dos graves problemas sociais. No entanto, segundo fontes oficiais não havia
no país, capital disponível; os ricos não queriam assumir riscos e, então, coube
ao próprio governo assumi-los, com os meios de que dispunha, inclusive
o crédito externo e, segundo Geisel, por isso, foram acusados de estatizantes.
No II PND havia dois tipos de empreendimentos: os que deveriam ser de
exclusiva atribuição do Estado, como energia nuclear, telecomunicações,
aeroportos internacionais, empreendimentos vinculados a outros países como
Itaipu, eixos rodoviários, ferroviários, etc, e o petróleo em decorrência de sua
importância para o suprimento das necessidades do país. Ao segundo tipo
pertenciam os empreendimentos que deveriam ser atribuídos à iniciativa
privada, mas que, por falta de capital, de interesse, de empréstimo, ou por não
terem assegurado o lucro desejado, como por exemplo, as grandes hidrelétricas
e siderúrgicas ou indústrias privadas, bancos, etc, que foram malsucedidos e
acabaram ficando a cargo do governo, que tinha dificuldades de livrar-se delas
ou liquidá-las. Evidentemente, este segundo grupo não poderia prestar a
assistência desejada pelo governo para levar avante os referidos propósitos.
O capital estrangeiro não se mostrava inclinado a investir, por exemplo,
no desenvolvimento tecnológico e nas indústrias que mais podiam interessar ao
país e ainda, de acordo com fontes oficiais, o II PND acabou por gerar inflação,
assim como safras agrícolas frustradas.
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Nesse momento político, o capitalismo internacional ingressava , a partir
da crise do petróleo, num período recessivo longo. Muito do chamado milagre
brasileiro começou a desabar e o governo do Brasil preferiu manter o ritmo de
crescimento. Ernesto Geisel tenta explicar “que não havia como justificar uma
recessão depois de desenvolvimento do governo Médici mas que, também, como iria
resolver o problema social criado pelo desemprego que fatalmente viria?”
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12-Maria Celina D’ARAUJO e Celso CASTRO. Ernesto Geisel.p. 288
13-Idem, p.290-2