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Financiadora de Estudos e Projetos - FINEP
Programa de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico - PADCT
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE
DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
_____________________________________________________________________________________________
COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA
DE MÁQUINAS-FERRAMENTA
Nota Técnica Setorial
do Complexo Metal-Mecânico
O conteúdo deste documento é de
exclusiva responsabilidade da equipe
técnica do Consórcio. Não representa a
opinião do Governo Federal.
Campinas, 1993
Documento elaborado pelo consultor Hélio Nogueira da Cruz (FEA/USP).
A Comissão de Coordenação - formada por Luciano G. Coutinho (IE/UNICAMP), João Carlos Ferraz (IEI/UFRJ), Abílio dos Santos
(FDC) e Pedro da Motta Veiga (FUNCEX) - considera que o conteúdo deste documento está coerente com o Estudo da Competitividade da Indústria
Brasileira (ECIB), incorpora contribuições obtidas nos workshops e servirá como subsídio para as Notas Técnicas Finais de síntese do Estudo.
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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CONSÓRCIO
Comissão de Coordenação
INSTITUTO DE ECONOMIA/UNICAMP
INSTITUTO DE ECONOMIA INDUSTRIAL/UFRJ
FUNDAÇÃO DOM CABRAL
FUNDAÇÃO CENTRO DE ESTUDOS DO COMÉRCIO EXTERIOR
Instituições Associadas
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INSTITUTO DE ESTUDOS PARA O DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL - IEDI
NÚCLEO DE POLÍTICA E ADMINISTRAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA - NACIT/UFBA
DEPARTAMENTO DE POLÍTICA CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA - IG/UNICAMP
INSTITUTO EQUATORIAL DE CULTURA CONTEMPORÂNEA
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Instituição Gestora
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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EQUIPE DE COORDENAÇÃO TÉCNICA
Coordenação Geral: Luciano G. Coutinho (UNICAMP-IE)
João Carlos Ferraz (UFRJ-IEI)
Coordenação Internacional: José Eduardo Cassiolato (SPRU)
Coordenação Executiva: Ana Lucia Gonçalves da Silva (UNICAMP-IE)
Maria Carolina Capistrano (UFRJ-IEI)
Coord. Análise dos Fatores Sistêmicos: Mario Luiz Possas (UNICAMP-IE)
Apoio Coord. Anál. Fatores Sistêmicos: Mariano F. Laplane (UNICAMP-IE)
João E. M. P. Furtado (UNESP; UNICAMP-IE)
Coordenação Análise da Indústria: Lia Haguenauer (UFRJ-IEI)
David Kupfer (UFRJ-IEI)
Apoio Coord. Análise da Indústria: Anibal Wanderley (UFRJ-IEI)
Coordenação de Eventos: Gianna Sagázio (FDC)
Contratado por:
Ministério da Ciência e Tecnologia - MCT
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COMISSÃO DE SUPERVISÃO
O Estudo foi supervisionado por uma Comissão formada por:
João Camilo Penna - Presidente Júlio Fusaro Mourão (BNDES)
Lourival Carmo Monaco (FINEP) - Vice-Presidente Lauro Fiúza Júnior (CIC)
Afonso Carlos Corrêa Fleury (USP) Mauro Marcondes Rodrigues (BNDES)
Aílton Barcelos Fernandes (MICT) Nelson Back (UFSC)
Aldo Sani (RIOCELL) Oskar Klingl (MCT)
Antonio dos Santos Maciel Neto (MICT) Paulo Bastos Tigre (UFRJ)
Eduardo Gondin de Vasconcellos (USP) Paulo Diedrichsen Villares (VILLARES)
Frederico Reis de Araújo (MCT) Paulo de Tarso Paixão (DIEESE)
Guilherme Emrich (BIOBRAS) Renato Kasinsky (COFAP)
José Paulo Silveira (MCT) Wilson Suzigan (UNICAMP)
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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SUMÁRIO
RESUMO EXECUTIVO............................................................................................................1
APRESENTAÇÃO...................................................................................................................25
1. TENDÊNCIAS INTERNACIONAIS DO SETOR DE MÁQUINAS-FERRAMENTA
(MF).....................................................................................................................................26
1.1. Características Recentes da Indústria .............................................................................26
1.2. Principais Fatores da Competitividade............................................................................28
2. COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA DE MÁQUINAS-
FERRAMENTA...................................................................................................................31
2.1. Diagnóstico da Competitividade da Indústria Brasileira..................................................31
2.1.1. Desempenho........................................................................................................31
2.1.2. Capacitação.........................................................................................................37
2.1.3. Estratégias empresariais.......................................................................................40
2.1.4. Tendências de reorganização competitiva da indústria..........................................43
2.2. Fatores Determinantes da Competitividade.....................................................................46
2.2.1. Fatores internos às empresas................................................................................46
2.2.2. Fatores estruturais................................................................................................47
2.2.3. Fatores sistêmicos................................................................................................48
3. PROPOSIÇÃO DE POLÍTICAS...........................................................................................49
3.1. Diretrizes Gerais para o Incremento da Competitividade................................................49
3.2. Políticas de Reestruturação Produtiva............................................................................51
3.3. Políticas de Modernização Produtiva .............................................................................53
3.4. Políticas Relacionadas aos Fatores Sistêmicos................................................................57
4. INDICADORES DE COMPETITIVIDADE.........................................................................61
BIBLIOGRAFIA ......................................................................................................................63
RELAÇÃO DE TABELAS.......................................................................................................64
ANEXO: PESQUISA DE CAMPO - ESTATÍSTICAS BÁSICAS DO SETOR........................65
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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RESUMO EXECUTIVO
1. TENDÊNCIAS INTERNACIONAIS DA INDÚSTRIA DE MÁQUINAS-FERRAMENTA
1.1. Características Recentes da Indústria
As máquinas-ferramenta (MF) têm importância estratégica para o desenvolvimento
industrial porque incorporam tecnologia que determina boa parte da produtividade das atividades
manufatureiras, apesar de representarem pequena fração da produção da indústria de
transformação - cerca de 1% do valor adicionado na maioria dos países industrializados. Existe
uma grande diversidade de MF, que diferem pela finalidade, tamanho, peso, desenho, sistemas de
controle, etc. São utilizadas para recortar ou deformar os materiais. As MF são utilizadas
principalmente nas indústrias mecânica, material de transporte, elétrica e eletrônica e de
equipamentos de precisão.
A indústria de MF tem algumas características de um setor maduro, tais como a baixa taxa
de crescimento da produção, grande concorrência internacional de países em desenvolvimento e
ritmo inovativo relativamente baixo. Entretanto, o nível de investimento em P & D é de cerca de 4
a 5% das vendas. O setor utiliza intensamente mão-de-obra qualificada e sofre grande
transformação com a produção de máquinas-ferramenta com controle numérico (MFCN).
O mercado de MF e de MFCN apresenta grande heterogeneidade, o que estimula a
especialização entre as linhas de produtos dos mercados específicos. Os vários segmentos de
mercado dependem principalmente do grau de flexibilidade da máquina e do volume de produção.
Dessa forma, o mercado apresenta a seguinte segmentação: a) máquinas convencionais: este
segmento representa cerca de 16% do mercado, é dominado pelos países asiáticos e do leste
europeu e o principal fator de concorrência é o preço das máquinas; b) máquinas a comando
numérico e centros de usinagem: representa 36% do mercado, é dominado pelo Japão e os
principais fatores de concorrência são o preço e a tecnologia; c) máquinas especiais: representa
48% do mercado, é dominado pela Alemanha e o principal fator de concorrência é a tecnologia.
Os principais países produtores de MF em 1992 foram: Japão, com US$ 8.671 milhões,
seguido pela Alemanha, com US$ 7.852 milhões, EUA, com US$ 3.187 milhões e Itália, com US$
3.055 milhões. O Brasil produziu, em 1992, cerca de US$ 420 milhões, representando
aproximadamente 1,2% da produção mundial. Cabe destacar que, em 1992, a produção mundial
caiu mais de 10% em relação ao ano anterior, sobretudo em função das baixas taxas de
crescimento econômico observadas nos países industrializados.
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Os países que têm apresentado maior taxa de crescimento da produção, a partir de 1977,
são Japão, Alemanha, Itália, Taiwan, Espanha e Coréia. O maior crescimento ocorreu nos países
que adotaram tecnologias de integração macânica-eletrônica. O comportamento das indústrias
mecânicas locais também explica o desenvolvimento do setor de MF.
Os principais países exportadores de MF, em 1992, foram Alemanha, US$ 4.699 milhões;
Japão, US$ 3.554 milhões; Suíça, US$ 1.454 milhões; Itália, US$ 1.374 milhões; e EUA com US$
1.005 milhões. Os principais importadores foram Alemanha com US$ 1.881 milhões, seguida
pelos EUA com US$ 1.695 milhões, França, US$ 1.177 milhões e Coréia com US$ 994 milhões.
Portanto, a indústria é caracterizada por elevados coeficientes de exportação e de importação.
O parque de máquinas-ferramenta com comando numérico cresce aceleradamente em nível
mundial. As taxas de crescimento das máquinas-ferramenta com comando numérico na Europa
têm sido entre 10 e 20% a.a.
As tendências internacionais indicam o aprofundamento da utilização de sistemas de
fabricação flexíveis e integrados (SFF). Os países mais adiantados neste processo são Japão e
EUA, devendo ocorrer forte incremento de sua utilização até o ano 2000. Estes sistemas tendem a
ser utilizados nos setores de maquinaria geral, maquinaria elétrica e material de transporte, como
mostram os dados do Japão.
1.2. Principais Fatores da Competitividade
As empresas do setor de máquinas-ferramenta não apresentam porte elevado, havendo, em
nível internacional, menos de 20 empresas com mais de 1.000 empregados em 1988 (sendo que
apenas 6 tinham mais de 4.000 empregados). Devido à difusão das MFCN e dos sistemas flexíveis
de produção observa-se um crescimento da escala das maiores empresas produtoras de MF.
O setor caracteriza-se pelo fato da tecnologia de produto ser mais importante do que a de
processo, apesar de que o emprego da automação microeletrônica por suas próprias empresas, ao
possibilitar maior produtividade, maior precisão das operações de usinagem, maior flexibilidade do
processo produtivo, entre outras, também constitua importante fator para a competitividade
internacional.
É muito frequente a prática de subcontratação no setor, tendência que se acentuou nos
últimos anos. Os laços entre produtores de MF com seus clientes também são muito próximos,
exigindo, principalmente nas máquinas não convencionais, projetos e desenhos específicos. As
empresas de MF apresentam-se, portanto, dentro de um tecido industrial muito complexo e
variado. As empresas de máquinas-ferramenta transformaram-se em "montadoras", recebendo
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serviços, partes e componentes de uma extensa lista de fornecedores, alguns dos quais atendem o
mercado mundial. A difusão de eletrônica integrada à máquina-ferramenta contribuiu para o
aprofundamento deste processo.
Assim como é importante contar com uma estrutura adequada de suprimento, para o setor
de máquinas-ferramenta também é importante contar com um sólido tecido industrial à frente, isto
é, com indústrias do complexo metal-mecânico, que são os principais clientes do setor.
Finalmente, no momento atual de crise internacional, quando se acirra a concorrência,
nota-se que mais países estruturam sistemas de financiamento para estimular suas vendas externas
de máquinas-ferramenta.
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2. COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA DE MÁQUINAS-
FERRAMENTA
2.1. Diagnóstico da Competitividade da Indústria Brasileira
2.1.1. Desempenho
O setor de máquinas-ferramenta do Brasil apresentou desempenho satisfatório no período
de 1960 a 1980, com expressivo crescimento da produção e avanço tecnológico significativo.
Consolidou-se, neste período, certo nível de competência, principalmente nas atividades
eletromecânicas.
Algumas empresas atingiram escalas de produção elevadas, principalmente em relação ao
mercado interno, e o capital estrangeiro estabeleceu-se firmemente em segmentos de tecnologia
sofisticada. No final da década de 70 e início dos anos 80, o setor apresentava maior dinamismo,
inclusive em relação ao mercado externo, tendo alcançado o coeficiente de exportação de 17,4%,
em 1980.
A década de 80 apresentou a tendência de queda na produção e no emprego. Apesar do
período mais ativo entre 1985/89, a queda no período como um todo foi forte e permanece até
1992, o que teve o efeito de reduzir a escala de operações, de diminuir a lucratividade e o nível de
investimentos das empresas do setor.
Note-se, contudo, que o emprego cai sistematicamente mais que a produção, elevando a
produtividade do trabalho. A causa básica da queda de atividades foi a redução da demanda
doméstica, que sofreu com a falta de investimentos da economia. O aumento de produtividade foi
decorrente da incorporação de novas técnicas organizacionais e da adoção de estratégias
defensivas, que implicaram na redução de pessoal.
Nos anos de 1987 a 1990, do valor total da produção de máquinas-ferramenta, 17%
referia-se a máquinas de conformação e 83% a máquinas por arranque de cavacos. Estas
participações estão muito próximas do que se verifica no plano internacional. As principais
máquinas, por valor de produção, neste mesmo período, foram os tornos (44,1%), retificadoras
(12%), fresadoras (10,9%) e centros de usinagem (10,6%).
As exportações, embora tenham crescido entre 1987 e 1990, continuam abaixo dos valores
de 1980 e 1981. Em 1991 e 1992, as exportações cresceram a taxas elevadas, conseguindo
amenizar a gravidade da crise de retração do mercado interno.
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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Tradicionalmente o setor de máquinas-ferramenta é exportador de máquinas
convencionais, segmento onde sua competitividade é maior. No início dos anos 80, os principais
mercados externos eram de países latino-americanos. Atualmente, as empresas do setor têm
procurado diversificar seus mercados em direção aos Estados Unidos e Europa, embora a
América Latina ainda absorva parcela significativa de nossas exportações. Outro dado importante
é que as empresas estrangeiras apresentam maior coeficiente de exportação do que as empresas
nacionais, demonstrando que o apoio comercial e técnico das matrizes é um fator relevante para o
alcance de mercados externos. Além disso, as empresas estrangeiras têm adotado estratégias mais
globais, que implicam na maior especialização de suas filiais instaladas no Brasil, conforme será
visto no tópico sobre estratégias das empresas do setor.
As dificuldades de exportação estão associadas à falta de competitividade da produção
nacional, devido à tradição imposta pelo modelo de substituição de importações - elevados índices
de nacionalização e elevada verticalização -, aos custos elevados de suprimentos, principalmente
na área de informática e à falta de política de exportações por parte do governo. Para que as
exportações possam desempenhar um papel mais importante é necessária grande reformulação do
setor.
A partir de 1990, com o processo de liberalização comercial, o setor passa a
desverticalizar a produção e a importar mais componentes. Contudo essa estratégia assume
conotações distintas entre os vários segmentos de empresas do setor, como será visto
posteriormente. Por outro lado, o setor de máquinas-ferramenta, com a abertura do mercado
interno, passa a sofrer maior concorrência das importações, num momento de crise do mercado
interno.
Quanto à produção, merece destaque a evolução das máquinas-ferramenta com comando
numérico (MFCN) cuja produção e demanda se elevaram substancialmente no período, apesar de
toda a crise do mercado doméstico. Note-se que a Política de Informática, ao estabelecer a
reserva de mercado para a produção do comando numérico, exigiu importantes esforços de
capacitação tecnológica, mas também significou custos elevados para as MFCN. Porém, o
crescimento do mercado de MFCN não foi suficiente para a quase totalidade das empresas do
setor contornar a crise recente da demanda.
2.1.2. Capacitação
A capacitação tecnológica do setor MF no Brasil seguiu o modelo de learning by doing,
bem-sucedido até o final da década de 70. Foram criadas empresas de razoável capacitação,
apresentando escalas favoráveis em relação ao mercado interno, embora as escalas de produção
fossem reduzidas em relação às dos principais países produtores de máquinas-ferramenta. A
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proteção do mercado doméstico aliada à rápida expansão dos investimentos permitiram
substancial crescimento e aprimoramento técnico, dentro do paradigma eletro-metal-mecânico.
A mão-de-obra era treinada nas empresas, que se utilizavam da imitação para o
desenvolvimento de produto. Neste setor há forte inter-relação entre a mudança técnica de
produto e de processo, pois as empresas se utilizam do que produzem.
Algumas empresas apresentavam boa tecnologia de processo e razoável amadurecimento
nas máquinas convencionais, chegando a exportar valores significativos.
Durante a década de 80, praticamente cessa a modernização dos processos produtivos das
plantas de MF instaladas no País, com raras exceções. Amplia-se o gap tecnológico em relação
aos países da fronteira do conhecimento, que não deixaram de investir.
Com efeito, a fronteira tecnológica internacional avançou muito neste período, com a
introdução das MFCN. Portanto, ampliou-se também neste aspecto a defasagem tecnológica em
relação à liderança internacional. Resumindo, as empresas do setor apresentam boa capacitação
tecnológica no que diz respeito às máquinas convencionais; para as máquinas a comando
numérico, é boa a capacitação para adaptação de produtos mas, para lançamento de novos
produtos que implicam em saltos tecnológicos, as empresas são obrigadas a recorrer ao
licenciamento. Não são todas as empresas do setor que dispõem de capacitação para realizar um
bom negócio com o licenciamento. Várias empresas de médio porte tiveram experiências
negativas com o licenciamento de tecnologia, por falta de capacitação interna.
Todavia, como o setor se estruturou para atender ao mercado interno, a sua capacitação
tecnológica corresponde à maior parte da demanda, sendo comuns os exemplos de adaptação de
produtos, no sentido de simplificação das máquinas, para atender às necessidades dos usuários
locais.
A capacitação gerencial é limitada, sobretudo nas empresas nacionais de pequeno e médio
porte, que apresentam estrutura familiar. Inclusive, a concentração do conhecimento técnico nos
proprietários das empresas é um fator que restinge a capacitação técnica e gerencial dessas
empresas.
Somente com o processo de liberalização comercial, a partir do início dos anos 90, é que o
setor de MF começa a apresentar maior dinamismo na adoção das novas técnicas organizacionais,
incorporação de novos sistemas de controle de qualidade e apresenta mudanças na direção de
reduzir a verticalização e nacionalização de produtos.
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Atualmente, o setor de MF do Brasil encontra-se em transição. Sua estrutura produtiva
não apresenta maior solidez, além de manifestar sintomas de fragilidade financeira e defasagem
tecnológica de processo e de produto.
Quando se compara os vários atributos dos produtos em 1992 em relação a 87/89 na
amostra do Estudo da Competitividade da Indústria Brasileira, observa-se a tendência de elevação
do conteúdo/sofisticação dos produtos, da durabilidade e da eficiência na assistência técnica ao
passo que reduziram-se os salários pagos, os custos, os preços e os prazos de entrega. Todas as
modificações indicam um intenso processo de ajustamento em um período de queda de demanda e
abertura comercial, com a recomposição da linha de produtos para atender mercados
intermediários do ponto de vista tecnológico.
Os dados da pesquisa ECIB apontam também para um envelhecimento da linha de
produtos das empresas. No entanto, constatou-se importantes iniciativas para a maior adoção de
dispositivos eletrônicos para controlar a produção, do just in time interno e externo, do controle
estatístico da produção e de outros métodos de controle da qualidade. Por outro lado, os esforços
de treinamento da mão de obra, nos seus vários níveis, apresentaram-se em valores muito
reduzidos, a menos de um grupo muito reduzido de empresas.
