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Ministério da Ciência e Tecnologia - MCT
Financiadora de Estudos e Projetos - FINEP
Programa de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico - PADCT
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE
DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
_____________________________________________________________________________________________
COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA DE
MÓVEIS DE MADEIRA
Nota Técnica Setorial
O conteúdo deste documento é de
exclusiva responsabilidade da equipe
técnica do Consórcio. Não representa a
opinião do Governo Federal.
Campinas, 1993
Documento elaborado pelo consultor Armênio de Souza Rangel (FEA/USP).
A Comissão de Coordenação - formada por Luciano G. Coutinho (IE/UNICAMP), João Carlos Ferraz (IEI/UFRJ), Abílio dos Santos
(FDC) e Pedro da Motta Veiga (FUNCEX) - considera que o conteúdo deste documento está coerente com o Estudo da Competitividade da Indústria
Brasileira (ECIB), incorpora contribuições obtidas nos workshops e servirá como subsídio para as Notas Técnicas Finais de síntese do Estudo.
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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CONSÓRCIO
Comissão de Coordenação
INSTITUTO DE ECONOMIA/UNICAMP
INSTITUTO DE ECONOMIA INDUSTRIAL/UFRJ
FUNDAÇÃO DOM CABRAL
FUNDAÇÃO CENTRO DE ESTUDOS DO COMÉRCIO EXTERIOR
Instituições Associadas
SCIENCE POLICY RESEARCH UNIT - SPRU/SUSSEX UNIVERSITY
INSTITUTO DE ESTUDOS PARA O DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL - IEDI
NÚCLEO DE POLÍTICA E ADMINISTRAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA - NACIT/UFBA
DEPARTAMENTO DE POLÍTICA CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA - IG/UNICAMP
INSTITUTO EQUATORIAL DE CULTURA CONTEMPORÂNEA
Instituições Subcontratadas
INSTITUTO BRASILEIRO DE OPINIÃO PÚBLICA E ESTATÍSTICA - IBOPE
ERNST & YOUNG, SOTEC
COOPERS & LYBRANDS BIEDERMANN, BORDASCH
Instituição Gestora
FUNDAÇÃO ECONOMIA DE CAMPINAS - FECAMP
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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EQUIPE DE COORDENAÇÃO TÉCNICA
Coordenação Geral: Luciano G. Coutinho (UNICAMP-IE)
João Carlos Ferraz (UFRJ-IEI)
Coordenação Internacional: José Eduardo Cassiolato (SPRU)
Coordenação Executiva: Ana Lucia Gonçalves da Silva (UNICAMP-IE)
Maria Carolina Capistrano (UFRJ-IEI)
Coord. Análise dos Fatores Sistêmicos: Mario Luiz Possas (UNICAMP-IE)
Apoio Coord. Anál. Fatores Sistêmicos: Mariano F. Laplane (UNICAMP-IE)
João E. M. P. Furtado (UNESP; UNICAMP-IE)
Coordenação Análise da Indústria: Lia Haguenauer (UFRJ-IEI)
David Kupfer (UFRJ-IEI)
Apoio Coord. Análise da Indústria: Anibal Wanderley (UFRJ-IEI)
Coordenação de Eventos: Gianna Sagázio (FDC)
Contratado por:
Ministério da Ciência e Tecnologia - MCT
Financiadora de Estudos e Projetos - FINEP
Programa de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico - PADCT
COMISSÃO DE SUPERVISÃO
O Estudo foi supervisionado por uma Comissão formada por:
João Camilo Penna - Presidente Júlio Fusaro Mourão (BNDES)
Lourival Carmo Monaco (FINEP) - Vice-Presidente Lauro Fiúza Júnior (CIC)
Afonso Carlos Corrêa Fleury (USP) Mauro Marcondes Rodrigues (BNDES)
Aílton Barcelos Fernandes (MICT) Nelson Back (UFSC)
Aldo Sani (RIOCELL) Oskar Klingl (MCT)
Antonio dos Santos Maciel Neto (MICT) Paulo Bastos Tigre (UFRJ)
Eduardo Gondin de Vasconcellos (USP) Paulo Diedrichsen Villares (VILLARES)
Frederico Reis de Araújo (MCT) Paulo de Tarso Paixão (DIEESE)
Guilherme Emrich (BIOBRAS) Renato Kasinsky (COFAP)
José Paulo Silveira (MCT) Wilson Suzigan (UNICAMP)
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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SUMÁRIO
RESUMO EXECUTIVO............................................................................................................1
APRESENTAÇÃO...................................................................................................................21
1. ANÁLISE DAS TENDÊNCIAS INTERNACIONAIS..........................................................24
1.1. Introdução.....................................................................................................................24
1.2. Principais Mercados Consumidores................................................................................24
1.3. Principais Países Exportadores.......................................................................................25
1.4. Organização da Indústria de Móveis nos Principais Países Exportadores........................29
1.5. Principais Tendências Tecnológicas Internacionais.........................................................30
1.6. Fatores Básicos da Competitividade a Nível Internacional..............................................31
2. COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA DE MÓVEIS ................................33
2.1. Introdução.....................................................................................................................33
2.2. Desempenho Recente da Indústria de Móveis.................................................................34
2.2.1. Comportamento recente do mercado, do produto e do emprego...........................34
2.2.2. Organização industrial..........................................................................................37
2.2.3. Localização regional ............................................................................................40
2.2.4. Comércio exterior................................................................................................41
2.3. Capacitação Gerencial, Comercial, Produtiva e Tecnológica das Empresas Líderes ........46
2.3.1. Introdução...........................................................................................................46
2.3.2. Processos produtivos, organização industrial e matérias-primas............................47
2.3.3. Grau de atualização tecnológica, máquinas e equipamentos..................................49
2.3.4. Design, P&D e marca...........................................................................................50
2.3.5. Gestão da qualidade.............................................................................................52
2.3.6. Capacidade gerencial, mão-de-obra e métodos de trabalho...................................52
2.3.7. Formas de comercialização ..................................................................................53
2.4. Investimento e Estratégias Empresariais.........................................................................54
2.5. Obstáculos e Oportunidades para o Aumento da Competitividade..................................55
3. RECOMENDAÇÕES DE POLÍTICA...................................................................................58
3.1. Introdução.....................................................................................................................58
3.2. Política de Reestruturação Empresarial ..........................................................................58
3.3. Política de Modernização Produtiva...............................................................................60
3.4. Política Relacionada aos Fatores Sistêmicos...................................................................63
4. INDICADORES DE COMPETITIVIDADE.........................................................................64
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................................65
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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BIBLIOGRAFIA ......................................................................................................................66
RELAÇÃO DE TABELAS E GRÁFICOS................................................................................67
RELAÇÃO DE SIGLAS E ABREVIATURAS.........................................................................69
ANEXO 1: APÊNDICE ESTATÍSTICO ..................................................................................71
ANEXO 2: PESQUISA DE CAMPO - ESTATÍSTICAS BÁSICAS PARA O SETOR.............84
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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RESUMO EXECUTIVO
1. TENDÊNCIAS INTERNACIONAIS DA COMPETITIVIDADE
1.1. Características Estruturais
A indústria moveleira apresenta um padrão homogêneo a nível internacional. Trata-se de
um indústria extremamente fragmentada caracterizada pela pequena participação no valor
adicionado pela indústria de transformação e pela grande absorção de mão-de-obra relativamente
aos demais segmentos da indústria.
A nível internacional tem se desenvolvido um padrão de organização da indústria de
móveis com reduzida verticalização da produção o que tem possibilitado uma maior
especialização em cada uma das etapas do processo de produção. No caso da Itália, as maiores
empresas dedicam-se, primordialmente, à montagem e ao acabamento de móveis a partir de peças
e componentes produzidos por um grande número de pequenas empresas que trabalham em
regime de subcontratação. Há, no total, cerca de 33.000 empresas que, em sua imensa maioria,
empregam menos de 10 pessoas. Poucas são as empresas com mais de 500 empregados. Já na
Alemanha, o padrão de organização industrial não é tão pulverizado e desverticalizado. Cerca de
1200 empresas trabalham junto a mais de 2000 pequenas oficinas especializadas. O sucesso de
Taiwan deve-se, em grande medida, também a uma reduzida verticalização da produção. Este
novo modelo industrial contrasta fortemente com a indústria de móveis tradicional em que cada
unidade produtiva congrega inúmeros processos de produção e obtém uma multiplicidade de
produtos.
A indústria de móveis é uma indústria tradicional, com tecnologia de produção
consolidada e bastante difundida e cujo padrão de desenvolvimento tecnológico é determinado
pela indústria de bens de capital. Este fato permite um acesso irrestrito para qualquer país às mais
modernas máquinas e equipamentos. As mudanças no processo de produção são incrementais, não
havendo alterações radicais que possam nodificar de forma brusca a posição competitiva dos
diversos países.
A grande mudança técnica ocorrida recentemente foi a substituição de máquinas e
equipamentos eletromecânicos por máquinas e equipamentos com dispositivos microeletrônicos.
Esta mudança tem permitido um controle mais eficaz do processo produtivo, uma melhor
qualidade dos produtos e uma maior flexibilidade da produção. As máquinas com dispositivos
microeletrônicos oferecem uma grande vantagem nos processos de produção flexíveis. Contudo,
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em processos de produção seriados - obtenção de poucos produtos de uma única linha de
produção - as máquinas convencionais equiparam-se às mais modernas, podendo conviver ao lado
de máquinas de última geração sem prejuízo para o processo como um todo. O investimento é,
portanto, divisível permitindo um processo de modernização por etapas.
A dinâmica das inovações tecnológicas na indústria de móveis de madeira origina-se,
basicamente, das inovações de produto pelo aprimoramento do design e pela utilização de novos
materiais. No caso de novos materiais, as mudanças são, também, exógenas. No segmento de
móveis retilínios, por exemplo, grande parte das inovações originaram-se da utilização de novas
chapas de aglomerado com novos revestimentos introduzidos pela indústria de madeira
aglomerada. Resta-lhe, portanto, como fator próprio de inovação, o design, ou seja, as inovações
de produto. Neste aspecto, a utilização do sistema CAD - Computer Aided Design - tem
permitido um aprimoramento do design e uma maior flexibilidade de modelos.
Os principais mercados consumidores de móveis encontram-se nos países desenvolvidos.
O mercado dos sete maiores consumidores - EUA, Japão, Alemanha, França, Itália, Inglaterra e
Espanha - pode ser estimado em US$ 85 bilhões para o ano de 1988. Os EUA lideram o consumo
de móveis com cerca de 40% desse total, seguido de Japão (16%) e Alemanha (12%). Os países
mais dependentes de importações de móveis são França (18,4%), Inglaterra (13,6%) e EUA
(11,2%). Para o Japão, o grau de dependência externa é de somente 2,6%. Alemanha, Itália e
Espanha são exportadores líquidos de móveis.
O comércio exterior de móveis desenvolveu-se de forma significativa nas últimas três
décadas. O país pioneiro nas exportações de móveis foi a Dinamarca nas décadas de 50 e 60.
Posteriormente, já na década de 70, a Itália passou a exercer a liderança nas exportações de
móveis seguida de perto pela Alemanha. O comércio internacional de móveis tem se restringido,
basicamente, ao intercâmbio entre os principais países desenvolvidos. Para o ano de 1988, cerca
de 80% das exportações e 85% das importações de móveis ficaram restritas a 14 países
desenvolvidos. Na medida em que as grandes reservas florestais encontram-se nos países em
desenvolvimento, conclui-se pela funcionalidade para os países desenvolvidos das exportações de
madeira bruta por parte dos países em desenvolvimento. Para o ano de 1988, as exportações
mundiais atingiram US$ 22,1 bilhões. A Itália foi responsável por 18,6% das exportações totais, a
Alemanha por 18,0% e Taiwan por 7,7%. A liderança mundial é exercida pela Itália: suas
exportações líquidas atingiram US$ 3,75 bilhões.
Tradicionalmente circunscrito aos países desenvolvidos, o mercado mundial de móveis tem
sido invadido, nos últimos anos, pelas crescentes exportações de alguns países em
desenvolvimento, destacando-se Taiwan com exportações crescentes para os EUA e para os
países da CEE. Outros países asiáticos, como Filipinas, Coréia, Tailândia e Hong Kong, embora
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em escala bem menor, têm intensificado suas exportações de móveis para os países desenvolvidos.
Atualmente, as exportações dos países em desenvolvimento podem ser estimadas em torno de
15,0% das exportações mundiais.
Os móveis de madeira constituem-se no principal segmento do comércio internacional de
móveis. No ano de 1988, estas exportações representaram, aproximadamente, 35,5% do total. Em
segundo lugar, situaram-se as exportações de cadeiras e assentos com uma participação de 28,8%.
Ambos os segmentos perfazem uma participação total de 64,3% nas exportações mundiais.
1.2. Fatores Determinantes da Competitividade Internacional
Os fatores básicos da competitividade a nível internacional podem ser resumidos em
quatro pontos básicos: tecnologia, especialização da produção, design e estratégias comerciais. Os
países desenvolvidos carentes de matéria-prima e com elevados custos de mão-de-obra buscaram
superar estas dificuldades promovendo uma maior racionalização do processo produtivo. O
sucesso da Itália e da Alemanha, deve-se, também, ao fato de que a indústria de máquinas e
equipamentos para a indústria de móveis nestes países é a mais avançada a nível mundial. Esta
integração entre a indústria de móveis e a indústria de máquinas permite um processo permanente
de atualização da base técnica da indústria de móveis a custos menores do que em outros países.
Contudo, este sucesso competitivo depende, também, das exportações de madeira bruta
por parte dos países em desenvolvimento. Até há bem pouco tempo, estes cumpriam a função de
exportar madeira bruta sem participar no comércio internacional de móveis. Mais recentemente,
alguns países asiáticos - Indonésia, Filipinas - proibiram as exportações de madeira bruta para
reforçar sua posição competitiva nas exportações para os países desenvolvidos.
No caso da Itália, deve-se destacar a força de sua escola de design que consegue
determinar o padrão de consumo em outros países. É muito difícil, contudo, constituir uma escola
própria de design. É possível, entretanto, sustentar, numa primeira etapa, uma forte posição
competitiva a nível internacional sem uma posição de liderança no design pois, na maioria das
vezes, o design é determinado pelos comerciantes importadores, como ocorre no caso das
exportações de Taiwan para os EUA.
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2. COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA DE MÓVEIS
2.1. Diagnóstico da Competitividade - Desempenho, Estratégias Capacitação
Há uma sistemática perda de importância da indústria de móveis relativamente ao conjunto
da indústria de transformação. No ano de 1970, a participação da indústria de móveis no total do
valor adicionado pela indústria de transformação foi de 2,0%. Em 1980, esta participação havia
declinado para 1,7% e, em 1990, para 1,1%. Esta perda de importância acentuou-se ao longo dos
anos 80. Até o ano de 1980, a indústria de móveis acompanhou, apesar do ritmo menos
acentuado, a tendência geral do crescimento industrial (Gráfico 1).
GRÁFICO 1
EVOLUÇÃO DO PRODUTO REAL NA INDÚSTRIA DE MÓVEIS
E DE TRANSFORMAÇÃO
50
100
150
200
250
300
1970 1975 1980 1985 1990
Ind. Transformação Móveis
(Base 1970 = 100)
Fonte: FIBGE
A indústria de móveis parece, portanto, ter sido afetada de forma particular pelos ciclos de
crescimento e recessão que caracterizaram a economia brasileira nos anos 80. Foi somente no ano
de 1986, diante do grande crescimento da demanda interna que acompanhou o Plano Cruzado,
que o nível de produção sobrepujou o nível de 1980. Em todos os demais anos, o nível de
produção esteve abaixo daquele nível revelando, portanto, as grandes dificuldades atravessados
por esta indústria ao longo dos anos 80.
A indústria brasileira de móveis caracteriza-se, da mesma forma que nos demais países,
pela grande absorção de mão-de-obra relativamente aos demais segmentos do setor industrial e
pela pequena participação no valor adicionado pela indústria de transformação. Trata-se de um
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setor intensivo em trabalho e que agrega pouco valor por unidade de mão-de-obra. Em 1985 a
participação da indústria de móveis no emprego industrial total brasileiro foi de 6,7% enquanto no
valor adicionado foi de apenas 1,4%. É uma indústria em que predominam pequenas e médias
empresas havendo poucas empresas de grande porte. Inclui-se, também, uma infinidade de
pequenas empresas de caráter tipicamente artesanal.
Dentre os vários segmentos que compõem a indústria de móveis, os segmentos de móveis
de madeira para residência e para escritório são os mais importantes. Destes dois segmentos, o
mais importante é o de móveis residenciais: reúne 77,5% do total de estabelecimentos, 73,5% do
total de empregados e 65,5% do valor adicionado total, de acordo com o Censo Industrial de
1985. O segmento de móveis para escritório reúne 6,9% do total de estabelecimentos, 9,1% do
pessoal ocupado e 12,6% do valor adicionado total.
O segmento de móveis residenciais caracteriza-se pela presença de uma infinidade de
empresas, apresenta um menor número médio de trabalhadores por empresa e um menor valor
agregado por trabalhador em relação ao segmento de móveis para escritório; ou seja, a grande
presença de pequenas empresas localiza-se no segmento de móveis residenciais. Este fato explica-
se pela menor complexidade do processo produtivo que reduz as barreiras às entrada neste
segmento da indústria de móveis.
O segmento de móveis de madeira para residência pode ser subdividido nas seguintes
categorias: móveis retilínios seriados, móveis torneados seriados e móveis sob medida. A presença
de pequenas e microempresas localiza-se, primordialmente, no segmento de móveis sob medida
que, em geral, são marcenarias que atendem a pedidos individuais e específicos. Contudo, estas
pequenas empresas fazem-se presentes, também, no segmento de móveis torneados. Já no
segmento de móveis retilínios sua presença é mais difícil pelas dificuldades de concorrência com as
maiores empresas que atuam neste segmento e que produzem em grande escala para atingir um
amplo mercado. Além disso, as pequenas empresas encontram dificuldades para a aquisição
regular de madeira aglomerada.
Já o segmento de móveis de escritório pode ser segmentado em dois setores: móveis para
escritório sob encomenda e móveis para escritório seriados. Devido à maior complexidade do
processo de produção que envolve, principalmente, o trabalho de marcenaria, metalurgia e
tapeçaria, além do projeto de instalação no caso dos móveis sob encomenda, não há espaço para
uma presença mais significativa de micro e pequenas empresas neste segmento. Além disso, grande
parte do mercado de móveis de escritório sob encomenda é constituído por empresas públicas que só
compram através de licitação o que dificulta, também, o acesso à pequena empresa.
Em geral, a característica básica da organização industrial do setor é a grande
verticalização do processo produtivo. Numa mesma unidade fabril convivem inúmeros processos
tecnológicos dos quais se obtém uma grande variedade de produtos. Trata-se, portanto, de um
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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modelo industrial radicalmente distinto de países como a Itália. Esta característica deriva, em
grande medida, de um mecanismo de defesa das empresas do setor que visam assegurar o
fornecimento e a qualidade dos seus produtos.
Apesar de ser uma indústria dispersa por todo o território nacional, a indústria brasileira de
móveis localiza-se, principalmente, nos estados de São Paulo, Rio Grande do Sul e Santa Catarina
onde estão concentrados 68,5% do valor adicionado total e 39,8% do emprego total. No estado
de São Paulo, a indústria de móveis é extremamente dispersa, espalhando-se pela capital e pelo
interior. Já no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, ela organiza-se em torno de dois pólos
industriais moveleiros: Flores da Cunha e Bento Gonçalves no Rio Grande do Sul e São Bento do
Sul em Santa Catarina. Este fato, confere a estes dois estados vantagens comparativas
significativas relativamente aos demais estados da federação. Estes dois pólos industriais são
responsáveis pela maior parte das exportações brasileiras de móveis de madeira.
Além disso, há uma diferenciação acentuada entre estas três regiões quanto aos tipos de
móveis que fabricam. Em São Paulo, encontram-se presentes todos os segmentos da indústria do
mobiliário, não havendo uma especialização regional marcante. Em particular, aí se localizam as
principais empresas brasileiras fabricantes de móveis para escritório sob encomenda. Já no Rio
Grande do Sul, há uma maior especialização na fabricação de móveis retilínios seriados de
madeira aglomerada. Contudo, a produção de móveis torneados de madeira assume, também, uma
grande importância. Em Santa Catarina, predomina a fabricação de móveis torneados de madeira.
O mercado de móveis no Brasil - madeira, vime, junco, metal e plástico - pode ser
estimado em torno de US$ 1,79 bilhões para o ano de 1985. Há uma preferência nítida do
consumidor brasileiro por móveis de madeira em detrimento de móveis elaborados com outras
matérias-primas como o metal e o plástico. O segmento mais importante é o de móveis de madeira
que representa, pelo menos, 78,9% do mercado total de móveis, ou seja, US$ 1,4 bilhões. O
segmentos de móveis de madeira para residência e para escritório atingem, pelo menos, a US$
1,22 bilhões e a US$ 191 milhões, respectivamente. O restante do mercado de móveis de madeira
refere-se aos armários embutidos de madeira, móveis para rádios e televisores e componentes
diversos.
Apesar de possuir algumas vantagens comparativas significativas em relação aos principais
países exportadores - matéria-prima e mão-de-obra barata -, a indústria brasileira de móveis ocupa
posição pouco relevante no comércio mundial de móveis. O grande crescimento observado no
comércio internacional de móveis dos últimos 20 anos não foi acompanhado pelas empresas
brasileiras. Em parte, isto se deve ao ciclo de modernização ocorrido nesta indústria e, em
decorrência, às estratégias comerciais adotadas pelas empresas brasileiras. Na década de 70,
muitas empresas se modernizaram ao mesmo tempo em que se deu um grande crescimento do
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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mercado interno de móveis. Em decorrência, as empresas destinaram sua produção a atender,
primordialmente, o mercado interno em rápida expansão e menosprezaram as vendas externas.
Com a retração dos anos 80, as empresas se depararam com uma redução do mercado interno,
com dificuldades para modernizar suas instalações industriais e, em decorrência, tornaram-se
incapazes de sustentar uma posição mais agressiva e competitiva no mercado mundial. Somente as
empresas mais modernas perseguiram e conseguiram direcionar parcela de sua produção para o
mercado externo. Foi somente na década de 80 que as vendas para o mercado externo foram
incorporadas às estratégias comerciais de muitas empresas.
De 1970 a 1980, as exportações brasileiras atingiram US$ 144,7 milhões com uma média
anual de US$ 13,2 milhões. Já no período de 1981 a 1990, as exportações elevaram-se a US$
365,3 milhões com uma média anual de US$ 36,5 milhões. Houve um crescimento de 176,5% nas
exportações médias anuais num período de significativa redução do crescimento interno. Este
crescimento das exportações é extremamente significativo após o ano de 1986: as exportações
médias, no período de 1987 a 1990, atingiram US$ 47,2 milhões (dados correspondentes ao
capítulo 94 da NBM). As exportações de móveis de madeira atingiram uma média de pelo menos
US$ 22,3 milhões no período de 1989 a 1991 e constituem-se no principal item das exportações
brasileiras.
Apesar das exportações insignificantes, a indústria de móveis de madeira possui um
potencial de exportação muito grande, principalmente no segmento de móveis torneados de
madeira - dormitórios, salas de jantar etc. Mais recentemente, devido às mudanças ocorridas na
Europa Oriental, muitas empresas brasileiras passaram a exportar móveis de madeira maciça de
Pinus para os países europeus, onde existe uma tradição estabelecida no consumo deste tipo de
madeira.
Já no segmento de móveis retilínios de madeira, o potencial de exportação é muito
pequeno devido ao elevado preço alcançado no mercado interno pela madeira aglomerada, sua
principal matéria-prima. Mesmo possuindo plantas industriais razoavelmente modernas, as
exportações deste segmento são insignificantes. No segmento de móveis para escritório, as
exportações são, também, muito pequenas. Em geral, são móveis que envolvem uma maior
densidade tecnológica - reunião da marcenaria, metalurgia e tapeçaria. Neste segmento, a
desatualização tecnológica das empresas brasileiras é mais acentuada.
As exportações de madeira atingiram, no período de 1989 a 1991, uma média anual de
US$ 425,9 milhões. Os principais itens das exportações brasileiras são, por ordem decrescente de
importância, a madeira serrada (33,6%), a madeira compensada (24,3%), os painéis de fibra
(18,1%) e a madeira folheada (7,6%). No total, estes itens totalizam 83,6% do total das
exportações de madeira. As exportações de madeira serrada e folheada atingiram US$ 175,3
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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milhões que representa 41,2% do total. Quase que a totalidade destas exportações são
constituídas de madeiras de lei: mogno, virola, araucária e jatobá. Nas exportações de madeira
folheada, predominam o mogno, o carvalho e a imbuia. O mogno é a principal espécie exportada.
Suas exportações atingiram US$ 58,2 milhões que representa 33,2% do total das exportações de
madeira serrada e folheada.
Se o total das exportações de madeira serrada e folheada fosse internalizado e utilizado na
produção de móveis, as exportações da indústria moveleira poderiam elevar-se substantivamente
em relação ao volume atual. Para que se tenha noção da irrelevância das exportações de móveis,
basta mencionar que as exportações de móveis de madeira atingiram uma média de
aproximadamente US$ 22,3 milhões no período de 1989 a 1991. Ou seja, exporta-se oito vezes
mais madeira bruta do que móveis.
Estas exportações de madeiras de lei constituem uma fonte importante de competitividade
da indústria de móveis nos principais países desenvolvidos. Alguns países asiáticos que, mais
recentemente, passaram a exportar móveis para os países desenvolvidos, adotaram inúmeras
medidas proibindo suas exportações de madeira bruta, como é o caso da Indonésia e Filipinas,
como forma de reter esta importante fonte de competitividade. Já que não contam com uma
indústria de máquinas e equipamentos moderna como na Itália e Alemanha, estes países
procuraram homogeneizar a concorrência elevando o custo de importação de madeira bruta pelos
países desenvolvidos.
Diversamente de outros países como a Itália, as empresas líderes da indústria de móveis no
Brasil possuem grandes plantas industriais verticalizadas. No segmento de móveis torneados,
numa mesma planta industrial, reunem-se inúmeras etapas de um mesmo processo produtivo e
produzem-se inúmeras linhas de produtos - salas de jantar, dormitórios, cozinhas etc - com
diferentes tipos e padrões dentro de uma mesma linha de produtos. Em geral, são móveis de alta
qualidade e com um maior número de detalhes de acabamento que se destinam aos segmentos da
população de maior renda. A matéria-prima básica é a madeira aglomerada em conjugação com a
madeira maciça que é usada em determinadas partes ou em detalhes de acabamento. No caso da
madeira de Pinus, geralmente destinado à exportação, os móveis são integralmente maciços. Em
geral, numa mesma planta industrial reúnem-se as etapas de secagem, processamento secundário,
usinagem, acabamento, montagem e embalagem. Muitas das empresas possuem, inclusive, plantios
próprios de Pinus.
