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IE/UNICAMP - IEI/UFRJ - FDC - FUNCEX
Ministério da Ciência e Tecnologia - MCT
Financiadora de Estudos e Projetos - FINEP
Programa de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico - PADCT
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE
DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
_____________________________________________________________________________________________
COMPETITIVIDADE DO COMPLEXO
ELETRÔNICO
Nota Técnica do Complexo
O conteúdo deste documento é de
exclusiva responsabilidade da equipe
técnica do Consórcio. Não representa a
opinião do Governo Federal.
Campinas, 1993
A Comissão de Coordenação - formada por Luciano G. Coutinho (IE/UNICAMP), João Carlos Ferraz (IEI/UFRJ), Abílio dos Santos
(FDC) e Pedro da Motta Veiga (FUNCEX) - considera que o conteúdo deste documento está coerente com o Estudo da Competitividade da Indústria
Brasileira (ECIB), incorpora contribuições obtidas nos workshops e servirá como subsídio para a elaboração do Relatório Final do Estudo.
A Coordenação do ECIB agradece ao consultor José Rubens Dória Porto (Professor do IE/UNICAMP) pela elaboração deste documento e
pelos trabalhos de coordenação das Notas Técnicas Setoriais do Complexo Eletrônico.
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
IE/UNICAMP - IEI/UFRJ - FDC - FUNCEX
CONSÓRCIO
Comissão de Coordenação
INSTITUTO DE ECONOMIA/UNICAMP
INSTITUTO DE ECONOMIA INDUSTRIAL/UFRJ
FUNDAÇÃO DOM CABRAL
FUNDAÇÃO CENTRO DE ESTUDOS DO COMÉRCIO EXTERIOR
Instituições Associadas
SCIENCE POLICY RESEARCH UNIT - SPRU/SUSSEX UNIVERSITY
INSTITUTO DE ESTUDOS PARA O DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL - IEDI
NÚCLEO DE POLÍTICA E ADMINISTRAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA - NACIT/UFBA
DEPARTAMENTO DE POLÍTICA CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA - IG/UNICAMP
INSTITUTO EQUATORIAL DE CULTURA CONTEMPORÂNEA
Instituições Subcontratadas
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ERNST & YOUNG, SOTEC
COOPERS & LYBRANDS BIEDERMANN, BORDASCH
Instituição Gestora
FUNDAÇÃO ECONOMIA DE CAMPINAS - FECAMP
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
IE/UNICAMP - IEI/UFRJ - FDC - FUNCEX
EQUIPE DE COORDENAÇÃO TÉCNICA
Coordenação Geral: Luciano G. Coutinho (UNICAMP-IE)
João Carlos Ferraz (UFRJ-IEI)
Coordenação Internacional: José Eduardo Cassiolato (SPRU)
Coordenação Executiva: Ana Lucia Gonçalves da Silva (UNICAMP-IE)
Maria Carolina Capistrano (UFRJ-IEI)
Coord. Análise dos Fatores Sistêmicos: Mario Luiz Possas (UNICAMP-IE)
Apoio Coord. Anál. Fatores Sistêmicos: Mariano F. Laplane (UNICAMP-IE)
João E. M. P. Furtado (UNESP; UNICAMP-IE)
Coordenação Análise da Indústria: Lia Haguenauer (UFRJ-IEI)
David Kupfer (UFRJ-IEI)
Apoio Coord. Análise da Indústria: Anibal Wanderley (UFRJ-IEI)
Coordenação de Eventos: Gianna Sagázio (FDC)
Contratado por:
Ministério da Ciência e Tecnologia - MCT
Financiadora de Estudos e Projetos - FINEP
Programa de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico - PADCT
COMISSÃO DE SUPERVISÃO
O Estudo foi supervisionado por uma Comissão formada por:
João Camilo Penna - Presidente Júlio Fusaro Mourão (BNDES)
Lourival Carmo Monaco (FINEP) - Vice-Presidente Lauro Fiúza Júnior (CIC)
Afonso Carlos Corrêa Fleury (USP) Mauro Marcondes Rodrigues (BNDES)
Aílton Barcelos Fernandes (MICT) Nelson Back (UFSC)
Aldo Sani (RIOCELL) Oskar Klingl (MCT)
Antonio dos Santos Maciel Neto (MICT) Paulo Bastos Tigre (UFRJ)
Eduardo Gondin de Vasconcellos (USP) Paulo Diedrichsen Villares (VILLARES)
Frederico Reis de Araújo (MCT) Paulo de Tarso Paixão (DIEESE)
Guilherme Emrich (BIOBRAS) Renato Kasinsky (COFAP)
José Paulo Silveira (MCT) Wilson Suzigan (UNICAMP)
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
IE/UNICAMP - IEI/UFRJ - FDC - FUNCEX
SUMÁRIO
RESUMO EXECUTIVO............................................................................................................1
APRESENTAÇÃO...................................................................................................................21
1. TENDÊNCIAS INTERNACIONAIS....................................................................................23
1.1. Tendências Gerais do Complexo....................................................................................23
1.2. Países e Empresas Líderes..............................................................................................26
1.3. Determinantes da Competitividade.................................................................................34
2. COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA ......................................................38
2.1. Desempenho e Capacitação no Complexo Eletrônico.....................................................38
2.2. Fatores de Competitividade............................................................................................40
3. PROPOSIÇÃO DE POLÍTICAS...........................................................................................44
3.1. Diretrizes.......................................................................................................................47
3.2. Políticas de Reestruturação............................................................................................49
3.3. Políticas de Modernização .............................................................................................51
3.4. Políticas Relacionadas a Fatores Sistêmicos ...................................................................52
3.5. Resumo das Proposições................................................................................................54
4. INDICADORES DE COMPETITIVIDADE.........................................................................57
BIBLIOGRAFIA ......................................................................................................................59
RELAÇÃO DE QUADROS E GRÁFICOS ..............................................................................60
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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RESUMO EXECUTIVO
Esta Nota Técnica tem por objetivo analisar os cenários internacional e brasileiro do
complexo eletrônico, bem como propor políticas e ações adequadas ao complexo nas presentes
circunstâncias.
Os setores abrangidos e os respectivos consultores são os seguintes:
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL - Simão Copeliovitch
BENS ELETRÔNICOS DE CONSUMO - Margarida Afonso Costa Baptista
INFORMÁTICA - Pablo Fajnzylber
SOFTWARE - João Luiz Simas Pereira de Souza Pondé
TELECOMUNICAÇÕES - José Eduardo Pessini
1. TENDÊNCIAS INTERNACIONAIS
1.1. Tendências Gerais do Complexo
A indústria da tecnologia da informação - indústrias que tratam do processamento,
armazenamento, transmissão e exibição da informação - representará um mercado de cerca de
US$ 3 trilhões até o final da década, correspondendo aproximadamente a 20% do "Produto
Mundial Bruto".
A característica mais importante e fonte geradora primária do dinamismo associado a essa
indústria está na possibilidade de se digitalizar informações e operá-las com os mesmos algoritmos
básicos, independentemente da natureza original das informações: imagem, som, vazão de
petróleo num oleoduto , uma conta corrente bancária ou a folha de pagamento de uma empresa.
Grande parte da tecnologia desenvolvida para uma aplicação encontra uso em várias
outras áreas. A simples substituição de soluções analógicas por soluções digitais amplia mercados.
Assim, embora com mercados distintos, as indústrias relacionadas com a tecnologia da informação
possuem um grau de interdependência não encontrável em outros complexos.
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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O tratamento da informação digitalizada também implicou a convergência da demanda por
conhecimento em algumas poucas tecnologias que suportam toda a indústria da tecnologia da
informação, a saber: microeletrônica, comunicações óticas, displays planos, micromanufatura e
software/sistemas. Em particular, a disponibilidade de um elemento que permite tratar a
informação digitalizada de um modo uniforme, eficiente e barato - os componentes
microeletrônicos - possibilitou tornar prática a idéia da generalização da digitalização da
informação e seu tratamento racional.
Como resultado desse processo de evolução, as distinções entre os setores de informática,
telecomunicações, automação e bens eletrônicos de consumo estão cada vez menores. O conjunto
de setores que constituem essa indústria da tecnologia da informação será aqui chamado
complexo eletrônico.
Outro assunto relacionado às indústrias da tecnologia da informação é o referente ao
desemprego estrutural que estaria associado à disseminação do uso dessas tecnologias, não apenas
dentro do próprio complexo eletrônico, como em outros setores e complexos. Mesmo que se
questione a existência de um incremento desse desemprego estrutural, é inegável a existência de
uma mudança acentuada no perfil de formação do pessoal demandado. Para se ter uma idéia inicial
da alteração do perfil de formação demandado, observe-se o gráfico seguinte.
GRÁFICO 1
ESTRUTURA OCUPACIONAL DA INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO (%)
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
técnicos de
nível médio e
superior
gerência pessoal
administrativo
operários
qualificados
operários não
qualificados
1980
1995
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1.2. Países e empresas líderes
No setor de informática observa-se uma clara dominância americana nos equipamentos de
grande porte (particularmente IBM), com incursões importantes por parte de empresas japonesas
(Fujitsu, NEC e Hitachi). Empresas da CEE tentaram durante a década de 80 entrar nesse
mercado porém sem grande sucesso.
A forte tendência para o "downsizing" domina presentemente o segmento de
processadores, o que coloca em cheque as empresas com maior dependência do mercado de
processadores de grande porte. A evidência mais clara nesse sentido são as dificuldades
enfrentadas pela IBM, embora tais dificuldades não sejam devidas exclusivamente ao
"downsizing". Como decorrência, um segmento de mercado que já era fortemente concentrado
terá seus índices de concentração aumentados. O "downsizing" também está afetando fortemente
os segmentos do mercado de computadores de menor porte. Está provocando uma intensa guerra
de preços na faixa de computadores pessoais de menor poder computacional, enquanto os de
maior poder e soluções em rede estão agredindo intensamente o mercado de workstations.
Nos próximos anos, arquiteturas de software padronizado e focalizadas para
processamento em rede, base de dados e desenvolvimento de soluções fortemente voltadas para
aplicações sustentarão o desenvolvimento dos mercados.
Se de um lado o mercado de computadores de uso pessoal cresce acima da média do setor,
a guerra de preços se intensifica na faixa mais baixa, forçada particularmente pelos fabricantes do
sudeste asiático e empresas americanas com marketing extremamente agressivo. Essa guerra de
preços diminui substancialmente as margens, fazendo com que os maiores fabricantes de PC
busquem novas formas de agregar valor. Isso explica os recentes movimentos de algumas
empresas líderes buscando entrar no mercado de impressoras. É o caso da Hewlet Packard, da
Compaq recentemente e de alguns movimentos da própria IBM. As impressoras tendem a se
tornar um elemento básico em vários sistemas de processamento de informação: na automação
comercial, na automação bancária e nos sistemas de gestão. Dessa forma, a disponibilidade de
impressoras será central na estratégia de vários fabricantes. Quanto aos winchester observa-se
uma guerra de preços de tal ordem que ao final sobrarão poucos fabricantes.
Outro elemento importante na configuração dos sistemas de processamento da informação
são os displays. A tecnologia está avançando significativamente na direção de displays planos.
Esses desenvolvimentos afetarão não apenas a área de informática mas também a de bens
eletrônicos de consumo.
Não há qualquer dúvida quanto à liderança americana na área de software. Nos
equipamentos de grande porte (main frame), em que empresas japonesas, durante a década de 80,
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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tiveram uma atuação bastante agressiva, o software adotado por elas como padrão foi o da IBM.
Nos PC, em que os fabricantes do sudeste asiático ocuparam um espaço importante no mercado,
o software que ajudou a propiciar grande parte do enorme desenvolvimento ocorrido foi o MS-
DOS, americano. Nos equipamentos de médio porte e nas workstations a plataforma de software
normalmente adotada é o UNIX, também desenvolvido nos EUA.
Talvez a única área em que os europeus e japoneses tenham tido um espaço relevante
tenha sido a associada a automação industrial, onde software por encomenda ou incorporado na
integração de sistemas é desenvolvido. Porém, mesmo aí, a tendência à padronização e integração
entre o chão de fábrica e a administração acaba por impor o uso de plataformas padrão, caso em
que softwares como o WINDOWS ou o UNIX ou um semelhante acabarão por se transformar em
plataforma padrão também para esses tipos de aplicação. Nesse caso, a liderança nesses mercados
deverá também ser assumida pelos americanos.
Se em software a liderança americana é inquestionável, nos bens eletrônicos de consumo
a presença americana, que já é pequena, corre o risco de se deteriorar ainda mais. Esse setor é
claramente dominado pelos países do sudeste asiático e é constituído por três grandes segmentos,
a saber:
- vídeo (televisores, videocassete, câmaras de vídeo, vídeodisco)
- áudio (rádios, auto-rádios, gravadores, toca-discos, toca-fitas, etc)
- outros (calculadoras, relógios, instrumentos musicais eletrônicos)
Com respeito aos produtos, a produção de bens cujos mercados apresentam maior
dinamismo, tais como câmaras de vídeo, video-cassetes e equipamentos a laser, está concentrada
nos países mais desenvolvidos, particularmente no Japão. Talvez a única exceção a essa regra seja
a Coréia, que já começa a se fazer presente nos mercados com oferta de produtos de tecnologias
mais recentes.
Assim como em outros setores (informática, por exemplo) a inovação se dá de duas
formas: através de mudanças radicais com a introdução de novas tecnologias ou,
incrementalmente, via um processo evolutivo gradual de tecnologias já existentes. A expansão dos
mercados tem se dado, desde a década de 50, por um misto das duas formas de inovatividade.
Periodicamente é introduzida uma inovação radical seguida de evoluções graduais até o
surgimento de uma nova alteração radical. Os sistemas multimídia e a televisão de alta definição
podem se constituir na próxima inovação radical desta indústria. Em qualquer dos dois casos a
digitalização da informação terá um papel central, provocando uma convergência tecnológica
ainda maior entre setores do complexo eletrônico.
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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O setor de equipamentos de telecomunicação representa um mercado da ordem de
US$120 bilhões em 1992, cerca de 30% nos EUA, outros 30% na CEE, 20% no sudeste asiático
e outros 20% no resto do mundo. Como se pode observar, a participação do resto do mundo na
composição do mercado desse setor é relevante. Projeções da Siemens sugerem que esse mercado
atingirá cerca de US$ 170 bilhões até o final da década. Incluem-se nesse mercado os seguintes
produtos:
. Comutação Pública: centrais local, regional e de trânsito
. Comutação Privada: PBX, PAX, PABX, KS
. Transmissão: transceptores VHF/UHF, multiplexadores, modens
. Terminais: telefones individuais, públicos, celulares, fax
Em termos de evolução dos mercados, estima-se que até o final desta década a parcela
referente a redes de comunicações públicas cairá para 55% do mercado. O mercado de terminais
de comunicação (inclusive os multifuncionais, mas exclusive PCs) corresponderá a 30%,
crescendo dos atuais 25%. A parcela de mercado de sistemas privados de comunicações
permanecerá inalterada em 15% do mercado.
Em termos de liderança, o Japão é o maior exportador, com saldo positivo tanto com os
EUA como com a Europa e esta apresenta saldo positivo com os EUA. Nos anos recentes, Coréia
e Taiwan têm aparecido como exportadores crescentes no mercado mundial de equipamentos de
telecomunicações. Observa-se uma demanda crescente por tecnologias que facilitem o trabalho de
grupos localizados em diferentes locais e conectados em rede. Presentemente esses grupos usam
as redes como correio eletrônico e para transferência de dados; no futuro próximo haverá
demanda crescente por vídeo conferências nessas redes, exigindo um sistema chaveado com faixas
de frequência muito elevadas e sem ocupar faixas de broadcasting, o que levará ao uso de
comunicações óticas via fibras. Também a demanda por serviços em tempo real será crescente
através de redes digitais integradas. Finalmente, toda uma variedade de novos produtos será
ofertada, abrindo importantes oportunidades para novas empresas definirem nichos de atuação.