2.1.3. Estratégias Empresariais
A conjugação do processo de liberalização comercial com profunda recessão no mercado
interno, está promovendo importantes modificações na estrutura produtiva local. Estas
modificações dependem principalmente do tipo de máquina produzida (seriada ou especial e
convencional ou com comando numérico) e a origem do capital das empresas (capital estrangeiro
ou nacional). A seguir encontra-se uma segmentação das estratégias empresariais, realizada a
partir de um conjunto de entrevistas com 13 empresas do setor, com consultores, com
representantes da ABIMAQ e visita à Feira da Indústria de Máquinas-Ferramenta de 1992.
a) Empresas nacionais produtoras de máquinas seriadas
Neste grupo encontram-se empresas de grande porte, empresas de tamanho intermediário
e numerosas pequenas empresas. Praticamente a totalidade das empresas da amostra produz
máquinas com comando numérico computadorizado (CNC).
O segmento mais sofisticado das empresas nacionais tem apresentado grande esforço de
atualização tecnológica, mas sofre dificuldades associadas à retração do mercado doméstico, que
não é compensada pelo crescimento das exportações. As empresas deste sub-grupo oferecem
grandes perspectivas de promover significativo salto tecnológico para combinar escala com
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dinamismo empresarial. A desverticalização da produção pode trazer importantes ganhos de
eficiência.
Certamente, mesmo com a rearticulação produtiva, o processo de liberalização conduzirá a
um maior intercâmbio internacional, tanto em termos de produtos como de partes e componentes.
Destaque-se que a abertura do mercado interno dificulta o licenciamento de tecnologia.
No caso das empresas de menor porte e menor sofisticação tecnológica, boa parte delas
produzindo máquinas convencionais, as possibilidades de expansão além dos "nichos" de mercado
doméstico que ocupam está condicionada à criação de tecidos produtivos com maior interligação
e com menor integração vertical em suas atividades. Estas empresas sofrem mais com a recessão
do que com a abertura, mas sua tendência de longo prazo é de perder espaço, dada a trajetória das
MF com comando numérico.
Estas empresas detém grande conhecimento do mercado doméstico, o que as transforma
em importantes canais de comercialização e de assistência técnica.
b) Empresas nacionais produtoras de máquinas especiais
Este segmento é constituído por um número muito pequeno de empresas. A produção de
máquinas especiais (sob encomenda) exige um contato relativamente estreito entre os fabricantes
das máquinas e seus clientes. Tanto a fase de elaboração dos projetos, como a assistência técnica,
definem formas de atuação bastante específicas. Mesmo com a liberalização comercial os produtos
locais encontrarão espaço para atuar.
A dificuldade maior é manter a atualização tecnológica ao longo do tempo. Estas empresas
deverão tender a importar mais e, dificilmente, exportarão volumes significativos.
Dada a alta qualificação do pessoal destas empresas, algumas delas podem se transformar
em comercializadoras de máquinas importadas. O relacionamento cliente/usuário constitui-se em
um dos pontos fortes destas empresas, que mantém nível tecnológico elevado como condição de
sobrevivência.
c) Empresas estrangeiras produtoras de máquinas seriadas
Neste grupo de empresas já se observam importantes modificações estratégicas
decorrentes do processo de liberalização comercial. Algumas empresas estão se especializando em
alguns produtos, freqüentemente não muito sofisticados, e abandonando os demais para serem
atendidos por outras unidades do mesmo grupo empresarial. Este tipo de decisão tem levado a um
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maior intercâmbio de partes e componentes, maior volume de exportações, que compensam, em
alguns casos, a retração do mercado brasileiro.
Algumas destas empresas têm realizado investimentos na parte produtiva nos últimos anos,
apesar da crise de demanda. Evidentemente, caso o processo de liberalização comercial seja
alterado ou mesmo ocorram variações indesejadas na política cambial, pode-se comprometer estas
estratégias.
Estas empresas podem ajudar a alavancar o setor para patamares mais elevados de
competitividade, cabendo papel de destaque no desenvolvimento de fornecedores, no treinamento
da mão-de-obra e em possíveis associações empresariais.
d) Empresas estrangeiras produtoras de máquinas especiais
Mesmo no caso destas empresas, observam-se as alterações decorrentes de liberalização
comercial apontadas acima, mas com especialização entre mercados numa escala internacional. As
vantagens de se contar com a assistência técnica do grupo como um todo oferece possibilidades
de expansão consideráveis. Em alguns casos as modificações que ocorrem nas matrizes podem
significar a transformação das unidades instaladas no Brasil em montadoras, fornecendo
assistência técnica e apoio de vendas. Provavelmente utilizarão comando-numérico igual ao das
respectivas matrizes.
2.2. Fatores Determinantes da Competitividade
2.2.1. Fatores internos às empresas
. Fatores Positivos
- Disponibilidade de mão-de-obra qualificada, compatível com os requerimentos do setor
na utilização da base eletro-mecânica. O emprego de equipamentos automatizados na produção
requer perfil de qualificações distinto.
- Boa capacitação das empresas na manufatura de produtos, dada a tradição do setor.
- Boa capacitação empresarial para realizar engenharia reversa.
- Intercâmbio técnico e comercial entre matriz e filial, no caso das empresas estrangeiras.
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. Fatores Negativos
- Gestão familiar na maior parte das empresas nacionais.
- Defasagem tecnológica de produto e de processo.
- Não institucionalização da atividade tecnológica.
- Falta de tradição no mercado externo, dado o baixo coeficiente de exportação da maioria
das empresas.
2.2.2. Fatores estruturais
. Fatores Positivos
- O setor conta com empresas relativamente capacitadas em termos técnicos e com boa
capacitação comercial.
- Mercado com bom potencial de crescimento.
- Existência do SENAI, que contribui na formação de recursos humanos técnicos qualificados.
. Fatores Negativos
- Elevada verticalização das empresas, dada a precariedade da estrutura de suprimento e as
anteriores dificuldades de importação de componentes.
- Pouco relacionamento com agências de P&D industrial.
- Deficiente tecnologia industrial básica.
- Falta de padronização de componentes.
2.2.3. Fatores sistêmicos
. Fatores Positivos
- Liberalização comercial.
- Reformulação da política dos portos.
- Fim da reserva de mercado para bens de informática.
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. Fatores Negativos
- Instabilidade macroeconômica e baixo volume de investimentos.
- Limitado financiamento à comercialização no mercado interno.
- Condições não favoráveis de financiamento às exportações.
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3. PROPOSIÇÃO DE POLÍTICAS
3.1. Diretrizes Gerais para o Incremento da Competitividade
O diagnóstico formulado no item anterior mostra que a indústria brasileira de máquinas-
ferramenta atravessa um período crítico, estando sua sobrevivência ameaçada pela conjugação da
prolongada recessão, da abertura do mercado interno e dos desafios advindos da transformação
tecnológica do setor a nível internacional. Os produtores locais, tanto os nacionais como os
estrangeiros, têm realizado nos últimos anos significativo esforço de modernização
(especialização, atualização dos produtos, desverticalização, reorganização do processo de
fabricação), com reflexos favoráveis sobre a competitividade. Esses avanços, entretanto, são ainda
insuficientes para responder aos desafios com que o setor se defronta. É necessária a adoção, por
parte das empresas e do governo, de um conjunto de iniciativas que visem o estabelecimento de
estratégias ofensivas em relação ao domínio da tecnologia e da conquista do mercado externo,
sempre com base no mercado interno. O objetivo deve ser a obtenção, a médio prazo, de um setor
moderno e dinâmico, capaz de atender às demandas do mercado doméstico com preço e qualidade
de níveis internacionais e de exportar volumes significativos da produção.
As diretrizes de ação voltadas para o atendimento desse objetivo devem partir do
reconhecimento de que as possibilidades de modernização das empresas e de reestruturação do
setor são interdependentes. Um grande salto para a frente na atualização de produtos, dos
processos de fabricação e das formas de organização e gestão das empresas exigiria a
reestruturação profunda do setor.
Um novo tecido industrial, compatível não apenas com a sobrevivência da produção local
mas com a conquista de mercados externos, deveria ser composto por um número não muito
elevado de empresas com características de "montadoras" e numerosas firmas atuando nas várias
atividades de suprimento. Em relação a esta questão é necessário formular as seguintes
observações.
A reestruturação do setor depende crucialmente das iniciativas dos agentes privados. No
contexto da crise prolongada e da abertura, os próprios produtores vêm redefinindo suas linhas de
produtos e áreas de atuação. Entretanto, as atuais condições do mercado podem desestimular e
dificultar a implementação de transformações possíveis e necessárias para garantir uma
reestruturação mais favorável à competitividade, a médio e longo prazos, da produção local.
Neste contexto, uma iniciativa do Estado que contribua para estabelecer bases alternativas
para a definição das estratégias dos produtores pode ser útil para complementar e coordenar as
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iniciativas dos agentes privados. É essencial para a competitividade do setor a médio e longo
prazos que esses agentes percebam as vantagens de uma ação coordenada de modernização e
reestruturação da produção local. O papel da ação estatal deve ser o de induzir e/ou fortalecer
este tipo de percepção.
O setor de máquinas-ferramenta não conta com uma Câmara Setorial específica na qual
uma iniciativa deste tipo possa ser debatida e implementada. Assim, sugere-se a estruturação de
um Programa de Desenvolvimento de Máquinas-Ferramenta (P
D
MF), com vistas a coordenar as
ações das agências oficiais e das empresas envolvidas no esforço de modernização e de
reestruturação. Estas últimas deveriam constituir um Consórcio de Fabricantes de Máquinas-
Ferramenta. O Consórcio deveria ter decidida participação na concepção e estruturação do
Programa. O acesso ao Programa estaria garantido a todos os participantes do Consórcio,
segundo critérios de rateios de custos e resultados.
O Programa seria definido por um Comitê Assessor do P
D
MF e executado por um Grupo
Executivo de Máquinas-Ferramenta, que cuidaria da implementação e articulação das ações. O
Comitê Assessor deveria contar com a participação de representantes do Ministério da Fazenda,
da Secretaria da Planejamento, Orçamento e Avaliação, do Ministério da Ciência e Tecnologia,
BNDES, FINEP e BACEN, bem como representantes do Consórcio das empresas e dos
trabalhadores. O Grupo Executivo deveria contar com representante do Ministério da Indústria,
Comércio e Turismo - seu presidente - e com representantes do MCT, BNDES, BACEN, das
empresas e dos trabalhadores. Uma vez definido o Programa, as empresas poderiam candidatar-se,
individualmente ou em grupos aos benefícios do conjunto de ações propostas.
O P
D
MF deve contemplar diversas linhas de ação, fortemente interrelacionadas: ações
para a reestruturação da oferta, para a promoção de exportações e para o desenvolvimento de
fornecedores, relacionadas à reestruturação setorial, e ações para estimular o desenvolvimento de
produtos, de processos produtivos e de mão-de-obra, vinculadas à modernização empresarial.
Completa o elenco de medidas aquelas necessárias para a remoção de obstáculos sistêmicos ao
fortalecimento da competitividade setorial.
As principais linhas de ação em cada uma dessas áreas são delineadas a seguir. Cabe
observar que as ações recomendadas para fortalecer a competitividade do setor podem ser
implementadas independentemente da sua articulação nos moldes de um Programa semelhante ao
aqui proposto. Contudo, é preciso levar em conta que o potencial mobilizador desta ou de alguma
outra forma equivalente de coordenação institucional das iniciativas públicas e privadas tenderá a
reforçar a eficácia das medidas propostas.
14
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
IE/UNICAMP - IEI/UFRJ - FDC - FUNCEX
3.2. Políticas de Reestruturação Produtiva
Reestruturação da Oferta
A rearticulação do tecido produtivo envolvido na fabricação de máquinas-ferramenta, de
forma a obter ganhos de produtividade e competitividade através da especialização da produção
local, é essencial para enfrentar os desafios impostos pela liberalização comercial, pela recessão e
pelas novas tecnologias. O padrão competitivo internacional deverá prevalecer nas condições de
produção do Brasil, aumentando o papel das empresas "montadoras" de MF padronizadas (tipo
"commodities") e daquelas que integram MF em sistemas de automação para diversos usuários.
O tecido industrial do setor precisa, portanto, ser reestruturado em torno de um número
reduzido de empresas especializadas no projeto e montagem de MFs com custo e qualidade de
nível internacional. As melhores oportunidades para os produtores locais parecem encontrar-se no
segmento de máquinas convencionais, tornos e centros de usinagem a CNC e máquinas especiais.
Outras empresas poderiam atuar como fornecedores de suprimentos, de acessórios e/ou como
"integradoras" de sistemas de automação a partir de máquinas padronizadas ou de máquinas
especiais. A reestruturação deve implicar vínculos mais estreitos entre "montadoras", fornecedores
de suprimentos e/ou acessórios e usuários.
As iniciativas no sentido da reestruturação do setor dependem fundamentalmente das
próprias empresas. As agências públicas deverão, entretanto, estimular esse processo,
incentivando fusões ou aquisições, participações acionárias cruzadas e, também, parcerias para a
reorganização e especialização da oferta local. O principal instrumento para tanto é o
financiamento para o desenvolvimento de produtos, para a modernização de processos e para a
rolagem das dívidas das empresas junto aos órgãos de fomento. A criação do Consórcio de
Fabricantes e a orientação do financiamento em função dos objetivos do P
D
MF podem contribuir
para agilizar o processo de reorganização do setor.
Esforço exportador
As exportações são um recurso importante para manter o dinamismo tecnológico e
aproveitar integralmente as economias de escala em países de mercado interno relativamente
restrito como o Brasil. Na atual conjuntura recessiva, a implementação por parte das empresas e
do governo de uma estratégia que vise (a médio prazo) a exportação de uma parcela importante
da produção local de equipamentos selecionados pode gerar um horizonte de mercado que facilite
a reestruturação da oferta.
15
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
IE/UNICAMP - IEI/UFRJ - FDC - FUNCEX
No caso das máquinas-ferramenta, como nos outros bens de capital, a linha de
financiamento do Finamex é o mecanismo principal para promover as vendas no exterior. A
ampliação dessa linha e a do Proex e seu direcionamento em favor de famílias de máquinas
selecionadas e de esforços cooperativos (parcerias entre produtores) estabelecidos no contexto de
P
D
MF podem acelerar o processo de reestruturação do setor.
Desenvolvimento de Fornecedores
O aprimoramento da competitividade dos fornecedores da indústria de máquinas-
ferramenta é essencial para tornar viável a reorganização do setor, com ganhos ao longo dos elos
da cadeia produtiva. A especialização de algumas empresas nas atividades de projeto e montagem,
a despeito de aumentar o coeficiente de importação de suprimentos, abre também espaço para a
produção local de componentes e acessórios.
Os mecanismos para estimular a capacitação dos fornecedores locais são o financiamento
para o aprimoramento técnico e gerencial (contratação de serviços de consultoria) e para a
modernização de instalações, através da FINAME, com cobertura proposta de 80%, para grandes
empresas, e 90%, para pequenas. Esses mecanismos de financiamento devem promover, no
contexto do P
D
MF, os laços entre fornecedores e "montadoras", na forma de acordos de
cooperação tecnológica, contratos de suprimento de longo prazo, parcerias para
exportação/importação, etc. A identificação, na elaboração do P
D
MF, de tipos de materiais, de
famílias de componentes e/ou acessórios cujo projeto e produção local fortaleça a competitividade
do setor permitirá direcionar melhor as iniciativas privadas e públicas.
Censo de Máquinas-Ferramenta
Para avaliar o estado de atualização do parque local de máquinas-ferramenta do complexo
metal-mecânico e para orientar as estratégias de reorganização da oferta é essencial a realização
de um amplo levantamento sobre os tipos de equipamentos instalados no País, por setor e por
idade tecnológica. Cabe observar que a metodologia para a realização do Censo de MF,
semelhante aos realizados periodicamente (a cada 7 anos) nos países desenvolvidos, foi
desenvolvida em projeto financiado pela FINEP na década de 70.
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
IE/UNICAMP - IEI/UFRJ - FDC - FUNCEX
3.3. Políticas de Modernização Produtiva
Desenvolvimento de Produto
O processo de reestruturação do setor deverá ser acompanhado de um esforço
considerável de inovação de produtos. As empresas "montadoras" deverão desenvolver novas
máquinas, particularmente aquelas que incluem o comando numérico computadorizado, sobretudo
os centros de usinagem, que estão se constituindo na tendência de produto do setor. Também as
famílias de máquinas convencionais devem buscar elevar o seu nível tecnológico, procurando
atender o segmento de pequenas e médias empresas e ganhar vantagens comparativas. As
empresas especializadas na comercialização de sistemas de automação deverão também
desenvolver "soluções" inovadoras para os setores usuários. Para acompanhar a modernização dos
produtos finais, os fornecedores de materiais, componentes e acessórios deverão também atualizar
seus próprios produtos.
As decisões de inovar nos produtos cabem às próprias empresas. A iniciativa do setor
público neste campo devem ser principalmente no sentido de estimular e dar respaldo a essas
iniciativas.
Dadas as dificuldades das empresas na realização de atividades de P&D e a baixa escala
empresarial para o desenvolvimento tecnológico desta magnitude, torna-se necessária a
articulação de esforços conjuntos de empresas, governo e instituições de pesquisa. Uma ação
integrada poderia ser a criação de um centro cooperativo para o desenvolvimento tecnológico,
com gestão privada e apoio financeiro governamental para a sua estruturação. Este centro deveria
se dedicar às áreas de materiais, ótica, eletrônica e apoio às pesquisas específicas, sempre atuando
nas fases pré-competitivas do desenvolvimento tecnológico. Caberia ao centro a promoção do
intercâmbio com os núcleos de pesquisa existentes nas Universidades e Institutos de Pesquisas a
nível nacional e internacional e a realização de projetos de informação tecnológica. Para tanto,
deveria recorrer à contratação de consultoria técnica, nacional e internacional, para o
desenvolvimento de produtos e técnicas gerenciais. Note-se que este centro poderá ter
continuidade no tempo. O Programa Setorial Integrado (PSI), proposto pelo setor de MF em
1989, contemplava a criação de um centro tecnológico semelhante.
Os projetos de atualização tecnológica dos produtos, incluindo o licenciamento e o
estabelecimento das várias formas de parceria com fornecedores e clientes para o desenvolvimento
tecnológico devem ser estimulados través de financiamentos. Uma medida interessante é a de
proporcionar taxas de juros menores para os projetos de maior conteúdo tecnológico.
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
IE/UNICAMP - IEI/UFRJ - FDC - FUNCEX
Desenvolvimento de Processos Produtivos
A aplicação das técnicas gerenciais de origem japonesa em processos produtivos de
natureza muito descontínua, como a produção de MF, ao mesmo tempo que representa um grande
desafio em função das dificuldades práticas envolvidas na sua implementação, traz enormes
ganhos de qualidade e produtividade justamente quando adotadas por esses setores.
Em função desse fato, deve-se estimular a difusão dessas novas técnicas de gestão da
produção, através da promoção de cursos de formação gerencial, implementação de projetos de
modernização gerencial, com apoio da FINEP, e utilização de serviços de consultoria para
assessorar as empresas na introdução das inovações organizacionais. Estas últimas ações devem
contar com financiamento a taxas de juros reais positivas, porém relativamente baixas.
Os sistemas de produção enxuta exigem pessoal qualificado, flexível e participativo, de
forma a eliminar defeitos, reduzir estoques e aumentar a qualidade. Com esse intuito, deve ser
apoiado o desenvolvimento de novas relações industriais com base na confiança entre
trabalhadores, fornecedores e usuários. Portanto, há necessidade de envolvimento do meio
empresarial, através da sua associação setorial, dos sindicatos de trabalhadores e das agências de
fomento na concessão de apoio financeiro.
Na busca de qualidade e produtividade industrial devem ser enfatizadas, ainda, ações
visando aumentar a conscientização e motivação para esses objetivos (através de campanhas,
painéis, eventos, divulgação), o desenvolvimento e difusão dos métodos de gestão (através da
utilização de métodos estatísticos, da certificação da qualidade), da capacitação de recursos
humanos e da adequação dos serviços tecnológicos (melhoria da confiabilidade metrológica e
certificação da qualidade). O Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade - PBQP - vem
trabalhando nesta direção.