No segmento de móveis retilínios, há um grau de especialização muito maior. São móveis
menos complexos com faces retas sem detalhes sofisticados de acabamento e que se destinam à
população de renda média. A matéria-prima utilizada é a madeira aglomerada. Em decorrência,
são móveis que envolvem um processo de produção bem mais simplificado, envolvendo poucas
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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etapas: corte dos painéis, usinagem e embalagem. Recentemente, muitas empresas eliminaram a
etapa de acabamento e montagem. Os painéis de madeira aglomerada já são obtidos com
revestimento de melamina e, por se tratar de móveis modulares componíveis, a montagem é, quase
sempre, transferida para a etapa de comercialização.
No segmento de móveis para escritório sob encomenda os produtos são bem menos
diversificados e bem mais complexos tecnologicamente. Em geral, os móveis para escritório
reúnem mesas e cadeiras giratórias. Em decorrência, o produto final é o resultado da conjugação
do trabalho de marcenaria, metalurgia, tapeçaria, injeção de poliuretano, acabamento, montagem e
embalagem. Todas estes diferentes processos tecnológicos encontram-se, em geral, reunidos numa
mesma unidade fabril, sendo que em cada um deles desenvolvem-se inúmeras etapas. Os maiores
atrasos tecnológicos encontram-se na metalurgia, tapeçaria e acabamento.
Mesmo entre as empresas líderes há uma disparidade muito grande quanto ao grau de
modernização tecnológica. Em geral, equipamentos antigos convivem com equipamentos mais
modernos de penúltima e mesmo de última geração. Esta é uma característica da indústria de
móveis: o investimento é divisível permitindo que máquinas de diferentes gerações convivam
numa mesma planta industrial.
O segmento de móveis de madeira retilínios é o menos defasado. O lay-out da maioria
destas fábricas resume-se em linhas de produção seqüenciais e limpas que garantem um fluxo
contínuo de produção sem desdobramentos laterais e sem a formação de estoques intermediários.
Este grau de modernização explica-se, em parte, pela acirrada concorrência existente no mercado
interno neste segmento de móveis. As empresas líderes com estratégias ofensivas buscam
modernizar seus equipamentos e tornar-se mais eficientes. Neste segmento, produtividade e preço
são elementos chaves da competitividade. A falta de competitividade externa explica-se pelo
elevado custo de sua matéria-prima básica que é a madeira aglomerada.
No segmento de móveis torneados a heterogeneidade tecnológica é bem mais acentuada.
Esta heterogeneidade refere-se não somente às diferentes gerações de equipamentos em uso mas,
também, aos diferentes lay-outs adotados pelas fábricas. O grau de modernização dos
equipamentos neste segmento é bem menos acentuado do que no de móveis retilínios. Há
empresas com equipamentos muito antigos, outras com alguns equipamentos modernos junto a
equipamentos mais antigos. O que se observa em algumas destas empresas é um esforço de
modernização muito grande seja em relação à limpeza do lay-out, seja em relação à introdução de
equipamentos de última geração. As empresas mais modernas são aquelas com estratégias
definidas em relação ao mercado externo. Neste segmento, empresas mais obsoletas podem
sobreviver no mercado interno pois o elemento chave da competitividade reside mais na
diferenciação do produto do que no preço.
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
IE/UNICAMP - IEI/UFRJ - FDC - FUNCEX
O segmento de móveis para escritório é o menos atualizado destes três segmentos do
ponto-de-vista do lay-out de produção e do grau de modernização dos equipamentos. Em geral, o
grau de verticalização das plantas industriais é muito elevado neste segmento. Numa mesma planta
industrial, reúnem-se, pelo menos, a metalurgia, a marcenaria e a tapeçaria. O lay-out das fábricas
é muito complexo pois conjuga diferentes fluxos de produção numa mesma planta industrial.
Contudo, há uma percepção clara por parte de seus administradores da necessidade de
subcontratar muitos dos serviços que realizam atualmente. Em geral, cada um dos processos de
produção básicos - marcenaria, metalurgia e tapeçaria - são bastante arcaicos, principalmente na
metalurgia e na tapeçaria, que são praticamente artesanais.
No Brasil, os móveis são, em geral, cópias modificadas dos modelos que são oferecidos no
mercado mundial. Em geral, as empresas possuem um departamento de protótipos que dá corpo
aos modelos copiados. Pouquíssimas empresas procuram criar um design próprio. A utilização do
sistema CAD para projetar e detalhar os móveis é ainda insignificante. Na maioria das vezes, as
empresas se utilizam de desenhistas convencionais para realizar estas tarefas. Mesmo em relação
ao mercado interno, o design é um ponto forte da competitividade, principalmente em relação aos
móveis de mais elevado padrão.
Algumas empresas procuram se diferenciar no processo de concorrência associando sua
marca aos produtos que oferecem. Quanto mais sofisticado é o mobiliário mais as empresas
procuram estabelecer esta associação. Contudo, à diferença de outros segmentos do setor
industrial, na indústria de móveis a marca não é um fator forte de discriminação por parte dos
consumidores no Brasil. Em geral, as empresas pouco investem em propaganda e marketing de
seus produtos. No segmento de móveis retilínios de padrão médio, a marca parece não
desempenhar nenhum papel no processo de concorrência. Em geral, o consumidor discrimina mais
suas compras pelo preço pois a qualidade e o design são bastante uniformes neste segmento.
Algumas empresas já substituíram o sistema convencional de controle de qualidade ao final
da linha de produção pelo sistema de controle de qualidade total. Contudo, há uma grande
variância nos procedimentos adotados para o controle de qualidade. A maioria das empresas
revelou uma grande preocupação com a qualidade de seus produtos adotando procedimentos e
normas próprias. A ausência de normas técnicas gerais que regulem as atividades do setor
conduzem a uma situação deste tipo. As empresas líderes sentem a necessidade do
estabelecimento de normas de caráter geral que fixem os requisitos técnicos dos produtos. A
existência de normalização é um elemento chave no processo de concorrência e na defesa do
consumidor. É uma forma de equalizar a concorrência ao estabelecer normas e procedimentos
gerais para a atividade do setor eliminando, portanto, a concorrência predatória das empresas do
setor informal.
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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Já se encontram razoavelmente difundidos em algumas empresas os métodos modernos de
administração da produção que procuram aumentar a eficiência do processo produtivo através de
uma maior cooperação e autonomia dos trabalhadores. No segmento de móveis retilínios, a
política de estoques nulos é perseguida por muitas empresas não havendo formação de estoques
intermediários ao longo do fluxo de produção. O mesmo não ocorre no segmento de móveis
torneados. Devido à maior diversidade de seus produtos e à maior dificuldade do fornecimento,
muitas empresas carregam grandes estoques de matérias-primas. Ademais, devido à grande
verticalização da produção, observa-se a formação de grandes estoques intermediários no fluxo de
produção. É necessário que as linhas de produção sejam mais limpas e contínuas e menos
diversificadas. Isto só é possível de ser atingido através da desverticalização da produção ou
através de plantas multifábricas. A primeira solução parece ser a mais viável nas condições atuais
desta indústria no Brasil.
A maioria das empresas líderes apresenta administrações bastante profissionalizadas.
Contudo, em algumas delas ainda predomina uma estrutura familiar em que grande parte dos
negócios da empresa - desde o design até contas a pagar - encontram-se centralizadas em mãos de
seus donos.
Em relação à mão-de-obra, muitas queixas referem-se à sua disponibilidade com a
formação adequada ao novo padrão de operação industrial em que o virtuosismo da marcenaria,
com a introdução de máquinas inteligentes, tem sido substituído de forma rápida pela necessidade
de formação de mão-de-obra para operar máquinas. Neste sentido, os cursos profissionalizantes
parecem estar desajustados em relação à realidade da indústria. Grande parte das empresas têm,
contudo, uma política de treinamento de sua mão-de-obra como forma de superar esta carência
dos cursos profissionalizantes. As maiores deficiências referem-se à mão-de-obra qualificada.
Inexistem cursos especificamente direcionados para o desenho industrial do mobiliário que inclua,
também, o conhecimento básico de matérias-primas e tecnologia de produção. Inexistem, também,
cursos superiores para a formação de engenheiros do mobiliário como ocorre com países como a
Itália, Alemanha e França.
As formas de comercialização adotadas por cada um dos segmentos analisados são
diferenciadas e se definem, basicamente, a partir do mercado consumidor que visam atingir. As
empresas que oferecem produtos mais sofisticados e procuram, através de um atendimento mais
personalizado, diferenciar-se no processo de concorrência estabelecem uma rede de lojas próprias
na distribuição de seus produtos. Esta é uma característica típica das empresas de móveis para
escritório. A forma básica de comercialização dos segmentos de móveis retilínios e torneados é a
distribuição de seus produtos através de grandes magazines e/ou de lojistas independentes. Em
relação às exportações, o canal de comercialização mais difundido é o contato direto com os
importadores de outros países.
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A indústria de móveis de madeira experimentou um ciclo de modernização tecnológica na
primeira metade da década de 70. Devido ao grande crescimento do mercado interno que se deu
neste período, a maioria das empresas direcionou sua produção basicamente para o mercado
interno. Com a retração econômica dos anos 80, muitas empresas perderam sua capacidade de
realizar novos investimentos e, diante da contração do mercado interno e da desatualização
tecnológica, não puderam elaborar estratégias adequadas de exportação. Ao mesmo tempo,
processava-se a revolução da microeletrônica com a substituição das máquinas eletromecânicas
por máquinas com CNC. A grande maioria das empresas brasileiras do setor de móveis não
absorveu esta onda de inovações. Esta parece ser, também, a realidade da maioria das empresas
líderes. As que realizaram esforços de investimentos, o fizeram a partir de recursos próprios e em
meio a grandes dificuldades. Mesmo assim, na maioria dos casos em que isto se verificou, o
investimento consistiu na introdução de um ou outro equipamento de última geração que
passaram a operar junto com equipamentos de gerações anteriores.
Pode-se identificar duas estratégias básicas entre as empresas líderes: uma estratégia
defensiva e outra ofensiva. Algumas empresas, apesar da contração do mercado interno,
perseguiram a estratégia da modernização como forma de enfrentar com sucesso a acirrada
concorrência interna e, secundariamente, tornarem-se competitivas no mercado externo. Observa-
se um esforço muito grande de algumas empresas para modernizar seus equipamentos e
instalações industriais mesmo num período de grandes dificuldades como foi a segunda metade
dos anos 80. Em geral, a principal reivindicação destas empresas quanto à política industrial
resume-se na redução das alíquotas e impostos para a importação de máquinas e equipamentos.
São empresas que já incorporaram, também, às suas estratégias comerciais o mercado externo e
parecem pouco preocupadas com a possibilidade da concorrência externa no mercado brasileiro
de móveis. São empresas que encaram a abertura do comércio exterior como um fato positivo que
lhes facilitará a absorção de tecnologias avançadas e a aquisição de matérias-primas e
componentes. Já as empresas com estratégias defensivas não realizaram nenhum esforço de
modernização e esperam, passivamente, por uma retomada do mercado interno. Em geral, são
empresas que foram muito atingidas com a retração do mercado interno e estão com elevada
capacidade ociosa.
2.2. Obstáculos e Oportunidades para o Aumento da Competitividade
A indústria brasileira de móveis possui um potencial muito grande de elevar a sua
competitividade em relação aos principais países exportadores principalmente no segmento de
móveis torneados de madeira. O país possui uma oferta bastante elástica de madeiras de lei a
custos menores do que nos demais países. Em relação à madeira de Pinus, muito demandada pelos
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países europeus, o Brasil possui condições excepcionais de clima e de solo que permitem um
crescimento muito mais rápido desta espécie do que nos países europeus.
O país retém, também, uma outra fonte importante de competitividade que é a sua mão-
de-obra abundante e barata relativamente aos principais países exportadores. Mesmo com a
introdução de máquinas informatizadas, a indústria de móveis é relativamente mais intensiva em
mão-de-obra do que os outros segmentos da indústria de transformação. As maiores dificuldades
referem-se à disponibilidade da mão-de-obra especializada com formação adequada.
A defasagem tecnológica de suas empresas líderes poderia ser corrigida a partir de
investimentos que não envolveriam vultosos recursos. O investimento é divisível permitindo que a
modernização se faça por etapas em relação às instalações atualmente existentes. Devido à
defasagem tecnológica da indústria brasileira de máquinas, a modernização da indústria de móveis
só se viabilizaria pela importação de máquinas e equipamentos de última geração. Esta seria a
única forma de elevar a sua competitividade no curto prazo e de torná-las capazes de competir
com sucesso no mercado internacional.
Seria necessário, também, reduzir o grau de verticalização das empresas como forma de
aumentar a sua eficiência e a escala de produção. Apesar das dificuldades inerentes a um projeto
deste tipo, devido ao caráter disperso desta indústria, algum avanço poderia ser conseguido
principalmente junto a alguns pólos da indústria de móveis já existentes e que congregam, numa
mesma região, uma multiplicidade de empresas que se dedicam a produzir o mesmo tipo de
mobiliário sem nenhuma divisão de trabalho entre elas. As maiores empresas normalmente sofrem
uma concorrência muito grande de uma multiplicidade de pequenas e microempresas que lhes
copiam o design e trabalham com uma estrutura de custos diferente pois muitas delas pertencem
ao setor informal da economia. A cooperação entre elas permitiria potencializar a competitividade
da produção de móveis com benefícios para o setor como um todo e, principalmente, para os
consumidores.
No segmento de móveis retilínios, apesar das empresas serem mais atualizadas
tecnologicamente e mais especializadas, as dificuldades de exportação são maiores devido ao
elevado preço alcançado pela madeira aglomerada no Brasil relativamente aos demais países.
Apesar das condições excepcionais que o país oferece para o plantio de Pinus, o elevado preço da
madeira aglomerada explica-se pela defasagem tecnológica das empresas produtoras e pelo seu
reduzido número, que lhes confere um imenso poder de mercado. Neste caso, somente a
modernização deste setor e o aumento de seu grau de concorrência poderiam contribuir para
elevar a competitividade da indústria de móveis retilínios. O recurso às importações, neste caso,
poderia ser estimulado apesar das imensas dificuldades existentes para as empresas de móveis
assegurarem um abastecimento seguro das fábricas.
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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No segmento de móveis para escritório, as necessidades de modernização são maiores
devido ao grau mais acentuado de verticalização da produção e devido à maior defasagem
tecnológica de suas máquinas e equipamentos. Neste segmento, as vantagens comparativas
potenciais são bem menores pois a madeira figura ao lado de outras matérias-primas igualmente
importantes como são o poliuretano, o aço e os tecidos. Ou seja, a competitividade deste
segmento é muito mais dependente da competitividade de outros segmentos da indústria brasileira
do que os segmentos de móveis torneados e retilínios.
O fraco desempenho externo da indústria de móveis deriva não somente da desatualização
tecnológica de suas empresas mas, principalmente, da falta de tradição exportadora. O
estabelecimento de canais adequados de comercialização parece ser o maior obstáculo que as
empresas brasileiras enfrentam nas exportações. Algumas empresas entrevistadas revelaram
experiências frustrantes no comércio exterior que as desestimularam deste intento. Contudo, há
casos de empresas brasileiras com sucesso nas exportações que inclusive possuem lojas próprias
no exterior para a distribuição de seus produtos.
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3. PROPOSIÇÃO DE POLÍTICAS
3.1. Políticas de Reestruturação Empresarial
A principal diretriz da política industrial em relação à indústria de móveis de madeira
deveria ser a de promover uma maior especialização das empresas dos segmentos de móveis
torneados e para escritório. O segmento de móveis retilínios já é bastante especializado. Algumas
ações poderiam ser desenvolvidas visando uma maior cooperação entre as empresas
principalmente em algumas regiões já especializadas. Flores da Cunha e Bento Gonçalves no Rio
Grande do Sul e São Bento do Sul em Santa Catarina poderiam transformar-se em pólos
industriais moveleiros que promovessem uma maior integração entre as empresas. Estas duas
regiões já possuem uma tradição muito grande na indústria do mobiliário e as respectivas
economias regionais giram, basicamente, em torno da indústria de móveis.
As associações de classe poderiam cumprir um papel extremamente relevante na
aproximação das empresas. Em especial, a MOVERGS - Associação dos Moveleiros do Rio
Grande do Sul - com sede em Bento Gonçalves e o Sindicato das Indústrias da Construção e do
Mobiliário de São Bento do Sul poderiam promover esta aproximação juntamente com as
agências regionais do SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio à Pequena e Média Empresa. Um
estudo de viabilidade para a implementação da cooperação entre as empresas destas regiões
poderia ser desenvolvido pelo Ministério da Indústria, Comércio e Turismo. Um estudo deste tipo
poderia, também, equacionar outros problemas do setor na área de abastecimento. Muitas
empresas fornecedoras de componentes plásticos, de metal, de decoração, entre outras, poderiam
ser estimuladas a instalar-se na região como forma de potencializar a competitividade destes pólos
industriais.
A necessidade de um modelo industrial menos verticalizado já está incorporada às
preocupações do empresariado do segmento de móveis para escritório, o mais verticalizado dos
segmentos analisados. A maior parte das empresas deste segmento localiza-se na região do
Taboão da Serra na cidade de São Paulo. Algumas iniciativas poderiam ser desenvolvidas nesta
região visando o desenvolvimento de um modelo menos verticalizado de indústria que
promovesse uma maior cooperação entre as empresas. Algumas ações poderiam ser desenvolvidas
pela MOVESP - Associação das Indústrias do Mobiliário do Estado de São Paulo - em
cooperação com o SEBRAE e com as associações de classe dos outros segmentos da indústria
brasileira envolvidos na produção de móveis para escritório. Da mesma forma, o MICT poderia
promover um estudo de viabilidade que identificasse os obstáculos a serem superados para a
implantação de um modelo industrial menos verticalizado.
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O estabelecimento de normas técnicas que regulem a produção de móveis é da máxima
importância para a elevação do nível de qualidade dos produtos e, portanto, de sua
competitividade. Além disso, a normalização é um elemento fundamental para equalizar as
condições de concorrência no mercado interno ao restringir a oferta de móveis de baixa qualidade
proveniente do setor informal da economia.
3.2. Políticas de Modernização Produtiva
A principal medida a ser adotada para que a indústria de móveis possa modernizar suas
instalações industriais é a redução de tarifas e impostos nas importações de bens de capital. Se se
deseja que a indústria brasileira de móveis seja competitiva e eleve suas exportações então esta é
uma medida inevitável diante da desatualização tecnológica da indústria brasileira de máquinas
para móveis e dos elevados preços exigidos pelos equipamentos nacionais. Não seriam necessários
esquemas especiais de financiamento de vulto pois muitas empresas poderiam utilizar os créditos
oferecidos pelos fabricantes internacionais. De qualquer forma, o BNDES poderia abrir linhas
especiais de financiamento vinculadas a projetos específicos de modernização que não
envolveriam recursos muito elevados pois a modernização do setor poderia realizar-se por etapas.
É necessário que outras ações de modernização também sejam implementadas junto a
outros segmentos da indústria brasileira que afetam diretamente a competitividade da indústria de
móveis de madeira. Em particular, é necessário modernizar a indústria de madeira aglomerada e
elevar a sua competitividade como forma de reduzir custos para a indústria de móveis. É
necessário, também, aumentar o grau de concorrência neste segmento industrial.
No segmento das serrarias, que atuam na extração de madeiras de lei, é necessário uma
modernização urgente de seus equipamentos e dos métodos de extração que reduzam os
desperdícios atuais. Uma política de preservação e exploração racional das florestas naturais
deveria ser implantada e rigorosamente controlada pelo IBAMA. É necessário, também, medidas
urgentes que inibam as exportações de madeiras de lei - bruta, serrada e folheada. Muitos países
em desenvolvimento já proibiram estas exportações. Se não se deseja introduzir proibições, a
criação de um imposto sobre as exportações de madeiras de lei poderia desestimular as empresas
ao elevar o custo das exportações. Em relação aos reflorestamentos, é necessário uma melhoria da
tecnologia silvicultural com o desenvolvimento de plantios especificamente direcionados para a
indústria de móveis. Muitos reflorestamentos incentivados perderam-se pois foram implantados
unicamente para aproveitar o abatimento no imposto de renda. Esta deveria ser uma prática
estimulada e incentivada pelo Governo Federal e acoplada a um programa de exportações.
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Em relação à formação da mão-de-obra, é necessário que os cursos profissionalizantes
direcionem o aprendizado para a formação de técnicos em operação de máquinas modernas com
CNC. Em relação à mão-de-obra especializada, é necessário a implantação de cursos de desenho
industrial que utilizem os recursos do sistema CAD. Recursos poderiam ser direcionados para
alguns centros de formação profissional e pesquisas integrados com a indústria de móveis como o
é o caso do CETEMO (Centro Técnico do Mobiliário) em Bento Gonçalves.
Em relação às exportações, as associações de classe juntamente com o MICT poderiam
desenvolver ações de implementação e acompanhamento de inúmeros projetos de exportação
dentro do programa "Ação Permanente para o Desenvolvimento do Comércio". Por outro lado, as
próprias empresas poderiam organizar um sistema de acompanhamento permanente e de troca de
informações sobre as oportunidades de exportação. Poderiam, além disso, formar consórcios para
o atendimento de muitos pedidos de exportação.
Finalmente, faz-se necessário a elaboração de um "Programa de Desenvolvimento
Tecnológico e Industrial" para o setor como forma de elevar a capacitação técnica das empresas e
de promover uma maior cooperação entre as mesmas na busca de um modelo de organização
industrial menos verticalizado.
3.3. Políticas Relacionadas aos Fatores Sistêmicos
Os principais fatores sistêmicos que afetam a competitividade da indústria de móveis
referem-se à excessiva carga tributária que onera em demasia as exportações brasileiras e aos
elevados fretes portuários. Em particular, o custo elevado dos fretes afeta de forma particular a
competitividade externa desta indústria pois, à diferença de outros produtos da indústria brasileira,
a participação dos fretes no custo final dos móveis é muito elevada. É necessário, portanto, que o
Governo Federal avance no Programa de Modernização dos Portos.
Em relação aos tributos, é necessário que o Governo Federal promova uma Reforma
Tributária que reduza a incidência dos tributos indiretos. Não é possível sustentar uma forte
posição competitiva externa se as empresas brasileiras enfrentam a concorrência de países como
Taiwan em que a incidência tributária é bem menor. A redução do peso destes tributos
contribuiria, também, para equalizar a concorrência doméstica em muitos segmentos da indústria
de móveis, principalmente no segmento de móveis torneados no qual a presença do setor informal
é muito grande. Ademais, contribuiria para estimular uma maior cooperação entre as empresas
para o desenvolvimento de um modelo industrial menos verticalizado.
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3.4. Proposição de Políticas para Móveis de Madeira - Quadro Sinótico
AGENTE/ATOR
OBJETIVOS / AÇÕES DE POLÍTICA
EXEC LEG EMP TRAB ASSOC ACAD
1. Reestruturação Setorial
Objetivo: Especialização Industrial
Ações: - criar pólos regionais X X X
- estimular cooperação entre empresas X X X
- estabelecer normalização técnica X X X
- realizar estudos detalhados de
viabilidade X X X
2. Modernização Produtiva
Objetivo: Modernização dos processos produtivos
Ações: - modernização de máquinas e equipamentos X X
- reduzir tarifas de importação de máqui-
nas e equipamentos X
Objetivo: Redução do custo da madeira aglomerada
Ações: - aumentar o grau de concorrência no
segmento X X
- modernizar equipamentos e instalações X X
- alíquota zero importações X
Objetivo: Aumentar eficiência dos segmentos de
serraria
Ações: - modernizar equipamentos X X
- modernizar métodos de extração de
madeira X X
- alíquota zero importações: madeira
serrada e folheada X
Objetivo: Racionalização da extração de madeiras
Ações: - incentivar reflorestamentos programados X X
- garantir exploração racional das flo-
restas nativas X X X
- introduzir melhorias na tecnologia
silvicultural X X
Objetivo: Aumento da qualificação da mão-de-obra
Ações: - formar técnicos em máquinas com CNC X X X X X
- implantar cursos de desenho industrial
através de CAD X X X X X
- apoiar centros de formação integrados
com indústria X X X X X
Objetivo: Aumento das exportações
Ações: - estabelecer associações de empresas
para a exportação X
- taxar exportação de madeira bruta X
- criar sistema de identificação de
nichos de mercado externo X X X
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AGENTE/ATOR
OBJETIVOS / AÇÕES DE POLÍTICA
EXEC LEG EMP TRAB ASSOC ACAD
Objetivo: Capacitação tecnológica
Ações: - elaborar Programa de Desenvolvimento
Tecnológico X X X
- apoio aos centros tecnológicos
regionais X
- formação fundo desenvolvimento
setorial X
3. Fatores Sistêmicos
Objetivo: Redução da carga tributária sobre o
setor
Ações: - desoneração tributária das
` exportações X X
- redução/equalização da tributação
indireta sobre as empresas X X
- redução IPI de 10% para 4% X X
Objetivo: Redução custos de transporte
Ação: - modernizar portos X X
Legendas: EXEC - Executivo
LEG - Legislativo
EMP - Empresas e Entidades Empresariais
TRAB - Trabalhadores e Sindicatos
ASSOC - Associações Civis
ACAD - Academia
Nota: Em caso de coluna em branco, leia-se "sem recomendação".
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4. INDICADORES DE COMPETITIVIDADE
a) Indicadores de comércio exterior: evolução das exportações, participação das
exportações no comércio mundial por tipo de mobiliário.
b) Indicadores de custos de produção: custo da mão-de-obra, preços de insumos
importados e domésticos, peso dos tributos no custo final de produção.
c) Indicadores para caracterização e classificação das empresas do setor: tipo de produto, valor
total das vendas, valor das vendas por tipo de produto, número de empregados diretos e indiretos.
d) Indicadores financeiros: participação dos salários e da madeira no custo total, lucro
sobre as vendas, lucro em relação ao ativo permanente, participação das exportações nas vendas.
e) Indicadores tecnológicos: processos tecnológicos básicos, máquinas e equipamentos
básicos, participação de máquinas informatizadas nos equipamentos básicos, idade dos
equipamentos básicos, valor adicionado por trabalhador direto, valor adicionado em relação ao
valor das máquinas e equipamentos básicos.
f) Indicadores de investimento: investimentos realizados em novos equipamentos,
investimentos para ampliação de capacidade produtiva, projetos de investimentos futuros.
g) Indicadores de capacitação gerencial e administrativa: controle de qualidade, política de
estoques, técnicas just in time, política de treinamento, pesquisa e desenvolvimento de novos produtos.
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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APRESENTAÇÃO
O presente documento técnico apresenta o Relatório Final do Estudo da Competitividade
da Indústria Brasileira de Móveis de Madeira que constitui um dos estudos que compõem o
projeto "Estudo da Competitividade da Indústria Brasileira", referente ao contrato entre a
Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), a Secretaria de Ciência e Tecnologia da Presidência
da República (SCT-PR) e a Fundação Economia de Campinas (FECAMP), coordenado pelo Prof.
Dr. Luciano G. Coutinho, do Instituto de Economia da UNICAMP e pelo Prof. Dr. João Carlos
Ferraz, do Instituto de Economia Industrial da UFRJ.
Neste estudo foi analisada a competitividade da indústria brasileira de móveis de madeira
procurando-se identificar os obstáculos e as oportunidades existentes para o aumento de sua
competitividade. Ao mesmo tempo, foram apresentadas recomendações de políticas que possam
contribuir para a elaboração de estratégias de desenvolvimento para a mesma e para o aumento de
sua competitividade.
