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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGROECOSSISTEMAS
BIOSSEGURANÇA EM FRANGOS DE CORTE E SAÚDE PÚBLICA:
LIMITAÇÕES, ALTERNATIVAS E SUBSÍDIOS NA PREVENÇÃO DE
SALMONELOSES.
ANTÔNIO AUGUSTO ROSSI
Florianópolis, SC, maio de 2005.
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ii
ANTÔNIO AUGUSTO ROSSI
Médico Veterinário
BIOSSEGURANÇA EM FRANGOS DE CORTE E SAÚDE PÚBLICA:
LIMITAÇÕES, ALTERNATIVAS E SUBSÍDIOS NA PREVENÇÃO DE
SALMONELOSES.
Dissertação apresentada como requisito parcial à
obtenção do título de Mestre em Agroecossistemas,
Programa de Pós-graduação em Agroecossistemas,
Centro de Ciências Agrárias, Universidade Federal de
Santa Catarina.
Orientadora: Prof. Dr. Marília T. S. Padilha
Florianópolis
2005
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iii
FICHA CATALOGRÁFICA
Rossi, Antônio Augusto
Biossegurança em frangos de corte e saúde pública: limitações,
alternativas e subsídios na prevenção de salmoneloses/ Antônio
Augusto Rossi – 2005, v, 111f.
Orientadora: Marília T. Sangoi Padilha
Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Santa
Cataria, Centro de Ciências Agrárias.
Bibliografia: f. 001- 111
1. Biossegurança - Teses. 2. Saúde Pública -
Teses.
3. Alternativas - Teses. 4. Prevenção da salmoneloses
Teses. I. Título.
iv
TERMO DE APROVAÇÃO
ANTÔNIO AUGUSTO ROSSI
BIOSSEGURANÇA EM FRANGOS DE CORTE E SAÚDE BLICA:
LIMITAÇÕES, ALTERNATIVAS E SUBSÍDIOS NA PREVENÇÃO DE
SALMONELOSES.
Dissertação aprovada em 30/05/2005, como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre
no Programa de Pós-Graduação em Agroecossistemas, Centro de Ciências agrárias,
Universidade Federal de Santa Catarina, pela seguinte banca examinadora
Marília Terezinha Sangoi Padilha
Orientadora
BANCA EXAMINADORA:
José Carlos Fiad Padilha Germano Nunes Silva Filho
Presidente (CCA/UFSC) Membro (MIP/CCB/UFSC)
Sergio Augusto Ferreira de Quadros Darci Odílio Paul Trebien
Membro (CCA/UFSC) Membro (CCA/UFSC)
Luiz Carlos Pinheiro Machado Filho
Coordenador do PPGAGR
Florianópolis, 30 de maio de 2005.
v
AGRADECIMENTOS
Á UFSC e ao Mestrado em Agroecossistemas pela oportunidade.
A Deus supremo pai.
Aos meus pais, Osmar e Lídia.
A minha esposa Tânia, por sempre participar e estar ao meu lado em todos os momentos.
A minha filha Eduarda.
A Macedo Koerich S.A. por eu ter conseguido colocar em prática o experimento.
A minha orientadora Professora Marília, pela sua dedicação exclusiva nestes dois anos,
como brilhante profissional que é, e de inúmeras horas de alegria, amizade e aprendizado.
Ao Professor Antônio Piantino, por fornecer as técnicas necessárias para a realização do
experimento.
Ao Juan, por ajudar com o probiótico.
A Lélia, pela sua dedicação e empenho na pesquisa laboratorial.
Ao Walter Bampi, por ser meu amigo e mentor.
Ao Filipe pelo auxílio nas análises estatísticas dos experimentos.
Sumário
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 13
2. REFERENCIAL TEÓRICO............................................................................................. 16
2.1 ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS DA AVICULTURA DE CORTE.............................. 16
2.2 AVICULTURA INDUSTRIAL E SÁUDE PÚBLICA ........................................................... 21
2.2.1 Zoonoses........................................................................................................................................... 21
2.2.1.1 Gênero Salmonella ................................................................................................................... 23
2.2.2 Resistência a antimicrobianos........................................................................................................... 30
2.2.3 Prevenção das enfermidades............................................................................................................. 34
2.2.3.1 Métodos tradicionais ................................................................................................................ 34
2.2.3.2 Métodos alternativos ................................................................................................................ 37
2.2.4 Biosseguridade e Biossegurança....................................................................................................... 49
2.2.4.1 Biossegurança em frangos de corte.......................................................................................... 50
2.2.4.2 Princípios de Biossegurança..................................................................................................... 51
2.2.4.3 Educação em Biossegurança .................................................................................................... 58
3. ENSAIOS EXPERIMENTAIS.......................................................................................... 60
3.1 ENFOQUES E OBJETIVOS.................................................................................................... 60
3.2 MATERIAIS E MÉTODOS ..................................................................................................... 60
3.2.1 Local e Período................................................................................................................................. 60
3.2.2 Animais............................................................................................................................................. 61
3.2.3 Instalação e manejo........................................................................................................................... 61
3.2.4 Tratamentos ...................................................................................................................................... 62
3.2.5 Inoculação dos animais..................................................................................................................... 64
3.2.5.1 Soluções e meios de cultura ..................................................................................................... 64
3.2.5.2 Procedimentos de multiplicação, inoculação e contagem de salmonellas................................ 64
3.2.6 Parâmetros Avaliados ....................................................................................................................... 65
3.2.6.1 Parâmetros zootécnicos e fator de produção ............................................................................ 65
3.2.6.2 Parâmetros microbiológicos..................................................................................................... 66
3.2.7 Análise Estatística............................................................................................................................. 66
3.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO.............................................................................................. 67
3.3.1 Experimento 1................................................................................................................................... 67
3.3.1.1 Parâmetros zootécnicos............................................................................................................ 67
3.3.1.2 Parâmetros microbiológicos..................................................................................................... 73
3.3.2. Experimento 2.................................................................................................................................. 75
3.2.2.1 Parâmetros zootécnicos............................................................................................................ 75
3.3.2.2 Parâmetros microbiológicos..................................................................................................... 81
3.4. CONSIDERAÇÕES FINAIS DO TRABALHO .................................................................... 85
4. CONSIDERAÇÕES GERAIS E PERSPECTIVAS DA DISSERTAÇÃO................... 86
5. REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 88
6. ANEXOS ............................................................................................................................. 97
7
LISTA DE TABELAS
TABELA 1. PRODUÇÃO ANUAL DE CARNE DE FRANGO, NO BRASIL E EM SANTA
CATARINA NO ANO DE 2003. ..........................................................................................................19
TABELA 2. COMPOSIÇÃO DOS TRATAMENTOS UTILIZADOS NO PRIMEIRO
EXPERIMENTO. ..................................................................................................................................62
TABELA 3. COMPOSIÇÃO DOS TRATAMENTOS UTILIZADOS NO SEGUNDO
EXPERIMENTO (EXPERIMENTO 2). ...............................................................................................63
TABELA 4. PESO MÉDIO (PM), CONSUMO DE RAÇÃO (CR) E CONVERSÃO ALIMENTAR
(CA) DE FRANGOS DE CORTE DA LINHAGEM ROSS AOS 42 DIAS DE IDADE:
UTILIZANDO DOIS ANTIMICROBIANOS E DOIS PROBIÓTICOS, JULHO 2004.
................................................................................................................................................................67
TABELA 5. ANÁLISE DE VARIÂNCIA DO PESO VIVO MÉDIO, CONSIDERANDO A MÃES E
BLOQUEANDO POR TRATAMENTO. .............................................................................................68
TABELA 6. ANÁLISE DE VARIÂNCIA DO PESO VIVO MÉDIO CONSIDERANDO COMO
TRATAMENTOS MÃES VACINADAS E NÃO VACINADAS. ......................................................68
TABELA 7. DESEMPENHO DE FRANGOS DE CORTE COM USO DE PRODUTOS
ALTERNATIVOS ADAPTADO DE FLEMING et. al. (2004). ..........................................................69
TABELA 8. ANALISE DE VARIÂNCIA DA CONVERSÃO ALIMENTAR (CA)
CONSIDERANDO MÃE E BLOQUEANDO POR TRATAMENTO. ...............................................71
TABELA 9. ANALISE DE VARIÂNCIA DA CONVERSÃO ALIMENTAR (CA). .........................71
TABELA 10. FATOR DE PRODUÇÃO (FP) DE FRANGOS DE CORTE DA LINHAGEM ROSS
AOS 42 DIAS DE IDADE: UTILIZANDO DOIS ANTIMICROBIANOS E DOIS PROBIÓTICOS,
JULHO 2004. .........................................................................................................................................73
TABELA 11. NÚMERO DE COLÔNIAS POSITIVAS DE Salmonella, E GRAU DE
INFECTIVIDADE NOS DIFERENTES TRATAMENTOS AOS 7 DIAS PARA Salmonella
enteritidis. ..............................................................................................................................................74
TABELA 12. PESO VIVO MÉDIO (PM) DE FRANGOS DE CORTE DA LINHAGEM ROSS AOS
28 DIAS DE IDADE, INOCULADOS OU NÃO COM Salmonella E/OU COM PROBIÓTICO,
DEZEMBRO 2004. ...............................................................................................................................76
TABELA 13. ANÁLISE DE VARIÂNCIA DO PESO VIVO MÉDIO (PM) DE FRANGOS DE
CORTE DA LINHAGEM ROSS AOS 28 DIAS DE IDADE, INOCULADOS OU NÃO COM
Salmonella E/OU COM PROBIÓTICO, DEZEMBRO 2004. ..............................................................76
TABELA 14. ANÁLISE DO PESO VIVO MÉDIO (PM) DE FRANGOS DE CORTE DA
LINHAGEM ROSS AOS 28 DIAS DE IDADE, INOCULADOS OU NÃO COM Salmonella E/OU
COM PROBIÓTICO, DEZEMBRO 2004. ...........................................................................................76
TABELA 15. CONSUMO ACUMALADO DE RAÇÃO DE FRANGOS DE CORTE DA
LINHAGEM ROSS AOS 28 DIAS DE IDADE, INOCULADOS OU NÃO COM Salmonella E/OU
COM PROBIÓTICO, DEZEMBRO 2004. ...........................................................................................78
8
TABELA 16. ANÁLISE DE VARIÂNCIA PARA O CONSUMO ACUMALADO DE RAÇÃO DE
FRANGOS DE CORTE DA LINHAGEM ROSS AOS 28 DIAS DE IDADE, INOCULADOS OU
NÃO COM Salmonella E/OU COM PROBIÓTICO, DEZEMBRO 2004.
................................................................................................................................................................78
TABELA 17. CONVERSÃO ALIMENTAR (CA) DE FRANGOS DE CORTE DA LINHAGEM
ROSS AOS 28 DIAS DE IDADE, INOCULADOS OU NÃO COM Salmonella E/OU COM
PROBIÓTICO, DEZEMBRO 2004. .....................................................................................................79
TABELA 18. ANÁLISE DE VARIÂNCIA DA CONVERSÃO ALIMENTAR (CA) DE FRANGOS
DE CORTE DA LINHAGEM ROSS AOS 28 DIAS DE IDADE, INOCULADOS OU NÃO COM
Salmonella E/OU COM PROBIÓTICO, DEZEMBRO 2004.
................................................................................................................................................................79
TABELA 19. FATOR DE PRODUÇÃO (FP) DE FRANGOS DE CORTE DA LINHAGEM ROSS
AOS 28 DIAS DE IDADE, INOCULADOS OU NÃO COM Salmonella E/OU COM PROBIÓTICO,
DEZEMBRO 2004. ...............................................................................................................................81
TABELA 20. PRESENÇA DE AVES POSITIVAS PARA Salmonella enteritidis AOS 7 E 31 DIAS
DE IDADE. ............................................................................................................................................81
TABELA 21. ANÁLISE DE POSITIVOS PARA Salmonella POR TRATAMENTO BLOQUEADO
POR BLOCO, TESTE DE FRIEDMAN. ........................................................................................PG 82
TABELA 22. ANÁLISE DE POSITIVOS PARA Salmonella POR TRATAMENTO BLOQUEADO
POR BLOCO, TESTE DE FRIEDMAN. ..............................................................................................82
TABELA 23. RELAÇÃO DE CUSTOS DE PRODUÇÃO PARA OS DIFERENTES
TRATAMENTOS UTILIZADOS NO EXPERIMENTO. ....................................................................83
9
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1. DE PRODUÇÃO DE FRANGOS DE CORTE (TONELADAS), E O PERCENTUAL
DE AUMENTOS NOS MERCADOS INTERNO E EXTERNO EM 2004.
................................................................................................................................................................20
QUADRO 2. PRINCIPAIS PATÓGENOS COM INCIDÊNCIA EM FRANGOS DE CORTE E/OU
HUMANOS. ..........................................................................................................................................21
QUADRO 3. PODER MULTIPLICADOR DA PIRÂMIDE DE PRODUÇÃO DA
AVICULTURA DE CORTE. ................................................................................................................54
10
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1. PESO VIVO MÉDIO (PM) DE FRANGOS DE CORTE DA LINHAGEM ROSS AOS 28
DIAS DE IDADE, INOCULADOS OU NÃO COM Salmonella E/OU COM PROBIÓTICO,
COMPARADO COM O PADRÃO DA LINHAGEM, DEZEMBRO 2004.
................................................................................................................................................................78
FIGURA 2. ANÁLISE DA CONVERSÃO ALIMENTAR (CA) DE FRANGOS DE CORTE DA
LINHAGEM ROSS AOS 28 DIAS DE IDADE, INOCULADOS OU NÃO COM Salmonella E/OU
COM PROBIÓTICO, COMPARADO COM O PADRÃO DA LINHAGEM, DEZEMBRO 2004
................................................................................................................................................................81
11
RESUMO
BIOSSEGURANÇA EM FRANGOS DE CORTE SAÚDE E PÚBLICA:
LIMITAÇÕES, ALTERNATIVAS E SUSBSÍDIOS NA PREVENÇÃO DE
SALMONELOSES.
Autor: Antônio Augusto Rossi
Orientadora: Profa. Dr. Marília Terezinha Sangoi Padilha
A década de 60 é considerada o marco inicial da avicultura industrial no Brasil. A
produção em maior escala trouxe a utilização de antimicrobianos com a função de prevenir
enfermidades. Aos poucos estes passaram a ser utilizados como promotores de crescimento,
isto é, facilitadores da absorção de nutrientes no sistema digestivo. Uma das grandes
preocupações atuais é a manutenção do status sanitário dos plantéis avícolas. As aves nascem
em incubatórios onde se procura reduzir ao mínimo a contaminação. A ausência de contato,
após o seu nascimento, com a biota natural presente no ambiente, interfere no seu
desenvolvimento intestinal. A partir de 1980 pesquisadores observaram que determinadas
cepas bacterianas apresentavam resistência para alguns antibióticos, dentre eles os promotores
de crescimento. A resistência múltipla cruzada às drogas tem crescido e seu uso limitado
somente para fins terapêuticos. As salmoneloses são zoonoses que causam graves
toxinfecções alimentares nas aves e nos humanos. Atualmente existem mais de 2000
sorotipos de salmonellas, em torno de 30 são patogênicas. Frente aos crescentes surtos de
salmoneloses, o sistema de produção como um todo tem sido revisto e novos compostos tem
sido estudados, visando obter alternativas que apresentem menores danos que os
antimicrobianos. Surgiram os probióticos e prebióticos, que são compostos a base de
microorganismos vivos que atuam na biota dos animais promovendo o equilíbrio a nível
intestinal, prevenindo possíveis infecções por bactérias patogênicas. Os probióticos e
prebióticos não deixam resíduos nos produtos de origem animal, não desenvolvem resistência
às drogas em aves e humanos e o causam danos ao ambiente. Considerando que entre as
zoonoses com impacto na saúde humana a salmonelose é a de maior incidência procurou-se
testar o uso de probióticos com o objetivo de auxiliar na procura de alternativas ao uso de
antibióticos em rações para frangos de corte. No primeiro experimento utilizou-se 780 frangos
de corte, da linhagem Ross, abatidos aos 42 dias de idade, submetidos a diferentes tratamentos
utilizando dois antimicrobianos e dois probióticos. Os animais foram inoculados com
Salmonella typhimurium na dose de 10
5
unidades formadoras de colônias por mililitro
(UFC/ml). Avaliou-se os parâmetros zootécnicos (peso vivo, consumo de ração, conversão
alimentar, custo de um quilo de frango produzido e a percentagem de contaminação por
salmonela. O segundo experimento foi semelhante ao primeiro nos seus diferentes aspectos,
sendo neste usado: um probiótico, inoculação com Salmonella enteritidis e os animais foram
abatidos aos 31 dias de idade. Não foram detectadas diferenças significativas para os
parâmetros zootécnicos e microbiológicos nos dois experimentos. Os probióticos, como
protetores de flora na dose e manejo usados não apresentaram uma adequada proteção quando
os frangos de corte foram submetidos a um desafio sanitário com Salmonellas patogênicas. As
salmoneloses são zoonoses cosmopolitas multifatoriais e de difícil erradicação. A contínua
adequação do sistema de biossegurança e treinamento das pessoas envolvidas no processo
produtivo são vitais para que seus impactos na saúde humana e no ambiente sejam
minimizados.
Palavras-chave: Biossegurança, alternativas, saúde pública, prevenção de salmoneloses.
12
ABSTRACT
BIOSSEGURANÇA IN CUT CHICKENS PUBLIC HEALTH: LIMITATIONS,
ALTERNATIVES AND SUSBSÍDIOS IN THE PREVENTION OF SALMONELOSES.
Autor: Antônio Augusto Rossi
Orientadora: Profa. Dr. Marília Terezinha Sangoi Padilha
The 60´s is considered the inaugural time of the industrial aviculture in Brazil. The
large amount production brought the use of antimicrobes that could prevent disease, besides
along the time they became important to the growing, they facilitate the absortion of nutrients
in the digestive system. One of the biggest current concerns is to keep the sanitary conditions
of the poultry in the right way. The birds are born in incubators where the contamination has
been decreased. The absence of contact with the environment after they were born, interferes
in their intestinal development. However, from the 80´s, researchers observed that some
bacterial varietief presented some resistance to some antibiotics, and some of them were those
ones that are important to the growing. The crossed multiplier resistance to the drugs has
grown and sometimes it has ceased or limited the use of those ones to the therapy field. The
salmonella are zoonoses that cause hard food infections in the poultry and in humans.
Nowadays there are more than 2000 serum types of salmonellas, at about 30 of them are
patogenics. Because of the growing of the salmonella field, the whole production system has
been revisited and some new components have been studied, with the intention to have other
choices that could present less damages than the antimicrobes. Then appeared the probiotics
and the prebiotics, they are compounds made of live microorganisms that work at the biota of
the animals and they help to keep the intestinal balance, and they also prevent the future
patogenic bacteria infections. The probiotics and the prebiotics do not let waste in the animal
products, they do not develop drug resistances in the poultry and in humans and they do not
cause damages to the environment. Among the zoonoses that cause something to the human
health, the salmonelose is the one that is most common. Then, researches attempted the use of
two comercial probiotics. The main aim of these experiments was to help in the search of
alternatives to the use of the antibiotics in poultry feed to prevent the disease. At the first
experiment there were 780 chicken/bird from Ross line, they were 42-day-old, and different
treatments have been applied to them with the use of two antimicrobes and two probiotics.
The animals were inoculated with Salmonella typhimurium in 10
5
units group colony forms/
militer. Some zootecnic parameters were analysed such as weight, poultry feed, food
conversion, and the cost of the chicken kilograms produced, and the percent of the salmonella
contamination. The second experiment was similar, however this later had some differences
such as: there was only one probiotic in the experiment, the inoculation was with Salmonella
enteritidis and the animals used in the experiment were 31-day-old. There were not strong
differences to the zootecnic and microbiologic parameters in the two experiments.The
probiotics, such as flora protectors in the quantity and way used did not show a useful
protection when the poultry were disposed to a sanitary challenge with the patogenic
Salmonellas. The field of Salmonella are cosmopolitan multifactorial zoonoses and it is very
hard to get rid of them. To reach a succesfull control of their impacts to the human health and
to the environment, it is necessary a frequent adaptation of the biosecurity system and a
correct training developed to the people involved in the productive process is also important.
Keyords: Biossegurança, alternatives, public health, prevention of salmoneloses.
13
1. INTRODUÇÃO
Nos últimos anos a avicultura brasileira cresceu muito e tem sido uma atividade de
grande importância para a economia do país. O cenário atual indica um crescimento dos
produtos do complexo avícola, no consumo per capita brasileiro assim como nas vendas para
exportação. O Brasil em 2004, foi o maior exportador mundial de frangos em receitas
cambiais, com faturamento de quase US$ 2 bilhões. O País é atualmente o segundo maior
produtor mundial e o segundo maior exportador de carne de frangos. Por trás desse
desempenho, está uma cadeia produtiva responsável por 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB),
e pela geração de cerca de quatro milhões de empregos diretos e indiretos no campo e nas
cidades (RODRIGUES, 2005).
Uma das grandes preocupações atuais do setor é a manutenção do status sanitário dos
plantéis avícolas. As aves nascem em incubatórios onde em todos as fases do processo se
procura reduzir ao mínimo a contaminação. A ausência de contato das aves com uma biota
natural logo após o seu nascimento, interfere no seu desenvolvimento intestinal geral (SILVA,
2000). O efeito negativo deste processo tem sido contornado, em parte, com o uso de
promotores de crescimento. Normalmente são substâncias antimicrobianas (antibióticos ou
quimioterápicos) com diferentes mecanismos de ação utilizada de forma continua na ração,
desde o primeiro dia de vida do frango até o abate, respeitando-se o período de retirada
recomendado (MOTA, 1996). Os promotores de crescimento são conhecidos como
melhoradores do desempenho, pois modulam” a biota intestinal e melhoram a eficiência
alimentar do animal.
As indústrias fornecedoras de promotores de crescimento garantem que essas
substâncias não são absorvidas pelas membranas das paredes intestinais do animal sendo
eliminadas através das fezes, onde são rapidamente biodegradadas; dessa maneira, não
deixam resíduos no animal, não causam riscos à saúde humana e nem no ambiente (MOTA,
1996; FEFANA, 1997). Entretanto existe uma preocupação constante dos consumidores sobre
prováveis riscos à saúde humana devido à resistência aos antimicrobianos.
O aparecimento de cepas bacterianas, responsáveis por infecções avícolas, resistentes
a drogas terapêuticas é cada vez maior sendo conseqüentemente, menor a disponibilidade das
mesmas para tratamentos sanitários. Nos Estados Unidos da América mais de 40% dos
antibióticos produzidos são utilizados em rações animais. Este uso com finalidade não
14
terapêutica é uma forma de promover a seleção de um número crescente de bactérias
resistentes (LEVY, 1998).
Na Europa, além desta preocupação com a resistência, vários acontecimentos recentes
ficaram impressos na mente dos consumidores, dentre eles a ligação entre ovos e Salmonella
enteritidis, BSE e “Doença da vaca louca” na carne bovina, e mais recentemente, as notícias
da Influenza Aviária na Ásia.
