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OSVALDO PAULINO DA SILVA
ARQUEOLOGIA DOS ENGENHOS DA ILHA DE SANTA CATARINA -
PARTE SUL
Dissertação apresentada como requisito parcial e
último à obtenção do grau de Mestre. Curso de Pós-
Graduação em História, concentração em
Arqueologia, do Instituto de Filosofia e Ciências
Humanas da Pontifícia Universidade Católica do Rio
Grande do Sul.
Professor Orientador: Dr. Arno Alvarez Kern
PORTO ALEGRE
1996
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1 INTRODUÇÃO
1.1 A CONTEXTUALIZAÇÃO DA PESQUISA
Os engenhos foram núcleos produtivos, instalados na Ilha de Santa Catarina,
responsáveis pela manutenção e dinamização da economia agrícola por cerca de 2 dois
séculos. Os primeiros sistemas de transformação de produtos agrícolas são registrados a
partir dos primeiros contatos mantidos entre os indígenas que habitavam a Ilha de Santa
Catarina e o continente fronteiro e os europeus recém chegados ao Brasil, no período
imediatamente posterior ao descobrimento. A convivência aparentemente pacífica entre
estas duas etnias, possibilitou a apropriação dos métodos indígenas de transformação da
raiz da mandioca em farinha pelos europeus, cuja regularidade na produção era capaz de
abastecer os navios que na Ilha arribavam. No final do século dezessete, quando os
índios
Carijó
haviam sido expulsos do litoral, os habitantes da Ilha de Santa Catarina,
formados pela miscigenação daqueles europeus com as habitantes nativas, por alguns
negros escravos, espanhóis e portugueses ali residentes, tinham transformado a
rudimentar técnica indígena de produção da farinha, adaptado-a em engenhocas ou
maquinários manuais. Estes instrumentos estavam ainda em operação, quando chegaram
à Ilha, os primeiros colonizadores provenientes da Ilha da Madeira e Arquipélago dos
Açores em meados do século XVIII.
A colonização da Ilha de Santa Catarina estruturou-se essencialmente na
agricultura. O edital que regulamentava a vinda de emigrantes para o Brasil, prometia
algumas vantagens para quem quisesse se transferir para o Brasil, entre elas, um lote de
terras para as primeiras culturas. Entretanto, o insucesso de algumas culturas conhecidas
dos recém-chegados imigrantes levou-os a optar pela cultura que melhor se desenvolvia
e melhores resultados oferecia para o produtor, a raiz da mandioca (
manihot esculenta
). A estrutura agrária voltou-se para a cultura da mandioca, cuja produção leva a
implantação dos primeiros engenhos de farinha de mandioca. A produção destes
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engenhos tornou a Ilha auto suficiente e tão logo se iniciou o século XIX, transformou-
se no produto mais exportado da Capitania de Santa Catarina.
Os engenhos de açúcar e aguardente surgem logo em seguida aos de farinha,
porém com produção inferior, mas igualmente possibilitando a entrada de seus produtos
na pauta de exportações da Capitania. Outros produtos também começam a ser
transformados ou beneficiados em engenhos, entre eles o trigo (
triticum sativum
) e o
milho (
zea mays
), cujo conjunto mecânico responsável pela moagem era denominado de
atafona
.
A aceitação dos produtos provenientes de engenhos ocorre de tal forma, que no
final do século XVIII, havia um número superior a 500 unidades em funcionamento,
instaladas na Ilha de Santa Catarina, tendo o engenho de farinha como estabelecimento
predominante. Durante o culo XIX, a produção de farinha de mandioca transcorre em
altos e baixos, não obstante a manutenção de sua posição primeira nas exportações
catarinenses. A instabilidade registrada na produção da farinha, é atribuída sobretudo, à
ingerência do governo quanto à aplicação de uma política agrícola, coerente com a
realidade dos agricultores ilhéus. A produção do açúcar visava principalmente ao
consumo interno, não obstante a exportação de um pequeno excedente. A cana de
açúcar (
officinarum sccharum
) era destinada mais à produção de aguardente, uma vez
que a sua produção era de melhor qualidade do que a do açúcar.
No final do século XIX, a economia da Ilha de Santa Catarina esboça um
processo de decadência irreversível, ocasionada internamente pela rigidez do sistema
agrário que sempre norteou a produção agrícola e externamente, pela produção das
outras capitanias e pela polivalência e o sucesso da produção agrícola, registrada nas
recém implantadas colônias européias, alemãs e italianas principalmente. A
conseqüência mais lógica foi a diminuição do número de engenhos, porém mantendo
ainda uma produção, algumas vezes de subsistência, até meados do século XX. O
abandono dos estabelecimentos produtores encontra seu auge na década de 1960,
quando a capacidade de fornecimento dos recursos naturais da área rural da Ilha de
Santa Catarina decai sensivelmente, diante da modernização da sociedade
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florianopolitana e de sua crescente atividade imobiliária. Atualmente, poucas unidades
ainda mantém-se em funcionamento, mais pelo saudosismo de quem passou a vida
empoeirado nas farinhadas e no calor dos alambiques do que propriamente pelos lucros
obtidos.
1.2 OS OBJETIVOS DA PESQUISA
Diante do volumoso contexto material e do seu desaparecimento irreversível,
optou-se por uma abordagem arqueológica, cujo arcabouço teórico-metodológico
possibilitasse o alcance do objetivo geral desta pesquisa: a recriação dos sistemas
produtivos dos engenhos, através do resgate da sua cultura material e da revisão da
documentação escrita. A busca do objetivo geral, possibilitou por extensão, que se
estabelecesse os objetivos específicos, definidos como: a)o levantamento e mapeamento
dos vestígios materiais provenientes de engenhos na área estudada e sua conseqüente
transformação em potencial arqueológico para esta pesquisa - a transformação dos
vestígios materiais de engenhos, cadastrados durante o levantamento, como bens
arqueológicos será uma proposta a ser apresentada ao órgão competente da esfera
federal para apreciação futura; b) da mesma forma, possibilitar a conscientização dor
órgãos culturais locais e das comunidades possuidoras dos vestígios materiais dos
engenhos, será um objetivo condicionado ao fim deste trabalho e à sua divulgação; c)
identificar as causas do abandono e desaparecimento dos engenhos; d) recuperar as
informações orais sobre o funcionamento e a localização dos antigos engenhos; e)
identificar a relação engenho-espaço, como uma variável fundamental na captação de
recursos naturais e f) identificar as antigas relações de produção, através de um engenho
em funcionamento, envolvendo naturalmente as pessoas que nele vivem e dele
dependem.
A existência de um grande número de engenhos no passado, somada às
informações preliminares obtidas em campo, possibilitaram a formulação de hipóteses
que tentarão ser confirmadas ou refutadas no decorrer deste trabalho: a) os vestígios
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materiais, remanescentes dos engenhos poderiam ser considerados um potencial
arqueológico de cada comunidade; b) a produção de açúcar e aguardente, normalmente
relegada ao segundo plano na documentação escrita sobre os engenhos ocorreu de
forma regular na parte sul da ilha de Santa catarina; c) o açúcar poderia ser produzido no
mesmo rancho que a farinha e vice-versa, característica observada num engenho em
funcionamento, porém com a produção de açúcar desativada; d) a produção de outros
gêneros de origem agrícola solidária aos engenhos de farinha de mandioca, entre eles a
cachaça; e) a confirmação da utilização da técnica construtiva de pau-a-pique nos
engenhos, referida na bibliografia pertinente ao assunto, como a técnica mais empregada
e por último; f) a utilização da energia hidráulica na movimentação de engenhos na
parte sul da Ilha de Santa Catarina.
A área de estudos abrangeu a parte sul da Ilha de Santa Catarina, um local
potencialmente rico em vestígios materiais provenientes dos engenhos, evidenciados
num levantamento prévio efetuado em toda a Ilha. O período de estudos foi
convencionado como o período pós descobrimento, quando os primitivos processos de
transformação da farinha de mandioca foram evidenciados pelos relatos de alguns
navegantes que teriam se beneficiado deste produto, até 1994, quando concluiu-se o
estudo do
Engenho do Chico,
sob uma visão etnográfica.
1.3 A ESTRUTURA TEÓRICO-METODOLÓGICA DA PESQUISA
A metodologia de trabalho estruturou-se em 4 fases distintas: a) análise da
documentação escrita sobre os engenhos e sua correlação no tempo e no espaço; b) o
levantamento arqueológico dos vestígios materiais dos engenhos; c) o estudo
etnográfico de um engenho em atividades e por último, d) a junção destas 3 fases, no
que convencionou-se denominar de contextualização da pesquisa propriamente dita.
A análise e revisão da bibliografia pertinente aos engenhos baseou-se nas fontes
escritas, consideradas primárias e secundárias. Entende-se por primária, toda aquela
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documentação que foi escrita por quem viu ou viveu a história que nos interessa de
perto. Neste rol de fontes, citamos como uma das mais importante, o relatório do então
Governador da Capitania de Santa Catarina, João Alberto de Miranda Ribeiro, enviado
ao Vice-rei do Brasil, em 1797, publicado por D. LAYTANO (1959). Sua importância
para o contexto desta pesquisa alicerçou-se, à medida que mostrou minuciosamente os
dados relativos à quantidade de engenhos naquele ano, além das valiosas informações
sobre a produção e as questões agrícolas inerentes àquela época. A obra
Memórias
políticas sobre a Capitania de Santa Catarina,
escrita na primeira cada do culo
XIX por P. M. BRITO (1932), também ofereceu uma gama de informações valiosas na
interpretação do uso do solo e do comércio e exportação da farinha de mandioca e
outros produtos provenientes dos engenhos. A obra
Memória histórica da Província de
Santa Catharina
, escrita no início da segunda metade do século XIX por M. J. A.
COELHO (1877),
Santa Catarina, a Ilha
, escrita na virada do século XIX por V.
VÁRZEA e os relatos de viajantes que na Ilha de Santa Catarina aportaram ou se
hospedaram durante os séculos XVIII e XIX, completaram o quadro das informações
primárias. Dos viajantes, o que merece destaque sem dúvida, é A. SAINT-HILAIRE
(1978), cujos relatos, de cientificidade incontestável, forneceram subsídios para o
entendimento da produção agrícola ilhoa no período que foi do ano de 1820 ao ano de
1847.
A documentação secundária foi composta pelas obras de autores, cujos trabalhos
voltaram-se direta ou indiretamente aos engenhos. Dentre os que elegeram os engenhos
como seu objeto de pesquisa, referencia-se W. PIAZZA (1956), N. PEREIRA (1993). D.
PACHECO (1962), e H. BLASCHKE (1962). As obras que se referem ao contexto
histórico, no qual os engenhos permearam ao longo dos dois culos, não serão aqui
referenciadas porque foram muitas, mas serão oportunamente citadas, se se fizer
necessário, no decorrer do trabalho.
A segunda fase, constou do levantamento arqueológico na área alvo, obedecendo
a uma metodologia previamente estabelecida. A prospecção arqueológica possui uma
variedade de cnicas, cuja aplicação está condicionada à natureza do objeto da
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pesquisa e principalmente, ao tipo de terreno. Em áreas sem obstáculos, sejam eles
naturais ou artificiais, as caminhadas de maneira sistemática, em forma de grade ou de
transects,
oferecem excelentes resultados e têm sido bastante aplicadas (FASHAM,
1986; PLOG, PLOG e WAIT,1978; HALL, 1986; NEVES, 1984;) Em áreas com
obstáculos, principalmente em locais de florestas, onde a visibilidade é muito baixa, tais
técnicas mostram resultados insatisfatórios ou às vezes impossíveis de ser alcançados.
Estas áreas tornam-se mais complexas quando possuem grandes extensões. Técnicas de
seccionamento de maneira a obter pequenas áreas, que podem variar de acordo com as
disponibilidades, e leitura de cartas e fotografias aéreas disponíveis e caminhadas
irregulares podem ser indispensáveis (LOVIS JR., 1976; FASHAM, 1986). Um
levantamento arqueológico bem organizado sob seus objetivos e disponibilidades de
execução torna-se um método eficaz de produção de conhecimentos arqueológicos de
uma determinada área, à medida que deixou de ser um preâmbulo da escavação. O
conjunto de informações disponíveis na superfície do sítio e na paisagem de um modo
geral, pode fornecer informações necessárias para reconstituir o contexto arqueológico
daqueles sítios, cuja escavação seja impossível por questões diversas (ZADORA-RIO,
1986, p. 11). Assim, a escavação arqueológica de sítios de engenhos não se procedeu,
por entender-se que as informações obtidas com o levantamento atendiam aos objetivos
propostos. Por outro lado, a campanha de uma escavação envolve um elevado número
de recursos materiais e humanos, indisponíveis para a execução desta pesquisa. A coleta
de material de superfície também não foi efetivada, tendo em vista a peculiaridade dos
artefatos existentes à época da pesquisa, em alguns sítios. Estes são formados por
enormes utensílios, utilizados nos processos de fabricação da farinha de mandioca, do
açúcar e da aguardente, cujo peso de cada um pode se elevar a mais de 1 tonelada. Não
se tratam de
features
, pois são portáteis e encerram a atividade humana (SHARER e
ASHMORE, 1979, p. 70). Portanto, a coleta de pequenos artefatos e o abandono de
outros maiores, não seria, metodologicamente correto. Por outro lado, os utensílios dos
engenhos possuem alto valor comercial como objetos de decoração e portanto, sua
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retirada gratuíta acarretaria uma situação constrangedora com o proprietário do local
onde se encontrava o sítio.
Num levantamento arqueológico é imprescindível saber o que se vai procurar, ou
em outras palavras, ter em mãos a definição do sítio arqueológico, objeto da pesquisa.
Um sítio arqueológico é definido por vários critérios que possibilitam o
reconhecimento de um local de atividades humanas no tempo e no espaço. Pode ser por
critérios de ocorrência de vestígios da cultura material numa determinada área estudada
(PLOG, PLOG e WAIT, 1978), (SCHIFFER, SULLIVAM e KLINGER, 1979) ou pela
escavação de um determinado local (DEETZ, 1967). Um acampamento provisório pode
ser definido como um sítio arqueológico, como também uma grande cidade (WILLEY e
PHILLIPS
apud
ZADORA-RIO, 1986, p. 12). Portanto, a definição de sítio
arqueológico depende do contexto arqueológico posto diante do pesquisador. Contexto
arqueológico aqui é definido como “...un conjunto de elementos que se relacionan con el
objeto de nuestra observación...” (ADANEZ PAVON, 1986, p. 13).
A definição de um sítio arqueológico de engenho não é um caso atípico em
relação aos demais sítios históricos. Como estes, necessita de critérios adaptáveis às
circunstâncias do contexto arqueológico onde estão inseridos. Podem ser definidos pela
ocorrência de estruturas arquitetônicas ou vestígios que indiquem uma simetria. Em
situações mais precisas, pela presença de pequenas estruturas arquitetônicas
arredondadas, oriundas dos fornos ou pela ocorrência de dois níveis de superfícies
distintos, com altura variando entre 1 metro e 1,50 metro, muito comum nos engenhos
de úcar. Vestígios de sistemas hidráulicos (calhas de alvenaria de pedras ou de tijolos
utilizadas para conduzir água) podem ter pertencido a engenhos movidos à roda d’água.
Vestígios de artefatos de madeira como prensas, fusos, rodas dentadas e outros também
podem ser indicadores da ocorrência de um antigo engenho. As informações orais,
quando o tomadas com bastante cuidado, podem se revelar valiosas na definição de
um sítio de engenho. Entretanto, no inventário do sítios arqueológicos da área estudada,
foram cadastrados 3 engenhos em funcionamento como sítios arqueológicos. Esta
situação parece um tanto inusitada a princípio, mas quando relacionamos a arqueologia
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ao estudo de testemunhos do passado, um sítio arqueológico adquire vida e forma
indeterminada. Por outro lado, não é necessário esperar-se que um engenho seja
abandonado, venha a ruir e seus vestígios misturados em meio à vegetação e ao solo
para então encará-lo como sítio arqueológico. Mas, o que configurou materialmente o
engenho em funcionamento como um sítio arqueológico, foi sem dúvida o seu piso de
chão batido. As atividades exercidas nos engenhos ainda em funcionamento, deixam
evidente a deposição arqueológica no seu piso, normalmente construído com barro
compactado. A ocupação do local por um período de 45 anos por exemplo (tempo de
construção do engenho mais novo cadastrado nestas condições), ocasiona uma micro-
estratificação do sítio, muito comuns em sítios históricos (ORSER JR., 1992, p. 85).
A terceira fase da pesquisa foi estruturada no estudo de um engenho, cuja
estrutura produtiva e habitacional ainda guarda características imutáveis. A utilização da
etnoarqueologia como abordagem metodológica, caracteriza-se numa das mais
importantes fontes de analogia que podem ser utilizadas pelos arqueólogos na
reconstituição do passado (SCARRE, 1990, p. 253).
A recriação do passado na sua totalidade tem sido tarefa impossível de ser
realizada, à medida que as fontes documentais e materiais são, via de regra,
fragmentárias e parciais. Na missão de diminuir cada vez mais os espaços vazios
existentes no conhecimento das sociedades passadas, arqueólogos m rompido as
barreiras de suas próprias abordagens, indo buscar em outras disciplinas respostas às
suas indagações. Nesta busca, a etnografia possibilitou o surgimento de uma nova
abordagem, a etnoarqueologia. Surgida a partir da década de 1960, no âmbito da
New
Archaeology,
nos Estados Unidos, a etnoarqueologia veio suprir uma deficiência sentida
pelos arqueólogos da necessidade de melhor compreender sociedades extintas, cujos
vestígios materiais, algumas vezes ínfimos, não permitiam uma interpretação satisfatória
dos dados arqueológicos. A utilização de paralelos culturais entre duas sociedades - uma
passada e outra vivente, constituiu-se no objeto primordial desta nova abordagem.
A etnoarqueologia tem sido tradicionalmente utilizada na arqueologia pré-
histórica, evidentemente devido às suas próprias origens. A visão transcultural que
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norteia o confronto entre passado e presente permite uma visão coerente da realidade
arqueológica também em sociedades históricas, caso estas sociedades possuam um
mesmo desenvolvimento tecnológico (GALLAY, 1990), referenciadas sobretudo pelo
caráter imutável da exploração do meio ambiente. Entretanto, é preciso definir o grau de
controle das observações efetuadas, sob pena das constatações obtidas induzirem à
falsas interpretações arqueológicas.
O estudo de antigos engenhos na parte sul da Ilha de Santa Catarina através de
abordagens arqueológicas abriu uma questão imediata: a documentação escrita
sobre estes estabelecimentos produtores de farinha de mandioca, açúcar, aguardente e
outros produtos de origem agrícola é reduzida, quase inexistente em se tratando de
alguns produtos como o açúcar. Os sítios destes antigos engenhos possuem uma
peculiaridade em relação aos demais sítios arqueológicos históricos: seus artefatos,
quase todos de madeira, normalmente são retirados após o abandono do engenho. Caso
isto não ocorra, as condições de conservação destes sob o solo são muito precárias, indo
desaparecer rapidamente, privando os arqueólogos de vestígios fundamentais da cultura
material. Portanto, os dados arqueológicos, lacunares em situações normais, podem ser
mais escassos ainda, quando se trata do estudo de sítios de engenhos. Argumenta-se
ainda que a utilização de paralelos culturais como forma de restituir o passado da
maneira mais fiel possível torna-se necessária sempre que a sociedade vivente ofereça a
viabilidade de confronto. Diante disto, a utilização de um engenho que permitisse tal
confronto tornou-se uma questão inerente à própria pesquisa em curso.
A quarta e última fase organizou-se na contextualização da pesquisa
arqueológica. O estudo dos engenhos da Ilha de Santa Catarina através de sua cultura
material conduz à utilização de abordagens teórico-metodológicas próprias da
arqueologia histórica. A arqueologia histórica define-se como um campo de estudos das
sociedades do passado que fazem parte da história, diferente dos grupos humanos pré-
históricos, estudados pela arqueologia-pré-histórica. Entretanto, a sua definição pode
trazer discussões, à medida que a periodização da história, não ocorre de forma retilínea
em todo o globo. Assim, “... o estudo arqueológico dos aspectos materiais, em termos
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históricos, culturais e sociais concretos, dos efeitos do mercantilismo e do capitalismo
que foi trazido da Europa em fins do século XV e que continua em ação ainda hoje”
(ORSER JR., 1992, p. 23), é uma definição voltada à realidade americana tão somente,
não obstante a discussão a respeito do estudo das culturas centro e sul-americanas
estarem mais inclinadas à arqueologia histórica, pelo seu elevado grau de organização
social e nível tecnológico, do que à arqueologia pré-histórica. Na ilha de Santa
Catarina, convencionou-se nesta pesquisa, o contato dos primeiros europeus com as
populações indígenas, ocorrido nas duas primeiras décadas do descobrimento, como
término de uma e o início de outra abordagem arqueológica. Se adotarmos a definição
dada acima, veremos que aqueles primeiros ufragos que entre os índios
Carijó
teriam
vivido, o estabeleceram exatamente, efeitos do mercantilismo e do capitalismo sobre
a organização econômica nativa.
No entanto, um sítio proveniente deste período, que
acuse a presença de vestígios materiais de sociedades históricas, não se configura mais
como
sítio pré-histórico.
A arqueologia histórica tem a peculiaridade de proceder suas investigações em
conjunto com documentos históricos. Na ausência destes, os todos arqueológicos
podem ser aplicados de forma eficaz em qualquer fase histórica, mesmo num passado
recente (CLARKE, 1985). A cultura material impressa nas realizações humanas adquire
um sentido de destituição ou de comprovação dos documentos escritos existentes. As
populações relegadas ao analfabetismo ou semi-analfabetismo, via de regra, o
participaram do processo histórico, através da produção de documentos escritos. É
portanto, a sua cultura material e iletrada, resgatada pelas investigações arqueológicas,
que vai fornecer os dados necessários à reconstituição do processo histórico no qual
estão inseridas (KERN, 1991a).
Ao investigar os traços da cultura material, o arqueólogo sofre, inevitavelmente,
um processo dialético que o envolve ao mundo material de seu objeto de pesquisa. Os
objetos impõem significados, que decifrados, passam a ser a resolução da problemática
inicial, posta ante a necessidade de entendimento de todo o conjunto. Arqueólogo e
objeto passam a ser sujeitos ativos dentro de um mesmo contexto (KERN, 1991b, p. 4).
12
O esforço do arqueólogo eleva-o a uma condição de
participante
do processo de
formação do sítio arqueológico, estendendo sua participação inclusive, ao momento do
processamento dos dados em laboratório (FUNARI, 1988, p. 38). A participação do
arqueólogo no contexto arqueológico efetiva-se à medida que ele vislumbra o interior
das sociedades estudadas. quando o estabelecidas hipóteses correspondentes aos
significados subjetivos de uma comunidade do passado, ...podemos empezar a hacer
arqueología.” (HODDER, 1983, p. 101).
A economia das populações possuidoras de engenhos, estruturou-se ao longo de
toda a sua existência, na exploração dos recursos naturais, a maioria deles renováveis.
Diante disto, a transformação ambiental foi uma característica inerente à dinâmica de
sobrevivência do próprio sistema produtivo. A paisagem adquire, aos olhos do
arqueólogo, o somente um quadro de fenômenos naturais, mas uma variedade de
sentidos sociais e econômicos (BERTRAND, 1978, p. 133). O espaço portanto, tem de
ser visto como o resultado de um processo de transformação ocasionado pela intensa
atividade humana naquele local. Não pode ser abordado como um contexto distante,
secundário ou intermediário(GUILLE, 1980, p. 135). Para D. CLARKE (1977), a
arqueologia espacial define-se como a recuperação das atividades humanas presentes
num contexto ambiental. A paisagem encerra em si, testemunhos das realizações
humanas na busca incessante de meios para a maximização de recursos naturais.
A metodologia para o estudo da paisagem dos engenhos foi dimensionada em
duas áreas distintas. Uma delas, denominou-se micro-área como sendo a menor unidade
de estudo, representada pela superfície de um sítio ou pela área ocupada ou abandonada
de uma roça. A outra, denominada macro-área, abrangia uma área de captação de
recursos, ou seja, o sítio e o seu contexto espacial, incluindo-se as áreas de roças
abandonadas. As áreas de exploração de recursos, fora dos limites do engenho, de uso
comum, convencionou-se denominá-las áreas de reservas, por se situarem na maioria
das vezes, muito longe dos sítios e possuírem um potencial de recursos algumas vezes
não mais existentes na área de captação de recursos dos engenhos.
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A utilização da abordagem arqueológica no estudo dos antigos engenhos da parte
sul da Ilha de Santa Catarina justifica-se, à medida que as informações escritas
existentes são fragmentárias e a sociedade local não pode se privar do conhecimento da
sua história econômica, que por extensão é a sua história sócio-cultural.
2 A PARTE SUL DA ILHA DE SANTA CATARINA
2.1 A ESCOLHA DA ÁREA
Os engenhos de farinha de mandioca e de açúcar ocorreram em toda a extensão
da Ilha de Santa Catarina. Entretanto, levantar os 425 quilômetros quadrados de sua
superfície total mostrou-se inviável para os recursos humanos e financeiros da pesquisa,
além de que consumiria mais tempo do que o inicialmente disponível. Por outro lado, a
metodologia prevista para o levantamento de campo fora direcionada ao mapeamento
integral da área a ser estudada, ou seja, não seria aplicado um sistema de busca do
potencial arqueológico através de amostragens. A área escolhida teria a sua superfície
vasculhada, objetivando encontrar todos os vestígios materiais possíveis. Assim, optou-
se por definir uma área menor, bem delimitada espacialmente e que oferecesse
condições satisfatórias para o desenvolvimento da pesquisa, de uma forma mais
concentrada.
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A parte sul da Ilha de Santa Catarina foi a área que melhores condições oferecia
para o alcance dos objetivos da pesquisa. Um levantamento prévio efetuado em toda a
ilha ainda em 1993, mostrou ser aquela área a que possuía, de forma mais preservada,
pequenas localidades quase isoladas, com engenhos ainda em funcionamento e vestígios
materiais destas antigas unidades de produção inseridas em suas regiões agrícolas.
Entende-se portanto, que o conhecimento acerca dos antigos engenhos através de
abordagens arqueológicas, prescinde daquilo que suas populações nos deixaram: a
cultura material.
A área restante da ilha está inserida num crescimento populacional acelerado em
virtude da implantação de zonas balneárias com características de cidades naquelas
áreas originalmente agrícolas, situadas principalmente à beira-mar. Isto tem
descaracterizado e arrasado, inevitavelmente, extensas áreas de lavouras acompanhadas
de seus núcleos de transformação, os engenhos. Este fenômeno que vem processando-
se nesta área, é bem verdade, ocorre também na parte sul da ilha, mas de forma menos
violenta, ou pelo menos, tem poupado ainda algumas áreas afastadas do eixo balneário.
A opção pela parte sul justifica-se à medida que o potencial de pesquisa ali verificado,
não mais ocorria de proporções iguais na parte norte da ilha, mas que tendia,
gradativamente, ao desaparecimento. Assim, a prioridade de um levantamento
arqueológico, inequivocamente de salvamento, justificaria-se mais no sul por entender-
se que os vestígios materiais ali existentes ainda de forma contextual, também
ocorreram em semelhantes condições no norte, mas que lá, não mais existiam face à
crescente urbanização ocorrida na área. Seria imprescindível então, que se efetivasse o
levantamento e mapeamento, na medida do possível, dos vestígios da cultura material
produzida nos engenhos, antes que desaparecessem. E parte destes vestígios eram,
segundo informações orais, provenientes de engenhos de açúcar. Tal informação
motivou ainda mais a escolha da área, à medida que os engenhos de açúcar e seus
alambiques não figuram na documentação escrita com a mesma importância dada aos
engenhos de farinha de mandioca, mas foram fundamentais no abastecimento de açúcar,
15
aguardente e melado às populações ilhoas por cerca de duzentos anos, decorridos do
início da colonização açoriana e madeirense em meados do século XVIII.
2.2 O AMBIENTE
A parte sul da ilha de Santa Catarina situa-se entre os paralelos 27º 38’ e 27º 50’
de latitude sul e os meridianos 48º 27’ e 48º 34’ de longitude oeste. Os seus limites
naturais compreendem o oceano Atlântico ao leste e ao sul e a baía Sul ao oeste. Ao
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FIGURA 1
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norte, foram estabelecidos limites artificiais que partiram do oceano Atlântico,
passando pelo lado norte da localidade de Rio Tavares em direção à vertente do morro
do Sertão e deste, à vertente do morro da Costeira, deslocando-se para o sul até, o Rio
Tavares e seguindo pelo curso deste até a baía Sul.
A parte sul da ilha compreende três distritos e 16 localidades: Distrito de
Pântano do Sul, com as localidades de Praia do Saquinho, Costa de Dentro, Açores,
Armação e Morro das Pedras sob sua jurisdição; Distrito do Ribeirão da Ilha, com as
localidades de Praia dos Naufragados, Caieiras da Barra do Sul, Tapera, Caiacangaçu,
Barreira do Ribeirão ou Sertão de Baixo, Costeira do Ribeirão, Alto Ribeirão, Tapera da
Base e Carianos, sob sua jurisdição e parte do Distrito da Lagoa com as localidades de
Campeche e Rio Tavares, sob sua responsabilidade (INSTITUTO DE
PLANEJAMENTO URBANO DE FLORIANÓPOLIS, 1994, doravante citado como
IPUF).
De norte a sul, a área possui 23,5 quilômetros de extensão, com 10,4 quilômetros
na parte mais larga no sentido leste-oeste. Seus limites ao norte localizam-se a 10
quilômetros de distância do centro da cidade de Florianópolis, por estrada pavimentada.
É servida por uma rede de estradas de rodagem estaduais e municipais, destas últimas,
algumas ainda sem pavimentação. Das localidades acima, duas não possuem estradas:
Praia dos Naufragados e Praia do Saquinho. Seus acessos são feitos pelo mar em, dias
com boas condições atmosféricas e por terra, através de estreitas trilhas utilizadas
muitos anos, visto que nelas foram localizados sítios arqueológicos de antigos engenhos.
O relevo possui duas áreas bem definidas, cujas superfícies possuem cobertura
vegetal distintas. Uma delas, composta de terrenos de sedimentação recente, ocorre na
região central da área, com formações litorâneas de mangues nas margens da baía Sul,
campos de antigas dunas ao lado do oceano Atlântico e planícies arenosas na região
mediana. Nestas planícies a cobertura vegetal é composta por vegetação de restinga que
incluem árvores de pequeno e médio porte. Os mangues o compostos por arvoretas
típicas destes locais alagadiços e os campos de dunas, por vegetação rasteira e
arbustiva. A outra área, formada por morros de terrenos cristalinos, estende-se através
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de um espigão, desde o extremo sul até o encontro com a planície arenosa, continuando
na cadeia de morros que estabelecem os limites da área estudada, ao norte. A altura
máxima ocorre na crista do morro do Ribeirão, com 540 metros. A cobertura vegetal é
representada pela Floresta Pluvial de Encosta Atlântica (CARUSO, 1990, p. 51-54).
Atualmente, os pouquíssimos vestígios desta floresta misturam-se com roças, campos de
pastagens e vegetação secundária. Para inverter esta situação de descaracterização
natural, foram criados em toda a extensão da área, três parques de preservação
ambiental. No extremo sul, foi implantado na década de 1970, o Parque Estadual da
Serra do Tabuleiro, que compreende também terras do continente fronteiro (SANTA
CATARINA, 1975). Na região central da área, implantado também na mesma época,
está o Parque Municipal da Lagoa do Peri, cuja abrangência compreende a Lagoa do
Peri e toda a sua bacia hidrográfica, como locais de preservação permanente
(FLORIANÓPOLIS, 1976). O terceiro, denominado Parque Municipal da Lagoinha do
Leste, implantado no final da década de 1980, situa-se ao lado leste da área,
incorporando como patrimônio de preservação permanente, a área da pequena lagoa e
toda a sua bacia hidrográfica (FLORIANÓPOLIS, 1987).
A Lagoa do Peri constitui-se no mais importante recurso hídrico da área. Seus
5,2 quilômetros quadrados de superfície concentram uma fauna aquática diversificada,
formada por várias espécies de peixes, cuja pescaria não predatória é permitida. Suas
águas potáveis, servem também como via de transporte utilizada pelos poucos
moradores existentes em suas margens atualmente. A sua bacia hidrográfica
compreende os dois cursos d’água não navegáveis mais volumosos de toda a parte sul
da ilha de Santa Catarina, o Rio Cachoeira Grande e o Ribeirão do Peri. Seus cursos,
desde as nascentes até as desembocaduras na lagoa, encontram-se na área do parque
acima citado. Os recursos hídricos da área estudada completam-se com pequenos
córregos que se precipitam pelas encostas dos morros em direção ao Oceano Atlântico e
à Baía Sul e com alguns rios e riachos que cortam as regiões mais baixas. Dentre estes,
o mais importante é o Rio Tavares, cuja bacia estende-se em quase toda a planície
arenosa, indo desaguar na Baía Sul. A sua importância como meio de comunicação
19
ocorreu principalmente durante o século passado, quando era responsável pelo
escoamento da produção local e pela exploração do mangue em suas margens, pois
tinha condições de boa navegabilidade em parte de seu trecho (VÁRZEA, 1984, p.124).
Os recursos hídricos de toda a área exerceram um importante papel como
atrativo à instalação de núcleos povoadores e colonizadores, onde a presença de
pequenos córregos constituiu-se num elemento indispensável para a manutenção das
comunidades agrícolas, sobretudo aquelas que possuíam engenhos, onde a abundância
d’água era sempre indispensável seja para o desenvolvimento das atividades
corriqueiras ou mais raramente, para a instalação da força motriz.
2.3 O POVOAMENTO DA ÁREA
Os primeiros habitantes europeus a se fixar na ilha de Santa Catarina eram
náufragos e desertores, provenientes das embarcações que se utilizavam dos excelentes
portos naturais existentes entre a ilha e a terra firme para reabastecimento e aguada.
Dentre estes, destacam-se os da expedição de Juan Diaz Solis em 1515, de D. Rodrigo
de Acuña e de Sebastião Caboto, ambas em 1526, que logo vão entrar em contato com
índios aldeados ao longo do litoral. Eram os
Tupi-guarani
, indígenas que mais tarde
seriam apelidados pelos próprios europeus de
Carijó.
Foram estes índios, de
comportamento pacífico e conhecedores da agricultura, que forneceram as condições
necessárias para o estabelecimento dos primeiros homens brancos em território ilhéu e
para o reabastecimento dos navios que ali aportavam em direção à região do Rio da
Prata.
O primeiro núcleo povoador, embora por tempo limitado, foi efetivado por
Sebastião Caboto. Este navegante ao dirigir-se para o rio da Prata a serviço da Espanha,
aporta na ilha para construir um pequeno barco que lhe propiciasse incursões por aquele
rio. Caboto teria instalado-se então na parte sul da ilha, num local conhecido como
“Simplício”, hoje Ribeirão da Ilha, construindo ali uma capela (PEREIRA, 1991, p. 50).
20
A denominação dada à ilha, de Santa Catarina, é atribuída a Caboto, pois ela aparece
em um de seus mapas em 1527 (SOUZA SOBRINHO, 1972a, p. 6)
A posição privilegiada da ilha de Santa Catarina como o melhor porto natural
existente no cone sul até então conhecido, despertou na Espanha o interesse pela região,
cuja posse tenta legitimar com o envio de representantes oficiais. Destes, o mais notável
foi D. Álvaro Nuñes Cabeza de Vaca. Chegando na ilha em 1541, ali permaneceu por
cerca de oito meses com 400 homens, o que lhe possibilitou organizar uma expedição
por terra em direção à Assunção do Paraguai, alcançando-a em 1542.
Os interesses da coroa espanhola de manter posse contínua da ilha, são
minimizados pela implantação da União Ibérica (1580-1640). Portugal e Espanha sob a
mesma coroa resolviam na prática, as desavenças criadas a partir do polêmico Tratado
de Tordesilhas.
Os núcleos provisórios e a estada de navegantes na Ilha de Santa Catarina não
estimularam entretanto, um povoamento contínuo. Aos que ali se instalavam,
interessava principalmente resolver seus problemas, findo os quais, partiam. Nestas
circunstâncias, as terras ilhoas e adjacentes continuam pouco habitadas. A economia
circula em torno dos navegantes que ali encontram uma parada obrigatória para poder
seguir viagem em direção ao sul. Os produtos da terra são oferecidos pelos índios e os
poucos homens brancos existentes aos navegadores, em troca de alguns produtos
inexistentes no local.
Os interesses do governo colonial pelo litoral catarinense ocorrem à medida que
bandeirantes paulistas dirigem-se ao sul apresando e escravizando indígenas para o
trabalho nas atividades açucareiras. Ao excursionar por territórios desconhecidos e
vazios demograficamente, as Bandeiras vão proporcionar a abertura de caminhos que
facilitam a instalação de povoamentos e, por conseqüência, o alargamento dos domínios
portugueses na disputa com os espanhóis pela posse das terras situadas ao sul da
Colônia. Nestas circunstâncias, o início da segunda metade do século XVII vai marcar a
tentativa de povoamento da Ilha de Santa Catarina de uma forma diferente das que até
então vinham ocorrendo no território ilhéu. O paulista Francisco Dias Velho Monteiro
21
transfere-se da Capitania de São Vicente para a ilha de Santa Catarina com seus
familiares, alguns religiosos e índios domesticados com o objetivo de iniciar ali uma
povoação. Constrói uma igreja em louvor à Nossa Senhora do Desterro e providencia a
abertura de algumas lavouras. Diante das melhorias efetuadas, seu pedido de sesmarias
feito anteriormente é concedido, tendo o núcleo povoador assim iniciado (PIAZZA,
1988, p. 31). Entretanto, a morte de Dias Velho em circunstâncias trágicas - teria sido
assassinado por piratas - muda os destinos da Vila de Desterro. Do grupo de pessoas que
o acompanharam, a grande maioria abandonou o povoamento, deixando a ilha
novamente despovoada.
No final do século XVII, outras pessoas teriam tentado povoar a ilha, desta vez,
João Felix Antunes, acompanhado de 260 açorianos, mas tal fato o chegou a ser
comprovado (CABRAL, 1950, p. 9). É possível que esta informação o seja verídica,
pois em 1712, havia na ilha “...147 brancos, alguns índios e negros libertos...”,
segundo o navegador francês A. FRÉZIER (1984, p. 23).
O alvorecer do século XVIII encontra a ilha ainda pouco habitada, com produção
agrícola voltada à subsistência de seus poucos habitantes e a produção de algum
excedente para o comércio com navegantes que continuavam a utilizar seus portos para
reabastecimento, apesar da presença de Manoel Manso de Avelar e seus familiares,
instalados com o objetivo de novamente povoar e desenvolver a agricultura nas terras
ilhoas. Embora tenha permanecido cerca de vinte anos como responsável pela ilha, a
agricultura ali não se desenvolveu, tendo se dedicado principalmente ao comércio de
produtos da terra com viajantes que nos portos ilhéus ancoravam. Entretanto, os rumos
políticos do povoado de Nossa Senhora do Desterro vão mudar com a sua
transformação em “Vila” no ano de 1726. Alguns anos mais tarde, em 1738, em virtude
da importância estratégica da ilha de Santa Catarina no contexto de expansão do
domínio português no sul do Brasil e na região do Prata, é criada a Capitania de Santa
Catarina, sendo seu território desligado de o Paulo e subordinado diretamente ao
governo colonial, sediado no Rio de Janeiro.
22
O governo da recém criada Capitania foi confiado ao Brigadeiro José da Silva
Paes, que a recebeu inteiramente ao abandono, com uma população insignificante...”
(CABRAL, 1950, p. 8). Uma das primeiras medidas do novo governador foi executar o
plano de fortificação da ilha, com o objetivo de defendê-la das incursões de
estrangeiros, principalmente os espanhóis e dar apoio militar ao então quartel-general
que se propunha o governo português a transformar a ilha. Para o sucesso de todo o
plano, era preciso colonizar as terras até então despovoadas da Capitania, para que esta
produzisse o suficiente para sustentar todo o aparelho burocrático e militar que ora se
instalava na ilha. Diante desta situação, a coroa portuguesa promove a imigração de seus
súditos açorianos e madeirenses que quisessem, inicialmente, se transferir para o Brasil.
A Ilha de Santa Catarina começa a receber então, esses imigrantes, como única
possibilidade viável para resolver o problema do vazio populacional e da necessidade
emergente de se produzir gêneros de abastecimento.
2.4 A COLONIZAÇÃO AÇORIANA E MADEIRENSE
As tentativas de povoamento da ilha de Santa Catarina e do continente fronteiro,
ocorreram desde meados do século XVII por iniciativa de particulares, com concessões
de terras por parte do governo. Nestes povoamentos, o objetivo era encher de gente o
território vazio, mas de forma gradativa, à medida que os núcleos populacionais fossem
dando certo. Mas isto não ocorreu e as empreitadas povoadoras acabaram, por razões
diversas, em simples tentativas de ocupação de pequenas extensões de terra. O governo
português traça então, um plano para ocupar os vazios existentes no sul do Brasil
objetivando a consolidação de seus domínios e dar apoio necessário à manutenção da
colônia do Sacramento então criada (1680). Era preciso ainda, promover a fixação do
homem à terra, através de uma política sistemática de colonização jamais tentada antes.
Para concretizar seu intento, o governo divulga em edital as vantagens oferecidas aos
interessados em emigrar para o Brasil:
...
se dará a cada cazal huma espingarda, duas enxadas, hum machado, huma enxó, hum
martello, hum facão, duas facas, duas tesouras, duas verrumas, huma serra com sua lima e
23
travadoura, dous alqueires de sementes, duas vaccas e huma égoa, e no primeiro anno se lhes
dará a farinha que se entender basta para o sustento (...) Os homens que passarem por conta de
Sua Majestade, ficarão izentos de servir nas tropas pagas (...) se dará a cada cazal hum quarto de
légoa em quadra... (BRITO, 1932, p. 23)
Com estas promessas, aliadas aos problemas vividos pelos portugueses insulanos,
sobretudo no arquipélago dos Açores onde a pouca disponibilidades de terras para o
cultivo e a alta densidade demográfica funcionavam como fatores de expulsão do povo,
a Ilha de Santa Catarina recebe cerca de seis mil imigrantes, distribuídos durante os anos
de 1748 a 1756. (PIAZZA, 1980, p. 483). Da ilha, ponto de irradiação da colonização,
os imigrantes se estenderam em direção ao norte e ao sul do litoral catarinense,
chegando até Rio Grande. Na própria ilha, foram ocupando gradativamente a partir da
Cidade de Desterro, as terras situadas ao norte, fundando as Freguesias de Nossa
Senhora da Conceição da Lagoa e Nossa Senhora das Necessidades e ao sul, fundando o
Distrito de Ribeirão, transformado em Freguesia na primeira década do século XIX. A
fixação dos camponeses se daria através da criação de “lugares”, com reserva de meia
légua em quadra para os logradouros públicos, uma praça e uma igreja. As casas
deveriam estar alinhadas com quintal ao fundo e o mero de casais nestes lugares não
podia ser superior a 60 (CABRAL, 1950, p. 14), além de se fazer cumprir as promessas
expressas no edital de recrutamento. O sistema implantado requeria a presença física
dos camponeses de forma homogênea no território pretendido para colonização. Os
cerca de 1 mil e seiscentos e cinqüenta metros que separariam uma propriedade da outra
manteriam a densidade populacional bastante baixa inicialmente, mas garantiriam a
posse da terra, o “uti possidets” de que se valia Portugal na sua corrida contra a Espanha
no sul da Colônia.
Os imigrantes passaram então a trabalhar a terra, ou pelos menos aqueles que a
receberam. W. PIAZZA (1980, p. 482) ao analisar os termos de concessão afirma ...
que poucos “casais” receberam o quinhão devido.” Mas o foram as promessas de
terras que não foram cumpridas. Havia reclames da falta de fornecimento de
equipamentos e animais prometidos. O pretenso objetivo de tornar a ilha numa colônia
agrícola esbarrava-se na ingerência administrativa. Além do governador Manuel
24
Escudeiro, que segundo O. CABRAL (1950, p. 31-33) fazia das “tripas-coração” para
manter pelo menos alimentados os imigrantes recém chegados, o aparelho burocrático
colonial responsável pelo povoamento no Brasil Meridional, não conseguia dar
cumprida as promessas de instalação dos colonos. A situação agrava-se quando as
notícias das promessas não cumpridas, do elevado número de mortes nos navios de
transporte e da dificuldade de adaptação das culturas conhecidas chegam até as ilhas,
cuja densidade demográfica já se encontrava atenuada. A partir deste momento, começa
um processo de redução nos recrutamentos voluntários, a ponto de o governo português
torná-lo compulsório. Esta medida traz ao Brasil pessoas economicamente inativas
como doentes irreversíveis, idosos e indigentes.
A imigração nos moldes em que fora planejada resolveria, pelo menos em parte,
tanto a ocupação das terras através da atividade agrícola e, por extensão desta, suprir a
necessidade de abastecimento de gêneros quanto a sustentação da hegemonia política
portuguesa na região sul, embora a quantidade de pessoas a vir fosse desproporcional
ao tamanho do território vazio. Entretanto, o havia à época e dentro da capacidade de
execução do sistema colonial português, outra maneira viável de se resolver o problema
demográfico. Por outro lado, as áreas economicamente atrativas não se situavam no sul,
mas no sudeste e nordeste, onde a atividade mineradora e o ciclo do açúcar
respectivamente instalados absorviam elevados contingentes populacionais e a atenção
de Portugal, não obstante o interesse pela Colônia do Sacramento. Na região sul,
impedida de promover o seu próprio mercado de exportação, a economia processou-se
de forma subsidiária da Metrópole que capitalizava a produção sulina, através do Rio de
Janeiro (CARDOSO e IANNI, 1960, p. 7 ).
O principal reflexo do quadro negativo no qual a colonização foi envolvida,
reflete-se diretamente na agricultura. Esta, o principal atrativo às novas populações, não
prosperou de maneira de maneira a proporcionar um desenvolvimento da região. O
resultado da política colonizadora traduz-se no empobrecimento dos agricultores, cujo
trabalho sustentava uma massa populacional composta por militares, funcionários
públicos e imigrantes oriundos das nobrezas das ilhas, que o tinham ou o queriam
25
ter afinidade com a terra. As circunstâncias adversas não impediram no entanto, a
adaptação à nova terra e o desenvolvimento de técnicas de transformação de produtos
agrícolas, sobretudo da mandioca (
manihot utilíssima
) e da cana de açúcar (
saccharum
officinarum
), em produtos essenciais à própria subsistência e à necessidade do governo.
As cnicas de transformação vão se traduzir inicialmente nos engenhos de farinha de
mandioca e, pouco mais tarde, nos engenhos de açúcar e aguardente.
3 OS ENGENHOS NA ILHA DE SANTA CATARINA
3.1 OS PRIMITIVOS PROCESSOS DE OBTENÇÃO DA FARINHA DE
MANDIOCA
26
No início do culo XVI, quando os primeiros europeus chegam à ilha de Santa
Catarina, encontram os índios
Carijó
praticando uma agricultura bem desenvolvida,
cultivando o milho (
zea mays
), o algodão (
gossipium barbadense
) e principalmente a
mandioca (
manihot esculenta
) (SOUZA SOBRINHO, 1972a, p. 7). Esta última, foi a
cultura que obteve a maior importância econômica entre as populações indígenas, pela
simplicidade do plantio e, sobretudo, pelo atrativo produto obtido através da
transformação da sua raiz: a farinha de mandioca.
Os métodos de produção da farinha de mandioca por meios familiares aos
indígenas consistiam no curtimento das raízes por cerca de oito dias dentro de um poço
ou riacho. A massa proveniente deste processo, chamada
puba
, era em seguida,
colocada num tipiti oblongo e torcido ou estirado, a que fosse expulsa a maior
quantidade possível de líquido existente. O passo seguinte era a colocação da massa
semi seca sobre placas ou recipientes de cerâmica, para então levá-la ao fogo e obter-se
a farinha seca e torrada (CASCAES, 1989, p. 58). Para a obtenção da massa, a raiz
também podia ser macerada ou ralada, mas a etapa de enxugamento e torrefação era
basicamente a mesma.
A importância da farinha de mandioca logo vai ser percebida pelos viajantes que
aportam a ilha. Mantendo um sistema de trocas com estes navegantes, os índios
fornecem-lhes constantemente víveres imprescindíveis à continuação das viagens. Em
1526, a expedição comandada por D. Rodrigo de Acuña adquiriu dos
Carijó
, a elevada
quantidade de 1 mil e oitocentos quilos de farinha de mandioca (PIAZZA, 1956, p. 14).
Outros navegantes teriam adquirido víveres dos indígenas, como foi o caso de Sebastião
Caboto, que também em 1526 obteve carnes, peixes, milho, ostras e farinha (CABRAL,
1970, p. 22). Em 1548, Hans STADEN (1974, p. 64), diz haver na Ilha de Santa
Catarina, um espanhol mandado de Assunção com ordens de “...persuadir a tribu dos
carijós, que eram amigos dos espanhóis, a plantar mandioca...”, naturalmente para
abastecer os navios espanhóis que por ali ancoravam.
O comércio não era executado apenas com os navegantes, pois em 1554 alguns
habitantes do porto de Santos mantinham relações comerciais com os índios, em troca
27
de ferramentas e anzóis (COELHO, 1877, p. 5). Apesar dos nativos habitantes da ilha
serem conhecedores da agricultura e do processo de obtenção da farinha de mandioca, é
interessante lembrar que nesta época já havia europeus juntos aos índios, desde a
expedição de Solis, havia cerca de 40 anos, deixados ali como náufragos. Estes novos
habitantes, miscigenados aos índios, poderiam gradativamente, interferir no processo de
produção puramente indígena, levando-se em conta os fornecimentos de farinhas às
expedições, que foram em número bastante elevado, tendo em vista a excelente
qualidade atribuída aos portos naturais existentes entre a Ilha de Santa Catarina e a terra
firme. Além disso, em tempos mais recentes, a farinha de mandioca sempre necessitou
ser convenientemente estocada para se manter própria para o consumo, o que não
deveria ser diferente naquela época. Era preciso então, construir paióis ou outro sistema
de armazenamento adequado. Isto sem dúvida, fugia às características indígenas que não
previa este tipo de atividade, pelo menos em suas condições normais.
Em fins do século XVII, os
Carijó
tinham sido expulsos do litoral catarinense
(SANTOS, 1974, p. 32), mas a farinha de mandioca continuou sendo produzida e
comercializada por uns poucos habitantes que moravam na Ilha e no continente
fronteiro, notadamente com os métodos apropriados dos indígenas. Em 1711, quando
Manoel Gonçalves de Aguiar ali esteve, contou uma população de 20 casais cuja dieta
alimentar era baseada em peixe, feijão e farinha de mandioca (AGUIAR, 1929, p. 353).
Alguns anos mais tarde, quando a expedição de George Shelvocke ancorou junto à ilha
em 1719, foram adquiridos “...150 arrobas de farinha de pau, que é a farinha da raiz da
mandioca...” e muitos outros produtos e animais necessários à sobrevivência da viagem.
Sobre os índios, comenta Shelvocke: ... não posso dizer muito a respeito deles, pois
jamais vi mais de 2 ou 3 deles.” ( SHELVOCKE, 1984, p. 45-47).
Em meados do culo XVIII, a farinha de mandioca era produzida através de
engenhos manuais, chamados de pouca-pressa”, caranguejo” ou “chama-rita”, por
espanhóis residentes na ilha, segundo F. CASCAES (1989, p. 57). Este autor não
informa a fonte de onde conseguiu tal informação, mas um relato do navegador Dom
Pernetty, cuja estadia no território ilhéu transcorre em 1763, documenta a existência
28
daqueles maquinários manuais: “Os portugueses nascidos ou simplesmente
estabelecidos na Ilha de Santa Catarina e nas costas da terra firme ao redor, empregam
para este fim (ralar a mandioca) uma grande roda de madeira cujos aros, m uma
superfície externa cavada em forma de um canal. Este canal está coberto por um ralador
de ferro. Aproxima-se a raiz deste ralador, apoiando um pouco em cima, enquanto uma
outra pessoa vira a roda...”(PERNETTY, 1984, p. 103). Este instrumento é sem dúvida,
o engenho manual que F. CASCAES afirma estar em atividades quando se inicia a
colonização de portugueses vindos do arquipélago dos Açores e ilha da Madeira.
3.2 A IMPLANTAÇÃO DOS ENGENHOS
Os engenhos de farinha de mandioca e de açúcar e aguardente surgem
num momento complexo para o futuro da colonização oriana e madeirense na Ilha de
Santa Catarina. Orientados pelo governo a se instalarem como agricultores, os
imigrantes se viram diante de culturas infrutíferas, das quais pouco rendimento obtiam,
entre elas o trigo, cuja adaptação aos solos ilhéus fora difícil. Com o insucesso das
culturas tidas como prioritárias pelo governo colonial, os novos colonos encontram na
mandioca (
Manihot esculenta)
, uma planta que se desenvolvia muito bem na ilha e com
um excelente rendimento econômico muito explorado, a partir da transformação da
sua raiz em farinha. Por outro lado, a farinha de mandioca vinha sendo produzida
também em outras regiões da Colônia, pois o governador Manuel Escudeiro mandou
comprar farinha em São Francisco, Paranaguá e Cananéia logo no início da colonização,
por conta da Fazenda Real (CABRAL, 1950, p. 31), atendendo à Provisão gia de que
aos novos colonos não poderia faltar peixe nem farinha pelo prazo de um ano a contar
da chegada ao Brasil (COELHO, 1877, p. 27).
O aumento significativo do plantio e colheita da raiz da mandioca, o
conhecimento cnico sobre mecanismos de moagem de grãos nas azenhas, atafonas e
moinhos de vento trazido na bagagem dos imigrantes e a experiência muito tempo
adquirida pelas populações ilhoas no preparo da farinha de mandioca em engenhocas
29
manuais, proporcionaram o aparecimento de centenas de engenhos espalhados por toda
a Ilha ainda no século XVIII. N. PEREIRA (1993, p. 92) dá como o início da construção
dos primeiros engenhos de farinha, o período de “1768 aproximadamente”. Mas as
primeiras safras de mandioca, que se supõe ocorreram nos primeiros 10 anos decorridos
do início da imigração, pois em 1752 se fazia esta cultura com sucesso, tornaram a
Ilha auto suficiente na produção de farinha, o que dava inclusive para os agricultores
pagarem o que lhes emprestaram (CABRAL, 1950, p. 41). A produção de farinha
poderia entretanto, estar ocorrendo em processos manuais, com uma produção que
satisfizesse as necessidades do povo, desde que houvesse braços para a empreitada.