Devido à grande diversificação da indústria de móveis, foi analisada somente a indústria de
móveis de madeira em seus segmentos de móveis retilínios, móveis torneados e de móveis para
escritório sob encomenda. Estes são os três principais segmentos desta indústria em termos de
geração de renda e de emprego. Os móveis retilínios são móveis com faces lisas, sem detalhes
sofisticados de acabamento e são confeccionados com madeira aglomerada. Os móveis torneados
são móveis mais sofisticados sendo confeccionados com madeira aglomerada em conjugação com
madeira maciça ou somente com madeira maciça. Os móveis para escritório sob encomenda são
os mais complexos pois reúnem, basicamente, o trabalho de marcenaria, metalurgia e tapeçaria.
Foram realizadas 14 entrevistas junto às empresas líderes destes três segmentos,
localizados nos estados de São Paulo, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Em São Paulo, foram
entrevistadas as seguintes empresas: Pastore, Singer, Hobjeto, Bérgamo, Lafer, Italma, Escriba,
Lundiawillo, Kitchens e Prodis. No Rio Grande do Sul, as empresas pesquisadas foram Madesa,
Todeschini, Florense, Carraro e Vascaris e, em Santa Catarina, Weihermann, Artefama e
Rudnnick. Foram entrevistados, também, os presidentes das seguintes associações de classe:
MOVESP (Associação das Indústrias do Mobiliário do Estado de São Paulo),
MOVERGS(Associação dos Moveleiros do Rio Grande do Sul), ABIMOVEL (Associação
Brasileira das Indústrias do Mobiliário) e o Sindicato das Indústrias de Construção e do
Mobiliário de São Bento do Sul. Em geral, a principal característica presente nestas empresas é a
grande verticalização da produção. Esta é uma característica mais acentuada nos segmentos de
móveis torneados e de móveis para escritório. Mesmo entre as empresas líderes observa-se uma
grande heterogeneidade tecnológica. Cada um destes três segmentos possui problemas específicos
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quanto ao grau de modernização tecnológica e competitividade de suas empresas. O segmento
mais moderno e menos verticalizado é o de móveis retilínios. O segmento de móveis torneados
apresenta um elenco de máquinas menos atualizadas tecnologicamente e um grau de verticalização
e diversificação da produção bem maior. O segmento de móveis para escritório é o mais
verticalizado e o menos atualizado tecnologicamente dos três segmentos analisados.
No capítulo 1, foram analisadas as principais tendências internacionais identificando-se os
fatores básicos da competitividade desta indústria nos países líderes. Cinco fatores básicos
explicam a liderança mundial de países como a Itália e a Alemanha: moderna indústria de
máquinas e equipamentos, modelo industrial desverticalizado, utilização de máquinas e
equipamentos de última geração, escola própria de design e estratégias comerciais ofensivas.
Como exemplo de sucesso comercial dos países em desenvolvimento cabe mencionar o caso de
Taiwan que, mesmo não possuindo um design próprio, penetrou com suas exportações no
mercado mundial até então, basicamente, circunscrito aos países desenvolvidos.
No capítulo 2, foram analisadas as principais características da competitividade da
indústria brasileira de móveis. Desatualização tecnológica, grande verticalização das plantas e
grande diversificação da produção são as principais características da indústria brasileira.
Entretanto, deve-se ressaltar o grande potencial existente para as empresas brasileiras do
segmento de móveis torneados em relação ao mercado mundial apesar da defasagem tecnológica
das empresas brasileiras. Mão-de-obra disponível e reservas florestais abundantes conferem ao
país vantagens comparativas significativas na competição internacional. Mais do que o grau de
desatualização tecnológica, o principal fator que explica o baixo nível das exportações brasileiras é
a falta de tradição exportadora de suas empresas. A defasagem tecnológica poderá ser superada
com um programa de modernização por etapas sem o envolvimento de vultosos recursos.
No capítulo 3, são apresentadas as principais recomendações de política que, se
implementadas, poderão elevar o nível de competitividade destes segmentos da indústria brasileira
de móveis de madeira. As principais recomendações são as seguintes:
a) Redução de tarifas e impostos incidentes na importação de máquinas e equipamentos;
b) Modernização de máquinas e equipamentos que elevem a produtividade das empresas;
c) Criação de um imposto de exportação que desestimule as exportações de madeira bruta,
serrada e folheada;
d) Estabelecimento de alíquota zero nas importações de madeira bruta - toras, madeira
serrada e folheada - e madeira aglomerada;
e) Estímulo ao estabelecimento de um modelo industrial menos verticalizado da produção
nos segmentos de móveis torneados de madeira e para escritório sob encomenda;
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f) Estímulo ao desenvolvimento de pólos industriais especializados e integrados que
promovam uma maior cooperação entre as empresas;
g) Incentivos ao desenvolvimento de reflorestamentos especificamente vinculados à
indústria de móveis acoplados a programas de exportação;
h) Elaboração de um Programa de Desenvolvimento Tecnológico e Industrial para a
indústria de móveis de madeira;
i) Aumento de eficiência e do grau de concorrência na produção de madeira aglomerada
com a redução de custos para a indústria de móveis de madeira retilínios;
j) Aumento da cooperação entre as empresas em relação às exportações com a formação
de consórcios e associações de exportadores;
k) Destinação de 0,5% do recolhimento do IPI pelo setor de móveis para a constituição de
um fundo destinado ao desenvolvimento tecnológico setorial.
No capítulo 4, são apresentados os principais indicadores para o acompanhamento e
análise da competitividade da indústria de móveis de madeira.
Devo agradecer aos Srs. Celso Castellar Junior e Giorgio Nicoli presidentes da MOVESP
(Associação das Indústrias do Mobiliário do Estado de São Paulo) e da ABIMOVEL (Associação
Brasileira das Indústrias de Móveis), respectivamente. Sem a sua inestimável colaboração, a
realização destas entrevistas teria sido uma tarefa muitíssimo mais árdua.
Agradeço, também, a atenção com a qual fui recebido pelos empresários do setor que se
dispuseram a fornecer as informações necessárias para a realização desta pesquisa. Em particular,
agradeço a amabilidade com que fui recebido pelos Srs. Lourenço Castellan e Álvaro Weiss,
respectivamente diretores-presidentes das empresas Florense situada em Flores da Cunha e
Artefama localizada em São Bento do Sul. Da mesma forma, agradeço ao Prof. Dr. Honório
Kume, da Secretaria de Comércio Exterior do MIC à época da realização desta pesquisa, e ao Dr.
Amantino Ramos de Oliveira, diretor da Divisão de Madeiras do Instituto de Pesquisas
Tecnológicas do Estado de São Paulo, pelo apoio oferecido na obtenção de inúmeras estatísticas
relativas ao setor de móveis. Finalmente, devo um agradecimento especial ao Prof. Dr. Luciano
Coutinho pelo convite que me fez para participar desta pesquisa.
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
IE/UNICAMP - IEI/UFRJ - FDC - FUNCEX
1. ANÁLISE DAS TENDÊNCIAS INTERNACIONAIS
1.1. Introdução
A indústria de móveis, bem como a maioria dos segmentos da indústria de transformação,
têm sofrido mudanças significativas em seus processos de produção diante do surgimento de
máquinas e equipamentos com dispositivos micro-eletrônicos e diante das novas técnicas de
organização do processo de trabalho. Em particular, a indústria de móveis nos países líderes tem
sofrido mudanças significativas em seu padrão de organização industrial. Empresas de menor
porte e especializadas em produtos específicos tem sido a tônica em muitos destes países. Este
novo modelo industrial para o setor pode ser observado nos países líderes como na Itália e, em
menor extensão, na Alemanha. O objetivo deste capítulo é analisar as principais tendências
tecnológicas internacionais, os principais mercados consumidores e a posição dos países líderes na
concorrência internacional.
1.2. Principais Mercados Consumidores
Os principais mercados consumidores de móveis encontram-se nos países desenvolvidos.
Estes mercados têm sido supridos em parte pela produção doméstica e em parte pelas importações
principalmente dos próprios países desenvolvidos. Apesar do aumento verificado nos últimos
anos, ainda é pequena a participação dos países em desenvolvimento na corrente de comércio
exterior de móveis seja pelo lado das importações seja pelo lado das exportações.
O mercado de móveis nos principais países desenvolvidos - EUA, Japão, Alemanha,
França, Itália, Inglaterra e Espanha - pode ser estimado em torno de US$ 85 bilhões para o ano de
1988. Os EUA é o principal mercado consumidor com uma participação de 42,8% no consumo
total de móveis por estes países. A seguir, destacam-se o Japão (16,1%), a Alemanha (12,2%), a
França (10,1%) e a Inglaterra (9,9%). Estes cinco países reúnem um mercado consumidor em
torno de US$ 80,4 bilhões (Tabela 1).
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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TABELA 1
CONSUMO APARENTE DE MÓVEIS NOS PRINCIPAIS PAÍSES DESENVOLVIDOS
(1988)
País Em US$ milhões Em %
Produção M X CA Produção M X CA
EUA 32325 5203 1137 36391 38.9 37.8 9.6 42.8
Japão 13300 739 384 13655 16.0 5.4 3.3 16.1
Alemanha 11575 2797 3989 10383 13.9 20.3 33.9 12.2
França 7021 2664 1079 8606 8.5 19.4 9.2 10.1
Itália 8567 373 4123 4817 10.3 2.7 35.0 5.7
Inglaterra 7240 1773 637 8376 8.7 12.9 5.4 9.9
Espanha 2969 216 434 2751 3.6 1.6 3.7 3.2
Total 82997 13765 11783 84979 100 100 100 100
(1) Exclusive o Canada: 7º PIB e o 8º maior exportador de moveis.
(2) CA = Produção + M - X.
(3) Para os EUA, Japão, Alemanha e Franca o valor da Produção de moveis refere-se ao ano de 1989.
Fonte: Valor da Produção: OCDE; Comercio exterior: ITSY, 1990.
A França seguida pela Inglaterra e pelos EUA são os países mais dependentes das
importações de móveis1. No caso da França, 18,4% do consumo de móveis é suprido por
importações líquidas. No caso da Inglaterra e dos EUA, a dependência externa atinge 13,6% e
11,2% respectivamente. No caso do Japão, o grau de dependência externa é muito pequeno
(2,6%). Já a Alemanha, a Itália e a Espanha são exportadores líquidos de móveis.
1.3. Principais Países Exportadores
O comércio exterior de móveis desenvolveu-se de forma significativa nas últimas três
décadas. O país pioneiro nas exportações de móveis foi a Dinamarca nas décadas de 50 e 60.
Posteriormente, já na década de 70, a Itália passou a exercer a liderança nas exportações de
móveis seguida de perto pela Alemanha. A tradicional hegemonia destes dois países no comércio
internacional de móveis deve-se, principalmente, ao grau de atualização tecnológica de suas
empresas, ao modelo industrial desverticalizado e à tradição exportadora de suas empresas.
Como já mencionado, o comércio internacional de móveis tem-se restringido, basicamente,
a um intercâmbio entre os principais países desenvolvidos. Para o ano de 1988, cerca de 80% das
exportações e 85% das importações de móveis ficaram restritas a 14 países desenvolvidos (Tabela
2 e 3). Na medida em que as grandes reservas florestais encontram-se nos países em
1 Participação das importações líquidas no consumo aparente.
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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desenvolvimento, conclui-se pela funcionalidade para os países desenvolvidos das exportações de
madeira bruta por parte dos países em desenvolvimento2.
TABELA 2
EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES MUNDIAIS DE MÓVEIS
SEGUNDO OS PRINCIPAIS PAÍSES DESENVOLVIDOS
(1988)
(em US$ mil)
Pais Exportações % %Ac Importações % %Ac Total
X M X-M
Itália 4123171 23.5 23.5 372889 1.9 1.9 3750282
Alemanha 3988524 22.7 46.2 2797466 14.5 16.4 1191058
Dinamarca 1089503 6.2 52.4 282970 1.5 17.9 806533
Canada 1284899 7.3 59.7 582935 3.0 20.9 701964
Suécia 979067 5.6 65.3 552449 2.9 23.7 426618
Espanha 433717 2.5 67.8 216398 1.1 24.8 217319
Bélgica 1090989 6.2 74.0 1008801 5.2 30.1 82188
Japão 383609 2.2 76.2 739277 3.8 33.9 -355668
Austria 343962 2.0 78.1 738136 3.8 37.7 -394174
Holanda 711011 4.1 82.2 1239813 6.4 44.1 -528802
Suiça 272063 1.5 83.7 1172435 6.1 50.2 -900372
Inglaterra 636642 3.6 87.4 1773445 9.2 59.3 -1136803
França 1079052 6.1 93.5 2663795 13.8 73.1 -1584743
USA 1136925 6.5 100.0 5202769 26.9 100.0 -4065844
Total 17553134 100.0 100.0 19343578 100.0 100.0 36896712
(1) Inclui moveis médico-odontológicos.
Fonte: ITSY, 1990.
Para o ano de 1988, as exportações mundiais atingiram US$ 22,1 bilhões (Tabela 3). A
Itália foi responsável, por 18,6% das exportações mundiais de móveis e a Alemanha por 18,0%.
Ambos os países foram responsáveis por 36,6% das exportações totais, o que atesta a hegemonia
exercida por estes dois países no comércio internacional de móveis. Tradicionalmente circunscrito
aos países desenvolvidos, o mercado mundial de móveis tem sido invadido, nos últimos anos,
pelas crescentes exportações de alguns países em desenvolvimento destacando-se, principalmente,
Taiwan com exportações da ordem de US$ 1,7 bilhões, principalmente para os EUA e a CEE, e
com uma participação de 7,7% nas exportações mundiais3. Seguem, em ordem de importância, o
Canadá (5,8%); os USA (5,1%); a Bélgica (4,9%); a Dinamarca (4,9%) e a França (4,9%). Estes
8 países contabilizaram 70,0% das exportações mundiais.
2 As exportações do México, Tailândia, Coréia, Hong Kong e Taiwan atingiram, aproximadamente, US$ 2757
milhões que representa 12,5% das exportações mundiais (Tab.3). É provável, portanto, que as exportações dos
países em desenvolvimento representem no máximo 15,0% das exportações mundiais.
3 Em 1980, as exportações de móveis de madeira, bambu e ratan de Taiwan atingiram US$ 241 milhões. No ano de
1987, suas exportações elevaram-se a US$ 934 milhões. Ou seja, em 7 anos suas exportações elevaram-se em
287,6% (SWST, 1992).
27
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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TABELA 3
EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES MUNDIAIS DE MÓVEIS
SEGUNDO O PAÍS DE ORIGEM DAS EXPORTAÇÕES E DAS IMPORTAÇÕES
(1988)
(em US$ mil)
País Exportações % %Ac País Importações % %Ac
Itália 4123171 18.6 18.6 USA 5202769 22.7 22.7
Alemanha 3988524 18.0 36.6 Alemanha 2797466 12.2 34.9
Taiwan (2) 1713000 7.7 44.3 Franca 2663795 11.6 46.5
Canada 1284899 5.8 50.1 Inglaterra 1773445 7.7 54.2
USA 1136925 5.1 55.2 Holanda 1239813 5.4 59.7
Bélgica 1090989 4.9 60.1 Suíça 1172435 5.1 64.8
Dinamarca 1089503 4.9 65.0 Bélgica 1008801 4.4 69.2
França 1079052 4.9 69.9 Japão 739277 3.2 72.4
Suécia 979067 4.4 74.3 Austria 738136 3.2 75.6
Holanda 711011 3.2 77.5 Canada 582935 2.5 78.2
Inglaterra 636642 2.9 80.4 Suécia 552449 2.4 80.6
Iugoslávia 513990 2.3 82.7 Arábia Saudita 409013 1.8 82.3
Espanha 433717 2.0 84.7 Itália 372889 1.6 84.0
Japão 383609 1.7 86.4 Hong Kong 331842 1.4 85.4
Austria 343962 1.6 88.0 Dinamarca 282970 1.2 86.7
México 295136 1.3 89.3 Austrália 223734 1.0 87.6
Suíça 272063 1.2 90.5 Espanha 216398 0.9 88.6
Tailândia 262376 1.2 91.7 Finlândia 162142 0.7 89.3
Coréia 254472 1.2 92.9 Singapura 120327 0.5 89.8
Finlândia 239224 1.1 94.0 Emirados Árabes 112727 0.5 90.3
Hong Kong 232643 1.1 95.1 Outros 2224982 9.7 100.0
Outros 1088296 4.9 100.0
Total 22152271 100.0 100.0 Total 22928345 100.0 100.0
(1) Inclui moveis médico-odontológicos.
(2) CTIC,1992. Taiwan não consta das estatísticas do ITSY.
Fonte: ITSY, 1990.
O principal país importador são os EUA, responsável por 22,7% das importações mundiais
de móveis. Seguem-lhe, em ordem de importância, a Alemanha (12,2%), a França (11,6%), o
Reino Unido (7,7%), a Holanda (5,4%) e a Suíça (5,1%). Estes seis países responderam por
64,8% das importações mundiais de móveis.
A liderança mundial é exercida pela Itália: suas exportações líquidas atingiram US$ 3,75
bilhões ao passo que, no caso da Alemanha, foram de US$ 1,19 bilhões (Tabela 4). Ou seja,
apesar de exportações significativas, a Alemanha ainda revela uma grande dependência das
importações de móveis em certos segmentos o mesmo não ocorrendo com a Itália. Os móveis de
madeira constituem-se no principal segmento do comércio internacional de móveis. No ano de
1988, as exportações dos principais países exportadores atingiram US$ 5,46 bilhões com uma
participação no total das exportações de 35,5%. Em segundo lugar, situam-se as exportações de
cadeiras e assentos com um volume total de US$ 4,42 bilhões e uma participação de 28,8%.
Ambos os segmentos perfazem uma participação total de 64,3% nas exportações mundiais
(Tabela 4a).
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TABELA 4
EXPORTAÇÕES DOS PRINCIPAIS PAÍSES EXPORTADORES POR SEGMENTO
(em US$ mil)
País Cadeiras Moveis Outros Total
Assentos Metal Madeira Outros Total
Itália 1420843 278862 1334933 394852 2008647 693681 4123171
Alemanha 1157993 362667 1594139 312514 2269320 561211 3988524
Bélgica 333428 39504 465613 78261 583378 174183 1090989
Dinamarca 195218 62170 509175 93119 664464 229823 1089505
Franca 314356 116342 335274 130025 581641 183055 1079052
Suécia 213761 89865 375898 155434 621197 144109 979067
Holanda 221222 120161 219767 74613 414541 75248 711011
Inglaterra 149746 58528 188084 52225 298837 188059 636642
Iugoslávia 133996 1818 124015 35282 161115 218879 513990
Espanha 114910 25108 173410 47760 246278 72529 433717
Austria 116400 25292 120658 43715 189665 37897 343962
Japão 48282 26642 15892 8351 50885 284442 383609
Total 4420155 1206959 5456858 1426151 8089968 2863116 15373239
(1) Para os EUA e o Canada não há dados disponíveis.
(2) Não inclui as exportações de Taiwan.
Fonte: ITSY, 1990.
TABELA 4A
EXPORTAÇÕES DOS PRINCIPAIS PAÍSES EXPORTADORES
POR SEGMENTO (em %)
(em %)
País Cadeiras Moveis Outros Total
Assentos Metal Madeira Outros Total
Itália 32.1 23.1 24.5 27.7 24.8 24.2 26.8
Alemanha 26.2 30.0 29.2 21.9 28.1 19.6 25.9
Bélgica 7.5 3.3 8.5 5.5 7.2 6.1 7.1
Dinamarca 4.4 5.2 9.3 6.5 8.2 8.0 7.1
Franca 7.1 9.6 6.1 9.1 7.2 6.4 7.0
Suécia 4.8 7.4 6.9 10.9 7.7 5.0 6.4
Holanda 5.0 10.0 4.0 5.2 5.1 2.6 4.6
Inglaterra 3.4 4.8 3.4 3.7 3.7 6.6 4.1
Iugoslávia 3.0 0.2 2.3 2.5 2.0 7.6 3.3
Espanha 2.6 2.1 3.2 3.3 3.0 2.5 2.8
Austria 2.6 2.1 2.2 3.1 2.3 1.3 2.2
Japão 1.1 2.2 0.3 0.6 0.6 9.9 2.5
Total 100 100 100 100 100 100 100
(1) Para os EUA e o Canada não ha dados disponíveis.
Fonte: ITSY, 1990.
A Itália e a Alemanha detém a hegemonia em todos os segmentos das exportações de
móveis4. No segmento das cadeiras e assentos, ambos os países controlam 58,3% das
exportações. Em móveis de madeira, 53,7% e em móveis de metal 53,1%.
4 Não se levando em consideração as exportações de Taiwan.
29
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1.4. Organização da Indústria de Móveis nos Principais Países Exportadores
A indústria moveleira apresenta características comuns a nível internacional. Trata-se de
uma indústria extremamente fragmentada caracterizada pela pequena participação no valor
adicionado pela indústria de transformação e pela grande absorção de mão-de-obra relativamente
aos demais segmentos da indústria.
A participação da indústria de móveis no valor da produção industrial nos principais países
desenvolvidos - EUA, Japão, Alemanha, França, Inglaterra, Itália e Espanha - foi, em média, de
1,2% no ano de 1989. Sua maior participação é na Itália chegando a atingir 1,9% (Tabela 5 e 5a).
TABELA 5
VALOR DA PRODUÇÃO INDUSTRIAL NOS PRINCIPAIS PAÍSES DESENVOLVIDOS
POR GÊNERO DE INDUSTRIA
(em US$ milhões)
Alemanha Reino
Gênero EUA Japão Franca Unido Itália Espanha Total
1989 1989 1989 1989 1988 1988 1988
1. Alimentos, bebidas e fumo 390207 159590 90414 87318 90263 46630 49658 914080
2. Têxtil, vestuário e couro 141971 66850 34903 32151 28027 51100 16725 371727
3. Madeira e moveis 87061 38050 21299 14694 16728 12210 7691 197733
3.1. Madeira 54736 24750 9724 7673 8161 4970 4723 114737
3.2. Moveis 32325 13300 11575 7021 8567 7240 2969 82997
4. Papel 275632 100600 34904 39047 43088 21660 12908 527839
5. Química 527614 212520 162462 97830 101790 76980 39263 1218459
6. Minerais não metálicos 66399 50500 22296 17650 20456 18850 10726 206877
7. Metalurgia básica 140309 113120 49346 38007 29388 31170 15836 417176
8. Produtos metalúrgicos 941034 552640 326060 197438 150035 106920 59950 2334077
9. Eletrônica 177273 188400 44118 nd 33838 14750 5030 463409
10. Outras 33496 21170 3567 6668 5053 2510 1567 74031
Total 2780996 1503440 789369 530803 518666 382780 219354 725408
Fonte: OCDE
TABELA 5A
VALOR DA PRODUÇÃO INDUSTRIAL NOS PRINCIPAIS PAÍSES DESENVOLVIDOS
POR GÊNERO DE INDUSTRIA (em %)
(em %)
Alemanha Reino
Gênero EUA Japão Franca Unido Itália Espanha Total
1989 1989 1989 1989 1988 1988 1988
1. Alimentos, bebidas e fumo 14.0 10.6 11.5 16.5 17.4 12.2 22.6 13.6
2. Têxtil, vestuário e couro 5.1 4.4 4.4 6.1 5.4 13.3 7.6 5.5
3. Madeira e moveis 3.1 2.5 2.7 2.8 3.2 3.2 3.5 2.9
3.1. Madeira 2.0 1.6 1.2 1.4 1.6 1.3 2.2 1.7
3.2. Moveis 1.2 0.9 1.5 1.3 1.7 1.9 1.4 1.2
4. Papel 9.9 6.7 4.4 7.4 8.3 5.7 5.9 7.8
5. Química 19.0 14.1 20.6 18.4 19.6 20.1 17.9 18.1
6. Minerais não metálicos 2.4 3.4 2.8 3.3 3.9 4.9 4.9 3.1
7. Metalurgia básica 5.0 7.5 6.3 7.2 5.7 8.1 7.2 6.2
8. Produtos metalúrgicos 33.8 36.8 41.3 37.2 28.9 27.9 27.3 34.7
9. Eletrônica 6.4 12.5 5.6 0.0 6.5 3.9 2.3 6.9
10. Outras 1.2 1.4 0.5 1.3 1.0 0.7 0.7 1.1
Total 100 100 100 100 100 100 100 100
Fonte: OCDE
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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A nível internacional tem-se desenvolvido um padrão de organização da indústria de
móveis com reduzida verticalização da produção que tem possibilitado uma maior especialização
de cada uma das etapas do processo de produção. No caso da Itália, as maiores empresas
dedicam-se, primordialmente, à montagem e ao acabamento de móveis a partir de peças e
componentes produzidos por um grande número de pequenas empresas que trabalham em regime
de sub-contratação. Cada uma destas pequenas empresas dedica-se a fabricar um produto
específico: especializa-se em determinado tipo de móvel ou em determinado componente. Há, no
total, cerca de 33000 empresas que, em sua imensa maioria, empregam menos de 10 pessoas.
Poucas são as empresas com mais de 500 empregados5. Cada uma destas pequenas empresas
utiliza máquinas especializadas de última geração na obtenção de um produto específico. Já na
Alemanha, o padrão de organização industrial não é tão pulverizado e desverticalizado. Cerca de
1200 empresas trabalham junto a mais de 2000 pequenas oficinas especializadas. O sucesso de
Taiwan deve-se, em grande medida, também a uma reduzida verticalização da produção.
Predominam pequenas e médias empresas especializadas num número limitado de modelos e que
se utilizam de uma extensa rede de sub-contratação para a obtenção de partes e componentes.
Este novo modelo industrial contrasta fortemente com a indústria de móveis tradicional em
que cada unidade produtiva congrega inúmeros processos de produção e obtém uma
multiplicidade de produtos. Outra possibilidade são fábricas de maior porte ou multifábricas que,
numa mesma unidade industrial, reúnem vários processos autônomos e independentes que
produzem produtos específicos e que são reunidos posteriormente.
1.5. Principais Tendências Tecnológicas Internacionais
A indústria de móveis é uma indústria tradicional, com tecnologia de produção
consolidada e bastante difundida e cujo padrão de desenvolvimento tecnológico é determinado
pela indústria de máquinas e equipamentos. Este fato permite um acesso irrestrito para qualquer
país às mais modernas máquinas e equipamentos. As mudanças no processo de produção são
incrementais não havendo alterações radicais que possam alterar de forma brusca a posição
competitiva dos diversos países.
A grande mudança técnica ocorrida recentemente foi a substituição da base técnica
eletromecânica por máquinas e equipamentos com dispositivos microeletrônicos. Esta mudança
tem permitido um controle mais eficaz do processo produtivo, uma melhor qualidade dos
produtos e uma maior flexibilidade da produção. As máquinas com dispositivos micro-eletrônicos
oferecem uma grande vantagem nos processos de produção flexíveis - obtenção de inúmeros tipos
5 CTIC, 1992, p5.
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de produto de uma mesma linha de produção - ao permitir uma troca automática das ferramentas
reduzindo o tempo desta operação em relação às máquinas convencionais. Contudo, em processos
de produção seriados - obtenção de poucos produtos de uma única linha de produção - as
máquinas convencionais equiparam-se às mais modernas em termos de lead time. Além disso, as
máquinas com dispositivos microeletrônicos permitiram uma redução do número de trabalhadores
necessários para realizar determinadas operações. Apesar disto, a indústria de móveis continua
sendo uma indústria intensiva em mão-de-obra relativamente a outros segmentos da indústria de
transformação. Muitas operações ainda são manuais e, por se tratar de processos de produção
descontínuos, a integração do sistema de máquinas é quase sempre mediado pela intervenção do
homem.