Principalmente as salmoneloses tem tido repercussão na saúde pública, pois causam
toxinfecção alimentar. Atualmente existem mais de 2000 sorotipos de salmonellas, em torno
de 30 são patogênicas. Estudos feitos por LEE et al. (1994) observaram que a hospitalização
foi mais prolongada nas pessoas infectadas por cepas de salmonellas resistentes. Entre os
efeitos prejudiciais para os humanos infectados por esta bactéria podemos salientar a enterite
gástrica com sintomas de diarréia severa que podem se não tratados, levar à morte. Em alguns
casos, seqüelas das infecções por salmonellas podem ser o aparecimento de artrites reativas
(ReA) ou a síndrome de Reiter ( inflamações localizadas nas conjuntivas e na íris).
No Brasil, essas pressões têm se refletido em mudanças no sistema de produção. O
consumidor brasileiro vem mudando de hábitos gradualmente, mas não demonstra a mesma
intensidade de preocupação do consumidor europeu, que tem se preocupado com a forma
como estão sendo criados os animais, (bem-estar, impactos ambientais, e riscos para a saúde
humana).
Portanto, as zoonoses e as restrições ao uso de aditivos e antimicrobianos como
promotores de crescimento nas rações, associados ao crescente aparecimento de
microorganismos resistentes, tem gerado um forte desafio para o controle destes
microorganismos nocivos presentes no trato digestivo das aves.
Novas tecnologias de criação e o uso de substâncias alternativas como os probióticos e
prebióticos têm ajudado no controle das infecções entéricas, no rendimento da criação e no
não aparecimento de bactérias resistentes às drogas (SILVA, 2004).
O termo probiótico, usado pela primeira vez em 1965, designa um composto de
cultura pura ou uma mistura de microorganismos vivos com a capacidade de se instalar e
proliferar no trato intestinal, estimulando às propriedades existentes na biota natural
beneficiando a saúde do hospedeiro (SILVA, 2000). Para auxiliar na multiplicação dos
probióticos no sistema digestivo têm sido proposto os prebióticos que são normalmente
oligossacarídeos. Um dos benefícios dos probióticos e prebióticos é que não deixam resíduos
nos produtos de origem animal e não desenvolvem resistência às drogas utilizadas em aves e
humanos (ANDREATTI FILHO, 2001).
15
A partir de uma revisão bibliográfica sobre o controle da salmonella na cadeia
produtiva e o seu impacto sobre a saúde humana, procurou-se testar o uso de dois probióticos
comerciais com o objetivo de auxiliar na procura de alternativas ao uso de antibióticos em
rações para frangos de corte.
16
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS DA AVICULTURA DE
CORTE
O Brasil é o segundo maior produtor e exportador de carne de aves, colocando o
frango como terceiro produto da pauta agrícola de exportações brasileiras, atrás dos
complexos soja e cana de açúcar. Em termos de competitividade, o país produz hoje o frango
mais barato do mundo e o de melhor qualidade. O agronegócio avícola brasileiro movimenta
anualmente em torno de 10 bilhões de dólares, representando 2% do PIB do país (Quadro
1). Emprega aproximadamente 2 milhões de pessoas, em suas atividades diretas e indiretas, e
tem crescido a uma taxa de cerca de 10% ao ano, nas três últimas décadas (MENDES;
MOREIRA, 2004). Para atingir este estágio uma série de fatores foram fundamentais, tais como
clima, disponibilidade de terras agricultáveis para o plantio de grãos, um sistema de geração
de tecnologia voltada para as condições de clima tropical e subtropical e um mercado
consumidor grande, com expansão contínua em seu poder aquisitivo.
A produção de frangos se dá, principalmente, nos sistemas de integração vertical e de
cooperativas. Embora não haja dados precisos, estima-se que a produção integrada e
cooperada superam, atualmente, 90% do total de carne de aves produzidas no Brasil. Como o
país é praticamente auto-suficiente na produção de milho e é um grande produtor de soja, as
rações utilizadas são à base de milho e farelo de soja, e o milho entra na proporção de 60 a
65% das rações. Em 2002 o setor avícola utilizou cerca de 19 milhões de toneladas de ração.
Poucos aditivos usados nas rações são importados, sendo a maioria dos ingredientes
produzidas no próprio país. Todo esse complexo produtivo depende, em larga escala, de um
controle sanitário eficiente e uma estreita vigilância sanitária.
A indústria avícola teve início, no Brasil, com a importação das primeiras linhagens
híbridas para corte e postura, no começo da década de sessenta, nos Estados de São Paulo e
Rio de Janeiro. Antes disso, existia uma produção de aves significativa nesses estados, mas
eram criações de raças puras e raças caipiras, comercializadas vivas (GIULIETTTI et al. 1980).
Juntamente com as linhagens importadas foi introduzido um conjunto de técnicas relativas ao
manejo, alimentação, nutrição, vacinas e equipamentos, as quais contribuíram para fazer da
produção avícola brasileira uma atividade econômica com índices de produtividade
equivalente aos observados nos países mais desenvolvidos. Essa é a chamada fase industrial,
17
caracterizada por uma preocupação em transformar uma atividade até então de subsistência,
em uma exploração com características industriais, em todos os pontos da cadeia produtiva
(MENDES; MOREIRA, 2004). O índice de produtividade obtido no país tem sido similar ou
superior aos obtidos pela avicultura mundial (UBA, 2002).
No inicio da década de setenta, uma Empresa Avícola trouxe dos Estados Unidos e
implantou, na região oeste do Estado de Santa Catarina, o modelo de produção integrada, que
foi logo adotado por outras Empresas existentes na época, ocasionando um grande impulso
na avicultura brasileira. Na região Sul do Brasil, a integração é responsável por cerca de 95%
da produção. Na região Sudeste, ainda existe um número razoável de criadores independentes,
mas a tendência é de aumento na produção integrada ou cooperada (MENDES, 2003).
No Brasil existem três tipos de sistema de criação: independente, integrado e
cooperado.
O sistema de criação independente
é composto por pessoas físicas ou jurídicas, é
representada por produtores rurais que produzem e vendem os seus produtos competindo no
mercado livre, ou seja, é um sistema que se compõem de diversos segmentos pulverizados de
pequeno e médio porte.
O sistema de criação integrado, representado pelas agroindústrias, é o sistema que
detém todo o processo produtivo, desde a produção do ovo fértil até o abate, no qual a
comercialização ocorre apenas uma vez. Originário dos Estados Unidos, esse sistema foi
introduzido no Brasil, em Santa Catarina, no início da década de setenta pela Sadia. A
integração é um acordo que estabelece um sistema de colaboração mútua entre a empresa e
produtor. Geralmente, não nenhum contrato formal, mas cada um se compromete a
cumprir a sua parte. A individualidade econômica é mantida e o sistema é chamado vertical
porque todos os processos ou operações da produção têm uma única coordenação
administrativa. Nesse acordo, a empresa integradora se compromete a fornecer os pintos, a
ração, os medicamentos e outros insumos, a assistência técnica, o transporte da ração e dos
frangos, bem como o abate e a comercialização. Ao integrado cabe providenciar as instalações
e a mão-de-obra.
Segundo PAULILO (1990), produtores integrados verticalmente são aqueles que
recebem insumos e orientação técnica de uma agroindústria mediante contrato, cuja produção
é controlada pelo integrador. De acordo com essa autora, ao optar pela integração, o produtor
busca segurança e comodidade, ou seja, quer garantir o mercado para sua produção sem
precisar sair de casa para comprar insumos ou vender animais.
18
Segundo AGUIAR (1993), uma organização da produção, que se baseia no
caráter familiar da força de trabalho, no acesso à terra e aos meios necessários à produção,
para que seja mantida é necessário que ela se reproduza. Para sua reprodução, de acordo com
esse autor, a unidade familiar deve despender esforços para assegurar: o necessário para a
sobrevivência dos membros da família, e que os meios de produção tornem possível a
continuidade do processo produtivo. Essa necessidade não se reduz a um “mínimo biológico”,
mas a um produto social desejado. SORJ; POMPERMAYER; CORADINI (1982), ao analisarem
a questão da integração, em que o conhecimento é subtraído do produtor e seu ritmo de
trabalho passa a ser determinado pelas prescrições técnicas da agroindústria, constataram que,
na medida em que a tecnificação se processa, os conhecimentos e práticas tradicionais são
desvalorizados, uma vez que o controle sobre o processo de produção é ditado pelas normas
dos capitais agroindustriais (SORJ POMPERMAYER; CORADINI, 1982:68). Observa-se a
existência de novas tecnologias que podem ser absorvidas por alguns produtores, mas pode
discriminar outros que não conseguiram absorver estes novos desafios o que os tornam
marginalizados no processo imposto, pois este meio é tipicamente seletivo.
O sistema de criação cooperado
, o integrado entra com as instalações, a cama do
aviário e a mão-de-obra e recebe os demais insumos da cooperativa. No término do lote, ele
recebe um valor por frango criado de acordo com a produtividade.
As crescentes exigências dos mercados regionais, Mercado do Cone Sul,
(MERCOSUL) Comunidade Econômica Européia, (CEE) e de outros mercados externos, além
de mudanças nos mercados internos, criam enormes pressões para que todos os participantes
da cadeia produtiva dos agronegócios busquem, mediante aumento da produtividade e
competição tecnológica, manter, conquistar e ampliar mercados. Tudo isso exige adequações
nem sempre fáceis e isenta de efeitos perversos, especialmente na agricultura familiar,
reconhecidamente o elo mais fraco das cadeias produtivas do agronegócio (GEHLEN, 1996).
Os novos padrões de concorrência induzem as empresas a obterem ganhos e
avanços na tecnologia de produção, na logística e na comercialização. Em dado momento, sob
dadas condições, elas adotam uma série de estratégias e práticas que visam assegurar sua
sobrevivência e seu crescimento nesses ambientes de intensa concorrência, dentre as quais se
destacam as combinações mais eficientes dos fatores de produção; a utilização de insumos e
processos que resultem em maior produtividade e redução de custos; e a adoção de estratégias
mercadológicas (segmentação de mercados, diferenciação de produtos e outros).
A adoção do sistema de integração tem sido uma das estratégias utilizadas
pelas agroindústrias brasileiras para obterem ganhos econômicos, valendo-se das vantagens
19
que esse arranjo institucional apresenta para elas e, qualificadamente, para os produtores
familiares.
Para atingir este estágio, dificuldades tiveram que ser superadas com o engajamento de
todos os setores ligados ao processo de produção de frangos. O Brasil e o Estado de Santa
Catarina apresentam um produto de qualidade, e este tem sido competitivo e aceito no
mercado internacional determinando o crescimento da exportação de frangos nestes últimos
anos.
Os estados produtores exportadores do sul do país, SC, RS e PR, concentram 86% do
total produzido e exportado pelo país, (Tabela 1).
Esta produtividade e a qualidade do produto produzido não deve deixar de lado os
impactos inerentes ao processo de criação intensivo na saúde humana e no ambiente.
Dentro deste contexto deve-se considerar que embora ela esteja inserida como
atividade em quase dez mil propriedades, os aspectos sociais e econômicos destas parcerias
ou integrações devem ser analisados para que o pequeno avicultor não seja explorado.
A concentração desta atividade em determinadas regiões do estado, também traz
consigo a concentração ou oferta de cama de aviário que se não for adequadamente
processada provoca danos ambientais significativos (HANN 2004).
Tabela 1. Produção anual de carne de frango, no Brasil e em Santa Catarina no ano de 2003.
ESTADOS KG %
GO 30.635.798 2,87
MG 27.297.560 2,55
MS 28.611.078 2,68
MT 18.003.506 1,68
PR 264.096.783 24,72
RS 292.243.185 27,35
SC 360.463.558 33,74
SP 45.352.788 4,24
OUTROS 1.772.522 0,17
TOTAL
1.068.476.778 100,00
Fonte: ABEF, 2003.
20
Quadro 1 - Produção de frangos de corte, no Brasil, (toneladas), e o percentual de
aumentos nos mercados interno e externo em 2004.
Fonte: ABEF/UBA 2003
Obs:* os números entre círculos indicam a variação percentual sobre o ano anterior.
MERCADO INTERNO
MERCADO EXTERNO
Total de Aves Produzidas
4.042.356.778
8,85
%
6.069.334
2.424520
Toneladas
8.493.854
1.9
PER CAPITA
*
(
AVES)
8,30
%
26,14
%
2,51
%
33,888 kg
1,65
%
AVES
AVES
2.715.585.933
1.326.770.845
*
*
*
*
*
21
2.2 AVICULTURA INDUSTRIAL E SÁUDE PÚBLICA
2.2.1 Zoonoses
As zoonoses são doenças transmitidas do homem para o animal, ou do animal para o
homem. Elas podem se desenvolver a partir do contato com os animais ou ainda, pela ingestão
de carne e/ou outros produtos e derivados de origem animal contaminados com agentes
patogênicos.
No Quadro 2 pode-se observar os principais agentes patogênicos que podem ocorrer
somente nos frangos de corte, com impacto na saúde humana e os que podem ocorrer nas
aves e serem transmitidos aos humanos e os que só se manifestam nas pessoas, sendo as aves,
neste caso portadoras.
Quadro 2 - Principais patógenos com incidência em frangos de corte e/ou humanos.
Infectam Aves* Infectam Aves e Humanos** Infectam Humanos***
Bactérias
Micoplasma gallisepticum
e Micoplasma synoviae
Salmonela gallinarum e S.
pullorum
Escherichia coli
Ornithobacterium
rhinotraqueale
Bactérias
Salmonella enteritidis e S.
typhimurium
Escherichia coli
Campilobacter jejuni
Bactérias
Campilobacter jejuni
Salmonella sp. (S. Hadar,
S. agona, S. heidelberg, S.
infantis).
Escherichia coli
Viroses
Anemia Infecciosa
Reovirose
Leucose Aviária
Adenovírus tipo I
Viroses
Doença de Newcastle
Influenza Aviária
Fungos
Aspergillus fumigatus
(somente via trans-casca)
Fonte: SESTI (2004).
* causam somente perdas em produtividade
** são zoonoses e causam perdas em produtividade
*** são zoonoses e não afetam o frango que servem somente como hospedeiro.
22
Dentre as principais zoonoses, de origem bacteriana, transmitidas pelas aves pode-se
assinalar as colibaciloses, campylobacterioses e as salmoneloses.
As colibaciloses são causadas pelas cepas de Escherichia coli existentes normalmente
na flora intestinal humana e dos animais homeotérmicos. Podemos classificá-las em dois
grandes grupos, patogênicas e não patogênicas. Elas habitam os hospedeiros em um equilíbrio
sensível. Fatores estressantes, de diferentes naturezas, podem abalar este equilíbrio e
geralmente permitem a multiplicação das patogênicas. Estas bactérias, quando expelidas nas
fezes, podem sobreviver durante vários meses no ambiente, mantendo a capacidade de se
multiplicar, pois podem viver tanto em aerobiose como anaerobiose (com ou sem a presença
de oxigênio).
As bactérias do gênero escherichia coli normalmente contaminam o aparelho digestivo
e o respiratório dos hospedeiros, aves e humanos, via alimentos, poeira ou água contaminada
provocando desidratação, com perda de eletrólitos e enterites graves em poucas horas. No
caso de uma infestação mais grave elas podem penetrar na corrente sanguínea do hospedeiro e
colonizar os órgãos internos provocando uma colisepticemia. Numa fase aguda leva a morte
em poucas horas ou dias.
Outra zoonose, de incidência cosmopolita responsável por infecções entéricas é a
campylobacteriose, causada pela bactéria Campylobacter jejuni. Esta doença pode ser
adquirida através da ingestão de alimentos contaminados, como leite, carne, ovos ou pela
ingestão de água não clorada (de superfície, ou de poços). Assim como as colibaciloses têm
uma alta taxa de morbidade e mortalidade quando infectam os seres humanos.
Além dessas duas bactérias, as toxinfecções alimentares em humanos tem sido
causadas por salmonellas patogênicas que poderiam ser classificadas como as zoonoses de
maior incidência, impacto e monitoramento no mundo todo. Também estas infecções são
causadas pelo consumo de produtos e subprodutos de origem animal contaminado.
Como o objetivo principal deste trabalho foi buscar subsídios alternativos para o
controle desta bactéria na cadeia produtiva de frangos de corte, alguns aspectos específicos
das salmonellas, principalmente da Salmonella enteritidis (uma cepa com expressiva
incidência inclusive na região em que foi realizado o estudo) são abordados com maior
detalhamento.
23
2.2.1.1 Gênero Salmonella
Em 1884 SALMON & SMITH isolaram, microrganismos que posteriormente foram
denominados Salmonella cholerae suis. GARTNER (1888) descobriu a Salmonella enteritidis;
LOEFLER (1889), a Salmonella typhi-murium. Todas pertencem a família das
Enterobacteriaceae (STLUIS, et al., 1988).
Os microrganismos do gênero Salmonella são bacilos curtos, de 0,7-1,5 x 2-5 µm,
Gram negativos, facilmente corados, não são esporulados, em sua grande maioria se movem
através de flagelos peritríquios, apesar de possuir sorotipos como a Salmonella pullorum e S.
gallinarum que são imóveis. São bactérias aeróbias ou anaeróbias facultativas, crescendo
entre 5 e 45°C, com crescimento ótimo em 37°C. O pH ideal para uma multiplicação é 7, mas
suporta valores entre 4 e 9. Cresce em meios de cultura para enterobactérias e em ágar sangue.
Apresentam-se como colônias de 2-4 mm de diâmetro, com bordas lisas e arredondadas, e
estruturas em relevo se o meio contém carbono e nitrogênio. Pode-se manter colônias viáveis
por longo período se estocadas em peptona (HOLT, et al., 1994; GAST, 1997).
Sob o ponto de vista bioquímico as salmonellas possuem habilidade para metabolizar
nutrientes, catabolizando Dglicose ou outros carboidratos com a produção de ácido e gás, com
exceção da lactose e sacarose. São catalase positiva e oxidase negativa como todas as
pertencentes à família Enterobacteriaceae, não fermentam malonato, não hidrolisam a uréia,
não produzem indol, utilizam citrato como fonte de carbono, reduzem nitrato a nitrito e
podem produzir ácido sulfídrico (QUINN et al. 2000).
Uma grande variedade de desinfetantes químicos podem ser eficientes no seu controle,
entre eles o peróxido de hidrogênio, ácido acético, ácido lático, cloro, formaldeído, peróxido
de hidrogênio, polihexametileno biguamida, amônia quaternária, glutaraldeído, iodo, formol e
produtos a base de fenóis (GAST, 1997; PILOTTO et al. 2000).
Levantamentos epidemiológicos realizados em vários países situam as salmonellas
entre os agentes patogênicos mais freqüentes em surtos de toxinfecção de origem alimentar,
em países desenvolvidos e em desenvolvimento. Os produtos de laticínios são ainda um dos
mais importantes veículos de transmissão de Salmonella spp.
Para a indústria avícola são preocupantes as Salmonella pullorum e Salmonella
gallinarum, pois são as que causam os maiores prejuízos econômicos. Não menos graves são
os danos causados pelas Salmonella enteritidis e a Salmonella typhimurium que provocam
também significativas perdas econômicas e doenças em humanos. As salmonellas que causam
infecções principalmente em aves jovens, tornando-as adultas portadoras assintomáticas são
24
denominadas paratíficas. Os sinais clínicos das aves infectadas por salmonellas paratíficas
podem ser anorexia, aumento do consumo de água, diarréia, desidratação, sonolência, asas
caídas, penas arrepiadas, diarréia aquosa profusa com emplastamento de cloaca
(NASCIMENTO 1996. SESTI, 1998; SILVA 2002).
Segundo NASCIMENTO (1996) e SILVA (1996), a contaminação dos produtos avícolas,
carnes e ovos, para o consumo humano, podem ocorrer devido às infecções intestinais e
sistêmicas das aves através do abate, durante o preparo dos alimentos, ou por contaminação
cruzada. Com relação à carne de frango, mesmo um pequeno número de aves inicialmente
infectadas pode causar a contaminação de toda uma linha de abate, multiplicando a
possibilidade de toxinfecção alimentar, representando uma ameaça à saúde pública onde
abatedouros não processam as carcaças corretamente (NASCIMENTO, 1996). Assim, em
frangos de corte, os atuais métodos de abate e práticas de processamento podem disseminar
microrganismos de uma carcaça para outra e, ao ser consumido, esse produto poderá
disseminar o agente patogênico na espécie humana (SANTOS, 2004).
A transmissão de salmonella em aves pode ser: de forma vertical, via ovo, com o
nascimento de pintos infectados, ou horizontal com a ingestão de água, ração, material fecal,
cama ou poeira contaminados, ou pelas vias oral, nasal, conjuntival, cloacal e umbilical dos
animais (COX; BAILEY; BERRANG 1996; NAVARRO, 1995; NASCIMENTO 1996). Muitos dos
sorotipos do gênero Salmonella, podem sobreviver por semanas ou meses no esterco e na
cama de aves, nos equipamentos, nos galpões vazios, no solo dos arredores dos galpões
limpos e desinfectados nas excretas de aves silvestres, nas partículas de poeira e nos
comedouros, podendo ainda, segundo esses autores, sobreviver em ração contaminada por 26
meses, em fezes de aves infectadas por mais de 11 dias, quando estas estiverem nos galpões,
ou por 9 dias quando em locais abertos.
Além disso os animais domésticos e silvestres podem ser portadores das bactérias do
gênero Salmonella, disseminando-as no ambiente em que vivem. Essas bactérias podem
causar doenças agudas e/ou crônicas em animais susceptíveis. Portanto, seu controle é difícil
devido à sua complexidade epidemiológica, envolvendo a transmissão vertical, excreção
fecal, transmissão horizontal, contaminação ambiental e existência de reservatórios desses
agentes em diferentes espécies (SONCINI, 2001).
As salmonellas distribuem-se por todo o mundo. A multiplicação fora do organismo é
facilitada pelas altas temperaturas e materiais protéicos (por exemplo, águas residuais).
Portanto, os pontos chaves dos contágios por salmonellas são as regiões tropicais e
subtropicais, assim como os lugares com grandes concentrações de animais e de pessoas. A
25
salmonella pode também ser encontrada em produtos refrigerados à 2°C uma vez que essas
possuem a capacidade de permanecer viáveis em produtos congelados por longos períodos.
Além disso, sobrevivem em alimentos desidratados e com baixa umidade.
As indústrias de produtos cárneos, como frangos inteiros e cortes, desenvolvem
medidas de prevenção a campo e dentro dos abatedouros para evitar a ocorrência de
Salmonella. Entretanto, apesar das medidas tomadas, a gravidade do problema de
toxinfecções alimentares diminuiu, não sendo totalmente eliminado o risco para o
consumidor (DUGUID; NORTH, 1991; TERRA, 2001). As medidas gerais de profilaxia e as
normas de biossegurança empregadas em avicultura e nas instalações de processamento de
frangos e ovos como um todo dificulta, mas não impedem, a presença destas bactérias.
Devido a essa sobrevivência de Salmonella em diferentes ambientes e temperaturas
existe uma inquietação do segmento avícola originado pela pressão dos consumidores quanto
à qualidade da industrialização dos seus produtos. Isso tem sido minimizado em parte pela
resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), a qual estabelece normas
para a rotulagem de produtos crus e de carne de aves, exigindo a obrigatoriedade da presença
de recomendações sobre o consumo desses alimentos que devem ser completamente cozidos,
fritos ou assados antes de serem consumidos.
