Os irmãos Rodolfo
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e Henrique Bernadelli
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foram os primeiros professores
de Lídia Baís e, talvez, os primeiros artistas a lhe apresentar os segredos da
representação pictórica e uma nova maneira de ver a arte. Esses dois artistas, ainda no
final do século XIX, quando estudavam na Academia Imperial de Belas Artes, já
apresentavam, em suas obras, alguns traços da “modernidade artística” e chegaram a
propor um novo método de ensino para a recém criada Escola Nacional de Belas Artes,
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Rodolfo Bernadelli, escultor brasileiro, nasceu em Guadalajara, México, a 18 de dezembro de 1852, e
morreu no Rio de Janeiro a 7 de abril de 1931. Aluno premiado da Academia Imperial de Belas Artes
(1870), estudou em Roma (1876-1885) e , de volta ao Brasil, ocupou a cadeira de escultura estatuária da
Academia Imperial de Belas Artes (1885-1910) e foi o diretor da Escola Nacional de Belas Artes no
período de 1890 a 1915, reformando, nesse período o ensino artístico no Brasil. (MIRADOR, 1976, p.
1661).
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Pintor e desenhista, Henrique Bernardelli nasceu em Valparaíso, Chile, em 1858. Faleceu na cidade do
Rio de Janeiro/RJ, em 1936. Mudou-se para o Rio de Janeiro por volta de 1865, acompanhando seus pais,
que são convidados a ser preceptores das princesas imperiais. Em 1870 matricula-se na Academia
Imperial de Belas Artes, Aiba, onde é aluno de Victor Meirelles, Zeferino da Costa e Agostinho da Motta,
entre outros. Derrotado por Rodolfo Amoedo, no concurso para o prêmio de viagem a Europa, em 1878.
No ano seguinte viajou para a Europa por conta própria. Permaneceu sete anos em Roma e nesse período
estuda no ateliê de Domenico Morelli. De volta ao Brasil, em 1886, realizou a primeira individual, na
Academia Imperial, expondo Tarantela, Maternidade e Messalina, entre outras. No início da década de
1890 realizou a pintura de painéis para a Biblioteca Nacional e o Teatro Municipal, no Rio de Janeiro, e
para o Museu Paulista, em São Paulo. Na Exposição Geral de Belas Artes de 1916, recebeu medalha de
honra pela execução de 22 medalhões em afresco. Essas obras adornam a fachada do Museu Nacional de
Belas Artes, no Rio de Janeiro. Como professor, lecionou na Enba e em sua residência. Entre seus alunos
destacam-se Lucílio de Albuquerque, Georgina de Albuquerque, Eugênio Latour, Hélios Seelinger e
Arthur Timótheo da Costa. Em 1931, um grupo de alunos da Enba criou, no porão da instituição, um
ateliê livre de pintura, denominado Núcleo Bernardelli, em homenagem aos irmãos Henrique e Rodolfo.
Segundo Edson Motta: “Bernardelli foi o primeiro pintor brasileiro a extrair todos os fundamentos de sua
experiência artística dos processos, hábitos técnicos e cores da pintura italiana praticada por muitos
artistas do século XIX [...]. O sentido do primado conferido à objetividade sem concessões a
sentimentalismos a despeito do tema que, em outro pintor, poderia dar margem a divagações psicológicas
ou a pieguismos vulgares. A reflexão em torno de temas não era de seu feitio. Suas vivências refletiam e
desdobravam-se em suas pinturas sacras ou profanas, ao contato com o modelo real sem maiores
compromissos com o transcendental, no primeiro caso, e sentimentalismo no outro. A constituição
psicológica e a formação emocional de Bernardelli era a do homem que conferia primado à matéria. Sua
consciência e sua arte só tinham compromissos com os efeitos que ele admitia como realidade. E uma
realidade sólida e bem estruturada sob a qual, pintando, não empregava recursos de tonalidade tênue,
transparências ou reflexos de efeitos ligeiros e fáceis. Aplicava tintas em plena pasta e pinceladas
marcadas, acompanhando, o mais das vezes, o movimento das formas representadas e conseguindo dessa
forma uma evidente sensação de volume” (MOTTA, 1979). Segundo Quirino Campofiorito “[...] após
oito anos de estudo em Roma, Henrique Bernardelli [...]. Impõe-se de pronto e sem despertar polêmica
sobre a obra que trazia e a marcante personalidade que demonstrava, a não ser por parte de alguns críticos
mais limitados. Estranhavam estes, as influências que traziam da pintura italiana do fim do século [...].
Sucedia apenas que Henrique Bernardelli escapava àquele semblante do oficialismo artístico de Paris, que
conformando tudo o que poderia ser admitido, como pintura válida em nosso meio, acabara, por força do
hábito, a assemelhar-se a uma condição marcante da criatividade nacional. [...]. O que havia de mais
particular na obra trazida pelo jovem pintor recém-chegado era o aspecto de uma pintura nova para o que
aqui se conhecia. Não exatamente a diferença de um academismo francês, em relação a outro italiano,
mas principalmente pelo artista desfazer-se de preocupações técnicas e estéticas conservadoras e abrir
uma nova visão para a pintura [...]. Logo se deixa perceber, nas telas trazidas por Henrique, que muito
havia de popular, de tendência a acentuar a naturalidade das coisas, dos fatos, enfim uma visão