Em processos de produção seriados, em que não há uma diferença substantiva de lead
time entre sistemas convencionais e com dispositivos microeletrônicos, máquinas antigas podem
conviver ao lado de máquinas de última geração sem prejuízo para o processo como um todo. O
investimento é divisível permitindo um processo de modernização contínuo - máquinas mais
antigas convivendo ao lado de máquinas mais modernas - e não discreto como ocorre em outros
segmentos do setor industrial.
A dinâmica das inovações tecnológicas na indústria de móveis de madeira origina-se,
basicamente, das inovações de produto pelo aprimoramento do design e pela utilização de novos
materiais. No caso de novos materiais, as mudanças são, também, exógenas. No segmento de
móveis retilínios, por exemplo, grande parte das inovações originaram-se pela utilização de novas
chapas de aglomerado com novos revestimentos introduzidos pela indústria de madeira
aglomerada. Resta-lhe, portanto, como fator próprio de inovação, o design, ou seja, as inovações
de produto. Neste aspecto, a utilização de modernos sistemas CAD - Computer Aided Design -
têm permitido um aprimoramento do design e uma maior flexibilidade de modelos.
1.6. Fatores Básicos da Competitividade a Nível Internacional
Os fatores básicos da competitividade a nível internacional podem ser resumidos em
quatro pontos: tecnologia, especialização da produção, design e estratégias comerciais. Os países
desenvolvidos carentes de matéria-prima e com elevados custos de mão-de-obra buscaram superar
estas dificuldades promovendo uma maior racionalização do processo produtivo. O sucesso da
Itália e da Alemanha, deve-se, também, ao fato de que a indústria de máquinas e equipamentos
para a indústria de móveis nestes países é a mais avançada a nível mundial. Esta integração entre a
indústria de móveis e a indústria de máquinas nestes países permite um processo permanente de
atualização da base técnica da indústria de móveis a custos menores do que em outros países.
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Contudo, este sucesso competitivo depende, também, das exportações de madeira bruta
por parte dos países em desenvolvimento. Até há bem pouco tempo, estes cumpriam a função de
exportar madeira bruta sem participar no comércio internacional de móveis. Mais recentemente,
alguns países asiáticos - Indonésia, Filipinas - proibiram as exportações de madeira bruta para
reforçar sua posição competitiva nas exportações para os países desenvolvidos.
No caso da Itália, deve-se destacar a força de sua escola de design que consegue
determinar o padrão de consumo em outros países, a eficácia de deu modelo industrial
desverticalizado e, sobretudo, a tradição exportadora de suas empresas.
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2. COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA DE MÓVEIS
2.1. Introdução
A análise da competitividade da indústria brasileira de móveis de madeira deparou-se com
grandes dificuldades devido à inexistência de estatísticas sistemáticas sobre a mesma. Por tratar-se
de uma indústria muito fragmentada, os indicadores estatísticos usuais não a incluem a exemplo
dos indicadores conjunturais sobre a indústria elaborados pela FIESP e pelo IBGE. Além disso,
trata-se de um setor ainda com um nível de organização a nível nacional bastante incipiente. As
organizações de classe do setor consultadas ainda não possuem estatísticas sistemáticas sobre o
mesmo como ocorre com outros segmentos da indústria brasileira. Apesar da defasagem de
tempo, fomos obrigados a lançar mão, principalmente, dos resultados do Censo Industrial de 1985
elaborado pelo IBGE que se constitui na fonte básica e mais ampla de dados sobre o setor.
O IBGE adota a seguinte classificação para a indústria de móveis excluindo-se a
colchoaria e a fabricação de persianas:
1. Móveis de madeira
1.1. Móveis de madeira:
1.1.1. Para uso residencial
1.2.1. Para escritório
1.2. Armários embutidos de madeira
1.3. Componentes de madeira para móveis
1.4. Móveis de madeira para rádios e televisores.
2. Móveis de Vime e Junco.
3. Móveis de Metal:
3.1. Para uso residencial
3.2. Para escritório
3.3. Componentes de metal para móveis
4. Móveis de plástico:
4.1. Para uso residencial
4.2. Para escritório
4.3. Móveis de plástico para rádios e televisores.
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5. Artefatos diversos do mobiliário
6. Montagem e acabamento de móveis
7. Móveis e artefatos não especificados ou não classificados.
Como se pode observar, trata-se de uma classificação complexa envolvendo tipos
diferentes de matérias-primas, tipos diferentes de produtos e utilizações diversas. Isto reflete a
multiplicidade de produtos que são englobados no gênero madeira e, em decorrência, a
multiplicidade dos processos produtivos envolvidos.
Não foi objeto desta pesquisa os segmentos de móveis de metal, vime e junco. Mesmo em
relação ao segmento de móveis de madeira, a pesquisa circunscreveu-se aos segmentos de móveis
residenciais e para escritório tendo sido entrevistadas 14 empresas pertencentes a estes dois
segmentos. Este recorte não foi arbitrário. Diante da grande fragmentação do setor e da grande
diferenciação de produtos, a pesquisa cingiu-se aos segmentos mais significativos em termos de
geração de emprego e de valor adicionado e aonde se localizam as principais empresas do setor.
2.2. Desempenho Recente da Indústria de Móveis
2.2.1. Comportamento recente do mercado, do produto e do emprego
Há uma sistemática perda de importância da indústria de móveis relativamente ao conjunto
da indústria de transformação. No ano de 1970, a participação da indústria de móveis no total do
valor adicionado pela indústria de transformação foi de 2,0%. Em 1980, esta participação havia
declinado para 1,7% e, em 1990, para 1,1%. De 1990 a 1970, a taxa média de crescimento do
produto real da indústria de transformação foi de 5,2% enquanto que na indústria de móveis foi de
2,1% (Tabela 6). Esta perda de importância acentuou-se ao longo dos anos 80 (Cf.G1). Até o ano
de 1980, a indústria de móveis acompanhou, apesar do ritmo menos acentuado, a tendência geral
do crescimento industrial. Na década de 70, a indústria de móveis cresceu a uma taxa média anual
de 7,1% enquanto que a indústria de transformação expandiu-se a uma taxa de 8,96%. Já na
década de 80, a indústria de móveis reduziu seu nível de produção em 35,9% enquanto que na
indústria de transformação a redução atingiu 2,0%.
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TABELA 6
EVOLUÇÃO DO VALOR ADICIONADO E DO PRODUTO REAL DA INDÚSTRIA DE
TRANSFORMAÇÃO E DE MÓVEIS
(em CR$ mil)
Valor adicionado Produto Real
ANO Industria Moveis % Industria Moveis
Transform Transform
1970 48 1 2.0 100.0 100.0
1971 65 1 1.8 111.9 96.6
1972 90 2 1.7 127.5 108.5
1973 146 3 1.9 148.7 141.2
1974 220 4 1.8 160.2 141.5
1975 313 6 1.9 166.3 156.2
1976 481 9 1.9 186.4 175.6
1977 705 13 1.9 190.7 174.9
1978 1060 19 1.8 202.3 183.1
1979 1772 31 1.7 216.2 184.7
1980 3812 64 1.7 235.9 199.1
1981 7137 114 1.6 211.6 163.9
1982 14970 265 1.7 211.2 175.5
1983 32251 478 1.3 198.9 133.9
1984 106383 1651 1.3 211.1 143.9
1985 424639 5982 1.4 228.7 158.7
1986 1074488 18096 1.7 254.6 211.2
1987 3318071 45860 1.4 256.9 174.9
1988 24217582 287176 1.2 248.3 144.9
1989 342796267 4376302 1.3 255.4 160.7
1990 7532843597 84450762 1.1 231.2 127.7
(1) Deflacionou-se o valor adicionado pela indústria de móveis pelo deflator da indústria de
transformação.
Fonte:FIBGE
A indústria de móveis parece, portanto, ter sido afetada de forma particular pelos ciclos de
crescimento e recessão que caracterizaram a economia brasileira nos anos 80. Foi somente no ano
de 1986, diante do grande crescimento da demanda interna que acompanhou o Plano Cruzado,
que o nível de produção sobrepujou o nível de 1980. Em todos os demais anos, o nível de
produção esteve abaixo revelando, portanto, o período de grandes dificuldades atravessado por
esta indústria ao longo dos anos 80.
O mercado de móveis no Brasil - madeira, vime, junco, metal e plástico - pode ser
estimado em torno de US$ 1,79 bilhões para o ano de 1985 (Tabela 7)6. Há uma preferência
nítida do consumidor brasileiro por móveis de madeira em detrimento de móveis elaborados com
outras matérias-primas como o metal e o plástico. O segmento mais importante é o de móveis de
madeira que representa, pelo menos, 78,9% do mercado total de móveis, ou seja, US$ 1,41
bilhões (Tabela 10). Mesmo no segmento de móveis para escritório, a preferência do consumidor
recai sobre os móveis de madeira. Além da preferência do consumidor pela madeira, esta escolha
depende dos preços relativos na medida em que os móveis de madeira, metal e plástico são
6 O consumo aparente de móveis consiste no VBPI mais as importações menos as exportações. Na medida em que
o comércio exterior brasileiro de móveis é insignificante, pode-se utilizar o VBPI como uma proxy razoável para
dimensionar o mercado interno. Utilizou-se a taxa média de câmbio de Cr$ 6195,019 referente ao ano de 1985 para
converter os valores de CR$ para dólares.
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substitutos próximos. As reservas florestais existentes no país permitem, no entanto, o acesso do
consumidor a um mobiliário mais nobre e que é ofertado a preços competitivos no país.
GRÁFICO 1
EVOLUÇÃO DO PRODUTO REAL NA INDÚSTRIA DE MÓVEIS
E DE TRANSFORMAÇÃO
50
100
150
200
250
300
1970 1975 1980 1985 1990
Ind. Transformação Móveis
(Base 1970 = 100)
Fonte: FIBGE.
Excluindo-se as vendas das microempresas, os móveis para residência absorvem 73,5% do
mercado interno e os móveis de escritório 18,4%. Em conjunto, estes dois segmentos perfazem
91,9%. O segmento de móveis de madeira para residência atinge, pelo menos, a US$ 1,22 bilhões
enquanto que o de móveis de madeira para escritório atinge, pelo menos, a US$ 191 milhões
(Tabela 10). O restante do mercado de móveis de madeira refere-se aos armários embutidos de
madeira, móveis para rádios e televisores e componentes diversos.
TABELA 7
DISTRIBUIÇÃO DO NE, TPO, VTI E VBPI POR SEGMENTO DO GÊNERO MOBILIÁRIO
Segmento Em milhões de CR$ Em %
------------------------------------------ --------------------------
NE TPO VTI VBP TPO/NE VTI/TPO NE TPO VTI VBPI
A Indústria de móveis
Móveis de madeira,vime,
junco 12519 154744 4956 9333 12.4 395878 94.9 88.9 83.7 84.2
Móveis de metal 534 16319 868 1566 30.6 1625468 4.0 9.4 14.7 14.1
Móveis de plástico 103 2595 89 166 25.2 864078 0.8 1.5 1.5 1.5
Montagem e acabamento 42 344 7 15 8.2 166667 0.3 0.2 0.1 0.1
Sub-total 13198 174002 5920 11080 13.2 448553 100.0 100.0 100.0 100.0
B Artefatos do Mobiliário
Colchoaria 348 8926 784 1621 25.6 2252874 2.5 4.8 11.3 12.5
Persianas 43 2945 128 231 68.5 2976744 0.3 1.6 1.8 1.8
Sub-total 391 11871 912 1852 30.4 2332481 2.8 6.4 13.1 14.3
C Não classificados 170 594 116 16 3.5 682353 1.2 0.3 1.7 0.1
Total 13759 186467 6948 12948 13.6 504979 100.0 100.0 100.0 100.0
Fonte: Censo Industrial, FIBGE, 1985
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2.2.2. Organização industrial
A indústria brasileira de móveis caracteriza-se, da mesma forma que nos demais países,
pela grande absorção de mão-de-obra relativamente aos demais segmentos do setor industrial e
pela pequena participação no valor adicionado pela indústria de transformação. Trata-se de um
setor intensivo em mão-de-obra e que agrega pouco valor por unidade de mão-de-obra. A
indústria de móveis, junto com a indústria do vestuário e calçados e da madeira, foram os
segmentos que menos agregaram valor por unidade de mão-de-obra no ano de 1985.
Comparando-se com a indústria química, 7,8 trabalhadores empregados na indústria de móveis
agregam o mesmo valor que um único trabalhador na indústria química (Tabela 8).
No ano de 1985, a participação da indústria química no emprego total foi de 2,5% e no
valor adicionado total foi de 17,3%. Na indústria de móveis, a participação no emprego foi de
6,7% e no valor adicionado foi de apenas 1,4%. Ou seja, a indústria de móveis, de uma maneira
geral, apresenta uma baixa produtividade econômica relativamente aos demais setores industriais7.
TABELA 8
DISTRIBUIÇÃO DO NE, TPO, VTI E DO VBPI POR GÊNERO DE INDÚSTRIA
Em milhões de CR$ Em %
-------------------------------------------------------------- -----------------
Gênero Estabelecimentos
EMP ------------------- TPO VTI VBPI TPO/NE VTI/TPO NE TPO VTI VBPI
Produti Apoio Total
vos Indireto
1.Quimica 2613 3193 1873 5066 287742 82797 224534 56.8 287747 2.5 5.2 17.32 0.8
2.Metalurgia 17107 17761 1203 18964 565036 58370 150494 29.8 103303 9.3 10.3 12.2 13.9
3.Alimentos 37836 40211 2823 43034 733199 57406 172321 17.0 78295 21.1 13.3 12.0 16.0
4.Mecanica 9020 9934 1154 11088 552163 43968 73502 49.8 79629 5.4 10.0 9.2 6.8
5.Material elet,comun 3234 3713 860 4573 315767 36151 62253 69.1 114486 2.2 5.7 7.6 5.8
6.Material transporte 3510 3754 430 4184 341621 30715 79384 81.6 89910 2.0 6.2 6.4 7.4
7.Textil 4027 4749 821 5570 351360 28434 61886 63.1 80926 2.7 6.4 5.9 5.7
8.Vestuario, calcados 21964 22364 836 23200 655234 24749 47485 28.2 37771 11.4 11.9 5.2 4.4
9.Minerais não metál 27233 27867 1107 28974 365643 20523 33178 12.6 56129 14.2 6.6 4.3 3.1
10.Papel e papelão 1393 1635 472 2107 132948 14015 30119 63.1 105417 1.0 2.4 2.9 2.8
11.Plasticos 2493 2616 359 2975 146151 10713 20632 49.1 73301 1.5 2.7 2.2 1.9
12.Editorial e gráfica 8168 8228 825 9053 164523 9278 14449 18.2 56393 4.4 3.0 1.9 1.3
13.Borracha 1158 1227 194 1421 71656 8805 17789 50.4 122879 0.7 1.3 1.8 1.6
14.Prod farmaceut, vet 465 488 442 930 49058 8071 12577 52.8 164520 0.5 0.9 1.7 1.2
15.Madeira 16155 16716 413 17129 218059 7566 13413 12.7 34697 8.4 4.0 1.6 1.2
16.Mobiliario 13075 13183 576 13759 186467 6844 12946 13.6 36704 6.7 3.4 1.4 1.2
17.Bebidas 2225 2438 360 2798 77167 5936 11486 27.6 76924 1.4 1.4 1.2 1.1
18.Perfum,saboes,velas 928 959 181 1140 36807 4264 9003 32.3 115848 0.6 0.7 0.9 0.8
19.Fumo 146 182 252 434 27924 3637 6379 64.3 130246 0.2 0.5 0.8 0.6
20.Couros e peles 1406 1450 154 1604 53849 2874 6576 33.6 53371 0.8 1.0 0.6 0.6
21.Diversos 5513 5649 532 6181 168954 12797 19471 27.3 75743 3.0 3.1 2.7 1.8
Total 176409 188317 15867 204184 5501328 477913 1079877 26.9 86872 100 100 100 100
Fonte: FIBGE, Censo Industrial 1985.
No ano de 1985, havia 13075 empresas atuantes na indústria de móveis com 13759
estabelecimentos industriais. Deste total, 13183 eram estabelecimentos produtivos e 576 de apoio
indireto à produção8. Predominam, portanto, processos de produção tecnologicamente unitários
havendo poucas empresas com mais de um estabelecimento produtivo.
7 Uma forma de elevá-la seria empregar mais máquinas que tornassem o trabalho direto mais produtivo.
8 Trata-se das unidades de venda, sedes de empresas etc.
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A indústria de móveis, junto com a indústria da madeira e de minerais não metálicos,
caracterizam-se pelo pequeno porte de seus estabelecimentos industriais. Trata-se de uma
indústria em que predominam pequenas e médias empresas havendo poucas empresas de grande
porte. Inclui-se, neste universo, também, uma infinidade de pequenas empresas de caráter
tipicamente artesanal. O tamanho médio do estabelecimento na indústria de móveis foi de 13,6
pessoas.
Contudo, há uma realidade bastante diferenciada no segmento de móveis. As pequenas
empresas empregam muitos trabalhadores e agregam pouco valor indicando, portanto, um baixo
nível de produtividade econômica. As empresas com até 19 empregados participaram com 84,1%
no emprego total do setor e 15,4% no valor adicionado total. Em contrapartida, as demais
empresas, com 20 ou mais empregados, empregaram 15,9% e participaram com 84,6% no
valor adicionado total (Tabela 9). Em particular, as empresas com 100 ou mais empregados - em
número de 277 - participaram com apenas 2,0% no emprego total e 52,0% no valor adicionado
total. Há, portanto, um perfil bastante diferenciado na indústria de móveis: um grande número de
pequenas e micro-empresas com baixa produtividade econômica e que empregam muitas pessoas
e poucas empresas com elevada produtividade econômica e que empregam poucas pessoas9.
Contudo, em relação aos demais segmentos do setor industrial, mesmo este segmento de maiores
empresas segue sendo intensivo em mão-de-obra.
TABELA 9
DISTRIBUIÇÃO DO NUMERO DE ESTABELECIMENTOS
PRODUTIVOS E DE APOIO DIRETO A PRODUÇÃO POR EXTRATOS
DE PESSOAL OCUPADO - GÊNERO MOBILIÁRIO
Extratos Em CR$ milhões Em %
NE TPO VTI VBPI TPO/NE NE TPO VTI VBPI
Ate 4 7502 20746 292 543 2.8 54.5 11.1 4.3 4.2
5-19 4070 38932 758 1537 9.6 29.6 20.9 11.1 11.9
20-99 1334 58014 2166 4091 43.5 9.7 31.1 31.6 31.6
100-499 263 51307 2998 5580 195.1 1.9 27.5 43.8 43.1
500 e + 14 10666 564 1129 761.9 0.1 5.7 8.2 8.7
Total 13183 179665 6844 12946 13.6 95.8 96.4 99.0 99.5
Apoio indireto 576 6802 0 0 4.2 3.6
Total Geral 13759 186467 6844 12946 13.6 100.0 100.0
Fonte: Censo Industrial de 1985, FIBGE
Dentre os vários segmentos que compõem a indústria de móveis, os segmentos de móveis
de madeira para residência e para escritório são os mais importantes: reúnem 84,4% do número de
estabelecimentos, 82,6% do total do pessoal ocupado e 77,3% do valor adicionado total se
excluirmos as microempresas (Tabela 10).
9 Contudo, o setor segue sendo de baixa produtividade econômica diante de outros segmentos da indústria de
transformação. Seriam necessários 5 trabalhadores para adicionar o mesmo montante de valor da indústria
química.
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TABELA 10
DISTRIBUIÇÃO DO NE, TPO, VTI E VBPI POR SEGMENTO DO GÊNERO MADEIRA
Segmento Em milhões de CR$ Em %
NE TPO VTI VBPI TPO/NE VTI/NE NE TPO VTI VBPI
1.Móveis de madeira
Residência 2572 96625 3545 6928 37.6 36697 77.5 73.5 65.5 66.0
Escritório 229 12030 684 1182 52.5 56934 6.9 9.1 12.6 11.3
Armários embutidos 95 1806 53 273 19.0 29588 2.9 1.4 1.0 2.6
Móveis:rádios,telev 24 3162 161 335 131.8 51054 0.7 2.4 3.0 3.2
Componentes 14 374 10 19 26.7 28032 0.4 0.3 0.2 0.2
Sub-total 2934 113997 4456 8739 38.9 39089 88.4 86.7 82.3 83.3
2.Móveis de Metal
Residência 105 5453 356 693 51.9 65398 3.2 4.1 6.6 6.6
Escritório 165 7677 428 729 46.5 55755 5.0 5.8 7.9 6.9
Componentes 23 1179 73 139 51.3 62279 0.7 0.9 1.4 1.3
Sub-total 293 14309 858 1561 48.8 59967 8.8 10.9 15.8 14.9
3.Móveis de plástico
Residência 47 1507 46 98 32.1 30850 1.4 1.1 0.9 0.9
Escritório 7 183 10 16 26.1 59736 0.2 0.1 0.2 0.2
Moveis:rádios,telev 2 698 29 48 349.0 41808 0.1 0.5 0.5 0.5
Sub-total 56 2388 86 163 42.6 36267 1.7 1.8 1.6 1.6
4.Móveis de vime,junco 37 840 15 29 22.7 18146 1.1 0.6 0.3 0.3
Total 3320 131534 5415 10495 39.6 41176 100.0 100.0 100.0 100.0
(1) Estabelecimentos com receita bruta superior a CR$ 245 milhões.
Fonte: Censo Industrial de 1985, FIBGE.
Destes dois segmentos, o mais importante é o de móveis residenciais: reúne 77,5% do
total de estabelecimentos, 73,5% do total de empregados e 65,5% do valor adicionado total. O
segmento de móveis para escritório reúne 6,9% do total de estabelecimentos, 9,1% do pessoal
ocupado e 12,6% do valor adicionado total.
O segmento de móveis para escritório caracteriza-se pelo menor número de empresas
(229), um número médio de empregados mais elevado (52,5) e uma maior produtividade
econômica relativamente ao setor de móveis residenciais - são necessários 1,55 trabalhadores na
produção de móveis residenciais para agregar o mesmo valor de um trabalhador na produção de
móveis para escritório. Em contrapartida, o segmento de móveis residenciais caracteriza-se pela
presença de uma infinidade de empresas, apresenta um menor número médio de trabalhadores por
empresa e um menor valor agregado por trabalhador. Ou seja, a grande presença de pequenas
empresas localiza-se no segmento de móveis residenciais. Este fato explica-se pela menor
complexidade do processo produtivo que reduz as barreiras à entrada neste segmento da indústria
de móveis.
O segmento de móveis de madeira para residência pode ser subdividido nas seguintes
categorias: móveis retilínios seriados, móveis torneados seriados e móveis sob medida10. A
presença de pequenas e micro-empresas localiza-se, primordialmente, no segmento de móveis sob
10 O IBGE não adota esta sub-classificação. Resolvemos adotá-la pois ela reflete características próprias dos
processos tecnológicos e ao mesmo tempo características próprias destes três mercados.
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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medida que, em geral, são marcenarias que atendem a pedidos individuais e específicos11.
Contudo, estas pequenas empresas fazem-se presentes, também, no segmento de móveis
torneados. Já no segmento de móveis retilínios sua presença é mais difícil pelas dificuldades de
concorrência com as maiores empresas que atuam neste segmento e que produzem em grande
escala para atingir um amplo mercado. Além disso, as pequenas empresas encontram dificuldades
para a aquisição regular da matéria-prima básica que é a madeira aglomerada.
Já o segmento de móveis de escritório pode ser segmentado em dois setores: móveis para
escritório sob encomenda e móveis para escritório seriados. Devido à maior complexidade do
processo de produção que envolve, principalmente, o trabalho de marcenaria, metalurgia e
tapeçaria, não há espaço para uma presença mais significativa de micro e pequenas empresas neste
segmento. Além disso, grande parte do mercado de móveis de escritório sob encomenda é
constituído por empresas públicas que só compram através de licitação o que dificulta, também, o
acesso à pequena empresa. As empresas de móveis sob encomenda vendem, também, o projeto de
instalação dos móveis.
Em geral, a característica básica da organização industrial do setor é a grande
verticalização do processo produtivo. Numa mesma unidade fabril convivem inúmeros processos
tecnológicos dos quais se obtém uma grande variedade de produtos. Ou seja, trata-se de um
modelo industrial radicalmente distinto de países como a Itália. Esta característica da organização
industrial do setor deriva, em grande medida, de um mecanismo de defesa das empresas do setor
que visa garantir o fornecimento e a qualidade dos seus produtos.
2.2.3. Localização regional
Apesar de ser uma indústria presente em todo o território nacional, a indústria brasileira de
móveis localiza-se, principalmente, nas regiões sul e sudeste que respondem por 89,9% do total
do valor adicionado e 70% do emprego total (Tabela 11). Nos estados de São Paulo, Rio Grande
do Sul e Santa Catarina concentra-se 68,5% do valor adicionado total e 39,8% do emprego total.
Nestes estados, concentra-se o grosso da indústria moveleira com uma produtividade 50%
superior em relação à produtividade média dos demais estados da federação12.
No estado de São Paulo, a indústria de móveis é extremamente dispersa espalhando-se
pela capital e pelo interior. Já no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, ela organiza-se em
torno de dois pólos industriais moveleiros: Flores da Cunha e Bento Gonçalves no Rio Grande do
11 Inclui, também, armários embutidos.
12 São necessários 3 trabalhadores nos demais estados para agregar o mesmo montante de valor. Trata-se de uma
análise agregada. Há inúmeras exceções em relação a esta agregação. Em Minas Gerais, por exemplo, localiza-se a
Madeirense uma das maiores empresas brasileiras.
41
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Sul e São Bento do Sul em Santa Catarina. Este fato, confere a estes dois estados vantagens
comparativas significativas relativamente aos demais estados da federação. Estes dois pólos
industriais são responsáveis pela maior parte das exportações brasileiras de móveis de madeira.
TABELA 11
DISTRIBUIÇÃO DO NE, TPO, VTI E VBPI DO GÊNERO MOBILIÁRIO
SEGUNDO OS ESTADOS DA FEDERAÇÃO
Região/Estado Em milhões de CR$ Em %
NE TPO VTI VBP TPO/NE VTI/TPO NE TPO VTI VBPI
São Paulo 3362 70398 2728022 6239332 20.9 38751413 24.4 37.8 45.6 47.1
Rio Grande do Sul 1214 22017 840683 1831384 18.1 38183358 8.8 11.8 14.1 13.8
Santa Catarina 906 17729 526907 1118890 19.6 29720063 6.6 9.5 8.8 8.4
Paraná 1016 18892 503848 1180714 18.6 26669913 7.4 10.1 8.4 8.9
Minas Gerais 1690 14063 351931 776886 8.3 25025315 12.3 7.5 5.9 5.9
Rio de Janeiro 1071 13634 347021 723099 12.7 25452618 7.8 7.3 5.8 5.5
Pernambuco 652 4458 128478 255255 6.8 28819650 4.7 2.4 2.1 1.9
Outros 3848 25276 555382 1123889 6.6 21972701 28.0 13.6 9.3 8.5
Total Geral 13759 186467 5982272 13249449 13.6 32082202 100.0 100.0 100.0 100.0
Fonte: Censo Industrial, FIBGE, 1985.