Os engenhos de açúcar teriam sido implantados pela primeira vez na Ilha de
Santa Catarina, no ano de 1779 pelo governador Francisco Teixeira Homem, período
imediatamente posterior à devolução da ilha pelos espanhóis que a invadiram 2 anos
antes (VÁRZEA, 1984, p.14). Este autor deve ter baseado-se em A. COELHO (1877, p.
66) que assinala o período 1779-86, quando na ilha “...levantarão-se fabricas de
assucar”. Mas os engenhos de açúcar eram bem antes pretendidos pelas populações
ilhoas. Em 1715, o povo clama por mais gente para habitar a ilha, o que favoreceria a
construção de engenhos de úcar (AGUIAR, 1929, p. 359). Em 1719, G.
SHELVOCKE (1984, p. 46) faz referência à existência da cana de açúcar na ilha,
“...mas dela não fazem nenhum ou pouco uso, por falta de utensílios. Assim, a pequena
quantidade de rum e melado que se produz é vendida a preço muito alto.” Havia então,
algum mecanismo de esmagamento da cana, pois produzia-se “rum e melado”. O autor
citado não fala do processo nem dos meios técnicos de obtenção destes produtos, mas
quase 100 anos depois, em 1807, J. MAWE (1984, p. 194) encontra no continente
fronteiro, “...moendas a mão, formadas por dois rolos horizontais.” Estas moendas
estariam sendo utilizadas na fabricação de açúcar e aguardente, segundo o autor citado.
Pela documentação até aqui apresentada, parece não haver dúvida que os
engenhos foram implantados na ilha somente com o estabelecimento da colonização
açoriana e madeirense a partir de meados do século XVIII. Decorridos cerca de 50 anos
do início da colonização, havia um elevado número de engenhos diversos em toda a
30
ilha. Estatísticas do governo português demonstram ter em 1794 ...382 engenhos de
farinha, mais de uma centena de cana (açúcar e cachaça) e atafonas diversas.”
(PEREIRA, 1991, p. 85). No relatório enviado em 1797 ao Conde de Resende, vice-rei
do Brasil, o governador João Alberto de Miranda Ribeiro relaciona todos os engenhos
existentes na capitania de Santa Catarina (LAYTANO, 1959, p. 151):
FREGUESIAS
Engenhos
de
Açúcar
Fábricas
de
Açúcar
Engenhocas
de
Aguardente
Engenhos
de
Pilar Arroz
Atafonas
de
Moer Trigo
Engenhos
de
Mandioca
Desterro -- 12 23 -- 17 87
Ribeirão 01 11 29 02 07 51
Lagoa -- 10 28 -- 32 101
Necessidades -- 05 22 -- 11 111
São Miguel 01 05 15 02 44 190
São José -- 06 11 -- 82 164
Enseada de Brito -- 11 25 -- 39 65
Laguna -- -- 13 -- 08 62
Vila Nova 01 -- 07 -- 39 39
São Francisco -- -- 19 -- -- 14
TOTAL
03
60
192
04
279
884
na ilha de Santa Catarina havia, portanto, 38 fábricas de açúcar, 102 engenhocas de
aguardente, 67 atafonas e 350 engenhos de farinha de mandioca, além de outros menos
expressivos. Entretanto, o número dos engenhos de farinha está abaixo daquele
apresentados em 1794, o que pode ter ocorrido devido às constantes crises registradas na
agricultura, pois a produção da farinha de mandioca sempre ocorreu de forma instável,
produzindo bem num ano, deixando faltar no outro e isto era registrado em 1768
(CABRAL, 1971, p. 13), o que poderia estimular o fechamento de estabelecimentos
produtores. Além disto, o confisco do produto por parte do governo era outro fator
fundamental para instabilizar a produção. A diminuição não ocorreu só nos engenhos de
farinha de mandioca. Ao visitar Santa Catarina, A. SAINT-HILAIRE (1978, p. 177)
refere-se à diminuição de engenhos de úcar, cuja causa estaria ligada à decadência de
Santa Catarina: “Houve época em que havia em toda a província (capitania) 288
engenhos de açúcar; em 1797 eles tinham diminuído para 256...”. Este autor não diz
em que época havia 288 engenhos, mas os dados de 1797 são, provavelmente os do
relatório de Miranda Ribeiro, cujo somatório das engenhocas de aguardente, das fábricas
31
de açúcar e dos engenhos de açúcar chega a 255, com uma diferença de apenas 1
engenho, o que o chega a ser substancial. A situação da agricultura no final do século
XVIII já era preocupante, tendo suas causas na indiferença do governo em saudar suas
dívidas com os agricultores e com os soldos dos militares, cujo atraso chegava a 82
meses em 1797 (LAYTANO, 1959, p. 159). Esta falta de dinheiro em circulação tinha
reflexos contundentes na agricultura. Se por um lado inviabilizava a produção de
farinha, por outro não permitia o consumo da grande quantidade de soldados existentes
na ilha. Em 1810, havia 1.121 “praças” em serviço militar, enquanto que a população
economicamente ativa compunha-se de cerca de 1 mil homens (BRITO, 1932, p. 98-
99).
O quadro de Miranda Ribeiro traz “Engenhos de açúcar” e Fábricas de açúcar”
como sendo estabelecimentos distintos. Em toda a documentação analisada nada foi
encontrado que definisse essa diferença. Entretanto, o fato de existir apenas 1 engenho
de açúcar e este se localizar no então distrito de Ribeirão, leva-se a sugerir que era um
engenho movido à água, de dimensões maiores que as fábricas, proporcionadas pela
própria força motriz. Dois motivos levam a tal sugestão: No primeiro, o engenho de
açúcar do Ribeirão poderia ser semelhante aos engenhos de açúcar utilizados nas regiões
nordeste e sudeste do Brasil, respeitando-se as devidas proporções (
ver seção seguinte)
.
Lá, os grandes engenhos movidos à água, podiam produzir até 70 arrobas de açúcar por
24 horas de trabalho (GAMA, 1979, p. 1330), sendo denominados por este motivo, de
engenhos reais, “...por terem a realeza de moerem com agoa, á differença de outros, que
moem com cavallos, e bois, e o menos providos, e apparelhados...”(ANTONIL, 1963,
p. 8). Os engenhos movidos à tração animal eram vulgarmente denominados, segundo o
último autor citado, de “engenhocas”, evidentemente por serem de tamanho menor e
com produção bem limitada. Segundo, o levantamento arqueológico efetuado em todo o
atual distrito do Ribeirão da Ilha, foram localizados 5 sítios provenientes de engenhos
movidos à água, dentre os quais, 2 tinham dimensões aparentes maiores que os
engenhos comuns movidos à tração animal e possuíam vestígios arquitetônicos bem
antigos. A partir do que foi exposto, o quadro apresentado por Miranda Ribeiro
32
demonstra a existência em 1797, na Ilha de Santa Catarina de 3 variações de engenhos
trabalhando com cana de açúcar: O engenho de açúcar movido à água, a fábrica de
açúcar com moenda à tração animal e a engenhoca de aguardente, movida também à
tração animal ou eventualmente à força humana, dispondo nas suas instalações de
pequenas dimensões, espaço para a moenda e para o alambique tão somente. Portanto,
o critério usado para definir engenho era o seu tamanho, que poderia decorrer da força
motriz utilizada.
3.3 A DEFINIÇÃO DE ENGENHO
Os engenhos de farinha de mandioca e de açúcar e aguardente foram pequenos
núcleos produtivos que constituíram a indústria rural da Ilha de Santa Catarina. A
denominação
engenho
se refere à edificação, com dimensões médias de 8 por 12
metros e ao maquinário utilizado na produção. Diferente do engenho do ciclo do úcar
ocorrido na regiões sudeste e nordeste do Brasil, o engenho catarinense tinha o sentido
familiar no trabalho e no espaço, pois que o raras vezes era também núcleo
habitacional, temporário ou definitivo, fosse ele de farinha ou de úcar. Lá, engenho
significava um sistema sócio-econômico consolidado pelo poder do senhor, que era
também o dono da força de trabalho, os escravos. Fisicamente, incorporava galpões de
produção, plantações, senzalas, casas-grandes, igrejas, muitas terras e, algumas vezes,
marcenarias e olarias. Era um sistema de produção voltado para a economia de
exportação, baseado na monocultura. A montagem destes grandes ou médios complexos
de produção ucareira era justificada à medida que os gastos para a sua construção era
muito elevados, principalmente dos primeiros engenhos, cujo retorno teria de ser
garantido em escala de grande produção (SIMONSEN, 1977, p. 98). Na ilha de Santa
Catarina, o engenho se estruturou inicialmente numa economia de subsistência, com
comercialização de algum excedente. A mão de obra necessária em pequeno número,
era geralmente familiar. O chefe do grupo doméstico decidia quem executaria
determinado tipo de trabalho obedecendo a uma prévia divisão por sexo (BECK, 1979,
33
p. 57). O trabalho escravo ocorria, mas em número reduzido. Nas primeiras cadas do
século XIX, A. SAINT-HILAIRE (1978, p. 174) se referia ao negros como sendo
“...raros (...) principalmente no campo, onde a população, pobre e numerosa o se
incomoda em trabalhar na terra com as próprias mãos.” A expressão “raros” pode não
refletir a realidade, pois este autor utiliza dados de 1820 e 1847 e em 1872, havia na ilha
de Santa Catarina, 1.076 escravos, dos quais 522 estavam estabelecidos na área rural
(CARDOSO e IANNI, 1960, p. 57). Entretanto, a presença na área rural não
determinava exatamente que os escravos trabalhavam nas lavouras. Os afazeres
domésticos eram também reservados aos negros, se a família os possuísse.
O trabalho no engenho era executado também por outras pessoas fora do núcleo
familiar, em regime de parceria. Os lavradores que não possuíam engenho, mantinham
um contrato com o dono do engenho que fornecia o equipamento, recebendo por isto, a
metade da produção. Por outro tipo de contrato, o proprietário do engenho fornecia a
mão de obra e o próprio engenho, pelos quais cobrava 2 terços da produção. (PEREIRA,
1993, p. 7). A produção era voltado para o comércio interno. A proibição de
comercializar com outros portos que não fosse o do Rio de Janeiro, deixava os
produtores extremamente dependentes dos comerciantes cariocas. (HUBENER, 1981, p.
13) Quando necessitava do produto, principalmente a farinha para suprir as tropas
sediadas na Ilha e no Rio Grande, o governo tomava o que lhe interessava. Miranda
Ribeiro, no seu relatório de 1797, denuncia o atraso no pagamento da farinha tomada
aos lavradores como uma das causas principais da decadência então ocorrida na
agricultura da capitania de Santa Catarina (LAYTANO, 1959, p. 160).
3.4. A ORIGEM E A APLICAÇÃO DOS MAQUINÁRIOS
Os maquinários dos engenhos da Ilha de Santa Catarina têm suas origens
formadas por duas vertentes principais. Uma delas, referente aos engenhos de açúcar, é
a expressiva semelhança entre as moendas de eixos verticais também chamada de
moenda de entrosas
, utilizadas nos engenhos da Ilha até hoje, com as moendas
34
utilizadas nos engenhos das regiões nordeste e sudeste do Brasil durante o ciclo do
açúcar. A outra, encontra na semelhança dos maquinários de produção de farinha de
mandioca com aqueles maquinários utilizados na moagem de grãos nos moinhos de
vento, atafonas e azenhas existentes no arquipélago dos Açores, sua maior
argumentação.
O surgimento da moenda de entrosas é atribuído à ilha de Hispaniola, por um
senhor de engenhos do século XVI, chegando ao Brasil somente nos primeiros anos do
século seguinte. (GAMA, 1979, p. 125). Neste período já havia reclames da população
da Ilha de Santa Catarina quanto à necessidade da construção de engenhos de açúcar na
ilha. Era portanto, o conhecimento sobre os engenhos do nordeste e sudeste, surgidos no
século anterior que inspirava tais reclamações. Na obra de A. ANTONIL (1963, p. 8),
aparece a ilustração de uma moenda quase idêntica à utilizada nos engenhos ilhéus,
utilizando dois bois e diferindo apenas o sistema de cangar os animais, separados da
almanjarra (
ver fig. 2
). Entretanto, era mais comum a utilização de duas juntas de bois,
o que proporcionava mais força e consequentemente, aumento da produção. Sobre a
força motriz das moendas ilhoas, nada foi encontrado que documentasse a utilização de
duas juntas de bois, mas apenas dois animais e cangados na própria almanjarra (
ver fig.
3
). A semelhança apresentada mostra a afinidade técnica entre as duas moendas,
inclusive os níveis de desperdício do caldo pela imperfeição da moenda, são registrados
de forma semelhante. Nos engenhos de úcar da Ilha de Santa Catarina apenas, “...50 a
60 por 100..” são extraídos do bagaço da cana (VÁRZEA, 1984, p. 204). O mesmo
autor, que visitou os engenhos de açúcar ilhéus no último ano do culo XIX, reclamava
ser a moenda a responsável pelo baixo volume de úcar produzido a partir da cana
colhida: Por este processo e com tal aparelho imperfeitíssimo e arcaico, todavia o mais
usado em Santa Catarina, (...) se observa seguramente a perda de uma grande parte da
substância sacarina que é levada no “bagaço” da cana, mal espremida nesses antigos
cilindros de madeira” (VÁRZEA, 1984, p. 203). Nos engenhos do Recôncavo Baiano,
as moendas de eixos verticais aproveitavam tão somente “50 a 56%” de caldo, segundo
35
E. AZEVEDO (1990, p. 60). O restante ía, portanto, junto com o bagaço para o fogo
servir de combustível.
Mesmo com a introdução da moenda de eixos horizontais em outras regiões
açucareiras do Brasil a partir da segunda metade do culo XVIII, a Ilha de Santa
Catarina continuou usando moenda de entrosas. Aquela moenda, com a produção
aumentada devido a maior compressão durante o esmagamento da cana, o chegou a
ser utilizada. A decadência dos engenhos ilhéus iniciada no final do século XIX,
desativou junto com eles, as velhas moendas de entrosas. Ainda hoje, os três alambiques
existentes na parte sul da Ilha, utilizam-se destas moendas, com apenas a introdução de
uma chapa de ferro na cobertura dos cilindros para melhorar o esmagamento da cana.
Os maquinários dos engenhos de farinha de mandioca ocorreram na ilha de Santa
Catarina em 3 tipos distintos: a) maquinário manual, chamado de
caranguejo, pouca
pressa
ou
chama-rita
; b) maquinário movido à tração animal, denominado
cangalha
e
c) maquinário também movido pela força do boi, denominado
mastro.
36
Figura 2 e 3
37
Os engenhos manuais existem na Ilha desde a primeira metade do século
XVIII, pelo menos. Este tipo de maquinário, onde a roda manual sevadeira é
desincorporada do forno de torrar farinha, que também funciona com movimentos
manuais, ocorre com bastante freqüência em outras regiões do Brasil, principalmente a
nordeste. Um exemplar deste mecanismo, utilizado somente no forno, foi encontrado
recém abandonado no sítio
Engenho da Dona Pasqualina
, na localidade de Praia do
Saquinho, parte sul da ilha (
fig. 4
). Foi o único exemplar encontrado em toda a área. Em
outro sítio arqueológico de engenho cadastrado, o sítio
Engenho do Chico Mariano,
cujas informações orais davam conta da utilização deste instrumento na produção de
farinha, nenhum vestígio material havia que pudesse remeter ao uso de tal equipamento.
Por outro lado, a documentação escrita analisada faz referência apenas à existência deles
na Ilha (PEREIRA, 1993, p. 131).
Na obra
Os engenhos de farinha de mandioca,
N. PEREIRA ( 1993, p. 189-203)
dedica um capítulo sobre a origem dos maquinários de produção de farinha existentes na
ilha de Santa Catarina. Para este autor, as origens de tais equipamentos encontram-se na
terra natal dos imigrantes açorianos, o arquipélago dos Açores. Concordou-se com ele
em virtude das semelhanças apresentadas através de desenhos e plantas comparativas, e
naturalmente, do contexto histórico que envolve o início da colonização e o
aparecimento dos primeiros engenhos. Por outro lado, não encontrou-se documentos
escritos ou iconográficos que remetessem a origem dos engenhos para outro local.
Todavia, o arquipélago dos Açores foi apenas o caminho para que a técnica chegasse a
Santa Catarina, pois os mecanismos existentes são encontrados em várias partes do
velho mundo, nos 3 continentes, e em períodos bastante recuados.
O maquinário de cangalha, o mais comum e o mais utilizado na Ilha,
principalmente na parte sul, tem fortes semelhanças com as atafonas portuguesas
movidas à tração animal. Ao chegar na Ilha de Santa Catarina, o imigrante açoriano
tinha, naturalmente, conhecimento dos mecanismos de moagem. As circunstâncias
climáticas fizeram-no cultivar uma planta desconhecida para ele: a mandioca, que por
sua vez, proporcionava uma farinha capaz de suprir suas necessidades alimentares.
38
Diferente de outros produtos agrícolas que eram consumidos ou comercializados no
estado em que eram colhidos, a mandioca precisava ser adaptada para o consumo. A
sua transformação em farinha era uma condição necessária à manutenção do sistema
agrícola recém implantado na Ilha. O aumento do número dos engenhos nesse período
ocorre como conseqüência natural da dinâmica agrícola, empurrado pelo conhecimento
e adaptação das técnicas de moagem de grãos
A dificuldade de adaptação dos maquinários conhecidos, utilizados nos Açores
em maquinários de produção de farinha de mandioca o deve ter sido encontrada, pois
em 1797 já havia 884 estabelecimentos em funcionamento em toda a capitania.
No maquinário de cangalha, a força motriz é obtida apenas por um boi. O
conjunto produtor concentra-se dentro do círculo onde o animal caminha - cerca de 6
metros de diâmetro (
fig. 5
). É dentro deste círculo que trabalham as pessoas
encarregadas de sevar a raiz da mandioca e de fornear a farinha.
O maquinário de mastro, também tem suas origens remetidas ao arquipélago dos
Açores, apresentando semelhanças com os moinhos de vento, principalmente no seus
sistemas de transmissão (PEREIRA, 1993, p. 190). Também movido pela força de um
boi, difere do maquinário de cangalha por apresentar o movimento do animal fora da
área de trabalho.
Os engenhos de mastro, como são chamados os estabelecimentos com esse tipo
de maquinário, ocorreram raramente na parte sul da ilha de Santa Catarina. N.
PEREIRA (1993, p. 138), contou dois deles na mesma área, um em Tapera e outro em
Barreira do Ribeirão ou Sertão de Baixo. Este último provavelmente é o mesmo
encontrado já
39
figura 4 e 5
40
desativado no sítio
Engenho do Bento
, durante o levantamento arqueológico efetuado
nessa última localidade (
fig. 8
). Dos 64 tios de engenhos de farinha cadastrados,
apenas este sítio registrou a utilização do maquinário de mastro na produção de farinha.
Dois eram provenientes de engenhos manuais e a grande maioria, 61 sítios
apresentavam em seus vestígios materiais ou em informações orais, a utilização do
maquinário de cangalha.
A atafona, sistema de moagem e trituração através de pedras (mós), teve
ocorrência comprovada na Ilha de Santa Catarina já em 1797, pelo relatório de Miranda
Ribeiro, o qual contava 67 unidades existentes em toda a ilha . O relatório não
especifica a força motriz, mas na área prospectada foram encontradas as pedras de duas
atafonas manuais, porém fora de seu contexto, decorando residências. Os moinhos de
mão existentes nas ilhas dos ores, de origem pré-romana (RIBEIRO, 1982, p. 599),
apresentam as pedras moedeiras semelhantes em forma e tamanho àquelas encontradas
na parte sul da Ilha. Apesar de não se ter encontrado alguma dessas atafonas em
funcionamento na referida área, as informações locais acerca da sua construção e
funcionamento corroboraram tal semelhança. Eram de uso doméstico, para moer milho.
Em um engenho movido à água, no município de São José, vizinho a
Florianópolis, foi encontrada uma atafona ainda em funcionamento, conectada à roda
d’água, apresentando alguma semelhança com a atafona portuguesa mostrada por L.
RIBEIRO (1982, p. 409).(
Figs. 6 e 7
). Na denominação das peças da atafona
portuguesa, aparece a palavra
monte
, designando a caixa de madeira que envolve as
pedras moedeiras. A mesma denominação é atribuída ao conjunto do maquinário do
engenho de farinha, de mastro ou de cangalha na parte sul da Ilha.
No levantamento arqueológico realizado, foram encontrados 3 sítios
provenientes de sistemas de moagem e trituração através de pedras. Um deles, o sítio
Engenho de Trigo do Sertão
utilizava, segundo informações locais, um sistema de
moagem de grãos de trigo através de duas pedras girando verticalmente em forma de
carretel. Este tipo de sistema é apresentado por R. GAMA (1979, p. 111) como
trapiche.
No segundo tio,
Engenho do Vitorino
, nenhum vestígio material da
41
utilização de pedras para moer foi encontrado, mas ex-trabalhadores do engenho
afirmaram haver ali uma atafona para moer milho. O engenho foi desativado havia cerca
de 25 anos. Do último sítio,
Engenho do Paredão Grande,
proveniente de uma antiga
atafona, olaria e serraria movidas à roda d’água, conseguiu-se localizar as mós no
acervo do Museu do Ribeirão, localizado em Costeira do Ribeirão (
fig. 9
).
Os moinhos de vento, tradicionais estabelecimentos de moagem e trituração
existentes no arquipélago dos Açores não apresentaram existência continuada na Ilha de
Santa Catarina. A informação sobre sua ocorrência na ilha está associada ao nome de
um dos antigos logradouros públicos da cidade de Florianópolis como
Rua dos Moinhos
de Vento
(CABRAL, 1971, p. 88) No mesmo trabalho, o autor publica também uma
ilustração onde aparece um moinho de vento no local próximo onde hoje se situa a
avenida Beira-mar Norte (
ver fig. 10
). Na parte sul da ilha, nenhum vestígio material,
escrito ou oral que remetesse a estes moinhos foi encontrado. Seu desaparecimento pode
estar ligado à inconstância da energia eólica na ilha e à facilidade e economia com que
se construía e se montava um engenho movido à tração animal.
Os engenhos de café ocorreram de forma muito rarefeita na ilha, principalmente
na parte sul, onde foram identificados apenas dois sítios provenientes destes engenhos.
De um deles, o sítio
Engenho de Café do Major Domingos
, nenhum vestígio foi
encontrado além dos restos dos alicerces e das informações locais sobre a sua
existência. No outro, o sítio
Engenho da Casa Grande,
foi encontrado o carretel de
descascar o café ainda no seu devido lugar, mas já desativado havia 25 anos. O
maquinário, do tipo
42
FIGURAS 6 e 7
43
7FIGURAS 8 E
44
trapiche
era movido à tração animal. O mesmo tipo de maquinário era utilizado em
alguns engenhos paulistas do século passado (GAMA, 1979, p.116) O engenho também
produzia farinha de mandioca, com os maquinários, de café e de farinha, dispostos
lateralmente.
A força motriz utilizada na grande maioria dos engenhos foi a tração animal,
embora tenha sido registrada a ocorrência de tios oriundos de engenhos movidos à
roda d’água, com vestígios materiais de sistemas hidráulicos evidentes.
A utilização da roda d’água como força motriz vem ocorrendo desde a
antiguidade romana. Na América, ela entra com a colonização e é logo empregada nos
engenhos de açúcar. Para chegar à Santa Catarina, era uma questão de tempo. Mas
não conseguiu se firmar, pelo menos em relação à tração animal. Os maiores rios da Ilha
de Santa Catarina têm seus leitos principais em terrenos de sedimentação recente, ou
seja, em planícies. Na parte sul da ilha, apenas dois rios de pequenas dimensões que
possuem queda natural. Às margens destes rios, foram localizados 4 dos cinco sítios de
engenhos d’água existentes em toda a área. O quinto sítio, o
Engenho do Paredão
Grande,
foi encontrado na localidade de Tapera, num local onde não curso d’água
que movimente uma roda. Mas ali, foi construído um sistema de captação d’água
através de uma grande cisterna com 15 metros em quadro e 4 metros de profundidade -
estava parcialmente soterrada, toda de alvenaria de pedras argamassadas com paredes de
90 centímetros de espessura, assentada numa encosta a 100 metros do sítio. A água era
conduzida de um pequeno córrego existente nas proximidades aa cisterna, através de
calhas de cerâmica. Quando o reservatório estava completo, abria-se alguma comporta
(não foi possível encontrá-la, devido à quantidade de sedimentos existente)que liberava
a água até a roda do engenho. Este sistema era sem dúvida, muito dispendioso para ser
implantado por qualquer pessoa. A tração animal era ainda a opção mais econômica a
ser aplicada num engenho.
Os sítios de engenhos d’água cadastrados durante o levantamento arqueológico,
apresentavam apenas vestígios materiais da base de funcionamento da roda d’água,
exceção a um deles que ainda mantinha intacta um dos pilares da levada. Na
45
documentação escrita ou iconográfica referente aos engenhos da ilha, nada foi
encontrado que descrevesse sua edificação, maquinário e sistemas de acoplamento à
força motriz. Para tanto, procurou-se nas áreas rurais de outros municípios que
tradicionalmente utilizavam a roda d’água como força motriz. Entretanto, o processo de
decadência e desaparecimento verificado nos engenhos na Ilha de Santa Catarina,
também vem ocorrendo naquelas regiões, só que em menor intensidade e num período
mais tardio. Por isto, ainda foi possível encontrar na área rural do município de São
José, um estabelecimento produtor de aguardente, com moenda de eixos verticais
movida à roda d’água. O engenho possuía ainda uma atafona, já descrita anteriormente e
um pilão de café acoplados à roda d’água. O sistema motriz é idêntico aqueles
encontrados nas regiões açucareiras do Brasil desde o início do século XVII (
ver fig.
11
). Na documentação revista, as rodas d’água não apresentam sistemas diferenciados
de transmissão da energia. Via de regra, a energia é transmitida através de um rodete
acoplado á roda d’água e à roda grande que se põe horizontalmente sobre a moenda. O
rodete também tem a função de redutor, o que diminui a velocidade da roda grande e
aumenta sua força. Para outros maquinários, a energia pode ser transmitida através de
engrenagens ou de guascas.
O sistema de utilização da energia hidráulica como força motriz não limitava-se
às águas de rios e riachos. A água proveniente do fluxo das marés, represadas durante
suas maiores amplitudes forneciam energia suficiente para mover rodas d’água. Os
46
figuras 10 e 11
47
estabelecimentos que utilizavam-se deste sistema, são conhecidos por
engenhos de
maré
. Na documentação escrita analisada, não aparece qualquer referência sobre a
existência desta derivação da energia hidráulica, utilizada em engenhos na parte sul da
Ilha. As informações orais coletadas também o registraram esta ocorrência.
Tampouco encontrou-se vestígios materiais nas áreas prospectadas junto ao mar e aos
canais formados por rios da planície arenosa, prováveis locais onde poderiam ocorrer.
Cabe aqui referenciá-los à medida que tiveram sua utilização comprovada na
região norte do Brasil (MARQUES, 1993) como um sistema alternativo de energia
natural, favorecido pelas altas amplitudes das marés situando-se até aos 4 metros de
altura. A baixa amplitude das marés que ocorrem na Ilha de Santa Catarina, cerca de 1
metro, a princípio não favoreceriam tal uso. Entretanto, sua existência não pode ser
descartada, à medida que novos documentos possam aparecer e a evidenciação de algum
vestígio arqueológico na área possa remeter a esses engenhos.
3.5 TIPOS DE ENGENHOS
A bibliografia pertinente aos engenhos da ilha de Santa Catarina tem
tradicionalmente contemplado os engenhos de farinha de mandioca com estudos que
documentam suas atividades, descrevem seus maquinários e artefatos, seus ranchos,
seus trabalhadores e suas roças (PIAZZA, 1956; BLASCHKE, 1962; PACHECO, 1962;
VÁRZEA, 1984; PEREIRA, 1991, 1993). Os engenhos de úcar, os alambiques e
outras formas de transformação de produtos agrícolas aparecem apenas em alguns
breves relatos (SILVA, 1962; VÁRZEA, 1984). Entretanto, seus produtos foram
responsáveis pelo abastecimento de toda a ilha, fazendo parte inclusive da pauta das
exportações ilhoas por mais de um século, desde que foram implantados. O enfoque
mais voltado para os engenhos de farinha se explica pela importância do seu produto
como a base da alimentação das populações ilhoas desde o culo XVIII e sobretudo
pela presença maciça destes estabelecimentos na paisagem rural da ilha e do litoral
48
restante de Santa Catarina. Além disto, a farinha de mandioca é tratada como um dos
símbolos da colonização açoriana na ilha e continente fronteiro.
O levantamento arqueológico na parte sul da Ilha de Santa Catarina evidenciou
12 tipos de engenhos (
ver fig. 12
). A ocorrência de sítios provenientes de engenhos de
farinha foi predominante. Dos 77 sítios cadastrados, 39 eram oriundos desses engenhos,
cuja produção era voltada somente para a farinha.. Se considerar-se todos os sítios onde
as informações orais e materiais remetiam à produção de farinha em conjunto com
outros produtos, o número chega a 64 sítios isto é, 83% dos sítios arqueológicos
cadastrados na parte sul da Ilha de Santa Catarina são provenientes de locais com
produção de farinha de mandioca.
Os engenhos de farinha de mandioca sempre existiram em número superior aos
demais. Em 1797, havia em toda a capitania 884 engenhos de farinha contra 538
engenhos diversos, entre eles fábricas de açúcar e atafonas, ou seja, 39 por cento a
mais. Na Ilha, a diferença pró engenhos de farinha se mantinha em 40 por cento. Na
parte sul da Ilha, não foi possível precisar essa diferença, porque os seus limites,
estabelecidos para a pesquisa, englobam parte da freguesia da Lagoa, que tem sua cota
própria de engenhos no relatório de Miranda Ribeiro. Mas no antigo Distrito do
Ribeirão, cujo território é o mesmo hoje ocupado pelos Distritos do Ribeirão da Ilha e
do Pântano do Sul (
ver fig. 1
), a diferença é inexpressiva, isto é, 51 engenhos de farinha
e 50 estabelecimentos diversos. Esta pequena diferença não se explica pela maior
quantidade dos outros estabelecimentos existentes, mas devido à menor quantidade de
engenhos de farinha existentes no antigo distrito do Ribeirão do que em outros locais da
Ilha. De fato, estes engenhos vêm, historicamente, se concentrando na parte norte da
ilha (LUPI, 1985, p. 49; PEREIRA, 1993, p. 140).
49
A presença maciça de engenhos de farinha de mandioca na ilha e em toda a
capitania de Santa Catarina, foi responsável pela elevação deste produto ao topo da
produção e exportação, em relação aos outros gêneros, embora sua produção tenha sido
considerada de qualidade inferior no transcorrer do culo XIX (HUBENER, 1981, p.
77; BRITO, 1932, p. 59). Em 1796, a produção na ilha alcançava 45 mil alqueires e a
produção de toda a capitania somava 111 mil alqueires (LAYTANO, 1959, p.172). Em
1810, os dados existentes são de toda a capitania, apontando uma produção de 243.659
alqueires (BRITO, 1932, p. 66). Entre 1849 e 1850, somente a exportação da ilha
alcançou a cifra de 297.160 alqueires, ou 59,06 por cento de toda a capitania
(HUBENER, 1981, p. 239). Mesmo diante do expressivo quadro, a produção de farinha
sempre se manteve instável, com excessiva produção em alguns anos e falta do produto
em outros. em 1768, nos primórdios da produção em larga escala, o governo obriga
os produtores a vender primeiramente a farinha para o povo na praia da Vila de Desterro
para depois então exportá-la (CABRAL, 1971, p.13). A instabilidade produtiva
50
encontrava uma rie de razões, mas a mais contundente era sem dúvida, a má
administração pública da Capitania. Esta se traduz em uma política agrícola incoerente
com a capacidade de produção das terras que não estimulava os produtores, na falta de
pagamento à farinha tomada para alimentar as tropas militares, na falta de fiscalização
do comércio clandestino, no apadrinhamento de alguns compradores do Rio de Janeiro
que quando aqui chegavam compravam a quantidade que queriam e na insistência dos
produtores em o se modernizarem não obstante o crescimento da produção em outras
Capitanias. Enfim, somados a outros fatores de menor importância, a produção ilhoa
consegue se manter em alta até 1885, quando entra no cenário econômico catarinense a
produção proveniente das novas colônias de imigrantes europeus (HUBENER, 1981, p.
84).
A produção de açúcar ocorreu em 35 sítios, embora apenas 5 tenham sido
estabelecimentos específicos, ou seja, produziam somente este produto. Nos outros, a
produção de açúcar foi evidenciada compartilhando seu espaço com outros produtos,
principalmente com a farinha, em 17 sítios. A junção destes dois produtos foi
responsável pela implantação do maior engenho na parte sul da ilha. Os sítios oriundos
deste sistema produtivo, via de regra, apresentavam as maiores dimensões. O Engenho
de Francisco Tomás dos Santos, antigo produtor de açúcar que atualmente produz
aguardente de cana e farinha, apresenta 250 metros quadrados de área construída, um
dos maiores de toda a área, embora sirva também de residência para seu proprietário
(
ver p. 90
).
O açúcar era destinado ao consumo interno e à exportação do excedente. Em
1810, toda a capitania produziu 3.366 arrobas e exportou 1.224 arrobas (BRITO, 1932,
p. 66). Mas esta situação, mesmo sendo de todo o território catarinense, apresentou
sensíveis modificações com o passar do tempo, pois em 1820, a cana de açúcar
cultivada era quase toda destinada à fabricação de aguardente, sendo o açúcar pouco
exportado (SAINT-HILAIRE, 1978, p. 176). Em 1841, ainda segundo este autor, o
açúcar ilhéu já não era mais exportado (1978, p.177).
51
Nos dados de 1797, a produção de cachaça aparece como o produto de
engenhocas não associadas aos engenhos de açúcar, pois o número delas superava em
58% o número dos locais produtores de açúcar na parte sul da Ilha. A maior quantidade
de engenhocas de aguardente do que estabelecimentos de úcar encontra sua
justificativa na aceitação que tinha a cachaça produzida na Ilha. O mesmo não acontecia
com o açúcar. Em 1810, P. BRITO ( 1932, p. 59) descreve a situação da cachaça e do
açúcar produzidos na Capitania de Santa Catarina: “... o açúcar (...) não o preparão bem,
he pouco batido e mal barreado e por isso humedece facilmente; fabrica-se pouco e pela
maior parte reduzem o sumo da cana a agua ardente, que em geral he boa e tem boa
exportação; não na capitania engenhos, mas sim pequenas engenhocas.”. Em 1820, a
cana de açúcar era destinada “...quase que exclusivamente no fabrico da aguardente.”
(SAINT-HILAIRE, 1978, p.176). Em 1831, o oficial francês Barral afirma que para o
povo da Ilha de Santa Catarina, “...a cachaça é o seu licor predileto; o se faz uma
festa no campo sem que homens e mulheres nela o se abeberem com delícia. Por isso
os senhores de engenho de cana preferem esse comércio ao de úcar.” (MATOS, 1993,
p. 63).
No levantamento arqueológico realizado na área, o localizou-se um único
local de produção de aguardente que não estivesse associado à produção de açúcar ou
mais raramente à produção de farinha. A produção de aguardente sempre ocorreu,
segundo os dados arqueológicos de forma solidária com outros produtos. Um local com
produção de açúcar era quase uma regra. Dos 12 sítios, cujos vestígios materiais e
informações orais registravam a existência de alambiques, 11 possuíam produção de
açúcar. Apenas no sítio
Engenho do Severo dos Anjos,
um antigo estabelecimento
produtor de farinha de mandioca, foi identificada a produção de aguardente. Entretanto,
a cana era moída em outro antigo engenho de açúcar, o sítio
Engenho do Artur
Lopes, a
100 metros de distância e o caldo transportado até o alambique.
É possível que em 1797 houvesse engenhocas ocupando um espaço específico e
engenhocas solidárias com outros estabelecimentos, principalmente produtores de
açúcar. As primeiras teriam se tornado inviáveis economicamente a partir do final do
52
século XIX, quando tem início o processo de decadência da produção nos engenhos.
Nesse período, a cultura do café começa a adquirir maior importância, o que pode ter
levado produtores de aguardente a optarem pela substituição de suas lavouras de cana
por cafezais. Por outro lado, a baixa produção do açúcar, aguardente e de outros
produtos de origem agrícola não obtinha condições de melhor desenvolvimento à
medida que a estrutura agrária estava voltada para a farinha de mandioca, cuja produção,
apesar de ter sido por mais de um culo o gênero mais produzido e consequentemente
mais exportado, tinha preço bastante baixo no mercado, chegando a valer apenas a
metade do preço do feijão (HUBENER, 1981, p. 86).
Os dados existentes sobre os engenhos no século XX são escassos. O primeiro
censo agrícola realizado em 1920, aponta a existência de 96 estabelecimentos de cana de
açúcar, porém de todo o Município de Florianópolis, que engloba parte do continente
fronteiro. Estes estabelecimentos estariam produzindo açúcar, cachaça e álcool. Outros
engenhos aparecem referenciados genericamente como estabelecimentos de moer
cereais e outros místeres agrícolas”, em número de 31 também para todo o Município de
Florianópolis e nestes se incluem os engenhos de farinha (BRASIL, 1927). Estes dados
não são todavia, confiáveis. No início do século XX, Em Ribeirão da Ilha havia 82
engenhos (PEREIRA, 1991, p. 82). Na década de 1950, W. PIAZZA (1956) localizou
30 engenhos de farinha em algumas comunidade visitadas na Ilha. No início da década
de 1980, havia 94 engenhos em funcionamento em toda a Ilha de Santa Catarina
(ROCHA, 1983). Os dados provenientes dos recenseamentos agrícolas de 1940, 1950,
1960, 1970, 1980 e 1985, (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E
ESTATÍSTICA, doravante citado como IBGE), apresentam dados gradativamente
diluídos nas informações sobre todo o Estado de Santa Catarina.
A moagem e trituração de grãos através de atafonas foi registrada em dois sítios,
associadas a outros produtos além de, curiosamente, compartilhar o espaço com as duas
serrarias cadastradas em todo o levantamento de campo. A princípio, a única relação
existente entre estes dois meios de beneficiamento, foi a força motriz. Esta esteve
presente nos dois casos registrados. A energia hidráulica possuía uma vantagem em
53
relação à tração animal, possibilitando o acoplamento de mais de um processo de
produção, observados junto às atafonas. Esta polivalência foi vista no engenho que
serviu como modelo de força motriz através da roda d’água, fora da área da pesquisa
(
ver pg. 47
).
Na tradição local da área sul da Ilha de Santa Catarina, o termo
atafona
designa
um pequeno moinho de uso doméstico, movido manualmente e algumas vezes
transportável, que se situava ora nos engenhos ora nas residências. Eram então muito
utilizados na obtenção de farinha de milho. As pedras moedeiras eram menores que
aquelas mostradas na figura 9, confeccionadas em rochas de origem vulcânica, trazidas
provavelmente do Arquipélago dos Açores (
ver fig. 13
). De fato, estes pequenos
moinhos são bastante semelhantes com aqueles existentes nas ilhas açorianas, de
origem pré-romana (RIBEIRO, 1982, p. 599). Apesar de não se ter encontrado algum
em funcionamento na parte sul da ilha, as informações orais acerca de sua construção e
funcionamento corroboraram tal semelhança.
3. 6 A ARQUITETURA DOS ENGENHOS
A diversificação da produção de gêneros, principalmente de origem agrícola não
necessitou todavia, de instalações físicas diferenciadas para cada finalidade. Os ranchos
de engenhos eram adaptados à natureza da produção, mas conservavam vias de regra, a
tipologia de acordo com um padrão arquitetônico não acadêmico, originado na
funcionalidade e sobretudo na disponibilidade de recursos materiais. O empobrecimento
que caracterizou a instalação e o desenvolvimento dos pequenos produtores e
proprietários de engenhos, transmitiu à arquitetura, caracteres próprios cujos modelos
amalgamaram-se culturalmente ao longo do tempo. A arquitetura vernacular
demonstra, em geral, as verdadeiras atitudes e crenças de um povo de maneira mais
clara do que a arquitetura acadêmica.” (ORSER JR., 1992, p. 35).
A tipologia arquitetônica dos engenhos da parte sul da ilha de Santa Catarina
consiste numa edificação térrea, de vão único, abrigando instalações essencialmente
54
produtivas e cobertura em duas águas e, geralmente retangular, de forma alargada e
raramente alongada. A utilização de divisórias internas podia ocorrer em engenhos que
eram utilizados como residência, que podia ser definitiva ou em épocas de colheita,
geralmente no inverno, época da produção da farinha e do açúcar. Neste caso, as pessoas
se acomodavam no próprio rancho ou construíam apenas um espaço para o quarto do
casal. Nestas circunstâncias, residiam definitivamente aquelas pessoas com poucos
recursos. A planta original do engenho poderia ser conservada, construindo-se um
pequeno acréscimo nos fundos. As atividades específicas como cozinhar, comer e
dormir - esta última para o restante da família se fosse o caso, compartilhavam o mesmo
espaço da produção. O fogão, quando a família o possuía, era construído num dos
cantos do engenho, caso contrário, algumas pedras ou uma trempe eram utilizadas, mas
sempre na extremidade do rancho, para não atrapalhar as atividades de produção. As
pessoas mais abastadas construíam sua residência definitiva acoplada ao lado do
engenho (
ver fig. 14
).
As dimensões o variavam muito entre os engenhos de farinha. Na década de
1950, possuíam entre 7 e 10 metros de frente e no mínimo 6 metros de fundo (PIAZZA,
1956, p. 26). As dimensões mais freqüentes encontradas por N. PEREIRA (1193, p.
185) desde a década de 1960, foram 12 metros de frente por 7 metros de fundo. Nos 37
sítios de engenhos com produção única de farinha localizados na parte sul da ilha, as
dimensões dos vestígios de alicerces e paredes se situaram entre as dimensões acima. As
dimensões jamais poderiam ser inferiores a 6 metros em engenhos com maquinários de
cangalha, pois o o círculo percorrido pelo boi perfazia esta medida de diâmetro. Nos
maquinários de mastro, o boi necessitava de 4,60 metros de diâmetro para movimentar
o engenho.
Os engenhos de açúcar tinham dimensões mais flexíveis, ocasionada pela
diversidade de produção. Se produzissem aguardente, necessitariam obviamente um
espaço maior para a instalação do alambique. O mesmo ocorria quando a produção se
estendia também à farinha. Neste caso, se os maquinários fossem dispostos
lateralmente, o que era mais comum, precisariam de 11 metros de frente, pelo menos,
55
pois a moenda ocuparia 4,80 metros de diâmetro para os bois movimentá-la. Com os
maquinários alinhados, o rancho era obrigatoriamente alongado. Apenas um sítio foi
encontrado apresentando esta tipologia. Trata-se do
Engenho do Veríssimo
, com o
56
figura 13 e 14
57
rancho intacto e abandonado havia cerca de 15 anos (
ver fig. 15
). Os sítios provenientes
de engenhos com produção de açúcar apresentaram dimensões pouco acima dos sítios
de engenhos de farinha. Alguns sítios, porém raros, passavam dos 20 metros de frente,
mas conservavam a mesma profundidade média, em torno de 8 metros. Entretanto,
possuíam planta diferenciada dos estabelecimentos produtores de farinha. Eram
construídos aproveitando-se a inclinação natural do terreno, no qual eram estabelecidas
duas seções sob o mesmo teto, com uma diferença de 1,50 metros de altura uma da
outra. Na seção mais alta, situava-se a moenda e abaixo dela, os utensílios de recepção
do caldo, as caldeiras, e o alambique se o engenho o possuísse. Isto permitia a
eliminação de uma tarefa árdua no engenho: transportar o caldo da cana até aos
utensílios de recepção para cozimento ou para fermentação, quando se pretendia a
cachaça. O caldo que saía da moenda ía direto para os utensílios através da gravidade.
Por outro lado, a diferença entre as duas seções permitia uma organização e divisão do
espaço interno, sem a necessidade de construir paredes divisórias. Na contenção entre
um nível e outro, utilizava-se um muro de arrimo de alvenaria de pedra, que se nivelava
à seção mais alta. Nos sítios com este muro, não evidenciou-se argamassa entre as
pedras, caracterizando a técnica de
junta seca
, o que era naturalmente permitido por ser
um local protegido das intempéries (
ver fig. 16
). Em alguns sítios foi evidenciado um
terceiro nível, porém cerca de 50 centímetros abaixo da seção mais baixa citada,
defronte às bocas dos forno. Esta área normalmente se situava apenas sob um telheiro,
como forma de dissipar o calor e a fumaça provocada pelo fogo das caldeiras doúcar,
pois as mesmas não possuíam chaminé.
Engenhos de açúcar eram construídos também em áreas planas, mas constituíam
a minoria. Identificou-se 6 sítios com esta característica, dos 35 referentes à produção de
açúcar. Naturalmente, aquelas vantagens acima descritas o eram obtidas com esta
técnica de construção.
A técnica construtiva predominante na parte sul da ilha de Santa Catarina na
construção de ranchos de engenhos foi a utilização de varas entrecruzadas e barreadas,
ou seja, o
pau-a-pique
. Esta técnica era utilizada pelos primeiros povoadores que se
58
instalaram na ilha. Em meados do século XVIII, a igreja de Nossa Senhora do Desterro
“...não passava então de uma palhoça, cujas paredes em 1763 erão de páo a pique
barreadas.” (COELHO, 1877, p. 102). Em 1820, as casas da área rural eram feitas de
paus cruzados e barreados, com cobertura de telhas (SAINT-HILAIRE, 1978, p. 173).
Este autor não especifica se aquelas casas rurais possuíam engenhos ou se eram somente
residências. Na virada do século XIX, os engenhos de farinha de mandioca e de açúcar
eram grandes ranchos construídos de pau-a-pique e cobertos por fibras
vegetais(VÁRZEA, 1984, p. 184 e 202). Esta cnica construtiva predomina ainda na
década de 1950, mas já aparecem outras técnicas como a alvenaria de tijolos
argamassados e a utilização de tábuas nas paredes, com telhas de barro na cobertura
(PIAZZA, 1956, P. 25). No levantamento da área, baseados em informações orais e
vestígios arquitetônicos, o pau-a-pique foi evidenciado em 34 sítios de engenhos como a
técnica construtiva mais utilizada (
ver fig. 17
). Outras técnicas foram evidenciadas,
algumas delas como resultado de reformas sofridas por aqueles antigos engenhos de
paredes barreadas. Era comum todavia, a convivência no mesmo rancho, de duas ou
mais técnicas construtivas. Isto ocorria preferencialmente naqueles engenhos de pau-a-
pique, cujas frágeis paredes ao desintegrarem-se gradativamente, iam sendo substituídas
por outros materiais construtivos. Nesta convivência eclética, o tabique foi a técnica
mais facilmente adaptada às paredes barreadas (
ver fig. 18
), ocorrendo em 8 sítios.
59
Figura 15 e 16
60
A técnica de construir engenhos em alvenaria de pedras ou de tijolos
argamassados (esta última mais recentemente) com barro ocorria também
paralelamente ao pau-a-pique, porém mais raramente. Eram destinadas aqueles
proprietários mais abastados, principalmente quando fixavam residência junto ao
engenho. Neste caso, não era rara a ocorrência de residências de alvenaria de pedras
argamassadas e até rebocadas, acopladas a engenhos de pau-a-pique. As pedras
utilizadas, eram ordinariamente encontradas na natureza, sem benefício algum. O
acabamento ficava por conta dos construtores, que não abriam mão de pequenas pedras,
fragmentos de tijolos e de telhas para melhor acomodar as pedras maiores (
ver fig. 19
).
Alguns sítios provenientes de engenhos mais antigos (século XIX), apresentaram
vestígios de paredes com pesadas pedras irregulares. Nos sítios mais recentes, ocorre
uma diminuição no tamanho das pedras, e neste século, começa-se a talhá-las para a
construção de engenhos.
A técnica de pau-a-pique teve fácil aceitação na construção dos engenhos, em
virtude da facilidade com que eram obtidos seus materiais construtivos, fornecidos pela
própria natureza. Os primeiros desmatamentos forneciam além da área agrícola
desejada, madeiras para construção de móveis, residências e engenhos. Por ter sido a
técnica construtiva predominante nos engenhos por cerca de 200 anos na parte sul da
Ilha, o pau-a-pique será mais detalhadamente descrito em relação às outras cnicas. A
montagem das paredes consistia numa trama formada por varas roliças, bambus e ripas
lascadas, principalmente do Palmiteiro (
euterpes edulis
), amarradas com tiras de Imbé
(
philodendron imbe
). A extrema versatilidade e durabilidade que oferecia a fibra do
Imbé lhe conferiram o popular título de
prego do Brasil
. Em seguida à trama das
paredes, estas eram barreadas de ambos os lados, trabalho executado normalmente por
duas pessoas, uma que atirava o barro contra os paus cruzados e outra que o segurava,
do outro lado (
ver fig. 21
). O barro utilizado era trazido de locais específicos e
apiloado
61
junto à própria obra, num buraco escavado no chão, com um pouco de água e 4 ou 5
homens sapateando sobre ele, até que se transformasse numa pasta homogênea. Se o
solo junto à construção contivesse um teor de argila que o tornasse aglutinante, este era
também utilizado. A plasticidade da argila era baixa devido a presença de areias de
quartzo nos solos cristalinos da parte sul da Ilha, únicos locais de obtenção do barro.
Isto eliminava, teoricamente, a necessidade da inclusão de um antiplástico na massa, se
a proporção fosse adequada. Entretanto, no lado externo das paredes de engenhos que
conservam ainda suas paredes barreadas, ocorrem gretamentos com freqüência,
provocados pela dilatação do barro. Em épocas recentes, não eram utilizados tais
recursos. É possível que em épocas mais recuadas, a utilização do pau-a-pique como
técnica empregada também em residências, ocorresse de forma mais esmerada.
62
Figuras 18 e 19
63
O
chão batido
foi a técnica de construção de pisos unicamente utilizada em
engenhos. Em todos os sítios cadastrados, as informações orais e materiais acerca desta
utilização foram unânimes. As informações escritas ao longo deste século também
remetem à terra batida como única cnica existente na construção de pisos de
engenhos. Uma questão funcional pode ser atribuída num primeiro momento: o boi
necessitaria de uma superfície macia para poder movimentar o engenho e isto é correto.
Entretanto, as informações orais acerca do piso de engenhos d’água, também mostraram
o uso da mesma técnica. Engenhos de alvenaria de pedras argamassadas, via de regra
construídos por pessoas abastadas, também utilizavam o chão batido. O engenho é sem
dúvida, um espaço produtivo e como tal, o haveria necessidade de meios de conforto
que tornasse sua construção mais dispendiosa (daí a predominância da técnica de pau-a-
pique), lembrando-se que os parcos recursos sempre caracterizaram a produção nestes
engenhos, desde sua implantação. As residência ao contrário, possuíam assoalho, se o
proprietário tivesse condições de construí-lo. Em 1803, escreve G. LANGSDORFF
(1984, p.176) que as casas das pessoas mais abastadas da Ilha de Santa Catarina eram
assoalhadas, o mesmo não acontecendo com aquelas pessoas de menos recursos.
Nos engenhos de açúcar, o trilho do boi era constantemente forrado com bagaço
de cana, objetivando amaciar o piso para que o animal o sofresse algum ferimento. O
mesmo não acontecia nos engenhos de farinha. Na compactação do piso, usava-se
cinzas para diminuir a plasticidade do barro. Este antiplástico oferecia a diminuição da
aderência da argila no processo de compactação e a dureza da superfície depois que
secasse. A utilização de sangue de boi como aglutinante para a solos com baixos teores
de argila, ocorrida em outros partes do Brasil (VASCONCELLOS, 1979, p. 73), parece
não ter sido utilizada na parte sul da ilha ou pelo menos, o referências sobre sua
aplicação.
As estruturas arquitetônicas dos engenhos variavam de acordo com a cnica
construtiva utilizada. Naqueles de pau-a-pique, encontrava-se a estrutura autônoma, ou
seja, sem ligações com as paredes. Estas tinham a função apenas de vedar os espaços. A
estrutura era consolidada por esteios ou cunhais fincados no chão. As paredes eram
64
apoiadas horizontalmente sobre baldrames, que por sua vez, apoiavam-se em alicerces
de alvenaria de pedras argamassadas e, muito raramente sobre o próprio solo. Apenas
um sítio apresentou a ausência de alicerces de pedras., trata-se do sítio
Engenho do
Tomás Ildefonso,
proveniente de um engenho de açúcar movido à energia hidráulica,
localizado em Barreira do Ribeirão ou Sertão de Baixo. Nas construções que não
possuem paredes estruturais, o alicerce de pedras pode funcionar como um
falso
alicerce
, com função apenas de preencher os espaço existente entre o baldrame e o solo,
pois a estrutura está firmada nos cunhais (VASCONCELLOS, 1979, p. 19). Em
engenhos que tiveram suas paredes de pau-a-pique substituídas por tabique, encontram-
se normalmente, o uso de pilares de pedras e tijolos argamassados como apoio da
edificação
As paredes de alvenaria de pedras ou tijolos argamassados estruturavam e
vedavam o espaço do engenho. Nestas, a construção de alicerces normais era condição
obrigatória.
No início da colonização, cobertura mais comum tanto em residências quanto
em engenhos, era composta de fibras vegetais. O uso de telhas de barro tipo capa e
canal ocorria também paralelamente à cobertura de palha, porém na área mais
urbanizada ou acompanhava aquele engenhos de alvenaria de pedras que não
constituíam a maioria. O uso da telha na área rural mais pobre vai se popularizar
somente em meados deste século, conservando o formato da cobertura em duas águas. A
ocorrência de quatro águas é muito rara, sendo registrada apenas num único engenho,
porém de construção mais tardia, em 1949 (
ver fig. 20
).
A seguir, apresenta-se uma lista das madeiras mais utilizadas na construção de
maquinários e engenhos, obtida a partir das informações dos próprios construtores e da
bibliografia pertinente ao assunto, oportunamente citada.
Madeiras mais usadas na construção de maquinários:
Roda grande dentada - Ipê (
tabebuia umbellata)
, Canela-preta (
ocotea catharinensis
) e
Peroba-vermelha (
aspidosperma pyricollum).
65
Moenda - Ipê-amarelo, Ipê-roxo ou preto (
tabebuia chrysotricha
), Cabreuna
(
myrocarpus frondosus
) e Guaraparim (
vantanea compacta).
Almanjarra - Peroba-vermelha.