Além disso, deve-se atuar no sentido de incentivar o aprimoramento do parque produtivo
instalado, com a reorganização das plantas e aquisição de novos equipamentos. Devido ao baixo
volume de investimentos em capital fixo, o setor encontra-se relativamente desatualizado em
termos de equipamentos. A aquisição de novas máquinas, principalmente visando elevar o grau de
automação industrial, deve ser estimulada através de financiamentos concedidos pela FINAME,
cuja participação no valor das aquisições dos equipamentos deve ser de 80%.
Desenvolvimento de Mão-de-Obra
A produção do setor de MF exige mão-de-obra de qualificação elevada, tanto nos
processos produtivos quanto no desenvolvimento de produtos. Por outro lado, as novas técnicas
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
IE/UNICAMP - IEI/UFRJ - FDC - FUNCEX
gerenciais, tais como as células de produção e o desenvolvimento da eletrônica, exigem mão-de-
obra treinada em condições mais amplas que aquelas que vigoraram no paradigma anterior. O
aprimoramento de novas formas de relacionamento dentro das empresas e com seus clientes e
fornecedores, necessitará de um novo tipo de trabalhador e novas relações trabalhistas. A
valorização do trabalho significa a criação de um sistema de treinamento e de produção mais
flexíveis e autônomos. O processo produtivo deve levar a um envolvimento efetivo dos
trabalhadores com os objetivos das empresas e em direção à produtividade. A participação dos
trabalhadores nos resultados das empresas, a maior estabilidade no emprego e flexibilidade
funcional são fatores favoráveis à difusão das práticas modernas de Recursos Humanos.
Neste sentido, deve-se promover a adequação na formação de mão-de-obra nas escolas
técnicas e de engenharia, bem como treinamento específico por parte das empresas, contando com
a experiência desenvolvidas em entidades nacionais e do exterior. Os curricula destes cursos
devem enfatizar as características atuais da tecnologia do setor, que exigem os conhecimentos
básicos oferecidos pela Educação Geral, tais como a Matemática e as ciências da natureza. As
empresas devem oferecer oportunidades educacionais nos espaços fabris. Identificou-se no PSI
elaborado pelo setor em 1989 a necessidade de aprimoramento dos engenheiros projetistas nas
diversas tecnologias e engenheiros de produção especializados. Falta treinamento, com reciclagem
periódica de operadores de máquinas. Os cursos técnicos têm-se mostrado insatisfatório em
termos de ensino prático, com carências nas áreas de processistas, especialistas em ferramentas e
técnicas de corte, especialistas em manutenção eletrônica, especialistas em eletrônica aplicada a
CNC, especialistas em automação industrial, tecnólogos em CAD/CAM e profissionais em
controle de qualidade.
Além disso, deve ser intensificado o intercâmbio de especialistas, pessoal de produção, de
laboratório, entre outros, tanto em nível nacional quanto internacional, de maneira continuada e
participativa, criando redes que organizem as informações da área. Este trabalho envolve a
participação das empresas, do sindicato patronal, dos sindicatos de trabalhadores, do SENAI e do
governo, notadamente através do PBQP. As medidas sugeridas para as empresas envolvem a
criação de programas de cargos e salários que adotem incentivos materiais para o treinamento,
como ajuda de custo, prêmios e aumento salarial, convênios com instituições de treinamento e
nível nacional e internacional. A atuação conjunta entre empresas, governo e SENAI poderá
facilitar a melhor integração das escolas com a indústria, promover novos cursos de reciclagem e
que atendam às necessidades do mercado (como os cursos de CNC e a ampliação das vagas para
supervisores ou nas áreas mais carentes apontadas acima). Os incentivos fiscais para estimular o
treinamento e as bolsas de estudo também são instrumentos complementares relevantes.
19
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
IE/UNICAMP - IEI/UFRJ - FDC - FUNCEX
3.3. Políticas Relacionadas aos Fatores Sistêmicos
. Política de Financiamento
O setor de máquinas-ferramenta, assim como os demais componentes da Indústria de Bens
de Capital, sofre fortemente com as oscilações do ciclo econômico, antecedendo e amplificando
suas variações.
Em um ambiente de altas taxas de inflação, a comercialização de máquinas e equipamentos
exige financiamento de longo prazo que inexiste no setor financeiro privado. Por outro lado a
recessão descapitaliza as empresas, exigindo-se o recurso a capitais de terceiros. Portanto, a
existência de fontes oficiais de financiamento é indispensável para o setor de bens de capital, de
máquinas-ferramenta e para o desenvolvimento de longo prazo do país. Na verdade é necessário
um aprofundamento do sistema de financiamento em vigor, para facilitar a modernização do país.
O BNDES é a principal fonte de recursos em condições adequadas à viabilização dos
projetos que se utilizam de máquinas-ferramenta. As taxas de juros, os prazos de carência e
amortização devem ser compatíveis às vigentes a nível internacional. Com esse objetivo, propõe-
se:
a) Elevar o montante de recursos do BNDES
__
a proposta é de elevar a dotação de
recursos para o BNDES/FINAME de forma a ampliar o atendimento às demandas do setor
produtivo.
b) Elevar a participação dos recursos do BNDES
__
atualmente o BNDES/FINAME
participa com 50% do valor da máquina, restando ao comprador complementar a diferença. No
passado, o BNDES/FINAME participava com até 80% a 90% do valor da máquina-ferramenta.
Propõe-se elevar para até 80% a cobertura proporcionada pelo BNDES/FINAME.
c) A inclusão de acessórios no valor financiado pelo FINAME
__
com o progresso
tecnológico, a utilização das máquinas- ferramenta passou a exigir um conjunto cada vez maior de
acessórios para a perfeita utilização do maquinário, o que ocorre particularmente no caso do
comando numérico.
d) Facilitar a criação de novos tipos de financiamento, inclusive com a participação do
setor financeiro privado
__
dadas as dificuldades financeiras do setor público, torna-se
indispensável a colaboração do setor privado com novas fontes de recursos.
Estas medidas devem ser implementadas em regime de urgência, dada a crise
experimentada pelo setor e a rapidez da resposta do mercado a este tipo de estímulo.
20
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
IE/UNICAMP - IEI/UFRJ - FDC - FUNCEX
. Política de Estímulo à Exportação
A modernização do setor de máquinas-ferramenta somente estará assegurada quando as
empresas brasileiras apresentarem padrões internacionais. A única forma de manter o dinamismo
tecnológico e aproveitar integralmente as economias de escala em países de mercado interno
restrito, como Brasil, são as exportações.
Entretanto, para poder enfrentar a concorrência internacional, exige-se condições
semelhantes. No caso do Brasil há muitos fatores sistêmicos que tem dificultado as exportações,
como são os altos custos portuários, os elevados custos de transporte, a infra-estrutura de
transportes ineficiente e os fretes onerosos.
O crescimento das exportações de máquinas-ferramenta exige:
a) manutenção de política cambial realista
__
sem a adoção de uma política cambial
realista, todos os esforços de modernização e reestruturação serão insuficientes e comprometerão
o dinamismo do setor.
b) criação de seguro de crédito à exportação
__
este mecanismo existe em outros países e
representa redução de preços e apoio significativo à internacionalização da produção.
c) ampliação da linha de financiamento do Proex e Finamex
__
muitas empresas
produtoras de máquinas-ferramenta têm encontrado dificuldades de obter financiamento às
exportações, tornando-se inviável a competição internacional.
d) isenção de impostos para os produtos destinados a exportação
__
nenhum país
consegue ter uma política de exportação vigorosa se pretender exportar tributos, como o PIS e o
FINSOCIAL.
e) realização de gestões multilaterais junto aos organismos internacionais
__
organismos
internacionais como o BID devem ser buscados para o co-financiamento das exportações das
empresas da região para compradores de outros países.
A política de promoção das exportações deve ser entendida como uma estratégia de longo
prazo e não como um conjunto de medidas emergenciais e esporádicas.
. Política de Importações e de Tributação
Para a obtenção de maior eficiência em todo o tecido industrial é importante que ocorra
maior intercâmbio internacional de serviços, partes, peças e componentes. O cronograma de
liberação comercial foi uma importante sinalização nesse sentido. A maior fluidez das importações
depende de:
21
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
IE/UNICAMP - IEI/UFRJ - FDC - FUNCEX
a) simplificação do processo de obtenção do atestado de alíquota zero do Imposto de
Importação (I.I.) através da redução da burocracia envolvida.
b) adequação das alíquotas do Imposto de Importação para os insumos usados pelo setor
__
este tema está sendo tratado pela Câmara Setorial de Bens de Capital e estas medidas são
indispensáveis para a competitividade do setor.
c) as tarifas de partes e componentes importados não podem ser maiores que as das
máquinas-ferramenta
__
para evitar a competição desleal dos produtores internacionais em relação
aos produtores locais de MFCN, as tarifas para o CN devem ser no máximo iguais às incidentes
sobre as MFCN.
d) Não devem ser adotadas restrições não-tarifárias, que acabam por gerar distorções na
malha produtiva
e) O sistema tributária brasileiro deve ser reformulada no sentido de não desestimular os
investimentos, desagravando os bens de capital.
. Poder de Compra do Estado
O Estado deve articular as políticas de compras de seus vários órgãos, de forma a
estimular o desenvolvimento do setor de máquinas-ferramenta. O reequipamento de Escolas
Técnicas pode ser uma arma poderosa de reativação de atividades e ampliação dos serviços de
treinamento técnico. Pode-se estimular a qualidade das máquinas-ferramenta produzidas no país
através deste mecanismo, colaborando com os órgãos de Normalização e Certificação e o PBQP.
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
IE/UNICAMP - IEI/UFRJ - FDC - FUNCEX
3.3. Proposição de Políticas para Máquinas-Ferramenta - Quadro Sinótico
AGENTE/ATOR
OBJETIVOS / AÇÕES DE POLÍTICA
EXEC LEG EMP TRAB ASSOC ACAD
1. Reestruturação/Modernização Setorial
Objetivo: Promoção do desenvolvimento de novos
produtos
Ações: - criar um centro cooperativo de de-
senvolvimento tecnológico X X X X
- contratar consultoria técnica X X X X
Objetivo: Difusão de novas técnicas de gestão
Ações: - promover cursos de formação gerencial X X
- promover programas de modernização
gerencial X X X
- financiar serviços de consultoria X
Objetivo: Modernização e aquisição de equipamentos
Ação: - utilizar FINAME com 80% de cobertura X X
Objetivo: Formação de recursos humanos
Ações: - adequar a formação de recursos huma-
nos de nível técnico X X X X X
- adequar a formação de engenheiros X X X X X
- treinar a mão-de-obra para difusão
das novas técnicas de organização e
de controle de qualidade X X X X X
- promover intercâmbio de pessoal
técnico X X X X X
Objetivo: Modernização de empresas fornecedoras
Ações: - promover treinamento técnico e ge-
rencial de fornecedores X X X
- financiar a modernização de equipamen-
tos com maior percentual de cobertura X
- financiar serviços de consultoria
técnica, econômica e gerencial X
Objetivo: Exportação de serviços, partes, peças e
componentes
Ações: - formar consórcios de empresas para
exportação X X
- apoio comercial das embaixadas brasi-
leiras X
Objetivo: Facilitar a importação de serviços,
partes, peças e componentes
Ação: - formar consórcio para importação de
bens e serviços X X
Objetivo: Reestruturação da oferta
Ações: - financiar fusões ou aquisições X
- financiar formação de parcerias e
acordos tecnológicos e de comercia-
lização X
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
IE/UNICAMP - IEI/UFRJ - FDC - FUNCEX
AGENTE/ATOR
OBJETIVOS / AÇÕES DE POLÍTICA
EXEC LEG EMP TRAB ASSOC ACAD
2. Fatores Sistêmicos
Objetivo: Revisão da política de financiamento ao
investimento
Ações: - elevar o montante de recursos do BNDES X
- elevar o percentual de cobertura dos
financiamentos concedidos pela FINAME X
- inclusão de acessórios no valor fi-
nanciado pela FINAME X
- facilitar a criação, através de regu-
lamentação, de novos tipos de finan-
ciamento, inclusive com a participação
do setor financeiro privado X
Objetivo: Ampliação dos estímulos à exportação
Ações: - manutenção de política cambial
realista X
- criação de seguro de crédito à
exportação X
- ampliação da linha de financiamento
do PROEX X
- reduzir os juros do financiamento
concedido pelo FINAMEX X
- realizar gestões multilaterais com
organismos financeiros internacionais X
Objetivo: Adequação das importações
Ações: - manter a política e o cronograma de
abertura às importações X
- não adotar restrições não-tarifárias X
- adequar as alíquotas de importação
para os insumos usados pelo setor X
- implementar política de anti-dumping
Objetivo: Melhora da infra-estrutura tecnológica
Ações: - estimular o estabelecimento de normas
técnicas e padronização X X X
- estimular a certificação de qualidade X X X
Legendas: EXEC - Executivo
LEG - Legislativo
EMP - Empresas e Entidades Empresariais
TRAB - Trabalhadores e Sindicatos
ASSOC - Associações Civis
ACAD - Academia
Nota: Em caso de coluna em branco, leia-se "sem recomendação".
24
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
IE/UNICAMP - IEI/UFRJ - FDC - FUNCEX
4. INDICADORES DE COMPETITIVIDADE
A literatura tem apresentado grandes dificuldades para propor indicadores gerais de
competitividade no setor de máquinas-ferramenta, tanto aqueles associados às variáveis técnicas
como às variáveis econômicas.
O principal obstáculo para a construção de indicadores técnicos de produto é a grande
heterogeneidade das máquinas-ferramenta. Conforme foi mencionado anteriormente, as MF
diferem quanto ao tipo de operação (deformação ou com a produção de cavacos), precisão,
velocidade, flexibilidade, tamanho e formato das peças a serem trabalhadas, etc.
Com essas qualificações, a seguir se propõe alguns indicadores de competitividade, que
precisam ser contextualizados para serem utilizados adequadamente:
- Número de horas para produção de cada tipo de máquina
- Grau de automação de cada processo produtivo
- Grau de difusão das novas técnicas gerenciais
- Coeficiente de exportação e pauta de produtos exportados
- Coeficiente de importação e pauta de produtos importados.
25
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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APRESENTAÇÃO
O presente documento técnico apresenta a Nota Técnica Setorial de um dos estudos que
compõem o projeto "Estudo da Competitividade da Indústria Brasileira", referente ao contrato
entre a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), a Secretaria de Ciência e Tecnologia da
Presidência da República (SCT-PR) e a Fundação Economia de Campinas (FECAMP),
coordenado pelo Prof. Dr. Luciano G. Coutinho, do Instituto de Economia da UNICAMP, e pelo
Prof. Dr. João Carlos Ferraz, do Instituto de Economia Industrial da UFRJ.
O setor de Máquinas-Ferramenta apresenta grandes lacunas de informações estatísticas a
nível nacional e internacional. As séries não são completas e há dificuldades de comparação entre
elas. Este estudo utiliza as informações secundárias existentes, procurando relativizar a análise em
função das dificuldades metodológicas encontradas. De modo a suprir a carência de informações,
apóia-se também nos resultados obtidos pela Pesquisa de Campo do Estudo da Competitividade
da Indústria Brasileira (em Anexo) e em entrevistas realizadas pelo autor junto as seguintes
empresas:
1. Indústrias Romi S.A.
2. Indústrias Emanoel Rocco S.A.
3. Sanches Blanes S.A. Indústrias de Máquinas e Ferramentas
4. Prensas Schuler S.A.
5. B. Grab do Brasil S.A. Indústria e Comércio
6. Traubomatic Indústria e Comércio Ltda.
7. Promecor Indústria e Comércio de Máquinas Operatrizes e Ferramentas Ltda.
8. Mello S.A. Máquinas e Equipamentos
9. Brevet Máquinas de Precisão Ltda.
10. Innobra Innocenti Indústria Mecânica S.A.
11. Index Tornos Automáticos Indústria e Comércio Ltda.
12. Heller Máquinas Operatrizes Indústria e Comércio Ltda.
13. Engrenasa Máquinas Operatrizes S.A.
O Resumo Executivo foi concebido de modo a apresentar as principais conclusões do
trabalho, contendo, basicamente, uma análise qualitativa. As informações quantitativas e o
detalhamento analítico encontram-se na Nota Técnica completa.
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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1. TENDÊNCIAS INTERNACIONAIS DO SETOR DE MÁQUINAS-FERRAMENTA (MF)
1.1. Características Recentes da Indústria
As máquinas-ferramenta (MF) têm importância estratégica para o desenvolvimento
industrial porque incorporam tecnologia que determina boa parte da produtividade das atividades
manufatureiras, apesar de representarem fração pequena da produção da indústria de
transformação - cerca de 1% do valor adicionado na maioria dos países industrializados. Existe
uma grande diversidade de MF, que diferem pela finalidade, tamanho, peso, desenho, sistemas de
controle, etc. São utilizadas para recortar ou deformar os materiais. As MF são utilizadas
principalmente nas indústrias mecânica, material de transporte, elétrica e eletrônica e de
equipamentos de precisão.
A indústria de MF tem algumas características de um setor maduro, tais como a baixa taxa
de crescimento da produção, grande concorrência internacional de países em desenvolvimento e
ritmo inovativo relativamente baixo. Entretanto, o nível de investimento em P & D é cerca de 4 a
5% das vendas. O setor utiliza intensamente mão-de-obra qualificada e sofre grande
transformação com a produção de máquinas-ferramenta com controle numérico (MFCN).
O mercado de MF e de MFCN apresenta grande heterogeneidade, o que estimula a
especialização entre as linhas de produtos dos mercados específicos. Os vários segmentos de
mercado dependem principalmente do grau de flexibilidade da máquina e do volume de produção.
Dessa forma, o mercado apresenta a seguinte segmentação:
a) máquinas convencionais: este segmento representa cerca de 16% do mercado, é
dominado pelos países asiáticos e do leste europeu e o principal fator de concorrência é o preço
das máquinas;
b) máquinas a comando numérico e centros de usinagem: representa 36% do mercado, é
dominado pelo Japão e os principais fatores de concorrência são o preço e a tecnologia; e
c) máquinas especiais: representa 48% do mercado, é dominado pela Alemanha e o
principal fator de concorrência é a tecnologia.
Os principais países produtores de MF em 1992 foram: Japão, com US$ 8.671 milhões,
seguido pela Alemanha, com US$ 7.852 milhões, EUA, com US$ 3.187 milhões e Itália, com US$
3.055 milhões. O Brasil produziu, em 1992, cerca de US$ 420 milhões, representando
aproximadamente 1,2% da produção mundial. Cabe destacar que, em 1992, a produção mundial
caiu mais de 10% em relação ao ano anterior, sobretudo em função das baixas taxas de
crescimento econômico observadas nos países industrializados.
27
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
IE/UNICAMP - IEI/UFRJ - FDC - FUNCEX
Conforme mostra a tabela 1, os países que têm apresentado maior taxa de crescimento da
produção, a partir de 1977, são Japão, Alemanha, Itália, Taiwan, Espanha e Coréia. O maior
crescimento ocorreu nos países que adotaram as tecnologias eletrônicas. O comportamento das
indústrias mecânicas locais também explica o desenvolvimento do setor de MF.