Além disso, há uma diferenciação acentuada entre estas três regiões quanto ao tipo de
móveis que fabricam. Em São Paulo, encontram-se presentes todos os segmentos da indústria do
mobiliário não havendo uma especialização regional marcante. Em particular, ai se localizam as
principais empresas brasileiras fabricantes de móveis para escritório sob encomenda: Escriba,
Italma, Hobjeto, Giroflex, L´Atelier etc. Já no Rio Grande do Sul há uma maior especialização na
fabricação de móveis retilínios seriados de madeira aglomerada. Ai se localizam as principais
empresas brasileiras deste segmento da indústria de móveis: Carraro e Todeschini. Contudo, a
produção de móveis torneados de madeira assume, também, uma grande importância com
algumas das principais empresas brasileiras como a Florense e a Madesa. Em Santa Catarina,
predomina a fabricação de móveis torneados de madeira. Algumas das principais empresas
brasileiras deste segmento ai se localizam: Rudnick, Artefama e Weihermann.
2.2.4. Comércio exterior
2.2.4.1. Exportações de móveis
Apesar de possuir algumas vantagens comparativas significativas em relação aos principais
países exportadores - matéria-prima e mão-de-obra barata - , a indústria brasileira de móveis tem
uma posição insignificante no comércio mundial de móveis. O grande crescimento observado no
comércio internacional de móveis dos últimos 20 anos não foi acompanhado pelas empresas
brasileiras. Em parte, isto se deve à tradicional hegemonia dos países desenvolvidos neste mercado
como é o caso da Itália e da Alemanha. Contudo, mais recentemente, tem havido, por parte de
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alguns países em desenvolvimento - Taiwan - um crescimento significativo de suas exportações
para os países desenvolvidos que representam quase que a totalidade do mercado mundial.
O Brasil, contudo, não tem acompanhado este movimento. Em parte isto se deve ao ciclo
de modernização ocorrido nesta indústria e, em decorrência, das estratégias comerciais adotadas
pelas empresas brasileiras. Na década de 70, muitas empresas se modernizaram ao mesmo tempo
em que se deu um grande crescimento do mercado interno de móveis. Em decorrência, as
empresas destinaram sua produção a atender primordialmente o mercado interno em rápida
expansão e menosprezaram as vendas externas. Com a retração dos anos 80, as empresas
depararam-se com uma redução do mercado interno, com dificuldades para modernizar suas
instalações industriais e, em decorrência, tornaram-se incapazes de sustentar uma posição mais
agressiva e competitiva no mercado mundial. Somente as empresas mais modernas perseguiram e
conseguiram direcionar parcela de sua produção para o mercado externo. Foi somente na década
de 80 que as vendas para o mercado externo foram incorporadas às estratégias comerciais de
muitas empresas.
De 1970 a 1980, as exportações brasileiras atingiram US$ 142,7 milhões com uma média
anual de US$ 13,0 milhões (Tabela 12).
TABELA 12
EVOLUÇÃO DO COMÉRCIO EXTERIOR DE MÓVEIS
(em US$ mil FOB)
Ano X M X-M
1970 1512 146 1366
1971 2793 267 2526
1972 4136 630 3506
1973 10317 544 9773
1974 13488 1610 11878
1975 13083 1972 11111
1976 14643 1448 13195
1977 16445 1672 14773
1978 18087 3464 14623
1979 20977 2617 18360
1980 27236 3121 24115
1981 30944 1892 29052
1982 22150 2147 20003
1983 19422 2773 16649
1984 26927 2985 23942
1985 34844 7101 27743
1986 42312 6374 35938
1987 39260 7712 31548
1988 45523 7837 37686
1989 56413 7013 49400
1990 47512 8598 38914
(1) Corresponde ao capítulo 94 da NBM.
Fonte: CTIC, p.25
Já no período de 1981 a 1990, as exportações elevaram-se a US$ 365,3 milhões com uma
média anual de US$ 36,5 milhões. Houve um crescimento de 181,4% das exportações médias
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anuais num período de significativa redução do crescimento interno (Gf2)13. Este crescimento das
exportações é extremamente significativo após o ano de 1986 se levarmos em consideração a
grande redução da produção interna ocorrida até o ano de 1990. As exportações médias, no
período de 1987 a 1990, atingiram US$ 47,2 milhões. Em parte, este resultado deve-se ao fato de
que as empresas mais modernas destinaram parcela de sua produção ao mercado externo num
momento de profunda contração da demanda interna.
As exportações de móveis de madeira, metal e plástico - estofados, móveis para escritório,
residenciais e outros - atingiram uma média de US$ 47,3 milhões no período de 1989 a 1990. As
exportações de móveis de madeira atingiram pelo menos US$ 22,3 milhões constituindo-se no
principal item das exportações brasileiras (Tabela 13).
GRÁFICO 2
EVOLUÇÃO DAS EXPORTAÇÕES DE MÓVEIS - BRASIL
(1973/90)
50
150
250
350
450
550
1973 1977 1981 1985 1989
Exportações Produção de móveis
(Base 1973 = 100)
Fonte: SRF/CIEF; FIBGE.
As exportações brasileiras de móveis no período de 1989 a 1991, concentraram-se em
estofados (28,1%) e móveis para residência (29,5%) - cozinhas, dormitórios e cadeiras - e outros tipos
de móveis 20,4%14. No total, estes três itens responderam por 76,7% do total das exportações de
móveis. Como se pode observar, o principal item das exportações são os móveis residenciais -
incluindo-se os estofados - (57,6%) sendo pequena a participação de móveis para escritório (8,2%).
A principal matéria-prima das exportações brasileiras é a madeira que responde pelo
menos por 65,6% do total das exportações15. Nos móveis residenciais, a madeira representa
13 Até aqui a análise das exportações corresponde ao capítulo 94 da NBM.
14 Inclui balcões, vitrinas, displays, arcas, oratórios, cômodas etc.
15 Excluindo-se os estofados do total.
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76,6% do total e nos móveis para escritório 67,1%. O principal item das exportações de móveis
residenciais são os dormitórios que representam 60,1% das exportações totais de móveis
residenciais e as cadeiras 22,7%. Apesar de suas insignificantes exportações, a indústria de
móveis de madeira possui um potencial de exportação muito grande, principalmente no segmento
de móveis torneados de madeira - dormitórios, salas de jantar etc. Mais recentemente, devido às
mudanças ocorridas na Europa Oriental, muitas empresas brasileiras passaram a exportar móveis
de madeira maciça de Pinus para os países europeus, onde existe uma tradição estabelecida no
consumo deste tipo de madeira.
TABELA 13
EXPORTAÇÕES DE MÓVEIS DE MADEIRA, METAL
E PLÁSTICO SEGUNDO O TIPO DE USO
(MÉDIA DO PERÍODO 1989/91)
(em US$ mil)
Tipo Valor %
1. Estofados (1) 13316282 28.1
2. Moveis para escritório
Assentos Giratórios 784004 1.7
Moveis de metal 509760 1.1
Moveis de madeira 2581727 5.5
Total 3875491 8.2
3. Moveis para residência
Moveis e cadeiras de plástico 306729 0.6
Moveis e cadeiras de metal 2953335 6.2
Moveis e cadeiras de madeira 10683845 22.6
Cozinhas 1012917 2.1
Dormitórios 6481059 13.7
Cadeiras 3189869 6.7
Total 13943908 29.5
4. Outros moveis de madeira 9022245 19.1
5. Outros moveis de metal (2) 594151 1.3
6. Partes (3) 6574873 13.9
Total Geral 47326950 100.0
(1) Exclui assentos giratórios e cadeiras de madeira, metal e plástico.
(2) Inclui balcões, vitrinas e displays, arcas, oratórios, cômodas e outros.
(3) De madeira, metal e plástico.
Fonte: SRF/CIEF.
São móveis torneados de madeira de alto padrão. Os móveis de mogno representam,
também, parcela importante das exportações de móveis de madeira.
Já no segmento de móveis retilínios de madeira, o potencial de exportação é muito
pequeno devido ao elevado preço alcançado no mercado interno pela madeira aglomerada, sua
principal matéria-prima. Mesmo possuindo plantas industriais razoavelmente modernas, as
exportações deste segmento são insignificantes. No segmento de móveis para escritório, as
exportações são, também, muito pequenas. Em geral, são móveis que envolvem uma maior
densidade tecnológica - reunião da marcenaria, metalurgia e tapeçaria. Neste segmento, a
desatualização tecnológica das empresas brasileiras é mais acentuada.
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2.2.4.2. Exportações de madeira bruta, serrada e folheada.
Apesar de possuir na madeira de lei uma fonte potencial de vantagem comparativa na
competitividade em relação aos demais países, o Brasil tem aberto mão desta vantagem através de
suas exportações crescentes de madeiras de lei sob a forma, principalmente, de madeira serrada e
folheada.
As exportações de madeira - capítulo 44 da TAB - atingiram, no período de 1989 a 1991,
uma média de US$ 425,9 milhões (Tabela 14). Os principais itens das exportações brasileiras são,
por ordem decrescente de importância, a madeira serrada (33,6%), a madeira compensada
(24,3%), os painéis de fibra (18,1%) e a madeira folheada (7,6%). No total, estes itens totalizam
83,6% do total das exportações de madeira.
As exportações de madeira serrada e folheada atingiram, no período de 1989 a 1991, US$
175,3 milhões que representa 41,2% do total. Quase que a totalidade destas exportações são
constituídas de madeiras de lei. Nas exportações de madeira serrada, predominam o mogno
(35,1%), Virola (16,0%), Araucária (8,0%) e Jatobá (7,7%). Nas exportações de madeira
folheada, predominam o mogno (24,8%), o carvalho (13,1%) e a imbuia (5,0%). O mogno é a
principal espécie exportada. Suas exportações atingiram US$ 58,2 milhões que representa 33,2%
do total das exportações de madeira serrada e folheada.
TABELA 14
VALOR DAS EXPORTAÇÕES DE MADEIRA
(MÉDIA DO PERÍODO 1989/91)
(em US$ mil)
Tipo Valor %
1. Madeira serrada 142920 33.6
Mogno 50220 11.8
Virola 22833 5.4
Araucária 11465 2.7
Jatobá 10944 2.6
Imbuia 4248 1.0
Outras 43210 10.1
2. Madeira compensada 103663 24.3
3. Painéis de fibra 77139 18.1
4. Madeira folheada 32353 7.6
Mogno 8028 1.9
Carvalho 4243 1.0
Imbuia 1620 0.4
Outras 18462 4.3
5. Artefatos diversos 60571 14.2
6. Outras 9335 2.2
Total 425981 100.0
Fonte: SRF/CIEF (Cf. Tabelas 2, 3, 4, 5)
Se o total das exportações de madeira serrada e folheada fosse internalizado e utilizado na
produção de móveis, as exportações da indústria moveleira poderiam elevar-se substantivamente
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em relação ao volume atual de exportações. Para que se tenha noção da irrelevância das
exportações de móveis, basta mencionar que as exportações de móveis de madeira atingiram uma
média de aproximadamente US$ 22,3 milhões no período de 1989 a 1991. Ou seja, exporta-se
oito vezes mais madeira bruta do que móveis.
Estas exportações de madeiras de lei constituem uma fonte importante de competitividade
da indústria de móveis nos principais países desenvolvidos. Como já foi observado, a grande
vantagem comparativa de países como a Itália e a Alemanha reside, principalmente, no grau de
modernização de suas máquinas e equipamentos e nas estratégias de suas empresas para as quais a
demanda externa é um componente importante. Portanto, a indústria de móveis nestes países pode
manter-se moderna tecnologicamente a um custo muitíssimo mais baixo do que em países como o
Brasil. Mesmo com custo de mão-de-obra mais elevada e adquirindo a madeira bruta a um preço
mais elevado do que nos países em desenvolvimento, os países desenvolvidos detém a hegemonia
no comércio mundial de móveis baseando-se na tradição exportadora de suas empresas, no
moderno design de seus móveis e, principalmente, na modernização tecnológica de suas empresas
e em sua organização industrial pouco verticalizada.
Alguns países asiáticos que, mais recentemente, passaram a exportar móveis para os países
desenvolvidos adotaram inúmeras medidas proibindo suas exportações de madeira bruta como é o
caso da Indonésia e Filipinas. Além disso, muitos destes países têm desenvolvido um grande
esforço de modernização de suas plantas industriais com a introdução de máquinas e
equipamentos de última geração.
Portanto, os países em desenvolvimento deveriam inibir suas exportações de madeira bruta
para os países desenvolvidos como forma de reter uma importante fonte de competitividade neste
mercado. Já que não contam com uma indústria de máquinas e equipamentos moderna como na
Itália e Alemanha, poderiam homogeneizar a concorrência elevando o custo de importação de
madeira bruta pelos países desenvolvidos.
2.3. Capacitação Gerencial, Comercial, Produtiva e Tecnológica das Empresas Líderes
2.3.1. Introdução
O objetivo básico desta pesquisa foi realizar uma avaliação da competitividade da indústria
brasileira de móveis de madeira. Em especial, a pesquisa procurou limitar-se à avaliação da
competitividade das empresas líderes que são as que determinam o padrão de competitividade
para a indústria como um todo. Foram realizadas 14 entrevistas junto às empresas líderes: 3
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pertencem ao segmento de móveis para escritório e as demais, em número de 11, pertencem ao
segmento de móveis residenciais, que é o principal segmento da indústria de móveis.
As empresas líderes do segmento de móveis residenciais foram enquadradas em duas
categorias: móveis retilínios de madeira aglomerada e móveis torneados de madeira maciça ou de
madeira aglomerada com partes de madeira maciça. Estas duas categorias expressam fielmente a
dicotomia da produção de móveis residenciais em relação aos processos tecnológicos, às matérias-
primas utilizadas, às formas de comercialização, ao tipo de móvel e ao tipo de mercado que
atingem. Da primeira categoria, foram entrevistadas 5 empresas e da segunda, 6 empresas. Não se
pesquisou o segmento de móveis estofados devido à diferenciação muito grande existente neste
segmento e devido ao fato de que a madeira só entra como componente do móvel acabado. Foi
realizada apenas uma entrevista junto à uma das empresas líderes do segmento de estofados.
Tampouco a produção de móveis residenciais de madeira sob medida - que inclui armários
embutidos, móveis torneados de madeira, artefatos de madeira - foi pesquisada. Em geral, neste
segmento as empresas são de menor porte e os processos produtivos bastante artesanais. Em
geral, são marcenarias que atendem a pedidos específicos e individuais.
No segmento de móveis para escritório, foram entrevistadas 3 empresas que produzem
móveis seriados sob encomenda. Neste segmento encontram-se as principais empresas líderes.
Não se pesquisou a produção de móveis seriados para escritório que visa atingir um mercado
anônimo. Em geral, neste segmento, as empresas são de menor porte e menos atualizadas
tecnologicamente.
2.3.2. Processos produtivos, organização industrial e matérias-primas
Diversamente de outros países como a Itália, as empresas líderes da indústria de móveis no
Brasil possuem grandes plantas industriais verticalizadas - inúmeros processos tecnológicos e/ou
inúmeras etapas de um mesmo processo tecnológico numa mesma planta industrial. Esta é uma
característica básica da indústria no Brasil principalmente nos segmentos de móveis torneados de
madeira e no de móveis para escritório sob encomenda. As 14 empresas entrevistadas empregam
no total 6346 pessoas - produção e administração exclusive vendas - distribuídas em 31 plantas
com 65 estabelecimentos industriais (Tabela 15)16.
No segmento de móveis torneados, numa mesma planta industrial, reúnem-se inúmeras
etapas de um mesmo processo produtivo e produzem-se inúmeras linhas de produtos - salas de
jantar, dormitórios, cozinhas etc - com diferentes tipos e padrões dentro de uma mesma linha de
16 Adotamos a mesma conceituação do IBGE. Cada estabelecimento industrial corresponde a um mesmo processo
tecnológico com o uso de determinada matéria-prima. Em decorrência, uma mesma planta industrial pode ter
vários estabelecimentos industriais.
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produtos. Em geral, são móveis de alta qualidade e com um maior número de detalhes de
acabamento que se destinam aos segmentos da população de maior renda. A matéria-prima básica
é a madeira aglomerada em conjugação com a madeira maciça que é usada em determinadas
partes ou em detalhes de acabamento. No caso da madeira de Pinus, geralmente destinado à
exportação, os móveis são integralmente maciços.
TABELA 15
PRINCIPAIS CARATERÍSTICAS DAS EMPRESAS LÍDERES
POR TIPO DE MOBILIÁRIO
Características Retilínios Torneados Escritório Total
1. Empresas 5 6 3 14
2. Endereços 10 18 3 31
3. Estabelecimentos industriais 16 35 14 65
Componentes 0 1 0 1
Painéis 6 9 3 18
Madeira Maciça 2 7 2 11
Metalurgia 1 1 3 5
Tapeçaria 1 1 3 5
Injeção 0 1 1 2
Plantio 2 5 0 7
Serraria 2 5 0 7
Secagem 2 5 2 9
4. Faturamento em US$ 173000 120400 31600 325000
5. Empregados 2524 3217 605 6346
6. Máquinas e equipamentos
Pelo menos um de ultima geração 4 3 0 7
Outras gerações 1 3 3 7
Fonte: Entrevistas junto às empresas.
Em geral, numa mesma planta industrial reúnem-se as etapas de secagem, processamento
secundário, usinagem, acabamento, montagem e embalagem. As 6 empresas entrevistadas
possuem 18 unidades produtivas com uma média de 2 processos produtivos tecnologicamente
diferentes integrando cada unidade. Neste segmento, a maioria das empresas possuem, inclusive,
plantios próprios basicamente de Pinus.
No segmento de móveis retilínios, há um grau de especialização muito maior. São móveis
menos complexos com faces retas sem detalhes sofisticados de acabamento e que se destinam à
população de renda média. A matéria-prima utilizada é a madeira aglomerada. Em decorrência,
são móveis que envolvem um processo de produção bem mais simplificado com poucas etapas:
corte dos painéis, usinagem e embalagem. Recentemente, muitas empresas eliminaram a etapa de
acabamento e montagem. Os painéis de madeira aglomerada já são obtidos com revestimento de
melamina e, por se tratar de móveis modulares componíveis, a montagem é, quase sempre,
transferida para a etapa de comercialização. Os seja, os móveis são montados na casa dos
consumidores pelos intermediários comerciais. As 5 empresas entrevistadas possuem 10 unidades
produtivas com uma média de 1,6 processos produtivos tecnologicamente diferentes integrando
cada unidade.
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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No segmento de móveis para escritório sob encomenda, os produtos são bem menos
diversificados e bem mais complexos tecnologicamente. Em geral, os móveis para escritório
reúnem mesas e cadeiras giratórias. Em decorrência, o produto final é o resultado da conjugação
do trabalho de marcenaria, metalurgia, tapeçaria, injeção de poliuretano, acabamento, montagem e
embalagem. Todas estes diferentes processos tecnológicos encontram-se, em geral, reunidos numa
mesma unidade fabril sendo que em cada um deles desenvolvem-se inúmeras etapas. As 3
empresas entrevistadas possuem 3 unidades produtivas com uma média de 4,7 processos
produtivos tecnologicamente diferentes integrando cada unidade. Os maiores atrasos tecnológicos
encontram-se na metalurgia, tapeçaria e acabamento. Principalmente na tapeçaria, as operações
são praticamente manuais.
2.3.3. Grau de atualização tecnológica, máquinas e equipamentos
Mesmo entre as empresas líderes há uma disparidade muito grande quanto ao grau de
modernização tecnológica. Em geral, equipamentos antigos convivem com equipamentos mais
modernos de penúltima e mesmo de última geração. Esta é uma característica da indústria de
móveis: o investimento é divisível permitindo que máquinas de diferentes gerações convivam
numa mesma planta industrial.
O segmento de móveis de madeira retilínios é o menos defasado dos segmentos analisados
nesta pesquisa. Uma das empresas - produção seriada flexível - possui uma planta integralmente
de última geração com um sistema CAD-CAM completo que possibilita uma integração perfeita e
flexível entre a comercialização e a produção. Outras três empresas - produção seriada não
flexível - possuem pelo menos uma máquina de última geração com CNC - em geral, para o corte
dos painéis - e a maioria dos demais equipamentos de penúltima geração. O lay-out da maioria
destas fábricas resume-se em linhas de produção seqüenciais e limpas que garantem um fluxo
contínuo de produção sem desdobramentos laterais e sem a formação de estoques intermediários.
Este grau de modernização explica-se, em parte, pela acirrada concorrência existente no mercado
interno neste segmento de móveis. As empresas líderes com estratégias ofensivas buscam
modernizar seus equipamentos e tornar-se mais eficientes. Neste segmento, produtividade e preço
são elementos chaves da competitividade. A falta de competitividade externa explica-se pelo
elevado custo de sua matéria-prima básica que é a madeira aglomerada.
No segmento de móveis torneados, a heterogeneidade tecnológica é bem mais acentuada.
Esta heterogeneidade refere-se não somente às diferentes gerações de equipamentos em uso mas,
também, aos diferentes lay-outs adotados pelas fábricas. Um das empresas visitadas possui uma
multifábrica, ou seja, numa mesma planta industrial há uma divisão de trabalho entre várias linhas
de produção que coexistem lado a lado e produzem, cada uma delas, uma determinada linha de
produtos. Em duas outras empresas, a divisão de trabalho é feita entre plantas diferentes, com
50
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endereços diferentes. As demais empresas deste segmento visitadas, em número de três, possuem
uma única planta industrial convencional. Neste caso, de uma mesma linha de produção saem
inúmeras linhas de produtos.
O grau de modernização dos equipamentos neste segmento é bem menos acentuado do
que no de móveis retilínios. Metade das empresas entrevistadas neste segmento possuem pelo
menos um equipamento de última geração. Há empresas com equipamentos muito antigos, outras
com alguns equipamentos modernos junto a equipamentos mais antigos. O que se observa em
algumas destas empresas é um esforço de modernização muito grande seja em relação à limpeza
do lay-out, seja em relação à introdução de equipamentos de última geração. As empresas mais
modernas são aquelas com estratégias definidas em relação ao mercado externo. Estas empresas
buscam aproveitar a potencial posição competitiva deste tipo de mobiliário decorrente das
vantagens comparativas das madeiras de lei existentes no país e da madeira de Pinus. Neste
segmento, empresas mais obsoletas podem sobreviver no mercado interno pois o elemento chave
da competitividade reside mais na diferenciação do produto do que no preço.
O segmento de móveis para escritório é o menos atualizado dos três segmentos analisados
nesta pesquisa do ponto-de-vista do lay-out de produção e do grau de modernização dos
equipamentos. Em geral, o grau de verticalização das plantas industriais é muito elevado neste
segmento. Numa mesma planta industrial, reúnem-se, pelo menos, a metalurgia, a marcenaria e a
tapeçaria. O lay-out das fábricas é muito complexo pois conjuga diferentes fluxos de produção
numa mesma planta industrial. Contudo, há uma percepção clara por parte de seus
administradores da necessidade de sub-contratar muitos dos serviços que realizam atualmente. Os
pés giratórios das cadeiras, por exemplo, podem ser encomendados a empresas especializadas
neste tipo de produto bem como os assentos e os encostos das cadeiras confeccionados com
espumas de poliuretano. Em geral, cada um dos processos de produção básicos - marcenaria,
metalurgia e tapeçaria - são bastante arcaicos principalmente na metalurgia e na tapeçaria que são
praticamente artesanais. Há uma empresa do segmento de móveis retilínios de madeira que possui,
também, uma planta industrial para a produção de móveis tubulares de metal. Trata-se de uma
planta moderna com equipamentos de última geração que dobram, por exemplo, os tubos de metal
de forma automática e programada sem a intervenção da mão do homem. Na metalurgia das
empresas de móveis para escritório visitadas, esta operação é sempre manual. A tapeçaria é
praticamente artesanal com máquinas de costura obsoletas não informatizadas.
2.3.4. Design, P&D e marca
A utilização de novos materiais, novos tipos de acabamentos e o novos tipos de design
constituem-se nas principais atividades inovadoras da indústria de móveis. A competitividade
internacional apóia-se não somente na eficiência dos processos de produção mas, sobretudo, na
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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qualidade, no conforto, na flexibilidade de arranjo, na facilidade de montagem e no design dos
móveis.
Em geral, não há atividades típicas de P&D na indústria de móveis mas, basicamente, de
desenvolvimento do produto. As empresas possuem equipes especializadas em design de novos
produtos e na utilização de novos materiais que são testados em laboratórios através da
construção de protótipos. As empresas mais modernas utilizam o sistema CAD - Computer
Design Aided - para projetar novas formas e novos móveis.
No Brasil, os móveis são, em geral, cópias modificadas dos modelos que são oferecidos no
mercado mundial. Em geral, as empresas possuem um departamento de protótipos que dá corpo
aos modelos copiados. Pouquíssimas empresas procuram criar um design próprio. Das empresas
entrevistadas, poucas possuem um departamento de design formalmente constituído. Contudo, em
algumas empresas esta atividade inovadora está mais vinculada ao próprio dono da empresa que
através de visitas a amostras internacionais e consultas a revistas especializadas determina o
padrão do mobiliário. Há algumas empresas que inclusive eliminaram o departamento de design
por encará-lo como um custo desnecessário. A utilização do sistema CAD para projetar e detalhar
os móveis é ainda insignificante. Na maioria das vezes, as empresas se utilizam de desenhistas
convencionais para realizar estas tarefas. Mesmo em relação ao mercado interno, o design é um
ponto forte da competitividade principalmente em relação aos móveis de mais elevado padrão.
Uma forte posição competitiva e independente no design encontra-se, por exemplo, nos
móveis italianos. É muito difícil, contudo, constituir uma escola de design própria e impor um
determinado padrão de consumo a outros países. É possível, entretanto, sustentar uma forte
posição competitiva internacional sem uma posição de liderança no design pois, na maioria das
vezes, os exportadores adaptam-se às necessidades e exigências dos consumidores dos países
importadores. O design na maioria das vezes é determinado pelos comerciantes atacadistas dos
países importadores. No caso de Taiwan, por exemplo, o design é determinado, basicamente,
pelos importadores americanos. Muitas empresas brasileiras exportam móveis de madeira para
muitos países europeus e para os EUA sem possuir uma escola própria de design. Isto ocorre, por
exemplo, também em relação à produção de calçados femininos no Brasil, que possui uma forte
posição competitiva no mercado americano a partir de modelos e mesmo de tecnologias
internalizadas pelos importadores americanos. Poucos são os países na indústria de móveis que
conseguiram criar uma escola própria de design como é o caso da Itália e da Dinamarca.
