economia e de rede urbana local. Seus reflexos são notados na perda de importância das
cidades ribeirinhas dentro do contexto regional e na diminuição das exportações da região
para províncias do Norte pelo redirecionamento do fluxo desta economia.
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As cidades ribeirinhas, em função de suas posições estratégicas no comércio
regional e interprovincial, especialmente de sal, garantiram a sobrevivência econômica até
princípios do século XIX; a partir de então, foram perdendo espaço. Assim, primeiro
declinou a povoação da Barra do Rio das Velhas, para em seguida vir São Romão. Januária
(Salgado) manteve por mais tempo sua importância regional, graças, principalmente, ao
fato de possuir uma sólida agricultura baseada no cultivo da cana-de-açúcar. Entretanto,
sofreu irreversível processo de estagnação. Houve um progressivo deslocamento do eixo
econômico regional no sentido do afastamento do rio São Francisco, até então a principal
razão de ser do Norte de Minas. Neste processo, assistiu-se à ascensão de novos núcleos
urbanos, dentre os quais Montes Claros.
A mudança do eixo econômico, passando do Norte para o Sul, teria refletido sobre
os fluxos do comércio inter-regional. Ao se deslocar para o Sul, houve uma queda das
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MATA MACHADO, Bernardo. Op Cit. ,p. 62.
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Tarcísio Botelho informa que “é possível encontrar um bom exemplo[do redirecionamento econômico] na
trajetória do Registro do Rio Pardo ao longo do século XIX. Os registros eram barreiras alfandegárias
existentes em pontos estratégicos nos limites das Capitanias, responsáveis pela cobrança de impostos sobre
produtos exportados e importados. No Império, foram substituídos pelas recebedorias, com características
semelhantes. Rio Pardo e Malhada/Januária eram os mais importantes registros do Norte da Capitania, e
estavam colocados em rotas de comércio com a Bahia e Pernambuco. O último estava instalado na margem
esquerda do Rio São Francisco, enquanto o primeiro servia mais à área à esquerda do Rio Jequitinhonha. Nos
esclarecimentos prestados ao governo provincial pelas autoridades de Minas Novas, em 4 de Fevereiro de
1844, tratando das estradas que passavam próximo do Registro de Rio Pardo, afirmava-se que “há outra
estrada de grande commercio descoberta no tempo do Registro, para extravios, a qual he a lado esquerdo da
do Curralinho, chamada do R
o
Verde pequeno por ella descem gêneros de V
a
de Formigas [Montes Claros] –
Gorotuba – Tremedal – e Catingas do R
o
Pardo, e do mesmo R
o
Verde, e sobem gêneros em grande numero”.
Quanto aos produtos que circulavam pelo Registro, “os gêneros que se exportão desta Província são Boiadas
– Cavallarias – Cargas d’algodão em lã – mantas – panos d’algodão, couros de Boi – derivados – e solla –
allem de outros. Os de importação são fazendas seccas, enxofre, ferro, asso, chumbo, cobre, ferramentas,
louça, farinha de trigo, bolaxas, e vinhos.” Se os principais produtos de exportação não mudaram muito ao
longo do século XIX, os volumes comercializados sofreram variações, com quedas contínuas nas vendas de