e dos maçons do Rio Grande do Sul na segunda metade do século XIX a partir
das possíveis respostas à questão. Para tanto, optamos por realizar um estudo da
trajetória de vida dos pedreiros-livres que atuaram no espaço e tempo delimitados
neste trabalho, localizando um número muito expressivo de dirigentes maçons,
cuja identidade era veiculada sem nenhuma discrição na própria imprensa
maçônica do período.
O ponto de partida de nosso estudo foi a montagem de um quadro
(Anexo 1) em que constam nominalmente 978 dirigentes maçons que apareceram
na documentação oficial e disponível da maçonaria gaúcha ou brasileira no
período de 1850 a 1900
422
. Essa compilação se tornou viável quando observamos
que, regularmente, eram divulgados na imprensa oficial da ordem
423
os relatos
sobre as eleições gerais das oficinas, assim como a composição das novas
diretorias com seus respectivos cargos
424
.
422
Excluímos nomes de dirigentes maçons que constam como tal na historiografia maçônica, mas que não
tivemos condições de comprovar, como foi o caso de Gaspar Silveira Martins, Pedro Luiz Osório e José
Gomes Pinheiro Machado, entre outros. Além disso, não constam no quadro os nomes de dirigentes
maçons que suscitaram dúvidas por erros de impressão, o que é bastante comum, ou por conta de
abreviações ou utilização de apelidos, o que, em razão disso, impossibilitou a identificação correta.
Incluímos também os nomes de maçons que aparecem na imprensa maçônica como dirigentes, mas não
informam a que loja pertenciam, que cargos ocupavam, etc. Nesse último caso, fizemos uma exceção ao
caso de dirigentes de corpos superiores, por exemplo, dirigente do Grande Oriente do Rio Grande do Sul,
pois sua confirmação se deu com facilidade. Enfim, optamos por incluir aqueles que, sem dúvida
empírica, exerceram cargos em qualquer tipo de oficina maçônica.
423
A documentação impressa utilizada é, basicamente, a mesma em todo o nosso trabalho. Os jornais
maçônicos do Brasil e do Rio Grande do Sul possuíam uma estrutura formal semelhantes e dedicavam
uma parte ao processo eleitoral das oficinas em funcionamento, de forma geral ocorrido no mês de março
de cada ano, mas divulgado de forma gradativa em cada edição. Essas informações não são completas,
portanto o quadro de dirigentes maçons não reflete a totalidade por duas ordens de fatores: primeiro,
porque a imprensa maçônica é bastante lacunar na sua existência, circulação e disponibilidade nos
arquivos; segundo, porque nem todas as oficinas enviavam as informações ao poder maçônico estadual ou
nacional, o que implica divulgação incompleta. A pesquisa se deu, basicamente, nos seguintes periódicos:
Boletim do Grande Oriente do Brasil (1871-1900); O Maçon (1874-1875); A Acácia (1876-1877);
Boletim do Grande Oriente do Rio Grande do Sul (1893-1900). Alguns nomes foram incluídos por
aparecerem em documentação manuscrita e terem sido confirmados como integrantes e dirigentes da
ordem.
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Os dirigentes das lojas maçônicas, independentemente de sua categoria, apresentam os seguintes
cargos, também denominados de funcionários ou Luzes: Venerável (Ven∴), 1º. vigilante ( 1º. Vig∴), 2º.
vigilante (2º. Vig∴), orador (Orad∴), secretário (Secr∴). Os oficiais e demais cargos eletivos mudam
dependendo do rito de cada loja: no rito escocês: tesoureiro, chanceler, hospitaleiro, diáconos, cobridor
interno e cobridor externo; no rito adonhiramita: tesoureiro, chanceler, experto, mestre de cerimônias,
arquiteto e cobridor; no rito moderno ou francês: tesoureiro, chanceler, hospitaleiro, 1º., 2º. e 3º. expertos,
mestre de cerimônia, arquiteto e cobridor. Essa estrutura administrativa das oficinas não sofreu alterações
significativas durante a fase da maçonaria especulativa, aparecendo nas constituições e regulamentos
maçônicos de forma idêntica no período estudado. Retiramos esses dados da Constituição e Regulamento
Geral do Grande Oriente e Supremo Conselho do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Globo, 1899. p. 58-
59.