Alterações na legislação e na indústria avícola praticamente eliminaram as
salmoneloses associadas com o consumo de ovos e derivados nas décadas de 70 e 80. Entre as
medidas, estava a coleta várias vezes ao dia e o resfriamento imediato dos ovos numa
temperatura abaixo de 8ºC, preferencialmente a 4ºC, e utilização de embalagem, permitindo
espaçamento e boa ventilação para os ovos. Aparentemente, essas medidas não têm surtido
efeito no controle dos surtos por Samonella enteritidis em ovos, que segue sendo uma das
principais causas de toxinfecções alimentares em todo o mundo.
O governo americano num esforço para conter o aumento de contaminação dos
produtos avícolas, estabeleceu mega-regras para implementação em quatro anos, a partir de
janeiro de 1998, pelas quais se aceita a presença de até 20% das carcaças de frangos
contaminadas. Acima desse índice, o abatedouro pode ser até fechado (USDA, 2004).
O Codex Alimentarius recomenda a ausência de qualquer sorotipo de Salmonella em
25 gramas da amostra analisada, incluindo carne de aves e ovos.
No início do século XX, os principais alimentos envolvidos em surtos de toxinfecções
alimentares em humanos eram as carnes bovinas, suínas, de aves e leite não pasteurizado,
(DUGUID; NORTH, 1991). Os alimentos de origem animal continuam a ser os principais
responsáveis pela infecção humana, entre eles a carne de aves, ovos e derivados.
26
Embora na avicultura as carcaças de frangos possam apresentar contaminação por
Salmonella enteritidis, são os ovos e seus derivados principalmente a maionese caseira os
principais responsáveis pelos surtos humanos (SILVA, 2000).
Surtos humanos causados pela Salmonella enteritidis nos EUA, Grã-Bretanha e outros
países da Europa a partir de 1980 chamaram a atenção para fontes comuns da infecção
(CENTER FOR DISEASE CONTROL 1990, 1991, 1992). As investigações epidemiológicas deste
centro identificaram o consumo de ovos ou alimentos contendo ovos como responsáveis pela
maioria dos surtos com os fagotipos
(FT) específicos de Salmonella enteritidis; FT-4 nos
países europeus e, FT-8 e FT-13a, nos EUA (COWDEN et al. 1989; PERALES; AUDICANA,
1989).
As reações iniciais sobre a associação de infecções humanas por Salmonella enteritidis
com o consumo de ovos e seus produtos foram inicialmente de descrédito. Posteriormente,
estudos epidemiológicos comprovaram a possibilidade do ovo de servir de veículo nesses
países (ZEIDLER, 1996). A informação foi divulgada com grande alarde, causando, inclusive,
grandes prejuízos aos produtores de ovos. Em vários países com avicultura desenvolvida o
problema foi tratado seriamente e, após erros e acertos, a situação vem melhorando tanto em
nível de avicultura como de saúde pública, mas sempre com programas complexos e de custos
elevados.
A primeira forte evidência do envolvimento de Salmonella enteritidis com infecção
originada do consumo de alimentos preparados com ovos ocorreu em um grande surto em
1986, nos EUA, envolvendo massa comercial congelada (POTTER, 1987). Esta massa foi
recheada com uma mistura de queijo, condimentos esterilizados e ovos crus. O levantamento
epidemiológico levou ao isolamento de Salmonella enteritidis de várias amostras oriundas de
granjas que forneceram ovos, além de outras espécies de salmonellas. Daí para frente,
inúmeros estudos vincularam os surtos de salmonelose por Salmonella enteritidis com o ovo
tipo A, consumido mal cozido ou cru (CENTER FOR DISEASE CONTROL, 1990, 1991, 1993).
Nos Estados Unidos, entre 1985 e 1995, foram relatados 582 surtos de Salmonella
enteritidis, relacionadas com 24.000 pessoas afetadas, 2.200 internações e 70 mortes. Neste
mesmo período, em outros países a Salmonella enteritidis superou o número de isolamentos
de Salmonella typhimurium, sendo a Salmonella enteritidis considerada a mais isolada em
humanos, em infecções associadas principalmente ao consumo de produtos avícolas entre eles
os ovos. A proporção de salmoneloses causada por Salmonella enteritidis em relação a outras
evoluiu de 9,9% em 1985, para 26,1% em 1994 e, para 83% dos casos entre 1985 e 1993.
27
No ano de 1987 os custos médicos (anexo 1) e perdas de produtividade de pessoas
com salmonelose nos EUA, foi estimado em um bilhão de dólares (ROBERTS, 1988). Em
1994 foi de quatro bilhões, sendo a Salmonella enteritidis o principal agente causador. De
acordo com a Organização Mundial da Saúde, os EUA m a menor incidência de Salmonella
enteritidis entre os países desenvolvidos (ZEIDLER, 1996). Na Holanda, por exemplo, os
custos anuais recentes das salmoneloses humanas causadas por Salmonella enteritidis foram
estimados em Fl$ 79,5 milhões de Florins (NOTERMANS et al. 1996) aproximadamente a U$
39 milhões.
No Brasil, existem poucos dados oficiais (sob os pontos de vista estatístico e
epidemiológico) de ocorrências de toxi-infecções alimentares causadas por agentes presentes
em carne de aves e produtos avícolas industrializados e muito menos sobre as taxas de
contaminação por salmonellas em carcaças de frangos de corte.
Durante o período de 1962 a 1991, amostras de Salmonellas isoladas de aves doentes
ou portadoras de diversas regiões do Brasil foram analisadas. Das 2.123 culturas, os sorotipos
classificados que representaram de 65 a 67% dos isolamentos foram Salmonela gallinarum, S.
pullorum, S. typhimurium, S. heidelberg, S. enteritidis e S. infantis.
Levantamento realizado no período entre 1976 e 1991 pelo setor de Enterobactérias do
Instituto Oswaldo Cruz (FioCruz) do Rio de janeiro, feito em amostras isoladas de matérias
primas e ração para aves (TAUNAY; FERNANDES; TAVECHIO, 1996), mostrou a presença de
apenas 0,8% de Salmonella enteritidis entre as 2.293 amostras de salmonellas identificadas
pelo Centro de Referência Nacional para a sorotipagem de salmonellas (anexo 2)
Em 25 episódios caracterizados como toxinfecções alimentares ocorridos no período
de 1982 a 1991, nas regiões sudeste e sul do Brasil, foram identificados sorotipos de
Salmonella. O sorotipo mais freqüente foi Salmonella typhimurium, presente em 13
ocorrências (52%) e dentre os alimentos responsabilizados pela veiculação de salmonellas, a
maionese caseira ocupou posição destacada (HOFER 1998).
Em trabalho realizado por PINTO, (1999), houve a descrição da ocorrência de 889
surtos de toxinfecção alimentar no Estado do Rio Grande do Sul, no período entre 1988 e
1997. Dentre os casos, 299 foram identificados como sendo ocasionados por alimentos
contaminados com Salmonella, totalizando 33,63%. Nesse trabalho foi concluído que existe a
ocorrência de enfermidades transmitidas por alimentos que não são notificadas no Rio Grande
do Sul, como em todos os outros locais.
NASCIMENTO (1996) descreve que no Rio Grande do Sul, entre 1994 e 1995, houve
um incremento nos casos de toxinfecção alimentar noticiados pela imprensa de Porto Alegre,
28
com suspeita clínica de salmonelose, sempre associados à ingestão de produtos de origem
avícola. Nesse mesmo período, foi realizado um levantamento dos índices de contaminação
em carcaças de frangos, onde se observa que 17,5% das 1.014 carcaças examinadas foram
positivas para Salmonella.
O primeiro relato da ocorrência de Salmonella enteritidis em aves foi realizado por
pesquisadores da USP em 1990 (FERREIRA; ITO; BENEZ, 1990). Até então, a identificação de
Salmonella enteritidis pelos dois principais centros de sorotipagem de salmonellas do país era
muito baixa. Levantamento feito entre 1970 e 1990 no Instituto Adolfo Lutz (IAL) de São
Paulo (TAUNAY; FERNANDES; TAVHECHIO, 1996) mostrou que Salmonella enteritidis foi
caracterizado em apenas 0,37% das 28.658 amostras de fontes humanas e 0,85% das 14.345
amostras não-humanas (anexo 2).
A Salmonella enteritidis emergiu como um grande problema avícola e de saúde
pública no Brasil a partir de 1993. Entretanto os estudos epidemiológicos sugerem a entrada
de Salmonella enteritidis no Brasil via importação de material genético avícola contaminado,
provavelmente no final da década de 80 (FERREIRA; ITO; BENEZ, 1990). O crescimento da
avicultura brasileira registrada na década de 90 provavelmente possibilitou à manutenção e
proliferação da Salmonella enteritidis nos plantéis avícolas brasileiros.
Nos cinco anos seguintes (1991 e 1995), com amostras do mesmo Instituto
(TAVECHIO 1996), foram estudadas 5.490 amostras de salmonellas de origem humana e não-
humana (anexo 2). A Salmonella enteritidis passou de 1,2% para 64,9% das amostras em
humanos e de zero para 40,7% das amostras de material de origem animal, com grande
aumento a partir de 1993, particularmente em ovos, aves (matrizes) e amostras do ambiente.
Observa-se no Brasil, até o início de 1990, a Salmonella enteritidis era apenas mais
uma Salmonella raramente encontrada em infecções humanas – ver anexo 2 (TAUNAY, 1996).
Entre 1975 e 1992, o FT-8 de Salmonella enteritidis era o mais prevalente (81% das
cepas de Salmonella enteritidis) nas amostras de fontes humanas e não-humanas. A partir de
1993, houve uma explosão da ocorrência de Salmonella enteritidis tanto de fontes humanas
como não-humanas (TAVECHIO 1996). Nos anos de 1994 e 1995, foram identificadas 467
cepas de Salmonella enteritidis com uma total predominância do FT-4, conforme (LÍRIO
1998). A Salmonella enteritidis passou a corresponder a mais de 60% dos sorotipos isolados
pelo IAL. Havia uma perfeita sintonia entre os fagotipos encontrados nas infecções humanas e
aqueles isolados de fontes não humanas. Aqui, também eram os produtos avícolas os mais
contaminados por Salmonella enteritidis (LÍRIO 1998; TAVECHIO 1996).
29
Em análise dos alimentos destinados a merenda escolar comprados pela Prefeitura da
cidade de São Paulo entre 1992 e 1996, 76,4% das amostras positivas para salmonellas eram
obtidas de frangos (anexo 3). A Salmonella enteritidis correspondeu a 70,6% das salmonellas
isoladas (anexo 3). A percentagem de Salmonella enteritidis aumentou para 81,4% em 1997
(anexo 3), segundo LÍRIO 1998.
No artigo publicado em FUZIHARA; FERNADES; FRANCO (2000) encontraram
salmonellas em 42% das amostras de carcaças de frangos oriundas de 60 pequenos
abatedouros da cidade de Mauá, SP, onde 30% dos sorotipos identificados pertenciam a
Salmonella enteritidis. Nessa mesma época, OLIVEIRA; SILVA (2000) encontraram,
praticamente, 10% das amostras de ovos de galinha obtidos no comércio varejista de
Campinas, SP, positivos para Salmonella enteritidis, no período de janeiro a março de 1995.
Embora as carcaças de frangos apresentem contaminação por Salmonella enteritidis,
são notadamente os ovos e seus derivados os principais responsáveis pelos surtos humanos.
Em praticamente todos os surtos por Salmonella enteritidis no Brasil a origem foi de ovos e
derivados (ARAÚJO et al. 1995; 1998; KAKU et al. 1995).
Pode-se usar como exemplo deste fato o estudo de 115 surtos alimentares por
Salmonella enteritidis ocorridos na região de Campinas, SP, que engloba 87 municípios,
citados por SIMÕES et al. (2001) onde ovos, seus derivados e pratos contendo os mesmos mal
cozidos, foram os principais responsáveis pelos surtos, destacando a maionese caseira, com
57% dos casos, seguido pela cobertura de bolos, com 15%. Nesse estudo, 807 pessoas ficaram
doentes, com 5 óbitos. Esses são apenas os surtos atendidos pelo Sistema Único de Saúde
(SUS), através de encaminhamento da Vigilância Sanitária dos respectivos municípios.
Muitos desses casos correspondiam a infecções extra-intestinais e requeriam medicação
antimicrobiana (antibióticos) no seu tratamento. Mostra a distribuição dos surtos no período
de março de 1995 a março de 2001, no município de Campinas – SP, (anexo 4).
A análise de 150 carcaças de frangos congeladas de quatro marcas obtidas no
comércio varejista de Jaboticabal, SP, durante 1996 e 1997, revelou a presença de salmonellas
em 32% das amostras analisadas. Delas, 60,4% pertenciam aos sorotipos enteritidis (SANTOS
et al. 2000).
Embora tenhamos poucos registros oficiais de zoonoses, observa-se que a salmonelose
é a predominante. Entre os diferentes sorotipos patogênicos a Salmonella enteritidis tem sido
a de maior freqüência e ao longo dos anos, esta freqüência tem sido constante e crescente.
30
2.2.2 Resistência a antimicrobianos
A infecção humana por Salmonella enteritidis através do consumo de alimentos de
origem animal contaminados, particularmente ovos e seus derivados, é um grave e crescente
problema de saúde pública, como mencionado anteriormente. Este fato tem levado como
conseqüência a utilização indiscriminada de antimicrobianos (antibióticos e quimioterápicos)
como preventivo às doenças avícolas e ocorrência de zoonoses.
consenso em vários países que o uso indiscriminado de antibióticos na produção
animal é uma das causas do aumento da resistência aos antimicrobianos. O problema humano
se agrava quando a cepa de um microorganismo apresenta resistência às drogas de eleição
para o seu tratamento. O uso de antimicrobianos pode estimular a seleção de bactérias
resistentes nesse ecossistema. Patógenos humanos e genes de resistência podem passar entre
humanos, animais e ecossistemas, por contato ou através do consumo de alimento ou água
contaminada (KELLEY et al. 1998). Devido ao pouco conhecimento sobre os mecanismos de
resistências simples, múltipla ou cruzada de microorganismos de alta patogenicidade para o
ser humano é que a Organização mundial da Saúde tem recomendado cautela e restrição ao
uso de antimicrobianos na produção animal (WORLD HEALT ORGANIZATION, 2001).
Antes dos surtos por Salmonella enteritidis à medicação tradicional na Europa,
envolvia o uso na água de bebida ou na ração de diferentes antibióticos como nitrofurazona,
furazolidona, novobiocina e as tetraciclinas. No Brasil, as tetraciclinas
, penicilinas,
cloranfenicol, sulfonamidas, furazolidona, nitrofurazona e avoparcina foram banidas em 1998
como aditivos alimentares em rações animais. Contudo, várias outras drogas seguem sendo
permitidas: ácido 3-nitro, ácido arsanilico, avilamicina, sulfato de colistina, enramicina,
flavomicina, lincomicina, espiramicina, sulfato de tilosina, e bacitracina de zinco.
O extensivo uso das quinolonas em aves vinha sendo facilitado por uma legislação de
prescrição muito flexível, pelo aparecimento dos genéricos para uso em ração e água com um
custo muito mais baixo que os primeiros produtos aprovados e, sem dúvida, pela sua eficácia
contra as salmonellas.
As fluorquinolonas foram as suas sucessoras com ação semelhante (WORLD HEALT
ORGANIZATION, 1998).
Cepas de Salmonella enteritidis podem desenvolver resistência pelo uso
indiscriminado de drogas no seu país de origem ou através da importação de alimentos
contaminados com bactérias carregando genes de resistência ou de pessoas infectadas que
31
retornam de viagens internacionais. Pesquisadores finlandeses (HAKANEN et al. 2001)
observaram o aumento de resistência antimicrobiana em cepas de Salmonella enteritidis
isoladas de viajantes após o retorno de países asiáticos onde as quinolonas são usadas
indiscriminadamente. Houve aumento de 3,9% para 23,5% na resistência as fluorquinolonas
nas amostras analisadas entre 1995 e 1999.
Os fatos acima relatados, juntamente com os de TAVECHIO (1996), sugerem que os
genes de resistências às drogas podem estar associados à virulência ou, que, as cepas humanas
apresentam um perfil de resistência mais elevado do que aquele encontrado nas amostras de
salmonellas em animais, o que torna a situação ainda mais preocupante do ponto de vista de
saúde pública.
Para que tenhamos uma produção avícola competitiva e crescente é necessário que as
empresas do setor Agro-Industrial tenham um adequado sistema de biossegurança com regras
bem definidas em relação ao manejo e controle sanitário, minimizando o uso de
antimicrobianos.
Além disso, o uso indiscriminado de antibióticos em aves, particularmente as
quinolonas, contribuiu para a manutenção de lotes positivos para Salmonella enteritidis. As
cepas de Salmonella enteritidis isoladas de aves têm mostrado alta sensibilidade aos
antibióticos de uso comum em avicultura, incluindo as quinolonas. Entretanto, o aumento da
resistência antimicrobiana e multirresistência tem sido observado em cepas de origem
humana. Os últimos levantamentos realizados no ano de 2001 continuam a mostrar que a
Salmonella enteritidis em materiais avícolas é o principal sorotipo responsável pelas infecções
humanas (SILVA, 2004).
Até bem pouco tempo atrás a maioria das cepas de Salmonella enteritidis isoladas de
fontes não-humanas no Brasil entre 1995 e 2000 apresentavam alta sensibilidade aos
antibióticos testados. O exame de 282 cepas de Salmonella enteritidis isoladas de fontes
humanas, alimentos, rações, aves e suínos entre 1995-1996 revelaram baixa resistência;
menos que 2,1% das cepas foram resistentes a uma única droga, conforme mostra o anexo 5
(NUNES, 1999).
Resultados similares foram encontrados em cepas de Salmonella enteritidis isoladas
de amostras de carcaças de frangos de 60 abatedouros da cidade de São Paulo, dois anos mais
tarde (anexo 6), mesmo para as tetraciclinas um dos mais antigos antimicrobianos usados
para tratamento e como promotor de crescimento (anexo 6) (FUZIHARA, 2001).
Entretanto dados mais recentes assinalam um aumento da resistência. Na análise do
perfil de resistência de 195 amostras de Salmonella enteritidis de origem humana e não-
32
humana, isoladas entre 1996 e 1999, submetidos a 19 tipos de antimicrobianos, verificou-se
resistência, a um ou dois antimicrobianos, em 63,5% das cepas e algumas cepas
multirresistentes para três até sete antibióticos, principalmente em amostras de origem
humana (TAVECHIO 1996).
Tem-se observado uma crescente e assustadora resistência das enterobactérias ao
grupo de quimioterápicos, como pode-se observar nas citações abaixo relacionadas.
BARROW et al. (1998), observaram que o tratamento de galinhas com a dose
recomendada de enrofloxacina via água de bebida praticamente elimina o microrganismo do
trato digestivo das aves. Porém, eles constataram que houve uma pida mutação de uma
população de Escherichia coli que passou de sensível a resistente, persistindo após
interrupção da medicação.
Amostras de salmonellas recebidas pelo Centro de Referência Nacional do
MS/MARA entre 1998-1999, provenientes de vários estados, observou-se resistência a
tetraciclinas em 59,6% delas. Do total de 428 amostras examinadas, 55,8% eram Salmonella
enteritidis e todas de origem animal. A resistência observada estava associada,
principalmente, as Salmonella enteritidis isoladas nos estados de SC e PR (VITAL BRASIL et
al. 1999).
As cinco cepas de Salmonella enteritidis envolvidas em surto alimentar no noroeste do
estado de São Paulo foram sensíveis a todos os agentes antimicrobianos testados (KAKU et al.
1997).
Quando 29 cepas de Salmonella enteritidis isoladas de carcaças de frango foram
submetidas a teste frente a 12 antimicrobianos, 76% e 100% foram resistentes à cefalotina e
ampicilina, respectivamente (SANTOS et al. 2000).
Na análise de resistência a drogas de Salmonella enteritidis isoladas de 30 casos de
crianças de zero a cinco anos, internadas em hospitais do município de São Paulo com
quadros de doenças extra-intestinais como meningite e septicemia, observou-se que todas
pertenciam a um mesmo sorotipo e 83,3% delas eram resistentes de um até sete dos
antimicrobianos testados (FERNANDES, et al. 1999).
A resistência antimicrobiana é um problema de grande implicação clínica, novos
agentes antimicrobianos tem que ser desenvolvidos e são sempre mais caros e muitas vezes
mais tóxicos que os utilizados anteriormente nos tratamentos das infecções.
Os mecanismos de resistência podem acontecer via modificação do DNA dos
microorganismos ou por mecanismos bioquímicos de produção de moléculas, reações ou
comportamentos transmissíveis a outros microorganismos descendentes ou não.
33
Segundo CLAUS (1988) os mecanismos de resistência a antimicrobianos, podem
envolver o DNA cromossomal, como a mutação
, ser feito pela aquisição de material genético
extracromossomal, (por transdução, transformação ou conjugação de genes).
As mutações ocorrem por trocas de cromossomos. Estas trocas podem ser ao acaso ou
através da ação de agentes físicos e/ou químicos. Este processo pode ocorrer devido a
exposição ou não a antimicrobianos. Muitos microorganismos isolados antes da aparição dos
antibióticos apresentavam mutações e eram insensíveis aos antibióticos quando estes foram
descobertos. O antimicrobiano não é necessariamente o causador da mutação, mas tem um
papel importante na seleção de cepas resistentes. Quando se administra um antibiótico a
pacientes portadores de cepas sensíveis e mutantes é que observa a resistência. Os
antimicrobianos eliminam os microorganismos sensíveis “selecionando” os resistentes. A
velocidade de aparição de cepas mutantes é muito variável e o processo de mutação pode
ocorrer rapidamente em alguns casos lenta e gradualmente ao longo dos anos em outros.
Comumente a alteração genética do microorganismo que condiciona a resistência é
produzida mediante a aquisição, de genes transportados nos plasmídeos extracromossomais,
mediante transudação, transformação e conjugação (CLAUS, 1988).
Na transdução um vírus bacteriófago transfere o DNA extracromossomal bacteriano
incorporado na sua proteína desde uma bactéria insensível a uma sensível, a qual adquire
resistência e a capacidade de transferi-la a sua descendência. Este mecanismo é facilmente
observado em cepas de Staphylococcus aureus que adquiriram resistência às penicilinas.
Na transformação as bactérias sensíveis a uma substância podem incorporar DNA que
possuem genes que codificam para a resistência, presentes no ambiente, a bactéria se converte
em resistente para um ou mais antimicrobianos. Algumas bactérias, em certas fases de
crescimento, são capazes de excretar DNA para o ambiente.
Na conjugação ocorre a passagem de genes (determinantes R), de uma bactéria
resistente a uma sensível mediante a acoplação das bactérias pela ação do pili sexual. O fator
R pode conter informações para resistência a vários antimicrobianos. Para que ocorra a
conjugação entre bactérias e a formação de pili sexual é necessário a intervenção de outro
grupo de genes denominado fator de transferência sem os quais não se realiza o processo. O
complexo determinante R mais o fator de transferência da resistência é conhecido como o
fator R. O fator da resistência R é importante para bactérias gram negativas em especial as
enterobactérias . Entre os microorganismos capazes de transferir este tipo de resistência as
bactérias sensíveis estão a Escherichia coli, Salmonella, Shiguella, Klebsiella e Pseudomonas
34
aeruginosa. Tem-se observado este mecanismo de resistência às tetraciclinas, cloranfenicol,
sulfonamidas, penicilinas e aminoglicosídeos.
