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Sociedade
da Informação
Brasil
Sociedade
da Informação
no Brasil
Livro Verde
GOVERNO
FEDERAL
Trabalhando em todo o Brasil
MINISTÉRIO DA
CIÊNCIA E TECNOLOGIA
Brasília
Setembro 2000
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Livros Grátis
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Milhares de livros grátis para download.
Sociedade da Informação no Brasil
Livro Verde
Brasília
Ministério da Ciência e Tecnologia
Setembro 2000
Tadao Takahashi
organizador
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ii
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
© 2000 Programa Sociedade da Informação (SocInfo)
Todos os direitos reservados pelo Programa Sociedade da Informação. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida, armazenada, ou transmitida de
qualquer modo ou por qualquer outro meio, seja eletrônico, mecânico, de fotocópia, de gravação, ou outros, sem a prévia autorização, por escrito, do Programa.
Ministro de Estado da Ciência e Tecnologia
Embaixador Ronaldo Mota Sardenberg
Secretário Executivo do Ministério da Ciência e Tecnologia
Carlos Américo Pacheco
Gerente do PPA - Sociedade da Informação/Ministério da Ciência e Tecnologia
Lúcia Carvalho Pinto de Melo
Coordenador Geral do Programa Sociedade da Informação (SocInfo)
Tadao Takahashi
Endereço:
Programa Sociedade da Informação (SocInfo)
Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT)
SAS, Quadra 5, Lote 6, Bloco H, 8º andar
CEP 70070-914, Brasília – DF, Brasil
http://www.socinfo.org.br
2000
Impresso no Brasil
Sociedade da informação no Brasil : livro verde / organizado por Tadao Takahashi. – Brasília
: Ministério da Ciência e Tecnologia, 2000.
xxv, 195p. : il. ; 26cm.
Inclui bibliografia
ISBN 85-88063-01-8
1. Sociedade da informação. 2. Tecnologias de informação e comunicação. 3. Internet: conteúdos,
serviços e universalização. 4. Infra-estrutura de informação. 5. Educação para a cidadania. 6. Comércio
eletrônico. 7. Pesquisa e desenvolvimento. 8. Nova economia. 9. Políticas nacionais.
I. Takahashi, Tadao. II. Título : Livro verde.
CDU 316.42(81)
iii
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
“...nunca [...] plenamente maduro, nem nas idéias nem no estilo,
mas sempre verde, incompleto, experimental.”
Gilberto Freire,
Tempo Morto e Outros Tempos, 1926
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Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
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Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Apresentação
O conhecimento tornou-se, hoje mais do que no
passado, um dos principais fatores de superação
de desigualdades, de agregação de valor, criação
de emprego qualificado e de propagação do
bem-estar. A nova situação tem reflexos no siste-
ma econômico e político. A soberania e a auto-
nomia dos países passam mundialmente por uma
nova leitura, e sua manutenção - que é essencial -
depende nitidamente do conhecimento, da edu-
cação e do desenvolvimento científico e
tecnológico.
A Sociedade da Informação está sendo gestada
em diversos países. No Brasil, Governo e socie-
dade devem andar juntos para assegurar a pers-
pectiva de que seus benefícios efetivamente al-
cancem a todos os brasileiros. O advento da So-
ciedade da Informação é o fundamento de no-
vas formas de organização e de produção em
escala mundial, redefinindo a inserção dos países
na sociedade internacional e no sistema econômi-
co mundial. Tem também, como conseqüência,
o surgimento de novas demandas dirigidas ao
Poder Público no que respeita ao seu próprio
funcionamento.
Na era da Internet, o Governo deve promover a
universalização do acesso e o uso crescente dos
meios eletrônicos de informação para gerar uma
administração eficiente e transparente em todos
os níveis. A criação e manutenção de serviços
eqüitativos e universais de atendimento ao cida-
dão contam-se entre as iniciativas prioritárias da
ação pública. Ao mesmo tempo, cabe ao sistema
político promover políticas de inclusão social,
para que o salto tecnológico tenha paralelo quan-
titativo e qualitativo nas dimensões humana, ética
e econômica. A chamada “alfabetização digital”
é elemento-chave nesse quadro.
Alavancar o desenvolvimento da Nova Econo-
mia em nosso País compreende acelerar a intro-
dução dessas tecnologias no ambiente empresa-
rial brasileiro, objetivo de um dos mais ambicio-
sos programas do Avança Brasil: o Programa
Sociedade da Informação, que resulta de traba-
lho iniciado em 1996 pelo Conselho Nacional de
Ciência e Tecnologia. Sua finalidade substantiva é
lançar os alicerces de um projeto estratégico, de
amplitude nacional, para integrar e coordenar o
desenvolvimento e a utilização de serviços avan-
çados de computação, comunicação e informa-
ção e de suas aplicações na sociedade. Essa inici-
ativa permitirá alavancar a pesquisa e a educação,
bem como assegurar que a economia brasileira
tenha condições de competir no mercado
mundial.
O Ministério da Ciência e Tecnologia entrega à
sociedade o Livro Verde, que contém as metas
de implementação do Programa Sociedade da
Informação e constitui uma súmula consolidada
de possíveis aplicações de Tecnologias da Infor-
mação. O documento que lhe deu origem foi ela-
borado pelo Grupo de Implantação do Progra-
ma, composto por representantes do MCT, da
iniciativa privada e do setor acadêmico, sob a co-
ordenação de Tadao Takahashi, aos quais agra-
deço vivamente.
Esse livro contempla um conjunto de ações para
impulsionarmos a Sociedade da Informação no
Brasil em todos os seus aspectos: ampliação do
acesso, meios de conectividade, formação de re-
cursos humanos, incentivo à pesquisa e desenvol-
vimento, comércio eletrônico, desenvolvimento
de novas aplicações. Esta meta é um desafio para
o Governo e para a sociedade.
O Livro Verde da Sociedade da Informação no
Brasil está agora sendo lançado para ampla di-
vulgação e debate entre os demais Ministérios, o
setor empresarial e a comunidade científica. Nos
próximos meses, as idéias aqui apresentadas de-
verão também ser debatidas com os segmentos
interessados da sociedade brasileira. Com a con-
solidação das contribuições resultantes da discus-
são pública, será possível abrir caminho para a
definição das linhas políticas e ações estratégicas
que serão implementadas.
Embaixador Ronaldo Mota Sardenberg
Ministro de Estado da Ciência e Tecnologia
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Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
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Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Grupo de Implantação do Programa Sociedade da Informação
Tadao Takahashi (ISOC/Brasil), Coordenador Geral
Aldo de Albuquerque Barreto (Ancib)
Carlos Eduardo Corrêa da Fonseca (ABNAmro Bank)
Carlos José Pereira de Lucena (PUC-RJ)
Erno Ivan Paulinyi (Fucapi/MI)
Eugenius Kaszkurewicz (Coppe/UFRJ)
Flávio Rech Wagner (SBC)
Hans Kurt Edmund Liesenberg (Unicamp)
Ivan de Moura Campos (Comitê Gestor da Internet no Brasil)
José Alexandre Bicalho (Anatel)
José Luiz Ribeiro Filho (RNP/MCT)
Lélio Fellows Filho (CNPq/MCT)
Léo Pini Magalhães (Unicamp)
Leonardo Humberto Bucher (Assespro)
Lúcia Carvalho Pinto de Melo (FJN)
Marcos Formiga (MI)
Mário Dias Ripper (F&R Engenheiros Associados)
Paulo Roberto Tosta da Silva (Finep/MCT)
Romildo Monte (INTI/MCT)
Rosa Maria Vicari (UFRGS)
Sílvio Romero Lemos Meira (UFPE)
Vanda Regina Teijeira Scartezini (Sepin/MCT)
Virgílio Augusto Fernandes Almeida (UFMG)
viii
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Grupos Temáticos (GT)
GT de Administração Pública
Solon Lemos Pinto (SLTI/MP), Coordenador
GT de Ações Empresariais
José Carlos De Luca (Assespro), Coordenador
GT de Conteúdos e Identidade Cultural
Antônio Lisboa Carvalho de Miranda (UnB), Coordenador
GT de Cooperação Internacional
Carlos José Pereira de Lucena (PUC-RJ), Coordenador
GT de Divulgação à Sociedade
Silvio Romero Lemos Meira (UFPE), Coordenador
GT de Educação
Nelson de Lucca Pretto (Faced/UFBA), Coordenador
GT de Infra-estrutura de Redes e Backbones
Liane Margarida Rockenbach Tarouco (UFRGS), Coordenadora
GT de Integração e Regionalização
Abraham Benzaquen Sicsu (FJN), Coordenador
GT de Pesquisa e Desenvolvimento
Flavio Rech Wagner (SBC), Coordenador
GT de Planejamento
Mário Dias Ripper (F&R Consultoria), Coordenador
GT de Processamento de Alto Desempenho
Simplício Freitas (Baker-Hughes), Coordenador
GT de Trabalho
Maria de Nazaré Freitas Pereira (DEP/IBICT), Coordenadora
ix
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Concepção e Elaboração
Mário Dias Ripper (F&R Engenheiros Associados), Coordenador
Antônio Edison Urban (UFPR)
Dalci Maria dos Santos (IBICT e SocInfo)
Eugênio José Ferreira Neiva (Consultor)
Fernando Queiroz dos Santos Kneese (SocInfo)
Gorgônio Barreto Araújo (Nexos)
Hans Kurt Edmund Liesenberg (Unicamp)
Hélia de Sousa Chaves Ramos (IBICT e SocInfo)
Liz-Rejane Issberner Legey (DEP/IBICT)
Maria Elenita Menezes Nascimento (UnB)
Nicolau Carlos Terebesi Meisel (Consultor)
Patrícia Corrêa Henning (SocInfo)
Paulo Borges Lemos (Consultor)
Paulo Roberto Tosta da Silva (Finep)
Raul César Baptista Martins (4P Consultoria)
Sarita Albagli (DEP/IBICT)
Vera Cristina Rodrigues Feitosa (Consultora)
Apoio Técnico-administrativo
Fernando Queiroz dos Santos Kneese (SocInfo), Coordenador
Maria Elenita Menezes Nascimento (UnB), Coordenadora de Articulação Acadêmica
Adhara Cruz Soares Pinto (IBICT e SocInfo)
Alice Araújo Cunha (SocInfo)
Anderson Lopes de Moraes (SocInfo)
Ariane Cristina Rosa (Projeto Agência Cidadão)
Carlos Eduardo de Oliveira Júnior (SocInfo)
Cátia Silene de Paula Carvalho (IBICT)
Daniel Caetano (SocInfo)
Daniela Zwicker Guzzi (Projeto Agência Cidadão)
Denise de Alencar Chaves de Oliveira (IBICT)
Denise dos Santos Pacheco (SocInfo)
Eustáquio Mendes Guimarães (IBICT)
Francisca Vale Bentes (IBICT)
Jeanine Vianna de Freitas (SocInfo)
José Maria Seixas Fonteles (SocInfo)
Leila Mendonça Raulino (SocInfo)
Luciana Vieira de Araújo (SocInfo)
Mara Regina Montanini (Projeto Agência Cidadão)
Marco Antonio Andrade Dias (IBICT)
Maria Dias Bicalho (IBICT)
Maria Izabel da Costa Fonseca (SocInfo)
Martha Faria de Menezes (SocInfo)
Moema Tavares da Costa (SocInfo)
Nanci da Costa Telheiro do Nascimento (IBICT e SocInfo)
Paula Menna Barreto (SocInfo)
Regina Coeli Silva Fernandes (IBICT)
Robert Antônio Santana Pereira (SocInfo)
Rosa Eliane Rodrigues Silva (SocInfo)
Wânia Maria de Souza Rodrigues (IBICT)
x
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Abel Laerte Packer (Bireme)
Abelardo Teixeira Fraga (Sucesu)
Abigail de Oliveira Carvalho (UFMG)
Abraham Benzaquen Sicsu (FJN)
Adailton José dos Santos Silva (RNP)
Adhara Cruz Soares Pinto (IBICT e SocInfo)
Adriano Batista Dias (FJN)
Alan Dubner (ByNet)
Aldo de Albuquerque Barreto (Ancib)
Alejandro Pisanty (Unam, México)
Alice Araújo Cunha (SocInfo)
Alice Rangel de Paiva Abreu (CNPq)
Almiro Blumenschein (CNPq)
Aluysio Asti (BNDES)
Álvaro Luiz Gayoso de Azeredo Coutinho (Coppe/
UFRJ)
Álvaro Marques (Metrored)
Álvaro Veiga (PUC-RJ)
Anaíza Caminha Gaspar (IBICT)
Anders Wijkman (European Parliament)
Anderson Lopes de Moraes (SocInfo)
André Amaral (Finep)
André Urani (Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro)
Andrei Kolesnikov (Russia-on-Line, Rússia)
Andrew Mclaughlin (Icann)
Antônio Cruz Vasques (Secitece/Governo do Ceará)
Antônio Edison Urban (UFPR)
Antônio Fábio Ribeiro (CNI)
Antônio Harris (Cabase, Argentina)
Antônio Lisboa Carvalho de Miranda (UnB)
Antônio Mendes dos Santos (Ministério das Finanças,
Portugal)
Ariane Cristina Rosa (Projeto Agência Cidadão)
Armando Roberto Cerchi Nascimento (Interlegis/
Prodasen)
Arnaldo Machado de Sousa (Datasus)
Beatriz Azeredo (BNDES)
Beatriz de Faria Leão (SBIS)
Benny Sterental (Microsoft)
Boris Groth (GMD, Alemanha)
Bruno Ricardo Costa Ayres (Rede de Voluntariado)
Carlos Alberto Afonso (RITS)
Carlos Alberto Schneider (Certi)
Carlos Américo Pacheco (MCT)
Carlos André Guimarães Ferraz (Sectma-PE)
Carlos Antônio Brandão (Unicamp)
Carlos Duarte de Oliveira Júnior (SocInfo)
Carlos Eduardo Corrêa da Fonseca (ABN Amro Bank)
Carlos Henrique Cabral Duarte (BNDES)
Carlos Henrique Cardim (CEE)
Carlos José Pereira de Lucena (PUC-RJ)
Carlos Roberto de Faria e Souza (CNPq)
Cássio Jordão Motta Vecchiati (Abranet)
Cátia Silene de Paula Carvalho (IBICT)
Cecília Leite Oliveira (IBICT)
Célia Zaher (Biblioteca Nacional)
Celso Deusdeti Costa (CNPq)
Celso Melo (CNPq)
Ceres Alves Prates (MP)
César Ricardo Siqueira Bolano (UFS)
Christophe dos Santos (Université Claude-Bernard,
França)
Claudete Camarano (BID)
Claudia Canongia (IBICT)
Claudine G. Oliveira (Netune)
Cláudio José Marinho (Sectma-PE)
Cláudio Menezes (Unesco)
Daniel Caetano (SocInfo)
Daniela Zwicker Guzzi (Projeto Agência Cidadão)
Dalci Maria dos Santos (IBICT e SocInfo)
Daniel Pimienta (Funredes, República Dominicana)
Daniel Sigulem (Unifesp)
Dea Mara Carvalho de Arruda (MS)
Denise de Alencar Chaves de Oliveira (IBICT)
Denise dos Santos Pacheco (SocInfo)
Denise Grune Ewald (Cesup/UFRGS)
Dilmar Malheiros Meira (Telemar)
Djalma Petit (Softex/Tecsoft)
Contribuições
Cerca de 150 especialistas de todo o País se distribuíram, a convite, em Grupos de Trabalho orientados
por Temas (Grupos Temáticos) e participaram regularmente de suas reuniões. Várias dessas pessoas se
envolveram em diversos Grupos, prestando apoio adicional ao Programa na articulação de trabalhos
entre frentes paralelas de discussão.
Por outro lado, ao longo de 13 meses de trabalho, o Programa se beneficiou de comentários técnicos,
sugestões críticas, apoio técnico-administrativo e, mesmo, de puro estímulo da parte de incontáveis
pessoas no País e no exterior, em reuniões formais e informais, em conversas paralelas e via Internet.
Na tentativa de dar o merecido crédito e registrar agradecimentos ao maior número possível de pesso-
as, optamos por listar todos os nomes de que nos recordamos, sem distinção de papel ou posição, na
relação abaixo:
xi
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Dóris Faria (UnB)
Dulcídio Elias Oliveira Pedrosa (MS)
Edith Ackermann (MIT)
Edmundo Albuquerque de Souza e Silva (UFRJ)
Edmundo Carlos Güizolphe Castro (Cenapad-SP/
Unicamp)
Edmundo M. O. Ribeiro (FGV Consulting)
Edna Rodrigues Rosa (ProMater)
Eduardo Garcia (BB)
Eliana Cardoso Emediato de Azambuja (MCT)
Eliana da Conceição Rocha (IBICT)
Elizabeth Rondelli (UFRJ)
Elza Maria Ferraz Barbosa (IBICT)
Emílio Barros de Lucena (UFPE)
Ephrain Guilherme Neitzke (Softex)
Eratóstenes Edson Ramalho de Araújo (Softex)
Erick Edgar Aliaga Sanz (Anpi)
Erno Ivan Paulinyi (Fucapi/MI)
Evando Mirra de Paula e Silva (CNPq)
Evandro Prestes Guerreiro (Senac/Nitedi - SP)
Evaristo Eduardo de Miranda (Embrapa)
Eugênio José Ferreira Neiva (Consultor)
Eugenius Kaszkurewicz (Coppe/UFRJ)
Eustáquio Mendes Guimarães (IBICT)
Fábio Gandour (IBM)
Fábio Marinho (IBPI)
Fernando Aldana (UPM/Espanha)
Fernando Flávio Pacheco (PUC-PR)
Fernando Nery (Módulo)
Fernando Queiroz dos Santos Kneese (SocInfo)
Flávio Barbosa Toledo (LNCC)
Flávio Grynszpan (Fiesp)
Flávio Rech Wagner (SBC)
Florencio Utreras (Reuna, Chile)
Francisca Vale Bentes (IBICT)
Francisco de Paula e Oliveira Filho (IBICT)
Frederico Novaes (SENAC-RJ)
Geraldo Biasoto Junior (MS)
Geraldo José Correa (Sebrae)
Geraldo Moreira Prado (DEP/IBICT)
Gilda Olinto (DEP/IBICT)
Gillian Marcelle (Consultant, Trinidad & Tobbago)
Gilson Schwartz (USP e Folha de São Paulo)
Glaci Zancan (SBPC)
Gley Fabiano Cardoso Xavier (Senac-SP)
Gonzalo Enrique Vasquez Enríquez (Anprotec)
Gorgônio Barreto Araújo (Nexos)
Guilherme Euclydes Brandão (MCT)
Hans Kurt Edmund Liesenberg (Unicamp)
Helena Maria Martins Lastres (CNPq)
Helena Montanini (ProMater)
Hélia de Sousa Chaves Ramos (IBICT e SocInfo)
Hélio Kuramoto (IBICT)
Hiroshi Uchida (IAS/UNU)
Hulda Oliveira Giesbrecht (ABIPTI)
Humberto Luiz Ribeiro (CNI)
Ibtisam Abdel Jaber (RSS/UNU)
Ijalmar M. Nogueira (MCT)
Ilara Hämmeli Sozzi de Moraes (Fiocruz)
Iran Siqueira Lima (Fipecafi/USP)
Isa Assef dos Santos (Fucapi)
Isidro Fernández Aballí (Unesco)
Ismar Kaufman (In Forma)
Ivan Araripe de Paula Freitas (CNPq)
Ivan de Moura Campos (Comitê Gestor da Internet no Brasil)
Jacob Palis Junior (Impa)
Jacobus Willibrordus Swart (SBMicro)
Jacques Levin (Datasus/MS)
Jacques Salomon Crispim Soares Pinto (MCT)
Jairo Panetta (Finep)
James Mason (JTC1/ISO)
Jean-Marie Farines (UFSC)
Jeanine Vianna de Freitas (SocInfo)
Jesus Cardeñosa (UPM, Espanha)
João Marcos Romano (SBTel)
Jorge de Paula Ávila (Finep)
Jorge Mantovani (Secretaria C&T/Governo da Argentina)
Jorge Werthein (Unesco)
José Alexandre Bicalho (Anatel)
José Armando Valente (Unicamp)
José Augusto Suruagy Monteiro (Unifacs)
José Carlos de Luca (Assespro)
José Carlos Maldonado (USP-São Carlos)
José Carlos Paim Vieira (Agência de Desenvolvimento
Econômico do Grande ABC)
José Cassiolato (UFRJ)
José de Menezes da Gama Malcher (Comunidade Solidária)
José Dias Coelho (MCT, Portugal)
José Dion de Melo Teles (Innova)
José Eduardo Fiates (Anprotec)
José Fernando Halfeld dos Guaranys (Fórum Informática)
José Henrique Vilhena de Paiva (UFRJ)
José Israel Vargas (MRE)
José Luiz Ribeiro Filho (RNP/MCT)
José Macedo da Silva (MCT)
Jose Maria Figueres Olsen (Fundacion Des. Sostenible, Costa Rica)
José Maria Gomes Martins (MCT)
José Maria Seixas Fonteles (SocInfo)
José Marques de Melo (USP)
José Ricardo Bergmann (SBMO)
José Rincon Ferreira (MDIC)
José Roberto Boisson de Marca (PUC-RJ)
José Teixeira Coelho Netto (USP)
Julian Dunayevich (RedEscuelas, Argentina)
Julio Guzman Rodriguez (OCT, Governo da Espanha)
Julio Semeghini (Câmara dos Deputados)
Jurandir Fernandes (Denatran/MJ)
Kátia Gilaberte (MCT)
Kazuhiko Nishi (Sega, Japão)
Kival Chaves Weber (Softex)
Klaus Ulmann (DFN, Alemanha)
Lauro Mohry (UnB)
xii
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Lea da Cruz Fagundes (UFRGS)
Leila Mendonça Raulino (SocInfo)
Lélio Fellows Filho (CNPq)
Léo Pini Magalhães (Unicamp)
Leonardo Guimarães Neto (Ceplan)
Leonardo Humberto Bucher (Assespro)
Leonardo Lazarte (UnB)
Liane Margarida Rockenbach Tarouco (UFRGS)
Lígia Café (IBICT)
Lillian Maria Araújo de Rezende Alvares (IBICT)
Lindolpho de Carvalho Dias (MCT)
Liz-Rejane Issberner Legey (DEP/IBICT)
Liscio José Monnerat Caparelli (Nortel)
Lúcia Carvalho Pinto de Melo (FJN e MCT)
Luciana Vieira de Araújo (SocInfo)
Luis Carlos Bresser Pereira (FGV)
Luis Del Fiorentino (CPqD)
Luiz Afonso Bermudez (Anprotec)
Luiz Blank (INT)
Luiz Cláudio de Pinho Almeida (CNC)
Luiz Fernando Gomes Soares (PUC-RJ)
Lynaldo Cavalcanti de Albuquerque (ABIPTI)
Malde M. Vilas Boas Bernardes (Datasus/MS)
Manoel Adalberto Carlos Montenegro Lopes da Cruz
(MCT)
Manoel Lemos (PageMe)
Manoel Lousada Soares (MDIC)
Manoel Messias Nascimento Melo (Fenadados)
Mara Regina Montanini (Projeto Agência Cidadão)
Marcelo Barbieri (Câmara dos Deputados)
Marcelo Ferreira Guimarães (Fundação Certi)
Márcia Fantuzze Dias (SocInfo)
Márcia Maria de Matos (Sebrae)
Márcio Bunte de Carvalho (UFMG)
Marcio Pochmann (Unicamp)
Marco Antônio Andrade Dias (IBICT)
Marco Antônio Candelot (IBM)
Marcos Formiga (MI)
Marcos Wettreich (iBest)
Margareth Izumi Watanabe (Inep)
Margarida Maria Pion da Rocha Paranhos (Sepin/MCT)
Maria Angela Barreto Campelo (PUC-RJ)
Maria Carmen Romcy de Carvalho (IBICT)
Maria de Fátima de Lima Pinel (UERJ)
Maria de Nazaré Freitas Pereira (DEP/IBICT)
Maria Dias Bicalho (IBICT)
Maria Elenita Menezes Nascimento (UnB)
Maria Elisa Tótoli (CEE)
Maria Helena Guimarães de Castro (Inep)
Maria Inês Bastos (Unesco)
Maria Izabel da Costa Fonseca (SocInfo)
Maria Laura da Rocha (MCT)
Maria Ligaya Fujita (PNUD)
Mario Albornoz (Universidade Quilmes, Argentina)
Mario Campolargo (European Commission)
Mário Dias Ripper (F&R Engenheiros Associados)
Mario Muratorio Not (Microsoft)
Marisa Bräscher (IBICT)
Markku Talvio (EIM, Finlândia)
Marta Prochnik (BNDES)
Martha Faria de Menezes (SocInfo)
Mattias Klose (Omikron, Alemanha)
Maurício Laval Pina de Sousa Mugnaini (Fenainfo)
Maurício Piccinini (BNDES)
Maurizio Mauro (Booz-Allen & Hamilton)
Mauro Cavalcante Pequeno (UFC)
Mauro Marcondes (Finep)
Meiying Zhu (IAS/UNU)
Michael Krieger (UCLA)
Michel F. Bosco (European Commission)
Miguel Darcy de Oliveira (IDAC)
Miguel Noronha (Booz-Allen & Hamilton)
Mitsuo Shibata (Telefonica)
Moema Tavares da Costa (SocInfo)
Najat Rochdi (Internet Society, Marrocos)
Nanci da Costa Telheiro do Nascimento (IBICT e SocInfo)
Nathalie Frezouls (AcknoSoft, França)
Nelson de Castro Senra (IBGE)
Nelson de Lucca Pretto (Faced/UFBA)
Nelson Teixeira de Faria (Sepin/MCT)
Ney Gilberto Leal (MP)
Nicolau Carlos Terebesi Meisel (Consultor)
Nii Quaynor (National Computer Systems, Gana)
Orlin Kouzov (National Research Network, Bulgária)
Oscar Alejandro Robles Garay (ITESM, México)
Oscar Lorenzo Fernandes (MDIC)
Oscar Messano (Cabase, Argentina)
Osires Silva (Fiesp)
Osvaldo Barbosa de Oliveira (Microsoft)
Osvaldo Castilho (PNUD)
Osvaldo Novaes Oliveira Jr. (USP - SCarlos)
Otaviano Fiori (MINC)
Othon Jambeiro (UFBA)
Othon Santos Antunes Neto (Finep)
Paolo Morawski (RAI, Itália)
Pascal Baba Couloubaly (Ministry of Culture, Mali)
Patrícia Corrêa Henning (SocInfo)
Paula Menna Barreto (SocInfo)
Paulo Borges Lemos (Consultor)
Paulo Carneiro da Cunha Filho (UFPE)
Paulo de Queiroz Rocha Pinto (MCT)
Paulo Manuel Protásio (Marketing Internacional Con-
sultores)
Paulo Maurício Castelo Branco (BNDES)
Paulo Roberto Tosta da Silva (Finep)
Paulo Sérgio Bruno Novaes (Finep)
Pedro Anísio Figueiredo (IBICT)
Pedro Calmon Pepeu Garcia Vieira Santana (Sudam)
Pedro Duncan (BNDES)
Pedro Paulo Poppovic (SEED/MEC)
Pedro Urra (Ministerio de la Salud, Cuba)
Pedro Veiga (MCT, Portugal)
xiii
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Priscila Koeller Rodrigues Vieira (MP)
Ramiro Jordán (Istec)
Raphael Mandarino Júnior (CGI)
Raul Antonio Del Fiol (Promon Eletrônica)
Raul César Baptista Martins (4P Consultoria)
Regina Célia Peres Borges (Prodasen)
Ricardo de Oliveira Anido (Unicamp)
Ricardo Miranda Barcia (UFSC)
Ricardo Oliveira Maciel (DGI Netc)
Ricardo Tanscheit (PUC-RJ)
Richard Reilly (Univ. College Dublin, Irlanda)
Robert Antônio Santana Pereira (SocInfo)
Robert Wilson III (CVC)
Roberto Castelo (OMPI)
Roberto Craveiro Rodrigues (Fenadados)
Roberto Hexsel (UFPR)
Roberto Isnard (Abinee)
Roberto J. Rodrigues (Opas)
Roberto Pinto Martins (Sepin/MCT)
Roberto Souto Maior de Barros (UFPE)
Robin Mansell (University of Sussex, Inglaterra)
Rodolfo Miguel Baccarelli (PMC)
Rodrigo Baggio Barreto (CDI)
Rogério Bellini dos Santos (Sebrae)
Rogério dos Santos Bittencourt (SocInfo)
Rogério Viana (MDIC)
Romildo Monte (INTI/MCT)
Rômulo Ângelo Zanco Filho (CPqD)
Ronaldo Mota Sardenberg (MCT)
Rony de Oliveira (FGV Consulting)
Rosa Delgado (SITA/ITU)
Rosa Eliane Rodrigues Silva (SocInfo)
Rosa Maria Vicari (UFRGS)
Rubem Cesar Fernandes (Viva Rio)
Rubem Fernandes Monteiro Filho (Sudene)
Rubens Queiróz de Almeida (Unicamp)
Rui Henrique P. Albuquerque (Unicamp)
Ruth Cardoso (Comunidade Solidária)
Ruy Barroso Jr. (Febraban)
Ruy de Araújo Caldas (Embrapa e UCB)
Saqer Abdel-Rahim (RSS, Jordania)
Sarita Albagli (DEP/IBICT)
Sérgio Barcellos (SLTI/MP)
Sérgio Francisco Alves (Finep)
Sérgio Góes de Paula (RITS)
Sérgio Saab (MC)
Simplício Freitas (Baker-Hughes)
Sílvio Romero Lemos Meira (UFPE)
Solon Lemos Pinto (SLTI/MP)
Srinivasan Ramani (Silverline Technologies, Índia)
Stefan Jahnichen (GMD, Alemanha)
Sushil Baguant (National Computer Board, Ilhas Maurício)
Taholo Kami (Small Island Developing States Network, Tonga)
Tarcisio Della Senta (IAS/UNU)
Teresinha Fróes Burnham (UFBA)
Tereza Maria Barros Campos do Amaral (UFPE)
Thereza Lobo (Comunidade Solidária)
Toomas-Hendrik Ilves (Ministry of Foreign Affairs,
Estônia)
Ubirajara Vicente da Silva (IBICT)
Uta Wehn (University of Sussex, Inglaterra)
Valéria Lúcia Pero (Instituto de Economia/UFRJ)
Vanda Regina Teijeira Scartezini (Sepin/MCT)
Vanderlei Rainelli Ferreira (Microsoft)
Vani Moreira Kenski (USP)
Vera Cristina Rodrigues Feitosa (Consultora)
Vera Valente (MS)
Vicente Landim (Sepin/MCT)
Virgílio Augusto Fernandes Almeida (UFMG)
Virgínia Olga Koeche Müzell Jardim (Secretaria de C&T-
RS)
Wagner Meira Jr. (UFMG)
Walda Antunes (UnB)
Walter Franco (PNUD)
Wang Quiming (Ministry of Science and Technology,
China)
Wânia Maria de Souza Rodrigues (IBICT)
Washington Braga Filho (Rede Rio/SCT-RJ)
William Sheppard (Intel, EUA)
Xavier Baquero Dirani (Equis, Equador)
Yone Sepúlveda Chastinet (Prossiga/CNPq)
Yushi Komachi (National/Panasonic, Japão)
xiv
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
xv
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Prefácio
Em maio do ano passado, por convite do
Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT),
principiou a se reunir em Brasília um grupo de
discussão sobre os possíveis contornos e diretrizes
de um programa de ações rumo à Sociedade da
Informação no Brasil. Tal programa traduziria em
projetos concretos a iniciativa que fora aprovada
pelo Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia,
em dezembro de 1998, e que fora refletida em
diversas ações propostas pelo MCT no Plano
Plurianual para o período de 2000-2003.
Já nos debates iniciais, ficou evidente para todos
a dimensão do desafio que tal programa
representaria, não somente em termos de
conteúdo per se, como e (principalmente) quanto
à necessidade de envolvimento de toda a
sociedade na própria concepção da iniciativa.
Isto posto, o grupo propôs ao MCT que um novo
programa fosse concebido, aproveitando e
articulando as ações em curso no âmbito do MCT
e as ações propostas no PPA, mas adotando um
modelo de planejamento e decolagem em três
estágios: estudos preliminares, conduzindo ao
lançamento formal do Programa; proposta
detalhada, a ser sintetizada em um Livro Verde;
ampla consulta à sociedade, culminando com o
plano detalhado de execução do Programa, a ser
descrito em um Livro Branco.
Aceitando a sugestão, o MCT compôs um Grupo
de Implantação do chamado Programa
Sociedade da Informação no Brasil, que iniciou
atividades em agosto de 1999 com entusiasmo
ímpar. Em 15 de dezembro, o Programa foi
oficialmente lançado pela Presidência da
República. A partir de janeiro deste ano,
principiou-se a trabalhar na proposta preliminar
detalhada do Programa, mediante a criação de
Grupos Temáticos de discussão, contratação de
estudos, análise de experiências no exterior etc.
Este Livro Verde resulta desse processo, que
contou com o envolvimento em variadas formas
de mais de 300 pessoas no País e no exterior.
Dessas pessoas, cerca de 150 se dividiram, ao
longo de incontáveis reuniões, em 12 Grupos
Temáticos, contribuindo com opiniões e sugestões
em suas áreas de especialização. A mera citação
dessas pessoas, feita nas páginas x a xiii, constitui
uma solução simplista de edição que não faz jus à
dedicação e ao entusiasmo desses colaboradores.
O Livro Verde que ora se entrega ao MCT é sem
dúvida motivo de orgulho do Grupo de
Implantação, por resultar da contribuição de tantas
pessoas e de tão laborioso esforço de concepção
e detalhamento. Vale ressaltar que o documento
se reveste de pelo menos duas características
inusitadas, quando comparado com documentos
similares de outros países: 1ª) a proposta do
Grupo tenta cobrir, de forma articulada e
abrangente, todos os aspectos considerados
relevantes para a Sociedade da Informação no
Brasil, de P&D a aplicações, do setor
governamental ao setor privado, de tecnologias
avançadas a impacto social; 2ª) a proposta do
Grupo tenta chegar até o nível de ações concretas,
visando a enriquecer as discussões subseqüentes
para a consolidação de um plano final no Livro
Branco.
Brasília, setembro de 2000
Grupo de Implantação
Programa Sociedade da Informação
Ministério da Ciência e Tecnologia
xvi
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
xvii
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Sumário
Apresentação v
Grupo de Implantação do Programa Sociedade da Informação vii
Grupos Temáticos viii
Concepção e Elaboração ix
Apoio Técnico-Administrativo ix
Contribuições x
Prefácio xv
Sumário xvii
Destaques de Texto xxi
Figuras xxii
Gráficos xxiii
Quadros xxiii
Tabelas xxiii
Capítulo 1 - A Sociedade da Informação 1
1.1 - Introdução 3
A Convergência da Base Tecnológica 3
O Impacto Econômico-social 5
O Brasil 5
1.2 - O Programa Sociedade da Informação no Brasil 6
As Oportunidade e os Riscos 6
O Programa 10
A Sociedade em Rede: um Projeto em Parceria 11
Estrutura Organizacional 12
Capítulo 2 - Mercado, Trabalho e Oportunidades 15
2.1 - Do que se Trata 17
A Nova Economia 17
Comércio Eletrônico: a Pedra de Toque da Nova Economia 17
Novos Mercados 18
Fatores Críticos do Comércio Eletrônico 19
Participação das PME na Nova Economia 20
Oportunidades para Negócios Inovadores 21
Mudanças no Perfil do Trabalho e Emprego 21
Teletrabalho 21
2.2 - Onde Estamos 22
A Indústria das Tecnologias de Informação e Comunicação no Brasil 22
Pequenas e Médias Empresas 22
Difusão das Tecnologias de Informação e Comunicação na Indústria Brasileira 23
A Economia da Informação no Brasil 23
Criação e Desenvolvimento de Negócios Inovadores 23
Comércio Eletrônico no Brasil 24
2.3 - Para Onde Vamos 26
2.4 - O que Fazer 27
Quadro Jurídico 27
Ações Estruturadoras 28
Outras Ações 28
xviii
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Capítulo 3 - Universalização de Serviços para a Cidadania 29
3.1 - Do que se Trata 31
Variáveis Críticas para a Universalização de Serviços Internet 31
Iniciativas Rumo à Universalização 33
3.2 - Onde Estamos 34
Usuários da Internet no Brasil 34
Infra-estrutura e Preços das Comunicações 36
Dispositivos de Acesso 37
Acesso Comunitário à Internet 37
Alfabetização Digital 38
Informações e Serviços para Todos 39
Suporte Tecnológico 40
3.3 - Para Onde Vamos 40
3.4 - O que Fazer 41
Quadro Jurídico 41
Ações Estruturadoras 41
Outras Ações 42
Capítulo 4 - Educação na Sociedade da Informação 43
4.1 - Do que se Trata 45
Educação para a Cidadania 45
Infra-estrutura de Informática e Redes para Educação 45
Novos Meios de Aprendizagem 46
Educação a Distância 46
O Desafio da Formação Tecnológica 47
Novos Currículos 49
4.2 - Onde Estamos 50
Informatização em Escolas 50
Educação a Distância 52
Capacitação Avançada em Tecnologias de Informação e Comunicação 53
4.3 - Para Onde Vamos 54
4.4 - O que Fazer 55
Quadro Jurídico 55
Ações Estruturadoras 56
Outras Ações 56
Capítulo 5 - Conteúdos e Identidade Cultural 57
5.1 - Do que se Trata 59
Conteúdos 59
Identidade Cultural 59
Coleta, Processamento e Disponibilização de Conteúdos 60
5.2 - Onde Estamos 61
Serviços Comerciais 61
Conteúdos em Ciência e Tecnologia 62
Conteúdos em Arte e História 63
Aspectos de Regionalização 63
As Bibliotecas Públicas 64
5.3 - Para Onde Vamos 65
5.4 - O que Fazer 66
Quadro Jurídico 66
Ações Estruturadoras 66
Outras Ações 66
Capítulo 6 - Governo ao Alcance de Todos 67
6.1 - Do que se Trata 69
Aplicações Governamentais 69
xix
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Informações e Serviços ao Cidadão 70
Infra-estrutura de Redes para Governo 70
Diretrizes Tecnológicas 71
Legislação Adequada 73
6.2 - Onde Estamos 73
Infra-estrutura de Redes 74
Serviços Genéricos 74
Informações de Governo 74
Sistemas Aplicativos 75
Gestão Estratégica de Tecnologias de Informação e Comunicação 77
6.3 - Para Onde Vamos 77
6.4 - O que Fazer 79
Quadro Jurídico 79
Ações Estruturadoras 80
Outras Ações 80
Capítulo 7 - P&D, Tecnologias-chave e Aplicações 81
7.1 - Do que se Trata 83
Tecnologias e Aplicações 83
Identificação de Tecnologias-chave 84
Novos Modelos de P&D 86
7.2 - Onde Estamos 86
Prospecção de Tecnologias 86
Capacidade Instalada para Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) 86
Iniciativas Cooperativas em Tecnologias de Informação e Comunicação 87
Articulação Universidade-Indústria 88
Oportunidades em Tecnologias Capacitadoras 88
7.3 - Para Onde Vamos 92
7.4 - O que Fazer 93
Quadro Jurídico 93
Ações Estruturadoras 93
Outras Ações 93
Capítulo 8 - Infra-estrutura Avançada e Novos Serviços 95
8.1 - Do que se Trata 97
O Modelo de Referência para Discussão 97
Redes e o Fator Velocidade de Transmissão 97
Outras Características Técnicas 98
Processamento de Alto Desempenho 98
Diretórios 99
O Papel de Redes para P&D 99
8.2 - Onde Estamos 101
Fibras Óticas no Brasil 101
Backbones Internet em Operação 101
Redes para P&D e Internet de Nova Geração 101
8.3 - Para Onde Vamos 103
8.4 - O que Fazer 103
Quadro Jurídico 103
Ações Estruturadoras 104
Outras Ações 104
Anexo I - A Evolução de Iniciativas Rumo à Sociedade da Informação no Mundo 105
1.1 - Histórico 107
1.2 - Paradigmas de Estruturação de Iniciativas Nacionais 108
1.3 - Ênfases de Iniciativas Nacionais 109
1.4 - Atuação Governamental em Aspectos Críticos 110
xx
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Anexo II - Indicadores de Acompanhamento 111
2.1 - Introdução 113
2.2 - A Abordagem INEXSK (INfrastructure, EXperience, Skills, Knowledge) 113
O Modelo Básico 113
Efeitos “push” e “pull 114
Capacidade Organizacional 114
O Modelo Detalhado 114
A “Pegada” TI (IT Footprint) 115
2.3 - Indicadores da Iniciativa eEurope 2002 116
Lista Indicativa de Indicadores do eEurope 2002 (abril 2000) 116
Anexo III - Informática e Telecomunicações no Brasil 119
3.1 - Introdução 121
3.2 - Telecomunicações 121
Resultados da Privatização 122
3.3 - Informática 123
RNP 124
Softex 2000 124
Protem-CC 125
Sinapad 125
3.4 - Situação Atual e Perspectivas 126
O Setor de Informática 126
Tecnologia Local 127
Balança Comercial em Tecnologias de Informação e Comunicação 127
Manufatura Local e Exportação 128
Geração e Transferência de Tecnologias 128
Tendências no MCT 129
Anexo IV - A Internet 131
4.1 - Introdução 133
O Setor Acadêmico e a Internet 133
A Evolução da Internet no Brasil 133
4.2 - Arquitetura e Operação de Serviços Internet 134
Backbone e Acesso 134
Velocidade e Serviço 134
Tráfego entre Backbones Distintos 134
Engenharia e Segurança de Redes 135
Endereços IP e Nomes de Domínio 136
Operação da Internet Brasileira 136
4.3 - Governança na Internet 136
4.4 - A Internet no Brasil 137
Número de Domínios no Brasil 138
4.5 - Desafios para o Futuro 138
Backboning 138
Acesso 139
Internet 2 e Internet de Nova Geração 139
Referências 141
Lista de Endereços Web 155
Glossário 163
Siglas, Acrônimos e Similares 179
Índice Remissivo 189
xxi
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Destaques de Texto
2.1 O Projeto Inovar 24
3.1 A Divisão Digital entre Regiões no Mundo 31
3.2 Telecentro 34
3.3 Internet e o Terceiro Setor no Brasil 38
3.4 Kidlink e o Projeto Kidlink no Brasil (Kbr) 39
4.1 Programa “FITness” (Fluency with Information Technology) 49
4.2 Unirede: Universidade Virtual Pública do Brasil 53
5.1 Metadados 59
5.2 Multilingüismo na Internet 61
5.3 Biblioteca Nacional 64
6.1 Imposto de Renda no Brasil 75
6.2 Diretório Eletrônico 79
7.1 A Dinâmica do Desenvolvimento Tecnológico 85
7.2 Programa Genoma da Fapesp 87
A1.1 HPCC/NII e o Começo de Tudo 107
A1.2 Global Information Society/G8: Relatório Final de Projetos-Piloto 109
A3.1 Anatel e a Infra-estrutura Nacional de Informações 122
A3.2 A Assespro 123
A3.3 Sepin/MCT 124
xxii
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Figuras
1.1 A Convergência de Conteúdos, Computação e Comunicações 3
1.2 Conectividade Internacional e Internet (de 1991 a 1997) 4
1.3 Estrutura Organizacional 13
1.4 Modelo de Referência para Discussão 14
1.5 A Abordagem INEXSK para Indicadores Técnicos 14
2.1 Ambiente de Negócios Eletrônicos 18
3.1 Obstáculos para Penetração e Uso de Internet 41
4.1 Aspectos do Impacto de Computadores 46
4.2 Aspectos de Capacitação Tecnológica 47
4.3 Capacitação de Recursos Humanos em TIC 48
6.1 Relacionamentos entre Atores Institucionais em Uso de Tecnologias de Informação 69
e Comunicação no Governo
6.2 Espiral de Boehm 71
6.3 Padrões Críticos para Sistemas 79
7.1 Comunicação Celular 3G 88
7.2 Mapa de Freqüências e Serviços Associados no Brasil 89
7.3 Identificação de Tecnologias-chave 92
8.1 Um Modelo Estratificado do Uso de TIC 97
8.2 Infra-estrutura de Fibra Ótica em Implantação no País 101
8.3 Backbone da RNP (dezembro de 1999) 102
8.4 Backbone de Alta Velocidade da RNP (julho de 2000) 102
A1.1 Estágios Rumo à Sociedade da Informação 108
A2.1 Indicador “Ideal” 113
A2.2 Processo de Pull/Push no Modelo INEXSK 114
A2.3 A “Pegada” TI (IT Footprint) 115
A3.1 Evolução da Densidade Telefônica do Serviço Telefônico Fixo Comutado (STFC) 122
A3.2 Evolução da Densidade Telefônica do Serviço Móvel Comutado (SMC) 123
A4.1 Um Backbone com Seis Pontos no País 134
A4.2 Um outro Backbone com Três Pontos Próprios 135
A4.3 Ponto de Troca de Tráfego entre Dois Backbones 135
A4.4 Estrutura de Domínios 136
A4.5 Infra-estrutura de Fibra Ótica em Implantação no País 139
A4.6 Ciclos de Evolução da Internet nos EUA 140
xxiii
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Gráficos
2.1 Comércio Eletrônico na União Européia 19
2.2 Evolução do Primeiro Acesso ao Uso Intensivo 26
3.1 Penetração da Internet versus Custo de Acesso 32
6.1 Aplicações Abertas para UNIX 72
8.1 Aplicações e Demanda de Comunicações 98
8.2 Requisitos de Processamento de Alto Desempenho para Grandes Desafios em P&D 99
A4.1 Distribuição de Hosts no Mundo 137
A4.2 Evolução do Número de Provedores no País 137
A4.3 Distribuição Regional de Provedores no País (1999) 138
A4.4 Serviço Internet no Brasil - Número de Domínios (2000) 138
Quadros
1.1 Grupos Temáticos da Fase de Implantação 13
2.1 Soluções para Auto-regulamentação em Comércio Eletrônico 20
2.2 Vantagens do Teletrabalho 22
3.1 Metas de Universalização das Concessionárias do STFC (dezembro de 2003) 36
6.1 Softwares Abertos de Amplo Uso 73
6.2 Informações ao Cidadão via Internet no Brasil 75
8.1 Contrastes entre Infra-estruturas para P&D e Infra-estruturas para Serviços de Governo 99
A2.1 Indicadores Adotados 115
A4.1 Iniciativas Americanas para a Evolução da Internet 140
Tabelas
2.1 Economia da Informação no Brasil 23
2.2 Empresas de Software Egressas de Incubadoras do Programa Genesis/Softex 24
3.1 Usuários e Hosts Internet em Países Latino-Americanos 35
3.2 Usuários e Hosts Internet nas 10 Maiores Economias (por PIB) 35
3.3 Instalação e Densidade de Linhas STFC e SMC 36
3.4 Disseminação da Televisão no Brasil em % (1997) 37
4.1 Número de Cursos de Graduação, Concluintes em 1997 e Matrícula em 30/04, por 51
Natureza segundo Área de Conhecimento e Curso, em Universidades, Faculdades e
Estabelecimentos Isolados (1998)
4.2 Pós-graduação na Área de Computação no Brasil (2000) 53
5.1 50 Sites de Maior Acesso, por Categorias - Brasil (2000) 62
7.1 Posição da Europa diante de 136 Tecnologias (1996) 85
A2.1 Índices para Países Industrializados 115
A3.1 Economia Global da Informação no Brasil 126
A3.2 Equipamentos de Comutação Digital - Mercados Domésticos 127
A3.3 Brasil: Balança Comercial - Informática e Telecomunicações 96/99 (em US$ milhões) 128
xxiv
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Capítulo 1
A Sociedade da Informação
2
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
A Sociedade da Informação
3
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Capítulo 1
Capítulo 1
1.1– Introdução
Assistir à televisão, falar ao telefone, movimentar
a conta no terminal bancário e, pela Internet, ve-
rificar multas de trânsito, comprar discos, trocar
mensagens com o outro lado do planeta, pesquisar
e estudar são hoje atividades cotidianas, no mun-
do inteiro e no Brasil. Rapidamente nos adapta-
mos a essas novidades e passamos – em geral,
sem uma percepção clara nem maiores
questionamentos – a viver na Sociedade da In-
formação, uma nova era em que a informação
flui a velocidades e em quantidades há apenas
poucos anos inimagináveis, assumindo valores
sociais e econômicos fundamentais.
Como essa revolução vem acontecendo? Que
conseqüências tem trazido para as pessoas, as or-
ganizações e o conjunto da sociedade? São per-
guntas cuja importância mal percebemos e que,
na maioria das vezes, não nos preocupamos em
responder.
Subjacente a todas aquelas atividades corriqueiras
está uma imensa malha de meios de comunica-
ção que cobre países inteiros, interliga continentes
e chega às casas e empresas: são fios de telefone,
canais de microondas, linhas de fibra ótica, cabos
submarinos transoceânicos, transmissões via sa-
télite. São computadores, que processam infor-
mações, controlam, coordenam e tornam com-
patíveis os diversos meios. Aglutinando e dando
sentido à estrutura física, estão as pessoas que a
operam ou dela se utilizam. Tal é a capacidade de
transmissão e a qualidade dos serviços ofereci-
dos, que o usuário nem se dá conta de todo o
complexo aparato que apóia esses serviços, e a
maioria das pessoas não tem a menor idéia de
como é feita a comunicação – se pela transmis-
são sem fio de um telefone celular, pelo canal de
um satélite em órbita, ou por um cabo no fundo
do oceano. O conjunto desses recursos forma
uma verdadeira “superestrada” de informações
e serviços freqüentemente chamada de “infovia”
ou “supervia”.
A Convergência da Base Tecnológica
Três fenômenos inter-relacionados estão na ori-
gem da transformação em curso.
O primeiro, a convergência da base
tecnológica, conforme ilustrado na Figura 1.1,
decorre do fato de se poder representar e pro-
cessar qualquer tipo de informação de uma única
forma, a digital. Pela digitalização, a computa-
ção (a informática e suas aplicações), as comuni-
cações (transmissão e recepção de dados, voz,
imagens etc.) e os conteúdos (livros, filmes, pin-
turas, fotografias, música etc.) aproximam-se ver-
tiginosamente – o computador vira um aparelho
de TV, a foto favorita sai do álbum para um
disquete, e pelo telefone entra-se na Internet. Um
extenso leque de aplicações abre-se com isso,
função apenas da criatividade, curiosidade e ca-
pacidade de absorção do novo pelas pessoas.
O segundo aspecto é a dinâmica da indústria,
que tem proporcionado contínua queda dos pre-
ços dos computadores relativamente à potência
computacional, permitindo a popularização cres-
cente do uso dessas máquinas.
Finalmente, em grande parte como decorrência
dos dois primeiros fenômenos, o terceiro aspec-
to na base dessa revolução é o fantástico cresci-
mento da Internet: nos EUA, a Internet atingiu
50 milhões de usuários em somente quatro anos,
enquanto, para atingir esse número de usuários, o
computador pessoal tardou 16 anos, a televisão
13, e o rádio, 38. Outro dado que confirma a
rapidez da disseminação da Internet é o da evo-
conteúdos
computação
comunicações
Figura 1.1
A Convergência de Conteúdos, Computação e
Comunicações
Fonte: SocInfo
4
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
A Sociedade da Informação
Figura 1.2
Conectividade Internacional e Internet (de 1991 a 1997)
Copyright 1991
Larry Landweber
And the Internet Society.
Unlimited permission to
copy or use is hereby granted
Subject to inclusion of
this copyright notice.
Copyright 1997
Larry Landweber
And the Internet Society.
Unlimited permission to
copy or use is hereby granted
Subject to inclusion of
this copyright notice.
Conectividade Internacional
versão 16 - 15/6/97
Internet
Bitnet mas não Internet
Somente (UUCP, Fidonet)
e-mail
Sem conectividade
Conectividade Internacional
versão 2 - 9/91
Internet
Bitnet mas não Internet
Somente (UUCP, Fidonet)
e-mail
Sem conectividade
lução da conectividade internacional no perí-
odo de 1991 a 1998, conforme ilustrado na Fi-
gura 1.2.
No curto período de oito anos, a Internet se dis-
seminou por praticamente todo o mundo, pro-
piciando conectividade a países até então fora de
redes e substituindo outras tecnologias (Bitnet,
Fidonet etc.) mais antigas. Mesmo ainda sendo,
em muitos países, um serviço restrito a poucos, a
velocidade da disseminação da Internet, em com-
paração com a de outros serviços, mostra que
ela se tornou um padrão de fato, e que se está
diante de um fenômeno singular, a ser considera-
do como fator estratégico fundamental para o
desenvolvimento das nações.
Fonte: http://www.cs.wisc.edu/~lhl/lhl.html
,
,
5
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Capítulo 1
O Impacto Econômico-social
A sociedade da informação não é um modismo.
Representa uma profunda mudança na organiza-
ção da sociedade e da economia, havendo quem
a considere um novo paradigma técnico-eco-
nômico. É um fenômeno global, com elevado
potencial transformador das atividades sociais e
econômicas, uma vez que a estrutura e a dinâmi-
ca dessas atividades inevitavelmente serão, em al-
guma medida, afetadas pela infra-estrutura de in-
formações disponível. É também acentuada sua
dimensão político-econômica, decorrente da
contribuição da infra-estrutura de informações
para que as regiões sejam mais ou menos atraen-
tes em relação aos negócios e empreendimentos.
Sua importância assemelha-se à de uma boa es-
trada de rodagem para o sucesso econômico das
localidades. Tem ainda marcante dimensão so-
cial, em virtude do seu elevado potencial de pro-
mover a integração, ao reduzir as distâncias entre
pessoas e aumentar o seu nível de informação.
Não é livre de riscos, entretanto. Noventa por
cento da população do planeta jamais teve aces-
so ao telefone. Como evitar, então, que as novas
tecnologias aumentem ainda mais a disparidade
social entre as pessoas, as nações e os blocos de
países? Os países e blocos políticos, desde mea-
dos da década de 90, defrontam-se com as opor-
tunidades e os riscos que cercam o futuro e, re-
conhecendo a importância estratégica da sociedade
da informação, vêm tomando iniciativas para as-
segurar que essa nova era venha em seu benefício.
O Brasil
Em cada país, a sociedade da informação está
sendo construída em meio a diferentes condi-
ções e projetos de desenvolvimento social, segun-
do estratégias moldadas de acordo com cada con-
texto. As tecnologias envolvidas vêm transfor-
mando as estruturas e as práticas de produção,
comercialização e consumo e de cooperação e
competição entre os agentes, alterando, enfim, a
própria cadeia de geração de valor. Do mesmo
modo, regiões, segmentos sociais, setores econô-
micos, organizações e indivíduos são afetados
diferentemente pelo novo paradigma, em fun-
ção das condições de acesso à informação, da
base de conhecimentos e, sobretudo, da capaci-
dade de aprender e inovar.
Os países economicamente desenvolvidos, bem
como boa parte daqueles em vias de desenvolvi-
mento, já adotam políticas e iniciativas voltadas
para a sociedade da informação.
Ao Brasil urge acelerar o processo de articula-
ção efetiva de um programa nacional para a
sociedade da informação. Ao longo da déca-
da de 90, registraram-se sucessos em aspectos
críticos para a formulação e implementação de
tal programa. A Internet brasileira teve grande
impulso, primeiramente na comunidade científi-
ca e, logo após, como plataforma de expansão
do setor privado, estando aberta também a ser-
viços de natureza comercial desde 1995. Nas te-
lecomunicações, houve a privatização de todo o
sistema brasileiro e a criação da Agência Nacio-
nal de Telecomunicações (Anatel), fatores que es-
tão permitindo maior e mais rápida disponibili-
dade de acesso aos meios de comunicação. As
atividades comerciais no Brasil que se valem da
Internet estão ganhando enorme expressão, a
ponto de perfazerem praticamente metade do
mercado latino-americano, em número de usuá-
rios e em volume de transações e negócios. Algu-
mas aplicações de governo têm tido enorme im-
pacto, tanto na melhoria da eficiência interna
de funcionamento como na prestação de ser-
viços ao cidadão. E, por último, comparativa-
mente com a América Latina, existe uma so-
fisticada base tecnológica instalada no País e
um considerável contingente de recursos hu-
manos qualificados, abarcando desde pesquisa
e desenvolvimento até fomento a empreendi-
mentos.
O País dispõe, pois, dos elementos essenciais
para a condução de uma iniciativa nacional
rumo à sociedade da informação. E a emer-
gência do novo paradigma constitui, para o
Brasil, oportunidade sem precedentes de
prestar significativa contribuição para res-
gatar a sua dívida social, alavancar o desenvol-
vimento e manter uma posição de compe-
titividade econômica no cenário internacional.
A inserção favorável nessa nova onda requer,
entretanto, além de base tecnológica e de infra-
estrutura adequadas, um conjunto de condições
e de inovações nas estruturas produtivas e
organizacionais, no sistema educacional e nas
instâncias reguladoras, normativas e de governo
6
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
A Sociedade da Informação
em geral. O impacto positivo que a “nova eco-
nomia” pode gerar para o País depende ainda da
participação do maior número possível de pes-
soas, organizações e regiões como usuárias ativas
das redes avançadas de informação.
Todas essas constatações e reflexões sublinham a
importância do Programa aqui apresentado. O
Programa busca contribuir, de forma efetiva, para:
a construção de uma sociedade mais justa, em
que sejam observados princípios e metas rela-
tivos à preservação de nossa identidade cultu-
ral, fundada na riqueza da diversidade;
a sustentabilidade de um padrão de desenvol-
vimento que respeite as diferenças e busque o
equilíbrio regional;
a efetiva participação social, sustentáculo da
democracia política.
1.2 – O Programa Sociedade da Informa-
ção no Brasil
As Oportunidades e os Riscos
O caminho rumo à sociedade da informação é
repleto de desafios em todos os países. Contu-
do, em cada um, o desafio reflete uma combi-
nação singular de oportunidades e de riscos.
Todos os países caminham, voluntária ou
involuntariamente, rumo à sociedade da infor-
mação. Compete a cada um encontrar sua rota e
suas prioridades.
Comércio eletrônico: a pedra de toque da
nova economia
Os negócios eletrônicos (e-business), entre os quais
o comércio eletrônico (e-commerce), são hoje fun-
damentais para a modernização do setor produ-
tivo, pois permitem ampliar e diversificar merca-
dos e aperfeiçoar as atividades de negócios. O
comércio eletrônico apresenta taxas de crescimen-
to sem paralelo, tanto nas transações entre em-
presas e consumidores, como nos negócios entre
empresas, que é onde atualmente se realiza o mais
alto nível de geração de receita. Entretanto, atuar
no ambiente dos negócios e comércio eletrônico
requer que tanto produtores de bens e serviços
quanto consumidores estejam conectados às re-
des digitais e capacitados para operá-las adequa-
damente. Para isso, é preciso ampliar, facilitar e
baratear o acesso às redes de comunicação e pro-
porcionar as informações e os meios necessários
para que pessoas e empresas sejam capazes de
operar nas novas modalidades de negócios e co-
mércio.
PME: oportunidades na nova dinâmica
As Pequenas e Médias Empresas (PME) têm es-
pecial importância estratégica pelo seu elevado
potencial gerador de emprego, trabalho e renda.
No Brasil, entretanto, apesar de empregarem 60%
da mão-de-obra, são responsáveis por apenas 6%
do valor exportado. Nesse quadro, as tecnologias
de informação e comunicação – e a Internet, em
particular – oferecem boas oportunidades para
as PME, em vários aspectos: divulgação de ne-
gócios, comunicação mais rápida e barata, acesso
a informações úteis, agilidade na compra e ven-
da, ampliação de mercados e diminuição de cus-
tos operacionais. O uso dessas tecnologias para
aumentar a competitividade das pequenas e mé-
dias empresas nacionais, portanto, é uma estraté-
gia a ser encorajada, principalmente pela concor-
rência cada vez mais acirrada das similares estran-
geiras, que já exploram os benefícios dessas mes-
mas tecnologias e as utilizam para competir no
mercado brasileiro.
Empreendedorismo: inovação e capital inte-
lectual como base dos novos negócios
Na sociedade da informação, o cenário econô-
mico transforma-se de tal modo que inovar e
converter conhecimento em vantagem competi-
tiva passam a constituir importantes diferenciais.
Da rapidez na geração e difusão de inovações,
decorrem a drástica diminuição da vida útil dos
produtos e a necessidade de modernização con-
tínua da produção e da comercialização de bens
e serviços. O processo inovador supõe, cada vez
mais, a produção e aplicação de informações e
conhecimentos e a sua gestão, nos moldes do que
hoje se denomina inteligência coletiva, empresari-
al e organizacional. Nos países economicamente
mais desenvolvidos, enfatiza-se o caráter dinâmi-
co dos empreendimentos e a importância do ca-
pital intelectual. Como despertar e estimular o
empreendedorismo dos brasileiros nesse sentido?
O ponto de partida é a adoção, por parte do
poder público e da iniciativa privada, de meca-
nismos de incentivo e financiamento para a in-
corporação de novos conhecimentos relaciona-
dos com a geração de negócios e para o
7
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Capítulo 1
surgimento de idéias e de projetos inovadores,
com apoio efetivo ao seu desenvolvimento.
