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Capítulo I
CSN: Um Sonho Feito a Ferro e Fogo
No texto a seguir a propósito da criação da Companhia
Siderúrgica Nacional e o que ela representaria para a nação estão
presentes todos os grandes temas que, pouco a pouco foram
caracterizando o ideário político das elites dominantes nos anos 30.
"Dentro de alguns meses, a usina de Volta Redonda
entrará em fase de produção. Primeiro, a coqueria.
Depois, o alto forno. Em seguida será a aciaria. E mais
tarde as unidades de laminação. Estará criado, já, na elite
brasileira, o clima suficiente para compreender o quanto
representa a grande usina da Companhia Siderúrgica
Nacional nos quadros da nossa economia?
Compreenderá o nosso povo o teor de sua independência
econômica que teremos então assegurado? Efetivamente,
confessemos: não há ainda preparação siderúrgica. Com a
primeira corrida que se fizer do alto forno teremos
assentado o marco definitivo da nossa industrialização.
Pensemos alto e largo: importando máquinas para as
nossas manufaturas, importando tratores e máquinas
agrícolas, estaremos sempre marcando passo. Em dia
com o progresso e a técnica num ano e em atraso no ano
seguinte. Carecemos de fazer as nossas máquinas
matrizes, máquinas de fazer máquinas. Volta Redonda
tornará possível semelhante coisa. Chapas para
construção de navios, trilhos para estender a rede
ferroviária, chapas galvanizadas, folhas de flandres,
perfilados, vergalhões, tudo enfim que seja produto de
siderurgia pesada sairá daquele parque siderúrgico,
inclusive o material para futuros altos fornos. O
empreendimento em si paira acima de qualquer pretexto
político. E nacional, a gigantesca obra que se vê hoje no
Vale do Paraíba, tão ligado, desde o Império, aos fastos
de nossa economia. Por ele, outrora, esparramava-se a
onda verde dos cafezais, entremeada com os ricos
palácios da nobreza rural, ligada à terra pelas próprias
raízes dos seus cafeeiros. O café exauriu a terra e seguiu