Algumas empresas procuram se diferenciar no processo de concorrência associando sua
marca aos produtos que oferecem. Quanto mais sofisticado é o mobiliário mais as empresas
procuram estabelecer esta associação. Contudo, à diferença de outros segmentos do setor
industrial, a marca, na indústria de móveis, não é um fator forte de discriminação por parte dos
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consumidores no Brasil. Em geral, as empresas pouco investem em propaganda e marketing de
seus produtos. No segmento de móveis retilínios de padrão médio, a marca parece não
desempenhar nenhum papel no processo de concorrência. Em geral, o consumidor discrimina mais
suas compras pelo preço pois a qualidade e o design são bastante uniformes neste segmento.
2.3.5. Gestão da qualidade
Algumas empresas entrevistadas, já substituíram o sistema convencional de controle de
qualidade ao final da linha de produção pelo sistema de controle de qualidade total. Neste novo
método, o controle de qualidade é realizado em cada uma das operações por cada um dos
trabalhadores envolvidos. Uma das empresas entrevistadas encontra-se em estágio avançado neste
novo sistema de controle de qualidade que se baseia numa maior autonomia de seus trabalhadores
para exerceram esta função anteriormente delegadas a um departamento especializado. Contudo,
há uma grande variedade nos procedimentos adotados para o controle da qualidade. As empresas
entrevistadas revelaram uma grande preocupação com a qualidade de seus produtos adotando
procedimentos e normas próprias.A ausência de normas técnicas gerais que regulem as atividades
do setor conduzem a uma situação deste tipo. As empresas líderes sentem a necessidade do
estabelecimento de normas de caráter geral que fixem os requisitos técnicos dos produtos. A
existência de normalização é um elemento chave no processo de concorrência e na defesa do
consumidor. É uma forma de equalizar a concorrência ao estabelecer normas e procedimentos
gerais para a atividade do setor eliminando, portanto, a concorrência predatória das empresas do
setor informal da economia.
2.3.6. Capacidade gerencial, mão-de-obra e métodos de trabalho
Já se encontram razoavelmente difundidos em algumas empresas os métodos modernos de
administração da produção que procuram aumentar a eficiência do processo produtivo através de
uma maior cooperação e autonomia dos trabalhadores. No segmento de móveis retilínios, a
política de estoques nulos é perseguida por todas as empresas entrevistadas. Além disso, não há
formação de estoques intermediários ao longo do fluxo de produção. Algumas empresas
entrevistadas já trabalham no sentido de compactar ao máximo o processo de produção
maximizando o uso de suas instalações industriais.
O mesmo não ocorre no segmento de móveis torneados. Devido à maior diversidade de
seus produtos e à maior dificuldade do fornecimento, muitas empresas carregam grandes estoques
de matérias-primas. Ademais, devido à grande verticalização da produção, observa-se, no fluxo de
produção, a formação de grandes estoques intermediários. É necessário que as linhas de produção
sejam mais limpas e contínuas e menos diversificadas. Isto só é possível de ser atingido através da
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desverticalização da produção ou de plantas multifábricas. A primeira solução parece ser a mais
viável nas condições desta indústria no Brasil.
A maioria das empresas visitadas apresenta administrações bastante profissionalizadas.
Contudo, em algumas ainda predomina uma estrutura familiar em que grande parte dos negócios
da empresa - desde o design até contas a pagar - encontram-se centralizadas em mãos de seus
donos. As modernas técnicas de administração da produção caminham no sentido de uma maior
autonomia dos trabalhadores produtivos e dos níveis intermediários de gerência. Além disso, é
necessário que a cooperação entre as empresas seja desenvolvida e estruturada através da
formação de consórcios para exportação, importações de matérias-primas etc. Ademais, é
necessário que haja uma maior complementaridade entre as plantas industriais através do
desenvolvimento de um modelo menos verticalizado de indústria. Neste sentido, muitas são as
resistências de parcela do empresariado. Contudo, em muitos países a concorrência desenfreada
entre empresas tem sido substituída por um esquema de cooperação que tem redundado em
sucesso principalmente no comércio exterior.
Em relação à mão-de-obra, muitas queixas referem-se à sua disponibilidade com a
formação adequada ao novo padrão de operação industrial em que o virtuosismo da marcenaria,
com a introdução de máquinas inteligentes, tem sido substituído de forma rápida pela necessidade
de formação de mão-de-obra para operar máquinas. Neste sentido, os cursos profissionalizantes
parecem estar desajustados em relação à realidade da indústria. Grande parte das empresas têm,
contudo, uma política de treinamento de sua mão-de-obra como forma de superar esta carência
dos cursos profissionalizantes. As maiores deficiências referem-se à mão-de-obra qualificada.
Inexistem cursos especificamente direcionados para o desenho industrial do mobiliário que
incluam, também, o conhecimento básico de matérias-primas e tecnologia de produção. Inexiste,
também, cursos superiores para a formação de engenheiros do mobiliário como ocorre com países
como a Itália, Alemanha e França.
2.3.7. Formas de comercialização
As formas de comercialização adotadas por cada um dos segmentos analisados são
diferenciadas e se definem, basicamente, a partir do mercado consumidor que visam atingir. As
empresas que oferecem produtos mais sofisticados e procuram, através de um atendimento mais
personalizado, diferenciar-se no processo de concorrência estabelecem uma rede de lojas próprias
na distribuição de seus produtos. Esta é uma característica típica das empresas de móveis para
escritório. Isto ocorre, também, com uma das empresas do segmento de móveis retilínios e com
uma das empresas de móveis torneados que desenvolveu uma rede de lojas franqueadas. Contudo,
a forma básica destes dois últimos segmentos é a distribuição de seus produtos através de grandes
magazines e/ou de lojistas independentes. Em relação às exportações, o canal de comercialização
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mais difundido é o contacto direto com os importadores de outros países. Uma das empresas
entrevistadas encontra-se num estágio mais avançado possuindo lojas próprias em outros países
para a venda de seus produtos.
2.4. Investimento e Estratégias Empresariais
A grande maioria das empresas entrevistadas são antigas e constituíram-se antes dos anos
50. Muitas delas originaram-se de pequenas marcenarias de imigrantes que, aos poucos,
transformaram-se em empresas de móveis. A presença de capital estrangeiro no ramo de móveis é
insignificante. Apenas uma das empresas entrevistadas é de capital estrangeiro. Mesmo neste caso,
esta empresa foi instalada no Brasil com finalidade distinta da produção de móveis residenciais.
Não há grandes grupos empresariais no setor de móveis de madeira. Em geral, predomina a
empresa individual com uma única planta industrial sem diversificação de investimentos para
outros segmentos do setor industrial.
A indústria de móveis de madeira experimentou um ciclo de modernização tecnológica na
primeira metade da década de 70. Devido ao grande crescimento do mercado interno que se deu
neste período, a maioria das empresas direcionou sua produção basicamente para o seu
atendimento. Com a retração econômica dos anos 80, muitas empresas perderam sua capacidade
de realizar novos investimentos e, diante da contração do mercado interno e da desatualização
tecnológica, não puderam elaborar estratégias adequadas de exportação. Ao mesmo tempo,
processava-se a revolução da microeletrônica com a substituição das máquinas eletromecânicas
por máquinas com controle numérico computadorizado. A grande maioria das empresas brasileiras
do setor de móveis não absorveu esta onda de inovações. Esta parece ser, também, a realidade da
maioria das empresas líderes entrevistadas. As que realizaram esforços de investimentos, o fizeram
a partir de recursos próprios e em meio a grandes dificuldades. Mesmo assim, na maioria dos
casos em que isto se verificou, o investimento consistiu na introdução de um ou outro
equipamento de última geração que passaram a operar junto com equipamentos de gerações
anteriores.
Pode-se identificar duas estratégias básicas entre as empresas líderes: uma estratégia
defensiva e outra ofensiva. Algumas empresas, apesar da contração do mercado interno,
perseguiram a estratégia da modernização como forma de enfrentar com sucesso a acirrada
concorrência interna e, secundariamente, tornarem-se competitivas no mercado externo. Das
empresas entrevistadas, observa-se um esforço muito grande de algumas delas para modernizar
seus equipamentos e instalações industriais mesmo num período de grandes dificuldades como foi
a segunda metade dos anos 80. Em geral, a principal reivindicação destas empresas quanto à
política industrial resume-se na redução das alíquotas e impostos para a importação de máquinas e
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equipamentos. São empresas que já incorporaram, também, às suas estratégias comerciais o
mercado externo e parecem pouco preocupadas com a possibilidade da concorrência externa no
mercado brasileiro de móveis. São empresas que encaram a abertura do comércio exterior como
um fato positivo que lhes facilitará a absorção de tecnologias avançadas e a aquisição de matérias-
primas e componentes.
Já as empresas com estratégias defensivas não realizaram nenhum esforço de
modernização e esperam, passivamente, por uma retomada do mercado interno. Em geral, são
empresas que foram muito atingidas com a retração do mercado interno e estão com elevada
capacidade ociosa.
2.5. Obstáculos e Oportunidades para o Aumento da Competitividade
A indústria brasileira de móveis possui um potencial muito grande de elevar a sua
competitividade em relação aos principais países exportadores, em particular, no segmento de
móveis torneados de madeira. O país possui uma oferta bastante elástica de madeiras de lei a
custos menores do que nos demais países. Para reter esta importante fonte de competitividade
para a indústria de móveis, é necessário inibir de alguma forma as exportações desenfreadas de
madeira bruta, serrada e folheada. Além disso, é necessário que haja uma exploração racional das
reservas existentes e uma política de reflorestamentos adequada.
Em relação à madeira de Pinus, muito demandada pelos países europeus, o Brasil possui
condições excepcionais de clima e de solo que lhe permitem um crescimento muito mais rápido
desta espécie do que nos países europeus. Trata-se de uma fonte importante de competitividade e
que deve ser perseguida pelas empresas deste segmento. O estabelecimento de reflorestamentos
homogêneos de Pinus especificamente direcionados para a indústria de móveis deveriam ser
desenvolvidos.
O país retém, também, uma outra fonte importante de competitividade que é a sua mão-
de-obra abundante e barata relativamente aos principais países exportadores. Mesmo com a
introdução de máquinas informatizadas, a indústria de móveis é relativamente mais intensiva em
mão-de-obra do que os demais segmentos da indústria de transformação. As maiores dificuldades
referem-se à disponibilidade de mão-de-obra especializada com formação adequada.
A defasagem tecnológica de suas empresas líderes poderia ser corrigida a partir de
investimentos que não envolveriam vultosos recursos. Trata-se de um segmento em que a
montagem de uma moderna planta industrial não ultrapassa o montante de US$ 20 milhões. Além
disso, o investimento é divisível permitindo que a modernização se faça por etapas em relação às
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instalações atualmente existentes. Devido à defasagem tecnológica da indústria brasileira de
máquinas, a modernização da indústria de móveis só se viabilizaria pela importação de máquinas e
equipamentos de última geração de países como a Itália e a Alemanha que são líderes tanto na
indústria de móveis quanto na produção de máquinas e equipamentos para a produção de móveis.
Esta seria a única forma de elevar a sua competitividade no curto prazo e de torná-las capazes de
competir com sucesso no mercado internacional.
Seria necessário, também, reduzir o grau de verticalização das empresas como forma de
aumentar a sua eficiência e a escala de produção. Apesar das dificuldades inerentes a um projeto
deste tipo devido ao caráter disperso desta indústria, algum avanço poderia ser conseguido
principalmente junto a alguns pólos da indústria de móveis já existentes e que congregam, numa
mesma região, uma multiplicidade de empresas que se dedicam a produzir o mesmo tipo de
mobiliário sem nenhuma divisão de trabalho entre elas. As maiores empresas normalmente sofrem
uma concorrência muito grande de um grande número de pequenas e microempresas que lhes
copiam o design e trabalham com uma estrutura de custos diferente pois muitas delas pertencem
ao setor informal da economia. A cooperação entre elas permitiria potencializar a competitividade
da produção de móveis com benefícios para o setor como um todo e, principalmente, para os
consumidores. Um exemplo de integração a ser estudado talvez seja o da indústria de calçados
femininos da região do Vale dos Sinos do Rio Grande do Sul.
No segmento de móveis retilínios, apesar das empresas serem mais atualizadas
tecnologicamente e mais especializadas, as dificuldades de exportação são maiores devido ao
elevado preço alcançado pela madeira aglomerada no Brasil relativamente aos demais países.
Apesar das condições excepcionais que o país oferece para o plantio de Pinus, o elevado preço da
madeira aglomerada explica-se pela defasagem tecnológica das empresas produtoras e pelo seu
reduzido número que lhes confere um imenso poder de mercado. Neste caso, somente a
modernização deste setor e o aumento de seu grau de concorrência poderiam contribuir para
elevar a competitividade da indústria de móveis retilínios. O recurso às importações, neste caso,
poderia ser estimulado apesar das imensas dificuldades existentes para as empresas de móveis
garantirem um abastecimento seguro das fábricas.
No segmento de móveis para escritório, as necessidades de modernização para tornar mais
competitiva esta indústria são maiores devido ao grau mais acentuado de verticalização da
produção e devido à maior defasagem tecnológica de suas máquinas e equipamentos. Neste
segmento, as vantagens comparativas potenciais são bem menores pois a madeira figura ao lado
de outras matérias-primas igualmente importantes como são o poliuretano, o aço e os tecidos. Ou
seja, a competitividade deste segmento é muito mais dependente da competitividade de outros
segmentos da indústria brasileira do que os segmentos de móveis torneados e retilínios em que a
madeira é principal matéria-prima.
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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O fraco desempenho externo da indústria de móveis deriva da desatualização tecnológica
de suas empresas mas, principalmente, da sua falta de tradição exportadora. O Mercosul
representa uma oportunidade muito grande de exportações para as empresas brasileiras devido ao
caráter artesanal da indústria de móveis na Argentina, Uruguai e Paraguai. Da mesma forma, os
outros países da América Latina representam uma oportunidade de exportações muito grande e
que deveria ser perseguida pelas empresas brasileiras. Mesmo os países europeus e,
principalmente, os EUA representam oportunidades de exportações muito grandes principalmente
para os móveis torneados de madeira maciça de Pinus ou revestidos com folhas de madeiras de lei
como o mogno, o jatobá etc. O estabelecimento de canais adequados de comercialização parece
ser o maior obstáculo que as empresas brasileiras enfrentam nas exportações. Algumas empresas
entrevistadas revelaram experiências frustrantes no comércio exterior que as desestimularam deste
intento. Contudo, há casos de empresas brasileiras com sucesso nas exportações que inclusive
possuem lojas próprias no exterior para a distribuição de seus produtos.
Apesar das vantagens comparativas da indústria nacional em relação aos países do
Mercosul, é necessário prepará-la para esta integração. Neste sentido, a indústria brasileira deverá
procurar acordar o registro de normas bem como estabelecer normas para o certificado de origem.
Estes procedimentos são indispensáveis para proteger a indústria nacional de uma eventual
concorrência predatória.
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3. RECOMENDAÇÕES DE POLÍTICA
3.1. Introdução
A Política Industrial e de Comércio Exterior perseguida pelo governo brasileiro de
abertura crescente do país ao comércio internacional através da eliminação de barreiras não
tarifárias e redução geral das tarifas alfandegárias tem obrigado as empresas brasileiras a
desenvolver um esforço muito grande de atualização tecnológica. Diante de um intenso processo
de reordenamento do comércio e da produção mundial e do notável avanço tecnológico dos países
desenvolvidos, a indústria brasileira e, em particular, a indústria de móveis de madeira
necessitarão, nos próximos anos, modernizar-se tendo em vista os novos padrões de eficiência e
competitividade que prevalecem no mercado internacional. Esta necessidade se coloca, contudo,
num momento de grandes constrangimentos para o país que, há muitos anos, atravessa por um
período de estagnação econômica que coloca grandes restrições financeiras à retomada do
crescimento econômico e ao financiamento da modernização da indústria brasileira no curto
prazo. Neste sentido, a indústria de móveis de madeira desfruta de uma posição peculiar. Os
recursos necessários para avançar na modernização de suas instalações não seriam tão elevados
quanto em outros segmentos da indústria brasileira. Pelo fato do investimento ser divisível, a
modernização poderia realizar-se por etapas. Muitas ações, que não envolvem elevados recursos,
poderiam ser desenvolvidas visando o aumento de sua competitividade. A importância da
modernização desta indústria reside no seu potencial de exportações. Este fato é reconhecido pela
Secretaria do Comércio Exterior do Ministério da Indústria, Comércio e Turismo em seu
programa Ação Permanente para o Desenvolvimento do Comércio. Portanto, a sua modernização
e o desenvolvimento de seu potencial de exportações afiguram-se como de extrema relevância
neste momento vivido pelo país. Além disso, móveis melhores e mais baratos representam um
ganho não desprezível para os consumidores domésticos de menor poder aquisitivo e que
contribuiriam para uma melhoria do bem estar social.
3.2. Política de Reestruturação Empresarial
A principal diretriz da política industrial em relação á indústria de móveis de madeira
deveria ser a de promover uma maior especialização das empresas dos segmentos de móveis
torneados e para escritório. O segmento de móveis retilínios já é bastante especializado. Como já
foi observado, no segmento de móveis torneados, há uma grande concorrência entre as empresas
maiores e mais modernas e uma infinidade de pequenas e micro empresas. A introdução de uma
divisão de trabalho entre as empresas poderia contribuir para o aumento da competitividade deste
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segmento como um todo. Um modelo industrial menos verticalizado neste segmento contribuiria
certamente para o aumento de sua eficiência. Algumas ações poderiam ser desenvolvidas visando
uma maior cooperação entre as empresas deste segmento principalmente em algumas regiões já
especializadas na produção deste tipo de mobiliário. Flores da Cunha e Bento Gonçalves no Rio
Grande do Sul e São Bento do Sul em Santa Catarina poderiam transformar-se em pólos
industriais moveleiros que promovessem uma maior integração entre as empresas. Estas duas
regiões já possuem uma tradição muito grande na indústria do mobiliário e as respectivas
economias regionais giram, basicamente, em torno da indústria de móveis.
A grande dificuldade para a implementação de uma maior cooperação entre as empresas
parece residir na desconfiança do pequeno empresário em relação às iniciativas deste tipo. Da
mesma forma, o grande empresário desconfia da capacidade do pequeno empresário em garantir a
qualidade e as especificações dos produtos e em cumprir os prazos de entrega estipulados.
As associações de classe poderiam cumprir uma papel extremamente relevante na
aproximação das empresas. Em especial, a MOVERGS - Associação dos Moveleiros do Rio
Grande do Sul - com sede em Bento Gonçalves e o Sindicato das Indústrias da Construção e do
Mobiliário de São Bento do Sul poderiam promover esta aproximação juntamente com as
agências regionais do SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio à Pequena e Média Empresa. Um
estudo de viabilidade para a implementação da cooperação entre as empresas destas regiões
poderia ser desenvolvido pelo Ministério da Indústria e Comércio. Um estudo deste tipo poderia,
também, equacionar outros problemas do setor na área de abastecimento. Muitas empresas
fornecedoras de componentes plásticos, de metal, de decoração etc poderiam ser estimuladas a
instalar-se na região como forma de potencializar a competitividade destes pólos industriais. É
necessário, ainda, que o SEBRAE organize a nível regional cursos de gestão empresarial que
discutam as vantagens da cooperação empresarial e as formas de implementá-la a nível regional.
A necessidade de um modelo industrial menos verticalizado já está incorporada às
preocupações do empresariado do segmento de móveis para escritório, o mais verticalizado dos
segmentos analisados nesta pesquisa. Algumas empresas já subcontratam alguns serviços a outras
empresas como os pés giratórios de metal das cadeiras, os encostos e os assentos de espuma de
poliuretano etc. A maior parte das empresas deste segmento localiza-se na região do Taboão da
Serra na cidade de São Paulo. Algumas iniciativas poderiam ser desenvolvidas nesta região
visando o desenvolvimento de um modelo menos verticalizado de indústria que promovesse uma
maior cooperação entre as empresas. Contudo, as dificuldades deste segmento da indústria de
móveis são bem maiores devido à complexidade de seus produtos que envolvem a marcenaria, a
metalurgia e a tapeçaria. Algumas ações poderiam ser desenvolvidas pela MOVESP - Associação
das Indústrias do Mobiliário do Estado de São Paulo - em cooperação com o SEBRAE e com as
associações de classe dos outros segmentos da indústria brasileira envolvidos na produção de
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móveis para escritório. Da mesma forma, o MIC poderia promover um estudo de viabilidade que
identificasse os obstáculos a serem superados para a implantação de um modelo industrial menos
verticalizado.
O estabelecimento de normas técnicas que regulem a produção de móveis é da máxima
importância para a elevação do nível de qualidade dos produtos e, portanto, de sua
competitividade. Além disso, a normalização é um elemento fundamental para equalizar as
condições de concorrência no mercado interno ao restringir a oferta de móveis de baixa qualidade
proveniente do setor informal da economia. Neste sentido, seria de máxima importância o apoio
governamental às entidades tecnológicas vinculadas à indústria moveleira que têm trabalhado com
o objetivo de estabelecer normas técnicas para o setor, Em especial, recomenda-se as seguintes
entidades: CETEMO/SENAI (Centro Técnico do Mobiliário de Bento Gonçalves), e IPT
(Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo).
3.3. Política de Modernização Produtiva
A principal medida a ser adotada para que a indústria de móveis possa modernizar suas
instalações industriais é a redução de tarifas e impostos nas importações de máquinas e
equipamentos. Se se deseja que a indústria brasileira de móveis seja competitiva e eleve suas
exportações então esta é uma medida inevitável diante da desatualização tecnológica da indústria
brasileira de máquinas para móveis e dos elevados preços exigidos pelos equipamentos nacionais.
Atualmente as máquinas convencionais pagam uma tarifa de 20% e as máquinas com CNC pagam
uma tarifa de 35%. Estas tarifas adicionadas a outros impostos - IPI e ICMS - constituem um
ônus muito grande para as empresas realizarem suas importações. Para o Governo Federal, os
impostos de importação não constituem uma receita relevante e poderiam, no caso das
importações de máquinas e equipamentos para a indústria de móveis, ser reduzidos sem qualquer
impacto mais significativo na arrecadação tributária do governo. Medidas de estímulo deste tipo
poderiam ter um grande efeito e representariam um custo insignificante para o Governo Federal.
Por outro lado, não seriam necessários esquemas especiais de financiamento de vulto pois muitas
empresas poderiam utilizar os créditos oferecidos pelos fabricantes internacionais de máquinas e
equipamentos. De qualquer forma, o BNDES poderia abrir linhas especiais de financiamento
vinculadas a projetos específicos de modernização que não envolveriam recursos muito elevados
pois a modernização do setor poderia realizar-se por etapas, como já foi observado anteriormente.
É necessário que outras ações de modernização também sejam implementadas junto a
outros segmentos da indústria brasileira que afetam diretamente a competitividade da indústria de
móveis de madeira. Em particular, é necessário modernizar a indústria de madeira aglomerada e
elevar a sua competitividade como forma de reduzir custos para a indústria de móveis. É
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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necessário, também, aumentar o grau de concorrência neste segmento industrial com a instalação
de um número maior de empresas. Como medida imediata é necessário aumentar o grau de
concorrência no setor com a redução das tarifas alfandegárias na importação de madeira
aglomerada. Contudo, muitos dos problemas do setor moveleiro em relação ao alto custo da
madeira aglomerada - bem como tipos e qualidade das chapas revestidas - poderiam ser
equacionados nas câmaras setoriais com a participação das empresas de madeira aglomerada.
No segmento das serrarias que atuam na extração de madeiras de lei é necessário uma
modernização urgente de seus equipamentos e dos métodos de extração que reduzam os
desperdícios atuais. Além disso, faz-se necessário um controle mais rigoroso por parte do governo
do desmatamento desenfreado atualmente praticado em relação às florestas nativas. Uma política
de preservação e exploração racional das florestas naturais deveria ser implantada e rigorosamente
controlada pelo IBDF - Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal. É necessário, também,
medidas urgentes que inibam as exportações de madeiras de lei - bruta, serrada e folheada. Muitos
países em desenvolvimento já proibiram estas exportações. Se não se deseja introduzir proibições,
a criação de um imposto às exportações de madeiras de lei poderia desestimular as empresas ao
elevar o custo das exportações. A alíquota deste imposto poderia ser fixada de forma a reduzir
substancialmente a competitividade das exportações brasileiras. Por outro lado, não se justifica a
manutenção de alíquotas na importação da madeira bruta - madeira serrada e folheada.
Atualmente, há uma política diametralmente oposta aos demais países em relação à madeira bruta:
dificultam-se as importações com o estabelecimento de alíquotas e facilitam-se as exportações. É
necessário, portanto, que as alíquotas de importação sejam zeradas e que se estabeleça um
imposto de exportação em relação à madeira bruta - toras, madeira serrada e folheada
Em relação aos reflorestamentos, é necessário uma melhoria da tecnologia silvicultural
com o desenvolvimento de plantios especificamente direcionados para a indústria de móveis.
Muitos reflorestamentos incentivados perderam-se pois foram implantados unicamente para
aproveitar o abatimento no imposto de renda. Algumas empresas do segmento de móveis
torneados possuem reflorestamentos próprios de madeira de Pinus. Esta deveria ser uma prática
estimulada e incentivada pelo Governo Federal. Estes reflorestamentos devem incluir, também, as
madeiras de lei e não só Pinus e Eucalipto.
Em relação ao desenvolvimento tecnológico do setor, o caminho mais correto parece ser o
fortalecimento das entidades regionais já estruturadas como o CETEMO (Centro Técnico do
Mobiliário de Bento Gonçalves), FETEP (Fundação de Ensino, Tecnologia e Pesquisa de São
Bento do Sul) e CETEC (Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais). Dada a grande
diversidade de processos e produtos entre as várias regiões e a especialização regional existente,
parece pouco viável a estruturação a nível nacional de uma entidade tecnológica única para o
setor. O caminho mais correto para a indústria moveleira parece ser o de fortalecer e especializar
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os pólos regionais já existentes. As entidades tecnológicas regionais já existentes poderiam ampliar
o seu raio de ação promovendo a articulação das empresas regionais, projetos de pesquisa
vinculados à indústria local, etc.
Em relação à formação da mão-de-obra, é necessário que os cursos profissionalizantes
direcionem o aprendizado para a formação de técnicos em operação de máquinas modernas com
CNC. Em relação á mão-de-obra especializada, é necessário a implantação de cursos de desenho
industrial que utilizem os recursos do sistema CAD. Recursos poderiam ser direcionados para
alguns centros de formação profissional e pesquisas integrados com a indústria de móveis como o
é o caso do CETEMO, FETEP e CETEC. Mesmo em outras regiões, em que a indústria brasileira
possui um peso considerável, é necessário que o SENAI promova a organização de entidades
tecnológicas que forneçam cursos de treinamento profissional ajustados às necessidades regionais.