TABELA 1
PRODUÇÃO DE MÁQUINAS-FERRAMENTA
(1977/89)
em US$ milhões Em %
1977 1980 1983 1986 1989 1989
Japão 1602 3826 3541 6872 9817 23,3
RFA 2635 4707 3193 5.185 6859 16,3
URSS 2202 3065 3077 3672 5000 11,9
EUA 2441 4812 2106 2748 3270 7,8
Itália 878 1728 1037 1623 3067 7,3
Suiça 580 994 766 1424 1797 4,3
Reino Unido 588 1395 573 916 1597 3,8
RDA 641 891 829 1001 1445 3,4
França 591 954 561 657 1081 2,6
China (Taiwan) 58 245 205 367 1016 2,4
Rep.Pop. da China 355 420 475 364 832 2,0
Espanha 191 353 193 396 795 1,9
República da Coréia 57 130 119 333 760 1,8
Romenia 120 590 439 306 708 1,7
Yugoslávia 141 232 231 390 602 1,4
Brasil 283 315 98 370 458 1,1
TOTAL MUNDIAL 15124 26741 19526 28917 42064
Fonte: Compilação baseada na American Machinist (diferentes números), in Onudi (1990).
Os principais países exportadores de MF, em 1992, foram Alemanha, US$ 4.699 milhões;
Japão, US$ 3.554 milhões; Suíça, US$ 1.454 milhões; Itália, US$ 1.374 milhões; e EUA com US$
1.005 milhões. Os principais importadores foram Alemanha com US$ 1.881 milhões, seguida
pelos EUA com US$ 1.695 milhões, França, US$ 1.177 milhões e Coréia com US$ 994 milhões.
Portanto, a indústria é caracterizada por elevados coeficientes de exportação e de importação.
O parque de máquinas-ferramenta com comando numérico cresce aceleradamente em nível
mundial. As taxas de crescimento das máquinas-ferramenta com comando numérico na Europa
têm sido entre 10 e 20% a.a. O estudo da ONUDI (1990) aponta os Estados Unidos como líder
mundial, com 240.000 unidades, em termos de parque instalado, seguido pelo Japão (110.000),
Itália, Alemanha, Reino Unido e França.
As tendências internacionais indicam o aprofundamento da utilização de sistemas de
fabricação flexíveis e integrados (SFF). Os países mais adiantados neste processo são Japão e
EUA, devendo ocorrer forte incremento de sua utilização até o ano 2000. Estes sistemas tendem a
ser utilizados nos setores de maquinaria geral (67% do total), maquinaria elétrica (17%) e material
28
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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de transporte (16%), como mostram os dados de Haywood e Bessant, de 1987, para o Japão
(ONUDI, 1990).
A adoção destes sistemas de fabricação requer mão de obra de qualificação elevada, capaz
de trabalhar com desafios mais amplos do que os exigidos no paradigma anterior. Também o
tecido industrial se modifica, estreitando os laços entre os fornecedores, produtores de máquinas-
ferramenta e clientes finais.
1.2. Principais Fatores da Competitividade
As empresas do setor de máquinas-ferramenta não apresentam porte elevado, havendo, em
nível internacional, menos de 20 empresas com mais de 1.000 empregados em 1988 (sendo que
apenas 6 tinham mais de 4.000 empregados). Devido à difusão das MFCN e dos sistemas flexíveis
de produção observa-se um crescimento da escala das maiores empresas produtoras de MF
(tabela 2).
O setor caracteriza-se pelo fato da tecnologia de produto ser mais importante do que a de
processo, apesar de que o emprego da automação microeletrônica por suas próprias empresas, ao
possibilitar maior produtividade, maior precisão das operações de usinagem, maior flexibilidade do
processo produtivo, entre outras, também constitua importante fator para a competitividade
internacional. De modo geral, nos segmentos de máquinas convencionais a concorrência é
principalmente de preços ao passo que nos casos das máquinas o fator tecnológico é o
preponderante (tabela 3).
É muito frequente a prática de subcontratação no setor, tendência que se acentuou nos
últimos anos. Os laços entre produtores de MF com seus clientes também são muito próximos,
exigindo projetos e desenhos específicos, principalmente no caso de máquinas não convencionais.
As empresas de MF apresentam-se, portanto, dentro de um tecido industrial muito complexo e
variado. As empresas de máquinas-ferramenta transformaram-se em "montadoras", recebendo
serviços, partes e componentes de uma extensa lista de fornecedores, alguns dos quais atendem o
mercado mundial. A difusão de eletrônica contribuiu para o aprofundamento deste processo.
29
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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TABELA 2
PRINCIPAIS EMPRESAS PRODUTORAS DE MÁQUINAS-FERRAMENTA
(em milhões de US$)
Vendas de Máquinas- Total de Emprego
Ferramentas Vendas
1989 1988 1988
YAMAZAKI MAZAK CORP Japão 1183 796 796 3000
FANUC LTD Japão 1079 928 1055 1770
AMADA CO Japão 1153 891 1019 1509
CROSS AND TRECKER EUA 456 428 4100*
COMAU SPA Itália 380 3500
OKUMA MACHINERY WORKS Japão 665 551 592 1753
CINCINATI MILACRON EUA 424 361 860 8400*
MORI SEIKO CP Japão 635 488 1570
TOYODA MACHINE WORK Japão 466 418 1045 4367
DECKEL GROUP RFA 350
INGERSOLL MINING EUA 366 345 400 4500
GILDMEISTER RFA 313
KOMATSU MTD Japão 474 398 5580 15801
MAKINO MILLING MACHINERY Japão 318 270 951
AIDA ENGINEERING Japão 247 684
AMADA SONOIKE MFG Japão 390 307 537
TRUMPF GMBH RFA 340 302 2122
HITACHI SEIKI Japão 346 275 1237
FUJI MACHINE CO Japão 392 241 717
* Com a inclusão das vendas mediante operações no exterior
Fonte: American Machinist, agosto de 1990, agosto de 1989, in Onudi (1990).
Assim como é importante contar com uma estrutura adequada de suprimento, para o setor
de máquinas-ferramenta também é importante contar com um sólido tecido industrial à frente, isto
é, com indústrias do complexo metal-mecânico, que são seus principais clientes.
TABELA 3
FATORES DE CONCORRÊNCIA E MERCADO
Máquinas CN
Máquinas Centro de Máquinas
Convencionais Usinagem Especializadas
Principal Fator
de Concorrência Preço Preço/Tecnologia Tecnologia
Principais Países da
Fornecedores Ásia e do Japão RFA
Leste da
Europa
Participação no
Mercado Mundial 16% 36% 48%
Crescimento a
Médio prazo Diminui Aumenta Aumenta
Fonte: Adaptado de P. Fremeaux, R.Touboul:Machineoutil 90, Les Enjeux BIPE, Paris 1990, in Onudi (1990)
30
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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Para que a malha produtiva possa apresentar padrões de competitividade satisfatórios, é
indispensável a existência de mão-de-obra qualificada que encontre condições para participar
ativamente do processo produtivo, colaborando para atingir os objetivos de aumento da
produtividade e capacitação tecnológica.
Finalmente, no momento atual de crise internacional, quando se acirra a concorrência,
nota-se que mais países estruturam sistemas de financiamento para estimular suas vendas externas
de máquinas-ferramenta.
31
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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2. COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA DE MÁQUINAS-FERRAMENTA
2.1. Diagnóstico da Competitividade da Indústria Brasileira
2.1.1. Desempenho
O setor de máquinas-ferramenta do Brasil apresentou desempenho satisfatório no período de
1960 a 1980, com expressivo crescimento da produção e avanço tecnológico significativo. Consolidou-
se, neste período, certo nível de competência, principalmente nas atividades eletromecânicas.
Algumas empresas atingiram escalas de produção elevadas, principalmente em relação ao
mercado interno, e o capital estrangeiro estabeleceu-se firmemente em segmentos de tecnologia
sofisticada. No final da década de 70 e início dos anos 80, o setor apresentava maior dinamismo,
inclusive em relação ao mercado externo, tendo alcançado o coeficiente de exportação de 17,4%,
em 1980.
A tabela 4 mostra que a década de 80 apresentou a tendência de queda na produção e no
emprego. Apesar do período mais ativo entre 1985/89, a queda no período como um todo foi
forte e permanece até 1992. Note-se, contudo, que o emprego cai sistematicamente mais do que a
produção, indicando elevação da produtividade do trabalho. A causa básica da queda de
atividades foi a redução da demanda doméstica, que sofreu com a falta de investimentos da
economia. O aumento de produtividade foi decorrente da incorporação de novas técnicas
organizacionais e da adoção de estratégias defensivas, que implicaram redução de pessoal.
TABELA 4
INDICADORES DE EMPREGO TOTAL E PRODUÇÃO INDUSTRIAL
NO SETOR DE MÁQUINAS-FERRAMENTA NO BRASIL
(1979/92)
(Nº índices-média anual: base média de 1972 = 100)
Anos Emprego Produção
Total Industrial
1979 199,8 270,8
1980 209,0 285,9
1981 191,6 248,3
1982 139,6 175,1
1983 106,5 135,7
1984 110,6 150,6
1985 149,4 213,0
1986 186,8 261,2
1987 211,0 296,7
1988 208,4 297,0
1989 173,9 243,9
1990 147,9 206,1
1991 116,0 181,1
1992 90,8 146,4
Fonte: ABIMAQ-SINDIMAQ. Indústria Brasileira de Bens de Produção Mecâ-
nicos. Indicadores Conjunturais, vários números.
32
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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Nos anos de 1987 a 1990, 17% do valor total da produção de máquinas-ferramenta
referia-se a máquinas de conformação e 83% a máquinas por arranque de cavacos. Estas
participações estão muito próximas do que se verifica no plano internacional. As principais
máquinas, por valor de produção, neste mesmo período, foram os tornos (44,1%), retificadoras
(12%), fresadoras (10,9%) e centros de usinagem (10,6%).
De uma amostra inicial de 53 empresas produtoras de máquinas-ferramenta, 19
responderam a pesquisa de campo do Estudo da Competitividade da Indústria Brasileira (ECIB,
1993), realizada no primeiro semestre de 1993 (vide Anexo). Essas empresas em conjunto
registraram um faturamento de 216,18 milhões de dólares em 1992, o que representa mais de 50%
das vendas totais do setor nesse ano (420 milhões de dólares segundo os dados da Americam
Machinist).
Segundo os dados apurados pelo ECIB, o emprego direto médio na produção industrial
caiu de 359 empregados no período 87/89 para 213 em 1992 enquanto o grau de utilização da
capacidade caiu de 81% para 51%, em média, no mesmo período. Os indicadores econômico-
financeiros também apresentaram evolução pouco favorável: a margem de lucro média em 1992
caiu quase a metade do nível de 87-89, enquanto o grau de endividamento aumentou em cerca de
25%. Ou seja, as empresas tornaram-se menores, menos lucrativas, mais endividadas e com maior
capacidade ociosa.
O ECIB (1993) indica, ainda, que o volume médio de investimentos em capital fixo no
período 90/92 foi pequeno (US$ 2.006 mil), devendo se reduzir ainda mais entre 93/95 (US$
1.552 mil). Note-se que a principal motivação para os investimentos realizados no período 90-92
foi a modernização, assinalada por 81,3% das empresas (6,3% das empresas assinalou ampliação
de capacidade e 12,5% ambas as motivações). Esses percentuais não se alteram significativamente
em relação às expectativas sobre os investimentos futuros.
As exportações, embora tenham crescido entre 1987 e 1990, continuaram abaixo dos
valores de 1980 e 1981 (tabela 5). Em 1991 e 1992, as exportações cresceram a taxas elevadas,
conseguindo amenizar a gravidade da crise de retração do mercado interno.
33
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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TABELA 5
COMÉRCIO EXTERIOR DE MÁQUINAS-FERRAMENTA - BRASIL
(1978/90)
Importação Exportação
Anos ------------------------------- -------------------------------
Unidades Valor Valor Médio Unidades Valor Valor Médio
Físicas US$ 10
6
US$ 10
3
/MAQ Físicas US$ 10
6
US$ 10
3
/MAQ
1978 10.162 226 22,2 12.447 20 1,6
1979 5.484 145 26,4 22.054 39 1,8
1980 3.654 175 47,9 30.669 72 2,3
1981 3.734 124 33,2 23.434 74 3,2
1982 2.863 85 29,7 6.899 21 3,0
1983 771 44 57,1 4.802 24 5,0
1984 607 40 65,9 6.453 20 3,1
1985 17.781 40 2,2 5.113 28 5,5
1986 10.833 65 6,0 8.072 26 3,2
1987 2.648 114 43,0 6.704 24 3,6
1988 4.780 164 34,3 7.768 40 5,1
1989 - 167 - - 30 -
1990 - - - - 37 -
Fonte: Dados da CACEX citados em ABIMAQ-SINDIMAQ, Máquinas-Ferramenta para Trabalhar Metais e
Carbonetos Metálicos.
Pesquisa Industrial, Ano XIV, nº 14
Tradicionalmente o setor de máquinas-ferramenta brasileiro é exportador de máquinas
convencionais, segmento onde sua competitividade é maior. No início dos anos 80, os principais
mercados externos eram de países latino-americanos. Atualmente, as empresas do setor têm
procurado diversificar seus mercados em direção aos Estados Unidos e Europa, embora a
América Latina ainda absorva parcela significativa das exportações. Outro dado importante é que
as empresas estrangeiras apresentam maior coeficiente de exportação do que as empresas
nacionais, demonstrando que o apoio comercial e técnico das matrizes é um fator relevante para o
alcance de mercados externos. Além disso, as empresas estrangeiras têm adotado estratégias mais
globais, que implicam a maior especialização de suas filiais instaladas no Brasil, conforme será
visto no tópico sobre estratégias das empresas do setor.
As exportações brasileiras de MF (categorias 84.56 a 84.65 da Nomenclatura Brasileira de
Mercadorias - NBM) cresceram de 41,1 milhões de dólares em 1989 para 46,9 em 1990 e 75,7 em
1991, ao passo que as importações cresceram de 177,1 em 1989 para 226,1 em 1990 e 247,2
milhões de dólares em 1991, segundo o Decex e DEE Abimaq/Sindimaq. Estas informações não
são estritamente comparáveis à tabela 5 devido aos diferentes critérios de agregação. O esforço
exportador é evidenciado pelos dados coletados na pesquisa ECIB, que apontaram um avanço da
participação das exportações sobre o faturamento das empresas entrevistadas de 10% em 87-89
para 39% em 1992.
Embora se verifique grande volume de exportações e importações numa mesma categoria
NBM a 10 dígitos (fato que ocorre devido à heterogeneidade dos modelos existentes), a análise
do intercâmbio comercial brasileiro a partir de 1989 mostra que o país tende a importar,
34
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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principalmente, produtos mais sofisticados, como as fresadoras a comando numérico, retificadores
(com ou sem comando numérico), máquinas de cortar e retificar e engrenagens, alguns tipos de
tornos com comando numérico e centros de usinagem. As exportações, por sua vez, tendem a se
concentrar em produtos menos sofisticados, como os tornos paralelos tipo universal, os tornos
horizontais automáticos monofusos e as máquinas (inclusive prensas) para forjar, prensar ou
martelar (apesar do Brasil também importar estas categorias NBM, ocorre saldo cambial favorável
ao país entre 1989 e 1992).
Registre-se que algumas empresas brasileiras exportam volumes significativos de produtos
mais sofisticados como os centros de usinagem, alguns tipos de tornos com comando numérico,
fresadoras com comando numérico, mas o saldo cambial é negativo para o Brasil. Nestes casos o
valor médio por máquina dos produtos importados tem sido muito superiores aos das exportações
ao longo do período de 1978 a 1988 (tabela 5), confirmando a menor sofisticação das MF
exportadas em relação às importadas pelo Brasil.
As dificuldades de exportação estão associadas à falta de competitividade da produção
nacional, devido à tradição imposta pelo modelo de substituição de importações - elevados índices
de nacionalização e elevada verticalização -, aos custos elevados de suprimentos, principalmente
na área de informática e à falta de política de exportações por parte do governo. Para que as
exportações possam desempenhar um papel mais importante é necessária grande reformulação do
setor, promovendo a modernização de vários elos da malha produtiva, o que inclui o maior acesso
a insumos importados.
A partir de 1990, com o processo de liberalização comercial da economia brasileira, o
setor passou a desverticalizar a produção e a importar mais componentes. Contudo essa estratégia
assume conotações distintas entre os vários segmentos de empresas do setor, como será visto
posteriormente. No momento, as tarifas de importação são de 20 a 25%, dependendo do produto,
e não existem restrições não-tarifárias relevantes para o Brasil. Por outro lado, o setor de
máquinas-ferramenta, com a abertura do mercado interno, passou a sofrer maior concorrência das
importações, num momento de crise do mercado interno.
Desde 1988 o setor de bens de capital inaugurou uma série de acordos comerciais que
permitiram o intercâmbio livre de impostos alfandegários desses produtos entre o Brasil e a
Argentina.
Nos últimos anos tem havido importante aumento de transações com expressivo
crescimento das vendas para a Argentina. Note-se que de janeiro a maio deste ano, segundo dados
oficiais, as exportações de máquinas, aparelhos, instrumentos mecânicos e material elétrico (cap.
84 e 85 da NBM) somaram US$ 63,7 milhões, com aumento de quase 24% sobre igual período de
1992, de acordo com a Gazeta Mercantil de 06.08.93, o que ilustra a importância deste mercado
35
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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para as máquinas-ferramenta produzidas no Brasil. Em 1990 foram exportados 131,7 milhões de
dólares para a Argentina, ao passo que em 1991 estes valores se elevaram a 140,5 e em 1992
atingiram 141,1 milhões de dólares.
As questões mais importantes no âmbito do Mercosul estão associadas à tarifa externa
comum e aos certificados de origem, como meio de evitar a triangulação de produtos. Em maio
desse ano, a Argentina reduziu a zero as alíquotas de importação de MF, o que afetará
negativamente o intercâmbio entre os dois países. Essa iniciativa sugere que o expressivo saldo
cambial a favor do Brasil já está provocando retaliações.
Quanto à produção, merece destaque a evolução das máquinas-ferramenta com comando
numérico (MFCN) cuja produção e demanda se elevaram substancialmente no período, apesar de
toda a crise do mercado doméstico, conforme mostra a tabela 6. Note-se que a Política de
Informática, ao estabelecer a reserva de mercado para a produção do comando numérico, exigiu
importantes esforços de capacitação tecnológica, mas também significou custos elevados para as
MFCN. Porém, o crescimento do mercado de MFCN não foi suficiente para a quase totalidade
das empresas do setor contornar a crise recente da demanda.
TABELA 6
VENDAS DE MFCN/CNC NO BRASIL
(1979/89)
(em unidades)
Anos Produção Importação Total
Local
Até 1979 110 274 384
1980 172 306 478
1981 69 55 124
1982 120 30 150
1983 150 30 180
1984 153 53 206
1985 413 60 473
1986 833 180 1013
1987 1018 150 1168
1988 742 n.d. n.d.
1989 1052 n.d. n.d.
1990 456 n.d. n.d.
1991 503 n.d. n.d.
Nota: n.d. = dado não disponível
Fonte: SOBRACON
As informações obtidas pelo ECIB mostram que os dispêndios médios com P&D, tomados
em relação ao faturamento, praticamente se mantiveram constantes, evoluindo de 1,69% em 1987
para 1,65% em 1992. Já os dispêndios com engineering elevaram-se de 3,19 para 3,63% do
faturamento entre 87/89 e 1992, assim como elevaram-se os dispêndios com vendas (de 7,51 para
11,03%) e com assistência técnica (de 1,93 para 2,29%).
36
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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Por outro lado reduziram-se os dispêndios com treinamento de pessoal de 1,3 para 0,90%
entre 1987-89 e 1992. A distribuição do pessoal ocupado em 1992 mostra que apenas 1,44% dos
empregados encontrava-se alocado à atividades de P&D, 5,35% em Engenharia, 61,82% na
produção, 4,77% em vendas, 4,10% na assistência técnica, 3,56% na manutenção e 18,97% na
administração. A redução dos gastos com treinamento decorre de uma forma de ajuste a um
mercado que diminui e altera seu perfil com a liberalização comercial.