O setor de automação industrial pode ser dividido em dois segmentos com
características específicas: o de automação da manufatura, que trata fundamentalmente de
processos discretos, e o de controle de processos, que trata dos processos contínuos. No Japão e
na Europa as empresas que atuam em automação são principalmente grandes grupos
verticalizados. Siemens, ABB, AEG, Schneider, Telemecanique, Ansaldo, dentre outros, no caso
da Europa e Hitachi, Toshiba e Matsushita, por exemplo, no caso do Japão. Nos EUA, embora
existam alguns grandes grupos verticalizados, é muito frequente a existência de empresas
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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fornecedoras apenas de produtos, como é o caso da Allen-Bradley, ficando a integração dos
sistemas com terceiros.
Uma atuação como a da Allen-Bradley é extremamente arriscada nessa área em que é
preciso estar próximo do cliente, o que é feito pelos integradores e não pelos vendedores de
produto. Comprova essa afirmação o fato de que recentemente a Siemens tentou adquirir a Allen-
Bradley e só não o fez por ação do governo americano. Na medida em que vários produtos de
automação tendem a apresentar características de commodities, apenas produtores com escala
adequada e canais de acesso ao mercado conseguirão sobreviver. Porém, a integração de sistemas
e o fornecimento de soluções exigirão proximidade com o cliente e isso abrirá espaço para
empresas menores ou mais flexíveis.
Em um mercado que caminha para a globalização, é importante considerar um tema mais
geral: a forma de atuação das empresas. Para isso, é útil o apoio de pesquisa recente (início de
1993), feita junto aos principais executivos de empresas americanas pela Ernst&Young
juntamente com a Electronic Business.
O Quadro 1 sintetiza resultados desta pesquisa, considerando as empresas, quanto à forma
de atuação, como: Local - produz e vende apenas nos EUA; Exportadora - vende em muitos
países, mas as decisões estratégicas são tomadas nos EUA; Transnacional - operações de
produção e vendas são integradas regionalmente; Global - operações no mundo inteiro, porém
decisões estratégicas importantes podem ser tomadas nas áreas de atuação.
QUADRO 1
PERFIL DE ATUAÇÃO DE EMPRESAS AMERICANAS
(%)
EMPRESA 1988 1993 1998
Local 53 17 9
Exportadora 43 68 43
Transnacional 1 2 13
Global 3 13 35
Fonte: Ernst&Young/Electronic Business- Abril 93
O quadro mostra um processo de transição na forma de atuação das empresas. As
empresas puramente exportadoras estão num processo de crescimento, porém retornarão à
posição de 1988. Haverá um número fortemente decrescente de empresas com atuação apenas
local. A novidade importante é o crescimento significativo de empresas com atuação global. Fica
evidente que o momento é crítico para a escolha de parcerias, sendo mais adequados os parceiros
que venham, no futuro, a operar de forma a permitir que decisões estratégicas possam ser tomadas
nas áreas geográficas de atuação das empresas, ou seja, empresas que tenham estratégias de
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atuação global conforme definido acima, deixando espaço de atuação e decisão para o parceiro
local.
1.3. Determinantes da Competitividade
QUADRO 2
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS ESTRUTURAIS NO COMPLEXO ELETRÔNICO
CARACTERÍSTICAS INFO BEC TELE AI SW
.Elevada Participação dos Investimentos x x x x x
em P&D nas Receitas Líquidas
.Incorporação das Inovações de Micro- x x x x x
eletrônica
.Ciclo de Vida Curto dos Produtos x(c) x x(c) - -
.Progressiva Segmentação da Indústria x(c) - x(c) - x
.Elevada Concentração de Segmentos já x x x x x
estabelecidos
.Fixação de Marca x x x x x
(c) Nos produtos com características de commodities.
INFO - Informática
BEC - Bens eletrônicos de consumo
TELE - Equipamentos de telecomunicações
AI - Equipamentos de automação industrial
SW - Software
O financiamento para manutenção dos elevados níveis de investimentos em P&D tem
vindo das seguintes fontes básicas: a) do próprio mercado - as empresas investem de 5% a 10% de
suas receitas líquidas; b) do governo - programas governamentais de defesa, pagamento de
sobrepreço por determinado período, encomendas programadas, uso do poder de compra de uma
forma geral, linhas de crédito subsidiadas, etc. c) venture-capital - usado principalmente nos
EUA; d) nos grandes grupos, de outros negócios que se beneficiam da existência dentro do
próprio grupo de atividades no complexo eletrônico.
A dinâmica do ciclo de vida curto tem sido mais importante em bens eletrônicos de
consumo (BEC) e em alguns segmentos da informática. O setor de automação tem se comportado
de maneira mais conservadora e mesmo quando introduz produtos mais recentes não costuma
substituir os já instalados, embora nos comandos numéricos e controladores lógicos programáveis
de pequeno porte já comecem a aparecer produtos com características de commodities. O setor de
telecomunicações apresenta ciclos de vida dos produtos mais longos nas centrais de comutação e
mais curtos nos equipamentos terminais.
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O setor de BEC, embora opere com baixo ciclo de vida, não tem apresentado segmentação
relevante pois seus produtos apresentam características de commodities, com grande escala de
produção, e as oportunidades de entrada de novas empresas não têm sido freqüentes. Por outro
lado, a segmentação intensa tem sido característica importante na informática, oferecendo
freqüentes oportunidades de entrada. Segmentos já consolidados na informática apresentam
características similares às de BEC quanto à escala de produção e oportunidades de entrada. O
acesso a componentes ou conjuntos de componentes microeletrônicos que se transformam em
padrões de fato em determinados setores, bem como a softwares básicos e aplicativos de fácil
acesso, tem sido condição essencial para o elevado dinamismo verificado em alguns segmentos,
por exemplo, na microinformática. Já para os BEC, componentes microeletrônicos proprietários
correspondem à regra, embora tal situação possa vir a sofrer alterações em futuro próximo.
O investimento na disseminação e fixação da marca tem sido outro padrão no
comportamento e estratégias das empresas do complexo eletrônico, bem como o estabelecimento
de amplas redes de comercialização e assistência ao usuário. Esse investimento é mais suportável
quando as empresas atuam em diferentes setores do complexo. Assim, associado ao pilar técnico
básico do seu dinamismo - a digitalização da informação - a atuação abrangente nos vários setores
do complexo eletrônico tem sido um fator diferenciador muito importante ao sucesso das
empresas.
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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QUADRO 3
FATORES DE COMPETITIVIDADE
COMMODITIES DEDICADO
INTERNOS À EMPRESA
Capacitação Tecnológica PI MI
Produção Automatizada MI PI
Capacidade Financeira MI I
Marca MI I
Rede de comercialização/Suporte MI PI
Precedências na Entrada do Mercado MI PI
Parcerias PI I
Economias de Escopo PI MI
Economias de Escala MI PI
Integração Vertical PI I
Imagem de Credibilidade PI MI
Capacitação em R.H. I MI
FATORES ESTRUTURAIS
Dimensão do Mercado MI PI
Escala Mínima MI PI
Competência dos Usuários PI MI
Interação com usuários PI MI
Padrões MI I
Acesso a Insumos/Componentes I MI
Grau de Diversificação no CE I I
Integração Vertical MI PI
Rede de Fornecedores MI I
Custo da mão de obra MI I
FATORES SISTÊMICOS
Infra-estrutura Educacional I MI
Infra-estrutura Tecnológica I MI
Infra-estrutura Telecomunicações I MI
Infra-estrutura Industrial MI MI
Fomento à P&D e RH I MI
Fomento à Exportação MI MI
Ação contra práticas desleais de comércio MI MI
Política de Compras de Governo MI MI
Ação Contra Contrabando MI I
Estabilidade política macro MI MI
Política industrial e setorial de longo prazo MI MI
Política tributária MI MI
Financiamento ao investimento industrial MI MI
Financiamento à exportação MI MI
MI - Muito Importante ; I - Importante ; PI - Pouco Importante
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2. COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
2.1. Desempenho e Capacitação no Complexo Eletrônico
Existe uma descontinuidade no desempenho recente do setor de informática, sendo
importante comparar dados do setor referentes a 1989 e 1992, ou seja, antes e depois das
mudanças na Política Nacional de Informática (PNI), especificamente nos segmentos de
processamento de dados e de automação industrial.
Os dados indicam que em 1992 foram recuperados os níveis de faturamento de 1989,
porém com uma inversão nas posições de empresas nacionais e estrangeiras. O nível de
importações, por outro lado, praticamente dobrou. O número de postos de trabalho no setor foi
cortado praticamente pela metade e houve um deslocamento de parte do pessoal das áreas de
P&D para outras atividades dentro das empresas.
QUADRO 4
EMPRESAS DE INFORMÁTICA
DESEMPENHO EM 1989 E 1992
1989 1992
Faturamento Empres. Nac. ( US$ Milhões) 2774 2061
Faturamento Empres. Estr.( US$ Milhões) 2025 2691
Faturamento Total Equip. ( US$ Milhões) 4799 4752
Importações ( US$ Milhões) 882 1498
Investimentos Empres. Nacion. (US$ Milhões) 848 238
Investimentos Empres. Estr. (US$ Milhões) 1597 374
Investimentos Total ( US$ Milhões) 2445 612
Empregos Nível Superior 24113 13343
Empregos Total 74390 30919
Fonte: Panorama do Setor de Informática Vol. 1 N. 1 Set. 91, para dados de 1989
Dados preliminares da Automática, para dados de 1992
Os investimentos totais caíram drasticamente, sendo que proporcionalmente caíram mais
os investimentos das empresas estrangeiras. Essa queda dos investimentos também pode ser
observada no gráfico a seguir. Os dados do gráfico se estendem por um período maior que 20
anos, o que assegura a minimização da influência de diferentes políticas adotadas no período.
11
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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GRÁFICO 2
ANO
US$
-500000
0
500000
1000000
1500000
2000000
2500000
3000000
71 73 75 77 79 81 83 85 87 89 91
Invest e Reinvest Geral
Invest e Reinvest Inform
Nota: Valores em Informática multiplicados por 10.
Fonte: Banco Central
Observa-se que a tendência do investimento estrangeiro em informática acompanha a
tendência do investimento como um todo no país. Como decorrência, o argumento de que a
reserva de mercado inibia tais investimentos não é procedente. Ao contrário, o que se pode
observar, por exemplo, no período 1985-1986 é um aumento dos investimentos em informática
quando os investimentos no país como um todo decresciam. Outro comportamento relevante é o
do período 1990-1991: no exato momento do posicionamento do governo contra a PNI, em 1990,
ocorreu desinvestimento no setor, o que nunca havia ocorrido no passado. Em 1992 os
investimentos foram retomados.
Como explicar os investimentos em 1985-1986 e a retomada de 1992? Só há um elemento
em comum nos dois eventos. Em 1985 entrou em vigor a Lei 7232 que fixou a PNI em lei. No
final de 1991 foi aprovada a nova Lei de informática 8248. Propõe-se como explicação que, para
interessar os investimentos estrangeiros, é mais importante uma regra estável do que o conteúdo
da regra. A grande maioria das empresas estrangeiras tem capacidade de adaptação a diferentes
regras, embora seja evidente que possam dar preferência a determinadas regras.
Tomemos a situação da Zona Franca de Manaus. Como ficou claro na Nota Técnica
setorial, as modificações estabelecidas na legislação visaram exclusivamente o curto prazo e a
proteção das indústrias locais frente às importações. As empresas fizeram o ajuste visando
fundamentalmente redução de custos a curto prazo. Isso, sem dúvida, foi feito com sucesso. As
três maiores empresas produtoras de televisores coloridos acusaram um incremento de
produtividade médio (horas/homem/produto, na fase de montagem) de 2,5 para 1, entre 1989 e
1992; estas mesmas empresas acusaram um declínio de falhas em campo de 17,8% para 8,1% no
12
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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mesmo período, além de uma redução expressiva nos preços industriais - 40% em média. Os
custos desse ajuste foram arcados pela indústria de componentes e pelo lado social. Entre 1989 e
1992 57% da mão-de-obra empregada foi dispensada, situação que tende a se agravar em 1993.
Dentro das empresas, o nível de dispensas deve atingir 68% nas linhas de produção, entre 1989 e
1993, 29% na engenharia e 11% em P&D. Os investimentos caíram de US$ 97 milhões para US$
49 milhões.
Se competitividade for conceituada como a capacidade da empresa de sobreviver no curto
prazo em situações bastante adversas e de continuar sobrevivendo no médio e longo prazo, então
deve-se concluir que a capacidade competitiva empresarial está comprovada, ao menos quanto à
condição necessária. A sobrevivência no médio e longo prazo e quais serão as características
dessas empresas dependerá das políticas que venham a ser estabelecidas no país e do
posicionamento estratégico das empresas frente a essas políticas. Numa área como esta de
vantagens comparativas construídas, política nenhuma ou políticas pouco definidas ou instáveis
induzirão as empresas a um posicionamento estratégico com perfil menos industrial e mais
comercial e vice-versa.
O quadro a seguir resume os fatores de competitividade relevantes e as avaliações feitas
nas notas técnicas setoriais.
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QUADRO 5
FATORES DE COMPETITIVIDADE E SITUAÇÃO DAS EMPRESAS BRASILEIRAS
RUIM REGULAR BOM
EMPRESARIAIS
Estratégias x
Capacitação x
Gestão empresarial x
Relações Trabalhistas x
Porte Econômico x
ESTRUTURAIS
Concentração Econômica no Setor x
Concentração Técnica no Setor x
Integração/Diversificação Produção x
Infra-estrutura Tecnológica x
Relações intra-complexo x
Relações inter-complexos x
Relações Fornecedores/Usuários x
SISTÊMICOS
Fatores Macro
Câmbio x
Crédito x
Juros x
Infra-estrutura Física x
Fatores Político-Institucionais
Carga Tributária x
Incentivos/Subsídios x
Ações Regulatórias x
Sociais
Acordos Coletivos x
Treinamento/Educação x
Internacionais
Mercosul x
Acesso a mercados x
Acesso a Capital x
Acesso a Tecnologia x
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3. PROPOSIÇÃO DE POLÍTICAS
3.1. Diretrizes
No início desta Nota informou-se que até o final da década a indústria da tecnologia da
informação responderia por 20% do "Produto Mundial Bruto", correspondendo a um mercado de
cerca de US$ 3 trilhões. Se o Brasil pretende participar deste mercado, não apenas como
consumidor, é preciso começar por reconhecer a necessidade de estabelecer uma estratégia para
isso.
Propõe-se que se estabeleça como objetivo, ou se encare como desafio, o seguinte:
participar do mercado das indústrias da tecnologia da informação usando e produzindo bens e
serviços, criando espaços para a geração de empregos e difundindo o uso dessas tecnologias de
forma ajustada à nossa realidade.
O Brasil tem tido atividades nas indústrias do complexo eletrônico durante os últimos 20
anos. Foram desenvolvidos conhecimentos e competências que apenas alguns países do primeiro
mundo conseguiram. Nestas notas procurou-se mostrar como é importante a experiência
acumulada nessa área. Temos, infelizmente, a tendência de desacreditar no que já foi feito e
imaginar que seja possível simplesmente apagar a História e começar de novo por trajetória
completamente nova. Isso não é possível e, se fosse, seria a forma mais ineficiente de fazê-lo. É
claro que se deve aprender com os erros do passado mas é evidente, também, que o processo de
desenvolvimento do passado nos legou uma base industrial, de recursos humanos e de experiência
empresarial que poucos países detêm. Não faz sentido tentar evoluir na construção do futuro
desprezando essa base. Portanto, deve-se utilizar e incrementar experiência acumulada.