Prensa de mandioca - Ipê-amarelo, Ipê-roxo ou preto, Peroba-vermelha e Cabreuna
(
myrocarpus frondosus
).
Cochos - Canela-preta e Canela-sassafrás (
ocotea pretiosa).
Madeiras mais usadas na construção de engenhos:
Esteios - Socurujuva (
colubrina rufa
) e Tajuva (
chlorophora tinctoria).
Cumeeiras, Terças e Frechais - Socurujuva, Peroba-vermelha e Capororoca (
rapanea
ferruginea).
Caibros - Capororoca e Peroba-vermelha.
As peças dos maquinários e os acessórios descritos acima são os maiores
e mais conhecidos num engenho. Peças e acessórios menores como dentes, rodetes,
cabos, cunhas, eram também construídos com as madeiras relacionadas. Algumas peças
como a cangalha e o canzil, emprestavam seus nomes às madeiras: Pau-cangalha
(
symplocos lanceolata
) e Pau-canzil (
lonchocarpus leucanthus).
ainda, árvores cuja
denominação sugere um uso bem diversificado, como o Pau-paratudo (
capsicodentron
dinisii
). O Pau-óleo (
copaifera trapezifolia
), o Jacarandá (
platymiscium floribundum
), o
Louro (
cordia
66
figuras 20 e 21
67
trichotoma
) e o Pau-ferro (
caesalpinia ferrea
) também tinham uso generalizado nos
engenhos da ilha de Santa Catarina (PEREIRA, 1993, p. 156-158).
Para a cobertura e paredes de pau-a-pique utilizava-se principalmente ripas de
troncos de Palmital. Nos sítios onde ainda havia vestígios materiais de paredes e
cobertura, apareceu com bastante freqüência o uso desta madeira, não obstante a
presença, em menor número, de ripas roliças .O seu uso tanto na construção quanto na
alimentação, foi responsável pelo seu quase desaparecimento das matas da Ilha de Santa
Catarina, onde chegou a povoar com cerca de 920 exemplares um único hectare de
Mata Atlântica (KLEIN, 1969, p. 55).
Esta lista de madeiras traz as que foram mais usadas pelos mestres artífices e
construtores de engenhos. Outras madeiras, porém com menos freqüência foram
também utilizadas. Os critérios de escolha obedeciam, em alguns casos, a
disponibilidade de determinadas árvores na região, mas a dureza do tronco era um fator
fundamental. Para a construção de peças com curvaturas, as almanjarras por exemplo, a
escolha recaía sobre madeiras que além de duras, apresentassem a forma mais parecida
com a peça pretendida. Para caibros, eram utilizados os troncos de pequenas árvores,
sem necessidade de algum “beneficiamento”.
Algumas destas madeiras já eram utilizadas em 1797, quando o governador
Miranda Ribeiro relacionava seus usos e aplicações (LAYTANO, 1959, p. 161). Dentre
elas, a Socurujuva, também relacionada para uso em esteios e a Peroba-vermelha,
Canela-preta e Pau-óleo, ambas relacionadas para obras de marceneiros. Miranda
Ribeiro não especificava a construção de maquinários para engenhos, mas apenas “obras
de marceneiro”. Estas obras eram sem dúvida destinadas a engenhos, levando-se em
conta a grande quantidade destes estabelecimentos em toda a Ilha de Santa Catarina
naquele mesmo ano (LAYTANO, 1959, p. 149).
4 O LEVANTAMENTO ARQUEOLÓGICO DA PARTE SUL DA ILHA DE
SANTA CATARINA
4.1 O PLANEJAMENTO PRELIMINAR
68
O levantamento arqueológico, ou
survey
em inglês, é um conjunto de métodos e
técnicas que levam o arqueólogo a identificar o potencial de pesquisa de uma
determinada região. É utilizado como pressuposto de uma investigação arqueológica,
cujos objetivos conduzam à escavação de sítios prospectados ou ao reconhecimento e
dimensionamento dos bens arqueológicos existentes numa área. O planejamento
preliminar independe dos objetivos finais da pesquisa. É necessário, à medida que a
natureza do trabalho leva o arqueólogo a prospectar normalmente extensas áreas em
tempo reduzido, procurando vestígios materiais que podem estar enterrados ou
camuflados na própria paisagem. É imprescindível portanto, que a ida ao campo de
trabalho seja feita com rigor, obtendo-se antes, o maior número de informações
possíveis sobre a área em questão.
O levantamento arqueológico realizado na parte sul da Ilha de Santa Catarina foi
precedido de um planejamento preliminar, cujo enfoque baseou-se na revisão da
documentação escrita e iconográfica e na articulação do esquema de trabalho a ser
desenvolvido em campo. O exame da documentação escrita possibilitou a identificação
de áreas onde havia sido implantados os núcleos produtivos baseados em engenhos
(BLASCHKE, 1962; VÁRZEA, 1984). Algumas obras forneceram inclusive, o número
de estabelecimentos existentes em determinados locais (LAYTANO, 1959; PEREIRA,
1991 ). Ao contrário dos documentos históricos, cujas informações permitiram
vislumbrar a dimensão do que seria encontrado em campo, nada foi encontrado que
fornecesse dados sobre trabalhos anteriores de arqueologia histórica em engenhos na
área de estudo.
A utilização da documentação iconográfica representou uma gama de
informações próprias. Representada por mapas e fotografias aéreas, suas informações
permitiram o reconhecimento do ambiente físico e a identificação de áreas propícias ao
estabelecimento de engenhos no passado. A análise da carta topográfica em escala de
1:50 mil (IBGE, 1978), possibilitou a localização de alguns sítios, antes mesmo da visita
à área. Estes foram representados por minúsculos pontos pretos, assinalando residências.
69
A cobertura fotográfica utilizada para a confecção desta carta foi efetuada pela Força
Aérea Americana no ano de 1966, época em que alguns engenhos, hoje desativados e
restando somente alguns vestígios materiais, ainda estavam em funcionamento. A
distância dos pontos assinalados das atuais estradas chamou a atenção para uma variável
fundamental no levantamento de sítios de engenhos: quando da instalação destes
estabelecimentos, não havia a rede de estradas atuais. Em 1820, as “fazendas” ou
propriedades agrícolas eram interligadas apenas por picadas. Esta situação teria
continuado ainda em 1847 (SAINT-HILAIRE, 1978, p. 134). Levando-se em conta que
engenhos podiam funcionar também como residências, a possibilidade dos pontos
pertencerem somente à moradia era bem baixa. Por outro lado, as informações acerca do
relevo e a ocorrência de cursos d’água conduziram à sistematização das cnicas de
caminhadas de acordo com 2 zonas ecológicas distintas: morros cristalinos e planícies
arenosas, como alvo da pesquisa.
As fotografias aéreas oferecem uma possibilidade de visualização global e
integrada de uma área portadora de elementos que são, via de regra, invisíveis da
superfície. São convenientemente aplicadas a partir de procedimentos levantados quanto
aos objetivos e à natureza do trabalho. A observação direta das fotografias aéreas
permitiu a visualização de macro-zonas ecológicas com cobertura vegetal diferenciada,
ligadas a obtenção de recursos e o reconhecimento de caminhos antigos. Estes
caminhos, em cujo percurso muitos engenhos se instalaram no passado, servem de
referencial para as caminhadas, à medida que os possíveis vestígios arquitetônicos
existentes tornam-se encobertos pela vegetação e dificilmente vistos nas fotografias
aéreas.
Diante do esboço prévio da área em questão, organizou-se um esquema de
acordo com as possibilidades de execução dos trabalhos, levando-se em conta
naturalmente, a disponibilidade de tempo e de recursos. O procedimento inicial foi a
subdivisão da área de estudo em unidades menores de trabalho.
4.2 AS SUB-ÁREAS DE TRABALHO
70
A larga extensão da parte sul da Ilha de Santa Catarina, com 131 quilômetros
quadrados, tornou necessária subdividi-la em sub-áreas, que permitissem uma melhor
visualização dos limites e equacionamento dos trabalhos. O primeiro questionamento
levantado foi a adoção dos limites destas sub-áreas. Limites ecológicos as tornariam
desproporcionais em tamanho, pois os morros cristalinos cobrem cerca de 60% da área
estudada, o que não resolveria o problema inicialmente colocado. Dos critérios
propostos por PLOG, PLOG e WAIT (1978), de delimitar as áreas de
survey
em
fronteiras naturais, culturais e arbitrárias, optou-se por limites naturais e culturais. Os
limites interdistritais implantados pelo IPUF (1993) dividem a parte sul da Ilha em 3
distritos: Ribeirão da Ilha, Pântano do Sul e parte do Distrito da Lagoa. Esta divisão
utiliza-se de fronteiras naturais em alguns trechos, mas em outros, corta comunidades
que possuem características. Cita-se como exemplo, a comunidade localizada em
Barreira do Ribeirão ou Sertão de Baixo, cujos limites interdistritais dividiram-na entre
os Distritos do Ribeirão da Ilha e do ntano do Sul (
ver fig. 1
). No entanto, esta
comunidade relaciona-se com
71
FIGURA 22
72
mais freqüência, com o Distrito de Ribeirão da Ilha, mesmo a parte que se situa no
Distrito de Pântano do Sul. Além disto, foi observada na comunidade, uma área cultural
perene, em cujos limites m se desenvolvendo uma atividade agrícola, atualmente em
regime de subsistência, mas com suas origens ligadas à produção em maior escala, em
períodos mais recuados.
A adoção de limites arbitrários contrariou um dos objetivos do levantamento,
que foi o de procurar manter as unidades culturais ou comunidades, dentro de uma
mesma sub-área. Assim, os limites foram traçados de maneira a não separar as
comunidades que possuem relacionamento mais estreito, que se identificam mais uma
com as outras. Na impossibilidade de levantar tais limites, alguns membros das
comunidades foram questionados durante o estudo preliminar da área, sobre onde
começava e onde terminava sua comunidade ou se ela se identificava ou não com a
comunidade vizinha. Das respostas obtidas, estabeleceu-se limites culturais próprios
para a área, cuja junção com os limites naturais existentes, principalmente cadeia de
morros, chegou-se a implantação de 8 sub-áreas (
ver fig. 22
), com superfícies variando
de 8 a 30,2 quilômetros quadrados cada uma (
ver fig. 26)
e abrangendo as seguintes
comunidades:
Sub-área 1 - Rio Tavares e Campeche.
Sub-área 2 - Carianos e Tapera da Base.
Sub-área 3 - Ribeirão da Ilha (sede de distrito) e Alto Ribeirão.
Sub-área 4 - Barreira do Ribeirão ou Sertão de Baixo.
Sub-área 5 - Morro das Pedras e Armação.
Sub-área 6 - Costeira do Ribeirão e Caiacangaçu.
Sub-área 7 - Pântano do Sul (sede de distrito), ores, Costa de Dentro e Praia
do Saquinho.
Sub-área 8 - Tapera, Caieiras da Barra do Sul e Praia dos Naufragados.
As sub-áreas foram então, redimensionadas em relação à atuação em campo, à
medida que uma questão ainda não havia sido tratada no planejamento mas que se
transformaria numa variável condicionante na maximização dos resultados se não fosse
73
tomada de antecedência: a ocorrência de áreas balneárias urbanizadas. Estas áreas m
suas terras bastante parceladas, muitas vezes em pequenos lotes de 360 metros
quadrados, cuja dificuldade natural de transpô-las era somada ao fato de que parte das
residências ali instaladas passavam a maior parte do ano fechadas. Em áreas mais
abertas, a quantidade de cercas dividindo as propriedades, também forneceu um
obstáculo aos trabalhos. Nem sempre o proprietário era localizado para autorizar uma
busca em suas terras. Por outro lado, havia sempre a desconfiança de pessoas estranhas
entrando nas suas terras, medindo, fazendo perguntas, dando explicações que podiam
não ser convincentes.
As zonas urbanizadas não foram descartadas no planejamento preliminar, porque
foram implantadas sobre antigos núcleos populacionais, situados principalmente à beira-
mar, onde era comum a ocorrência de engenhos. O potencial de pesquisa destas áreas
mostrou-se no reconhecimento de tios ocupando quintais de residências, cujos
proprietários desconheciam tal informação, o obstante a baixa densidade de sítios
registrada nestes locais.
No levantamento preliminar, descartou-se 3 áreas ambientais distintas: uma
delas, a maior de todas (definida como uma das 3 zonas ambientais de toda a área de
estudo no cap. 7)), situa-se próxima à localidade de Carianos e tem sua superfície
coberta por manguezais o que naturalmente inviabilizaria o assentamento de uma
comunidade agrícola no local (
ver fig. 35
). Das 2 áreas restantes, uma faz parte dos
campos de dunas atuais, situada numa estreita faixa de areia margeando a praia, entre a
localidade de Morro das Pedras e o limite norte da área estudada e a outra, por picos e
encostas muito íngremes de morros e locais com vegetação muito densa. Nestes locais,
o critério de descarte o ocorreu, quando a fotografia aérea recente (IPUF, 1992), em
escala 1:8 mil apresentava trilhas antigas ou caminhos atuais ou qualquer outra abertura
na vegetação que permitisse caminhadas, pelo menos, circundando-se a área impossível
de ser penetrada. E naturalmente, a superfície da Lagoa do Peri, com 5,2 quilômetros
quadrados de superfície, não foi considerada em nenhuma sub-área, todavia, suas
dimensões incluem-se no cálculo da superfície total da área estudada.
74
4.3 O TRABALHO EM CAMPO
De posse de todas as informações acima descritas, passou-se a efetuar a pesquisa
de campo, transcorrida entre os meses de fevereiro e julho de 1995. Em cada sub-área,
procurou-se inicialmente os locais já identificados preliminarmente, como núcleos
possuidores de engenhos num passado recente. As pessoas mais idosas, ligadas a estes
núcleos eram procuradas e entrevistadas, à medida que adotou-se um método de busca
de vestígios materiais de engenhos, condicionado inicialmente, às informações orais.
Este método justificou-se, à medida que a área estudada possuía uma larga extensão e
uma gama de obstáculos naturais e artificiais, mesmo levando-se em conta as áreas
descartadas inicialmente. A valorização das informações orais obteve um papel
fundamental na otimização dos resultados. Pessoas ligadas aos engenhos puderam dar
informações valiosas na localização dos sítios, que em alguns casos foram seus próprios
locais de trabalho por muito tempo. Estas informações levaram em muitos casos, à
localização de sítios, minimizando o tempo gasto em relação à busca probabilística.
Quando não era possível precisar o local exato do sítio, optava-se pela identificação das
áreas prováveis, procedendo-se então, buscas sistemáticas.
As pessoas entrevistadas foram, via de regra, moradores das comunidades onde
o levantamento estava se realizando. O contato com a comunidade por 1 semana por
exemplo, gerava um grau de confiança, do entrevistado com o entrevistador, sendo
comum a descoberta de outros sítios quando pareciam não mais haver.
75
Os informantes com idade superior a 50 anos estavam mais capacitados a dar
um maior número de informações, à medida que todos tiveram ou ainda tinham um
envolvimento com as atividades desenvolvidas em engenhos, como proprietários ou tão
somente como trabalhadores contratados.
Com as informações orais registradas, passou-se a percorrer as áreas
identificadas nas entrevistas. Nos campos de pastagens, roças recém plantadas e
algumas áreas da planície arenosa, utilizou-se técnicas de caminhadas em grade, com
intervalos de 20 metros. Entretanto, com exceção dos campos de pastagens onde foram
localizados 3 sítios, nas outras áreas não foi encontrado um sítio sequer, embora elas
constituíssem uma parte muito pequena da área total estudada. Nas outras áreas, as
caminhadas executadas de forma irregular, utilizando-se dos caminhos antigos, margens
de estradas, caminhos modernos ou abrindo caminho na vegetação baixa, foram
responsáveis pelo levantamento de 74 sítios, totalizando 77 sítios cadastrados em toda a
parte sul da Ilha de Santa Catarina.
76
A vegetação forneceu informações peculiares quanto à localização de sítios na
paisagem. As áreas de ocupação do solo, quando o abandonadas, permitem a
regeneração espontânea da vegetação, através de estratos diferenciados. Cada estrato é
povoado por espécies próprias, desenvolvendo-se dentro de um determinado tempo. Os
assentamentos abandonados a até cerca de 1 século, tempo que a mata secundária se
recompõe, podem ser identificados e datados relativamente, se proceder-se uma análise
cuidadosa das espécies existentes em cada estrato. A espécie mais comum em estratos
secundários é a embaúba (
cecropia adenopus
)
.
Esta árvore, com altura variando entre
12 e 18 metros, possui tronco esbranquiçado e folhas largas, o que facilita sua
visualização entre outras espécies também freqüentemente encontradas em mata
secundária, entre elas o jacatirão (
miconia cinnomomifolia
) e o pixiricão (
miconia
cabuçu)
(KLEIN, 1969, p. 35,39
)
. Mas a árvore que mais se associa aos antigos núcleos
habitacionais e produtivos, é a nogueira-de-iguape (
aleurites moluccana
), uma planta
exótica, trazida das Ilhas Molucas, com altura que pode chegar a 30 metros (
ver fig. 25)
.
Sua ocorrência próxima aos engenhos e às residências mais antigas era quase uma
obrigação, à medida que seu fruto (com cerca de 60% de óleo graxo) era muito utilizado
pelos proprietários na saboaria e na extração de óleo para iluminação (CORRÊA, 1984).
O seu plantio era intencional, pois sendo uma árvore exótica e seu fruto possuindo uma
carapaça óssea muito dura, não entra na dieta da fauna ilhoa e portanto, não é
transportada ocasionalmente por algum animal como ocorre com outras espécies
vegetais. Ocorrem
77
FIGURA 24 E 25
78
algumas vezes, em grupos numerosos, chegando a 10 árvores, devido à germinação de
seus frutos caídos naturalmente, pois as comunidades rurais raramente os utilizam
atualmente.
A presença de antigas chácaras, define também a presença de antigos
assentamentos. Na localidade de Sertão de Dentro, encontrou-se um antigo local de
ocupação humana, constituído pelos vestígios materiais de 3 residências e de 2
engenhos, em meio à floresta secundária, devido à presença de alguns limoeiros e
laranjeiras dispersos e emaranhados na vegetação. A ocorrência destas árvores frutíferas
inseridas num contexto vegetal selvagem, torna-se facilmente perceptível em épocas de
frutificação sobretudo.
Até aqui, a vegetação apresentou-se como uma variável importantíssima na
identificação de antigos locais de ocupação humana em nível macro-espacial, ou seja no
contexto paisagístico de um determinado local. Mas a vegetação tem sido
tradicionalmente, modelo identificador de sítios arqueológicos em níveis micro-
espaciais, isto é, sobre o próprio sítio. É ali que ela apresenta-se de forma e tamanho
diferentes, à medida que o estrato arqueológico possui características fisico-químicas
diferentes da área circundante.
4.4 O REGISTRO DOS SÍTIOS
Os sítios encontrados foram cadastrados através de um sistema de fichas (
ver
anexo
), cujo conteúdo foi composto pelas informações orais prestadas pelas pessoas
entrevistadas, sujeitas à comprovação e pelas informações observáveis e comprováveis
no próprio local. Das informações orais, obteve-se dados sobre o tipo de engenho, de
maquinário, técnica construtiva, antigos proprietários, motivo do abandono, proprietário
atual e endereços. Quando o sítio apresentava vestígios materiais que
comprovassem
FIG. 26 - QUADRO DOS DADOS OBTIDOS NO LEVANTAMENTO
ARQUEOLÓGICO
79
SUB-ÁREA DE SÍTIOS KM2 DENSIDADE
01 12 30,2 0,40
02 0 19,0 0,00
03 6 15,8 0,38
04 28 11,3 2,48
05 2 8,0 0,25
06 3 9,2 0,33
07 14 21,7 0,64
08 12 10,6 1,13
alguma informação, esta era remetida ao campo de informações comprovadas. Os dados
observáveis eram transcritos na primeira página da ficha e parte da seguinte, se fosse
necessário. Em 2 sítios, utilizou-se uma terceira página, devido ao volume de
informações ser maior do que os outros cadastrados (sítio
Engenho da Família Pires
e
sítio
Engenho do Vitorino
).
A ficha inicia-se com o nome do sítio, escolhido através de um critério de
reconhecimento local, isto é, como o antigo engenho é conhecido na comunidade, nome
ou apelido do antigo proprietário ou do proprietário atual. Houve uma preocupação
constante, em denominar um sítio, de maneira que facilitasse sua localização posterior.
A identificação do sítio por número, ocorreu de forma arbitrária, porém respeitando-se a
ordem em que foram cadastrados. Assim, o sítio
Engenho do Chico
, o primeiro a ser
cadastrado em 16 de fevereiro de 1995, recebeu o número FLN 001( FLN é a sigla
oficial do Município de Florianópolis) e o sítio
Engenho da Lagoinha,
o último a ser
encontrado, em 07 de julho do mesmo ano, recebeu o número FLN 077.
A referência do local do sítio, obedeceu à denominação oficial dos distritos e
localidades ilhoas. Como ponto de referência, procurou-se locais fixos, que permitissem
uma localização posterior com facilidade. As coordenadas geográficas limitaram-se aos
graus e minutos, por falta de equipamentos sofisticados que possibilitassem uma maior
80
precisão. As dimensões do sítio não levaram em conta o entorno, mas apenas os
vestígios arquitetônicos evidentes, geralmente dos alicerces ou dos restos deles.
A proximidade com fontes d’água reafirma uma condição sica para a
instalação de assentamentos humanos numa determinada área. Na parte sul da Ilha de
Santa Catarina, os recursos hídricos atraíram a instalação de muitos engenhos. No mapa
referente à distribuição dos sítios na área estudada (
ver fig. 22
), a solidariedade de
engenhos com a água é demonstrada com bastante clareza. Entretanto, para aqueles
proprietários que não dispunham de terras próximas a algum curso d’água, a construção
de um poço tornaria-se uma alternativa viável, se o solo a permitisse. Havia ainda outra
opção, que consistia na canalização d’água através de calhas de bambu ou de tronco de
palmiteiro, de córregos distantes, até o engenho. Todavia, a presença de um sítio longe
de um curso d’água atual, não define necessariamente a mesma distância no passado.
Cursos d’água podem ter seus cursos alterados ao longo do tempo. Um exemplo de
engenho, cuja fonte de abastecimento d’água secou, foi registrado no sítio
Engenho do
Alto do Pasto do Apolinário
. Este sítio está assentado no alto de uma colina e a água
mais próxima situa-se a 100 metros abaixo, tornando inviável o transporte da água até o
engenho. Diante deste fato, procurou-se evidências de algum curso d’água no entorno
do sítio, encontrando-se o leito seco de um pequeno córrego, a 30 metros de distância.
A vegetação, tanto no sítio quanto na área adjacente, foi definida segundo os
critérios de regeneração espontânea, apresentados por M. CARUSO (1990, p. 115), em
5 estágios: herbáceas, capoeirinha, capoeira, capoeirão e mata secundária. Para o solo,
os critérios foram estabelecidos em 3 escalas:
arenoso,
com alto teor de areia;
areno-
argiloso
, com proporções inferiores de argila;
argilo-arenoso
, com percentual de argila
superior ao de areia e
argiloso
, onde a areia é totalmente ou quase ausente. Os solos da
planície arenosa apresentavam naturalmente, o solo adjacente ao sítio, de teor arenoso,
mas o mesmo não ocorria no sítio, se este fosse proveniente de uma ocupação recente. O
chão batido dos engenhos, com alto teor de argila, foi evidenciado até cerca de 25 anos
após o abandono do engenho. Em sítios mais antigos, esta camada superficial tende a
81
dissolver-se naturalmente, se exposta, ou por perturbações provocadas normalmente por
práticas agrícolas. Todavia, o estrato superficial, formado por sedimentação natural,
pode esconder o chão batido, se este não foi perturbado.
A incorporação dos sítios na paisagem regional, acarreta modalidades
diferenciadas de ocupação de sua superfície. A população procura usufruir destes
espaços, que algumas vezes o excelentes áreas planas em encostas, apropriadas
segundo suas intenções, para o estabelecimento de uma pequena horta, a construção de
um pequeno rancho ou até de uma residência. De todos os sítios cadastrados, 47 tinham
sua superfície ocupada, ou seja, 61 por cento do total. A ocupação mais freqüente foi
observada nas atividades agrícolas, ocorridas em 11 sítios. Em seguida, a guarda de
material foi a ocupação que mais se evidenciou, num total de 10 tios. Este uso ocorria
em sítios com ranchos de engenhos intactos ou parcialmente intactos, ou ainda em
pequenos ranchos construídos sobre os vestígios arquitetônicos. Os campos de
pastagens constituíram-se no terceiro uso mais freqüente. Ainda usava-se as superfícies
dos sítios como estábulos, jardins, trilhas, galinheiros, currais e garagens. Nos tios
com os engenhos ainda em atividades, a ocupação é obviamente, o ramo de produção do
engenho. Destes, o sítio
Engenho do Chico
, tinha além da produção, a moradia de seu
proprietário como forma de ocupação. O rancho do sítio
Engenho da Dona Pasqualina
,
era ocupado como habitação à época do levantamento. Entretanto, sua proprietária
falecera alguns dias depois.
A presença de artefatos na superfície do sítio, não ocorreu de forma homogênea.
Alguns sítios possuíam esparsos fragmentos, de vidro ou de cerâmica, ou ainda
artefatos metálicos intactos (
ver
sítio
Engenho do Teodoro Lopes
). Outros artefatos,
ligados à produção de farinha principalmente, ocorreram com alguma freqüência. A
presença de artefatos provenientes dos maquinários, está condicionada a uma variável
inserida no próprio contexto do abandono do engenho. Estas peças possuem uma grande
procura como objetos decorativos, sendo facilmente vendidos quando um engenho é
desativado. Apenas o artefato mais pesado, a prensa da mandioca, cujo peso pode
82
alcançar cerca de 1 tonelada, raramente é removida. Seus fusos entretanto, são os
objetos mais procurados num engenho.
Os vestígios arquitetônicos que ocorreram com mais freqüência, foram os
alicerces e pilares, ou restos deles, além dos ranchos intactos ou parcialmente intactos.
Os alicerces, quase sempre de alvenaria de pedras argamassadas, independiam da
técnica construtiva utilizada no rancho do engenho. Poderiam todavia, ser falsos
alicerces, mas conservavam sempre o mesmo material construtivo.
As informação sobre escavações anteriores o foram encontradas em nenhum
sítio e nem tampouco na documentação escrita analisada. Entretanto, fizeram parte da
ficha de registro, como uma informação para futuras investigações arqueológicas.
No campo destinado à descrição da
situação atual do sítio
, procurou-se
resumidamente, mostrar o estado de conservação do sítio e a sua situação
napaisagem,subsídios estes que podem nortear a escolha prévia de um local para futuras
escavações sem a necessidade de visitá-lo.
Os sítios foram plotados em mapa da área, na escala 1:100 mil. Esta escala
mostrou ser bastante reduzida para uma localização precisa do sítio, mas optou-se por
ela, à medida que uma escala maior consumiria muito espaço, o que traria transtornos na
montagem desta dissertação. No entanto, a descrição pormenorizada do
ponto de
referência
, supre esta deficiência. Cada sítio foi plotado ainda, num pequeno mapa da
Ilha de Santa catarina, situado na segunda ficha, com o objetivo apenas de mostrar sua
localização aproximada no território ilhéu. Junto a este mapa, foi anexada uma
fotografia do sítio, cujo ângulo procurou-se sempre o mais abrangente possível, dentro
das condições espaciais do local. Neste trabalho, aparecem reproduzidas através de
fotocopiadoras, devido ao extenso volume que acarretariam se fossem inseridas na
forma original.
Os campos explicados acima, são aqueles que possuem maior nível de
interpretação do sítio e sua localização espacial. Outras informações, porém de teor
menos importante, podem ser analisadas junto à própria ficha.
83
O levantamento arqueológico efetivado na parte sul da Ilha de Santa Catarina,
demonstrou a diversificação da produção em engenhos e sobretudo, a importância
destes estabelecimentos produtivos na economia regional, em virtude da sua distribuição
espacial. Entretanto, diante do volume de informações obtidas e do próprio número de
sítios na área, adotou-se um modelo de engenho, cujo sistema produtivo e habitacional
fornecesse subsídios etnográficos para uma melhor compreensão das relações culturais,
econômicas e espaciais implícitas no universo arqueológico dos engenhos na parte sul
da Ilha de Santa Catarina.
84
FIGURA 27 E 28
85
5 O ENGENHO COMO MODELO ETNOARQUEOLÓGICO
5.1 O ENGENHO DO CHICO
A utilização do Engenho de Francisco Tomás dos Santos (conhecido na região
como
Chico
e assim denominado daqui em diante) como um modelo etnoarqueológico
ocorreu após um levantamento na parte sul da ilha de Santa Catarina, onde constatou-se
ser aquele o único engenho com técnicas produtivas consideradas primitivas em relação
aos poucos estabelecimentos produtores de farinha de mandioca e de aguardente ainda
em funcionamento em toda a área. Mesmo fazendo parte de uma sociedade moderna e
dela usufruir alguns benefícios, as pessoas que ali vivem mantém-se fiéis ao seu modo
de vida simples, herdado de seus antepassados. A resistência à modernidade funciona
naturalmente, ou seja, as pessoas que ali moram temem uma desestruturação psíquica,
cuja causa é bem conhecida por eles pelas notícias trazidas por pessoas que as visitam
regularmente. O modo de vida que ocorre fora de seu
habitat
, normalmente não
interfere nos seus hábitos diários nem tampouco oferece algum atrativo. Entretanto, o
engenho não possui um invólucro que o separa do mundo atual. As relações existem à
medida que o produto básico obtido no engenho - a cachaça, é vendido na localidade
mais próxima e ali o também adquiridos gêneros necessários à alimentação. Algumas
mudanças, por menores que sejam, ocorridas ao longo dos anos, m de ser levadas em
conta e calculadas a sua validade e importância nas interpretações arqueológicas. Um
exemplo destas mudanças ocorreu na moenda do engenho, cujos cilindros responsáveis
pelo esmagamento da cana foram recobertos por uma fina chapa de ferro com o objetivo
de se obter melhores resultados na operação. Como isto foi uma inovação recente, as
antigas moendas que utilizavam as superfícies dos cilindros em madeira, facilmente
desgastáveis, tinham uma produção menor e consequentemente um tempo maior e uma
maior quantidade de cana gastos para se obter a mesma quantidade de caldo que se
obtém atualmente. A estrutura funcional modifica-se à medida que a quantidade de
matéria prima, produto final e tempo dispendido se alteram.
86
As observações e coleta de dados foram realizadas em 3 dias do mês de
novembro de 1993, possibilitando o registro das atividades produtivas e domésticas
desenvolvidas no engenho. Retornou-se no mês de julho de 1994, para os registros
referentes à produção de farinha de mandioca, pois esta se desenvolve no inverno, ou
seja, nos meses de maio, junho e julho. Nesta segunda etapa foram gastos 2 dias,
possibilitando em conjunto com as observações anteriores, a complementação dos
registros desde a preparação das roças até a obtenção do produto final do engenho, a
cachaça e a farinha de mandioca. Tal observação foi possível porque o proprietário
possui rias roças em diferentes estágios do ciclo agrícola. Enquanto uma delas estava
sendo preparada, outras já se encontravam em fase de colheita.
O engenho do Chico, com 250 metros quadrados de área construída é atualmente
um caso atípico na relação espaço-pessoas. É excessivamente grande para abrigar
apenas 2 pessoas, mas moraram ali, 12 pessoas, número para o qual ele foi
construído. A princípio, pode parecer que um sistema de produção e habitação
constituído apenas por 2 pessoas o poderia servir de modelo para outros sistemas
compostos por cerca de 10 pessoas. Entretanto, o abandono que o engenho do Chico foi
vítima a partir da década de 1960, não foi um caso isolado. Neste período tem início um
processo de crescimento da modernização e urbanização da sociedade florianopolitana
cuja esfera não contemplava de forma estrutural a presença de velhos engenhos
operando muitos deles de forma artesanal e rudimentar. Se os engenhos já
experimentavam um amargo declínio conhecido desde o fim do século XIX com a
queda nas exportações da farinha e a sempre baixa produção do açúcar, este período
ocasionou a diminuição da mão de obra, cujo êxodo dirigia-se à zona urbanizada da
cidade em busca de emprego e escola. A área rural passa a ter papel de residência
somente. Nos engenhos ficaram os velhos e um ou outro abnegado que mantinham a
baixa produção ainda em andamento.
Diante destes fatores, o registro arqueológico em formação, resultante das
atividades em franca decadência no engenho do Chico, ocorreu também na maioria dos
engenhos ilhéus que hoje estão desativados ou deles restam apenas vestígios. A
87
diminuição brutal da mão de obra especializada que antecedeu o abandono total ocorreu
praticamente em todo o território ilhéu.
Os dados etnográficos observados podem explicar as questões advindas da
necessidade de interpretação de modelos comportamentais de um engenho do culo
XVIII e XIX. Naquele engenho o observa-se um desenvolvimento tecnológico capaz
de alterar possíveis modelos abordados. As duas pessoas que ali vivem, resistem na
introdução de inovações, mesmo que possa lhes trazer benefícios imediatos. Quando
uma rede de energia elétrica passou perto dali, não houve interesse do proprietário em
instalá-la no engenho. Um lampião a gás emprestado por um amigo, simplesmente foi
devolvido porque ofuscava a visão à noite.
A estagnação ali verificada se por um lado manteve cnicas primitivas
inalteradas, responsáveis por baixos níveis de produção se comparados com
equipamentos modernos de moagem da cana, por outro conservou inúmeros aspectos
fundamentais na compreensão dos meios produtivos tradicionais em engenhos na ilha de
Santa Catarina.
O registro arqueológico é por essa maneira, explicado e dotado de significados
obtidos a partir de grupos humanos atuais (BORRERO e YACOBACCIO, 1990, p. 8) A
sobreposição de duas etapas temporais - uma vivente e outra passada - permite melhor
visualização do processo de acumulação de depósitos arqueológicos, num processo de
produção econômica que mantém-se quase inalterado por mais de duzentos anos.
5.2 O ENGENHO NA PAISAGEM
O engenho do Chico situa-se na localidade de Barreira do Ribeirão ou Sertão de
Baixo, Distrito de Ribeirão da Ilha, no município de Florianópolis(
ver fig. 29
). A
paisagem natural, caracterizada pela topografia bastante acidentada, é composta por
morros cristalinos que oscilam até 440 metros de altura do vel do mar, cobertos
atualmente por algumas pastagens decorrentes de desmatamentos e por vegetação
secundária em vários estágios de sucessão espontânea (
ver fig. 30
). Nesta sucessão, as
88
herbáceas ocupam a etapa inicial, seguidas da capoeirinha onde predominam os
vassourais, da capoeira, composta por arbustos e arvoretas e do capoeirão, formado por
árvores de médio e grande porte e imediatamente anterior à mata secundária, último
estágio da regeneração natural. As áreas onde ocorrem estes estágios são oriundas
principalmente de roças abandonadas. Os remanescentes da mata primária, a Floresta
Pluvial de Encostas, encontram-se rarefeitos pela região, ocorrendo apenas naqueles
locais muito íngremes, onde a ocupação agrícola teria sido inviável.
O engenho está construído numa área de encostas voltadas para a Lagoa do Peri,
no seu lado oeste, distando dela uns mil metros aproximadamente. Mantém-se ligado à
estrada principal da localidade por uma trilha, utilizada apenas por carros de bois ou
veículos bem tracionados. Esta trilha possui uma extensão de 1,5 quilômetro até o
engenho, com algumas porteiras na sua extensão. Em alguns pontos ela desaparece,
misturando-se com os campos de pastagens e com o gado solto, retomando seu curso
mais adiante.
89
Figuras 29 e 30
90
O atual isolamento em que se encontra o engenho o se enquadra num
isolamento histórico. No passado, o havia a rede de estradas que hoje. Os núcleos
habitacionais nas freguesias eram interligados por caminhos, muitos deles
desaparecidos, outros transformados nas atuais estradas, seja em trechos ou na
totalidade de sua extensão. Nas proximidades do engenho, vestígios de uma trilha
utilizada por carros de boi que parece levar a lugar nenhum atualmente, o que indica que
por ali deveria ter havido um movimento regular, a se julgar pela sua profundidade.
Estas trilhas se tornavam muito comuns à medida que as roças de mandioca ou de cana
de açúcar distanciavam-se dos engenhos. Para o transporte da roça até o engenho, eram
utilizados meios de transporte apropriados para as acidentadas áreas rurais: o carro de
bois, e derivado deste, o “carretão”, um carro também puxado por bois, mas com as
rodas bem menores e uma espécie de barrote de madeira arrastando ao chão, necessário
para diminuir a velocidade nos caminhos muito íngremes.
Os recursos hídricos nas áreas próximas ao engenho são formados por alguns
córregos e dois pequenos rios que deságuam na Lagoa do Peri, o maior manancial de
água potável da região e de toda a ilha de Santa Catarina.
Atualmente, todas as terras pertencentes ao engenho, cerca de 20 hectares,
encontram dentro do Parque Municipal Lagoa do Peri, área de preservação ambiental
onde são proibidas tanto a caça de espécies faunísticas quanto a derrubada da vegetação
nativa.
5.3 A ARQUITETURA DO ENGENHO
A tipologia arquitetônica do Engenho do Chico faz parte de um modelo
empregado em outros engenhos de açúcar na parte sul da Ilha de Santa Catarina. É uma
construção térrea, de vão único na parte de produção, com piso composto por duas
seções sob a mesma cobertura em duas águas, denominada localmente de
rancho
. o
pertence a um estilo arquitetônico, nem tampouco oferece linhas decorativas.
Construção estritamente funcional e humilde, visa atender às necessidades de produção
91
e de habitação. O engenho foi construído nos últimos anos do século XIX, com a técnica
de pau-a-pique, uma cnica bastante comum na construção de engenhos na Ilha de
Santa Catarina, utilizada desde o início da colonização. Porém, a fragilidade natural
encontrada nesta técnica fez seu proprietário optar por uma reforma em todo o engenho,
introduzindo paredes externas de tabique (tábuas planas), apoiadas em pilares de tijolos
e pedras argamassadas, distribuídos sobre alicerces de pedras argamassadas. Nas
aberturas, foram utilizadas tábuas planas, com a ausência de simetria na sua
distribuição. A cobertura não sofreu alterações, conservando telhas de barro, tipo capa e
canal. O mesmo aconteceu com o piso, que ainda é de chão-batido.
A casa de moradia, acoplada ao engenho, apresenta técnica construtiva
diferenciada daquela utilizada no engenho. Apesar de fazer parte da construção
original, foi totalmente reformada em 1956. As paredes externas foram refeitas de
tijolos maciços argamassados e rebocadas com reboco claro e as aberturas, compostas
de tábuas beneficiadas, em meia - folha. O antigo piso de chão-batido foi substituído por
assoalho de madeira e a cobertura, idêntica ao restante do engenho, recebeu telhas de
barro do tipo
francesa.
5.4 A PRODUÇÃO NO ENGENHO
O engenho do Chico possui os aparatos da produção de farinha de
mandioca e de açúcar e derivado deste, um alambique, que atualmente é o principal
meio de sustento do engenho, embora a farinha seja também ali produzida, mas só no
inverno. A produção de açúcar está atualmente desativada, mas este aspecto não chega a
mudar substancialmente as atividades desenvolvidas no engenho, em relação à
produção de aguardente. No dois processos, as etapa que vão da preparação das roças de
cana até a moagem da mesma, são idênticas. Para produzir açúcar, o caldo da cana é
conduzido às caldeiras para se transformar em melado e depois, cristalizar-se em açúcar.
Na produção de cachaça, o caldo de cana é fermentado por alguns dias e depois
conduzido ao alambique, para depois de 4 horas aproximadamente, se transformar em
92
aguardente pelo processo de destilação. A cachaça obtida é vendida na localidade mais
próxima ou no próprio engenho, a visitantes que ali aparecem, principalmente nos fins
de semana.
Os maquinários utilizados no engenho do Chico o confeccionados
artesanalmente em madeira, por mestres artífices especializados. Segundo seu
proprietário, toda a madeira utilizada foi cortada ali, na própria região, na época que
ainda havia maiores concentrações da mata nativa. O maquinário de produção de
farinha de mandioca é do tipo
cangalha
, composto por uma grande roda dentada, que
funciona como uma roda mestra, posta horizontalmente sobre um eixo perpendicular ao
teto do rancho do engenho. Acoplada verticalmente a ela, outra roda, a
sevadeira
,
responsável pela trituração da raiz da mandioca. A roda mestra também aciona a
hélice
ou
de abanar
, responsável pelo movimento da farinha que está sendo forneada,
evitando assim que ela passe do ponto, o que alteraria tanto a sua cor quanto o seu gosto
característicos. Todo o conjunto é movimentado pela força de um boi, que
movimentando-se ao redor de todo o equipamento, faz girar a roda mestra, através da
almanjarra.
Ao lado deste conjunto, situa-se a prensa, composta por uma pesada trave, uma
base e três fusos, todos de madeira, sem um único prego. Estas peças o responsáveis
pelo esmagamento e secagem da massa de mandioca, colocada em uma espécie de cesto
de fibras vegetais, chamado de
tipiti
. Ainda como artefatos auxiliares, existem dois
cochos também de madeira, utilizados na recepção da massa de mandioca sevada e da
farinha já forneada.
O maquinário do engenho de úcar é quase todo confeccionado em madeira.
Apenas uma fina cobertura metálica introduzida recentemente, é utilizada nos cilindros
moedores. A moenda é composta por três grandes cilindros de madeira acoplados
verticalmente. O cilindro do meio aciona os outros dois através de dentes entalhados na
sua parte superior. Está ligado a um eixo perpendicular ao teto e apoiado no chão, sobre
uma pedra. Da parte superior do eixo partem as duas almanjarras onde são cangados os
dois bois necessários à movimentação do conjunto. Sob a moenda uma mesa
93
retangular, utilizada no suporte da cana que entra nos cilindros e do bagaço que é
reintroduzido para melhor aproveitamento do caldo. Sob a mesa uma pequena calha,
ligada a um tubo de bambu que conduz o caldo da cana aos cochos de recepção e
fermentação na seção inferior do engenho, através da gravidade.
Todo o trabalho no engenho é executado normalmente por duas pessoas. Chico,
que é um dos sete herdeiros do engenho e suas terras e Alaíde, uma mulher de idade
bastante avançada que ali vivia havia cerca de 30 anos (Alaíde faleceu dia 12 de janeiro
de 1995. Ela própria o sabia exatamente em que ano nasceu, mas por associação a
outras pessoas, conclui-se que tinha idade superior a 90 anos)
A divisão de tarefas especializadas no engenho obedece a uma característica
peculiar: a falta de mão de obra decorrente do abandono dos outros membros da família,
da atividade rural. Assim, a sobrecarga para os que ficaram influenciou de forma
fundamental na diminuição da produção. Chico cuida da roça, desde a derrubada da
vegetação até a colheita e o transporte da cana para o engenho. Na roça, o trabalho
requer especialização. O plantio da cana obedece certos meses do ano; as mudas são
replantadas com uma distância de aproximadamente 40 centímetros de distância uma
das outras; períodos certos para a roça ser capinada, geralmente 3 vezes no ciclo
agrícola da cana - cada ciclo eqüivale a dois anos. A não obediência a este critério
implicaria em capinar mais vezes, pois as ervas que nascem quando as canas ainda são
pequenas, floresceriam e espalhariam suas sementes, germinando mais tarde quando a
roça havia sido capinada normalmente. As atividades agrícolas estendem-se também
ao plantio de mandioca, feijão, banana e outras culturas de subsistência, todas exigindo
cuidados de manutenção.
No engenho, as atividades se diversificam em função dele abrigar um sistema de
produção e outro de habitação. Alaíde ocupa-se das atividades domésticas e produtivas.
Prepara comida, lava roupas e utensílios, mantém limpo o chão do engenho, cuida das
galinhas e porcos e mantém uma pequena horta no entorno do engenho. Divide com
Chico as tarefas de moagem da cana, do controle da fermentação do caldo e da
destilação. Esta última, é uma das atividades mais especializadas do engenho, pois é
94
preciso exercer um controle rígido sobre o fogo no alambique. Deve ser sempre brando
e contínuo, caso contrário comprometerá a qualidade da cachaça. Além disso, os
primeiros vapores alcoólicos que se desprendem do caldo, o mais fortes e os últimos
são mais fracos. É preciso saber exatamente a hora de interromper o processo. As etapas
da produção de farinha requerem também, a divisão em tarefas específicas. A raspagem
da raiz da mandioca é tradicionalmente trabalho feminino e infantil, mas devido à
reorganização das funções no engenho ocasionada pelo pequeno número de pessoas
disponíveis, esta atividade é desenvolvida por Chico e por algum vizinho que
eventualmente o auxilia, inclusive nas etapas subsequentes, compreendidas pela
trituração da raiz, prensagem da massa e secagem da farinha no forno.
O regime de produção desenvolvido por um número de pessoas inferior ao
tradicionalmente requerido, ao processo um caráter artesanal, pois o se verifica um
fluxo contínuo, ou seja, determinadas tarefas têm de ser interrompidas para que outras
sejam iniciadas. A produção passa a ser então, diminuída sensivelmente à medida que a
estrutura operacional previamente estabelecida não comporta o aumento do tempo
necessário para suprir a deficiência de mão de obra
A vida num engenho onde trabalham apenas duas pessoas pode parecer dura
numa primeira impressão, mas quando se conhece a estrutura funcional, baseada na
divisão de tarefas e na organização delas durante o dia, muda-se logo esta impressão.
Tudo isto funciona sem uma rotina gida, sem um plano sistematizado, sem obrigação,
apenas a espontaneidade e a tradição de quem vem desenvolvendo essas atividades
durante a vida inteira, que aprenderam com seus pais que por sua vez, aprenderam com
seus avós... Por outro lado, a produção adquire um regime apenas de subsistência.
5.5 O ESPAÇO INTERNO
A casa da moenda constitui-se num espaço fundamental no ciclo produtivo da
aguardente e do açúcar. No engenho do Chico, é o maior de todos os espaços, com 93
metros quadrados. Requer o trabalho especializado de duas pessoas: a que introduz a
95
cana entre os cilindros e a que retira o bagaço do outro lado do cilindro, reintroduzindo
para obter maior quantidade de caldo. Entretanto, em situações onde a presença de um
ajudante não é possível, acopla-se um artefato de madeira ao lado oposto da moenda,
conhecido por
moleque
, cuja função é direcionar o bagaço de retorno aos cilindros. O
trabalho na moenda é executado de e de frente para o cilindro do meio, tanto de um
lado quanto do outro (
ver fig. 32
). Esta atividade leva cerca de 2 horas ininterruptas,
algumas vezes à noite, duas vezes por semana. Com isso, são obtidos cerca de 400 litros
de caldo de cana, cujo produto final chega próximo a 50 litros de cachaça, dependendo
da cana, ou seja, as mais doces são as que produzem mais.
A moenda é movimentada por dois bois que deixam ao seu redor um registro
arqueológico singular: um círculo perfeito no chão, com 4,80 metros de diâmetro,
através de um sulco chamado “andame”, de 50 centímetros de largura e profundidade
que varia à medida que vai sendo entulhado pelo bagaço de cana triturado pelas patas
dos bois e propositadamente pelo barro depositado, para que não fique muito profundo,
afinal de contas, são dois bois de aproximadamente 700 quilos cada, passando pelo
mesmo local a cada 12 segundos, durante 4 horas por semana, ou seja, 1.200 vezes por
semana, cada boi.
O diâmetro do círculo é condicionado ao tamanho das almanjarras que prendem
os bois à moenda. Como este tamanho é padrão, pelo menos no sul da ilha de Santa
Catarina, o modelo serviria não para identificar o tipo de engenho em escavações
arqueológicas, mas também para localizar exatamente onde as pessoas trabalhavam
junto ao moedor, pois o cilindro do meio serve de base como ponto central do círculo
feito pelos bois. Além disso, serviria de referência para os demais espaços.
No engenho de farinha de mandioca, com maquinário de mastro, o círculo
deixado pelo boi possui diâmetro de 4,60 metros. A pouca diferença de 20 centímetros
com o circulo deixado pelos bois na moenda de cana poderia trazer dúvidas em sítios
onde não mais vestígios dos maquinários. Entretanto, além do engenho de açúcar
apresentar a distribuição e organização dos espaço interno diferentes daqueles de farinha
de mandioca, cada maquinário deixa no solo também marcas diferenciadas. O
96
maquinário de mastro é suportado por apenas 1 tronco cravado no solo, bem no meio do
círculo, deixando uma marca que resistirá sem dúvida ao abandono do engenho em
condições normais. Já a moenda do engenho de açúcar é suportada por 1 tronco cravado
no meio do círculo que apoio ao cilindro do meio e por mais 4 outros troncos que
servem também de fixação para mesa da moenda, todos cravados no chão.
No mesmo espaço e nível da moenda, acha-se instalado o aparelho de fabricação
da farinha de mandioca, o maquinário de cangalha. Este maquinário deixa impresso no
chão-batido, um círculo com diâmetro maior do que o anterior, evidentemente pelo
conjunto de produção de farinha ser também maior que o conjunto da moenda. Medindo
6 metros de diâmetro por 50 centímetros de largura, com profundidade queo passa de
5 centímetros, este sulco é produzido apenas por um boi, responsável pela tração nos
engenhos de farinha de mandioca (
ver fig. 31
).
Junto às paredes que delimitam a casa da moenda do restante do engenho, estão
colocados três paióis para armazenamento de farinha. Estão apoiados cada um sobre
pequenos troncos de madeira. Como o chão embaixo deles não é desgastado por
limpeza ou por uso, apresenta-se mais alto em relação ao restante do piso. Isto
certamente traria novas inferências numa decapagem de níveis de ocupação numa
escavação arqueológica
Periodicamente, o engenho sofre varreduras, à medida que se acumulam detritos
no chão. Este hábito cria áreas de acumulação de materiais descartados fora dos limites
do espaço interno(BORRERO e YACOBACCIO, 1990, p. 26). A vassoura utilizada é
confeccionada com ramos de arbustos finos, apanhados nas redondezas e amarrados
numa vara de bambu. Quando secos, produzem maior atrito ao chão, aumentando o
desgaste da superfície do piso. Na área junto à entrada principal vivem dois cães. Estes
animais constituem-se numa variável importante na formação do registro arqueológico
de restos alimentares de origem animal. Eles comem grande parte dos ossos descartados
de aves e pequenos animais. Num dos dias da observação, havia peixe na refeição
principal. Quando jogados fora, os ossos foram devorados pelos dois cães. Por outro
lado,
97
figura 31
98
intervém no espaço interno do engenho, à medida que cavam buracos para se
acomodarem.
Outra questão levantada na casa da moenda foi a existência de dois locais de
antigos fogões. Aparentemente, pareciam ter sido utilizados simultaneamente, mas
segundo informações do proprietário, eles faziam parte da antiga cozinha existente
naquele local. Um deles teria sido construído junto com o engenho e o outro, construído
quando o anterior apresentou problemas na saída da fumaça pela chaminé, sendo então
desmontado. De fato, o madeiramento superior e as telhas localizadas bem acima
daquele fogão estavam ainda enegrecidas pela fumaça. No local onde havia o segundo
fogão ainda observa-se os vestígios de um de seus lados em alvenaria rebocada, com a
seguinte inscrição: “1.10.1949”, época portanto do desmonte do primeiro fogão e
construção do seguinte . Este fogão teria sido desmontado quando da construção de uma
nova cozinha na parte externa do engenho, contígua à casa da moenda.
Junto às paredes laterais vários objetos rejeitados. São barris de madeira,
artefatos dos aparelhos de fazer farinha e de moer cana. Alguns destes objetos
certamente o permanecerão ali num eventual abandono do engenho, sendo vendidos
para algum colecionador.
A cozinha é um dos espaços mais utilizados no engenho, principalmente por
quem ocupa-se do preparo da comida. Ali são realizadas as quatro refeições diárias
denominadas segundo alguns costumes existente s no arquipélago dos Açores
(RIBEIRO, 1982, p. 81): de manhã cedo é hora do
café
; as 10 horas é a vez do
almoço
,
que pode incluir um café com pirão e peixe; entre meio dia e 13 horas é a hora da
janta
, geralmente a refeição principal do dia, composta de pirão, carnes, peixes e
verduras; entre 18 e 19 horas, acontece a última refeição do dia, a
ceia
, uma refeição
leve, geralmente com alguma coisa que sobrou durante o dia.
Os alimentos que não são produzidos no engenho, são comprados ou trocados
na localidade mais próxima. As trocas geralmente são feitas obedecendo-se o valor
comercial do produto. Assim, o preço de quatro quilos de farinha de mandioca
eqüivalem aproximadamente ao preço de 1 quilo de lingüiça; 5 litros de cachaça são
99
trocados por 5 quilos de açúcar e 5 quilos de arroz. Embora a farinha seja produzida
somente no inverno, no engenho estoque suficiente para dar condições de consumo e
de troca durante todo o ano.
Na pequena área da cozinha - 9 metros quadrados - está assentado o fogão,
construído com tijolos argamassados e reboco liso. Possui altura de 1 metro e base
retangular de 1 metro por 70 centímetros. Sobre ele uma chapa de ferro onde o
colocadas as panelas para cozimento. A lenha utilizada como combustível é apanhada
nas imediações, principalmente naqueles locais onde a vegetação é derrubada para dar
lugar à atividade agrícola.
ainda uma mesa retangular de madeira para refeições, guarnecida por dois
bancos também de madeira, dispostos a ela lateralmente. No piso abaixo dos bancos,
um leve alisamento produzido pelo movimento dos pés de quem está sentado à mesa.
Contígua à cozinha e incorporada à construção original, uma área utilizada
para depósito de lenha. Ali é mantido um estoque de lenha, para eventuais períodos
longos de chuva. Serve também como o abrigo para o carro de bois, muito utilizado
antigamente para transportar mandioca e cana de úcar das roças até o engenho.
Atualmente é utilizado somente para cargas muito pesadas.
O local onde se encontra o alambique foi incorporado posteriormente à
construção original. Seu nível fica a 1,50 metro abaixo do nível da casa da moenda e
sob o mesmo teto. Antes funcionava num espaço ao lado, mas que se tornou muito
pequeno para o número de pessoas que ali trabalhavam. O alambique é composto por
um forno circular de 1 metro e meio de diâmetro, por uma tacha com diâmetro um
pouco menor que o do forno e uma boca estreita (40 cm.) e pelo capacete, na parte
superior do conjunto. Está assentado num canto formado pelas paredes lateral e frontal.
A boca do forno situa-se ao nível do chão (
ver fig. 33
).