No período de 87/89 a 1992 foram observados vários indícios de melhoria do desempenho
produtivo das empresas integrantes da pesquisa ECIB tais como a redução da taxa de retrabalho
(8,4 para 4,7%), da taxa de defeitos (15,2 para 10,7%), da taxa de rejeito de insumos (4,5 para
3,2%), das paradas imprevistas (9,0 para 5,3 dias) e da taxa de devolução dos produtos (1,3 para
0,7%). Por outro lado, cresceram o prazo médio de produção (170,9 para 197,9 dias) e o prazo
médio de entrega (198,7 para 242,0 dias).
Também a autoavaliação do desempenho produtivo realizada pelos empresários do painel
aponta na mesma direção. Quando solicitados pela pesquisa ECIB a estabelecer uma comparação
entre os vários atributos dos seus produtos em 1992 com relação a 1987/89, os respondentes
registraram o seguinte quadro: os preços tenderam a se reduzir na opinião de 83,3% dos
entrevistados (subiram para 11,1% do painel), enquanto os custos não apresentaram uma
evolução definida (foram menores para 38,9% e maiores para 33,3% das empresas). Observe-se
que os salários médios foram menores para metade dos respondentes e maiores para 16,7%. Os
prazos de entrega e de desenvolvimento de novos "modelos" reduziram-se para 88,9% e 44,4%
das empresas, respectivamente (o segundo permaneceu constante para 38,9% das empresas). A
eficiência na assistência técnica aumentou em 50,0% dos casos, tendo diminuido em apenas
11,1%. Também o conteúdo/sofisticação tecnológica dos produtos apresentou uma evolução
positiva, tendo crescido na opinião de 66,7% dos respondentes. Em relação a conformidade às
especificações técnicas, esta teria se reduzido para 5,6% dos casos apenas, enquanto a capacidade
de atender a especificações particulares solicitadas pelos clientes foi maior segundo 61,1% e igual
em 38,9% das empresas.
Estas informações mostram que, apesar das grandes dificuldades, o setor de máquinas-
ferramenta procurou aprimorar sua competitividade, através de esforços direcionados para a
maior eficiência do processo produtivo, que não demandam grande volume de investimentos. Esse
processo de ajustamento direcionou-se para a recomposição da linha de produtos visando atender
mercados intermediários do ponto de vista tecnológico. A heterogeneidade da demanda das
máquinas implica a existência de nichos a serem atendidos pelos vários fabricantes, tornando-se
fator essencial de competição a capacidade de atender as especificidades dos clientes,
principalmente para os lotes menores, que são os mais freqüentes. O crescimento dos prazos de
produção e entrega (não ratificado pela autoavaliação), no entanto, constitui indício das
37
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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dificuldades enfrentadas pelas empresas em seus processos de ajustamento, revelando,
possivelmente, os efeitos de um mercado interno mais estreito.
2.1.2. Capacitação
A capacitação tecnológica do setor de Máquinas-Ferramenta, seguiu o modelo do learning
by doing (Cruz, 1983), bem-sucedido até o final da década de 70, na medida em que constituia
uma forma de domínio da tecnologia compatível com o processo de substituição de importações.
A proteção do mercado doméstico aliada ao elevado ritmo de crescimento da economia
proporcionava uma demanda doméstica em rápida expansão.
No caso do setor de máquinas-ferramenta havia uma importante peculiaridade no domínio
da tecnologia metal-mecânica. As exigências de aperfeiçoamento do processo produtivo para
atender a crescente sofisticação da demanda, particularmente a partir da instalação do setor
automobilístico, implicava a compra de equipamentos mais avançados. O contato com estas
máquinas nas atividades de produção e manutenção fornecia os elementos para promover novos
avanços tecnológicos do produto, além das oportunidades para a imitação dos produtos em uso.
Evidentemente, nem todos os aperfeiçoamentos tecnológicos seguiam apenas a trajetória
da imitação. A tecnologia mecânica oferece oportunidades para que a criatividade se manifestasse
em soluções bastante originais, tal como ocorria nos países de fronteira tecnológica. Com isso, foi
possível conquistar importantes espaços no domínio da tecnologia de produto e de processo no
setor de máquinas-ferramenta.
O domínio da tecnologia de processo significava também a criação de um tipo de mão-de-
obra qualificada no processo de "aprender fazendo". Note-se que o setor se desenvolveu no país
antes que houvesse uma infra-estrutura satisfatória de serviços e de educação de nível técnico
intermediário e superior. As empresas acabavam por treinar o seu pessoal, de início de forma
empírica e, posteriormente, de maneira mais formalizada. Evidentemente, este tipo de treinamento
se presta mais para as condições do paradigma eletro-metal-mecânico do que para o eletrônico
(Furquim, 1992), que representa o principal desafio tecnológico a partir dos anos 80.
A partir dos anos 80 o modelo de capacitação tecnológica anterior, que levou a
constituição de um certo número de empresas que se mostravam razoavelmente competitivas a
nível internacional nas faixas de mercado de produtos convencionais, tal como sugerem os
significativos valores das exportações, passou a sofrer com a queda da demanda interna e com a
entrada dos comandos numéricos computadorizados no setor.
Em decorrência da profunda e prolongada queda da demanda, as empresas perderam
fôlego financeiro, reduziram escalas de operações (e as decorrentes economias de escala) e foram
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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forçadas a reduzir o quadro de pessoal. O volume de exportações, que dependia do próprio
tamanho do mercado interno, não representou a saída para a crise do setor. Durante a década de
80, praticamente cessa a modernização dos processos produtivos das plantas de MF instaladas no
País, com raras exceções. Amplia-se o gap tecnológico em relação aos países da fronteira, que
não deixaram de investir.
Com efeito, a fronteira tecnológica internacional avançou muito neste período, com a
introdução das MFCN. Portanto, ampliou-se também neste aspecto a defasagem tecnológica em
relação à liderança internacional. A existência de uma Política Nacional de Informática significava
que o Brasil apostava no domínio desta nova tecnologia como uma "janela de oportunidades" para
conquistar espaço no mercado mais promissor a nível internacional. Se a tarefa de dominar esta
nova tecnologia já era difícil, cresceram os obstáculos para uma rápida difusão deste paradigma.
Evidentemente, com o mercado doméstico protegido, as MFCN representam um novo nicho de
mercado a ser explorado, que era bastante importante para algumas empresas no ambiente de
recessão. A contra-partida eram as novas exigências de investimento no próprio processo
produtivo e de desenvolvimento de produtos compatíveis com a nova tecnologia.
Algumas empresas procuraram dominar a nova tecnologia através do licenciamento,
principalmente na área da eletrônica. Outras recorreram às estratégias tradicionais, buscando,
junto aos fornecedores dos comandos-numéricos, uma interação ativa que lhes permitisse utilizar
os CN em suas máquinas, sem se preocupar com um domínio tecnológico mais ambicioso. De
qualquer forma a batalha era muito difícil e as conquistas foram modestas. O resultado foi a
ampliação do gap tecnológico de produto em relação aos líderes internacionais.
Os dados da pesquisa ECIB apontam para um envelhecimento da linha de produtos das
empresas. Segundo a pesquisa, em 78,9% das empresas a idade do principal produto estava acima
de 10 anos e em nenhuma delas era inferior a 6 anos. Observa-se também que 57,9% dos produtos
comercializados eram considerados de última geração, 31,6% de penúltima geração e 5,3% de
gerações anteriores (os 5,3% restantes não sabiam).
Em termos de tecnologia de processo a situação também se tornou mais desvantajosa. De
um lado, as empresas não contavam com fundos internos (lucros) para o reequipamento. De
outro, a falta de horizonte de uma política nacional que não desestimulasse as exportações,
impedia um redirecionamento mais ambicioso da base produtiva para o mercado internacional.
Possivelmente, a própria falta de visão de grande parte das empresas sobre a importância das
MFCN também contribuiu para que o setor investisse muito pouco na modernização de suas
plantas, no aprimoramento da gestão da produção e na valorização do fator trabalho.
O perfil de idade dos equipamentos encontrada pela pesquisa ECIB foi o seguinte: 36,8%
das empresas operava equipamentos de até 5 anos, 26,3% entre 6 e 10 anos e 36,8% acima de 10
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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anos. Quanto à geração tecnológica do equipamento mais importante, apenas em 21,1% dos casos
era da última geração, em 42,1% de penúltima geração e em 15,8% de gerações anteriores. Note-
se que 10,5% das empresas não sabiam e 10,5% informaram que esta questão não se aplicava.
Comprova-se desta forma o envelhecimento do parque produtivo, que deve se tornar rapidamente
obsoleto caso não sejam retomados os investimentos nesta área.
No que se refere à taxa de adoção de dispositivos microeletrônicos nas operações
produtivas, observa-se que em em 1987/89 estes eram utilizados com baixa intensidade (0 a 10%
das operações totais) por 61,1% das empresas, com média intensidade (de 11 a 50%) por 27,8% e
com alta intensidade (de 51 a 100%) por apenas 11,1%. Em 1992, esses números evoluiram para
44,4% tanto para baixa como para média intensidade e os mesmos 11,1% para alta intensidade de
utilização. Ou seja, a pesquisa ECIB indica que a utilização de dispositivos eletrônicos evoluiu
lentamente nos últimos anos.
Pesquisa da ABIMAQ (Laplane, 1990), que coletou informações sobre 36 empresas de
MF em 1987, destaca a importância da qualificação dos recursos humanos e o aprimoramento da
oferta de componentes e serviços a preços internacionais para a melhoria da competitividade do
setor. Essa pesquisa comprovou que o estágio incipiente da automação avançada e de técnicas
gerenciais ao estilo japonês, indicando que os esforços tecnológicos das empresas brasileiras
estavam direcionados à atualização de produtos.
Os dados da pesquisa ECIB trazem novas informações sobre o uso de técnicas gerenciais e
indicam que houve pouco avanço na difusão destes procedimentos entre 1987/89 e 1992, tal como
indicado abaixo:
- Em 1987/89 os círculos de controle de qualidade eram utilizados com baixa intensidade
(de 0 a 10%) por 76,5% das empresas, ao passo que 17,6% apresentaram média intensidade (de
11 a 50%) e 5,9% alta intensidade (de 51 a 100%). Em 1992 nota-se que 88,2% apresentaram
baixa intensidade, 11,8% média intensidade e nenhuma alta intensidade.
- O CEP (controle estatístico de processo) era utilizado em 94,1% das empresas com baixa
intensidade (de 0 a 10%) e 5,9% com média intensidade (de 11 a 50%) no período de 1987/89.
Por outro lado, em 1992 foi observado que 88,2% utilizavam com baixa intensidade e 11,8% com
média intensidade, permanecendo sem registro de casos de uso com alta intensidade.
- Os métodos de tempos e movimentos eram utilizados em 1987/89 com baixa intensidade
(de 0 a 10%) em 35,3% das empresas, ao passo que 58,8% apresentaram média intensidade (de
11 a 50%) e 5,9% apontaram alta intensidade (de 51 a 100%). Em 1992 foi observado que 41,2%
apresentaram baixa intensidade, 41,2% média intensidade e 17,6% alta intensidade.
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- As células de produção eram utilizadas em 1987/89 com baixa intensidade (de 0 a 10%)
em 70,6% dos casos e com média intensidade (de 11 a 50%) nas 29,4% restantes. Em 1992
64,7% apresentaram baixa intensidade, 29,4% média intensidade e 5,9% alta intensidade (de 51 a
100%).
- O just in time interno era utilizado em 1987/89 com baixa intensidade (de 0 a 10%) em
76,5% das empresas, ao passo que 17,6% apresentaram média intensidade (de 11 a 50%) e 5,9%
alta intensidade (de 51 a 100%). Em 1992 foi observado que 52,9% eram utilizados com baixa
intensidade, 41,2% média intensidade e 5,9% com alta intensidade.
- O just in time externo era utilizado em 1987/89 com baixa intensidade (de 0 a 10%) em
94,1% das empresas e com média intensidade (de 11 a 50%) em 5,9%. Em 1992 foi observado
que 76,5% apresentaram baixa intensidade, 17,6% média intensidade e 5,9% alta intensidade (de
51 a 100%).
- No que se refere ao Controle de Qualidade na produção foi observado em 1992 que
5,3% não o realizavam (mesmo percentual de 1987/89), que 5,3% o utilizavam somente em
produtos acabados (10,5% em 1987/89) e que 10,5% o realizavam em algumas etapas (mesmo
percentual em 1987/89). O controle da qualidade em etapas essenciais e em todas as etapas, que
em 1987/89 era utilizado em 42,1% e 31,6% dos casos, respectivamente, passaram a ser utilizados
em 47,4% nas etapas essenciais e 31,6% em todas as etapas em 1992.
A julgar pelos resultados da pesquisa ECIB, a difusão da ISO-9000 ocorre lentamente no
setor, pois observa-se que a quase totalidade das empresas somente realiza estudos visando sua
implantação. São raras as empresas que se encontram em fase de implementação (inicial ou
adiantada) e nenhuma empresa conclui o processo.
No que se refere ao treinamento do pessoal, a pesquisa ECIB observou que 26,3% das
empresas não realizaram qualquer treinamento dos seus gerentes, e que apenas 10,5% das
empresas treinaram sistematicamente a totalidade dos empregados deste nível. No caso dos
profissionais técnicos, 21,1% das empresas não realizaram qualquer treinamento e 10,5%
treinaram sistematicamente 100% desses empregados. No caso dos trabalhadores qualificados
21,1% das empresas não realizaram qualquer treinamento e 10,5 treinaram sistematicamente
100% desses empregados. Finalmente não foi realizado qualquer treinamento para operadores ou
empregados em 15,8% das empresas. Novamente as evidências indicam pequeno esforço de
treinamento do pessoal, a não ser por um grupo muito pequeno de empresas.
2.1.3. Estratégias empresariais
O estudo da competitividade do setor de Máquinas Ferramenta encontra um perfil em
grande transformação no caso do Brasil. A conjugação do processo de liberalização comercial
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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com profunda recessão no mercado interno (ver Cruz e Silva, 1991), já está promovendo
importantes modificações na estrutura produtiva local.
No que se refere à principal motivação da estratégia competitiva das empresas integrantes
da pesquisa ECIB observou-se que a retração do mercado interno (88,9%), a formação do
Mercosul (61,1%), as crescentes dificuldades de acesso aos mercados internacionais (33,3%) e a
evolução das tarifas de insumos básicos (27,8%) receberam maior destaque. Foram apontados
também o avanço da abertura comercial nos setores compradores da empresa, a globalização dos
mercados, as novas regulamentações públicas e o surgimento de novos produtos no mercado
interno, todos eles em 11,1% das empresas. Finalmente, também foram apontados por 5,6% das
empresas o surgimento de novos produtores no mercado interno e a elevação de tarifas de
insumos básicos (energia, comunicações). Ou seja, os empresários tem percepção bastante clara
da natureza dos desafios que o setor tem que enfrentar para se tornar mais competitivo.
Uma das principais mudanças de comportamento das empresas da pesquisa ECIB foi a
adoção da estratégia de redirecionar a produção para o mercado externo e interno, conjuntamente,
tal como foi indicado por 89,5% das empresas, ao passo que apenas 10,5% procuram se
direcionar apenas para o mercado externo. Ou seja, o ajustamento em curso tira a excessiva ênfase
no mercado doméstico do passado, mas este permanecerá altamente relevante no futuro.
As fontes de informações mais utilizadas na definição das estratégias competitivas das
empresas da ECIB foram as Feiras e Congressos no país (73,7%), visitas a outras empresas no
exterior (63,2%), Feiras e Congressos no exterior (57,9%) e pesquisas próprias (57,9%). As
revistas especializadas (52,6%) e as visitas a outras empresas no país (47,4%). A mídia em geral
(21,1%), as Universidades/Centros de Pesquisa (21,1%), as Consultorias (10,5%) e os Bancos de
Dados (10,5%) receberam menor destaque, devido, em parte, ao pequeno desenvolvimento da
infraestrutura tecnológica no País.
Observa-se portanto a necessidade de se contar com redes de informação eficientes para
que se crie empresas sintonizadas com os desafios do setor. O licenciamento ou a aquisição
externa de tecnologia é pouco freqüente no setor, ocorrendo com maior intensidade na
contratação de consultoria gerencial, seguida pelo projeto básico , projeto detalhado e ensaios e
testes. Nos casos da metrologia, normalização, certificação de conformidade e consultoria de
qualidade, são raras as empresas da pesquisa ECIB que relatam ter utilizado esses tipo deserviço
tecnológico.
A estratégia de produto verificada em 1992 na pesquisa ECIB mostra a busca do
atendimento das especificações dos clientes em 36,8% dos casos, a elevada durabilidade (26,3%)
e o baixo preço, a forte identificação com a marca, o pequeno prazo de entrega, a elevada
eficiência na assistência técnica, a elevada conformidade a especificações técnicas em 21,1% das
42
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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empresas, o que indica um esforço de ajustamento das empresas às novas características da
demanda de seus produtos.
No que se refere à estratégia de produção, observou-se a ênfase na redução dos custos de
estoques (52,6%), na promoção dos desgargalamentos produtivos (42,1%) e na redução das
necessidades de mão de obra (31,6%). Também foram apontados por 15,8% das firmas a redução
do consumo e aumento do rendimento das matérias primas e a redução do consumo e aumento do
rendimento energético. A falta de estratégia definida foi apontada em 15,8% dos casos. Estas
informações da pesquisa ECIB indicam que a queda da demanda tem sido enfrentada através de
busca de maior competitividade e da modernização incremental.
A estratégia de financiamento dos investimentos em capital fixo têm privilegiado os
recursos próprios gerados pela linha de produtos em 89,5% das empresas como fonte de
financiamento. Segue-se em importância o crédito externo (26,3%), o crédito público (21,1%) e o
crédito privado interno (10,5%). Também foram apontados os recursos próprios gerados em
outras áreas e os mercados externos de valores em 5,3% das empresas. Finalmente, 5,3% das
empresas apontaram a inexistência de uma estratégia definida para o financiamento do capital fixo.
Confirma-se mais uma vez que os lucros são a principal fonte de investimentos, mas não se pode
deixar de utilizar as fontes externas de recursos para investimento, principalmente em momento de
dificuldades financeiras como a atual.
A estratégia da gestão de recursos humanos enfatizou a política de estabilidade sem
garantias formais em 61,1% das empresas e no oferecimento de garantias formais (16,7%). Por
outro lado, 22,2% indicaram a falta de umaestratégia definida. Isso revela que, em que pese a
redução do nível de emprego e de produção, as empresas percebem a necessidade da manutenção
de boas relações de trabalho, principalmente reduzindo a rotatividade.
No que se refere à estratégia de compras de insumos observou-se a ênfase na promoção da
troca sistemática de informações sobre qualidade e desempenho dos produtos em 85,7% das
empresas, seguida pelo estabelecimento de cooperação para desenvolvimento de produtos e
processos (57,1%) e a realização de compras de fornecedores certificados pelas empresas
(57,1%). Há forte prioridade para o desenvolvimento de programas conjuntos em P e D (42,9%) e
a manutenção de relacionamento de longo prazo com fornecedores fixos (42,9%). Foram
apontados também os itens referentes à realização de compras de fornecedores que oferecem
condições mais vantajosas (28,1%) e a realização de compras de fornecedores cadastrados pela
empresa (14,3%). Esses dados revelam a percepção da necessidade de esforços conjuntos das
empresas de Máquinas-ferramenta com seus fornecedores, tornando a malha produtiva mais
eficiente.
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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A estratégias de compra de insumos privilegia os menores preços (44,4%), o maior
atendimento de especificações particulares e menores prazos de entrega (22,2%), o maior
conteúdo tecnológico (16,7%), a maior durabilidade (11,1%), a maior eficiência na assistência
técnica (5,6%) e apenas 5,6% indicaram a inexistência de estratégia definida. Novamente observa-
se a busca da competitividade, com maior eficiência técnica e econômica.