Oportunidades de trabalho para todos:
mais e melhores empregos
A nova economia revoluciona as estruturas pro-
dutivas, e o mercado de trabalho se transforma
radicalmente. Os empregos e atividades tradicio-
nais são transformados, substituídos e até elimi-
nados. Para o Brasil, o desafio é tirar partido do
avanço tecnológico para gerar mais e melhores
alternativas de trabalho, que possam chegar à
população de baixa renda e às minorias margina-
lizadas, bem como contribuir para fixar no País
os profissionais com maior qualificação. É es-
sencial, portanto, ampliar a empregabilidade dos
trabalhadores, por meio de aprendizado conti-
nuado e do desenvolvimento de novas habilida-
des e competências, sobretudo quanto ao conhe-
cimento das tecnologias de informação e comu-
nicação. Isso vale tanto para as gerações que in-
gressam no mercado de trabalho, quanto para os
que não adquiriram esses conhecimentos e preci-
sam reciclar as habilidades profissionais. A mão-
de-obra qualificada, capaz de atender às exigên-
cias do novo paradigma técnico-econômico, é,
assim, fundamental para assegurar ganhos de pro-
dutividade às empresas brasileiras e melhorias da
sua competitividade, permitindo-lhes ampliar a
oferta de empregos e trabalho dignos e adequa-
damente remunerados.
Universalização do acesso: combatendo de-
sigualdades e promovendo a cidadania
As tecnologias de informação e comunicação ain-
da não chegam à maior parte da população do
planeta, em que pese o ritmo veloz de sua disse-
minação. Enquanto o mundo economicamente
mais desenvolvido encontra-se envolto em um
complexo de redes digitais de alta capacidade,
utilizando intensamente serviços de última gera-
ção, uma parcela considerável da população dos
demais países não tem acesso sequer à telefonia
básica. O maior acesso à informação poderá con-
duzir a sociedades e relações sociais mais demo-
cráticas, mas também poderá gerar uma nova
lógica de exclusão, acentuando as desigualdades e
exclusões já existentes, tanto entre sociedades,
como, no interior de cada uma, entre setores e
regiões de maior e menor renda. No novo
paradigma, a universalização dos serviços de in-
formação e comunicação é condição necessária,
ainda que não suficiente, para a inserção dos indi-
víduos como cidadãos. No Brasil, o crescimento
recente das telecomunicações tem democratiza-
do o uso do telefone. O acesso à rede Internet,
contudo, ainda é restrito a poucos. Urge, portan-
to, buscar meios e medidas para garantir a todos
os cidadãos o acesso eqüitativo à informação e
aos benefícios que podem advir da inserção do
País na sociedade da informação.
Educação e aprendizado ao longo da vida:
desenvolvendo competência
Na nova economia, não basta dispor de uma infra-
estrutura moderna de comunicação; é preciso
competência para transformar informação em
conhecimento. É a educação o elemento-chave
para a construção de uma sociedade da informa-
ção e condição essencial para que pessoas e orga-
nizações estejam aptas a lidar com o novo, a criar
e, assim, a garantir seu espaço de liberdade e au-
tonomia. A dinâmica da sociedade da informa-
ção requer educação continuada ao longo da vida,
que permita ao indivíduo não apenas acompa-
nhar as mudanças tecnológicas, mas sobretudo
inovar. No Brasil, até mesmo a educação básica
ainda apresenta deficiências marcantes. Particular-
mente nos segmentos sociais de baixa renda e em
regiões menos favorecidas, o analfabetismo per-
manece como realidade nacional. O desafio,
portanto, é duplo: superar antigas deficiências
e criar as competências requeridas pela nova
economia. Nesse sentido, as tecnologias de in-
formação e comunicação podem prestar enor-
me contribuição para que os programas de
educação ganhem maior eficácia e alcancem
cada vez maior número de comunidades e re-
giões. Para tanto, contudo, é necessário que a
capacitação pedagógica e tecnológica de educa-
dores – elemento indispensável para a adequada
utilização do potencial didático dos novos meios
e fator de multiplicação das competências – te-
nha paralelo ao desenvolvimento de conteúdo
local e em português.
Valorização de conteúdos e identidade
cultural
Gigantescos acervos de informação sobre os mais
variados temas – designados pelo nome genéri-
co de conteúdos – circulam hoje, em escala pla-
netária e de forma acelerada, por meio da Internet
8
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
A Sociedade da Informação
e das novas mídias eletrônicas. Esse repertório
permite o compartilhamento de conhecimentos,
informações e dados, bem como enseja o desen-
volvimento humano. Em um contexto
globalizado, o volume de informações disponí-
veis nas redes passa a ser um indicador da capaci-
dade de influenciar e de posicionar as popula-
ções no futuro da sociedade. Assim, a preserva-
ção da identidade nacional, na sociedade global,
é decisiva para a capacitação em assuntos cultu-
rais, artísticos, científicos e tecnológicos, com suas
claras dimensões econômicas. Portanto, questão
estratégica nas políticas e programas de inserção
na sociedade da informação é – além de cuidar
do uso adequado das tecnologias – aumentar a
quantidade e a qualidade de conteúdos nacionais
que circulam nas redes eletrônicas e nas novas
mídias. O amparo às identidades culturais nos
novos meios resultará em benefícios evidentes,
na forma de incremento da atividade econômica
em geral e de desenvolvimento da cidadania.
Administração transparente e centrada no
cidadão: governo ao alcance de todos
Uma administração pública mais transparente,
eficaz e voltada para a prestação de informações
e serviços à população: essa a grande contribui-
ção que as tecnologias de informação e comuni-
cação podem dar ao relacionamento do gover-
no com os cidadãos. Emissão de documentos,
prestação de informações ligadas aos serviços
públicos, acompanhamento das ações de gover-
no e condução dos negócios públicos, acesso aos
governantes e representantes eleitos são exemplos
das possibilidades do uso das tecnologias de in-
formação e comunicação pela máquina adminis-
trativa pública. A tecnologia pode ainda ser lar-
gamente aplicada para aperfeiçoar a própria ges-
tão do governo – coordenação, planejamento,
execução e controle de ações, contabilidade pú-
blica etc. – e suas transações comerciais com o
setor privado. A possibilidade de acesso aos ser-
viços, de participação nas decisões e acompanha-
mento dos atos governamentais por parte de to-
dos os cidadãos, portanto, impõe a adoção de
meios e métodos digitais por parte do governo,
em todos os poderes constituídos e níveis gover-
namentais, do emprego das tecnologias de infor-
mação e comunicação em benefício da eficácia,
responsividade, transparência e governança.
Quadro regulatório: diminuindo riscos e
incertezas do mundo virtual
Há um hiato de legislação nos novos espaços eco-
nômico, social e cultural, criado pela possibilida-
de, antes inexistente, das mais diversas operações
a serem realizadas por meio das redes digitais.
Em geral, a falta de regras e princípios claros causa
incertezas que prejudicam a gestão dos negócios
e os investimentos. No campo ainda imaturo das
aplicações das novas tecnologias, esse fato é mais
grave e forma uma das maiores barreiras para a
difusão do uso das redes eletrônicas, em decor-
rência do ambiente de indefinições e do adiamento
de decisões que gera. Com a lentidão das negoci-
ações dos acordos internacionais, estarão se for-
mando novas barreiras entre os países, em fun-
ção de regulamentações adotadas unilateralmen-
te e do estabelecimento de padrões de fato.
Compatibilização de padrões tecnológicos, leis de
proteção a consumidores e autores, regimes de
tributação de bens e serviços são alguns dos pontos
em negociação que ganham complexidade em
função do caráter transterritorial das transações
da Internet. Nesse contexto, é importante ampli-
ar o debate interno no Brasil, para definir estraté-
gias e interesses próprios e respaldar o encami-
nhamento dessas questões nos fóruns interna-
cionais.
Pesquisa e desenvolvimento: o conhecimen-
to é a riqueza das nações
A nova economia requer o contínuo desenvolvi-
mento e domínio de novos saberes e competên-
cias. Particularmente estratégico, nesse contexto, é
deter conhecimento avançado sobre as tecnologias
de informação e comunicação que hoje ocupam
o centro da dinâmica de inovações e são fator
primordial de competitividade econômica. Con-
siderando a acelerada evolução do cenário
tecnológico global, o Brasil deve dotar-se de pro-
gramas, flexíveis e dinâmicos, de fomento à pes-
quisa, com foco no domínio de tecnologias-cha-
ve, para o desenvolvimento da indústria nacional.
A agenda brasileira de P&D em tecnologias de
informação e comunicação deve, sobretudo, re-
fletir as necessidades e prioridades nacionais, ori-
entando-se no sentido da geração de resultados
inovadores e de produtos e serviços que contri-
buam para a melhoria da qualidade de vida e do
bem-estar social, assim como para o aumento da
eficiência e competitividade do setor produtivo.
9
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Capítulo 1
A capacitação para orientar escolhas tecnológicas
e para o efetivo domínio de algumas tecnologias-
chave requer uma cadeia de investimento e de
conhecimento que se traduz em uma matriz de
competência ampla e diversificada. Para estar apto
a acompanhar a rapidez do desenvolvimento da
base técnico-produtiva mundial, o País deve ain-
da manter uma política consistente de investimento
em recursos humanos, de modernização da infra-
estrutura científico-tecnológica de apoio à
integração universidade-empresa e de ativa coo-
peração internacional.
Desenvolvimento sustentável: a preservação
do futuro
Para o Brasil, detentor de ricas e estratégicas re-
servas naturais, a perspectiva do desenvolvimen-
to sustentável constitui uma referência básica a ser
incorporada em seu projeto de sociedade da in-
formação. Sob a ótica da sustentabilidade ecoló-
gica, coloca-se a importância do domínio das
tecnologias relevantes para melhor conhecer, di-
agnosticar e monitorar as condições ambientais,
sobretudo em função da extensão do território
nacional, diversidade de ecossistemas e comple-
xidade dos problemas pertinentes. Com apoio
das tecnologias da informação e comunicação, é
possível criar sistemas e serviços avançados de
informação e de prevenção de riscos sobre o meio
ambiente, como alerta e suporte às políticas pú-
blicas, estratégias empresariais e ações sociais. Com
as novas mídias e redes eletrônicas, criam-se tam-
bém condições mais favoráveis para a informa-
ção e conscientização públicas a respeito do meio
ambiente, da educação ambiental e da coopera-
ção nacional e internacional nessa área, facilitando
a implantação de um modelo mais sustentável
de desenvolvimento.
Desenvolvendo a infra-estrutura: a via da
integração
O avanço das tecnologias de informação e co-
municação resultou no desenvolvimento de um
grande número de aplicações, como telemedicina,
ensino a distância, comércio eletrônico etc., que
podem melhorar significativamente a qualidade
de vida dos cidadãos e elevar a competitividade
das empresas. Em um mundo crescentemente
globalizado, as transações econômicas entres pa-
íses e as interações entre indivíduos e comunida-
des tendem a ser realizadas por uma infra-estru-
tura global, baseada em redes de alta velocidade.
A implantação dessa infra-estrutura é hoje estra-
tégica para a maior parte dos países e blocos eco-
nômicos, que percebem um enorme potencial de
aplicações para melhorar sua competitividade e a
qualidade de vida de seus cidadãos. Os países que
não acompanharem essa tendência correm o ris-
co de ficar à margem do desenvolvimento da
nova economia; em se tratando de países em de-
senvolvimento, como o Brasil, os desníveis
tecnológicos em relação aos países avançados
podem-se acentuar e as desigualdades sociais e
econômicas aprofundarem-se ainda mais. Nesse
contexto, é prioritário o desenvolvimento e a
implantação da Internet de nova geração no País.
A viabilização desse projeto requer comunicação
avançada e segura, a partir da utilização de circui-
tos de alta velocidade, com elevada capacidade
de tráfego. Sobre essa infra-estrutura, é preciso
atribuir ênfase especial ao desenvolvimento de
serviços e aplicações em áreas sociais, comerciais
e estratégicas, pois o “que fazer” torna-se muito
mais importante do que a rede em si.
Desenvolvimento e integração: valorizando
vocações e potencialidades regionais
As disparidades socioeconômicas entre regiões
continuam sendo questão fundamental no Brasil.
Nesse ponto, as tecnologias de informação e co-
municação são, a um tempo, oportunidade de
redução de disparidades e risco de agravamento
da situação atual. Ao sabor do mercado, sem uma
política que proporcione igualdade de oportuni-
dades de acesso a essas tecnologias, haverá con-
centração ainda maior da utilização dos novos
meios nas grandes empresas e segmentos sociais
de renda mais elevada, nos centros urbanos mais
populosos. A tecnologia pode ser mais um ele-
mento integrador, por reduzir distâncias, tempos
e custos. Por meio dela, pequenos negócios po-
dem desenvolver afinidades econômicas, ganhar
visibilidade global e conquistar mercados.
Viabilizando-se os negócios, dão-se condições para
que pessoas e empresas possam se estabelecer
onde desejarem e tirar partido das características
e potencialidades regionais. Em um mundo em
que conhecimento, informação, criatividade e ino-
vação são fatores de riqueza, a diversidade cultu-
ral é para ser reconhecida e explorada como fa-
tor de vantagem competitiva. Na base do desen-
volvimento equilibrado do País, portanto, deve
10
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
A Sociedade da Informação
estar a consecução de ações locais, orientadas para
o aproveitamento das diversidades e
especificidades de cada região. Nesse sentido, pela
maior proximidade de governos estaduais e mu-
nicipais em relação às demandas da sociedade e
das comunidades, o seu envolvimento na defini-
ção de estratégias e no planejamento dos seus des-
dobramentos é importante.
Integração e cooperação latino-americana
A formação de blocos e megamercados regio-
nais, em quase todos os continentes, é um traço
marcante no cenário mundial. A intensificação do
comércio, a consolidação de mercados, o estí-
mulo a investimentos e a articulação de parcerias
em busca de maior competitividade no mercado
global estão entre os principais objetivos dessas
novas regionalizações. O Mercosul é uma impor-
tante iniciativa de países latino-americanos diante
dessa tendência mundial. Objetiva, sobretudo,
contribuir para um ambiente de integração e co-
operação entre os países membros, permitindo-
lhes maior intercâmbio e dinamismo econômico
e tecnológico, bem como promover a solidarie-
dade entre os povos da região e o desenvolvi-
mento social e cultural. As novas tecnologias de
informação e comunicação são estratégicas nesse
esforço, pois constituem um dos elos básicos na
quebra de barreiras espaço-temporais, facilitan-
do a comunicação e o intercâmbio regional em
todas as áreas de atividades e contribuindo para a
intensificação do comércio na região.
O Programa
Não é simples operacionalizar um programa que
contemple adequadamente todos esses aspectos.
Sobretudo porque, ao lado dos valores maiores
que o impulsionam, é a concretude de suas pro-
posições que suscitará o pretendido debate, com
o envolvimento dos cidadãos, da iniciativa priva-
da e do governo.
O objetivo do Programa Sociedade da Informa-
ção é integrar, coordenar e fomentar ações para
a utilização de tecnologias de informação e co-
municação, de forma a contribuir para a inclusão
social de todos os brasileiros na nova sociedade
e, ao mesmo tempo, contribuir para que a eco-
nomia do País tenha condições de competir no
mercado global. A execução do Programa pres-
supõe o compartilhamento de responsabilidades
entre os três setores: governo, iniciativa privada e
sociedade civil. Para tanto, irá se desdobrar nas
seguintes grandes Linhas de Ação:
Mercado, trabalho e oportunidades – promo-
ção da competitividade das empresas nacionais e
da expansão das pequenas e médias empresas, apoio
à implantação de comércio eletrônico e oferta de
novas formas de trabalho, por meio do uso intensi-
vo de tecnologias de informação e comunicação.
Universalização de serviços para a cidadania
– promoção da universalização do acesso à Internet,
buscando soluções alternativas com base em no-
vos dispositivos e novos meios de comunicação,
promoção de modelos de acesso coletivo ou com-
partilhado à Internet, bem como fomento a proje-
tos que promovam a cidadania e a coesão social.
Educação na sociedade da informação
apoio aos esquemas de aprendizado, de educa-
ção continuada e a distância baseados na Internet
e em redes, mediante fomento a escolas,
capacitação dos professores, auto-aprendizado e
certificação em tecnologias de informação e co-
municação em larga escala; implantação de re-
formas curriculares visando ao uso de tecnologias
de informação e comunicação em atividades pe-
dagógicas e educacionais, em todos os níveis da
educação formal.
Conteúdos e identidade cultural promo-
ção da geração de conteúdos e aplicações que
enfatizem a identidade cultural brasileira e as ma-
térias de relevância local e regional; fomento a
esquemas de digitalização para a preservação ar-
tística, cultural, histórica e de informações de ci-
ência e tecnologia, bem como a projetos de P&D
para geração de tecnologias com aplicação em
projetos de relevância cultural.
Governo ao alcance de todos promoção da
informatização da administração pública e do uso
de padrões nos seus sistemas aplicativos; concep-
ção, prototipagem e fomento às aplicações em
serviços de governo, especialmente os que envol-
vem ampla disseminação de informações; fomen-
to à capacitação em gestão de tecnologias de infor-
mação e comunicação na administração pública.
11
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Capítulo 1
P&D, tecnologias-chave e aplicações – iden-
tificação de tecnologias estratégicas para o desen-
volvimento industrial e econômico e promoção
de projetos de P&D aplicados a essas tecnologias
nas universidades e no setor produtivo; concep-
ção e indução de mecanismos de difusão
tecnológica; fomento a aplicações-piloto que de-
monstrem o uso de tecnologias-chave; promo-
ção de formação maciça de profissionais, entre
eles os pesquisadores, em todos os aspectos das
tecnologias de informação e comunicação.
Infra-estrutura avançada e novos serviços
implantação de infra-estrutura básica nacional
de informações, integrando as diversas estru-
turas especializadas de redes – governo, setor
privado e P&D; adoção de políticas e meca-
nismos de segurança e privacidade; fomento à
implantação de redes, de processamento de
alto desempenho e à experimentação de no-
vos protocolos e serviços genéricos; transferên-
cia acelerada de tecnologia de redes do setor de
P&D para as outras redes e fomento à integração
operacional das mesmas.
Cada linha de ação será, por sua vez, traduzida
em um conjunto de ações concretas, com pla-
nejamento, orçamentação, execução e acompa-
nhamento específicos.
A Sociedade em Rede: um Projeto em
Parceria
A sociedade da informação deve ser resultado da
colaboração entre diferentes parceiros, nos níveis
local, nacional e internacional. O compartilhamento
das responsabilidades entre governantes, organiza-
ções privadas e a sociedade civil é modelo básico
de apoio à sociedade da informação.
O setor privado é o que dispõe da maior capa-
cidade de investimento e de inovação, do dina-
mismo e das condições de ação abrangente e ao
mesmo tempo capilarizada, que são necessários
para converter a proposta do Programa Socie-
dade da Informação em realidade. Conseqüen-
temente, esse setor, em colaboração com dife-
rentes grupos de usuários, deve tomar a dianteira
do investimento em tecnologias e aplicações. Essa
parceria deve também estar voltada para o de-
senvolvimento de produtos de alta qualidade e
serviços inovadores que criem oportunidades de
novos mercados e a melhoria das condições de
vida de todos os indivíduos.
O governo, nos níveis federal, estadual e munici-
pal, tem o papel de assegurar o acesso universal
às tecnologias de informação e comunicação e a
seus benefícios, independentemente da localiza-
ção geográfica e da situação social do cidadão,
garantindo níveis básicos de serviços, estimulan-
do a interoperabilidade de tecnologias e de redes.
Além disso, cabe ao governo estimular e viabilizar
a participação de minorias sociais e outros seg-
mentos marginalizados, os pequenos negócios,
bem como as organizações sem fins lucrativos,
de modo a que esses segmentos possam ter aces-
so aos benefícios que a sociedade da informação
possa proporcionar. Cabe ainda estabelecer con-
dições equânimes de competição entre os dife-
rentes agentes econômicos, sem inibir as iniciati-
vas de investimento e de novos negócios e
implementar não só políticas públicas, mas tam-
bém um aparato regulador e legal, harmônico e
flexível, que proteja os interesses dos cidadãos e
estimule o desenvolvimento do setor privado.
A sociedade civil deve zelar para que o interesse
público seja resguardado, buscando organizar-se
para monitorar e influenciar, sistematicamente, os
poderes públicos e as organizações privadas.
Nesse sentido, as Organizações Não Governa-
mentais (ONG) ocupam um papel de destaque
na mobilização da sociedade, visando a garantir
que os objetivos sociais sejam respeitados. Por sua
vez, cada indivíduo deve atuar de maneira res-
ponsável e ética, no que se refere à disseminação
e utilização de conteúdos via redes eletrônicas, par-
ticularmente a Internet.
Papel importante para o êxito do Programa ca-
berá às universidades e demais entidades edu-
cacionais, pelo seu envolvimento na formação de
recursos humanos e na construção da indispen-
sável base científico-tecnológica.
Finalmente, todos – cidadãos, setor privado, se-
tor acadêmico, governo – devem participar do
processo de concepção e de execução das ativi-
dades que converterão o projeto conjunto da
sociedade da informação em realidade concreta.
12
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
A Sociedade da Informação
Implantação e execução
O Programa foi lançado em dezembro passado pela
Presidência da República, com o Decreto n.º 3.294/
99. Sua coordenação está a cargo do Ministério da
Ciência e Tecnologia (MCT), e seu detalhamento,
confiado a um Grupo de Implantação, composto
por representantes do governo, setor privado, co-
munidade acadêmica e terceiro setor.
A fase de implantação, ao longo do ano 2000,
compreenderá:
a elaboração de uma primeira proposta deta-
lhada de Programa, no chamado Livro Verde
(até agosto);
um amplo processo de consulta à sociedade
(de agosto a outubro);
a consolidação, em um Livro Branco, de um
plano definitivo de atividades para o Progra-
ma, a partir da incorporação ao Livro Verde
das idéias e opiniões colhidas no processo de
consulta (novembro).
A fase de execução, no período de 2001 a 2003,
compreenderá:
uma etapa de decolagem (até junho de 2001),
em que as principais ações iniciais previstas no
Programa serão colocadas em execução via
contratação, editais, parcerias etc.;
uma etapa de operação em regime (de julho de
2001 a junho de 2003), com início de novas ações e
acompanhamento das que estão em curso;
uma etapa de consolidação (de julho a de-
zembro de 2003), em que se fará uma avalia-
ção geral do progresso do Programa e se ela-
borará um conjunto de propostas para 2004
em diante, à luz dos resultados alcançados.
Recursos orçamentários e financeiros
Para o período 2000-2003, o Programa conta com
recursos orçamentários diretos constantes no Plano
Plurianual do Governo Federal para o Ministério da
Ciência e Tecnologia no montante de R$ 3,4 bilhões,
que incluem investimentos a fundo perdido, linhas
de crédito e incentivos. Desses recursos, apenas cerca
de 15% terão como fonte o Tesouro Nacional. Parte
significativa dos recursos deverá provir do setor
empresarial privado, por mecanismos de incentivos
associados à Lei de Informática, além de outros. Os
recursos inicialmente alocados ao Programa deverão
servir como catalisadores e indutores de investimen-
tos pelos diversos setores envolvidos.
A partir do ano 2001, recursos adicionais subs-
tantivos serão injetados no setor de ciência e
tecnologia por fundos setoriais já criados ou em
processo junto ao Congresso Nacional, que in-
cluem o Fundo de Informática e o de Teleco-
municações.
Os recursos oriundos dos fundos setoriais serão des-
tinados a atividades de pesquisa, inclusive para ampli-
ar e recuperar instalações de laboratórios das univer-
sidades e institutos públicos de pesquisa. Para o perí-
odo de 2001-2005, a previsão de recursos destina-
dos pelo Fundo de Informática deverá atingir a cifra
de R$ 1,19 bilhão, e o de Telecomunicações, o valor
de R$ 880 milhões.
Estima-se que até 2005 o conjunto dos Fundos
Setoriais esteja arrecadando receita de ordem de R$
5,8 bilhões a serem aplicados em iniciativas diversas
de capacitação tecnológica. Representará uma dupli-
cação do nível atual de recursos provenientes do Te-
souro Nacional alocados ao Ministério da Ciência e
Tecnologia.
Por outro lado, considerando que o Programa Soci-
edade da Informação é articulador e indutor de inici-
ativas intergovernamentais que tenham por base as
Tecnologias de Informação, pode-se considerar a
possibilidade de ampliação dos recursos do Tesouro
Nacional para o Programa com a integração com
outros programas relacionados a aplicações e usos
das tecnologias de informação, contemplados no Pla-
no Plurianual de Investimentos do Governo Federal
(PPA).
Finalmente, as principais agências de fomento do País,
como BNDES, Finep, Caixa Econômica, BNB etc.,
poderão ser parceiras importantes na orientação de
investimentos no setor de tecnologias de informação
junto ao setor privado, contribuindo assim para um
incremento significativo dos recursos mobilizáveis.
Estrutura Organizacional
A estrutura organizacional proposta para o Progra-
ma, conforme ilustrada na Figura 1.3, compreende:
um Conselho, composto por representantes
de entidades de governo, da indústria, da co-
munidade acadêmica e da sociedade;
uma Coordenação Executiva, apoiada em um
Núcleo de Suporte;
13
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Capítulo 1
um Comitê de Gestão/Execução Interna,
composto por diretores de unidades e agên-
cias do MCT.
A fase de implantação - que se estende até a
aprovação do Livro Branco - está confiada a um
Grupo de Implantação, que articula consultas e
atividades por intermédio de 12 Grupos
Temáticos, enumerados no Quadro 1.1.
O Grupo de Implantação responde ainda pela
elaboração do Livro Verde, pelo processo de
consultas públicas sobre o Livro Verde e pela
proposta final de Livro Branco. Nessas tarefas, o
grupo central é apoiado pelos Grupos Temáticos,
que efetivamente lideram a discussão ampla do
Livro Verde com todos os interessados. Cada
Grupo Temático, em adição, deve elaborar um
Documento Setorial, compilando e organizando
sua visão acerca do tema a ele confiado, para ser
divulgado e discutido juntamente com o Livro
Verde, a partir de setembro.
O planejamento e a execução de uma iniciativa
com as dimensões e duração deste Programa
devem ser baseados em diretrizes metodológicas
sólidas. Um Núcleo de Suporte do Programa,
subordinado à Coordenação Geral, deverá dedi-
car-se a estudos antecipatórios e analíticos e ao
planejamento e acompanhamento de atividades,
de forma que o Programa seja fortemente fun-
damentado em todas as suas fases.
Modelo de referência para discussão
O conjunto de temas que a sociedade da infor-
mação abarca é tão vasto que a própria
estruturação de tópicos a examinar e a identifica-
ção de atores institucionais a envolver se afigu-
ram problemáticas. No intuito de abordar esse
desafio de forma sistemática, o Programa adota
um Modelo de Referência para discussão, con-
forme ilustrado na Figura 1.4.
O modelo parte da premissa de que qualquer
implementação de uso de tecnologias de infor-
mação e comunicação na forma de um sistema
pode ser decomposta em três níveis, a saber:
Infra-estrutura, compreendendo toda a parte
de funções básicas de redes (enlaces, equipa-
mentos e funcionalidade de software no nível
do protocolo IP);
1. Planejamento
2. Divulgação à Sociedade
3. Integração e Regionalização
4. Cooperação Internacional
5. Ações Empresariais
6. Pesquisa e Desenvolvimento
7. Processamento de Alto Desempenho
8. Educação
9. Conteúdos e Identidade Cultural
10. Administração Pública
11. Infra-estrutura e Acesso
12. Trabalho
Quadro 1.1
Grupos Temáticos da Fase de Implantação
Fonte: SocInfo
Figura 1.3
Estrutura Organizacional
Fonte: SocInfo
MCT
CNPq
FINEP
Comitê
Gestão / Execução
Núcleo
Suporte
Coordenação
Programa
MCT
Educação na
Sociedade
da Informação
Universalização de
serviços
para a cidadania
Mercado, trabalho
e oportunidades
Conselho
Infra-estrutura
avançada e novos
serviços
P&D,
tecnologias-chave
e aplicações
Governo ao
alcance de todos
Conteúdos e
identidade cultural
14
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
A Sociedade da Informação
Serviços genéricos, compreendendo funções
de uso geral, independentes de quaisquer áre-
as de aplicação (incluindo e-mail, WWW,
videoconferência, diretórios eletrônicos,
processamento de alto desempenho etc.);
Aplicação, compreendendo funções (em ge-
ral implementadas em software) para áreas es-
pecíficas de aplicação, tais como educação,
saúde, construção civil.
Esses três níveis compõem as camadas horizon-
tais de uma matriz de referência. As fatias verti-
cais da matriz identificam enfoques ou aspectos
específicos que devem ser considerados pelo Pro-
grama, cada qual se desdobrando nos três níveis
mencionados. Assim, por exemplo, na Figura 1.4,
o aspecto “P&D” inclui os tópicos “Constela-
ções de Satélites de Baixa Órbita” (em infra-es-
trutura), “QoS” e “Multicasting” (em serviços gené-
ricos), e “Internet 2/NGI” (no nível de aplicações).
Indicadores
A avaliação do desempenho do Programa deve
partir da adoção de um conjunto de indicado-
res (e de uma metodologia de coleta e análise
sistemática dos mesmos) ao longo de sua execu-
ção. Dadas as dimensões e a natureza do Progra-
ma, múltiplos indicadores deverão ser adotados
e acompanhados, e estudos detalhados para a se-
leção e aferição dos mesmos deverão ser feitos.
Não obstante, algumas diretrizes metodológicas
gerais a respeito já são claras:
pelo menos dois níveis de indicadores serão
necessários: um primeiro nível mais geral, que
mensure variáveis diretamente relacionadas
com as linhas de ação propostas, que
enfatizarão uma dimensão econômica ou so-
cial; um segundo nível, mais específico, que
mensure variáveis diretamente relacionados
com as ações concretas que o Programa pro-
moverá e, portanto, terão uma natureza mais
técnica e setorial;
no nível mais específico, uma abordagem
como a do INEXSK, ilustrada na Figura 1.5,
deverá ser adotada. Tal abordagem compõe-
se de vários indicadores diretamente relacio-
nados com tecnologias de informação e co-
municação, refletindo tanto a produção como
o consumo de bens e serviços de informática,
telecomunicações etc. Uma discussão mais
detalhada dessa abordagem é apresentada no
Anexo 2.
Fonte: adaptado de Mansell & Wehn, 1998
Figura 1.5
A Abordagem INEXSK para Indicadores Técnicos
5
Índice de Graduados
em Tecnologia
7
Índice de Internet
Hosts
3
Índice de Produção
de Eletrônicos
1
Índice de Computadores
Pessoais
2
Índice de Linhas
Telefônicas
4
Índice de Consumo
de Eletrônicos
6
8
Porcentagem de
Alfabetizados
Índice de Televisores
<
5
X
X
X
X
X
X
X
X
Figura 1.4
Modelo de Referência para Discussão
Aplicações
Serviços
Genéricos
Infra-
estrututura
Agenda
Internet2/NGI
QoS
Multicast
Constelações
de Satélites
de Baixa
Órbita
Educação a
distância
baseada em
Web
vBNS
DWDM,
B-CDMA,
LMDS Gbit
Ethernet
MJ (BR)
OMPI
Comitê
Gestor
Internet (BR)
ICANN
FCC (US)
Anatel (BR)
Oftel (UK)
P&D
Estado-da-
arte em
tecnologias
Mercado Aspectos
Regulatórios
Comércio
Eletrônico
Videoconferência
Redes
Físicas
Fonte: SocInfo
Saúde
Loja Virtual
Educação
15
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Capítulo 2
Capítulo 2
Mercado, Trabalho
e Oportunidades
16
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Mercado, Trabalho e Oportunidades
17
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Capítulo 2
Capítulo 2 – Mercado, Trabalho e
Oportunidades
2.1 – Do que se Trata
A Nova Economia
A difusão acelerada das novas tecnologias de in-
formação e comunicação vem promovendo pro-
fundas transformações na economia mundial e
está na origem de um novo padrão de competi-
ção globalizado, em que a capacidade de gerar
inovações em intervalos de tempo cada vez mais
reduzidos é de vital importância para empresas e
países. A utilização intensiva dessas tecnologias
introduz maior racionalidade e flexibilidade nos
processos produtivos, tornando-os mais eficien-
tes quanto ao uso de capital, trabalho e recursos
naturais. Propiciam, ao mesmo tempo, o
surgimento de meios e ferramentas para a pro-
dução e comercialização de produtos e serviços
inovadores, bem como novas oportunidades de
investimento.
As mudanças em curso estão provocando uma
onda de “destruição criadora” em todo o siste-
ma econômico. Além de promover o apareci-
mento de novos negócios e mercados, a aplica-
ção das tecnologias de informação e comunica-
ção vêm propiciando, também, a modernização
e revitalização de segmentos maduros e tradicio-
nais; em contrapartida está ameaçando a existên-
cia de setores que já não encontram espaço na
nova economia.
A globalização e a difusão das tecnologias de infor-
mação e comunicação são uma via de mão dupla:
por um lado, viabilizaram a expansão das ativida-
des das empresas em mercados distantes; por ou-
tro, a atuação globalizada das empresas amplia a
demanda por produtos e serviços de rede
tecnologicamente mais avançados. Nesse processo,
as empresas passam a definir suas estratégias de com-
petição, conforme os mais variados critérios (dis-
ponibilidade e capacitação da mão-de-obra, bene-
fícios fiscais e financeiros, regulamentação etc.), es-
tabelecendo, de maneira descentralizada, unidades
produtivas em locais mais vantajosos, independen-
temente das fronteiras geográficas.
Através das redes eletrônicas que interconectam
as empresas em vários pontos do planeta, trafega
a principal matéria-prima desse novo paradigma:
a informação. A capacidade de gerar, tratar e trans-
mitir informação é a primeira etapa de uma cadeia
de produção que se completa com sua aplicação
no processo de agregação de valor a produtos e
serviços. Nesse contexto, impõe-se, para empre-
sas e trabalhadores, o desafio de adquirir a com-
petência necessária para transformar informação
em um recurso econômico estratégico, ou seja, o
conhecimento.
O conhecimento é hoje fator essencial em todas
as etapas do processo produtivo, desde a pesqui-
sa básica até o marketing final e assistência ao con-
sumidor. Mas é na fase inicial de projeto e con-
cepção de produtos e serviços que esse fator é
mais crítico. Essa etapa requer o domínio de
tecnologias-chave, vultosos investimentos em pes-
quisa, ambiente institucional favorável e pessoas
altamente capacitadas, fatores das economias
avançadas. Relativamente, as fases subseqüentes
do processo são menos intensivas em conheci-
mento e podem ser desenvolvidas em um gran-
de número de países.
Na transição para a nova economia, esse padrão de
especialização poderá agravar ainda mais a desigual-
dade entre os países especializados em gerar novos
produtos e serviços e os demais, que implementam
os projetos desenvolvidos pelos países líderes.
Tal padrão de especialização tem profundo im-
pacto na distribuição das oportunidades de tra-
balho, no padrão de consumo da sociedade e na
repartição da renda entre os países. A despeito
das grandes desigualdades entre nações, novas
oportunidades se abrem para os países em fase
de desenvolvimento econômico que saibam
estruturar suas políticas e iniciativas em direção à
sociedade da informação.
Comércio Eletrônico: a Pedra de Toque
da Nova Economia
Ao longo de sua trajetória, as tecnologias de infor-
mação e comunicação deram origem a um grande
número de inovações, dentre as quais a Internet é,
sem dúvida, a mais revolucionária. O surgimento
dessa inovação teve o poder de promover uma
18
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Mercado, Trabalho e Oportunidades
onda de renovação em praticamente toda a econo-
mia. Com a explosão da rede global - World Wide
Web - em meados da década de 90, as empresas
passaram a contar com uma nova mídia, um meio
eficiente de comunicação entre clientes e fornece-
dores, um veículo mais ágil de acesso a informa-
ções e ainda um processo inovador para a opera-
ção de negócios.
As atividades econômicas que se utilizam de redes
eletrônicas como plataforma tecnológica têm sido
denominadas negócios eletrônicos (e-business). Essa
expressão engloba os diversos tipos de transações
comerciais, administrativas e contábeis, que envol-
vem governo, empresas e consumidores. E o co-
mércio eletrônico (e-commerce) é a principal ativida-
de dessa nova categoria de negócios. Nela, confor-
me ilustra a Figura 2.1, estão envolvidos três tipos
de agentes: o governo, as empresas e os consumi-
dores. As possíveis relações entre esses agentes são
as seguintes:
B2B (business-to-business): transações entre em-
presas (exemplos: EDI, portais verticais de ne-
gócios);
B2C/C2B (business-to-consumer / consumer-to-
business): transações entre empresas e consumi-
dores (exemplos: lojas e shoppings virtuais);
B2G/G2B (business-to-government / government-
to-business): transações envolvendo empresas e
governo (exemplos: EDI, portais, compras);
C2C (consumer-to-consumer): transações entre con-
sumidores finais (exemplos: sites de leilões, clas-
sificados on-line);
G2C/C2G (government-to-consumer / consumer-to-
government): transações envolvendo governo e
consumidores finais (exemplos: pagamento de
impostos, serviços de comunicação);
G2G (government-to-government): transações en-
tre governo e governo.
Novos Mercados
O comércio eletrônico subverteu a lógica de fun-
cionamento dos mercados tradicionais, impon-
do-lhe novas características: fácil acesso à infor-
mação; diminuição dos custos de transação; subs-
tituição dos intermediários tradicionais por no-
vos tipos de agentes que atuam na ponta da ca-
deia produtiva, junto ao consumidor final, fazen-
do eles mesmos toda a conexão com os produ-
tores de bens e serviços; eliminação das distânci-
as físicas e funcionamento ininterrupto em todas
as regiões do mundo. Como decorrência, pro-
dutos e serviços ofertados via redes eletrônicas
passaram a ter como foco tipos diferenciados de
consumidores, que podem estar em qualquer
ponto do planeta e, apesar da distância física, re-
ceber tratamento personalizado.
As transações efetuadas por meio de redes ele-
trônicas trazem vantagens tanto para os consu-
midores, quanto para as empresas. Os primeiros
poupam tempo, ao evitar deslocamentos físicos,
diversificam suas opções de compra, ganham
meios mais ágeis de realizar pesquisas de merca-
do e de preços e podem ter assistência técnica
diretamente pela própria rede. As empresas vêem
ampliadas suas chances de alcançar mercados no
mundo inteiro, assim como de reduzir os custos
de suas operações comerciais e financeiras. A
Internet torna-se também um meio muito efici-
ente de fazer publicidade direcionada ao merca-
do-alvo das empresas.
A difusão dos negócios eletrônicos está modifi-
cando a estrutura das cadeias de suprimento, o
conjunto de elos sucessivos entre fornecedores e
compradores. Alguns elos de distribuição e vare-
jo estão se tornando dispensáveis, em função das
transações mais diretas, propiciadas pelas redes
eletrônicas, entre os diferentes agentes econômi-
cos. Ao mesmo tempo, surgem novos tipos de
intermediários, que atuam na distribuição de bens
e serviços, através dessas redes.
Figura 2.1
Ambiente de Negócios Eletrônicos
Governo
Governo
Consumidor
Consumidor
Empresa
Empresa
G2G
G2B
C2G
B2G
G2C
C2C
B2B
B2C
C2B
Fonte: SocInfo
19
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Capítulo 2
Quem acompanha o assunto pela grande impren-
sa tende a crer que a maior parte dos negócios
gerados por comércio eletrônico está relaciona-
da com produtos e serviços oferecidos ao con-
sumidor final, na modalidade B2C. É certo que
efetivamente os empreendimentos B2C movi-
mentam grandes receitas. Contudo, como ilustra
o Gráfico 2.1, a parte maior de volume de negó-
cios, nos diversos países da União Européia, está
em transações entre empresas, no modelo B2B.
Fatores Críticos do Comércio Eletrônico
Massa crítica
Para a ampliação do comércio eletrônico, é fun-
damental aumentar não somente o número de
usuários individuais da Internet, mas sobretudo a
quantidade de empresas conectadas à rede, em
particular as micro, pequenas e médias empresas,
o que depende largamente da universalização do
acesso à rede global.
Segurança, confiabilidade e velocidade
O comércio eletrônico requer segurança,
confiabilidade e velocidade na transmissão de in-
formações pela rede, bem como logística de entre-
ga eficiente. Quando se trata de B2C, exigências adi-
cionais são colocadas pelos compradores virtuais,
entre elas, interatividade e facilidade de uso.
Regulamentação e auto-regulamentação
Um fator essencial para a difusão do comércio
eletrônico diz respeito à regulamentação dessa ati-
vidade, em especial quanto aos seguintes aspec-
tos, alguns dos quais ainda polêmicos:
validação das transações eletrônicas, particu-
larmente quanto à certificação de assinaturas e
documentos;
proteção da privacidade de pessoas e instituições;
adoção de padrões para os serviços de co-
mércio eletrônico;
taxação de transações eletrônicas e de bens e
serviços;
regulamentação do modelo de arrecadação
das transações eletrônicas.
Tais aspectos são complexos, pois muitos pro-
dutos e serviços que podem ser entregues na for-
ma digitalizada, como, por exemplo, software, ser-
viços de consultoria, música etc., são bens intan-
gíveis, que podem cruzar fronteiras entre países
eletronicamente, sem passar por alfândegas.
Gráfico 2.1 Comércio Eletrônico na União Européia
Fonte: Booz-Allen & Hamilton
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
2000
1.890
1.650
1.200
590
550
470
450
390
C
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250
110
100
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70 60
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G
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a
B2B
B2C
20
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Mercado, Trabalho e Oportunidades
Diversos países têm leis específicas para o co-
mércio eletrônico. É o caso, na América Latina,
da Argentina e do Uruguai. Na União Européia,
onde Alemanha, Itália e Espanha adotaram leis
que reconhecem a validade de documentos assina-
dos eletronicamente, o grande desafio é harmoni-
zar o conteúdo das leis dos diferentes países, de
modo a evitar assimetrias que criem dificuldades
para o intercâmbio entre países da região. Desafio
semelhante coloca-se também para o Mercosul.
Em contrapartida, deve-se esperar que um am-
plo conjunto de aspectos seja objeto de ação do
setor privado em busca de auto-regulamenta-
ção: propaganda na Internet, idoneidade de lojas
virtuais, modelos de contratos comerciais etc.
O Quadro 2.1 ilustra algumas soluções de auto-
regulamentação concebidas e/ou propostas por
entidades do setor privado em vários países.
Participação das PME na Nova Economia
A importância das pequenas e médias empresas
(PME) na geração de empregos tem levado um
grande número de países a estabelecer políticas
voltadas para o desenvolvimento de competên-
cias necessárias e de facilitação do acesso dessas
empresas às tecnologias de informação e comu-
nicação.
A Internet, particularmente o comércio eletrôni-
co, oferece grande potencial de redução dos cus-
tos das PME e de ampliação dos seus mercados.
Entretanto, essas empresas enfrentam sérios obs-
táculos à utilização da rede global, como a falta
de percepção das oportunidades oferecidas pelo
comércio eletrônico, a incerteza quanto a seus be-
nefícios para o negócio, a falta de produtos ade-
quados e de sistemas integrados para utilização
da Internet, a complexidade, os custos e a carga
Quadro 2.1
Soluções para Auto-regulamentação em Comércio Eletrônico
Tipo
Certificado-ID geral com chave privada em cartão-ID eletrônico
Diretrizes para Propaganda na Internet
Regras de Best-Practices para comércio de bens intangíveis
Repositório de E-Termos para Contratos
Contrato-modelo para Fluxo de Dados Transfronteiras
Serviços de Certificação PKI
Contrato-modelo para vendas eletrônicas (business-to-business)
Código-modelo para proteção de Informações Pessoais (no Canadá)
BBBOnline Privacidade (apoio a Programas de empresas)
Auto-regulamentação de Propaganda na Internet
Modelo de Avaliação de Tecnologias de Implementação de Shopping Malls
Diretrizes para o uso de Smart Cards
Diretrizes para Autoridades de Certificação
Hotlines contra Conteúdos Ilegais
Diretrizes para transações entre comerciantes e consumidores virtuais
Código de conduta para Comércio Eletrônico
Instituição
SEIS (Suécia)
ICC
ICC
ICC
ICC
ICC/IBCC
ICC
CSA (Canadá)
BBBOnline (EUA)
CAP (GB)
ECOM (Japão)
ECOM (Japão)
ECOM (Japão)
NLIP (Holanda)
ECOM (Japão)
ECP.NIP (Holanda)
Divulgação
junho 98
abril 98
1999 (esperado)
1999 (esperado)
outubro 1998
1999 (esperado)
1999 (esperado)
março 1996
março 1999
1999 (esperado)
março 1998
março 1998
março 1998
1996
1998
1999 (esperado)
Siglas:
BBBOnline (EUA): Serviço do Council for Best Business Practices dos EUA (Associação Privada)
CAP (Reino Unido): Community for Advertising Practices
CSA (Canadá): Canadian Standards Association
ECOM (Japão): Electronic Commerce Promotion Council of Japan
ECP.NIP (Holanda): Internet Service Providers Association Netherlands
IBCC (Internacional): International Bureau of Chambers of Commerce
ICC (Internacional): International Chamber of Commerce
SEIS (Suécia): Secured Electronic Information in Society (organização não-governamental)
Fonte: compilação SocInfo, a partir de dados da OECD, ICC e outros
21
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Capítulo 2
burocrática imposta em suas operações e a falta
de um quadro jurídico. Tais obstáculos se refle-
tem, inclusive, nos indicadores de países desen-
volvidos, que comprovam que a penetração da
Internet nas PME é, de fato, bastante limitada.
Na Austrália e no Japão, por exemplo, o número
de grandes firmas com acesso à Internet em 1998
foi de 86% e 80%, respectivamente. O número
de microempresas (menos de seis empregados)
conectadas a essa rede cai para 25% na Austrália
e 19% no Japão.
Oportunidades para Negócios
Inovadores
As tecnologias de informação, particularmente
com o advento da Internet, têm propiciado o
surgimento de negócios de natureza totalmente
inovadora no ramo de serviços, resultando na
criação de novas empresas. Um dos grandes pro-
blemas que as empresas assim criadas encontram
para se estabelecerem no mercado é o acesso a
crédito e financiamento. Para o financiamento de
pequenas e médias empresas de base tecnológica,
aportes sucessivos de capital de risco mostram-
se especialmente adequados, uma vez que não
geram obrigações de curto prazo para as empre-
sas, não exigem garantias e permitem uma remu-
neração ao investidor compatível com o risco dos
empreendimentos, normalmente auferida quan-
do da oferta pública das ações em bolsa. A ofer-
ta de ações não apenas remunera os investidores
das fases iniciais, como permite novo ciclo de
capitalização e confere maior visibilidade a tais
empresas. Apenas nos Estados Unidos, 231 em-
presas abriram seu capital no primeiro trimestre
de 1999, levantando US$ 26,7 bilhões.
Mudanças no Perfil do Trabalho e
Emprego
Diante desse conjunto de mudanças técnico-eco-
nômicas, o mercado de trabalho e o perfil do
emprego modificaram-se estruturalmente. Novas
especializações profissionais e postos de trabalho
surgiram, mas também diversas ocupações tradi-
cionais foram ou estão sendo transformadas, subs-
tituídas ou mesmo eliminadas. Aumentaram as
disparidades de remuneração entre os trabalha-
dores mais qualificados e os demais, enquanto
diversas atividades intermediárias tornam-se dis-
pensáveis.
Não é possível antecipar quais serão as novas de-
mandas profissionais que irão surgir nem que ru-
mos irão tomar as mudanças nos padrões de tra-
balho e emprego, até porque o caráter e os im-
pactos dessas transformações irão variar segun-
do as condições de cada país, região, segmento
da economia e a qualificação do trabalhador.
Determinantes dessas diferenças serão as políti-
cas e estratégias adotadas pelos agentes, tanto
públicos quanto privados, em aspectos como a
geração de empregos para os que ingressam no
mercado de trabalho, a qualificação e
requalificação profissional dos trabalhadores e o
estabelecimento de mecanismos de apoio e
recolocação dos desempregados. Informes esta-
tísticos das Nações Unidas indicam que, nos pró-
ximos dez anos, será necessário gerar, no míni-
mo, um bilhão de empregos no mundo.
Até que ponto as relações de trabalho podem se
deteriorar é também uma preocupação. Mantida
a tendência atual, alguns estudos apontam que,
no início do novo século, apenas 25% da popula-
ção economicamente ativa será de trabalhadores
permanentes, qualificados e protegidos pela le-
gislação, 25% dos trabalhadores deverão estar nos
chamados segmentos informais, pouco qualifi-
cados e desprotegidos, assim como 50% dos tra-
balhadores poderão estar desempregados ou
subempregados, em trabalhos sazonais, ocasio-
nais e totalmente desprotegidos pela legislação.
Cada vez mais se exige dos trabalhadores contí-
nua atualização e desenvolvimento de habilida-
des e competências, de modo a atender aos no-
vos requisitos técnico-econômicos e a aumentar
sua empregabilidade. A atividade empresarial di-
retamente influenciada pelos negócios eletrônicos
vem demandando novas competências, adapta-
das à realidade tecnológica. Dentre os perfis pro-
fissionais mais disputados, estão programadores,
web-designers, administradores de redes, jornalistas
e outros profissionais que lidam com conteúdos
na web, especialistas em marketing e gerentes de
Internet.
Teletrabalho
O mercado virtual demanda organizações cada
vez mais flexíveis, atuando em redes. O
teletrabalho vai ao encontro do desenvolvimento
22
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Mercado, Trabalho e Oportunidades
dessas novas modalidades de organização pro-
dutiva. Condição para haver teletrabalho é a se-
paração do trabalhador do ambiente tradicional,
ou seja, do local físico do escritório, o que
desestrutura também o tempo de trabalho: esses
trabalhadores passam a dispor de horários flexí-
veis para realização de suas tarefas. O teletrabalho
constitui, também, uma nova abordagem do tra-
balho por parte dos indivíduos diante da possi-
bilidade de se estabelecerem novos tipos de vín-
culos e relações de trabalho com os empregado-
res. O Quadro 2.2 apresenta algumas vantagens
do teletrabalho, do ponto de vista das empresas.
Cabe observar, no entanto, que a falta de uma
perspectiva histórica do teletrabalho torna pre-
coce avaliações mais rigorosas sobre suas vanta-
gens e desvantagens, tanto do ponto de vista das
empresas como dos trabalhadores.
2.2 – ONDE ESTAMOS
A Indústria das Tecnologias de
Informação e Comunicação no Brasil
Base da nova economia, a indústria de tecnologias
de informação e comunicação, no Brasil, foi pro-
fundamente afetada com a abertura da econo-
mia no início dos anos 90. As grandes empresas
internacionais foram atraídas pelas perspectivas
de crescimento do mercado brasileiro, bem como
pela capacitação tecnológica da mão-de-obra lo-
cal. Fusões, aquisições e processos de privatização
trouxeram para o País empresas estrangeiras e suas
plantas produtivas.
Muitas dessas empresas estrangeiras estão utilizan-
do o Brasil como ponto estratégico para outros
investimentos no mercado latino-americano, uma
vez que o País conta com um centro produtor
diversificado e de grande porte, oferece amplo
mercado interno, capacidade manufatureira, base
instalada e acesso favorável aos demais merca-
dos da América do Sul.
Pequenas e Médias Empresas
Pesquisa realizada junto às PME paulistas revelou
que 27% dessas empresas tinham acesso à Internet
em 1998. Considerando que a pesquisa foi realiza-
da no estado que detém o maior PIB do Brasil, é
de se supor que a média nacional deve estar bastan-
te abaixo desse número. Na mesma pesquisa, a
maior parte das empresas considerou que o mais
Custos
Oportunidades
de negócio
Gestão
Custos
Oportunidades
de negócio
Gestão
Custos
Oportunidades
de negócio
Gestão
. custos menores de alimentação, transporte e vestuário
. mais tempo para atender a clientes
. maiores oportunidades para pessoas com restrições de tempo e locomoção
. relacionamento mais estreito com clientes em comunidades específicas
. maior facilidade de atender a múltiplas empresas por parte de especialistas altamente qualificados
. maior facilidade de determinar estilo de vida e de trabalho
. diminuição da estrutura física da empresa
. aumento de produtividade gerencial e profissional
. área geográfica de atuação mais ampla
. maior proximidade com o cliente
. fixação mais fácil de profissionais experientes
. área geográfica de recrutamento mais ampla
. acesso mais fácil a profissionais altamente qualificados
. maior agilidade
. maior flexibilidade na composição de equipes de especialistas
. menor consumo de energia
. redução de veículos em circulação
. governo mais próximo do cidadão
. prestação de serviços de melhor qualidade
. maior facilidade na organização e gestão de prestação de serviços
Quadro 2.2
Vantagens do Teletrabalho
Trabalhador
Empresa
Governo
Fonte: SocInfo, com base em Pinel, 1998 e OECD, 1999
23
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Capítulo 2
importante obstáculo à informatização não
está na área técnica, mas na financeira. A falta
de recursos próprios e as dificuldades de
acesso ao crédito são os maiores empeci-
lhos ao fortalecimento das PME.
O projeto Proer Especial, criado pelo
Sebrae, é um exemplo de iniciativa de estí-
mulo à formação de redes de PME no
Brasil, tendo como principal objetivo o in-
centivo “à diversidade econômica e à
complementariedade de empreendimen-
tos, favorecendo o surgimento de cadeias
produtivas sustentáveis e competitivas”
(Sebrae, http://www.sebrae.com.br).
Difusão das Tecnologias de Informação e
Comunicação na Indústria Brasileira
Apesar das perspectivas de melhoria da produti-
vidade oferecidas pelas tecnologias de informa-
ção e comunicação, sua utilização pelas empresas
brasileiras era, até recentemente, bastante restrita.
Em uma economia pressionada pelo processo
de globalização dos mercados e pela
internacionalização da produção, a baixa difusão
do uso dessas tecnologias representa desvanta-
gem das empresas brasileiras em relação à com-
petição internacional. Diversos fatores de ordem
econômica, tecnológica, institucional e cultural
podem estar interferindo na decisão das empre-
sas no que concerne à adoção de tecnologias de
informação e comunicação.
A Economia da Informação no Brasil
O mercado de bens e serviços de informática e
telecomunicações no País movimenta hoje cerca
de US$50 bilhões anuais, conforme ilustrado na
Tabela 2.1. Tal mercado apresenta grande dina-
mismo e tem efeito catalisador em todo o setor
produtivo. Além de contribuir significamente para
o crescimento econômico do País, a economia
da informação tem um impacto positivo na re-
dução de custos do setor produtivo em geral,
tornando-o, assim, mais competitivo. O impacto
de tal economia tem sido mais abrangente e inci-
sivo nos países centrais, decorrente de planeja-
mentos sistemáticos, políticas específicas e inves-
timentos direcionados. O Programa Sociedade da
Informação tem por objetivo indicar rumos para
os diversos setores da sociedade, a fim de enfocar
melhor diferentes iniciativas que conjuntamente
contribuam para impactos positivos das
tecnologias de informação e comunicação na so-
ciedade brasileira, bem como encurtar os atrasos
em relação aos países centrais.
Criação e Desenvolvimento de Negócios
Inovadores
O cenário das tecnologias de informação e co-
municação se apresenta de forma propícia à ino-
vação. Empresas fabricantes de equipamentos de
telecomunicações estão consolidando a sua im-
plantação no País, a infra-estrutura de redes de
uso comercial está evoluindo rapidamente em
termos qualitativos e quantitativos, e o número
de usuários da Internet vem crescendo. Por estas
razões, produtos e serviços estão na ordem do
dia quando se trata de oportunidades de negóci-
os (softwares para facilitação do acesso, conteúdos
etc.) que representarão porcentagens crescentes no
mercado de tecnologias de informação e comu-
nicação nos próximos anos.
A geração de negócios inovadores tem seu mai-
or desenvolvimento em empresas que oferecem
soluções para uso econômico da Internet, como
vendas no varejo, leilões, consultas on-line, acesso
a especialistas etc. Negócios inovadores são tam-
bém o foco de qualquer empresa de software e
soluções com impacto positivo em todos os seg-
mentos da economia.
O setor está articulado em torno de uma nova po-
lítica de promoção de software brasileiro com obje-
tivo de ampliar a geração e comercialização de
software no País, equilibrar a balança de pagamentos
Tabela 2.1
Economia da Informação no Brasil
Fontes: Info Exame - Agosto/99
Vendas
Classificação dos setores - total das receitas operacionais brutas em
US$ bilhões - 1998
1
2
3
4
5
6
7
Serviços básicos de comunicação
Computadores, periféricos e componentes
Infra-estrutura de redes e telecomunicações
Serviços operacionais, de consultoria e de distribuição
Produtos e serviços especializados em comunicação
Software básico, de produtividade e de gestão
Provedores e serviços de Internet
23,9
10,2
5,7
2,7
2,4
1,3
0,1
total 46,3
24
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Mercado, Trabalho e Oportunidades
do setor e posicionar o País como um grande
provedor de software e soluções em nível mundi-
al. Nesta linha, estão sendo atraídos para o País
centros de desenvolvimento de software de gran-
des empresas.
Existem programas de geração de novas empre-
sas de software estruturados no País. O Softex, em
seu subprograma Genesis, tem 21 centros de ge-
ração de novas empresas distribuídos pelo Brasil.
A evolução do número de empresas
“diplomadas” (isto é, egressas de incubadoras) é
apresentado na Tabela 2.2.
O acesso a crédito e ao financiamento tem sido o
grande problema que as empresas iniciantes en-
contram para se estabelecerem no mercado.
Grande número de firmas inovadoras, que sur-
giram a partir das oportunidades criadas com a
Internet, tem recorrido à abertura do capital, por
meio da oferta pública de ações. Como vanta-
gens, além da capitalização, as empresas ganham
maior credibilidade no mercado. Os problemas
de acesso a recursos financeiros que as pequenas
empresas de base tecnológica enfrentam no País
surgem desde o seu nascimento. Muitas, nascidas
nas inúmeras incubadoras de empresas de alta
tecnologia no Brasil, defrontam-se com a dificul-
dade de acesso a crédito quando precisam sair da
situação de incubadas para competir diretamente
com seus concorrentes. Novas ações de empre-
sas privadas de investimento ou mesmo atuantes
no segmento de tecnologias de informação e
comunicação começam a agir neste mercado, au-
mentando a oferta de seed money, venture capital e
financiamentos, dependendo da fase de
maturação em que as empresas se apresentam ao
mercado.
Apoio à elaboração de planos de negócio, análi-
ses de oportunidades no mercado internacional,
organização da participação externa são também
oferecidos pelo programa Softex, iniciativa con-
junta do MCT, Sebrae e Apex.
Programas de capitalização de empresas de
tecnologia estão sendo conduzidos pela Finep e
pelo BNDESPAR. O BNDESPAR opera a linha
Contec (Programa de Capitalização de Pequenas
Empresas de Base Tecnológica) desde 1991. A
Finep operou a linha Parceiro Tecnológico (PART)
até 1999. Hoje disponibiliza financiamento e
aportes de capital de risco para empresas de base
tecnológica através da Linha Finep Integral. Com
o objetivo de identificar oportunidades de inves-
timento em tecnologia e de captar novos investi-
dores para esse mercado, a Finep, em parceria
com o Sebrae e outras instituições, criou, no pri-
meiro semestre de 2000, o Projeto Inovar (Des-
taque 2.1).
Comércio Eletrônico no Brasil
Mercado
O Brasil ocupa a liderança do mercado de co-
mércio eletrônico da América Latina, tendo
transacionado US$450 milhões em 1999 (a mai-
or parte na modalidade B2B), o que representou
cerca de 88% do valor das transações realizadas
eletronicamente pelos países latino-americanos.
Das transações eletrônicas realizadas no País, em
1999, foram realizadas 88% por empresas da
velha economia. No total, 42% são bancos e
Destaque 2.1
O Projeto Inovar
O Projeto Inovar visa a construir um ambiente favorá-
vel ao florescimento no País do mercado de capital de
risco para empreendimentos de tecnologia. Por meio
de uma rede de agentes atuantes em todo o País, o
projeto articula mecanismos que permitem a identifi-
cação e o apoio a empreendimentos nascentes à difu-
são da cultura de investimentos de capital e ao incenti-
vo à constituição de fundos de capital de risco para
investimento nas oportunidades desenvolvidas. A apro-
ximação entre empreendedores e investidores ocorre
de modo virtual pelo portal na Internet, e uma estrutu-
ra permanente promove a realização de rodas de ne-
gócios periódicas em diversos pontos do País, chama-
das de venture forum.
Fonte: http://www.venturecapital.gov.br
Empresas
Diplomadas
10
39
69
110
Ano
1997
1998
1999
2000 (estimativa)
Tabela 2.2
Empresas de Software Egressas
de Incubadoras do Programa Genesis/Softex
Fonte: Sepin/MCT
25
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Capítulo 2
corretoras, que também ocupam os primeiros
lugares no ranking das empresas que mais fatu-
ram na rede. Enquanto isso, apenas cinco em-
presas representantes da nova economia figuram
na lista das 25 maiores em faturamento na rede,
sendo três de hardware, uma de telecomunicações
e uma de leilão. Entre as 450 lojas virtuais, os produ-
tos e serviços mais vendidos são livros e CD, com-
putadores e acessórios, serviços de turismo, de cor-
retagem, venda de automóveis, de flores e leilões.
Para o ano 2000, estima-se que apenas 1% dos
usuários da Internet no Brasil estará comprando
em lojas virtuais, com média de gasto de 18 dó-
lares mensais, estimando-se em 9 dólares o gasto
per capita mensal em compras no País e o mesmo
valor em compras no exterior. Em contrapartida,
a estimativa para os Estados Unidos no mesmo
período é cerca de 13 milhões de consumidores
por mês, que gastam em torno de 400 dólares
em compras on-line, ou seja, aproximadamente 40
vezes mais que os brasileiros.
A relevância do comércio eletrônico está promo-
vendo o surgimento de iniciativas governamen-
tais visando a desenvolver e apoiar essa atividade
no Brasil. Com essa finalidade, foi criado o Co-
mitê Executivo de Comércio Eletrônico, envol-
vendo os Ministérios do Desenvolvimento, In-
dústria e Comércio Exterior, da Ciência e
Tecnologia e do Planejamento, Orçamento e
Gestão.
