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ESTUDO DA COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
IE/UNICAMP - IEI/UFRJ - FDC - FUNCEX
envolvimento em negócios na área química, dentre as grandes companhias de base petrolífera no
mundo - cortou sua produção mundial de etileno em 1 milhão de tons/ano e passou a interessar-
se, prioritariamente, pelos segmentos petroquímicos de ponta (MIT, 1989).
É interessante destacar, neste processo mundial de reestruturação, a invasão do mercado
químico americano por, principalmente, grandes empresas européias e, em menor extensão, por
empresas japonesas5. Este movimento foi fortemente influenciado pela posterior desvalorização
do dólar, que viabilizou a compra de empresas químicas americanas, especialmente na área de
especialidades. Apenas no ano de 1986, 8 companhias químicas americanas foram adquiridas por
firmas européias, a um custo total de 6 bilhões de dólares, destacando-se entre as compradoras a
ICI, SHELL, CIBA-GEIGY, BASF, BAYER e HOECHST6. Estima-se que atualmente mais de
25% da indústria química americana seja de propriedade estrangeira (MIT, 1989).
A partir do início dos anos 90, o mercado petroquímico mundial tornou-se ofertante,
reinaugurando um novo ciclo de baixa rentabilidade, e uma nova rodada de racionalização por
parte das grandes empresas. Isso foi motivado por movimentos ocorridos tanto no lado da oferta,
quanto da demanda. Esta última foi impactada negativamente pelo desaquecimento econômico
dos principais países demandantes de petroquímicos (EUA, Japão e Europa Ocidental). Essa
retração na demanda é, paradoxalmente, acompanhada por aumentos na oferta mundial de
petroquímicos, oriundos de investimentos realizados a partir de 1987. Boa parte das novas
capacidades instaladas e/ou a instalar localizavam-se não apenas em países ricos em matérias-
primas básicas, mas também nos países asiáticos (Taiwan, Coréia, Cingapura, Tailândia),
tradicionais importadores que passaram à condição de exportadores. A super oferta de
petroquímicos generalizou-se.
Em 1988, a capacidade produtiva de etileno na Coréia era de 500 mil toneladas anuais. Em
1993 ela será de 3,2 milhões. A China pretende elevar a sua de 1,8 milhão em 1990 para 3,7
milhões em 1995. Tailândia, Indonésia, Taiwan e Malásia devem adicionar 2,4 milhões de
toneladas também em 1995. Todos eles planejam despejar seus produtos na Europa. Na Coréia, a
HYUNDAI e a SAMSUNG foram autorizadas a começar suas operações petroquímicas em 1991,
sob a condição de exportarem metade de suas produções. Nos primeiros cinco meses de 1992, as
exportações coreanas cresceram 82% em relação a igual período de 1991, atingindo US$ 1,5
5 As grandes companhias japonesas têm direcionado seus investimentos, prioritariamente, para os países asiáticos
sob sua influência (Cingapura), e/ou para países detentores de abundantes fontes de matérias-primas energética
(Arábia Saudita). Esta estratégia adequa-se às prioridades da política industrial de um país extremamente
dependente de matérias-primas.
6 Uma aquisição que provocou impacto foi a compra da CELANESE americana pela HOECHST, em 1986, ao
preço de 2,8 bilhões de dólares. A experiência da CELANESE na produção e pesquisa na área de fibras sintéticas e
plásticos encaixa-se como uma luva nos desenvolvimentos pretendidos pela HOECHST em novos materiais. Para
tal, esta empresa alemã destinou, em 1986, 5,6% de sua receita total de vendas (1,1 bilhão de dólares) para
pesquisas (MIT, 1989).