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Antigo Testamento, apreenderam e compilaram muitos dos costumes dos povos
antigos do Oriente Médio, Ásia e África; segundo, pelo fato destes terem se
constituído em fonte de forte influência sobre o ocidente cristão, conforme observa-se
no livro de Jó, cuja autoria é de difícil precisão, onde o mais provável é tratar-se de
uma história que circulava no oriente
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. Assim, os textos bíblicos além de refletirem os
costumes dos povos antigos e a figura do leproso, para esse notadamente o Levítico,
engendraram muitas das representações que a Idade Média européia iria consolidar.
A Bíblia, do ponto de vista cristão, foi escrita “sob inspiração direta do
próprio Deus,” que, no entanto, teria respeitado a personalidade dos redatores,
homens das mais variadas classes e profissões
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. Escrita num período de tempo de
aproximadamente 1.500 anos dos quais apenas um século foi após a morte de Cristo,
nela encontramos inúmeras referências sobre lepra.
formam um composto único, indissolúvel. O mundo social, engendrado pelos homens em relação
direta com o mundo natural, é filtrado tanto individualmente quanto coletivamente através de
traduções mentais, processo de abstração que corresponde segundo Roger Chartier e Jacques Le Goff
às representações.
A representação torna-se possível, nesta acepção, somente dentro das relações indivíduo-
indivíduo, indivíduo–social , indivíduo-natural, social-natural, social-indivíduo, donde os elementos
que fundamentam estas traduções e interpretações ou os esquemas intelectuais interiorizados a que se
refere Chartier são, ente outros, a cultura e a memória.
O indivíduo percebe o mundo a sua volta através das representações pelas quais ele o traduz,
o interpreta e o torna inteligível e incorporado. O imaginário embora pertença ao campo da
representação, o ultrapassa (Cf. Le Goff., p.12). Ele interfere na representação, logo pode alterar a
percepção que os indivíduos têm acerca do mundo. Conforme François Laplatine e--------: “O
imaginário é um processo cognitivo no qual a afetividade está contida, traduzindo uma maneira
específica de perceber o mundo, de alterar a ordem da realidade”. (Cf. LAPLATINE., p.79). Sobre os
conceitos de imaginário e representação, ver: CHARTIER, Roger. A história cultural: entre práticas
e representações. Lisboa, DIFEL/Bertrand, 1990( notadamente a introdução). LE GOFF, Jacques. O
imaginário medieval. Lisboa, Editorial Estampa, 1991(ver o prefácio). SWAIN, Tânia Navarro. Você
disse imaginário. In: LACERDA, Sônia. História no Plural. (Coleção Tempos), Brasília, Editora da
UNB, 1994(pp.43-67). BACZKO, Bronislaw. Imaginação Social. In: Enciclopédia Einaudi. vol.V
(Antropos-Homen), Lisboa, Imprensa Nacional - Casa da Moeda, 19859pp.296-332). LAPLATINE,
François, et alli.O que é imaginário. São Paulo, Editora Brasiliense, 2000.
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Acredita-se que o livro de Jó trata-se de um conto que imaginação popular teria ampliado e
poetizado. Seu autor é nominalmente desconhecido, no entanto, torna-se cada vez mais difícil
atribuí-lo a Moisés ou a Salomão. O período em que foi escrito é uma incógnita, no entanto, sabe-se
com segurança que situa-se após o exílio dos hebreus na Babilônia e antes do século III a. C...
Os críticos insistem na idéia de uma lenda, que circulava na região, baseando-se na confrontação com
outras histórias de povos vizinhos que apresentava características bastante semelhantes ao livro de Jó:
São Eles: O Justo Sofredor da babilônia: O diálogo do Desesperado e as Queixas de Aldeão do Egito;
Prometeu Encadeado de Ésquilo e Édipo Rei e Tarquínias de Sófocles na Grécia, Cf. CARDOSO,
Brito. Job. In: Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura. Lisboa, Vol. 11, Editorial Verbo ( pp. 676-
678).
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Ainda reside algumas dúvidas quanto a alguns autores dos livros bíblicos, bem como algumas datas e
locais em que foram escritos, mas quanto as profissões dos autores eram elas: reis, agricultores,
pastores, advogados, pescadores, um médico, um cobrador de impostos.