Logística
A precariedade da logística das empresas brasi-
leiras de comércio eletrônico pode ser percebida
no acompanhamento diário das seções dedicadas
aos consumidores nos principais jornais. Queixas
de mau atendimento, atrasos nas entregas e com-
pras debitadas nos cartões de crédito sem a en-
trega da mercadoria figuram entre as mais co-
muns. Para superar tais limitações, algumas em-
presas vêm investindo muito em distribuição, prin-
cipalmente na formalização de acordos para re-
messa de suas encomendas por meio de serviços
de entrega especializada. Portais de comércio ele-
trônico estão fazendo uso crescente de call-centers
para dar suporte ao processo de distribuição de
mercadorias. As transportadoras mais sofistica-
das permitem ao cliente acompanhar, eletronica-
mente, todo o percurso de sua aquisição.
Legislação
No Brasil, ainda não há legislação relativa à re-
gulamentação das transações efetuadas em re-
des eletrônicas, assim como dos documentos
na forma digital envolvidos ou gerados por
essas transações. Também não existe proteção
legal específica para o consumidor de bens e
serviços disponibilizados nas redes eletrônicas.
A tributação das transações de compra e ven-
da de serviços efetuadas nessas redes é outra
questão ainda não definida no País e, no que se
refere às transações entre países, o estabeleci-
mento de uma regulamentação depende de
negociações conjuntas a serem estabelecidas nos
fóruns internacionais.
Condições para a alavancagem de novos
negócios
A oferta de crédito para financiar projetos consi-
derados de alto risco – como os de desenvolvi-
mento de software – é escassa. Quando existe, as
taxas de juros são elevadas, na medida em que as
empresas geralmente não têm garantias reais a
apresentar para o empréstimo que fazem. Os
empresários de firmas pequenas ou novas, que
geralmente precisam de recursos, na maioria das
vezes ainda não têm a capacitação administrativa
necessária para elaborar seus planos de negócios,
negociar financiamentos e ganhar credibilidade
junto às instituições financeiras. Na verdade, o
mercado brasileiro não está suficientemente irri-
gado por capital para a alavancagem de empre-
sas iniciantes, o que inibe o surgimento de em-
presas inovadoras. Instrumentos de uso generali-
zado em economias avançadas, como a oferta
pública de ações, mecanismo amplamente utili-
zado no exterior por empresas na área da Internet,
são pouco difundidos no País.
Profissionais para os novos negócios
eletrônicos
Até dezembro de 1999, o setor de mercado rela-
cionado com a Internet já havia empregado cer-
ca de 300 mil pessoas no Brasil, devendo chegar
a 2,4 milhões no fim do primeiro semestre de
2001. Por outro lado, a taxa média de desempre-
go tem crescido anualmente (de 6% em 1997 para
8,1% em 1999). Ou seja, a maioria dos trabalha-
dores brasileiros encontra-se ainda excluída das
oportunidades da nova economia.
26
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Mercado, Trabalho e Oportunidades
Um mercado de salários altos vem despontando
no Brasil no restrito universo dos profissionais
de tecnologias de informação e comunicação. A
mão-de-obra qualificada para o desenvolvimen-
to de serviços baseados na Internet é escassa. Os
profissionais capacitados para atender à oferta de
empregos, em número insuficiente, tornam-se
cada vez mais disputados pelas empresas. Os sa-
lários são altos, mesmo para os iniciantes, o que
confirma a tendência de valorização do profissi-
onal diretamente demandado pelos negócios na
Internet.
Teletrabalho
No Brasil não há ainda legislação para tratar das
especificidades do teletrabalho. O artigo 6 da Con-
solidação das Leis do Trabalho não distingue o
trabalho realizado no estabelecimento do empre-
gador do executado no domicílio do emprega-
do, desde que esteja caracterizada a relação de
emprego. O teletrabalho, por outro lado, apre-
senta novas oportunidades para segmentos espe-
ciais da sociedade. No Brasil, esse é o caso das
pessoas com necessidades especiais, que, hoje, são
cerca de 16 milhões de pessoas. Dessas, 9 mi-
lhões estão em idade de trabalhar, mas apenas
um milhão trabalha efetivamente, geralmente, com
remuneração inferior. Também é o caso dos que
cumprem pena de reclusão (há cerca de 170 mil
presidiários no País), que poderiam valer-se, por
exemplo, do teletrabalho para desenvolver uma
atividade produtiva.
2.3 – Para Onde Vamos
É preciso aumentar o número de usuários
da Internet brasileira
Primeiramente, é preciso sublinhar o óbvio:
para haver mercado, é necessário que haja con-
sumidores. E o consumidor de serviços via
comércio eletrônico precisa ter acesso, direto
ou indireto, à Internet, bem como estar capa-
citado a fazer uso da rede. Hoje, o consumi-
dor conectado à Internet brasileira restringe-
se ainda às classes de maior poder econômi-
co. Mas é evidente que o número total de con-
sumidores on-line (isto é, de usuários atuais da
Internet no Brasil) é bastante limitado e preci-
sa crescer significativamente para que o mer-
cado chegue a dimensões saudáveis. Isto sig-
nifica que a Internet brasileira precisa se ex-
pandir e atingir usuários de todas as classes,
até por estritas razões de mercado.
É preciso queimar etapas na evolução na-
tural de comerciantes eletrônicos
Um grande esforço de promoção da
conectividade de empresas brasileiras à Internet
especialmente as micro, pequenas e médias
empresas é absolutamente prioritário.
O Gráfico 2.2 ilustra o processo de evolução
de um usuário da Internet desde a conexão
inicial até se tornar o que se chama de power
player, exemplificando o conceito com a em-
Gráfico 2.2
Evolução do Primeiro Acesso ao Uso Intensivo
Autoria de Conteúdo
Primeira venda
Prover o melhor ambiente para Negócio Eletrônico
- Empreendedorismo Eletrônico
- Cria oferta de serviços de qualidade
- Encoraja novos usuários
Tempo
Usuário Pesado
(ativo em compras
passivo em vendas)
Empreendedor
Eletrônico
(ativo em vendas)
Power Player
(Ex.: )
Amazon
Fonte:
Booz-Allen & Hamilton
Primeira navegação
Primeira compra
on-line
Quebra de barreiras que impedem
conexão e uso
Quebra de barreiras em Comércio Eletrônico:
- Privacidade para os clientes
- Legislação eletrônica
Conectado
(passivo)
Sem
acesso
N
í
v
e
l
d
e
c
o
n
h
e
c
i
m
e
n
t
o
Papel do Governo
Consumidor
Eletrônico
(ativo)
27
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Capítulo 2
presa Amazon de vendas ao consumidor via
comércio eletrônico. Na barra inferior do grá-
fico, a Booz-Allen & Hamilton sugere qual
deve ser o papel do governo em suporte ao
processo.
Do conceito de evolução proposto decorre
uma pergunta crucial: em quanto tempo uma
parcela significativa das PME brasileiras che-
gará ao estágio de empreendedor eletrônico,
considerando-se que um forte estímulo é ain-
da necessário para incentivar a sua
conectividade à Internet? A resposta é a se-
guinte: talvez em tempo demais!
Portanto, é necessário fomentar o “empreende-
dorismo eletrônico” das PME, em grande esca-
la, especialmente entre aquelas que:
i. estão no final das cadeias de suprimentos e
atendem à população no dia-a-dia;
ii. gozam de boa imagem institucional;
iii. reúnem alguns pré-requisitos essenciais, como
razão jurídica e contabilidade, ponto fixo, te-
lefone e operação bancária regular, logística
de suprimento e armazenamento de peque-
nos itens e credibilidade junto à população a
que servem.
É preciso criar condições para o desen-
volvimento de inovações
O Brasil não deve limitar seu papel, na nova
economia, ao de mero consumidor de
tecnologias desenvolvidas nos países avança-
dos. É importante criar um ambiente favorá-
vel para o surgimento de inovações e promo-
ver a geração de mecanismos de estímulo à
concepção e desenvolvimento de projetos de
produtos e serviços em áreas estratégicas. Tais
iniciativas se complementam com a adoção
de estímulos à formação de recursos huma-
nos qualificados para a pesquisa e desenvolvi-
mento.
É preciso promover mecanismos de ex-
portação de produtos brasileiros via co-
mércio eletrônico
Um dos maiores atrativos apregoados acerca
do comércio eletrônico é que a distância geo-
gráfica entre produtores e consumidores não
constitui barreira. Isto significa que esforços
de incremento em exportação de produtos,
especialmente por parte das PME, devem ser
encetados com energia.
É preciso promover o uso da Internet
como ferramenta de trabalho
Comentou-se anteriormente (na Seção 2.2) que
os benefícios das tecnologias de informação e
comunicação pouco têm afetado os trabalha-
dores da velha economia. Partindo da pre-
missa de que o Programa consiga promover
uma aceleração da expansão da Internet bra-
sileira para todas as classes, é necessário pro-
mover:
i. oportunidades de alfabetização digital, de
capacitação técnica e reciclagem profissio-
nal por meio de redes, como proposto nos
Capítulos 3 – Universalização de Serviços
para a Cidadania – e 4 – Educação na So-
ciedade da Informação;
ii. ofertas, via rede, de trabalho e emprego
de todos os tipos;
iii. esquemas de teletrabalho, especialmente
para as pessoas com necessidades especiais.
2.4 – O que Fazer
Quadro Jurídico
Regulamentar o comércio eletrônico no País e
compatibilizar a regulamentação com a de blo-
cos econômicos regionais (Mercosul, União Eu-
ropéia, Nafta etc.) no que se refere a:
legalização das transações on-line e reconheci-
mento de assinatura digital;
adaptação das leis de comércio para o merca-
do on-line;
mecanismos de defesa do consumidor de pro-
dutos e serviços comercializados em redes ele-
trônicas;
tributação do comércio na Internet;
sistemas de pagamento e financiamento ele-
trônicos;
estabelecimento de padrões para as transações
nas redes eletrônicas;
adaptação da legislação trabalhista para consi-
derar o uso das tecnologias de informação e
comunicação, em especial o teletrabalho.
28
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Mercado, Trabalho e Oportunidades
Ações Estruturadoras
Criar projetos integrados de fomento para
transformar pontos populares de vendas,
como bancas de revistas, farmácias, papelari-
as etc., em pontos de acesso ao comércio ele-
trônico para o cidadão comum ainda não fa-
miliarizado com o mundo virtual.
Diversificar, desburocratizar e ampliar o apoio
de linhas de financiamento governamental
(Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal),
na área das tecnologias de informação e co-
municação para pequenas e médias empresas,
assim como aquisição de equipamentos de
acesso à Internet.
Estimular a criação de mecanismos de aber-
tura de capital no mercado brasileiro de modo
a fortalecer as empresas iniciantes (start-up) nas
áreas de tecnologias de informação e comu-
nicação.
Criar mecanismos para facilitar a participação
das PME nas redes de comércio eletrônico
que ligam parceiros de negócios ao longo da
cadeia de produção e fomentar iniciativas vi-
sando à criação de comunidades virtuais de
PME, de modo a fortalecer seu poder de bar-
ganha junto aos fornecedores.
Apoiar ações voltadas para a capacitação das
PME na elaboração de planos de negócios,
como forma de melhor identificar o potenci-
al de negócios e orientar o processo de inves-
timento e otimização de recursos.
Outras Ações
Promover a divulgação de portais, como o
Inovar da Finep, que veiculam oportunidades
e linhas de fomentos existentes no âmbito do
governo e estimular a criação de iniciativas do
gênero.
Apoiar as ações junto a entidades como Sebrae,
Serpro e outras, no sentido de ampliar e for-
talecer iniciativas de criação de portais de ex-
portação voltados para as PME.
Promover mecanismos de apoio a atividades
de desenvolvimento doméstico de projetos em
software, circuitos integrados, construção civil
etc., para clientes em outros países.
Estimular a criação de oportunidades de
teletrabalho para comunidades carentes, jovens,
pessoas com necessidades especiais, presidiários
e outros segmentos hoje excluídos ou com difi-
culdade de acesso ao mercado de trabalho.
Criar portais para o aproveitamento e realo-
cação de trabalhadores e para divulgar as ofer-
tas de educação continuada.
Adotar medidas visando à difusão da cultura
do empreendedorismo no País, incluindo dis-
ciplinas em currículos dos cursos técnicos e de
ensino médio fundamental que permitam aos
alunos aprender fundamentos sobre a criação
e gestão de negócios.
Fomentar a ampliação de incubadoras de base
tecnológica, bem como de mecanismos de
apoio às iniciativas de empresas recém-saídas
de incubadoras (por exemplo: linhas especiais
de financiamento, assessoria na elaboração de
plano de negócios, criação de banco de opor-
tunidades – oferta e demanda de parcerias em
negócios).
Promover a criação de mecanismos de estí-
mulo à exportação de produtos baseados em
tecnologias de informação e comunicação, como
o financiamento ao comprador externo.
29
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Capítulo 3
Capítulo 3
Universalização de Serviços
para a Cidadania
30
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Universalização de Serviços para a Cidadania
31
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Capítulo 3
Capítulo 3 - Universalização de Serviços
para a Cidadania
3.1 – Do que se Trata
No novo paradigma gerado pela sociedade da in-
formação, a universalização dos serviços de infor-
mação e comunicação é condição fundamental, ain-
da que não exclusiva, para a inserção dos indivídu-
os como cidadãos, para se construir uma sociedade
da informação para todos. É urgente trabalhar no
sentido da busca de soluções efetivas para que as
pessoas dos diferentes segmentos sociais e regiões
tenham amplo acesso à Internet, evitando assim que
se crie uma classe de “info-excluídos”.
A difusão de acesso às redes no mundo é bastan-
te desigual, como se vê no Destaque 3.1. Isso
explica por que, em boa parte dos países, o aces-
so de todos os cidadãos à nova sociedade tenha
deixado de ser um dos muitos componentes das
pautas de questões para se tornar objetivo princi-
pal dos programas oficiais.
Para que se tenha universalização de fato, há de se
procurar soluções para inclusão das populações
com baixo poder aquisitivo nas redes digitais. A
universalização de serviços da Internet inclui, ain-
da, atividades de promoção de novas soluções
de acesso à Internet para atendimento de pesso-
as com necessidades especiais ou de usuários em
trânsito.
O conceito de universalização tem caráter
evolutivo, decorrente da velocidade do desenvol-
vimento das tecnologias de informação e comu-
nicação e das novas oportunidades e assimetrias
provocadas por esse desenvolvimento – fontes
de novas formas de exclusão, que devem ser con-
tinuamente acompanhadas e consideradas.
Mas o conceito de universalização deve abran-
ger também o de democratização, pois não se
trata tão somente de tornar disponíveis os mei-
os de acesso e de capacitar os indivíduos para
tornarem-se usuários dos serviços da Internet.
Trata-se, sobretudo, de permitir que as pessoas
atuem como provedores ativos dos conteúdos
que circulam na rede. Nesse sentido, é impres-
cindível promover a alfabetização digital, que
proporcione a aquisição de habilidades básicas
para o uso de computadores e da Internet, mas
também que capacite as pessoas para a utiliza-
ção dessas mídias em favor dos interesses e ne-
cessidades individuais e comunitários, com res-
ponsabilidade e senso de cidadania.
Fomentar a universalização de serviços significa,
portanto, conceber soluções e promover ações
que envolvam desde a ampliação e melhoria da
infra-estrutura de acesso até a formação do cida-
dão, para que este, informado e consciente, pos-
sa utilizar os serviços disponíveis na rede.
Variáveis Críticas para a Universalização
de Serviços Internet
Tradicionalmente, o conceito de universalização
de serviços se referia exclusivamente à telefonia
como meio de comunicação de voz. Na origem,
a idéia era que todos pudessem ter acesso ao tele-
fone, inclusive em regiões como as zonas rurais,
onde a demanda por si só não garantisse retorno
dos investimentos de infra-estrutura necessários.
Ao longo do tempo, com a difusão de serviços
Região
Canadá e EUA
Europa
Ásia & Pacífico
América Latina
África
Oriente Médio
Total
Destaque 3.1
A Divisão Digital entre Regiões no Mundo
O processo de conexão on-line (em geral à Internet) nas
diversas regiões do mundo é bastante heterogêneo. Não
poderia ser diferente, uma vez que a infra-estrutura
requerida para tal, que inclui a parte de telecomunica-
ções e a parte de computadores, é já distribuída de
forma grandemente assimétrica nessas regiões. Em adi-
ção, em regiões menos envolvidas com tendências re-
centes como a da Internet, a conectividade on-line tem
sido muito mais resultado de “pull” de demanda do que
de “push” da tecnologia instalada (e, em geral, pouco
adequada).
Em conseqüência, há uma tendência clara a se ter no
mundo, em nível de regiões, uma divisão entre
beneficiários e despossuídos da revolução digital, con-
forme os dados abaixo, de junho de 2000.
Milhões
147,48
91,82
75,50
13,19
2,77
1,90
332,66
Fonte: NUA Internet Surveys,
http://www.nua.ie/surveys/how_many_online/index.html
32
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Universalização de Serviços para a Cidadania
como o Minitel, na França, e similares, esse con-
ceito começou a evoluir para o de acesso à co-
municação de dados. Finalmente, já na década de
90, a explosão da Internet – facilitada pela possi-
bilidade de uso das redes telefônicas – tornou
inquestionável sua importância estratégica, tornan-
do imperativo incorporar, ao conceito de
universalização de serviços de telecomunicação, a
meta de acesso de todos à Internet. Para países
economicamente menos desenvolvidos, a incor-
poração desse novo conceito coloca um duplo
desafio – o acesso à telefonia e o acesso à Internet.
Para uma pessoa ter acesso à Internet e “navegar”
na rede, a partir da residência, local de trabalho, cen-
tro comunitário, área de lazer etc., ela necessita de
equipamento apropriado conectado em rede. Os
principais equipamentos hoje disponíveis são os
microcomputadores pessoais, conhecidos como
PC (Personal Computers) e os set-top boxes associados
aos aparelhos de televisão. O set-top box é um com-
putador simplificado ligado à linha telefônica ou ao
cabo do provedor de serviço de TV a cabo, utili-
zando o aparelho de TV como monitor. O set-top
box realiza algumas funções do PC, embora com
limitações, porém a um preço mais acessível.
Os equipamentos de acesso se conectam a um
provedor de acesso à Internet que fornece, pelo
menos, os serviços básicos, como correio eletrô-
nico e acesso ao WWW. Os provedores de aces-
so menores se conectam aos maiores, formando
redes que se conectam aos pontos de acesso da
Internet, denominados Points of Presence (PoP) ou
Pontos Eletrônicos de Presença (PEP). A infra-
estrutura da Internet em si é composta por espi-
nhas dorsais de rede (backbones) que interligam estes
diversos PoP e formam a parte que concentra a
maior capacidade de comunicação.
Um aspecto determinante da universalização de
acesso diz respeito aos custos para o usuário –
do terminal de acesso, da assinatura da linha te-
lefônica, da tarifação local ou interurbana, dos
serviços do provedor. Um dos principais pro-
blemas de localidades mais distantes dos cen-
tros de maior desenvolvimento é a inexistência
de provedores locais, o que força boa parcela
da população, para ter acesso a um provedor, a
arcar com o custo de ligações interurbanas. O
Gráfico 3.1 mostra que quase todos os países
com alto custo de acesso apresentam baixa pe-
netração da Internet.
Gráfico 3.1
Penetração da Internet versus Custo de Acesso
Alemanha
Luxemburgo
Espanha
Portugal
Grécia
Fonte: Booz-Allen & Hamilton
P
e
n
e
t
r
a
ç
ã
o
-
1
9
9
9
Custo típico mensal de acesso ($)
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
Islândia
Suécia
Dinamarca
Nova Zelândia
Holanda
Irlanda
Itália
Japão
Áustria
França
Bélgica
Finlândia
Canadá
Estados Unidos
Reino Unido
Suíça
20 30 40 50 60 70 80 90 100
33
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Capítulo 3
No entanto, o fato de os custos de acesso serem
relativamente baixos, como é o caso inclusive
do Brasil, não resulta, por si só, em grande pe-
netração da rede. Há outros condicionantes, tais
como renda per capita, penetração do serviço
telefônico e nível de escolaridade da população.
A esses fatores agregam-se ainda aspectos cul-
turais, a familiaridade das pessoas para a utiliza-
ção da Internet e a utilidade das informações
oferecidas. Outro aspecto importante é que, em
geral, as interfaces dos programas usados para
acesso à rede exigem dos usuários uma
capacitação específica em informática. Tudo isso,
enfim, pressupõe adequar a tecnologia – hardware
e software –, bem como os conteúdos e serviços,
à diversidade das demandas e às características
– sociais, culturais e físicas – dos usuários da
rede.
A marcha rumo à universalização de serviços da
Internet, por requerer a universalização da telefonia,
apresenta uma série de desafios. A dimensão desses
desafios varia de acordo com o nível de desenvol-
vimento e com o projeto de cada país. Nos países
em desenvolvimento, as diferenças socioeconômicas
crônicas e as barreiras culturais formam o ponto
nevrálgico da questão do acesso ao novo mundo
da informação.
Iniciativas Rumo à Universalização
É papel do Estado dedicar especial atenção à
incorporação dos segmentos sociais menos fa-
vorecidos e de baixa renda à sociedade da in-
formação. O Estado, nesse particular, tem a res-
ponsabilidade de induzir o setor privado a se
envolver no movimento de universalização e a
participar ativamente das ações nesse sentido.
Outra função fundamental do Estado é regula-
mentar as ações do setor privado. Na origem
das propostas e iniciativas dos governos e de
algumas organizações civis, está o reconheci-
mento da limitação das forças de mercado
como propulsoras da incorporação à vida so-
cial dos benefícios das tecnologia de informa-
ção e comunicação. O crescimento recente da
oferta de acesso gratuito à Internet por parte
dos provedores comerciais, como conseqüên-
cia do acirramento da competição, é elemento
importante, mas não suficiente, para garantir a
universalização desse serviço.
Nos últimos anos, tem aumentado o número de
iniciativas, ora com o objetivo de acelerar a in-
corporação dos cidadãos às novas formas de
organização social introduzidas pela tecnologia,
ora no sentido de evitar que a evolução tecnológica
funcione como novo fator de exclusão social.
Mesmo nos países de economia avançada, esses
objetivos têm demandado um esforço conside-
rável por parte dos governos, em associação com
a iniciativa privada.
Na maioria dos programas e propostas dos go-
vernos, a universalização do acesso aos serviços
de Internet tem sido complementada por ações
focadas em pelo menos três grandes frentes: edu-
cação pública, informação para a cidadania
e incentivo à montagem de centros de serviço
de acesso público à Internet.
As propostas dos países do Primeiro Mundo têm
sido deliberadamente ambiciosas no que tange ao
acesso à Internet por meio da rede de ensino público.
Em alguns casos, os esforços têm sido dirigidos para
dar acesso e disponibilizar infra-estrutura física em
todas as escolas. Em outros, os investimentos têm-
se orientado também para redirecionar os objetivos
educacionais, treinar professores e oferecer-lhes re-
cursos para desenvolver novas metodologias adequa-
das à utilização da nova mídia e à avaliação de seus
impactos na educação. Esses aspectos são tratados
em maior detalhe no Capítulo 4 – Educação na So-
ciedade da Informação, deste documento.
Em relação à informação para a cidadania, tem
sido importante a criação de conteúdos que
facilitem a vida do cidadão. Entre todos os
agentes econômicos, o setor público, as con-
cessionárias e as prestadoras de serviços de
utilidade pública – nas áreas de seguridade
social, saúde e educação, por exemplo – têm o
potencial de ser as maiores fontes desse tipo
de conteúdos. Há um vasto conjunto de infor-
mações relacionadas ao cotidiano das pessoas
cuja disponibilidade seria um grande facilitador
na interação entre o cidadão e o Estado, com
efeitos impactantes na qualidade do serviço
prestado. Podem ser abordagens bastante sim-
ples, como horários de ônibus interurbanos,
condições para o parcelamento de débitos de
água, luz ou telefone, disponibilidade de vagas
em escolas etc.
34
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Universalização de Serviços para a Cidadania
Além de prover informações úteis ao cidadão,
é possível oferecer-lhe serviços e informações
capazes de auxiliar no funcionamento de seus
negócios e nas tomadas de decisão, principal-
mente quando se trata de pequenas e médias
empresas. Esse tema é retomado no Capítulo
6 – Governo ao Alcance de Todos.
Outra frente presente na maioria das proposi-
ções oficiais relaciona-se ao incentivo à mon-
tagem de pontos de acesso público à Internet,
por meio de telecentros (Destaque 3.2), quios-
ques, bibliotecas públicas, cibercafés, cabines
públicas etc. No caso dos países em desenvol-
vimento, em especial, o investimento nessas al-
ternativas de compartilhamento do acesso e do
uso da Internet constitui uma filosofia e uma
estratégia de suma importância para ampliar o
acesso aos serviços da rede, uma vez que leva
em consideração a questão dos custos e, con-
seqüentemente, das dificuldades econômicas da
maioria da população.
3.2 Onde Estamos
Usuários da Internet no Brasil
As estimativas do número de usuários da rede
Internet no Brasil têm variado muito, em ra-
zão da diversidade de fontes e critérios. As
estimativas mais conservadoras estão
dimensionadas a partir da contagem dos pon-
tos de conexão à Internet, enquanto as de-
mais baseiam-se em estimativas variadas de
usuários por máquina ou em pesquisas de
mercado. O número estimado de usuários indi-
viduais na Internet no Brasil tem variado, para
este ano, de 4 a 7 milhões, dependendo da fonte.
Qualquer que seja o critério, entretanto, tem sido
invariável a constatação de que o número de
usuários da Internet em relação ao total da po-
pulação é baixo, conseqüência do quadro de
profunda desigualdade social no País, evidenci-
ada por indicadores socioeconômicos como o
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) das
Nações Unidas.
Em números absolutos, o Brasil ocupa lugar
significativo em termos de usuários da
Internet – variando entre o 12º e o 14
o
lugar
no ranking mundial, a depender do critério
–, ao passo que, em números relativos, a
quantidade de usuários em relação ao total
da população coloca o País em 4º lugar na
América Latina. A compilação apresentada
na Tabela 3.1 evidencia que tanto o número
de hosts como o de usuários da Internet no
Brasil é maior que a totalidade de hosts e usuá-
rios do restante da América Latina, incluindo
o México. Esse indicador, porém, não é muito
significativo, pois o número de habitantes com
acesso à Internet em todos esses países ainda é
muito baixo.
A Tabela 3.2 é mais significativa: mostra que o
Brasil, apesar de estar entre as 10 maiores eco-
nomias pelo critério do Banco Mundial, que
considera o PIB, ocupa posição muito tímida
– bem distante da do grupo de países econo-
micamente mais avançados – com relação aos
percentuais de hosts por usuários e de usuários
pela população.
Destaque 3.2
Telecentro
O termo “telecentro” tem sido utilizado generica-
mente para denominar as instalações que prestam
serviços de comunicações eletrônicas para camadas
menos favorecidas, especialmente nas periferias dos
grandes centros urbanos ou mesmo em áreas mais
distantes. Essa experiência tem sido utilizada em
iniciativas que vão desde a prestação de serviços de
telefonia e fax em escritórios espalhados no Senegal
até centros associados a projetos de telecomutação
e teletrabalho na Europa e Austrália. Outros termos
usados como sinônimos ou como designações em
outros idiomas têm sido: telecottage, centro
comunitário de tecnologia, teletienda, oficina
comunitária de comunicação, centro de
aprendizagem em rede, telecentro comunitário de
uso múltiplo, clube digital, cabine pública, infocentro,
espace numérisé, Telestuben, centros de acesso co-
munitário etc. Aqui se adota “telecentro” como de-
nominação genérica para abarcar toda essa gama de
experiências.
Do ponto de vista do público atingido diretamente
por iniciativas como as dos telecentros, parece ser
inegável que eles têm tido um papel de destaque no
processo de universalização do acesso à Internet. E,
mais ainda, se forem analisados os perfis dos diferentes
públicos que deles se utilizam, não parece haver
dúvida de que suas experiências têm agregado
segmentos sociais que dificilmente teriam acesso à
rede sem telecentros.
Fonte: SocInfo
35
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Capítulo 3
EUA
Canadá
Inglaterra
Japão
Alemanha
França
Itália
Espanha
Brasil
China
(sem Hong-Kong)
Totais e médias
Totais e médias
excluindo China
110000
12000
14000
16000
10000
4700
4200
2800
3300
1700
178700
177000
975,9
336,0
201,8
140,0
140,6
73,3
55,7
61,9
9,9
0,2
199,5
221,7
268
30
59
126
82
59
58
39
164
1227
2112
885
77
77
89
78
87
75
67
77
80
32
73,9
78,6
64,4
61,0
54,0
47,9
55,0
57,5
44,7
40,3
10,7
5,6
44,1
48,4
406,7
271,0
242,4
202,4
255,5
174,4
113,0
122,1
26,3
6,0
182,0
201,5
41,04
40,00
23,73
12,70
12,20
7,97
7,24
7,18
2,01
0,14
15,40
17,10
Tabela 3.2
Usuários e Hosts Internet nas 10 Maiores Economias (por PIB)
Hosts
(p/10 mil hab.)
Usuários
(milhares)
Pop. Urbana
(%)
Telefones Fixos
(linhas p/100 hab.)
PC
(p/ mil hab.)
Usuários/
Pop. (%)
Pop.
(milhões)
Dez maiores
economias (por PIB)
Países
Uruguai
Chile
Costa Rica
Brasil
Colômbia
Argentina
México
Panamá
Venezuela
R. Dominicana
Peru
Paraguai
Nicarágua
Equador
Bolívia
Guatemala
El Salvador
Cuba
Honduras
Haiti
Totais e médias
Usuários
(milhares)
100
450
65
3300
400
350
900
25
170
50
75
12
12
25
15
18
9
12
5
3
5996
Hosts
(p/10 mil hab.)
49,7
15,4
8,1
9,9
2,9
15,9
8,8
2,8
2,9
6,0
1,5
1,6
1,4
1,0
0,6
1,0
1,1
0,1
0,2
0,0
6,5
Pop.
(milhões)
3
15
3
164
40
36
94
3
23
8
24
5
5
12
8
11
6
11
6
7
484
Pop. Urbana
(%)
91
84
50
80
74
89
74
56
86
63
72
54
63
60
62
40
46
77
45
33
65
Telefones Fixos
(linhas / 100 hab.)
23,2
18,0
16,9
10,7
14,8
19,1
9,6
13,4
11,6
8,8
6,8
4,3
2,9
7,5
6,9
4,1
5,6
3,4
3,7
0,8
9,6
PC
(por mil hab.)
21,9
54,1
26,3
33,4
39,2
37,3
36,6
12,3
13,0
3,0
27,7
Usuários /
Pop. (%)
3,33
3,00
2,17
2,01
1,00
0,97
0,96
0,83
0,74
0,63
0,31
0,24
0,24
0,21
0,19
0,16
0,15
0,11
0,08
0,04
0,90
Tabela 3.1
Usuários e Hosts Internet em Países Latino-Americanos
Fonte: compilação de dados do Banco Mundial, 1999 e da NUA Internet, 1999, conforme Afonso, Carlos Alberto et al.
Infra-estrutura e Preços das Comuni-
cações
Como já se comentou, o acesso à Internet
depende diretamente da disponibilidade de
meios físicos de comunicação (especialmen-
te linhas telefônicas) e de dispositivos de
processamento local (especialmente compu-
tadores). O processo de privatização das te-
lecomunicações levado a cabo no Brasil pre-
vê a expansão das linhas telefônicas fixas de
27,8 milhões, com densidade de 16,8 telefo-
nes por 100 habitantes, em números de 1999,
para 49,6 milhões, com densidade de 28,5,
em 2003 (Tabela 3.3). É o resultado de um
plano de metas de universalização e, principal-
mente, da competição já implantada no setor.
O plano de metas da Anatel – Paste 2000 –,
para a telefonia móvel celular, prevê 45,5 mi-
lhões de acessos e uma densidade de 26,2 tele-
fones por 100 habitantes, em 2003, quando em
1999 os acessos eram da ordem de 15 milhões,
com densidade de 9,1.
A Lei Geral de Telecomunicações (LGT), de
16/07/1997, considera serviço público – para
o qual se exige universalização – apenas o ser-
viço telefônico fixo comutado. A lei não abran-
ge a telefonia móvel celular, nem a comunica-
ção de dados, nem a Internet. A inclusão for-
mal e concreta do acesso à Internet no concei-
to de universalização ainda é um enorme de-
safio para a sociedade brasileira. O Quadro 3.1
apresenta as metas de universalização das con-
cessionárias de telefonia fixa.
A telefonia celular, que vem passando por notá-
vel expansão no País, oferece outra possibilidade
de acesso à Internet. Com a implantação de uma
terceira geração tecnológica de equipamentos, seu
uso será muito mais flexível e efetivo, apesar de que,
pelo menos no futuro previsível, a difusão deverá
ser limitada pelo alto preço do serviço.
Os serviços de TV a cabo, com potencial de cober-
tura de cerca de 10 milhões de domicílios no País,
constituem mais uma alternativa de acesso, ao lado
de outras tecnologias como satélite e LMCS (Local
Multipoint Communication System), que deverão tam-
bém estar disponíveis a curto prazo.
Como se prevê considerável expansão de acesso
de telefonia fixa e de outras tecnologias, inclusive
celular, a falta de acesso telefônico deixa de ser o
principal fator limitante na difusão da Internet no
Brasil. Mais importante como elemento limitador
é, certamente, a estrutura de preços da telefonia.
Quadro 3.1
Metas de Universalização das Concessionárias do Serviço Telefônico Fixo Comutado - STFC (dezembro de 2003)
Número mínimo de telefones de uso público (TUP) a serem implantados
Número mínimo de linhas telefônicas individuais a serem implantadas
Número mínimo de habitantes para que seja obrigatória a instalação de TUP para o
atendimento a uma localidade
Número mínimo de habitantes para uma localidade ser atendida por linhas telefônicas
individuais
Deslocamento máximo em áreas urbanas para alcançar um TUP
Prazo máximo para atender a pedido de instalação de linha telefônica individual
Prazo máximo para atender a pedido de instalação de linha telefônica individual para
pessoas com necessidades especiais (audição / fala)
Prazo máximo para atender a pedido de instalação de TUP para pessoas com
necessidades especiais
2001
1.000 habitantes
1.000 habitantes
500 metros
4 semanas
3 semanas
2 semanas
2003
981.300 unidades
37 milhões
300 habitantes
600 habitantes
300 metros
2 semanas
1 semana
1 semana
Fonte: Anatel, Paste 2000
Tabela 3.3
Instalação e Densidade de Linhas
Serviço Telefônico Fixo Comutado (STFC)
e Serviço Móvel Celular (SMC)
Ano
1998
1999
2000
2001
2002
2003
Linhas STFC
(milhões)
22,1
27,8
35,0
40,5
45,1
49,6
Linhas SMC
(milhões)
7,4
15,0
21,5
29,2
37,5
45,5
13,6
16,8
20,9
23,9
26,3
28,5
4,5
9,1
12,9
17,2
21,9
26,2
Fonte: Anatel, Paste 2000
Linhas SMC
(tels. p/100 hab.)
Linhas STFC
(tels. p/100 hab.)
36
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Universalização de Serviços para a Cidadania
Para o usuário, o preço de acesso inclui as par-
celas de uso do serviço telefônico – assinatura e
custos das ligações locais e interurbanas – e o
custo do provedor de serviços Internet. A assi-
natura ainda é de custo relativamente baixo, com-
parativamente à de outros países, mas o ajuste
tarifário dos operadores tem priorizado esse
item, fato que o está tornando cada vez mais
significativo. O custo da ligação local é baixo,
mas não se vislumbra ainda um esquema tarifário
como o hoje adotado nos EUA, em que o pre-
ço da assinatura já inclui as ligações locais, o que
é um forte fator de estímulo ao uso da Internet.
Fora das principais cidades brasileiras, a escas-
sez de provedores Internet força os usuários a
pagar tarifa interurbana bastante cara. É bem
verdade que a recente oferta de serviços gratui-
tos por parte de provedores vem diminuindo o
custo final do acesso. Contudo, não se pode pre-
ver se essa prática vai se manter estável. Em suma,
para nossa população, cuja renda disponível men-
sal é muito baixa, o custo do serviço como um
todo é ainda um elemento limitador crítico para
o acesso à Internet.
Dispositivos de Acesso
O equipamento mais comumente usado para aces-
so à Internet, em função das possibilidades que
oferece, é o PC. Contudo, os PC ainda são relati-
vamente dispendiosos: seu preço médio, em que
pese ter caído bastante nos últimos anos, ainda equi-
vale a quase um terço da renda média anual brasilei-
ra per capita. Além disso, a complexidade das
interfaces, a fragilidade e a instabilidade dos sistemas
operacionais mais utilizados os tornam inadequa-
dos para a maioria dos usuários.
Esquemas baseados na integração de TV e Internet
têm grande potencial no Brasil, pois a difusão de
aparelhos de televisão em domicílios, em 1997, no
Brasil – incluindo a zona rural – chegava a 86%,
como mostra a Tabela 3.4.
Diante desse potencial, as duas principais alterna-
tivas – os set-top boxes e os consoles de jogos, que
utilizam televisão e telefone – são promissoras
não só por terem preço baixo, mas também por
suas características de robustez e simplicidade de
uso. Esses dispositivos são adotados por empre-
sas – bancos, companhias telefônicas, provedo-
Brasil
Norte
Nordeste
Sudeste
Sul
Centro-Oeste
Área Urbana
92,67
85,81
87,18
95,66
93,53
90,50
Área Rural
58,41
ND
44,43
71,84
79,54
59,02
Total
86,21
ND
72,29
93,20
90,65
84,80
Tabela 3.4
Disseminação da Televisão no Brasil em % (1997)
Base Nacional: 40.644.623 domicílios (32.980. 372 urbanos e 7.664.251 rurais)
Fontes: IBGE/Simonsen Associados, BRASIL EM EXAME, 1999 - Ed. 700
res de serviços Internet – como parte de sua es-
tratégia de difusão de negócios.
Não há dúvidas de que a pouca difusão dos dis-
positivos de acesso constitui importante fator de
restrição à universalização dos serviços. O PC não
se apresenta como solução acessível para o pre-
tendido aumento significativo de cidadãos com
acesso à rede. Os outros dispositivos citados –
inclusive o telefone móvel celular – ainda são pro-
messas. É forçoso, portanto, pensar em esque-
mas de uso compartilhado dos dispositivos de
acesso, instalados em escolas, bibliotecas, centros
comunitários, cibercafés etc., para caminhar no
sentido da universalização, principalmente para a
população de mais baixa renda.
Acesso Comunitário à Internet
A opção mais imediata para o acesso amplo à
Internet, na sociedade brasileira, está nas escolas.
Isso já se concretiza, por exemplo, no estado de
São Paulo, onde a Telefonica e o governo assina-
ram, em maio de 2000, um acordo para suprir as
escolas estaduais com acesso gratuito à Internet
de alta velocidade. A operadora vai investir R$20
milhões em infra-estrutura para interligar 2.170
escolas públicas e 38 Núcleos Regionais de
Tecnologia (NRT), em 500 municípios, fora a
capital, por meio de sua rede IP. O projeto en-
volve 100 mil professores e 3,3 milhões de alu-
nos. Iniciativas semelhantes, de parte de outras ope-
radoras, estão em formulação. Investimentos de
dimensão bastante superior poderão ser viabilizados
co m a utilização do Fundo de Universalização de
Serviços de Telecomunicações (FUST).
Por outro lado, iniciativas de provimento de aces-
so realmente comunitário à Internet estão sendo
37
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Capítulo 3
38
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Universalização de Serviços para a Cidadania
aqui lideradas por Organizações Não Governa-
mentais (ONG), com apoio dos setores privado
e público (Destaque 3.3). Em geral, tais entidades
viabilizam o acesso à rede como meio para a con-
secução de algum outro objetivo central, de cu-
nho social ou educacional. Seguem esse modelo
as iniciativas de duas ONG bastante representati-
vas do Terceiro Setor, o VivaRio e o CDI. Vencida
uma fase literalmente heróica de esforços em con-
dições absolutamente precárias, as iniciativas pio-
neiras de ONG começam a sensibilizar o setor
público. Recentemente, a prefeitura de Curitiba
inaugurou serviço de acesso gratuito à Internet
em pontos de alta freqüência da população: bi-
bliotecas, locais de prestação de serviços públi-
cos e pontos turísticos. A meta é implantar, até
agosto de 2000, 567 computadores em 55 pon-
tos, para atender a cerca de 180 mil usuários. Para
a implantação do serviço, a prefeitura fez parce-
rias com o CDI, a Microsoft e a Brasil Telecom.
Iniciativas similares à da Prefeitura de Curitiba têm
ocorrido no Brasil desde os primórdios da
Internet, mas sua continuidade tem sido difícil.
Em contraste com as experiências de outros pa-
íses, o acesso compartilhado à Internet ainda não
teve sucesso no Brasil como proposta comercial.
Há poucos cibercafés em operação para o po-
tencial do País, mesmo para servir a uma audiên-
cia de elite, em locais como aeroportos, bares,
pontos turísticos etc.
Alfabetização Digital
O nível de alfabetização digital da população
brasileira é muito baixo. As oportunidades de
aquisição das noções básicas de informática
indispensáveis para acesso à rede e seus servi-
ços são insuficientes. No processo de educa-
ção formal de jovens, há um esforço em curso
por parte do MEC, como se verá no Capítulo
4 – Educação para a Sociedade da Informa-
ção. No âmbito de iniciativas comunitárias, os
esforços de viabilização de acesso tendem a
incluir o oferecimento de instrução básica em
Informática.
De maneira geral, contudo, para adquirir conhe-
cimentos básicos em Informática, os interessa-
dos precisam recorrer a cursos pagos com resul-
tados nem sempre satisfatórios. Há cursos de toda
Destaque 3.3
Internet e o Terceiro Setor no Brasil
O desenvolvimento histórico da Internet no Brasil foi
marcado, desde seus primórdios no final da década de
80, por estreita aliança entre o setor acadêmico e as
ONG, destacando-se a cooperação entre a RNP e o
Ibase, que culminou com o esforço de abertura de servi-
ços Internet para quaisquer interessados, ocorrida em
1995.
Mais recentemente, várias ONG se têm dedicado a es-
forços de disseminação de informática e Internet entre
instituições do Terceiro Setor e especialmente entre a
população mais carente. Dentre elas, vale destacar o
VivaRio, o CDI e a Rits.
VivaRio
O VivaRio tem atuado fortemente em educação nas co-
munidades carentes no Rio de Janeiro e vem utilizando
Internet com cada vez maior intensidade desde 1997/98,
quando lançou e coordenou o Serviço Civil Voluntário no
seu estado. Nessa iniciativa, foi experimentado interes-
sante modelo baseado em educação supletiva (baseada
no Telecurso 2000), informática/Internet e formação para
a cidadania.
Comitê para a Democratização da Informática (CDI)
O CDI é talvez a iniciativa brasileira mais diretamente
envolvida na disseminação de informática e Internet nas
comunidades mais carentes. Recentemente, uma parceria
do CDI com a Unesco, Fundação Starmedia e EXXON
foi formada para conectar à Internet 130 comunidades
em 14 estados brasileiros.
Rede de Informações para o Terceiro Setor (Rits)
A Rits é uma organização fundada sob os auspícios do
Programa Comunidade Solidária com o objetivo de apoiar
organizações do Terceiro Setor no uso de recursos de
informática/Internet para apoiar e divulgar suas iniciativas.
Os serviços e informações oferecidos pela Rits por seu
website são modelares pela qualidade e abrangência.
Outras Iniciativas
Inúmeras outras iniciativas mereceriam menção detalha-
da: a Rede Mineira (que reúne diretamente 22 organiza-
ções e, indiretamente, outras 380); a Rede de Mulheres
no Rádio (animada pelo Cemina – Comunicação, Educa-
ção e Informação em Gênero, que congrega mais de 300
comunicadoras em todo o País); a Rede Voluntária (ani-
mada pelo Programa Voluntários do Conselho da Comu-
nidade Solidária, reunindo 27 Centros de Voluntariado
para a disseminação da cultura do trabalho voluntário no
Brasil) etc.
Não há dúvidas de que um dos esteios fundamentais do
Programa deverá ser o Terceiro Setor brasileiro.
Fonte: SocInfo
39
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Capítulo 3
espécie, e não é despropositado dizer que, no
geral, a qualidade é discutível. E também não há,
no Brasil, qualquer teste de avaliação e de
certificação de conhecimentos em Informática
que permita ao interessado avaliar e comprovar
suas habilitações e que aumente suas oportunida-
des no mercado de trabalho.
Informações e Serviços para Todos
A Internet ainda apresenta dificuldades que deman-
dam maior grau de intimidade com redes eletrô-
nicas: a informação é dispersa e heterogênea. Ou-
tro fator de dificuldade para o usuário inexperiente
é o desenho das telas de apresentação e a
estruturação das páginas, muitas vezes pressupon-
do uma certa familiaridade com ambientes
computacionais mais sofisticados. Além disso, a
maior parte dos conteúdos está em outras línguas,
mais especificamente em inglês.
No caso de informações e serviços públicos, de
interesse direto para toda a população, as iniciati-
vas de disseminação ainda são episódicas e care-
cem de uniformidade e abrangência, conforme
se discute em detalhe no Capítulo 6 - Governo
ao Alcance de Todos.
Finalmente, de modo geral, não são ainda con-
sideradas as necessidades especiais de interação
de expressivo número de pessoas e grupos
sociais.
Gênero
A difusão das redes eletrônicas de informação, em
particular da Internet, representa uma enorme opor-
tunidade para o combate à marginalização da mu-
lher na sociedade.
A inclusão das mulheres no mundo das
tecnologias de informação e comunicação não
significa apenas propor acesso às redes eletrô-
nicas, nem apenas capacitá-las para o seu uso
produtivo. Essas são, sem dúvida, questões de
enorme importância, que devem ser pronta e
seriamente abordadas. Mas o aspecto central é
garantir às mulheres a participação nos proces-
sos decisórios, relacionados à produção e
regulação do setor de tecnologias de informa-
ção e comunicação, que é, tradicionalmente,
dominado pelo gênero masculino.
Jovens
Os jovens têm facilidade especial de se inserir na
nova sociedade em formação e para absorver e
utilizar de forma produtiva as tecnologias de in-
formação e comunicação existentes e emergentes,
assim como os produtos e ambientes de uso que
deles são derivados. Constituem também a parte
da sociedade que está se preparando para ingres-
sar no mercado de trabalho ou que já está dele
participando, com alguma experiência, mas ainda
aprendendo e buscando conquistar uma posição
reconhecida. Existirão também os jovens que por
diversos motivos se encontrarão à margem desse
processo. Portanto, é muito importante que a esse
contingente sejam estendidas as oportunidades de
acesso à Internet para que com seu uso possam
desenvolver as habilidades necessárias ao ingres-
so no mercado de trabalho e para a participação
social. Uma iniciativa dessa natureza é apresenta-
da no Destaque 3.4.
Pessoas portadoras de deficiências
Pessoas portadoras de deficiências apresentam,
em geral, dificuldades especiais em ter acesso à
formação básica e profissional, tendo poucas
Destaque 3.4
Kidlink e o Projeto Kidlink no Brasil (Kbr)
Kidlink é uma organização internacional que, desde 1990,
proporciona comunicação, projetos e atividades na
Internet para, aproximadamente, 100 mil jovens com
até 18 anos de idade, como também para adultos, em
133 países. A participação em Kidlink é gratuita e é
coordenada por educadores voluntários provenientes
de várias partes do mundo.
O Brasil participa da direção geral da organização e
coordena todas as atividades e projetos no Fórum de
língua portuguesa desde 1995. Atualmente, participam
do Projeto Kidlink no Brasil mais de 500 adultos, 350
escolas (públicas e particulares) e 3 mil jovens de 17
estados do Brasil.
O Projeto Kidlink no Brasil (KBr) visa à construção do
conhecimento e à democratização da Internet. Uma
KHouse, por exemplo, é uma “casa de portas abertas”
para beneficiar crianças/jovens carentes até 18 anos de
idade que não tenham acesso a computadores em suas
casas ou em suas escolas.
Existem 31 KHouses em oito estados do Brasil, aten-
dendo a uma média de 600 crianças/jovens.
Fonte: http://www.kidlink.org/brasil/projetao.html
40
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Universalização de Serviços para a Cidadania
oportunidades de participar do mercado de tra-
balho e do convívio social. Assim, devem ser
desenvolvidas soluções especiais para essas pes-
soas, levando em conta as especificidades das
deficiências. É preciso ter em mente também que
as tecnologias de informação e comunicação ofe-
recem novas oportunidades e novos caminhos
para soluções que contemplem essas pessoas nas
oportunidades oferecidas pela progressiva
universalização do acesso. O Capítulo 2 – Mer-
cado, Trabalho e Oportunidades trata do as-
pecto de trabalho para pessoas com necessida-
des especiais.
Outras necessidades especiais
Alguns outros grupos de pessoas ou situações de
contingência demandam soluções diferenciadas,
a saber:
Ocorre freqüentemente que pessoas, por neces-
sidade ou opção, tenham que dividir o seu tem-
po entre atividades profissionais e atividades
domésticas ou similares, seja em benefício pró-
prio ou como trabalho comunitário de tomar
conta de crianças, do lar ou de pessoas que re-
querem atenções especiais, como gestantes, ido-
sos ou doentes. Para essas, ter acesso à Internet e
a outros serviços modernos associados pode
trazer interessantes benefícios, propiciando um
aproveitamento mais produtivo de seu tempo.
Pessoas com doenças, em tratamento ou com
algum outro tipo de limitação de mobilidade.
Para estas, o acesso às tecnologias de infor-
mação e comunicação oferece oportunidades
de uma participação mais produtiva na socie-
dade e uma redução de isolamento social.
Pessoas em trânsito, que se encontram fora do
seu ambiente normal de vivência, sejam turistas
em passagem ou viajantes a trabalho. Com a
difusão cada vez mais ampla da Internet, au-
mentará também a dependência das pessoas de
serviços de informação e comunicação acessados
via Internet. Assim, os lugares bons para serem
incluídos no roteiro de turismo de férias ou pro-
fissional serão aqueles que, além das suas outras
qualidades, oferecem bom, fácil, farto e barato
acesso a serviços de Internet para turistas.
A sociedade isola muitas das pessoas que não
se enquadram em determinados padrões míni-
mos de convivência pacífica, para proteger seus
membros e para procurar recuperar pessoas,
bem como trazê-las de volta ao convívio social.
Na sociedade da informação, as tecnologias pro-
piciam novas formas de monitoramento e vigi-
lância de indivíduos.Por outro lado, podem ofe-
recer novas maneiras para o desenvolvimento
pessoal e para a participação produtiva no con-
vívio social. A universalização de acesso deve
também incluir essas pessoas.
Suporte Tecnológico
As iniciativas de universalização de serviços
Internet no Brasil – ainda poucas – ressentem-se
da carência de suporte tecnológico para serem
mais que serviços-piloto, consolidarem-se e se ex-
pandirem. Tal suporte deve incluir:
i. Pacotes de tecnologia configuráveis para a ins-
talação de redes em centros comunitários e
de quiosques em locais públicos, com ou sem
conexão à Internet.
ii. Programas aplicativos configuráveis para a or-
ganização e distribuição de informações em
servidores hierarquizados, centros comunitá-
rios e quiosques, bem como veiculação aberta
na Internet.
iii. Manuais e textos didáticos sobre Informática
e Internet, para apoio a instrutores e treinandos.
3.3 – Para Onde Vamos
É necessário aumentar drasticamente o
número de pessoas com acesso direto
ou indireto à Internet no Brasil
Como meta, vale fixar um número como 36 mi-
lhões de pessoas com acesso à Internet até o final
de 2003. Isso representa cerca de 20% da popu-
lação. Especial atenção deve ser dada a pessoas
portadoras de deficiências. A consecução de uma
tal meta demanda, para começar, a concepção de
uma estratégia nacional, envolvendo o governo e
o setor privado, para superar os obstáculos estru-
turais para a penetração e uso da Internet no Bra-
sil. Como modelo geral, a Figura 3.1 ilustra a pro-
posta feita em relatório da Booz-Allen & Hamil-
ton para o governo britânico.
41
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Capítulo 3
Figura 3.1
Obstáculos para Penetração e Uso de Internet
Acesso à Internet
O custo total do acesso à Internet
- Doações para reduzir custo para
usuários finais
- Disponibilidade de terminais Internet
em organizações e espaços públicos
(por exemplo, escolas)
- Competitividade entre empresas de
telecomunicações, provedores de serviço
e fabricantes de de PC
hardware
- Disponibilidade de terminais públicos
Internet
Ambiente
Governamental
Ambiente
Competitivo
Fonte: Booz-Allen & Hamilton, 2000
Alfabetização Digital
e Familiaridade com a Internet
Conhecimento individual e
familiaridade no uso da Internet
Conteúdo
Atraentes na Internet
e Aplicações
Opinião popular sobre se a Internet oferece
(ou não) conteúdo e aplicações atraentes
- “Espaços verdes” bem gerenciados
para manter
crianças e indivíduos protegidos contra
os “espaços negros” da Internet
(controlados pelo governo)
- Ênfase no treinamento em TIC nas
escolas
- Ambiente regulatório e legislação fiscal
que promova preços baixos via
comércio eletrônico
- Forte promoção governamental que
impulsione o reconhecimento das
qualidades e do valor de conteúdos
e aplicações
on-line
- “Espaços verdes” bem gerenciados
para
manter crianças e indivíduos protegidos
contra os “espaços negros” da Internet
(controlados pelas empresas)
- Ênfase no treinamento de funcionários
em TIC
- Conteúdo no idioma original do país
- Aplicações em Comércio Eletrônico
locais e regionais
- Forte marketing que impulsione o
reconhecimento das qualidades e
do valor de conteúdos e aplicações
on-line
É necessário capilarizar o acesso à
Internet em todo o País
Para atingir um maior número de pessoas nas
mais diferentes regiões, é necessário:
- disponibilizar pontos de acesso em toda ci-
dade com mais de 50 mil habitantes;
- implantar mecanismos de acesso à Internet
via linha telefônica fixa, a custos mais aces-
síveis do que os de interurbano normal, em
todas as cidades do País.
É necessário produzir e disponibilizar
no mercado brasileiro dispositivos
(hardware + software) de baixo custo
Soluções de equipamentos de acesso à Internet
a um custo unitário muito mais baixo do que
os correntemente praticados são necessárias
para que pessoas de menor poder aquisitivo
consigam ter acesso doméstico.
É necessário promover a implantação de
serviços de acesso público à Internet
O acesso público deve ser provido por:
- pelo menos 2000 bibliotecas públicas;
- pelo menos um centro comunitário por mu-
nicípio.
Como parte de uma estratégia global, tam-
bém deve ser incentivada a instalação de
cibercafés comerciais em todo o País.
É necessário oferecer mecanismos de
avaliação e oportunidades de treinamen-
to básico em Informática em larga escala
Treinamento básico deve ser provido em to-
dos os centros diretamente apoiados pelo Pro-
grama.
3.4 – O que Fazer
Quadro Jurídico
Promover a utilização do Fundo de
Universalização de Serviços de Telecomuni-
cações (FUST) como instrumento propulsor
de esforços de universalização de acesso à
Internet.
Promover a utilização de Fundos (em parti-
cular o da Lei de Informática) para apoiar ini-
ciativas de P&D, visando à implantação de
centros comunitários de acesso à Internet.
Ações Estruturadoras
Promover a “alfabetização digital” maciça da
população brasileira, mediante concepção,
oferecimento e/ou fomento de:
- materiais de (auto) aprendizado de noções
básicas de uso de serviços de informática,
42
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Universalização de Serviços para a Cidadania
Internet etc., disponíveis a custo zero (em
vídeo e/ou na rede);
- cursos livres a serem ministrados em centros
comunitários, escolas, bibliotecas públicas
etc., ou em modalidades a distância;
- testes de habilitação reconhecidos pelo mer-
cado, seguindo o modelo do European
Computer Driving License (ECDL).
Promover (re)edições do Serviço Civil Vo-
luntário em todos os estados brasileiros, in-
corporando a “alfabetização digital” em suas
atividades.
Apoiar diretamente a montagem de 1.000 cen-
tros comunitários modelo para acesso à
Internet, como piloto para alcançar a meta de
5.500 desses centros.
Criar rede de apoio a deficientes nos 1.000
centros comunitários modelo de acesso à
Internet.
Outras Ações
Criar e disponibilizar na Internet um banco de
dados de equipamentos que estejam em desu-
so, mas ainda operacionais, disponíveis para
doação por empresas ou instituições, ou mes-
mo pessoas físicas, para destinação social.
Criar portal de assistência para o iniciante na rede.
Criar infotecas nas escolas, incentivando no-
vos esquemas de formação e de relacionamen-
to da comunidade escolar com as famílias.
Estimular e capacitar as comunidades a gerar
seus próprios conteúdos na Internet, com ên-
fase em formação para a cidadania.
Promover experimento de acesso à Internet
via aparelhos de TV acoplados a set-top boxes
em 1.000 centros comunitários.
Promover a concepção local, a fabricação na-
cional e a comercialização de ampla gama de
dispositivos para acesso à Internet (especial-
mente set-top boxes, consoles para video game
etc) com custo unitário de entrada abaixo de
R$300,00.
Promover a concepção local, a fabricação na-
cional e a comercialização de computadores
voltados primordialmente para o acesso à
Internet (netcomputers) com custo unitário abai-
xo de R$1.000,00 para configurações iniciais.
Capítulo 4
Educação na Sociedade
da Informação
44
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Educação na Sociedade da Informação
45
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Capítulo 4
Capítulo 4 – Educação na Sociedade da
Informação
4.1 – Do que se Trata
A educação é o elemento-chave na construção
de uma sociedade baseada na informação, no co-
nhecimento e no aprendizado. Parte considerá-
vel do desnível entre indivíduos, organizações,
regiões e países deve-se à desigualdade de opor-
tunidades relativas ao desenvolvimento da capa-
cidade de aprender e concretizar inovações. Por
outro lado, educar em uma sociedade da infor-
mação significa muito mais que treinar as pessoas
para o uso das tecnologias de informação e co-
municação: trata-se de investir na criação de com-
petências suficientemente amplas que lhes permi-
tam ter uma atuação efetiva na produção de bens
e serviços, tomar decisões fundamentadas no
conhecimento, operar com fluência os novos
meios e ferramentas em seu trabalho, bem como
aplicar criativamente as novas mídias, seja em usos
simples e rotineiros, seja em aplicações mais so-
fisticadas. Trata-se também de formar os indiví-
duos para “aprender a aprender”, de modo a
serem capazes de lidar positivamente com a con-
tínua e acelerada transformação da base
tecnológica.
Educação para a Cidadania
A atração que as novas tecnologias exercem so-
bre todos – de formuladores de políticas e
implementadores de infra-estrutura e aplicações
de tecnologias de informação e comunicação até
usuários de todas as classes e idades – pode levar
a uma visão perigosamente reducionista acerca
do papel da educação na sociedade da informa-
ção, enfatizando a capacitação tecnológica em
detrimento de aspectos mais relevantes.
Pensar a educação na sociedade da informação
exige considerar um leque de aspectos relativos
às tecnologias de informação e comunicação, a
começar pelo papel que elas desempenham na
construção de uma sociedade que tenha a inclu-
são e a justiça social como uma das prioridades
principais.
E inclusão social pressupõe formação para a ci-
dadania, o que significa que as tecnologias de in-
formação e comunicação devem ser utilizadas
também para a democratização dos processos
sociais, para fomentar a transparência de políticas
e ações de governo e para incentivar a mobilização
dos cidadãos e sua participação ativa nas instânci-
as cabíveis. As tecnologias de informação e co-
municação devem ser utilizadas para integrar a
escola e a comunidade, de tal sorte que a educa-
ção mobilize a sociedade e a clivagem entre o
formal e o informal seja vencida.
Formar o cidadão não significa “preparar o con-
sumidor”. Significa capacitar as pessoas para a
tomada de decisões e para a escolha informada
acerca de todos os aspectos na vida em socieda-
de que as afetam, o que exige acesso à informa-
ção e ao conhecimento e capacidade de processá-
los judiciosamente, sem se deixar levar cegamen-
te pelo poder econômico ou político.
Infra-estrutura de Informática e Redes
para Educação
Um grande desafio para o uso intensivo de
tecnologias de informação e comunicação em
educação é o de implantação de uma infra-estru-
tura adequada em escolas e outras instituições de
ensino. Tal infra-estrutura se compõe basicamen-
te de:
computadores, dispositivos especiais e software
educacional nas salas de aula e/ou laboratóri-
os das escolas e outras instituições;
conectividade em rede, viabilizada por algu-
mas linhas telefônicas e/ou um enlace dedica-
do por escola à Internet.
A instalação de uma infra-estrutura nas escolas e
outras instituições de ensino de um país é, do
ponto de vista econômico, pouco atraente; a de-
manda de tráfego na rede é baixa, a capilaridade
é elevada, o número de usuários é grande e é vas-
to o leque de serviços necessários. O problema
fundamental em relação à disponibilização dessa
infra-estrutura é essencialmente de custos: é uma
empreitada cara, envolvendo significativo dispên-
dio inicial para aquisição e, posteriormente, para
manutenção e atualização do parque instalado. Há
em adição o custo do serviço de comunicação e
de acesso à Internet.
46
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Educação na Sociedade da Informação
Nos Estados Unidos, por exemplo, estimativas
de 1996 apontavam que, para conectar todas as
escolas públicas norte-americanas na Internet, se-
riam necessários investimentos em infra-estrutura
e equipamentos beirando os US$30 bilhões, fora
as despesas de manutenção, na faixa de outros
US$5 bilhões anuais (o orçamento anual do en-
sino fundamental nos Estados Unidos estava,
então, em torno de US$24,2 bilhões/ano). Nos
anos recentes, a resposta a essa necessidade tem
passado pelo ativo envolvimento de empresas
de informática e de telecomunicações, com a
meta de se ter todas essas escolas na Internet
em 2002.