Dada a multiplicidade dos processos tecnológicos e produtos, há uma grande diversidade
no enquadramento sindical da mão-de-obra na indústria moveleira. Por exemplo, numa mesma
fábrica, os trabalhadores de metalurgia vinculam-se ao sindicato dos metalúrgicos enquanto que os
que trabalham com a madeira vinculam-se ao sindicato dos marceneiros. Já os que lidam com
espumas de poliuretano vinculam-se ao sindicato dos químicos. Estas diferenciações existentes no
interior das fábricas e entre fábricas são difíceis de serem corrigidas. É difícil, portanto, o
estabelecimento de um contrato coletivo de trabalho que reflita as condições próprias desta
indústria mesmo a nível regional. É possível, contudo que os trabalhadores e os empresários do
setor estabeleçam acordos específicos que procurem refletir as peculiaridades desta indústria a
nível regional e de fábrica. Talvez um primeiro passo neste sentido seja o estabelecimento de
acordos específicos a nível de fábrica como já ocorre em algumas empresas que procuram
desenvolver planos de saúde próprios, alimentação subsidiada, segurança no trabalho, etc. Talvez,
os trabalhadores devessem procurar organizar entidades sindicais próprias da indústria de móveis
que pudessem nos acordos coletivos pleitear reivindicações específicas ao setor.
Em relação às exportações, as associações de classe juntamente com o MIC poderiam
desenvolver ações de implementação e acompanhamento de inúmeros projetos de exportação
dentro do programa Ação Permanente para o Desenvolvimento do Comércio. Estudos poderiam
ser realizados para identificar os nichos do mercado mundial que poderiam ser conquistados pelas
empresas brasileiras. Por outro lado, as próprias empresas poderiam organizar um sistema de
acompanhamento permanente e de troca de informações sobre as oportunidades de exportação
que aparecem. Poderiam, além disso, formar consórcios para o atendimento de muitos pedidos de
exportação.
Finalmente, faz-se necessário a elaboração de um Programa de Desenvolvimento
Tecnológico e Industrial para o setor como forma de elevar a capacitação técnica das empresas e
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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que promova uma maior cooperação entre as mesmas na busca de um modelo de organização
industrial menos verticalizado. Em particular, recomenda-se que a destinação de uma porcentagem
do recolhimento do IPI setorial para a constituicão de um fundo voltado para o desenvolvimento
das entidades tecnológicas da indústria de móveis. Além disso, recomenda-se o apoio ao
programa de pesquisa atualmente desenvolvida pelo IPT de utilização da madeira de Eucalipto
para a fabricação de móveis de madeira.
3.4. Política Relacionada aos Fatores Sistêmicos
Os principais fatores sistêmicos que afetam a competitividade da indústria de móveis
referem-se à excessiva carga tributária que onera em demasia as exportações brasileiras e os
elevados fretes portuários. Em particular, o custo elevado dos fretes afeta de forma particular a
competitividade externa desta indústria pois, à diferença de outros produtos da indústria brasileira,
os móveis implicam num baixo valor adicionado por volume exportado, ou seja, a participação
dos fretes no custo final dos produtos é muito elevada. É necessário que o Governo Federal
avance no Programa de Modernização dos Portos.
Em relação aos tributos, é necessário que o Governo Federal promova uma Reforma
Tributária que reduza a carga de impostos incidentes sobre as empresas, principalmente no que diz
respeito aos tributos indiretos. Em particular, recomenda-se a redução imediata do IPI de móveis
da atual alíquota de 10% para 4% que vigia anteriormente ao governo Collor. Não é possível
sustentar uma forte posição competitiva externa se as empresas brasileiras enfrentam a
concorrência de países como Taiwan em que a incidência tributária é bem menor. Por um lado,
este tipo de tributo é regressivo pois penaliza as populações de menor poder aquisitivo e, por
outro lado, estes tributos constituem um custo para as empresas sendo incorporados aos preços
finais dos produtos. A redução do peso destes tributos contribuiria, também, para equalizar a
concorrência doméstica em muitos segmentos da indústria de móveis, principalmente no segmento
de móveis torneados no qual a presença do setor informal é muito grande. Ademais, contribuiria
para estimular uma maior cooperação entre as empresas para o desenvolvimento de um modelo
industrial menos verticalizado.
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4. INDICADORES DE COMPETITIVIDADE
Os principais indicadores, divididos por categorias, para o acompanhamento e análise da
competitividade da indústria de móveis de madeira são os seguintes:
a) Indicadores de comércio exterior: evolução das exportações, participação das
exportações no comércio mundial por tipo de mobiliário, destino das exportações brasileiras por
tipo de mobiliário, exportações dos principais países concorrentes por tipo de mobiliário.
b) Indicadores de custos de produção: custo da mão-de-obra, preços de insumos
importados e domésticos principalmente no que se refere à madeira bruta e aglomerada, peso dos
tributos indiretos no custo final de produção. Em relação às exportações, determinação do peso
das despesas de transporte e portuárias.
c) Indicadores para caracterização e classificação das empresas do setor: tipo de produto,
valor total das vendas, valor adicionado, valor das vendas por tipo de produto, número de
empregados diretos e indiretos, número de plantas industriais por empresa, número de
estabelecimentos industriais por planta industrial, ano de fundação, origem do capital, participação
em outros segmentos industriais.
d) Indicadores financeiros: participação dos salários e da madeira no custo total, lucro
sobre as vendas, lucro em relação ao ativo permanente, participação das exportações nas vendas,
participação das despesas financeiras no custo total.
e) Indicadores tecnológicos: processos tecnológicos básicos numa mesma planta industrial,
máquinas e equipamentos básicos, participação de máquinas informatizadas nos equipamentos
básicos, idade dos equipamentos básicos, origem dos equipamentos básicos, lead time, giro de
estoques, valor adicionado por trabalhador direto, valor adicionado em relação ao valor das
máquinas e equipamentos básicos.
f) Indicadores de investimento: investimentos realizados em novos equipamentos,
investimentos para ampliação de capacidade produtiva, projetos de investimentos futuros.
g) Indicadores de capacitação gerencial e administrativa: controle de qualidade,
certificados de garantia de qualidade, política de estoques, técnicas just in time, política de
treinamento, formação da mão-de-obra, pesquisa e desenvolvimento de novos produtos.
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta pesquisa procurou identificar os principais problemas que afetam a competitividade
da indústria brasileira de móveis de madeira. Devido à grande diversificação desta indústria, foram
analisados somente os segmentos de móveis torneados, móveis retilínios e de móveis para
escritório sob encomenda.
O país atravessa, atualmente, um período de grandes dificuldades econômicas que afeta de
forma particular este segmento da indústria brasileira. Contudo, mesmo neste ambiente de
estagnação, muitas empresas procuraram modernizar-se e tornar-se competitivas buscando,
inclusive, as exportações. A ampliação desta estratégia requer um esforço concentrado de
reordenamento industrial e de modernização tecnológica articulado por empresas, associações de
classe e entidades do Governo Federal. O custo atual desta modernização parece ser insignificante
comparativamente a outros segmentos da indústria brasileira. Neste sentido, foram recomendadas
algumas medidas de política neste documento. Contudo, acima de tudo é necessário que as
empresas redefinam suas estratégias produtivas e comerciais numa busca permanente de uma
maior produtividade e eficiência.
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BIBLIOGRAFIA
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Comércio. 1992.
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1992.
FIBGE. Contas Nacionais do Brasil. 1990. Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística. 1992.
IPT-SP. Programa de Atualização Tecnológica Industrial - PATI. Móveis de Madeira. 1998.
ITSY. International Trade Statistics Yearbook. United Nations. vol.1,2. New York, 1990.
MIC/CDI. A Indústria do Mobiliário: 1980-1981. Brasília, CDI/ SIND/PNDI, 1983.
MIC/CDI. A Indústria do Mobiliário: 1980-1982. Brasília, CDI/ SIND/PNDI, 1984.
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Moveleiro. Sub-Comitê Setorial. 1991.
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Rangel, Armênio de Souza e Vermuln, Roberto. Modernização Tecnológica da Indústria
Brasileira. MCT. Estudos Analíticos do Setor de Ciência e Tecnologia no Brasil. 1992.
Reestruturação do Sector do Mobiliário de Madeira em Portugal. DGI - Direcção Geral da
Indústria, Banco de Fomento e Exterior. Jaakko Poyry Oy, Vol 1 e 2, Sumário.
Revista Mobilia, AFAM, Vários Números.
Scarton, Nelton. Estratégias de Comercialização e o Mercado de Produtos de Madeira. Movergs,
Rio Grande do Sul. 1992.
SCT-RS. Análise e Perspectivas da Indústria Moveleira do Rio Grande do Sul. 1991
Society of Wood Science and Technology (SWST). 1992, Annual Meeting.
SRF-CIEF. Estatísticas de Comércio Exterior. Vários Números. Secretaria da Receita Federal.
Coordenação de Informações Econômico-Financeiras.
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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RELAÇÃO DE TABELAS E GRÁFICOS
TABELA 1
CONSUMO APARENTE DE MÓVEIS NOS PRINCIPAIS PAÍSES
DESENVOLVIDOS (1988) ..........................................................................................25
TABELA 2
EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES MUNDIAIS DE MÓVEIS SEGUNDO OS
PRINCIPAIS PAÍSES DESENVOLVIDOS (1988).......................................................26
TABELA 3
EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES MUNDIAIS DE MÓVEIS SEGUNDO O
PAÍS DE ORIGEM DAS EXPORTAÇÕES E DAS IMPORTAÇÕES (1988)...............27
TABELA 4
EXPORTAÇÕES DOS PRINCIPAIS PAÍSES EXPORTADORES
POR SEGMENTO........................................................................................................28
TABELA 4A
EXPORTAÇÕES DOS PRINCIPAIS PAÍSES EXPORTADORES
POR SEGMENTO (em %)............................................................................................28
TABELA 5
VALOR DA PRODUÇÃO INDUSTRIAL NOS PRINCIPAIS PAÍSES
DESENVOLVIDOS POR GÊNERO DE INDUSTRIA.................................................29
TABELA 5A
VALOR DA PRODUÇÃO INDUSTRIAL NOS PRINCIPAIS PAÍSES
DESENVOLVIDOS POR GÊNERO DE INDUSTRIA (em %) ....................................29
TABELA 6
EVOLUÇÃO DO VALOR ADICIONADO E DO PRODUTO REAL DA
INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO E DE MÓVEIS...............................................35
TABELA 7
DISTRIBUIÇÃO DO NE, TPO, VTI E VBPI POR SEGMENTO
DO GÊNERO MOBILIÁRIO........................................................................................36
TABELA 8
DISTRIBUIÇÃO DO NE, TPO, VTI E DO VBPI POR
GÊNERO DE INDÚSTRIA..........................................................................................37
TABELA 9
DISTRIBUIÇÃO DO NUMERO DE ESTABELECIMENTOS PRODUTIVOS
E DE APOIO DIRETO A PRODUÇÃO POR EXTRATOS DE PESSOAL
OCUPADO - GÊNERO MOBILIÁRIO ........................................................................38
TABELA 10
DISTRIBUIÇÃO DO NE, TPO, VTI E VBPI POR SEGMENTO
DO GÊNERO MADEIRA.............................................................................................39
TABELA 11
DISTRIBUIÇÃO DO NE, TPO, VTI E VBPI DO GÊNERO MOBILIÁRIO
SEGUNDO OS ESTADOS DA FEDERAÇÃO.............................................................41
TABELA 12
EVOLUÇÃO DO COMÉRCIO EXTERIOR DE MÓVEIS...........................................42
TABELA 13
EXPORTAÇÕES DE MÓVEIS DE MADEIRA, METAL E PLÁSTICO
SEGUNDO O TIPO DE USO (MÉDIA DO PERÍODO 1989/91).................................44
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TABELA 14
VALOR DAS EXPORTAÇÕES DE MADEIRA
(MÉDIA DO PERÍODO 1989/91).................................................................................45
TABELA 15
PRINCIPAIS CARATERÍSTICAS DAS EMPRESAS LÍDERES
POR TIPO DE MOBILIÁRIO.......................................................................................48
TABELA E1
EVOLUÇÃO DAS IMPORTAÇÕES E DAS EXPORTAÇÕES
DE MÓVEIS DE MADEIRA, METAL E PLÁSTICO..................................................72
TABELA E1A
EVOLUÇÃO DAS IMPORTAÇÕES E DAS EXPORTAÇÕES
DE MÓVEIS DE MADEIRA, METAL E PLÁSTICO (em %)......................................74
TABELA E2
EVOLUÇÃO DAS IMPORTAÇÕES E DAS EXPORTAÇÕES DE MADEIRA
REFERENTES AO CAPITULO 44 DA TAB ...............................................................76
TABELA E2A
EVOLUÇÃO DAS IMPORTAÇÕES E DAS EXPORTAÇÕES DE MADEIRA
REFERENTES AO CAPITULO 44 DA TAB (em %)...................................................77
TABELA E3
CÓDIGOS DA TAB REFERENTES AOS CAPÍTULOS 44 E 94.................................78
TABELA E4
EXPORTAÇÃO DE MADEIRA SERRADA OU FENDIDA
LONGITUDINALMENTE COM ESPESSURA SUPERIOR
A 6mm SEGUNDO O TIPO DE MADEIRA.................................................................80
TABELA E5
EXPORTAÇÃO DE FOLHAS PARA FOLHEADOS E FOLHAS
PARA COMPENSADOS OU CONTRAPLACADOS
SEGUNDO O TIPO DE MADEIRA.............................................................................81
TABELA E6
EVOLUÇÃO DAS EXPORTAÇÕES DE MÓVEIS DE MADEIRA,
METAL E PLÁSTICO SEGUNDO O TIPO DE USO..................................................82
TABELA E7
DISTRIBUIÇÃO DO NE, TPO, VTI E DO VBPI SEGUNDO A REGIÃO E OS
ESTADOS DA FEDERAÇÃO - GÊNERO MOBILIÁRIO...........................................83
GRÁFICO 1
EVOLUÇÃO DO PRODUTO REAL NA INDÚSTRIA DE MÓVEIS
E DE TRANSFORMAÇÃO..........................................................................................36
GRÁFICO 2
EVOLUÇÃO DAS EXPORTAÇÕES DE MÓVEIS - BRASIL (1973/90).....................43
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RELAÇÃO DE SIGLAS E ABREVIATURAS
% Ac - Porcentagem Acumulada.
ABIMOVEL - Associação Brasileira da Indústria de Móveis.
AFAM - Associação dos Fabricantes de Móveis do Brasil.
CA - Consumo Aparente.
CAD-CAM - Computer Aided Design / Computer Aided Manufacturing.
CETEMO - Centro Técnico do Mobiliário em Bento Gonçalves.
CNC - Controle Numérico Computadorizado.
CTIC- Coordenação Técnica de Intercambio Comercial.
FEAUSP - Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo.
FECAMP - Fundação Economia de Campinas.
FIBGE - Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
FINEP - Financiadora de Estudos e Projetos.
IE - Instituto de Economia.
IPT - Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo.
ITSY - International Trade Statistics Yearbook.
M - Importações.
MIC - Ministério da Indústria e Comércio.
NBM - Norma Brasileira de Mercadorias.
Nd - Não Disponível.
NE - Número de Estabelecimentos.
MIC - Ministério da Indústria e Comércio.
MOVERGS - Associação dos Moveleiros do Rio Grande do Sul.
MOVESP - Associação das Indústrias do Mobiliário do Estado de São Paulo.
OCDE - Org. para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico.
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SCT - Secretaria de Ciência e Tecnologia.
SEBRAE - Serviço de Apoio à Pequena e Média Empresa.
SRF - Secretaria da Receita Federal.
SWSt - Society of Wood Science and Technology.
TPO - Total do Pessoal Ocupado.
UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro.
UNICAMP - Universidade de Campinas.
VBPI - Valor Bruto da Produção Industrial.
VTI - Valor da Transformação Industrial.
X - Exportações.
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ANEXO 1:
APÊNDICE ESTATÍSTICO
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TABELA E1
EVOLUÇÃO DAS IMPORTAÇÕES E DAS EXPORTAÇÕES
DE MÓVEIS DE MADEIRA, METAL E PLÁSTICO
(em US$)
Código Importações Exportações X-M
TAB 1989 1990 1991 Média 1989 1990 1991 Média
9401.30.0100 30012 96275 42096 866980 226803 414802 502862 460766
0200 85069 27690 51121 54627 539366 86600 176254 267407 212780
9900 715 647 3173 1512 37545 386 3276 13736 12224
Sub Total: 115796 28337 150569 98234 1443891 313789 594332 784004 685770
9401.40.0100 59 20 629 823 484 464
0200 443842 208075 209005 286974 286974
0300 1762 587 14290 4763 4176
9900 13053 4351 8086 2695 -1656
Sub Total: 13053 59 1762 4958 466847 208075 209828 294917 289959
9401.61.0100 42 14941 66929 27304 8461027 3462309 2104690 4676009 4648705
0200 4036 7844 27822 13234 584826 378223 393160 452070 438836
9900 4540 925 1822 235203 44168 21243 100205 98383
Sub Total: 4078 27325 95676 42360 9281056 3884700 2519093 5228283 5185923
9401.69.0100 388324 493938 630512 504258 504258
0200 75 860 44000 14978 1776412 2732515 3704471 2737799 2722821
9900 171 10413 3528 233031 1426101 2492079 1383737 1380209
Sub Total: 75 1031 54413 18506 2397767 4652554 6827062 4625794 4607288
9401.71.0101 57287 160 17242 24896 1484482 222867 236353 647901 623004
0199 90 8 21783 7294 23701 3632 6133 11155 3862
0201 1852 3736 7891 4493 1949400 595581 212571 919184 914691
0202 1038 8919 26188 12048 1715 572 -11477
0299 4530 3349 21828 9902 27732 45989 56170 43297 33395
9901 783 229 337 351199 58248 134273 181240 180903
9902 2398 799 -799
9999 333 15249 5194 193 400 198 -4996
Sub Total: 64797 17288 112808 64964 3838229 926510 645900 1803546 1738582
9401.79.0101 1454 485 39633 106494 121712 89280 88795
0199 6680 50 2243 1130 377 -1867
0201 911 1585 832 1045159 1570448 1858529 1491379 1490547
0202 5708 93160 2744 33871 55474 18491 -15379
0299 3886 4543 19660 9363 46434 31933 26122 16759
9901 416 139 14832 36963 25573 25789 25651
9902 183 1919 701 -701
9999 3570 15 1195 599 522 374 -821
Sub Total: 19844 98797 27843 48828 1203261 1714427 2037747 1651812 1602984
9401.80.0401 124836 41612 902 30044 264440 98462 56850
0402 57805 197544 464313 239887 15961 19014 70898 35291 -204596
0499 4858 11332 56052 24081 2810 12465 22219 12498 -11583
Sub Total: 62663 208876 645201 305580 19673 61523 357557 146251 -159329
73
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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9401.90.0000 339.371 713646 1089732 601239 5494030 4890100 5485522 5289884 4688645
Total: 9401 280645 1095359 2178004 1184669 24144754 16651678 18677041 19824491 18639822
9403.10.0000 91067 51125 46597 62930 694518 622181 212581 509760 446830
9403.20.0100 246641 186664 55011 162772 224519 340617 182388 249175 86403
0200 11578 197 2471 4749 247123 26965 27388 100492 95743
0300 52776 4389 8055 21740 21874 20164 4710 15583 -6157
0400 123338 10733 182483 105518 238197 27966 30547 98903 -6615
0500 7198 6111 4337 5882 48212 5272 213638 89041 83159
0600 32987 10996 21983 265 38214 20154 9158
9900 406343 190879 322893 306705 212069 417612 795599 475093 168388
Sub Total: 847874 398973 608237 618361 1013977 838861 1292484 1048441 430079
9403.30.0000 59443 22303 37340 39695 2316583 2034208 3394392 2581728 2542032
9403.40.0000 10100 36510 8858 18489 904922 779943 1353885 1012917 994427
9403.50.0000 10665 83701 21477 38614 4604780 5369204 9469193 6481059 6442445
9403.60.0000 226517 173236 330612 243455 6196446 7017242 13853047 9022245 8778790
9403.70.0000 31493 128159 396262 185305 209355 147788 457170 271438 86133
9403.90.0000 5150 306769 81089 131003 5168632 6117475 8438512 6574873 6443870
Total: 9403 1282309 1200776 1530472 1337852 21109213 22926902 38471264 27502460 26164607
Total Geral 1562954 2296135 3708476 2522522 45253967 39578580 57148305 47326951 44804429
Fonte: SRF/CIEF.
74
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
IE/UNICAMP - IEI/UFRJ - FDC - FUNCEX
TABELA E1A
EVOLUÇÃO DAS IMPORTAÇÕES E DAS EXPORTAÇÕES
DE MÓVEIS DE MADEIRA, METAL E PLÁSTICO (em %)
(em %)
Importações Exportações
Código -------------------------------- -------------------------------
TAB 1989 1990 1991 Média 1989 1990 1991 Média
9401.30.0100 1.920 0.000 2.596 1.669 1.916 0.573 0.726 1.063
0200 5.443 1.206 1.378 2.166 1.192 0.219 0.308 0.565
9900 0.046 0.028 0.086 0.060 0.083 0.001 0.006 0.029
Sub-Total: 7.409 1.234 4.060 3.894 3.191 0.793 1.040 1.657
9401.40.0100 0.000 0.003 0.000 0.001 0.001 0.000 0.001 0.001
0200 0.000 0.000 0.000 0.000 0.981 0.526 0.366 0.606
0300 0.000 0.000 0.048 0.023 0.032 0.000 0.000 0.010
9900 0.835 0.000 0.000 0.172 0.018 0.000 0.000 0.006
Sub-Total: 0.835 0.003 0.048 0.197 1.032 0.526 0.367 0.623
9401.61.0100 0.003 0.651 1.805 1.082 18.697 8.748 3.683 9.880
0200 0.258 0.342 0.750 0.525 1.292 0.956 0.688 0.955
9900 0.000 0.198 0.025 0.072 0.520 0.112 0.037 0.212
Sub-Total: 0.261 1.190 2.580 1.679 20.509 9.815 4.408 11.047
9401.69.0100 0.000 0.000 0.000 0.000 0.858 1.248 1.103 1.065
0200 0.005 0.037 1.186 0.594 3.925 6.904 6.482 5.785
9900 0.000 0.007 0.281 0.140 0.515 3.603 4.361 2.924
Sub-Total: 0.005 0.045 1.467 0.734 5.298 11.755 11.946 9.774
9401.71.0101 3.665 0.007 0.465 0.987 3.280 0.563 0.414 1.369
0199 0.006 0.000 0.587 0.289 0.052 0.009 0.011 0.024
0201 0.118 0.163 0.213 0.178 4.308 1.505 0.372 1.942
0202 0.066 0.388 0.706 0.478 0.004 0.000 0.000 0.001
0299 0.290 0.146 0.589 0.393 0.061 0.116 0.098 0.091
9901 0.000 0.034 0.006 0.013 0.776 0.147 0.235 0.383
9902 0.000 0.000 0.065 0.032 0.000 0.000 0.000 0.000
9999 0.000 0.015 0.411 0.206 0.000 0.000 0.001 0.000
Sub-Total: 4.146 0.753 3.042 2.575 8.482 2.341 1.130 3.811
9401.79.0101 0.000 0.000 0.039 0.019 0.088 0.269 0.213 0.189
0199 0.427 0.000 0.001 0.089 0.002 0.000 0.000 0.001
0201 0.000 0.040 0.043 0.033 2.310 3.968 3.252 3.151
0202 0.365 4.057 0.074 1.343 0.123 0.000 0.000 0.039
0299 0.249 0.198 0.530 0.371 0.103 0.000 0.056 0.055
9901 0.000 0.000 0.011 0.005 0.033 0.093 0.045 0.054
9902 0.000 0.008 0.052 0.028 0.000 0.000 0.000 0.000
9999 0.228 0.000 0.000 0.047 0.001 0.001 0.000 0.001
Sub-Total: 1.270 4.303 0.751 1.936 2.659 4.332 3.566 3.490
9401.80.0401 0.000 0.000 3.366 1.650 0.002 0.076 0.463 0.208
0402 3.698 8.603 12.520 9.510 0.035 0.048 0.124 0.075
0499 0.311 0.494 1.511 0.955 0.006 0.031 0.039 0.026
Sub-Total: 4.009 9.097 17.398 12.114 0.043 0.155 0.626 0.309
75
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
IE/UNICAMP - IEI/UFRJ - FDC - FUNCEX
9401.90.0000 0.022 31.080 29.385 23.835 12.140 12.355 9.599 11.177
Total: 9401 17.956 47.704 58.730 46.964 53.354 42.072 32.682 41.888
9403.10.0000 5.827 2.227 1.256 2.495 1.535 1.572 0.372 1.077
9403.20.0100 15.780 8.129 1.483 6.453 0.496 0.861 0.319 0.526
0200 0.741 0.009 0.067 0.188 0.546 0.068 0.048 0.212
0300 3.377 0.191 0.217 0.862 0.048 0.051 0.008 0.033
0400 7.891 0.467 4.921 4.183 0.526 0.071 0.053 0.209
0500 0.461 0.266 0.117 0.233 0.107 0.013 0.374 0.188
0600 0.000 0.000 0.890 0.436 0.049 0.001 0.067 0.043
9900 25.998 8.313 8.707 12.159 0.469 1.055 1.392 1.004
Sub-Total: 54.248 17.376 16.401 24.514 2.241 2.119 2.262 2.215
9403.30.0000 3.803 0.971 1.007 1.574 5.119 5.140 5.940 5.455
9403.40.0000 0.646 1.590 0.239 0.733 2.000 1.971 2.369 2.140
9403.50.0000 0.682 3.645 0.579 1.531 10.175 13.566 16.570 13.694
9403.60.0000 14.493 7.545 8.915 9.651 13.693 17.730 24.241 19.064
9403.70.0000 2.015 5.582 10.685 7.346 0.463 0.373 0.800 0.574
9403.90.0000 0.330 13.360 2.187 5.193 11.421 15.457 14.766 13.892
Total: 9403 82.044 52.296 41.270 53.036 46.646 57.928 67.318 58.112
Total Geral 100.000 100.000 100.000 100.000 100.000 100.000 100.000 100.000
Fonte: SRF/CIEF.
76
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
IE/UNICAMP - IEI/UFRJ - FDC - FUNCEX
TABELA E2
EVOLUÇÃO DAS IMPORTAÇÕES E DAS EXPORTAÇÕES DE MADEIRA
REFERENTES AO CAPITULO 44 DA TAB
(em US$)
Código Importações Exportações X-M
TAB 1989 1990 1991 Média 1989 1990 1991 Média
4401 234250 130366 121539 7615 4178 3011 4935 -116604
4402 9648 18036 29970 19218 2002012 822848 1320696 1381852 1362634
4403 5812621 3014487 570232 3132447 84755 85372 90995 87041 -3045406
4404 532470 15934 182801 8328 18338 23009 16558 -166243
4405 4883 8976 5584 6481 42 75 75 64 -6417
4406 140393 769231 519877 476500 7928 101481 34350 47920 -428581
4407 15916703 23314310 16170502 18467172 148137682 141479422 139144227 142920444 124453272
4408 7984262 8811708 4982241 7259404 32191719 34016663 30850146 32352843 25093439
4409 101926 575528 9555 229003 4276848 5946995 7449588 5891144 5662141
4410 115333 1664757 612293 797461 1457564 1196355 1982634 1545518 748057
4411 105002 676761 570237 450667 75245361 79928283 76244295 77139313 76688646
4412 139852 568004 880744 529533 101033705 100010022 109946035 103663254 103133721
4413 98698 105441 134710 112950 455423 511977 110530 359310 246360
4414 1198 1069 16899 6389 1409635 1736741 302769 1149715 1143326
4415 3653 35990 145638 61760 1845300 10215281 13925099 8661893 8600133
4416 51653 252789 25225 109889 3974 38150 1747 14624 -95265
4417 81248 52831 29037 54372 6979560 6873952 8465491 7439668 7385296
4418 4235 22784 8549 11856 29733878 38074165 44619900 37475981 37464125
4419 10857 8890 17429 12392 322090 157538 960057 479895 467503
4420 154099 184464 527644 288736 636303 797320 625379 686334 397598
4421 274284 752799 335702 454262 3834527 4119266 6034074 4662622 4208361
Total 31010548 41605575 25738368 32784830 409674249 426133422 442134107 425980593 393195762
(1) Veja os códigos TAB na tabela 3.