As alterações genéticas produzidas dão lugar a diversas alterações bioquímicas no
metabolismo bacteriano. As alterações podem ser de três tipos, troca de sítio de atuação do
antimicrobiano, produção de enzimas que modificam a droga, e diminuição de captação do
antimicrobiano.
2.2.3 Prevenção das enfermidades
2.2.3.1 Métodos tradicionais
Para prevenir as infecções por salmonellas é preciso cuidados especiais com as granjas
de aves reprodutoras, incubatórios e granjas de aves comerciais. O melhor programa de
prevenção baseia-se na limpeza, higiene e desinfecção da granja: adotar os devidos cuidados
com os dejetos, evitar água parada, dar destino correto e rápido aos animais mortos, tomar
cuidado com veículos que transportam aves, ração e suas matérias primas, fezes, cama, ovos,
entre outros. Planejar e implantar programa de controle de moscas e roedores, além de evitar a
presença de pássaros e aves silvestres. Também é importante que não se aloje aves de
diferentes idades num mesmo galpão.
No caso da pulorose, o exame das aves, no início do período de postura, através do
teste de soroaglutinação rápida em placa para a identificação de aves portadoras é
comprovadamente um instrumento de prevenção da transmissão vertical, sendo considerado o
principal responsável pelo sucesso no controle da doença. O emprego desse teste é
recomendado em 100% das aves.
Para auxiliar o controle das salmoneloses, podemos utilizar algumas ferramentas
disponíveis como: vacinas vivas e inativadas contra salmonella, que auxiliam no controle da
disseminação da bactéria, produtos de exclusão competitiva, probióticos e prebióticos.
O uso de cada uma das ferramentas acima citadas dependerá do histórico da doença,
do tipo e da ave afetada, e do sorotipo de Salmonella isolada.
Assim como nos Estados Unidos e países pertencentes à União Européia, o Brasil
também possui um Programa Nacional para o Controle e Erradicação das Salmoneloses
Aviárias. O Programa Nacional de Sanidade Avícola (PNSA) apresenta instruções normativas
35
bem claras e definidas com o intuito de orientar e direcionar os profissionais da área quanto
aos procedimentos necessários para o controle da infecção dos lotes por Salmonella pullorum,
S. galinarum, S. thifimurium e S. enteritidis. O objetivo principal do plano é prevenir os lotes
de reprodutoras e sua progênie contra possíveis infecções e contaminações de produtos
avícolas e desta maneira evitar problemas de saúde humana. A normativa deste plano
contempla as exigências do mercado internacional.
Uso de vacinação na prevenção de Salmonellas
Uma observação interessante nas infecções por Salmonella enteritidis é o fato de que,
quando este sorotipo está presente num lote de aves, outros sorotipos normalmente
encontrados não estão presentes. Podemos inferir que a infecção por Salmonella enteritidis
possui um excelente mecanismo de indução de resistência às outras salmonellas em aves.
Embora não totalmente identificado, na prática, sabe-se que as aves apresentam
mecanismo de resistência genética às salmonellas. Linhagens resistentes à Salmonella
enteritidis, também o são à S. typhimurium, S. pullorum e S. gallinarum. Linhagens
susceptíveis à Salmonella enteritidis, também, o são a todas as outras salmonellas
(BUMSTEAD; BARROW, 1993).
autores que afirmam que a atual pandemia de Salmonella enteritidis em aves se
deve à erradicação da Salmonella gallinarum dos plantéis avícolas, uma vez que esse último
sorotipo excluía as enteritidis competitivamente nos lotes de aves (RABSCH et al. 2000).
A vacinação com cepas homólogas de Salmonella auxilia na redução da colonização
intestinal e excreção fecal de Salmonella enteritidis. Por conta disso, várias vacinas inativadas
oleosas de Salmonella enteritidis têm sido licenciadas em todo o mundo. Elas previnem a
transmissão transovariana, a contaminação da casca dos ovos, reduzem o isolamento de
Salmonella enteritidis de aves vacinadas, inclusive de órgãos internos como o ovário
(BARROW; LOVELL; BERCHIERI 1991; ESKELUND, 1992), mas não o elimina totalmente dos
órgãos internos e ovos de galinhas desafiadas (GAST 1992). A vacina 9R de Salmonella
gallinarum também confere proteção às poedeiras contra Salmonella enteritidis (BARROW
LOVELL; BERCHIERI 1991; SILVA et al. 1981). Outras vacinas vivas produzidas com cepas
mutantes de Salmonella enteritidis ou mesmo de Salmonella typhimurium induzem proteção
36
de longa duração às aves vacinadas (BARROW LOVELL; BERCHIERI 1991; HASSAN;
CURTISS 1997).
Poedeiras comerciais em vários países do mundo são compulsoriamente vacinadas
contra Salmonella enteritidis. Um estudo de campo realizado no Brasil iniciado em 1999,
realizado com 280 mil matrizes pesadas de uma integração, mostrou que a aplicação de duas
doses de bacterina inativada de Salmonella enteritidis (12 e 17 semanas de idade) reduziu os
níveis de positividade do mecônio da progênie de 9-10% para 0% após o primeiro ano do
programa. Mesmas observações foram feitas pelos autores abaixo, em uma integração de
frangos de corte em país da América Latina, com o uso de duas doses de bacterina aplicadas
às matrizes em recria (SONCINE; BACK, 2001).
Considerando que a vacinação contra Salmonella enteritidis é uma arma auxiliar de
valor incontestável, podemos indicar o uso de bacterina tanto para poedeiras como para
matrizes. Os procedimentos de monitoria para salmonellas precisam ser alterados e adaptados
à nova realidade.
Uso de antibióticos
Na avicultura de corte o que se busca atualmente através do desenvolvimento de novas
técnicas de manejo, uso de tecnologia, controle sanitário e constante melhoramento genético
é, indubitavelmente a redução nos custos de produção e o aumento da produtividade.
Portanto, por vários anos o setor avícola lançou mão de algumas ferramentas que foram
responsáveis pelo maior crescimento e rendimento dos animais, dentre elas, os chamados
aditivos que têm sido utilizados em rações com a finalidade de melhorar o processo digestivo
e promover melhor desempenho zootécnico das aves.
Entre os aditivos mais empregados para promover o crescimento estão os antibióticos,
que representam um grupo de compostos com estrutura química heterogênea e com
propriedades físico-químicas e espectros de ação diferentes, tendo como único ponto comum
a capacidade antibacteriana. Além disso, os antibióticos são adicionados às dietas com o
intuito de controlar os agentes prejudiciais ao processo digestivo e propiciar os efeitos
benéficos na absorção de nutrientes. No entanto, o uso indiscriminado dos antibióticos pode
resultar no desenvolvimento de populações bacterianas com possível resistência, dificultando
37
assim o seu uso (FULLER, 1989). Além disso, podem quebrar a simbiose entre a biota
desejável e o animal.
Podem também se acumular nos tecidos animais e estes, ao serem ingeridos, podem
causar uma resistência da biota humana ao antibiótico utilizado, e ainda causar resistência
cruzada às terapias antibióticas em humanos e outros animais (KELLEY et al. 1998).
Os problemas relatados acima m sensibilizado pesquisadores de todas as partes do
mundo que passaram a procurar alternativas, pois a pura e simples retirada dos antibióticos,
como promotores de crescimento, causaria sérios problemas na produção da proteína animal,
devido à queda no desempenho. Uma alternativa que tem sido pesquisada é o uso dos
probióticos, não como substitutos dos antibióticos, mas sim, como uma maneira eficaz e
econômica para que os antibióticos sejam utilizados quando realmente necessários. Entretanto
devido a uma série de fatores que afetam a ação desses produtos, os resultados dos
experimentos tem sido contraditórios. São necessários, maiores esclarecimentos sobre seus
mecanismos e reais efeitos no intuito de assegurar sua utilização como alternativa aos
tradicionais promotores de crescimento.
2.2.3.2 Métodos alternativos
Probióticos
O mercado de probióticos é mais desenvolvido na Europa, onde um número muito
grande de produtos estão disponíveis, gerando uma renda anual estimada em 2 milhões de
dólares. nos EUA, a curiosidade sobre a bactéria probiótica tem ocasionado um rápido
crescimento (22%) em torno do mercado desses produtos.
A primeira informação sobre leite fermentado (um exemplo de probiótico)
influenciando a saúde foi reconhecida por METCHNIKOF (1907), baseado na longevidade dos
camponeses da Bulgária, que consumiam grandes quantidades de leite fermentado com
Lactobacillus acidophilus. Esta longevidade foi atribuída à baixíssima incidência de câncer de
cólon e a proteção contra infecções gastrintestinais ao consumo de grandes quantidades de
leite fermentado por bactérias produtoras de ácido láctico. Em 1960, RICHARD PARKER usou
pela primeira vez o termo “probiótico”, que significa “a favor da vida”. A partir daí,
enfatizou-se os estudos sobre a população de microrganismos não patogênicos presentes no
trato digestório, tanto dos animais domésticos como dos seres humanos (JIN et al. 1997).
38
O conceito moderno de probiótico foi definido por FULLER (1989) como sendo “um
suplemento constituído de microorganismos vivos capazes de beneficiar o hospedeiro através
do equilíbrio da biota intestinal”.
Posteriormente, o mesmo autor considerou que para serem considerados como
probióticos, os microorganismos deveriam ser produzidos em larga escala, permanecerem
estáveis e viáveis em condições de estocagem, serem capazes de sobreviver no ecossistema
intestinal e possibilitar ao organismo os benefícios de sua presença”. probióticos com
diferentes composições de microrganismos e, mesmo os que possuem a mesma espécie, as
cepas podem ser diferentes. A eficácia do probiótico é estritamente dependente da quantidade
e características das cepas do microrganismo utilizado na elaboração do aditivo alimentar. A
ação benéfica dos probióticos de uso em avicultura se faz em duas ões principais: Em
primeiro lugar, determinando melhores índices zooeconômicos, maior produtividade, aumento
no ganho de peso e melhor conversão alimentar e em segundo lugar pela redução da
colonização intestinal por patógenos (SILVA, 2000).
Os mecanismos de ação dos probióticos estão relacionados à competição por sítios de
ligação ou exclusão competitiva, ou seja, as bactérias probióticas ocupam o sítio de ligação
(receptora ou pontos de ligação) na mucosa intestinal formando uma barreira física às
bactérias patogênicas. Assim, as bactérias seriam excluídas por competição de espaço.
Fímbrias são as estruturas de aderência bacteriana mais conhecidas e estudadas. São estruturas
como “pêlos” compostos por fosfoglicoproteínas que se projetam do corpo bacteriano. Seus
receptores são específicos e se diferem entre espécies de aves e as diferentes porções
anatômicas, ao longo do trato intestinal. Algumas bactérias somente se aderem à superfície
superior dos enterócitos, enquanto que outras residem nas criptas onde são produzidas as
novas células epiteliais que migram até o topo das vilosidades. (DUGUID; NORTH, 1991).
Além disso, verificou-se a competição por nutrientes as bactérias dos probióticos se
nutrem de ingredientes parcialmente degradados pelas enzimas digestivas normais das aves. A
competição por nutriente não ocorre entre a ave e a bactéria, mas sim entre as bactérias
intestinais por seus nutrientes específicos. Também foram relatados que os probióticos
realizam a produção de substâncias antibacterianas (ácidos orgânicos e bacteriocinas) e
enzimas; como também o estímulo ao sistema imune as bactérias probióticas têm
capacidade de respostas imunes sistêmicas aumentado o mero e atividade de células
fagocíticas do hospedeiro. As aves possuem acúmulos de tecido linfático espalhados ao longo
do trato intestinal que são as placas de Peyer, tonsilas cecais, além da Bolsa de Fabrícius.
Esses tecidos captam antígenos disponibilizados no trato digestório, que estimulam as células
39
B precursoras de IgA e, células T colaboradoras das placas de Peyer, para desenvolvimento de
uma imunidade geral e inespecífica. Pelo estímulo imunológico da mucosa, ocorre produção
de anticorpos tipo IgA, que bloqueiam os receptores e reduzem o número de bactérias
patogênicas na luz intestinal. Além disso, produzem ativação de macrófagos e proliferação de
células T (SILVA, 2000). As bactérias probióticas também protegem os vilos e as superfícies
absortivas contra toxinas irritantes produzidas pelos microrganismos patogênicos, permitindo,
assim, a regeneração da mucosa intestinal lesada (DUGUID; NORTH, 1991).
O feto no útero é estéril, mas assim que passa através da genitália feminina durante o
nascimento é rapidamente contaminado por microrganismos. O recém-nascido adquire uma
microflora intestinal que é característica de cada espécie. No estado selvagem, o animal obtém
sua flora intestinal a partir do ambiente contaminado com bactérias da mãe. Esta microflora,
uma vez estabilizada no intestino, forma um sistema complexo e dinâmico com mais de 1000
microrganismos conhecidos e auxilia o animal a resistir a infecções, particularmente do
trato digestivo.
As aves representam um excelente exemplo deste fenômeno, pois o ovo é retirado da
mãe e eclodido em uma incubadora limpa, não havendo, portanto, o contato com a galinha.
Assim, os pintos recém eclodidos adquirem parcialmente sua microflora através do ambiente
do incubatório, enquanto que as aves silvestres obtêm as bactérias benéficas logo após o
nascimento via bico, papo ou excremento das mães. Os pintos provenientes de incubadoras
comerciais não têm esta oportunidade e ficam susceptíveis a todo tipo de contaminação
microbiana, geralmente patogênica. De acordo com MEAD (1989), nas condições citadas
acima, uma população bacteriana similar à do adulto está presente em duas semanas no
intestino delgado e em cerca de 30 dias no ceco, em nível superior ao que ocorreria em
condições naturais.
O fornecimento imediato de microrganismos vivos favorece a formação de uma biota
saudável e equilibrada.
GAST (1997) relatou que existe uma microflora natural no trato gastrintestinal de
difícil definição e composta de aproximadamente 400 espécies em equilíbrio entre si e com o
hospedeiro. A presença dessa flora intestinal normal, em equilíbrio, é tão necessária quanto
benéfica para o bem estar do animal. Estima-se que 90% da biota seja composta por bactérias
facultativas (aeróbicas/anaeróbicas) e produtoras de ácido láctico (Lactobacillus spp,
Bifidobacterium spp), incluídas as bactérias exclusivamente aeróbicas como os Bacterioides
spp, Fusobacterium spp e Eubacterium spp. Os 10% restantes desta flora são constituídos de
bactérias consideradas nocivas ao hospedeiro, entre estas, a Escherichia coli, Escherichia
40
enterococci, Clostridium spp, Staphylococcus spp, Pseudomonas spp, e Blastomyces spp. O
desequilíbrio, em favor das bactérias indesejáveis, resulta em infecção intestinal severa que,
muitas vezes, pode ser fatal.
Composição e uso
Os probióticos podem conter bactérias totalmente conhecidas e quantificadas ou
culturas bacterianas não definidas. Enterococcus, Bacteroides, Eubacterium e especialmente
Lactobacillus e Bifidobacterium estão presentes em todas as misturas de culturas definidas.
Quando as bactérias com capacidade probiótica são isoladas do seu habitat convencional e
subcultivadas e/ou liofilizadas, algumas das suas propriedades são perdidas. Por outro lado,
não se conhece, ainda, nem a composição total, nem a perfeita combinação entre as que
melhor estimulam as propriedades probióticas "in vivo". Estas são as razões pelas quais os
produtos com culturas não definidas, ou fezes frescas, têm melhor ação probiótica do que as
culturas definidas.
Há probióticos com diferentes composições de microrganismos e, mesmo aqueles
pertencentes à mesma espécie, podem ter diferentes cepas. A eficácia dos produtos é
estritamente dependente da quantidade e características das cepas do microrganismo utilizado
na elaboração do produto a ser utilizado como aditivo alimentar. Portanto, é importante que se
analise os probióticos como produtos separados, da mesma maneira como é feita com os
antibióticos.
As espécies animais para as quais existem produtos comerciais disponíveis são aves,
suínos, bovinos, ovinos, eqüinos, cães e gatos. As espécies de bactérias mais comuns
utilizadas no preparo dos probióticos são: Lactobacillus bulgaricus, L. acidophilus, L. casei,
L. lactis, L. salivarius, L. plantarum, L. reuteri, L. johonsii, Streptococcus thermophilus,
Enterococcus faecium, E. faecalis, Bifidobacterium spp, Bacillus subtilis e B. toyoi. É
importante que as bactérias sejam hospedeiro-específicas para que a máxima eficácia do
produto seja atingida (BUTOLO, 2001).
O modo de administração dos probióticos pode ser o mais variado possível utilizando-
os em curtos períodos ou continuamente, de acordo com a finalidade, como, por exemplo,
reduzir ou limitar a população de enterobactérias patogênicas, permitindo assim uma melhor
absorção dos nutrientes e, conseqüentemente estimulando o crescimento e a produção das
41
aves. Têm-se relatado que a administração precoce de probióticos para neonatos diminuiu os
índices de mortalidade e para aves jovens, melhoraram os seus desempenhos (FOX, 1988). Em
casos de diminuição das defesas orgânicas, o uso do probiótico pode ser vantajoso pela
normalização da flora intestinal e pelo aumento da resistência das aves ao estresse.
JIN (1997) forneceram na dieta de frangos 0,05, 0,10 ou 0,15% de uma cultura
contendo 12 estirpes de quatro espécies de bactérias aderentes (L. acidophilus, L. fermentum,
L. crispatus e L. brevis) isoladas de intestinos de aves e contendo 10
9
células/g. Melhora
significativa foi encontrada no desempenho com a utilização de 10g de cultura de
Lactobacillus sp., sendo esta melhoria atribuída à capacidade de colonização das bactérias,
que tinham forte aderência ao epitélio, sendo resistentes à bile e à acidez do trato
gastrointestinal (TGI).
Propriedades e mecanismo de ação
Segundo GIBSON; ROBERFROID (1995) um bom probiótico deve:
- Sobreviver às condições adversas do trato gastrintestinal (ação da bile e dos sucos
gástrico, pancreático e entérico) e assim ter condições de permanecer no
ecossistema intestinal.
- Não ser tóxico nem patogênico para o homem e para os animais.
- Ser estável durante a estocagem e permanecer viável por longos períodos, nas
condições normais de estocagem.
- Ter capacidade antagônica às bactérias intestinais indesejáveis.
- Promover efeitos comprovadamente benéficos ao hospedeiro.
Algumas normas foram adotadas pela Expert Commission on Animal Feeds para a
avaliação da eficácia de um produto probiótico. Primeiramente, o probiótico é avaliado por
checagem de suas características genéticas e, em seguida, são feitos ensaios onde o probiótico
em questão deve permanecer estável sob diversas condições por, no mínimo, um ano em
condições de estoque para apresentação comercial, por dois meses no alimento
comercializado sob a forma peletizada e por três meses quando submetido à temperatura de
80ºC. Com a finalidade de garantir a eficiência do produto em questão, também é
recomendada a dose mínima de 106 organismos viáveis por grama de alimento, bem como
42
durante períodos experimentais é indicada a contagem de organismos viáveis na ração, no
lúmen intestinal (no mínimo no íleo, ceco e cólon), e no trato gastrintestinal depois de cessada
a administração do probiótico.
O mecanismo ou mecanismos de ação dos probióticos não está inteiramente elucidado.
Especula-se que um ou mais processos, associados ou não, alterariam a atividade e a
composição bacteriana intestinal. O equilíbrio entre os diferentes componentes da biota
intestinal parece ser fundamental para o funcionamento normal e saudável da função digestiva
e geral do hospedeiro. A intensificação dos sistemas de criação resultando no constante
estresse a que estão expostos os animais, invariavelmente, pode alterar o equilíbrio intestinal e
predispor a diversas infecções, além de reduzir os índices de produtividade.
Os principais modos de ação descritos para os probióticos são: competição por sítios
de ligação, produção de substâncias antibacterianas e enzimas, competição por nutrientes e
estímulo ao sistema imune.
O intestino delgado atua como uma interface entre o ambiente interno e o externo dos
frangos de corte e a sua mucosa intestinal encontra-se em uma condição dinâmica. O processo
normal de renovação celular é decorrente de dois eventos citológicos primários associados:
renovação celular (proliferação e diferenciação), resultante das divisões mitóticas sofridas por
células localizadas na cripta e ao longo dos vilos (UNI; NOY; SKLAN, 1996) e perda de células
por descamação, que ocorre naturalmente no ápice dos vilos. A manutenção do número de
células e da capacidade funcional do epitélio intestinal é assegurada pelo equilíbrio entre estes
dois processos (perda e proliferação celular). Porém quando o intestino responde a algum
agente estimulador, a favor de um deles, deve ocorrer uma modificação na altura dos vilos
(UNI; NOY; SKLAN, 1996).
Portanto, se ocorre aumento na taxa de mitose com ausência, diminuição ou
manutenção da taxa de extrusão, deverá haver um aumento no número de células e,
conseqüentemente, observa-se maior altura dos vilos com ou sem pregueamento da parede
dos mesmos, e aumento na densidade de vilos e microvilos. Se o estímulo levar a uma maior
taxa de extrusão, havendo manutenção ou redução na taxa de proliferação, o intestino deverá
responder com uma redução na altura dos vilos e, conseqüentemente, redução na taxa de
digestão e absorção (MACARI, 2002). Se o vilo reduz o seu tamanho em decorrência do
aumento da taxa de perda celular, conseqüentemente ocorrerá um aumento na produção de
células da cripta e, geralmente, aumento da profundidade da cripta. Em frangos de corte, o
tempo necessário para a renovação celular é de 72 a 96 horas. Em comparação ao ciclo de
43
vida atual desta ave, este tempo se torna relativamente longo, aproximadamente 10%
(MACARI, 2002).
Alguns trabalhos têm mostrado as vantagens em se utilizar probióticos sobre a
integridade do TGI, em que adicionaram Lactobacillus reuteri na ração de aves observaram
maior comprimento e profundidade da cripta, indicando o benefício da utilização de
probióticos sobre a integridade da mucosa. Observou que as vilosidades intestinais se
mantiveram íntegras apenas com o uso de aditivos na dieta (antibióticos e probióticos), uma
vez que o intestino delgado de frangos o suplementados com aditivos, independente de sua
porção, apresentou vilosidades alteradas em sua forma e integridade, principalmente no
duodeno.
Outros estudos mostraram o efeito da adição de parede celular de Sacharomyces
cerevisiae sobre a mucosa intestinal. Os resultados mostram que houve um aumento
significativo na altura dos vilos nos três segmentos do intestino delgado, sendo este efeito
mais acentuado na primeira semana de vida (MACARI, 2002). BRADLEY; SAVAGE, (1994) ao
suplementarem a dieta de frangos com 0,02% de Sacharomyces cerevisiae var. boulardii
relataram mudanças no peso corporal e na morfologia ileal com diminuição das células globet
e profundidade de cripta. SPRING et al. (2000) mostrou que o uso de mananoligossacarídeo
como aqueles derivados da parede celular de Sacharomyces cerevisiae adicionado na dieta de
frangos de corte reduziu a concentração de Salmonella typhimurium 29E no ceco. Em um
outro experimento, os frangos que receberam ração com parede celular de Sacharomyces
cerevisiae a 0,2% também mostraram aumento do ganho de peso e conversão alimentar. Os
autores atribuíram essa melhora ao efeito trófico desse produto na mucosa intestinal devido ao
aumento da altura dos vilos do intestino, principalmente durante os primeiros 7 dias de vida
dos pintos.