Os países em desenvolvimento enfrentam vários
problemas para fazer face a esse desafio:
i. Os preços de equipamentos, software e teleco-
municações nesses países são muito mais altos
do que nos países avançados.
ii. Não há nesses países tradição de envolvimento
ativo do setor privado em suporte a causas edu-
cacionais e/ou sociais, como se vê em países
avançados, notadamente os EUA.
iii. A revolução da Internet atinge esses países sem
que a onda anterior de informatização tenha
efetivamente ocorrido e frutificado, como
ocorreu nos países avançados ao longo das
décadas de 80 e 90.
Novos Meios de Aprendizagem
O primeiro e talvez mais fundamental impacto de
tecnologias de informação e comunicação na edu-
cação foi ocasionado pelo advento de computa-
dores e sua fenomenal multiplicação nas capacida-
des de processamento numérico (exemplo: pre-
visão meteorológica) e de processamento simbó-
lico/lógico
(exemplos: editoração de texto, siste-
mas especialistas). Em seguida, uma terceira capaci-
dade, a de comunicação, veio amplificar o impac-
to de computadores em duas vertentes, a saber:
i. A interação multimídia e a instrumentação
de dispositivos físicos, abrindo possibilidades
para interação via imagens, sons, controle e co-
mando de ações concretas no mundo real etc.
ii. A interligação de computadores e pesso-
as em locais distantes, abrindo novas possibi-
lidades de relação espaço-temporal entre edu-
cadores e educandos.
A Figura 4.1 ilustra os três aspectos do impacto
de computadores e tecnologias de informação e
comunicação.
O que se pode fazer com tecnologias de infor-
mação e comunicação em educação?
As formas de utilização estão ainda simplesmen-
te começando.
Além de propiciar uma rápida difusão de material
didático e de informações de interesse para pais,
professores e alunos, as novas tecnologias permi-
tem, entre outras possibilidades, a construção
interdisciplinar de informações produzidas indi-
vidualmente ou em grupo por parte dos alunos,
o desenvolvimento colaborativo de projetos por
parte de alunos geograficamente dispersos, bem
como a troca de projetos didáticos entre educado-
res das mais diferentes regiões do País. Conforme
as velocidades de transmissão das redes vão aumen-
tando, novas aplicações para fins educacionais vão
se tornando viáveis, tais como laboratórios virtuais.
Educação a Distância
A disseminação da Internet nos anos recentes tem
feito ressurgir com novo ímpeto o interesse em
Educação a Distância como mecanismo comple-
mentar, substitutivo ou integrante de ensino
presencial. Tal interesse se explica pelo fato de
possibilitar:
Fonte: SocInfo
Comunicação
(Multimídia/Remota)
Processamento
Numérico
Processamento
Simbólico/Lógico
Figura 4.1
Aspectos do Impacto de Computadores
47
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Capítulo 4
i. O aumento considerável da audiência de um
curso ou palestra, tanto no tempo como no
espaço, através do concurso intensivo de meios
eletrônicos para o registro e a transmissão de
conteúdos. Isto permite, por exemplo, ofere-
cer boas oportunidades de educação para os
interessados, mesmo que em áreas remotas e
desprovidas de boas oportunidades locais de
educação. Outro benefício é o compartilha-
mento de recursos de ensino entre instituições
com interesses e quadros complementares,
mesmo que situadas em locais afastados entre
si.
ii. A oferta de oportunidades de aprendizado
para estudo em casa ou no trabalho, em qual-
quer horário, ampliando as possibilidades de
oferta de educação continuada.
iii. A individualização do processo educativo, mes-
mo em esquemas de grande escala, devido à
maior interatividade propiciada pela Internet.
iv. A organização do trabalho em equipe de in-
tensa cooperação, mesmo envolvendo pesso-
as geograficamente dispersas e trabalhando em
horários distintos.
Vale registrar que processos de educação a dis-
tância existem, pelo menos, desde o século pas-
sado. Entretanto, as iniciativas do passado não
alcançaram as vantagens acima enumeradas em
sua totalidade, grande parte em função dos mo-
delos comerciais adotados.
Mais recentemente, iniciativas em educação a dis-
tância principiaram a utilizar material instrucional
na forma de vídeos (distribuídos em cartuchos
ou transmitidos via sinal aberto ou fechado de
TV) e de software (distribuído via disquetes). O
modelo de ensino a distância baseado em vídeo
prosperou em vários países, permitindo a gera-
ção de grande quantidade de material de alta qua-
lidade, com um amplo potencial de aproveita-
mento futuro.
As novas tecnologias de informação e comuni-
cação abrem oportunidades para integrar, enri-
quecer e expandir os materiais instrucionais. Além
disso, apresentam novas formas de interação e
comunicação entre instrutores e alunos. Entretan-
to, cuidados devem ser tomados, para não repe-
tir os erros do passado. Os investimentos fixos
são substancialmente maiores do que nas moda-
lidades mais convencionais.
São aspectos críticos, no ensino a distância, o de-
senvolvimento de metodologias pedagógicas efi-
cientes para o novo meio e de ferramentas ade-
quadas para o estudo individual, ou em grupo.
Nesse sentido, para que o ensino a distância al-
cance o potencial de vantagens que pode ofere-
cer, é preciso investir no seu aperfeiçoamento e,
sobretudo, regulamentar a atividade e também
definir e acompanhar indicadores de qualidade.
O Desafio da Formação Tecnológica
Desde o final da década de 60, quando foi
convocada a primeira de uma série de conferên-
cias das Nações Unidas sobre Informática, as
tecnologias de informação e comunicação foram
consideradas vetores de desenvolvimento econô-
mico e social. Ao longo da década de 70 e 80,
inúmeros países – incluindo-se aí com destaque o
Brasil – conceberam planos nacionais de
capacitação tecnológica e de produção domésti-
ca de bens e serviços em informática, como po-
tenciais atalhos rumo ao desenvolvimento.
Já na década de 90, uma concepção mais matizada
do papel de tecnologias de informação e comuni-
cação em países em desenvolvimento principiou a
ganhar espaço. Nessa concepção revista, atribuiu-se
maior peso ao balanceamento da capacidade de
geração, aplicação e uso de tecnologias de um
país que a produção de bens e serviços. Tal concep-
ção é esboçada na Figura 4.2.
A geração de tecnologias resulta do esforço
da comunidade de pesquisa, dirigido ou não para
alvos específicos. Tecnologias geradas são objeto
de transferência para o setor produtivo, onde
Fonte: SocInfo
Figura 4.2
Aspectos de Capacitação Tecnológica
Geração
Aplicação
Uso
Transferência
Disseminação
48
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Educação na Sociedade da Informação
ocorre sua aplicação em novos bens e serviços.
Finalmente, tecnologias têm larga disseminação
mediante uso por parte de clientes dos bens e
serviços em que elas estão incorporadas.
Há argumentos no sentido de que, para países
em desenvolvimento, a capacidade de absorver
novas tecnologias e de colocá-las em aplicação é
tão ou mais importante do que a capacidade de
gerar essas tecnologias. É o caso, por exemplo,
da pesquisa de ponta em redes de muito alta ve-
locidade, que está concentrada em alguns poucos
países centrais, particularmente nos EUA. Por
outro lado, sua aplicação em novos equipamen-
tos e serviços é um jogo do qual um número
bem maior de países pode participar. É o caso
também do uso de redes, que pode ser dissemi-
nado em todos os países, desde que haja infra-
estrutura local.
É importante observar que mesmo a capacidade
de absorver tecnologias, de selecioná-las adequa-
damente, pressupõe a existência de uma base de
pesquisa abrangente correspondente aos diversos
níveis da cadeia de conhecimento a elas associadas.
Há carência global de técnicos capacitados para a
geração e aplicação de tecnologias de informa-
ção e comunicação. Esses técnicos são indispen-
sáveis na geração de novos produtos e serviços
incorporando tecnologias de informação e co-
municação, bem como para a renovação de ati-
vidades tradicionais com a introdução acelerada
de tecnologias de informação e comunicação.
Como todos esses desafios se refletem na estru-
tura formal de ensino?
A partir da Figura 4.3, podem-se fazer algumas
constatações à guisa de primeira tentativa de res-
posta à questão:
i. A alfabetização digital precisa ser promo-
vida em todos os níveis de ensino, do funda-
mental ao superior, por meio da renovação
curricular para todas áreas de especialização,
de cursos complementares e de extensão e na
educação de jovens e adultos, na forma e con-
cepção emanadas da Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional de 1996.
ii. A geração de novos conhecimentos diz res-
peito sobretudo à formação em nível de pós-
graduação. Mas é também viabilizada pela for-
mação profissional em nível de graduação em
áreas diretamente relacionadas com tecnologias
de informação e comunicação e sua aplicação:
cursos de engenharia de computação, telecomu-
nicações, ciências da informação, comunicação
social, cinema e animação etc.
iii. A aplicação de tecnologias de informação
e comunicação pode ser objeto de forma-
ção desde o nível médio, sobretudo no âmbi-
to de cursos técnicos em informática, ele-
trônica etc. Ela é certamente o foco central de
cursos de graduação que tratam de tecnologias
de informação e comunicação. E é também
preocupação dos cursos de pós-graduação em
tecnologias de informação e comunicação e
áreas correlatas, especialmente quando a apli-
cação de conhecimentos se refere à produção
ou aperfeiçoamento de bens e serviços na pró-
pria área, o que exige o domínio dos funda-
mentos conceituais básicos associados aos ní-
veis mais elevados de ensino.
iv. Finalmente, a aplicação de tecnologias de
informação e comunicação em quaisquer
outras áreas (não próximas de tecnologias
de informação e comunicação), tais como saú-
de, transportes, biologia etc., demanda a par-
Figura 4.3
Capacitação de Recursos Humanos em TIC
Formação de
nível médio
Alfabetização
digital
Formação
profissional de
pós-graduação
Formação
profissional de
graduação
Fluência
em TIC
Geração
Aplicação
Uso
Transferência
Disseminação
Fonte: SocInfo
49
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Capítulo 4
ticipação de profissionais dessas áreas, mas
com conhecimentos aprofundados em
tecnologias de informação e comunicação, que
transcendem em muito o nível de alfabetiza-
ção digital. Como denominar essa capacidade
específica em tecnologias de informação e co-
municação de profissionais de outras áreas
para aplicar tecnologias de informação e co-
municação nessas suas áreas?
Uma possibilidade, inspirada em estudo recente
conduzido nos EUA, é chamá-la de fluência em
tecnologias de informação e comunicação, con-
forme o Destaque 4.1.
Novos Currículos
O impacto de tecnologias de informação e co-
municação coloca a necessidade de se pôr em
marcha e manter, como situação de equilíbrio
dinâmico, amplo processo de revisão curricular
em todos os níveis e áreas. Um reposicionamento
dos Parâmetros Curriculares Nacionais deve ser
considerado. Alguns pontos a ponderar em tal
processo incluem os seguintes:
i. No nível médio, novas profissões surgiram
com a difusão de tecnologias de informação
e comunicação, particularmente a Internet. Por
exemplo:
- Projetista de web;
- Especialista em Arquitetura de Informações;
- Administrador de Redes;
- outros.
Os Centros Federais de Educação Tecnológica
e o Senac, em suas funções de formação téc-
nica e profissional de nível médio e pós-mé-
dio, poderão contribuir de forma significativa
na oferta de tais oportunidades.
ii. No nível de graduação, alguns currículos es-
tão irremediavelmente obsoletos: por exem-
plo, o típico currículo de Ciências da Infor-
mação, em muitos países, reflete uma visão da
área que foi atropelada em muitos aspectos
essenciais (alguns para bem, outros para mal)
pela revolução das tecnologias de informação
e comunicação. Os cursos de formação de
professores como as licenciaturas necessi-
tam de injeção enérgica, mas muito pondera-
da, de uso de tecnologias de informação e
comunicação, para contemplar a formação de
professores familiarizados com o uso dessas
novas tecnologias. A nova modalidade de curso
normal superior, em processo de regulamen-
tação, para formação de professores de ensi-
no fundamental, pode constituir uma excelen-
te oportunidade de introdução sistemática das
tecnologias de informação e comunicação nos
currículos. Há de se discutir também se não é
necessário um curso de pós-graduação espe-
cífico no uso de tecnologias de informação e
comunicação na educação, para formar pro-
fessores de tecnologias de informação e co-
municação para os diversos cursos de forma-
ção de professores.
iii. No nível de pós-graduação em tecnologias de
informação e comunicação, uma dúvida que é
levantada em muitos países se refere à necessi-
dade de se acelerar a formação de especialistas,
não somente para fazer face às necessidades do
mercado em termos numéricos, mas principal-
mente para se adequar à velocidade de evolução
das tecnologias de informação e comunicação:
a argumentação sustenta que o período total
Destaque 4.1
Programa “FITness” (Fluency with Information
Technology)
Em 1999, o Comitê de Alfabetização em Tecnologias
de Informatização (Committee of Information Technology
Literacy), instituído pelo Conselho Nacional de Pesquisas
dos EUA, divulgou relatório de trabalho em que se
propunha a noção de fluência (em Tecnologias de
Informação) em contraposição a alfabetização, para
denotar a “capacidade de reformular conhecimentos,
expressar-se criativa e apropriadamente, bem como
produzir e gerar informação (em vez de meramente
compreendê-la)”. O objetivo dessa revisão conceitual
era endereçar o problema de pessoas que, embora
“alfabetizadas” no mundo digital, necessitavam de algo
mais para efetivamente funcionar na sociedade da infor-
mação.
Focalizando como instância primária de discussão o
indivíduo graduado em curso superior, o relatório desceu
a detalhes sobre os tipos de conhecimentos que esse
público-alvo deveria buscar em programas de “FITness”.
A importância da idéia deriva do fato de que, para
atender à demanda de atividades em tecnologias de
informação e comunicação (mesmo no Brasil), é
imprescindível contar com recursos humanos
“adaptados” de outras áreas de especialização.
Fonte: http://books.nap.edu/html/beingfluent/
50
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Educação na Sociedade da Informação
para a formação de um especialista do mais
alto nível, compreendendo graduação,
mestrado e doutorado, perpassa duas ou três
gerações de tecnologias para uma área de apli-
cação específica. Isto posto, é necessário pen-
sar-se em modelos curriculares mais flexíveis,
em que tal período possa ser comprimido e
mesmo redividido.
Cabe ainda ressaltar aspectos de alguma forma
relacionados à concepção aqui adotada de edu-
cação para a cidadania: o impacto de tecnologias
de informação e comunicação em emprego e tra-
balho, especialmente na confluência entre a velha
economia e a nova economia, bem como os as-
pectos legais e éticos relacionados com a difusão
dessas tecnologias, tais como privacidade, direito
à informação, conteúdos inapropriados etc.
4.2 – Onde Estamos
Segundo dados do Instituto Nacional de Estu-
dos e Pesquisas Educacionais (Inep), o setor pú-
blico brasileiro gasta 4,8% do PIB com educação
no Brasil. Os gastos públicos com educação, reu-
nindo todos os programas de governo, soma-
ram R$43,3 bilhões em 1997. A despeito da sen-
sível redução observada nas últimas décadas, o
Brasil ainda apresenta uma elevada taxa de anal-
fabetismo. De fato, o índice de analfabetos entre
a população com 15 anos ou mais de idade era
de 20,1% em 1991 e caiu para 14,1% em 1996,
data do último levantamento censitário. O Brasil
tinha, em 1999, 52,4 milhões de alunos matricula-
dos na escola, incluindo todos os níveis e moda-
lidades de ensino, exceto o superior. Incluindo os
cursos de graduação, os seqüenciais e os de pós-
graduação, o Brasil possui 2,5 milhões de alunos
no ensino superior.
De acordo com a Contagem Populacional do
IBGE, último levantamento com cobertura de
todo o território nacional, realizada em 1996, a
população rural com 15 anos ou mais de idade
sem instrução ou com menos de um ano de estu-
do atingia a cifra de 6,3 milhões de pessoas, ou
seja, 28,9% da população residente naquela área.
No mesmo período, fração da população urba-
na nas mesmas condições de escolaridade e faixa
etária correspondia a 10,5% da população. Ain-
da, em 1999, dos 217.362 estabelecimentos de
educação básica, pouco mais de 55% estavam
localizados na zona rural. Os dados obtidos pelo
Incra, até julho de 1999, mostram existir nos 3.610
assentamentos da Reforma Agrária, situados em
diversos municípios, cerca de 380 mil analfabe-
tos naquela faixa etária. As exigências do cidadão
rural pelo atendimento a seus direitos fundamen-
tais e do mercado agrícola cada vez mais
tecnificado e globalizado tornam as necessidades
de educação e de informação ainda mais rele-
vantes. Assim sendo, a aceleração de iniciativas de
educação de jovens e adultos, de educação conti-
nuada, além da formação profissional voltada para
a valorização das atividades produtivas no cam-
po, é de fundamental importância.
Nas áreas relacionadas às tecnologias de infor-
mação e comunicação, a capacidade nacional de
formação de recursos humanos em nível superi-
or é apresentada na Tabela 4.1.
De acordo com a Sinopse Estatística de 1998 do
Ministério da Educação, são 680 os cursos ofere-
cidos por universidades, faculdades integradas e
estabelecimentos isolados, que juntos formaram
cerca de 22 mil profissionais em 1997. A distri-
buição nas diversas áreas de conhecimen-
to evidencia a predominância de cursos mais tra-
dicionais, embora a ausência de novas e moder-
nas oportunidades de treinamento também pos-
sa ser observada.
A qualidade da formação nesses cursos de gra-
duação, contudo, é altamente dependente de pou-
cas instituições, especialmente daquelas que ofe-
recem cursos de pós-graduação em nível de
mestrado ou doutorado e que são, ainda, nume-
ricamente muito limitados.
Informatização em Escolas
A maioria das escolas brasileiras não está ainda
conectada à Internet. De acordo com o último
censo escolar do MEC, em 1999, apenas 7.695
escolas (3,5% do total de escolas de educação
básica) possuíam acesso à rede mundial de com-
putadores, das quais 67,2% são particulares. Ou
seja, há conexão com a Internet para alunos de
apenas 2.527 das 187.811 escolas públicas brasi-
51
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Capítulo 4
leiras. O censo revela ainda que cerca de 64 mil
escolas do País não têm energia elétrica – 29,6%
do total – e que menos de 11 em cada 100 esta-
belecimentos dispõem de equipamentos para ati-
vidades pedagógicas, como laboratórios de ciên-
cia ou de informática. Menos de um quarto
(23,1%) das escolas possui biblioteca. O mesmo
censo aponta que as escolas particulares são mui-
to mais equipadas do que as públicas, seja em
presença de computador, conexão à Internet, la-
boratório de ciências, bibliotecas ou acesso à ener-
gia elétrica e água.
O recorte regional mostra que a presença de equi-
pamentos pedagógicos continua proporcional-
mente bem maior no Sul e Sudeste do que nas
outras regiões do País. Menos da metade (41,5%)
das escolas do Sul e do Sudeste tem bibliotecas,
proporção que cai a 11% no Norte
e Nordeste; enquanto laboratórios de
ciências ou informática chegam a no
máximo 3% dos estabelecimentos de
ensino nessas duas regiões, no Sul e
no Sudeste chegam a até 22%. No
Norte, onde predominam escolas
rurais, só 0,8% dos estabelecimentos
de ensino têm acesso à Internet e só
37% possuem energia elétrica. No
Sudeste, essas proporções são de 9%
e 92% respectivamente.
Deve-se ressaltar que, em 1999, dos
217.362 estabelecimentos de educa-
ção básica, pouco mais de 55% esta-
vam localizados na zona rural, no
entanto estas escolas atendiam a ape-
nas 15% do total de alunos.
Do ponto de vista das frentes de
informatização das escolas, o Brasil
tem feito um esforço importante na
área da educação pública que deve
ser reforçado. O Programa Nacional
de Informática na Educação (Proinfo)
do MEC é a iniciativa central do País
na introdução das tecnologias de in-
formação e comunicação na escola
pública como ferramenta de apoio
ao processo ensino-aprendizagem.
O programa tem sido realizado em
parceria com as Unidades da Federação, que par-
ticipam da formulação de suas diretrizes, e a base
de funcionamento nos estados tem sido confiada
a Núcleos de Tecnologia Educacional (NTE), que
formam uma estrutura descentralizada de apoio
ao processo de informatização das escolas, auxi-
liando tanto no processo de incorporação e pla-
nejamento da nova tecnologia, quanto no supor-
te técnico e capacitação dos professores e das
equipes administrativas das escolas.
Desde a entrada em funcionamento do Proinfo,
em 1997, foram criados 223 NTE beneficiando
2.484 escolas públicas brasileiras de primeiro e
segundo graus. Em número de escolas beneficia-
das, o Programa ficou aquém de sua proposta
original, uma vez que se pretendia, para o biênio
97-98, atingir 6 mil escolas, que deveriam
Tabela 4.1
Número de Cursos de Graduação, Concluintes em 1997 e Matrícula
em 30/04/98, por Natureza segundo Área de Conhecimento e Curso, em
Universidades, Faculdades e Estabelecimentos Isolados (1998)
Fonte: adaptado de MEC/Inep, Sinopse Estatística do Ensino Superior(1998)
Área de Conhecimento
Análise de Sistemas, Administração
e Processamento de Dados
Análise de Sistemas
Ciências da Computação
Informática
Matemática Computacional
Processamento de Dados
Técnicas Digitais
Automação Industrial
Eletrônica
Eletrônica Industrial
Instrumentação e Controle
Manutenção de Computadores
Rede de Computadores
Sistema de Comunicação sem Fio
Telecomunicações
Biblioteconomia
Arquivologia
Comunicação Social
Desenho Industrial
Design
Tecnologia de Informação e
Comunicação
Lingüística
Total
3
35
152
53
1
180
2
1
2
2
1
1
2
2
3
32
6
159
40
1
1
1
680
Concluintes
1997
142
582
2.701
836
-
7.388
60
12
36
10
12
-
-
-
27
765
95
8.367
1.242
-
-
8
22.283
Cursos Matriculados
30/04/98
921
9.829
37.738
13.078
-
43.701
235
199
356
169
96
151
46
216
218
5.253
1.054
74.567
9.811
203
10
41
197.892
52
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Educação na Sociedade da Informação
corresponder a cerca de 13,4% do universo de
44,8 mil escolas públicas brasileiras com mais de
150 alunos. Tal fato sugere a urgência de se acele-
rar o andamento do Programa, procurando be-
neficiar o maior número possível de escolas.
Há necessidade de maior articulação institucional
entre os diferentes programas devotados à intro-
dução das tecnologias de informação e comunica-
ção no sistema educacional brasileiro, em seus dife-
rentes níveis.
Nos três níveis do ensino formal, são raras as esco-
las públicas e poucas as particulares que se utilizam
da informática em suas disciplinas. O professor
universitário – até o que usa as redes para suas pes-
quisas – pouco utiliza as tecnologias de informação
e da comunicação como meio de aumentar a eficá-
cia do processo de ensino-aprendizagem.
Os currículos escolares, por outro lado, de modo
geral não incluem formação sobre o uso e a im-
portância da informação que incentive a discus-
são sobre os principais aspectos e problemas de
uma sociedade da informação.
Educação a Distância
A maior iniciativa de educação a distância em ope-
ração no País é provavelmente a do Programa
TV Escola, da Secretaria de Educação a Distân-
cia do MEC, baseado em disseminação de mate-
rial didático via TV, complementado por ativida-
des presenciais ou de interação a distância. Im-
plantado a partir de março de 1996, o TV Escola
vai ao ar diariamente, 14 horas por dia. Distri-
buiu uma antena parabólica, um aparelho de TV
e um videocassete para cada uma de 56.770 es-
colas públicas de ensino básico, atingindo quase
29 milhões de alunos. A utilização no dia-a-dia
desses recursos por parte das escolas não é um
sucesso absoluto: estudo feito em 1999 mostrou
que somente cerca de 60,0% das escolas envolvi-
das gravavam regularmente os programas trans-
mitidos. Por outro lado, a tecnologia subjacente
de transmissão/recepção de TV da iniciativa é
hoje obsoleta. Esses comentários não devem,
contudo, obscurecer o fato de que, como um
todo, o TV Escola obteve resultados significa-
tivos em diversas regiões do País e deve ser con-
solidado.
Uma outra iniciativa de destaque é o Telecurso
2000, a partir do qual tem sido realizado o proje-
to Telessalas 2000. Dirigido a cerca de 75 mil tra-
balhadores brasileiros que, por algum motivo,
interromperam seus estudos, o projeto, lançado
em 1998, tem como objetivo a implantação de 3
mil novas salas de aula igualmente distribuídas na
Amazônia Legal e nos estados do Rio de Janeiro
e São Paulo, onde os trabalhadores poderão con-
cluir o primeiro e o segundo graus pelo método
de ensino a distância do Telecurso 2000. O pro-
jeto Telessalas é desenvolvido com recursos do
Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), em
parceria entre o Ministério do Trabalho e Em-
prego, através da Secretaria de Formação e De-
senvolvimento Profissional (Sefor), a Confedera-
ção Nacional da Indústria (CNI), através do Ser-
viço Social da Indústria (Sesi), a Federação das
Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), o Ca-
nal Futura e a Fundação Roberto Marinho. Em
sua primeira fase, o projeto Telessalas 2000 lo-
grou o seguinte: a implantação de 200 telessalas
no Rio, 108 no Amazonas, 200 em São Paulo e
92 na Amazônia Legal; o lançamento do Telecurso
2000 – Edições Legendadas que transmite aulas
do primeiro grau para a população de surdos no
País, estimada em 3 milhões de pessoas; e a edi-
ção do Prêmio Paulo Freire – Valorizando o Sa-
ber e o Fazer, que premiou as melhores iniciati-
vas de educação e profissionalização do traba-
lhador desenvolvidas no Brasil.
Quanto ao uso de tecnologias de informação e
comunicação em educação a distância, existem já
no País algumas iniciativas notórias. O Laborató-
rio de Ensino a Distância do Programa de Pós-
Graduação em Engenharia de Produção da Uni-
versidade Federal de Santa Catarina (UFSC), por
exemplo, criado em 1995, oferece cursos de pós-
graduação – lato e stricto sensu – e cursos de exten-
são em todas as áreas de Engenharia de Produ-
ção e áreas afins em diversas cidades do Estado
de Santa Catarina com aulas ministradas a distância.
Finalmente, uma outra grande iniciativa a ressal-
tar, pelo seu potencial de organização e
alavancagem de atividades de educação a distân-
cia no País, é a do Consórcio Unirede, conforme
Destaque 4.2. Formalizado em janeiro deste ano,
o consórcio é presentemente composto por 62
universidades públicas brasileiras e visa a colocar
53
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Capítulo 4
o status quo de ensino a distância nacional em ou-
tro patamar, tanto em qualidade como quantida-
de de cursos e atividades ofertadas.
Capacitação Avançada em Tecnologias
de Informação e Comunicação
A efetiva evolução de um país para a sociedade
da informação depende do envolvimento ativo
de seus quadros humanos, especialmente de seus
cientistas e pesquisadores em tecnologias de in-
formação e comunicação. De acordo com o Ca-
dastro de Pesquisadores do CNPq, é de cerca de
52.000 o número de pesquisadores no País, sen-
do que 6.664 atuam nas áreas de engenharia e
computação. São 1.745 os grupos de pesquisa
atuantes nos setores de informática, indústria
eletroeletrônica e telecomunicações, sendo a maior
parte pertencente a universidades. A Tabela 4.2
mostra a situação do Brasil em termos de oferta de
treinamento em nível de pós-graduação na área de
computação, conforme dados levantados pela So-
ciedade Brasileira de Computação (SBC).
De acordo com dados da Sepin/MCT, em 1980
havia menos de 200 doutores em informática no
Brasil, ao passo que hoje são mais de 700. Em
termos comparativos com a América Latina, o
Brasil tem o maior número de doutores em
Informática, mas ainda insuficiente para atender
às necessidades atuais do País.
A qualidade dos cursos retratados na Tabela 4.2,
principalmente de doutorado, pode ser considera-
da boa, tendo por base os critérios de avaliação do
Capes. Mais da metade dos programas de mestrado
e doutorado obtiveram nota igual ou superior a 4
(em uma escala de pontuação máxima 7) na última
avaliação nacional de pós-graduação.
Também consideradas importantes para o proces-
so de formação de recursos humanos para as
tecnologias de informação e comunicação, podem
ser incluídas as áreas de ciência da informação, lin-
güística, comunicação, desenho industrial. Ainda de
acordo com a Capes, encontram-se em funciona-
mento 44 cursos de mestrado e 19 de doutorado
nestas áreas no País.
Na área de microeletrônica, que é vital para a
pretensão do País em verticalizar a produção de
componentes eletrônicos mais utilizados, de acor-
do com a Sociedade Brasileira de Microeletrônica,
entre as principais instituições do País atuantes na
área (Epusp, Unicamp, UFRGS etc.), há 30 mes-
tres e 85 doutores, e o aumento estimado para os
próximos anos é pouco mais do que vegetativo.
Em comparação, o Canadá busca formar, até
2005, 850 doutores, 4.900 mestres e 10.700 en-
genheiros para atuar nessa mesma área.
A demanda por profissionais qualificados exigirá
uma ampliação significativa da capacidade insta-
lada de cursos de pós-graduação no País.
O tempo médio necessário para a formação
completa de um profissional na área de computa-
ção, desde o ingresso na graduação até a conclusão
do doutorado, parece ser demasiado longo. Nos
cursos de pós-graduação, o tempo médio de
titulação nas diversas instituições é de 56 meses para
Tabela 4.2
Número de Cursos
Alunos Ingressantes
Alunos Matriculados
Alunos Formados (1999)
Orientadores
Mestrado Doutorado
Fonte: SocInfo, com base em dados de Maldonado e Sugeta
Sociedade Brasileira de Computação (SBC), 2000
28
877
2.405
461
611
13
124
593
65
297
Pós-graduação na Área de Computação no Brasil (2000)
Destaque 4.2
Unirede: Universidade Virtual Pública do Brasil
Em dezembro de 1999 foi lançada a proposta da criação
de um consórcio de instituições públicas de ensino superior
com a finalidade de criar uma rede de universidades
virtuais, de âmbito nacional. O protocolo de intenções,
com adesão de 62 instituições de ensino superior de
todas as regiões do país, prevê a cooperação técnica
entre os partícipes e a articulação de ações conjuntas
com o objetivo de criar condições propícias para o uso
de educação mediada pelas tecnologias de informação e
comunicação. O consórcio conta com o apoio do
Ministério da Educação e do Ministério da Ciência e
Tecnologia. Encontra-se em estudo uma proposta de
diretrizes para o desenvolvimento de projetos, critérios,
padrões e procedimentos para a organização de cursos
superiores de graduação baseadas em tecnologias de
informação e comunicação, bem como uma proposta
de infra-estrutura tecnológica.
Fonte: http://www.unirede.br
54
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Educação na Sociedade da Informação
o doutorado e 30,6 meses para o mestrado. Isto
significa que qualquer esforço de aumento significa-
tivo da capacidade de ensino e pesquisa deve consi-
derar não somente o aumento de alunos de pós-
graduação, mas a aceleração do processo de for-
mação, mediante flexibilização curricular, criação de
programas, incentivos especiais etc.
Outro desafio é o de atualização e/ou especiali-
zação sistemática de profissionais já formados. A
vertiginosa evolução das tecnologias de informa-
ção e comunicação demanda permanente atualiza-
ção por parte do profissional, sob pena de este se
tornar irremediavelmente obsoleto em poucos anos.
Conseqüentemente, é indispensável criar mecanis-
mos para pós-graduação lato sensu e aprendizado
contínuo do profissional. A crescente busca por
oportunidades de treinamento pós-graduado é evi-
denciada em levantamento da SBC que aponta mais
de 4.000 candidatos às vagas nos cursos de mestrado
em computação no ano 2000. O atendimento de
tal demanda e mesmo sua ampliação dependerá da
melhoria e expansão da infra-estrutura de pós-gra-
duação no País, nos próximos anos.
Nos países desenvolvidos, há forte articulação
entre o setor acadêmico e o setor industrial no
desenvolvimento de projetos de P&D, em geral
parte integrante dos programas e projetos nacio-
nais de C&T, em seus horizontes temporais di-
versos. Tal articulação se constitui na forma mais
eficaz de transferência de tecnologia para as em-
presas, por meio do aprimoramento conjunto de
recursos humanos e a fixação dos mesmos em
ambientes adequados à inovação, no setor privado.
O Brasil tem mantido, já por quase uma década,
várias iniciativas nacionais de pesquisa
multiinstitucional em tecnologias de informação e
comunicação, através do MCT, envolvendo univer-
sidades e empresas. Infelizmente, contudo, as ativi-
dades de pesquisa são predominantemente desen-
volvidas nas universidades, sendo a participação do
setor privado ainda insuficiente, devendo, em boa
medida, ser ainda objeto de indução. Um mecanis-
mo utilizado em outros países para tal indução é o
lançamento de alguns projetos mobilizadores em
temas como HDTV, comunicação móvel, IP sobre
meios não convencionais (exemplo: rede elétrica)
etc., em que universidades, centros de P&D e em-
presas somem esforços para viabilizar a geração e a
aplicação maciças de novas tecnologias, combinan-
do inovação tecnológica com ampla disseminação.
No Brasil, há atualmente raras iniciativas com essas
características. O assunto é discutido em mais deta-
lhe no Capítulo 7 – P&D, Tecnologias-chave e
Aplicações.
4.3 – Para Onde Vamos
É preciso aumentar drasticamente o nível
de alfabetização digital do País
A penetração natural das novas tecnologias de
informação e comunicação tende a estagnar,
pois hoje ela se restringe basicamente às clas-
ses de maior poder aquisitivo. O aumento do
grau de tal penetração na sociedade brasileira
depende, entre outros, da alfabetização digital
das classes sociais economicamente menos
favorecidas. Um aumento significativo do grau
de penetração é essencial para deixar a socie-
dade mais bem preparada para as mudanças
em curso. Um objetivo de referência é que
um de cada cinco brasileiros atinja um nível
de alfabetização digital mínimo até 2003.
É preciso buscar modelo de conectividade
amplo de escolas públicas e privadas
O custo não pode ser um fator decisivo na
conexão de escolas. O setor público deve arti-
cular, junto com vários segmentos da socie-
dade, iniciativas inovadoras, com forte apoio
do setor privado, para assegurar o acesso das
escolas às redes eletrônicas de comunicação.
As características de redes para uso escolar são
diferentes das necessárias para P&D, confor-
me discutido no Capítulo 8 – Infra-estrutura
Avançada e Novos Serviços. Elas se asseme-
lham mais às características de redes de go-
verno, conforme discutido na seção “Infra-
estrutura de Redes para Governo”, do Capí-
tulo 6 – Governo ao Alcance de Todos.
É preciso qualificar minimamente novos
profissionais de nível técnico e superior
de todas as áreas nas novas tecnologias
Como a demanda por novas aplicações cres-
cerá vertiginosamente nos próximos anos, é
importante que futuros profissionais de dife-
rentes áreas de nível médio e superior sejam
55
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Capítulo 4
habilitados a desenvolver aplicações em
informática de complexidade menor, já que
dificilmente serão formados especialistas de
informática em número suficiente para aten-
der a toda a demanda. Iniciativas de regula-
mentação de profissões em informática e ge-
ração de conteúdo, portanto, não são desejá-
veis. A fim de habilitar minimamente profissi-
onais de outras áreas no desenvolvimento de
aplicações é necessário que atividades educa-
cionais usem mais intensivamente a
informática como meio. Uma meta possível
para 2005 é que pelo menos 10% dos cursos
universitários de todas as áreas utilizem mais
intensivamente as tecnologias de informação
e comunicação como meio.
É preciso aumentar significativamente a
formação de especialistas nas novas
tecnologias em todos os níveis
Com relação a cursos diretamente voltados
para tecnologias de informação e comunica-
ção é necessário que seus currículos não se
defasem demasiadamente em relação a mu-
danças decorrentes da evolução tecnológica
acelerada. Além disto, deve ser fomentada a
criação de novos cursos de qualidade na área
e, particularmente, de cursos mais diretamen-
te voltados para tecnologias em todos os ní-
veis, do médio até a pós-graduação. Os cur-
sos de graduação e pós-graduação específi-
cos devem, no mínimo, dobrar até 2005, e
um esforço deve ser realizado para, ao me-
nos, triplicar os cursos técnicos em nível mé-
dio voltados para as novas tecnologias, já que
seu número é pouco significativo atualmente.
Alternativas que visem, sem perda de qualida-
de, à redução do tempo necessário para a quali-
ficação de técnicos da área devem ser criadas.
É preciso fazer uso em grande escala das
novas tecnologias de informação e comu-
nicação em ensino a distância
As novas tecnologias criam novas possibilida-
des efetivas de formação continuada em co-
munidades hoje marginalizadas pelos mais di-
versos fatores, como geográficos e econômi-
cos. Alternativas de baixo custo devem ser con-
cebidas para que o ensino a distância em larga
escala se torne uma realidade e, assim, possa
alavancar, entre outras iniciativas maiores, for-
mais ou não, de alfabetização digital, bem
como de capacitação e formação tecnológica.
Em particular, é necessário buscar um mode-
lo de transição que compatibilize o uso de
material em vídeo com o uso de Internet. É
também fundamental zelar pela qualidade do
ensino a distância.
É preciso criar laboratórios virtuais de apoio
à pesquisa interdisciplinar por parte de es-
pecialistas geograficamente dispersos
Os problemas objeto de pesquisa têm cresci-
do substancialmente em termos de complexi-
dade, exigindo de maneira cada vez mais in-
tensa a colaboração entre especialistas de dife-
rentes áreas de conhecimento. Os laboratórios
virtuais, ao permitir interação, compar-
tilhamento de dados e informações, indepen-
dentemente de localização dos diversos parcei-
ros, constituem a base na nova modalidade de
realizar pesquisa.
É preciso utilizar como tema transversal
nos níveis de ensino fundamental e médio
a leitura crítica e a produção de informa-
ções no meio provido pelas tecnologias
da informação e comunicação
A leitura e produção em multimeios deve ser
abordada nas diferentes disciplinas. A produ-
ção interdisciplinar de materiais por parte dos
alunos deve ser incentivada para que sejam
estabelecidas relações entre assuntos variados.
Pontos de vista alternativos e conflitantes de-
vem ser tratados.
4.4 – O que Fazer
Quadro Jurídico
Regulamentação de ensino não presencial.
Estabelecimento de diretrizes e parâmetros
curriculares para cursos não convencionais deman-
dados pelo novo contexto tecnológico moldado
pelas tecnologias de informação e comunicação.
Revisão de diretrizes e parâmetros curriculares para
cursos de nível médio e superior de todas as áreas
de conhecimento visando ao uso mais intensivo das
tecnologias de informação e comunicação.
56
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Educação na Sociedade da Informação
Ações Estruturadoras
Articulação entre setor público e empresas
privadas para conectividade ampla das esco-
las de nível médio, tanto públicas como privadas.
Ampliação do Proinfo para:
- aumentar decisivamente as metas de
informatização da rede pública;
- capacitar o professorado no uso efetivo das
tecnologias de informação e comunicação
na prática de ensino;
- contemplar também a alternativa de utiliza-
ção de software livre em educação.
Geração e difusão de materiais didáticos li-
vres voltados para as tecnologias de informa-
ção e comunicação e seus impactos sobre a
sociedade.
Identificação e disseminação de software sem
custo para a geração de conteúdo, bem como
para outros usos mais específicos em atividades
didáticas em todos os níveis de todas as áreas.
Concepção e oferecimento de curso de ex-
tensão em nível de pós-graduação, enfocando
fluência em tecnologias de informação e co-
municação em pelo menos 20 universidades.
Construção e distribuição de pacotes
tecnológicos de baixo custo para apoio a en-
sino a distância (“tecnologia de ensino ao al-
cance de todos”).
Ampliação da capacidade de formação de re-
cursos humanos qualificados, voltados mais
diretamente para as tecnologias de informa-
ção e comunicação.
Ampliação do suporte à graduação e pós-gra-
duação mediante formação de docentes e
pesquisadores, atualização de laboratórios e bi-
bliotecas e de incremento do contingente de
bolsas.
Implantação de pelo menos 500 centros comu-
nitários com recursos de informática e acesso à
Internet em assentamentos da Reforma Agrária,
para apoio à alfabetização (literal) dos assenta-
dos com o concurso de novas tecnologias.
Outras Ações
Valorização, nos processos de avaliação
institucional de cursos por parte do MEC, do
uso sistemático de tecnologias de informação
e comunicação nos processos de ensino.
Estímulo à criação por parte de instituições
públicas de novos cursos, em diferentes ní-
veis, voltados mais diretamente para as
tecnologias de informação e comunicação.
Experimentação com modelo integrando
vídeo e Internet para ensino a distância, para
propiciar a evolução do programa TV Escola
rumo a um esquema interativo.
Fomento ao desenvolvimento de
metodologias de ensino baseadas em
tecnologias de informação e comunicação
contemplando, inclusive, leitura e produção de
informação no novo meio.
Implantação de pelo menos dois laboratórios
virtuais para consórcios de pesquisa
interdisciplinar e multiinstitucionais em
tecnologias de informação e comunicação.
Estímulo à criação de cursos de doutorado
orientados ao novo perfil do profissional com
foco na convergência da base tecnológica das
tecnologias de informação e comunicação.
Capítulo 5
Conteúdos e Identidade
Cultural
58
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Conteúdos e Identidade Cultural
59
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Capítulo 5
Capítulo 5 – Conteúdos e Identidade
Cultural
5.1 – Do que se Trata
No quadro de mudanças estruturais pelas quais o
mundo vem passando, a disseminação de padrões
culturais globalizados assume proporções sem li-
mites e interfere poderosamente nos processos
econômicos, políticos e culturais das sociedades
nacionais.
A informação, as telecomunicações, as novas mídias,
a informática em geral e a indústria eletroeletrônica
passaram a ocupar lugar central no processo de acu-
mulação de capital. Como efeito imediato desse
processo, promove-se globalmente a privatização e
a desregulamentação do setor. Nesse novo quadro,
a tecnologia aprofunda e estende a habilidade das
empresas para transformar em mercadorias os pro-
dutos da telemática – que são informação em to-
das as suas formas.
Conteúdos
Os produtos e serviços de informação – dados,
textos, imagens, sons, software etc. – são identifi-
cados na rede com o nome genérico de conteú-
dos. Conteúdo é tudo o que é operado na rede.
Para entender funcionalmente o conceito, é ne-
cessário saber como os conteúdos estão distribu-
ídos e classificados, como se obtêm os grandes
conjuntos de conteúdos e metadados (descritos
no Destaque 5.1), como devem ser tratados os
conteúdos para que estejam disponíveis e acessí-
veis, quem são os seus produtores e quais as hie-
rarquias que os definem.
O cidadão, o usuário – razão última da maioria dos
conteúdos e das operações que organizam esses
conteúdos na Internet – não pode ser visto como
receptor passivo: ele é ativo, agente determinante,
livre para escolher e interagir, independentemente
do espaço e do tempo. Mais que isso, ele se torna
também produtor e intermediário de conteúdos.
É por meio da operação de redes de conteúdos
que a sociedade vai mover-se para a sociedade da
informação. E a força motriz para a formação e
disseminação dessas redes reside na eficiência das
decisões coletivas e individuais em relação aos con-
teúdos, que se constituem, ao mesmo tempo, em
meio e fim da gestão da informação e do conheci-
mento na sociedade da informação. O que impede
que o alcance aos conteúdos seja universal são bar-
reiras ao processo de difusão, sobretudo as de na-
tureza tecnológica, educacional e lingüística.
Identidade Cultural
O processo de globalização não tem provocado
a homogeneização completa das culturas e das
identidades. Pelo contrário, não apenas antigas
questões de identidade se mantêm vivas como
multiplicam-se diferentes bolsões de identidades
locais, de inspiração religiosa, étnica ou
comportamental, reanimadas e fomentadas como
maneira de resistir à introdução de novos modos
culturais uniformizantes. A tendência para a cris-
talização e difusão de uma ou algumas poucas
linhas de força de alcance global surge como mais
nítida no campo da economia do que no campo
da cultura.
Destaque 5.1
Metadados
Metadados são dados que descrevem outros dados,
em uma definição sem maior rigor técnico. Por exemplo,
em um formulário qualquer que tenha sido preenchido
com os dados de um indivíduo, há tipicamente, em cada
campo do formulário, uma informação explicitando que
tipo de dado deve ser ali escrito: por exemplo, “NOME
COMPLETO”, “ENDEREÇO” etc. Essa informação é
um metadado.
A idéia de metadados sugere alguns desdobramentos.
Por exemplo:
o formulário preenchido constitui na realidade um
arquivo de dados em dois níveis: o dos dados
propriamente ditos e o dos metadados;
nesse arquivo em dois níveis, pode-se também ver
cada metadado como um “rótulo” (tag) descritivo
do dado que lhe corresponde.
O conceito de metadados tem adquirido importância
crescente, na medida em que mais e mais conteúdos
completos são armazenados em computadores e
transmitidos via redes: informações cartográficas, grandes
bases de dados em textos livres em diversas línguas etc.
O processamento adequado dessas grandes massas de
dados passa pelo processamento dos metadados
entremeados aos dados, que impõem estrutura e
inteligibilidade aos mesmos. O Capítulo 7 - P&D,
Tecnologias-chave e Aplicações descreve uma ação
concreta sugerida pelo Programa para padronizar
metadados para aplicações de Governo.
Fonte: SocInfo
60
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Conteúdos e Identidade Cultural
Esse quadro relativo à identidade cultural não se
manifesta apenas no chamado “mundo subdesen-
volvido” ou “em desenvolvimento”. Países econo-
micamente mais avançados vêem na preservação
da identidade nacional o instrumento decisivo para
autocapacitação não apenas em assuntos culturais
como científicos e tecnológicos, com suas claras di-
mensões econômicas. Medidas de exceção são for-
muladas para proteger a cultura local em suas mais
variadas formas, e, mais que isso, é resguardado o
próprio idioma nacional.
Levando em consideração, portanto, que será ne-
cessário planejar as ações que conduzem à produ-
ção e distribuição de conteúdos que sirvam aos in-
teresses das identidades culturais do País, e enten-
dendo por identidade cultural a soma de significa-
dos que estruturem a vida de um indivíduo ou de
um povo, parte-se do princípio de que será neces-
sário ter em mente, antes de mais nada, que a iden-
tidade cultural não é mais una, porém múltipla.
Há, sem dúvida, uma identidade primária no País,
representada pela língua natural aqui usada e que, no
caso do Brasil, é de fato considerada una. Os diferentes
modos de falar não constituem barreira séria ao enten-
dimento entre a população, e não há, sob esse aspecto,
reivindicações identitárias particularizantes. Isso não sig-
nifica que a fonte de identidade primária do País não
deva ser objeto de uma política cultural de apoio pen-
sada para o novo paradigma eletrônico de produção
de informação. Pelo contrário, programas específi-
cos devem ser apoiados, visando à consolidação
do português como idioma privilegiado da socie-
dade de informação brasileira.
Já quando se trata das identidades secundárias
(própria, como exemplo, de regionalismos e gru-
pos de preferências de diversa natureza), o quadro
se altera. Será necessário atentar para o fato de que
ao lado da identidade instituída (a identidade “ofi-
cial”, que vem de cima para baixo e legitima a priori
as existências e as propostas, que fornecem o pa-
drão ou código geral), manifestam-se diversas iden-
tidades instituintes que vêm de baixo para cima
e, nesse impulso, duas chamam a atenção desde logo.
De um lado, as de resistência, próprias de minori-
as étnicas e religiosas, e que não raro se alimentam
da memória ou do culto das origens. E, de outro, as
identidades instituintes de projeto, que podem
dizer respeito também a minorias étnicas e religio-
sas, mas que incluem outros grupos (de defesa da
condição feminina ou da ecologia), entre os quais se
incluem o dos produtores culturais, que se definem
não pelo culto do passado, mas pela idéia de um
futuro organizado e que visam não apenas a con-
servar-se em um determinado estado, como tam-
bém a propor novos modos de vida e novas vi-
sões de mundo para si para e a comunidade –
em uma palavra, que buscam a transformação
da estrutura social.
De toda sorte, a língua em que são veiculados os
conteúdos na Internet é fator determinante não
só das possibilidades de acesso a esses conteúdos
e de sua difusão, mas também da veiculação da
identidade de uma nação em termos de sua varie-
dade cultural. A presença da língua portuguesa no
mundo eletrônico é bastante reduzida, como de
resto ocorre com outros idiomas, à exceção do
inglês. Apenas 0,7% dos conteúdos estão em nosso
idioma, enquanto 84% estão em língua inglesa,
como descrito no Destaque 5.2.
Comparado ao espanhol, que é falado em quase
todos os países da América Latina e por segmen-
tos importantes nos EUA, o português é falado
em poucos países, dentre os quais o Brasil tem a
maior população e peso econômico equivalente
ao conjunto dos outros.
Coleta, Processamento e
Disponibilização de Conteúdos
Gigantescos acervos de conteúdos, sobre os mais
variados temas, em diferentes formatos, para to-
dos os públicos, estão sendo desenvolvidos, princi-
palmente nos países mais avançados. E, na perspec-
tiva da sociedade da informação, o acesso ao con-
teúdo internacional é também altamente importan-
te. Mas essa importância vem apenas sublinhar a
urgência de se intensificar a produção e difusão de
conteúdos que espelhem não só nossa identidade
cultural, mas também a rica diversidade de aspectos
culturais que constroem essa unidade multifacetada.
Muito do desenvolvimento de um país depende da
capacidade de organização de suas instituições no
tocante aos acervos de informações. O fato de os
conteúdos estarem sempre sendo produzidos e ar-
mazenados de forma descentralizada e dispersa
obriga a um enorme esforço para reunir e incorporá-
61
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Capítulo 5
los como serviços e produtos. Daí a importância
de se desenvolverem interfaces que possibilitem ao
cidadão uma interação fácil, com meios de acesso
facilitados pela descrição dos conteúdos dos docu-
mentos eletrônicos em arquiteturas de metadados.
A produção de conteúdos esbarra também em pro-
blemas como o alto custo da digitalização de acer-
vos e as diferenças das técnicas que envolvem a pre-
paração de bases de dados a partir de formatos
diversos.
Como resultado desses fatores, a construção de
uma sociedade da informação democrática no
Brasil está visceralmente dependente do apoio à
pesquisa em tecnologia de produção e comuni-
cação de conteúdos e da criação de condições
para a capacitação universal dos cidadãos para o
uso das novas tecnologias. Depende também de
que as instituições culturais públicas tenham ple-
nas condições de uso das potencialidades das
tecnologias relativas à produção, difusão e
disponibilização de acesso de conteúdos
veiculadores ou construtores de nossa identidade
cultural.
5.2 – Onde Estamos
Serviços Comerciais
A presença ativa das empresas privadas na Internet
tornou-se progressivamente vital para a sua
sustentabilidade.
O aumento da importância econômica que a
Internet vem adquirindo sinaliza para uma deman-
da por conteúdos brasileiros voltados para os ne-
gócios eletrônicos. Em particular, empresas liga-
das à comunicação e ao lazer têm investido em
conteúdos de grande popularidade ou orienta-
dos para segmentos específicos de público, em
busca da formação de comunidades de usuários
que proporcionem retornos econômicos.
A oferta de conteúdo acontece em um ambiente
determinado pela demanda, como pode ser per-
cebido pela lista dos 50 sites brasileiros de maior
acesso, por categorias, apresentados na Tabela 5.1.
No âmbito do setor privado, o crescimento dos
portais de provedores nacionais, nos anos recentes,
tem sido expressivo. O Universo OnLine (UOL),
maior provedor de informações em língua portu-
guesa, por exemplo, declara contar com 680 mil
assinantes de acesso em 146 cidades no Brasil e com
um público mensal de 6 milhões de pessoas.
O UOL já aparece na posição 57 na pesquisa de
audiência da Alexa Research, realizada em junho de
2000, para os 100 sites mais visitados no mundo;
pode-se creditar boa parte desse resultado ao seu
Destaque 5.2
Multilingüismo na Internet
A Internet é hoje um “território” em que o inglês, nativo
ou adaptado, é a língua corrente. Há poucos dados
precisos sobre o fenômeno. Uma das enquetes mais
sistemáticas já feitas é provavelmente a do auto-intitulado
Babel Team (iniciativa conjunta da Alis Technologies e da
ISOC), divulgada em junho de 1997, como resultado
da varredura de 60.000 endereços na Internet (dentre
os quais foram identificados 8.000 endereços de
Servidores web como amostra representativa dos cerca
de 1.007.000 servidores web então existentes na Internet
mundial).
O ranking resultante da enquete pode ser visto na tabela
abaixo.
A língua portuguesa se classificou em oitavo lugar, com
0,7% do total considerado no estudo. Parece pouco,
mas não é. Basta lembrar que, somente na União
Européia, há mais de 40 idiomas nativos e variantes
falados por seus 380 milhões de habitantes.
Posição
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
Língua
Inglês
Alemão
Japonês
Francês
Espanhol
Sueco
Italiano
Português
Holandês
Norueguês
Finlandês
Tcheco
Dinamarquês
Russo
Malaio
Porcentagem
84%
4,5%
3,1%
1,8%
1,2%
1,1%
1%
0,7%
0,6%
0,6%
0,4%
0,3%
0,3%
0,3%
0,1%
Fonte: http://babel.alis.com
62
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Conteúdos e Identidade Cultural
amplo e diversificado conteúdo
em língua portuguesa.
Portais, como Terra, Starmedia,
Globo, iG, BOL, entre outros,
têm fundamentado seus esforços
de divulgação na diversidade de
conteúdos em um processo de
diferenciação baseado em acer-
vos. Não basta prover acesso
gratuito. É absolutamente neces-
sário ser atraente aos usuários, ou
melhor, aos múltiplos perfis de
usuários.
Conteúdos em Ciência e
Tecnologia
Fora do mundo comercial, os
serviços de informações mais
bem estruturados são da área
de ciência e tecnologia. Tal fato
se explica pelo papel pioneiro
que as instituições nessa área
sempre tiveram no uso de re-
cursos de informática para a
automação de serviços de bus-
ca e disseminação de seu prin-
cipal insumo e produto, isto é,
a informação.
Vale aqui citar o papel histórico
desempenhado pelo Instituto
Brasileiro de Informação em
Ciência e Tecnologia (IBICT) no
País. Desde a sua fundação em
1954 (ainda como IBBD), o
IBICT teve papel de liderança na
introdução de métodos e servi-
ços em biblioteconomia e docu-
mentação no País e, mais recen-
temente, na introdução de servi-
ços de informações científicas e
tecnológicas com base em siste-
mas informatizados. O desafio
que a instituição enfrenta atual-
mente é a conclusão de um pro-
cesso de transição para um novo
modelo de atuação, pós-adven-
to da Internet, no qual redes de
instituições prestarão serviços de
Tabela 5.1
50 Sites de Maior Acesso, por Categorias - Brasil (2000)
Nome
CORREIOS
IBGE
PLANTÃO ELETRÔNICO
RECEITA FEDERAL
AMERICA ONLINE
ELEFANTE
NETCARD
O SITE
UOL
ZIP.NET
TERRA
ITAUTECSHOP
PONTO FRIO
SARAIVA
SUBMARINO
AMERICANAS.COM
EASY.CRED
GAZETA MERCANTIL
INVESTSHOP
ITAÚ
PATAGON
BRADESCO
MEDIACAST
STARMEDIA
MINER
ONECLICK
YAHOO!
COMPARECOM
ARREMATE
LOKAU
GUIASP
MASP
NOITE AO VIVO
TURMA DA MÔNICA
FULANO
MTV
RADIO 89 FM
USINA DO SOM
ECOVIAS
EPONTE
TURISMONET
CAMERASURF
LANCENET
CATHO ONLINE
ESTADÃO
NETCASA
PLANETA VIDA
SPASITE
FIAT
GM CENTER
WEBMOTORS
URL
www.correiosonline.com.br
www.ibge.gov.br
www.seguranca.sp.gov.br
www.receita.fazenda.gov.br
www.americaonline.com.br
www.elefante.com.br
www.netcard.com.br
www.osite.com.br
www.uol.com.br
www.zip.net
www.terra.com.br
www.itautecshop.com.br
www.pontofrio.com.br
www.saraiva.com.br
www.submarino.com.br
www.americanas.com.br
www.easycred.com.br
www.gazetamercantil.com.br
www.investshop.com.br
www.itau.com.br
www.patagon.com.br
www.bradesco.com.br
www.mediacast.com.br
www.starmedia.com.br
www.miner.com.br
www.oneclick.com.br
www.yahoo.com.br
www.comparecom.com.br
www.arremate.com.br
www.lokau.com.br
www.guiasp.com.br
www.uol.com.br/masp
www.noiteaovivo.com.br
www.turmadamonica.com.br
www.fulano.com.br
www.mtv.com.br
www.rockwave.com.br
www.usinadosom.com.br
www.ecovias.com.br
www.eponte.com.br
www.turismonet.com.br
www.camerasurf.com.br
www.lancenet.com.br
www.catho.com.br
www.estadao.com.br/classificados
www.netcasa.com.br
www.planetavida.com.br
www.spasite.com.br
www.fiat.com.br
www.gmcenter.com.br
www.webmotors.com.br
Categoria
Serviços Públicos
Serviços Públicos
Serviços Públicos
Serviços Públicos
Comunidade
Comunidade
Comunidade
Comunidade
Portais
Portais
Portais
Varejo
Varejo
Varejo
Varejo
Varejo
Finanças
Finanças
Finanças
Finanças
Finanças
Finanças
Internet rápida
Internet rápida
Busca
Busca
Busca
Busca
Leilão
Leilão
Diversão
Diversão
Diversão
Diversão
Diversão
Música
Música
Música
Viagem
Viagem
Viagem
Esporte
Esporte
Classificados
Classificados
Classificados
Boa Forma
Boa Forma
Automóveis
Automóveis
Automóveis
Fonte: InfoExame, abril/2000
63
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Capítulo 5
forma altamente descentralizada, mas integrada.
Diversas iniciativas brasileiras caminham rumo a
esse modelo. Três iniciativas, em particular, mere-
cem destaque: o Prossiga, o Scielo e o Lattes.
O Projeto Prossiga é uma iniciativa do CNPq
que tem por objetivo favorecer e promover
o uso da informação relevante para ciência e
tecnologia já disponível na Internet ou em ar-
quivos convencionais existentes em instituições
brasileiras. O projeto utiliza a Internet como
meio para divulgação e uso dos seus serviços,
procurando incentivar e favorecer a comuni-
cação científica interativa. Entre outros servi-
ços de informação, cria uma base de dados
de trabalhos científicos produzidos pelos pes-
quisadores vinculados ao CNPq. Já dispõe de
mais de 850.000 referências bibliográficas de
mais de 13.000 pesquisadores. Conta com mais
de 2.000 usuários cadastrados para discussão
interativa, em salas virtuais (o Ponto de En-
contro do Prossiga).
O Projeto Scielo (Scientific Electronic Library
Online) é uma biblioteca virtual que contém
uma coleção selecionada de periódicos cientí-
ficos brasileiros. Aplicação de um projeto de
pesquisa da Fundação de Amparo à Pesquisa
do Estado de São Paulo (Fapesp), em parce-
ria com o Centro Latino-americano e do
Caribe de Informação em Ciências da Saúde
(Bireme), tem por objetivo o desenvolvimen-
to de metodologia para a preparação,
armazenamento, disseminação e avaliação da
produção científica em formato eletrônico.
O site do Scielo é um dos produtos da aplica-
ção da metodologia e tem o objetivo de
implementar o acesso a uma biblioteca eletrô-
nica de coleções de periódicos como um todo
aos fascículos de cada título e aos textos com-
pletos dos artigos.
A Plataforma Lattes é um conjunto de siste-
mas computacionais do CNPq que visa a
compatibilizar e integrar as informações
coletadas em diferentes momentos de
interação da Agência com seus usuários,
objetivando aprimorar a qualidade da sua base
de dados e racionalizar o trabalho dos pesqui-
sadores e estudantes no fornecimento das in-
formações requeridas pelo Conselho. Resul-
tado do esforço conjunto do MCT, CNPq,
Finep e Capes/MEC, constitui um importan-
te passo para a integração dos sistemas de in-
formação das principais agências de fomento
do País, atendendo à antiga demanda da co-
munidade científica e tecnológica.
Conteúdos em Arte e História
É bastante limitada ainda a quantidade de con-
teúdos relativos a arte, história etc. na Internet
brasileira. Isto se explica pelo alto custo envolvi-
do na geração ou digitalização de iconográficos.
Como esforço pioneiro na direção necessária, vale
a pena citar o Projeto Portinari, que se dedica ao
levantamento e registro fotográfico das obras atri-
buídas ao pintor Cândido Portinari – desde o
menor esboço até os grandes afrescos, passando
por exemplares avulsos de gravuras – e dos
documentos referentes à sua obra, vida e época.
O material reunido pelo Projeto Portinari repre-
senta um importante arquivo multimídia sobre o
processo histórico-cultural brasileiro das décadas
de 1920 a 1960.
Para tornar atraente a divulgação e o acesso ao
acervo do projeto, foi mobilizado todo o mo-
derno instrumental da informática - hipertexto,
estruturas de bases de dados, multimídia. Além
de mais de 4.600 pinturas, desenhos e gravuras
de Portinari, foram levantados mais de 25 mil
documentos sobre a obra, vida e época do pin-
tor. O programa de História Oral já registrou 72
depoimentos, totalizando 130 horas gravadas.