As informações sobre a origem das normas técnicas geradas pela pesquisa ECIB indicam a
predominância da utilização das normas internacionais (principalmente pelas empresas de capital
estrangeiro) e próprias das empresas (predominantemente pelas grandes empresas nacionais). As
normas nacionais - ABNT/INMETRO são usadas preponderantemente na aferição/calibração, nos
testes e ensaios e na qualificação de insumos. As normas internacionais são mais freqüentes nas
especificações dos produtos, na padronização dos produtos, na operação dos equipamentos e
ocorrem também nos testes e ensaios e na aferição/calibração. O uso de normas próprias das
empresas ocorrem principalmente no manuseio de materiais, na especificação dos produtos, na
padronização dos produtos, na operação dos equipamentos, nos testes e ensaios e na
aferição/calibração. Outras normas nacionais, como as de clientes/fornecedores, são muito
raramente utilizadas. A partir de 1992, principalmente devido à abertura comercial, ao Programa
Brasileiro da Qualidade e Produtividade - PBQP - e ao Código de Defesa ao Consumidor,
aumentou a consciência da necessidade de aprimoramento da qualidade, do desenvolvimento da
normalização e da adoção da ISO-9000. Exigem-se, contudo, novos esforços para a difusão e
aperfeiçoamento da qualidade e produtividade industrial.
2.1.4. Tendências de reorganização competitiva da indústria
Dada a segmentação de produtos e mercados típica do setor de máquinas-ferramenta, as
tendências de reorganização competitiva da indústria dependem, principalmente, do tipo de
máquina produzida (seriada ou especial e convencional ou com comando numérico) e da origem
do capital das empresas (capital estrangeiro ou nacional). A partir de um conjunto de entrevistas
com 13 empresas do setor, com consultores, e com representantes da Abimaq e de visita à Feira
da Indústria de Máquinas-Ferramenta de 1992 foi possível montar um quadro das principais
tendências de evolução da indústria em cada um desses segmentos. Note-se que no caso das
máquinas especiais a competição é principalmente de produtos, ao passo que nas seriadas de
grandes lotes, os preços passam a pesar mais. Em todos os casos, a competição inclui desde as
características dos projetos até a assistência técnica.
As tendências mapeadas são descritas a seguir:
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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a) Empresas nacionais produtoras de máquinas seriadas
Neste grupo encontram-se desde empresas de grande porte, empresas de tamanho
intermediário e numerosas pequenas empresas. Praticamente a totalidade das empresas da amostra
produz máquinas com comando numérico computadorizado (CNC).
O segmento mais sofisticado das empresas nacionais tem apresentado grande esforço de
atualização tecnológica, mas sofre dificuldades associadas à retração do mercado doméstico, que
não são compensadas pelo crescimento das exportações. A desverticalização da produção pode
implicar importantes ganhos de eficiência. A grande contração do nível de atividades ocorrido
com várias empresas deste grupo implicou um expressivo grau de capacidade ociosa e a
necessidade de modificação da estrutura produtiva, através da articulação de esforços produtivos
conjuntos para a obtenção de ganhos de escala. As empresas deste sub-grupo oferecem grandes
perspectivas de promover significativo salto tecnológico para combinar escala com dinamismo
empresarial.
Certamente, mesmo com a rearticulação produtiva, o processo de liberalização conduzirá a
um maior intercâmbio internacional, tanto em termos de produtos como de partes e componentes.
Destaque-se que a abertura do mercado interno poderá dificultar o licenciamento de tecnologia,
pois os seus detentores poderão procurar exportar seus produtos para o Brasil. Os grandes
esforços de comercialização observados na Feira de Máquinas-Ferramenta de 1992 por parte de
empresas do exterior atestam a existência deste obstáculo.
No caso das empresas de menor porte e menor sofisticação tecnológica, que representam
o maior número de unidades produtivas, boa parte delas produzindo máquinas convencionais, as
possibilidades de expansão além dos "nichos" de mercado doméstico que ocupam está
condicionada à criação de tecidos produtivos com maior interligação e com menor integração
vertical em suas atividades. Estas empresas sofrem mais com a recessão do que com a abertura,
mas sua tendência de longo prazo é de perder espaço, dada a trajetória das MF com comando
numérico. As dificuldades de dominar o paradigma eletrônico são maiores neste segmento,
destacando-se os aspectos referentes à falta de mão-de-obra qualificada. A exigência de
desverticalização da produção e a criação de um tecido industrial mais sofisticado e flexível, que
signifique outro tipo de inserção produtiva destas pequenas e médias empresas, são os caminhos
para se construir o novo modelo industrial para o setor máquinas-ferramenta.
De modo geral, esforços cooperativos de treinamento, aprimoramento de processos e
produtos e de comercialização, facilitam a modernização do segmento. Adicionalmente, estas
empresas detém grande conhecimento do mercado doméstico, o que as transforma em importantes
canais de comercialização e de assistência técnica. Estes aspectos facilitam o surgimento de
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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associações com empresas de capital estrangeiro, que podem representar importante aporte
tecnológico.
b) Empresas nacionais produtoras de máquinas especiais
Este segmento é constituído por um grupo muito pequeno de empresas, de porte médio,
que atendem principalmente a parcela mais sofisticada do setor metal-mecânico, como os
produtores de bens de consumo durável. Este tipo de mercado estimula a concorrência de produto
__
incluindo desde o projeto até a assistência técnica
__
como elemento crucial da
competitividade.
A produção de máquinas especiais (sob encomenda) exige alta capacitação tecnológica de
seu pessoal e contato relativamente estreito com seus clientes. Tanto a fase de elaboração dos
projetos como a de assistência técnica definem uma atuação bastante especializada. Desta forma,
mesmo com a liberalização comercial, os produtores locais encontrarão espaço para atuar, desde
que consigam se manter atualizados tecnologicamente. O desenvolvimento de uma malha
produtiva sofisticada e moderna, principalmente, de partes e componentes, é indispensável para
manter este tipo de empresa no mercado a longo prazo. Os mercados locais, incluindo os do Cone
Sul, são sua vocação natural.
Estas empresas oferecem bom potencial para o aprimoramento de produtos e processos
produtivo e geram significativos externalidades para o setor produtivo metal-mecânico. Dada a
alta qualificação do pessoal destas empresas, algumas delas podem se transformar, também neste
caso, em comercializadoras e prestadoras de assistência técnica de máquinas importadas.
c) Empresas estrangeiras produtoras de máquinas seriadas
Este grupo de empresas tem longa tradição no setor de MF do Brasil. Tiveram importante
papel no treinamento de mão-de-obra e no aperfeiçoamento do tecido produtivo local. Na maioria
dos casos, são empresas de tamanho médio, que produzem máquinas relativamente sofisticados
para os padrões locais. Detém facilidades de acesso a tecnologia da matriz e a mercados externos.
São empresas que operam processos produtivos relativamente modernos e também padecem da
excessiva verticalização.
Neste grupo de empresas já se observa importantes modificações estratégicas decorrentes
do processo de liberalização comercial. Algumas empresas estão se especializando em alguns
produtos, de nível intermediário, e abandonando os demais para serem atendidos por outras
unidades do grupo empresarial. Este tipo de decisão tem levado a um maior intercâmbio de partes
e componentes dentro do grupo, e a um maior volume de exportações, que compensam, em
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alguns casos, a retração do mercado brasileiro. Algumas destas empresas tem realizado
investimentos na modernização da produção nos últimos anos, apesar da crise de demanda.
Evidentemente, caso o processo de liberalização comercial seja alterado ou mesmo ocorram
variações indesejadas na política cambial, podem-se comprometer estas estratégias.
Estas empresas podem ajudar a alavancar o setor para patamares mais elevados de
competitividade, cabendo papel de destaque no desenvolvimento de fornecedores, no treinamento
da mão de obra, em possíveis associações empresariais e na conquista do mercado internacional,
inclusive para seus subcontratistas.
d) Empresas estrangeiras produtoras de máquinas especiais
Este grupo de empresas, que apóia os segmentos mais sofisticados do complexo metal-
mecânico brasileiro, como auto-peças, montadoras e produtores de bens de consumo durável, tem
longa tradição no país e dominam parte significativa do conhecimento técnico mais elevado.
No caso destas empresas, observa-se as significativas alterações decorrentes de
liberalização comercial apontadas acima, mas com a especialização de produtos entre as unidades
do grupo empresarial ocorrendo em escala internacional. As vantagens de se contar com aporte
tecnológico, assistência técnica e de comercialização por parte do grupo como um todo oferece
possibilidades consideráveis de expansão a curto prazo. Dependendo das posturas estratégicas
adotadas pelas matrizes, pode vir a ocorrer a transformação das unidades instaladas no Brasil em
montadoras, fornecendo assistência técnica e apoio de vendas aos clientes. Provavelmente, essas
empresas utilizarão comandos numéricos iguais ao das respectivas matrizes a médio prazo, dadas
as alterações decorrentes da agenda de liberalização comercial e da Lei de Informática.
Estas empresas podem vir a ampliar seu caráter estratégico na elevação do nível
tecnológico dos fornecedores de insumos e na capacitação tecnológica dos trabalhadores. As
adoção das novas técnicas gerenciais pode implicar substantivos ganhos de produtividade e
significativas externalidades para seus clientes e fornecedores.
2.2. Fatores Determinantes da Competitividade
2.2.1. Fatores internos às empresas
O país continua a contar com alguns fatores positivos a nível das empresas para sua
competitividade internacional. Dispõe-se de um certo número de empresas que acumularam bom
aporte de capital e de tecnologia desde os anos 60, sendo que algumas delas dispõem de forte
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relacionamento internacional, seja em termos de exportações, seja em termos dos laços com as
matrizes no caso das empresas de capital estrangeiro. Algumas empresas vêm investindo valores
significativos em aprimoramento tecnológico, através da modernização das plantas,
aprimoramento de pessoal, acordos de transferência de tecnologia e engenharia reversa.
Este grupo de empresas beneficia-se da existência de um razoável contingente de mão-de-
obra de nível de qualificação satisfatório para a maioria das atividades produtivas e de um setor
metal-mecânico doméstico de porte e sofisticação consideráveis. O tecido produtivo, que inclui
grandes empresas do setor automobilístico, de auto-peças e produtores de bens de consumo
durável, representa uma vantagem competitiva bastante relevante. As possibilidades de uma maior
importação de partes e componentes, inclusive na área de eletrônica, certamente vão reduzir
substancialmente os preços finais de numerosas MF. Outro elemento de destaque é a existência de
esquemas de financiamento para a comercialização de MF, tanto no país quanto para exportação,
em condições favoráveis.
Os fatores negativos ao nível empresarial estão relacionados a excessiva integração
vertical, principalmente nas áreas de fundição e em segmentos da usinagem, à crescente
fragilização financeira decorrente de muitos anos de queda de produção e demanda, ao perfil
familiar da gestão empresarial e à falta de tradição em operar em um sistema aberto e
internacionalizado. As empresas mostram defasagem tecnológica de produto, principalmente
naqueles que utilizam a eletrônica, e de processo, com pequena intensidade de utilização de
técnicas gerenciais modernas e equipamentos com dispositivos eletrônicos. É pequena, também, a
institucionalização da atividade tecnológica. A gestão empresarial não promove estímulos
adequados ao maior comprometimento dos trabalhadores com os objetivos de aprimoramento de
competitividade das empresas e não adota procedimentos que levem à participação dos
trabalhadores nos resultados das atividades empresariais.
2.2.2. Fatores estruturais
O setor conta com um certo número de empresas relativamente capacitadas em termos
técnicos e comerciais e um mercado que, embora atualmente pouco dinâmico, apresenta bom
potencial de crescimento.
No nível estrutural observam-se fatores positivos associados à existência de um sindicato
empresarial (ABIMAQ) forte e atento às questões de competitividade, podendo se transformar em
articulado de iniciativas para enfrentar os obstáculos de natureza sistêmica. A existência do
SENAI, de alguns Centros de Pesquisa e alguma tradição Universitária também favorecem o setor
de MF. A existência de um mercado doméstico relativamente grande, sofisticado e com bom
potencial de crescimento também facilita o desenvolvimento do setor. O governo federal também
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apresenta certa sensibilidade sobre a importância estratégica do setor de MF, podendo vir a
desenhar uma política mais adequada ao avanço do setor.
As dificuldades estão associadas à falta de relacionamento das empresas produtoras de MF
com instituições de pesquisa e universidades, falta de tecnologia industrial básica melhor
desenvolvida às necessidades de treinamento de mão-de-obra qualificada, a existência de um
tecido produtivo excessivamente verticalizado e com pequena padronização de componentes e a
ausência de um projeto governamental mais claro e ambicioso para o setor.
2.2.3. Fatores sistêmicos
Com relação a competitividade sistêmica, observa-se que o Brasil não tem oferecido um
cenário macroeconômico favorável ao setor de MF desde o início da década de 80. A grande
instabilidade da inflação em todo o período e os freqüentes choques de estabilização refletem um
desacerto estrutural que tornou extremamente negativo o horizonte para os investimentos
privados. A crise fiscal, por outro lado, imobilizou as ações do governo na área produtiva. O setor
de MF que acompanha as variações dos investimentos, também acabou por apresentar um
desempenho desfavorável neste período, apesar da existência de fontes de financiamento ligadas
ao BNDES que minoraram estas dificuldades. O próprio setor produtor de MF teve grandes
dificuldades para acompanhar e absorver a "onda" da eletrônica que atingiu o setor a nível
internacional. Estes fatores sistêmicos tiveram efeitos negativos para o setor.
Nos últimos anos, entretanto, são observados fatores sistêmicos positivos, como a
liberalização comercial, reformulação da política dos portos, redução de tarifas e eliminação de
barreiras não-tarifárias e a modernização das relações trabalhistas. O Mercosul representa
importante possibilidade de intercâmbio comercial para os produtores brasileiros, particularmente
devido ao protecionismo existente a nível internacional no setor de máquinas e equipamentos.
No entanto, a política de apoio às exportações vem sendo conduzida de forma
relativamente tímida para o setor de máquinas-ferramenta. Também a política de capacitação
tecnológica e o uso do poder de compra do Estado têm tido pouco impacto nos últimos anos, não
conseguindo reverter as dificuldades sistêmicas associadas, principalmente, à recessão econômica
e à crise do endividamento público.
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3. PROPOSIÇÃO DE POLÍTICAS
3.1. Diretrizes Gerais para o Incremento da Competitividade
O diagnóstico formulado no item anterior mostra que a indústria brasileira de máquinas-
ferramenta atravessa um período crítico, estando sua sobrevivência ameaçada pela conjugação da
prolongada recessão, da abertura do mercado interno e dos desafios advindos da transformação
tecnológica do setor a nível internacional. Os produtores locais, tanto os nacionais como os
estrangeiros, têm realizado nos últimos anos significativo esforço de modernização
(especialização, atualização dos produtos, desverticalização, reorganização do processo de
fabricação), com reflexos favoráveis sobre a competitividade. Esses avanços, entretanto, são ainda
insuficientes para responder aos desafios com que o setor se defronta. É necessária a adoção, por
parte das empresas e do governo, de um conjunto de iniciativas que visem o estabelecimento de
estratégias ofensivas em relação ao domínio da tecnologia e da conquista do mercado externo,
sempre com base no mercado interno. O objetivo deve ser a obtenção, a médio prazo, de um setor
moderno e dinâmico, capaz de atender às demandas do mercado doméstico com preço e qualidade
de níveis internacionais e de exportar volumes significativos da produção.
As diretrizes de ação voltadas para o atendimento desse objetivo devem partir do
reconhecimento de que as possibilidades de modernização das empresas e de reestruturação do
setor são interdependentes. Um grande salto para a frente na atualização de produtos, dos
processos de fabricação e das formas de organização e gestão das empresas exigiria a
reestruturação profunda do setor.
Um novo tecido industrial, compatível não apenas com a sobrevivência da produção local
mas com a conquista de mercados externos, deveria ser composto por um número não muito
elevado de empresas com características de "montadoras" e numerosas firmas atuando nas várias
atividades de suprimento. Em relação a esta questão é necessário formular as seguintes
observações.
A reestruturação do setor depende crucialmente das iniciativas dos agentes privados. No
contexto da crise prolongada e da abertura, os próprios produtores vêm redefinindo suas linhas de
produtos e áreas de atuação. Entretanto, as atuais condições do mercado podem desestimular e
dificultar a implementação de transformações possíveis e necessárias para garantir uma
reestruturação mais favorável à competitividade, a médio e longo prazos, da produção local.
Neste contexto, uma iniciativa do Estado que contribua para estabelecer bases alternativas
para a definição das estratégias dos produtores pode ser útil para complementar e coordenar as
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
IE/UNICAMP - IEI/UFRJ - FDC - FUNCEX
iniciativas dos agentes privados. É essencial para a competitividade do setor a médio e longo
prazos que esses agentes percebam as vantagens de uma ação coordenada de modernização e
reestruturação da produção local. O papel da ação estatal deve ser o de induzir e/ou fortalecer
este tipo de percepção.
O setor de máquinas-ferramenta não conta com uma Câmara Setorial específica na qual
uma iniciativa deste tipo possa ser debatida e implementada. Assim, sugere-se a estruturação de
um Programa de Desenvolvimento de Máquinas-Ferramenta (P
D
MF), com vistas a coordenar as
ações das agências oficiais e das empresas envolvidas no esforço de modernização e de
reestruturação. Estas últimas deveriam constituir um Consórcio de Fabricantes de Máquinas-
Ferramenta. O Consórcio deveria ter decidida participação na concepção e estruturação do
Programa. O acesso ao Programa estaria garantido a todos os participantes do Consórcio,
segundo critérios de rateios de custos e resultados.
O Programa seria definido por um Comitê Assessor do P
D
MF e executado por um Grupo
Executivo de Máquinas-Ferramenta, que cuidaria da implementação e articulação das ações. O
Comitê Assessor deveria contar com a participação de representantes do Ministério da Fazenda,
da Secretaria da Planejamento, Orçamento e Avaliação, do Ministério da Ciência e Tecnologia,
BNDES, FINEP e BACEN, bem como representantes do Consórcio das empresas e dos
trabalhadores. O Grupo Executivo deveria contar com representante do Ministério da Indústria,
Comércio e Turismo - seu presidente - e com representantes do MCT, BNDES, BACEN, das
empresas e dos trabalhadores. Uma vez definido o Programa, as empresas poderiam candidatar-se,
individualmente ou em grupos aos benefícios do conjunto de ações propostas.
O P
D
MF deve contemplar diversas linhas de ação, fortemente interrelacionadas: ações
para a reestruturação da oferta, para a promoção de exportações e para o desenvolvimento de
fornecedores, relacionadas à reestruturação setorial, e ações para estimular o desenvolvimento de
produtos, de processos produtivos e de mão-de-obra, vinculadas à modernização empresarial.
Completa o elenco de medidas aquelas necessárias para a remoção de obstáculos sistêmicos ao
fortalecimento da competitividade setorial.
As principais linhas de ação em cada uma dessas áreas são delineadas a seguir. Cabe
observar que as ações recomendadas para fortalecer a competitividade do setor podem ser
implementadas independentemente da sua articulação nos moldes de um Programa semelhante ao
aqui proposto. Contudo, é preciso levar em conta que o potencial mobilizador desta ou de alguma
outra forma equivalente de coordenação institucional das iniciativas públicas e privadas tenderá a
reforçar a eficácia das medidas propostas.
