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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
IE/UNICAMP - IEI/UFRJ - FDC - FUNCEX
Por outro lado reduziram-se os dispêndios com treinamento de pessoal de 1,3 para 0,90%
entre 1987-89 e 1992. A distribuição do pessoal ocupado em 1992 mostra que apenas 1,44% dos
empregados encontrava-se alocado à atividades de P&D, 5,35% em Engenharia, 61,82% na
produção, 4,77% em vendas, 4,10% na assistência técnica, 3,56% na manutenção e 18,97% na
administração. A redução dos gastos com treinamento decorre de uma forma de ajuste a um
mercado que diminui e altera seu perfil com a liberalização comercial.
No período de 87/89 a 1992 foram observados vários indícios de melhoria do desempenho
produtivo das empresas integrantes da pesquisa ECIB tais como a redução da taxa de retrabalho
(8,4 para 4,7%), da taxa de defeitos (15,2 para 10,7%), da taxa de rejeito de insumos (4,5 para
3,2%), das paradas imprevistas (9,0 para 5,3 dias) e da taxa de devolução dos produtos (1,3 para
0,7%). Por outro lado, cresceram o prazo médio de produção (170,9 para 197,9 dias) e o prazo
médio de entrega (198,7 para 242,0 dias).
Também a autoavaliação do desempenho produtivo realizada pelos empresários do painel
aponta na mesma direção. Quando solicitados pela pesquisa ECIB a estabelecer uma comparação
entre os vários atributos dos seus produtos em 1992 com relação a 1987/89, os respondentes
registraram o seguinte quadro: os preços tenderam a se reduzir na opinião de 83,3% dos
entrevistados (subiram para 11,1% do painel), enquanto os custos não apresentaram uma
evolução definida (foram menores para 38,9% e maiores para 33,3% das empresas). Observe-se
que os salários médios foram menores para metade dos respondentes e maiores para 16,7%. Os
prazos de entrega e de desenvolvimento de novos "modelos" reduziram-se para 88,9% e 44,4%
das empresas, respectivamente (o segundo permaneceu constante para 38,9% das empresas). A
eficiência na assistência técnica aumentou em 50,0% dos casos, tendo diminuido em apenas
11,1%. Também o conteúdo/sofisticação tecnológica dos produtos apresentou uma evolução
positiva, tendo crescido na opinião de 66,7% dos respondentes. Em relação a conformidade às
especificações técnicas, esta teria se reduzido para 5,6% dos casos apenas, enquanto a capacidade
de atender a especificações particulares solicitadas pelos clientes foi maior segundo 61,1% e igual
em 38,9% das empresas.
Estas informações mostram que, apesar das grandes dificuldades, o setor de máquinas-
ferramenta procurou aprimorar sua competitividade, através de esforços direcionados para a
maior eficiência do processo produtivo, que não demandam grande volume de investimentos. Esse
processo de ajustamento direcionou-se para a recomposição da linha de produtos visando atender
mercados intermediários do ponto de vista tecnológico. A heterogeneidade da demanda das
máquinas implica a existência de nichos a serem atendidos pelos vários fabricantes, tornando-se
fator essencial de competição a capacidade de atender as especificidades dos clientes,
principalmente para os lotes menores, que são os mais freqüentes. O crescimento dos prazos de
produção e entrega (não ratificado pela autoavaliação), no entanto, constitui indício das