Conta com os apoios da PUC-RJ, Faperj,
Petrobrás, IBM, Vitae e da Associação Cultural
Cândido Portinari.
Aspectos de Regionalização
Por outro lado, a maior parte dos conteúdos na-
cionais são produzidos nas grandes cidades e nas
corporações localizadas no Centro-Sul do País, o
que remete para a necessidade de se incentivar a
produção de conteúdos que expressem a cultura
das diversas regiões, bem como daqueles grupos
que se identificam por áreas de interesse profissi-
onal, de negócios, de lazer, de hobby e até mesmo
de caráter alternativo.
64
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Conteúdos e Identidade Cultural
As Bibliotecas Públicas
Há alguns pontos focais naturais para difusão,
captação e processamento de conteúdos de inte-
resse: museus, escolas, bibliotecas. As bibliotecas
públicas, em particular, devido ao seu número,
distribuição pelo País e perfil de freqüência, são
pontos especialmente importantes a considerar em
uma estratégia nacional.
Segundo levantamento feito pela Secretaria do Li-
vro e da Leitura do Ministério da Cultura, em
fins de 1997, a situação de bibliotecas públicas no
Brasil era a seguinte:
dos 5.482 municípios do País, 3.288 possuem
bibliotecas públicas;
estão atualmente funcionando cerca de 3.500
bibliotecas públicas, a maior parte delas ad-
ministrada e sustentada por municípios, den-
tre as quais apenas 500 dispõem de Associa-
ção de Amigos da Biblioteca;
cerca de 700 dispõem de televisão e cerca de
500 dispõem de aparelhos de vídeo;
cerca de 340 dispõem de computador – des-
tas, uma centena tem acesso à Internet;
a freqüência às bibliotecas é basicamente de
estudantes, contabilizando 3 milhões de visi-
tas/mês, resultando em uma média de cerca
de 750/mês por biblioteca; as bibliotecas de
maior circulação atingem, por outro lado,
1.500 visitas/dia;
no ano de 1997, essas bibliotecas adquiriram
cerca de 1.460.000 livros.
Esses números retratam uma realidade modes-
ta em termos de recursos, se comparada com
países avançados, mas são potencialmente ex-
pressivos para a capilarização e democratiza-
ção do acesso às tecnologias de informação e
comunicação.
Desde 1996, o Ministério da Cultura (MINC)
executa o programa “Uma Biblioteca em Cada
Município”, visando a implantar bibliotecas em
municípios delas desprovidos. A ação é sem-
pre conveniada com municípios (ou estados),
cabendo à parte local fornecer instalação físi-
ca, conexão telefônica e funcionários, bem como
formalizar, por lei, a existência da biblioteca. De
1996 a 1999, foram assim implantadas 687
novas bibliotecas, ao custo unitário médio de
R$30 mil. Aparelhá-las como pontos focais
para ampliar as oportunidades de acesso aos
serviços e produtos já disponíveis e estender
seu uso a outros grupos sociais constitui opor-
tunidade ímpar para aumentar a potencialidade
de criação de conteúdos locais e a capilarização
do acesso.
À guisa de comparação, os EUA têm 8.981
bibliotecas públicas, das quais 72,3% estão
conectadas à Internet (sendo que em 1996
eram apenas 27,8%). Obviamente, a diferença
de condições entre bibliotecas públicas no
Brasil e EUA é bastante grande, mas fica claro
que é possível uma iniciativa brasileira de im-
pacto significativo, na esteira dos esforços do
MINC. Aqui, um papel central deverá ser de-
sempenhado pela Biblioteca Nacional (confor-
me Destaque 5.3).
Destaque 5.3
Biblioteca Nacional
A Biblioteca Nacional, uma das dez maiores bibliotecas
nacionais do mundo, fundada em 1810 e sediada no Rio
de Janeiro, detém a mais rica coleção bibliográfica da
América Latina, com mais de 8,5 milhões de peças,
divididas em Obras Gerais, Publicações Seriadas,
Referências, Iconografia, Manuscritos, Música, Obras
Raras e Cartografia. A biblioteca mantém um vasto leque
de serviços incluindo desde restauração de obras
históricas até o treinamento de profissionais de bibliotecas
públicas em todo o País.
Internamente, a Instituição conduziu, a partir de 1997,
um grande esforço de informatização que permitiu que
hoje mais de 800 mil registros bibliográficos estejam
disponíveis em linha. Na Internet, o site da BN, além de
disponibilizar as bases de dados bibliográficas e
documentais para consulta, permite a cópia de registros
bibliográficos para bases de dados locais através do
Consórcio Eletrônico de Bibliotecas – Rede BNMARC,
atraindo grande número de usuários (média diária de
9.000 acessos). Na Biblioteca Virtual, além dos catálogos
on-line, estão disponíveis mais de 80 títulos clássicos da
literatura brasileira, partituras digitalizadas de
compositores brasileiros, fotografias do século XIX,
mapas raros e antigos.
O desafio a ser enfrentado é a digitalização de coleções
históricas completas e que respondam à demanda de
uma sociedade da informação. Para isso, a unidade de
digitalização foi ampliada a partir de 2000, com um
programa voltado para a digitalização sistêmica desse
tipo de material.
Fonte: http://www.bn.br
65
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Capítulo 5
5.3 – Para Onde Vamos
A sociedade da informação desenvolve-se atra-
vés da operação de conteúdos sobre a infra-es-
trutura de conectividade. Portanto, seu desenvol-
vimento requer um esforço nacional para aumen-
tar a disseminação da Internet e, ao mesmo tem-
po, uma adequação das tecnologias de informa-
ção e comunicação ao usuário brasileiro, com
softwares próprios e de fácil uso, bem como um
volume de conteúdos que atendam às necessida-
des de informação e expressão dos cidadãos de
todas as regiões do País, quaisquer que sejam os
assuntos de seu interesse.
Os conteúdos do governo deverão progressiva-
mente facilitar o exercício dos direitos dos cida-
dãos, assim como o cumprimento dos deveres
públicos das instituições e dos indivíduos para
promover uma transparência dos atos do gover-
no cada vez maior.
Os arquivos, bibliotecas, museus e centros de
documentação cumprirão papel estratégico.
Viabilizarão, para pessoas e comunidades não
diretamente conectadas, o acesso público, gra-
tuito e assistido aos conteúdos da Internet. Re-
produzirão, na Internet, a função de operar
coleções de conteúdos organizados segundo
metodologias e padrões de seleção e qualida-
de.
Os cidadãos e as instituições terão facilitada a
identificação, em escala planetária, das oportuni-
dades de informação para apoiar atividades indi-
viduais e empresariais de todo tipo, em todo o
País. Sistemas de alerta e de disseminação
potencializarão as oportunidades em benefício do
desenvolvimento econômico e social.
No Brasil, coexistem variadas identidades cultu-
rais que constituem um de seus bens mais precio-
sos. Ao planejar sua entrada na sociedade da in-
formação, o País não deverá incorrer no equívo-
co de privilegiar apenas as formas identitárias
definidas pelo culto da memória ou das origens.
Tão ou mais importante que a identidade vincu-
lada ao passado é a identidade que se projeta para
o futuro.
Para a sociedade da informação que queremos
construir:
É preciso facilitar o acesso aos acervos cul-
turais nacionais
O acesso dos cidadãos à produção artística,
cultural e científica de nossas instituições – bi-
bliotecas, arquivos, museus, coleções particu-
lares etc. – deve ser facultado em formato
digital para permitir consultas de forma mais
fácil e eficiente.
É preciso registrar manifestações culturais
nas mais diferentes mídias, em formato di-
gital
O registro em formato digital de expressões
culturais, artísticas, religiosas e científicas, em
qualquer mídia, facilita preservar e manter vi-
vas as origens da nação brasileira, em seus as-
pectos multiétnicos e multiculturais.
É preciso registrar, de forma sistemática, a
produção científica e tecnológica
As tecnologias de informação e comunicação
abrem novas oportunidades de registro da
produção científica e tecnológica, facilitando
a disseminação e ampliação dos resultados dos
esforços de pesquisa.
É preciso criar mecanismos para a produ-
ção de conteúdos por parte da comunidade
A produção e o uso de conteúdos que refli-
tam os interesses e explorem a diversidade da
riqueza cultural em todos os espaços, de áreas
periféricas e rurais, de minorias e de grupos
com interesses afins devem ser apoiados, in-
clusive como uma contribuição adicional para
reduzir as disparidades regionais e sociais,
abrindo oportunidade para todos os tipos de
registro e difusão de manifestações e idéias.
É preciso promover a igualdade de oportu-
nidades de acesso às novas tecnologias
É essencial, para o sucesso do Programa So-
ciedade da Informação, oferecer oportunida-
de de acesso à informação e possibilidades de
produção de conteúdos, principalmente para
os cidadãos de menor poder aquisitivo, para
analfabetos, pessoas com necessidades espe-
ciais e outros setores hoje marginalizados.
66
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Conteúdos e Identidade Cultural
Conteúdos e Identidade Cultural
5.4 – O que Fazer
Quadro Jurídico
Promover a regulamentação abrangente de
direitos autorais de publicações eletrônicas de
qualquer natureza.
Propor o estabelecimento de normas técnicas
para o tratamento de conteúdos (metadados),
para garantir maior racionalidade nos proces-
sos de armazenamento e maior pertinência e
relevância na recuperação de informações, con-
siderando os níveis e limitações dos grupos
de usuários potencialmente interessados.
Desenvolver legislação adequada de linhas de
fomento para a digitalização e disponibilização
de conteúdos de interesse cultural, a exemplo
da Lei Rouanet.
Ações Estruturadoras
Conectar todas as bibliotecas públicas do País
através de um sistema gratuito que permita
disponibilizar os conteúdos da própria biblio-
teca na rede, ter acesso a conteúdos de outras
bibliotecas e navegar na Internet.
Instituir um programa de digitalização de obras
de valor histórico: patrocinar o inventário e a
digitalização de obras literárias, manuscritos,
gravuras e todo o material iconográfico sobre
o Brasil dos diferentes períodos históricos,
como meio de resgate da memória da for-
mação nacional.
Promover a criação e organização de sites, pá-
ginas e portais de interesse comunitário, que
sirvam de referência cultural sobre os nossos
estados, municípios, distritos, povoados e
mesmo bairros periféricos, como forma de
organização e ação cultural.
Instituir um programa de montagem e
disponibilização de informações científicas e
tecnológicas geradas no País em áreas
selecionadas.
Montar e operar um serviço no Brasil de acesso
integrado e unificado a informações científi-
cas e tecnológicas de serviços especializados
no exterior.
Outras Ações
Criar serviços de informação na Internet que
disseminem conteúdos para as comunidades
especializadas das áreas de ciência, tecnologia,
arte e cultura, com sites nacionais e estrangei-
ros, de acordo com sua área de atuação.
Criar um serviço de informação na Internet
que reúna bases de dados sobre documentos
produzidos no País ou sobre o País, decor-
rentes de atividades científicas, tecnológicas,
artísticas, culturais, políticas, econômicas etc.
Consolidar a rede (já parcialmente funcionan-
do, sem estruturação definitiva) de bibliotecas
universitárias e especializadas, da esfera gover-
namental e do setor privado, onde estão con-
centrados os estoques de conteúdos mais sig-
nificativos para o atendimento das necessida-
des de ensino, pesquisa e de tomadas de deci-
são.
Levantar dados indicadores da necessidade de
produção e difusão de conteúdos, bem como
ao grau de dificuldade que os usuários têm
para acessar os conteúdos já existentes.
Desenvolver metodologias de organização de
conteúdos que serão disponibilizadas para:
- grupos de interesse especializados;
- criação de portal para a inserção de biogra-
fias de brasileiros notáveis;
- processamento de coleções privadas.
Fomentar a tradução (e as tecnologias de
processamento de linguagem natural que po-
dem apoiar a atividade) de conteúdos entre a
língua portuguesa e outras línguas na Internet.
Promover iniciativas de combate a conteúdos
impróprios na Internet.
67
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Capítulo 6
Capítulo 6
Governo ao Alcance de Todos
68
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Governo ao Alcance de Todos
69
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Capítulo 6
Capítulo 6 - Governo ao Alcance de Todos
6.1 – Do que se Trata
O setor governamental é o principal indutor de
ações estratégicas rumo à sociedade da informa-
ção. Primeiramente, porque cabe ao governo de-
finir o quadro regulatório dentro do qual pro-
jetos e iniciativas concretas poderão ser formula-
das. Segundo, porque como regra o governo é o
maior comprador/contratador de bens e ser-
viços em tecnologias de informação e comu-
nicação em um país. Assim, uma decisão do go-
verno em apoio a uma tecnologia ou serviço pode
abrir algumas avenidas de atividades ao setor pri-
vado, bem como conduzir outras a becos sem
saída. Isto posto, suas decisões certamente devem
contemplar a satisfação cabal dos requisitos que
elicitaram a compra/contratação de cada bem ou
serviço, mas não devem perder de vista o con-
texto mais abrangente de atuação no mercado e
no apoio concreto a uma política industrial asso-
ciada a tecnologias de informação e comunica-
ção. Terceiro, porque o governo, com o uso
exemplar de tecnologias de informação e co-
municação em suas atividades, pode acelerar
grandemente o uso dessas tecnologias em toda a
economia, em função da maior eficiência e
transparência de suas próprias ações.
Esta linha de ação aborda o uso de tecnologias de in-
formação e comunicação interno ao governo, para:
informatizar suas operações e serviços;
aproximar-se do cidadão.
Os atores institucionais envolvidos nos serviços
governamentais são o próprio Governo (“G”),
Instituições Externas (“B”, de business), e o Ci-
dadão (“C”), que podem interagir conforme ilus-
trado na matriz da Figura 6.1.
Há cinco tipos de relações entre esses atores em
aplicações governamentais:
G2G (Government Government)
Corresponde a funções que integram ações do
Governo horizontalmente (exemplo: no nível Fe-
deral, ou dentro do Executivo) ou verticalmente
(exemplo: entre o Governo Federal e um Go-
verno Estadual).
G2B e B2G (Business Government)
Corresponde a ações do Governo que envolvem
interação com entidades externas. O exemplo mais
concreto deste tipo é a condução de compras,
contratações, licitações etc., via meios eletrônicos.
G2C e C2G (Citizen Government)
Corresponde a ações do Governo de prestação
(ou recebimento) de informações e serviços ao
cidadão via meios eletrônicos. O exemplo mais
comum deste tipo é a veiculação de informações
em um website de um órgão do governo, aberto a
quaisquer interessados.
Aplicações Governamentais
A informatização de operações internas e de ser-
viços prestados pelo Governo remete à necessi-
dade de se planejar, implementar e operar gran-
des aplicações de tecnologias de informação e
comunicação, envolvendo o desenvolvimento de
pacotes de software de grande complexidade, para
execução em plataformas usualmente bastante he-
terogêneas de computadores e redes.
Tais aplicações, especialmente as de escala nacio-
nal, são tão carregadas de variáveis e
condicionantes que são descritas como sistemas
complexos. Tipicamente, um sistema comple-
xo:
tem dimensões gigantescas, tais como milhões
de usuários, centenas de funções etc.;
tem especificação dinâmica, isto é, modifica-
se ao longo do tempo, para acomodar novas
necessidades, revisão de prioridades etc.;
nunca termina de ser implementado, como
conseqüência natural das duas características
anteriores.
Figura 6.1
Relacionamentos entre Atores Institucionais em
Uso de Tecnologias de Informação e Comunicação
no Governo
G
B
C
G
B
C
X
X
X
X
X
Fonte: SocInfo
70
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Governo ao Alcance de Todos
Informações e Serviços ao Cidadão
O provimento de informações e serviços ao ci-
dadão via Internet é feito mediante duas alterna-
tivas não excludentes, a saber:
A disponibilização de informações ou ser-
viços em um website, ou mesmo portal de
uma instituição pública
Neste caso, o cidadão busca acesso a esse website
ou portal e procura pela informação ou ser-
viço do seu interesse. O cidadão não somente
precisa ter postura pró-ativa, como precisa ter
habilidades e conhecimentos mínimos para
buscar acesso ao website/portal via Internet.
Obviamente isto implica habilitar boa parte
da população brasileira.
A disseminação seletiva de informações
ou acesso a serviços para o cidadão
Neste caso, informações são pré-formatadas
em unidades razoavelmente estanques e trans-
mitidas via Internet para “junto ao cidadão”,
podendo ser o ponto de destino:
- um quiosque eletrônico em local de aces-
so público (por exemplo: shopping center,
agência de correio etc.), que armazena as
informações e permite navegação local,
como um típico quiosque de informações;
- um centro de acesso comunitário à
Internet, caso em que a distribuição de in-
formações poderá ser também ao vivo, com
apoio de um monitor local para atender aos
interessados;
- um endereço eletrônico, caso em que um
cidadão poderá receber diretamente em sua
“caixa postal eletrônica” as informações que
lhe interessem, quer em resposta a uma soli-
citação específica por ele feita, ou em res-
posta automática a um perfil de interesses
específicos por ele manifestado anterior-
mente.
Para boa parte da população brasileira, a segun-
da alternativa é provavelmente mais importante
do que a primeira. Não é coincidência de que a
implementação dessa alternativa está estreitamente
ligada a ações de Universalização de Serviços,
conforme se discute no Capítulo 3
Universalização de Serviços para a Cidadania.
Alguns aspectos adicionais a considerar, no pro-
vimento de informações e serviços ao cidadão
via Internet, incluem:
i. a necessidade de autenticação de uma pes-
soa que solicita uma informação ou serviço,
para evitar enganos de identidade, falsificação
de documentos, quebra de privacidade etc.;
ii. a necessidade de se prever algum esquema de pa-
gamento eletrônico (ou local, nos pontos de pres-
tação de informações ou serviços), para os casos
nos quais os serviços prestados sejam tarifados;
iii. a necessidade de se integrar adequadamente a
solicitação de um serviço via Internet e a pres-
tação do mesmo serviço em algum posto ou
centro de atendimento, nos inúmeros casos em
que o serviço não poderá ser prestado via meios
eletrônicos. Tais casos incluem, por exemplo,
emissão de documentos assinados, atendimento
em saúde, consulta a um especialista etc.
Infra-estrutura de Redes para Governo
Um dos aspectos críticos a considerar na elabora-
ção de uma política para uso de tecnologias de in-
formação e comunicação em funções de governo
é o de infra-estrutura de redes. Tal infra-estrutura
não demanda altas velocidades de transmissão,
como é o caso de redes para P&D. Contudo, como
se comenta no Capítulo 8 – Infra-estrutura Avança-
da e Novos Serviços, tal infra-estrutura necessita de:
imensa capilaridade geográfica, idealmente
cobrindo todos os municípios do País com
pelo menos um ponto;
pontos de conexão em cada repartição ou
entidade pública;
satisfação de variados níveis de requisitos de
segurança;
grande facilidade de uso, traduzida em padrões
técnicos, suporte a acesso e operação contí-
nua e confiável.
Como tais requisitos podem ser satisfeitos?
Nos países mais desenvolvidos, há marcada ten-
dência para se contratar serviços de infra-estru-
tura e mesmo de operação de aplicações de go-
verno a fornecedores comerciais. No nível de infra-
estrutura, há a possibilidade de se contratar uma rede
71
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Capítulo 6
privada virtual, isto é, um serviço que é fechado e
exclusivo do contratante, embora esteja utilizando a
infra-estrutura Internet que o fornecedor comercial
usa para atender a todos os seus clientes.
Já nos países em desenvolvimento, iniciativas go-
vernamentais de média/grande envergadura tendem
à verticalização da infra-estrutura de redes, na
busca por um maior grau de controle do processo
de informatização de serviços. Se, sob a ótica de
aplicações individuais, tal abordagem pode fazer sen-
tido, é previsível que, do ponto de vista do setor
governamental como um todo, ela gere uma infra-
estrutura global fragmentada, mal distribuída,
dispendiosa e ineficiente.
Diretrizes Tecnológicas
O desenvolvimento de sistemas, a gradativa
integração dos mesmos e a utilidade das aplica-
ções governamentais dependem crucialmente da
adoção de opções tecnológicas adequadas e com-
patíveis, de padrões técnicos e de diretrizes para
interação com os usuários.
Os tópicos que estão na pauta atual são os
seguintes:
Tecnologias
Aplicações governamentais necessitam da esco-
lha judiciosa de tecnologias, combinando opções
consagradas pelo mercado e que duram gera-
ções com novas tecnologias que garantam a
contemporaneidade dos sistemas e sua adequa-
ção a novas demandas e possibilidades. Por exem-
plo, aplicações governamentais costumam tratar
de imensas quantidades de dados, que perpassa-
rão inúmeras gerações tecnológicas; para tal, é di-
fícil fugir do uso de gerenciadores de bases de
dados com sólida penetração de mercado e esta-
bilidade. Por outro lado, aplicações governamen-
tais mais recentes, onde há ênfase em usabilidade
e interatividade com o usuário, demandam o con-
curso de novas tecnologias, como processadores
de voz e linguagem, cartões inteligentes etc. A ava-
liação e a seleção de tecnologias apropriadas é,
pois, um grande desafio para governos.
Espirais de desenvolvimento
A idéia de desenvolvimento em espiral de siste-
mas é bastante antiga e está na base da idéia de se
ter uma seqüência de versões para um serviço.
Muitas vezes, as versões são impostas pela evo-
lução tecnológica. Mas e especialmente no caso
de software, o desenvolvimento em espiral é
utilizado como estratégia defensiva para o pro-
jeto de sistemas complexos. A primeira des-
crição acabada dessa estratégia remonta à déca-
da de 80, com Boehm, conforme a Figura 6.2.
Aplicações governamentais, mais do que quais-
quer outras, demandam uma abordagem em
espiral. Contudo, com demasiada freqüência,
elas são concebidas na forma de processos
lineares com visão demasiadamente simplista
e cronogramas irrealistas.
Padrões técnicos
A adoção de padrões técnicos e sua
institucionalização são críticas para assegurar que
aplicações governamentais, mesmo resultando
de uma miríade de iniciativas descentralizadas e
descoordenadas de desenvolvimento, possam
interoperar e se integrarem. Há, nos anos re-
centes, uma tendência a consenso acerca de pa-
drões como TCP/IP, SMTP, HTML, XML,
HTTP etc., todos relacionados com a Internet.
Mas nem sempre foi assim. Por outro lado, apli-
cações governamentais dependem de padrões
de direito, mesmo que estes sejam em larga
medida os padrões de fato, já consagrados pelo
mercado, e o ato de padronização formal não
produza nenhum efeito aparente. Um padrão
de direito será a base para a arbitragem em
discussões legais envolvendo alguma aplica-
ção de governo.
Figura 6.2
Espiral de Boehm
conceito
análise
de riscos
objetivos e
condicionantes
análise
de riscos
protótipo 2
plano de requisitos
plano de ciclo de vida
conceito de
operação
requisitos de
software
Desenvolvimento
e verificação de
produto no nível
seguinte
Avaliação de
alternativas,
identificação e
resolução de riscos
Planejamento
das fases
seguintes
Determinação
de objetivos,
alternativas,
restrições
protótipo 1
custo acumulado
Fonte: adaptada de Boehm, 1986
72
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Governo ao Alcance de Todos
de se considerar também que a escolha de
um padrão dentre novas tecnologias concor-
rentes, em um determinado instante, poderá
ser decisiva para direcionar o mercado e a
própria evolução de aplicações governamen-
tais no futuro imediato. Por exemplo, a esco-
lha de uma opção tecnológica para cartões inte-
ligentes por parte de um governo terá um efeito
decisivo para aplicações governamentais de fu-
turo imediato e para o futuro do mercado quan-
to a produtos utilizando tais cartões.
Softwares abertos
O custo de software, em comparação com os
custos decrescentes de hardware, tem se tornado
cada vez mais significativo. No caso de gover-
nos, o problema não se refere somente ao de-
senvolvimento de novos aplicativos, mas (e tal-
vez principalmente) ao licenciamento de cópias
de produtos de software para uso em milhares de
equipamentos.
A recente emergência do Sistema Operacional
LINUX e de aplicativos associados tem trazido,
à pauta de discussões em vários países, a hipóte-
se de adoção de uma estratégia baseada em
softwares abertos para aplicações governamen-
tais. Há, em contraposição, uma tendência ao
oferecimento de novas formas de
comercialização de software por parte dos fa-
bricantes, utilizando mecanismos de distribui-
ção de redes, contemplando aluguel (e não
licenciamento definitivo) de software por tem-
po limitado, reempa-
cotando funções em op-
ções mais variadas para
os usuários etc. Essas
medidas tendem a bara-
tear os preços de software,
a médio prazo.
Mesmo dentro desse
cenário, contudo, há pos-
sivelmente vários nichos
para uso de softwares
abertos em atividades
governamentais.
Há uma oferta crescen-
te de software aberto na
Internet, para as mais
diversas aplicações. O Gráfico 6.1 ilustra a di-
versidade atual, em um conjunto universo de
3.226 softwares diferentes, todos abertos ou gra-
tuitos para plataformas UNIX como o Linux.
Para algumas aplicações, como áudio, desenvol-
vimento de sistemas, ambientes desktop, compu-
tação gráfica e redes o volume de opções de
soluções já é bastante expressivo, tornando-se
uma alternativa viável em alguns casos.
O Quadro 6.1 lista alguns softwares abertos de
amplo uso no mundo.
De certa forma relacionado ao tema, resta o
aspecto da utilização de formatos não-pro-
prietários para a geração e distribuição de do-
cumentos governamentais.
O fator humano
Uma dúvida freqüente que se levanta diz respei-
to ao impacto do fator humano interno ao go-
verno na implantação do uso intensivo de
tecnologias de informação e comunicação. Há
várias histórias exemplares acerca das transfor-
mações ocorridas em serviços públicos de al-
guns países com a introdução maciça de
tecnologias de informação e comunicação. Não
obstante, de uma maneira geral, não é despro-
positado afirmar que, como regra, na absoluta
maioria dos países:
- serviços de governo são com freqüência me-
nos eficientes que os serviços prestados pelo
setor privado;
Gráfico 6.1
Aplicações Abertas para UNIX
Fonte: levantamento SocInfo em http://www.freebsd.org/ em 26/07/2000
0
200
400
600
800
1000
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73
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Capítulo 6
- a cultura organizacional do setor público não
favorece a introdução acelerada de tecnologias
de informação e comunicação; as estruturas
organizacionais do setor governamental são
complexas, funções similares são pulverizadas
por inúmeras instituições, seções e repartições
e iniciativas integradoras, como a introdução
de tecnologias de informação e comunicação,
enfrentam uma estrutura de poder difusa e
freqüentemente “balcanizada”.
Por outro lado, há o aspecto motivacional. Por
que o setor público se mobilizaria para
reestruturar serviços que não sofrem pressão de
mercado para se renovar (posto que são exclu-
sivos e sem “concorrência”), não geram receita
e não incluem nenhum tipo de recompensa por
produtividade?
Finalmente, há de se equacionar o problema de
capacitação de recursos humanos para o proje-
to, implementação e operação de sistemas com-
plexos como os governamentais. Profissionais
capazes para a gestão eficaz das novas tecnologias
de informação e comunicação são egressos de
elaborado processo de treinamento e altamente
demandados pelo setor privado. Como gerar e
manter tais quadros constitui um problema para
todos os governos, sendo especialmente crítico
para os de países em desenvolvimento.
Legislação Adequada
É fundamental que o arcabouço legal atenda ade-
quadamente às necessidades geradas pelo empre-
go das tecnologias de informação e comunica-
ção em aplicações de governo. Alguns aspectos
em que legislação adequada será vital incluem:
segurança e autenticação de documentos, pes-
soas e transações;
proteção da difusão de informações públicas;
proteção à privacidade de dados e cidadãos;
padrões técnicos;
viabilização de serviços específicos em novas
versões, via meios eletrônicos.
Vale frisar que o esforço de legislação de aspectos do
mundo virtual deve obedecer ao conjunto de premis-
sas e diretrizes que pauta a tradição do direito do País
ou bloco ao longo dos séculos. Há, por exemplo, clara
distinção entre as abordagens dos EUA e da União
Européia em face do desafio da legislação da Internet e
de seus desdobramentos. Enquanto nos EUA existe
uma tendência dominante rumo a um “laissez-faire” ge-
ral, na União Européia a tendência dominante aponta
no sentido oposto e propõe criar diversas salvaguardas
e pontos de controle para os governos.
6.2 – Onde Estamos
Desde a década de 70, a informatização dos servi-
ços governamentais consta da pauta de preocupa-
ções do Governo Federal. Sucessivas administra-
ções se detiveram sobre o tema e lançaram ações
de diversas naturezas a respeito, incluindo:
o uso explícito do poder de compra do Estado
para colocar prioridade em determinados tipos
de equipamentos e sistemas;
a estruturação de Planos Diretores de
Informática (PDI) em todo o setor público;
a proposição do Posig, para perfis OSI para aplica-
ções governamentais de cunho administrativo.
Do ponto de vista de implementação e operação pro-
priamente ditas de aplicações informatizadas, o mode-
lo brasileiro se traduziu na montagem de empresas es-
tatais de serviços de processamento de dados, inclu-
indo o Serpro no nível federal, Prodesp, Proderj,
Prodemge, Celepar etc. no nível estadual, e, por
exemplo, a IMA, em Campinas, no nível municipal.
Quadro 6.1
Sofwares Abertos de Amplo Uso
Área
Ambiente gráfico
Banco de dados
Imagens
Programação
Sistema
Operacional
Servidor LAN
Web
Aplicação
KDE
MySQL
PostgreSQL
GIMP
gcc
Perl
FreeBSD
Linux
Samba
Apache
PHP
URL
http://www.kde.org/
http://www.mysql.com/
http://www.postgresql.org/
http://www.gimp.org/
http://gcc.gnu.org/
http://www.perl.com/pub/
http://www.freebsd.org/
http://www.linux.org/
http://www.samba.org/
http://www.apache.org/
http://www.php.net/
Fonte: levantamento SocInfo em
http://www.freebsd.org/ em 26/07/2000
74
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Governo ao Alcance de Todos
O modelo totalmente centralizado de ações go-
vernamentais teve, provavelmente, um último e
breve impulso no início da década de 90, com
um viés marcadamente administrativo, sem re-
sultados significativos.
A partir de 1994, o impacto da Internet provocou
a aceleração do processo de revisão de modelo que
já principiara a ser conduzido, no âmbito federal.
Várias das empresas estatais lograram passar por
um grande processo de modernização tecnológica
e mesmo administrativa. Mas há, sem dúvida, mui-
to por fazer para que o impacto de tecnologias
de informação e comunicação nos serviços go-
vernamentais no Brasil efetivamente se faça sen-
tir, especialmente do ponto de vista do cidadão.
Infra-estrutura de Redes
Há uma proposta de serviço geral de redes para
Governo, implantada pelo Serpro e com mais de
200 pontos de acesso em todo o País. Serviços si-
milares no âmbito estadual são oferecidos por em-
presas estaduais de processamento de dados.
Há, por outro lado, infra-estruturas dedicadas a apli-
cações específicas em diversos ministérios, em ope-
ração plena ou em implantação, tais como nos Mi-
nistérios da Fazenda, Educação e Saúde.
O caso de redes para P&D, representado pela Rede
Nacional de Pesquisa (RNP) e suas congêneres re-
des estaduais, é discutido no Capítulo 8 – Infra-
estrutura Avançada e Novos Serviços.
A infra-estrutura de redes governamentais no
Brasil é bastante ampla e, no conjunto, o governo
deve ser hoje o maior usuário de serviços de tele-
comunicações do País. No entanto, a infra-estru-
tura colocada em operação não atende a requisi-
tos básicos de capilaridade e conectividade glo-
bais, uma vez que ela resulta mais da verticalização
de aplicações específicas até o nível de infra-es-
trutura de redes do que planejamento global de
infra-estrutura com vistas a suportar aplicações
governamentais em geral.
De uma maneira geral, essas infra-estruturas de redes
não se coordenam no nível administrativo ou
tecnológico e não se articulam diretamente em termos
de serviços, procedimentos para troca de tráfego etc.
Serviços Genéricos
Os serviços genéricos oferecidos sobre a infra-es-
trutura de redes mencionada anteriormente são os
comuns na Internet atual, com a adição de facilida-
des para rede privativa virtual, quando pertinen-
te. Não existe ainda oferecimento de serviços como
videoconferência, que são grandemente necessá-
rios no setor público.
Informações de Governo
Em que pese o baixo grau de articulação envol-
vendo infra-estrutura de redes governamentais
hoje em operação no País, o leque de aplicações
tem sido bastante rico em iniciativas interessantes
em várias áreas.
Já a partir de 1993, vários ministérios principia-
ram a utilizar a Internet para divulgar informa-
ções de sua alçada, com destaque para o Ministé-
rio da Fazenda e o Ministério da Administração,
além do próprio Ministério da Ciência e
Tecnologia, que coordenava a RNP, a Internet
acadêmica.
A partir de 1995, concomitante com a explosão
da Internet no País, aumentou grandemente a
quantidade de sites do Governo Federal na rede,
e análise independente de princípios de 1996 che-
gou a apontar o Brasil como o exemplo nas
Américas para informações governamentais na
Internet. Nos anos recentes, a variedade de infor-
mações aumentou, não somente no nível federal,
como especialmente no nível estadual. Por outro
lado, o acesso a tais informações, no âmbito do
Governo Federal, foi sistematizado pelo Ministé-
rio do Planejamento, através do portal http://
www.redegoverno.gov.br.
Há ampla variedade de informações governamentais
para o cidadão na Internet, como ilustra o Quadro 6.2.
A riqueza de informações, por outro lado, faz
entrever alguns desafios nessa frente, a saber:
a ausência de qualquer padrão estrutural ou visual
para a organização das informações (o que reflete
uma saudável liberdade na veiculação de informa-
ções e, como contrapartida, uma clara dificuldade
em encontrar as informações que se buscam);
a heterogeneidade de situação no que diz respei-
to à atualização das informações.
75
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Capítulo 6
Destaque 6.1
Imposto de Renda no Brasil
A informatização do imposto de renda no Brasil iniciou-se
em 1964 e praticamente coincide com o início das atividades
do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro).
Inicialmente informatizado com base na tecnologia de
informação disponível nos anos 60 – cartões perfurados
para a entrada de dados, a partir de formulários,
computadores centrais sem capacidade alguma de
teleprocessamento para o tratamento dos dados e listagens
impressas para comunicação e controles – a tecnologia a
serviço do planejamento, arrecadação e controle de imposto
de renda foi evoluindo, acompanhando a evolução da
tecnologia de informação e comunicação e até a ela
contribuindo com projetos próprios do Serpro. Mais
recentemente, o imposto de renda de pessoa física (IRPF)
principiou a ser entregue em disquete, em vez de apenas
em formulário em papel. Desde 1995, o IRPF pode ser
entregue via transmissão de dados e,desde 1997, via Internet.
Em 1998, por exemplo, do total de 10.446.083 declarações
de IRPF entregues, 29,9% foram em formulário de papel,
45,4% em disquete e 24,7% via Internet, de acordo com
o que é informado no website da Secretaria da Receita
Federal. O estado com maior porcentagem de declarações
entregues via Internet foi a Paraíba, com 48%.
Conforme indicado pela Receita Federal, o imposto de
renda de pessoa jurídica (IRPJ), em um curto intervalo de
quatro anos, de 1994 a 1998, teve uma drástica evolução:
Fonte: SocInfo, com base em dados da Secretaria da
Receita Federal
Tipo de suporte para
entrega de IRPJ
Formulário plano
Disquete
Internet
Total, meios eletrônicos
Número de declarações
1994
83,22%
16,78%
0%
16,78%
1998
18,6%
51,07%
30,33%
81,4%
3,05 milhões
Há pelo menos um projeto em curso, o Agência Cida-
dão (http://www.unicamp.br/agencia_cidadao),
que conduz uma iniciativa em cooperação com a
Secretaria de Gestão do Ministério do Planejamen-
to, para abordar em sua totalidade o problema de
coleta e atualização de informações das diversas ins-
tâncias governamentais, formatação e difusão das
informações, bem como disseminação via quios-
ques e centros comunitários conectados à Internet.
Sistemas Aplicativos
Há no Brasil pelo menos duas aplicações de go-
verno utilizando a Internet que são modelares e
de padrão mundial, a saber:
a declaração de imposto de renda;
a votação em eleições gerais.
Algumas informações relevantes sobre o impos-
to de renda encontram-se no Destaque 6.1.
Por outro lado, no nível federal, há em estágios
diversos (desde o estágio de concepção até o es-
tágio de operação) várias aplicações que utilizam
tecnologias de informação e comunicação com
potencial de revolucionar a gestão de serviços pú-
blicos nas suas áreas de atuação. Tais aplicações
incluem:
Arrecadação Fazendária
Está em funcionamento, na Secretaria de Re-
ceita do Estado de São Paulo, o Posto Fiscal
Eletrônico (PFE), que é a reprodução de um
posto fiscal físico, disponível na Intranet e
acrescido de facilidades e benefícios, como a
prestação de serviços com qualidade e preci-
são impossíveis pelos meios tradicionais.
O PFE mantém informações atualizadas,
procedimentos, legislação, orientações e
serviços ao contribuinte de modo geral.
Ainda no âmbito fazendário, inúmeras
ações estão em curso. O Sistema Inte-
grado de Informações sobre Operações
Interestaduais com Mercadorias (Sintegra)
está sendo implantado em todo o País,
com o objetivo de facilitar o fornecimen-
to de informação dos contribuintes aos
fiscos estaduais, bem como a troca de
dados entre as diversas unidades da fe-
deração. A implantação definitiva do
Sintegra deverá estar concluída em todos
os estados em 2001.
Quadro 6.2
Informações ao Cidadão via Internet no Brasil
Informação
FGTS
PIS/Pasep
IR
Carteira de Identidade
CPF
Carteira de Trabalho
Título de Eleitor
Previdência Social
Passaporte
URL (consultas efetuadas em julho 2000)
http://www.caixa.gov.br/fgts/fgts.htm
http://www.caixa.gov.br/fgts/pis.htm
http://www.receita.fazenda.gov.br
http://www.caixa.gov.br/docpessoais/c_ident.htm
http://www.caixa.gov.br/docpessoais/cpf.htm
http://www.mte.gov.br/sppe.ctps/default.htm
http://www.caixa.gov.br/docpessoais/tit_eleit.htm
http://www.brasil.gov.br
http://www.dpf.gov.br/passaporte.htm
Fonte: levantamento SocInfo
76
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Governo ao Alcance de Todos
Cartão Nacional de Saúde (CNS), do
Ministério da Saúde
O Cartão Nacional de Saúde (CNS) é uma inici-
ativa do Ministério da Saúde que visa a
informatizar todos os serviços de atendimento
ambulatório/hospitalar do Sistema Único de
Saúde (SUS) no País, mediante introdução de
um cartão identificando cada usuário do siste-
ma. Na versão inicial, esse cartão é fisicamente
um cartão magnético e está sendo testado
concomitantemente à implantação de um siste-
ma em 44 municípios do País, cobrindo uma
população de mais de 12 milhões de pessoas,
atendidas por 2.027 unidades ambulatórias, 300
hospitais e 11.740 consultórios.
O sistema envolve a disponibilização em cada
unidade de saúde de equipamentos terminais que
permitirão a coleta e consistência de dados de
cada tratamento e o envio dos mesmos a um
centro municipal, onde a autorização de tipos
de tratamento, a tabulação cumulativa de transa-
ções e o controle de dispêndios serão feitos. Os
centros municipais estarão ligados a um centro
por estado, e os centros estaduais estarão
interconectados entre si e a dois centros nacio-
nais (no Ministério da Saúde, em Brasília, e no
Datasus, no Rio de Janeiro) através de uma rede
TCP/IP. As características técnicas do sistema
enfatizam o uso de padrões abertos (TCP/IP,
HTTP etc.) de tal forma a estimular o desenvol-
vimento futuro de aplicações cada vez mais des-
centralizadas e especializadas, mas sempre com-
patíveis com o Cartão. Por outro lado, a própria
evolução do Cartão para meios como o smart
cards abrirá caminho para a introdução de fun-
ções como a de Prontuário Médico em meios
eletrônicos.
Projeto Interlegis, do Senado Federal
O Projeto Interlegis visa a montar uma rede de
comunicação e participação legislativa no País,
interligando casas legislativas dos três níveis de
governo no País. Seus objetivos expressos são:
- a melhoria da comunicação e do fluxo de in-
formações entre as casas legislativas;
- a promoção da participação do cidadão nos
processos legislativos.
Iniciado em 1997, o projeto visa a implantar uma
rede dedicada interligando as 27 Assembléias
Legislativas Estaduais, compondo assim a cha-
mada Rede Interlegis.
ComprasNet, do Ministério
do Planejamento
O ComprasNet é um sistema on-line que permi-
te acessar todos os convites, tomadas de preços
e concorrências realizados pela Administração
Federal direta, autárquica e fundacional, além de
outros serviços e facilidades que visam a aumen-
tar a transparência das compras e as oportuni-
dades de negócios para as empresas. É passo
fundamental para a modernização e a desburo-
cratização dos processos de aquisição, tendo
como objetivo principal dotar a sociedade de
um instrumento que utilize as inovações tecno-
lógicas da Internet, para oferecer facilidades aos
fornecedores e, ao mesmo tempo, gerar econo-
mia para o Governo Federal, por intermédio
da adoção de novos padrões de qualidade e pro-
dutividade.
O ComprasNet oferece, entre outros, os seguin-
tes serviços e informações: legislação, publica-
ções, áreas de acesso a fornecedores, serviços
de livre acesso (consulta a licitações em anda-
mento, a resultados das licitações, a contratos do
Governo Federal, a linhas de fornecimento de
material e serviço e à publicação do fornecedor,
serviços por assinatura) etc.
Essas aplicações guardam diversas características
comuns entre si. Primeiramente, elas se valem de
um mesmo conjunto de opções tecnológicas, deri-
vadas da tecnologia Internet. Segundo, elas
verticalizam ações em infra-estrutura de redes. Ter-
ceiro, elas são coordenadas centralmente, com uma
visão gerencial de médio/longo prazo.
No nível estadual, as aplicações têm adquirido
uma tendência natural (e extremamente positi-
va) a serem mais próximas de atendimento ao
cidadão comum, em locais específicos para tal e
também em locais de acesso público (via quiosques,
telecentros etc.). Um exemplo muito interessante
nessa classe de aplicações é o de serviços de ob-
tenção de documentos e atestados, abertura de
empresas, pagamento de impostos etc., que têm
vicejado em diversos estados sob diferentes no-
mes (exemplo: Serviço de Atendimento ao Ci-
dadão, Poupa-Tempo etc.) e que, aliás, foram a
77
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Capítulo 6
inspiração de alguns serviços similares em ou-
tros países, inclusive na União Européia. Do
ponto de vista de tecnologias de informação e
comunicação, tais aplicações têm ainda um cor-
te bastante conservador, tendo tido êxito até
agora mais por uma revolução na atitude go-
vernamental quanto a como prestar serviços
do que por qualquer salto de qualidade no uso
de tecnologias. Quanto ao uso de tecnologias, as
tendências recentes é que são interessantes: essas
aplicações fatalmente ganharão um braço de dis-
seminação por meio de redes para pontos re-
motos de acesso, via quiosques, centros comuni-
tários etc.
Gestão Estratégica de Tecnologias de
Informação e Comunicação
Há evidentemente um grande movimento rumo
ao uso intensivo de tecnologias de informação e
comunicação em aplicações governamentais no
País. Todavia:
não há coordenação pró-ativa desse movi-
mento, articulando todas as facetas envolvidas
e promovendo metas de implantação, padrões
técnicos, compartilhamento de recursos etc.;
não há recursos humanos no setor público na
quantidade e qualidade necessárias para se le-
var a cabo as atividades de concepção, desen-
volvimento e/ou contratação e operação dos
sistemas complexos de que trata o setor pú-
blico.
Há, para resumir, uma imensa lacuna em
capacitação para gestão estratégica de tecnologias
de informação e comunicação no setor público
brasileiro.
Em regime de urgência, um grupo ad hoc montado
pelo MCT em meados de 1999 tem apoiado, entre
outros, o Ministério da Saúde (para o Cartão Naci-
onal de Saúde) e o Ministério da Justiça (para a
informatização futura do Denatran) na concepção,
planejamento e decolagem de projetos de sistemas.
Tal tarefa está passando a ser articulada pela
Secretaria de Logística e Tecnologia da Infor-
mação do Ministério do Planejamento, com a
qual há em adição uma atividade de planeja-
mento de uma política de capacitação acelera-
da de recursos humanos para a gestão de
tecnologias de informação e comunicação. Tais
atividades estão, não obstante, em estágio bas-
tante informal e assistemático.
Por outro lado, a implantação de um quadro jurí-
dico adequado é a providência mais urgente para
se promover o uso intensivo de tecnologias de
informação e comunicação no governo.
No âmbito federal, a Comissão de Ciência,
Tecnologia e Comunicações (CCTC) do Congres-
so Nacional é, do lado do Legislativo, a caixa de
ressonância para a discussão desse aspecto e para
o encaminhamento de propostas e soluções. Por
seu turno, no Executivo, a Casa Civil articula as
ações relacionadas com o quadro jurídico através
de um Grupo de Trabalho recentemente criado
e que têm acelerado o processo de integração de
propostas e decisões. O fato de a coordenação
operacional desse Grupo estar confiado à Secre-
taria de Logística e Tecnologia da Informação
do Ministério do Planejamento agiliza enorme-
mente a implantação de medidas de natureza mais
prática e que não dependem da regulamentação
formal.
6.3 – Para Onde Vamos
É preciso ampliar e capilarizar a
infra-estrutura de redes
É necessário que se disponha de uma infra-
estrutura de redes para aplicações governa-
mentais:
- mais veloz nos trechos centrais (entre as
grandes capitais);
- mais capilarizada (cobrindo todo o País de
forma articulada, e não somente as capitais);
- integrando aplicações nos três níveis (Federal,
Estadual e Municipal).
A transição da situação atual para uma tal situa-
ção futura é um desafio formidável de articula-
ção de esforços. O ponto imediato de partida
terá de ser a integração das principais redes exis-
tentes no nível federal com as principais redes
estaduais. Em paralelo, será necessário conceber
diretrizes gerais para o tema, considerando em
particular quando e como contratar serviços co-
merciais externos como alternativa para a
verticalização interna de infra-estrutura.
78
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Governo ao Alcance de Todos
A proposta mais elaborada acerca do tema
no Brasil foi gerada pelo C-INI (Anatel), sob
o nome de [email protected], preconizando a im-
plantação de uma infovia interligando todas
as localidades brasileiras por meio de PEP
(Pontos Eletrônicos de Presença). A iniciativa
se reverte de grande ousadia e propõe que as
aplicações viabilizadas pelo [email protected] extra-
vasem os limites de serviços de governo e con-
templem saúde, educação, apoio à produção,
ações comunitárias etc.
É preciso prever uma nova geração
de serviços genéricos de redes
Algumas aplicações são necessárias até por
pura razão de economia de dispêndios:
videoconferência, por exemplo. Outras são ne-
cessárias por razões de suporte estratégico a
aplicações: Qualidade de Serviço é um
exemplo claro. De uma maneira geral, a evo-
lução tecnológica de redes governamentais terá
de ser acelerada, em estreita cooperação com
esforços de redes para P&D, conforme se dis-
cute no Capítulo 8 – Infra-estrutura Avançada
e Novos Serviços.
É preciso criar mais portais com informa-
ções e serviços por parte do governo
Portais são necessários, mas não suficientes,
sendo interessantes para se organizar e pro-
ver informações e serviços de forma cen-
tralizada, sob direta coordenação de um
órgão de serviços de governo. Não são,
porém, totalmente adequados, posto que:
- o usuário que tem acesso a portais é clara-
mente de uma elite minoritária no Brasil;
- informações locais (exemplo: endereço do
Centro de Saúde mais próximo) tendem
a ser colocadas em ramificações de uma
estrutura, e não com destaque central;
- o jargão e a forma de interação nem sempre
são adequados para audiências específicas;
- não se aproveita o potencial de difusão e
amplificação de veículos adicionais/alterna-
tivos, especialmente do setor privado e de
alcance local.
É preciso conceber esquemas de difusão
ativa de informações em “regime de ataca-
do” de todas as atividades de governo, com:
- abrangência e regularidade;
- mecanismos facilitadores para processamento
posterior por parte de interessados.
Aqui, iniciativas de captura automática de infor-
mações (do lado interno do governo) e
disponibilização (para interessados externos) em
formatos adequados, com dados e metadados
segundo um padrão reconhecido, são indispen-
sáveis. Um exemplo precursor é o de uso de
XML (com extensões específicas) para informa-
ções na área de Saúde, que está sendo impulsio-
nado no Datasus a partir de proposta inicial ge-
rada no âmbito da Sociedade Brasileira de
Informática em Saúde (SBIS).
É preciso integrar informações geradas pelo
governo em um só sistema
Diretórios eletrônicos são necessários para per-
mitir acesso a informações e integração de apli-
cações. Um serviço de diretório eletrônico pode
integrar informações em um só sistema, facili-
tando o acesso do cidadão às informações ge-
radas pelo governo. Além disso, permite a
integração e o compartilhamento de informa-
ções entre diferentes aplicações, como se deta-
lha no Destaque 6.2.
O objetivo é planejar e desenvolver um ser-
viço de diretório para o governo, com
abrangência nacional, integrando informa-
ções das esferas federal, estadual e munici-
pal, de modo a:
- permitir ao cidadão buscar informações do
estado, a partir de uma interface comum,
esteja ele em sua casa, serviço ou em quios-
ques distribuídos em locais públicos;
- permitir às instituições públicas o acesso a
um mecanismo padronizado para troca
de informações entre si;
- permitir que aplicações institucionais com-
partilhem informações de forma padro-
nizada e integrada.
É preciso gerar padrões técnicos para
aplicações governamentais
O Brasil não está entre os países líderes em gera-
ção de novas tecnologias, produtos e serviços
em tecnologias de informação e comunicação
79
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Capítulo 6
Figura 6.3
Padrões Críticos para Sistemas
Interface entre partes
Interface com usuário
Fonte: SocInfo
no cenário mundial. Talvez por conseqüência, o
País mantém presença limitada em foros inter-
nacionais que concebem propostas que, no seu
devido tempo, serão convertidas em padrões
técnicos formalmente reconhecidos (pela IETF,
ISO e outros). Não obstante, um esforço mais
concentrado de padronização técnica em pro-
tocolos e serviços relacionados com o uso de
tecnologias de informação e comunicação é ne-
cessário no próprio front interno brasileiro, para
cobrir legalmente todos os aspectos relaciona-
dos com variantes de serviços públicos que uti-
lizam a Internet. Em termos de natureza global,
dois tipos de padrões são críticos: os que se re-
ferem ao interfaceamento entre partes e os que
se referem à interface com usuários de aplica-
ções, conforme ilustrado na Figura 6.3.
É preciso fomentar capacidade de gestão
estratégica de tecnologias de informação e
comunicação
É necessário reciclar os quadros técnicos e ad-
ministrativos do governo para a gestão estraté-
gica de tecnologias de informação e comunica-
ção, incluindo:
- atualização acerca de tendências tecnológicas;
- análise de organizações;
- concepção de aplicações;
- desenvolvimento ou contratação;
- gerência de mudanças organizacionais;
- outros.
Com quadros internos limitados capazes de ope-
rar com habilidade nessas frentes, o governo es-
tará à mercê do acaso ou de terceiros.
6.4 – O que Fazer
Quadro Jurídico
Certificação e autenticação nas transações em
que o governo está envolvido.
Questões de segurança e proteção de dados.
Padrões técnicos para as aplicações do governo.
Destaque 6.2
Diretório Eletrônico
Um diretório é um mecanismo utilizado por clientes
para localizar registros únicos e atributos definidos
para estes registros. Os clientes podem ser pessoas
utilizando browsers, mas também podem ser
programas e aplicações. Os registros podem incluir
desde recursos de redes até páginas web ou
informações institucionais ou pessoais.
Em adição aos conceitos de clientes e registros, é
também importante o conceito de tipo de busca
utilizado para acessar a informação. A estrutura da
busca define a semântica de recuperação da
informação do diretório. Diferentes combinações
de clientes, tipo de registro e tipo de recuperação
resultam em diferentes aplicações de diretório.
O diretório pode ser imaginado como um banco
de dados altamente especializado, de
características bem específicas. Geralmente as
operações de leitura devem exceder as operações
de escrita em uma ordem de grandeza. Assim, um
serviço de diretório pode ser entendido como uma
aplicação cliente-servidor constituída de três
módulos: a aplicação cliente (Directory User Agent -
DUA), a aplicação servidor (Directory System Agent
- DAS) e a base de dados do diretório (Directory
Information Base - DIB).
A estratégia de implementação do diretório está
baseada no Lightweight Directory Access Protocol
(LDAP), definido na RFC-1777. O LDAP é um
poderoso protocolo baseado nas especificações X.500,
que define um mecanismo relativamente simples para
clientes Internet buscarem e gerenciarem um par
atributo/valor, em uma base de dados hierárquica sobre
conexões TCP/IP. A estrutura de servidores LDAP
pode ser distribuída nacional e hierarquicamente, com
sistemas de espelhamento e redundâncias, abrangendo
todas as instituições participantes nos vários níveis de
governo.
Fonte: SocInfo
80
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Governo ao Alcance de Todos
Ações Estruturadoras
Integrar e otimizar as infra-estruturas de
rede para os três níveis de governo – fede-
ral, estadual e municipal–, segundo diretri-
zes propostas no Projeto [email protected] da
Anatel, com um ponto de acesso a redes
por localidade no País.
Atribuir um endereço eletrônico auten-
ticado a cada cidadão brasileiro habilitado,
criando a figura de domicílio oficial ele-
trônico.
Criar um diretório eletrônico nacional para
todas as informações e recursos do gover-
no.
Organizar a disseminação de informações
e serviços governamentais para o cidadão
em quiosques e outros locais de acesso pú-
blico, além da Internet.
Licitar eletronicamente, via Internet, todas
as aquisições e contratações do governo
abaixo de R$50 mil.
Outras Ações
Definir um modelo de metadados para in-
formações governamentais e prototipar a
aplicação desse modelo em versão eletrô-
nica diária e completa do Diário Oficial
da União, estados e municípios.
Implantar programa de capacitação em ges-
tão estratégica de tecnologias para qua-
dros governamentais, visando a capacitá-los
para a especificação e viabilização de apli-
cações complexas envolvendo tecnologias
de informação e comunicação.
Propor mecanismos para o aproveitamen-
to de equipamentos de uso sazonal (como,
por exemplo, urnas eletrônicas, que che-
garão a 340 mil unidades em 2002) em ati-
vidades educacionais e sociais (em escolas,
bibliotecas públicas).
Prototipar e difundir aplicações de TIC para
combater problemas críticos, tais como
transportes precários, violência urbana,
criminalidade e outros.
Propor políticas e ações acerca do uso es-
tratégico de TIC para apoiar a segurança
do Estado.
81
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Capítulo 7
Capítulo 7
P&D, Tecnologias-chave
e Aplicações
82
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
P&D, Tecnologias-chave e Aplicações
83
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Capítulo 7
Capítulo 7 – P&D, Tecnologias-chave e
Aplicações
7.1 – Do que se Trata
Conforme se discutiu em diversos capítulos an-
teriores, a sociedade da informação tem tomado
forma como conseqüência da aplicação intensiva
de novas tecnologias, especialmente as de infor-
mação e comunicação.
Diante da acelerada evolução dessas tecnologias e o
vertiginoso ritmo de sua difusão em escala mundial,
governos em todo o mundo têm buscado conce-
ber uma estratégia de atuação no front tecnológico
que assegure o desenvolvimento de seus países em
um mundo de competição globalizada. Uma
constatação evidente, como premissa de partida, é
a impossibilidade de se estar presente em todo o
leque de frentes tecnológicas. Primeiro, porque as
iniciativas de P&D em áreas, como informática e
biologia molecular, têm assumido um modelo con-
sorciado, multiinstitucional e multidisciplinar, como
forma de otimizar o uso de recursos cada vez mais
demandados. E, segundo, porque há necessidade
premente de aproveitar as tecnologias geradas ou
absorvidas de terceiros em produtos e serviços para
um mercado com ciclos de renovação cada vez
mais curtos. Impõe-se, portanto, seletividade na
definição e operacionalização de escolhas dentro do
espectro de possibilidades tecnológicas, sem obvia-
mente excluir compromissos de longo prazo, bem
como possibilidades de integração inesperada de
diversas tecnologias.
Nesse contexto de acelerada inovação, o crescimen-
to ou mesmo a sobrevivência das empresas deman-
da excelência em suas operações, com o concurso
intensivo de novas tecnologias. As empresas devem
decidir claramente que tecnologias utilizar, o que
desenvolver internamente e o que obter de forne-
cedores externos. Para tomar as decisões acertadas
e executá-las com eficiência, as empresas precisam
articular-se a instituições de P&D de forma bastan-
te próxima.
É fundamental, portanto, que exista no Brasil uma base
científico-tecnológica com capacidade de gerar conhe-
cimentos a partir de uma cadeia de competências am-
pla e diversificada, suportada em um contingente de
recursos humanos altamente qualificados.
Qual deve ser o papel do Estado nesse cenário?
Deve ser o da montagem do quadro estratégico
mais favorável à inovação tecnológica e à sua uti-
lização no setor industrial, incluindo:
i. visão geral sobre necessidades e oportunida-
des tecnológicas para o País;
ii. articulação de mecanismos de cooperação
entre empresas e instituições de P&D que fa-
voreçam a busca dessa visão;
iii. formulação e a alavancagem de projetos con-
cretos em temas e áreas cuidadosamente
selecionadas para colocar em operação os me-
canismos concebidos.
Esta linha de ação propõe diretrizes para o Progra-
ma quanto à geração e aplicação de tecnologias
de informação e comunicação com vistas a
maximizar seus benefícios econômicos e sociais.
Tecnologias e Aplicações
É importante registrar, para início de discussão, que
todas as linhas de ação do Programa contemplam
o apoio ao desenvolvimento tecnológico em áreas
específicas: Mercado e Trabalho, Acesso Universal,
Educação e outras. Por outro lado, se há alguma
característica comum às aplicações em todas essas
áreas, é a do uso de tecnologias já maduras e dispo-
níveis para apropriação imediata.
Isto posto, as tecnologias consideradas nesta linha
de ação podem ser classificadas em dois grupos
com características distintivas:
tecnologias capacitadoras, isto é, tecnologias
quase maduras, de impacto a curto prazo para
incorporação em bens e serviços;
tecnologias-chave, isto é, tecnologias ainda não
maduras, de impacto potencial de médio prazo
(com um horizonte de no mínimo cinco anos
para maturação e utilização industrial plenas).
Tomando como referência essa distinção inicial de
tecnologias, baseadas em seu grau de maturidade,
de que devem tratar as aplicações contempladas
nesta linha de ação?
84
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
P&D, Tecnologias-chave e Aplicações
Primeiramente, no curto prazo, as aplicações de-
vem concentrar-se no uso de tecnologias
capacitadoras, de forma a ter impacto concreto
imediato. Segundo, as aplicações, primando pela
utilização da melhor tecnologia disponível em
informática, comunicações etc., devem contem-
plar problemas e necessidades de outras áreas,
tanto em termos de aplicações e serviços críticos,
como em termos de suporte a P&D nessas áreas.
Os seguintes comentários permitem ilustrar esses
pontos:
O Projeto Internet 2 dos EUA tem como obje-
tivo básico conceber e prototipar aplicações de
redes de muito alta velocidade, canalizando a
utilização de tecnologias de redes em boa parte
já disponíveis em backbones como o vBNS e
Abilene. O projeto enfoca, portanto, a utilização
mais ampla de tecnologias capacitadoras e induz
pesquisa em tecnologias-chave em redes (que aliás
tem lugar no Projeto NGI mais do que no
Internet 2, conforme se discute no Anexo 4).
O Projeto Genoma Humano é hoje o exemplo
mais conhecido de P&D na classe de proble-
mas caracterizados como Grandes Desafios,
no início da década de 90, nas justificativas do
Programa HPCC dos EUA (conforme comen-
tado no Capítulo 8 – Infra-estrutura Avançada e
Novos Serviços – e no Anexo 1). Argumenta-
va-se nessa época que, para fazer face a esses
Grandes Desafios de P&D, era necessário
disponibilizar infra-estruturas avançadas de re-
des e de processamento de alto desempenho,
para propiciar não somente a aceleração de pro-
cedimentos e tarefas individuais de laboratório/
bancada, como para permitir novas formas de
trabalho envolvendo múltiplos grupos coope-
rativos de pesquisa, operando em paralelo
mas de forma coordenada, como se discu-
te na Seção 7.2.
Há aplicações de tecnologias de informa-
ção e comunicação que deveriam existir em
plena operação no Brasil há vários anos. Com
elas, muitos problemas e mesmo tragédias po-
deriam ser evitados, ou, pelo menos, mais bem
controlados. Um exemplo concreto é o de
monitoramento de meio ambiente. Esta
linha de ação deve contemplar o que fazer
nessa vertente de aplicações que podem até
utilizar tecnologias demasiadamente maduras
(e em fase de obsolescência próxima), mas
que precisam ser viabilizadas com a máxima
urgência.
Identificação de Tecnologias-chave
A seletividade necessária para a atuação eficiente
em novas tecnologias tem provocado, desde o
início da década de 90, considerável esforço em
diversos países no sentido de identificar
tecnologias-chave de forma a propiciar ação
estratégica sobre as tecnologias selecionadas, o
acompanhamento de resultados de cada ação e
revisão sistemática do processo de identificação.
O país com mais experiência nesse processo é o
Japão, que, a partir do início dos anos 70, já com-
pletou cinco ciclos de planejamento em C&T,
com base em técnicas Delphi para coletar e siste-
matizar as previsões tecnológicas de especialistas
convidados.