Partindo do princípio de que o Brasil quer participar do mercado da tecnologia da
informação não apenas como usuário mas produzindo e fornecendo bens e serviços e gerando
empregos no país, então é preciso selecionar áreas de atuação onde concentrar os esforços. No
modelo de substituição de importações, a tendência natural é a de produzir tudo no país. Numa
economia mais aberta, é necessário focalizar o esforço em algumas áreas de atuação.
Há duas formas distintas de domínio de tecnologia e expansão dos mercados: através de
mudanças radicais, com processos extremamente inovadores, ou através de mudanças graduais,
num processo de aperfeiçoamento incremental. O primeiro modo é mais frequente em setores
novos, como foi a microeletrônica no passado e como é a biologia molecular no presente. O
segundo modo é mais frequente nas áreas mais maduras. No primeiro caso, os investimentos em
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tecnologia se dão mais a nível de laboratórios; no segundo, os investimentos e desenvolvimentos
se dão mais nas empresas, a nível de mercado.
Claramente as indústrias da tecnologia da informação encontram-se, no presente, muito
mais próximas das inovações incrementais que das radicais. Ora, em sendo assim é fundamental,
no complexo eletrônico, a presença de empresas atuando no mercado e desenvolvendo
incrementalmente novas soluções. Neste sentido, o sucesso industrial é causa do investimento
em P&D e não o contrário.
É evidente que enquanto determinadas atividades não se encontram em estágio industrial
esse mecanismo de investir parte da receita para sustentar atividades de P&D não é operacional.
Além disso, sempre há atividades que não têm, num determinado momento, interesse industrial,
mas há interesse, em função de objetivos da política industrial-tecnológica, que essas atividades
sejam realizadas e que recursos sejam a elas destinados, particularmente quando se trata das
tecnologias já enumeradas como sendo básicas à indústria da tecnologia da informação. Devem
ser definidos projetos prioritários para investimentos, sem a pressão imediata de demanda de
mercado, o que requer aplicar recursos nas áreas de tecnologias básicas à indústria da
tecnologia da informação.
Um dos temas que costuma ser apresentado como importante no complexo eletrônico é o
da associação com empresas estrangeiras. A experiência recente, particularmente no setor de
informática, não sugere que essas associações tenham tido o sucesso esperado. A provável
explicação para isso talvez esteja no fato de que nem as empresas nacionais, nem as estrangeiras,
estivessem preparadas para essas associações e nem os interesses de parte a parte fossem
complementares. Apenas uma minoria das empresas internacionais têm estado preparadas, ou têm
como parte de suas estratégias a associação com empresas locais. Porém, como decorrência do
processo de globalização, cada vez mais empresas com atuação global passam a reconhecer a
necessidade destas associações e também a importância de decisões estratégicas autônomas em
suas parcerias locais. Esses são os parceiros que interessam, devendo fazer parte das diretrizes
para o complexo eletrônico buscar parceiros com atuação global.
O Brasil saiu do modelo de substituição de importações, em que os mecanismos de defesa
econômica estavam essencialmente associados ao controle de importações, para uma economia
mais aberta, sem ter experiência no uso de mecanismos de defesa econômica nessa nova situação.
Como se defender de práticas desleais de comércio? É urgente agilizar o uso dos mecanismos de
defesa contra práticas desleais de comércio.
Um dos mecanismos de política industrial utilizado com maior eficiência nos países
desenvolvidos é o poder de compra do Estado. Uma sugestão inicial para discussão é adotar-se
orientação similar à legislação americana votada em 1991.
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Várias empresas têm demonstrado capacidade de rápida adaptação em condições adversas.
Todas as indicações disponíveis sugerem que numa economia mais aberta haverá uma tendência à
automação de processos produtivos, diminuindo postos de trabalho. Nos países desenvolvidos
essa diminuição é compensada, em parte, pela geração de postos nas empresas que produzem os
equipamentos e serviços de automação e, em parte, pela exportação desses bens e serviços para
países, como o Brasil, que tentam ganhar competitividade rapidamente. Nesses países, um dos
motivos relevantes para se automatizar, além da qualidade, é o custo da mão-de-obra. No Brasil, é
preciso buscar soluções de automação que economizem capital, particularmente capital de giro. A
importação de soluções desenvolvidas para um problema diferente ocasiona, para o país, um
efeito triplamente perverso : 1 - elimina postos de trabalho, via automação; 2 - não possibilita a
geração de novos postos de trabalho, já que acabamos por importar todos os bens e serviços
necessários à automação; e 3 - a solução importada não é a mais adequada aos nossos problemas,
o que gera ineficiências e, por decorrência, perda de competitividade. É portanto necessário
promover a difusão da tecnologia de automação de forma ajustada aos fatores de produção
mais limitantes no país.
É frequente que os investimentos em automação sejam feitos com financiamentos oficiais,
até com recursos do FAT. Os ganhos de produtividade associados a essa automação devem
ser adequadamente partilhados entre capital e trabalho através de programas de
retreinamento, realocação e até de geração de empregos em outras atividades.
3.2. Resumo das proposições
Na análise do Quadro 6 convém levar em consideração os comentários a seguir:
Poder de Compra - Sugere-se usar como referência básica a lei norte-americana de 1991-
American Technology Preeminence Act of 1991.
Financiamentos Oficiais - Os financiamentos oficiais, mesmo que parciais, devem
estabelecer critérios específicos, no caso de automação de processos produtivos, quanto à
adequação das soluções, bem como estabelecer condições equivalentes às usadas para o poder de
compra do governo.
Modernização da Administração Pública - A modernização do país não depende apenas
da modernização das empresas. É fundamental a modernização da administração pública. Além da
valorização do servidor público, é preciso treiná-lo e dar-lhe as ferramentas que lhe permitam
aumentar a produtividade. Nesse sentido propõe-se que sejam estabelecidos projetos específicos
de informatização na saúde, educação, previdência, receita federal e judiciário. Esses projetos
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devem estabelecer padrões de referência para fornecimento e deve-se utilizar os critérios de poder
de compra do governo.
Exportação - Devem ser estabelecidas compensações ao custo de transporte a partir de
Manaus para exportação a outros países. Apoio continuado deve ser dado ao programa Softex. É
preciso estabelecer linhas de crédito ao comprador nas exportações e mecanismos de seguro às
exportações.
Incentivos - Além dos incentivos já definidos pela Lei 8248, propõe-se, como incentivo
para a compra de software desenvolvido no país e de circuitos integrados projetados no país, o
lançamento em dobro dessas compras como despesa para efeito de cálculo do imposto de renda
das pessoas jurídicas. Manter a legislação existente quanto a Empresa Nacional/Empresa
Estrangeira: evitar mudanças de regras.
Equalização dos impostos - Concentrar o apoio, na Zona Franca de Manaus, à produção
de televisores coloridos, inclusive com forte apoio para exportação. Para o restante dos produtos
do complexo eletrônico não deve haver diferença de incentivos em relação ao resto do país.
Seletividade - Concentrar os esforços nos seguintes segmentos:
- Informática : automação bancária e comercial
impressoras para microinformática
terminais de exibição
- Automação : integração
- Software : aplicativos
- Bens eletrônicos de consumo : televisor a cores
- Telecomunicações : projeto Trópico e seus derivados e modems.
- Microeletrônica : projeto de circuitos integrados.
- Estabelecer projetos cooperados, via consulta com empresas, nas tecnologias básicas ao
complexo. Tais projetos devem receber forte apoio dos bancos de desenvolvimento e
financiadoras oficiais.
A adoção da seletividade implica concentrar os incentivos nesses segmentos, manter para
os mesmos proteção tarifária mais elevada e uso do poder de compra preferencial, bem como
prioridade em financiamentos. O acesso a esses incentivos implica, necessariamente, a existência
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de contrapartidas por parte das empresas. Para os outros segmentos, a proteção tarifária deve cair
mais rapidamente. Tal posicionamento deixará muito clara e transparente a posição de governo. O
empresário estará inteiramente livre para decidir qual caminho seguir. Poderá até atuar nas áreas
prioritárias sem cumprir Processo Produtivo Básico e oferecer outras contrapartidas, porém não
terá quer os incentivos, quer prioridade no poder de compra ou qualquer dos outros benefícios
estabelecidos.
O quadro seguinte resume as várias propostas agrupando-as de acordo com sua natureza e
destacando o uso dos vários instrumentos para os setores específicos do complexo eletrônico.
QUADRO 6
POLÍTICAS E INSTRUMENTOS
INSTRUMENTOS S E T O R NP A
INFO AUTO SOFT BEC TELE
DEMANDA
PODER DE COMPRA * * * * S E,C
FINANC. CONSUM. * * * S E,C,T
FINANC. INVEST. * * * M E
MODERN.ADM.PUBL. * * * * M E,L,J,T
EXPORTAÇÃO * * * * * S E,C
OFERTA
APOIO SELETIVO * * * * * R E
CAPITAL DE RISCO * S E,L,C
INCENTIVOS * * * * * R E
EQUALIZAÇÃO INCENT. * R E,L
AÇÕES COOPERATIVAS * * R E,U,C,T
APOIO TECNOL.BÁSICAS * * * * * M E,U,C,T
GANHOS DE EFICIÊNCIA * * * * * M TODOS
RETREINAMENTO * * * * * S E,C,T
CONTROLE
PRAT. DESLEAIS * * * * * R E
SONEGAÇÃO * * * * * R E
CONTRAPARTIDAS * * * * * R E,C
CONTRABANDO * * * * * R E
MERCOSUL * * * * * S E,L
Legenda: NP-Natureza da Política: R-Reestruturação; M-Modernização; S-Sistêmica
A-Ator: E-Executivo; C-Empresas; L-Legilativo; T-Trabalhadores; J-Judiciário;
U-Universidades e Centros Tecnologia
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4. INDICADORES DE COMPETITIVIDADE
O melhor indicador da competitividade de uma empresa é sua capacidade de sobreviver em
condições adversas, no presente, e continuar sobrevivendo no futuro. A sobrevivência no presente
é um indicador de decisões tomadas no passado e da agilidade em se adaptar a um ambiente
instável como é o brasileiro. A sobrevivência futura da empresa dependerá de seu posicionamento
estratégico e de sua flexibilidade, já que os horizontes costumam ser muito curtos no Brasil.
Antes de se estabelecer indicadores de competitividade, elaborar e manter atualizado um
conjunto de séries estatísticas é a primeira prioridade. Propõe-se a manutenção das seguintes
séries:
- Produção
- Importação
- Mercado
- Exportação
- Empregos diretos gerados
- Distribuição dos empregos por nível de formação
- Distribuição dos empregos por áreas de atuação nas empresas
- Investimentos em P&D
- Preços médios de produtos na Europa, USA, Japão
QUADRO 7
INDICADORES DE COMPETITIVIDADE
EFICIÊNCIA DESEMPENHO CAPACITAÇÃO
"Yield" Produção Market-Share Valor Agreg/Empregado
Giros Estoque Base Instalada Prod.Propr./Vendas
"Lead-Time" Linhas Faturamento Prod.Ind./Vendas
"Set-Up Time" Linhas Lucratividade Prod.Com/Vendas
"Time to Market" Exportação Despesas P&D
Linhas Código/H/Mes Preços Patentes
Custo/Linha Código Fatur./Empregado Estratégias
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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Os indicadores propostos acima correspondem a uma síntese dos indicadores sugeridos
nas notas técnicas setoriais.
Todos os indicadores são auto-explicativos. No caso dos indicadores de capacitação,
resolveu-se separar as vendas em termos de produtos proprietários - que são os produtos próprios
independentes de fontes externas de fornecimento de tecnologia - dos produtos industrializados
sob licença de terceiros e dos produtos apenas comercializados.
Para o indicador valor agregado por empregado sugere-se utilizar a relação (Valor
Presente do Faturamento - Valor Presente dos Materiais)/ (Número Total de Funcionários)
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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APRESENTAÇÃO
Esta Nota Técnica tem por objetivo analisar os cenários internacional e brasileiro do
complexo eletrônico, bem como propor políticas e ações adequadas ao complexo nas presentes
circunstâncias.
Os setores abrangidos e os respectivos consultores são os seguintes:
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL - Simão Copeliovitch
BENS ELETRÔNICOS DE CONSUMO - Margarida Afonso Costa Baptista
INFORMÁTICA - Pablo Fajnzylber
SOFTWARE - João Luiz Simas Pereira de Souza Pondé
TELECOMUNICAÇÕES - José Eduardo Pessini
Os dados disponíveis, particularmente no caso do Brasil nos últimos anos, sofreram queda
de qualidade, já que os levantamentos de responsabilidade de organizações governamentais
deixaram de ser feitos ou foram feitos de forma incompleta, posto que essas organizações ou
sofreram reformulações sensíveis ou passaram a priorizar outras questões. Já fica nesta introdução
uma lembrança quanto à imperiosa necessidade de se poder contar com bases de dados estatísticos
para que se possa fazer qualquer análise no futuro com informações de melhor qualidade. É
preciso, inclusive, dedicar a este tema uma importância até mesmo maior que a dedicada no
passado.
Esta nota apresenta inicialmente considerações sobre o cenário internacional tendo em
vista tendências gerais do complexo eletrônico e o posicionamento de países e empresas líderes, e
busca analisar trajetórias prováveis de evolução do complexo.
Em seguida é analisado o cenário brasileiro, suas forças e fragilidades e busca-se identificar
alternativas possíveis para tentativa de equacionamento das dificuldades presentes no complexo
eletrônico.
No capítulo seguinte são apresentadas diretrizes para elaboração de políticas e busca-se
enumerar um conjunto de instrumentos visando atuar no complexo do lado da demanda, da oferta
e da regulação e acompanhamento. São apresentadas propostas que buscam selecionar segmentos
prioritários para atuação. Ao argumento, bastante difundido em algumas áreas, de que o mercado
é a melhor forma de seleção, devem ser considerados os contra-argumentos, que enfatizam as
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conhecidas imperfeições do mercado, de que vantagens comparativas criadas, limitação de
recursos e o imperativo de se ter o necessário foco impõem, particularmente num quadro de
economia aberta, a seleção de áreas de atuação visando um adequado equilíbrio da racionalidade
econômica.
Trata-se de buscar uma proposta de política que, ao levar em conta a necessidade de uma
economia mais aberta, elimine as amarras do modelo de substituição de importações sem cair no
liberalismo exacerbado, desconhecendo as possibilidades de criação de vantagens comparativas.
Como reconhecer as realidades do momento e simultaneamente projetar as possíveis realidades
futuras?
Finalmente, na última parte, são propostos indicadores para acompanhamento da evolução
do complexo.
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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1. TENDÊNCIAS INTERNACIONAIS
1.1. Tendências Gerais do Complexo
A indústria da tecnologia da informação - indústrias que tratam do processamento,
armazenamento, transmissão e exibição da informação - representará um mercado de cerca de
US$ 3 trilhões até o final da década, correspondendo aproximadamente a 20% do "Produto
Mundial Bruto".
A característica mais importante e fonte geradora primária do dinamismo associado à
indústria da tecnologia da informação está na possibilidade de se digitalizar informações e operar
com essas informações digitalizadas com os mesmos algoritmos básicos, independentemente da
natureza original das informações: imagem, som, vazão de petróleo num oleoduto, uma conta
corrente bancária ou a folha de pagamento de uma empresa.
