108
favorecimento à companhia mineira em detrimento da paulista CMEF
245
. O motivo
explicitado por Penna, em discurso ao Congresso Nacional no mesmo ano, foi o fato da
EFOM pertencer ao governo federal, enquanto a CMEF era privada. Seu discurso
político pautou-se na necessidade de construir a nação brasileira através de uma política
de integração nacional ferroviária e fluvial, e de povoamento pela imigração
246
.
A EFOM ainda foi indenizada pela realização dos estudos no trecho de 30km
entre Formiga e Arcos. Recebeu, da EFG, duas locomotivas tipo Consolidation, da
Baldwin Locomotive Works, 15 vagões e 1.100 toneladas de trilhos de aço
247
. Em 1907,
iniciaram os trabalhos de construção da EFG, entre Formiga e Porto Real, à margem
direita do Rio São Francisco, sob a responsabilidade do empreiteiro Antônio Francisco
da Rocha, o mesmo da EFOM na década anterior. Em 1908, o primeiro trecho, de
31,6km, entre Formiga e Arcos, foi solenemente inaugurado com a presença do
Secretário do Interior mineiro, Manoel Britto. Segundo Nelson de Senna, o primeiro
“comboyo inaugural da ferro-via Goyana, puchado pela locomotiva Mariano
Procopio” entrou na estação de Arcos no dia 21 de abril
248
.
Em 12 de outubro de 1909, foi inaugurada uma "ponte metallica", com um só
vão de 86m, fornecida pelas usinas Dyle & Bacalan, sobre o Rio São Francisco, após a
245
Decreto federal n. 6.438, de 27/3/1907.
246
SENNA, N. Anuário de Minas Geraes - 1909. Belo Horizonte: Imprensa Oficial, 1909. p. 469-470. “Conforme a
vossa autorização, depois de maduramenre considerado o assumpto, resolvi modificar os traçados das estradas de
Araguary a Goyaz e de Baurú a Cuyabá, tendo sobretudo em vista ligar effectivamente ao littoral as grandes
bacias do Araguaya e do Paraguay. Quanto á primeira, aliás outro motivo sobrelevou-se, qual o de valorisar a
estrada de ferro Oeste de Minas, proprio federal, permittindo ao mesmo passo, a communicação directa de Goyaz
com o Rio de Janeiro, sem quebra de bitola, segundo é pensamento do Governo realisar; e o povoamento da zona
que passou a servir, mui fertil e apropriada á colonisação estrangeira, serviço ao qual se obrigou a companhia
concessionária.Em ambos os casos melhoraram-se as condições technicas. (...) Á modificação do traçado não
importa que fique a cidade de Cuyabá desprovida de viação ferrea, pois, de futuro, será servida por um ramal
desta, e pelo prolongamento da Estrada de Ferro de Goyaz.”
247
VAZ, M. Idem, p.42.
248
SENNA, N. Idem, 1909, p.474. Neste momento existiam dois trajetos possíveis a partir de Bambuí. O primeiro
continuaria até a Guarda dos Ferreiros, atualmente no município de São Gotardo, Pouso Alegre, Carmo do
Paranaíba, Lagoa Formosa, Patos de Minas, Onça, Carrapato, Retiro, Batalha, chegando ao porto mineiro de
Soledade, no Rio São Marcos, atual município de Paracatú. O segundo projeto passava bem mais ao sul. De
Bambuí os trilhos continuariam, passando pela Garganta de Santa Cruz e pela Gartanta da Palestina, atualmente no
município de Campos Altos, seguindo para São Pedro de Alcantara (Ibiá), Patrocínio, Dourado Quará,
atravessando o Rio Paranaíba e alcançando Catalão. Este projeto prevaleceu até Patrocínio, de acordo com o
decrecto no. 1.562, de 30 de setembro de 1909.