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com excelentes trabalhos a senhora Maria Meyer Marchner, que estudou em nossa
escola e na Europa [...]”.
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Note-se o adjetivo usado para se referir à artista, notável,
além de dar como certa a admiração que todos nutririam por ela.
Em oposição às Exposições de Belas Artes, promovidas por Aníbal Mattos,
representante da arte acadêmica na capital, realizou-se em 1936 o Salão do Bar Brasil,
que revelou
“... uma subversão aos cânones acadêmicos da arte em Belo
Horizonte. Organizar uma exposição de arte em um bar é uma
transgressão ou negação dos lugares tradicionalmente
designados para a experiência estética. O fato causou tal
estranheza que para o cronista Jair Silva
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estava havendo
“uma revivescência de costumes de artistas bohemios de 1936.
O Bar Brasil está enfeitado de quadros e de esculturas (...). O
Sr. Aníbal Mattos installou-se, sem bebidas, no Theatro
Municipal. os artistas novos foram discutir a arte na
penumbra de um bar. São opposicionistas. Não concordam
com a evidência concedida, em Minas, ao pintor Anibal
Mattos.”
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O salão foi organizado por Delpino Júnior, pintor, desenhista, ilustrador e
caricaturista que
“[...] procurou o apoio de artistas de prestígio na cidade -
como Genesco Murta, Jeanne Milde, Renato de Lima, Julius
Kaukal, Érico de Paula e Monsã – e convidou artistas novos
como Francisco Fernandes, Délio Delpino, Fernando
Pierucetti, Alvarenga, Alceu Pena, Aurélia Rubião, Nazareno
Altavilla, Rosa Barillo Paradas, Elza Coelho, Antônio Rocha e
José Pedrosa, entre outros. Buscou também o apoio de jovens
arquitetos e estudantes da Escola de Arquitetura, que havia
sido fundada em 1930. O catálogo da exposição relaciona o
127
DIÁRIO DE MINAS, 17 dezembro 1931.
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DIÁRIO DE MINAS, 17 dezembro 1931. Outros artistas presentes na Exposição foram os pintores
Amílcar Agretti, José Quintino de Barros, J. A. Ferber, Laerte Baldine, Rafaelo Berti, Souza Reis,
Oladimir Kozak, Anns Naim Vieira, Nicia Ruas Santos, Maria Guiomar Neves Cavalcanti de
Abulquerque, Luiz Signorelli. No desenho a bico de pena apresentaram-se Raul Tassini, e o próprio
Aníbal Mattos. Com charges, os artistas Adalberto Mattos, A. Childe, Argemiro Cunha e Monsã
estiveram presentes juntamente com a professora Anna Ruhlemam, essa última na seção de artes
aplicadas (cadeira que Milde ministrava na Escola de Aperfeiçoamento).
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SILVA, Jair. Folha de Minas. Belo Horizonte, outubro 1936.
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VIEIRA, Ivone Luzia. Emergência do modernismo. In: RIBEIRO, Marília Andrés e SILVA,
Fernando Pedro da (orgs). Op. cit, p. 149.