Fonte: SRF/CIEF.
77
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
IE/UNICAMP - IEI/UFRJ - FDC - FUNCEX
TABELA E2A
EVOLUÇÃO DAS IMPORTAÇÕES E DAS EXPORTAÇÕES DE MADEIRA
REFERENTES AO CAPITULO 44 DA TAB (em %)
(em %)
Código Importações Exportações
Tab 1989 1990 1991 Média 1989 1990 1991 Média
4401 0.0 0.6 0.5 0.4 0.0 0.0 0.0 0.0
4402 0.0 0.0 0.1 0.1 0.5 0.2 0.3 0.3
4403 18.7 7.2 2.2 9.6 0.0 0.0 0.0 0.0
4404 0.0 1.3 0.1 0.6 0.0 0.0 0.0 0.0
4405 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
4406 0.5 1.8 2.0 1.5 0.0 0.0 0.0 0.0
4407 51.3 56.0 62.8 56.3 36.2 33.2 31.5 33.6
4408 25.7 21.2 19.4 22.1 7.9 8.0 7.0 7.6
4409 0.3 1.4 0.0 0.7 1.0 1.4 1.7 1.4
4410 0.4 4.0 2.4 2.4 0.4 0.3 0.4 0.4
4411 0.3 1.6 2.2 1.4 18.4 18.8 17.2 18.1
4412 0.5 1.4 3.4 1.6 24.7 23.5 24.9 24.3
4413 0.3 0.3 0.5 0.3 0.1 0.1 0.0 0.1
4414 0.0 0.0 0.1 0.0 0.3 0.4 0.1 0.3
4415 0.0 0.1 0.6 0.2 0.5 2.4 3.1 2.0
4416 0.2 0.6 0.1 0.3 0.0 0.0 0.0 0.0
4417 0.3 0.1 0.1 0.2 1.7 1.6 1.9 1.7
4418 0.0 0.1 0.0 0.0 7.3 8.9 10.1 8.8
4419 0.0 0.0 0.1 0.0 0.1 0.0 0.2 0.1
4420 0.5 0.4 2.1 0.9 0.2 0.2 0.1 0.2
4421 0.9 1.8 1.3 1.4 0.9 1.0 1.4 1.1
Total 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0
(1) Veja os códigos TAB na Tabela 3.
Fonte: SRF/CIEF.
78
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
IE/UNICAMP - IEI/UFRJ - FDC - FUNCEX
TABELA E3
CÓDIGOS DA TAB REFERENTES AOS CAPÍTULOS 44 E 94
Código TAB Mercadoria
1. Capítulo 44
Posição 4401 Lenha
Posição 4402 Carvão Vegetal
Posição 4403 Madeira Bruta
Posição 4404
Posição 4405 La de madeira
Posição 4406 Dormentes de madeira
Posição 4407 Madeira serrada
Posição 4408 Folhas para folheados
Posição 4409 Madeira perfilada
Posição 4410 Painéis de partículas de madeira
Posição 4411 Painéis de fibras de madeira
Posição 4412 Madeira compensada
Posição 4413 Madeira densificada
Posição 4414 Molduras de madeira
Posição 4415 Caixotes, caixas etc
Posição 4416 Barris, cubas etc
Posição 4417 Ferramentas, armações, cabos etc
Posição 4418 Obras de marcenaria ou carpintaria para construção
Posição 4419 Artefatos de madeira para mesa e cozinha
Posição 4420 Madeira marchetada e incrustada
Posição 4421 Outras obras de madeira
2. Capítulo 94
Posição 9401 Assentos mesmo transformáveis em cama
9401.30 Assentos giratórios de altura variável
9401.30.01 Poltronas
9401.30.02 Cadeiras
9401.30.99 Outros
9401.40 Assentos transformáveis em cama
9401.40.01 De ferro e aço
9401.40.02 De madeira
9401.40.03 De plástico, mesmo com reforço de vidro
9401.60 Outros assentos com armação de madeira
9401.61 Estofados
9401.61.01 Sofás e poltronas
9401.61.02 Cadeiras
9401.61.99 Outros
9401.69 Outros
9401.69.01 Sofás e poltronas
9401.69.02 Cadeiras
9401.69.99 Outros
9401.70 Outros assentos com armação de metal
9401.71 Estofados
9401.71.01 Sofás e poltronas
79
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9401.71.01.01 De ferro ou aço
9401.71.01.99 Qualquer outro
9401.71.02 Cadeiras
9401.71.02.01 De ferro ou aço
9401.71.02.02 De alumínio
9401.71.02.99 Qualquer outra
9401.79 Outros
9401.79.01 Sofás e poltronas
9401.79.01.01 De ferro ou aço
9401.79.01.99 Qualquer outro
9401.79.02 Cadeiras
9401.79.02.01 De ferro ou aço
9401.79.02.02 De alumínio
9401.79.02.99 Qualquer outra
9401.79.99 Outros
9401.79.99.01 De ferro ou aço
9401.79.99.02 De alumínio
9401.79.99.99 Qualquer outro
9401.80 Outros assentos
9401.80.04 De plástico mesmo com reforço de fibras de vidro
9401.80.04.01 Sofás e poltronas
9401.80.04.02 Cadeiras
9401.80.04.99 Qualquer outro
Posição 9403 Outros moveis e suas partes
9403.10 Moveis de metal para escritório
9403.20 Outros moveis de metal
9403.20.01 Mesas
9403.20.02 Armários para banheiro e cozinha
9403.20.03 Berços
9403.20.04 Balcões, vitrinas e displays
9403.20.05 Camas
9403.20.06 Arcas, credencias, oratórios e cômoda
9403.20.99 Outros
9403.30 Moveis de madeira para escritório
9403.40 Moveis de madeira para cozinha
9403.50 Moveis de madeira para dormitórios
9403.60 Outros moveis de madeira
9403.70 Moveis de plástico
9403.90 Partes de madeira e outros
Fonte: Tarifa Aduaneira do Brasil, TAB, Edições Aduaneiras.
80
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TABELA E4
EXPORTAÇÃO DE MADEIRA SERRADA OU FENDIDA LONGITUDINALMENTE
COM ESPESSURA SUPERIOR A 6mm SEGUNDO O TIPO DE MADEIRA
Tipo Em US$ Em %
1989 1990 1991 Média 1989 1990 1991 Média
1. Coníferas
Araucária 9431474 12334735 12629398 11465202 6.4 8.7 9.1 8.0
Pinus 0 2689422 2323623 1671015 0.0 1.9 1.7 1.2
Outras 14872051 3302319 406140 6193503 10.0 2.3 0.3 4.3
Total 24303525 18326476 15359161 19329721 16.4 13.0 11.0 13.5
2. Folhosas
Mogno 50793498 48997419 50869170 50220029 34.3 34.6 36.6 35.1
Virola 34702696 17651373 16146031 22833367 23.4 12.5 11.6 16.0
Jatobá 7853196 12847981 12131602 10944260 5.3 9.1 8.7 7.7
Imbuia 3877386 5289293 3578395 4248358 2.6 3.7 2.6 3.0
Sucupira 8118196 754853 1361723 3411591 5.5 0.5 1.0 2.4
Angelim 1319936 2738379 2408648 2155654 0.9 1.9 1.7 1.5
Ipê 1671471 1426312 1365662 1487815 1.1 1.0 1.0 1.0
Outras 15497778 33447336 35923835 28289650 10.5 23.6 25.8 19.8
Total 123834157 123152946 123785066 123590723 83.6 87.0 89.0 86.5
Total Geral 148137682 141479422 139144227 142920444 100.0 100.0 100.0 100.0
(1) Inclui também madeira cortada em folhas ou desenrolada, mesmo aplainada, polida ou unida por malhetes.
(2) Refere-se a Posição 4407 da TAB.
Fonte: SRF/CIEF.
81
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TABELA E5
EXPORTAÇÃO DE FOLHAS PARA FOLHEADOS E FOLHAS PARA COMPENSADOS
OU CONTRAPLACADOS SEGUNDO O TIPO DE MADEIRA
Tipo Em US$ Em %
1989 1990 1991 Média 1989 1990 1991 Média
1. Coníferas
Araucária 318799 322225 356297 332440 1.0 0.9 1.2 1.0
Outras 2005586 19513 191774 738958 6.2 0.1 0.6 2.3
Total 2324385 341738 548071 1071398 7.2 1.0 1.8 3.3
2. Folhosas
Imbuia 1569393 1617276 1673532 1620067 4.9 4.8 5.4 5.0
Mogno 6802154 7173930 10108367 8028150 21.1 21.1 32.8 24.8
Virola 196489 541993 801676 513386 0.6 1.6 2.6 1.6
Carvalho 6494584 5745626 489294 4243168 20.2 16.9 1.6 13.1
Outras 14804714 18596100 17229206 16876673 46.0 54.7 55.8 52.2
Total 29867334 33674925 30302075 31281445 92.8 99.0 98.2 96.7
Total Geral 32191719 34016663 30850146 32352843 100.0 100.0 100.0 100.0
(1) Inclui também madeira serrada longitudinalmente, cortada em folhas ou desenrolada mesmo aplainada, polida
ou unida por malhetes, de espessura não superior a 6mm.
(2) Corresponde a Posição 4408 da TAB.
Fonte: SRF/CIEF.
82
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TABELA E6
EVOLUÇÃO DAS EXPORTAÇÕES DE MÓVEIS DE MADEIRA,
METAL E PLÁSTICO SEGUNDO O TIPO DE USO
Tipo Em US$ Em %
1989 1990 1991 Média 1989 1990 1991 Média
1. Estofados (1) 17197750 10996119 11754977 13316282 38.0 27.8 20.6 28.1
2. Moveis para escritório
Assentos Giratórios 1443891 313789 594332 784004 3.2 0.8 1.0 1.7
Moveis de metal 694518 622181 212581 509760 1.5 1.6 0.4 1.1
Moveis de madeira 2316583 2034206 3394392 2581727 5.1 5.1 5.9 5.5
Total 4454992 2970176 4201305 3875491 9.8 7.5 7.4 8.2
3. Moveis para residência
Moveis e cadeiras de plástico 225316 166802 528068 306729 0.5 0.4 0.9 0.6
Moveis e cadeiras de metal 3667642 2605036 2587327 2953335 8.1 6.6 4.5 6.2
Moveis e cadeiras de madeira
Cozinhas 904922 779943 1353885 1012917 2.0 2.0 2.4 2.1
Dormitórios 4604780 5369204 9469193 6481059 10.2 13.6 16.6 13.7
Cadeiras 2361238 3110738 4097631 3189869 5.2 7.9 7.2 6.7
Sub-total 7870940 9259885 14920709 10683845 17.4 23.4 26.1 22.6
Total 11763898 12031723 18036104 13943908 26.0 30.4 31.6 29.5
4. Outros moveis de madeira 6196446 7017242 13853047 9022245 13.7 17.7 24.2 19.1
5. Outros moveis de metal (2) 472249 445843 864360 594151 1.0 1.1 1.5 1.3
6. Partes (3) 5168632 6117475 8438512 6574873 11.4 15.5 14.8 13.9
Total Geral 45253967 39578578 57148305 47326950 100.0 100.0 100.0 100.0
(1) Exclui assentos giratórios e cadeiras de madeira, metal e plástico.
(2) Inclui Balcões, vitrinas e displays, arcas, oratórios, cômoda e outros.
(3) De madeira, metal e plástico.
Fonte: SRF/CIEF.
83
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TABELA E7
DISTRIBUIÇÃO DO NE, TPO, VTI E DO VBPI SEGUNDO A REGIÃO
E OS ESTADOS DA FEDERAÇÃO - GÊNERO MOBILIÁRIO
Região/Estado Em milhões de CR$ Em %
NE TPO VTI VBPI TPO/NE VTI/TPO NE TPO VTI VBPI
1. Região Norte
Para 254 1665 26956 53894 6.6 16189790 1.8 0.9 0.5 0.4
Demais estados 360 2008 66521 121871 5.6 33127988 2.6 1.1 1.1 0.9
Total 614 3673 93477 175765 6.0 25449769 4.5 2.0 1.6 1.3
2. Região Nordeste
Pernambuco 652 4458 128478 255255 6.8 28819650 4.7 2.4 2.1 1.9
Bahia 705 4149 101483 217100 5.9 24459629 5.1 2.2 1.7 1.6
Ceara 300 2479 46332 100126 8.3 18689794 2.2 1.3 0.8 0.8
Rio Grande do Norte 183 1360 34953 62530 7.4 25700735 1.3 0.7 0.6 0.5
Paraíba 241 1227 15341 29754 5.1 12502852 1.8 0.7 0.3 0.2
Demais estados 501 3351 99604 167050 6.7 29723665 3.6 1.8 1.7 1.3
Total 2582 17024 426191 831815 6.6 25034716 18.8 9.1 7.1 6.3
3. Região Sudeste
São Paulo 3362 70398 2728022 6239332 20.9 38751413 24.4 37.8 45.6 47.1
Minas Gerais 1690 14063 351931 776886 8.3 25025315 12.3 7.5 5.9 5.9
Rio de Janeiro 1071 13634 347021 723099 12.7 25452618 7.8 7.3 5.8 5.5
Espirito Santo 378 3429 76652 159063 9.1 22354039 2.7 1.8 1.3 1.2
Total 6501 101524 3503625 7898380 15.6 34510313 47.2 54.4 58.6 59.6
4. Região Sul
Rio Grande do Sul 1214 22017 840683 1831384 18.1 38183358 8.8 11.8 14.1 13.8
Santa Catarina 906 17729 526907 1118890 19.6 29720063 6.6 9.5 8.8 8.4
Paraná 1016 18892 503848 1180714 18.6 26669913 7.4 10.1 8.4 8.9
Total 3136 58638 1871438 4130988 18.7 31915106 22.8 31.4 31.3 31.2
5. Região Centro-Oeste
Goiás 515 2884 43771 94305 5.6 15177184 3.7 1.5 0.7 0.7
Mato Grosso 184 811 13214 25831 4.4 16293465 1.3 0.4 0.2 0.2
Mato Grosso do Sul 149 738 8787 17075 5.0 11906504 1.1 0.4 0.1 0.1
Demais estados 78 1175 21769 75290 15.1 18526809 0.6 0.6 0.4 0.6
Total 926 5608 87541 212501 6.1 15610021 6.7 3.0 1.5 1.6
Total Geral 13759 186467 5982272 13249449 13.6 32082202 100.0 100.0 100.0 100.0
Fonte: Censo Industrial, FIBGE, 1985.
84
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ANEXO 2:
PESQUISA DE CAMPO - ESTATÍSTICAS BÁSICAS PARA O SETOR
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PESQUISA DE CAMPO
ESTATÍSTICAS BÁSICAS
Setor Móveis de Madeira
Amostra original: 190
Questionários recebidos: 41
1. Caracterização
1.1 Variáveis Básicas: valores totais em 1992
(US$ mil)
Faturamento 120.843
Investimento 1.506.982
Exportações 13.635
Emprego direto na produção (nº empregados) 4.169
2. Desempenho
2.1 Desempenho Econômico: evolução dos valores médios
(US$ mil)
1987-89 1992 Variação (%)
(1) (2) (2)/(1)
Faturamento 5.663 4.648 -17,92
Margem de lucro (%) 50,54 41,22 -18,44
Endividamento (%) 25,96 26,45 1,89
Investimento n.d 60.279 n.d.
Exportações 273 333 21,98
Exportações/Faturamento (%) 7,91 11,28 42,60
Importações insumos-componentes 9 41 355,56
Importações insumos/Faturamento (%) 0,17 0,96 464,71
Importações de bens de capital 70 109 55,71
Importações de bens de capital/Faturamento 1,34 2,53 88,81
Utilização da capacidade (%) 77,85 75,87 -2,54
Emprego direto na produção (nº de empregados) 202 119 -41,09
2.2 Principal Motivação do Investimento em Capital Fixo
(% de empresas)
1990-92 1993-95
Modernização 71,4 66,7
Ampliação 23,8 19,0
Ambos 4,8 14,3
Número de respondentes 29 27
86
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2.3 Desempenho Produtivo: evolução dos valores médios
Variável Unidade 1987-89 1992
Níveis hierárquicos 5,43 4,20
Prazo médio de produção dias 14,94 7,62
Prazo médio de entrega dias 30,11 12,83
Taxa de retrabalho % 8,89 4,47
Taxa de defeitos % 1,22 0,82
Taxa de rejeito de insumos % 3,13 1,25
Taxa de devolução de produtos % 1,08 0,63
Taxa de rotação de estoques dias 63,91 44,84
Paradas imprevistas dias 15,20 15,32
2.4 Atributos do Produto em 1992 em Relação a 1987-89
(% de empresas)
menor igual maior não respondeu
Nível de preços 10,8 43,2 40,5 5,4
Nível de custos de produção 13,5 32,4 43,2 10,8
Nível médio dos salários 10,8 45,9 35,1 8,1
Grau de aceitação da marca 5,4 54,1 35,1 5,4
Prazos de entrega 43,2 37,8 10,8 8,1
Tempo de desenvolvimento de novos
"modelos"/ especificações
27,8 25,0 19,4 27,8
Eficiência na assistência técnica 2,7 48,6 43,2 5,4
Conteúdo/ sofisticação tecnológica 5,4 48,6 24,3 21,6
Conformidade às especificações técnicas 2,7 48,6 13,5 35,1
Durabilidade 8,1 56,8 32,4 2,7
Atendimento a especificações de clientes 2,8 33,3 41,7 22,2
3. Capacitação
3.1 Grau de Formalização do Planejamento da Empresa
(% de empresas)
Não existe nenhuma estratégia formal ou informal 37,5
Existe estratégia desenvolvida, disseminada informalmente 37,5
Existe estratégia desenvolvida, disseminada periodicamente 10,0
Existe estratégia desenvolvida, disseminada periodicamente com o
envolvimento dos diversos setores da empresa
15,0
Número de respondentes 40
87
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3.2 Fontes de Informação Utilizadas na Definição de Estratégias
(% de empresas)
Mídia em geral 41,7
Participação em atividades promovidas por associações de classe 30,6
Revistas especializadas 33,3
Feiras e congressos no país 50,0
Feiras e congressos no exterior 19,4
Visitas a outras empresas no país 25,0
Visitas a outras empresas no exterior 16,7
Universidades/ centros de pesquisa 8,3
Consultoria especializada 25,0
Banco de dados 11,1
Pesquisas proprias 61,1
Número de respondentes 36
3.3 Tecnologias/ Serviços Tecnológicos Adquiridos em 1991/1992
(nº de empresas)
Total no Brasil no exterior
Tecnologia de terceiros 6 6 2
Projeto básico
3
3 0
Projeto detalhado 3 2 1
Estudos de viabilidade 6 5 3
Testes e ensaios 4 4 0
Metrologia e normalização 5 4 2
Certificação de conformidade 1 1 0
Consultoria em Marketing 6 6 1
Consultoria gerencial 11 11 2
Consultoria em qualidade 8 8 2
Número de respondentes 13 13 5
3.4 Esforço Competitivo: Dispêndio nas variáveis/Faturamento
(%)
1987-89 1992
P & D 0,73 0,58
Engineering 1,24 0,80
Vendas 9,35 10,58
Assistência técnica 0,51 0,60
Treinamento de pessoal 0,58 0,58
3.5 Treinamento Sistemático
(nº de empresas)
Empresas que não realizam qualquer treinamento 15
Empresas que treinam 100% dos empregados na atividade:
Gerência 1
Profissionais técnicos 1
Trabalhadores qualificados 0
Operadores/ empregados 0
Número de respondentes 35
88
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3.6 Estrutura do Pessoal Ocupado em 1992
Distribuição
por atividade
Pessoal de nível
superior/total na
atividade
(%) (%)
P & D 1,08 18,52
Engenharia 0,29 33,3
Produção 77,96 1,64
Vendas 7,75 21,66
Assistência técnica 1,83 15,25
Manutenção 2,41 4,17
Administração 8,67 22,49
3.7 Idade de Produtos e Equipamentos
(nº de empresas)
até 5 anos 6 a 10 anos mais de 10
anos
total de
respondentes
Produto principal 8 7 26 41
Equipamento mais importante 7 14 20 41
3.8 Geração de Produtos e Equipamentos
(nº de empresas)
última penúltima anteriores não sabe total de
respondentes
Produto principal 2 5 8 15 30
Equipamento mais importante 1 9 11 12 33
3.9 Intensidade de Uso de Novas Tecnologias e Técnicas Organizacionais
(nº de empresas)
1987-89 1992
baixa média alta baixa média alta
Dispositivos microeletrônicos 34 1 0 36 1 0
Círculo de controle da qualidade 32 0 1 27 6 2
Controle estatístico de processo 29 1 2 28 5 1
Métodos de tempos e movimentos 26 3 3 24 6 4
Células de produção 26 3 3 25 6 3
Just in time interno 28 2 2 25 6 3
Just in time externo 28 3 1 29 3 1
Paticipação em just in time de clientes 29 1 2 28 4 2
Obs.: Para o uso de dispositivos microeletrônicos são consideradas empresas de baixa intensidade de uso
aquelas que os utilizam em até 10% das operações, média intensidade entre 11 e 50% e alta intensidade
acima de 50%. Para o uso de técnicas organizacionais são consideradas empresas de baixa intensidade
aquelas que envolvem até 10% do empregados ou das atividades, média intensidade entre 11 e 50% e alta
intensidade acima de 50%.
89
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3.10 Situação em Relação à ISO-9000
(nº de empresas)
Não conhece 27
Conhece e não pretende implantar 2
Realiza estudos visando a implantação 8
Recém iniciou a implantação 0
Está em fase adiantada de implantação 0
Já completou a implantação mas ainda não obteve certificado 0
Já obteve certificado 0
3.11 Controle de Qualidade na Produção
(nº de empresas)
1987-89 1992
Não realiza 5 4
Somente em produtos acabados 13 11
Em algumas etapas 6 6
Em etapas essenciais 3 6
Em todas as etapas 6 10
Número de respondentes 33 37
4. Estratégias
4.1Direção da Estratégia de Produto
(nº de empresas)
Direcionar exclusivamente para o mercado interno 0
Direcionar exclusivamente para o mercado externo 20
Direcionar para o mercado interno e externo 14
Número de respondentes 34
4.2 Estratégia de Produto
(nº de empresas)
mercado interno mercado externo
Baixo preço 9 0
Forte identificação com a marca 11 0
Pequeno prazo de entrega 9 0
Curto tempo de desenvolvimento de produtos 1 0
Elevada eficiência da assistência técnica 1 0
Elevado conteúdo/ sofisticação tecnológica 2 0
Elevada conformidade a especificações técnicas 2 0
Elevada durabilidade 13 0
Atendimento a especificações dos clientes 5 0
Não há estratégia definida 5 0
Número de respondentes 14 20
90
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
IE/UNICAMP - IEI/UFRJ - FDC - FUNCEX
4.3 Estratégia de Mercado Externo - Destino
(nº de empresas)
Mercosul 0
Outros países da América Latina 0
EUA e Canadá 0
CEE 0
Países do leste europeu 0
Japão 0
Não há estratégia definida 0
4.4 Motivação da Estratégia Atual
nº de empresas % de empresas
Retração do mercado interno 31 75,6
Avanço da abertura comercial no setor de produção da empresa 5 12,2
Avanço da abertura comercial nos setores compradores da empresa 2 4,9
Crescente dificuldade de acesso a mercados internacionais 1 2,4
Globalização dos mercados 4 9,8
Formação do Mercosul 5 12,2
Novas regulamentações públicas 2 4,9
Surgimento de novos produtos no mercado interno 7 17,1
Surgimento de novos produtores no mercado interno 4 9,8
Exigência dos consumidores 22 53,7
Elevação das tarifas de insumos básicos 10 24,4
Diretrizes dos programas governamentais 0 0
Número de respondentes 41 100,0
4.5 Estratégia de Compra de Insumos
(nº de empresas)
Menores preços 28
Menores prazos de entrega 9
Maior eficiência da assistência técnica 1
Maior conteúdo tecnológico 3
Maior conformidade às especificações técnicas 8
Maior durabilidade 11
Maior atendimento de especificações
particulares
8
Não há estratégia definida 0
Número de respondentes 34
4.6 Relações com Fornecedores
(nº de empresas)
Desenvolver programas conjuntos de P & D 1
Estabelecer cooperação para desenvolvimento de produtos e processos 5
Promover troca sistemática de informações sobre qualidade e desempenho dos produtos 7
Manter relacionamento comercial de LP com fornecedores fixos 3
Realizar compras de fornecedores certificados pela empresa 2
Realizar compras de fornecedores cadastrados pela empresa 3
Realizar compras de fornecedores que oferecem condições mais vantajosas a cada momento 5
Número de respondentes 12
91
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
IE/UNICAMP - IEI/UFRJ - FDC - FUNCEX
4.7 Estratégia de Financiamento dos Investimentos em Capital Fixo
(nº de empresas)
Recursos próprios gerados pela linha de produto 33
Recursos próprios gerados pelas outras áreas do grupo empresarial 3
Recorrer a crédito público 3
Recorrer a crédito privado interno 4
Recorrer a crédito externo 1
Recorrer a formas de associação 1
Captar recursos nos mercados internos de valores 0
Captar recursos nos mercados externos de valores 0
Não há estratégia definida 7
Número de respondentes 40
4.8 Estratégia de Gestão de Recursos Humanos
(nº de empresas)
Oferecer garantias de estabilidade 8
Adotar política de estabilidade sem garantias formais 15
Não adotar políticas de estabilização 1
Promover a rotatividade 2
Não há estratégia definida 15
Número de respondentes 41
4.9 Definição de Postos de Trabalho
(nº de empresas)
Definir postos de trabalho de forma estreita e rígida 0
Definir postos de trabalho de forma estreita mas incentivar os trabalhadores a
executarem tarefas fora da definição dada
7
Definir postos de trabalho de modo amplo visando alcançar polivalência 16
Não definir rigidamente os postos de trabalho de modo que a gama de tarefas varie
consideravelmente
7
Não há estratégia definida 11
Número de respondentes 41
4.10 Estratégia de Produção
(nº de empresas)
Reduzir custo de estoques 10
Reduzir consumo/ aumentar rendimento das matérias-primas 19
Reduzir consumo/ aumentar rendimento energético 0
Reduzir necessidades de mão-de-obra 10
Promover desgargalamentos produtivos 11
Reduzir emissão de poluentes 0
Não há estratégia definida 12
Número de respondentes 41
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