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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
IE/UNICAMP - IEI/UFRJ - FDC - FUNCEX
adicionado no exterior. A magnitude da utilização da estratégia de outward processing pode ser
inferida a partir das importações de vestuário da CEE. Cerca de 46% das importações de
vestuário da CEE envolveram outward processing. No caso da Alemanha, país europeu que mais
utiliza esta estratégia, cerca de 63% das importações de vestuário envolvem outward processing.
Esta estratégia competitiva propiciou, às empresas dos países desenvolvidos, uma defesa
para as ameaças nos segmentos de consumo de massa e de médio preço. As fases iniciais da
produção - o design e, no caso de vestuário, também o corte -, assim como as de acabamento e
marketing permaneceram a cargo das empresas dos países industrializados. A partir do início da
década de 1980, os principais países supridores, como Coréia, Taiwan e Hong-Kong, começaram
também a enfrentar dificuldades nos segmentos médios e inferiores do mercado, onde o custo de
produção é o principal fator de competitividade. Esses países passaram a enfrentar dificuldades
com o preenchimento de suas quotas de exportação nos principais mercados da Europa e EUA,
apreciação de suas respectivas moedas e aumento no custo de mão-de-obra. Observou-se uma
relocalização, através da formação de joint-ventures e de investimentos diretos provenientes dos
três países citados, para países com custos de produção inferiores. O exemplo mais notável é a
China, tanto para vestuário como calçados. Entre outros países que também aumentaram sua
participação no mercado internacional, impulsionados por essa relocalização, incluem-se a
Indonésia, Tailândia, Bangladesh e Filipinas. Houve, também, investimentos da Coréia e Hong-
Kong em países do Caribe e da América Central. Esta relocalização, além de ser claramente
motivada pela proximidade ao mercado americano, foi incentivada pelas tarifas de importação
especiais, concedidas no âmbito de acordos preferenciais de comércio para a região.
O controle, por parte das empresas sediadas nos principais mercados dos países
industrializados, das etapas de criação e marketing coloca um desafio importante para as
indústrias do complexo têxtil brasileiro, em especial para as indústrias de vestuário e de calçados.
Claramente, as maiores oportunidades de exportação concentram-se nos esquemas de outward
processing ou subcontratação. Naturalmente, este tipo de inserção internacional restringe a
atividade produtiva local às etapas de menor valor adicionado e retira do país o comando da
dinâmica do processo industrial, mantidos pelas empresas dos países contratantes. Entretanto,
vários países em desenvolvimento que inicialmente haviam ingressado no mercado internacional
através dos segmentos de baixo preço e grande volume lograram elevar a qualidade de seus
produtos, via capacitação tecnológica e produtiva, inclusive produzindo com marca própria e
subcontratando de países mais atrasados, como ocorreu no caso de Coréia, Hong-Kong e Taiwan.
A experiência da indústria brasileira de calçados, entre todas do complexo têxtil aquela
com maior coeficiente de exportação, sugere os benefícios em termos de upgrading competitivo,
evidenciado pelo aumento do preço médio dos calçado exportados, advindo de ganhos de escala e
de um maior contato com a best practice internacional. Claramente, o melhor aproveitamento de