O epitélio intestinal age como uma barreira natural contra bactérias patogênicas e
substâncias tóxicas no lúmem intestinal. Distúrbios na microflora normal ou nas células
epiteliais intestinais, causados por algum tipo de estresse ou patógenos, podem alterar a
permeabilidade desta barreira natural, facilitando a invasão de patógenos e outras substâncias
nocivas. Diferentes aditivos alimentares podem melhorar o desempenho animal, melhorando a
eficiência energética no intestino (BRADLEY; SAVAGE, 1994; SPRING 2000).
44
Tipos de Probióticos
Ácidos orgânicos
Além de microorganismos outros aditivos promotores de crescimento podem ser
utilizados para aves como o exemplo dos acidificantes orgânicos ou ácidos orgânicos. O
termo é utilizado para ácidos graxos voláteis, de cadeia curta, eventualmente chamados de
fracos. Os ácidos orgânicos mais utilizados como aditivos para frangos de corte são o acético,
propiônico, butírico, fórmico, fumárico e cítrico. A promoção de crescimento determinada
pelo uso de ácidos orgânicos pode ser devido a um efeito inibidor do desenvolvimento e
proliferação de enterobactérias no trato digestório; redução do pH na parte superior do
intestino delgado; potencialização dos ganhos nutricionais das rações promovendo um
aumento de disponibilidade de nutrientes.
A utilização de ácidos orgânicos suplementares à dieta contribui para a saúde e
funcionamento do inglúvio, proventrículo e estomago mecânico das aves, mas a sua utilização
além destes sítios fica comprometida pela neutralização que estes ácidos sofrem pelo suco
duodenal assim que passam pelo piloro. Estes fatos levaram pesquisadores a desenvolverem
ácidos orgânicos protegidos em geral com gorduras que tem a sua ação efetiva em porções
finais do intestino delgado, após a ação das lipases pancreáticas e sais biliares realizando a sua
ação principal no terço final do intestino delgado e intestino grosso melhorando a biota
desejável e fermentadora da fibra e carboidratos não amiláceos da dieta otimizando a
produção de energia a partir destes produtos, (PATTEN; WALDROUP, 1988).
Alguns autores têm se referido aos ácidos orgânicos como uma alternativa aos
antibióticos, uma vez que eles podem exercer uma ação sobre a população microbiana no trato
gastrointestinal das aves.
PENZ JUNIOR (1993) atribuíram aos ácidos orgânicos os usos como inibidores do
desenvolvimento de fungos em matérias primas e rações, controladores ou inibidores da
proliferação de enterobactérias como as do gênero Salmonella e E. coli e potencializadores
dos ganhos nutricionais das dietas, aumentando a disponibilidade dos nutrientes para as aves.
Os ácidos orgânicos reduzem o pH do trato intestinal. Assim, uma primeira forma de
ação pode ser o controle de microorganismos que não se desenvolvem em pH baixo.
Entretanto, sabe-se que alguns ácidos, como propiônico, o fórmico, o sórbico e o lático
45
exercem efeito bactericida quando estão em sua forma não dissociada. Os ácidos orgânicos de
cadeia curta penetram nas células na forma não dissociada e, assim, entre os mecanismos
propostos para explicar a ão destes ácidos está a redução do pH do citoplasma e a inibição
da síntese de DNA, RNA e outras moléculas. Paralelamente a ação sobre as populações
microbianas do trato gastrointestinal, os ácidos orgânicos podem proporcionar uma melhora
significativa no aproveitamento dos nutrientes da dieta. KIRCHGESSNER; ROTH (1982),
trabalhando com suínos, verificaram um aumento de até 7% na retenção de N e aumentos de
13% e 14% na utilização do Ca e P, respectivamente. Estes autores argumentaram que o
ácido fumárico pode exercer efeito no metabolismo dos animais ou pode melhorar a
disponibilidade dos nutrientes da dieta por um efeito na digestibilidade.
Embora os ácidos propiônico e fórmico exerçam um efeito significativo sobre
bactérias como Salmonella e Escherichia coli, reduzindo a contaminação ou até mesmo
eliminando a população de determinadas salmonellas, os efeitos sobre o desempenho das aves
são, em um grande número de estudos realizados, inexistentes em doses de a 1% e são
adversos, em doses maiores. Em doses elevadas o ácido propionico, e também os sais de
ácido propionico, exercem efeito anorético. Alguns estudos mostram que o ácido propionico
provoca redução na disponibilidade da vitamina B12.
SKINER; IZAT; WALDROUP, (1991) não observaram qualquer efeito sobre o peso
corporal, a eficiência alimentar e a mortalidade das aves que receberam 1,0% de ácido
fórmico ou 1,45% de formiato de cálcio.
VALE (1998), trabalhou com a inclusão de níveis crescentes (0; 0,25; 0,5; 1,0; e 2,0%)
de uma mistura dos ácidos fórmico e propiônico (70 e 30%, respectivamente) em dietas para
frangos de corte. No período de 1 a 21 dias de idade das aves, conforme aumentou a inclusão
da mistura de ácidos, o peso vivo e o consumo da dieta foram prejudicados e a conversão
alimentar não foi significativamente alterada. No período de 1 aos 42 dias de idade, as aves
não apresentaram alterações significativas no desempenho. Porém, a dose de 2% da mistura
dos ácidos proporcionou menor peso vivo e consumo de ração.
O ácido fumárico, levando em consideração os resultados de vários experimentos
(PATTEN; WALDROUP, 1988; SKINER; IZAT; WALDROUP, 1991; RUNHO; SALOMURA;
DUANA, 1997; ROSTAGNO, dados não publicados) apresentam um potencial de uso como
promotor do desempenho das aves. É preciso mencionar que em alguns estudos não foram
encontrados efeitos positivos. KANIAWATI; SKINER; WALROUP, (1992) não encontraram
efeito da suplementação de ácido fumárico (0,5 a 2,0 %) e de ácido lático (0,25 a 2,0 %) sobre
o desempenho de frangos de corte.
46
Plantas aromáticas
Dentre o reino vegetal, as plantas medicinais e condimentares constituem uma
pequena, porém significativa parcela da herança biológica na biosfera, à qual as sociedades
tradicionais atribuem grande valor, resultando desta intensa relação com o mundo natural à
produção de conhecimentos consideráveis (SOUZA, 1998).
“Salvem as plantas que salvam vidas” constitui a sumula da declaração de CHIANG-
MAI, Tailândia, (1998), na 41° Assembléia Mundial de Saúde, que definiu com clareza a
questão das plantas medicinais e condimentares, bem como do próprio mundo natural, para os
dias atuais (AKERELE, 1998).
Plantas aromáticas/condimentares, ou ainda chamadas especiarias, usadas em
alimentos com fins aromatizantes, tendo identificado atividade antibacteriana e podem ser
usadas como conservantes de alimentos (AURELI; CONSTANTE; ZOLEA, 1992).
Sistemas antimicrobianos naturais, como os observados em condimentos vegetais
(BEUCHAT; GOLDEN, 1989; GOULD, 1995; TASSOU; DROSINOS; NYCHAS, 1995),
associados a processos tecnológicos de conservação como armazenamento a baixas
temperaturas ou a baixas concentrações de oxigênio, entre outros, incluindo boas práticas de
manipulação, praticas de controle ambiental, de vetores, roedores e de resíduos, constituem
um conceito novo e promissor nos programas de segurança alimentar sustentável. Além da
propriedade aromatizante, os condimentos vegetais poderiam aumentar a vida útil dos
alimentos por sua atividade bacteriostática e bactericida, retardando o começo da deterioração
e o crescimento de microorganismos indesejáveis, interferindo significativamente na
epidemiologia e profilaxia de surtos de toxinfecção alimentares.
Enzimas
Enzimas são proteínas que catalizam reações químicas nos sistemas biológicos, ou
seja, participam de reações de ntese e degradação do metabolismo do animal. A atividade
catalisadora de uma enzima é específica para determinada reação e substrato. As enzimas são,
portanto, classificadas pelos substratos com que vão reagir e por sua especificidade de reação.
As enzimas do trato digestório, chamadas de enzimas endógenas, promovem a quebra das
moléculas complexas dos nutrientes em moléculas simples, de forma que possam ser
47
absorvidas pelo organismo. A digestibilidade de um alimento é medida pela capacidade do
organismo em digerir o mesmo e é obtida comparando-se o alimento ingerido e o que é
excretado nas fezes.
Basicamente, as enzimas são adicionadas aos alimentos para melhorar a
digestibilidade e o aproveitamento pelos animais. Estas enzimas são denominadas exógenas e
podem ser derivadas de fontes microbianas, animais e vegetais. Porém, a maioria provém da
fermentação de bactérias (Bacillus sp.) e fungos (Aspergilus sp.).
As ações das enzimas são pela remoção de fatores antinutricionais: os componentes da
parede celular dos grãos (β-glucanos e arabinose) possuem um efeito antinutricional nas aves.
Quando estes componentes se encontram na forma solúvel, aumentam a viscosidade da
ingesta, interferindo na motilidade e na absorção de outros nutrientes e favorecendo o
aparecimento de fezes úmidas e pegajosas, sendo a causa de baixos rendimentos. As enzimas
β-glucanases são específicas para estas frações de polissacarídeos e podem ser adicionadas
nas dietas para melhorar a qualidade nutricional dos grãos de cereais, como a cevada, centeio,
aveia, trigo e triticale.
Aumento da disponibilidade de nutrientes: a digestibilidade das matérias primas é,
a princípio, o resultado da quantidade insuficiente de enzimas endógenas para extrair os
nutrientes dos alimentos. A suplementação de enzimas nas dietas pode melhorar a ação
massal das enzimas endógenas sobre os ingredientes tradicionais, melhorando o seu valor
nutritivo e o desempenho das aves.
Aumento na digestibilidade de polissacarídios não amídicos (fibras): os monogástricos
não têm capacidade endógena para digerir as fibras. Enzimas exógenas podem ser utilizadas
para hidrolizar os polissacarídios não amídicos que podem, potencialmente, ser utilizados
pelas aves.
O uso de enzimas nas rações das aves e outros animais domésticos tem como
vantagens a melhora da digestibilidade e disponibilidade de certos nutrientes para os animais,
principalmente o fósforo, nitrogênio, cálcio, cobre e zinco - diminuindo a presença desses nas
fezes e, conseqüentemente, a sua deposição no ambiente.
A maior preocupação ocorre com o fósforo dos alimentos vegetais, que por estar
ligado ao ácido fítico na forma de fitato, é pouco disponível aos animais monogástricos, pois
estes não dispõem da enzima fitase para aproveitá-lo. Somente cerca de um terço do fósforo
total destes alimentos é disponível para aves e suínos. “A lixiviação do fósforo a partir de
excretas de aves e outros animais domésticos para a água de superfície e lençóis freáticos é
48
um grave problema de poluição ambiental, que pode ser minimizado com o uso de uma
enzima fitase exógena”.
O fitato, é um poderoso fator antinutricional que diminui significativamente a
disponibilidade de nutrientes para os monogástricos. A enzima fitase pode ser adicionada nas
dietas para liberar os nutrientes ligados ao fitato, aumentando a disponibilidade de fósforo
para o animal. A adição de fitase nas dietas de aves e suínos reduz a excreção de fósforo nas
fezes em 20 a 30% e aumenta a disponibilidade de outros nutrientes, tais como minerais
(cálcio, zinco e cobre), proteínas, aminoácidos e energia, reduzindo as excreções e,
conseqüentemente, diminuindo a contaminação ambiental com estes resíduos.
Prebióticos
Os prebióticos são “ingredientes alimentares que não são digeridos na porção proximal
do TGI de monogástricos, e que proporcionam efeito benéfico ao hospedeiro por estimular
seletivamente o crescimento e/ou metabolismo de um limitado grupo de bactérias no cólon”.
Outro aspecto importante é que, para ser considerado um prebiótico, “o ingrediente não pode
ser hidrolisado ou absorvido no intestino anterior (intestino delgado), seja um substrato
seletivo para um determinado grupo de bactérias comensais benéficas, seja capaz de alterar de
forma benéfica a biota intestinal e induza efeitos luminais ou sistêmicos que sejam benéficos
ao hospedeiro” (GIBSON; ROBERFROID, 1995). Assim, carboidratos não digeríveis como
oligossacarídeos, alguns peptídeos e lipídeos não digeríveis podem ser considerados como
prebióticos.
Entretanto, as substâncias que têm sido mais estudadas como aditivos em alimentação
animal são os oligossacarídeos, especialmente os frutoligossacarídeos (FOS),
glucoligossacarídeos (GOS) e mananoligossacarídeos (MOS).
FOS são polímeros ricos em frutose, podendo ser naturais, derivados de plantas
(inulina) ou sintéticos, resultante da polimeração da frutose (GIBSON; ROBERFROID, 1995).
GOS e MOS são obtidos a partir de parede celular de leveduras. A parede celular de leveduras
consiste principalmente de proteína e carboidrato, a qual contém os dois principais açúcares
(glucose e manose) em proporções semelhantes e N-acetilglucosamina. O MOS, usado como
aditivo de rações, consiste de fragmentos de parede celular de Saccharomyces cerevisae com
uma estrutura complexa de manose fosforilada, glucose e proteína (SPRING, 2000). A
49
alteração da biota intestinal causada pelo uso de prebióticos pode ocorrer de duas maneiras:
através do fornecimento de nutrientes para as bactérias desejáveis ou através do
reconhecimento, pelas bactérias patogênicas, de sítios de ligações nos oligossacarídeos como
sendo da mucosa intestinal, reduzindo a colonização intestinal indesejável, resultando em
menor incidência de infecções e melhor integridade da mucosa intestinal, tornando esta para
exercer suas funções (JIN, 1997).
Para que as bactérias consigam colonizar o trato intestinal e criar uma condição
patológica, precisam inicialmente aderir-se à superfície epitelial. Esta adesão ocorre através
de glicoproteínas (lectinas ou fímbrias) que reconhecem determinados açúcares da superfície
do epitélio intestinal. Portanto, se eles se ligarem a um açúcar ou oligossacarídeo dietético, e
não à mucosa intestinal, irão passar com a digesta sem causar problemas digestivos para os
animais. Desta forma, os mananoligossacarídeos são capazes de bloquear a aderência dos
patógenos e evitar a colonização.
Simbióticos
Mais recentemente tem sido usado o termo simbióticos, quando estão associados
probióticos e prebióticos em um produto. Desta forma, pode-se fornecer microorganismos
componentes da biota intestinal e substâncias prebióticas específicas que estimulam o
desenvolvimento e a atividade desta biota, potencializando o efeito de ambos os componentes.
Os simbióticos, também podem ser uma alternativa interessante no sentido de auxiliar na
manutenção da sanidade do sistema digestivo dos frangos.
2.2.4 Biosseguridade e Biossegurança
Biosseguridade é o estado de segurança de um processo que adota um eficiente
sistema de Biossegurança. Em seu sentido geral ela significa o estabelecimento de um nível
de segurança de seres vivos por intermédio da diminuição do risco de ocorrência de
enfermidades agudas e/ou crônicas em uma determinada população. Este conceito geral é
aplicável a populações de qualquer espécie animal.
50
Em produção de aves, um programa de biossegurança significa o desenvolvimento e
implementação de um conjunto de políticas e normas operacionais rígidas que terão a função
de proteger os rebanhos contra a introdução de qualquer tipo de agente infeccioso, seja ele um
vírus, bactéria, fungo e/ou parasita (SESTI, 2004). Se o sistema de biossegurança for
adequadamente implantado teremos conseguido a Biosseguridade desejada no produto final.
Uma vez que ocorra um problema de continuidade na biossegurança de um sistema de
produção e determinado patógeno contamine o rebanho é necessário que o programa de
biossegurança seja imediatamente redesenhado e adaptado à nova situação de saúde do
sistema em questão. Isto é, se for econômica, cnica e legalmente possível conviver com os
agentes infecciosos agora presentes no sistema, o programa de biossegurança deverá
preconizar normas (novas vacinas, diferentes fluxos de produção, separação das fases de
produção, etc.) que possibilitem o máximo controle da multiplicação e disseminação destes
agentes bem como um mínimo de impacto na produtividade do sistema e na biosseguridade
do produto final.
Biosseguridade é uma filosofia técnica aplicada à saúde de seres vivos animais, e no
presente caso, avicultura industrial. Pela especificidade e ao mesmo tempo abrangência de sua
conceituação técnica, o termo biosseguridade traduz um estado de saúde animal resultante de
um eficiente sistema de Biossegurança (SESTI, 2004).
2.2.4.1 Biossegurança em frangos de corte
Um adequado sistema de Biossegurança é essencial para a sobrevivência de todos os
tipos de sistemas de produção e industrialização de aves (SESTI, 1996) e tem se tornado vital
na indústria avícola. Ainda hoje existem empresários e médicos veterinários, nesta área, que
não se deram conta desta verdade absolutamente essencial e que diz respeito a todos
envolvidos. O sucesso e o estado sanitário do produto final é conseqüência da atuação de cada
um.
O tremendo crescimento e modernização da indústria avícola no mundo nas últimas
duas décadas tornou claro e evidente a necessidade de uma maior e mais detalhada atenção no
que diz respeito à saúde dos plantéis. O crescimento desta indústria está baseado no aumento
do tamanho dos sistemas de produção (granjas ou complexos de granjas e/ou unidades de
produção) com um conseqüente aumento na densidade animal em uma determinada área
geográfica. Isto se traduz em uma situação ideal para a multiplicação, disseminação e
51
perpetuação de vários patógenos (principalmente bactérias e vírus) e a ocorrência de surtos de
enfermidades que acarretam elevados prejuízos econômicos, por exemplo, os recentes surtos
de Influenza aviária de alta e média patogenicidade ao redor do mundo (SESTI, 2004).
Um outro aspecto importante na indústria avícola moderna é a preocupação com a
saúde pública. Ou seja, os consumidores que estão sujeitos a enfermidades causadas por
patógenos presentes nos produtos avícolas. Os produtos podem ser contaminados de várias
maneiras, entre elas através de ovos de galinhas contaminados (contaminação vertical) ou
durante as fases de incubação/eclosão e engorda dos frangos e/ou contaminação durante o
processamento na indústria (contaminação horizontal).
Portanto, a única maneira de manter sistemas de produção e seus respectivos rebanhos
comerciais livres ou controlados no que diz respeito à presença de agentes de enfermidades de
impacto econômico na produtividade e/ou perigosos para a saúde pública (zoonoses) é através
da utilização de um efetivo programa de biossegurança. Este deve contemplar todos os
aspectos gerais da medicina veterinária preventiva bem como conter aspectos exclusivos
direcionados a cada sistema de produção em particular. Saúde animal sempre foi, é, e será,
uma das principais, senão a principal barreira não tarifária para embargo de nossas
exportações. Assim, biossegurança esta se tornando um dos principais aspectos da qualidade
dos nossos produtos, tanto para o consumidor no mercado interno quanto, para o do mercado
externo (SESTI, 2004).
2.2.4.2 Princípios de Biossegurança
Existem certamente muitas variações sutis, outras nem tanto, quando as pessoas
definem biossegurança, mas de um modo geral, todas as definições de biossegurança devem,
obrigatoriamente, incluir os seguintes princípios:
1. Controle da multiplicação de agentes biológicos endêmicos. Um crescimento
descontrolado na população destes organismos poderá ocasionar um efeito negativo
crônico (diminuição) no desempenho e produtividade dos rebanhos.
2. Prevenção da contaminação dos rebanhos por organismos altamente contagiosos e
potencialmente letais. Estes podem ter efeitos devastadores no sistema de produção.
3. Controle (e prevenção) daqueles agentes infecciosos de importância na saúde pública
(zoonoses). A presença de alguns destes agentes, por exemplo, salmonellas, pode
52
passar despercebida porque nem sempre irão afetar o desempenho dos animais
contaminados.
4. Controle (e prevenção) daqueles agentes infecciosos de transmissão vertical que
podem não somente afetar o desempenho e a produtividade da progênie como podem
ser facilmente disseminados em uma grande área geográfica e afetar muitos sistemas
de produção independentes (SESTI; ITO, 2000).
Os três primeiros princípios, acima citados, podem ser eficientemente implantados se
for feito o adequado isolamento do sistema como um todo e em cada uma de suas etapas, pois
o isolamento é fundamental para a prevenção da ocorrência de algumas doenças,
principalmente aquelas transmitidas pelo ar (aerossóis, poeira, etc).
O sistema de produção preventivo para ter um bom isolamento deverá levar em
consideração itens como:
a - A densidade animal
Deve-se ter a menor densidade possível nos galpões, pois quando aves são criadas em
alta densidade, como no caso da avicultura industrial, favorecem o aparecimento e
disseminação de patógenos;
b – Especificidade de cada fase do sistema de criação
As fases de cria, recria e engorda tem suas etapas e características que devem ser
contemplados no sistema de biossegurança para assegurar na cadeia produtiva o controle de
possíveis patógenos que podem ser disseminados no sistema de criação de aves.
c - Variações climáticas
As temperaturas, a umidade, os ventos durante as estações do ano propiciam a
multiplicação de patógenos e, podem ser determinantes na sua transmissão.
d – Barreiras físicas e o controle do tráfico de animais
É recomendável a implantação de barreiras físicas (plantação de árvores) ao redor de
cada aviário. Esta barreira deve ser de no mínimo 50 metros de largura. As linhas devem ser
desencontradas para não permitir as correntes de ar que podem disseminar patógenos. Uma
barreira pode ser implantada em menos tempo usando árvores de crescimento rápido como
eucalipto, cinamomo e grevilha.
As cercas perimetrais das instalações deverão dificultar a entrada de pessoas e de
animais (domésticos e silvestres). Os galpões devem ser telados impedindo a entrada de
pássaros silvestres e roedores. Estes assim como os insetos (moscas, cascudinho), mamíferos
53
silvestres e domésticos constituem um importante reservatório de patógenos e meio de
disseminação para aves (ANDREATI FILHO; PATRÍCIO, 2004).
e – Fluxo de pessoas
Outro fator importante é o controle do fluxo de pessoas e veículos, com a colocação de
avisos de “entrada proibida”. O sistema adotado deve prever um padrão de visitas de pessoas
externas ao seu quadro de pessoal. Este procedimento deve ser claramente exposto aos
visitantes. Deve-se inclusive usar cartazes na entrada das instalações para impedir visitas não
oficialmente autorizadas.
O fluxo de pessoas e veículos deve observar os critérios de classificação das áreas de
criação denominadas de “áreas limpas” (menor risco de contaminantes) e “áreas sujas” (maior
possibilidade de presença de contaminantes), ou seja, deve-se sempre ir de uma área
considerada limpa para uma área considerada suja. Além disso, as visitas devem ser sempre
das aves de menor idade para as de maior idade. E em caso de visitas a lotes de aves doentes
(suspeitas ou confirmadas enfermas) o técnico não devefazer, visita em outros aviários no
mesmo dia.
