de encurtar o caminho para os tropeiros que se dirigiam a São Paulo e de estabelecer um
comércio direto entre Rio Pardo e as Missões. Ainda, o governo do Rio Grande do Sul
também tinha planos de iniciar a distribuição dos campos de cima da serra.
144
A efetiva ocupação branca no território de Soledade deu-se no período da
concessão das sesmarias, a primeira outorgada em 1816 pelo governador e capitão-general
marquês de Alegrete e a última, em 1823, pela Junta Governativa da província.
145
Obtidas as
sesmarias, os respectivos concessionários começaram sua exploração diretamente ou por meio
de terceiros. Como os matos não se incluíam na concessão de sesmarias de campos, eram
livremente explorados por lavradores pobres, o que levou ao povoamento da região com
relativa rapidez.
146
Em 1833, a Câmara do Rio Pardo aprovou a elevação da localidade à condição de
"distrito", denominado "Sima da Serra do Butucarahy". Em 11 de março do mesmo ano, o
distrito passou a pertencer ao município de Cruz Alta, através da criação deste, e do município
de São Borja. Pelos limites atribuídos ao termo da vila de Cruz Alta, a região de Cima da
Serra de Botucaraí passou a lhe pertencer.
147
No ano de 1832, foi construída uma capela, sob a liderança de Lúcio Ferreira de
Andrade,
148
em terras adquiridas de Francisca Maria da Silva, conhecida como "Chica
ZARTH, Paulo Afonso. História agrária do planalto médio gaúcho: 1850-1920. Ijuí: Editora Unijuí, 1997, e
RUCKERT, Aldomar Antônio. A trajetória da terra: ocupação e colonização do centro-norte do Rio Grande do
Sul: 1827 -1931. Passo Fundo: Ediupf, 1997, são de consulta obrigatória para a compreensão desse segmento
social. Para fins deste estudo, tem-se presente na designação de caboclo componentes étnicos, socioeconômicos
e culturais. Tem-se, portanto, o caboclo como o morador das áreas rurais que se dedicava à atividade extrativista
- em especial erva-mate-, e/ou atividades relacionadas a culturas de subsistência, em roçados de pequeno porte;
pequenos proprietários, agregados ou arrendatários com significativa carga étnica, fruto da mestiçagem do índio,
do branco, e mesmo, do negro, apresentando um modo de vida típico do meio rural.
144
As iniciativas oficiais e particulares nesse terreno determinaram uma alteração profunda no quadro étnico do
município. Contudo, já havia a presença dos alemães Knopf, Rochembach, Walendorff, Hellmann, Jandrey,
Bagestein (que se tornaram Bageston com o decorrer do tempo), Schimitt, Bohrer e Vanner, desde meados do
século XIX. No Jacuizinho os alemães parecem ter entrado dede 1857. Foi, contudo, no princípio do século que
os alemães se estabeleceram na colônia das tunas, em Arroio do Tigre e nas divisas com o município de Santa
Cruz do Sul. Isto levaria também a Vila de Soledade, que fora maciçamente cabocla a receber a marca da
influência estrangeira. FRANCO, Soledade na história, p. 107-108.
145
Idem, p. 23.
146
VALENTE, Maria Jovita. (Elab) Coletânea: Legislação Agrária, Legislação de Registros Públicos,
Jurisprudência. Brasília: Departamento de Imprensa Nacional, 1983. 19 ed. Lei de Terras de 1850.
146
FRANCO, Soledade na história, p. 26.
147
Esse fato não se deu de forma totalmente regular, visto que a decisão de criar os dois novos municípios São
Borja e Cruz Alta, desvinculando-os de Rio Pardo pelo Conselho Administrativo e pelo presidente da província,
a rigor, não era legal, pois somente o ato adicional de 1834 autorizaria as províncias a criarem novos municípios.
Ocorreu que a Câmara de Rio Pardo não aceitou a perda do distrito e, em 31 de agosto do mesmo ano,
estabeleceu a sua divisão territorial em dez distritos, entre eles o de Sima da Serra do Botucarahy.
148
Lúcio Ferreira de Andrade, foi a primeira autoridade civil de Soledade, podendo ser considerado como o
primeiro líder local. Pode se depreender seu parentesco dos primeiros sesmeiros do local, os Ferreira de
Andrade, Tenente André e Furriel Vicente, respectivamente, pai e filho. Estes receberam uma sesmaria de igual