Já na década de 90, algumas grandes iniciativas
de previsão tecnológica foram disparadas em
países como a França, Alemanha e Grã-Bretanha,
combinando técnicas de previsão baseadas em
variantes de abordagem Delphi com a
prospecção de cenários de futuros possíveis,
como forma de conciliar as visões complemen-
tares da dinâmica do desenvolvimento tecnológico
denominadas technology push e market pull, confor-
me comentado no Destaque 7.1.
Vale a pena apresentar em algum detalhe a inicia-
tiva das “100 Tecnologias-chave” levada a cabo
pelo Ministério da Indústria da França e divulga-
do em meados de 1996. A iniciativa buscou res-
ponder a três questões essenciais, a saber:
i. quais são as tecnologias importantes para a in-
dústria francesa;
ii. qual é a posição francesa (e européia) acerca
dessas tecnologias;
iii. onde se deve alocar esforços.
As tecnologias que interessam eram expressamente
aquelas “... em que os impactos econômicos e soci-
ais são discerníveis e para as quais ações da indústria
e do poder público podem aportar resultados a
curto ou médio prazo”. O horizonte temporal fi-
xado foi de cinco a dez anos.
85
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Capítulo 7
Foram identificadas 136 tecnologias importantes
em nove áreas, a saber:
Saúde e Tecnologias da Vida;
Meio Ambiente;
Tecnologias de Informação e Comunicação;
Transportes;
Materiais;
Energia;
Construção e Infra-estrutura;
Tecnologias Organizacionais e de Gestão;
Produção, Instrumentação e Medidas.
Em adição, foi avaliada a posição da França e da
Europa, tanto no plano científico como no pla-
no industrial, com relação a essas 136 tecnologias,
resultando no quadro geral resumido (para a
Europa) na Tabela 7.1.
É interessante notar que, de acordo com esses
dados:
a Europa se revelava mais forte no plano
científico do que no plano industrial, com
respeito às 136 tecnologias identificadas;
no plano industrial, a Europa se revelava forte
em somente um terço das tecnologias
identificadas.
Na área de tecnologias de informação e comunica-
ção, 32 tecnologias foram identificadas, a saber:
algoritmos de compressão e descompressão
de imagem e som;
arquiteturas cliente-servidor;
arquiteturas maciçamente paralelas;
baterias para equipamentos eletrônicos portá-
teis;
cabos óticos e fibras óticas;
componentes de interconexão e de interface;
componentes de hiperfreqüências;
componentes opto-eletrônicos;
concepção e fabricação de componentes de
baixo consumo;
conexão de máquinas e/ou de aplicações
(middleware);
engenharia lingüística (interrogação em lingua-
gem natural);
ergonomia de tela e teclado;
ferramentas de programação de software;
gerência de redes inteligentes;
intercâmbio eletrônico de dados (EDI);
interfaces metafóricas;
memórias flash;
memórias de massa (óticas e magnéticas);
programação orientada a objetos;
reconhecimento de fala;
reconhecimento de formas;
redes neuronais;
segurança em transações;
servidores de vídeo;
síntese de imagens;
sistemas baseados em agentes;
sistemas de navegação para serviços
multimídia;
sistemas em tempo real;
tecnologias submicrônicas profundas;
telas planas;
teste e certificação de software;
transmissão e comutação em banda larga.
Destaque 7.1
A Dinâmica do Desenvolvimento Tecnológico
“Há uma dinâmica autônoma de progressos científicos, tal
que alguns resultados encontram o interesse de empresas,
e outros permanecem no estado de ‘soluções’ à espera de
problemas a resolver. Os que tentam a aventura da
prospecção tecnológica partem classicamente da análise
de progressos científicos prováveis: é a abordagem
conhecida sob o nome de technology push. Esta abordagem
é útil, necessária mesmo, mas é insuficiente, porque, por
construção, não considera em seu campo de visão nem os
obstáculos econômicos ou sociais, nem mesmo as
dificuldades técnicas dos desenvolvimentos necessários para
a industrialização. A abordagem market pull tenta responder
a essas críticas a partir das expectativas do mercado, que
ela se esforça por traduzir em termos de necessidades
tecnológicas. Essa abordagem é indispensável, mas difícil
de pôr em prática, posto que os melhores especialistas
não conseguem fugir de escolhas prematuras entre
tecnologias e possíveis caminhos viáveis. Isto põe em
evidência os limites de uma planificação demasiadamente
rigorosa da pesquisa que, inevitavelmente, pode deixar
escapar oportunidades notáveis. É evidente que as duas
abordagens são complementares e é de sua interação que
resulta o desenvolvimento tecnológico. Os atores
(empresas, estados) que melhor façam funcionar essa
interação serão os melhores lugares para adquirir, no plano
tecnológico, uma vantagem competitiva. O projeto
Tecnologias-chave [da França] tenta cruzar essas duas
abordagens.”
Fonte: http://www.admi.net/evariste
Tabela 7.1
Posição da Europa diante de 136 Tecnologias (1996)
No Plano Científico
No Plano Industrial
Forte
69
47
Média
54
61
Fraca
13
25
Inexistente
-
3
Fonte: levantamento SocInfo
http://www2.admi.net/evariste/100tc/fiches.html
86
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
P&D, Tecnologias-chave e Aplicações
Novos Modelos de P&D
A ação estratégica de identificação de tecnologias-
chave e a indução de esforços orientados para
alavancá-las terão possibilidades de êxito somente à
medida que, como atividades de preparação, dedi-
que-se energia a uma série de esforços de viabilização
de infra-estrutura para P&D e de serviços de apoio
anterior, durante e após a fase de projeto de P&D.
Aspectos a considerar incluem:
infra-estrutura de redes e de processamento
de alto desempenho, para o suporte a ativida-
des concretas de P&D a cargo de grupos
cooperantes no Brasil e mesmo no exterior;
indução (onde não houver) e suporte a re-
des temáticas para tecnologias-chave específi-
cas, como forma de assegurar a difusão de co-
nhecimentos antes, durante e após a execução
de projetos concretos;
definição de diretrizes para consórcios de
P&D contemplando requisitos de organização
pré-execução, mecanismos de interação de ati-
vidades durante a execução (incluindo difusão
via redes temáticas), mecanismos e critérios de
acompanhamento e documentação de ativida-
des, bem como procedimentos para a proteção
de propriedade intelectual e transferência de
tecnologia para produção de bens e serviços;
viabilização de mecanismos de financiamen-
to de atividades, envolvendo recursos de di-
versas origens (orçamento de pesquisa de agên-
cias, recursos de fundos, investimentos de risco
etc.) e antecipando critérios e mecanismos de
participação em resultados.
7.2 – Onde Estamos
Prospecção de Tecnologias
Não há experiências abrangentes no Brasil simila-
res às iniciativas das 100 Tecnologias-chave da
França ou do Foresight da Grã-Bretanha. Elas
próprias, aliás, são tão recentes que somente em
1999/2000 começam a ser objeto de avaliação e
lançamento de um segundo ciclo de planeja-
mento.
Na área específica de tecnologias de informação e
comunicação, houve no Brasil iniciativas de planeja-
mento estratégico até meados da década de 80, com
focos independentes (embora com alguma ambi-
ção de articulação entre si) em informática e em
telecomunicações. Em informática, a política estra-
tégica foi traçada pelo Governo Federal, especial-
mente pela Secretaria Especial de Informática (SEI),
enquanto a estruturação de tópicos e diretrizes de
pesquisa foi proposta pela primeira vez de forma
completa e abrangente em iniciativa (independente-
mente da SEI) da Sociedade Brasileira de Compu-
tação (SBC), sob a coordenação do professor Luis
de Castro Martins. Em telecomunicações, os prin-
cipais estudos e propostas foram originados ou en-
caminhados pelo Centro de Pesquisa e Desenvolvi-
mento (CPqD) da então Telebrás. É provavelmen-
te correto opinar que, não obstante a importância
desses esforços pioneiros, nunca houve no Brasil
qualquer iniciativa na área de informática ou de tele-
comunicações que se aproximasse de iniciativas
como a das 100 Tecnologias-chave da França, em
termos de rigor metodológico e número de espe-
cialistas e instituições envolvidas.
Recentemente, o MCT principiou a preparar as ba-
ses para um estudo como o Foresight no Brasil
dentro da estratégia maior de planejamento para os
próximos 10 anos, na perspectiva das mudanças
associadas à gestão e financiamento do setor, a par-
tir do ano 2001, com a criação e implementação
dos fundos setoriais mencionados no Capítulo 1 -
A Sociedade da Informação.
Capacidade Instalada para Pesquisa e
Desenvolvimento (P&D)
Nos países desenvolvidos, onde o resultado da ino-
vação se faz presente em termos de patentes pro-
duzidas e contribuições ao crescimento econômico,
a atividade de P&D é predominantemente realiza-
da nas empresas. No Brasil, do total de cientistas e
engenheiros atuantes em P&D, em todas as áreas –
atualmente em torno de 83 mil profissionais – cerca
de 68% atuam nas universidades e apenas 11% exer-
cem suas atividades em centros de pesquisa de em-
presas privadas.
Os grupos de pesquisa distribuídos quase que ex-
clusivamente nas universidades públicas constituem
o principal locus de desenvolvimento de pesquisa e
87
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Capítulo 7
de formação de recursos humanos e atuam, em
geral, de forma bastante distanciada das necessida-
des e prioridades do segmento produtivo.
No segmento das tecnologias de informação, de
acordo com um censo recente do CNPq, existem
hoje 1.745 grupos de pesquisa em atividade nos se-
tores de informática, indústria eletroeletrônica e de
telecomunicações. Esses grupos são os principais
responsáveis pela formação de recursos humanos
qualificados para atuação no setor.
O contingente de recursos humanos existente e a
capacidade de sua renovação são apresentados den-
tro do conjunto de oportunidades educacionais
descritas no Capítulo 4 - Educação na Sociedade
da Informação.
Além das universidades, há no Brasil alguns pou-
cos centros de pesquisa onde se realizam ativida-
des de P&D relacionadas ao setor de tecnologia
de informação, tais como o Laboratório Nacio-
nal de Computação Científica (LNCC), o Insti-
tuto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e o
Instituto Nacional de Tecnologia da Informação
(antiga CTI).
O financiamento à atividade de P&D é ainda pre-
dominantemente oriundo de fonte governamen-
tal. Nos anos recentes, pôde-se observar um cres-
cimento significativo nos investimentos em Pes-
quisa e Desenvolvimento pelas empresas de
informática que usufruem os incentivos da Lei
8.248, de forma direta ou em parceria com uni-
versidades e centros de pesquisa. De acordo com
dados da Sepin, no ano de 1999 foram
contabilizados recursos no montante de R$600
milhões, aplicados em P&D pelas empresas in-
centivadas, dos quais R$255 milhões correspondem
à parcela destinada a projetos em colaboração com
universidades e centros de pesquisa.
Iniciativas Cooperativas em Tecnologias
de Informação e Comunicação
Nos EUA, desde a segunda metade da década
de 80, paradigmas de pesquisa em informática
em áreas mais próximas de projeto de artefatos
concretos principiaram a mudar, e o pesquisador
solitário ou em pequeno grupo deu lugar a gran-
des grupos de P&D envolvendo dezenas de cien-
tistas e engenheiros. Tal mudança foi mais conspí-
cua em áreas como Engenharia de Software e Pro-
jeto de Circuitos Integrados e em grandes aplica-
ções, como meteorologia e sensoreamento remo-
to. No final da mesma década, o uso generaliza-
do de redes e processamento de alto desempe-
nho em apoio a P&D terminou por criar as con-
dições para que um novo modelo cooperativo
de pesquisa se consolidasse, envolvendo inúme-
ros grupos dispersos geograficamente, mas atu-
ando de forma bastante coordenada.
No Brasil, com algum retardo, o mesmo fenôme-
no ocorreu, e iniciativas como a da RNP e princi-
palmente Protem-CC claramente se inscrevem nes-
sa linha de consórcios virtuais. A ação do Protem-
CC no fomento à pesquisa, em especial, lançou as
bases em função das quais, hoje, o Brasil tem condi-
ções de se lançar a iniciativas induzidas de maior
envergadura em tecnologias de informação e co-
municação.
Em outras áreas, várias iniciativas de redes temáticas
prosperaram no Brasil, por iniciativa de instituições
como a Finep, o Programa Cyted etc.
O exemplo mais acabado e bem-sucedido de pro-
jeto cooperativo no Brasil até agora é, contudo, uma
iniciativa bastante articulada e com foco de atuação
muito preciso em aplicações: o Programa Genoma
da Fapesp, discutido no Destaque 7.2.
Destaque 7.2
Programa Genoma da Fapesp
O Programa Genoma foi constituído pela Fapesp no
primeiro semestre de 1997, mediante o lançamento
sucessivo de três projetos, entre março e junho des-
se ano: o Genoma Humano do Câncer, o Genoma
da Cana-de-Açúcar e o Genoma Xanthomonas (re-
ferente à bactéria causadora do cancro cítrico). Os
investimentos totais no programa foram (até agora)
da ordem de US$35 milhões provindos da Fapesp e
de outras instituições consorciadas: o Instituto
Ludwig, a Fundecitrus e a Copersucar. Em janeiro
deste ano, um grande marco foi atingido, com a
conclusão do seqüenciamento genético da bactéria
Xylella fastidiosa (a causa da chamada “praga do
amarelinho”), que afeta 34% dos pomares de laran-
ja no estado e, portanto, tem impacto negativo con-
siderável na citricultura paulista. Participaram desse
esforço 35 laboratórios que compõem a chamada
Organização para o Seqüenciamento e Análise de
Nucleotídeos.
Fonte: SocInfo
88
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
P&D, Tecnologias-chave e Aplicações
Em suma, o Brasil já exibe experiências interessan-
tes na estruturação de consórcios cooperativos para
P&D com suporte em redes e processamento de
alto desempenho para interação virtual. O Progra-
ma Sociedade da Informação tem, pois, bons
exemplos a partir dos quais conceber modelos de
consórcios de P&D.
Articulação Universidade-Indústria
Este é o principal “calcanhar de Aquiles” na
situação atual de P&D cooperativo com o se-
tor industrial ou, mesmo, na transferência a
posteriori de tecnologia gerada em iniciativas
de P&D em universidades e centros de pes-
quisa no Brasil.
Um indicador significativo para mensurar a transfe-
rência tecnológica é a quantidade de incubadoras
no País. Seguindo uma tendência de crescimento
acentuado ao longo de uma década, entre 1998 e
1999 o número de incubadoras saltou de 74 para
100 no País, segundo a Associação Nacional de
Entidades Promotoras de Empreendimentos de
Tecnologias Avançadas (Anprotec, 1999). Em 1999,
77% destas incubadoras mantinham vínculo formal
ou informal com universidades e centros de pes-
quisas, totalizando 800 empresas residentes. Tais in-
dicadores ainda refletem uma situação muito aquém
da desejável e salutar para a economia decorrente
de dificuldades de toda ordem relativos à transfor-
mação de resultados de pesquisa em produtos e
serviços.
Oportunidades em Tecnologias
Capacitadoras
Não há como identificar com segurança qualquer
conjunto de tecnologias-chave sem encetar ela-
borado exercício de estudos e discussões, envol-
vendo centenas de especialistas. No Brasil, o pro-
blema é agravado pela ausência de experiência
em grandes iniciativas de planejamento em C&T,
como a da Foresight.
Não obstante, à guisa de ilustração, vale registrar
aqui alguns temas e atividades correntes na agenda
brasileira de P&D em tecnologias de informação e
comunicação em variados estágios de maturação e
que sugerem que um salto tecnológico com base na
seleção de um conjunto mínimo de tecnologias-cha-
ve é bastante viável, posto que:
já existem algumas experiências pioneiras lo-
cais em alguns nichos potenciais que permi-
tem vislumbrar oportunidades de atuação para
as empresas nacionais;
existe uma visão estratégica subjacente a deci-
sões de mercado, no sentido de assegurar
oportunidades de atuação para a tecnologia
nacional.
Comunicação Celular de Terceira Geração
(3G)
A recente decisão da Anatel acerca da faixa de
freqüência a alocar para serviços de PCS no
Brasil provocou acirradas discussões e dispu-
tas de opinião entre defensores das tecnologias
TDMA, CDMA e GSM. Por trás da discus-
sões aparentemente técnicas e operacionais,
contudo, estava a busca de posições rumo à
competição pelo mercado de Terceira Gera-
ção no Brasil. Como se sabe, em 1992 a
International Telecommunication Union (ITU)
definiu metas e diretrizes para a implantação
de serviços sem fio de terceira geração por
meio das especificações da International Mobile
Telecommunication 2000 (IMT-2000), lançando
bases para permitir a construção de redes sem
fio com capacidade de transmissão a 144kbps
em alta mobilidade e 2Mbps em comunicação
a partir de um ponto imóvel. Para assegurar
interoperabilidade mundial, as especificações
recomendavam reservar a faixa de 1.9Ghz para
a 3G. A Figura 7.1 ilustra as diferentes zonas
de cobertura previstas.
Figura 7.1
Comunicação Celular 3G
Fonte: http://misnt.indstate.edu/harper/UMTS.html
Redes locais
(privadas e residenciais)
Redes Públicas
(fixas e móveis)
Redes Conectadas
via Satélite
Célula Mundial
Macro Célula
Micro Célula
Pico Célula
Zona 1
Zona 1I
Zona 1V
Satélite
89
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Capítulo 7
A dúvida brasileira entre as faixas de 1.8Ghz e 1.9Ghz
interferia diretamente nos interesses de defensores
de tecnologias GSM (a favor de 1.8Ghz, deixando
a faixa de 1.9Ghz para 3G, conforme o IMT-2000)
e de defensores de tecnologias CDMA/TDMA (a
favor de 1.9Ghz, que elas já ocupam). A decisão da
Anatel em favor da faixa de 1.8Ghz (conforme
mostrado na Figura 7.2), alinhando os rumos do
mercado brasileiro com as especificações IMT-2000,
abre uma imensa janela de oportunidades para gru-
pos de P&D e empresas atuantes em comunicação
sem fio para os próximos anos. As especificações
técnicas serão abertas, o mercado será necessaria-
mente de múltiplos fornecedores, e as interfaces entre
funções e aplicações futuras, previamente definidas.
Wireless Application Protocol (WAP)
O WAP é uma típica janela de oportunidade criada
pelo mercado através do lançamento de um novo
serviço, o de acesso à Internet via telefone celular.
Do ponto de vista tecnológico, não traz maiores
desafios para grupos de P&D locais. Do ponto de
vista empresarial, traz a promessa de rápida
viabilização de empreendimentos que aproveitem
essa janela.
O WAP vem responder à seguinte pergunta:
como ler páginas web nas minúsculas telas
de telefones celulares e computadores de
mão? Foi criado o padrão industrial chamado
Wireless Application Protocol (WAP), incorporando
a chamada Wireless Mark-up Language (WML), que,
de forma análoga ao padrão HTML na web,
viabiliza a navegação em sites WAP a partir de
celulares apropriados e similares.
Alguns aspectos a considerar neste caso são os
seguintes:
O acesso à Internet via celular, por enquanto,
é mais modismo do que necessidade real. Isto
significa que há, por enquanto ao menos, for-
te grau de artificialidade na demanda por essa
tecnologia.
Por outro lado, é evidente que o papel de ce-
lulares no futuro, em conexão com a Internet,
é uma tendência mundial avassaladora. Não é
seguro, nesse cenário, que WAP tenha espaço
a médio/longo prazo. Mas, a curto prazo, é
certamente o padrão “da hora”!
Figura 7.2
Mapa de Freqüências e Serviços Associados no Brasil
3GHz
30GHz
300GHz
3THz
30THz
300THz
3PHz
30PHz
300PHz
3EHz
30EHz
300EHz
Banda C
3ª Geração
Microondas
Radiação
Infra-
vermelha
Luz ultra-
violeta
Raios-x
Raios
Gamma
700nm
400nm
Luz Visível
30EHz
30PHz
300GHz
30Hz
300Hz
3KHz
30KHz
300KHz
3MHz
30MHz
300MHz
540
AM
1800
FM
88
108
175
216
900
500
Bandas
A e B
Celular
1900
800
1800
O
n
d
a
s
d
e
R
á
d
i
o
Fonte: PricewaterhouseCoopers
Adaptado do Jornal “Valor” - 25/06/2000
UHF
TV
VHF
TV
3GHz
30Hz
Fonte: PricewaterhouseCoopers
adaptado do Jornal “Valor” - 25/06/2000
90
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
P&D, Tecnologias-chave e Aplicações
Mas, somados os dois aspectos acima comentados,
surge a essência do chamado “empreendedorismo”:
a disposição ou não em, considerados os prós e os
contras, entrar no jogo na fase inicial.
Processamento de textos no mundo Internet
A área de processamento de textos, que na déca-
da de 80 cresceu com o mercado de editores de
textos e explodiu em seguida com a automação
de escritórios, entrou em modo recessivo na pri-
meira metade da década de 90. Mais recentemente,
porém, ganhou ímpeto com a ênfase crescente da
Internet em geração, tratamento e disseminação de
conteúdos (que, em larga medida, são ainda tex-
tos). No Brasil, pelo menos duas iniciativas de pes-
quisa em máquinas de busca na Internet, capitali-
zando a experiência com pesquisas anteriores com
processamento de textos (entre outras áreas), con-
verteram-se em produtos ou serviços de sucesso.
São os casos da UFPE e UFMG.
Tradução entre linguagens naturais
Um dos principais desafios para a maior disse-
minação de Internet fora do mundo anglo-
saxônico é o problema da língua em que con-
teúdos estão vazados. A área de processamento
de linguagens naturais (incluindo obviamente a
língua portuguesa) é objeto de interesse de vários
grupos de pesquisa no Brasil, embora em escala mais
reduzida do que, por exemplo, em Portugal. Não
obstante, há significativas iniciativas no Brasil, com
condições de gerar resultados no mesmo nível
de grupos de pesquisa de renome mundial nessa
área. É o caso, por exemplo, do NILC, consór-
cio de pesquisadores da Universidade Federal de
São Carlos, Unicamp e Unesp.
Processamento de imagem e robótica
O processamento de imagens acoplado à robótica
constitui uma tecnologia emergente demandada por
uma série de aplicações, como monitoramento do
meio ambiente, agricultura de precisão e
geoprocessamento. No Brasil, há pelo menos um
projeto que visa a gerar aplicações relacionadas com
essa tecnologia: o projeto Autonomous Unmaned Remote
Monitoring Robotic Airship (AURORA) do CTI. No
AURORA, tem-se um dirigível com capacidade
para carregar menos de 10kg, dotado de um sistema
de captação e tratamento de imagens capaz de guiá-lo
ao longo de um percurso previamente delimitado.
O sistema tem diversas aplicações, tais como
monitoramento de tráfego, planejamento urbano,
inspeção de linhas de transmissão ou de oleodutos,
prospecção mineral e arqueológica etc. Pode ser
utilizado no monitoramento de florestas, sítios eco-
lógicos e reservas ambientais. Pode também ser
acoplado a uma estação rádio base móvel (barcos,
por exemplo), que pode se conectar a uma estação
fixa, e esta pode por sua vez ser ligada à Internet
utilizando-se Very Small Aperture Terminal (VSAT),
sendo o controle do dirigível e o monitoramento
realizável a distância. Cabe lembrar que os locais
monitorados constantemente encontram-se distan-
tes de acessos à Internet. O monitoramento
ambiental automático poderia evitar tragédias re-
centes como o derramamento de óleo no rio Iguaçu,
PR, ou na Baía da Guanabara. Usado na região
Norte, pode ser acoplado aos sistemas Sivam/
Sipam, funcionando como uma base mais próxi-
ma de monitoramento do alvo final do que os saté-
lites. O AURORA III tem previsão de autonomia
de mais de 24h, percorrendo mais de 100km.
Criptografia
A criptografia não apenas busca aumentar a priva-
cidade nas comunicações e armazenamento de in-
formações, mas também a integridade e, não me-
nos importante, autenticidade dos autores ou atores
de uma transação ou documento eletrônico. Alguns
países, como os EUA, dão especial destaque a esta
tecnologia, considerando-a como parte importan-
te da segurança nacional. Este fato, em função do
predomínio tecnológico americano no setor, tem
inibido o desenvolvimento sólido da segurança em
redes, ao mesmo tempo em que tem aberto pers-
pectivas para o aparecimento de diferentes soluções
de criptografia, embora haja visível esforço para
padronizar os protocolos que utilizam estes
algoritmos, como o IPsec, o TLS etc.
Outra tendência para o setor é o desenvolvimento
de chips dedicados para criptografia, como o Proje-
to Clipper norte-americano. Com a evolução para
a sociedade da informação e a tendência de diversi-
ficação dos equipamentos de acesso à rede, soman-
do-se a expansão de aplicações que demandam
maior segurança, surge a necessidade de uso de
criptografia por hardware, ampliando a utilização desta
tecnologia para dispositivos com dispositivos ma-
nuais, celulares etc.
91
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Capítulo 7
Há esforços de domínio desta tecnologia no
Gabinete de Segurança Institucional da Presi-
dência da República, mais especificamente no
Cepesc, que tem o papel de assessoramento e
coordenação das propostas de políticas e ações
de governo para a utilização da criptografia
no País. Há também esforços de pesquisa no
Impa, na Unicamp e na UFPE. No setor pri-
vado, há esforços ainda embrionários de algu-
mas empresas.
Geoprocessamento
A tecnologia de geoprocessamento é estratégica
para o governo em suas diversas esferas. Existe
uma série de aplicações onde o geoprocessamento
é um vetor determinante, como monitorização
ambiental, controle fiscal, fiscalização agrária, vi-
gilância nacional, controle de tráfego aéreo, pre-
visão meteorológica, zoneamento urbano, gerên-
cia do uso do solo, agricultura de precisão, entre
outras.
O Brasil detém tecnologia nesta área, com ex-
periências muito bem consolidadas, como, por
exemplo, a atividade da Embrapa, em aplica-
ções agrícolas, e do Inpe, com atuação já tra-
dicional na previsão meteorológica. Nos níveis
municipal e estadual há diversos esforços de
envergadura em alguns estados, como no caso
de Minas Gerais e Bahia, de planejamento e
gerência do uso de vias públicas em grandes ci-
dades. Verifica-se também a atuação da iniciativa
privada ofertando sistemas e serviços, inclusive
via Internet.
Processamento de Alto Desempenho
Há considerável tradição no Brasil na pesquisa
e prototipagem de equipamentos e software para
processamento de alto desempenho, com gru-
pos ativos em instituições como a UFRJ, USP,
Unicamp etc. Recentemente, um pacote
tecnológico oriundo dessas pesquisas foi trans-
ferido pela Finep para o setor privado, com
vistas a permitir a fabricação no Brasil de equi-
pamentos para processamento de alto desem-
penho para áreas específicas de aplicação, como
agricultura de precisão, inspeção visual de aero-
naves etc. A possibilidade de disponibilização
de equipamentos desse tipo (e de suas aplica-
ções) a um custo acessível no Brasil é essencial
para compor uma estratégia de oferta de ser-
viços de alto desempenho no País, através de
uma hierarquia de equipamentos e servidores,
como comentado no Capítulo 8 - Infra-estru-
tura Avançada e Novos Serviços.
Telemedicina
Considerando-se o ambiente global e, em parti-
cular, o de alguns países líderes no mundo, deve-
se ter em conta as repercussões que as novas
tecnologias de informação e comunicação pro-
duzirão no contexto dos médicos, trabalhado-
res da saúde e pacientes. As aplicações das
tecnologias emergentes na medicina, em espe-
cial aquelas relacionadas com a Internet, indi-
ferentemente chamadas de telemedicina, apre-
sentam um potencial extremamente atraente
pela eliminação das distâncias, oferecendo uma
esperança de atendimento médico qualificado
em locais remotos e/ou desprovidos da me-
lhor infra-estrutura.
Deve-se ressaltar que a tecnologia não é a solu-
ção para os problemas relacionados com infra-
estrutura, investimentos, mão-de-obra, serviços
e suas disponibilidades, mas sim um elemento
adicional ao enorme esforço dos governos na
superação das deficiências.
Televisão de alta definição
A TV digital será em breve uma realidade para o
mercado brasileiro. Seguramente será uma mu-
dança de grandes proporções tanto para as emis-
soras quanto para os telespectadores, com custos
elevados para ambos.
O resultado dos testes realizados até o presente
indicam a pretensão de uso de parte do espectro
e da infra-estrutura de distribuição dos sinais para
transporte de dados, nos moldes do que se arti-
cula no mercado norte-americano.
Considerando a convergência com telecomu-
nicações, as preocupações das emissoras cla-
ramente remetem a um novo modelo de ne-
gócio de TV. Tal convergência apresenta um
aspecto relevante para avaliação e eventual
regulação pela Anatel na implantação da TV
digital no Brasil.
92
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
P&D, Tecnologias-chave e Aplicações
7.3 – Para Onde Vamos
É necessário preparar um salto
tecnológico para 2004
O Brasil tem condições de dar um salto
tecnológico em áreas selecionadas de
informática, telecomunicações e suas aplica-
ções. Tal salto deve ter impacto direto na for-
ma e na escala de produção de bens e servi-
ços incorporando tecnologias de informação
e comunicação no País. O desafio, entretanto,
demanda meticuloso planejamento, desde já,
para que comece a ser concretamente atacado
a partir de 2004.
É necessário identificar tecnologias-chave
Com vistas a ter aporte tecnológico relevante
a partir de um horizonte mínimo de cinco
anos, é necessário identificar de imediato um
conjunto de tecnologias-chave em que se prin-
cipiará a investir de forma prioritária desde já,
começando em pesquisa básica e formação
de recursos humanos, se necessário. Vale re-
gistrar que é necessário principiar, aqui, com a
definição de uma metodologia rigorosa (pro-
vavelmente integrando métodos semelhantes
ao Delphi com o estudo de cenários) para le-
vantar, classificar e avaliar tecnologias, aferir
opiniões dos especialistas envolvidos, descre-
ver e analisar cenários etc. Para se ter idéia do
que se necessita, a Figura 7.3 ilustra como pode
ser elaborado o processo de filtragem de
tecnologias-chave a partir da identificação de
tecnologias sucessivamente/alternativamente
qualificadas como pervasivas, genéricas,
capacitadoras, estratégicas etc.
É necessário consolidar um modelo de
pesquisa consorciada em tecnologias-
chave
Identificado um conjunto de tecnologias-cha-
ve, é necessário ter um modelo de pesquisa
consorciada, envolvendo instituições de diver-
sos tipos no Brasil no exterior, no qual os pro-
blemas de financiamento, acompanhamento
de atividades, empacotamento de resultados,
transferência de tecnologia e compartilhamento
de resultados estejam previamente resolvidos
antes do lançamento de quaisquer chamadas
de projetos.
É necessário ampliar significativamente a
capacidade instalada de P&D no País e a
integração entre universidade e indústria
O Brasil precisa aumentar sua infra-estrutura de
pesquisa, tanto nas universidades como nas em-
presas. É necessário ampliar o suporte aos pro-
gramas de pós-graduação e criar novos e inova-
dores projetos de formação integrada de recur-
sos humanos nas áreas relacionadas às tecnologias
de informação e suas interfaces. A alavancagem
de iniciativas cooperativas pressupõe a existên-
cia de atividades de P&D no âmbito das em-
presas. Assim, é necessário criar condições para
que as empresas disponham de equipes perma-
Figura 7.3
Identificação de Tecnologias-chave
A
B
C
D
E
1
2
3
4
5
6
A
B
C
D
E
1
2
3
4
5
6
A B C D E
1
2
3
4
5
6
Necessidades sociais
Tecnologia
Mudanças tecnológicas
T
e
c
n
o
l
o
g
i
a
T
e
c
n
o
l
o
g
i
a
T
e
c
n
o
l
o
g
i
a
T
e
c
n
o
l
o
g
i
a
Centrais
Críticas
Genéricas
Estratégicas
Capacitadoras
Tecnologias-chave
Fonte: Hanna, N. (Banco Mundial)
A
B
C
D
E
1
2
3
4
5
6
Setores industriais
Pervasivas
Fonte: Hanna, N. (Banco Mundial)
93
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Capítulo 7
nentes de P&D. Também é necessário ampli-
ar incentivos e aperfeiçoar mecanismos para
o desenvolvimento de projetos em parceria,
envolvendo universidades, centros de pesqui-
sa e empresas, explorando as oportunidades
nos campos científico e industrial.
7.4 – O que Fazer
Quadro Jurídico
Conceber modelos de Consórcios de P&D.
Desenvolver proposta de Propriedade Inte-
lectual para transferência de tecnologia de pro-
dutos resultantes de projetos financiados por
órgãos de fomento.
Ações Estruturadoras
Identificar dez tecnologias-chave em
tecnologias de informação e comunicação
com tempo de maturação de pelo menos qua-
tro anos e consolidar metodologia para am-
plo uso.
Montar e financiar pelo menos dois consórcios
em regime de competição para cada tecnologia
(cada qual com dois grupos de P&D, duas em-
presas e dois grupos cooperantes no exterior).
Ampliar e aprimorar mecanismos no âmbito
das agências de fomento, para incentivar o
desenvolvimento de projetos cooperativos de
empresas com universidades e centros de pes-
quisa.
Identificar oportunidades e criar consórcios
para desenvolvimento de aplicações de alcan-
ce social, de impacto industrial e resultados no
curto prazo, com base em tecnologias
capacitadoras ou emergentes.
Fomentar projetos multidisciplinares para a
orientação do desenvolvimento da infra-es-
trutura nacional (transportes, meio ambiente,
saúde, educação etc.) que intrinsicamente de-
mandem o emprego de redes eletrônicas, seja
pela cooperação de diversas instituições, ou
pela operação em múltiplos sítios.
Outras Ações
Identificar barreiras para geração/integração/
difusão de aplicações em áreas estratégicas
selecionadas.
Montar esquema de prototipagem interna/
externa de fomento a aplicações para atacar
barreiras encontradas nas áreas selecionadas.
Ampliar a base de pesquisa instalada nas uni-
versidades, priorizando oportunidades no pla-
no científico, relacionadas às tecnologias-chave.
Articular ações do setor público e privado por
meio de chamadas de projetos mobilizadores
em tecnologias-chave, envolvendo universida-
des, centros de P&D e empresas.
94
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
P&D, Tecnologias-chave e Aplicações
95
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Capítulo 8
Capítulo 8
Infra-estrutura Avançada
e Novos Serviços
96
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Infra-estrutura Avançada e Novos Serviços
97
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Capítulo 8
Figura 8.1
Um Modelo Estratificado do Uso de TIC
Capítulo 8 – Infra-estrutura Avançada e
Novos Serviços
8.1 – Do que se Trata
O Modelo de Referência para Discussão
Sistemas baseados no uso intensivo de tecnologias
de informação e comunicação podem ser vistos
como compostos por três camadas de funções,
conforme ilustrado na Figura 8.1.
Aplicações
Esta camada inclui funcionalidade específica
para áreas de aplicação, tais como Saúde, Edu-
cação, Serviços Governamentais, Atendimen-
to Bancário etc.
Serviços genéricos
Esta camada é constituída por funções de
uso geral, tais como correio eletrônico, trans-
ferência de arquivos, acesso a computadores
remotos, acesso a WWW, que podem ser usa-
das em qualquer aplicação. É implementada
por software e equipamentos especiais e utiliza
a função de rede (da camada inferior) para a
interação com pontos remotos.
Infra-estrutura
Corresponde à função básica de redes in-
terligando quaisquer dois pontos com ca-
racterísticas técnicas de serviço bem defini-
das. É implementada fisicamente por uma
malha de conexões digitais de todos os ti-
pos (cabo metálico, microondas, fibras óti-
cas, satélites etc.) e de equipamentos e software
que convertem essa malha física em infovias.
O grande apelo da Internet, considerado o mo-
delo de três camadas acima descrito, é unificar e
oferecer um conjunto de serviços genéricos de
grande utilidade e facilidade de uso, através de
uma infra-estrutura de redes cada vez mais am-
pla, veloz, confiável e de baixo custo, de tal sorte
que se torna cada vez mais atraente e fácil im-
plantar novas aplicações.
Esta linha de ação se refere a:
planejamento e implantação de uma infra-es-
trutura avançada de redes no Brasil, inte-
grando esforços de governo, do setor acadê-
mico e do setor privado, que acompanhe a
evolução de iniciativas similares no exterior;
viabilização e otimização de uma nova classe
de serviços genéricos avançados sobre a
infra-estrutura de alta velocidade, incluindo em
especial:
- processamento de alto desempenho;
- videoconferência;
- diretórios distribuídos.
Tal infra-estrutura e tais serviços, uma vez im-
plantados e validados em ambientes de pesquisa,
deverão rapidamente passar para uso geral na
Internet brasileira. A transferência de tecnologia
rápida e eficiente será, pois, uma condicionante
fundamental do processo.
Redes e o Fator Velocidade de
Transmissão
A principal condicionante de uma rede é a velo-
cidade de transmissão que ela oferece. Depen-
dendo da velocidade, alguns serviços serão pos-
síveis (mesmo com baixo desempenho), enquan-
to outros serão simplesmente inviáveis. Alguns
serviços são demandantes de velocidade cons-
tante, em situação de regime, enquanto ou-
tros são demandantes em determinados ins-
tantes somente, por funcionarem mais em for-
ma de rajada (isto é, com picos intermitentes de
alta demanda ocorrendo em situações usualmen-
te de baixa demanda).
Fonte: SocInfo
Aplicações
Serviços Genéricos
Infra-estrutura
Saúde
Loja Virtual
Educação
Saúde
Loja Virtual
Educação
98
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Infra-estrutura Avançada e Novos Serviços
O que é possível fazer a uma dada
velocidade de rede?
O Gráfico 8.1 responde a essa questão. Por exem-
plo, ele sugere que a visualização interativa atra-
vés de redes é demandante de velocidades da or-
dem de 100Mbps (10
8
bps), em regime. Em
contraposição, o Correio Eletrônico é viável a
taxas de 10Kbps (10
4
bps) e opera em modo de
rajada, o que explica por que, mesmo nas piores
redes, este ainda é um serviço viável.
Outras Características Técnicas
A velocidade de transmissão é um fator determinante
do perfil de uso possível de uma rede. Contudo, há
diversas outras características desejáveis nas redes Internet
da próxima geração. Elas incluem:
Qualidade de serviço
Aplicações diferentes requerem diferentes servi-
ços da rede, algumas não toleram atrasos muito
grandes na rede, outras não são sensíveis aos atra-
sos, algumas toleram perda de informações em
algum nível na rede, outras não. Videoconferência,
por exemplo, pode funcionar perfeitamente com
eventuais perdas de quadros. Já na transferência
de arquivo, tem de ser garantida a integridade
do arquivo. Redes com Qualidade de Serviço
permitem à aplicação a definição do tipo de
serviço desejado.
Escalabilidade no serviço
Convém que, dependendo do tipo e das condi-
ções em que um serviço deva ser suportado, a “pró-
pria rede” seja capaz de determinar e gerenciar a
alocação dos recursos necessários, de forma a não
haver nem falta nem desperdício.
Segurança e robustez
É necessário haver mecanismos para proteção
de serviços, usuários e recursos contra o mau
uso e mesmo uso malicioso de redes. Em situa-
ções de emergência, o serviço de redes deve
“degradar-se graciosamente”, e não interrom-
per operação abruptamente.
Esses e outros requisitos, que se tornam mais críti-
cos em redes e aplicações de velocidade cada vez
maior, compõem a pauta de pesquisa para a Internet
de Nova Geração, ou Internet 2, como muitos se
referem ao novo ciclo de evolução da Internet em
curso desde 1997 nos países mais avançados.
Processamento de Alto Desempenho
A capacidade de processamento em nível local a
uma instituição vem crescendo substantivamente, ao
longo dos anos, à medida que processadores e es-
tações de trabalho cada vez mais poderosos vão sur-
gindo no mercado, a custos relativos cada vez mais
baixos. No entanto, a complexidade das aplicações
e a conseqüente demanda por processamento de
alto desempenho também cresce, especialmente na
área de pesquisa.
O Gráfico 8.2, adaptado de figura original da NSF,
ilustra a demanda por processamento para alguns
grandes desafios correntes em P&D.
Obviamente, poucas instituições poderão ter inter-
namente tal capacidade de processamento.
Para resolver esse tipo de demanda, a idéia é im-
plantar, para uso coletivo via redes, alguns poucos
supercentros de computação de alto desempenho.
Alguns desses centros podem ser dedicados a uma
área específica de aplicação (exemplo: clima), en-
quanto outros centros podem ser abertos a diver-
sas classes e áreas de aplicações.
Gráfico 8.1
Aplicações e Demanda de Comunicações
Fonte: adaptado de Office of Science and Technology
Policy, 1992
10
0
10
1
10
2
10
3
10
4
10
5
10
6
10
7
10
8
10
9
10
10
Rajada
Correio
Eletrônico
Acesso a
Bases de
Dados
Multimídia
Transferência
de Imagens
Computação
Distribuída
Regime
Transferência
de arquivos
de Textos
Vídeo
Teleconferência
Visualização
Interativa
Imagens
Compostas
Taxa de pico
(velocidade em bps)
Requisitos de transmissão
99
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Capítulo 8
Diretórios
Diretórios distribuídos constituem uma necessida-
de cada vez mais crítica que redes de alta velocidade
permitirão implementar. Tais diretórios serão úteis,
por exemplo, em casos como os seguintes:
i. a estruturação e acesso eficiente a informações e
aplicações de governo;
ii. a identificação e autenticação de usuários de de-
terminado serviço (uma vez que o diretório te-
nha associado uma função de certificação digital
baseado em uma infra-estrutura de chaves pú-
blicas).
O Papel de Redes para P&D
Como se inicia um novo ciclo de evolução da
Internet em um país? Nos países centrais, o papel
catalisador é desempenhado por suas iniciativas
nacionais de redes para P&D ou por institui-
ções que coordenam esforços similares (exem-
plo: NSF e NGI nos EUA, SURFnet na Holanda,
Canarie no Canadá, DFN na Alemanha etc.). Tais
iniciativas, geralmente organizadas na forma de
consórcios envolvendo governo, academia e in-
dústria, montam redes com velocidades
vastamente superiores às encontradas em redes
comerciais e utilizam novas tecnologias na
viabilização de serviços experimentais, usualmente
restritos à comunidade de pesquisa. A razão pri-
mária que impulsiona a implantação dessas redes
para P&D é desempenhar esse papel de vanguar-
da, mais como testbed do que como “serviço nor-
mal” (que vem como objetivo secundário no pro-
cesso). Isto faz com que tais redes tenham carac-
terísticas bastante específicas, em comparação
com outras redes (exemplo: Redes de Governo),
como ilustra o Quadro 8.1. Vale registrar, à guisa
de ilustração adicional, que uma rede de Educa-
ção para interconectar escolas de ensino básico se
assemelha mais a uma rede como a de Governo
do Quadro 8.1 do que a uma rede de P&D stricto
sensu.
Fonte: adaptado de Office of Science and Technology Policy,
1992
Gráfico 8.2
Requisitos de Processamento de Alto Desempenho
para Grandes Desafios em P&D
Genoma Humano
Modelagem de Clima
Dispersão de Poluição
Circulação em Oceanos
Modelagem de Supercondutores
Visão e Cognição
0,1
1
10
100
1000
Genoma Humano
Modelagem de Clima
Dispersão de Poluição
Circulação em Oceanos
Modelagem de Supercondutores
Visão e Cognição
Biologia
Estrutural
Projeto de
Fármacos
Fala e Linguagem
Natural
Previsão
Meteorológica
48 horas
Modelagem de
Plasmas 2D
Modelagem de
Plasmas 3D
Em 10 Operações/Seg
9
Foco
Usuários
Infra-estrutura básica
Mecanismos de Acesso
Privacidade/Segurança
Proteção de Propriedade
Intelectual
P&D
Processamento
Pesquisadores e engenheiros
(totalizando dezenas de milhares)
Rede de Alta Velocidade (com
poucos pontos) e Processadores
de Alto Desempenho (< dez)
Estações de Trabalho com alto
desempenho e boa velocidade de
comunicação (> 10 Mbps)
Desejável, mas não crítica no início
Desejável, mas não crítica no início
Serviços de Governo
Informação
Usuários de aplicações e informações de governo, estendendo-se a
outros setores (totalizando centenas de milhares ou mesmo milhões)
Rede com média/baixa velocidade, com grande capilaridade e muitos
servidores de informações (> 100)
Microcomputadores, pools, quiosques etc., incluindo esquemas
móveis/sem fio
Essencial
Essencial
Quadro 8.1
Contrastes entre Infra-estruturas para P&D e Infra-estruturas para Serviços de Governo
Fonte: adaptado de NCO/HPCC: Toward a NII, 1994
100
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Infra-estrutura Avançada e Novos Serviços
O grande desafio de redes de P&D é o de se
concretizar e entrar em operação rapidamente,
em adiantado em relação a serviços comerciais
de requisitos similares, de sorte a poder exercer a
contento o seu papel de “batedor de fronteiras”.
Nos países centrais, isto ocorre graças ao pró-
prio interesse de empresas (operadoras de servi-
ços de comunicação, fabricantes de equipamen-
tos etc.) em viabilizar redes acadêmicas, para ne-
las ganhar experiência com tecnologias e serviços
ainda localizados além do horizonte comercial
imediato. Para tal, os enlaces de comunicação e
os equipamentos são fornecidos a preços dife-
renciados, quando não zerados. Do lado acadê-
mico, isto permite reduzir consideravelmente o
custo de manutenção e expandir continuamente
um serviço de redes em caráter experimental.
Nos países em desenvolvimento, tal modelo de
parceria entre o setor acadêmico e o setor indus-
trial em tecnologias de informação e comunica-
ção é pouco disseminado. Instala-se, então, um
jogo do “perde-perde”. A indústria local abdica
da possibilidade de, mesmo não gerando novos
avanços tecnológicos, propiciar a queima de eta-
pas rumo a novas tecnologias e a capacitação de
recursos humanos em quantidade e qualidade.
Em contraposição, o setor acadêmico, em face
da necessidade de arcar com preços comerciais
extremamente onerosos para a obtenção de en-
laces de muito alta velocidade, passa a mirar a
implantação ou expansão de redes sob uma ótica
preponderantemente contábil e, portanto, a justi-
ficar a empreitada pela ótica de serviços, e não
como testbeds. Como resultado, ocorre, com fre-
qüência, que redes acadêmicas se tornam redes
de serviços comuns (embora voltados para uma
audiência específica), no mesmo patamar
tecnológico de serviços comerciais, quando não
piores.
O desafio aqui é:
i. encontrar um modelo para montar, manter e
expandir redes para P&D como resultado de
parceria entre governo, setor acadêmico e se-
tor privado;
ii. montar um modelo complementar de transfe-
rência acelerada de tecnologias avançadas em
redes para o setor privado, a partir da experiên-
cia com redes para P&D.
Algumas idéias para diretrizes
Conforme se salientou anteriormente, redes para
P&D devem ser miradas como vetores para a mo-
dernização acelerada da infra-estrutura global
de redes em um país. Consoante com essa visão,
sua implementação e sua evolução devem ser obje-
tos de ação concertada entre o setor público e o
setor privado. No setor privado, as empresas fabri-
cantes de equipamentos e as empresas operadoras
de serviços de comunicações devem ser participan-
tes ativos e constantes desde sempre, por serem os
beneficiários potenciais imediatos dos resultados.
Isto posto, que diretrizes adicionais podem ser con-
cebidas para acelerar a implantação de infra-estru-
turas de redes, reforçando o papel de P&D e, ao
mesmo tempo, acelerando o surgimento de novos
serviços de caráter comercial? Duas frentes podem
ser exploradas:
i. Parceria com iniciativas de implantação de
fibra escura
A partir do instante em que tecnologias de in-
formação e comunicação passaram a ser enca-
radas como um grande negócio em potencial,
houve e há interesse generalizado da iniciativa
privada e mesmo de empresas públicas em in-
vestimento em infra-estrutura para a área. À luz
desta tendência, articulações buscando parcerias,
tanto de interesse para a comunidade de P&D
como para as próprias empresas provedoras de
fibra escura, podem ser feitas, de modo a
viabilizar experimentos em nível nacional ou re-
gional por parte da comunidade de P&D, bem
como gerar oportunidades de absorção
tecnológica para as empresas envolvidas, além
da geração de novos mercados.
Tal tipo de parceria pode acelerar dramatica-
mente a expansão de backbones de alta veloci-
dade para o interior dos estados, bem como
a interconexão de regiões. A motivação
subjacente seria a seguinte:
- trocar tecnologia por banda;
- fazer backboning (isto é, banda) puxar apli-
cações.
ii. Implantação de redes metropolitanas
Em regiões metropolitanas, há maior disponi-
bilidade de enlaces e acessos de alta velocidade
(juntando telecomunicações, TV a Cabo, servi-
101
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Capítulo 8
ços de trunking etc.), bem como um grande nú-
mero de instituições potencialmente interessadas em
redes para veicular novos serviços e aplicações.
Neste caso, a motivação subjacente seria:
- trocar tecnologia por aplicações;
- fazer aplicações puxarem banda (isto é,
backboning).
As duas frentes são complementares. É ocioso fri-
sar que, em cada uma delas, é necessário um imen-
so esforço de articulação para que iniciativas con-
cretas subseqüentes possam efetivamente ocorrer.
8.2 – Onde Estamos
Fibras Óticas no Brasil
Há grande corrida no Brasil de implantação de
linhas de fibras óticas para futuro uso em teleco-
municações. A Figura 8.2 ilustra a situação em
meados de 1999.
Há, portanto, um grande potencial para a expan-
são de Internet de alta velocidade nos próximos
anos no País, conforme se discute em maior de-
talhe no Anexo 4.
Backbones Internet em Operação
Há três tipos de redes Internet no País:
i. Redes para Educação (essencialmente no
nível superior) e P&D
Estas são estruturas de uso exclusivo da co-
munidade acadêmica. Há um backbone nacio-
nal da RNP e estruturas complementares em
estados como São Paulo (ANSP), Rio de Janei-
ro (RedeRio), Santa Catarina (RCT) e outras.
ii. Redes Governamentais
Estas são ou estruturas fechadas que servem
exclusivamente a um órgão ou aplicação de
governo (exemplo: rede da Previdência) ou
são estruturas abertas para apoiar qualquer apli-
cação governamental em seu nível específico
de atuação (como a rede do Serpro ou a rede
da Prodemge). Estas redes são discutidas no
Capítulo 6 – Governo ao Alcance de Todos.
iii. Redes Comerciais
Estas são estruturas montadas para oferecer
serviços de conectividade Internet a qualquer
interessado, para qualquer fim. A maior estru-
tura de backbone dessa natureza atualmente em
operação no Brasil é a da Embratel/MCI.
De uma maneira geral, essas redes:
operam enlaces a velocidades médias de
2Mbps;
suportam serviços convencionais Internet;
são mal articuladas entre si, posto não haver
política clara de troca de tráfego no País.
De qualquer forma, é evidente que, no conjunto,
essas iniciativas mostram uma vitalidade na infra-
estrutura de serviços Internet no País.
Redes para P&D e Internet de Nova
Geração
A infra-estrutura de redes para suporte à P&D
tem características distintas das redes para educa-
ção comentadas no Capítulo 4 - Educação na
Sociedade da Informação, bem como para o
governo (conforme indicado no Quadro 8.1). As
atividades de P&D demandam, em geral, alto trá-
fego na rede, baixa capilaridade e, comparando-
se com educação, baixo volume. Há também uma
demanda por serviço de rede de nova geração
com alta velocidade e suporte a QoS (conforme
comentado na seção anterior). Em termos de
infra-estrutura de redes, portanto, temos um es-
pectro contínuo que se estende, desde redes com
alto grau de capilaridade, de baixa velocidade e
Figura 8.2
Infra-estrutura de Fibra Ótica em Implantação no País
Fonte: Ministério do Planejamento
João Pessoa
Natal
Fortaleza
Imperatriz
São Luís
Santarém
Belém
Brasília
GNA
BRU
ULA
Belo Horizonte
Vitória
RJ
Porto Alegre
Florianópolis
SP
Recife
Maceió
Aracaju
Salvador
Boa Vista
CGE
JVE
Porto Seguro
CTA
PGA
S. Mateus
Américas 1
(EUA, Europa)
UNISUR
Argentina
Uruguai
BRUBauru
CGE C. Grande
CTACuritiba
GNAGoiânia
JVE
PGA
ULAUberlândia
Joinvile
Ponta Grossa
Fibra ótica
Existente
Prevista para 1999
Interligação do
Sistema Elétrico
102
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Infra-estrutura Avançada e Novos Serviços
Centros de Processamento de Alto
Desempenho (Cenapad)
Há correntemente no Brasil seis centros de
processamento de alto desempenho (Cenapad)
montados sob os auspícios do MCT, em coope-
ração com instituições locais:
Belo Horizonte, na UFMG;
Cachoeira Paulista, no Inpe;
Campinas, na Unicamp;
Fortaleza, na UFCE;
Petrópolis, no LNCC;
Porto Alegre, na UFRGS.
com um grande número de usuários, até as redes
experimentais de P&D na fronteira tecnológica.
Investimentos continuados em todo o espectro
são necessários para que as ações propostas no
âmbito do Programa Sociedade da Informação
tenham um suporte de infra-estrutura adequado. São
particularmente críticos os investimentos em redes
de interligação de escolas a fim de preparar as futu-
ras gerações para o novo contexto moldado pelas
tecnologias de informação e comunicação.
A RNP e algumas redes estaduais estão em proces-
so de evolução para um novo ciclo de tecnologias e
serviços Internet no Brasil. A RNP, em particular,
que opera um backbone com boa cobertura regio-
nal, embora a baixas velocidades, está colocando
em operação uma nova malha a velocidades mais
altas entre alguns pontos no País, enquanto viabiliza
um enlace de mais alta velocidade aos EUA, con-
forme ilustram as Figuras 8.3 e 8.4.
Por outro lado, a RNP assinou Memorando de
Entendimento com a UCAID para participação
no Projeto Internet 2, que se concentra em de-
senvolver aplicações nas áreas de Educação e
Pesquisa que executam em infra-estruturas Internet
de nova geração (conforme discutido no Anexo
4), a velocidades da ordem de Gpbs.
Redes Metropolitanas de Alta Velocidade
(Remav)
Existe uma iniciativa interessante, no âmbito do
MCT, de fomento à montagem de redes metro-
politanas de alta velocidade (Remav) para a
indução e experimentação com aplicações que
demandam, como piso, velocidades no patamar
de 2Mbps. Há presentemente 14 consórcios
Remav em andamento, nas cidades de Belo Ho-
rizonte, Brasília, Campinas, Curitiba, Florianópolis,
Fortaleza, Goiânia, João Pessoa, Natal, Porto Ale-
gre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo,
cada qual composto por instituições de educação
e pesquisa, instituições governamentais e empre-
sas operadoras de telecomunicações, explorando
conjuntos específicos de aplicações de redes. Re-
centemente, o Comitê Gestor da Internet no Brasil
decidiu estender seu apoio à iniciativa original e
incentivar a entrada de empresas nos consórcios,
como passo inicial rumo a um modelo de fo-
mento à implantação de redes de alta velocidade
no País para serviços comerciais.
Figura 8.3
Backbone da RNP (dezembro de 1999)
Fonte: adaptado de http://www.rnp.br
Figura 8.4
Backbone de Alta Velocidade da RNP (julho de 2000)
Fonte: adaptado de http://www.rnp.br
Porto Alegre
Campina Grande
Natal
Fortaleza
Rio Branco
Tefé
Porto Velho
Teresina
Alcântara
São Luís
Marabá
Santarém
Belém
Macapá
Manaus
Brasília
Goiânia
Campo Grande
Cuiabá
Palmas
Belo Horizonte
Vitória
Rio de Janeiro
Curitiba
Florianópolis
São Paulo
Recife
Maceió
Aracaju
Salvador
Fernando
de Noronha
Boa Vista
Cáceres
Velocidade
das conexões
2Mbps
1Mbps
512Kbps
128Kbps
64Kbps
64Kbps
(solicitadas)
384Kbps
256Kbps
64Kbps
(pendentes de definição
de pontos de presença)
E
U
A
Copyright 1999, RNP.
C
E
U
A
E
U
A
E
U
A
ATM a 155Mbps
ATM a 34Mbps
Frame Relay a 2Mbps
RS
SC
PR
GO
MS
MT
TO
AC
RO
RR
AM
AP
PA
PI
CE
PB
RN
PE
AL
SE
BA
ES
MA
DF
MG
RJ
SP
103
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Capítulo 8
Esses centros estão conectados à RNP por meio
de enlaces de 2 a 4Mbps.
8.3 – Para Onde Vamos
É preciso expandir a infra-estrutura de
redes para P&D
Primeiramente, é necessário consolidar um mo-
delo de atuação nesta frente, articulando os inte-
resses dos setores de governo, academia e in-
dústria, para a implantação e manutenção de re-
des deste tipo e sua articulação a outras redes.
É preciso acompanhar a evolução tecnológica
rumo à Internet de Nova Geração
A capacidade de P&D já instalada no Brasil deve
ser colocada a serviço da implantação acelerada
de tecnologias e serviços típicos de iniciativas
como a da NGI e Internet 2. Tópicos a consi-
derar, em uma primeira enumeração, incluem:
- IP sobre DWDM (Dense Wavelength Division
Multiplexing) para alcançar taxas de transmis-
são da ordem de 10Gbps em enlaces de fibra
ótica;
- serviços básicos: Multicasting, IP Móvel, LDAP
(Lightweight Directory Access Protocol), PKI (Public
Key Infrastructure), IPsec (IP Security) etc.;
- serviços com QoS: RSVP (Resource reServation
Protocol), DiffServ (Differentiated Services), MPLS
(MultiProtocol Label Switching ) etc.
É preciso expandir, generalizar e consolidar
as Redes Metropolitanas de Alta Velocidade
As Remav atuais devem ser expandidas,
institucionalizadas e convertidas em pólos auto-
sustentados de redes e aplicações de alta veloci-
dade para todos os fins, inclusive e principal-
mente para fins comerciais. Em adição, novas
Remav precisam ser fomentadas de tal sorte que,
em prazo previsível, todo pólo metropolitano
em torno de cidades com (digamos) mais de
500 mil habitantes tenha uma Remav.
É preciso consolidar um modelo de Proces-
samento de Alto Desempenho no Brasil
Um modelo para a implantação, o provimen-
to e a sustentação de serviços de proces-
samento de alto desempenho precisa ser defi-
nido. À luz desse modelo, os Centros atuais
terão propostas concretas de evolução. Para
fins de referência, até o final de 2003 deverá
haver pelo menos dois Centros de
Processamento de Alto Desempenho com
infra-estrutura e serviços compatíveis com os
serviços mais avançados no exterior. Diretri-
zes complementares podem incluir:
- incentivar a integração entre a universidade e
setor empresarial existente, para a exploração
de nichos de mercado de sistemas de alto de-
sempenho, utilizando tecnologias-chave;
- desenvolver no País um sistema de alto de-
sempenho extremamente potente (1 Teraflop),
constituído por conglomerados de
processadores, para uso integrado dos seto-
res acadêmico, empresarial e governamental,
no desenvolvimento de tecnologias-chave e de
aplicações de interesse estratégico para o País;
- gerar linhas de produção industrial de siste-
mas de alto desempenho, financiando lotes
pioneiros destinados a áreas de aplicação es-
pecíficas.
É preciso integrar a infra-estrutura e os servi-
ços avançados em uma malha computacional
Uma malha computacional agrega a infra-es-
trutura e os serviços, alterando fundamental-
mente a maneira com que usamos e pensa-
mos a computação. Provendo um acesso
consistente, seguro e abrangente a recursos
computacionais avançados, as malhas
computacionais vão apoiar o desenvolvimen-
to de novas classes de aplicações que depen-
dem da existência de recursos computacionais
não locais, tais como diagnóstico a distância,
cartão de seguridade social etc.
8.4 – O que Fazer
Quadro Jurídico
Esforço de padronização de protocolos e ser-
viços de redes em amplo uso do Brasil há vários
anos.
Definição de modelo para participação sistemá-
tica do Brasil na discussão e elaboração de pa-
drões e recomendações internacionais sobre re-
des Internet e suas aplicações (via IETF, ISO etc.),
bem como seu rebatimento em ações no Brasil
104
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Infra-estrutura Avançada e Novos Serviços
(via ABNT/CB-21 e Comitê Gestor da Internet
no Brasil).
Regulamentação de interoperabilidade de re-
des Internet no Brasil e de Pontos de Troca de
Tráfego.
Definição de estratégia e mecanismos operacionais
para a alocação de endereços IPv6 e ATM no
Brasil.
Ações Estruturadoras
Implantação de nova malha de redes para
P&D no País, com as seguintes características:
- uso de infra-estrutura baseada em fibra óti-
ca e IP sobre DWDM;
- Pontos de Transferência de Tráfego (PTT) a
155Mbps com todos os backbones;
- montagem de Pontos de Presença de alta ca-
pacidade (denominados Giga PoP) em insti-
tuições selecionadas de P&D, para viabilizar
uso restrito como testbeds para experimentos;
- conexão a pelo menos 155Mbps a iniciati-
vas internacionais similares (Internet 2, TEN-
155, Ca-Net3 etc.);
- implantação de novo patamar de tecnologias
e serviços (conforme 8.3) em cooperação e
articulação com iniciativas do novo ciclo da
Internet, tais como Internet 2, TEN-155 etc.;
- conexão às principais Remav em operação
no País, para apoiar a experimentação e di-
fusão de novas tecnologias e aplicações.
Implantação de pelo menos 10 Remav adi-
cionais, em cooperação com o Comitê
Gestor da Internet no Brasil, com foco em
aplicações avançadas que possam posterior-
mente passar para exploração comercial.
Reestruturação do Sistema de Processamento
de Alto Desempenho no País.