O quarto princípio da biossegurança está relacionado ao poder multiplicador das
enfermidades que se disseminam verticalmente num sistema de produção de frangos de corte
com expressiva força e pode ocorrer em diferentes etapas do processo.
Muitas das enfermidades de frangos (ou seus agentes etiológicos) são transmitidas
verticalmente pela galinha via ovo fértil até o frango de corte. O ovo fértil contaminado da
origem a um frango contaminado (SESTI; ITO, 2000) estas transmissões podem ser:
trans-ovariana (ocorre no ovário da galinha).
trans-oviduto (ocorre durante a formação do ovo ao longo do trato reprodutivo)
da galinha.
trans-casca do ovo (ocorre imediatamente antes ou após a postura) pela
superfície externa o ovo que é contaminado por patógenos presentes: nas fezes
da galinha, na cloaca, no ninho, no armazenamento dos ovos na granja, no
incubatório. Um grande número de patógenos pode ser transmitido
verticalmente (SESTI; ITO, 2000).
Portanto, nenhum programa de biossegurança na produção de frangos será plenamente
efetivo se em seu espectro de ação não estiverem incluídos os lotes de matrizes que
originaram os ovos férteis. Obviamente, em muitas ocasiões, o sistema de produção de
54
frangos não tem gerência técnico-administrativa sobre os lotes de matrizes e/ou incubatório
que originaram os pintos de um dia alojados no sistema. No entanto, o monitoramento
diagnóstico dos pintos de um dia de idade pode indicar o estado de saúde dos lotes de
matrizes que os originaram (por exemplo, positividade para as micoplasmoses e salmoneloses,
transmissão de anticorpos maternais contra os rus de Gumboro e da Anemia Infecciosa,
etc.). Deste modo, auxiliando no diagnóstico de problemas de saúde nos rebanhos de
reprodutores.
Particularmente com relação às salmonellas que infectam frangos, os dois principais
fatores de perpetuação desta contaminação em granjas de frangos de corte são:
- alojamento de pintos contaminados verticalmente pela galinha e/ou no incubatório
nas primeiras horas após eclosão (poucos pintinhos que venham a nascer eliminando
salmonellas nas fezes podem contaminar uma enorme quantidade de outros pintos que
nasceram sem Salmonella)
- população de roedores contaminados vivendo nos galpões de frangos.
O grande impacto de doenças (ou seus agentes etiológicos) de transmissão vertical na
produção de frangos é devido ao enorme poder multiplicador da pirâmide de produção
da avicultura de corte (Quadro 3).
Quadro 3 - Poder multiplicador da pirâmide de produção da avicultura de corte.
Fonte: SESTI, 2004.
No topo da pirâmide (nível 1) encontra-se a granja de melhoramento genético e
multiplicação de linhas genéticas puras (linhas macho e fêmea). Normalmente, em programas
55
de melhoramento genético de matrizes pesadas, cada uma destas populações de linhas puras
estão divididas em vários grupos de acasalamento consistidos cada um de 1 macho e 10
fêmeas. Durante o período (normalmente 6-8 semanas) em que as aves de um destes grupos
está contribuindo (ovos férteis) para o programa de melhoramento genético, aproximadamente
15 bisavós são produzidas por cada fêmea de linha pura do grupo de acasalamento,
totalizando um mero de 150 bisavós (nível 2). Cada uma destas, durante sua vida
reprodutiva normal, irá produzir em torno de 40 avós o que perfazerá um total de 6 mil avós
(nível 3). Do mesmo modo, estas avós irão multiplicar e produzir um total de 330 mil
matrizes pesadas (55 matrizes por avó; nível 4) as quais por sua vez produzirão
aproximadamente 45 milhões de frangos de corte (142 pintos de um dia por matriz menos 4%
de mortalidade até o abate; nível 5). Ao abate destes frangos, serão produzidas em torno de 75
mil toneladas de carne de frango (peso vivo médio ao abate de 2,4 kg com 70% de rendimento
de carcaça; nível 6). É portanto, bastante evidente que qualquer microorganismo patogênico
sendo transmitido verticalmente ao longo desta pirâmide de produção poderá causar imensos
prejuízos econômicos aos produtores e indústria. Além disso, se o patógeno transmitido
verticalmente for de importância na saúde pública (salmonellas), as perdas para o mercado
avícola poderão ser multiplicadas várias vezes pelo impacto da opinião pública e diminuição
do consumo de produtos avícolas.
Outros aspectos além do isolamento que são fundamentais na adoção de um sistema de
Biossegurança eficiente são a qualidade dos procedimentos de higiene, alimentação, água e
treinamento contínuo do pessoal.
Higienização
Refere-se aos procedimentos de limpeza e desinfecção recomendados para o sistema
de produção, bem como para o programa de controle de vetores e disposição de animais
mortos. A redução da carga microbiana (também conhecida por “pressão de infecção”) nas
instalações e ambiente do sistema de produção irá diminuir em muito o risco de ocorrência de
doenças no rebanho. Além disso, a realização rotineira de um processo de higienização
detalhado e efetivo é condição “sine qua non” não para a manutenção de um alto nível de
saúde no rebanho como também para a erradicação de enfermidades presentes no sistema.
56
Alimentação
Experiência de campo e algumas investigações científicas conduzidas em vários países
da América e Europa demonstram claramente que o alimento administrado às aves pode ser
uma das maiores, senão a maior (para alguns patógenos em particular) fonte de contaminação
de rebanhos em sistemas industriais de produção de aves. Particularmente, contaminações por
Salmonella sp, Clostridium sp, várias cepas patogênicas ou não de Escherichia coli e fungos
produtores de micotoxinas. Os agentes infecciosos são mais efetivamente disseminados em
um sistema de produção de aves via aves contaminadas ou alimento contaminado. Portanto, o
controle da contaminação do alimento ingerido pelas aves tem efeito sobre a saúde das aves, e
na saúde pública. O controle da contaminação das aves reduzirá a taxa de contaminação de
carcaças ao abate e dos produtos avícolas industrializados (BLACKMAN et al. 1993; COMA,
2001).
Devido ao seu impacto na saúde pública e na aceitação de produtos avícolas pelos
consumidores, as Salmonellas sp são os microorganismos alvo de qualquer tratamento
antimicrobiano em rações de aves e/ou suas matérias primas. Em geral os procedimentos para
controle da contaminação por Salmonela sp nos alimentos das aves e/ou suas matérias primas,
quando efetivos, irão também controlar/reduzir a população de outros microorganismos
importantes (E. coli, Campylobacter jejuni, Clostridium sp, etc).
Dados de publicações técnicas e experiências de campo na indústria avícola (SESTI;
ITO, 2000) mostram que 2-12% de todas as partidas de matérias primas recebidas em uma
fábrica de ração para aves e, em torno de 4% do total de amostras de ração final, estão
contaminadas com Salmonella sp (vários sorotipos ocorrem, incluindo Salmonella enteritidis,
S. typhimurium, S. kentucky, S. hadar, S. agona, S. heidelberg, S. montevideo e S. seftenberg,
entre outras).
Portanto, qualquer sistema de produção que queira controlar efetivamente (obter baixa
taxa de contaminação) ou mesmo manter-se livre ou erradicar (quando já contaminados)
algum sorotipo específico de salmonella, jamais terá sucesso sem a implantação de
procedimentos de biossegurança direcionados ao controle da contaminação microbiana da
ração final e/ou suas matérias primas.
Salmonella enteritidis e/ou S. typhimurium tem sido isoladas de uma grande variedade
de matérias primas de rações de origem vegetal, por exemplo, farelo de soja, milho, óleo
degomado, farelo de trigo. Elas também tem sido freqüentemente isoladas em matérias primas
de origem animal (farinha de carne e ossos, farinha de sangue, farinha de vísceras),
57
especificamente naquelas produzidas, armazenadas e/ou transportadas de maneira imprópria,
ou seja, com falta de higiene.
Um controle consistente e efetivo da contaminação por salmonellas em rações e
matérias primas é dependente da habilidade de descontaminar o alimento e prevenir sua
recontaminação. Vários produtos comerciais contendo ácidos orgânicos (principalmente os
ácidos propiônico e fórmico e seus sais) com ou sem a presença de formaldeído tem sido
usado com sucesso para reduzir a contaminação bacteriana no alimento de aves e suínos.
Estes produtos podem inclusive ajudar a prevenir a recontaminação do alimento na fábrica de
ração e durante o transporte e armazenamento. Existem ainda outros produtos comerciais à
base de ácidos orgânicos os quais ainda possuem aldeídos, terpenos naturais e sulfactantes.
Estas substâncias podem ter um efeito sinérgico na atividade bactericida do produto
comercial.
Tradicionalmente, o controle de salmonella em rações de aves tem sido tentado
através de processos de fabricação de rações, como por exemplo, a peletização. Entretanto, o
tempo de exposição à temperatura padrão de peletização (alguns segundos a 65–75° C) não
permite, sob qualquer hipótese, uma descontaminação total, bem como, não evita a
multiplicação de células bacterianas ainda presentes no alimento após a peletização. Além
disso, a recontaminação do alimento pode facilmente ocorrer quando de sua passagem pelo
resfriador. Para uma total descontaminação do alimento deve ser utilizada uma combinação de
temperatura, umidade e tempo de exposição ao calor.
A Salmonella é susceptível à destruição pelo calor de 55° C por 1 hora ou 60° C por
20 minutos. Como a peletização da ração é realizada em temperatura superior a 60° C, o
processo pode eliminar a bactéria da ração, desde que não ocorra recontaminação pelo
manuseio, por ratos ou insetos (GAMA, 2001).
Este tratamento, quando apropriado assegura a eliminação total de enterobactérias.
Além disso, o alimento descontaminado deve ser submetido a um rigoroso programa de
biossegurança para a prevenção da recontaminação durante o período pós-tratamento
(armazenamento na fábrica de ração carregamento no caminhão transporte até a granja
descarregamento na granja e armazenamento na granja) até o momento da ingestão da ração.
58
Água
A água pode ser uma possível fonte de microrganismos potencialmente patogênicos às
aves, por isso ela deve receber alguns cuidados especiais, além da necessidade de
monitoramento da sua qualidade. A água de bebida dos frangos deve seguir as especificações
da OMS (Organização Mundial da Saúde) apresentando níveis zero de coliformes fecais, bem
como pH oscilando entre 6,0 a 8,5. Embora sejam conhecidas as exigências de qualidade de
água para as aves, muitas granjas utilizam água contaminada com coliformes fecais. Para a
eliminação dos microorganismos recomenda-se a cloração. O cloro residual livre na água de
bebida das aves elimina os agentes patogênicos, embora a sua eficácia esteja na dependência
do pH da água, cuja alcalinidade reduz a eficácia do cloro (ANDREATI FILHO; PATRÍCIO,
2004).
2.2.4.3 Educação em Biossegurança
Refere-se ao processo permanente de treinamento e educação em biossegurança de
todos aqueles envolvidos com o sistema de produção. As pessoas são os elementos-chave para
o sucesso de um programa de biossegurança.
Todos, indistintamente, devem entender porque biossegurança é importante e como
fazê-la. Este entendimento deve ser obrigatoriamente assimilado desde os setores
administrativos do sistema (presidente e diretoria), passando por todas as áreas gerenciais
(técnicas e comerciais) e ir até os níveis operacionais mais simples do sistema de produção. É
evidente que o nível de argumentação e complexidade técnica deve ser adaptado ao nível
cultural e técnico daqueles em treinamento, mas sempre deixando claro a importância de cada
um no sistema de biossegurança e na sua implementação. Assim como, mostrar porque o
sistema é necessário, para a sobrevivência da empresa e para a produção de um produto de
qualidade para o consumo humano.
A educação continuada deve ser realizada de diferentes modos, é muito importante
incentivar a participação das pessoas no treinamento para que todos possam expressar como
vêem a biossegurança em sua rotina de trabalho. De maneira rápida, mas enfática, todos os
principais aspectos de um programa de biossegurança devem ser relembrados nestes
59
treinamentos. Um dos métodos utilizados é a realização de palestras ou reuniões duas a três
vezes ao ano.
Um programa de biossegurança pode ser comparado com um programa de qualidade
total, ou seja, ambos exigem muita disciplina, constante treinamento e, principalmente,
mudança comportamental de todos os envolvidos. Um sistema de biossegurança bem aplicado
previne o uso de fármacos e reduz os impactos desta produção nos ecossistemas. Pois, uma
produção preventiva utiliza menos produtos químicos conseqüentemente gera menos resíduos
para os ecossistemas em que estão inseridos.
60
3. ENSAIOS EXPERIMENTAIS
3.1 ENFOQUES E OBJETIVOS
Considerando a necessidade de gerar subsídios e aperfeiçoar os sistemas de prevenção
e controle dos crescentes problemas de saúde pública foram realizados dois ensaios
experimentais.
O objetivo específico destes foi, testar tipos de substâncias alternativas com potencial
de auxiliar no controle de enteropatógenos. Este aspecto é atualmente um dos grandes
desafios da avicultura industrial. A redução, e posteriormente o o uso de antimicrobianos
(antibióticos e quimioterápicos), terão um impacto significativo no sentido da menor
contaminação e resistência dos animais e do homem e uma redução dos seus efeitos no
ambiente em todas as etapas do processo produtivo de aves.
3.2 MATERIAIS E MÉTODOS
3.2.1 Local e Período
O trabalho experimental a campo foi realizado em duas etapas (Experimento 1 e
Experimento 2).
No primeiro experimento procurou-se testar uma gama de produtos em oferta no
mercado para controle de salmonella (quimioterápicos e probióticos), procurando identificar
o(s) que apresentassem melhor desempenho no controle desta bactéria associando a estes
resultados, o desempenho zootécnico das aves.
No segundo experimento procurou-se testar somente um dos probióticos utilizados na
primeira etapa e utilizar um número maior de animais em face da limitação do espaço
experimental. Foi também acompanhado o desempenho das aves que foram inoculadas com
uma cepa de Salmonella isolada nas condições de clima e manejo desta região. Nas duas
etapas experimentais havia animais inoculados com Salmonellas e, por precaução sanitária,
estes testes foram realizados numa granja distante, da Empresa Macedo Koerich S. A. Os
ensaios foram desenvolvidos no município da Palhoça, - SC na BR 101, na granja
experimental da CERENE. O primeiro experimento ocorreu em 2004, (maio a julho) e o
segundo experimento foi realizado entre novembro de 2004 e janeiro de 2005.
61
As análises de presença da Salmonella foram realizadas no Laboratório de Patologia
da Empresa Macedo Koerich S.A., e as amostras dos animais positivos foram encaminhadas
para a tipificação no Instituto Adolfo Lutz. Todo o material e as análises feitas nos dois
trabalhos experimentais foram subsidiados pela Empresa.
3.2.2 Animais
Para cada trabalho foram utilizados 780 pintos de corte de um dia, machos da
linhagem Ross, provenientes do Incubatório da empresa Macedo, localizada na Fazenda
Albardão, Enseada de Brito no município da Palhoça – SC.
O transporte das aves até a Granja Experimental foi feito através de caminhão
apropriado, com temperatura e umidade controlada.
No primeiro experimento os animais foram divididos, em dois blocos, pintos de mães
vacinadas e de mães não vacinadas, para Salmonella. No segundo experimento foram
utilizados somente pintos de mães vacinadas para Salmonella. O primeiro experimento teve a
duração de 42 dias, e após um vazio sanitário de 60 dias, foi realizado o segundo experimento
com a duração de 31 dias.
3.2.3 Instalação e manejo
O galpão utilizado nos experimentos estava dividido em unidades de 4m² (box). Cada
box estava equipado com um comedouro pendular manual, com capacidade para 20 kg de
ração e um bebedouro tipo pendular (anexo 10).
Após o vazio sanitário de 60 dias, as instalações foram lavadas novamente com água
clorada (5 ppm de cloro) e posteriormente desinfetados com amônia quaternária (1:1000).
Cada box recebeu uma camada de cepilho (maravalha de madeira), de
aproximadamente 20 cm de altura e uma ficha de identificação, na qual eram registrados,
além do número da baia e do tratamento, os dados de mortalidade, de consumo de ração e de
peso vivo dos animais.
A temperatura e a umidade dentro do galpão foram controladas com o auxílio do
monitoramento do termohigrometro, e o controle através das campânulas e cortinas plásticas
(anexo 10).
62
3.2.4 Tratamentos
No primeiro experimento (experimento 1) os animais de cada bloco (de mães
vacinadas e de não vacinadas para salmonella) foram distribuídos por sorteio nos boxes.
Neste experimento cada tratamento correspondeu a um produto utilizado. As drogas
antibacterianas utilizadas foram Ceftiofur®, Norfloxacina®, e os probióticos foram o
Aviguard® e o MSC (Mucosal starter culture®). Foram utilizados dois grupos de animais
testemunha: o “controle positivo”, onde foi inoculado com Salmonella typhimurium e o
“controle negativo” não inoculado com (Tabela 2).
Tabela 2. Composição dos tratamentos utilizados no primeiro experimento.
Tratamento Siglas Observações
Matriz
vacinada
Especificação Droga usada
1 VC X Ceftiofour
2 VN X Norfloxazol
Antimicrobianos usuais
3 VA X Aviguard
4 VM X MSC
Probióticos propostos como
substituto
5 VCP X Inoculados com
Salmonella
typhimurium
6 VCN X Sem inoculação com
salmonella
Controle positivo e
controle negativo
(testemunhas)
7 NVC - Ceftiofour
8 NVN - Norfloxazol
Antimicrobianos usuais
9 NVA - Aviguard
10 NVM - MSC
Probióticos propostos como
substituto
11 NVCP - Inoculados com
Salmonella
typhimurium
12 NVCN - Sem inoculação com
salmonella
Controle positivo e
controle negativo
(testemunhas)
Procedimento e especificações detalhadas de cada tratamento:
(T1): Tratamento 1 (VC) foram utilizados filhos de mães vacinadas, medicados no incubatório
com 1 dia de idade, com ceftiofour na dose de, (20 mg/kg), dose única.
(T2): Tratamento 2 (VN) filhos de mães vacinadas, medicados no campo com norfloxazol na
dose de, (20 mg/kg), por 5 dias.
(T3): Tratamento 3 (VA) filhos de mães vacinadas, utilizando Aviguard® no primeiro dia de
vida, na dose de 0,2 mL.
(T4): Tratamento 4 (VM) filhos de mães vacinadas, utilizado no primeiro dia de vida no
incubatório MSC - Mucosal starter culture®, na dose de 0,2 mL.
63
(T5): Tratamento 5 (VCP) filhos de mães vacinadas, inoculados com Salmonella typhimurium
com 2 dias de idade na dose de 0,1 mL e uma suspensão contento 10
5
UFC/ml.
(T6): Tratamento 6 (VCN) filhos de mães vacinadas sem inoculação.
(T7): Tratamento 7 (NVC) filhos de mães não vacinadas, medicados no incubatório com 1 dia
de idade, com ceftiofour na dose de, (20 m/kg), dose única.
(T8): Tratamento 8 (NVN) filhos de mães não vacinadas, medicados no campo com
norfloxazol na dose de, (20 m/kg), por 5 dias.
(T9): Tratamento 9 (NVA) filhos de mães não vacinadas, utilizando Aviguard® no primeiro
dia de vida, na dose de 0,2 mL.
(T10): Tratamento 10 (NVM) filhos de mães não vacinadas, utilizado no primeiro dia de vida
no incubatório MSC - Mucosal starter culture® na dose de 0,2mL.
(T11): Tratamento 11 (NVCP) filhos de mães não vacinadas, inoculados com Salmonella
typhimurium com 2 dias de idade, na dose de 0,1 ml de uma suspensão contendo 10
5
UFC/ml.
(T12): Tratamento 12 (NVCN) filhos de mães não vacinadas, sem inoculação para
salmonella.
Para o segundo experimento (experimento 2), foram utilizados somente pintos de mães
vacinadas para salmonella, os animais do Tratamento 1 (T1) receberam o probiótico MSC
(Mucosal starter culture®), que foi ministrado no incubatório no primeiro dia de vida, logo
após o nascimento, na dose de 0,2 ml.
No Tratamento 2 (T2) controle positivo os animais foram inoculados no segundo dia
de idade no aviário experimental com 0,1 ml de uma suspensão de salmonella enteritidis na
concentração de 10
5
UFC/mL. No Tratamento 3 (T3) controle negativo os animais não foram
inoculados, conforme a Tabela 3.
Tabela 3. Composição dos tratamentos utilizados no segundo experimento (experimento 2).
Tratamento Sigla Especificação
1 VM Probiótico MSC (Mucosal starter culture®)
2 VCP Inoculados com Salmonella enteritidis
3 VCN Não foram inoculados com salmonella
64
3.2.5 Inoculação dos animais
As cepas de salmonellas inoculadas foram, Salmonella typhimurium e Salmonella
enteritidis. Consideradas de maior incidência na avicultura de corte com alto potencial
patogênico e de contaminação.
O método utilizado foi o descrito por MEAD et al. (1989) apresentado resumidamente
pelas etapas e procedimentos abaixo:
3.2.5.1 Soluções e meios de cultura
- Placas de Petri com meio de cultura MacConkey (MERK) para isolar as cepas.
- Meio BHI ou caldo nutriente para enriquecimento das culturas.
- Água peptonada 0,10% para isolar as cepas
- PBS 0,1 M pH 7, tampão fosfato salino, para a diluição das amostras
- Meio XLD (Gram-negativo) específico para identificar as salmonellas
- Álcool a 70% para desinfecção do local de coleta nas aves.
3.2.5.2 Procedimentos de multiplicação, inoculação e contagem de salmonellas
- Multiplicação
:
Procedimento de incubação do cultivo de cepas de Salmonella, foi feito a 37° C, por
um período de 14 a 24 h.
- Padronização do inóculo a ser usado:
A partir de 1 colônia foi semeado em 60 ml de BHI , incubado à 37° C por 1 h e foram
feitas as contagens sucessivas até 30 h de incubação.
- Inoculação das aves:
Cada ave recebeu, através de cânula rígida, diretamente no inglúvio, 0,1 ml do inóculo
contendo 10
5
bactérias.
- Determinação da presença de Salmonella nos cecos:
Após sete dias da inoculação, os cecos foram retirados com assepsia e colocados em
sacos plásticos estéreis, pesados e identificados;
65
Os cecos de cada ave foram pesados, e os seus conteúdos, diluídos com 9 ml de água
peptonada estéril e homogeneizado para realizar a contagem de colônias;
Cada placa com XLD foi semeada com 0,1 ml de conteúdo cecal, incubada a 37° C. O
número de colônias foi determinado 3 vezes uma a cada 24 horas de incubação, até 72
h completas.
3.2.6 Parâmetros Avaliados
Nos dois experimentos dividiu-se os parâmetros analisados em dois grupos. Os
parâmetros zootécnicos e os microbiológicos.
Os parâmetros zootécnicos foram calculados e analisados somente no final dos dois
experimentos aos 42 dias no experimento 1, e aos 28 dias no experimento 2.
Os parâmetros microbiológicos foram registrados aos 7 e 42 dias no Experimento 1 e
aos 7 e 31 dias no experimento 2.