Grande parte da tecnologia desenvolvida para uma aplicação encontra uso em várias
outras áreas. A simples substituição de soluções analógicas por soluções digitais amplia mercados.
Assim, embora com mercados distintos, as indústrias relacionadas com a tecnologia da informação
possuem um grau de interdependência não encontrável em outros complexos.
O tratamento da informação digitalizada também implicou a convergência da demanda por
conhecimento em algumas poucas tecnologias que suportam toda a indústria da tecnologia da
informação, a saber: microeletrônica, comunicações óticas, displays planos, micromanufatura e
software/sistemas.
Em particular, a disponibilidade de um elemento que permite tratar a informação
digitalizada de um modo uniforme, eficiente e barato - os componentes microeletrônicos -
possibilitou tornar prática a idéia da generalização da digitalização da informação e seu tratamento
racional.
Como resultado desse processo de evolução, as distinções entre os setores de informática,
telecomunicações, automação e bens eletrônicos de consumo estão cada vez menores. O conjunto
de setores que constituem essa indústria da tecnologia da informação será aqui chamado por
complexo eletrônico.
A partir dessa perspectiva de convergência entre os vários setores que o compõem é
possível uma melhor compreensão de diversos aspectos característicos do complexo. Por um lado,
a necessidade de elevadas escalas de produção, induzindo à oligopolização e globalização das
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empresas do complexo eletrônico e, por outro lado, a permanente segmentação de mercados com
o freqüente aparecimento de janelas de oportunidade de entrada.
Também fica fácil compreender o relevante papel das economias de escopo e de
aprendizado e a decorrente importância dos investimentos em P&D e em recursos humanos, já
que as soluções, conhecimentos e tecnologias são transportáveis com relativa facilidade de uma
área de aplicação para outra. Dessa forma, o efeito multiplicador associado ao conhecimento
acumulado é no complexo eletrônico muito mais intenso que em outros casos. Essa é aliás uma
razão básica da dificuldade de transferência de tecnologia nessa área a quem já não tenha um
sólido conhecimento acumulado.
A interpenetração de soluções técnicas, competências e investimentos possibilita a atuação
simultânea em vários dos setores componentes do complexo eletrônico. Daí a integração, dentro
do mesmo grupo econômico, tanto vertical como horizontal (empresas japonesas), ou a
conglomeração - fusões e aquisições (característica mais recente de empresas européias). A
ausência dessas integrações em empresas americanas, salvo raras exceções, seria um dos motivos
da sua perda de competitividade nos anos recentes. Essas questões serão analisadas com mais
detalhes adiante.
Outro assunto relacionado às indústrias da tecnologia da informação é o referente ao
desemprego estrutural que estaria associado à disseminação do uso dessas tecnologias, não apenas
dentro do próprio complexo eletrônico, como em outros setores e complexos. Mesmo que se
questione a existência de um incremento desse desemprego estrutural, é inegável a existência de
uma mudança acentuada no perfil de formação do pessoal demandado.
Para se ter uma idéia inicial da alteração do perfil de formação demandado, observe-se o
gráfico seguinte.
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GRÁFICO 1
ESTRUTURA OCUPACIONAL DA INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO (%)
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
técnicos de
nível médio e
superior
gerência pessoal
administrativo
operários
qualificados
operários não
qualificados
1980
1995
Grande parte da alteração no perfil de demanda de recursos humanos se deve ao
desenvolvimento crescente das indústrias da tecnologia da informação e, certamente nos países do
chamado primeiro mundo, a um crescimento acentuado do setor serviços.
Uma clara indicação do crescimento das indústrias da tecnologia da informação pode se
observado no quadro seguinte, que indica a evolução dos investimentos nos EUA. Observe-se o
crescimento marcante da indústria de equipamentos de processamento da informação, que em
1989 já correspondia a um investimento em ativos quase equivalente ao total de todos os outros
investimentos em equipamentos.
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QUADRO 1.1.1
COMPOSIÇÃO DO INVESTIMENTO REAL, NÃO RESIDENCIAL, POR ATIVOS E POR
INDÚSTRIAS EM % DO TOTAL
1955 1960 1965 1970 1975 1980 1985 1980 1985 1989
1959 1964 1969 1974 1979 1984 1989
Equipamentos
Proc. Inform. 4.8 6.2 6.5 8.5 12.1 19.6 31.3 16.3 26.5 35.2
Industrial 20.3 18.8 20,2 19.8 19.0 16.2 14.2 18.2 14.1 14.8
Transportes 10.9 11.6 14.4 14.6 14.9 11.3 12.1 12.1 11.8 11.5
Outros 16.6 15.6 15.8 17.4 19.1 15.9 13.6 17.1 13.3 13.7
Total Equip. 52.6 52.2 56.8 60.2 65.1 63.0 71.2 63.7 65.7 75.3
Estruturas
Industriais 6.7 6.5 8.6 5.0 4.5 4.0 2.9 4.2 3.3 3.1
Comerciais 9.0 10.7 9.7 10.7 7.7 9.9 10.5 9.2 11.8 9.3
Instituc. 6.9 9.4 7.1 5.9 3.6 4.0 4.0 3.5 3.9 3.9
Agrícolas 2.0 2.0 1.6 1.7 2.1 1.1 0.4 1.6 0.4 0.3
Públicas 11.7 9.7 9.6 10.8 9.1 7.4 5.9 8.3 6.3 4.6
Mineração 10.8 8.8 5.9 4.9 7.3 10.2 4.6 9.1 8.0 3.0
Outras 0.4 0.6 0.7 0.8 0.5 0.4 0.5 0.3 0.6 0.5
Total Estrut. 47.4 47.8 43.2 39.8 34.9 37.0 28.8 36.3 34.3 24.7
Indústrias
Agricultura 8.1 7.6 7.1 7.7 8.2 4.6 2.4 6.3 2.4 2.4
Mineração 14.2 12.4 9.2 7.8 10.9 13.0 5.4 12.5 9.4 3.9
Construção 3.6 3.5 3.3 3.6 3.3 1.8 1.4 2.6 1.4 1.3
Bens Duráveis 12.4 11.3 14.0 11.4 11.9 11.4 10.2 13.1 11.1 10.2
Bens consumo 10.0 10.4 11.5 10.2 10.9 9.2 7.4 9.9 7.8 8.2
Transp/Comun. 24.8 23.5 23.9 26.3 24.5 22.3 19.8 24.4 20.7 16.1
Comércio 7.5 8.7 9.2 10.0 10.0 11.6 15.6 9.2 14.5 15.8
Financ/Seguro 2.1 2.4 2.7 3.3 4.0 5.8 15.5 4.4 11.1 19.8
Escritórios 5.6 6.6 6.7 7.8 5.8 8.0 7.2 7.1 8.2 6.3
Serviços 6.9 8.3 8.2 9.2 8.4 10.3 12.9 8.5 11.6 13.9
Fonte : U.S. Bureau of Economic Analysis- US$ de 1982
1.2. Países e Empresas Líderes
Para o presente tópico é conveniente, no caso do complexo eletrônico, considerar a
divisão por blocos econômicos da Comunidade Econômica Européia (CEE) América do Norte
(EUA) e Sudeste Asiático (SA).
No setor de informática, observa-se uma clara dominância americana nos equipamentos
de grande porte (particularmente IBM) com incursões importantes por parte de empresas
japonesas (Fujitsu, NEC e Hitachi); empresas da CEE tentaram durante a década de 80 entrar
nesse mercado porém sem grande sucesso.
A forte tendência para o "downsizing" domina presentemente o segmento de
processadores, o que coloca em cheque as empresas com maior dependência do mercado de
processadores de grande porte. A evidência mais clara nesse sentido são as dificuldades
enfrentadas pela IBM, embora tais dificuldades não sejam devidas exclusivamente ao
"downsizing". Como decorrência, um segmento de mercado que já era fortemente concentrado
terá seus índices de concentração aumentados.
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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O "downsizing" também está afetando fortemente os segmentos do mercado de
computadores de menor porte. Está provocando uma intensa guerra de preços na faixa de
computadores pessoais de menor poder computacional, enquanto os de maior poder e soluções
em rede estão agredindo intensamente o mercado de workstations.
Esse tipo de evolução da tecnologia, que foi suportada nos últimos anos pela substancial
evolução da microeletrônica com o desenvolvimento do chip de 32 bits, continuará se
favorecendo do avanço da microeletrônica; porém, o maior impacto virá do software. O grande
crescimento do mercado de computadores de uso pessoal nos últimos anos foi devido à
generalização ampla do uso desses computadores e da disponibilidade de um sistema operacional
bastante acessível - o MS-DOS.
Nos próximos anos arquiteturas de software padronizadas e focalizadas para
processamento em rede, base de dados e desenvolvimento de soluções fortemente voltadas para
aplicações sustentarão o desenvolvimento dos mercados.
Outro fator relevante a se considerar nessa análise do cenário internacional é o impacto
que a disponibilidade das ferramentas de tratamento da informação está provocando na
organização das corporações. A organização do trabalho, desde a época de Adam Smith, foi feita
buscando dividi-lo em tarefas as mais simples possíveis. Até hoje a organização das empresas
reflete esse conceito. A simplificação dos processos produtivos, a partir da disponibilidade de
ferramentas de uso pessoal com enorme capacidade de tratamento da informação, implicará,
provavelmente, uma forma de organização do trabalho em que um conjunto de ações e decisões
passarão a ser tomadas por uma única pessoa. Isso por sua vez implicará a reorganização das
empresas e corporações. Esse processo de reorganização demandará das indústrias de tecnologia
da informação soluções mais adequadas a esse tipo de reestruturação, fechando um ciclo de
retroalimentação que aumentará a velocidade desse processo.
Outro aspecto importante nesse processo evolutivo é o de que as corporações tenderão a
se organizar em Unidades de negócio. Isso corresponde a reconhecer deseconomias de escala, o
que por sua vez se refletirá no reconhecimento das deseconomias associadas aos sistemas de
grande porte, forçando ainda mais o "downsizing". Por outro lado, as Unidades de negócio terão
que se comunicar com seus clientes, além de se comunicar entre si. Isso induzirá a um aumento da
demanda por sistemas abertos .
Se de um lado o mercado dos computadores de uso pessoal cresce acima da média do
setor, uma guerra de preços se intensifica na faixa mais baixa de computadores pessoais, forçada
particularmente pelos fabricantes do sudeste asiático e empresas americanas com marketing
extremamente agressivo. Essa guerra de preços diminui substancialmente as margens, fazendo
com que os principais fabricantes de PC busquem novas formas de agregar valor. Isso explica os
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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recentes movimentos de algumas empresas líderes buscando entrar no mercado de impressoras. É
o caso da Hewlet Packard, da Compaq recentemente e de alguns movimentos da própria IBM. As
impressoras tendem a se tornar um elemento central em vários sistemas de processamento de
informação: na automação comercial, na automação bancária e nos sistemas de gestão. Dessa
forma, a disponibilidade de impressoras será central na estratégia de vários fabricantes.
Outro elemento importante na configuração dos sistemas de processamento da informação
são os displays. A tecnologia está avançando significativamente na direção de displays planos.
Esses desenvolvimentos afetarão não apenas a área de informática mas também a de bens
eletrônicos de consumo. Quanto aos winchester observa-se uma guerra de preços de tal ordem
que ao final sobrarão poucos fabricantes.
Não há qualquer dúvida quanto à liderança americana na área de software. Nos
equipamentos de grande porte (main frame) em que empresas japonesas, durante a década de 80,
tiveram uma atuação bastante agressiva, o software adotado por elas como padrão foi o da IBM.
Nos PC, em que os fabricantes do sudeste asiático ocuparam um espaço importante no mercado,
o software que ajudou a propiciar grande parte do enorme desenvolvimento ocorrido foi o MS-
DOS, americano. Nos equipamentos de médio porte e nas workstations a plataforma de software
normalmente adotada é o UNIX, também desenvolvido nos EUA.
Talvez a única área em que os europeus e japoneses tenham tido um espaço relevante
tenha sido a associada a automação industrial, onde software por encomenda ou incorporado na
integração de sistemas é desenvolvido. Porém, mesmo aí, a tendência à padronização e integração
entre o chão de fábrica e a administração acaba por impor o uso de plataformas padrão, caso em
que softwares como o WINDOWS ou o UNIX ou um semelhante acabarão por se transformar em
plataforma padrão também para esses tipos de aplicação. Nesse caso, a liderança nesses mercados
deverá também ser assumida pelos americanos.
Apesar do cenário acima descrito, várias oportunidades de entrada têm ocorrido na área de
software. Muitas empresas têm procurado explorar essas oportunidades.
A estrutura da indústria se caracteriza, então, pela presença de grandes corporações que
dominam os principais segmentos do mercado, ao mesmo tempo em que se multiplicam espaços
para sobrevivência de um grande número de firmas marginais. Em suma, as barreiras à entrada não
são elevadas, permitindo a proliferação de empresas pequenas e médias, mas existem barreiras ao
crescimento significativas, de modo que as grandes empresas dominam os principais mercados. O
elemento dinâmico que continuamente remodela tal estrutura é o surgimento incessante de novos
produtos e segmentos de mercado.
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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Nesse cenário o que se pode considerar é a consolidação da liderança de empresas
americanas de software e o estabelecimento de plataformas-padrões de software por parte dessas
empresas. Simultaneamente, nichos de mercado associados à integração de sistemas ou a
encomendas específicas continuarão oferecendo oportunidades importantes.
Se em software a liderança americana é inquestionável, nos bens eletrônicos de consumo
a presença americana, que já é pequena, corre o risco de se deteriorar ainda mais. Esse setor é
claramente dominado pelos países do sudeste asiático e é constituído por três grandes segmentos,
a saber:
- vídeo (televisores, videocassete, câmaras de vídeo e vídeodisco)
- áudio (rádios, auto-rádios, rádio-gravadores, toca-discos a laser, sistemas compactos,
toca-fitas digital e componentes de sistemas - amplificadores, sintonizadores, etc.)
- outros (calculadoras, relógios, instrumentos musicais eletrônicos)
O maior mercado é o de vídeo, com 55% do mercado global, e o de áudio, com 30%, vem
a seguir. Em termos de oferta e demanda mundiais, o Japão detém 45% da produção mundial,
com um mercado que corresponde a 18% do mercado mundial. A Europa produz 20%, com um
mercado que corresponde a 30% do mercado mundial. Os índices correspondentes para os EUA
são 8% para a produção, com um mercado equivalente a 26%. Vale destacar a situação da Coréia,
que detém 8% da produção mundial, com um mercado que corresponde apenas a 1% do mercado
mundial, e o conjunto das outras economias de mercado, que possuem um mercado equivalente a
25% do mercado mundial com uma produção correspondente a 19% da produção mundial.
Com respeito aos produtos, a produção de bens cujos mercados apresentam maior
dinamismo, tais como câmaras de vídeo, vídeo-cassetes e equipamentos a laser, está concentrada
nos países mais desenvolvidos, particularmente no Japão. Talvez a única exceção a essa regra seja
a Coréia, que já começa a se fazer presente nos mercados com oferta de produtos de tecnologias
mais recentes.
Em termos da evolução do setor há três diferentes aspectos a considerar; o de mercado, o
tecnológico e o das alianças estratégicas que começam a se desenhar.
Assim como em outros setores (informática, por exemplo) a inovação se dá de duas
formas: através de mudanças radicais com a introdução de tecnologias novas ou,
incrementalmente, via um processo evolutivo gradual de tecnologias já existentes. A expansão dos
mercados tem se dado, desde a década de 50, por um misto das duas formas de inovatividade.
Periodicamente é introduzida uma inovação radical seguida de evoluções graduais até o
surgimento de uma nova alteração radical.