O capacete, também chamado
cachimbo
, pois se parece com o mesmo, é feito
de cerâmica, possuindo um afunilamento no tubo horizontal. Este tubo encaixa-se num
cano de cobre, imerso em água corrente, num cocho de madeira de 2,50 metros de
comprimento. Os vapores alcoólicos que se desprendem do caldo fermentado em
100
ebulição condensam-se e transformam-se em cachaça ao chegarem no cano resfriador,
sendo coletados por um pote de cerâmica com capacidade para 6 litros. No chão onde é
colocado o pote uma depressão de 40 centímetro de diâmetro com profundidade de 5
centímetros na parte mais profunda, produzida pelo movimento de colocá-lo e retirá-lo
no local onde escorre a cachaça destilada. Esta operação é repetida até 5 vezes em cada
alambicada
A cachaça é armazenada em 2 toneis de plástico com capacidade para 50 litros
cada. Antigamente, era armazenada em barris de madeira, mas estes são raros hoje em
dia e deterioram-se ou perdem a qualidade com determinado tempo de uso, o que fez o
proprietário optar por vasilhames de plástico, mais resistentes e duráveis.
A desativação da produção de açúcar, criou também algumas áreas desativadas,
embora estejam sendo reutilizadas para outros fins. Nestes se enquadram os espaços das
caldeiras, da boca dos fornos e do alambique antigo.
Parte do espaço destinado às tachas de preparação do melado, está sendo usado
para a coleta e a fermentação do caldo da cana em dois cochos de madeira, sobrepostos
e ligados ao moedor de cana por um cano subterrâneo. A área da bocas dos fornos é
usada para criar porcos. O local onde havia o alambique antigo é usado apenas para
101
figura 32 e 33
102
depósito de materiais descartados. Estes materiais encontram-se em todo o engenho,
embora concentrem-se mais nas áreas acima.
O espaço interno do engenho possui um esquema de circulação que atende a
todas as atividades ali desenvolvidas. São simples caminhos por entre os maquinários,
equipamentos acessórios e objetos de uso domésticos que se articulam de maneira a
estabelecer a perfeita harmonia do espaço físico. Possuem freqüência diferenciada de
acordo com as atividades específicas, realizadas em cada espaço (permanentemente no
mesmo local). Não podem compartilhar seu espaço com outro tipo de atividade. Se a
cozinha emprestar sua área para cortar e depositar lenha, deixará de ser cozinha, pois
não terá espaço para suas atividades específicas, preparar e cozer alimentos. Do mesmo
modo, não será possível fazer comida no depósito de lenha, porque o espaço estará
tomado pela lenha. Cada espaço condiciona sua atividade específica, que por sua vez,
determina a freqüência de circulação. Para melhor compreensão da freqüência em áreas
internas, adotou-se o seguinte esquema:
Baixa freqüência de circulação - até 3 vezes por dia
Média freqüência de circulação - até 6 vezes por dia
Alta freqüência de circulação - mais de 6 vezes por dia
Na cozinha há alta freqüência de circulação e no depósito de lenha, baixa
freqüência. A cozinha possui alta freqüência, por ser a área doméstica mais utilizada no
engenho. Os acessos a ela são também áreas de grande circulação. Na casa da moenda, a
área junto ao moedor possui alta freqüência somente nos dias que a cana é moída, duas
vezes por semana. Nos outros dias, passa a ser área de baixa circulação, porque é o
caminho de acesso à casa de moradia, para onde dirige-se pouco durante todo o dia. A
variação ocorre porque a cozinha o está ligada à casa de moradia. No restante da área
da casa da moenda, a freqüência é alta porque possui acesso para a cozinha e para o
exterior.
Nas áreas próximas e de acesso ao alambique, a freqüência de circulação é alta
nos dias de destilação da cachaça. Nos outros dias, apresenta baixa circulação, porque é
ali que se guarda a cachaça destilada.
103
Ao depósito de lenha vai-se em dia duas vezes por dia, para buscar lenha para
o fogão ou para o forno do alambique. Já a área junto ao maquinário de farinha de
mandioca possui alta freqüência somente nos dias em que são desenvolvidas atividades
relativas à produção de farinha, ou seja, durante 10 dias em média ao ano. Nos outros
dias, a freqüência passa a ser condicionada às outras atividades do engenho.
5.6 O ESPAÇO EXTERNO
O entorno do engenho não possui a mesma diversificação de atividades ocorrida
no espaço interno, mas possui também sua organização espacial voltada para o
desenvolvimento das poucas tarefas especializadas ali existentes. Se no espaço interno
uma estrutura organizacional montada, vital para o desenvolvimento das atividades
produtivas e domésticas, no entorno a organização se apresenta de forma
imprescindível, porém mais simplificada e mais voltada para as atividades domésticas.
Estas também necessitam de especialização, mas o requerem necessariamente uma
divisão. Com exceção da atividade de lavar roupa, tida como exclusivamente feminina,
as outras o executadas por ambas as pessoas do engenho: cuidar dos animais
domésticos, capinar e semear uma pequena horta, cortar lenha e varrer a área próxima à
entrada principal do engenho.
O entorno é a área onde a deposição arqueológica melhor se evidencia. São
quatro montes de lixo com conteúdos diversos, resultantes das varreduras periódicas do
espaço interno e do próprio entorno. Entre estes locais de deposição secundária,
materiais descartados com significativa abundância.
Em entornos de sítios históricos, é comum a presença de restos de construção
como fragmentos de telhas e tijolos, pedras, pregos e restos de madeira e de reboco. É o
resultado de sucessivas reformas arquitetônicas devido tanto à decomposição dos
materiais construtivos quanto à ampliação e reorganização do espaço interno. O
engenho do Chico também passou por essas reformas e ampliações e os restos de
104
materiais construtivos acham-se espalhados principalmente na área defronte à parede
frontal.
Nas áreas fora do entorno do engenho, situam-se as roças de mandioca e em
maior número, as de cana de açúcar, além de outras culturas de subsistência. As roças de
cana ocupam a maior área lavrada. O proprietário possui várias roças, que lhe permitem
o corte da cana semanalmente para suprir a demanda ao alambique. Para preparar as
roças, a técnica utilizada não diferem muito daquela praticada desde o início da
colonização da Ilha, em meados do século XVIII, que consistia na derrubada da mata e
posterior queima e plantio sobre as próprias cinzas, sem nenhuma correção do solo
(BRITO, 1932, p. 59). A área escolhida, normalmente uma antiga roça abandonada
pelo menos 15 anos e com sua fertilidade natural parcialmente recomposta, tem sua
vegetação derrubada e em seguida queimada. Entre esta etapa e o plantio é efetuada
apenas uma limpeza no local para se retirar o que sobrou da queimada. Num dos dias de
visita ao engenho, uma área estava sendo retomada para se transformar em uma roça de
cana. Esta área foi abandonada uns 18 anos atrás, segundo o proprietário, e
reutilizada sem qualquer adubação. Como a área da propriedade atualmente é bem
maior que a área necessária
105
figura 34
106
para a agricultura, é possível selecionar o local a ser plantado. sempre uma reserva
de terras consideradas férteis a ser utilizadas.
As encostas e morros da Ilha de Santa Catarina possuem um tipo de solo
chamado
podzólico vermelho-amarelo
, não apropriado para práticas agrícolas
(CARUSO, 1990, p. 25). Entretanto, a indisponibilidade de outras terras próprias para a
agricultura, forçou a adoção de esquemas rotativos de uso do solo. Uma roça apresenta
produção viável economicamente até no máximo 10 anos. A partir deste tempo tem de
ser abandonada e nova área aberta. Nas terras pertencentes ao engenho do Chico,
situadas sobre o mesmo solo, é possível visualizar com facilidade as marcas deixadas
pela rotatividade do solo em busca de terras mais férteis. São numerosas áreas de
antigas roças, com tamanho e tipo de vegetação diferentes, com tonalidades que vão do
verde-claro ao verde-escuro.
A roça é por excelência, uma extensão do universo de trabalho de
um engenho e
o local onde ocorre intensa atividade humana. É onde a relação homem-trabalho atinge
seu auge no dispêndio de energia e tempo. Os vestígios arqueológicos desta atividade
ocorrem em antigas roças de mandioca, onde os pequenos canais de drenagem do
terreno permanecem visíveis, sobretudo naquelas áreas transformadas em pastagens (
ver
fig. 28
). Com exceção destes sulcos, o se tem conhecimento de qualquer obra
relevante de contenção de encostas, de sistemas de irrigação ou de campos elevados em
terrenos alagadiços. Como era observado desde os primórdios da ocupação da ilha de
Santa Catarina, o agricultor ilhéu não desenvolveu técnicas que pudessem minimizar
gastos e maximizar a produção. O sistema que melhor se adaptou à realidade foi aquele
que a natureza oferecia, sem necessidade de maiores modificações. Depois de algum
tempo de uso, a própria natureza se apropriava da roça à medida que esta era
abandonada, devolvendo-a após cerca de 2 décadas para novo uso.
A atividade humana captada pela roça articula uma rede de caminhos ao longo
das terras do engenho. A exemplo do espaço interno, a área externa possui freqüência
de circulação diferenciada, de acordo com as atividades desenvolvidas. Entretanto, uma
área de circulação usada para carregar molhos de cana por exemplo, serve também para
107
conduzir o gado até as pastagens, porque as atividades por ali desenvolvidas, ao
contrário do espaço interno, o o permanentes. Elas caracterizam-se mais como
áreas de acesso, embora próximas ao engenho situem-se locais de atividades fixas, como
cortar lenha, lavar roupas, criar pequenos animais domésticos e manter uma pequena
horta.
O esquema utilizado para mostrar a circulação em áreas internas não adapta-se
às áreas externas, porque estas possuem freqüências diferenciadas, sistematizadas em
diária, semanal e mensal. Para as roças em colheita ou em manutenção, Chico dirige-se
até 5 vezes por dia. O mesmo acontece em direção às pastagens próximas do engenho.
para fora dos limites do engenho, geralmente a localidade mais próxima, onde são
adquiridos alguns gêneros alimentícios, a freqüência é semanal. Para as áreas de plantio
que não estão em manutenção ou em época de colheita, a freqüência passa a ser mensal.
O mesmo acontece com o sistema de captação d’água do córrego, em situação normal.
Assim, a freqüência de circulação em caminhos de acesso às roças está condicionado ao
ciclo agrícola. Quando as roças são abandonadas, a circulação nas áreas próximas
normalmente também é abandonada.
A observação do trabalho nas roças, da distribuição destas na paisagem e
da utilização e reutilização da própria paisagem, mostrou a interdependência existente
entre homem e meio ambiente. Neste contexto foi possível identificar um modelo de
atividades especializadas e de freqüência de circulação, responsáveis pela manutenção
da estrutura funcional produtiva e doméstica.
6 O CONTEXTO ESPACIAL
6.1 O ZONEAMENTO ECOLÓGICO DA PARTE SUL DA ILHA DE SANTA
CATARINA
A parte sul da Ilha de Santa Catarina, apresenta 3 áreas ecológicas distintas: área
constituída por morros, formadas por terrenos cristalinos antigos; área de planícies
108
arenosas, formada por solos de sedimentação recente e áreas alagadiças de mangue. Esta
última área, descartada no levantamento arqueológico preliminar, foi incluída neste
zoneamento por se tratar de um ecossistema participante da área total estudada, mas
definida como local inviável para assentamentos humanos à época da colonização da
Ilha de Santa Catarina. Todavia, esta definição vem sendo invertida atualmente, à
medida que a ocupação humana moderna vem se efetivando na área, através de aterros e
drenagens, comprometendo inclusive, aquele ecossistema. As duas áreas restantes, ao
contrário, tiveram sua ocupação efetivada desde meados do século XVIII, com os
primeiros assentamentos de colonos orianos e madeirenses. Antes disto, as
informações dos navegantes, cujos navios aportavam na Ilha, descreviam o território
ilhéu quase totalmente coberto pela vegetação nativa, com poucos pontos desmatados
para algumas práticas agrícolas e habitações (ANSON, 1984 p. 64; FRÉZIER, 1984, p.
23; SHELVOCKE, 1984, p. 46). Esta situação se inverte, à medida que os
assentamentos eram precedidos de desmatamentos para obtenção da área residencial, da
área agrícola, de lenha, de madeiras para a construção de casas, engenhos, móveis e
maquinários. As informações subsequentes à instalação da colonização, demonstram
um aumento progressivo da área agrícola e consequentemente, desmatada (AVÉ-
LALLEMENT, 1980; SAINT-HILAIRE, 1978; LISIANSKY, 1984).
Os desmatamentos, ocorridos sobretudo para a instalação de áreas agrícolas,
criam macro-zonas ecológicas, com flora e fauna diferenciadas. Nos morros cristalinos,
esta diferenciação é mais acentuada, em virtude do relevo e da vegetação apresentar
características igualmente diversificadas. Neste sentido, a característica ambiental
menos diversificada, verificada nas planícies arenosas, tende a apresentar uma rigidez na
instalação de núcleos produtivos baseados em engenhos.
A distribuição dos sítios arqueológicos nas duas zonas ecológicas em questão,
demonstrou uma preferência quase absoluta pela instalação de engenhos de açúcar nas
áreas de morros ou nos limites desta. Dos 35 sítios, provenientes de engenhos de açúcar
e de engenhos que compartilhavam a produção deste produto com a farinha de
mandioca, 34 foram localizados em terrenos cristalinos. dos 39 sítios de engenhos
109
com produção de farinha tão somente, 17 foram registrados nos morros, contra 22 deles
na planície arenosa (
ver fig. 35
).
A larga incidência de engenhos de açúcar em terras situados nas encostas, ocorre
em virtude de as terras arenosas não possuírem características físico-químicas que
propiciem uma boa colheita da cana de açúcar. A opção viável passou a ser então, a
prática da lavoura da cana nos morros. Entretanto, segundo a classificação de solos
aptos à agricultura, apresentado por M. CARUSO (1990), estas terras também não
possuem características próprias para o uso de práticas agrícolas, a menos que em
algumas áreas sejam implantados todos intensivos de manejo. Todavia, a cultura da
cana de úcar nas encostas apresenta melhores resultados, mesmo sem a utilização de
técnicas de correção do solo, em relação ao uso de terras arenosas. Em 1797, o
governador da Capitania de Santa Catarina, João Alberto de Miranda Ribeiro
classificava as terras ilhoas e seus respectivos usos agrícolas:: “Esendo ella como
quasi toda montuosa, epoucos os Terrenos planos, aesperiencia tem mostrado, q. sendo
osditos Terrenos ariddos, são mais
110
FIGURA 35
111
proprios p.ª mandioca (...) Os Montes produzem bem a Cana, o Milho e o Feijão.”
(LAYTANO, 1959, p. 153).
A plantação de cana de açúcar em terras arenosas, apresenta pouco rendimento,
com touceiras pobres, ao contrário das terras argilosas, cujas canas desenvolvem-se
mais viçosas (IBGE, 1986) -se portanto, que a preferência pelas áreas de relevo
acidentado, torna-se uma opção economicamente mais viável. Por outro lado, a planta
tradicional de engenhos de açúcar, evidenciada na maioria dos sítios prospectados,
apresentou duas seções internas. Neste caso, a construção dos engenhos aproveitando-se
da topografia acidentada, transformava-se numa vantagem a mais na instalação destes
estabelecimentos nas áreas de encostas.
Os engenhos de farinha de mandioca, ao contrário, eram construídos em seção
única, facilitada pela topografia plana. No mapa acima citado, uma leve inclinação à
instalação destes engenhos nas áreas arenosas. Entretanto, muitos engenhos de açúcar
atraíam a produção de farinha para os morros, quando esta ocorria no mesmo espaço.
Embora o cultivo da mandioca ocorresse nas áreas acidentadas, o solo arenoso
propiciava
sempre uma colheita mais produtiva, além de apresentar facilidades no plantio e
sobretudo, na retirada de suas raízes do chão.
6.2 ÁREAS DE CAPTAÇÃO DE RECURSOS
A implantação de um engenho articula-se em áreas definidas de captação
de recursos naturais, onde ocorre um processo de ecotransformação progressivo. O
centro irradiador destas áreas é o engenho, o local onde a paisagem recebe a sua
primeira transformação, porém não se configurando como um local de exploração
permanente. A cobertura vegetal tem de ser totalmente retirada. A topografia sofre
modificações, uma vez que o terreno deve ser organizado para dar lugar à edificação. Se
o engenho for de farinha de mandioca construído em terrenos acidentados, a
transformação será maior, pois a inclinação natural não será aproveitada. No engenho de
112
açúcar, as duas seções de piso moldam-se no terreno, exigindo uma modificação menor
no relevo. Nas planícies arenosas, a transformação tende a ser menor, naturalmente pela
planura do terreno se adequar aos engenhos de farinha que nesta área ocorrem. A área
do engenho cessa a obtenção de recursos, quando o rancho é concluído. Neste momento
tem início um processo de expansão das atividades de exploração de recursos, cuja
intensidade vai aumentando progressivamente à medida que as áreas operantes vão
distanciando-se do engenho, até um determinado limite, que pode ser o limite da
propriedade. No entorno do engenho, há uma exploração acentuada irreversível em
alguns pontos fixos, cujo espaço será ocupado por hortas e locais de guarda de animais.
Em outros, a transformação ambiental se caracterizará pela substituição de espécies
vegetais nativas por árvores frutíferas, as chácaras. Em pouco tempo, um micro-
ambiente duradouro terá se formado, cujas árvores mesmo sendo algumas delas
exóticas, como a laranjeira (
citrus aurantium)
e a limeira (
citrus bergamia)
por
exemplo
,
participam da cadeia alimentar da fauna da rego.
As áreas agrícolas transformam o meio ambiente de maneira intensiva,
atingindo sensivelmente a camada vegetal. A topografia não se altera com a mesma
intensidade porque técnicas de correção de terrenos muito acidentados não são
aplicadas. Apenas o extrato superficial é remexido pela enxada, através de pequenos
sulcos de drenagem (
ver fig. 28
) e da retirada de algumas pedras. Nos campos de
pastagens, imprescindíveis nos engenhos movidos por tração animal, a transformação
ambiental limita-se inicialmente à retirada da vegetação, mas com maior tempo de uso,
os animais descrevem muitíssimos caminhos impressos no relevo, principalmente em
áreas muito acidentadas. Já as áreas de obtenção de lenha e de comida para os animais,
têm uma exploração mais seletiva e menos intensiva. Fora dos limites da área de
captação de recursos, outras áreas de exploração ambiental, normalmente de uso
comum, onde disponibilidade de caça, de madeiras e de outros recursos não mais
existentes nas áreas próximas aos engenhos. Normalmente, a transformação ecológica
nestas áreas é mínima, pois os recursos são explorados de forma amplamente extensiva.
Definem-se também como áreas inacessíveis para as atividades agrícolas, por se
113
situarem na maioria das vezes, em picos de morros ou em encostas muito íngremes. A
não utilização destes locais em áreas agrícolas pode ser recíproca, uma vez que sendo
poupada da exploração intensiva, fornece recursos inexistente em outras áreas.
O uso das terras dentro da propriedade, transforma a paisagem de maneira
irreversível. A cobertura vegetal é alterada, transformando-se num novo macro-
ambiente. As hortas, campos de pastagens e de cultivos adquirem o sentido de
entidades
ecológicas de caráter temporário, cujo contexto, compõe a paisagem
econômica rural de uma comunidade (MATEUS, 1990, p. 203-204). Embora os
métodos de uso da terra tenham um caráter predatório, há uma harmonia entre as formas
de obtenção de recursos e as técnicas de manejo do solo. O abandono das áreas agrícolas
com cerca de 10 anos de uso, demonstra formas de manejo adequadas. À medida que
novas terras vão sendo ocupadas e novos recursos vão sendo obtidos, nas antigas roças
tem início um processo de regeneração espontânea. Em conseqüência, novos micro-
ambientes vão se formar, com novas espécies de vegetais e por extensão, novas espécies
de animais manterão a cadeia de renovação ambiental. Este processo ocorre sem a
necessidade de introdução de sistemas artificiais de correção do solo ou outros meios
alheios à recuperação natural. A capacidade de suporte da área mantém-se em
equilíbrio. As comunidades matizam e estabelecem suas formas de exploração
particulares de acordo com sua tradição e experiência cultural adquirida (MIRANDA,
1986, p. 202). As cnicas de lavrar a terra e sobretudo da produção de aguardente no
Engenho do Chico
, confirmam tal definição.
A delimitação das áreas de captação de recursos nem sempre é possível de ser
alcançada. Os limites de antigos engenhos, normalmente o são os mesmos atuais
limites. Propriedades eram divididas através de heranças, agricultores endividados
obrigavam-se a hipotecar ou vender suas terras. A desagregação da propriedade rural
foi uma forma de transpor as circunstancias adversas, oriundas da decadência ocorrida
na produção em engenhos.
Dos 3 sítios provenientes de engenhos em funcionamento, o
Engenho do Chico
(já longamente estudado no capítulo anterior), foi o único que mostrou uma certa
114
perenidade em seus limites na aquisição de recursos. Ali, o modelo de exploração
ambiental ainda se mantinha um tanto imutável, com cnicas agrícolas semelhantes
àquelas utilizadas ainda no final do século XVIII e em todo o século XIX (BRITO,
1932; LAYTANO, 1959; VÁRZEA, 1984).
O minifúndio tem definido, historicamente, a propriedade rural na Ilha de Santa
Catarina (CARDOSO e IANNI, 1960; BRITO, 1932; CABRAL, 1950; VÁRZEA, 1984
e outros), mas o define-se com clareza, critérios para conceituar minifúndio numa
ilha de 425 quilômetros quadrados, cuja grande maioria da superfície possui solos o
apropriados para a agricultura, além de possuir relevo bastante acidentado. Portanto, os
critérios utilizados para definir minifúndio em outros locais pode não ser coerentemente
aplicado na ilha de Santa Catarina. Não obstante a questão conceptual, a preocupação
com a distribuição das terras havia sido oficializada na segunda metade do século
XVIII, quando o Marquês de Lavradio insistia constantemente ao governo da Capitania
de Santa Catarina, na necessidade de se proceder uma melhor distribuição das terras
entre os agricultores, principalmente aquelas incultas (CABRAL, 1950, p. 53). Esta
situação é um reflexo da distribuição irregular de terras ocorridas no início da
colonização, quando alguns receberam os lotes devidos, outros não. Em vista disto,
muitos engenhos podiam ter sua área de aquisição de recursos reduzida, mas teria que
haver um limite mínimo a ser observado, porque as despesas de instalação
inviabilizariam a pouca disponibilidade de terras para cultivo.
6.3 O COLAPSO DA CAPACIDADE DE SUPORTE DA PARTE SUL DA ILHA DE
SANTA CATARINA
A distribuição espacial dos sítios na parte sul da Ilha de Santa Catarina, com
algumas sub-áreas apresentando densidade alta e outras apresentando baixa ou
nenhuma densidade de sítios arqueológicos, não demonstra a real distribuição dos
assentamento no passado (
ver fig. 22
), apesar da metodologia do levantamento
arqueológico ser direcionada para o inventário da maior quantidade possível de sítios a
115
serem encontrados. Toma-se como exemplo, a sub-área 4, composta pela localidade de
Barreira do Ribeirão ou Sertão de Baixo, cuja densidade de sítios arqueológicos
levantados foi a mais alta de toda a área estudada, totalizando 28 sítios para uma
superfície de 11,3 quilômetros quadrados (
ver fig. 26
). Nesta localidade, houve um
processo tardio de desagregação da produção em engenhos, facilitado pelas
características geográficas do local, cujas terras encontram-se cercadas por uma cadeia
de morros, transformando-a num pequeno vale irrigado por vários córregos que
deságuam na Lagoa do Peri. A estrada que liga a localidade às outras comunidades foi
concluída havia cerca de 10 anos. O mesmo período de tempo podia-se atribuir à
implantação da energia elétrica no local. Por outro lado, a especulação imobiliária em
acelerado crescimento na Ilha de Santa Catarina tem poupado ainda, aquelas áreas
afastadas da orla marítima. Além destes fatores, soma-se a capacidade de suporte da
área que fornecia uma escala variada de recursos naturais, impedindo o abandono da
atividade produtora. A implantação do Parque Municipal Lagoa do Peri em meados da
década de 1970 ( sua superfície é quase coincidente com a sub-área 4), se por um lado
limitou a exploração de recursos naturais, por outro forçou alguns agricultores a
utilizar novas técnicas de plantio, como o arado mecânico e a correção do solo através
de adubos químicos. Neste processo, a ocupação indiscriminada da terra foi impedida e
uma adaptação parcial à nova política ambiental tenha ocorrido, embora o tradicional
sistema de rotatividade de uso da terra tenha sido prejudicado sensivelmente. Por estes
motivos, o só os engenhos conseguiram permanecer por mais tempo em atividades,
em relação aos demais existentes na área estudada, como os vestígios materiais daqueles
antigos engenhos foram melhor preservados, em virtude da ausência da atividade
imobiliária. Portanto, a baixa ou média densidade verificada nas outras sub-áreas,
ocorreu mais pela destruição dos vestígios materiais dos engenhos do que pela própria
ausência deles, exceção feita à sub-área 2, cuja parte de sua superfície é tomada por
mangues e o restante, se situou fora do roteiro daquelas frentes expansionistas
pioneiras, ocorridas no início da colonização da Ilha de Santa Catarina. Todavia, no
levantamento efetuado no local, as informações orais davam conta da existência de
116
alguns engenhos em funcionamento no passado, mas nenhum vestígio material foi
encontrado. Na localidade de Alto Ribeirão, havia 65 engenhos de farinha de mandioca
ao longo de um trecho de 5 quilômetros da estrada da localidade (PEREIRA et al, 1991,
p. 265). No levantamento efetuado no mesmo trecho, apenas 4 sítios desses engenhos
foram localizados. Este alto índice de desaparecimento dos vestígios materiais de
engenhos, justifica-se à medida que localizavam-se ao longo da estrada, local onde o
crescimento populacional tem avançado com bastante velocidade, seguido da construção
de imóveis. Muitos engenhos que se situavam nessas áreas, foram retirados ou tiveram
seus ranchos transformados e voltados para outros usos. Esta tendência foi verificada
em quase todas as localidades pesquisadas.
A exposição acima, argumenta a ocorrência de antigos engenhos em toda a parte
sul da Ilha, não exatamente em números iguais aos encontrados na localidade de
Barreira do Ribeirão ou Sertão de Baixo, mas em número superior aos sítios
arqueológicos cadastrados. A maior ou menor densidade em uma sub-área, demonstra o
grau de crescimento das comunidades, cuja
performance,
ainda não conseguiu sintetizar
a preservação de suas memórias culturais. Por outro lado, as evidências da ocorrência de
um grande número de engenhos no passado, atesta a existência de uma capacidade de
exploração de recursos naturais bem estruturada, com critérios de manutenção
desenvolvidos a partir do potencial econômico fornecido pela área, isto é, criados e
adaptados face à situação desfavorável dos solos agrícolas e à progressiva diminuição
dos recursos vegetais.
A diminuição gradativa de alguns recursos se agrava mediante a proibição da
caça e do corte de espécies vegetais nativas a partir da década de 1970. A criação de
áreas de preservação permanente (foram implantados 3 parques na parte sul da Ilha -
ver seção 2.2
), vai reduzir ainda mais as áreas destinadas à agricultura. A pesca
artesanal funcionava como uma atividade intermediária entre as fases produtivas no
engenho e na lavoura, todavia o volume da produção pesqueira diminui sensivelmente a
partir da cada de 1960, com o crescimento da pesca em escala industrial (HALFPAP,
1971, p. 85)
117
O colapso da capacidade de suporte da área ocorreu não apenas por elementos
intrínsecos ao seu próprio contexto, mas em conjunto com uma série de medidas que a
sociedade modernizada esboçou a partir de meados do culo XX. A estrutura agrária,
com origens na implantação da colonização, o sobreviveu economicamente. Foi
esfacelada pela crescente reorganização das comunidades tradicionais em zonas
balneárias, voltadas para o turismo. A mão de obra jovem, começa a ser expulsa da área
rural em direção à área urbana, em busca de emprego e escola, mantendo o engenho
apenas como residência. A instalação de motores elétricos acoplados aos maquinários, a
partir da cada de 1960, se transformou numa última tentativa de conter o avançado
processo de abandono em ocorrência e manter o sistema produtivo em funcionamento.
Mesmo com a introdução destes equipamentos, a produção arcaica ocorrida nos ranchos
de engenhos não consegue superar a crescente produção em escala industrial, mais
acessível ao consumidor. A produção atual de alguns engenhos ainda em funcionamento
na parte sul da Ilha, tem grandes dificuldades de comércio. Planta-se para consumo
doméstico e para vender na própria casa, para vizinhos ou parentes, em regime de
subsistência. Os ranchos vão sendo destruídos ou transformados em residências,
galpões, garagens e oficinas. As peças dos maquinários e dos equipamentos acessórios
passam a ser procurados como objetos decorativos, justificando em alguns casos, o fim
118
das atividades produtivas (
ver figs. 37 e 38
). A capacidade de suporte, geradora de
recursos naturais na área estudada, torna-se impossibilitada de vislumbrar um
soerguimento das atividades em engenhos. O processo é irreversível, à medida que a
parte Sul da Ilha de Santa Catarina adquire a vocação turística como uma nova fonte
geradora de recursos, cuja dinâmica essencialmente voltada para as belezas naturais, não
permite o uso intensivo da terra, legitimada pelas leis de proteção ambientais vigentes.
119
FIGURA 37 E 38
120
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os vestígios materiais dos antigos engenhos, levantados nesta pesquisa,
proporcionaram uma nova visão ao contexto histórico das comunidades rurais da parte
sul da Ilha de Santa Catarina. As informações obtidas no levantamento arqueológico da
área, somadas às informações orais e dados extraídos da documentação escrita utilizada,
propiciaram o reconhecimento de um sistema de produção organizado, voltado para o
consumo interno e para a exportação do excedente. O desenvolvimento destas
atividades foi responsável pela implantação de um grande número de estabelecimentos
produtores espalhados por toda a área estudada. A produção em maior escala, não se
limitou somente à farinha, como se supunha anteriormente. O levantamento dos sítios,
com suas características produtivas diversificadas, mostrou a ocorrência de uma escala
variada de produtos transformados e beneficiados a partir dos engenhos. Estes produtos,
via de regra, solidarizavam-se no mesmo espaço, naturalmente adaptado para cada
produção. Destes o que mais predominou, foi sem dúvida o açúcar, cuja junção com a
produção de farinha foi responsável pelo aparecimento do maior tipo de engenho em
produção na área estudada. Em alguns tios, a existência de alambiques emprestou a
aguardente, características de produção regular num passado recente.
A larga produção nos engenhos teve seu abrigo proporcionado pelos ranchos de
engenhos, cujas construções apresentaram, na maioria dos tios inventariados, a
técnica construtiva de pau-a-pique, uma maneira simples e econômica de construir casas
e engenhos, utilizando-se dos materiais construtivos que a própria natureza fornecia em
abundância. O seu predomínio nos sítios arqueológicos registrados, através das
informações orais e materiais foi absoluto. Não se tratava de um emprego voltado
necessariamente para a economia na construção, mas para o caráter essencialmente
funcional, que os engenhos organizavam-se em seus espaços sobretudo, pela
simplicidade.
A apropriação do ambiente evidenciou-se como um critério de sobrevivência da
atividade produtora nos engenhos. O contexto espacial de um sítio de engenho mostrou
121
claramente a exploração ambiental, caracterizada principalmente, pela atividade
agrícola, executada em solos impróprios, cuja rotatividade do solo tem deixado na
paisagem, marcas incontestáveis de sua exploração.
O estudo dos engenhos e seus vestígios materiais, através da abordagem
arqueológica, evidenciou formas de reconhecimento da memória das comunidades
rurais da parte sul da Ilha de Santa Catarina, até então impraticadas, seja por
desconhecimento ou por superestimação dos métodos históricos. A análise da menor
unidade material encontrada na pesquisa, traduzida aqui por alguns ínfimos vestígios
arquitetônicos, dispostos no solo, encerram uma extensa rede de informações, que vão
desde a análise do material construtivo utilizado, até o reconhecimento da paisagem ao
redor do engenho. Portanto, diante da importância dos vestígios materiais dos engenhos
como portadores da herança cultural de uma comunidade, sugere-se a adoção de
mecanismos de conservação destes estabelecimentos ainda em funcionamento e
daqueles que restam apenas vestígios, como uma forma de preservação da memória
regional de cada localidade. Os engenhos e seus vestígios materiais constituem-se num
patrimônio coletivo, de interesse comunitário, cuja conservação pode ser vista como
uma fonte de revitalização cultural e econômica, à medida que o bem arqueológico
reconhecido e conservado transforma-se num atrativo turístico, principalmente numa
área, cuja vocação turística vem transformando-se numa das maiores fontes de riqueza
do Município de Florianópolis. Esta necessidade de preservação o se restringe
somente à parte sul da Ilha, área de estudo deste trabalho, mas também à parte norte.
Para isto, faz-se necessária, a extensão desta pesquisa a toda a Ilha de Santa Catarina,
lembrando que o levantamento arqueológico bem estruturado, com objetivos claros e
bem direcionados, permite o reconhecimento do potencial arqueológico de uma área,
sem a necessidade de proceder-se a escavação.
122
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132
CADASTRO DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DE ENGENHOS NA PARTE SUL
DA ILHA DE SANTA CATARINA, MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS-SC
Nome do Sítio:
Engenho do Chico.
FLN-001
Localização:
Barreira do Ribeirão ou Sertão
de Baixo.
Distrito:
Ribeirão da Ilha.
Ponto de referência:
situa-se no final de uma trilha que parte da estrada geral de
Barreira do Ribeirão ou Sertão de Baixo, conhecida como “trilha do engenho do
Chico”. Está voltado para a Lagoa do Peri, na encosta do Morro do Saquinho, no seu
lado nordeste.
Coordenadas Geográficas:
27º 44’ de latitude sul e 48º 32’ de longitude oeste.
Dimensões do sítio:
21 por 24 metros.
Distância de curso d’água:
7 metros de um córrego.
Tipo de vegetação predominante:
no sítio:
não há;
circundante:
herbáceas.
Tipo de solo:
no sítio:
argiloso;
circundante:
areno-argiloso.
Ocupação atual no sítio:
habitação e produção de cachaça e farinha de mandioca.
Erosão:
pelas águas
da chuva no entorno do engenho.
Proximidade com construções modernas:
1.500 metros.
Escavações anteriores:
desconhecidas
.
Situação atual do sítio:
apresenta-se intacto, com o engenho em funcionamento,
produzindo cachaça ininterruptamente e farinha de mandioca nos meses de junho e
julho. O engenho produziu açúcar, mas esta atividade foi abandonada 20 anos,
restando apenas alguns artefatos ligados a ela, inclusive duas fornalhas ainda
intactas. três níveis de piso: no primeiro acham-se os maquinários de moagem da
cana de açúcar e da produção de farinha de mandioca; no segundo, a 1,50 metro
abaixo, encontram-se o alambique, os cochos de fermentação e o antigo local
destinado à produção de úcar; no último, a 0,50 metro abaixo do segundo, acha-se o
local das bocas das fornalhas. O engenho serve também de moradia para seu
proprietário que ali vive só. o energia elétrica no local e os maquinários (de
cangalha, na produção de farinha e moenda de eixos verticais, na extração do caldo de
cana), são movidos à tração animal - o boi.
Técnica construtiva:
os alicerces e pilares apresentam alvenaria de pedras
argamassadas e os muros de arrimo que dividem os três níveis, alvenaria de pedra
seca. No rancho do engenho as paredes e as aberturas foram construídas de tábuas
planas, a cobertura de telhas de barro do tipo capa e canal e o piso, de terra batida.
No espaço de habitação, contíguo ao engenho, a cnica utilizada nas paredes foi a de
133
alvenaria de tijolos argamassados e rebocados e aberturas em tábuas planas
beneficiadas. A cobertura é de telhas de barro tipo francesa e o piso é assoalhado com
tábuas.
Tipo de engenho:
de farinha de mandioca, de açúcar e de cachaça.
Possibilidades de destruição:
numa eventual venda do local.
Observações:
o sítio encontra-se dentro da área de preservação ambiental do Parque
Municipal Lagoa do Peri.
INFORMAÇÕES ORAIS SOBRE O SÍTIO FLN-001
Proprietário atual do engenho:
Francisco Tomás dos Santos (um dos herdeiros).
Proprietário(s) anterior(es):
Tomás Joaquim dos Santos.
Endereço:
Engenho do Chico, Estrada Geral s/nº, Barreira do Ribeirão ou Sertão de
Baixo, Distrito de Ribeirão da Ilha.
Informante:
Francisco Tomás dos Santos.
Idade:
64 anos.
Endereço
: o mesmo.
Entrevistador:
Osvaldo Paulino da Silva.
A parede lateral do engenho funcionando como fachada ; ao fundo, roças de
cana de açúcar.
Local e data: Barreira do Ribeirão ou Sertão de Baixo, 16 de fevereiro de 1995.
134
CADASTRO DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DE ENGENHOS NA PARTE SUL
DA ILHA DE SANTA CATARINA, MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS-SC
Nome do Sítio:
Engenho do Velho Joaquim dos Santos
FLN-OO2
Localização:
Barreira do Ribeirão ou Sertão de Baixo.
Distrito:
Ribeirão da Ilha.
Ponto de referência:
Situado ao lado direito da trilha de acesso ao engenho de
Francisco Tomás dos Santos (“Seu” Chico), após 1 quilômetro partindo-se da estrada
de Barreira do Ribeirão ou Sertão de Baixo, no lado sudoeste do morro do Saquinho.
Coordenadas Geográficas:
27º 44’ de latitude sul e 48º 32’ de longitude oeste.
Dimensões do sítio:
9 por 22 metros.
Distância de curso d’água:
10 metros.
Tipo de vegetação predominante:
no sítio:
herbáceas;
circundante:
herbáceas.
Tipo de solo:
no sítio:
argilo-arenoso;
circundante:
areno-argiloso.
Ocupação atual no sítio:
pastagem.
Artefatos na superfície:
nenhum encontrado.
Erosão:
não há.
Vestígios arquitetônicos evidentes:
restos de alicerces.
Altura máxima destes vestígios:
ao rés do chão.
Proximidade com construções modernas:
800 metros.
Escavações anteriores:
desconhecidas.
Situação atual do sítio:
apresenta alguns vestígios dos alicerces e sua área ainda
encontra-se plana, sendo facilmente distinguível na paisagem, uma colina coberta de
pastagens. Encontra-se coberto pela vegetação que o protege da erosão das águas da
chuva.
Possibilidades de destruição:
comprometid
o pelo gado que pasta na sua superfície.
Observações:
o sítio encontra-se dentro da área de preservação ambiental do Parque
Municipal Lagoa do Perí.
INFORMAÇÕES ORAIS SOBRE O SÍTIO Nº FLN-002
Tipo de engenho:
de farinha de mandioca e de açúcar.
135
Técnica construtiva:
alicerces de alvenaria de pedras e paredes de pau-a-pique
estruturadas com esteios e cobertura de palha. O piso era de chão batido.
Tipo de maquinário:
desconhecido.
Época de abandono:
desconhecida.
Motivo do abandono:
o curso d’água próximo teria secado.
Proprietário(s) durante o funcionamento do engenho (em ordem cronológica)
: Joaquim
dos Santos (bisavô do informante).
Proprietário atual do terreno:
Francisco Tomás dos Santos.
Endereço:
Engenho do Chico, Estrada Geral de Barreira do Ribeirão ou Sertão de
Baixo, s/nº, Distrito de Ribeirão da Ilha.
Informante:
Francisco Tomás dos Santos.
Idade:
64 anos.
Endereço
: o mesmo.
Presenciou o funcionamento do engenho?
Não.
Entrevistador:
Osvaldo Paulino da Silva.
O sítio, bem delim
itado na vegetação e na topografia do terreno.
Observações:
o informante sabe do engenho através da tradição oral de sua família.
Local e data:
Barreira do Ribeirão ou Sertão de baixo, 16 de fevereiro de 1995.
136
CADASTRO DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DE ENGENHOS NA PARTE SUL
DA ILHA DE SANTA CATARINA, MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS-SC
Nome do Sítio:
Engenho do Borga.
FLN-OO3
Localização:
Barreira do Ribeirão ou Sertão de Baixo.
Distrito:
Ribeirão da Ilha.
Ponto de referência:
Situado ao lado direito da trilha de acesso ao engenho de
Francisco Tomás dos Santos (“Seu” Chico), após 1 quilômetro partindo-se da estrada
de Barreira do Ribeirão ou Sertão de Baixo. Distante 70 metros do sítio “Trilha do
Engenho do Chico I”, ao seu lado sul.
Coordenadas Geográficas:
27º 44’ de latitude sul e 48º 32’ de longitude oeste.
Dimensões do sítio: 8 por
20 metros.
Distância de curso d’água:
40 metros.
Tipo de vegetação predominante:
no sítio:
capoeirinha;
circundante:
capoeira.
Tipo de solo:
no sítio:
areno-argiloso;
circundante:
areno-argiloso.
Ocupação atual no sítio:
nenhuma.
Artefatos na superfície:
nenhum encontrado.
Erosão:
Não há. Está protegido pela vegetação.
Vestígios arquitetônicos evidentes:
restos de um dos pilares.
Altura máxima destes vestígios:
20 centímetros.
Proximidade com construções modernas:
750 metros.
Escavações anteriores:
desconhecidas.
Situação atual do sítio:
encontra-se bastante destruído. Suas evidências constituem-se
apenas de restos de um dos pilares em alvenaria de pedras argamassadas e da área
plana escavada numa encosta para sua construção. A vegetação que o cobre
apresenta-se mais rala e mais clara em relação à vegetação de seu entorno.
Possibilidades de destruição:
enquanto o local não for ocupado por pastagens ou roças,
não há riscos imediatos de destruição.
Observações:
O sítio encontra-se dentro da área de preservação ambiental do Parque
Municipal Lagoa do Perí.
INFORMAÇÕES ORAIS SOBRE O SÍTIO Nº FLN-003
Tipo de engenho:
deúcar.
Técnica construtiva:
alicerces e pilares de alvenaria de pedras argamassadas e
paredes de pau-a-pique com cobertura de palha. O piso era de terra batida.
137
Tipo de maquinário:
moenda de eixos verticais, movida à tração animal.
Época de abandono:
desconhecida.
Motivo do abandono:
as roças estavam situando-
se longe demais.
Proprietário(s) durante o funcionamento do engenho (em ordem cronológica)
:Joaquim
dos Santos ( bisavô do informante).
Proprietário atual do terreno:
Luiz Carlos Borghetti.
Endereço:
Estrada Geral de Costa de Cima, 1.682,
Distrito de Pântano do Sul.
Informante:
Francisco Tomás dos Santos.
Idade:
64 anos.
Endereço
: Engenho do Chico, Estrada Geral de Barreira do Ribeirão ou Sertão de
Baixo, s/nº, Distrito de Ribeirão da Ilha.
Presenciou o funcionamento do engenho?
Não.
Entrevistador:
Osvaldo Paulino da Silva.
O sítio localiza-
se após a cerca, totalmente coberto pela vegetação.
Observações:
o informante sabe do engenho através da tradição oral de sua família.
Local e data:
Barreira do Ribeirão ou Sertão de baixo, 16 de fevereiro de 1995.
138
CADASTRO DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DE ENGENHOS NA PARTE SUL
DA ILHA DE SANTA CATARINA, MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS-SC
Nome do Sítio:
Engenho do Manoel Bernardino.
FLN-004
Localização:
Barreira do Ribeirão ou Sertão de Baixo.
Distrito:
Ribeirão da Ilha.
Ponto de referência:
situa-se a 50 metros da estrada de Barreira do Ribeirão ou Sertão
de Baixo, defronte à igreja da localidade.
Coordenadas Geográficas:
27º 44’ de latitude sul e 48º 32’ de longitude oeste.
Dimensões do sítio:
8 por 15 metros.
Distância de curso d’água:
40 metros de um pequeno córrego.
Tipo de vegetação predominante:
no sítio:
herbáceas;
circundante:
herbáceas.
Tipo de solo:
no sítio:
areno-argiloso;
circundante:
areno-argiloso.
Ocupação atual no sítio:
pastagem e guarda de gado num pequeno estábulo.
Artefatos na superfície:
um monte de telhas tipo capa e canal que segundo o
informante, pertenceu ao engenho (não coletadas).
Erosão:
não há.
Vestígios arquitetônicos evidentes:
restos dos alicerces.
Altura máxima destes vestígios:
ao rés do chão.
Proximidade com construções modernas:
70 metros.
Escavações anteriores:
desconhecidas.
Situação atual do sítio:
encontra-se coberto por vegetação rasteira e por um pequeno
estábulo de madeira, dentro de um campo de pastagens. Suas evidências constituem-se
de restos dos alicerces e de uma elevação onde teria sido construído o engenho.
Possibilidades de destruição:
comprometido pela o
cupação do local.
Observações:
o sítio encontra-se dentro da área de preservação ambiental do Parque
Municipal Lagoa do Peri.
INFORMAÇÕES ORAIS SOBRE O SÍTIO Nº FLN-004
Tipo de engenho:
de farinha de mandioca e de açúcar
.
Técnica construtiva:
alicerces e pilares de alvenaria de pedras argamassadas e
paredes de pau-a-pique. A cobertura era de telhas de barro tipo capa e canal. O piso
era de chão batido.
139
Tipo de maquinário:
de cangalha na produção de farinha e moenda de eixos verticais
na produção de açúcar. Eram movidos à tração animal.
Época de abandono:
durante a 2ª Guerra Mundial.
Motivo do abandono:
fa
lecimento do último proprietário.
Proprietário(s) durante o funcionamento do engenho (em ordem cronológica)
: Manoel
Bernardino Vieira e Bernardino Manoel Vieira (pai e filho).
Proprietário atual do terreno:
José Bernardino Vieira.
Endereço
: Estrada Geral de Barreira do Ribeirão ou Sertão de Baixo, s/nº, Distrito de
Ribeirão da Ilha.
Informante:
José Bernardino Vieira
Idade:
73 anos.
Endereço:
o mesmo.
Presenciou o funcionamento do engenho?
Sim (trabalhou no engenho).
Entrevistador:
Osvaldo Paulino da Silva.
O pequeno estábulo, construído sobre o sítio. Ao fundo, área de antigas
roças.
Local e data:
Barreira do Ribeirão ou Sertão de Baixo, 03 de março de 1995
140
CADASTRO DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DE ENGENHOS NA PARTE SUL
DA ILHA DE SANTA CATARINA, MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS-SC
Nome do Sítio:
Engenho do Velho Juanico.
FLN-005.
Localização:
Barreira do Ribeirão ou Sertão de Baixo.
Distrito:
Ribeirão da Ilha.
Ponto de referência:
o sítio localiza-se à margem direita da antiga trilha de acesso ao
engenho do Apolinário, a 200 metros da Estrada Geral de Barreira do Ribeirão ou
Sertão de Baixo.
Coordenadas Geográficas:
27º 45’ de latitude sul e 48º 32’ de longitude oeste.
Dimensões do sítio:
14 por 14 metros.
Distância de curso d’água:
60 metros de um córrego.
Tipo de vegetação predominante:
no sítio:
capoeira;
circundante:
capoeira.
Tipo de solo:
no sítio:
areno-argiloso;
circundante:
areno-
argiloso.
Ocupação atual no sítio:
nenhuma.
Artefatos na superfície:
nenhum encontrado.
Erosão:
não há.
Vestígios arquitetônicos evidentes:
restos dos alicerces e de um muro de arrimo.
Altura máxima destes vestígios:
50 centímetros.
Proximidade com construções modernas:
200 metros.
Escavações anteriores:
desconhecidas.
Situação atual do sítio:
está localizado dentro de uma densa capoeira e apresenta-se
bastante destruído. apenas os vestígios dos alicerces de alvenaria de pedras
argamassadas e do muro de arrimo, de alvenaria de pedras de junta seca. Este, é
responsável pela existência de dois níveis de altura no sítio, típico de engenhos de
açúcar.
Possibilidades de destruição:
não há.
Observações:
o sítio encontra-se dentro da área de preservação ambiental do Parque
Municipal Lagoa do Peri.
INFORMAÇÕES ORAIS SOBRE O SÍTIO Nº FLN-005
Tipo de engenho:
de farinha de mandioca, de açúcar e de cachaça.
Técnica construtiva:
desconhecida.
141
Tipo de maquinário:
desconhecido.
Época de abandono:
desconhecida.
Motivo do abandono:
desconhecido.
Proprietário(s) durante o funcionamento do engenho (em ordem cronológica)
: “Velho
Juanico”.
Proprietário atual do terreno:
conhecido apenas por Ivo.
Endereço:
desconhecido.
Informante:
Francelino Hortêncio de Souza (França).
Idade:
71 anos.
Endereço
: Estrada Geral de Barreira do Ribeirão ou Sertão de Baixo s/nº, Distrito de
Ribeirão da Ilha.
Presenciou o funcionamento do engenho?
Não.
Entrevistador:
Osvaldo Paulino da Silva.
A densa vegetação cobre todo o sítio. Seus vestígios são visíveis apenas sob o
mato.
Observações:
o informante não conheceu o engenho intacto. As informações foram-lhe
contadas por seu pai, que faleceu. Ainda segundo ele, havia junto ao engenho, uma
residência, que pode explicar as dimensões do sítio.
Local e data:
Barreira do Ribeirão ou Sertão de Baixo, 03 de março de 1995.
142
CADASTRO DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DE ENGENHOS NA PARTE SUL
DA ILHA DE SANTA CATARINA, MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS-SC
Nome do Sítio:
Engenho do Antônio Artur.
FLN-006
Localização:
Barreira do Ribeirão ou Sertão de Baixo.
Distrito:
Ribeirão da Ilha.
Ponto de referência:
situa-se a 100 metros da trilha de acesso ao engenho do
Apolinário, ao seu lado direito e ao do primeiro morro avistado. Do sítio até a
Estrada Geral de Barreira do Ribeirão ou Sertão de baixo, percorre-se 300 metros.
Distante 100 metros do sítio “Engenho do Velho Juanico”.
Coordenadas Geográficas:
27º 45’ de latitude sul e 48º 32’ de longitude oeste.
Dimensões do sítio:
7 por 11 metros.
Distância de curso d’água:
30 metros de um antigo poço.
Tipo de vegetação predominante:
no sítio:
herbáceas;
circundante:
capoeirinha.
Tipo de solo:
no sítio:
areno-argiloso;
circundante:
areno-
argiloso.
Ocupação atual no sítio:
nenhuma.
Artefatos na superfície:
3 garrafas de vidro verde (não coletadas).
Erosão:
não há.
Vestígios arquitetônicos evidentes:
restos dos alicerces.
Altura máxima destes vestígios:
ao rés do chão.
Proximidade com construções modernas:
60 metros.
Escavações anteriores:
desconhecidas.
Situação atual do sítio:
encontra-se coberto pela vegetação. Seus únicos vestígios são
restos dos alicerces de alvenaria de pedras argamassadas e sua área plana, escavada
ao do morro, para a construção do engenho. Sobre o sítio algumas árvores de
porte médio..
Possibilidades de destruição:
riscos de destruição, pois está próximo de uma área de
lavoura.
Observações:
o sítio encontra-se dentro da área de preservação ambiental do Parque
Municipal Lagoa do Peri.
INFORMAÇÕES ORAIS SOBRE O SÍTIO Nº FLN-006
Tipo de engenho:
de farinha de mandioca.
Técnica construtiva:
alicerces e pilares de alvenaria de pedras argamassadas com
paredes de pau-a-pique e cobertura de telhas de barro tipo capa e canal. O piso era
de chão batido.
143
Tipo de maquinário:
de cangalha, movido à tração animal.
Época de abandono:
década de 1970.
Motivo do abandono:
falta de mão de obra, com a aposentadoria do proprietário.
Proprietário(s) durante o funcionamento do engenho (em ordem cronológica)
: Antônio
Artur Lopes (único proprietário).
Proprietário atual do terreno:
Neri Nascimento.
Endereço:
Estrada Geral de Barreira do Ribeirão ou Sertão de Baixo, s/nº, Distrito de
Ribeirão da Ilha.
Informante:
Manoel Antônio Lopes (Nelinho).
Idade:
46 anos.
Endereço
: Estrada Geral de Barreira do Ribeirão ou Sertão de Baixo, s/nº, Distrito
de Ribeirão da Ilha.
Presenciou o funcionamento do engenho?
Sim (trabalhou no engenho).
Entrevistador:
Osvaldo Paulino da Si
lva.
O sítio encontra-se entre áreas de pastagem e de árvores
de porte médio.
Observações:
o engenho foi utilizado simultaneamente como residência.
Local e data:
Barreira
do Ribeirão ou Sertão de Baixo, 03 de março de 1995.
144
CADASTRO DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DE ENGENHOS NA PARTE SUL
DA ILHA DE SANTA CATARINA, MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS-SC
Nome do Sítio:
Engenho do Artur Lopes.
FLN-007
Localização:
Barreira do Ribeirão ou Sertão de Baixo.
Distrito:
Ribeirão da Ilha.
Ponto de referência:
situa-se a 100 metros da trilha de acesso ao engenho do
Apolinário, ao seu lado direito e ao do primeiro morro avistado. Do tio até a
Estrada Geral de Barreira do Ribeirão ou Sertão de Baixo, percorre-se 350 metros.
Distante 50 metros do sítio “Engenho do Antônio
Artur”.
Coordenadas Geográficas:
27º 45’ de latitude sul e 48º 33’ de longitude oeste.
Dimensões do sítio:
10 por 14 metros.
Distância de curso d’água:
20 metros de um antigo poço.
Tipo de vegetação predominante:
no sítio:
bananeiras;
circundante:
capoeirinha.
Tipo de solo:
no sítio:
areno-argiloso;
circundante:
areno-
argiloso.
Ocupação atual no sítio:
agricultura.
Artefatos na superfície:
nenhum encontrado.
Erosão:
não há.
Vestígios arquitetônicos evidentes:
um forno, um muro de arrimo e restos dos
alicerces.
Altura máxima destes vestígios:
2 metros (muro de arrimo).
Proximidade com construções modernas:
80 metros.
Escavações anteriores:
desconhecidas.
Situação atual do sítio:
apresenta-se bem conservado, com alguns vestígios
arquitetônicos em bom estado, como um muro de arrimo de alvenaria de pedra seca,
que divide os dois níveis da superfície do sítio. também um forno ainda com sua
estrutura intacta. O sítio está coberto por bananeiras na sua maior parte, e o restante
por densa vegetação típica de capoeirinha. Defronte ao sítio passa um pequeno
córrego.
Possibilidade de destruição:
comprometido pela prática de agricultura.