3.2.6.1 Parâmetros zootécnicos e fator de produção
Foram registrados o consumo de ração (CR) o peso vivo (PV) para o cálculo da
conversão alimentar (CA) e o ganho de peso médio (PM).
O Fator de Produção foi calculado a partir da seguinte equação:
FP = GPD X Viabilidade
CA x 10
Onde GPD = PM
IDADE
Viabilidade = N° aves abatidas X 100
N° aves alojadas
CA = Ração consumida
Peso total das aves
66
3.2.6.2 Parâmetros microbiológicos
1 Grau de infecção dos cecons:
Foi calculado a partir do logaritmo de unidades formadoras de colônias (UFC).
UFC x Volume resuspenso/peso órgão
2 Fator de infectividade (IF):
Foi determinado através da leitura das placas, onde se calculou a relatividade do
número de colônias por amostra de 10 e 15 aves dos experimentos 1 e 2
3 Fator de Proteção (FP):
É o componente relativo ao número do fator de infectividade
3.2.7 Análise Estatística
Os parâmetros zootécnicos foram avaliados com o auxílio do programa estatístico
Minitab (versão 2000), usando-se o modelo linear de análise de variância.
Para a avaliação da presença de Salmonella para a análise de infectividade ou não de
salmonelose nos experimentos utilizou-se o teste de Friedman (CAMPOS, 1976), que permite a
análise não-paramétrica de dados.
67
3.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.3.1 Experimento 1
3.3.1.1 Parâmetros zootécnicos
Nas condições experimentais deste trabalho o uso do probiótico como preventivo de
contaminação com Salmonella comparado com os grupos de aves controle positivo e controle
negativo pode-se perceber que não houve diferença significativa nos resultados zootécnicos.
O peso vivo médio (PV), consumo acumulado de ração (CR) e a conversão alimentar (CA)
dos animais foram semelhantes em todos os tratamentos como se pode observar na Tabela 4.
Tabela 4. Peso Vivo Médio (PV), consumo acumulado de ração (CR) e
conversão alimentar (CA) de frangos de corte da linhagem Ross aos 42
dias de idade: utilizando dois antimicrobianos e dois probióticos, julho
2004.
TRATAMENTO * PV** CR CA
T1 (VC) 2,919 5,82 1,992
T7 (NVC) 2,981 5,72 1,918
T2 (VN) 2,821 6,31 2,236
T8 (NVN) 3,069 6,55 2,133
T3 (VA) 2,830 5,88 2,079
T9 (NVA) 2,939 5,30 1,803
T4 (VM) 2,950 6,14 2,080
T10 (NVM) 2,939 5,12 1,742
T5 (VCP) 2,720 4,91 1,807
T11 (NVCP) 2,969 5,78 1,946
T6 (VCN) 2,980 6,19 2,076
T12 (NVCN) 3,000 5,78 1,928
* Tratamentos: os animais dos tratamentos 1 ao 6 são filhos de mães vacinados (V) e os
dos tratamentos 7 ao 12 de mães não vacinadas (NV). No tratamento 1 (VC) as aves
receberam (0,1 ml 20 mg/kg de peso vivo de Ceftiofour), no tratamento 2 (VN)
receberam a mesma quantidade mas de Norfloxazol. Nos tratamentos 3 (VA) e 4 (VM)
as aves receberam 0,1 ml dos probióticos Aviguard® e MSC (Mucosal starter
culture®). Os tratamentos 5 e 6 são os testemunhos (VCP) e (VCN) controle positivo
(inoculados com salmonella) e controle negativo (não inoculados).
** Média de peso vivo de 55 animais.
68
- Peso vivo médio
Através da análise de variância do peso vivo considerando como tratamento filhos de
mães vacinadas e filhos de mães não vacinadas e bloqueando por tipo de tratamento, percebe-
se que não existe diferença significativa ao nível de 95% de confiabilidade entre os blocos
(tratamentos), portanto não é necessário bloquear por tratamento (Tabela 5).
Tabela 5. Análise de variância do peso vivo médio, considerando as mães e bloqueando por
tratamento.
CAUSAS DE VARIAÇÃO GL SQ QM F P
MÃE 1 0,03919 0,03819 6,03 0,058
TRAT. (BLOCO) 5 0,02748 0,0055 0,87 0,56
ERRO 5 0,03168 0,00634
TOTAL 11 0,09735
Pode-se constatar na análise de variância, sem blocos, (Tabela 6) que houve diferença
significativa ao nível de 95% de confiabilidade no peso médio dos filhos de mães vacinadas e
não vacinadas. Sendo que os filhos de mães não vacinadas obtiveram um melhor peso vivo
médio final.
Tabela 6. Análise de variância do peso vivo médio considerando como tratamentos mães
vacinadas e não vacinadas.
CAUSAS DE VARIAÇÃO GL SQ QM F P
MÃE 1 0,03819 0,03819 6,46 0,029
ERRO 10 0,05916 0,00592
TOTAL 11 0,09735
A prática de vacinar os animais, contra Salmonella, é recente e não encontramos
trabalhos publicados que questionem os seus efeitos colaterais. A vacina usada provavelmente
foi agressiva e pode ter interferido no ganho de peso médio final da progênie. Os pintos
podem trazer um efeito materno que pode interferir na biota intestinal e no seu grau de
absorção de nutrientes.
Um experimento feito por FLEMING et al., (2004), dados não publicados, com o
objetivo de avaliar probióticos, prebióticos e ácidos orgânicos, seus efeitos e associações,
encontraram diferenças significativas entre as diferentes substâncias utilizadas.
69
Alguns resultados zootécnicos alcançados pelos autores estão especificados na Tabela 7.
Tabela 7. Desempenho de frangos de corte com uso de produtos alternativos adaptado de
Fleming et. al., (2004).
Tratamentos Parâmetros
Peso vivo GPD Consumo C.A . IEP*
T1 (negativo) 2510,54ab 58,75 4576,88 1,85 312,17
T2 (antibiot) 2494,86ab 58,38 4427,02 1,80 320,68
T3 ( B2B) 2553,79a 59,79 4564,23 1.81 329,86
T4 (B2B + MOS) 2512,41ab 58,83 4602,34 1,86 315,28
T5 (B2B+Acido) 2504,51ab 58,58 4476,43 1,78 317,73
T6 (B2B+Acid+Mos) 2459,69b 57,56 4545,20 1,88 308,92
Fonte: Fleming et al. 2004.
* IEP, índice de eficiência produtiva feito através do cálculo da divisão do peso médio sobre a
conversão alimentar).
Os autores constaram diferenças significativas entre os tratamentos para o ganho de
peso, onde o probiótico apresentou um melhor resultado que os demais. Este fato não se
repetiu para os demais parâmetros testados, apesar de uma tendência para um melhor GPD e
índice de eficiência produtiva (IEP).
Valores de 5% a 10% das necessidades energéticas da ave podem sofrer a influência
da ação dos microorganismos, principalmente na forma de ácidos graxos voláteis. As
bactérias benéficas teriam a capacidade de produzir esses ácidos a partir da fibra da dieta no
intestino grosso proporcionando desta forma uma economia na energia da dieta, o que
justificaria o melhor ganho de peso apresentado pelo tratamento com o probiótico (GASAWA,
1976).
A associação de probióticos e prebióticos do tipo mananoligossacarideos (MOS) tem
sido testada, onde os prebióticos servem de nutrientes para as bactérias. Estes carboidratos
têm como característica de ligarem-se à fímbria das bactérias e inibirem a colonização do
trato gastroinitestinal por microorganismos patogênicos. Este mecanismo de ação segundo
alguns autores, seria responsável pela melhoria dos ganhos zootécnicos quando esta
associação é feita e fornecida nas rações das aves (BRADLEY; SAVAGE, 1994).
Entretanto de acordo com os resultados não pode ser detectado este efeito no
experimento realizado.
No trabalho realizado por FLEMING et al., (2004), os animais que receberam o
probiótico apresentaram os melhores resultados para o ganho de peso (p<0.05). Entretanto as
associações de probiótico com prebiótico (mananoligossacarideos e ácidos orgânicos)
apresentaram uma resposta inversa, isto é, um ganho de peso significativamente inferior. O
70
autor também não constatou diferenças significativas para a utilização de promotor de
crescimento e para as associações do probiótico com mananoligossacarideos e ácidos
orgânicos para os demais parâmetros testados.
Os resultados do experimento realizado assim como os obtidos por SANTOS et al.,
(2004), não permitiram detectar uma melhora do peso dos frangos quando se utilizou
probióticos comparado com os promotores de crescimento tradicionais (antibióticos). A
utilização experimental dos probióticos nem sempre tem apresentado resultados positivos em
relação ao ganho de peso e a conversão alimentar das aves. As divergências nos resultados
experimentais já publicados podem estar relacionadas, com as condições de higiene das
instalações (tempo de desocupação do galpão e nível de contaminação ambiental), e ao estado
sanitário das aves. Aves alojadas em locais que se apresentam há bastante tempo desocupados
ou com baixo nível de contaminação ambiental, tendem a apresentar resultados pouco
significativos com utilização de probióticos (KUSSAKAWA; FERREIRA, 1999).
- Consumo acumulado de ração (CR)
Os dados apresentados na Tabela 4, mostram os resultados obtidos para o consumo
acumulado de ração. As aves submetidas aos diferentes tratamentos, no período de 0-42 dias
de idade, não apresentaram diferenças significativas no consumo acumulado de ração.
Os autores, KANIAWATI; SKINER; WALDRUP (1992), utilizando ácidos orgânicos
como aditivo na ração nas fases de crescimento, final e total também não encontraram
diferenças significativas nos dados de desempenho, e não foi observado efeito acumulado
com a adição dos ácidos (ácido fórmico e propiônico).
Entretanto, FURLAN; MACARI; LUQUETI, (2004) com a utilização de prebióticos e
simbióticos obtiveram maior consumo de ração do que o controle, o peso vivo também foi
maior, apresentando melhor conversão alimentar do que o controle. Os trabalhos são bastante
recentes e em alguns casos contraditórios. Dificultando uma análise mais objetiva sobre os
ganhos de pesos com a utilização destes produtos alternativos. O que se busca são resultados
que não tragam prejuízos econômicos e ambientais.
71
- Conversão alimentar
Conforme os dados apresentados nas Tabelas 4, 8 e 9, as analises de variância não
apresentaram diferença estatisticamente significativa ao nível de 95% de confiabilidade entre
as conversões alimentares dos filhos de mães vacinadas em relação aos filhos de mães não
vacinadas. Pode-se considerar que os pintos provenientes das mães vacinadas não obtiveram
uma melhor resposta de proteção que os filhos de mães não vacinadas.
Como não houve diferença entre os blocos, se refez a análise de variância
considerando apenas os tratamentos (V e NV).
Tabela 8. Analise de variância da Conversão Alimentar (CA) considerando mãe e bloqueando
por tratamento.
CAUSAS DE VARIAÇÃO GL SQ QM F P
MÃE 1 0,0533 0,0533 3,78 0,109
TRAT 5 0,1198 0,0240 1,70 0,288
ERRO 5 0,0705 0,0141
TOTAL 11 0,243
Tabela 9. Analise de variância da Conversão Alimentar (CA).
CAUSAS DE VARIAÇÃO GL SQ QM F P
MÃE 1 0,0533 0,0533 2,80 0,125
ERRO 10 0,1903 0,0190
TOTAL 11 0,2437
Apesar das condições limitadas existentes no experimento 1 é possível ver que houve
uma tendência dos filhos de mães vacinadas apresentarem resultados inferiores de peso vivo e
conversão alimentar, em relação aos filhos de mães não vacinadas. Esta tendência não foi
observada no caso dos animais que receberam o probiótico MSC (Mucosal starter culture®),
isto é, os filhos de mães vacinadas responderam melhor ao uso do probiótico, MSC (Mucosal
starter culture®), quando comparado os dois probióticos utilizados no experimento.
72
O experimento foi realizado em um local que permitia a infecção dos animais e que ao
mesmo tempo apresentasse menores riscos de contaminação ambiental e humana. Estas
condições não permitiram realizar um experimento com um número maior de repetições,
sendo considerado, o experimento 1, como um ensaio preliminar que orientou a realização do
segundo experimento onde se optou então, por um menor número de tratamentos viabilizando
um maior número de repetições dentro das condições experimentais disponíveis.
Entretanto, apesar do teste não ter permitido um maior número de repetições, para
alguns parâmetros, é possível ver claramente que houve uma tendência dos filhos de mães
vacinadas apresentarem resultados inferiores em relação aos filhos de mães não vacinadas (T-
7 ao T-12), Não sendo observada esta tendência nos filhos de mães não vacinadas que
apresentaram maior peso médio e melhor conversão alimentar. No caso dos animais controle
positivo (CP), essa inversão não é tão significante.
SANTOS et al. (2004), ao testar probióticos na ração de frangos de corte da linhagem
Cobb, vacinados, comparado-os com promotores de crescimento tradicionais observaram uma
piora na conversão alimentar dos animais, nos tratamentos com probióticos, no período de 21
a 48 dias. Os autores utilizaram, um número expressivo de animais, (oito repetições de 45
animais para cada tratamento) e analisaram os dados de desempenho zootécnico e carcaça.
Não foi feito o desafio sanitário dos animais para Salmonella.
Diante dos resultados obtidos no experimento 1, optou-se por utilizar somente o
probiótico MSC (Mucosal starter culture®), pois foi o tratamento que resultou no melhor
peso vivo médio e conversão alimentar embora sem diferenças significativas.
- Fator de Produção (FP)
Os resultados demonstram que não teve diferença significativa para o Fator de
Produção para aves com idade de 42 dias. Os dados obtidos são discordantes de FURLAN;
MACARI; LUQUETI, (2004) que obtiveram melhores índices de fator de produção, 4% e 5%
acima os dados obtidos em relação ao controle com a utilização de prebióticos e simbióticos.
NETO; DARI, (2000) também obtiveram fatores de produção melhores com a utilização de
ácidos orgânicos, onde o ácido fumárico a 0,125% apresentou melhor efeito do que nas
concentrações de 0,25 e 0,50%.
73
Tabela 10. Fator de Produção (FP) de frangos de corte da linhagem
Ross aos 42 dias de idade: utilizando dois antimicrobianos e dois
probióticos, julho 2004.
TRATAMENTO * FP
T1 (VC)
342
T7 (NVC)
363
T2 (VN)
294
T8 (NVN)
336
T3 (VA)
318
T9 (NVA)
380
T4 (VM)
331
T10 (NVM)
394
T5 (VCP)
351
T11 (NVCP)
356
T6 (VCN)
335
T12 (NVCN)
363
* Tratamentos: os animais dos tratamentos 1 ao 6 são filhos de mães vacinados
(V) e os dos tratamentos 7 ao 12 de mães não vacinadas (NV). No tratamento 1
(VC) as aves receberam (0,1 ml 20 mg/kg de peso vivo de Ceftiofour), no
tratamento 2 (VN) receberam a mesma quantidade mas de Norfloxazol. Nos
tratamentos 3 (VA) e 4 (VM) as aves receberam 0,1 ml dos probióticos
Aviguard® e MSC (Mucosal starter culture®). Os tratamentos 5 e 6 são os
testemunhos (VCP) e (VCN) controle positivo (inoculados com salmonella) e
controle negativo (não inoculados).
3.3.1.2 Parâmetros microbiológicos
A contaminação máxima, com Salmonella typhimurium, foi detectada no T-5 (controle
positivo de mães vacinadas) em 100% das aves, que foram desafiadas apresentaram
salmonelose, seguido do T-11 (controle positivo de mães não vacinadas) que apresentaram a
doença em 60% das aves, isso ocorreu aos 7 dias de idade. Houve uma diminuição na
contaminação nestes dois tratamentos de 20 e 50 pontos percentuais aos 42 dias de idade. As
aves apresentam uma defesa natural frente a enteropatógenos, isso pode estar relacionado com
algumas linhagens, isto é, em algumas linhagens as aves naturalmente eliminam a Salmonella
sem ocorrer nova recontaminação pelo ambiente, ou então podemos ter falsos positivos onde
não é possível detectar a pesquisa de Salmonella (Tabela 11).
74
Os tratamentos T-2 e T-8 que foram utilizados antibióticos, por 5 dias, apresentaram
aos 7 dias 20% de contaminação e obtiveram uma redução de 50 e 100 pontos percentuais
para a infecção aos 42 dias de idade.
Ao analisarmos os probióticos percebe-se que o Aviguard teve uma melhor resposta
para os filhos de mães não vacinados T-9, e o MSC (Mucosal starter culture®) teve melhor
resposta para os filhos de mães vacinadas.
Tabela 11. Número de colônias positivas de salmonella, e grau de infectividade nos
diferentes tratamentos aos 7 dias para Salmonella enteritidis.
AOS 7DIAS AOS 42DIAS
TRATAMENTO
N° observações % de
positivos
N° observações % de
positivos
T1 (VC) 0 0 0 0
T7 (NCV) 0 0 0 0
T2 (VN) 2 20 1 10
T8 (NVN) 2 20 0 0
T3 (VA) 1 10 1 10
T9 (NVA) 0 0 0 0
T4 (VM) 0 0 0 0
T10 (NVM) 1 10 1 10
T5 (VCP) 10 100 8 80
T11 (NVCP) 6 60 3 30
T6 (VCN) 0 0 0 0
T12 (NVCN) 0 0 0 0
* Número de animais analisados por tratamento 10.
FERREIRA (2003), comparando três tipos de probióticos (MSC, Aviguard e AveFree)
observou que 60% dos animais que recebem AveFree foram positivos para o desafio de
Salmonella kedougou. Os que receberam Aviguard 18% apresentaram a doença e somente
7,3% dos animais que receberam MSC tiveram a salmonelose. Demonstrando que os animais
que receberam este último probiótico apresentaram melhor proteção contra a Salmonella
testada. Os autores não avaliaram o desempenho zootécnico dos animais.
Em relação aos dois probióticos utilizados neste experimento não foi possível detectar
uma diferenciação na proteção dos animais entre os dois, pois os resultados são contraditórios
quando se analisa os animais que foram ou não vacinados no mesmo tratamento (Tabela 11).
75
A vacina preventiva contra salmonella, para proteção da prole, pouco ou nada
interferiu na resposta das aves aos tratamentos preventivos para Salmonella, sejam eles
antimicrobianos ou probióticos.
3.3.2. Experimento 2
No experimento 2 foram utilizados pintos de mães vacinadas para Salmonella, e
testado com um probiótico, comparando-o com dois grupos controle um inoculado e outro
não com Salmonella.
Os dados foram analisados aos 28 dias para os parâmetros zootécnicos e 31 dias para
os parâmetros microbiológicos.
3.2.2.1 Parâmetros zootécnicos
Não foi avaliada a mortalidade por que todas as mortalidades ocorridas, não foram
causadas pelo efeito da infecção por salmonella e sim por acidentes, durante a condução do
experimento, (o tratador pisou sobre alguns pintos).
- Peso vivo médio
Não houve diferença estatisticamente significativa ao nível de 95% de confiabilidade
entre os tratamentos, com probióticos ou não, e entre os blocos (Tabelas 12 e 13).
Nesse segundo experimento apesar de ter sido testado somente um produto com um
maior número de repetições não pode ser detectado diferenças significativas em relação ao
peso vivo dos animais que receberam ou não o probiótico. Parte deste resultado pode ser
devido às condições experimentais. O vazio sanitário realizado e as condições de condução do
experimento podem ter contribuído para minimizar os efeitos dos tratamentos. Essas
condições experimentais podem não refletir a realidade à campo onde os desafios são mais
intensos e as respostas poderão ser diferentes das encontradas neste experimento.
76
Tabela 12. Peso vivo médio (PM) de frangos de corte da linhagem Ross aos 28 dias de idade,
inoculados ou não com salmonella e/ou com probiótico, dezembro 2004 do peso médio (PM).
BLOCO
TRAT 1 2 3 4 MÉDIA
MSC (1) 1,908 1,957 1,931 1,915 1,928
CP (2) 1,871 1,875 1,944 1,855 1,886
CN (3) 1,883 1,854 1,949 1,869 1,889
TOTAL 1,888 1,895 1,941 1,880 1,901
Tabela 13. Análise de variância do peso vivo médio (PM) de frangos de corte da linhagem
Ross aos 28 dias de idade, inoculados ou não com salmonella e/ou com probiótico, dezembro
2004.
Fonte da
variação
SQ GL MQ F valor-P
Tratamento 0,004314 2 0,002157 2,877121 0,133006
Colunas 0,006803 3 0,002268 3,025011 0,115347
Erro 0,004498 6 0,00075
Total 0,015615 11
Tabela 14. Análise do peso vivo médio (PM) de frangos de corte da linhagem Ross aos 28
dias de idade, inoculados ou não com salmonella e/ou com probiótico, dezembro 2004.
Fonte da variação SQ gl MQ F valor-P F crítico
Tratamento 0,004083 2 0,002041 3,148324 0,11617 5,143249
Bloco 0,007102 3 0,002367 3,651234 0,083017 4,757055
Erro 0,00389 6 0,000648
Total 0,015076 11
77
As boas condições experimentais além de não permitirem detectar diferenças entre os
tratamentos testados, resultaram num peso vivo médio dos animais superior ao padrão da
Macedo e da linhagem Ross 308, conforme se pode observar no Gráfico abaixo (Figura 1).
Figura 1. Peso vivo médio (PV) de frangos de corte da linhagem
Ross aos 28 dias de idade, inoculados ou não com salmonella
e/ou com probiótico, comparado com o padrão da linhagem,
dezembro 2004.
* MSC mucosal start cultura; CP controle positivo; CN controle negativo; P1
padrão da linhagem Ross, e P2 padrão da Macedo.
- Consumo acumulado de ração
Ao analisar os dados de consumo acumulado de ração no período (0 28 dias de
idade), não se observa diferenças significativas entre os tratamentos. Ao relacionar estes
dados com o padrão da linhagem Ross, (AgROSS) e os padrões de uma Empresa avícola,
observa-se que houve um maior consumo acumulado de ração. O consumo de ração médio foi
35,2% superior ao padrão da linhagem e 34,9% e maior que o padrão Macedo, conforme
pode-se visualizar na Tabela 15. Assim como o peso vivo, talvez o maior consumo tenha sido
influenciado pelas boas condições experimentais e a menor densidade de aves no galpão e
pode-se ainda somar a estes fatores a possibilidade de que os desafios sanitários realizados
não tenham sido tão intensos ao nível de afetar os resultados zootécnicos.
1,928
1,886
1,889
1,401
1,261
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
PV (kg)
MSC (1) CP (2) CN (3) P1 P2
78
Tabela 15. Consumo acumulado de ração de frangos de corte da linhagem Ross aos 28 dias de
idade, inoculados ou não com salmonella e/ou com probiótico, dezembro 2004.
BLOCO
TRAT 1 2 3 4 MÉDIA
MSC (1) 2,582
2,713
2,541
2,713
2,637
CP (2) 2,557
2,656
2,656
2,602
2,618
CN (3) 2,573
2,550
2,541
2,480
2,536
MÉDIA
2,570
2,640
2,579
2,598
2,597
Tabela 16. Análise de variância para o consumo acumulado de ração de frangos de corte da
linhagem Ross aos 28 dias de idade, inoculados ou não com salmonella e/ou com probiótico,
dezembro 2004.