Concepção detalhada e suporte à implanta-
ção de amplo programa de Capacitação Avan-
çada em Redes, sob a coordenação do Comi-
tê Gestor da Internet no Brasil, especialmente
no setor privado.
Outras Ações
Fomento a projetos multiinstitucionais para
a prototipagem de aplicações de alto de-
sempenho em áreas estratégicas seleciona-
das, incluindo biologia molecular, climato-
logia, geoprocessamento e outras.
Apoio à implementação de bibliotecas digi-
tais no País, conforme o Capítulo 5 – Con-
teúdos e Identidade Cultural.
Apoio à implantação e uso amplo de redes,
conforme o Capítulo 3 – Universalização de
Serviços para a Cidadania e o Capítulo 4 –
Educação na Sociedade da Informação.
Negociação de redução de custos e níveis de
serviços na contratação de serviços de teleco-
municações, em um esforço de uniformiza-
ção em escala para estabelecimento de um
padrão mínimo na oferta de serviços.
Articulação de ações do setor público e priva-
do para o desenvolvimento e expansão da
infra-estrutura, mediante do lançamento de
projetos mobilizadores em temas como
HDTV, comunicação móvel, IP sobre meios
não convencionais (por exemplo, rede elétri-
ca), em que universidades, centros de P&D e
empresas somem esforços para viabilizar o
uso maciço de novas tecnologias de informa-
ção e de comunicação.
105
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Anexo I
Anexo 1
A Evolução de Iniciativas
Rumo à Sociedade
da Informação no Mundo
106
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
A Evolução de Iniciativas Rumo à Sociedade da Informação no Mundo
107
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Anexo I
Anexo 1 – A Evolução de Iniciativas Rumo
à Sociedade da Informação no Mundo
1.1 – Histórico
Durante a década de 90 tomaram vulto ações
em diversas frentes para dar sustentação à assim
denominada sociedade da informação.
Claramente, os EUA começaram o processo, com
o lançamento do Programa HPCC (Destaque A1.1)
da NII americana e, depois, com a GII. Esse papel
de liderança se deve a uma conjunção de fatores da
história recente americana (especialmente a lideran-
ça inconteste em Internet, o redirecionamento da
indústria de alta tecnologia pós-Berlim etc.) que mais
cedo ou mais tarde levariam os EUA a lançar uma
nova pauta de ações para o mundo.
A União Européia respondeu ao desafio com
algum atraso, mas de forma muito bem arti-
culada. Aproveitou o tema para dar impulso à
informatização interna (especialmente da ad-
ministração pública) dos países, reciclar a pro-
pensão atávica a propor padrões industriais ex-
cessivamente pesados e de quebra reforçou a
tendência à privatização de telecomunicações
no âmbito da União Européia.
Alguns países, como o Canadá e a Austrália, têm
evoluído com sucesso em trilhas muito próprias,
complementadas por iniciativas de cooperação
internacional no âmbito do G7, OCDE etc. Há,
por outro lado, um bloco - o escandinavo - que
pouco se envolve nessas iniciativas mundiais de
GII e/ou GIS. A razão é simples: eles estão anos
à frente dos outros países, inclusive dos EUA, no
uso generalizado de informática e especialmente
telecomunicações.
Ao longo do processo, termos diferentes foram
cunhados. Os mais difundidos são “Infra-estrutura
de Informações” e “Sociedade da Informação”.
A diferença é de ênfase na origem. O termo
“Information Infrastructure” foi lançado pelos EUA,
sublinhando o aspecto em que eles eram mais for-
tes, isto é, na pré-existência de uma plataforma de
computação/comunicações e de um conjunto de
serviços genéricos de suporte a aplicações que não
tinham competidores. E, muito no espírito norte-
americano, a idéia implícita era de que as aplica-
ções deveriam ser livres, irrestritas, do jeito que os
usuários quisessem.
Já o termo “Information Society” deriva da res-
posta da União Européia ao desafio lançado
pelos EUA com a NII e, em seguida, com a
GII. A ênfase em “Information” traduz o viés
da Europa em favor de aplicações envolven-
do aspectos multiculturais e multilingüísticos,
uso social de tecnologia etc. Por outro lado, a
ênfase em Information” em lugar de
“Infrastructure” também reflete o fato (visto
agora, à distância) de que em termos de infra-
estrutura o que a União Européia fez foi ace-
lerar a privatização de empresas de telecomu-
nicações, não tanto no sentido de privatizar
completamente quanto no sentido de promo-
ver a injeção de capital privado.
Uma abordagem mais recente relaciona os dois
termos e os reinterpreta no sentido de que a
Destaque A1.1
HPCC/NII e o Começo de Tudo
O Programa HPCC (High Performance Computing and
Communications), que ganhou notoriedade mundial a
partir de 1991/92, pode ser considerado o começo do
processo que hoje perpassa governos e empresas sob o
rótulo de sociedade da informação. Inicialmente voltado
para o avanço da tecnologia de redes e computação nos
EUA e com um viés basicamente acadêmico, expandiu-se a
partir de 1993/94 para incluir a iniciativa da National
Information Infrastructure (NII), impulsionada pela
administração Clinton/Gore, com foco na abordagem
de desafios concretos da economia e sociedade
americana. A chamada NII foi o mote inicial a partir do
qual, em 1994, os EUA lançaram a idéia da Global
Information Infra-structure (GII) como um desafio mundial
a ser enfrentado por todos os governos.
O Programa HPCC, a partir de 1994, foi estruturado
em cinco componentes, a saber:
. Sistemas de Processamento de Alta Performance;
. Tecnologia Avançada de Software;
. Rede para Educação e Pesquisa;
. Infra-estrutura Nacional de Informações;
. Pesquisa Básica e Recursos Humanos.
O modelo de execução do Programa, matriciado pelas
agências federais envolvidas (NSF, Nasa, DOE, EPA e
outras), é exemplar e inspirador de várias iniciativas
subseqüentes, inclusive do Programa Sociedade da
Informação.
Fontes: http://www.hpcc.gov e http://nii.nist.gov
108
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
A Evolução de Iniciativas Rumo à Sociedade da Informação no Mundo
NII/GII seria o estágio primeiro rumo a
uma sociedade da informação, conforme a Fi-
gura A1.1.
Em suma, a motivação de iniciativas nacionais na
linha do que hoje denominamos “sociedade da
informação” foi explicitamente econômica, ou
industrial com um forte viés econômico. Em do-
cumentos do governo norte-americano, encontra-
mos em destaque expressões como “American
technological leadership” e “open, global trade”. Docu-
mentos da União Européia dão grande ênfase a
expressões como “job creation”.
1.2 – Paradigmas de Estruturação de
Iniciativas Nacionais
Iniciativas nacionais de infra-estrutura de infor-
mação ou sociedade da informação têm sido
coordenadas, em muitos países, por um ministé-
rio ou equivalente ligado à indústria e/ou comér-
cio. Como exemplo, podem ser citados o De-
partamento de Comércio dos EUA, Ministério
da Indústria do Canadá, Ministério das Finanças
e Indústria na França e o Miti no Japão. Em ou-
tros países, a coordenação coube a um ministério
responsável pela área de Ciência e Tecnologia,
como é o caso de Portugal e Espanha. No caso
do Brasil, a opção pelo MCT se explica tanto
por razões institucionais como históricas. O MCT
gestou, financiou e conduziu a fase de criação da
Internet no Brasil no período de 1988 a 1996, em
decorrência de seu papel de articulador de ativi-
dades de C&T no País com forte ênfase em
informática. Do ponto de vista institucional, o MCT
é o responsável pela coordenação da Política de
Informática e Automação no País, através da Sepin.
Em nível mundial, é possível identificar uma li-
nha de evolução típica nas iniciativas nacionais mais
adiantadas, em termos de seqüência de ativida-
des. Essa seqüência se compõe de cinco passos:
i. Proposta
Alguma instituição de governo foi acionada ou
tomou a iniciativa de coordenar o processo de
elaboração de uma primeira proposta, em ní-
vel muito político, com poucos considerandos
técnicos. Tipicamente, uma Comissão foi for-
mada para levar a cabo a tarefa, com
cronograma de meses, e muita pressão política
(interna ou externa).
ii. Gestação
Comissão promoveu um processo de con-
sultas a especialistas e a empresários e tam-
bém gerou uma proposta sucinta, mas bem
articulada, a ser apresentada ao primeiro ní-
vel do Executivo: presidente, primeiro-mi-
nistro, Conselho de Ministros etc., sendo o
Legislativo envolvido para apoiar a iniciati-
va, assegurar orçamento, envolver-se nos seus
aspectos legais e ramificações sociais etc. Esse
processo envolveu, em muitos países, cen-
tenas de interlocutores do setor público, aca-
demia e setor privado.
iii. Consulta Pública
À exceção de países onde o planejamento é
mais centralizado, seguiu-se amplo processo
de divulgação da iniciativa e de coleta de
opiniões do público em geral. Os EUA se
utilizaram de mecanismos de coleta de opi-
nião dos mais diversos: documentos de con-
sulta, listas de discussão, audiências públicas
etc., em uma iniciativa muito bem planejada
e de imensa utilidade para lograr consenso e
apoio geral.
iv. Foco em Implantação
Seguiu-se uma grande operação de
implementação, envolvendo atividades
induzidas em Infra-estrutura, chamadas de
projetos de P&D e Aplicações, bem como
atividades de difusão de resultados.
v. Foco em Legislação e outros
Passada a primeira grande onda de implanta-
ção e a par de uma segunda onda, começou a
Figura A1.1
Estágios Rumo à Sociedade da Informação
Economia
Informatizada
Infra-estrutura
de Informações
Sociedade da
Informação
Fonte: SocInfo
109
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Anexo I
haver foco crescente em aspectos legais e te-
mas correlatos, tais como padrões e auto-re-
gulamentação, classificação de conteúdos e cri-
mes no mundo eletrônico.
vi. Foco em Comércio Eletrônico e Conteúdos
Por último, tem havido ênfase crescente em Co-
mércio Eletrônico e em Conteúdos, como as
duas grandes frentes (de Aplicações) de impacto
quase imediato do tema sobre o grande públi-
co, já no estágio de aplicações concretas, e não
mais de projeto de infra-estrutura para o futuro.
1.3 – Ênfases de Iniciativas Nacionais
Com relação à infra-estrutura, ocorreu uma divisão
de postura entre os países com infra-estrutura já mais
avançada e estruturada (EUA e Canadá, em parti-
cular) e os demais.
No caso do primeiro grupo, houve claro movi-
mento no sentido de consolidar a articulação: na
área de telecomunicações, redes etc., seguindo o sen-
tido de:
enquanto, no segundo grupo (a vasta maioria), hou-
ve um claro movimento no sentido de abrir os
serviços de telecomunicações como forma de
encurtar o período de “acomodação” aos novos
tempos. Nesse grupo, a seqüência foi então:
É interessante observar que essa “acomodação” não
significou exatamente privatização furiosa e total
do setor de telecomunicações, como muitos ten-
dem a acreditar que tenha ocorrido na Europa em
particular.
Em termos de aplicações, também podem ser
identificadas ênfases distintas nos dois grupos de países.
No caso dos EUA, claramente o foco das ações
na fase de decolagem da NII (digamos, de 1994 a
1996) foi em infra-estrutura, mesmo quando foi
implantado o modelo de National Challenges (isto é,
aplicações concretas) versus Grand Challenges (isto é,
grandes temas de pesquisa). Acertadamente (para
o contexto americano), deixou-se a prototipagem
de aplicações para a livre-iniciativa de pesquisado-
res e empreendedores. Mais recentemente, a ten-
dência é ainda mais clara. O relatório do Pitac diz
explicitamente que aplicações devem ser incenti-
vadas, desde que não se perca de vista que o foco
é pesquisa (e pesquisa básica).
No caso da União Européia, o bloco em si pôs
prioridade em aplicações, como se reflete no
Work Program da DGXIII para 1994/98 e espe-
cialmente nos Projetos-Piloto do G7/G8 (con-
forme Destaque A1.2), sem maior preocupação
com qualidade de pesquisa.
O objetivo maior parece ter sido colocar uma
operação rápida em movimento acerca do tema
“sociedade da informação”, de tal sorte que apli-
cações (e temas associados, tais como legislação,
difusão etc.) fossem tratadas em nível de bloco,
enquanto cada país buscaria uma estratégia pró-
Serviços Indústria P&D
Destaque A1.2
Global Information Society/G8:
Relatório Final de Projetos-Piloto
Em julho de 1994, os chefes-de-estado/governo do G7
lançaram, durante Reunião de Cúpula em Nápoles
(complementada por Reunião Ministerial em Bruxelas,
em 1995), onze projetos visando a catalisar ações rumo
à sociedade da informação em áreas tais como
administração pública, comércio, cultura, educação,
meio ambiente e saúde. Tal iniciativa era tomada na
esteira do impacto mundial provocado pelo desafio da
GII colocado pela administração americana.
Ao longo do período de duração (até 1998), esses
projetos-piloto lograram envolver vários países fora do
G7/G8, estabelecer premissas para cooperação paritária
e livre de amarras burocráticas entre países e agregar
valor ao desenvolvimento da Sociedade Global da
Informação.
Alguns dos projetos-piloto executados foram:
. Bibliotecas Eletrônicas;
. Acesso Multimídia à Herança Cultural Mundial;
. Gerência de Meio Ambiente e Recursos Naturais;
. Aplicações Globais em Saúde;
. Governo On-line;
. Mercado Global para Pequenas e Médias Empresas.
A avaliação geral dos projetos, ao seu término, foi
bastante positiva.
Fonte: http://www.ispo.cec.be/g7/projidx.htm
P&D Indústria Serviços
110
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
A Evolução de Iniciativas Rumo à Sociedade da Informação no Mundo
pria no nível de infra-estrutura (isto é, telecomu-
nicações).
É interessante constatar, por outro lado, que o
programa da DGXIII para 1999/2002, deno-
minado Information Society Technologies (IST), conti-
nua enfatizando aplicações, mas destaca temas de
P&D logo abaixo da superfície. É bastante pro-
vável que qualidade de P&D nos temas selecio-
nados tenha critérios mais rígidos agora do que
no quatriênio 1994/98, quando a iniciativa euro-
péia decolou.
O que é importante registrar é que há de se bus-
car e analisar a lógica geral subjacente aos ru-
mos das grandes iniciativas, para balizar o pla-
nejamento de iniciativas como a do Programa
Sociedade da Informação.
1.4 – Atuação Governamental em
Aspectos Críticos
Os principais problemas de alavancagem de ini-
ciativas do tipo “sociedade da informação” não
são essencialmente técnicos. Existem diversos
outros entraves que inibem e até podem vir a
inviabilizar tais iniciativas.
Por exemplo, um grande desafio é adequar a le-
gislação vigente de cada país à nova realidade que
vem moldada pelas tecnologias de informação e
comunicação.
Basicamente, a postura geral em termos de legis-
lação nos países mais avançados tem sido:
i. definir claramente o que o governo vai regu-
lamentar e fazer a parte que lhe couber com
agilidade e concisão;
ii. promover ativamente a auto-regulamenta-
ção sempre que possível.
O surgimento da Icann põe ênfase no modelo
em nível de Administração de Redes, com peso
no lado auto-regulamentado.
Temas como Comércio Eletrônico e Conteúdos
ainda não têm diretrizes claramente consolidadas.
Em relação a tais temas, os países que lideram o
processo em nível mundial estão muito próxi-
mos em termos de evolução. Além de adequa-
ções da legislação, iniciativas desta natureza de-
pendem fortemente também de ações integradas
entre países para que possam ter um desenvolvi-
mento mais acelerado.
Outro aspecto a ser considerado em iniciativas
nacionais é o de visão de P&D. A questão de
P&D em tecnologias de informação tem sido
destacada como um aspecto central dessas iniciati-
vas regionais e/ou nacionais. Quanto mais desen-
volvido o país/bloco em tecnologias de informa-
ção e comunicação, maior tem sido o destaque
dado ao papel de P&D. Mas os modelos va-
riam segundo as circunstâncias.
No caso dos EUA, o Programa HPCC original
era de pesquisa em sua quase totalidade. A parte
de redes, a NREN, era voltada exclusivamente
para educação e pesquisa. Só depois, com a
inclusão do quinto componente, a IITA (no bojo
da qual vieram a NII e os National Challenges) vin-
gou a vertente de infra-estrutura e aplicações para
fins externos à área científica. Em uma frase, no
caso dos EUA, o esforço foi estruturado, na ori-
gem, como um megaprograma de pesquisa
dentro do qual se inseriu um componente de
articulação de aplicações e de difusão para o
setor privado/governamental.
Já no caso da União Européia, a iniciativa foi
estruturada, na origem, como um
megaprograma de ações políticas (de várias
naturezas, desde indução de aplicações até estí-
mulo à privatização de telecomunicações) dentro
do qual há um componente de P&D e de infra-
estrutura de redes para educação e pesquisa.
A lista de aspectos críticos é obviamente muito
maior, e os dois ou três pontos destacados ante-
riormente apenas dão idéia do problema como
um todo. O Programa Sociedade da Informa-
ção não pode deixar de examinar com cuidado
iniciativas similares no exterior, para definir com
clareza suas metas e aprender com os acertos e
desacertos do mundo em seu foco de atuação.
111
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Anexo II
Anexo II
Indicadores
de Acompanhamento
112
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Indicadores de Acompanhamento
113
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Anexo II
Anexo 2 - Indicadores de
Acompanhamento
2.1 – Introdução
O planejamento de atividades no Programa Socie-
dade da Informação deverá ter em alta prioridade
a identificação de um conjunto de indicadores
(quantitativos, na medida do possível) para permitir
o acompanhamento de todas as iniciativas propostas.
Os objetivos amplos que são propostos para o
Programa priorizam a identificação de indica-
dores relacionados com aspectos gerais de cada
linha de ação. Por outro lado, a natureza das
atividades do Programa revela que seu impacto
poderá ser mais diretamente mensurado através
de indicadores sobre infra-estrutura, produção e
uso de bens e serviços específicos da área de
tecnologias de informação e comunicação.
Para ilustrar o tipo de abordagem com que se pre-
tende tratar a elaboração de indicadores no âmbito
do Programa Sociedade da Informação, a seção 2.2
do presente anexo descreve a Abordagem INEXSK
e a seção 2.3 transcreve a lista de indicadores suge-
ridos no Draft Action Plan da iniciativa eEurope
2002, recentemente lançada pela União Européia.
2.2 – A ABORDAGEM INEXSK
(INfrastrucuture, EXperience, Skills,
Knowledge)
Esta seção resume trechos do Capítulo 1 do li-
vro de Robin Mansell & Uta Wehn (1998).
O Modelo Básico
A análise do potencial das tecnologias de informa-
ção e comunicação no desenvolvimento econô-
mico e social requer um método sistemático para
coletar dados e fazer comparações internacionais.
Tal abordagem permite avaliar como a infra-es-
trutura, a experiência e competências podem
contribuir para o desenvolvimento e o crescimen-
to econômico a partir da aplicação de tecnologia
de informação e comunicação.
Na parte inferior da Figura A2.1 estão os indicado-
res de infra-estrutura que permitem avaliar quão
sólida (ou precária) é a base para o desenvolvimen-
to de experiência (de produção de bens e serviços
de tecnologia de informação e comunicação) e de
competências (de uso de bens e serviços de
tecnologia de informação e comunicação). Uma infra-
estrutura pouco desenvolvida implica uma base mui-
to estreita para o desenvolvimento da produção e
do consumo de bens e serviços de tecnologia de
informação e comunicação.
Em seguida, são representados os indicadores de
produção e de consumo, posto que é consenso
de especialistas que o conhecimento é um pro-
cesso cumulativo decorrente de experiências de
produção ou consumo.
Em seguida (já no hemisfério superior da Figura
A2.1), aparecem indicadores de competência para
produção e consumo, que reforçarão os indica-
dores de (experiência em) produção e consumo.
Assim, os indicadores do hemisfério inferior
viabilizam e contribuem para o desempenho dos
indicadores do hemisfério superior.
Finalmente, no topo da Figura A2.1, está o indica-
dor “ideal”, que aponta a situação da informação e
da aplicação de informação para o desenvolvimen-
to econômico e social de um país. Obviamente, o
indicador “ideal” serve apenas como referência, daí
o uso de um grupo de quatro níveis de indicadores
para suprir a ausência do indicador “ideal”.
Figura A2.1
Indicador “Ideal”
Indicadores
de competências
para produção
Indicadores
de infra-estrutura
Indicadores
de competências
para consumo
Indicadores
de experiência
em produção
Indicadores
de experiência
de consumo
Fonte: Mansell & Wehn, 1998
114
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Indicadores de Acompanhamento
Efeitos “push” e “pull”
O funcionamento relativamente simples, anteri-
ormente introduzido, permite também ilustrar a
relação entre experiência e competências, um as-
pecto básico do processo de desenvolvimento
para a produção e uso de tecnologia de informa-
ção e comunicação. A Figura A2.2 ilustra essa re-
lação.
A experiência com produção e consumo propi-
cia às tecnologias um papel de empurrão (push)
na criação de conhecimento. Não obstante, nem
a produção nem o consumo, tomados indepen-
dentemente, converterão infra-estrutura e experi-
ência em criação de conhecimento. Isto requer o
empuxo (pull) da parte de competência de pro-
dução e consumo, representadas pelas linhas no
hemisfério superior da Figura A2.2.
Capacidade Organizacional
Conforme destacado no sombreado da Figura
A2.2, há um espaço comparativamente maior no
centro do diagrama, denotando maior distância
entre os indicadores de experiência e de compe-
tências do que entre os indicadores de experiên-
cia e infra-estrutura.
Isto reflete a dificuldade inerente em se coorde-
nar o push da experiência com o pull das compe-
tências para assegurar um resultado positivo.
Grande parte do desafio de articular tecnologias
de informação e comunicação com o desenvol-
vimento reside na dificuldade de mobilização de
conhecimentos tácitos e capacidade organizacional
para efetivamente utilizar experiências e compe-
tências na construção de sociedades baseadas em
conhecimento.
O Modelo Detalhado
Para o indicador de infra-estrutura, a medida tradi-
cional é o tamanho e o crescimento dos recursos de
telecomunicações e da base instalada de compu-
tadores. No que se refere a telecomunicações, a
difusão de linhas telefônicas, embora não sendo um
indicador ideal, é ainda a melhor alternativa. No caso
de computadores, a difusão de computadores
pessoais é também um bom indicador.
Para compreender o papel da experiência, pode-
se examinar a produção e a demanda da indús-
tria eletrônica. No que se refere a contribuição
de competências, é vital utilizar medidas que in-
diquem o nível de preparo da sociedade na am-
pliação do uso de informações para produzir co-
nhecimento. Um indicador fundamental de tal
preparo é o grau de alfabetização da socieda-
de. Por outro lado, é importante incluir medidas
da capacidade específica de produzir ou adaptar
tecnologia de informação e comunicação. Aqui,
a quantidade de graduados em cursos de enge-
nharia, matemática e informática é relevante.
Finalmente, é interessante acrescentar indicadores
da disseminação atual de Internet e de televiso-
res na sociedade, como aproximações de medi-
das do corrente grau de imersão da sociedade
nessas mídias convergentes.
Os oito indicadores selecionados e a explicação
acerca de como eles são computados são ilustra-
dos no Quadro A2.1.
Três fatores foram importantes na construção
desses índices, a saber:
i. No caso de medidas de infra-estrutura e de
competências, é necessário fazer ajuste por
população. Um país de maiores dimensões
freqüentemente terá uma infra-estrutura maior
e um maior número de técnicos em termos
absolutos, o que não significará estar em me-
lhor posição em termos relativos com res-
peito a um país menor, com números abso-
lutos menores.
Figura A2.2
Processo de Pull/Push no Modelo INEXSK
Fonte: Mansell & Wehn, 1998
Pull
de
competências
para produção
Pull
de
competências
para consumo
Push
de
experiência
em produção
Push
de
experiência
de consumo
115
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Anexo II
ii. Na definição de indicadores para experiência
em produção e consumo, é necessário consi-
derar o peso relativo dos números (referentes
ao setor de eletrônicos na economia) com a
economia como um todo, medida pelo PIB.
iii. É necessário colocar diferentes países em uma
escala comum.
Um país deve ser escolhido como o ponto “ex-
tremo” ou de mais alto nível, com o qual compa-
rar os outros países, para cada índice. O país “to-
mado como 100” não é, em geral, o de mais alto
valor para o índice no mundo. Isto fica evidente
na Tabela A2.1, no caso de Graduados Técnicos.
Quatro dos cinco países têm valores para esse ín-
dice que extrapolam o da Holanda, o país tomado
como 100. A Grã-Bretanha é o país tomado como
100 para o índice de aparelhos de TV, embora os
EUA e Japão tenham índices superiores.
A “Pegada” TI (IT Footprint)
Adotados os indicadores conforme se descreveu
acima, o diagrama da Figura A2.3 permite com-
por a “pegada” TI de um país.
A “pegada” TI em um país é desenhada através
da ligação dos pontos correspondentes aos va-
lores de índices desse país. No Centro do diagra-
ma na Figura A2.3, o valor de cada índice é zero,
e na borda do círculo o valor é 100. Quando um
Indicador
1 Índice de Computadores Pessoais
2 Índice de Linhas Telefônicas
3 Índice de Produção de Eletrônicos
4 Índice de Consumo de Eletrônicos
5 Índice de Graduados Técnicos
6 Índice de Alfabetização
7 Índice de Internet Hosts
8 Índice de Televisores
Variáveis Envolvidas
Computadores pessoais (PC)
População
Linhas telefônicas
População
Receita de produção
PIB
Mercado de eletrônicos
PIB
Graduados em Inform. e Mat.
mais todos os engenheiros
Porcentagem da população
que é alfabetizada
Número de hosts Internet
População
Número de aparelhos de TV
População
Cálculo Utilizado
PC per capita
Linhas telefônicas
per capita
Parcela da receita no PIB
Consumo per capita
relativo a PIB per capita
Total de graduados
por 1.000 habitantes
Simples porcentagem
Hosts Internet
por 1.000 habitantes
Aparelhos de TV
por 100 habitantes
País com 100
Nova Zelândia
Suécia
Irlanda
Irlanda
Holanda
Nenhum
(100% = 100)
Dinamarca
Grã-Bretanha
Quadro A2.1
Indicadores Adotados
Fonte: Mansell & Wehn, 1998
Valores de Índices
Computadores Pessoais
Linhas telefônicas
Produção de Eletrônicos
Consumo de Eletrônicos
Graduados Técnicos
Alfabetização
Hosts Internet
Aparelhos de TV
França
60
82
19
32
114
n.d.
27
95
Alemanha
74
72
19
32
87
n.d.
60
90
GB
60
74
27
46
165
n.d.
78
100
Tabela A2.1
Índices para Países Industrializados
EUA
147
92
32
54
104
n.d.
238
127
Japão
68
72
44
43
121
n.d.
22
101
Fontes: Mansell & Wehn, 1998
(ITU STARS, 1996; Elsevier, 1996; Unesco, 1995)
Figura A2.3
A “Pegada” TI (IT Footprint)
5
Índice de Graduados
em Tecnologia
7
Índice de
Internet
Hosts
3
Índice de Produção
de Eletrônicos
1
Índice de Computadores
Pessoais
2
Índice de Linhas
Telefônicas
4
Índice de Consumo
de Eletrônicos
6
8
Porcentagem de
Alfabetizados
Índice de Televisores
<
5
X
X
X
X
X
Fonte: Adaptado de Mansell e Wehn, 1998
X
X
X
Fonte: adaptado de Mansell & Wehn, 1998
116
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Indicadores de Acompanhamento
valor de índice estiver abaixo de 5, ele será repre-
sentado pelo pequeno círculo no centro do dia-
grama, para permitir visualizá-lo no todo.
Em todos os diagramas, o “Indicador Ideal” é
incluído, para simbolizar o fato de que esta análi-
se é provisória, e que melhores medidas do im-
pacto de infra-estrutura, experiência e competên-
cias em iniciativas rumo à sociedade da informa-
ção são necessárias.
2.3 – Indicadores da Iniciativa eEurope
2002
Esta seção é transcrição do Anexo do documen-
to eEurope 2002 – An Information Society for All,
Draft Action Plan, European Commission.
Lista Indicativa de Indicadores do eEurope
2002 (abril 2000)
1. Internet mais barata, rápida e segura
a) Acesso mais barato e rápido à Internet
- penetração da Internet (domicílios conectados,
usuários de Internet, acesso de alta velocida-
de);
- preços do acesso à Internet.
b) Internet mais rápida para pesquisadores e
estudantes
- velocidade das interconexões e serviços, dis-
poníveis entre e dentro das redes nacionais
de pesquisa (dentro da União Européia e
mundialmente);
- número de redes internas de alta velocida-
de estabelecidas em campi.
c) Redes seguras e cartões inteligentes
- percentagem da população que usa cartões
inteligentes para acesso e/ou transações;
- penetração de mercado de IPsec.
2. Investindo em habilidades e pessoas
a) Juventude Européia para a era digital
- número de computadores por 100 alunos;
- percentagem de escolas primárias e secun-
dárias na Internet;
- número de visitas a servidores de web de es-
colas e do sistema público de educação.
b) Trabalhando na economia baseada em
conhecimento
- percentagem da força de trabalho que pos-
sui competências no uso de computadores;
- proporção da força de trabalho exercendo
teletrabalho.
c) Participação de todos na economia basea-
da em conhecimento
- número de terminais de acesso público à
Internet por 1.000 pessoas;
- número de centros de excelência conectados
à rede design-for-all.
3. Estimulando o uso da Internet
a) Acelerando o comércio eletrônico
- percentagem de websites de comércio eletrô-
nico com marcas de confiabilidade, selos de
segurança e outros certificados;
- consumidores conscientizados da existência
de ADR;
- percentagem de empreendimentos que reali-
zam mais de 10% de seus negócios por meios
eletrônicos;
- número de terminais públicos de acesso à
Internet por 1.000 pessoas;
- número de centros de excelência conectados
à rede design-for-all.
b) Governo on-line: acesso eletrônico a ser-
viços públicos
- percentagem de interações on-line realizadas
em serviços públicos básicos;
- percentagem de compras do poder públi-
co, realizados on-line.
c) Saúde on-line
- percentagem de prestadores de serviços pri-
mários e secundários de saúde em rede re-
gional;
- número existente de websites europeus relacio-
nados com saúde com avaliação pelos pares.
d) Conteúdo digital para redes mundiais
- percentagem de websites da União Européia que
117
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Anexo II
se encontram entre os 20 websites nacionais mais
visitados;
- número de portais multilíngües europeus.
e) Sistemas inteligentes de transportes
- percentagem de chamadas na Europa para
o serviço 112, com dados sobre localiza-
ção;
- percentagem de grandes cidades européias
com serviços de planejamento de tráfego e
viagens;
- percentagem das redes européias de auto-
estradas (por comprimento total da rede),
equipadas com sistemas de informação de
congestão e administração.
118
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Indicadores de Acompanhamento
119
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Anexo III
Anexo III
Informática e
Telecomunicações no Brasil
120
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Informática e Telecomunicações no Brasil
121
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Anexo III
Anexo 3 – Informática e
Telecomunicações no Brasil
3.1- Introdução
Os setores de informática e de telecomunicações,
embora fossem considerados similarmente estra-
tégicos para o País, evoluíram de forma relativa-
mente independente, ao longo das últimas três
décadas.
Neste anexo, faz-se um resumo histórico e um
balanço atual de cada setor.
3.2 - Telecomunicações
O setor de telecomunicações evoluiu no Brasil, a
partir de meados da década de 60, como braço
de execução de uma política nacional que conside-
rava as comunicações como estratégicas para o
desenvolvimento e a integração do País.
Em termos concretos, o primeiro passo para um
efetivo controle governamental do setor foi dado
com a criação da Embratel, inicialmente dedicada
à telefonia de longa distância e principalmente
transmissão de sinal de TV, cunhando o slogan “via
Embratel”, que ainda hoje se ouve. Em seguida,
foi criada a Telebrás como empresa holding de pra-
ticamente todas as empresas operadoras no País,
agrupadas em empresas de âmbito estadual.
A Embratel também foi subordinada à Telebrás.
A década de 70 assistiu à notável expansão dos
serviços de telecomunicações, a par de qualidade
crescente na instalação e operação dos mesmos.
A implantação de infra-estrutura física, em parti-
cular, mereceu atenção e cuidados que viriam a
destacar a Telebrás dentre empresas similares em
outros países em desenvolvimento. Por outro lado,
ainda entre o final da década de 60 e o início da
década de 70, houve notável avanço em comuni-
cação televisiva, epitomizada pelo surgimento de
pelo menos um programa de notícias que trans-
mitia em cadeia nacional ao vivo, com matérias
de vários pontos do País.
Um marco importante na busca de
aprofundamento de um modelo nacional e inde-
pendente para o setor foi a criação do Centro de
Pesquisa e Desenvolvimento (CPqD) da Telebrás,
no final da década de 70, visando a reunir (e
verticalizar) em um só lugar projetos de pesquisa
e desenvolvimento de equipamentos e serviços
para a infra-estrutura de telecomunicações do País.
A ambiciosa iniciativa, que tentava a um só tem-
po emular o modelo voltado para pesquisa de
uma Bell Labs e também o modelo voltado para
serviços de uma Western Electric, propiciou a
geração de diversas tecnologias, particularmente
em fibras óticas e em comutação.
A partir de meados da década de 80, porém, o
modelo global de atuação do setor principiava a
entrar em crise, especialmente devido à insuficiên-
cia de investimentos de base, impedindo a neces-
sária expansão e melhoria dos serviços. Enquan-
to isso, nos países centrais, a acelerada digitalização
de linhas e sistemas era acompanhada do
surgimento de novas tecnologias e produtos de
comunicação, baseados em novas linguagens e
protocolos. Enquanto o setor desacelerava no
Brasil, ele principiava a se acelerar nos países
centrais.
O longo período de crise na evolução brasileira
no setor se estendeu até 1995, quando o Gover-
no Federal propôs novas diretrizes, que seriam
sancionadas em uma nova Lei de Telecomunica-
ções, preconizando:
privatização do sistema Telebrás;
concepção de um regime de duopólio para
todos os serviços durante um período de tran-
sação até o final de 2001;
competição crescentemente ampla a partir de
2002.
Para exercer o papel do Estado no setor, foi tam-
bém proposta a criação de uma agência nacional
para telecomunicações, a Anatel (descrita no Des-
taque A3.1), que principiaria a funcionar em no-
vembro de 97, no calor do debate da privatização
de todo o sistema Telebrás.
Após a privatização, o CPqD se tornou uma
fundação de direito privado, mantendo as insta-
lações físicas de sua sede em Campinas e os paco-
122
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Informática e Telecomunicações no Brasil
tes tecnológicos por ela gerados, em particular o
da família Trópico de estações de comutação.
O sucesso da privatização é hoje visível na ex-
plosão de novos serviços oferecidos, especial-
mente em telefonia celular. Diversos proble-
mas de operação em campo que haviam surgi-
do parecem estar sendo sanados. O início das
operações de várias empresas-espelho e o inte-
resse de empresas de outras áreas em atuar no
setor de telecomunicações parecem auspiciar um
bom futuro para o consumidor, especialmente a
partir do início da ampla concorrência, em 2002.
Resultados da Privatização
Em julho de 1998, quando as 27 empresas de
telefonia estatal foram privatizadas, havia no Bra-
sil 20,2 milhões de acessos telefônicos fixos. As
34 operadoras de telefonia fixa instalaram, des-
de então até dezembro de 1999, 7,6 milhões de
novas linhas, um acréscimo de mais de 37% em
um ano e meio. De modo similar, os telefones de
uso público (TUP), no mesmo período passaram
de 547 mil para 740 mil. Melhoraram, também no
mesmo período, os principais itens de qualidade,
como o índice de digitalização das redes, o tem-
po de obtenção de sinal de discar, as taxas de
chamadas locais e de longa distância e o número
de solicitações de reparos por 100 telefones de
uso público. Até maio de 1999, todos os mais de
271 mil telefones adquiridos pelos planos de ex-
pansão, mas ainda não entregues até dezembro de
1998, foram instalados. Assim, como resultado das
metas estabelecidas e efetivamente cobradas das
concessionárias de telefonia pela Anatel, tem ocor-
rido uma brusca mudança da situação e da tendên-
cia de evolução das telecomunicações do País.
Na área da telefonia celular, a evolução também tem
sido grande. De 800 mil pessoas com telefone celu-
lar em 1994 e 5,6 milhões de aparelhos em uso em
julho de 1998, chegou-se a 15 milhões de aparelhos
em operação em dezembro de 1999.
As metas de privatização, no que tange à densida-
de telefônica (tanto fixa como móvel) em regiões
do País, são bastante ambiciosas, como ilustram as
Figuras A3.1 e A3.2, para 2005.
Destaque A3.1
Anatel e a Infra-estrutura Nacional de Informações
A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) foi instalada em
novembro de 1997, com a missão de viabilizar um novo modelo
para as telecomunicações brasileiras, principiando com a definição e
a execução do processo de privatização do Sistema Telebrás. O
Plano Geral de Outorgas (PGO), que proporia as linhas gerais do
processo, estaria sendo colocado para consulta pública em exatos
30 dias.
O papel fundamental da Anatel é de regulamentação, outorga e
fiscalização de serviços de telecomunicações no País. Tal papel é
de complexa execução: todos os trâmites, propostas e decisões
são submetidos a amplo escrutínio público, visando a conciliar o
interesse público maior com as visões particulares do setor
ANATEL
privado e de segmentos da sociedade em geral. Em dois anos
de funcionamento, a Anatel pôs à luz os seguintes documentos,
que dão dimensão concreta a aspectos críticos da Lei Geral de
Telecomunicações (LGT):
Plano Geral de Metas de Universalização;
Plano Geral de Metas de Qualidade;
Contrato de Concessão de Serviço de Telefonia Fixa;
Protocolo de Compromisso.
Em setembro de 1998, a Anatel criou o Comitê sobre Infra-
estrutura Nacional de Informações (C-INI), com o objetivo de
discutir e propor ações para o desenvolvimento da infra-estrutura
nacional de comunicações, a partir de uma abordagem “demand-
pull”. O C-INI produziu, entre outros resultados de interesse, a
proposta do [email protected], um backbone nacional para serviços
governamentais.
Fonte: http://www.anatel.gov.br
Figura A3.1
Evolução da Densidade Telefônica do Serviço
Telefônico Fixo Comutado (STFC)
até 10
10 a 20
20 a 30
30 a 40
mais de 40
acessos por
100 habitantes
2005
Fonte: Anatel, Paste 2000
123
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Anexo III
3.3 - Informática
O setor de informática evoluiu, ao longo das
décadas de 70 e 80, segundo um modelo de cor-
te igualmente centralizado na concepção, mas
comparativamente mais descentralizado de fun-
cionamento do que na área de telecomunicações.
O ápice do controle governamental no setor ocor-
reu com a criação da Secretaria Especial de
Informática (SEI).
Basicamente, a política nacional no setor defen-
dia a criação de uma indústria doméstica forte,
capaz de fabricar e aprimorar equipamentos e
software, além de produzir localmente boa parte
dos insumos necessários, tais como circuitos inte-
grados, placas, componentes discretos etc. Para
dar dimensão concreta a tal objetivo, o Governo
Federal dispunha de vários mecanismos, especi-
almente o do controle de importação de bens e
serviços em informática.
Entre o final da década de 70 e o início da década
de 80, a diretriz central da ação governamental no
setor foi a da viabilização de uma indústria de
minicomputadores (incluindo tanto hardware como
software) no Brasil, a partir da absorção inicial de
pacotes tecnológicos do exterior. Os esforços nes-
sa direção estão na origem de empresas como
Cobra, Edisa, Scopus, SID e Labo, que surgiram
ou principiaram a decolar com o apoio dos gran-
des conglomerados bancários, tais como Bradesco,
Itaú etc., que se lançavam em grande esforço de
informatização de suas operações em todo o País.
Já em meados da década de 80, o foco de ações
estratégicas no setor passou para microcom-
putadores, que principiavam a ganhar impor-
tância, juntamente com redes locais. Dezenas
de empresas se lançaram no mercado para pro-
duzir microcomputadores e equipamentos peri-
féricos (impressoras, unidades e controladoras de
disco, terminais de vídeo, modems etc.) e atender à
demanda crescente. Em paralelo, abriu-se um
grande nicho de oportunidade em automação
bancária, obviamente sob forte influência dos
grandes bancos, propiciando o surgimento de
empresas como a Procomp, Itautec e outras. Fi-
nalmente, ao longo da mesma década, consoli-
dou-se o setor de software e serviços, explorado
por milhares de pequenas e médias empresas,
parcela significativa das quais se organizou na
Assespro (conforme se descreve no Destaque
A3.2).
A década de 90 principia com uma guinada na
política de informática do País rumo a um mo-
delo mais aberto, simbolizado pela redução sig-
nificativa de alíquotas de importação para diver-
Destaque A3.2
A Assespro
A Associação das Empresas Brasileiras de Software e
Serviços de Informática (Assespro), fundada em 1976,
congrega hoje mais de 1.200 empresas na área de
tecnologias da informação e comunicação, associadas
em 18 regiões. Parcela significativa dessas empresas é
de porte médio ou pequeno e se dedica à produção de
hardware e software nacional.
A organização é dirigida por um colegiado com um pre-
sidente, um vice-presidente e sete diretores de temas ou
regiões. De especial interesse para ilustrar as dimensões
da atuação da Assespro são as Diretorias de
Democratização de Informática e de Negócios com o
Mercosul.
Fonte: http://www.assespro.org.br/
Figura A3.2
Evolução da Densidade Telefônica do Serviço Móvel
Comutado (SMC)
até 10
10 a 20
20 a 30
30 a 40
mais de 40
acessos por
100 habitantes
2005
Fonte: Anatel, Paste 2000
124
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Informática e Telecomunicações no Brasil
sos itens. A necessária preocupação em dar su-
porte à indústria instalada no País e à produção
local, por outro lado, seria contemplada com a
sanção da Lei 8.248 de Incentivos Fiscais em
Informática.
O início da década é, por outro lado, marcado
pelo lançamento de várias iniciativas nacionais em
Informática, sob a égide do MCT:
Rede Nacional de Pesquisa (RNP), que visava
a implantar uma Internet para educação e pes-
quisa em todo o País;
Programa Temático de Pesquisa em Compu-
tação (Protem-CC), que visava a estruturar e
apoiar um modelo de pesquisa consorciada
entre entidades acadêmicas e o setor privado;
Programa Nacional de Software para Expor-
tação (Softex), que visava a estruturar e coor-
denar um esforço nacional para incrementar
significativamente a exportação de software pro-
duzido no País;
Sistema Nacional de Processamento de Alto De-
sempenho (Sinapad), que visava a implantar um
conjunto de centros prestadores de serviços de
supercomputação no País.
As primeiras três iniciativas foram colocadas sob
coordenação conjunta da Sepin/MCT (Destaque
A3.3), compondo os chamados Programas
Prioritários em Informática (PPI), para fins de
beneficiamento segundo os termos da Lei 8.248.
As quatro iniciativas tiveram considerável sucesso
em sua fase inicial. A RNP, em particular, teve
papel crucial não somente na montagem de ser-
viços Internet para a área acadêmica como espe-
cialmente na transição e montagem de um mo-
delo de serviços abertos em Internet no País. Por
outro lado, o programa Protem-CC capacitou a
comunidade de pesquisa na área para articular pro-
jetos coletivos em cooperação com o setor pri-
vado no País e com grupos de pesquisa no exte-
rior.
Por volta de 1996, contudo, o modelo dos PPI
então existente principiava a se exaurir, devido a
problemas de institucionalização, de financiamento
e mesmo de necessidade de redefinição de ru-
mos estratégicos. Em 1997, por iniciativa do Con-
selho Nacional de Ciência e Tecnologia, foi ence-
tado um estudo sobre os possíveis contornos de
um programa nacional de Tecnologias para a
Sociedade da Informação, envolvendo cerca de
150 especialistas em 10 frentes de atuação. O pro-
jeto em que se traduziu o estudo foi aprovado
pelo Conselho no final de 1998 e, em meados de
1999, deu origem a este Programa.
RNP
A RNP, além de prestar serviços pioneiros de
Internet à comunidade acadêmica do País, for-
mou um contingente numeroso e importante de
profissionais, com conhecimento de aplicação de
tecnologia de ponta em redes e com experiência
prática em operação de um serviço para atender
a um público exigente que é a comunidade aca-
dêmica. Assim, quando a Internet começou a
deixar de ser uma rede puramente acadêmica no
Brasil, com o interesse crescente das empresas por
comunicação mais barata via correio eletrônico
e, depois, por uma forma ainda primitiva de ne-
gócio eletrônico, usando os websites como vitrines
e catálogos eletrônicos, havia esse contingente de pro-
fissionais experientes que ajudaram viabilizar para
as empresas provedoras e clientes de serviços de
Internet uma iniciação relativamente rápida na apli-
cação dessas novas tecnologias.
Softex 2000
O Programa Nacional de Software para Exporta-
ção (Softex) foi criado pelo MCT em fevereiro
de 1993 para promover a mudança de foco da
Destaque A3.3
Sepin/MCT
A Secretaria de Políticas em Informática e Automação
(Sepin) do Ministério da Ciência e Tecnologia responde pela
concepção, implantação e acompanhamento de política
industrial em tecnologias da informação no País, com especial
ênfase em equipamentos, software e microeletrônica. Tem
a seu cargo, em particular, a gestão de todos os aspectos
relacionados com a Lei de Incentivos Fiscais em Informática
(Lei 8248).
Coerentemente, a Sepin é quem efetivamente coordena
todas as ações que remetem a políticas industriais no
Programa Sociedade da Informação.
Fonte: http://www.mct.gov.br/
C
T
&
BRASIL
125
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Anexo III
indústria de informática do País: de equipamento
para software; do mercado doméstico para o mer-
cado de exportação; da produção em pequena
escala para a de grande escala.
A Sociedade Brasileira para a Promoção da Ex-
portação de Software (Softex), uma entidade civil
sem fins lucrativos, foi criada em 03 de dezem-
bro de 1996, para atuar, a partir de 02 de janeiro
de 1997, como gestora do Programa Softex. Des-
de 1999, as ações da Softex se baseiam no Plano
Plurianual 1999-2002, engajadas na meta
estabelecida de que em 2002 o País realizará ex-
portação de software e serviços conexos no valor
de US$250 milhões. Para este fim, a Softex está
empenhada no apoio à geração de novas empre-
sas, na capacitação das empresas para a exporta-
ção, no financiamento às exportações e no apoio
à comercialização no exterior.
A Sociedade Softex conta no Brasil com 21 agen-
tes para a geração de novas empresas, 19 núcleos
regionais, 6 escritórios internacionais (Austin,
Boston, San Jose, Düsseldorf, Beijing e Buenos
Aires) e 2 agentes comerciais internacionais (Aus-
trália e Espanha). Os 21 agentes Softex, distri-
buídos principalmente em universidades no
País, são para a geração de novas empresas de
software e de Internet. Como resultado de sua
atuação, a graduação de empresas de software
e/ou Internet foi crescente: 10 em 1997, 39 em
1998 e 39 em 1999.
O total dos investimentos realizados no Programa
Softex foi R$150 milhões (até dezembro de 1999).
Protem-CC
O Programa Temático Multiinstitucional em Ci-
ência da Computação (Protem-CC) diz respei-
to à alavancagem da pesquisa científica e
tecnológica necessária para o desenvolvimento
das tecnologias de informação e comunicação
no Brasil. É um programa do Conselho Nacio-
nal de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq), com o objetivo de contribuir para di-
namizar a pesquisa e formação de pessoal qua-
lificado em Ciência da Computação no País, me-
diante a promoção de um amplo processo de
cooperação nacional entre grupos de pesquisa e
entre estes e o setor industrial, por meio da rea-
lização de projetos temáticos multiinstitucionais
em torno de temas/problemas importantes.
Sinapad
O Sistema Nacional de Processamento de Alto
Desempenho (Sinapad) é uma iniciativa focada
na difusão do emprego de computação de alto
desempenho pela comunidade acadêmica e as
empresas, para o aumento da competitividade dos
serviços e produtos. No período de 1992 a 1999
foi coordenado pela Financiadora de Estudos e
Projetos (Finep) do MCT, que era também a sua
principal fonte de financiamento.
As origens do Sinapad remontam ao final da
década de 80 e início da década de 90, quando
havia necessidade premente de reequipar o par-
que computacional disponível para a comuni-
dade acadêmica e elevar a capacidade
computacional disponível para essa comunida-
de a um novo patamar. Para a racionalização
dos investimentos, optou-se por concentrar a
parte mais elevada da capacidade de computa-
ção em alguns poucos centros e levar o acesso
aos serviços disponíveis nesses centros, incluída
nisso a capacidade computacional, aos diversos
usuários por intermédio de rede de comunica-
ção, prioritariamente a RNP. O sucesso do siste-
ma de racionalização através da distribuição de
acesso via essa rede de comunicação dependia
da disponibilidade de serviços adequados na RNP,
em termos de localização dos pontos de acesso
e velocidade e confiabilidade da comunicação.
O Sinapad entrou em funcionamento com a inau-
guração do primeiro centro nacional de
processamento de alto desempenho, o Cesup-
RS, em julho de 1992, na UFRGS, no Rio Gran-
de do Sul. A ele seguiram outros centros nacio-
nais, em São Paulo, no Ceará, em Minas Gerais e
no Rio de Janeiro, ao todo seis.
Até cerca de 1996, o Sinapad passou por um
período de grande utilidade para a produção aca-
dêmica do País, contribuindo para a formação
de especialistas e viabilizando o desenvolvimen-
to de aplicações avançadas em computação cien-
tífica, para fins de pesquisa científica e o desen-
volvimento de projetos em diversos ramos da
engenharia.
126
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Informática e Telecomunicações no Brasil
Mais recentemente, contudo, problemas
remitentes de recursos, institucionalização e apoio
em redes de alta velocidade ocasionaram o
declínio do Sinapad, e a iniciativa perdeu boa parte
de sua competência, capacidade computacional e
atualidade tecnológica. É necessário revisar todo
o modelo de serviços de processamento de alto
desempenho no País, sem o que será difícil resga-
tar o esforço do Sinapad.
3.4 – Situação Atual e Perspectivas
A Economia da Informação no Brasil (abrangen-
do todo tipo de bens e serviços em informática e
telecomunicações) é da ordem de US$50 bilhões
anuais, como ilustrado na Tabela A3.1.
A exemplo dos países centrais, o setor econômico
ligado a tecnologias da informação e comunica-
ção é hoje um dos de maior dinamismo no País,
com efeito catalisador em toda a economia. Vale
recordar que nos EUA, entre 1995 e 1998, o setor
contribuiu em média com mais de um terço do
crescimento total real da economia americana. Em
adição, entre 1996 e 1997, a queda da ordem de
7% em preços de bens e serviços de tecnologias
de informação e comunicação puxou a inflação
para baixo em 0,7% em cada ano. Este fenômeno
ajuda a explicar o fato de a economia americana,
nos últimos anos, ter sido capaz de conter a infla-
ção e taxas de juros baixas, enquanto crescia a ta-
xas da ordem de 5% ao ano.
No Brasil, o impacto abrangente de tecnologias
de informação e comunicação (em particular
após a consecução de algumas ações estratégi-
cas como a da privatização das telecomunica-
ções) começa ainda a se fazer sentir. Analistas
prevêem que o grande salto brasileiro poderá
ocorrer na segunda metade da década, com
considerável atraso em relação a muitos paí-
ses, portanto. O Programa Sociedade da In-
formação visa a ajudar a antecipar e a efetivar
essa predição.
O Setor de Informática
Segundo a Sepin, em 1999 o setor cresceu cerca
de 14%, tendo a comercialização de bens e servi-
ços de informática alcançado o valor de R$ 25,6
bilhões. No período, o segmento de hardware cres-
ceu 14%, o de software 15% e o de serviços técni-
cos de informática 13%.
Estimava-se que existissem cerca de 9 milhões de
computadores instalados e em operação no merca-
do brasileiro, com projeção de crescimento anual
acima de 30% até o ano de 2001. Uma análise do
ano de 1999 indicava que para cada 1 bilhão de PIB,
o Brasil possuía cerca de 11.400 computadores ins-
talados. O setor contribui, atualmente, com 100 mil
empregos diretos, sendo 36,23% com formação
universitária.
Outra preocupação expressa da Sepin diz respei-
to à qualidade dos produtos e serviços de
informática. Dadas as exigências do mercado, as
empresas que atuam neste segmento têm se des-
tacado na adoção de sistemas modernos de ges-
tão de qualidade. Atualmente, o Brasil possui cer-
ca de 198 empresas de informática com
certificação ISO 9000.
Por outro lado, como
principal instrumento da
Política Nacional de
Informática, a Sepin con-
ta com os mecanismos da
Lei 8.248 de Incentivos
Fiscais em Informática.
Os resultados obtidos
com os incentivos da Lei
8.248, no período de
1993 a 1999, mostram-
se bastante expressivos.
Tabela A3.1
Economia da Informação no Brasil
Fontes: Info Exame - agosto/99
Vendas
Classificação dos setores - total das receitas operacionais brutas - em US$ bilhões - 1998
1
2
3
4
5
6
7
Serviços básicos de comunicação
Computadores, periféricos e componentes
Infra-estrutura de redes e telecomunicações
Serviços operacionais, de consultoria e de distribuição
Produtos e serviços especializados em comunicação
Software básico, de produtividade e de gestão
Provedores e serviços de Internet
23,9
10,2
5,7
2,7
2,4
1,3
0,1
Total 46,3
127
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Anexo III
A avaliação desses resultados retrata um aumen-
to significativo dos investimentos em pesquisa e
desenvolvimento no País, em função dos incenti-
vos da Lei.
No ano de 1999, foram aprovados 183 pleitos
de incentivos fiscais de 263 empresas.
Sob a égide da Lei, foram atraídos investimentos
nacionais e estrangeiros em implantação, amplia-
ção e modernização industrial.
Cresceram, também significativamente, os in-
vestimentos em pesquisa e desenvolvimento,
sendo contabilizado no ano de 1999, o total
de R$600 milhões, proveniente de empresas
que usufruem os incentivos da lei, dos quais R$
225 milhões referem-se a parcela investida pela
iniciativa privada em parceria com universida-
des e centros de pesquisa.
Durante o ano de 1999, os Programas Prioritários
do Ministério da Ciência e Tecnologia receberam
significativo volume de recursos financeiros e
materiais no valor de R$15 milhões, decorrentes
das obrigações emanadas da Lei de Informática.
Assim, pôde-se consolidar projetos de forma-
ção e desenvolvimento de recursos humanos na
área de P&D, ampliar a Rede Nacional de Pes-
quisa e apoiar a exportação de software.
Tecnologia Local
Uma das principais diretrizes que nortearam tanto a
política de telecomunicações quanto a de informática
no Brasil, desde pelo menos a década de 70, foi a
ênfase em domínio tecnológico e na produção de
equipamentos e software no País.
Na área de telecomunicações,
ao longo da década de 90, tal
diretriz foi colocada em priori-
dade secundária, não somente
no Brasil como em todo o
mundo, devido à necessidade
de acelerar ações de países e
blocos rumo à sociedade da in-
formação mediante desregu-
lamentação e liberalização dos
mercados de telecomunicações.
Tal necessidade está, por exem-
plo, entre as principais motivações que levaram a
União Européia a recomendar a privatização de
empresas estatais da área em seus países mem-
bros.
Os resultados concretos logrados em muitos paí-
ses após ações de privatização na área parecem
corroborar essa tese: em geral, a oferta de serviços
de comunicações tem aumentado consideravel-
mente e, em menor grau, as tarifas de telefonia e
de comunicação de dados têm caído apreciavel-
mente, tanto em função da competição aberta,
como em função da introdução de tecnologias de
melhor custo/performance. Contudo, nota-se que a
apregoada livre concorrência em serviços de tele-
comunicações não se faz refletir na implantação
de infra-estrutura para os mesmos serviços, nos
mercados domésticos dos principais países do mun-
do. A Tabela A3.2 mostra a situação a respeito em
oito países, incluindo o Brasil, na qual fica claro
que o mercado doméstico de equipamentos de
comutação em cada país é amplamente domina-
do por fabricantes locais. O Brasil enfrenta, pois,
um desafio formidável que é o de tentar manter
uma parcela relevante de seu mercado de equipa-
mentos de telecomunicações em mãos da
tecnologia nacional.
Balança Comercial em Tecnologias de
Informação e Comunicação
A situação da balança comercial no setor de
informática vem se deteriorando continuamente
desde 1992, com as importações superando, em
valores crescentes, as exportações. Esse quadro
se agravou ainda mais a partir de 1995, quando o
valor das importações atingiu a casa dos bilhões,
Tabela A3.2
Equipamentos de Comutação Digital - Mercados Domésticos
Fontes: Sepin/MCT
Mercados
USA
Canada
Germany
Sweden
France
Italy
Japan
Brazil
Fabricantes
Lucent (50), Nortel USA (32)
Nortel
Siemens (67), Alcatel Germany (31)
Ericsson
Alcatel
Italtel
Fujitsu (23), NEC (29), Hitachi (22), OKI (19)
Ericsson (17), Siemens (23), NEC (17), Tropico (31)
Fatia do
Mercado %
82,0
84,0
98,0
97,0
88,0
54,0
93,0
88,0
128
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Informática e Telecomunicações no Brasil
enquanto as exportações, muito concentradas nas
firmas líderes do mercado, mantiveram-se prati-
camente estagnadas. Em 1997, as importações
mais que dobraram, ultrapassando o valor das
exportações em cinco vezes. O crescimento da
Internet no Brasil está sustentado basicamente pela
importação de equipamentos de telecomunica-
ção, e o déficit na balança comercial desse seg-
mento é crescente. A Tabela A3.3 sintetiza esse
quadro.
Manufatura Local e Exportação
O esforço no sentido de geração e uso de
tecnologias locais também encontra justificativa
econômica quando se analisa a evolução das con-
tas externas do País. O crescimento do setor da
economia ligado a tecnologias de informação e
comunicação no Brasil obviamente implica ne-
cessidade concomitantemente crescente de im-
portação de insumos para a produção/explora-
ção de bens e serviços de informática e teleco-
municações no País. Tais insumos incluem placas,
componentes óticos/eletrônicos, software etc., que
se juntarão a outros itens produzidos no merca-
do interno (tais como monitores de vídeo, ou-
tros componentes etc.) para compor produtos
completos. Ora, à medida que a demanda no País
por inúmeros itens tecnológicos aumenta, torna-
se viável e mesmo necessário (do ponto de vista
de custos) produzir mais e mais desses itens
no próprio País. Portanto, iniciativas judiciosamen-
te planejadas de substituição de importação de
itens de alta densidade tecnológica têm seu lugar
na nova economia.
São criadas, assim, condições para que a exporta-
ção de produtos envolvendo tecnologias de in-
formação e comunicação se torne cada vez mais
uma opção estratégica para o Brasil, uma vez que:
primeiro, grandes empresas de manufatura e
de escala mundial de operações vêm se insta-
lando no Brasil para aqui produzir bens tanto
para o mercado interno como para exporta-
ção;
segundo, empresas fornecedoras de partes,
peças e serviços de alta densidade tecnológica
em tecnologias de informação e comunicação
criam um ambiente propício para suporte à
produção de novos itens inovadores;
terceiro, as empresas tradicionalmente atuantes
no mercado de informática e telecomunicações
brasileiro, uma vez reposicionadas em um mer-
cado doméstico fortemente competitivo, ca-
pacitam-se para disputar mercados no exterior.
Geração e Transferência de Tecnologias
A comunidade de P&D em tecnologias de in-
formação e comunicação no Brasil é bastante
capacitada (sendo que boa parte dela egressa
de programas de pós-graduação das melhores
universidades no exterior), articulada e ativa. Con-
tribui regularmente com resultados importantes
para o progresso científico e tecnológico mun-
dial em diversos temas de ponta em tecnologias
de informação e comunicação.
Não obstante, há alguns desafios críticos a supe-
rar:
Em termos quantitativos, a comunidade reve-
la dimensões excessivamente reduzidas para
fazer face às necessidades do País nos próxi-
mos anos. Este aspecto e possíveis medidas
para atacá-lo são discutidos no Capítulo 5 –
Educação na Sociedade da Informação.
Em termos de distribuição, outro problema
que salta à vista é que a comunidade científica
brasileira está em grande parte concentrada em
1996
4.126
2.662
1.464
382
289
93
3744
Discriminação
Importações
Computadores e
periféricos
Telecomunicações
Exportações
Computadores e
periféricos
Telecomunicações
Déficit
1997
5.357
3.070
2.287
553
329
224
4804
1998
5.008
3.015
1.993
592
337
255
4416
Tabela A3.3
Brasil: Balança Comercial - Informática e
Telecomunicações 96/99 (em US$ milhões)
Fonte: Sepin/MCT
129
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Anexo III
universidades e centros de pesquisa, ao ponto
de somente 2 a 3 entre 10 pesquisadores esta-
rem em indústrias. Embora não haja dados es-
pecíficos acerca desse problema para a área de
tecnologias de informação e comunicação, não
é despropositado supor que a situação seja até
mais grave. Isto tende a dificultar a identifica-
ção e a focalização de ações estratégicas em um
conjunto de tecnologias-chave, como se pro-
põe no Capítulo 7P&D, Tecnologias-chave e
Aplicações.
Finalmente, um terceiro aspecto a registrar é a
baixa taxa de transferência de tecnologia gera-
da no setor acadêmico para o setor industrial.
Este tema é extremamente complexo e deman-
da estudo detalhado. Vale a pena registrar aqui
que ações estratégicas a respeito serão necessá-
rias, para contrapor medidas concretas à ten-
dência natural de agravamento do problema,
à medida que empresas privatizadas ou absor-
vidas passarem a dispor de tecnologias de suas
matrizes no exterior.