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É nessa linha que se consegue identificar a difusão do rádio de pilha portátil na década de
40, do televisor branco e preto no final dos 50, do televisor a cores no final dos 60, dos modernos
sistemas de áudio em meados dos 70 e dos equipamentos de vídeo-tape no início dos 80. Observa-
se que, a continuar essa tendência, uma inovação radical está por ocorrer. Os sistemas multimídia
e a televisão de alta definição certamente são candidatos importantes. Em qualquer dos dois casos
a digitalização da informação terá um papel central, provocando uma convergência tecnológica
ainda maior entre setores do complexo eletrônico.
Essa convergência tecnológica se traduzirá em: (a) homogeinização crescente das
tecnologias e insumos utilizados nos distintos segmentos deste complexo, a par de sua crescente
complexidade e diversidade; (b) comunicabilidade crescente entre diferentes tipos de
equipamentos e sistemas de eletrônica - informática, consumo e telecomunicações - conduzindo à
formação de verdadeiros sistemas de informação domésticos; os novos sistemas multimídia são a
materialização deste fenômeno; (c) integração de um número crescente das funções dos produtos
finais em componentes semicondutores; (d) interdependência e complementaridade de tecnologias,
mercados e produtos.
Alguns pontos assumem especial importância nessa fase atual, tais como os enormes
investimentos em P&D das novas tecnologias e os correspondentes riscos associados; a
importância na definição de padrões e que já provocam disputas políticas no caso da Televisão de
Alta Definição entre Japão EUA e CEE e a decorrente necessidade de estabelecimento de alianças
entre empresas e provavelmente entre países, se não como decorrência dos investimentos,
certamente como decorrência da definição de padrões.
Convém destacar que tanto a implantação dos sistemas de informação domésticos, que já
começa a ocorrer em alguns países, particularmente nos EUA, como a televisão de alta definição
demandarão investimentos crescentes em comunicações óticas, via fibras óticas, único meio com
capacidade de suportar a enorme quantidade de informação que será transmitida. Essa questão de
padrões também está afetando o segmento de telefonia celular, com a Europa adotando o GSM
(Global System for Mobile Communications), os EUA o AMPS (Advanced Mobile Phone
System) e o Japão o padrão NTT (Nippon Telegraph and Telephone).
O setor de equipamentos de telecomunicação representa um mercado da ordem de
US$120 bilhões em 1992, cerca de 30% nos EUA, outros 30% na CEE, 20% no sudeste asiático
e outros 20% no resto do mundo. Como se pode observar, a participação do resto do mundo na
composição do mercado desse setor é relevante. Projeções da Siemens sugerem que esse mercado
atingirá cerca de US$ 170 bilhões até o final da década. Incluem-se nesse mercado os seguintes
produtos:
. Comutação Pública: centrais local, regional e de trânsito
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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. Comutação Privada: PBX, PAX, PABX, KS
. Transmissão: transceptores VHF/UHF, multiplexadores, modens
. Terminais: telefones individuais, públicos, celulares, fax
Em termos de evolução dos mercados, estima-se que até o final desta década a parcela
referente a redes de comunicações públicas cairá para 55% do mercado. O mercado de terminais
de comunicação (inclusive os multifuncionais, mas exclusive PCs) corresponderá a 30%,
crescendo dos atuais 25%. A parcela de mercado de sistemas privados de comunicações
permanecerá inalterada em 15% do mercado.
No mercado de redes de comunicações públicas, as empresa líderes ocupam em sua maior
parcela os mercados locais ou regionais. Assim, no Japão, 100% do mercado é atendido por
empresas japonesas (NEC, Fujitsu, Hitachi e Oki); a AT&T (americana) e a Northern Telecom
(canadense) têm suas receitas de telecomunicações provenientes da América do Norte em mais de
90%; e as empresas européias (Siemens, Ericsson, Alcatel e outras) têm suas demandas
majoritariamente provenientes da Europa.
Em termos de liderança a nível de países, o Japão é o maior exportador, com saldo
positivo tanto com os EUA como com a Europa e esta apresenta saldo positivo com os EUA. Nos
anos recentes, Coréia e Taiwan têm aparecido como exportadores crescentes no mercado mundial
de equipamentos de telecomunicações. Quanto à evolução dos mercados mundiais,
particularmente no mercado americano, observa-se uma demanda crescente por tecnologias que
facilitem o trabalho de grupos localizados em diferentes locais e conectados em rede.
Presentemente esses grupos usam as redes como correio eletrônico e para transferência de dados;
no futuro próximo haverá demanda crescente por vídeo conferências nessas redes, exigindo um
sistema chaveado com faixas de frequência muito elevadas. Também a demanda por serviços em
tempo real será crescente através de redes digitais integradas.
Finalmente, toda uma variedade de novos produtos será ofertada como, por exemplo,
telefones celulares embutidos em computadores portáteis. Nesses mercados haverá importantes
oportunidades para novas empresas definirem nichos de atuação.
O setor de automação industrial pode ser dividido em dois segmentos com
características específicas: o de automação da manufatura - que trata fundamentalmente de
processos discretos - e o de controle de processos - que trata dos processos contínuos.
No Japão e na Europa as empresas que atuam em automação são principalmente grandes
grupos verticalizados. Siemens, ABB, AEG, Schneider, Telemecanique, Ansaldo dentre outros no
caso da Europa e Hitachi, Toshiba e Matsushita, por exemplo, no caso do Japão. Nos EUA,
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embora existam alguns grandes grupos verticalizados, a GE por exemplo, é muito frequente a
existência de empresas fornecedoras apenas de produtos, como é o caso da Allen-Bradley, ficando
a integração dos sistemas com terceiros.
Uma atuação como a da Allen-Bradley é extremamente arriscada nessa área em que é
preciso estar próximo do cliente, o que é feito pelos integradores e não pelos vendedores de
produto. Comprova essa afirmação o fato de que recentemente a Siemens tentou adquirir a Allen-
Bradley e só não o fez por ação do governo americano.
Em um mercado que caminha para a globalização, é importante considerar um tema mais
geral: a forma de atuação das empresas. Para isso, é útil o apoio de pesquisa recente (início de
1993) feita junto aos principais executivos de empresas americanas pela Ernst&Young juntamente
com a Electronic Business.
O Quadro 1.2.1 sintetiza os resultados, considerando as seguintes definições quanto à
forma de atuação das empresas:
Local - produz e vende apenas nos EUA
Exportadora - vende em muitos países, mas as decisões estratégicas são tomadas nos EUA
Transnacional - operações de produção e vendas são integradas regionalmente
Global - operações no mundo inteiro, porém decisões estratégicas importantes podem ser
tomadas nas áreas de atuação.
QUADRO 1.2.1
PERFIL DE ATUAÇÃO DE EMPRESAS AMERICANAS
EMPRESA 1988 1993 1998
LOCAL 53% 17% 9%
EXPORTADORA 43% 68% 43%
TRANSNACIONAL 1% 2% 13%
GLOBAL 3% 13% 35%
Fonte: Ernst &Young/Electronic Business - Abril 93
O quadro mostra um processo de transição na forma de atuação das empresas. As
empresas puramente exportadoras estão num processo de crescimento, porém retornarão à
posição de 1988. Haverá um número fortemente decrescente de empresas com atuação puramente
local. A novidade importante é o crescimento significativo de empresas com atuação global. Fica
evidente que o momento é crítico para a escolha de parcerias, sendo mais adequados os parceiros
que venham, no futuro, a operar de forma a permitir que decisões estratégicas possam ser tomadas
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nas áreas geográficas de atuação das empresas, ou seja, empresas que tenham estratégias de
atuação global conforme definido acima.
QUADRO 1.2.2
PREVISÃO DE INVESTIMENTOS DE EMPRESAS AMERICANAS
COMÉRCIO-1998 PRODUÇÃO-1998
CEE 85% 28%
SUD.ASIA(Excl. Japão) 78% 22%
CANADÁ 74% 13%
JAPÃO 73% 27%
EUROPA OC.(Excl. CEE) 56% 26%
MÉXICO 49% 24%
AMÉRICA LATINA 48% 22%
ANTIGA U.R.S.S. 41% 31%
Fonte: Ernst&Young/Electronic Business Abril 93
É também importante analisar onde as empresas americanas pretendem investir em
atividades industriais e onde pretendem ter apenas atividades comerciais, no futuro próximo. Os
dados do quadro acima indicam percentualmente quantas das empresas consultadas pretendem em
1998 ter apenas atividades comerciais nos mercados indicados e quantas, além das atividades
comerciais, pretendem ter também atividades produtivas.
Para se ter um quadro um pouco mais amplo, é interessante considerar como o Japão tem
se movimentado nos últimos anos. O quadro seguinte indica a evolução das exportações e
investimentos japoneses.
QUADRO 1.2.3
EXPORTAÇÕES DO JAPÃO
1989 1992
EUA 37,2% 28,2%
SUD. ÁSIA 16,4% 28,5%
Fonte:Business Week 5/7/93
QUADRO 1.2.4
DESTINO DOS INVESTIMENTOS JAPONESES
1989 1992
EUA 50,3% 48,3%
EUROPA 20,8% 19,5%
SUD. ÁSIA 11,7% 16,2%
OUTROS 17,2% 16,0%
Fonte: Ernst&Young/Electronic Business Abril 93
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Pode-se notar que tanto o comércio como os investimentos japoneses estão se deslocando
para o sudeste asiático, o que tende a reforçar as ligações do bloco asiático.
1.3. Determinantes da Competitividade
QUADRO 1.3.1
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS ESTRUTURAIS NO COMPLEXO ELETRÔNICO
CARACTERÍSTICAS INFO BEC TELE AI SW
.Elevada Participação dos Investimentos em x x x x x
P&D nas Receitas Líquidas
.Incorporação das Inovações de Microeletrônica x x x x x
.Ciclo de Vida Curto dos Produtos x(c) x x(c) - -
.Progressiva Segmentação da Indústria x(c) - x(c) - x
.Elevada Concentração de Segmentos já x x x x x
estabelecidos
.Fixação de Marca x x x x x
(c) Nos produtos com características de commodities.
INFO - Informática
BEC -Bens eletrônicos de consumo
TELE - Equipamentos de telecomunicações
AI - Equipamentos de automação industrial
SW - Software
O financiamento para manutenção dos elevados níveis de investimentos em P&D tem
vindo de três fontes básicas:
a) do próprio mercado - as empresas investem de 5% a 10% de suas receitas líquidas;
b) do governo - programas governamentais de defesa, pagamento de sobrepreço por
determinado período, encomendas programadas, uso do poder de compra de uma forma geral,
linhas de crédito subsidiadas, etc;
c) venture-capital - usado principalmente nos EUA;
d) nos grandes grupos, de outros negócios que se beneficiam da existência dentro do
próprio grupo de atividades no complexo eletrônico.
A dinâmica do ciclo de vida curto tem sido mais importante em alguns setores do
complexo, como o de bens eletrônicos de consumo (BEC), e em alguns segmentos da informática.
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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O setor de automação tem se comportado de maneira mais conservadora e mesmo quando
introduz produtos mais recentes não costuma substituir os já instalados, embora nos comandos
numéricos e controladores lógicos programáveis de pequeno porte já comecem a aparecer
produtos com características de commodities. O setor de telecomunicações apresenta
características mistas quanto ao ciclo de vida dos produtos. São mais longos nas centrais de
comutação e mais curtos nos equipamentos terminais.
O setor de BEC, embora opere com baixo ciclo de vida, não tem apresentado segmentação
relevante pois seus produtos apresentam características de commodities, com grande escala de
produção, e as oportunidades de entrada de novas empresas não têm sido freqüentes. Por outro
lado, a segmentação intensa tem sido característica importante na informática, oferecendo
freqüentes oportunidades de entrada. Simultaneamente, segmentos já consolidados na informática
apresentam características similares às de BEC quanto à escala de produção e oportunidades de
entrada.
O acesso a componentes ou conjuntos de componentes microeletrônicos que se
transformam em padrões de fato em determinados setores, bem como softwares básicos e
aplicativos de fácil acesso, tem sido condição essencial para o elevado dinamismo verificado em
alguns segmentos, por exemplo, na microinformática. Já para os BEC, componentes
microeletrônicos proprietários correspondem à regra, embora tal situação possa vir a sofrer
alterações em futuro próximo.
O investimento na disseminação e fixação da marca tem sido outro padrão no
comportamento e estratégias das empresas do complexo eletrônico, bem como o estabelecimento
de amplas redes de comercialização e assistência ao usuário. Esse investimento é mais suportável
quando as empresas atuam em diferentes setores do complexo. Assim, associado ao pilar técnico
básico do seu dinamismo - a digitalização da informação - a atuação abrangente nos vários setores
do complexo eletrônico tem sido um fator diferenciador muito importante ao sucesso das
empresas.
Para se analisar os fatores determinantes da competitividade no complexo eletrônico, além
das características do padrão de concorrência já referidos, se faz essencial, à vista do dinamismo
do complexo, considerar algumas das tendências dos setores que o compõem.
Por decorrência da crescente difusão de produtos e sistemas com arquiteturas,
subconjuntos e componentes padronizados, uma parcela importante dos mercados é atendida por
produtos com características de commodities. Esses bens são produzidos e comercializados em
grande escala, sem grande esforço de diferenciação ou personificação, por grandes grupos com
grande poder financeiro e tecnologia, particularmente no setor de BEC. As inovações nesses
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produtos, embora freqüentes, são incrementais, acarretando ciclo de vida curto mais em função de
alterações superficiais.
Na verdade, parte importante da estratégia de marketing nesse caso é concentrada na
constituição de uma grande base instalada e sobre essa base são comercializadas soluções com
incrementos tecnológicos relativamente pequenos que, se criam a necessária atratividade junto ao
mercado consumidor, propiciam uma receita estável para os produtores desses bens. Cria-se,
dessa forma, para produtos não necessariamente obsoletos, a impressão de obsolescência que
induz o consumidor a incorporar os melhoramentos ou às vezes até a substituição integral. A área
de software é pródiga em exemplos dessas atualizações incrementais. Nesse contexto, a fixação de
uma marca - quase uma griffe - é de fundamental importância.
Há ainda mercados mais especializados, onde a escala de produção não é necessariamente
importante mas sim a personalização de soluções, de um lado, ou a especialização em nichos de
mercado, de outro lado.
O quadro 1.3.2 resume os fatores de competitividade mais relevantes.
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QUADRO 1.3.2
FATORES DE COMPETITIVIDADE
COMMODITIES DEDICADO
INTERNOS À EMPRESA
Capacitação Tecnológica PI MI
Produção Automatizada MI PI
Capacidade Financeira MI I
Marca MI I
Rede de comercialização/Suporte MI PI
Precedências na Entrada do Mercado MI PI
Parcerias PI I
Economias de Escopo PI MI
Economias de Escala MI PI
Integração Vertical PI I
Imagem de Credibilidade PI MI
Capacitação em R.H. I MI
FATORES ESTRUTURAIS
Dimensão do Mercado MI PI
Escala Mínima MI PI
Competência dos Usuários PI MI
Interação com usuários PI MI
Padrões MI I
Acesso a Insumos/Componentes I MI
Grau de Diversificação no CE I I
Integração Vertical MI PI
Rede de Fornecedores MI I
Custo da mão de obra MI I
FATORES SISTÊMICOS
Infraestrutura Educacional I MI
Infraestrutura Tecnológica I MI
Infraestrutura Telecomunicações I MI
Infraestrutura Industrial MI MI
Fomento à P&D e RH I MI
Fomento à Exportação MI MI
Ação contra práticas desleais de comércio MI MI
Política de Compras de Governo MI MI
Ação Contra Contrabando MI I
Estabilidade política macro MI MI
Política industrial e setorial de longo prazo MI MI
Política tributária MI MI
Financiamento ao investimento industrial MI MI
Financiamento à exportação MI MI
MI - Muito Importante ; I - Importante ; PI - Pouco Importante
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2. COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
2.1. Desempenho e Capacitação no Complexo Eletrônico
A compreensão da situação atual das indústrias do complexo eletrônico no Brasil não é
possível sem a análise da evolução das políticas dos vários setores que o compõem e da própria
política de desenvolvimento industrial do país. Particularmente após a segunda guerra mundial o
modelo de desenvolvimento industrial adotado pelo país foi o da substituição de importações.