Fonte da variação SQ gl MQ F valor-P F crítico
Linha 0,023095 2 0,011548 2,568371 0,156379 5,143249
Coluna 0,008529 3 0,002843 0,632362 0,620634 4,757055
Erro 0,026976 6 0,004496
Total 0,058610 11
- Conversão alimentar
Os resultados de conversão alimentar são semelhantes aos obtidos para o peso vivo
médio, ou seja, não houve diferença significativa entre os tratamentos conforme Tabelas 17 e
18.
Ao compararmos as conversões alimentares obtidas com os padrões da linhagem e da
Empresa os animais apresentaram melhores índices de conversão alimentar. Os animais do
experimento apresentaram um maior consumo de ração e este resultou em um maior peso
vivo, com melhor desempenho zootécnico que os padrões considerados.
79
Tabela 17. Conversão Alimentar (CA) de frangos de corte da linhagem Ross aos 28 dias de
idade, inoculados ou não com salmonella e/ou com probiótico, dezembro 2004.
BLOCO
TRAT 1 2 3 4 MÉDIA
MSC (1) 1,353 1,386 1,316 1,417 1,368
CP (2) 1,366 1,417 1,367 1,403 1,388
CN (3) 1,366 1,375 1,304 1,326 1,343
TOTAL 1,362 1,393 1,329 1,382 1,366
Tabela 18. Análise de variância da Conversão Alimentar (CA) de frangos de corte da
linhagem Ross aos 28 dias de idade, inoculados ou não com salmonella e/ou com probiótico,
dezembro 2004.
Fonte da
variação
SQ GL MQ F valor-P F crítico
Linhas 0,004083 2 0,002041 3,148324 0,11617 5,143249
Colunas 0,007102 3 0,002367 3,651234 0,083017 4,757055
Erro 0,00389 6 0,000648
Total 0,015076 11
Em relação à literatura a grande maioria das poucas publicações existentes onde foi
feito um desafio de Salmonella patogênica não traz resultados de desempenho zootécnico dos
animais. E os que apresentam o desempenho zootécnico não submeteram os animais a um
desafio sanitário. Esta dicotomia entre os dados zootécnicos e sanitários dificulta a
comparação dos resultados obtidos com os dados de outros autores. Podemos citar como
exemplo os trabalhos de SANTOS et al., (2002), FLEMING et al., (2004), NETO; DARI, (2000),
FURLAN; MACARI; LUQUETTI, (2004), em que não foi feito desafio sanitário. E os de
FERREIRA (2003), SPRING et al., (2000), que submeteram os animais ao desafio sanitário
com bactérias patogênicas, mas não apresentaram resultados zootécnicos. Os efeitos
sinérgicos ou antagônicos que podem ocorrer quando as aves são submetidas ao desafio
sanitário são ainda desconhecidos e torna-se indispensável analisar os efeitos e eficiência das
substâncias alternativas nos índices zootécnicos de animais que são submetidos a desafios
provocados experimentalmente.
80
Figura 2. Análise da conversão alimentar (CA) de frangos de corte da
linhagem Ross aos 28 dias de idade, inoculados ou não com
salmonella e/ou com probiótico, comparado com o padrão da
linhagem, dezembro 2004.
* Conversão alimentar (CA) dos tratamentos (T1) 1,368; (T2) 1,388; (T3) 1,343 e o
P1, padrão da linhagem 1,440 e o P2, padrão da Macedo 1,569 para a idade de 28
dias.
- Fator de produção (FP)
Os Fatores de Produção, (Tabela 19), obtidos ficaram acima dos patamares que
habitualmente se trabalha, devido a idade que foram sacrificadas as aves para a pesquisa de
salmonella 28 dias, bem antes do habitual que é aos 42 dias. O Fator de Produção se
apresentou 50% maior que o habitual, em função de que as aves foram abatidas mais cedo. A
menor idade de abate reflete no cálculo do FP, pois neste período a conversão é melhor e o
peso vivo estava acima do padrão, além disso, houve uma baixa mortalidade. Em condições
de campo, onde a mortalidade aumenta relativamente conforme aumenta a idade, o ganho de
peso tende a estabilizar isso faz com que o fator de produção seja menor. Se compararmos
com os dados acumulados de uma Empresa avícola, durante o inverno de 2004, machos (Ross
308, 508 e Cobb) apresentaram um fator de produção de 313, e no verão de 2004 o FP foi de
282 pontos.
1,368
1,388
1,343
1,440
1,569
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
CA (kg/kg)
MSC (1) CP (2) CN (3) P1 P2
81
Tabela 19. Fator de Produção (FP) de frangos de corte da linhagem Ross aos 28 dias de idade,
inoculados ou não com salmonella e/ou com probiótico, dezembro 2004.
BLOCO
TRAT 1 2 3 4 MÉDIA
MSC (1) 446 447 464 427 446
CP (2) 433 418 450 418 430
CN (3) 436 426 473 446 445
TOTAL
438 430 462 430 440
3.3.2.2 Parâmetros microbiológicos
A Tabela 21 apresenta os dados da presença de salmonella aos 7 e 31 dias de idade das
aves e os respectivos graus de infectividade ou fator de proteção.
Os animais que receberam os tratamentos não apresentaram diferença significativa
entre eles, para o grau de infectividade e o fator de proteção, conforme se pode observar na
Tabela 20.
Tabela 20. Presença de aves positivas para Salmonella enteritidis aos 7 e 31 dias de idade.
POSITIVOS % de
POSITIVOS
POSITIVOS % de
POSITIVOS
TRATAMENTO BLOCO NÚM
OBS.
Aos 7 dias de idade Aos 31 dias de idade
1 1 15 9 60% 6 40%
1 2 15 3 20% 0 0%
1 3 15 6 40% 0 0%
1 4 15 4 27% 0 0%
2 1 15 12 80% 1 7%
2 2 15 2 13% 0 0%
2 3 15 3 20% 1 7%
2 4 15 14 93% 1 7%
3 1 15 6 40% 0 0%
3 2 15 0 0% 4 27%
3 3 15 1 7% 0 0%
3 4 15 8 53% 0 0%
82
Conforme os resultados da análise de Friedman, não existe diferença significativa ao
nível de 95% de confiabilidade entre aos tratamentos avaliados aos 7 e 31 dias de idade
(Tabela 21 e 22).
Considerando a avaliação do número de resultados positivos para salmonella versus
tratamentos considerando os blocos observou-se que não houve diferença significativa.
Tabela 21. Análise de positivos para salmonella por tratamento bloqueado por bloco, teste de
Friedman.
Tratamento N Média Soma das classes
1 4 6,500 9,0
2 4 7,500 10,0
3 4 3,500 5,0
Grande média = 5,833; S= 3,50; DF = 2; P = 0,174;
Tabela 22. Análise de positivos para salmonella por tratamento bloqueado por
bloco, teste de Friedman.
Grande media = 0,3333; S = 0,88 DF = 2 P = 0,646; S = 1,08 DF = 2 P = 0,584
(adjusted for ties)
Os resultados obtidos são contraditórios com os publicados por SPRING, (2000) que ao
utilizar mananoligossacarídeo para a proteção do desafio de duas cepas de salmonellas,
Salmonella typhimurium 29E, e Salmonella dublim observou uma redução na contaminação
por salmonella. E quando adicionou na dieta o MOS este apresentou uma tendência no
sentido da redução dos coliformes fecais.
Pode-se acrescentar também os dados de SANTIN et al. (2000) que também observaram
diferenças significativas aos 21 e 42 dias de idade no desempenho de frangos de corte quando
Tratamento N Média Soma das classes
1 4 0,167 7,5
2 4 0,833 9,5
3 4 0,000 7
83
compararam dietas suplementadas com prebióticos e dietas não suplementadas, o que foi
correlacionado com o aumento no tamanho de vilo da mucosa intestinal das aves
suplementadas aos 7 dias de idade.
SPRING et al. (2000) sugerem que os mananoligossacarídeos da parede celular de
leveduras podem atuar bloqueando os sítios de ligação de bactérias patogênicas na mucosa
intestinal, diminuindo assim os danos à mucosa e, conseqüentemente, o turnover dessas
células, o que pode resultar em melhor utilização dos ingredientes da ração.
Talvez a dose ou o tipo de probiótico usado não tenham sido eficientes na inibição da
salmonella inoculada nos frangos. E dever-se-ia em experimentos subseqüentes testar os
probióticos usado em diferentes doses associado ou não a prebióticos.
- Custo de produção
Foi analisado o custo de produção, utilizando probióticos como promotores de
crescimento habituais nas rações das aves. Procurou-se estimar o custo do quilo de frango
produzido considerando os resultados do experimento e os resultados obtidos com promotores
de crescimento usados na Empresa que forneceu os animais.
Tabela 23. Relação de custos de produção para os diferentes tratamentos utilizados no
experimento.
Tratamento
Viabilidade CA PM
Custo da
Ração
Custo do
Pintinho
Custo
TOTAL*
MSC (1) 96% 1,368 1,928 0,60 0,2368 0,8376
CP (2) 97% 1,388 1,886 0,61 0,2395 0,8492
CN (3) 98% 1,343 1,889 0,59 0,2368 0,8266
*Os custos foram obtidos através do cálculo feito com o consumo de ração e o custo de produção dos
pintos. Neste caso foram considerados somente o consumo de ração e a produção do pinto.
O menor custo por quilo de frango produzido foi obtido com os animais do controle
negativo (CN R$ 0,8266), seguido pelo que recebeu o probiótico MSC com o custo de R$
0,8376, onde o controle positivo teve o maior custo R$ 0,8492.
84
Numa Agroindústria que abate, aproximadamente, 2 milhões de aves ao mês haveria
uma economia em torno de R$ 45.200,00 para a produção aves livres de contaminação de
Salmonella. Isso implica em menor consumo de alimentos com uma melhor eficiência
zootécnica. O custo para tratar 2 milhões de frangos com o probiótico utilizado no
experimento é de R$ 4.971,40 indicando que ele poderia ser utilizado pois implicaria numa
relação custo benefício positivo para a Empresa.
85
3.4. CONSIDERAÇÕES FINAIS DO TRABALHO
Considerando os dois trabalhos experimentais realizados e as limitações encontradas
para sua realização, pelo alto risco de contaminação humana e ambiental podemos concluir
que:
Os protetores de flora utilizados, e em especial, o probiótico MSC, não apresentaram
uma eficiência de proteção adequada quando submetidos a um desafio sanitário com
Salmonella patogênica nos primeiros dias de vida dos frangos de corte.
Os animais inoculados ou não com Salmonella que receberam uma ração sem aditivos
protetores apresentaram melhor desempenho zootécnico, microbiológico com menor custo de
produção.
86
4. CONSIDERAÇÕES GERAIS E PERSPECTIVAS DA
DISSERTAÇÃO
Num sistema de criação de aves industrial onde são normalmente utilizadas altas
densidades, isto é, uma superpopulação de animais num mesmo ambiente, os riscos de termos
o aparecimento de zoonoses é bastante alto e, conseqüentemente, elevam-se os riscos de
contaminação ambiental. Estes riscos são agravados quando não são levadas em consideração
as práticas de biossegurança básicas como a freqüência da troca de cama dos aviários
(considerando as condições climáticas e o material usado em cada região), a desinfecção e o
controle de pragas.
Outro aspecto que deve ser levado em consideração é o uso da cama de aviário
quando esta apresentar problemas sanitários, isto é, quando os veis de microorganismos
patogênicos como as Salmonellas, estiver elevado, pois estes agentes podem sobreviver no
ambiente por meses. Além disso, as camas dos aviários comumente utilizadas como adubo
para olericultura, muitas vezes não sofrem um adequado processo de fermentação que
auxiliaria na minimização dos veis destas bactérias indesejáveis. Os legumes contaminados
se não forem bem lavados e/ou bem cozidos podem contaminar o homem.
Com relação ao aparecimento de surtos de resistência aos antibióticos, em animais e
no homem, deve haver por parte dos profissionais da área um maior cuidado e treinamento.
Este cuidado deve ser redobrado quando se trata da produção de frangos e o seu uso for nas
rações devido ao grande volume produzido e número de animais envolvidos no processo. A
utilização quando indispensável por motivos sanitários deve ser no seu nível mínimo
necessário, respeitando o período de carência, a dose correta e o tipo adequado para cada
infecção.
O resultado dos dois ensaios experimentais realizados o nos permite dizer que os
probióticos usados como controladores de flora e/ou inibidores de microorganismos
patogênicos tiveram uma ação destacada. Eles precisam ser testados em outros experimentos,
pois no presente estudo não foram efetivos na proteção das aves e não apresentaram melhor
desempenho zootécnico em relação as que receberam o tratamento habitual.
O único local que encontramos para realizar os experimentos, pelos riscos de
contaminação que este tipo de desafio traz para o ambiente e para o homem, era limitado em
termos de área o que nos levou a usar um número de animais aquém do que idealizamos.
87
Portanto talvez os resultados obtidos estejam também abaixo do que se esperava com
o uso destes produtos alternativos. Não conseguimos viabilizar um teste a campo para
verificar como se comportariam os animais que receberam estes compostos frente aos
desafios sanitários que habitualmente ocorrem no campo.
Finalizando, nos permitimos assinalar que a salmonelose é uma zoonose cosmopolita.
Sua incidência, reincidência e implicações tem sido motivo de preocupação e estudos, pois ela
pode ocorrer nas diferentes fases de toda a cadeia produtiva de alimentos de origem animal.
Na avicultura os cuidados começam na matriz e vão até as gôndolas dos supermercados onde
o produto final é adquirido pelo consumidor. Neste processo deve-se continuamente avaliar e
rastrear os fatores predisponentes em todas as etapas do sistema de criação, pois é uma
zoonose complexa e de difícil erradicação. O sistema de biossegurança adotado deve prever
este procedimento e permitir identificar os pontos de maior vulnerabilidade fazendo o
adequado ajuste para não comprometer o processo produtivo como um todo. Além disso,
deveria ser investido em mais treinamento e conscientização das pessoas que trabalham ao
longo de toda a cadeia produtiva, sobre a importância do controle de zoonoses e suas
implicações para a saúde pública e para o ambiente.
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in São Paulo, Brazil. Revista do Instituto de Medicina Tropical de o Paulo, São Paulo, v. 38, p.
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
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Ciência Animal e Pastagens)-Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São
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96
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ZEIDLER, G. Who's afraid of the Salmonella wolf? World Poultry, Doetinchen, v. 5, p. 4-9, 1996.
Suplemento especial.
97
6. ANEXOS
Anexo 1
Custo humano das infecções por salmonellas
País Custo anual
Estados Unidos - Ano base 1987 US$ 1 bilhão de dólares
Estados Unidos - Ano base 1994 US$ 4 bilhões de dólares
Grã Bretanha - Ano base 1997 US$ 25 milhões de dólares
Holanda - Ano base 1994 FL$ 79 milhões de florins
Fonte: Roberts, (1988).
98
Anexo 2 Sorotipos mais encontrados de salmonellas.
Sorotipos de salmonellas de maior importância para galinhas isoladas de matérias primas e de
ração para aves entre 1976 e 1991 e identificados pelo Fio Cruz.
Sorotipos de Salmonellas Número * Percentagem
Typhimurium
76 3,30%
Enteritidis
19 0,80%
Gallinarum
3 0,10%
Pullorum
9 0,40%
Total 2.293 100%
Fonte: Hofer et al. (1998).
Sorotipos mais comuns de salmonellas identificadas pelo Instituto Adolfo Lutz de São Paulo
(1970 - 1990)
Fontes humanas (%) Fontes não humanas (%)
Sorotipos de salmonellas
1970-76 1977-82 1983-90 1970-76 1977-82 1983-90
Anatum
14,1 8,4
Thyphimurium
77,7 69,3 36 24,5 10,6
Derby
9,5
Agona
16,1 21,3 10,8 14,2 5,7
infantis
7 14,3 9,6
Havana
8,3
Cerro
7,3
Livingstone
7,1
Enteritidis
0,37
0,85
Outros sorovares 22,2 14,6 42,7 33 43 62
Total de amostras 6.551 15.892 6.215 1.687 9.130 3.528
Fonte: Taunay et al. (1996).
99
Sorotipos mais comuns de salmonellas identificadas pelo Instituto Adolfo Lutz de São Paulo
(1991 – 1995)
Fontes humanas (%) Fontes não humanas (%) Sorotipos de
Salmonellas
91 92 93 94 95
Total
91 92 93 94 95
Total
Enteritidis
1,2 2 10,1 43,3 64,9 668 0 0 1,8 22 40,7 546
Pullorum
1,9 18 20,8 11,3 4,6 280 0 0 0 0 0 0
Typhimurium
11,1 13,1 11 7,8 4,8 200 9,9 5 5,8 4,4 2,1 151
Agona
16 12,5 8,6 3,6 3,6 185 6,4 3,7 3,6 4,4 1,2 115
Infantis
17,2 3,6 2,8 4,4 2,8 144 2,9 7,6 1 4,9 4 120
Hadar
6,6 5,6 11,6 1,9 0,8 102 2,6 7,4 2,5 2,7 3,6 116
Outros
sorotipos
37 45,2 35,1 27,7 18,5 78,2 76,3 85,3 61,6 48,4
Total de
amostras
488 305 327 524 610 2.254 312 462 916 528 1.018 3.236
Fonte: Tavehio et al. (1996).
100
Anexo 3 Dados adaptados sobre exemplos de incidência de contaminação e tipos de
salmonellas encontrados.
Salmonellas isoladas de alimentos adquiridos pela Secretaria Municipal de Abastecimento da
Prefeitura da Cidade de São Paulo (São Paulo, 1997).
Fonte Percentagem
Frango 76,40%
Lingüiça 10,00%
Surtos 8,50%
Outros 5,10%
Salmonellas isoladas de alimentos adquiridos pela Secretaria Municipal de Abastecimento da
Prefeitura da Cidade de São Paulo (São Paulo, 1992 – 1996).
Sorotipos de Salmonellas N° de cepas (%)
Enteritidis
99 70,6
Pullorum 1,9,12 1 0,7
Demais 40 28,7
Salmonelas isoladas de alimentos adquiridos pela Secretaria Municipal de Abastecimento da
Prefeitura da Cidade de São Paulo (São Paulo, 1997).
Sorotipos de Salmonellas Perecentagem
Enteritidis
81,40%
Agona
4,70%
Hadar
3,70%
Pullorum 1,9,12 0,90%
Outras (Schwarzengrund, Saint Paul, Newport, Give, Ohio) 9,30%
Fonte: Lírio et al. (1998).
101
Anexo 4
Distribuição dos surtos alimentares por Salmonella enteritidis ocorridos na região de
Campinas, SP, no período de março de 1995 a março de 2001
Ano N°de surtos
1995 19
1996 14
1997 19
1998 18
1999 22
2000 12
2001 (até março) 9
Total 115
Fonte: Simões et al. (2001)
102
Anexo 5
Resistência antimicrobiana entre 282 cepas de Salmonella enteritidis isoladas de fontes humanas,
alimentos, rações, aves e suínos durante 1995 - 96 (São Paulo, 1999).
Resistência
antimicrobiana
Resistência antimicrobiana Antimicrobianos
1
N° de amostras (%)
Antimicrobianos 1
N° de amostras (%)
Tetraciclina 6 2,1 Ácido Nalidixico 4 1,4
Gentamicina 6 2,1 Conamicina 3 1,1
Carbenicilina 6 2,1 Neomicina 2 0,7
Ticarciclina 6 2,1 Cloranfenicol 1 0,4
Ampicilia 6 2,1 Nitrofurantoina 1 0,4
Piperaciclina 5 1,8 Sulfa/Trimetropim
1 0,4
Tobramicina 5 1,8 Imipenem 1 0,4
Mezlociclina 4 1,4 Cefazolin 1 0,4
Cefalotina 4 1,4
1-Todas as outras cepas testadas de S. enteritidis foram suscetíveis a: Amicazina, Aztreonan, Cefotetan,
Cefoxitina, Ceftazidimie, Ceftriaxone, Cefalotina, Ciprofloxaxina, Imipeneem.
Fonte: Nunes, (1999).
103
Anexo 6
Resistência antimicrobiana e susceptibilidade entre sorotipos de Salmonellas isoladas de
carcaças de aves (São Paulo, 2001).
Resitência a (%) Sorotipos de
Salmonellas
Número de
amostras
Amostras
susceptíveis
1 droga 2
drogas
3 drogas >4
Hadar
288 10% 84 4 2 0
Enteritidis
132 93% 7 0 0 0
Albany
38 11% 0 0 40 49
Agona
15 73% 27 0 0 0
Indiana
13 15% 8 70 7 0
Emek
12 42% 0 50 8 0
Others
36 61% 32 7 0 0
Total (%) 534 (100%) 36% 50% 6% 4% 4%
Fonte: Fuzihara, (2000).
104
Anexo 7
Resistência antimicrobiana e susceptibilidade entre sorotipos de Salmonellas isoladas de
carcaças de frangos (São Paulo, 2001).
Resitência aos seguintes antimicrobianos 1 (%) Sorotipos de
Salmonellas
Número de
amostras
Tetra Sulfi
x
Estrepto Sulfa Trimet Amo
x
Ampic
Nal
Hadar
288 90 4 5 <1 <1 <1 <1 0
Enteritidis
132 0 7 0 0 0 0 0 0
Albany
38 50 89 87 89 3 0 0 3
Agona
15 0 27 0 0 0 0 0 0
Indiana
13 85 77 8 0 0 0 0 0
Emek
12 8 58 58 0 0 0 0 0
Others
36 25 31 0 0 0 0 0 0
Total (%) 534
(100%)
56% 16% 11% 7% <1% <1% <1% <1%
Fonte: Fuzihara, (2000).
OBS: Tetra = tetraciclina; Sulfix = sulfixazol; Strepto = estreptomicina; Sulfa = sulfazotrin; Trimet =
trimetropin; Amox = amoxilina; Ampic = ampicilina; Nal = ácido nalidíxico.
Todas as outras cepas testadas de Salmonella enteritidis foram suceptíveis a: Ceftazidina; Cefalotina;
Cefotaxin; Aztreonan; Cefoxitin; Cefapin; Cloranfenicol; Ciprofloxacina; Cefuroxin; Cefoperazone;
Gentamicina; Imipenem; Canamicina; Metilmecina; Ticarcilina; Tobramicina;
105
Anexo 8 inoculação dos probióticos no incubatório
106
Anexo 9 Pintos do experimento para alojar
107
Anexo 10 aviário experimental
108
Anexo 11 placa de meio de cultivo com salmonella
109
Anexo 12 aviário experimental
110
Anexo 13
Fotomicrografia mostrando a porção média do ceco de pintinhos SPF tratados com Aviguard
após 24 horas. Os colares estão bem evidentes e a região basal doceco encontra-se recoberto
com um tapete de bactérias. Observa-se também que as criptas estão parcialmente abertas e
nota-se a presença colônias bacterianas aderidas à região apical da mesma (70 x).
Fonte: Ferreira, (2004).
111
Anexo 14
Fotomicrografia mostrando a porção média do ceco de pintinhos SPF tratados com Aviguard
após 24 horas. Observa-se que os colares estão recobertos com diferentes estruturas
bacterianas de várias formas (2000 x).
Fonte: Ferreira, (2004).
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