Observações:
o sítio encontra-se dentro da área de preservação ambiental do Parque
Municipal Lagoa do Peri.
INFORMAÇÕES ORAIS SOBRE O SÍTIO Nº FLN-007
Tipo de engenho:
de farinha de mandioca e deúcar.
145
Técnica construtiva:
alicerces e pilares de alvenaria de pedras argamassadas, com
paredes frontal e dos fundos de pau-a-pique e paredes laterais de tábuas planas
(tabique). A cobertura era com telhas de barro tipo capa e canal e o piso, de chão
batido.
Tipo de maquinário:
de cangalha na produção de farinha e moenda de eixos verticais
na produção de açúcar. Os dois maquinários eram movidos à tração animal.
Época de abandono:
final da década de 1970.
Motivo do abandono:
falta de mão de obra especializada.
Proprietário(s) durante o funcionamento do engenho (em ordem cronológica)
: Artur
Joaquim Lopes e Antônio Artur Lopes (pai e filho).
Proprietário atual do terreno:
Manoel Antônio Lopes (Nelinho).
Endereço:
Estrada Geral de Barreira do Ribeirão ou Sertão de Baixo, s/nº, Distrito de
Ribeirão da Ilha.
Informante: Manoel Antônio Lopes.
Idade:
46 anos.
Endereço
: o mesmo.
Presenciou o funcionamento do engenho?
Sim (trabalhou no engenho).
Entrevistador:
Osvaldo Paulino da Silva.
No detalhe, parte do murro de arrimo que separa os dois níveis de superfície
do
tio.
Local e data:
Barreira do Ribeirão ou Sertão de Baixo, 16 de março de 1995.
146
CADASTRO DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DE ENGENHOS NA PARTE SUL
DA ILHA DE SANTA CATARINA, MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS-SC
Nome do Sítio:
Engenho do Severo dos Anjos.
FLN-008
Localização:
Barreira do Ribeirão ou Sertão de Baixo.
Distrito:
Ribeirão da Ilha.
Ponto de referência:
situa-se a 150 metros da trilha de acesso ao engenho do
Apolinário, ao seu lado direito. Do sítio até a Estrada Geral de Barreira do Ribeirão
ou Sertão de Baixo, percorre-se 500 metros. Distante 100 metros do sítio “Engenho do
Artur Lopes”.
Coordenadas Geográficas:
27º 45’ de latitude sul e 48º 33’ de longitude oeste.
Dimensões do sítio:
7 por 14 metros.
Distância de curso d’água:
30 metros de um córrego que passa defronte ao sítio.
Tipo de vegetação predominante:
no sítio:
capoeirinha;
circundante:
capoeira.
Tipo de solo:
no sítio:
areno-argiloso;
circundante:
areno-
argiloso.
Ocupação atual no sítio:
nenhuma.
Artefatos na superfície:
nenhu
m encontrado.
Erosão:
imperceptível.
Vestígios arquitetônicos evidentes:
pilares e alicerces de alvenaria de pedras
argamassadas.
Altura máxima destes vestígios:
2,50 metros.
Proximidade com construções modernas:
100 metros.
Escavações anteriores:
desconhecidas.
Situação atual do sítio:
encontra-se coberto pela vegetação, sendo perceptíveis apenas
os vestígios acima descritos. Defronte ao sítio uma cerca de arame farpado que o
separa de um campo de pastagem. Além da vegetação descrita, também algumas
bananeiras sobre sua superfície.
Possibilidades de destruição:
sofre plantio regular de bananeiras, o que pode
comprometer o piso de ocupação mais superficial.
Observações:
o sítio encontra-se dentro da área de preservação ambiental do Parque
Municipal Lagoa do Peri.
INFORMAÇÕES ORAIS SOBRE O SÍTIO Nº FLN-008
Tipo de engenho:
de farinha de mandioca e de cachaça.
147
Técnica construtiva:
alicerces e pilares de alvenaria de pedras argamassadas com
paredes de pau-a-pique. A cobertura era de telhas de barro tipo capa e canal e o
piso, de chão batido.
Tipo de maquinário:
de cangalha, movido à tração animal.
Época de abandono:
década de 1960.
Motivo do abandono:
falta de mão de obra com a aposentadoria do
proprietário.
Proprietário(s) durante o funcionamento do engenho (em ordem cronológica)
: Avelino
dos Anjos e Severo Avelino dos Anjos.
Proprietário atual do terreno:
Belmonte Rogério Verzola.
Endereço:
desconhecido.
Informante:
Manoel Ramos.
Idade:
65 anos.
Endereço
: Estrada Geral de Barreira do Ribeirão ou Sertão de Baixo, s/nº, Distrito de
Ribeirão da Ilha.
Presenciou o funcionamento do engenho?
Sim (trabalhou no engenho)
.
Entrevistador:
Osvaldo Paulino da Silva.
A maior parte da superfície do sítio está coberta por uma plantação de
bananeiras.
Observações: segundo o informante, o engenho possuía alambique mas não possuía
moedor de cana. A cana era moída no engenho do sítio “Engenho do Artur Lopes”.
Local e data:
Barreira do Ribeirão ou Sertão de Baixo, 16 de março de 1995
148
CADASTRO DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DE ENGENHOS NA PARTE SUL
DA ILHA DE SANTA CATARINA, MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS-SC
Nome do Sítio:
Engenho do Pasto do Apolinário.
FLN-009
Localização:
Barreira do Ribeirão ou Sertão de Bai
xo.
Distrito:
Ribeirão da Ilha.
Ponto de referência:
situa-se a poucos metros do final da trilha de acesso ao engenho
do Apolinário, dentro de um campo de pastagens de encostas.
Coordenadas Geográficas:
27º 45’ de latitude sul e 48º 33’ de longitude oeste.
Dimensões do sítio:
8 por 14 metros.
Distância de curso d’água:
40 metros de um pequeno córrego.
Tipo de vegetação predominante:
no sítio:
herbáceas;
circundante:
herbáceas.
Tipo de solo:
no sítio:
areno-argiloso;
circundante:
areno-argi
loso.
Ocupação atual no sítio:
pastagem.
Artefatos na superfície:
nenhum encontrado.
Erosão:
não há. Está protegido pela vegetação.
Vestígios arquitetônicos evidentes:
restos de um forno e dos alicerces e um muro de
arrimo.
Altura máxima destes vestígios:
1,50 metro.
Proximidade com construções modernas:
200 metros.
Escavações anteriores:
desconhecidas.
Situação atual do sítio:
apresenta-se em bom estado de conservação. Os vestígios
arquitetônicos do engenho dão uma idéia bastante precisa do tamanho do prédio.
Possui dois níveis de superfície, divididos por um muro de arrimo de alvenaria de
pedra seca. No nível mais baixo há vestígios de um forno circular. No nível superior há
apenas restos dos alicerces. A camada de vegetação rasteira que cobre o sítio
apresenta-se numa tonalidade mais escura em relação ao mesmo tipo de vegetação
circundante.
Possibilidades de destruição:
comprometido pelo gado que pasta na sua superfície.
Observações:
o sítio localiza-se dentro da área de preservação ambiental do Parque
Municipal Lagoa do Peri.
INFORMAÇÕES ORAIS SOBRE O SÍTIO Nº FLN-009
Tipo de engenho:
d
e farinha de mandioca e de açúcar.
Técnica construtiva:
desconhecida.
Tipo de maquinário:
desconhecido.
149
Época de abandono:
desconhecida.
Motivo do abandono:
desconhecido.
Proprietário(s) durante o funcionamento do engenho (em ordem cronológica)
:
desconhecidos.
Proprietário atual do terreno:
Apolinário Virgílio Soares.
Endereço:
Estrada Geral de Barreira do Ribeirão ou Sertão de Baixo, s/nº, Distrito de
Ribeirão da Ilha.
Informante:
Maria Ana Soares (mãe do proprietário do terreno).
Idade:
71 anos.
Endereço
: o mesmo do proprietário do terreno.
Presenciou o funcionamento do engenho?
Não.
Entrevistador:
Osvaldo Paulino da Silva.
O muro de arrimo era responsável pela existência de duas seções nos
engenhos de
açúcar. Em primeiro plano, o espaço onde se situava a caldeira e acima, rente
ao
muro, o espaço destinado à moenda.
Observações:
a informante não conheceu o engenho intacto. As informações que sabe
foram-lhe contadas por seu pai.
Local e data:
Barreira do Ribeirão ou Sertão de Baixo, 27 de março de 1995.
150
CADASTRO DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DE ENGENHOS NA PARTE SUL
DA ILHA DE SANTA CATARINA, MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS-SC
Nome do Sítio:
Engenho do Alto do Pasto do Apolinário.
FLN-010
Localização:
Barreira do Ribeirão ou Sertão de Baixo.
Distrito:
Ribeirão da Ilha.
Ponto de referência:
situa-se a 100 metros do final da trilha de acesso ao engenho do
Apolinário, ao seu lado esquerdo, no alto de um morro onde termina a área de
pastagens na qual está assentado o sítio.
Coordenadas Geográficas:
27º 45’ de latitude sul e 48º 32’ de longitude oeste
Dimensões do sítio:
o sítio ocupa uma área de 100 metros quadrados.
Distância de curso d’água:
30 metros de um córrego seco.
Tipo de vegetação predominante:
no sítio:
herbáceas;
circundante:
herbáceas.
Tipo de solo:
no sítio:
areno-argiloso;
circundante:
areno-
argiloso.
Ocupação atual no sítio:
pastagem.
Artefatos na superfície:
nenhum encontrado.
Erosão:
não há.
Vestígios arquitetônicos evidentes:
restos dos alicerces.
Altura máxima destes vestígios:
50 centímetros.
Proximidade com construções modernas:
300 metros.
Escavações anteriores:
desconhecidas.
Situação atual do sítio:
encontra-se ao alto de um morro, numa encosta muito íngreme.
Seus vestígios, bastante destruídos, não apresentam a mesma configuração de um
engenho encontrada em outros sítios. Estão dispostos de tal maneira a não deixar
claro que tipo de construção ali havia. As informações de que era um engenho foram
dadas pela informante.
Possibilidades de destruição:
comprometido pelo gado que pasta na sua superfície.
Observações:
O sítio encontra-se dentro da área de preservação ambiental do Parque
Municipal Lagoa do Peri.
INFORMAÇÕES ORAIS SOBRE O SÍTIO Nº FLN-010
Tipo de engenho:
de açúcar.
Técnica construtiva:
desconhecida.
Tipo de maquinário:
desconhecido.
151
Época de abandono:
desconhecida.
Motivo do abandono:
desc
onhecido.
Proprietário(s)durante o funcionamento do engenho (em ordem cronológica)
:
desconhecidos.
Proprietário(a) atual do terreno:
Apolinário Virgílio Soares.
Endereço:
Estrada Geral de Barreira do Ribeirão ou Sertão de Baixo, s/nº, Distrito de
Ribeirão da Ilha.
Informante:
Maria Ana Soares (mãe do proprietário do terreno).
Idade:
71 anos.
Endereço
: o mesmo do proprietário do terreno.
Presenciou o funcionamento do engenho?
Não.
Entrevistador:
Osvaldo Paulino da Silva.
Visão parcial do sítio, com vestígios dos alicerces sob algumas laranjeiras.
Observações:
a informante soube que no local havia um engenho, pelas informações
contadas por seu pai e seu avô.
Local e data:
Barreira do Ribeirão, 27 de março de 1995.
152
CADASTRO DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DE ENGENHOS NA PARTE SUL
DA ILHA DE SANTA CATARINA, MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS-SC
Nome do Sítio:
Engenho do Pasto do França.
FLN-011
Localização:
Barreira do Ribeirão ou Sertão de Baixo.
Distrito:
Pântano do Sul.
Ponto de referência:
o sítio está localizado no início da trilha de acesso ao antigo
engenho do Vitorino, a 100 metros da estrada de Barreira do Ribeirão ou Sertão de
Baixo.
Coordenadas Geográficas:
27º 45’ de latitude sul e 48º 32’ de longitude oeste.
Dimensões do sítio:
12 por 16 metros.
Distância de curso d’água:
5 metros de um pequeno córrego.
Tipo de vegetação predominante:
no sítio:
herbáceas;
circundante:
herbáceas.
Tipo de solo:
no sítio:
argilo-arenoso;
circundante:
argilo-
arenoso.
Ocupação atual no sítio:
pastagem.
Artefatos na superfície:
nenhum encontrado.
Erosão:
não há.
Vestígios arquitetônicos evidentes:
algumas pedras alinhadas que sugerem um
alicerce.
Altura máxima destes vestígios:
ao rés
do chão.
Proximidade com construções modernas:
70 metros.
Escavações anteriores:
desconhecidas.
Situação atual do sítio:
a maior parte do sítio encontra-se coberta por uma camada de
vegetação rasteira e o restante, coberto por uma densa capoeira. Esta divisão é feita
por uma cerca de arame farpado, que divide também as propriedades onde o sítio se
encontra. Seus vestígios constituem-se de alguns blocos rochosos alinhados e de uma
elevação com as exatas dimensões acima.
Possibilidades de destruição:
comprometido apenas pelo gado que pasta na sua
superfície.
Observações:
o sítio encontra-se dentro da área de preservação ambiental do Parque
Municipal Lagoa do Peri.
INFORMAÇÕES ORAIS SOBRE O SÍTIO Nº FLN-011
153
Tipo de engenho:
de farinha de mandioca e deúcar.
Técnica construtiva:
desconhecida.
Tipo de maquinário:
desconhecido.
Época de abandono:
desconhecida.
Motivo do abandono:
desconhecido
.
Proprietário(s)durante o funcionamento do engenho (em ordem cronológica)
:
desconhecidos.
Proprietário atual do terreno:
Francelino Hortêncio de Souza.
Endereço:
Estrada Geral de Barreira do Ribeirão ou Sertão de Baixo, s/nº, Distrito de
Pântano do Sul.
Informante:
Francelino Hortêncio de Souza.
Idade:
71 anos.
Endereço
: o mesmo.
Presenciou o funcionamento do engenho?
Não.
Entrevistador:
Osvaldo Paulino da Silva.
A elevação no cent
ro da foto indica o local exato onde havia o engenho.
Observações:
as informações de que o sítio pertence a um engenho foram obtidas pelo
informante através de seus pais.
Local e data:
Barreira do Ribeirão ou Sertão de Baixo, 28 de março de 1995.
154
CADASTRO DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DE ENGENHOS NA PARTE SUL
DA ILHA DE SANTA CATARINA, MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS-SC
Nome do Sítio:
Engenho do Manoel Brandão.
FLN-012
Localização:
Barreira do Rib
eirão ou Sertão de Baixo.
Distrito:
Pântano do Sul.
Ponto de referência:
situa-se a 100 metros do caminho de acesso ao engenho de
cachaça do Zéca, junto a um riacho que passa nas proximidades. O citado caminho
parte da Estrada Geral de Barreira do Ribeirão ou Sertão de Baixo, na altura do
morro do Indaiá. O local é conhecido como “Peri de Cima”.
Coordenadas Geográficas:
27º 45’ de latitude sul e 48º 31’ de longitu
de oeste.
Dimensões do sítio:
7 por 14 metros.
Distância de curso d’água:
3 metros.
Tipo de vegetação predominante:
no sítio:
herbáceas;
circundante:
capoeira.
Tipo de solo:
no sítio:
argilo-arenoso;
circundante:
argilo-
arenoso.
Ocupação atual no sítio:
parte do sítio está sendo ocupada como
depósito de lenha.
Artefatos na superfície:
2 barris de madeira e alguns fragmentos de peças de madeira
do maquinário do engenho (não coletados).
Erosão:
não há.
Proximidade com construções modernas:
400 metros.
Escavações anteriores:
desconhecidas.
Situação atual do sítio:
encontra-se em bom estado de conservação. O rancho do
engenho está com uma parte ainda intacta. A outra desmoronou, deixando a
descoberto o forno da farinha, do açúcar e um terceiro forno junto ao alicerce dos
fundos, todos já parcialmente danificados pelo tempo. O engenho foi construído bem
junto a um riacho. Para evitar a erosão pelas águas correntes, foi construído um
murro de arrimo de alvenaria de pedra seca, que impede o avanço das águas quando o
nível do riacho sobe.
Técnica construtiva:
alicerces de alvenaria de pedras argamassadas e estrutura
baseada em esteios. As paredes frontal e dos fundos são de pau-a-pique, assentadas em
baldrame de tronco. Uma parede lateral ainda intacta conserva as tábuas planas
(tabique). A cobertura é de telhas de barro do tipo capa e canal e o piso, de terra
batida.
Possibilidades de destruição:
não há, aparentemente.
Observações:
o tio localiza-se dentro da área de preservação ambiental do Parque
Municipal Lagoa do Peri.
155
Tipo de maquinário:
de cangalha na produção de farinha e moenda de eixos verticais
na
produção de açúcar. Eram movidos à tração animal.
INFORMAÇÕES ORAIS SOBRE O SÍTIO FLN-012
Tipo de engenho:
farinha de mandioca
e de úcar.
Técnica construtiva da parte do rancho desmoronada:
a mesma da parte ainda
intacta.
Época de abandono:
final da década d
e 1970.
Motivo do abandono:
aposentadoria do proprietário.
Proprietário(s) durante o funcionamento do engenho (em ordem cronológica)
: Manoel
Brandão de Souza.
Proprietário atual do terreno:
Manoel Brandão de Souza.
Endereço:
Rodovia SC-
406, nº 7.379, Armação, Distrito de Pântano do Sul.
Informante:
o proprietário do terreno.
Idade:
84 anos.
Endereço
: o mesmo.
Presenciou o funcionamento do engenho?
Sim.
Entrevistador:
Osvaldo Paulino da Silva.
A parte do rancho responsável pela produção de açúcar , à direita,
desmoronou;
apenas a parte que abrigava a produção de farinha continua intacta.
Local e data:
Barreira do Ribeirão ou Sertão de Baixo, 08 de abril de 1995.
156
CADASTRO DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DE ENGENHOS NA PARTE
SUL DA ILHA DE SANTA CATARINA, MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS-
SC
Nome do Sítio:
Engenho do José Gustavo.
FLN-013
Localização:
Barreira do
Ribeirão ou Sertão de Baixo.
Distrito:
Pântano do Sul.
Ponto de referência:
situa-se a 200 metros do caminho de acesso ao alambique de
cachaça do Zéca”, junto a um riacho que passa nas proximidades. O citado caminho
parte da Estrada geral de Barreira do Ribeirão ou Sertão de Baixo, na altura do morro
do Indaiá. O local é conhecido como “Peri de Cima”. Distante 100 metros do sítio
“Engenho do Manoel Brandão.
Coordenadas Geográficas:
27º 45’ de latitude sul e 48º 31’ de longitude oeste.
Dimensões do sítio:
ocupa uma área de 70 metros quadrados.
Distância de curso d’água:
6 metros
Tipo de vegetação predominante:
no sítio:
bananeiras;
circundante:
capoeirão.
Tipo de solo:
no sítio:
areno-argiloso;
circundante:
areno-
argiloso.
Ocupação atual no sítio:
plantação de bananeiras.
Artefatos na superfície:
nenhum encontrado.
Erosão:
pelas águas
do riacho próximo, quando o nível deste sobe além do normal.
Vestígios arquitetônicos evidentes:
restos dos alicerces e da calha
da roda d’água.
Altura máxima destes vestígios:
1,50 metro de profundidade.
Proximidade com construções modernas:
500 metros.
Escavações anteriores:
desconhecidas.
Situação atual do sítio:
apresenta-se bastante destruído. Sobre sua superfície
práticas agrícolas e a área onde se encontra possui marcas de inundação pelo riacho
que passa bem próximo do sítio. O engenho que ali existia era um dos raros
exemplares de tração por roda d’água existentes na Ilha de Santa Catarina. A calha da
base de funcionamento da roda d’água ainda encontra-se parcialmente intacta, feita de
alvenaria de pedra, aparentando ser de junta seca. Além desta, restos dos alicerces
de alvenaria de pedras argamassadas.
Possibilidades de destruição:
pelas práticas agrícolas e inundação na sua superfície.
Observações:
o sítio encontra-se dentro da área de preservação ambiental do Parque
Municipal Lagoa do Peri.
INFORMAÇÕES ORAIS SOBRE O SÍTIO FLN-013
Tipo de engenho:
de açúcar e de cachaça.
157
Técnica construtiva:
alicerces de alvenaria de pedras argamassadas e paredes de pau-
a-pique estruturadas em esteios. A cobertura era de telhas de barro tipo capa e canal e
o piso, de chão batido.
Tipo de maquinário:
moenda de entrosas movida à roda d’água.
Época de abandono:
década de 1950.
Motivo do abandono:
desconhecido.
Proprietário(s) durante o funcionamento do engenho (em ordem cronológica)
: José
Gustavo dos Santos.
Proprietário atual do terreno:
Nilza Clotilde dos Santos.
Endereço:
Estrada Geral de Barreira do Ribeirão ou Sertão de Baixo, s/nº, Distrito de
Pântano do Sul.
Informante:
Nilza Clotilde dos Santos.
Idade:
58 anos.
Endereço
: o mesmo.
Presenciou o funcionamento do engenho?
Não.
Entrevistador:
Osvaldo Paulino da Silva.
Detalhe da calha da base de funcionamento da roda d’água parcialmente
soterrada.
Local e data:
Barreira do Ribeirão ou Sertão de Baixo, 08 de abril de 1995.
158
CADASTRO DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DE ENGENHOS NA PARTE SUL
DA ILHA DE SANTA CATARINA, MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS-SC
Nome do Sítio:
Engenho de Trigo do Sertão.
FLN-014
Localização:
Barreira do Ribeirão ou Sertão de Baixo.
Distrito:
Ribeirão da Ilha.
Ponto de referência:
situado no lado direito da trilha de acesso ao engenho de
Francisco Tomás dos Santos (“Seu” Chico), a 1 quilômetro da estrada geral de
Barreira do Ribeirão ou Sertão de Baixo, ao pé do morro do Saquinho. Distante 100
metros do sítio “Trilha do Engenho do Chico
I”, ao seu lado oeste.
Coordenadas Geográficas:
27º 44’ de latitude sul e 48º 32’ de longitude oeste.
Dimensões do sítio:
5 por 8 metros.
Distância de curso d’água:
70 metros.
Tipo de vegetação predominante:
no sítio:
herbáceas;
circundante:
herbáceas.
Tipo de solo:
no sítio:
areno-argiloso;
circundante:
areno-
argiloso.
Ocupação atual no sítio:
pastagem.
Artefatos na superfície:
nenhum encontrado.
Erosão:
não há.
Vestígios arquitetônicos evidentes:
alicerces.
Altura máxima destes vestígios:
30 centímetros.
Proximidade com construções modernas:
800 metros, aproximadamente.
Escavações anteriores:
desconhecidas.
Situação atual do sítio:
encontra-se num campo de pastagens, junto a uma cerca de
arame, divisora de propriedade. Seus vestígios são formados por alicerces de
alvenaria de pedras argamassadas dispostos retangularmente com as dimensões
acima. Segundo o informante, estes vestígios pertencem a uma residência que ali havia
e quando ela foi construída, foi evidenciado um chão de engenho de moer trigo,
movido pela força de gado muar. Nesta época, foram encontradas duas pedras (mós)
utilizadas na moagem dos grãos.
Possibilidades de destruição:
pelo gado que pasta na sua superfície.
Observações:
o sítio encontra-se dentro da área de preservação ambiental do Parque
Municipal Lagoa do Peri.
INFORMAÇÕES ORAIS SOBRE O SÍTIO FLN-014
Tipo de engenho:
de trigo.
Técnica construtiva:
desconhecida.
159
Tipo de maquinário:
mós de pedra movidas à tração animal.
Época de abandono:
desconhecida.
Motivo do abandono:
desconhecido.
Proprietário(s) durante o funcionamento do engenho (em ordem cronológica)
: Joaquim
dos Santos (bisavô do informante).
Proprietário atual do terreno:
Francisco Tomás dos Santos.
Endereço:
Engenho do Chico, Estrada Geral de Barreira do Ribeirão ou Sertão de
Baixo, s/nº, Distrito de Ribeirão da Ilha.
Informante:
Francisco Tomás dos Santos.
Idade:
64 anos.
Endereço
: o mesmo.
Presenciou o funcionamento do engenho?
Não.
Entrevistador:
Osvaldo Paulino da Silva.
O sítio localiza-
se sob a grama, junto à cerca divisora da propriedade.
Local e data:
Barreira do Ribeirão ou Sertão de Baixo, 10 de abril de 1995.
160
CADASTRO DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DE ENGENHOS NA PARTE SUL
DA ILHA DE SANTA CATARINA, MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS-SC
Nome do Sítio:
Engenho do Hortêncio.
FLN-015
Localização:
Barreira do Ribeirão ou
Sertão de Baixo.
Distrito:
Ribeirão da Ilha.
Ponto de referência:
junto à estrada geral de Barreira do Ribeirão ou Sertão de Baixo,
ao seu lado direito, no sentido Ribeirão-Pântano do Sul, a 150 metros da igreja da
localidade.
Coordenadas Geográficas:
27º 44’ de latitude sul e 48º 32’ de longitude oeste.
Dimensões do sítio:
7 por 12 metros.
Distância de curso d’água:
60 metros de um córrego.
Tipo de vegetação predominante:
no sítio:
herbáceas;
circundante:
bananeiras.
Tipo de solo:
no sítio:
areno-argiloso;
circundante:
areno-
argiloso.
Ocupação atual no sítio:
plantação de bananeiras.
Artefatos na superfície:
nenhum encontrado.
Erosão:
pelas águas da chuva na parte voltada para a estrada.
Vestígios arquitetônicos evidentes:
restos do madeiramento superior.
Altura máxima destes vestígios:
junto ao chão.
Proximidade com construções modernas:
30 metros.
Escavações anteriores:
desconhecidas.
Situação atual do sítio:
encontra-se bastante destruído. bem pouco tempo foram
retiradas as pedras do alicerce para reaproveitamento. Seus únicos vestígios são os
restos do madeiramento da cobertura apodrecidos e caídos na superfície do sítio e
as marcas alinhadas, deixadas pela retirada das pedras dos alicerces.
Possibilidades de destruição:
a estrada citada passa junto ao sítio, podendo cortar
parte dele em eventuais melhorias.
Observações:
o sítio encontra-se dentro da área de preservação ambiental do Parque
Municipal Lagoa do Peri.
INFORMAÇÕES ORAIS SOBRE O SÍTIO Nº FLN-015
Tipo de engenho:
de farinha de mandioca e de açúcar.
161
Técnica construtiva:
alicerces e pilares de alvenaria de pedras argamassadas com
paredes de pau-a-pique e tábuas planas. A cobertura era de telhas de barro do tipo
capa e ca
nal e o piso, de chão batido.
Tipo de maquinário:
de cangalha na produção de farinha e moenda de eixos verticais
na produção de açúcar. Eram movidos à tração animal.
Época de abandono:
final da década de 1970.
Motivo do abandono:
falta de mão de obra especializada na família do proprietário.
Proprietário(s) durante o funcionamento do engenho (em ordem cronológica)
:
Hortêncio de Souza, Domingos Hortêncio de Souza e João Ramos dos Santos.
Proprietário atual do terreno:
João Ramos dos Santos.
Endereço:
Estrada Geral de Barreira do Ribeirão ou Sertão de Baixo, s/nº, Distrito de
Ribeirão da Ilha.
Informante:
João Ramos dos Santos.
Idade:
59 anos.
Endereço
: o mesmo.
Presenciou o funcionamento do engenho?
Sim (foi o último proprietário do engenho).
Entrevistador:
Osvaldo Paulino da Silva.
Poucos vestígios restam do engenho, cuja superfície foi tomada pela
vegetação.
Local e data:
Barreira do Ribeirão ou Sertão de Baixo, 10 de abril de 1995.
162
CADASTRO DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DE ENGENHOS NA PARTE SUL
DA ILHA DE SANTA CATARINA, MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS-SC
Nome do Sítio:
Engenho do José Apolinário.
FLN-016.
Localização:
Sertão de Dentro.
Distrito:
Pântano do Sul.
Ponto de referência:
situa-se a 100 metros do caminho de Sertão de Dentro, logo após
o primeiro córrego, numa colina à esquerda. O citado caminho parte da estrada geral
de Barreira do Ribeirão ou Sertão de Baixo.
Coordenadas Geográficas:
27º 45’ de latitude sul e 48º 32’ de longitude oeste.
Dimensões do sítio:
7 por 12 metros.
Distância de curso d’água:
50 metros de um córrego.
Tipo de vegetação predominante:
no sítio:
capoeirinha;
circundante:
capoeira.
Tipo de solo:
no sítio:
areno-argiloso;
circundante:
areno-argiloso.
Ocupação atual no sítio:
nenhuma.
Artefatos na superfície:
nenhum encontrado.
Erosão:
não há.
Vestígios arquitetônicos evidentes:
restos dos alicerces e de uma parede.
Altura máxima destes vestígios:
80 centímetros.
Proximidade com construções modernas:
700 metros.
Escavações anteriores:
desconhecidas.
Situação atual do sítio:
encontra-se numa área plana, escavada em encosta, a 15
metros acima do nível do caminho. Está parcialmente coberto pela vegetação, sendo
visíveis apenas parte dos alicerces e restos de uma parede de alvenaria de pedras
argamassadas e rebocada.
Possibilidades de destruição:
não há.
Observações:
o sítio encontra-se dentro da área de preservação ambiental do Parque
Municipal Lagoa do Peri.
INFORMAÇÕES ORAIS SOBRE O SÍTIO Nº FLN-016
Tipo de engenho:
de farinha de mandioca.
Técnica construtiva:
alicerces e pilares de alvenaria de pedras argamassadas e
paredes de pau-a-pique nos fundos e nas laterais. A parede frontal era de alvenaria de
163
pedras argamassadas e rebocada. A cobertura era de telhas de barro tipo capa e canal
e o piso, de terra batida.
Tipo de maquinário:
de cangalha, movido à tração animal.
Época de abandono:
década de 1950.
Motivo do abandono:
desconhecido.
Proprietário(s) durante o funcionamento do engenho (em ordem cronológica)
:
Francisco Apolinário e José Apolinário.
Proprietário atual do terreno:
João Manoel Silvano.
Endereço:
Rua João Manoel Silvano, s/nº, Sangão-
SC.
Informante:
Altino Bento Martins
Idade:
54 anos.
Endereço
: Caminho de Sertão de Dentro, s/nº, Distrito de Pântano do Sul.
Presenciou o funcionamento do engenho?
Sim.
Entrevistador:
Osvaldo Paulino da Silva.
A vegetação apresenta-se mais baixa sobre a superfície do sítio em relação
ao seu
entorno.
Observações: Junto ao engenho havia uma pequena residência.
Local e data:
Sertão de Dentro, 15 de abril de 1995.
164
CADASTRO DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DE ENGENHOS NA PARTE SUL
DA ILHA DE SANTA CATARINA, MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS-SC
Nome do Sítio:
Engenho da Porteira do Sertão de Dentro.
FLN-017
Localização:
Sertão de Dentro.
Distrito:
Pântano do Sul.
Ponto de referência:
situa-se a 50 metros do caminho de Sertão de Dentro, logo após o
segundo córrego. O sítio está assentado à esquerda do citado caminho, numa área de
roças de mandioca a 50 metros antes de uma porteira.
Coordenadas Geográficas:
27º 45’ de latitude sul e 48º 32’ de longitude oeste.
Dimensões do sítio:
7 por 11 metros.
Distância de curso d’água:
20 metros de um pequeno córrego.
Tipo de vegetação predominante:
no sítio:
mandioca;
circundante:
mandioca.
Tipo de solo:
no sítio:
areno-argiloso;
circundante:
areno-
argiloso.
Ocupação atual no sítio:
práticas agrícolas.
Artefatos na superfície:
2 fragmentos de utensílio cerâmico (não coletados).
Erosão:
a água da chuva está formando uma vala num dos lados do sítio.
Vestígios arquitetônicos evidentes:
algumas pedras alinhadas.
Altura máxima destes vestígios:
ao rés do chão.
Proximidade com construções modernas:
300 metros.
Escavações anteriores:
desconhecidas.
Situação atual do sítio:
encontra-se bastante destruído. Do antigo engenho restam
apenas algumas pedras soltas. Há ainda uma elevação de formato retangular, com as
dimensões acima, de superfície plana. Toda a área do sítio encontra-se dentro de uma
plantação de mandioca. ainda um pequeno bambual crescendo sobre a sua
superfície. As informações orais corroboraram a existência do sítio.
Possibilidades de destruição:
pela prática de agricultura na sua superfície e pela
erosão.
Observações:
o sítio encontra-se dentro da área de preservação ambiental do Parque
Municipal Lagoa do Peri.
INFORMAÇÕES ORAIS SOBRE O SÍTIO Nº FLN-017
Tipo de engenho:
de açúcar.
Técnica construtiva:
desconhecida.
165
Tipo de maquinário:
desconhecido.
Época de abandono:
desconhecida.
Motivo do abandono:
desconhecido.
Proprietário(s) durante o funcionamento do engenho (em ordem
cronológica)
:desconhecidos.
Proprietário atual do terreno:
João Manoel Silvano.
Endereço:
Rua João Manoel Silvano, s/nº, Sangão-SC.
Informante:
Altino Bento Martins.
Idade:
54 anos.
Endereço
: Caminho de Se
rtão de Dentro, s/nº, Distrito de Pântano do Sul.
Presenciou o funcionamento do engenho?
Não.
Entrevistador:
Osvaldo Paulino da Silva.
A vegetação, composta por bambus, bananeiras e mandiocas cobre todo o
sítio.
Observações:
as informações sobre o engenho foram transmitidas ao informante por
sua mãe, que conta atualmente com 84 anos. Não foi possível entrevistá-la.
Local e data:
Sertão de Dentro, 15 de abril de 1995.
166
CADASTRO DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DE ENGENHOS NA PARTE SUL
DA ILHA DE SANTA CATARINA, MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS-SC
Nome do Sítio:
Engenho Antigo da Figueira.
FLN-018
Localização:
Sertão de Dentro.
Distrito:
Pântano do Sul.
Ponto de referência:
situa-se à margem esquerda do caminho de Sertão de Dentro,
numa área de pastagens, ao lado de uma velha figueira. A poucos metros do sítio, um
córrego cruza o citado caminho. Dista 100 metros da residência do proprietário do
terreno.
Coordenadas Geográficas:
27º 45
’ de latitude sul e 48º 32’ de longitude oeste.
Dimensões do sítio:
7 por 12 metros.
Distância de curso d’água:
20 metros de um córrego.
Tipo de vegetação predominante:
no sítio:
herbáceas;
circundante:
herbáceas.
Tipo de solo:
no sítio:
areno-argiloso;
circundante:
areno-
argiloso.
Ocupação atual no sítio:
pastagens.
Artefatos na superfície:
nenhum encontrado.
Erosão:
não há.
Vestígios arquitetônicos evidentes:
restos dos alicerces.
Altura máxima destes vestígios:
40 centímetros.
Proximidade com construções modernas:
100 metros.
Escavações anteriores:
desconhecidas.
Situação atual do sítio:
encontra-se coberto pela vegetação e por alguns troncos secos.
Está assentado numa área plana, escavada em encosta. O sítio é composto,
aparentemente, de vestígios arquitetônicos (alicerces) de duas construções de períodos
diferentes. Segundo o informante, os vestígios mais recentes pertencem a uma
residência, construída posteriormente ao abandono do engenho.
Possibilidades de destruição:
comprometido pelo gado que pasta na sup
erfície.
Observações:
o sítio es dentro da área de preservação ambiental do Parque
Municipal Lagoa do Peri.
INFORMAÇÕES ORAIS SOBRE O SÍTIO Nº FLN-018
Tipo de engenho:
de farinha de mandioca.
Técnica construtiva:
desconhecida.
167
Tipo de maquinário:
desconhecido.
Época de abandono:
desconhecida.
Motivo do abandono:
desconhecido.
Proprietário(s) durante o funcionamento do engenho (em ordem cronológica)
:
desconhecidos
Proprietário atual do terreno:
Altino Bento Martins
Endereço:
Caminho de
Sertão de Dentro, s/nº, Distrito de Pântano do Sul.
Informante:
Altino Bento Martins
Idade:
54 anos.
Endereço
: o mesmo.
Presenciou o funcionamento do engenho?
Não.
Entrevistador:
Osvaldo Paulino da Silva.
O sítio localiza-se a 25 metros da grande figueira. Ao seu redor, área de antigas
florestas.
Observações:
as informações prestadas ao informante sobre o engenho foram-lhe
transmitidas por sua mãe, que conta atualmente com 84 anos. Não foi possível
entrevistá-la.
Local e data:
Sertão de Dentro, 20 de abril de 1995.
168
CADASTRO DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DE ENGENHOS NA PARTE SUL
DA ILHA DE SANTA CATARINA, MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS-SC
Nome do Sítio:
Engenho da Família Silveira.
FLN-019
Localização:
Sertão de D
entro.
Distrito:
Pântano do Sul.
Ponto de referência:
situa-se junto ao caminho de Sertão de Dentro, numa área de
pastagens. Próximo ao sítio, um córrego cruza o citado caminho. O tio está distante
150 metros da residência do proprietário do terreno e a 50 metros do tio “Engenho
Antigo da Figueira”.
Coordenadas Geográficas:
27º 45’ de latitude sul e 48º 32’ de longitude oeste.
Dimensões do sítio:
8 por 14 metros.
Distância de curso d’água:
15 metros de um córrego.
Tipo de vegetação predominante:
no sítio:
herbáceas;
circundante:
herbáceas.
Tipo de solo:
no sítio:
areno-argiloso;
circundante:
areno-argiloso.
Ocupação atual no sítio:
pastagem.
Artefatos na superfície:
nenhum encontrado.
Erosão:
não há.
Vestígios arquitetônicos evidentes:
restos dos alicerces e de um muro de arrimo.
Altura máxima destes vestígios:
80 centímetros.
Proximidade com construções modernas:
150 metros.
Escavações anteriores:
desconhecidas.
Situação atual do sítio:
encontra-se ao de uma colina, numa área plana escavada
para a construção do engenho. Sua superfície está coberta pela vegetação, que deixa
evidenciados os restos dos alicerces de alvenaria de pedras argamassadas e de um
muro de arrimo de alvenaria de pedra seca que divide os dois níveis de superfície do
sítio. Estes dois níveis de piso são comuns em engenhos de cana de açúcar.
Possibilidades de destruição:
comprometido pelo gado que pasta na superfície.
Observações:
o sítio encontra-se dentro da área de preservação ambiental do Parque
Municipal Lagoa do Peri.
INFORMAÇÕES ORAIS SOBRE O SÍTIO Nº FLN-019
Tipo de engenho:
de açúcar.
Técnica construtiva:
desconhecida.
Tipo de maquinário:
desconhecido.
169
Época de abandono:
desconhecida.
Motivo do abandono:
desconhecido.
Proprietário(s) durante o funcionamento do engenho (em ordem cronológica)
:
desconhecidos.
Proprietário atual do terreno:
Altino Bento Martins.
Endereço:
Caminho de Sertão de Dentro, s/nº, Distrito de
Pântano do Sul.
Informante:
Altino Bento Martins.
Idade:
54 anos.
Endereço
: o mesmo.
Presenciou o funcionamento do engenho?
Não.
Entrevistador:
Osvaldo Paulino da Silva.
Os vestígios do muro de arrimo e dos alicerces misturam-
se com a vegetação.
Observações:
as informações sobre o engenho foram contadas ao informante por sua
mãe, que conta atualmente com 84 anos. Não foi possível entrevistá-la.
Local e data:
Sertão de Dentro, 20 de abril de 1995
.
170
CADASTRO DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DE ENGENHOS NA PARTE SUL
DA ILHA DE SANTA CATARINA, MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS-SC
Nome do Sítio:
Engenho do Liziário Lopes.
FLN-020
Localização:
Sertão de Dentro.
Distrito:
Pântano do Sul.
Ponto de referência:
o sítio localiza-se junto ao caminho de Sertão de Dentro, a 50
metros do sítio “Engenho da Família Silveira”, nos fundos da propriedade de Altino
Bento Martins. A cerca que demarca a fronteira da propriedade citada, passa bem
próxima ao sítio.
Coordenadas Geográficas:
27º 45’ de latitude sul e 48º 32’ de longitude oeste.
Dimensões do sítio:
8 por 10 metros.
Distância de curso d’água:
20 metros de um córrego.
Tipo de vegetação predominante:
no sítio:
capoeirinha;
circundante:
capoeira.
Tipo de solo:
no sítio:
argilo-arenoso;
circundante:
areno-argiloso.
Ocupação atual no sítio:
nenhuma.
Artefatos na superfície:
nenhum encontrado.
Erosão:
imperceptível.
Vestígios arquitetônicos evidentes:
pilares e rest
os dos alicerces.
Altura máxima destes vestígios:
2,50 metros.
Proximidade com construções modernas:
200 metros.
Escavações anteriores:
desconhecidas.
Situação atual do sítio:
encontra-se numa pequena elevação, parcialmente coberto
pela vegetação. Estão visíveis 4 pilares e vestígios dos alicerces de alvenaria de
pedras argamassadas e alguns troncos do madeiramento superior, provenientes do
desabamento do engenho.
Possibilidades de destruição:
não há.
Observações:
o sítio está localizado na área de preservação ambiental do Parque
Municipal Lagoa do Peri.
INFORMAÇÕES ORAIS SOBRE O SÍTIO Nº FLN-020
Tipo de engenho:
de farinha de mandioca.
171
Técnica construtiva:
alicerce e pilares de alvenaria de pedras argamassadas com
paredes de pau-a-pique. A cobertura era de telhas de barro tipo capa e canal e o piso,
de chão batido.
Tipo de maquinário:
de cangalha, movido à tração animal.
Época de abandono:
final da década de 197
0.
Motivo do abandono:
venda da propriedade.
Proprietário(s) durante o funcionamento do engenho (em ordem cronológica)
: Liziário
Lopes.
Proprietário atual do terreno:
João Manoel Silvano.
Endereço:
Rua João Manoel Silvano, s/nº, Sangão-
SC.
Informante:
Altino Bento Martins.
Idade:
54 anos.
Endereço
: Caminho de Sertão de Dentro, s/nº, Distrito de Pântano do Sul.
Presenciou o funcionamento do engenho?
Sim (trabalhou no engenho).
Entrevistador:
Osvaldo Paulino da Silva.
Os pilares de alvenaria de pedras argamassadas e rebocados sobressaem na
vegetação.
Local e data:
Sertão de dentro, 20 de abril de 1995.
172
CADASTRO DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DE ENGENHOS NA PARTE SUL
DA ILHA DE SANTA CATARINA, MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS-SC
Nome do Sítio:
Engenho do Dodô Lopes.
FLN-021
Localização:
Sertão de Dentro.
Distrito:
Ribeirão da Ilha.
Ponto de referência:
situa-se junto a um antigo caminho que liga Sertão de Dentro à
localidade de Tapera da Barra do Sul. O sítio acha-se no topo de um morro, a
aproximadamente 1.500 metros do final da propriedade de Altino Bento Martins, ponto
onde termina o caminho atual de Sertão de Dentro e inicia o antigo caminho.
Coordenadas Geográficas:
27º 45’ de latitude sul e 48º 33’ de longitude oeste.
Dimensões do sítio:
8 por 10 metros.
Distância de curso d’água:
60 metros de um córrego.
Tipo de vegetação predominante:
no sítio:
capoeirão ralo;
circundante:
capoeirão.
Tipo de solo:
no sítio:
argilo-arenoso;
circundante:
areno-argiloso.
Ocupação atual no sítio:
nenhuma.
Artefatos na superfície:
nenhum encontrado.
Erosão:
não há.
Vestígios arquitetônicos evidentes:
restos dos alicerces e de uma parede e um esteio.
Altura máxima destes vestígios:
1 metro.
Proximidade com construções modernas:
1.700 metros, aproximadamente.
Escavações anteriores:
desconhecidas.
Situação atual do sítio:
O caminho antigo que acesso ao sítio está parcialmente
tomado por vegetação, que também encobre o sítio. Seus vestígios estão parcialmente
cobertos por vegetação de médio porte e rasteira e materiais orgânicos em
decomposição. Além dos alicerces restos de uma parede que parece pertencer a
uma antiga residência contígua ao engenho. Todos estes vestígios são de alvenaria de
pedras argamassadas.
Possibilidades de destruição:
não há.
Observações:
o sítio está localizado na área de preservação ambiental do Parque
Municipal Lagoa do Peri.
INFORMAÇÕES ORAIS SOBRE O SÍTIO Nº FLN-021
Tipo de engenho:
de farinha de mandioca.
173
Técnica construtiva:
alicerces de alvenaria de pedras argamassadas com paredes de
pau-a-pique estruturada em esteios. O piso era de terra batida e a cobertura, de telhas
de barro tipo capa e canal. A residência junto ao engenho possuía paredes de
alvenaria de pedras, com o mesmo tipo de cobertura e piso também de terra batida.
Tipo de maquinário:
de cangalha, movido à tração animal.
Época de abandono:
década de 1960.
Motivo do abandono:
desconhecido
Proprietário(s) durante o funcionamento do engenho (em ordem cronológica):
“Dodô”
Lopes.
Proprietário atual do terreno:
João Manoel Silvano.
Endereço:
Rua João Manoel Silvano, s/nº, Sangão-SC.
Informante:
Altino Bento Martins.
Idade:
54 anos.
Endereço
: Caminho de Sertão de Dentro, s/nº
, Distrito de Pântano do Sul.
Presenciou o funcionamento do engenho?
Sim.
Entrevistador:
Osvaldo Paulino da Silva.
Detalhe dos restos de uma parede de alvenaria de pedras que segundo o
informante, dividia o eng
enho e a residência.
Local e data:
Sertão de Dentro, 24 de abril de 1995.
174
CADASTRO DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DE ENGENHOS NA PARTE SUL
DA ILHA DE SANTA CATARINA, MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS-SC
Nome do Sítio:
Engenho do Alexandre.
FLN-022
Localização:
Sertão de Dentro.
Distrito:
Ribeirão da Ilha.
Ponto de referência:
situa-se junto a um antigo caminho que liga Sertão de Dentro à
localidade de Tapera da Barra do Sul, próximo de um pequeno córrego. O sítio está
localizado no do morro da Tapera, no seu lado leste. O acesso ao sítio é feito pelo
antigo caminho citado, que é a continuação do caminho de Sertão de Dentro.
Coordenadas Geográficas:
27º 45’ de latitude sul e 48º 33’ de longitude oeste.
Dimensões do sítio:
8 por 15 metros.
Distância de curso d’água:
20 metros de um pequeno córrego.
Tipo de vegetação predominante:
no sítio:
capoeira;
circundante:
capoeirão.
Tipo de solo:
no sítio:
areno-argiloso;
circundante:
areno-a
rgiloso.
Ocupação atual no sítio:
nenhuma.
Artefatos na superfície:
nenhum encontrado.
Erosão:
não há.
Vestígios arquitetônicos evidentes:
restos dos alicerces.
Altura máxima destes vestígios:
60 centímetros.
Proximidade com construções modernas:
2 quilômetros, aproximadamente.
Escavações anteriores:
desconhecidas.
Situação atual do sítio:
acha-se numa área coberta por árvores de médio porte, de
acesso muito difícil. Seus únicos vestígios, os restos dos alicerces de alvenaria de
pedras, estão dispostos num retângulo com as dimensões acima. Sobre sua superfície
alguns buracos recentemente escavados, provavelmente por algum animal. Para
chegar-se ao sítio é fundamental o acompanhamento do informante.
Possibilidades de destruição:
comprometido pelas escavações.
Observações:
o sítio encontra-se dentro da área de preservação ambiental do Parque
Municipal Lagoa do Peri.
INFORMAÇÕES ORAIS SOBRE O SÍTIO Nº FLN-022
Tipo de engenho:
de farinha de mandioca e deúcar.
175
Técnica construtiva:
alicerces de alvenaria de pedras argamassadas, com paredes de
pau-a-pique estruturadas em esteios. O piso era de chão batido e a cobertura, de
telhas de barro tipo capa e canal.
Tipo de maquinário:
de cangalha na produção de farinha e moenda de eixos verticais
na produção de açúcar, todos movidos à tração animal.
Época de abandono:
início da década de 1960.
Motivo do abandono:
venda do engenho.
Proprietário(s) durante o funcionamento do engenho (em ordem cronológica):
Alexandre ?
Proprietário atual do terreno:
João Manoel Silvano.
Endereço:
Rua João Manoel Silvano, s/nº, Sangão-
SC.
Informante:
Altino Bento Martins
Idade:
54 anos.
Endereço
: Caminho de Sertão de Dentro, s/nº, Distrito de Pântano do Sul.
Presenciou o funcionamento do engenho?
Não.
Entrevistador:
Osvaldo Paulino da Silva.
Detalhe do alicerce de alvenaria de pedras argamassadas.
Local e data:
Sertão de Dentro, 24 de abril de 1995.
176
CADASTRO DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DE ENGENHOS NA PARTE SUL
DA ILHA DE SANTA CATARINA, MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS-SC
Nome do Sítio:
Engenho do Teodoro Lopes.
FLN-023
Localização:
Sertão de Dentro.
Distrito:
Ribeirão da Ilha.
Ponto de referência:
situa-se junto a um antigo caminho que liga Sertão de Dentro à
localidade de Tapera da Barra do Sul, próximo de um pequeno córrego. O sítio está
localizado no do morro da Tapera, no seu lado leste. Distante 80 metros do sítio
“Engenho do Alexandre”. O acesso ao sítio é feito pelo antigo caminho citado, que é
a continuação do caminho de Sertão de Dentro.
Coordenadas Geográficas:
27º 45’ de latitude sul e 48º 33’ de longitude oeste.
Dimensões do sítio:
10 por 12 metros.
Distância de curso d’água:
30 metros de um pequeno córrego.
Tipo de vegetação predominante:
no sítio:
capoeirinha;
circundante:
capoeira.
Tipo de solo:
no sítio:
areno-argiloso;
circundante:
areno-
argiloso.
Ocupação atual no sítio:
nenhuma.
Artefatos na superfície:
duas panelas de alumínio amassadas (não coletadas).
Erosão:
não há.
Vestígios arquitetônicos evidentes:
restos dos alicerces e paredes de pau-a-pique, 3
esteios e 1 frechal.
Altura máxima destes vestígios:
2,50 metros.
Proximidade com construções modernas:
2 quilômetros aproximadamente.
Escavações anteriores:
desconhecidas.
Situação atual do sítio:
encontra-se coberto por uma densa vegetação. Os vestígios
arquitetônicos encontram-se entremeados pelo mato. As ripas de bambu e de palmeira
utilizadas no entrelaçamento das paredes de pau-a-pique encontram-se sobre a
vegetação, oriundas de desmoronamentos recentes, ainda amarradas com fibras
vegetais.
Possibilidades de destruição:
não há.
Observações:
o sítio encontra-se dentro da área de preservação ambiental do Parque
Municipal Lagoa do Peri.
INFORMAÇÕES ORAIS SOBRE O SÍTIO Nº FLN-023
Tipo de engenho:
de farinh
a de mandioca.
177
Técnica construtiva:
alicerces de alvenaria de pedras argamassadas e paredes de pau-
a-pique estruturadas em esteios. O piso era de terra batida e a cobertura, de telhas de
barro tipo capa e canal.
Tipo de maquinário:
de cangalha, movido à tração animal.
Época de abandono:
final da década de 1970.
Motivo do abandono:
morte do proprietário.
Proprietário(s) durante o funcionamento do engenho (em ordem cronológica):
Teodoro
Lopes.
Proprietário atual do terreno:
João Manoel Silvano.
Endereço:
Rua João Manoel Silvano, s/nº, Sangão-SC.
Informante:
Altino Bento Martins.
Idade:
54 anos.
Endereço
: Caminho de Sertão de Dentro, s/nº, Distrito de Pân
tano do Sul.
Presenciou o funcionamento do engenho?
Sim.
Entrevistador:
Osvaldo Paulino da Silva.
Os esteios do antigo engenho sobressaindo-
se na vegetação.
Observações:
o engenho serviu também para moradia. Segundo o informante, após ser
construído, o engenho ruiu durante uma tempestade, sendo reconstruído em seguida.
Local e data:
Sertão de Dentro, 24 de abri
l de 1995.
178
CADASTRO DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DE ENGENHOS NA PARTE SUL
DA ILHA DE SANTA CATARINA, MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS-SC
Nome do Sítio:
Engenho do Tomás Ildefonso.
FLN-024
Localização:
Sertão de Dentro.
Distrito:
Ribeirão da Ilha.
Ponto de referência:
situa-se junto a um caminho secundário que parte do antigo
caminho que liga Sertão de Dentro à localidade de Tapera da Barra do Sul, a poucos
metros de um córrego. Do entroncamento destes caminhos até a residência do
informanteuma distância de aproximadamente 1 quilômetro.
Coordenadas Geográficas:
27º 45’ de latitude sul e 48º 33’ de longitude oeste.
Dimensões do sítio:
10 por 16 metros.
Distância de curso d’água:
20 metros.
Tipo de vegetação predominante:
no sítio:
capoeira rala;
circundante:
capoeira.
Tipo de solo:
no sítio:
argilo-arenoso;
circundante:
argilo-arenoso.
Ocupação atual no sítio:
nenhuma.
Artefatos na superfície:
nenhum encontrado.
Erosão:
não há.
Vestígios arquitetônicos evidentes:
a base de
funcionamento da roda d’água.
Altura máxima destes vestígios:
1,20 metro de profundidade.
Proximidade com construções modernas:
aproximadamente 1 quilômetro.
Escavações anteriores:
desconhecidas.
Situação atual do sítio:
possui os vestígios de um engenho movido à roda d’água, tipo
raro na ilha de Santa Catarina, tendo ainda em evidências a base da calha de
funcionamento da roda d’água em alvenaria de pedra seca. o vestígios de
alicerces de pedras, apenas um baldrame junto ao chão, numa leve elevação com as
dimensões acima. Estes vestígios encontram-se parcialmente cobertos pela vegetação
rasteira existente no local. Por estar localizado em local de difícil acesso, é
fundamental o acompanhamento do informante para localizá-lo.
Possibilidades de destruição:
não há.
Observações:
o tio encontra-se localizado na área de preservação ambiental do
Parque Municipal Lagoa do Peri.
INFORMAÇÕES ORAIS SOBRE O SÍTIO Nº FLN-024
Tipo de engenho:
de farinha de mandioca, de açúcar e de cachaça.
Técnica construtiva:
alicerces de madeira e paredes de pau-a-pique estruturadas em
esteios. O piso era de chão batido e a cobertura de telhas de barro tipo capa e canal.
179
Tipo de maquinário:
roda sevadeira e moenda de eixos verticais movidas à roda
d’água.