Nesse modelo as empresas ganham competitividade com relação a produtos importados pelo
simples fato de produzirem localmente. Esse processo de substituição de importações se estendeu
por toda a cadeia produtiva e em todos os setores industriais. Ao longo do tempo, e devido à
ineficiência de vários elos da cadeia produtiva, a falta de competitividade se estendeu por
praticamente todos os setores industriais. Isso implicou a criação de uma reserva de mercado para
todos os setores. Quando se fala em reserva de mercado associa-se a idéia à área de informática;
porém, em todos os setores havia reservas de mercado. Assim, era proibido importar carros,
televisores, eletrodomésticos de uma forma geral, tecidos, roupa feita, etc.
A própria existência de um mercado interno relativamente grande, ao contrário de alguns
países do sudeste asiático que costumam ser apresentados como paradigmas, acabou auxiliando na
inibição dos mecanismos de busca de competitividade, particularmente visando ao mercado de
exportação. O esforço de exportação deve ser contínuo e sistemático. No caso brasileiro, com
poucas exceções, o mercado externo servia de válvula de escape a quedas na demanda interna.
Estratégias visando desenvolvimento de marcas próprias praticamente inexistiram. Sequer
mecanismos de apoio ao desenvolvimento de marcas foram criados. Além de todos esses aspectos
convém lembrar que o modelo de substituição de importações leva a simplesmente tentar produzir
internamente tudo o que seria importado. A idéia de seletividade na indústria não é consistente
com o modelo.
Por outro lado, durante o final da década de 60 e início da década de 70, quando um novo
paradigma industrial-tecnológico estava em gestação nas economias centrais, os esforços
realizados na área industrial no Brasil ainda eram moldados por um perfil mais compatível com o
paradigma que se esgotava, num esforço para "completar" a industrialização. Na verdade, a
política industrial estabelecida durante a primeira metade da década de 70 criou uma fronteira de
expansão e permanência no país para indústrias do paradigma que se esgotava nos países líderes
quando estes já avançavam no novo paradigma.
Mesmo para indústrias participantes do novo paradigma adotou-se no país a abordagem
consistente com o velho paradigma, ao passo que países do sudeste asiático, inclusive alguns
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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NIC's, já se posicionavam de forma adequada ao paradigma que se iniciava. A implantação da
indústria de BEC na Zona Franca de Manaus destruiu por completo a indústria eletrônica de bens
de consumo então existente no país, além de deixar de aproveitar de forma adequada uma
transição tecnológica importante - TV a cores - e ainda hoje cria obstáculos sérios a uma política
adequada para o complexo eletrônico.
A política industrial de telecomunicações, bastante bem formulada no contexto do novo
paradigma, sofreu permanente pressão de grupos internacionais aqui instalados de forma que o
efeito multiplicador que até exerceu, durante um certo tempo, acabou por se amortecer.
O estabelecimento da política de informática padeceu de permanentes indefinições durante
grande parte da década de 70 e acabou por se iniciar, sob a responsabilidade da CAPRE, em 1976,
meio por acaso, como decorrência do controle de importações imposto ao país, a partir de 1975,
devido à pouca disponibilidade de divisas ocasionada pelo primeiro choque do petróleo e da
verificação de que as importações de computadores já representavam o terceiro item mais
importante na pauta de importações de manufaturados.
Em contrapartida, na mesma época, nos países centrais, a ação do Estado no complexo
eletrônico dava-se tanto do lado da oferta quanto da demanda. Do lado da oferta criando as
condições infra-estruturais na educação, investimentos em P&D, financiamentos especialmente
atraentes, estabelecendo condições de redução de custo e de riscos; e atuando pelo lado da
demanda, não apenas através do tradicional e bem usado poder de compra do governo, como
fomentando a modernização e automação da indústria pela incorporação de produtos de base
microeletrônica ao parque industrial. No Brasil, não só as ações nunca foram articuladas como a
última década apresentou níveis de investimento extremamente baixos.
Nesse quadro de referência não é de estranhar que a indústria do complexo eletrônico
instalada no país seja muito pouco competitiva.
QUADRO 2.1.1
COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
CARACTERÍSTICAS SETORES
INFO BEC TELE AI SW
Exportações NC NC NC NC NC
Preços C NC NC C C
Qualidade dos Produtos C C C C C
Capacitação Tec. Própria C C C C C
Rede Comerc. Local C C C C C
Rede Comerc. Intern. NC NC C NC NC
NC - não competitiva C - Competitiva
Nota: Ao indicar que um determinado setor é competitivo com respeito a um determinado parâmetro, isto significa
que produtos de alguns segmentos do setor são claramente competitivos. Por exemplo, automação bancária no caso
de informática. A indicação NC significa a não competitividade de todos os produtos do setor.
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
IE/UNICAMP-IEI/UFRJ-FDC-FUNCEX
As Notas Técnicas setoriais do complexo eletrônico apresentam de forma detalhada a
situação de competitividade das indústrias do complexo, resumida com referência a alguns
parâmetros no quadro 2.1.1.
2.2. Fatores de Competitividade
Nesta seção procura-se analisar diversos fatores de competitividade - empresariais,
estruturais e sistêmicos - e como o país se encontra em relação a esses fatores.
Torna-se muito difícil estabelecer um julgamento preciso quanto aos fatores empresariais
em função da heterogeneidade existente nas diferentes empresas que atuam no complexo e
também pelo atropelo com que as regras no setor foram alteradas. Além disso, dados mais
recentes sobre o desempenho das empresas são escassos, já que as estatísticas que eram
normalmente realizadas por órgãos do próprio governo foram descontinuadas.
É interessante comparar alguns dados referentes a 1989 e 1992 no setor de informática, ou
seja, antes e depois das mudanças na Política Nacional de Informática (PNI), especificamente nos
segmentos de processamento de dados e de automação industrial.
QUADRO 2.2.1
EMPRESAS DE INFORMÁTICA
DESEMPENHO EM 1989 E 1992
1989 1992
Faturamento Empres. Nac. ( US$ Milhões) 2774 2061
Faturamento Empres. Estr.( US$ Milhões) 2025 2691
Faturamento Total Equip. ( US$ Milhões) 4799 4752
Importações ( US$ Milhões) 882 1498
Investimentos Empres. Nacion. (US$ Milhões) 848 238
Investimentos Empres. Estr. (US$ Milhões) 1597 374
Investimentos Total ( US$ Milhões) 2445 612
Empregos Nível Superior 24113 13343
Empregos Total 74390 30919
Fonte: Dados de 1989 - Panorama do Setor de Informática Vol. 1 N. 1 Set. 91
Dados de 1992 - preliminares da Automática
Os dados indicam que em 1992 foram recuperados os níveis de faturamento de 1989,
porém com uma inversão nas posições de empresas nacionais e estrangeiras. O nível de
importações, por outro lado, praticamente dobrou.
O número de postos de trabalho no setor foi cortado praticamente pela metade e houve
um deslocamento de parte do pessoal das áreas de P&D para outras atividades dentro das
empresas.
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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Os investimentos totais caíram drasticamente, sendo que proporcionalmente caíram mais
os investimentos das empresas estrangeiras. Essa queda dos investimentos também pode ser
observada no gráfico a seguir.
GRÁFICO 2
ANO
US$
-500000
0
500000
1000000
1500000
2000000
2500000
3000000
71 73 75 77 79 81 83 85 87 89 91
Invest e Reinvest Geral
Invest e Reinvest Inform
Nota: Valores em Informática multiplicados por 10.
Fonte: Banco Central
Os dados do gráfico se estendem por um período maior que 20 anos, o que assegura a
minimização da influência de diferentes políticas adotadas no período.
Observa-se que a tendência do investimento estrangeiro em informática acompanha a
tendência do investimento como um todo no país. Como decorrência, os argumentos muitas vezes
apresentados de que a reserva de mercado inibia tais investimentos não é procedente. Ao
contrário, o que se pode observar, por exemplo, no período 1985-1986 é um aumento dos
investimentos em informática quando os investimentos no país como um todo decresciam. Outro
comportamento relevante é o do período 1990-1991: no exato momento do posicionamento do
Governo contra a PNI, os investimentos ficaram negativos, o que nunca havia acontecido no
passado.
Como explicar os comportamentos de 1985-1986 e 1990-1991? Só há um elemento em
comum nos dois eventos. Em 1985 entrou em vigor a lei 7232 que fixou a Política Nacional de
Informática (PNI) em lei. No final de 1991 foi aprovada a nova lei de informática n. 8248. A única
conclusão possível a se tirar é que, para interessar os investimentos estrangeiros, é mais
importante uma regra estável do que o conteúdo da regra. A grande maioria das empresas
estrangeiras tem capacidade de adaptação a diferentes regras, embora, evidentemente, possam dar
preferência a determinadas regras.
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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Por outro lado, a instabilidade de regras tem provocado insegurança em todos os setores
do complexo. Algumas das iniciativas em que o país se engajou sem ter uma idéia muito clara de
como poderiam terminar ainda estão a gerar fortes incertezas. Veja-se, por exemplo, o caso do
Mercosul, com cronogramas amplamente reconhecidos como inviáveis e no entanto se prossegue
como se fossem absolutamente sensatos. Mesmo considerando que a proposta do Mercosul possa
ser interessante, o cronograma estabelecido tira grande parte da credibilidade da idéia.
Tomemos a situação da Zona Franca de Manaus. Como ficou claro na Nota Técnica
Setorial, as modificações estabelecidas na legislação visaram exclusivamente o curto prazo e a
proteção das indústrias locais frente às importações. As empresa fizeram o ajuste visando
fundamentalmente redução de custos a curto prazo. Isso, sem dúvida, foi feito com sucesso. As
três maiores empresas produtoras de televisores coloridos acusaram um incremento de
produtividade médio (horas/homem/produto, na fase de montagem) de 2,5 para 1, entre 1989 e
1992; estas mesmas empresas acusaram um declínio de falhas em campo de 17,8% para 8,1% no
mesmo período, além de uma redução expressiva nos preços industriais - 40% em média. Os
custos desse ajuste foram arcados pela indústria de componentes e pelo lado social. Entre 1989 e
1992 57% da mão-de-obra empregada foi dispensada, situação que tende a se agravar em 1993.
Dentro das empresas, o nível de dispensas deve atingir 68% nas linhas de produção, entre 1989 e
1993, 29% na engenharia e 11% em P&D. Os investimentos caíram de US$ 97 milhões para US$
49 milhões.
Se competitividade for conceituada como a capacidade da empresa de sobreviver no curto
prazo em situações bastante adversas e de continuar sobrevivendo no médio e longo prazo, então
deve-se concluir que a capacidade competitiva empresarial está comprovada, ao menos quanto à
condição necessária.
A sobrevivência no médio e longo prazo e quais serão as características dessas empresas
dependerá das políticas que venham a ser estabelecidas no país e do posicionamento estratégico
das empresas frente a essas políticas. Numa área como esta de vantagens comparativas
construídas, política nenhuma ou políticas pouco definidas ou instáveis induzirão as empresas a
um posicionamento estratégico com perfil menos industrial e mais comercial e vice-versa.
O quadro a seguir resume os fatores de competitividade relevantes e a avaliação feita nas
notas técnicas setoriais.
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QUADRO 2.2.2
FATORES DE COMPETITIVIDADE E SITUAÇÃO DAS EMPRESAS BRASILEIRAS
RUIM REGULAR BOM
EMPRESARIAIS
Estratégias x
Capacitação x
Gestão empresarial x
Relações Trabalhistas x
Porte Econômico x
ESTRUTURAIS
Concentração Econômica no Setor x
Concentração Técnica no Setor x
Integração/Diversificação Produção x
Infra-estrutura Tecnológica x
Relações intra-complexo x
Relações inter-complexos x
Relações Fornecedores/Usuários x
SISTÊMICOS
Fatores Macro
Câmbio x
Crédito x
Juros x
Infra-estrutura Física x
Fatores Político-Institucionais
Carga Tributária x
Incentivos/Subsídios x
Ações Regulatórias x
Sociais
Acordos Coletivos x
Treinamento/Educação x
Internacionais
Mercosul x
Acesso a mercados x
Acesso a Capital x
Acesso a Tecnologia x
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3. PROPOSIÇÃO DE POLÍTICAS
Os documentos recentes de Política Industrial do governo brasileiro propõem uma atenção
especial ao complexo eletrônico. Nessas notas procurou-se chamar a atenção para alguns aspectos
de fundamental importância ao seu desenvolvimento:
- o maior mercado mundial será o da indústria da tecnologia da informação.
- geração de progresso técnico;
- difusão do progresso técnico;
- permanente oferta de novos produtos para mercados já existentes e abertura de novos
mercados;
- convergência técnica que unificará mercados distintos, via digitalização da informação;
- economias de escala para os produtos com características de commodities;
- economias de escopo e de aprendizados de uma forma geral;
O desafio que se apresenta é o de formular estratégias que simultaneamente promovam
uma maior inserção internacional do país, preservem e incrementem a experiência já acumulada,
tomem em consideração os aspectos importantes do complexo eletrônico e compatibilizem
politicamente os interesses já estabelecidos nos vários setores que o compõem.
"A primeira questão diz respeito a um reexame da situação da Zona Franca de Manaus,
que deve ser preservada (como, aliás, consta da Constituição). Em sua preservação, entretanto,
deve-se evitar o desvirtuamento do projeto, que foi concebido como um mecanismo para
proporcionar à região sob influência de Manaus os efeitos dinâmicos de um pólo de crescimento
integrado, de indústria e agropecuária. Evitar a desfiguração, no caso, significa assegurar que esse
caráter integrado seja mantido, inclusive, para alimentar a população da área com a produção
agropecuária. E, também, ter cuidado para evitar que a Zona Franca assuma dimensões
desproporcionais à sua finalidade, com o alto nível de subsídio existente.
Neste último aspecto, cabe uma observação. O advento de altas tecnologias se beneficia
intensamente da interconexão entre informática-eletrônica (hardware, periféricos e software) e
eletrônica de consumo. É razoável manter uma parte da eletrônica de consumo na Zona Franca.
Mas não é possível nela centralizar o futuro da eletrônica de consumo brasileira e, menos ainda, o
futuro da indústria de novas tecnologias. Destas depende toda a modernização da indústria
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brasileira e a exploração das novas vantagens comparativas do país. Por isso, tais setores devem
ser desenvolvidos, essencialmente, a custos competitivos, onde mais eficiente for sua
localização."1
O Quadro 3.1 dá uma idéia do valor correspondente aos subsídios existentes.
