inadequadas, pois eram caras para os baixos salários recebidos pelos operários, e quase
sempre apresentavam um baixo padrão habitacional.
2
Alguns industriais das grandes cidades, como Francesco Matarazzo, da
Fiação e Tecelagem Mariângela (São Paulo), construíram vilas operárias junto às suas
fábricas, mas cobravam aluguéis elevados. Nas grandes cidades, eram raras as indústrias
que construíam moradias vantajosas para o operariado empregado, como o conhecido
Jorge Street. Vilas operárias, que apresentavam condições adequadas e aluguel
relativamente barato, eram freqüentes no interior dos estados, em núcleos distantes,
onde era preciso fixar a mão-de-obra.
3
As observações coletadas nos registros referentes aos endereços das
residências dos operários têxteis da cidade de São João del-Rei evidenciam que estes
moravam, em sua maioria, em ruas que se localizavam nas proximidades do edifício da
fábrica. Somente algumas vezes, são mencionadas nesta documentação as ruas
tradicionais, que em muitos momentos serviram de referência para retratar o dinamismo
comercial, que tanto caracterizou o centro de São João del-Rei em tempos anteriores.
Entretanto, essa colocação não exclui a presença de operários que trabalhavam na
fábrica e que residiam no centro da cidade.
4
No caso da Companhia Industrial São Joanense, a organização do
operariado através da moradia se deu de forma peculiar: a fábrica chegou a construir
2
DECCA, Maria Auxiliadora Guzzo de. Indústria, Trabalho e Cotidiano: Brasil, 1880 a 1930. São Paulo:
Atual, 1991. (História em Documentos) p. 47-48.
3
Idem Ibidem, p. 51.
4
Locais como a Rua Direita, da Cachaça, do Tejuco, das Mônicas, do Rosário, da Prainha, do Carmo, de
São Francisco, da Ponte e seus respectivos “becos”, são retratados como locais dinâmicos de vendas na
Vila de São João del Rei do século XIX. Em fins do século XIX podem ser contabilizadas 28 ruas, entre
elas: Direita, S. Roque, Municipal, Commércio, S. Francisco, Prata, Rosário, Praia Formosa, Santo
Antônio, Independência, Bonfim, Voluntários, Paysandú, Alegria, Cruz, S. Miguel, Senhora da Graça,
Santa Thereza, Lage, Flores, Carmo, Nova, Misericórdia, Collégio, Prainha, Cajangá, Barro e Forras. In:
MALDOS, Roberto. Formação Urbana de São João del Rei. São João del Rei: IPHAN, 1997.
(mímeo).Esse dado, de 1887, foi baseado nos estudos do Sr. Aureliano Mourão, publicado no jornal “O
Arauto de Minas”. São João del-Rei, 31 de março de 1887, Anno I, N
o
4.