELAÇÃO
AO FUTURO vs STRESS
SFUTURO STRESS
Frequency,
Row Pct ,
Col Pct ,NÃO ,SIM , Total
---------+--------+--------+
FELICIDA , 4 , 4 , 8
, 50.00 , 50.00 ,
, 66.67 , 50.00 ,
---------+--------+--------+
INDIFERE , 1 , 3 , 4
, 25.00 , 75.00 ,
, 16.67 , 37.50 ,
---------+--------+--------+
TRISTEZA , 1 , 1 , 2
, 50.00 , 50.00 ,
, 16.67 , 12.50 ,
---------+--------+--------+
Total 6 8 14
TESTE EXATO DE FISHER:
P=0.776
SENTIMENTO EM RELAÇÃO
AO PASSADO vs STRESS
SPASSADO STRESS
Frequency,
Row Pct ,
Col Pct ,NÃO ,SIM , Total
---------+--------+--------+
DEMAIS , 2 , 5 , 7
, 28.57 , 71.43 ,
, 33.33 , 62.50 ,
---------+--------+--------+
FELICIDA , 4 , 3 , 7
, 57.14 , 42.86 ,
, 66.67 , 37.50 ,
---------+--------+--------+
Total 6 8 14
TESTE EXATO DE FISHER:
P=0.592
SENTIMENTO EM RELAÇÃO
AO PRESENTE vs STRESS
SPRESENT STRESS
Frequency,
Row Pct ,
Col Pct ,NÃO ,SIM , Total
---------+--------+--------+
DEMAIS , 3 , 2 , 5
, 60.00 , 40.00 ,
, 50.00 , 25.00 ,
---------+--------+--------+
TRISTEZA , 3 , 6 , 9
, 33.33 , 66.67 ,
, 50.00 , 75.00 ,
---------+--------+--------+
Total 6 8 14
TESTE EXATO DE FISHER:
P=0.580
SENTIMENTO EM RELAÇÃO
AO FUTURO vs STRESS
SFUTURO STRESS
Frequency,
Row Pct ,
Col Pct ,NÃO ,SIM , Total
---------+--------+--------+
FELICIDA , 4 , 4 , 8
, 50.00 , 50.00 ,
, 66.67 , 50.00 ,
---------+--------+--------+
DEMAIS , 2 , 4 , 6
, 33.33 , 66.67 ,
, 33.33 , 50.00 ,
---------+--------+--------+
Total 6 8 14
TESTE EXATO DE FISHER:
P=0.627
Livros Grátis
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Milhares de Livros para Download:
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