Época de abandono:
final da década de 1970.
Motivo do abandono:
aposentadoria do proprietário e posterior venda do terreno.
Proprietário(s) durante o funcionamento do engenho(em ordem cronológica):
Tomás
Ildefonso.
Proprietário atual do terreno:
João Manoel Silvano.
Endereço:
Rua João Manoel Silvano, s/nº, Sangão-
SC.
Informante:
Altino Bento Martins.
Idade:
54 anos.
Endereço
: Caminho de Sertão de Dentro, s/nº, Distrito de Pântano do Sul.
Presenciou o funcionamento do engenho?
Sim.
Entrevistador:
Osvaldo Paulino da Silva.
Evidências da base de funcionamento da roda d’água, em alvenaria de pedra
seca.
Local e data:
Sertão de Dentro, 24 de abril de 1995.
180
CADASTRO DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DE ENGENHOS NA PARTE SUL
DA ILHA DE SANTA CATARINA, MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS-SC
Nome do Sítio:
Engenho da Costa de Cima.
FLN-025
Localização:
Costa de Cima.
Distrito:
Pântano do Sul.
Ponto de referência:
situado a 60 metros acima da Estrada Geral de Costa de Cima, ao
lado direito da casa nº 1.774 A.
Coordenadas Geográficas:
27º 46’ de latitude sul e 48º 31’ de longitude oeste.
Dimensões do sítio:
7 por 12
metros.
Distância de curso d’água:
15 metros de um córrego.
Tipo de vegetação predominante:
no sítio:
herbáceas;
circundante:
árvores frutíferas.
Tipo de solo:
no sítio:
areno-argiloso;
circundante:
areno-
argiloso.
Ocupação atual no sítio:
nenhuma.
Artefatos na superfície:
nenhum encontrado
.
Erosão:
não há.
Vestígios arquitetônicos evidentes:
restos de um muro de arrimo.
Altura máxima destes vestígios:
60 centímetros.
Proximidade com construções modernas:
30 metros.
Escavações anteriores:
desconhecidas.
Situação atual do sítio:
encontra-se numa encosta, dentro de uma chácara
abandonada, já bastante destruído. Suas evidências constituem-se apenas de uma área
plana com as dimensões acima e vestígios de um muro de arrimo de alvenaria de pedra
seca utilizado na contenção do terreno sobre o qual foi construído o engenho.
Possibilidades de destruição:
a área próxima do sítio é bastante valorizada e novas
casas estão sendo construídas, comprometendo sua conservação.
INFORMAÇÕES ORAIS SOBRE O SÍTIO Nº FLN-025
Tipo de engenho:
de far
inha de mandioca.
Técnica construtiva:
desconhecida.
Tipo de maquinário:
desconhecido.
181
Época de abandono:
desconhecida.
Motivo do abandono:
desconhecido.
Proprietário(s) durante o funcionamento do engenho (em ordem cronológica)
:
desconhecidos.
Proprietário atual do terreno:
Valdeci Sabino Ilarião.
Endereço:
Estrada Geral de Costa de Ci
ma, 1.774 A, Distrito de Pântano do Sul.
Informante:
Oscar Pedro de Souza.
Idade:
69 anos.
Endereço
: Estrada Geral de Costa de Cima, 1.983, Distrito de Pântano do Sul.
Presenciou o funcionamento do engenho?
não.
Entrevistador:
Osvaldo Paulino da Silva.
A área plana coberta por vegetação rasteira é o vestígio mais evidente do
sítio.
Observações:
as informações sobre o sítio foram transmitidas ao informante por seu
pai.
Local e data:
Costa de Cima, 27 de abril de 1995.
182
CADASTRO DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DE ENGENHOS NA PARTE SUL
DA ILHA DE SANTA CATARINA, MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS-SC
Nome do Sítio:
Engenho do Oscar.
FLN-026
Localização:
Costa de Cima.
Distrito:
Pântano do Sul.
Ponto de referência:
junto à Estrada Geral de Costa de Cima, ao lado direito do
1.897.
Coordenadas Geográficas:
27º 46’ de latitude sul e 48º 31’ de longitude oeste.
Dimensões do sítio:
7 por 12 metros.
Distância de curso d’água:
100 metros de um córrego.
Tipo de vegetação predominante:
no sítio:
não há;
circundante:
capoeirinha.
Tipo de solo:
no sítio:
argiloso;
circundante:
argilo-
arenoso.
Ocupação atual no sítio:
depósito.
Artefatos na superfície:
1 roda dentada, 2 cochos de madeira, 1 prensa de mandioca e
vários outros artefatos ligados à produção de farinha de mandioca (não coletados).
Erosão:
não há.
Proximidade com construções modernas:
50 metros.
Escavações anteriores:
desconhecidas.
Situação atual do sítio:
apresenta-se em bom estado de conservação. O rancho do
engenho está parcialmente intacto, com apenas uma parede lateral desmoronada. No
seu interior, ainda encontram-se as peças do maquinário utilizadas na produção de
farinha de mandioca, inclusive de outros engenhos cujo proprietário do terreno ali as
guarda.
Técnica construtiva:
alicerces e pilares de alvenaria de pedras argamassadas e parede
lateral de pau-a-pique sobreposta em baldrame. As paredes frontal e dos fundos e as
aberturas são de tábuas planas. O piso conserva o chão batido e a cobertura, utiliza
telhas de barro tipo capa e canal.
Possibilidades de destruição:
Atualmente, o terreno onde encontra-se o sítio está à
venda, trazendo incertezas na conservação do sítio se a operação for concretizada..
INFORMAÇÕES ORAIS SOBRE O SÍTIO Nº FLN-026
Tipo de engenho:
de farinha de mandioca.
183
Tipo de maquinário:
de cangalha, movido à tração animal.
Época de abandono:
início da década de 1980.
Motivo do abandono:
venda do terreno.
Proprietário(s) durante o funcionamento do engenho (em ordem cronológica)
: José
Ferreira dos Santos e Oscar Pedro de Souza.
Proprietário atual do terreno:
Luiz Carlos Borghetti.
Endereço:
Estrada Geral de Costa de Cima, 1.682, Distrito de Pântano do Sul.
Informante:
Oscar Pedro de Souza.
Idade:
69 anos.
Endereço
: Estrada Geral de Costa de Cima, 1.983, Distrito
de Pântano do Sul.
Presenciou o funcionamento do engenho?
Sim.
Entrevistador:
Osvaldo Paulino da Silva.
O rancho do engenho apresenta-se parcialmente intacto, com a parede lateral
ainda conservando a construção de pau-a-
pique.
Local e data:
Costa de Cima, 27 de abril de 1995.
184
CADASTRO DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DE ENGENHOS NA PARTE SUL
DA ILHA DE SANTA CATARINA, MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS-SC
Nome do Sítio:
Engenho do Pedro Ramos.
FLN-027
Localização:
Costa de Cima.
Distrito:
Pântano do Sul.
Ponto de referência:
situa-se ao lado direito da estrada geral de Costa de Cima, a 150
metros da Pousada dos Tucanos, no sentido Costa de Cima - Costa de Dentro.
Coordenadas Geográficas:
27º 46’ de latitude sul e 48º 32’ de longitude oeste.
Dimensões do sítio:
7 por 14 metros.
Distância de curso d’água:
60 metros de um córrego.
Tipo de vegetação predominante:
no sítio:
não há;
circundante:
herbáceas.
Tipo de solo:
no sítio:
chão cimentado;
circundante:
argilo-
arenoso.
Ocupação atual no sítio:
depósito.
Artefatos na superfície:
cochos de madeira, roda dentada, prensa de mandioca e
outros objetos estranhos ao engenho.
Erosão:
não há.
Proximidade com construções modernas:
80 metros.
Escavações anteriores:
desconhecidas.
Situação atual do sítio:
o engenho que compõe o sítio encontra-se parcialmente
intacto. Parte do telhado, da parede dos fundos e uma parede lateral ruíram. No seu
interior há várias peças de madeira que fazem parte do maquinário de produção de
farinha de mandioca. Há muitas destas peças provenientes de outros engenhos,
guardadas ali pelo proprietário. O piso do engenho foi totalmente ciment
ado.
Técnica construtiva:
alicerces de alvenaria de pedras argamassadas e paredes mistas
(pau-a-pique e tábuas planas) estruturadas em esteios. As aberturas também
apresentam-se de forma mista (tábuas planas e venezianas). A cobertura é composta
por telhas de barro tipo capa e canal.
Possibilidades de destruição:
num eventual desmoronamento, pois o que resta do
engenho está em péssimas condições de conservação.
INFORMAÇÕES ORAIS SOBRE O SÍTIO Nº FLN-027
Tipo de engenho:
de farinha de mandioca.
Tipo de maquinário:
de cangalha, movido por tração animal.
Época de abandono:
início da década de 1970.
185
Motivo do abandono:
morte do último proprietário.
Proprietário(s) durante o funcionamento do engenho (em ordem cronológica)
: Paulo
Donário e Francisco Laurete.
Proprietário atual do terreno:
Amari
ldo Arante Monteiro.
Endereço:
Praia de Pântano do Sul, Distrito de Pântano do Sul.
Informante:
Moraci Marcelino Pereira (Cidinho).
Idade:
60 anos.
Endereço
: Rua Lauro Mendes, 10, Costa de Dentro, Distrito de Pântano do Sul.
Presenciou o funcionamento do engenho?
Sim.
Entrevistador:
Osvaldo Pa
ulino da Silva.
Vista frontal do engenho, com antigas paredes de pau-a-pique ainda em
evidência.
Local e data:
Costa de Cima, 28 de abril de 1995.
186
CADASTRO DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DE ENGENHOS NA PARTE SUL
DA ILHA DE SANTA CATARINA, MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS-SC
Nome do Sítio:
Engenho do Henrique.
FLN-028
Localização:
Costa de Dentro.
Distrito:
Pântano do Sul.
Ponto de referência:
situa-se junto à estrada geral de Costa de Dentro, ao lado
esquerdo do 3.596.
Coordenadas Geográficas:
27º 46’ de latitude sul e 48º 32’ de longitude oeste.
Dimensões do sítio:
os vestígios do sítio ocupam uma área de 70 metros quadrados.
Distância de curso d’água:
30 metros de uma nasc
ente.
Tipo de vegetação predominante:
no sítio:
herbáceas;
circundante:
herbáceas.
Tipo de solo:
no sítio:
areno-argiloso;
circundante:
areno-
argiloso.
Ocupação atual no sítio:
pastagem.
Artefatos na superfície:
nenhum encontrado.
Erosão:
não há.
Vestígios arquitetônicos evidentes:
restos dos alicerces.
Altura máxima destes vestígios:
ao rés do chão.
Proximidade com construções modernas:
40 metros.
Escavações anteriores:
desconhecidas.
Situação atual do sítio:
encontra-se bastante destruído. Seus únicos vestígios são uma
elevação no terreno, de formato irregular e um alinhamento de pedras semi
enterradas, sugerindo um alicerce. A superfície do sítio foi bastante remexida. O
local foi transformado em pastagem recentemente.
Possibilidades de destruição:
o que sobrou do tio está sendo comprometido pelo gado
que pasta na sua superfície.
INFORMAÇÕES ORAIS SOBRE O SÍTIO Nº FLN-028
Tipo de engenho:
de farinha de mandioca.
187
Técnica construtiva:
alicerces e pilares de alvenaria de pedras argamassadas e
paredes frontal e dos fundos de pau-a-pique e laterais de tábuas planas. O piso era de
chão batido e a cobertura utilizava telhas de barro tipo capa e canal.
Tipo de maquinário:
de cangalha, movido por tração animal.
Época de abandono:
década de 1960.
Motivo do abandono:
desconhecido.
Proprietário (s) durante o funcionamento do engenho (em ordem cronológica):
Henrique
Ramos.
Proprietário atual do terreno:
Valeci Nunes Filho.
Endereço:
Estrada Geral de Costa de Dentro
, 3.418, Distrito de Pântano do Sul.
Informante:
Moraci Marcelino Pereira (Cidinho).
Idade:
60 anos.
Endereço
: Rua Lauro Mendes, 10, Costa de Dentro, Distrito de Pântano do Sul.
Presenciou o funcionamento do engenho?
Sim.
Entrevistador:
Osvaldo Paulino da Silva.
Do engenho, restam apenas as pedras do alicerce, espalhadas entre a
vegetação.
Local e data:
Costa de Dentro, 28 de abril de 1995.
188
CADASTRO DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DE ENGENHOS NA PARTE SUL
DA ILHA DE SANTA CATARINA, MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS-SC
Nome do Sítio:
Engenho do Chico Marcela.
FLN-029
Localização:
Costa de Dentro.
Distrito:
Pântano do Sul.
Ponto de referência:
situa-se a 150 metros da Estrada Geral de Costa de Dentro, junto
à trilha de acesso ao reservatório d’água do Parque Balneário dos Açores. Nesta
trilha, o sítio está assentado à esquerda, logo após o segundo córrego.
Coordenadas Geográficas:
27º 46’ de latitude sul e 48º 32’ de longitude oest
e.
Dimensões do sítio:
10 por 10 metros.
Distância de curso d’água:
10 metros.
Tipo de vegetação predominante:
no sítio:
capoeira rala;
circundante:
capoeira.
Tipo de solo:
no sítio:
argilo-arenoso;
circundante:
areno-
argiloso.
Ocupação atual no sítio:
nenhuma.
Artefatos na superfície:
nenhum encontrado.
Erosão:
não há.
Vestígios arquitetônicos evidentes:
pilares, alicerces e um muro de arrimo.
Altura máxima destes vestígios:
3 metros (pilares).
Proximidade com construções modernas:
200 metros.
Escavações anteriores:
desconhecidas.
Situação atual do sítio:
encontra-se parcialmente coberto pela vegetação, com algumas
árvores de porte médio sobre sua superfície. Os vestígios arquitetônicos são todos de
alvenaria de pedras argamassadas. O muro de arrimo que divide a superfície do sítio
em dois níveis é rebocado. Igual tratamento também foi dado aos pilares. A trilha que
passa junto ao sítio foi alargada e ocupou uma pequena parte do sítio.
Possibilidades de destruição:
em eventuais melhorias na trilha que passa junto ao sítio,
este será comprometido.
Observações:
o portão de acesso ao sítio está sempre trancado. As chaves encontram-
se na sede da administração do Loteamento Parque Balneário dos Açores.
INFORMAÇÕES ORAIS SOBRE O SÍTIO Nº FLN-029
Tipo de engenho:
de açúcar e de cachaça.
189
Técnica construtiva:
alicerces e pilares de alvenaria de pedras argamassadas e
paredes de pau-a-pique, com piso de terra batida. A cobertura era de telhas de barro
tipo capa e canal.
Tipo de maquinário:
moenda de eixos verticais, movido à tração animal.
Época de abandono: década de 1960.
Motivo do abandono:
venda do terreno.
Proprietário(s) durante o funcionamento do engenho (em ordem cronológica)
:
Francisco Marcelino Pereira ( pai do informante).
Proprietário atual do terreno:
Loteamento Parque Balneário dos Açores.
Endereço:
Balneário dos Açores, Distrito de Pântano do Sul.
Informante:
Moraci Marcelino Pereira (Cidinho).
Idade:
60 anos.
Endereço
: Rua Lauro Mendes, 10, Costa de Dentro, Distrito de Pântano do Sul.
Presenciou o funcionamento do engenho?
Sim (trabalhou no engenho).
Entrevistador:
Osvaldo Paulino da Silva.
Os vestígios arquitetônicos do engenho encontram-se dentro da vegetação.
Local e data:
Costa de Dentro, 28 de abril de 1995.
190
CADASTRO DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DE ENGENHOS NA PARTE SUL
DA ILHA DE SANTA CATARINA, MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS-SC
Nome do Sítio:
Engenho do Chico Marcela.
FLN-029
Localização:
Costa de Dentro.
Distrito:
Pântano do Sul.
Ponto de referência:
situa-se a 150 metros da Estrada Geral de Costa de Dentro, junto
à trilha de acesso ao reservatório d’água do Parque Balneário dos Açores. Nesta
trilha, o sítio está assentado à esquerda, logo após
o segundo córrego.
Coordenadas Geográficas:
27º 46’ de latitude sul e 48º 32’ de longitude oeste.
Dimensões do sítio:
10 por 10 metros.
Distância de curso d’água:
10 metros.
Tipo de vegetação predominante:
no sítio:
capoeira rala;
circundante:
capoeira.
Tipo de solo:
no sítio:
argilo-arenoso;
circundante:
areno-
argiloso.
Ocupação atual no sítio:
nenhuma.
Artefatos na superfície:
nenhum encontrado.
Erosão:
não há.
Vestígios arquitetônicos evidentes:
pilares, alicerces e um muro de arrimo.
Altura máxima destes vestígios:
3 metros (pilares).
Proximidade com construções modernas:
200 metros.
Escavações anteriores:
desconhecidas.
Situação atual do sítio:
encontra-se parcialmente coberto pela vegetação, com algumas
árvores de porte médio sobre sua superfície. Os vestígios arquitetônicos são todos de
alvenaria de pedras argamassadas. O muro de arrimo que divide a superfície do sítio
em dois níveis é rebocado. Igual tratamento também foi dado aos pilares. A trilha que
passa junto ao sítio foi alargada e ocupou uma pequena parte do sítio.
Possibilidades de destruição:
em eventuais melhorias na trilha que passa junto ao sítio,
este será comprometido.
Observações:
o portão de acesso ao sítio está sempre trancado. As chaves encontram-
se na sede da administração do Loteamento Parque Balneário dos Açores.
INFORMAÇÕES ORAIS SOBRE O SÍTIO Nº FLN-029
Tipo de engenho:
de açúcar e de cachaça.
191
Técnica construtiva:
alicerces e pilares de alvenaria de pedras argamassadas e
paredes de pau-a-pique, com piso de terra batida. A cobertura era de telhas de barro
tipo capa e canal.
Tipo de maquinário:
moenda de eixos verticais, movido à tração animal.
Época de abandono: década de 1960.
Motivo do abandono:
venda do terreno.
Proprietário(s) durante o funcionamento do engenho (em ordem cronológica)
:
Francisco Marcelino Pereira ( pai do informante).
Proprietário atual do terreno:
Loteamento Parque Balneário dos Açores.
Endereço:
Balneário dos Açores, Distrito de Pântano do Sul.
Informante:
Moraci Marcelino Pereira (Cidinho).
Idade:
60 anos.
Endereço
: Rua Lauro Mendes, 10, Costa de Dentro, Distrito de Pântano do Sul.
Presenciou o funcionamento do engenho?
Sim (trabalhou no engenho).
Entrevistador:
Osvaldo Paulino da Silva.
Os vestígios arquitetônicos do engenho encontram-se dentro da vegetação.
Local e data:
Costa de Dentro, 28 de abril de 1995.
192
CADASTRO DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DE ENGENHOS NA PARTE SUL
DA ILHA DE SANTA CATARINA, MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS-SC
Nome do Sítio:
Engenho da Dona Dadá.
FLN-030
Localização:
Costa de Dentro.
Distrito:
Pântano do Sul.
Ponto de referência:
situa-se a 10 metros abaixo da Estrada Geral de Costa de Dentro,
defronte ao 4.188.
Coordenadas Geográficas:
27º 46’ de latitude sul e 48º 32’ d
e longitude oeste.
Dimensões do sítio:
7 por 14 metros.
Distância de curso d’água:
30 metros de um poço.
Tipo de vegetação predominante:
no sítio:
herbáceas;
circundante:
capoeirão.
Tipo de solo:
no sítio:
areno-argiloso;
circundante:
areno-argiloso.
Ocupação atual no sítio:
nenhuma.
Artefatos na superfície:
nenhum encontrado.
Erosão:
uma pequena v
ala em formação, decorrente das águas da chuva.
Vestígios arquitetônicos evidentes:
restos dos alicerces e um muro.
Altura máxima destes vestígios:
70 centímetros.
Proximidade com construções modernas:
30 metros.
Escavações anteriores:
desconhecidas
Situação atual do sítio:
localiza-se junto à estrada, num terreno em declive, suportado
por um muro de contenção, construído em alvenaria de pedras de junta seca, ainda
intacto. Sobre a sua superfície, 5 árvores de grande porte, das quais, 4 são
nogueiras-de-iguape. ainda, alguns vestígios de alvenaria de tijolos argamassados,
de formato em círculo que parece ser do forno de torrar farinha e os restos dos
alicerces em alvenaria de pedras argamassadas. Contíguo ao sítio, outro segmento
de alicerces que parece ser de uma residência.
Possibilidades de destruição:
o sítio localiza-se numa área em declive e junto à estrada,
local ideal para a construção de uma casa moderna, sendo portanto, este o risco de
destruição.
INFORMAÇÕES ORAIS SOBRE O SÍTIO Nº FLN-030
Tipo de engenho:
de farinha de mandioca.
193
Técnica construtiva:
alicerce e pilares de alvenaria de pedras argamassadas e paredes
de pau-a-pique, com piso de chão batido. A cobertura era composta de telhas de barro
tipo capa e canal.
Tipo de maquinário:
de cangalha, movido à tração animal.
Época de abandono:
início da década de 1970.
Motivo do abandono:
desconhecido.
Proprietário(s) durante o funcionamento do engenho (em ordem cronológica)
: Salomé
Nunes.
Proprietário atual do terreno:
Nilton Zanini.
Endereço:
desconhecido.
Informante:
Moraci Marcelino Pereira (Cidinho).
Idade:
60 anos.
Endereço
: Rua Lauro Mendes, nº 10 , Costa de Dentro, Distrito de Pântano do Sul.
Presenciou o funcionamento do engenho?
Sim.
Entrevistador:
Osvaldo Paulino da Silva.
Os poucos vestígios do sítio encontram-se sob a vegetação, a poucos metros da
estrada.
Local e data:
Costa de Dentro, 29 de abril de 1995.
194
CADASTRO DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DE ENGENHOS NA PARTE SUL
DA ILHA DE SANTA CATARINA, MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS-SC
Nome do Sítio:
Engenho do Manoel Crispim.
FLN-031
Localização:
Costa de Dentro.
Distrito:
Pântano do Sul.
Ponto de referência:
o sítio encontra-se a poucos metros da Estrada Geral de Costa de
Dentro, ao lado da casa 4.440 e a 50 metros após a igreja da localidade, no sentido
Costa de Cima - Costa de Dentro.
Coordenadas Geográficas:
27º 46’ de latitude sul e 48º 32’ de longitude oeste.
Dimensões do sítio:
7 por 12 metros.
Distância de curso d’água:
5 metros de um córrego
.
Tipo de vegetação predominante:
no sítio:
capoeirão ralo;
circundante:
capoeirão.
Tipo de solo:
no sítio:
areno-argiloso;
circundante:
areno-argiloso.
Ocupação atual no sítio:
um estreito caminho cruza sua superfície.
Artefatos na superfície:
nenhum encontrado.
Erosão:
não há.
Vestígios arquitetônicos evidentes:
alicerces.
Altura máxima destes vestígios:
20 centímetros.
Proximidade com construções modernas:
40 metros.
Escavações anteriores:
desconhecidas.
Situação atual do sítio:
está localizado sob árvores de médio e grande porte. Duas
destas árvores cresceram sobre seus alicerces de alvenaria de pedras argamassadas.
Estes, estão evidentes, deixando bem visível a forma retangular do antigo engenho .
Possibilidades de destruição:
pelo crescimento das árvores sobre seus vestígios
arquitetônicos e pelo caminho existente sobre sua superfície.
INFORMAÇÕES ORAIS SOBRE O SÍTIO Nº FLN-031
Tipo de engenho:
de farinha de mandioca.
195
Técnica construtiva:
alicerces e pilares de alvenaria de pedras argamassadas e
paredes de pau-a-pique com piso de terra batida. A cobertura era de telhas de barro
tipo capa e canal.
Tipo de maquinário:
de cangalha, movido à tração animal.
Época de abandono:
meados da década de 1960.
Motivo do abandono:
desconhecido.
Proprietário(s) durante o funcionamento do engenho (em ordem cronológica)
: Manoel
Crispim Ferreira.
Proprietário atual do terreno:
desconhecido.
Endereço:
desconhecido.
Informante:
Moraci Marcelino Pereira (Cidinho)
Idade:
60 anos.
Endereço
: Rua Lauro Mendes, 10, Costa de Dentro, Distrito de Pântano do Sul.
Presenciou o funcionamento do engenho?
Sim.
Entrevistador:
Osvaldo Paulino da Silva.
O sítio é visível apenas numa observação mais demorada sob a vegetação.
Local e data:
Costa
de Dentro, 29 de abril de 1995.
196
CADASTRO DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DE ENGENHOS NA PARTE SUL
DA ILHA DE SANTA CATARINA, MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS-SC
Nome do Sítio:
Engenho do Mané João.
FLN-032
Localização:
Costa de Dentro.
Distrito:
Pântano do Sul.
Ponto de referência:
situado a 5 metros da Estrada Geral de Costa de Dentro, defronte
a
o nº 4.879 e a 100 metros do entroncamento da estrada de acesso à praia da Solidão.
Coordenadas Geográficas:
27 º 47’ de latitude sul e 48º 31’ de lo
ngitude oeste.
Dimensões do sítio:
8 por 12 metros.
Distância de curso d’água:
10 metros de um antigo poço.
Tipo de vegetação predominante:
no sítio:
capoeira;
circundante:
capoeira.
Tipo de solo:
no sítio:
areno-argiloso;
circundante:
areno-argiloso.
Ocupação atual no sítio:
nenhuma.
Artefatos na superfície:
nenhum encontrado.
Erosão:
imperceptível.
Vestígios arquitetônicos evidentes:
restos dos alicerces.
Altura máxima destes vestígios:
30 centímetros.
Proximidade com construções modernas:
20 metros.
Escavações anteriores:
desconhecidas.
Situação atual do sítio:
encontra-se totalmente coberto pela vegetação. Seus vestígios,
uma área plana em encosta e restos dos alicerces de alvenaria de pedras
argamassadas, são visíveis apenas sob a vegetação. A área entre o sítio e a estrada é
pantanosa.
Possibilidades de destruição:
atualmente está sendo efetuado um desmatamento de
árvores exóticas (eucalipto) nas proximidades do sítio. possibilidades de riscos de
destruição com a ampliação desta atividade na área.
INFORMAÇÕES ORAIS SOBRE O SÍTIO Nº FLN-032
Tipo de engenho:
misto -
de farinha de mandioca, de açúcar e de cachaça.
197
Técnica construtiva:
alicerces e pilares de alvenaria de pedras argamassadas com
paredes de pau-a-pique e piso de chão batido. A cobertura era de telhas de barro tipo
capa e canal.
Tipo de maquinário:
de cangalha na produção de farinha e moenda de eixos verticais
na produção de açúcar, todos movidos à tração animal.
Época de abandono:
final da década de 1950.
Motivo do abandono:
desconhecido.
Proprietário(s) durante o funcionamento do engenho (em ordem cronológica)
: Manoel
João?
Proprietário atual do terreno:
Abel Justo.
Endereço:
desconhecido.
Informante:
Moraci Marcelino Pereira (Cidinho).
Idade:
60 anos.
Endereço
: Rua Lauro Mendes, 10, Costa de Dentro, Distrito de Pântano do Sul.
Presenciou o funcionamento do engenho?
Não.
Entrevistador:
Osvaldo Paulino da Silva.
O sítio, coberto pela vegetação, encontra-
se apenas a 5 metros da estrada.
Local e data:
Costa de Dentro, 29 de abril de 1995.
198
CADASTRO DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DE ENGENHOS NA PARTE SUL
DA ILHA DE SANTA CATARINA, MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS-SC
Nome do Sítio:
Engenho do Mané João.
FLN-032
Localização:
Costa de Dentro.
Distrito:
Pântano do Sul.
Ponto de referência:
situado a 5 metros da Estrada Geral de Costa de Dentro, defronte
ao nº 4.879 e a 100 metros do entroncamento da estrada de acesso à praia da Solidão.
Coordenadas Geográficas:
2
7 º 47’ de latitude sul e 48º 31’ de longitude oeste.
Dimensões do sítio:
8 por 12 metros.
Distância de curso d’água:
10 metros de um antigo poço.
Tipo de vegetação predominante:
no sítio:
capoeira;
circundante:
capoeira.
Tipo de solo:
no sítio:
areno-argiloso;
circundante:
areno-argiloso.
Ocupação atual no sítio:
nenhuma.
Artefatos na superfície:
nenhum encontrado.
Erosão:
imperceptível.
Vestígios arquitetônicos evidentes:
restos dos alicerces.
Altura máxima destes vestígios:
30 centímetros.
Proximidade com construções modernas:
20 metros.
Escavações anteriores:
desconhecidas.
Situação atual do sítio:
encontra-se totalmente coberto pela vegetação. Seus vestígios,
uma área plana em encosta e restos dos alicerces de alvenaria de pedras
argamassadas, são visíveis apenas sob a vegetação. A área entre o sítio e a estrada é
pantanosa.
Possibilidades de destruição:
atualmente está sendo efetuado um desmatamento de
árvores exóticas (eucalipto) nas proximidades do sítio. possibilidades de riscos de
destruição com a ampliação desta ativid
ade na área.
INFORMAÇÕES ORAIS SOBRE O SÍTIO Nº FLN-032
Tipo de engenho:
misto - de farinha de mandioca, de açúcar e de cachaça.
199
Técnica construtiva:
alicerces e pilares de alvenaria de pedras argamassadas com
paredes de pau-a-pique e piso de chão batido. A cobertura era de telhas de barro tipo
capa e canal.
Tipo de maquinário:
de cangalha na produção de farinha e moenda de eixos verticais
na produção de açúcar, todos movidos à tração animal.
Época de abandono:
final da década de 1950.
Motivo do abandono:
desconhecido.
Proprietário(s) durante o funcionamento do engenho (em ordem cronológica)
: Manoel
João?
Proprietário atual do terreno:
Abel Justo.
Endereço:
desconhecido.
Informante:
Moraci Marcelino Pereira (Cidinho).
Idade:
60 anos.
Endereço
: Rua Lauro Mendes, 10, Costa de Dentro, Distrito de Pântano do
Sul.
Presenciou o funcionamento do engenho?
Não.
Entrevistador:
Osvaldo Paulino da Silva.
O sítio, coberto pela vegetação, encontra-
se apenas a 5 metros da estrada.
Local e data:
Costa de Dentro, 29 de abril de 1995.
200
CADASTRO DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DE ENGENHOS NA PARTE SUL
DA ILHA DE SANTA CATARINA, MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS-SC
Nome do Sítio:
Engenho do Pedrinho.
FLN-033
Localização:
Parque Balneário dos Açores.
Distrito:
Pântano do Sul.
Ponto de referência:
o sítio localiza-se à Avenida nº 2, casa nº 56, no jardim lateral
desta residência.
Coordenadas Geográficas:
27º 46’ de latitude sul e 4
31’ de longitude oeste.
Dimensões do sítio:
6 por 8 metros.
Distância de curso d’água:
50 metros de uma antiga carioca.
Tipo de vegetação predominante:
no sítio:
herbáceas;
circundante:
não há.
Tipo de solo:
no sítio:
arenoso;
circundante:
arenoso.
Ocupação atual no sítio:
jardim.
Artefatos na superfície:
nenhum encontrado.
Erosão:
não há.
Vestígios arquitetônicos evidentes:
restos de um alicerce.
Altura máxima destes vestígios:
junto ao chão.
Proximidade com construções modernas:
1 metro.
Escavações anteriores:
desconhecidas.
Situação atual do sítio:
encontra-se dentro do jardim da residência do proprietário do
terreno. Seus vestígios compõem-se apenas de um alinhamento de pedras
argamassadas junto ao chão e uma área plana levemente elevada, delimitada num dos
lados pelos vestígios do alicerce. Junto ao sítio um monte de pedras irregulares,
colocadas ali pelo proprietário, provenientes do antigo engenho.
Possibilidades de destruição:
O sítio ocupa quase toda a área livre do terreno, podendo
sofrer algum tipo de intervenção a qualquer momento.
INFORMAÇÕES ORAIS SOBRE O SÍTIO Nº FLN-033
Tipo de engenho:
de farinha de m
andioca.
201
Técnica construtiva:
alicerces de alvenaria de pedras argamassadas e paredes de pau-
a-pique, estruturadas em esteios. O piso era de chão batido e a cobertura, de telhas de
barro tipo capa e canal.
Tipo de maquinário:
de cangalha, movido à tração animal.
Época de abandono:
início da década de 1960.
Motivo do abandono:
venda do terreno para a
construção do atual Loteamento.
Proprietário(s) durante o funcionamento do engenho (em ordem cronológica)
: Manoel
Pedrinho?
Proprietário atual do terreno:
Luiz Fernando Bianchini.
Endereço:
Avenida 2, casa 56, Parque Balneário dos ores, Distrito de Pântano
do Sul.
Informante:
Moraci Marcelino Pereira (Cidinho).
Idade:
60 nos.
Endereço
: Rua Lauro Mendes, 10, Costa de Dentro, Distrito de Pântano do Sul.
Presenciou o funcionamento do engenho?
Sim.
Entrevistador:
Osvaldo Paulino da Silva.
A superfície do sítio ocupa grande parte da área livre da residência.
Local e data:
Parque Balneário dos Açores, 03 de maio de 1995.
202
CADASTRO DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DE ENGENHOS NA PARTE SUL
DA ILHA DE SANTA CATARINA, MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS-SC
Nome do Sítio:
Engenho da Família Pires.
FLN-034
Localização:
Barreira do Ribeirão ou Sertão de Baixo.
Distrito:
Pântano do Sul.
Ponto de referência:
situa-se à margem direita do rio do Peri, a 200 metros de sua foz,
na lagoa do Peri. Junto ao sítio acha-se a última cachoeira do rio, antes deste
desaguar na lagoa. O acesso ao sítio é feito por uma trilha cujo início localiza-se na
Estrada Geral de Barreira do Ribeirão ou Sertão de Baixo. O local onde encontra-se o
sítio é conhecido como “Peri”.
Coordenadas Geográficas:
27º 44’ de latitude sul e 48º 31’ de longitude oeste.
Dimensões do sítio:
12 por 15 metros.
Distância de curso d’água:
5 metros de um rio.
Tipo de vegetação predominante:
no sítio:
bananeiras;
circundante:
capoeirinha.
Tipo de solo:
no sítio:
areno-argiloso;
circundante:
areno-
argiloso.
Ocupação atual no sítio:
atividades agrícolas.
Artefatos na superfície:
nenhum encontrado.
Erosão:
pelas águas do rio.
Vestígios arquitetônicos evidentes:
restos dos alicerces e das paredes.
Altura máxima destes vestígios:
3,50 metr
os.
Proximidade com construções modernas:
80 metros.
Escavações anteriores:
desconhecidas.
Situação atual do sítio:
encontra-se em razoável estado de conservação. Sobre sua
superfície há uma plantação de bananeiras. Do antigo engenho restam apenas os
alicerces e alguns restos das paredes. Fora da área do engenho, a 40 metros rio
acima, um enorme pilar (1,60 m. x 1,60 m. de base e 1,90 m. de altura). Todos estes
vestígios são de alvenaria de pedras irregulares argamassadas. No fragmento de
parede melhor conservado, com altura de 3,50 metros, é possível observar duas bocas
de fornos de formato semicirculares parcialmente soterradas. A 2 metros acima,
algumas marcas
deixadas provavelmente por vigas de madeira, sugerindo um segundo piso. Os
vestígios arquitetônicos do engenho distribuem-se num retângulo com as dimensões
acima, mais a sua distribuição na paisagem parece ocupar uma área maior. Sua
proximidade com o rio tem provocado o desmoronamento de parte das paredes,
através da força das águas que descem as sucessivas cachoeiras durante as
203
enxurradas. Uma vala foi escavada em toda a extensão do sítio para escoar a água
proveniente da roda d’água de um outro engenho mais moderno - também cadastrado
como sítio arqueológico sob o nome “Engenho do Vitorino FLN-035”, construído
sobre parte de seus alicerces. Esta vala destruiu os alicerces nos dois extremos do
sítio. Deste engenho, também restam apenas alguns vestígios arquitetônicos.
Possibilidades de destruição:
pela erosão das águas do rio e pela atividade agrícola na
sua superfície.
Observações:
o tio localiza-se dentro da área de preservação ambiental do Parque
Municipal Lagoa do Peri.
INFORMAÇÕES ORAIS SOBRE O SÍTIO Nº FLN-034
Tipo de engenho:
de farinha de mandioca,
de açúcar, com olaria acoplada.
Técnica construtiva:
alicerces e paredes de alvenaria de pedras argamassadas.
Tipo de maquinário:
desconhecido.
Época de abandono:
desconhecida.
Motivo do abandono:
desconhecido.
Proprietário(s) durante o funcionamento do engenho (em ordem cronológica)
: Família
Pires ?
Proprietário atual do terreno:
João Manoel Silvano.
Endereço:
Rua João Manoel Silvano, s/nº, Sangão-
SC.
Informante:
Manoel Brandão de Souza.
Idade:
84 anos.
Endereço
: Rodovia SC-
406, 7.379, Armação, Distrito de Pântano do Sul.
Presenciou o funcionamento do engenho?
Não.
Entrevistador:
Osvaldo Paulino da Silva
204
Em primeiro plano, a vala escavada para escoar a água proveniente da roda
d’água de outro engenho, cuja base de funcionamento ainda encontra-se
sobre o
sítio (acima, à direita).
Observações:
o informante não conheceu o engenho funcionando e tampouco sabe
sobre o tipo de maquinário utilizado. Mas a proximidade com cachoeiras e a existência
do pilar, construído com materiais muito antigos e que pode ter funcionado como
suporte da calha condutora d’água, sugerem a utilização da roda d’água como força
motriz. Além disto, o novo engenho construído sobre parte da superfície do sítio,
deixou vestígios da utilização de uma grande roda d’água, tornando viável o uso deste
tipo de força motriz no local. O informante também afirmou que o engenho mantinha
contato com a localidade de Armação, através de pequenos barcos que cortavam a
lagoa do Peri no sentido leste-oeste e vice-versa. Um outro meio teria sido tentado
para alcançar esta localidade, através de um caminho que contornaria o lado sul da
lagoa. O caminho não teria sido concretizado devido à topografia acidentada de
alguns trechos que margeiam a lagoa. O informante fala de um trecho pavimentado
que estaria dentro de uma área alagadiça, a aproximadamente 300 metros do sítio.
Local e data:
Barreira do Ribeirão ou Sertão de Baixo, 10 de maio de 1995.
205
CADASTRO DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DE ENGENHOS NA ILHA DE
SANTA CATARINA, MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS-SC
Nome do Sítio:
Engenho do Vitorino.
FLN-035
Localização:
Barreira do Ribeirão ou Sertão de Baixo.
Distrito:
P
ântano do Sul.
Ponto de referência:
situa-se à margem direita do rio do Peri, a 200 metros de sua foz,
na lagoa do Peri. Junto ao sítio acha-se a última cachoeira do rio antes deste desaguar
na lagoa. O acesso ao sítio é feito por uma trilha cujo início localiza-se na Estrada
Geral de Barreira do Ribeirão ou Sertão de Baixo. O local onde está localizado o sítio
é conhecido na região
apenas como “Peri”.
Coordenadas Geográficas:
27º 44’ de latitude sul e 48º 31’ de longitude oeste.
Dimensões do sítio:
15 por 25 metros.
Distância de curso d’água:
15 metros.
Tipo de vegetação predominante:
no sítio:
capoeirinha;
circundante:
capoeirinha.
Tipo de solo:
no sítio:
areno-argiloso;
circundante:
areno-
argiloso.
Ocupação atual no sítio:
nenhuma.
Artefatos na superfície:
nenhum encontrado.
Erosão:
não há.
Vestígios arquitetônicos evidentes:
base de funcionamento da roda d’água e partes dos
alicerces.
Altura máxima destes vestígios:
1 metro.
Proximidade com construções modernas:
80 metros.
Escavações anteriores:
desconhecidas.
Situação atual do sítio:
seus vestígios arquitetônicos estão espalhados por uma área de
375 metros quadrados, à 2 metros acima do nível do rio. Era um engenho movido à
roda d’água, cuja base de funcionamento, construída em alvenaria de pedras talhadas
e tijolos maciços argamassados com cal e areia, ainda encontra-se intacta, possuindo
uma profundidade atual de 2 metros (está parcialmente soterrada) e altura de 1 metro
a partir da superfície do sítio. A sua proximidade com o rio cujas águas
formam rias
cachoeiras pouco acima facilitou o uso desse tipo de energia motriz. Dos alicerces,
construídos em alvenaria de pedras talhadas e argamassadas com cal e areia, são
visíveis apenas alguns lances. Além destes vestígios, nada mais resta do engenho. Seus
materiais construtivos são eventualmente reaproveitados na região. A grande
dimensão do engenho é justificada pelas sua variedade produtiva: segundo
206
informações orais, ali funcionava um engenho de farinha de mandioca e de açúcar, um
alambique, uma atafona de milho e uma serraria, todos movidos por uma grande roda
d’água, que movimentava ainda um pequeno gerador de energia elétrica. O engenho
foi construído sobre parte dos vestígios arquitetônicos do sítio “Engenho da Família
Pires FLN-034”. Inicialmente, tem-se a impressão de haver no local os vestígios de
apenas um engenho, mas quando faz-se uma observação mais cuidadosa, a técnica e os
materiais construtivos utilizados nos remanescentes arquitetônicos denunciam um
distanciamento temporal em torno de um século um do outro.
Possibilidades de destruição:
pela retirada do que resta do engenho para
reaproveitamento.
Observações:
a área do sítio encontra-se dentro dos limites de proteção ambiental do
Parque Municipal Lagoa do Peri.
INFORMAÇÕES ORAIS SOBRE O SÍTIO Nº FLN-035
Tipo de engenho:
de farinha de mandioca, de úcar, de cachaça, de milho (atafona),
com serraria acoplada.
Técnica construtiva:
alicerces e pilares de alvenaria de pedras argamassadas e
paredes de tábuas planas. A cobertura era de telhas de barro tipo capa e canal e piso
de chão batido.
Época de abandono:
início da década de 1970.
Motivo do abandono:
o local era de difícil acesso.
Proprietário(s) durante o funcionamento do engenho (em ordem cronológica)
: Vitorino
José Luís.
Proprietário atual do terreno:
João Manoel Silvano.
Endereço:
Rua João Manoel Silvano, s/nº, Sangão-
SC.
Informante:
Manoel Brandão de Souza.
Idade:
84 anos.
Endereço
: Rodovia SC-406, 7.379, Armação, Distrito de Pântano do Sul.
Presenciou o funcionamento do engenho?
Sim.
Entrevistador:
Osvaldo Paulino da Silva.
207
Detalhe da base de funcionamento da roda d’água, principal vestígio do
engenho.
Observações:
segundo o informante, ao desativar o engenho, seu proprietário retirou
todos os maquinário ainda em bom estado de conservação, reinstalando-o em seguida
numa cidade próxima.
Local e data:
Barreira do Ribeirão ou Sertão de Baixo, 10 de maio de 1995.
208
CADASTRO DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DE ENGENHOS NA PARTE SUL
DA ILHA DE SANTA CATARINA, MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS-SC
Nome do Sítio:
Engenho do Saquinho.
FLN-036
Localização:
Praia do Saquinho.
Distrito:
Pântano do Sul.
Ponto de referência:
situa-se a 30 metros ao lado esquerdo do caminho de acesso à
Praia do Saquinho, defronte ao entroncamento do caminho de acesso à Tapera da
Barra do Sul.
Coordenadas Geográficas:
27º 47’ de latitude sul e 48º 32’ de longitude oeste.
Dimensões do sítio:
8 por 10 metros.
Distância de curso d’água:
30 metros de um pequeno córrego.
Tipo de vegetação predominante:
no sítio:
capoeira rala;
circundante:
capoeira.
Tipo de solo:
no sítio:
areno-argiloso;
circundante:
areno-
argiloso.
Ocupação atual no sítio:
nenhuma.
Artefatos na superfície:
nenhum encontrado.
Erosão:
não há.
Vestígios arquitetônicos evidentes:
restos dos alicerces.
Altura máxima destes vestígios:
50 centímetros.
Proximidade com construções modernas:
50 metros.
Escavações anteriores:
desconhecidas.
Situação atual do sítio:
encontra-se coberto pela vegetação. Seus vestígios são
formados por restos dos alicerces de alvenaria de pedras aparentemente sem
argamassa e de uma área plana com as dimensões acima, num terreno levemente em
declive, a 50 metros da praia.
Possibilidades de destruição:
não há.
INFORMAÇÕES ORAIS SOBRE O SÍTIO Nº FLN-036
Tipo de engenho:
de farinha de mandioca.
Técnica construtiva:
desconhecida.
209
Tipo de maquinário:
desconhecido.
Época de abandono:
desconhecida.
Motivo do abandono:
desconhecido.
Proprietário(s) durante o funcionamento do engenho (em ordem cronológica)
:
desconhecidos.
Proprietário atual do terreno:
desconhecido.
Endereço:
desconhecido.
Informante:
João Sabino Borges
Idade:
84 anos.
Endereço
: Praia do Saquinho, Distrito de Pântano do Sul.
Presenciou o funcionamento do engenho?
Não.
Entrevistador:
Osvaldo Paulino da Silva.
Do sítio, é possível visualizar apenas algumas pedras dos alicerces.
Observações:
O informante não conheceu o engenho em funcionamento. Sabe-se que
era um engenho de farinha de mandioca, pela tradição oral da localidade.
Local e data:
Praia do Saquinho, 12 de maio de 1995.
210
CADASTRO DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DE ENGENHOS NA PARTE SUL
DA ILHA DE SANTA CATARINA, MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS-SC
Nome do Sítio:
Engenho da Dona Pasqualina.
FLN-037
Localização:
Praia do Saquinho.
Distrito:
Pântano do Sul.
Ponto de referência:
localiza-se a 100 metros da praia, no segundo entroncamento à
direita existente no caminho de acesso à praia do Saquinho. Deste ponto até o
engenho, percorre-se 70 metros.
Coordenadas Geográficas:
27º 48’ de latitude sul e 48º 32’ de longitude oeste.
Dimensões do sítio:
8 por 15 metros.
Distância de curso d’água:
40 metros de um córrego.
Tipo de vegetação predominante:
no sítio:
não há;
circundante:
capoeira.
Tipo de solo:
no sítio:
argiloso;
circundante:
areno-
argiloso.
Ocupação atual no sítio:
habitação.
Erosão:
pelas águas da chuva, junto aos alicerces.
Proximidade com construções modernas:
70 metros.
Escavações anteriores:
desconhecidas.
Situação atual do sítio:
o engenho que compõe o sítio encontra-se intacto, com o
maquinário de produção de farinha de mandioca em perfeito estado de conservação,
porém desativado. Este maquinário possui características peculiares em relação aos
demais utilizados em engenhos: a roda sevadeira é movida por um boi, através de um
conjunto mecânico todo de madeira, denominado “rodete” e o forno de torrar a
farinha, separado do conjunto anterior, é movido pela força humana, num mecanismo
denominado “caranguejo”, movimentado em sistema de “vaivém”. O engenho é
utilizado como moradia pela sua proprietária, com 78 anos, que ali vive e em
péssimo estado de saúde. Além dos mecanismos de produção, são encontrados no
local, utensílios básicos utilizados no dia-a-dia. Não divisórias no interior do
engenho, apenas um pequeno acréscimo nos fundos, que serve para dormitório. Não
energia elétrica no local.
Tipo de engenho:
de farinha de mandioca.
Técnica construtiva:
O rancho do engenho foi construído em alicerces (parecem ser
falsos-alicerces) de alvenaria de pedras argamassadas e esteios, com paredes de pau-
a-pique e alguns acréscimos de tábuas planas sobre baldrame. No piso, encontra-se a
mesma cnica utilizada noutros engenhos, o chão batido, com bastante
irregularidades. As aberturas foram construídas com tábuas planas sem
beneficiamento e a cobertura, com telhas de barro tipo capa e canal.
211
Possibilidades de destruição:
não há, aparentemente
.
Observações:
uma semana após este levantamento, a proprietária faleceu.
INFORMAÇÕES ORAIS SOBRE O SÍTIO Nº FLN-037
Época de abandono das atividades produtivas no engenho:
1994
Motivo:
doença da proprietária
Proprietário(a) atual do engenho:
Pasqualina Angélica Borges.
Endereço:
Praia do Saquinho, Distrito de Pântano do Sul.
Proprietário(s) anterior(es):
Santino Aguiar de Borges.
Informante:
João Sabino Borges.
Idade:
84 anos.
Endereço
: Praia do Saquinho, Distrito de
Pântano do Sul.
Entrevistador:
Osvaldo Paulino da Silva.
Este é um dos exemplares de rancho de engenho mais antigo e melhor
conservado
de toda a parte sul da Ilha de Santa Catarina.
Observações:
a proprietária nada pode informar devido ao seu precário estado de
saúde.
Local e data:
Praia do Saquinho, 12 de maio de 1995.
212
CADASTRO DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DE ENGENHOS NA PARTE SUL
DA ILHA DE SANTA CATARINA, MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS-SC
Nome do Sítio:
Engenho do Mané Vicente.
FLN-038
Localização:
Praia do Saquinho.
Distrito:
Pântano do Sul.
Ponto de referência:
situa-se ao lado direito do caminho de acesso à praia do
Saquinho, logo após uma cachoeira formada pelo principal córrego que deságua no
mar. O sítio está 70 metros distante da praia.
Coordenadas Geográficas:
27º 48’ de latitude sul e 48º 32’ de longitude oeste.
Dimensões do sítio:
não há contornos definidos no sítio. Seus vestígios espalham-se
numa área de aproximadamente 70 metros quadrados.
Distância de curso d’água:
20 metros.
Tipo de vegetação predominante:
no sítio:
herbáceas;
circundante:
capoeirinha.
Tipo de solo:
no sítio:
arenoso;
circundante:
arenoso.
Ocupação atual no sítio:
um pequeno estábulo.
Artefatos na superfície:
nenhum encontrado.
Erosão:
pelas
águas da chuva.
Vestígios arquitetônicos evidentes:
restos dos alicerces.
Altura máxima destes vestígios:
40 centímetros.
Proximidade com construções modernas:
40 metros.
Escavações anteriores:
desconhecidas.
Situação atual do sítio:
encontra-se numa área plana acima do caminho citado, tendo
apenas restos dos alicerces de alvenaria de pedras como único vestígio arquitetônico.
Sobre sua superfície foi construído um pequeno estábulo de tábuas planas. Como situa-
se muito próximo ao caminho, é possível que este tenha sido feito sobre parte de sua
superfície.
Possibilidades de destruição:
pela ocupação do sítio e pela possibilidade de
construção no local, pois sua área está muito bem localizada
em relação ao mar.
Observações:
não energia elétrica na localidade, nem estradas. Os únicos meios de
transporte são cavalos e barcos, estes porém incomuns, devido às péssimas condições
de atracabilidade na praia.
INFORMAÇÕES ORAIS SOBRE O SÍTIO Nº FLN-038
Tipo de engenho:
de farinha de mandioca e de açúcar.
213
Técnica construtiva:
alicerces de alvenaria de pedras argamassadas e paredes de pau-
a-pique estruturadas em esteios. O piso era de chão batido e a cobertura de telhas de
barro tipo capa e canal .
Tipo de maquinário:
de cangalha na produção de farinha e moenda de eixos verticais
na produção de açúcar. Eram todos movidos à tração animal.
Época de abandono:
década de 1950.
Motivo do abandono:
desconhec
ido.
Proprietário(s) durante o funcionamento do engenho (em ordem cronológica)
: Manoel
Vicente.
Proprietário atual do terreno:
Manoel Borges.
Endereço:
Praia do Saquinho, Distrito de Pântano do Sul.
Informante:
João Sabino Borges.
Idade:
84 anos.
Endereço
: Praia do Saquinho, Distrito de Pântano do Sul.
Presenciou o funcionamento do engenho?
Sim.
Entrevistador:
Osvaldo Paulino da Silv
a.
O estábulo foi construído exatamente sobre a superfície do sítio.
Local e data:
Praia do Saquinho, 12 de maio de 1995.
214
CADASTRO DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DE ENGENHOS NA PARTE SUL
DA ILHA DE SANTA CATARINA, MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS-SC
Nome do Sítio:
Engenho do Roseno.
FLN-039
Localização:
Praia do Saquinho.
Distrito:
Pântano do Sul.
Ponto de referência:
situado a 1.200 metros da praia, junto ao caminho de acesso à
localidade de Tapera da Barra do Sul. Este caminho tem início no primeiro
entroncamento à direita existente no caminho de acesso à praia do Saquinho, ao lado
da residência do informante.
Coordenadas Geográficas:
27º 48’ de latitude
sul e 48º 32’ de longitude oeste.
Dimensões do sítio:
8 por 15 metros.
Distância de curso d’água:
40 metros de uma cachoeira, cujo rio vai desaguar na
praia.
Tipo de vegetação predominante:
no sítio:
herbáceas;
circundante:
capoeirinha.
Tipo de solo:
no sítio:
areno-argiloso;
circundante:
areno-argiloso.
Ocupação atual no sítio:
nenhuma.
Artefatos na superfície:
dois cochos de madeira e uma prensa de massa de mandioca
(não coletados).
Erosão:
não há.
Vestígios arquitetônicos evidentes:
restos dos alicerces, das paredes de pau-a-pique, de
um forno e do madeiramento de sustentação do maquinário e cobertura.
Altura máxima destes vestígios:
2,50 metros.
Proximidade com construções modernas:
1.200 metros.
Escavações anteriores:
desconhecidas.
Situação atual do sítio:
encontra-se numa área plana em encosta de morro e
parcialmente coberto pela vegetação. restos das paredes de pau-a-pique
desmoronadas sobre o mato, dando a idéia de desmoronamentos recentes. Alguns
troncos provenientes do madeiramento superior estão caídos junto ao chão. O tronco
conhecido como “madre”, responsável pela sustentação do eixo central da roda
dentada encontra-se ainda no seu devido lugar.
Possibilidades de destruição:
não há.
INFORMAÇÕES ORAIS SOBRE O SÍTIO Nº FLN-039
Tipo de engenho:
de farinha de mandioca.
215
Técnica construtiva:
alicerces de alvenaria de pedras argamassadas com paredes
mistas, de pau-a-pique e de tábuas planas estruturadas em esteios. O piso era de terra
batida e a cobertura, de telhas de barro tipo capa e canal.
Tipo de maquinário:
de cangalha, movido à tração animal.
Época de abandono:
início da década de 1980.
Motivo do abandono:
venda do terreno.
Proprietário(s) durante o funcionamento do engenho (em ordem cronológica)
: Ivo Bento
Lopes e Roseno Bento Lopes.
