ANEXO 02
MANIFESTO DO MOVIMENTO BRASIL INFORMÁTICA
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MANIFESTO EM DEFESA DA TECNOLOGIA NACIONAL
Entidades representativas da sociedade brasileira
conclamam os parlamentares a institucionalizar a
Política Nacional de Informática, transformando-a em
lei. O manifesto “Em Defesa da Tecnologia
Nacional” ressalta a importância vital da reserva
de mercado para o desenvolvimento da indústria e
tecnologia na área de informática.
EM DEFESA DA TECNOLOGIA
NACIONAL
A tecnologia constitui hoje um
instrumento por meio do qual as
nações mais avançadas submetem os
países subdesenvolvidos à condição
de importadores de produtos
sofisticados de aplicação, muitas
vezes, inquestionável. Em
contrapartida, resta-lhes a
exportação de mão-de-obra barata e
de suas riquezas naturais. Por essa
razão, o caminho da soberania passa
necessariamente pela emancipação
tecnológica. E somente através de
competência tecnológica própria, as
nações menos desenvolvidas
poderão encontrar soluções para os
reais problemas nacionais.
Existe um esforço deliberado
por parte das nações industrializadas,
em caracterizar tecnologia, não
como um bem cultural que ela é,
mas como uma mercadoria objeto de
transações comerciais. Tecnologia,
por ser habilidade, não se compra
nem se transfere, mas se desenvolve
no exercício, na prática.
Dentre os vários campos de
desenvolvimento tecnológico, o de
informática é, sem dúvida, um dos
mais importantes pela sua
penetração em todos os setores da
sociedade. O Brasil optou pela
implementação de uma política de
desenvolvimento tecnológico na área
de informática que vem mostrando
grande eficácia para garantir o
domínio nacional dessa tecnologia, e
tornar a nação mais autônoma e
menos dependente.
A política nacional de
informática é inovadora, mesmo no
âmbito internacional. Graças a ela, o
Brasil se transformou em pouco
tempo, de mero usuário de máquinas
importadas em produtor, capaz de
gradativamente passar a dominar
todo o ciclo tecnológico desse setor.
Esta estratégia capacitou empresas
genuinamente nacionais a projetar,
fabricar e utilizar sistemas de
informática.
O sucesso da política nacional
de informática contraria interesses
substantivos que hoje, com o
objetivo de produzir os mecanismos
que sustentam todo o investimento
nacional do setor, articulam-se no
sentido de explorar, ainda mais, o
atraente mercado brasileiro.
RECONHECENDO QUE
1- A soberania de uma nação está
condicionada à sua capacitação
tecnológica;
2- O processo de capacitação
tecnológica decorre da atividade
de prática interna, a partir do
reconhecimento dos problemas
propostos pela realidade nacional,
sendo a indústria genuinamente
nacional o instrumento de
consolidação de tecnologia
desenvolvida no país;
3- Uma indústria nacional com
tecnologia própria, construída
com base no mercado interno,
tendo a capacidade de
desenvolver produtos
diferenciados e sem sofrer
restições por parte de
licenciadores externos, é a única
que pode exportar de maneira
significativa;
4- A indústria nacional, por garantir
o uso intensivo, em seu
processo produtivo, de
inteligência brasileira aprimorada
nas instituições de ensino e
pesquisa, possibilita o completo
domínio de todo o ciclo
tecnológico;
5- Os resultados conseguidos até
agora demonstram que a indústria
de informática caminha para a
maturidade, gerando mais e
melhores empregos, produzindo
os sistemas de informática
necessários ao desenvolvimento
do país com o menor dispêndio
de divisas, comparadas às
multinacionais do setor que nele
operam;
6- Somente um indústria nacional de
informática, tecnologicamente
competente, poderá criar
condições para desenvolvimento
de uma tecnologia de uso dos
sistemas adequada à realidade
nacional.
MANIFESTAMOS:
1- Apoio à política nacional de
informática, repudiando todas as
pressões internas ou externas que
procuram modificá-la em
benefícios de poderosos
interesses, contrários ao interesse
maior da nação;
2- A necessidade de empenho de
toda a Nação e em particular do
Congresso Nacional, para a
aprovação urgente de
mecanismos legais de estímulo e
proteção permanentes ao
desenvolvimento tecnológico
nacional, buscando assegurar,
pelo instrumento da reserva de
mercado, a emancipação
tecnológica do país.
Brasília, 07 de Outubro de 1983.
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Publicado pelo Jornal de Brasília em 12 de setembro de 1984.