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
IE/UNICAMP - IEI/UFRJ - FDC - FUNCEX
3.2. Políticas de Reestruturação Produtiva
Reestruturação da Oferta
A rearticulação do tecido produtivo envolvido na fabricação de máquinas-ferramenta, de
forma a obter ganhos de produtividade e competitividade através da especialização da produção
local, é essencial para enfrentar os desafios impostos pela liberalização comercial, pela recessão e
pelas novas tecnologias. O padrão competitivo internacional deverá prevalecer nas condições de
produção do Brasil, aumentando o papel das empresas "montadoras" de MF padronizadas (tipo
"commodities") e daquelas que integram MF em sistemas de automação para diversos usuários.
O tecido industrial do setor precisa, portanto, ser reestruturado em torno de um número
reduzido de empresas especializadas no projeto e montagem de MFs com custo e qualidade de
nível internacional. As melhores oportunidades para os produtores locais parecem encontrar-se no
segmento de máquinas convencionais, tornos e centros de usinagem a CNC e máquinas especiais.
Outras empresas poderiam atuar como fornecedores de suprimentos, de acessórios e/ou como
"integradoras" de sistemas de automação a partir de máquinas padronizadas ou de máquinas
especiais. A reestruturação deve implicar vínculos mais estreitos entre "montadoras", fornecedores
de suprimentos e/ou acessórios e usuários.
As iniciativas no sentido da reestruturação do setor dependem fundamentalmente das
próprias empresas. As agências públicas deverão, entretanto, estimular esse processo,
incentivando fusões ou aquisições, participações acionárias cruzadas e, também, parcerias para a
reorganização e especialização da oferta local. O principal instrumento para tanto é o
financiamento para o desenvolvimento de produtos, para a modernização de processos e para a
rolagem das dívidas das empresas junto aos órgãos de fomento. A criação do Consórcio de
Fabricantes e a orientação do financiamento em função dos objetivos do P
D
MF podem contribuir
para agilizar o processo de reorganização do setor.
Esforço exportador
As exportações são um recurso importante para manter o dinamismo tecnológico e
aproveitar integralmente as economias de escala em países de mercado interno relativamente
restrito como o Brasil. Na atual conjuntura recessiva, a implementação por parte das empresas e
do governo de uma estratégia que vise (a médio prazo) a exportação de uma parcela importante
da produção local de equipamentos selecionados pode gerar um horizonte de mercado que facilite
a reestruturação da oferta. Para viabilizar este objetivo é necessário oferecer financiamento aos
compradores, em condições semelhantes àquelas oferecidas no mercado internacional.
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
IE/UNICAMP - IEI/UFRJ - FDC - FUNCEX
No caso das máquinas-ferramenta, como nos outros bens de capital, a linha de
financiamento do Finamex é o mecanismo principal para promover as vendas no exterior. A
ampliação dessa linha e a do Proex e seu direcionamento em favor de famílias de máquinas
selecionadas e de esforços cooperativos (parcerias entre produtores) estabelecidos no contexto de
P
D
MF podem acelerar o processo de reestruturação do setor.
Desenvolvimento de Fornecedores
O aprimoramento da competitividade dos fornecedores da indústria de máquinas-
ferramenta é essencial para tornar viável a reorganização do setor, com ganhos ao longo dos elos
da cadeia produtiva. A especialização de algumas empresas nas atividades de projeto e montagem,
a despeito de aumentar o coeficiente de importação de suprimentos, abre também espaço para a
produção local de componentes e acessórios.
É necessário avaliar quais componentes de máquinas-ferramenta podem ser produzidos
localmente e quais devem ser importados, em função do custo de desenvolvimento e produção,
das dimensões do mercado e do potencial de geração e difusão de inovações. Para os
componentes cuja produção local é necessária e viável em termos competitivos, é preciso
fomentar o desenvolvimento e produção, via maior integração dos fornecedores e dos produtores
finais. É necessário oferecer aos fornecedores destes componentes os mesmos benefícios para
modernização e reestruturação oferecidos aos fabricantes de máquinas-ferramenta. Para os outros
componentes, é necessário tornar a importação menos onerosa, reduzindo a zero as tarifas do
imposto de importação.
Os mecanismos para estimular a capacitação dos fornecedores locais são o financiamento
para o aprimoramento técnico e gerencial (contratação de serviços de consultoria) e para a
modernização de instalações, através da FINAME, com cobertura proposta de 80%, para grandes
empresas, e 90%, para pequenas. Esses mecanismos de financiamento devem promover, no
contexto do P
D
MF, os laços entre fornecedores e "montadoras", na forma de acordos de
cooperação tecnológica, contratos de suprimento de longo prazo, parcerias para
exportação/importação, etc. A identificação, na elaboração do P
D
MF, de tipos de materiais, de
famílias de componentes e/ou acessórios cujo projeto e produção local fortaleça a competitividade
do setor permitirá direcionar melhor as iniciativas privadas e públicas.
Censo de Máquinas-Ferramenta
Para avaliar o estado de atualização do parque local de máquinas-ferramenta do complexo
metal-mecânico e para orientar as estratégias de reorganização da oferta é essencial a realização
de um amplo levantamento sobre os tipos de equipamentos instalados no País, por setor e por
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idade tecnológica. Cabe observar que a metodologia para a realização do Censo de MF,
semelhante aos realizados periodicamente (a cada 7 anos) nos países desenvolvidos, foi
desenvolvida em projeto financiado pela FINEP na década de 70.
3.3. Políticas de Modernização Produtiva
Desenvolvimento de Produto
O processo de reestruturação do setor deverá ser acompanhado de um esforço
considerável de inovação de produtos. As empresas "montadoras" deverão desenvolver novas
máquinas, particularmente aquelas que incluem o comando numérico computadorizado, sobretudo
os centros de usinagem, que estão se constituindo na tendência de produto do setor. Também as
famílias de máquinas convencionais devem buscar elevar o seu nível tecnológico, procurando
atender o segmento de pequenas e médias empresas e ganhar vantagens comparativas. As
empresas especializadas na comercialização de sistemas de automação deverão também
desenvolver "soluções" inovadoras para os setores usuários. Para acompanhar a modernização dos
produtos finais, os fornecedores de materiais, componentes e acessórios deverão também atualizar
seus próprios produtos.
As atividades de pesquisa e desenvolvimento deverão ser direcionadas prioritariamente para:
a) aplicação de componentes de máquinas;
b) aprimoramento dos processos de usinagem e ferramentas de corte;
c) software aplicativo e para integração de sistemas flexíveis.
As decisões de inovar nos produtos cabem às próprias empresas. A iniciativa do setor
público neste campo devem ser principalmente no sentido de estimular e dar respaldo a essas
iniciativas.
Dadas as dificuldades das empresas na realização de atividades de P&D e a baixa escala
empresarial para o desenvolvimento tecnológico desta magnitude, torna-se necessária a
articulação de esforços conjuntos de empresas, governo e instituições de pesquisa. Uma ação
integrada poderia ser a criação de um centro cooperativo para o desenvolvimento tecnológico,
com gestão privada e apoio financeiro governamental para a sua estruturação. Este centro deveria
se dedicar às áreas de materiais, ótica, eletrônica e apoio às pesquisas específicas, sempre atuando
nas fases pré-competitivas do desenvolvimento tecnológico. Caberia ao centro a promoção do
intercâmbio com os núcleos de pesquisa existentes nas Universidades e Institutos de Pesquisas a
nível nacional e internacional e a realização de projetos de informação tecnológica. Para tanto,
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deveria recorrer à contratação de consultoria técnica, nacional e internacional, para o
desenvolvimento de produtos e técnicas gerenciais. Note-se que este centro poderá ter
continuidade no tempo. O Programa Setorial Integrado (PSI), proposto pelo setor de MF em
1989, contemplava a criação de um centro tecnológico semelhante.
Dada a falta de experiência dos fabricantes na realização de atividades cooperativas, as
dificuldades para implementar, no curto prazo, uma iniciativa como a sugerida acima, podem ser
grandes. Uma alternativa mais viável seria a eleição de um centro de pesquisa já existente,
associado a uma universidade ou a um instituto de pesquisa, como centro de desenvolvimento e
pesquisa de tecnologia básica relacionada à máquinas-ferramenta. As empresas privadas,
fabricantes e usuárias de máquinas-ferramenta poderiam contribuir para o custeio desse Centro via
contratação de serviços de P&D. O aparelhamento do Centro poderia ser implementado com
recursos da FINEP.
Seja qual for a iniciativa escolhida é fundamental que se concentrem os esforços em torno
de uma única instituição de pesquisa, evitando a dispersão dos trabalhos e dos escassos recursos
aplicados a P&D no setor.
Os projetos de atualização tecnológica dos produtos, incluindo o licenciamento e o
estabelecimento das várias formas de parceria com fornecedores e clientes para o desenvolvimento
tecnológico devem ser estimulados través de financiamentos. Uma medida interessante é a de
proporcionar taxas de juros menores para os projetos de maior conteúdo tecnológico.
O instrumento principal de apoio deve ser o financiamento via FINEP às empresas
produtoras de máquinas-ferramenta e de componentes, cobrindo o desenvolvimento de novos
produtos e, em particular, as máquinas-ferramentas de controle numérico. O financiamento
deveria cobrir:
- projeto básico;
- engenharia de produto;
- desenvolvimento de métodos e processos para fabricação de novos produtos;
- fabricação e/ou aquisição de modelos de fundição, dispositivos de usinagem e
ferramental específico;
- fabricação de protótipos;
- testes e homologação de novos produtos;
- custos de estágios e treinamento no país e no exterior relacionados à incorporação de
novas tecnologias ao produto;
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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- custos com contratação de consultoria técnica no país e no exterior, participantes de
etapas de desenvolvimento de novo produto.
Desenvolvimento de Processos Produtivos
A aplicação das técnicas gerenciais de origem japonesa em processos produtivos de
natureza muito descontínua, como a produção de MF, ao mesmo tempo que representa um grande
desafio em função das dificuldades práticas envolvidas na sua implementação, traz enormes
ganhos de qualidade e produtividade justamente quando adotadas por esses setores.
Em função desse fato, deve-se estimular a difusão dessas novas técnicas de gestão da
produção, através da promoção de cursos de formação gerencial, implementação de projetos de
modernização gerencial, com apoio da FINEP, e utilização de serviços de consultoria para
assessorar as empresas na introdução das inovações organizacionais. Estas últimas ações devem
contar com financiamento a taxas de juros reais positivas, porém relativamente baixas.
Os sistemas de produção enxuta exigem pessoal qualificado, flexível e participativo, de
forma a eliminar defeitos, reduzir estoques e aumentar a qualidade. Com esse intuito, deve ser
apoiado o desenvolvimento de novas relações industriais com base na confiança entre
trabalhadores, fornecedores e usuários. Portanto, há necessidade de envolvimento do meio
empresarial, através da sua associação setorial, dos sindicatos de trabalhadores e das agências de
fomento na concessão de apoio financeiro.
Na busca de qualidade e produtividade industrial devem ser enfatizadas, ainda, ações
visando aumentar a conscientização e motivação para esses objetivos (através de campanhas,
painéis, eventos, divulgação), o desenvolvimento e difusão dos métodos de gestão (através da
utilização de métodos estatísticos, da certificação da qualidade), da capacitação de recursos
humanos e da adequação dos serviços tecnológicos (melhoria da confiabilidade metrológica e
certificação da qualidade). O Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade - PBQP - vem
trabalhando nesta direção.
Além disso, deve-se atuar no sentido de incentivar o aprimoramento do parque produtivo
instalado, com a reorganização das plantas e aquisição de novos equipamentos. Devido ao baixo
volume de investimentos em capital fixo, o setor encontra-se relativamente desatualizado em
termos de equipamentos. A aquisição de novas máquinas, principalmente visando elevar o grau de
automação industrial, deve ser estimulada através de financiamentos concedidos pela FINAME,
cuja participação no valor das aquisições dos equipamentos deve ser de 80%.
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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Desenvolvimento de Mão-de-Obra
A produção do setor de MF exige mão-de-obra de qualificação elevada, tanto nos
processos produtivos quanto no desenvolvimento de produtos. Por outro lado, as novas técnicas
gerenciais, tais como as células de produção e o desenvolvimento da eletrônica, exigem mão-de-
obra treinada em condições mais amplas que aquelas que vigoraram no paradigma anterior. O
aprimoramento de novas formas de relacionamento dentro das empresas e com seus clientes e
fornecedores, necessitará de um novo tipo de trabalhador e novas relações trabalhistas. A
valorização do trabalho significa a criação de um sistema de treinamento e de produção mais
flexíveis e autônomos. O processo produtivo deve levar a um envolvimento efetivo dos
trabalhadores com os objetivos das empresas e em direção à produtividade. A participação dos
trabalhadores nos resultados das empresas, a maior estabilidade no emprego e flexibilidade
funcional são fatores favoráveis à difusão das práticas modernas de Recursos Humanos.
Neste sentido, deve-se promover a adequação na formação de mão-de-obra nas escolas
técnicas e de engenharia, bem como treinamento específico por parte das empresas, contando com
a experiência desenvolvidas em entidades nacionais e do exterior. Os curricula destes cursos
devem enfatizar as características atuais da tecnologia do setor, que exigem os conhecimentos
básicos oferecidos pela Educação Geral, tais como a Matemática e as ciências da natureza. As
empresas devem oferecer oportunidades educacionais nos espaços fabris. Identificou-se no PSI
elaborado pelo setor em 1989 a necessidade de aprimoramento dos engenheiros projetistas nas
diversas tecnologias e engenheiros de produção especializados. Falta treinamento, com reciclagem
periódica de operadores de máquinas. Os cursos técnicos têm-se mostrado insatisfatório em
termos de ensino prático, com carências nas áreas de processistas, especialistas em ferramentas e
técnicas de corte, especialistas em manutenção eletrônica, especialistas em eletrônica aplicada a
CNC, especialistas em automação industrial, tecnólogos em CAD/CAM e profissionais em
controle de qualidade.
É necessário ampliar os cursos de nível técnico e superior para formação de técnicos em
"mecatrônica", para aprimoramento de profissionais nos setores de desenvolvimento de produto,
automação de chão de fábrica e manutenção/assistência técnica.
Além disso, deve ser intensificado o intercâmbio de especialistas, pessoal de produção, de
laboratório, entre outros, tanto em nível nacional quanto internacional, de maneira continuada e
participativa, criando redes que organizem as informações da área. Este trabalho envolve a
participação das empresas, do sindicato patronal, dos sindicatos de trabalhadores, do SENAI e do
governo, notadamente através do PBQP. As medidas sugeridas para as empresas envolvem a
criação de programas de cargos e salários que adotem incentivos materiais para o treinamento,
como ajuda de custo, prêmios e aumento salarial, convênios com instituições de treinamento e
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nível nacional e internacional. A atuação conjunta entre empresas, governo e SENAI poderá
facilitar a melhor integração das escolas com a indústria, promover novos cursos de reciclagem e
que atendam às necessidades do mercado (como os cursos de CNC e a ampliação das vagas para
supervisores ou nas áreas mais carentes apontadas acima). Os incentivos fiscais para estimular o
treinamento e as bolsas de estudo também são instrumentos complementares relevantes.
3.4. Políticas Relacionadas aos Fatores Sistêmicos
. Política de Financiamento
O setor de máquinas-ferramenta, assim como os demais componentes da Indústria de Bens
de Capital, sofre fortemente com as oscilações do ciclo econômico, antecedendo e amplificando
suas variações.
Em um ambiente de altas taxas de inflação, a comercialização de máquinas e equipamentos
exige financiamento de longo prazo que inexiste no setor financeiro privado. Por outro lado a
recessão descapitaliza as empresas, exigindo-se o recurso a capitais de terceiros. Portanto, a
existência de fontes oficiais de financiamento é indispensável para o setor de bens de capital, de
máquinas-ferramenta e para o desenvolvimento de longo prazo do país. Na verdade é necessário
um aprofundamento do sistema de financiamento em vigor, para facilitar a modernização do país.
O BNDES é a principal fonte de recursos em condições adequadas à viabilização dos
projetos que se utilizam de máquinas-ferramenta. As taxas de juros, os prazos de carência e
amortização devem ser compatíveis às vigentes a nível internacional. Com esse objetivo, propõe-se:
a) Elevar o montante de recursos do BNDES
__
a proposta é de elevar a dotação de
recursos para o BNDES/FINAME de forma a ampliar o atendimento às demandas do setor
produtivo.
b) Elevar a participação dos recursos do BNDES
__
atualmente o BNDES/FINAME
participa com 50% do valor da máquina, restando ao comprador complementar a diferença. No
passado, o BNDES/FINAME participava com até 80% a 90% do valor da máquina-ferramenta.
Propõe-se elevar para até 80% a cobertura proporcionada pelo BNDES/FINAME.
c) A inclusão de acessórios no valor financiado pelo FINAME
__
com o progresso
tecnológico, a utilização das máquinas- ferramenta passou a exigir um conjunto cada vez maior de
acessórios para a perfeita utilização do maquinário, o que ocorre particularmente no caso do
comando numérico.
58
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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d) Facilitar a criação de novos tipos de financiamento, inclusive com a participação do
setor financeiro privado
__
dadas as dificuldades financeiras do setor público, torna-se
indispensável a colaboração do setor privado com novas fontes de recursos. As operações de
leasing podem ser um canal importante para garantir a difusão de novos equipamentos, com
participação privada no financiamento.
e) o custo de financiamento para fabricantes e usuários deve ser inferior em 30% ao custo
de mercado e o prazo variando de 3 a 8 anos, com 2 ou 3 anos de carência;
f) permitir que as máquinas-ferramenta, de produção própria, que o fabricante instalar nos
seus estabelecimento recebam financiamento favorecido.
Estas medidas devem ser implementadas em regime de urgência, dada a crise
experimentada pelo setor e a rapidez da resposta do mercado a este tipo de estímulo.
. Política de Estímulo à Exportação
A modernização do setor de máquinas-ferramenta somente estará assegurada quando as
empresas brasileiras apresentarem padrões internacionais. A única forma de manter o dinamismo
tecnológico e aproveitar integralmente as economias de escala em países de mercado interno
restrito, como o Brasil, são as exportações.
Entretanto, para poder enfrentar a concorrência internacional, exige-se condições
semelhantes. No caso do Brasil há muitos fatores sistêmicos que tem dificultado as exportações,
como são os altos custos portuários, os elevados custos de transporte, a infra-estrutura de
transportes ineficiente e os fretes onerosos.
O crescimento das exportações de máquinas-ferramenta exige:
a) manutenção de política cambial realista
__
sem a adoção de uma política cambial
realista, todos os esforços de modernização e reestruturação serão insuficientes e comprometerão
o dinamismo do setor.
b) criação de seguro de crédito à exportação
__
este mecanismo existe em outros países e
representa redução de preços e apoio significativo à internacionalização da produção.
c) ampliação da linha de financiamento do Proex e Finamex
__
muitas empresas
produtoras de máquinas-ferramenta têm encontrado dificuldades de obter financiamento às
exportações, tornando-se inviável a competição internacional.
d) isenção de impostos para os produtos destinados a exportação
__
nenhum país
consegue ter uma política de exportação vigorosa se pretender exportar tributos, como o PIS e o
FINSOCIAL.
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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e) realização de gestões multilaterais junto aos organismos internacionais
__
organismos
internacionais como o BID devem ser buscados para o co-financiamento das exportações das
empresas da região para compradores de outros países.
A política de promoção das exportações deve ser entendida como uma estratégia de longo
prazo e não como um conjunto de medidas emergenciais e esporádicas.