Proprietário atual do terreno:
João Manoel Silvano.
Endereço:
Rua João Manoel Silvano, s/nº, Sangão-
SC.
Informante:
João Sabino Borges.
Idade:
84 anos.
Endereço
: Praia do Saquinho, Distrito de Pântano do Sul.
Presenciou o funcionamento do engenho?
Sim (trabalhou no engenho).
Entrevistador:
Osvaldo Paulino da Silva.
Os troncos serviam para sustentar a cobertura e o maquinário; as ripas
entrelaçadas
junto ao chão evidenciam a utilização das paredes de pau-a-
pique.
Local e data:
Praia do Saquinho, 12 de maio de 1995
.
216
CADASTRO DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DE ENGENHOS NA PARTE SUL
DA ILHA DE SANTA CATARINA, MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS-SC
Nome do Sítio:
Engenho do Lucidônio.
FLN-040
Localização:
Praia do Saquinho.
Distrito:
Pântano
do Sul.
Ponto de referência:
o sítio localiza-se a 1 quilômetro ao sul da praia do Saquinho,
junto à trilha de acesso à praia dos N
aufragados, a 60 metros do mar.
Coordenadas Geográficas:
27º 48’ de latitude sul e 48º 32’ de longitude oeste.
Dimensões do sítio:
10 por 10 metros.
Distância de curso d’água:
80 metros de um córreg
o.
Tipo de vegetação predominante:
no sítio:
herbáceas;
circundante:
capoeira.
Tipo de solo:
no sítio:
areno-argiloso;
circundante:
arenoso.
Ocupação atual no sítio:
uma cabana.
Artefatos na superfície:
prensa da massa de mandioca (não coletada).
Erosão:
não há.
Vestígios arquitetônicos evidentes:
restos dos alicerces, um forno e esteios de
sustentação das paredes e dos maquinários.
Altura máxima destes vestígios:
2,50 metros.
Proximidade com construções modernas:
50 metros.
Escavações anteriores:
desconhecidas.
Situação atual do sítio:
encontra-se dentro de uma antiga chácara, parcialmente
coberto pela vegetação. Na sua superfície uma cabana de madeira, recentemente
abandonada. Alguns esteios ainda encontram-se em bom estado. Os restos dos
alicerces apresentam alvenaria de pedras argamassadas e o forno, provavelmente de
assar pão, de alvenaria de pedras e tijolos argamassados. A prensa de massa de
mandioca acha-se no sítio, mas sem os fusos. Há alguns buracos na sua superfície,
cavados provavelmente por algum caçador de tesouros.
Possibilidades de destruição:
pela ação de escavadores e pela passagem de um
caminho sobre sua superfície.
FORMAÇÕES ORAIS SOBRE O SÍTIO Nº FLN-040
Tipo de engenho:
de farinha de mandioca.
217
Técnica construtiva:
alicerces de alvenaria de pedras argamassadas e paredes de pau-
a-pique estruturadas em esteios. O piso era de chão batido e a cobertura de telhas de
barro tipo capa e canal.
Tipo de maquinário:
de cangalha, movido à tração animal.
Época de abandono:
década de 1970.
Motivo do abandono:
desconhecido.
Proprietário(s) durante o funcionamento do engenho (em ordem cronológica)
:
Lucidônio Saturnino Ribeiro.
Proprietário atual do terreno:
desconhecido.
Endereço:
desconhecido.
Informante:
João Sabino Borges.
Idade:
84 anos.
Endereço
: Praia do saquinho, Distrito de
ntano do Sul.
Presenciou o funcionamento do engenho?
Sim (trabalhou no engenho).
Entrevistador:
Osvaldo Paulino da Silva.
Em 1º plano, restos de uma parede de alvenaria de pedras e ao fundo, sobre a
superfície
do sítio, a cabana recém abandonada.
Local e data:
Praia do Saquinho, 12 de maio de 1995.
218
CADASTRO DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DE ENGENHOS NA PARTE SUL
DA ILHA DE SANTA CATARINA, MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS-SC
Nome do Sítio:
Engenho do Manoel Guimarães.
FLN-041
Localização:
Rio Tavares.
Distrito:
da Lagoa.
Ponto de referência:
junto à Rodovia Luiz Antônio M. Gonzaga, 4.546.
Coordenadas Geográficas:
27º 39’ de latitude sul e 48º 29’ de longitude oeste.
Dimensões do sítio:
os vestígios ocupam uma área de 30 metros quadrados.
Distância de curso d’água:
30 metros de um antigo poço.
Tipo de vegetação predominante:
no sítio:
herbáceas;
circundante:
herbáceas.
Tipo de solo:
no sítio:
arenoso;
circundante:
arenoso.
Ocupação atual no sítio:
um pequeno rancho de madeira.
Artefatos na superfície:
nenhum encontrado.
Erosão:
imperceptível.
Vestígios arquitetônicos evidentes:
restos de uma parede.
Altura máxima destes vestígios:
2 metros.
Proximidade com construções modernas:
15 metros.
Escavações anteriores:
desconhecidas.
Situação atual do sítio:
encontra-se muito destruído. O que resta atualmente do sítio é
parte de uma parede de alvenaria de pedras argamassadas e rebocada, existente entre
a rodovia acima citada e 2 residências modernas. Está sendo utilizada como uma das
paredes de um pequeno rancho de madeira construído sobre a superfície do sítio. A
proximidade com o asfalto indica que parte do tio pode ter sido destruída para a
construção da rodovia.
Possibilidades de destruição:
o que resta do sítio pode ser destruído a qualquer
momento, pois localiza-
se muito próximo de uma área de residências.
INFORMAÇÕES ORAIS SOBRE O SÍTIO Nº FLN-041
Tipo de engenho:
de farinha de mandioca.
Técnica construtiva:
alicerces e paredes de alvenaria de pedras argamassadas com
piso de terra batida. A cobertura era de telhas de barro tipo capa e canal.
219
Tipo de maquinário:
de cangalha, movido à tração animal.
Época de abandono:
1949.
Motivo do abandono:
venda do “monte” ou maquinário do engenho.
Proprietário(s) durante o funcionamento do engenho (em ordem cronológica)
: Manoel
Guimarães.
Proprietário atual do terreno:
Abelardo Laureano.
Endereço:
Rodovia Luiz Antônio M. Gonzaga, 4.546, Porto do Rio Tavares, Distrito
da Lagoa.
Informante:
Aparício Sinfrônio Pereira.
Idade:
71 anos.
Endereço
: Rua Pau-de-
canela, s/, Porto do Rio Tavares, Distrito da Lagoa.
Presenciou o funcionamento do engenho?
Sim.
Entrevistador:
Osvaldo Paulino da Silva.
A parede de alvenaria de pedras do pequeno rancho junto à rodovia é o único
vestígio material que sobrou do sítio.
Observações:
Segundo o informante, os vestígios atuais do sítio pertencem a uma
residência que havia contígua ao engenho.
Local e data:
Rio Tavares,
15 de maio de 1995.
220
CADASTRO DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DE ENGENHOS NA PARTE SUL
DA ILHA DE SANTA CATARINA, MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS-SC
Nome do Sítio:
Engenho do Manoel Rocha.
FLN-042
Localização:
Porto do Rio Tavares.
Distrito:
da Lagoa.
Ponto de referência:
o sítio localiza-se exatamente no final da servidão Batuel Cunha,
na encosta noroeste do morro do Campeche.
Coordenadas Geográficas:
27º 40’ de latitude sul e 48º 29’ de longitude oeste.
Dimensões do sítio:
8 por 13 metros.
Distância de curso d’água:
6 metros de um pequeno córrego.
Tipo de vegetação:
no sítio:
capoeira.
circundante:
capoeirão.
Tipo de solo:
no sítio:
areno-argiloso.
circundante:
areno-argiloso.
Ocupação atual no sítio:
ocupado somente pela servidão.
Artefatos na superfície:
nenhum encontrado.
Erosão:
pelas águas da chuva no local onde passa a servidão.
Vestígios arquitetônicos evidentes:
restos dos alicerces e de uma parede de pedras
brutas com argamassa.
Altura máxima destes vestígios:
2 metros.
Proximidade com construções modernas:
50 metros.
Escavações anteriores:
desconhecidas.
Situação atual do sítio:
o sítio encontra-se coberto por árvores de médio porte e
vegetação rasteira.. A servidão citada passa no local onde seria a boca das fornalhas.
O restante do sítio mostra-se intacto, com algumas pedras junto aos alicerces,
provenientes do desmoronamento das paredes.
Possibilidades de destruição:
num possível alargamento da servidão.
Observações:
a 50 metros abaixo do sítio, encontram-se vestígios arquitetônicos do que
teria sido a residência do proprietário do engenho, segundo o informante. O acesso à
casa era feito por uma rua protegida com muros de arrimo devido à declividade do
terreno. Os vestígios da casa acham-se sob a vegetação, constituída por árvores de
grande porte
.
INFORMAÇÕES ORAIS SOBRE O SÍTIO Nº FLN-042
Tipo de engenho: deúcar.
Técnica construtiva: alicerces e paredes de alvenaria de pedras argamassadas.
221
Tipo de maquinário:
desconhecido.
Época de abandono:
desconhecida.
Motivo do abandono:
desconhecido.
Proprietário(s) durante o funcionamento do engenho (em ordem cronológica)
: Manoel
Rocha.
Proprietário atual do terreno:
Jorge Nassif.
Endereço:
Servidão Batuel Cunha, s/nº, Rio Tavares, Distrito da Lagoa.
Informante:
Aparício Sinfrônio Pereira.
Idade:
71 anos.
Endereço
: Rua Pau-de-canela, s/nº, Rio Tavares, Distrito da Lagoa.
Presenciou o funcionamento do engenho?
Não.
Entrevistador:
Osvaldo Paulino da Silva.
Detalhe dos restos dos alicerces dentro da vegetaçã
o.
Observações:
o informante conheceu o engenho em ruínas desde sua infância.
Local e data:
Rio Tavares, 15 de maio de 1995.
222
CADASTRO DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DE ENGENHOS NA PARTE SUL
DA ILHA DE SANTA CATARINA, MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS-SC
Nome do Sítio:
Engenho do Tomás Gonçalves.
FLN-043
Localização:
Rio Tavares.
Distrito:
da Lagoa
Ponto de referência:
o sítio localiza-se ao fundo da residência do proprietário do
terreno onde se encontra, a 200 metros da servidão acima citada.
Coordenadas Geográficas:
27º 39’ de latitude sul e 48º 29’ de longitude oeste.
Dimensões do sítio:
10 por 18 metros.
Distância de curso d’água:
30 metros de um riacho.
Tipo de vegetação:
no sítio:
capoeira ;
circundante:
capoeira.
Tipo de solo:
no sítio:
areno-argiloso;
circundante:
arenoso.
Ocupação atual no sítio:
roça de cana de açúcar.
Artefatos na superfície:
nenhum encontrado.
Erosão:
não há.
Vestígios arquitetônicos evidentes:
alicerces e restos de uma parede.
Altura máxima destes vestígios:
2 metros e 80 centímetros.
Proximidade com construções modernas:
100 metros.
Escavações anteriores:
desconhecidas.
Situação atual do sítio:
de toda a superfície do sítio, 30 % está coberta por uma
plantação de cana de açúcar e o restante, por vegetação de capoeira. Os vestígios
materiais são constituídos por restos de alicerces e uma parede lateral, construídos
com alvenaria de pedras irregulares argamassadas, espalhados numa área com as
dimensões acima. A parede é coberta por reboco claro, provavelmente de areia e cal.
um alicerce que divide o sítio em dois espaços distintos. Um deles, segundo o
informante, fazia parte da residência que havia contígua ao engenho, cujo vestígio
principal é a parede existente no sítio. Esta residência teria ainda, piso de pedras
irregulares.
Possibilidades de destruição
O sítio encontra-se bastante comprometido pela roça de
cana de açúcar entre seus vestígios arquitetônicos.
INFORMAÇÕES ORAIS SOBRE O SÍTIO Nº FLN-043
Tipo de engenho:
de farinha de mandioca.
223
Técnica construtiva:
alicerces e pilares de pedras argamassadas com paredes mistas -
de pau-a-pique e alvenaria de pedras argamassadas e piso de chão batido. A
cobertura era em duas águas, c
om telhas de barro tipo capa e canal .
Tipo de maquinário:
de cangalha, movido à tração animal.
Época de abandono:
década de 1950.
Motivo do abandono:
após a morte do último proprietário o terreno foi inventariado e
o herdeiro não conseguiu manter o engenho.
Proprietário(s) durante o funcionamento do engenho (em ordem cronológica):
Tomás
Gonçalves Pereira e Manoel Gonçalves Pereira.
Proprietário atual do terreno:
João Sinfrônio Pereira.
Endereço:
Servidão Batuel Cunha, s/nº, Rio Tavares, Distrito da Lagoa..
Informante:
o proprietário.
Idade:
73 anos.
Endereço
: o mesmo.
Presenciou o funcionamento do engenho?
Sim (trabalhou no engenho).
Entrevistador:
Osvaldo Paulino da Silva.
Em plano, detalhe do alicerce de pedras e ao fundo, restos de uma grossa
parede
de alvenaria de pedras argamassadas
e rebocada.
Local e data:
Rio Tavares, 15 de maio de 1995.
224
CADASTRO DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DE ENGENHOS NA PARTE SUL
DA ILHA DE SANTA CATARINA, MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS
Nome do Sítio:
Engenho do Joaquim Antônio.
FLN-044
Localização:
Rio Tavares.
Distrito:
da Lagoa
Ponto de referência:
o sítio localiza-se na Rodovia Luiz Antônio M. Gonzaga, junto à
residência 4.443.
Coordenadas Geográficas:
27º 39’ de latitude sul e 48º 29’ de longitude oeste.
Dimensões do sítio:
10 por 12 metros.
Distância de curso d’água:
80 metros de um antigo poço.
Tipo de vegetação:
no sítio:
algumas plantas de jardim;
circundante:
cafeeiros, laranjeiras e
bananeiras.
Tipo de solo:
no sítio:
areno-argiloso;
circundante:
arenoso.
Ocupação atual no sítio:
incorporado ao pátio da residência na qual está contíguo.
Artefatos na superfície:
nenhum encontrado.
Erosão:
pelas águas da chuva.
Vestígios arquitetônicos evidentes:
restos de uma das paredes e alicerces.
Altura máxima destes vestígios:
1 metro e 60 centímetros.
Proximidade com construções modernas:
80 metros. A residência junto ao sítio é bem
antiga, podendo ter sido construída na mesma época do engenho.
Escavações anteriores:
desconhecidas.
Situação atual do sítio:
apresenta-se pouco conservado. Sobre parte dele, foi
construída uma cobertura com telhas de barro, utilizada atualmente para abrigar
materiais. Está incorporado à residência cuja parede lateral direita fazia parte do
engenho, o que pode indicar que os dois espaços foram construídos na mesma época.
Por estar incorporado ao pátio da casa, constitui-se em área de caminhamento,
sofrendo varreduras constantes. Este hábito pode ter comprometido o piso superficial
de ocupação, pois o solo é bastante arenoso.
P
ossibilidades de destruição:
a casa junto ao sítio apresenta várias rachaduras e sua
proprietária teme seu desabamento a qualquer momento. Caso isto aconteça,
certamente o que resta do sítio será destruído numa possível reconstrução da casa.
INFORMAÇÕES ORAIS SOBRE O SÍTIO Nº FLN-044
Tipo de engenho:
de farinha de mandioca.
225
Técnica construtiva:
alicerces e paredes de alvenaria de pedras argamassadas com
cobertura de telhas de barro tipo capa e canal em duas águas. O piso era de chão
batido.
Tipo de maquinário:
de cangalha, movido à tração animal.
Época de abandono:
meados da década de 1970
Motivo do abandono:
falta de mão de obra.
Proprietário(s) durante o funcionamento do engenho (em ordem cronológica)
: Joaquim
Antônio da Silveira, José Gonçalves da Silveira.
Proprietário(a) atual do terreno:
Maria Rosalina da Silveira.
Endereço:
Rodovia Luiz Antônio M. Gonzaga, nº 4.443, Rio Tavares, Distrito da
Lagoa.
Informante:
a proprietária.
Idade:
84 anos.
Endereço
: o mesmo.
Presenciou o funcionamento do engenho?
Sim (trabalhou no engenho).
Entrevistador:
Osvaldo Paulino da Silva.
A parede lateral da casa ainda conserva as marcas deixadas pelo desmonte do
enge
nho.
Local e data:
Rio Tavares, 16 de maio de 1995.
226
CADASTRO DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DE ENGENHOS NA PARTE SUL
DA ILHA DE SANTA CATARINA, MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS-SC
Nome do Sítio:
Engenho do João Sinfrônio.
FLN-045
Localização:
Rio Tavares.
Distrito:
da Lagoa.
Ponto de referência:
o sítio localiza-se ao final de um caminho cujo início localiza-se
no primeiro entroncamento existente ao lado direito da rua Pau-de-canela, no sentido
Rio Tavares - Praia do Campeche.
Coordenadas Geográficas:
27º 39’ de latitude sul e 48º 29º de longitude oeste.
Dimensões do sítio:
10 por 12 metros.
Distância de curso d’água:
20 metros de um córrego.
Tipo de vegetação predominante:
no sítio:
não há;
circundante:
gramíneas.
Tipo de solo:
no sítio:
argiloso;
circundante:
arenoso.
Ocupação atual no sítio:
atividades ligadas à produção de farinha de mandioca.
Erosão:
não há.
Proximidade com construções modernas:
70 metros
Escavações anteriores:
desconhecidas.
Situação atual do sítio:
o engenho que compõe o sítio encontra-se em funcionamento,
produzindo farinha de mandioca nos meses de junho e julho. O maquinário antigo, do
tipo cangalha, movido pela força do boi, foi substituído por um de polias, movido
por motor elétrico. O forno continua o mesmo, não sendo alterado com a inclusão do
sistema moderno. As atividades de raspagem da raiz de mandioca ainda são efetuadas
no chão, sobre a superfície de terra argilosa batida, na entrada da porta principal. No
interior do engenho uma prensa de esmagamento da massa da mandioca de três
fusos, um cocho de recepção da massa sevada e outro da massa peneirada, todos de
madeira e vários objetos ligados às lides do engenho. Junto à parede dos fundos
uma divisória que separa um pequeno dormitório do resto do engenho. Sua arquitetura
possui uma forma incomum na cobertura, em relação os demais engenhos: é
composta por telhas de barro
tipo capa e canal, mas em “quatro águas”, contrariando a maneira tradicional
de
construir engenhos em apenas “duas águas Segundo seu proprietário, que o
construiu em 1949, o modelo de cobertura em quatro águas foi a melhor solução
encontrada para resolver o problema dos fortes ventos que sopram no local. Suas
227
paredes externas encontram-se deterioradas, devido à ão do tempo na pasta de
barro existente entre as varas trançadas.
Técnica construtiva
: Os alicerces e pilares foram construídos em alvenaria de pedras
argamassadas e as paredes, de pau-a-pique com piso de chão batido. As aberturas
foram construídas de tábuas planas.
Possibilidades de destruição:
não há.
INFORMAÇÕES ORAIS SOBRE O SÍTIO Nº FLN-045
Proprietários atuais do engenho:
João Sinfrônio Pereira e Aparício Sinf
rônio Pereira.
Endereço:
Servidão Batuel Cunha, s/nº, Rio Tavares, Distrito da Lagoa.
Informante:
João Sinfrônio Pereira.
Idade:
73 anos.
Endereço
: o mesmo.
Entrevistador:
Osvaldo Paulino da Silva.
Para seu proprietário, a construção do engenho em quatro águas foi a
melhor solução para protegê-lo dos fortes ventos. As paredes de pau-a-pique eram
uma
solução econômica para a construção.
Local e data:
Rio Tavares, 16 de maio de 1995.
228
CADASTRO DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DE ENGENHOS NA PARTE SUL
DA ILHA DE SANTA CATARINA, MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS-SC
Nome do Sítio:
Engenho do Adão.
FLN-046
Localização:
Rio Tavares.
Distrito:
da Lagoa.
Ponto de referência:
Rua Pau-de-
canela, junto à residência 198.
Coordenadas Geográficas:
27º 39’ de latitude sul e 48º 29’ de lo
ngitude oeste.
Dimensões do sítio:
8 por 12 metros.
Distância de curso d’água:
30 metros de um córrego.
Tipo de vegetação predominante:
no sítio:
herbáceas;
circundante:
herbáceas.
Tipo de solo:
no sítio:
arenoso;
circundante:
arenoso.
Ocupação atual no sítio:
uma pequena horta.
Artefatos na superfície:
nenhum encontrado.
Erosão:
pelas águas da chuva.
Vestígios arquitetônicos evidentes:
restos dos alicerces e um pilar.
Altura máxima destes vestígios:
2,70 metros.
Proximidade com construções modernas:
2 metros
Escavações anteriores:
desconhecidas.
Situação atual do sítio:
encontra-se bastante destruído. Seus alicerces acham-se muito
próximos de uma casa de madeira. Esta pode ter sido construída sobre parte do sítio.
Sobre sua superfície, uma horta envolvendo o único pilar de alvenaria de pedras e
tijolos argamassados, provenientes do antigo engenho. Parte do sítio que não está
incluída na horta, acha-se na área do pátio da residência, uma área de caminhadas e
varreduras constantes.
Possibilidades de destruição:
o que resta do sítio está seriamente comprometido pela
erosão, atividades agrícolas, varreduras periódicas e caminhadas. Além disto, o
terreno onde encontra-se, es à venda, o que pode comprometer ainda mais sua
conservação.
INFORMAÇÕES ORAIS SOBRE O SÍTIO Nº FLN-046
Tipo de engenho:
de farinha de mandioca.
229
Técnica construtiva:
alicerces de alvenaria de pedras argamassadas, pilares de
alvenaria de pedras e tijolos argamassados e rebocados e paredes de pau-a-pique. A
cobertura era de telhas de barro
tipo capa e canal e o piso, de chão batido.
Tipo de maquinário:
de cangalha, movido à tração animal.
Época de abandono:
década de 1960.
Motivo do abandono:
desconhecido.
Proprietário(s) durante o funcionamento do engenho (em ordem cronológica)
: Manoel
Martins da Rocha, Manoel Laureano.
Proprietário atual do terreno:
Basílio Pedro da Costa.
Endereço:
Rua Pau-de-canela, nº 198, Rio Tavares, Distrito da Lagoa.
Informante:
Aparício Sinfrônio Pereira.
Idade:
71 anos.
Endereço
: Rua Pau-de-canela, s/nº, Rio Tavares, Distrito da Lago
a.
Presenciou o funcionamento do engenho?
Sim.
Entrevistador:
Osvaldo Paulino da Silva.
A cerca de varas de bambus indica o local da horta construída sobre o sítio e a
placa de venda da propriedade, a incertez
a quanto à conservação do sítio.
Local e data:
Rio Tavares, 20 de maio de 1995.
230
CADASTRO DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DE ENGENHOS NA PARTE SUL
DA ILHA DE SANTA CATARINA, MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS-SC
Nome do Sítio:
Engenho do João Doca.
FLN-047
Localização:
Campeche.
Distrito:
da Lagoa
Ponto de referência:
o sítio localiza-se no final de uma servidão sem nome cujo início
situa-
se na Rodovia Pequeno Príncipe, ao lado direito do nº 1.869.
Coordenadas Geográficas:
27º 40’ de latitude sul e 48º 29’ de longitude oeste.
Dimensões do sítio:
6 por 15 metros.
Distância de curso d’água:
40 metros de um poço.
Tipo de vegetação predominante:
no sítio:
não há
circundante:
herbáceas.
Tipo de solo:
no sítio:
argiloso;
circundante:
arenoso.
Ocupação atual no sítio:
depósito de materia
is.
Artefatos na superfície:
vários objetos estranhos ao engenho. Os utensílios ligados à
produção de farinha de mandioca, juntamente com o maquinário foram
vendidos.
Erosão:
não há.
Proximidade com construções modernas:
50 metros.
Escavações anteriores:
desconhecidas.
Situação atual do sítio:
o engenho que compõe o sítio encontra-se intacto, porém
desativado. Serve atualmente apenas para guarda de alguns materiais agrícolas e
ração para o gado. Está assentado numa planície arenosa com extensão até o mar,
cuja área está sendo tomada por várias construções modernas, implantadas em
pequenos lotes. Apenas parte da propriedade anteriormente ligada ao engenho ainda
continua livre.
Técnica construtiva:
alicerces de alvenaria de pedras argamassadas e paredes frontal e
uma das laterais de alvenaria de tijolos maciços argamassados e rebocadas. As
paredes do fundo e uma lateral são de tábuas planas. A cobertura é em duas águas,
com telhas de barro tipo capa e canal. O piso ainda conserva o chão batido. As
aberturas são de tábuas planas. Na residência contígua ao engenho, não houve a
inclusão de tábuas nas paredes, conservando-
se os tijolos argamassados e rebocados..
Possibilidades de destruição:
a área onde encontra-se o sítio é bem valorizada,
podendo ser vendida e receber novas construções que fatalmente levarão à demolição
do engenho.
INFORMAÇÕES ORAIS SOBRE O SÍTIO Nº FLN-047
231
Tipo de engenho:
de farinha de mandioca.
Tipo de maquinário:
de cangalha, movido por tração animal.
Época de abandono:
início da década de
1980.
Motivo do abandono:
Aposentadoria do proprietário e posterior venda do “monte”.
Proprietário(s) durante o funcionamento do engenho (em ordem cronológica)
: João
Alexandrino Daniel (João Doca).
Proprietário atual do terreno:
o mesmo.
Endereço:
Rodovia Pequeno Príncipe, s/nº, Campeche, Distrito da Lagoa.
Informante:
João Alexandrino Daniel Idade
:
81 anos.
Endereço
: o mesmo.
Presenciou o funcionamento do engenho?
Sim.
Entrevistador:
Osvaldo Paulino da Silva.
O rancho do engenho ainda intacto, com a residência acoplada ao seu lado
esquerdo.
Observações:
segundo seu proprietário, o maquinário e seus acessórios foram vendidos
para uma exposição cultural temporária no centro da cidade de Florianópolis.
Local e data:
Campeche, 25 de maio de 1995.
232
CADASTRO DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DE ENGENHOS NA PARTE SUL
DA ILHA DE SANTA CATARINA, MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS-SC
Nome do Sítio:
Engenho do João Antônio.
FLN-048
Localização:
Campeche.
Distrito:
da Lagoa.
Ponto de referência:
Rodovia Pequeno Príncipe, junto à casa 1.193.
Coordenadas Geográficas:
27º 40’ de latitude sul e 48º 29’ de longitude oeste.
Dimensões do sítio: 7 por 10 metros.
Distância de curso d’água:
30 metros de uma nascente.
Tipo de vegetação:
no sítio:
capoeirinha;
circundante:
capoeirinha.
Tipo de solo:
no sítio:
areno-argiloso;
circundante:
arenoso.
Ocupação atual no sítio:
um pequeno galinheiro.
Artefatos na superfície:
nenhum encontrado.
Erosão:
imperceptível.
Vestígios arquitetônicos evidentes:
restos de parede e dos alicerces.
Altura máxima destes vestígios:
1 metro.
Proximidade com construções modernas:
100 metros.
Escavações anteriores:
desconhecidas.
Situação atual do sítio:
encontra-se contíguo à residência do proprietário do terreno,
uma casa bem antiga, provavelmente construída à mesma época do engenho. Está
coberto por vegetação arbustiva e alguns limoeiros, que escondem parte de seus
vestígios arquitetônicos, um resto de parede alinhado ao fundo da residência e os
alicerces, todos de alvenaria de pedras argamassadas. Do sítio até a rodovia citada,
percorre-
se 200 metros, dentro da mesma propriedade.
Possibilidades de destruição:
o sítio não apresenta riscos de destruição imediatos.
Observações:
O proprietário do terreno pensa em restaurar a casa junto ao sítio e
manter os vestígios do engenho como estão, em memória ao seu pai que construiu o
engenho.
INFORMAÇÕES ORAIS SOBRE O SÍTIO Nº FLN-048
Tipo de engenho:
de farinha de mandioca.
233
Técnica construtiva:
alicerces e paredes de alvenaria de pedras argamassadas à meia
altura, complementadas por paredes de pau-a-pique até o teto e sustentadas por
pilares de alvenaria de pedras argamassadas. A cobertura era de telhas de barro tipo
capa e canal em duas águas e o piso, de chão batido.
Tipo de maquinário:
de cangalha, movido à tração animal.
Época de abandono:
1950.
Motivo do abandono:
o proprietário do engenho adoeceu,
falecendo em seguida.
Proprietário(s) durante o funcionamento do engenho (em ordem cronológica)
: João
Antônio da Silveira.
Proprietário atual do terreno:
Imídio João da Silveira.
Endereço:
Rodovia Pequeno Príncipe, 1.193 - Campeche, Distrito d
a Lagoa.
Informante:
o proprietário do terreno.
Idade:
63 anos.
Endereço
: o mesmo.
Presenciou o funcionamento do engenho?
Sim.
Entrevistador:
Osvaldo Paulino da Silva.
Local
do antigo engenho, contíguo à residência do proprietário do terreno.
Local e data:
Campeche, 25 de maio de 1995.
234
CADASTRO DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DE ENGENHOS NA PARTE SUL
DA ILHA DE SANTA CATARINA, MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS-SC
Nome do Sítio:
Engenho do Zé Vieira.
FLN-049
Localização:
Campeche.
Distrito:
da Lagoa.
Ponto de referência:
Rodovia Pequeno Príncipe, ao fundo da casa 799. O acesso ao
sítio é feito por uma servidão particular.
Coordenadas Geográficas:
27º 40’ de latitude sul e 48º 29’ de longitude oeste.
Dimensões do sítio:
7 por 10 metros.
Distância de curso d’água:
50 metros de um poço.
Tipo de vegetação:
no sítio:
cana de açúcar;
circundante:
árvores frutíferas.
Tipo de solo:
no sítio:
arenoso;
circundante:
arenoso.
Ocupação atual no sítio:
práticas agrícolas..
Artefatos na superfície:
nenhum encontrado.
Erosão:
imperceptível.
Vestígios arquitetônicos evidentes:
resto de alicerce.
Altura máxima destes vestígios:
ao rés do chão.
Proximidade com construções modernas:
100 metros.
Escavações anteriores:
desconhecidas.
Situação atual do sítio:
localiza-se numa chácara, contíguo a uma casa bastante antiga,
semelhante ao sítio “Engenho do João Antônio”. O sítio foi bastante destruído e
seus vestígios constituem-se apenas de restos do alicerce onde teria sido a parede
frontal. Toda a superfície do sítio encontra-se coberto por uma roça de cana de
açúcar. A casa ao seu lado, que completa o conjunto “engenho e residência” está
desmoronando.
Possibilidades de destruição:
o que resta do sítio pode ser comprometido pelo
desmoronamento da casa, além da agricultura praticada na sua superfície.
INFORMAÇÕES ORAIS SOBRE O SÍTIO Nº FLN-049
Tipo de engenho:
de farinha de mandioca.
235
Técnica construtiva:
alicerces e pilares de alvenaria de pedras argamassadas e
paredes de pau-a-pique, com cobertura de telhas de barro tipo capa e canal. O piso
era de chão batido.
Tipo de maquinário:
de cangalha, movido a tração animal.
Época de abandono:
desconhecida.
Motivo do abandono:
desconhecido.
Proprietário(s) durante o funcionamento do engenho (em ordem cronológica)
:
Alexandre Vieira Pamplona, José Alexandr
e Vieira, Batuel Apolônio da Cunha.
Proprietário atual do terreno:
Mário Germano Laureano.
Endereço:
Rodovia SC-
405, nº 990, Rio Tavares, Distrito da Lagoa.
Informante:
o proprietário do terreno.
Idade:
68 anos.
Endereço
: o mesmo.
Presenciou o funcionamento do engenho?
Não.
Entrevistador:
Osvaldo Paulino da Silva.
Em 1º plano a casa em desmoronamento e ao seu lado esquerdo, o sítio junto às
árvores.
Local e data:
Campeche, 25 de maio de 1995.
236
CADASTRO DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DE ENGENHOS NA PARTE SUL
DA ILHA DE SANTA CATARINA, MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS-SC
Nome do Sítio:
Engenho do Romeu Antunes.
FLN-050
Localização:
Rio Tavares.
Distrito:
da Lagoa.
Ponto de referência:
Servidão Romeu Joaquim Antunes, ao fundo da residência 173.
O local é conhecido como “Fazenda do Rio Tavares”.
Coordenadas Geográficas:
27º 40’ de latitude sul e 48º 30’ de longitude oeste.
Dimensões do sítio:
7 por 12 metros.
Distância de curso d’água:
25 metros de um poço.
Tipo de vegetação:
no sítio:
não há;
circundante:
herbáceas.
Tipo de solo:
no sítio:
areno-argiloso;
circundante:
arenoso.
Ocupação atual no sítio:
garagem.
Artefatos na superfície:
nenhum encontrado.
Erosão:
não há.
Vestígios arquitetônicos evidentes:
restos dos alicerces e pilares.
Altura máxima destes vestígios:
2,50 metros.
Proximidade com construções modernas:
10 metros.
Escavações anteriores:
desconhecidas.
Situação atual do sítio:
apresenta-se em razoável estado de conservação. Sobre sua
superfície foi levantado um rancho com os materiais provenientes da demolição
parcial do engenho. Alguns dos pilares foram conservados, servindo atualmente para
sustentar o rancho, que funciona como garagem. Contígua ao engenho, havia uma
casa que servia de moradia ao seu proprietário.
Possibilidades de destruição:
numa eventual continuação da servidão que termina
defronte ao sítio, este seria arrasado.
Observações:
a proprietária do terreno onde se encontra o sítio possui 4 fotografias do
engenho ainda intacto, tomadas no ano de 1980.
INFORMAÇÕES ORAIS SOBRE O SÍTIO Nº FLN-050
Tipo de engenho:
de farinha de mandioca.
237
Técnica construtiva:
paredes frontal e laterais de alvenaria de pedras argamassadas e
parede do fundo de pau-a-pique. A cobertura era de telhas de barro tipo capa e canal
em duas águas e o piso, de chão batido.
Tipo de maquinário:
de cangalha, movido à tração animal.
Época de abandono:
1977.
Motivo do abandono:
Falta de mão de obra, ocasionada por enfermidade do último
proprietário.
Proprietário(s) durante o funcionamento do engenho (em ordem cronológica)
: José
Barcelos, Joaquim Margarida e Romeu Joaquim Antunes.
Proprietário(a) atual do terreno:
Alzira Antunes (viúva de Romeu Joaquim Antunes).
Endereço:
Servidão Romeu Joaquim Antunes, 173, Rio Tavares, Distrito da Lagoa.
Informante:
a proprietária.
Idade:
71 anos.
Endereço
: o mesmo.
Presenciou o funcionamento do engenho?
Sim (trabalhou no engenho).
Entrevistador:
Osvaldo Paulino da Silva.
Na garagem construída sobre o sítio, foram usados os pilares e telhas do
engenho.
Local e data:
Rio Tavares, 29 de maio de 1995.
238
CADASTRO DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DE ENGENHOS NA PARTE SUL
DA ILHA DE SANTA CATARINA, MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS-SC
Nome do Sítio:
Engenho da Fazenda do Betinho.
FLN-051
Localização:
Rio Tavares.
Distrito:
da Lagoa.
Ponto de referência:
o sítio encontra-se a 30 metros da Rodovia SC-405, na
propriedade de 2.520, num local conhecido como “Fazenda do Rio Tavares”.
Coordenadas Geográficas:
27º 41’ de latitude sul e 48º 30’ de longitude oeste.
Dimensões do sítio:
4 por 6 metros.
Distância de curso d’água:
50 metros de um poço.
Tipo de vegetação:
no sítio:
capim cultivado;
circundante:
herbáceas.
Tipo de solo:
no sítio:
arenoso;
circundante:
arenoso.
Ocupação atual do sítio:
práticas agrícolas.
Artefatos na superfície:
nenhum encontrado.
Erosão:
não há.
Vestígios arquitetônicos evidentes:
nenhum.
Proximidade com construções modernas:
50 metros.
Escavações anteriores:
desconhecidas.
Situação atual do tio:
atualmente, restam poucos vestígios do engenho. São alguns
restos de materiais construtivos - fragmentos de telhas de barro, de tijolos e algumas
pedras irregulares - e uma pequena elevação no local onde teria sido construído o
engenho, segundo o proprietário do terreno. O sítio está parcialmente coberto pela
vegetação.
Possibilidades de destruição:
a prática agrícola efetuada sobre a superfície arenosa do
sítio pode ter com
prometido seriamente a camada de ocupação superficial.
INFORMAÇÕES ORAIS SOBRE O SÍTIO Nº FLN-051
Tipo de engenho:
de farinha de mandioca.
239
Técnica construtiva:
alicerces e paredes de alvenaria de pedras argamassadas com
cobertura de telhas de barro tipo capa e canal em duas águas. O piso era de chão
batido.
Tipo de maquinário:
de cangalha, movido à tração animal.
Época de abandono:
desconhecida.
Motivo do abandono:
desconhecido.
Proprietário(s) durante o funcionamento do engenho (em ordem cronológica)
: Silvio
Naipo.
Proprietário atual do terreno:
Norberto Becker.
Endereço:
Rodovia SC-
405, nº 2.520, Rio Tavares, Distrito da Lagoa.
Informante:
o proprietário do terreno
Idade:
73 anos.
Endereço
: o mesmo.
Presenciou o funcionamento do engenho?
Não.
Entrevistador:
Osvaldo Paulino da Silva
O sítio localiza-
se sob ao lado dos eucaliptos, sob a plantação de capim.
Observações:
quando o atual proprietário comprou o terreno em 1975, o engenho
estava abandonado, porém intacto.
Local e data:
Rio Tavares, 30 de maio de 1995.
240
CADASTRO DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DE ENGENHOS NA PARTE SUL
DA ILHA DE SANTA CATARINA, MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS-SC
Nome do Sítio:
Engenho do Laranjal.
FLN-052
Localização:
Rio Tavares.
Distrito:
da Lagoa.
Ponto de referência:
o sítio está localizado a 60 metros da Rodovia SC-405, ao lado da
casa 3.778.
Coordenadas geográficas:
27º 41’ de latitude sul e 48º 30’ de longitude oeste.
Dimensões do sítio:
8 por 14 metros.
Distância de curso d’água:
20 metros de um poço.
Tipo de vegetação:
no sítio:
capoeirinha;
circundante:
árvores frutíferas.
Tipo de solo:
no sítio:
arenoso;
circundante:
arenoso.
Ocupação atual no sítio:
não há.
Artefatos na superfície:
a maioria dos artefatos que compunham o engenho ainda
encontram-se no seu devido lugar: roda dentada, chapa do forno, almanjarra, cochos,
prensa de mandioca, fusos, moenda de cana, etc.(não coletados).
Erosão:
não há.
Vestígios arquitetônicos evidentes:
alicerces e pilares de pedras argamassadas e
parede frontal de tijolos maciços (intacta).
Altura máxima destes vestígios:
2 metros e meio.
Proximidade com construções modernas:
20 metros.
Escavações anteriores:
desconhecidas.
Situação atual do sítio:
o sítio encontra-se parcialmente coberto pela vegetação.
Apenas o local onde estão os vestígios dos alicerces de uma construção, contígua ao
engenho aparecem descobertos. Os artefatos abandonados mesclam-se com o mato. A
parede frontal, de tijolos maciços, parece ter sido incorporada após a construção do
engenho. Segundo proprietário do terreno, o engenho era originalmente construído
com paredes de pau-a-pique. A presença de janelas tipo “veneziana” junto à parede
frontal sugere reformas sofridas pelo engenho. Os artefatos de madeira acham-se em
péssimo estado de conservação.
Possibilidades de destruição:
não há. O proprietário pensa inclusive, em restaurar o
engenho.
INFORMAÇÕES ORAIS SOBRE O SÍTIO Nº FLN-052
Tipo de engenho:
de farinha de mandioca e deúcar.
241
Técnica construtiva:
alicerces e pilares de alvenaria de pedras argamassadas e
paredes de pau-a-pique. Mais tarde, a parede frontal foi substituída por uma parede de
tijolos maciços. A cobertura era de telhas de barro tipo capa e canal e o piso, de chão
batido.
Tipo de maquinário:
de cangalha na produção de farinha e moenda de eixos verticais
na produção de açúcar, todos movidos à tração animal.
Época de abandono:
metade da década de 1960.
Motivo do abandono:
falta de mão de obra especializada.
Proprietário(s) durante o funcionamento do engenho (em ordem cronológica)
: João da
Cruz e José João Vieira.
Proprietário atual do terreno:
Braulino João Vieira.
Endereço:
Rodovia SC-
405, ao lado do nº 3.778, Rio Tavares, Distrito da Lagoa.
Informante:
o proprietário do terreno.
Idade:
63 anos.
Endereço
: o mesmo.
Presenciou o funcionamento do engenho?
Sim (trabalhou no engenho).
Entrevistador:
Osvaldo Pauli
no da Silva.
A parede frontal, construída posteriormente com tijolos maciços ainda está
intacta.
Local e data:
Rio Tavares, 30 de maio de 1995.
242
CADASTRO DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DE ENGENHOS NA PARTE SUL
DA ILHA DE SANTA CATARINA, MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS-SC
Nome do Sítio:
Engenho do José Elias Lopes.
FLN-053
Localização:
Alto Ribeirão.
Distrito:
da Lagoa.
Ponto de referência:
o sítio localiza-se à margem do trevo de acesso à localidade de
Morro das Pedras, no início da Rodovia SC-406, junto à casa nº 3
2.
Coordenadas Geográficas:
27º 42’ de latitude sul e 48º 30’ de longitude oeste.
Dimensões do sítio:
6 por 10 metros.
Distância de curso d’água:
20 metros de uma nascente.
Tipo de vegetação:
no sítio:
herbáceas;
circundante:
bananeiras.
Tipo de solo:
no sítio:
areno-argiloso;
circundante:
areno-
argiloso.
Ocupação atual no sítio:
um jardim e um pequeno rancho de madeira.
Artefatos na superfície:
nenhum encontrado.
Erosão:
pelas águas da chuva.
Vestígios arquitetônicos evidentes:
restos dos alicerces e um pilar.
Altura máxima destes vestígios:
1,80 metro.
Proximidade com construções modernas:
0,50 metro
Escavações anteriores:
desconhecidas.
Situação atual do sítio:
apresenta-se bastante destruído. Sobre sua superfície foi
construído um pequeno rancho de madeira. O restante da área é ocupado atualmente
por um jardim. Está situado a 4 metros da rodovia, contíguo à residência da
proprietária do terreno onde se encontra. Ainda é possível observar juntos aos
alicerces de alvenaria de pedras argamassadas, alguns troncos provenientes do
desmoronamento do madeiramento superior. Um dos pilares do antigo engenho,
também de alvenaria de pedras argamassadas, encontra-se intacto, junto a uma
plantação de bananeiras bem próxima do sítio.
Possibilidades de destruição:
sua proximidade com a residência e com a rodovia
oferece riscos quanto a sua conservação.
INFORMAÇÕES ORAIS SOBRE O SÍTIO Nº FLN-053
Tipo de engenho:
de farinha de mandioca.
243
Técnica construtiva:
alicerces e pilares de alvenaria de pedras argamassadas e
paredes de pau-a-pique. A cobertura era de telhas de barro tipo capa e canal e o piso,
de chão batido.
Tipo de maquinário:
de cangalha, movido à tração animal.
Época de abandono:
início da década de 1980.
Motivo do abandono:
morte do último proprietário.
Proprietário(s) durante o funcionamento do engenho (em ordem cronológica)
: Elias
Ludovino Lopes, José Elias Lopes.
Proprietário(a) atual do terreno:
Olindina Maria Lopes (viúva do último proprietário).
Endereço:
Rodovia SC-406, 32 -
Alto Ribeirão, Distrito da Lagoa.
Informante:
José Elias Lopes Filho.
Idade:
48 anos.
Endereço
: Rodovia SC-406, 83 -
Alto Ribeirão, Distrito da Lagoa.
Presenciou o funcionamento do engenho?
Sim (trabalhou no engenho).
Entrevistador:
Osvaldo Paulino da Silva.
O sítio localiza-se entre a casa e a plantação de bananeiras, sob o pequeno
rancho.
Local e data:
Alto Ribeirão, 06 de junho de 1995.
244
CADASTRO DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DE ENGENHOS NA PARTE SUL
DA ILHA DE SANTA CATARINA, MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS-SC
Nome do Sítio:
Engenho do Quininho.
FLN-054
Localização:
Alto Ribeirão.
Distrito:
da Lagoa.
Ponto de referência:
Rodovia Baldissero Filomeno, ao fundo da casa 21 e junto ao
trevo de acesso à localidade de Morro das Pedras.
Coordenadas Geográficas:
27º 42’ de latitude sul e 48º 30’ de longitude oeste.
Dimensões do sítio:
6 por 10 metros.
Distância de curso d’água:
25 metros de um antigo poço.
Tipo de vegetação predominante:
no sítio:
não há;
circundante:
árvores frutíferas.
Tipo de solo:
no sítio:
argiloso;
circundante:
areno-argiloso.
Ocupação atual no sítio:
depósito.
Erosão:
junto aos alicerces laterais, pelas águas da chuva.
Proximidade com construções modernas:
junto a uma residência.
Escavações anteriores:
desconhecidas.
Situação atual do sítio:
o engenho que compõe o tio encontra-se parcialmente intacto,
com parte do telhado e da parede frontal desmoronados. No seu interior acha-se o
maquinário de produção de farinha de mandioca, além de outros artefatos, como a
prensa da massa de mandioca com três fusos e dois cochos de madeira, estes últimos
em péssimo estado de conservação. também uma grande variedade de materiais
descartados, como restos de móveis, garrafas, latas, lenhas, utensílios plásticos, tábuas
e ripas de madeira e fragmentos de telhas provenientes do desmoronamento parcial.
Junto à parede frontal do engenho, foi construída uma residência de alvenaria de
tijolos argamassados, cobrindo-o parcialmente.
Técnica construtiva:
os alicerces e pilares foram construídos de alvenaria de pedras
argamassadas, com paredes e aberturas de tábuas planas. O piso, de chão batido e a
cobertura, de telhas de barro tipo capa e canal. As paredes de tábuas planas fazem
parte de um recurso moderno, incorporado ao engenho. Substituíram as tradicionais
paredes de
pau-a-pique.
Possibilidades de destruição:
o engenho está desmoronando e o proprietário não possui
recursos para sua conservação. Por outro lado, a proximidade com uma residência
torna-o um obstáculo à área livre da casa, podendo ser removido a qualquer momento.
245
INFORMAÇÕES ORAIS SOBRE O SÍTIO Nº FLN-054
Tipo de engenho:
de farinha de mandioca.
Tipo de maquinário:
polias movidas por motor elétrico.
Época de abandono:
1990.
Motivo do abandono:
adoecimento do proprietário.
Proprietário(s) durante o funcionamento do engenho (em ordem cronológica)
: Manoel
Francisco Cordeiro e Manoel Cordeiro dos Santos.
Proprietário atual do terreno:
Manoel Cordeiro dos Santos.
Endereço:
Rodovia Baldissero Filomeno, 101, Alto Ribeirão, Distrito da lagoa.
Informante:
Manoel Cordeiro dos Santos (Quininho).
Idade:
79 anos.
Endereço
: o mesmo.
Presenciou o funcionamento do engenho?
Sim.
Entrevistador:
Osvaldo Paulino da Silva.
O engenho parcialmente encoberto por uma casa construída junto a sua
fachada.
Local e data:
Alto Ribeirão, 06 de junho de 1995.
246
CADASTRO DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DE ENGENHOS NA PARTE SUL
DA ILHA DE SANTA CATARINA, MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS-SC
Nome do Sítio:
Engenho da Casa Grande.
FLN-059
Localização:
Costeira do Ribeirão.
Distrito:
Ribeirão da Ilha.
Ponto de referência:
Rodovia Baldissero Filomeno, ao lado da casa 11.789, uma
construção do século XIX, conhecida na localidade como “Casa Grande”.
Coordenadas Geográficas:
27º 45’ de latitude sul e 48º 33’ de longitude o
este.
Dimensões do sítio:
7 por 15 metros.
Distância de curso d’água:
30 metros de um córrego.
Tipo de vegetação predominante:
no sítio:
não há.
circundante:
gramíneas.
Tipo de solo:
no sítio:
argiloso;
circundante:
areno-argiloso.
Ocupação atual no sítio:
nenhuma.
Erosão:
não há.
Proximidade com construções modernas:
15 metros.
Escavações anteriores:
desconhecidas.
Situação atual do sítio:
o engenho que compõe o sítio encontra-se bem conservado, com
sua arquitetura intacta, porém desativado. Os artefatos ligados à produção de farinha
de mandioca e de café acham-se no local, inclusive seus maquinários, todos de
madeira e em bom estado de conservação, com possibilidades de reutilização. Estes
estão postos lateralmente um ao outro, justificando os 15 metros de largura do
engenho. A produção de farinha era feita pelo maquinário denominado cangalha. Para
descascar o café, era utilizado um carretel giratório sobre uma base circular. Os dois
eram movidos à tração animal.
Técnica construtiva:
apresenta-se de forma mesclada: os alicerces e parte da parede
frontal são de alvenaria de pedras argamassadas, os pilares e o restante da parede
frontal, de alvenaria de tijolos maciços argamassados e as paredes laterais e dos
fundos, de alvenaria de tijolos argamassados até meia altura, continuando em tábuas
planas, que também são utilizadas nas aberturas. O piso conserva o chão batido e a
cobertura, telhas
de barro tipo capa e canal em duas águas.
Possibilidades de destruição:
não há.
247
INFORMAÇÕES ORAIS SOBRE O SÍTIO Nº FLN-059
Proprietário(s) durante o funcionamento do engenho (em ordem cronológica)
:
conhecido apenas por “Clemente”.
Época de abandono:
final da década de 1970
Motivo do abandono:
venda do terreno.
Proprietário atual do terreno:
José Espíndola.
Endereço:
Rodovia Baldissero Filomeno, 11.789, Costeira do Ribeirão, Distrito de
Ribeirão da Ilha.
Informante:
Waldemiro Martins Venâncio Filho (Bilo).
Idade:
66 anos.
Endereço
: Rodovia Baldissero Filomeno, 11.949, Costeira do Ribeirão, Distrito de
Ribeirão da Ilha.
Presenciou o funcionamento do engenho?
Sim.
Entrevistador:
Osvaldo Paul
ino da Silva.
O rancho do engenho bem conservado, com acréscimo de tijolos maciços e
tábuas planas, contrastando com a velha parede de alvenaria de pedras
argamassadas.
Local e data:
Costeira do Ribeirão, 13 de junho de 1995.
248
CADASTRO DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DE ENGENHOS NA PARTE SUL
DA ILHA DE SANTA CATARINA, MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS-SC
Nome do Sítio:
Engenho do Bilo.
FLN-060
Localização:
Costeira do Ribeir
ão.
Distrito:
Ribeirão da Ilha.
Ponto de referência:
o sítio localiza-se a 50 metros da Rodovia Baldissero Filomeno, ao
fundo da casa nº 11.949. Distante 150 metros do sítio “Engenho da Casa Grande”.
Coordenadas Geográficas:
27º 45’ de latitude sul e 48º 33’ de longitude oeste.
Dimensões do sítio:
7 por 15 metros.
Distância de curso d’água:
30 metros de um córrego.
Tipo de vegetação predominante:
no sítio:
não há.
circundante:
herbáceas.
Tipo de solo:
no sítio:
argiloso;
circundante:
areno-argiloso.
Ocupação atual no sítio:
nenhuma.
Erosão:
não há.
Proximidade com construções modernas:
20 metros.
Escavações anteriores:
desconhecidas.
Situação atual do sítio:
o engenho que compõe o sítio está parcialmente intacto. O
rancho abrigava o maquinário de produção de farinha de mandioca e o de açúcar,
lateralmente dispostos. A parte do rancho referente à produção de açúcar, 40%,
ruiu totalmente e nada mais resta além dos alicerces, da cumeeira e de um pilar de
alvenaria de tijolos argamassados responsável pela sua sustentação. O terreno foi
parcelado exatamente entre os dois maquinário e hoje existe um muro de tijolos no
local. A parte referente à produção de farinha encontra-se intacta, mas sem o
maquinário, tendo apenas alguns utensílios de madeira, apodrecidos na superfície.
Técnica construtiva:
os alicerces foram construídos de alvenaria de pedras
argamassadas e os pilares, de alvenaria de tijolos argamassados. As paredes e as
aberturas são de tábuas planas e a cobertura, de telhas de barro tipo capa e canal. O
piso ainda conserva o chão batido.
Possibilidades de destruição:
imediata. O proprietário está pensando em demolir o
engenho.
INFORMAÇÕES ORAIS SOBRE O SÍTIO Nº FLN-060
Tipo de engenho:
misto -
de farinha de mandioca e de açúcar.
Tipo de maquinário:
de cangalha, na produção de farinha e moenda de eixos verticais,
na produção de açúcar. Eram movidos à tração animal.
249
Tipo de arquitetura da parte inexistente:
a mesma da parte do rancho que ainda está de
pé.
Época de abandono:
meados da década de 1980
Motivo do abandono:
aposentadoria do proprietário.
Proprietário(s) durante o funcionamento do engenho (em ordem cronológica)
:
Waldemiro Martins Venâncio e Waldemiro Martins Venâncio Filho.
Proprietário atual do terreno:
Waldemio Martins Venâncio Filho (Bilo).
Endereço:
Rodovia Baldissero Filomeno, 11.949, Costeira do Ribeirão, Distrito de
Ribeirão da Ilha.
Informante:
o proprietário do terreno.
Idade:
66 anos.
Endereço
: o mesmo.
Presenciou o funcionamento do engenho?
Sim.
Entrevistador:
Osvaldo Paulino da Silva.
Apenas a parte que produzia farinha está de pé. À direita, onde era produzido
o
açúcar, atualmente passa um muro de tijolos dividindo a propriedade.
Local e data:
Costeira do Ribeirão, 13 de junho de 1995.
250
CADASTRO DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DE ENGENHOS NA PARTE SUL
DA ILHA DE SANTA CATARINA, MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS-SC
Nome do Sítio:
Engenho da Nália.
FLN-061
Localização:
Caiacangaçu.
Distrito:
Ribeirão da Ilha.
Ponto de referência:
o sítio localiza-se a 30 metros da Rodovia Baldissero Filomeno, ao
lado esquerdo do nº 13.931.
Coordenadas Geográficas:
27º46’ d
e latitude sul e 48º 34’ de longitude oeste.
Dimensões do sítio:
7 por 12 metros.
Distância de curso d’água:
10 metros de um córrego.