QUADRO 3.1
INCENTIVOS FISCAIS FEDERAIS
% do PIB %da Receita
.Imposto de Renda P.J. 0,79 47,30
.Incentivos Setoriais 0,06 3,59
.Incentivos Regionais 0,63 37,72
.Nordeste 0,44 26,34
.Amazônia 0,18 10,78
.Outros 0,01 0,60
.Outros 0,10 5,99
.IPI 0,91 42,00
.Incentivos Setoriais 0,17 7,85
.Incentivos Regionais(Manaus) 0,72 33,23
.Outros 0,02 0,92
.Imposto de Importação 0,24 69,80
.Incentivos Setoriais 0,02 5,82
.Incentivos Regionais(Manaus) 0,11 31,99
.Outros 0,11 31,99
.TOTAL 1,94 46,83
.SETORIAL 0,25 6,03
.REGIONAL 1,46 35,24
.NORDESTE 0,44 10,62
.AMAZÔNIA(incl. Manaus) 1,01 24,38
.OUTROS 0,01 0,24
.OUTROS 0,23 5,55
Fonte: Ministério da Economia-Abril 1992. Reproduzido de documento do FMI
O quadro anterior mostra com clareza o destino dos incentivos e os respectivos valores.
Como se pode observar, mais da metade dos incentivos federais concedidos no país é destinada à
Amazônia, principalmente para Manaus (24,38% de um total de 46,83% da receita que é dirigida
a incentivos). Portanto a Amazônia, particularmente Manaus, recebe a cada ano aproximadamente
1% do PIB sob a forma de incentivos, enquanto todo o nordeste recebe menos de 0,5% do PIB.
Uma segunda questão é como elaborar uma política para o complexo eletrônico que
possibilite, além da criação de progresso técnico, também a difusão desse progresso. Nesse
sentido, o setor de BEC foi o mais carente, como decorrência da própria política para o setor, que
em momento algum enfatizou esse aspecto, mas simplesmente as questões regionais. Tanto a
política de informática como a de telecomunicações enfatizaram a questão do progresso técnico.
Em termos de difusão desse progresso esta foi mais eficiente que aquela.
1 Velloso, João Paulo dos Reis - "Idéias para a estratégia industrial e tecnológica". Fórum Nacional, 1992.
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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Em todos os países desenvolvidos a difusão do progresso técnico tem sido objeto de
preocupações das políticas de governo. Essa preocupação se concentra em duas frentes diferentes.
De um lado buscando automatizar processos produtivos visando baixar custos, melhorar
qualidade ou substituir mão-de-obra em tarefas onde ela se mostra claramente inadequada. De
outro lado busca-se, com programas de retreinamento, adequar a mão-de-obra disponível às novas
demandas do mercado.
Como argumenta com clareza Araújo Jr., a contrapartida a "barreiras declinantes aos
movimentos de mercadorias e capitais está na tendência ao crescimento da parcela do PIB que é
aplicada segundo prioridades políticas e não a partir de sinais de mercado (...) O fortalecimento da
intervenção estatal sobre a economia tem sido utilizada para duas finalidades:
1. Garantir recursos abundantes à principal fonte de dinamismo do modo de produção
capitalista, o progresso técnico, independentemente do ânimo dos investidores privados;
2. Contrabalançar a principal perversidade do progresso técnico que é a geração de
disparidades sociais, através de investimentos em educação, seguridade social e outros programas
de bem estar".
Uma terceira questão se refere à necessidade de compatibilização entre o processo de
liberalização da economia, com a queda de barreiras tarifárias, e a preservação da experiência
acumulada nos vários setores que compõem o CE.
A partir de 1990, as empresas na informática, automação e telecomunicações praticamente
eliminaram seus departamentos de P&D e se posicionaram buscando uma característica muito
mais comercial que industrial. Esse movimento estratégico definitivamente compromete a geração
endógena de progresso técnico. Por outro lado, as empresas produtoras de BEC, todas situadas
na ZFM, sentiram-se ameaçadas, como a própria Zona Franca, pelo rebaixamento das barreiras
tarifárias. É condição essencial à sobrevivência daquelas empresas e da ZFM a existência de
significativo diferencial de taxação entre a Zona Franca e o resto do país. Adotou-se como
solução de emergência o incremento para determinados produtos do IPI em todo o país, menos na
ZFM. Além da queda do diferencial de importação, a criação do Mercosul tem sido encarado
como forte ameaça à ZFM. Alguns imaginam até que os interesses da zona franca da Patagônia se
articularão com os da Zona Franca de Manaus criando um eixo Patagônia-Manaus e encontrarão
uma saída no contexto do Mercosul.
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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3.1. Diretrizes
No início desta Nota Técnica informou-se que até o final da década a indústria da
tecnologia da informação responderia por 20% do "Produto Mundial Bruto", correspondendo a
um mercado de cerca de US$ 3 trilhões. Se o Brasil pretende participar deste mercado, não
apenas como consumidor, é preciso começar por reconhecer a necessidade de estabelecer uma
estratégia para isso.
Propõe-se que se estabeleça como objetivo, ou se encare como desafio, o seguinte:
participar do mercado das indústrias da tecnologia da informação usando e produzindo bens e
serviços, criando espaços para a geração de empregos e difundindo o uso dessas tecnologias de
forma ajustada à nossa realidade.
O Brasil desenvolveu atividades nas indústrias do complexo eletrônico durante os últimos
20 anos. Foram desenvolvidos conhecimentos e competências que apenas alguns países do
primeiro mundo conseguiram. Nestas notas procurou-se mostrar como é importante a experiência
acumulada nessa área. Temos, infelizmente, a tendência de desacreditar no que já foi feito e
imaginar que seja possível simplesmente apagar a História e começar de novo por trajetória
completamente nova. Isso não é possível e, se fosse, seria a forma mais ineficiente de fazê-lo. É
claro que se deve aprender com os erros do passado mas é evidente, também, que o processo de
desenvolvimento do passado nos legou uma base industrial, de recursos humanos e de experiência
empresarial que poucos países detêm. Não faz sentido tentar evoluir na construção do futuro
desprezando essa base. Portanto, deve-se utilizar e incrementar experiência acumulada
Partindo do princípio de que o Brasil quer participar do mercado da tecnologia da
informação não apenas como usuário mas produzindo e fornecendo bens e serviços e gerando
empregos no país, então é preciso selecionar áreas de atuação onde concentrar os esforços. No
modelo de substituição de importações, como já foi discutido nesta nota, a tendência natural é a
de produzir tudo no país. Numa economia mais aberta, é necessário escolher áreas de atuação.
Em 1986, na palestra de abertura do III Congresso Mundial de Engenharia Química o
Professor Seiichi Ishizaka apresentou um tema chamado por ele de "Ciclo de Inovação".
Argumentava que um estudo sobre os ciclos de inovação que exerceram grande influência na
humanidade mostraria que nos estágios iniciais a pesquisa básica havia sido quase inteiramente
conduzida nos EUA e na Europa. No estágio em que essas tecnologias já estavam razoavelmente
maduras o Japão teria sido o país que melhor proveito teria tirado dessas tecnologias.
Como já referido, há duas formas distintas de expansão dos mercados: através de
mudanças radicais, com processos extremamente inovadores, ou através de mudanças graduais,
num processo de aperfeiçoamento incremental. O primeiro modo é mais frequente em setores
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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novos, como foi a microeletrônica no passado e como é a biologia molecular no presente. O
segundo modo é mais frequente nas áreas mais maduras. No primeiro caso, os investimentos em
tecnologia se dão mais a nível de laboratórios; no segundo caso os investimentos e
desenvolvimentos se dão mais nas empresas, a nível de mercado.
Claramente as indústrias da tecnologia da informação encontram-se, no presente, muito
mais próximas das inovações incrementais que das radicais. Ora, em sendo assim é fundamental,
no complexo eletrônico, a presença de empresas atuando no mercado e desenvolvendo
incrementalmente novas soluções. Neste sentido, o sucesso industrial é causa do investimento
em P&D e não o contrário.
É evidente que enquanto determinadas atividades não se encontram em estágio industrial
esse mecanismo de investir parte da receita para sustentar atividades de P&D não é operacional.
Além disso, sempre há atividades que não têm, num determinado momento, interesse industrial,
mas há interesse, em função de objetivos da política industrial-tecnológica, que essas atividades
sejam realizadas e que recursos sejam a elas destinados, particularmente quando se trata das
tecnologias já enumeradas como sendo básicas à indústria da tecnologia da informação. Devem
ser definidos projetos prioritários para investimentos sem a pressão imediata de demanda de
mercado, o que requer aplicar recursos nas áreas de tecnologias básicas à indústria da
tecnologia da informação. Tais projetos evidentemente deverão ser centrados nas tecnologias
básicas já referenciadas e desenvolvidos fundamentalmente em centros de tecnologia.
Um dos temas que costumam ser apresentados como importantes no complexo eletrônico
é o da associação com empresas estrangeiras. A experiência recente, particularmente no setor de
informática, não sugere que essas associações tenham tido o sucesso esperado. A provável
explicação para isso talvez esteja no fato de que nem as empresas nacionais, nem as estrangeiras,
estivessem preparadas para essas associações e nem os interesses de parte a parte fossem
complementares. Como já mostrado na discussão do cenário internacional, uma minoria das
empresas internacionais têm estado preparadas, ou têm como parte de suas estratégias a
associação com empresas locais. Porém, como decorrência do processo de globalização, cada vez
mais empresas com atuação global passam a reconhecer a necessidade destas associações e
também a importância da definição autônoma em suas parcerias locais. É chegada a hora de iniciar
a busca desses parceiros, devendo fazer parte das diretrizes para o complexo eletrônico buscar
parceiros com atuação global.
O Brasil saiu do modelo de substituição de importações, em que os mecanismos de defesa
econômica estavam essencialmente associados ao controle de importações, para uma economia
mais aberta sem ter experiência no uso de mecanismos de defesa econômica nessa nova situação.
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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Como se defender de práticas desleais de comércio? O CADE ficou 30 anos sem funcionar. É
urgente agilizar o uso dos mecanismos de defesa contra práticas desleais de comércio.
Um dos mecanismos de política industrial utilizado com maior eficiência nos países
desenvolvidos é o poder de compra do Estado. Uma sugestão inicial para discussão é adotar-se
orientação similar à legislação americana votada em 1991.
Particularmente no exemplo já descrito da ZFM, as empresas têm demonstrado capacidade
de rápida adaptação a condições adversas. Todas as indicações disponíveis sugerem que numa
economia mais aberta haverá uma tendência à automação de processos produtivos. Essa
automação diminui postos de trabalho nas áreas automatizadas. Nos países desenvolvidos essa
diminuição é compensada, em parte, pela geração de postos nas empresas que produzem os
equipamentos e serviços de automação e, em parte, pela exportação desses bens e serviços para
países, como o Brasil, que tentam ganhar competitividade rapidamente. Outro aspecto relevante é
que nos países desenvolvidos um dos motivos importantes para a automação é o custo da mão-de-
obra, além da qualidade. O problema brasileiro é diferente, pois é preciso buscar soluções de
automação que economizem capital, particularmente capital de giro. Esse processo ocasiona, para
o país, um efeito triplamente perverso: 1 - elimina postos de trabalho no país, via automação; 2 -
não possibilita a geração de novos postos de trabalho, já que acabamos por importar todos os
bens e serviços necessários à automação; e 3 - a solução importada não é a mais adequada aos
nossos problemas, o que gera ineficiências e, por decorrência, perda de competitividade. É
portanto necessário promover a difusão da tecnologia de automação de forma ajustada aos
nossos fatores de produção mais limitantes.
É frequente que os investimentos em automação sejam feitos com financiamentos oficiais,
até com recursos do FAT. Os ganhos de produtividade associados a essa automação devem
ser adequadamente partilhados entre capital e trabalho, através de programas de
retreinamento, realocação e até de geração de empregos em outras atividades.
3.2. Políticas de Reestruturação
- Cadeias Produtivas
Como já apontado neste texto, a seleção de áreas de atuação é essencial na mesma medida
em que se abre a economia. É evidente que muitos afirmarão que o próprio mercado se
encarregará de realizar essa seleção com muito mais eficiência que qualquer outro mecanismo. A
proposta dessas notas é concentrar os poucos recursos disponíveis em algumas poucas áreas. Isso
implica não se tentar produzir tudo no país mas procurar fazer bem aquilo que venha a ser feito
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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aqui. Como decorrência, o sourcing do que não venha a ser feito aqui deverá ser feito a nível
mundial. A definição já feita quanto a "Processo Produtivo Básico" (PPB) já impõe um ponto de
corte nas cadeias produtivas. Essa definição de PPB adotou, como ponto de referência, a
montagem de placas de circuito impresso. Ora, isso significa dizer que o acesso aos componentes
deva ser feito via sourcing mundial. Por decorrência, a área de componentes, de uma forma geral,
deixa de ser considerada como prioritária, do ponto de vista industrial.
Algumas atividades em microeletrônica poderiam ser mantidas, já que essa é uma das
tecnologias básicas à indústria da tecnologia da informação. Nesse sentido parece sensato que se
trate como prioritária a área de projeto de circuitos integrados (ASICS) e se apóie em
universidades e centros de pesquisa atividades de microeletrônica de uma forma geral, visando a
preservação e incremento da experiência acumulada, bem como investimentos já realizados,
particularmente no CTI. Aliás, o CTI poderia voltar a concentrar suas atividades no que era seu
projeto original, a microeletrônica, articuladamente com o CPqD da Telebras.
-Reestruturação Patrimonial/Industrial
Os estudos realizados indicam que já existe uma razoável concentração em todos os
setores do complexo. Em praticamente todos os segmentos as duas ou três maiores empresas
detêm a maior parte do mercado interno. Por outro lado, se nos vários segmentos, juntassem-se as
maiores empresas, ainda assim teríamos empresas de porte pequeno em termos mundiais.
Apenas como termo de comparação, o maior grupo privado brasileiro é mais de dez vezes
menor que os principais conglomerados coreanos. Essa é uma frente que certamente será melhor
equacionada pela iniciativa das próprias empresas sem necessidade de qualquer política especial.
- Ações cooperativas
Um belo exemplo de um tipo de ação cooperativa é o programa SOFTEX 2000. Aliás o
setor de software é o mais propício para ações cooperativas horizontais. Devem ser concentrados
esforços no programa SOFTEX.
No contexto das ações cooperativas sugere-se convidar as empresas que atuam em áreas
prioritárias para propor projetos conjuntos a serem apoiados pelos órgãos de financiamento do
governo.
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- Organização Espacial da Produção
O único setor do complexo eletrônico concentrado regionalmente é o de bens eletrônicos
de consumo. Não deve haver qualquer diferença de tratamento regional no complexo eletrônico.
A única atuação nesse caso é o de evitar que a política da Suframa continue a tentar criar
vantagens comparativas artificiais, via incentivos, buscando atrair empresas de outros setores que
não o de bens eletrônicos de consumo.
- Articulação empresa/infraestrutura científica-tecnológica
Como já discutido nesta nota, a inovação nas indústrias do complexo se dão na presente
fase nas empresas e não mais nas universidades e centros de pesquisa. Portanto, a articulação que
pode haver deve ser centrada em treinamento de pessoal. As empresas do setor são contribuintes
do SENAI. O treinamento que se tem oferecido visa atender ao perfil médio da demanda,
substancialmente diferente do perfil demandado pelas indústrias da tecnologia da informação, e
estas diferenças tenderão a se acentuar ainda mais. Propõe-se que o recolhimento das empresas do
complexo receba um tratamento diferenciado, destinado-se diretamente à formação de
especialistas para as empresas do complexo.
3.3. Políticas de Modernização
- Gestão Empresarial
Como já discutido, o complexo tem a característica de simultaneamente apresentar
fenômenos de oligopolização e segmentação, com o aparecimento frequente de empresas novas. É
comum que essas empresa novas careçam de apoio objetivando uma gestão mais eficiente.
Certamente o SEBRAE deve ser chamado a cooperar nessa área.
Por outro lado, o patamar de inflação existente no país mascara parcela das ineficiências.
