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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
IE/UNICAMP - IEI/UFRJ - FDC - FUNCEX
A produção de papel está muito concentrada nos estados de São Paulo, Paraná e Santa
Catarina (85% do total em 1992). Pode-se destacar três grupos de produtores e respectivas regiões:
(a) os baseados no Paraná e Santa Catarina: especializados nos segmentos de embalagens
kraft e papel de imprensa e de imprimir de celulose fibra longa; em embalagens em geral exportam
kraftliner - capa - e dispõem de unidades convertedoras em outros estados. Entre os maiores
produtores estão Klabin, Igaras, Rigesa, Trombini (ex-Facelpa), Pisa e Inpacel e entre os médios -
produção superior a 36 mil t/ano ou 100 t/dia - Cocelpa, Cia Itajaí, Primo Tedesco, Madeireira
Miguel Forte e Ibema (exceções importantes em embalagens: Santo Amaro e Portela,
estabelecidos no Nordeste);
(b) os instalados em São Paulo: líderes nos segmentos de imprimir e escrever, cartões e
cartolina e especiais baseados no uso de celulose de fibra curta, e fortes também em papel kraft -
miolo; exportadores de offset e papel de escrever. Neste grupo incluem-se entre as maiores Cia
Suzano, Ripasa, Votorantim e Champion, e entre as médias Papirus, Ramenzoni, MD Nicolaus,
Matarazzo e Sguario (exceções: a Bahia Sul, em imprimir na Bahia, Santa Maria, em imprimir e
escrever no Paraná, Pirahí, em especiais no Rio de Janeiro, e Itapagé, em cartão no Maranhão);
(c) os produtores de papéis sanitários: de porte menor e que atendem basicamente ao
mercado interno, a maioria localizada em São Paulo (Klabin, Santa Terezinha, Manikraft,
Kimberly-Clark e Melhoramentos), mas menos concentrados geograficamente (a Klabin também
produz no Rio de Janeiro e Santa Catarina, e a Santa Terezinha em Minas Gerais).
As maiores empresas são todas verticalizadas até a base florestal. As estrangeiras,
altamente especializadas, operam em apenas um segmento; as nacionais têm atuação diversificada,
com pelo menos duas linhas de produtos de papel e penetrando agora também na área da celulose
de mercado32.
Para compreender a atual estruturação do setor de papel no Brasil é necessário uma
análise desagregada, que permita avaliar a situação por segmentos, regiões e empresas.
32 A holding IKPC (Indústrias Klabin de Papel e Celulose) faturou US$ 803 milhões em 1992, com exportações de
US$ 166 milhões, e controla dez empresas, entre elas Klabin Fabricadora de Papel e Celulose (KFPC), Papel e
Celulose Catarinense (71% do controle, com o restante dividido igualmente entre Northwest Bank e Bank of
Scottland), PONSA - Papelão Ondulado do Nordeste (78%, com 18% em poder do BNDESPAR), KIV (52% de
controle, sendo que a KIV controla 69% da Riocell), Empresa de Caolim, KFP Export e Klabin Forest Products
Antwerp. A COPA - Companhia de Papéis e a Klabin do Paraná Agro-Florestal foram incorporadas à Klabin
Fabricadora em 1992. A holding operacional Cia Suzano controla a Bahia Sul (35% do capital e CVRD/Florestas
Rio Doce participa com 29%, BNDESPAR com 26% e IFC com 3%) e a Transurbes (reflorestadora). Possui
participações importantes na indústria gráfica (Agaprint), na petroquímica - Polipropileno (33%), Politeno (20%),
Petroflex (20%), Alclor (14,5%) -, e em diversos outros setores - Hércules (18%), Arno (10%), Premesa (10%),
Buettner (5%) e Mangels (4%).