Tipo de vegetação predominante:
no sítio:
não há;
circundante:
herbáceas.
Tipo de solo:
no sítio:
argiloso.
circundante:
areno-
argiloso.
Ocupação atual no sítio:
nenhuma.
Erosão:
imperceptível.
Proximidade com construções modernas:
contíguo a uma obra.
Escavações anteriores:
desconhecidas.
Situação atual do sítio:
o engenho que compõe o sítio está em bom estado de
conservação, porém desativado. No seu interior ainda acha-se o maquinário de
produção de farinha em condições de funcionamento. É do tipo cangalha, movido pela
força do boi. muitos objetos estranhos ao engenho: 2 beliches, 1 guarda-roupas, 1
armário de parede, 1 tanque de lavar louças. também um banheiro construído
dentro das suas dependências. Estas inovações atestam a utilização do engenho como
residência, num período posterior ao seu abandono. Defronte ao engenho uma
construção moderna inacabada, de alvenaria de tijolos argamassados, ligada aos seus
alicerces.
Técnica construtiva:
alicerces de alvenaria de pedras argamassadas com pilares de
alvenaria de tijolos maciços argamassados. As paredes e as aberturas são de tábuas
planas e o piso conserva a terra batida. A cobertura é de telhas de barro tipo capa e
canal.
Possibilidades de destruição:
o sítio encontra-se comprometido pela construção
contígua ao engenho.
INFORMAÇÕES ORAIS SOBRE O SÍTIO Nº FLN-061
Tipo de engenho:
de farinha
de mandioca.
251
Proprietário(s) durante o funcionamento do engenho (em ordem cronológica)
: Manoel
Adriano Martins.
Época de abandono:
início da década de 1980.
Motivo do abandono:
falta de mão de obra decorrente da morte do pro
prietário.
Proprietário atual do terreno:
Irineu Brasiliano Pereira.
Endereço:
Rodovia Baldissero Filomeno, s/nº, Caiacangaçu, Distrito de Ribeirão da
Ilha.
Informante:
Braulina Martins (filha do proprietário do engenho).
Idade:
59 anos.
Endereço
: Rodovia Baldissero Filomeno, s/nº, Caiacangaçu, Distrito de Ribeirão da
Ilha.
Presenciou o funcionamento do engenho?
Sim.
Entrevistador:
Osvaldo Paulino da Silva.
O engenho corre o risco de desaparecer devido à construção recente
incorporada a
sua fachada.
Local e data:
Caiacangaçu, 20 de junho de 1995.
252
CADASTRO DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DE ENGENHOS NA PARTE SUL
DA ILHA DE SANTA CATARINA, MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS-SC
Nome do Sítio:
Engenho do Jóca.
FLN-062
Localização:
Tapera.
Distrito:
Ribeirão da Ilha.
Ponto de referência:
situa-se junto à Rodovia Baldissero Filomeno, a 60 metros ao
lado direito da casa nº 17.169.
Coordenadas Geográficas:
27º 47 ’ de latitude sul e 48º 33’ de longitude oeste.
Dimensões do sítio:
12 por 15 metros.
Distância de curso d’água:
40 metros de um córrego.
Tipo de vegetação predominante:
no sítio:
capoeira;
circundante:
capoeira.
Tipo de solo:
no sítio:
areno-argiloso;
circundante:
arenoso.
Ocupação atual no sítio:
nenhuma.
Artefatos na superfície:
nenhum encontrado.
Erosão:
não há.
Vestígios arquitetônicos evidentes:
restos dos alicerces e um muro de arrimo.
Altura máxima destes vestígios:
3 metros.
Proximidade com construções modernas:
50 metros.
Escavações anteriores:
desconhecidas.
Situação atual do sítio:
encontra-se coberto pela vegetação, tendo seus vestígios
arquitetônicos visíveis apenas numa observação demorada. Está a 4 metros da rodovia
acima, numa área em aclive. Os restos dos alicerces, de alvenaria de pedras
argamassadas, encontram-se sob as folhas secas, junto ao chão. O muro de arrimo,
construído com a mesma técnica e o mesmo material dos alicerces, divide a superfície
do sítio em dois níveis, sendo o mais alto o que possui maior área (9 x 15 m.). O outro
nível, a 1,50 metro abaixo, situa-se entre a rodovia e o nível anterior.
Possibilidades de destruição:
num possível alargamento da rodovia.
Observações:
o sítio está inserido numa área com grande potencial arqueológico
constituída por vestígios arquitetônicos de um engenho de café, de uma olaria,
serraria e
atafona de milho, de um atracadouro (a área situa-se à beira mar), de uma cisterna e
de uma construção que parece ter servido à uma grande residência de dois pavimentos
e 1 porão. Além destes, no local uma casa, provavelmente do século XIX, servindo
como residência.
INFORMAÇÕES ORAIS SOBRE O SÍTIO Nº FLN-062
253
Tipo de engenho:
de a
çúcar e de cachaça.
Técnica construtiva:
alicerces de alvenaria de pedras argamassadas e paredes de
alvenaria de tijolos argamassados. A cobertura era de telhas de barro tipo capa e
canal e o piso, de chão batido.
Tipo de maquinário:
moenda de eixos verticais movida à tração animal.
Época de abandono:
início da década de 1960.
Motivo do abandono:
desconhecido
Proprietário(s) durante o funcionamento do engenho (em ordem cronológica):
João
Manoel
Proprietário atual do terreno:
Pedro Becker Lorega.
Endereço:
Rodovia Baldissero Filomeno, 17.169, Tapera, Distrito de Ribeirão da
Ilha.
Informante:
Rodolfo Cunha.
Idade:
72 anos.
Endereço
: Rodovia Baldissero Filomeno, 16.980, Tapera, Distrito de Ribeirão da
Ilha.
Presenciou o funcionamento do engenho?
Sim.
Entrevistador:
Osvaldo Paulino da Silva.
O sítio encontra-se sob a vegetação, próximo à margem direita da rodovia.
Local e data:
Tapera, 21 de junho de 1995.
254
CADASTRO DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DE ENGENHOS NA PARTE SUL
DA ILHA DE SANTA CATARINA, MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS-SC
Nome do Sítio:
Engenho do Paredão Grande.
FLN-063
Localização:
Tapera.
Distrito:
Ribeirão da Ilha.
Ponto de referência:
localizado a 5 metros da Rodovia Baldissero Filomeno, entre a
casa 17.169 e o sítio “Engenho do Jóca” .
Coordenadas Geográficas:
27º 47’ de latitude sul e 48º 33’ de longitude oeste.
Dimensões do sítio:
6 por 20 metros.
Distância de curso d’água:
70 metros de um córrego.
Tipo de vegetação predominante:
no sítio:
capoeira;
circundante:
capoeira.
Tipo de solo:
no sítio:
areno-argiloso;
circundante:
areno-argilos
o.
Ocupação atual no sítio:
nenhuma.
Artefatos na superfície:
nenhum encontrado.
Erosão:
na argamassa das paredes, proveniente das águas da chuva.
Vestígios arquitetônicos evidentes:
paredes.
Altura máxima destes vestígios:
2 metros.
Proximidade com construções modernas:
80 metros.
Escavações anteriores:
desconhecidas.
Situação atual do sítio:
encontra-se coberto pela vegetação citada, com algumas
árvores de grande porte sobre sua superfície. Não apresenta contornos bem definidos,
tendo seus vestígios distribuídos por uma área com as dimensões acima. Entretanto,
demonstra ter sido uma construção bem maior, pois uma de suas paredes está
assentada longitudinalmente à rodovia numa extensão de 20 metros. Ligadas a esta,
em ângulos de 90º, outras paredes de menor extensão, formando “boxes”,
intercalados com patamares de terra. Estas paredes são de alvenaria de pedras
argamassadas com barro, com espessura variando de 50 a 70 centímetros.
Possibilidades de destruição:
a erosão e o desgaste natural estão deteriorando as
paredes. A fraca consistência da argamassa utilizada e a grande espessura, tornam as
paredes alvos fáceis para a instalação de agentes destrutivos. A densa vegetação no
local tem funcionado como uma camada protetora que vem retardando a destruição do
sítio.
Observações:
as mós do engenho encontram-
se no Museu do Ribeirão da Ilha.
INFORMAÇÕES ORAIS SOBRE O SÍTIO Nº FLN-063
255
Tipo de engenho:
misto - de farinha de milho (atafona), com serraria e olaria
acopladas.
Técnica construtiva:
alicerces e paredes de alvenaria de pedras argamassadas.
Tipo de maquinário:
mós e serras movidas à roda d’água.
Época de abandono:
desconhecida.
Motivo do abandono:
desconhecido.
Proprietário(s) durante o funcionamento do engenho (em ordem cronológica):
Major
Domingos.
Proprietário atual do terreno:
Pedro Becker Lorega.
Endereço:
Rodovia Baldissero Filomeno, 17.169, Tapera, Distrito de Ribeirão da
Ilha.
Informante:
Rodolfo Cunha.
Idade:
72 anos.
Endereço
: Rodovia Baldissero Filomeno, 16.980, Tapera, Distrito de Ribeirão da
Ilha.
Presenciou o funcionamento do engenho?
Não.
Entrevistador:
Osvaldo Paulino da Silva.
Os vestígios de uma parede misturam-se com a densa vegetação.
Observações:
as informações sobre o sítio foram prestadas ao informante quando este
ainda era criança, por um ex-escravo negro que teria vivido no local.
Local e data:
Tapera, 21 d
e junho de 1995.
256
CADASTRO DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DE ENGENHOS NA PARTE SUL
DA ILHA DE SANTA CATARINA, MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS-SC
Nome do Sítio:
Engenho de Café do Major Domingos.
FLN-064
Localização:
Tapera.
Distrito:
Ribeirão da Ilha.
Ponto de referência:
o sítio localiza-se junto à Rodovia Baldissero Filomeno, defronte
à casa nº 17.169
, entre a estrada e o mar.
Coordenadas Geográficas:
27º 47’ de latitude sul e 48º 33’ de longitude oeste.
Dimensões do sítio:
6 por 8 metros
Distância de curso d’água:
80 metros de um córrego.
Tipo de vegetação predominante:
no sítio:
herbáceas;
circundante:
herbáceas.
Tipo de solo:
no sítio:
arenoso;
circundante:
arenoso.
Ocupação atual no sítio:
pastagem.
Artefatos na superfície:
nenhum encontrado.
Erosão:
não há.
Vestígios arquitetônicos evidentes:
restos dos alicerces.
Altura máxima destes vestígios:
junto ao chã
o.
Proximidade com construções modernas:
90 metros.
Escavações anteriores:
desconhecidas.
Situação atual do sítio:
encontra-se num pequeno campo de pastagens junto ao mar.
Seus vestígios, simetricamente dispostos, são observáveis apenas sob a camada de
capim que o cobre. A 10 metros do sítio, vestígios de um atracadouro que faz parte
de um conjunto histórico e arqueológico, composto pelos sítios “Engenho do Jóca” e
“Engenho do Paredão Grande”, pelos vestígios arquitetônicos de uma grande cisterna
e uma residência de dois pavimentos com porão e por uma casa de arquitetura
portuguesa, provavelmente do século XIX, ainda funcionando como residência, além
de outros vestígios arquitetônicos indefinidos, espalhados pela área.
Possibilidades de destruição:
comprometido apenas pelo gado que pasta na sua
superfície..
INFORMAÇÕES ORAIS SOBRE O SÍTIO Nº FLN-064
Tipo de engenho:
de pilar café
Técnica construtiva:
alicerces e paredes de alvenaria de pedras argamassadas,
cobertura de telhas de barro tipo capa e canal, e
m duas águas e piso de chão batido.
257
Tipo de maquinário:
pilão r
otativo, movido à tração animal.
Época de abandono:
desconhecida.
Motivo do abandono:
desconhecido.
Proprietário(s) durante o funcionamento do engenho (em ordem cronológica):
Major
Domingos.
Proprietário atual do terreno:
Pedro Becker Lorega.
Endereço:
Rodovia Baldissero Filomeno, 17.169, Tapera, Distrito de Ribeirão da
Ilha.
Informante:
Rodolfo Cunha.
Idade:
72 anos.
Endereço
: Rodovia Baldissero Filomeno, 16.980, Tapera, Distrito de Ribeirão da
Ilha.
Presenciou o funcionamento do engenho?
Não.
Entrevistador:
Osvaldo Paulino da Silva.
Do antigo engenho, restam apenas vestígios dos alicerces sob a grama.
Observações:
o informante conheceu o engenho em ruínas, com o maquinário
parcialmente intacto. Todo o conjunto histórico-arqueológico é conhecido na
localidade como “Sítio do Major Domingos”.
Local e data:
Tapera, 21 de junho de 1995.
258
CADASTRO DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DE ENGENHOS NA ILHA DE
SANTA CATARINA, MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS-SC
Nome do Sítio:
Engenho do Veríssimo.
FLN-065
Localização:
Tapera.
Distrito:
Ribeirão da Ilha.
Ponto de referência:
junto à Rodovia Baldissero Filomeno, 17.583.
Coordenadas Geográficas:
27º 47’ de latitude sul e 48º 33’ de longitude oeste.
Dimensões do sítio:
8 por 15 metros.
Distância de curso d’água:
40 metros de um córrego.
Tipo de vegetação predominante:
no sítio:
não há;
circundante:
herbáceas.
Tipo de solo:
no sítio:
argiloso;
circundante:
areno-argiloso.
Ocupação atual no sítio:
nenhuma.
Erosão:
não há.
Proximidade com construções modernas:
30 metros.
Escavações anteriores:
desconhecidas.
Situação atual do sítio:
o engenho que compõe o sítio esintacto, porém desativado.
Produzia farinha de mandioca e açúcar. No seu interior estão apenas o maquinário de
produção da farinha, e alguns utensílios ligados a esta atividade. O maquinário de
produção de açúcar foi retirado, restando apenas os fornos de alvenaria de pedras
argamassadas. O engenho possui 2 veis de piso: o primeiro e mais alto era
destinado à produção de farinha e moagem da cana e o segundo, a 1,50 metro abaixo,
era responsável pelas atividades ligadas à produção de açúcar.
Técnica de construção do engenho:
Os alicerces são de alvenaria de pedras
argamassadas e os pilares e paredes, de alvenaria de tijolos maciços argamassados.
O piso ainda conserva o chão batido e a cobertura, telhas de barro tipo capa e canal.
As aberturas são de tábuas planas.
Possibilidades de destruição:
não há.
INFORMAÇÕES ORAIS SOBRE O SÍTIO Nº FLN-065
Tipo de engenho:
de farinha de mandioca e deúcar.
Tipo de maquinário:
de cangalha, na produção de farinha e moenda de eixos verticais,
na produção de açúcar. Eram movidos pela força do boi.
259
Época de abandono:
início da década de 1980.
Motivo do abandono:
venda do terreno
.
Proprietário(s) durante o funcionamento do engenho (em ordem cronológica):
Lau
Francisco e Veríssimo Tibúrcio.
Proprietário atual do terreno:
desconhecido.
Endereço:
desconhecido.
Informante:
Rodolfo Cunha.
Idade:
72 anos.
Endereço
: Rodovia Baldissero Filomeno, 16.980, Tapera, Distrito de Ribeirão da
Ilha.
Presenciou o funcionamento do engenho?
Sim.
Entrevistador:
Osvaldo Paulino da Silva.
260
A fachada do engenho, com as bocas dos fornos ainda em evidência junto ao
alicerce; a construção do rancho em alvenaria de tijolos raramente ocorria.
Local e data:
Tape
ra, 23 de junho de 1995.
261
CADASTRO DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DE ENGENHOS NA ILHA DE
SANTA CATARINA, MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS-SC
Nome do Sítio:
Engenho do Gancheiro.
FLN-066
Localização:
Caeiras da Barra do Sul.
Distrito:
Ribeirão da Ilha.
Ponto de referência:
junto à Rodovia Baldissero Filomeno, ao lado direito da casa
20.252.
Coordenadas Geográficas:
27º 49’ de latitude sul e 48º 33’ de longitude oeste.
Dimensões do sítio:
10 por 14 metros.
Distância de curso d’água:
20 metros de um córrego.
Tipo de vegetação predominante:
no sítio:
herbáceas;
circundante:
herbáceas.
Tipo de solo:
no sítio:
areno-argiloso;
circundante:
areno-
argiloso.
Ocupação atual no sítio:
criação de porcos.
Artefatos na superfície:
nenhum encontrado.
Erosão:
imperceptível.
Vestígios arquitetônicos evidentes:
restos de alicerces e pilares e um muro de arrimo.
Altura máxima destes vestígios:
2,50
metros.
Proximidade com construções modernas:
40 metros.
Escavações anteriores:
desconhecidas.
Situação atual do tio:
encontra-se entre a rodovia citada e o mar, num terreno em
declive e formado por dois níveis de superfície, divididos por um muro de arrimo de
alvenaria de pedras argamassadas. Sobre a superfície mais baixa, um curral
utilizado para a criação de porcos, cuja área não ultrapassa a metade desta superfície
que é de 30 metros quadrados. A outra superfície, com 1,50 metro de altura da
anterior, possui 110 metros quadrados e a maior parte dos vestígios arquitetônicos:
alicerces e pilares de alvenaria de pedras argamassadas, bastante desgastados pelo
tempo. ainda sobre a sua superfície alguns limoeiros e goiabeiras e um pequeno
rancho de madeira.
Possibilidades de destruição:
a área é bem valorizada comercialmente, pois es de
frente para o mar. Isto pode levar seu proprietário a construir uma edificação na área
do sítio,
que é a melhor do terreno.
INFORMAÇÕES ORAIS SOBRE O SÍTIO Nº FLN-066
Tipo de engenho:
de farinha de mandioca e d
e açúcar.
262
Técnica construtiva:
alicerces e pilares de pedras argamassadas com paredes de pau-
a-pique e piso de chão batido. A cobertura era de telhas de barro tipo capa e canal.
Tipo de maquinário:
de cangalha na produção de farinha e moenda de eixos verticais
na produção de açúcar. Eram movidos à tração animal.
Época de abandono:
meados da década de 1970.
Motivo do abandono:
falta de mão de obra especializada.
Proprietário(s) durante o funcionamento do engenho (em ordem cronológica)
: José
Severino Gonçalves, Manoel José Ramos e José Ramos.
Proprietário atual do terreno:
José Ramos.
Endereço:
Rodovia Baldissero Filomeno, 20.348, Caieiras da Barra do Sul, Distrito
de Ribeirão da Ilha.
Informante:
José Ramos.
Idade:
72 anos.
Endereço
: o mesmo.
Presenciou o funcionamento do engenho?
Sim.
Entrevistador:
Osvaldo Paulino da Silva.
O nível mais alto do sítio, com restos dos pilares e um pequeno rancho na
superfície.
Local e data:
Caieiras da Barra do S
ul, 24 de junho de 1995.
263
CADASTRO DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DE ENGENHOS NA ILHA DE
SANTA CATARINA, MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS-SC
Nome do Sítio:
Engenho do Chico Mariano.
FLN-067
Localização:
Caeiras da Barra do Sul.
Distrito:
Ribeirão da Ilha.
Ponto de referência:
o sítio localiza-se junto ao lado esquerdo de uma servidão sem
nome que liga o final da Rodovia Baldissero Filomeno a uma pequena praia existente
nas proximidades. Do sítio até a citada rodovia percorre-
se 100 metros.
Coordenadas Geográficas:
27º 49’ de latitude sul e 48º 33’ de longitude oeste.
Dimensões do sítio:
não dimensões definidas. Os vestígios encontram-se numa área
de 20 metros quadrados.
Distância de curso d’água:
o curso d’água mais próximo encontra-
se a 120 metros.
Tipo de vegetação predominante:
no sítio:
herbáceas;
circundante:
herbáceas.
Tipo de solo:
no sítio:
areno-argiloso;
circundante:
areno-argiloso.
Ocupação atual no sítio:
jardim.
Artefatos na superfície:
nenhum encontrado.
Erosão:
não há.
Vestígios arquitetônicos evidentes:
parte de uma parede.
Altura máxima destes vestígios:
2,60 metros.
Proximidade com construções modernas:
8 metros.
Escavações anteriores:
desconhecidas.
Situação atual do sítio:
encontra-se numa área de um largo jardim, junto a uma
servidão. Esta pode ter passado sobre a superfície do sítio, devido à localização dos
vestígios existentes, uma parte de parede de alvenaria de pedras argamassadas e
rebocada e uma área plana . Segundo informações orais, a parede pertenceu a uma
casa contígua ao engenho. O sítio está assentado numa área ao de uma encosta,
distante 70 metros do mar.
Possibilidades de destruição:
o que sobrou do sítio está servindo como motivo de
decoração de jardim, não oferecendo desta maneira, risco de destruição imediata.
INFORMAÇÕES ORAIS SOBRE O SÍTIO Nº FLN-067
Tipo de engenho:
de farinha de mandioca.
Técnica construtiva:
alicerces e pilares de alvenaria de pedras argamassadas com
paredes de pau-a-pique. O piso era de terra batida e a cobertura, de telhas de barro
tipo capa e canal.
264
Tipo de maquinário:
denominado caranguejo ou pouca-pressa, movido à força
humana.
Época de abandono:
meados da
década de 1970.
Motivo do abandono:
venda do terreno.
Proprietário(s) durante o funcionamento do engenho (em ordem cronológica)
: “Chico”
Mariano.
Proprietário atual do terreno:
Ivo Sens.
Endereço:
Rodovia Baldissero Filomeno, 20.447, Caieiras da Barra do Sul, Distrito
de Ribeirão da Ilha.
Informante:
Cândido Inocêncio da Silveira (Nóca).
Idade:
71 anos.
Endereço
: Rodovia Baldissero Filomeno, 20.356, Caieiras da Barra do Sul, Distrito
de Ribeirão da Ilha.
Presenciou o funcionamento do engenho?
Sim.
Entrevistador:
Osvaldo Paulino da Silva.
A servidão bem junto aos vestígios do sítio, pode ter passado sobre sua
superfície.
Local e data:
Caieiras da Barra do Sul, 24 de junho de 1995.
265
CADASTRO DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DE ENGENHOS NA PARTE SUL
DA ILHA DE SANTA CATARINA, MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS-SC
Nome do Sítio:
Engenho do Vitalino.
FLN-068
Localização:
Caieiras da Barra do Sul.
Distrito:
Ribeirão da Ilha.
Ponto de referência:
o sítio está localizado ao lado esquerdo de uma servidão sem
nome, que liga o final da Rodovia Baldissero Filomeno e cujo traçado passa junto a
uma pequena praia existente no local. Da praia até o sítio, percorre-se 100 metros em
direção ao sul.
Coordenadas Geográficas:
27º 49’ de latitude sul
e 48º 33’ de longitude oeste.
Dimensões do sítio:
8 por 12 metros.
Distância de curso d’água:
80 metros de um córrego.
Tipo de vegetação predominante:
no sítio:
capim cultivado;
circundante:
capim cultivado.
Tipo de solo:
no sítio:
areno-argiloso;
circundante:
areno-
argiloso.
Ocupação atual no sítio:
nenhuma.
Artefatos na superfície:
nenhum encontrado.
Erosão:
não há.
Vestígios arquitetônicos evidentes:
restos dos alicerces.
Altura máxima destes vestígios:
junto ao chão.
Proximidade com construções modernas:
100 metros.
Escavações anteriores:
desconhecidas.
Situação atual do sítio:
o sítio encontra-se dentro de uma densa e alta (cerca de 2,50
m. ) plantação de capim. Seus vestígios, apenas restos de alicerces, são pouco visíveis.
Junto ao sítio, ainda intactas, as paredes externas de uma residência, todas de
alvenaria de pedras argamassadas e rebocadas, com altura de 3 metros no máximo.
Estes vestígios arquitetônicos também encontram-se dentro da plantação de capim. O
sítio está assentado a 20 metros da servidão já citada e a 60 metros do mar.
Possibilidades de destruição:
por estar incluso numa área agrícola, corre riscos de
destruição.
INFORMAÇÕES ORAIS SOBRE O SÍTIO Nº FLN-068
Tipo de engenho:
de farinha de mandioca.
266
Técnica construtiva:
alicerces e pilares de alvenaria de pedras argamassadas e
paredes de pau-a-pique. A cobertura era de telhas de barro tipo capa e canal e o piso,
de chão batido.
Tipo de maquinário:
de cangalha, movido pela força do boi.
Época de abandono:
final da década de 1960.
Motivo do abandono:
desconhecido.
Proprietário(s) durante o funcionamento do engenho (em ordem cronológica)
: Vitalino ?
Proprietário atual do terreno:
Laélio Luz.
Endereço:
desconhecido.
Informante:
Cândido Inocêncio da Silveira (Nóca).
Idade:
71 anos.
Endereço
: Rodovia Baldissero Filomeno, 20.356, Caieiras da Barra do Sul, Distrito
de Ribeirão da Ilha.
Presenciou o funcionamento do engenho?
Sim.
Entrevistador:
Osvaldo Paulino da Silva.
O sítio acha-se encoberto pela plantação de capim, cuja altura supera os 2
metros.
Local e data:
Caieiras da Barra do Sul, 26 de junho de 1995.
267
CADASTRO DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DE ENGENHOS NA PARTE SUL
DA ILHA DE SANTA CATARINA, MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS-SC
Nome do Sítio:
Engenho do João Caetano.
FLN-069
Localização:
Caieiras da Barra
do Sul.
Distrito:
Ribeirão da Ilha.
Ponto de referência:
o sítio localiza-se no final de uma servidão sem nome, cujo início
situa-se no final da Rodovia Baldissero Filomeno. Esta servidão dá acesso a uma
pequena praia existente no local. Distante 50 metros do sítio “E
ngenho do Vitalino”.
Coordenadas Geográficas:
27º 49’ de latitude sul e 48º 33’ de longitude oeste.
Dimensões do sítio:
10 por 14 metros.
Distância de curso d’água:
20 metros de um antigo poço.
Tipo de vegetação predominante:
no sítio:
herbáceas;
circundante:
herbáceas.
Tipo de solo:
no sítio:
areno-argiloso;
circundante:
areno-
argiloso.
Ocupação atual no sítio:
depósito de materiais.
Artefatos na superfície:
nenhum encontrado.
Erosão:
não há.
Vestígios arquitetônicos evidentes:
restos dos alicerces, 1 pilar, restos de parede e 2
dois muros de arrimo.
Altura máxima destes vestígios:
2 metros.
Proximidade com construções modernas:
100 metros.
Escavações anteriores:
desconhecidas.
Situação atual do sítio:
encontra-se numa encosta de declive acentuado, a 50 metros do
mar. Sua superfície é composta por 3 níveis diferentes de piso, divididos por muros de
arrimo de alvenaria de pedras argamassadas. Entre o nível mais baixo e o do meio,
uma diferença de 50 centímetros de altura. Entre este nível e o mais alto, a diferença é
de 1, 50 metro. Além dos alicerces, 1 pilar e restos de 1 parede, todos de alvenaria
de pedras argamassadas. Todos estes vestígios estão misturados a materiais de
construção que foram depositados na superfície do sítio, como areia, pedra picada e
telhas modernas. Há ainda na superfície do sítio, algumas árvores de portedio.
Possibilidades de destruição:
está comprometido pela ocupação na sua superfície.
INFORMAÇÕES ORAIS SOBRE O SÍTIO Nº FLN-069
Tipo de engenho:
de farinha de mandioca e de açúcar.
Técnica construtiva:
alicerces e pilares de alvenaria de pedras argamassadas, com
paredes de pau-a-pique e piso de chão batido. A cobertura era de telhas de barro tipo
268
capa e canal. Os restos de parede de alvenaria de pedras argamassadas são
provenientes, segundo o informante, de uma residência que havia junto ao engenho.
Tipo de maquinário:
de cangalha na produção de farinha e moenda de eixos verticais
na produção de açúcar. Eram movidos à tração animal.
Época de abandono:
início da década de 1960.
Motivo do abandono:
desconhecido.
Proprietário(s) durante o funcionamento do engenho (em ordem cronológica)
: João
Caetano.
Proprietário atual do terreno:
lio Martins.
Endereço:
Rodovia Baldissero Filomeno, s/nº, Caieiras da Barra do Sul, Distrito de
Ribeirão da Ilha.
Informante:
Fabriciano Ferreira.
Idade:
80 anos.
Endereço
: Rodovia Baldissero Filomeno, 20.356, Caieiras da Barra do Sul, Distrito
de Ribeirão da Ilha.
Presenciou o funcionamento do engenho?
Sim
Entrevistador:
Osvaldo Paulino da Silva.
A superfície do sítio sendo utilizada como depósito de materiais construtivos
modernos.
Local e data:
Caieiras da Barra do Sul, 29 de junho de 1995.
269
CADASTRO DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DE ENGENHOS NA PARTE SUL
DA ILHA DE SANTA CATARINA, MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS-SC
Nome do Sítio:
Engenho da Cachoeira.
FLN-070
Localização:
Caieiras da Barra do Sul.
Distrito:
Ribeirão da Ilha.
Ponto de referência:
o sítio localiza-se ao lado esquerdo do caminho de acesso à praia
dos Naufragados, a 10 metros da primeira cachoeira que cruza este caminho.
Coordenadas Geográficas:
27º 49’
de latitude sul e 48º 33’ de longitude oeste.
Dimensões do sítio:
9 por 10 metros.
Distância de curso d’água:
8 metros.
Tipo de vegetação predominante:
no sítio:
capoeira rala;
circundante:
capoeira.
Tipo de solo:
no sítio:
areno-argiloso;
circundante:
areno-
argiloso.
Ocupação atual no sítio:
nenhuma.
Artefatos na superfície:
nenhum encontrado.
Erosão:
não há.
Vestígios arquitetônicos evidentes:
restos dos alicerces, 1 muro de arrimo e 2 pilares.
Altura máxima destes vestígios:
2,30 metros.
Proximidade com construções modernas:
1 quilômetro.
Escavações anteriores:
desconhecidas.
Situação atual do sítio:
encontra-se parcialmente coberto pela vegetação. Seus
vestígios arquitetônicos compõem-se de restos dos alicerces e de dois pilares de
alvenaria de pedras argamassadas, além de um muro de arrimo de alvenaria de pedras
de junta seca com 1 metro de altura, responsável pela divisão da superfície do sítio em
dois níveis. O caminho de acesso à praia dos Naufragados passa sobre o sítio e as
pedras superficiais do alicerce neste local já foram retiradas.
Possibilidades de destruição:
comprometido pelo caminho que passa na sua superfície.
Observações:
o sítio encontra-se dentro da área de preservação ambiental do Parque
Estadual da Serra do Tabuleiro.
INFORMAÇÕES ORAIS SOBRE O SÍTIO Nº FLN-070
Tipo de engenho:
de úcar e de cachaça.
Técnica construtiva:
alicerces e pilares de alvenaria de pedras argamassadas. As
paredes eram de pau-a-pique e o piso, de terra batida. A cobertura era formada por
telhas de barro tipo capa e canal.
270
Tipo de maquinário:
moenda de eixos verticais movida à tração animal.
Época de abandono:
início da década de 1960.
Motivo do abandono:
aposentadoria do último proprietário.
Proprietário(s) durante o funcionamento do engenho (em ordem cronológica)
: Firmino
Ramos e Teodoro Ramos.
Proprietário atual do terreno:
desconhecido.
Endereço:
desconhecido.
Informante:
Fabriciano Ferreira.
Idade:
80 anos.
Endereço
: Rodovia Baldissero Filomeno, 20.356, Caieiras da Barra do Sul, Distrito
de Ribeirão da Ilha.
Presenciou o funcionamento do engenho?
Sim.
Entrevistador:
Osvaldo Paulino da Silva.
A superfície do sítio ocupada pela vegetação arbustiva, bananeiras e o
caminho de
acesso à praia dos Naufragados.
Local e data:
Caeiras da Barra do Sul, 30 de junho de 1995.
271
CADASTRO DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DE ENGENHOS NA PARTE SUL
DA ILHA DE SANTA CATARINA, MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS-SC
Nome do Sítio:
Engenho do Fabriciano
FLN-071
Localização:
Caieiras da B
arra do Sul.
Distrito:
Ribeirão da Ilha.
Ponto de referência:
o sítio está localizado junto ao caminho de acesso à praia dos
Naufragados, logo após a primeira cachoeira, a 3 metros do sítio “Engenho da
Cachoeira”. Do início deste caminho até o sítio, percorre-se 1 qui
lômetro.
Coordenadas Geográficas:
27º 49’ de latitude sul e 48º 33’ de longitude oeste.
Dimensões do sítio:
12 por 15 metros.
Distância de curso d’água:
20 metros de uma cachoeira.
Tipo de vegetação predominante:
no sítio:
capoeira rala;
circundante:
capoeira.
Tipo de solo:
no sítio:
areno-argiloso;
circundante:
areno-
argiloso.
Ocupação atual no sítio:
nenhuma.
Artefatos na superfície:
nenhum encontrado.
Erosão:
sobre as grossas paredes de alvenaria de pedras argamassadas com barro.
Vestígios arquitetônicos evidentes:
muro de arrimo, alicerces, fornos e pilares.
Altura máxima destes vestígios:
3,50 metros.
Proximidade com construções modernas:
1 quilômetro.
Escavações anteriores:
desconhecidas.
Situação atual do sítio:
encontra-se em bom estado de conservação, tendo suas
estruturas de alvenaria de pedras argamassadas, parcialmente intactas. Exceção feita
à parede das bocas dos fornos, que desabou há poucos dias, devido à erosão e
desintegração da argamassa pelas águas da chuva. Possui dois níveis de superfície,
divididos por um muro de arrimo, com altura de 1,50 metro. Além da vegetação citada,
algumas árvores frutíferas sobre sua superfície. O caminho de acesso à praia dos
Naufragados passa sobre parte de sua superfície. Por estar apenas a 3 metros de outro
antigo engenho, com arquitetura idêntica, tem-se a impressão de haver um único sítio
no local.
Possibilidades de destruição:
comprometido pela erosão e pela passagem do cam
inho.
Observações:
o sítio encontra-se dentro da área de preservação ambiental do
Parque
Estadual da Serra do Tabuleiro.
INFORMAÇÕES ORAIS SOBRE O SÍTIO Nº FLN-071
Tipo de engenho:
de farinha de mandioca e de açúcar.
272
Tipo de arquitetura:
alicerces, pilares e muro de arrimo de alvenaria de pedras
argamassadas. As paredes eram de pau-a-pique e a cobertura, de telhas de barro tipo
capa e canal . O piso era de terra batida.
Tipo de maquinário:
de cangalha na produção de farinha e moenda de eixos verticais
na produção de açúcar. Eram movidos por tração animal.
Época de abandono:
final da década de 1960.
Motivo do abandono:
venda do terreno.
Proprietário(s) durante o funcionamento do engenho (em ordem cronológica)
: Joaquim
José da Silveira e Fabriciano Ferreira.
Proprietário atual do terreno:
Vilmar Fontes.
Endereço:
Rua dos Andradas, 1.560, Porto Alegre-RS
Informante:
Fabriciano Ferreira.
Idade:
80 anos.
Endereço
: Rodovia Baldissero Filomeno, 20.356, Caieiras da Barra do Sul, Distrito de
Ribeirão da Ilha.
Presenciou o funcionamento do engenho?
Sim (foi proprietário do engenho).
Entrevistador:
Osvaldo Paulino da Silva.
O sítio, com o muro de arrimo e um dos pilares do antigo engenho e o
caminho de
acesso à praia dos Naufragados passando sobre sua superfície.
Local e data:
Caieiras da Barra do Sul, 30 de junho de 1995.
273
CADASTRO DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DE ENGENHOS NA PARTE SUL
DA ILHA DE SANTA CATARINA, MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS-SC
Nome do Sítio:
Engenho do Caminho dos Naufragados.
072
Localização:
Praia dos Naufragados.
Distrito:
Ribeirão da Ilha.
Ponto de referência:
o sítio localiza-se junto ao caminho de acesso à praia dos
Naufragados, ao seu lado esquerdo, a 80 metros da segunda cachoeira. Distante 500
metros da praia.
Coordenadas Geográficas:
27º 49’ de latitude sul e 48º 33’ de longitude oeste.
Dimensões do sítio:
7 por 15 metros.
Distância de curso d’água:
80 metros de um córrego.
Tipo de vegetação predominante:
no sítio:
herbáceas;
circundante:
capoeira.
Tipo de solo:
no sítio:
areno-argiloso;
circundante:
arenoso.
Ocupação atual no sítio:
nenhuma.
Artefatos na superfície:
nenhum encontrado.
Erosão:
imperceptível.
Vestígios arquitetônicos evidentes:
alic
erces e restos de uma parede.
Altura máxima destes vestígios:
1 metro.
Proximidade com construções modernas:
40 metros.
Escavações anteriores:
desconhecidas.
Situação atual do sítio:
está assentado numa área plana natural, por onde passa o
caminho acima citado. A superfície do sítio é delimitada pelos alicerces de alvenaria
de pedras argamassadas, que vão dar as dimensões acima. Os restos de uma parede,
também de alvenaria de pedras argamassadas, situam-se apenas sobre um lance de
alicerces, ao sul do sítio. Está parcialmente coberto pela vegetação que deixa
transparecer seus vestígio arquitetônicos.
Possibilidades de destruição:
está muito próximo ao caminho, podendo sofrer danos à
medida que este sofrer manutenção.
Observações:
o sítio encontra-se dentro da área de preservação ambiental do Parque
Estadual da Serra do Tabuleiro.
INFORMAÇÕES ORAIS SOBRE O SÍTIO Nº FLN-072
Tipo de engenho:
de farinha de mandioca.
274
Técnica construtiva:
alicerces e pilares de alvenaria de pedras argamassadas, com
paredes de pau-a-pique. O piso era de terra batida e a cobertura, de telhas de barro
tipo capa e canal. Os vestígios de paredes existentes no sítio pertenciam a uma
residência contígua ao engenho.
Tipo de maquinário:
de cangalha, movido por tração animal.
Época de abandono:
década de 1960.
Motivo do abandono:
desconhecido.
Proprietário(s) durante o funcionamento do engenho (em ordem cronológica)
: Teodoro
Ramos.
Proprietário atual do terreno:
desconhecido.
Endereço:
desconhecido.
Informante:
Fabriciano Ferreira.
Idade:
80 anos.
Endereço
: Rodovia Baldissero Filomeno, 20.356, Caieiras da Barra do Sul, Distrito de
Ribeirão da Ilha.
Presenciou o funcionamento do engenho?
Sim.
Entrevistador:
Osvaldo Paulino da Silva.
Apenas os alicerces estão visíveis na vegetação que cobre o sítio. À
frente dele,
o caminho de acesso à Praia dos Naufragados.
Local e data:
Praia dos Naufragados, de julho de 1995.
275
CADASTRO DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DE ENGENHOS NA PARTE SUL
DA ILHA DE SANTA CATARINA, MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS-SC
Nome do Sítio:
Engenho do Alarisso.
FLN-073
Localização:
Praia dos Naufragados.
Distrito:
Ribeirão da
Ilha.
Ponto de referência:
o sítio está localizado no final do caminho de acesso à Praia dos
Naufragados, ao seu lado direito, a 100 metros da praia e ao lado da capela da
localidade.
Coordenadas Geográficas:
27º 49’ de latitude sul e 48º 33’ de longitude oeste.
Dimensões do sítio:
não há dimensões definidas.
Distância de curso d’água:
60 metros de um rio.
Tipo de vegetação predominante:
no sítio:
capoeirinha;
circundante:
capoeirinha.
Tipo de solo:
no sítio:
arenoso;
circundante:
arenoso.
Ocupação atual no sítio:
nenhuma.
Artefatos na superfície:
nenhum encontrado.
Erosão:
está ocorrendo a formação de uma vala de 1,20 metro de profundidade, a 5
metros do sítio.
Vestígios arquitetônicos evidentes:
algumas pedras alinhadas, parcialmente
enterradas.
Altura máxima destes vestígios:
ao rés do chão.
Proximidade com construções modernas:
20 metros.
Escavações anteriores:
desconhecidas.
Situação atual do sítio:
sua superfície está totalmente coberta pela vegetação. Seus
únicos vestígios, restos dos alicerces e uma mancha escura no terreno, são visíveis
apenas sob o mato. A destruição que ali se verificou, pode ter ocorrido pelo
reaproveitamento dos materiais construtivos por moradores locais, pois foram
construídos dezenas de barracos na área limítrofe à praia.
Possibilidades de destruição:
o que resta do sítio pode desaparecer com a erosão
provocada pelas águas da chuva no terreno arenoso.
Observações:
o sítio encontra-se dentro da área de preservação ambiental do Parque
Estadual da Serra do Tabuleiro.
INFORMAÇÕES ORAIS SOBRE O SÍTIO Nº FLN-073
Tipo de engenho:
de farinha de mandioca.
276
Técnica construtiva:
alicerces de alvenaria de pedras argamassadas e paredes de pau-
a-pique, estruturadas em esteios. O piso era de terra batida e a cobertura, de telhas de
barro tipo capa e canal.
Tipo de maquinário:
de cangalha, movido à tração animal.
Época de abandono:
i
nício da década de 1960.
Motivo do abandono:
desconhecido.
Proprietário(s) durante o funcionamento do engenho (em ordem cronológica)
: Alarisso
José do Espírito Santo.
Proprietário atual do terreno:
desconhecido.
Endereço:
desconhecido.
Informante:
Fabriciano Ferreira.
Idade:
80 anos.
Endereço
: Rodovia Baldissero Filomeno, 20.356, Caieiras da Barra do Sul, Distrito
de Ribeirão da Ilha.
Presenciou o funcionamento do engenho?
Sim.
Entrevistador:
Osvaldo Paulino da Silva.
O sítio localiza-se a poucos metros da trilha, sob a vegetação mais densa.
Local e data:
Praia dos Naufragados, de julho de 1995.
277
CADASTRO DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DE ENGENHOS NA PARTE SUL
DA ILHA DE SANTA CATARINA, MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS-SC
Nome do Sítio:
Engenho do Bento.
FLN-074
Localização:
Barreira do Ribeirão ou Sertão de Baixo.
Distrito:
Pântano do Sul.
Ponto de referência:
localiza-se no final da primeira servidão à direita da Estrada
Geral de Barreira do Ribeirão ou Sertão de Baixo, no sentido Costa de Dentro -
Costeira do Ribeirão. Do início da servidão até o sítio, percorre-
se 250 metros.
Coordenadas Geográficas:
27º 45’ de latitude sul e 48º 31’ de longitude oeste.
Dimensões do sítio:
10 por 15 metros.
Distância de curso d’água:
20 metros de um córrego.
Tipo de vegetação predominante:
no sítio:
não há;
circundante:
herbáceas.
Tipo de solo:
no sítio:
argiloso;
circundante:
argilo-arenoso.
Erosão:
não há.
Proximidade com construções modernas:
50 metros.
Escavações anteriores:
desconhecidas.
Situação atual do sítio:
o engenho que compõe o sítio apresenta-se intacto, produzindo
cachaça regularmente. A produção de farinha, outra atividade ali desenvolvida, está
desativada um ano. A produção do caldo da cana, matéria prima da cachaça, é
obtida por meio de um maquinário movido por motor a óleo diesel, adaptado da
moenda de eixos verticais, que por sua vez, era movida à tração animal. a
produção de farinha utilizava-se de um maquinário muito raro na parte sul da ilha de
Santa Catarina, denominado “de mastro”, movido pela força de um boi. Estes
maquinários estão organizados lateralmente no piso mais alto, um dos três existentes
no engenho, e o que possui maior área. No segundo piso, a 80 centímetros abaixo,
acha-se um forno, responsável por uma das etapas da produção de açúcar, desativada
muitos anos. No terceiro piso, a 50 centímetros abaixo, localiza-se o alambique
responsável pela produção de cachaça.
Técnica construtiva:
alicerces e pilares de alvenaria de tijolos argamassados. As
paredes
e as aberturas são de tábuas planas. A cobertura é de telhas de barro tipo capa e
canal. O piso é de chão batido em todos os níveis, separados por muros de arrimo de
alvenaria de pedras.
Possibilidades de destruição:
não há.
278
Observações:
o tio localiza-se dentro da área de preservação ambiental do Parque
Municipal Lagoa do Peri.
INFORMAÇÕES ORAIS SOBRE O SÍTIO Nº FLN-074
Proprietário atual do engenho:
José Bento dos Santos.
Endereço:
Estrada Geral de Barreira do Ribeirão ou Sertão de Baixo, s/nº, Distrito de
Pântano do Sul.
Proprietário(s) anterior (es)
: José Gustavo dos Santos e João José dos Santos.
Informante:
Nilza Clotilde dos Santos.
Idade:
58 anos.
Endereço
: Estrada Geral de Barreira do Ribeirão ou Sertão de baixo, s/nº, Distrito de
Pântano do Sul.
Entrevistador:
Osvaldo Paulino da Silva.
Os três níveis do engenhos são evidenciados no perfil da parede lateral do
engenho
Observações:
segundo a informante, o engenho foi inicialmente construído com
paredes de pau-a-pique estruturadas em esteios. Alguns anos mais tarde o segundo
dono do engenho introduziu paredes de tábuas planas e pilares de alvenaria de tijolos
argamassados atuais.
Local e data:
Barreira do Ribeirão ou Sertão de Baixo, 04 de
julho de 1995.
279
CADASTRO DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DE ENGENHOS NA PARTE SUL
DA ILHA DE SANTA CATARINA, MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS-SC
Nome do Sítio:
Engenho do Domingos dos Santos.
FLN-075
Localização:
Barreira do Ribeirão ou Sertão de Baixo.
Distrito:
Ribeirão da Ilha.
Ponto de referência:
o sítio localiza-se junto à margem direita de um córrego, a 200
metros de sua nascente. Esta nascente encontra-se junto ao sítio “Trilha do Engenho
do Chico I - FLN-002”. O acesso ao sítio pode ser feito seguindo-se o curso do
córrego ou através de um caminho que parte da estrada geral da localidade, defronte
à igreja.
Coordenadas Geográficas:
27º 44’ de latitude sul e 48º 32’ de longitude oeste.
Dimensões do sítio:
10 por 12 metros.
Distância de curso d’água:
3 metros.
Tipo de vegetação predominante:
no sítio:
capoeirinha.
circundante:
capoeirinha.
Tipo de solo:
no sítio:
areno-argiloso;
circundante:
areno-
argiloso.
Ocupação atual no sítio:
nenhuma.
Artefatos na superfície:
nenhum encontrado.
Erosão:
não há.
Vestígios arquitetônicos evidentes:
restos dos alicerces, muro de arrimo e pilares.
Altura máxima destes vestígios:
3
,50 metros.
Proximidade com construções modernas:
50 metros.
Escavações anteriores:
desconhecidas.
Situação atual do sítio:
encontra-se assentado numa encosta de morro, parcialmente
coberto pela vegetação acima, e algumas árvores frutíferas. É constituído de dois
níveis de superfície, divididos por um muro de arrimo de alvenaria de pedras com 1,50
metro de altura. Além destes vestígios, estão evidentes alicerces e pilares de alvenaria
de pedras argamassadas responsáveis pela sustentação do engenho.
Possibilidades de destruição:
não há.
INFORMAÇÕES ORAIS SOBRE O SÍTIO Nº FLN-075
Tipo de engenho:
de açúcar e de cachaça.
280
Técnica construtiva:
alicerces e pilares de alvenaria de pedras argamassadas e
paredes de pau-a-pique. O piso era de chão batido e a cobertura, de telhas de barro
tipo capa e canal.
Tipo de maquinário:
moenda de eixos verticais na produção de úcar e maquinário de
cangalha na produção de farinha. Eram movidos à tração animal.
Época de abandono:
década de 1960.
Motivo do abandono:
desconhecido.
Proprietário(s) durante o funcionamento do engenho (em ordem cronológica)
:
Domingos Martins dos Santos e Adelino Bento dos Santos.
Proprietário atual do terreno:
Luiz Carlos Borghetti.
Endereço:
Estrada Geral de Costa de Cima, 1.682, Distrito de Pântano do Sul.
Informante:
Domingos Hortêncio de Souza.
Idade:
75 anos.
Endereço
: Estrada Geral de Barreira do Ribeirão ou Sertão de Baixo, s/nº, Distrito de
Ribeirão da Ilha.
Presenciou o funcionamento do engenho?
Sim.
Entrevistador:
Osvaldo Paulino da Silva.
A vegetação que cobre o sítio deixa evidenciar no entanto, os vestígios
arquitetônicos e os dois níveis de superfície do sítio.
Local e data:
Barreira do Ribeirão ou Sertão de Baixo, 04 de julho de 1995.
281
CADASTRO DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DE ENGENHOS NA PARTE SUL
DA ILHA DE SANTA CATARINA, MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS-SC
Nome do Sítio:
Engenho do Camilo Machado.
FLN-076
Localização:
Armação.
Distrito:
Pântano do Sul.
Ponto de referência:
o sítio localiza-se à margem direita do rio Quinca Antônio, nos
fundos da propriedade de Manoel Brandão de Souza, situada à rodovia SC-406,
7.379.
Coordenadas Geográficas:
27º 45’ de latitude sul e 48º 30’ de longitude oeste.
Dimensões do sítio:
não há dimensões exatas. Os vestígios do sítio espalham-se numa
área de aproximadamente 40 metros quadrados.
Distância de curso d’água:
10 me
tros de um rio.
Tipo de vegetação predominante:
no sítio:
capoeira;
circundante:
capoeira.
Tipo de solo:
no sítio:
arenoso;
circundante:
arenoso.
Ocupação atual no sítio:
nenhuma.
Artefatos na superfície:
nenhum encontrado.
Erosão:
não há.
Vestígios arquitetônicos evidentes:
restos dos fornos.
Altura máxima destes vestígios:
ao rés do chão.
Proximidade com construções modernas:
150 metros.
Escavações anteriores:
desconhecidas.
Situação atual do sítio:
apresenta-se muito destruído. Seus vestígios encontram-se sob
a vegetação. São duas estruturas de alvenaria de pedras e tijolos argamassados, de
formato circular, com diâmetro de 1,50 metro. Parte da superfície do sítio pode ter
sido soterrada pela areia proveniente da dragagem do rio Quinca Antônio, 25
anos.
Possibilidades de destruição:
não há, de imediato.
INFORMAÇÕES ORAIS SOBRE O SÍTIO Nº FLN-076
Tipo de engenho:
de farinha de mandioca e de açúcar.
282
Técnica construtiva:
desconhecida.
Época Tipo de maquinário:
desconhecido.
de abandono:
desconhecida.
Motivo do abandono:
desconhecido.
Proprietário(s) durante o funcionamento do engenho (em ordem cronológica)
: Camilo
Machado.
Proprietário atual do terreno:
desconhecido.
Endereço:
desconhecido.
Informante:
Manoel Brandão de Souza.
Idade:
84 anos.
Endereço
: Rodovia SC-
406, 7.379, Armação, Distrito de Pântano do Sul.
Presenciou o funcionamento do engenho?
Não.
Entrevistador:
Osvaldo Paulino da Silva.
O sítio localiza-se sob a vegetação mais alta; o montículo na grama é
proveniente
do depósito de areia ocorrido durante a dragagem do rio.
Observações:
o informante conheceu apenas os fornos do engenho. Sabe do tipo de
engenho e nome do proprietário através da tradição oral na região.
Local e data:
Armação, 06 de julho de 1995.
283
CADASTRO DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS DE ENGENHOS NA PARTE SUL
DA ILHA DE SANTA CATARINA, MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS-SC
Nome do sítio:
Engenho da Lagoinha.
FLN-077
Localização:
Armação.
Distrito:
Pântano do Sul.
Ponto de referência:
situa-se a 70 metros da margem leste da lagoa do Peri, ao lado de
uma associação esportiva chamada “Clube dos 30”. O acesso ao sítio é feito por uma
pequena estrada que parte da Rodovia SC-
406, na altura do 4.490.
Coordenadas Geográficas:
27º 44’ de latitude sul e 48º
30’ de longitude oeste.
Dimensões do sítio:
10 por 14 metros.
Distância de curso d’água:
50 metros de um antigo poço.
Tipo de vegetação predominante:
no sítio:
herbáceas;
circundante:
capoeirinha.
Tipo de solo:
no sítio:
arenoso;
circundante:
arenoso.
Ocupação atual no sítio:
nenhuma.
Artefatos na superfície:
a concha da prensa de massa de mandioca (não coletada).
Erosão:
não há.
Vestígios arquitetônicos evidentes:
restos dos pilares, dos alicerces e do madeiramento
de sustentação do engenho e do maquinário.
Altura máxima destes vestígios:
2,50 metros.
Proximidade com construções modernas:
70 metros.
Escavações anteriores:
desconhecidas.
Situação atual do sítio:
encontra-se coberto pela vegetação rasteira, que deixa
transparecer várias peças do madeiramento utilizado na cobertura do engenho e dos
esteios de sustentação do maquinário. ainda, espalhadas no entorno e na superfície
do sítio, muitas telhas de barro tipo capa e canal, provenientes do desmoronamento do
engenho. Dos pilares, apenas um, de alvenaria de tijolos argamassados e rebocado,
está intacto. Os outros encontram-se caídos ou destruídos. Os vestígios dos alicerces
são de alvenaria de pedras argamassadas, porém sem reboco.
Possibilidades de destruição:
não há, aparentemente.
Observações:
o sítio está localizado dentro da área de preservação ambiental do
Parque
Municipal Lagoa do Peri.
INFORMAÇÕES ORAIS SOBRE O SÍTIO Nº FLN-077
Tipo de engenho:
de farinha de mandioca.
284
Técnica construtiva:
alicerces e pilares de alvenaria de pedras e tijolos, com paredes
de pau-a-pique e piso de chão batido. A cobertura era de telhas de barro tipo capa e
canal.
Tipo de maquinário:
de cangalha, movido à tração animal.
Época de abandono:
final da década de 1970.
Motivo do abandono:
venda do terreno.
Proprietário(s) durante o funcionamento do engenho (em ordem cronológica)
: Antônio
Manoel da Silveira, tor Manoel da Silveira, Nelson Manoel da Silveira e Olímpio
Nelson da Silveira.
Proprietário atual do terreno:
Hamilton Franco.
Endereço:
Rodovia SC-406, ao lado do 4.490, Armação, Distrito de Pântano do
Sul.
Informante:
Júlia Ana da Silveira (esposa de Vítor Manoel da Silveira).
Idade:
76
anos.
Endereço
: Rodovia SC-
406, 4.490, Armação, Distrito de Pântano do Sul.
Presenciou o funcionamento do engenho?
Sim.
Entrevistador:
Osvaldo Paulino da Silva.
Do antigo engenho, apenas um pilar se mantém intacto.
Observações: O
engenho funcionava também como residência
.
Local e data:
Armação, 07 de julho de 1995.
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