A inflação elevada criou a cultura de repassar custos. Todos procuram repassar custos em
detrimento da identificação de pontos de ineficiência, com a correspondente ação visando
minimizar essas ineficiências. Essa não é uma questão que afeta apenas as empresas do complexo
eletrônico.
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- Automação da Produção
Nos países do primeiro mundo a automação é feita visando prioritariamente otimizar mão-
de-obra e essa automação acaba por diminuir custos também de capital, além de aumentar a
qualidade. O custo da mão-de-obra no Brasil é muito menor do que nos países do primeiro
mundo. Em compensação o custo do capital é aqui muito mais elevado. O processo de automação
deve, portanto, visar prioritariamente diminuir os custos de capital. Por decorrência, assim como
na esmagadora maioria das empresas no Brasil, as empresas de informática também terão muito
mais a ganhar investindo nas áreas de controle de estoque e movimentação de materiais.
- Atualização Tecnológica
Com o processo de abertura da economia e a possibilidade de se importar qualquer
produto não nos parece que deva haver qualquer política específica nesse sentido, além dos
incentivos já definidos na lei 8248, cabendo às empresas tomarem suas decisões quanto ao ritmo
de atualização tecnológica.
- Ajustes Organizacionais
Definitivamente esse é um ponto em que se deve estabelecer programas e, particularmente,
linhas de financiamento, para que as empresas possam realizar as reformas organizacionais que
passam a ser necessárias pela simples mudança do modelo de desenvolvimento do país.
3.4. Políticas Relacionadas a Fatores Sistêmicos
- Práticas Desleais de Comércio
Coibir práticas desleais de comércio é de fundamental importância no estabelecimento de
qualquer política. Não se tem no Brasil experiência na utilização dos mecanismos de
acompanhamento e ação contra tais práticas. Com a abertura do mercado, a utilização desses
instrumentos passará a desempenhar um papel muito mais importante. Embora exista um conceito
geral do que seja prática desleal de comércio, nestas notas propõe-se que elas sejam entendidas
como sendo qualquer prática que busque criar vantagens comparativas em desrespeito às leis ou
políticas estabelecidas no país. Dessa forma, dumping, contrabando, sub-faturamento nas
importações ou não cumprimento de contrapartidas estabelecidas em correspondência a incentivos
passariam a ser entendidas como práticas desleais de comércio. Por exemplo, o não cumprimento
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dos processos produtivos básicos necessários para a obtenção de incentivos poderia ser
enquadrável.
- Capital de Risco
A criação de um mecanismo de capital de risco depende não apenas da disponibilidade do
capital, mas da capacidade de análise de risco, como também de mecanismos de realização de
lucros nos negócios que tiveram sucesso. A forma de saída normal é via Bolsa. Os mecanismos de
Bolsa ainda são muito pouco desenvolvidos no país para considerar essa alternativa como realista.
Do lado da análise de risco os bancos privados têm tido alternativas muito melhores e com riscos
menores que o investimento em empresas de tecnologia de ponta. Os bancos oficiais claramente
também têm dado pouca atenção a esse mecanismo até por força da falta de tradição em sua
prática. Propõe-se que se possa utilizar parcela do imposto de renda devido pelas pessoas jurídicas
na aquisição de cotas de fundos que aplicarão os recursos na forma de capital de risco em
empresas do complexo. A forma de saída dos investidores seria via recompra de cotas pelo
próprio fundo.
- Financiamento ao Usuário
Além do uso do poder de compra pelo Estado sugere-se a criação de mecanismos de
financiamento ao usuário final com juros favorecidos. O diferencial nos juros poderia ser pago
com permissão para que os bancos que abrissem tal linha de crédito tivessem prazo adicional de
"float". A possibilidade de obtenção de linha de crédito com juros mais baixos certamente criaria
condições de aumento de demanda. As empresas candidatas a oferecer produtos nessas linhas de
crédito deveriam oferecer contrapartidas de agregação de valor e seriam elegíveis apenas os
produtos definidos como prioritários.
- Mercosul
Adotar o PPB (Processo Produtivo Básico), já definido internamente, como referência
para concessão de certificado de origem de forma permanente no âmbito do Mercosul e criar
mecanismos de acompanhamento do cumprimento das condições. Simultaneamente colocar todos
os produtos eleitos como prioritários num nível de proteção tarifária compatível com a evolução
das empresas produtoras desses bens. Além de todos esses aspectos é evidente que uma política
cambial realista dos países membros é condição essencial.
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3.5. Resumo das Proposições
O Quadro 3.5.1 procura dar uma indicação sintética das várias propostas, agrupando-as de
acordo com sua natureza e destacando o uso dos vários instrumentos para os setores específicos
do complexo eletrônico.
Na análise do quadro convém levar em consideração os comentários a seguir:
Poder de Compra - Sugere-se usar como referência básica a lei norte-americana de 1991-
American Technology Preeminence Act of 1991.
Financiamentos Oficiais - Os financiamentos oficiais devem estabelecer critérios
específicos no caso de automação de processos produtivos quanto à adequação das soluções, bem
como estabelecer condições equivalentes às usadas para o poder de compra do governo.
Modernização da Administração Pública - A modernização do país não depende apenas
da modernização das empresas. É fundamental a modernização da administração pública. Além da
valorização do servidor público, é preciso treiná-lo e dar-lhe as ferramentas que lhe permitam
aumentar a produtividade. Nesse sentido propõe-se que sejam estabelecidos projetos específicos
de informatização na saúde, educação, previdência, receita federal e judiciário. Esses projetos
devem estabelecer padrões de referência para fornecimento e deve-se utilizar os critérios de poder
de compra do governo já propostos.
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QUADRO 3.5.1
POLÍTICAS E INSTRUMENTOS
INSTRUMENTOS S E T O R NP A
INFO AUTO SOFT BEC TELE
DEMANDA
PODER DE COMPRA * * * * S E,C
FINANC. CONSUM. * * * S E,C,T
FINANC. INVEST. * * * M E
MODERN.ADM.PUBL. * * * * M E,L,J,T
EXPORTAÇÃO * * * * * S E,C
OFERTA
APOIO SELETIVO * * * * * R E
CAPITAL DE RISCO * S E,L,C
INCENTIVOS * * * * * R E
EQUALIZAÇÃO INCENT. * R E,L
AÇÕES COOPERATIVAS * * R E,U,C,T
APOIO TECNOL.BÁSICAS * * * * * M E,U,C,T
GANHOS DE EFICIÊNCIA * * * * * M TODOS
RETREINAMENTO * * * * * S E,C,T
CONTROLE
PRAT. DESLEAIS * * * * * R E
SONEGAÇÃO * * * * * R E
CONTRAPARTIDAS * * * * * R E,C
CONTRABANDO * * * * * R E
MERCOSUL * * * * * S E,L
Legenda: NP-Natureza da Política: R-Reestruturação; M-Modernização; S-Sistêmica
A-Ator: E-Executivo; C-Empresas; L-Legilativo; T-Trabalhadores; J-Judiciário;
U-Universidades e Centros Tecnologia
Exportação - Devem ser estabelecidas compensações ao custo de transporte a partir de
Manaus para exportação a outros países. Apoio continuado deve ser dado ao programa Softex. É
preciso estabelecer linhas de crédito ao comprador nas exportações e mecanismos de seguro às
exportações.
Incentivos - Além dos incentivos já definidos pela lei 8248, propõe-se, como incentivo à
compra de software desenvolvido no país e de circuitos integrados desenvolvidos no país, o
lançamento em dobro dessas compras como despesa para efeito de cálculo do imposto de renda
das pessoas jurídicas. Manter a legislação existente quanto a Empresa Nacional/Empresa
Estrangeira: evitar mudanças de regras.
Equalização dos impostos - Concentrar o apoio, na Zona Franca de Manaus, à produção
de televisores coloridos, inclusive com forte apoio para exportação. Para o restante dos produtos
do complexo eletrônico não deve haver diferença de incentivos em relação ao resto do país.
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
IE/UNICAMP-IEI/UFRJ-FDC-FUNCEX
Seletividade - Concentrar os esforços nos seguintes segmentos :
- Informática : automação bancária e comercial
impressoras para microinformática
terminais de exibição
- Automação : integração
- Software : aplicativos
- Bens eletrônicos de consumo : televisor a cores
- Telecomunicações : projeto Trópico e seus derivados e modems.
- Microeletrônica : projeto de circuitos integrados.
- Estabelecer projetos cooperados, via consulta com empresas, nas tecnologias básicas ao
complexo. Tais projetos devem receber forte apoio dos bancos de desenvolvimento e
financiadoras oficiais.
A adoção da seletividade de segmentos implica não apenas concentrar os incentivos nesses
segmentos, como manter para os mesmos a proteção tarifária mais elevada e o uso do poder de
compra preferencial, bem como a prioridade em financiamentos. Para os outros segmentos, baixar
a proteção tarifária. Tal posicionamento deixará muito clara a posição de governo. Caberá aos
empresários decidirem se pretendem ter apenas uma atuação comercial ou uma atuação industrial-
tecnológica. De acordo com seu comprometimento com investimentos, os incentivos recebidos e
as correspondentes contrapartidas serão menores ou maiores. O empresário estará inteiramente
livre para decidir qual caminho seguir. Poderá até atuar nas áreas prioritárias sem cumprir PPB e
outras contrapartidas, porém não terá quer os incentivos, quer prioridade no poder de compra ou
em quaisquer outros benefícios estabelecidos.
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
IE/UNICAMP-IEI/UFRJ-FDC-FUNCEX
4. INDICADORES DE COMPETITIVIDADE
O melhor indicador da competitividade de uma empresa é sua capacidade de sobreviver em
condições adversas, no presente, e continuar sobrevivendo no futuro. A sobrevivência no presente
é um indicador de decisões tomadas no passado e da agilidade em se adaptar a um ambiente
cambiante como é o brasileiro. A sobrevivência futura da empresa dependerá de seu
posicionamento estratégico e de sua flexibilidade já que os horizontes costumam ser muito curtos
no Brasil.
A primeira prioridade no país, antes de se tentar estabelecer um conjunto de indicadores de
competitividade, é elaborar e manter atualizados os dados estatísticos básicos.
Propõe-se a manutenção das seguintes séries:
- Produção
- Importação
- Mercado
- Exportação
- Empregos diretos gerados
- Distribuição dos empregos por nível de formação
- Distribuição dos empregos por áreas de atuação nas empresas
- Investimentos em P&D
- Preços médios de produtos na Europa, USA, Japão
Estabelecido esse conjunto básico de informações poderia se pensar num outro conjunto
de índices. Os propostos a seguir correspondem a uma síntese dos indicadores sugeridos nas notas
técnicas setoriais.
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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QUADRO 4.1
INDICADORES DE COMPETITIVIDADE
EFICIÊNCIA DESEMPENHO CAPACITAÇÃO
"Yield" Produção Market-Share Valor Agreg/Empregado
Giros Estoque Base Instalada Prod.Propr./Vendas
"Lead-Time" Linhas Faturamento Prod.Ind./Vendas
"Set-Up Time" Linhas Lucratividade Prod.Com/Vendas
"Time to Market" Exportação Despesas P&D
Linhas Código/H/Mes Preços Patentes
Custo/Linha Código Fatur./Empregado Estratégias
Todos os indicadores são auto-explicativos. No caso dos indicadores de capacitação
resolveu-se separar as vendas em termos de produtos proprietários - que são os produtos próprios
independentes de fontes externas de fornecimento de tecnologia - dos produtos industrializados
sob licença de terceiros e dos produtos apenas comercializados.
Para o indicador valor agregado por empregado sugere-se utilizar a relação (Valor
Presente do Faturamento - Valor Presente dos Materiais)/ Número Total de Funcionários.
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
IE/UNICAMP-IEI/UFRJ-FDC-FUNCEX
BIBLIOGRAFIA
AMAYA, N (1982) Basic Directions of the New International Trade and Industry Policy. In :
JOHNHAN C. (ed.) MITI and the japanease miracle.
ARAUJO JR, CORRÊA P.G. CASTILHO M.R. (1992) Oportunidades Estratégicas da Indústria
Brasileira na Década de 1990 - IV Forum Nacional.
BAATZ E. B. (1993) Survey : Go Global Electronic Business April 1993.
BAPTISTA M.A.C. (1993) Bens Eletronicos de Consumo - Nota Técnica Setorial - Estudo da
Competitividade da Indústria Brasileira
BUSINESS WEEK (1993) July 5, 1993
CHASE R.B., GARVIN D.A. (1989) The Service Factory. Harvard Business Review july/august
1989
CHASPORT D. (1992) La guerre des micros passe par les imprimants - Les Echos 7/10/1992
COPELIOVITCH S. (1993) Automação Industrial - Nota Técnica Setorial- Estudo da
Competitividade da Indústria Brasileira
FAJNZYLBER P. (1993) Informática - Estudo da Competitividade da Indústria Brasileira
GOMORY R. ( ) The Technology-Product Relationship- Early and Late Stages . Rosenberg N.,
Landau R., Mowary D.C. (ed) In Technology and Wealth of Nations.
HEIBES R. (1992) Does Europe Have a Place in the World Microchip Market? Channel nov/dec
1992
HENDERSON Y.K., LIEBMAN J.B. (1992) New England Economic Review jan/feb 1992
ISHIZAKA S. (1986) Innovation Cycle and Japan's Role - Palestra de Abertura do III World
Chemical Engineering Congress
MALVILLE R. (1993) Dot Matrix Lives PC World march 1993
PESSINI J.E. (1993) Telecomunicações Nota Técnica Setorial - Estudo da Competitividade da
Indústria Brasileira
PONDÉ J.L.S.P.S. (1993) Software Nota Técnica Setorial Estudo da Competitividade da
Indústria Brasileira
VELLOSO J.P.R. (1992) Idéias para a Estrtégia Industrial e Tecnológica Forum
Nacional
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
IE/UNICAMP-IEI/UFRJ-FDC-FUNCEX
RELAÇÃO DE QUADROS E GRÁFICOS
QUADRO 1.1.1
COMPOSIÇÃO DO INVESTIMENTO REAL, NÃO RESIDENCIAL,
POR ATIVOS E POR INDÚSTRIAS EM % DO TOTAL ............................................26
QUADRO 1.2.1
PERFIL DE ATUAÇÃO DE EMPRESAS AMERICANAS..........................................32
QUADRO 1.2.2
PREVISÃO DE INVESTIMENTOS DE EMPRESAS AMERICANAS........................33
QUADRO 1.2.3
EXPORTAÇÕES DO JAPÃO.......................................................................................33
QUADRO 1.2.4
DESTINO DOS INVESTIMENTOS JAPONESES.......................................................33
QUADRO 1.3.1
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS ESTRUTURAIS NO COMPLEXO
ELETRÔNICO..............................................................................................................34
QUADRO 1.3.2
FATORES DE COMPETITIVIDADE..........................................................................37
QUADRO 2.1.1
COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA...............................................39
QUADRO 2.2.1
EMPRESAS DE INFORMÁTICA DESEMPENHO EM 1989 E 1992..........................40
QUADRO 2.2.2
FATORES DE COMPETITIVIDADE E SITUAÇÃO DAS EMPRESAS
BRASILEIRAS.............................................................................................................43
QUADRO 3.1
INCENTIVOS FISCAIS FEDERAIS............................................................................45
QUADRO 3.5.1
POLÍTICAS E INSTRUMENTOS................................................................................55
QUADRO 4.1
INDICADORES DE COMPETITIVIDADE.................................................................58
GRÁFICO 1
ESTRUTURA OCUPACIONAL DA INDÚSTRIA DE
TRANSFORMAÇÃO (%).............................................................................................25
GRÁFICO 2..............................................................................................................................41
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