. Política de Importações e de Tributação
Para a obtenção de maior eficiência em todo o tecido industrial é importante que ocorra
maior intercâmbio internacional de serviços, partes, peças e componentes. O cronograma de
liberação comercial foi uma importante sinalização nesse sentido. A maior fluidez das importações
depende de:
a) simplificação do processo de obtenção do atestado de alíquota zero do Imposto de
Importação (I.I.) através da redução da burocracia envolvida
b) adequação das alíquotas do Imposto de Importação para os insumos usados pelo setor
__
este tema está sendo tratado pela Câmara Setorial de Bens de Capital e estas medidas são
indispensáveis para a competitividade do setor.
c) as tarifas de partes e componentes importados não podem ser maiores que as das
máquinas-ferramenta
__
para evitar a competição desleal dos produtores internacionais em relação
aos produtores locais de MFCN, as tarifas para o CN devem ser no máximo iguais às incidentes
sobre as MFCN.
d) Não devem ser adotadas restrições não-tarifárias, que acabam por gerar distorções na
malha produtiva
e) O sistema tributária brasileiro deve ser reformulada no sentido de não desestimular os
investimentos, desagravando os bens de capital. Adicionalmente, devem ser implementadas as
seguintes mudanças:
- IPI:
Mantido o sistema de isenção para o produto final, requerer a correção monetária dos
créditos acumulados.
Estabelecer a possibilidade de compensação automática dos créditos com outros tributos
federais.
- ICMS:
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
IE/UNICAMP - IEI/UFRJ - FDC - FUNCEX
Permitir a transferência de matérias-primas e produtos acabados para outros
estabelecimentos da mesma empresa, sem destaque do imposto.
Permitir a correção monetária dos créditos acumulados.
Permitir o crédito de ICMS na aquisição de equipamentos industriais.
Permitir o crédito integral do ICMS relativo a totalidade da energia elétrica utilizada pela
empresa.
f) É necessário corrigir distorções nas políticas tarifária e tributária. Um exemplo é a
isenção de ICMS para o comprador de máquinas importadas na Zona Franca de Manaus,
contrastando com o recolhimento do imposto se o produto for nacional.
. Poder de Compra do Estado
O Estado deve articular as políticas de compras de seus vários órgãos, de forma a
estimular o desenvolvimento do setor de máquinas-ferramenta. O reequipamento de Escolas
Técnicas pode ser uma arma poderosa de reativação de atividades e ampliação dos serviços de
treinamento técnico. Pode-se estimular a qualidade das máquinas-ferramenta produzidas no país
através deste mecanismo, colaborando com os órgãos de Normalização e Certificação e o PBQP.
Cabe ressaltar que outros países colocam equipamentos nas escolas brasileiras com
estímulos governamentais. O poder de compra do Estado Brasileiro deve ser utilizado com a
mesma agilidade para fortalecer a competitividade dos fabricantes locais. A modernização dos
equipamentos utilizados no ensino (Escolas Técnica, Universidades, etc.) pode ser viabilizada
através da aquisição aos fabricantes locais, associando as encomendas a programas de cooperação
em P&D, em modernização e/ou reestruturação.
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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4. INDICADORES DE COMPETITIVIDADE
A literatura tem apresentado grandes dificuldades para propor indicadores competitividade
para o setor de máquinas-ferramenta.
O principal obstáculo para a construção de indicadores de eficiência técnica de produto é a
grande heterogeneidade das máquinas-ferramenta. Conforme foi mencionado anteriormente, as
MF diferem quanto ao tipo de operação (deformação ou com a produção de cavacos), precisão,
velocidade, flexibilidade, tamanho e formato das peças a serem trabalhadas, etc.
Tradicionalmente tem sido utilizado o peso das máquinas (segundo os vários tipos, como
tornos, prensas, etc.) como indicador. Mas, evidentemente, só pode ser utilizado dentro de
famílias de máquinas definidas com alguma precisão. Outras medidas auxiliares tais como a
distância entre pontos, a velocidade de rotação da árvore e o diâmetro do barramento para tornos
tem sido usadas. No caso dos centros de usinagem utiliza-se os cursos percorridos, a superfície da
mesa, o número de ferramentas e a velocidade do fuso.
Para as fresadoras são utilizados o curso da mesa, a superfície da mesa e a velocidade da
árvore. Para as afiadoras são utilizados o diâmetro admissível, a distância entre pontos e a
velocidade do fuso. Para as furadeiras são utilizadas a capacidade de furação, a superfície da mesa
e a velocidade da árvore. As prensas são caracterizadas pela força de pressão, curso, superfície da
mesa ou distância entre colunas. Esta imensa variedade de produtos não pode, evidentemente, ser
reduzida a um único indicador, sob pena de confundir mais do que esclarecer, ainda mais que com
a introdução dos comandos numéricos a diversificação ampliou-se.
No que se refere aos indicadores de uso de insumos, a variedade também é muito grande.
As matérias primas e os diferentes tipos de qualificação da mão de obra tornam os insumos
extremamente heterogêneos. Além do mais, as empresas apresentam diferentes graus de
verticalização da produção, tornando-se muito difícil aferir indicadores de produtividade.
Como as empresas produtoras de máquinas-ferramenta tem linhas de produtos muito
amplas e um maquinário muito heterogêneo que conduz diferentes atividades (fundição, usinagem.
corte, etc.) é difícil inclusive contar com estruturas de custos mais aperfeiçoadas. O corpo das
informações que permitiriam estabelecer indicadores parciais das várias atividades geralmente não
estão disponíveis nas empresas do Brasil.
Alguns setores consideram que algumas variáveis econômicas, tais como o volume de
exportações, o crescimento da participação no mercado (doméstico ou internacional),
lucratividade, como indicadores de competitividade. Na verdade, somente em um ambiente sem
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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distorções, como tarifas, subsídios, estruturas produtivas monopolíticas, etc., que se poderia
aceitar alguma validade nestes critérios. Para o caso do setor de máquinas-ferramenta do Brasil,
só se pode utilizar estes indicadores econômicos como "proxy" de eficiência ou competitividade,
com extrema cautela.
Entretanto, o número de horas para a produção de um tipo de máquina, o grau de
automação do processo produtivo podem ser adequados para indicar a competitividade das
empresas em determinados contextos.
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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
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BIBLIOGRAFIA
ABIMAQ - Indicadores Conjunturais
AMERICAN MACHINIST - Março de 1993
CRUZ, H.N. (set/dez 1983) - Notas sobre a Mudança Tecnológica no Setor de Máquinas-
ferramenta no Brasil, in Revista Estudos Econômicos.
CRUZ, H.C. e SILVA, M.E. (set/dez 1991) - A Situação do Setor de Bens de Capital e Suas
Perspectivas, in Revista Estudos Econômicos.
ECIB (1993); Pesquisa de Campo do Estudo da Competitividade da Indústria Brasileira.
FURQUIM, P. (1992) - Esforço Tecnológico Através de Investimentos em Capital Humano nas
Empresas do Setor de Bens de Capital do Brasil, Tese de Mestrado, FEA/USP.
LAPLANE, M.F. (1992) - Diagnóstico da Indústria Brasileira de Máquinas-Ferramenta, Fecamp,
monografia não-publicada.
ONUDI (1990) - Evolucion Mundial de La Industria de Maquinas Herramientas: Repercusiones
en los Usuarios y los produtores de los paises em desarrollo.
SARATHY, R. The Interplay of Industrial Policy and International Strategy. Spring 1989. Japan's
Machine Tool Industry. California Management Review.
64
ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
IE/UNICAMP - IEI/UFRJ - FDC - FUNCEX
RELAÇÃO DE TABELAS
TABELA 1
PRODUÇÃO DE MÁQUINAS-FERRAMENTA (1977/89)..........................................27
TABELA 2
PRINCIPAIS EMPRESAS PRODUTORAS DE MÁQUINAS-FERRAMENTA...........29
TABELA 3
FATORES DE CONCORRÊNCIA E MERCADO........................................................29
TABELA 4
INDICADORES DE EMPREGO TOTAL E PRODUÇÃO INDUSTRIAL NO
SETOR DE MÁQUINAS-FERRAMENTA NO BRASIL (1979/92) .............................31
TABELA 5
COMÉRCIO EXTERIOR DE MÁQUINAS-FERRAMENTA -
BRASIL (1978/90)........................................................................................................33
TABELA 6
VENDAS DE MFCN/CNC NO BRASIL (1979/89)......................................................35
65
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ANEXO:
PESQUISA DE CAMPO - ESTATÍSTICAS BÁSICAS DO SETOR
66
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PESQUISA DE CAMPO
ESTATÍSTICAS BÁSICAS
Setor Máquinas-ferramenta
Amostra original: 53
Questionários recebidos: 19
1. Caracterização
1.1 Variáveis Básicas: valores totais em 1992
(US$ mil)
Faturamento 216.184
Investimento 30.087
Exportações 84.969
Emprego direto na produção (nº empregados) 3.830
2. Desempenho
2.1 Desempenho Econômico: evolução dos valores médios
(US$ mil)
1987-89 1992 Variação (%)
(1) (2) (2)/(1)
Faturamento 20.472 13.512 -34,00
Margem de lucro (%) 55,37 34,05 -38,50
Endividamento (%) 41,10 53,08 29,15
Investimento n.d 2.006 n.d.
Exportações 1.840 4.472 143,04
Exportações/Faturamento (%) 10,04 39,30 291,43
Importações insumos-componentes 1.016 498 -50,98
Importações insumos/Faturamento (%) 5,25 4,14 -21,14
Importações de bens de capital 195 4 -97,95
Importações de bens de capital/Faturamento 0,90 0,03 -96,67
Utilização da capacidade (%) 80,86 50,99 -36,94
Emprego direto na produção (nº de empregados) 359 213 -40,67
2.2 Principal Motivação do Investimento em Capital Fixo
(% de empresas)
1990-92 1993-95
Modernização 81,3 83,3
Ampliação 6,3 8,3
Ambos 12,5 8,3
Número de respondentes 17 15
67
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2.3 Desempenho Produtivo: evolução dos valores médios
Variável Unidade 1987-89 1992
Níveis hierárquicos 6,00 4,77
Prazo médio de produção dias 170,93 197,89
Prazo médio de entrega dias 198,71 241,99
Taxa de retrabalho % 4,86 4,81
Taxa de defeitos % 6,58 6,88
Taxa de rejeito de insumos % 4,48 3,23
Taxa de devolução de produtos % 1,30 0,76
Taxa de rotação de estoques dias 122,80 108,61
Paradas imprevistas dias 9,05 5,32
2.4 Atributos do Produto em 1992 em Relação a 1987-89
(% de empresas)
menor igual maior não respondeu
Nível de preços 83,3 5,6 11,1 0
Nível de custos de produção 38,9 27,8 33,3 0
Nível médio dos salários 50,0 33,3 16,7 0
Grau de aceitação da marca 16,7 55,6 27,8 0
Prazos de entrega 88,9 0 11,1 0
Tempo de desenvolvimento de novos
"modelos"/ especificações
44,4 38,9 5,6 11,1
Eficiência na assistência técnica 11,1 38,9 50,0 0
Conteúdo/ sofisticação tecnológica 11,1 11,1 66,7 11,1
Conformidade às especificações técnicas 5,6 55,6 38,9 0
Durabilidade 5,6 66,7 22,2 5,6
Atendimento a especificações de clientes 0 38,9 61,1 0
3. Capacitação
3.1 Grau de Formalização do Planejamento da Empresa
(% de empresas)
Não existe nenhuma estratégia formal ou informal 1
Existe estratégia desenvolvida, disseminada informalmente 6
Existe estratégia desenvolvida, disseminada periodicamente 5
Existe estratégia desenvolvida, disseminada periodicamente com o
envolvimento dos diversos setores da empresa
6
Número de respondentes 18
68
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3.2 Fontes de Informação Utilizadas na Definição de Estratégias
(% de empresas)
Mídia em geral 21,1
Participação em atividades promovidas por associações de classe 36,8
Revistas especializadas 52,6
Feiras e congressos no país 73,7
Feiras e congressos no exterior 57,9
Visitas a outras empresas no país 47,4
Visitas a outras empresas no exterior 63,2
Universidades/ centros de pesquisa 21,1
Consultoria especializada 10,5
Banco de dados 10,5
Pesquisas proprias 57,9
Número de respondentes 19
3.3 Tecnologias/ Serviços Tecnológicos Adquiridos em 1991/1992
(nº de empresas)
Total no Brasil no exterior
Tecnologia de terceiros 4 0 4
Projeto básico
3
0 3
Projeto detalhado 4 1 3
Estudos de viabilidade 2 2 1
Testes e ensaios 4 4 1
Metrologia e normalização 3 2 1
Certificação de conformidade 2 1 1
Consultoria em Marketing 1 1 0
Consultoria gerencial 7 6 1
Consultoria em qualidade 2 1 1
Número de respondentes 13 10 6
3.4 Esforço Competitivo: Dispêndio nas variáveis/Faturamento
(%)
1987-89 1992
P & D 1,69 1,65
Engineering 3,19 3,63
Vendas 7,51 11,03
Assistência técnica 1,93 2,29
Treinamento de pessoal 1,32 0,90
3.5 Treinamento Sistemático
(nº de empresas)
Empresas que não realizam qualquer treinamento 3
Empresas que treinam 100% dos empregados na atividade:
Gerência 2
Profissionais técnicos 2
Trabalhadores qualificados 2
Operadores/ empregados 0
Número de respondentes 18
69
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3.6 Estrutura do Pessoal Ocupado em 1992
Distribuição
por atividade
Pessoal de nível
superior/total na
atividade
(%) (%)
P & D 1,44 50,79
Engenharia 5,35 52,58
Produção 61,82 4,61
Vendas 4,77 36,22
Assistência técnica 4,10 19,90
Manutenção 3,56 6,07
Administração 18,97 33,44
3.7 Idade de Produtos e Equipamentos
(nº de empresas)
até 5 anos 6 a 10 anos mais de 10
anos
total de
respondentes
Produto principal 0 4 15 19
Equipamento mais importante 7 5 7 19
3.8 Geração de Produtos e Equipamentos
(nº de empresas)
última penúltima anteriores não sabe total de
respondentes
Produto principal 11 6 1 1 19
Equipamento mais importante 4 8 3 2 17
3.9 Intensidade de Uso de Novas Tecnologias e Técnicas Organizacionais
(nº de empresas)
1987-89 1992
baixa média alta baixa média alta
Dispositivos microeletrônicos 11 5 2 8 8 2
Círculo de controle da qualidade 13 3 1 15 2 0
Controle estatístico de processo 16 1 0 15 2 0
Métodos de tempos e movimentos 6 10 1 7 7 3
Células de produção 12 5 0 11 5 1
Just in time interno 13 3 1 9 7 1
Just in time externo 16 1 0 13 3 1
Paticipação em just in time de clientes 15 1 1 12 3 2
Obs.: Para o uso de dispositivos microeletrônicos são consideradas empresas de baixa intensidade de uso
aquelas que os utilizam em até 10% das operações, média intensidade entre 11 e 50% e alta intensidade
acima de 50%. Para o uso de técnicas organizacionais são consideradas empresas de baixa intensidade
aquelas que envolvem até 10% do empregados ou das atividades, média intensidade entre 11 e 50% e alta
intensidade acima de 50%.
70
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3.10 Situação em Relação à ISO-9000
(nº de empresas)
Não conhece 1
Conhece e não pretende implantar 0
Realiza estudos visando a implantação 11
Recém iniciou a implantação 2
Está em fase adiantada de implantação 3
Já completou a implantação mas ainda não obteve certificado 0
Já obteve certificado 1
3.11 Controle de Qualidade na Produção
(nº de empresas)
1987-89 1992
Não realiza 1 1
Somente em produtos acabados 2 1
Em algumas etapas 2 2
Em etapas essenciais 8 9
Em todas as etapas 6 6
Número de respondentes 19 19
4. Estratégias
4.1Direção da Estratégia de Produto
(nº de empresas)
Direcionar exclusivamente para o mercado interno 2
Direcionar exclusivamente para o mercado externo 0
Direcionar para o mercado interno e externo 17
Número de respondentes 19
4.2 Estratégia de Produto
(nº de empresas)
mercado interno mercado externo
Baixo preço 4 0
Forte identificação com a marca 4 0
Pequeno prazo de entrega 4 0
Curto tempo de desenvolvimento de produtos 0 0
Elevada eficiência da assistência técnica 4 0
Elevado conteúdo/ sofisticação tecnológica 7 0
Elevada conformidade a especificações técnicas 4 0
Elevada durabilidade 5 0
Atendimento a especificações dos clientes 7 0
Não há estratégia definida 0 0
Número de respondentes 19 0
71
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4.3 Estratégia de Mercado Externo - Destino
(nº de empresas)
Mercosul 0
Outros países da América Latina 0
EUA e Canadá 0
CEE 0
Países do leste europeu 0
Japão 0
Não há estratégia definida 0
4.4 Motivação da Estratégia Atual
nº de empresas % de empresas
Retração do mercado interno 16 88,9
Avanço da abertura comercial no setor de produção da empresa 2 11,1
Avanço da abertura comercial nos setores compradores da empresa 6 33,3
Crescente dificuldade de acesso a mercados internacionais 2 11,1
Globalização dos mercados 11 61,1
Formação do Mercosul 0 0
Novas regulamentações públicas 2 11,1
Surgimento de novos produtos no mercado interno 2 11,1
Surgimento de novos produtores no mercado interno 1 5,6
Exigência dos consumidores 5 27,8
Elevação das tarifas de insumos básicos 1 5,6
Diretrizes dos programas governamentais 0 0
Número de respondentes 18 100,0
4.5 Estratégia de Compra de Insumos
(nº de empresas)
Menores preços 11
Menores prazos de entrega 4
Maior eficiência da assistência técnica 1
Maior conteúdo tecnológico 3
Maior conformidade às especificações técnicas 8
Maior durabilidade 2
Maior atendimento de especificações
particulares
4
Não há estratégia definida 1
Número de respondentes 17
4.6 Relações com Fornecedores
(nº de empresas)
Desenvolver programas conjuntos de P & D 3
Estabelecer cooperação para desenvolvimento de produtos e processos 4
Promover troca sistemática de informações sobre qualidade e desempenho dos produtos 6
Manter relacionamento comercial de LP com fornecedores fixos 3
Realizar compras de fornecedores certificados pela empresa 4
Realizar compras de fornecedores cadastrados pela empresa 1
Realizar compras de fornecedores que oferecem condições mais vantajosas a cada momento 2
Número de respondentes 7
72
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4.7 Estratégia de Financiamento dos Investimentos em Capital Fixo
(nº de empresas)
Recursos próprios gerados pela linha de produto 17
Recursos próprios gerados pelas outras áreas do grupo empresarial 1
Recorrer a crédito público 4
Recorrer a crédito privado interno 2
Recorrer a crédito externo 5
Recorrer a formas de associação 0
Captar recursos nos mercados internos de valores 0
Captar recursos nos mercados externos de valores 1
Não há estratégia definida 1
Número de respondentes 19
4.8 Estratégia de Gestão de Recursos Humanos
(nº de empresas)
Oferecer garantias de estabilidade 3
Adotar política de estabilidade sem garantias formais 11
Não adotar políticas de estabilização 0
Promover a rotatividade 0
Não há estratégia definida 4
Número de respondentes 18
4.9 Definição de Postos de Trabalho
(nº de empresas)
Definir postos de trabalho de forma estreita e rígida 1
Definir postos de trabalho de forma estreita mas incentivar os trabalhadores a
executarem tarefas fora da definição dada
3
Definir postos de trabalho de modo amplo visando alcançar polivalência 9
Não definir rigidamente os postos de trabalho de modo que a gama de tarefas varie
consideravelmente
1
Não há estratégia definida 4
Número de respondentes 18
4.10 Estratégia de Produção
(nº de empresas)
Reduzir custo de estoques 10
Reduzir consumo/ aumentar rendimento das matérias-primas 3
Reduzir consumo/ aumentar rendimento energético 3
Reduzir necessidades de mão-de-obra 6
Promover desgargalamentos produtivos 8
Reduzir emissão de poluentes 0
Não há estratégia definida 3
Número de respondentes 19
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