Tendências no MCT
Com os incentivos fiscais instituídos pela Lei
8.248, verificou-se uma crescente ampliação do
parque produtivo do setor de informática e tele-
comunicações. Todavia, os fabricantes de perifé-
ricos, componentes semicondutores, automação
industrial e instrumentação digital diminuíram suas
atividades industriais, o que indica a necessidade
de criação de novos mecanismos e instrumentos
de fortalecimentos destas indústrias.
Com este objetivo, a Sepin tem participado ativa-
mente, em conjunto com outros órgãos de gover-
no, dos esforços desenvolvidos pelo BNDES de
financiamento às empresas operadoras das Ban-
das A e B de telefonia celular, para fins de aquisi-
ção de equipamentos e produtos produzidos no
País.
Outra iniciativa iniciada em 1998 está sendo de-
senvolvida em conjunto com a Associação Brasi-
leira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) e
a Associação Brasileira de Televisão por Assina-
tura (ABTA), além de órgãos do Governo Fede-
ral, com o objetivo de incentivar a produção no
País de peças, partes, componentes, cabos e equi-
pamentos utilizados pelas empresas prestadoras
de serviços de TV por assinatura. Identificada a
viabilidade de produção, o Governo Federal pro-
cura mecanismos para incentivá-la, e, para aque-
les itens que necessariamente terão de ser impor-
tados, pode ser estudada a redução das alíquotas
de importação. Com essas medidas, pode haver
significativa redução nos custos dos serviços, pro-
piciando aumento da base instalada de assinantes.
Novamente, o BNDES atuaria como possível
agente de financiamento para aquisição dos itens
produzidos no País.
As empresas multinacionais que instalaram e ampli-
aram as suas unidades fabris no País têm consegui-
do atender ao mercado da América do Sul e estão
realizando exportações crescentes para o Mercosul
e demais países vizinhos. As exportações para o
Mercosul por parte dessas empresas são favorecidas
pelo atendimento do Regime de Origem, que na
maioria dos casos é similar ao processo produtivo
básico, condição necessária para a obtenção do in-
centivo da isenção do IPI.
130
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Informática e Telecomunicações no Brasil
Anexo IV
A Internet
132
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
A Internet
133
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Anexo IV
Anexo 4 – A Internet
4.1 – Introdução
A Internet, como a conhecemos hoje, deriva di-
retamente da difusão ampla da tecnologia gerada
para se implantar uma rede de computadores
encomendada no final da década de 60 a alguns
grupos de pesquisa de universidades americanas
pelo Departamento de Defesa dos EUA.
Como típico produto da era da Guerra Fria, a
tecnologia gerada incorpora algumas característi-
cas interessantes do ponto de vista militar, tais
como:
ausência de nodo central;
flexibilidade arquitetural;
redundância de conexões e funções;
capacidade de reconfiguração dinâmica;
etc.
Por outro lado, como convém a um novo mo-
delo de pesquisa estratégica e multiinstitucional em
tecnologias de informação e comunicação (que o
próprio Departamento de Defesa experimenta-
va), a tecnologia gerada espalhou-se de forma
generosa e com baixíssimo controle pelo ambiente
acadêmico, primeiramente nos EUA e em se-
guida no exterior.
Já no final da década de 80, a promoção do uso
de Internet e do avanço da tecnologia associada
nos EUA era liderada pela National Science Foundation
(NSF), e não mais pelo Departamento de Defesa.
A partir de 1989, a NSF passou a incentivar ativa-
mente as conexões de outros países aos EUA, para
fins ligados à educação e pesquisa.
O Setor Acadêmico e a Internet
Seguindo e/ou respondendo ao modelo de evo-
lução da Internet nos EUA, a tendência nos paí-
ses mais atentos ao nascente fenômeno foi o
envolvimento inicial de instituições do setor aca-
dêmico na montagem de redes nacionais, ou di-
retamente adotando a linha Internet ou evoluin-
do de tecnologias anteriores, como Bitnet, UUCP
etc. Em seguida, ocorreu o envolvimento de go-
vernos, interessados na implantação de infra-es-
trutura de redes para apoio a atividades de edu-
cação e pesquisa. Finalmente, já na década de 90,
os serviços até então restritos à educação e pes-
quisa se abriram e expandiram rumo a serviços
Internet abertos a quaisquer fins.
Certamente houve e há várias variantes nessa evo-
lução básica. Por exemplo:
O papel de Organizações Não Governamentais
(ONG) foi importante em alguns países, essen-
cial em outros, e absolutamente negativo em ou-
tros. Em alguns países, as ONG fizeram o papel
do setor acadêmico e desempenharam a função
de agente principal de difusão da Internet.
O papel de governos foi e tem sido bastante
heterogêneo no que diz respeito à própria com-
preensão do potencial da Internet. Em termos
de apoio concreto, governos de países em de-
senvolvimento têm tido, em geral, reações tar-
dias e, mesmo nestes casos, insuficientes.
A Evolução da Internet no Brasil
O histórico da evolução da Internet no Brasil se-
guiu o modelo básico acima descrito, principian-
do com o pioneirismo de algumas instituições aca-
dêmicas e ONG, assim como decolando a partir do
envolvimento ativo do Governo Federal, através do
MCT, e de vários governos estaduais, tais como os
de São Paulo, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e
outros. O decidido apoio governamental à Internet
no Brasil, desde os estágios iniciais, claramente dis-
tingue o Brasil da maioria dos países em desen-
volvimento.
Uma primeira versão de serviços Internet com
pontos em 21 estados no País foi implantada pela
Rede Nacional de Pesquisa (RNP) de 1991 a 1993,
a velocidades baixas. Entre 1995 e 1996, esses
serviços foram atualizados para velocidades mais
altas.
Paralelamente, a partir de junho de 1995, uma
decisão do Governo Federal definiu as regras
gerais para a disponibilização de serviços Internet
para quaisquer interessados no Brasil.
134
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
A Internet
4.2 – Arquitetura e Operação de Serviços
Internet
Concretamente, a Internet se traduz em um conjun-
to de funções, tais como e-mail, ICQ etc.,
implementadas sobre uma funcionalidade básica, a
de conexão em redes, que é corporificada no cha-
mado protocolo IP. Na forma mais simples, um
usuário utiliza seu computador e se liga a um pro-
vedor de serviços por meio de uma linha telefônica
comum. O provedor de serviços é o ponto mais
próximo aonde “chega” a Internet, e a partir do
qual e-mails, por exemplo, são enviadas a um desti-
natário remoto, talvez em outro país, que com boa
probabilidade tem acesso à Internet via chamada
telefônica a seu provedor de serviços local. Como
ocorre o transporte eletrônico da mensagem en-
tre os dois provedores de serviços, na origem e
no destino, permanece um mistério para a maior
parte das pessoas.
Backbone e Acesso
Serviços Internet são implementados sobre a infra-
estrutura física de telecomunicações de uma re-
gião ou país. Essa infra-estrutura tinha, até a ex-
plosão da Internet, um uso básico distinto, qual
seja, a de comunicação de voz. Gradativamente,
à medida que serviços Internet se expandem, essa
infra-estrutura vai sendo adaptada e problemas
operacionais contornados.
O modelo subjacente de comunicação na Internet
é essencialmente o ilustrado na Figura A4.1 para
um provedor hipotético.
Entre grandes centros de tráfego, há uma malha
de comunicação, composta por vários enlaces de
dados a alta velocidade e denominada de backbone
(isto é, “espinha dorsal”).
O backbone ilustrado acima interliga pontos em
Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Hori-
zonte, Brasília e Salvador, no Brasil. Além disso,
tem também uma ligação a Nova York, nos EUA,
presumivelmente a um ponto da Internet ameri-
cana. Esses pontos são denominados Pontos de
Presença (PoP) desse provedor.
O trecho que falta entre a residência de um usuá-
rio e o Ponto de Presença mais próximo do pro-
vedor é o chamado acesso, ou última milha. Em
geral, hoje esse acesso é viabilizado, no Brasil, por
uma chamada telefônica usando a linha comum
que o usuário tem em casa.
Outras opções que começam a surgir incluem a
conexão do serviço de TV por Assinatura, o te-
lefone móvel etc.
Velocidade e Serviço
Uma variável crítica para se ter um serviço Internet
de qualidade é obviamente a velocidade tanto do
acesso (na última milha) como no backbone. De pra-
xe, a velocidade limitativa principal é a da linha tele-
fônica entre o usuário e o provedor, que se mede
em, por exemplo, 28,8Kbps (ou quilobits por se-
gundo). A velocidade mínima de um backbone (isto é,
do enlace de menor velocidade em um backbone) deve
ser pelo menos duas ordens de magnitude superior,
para poder dar vazão ao fluxo de informação resultan-
te da comunicação concorrente de um grande número
de usuários sobre os enlaces de uso coletivo.
Tráfego entre Backbones Distintos
Consideremos, por hipótese, a existência de um
backbone B no Brasil, competindo com o ilustrado
na Figura A4.1, e interligando PoP próprios em
Curitiba, Rio de Janeiro e São Paulo, conforme a
Figura A4.2.
Vale salientar que esses PoP, embora nas mesmas
cidades, são distintos dos PoP do backbone anterior-
mente descrito, porque serão de empresas concor-
rentes, cada qual servindo seus próprios clientes,
empresas e assinantes individuais.
Figura A4.1
Um Backbone com Seis Pontos no País
NY - EUA
Brasília
BH
Salvador
Curitiba
São Paulo
Rio de Janeiro
Fonte: SocInfo
135
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Anexo IV
Cabe aqui, então, a seguinte pergunta: como é que
uma mensagem oriunda de um usuário do
backbone A chega a um destinatário que é assinan-
te do backbone B?
A resposta é tecnicamente óbvia: de alguma for-
ma, mas preferivelmente de forma direta, os dois
backbones deverão estar interconectados para tro-
ca de tráfego. Onde e como é feita essa
interconexão não deve (em tese, ao menos) ser
assunto de interesse para o usuário comum da
Internet. A este, deve bastar saber o endereço ele-
trônico de um usuário ou recurso da rede para
poder alcançá-lo.
Do ponto de vista da arquitetura global de servi-
ços Internet em um país, contudo, a questão é
absolutamente relevante. Para assegurar a passa-
gem eficiente de comunicação de um backbone a
outro, Pontos de Troca de Tráfego (PTT) devem
ser implementados em “encruzilhadas” críticas. A
Figura A4.3 ilustra uma possível configuração
de dois PTT. À medida que aumentam os usu-
ários de cada backbone e as velocidades dos enla-
ces, a implementação de múltiplos PTT com alta
performance se torna mais e mais importante para
otimizar o desempenho global das redes.
Os PTT devem ser implantados idealmente con-
templando todos os backbones nacionais. Esta é uma
tarefa que exigirá um mínimo de articulação entre
os diversos provedores, com eventual
interveniência de órgãos reguladores, visando a
promover os interesses dos usuários e dos própri-
os provedores, diminuindo o tráfego internacio-
nal de cada um, posto que a comunicação entre
backbones passaria a ser efetuada via os PTT, e não
via os concorridos links internacionais.
Engenharia e Segurança de Redes
No nível de implantação e manutenção de serviços
Internet em um país, a implantação de Pontos de
Troca de Tráfego (PTT) entre backbones Internet é
apenas uma das preocupações.
Há vários outros aspectos que precisam ser trata-
dos, tais como:
padrões técnicos para serviços de redes;
novos serviços;
segurança e emergências.
Isto significa que é preciso uma “casa das máqui-
nas” que planeja e acompanha a operação de ser-
viços Internet e é capaz de intervir explicitamente
em situações de emergência.
Em nível global, as questões maiores de enge-
nharia de redes na Internet são discutidas e, even-
tualmente, resolvidas pelo IETF, que funciona
como o fórum que estabelece os padrões de fato
dos protocolos e serviços Internet. O IETF é
aberto, aceitando inscrições de profissionais de
instituições interessadas, e torna-se o fórum onde
os interesses individuais são defendidos, em geral
respaldados por propostas concretas e com
implementações anteriores que são eventualmen-
te recusadas, aprimoradas ou eventualmente acei-
tas. O Brasil, isto é, as instituições e profissionais
brasileiros, tem participado tímida e exporadica-
mente do IETF. Este aspecto reflete a imaturi-
Figura A4.2
Um Outro Backbone com Três Pontos Próprios
Curitiba
São Paulo
Rio de Janeiro
Fonte: SocInfo
Figura A4.3
Ponto de Troca de Tráfego entre Dois Backbones
NY - EUA
Brasília
BH
Salvador
Curitiba
São Paulo
Rio de Janeiro
Curitiba
São Paulo
Rio de Janeiro
PTT-São Paulo
PTT-Rio de Janeiro
Fonte: SocInfo
136
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
A Internet
dade do setor no País. É desejável que a comuni-
dade científica e a iniciativa privada atentem para
a importância da participação no mais alto fórum
técnico da Internet.
Endereços IP e Nomes de Domínio
Finalmente, do ponto de vista de um usuário de
serviços Internet, dois conceitos adicionais com-
pletam essa breve introdução: os endereços ou
números IP e os nomes de domínio.
Um endereço ou número IP é uma identificação
unívoca de um computador ligado à Internet
mundial, e é o equivalente ao número de telefone
composto por <Código de País/Código de
Área/Número do Assinante> no mundo de re-
des. É através da identificação de um número IP
de um destinatário que a comunicação a partir de
um ponto de origem é viabilizada, de computa-
dor a computador.
Mas como as pessoas se identificam na rede? Cer-
tamente não é por números IP! A identificação é
feita por meio de endereços eletrônicos na forma:
referindo-se a “maria”, que está (“@”) em uma
entidade denominada “socinfo”, que é uma or-
ganização (daí “.org” e não, por exemplo, “.com”)
registrada na estrutura Internet do Brasil (daí o
“.br” e não, por exemplo, “.fr”).
A estrutura subjacente a esses endereços e a ope-
ração de registro e habilitação dos mesmos, atra-
vés da vinculação a endereços IP, é a chamada
estrutura de Nomes de Domínio da Internet. No
Brasil, o domínio global de primeiro nível é re-
presentado por “.br”, dentro do qual há
subdomínios especializados, mas de uso coletivo
como “.com”, “.org” etc. Finalmente, no tercei-
ro nível, surgem nomes específicos de entidades,
tais como “socinfo”, “corinthians” etc. que iden-
tificam instituições do mundo real. A Figura A4.4
ilustra a estrutura de domínios Internet.
A alocação de endereços IP, o registro de No-
mes de Domínio e a vinculação entre número e
nome (que é verificada a cada referência a um
endereço) são funções adicionais no nível de “casa
das máquinas” que é necessário manter para asse-
gurar o bom funcionamento da Internet.
Operação da Internet Brasileira
As funções básicas acima descritas como com-
pondo a “casa das máquinas” da Internet brasi-
leira têm sido historicamente mantidas e operadas
por uma estrutura técnica e administrativa ligada à
Fapesp, inicialmente como a Coordenação de Ope-
rações da RNP e, a partir de abril de 1995, por
delegação do Comitê Gestor da Internet no Brasil.
4.3 – GOVERNANÇA NA INTERNET
O Comitê Gestor da Internet no Brasil (CG) foi
instituído em abril de 1995, por iniciativa conjun-
ta do Ministério das Comunicações e do Ministé-
rio da Ciência e Tecnologia, com a missão de or-
ganizar e supervisionar as funções básicas de infra-
estrutura para serviços Internet no Brasil, bem
como planejar e encaminhar a sua evolução no
futuro, contemplando adequadamente os interes-
ses do setor público, setor privado, e as priorida-
des científicas e tecnológicas do País.
As ditas funções básicas incluem:
Alocação de endereços IP;
Registro de Nomes de Domínio (no “.br”);
Protocolos básicos e de serviços;
Engenharia de redes.
O Comitê Gestor é, no Brasil, a contrapartida na-
tural da International Corporation for Assigned Names
Figura A4.4
Estrutura de Domínios
.com .org
.gov
empresa A empresa B
org X
.edu.com.ar .fr
.br
.
SocInfo
domínios
máquinas
usuários
Ex. http://www.socinfo.org.br
Fonte: SocInfo
137
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Anexo IV
and Numbers (Icann), a organização supranacional
criada em 1998 para administrar funções
operacionais básicas da Internet mundial.
4.4 – A INTERNET NO BRASIL
Iniciada em 1989 como uma rede acadêmica, a
Internet brasileira dispõe hoje de 446.444 hosts,
sendo em volume de hosts, a 13ª do mundo, con-
forme Gráfico A4.1.
Há hoje seis backbones nacionais, segundo o Co-
mitê Gestor da Internet no Brasil:
RNP - http://www.rnp.br
Embratel - http://www.embratel.net.br
Banco Rural -
http://www.homeshopping.com.br
Unisys - http://www.unisys.com.br
Global-One - http://www.global-one.net
IBM - http://www.ibm.com.br
No segmento de redes para Educação, P&D, a
RNP é complementada pelas seguintes redes regi-
onais acadêmicas:
Rede ANSP (Rede Acadêmica Paulista)
http://www.ansp.br
Rede Bahia
http://www.redebahia.br
Rede Catarinense
http://www.funcitec.rct-sc.br
Rede Internet Minas
http://www.redeminas.br
Rede Paraibana de Pesquisa
http://www.pop-pb.rnp.br
RedeRio
http://www.rederio.br
Rede Rio Grandense de Informática
http://www.pop-rn.br
Rede Pernambuco de Informática
http://www.pop-pe.rnp.br/RPI/welcome.html
Rede Tchê
http://www.tche.br
Existem ainda redes governamentais estaduais que
completam a malha Internet nacional.
Segundo a Abranet, o País possui hoje cerca de
150 provedores Internet, conforme ilustrado no
Gráfico A4.2.
Gráfico A4.1
Distribuição de Hosts no Mundo
Fonte: Internet Software Consortium, janeiro/2000 - http://www.isc.org
outros 6%
Noruega 1%
México 1%
Espanha 1%
Brasil 1%
Suécia 1%
EUA 73%
Japão 4%
Reino Unido 3%
Canadá 2%
Austrália 2%
Holanda 1%
França 1%
Itália 1%
Finlândia 1%
Taiwan 1%
outros 10%
Gráfico A4.2
Evolução do Número de Provedores no País
200
400
600
0
1995 1996 1997 1998 1999 2000 *
Fonte: Abranet - http://www.abranet.org.br
138
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
A Internet
Em 1997, havia cerca de 600, o que mostra o forte
processo de oligopolização que marca o setor em
todo o mundo. Existe uma concentração no Sul/
Sudeste do País, onde operavam 72,9% dos prove-
dores em 1999, conforme mostra o Gráfico A4.3.
Há, por outro lado, uma tendência crescente de
valorização dos provedores de conteúdo, haven-
do já grandes serviços nacionais, como o UOL,
Terra, iG, Starmedia, entre outros.
Número de Domínios no Brasil
O número de domínios no Brasil saltou de 7.574
em 1996 para 174.163 em fevereiro de 2000, sen-
do o domínio comercial o de maior crescimento
entre os domínios de primeiro nível (DPN), com
um crescimento ligeiramente superior ao cresci-
mento do número total de domínios neste perío-
do (conforme Gráfico A4.4).
4.5 – DESAFIOS PARA O FUTURO
Backboning
A comunicação em alta velocidade depende cada
vez mais da utilização de infra-estrutura de fibras
óticas. Somente com elas se logram velocidades
(e, especialmente, interatividade) da ordem de
Gbps (10
9
no Gráfico 8.1 do Capítulo 8 – Infra-
estrutura Avançada e Novos Serviços). Por outro
lado, apesar de o cabo de fibra custar tipicamen-
te dez vezes mais do que o cabo de cobre, ele
transporta quase 40 mil vezes mais informações,
ou seja, apresenta relação custo-benefício enor-
memente superior. Finalmente, as características
físicas da transmissão em fibras a tornam muito
menos sujeitas a interferências e problemas.
Não espanta, pois, que a implantação de ma-
lhas de fibras óticas seja hoje um grande negó-
cio para empresas que implantam qualquer tipo
de infra-estrutura física ligando pontos no mapa:
linhas de transmissão elétrica, gasodutos, linhas
ferroviárias, estradas etc. Em fins de 1999, a
Anatel, Aneel e ANP publicaram Regulamento
Conjunto que dispõe sobre o
Compartilhamento de Infra-estrutura implan-
tada por empresas de qualquer setor (regula-
mentadas por uma das Agências) para comu-
nicação de dados.
A Figura A4.5 ilustra a estrutura de fibra ótica
implantada ou em implantação em 1999.
Salta à vista a ausência de infra-estrutura na região
Norte e Noroeste do Brasil. Essa vasta região ain-
da dependerá, por bastante tempo, de meios de
comunicação baseados em satélites,
geoestacionários ou de órbita baixa, para suprir
suas necessidades, inclusive de telefonia de voz. Duas
tecnologias com potencial muito interessante para
a região são as de transmissão do tipo DTH (direct-
to-home), na banda Ku, e as de redes de satélites de
baixa órbita, como a da Globalstar.
Gráfico A4.3
Distribuição Regional de Provedores no País (1999)
SP
27%
MG
14%
Outros
21%
RS
9%
RJ
9%
PR 8%
BA 7%
SC 6%
Fonte: Abranet - http://www.abranet.org.br
Gráfico A4.4
Serviço Internet no Brasil
Número de Domínios (2000)
Fonte: Fapesp (registro.br/estatistica.html)
40.000
80.000
120.000
0
1996 1997 1998
1999
2000
160.000
200.000
7.574
25.804
68.393
149.884
174.163
outros
edu.br
mil.br + org.br + net.br
gov.br
com.br
297
313
134
6.830
71
513
965
201
24.054
2.993
854
2.265
319
61.962
6.264
1.224
4.068
402
137.926
8.592
1.278
4.326
411
159.556
Dados de 17/02/2000
Crescimento
.com 2.236%
.br 2.199%
139
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Anexo IV
Acesso
Há clara tendência no sentido de que a infra-es-
trutura de telecomunicações atualmente existente
(também no Brasil), que foi montada originalmen-
te para atender às necessidades de telefonia de
voz e depois estendida para dar suporte à comu-
nicação entre computadores, migrará para um
modelo em que as próprias estações de comuta-
ção serão baseadas em suporte a IP, de tal sorte
que o serviço de voz se torne uma variante do
serviço Internet. Em complemento, a linha tele-
fônica atual dará lugar a uma linha multi-serviços
à média/alta velocidade. Por outro lado, o uso
da infra-estrutura de TV por Assinatura certamen-
te se tornará mais generalizado, criando outra al-
ternativa para acesso à Internet em média/alta
velocidade. Finalmente, o telefone móvel certa-
mente ocupará espaço cada vez maior como meio
para acesso à Internet, especialmente a partir da
implantação da terceira geração.
A médio prazo, o principal desafio para a dissemi-
nação mais ampla da Internet, no que tange a aces-
so, será o preço do serviço. Estudos recentes da
OCDE, na realidade, argumentam no sentido de
que o aumento significativo de usuários Internet
em alguns países, notadamente a Inglaterra, parece
ter como principal causa o esquema tarifário de
chamadas telefônicas que em vários casos zera o
preço da ligação.
Não se pode, certamente, defender tal esquema
de forma generalizada e, em particular, para paí-
ses em desenvolvimento, nos quais há ainda mui-
to por investir em infra-estrutura. Contudo, deve-
se registrar como importante a idéia de se criar
tarifas especiais que favoreçam o uso da Internet.
Nesse contexto, a Anatel tem interessante pro-
posta no sentido de se implantar um esquema de
acesso próprio à Internet que contorne a infra-
estrutura de telefonia normal e permita bilhetar
esse serviço independentemente. Essa proposta,
de codinome 0i00, incorpora outra vantagem, que
é a possibilidade de se apoiar decisivamente a dis-
tribuição de provedores por uma ampla região, e
não somente em uma cidade, a preços fixos e
uniformes; independentemente de distância entre
o usuário prospectivo e o provedor.
Internet 2 e Internet de Nova Geração
Como é largamente conhecido, a evolução da
Internet ao longo de mais de 20 anos (a partir de
1968/69, quando sua concepção original come-
çou a tomar forma concreta) ocorreu no semi-
anonimato de laboratórios de pesquisa e insti-
tuições governamentais dos EUA e de uns
poucos países adicionais, com a cooperação de
grupos de pesquisa industriais.
A partir de cerca de 1988, concomitante com a
decolagem da infra-estrutura e de aplicações
nos EUA, a Internet principiou a ganhar o
mundo, até que em 1993/94 a rede se tornou
o fenômeno que é hoje. Ao longo desse perío-
do, a liderança da NSF e a existência da cha-
mada NSFnet foram essenciais. Em 1995, com
o término de operações da NSFnet, um pri-
meiro ciclo de evolução da Internet (nos EUA)
foi concluído, conforme ilustrado na Figura
A4.6.
A partir de 1996/97, um novo ciclo se inicia, ten-
do como ponto de partida interesses convergen-
tes, mas não totalmente coincidentes de institui-
ções de pesquisa, de um lado, e do governo nor-
te-americano, do outro lado, no sentido de im-
pulsionar e dar foco a um novo salto tecnológico
em redes Internet e suas aplicações. Esse novo
ciclo é simbolizado pelo Projeto Internet 2, da
Figura A4.5
Infra-estrutura de Fibra Ótica em Implantação no País
Fonte: Ministério do Planejamento
João Pessoa
Natal
Fortaleza
Imperatriz
São Luís
Santarém
Belém
Brasília
GNA
BRU
ULA
Belo Horizonte
Vitória
RJ
Porto Alegre
Florianópolis
SP
Recife
Maceió
Aracaju
Salvador
Boa Vista
CGE
JVE
Porto Seguro
CTA
PGA
S. Mateus
Américas 1
(EUA, Europa)
UNISUR
Argentina
Uruguai
BRUBauru
CGE C. Grande
CTACuritiba
GNAGoiânia
JVE
PGA
ULAUberlândia
Joinvile
Ponta Grossa
Fibra ótica
Existente
Prevista para 1999
Interligação do
Sistema Elétrico
140
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
A Internet
UCAID, e da iniciativa Next Generation Internet
(NGI) do governo americano, conforme se re-
sume no Quadro A4.1.
As duas iniciativas são, em vários sentidos, com-
plementares e articuladas. Utilizam estruturas co-
muns de backboning (vBNS, Abilene). Contemplam
patamares e objetivos tecnológicos similares. Do
ponto de vista organizacional, a diferença funda-
mental reside na UCAID, um consórcio de uni-
versidades que contribuem para manter a iniciati-
va e lançar novos projetos (onde a Internet 2 é o
primeiro, mas não o único deles).
A principal diferença entre as duas iniciativas está
nos objetivos. O Projeto Internet 2 põe foco na
implantação de novas aplicações avançadas de
redes, com um viés nas necessidades para educa-
ção e pesquisa. Em contraposição, a NGI é mais
aprofundada e abrangente: aborda problemas
fundamentais da Internet atual, tais como segu-
rança, qualidade de serviços (QoS), robustez, ge-
rência etc. Em vários sentidos, a NGI apóia, fi-
nancia e expande o Projeto Internet 2 nos EUA.
No mesmo compasso das iniciativas americanas,
há diversos projetos similares no Canadá, Aus-
trália, Japão e na União Européia. Cada qual con-
cretiza, do ponto de vista organizacional, uma
visão específica ao país/bloco acerca de coope-
ração entre governo, academia e setor privado
para o desenvolvimento de novos serviços de re-
des que, prototipados em ambientes de P&D, ra-
pidamente ganham espaço e uso nas redes co-
merciais.
Um dos grande desafios do Programa Socieda-
de da Informação é exatamente o de conceber,
implementar e consolidar um modelo de coope-
ração nessa área no Brasil.
Figura A4.6
Ciclos de Evolução da Internet nos EUA
Fonte: Sepin/MCT
Comercialização Privatização
P&D Parcerias
Redes do
Século XXI
Redes Interoperáveis e
de Alta
para Pesquisa e
Educação
Performance
Redes Ativas
WDMI
Wireless
Internet2, Abilene,
vBNS, Redes
Avançadas do
Gov. EUA
SprintLink
Internet MCI
Redes Fed.
ANS
ARPANet NSFNet
Fonte: SocInfo
Quadro A4.1
Iniciativas Americanas para a Evolução da Internet
Coordenação
Financiamento
Objetivos
Internet 2
UCAID
Consorciados, Corporações
.
Desenvolvimento de aplicações avançadas
. Desenvolvimento de ferramentas de redes
NGI
White House
Congresso americano
. Desenvolvimento de tecnologias avançadas de redes
. Implantação de testbeds
Fonte: SocInfo
Lista de Endereços Web
156
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
157
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Lista de endereços web
A Dinâmica do Desenvolvimento Tecnológico
http://www.admi.net/evariste/
A Divisão Digital entre Regiões no Mundo
http://www.nua.ie/surveys/how_many_online/index.html
Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel)
http://www.anatel.gov.br
América Online
http://www.americaonline.com.br
Americanas.com
http://www.americanas.com.br
Arremate
http://www.arremate.com.br
Associação Brasileira dos Provedores de Acesso, Serviços e Informações da Rede Internet
(Abranet)
http://www.abranet.org.br
Associação de Empresas Brasileiras de Softwares e Serviços de Informática (Assespro)
http://www.assespro.org.br
Banco Bradesco
http://www.bradesco.com.br
Banco Rural
http://www.homeshopping.com.br
Biblioteca Nacional
http://www.bn.br
Camerasurf
http://www.camerasurf.com.br
Carteira de Identidade
http://www.caixa.gov.br/docpessoais/c_ident.htm
Carteira de Trabalho
http://www.mte.gov.br/sppe.ctps/default.htm
Catho Online
http://www.catho.com.br
Comparecom
http://www.comparecom.com.br
158
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Comunicação Celular 3G
http://misnt.indstate.edu/harper/UMTS.html
Conectividade Internacional e Internet (de 1991 a 1997)
http://www.cs.wisc.edu/~lhl/lhl.html
Correios
http://www.correiosonline.com.br
CPF
http://www.caixa.gov.br/docpessoais/cpf.htm
Easy.cred
http://www.easycred.com.br
Ecovias
http://www.ecovias.com.br
Elefante
http://www.elefante.com.br
Embratel
http://www.embratel.net.br
Eponte
http://www.eponte.com.br
Estadão
http://www.estadao.com.br/classificados/
FGTS
http://www.caixa.gov.br/fgts/fgts.htm
Fiat
http://www.fiat.com.br
FreeBsd
http://www.freebsd.org
Fulano
http://www.fulano.com.br
Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp)
http://www.registro.br/estatistica.html
Gazeta Mercantil
http://www.gazetamercantil.com.br
Global Information Society/G8: Relatório Final de Projetos-Piloto
http://www.ispo.cec.be/g7/projidx.jtm
159
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Global-One
http://www.global-one.net
GM Center
http://www.gmcenter.com.br
Guiasp
http://www.guiasp.com.br
High Performace Computing and Communications
http://www.hpcc.gov
Ibge
http://www.ibge.gov.br
IBM
http://www.ibm.om.br
Internet Software Consortium
http://www.isc.org
Investshop
http://www.investshop.com.br
IR
http://receita.fazenda.gov.br
Itaú
http://www.itau.com.br
Itautecshop
http://www.itautecshop.com.br
Kidlink e o Projeto Kidlink no Brasil (Kbr)
http://www.kidlink.org/brasil/projetao.html
Lancenet
http://www.lancenet.com.br
Lokau
http://www.lokau.com.br
Masp
http://www.uol.com.br/masp/
Mediacast
http://www.mediacast.com.br
Miner
http://www.miner.com.br
160
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Ministério da Ciência e Tecnologia
http://www.mct.gov.br
MTV
http://www.mtv.com.br
Multilingüismo na Internet
http://babel.alis.com
National Infomation Infastructure
http://nii.nist.gov
Netcard
http://www.netcard.com.br
Netcasa
http://www.netcasa.com.br
Noite ao vivo
http://www.noiteaovivo.com.br
NUA Internet Surveys
http://www.nua.ie
O Site
http://www.osite.com.br
Oneclick
http://www.oneclick.com.br
Passaporte
http://www.dpf.gov.br/passaporte.htm
Patagon
http://www.patagon.com.br
PIS/Pasep
http://www.caixa.gov.br/fgts/pis.htm
Planeta vida
http://www.planetavida.com.br
Plantão Eletrônico
http://www.seguranca.sp.gov.br
Ponto Frio
http://www.pontofrio.com.br
Posição da Europa frente a 136 Tecnologias (196)
http://www2.admi.net/evariste/100tc/fiches.html
161
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Previdência Social
http://www.brasil.gov.br
Programa de “FITness” (Fluency with Information Technology)
http://books.nap.edu/html/beingfluent/
Programa Sociedade da Informação
http://www.socinfo.org.br
Projeto Agência Cidadão
http://www.unicamp.br/agencia_cidadão/
Projeto Inovar
http://www.venturecapital.gov.br
Rádio 89 FM
http://www.rockwave.com.br
Receita Federal
http://www.receita.fazenda.gov.br
Rede Bahia
http://www.redebahia.br
Rede Catarinense
http://www.funcitec.rct-sc.br
Rede Governo
http://www.redegoverno.gov.br
Rede Internet Minas
http://www.redeminas.br
Rede Nacional de Pesquisa (RNP)
http://www.rnp.br
Rede Paraibana de Pesquisa
http://www.pop-pb.rnp.br
Rede Pernambuco de Informática
http://www.pop-pe.rnp.br/RPI/welcome.html
Rede Acadêmica Paulista (ANSP)
http://www.ansp.br
Rede Rio Grandense de Informática
http://www.pop-rn.br
Rede Rio
http://www.rederio.br
162
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Rede Tchê
http://www.tche.br
Saraiva
http://www.saraiva.com.br
Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae)
http://www.sebrae.com.br
Spasite
http://www.spasite.com.br
Starmedia
http://www.starmedia.com.br
Submarino
http://www.submarino.com.br
Terra
http://www.terra.com.br
Título de Eleitor
http://www.caixa.gov.br/docpessoais/tit_eleit.htm
Turismonet
http://www.turismonet.com.br
Turma da Mônica
http://www.turmadamonica.com.br
Unisys
http://unisys.com.br
Universidade Virtual Pública do Brasil (Unirede)
http://www.unirede.br
UOL
http://www.uol.com.br
Usina do Som
http://www.usinadosom.com.br
Webmotors
http://www.webmotors.com.br
Yahoo!
http://www.yahoo.com.br
ZIP.NET
http://www.zip.net
163
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Glossário
164
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165
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Glossário
Acceptable Use Policy – AUP
Política de utilização aceitável. Política aceitável que determina que tipo de tráfego é aceitável para um
determinado backbone, rede ou ponto de acesso à rede.
ADSL
Asymmetric Digital Subscriber Line (Linha digital assimétrica de assinante).
Asymmetric Digital Subscriber Line – ADSL
Linha digital assimétrica de assinante. A tecnologia empregada permite o envio de dados por meio de
linhas telefônicas convencionais, a taxas elevadas, de até 1Mbps para transmissão e de até 8Mbps para
recepção. [http://www.adsl.com – ADSL Forum]
Advanced Research Projects Agency Network – ARPANET
Rede de longa distância criada em 1969 pela Advanced Research Projects Agency (Arpa), em consórcio com as
principais universidades e centros de pesquisa dos EUA, com o objetivo de investigar a possibilidade de
comunicação segura de dados em alta velocidade, para fins de defesa. Conhecida como a rede mãe da
Internet de hoje, saiu de operação em 1990.
Alfabetização digital
Processo de aquisição de habilidades básicas para o uso de computadores, redes e serviços de Internet.
Aplicativo
Programa de computador que desempenha finalidades específicas, tais como processar textos, organi-
zar e relacionar dados em forma de planilha, compactar arquivos, simular “mundos” virtuais com os
quais os usuários interagem (por exemplo, simuladores de vôo, jogos), gravar, organizar e reproduzir
sons etc.
ARPANET
Advanced Research Projects Agency Network (Rede da agência de projetos de pesquisa avançados).
Asynchronous Transfer Mode – ATM
Modo assíncrono de transferência. Tecnologia de rede baseada na transferência de dados em células não
necessariamente periódicas (assíncronas) de tamanho pequeno e fixo, que permite a transmissão de dados
digitais de diferentes aplicações através da mesma rede, com qualidade de serviço (QoS) especificada pelo
sistema usuário. Atualmente, as implementações nessa tecnologia permitem taxas de transferência de 2Mbps
a 2,46Gbps.
ATM
Asynchronous Transfer Mode (Modo assíncrono de transferência).
AUP
Acceptable Use Policy (Política de Utilização Aceitável).
166
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Backbone
“Espinha dorsal” de uma rede. Enlaces principais que compõem a infra-estrutura de alta velocidade,
interligando várias redes e sub-redes.
Biblioteca digital
Biblioteca cujos conteúdos estão em forma eletrônica e digital e são acessados localmente ou por meio
de redes de comunicação.
Biblioteca virtual
Serviço que reúne informações antes dispersas, que são capturadas, organizadas, sistematizadas, inte-
gradas e disponibilizadas em rede. Consiste de dados e metadados relativos a documentos, pessoas,
instituições, serviços e objetos, existentes nas mais diversas formas. As informações podem ser apre-
sentadas mesclando texto e multimídia (imagem, som e vídeo).
Bit
Unidade mínima de informação em um sistema digital binário, que pode assumir apenas um de dois valores - 0
ou 1 (binary digit).
Bps
Bits por segundo. Medida da taxa de transferência de dados.
Byte
Unidade de informação que normalmente corresponde a oito bits.
Bitnet
Rede formada por computadores centrais (mainframe) que interligava principalmente instituições educa-
cionais americanas, para a transmissão de mensagens de correio eletrônico. Trata-se de um acrônimo da
expressão “because it is time network” (rede “pois já é hora”). Apesar de ter características distintas das da
Internet, as mensagens de correio eletrônico podiam ser intercambiadas entre as duas redes.
CA*net3
Rede experimental avançada canadense, destinada a ser a sucessora da CA*net e da CA*net II, que está
sendo desenvolvida, desde 1998, para uso em P&D.
Infovia de abrangência nacional, orientada para a atuação governamental integrada e para a prestação
dos serviços de governo ao cidadão brasileiro.
Cibercafé
Espaço público – normalmente localizado em estabelecimentos comerciais, tais como restaurantes,
livrarias, bares etc. – onde são oferecidos serviços de acesso a computadores pessoais e à Internet,
geralmente mediante pagamento de taxa de utilização.
Comércio eletrônico
Atividade econômica em que se efetuam transações de compra e venda, via redes de computadores.
Usa-se também a forma inglesa e-commerce.
167
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Conteúdo
Todas as informações utilizáveis pelo usuário que passam pela Internet. São conteúdos, por exemplo, as
home pages, as mensagens e os endereços de correio eletrônico, os acervos das bibliotecas digitais etc.
Correio eletrônico
Modalidade de transmissão de mensagens por meio de rede eletrônica, em particular a Internet. Usa-se
também a forma inglesa e-mail.
Dense Wavelength Division Multiplexing – DWDM
Multiplexagem densa por divisão de comprimento de onda. Tecnologia utilizada para aumentar a taxa
de transmissão de dados por fibras óticas. Consiste na transmissão simultânea, por meio de cada fibra,
de um grande número de sinais, em feixes de luz com comprimentos de onda diferentes, o que amplia
a capacidade total de transmissão para taxas da ordem de centenas de Gbps.
Digital Subscriber Line – xDSL
Linha digital de assinante. Termo genérico que abrange todos os tipos de linhas digitais de assinantes,
entre os quais ADSL e SDSL.
Digitalização
Conversão de qualquer tipo de informação para o formato digital.
DTH
Iniciais de direct-to-home. Conjunto de produtos e serviços utilizados principalmente para a difusão de
programação de televisão e de música, que permite, a custo relativamente baixo, a recepção direta, em
domicílios, de sinais de satélites.
DWDM
Dense Wavelength Division Multiplexing (Multiplexagem densa por divisão de comprimento de onda).
E-business
Ver negócios eletrônicos.
ECDL
European Computer’s Driving Licence (Certificado europeu de habilitação para uso de computadores).
E-commerce
Ver comércio eletrônico.
EDI
Electronic Data Interchange (Intercâmbio eletrônico de dados).
Educação a distância
Processo de ensino-aprendizagem caracterizado pela separação física entre professor e aluno, que subs-
titui a interação pessoal típica da sala de aula. Com a ascensão das tecnologias de informação e comunica-
ção a área tem incorporado novos serviços e aplicações que vão do correio eletrônico à videoconferência.
168
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Electronic Data Interchange – EDI
Intercâmbio eletrônico de dados. Tecnologia de transferência de dados em uma empresa ou entre
diferentes empresas, através de redes eletrônicas. À medida em que mais e mais empresas se conectam
à rede, a importância da EDI aumenta, por ser uma ferramenta de fácil utilização para compra, venda
e troca de informações.
E-mail
Ver correio eletrônico.
European Computer´s Driving Licence – ECDL
Certificado europeu de habilitação para uso de computadores. Certificado referente ao conhecimento
e capacidade de utilização de computador e Internet.
Extensible Markup Language – XML
Linguagem de marcação extensível. Metalinguagem, subconjunto da SGML, que permite a criação de
formatos de informação compartilháveis por um conjunto de usuários, no que se refere tanto aos
conteúdos quanto aos próprios formatos. Usa símbolos de marcação para indicar tipos de informação
em conteúdos, a forma como os dados vão ser interpretados e como se vai interagir com eles.
File Transfer Protocol – FTP
Protocolo usado para transferir arquivos entre computadores (Protocolo de transferência de arquivos).
FTP
File Transfer Protocol (Protocolo de transferência de arquivos).
GigaPoP
Ponto de presença da Internet de nova geração com capacidade de tráfego da ordem de bilhão de bits
por segundo, suporte a QoS e implantação de AUP.
Grupos de discussão
Ver news(group)
Hacker
Pessoa com alta habilidade técnica para lidar com sistemas de computação ou comunicações em rede;
Cracker - especialista em sistemas informatizados que invade sistemas alheios, sem autorização. Diz-se
também pirata digital.
HDTV
High Definition Television (Televisão de alta definição).
High Definition Television – HDTV
Televisão de alta definição. Padrão emergente de televisão, de uso comercial ainda pouco difundido
mesmo nos EUA, empregando moderna tecnologia digital, que oferece qualidade de imagem similar a
filme de 35mm e qualidade de som semelhante a de um disco compacto (CD).
169
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
High Performance Computing – HPC
Computação de alto desempenho. Tecnologia de computação, abrangendo equipamentos e progra-
mas de computação, visando à otimização dos serviços computacionais para determinadas aplicações
ou tipos de aplicações. A otimização, em geral, é da velocidade de processamento ou da relação entre
velocidade de processamento e custo. Aplicações típicas de HPC são as de engenharia complexa,
como, por exemplo, projeto estrutural de veículos e plantas industriais, prospecção de petróleo, previ-
são de tempo e clima, pesquisa da estrutura da matéria, geração de imagens para desenho animado e
efeitos especiais em cinema etc.
High Performance Computing and Comunication – HPCC
Computação e comunicação de alto desempenho. Além da computação de alto desempenho, leva
também necessidades de alta velocidade que diversas configurações de HPC exigem.
Hipertexto
Texto que contém links (apontadores, elos) para outros documentos ou outras partes do mesmo
documento. Os elos estão associados a palavras ou expressões que permitem ao leitor se deslocar
automaticamente para as partes por eles apontadas.
Hospedeiro
Ver host.
Home page
Principal e primeira página de um website. Serve como índice ou sumário de documentos armazenados
naquele ou em outro site.
Host
No contexto da Internet um host é um computador ou dispositivo que possua um endereço Internet e
possa se comunicar com outros hosts. É um nó da rede.
HPC
High Performance Computing (Computação de alto desempenho).
HPCC
High Performance Computing and Comunication (Computação e comunicação de alto desempenho).
HTML
Hypertext Markup Language (Linguagem de marcadores para hipertexto).
HTTP
Hypertext Transfer Protocol (Protocolo de transferência de hipertexto).
Hypertext Markup Language – HTML
Linguagem de marcação de hipertexto. Linguagem padrão usada para escrever páginas de documen-
tos para WWW, variante (subconjunto) da SGML. Possibilita preparar documentos com gráficos e
links, para visualização em sistemas compatíveis com o WWW.
170
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Hypertext Transfer Protocol – HTTP
Protocolo de transferência de hipertexto. Conjunto de regras para intercâmbio de informações (texto,
imagens, som, vídeo, e outros arquivos multimídia) na WWW. É um protocolo de aplicação.
ICQ
Representação sonora de I seek you. Um dos diversos serviços de mensagem instantânea disponíveis na
Internet que estabelece conexão para troca de mensagens, em tempo real, entre duas ou mais pessoas
conectadas simultaneamente à Internet.
IETF
The Internet Engineering Task Force.
The Internet Engineering Task Force – IETF
Força tarefa de engenharia da Internet. Comunidade internacional de designers, operadores, empresas
vendedoras e pesquisadores, cuja principal preocupação é a evolução da arquitetura da Internet e da
facilidade de operação dessa rede. A IETF está aberta para qualquer indivíduo que a ela deseje integrar-
se.
IITA
Information Infrastructure Technology & Applications - IITA (Tecnologia e aplicações da infra-estrutura de
informações).
Information Infrastructure Technology & Applications - IITA
Tecnologia e aplicações da infra-estrutura de informações. Programa da Nasa (EUA), encerrado em
1997, que visava a demonstrar como as tecnologias emergentes de comunicação podiam ser usadas
para tornar as informações científicas e de engenharia acessíveis às escolas e ao público em geral. O
sucessor do programa é o projeto de aprendizado de tecnologias Learning Technologies Project – LTP.
Infovia
1. Via de comunicação entre computadores, utilizada para a troca de informações. 2. Conjunto de
recursos utilizados para interligar, conectar, processar, controlar e compatibilizar as transmissões de
informações, comunicações e serviços em meio eletrônico na rede Internet. Diz-se, também, superestrada
da informação e supervia.
Infra-estrutura avançada
Sistema de telecomunicações (hardware e software) que permite conexões digitais a longa distância, com
qualidade de serviço e alta velocidade. Inclui os backbones e suas de derivações. As taxas de transmissão
alcançadas por esse sistema devem estar adequadas ao atendimento das demandas, ou seja, devem ser
suficientes para as diversas aplicações.
Internet Protocol – IP
Protocolo de Internet. Protocolo responsável pelo roteamento de pacotes entre dois sistemas que
utilizam a família de protocolos TCP/IP usada na Internet. Protocolo básico da Internet.
171
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Internet
Sistema mundial de redes de computadores – uma rede de redes – que pode ser utilizado por qualquer
pessoa, em qualquer parte do mundo, onde haja ponto de acesso, e que oferece um amplo leque de
serviços básicos, tais como correio eletrônico, acesso livre ou autorizado a informações em diversos
formatos digitais, transferência de arquivos. Os protocolos básicos para o transporte dos dados são do
TCP/IP.
Internet 2
Iniciativa norte-americana, voltada para o desenvolvimento de tecnologias e aplicações avançadas de
redes Internet para a comunidade acadêmica e de pesquisa. Envolve 150 universidades norte-america-
nas, além de agências do governo e da indústria, e visa ao desenvolvimento de novas aplicações, como
telemedicina, bibliotecas digitais, laboratórios virtuais, entre outras não viáveis com a tecnologia Internet
atual. Também se escreve Internet II.
Internet Protocol Security – IPsec
Segurança de protocolo Internet. Padrão, em desenvolvimento, para maior segurança da comunicação
em redes. Diferentemente de padrões anteriores, que visavam à segurança no nível da aplicação, o IPsec
proporciona segurança no nível de rede ou de tratamento de pacotes.
Internet Service Provider – ISP
Provedora de serviços Internet. Empresa que provê acesso à Internet e aos seus serviços.
IP
Internet Protocol (Protocolo de Internet).
IPsec
Internet Protocol Security (Segurança de protocolo Internet).
ISP
Internet Service Provider (Provedora de serviços Internet).
LDAP
Lightweight Directory Access Protocol (Protocolo leve de acesso a diretório).
Lightweight Directory Access Protocol – LDAP
Protocolo leve de acesso a diretório. Protocolo para acessar diretórios de informações. Serviço de
diretório em conformidade com as especificações da IETF, com ampla aceitação na comunidade
Internet.
Link
Elo ou apontador para outros documentos e/ou partes do documento, em hipertexto.
Login remoto
Procedimento utilizado para se ter acesso remoto a um computador, via rede.
172
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Metadados
Dados a respeito de outros dados, ou seja, qualquer dado usado para auxiliar na identificação, descri-
ção e localização de informações. Trata-se, em outras palavras, de dados estruturados que descrevem
as características de um recurso de informação.
Método Delphi
Um método para estruturar um processo de comunicação em grupo de tal forma que o processo é
efetivado permitindo a um grupo de indivíduos, como um todo, tratar um problema complexo
(Flanagan, 1999).
Modem
Dispositivo que permite que um computador transmita e receba dados através de um meio de comu-
nicação analógico, como linhas telefônicas. Acrônimo de modulador-demodulador.
MPLS
MultiProtocol Label Switching (Chaveamento multiprotocolo baseado em rótulo).
MultiProtocol Label Switching – MPLS
Chaveamento multiprotocolo baseado em rótulo. Iniciativa da IETF que proporciona alta flexibilidade
e melhor desempenho com o redirecionamento do tráfego das comunicações, suportando a resolução
de problemas tais como congestionamento e falha de conexão.
Negócio eletrônico
Atividade econômica em que se efetuam transações de compra, venda, pagamentos, marketing etc., em
redes, na forma digital. Usa-se também a forma inglesa e-business.
News(groups)
Grupos que entram em interação on-line em redes digitais, discutindo assuntos de interesse comum.
Diz-se também grupos de discussão.
Network News Transfer Protocol – NNTP
Protocolo de rede de transferência de notícias. Protocolo usado para postar, distribuir e receber men-
sagens da Usenet.
NNTP
Network News Transfer Protocol (Protocolo de rede de transferência de notícias).
Open Systems Interconnection – OSI
Sistema aberto de interconexão. Modelo de referência do modo como, em uma rede de comunica-
ções, as mensagens devem ser transmitidas, a partir da definição de sete camadas de funções existentes
em cada ponta da comunicação. É adotado como padrão internacional pela ISO.
OSI
Open Systems Interconnection (Sistema aberto de interconexão).
173
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
PAD
Processamento de Alto Desempenho.
PEP
Ponto Eletrônico de Presença. Local onde redes inteiras ou máquinas individuais conectam-se a uma
rede maior, ou backbone.
Pirata digital
Ver hacker.
PKI
Public Key Infrastructure .
Ponto Eletrônico de Presença – PEP
Local onde redes inteiras ou máquinas individuais conectam-se a uma rede maior, ou backbone.
Ponto de Troca de Tráfego – PTT
Ponto de interconexão de backbones de diferentes redes, que capacita redes que não estão diretamente
conectadas a trocar informações.
Point of Presence – PoP
Ver PEP
PoP
Point of presence (ponto de presença)
Portal
Site que reúne produtos e serviços de informação de determinada área de interesse e também de
interesse geral. Portais de acesso à web normalmente oferecem, por exemplo, serviços gratuitos de
correio eletrônico, notícias, chat, informações sobre o tempo, cotação de ações, facilidade para procu-
rar outros sites etc.
Portal vertical
Portal direcionado para um público específico, que oferece uma série de serviços on-line, visando a
atender amplamente às necessidades desse público. Pode servir como elemento catalisador, ensejando
a formação e desenvolvimento de nova comunidade virtual, com interesses bem definidos e comuns,
mediante realimentações que propiciam a criação de novos serviços ou reinvenção de outros. Diz-se
também vortal.
POSIX
Portable Operating System Interface (Interface portável de sistema operacional).
174
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Portable Operating System Interface – POSIX
Interface portável de sistema operacional. Conjunto de interfaces para sistema operacional baseadas no
sistema UNIX e padronizadas para empresas usuárias de computadores desenvolverem programas de
computação que possam ser utilizados com os sistemas computacionais de diferentes fabricantes.
Processamento de Alto Desempenho – PAD
Processamento que engloba computadores, programas básicos e aplicações que manipulam grande
volume de dados e executam cálculos em alta velocidade. Ver também HPC.
Protocolo
Conjunto de regras que formam uma linguagem utilizada pelos computadores para intercomunicação.
Provedor
Empresa ou instituição que presta serviços Internet. Ver ISP.
PTT
Ponto de Troca de Tráfego
Public Key Infrastructure – PKI
Infra-estrutura de chave pública. Sistema de certificação digital que verifica e autentica a validade de
cada parte envolvida em uma transação realizada na Internet.
QoS
Quality of Service. Capacidade de uma rede de prover serviços com características diferenciadas em
função das necessidades das aplicações.
Quiosque eletrônico
Espaço, consoles ou cabines com computadores ligados a sistemas de informação, para fins de consul-
ta de um público-alvo (funcionários de uma empresa, visitantes de um parque, público em geral).
Redes proprietárias
Redes utilizadas por grupos fechados, as quais, em geral, não estão em conformidade com padrões
universais.
Resource reSerVation Protocol – RSVP
Protocolo de reserva de recursos. Protocolo de controle e sinalização desenvolvido pela IETF, que
garante QoS para a Internet e outras redes TCP/IP.
Roteamento de pacotes
Encaminhamento de pacote feito por hosts interligados a pelo menos duas redes, visando a atingir o
destinatário.
RSVP
Resource reSerVation Protocol (Protocolo de reserva de recursos).
175
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
SDSL
Symmetric Digital Subscriber Line (Linha de assinante digital simétrica).
Serviço de diretório
Serviço que auxilia a localização de pessoas ou objetos e informações associadas a partir de uma
organização análoga à das “páginas brancas” de lista telefônica que dão informações sobre assinantes.
Servidor
Programa que presta determinado serviço por demanda geralmente via rede. Na Internet, em particu-
lar, servidor de web é o programa que atende a solicitações de páginas ou arquivos em HTML.
Set-top box
Conversor que se conecta à TV, com a finalidade de permitir a conexão via telefone ou TV a cabo para
navegar na Internet e utilizar correio eletrônico. A tela da TV passa a funcionar como monitor.
SGML
Standard Generalized Markup Language (Linguagem padrão de marcação generalizada).
SIG
Sistema de Informações Geográficas.
Simple Mail Transfer Protocol – SMTP
Protocolo de transferência de mensagens simples. Protocolo da família de protocolos TCP/IP que
possibilita o envio de mensagens por e-mail de um servidor para outro.
Sistema de Informações Geográficas – SIG
Sistema utilizado para reunir, transformar, manipular, analisar e produzir informações georreferenciadas,
normalmente apresentadas na forma de mapas, modelos virtuais em 3D, tabelas, listas etc. Usa-se
também a forma em inglês Geographic Information System GIS.
Site
Coleção de páginas da web referentes a um assunto, instituição, empresa, pessoa etc. Diz-se também
website. A forma portuguesa sítio é pouco usada.
SMTP
Simple Mail Transfer Protocol.
SGML
Standard Generalized Markup Language.
Sítio
Ver site.
176
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Standard Generalized Markup Language – SGML
Linguagem padrão de marcação generalizada. Sistema de organização e marcadores dos elementos de
um documento.
Superestrada da informação
Ver infovia.
Supervia
Ver infovia.
Symmetric Digital Subscriber Line – SDSL
Linha de assinante digital simétrica. A tecnologia empregada permite o envio de dados por linhas
telefônicas convencionais, a taxas de até 3Mbps. Opera enviando pulsos digitais na área de alta freqüên-
cia dos cabos telefônicos.
TCP/IP
Transmission Control Protocol / Internet Protocol (Protocolo de controle de transmissão / Protocolo da
Internet).
Tecnologias de informação e comunicação
Tecnologias utilizadas para tratamento, organização e disseminação de informações. Pode-se utilizar a
abreviação TIC.
Telemática
Ciência que trata da manipulação e utilização de informação através do computador. Utiliza-se um
conjunto de técnicas e de serviços de comunicação a distância que associam meios informáticos aos
sistemas de telecomunicações.
Telemedicina
Aplicação dos computadores e das telecomunicações à prática médica (remota e local), ao processo de
ensino-aprendizagem e à investigação científica na área das ciências médicas.
Teletrabalho
Atividade profissional realizada à distância física do local convencional de trabalho, ou seja, da empresa
contratante.
TEN-155
Rede pan-européia, de tecnologia avançada, que dá suporte à pesquisa cooperativa de tecnologia e às
aplicações de redes. Além de prover serviços de IP a altas velocidades, presta serviços de comunicação
avançados e funciona como campo de provas para pesquisas em redes e aplicações avançadas.
TIC
Ver tecnologias de informação e comunicação.
177
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Transmission Control Protocol / Internet Protocol – TCP/IP
Protocolo de controle de transmissão / Protocolo da Internet. Conjunto de protocolos básicos da
Internet, que permitem a entrega de pacotes de um host para outro.
Uniforme Resource Locator – URL
Localizador de páginas da Internet. Forma padronizada de endereçar recursos na Internet.
Unix-to-Unix Copy – UUCP
Protocolo e utilitário do sistema operacional Unix que capacita um computador a enviar arquivos para
outro por meio de conexão serial direta ou via modem e rede telefônica. Para a maioria das aplicações
de transferência de arquivos, o UUCP está se tornando obsoleto em relação a outros protocolos, tais
como FTP, SMTP e NNTP.
URL
Uniforme Resource Locator .
Usenet
Rede de fóruns de discussões baseada no NNTP.
UUCP
Unix-to-Unix Copy.
VBNS
Very high-speed Backbone Network Service (Serviço de rede de backbone de velocidade muito alta).
Very high-speed Backbone Network Service – vBNS
Serviço de rede de backbone de velocidade muito alta. Backbone experimental de alta velocidade em
desenvolvimento pelo MCI dos EUA, para o desenvolvimento da próxima geração de tecnologia de
redes. Permite o transporte de volumes muito grandes de voz, dados e vídeo, a velocidades pratica-
mente quatro vezes maior que as alcançadas pela tecnologia atual.
Vortal
Ver portal verticalizado.
xDSL
Digital Subscriber Line (Linha digital de assinante).
XML
Extensible Markup Language.
WAP
Wireless Application Protocol.
Web
Ver WWW.
Website
Ver site.
Wireless Application Protocol – WAP
Protocolo de aplicações sem fio. Especificação de um conjunto de protocolos de comunicação, conce-
bido pelas empresas Ericsson, Motorola, Nokia e Unwired Planet, que padroniza a maneira de utiliza-
ção de dispositivos sem fio, tais como telefones celulares e transceptores de rádio, para acessar a Internet,
incluindo serviços de e-mail, WWW, newsgroups etc.
WWW
Word Wide Web.
Word Wide Web – WWW
Teia global. Enorme conjunto de documentos e serviços, que faz parte da Internet, organizados em
forma de páginas de hipertexto, em que cada página é identificada por um URL. Também é chamada
de web.
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
178
Siglas, Acrônimos e Similares
180
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
181
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Siglas, Acrônimos e Similares
ABA American Bank Association
Abecortel Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Engenharia de Telecomunicações
Abed Associação Brasileira de Educação a Distância
Abia Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS
Abinee Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica
ABIPTI Associação Brasileira das Instituições de Pesquisa Tecnológica
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
Abranet Associação Brasileira dos Provedores de Acesso, Serviços e Informações da Rede Internet
ABTA Associação Brasileira de Televisão por Assinatura
Anatel Agência Nacional de Telecomunicações
Ancib Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Ciência da Informação
Aneel Agência Nacional de Energia Elétrica
ANP Agência Nacional do Petróleo
Anpi Associação Nacional dos Provedores de Internet
Anprotec Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos de Tecnologias
Avançadas
ANSP Academic Network at São Paulo
ANUI Associação Nacional dos Usuários de Internet
AOL América On-line
APEX Agência de Promoção de Exportações
ASP Active Server Pages
Assespro Associação das Empresas Brasileiras de Software e Serviços de Informática
ATL Algar Telecom Leste
ATM Assynchronous Transfer Mode
AUP Acceptable User Policy
B2B Business-to-Business
B2C Business-to-Consumer
B2G Business-to-Government
BBBOnline Serviço do Council for Best Business Practices dos EUA
B-CDMA Banda B do Sistema Code Division Multiple Access
BEC Bolsa Eletrônica de Compras
Bireme Centro Latino Americano do Caribe de Informação em Ciências da Saúde
Bitnet Because It’s Time Network
BNB Banco do Nordeste
BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
BNDESPAR BNDES Participações S/A
BOL Brasil On-line
bps Bits por segundo
C2B Consumer-to-Business
C2C Consumer-to-Consumer
C2G Consumer-to-Government
C&T Ciência e Tecnologia
Canarie Canadian Network of Advanced Research
CAP Community for Advertising Practices
Capes Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
CB-21 Comitê Brasileiro de Informática da ABNT
CCN Catálogo Coletivo Nacional
CCTC Comissão de Ciência, Tecnologia e Comunicações
182
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
CD Compact Disk
CDI Comitê para a Democratização da Informação
CDMA Code Division Multiple Access
CDS Centro de Desenvolvimento de Software
CEEInf Comissão de Especialistas de Ensino de Computação e Informática
Cemina Comunicação, Educação e Informação em Gênero
Cenapad Centro de Processamento de Alto Desempenho
Cepesc Centro de Pesquisa e Desenvolvimento para a Segurança das Comunicações
Cesup Centro Nacional de Processamento de Alto Desempenho
CG Comitê Gestor da Internet no Brasil
C-INI Comitê sobre Infra-estrutura Nacional de Informações (Anatel)
CLT Consolidação das Leis de Trabalho (Decreto-Lei nº 5452/43)
CNC Confederação Nacional do Comércio
CNI Confederação Nacional da Indústria
CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
CNS Cartão Nacional da Saúde
CNTR/Telebrás Centro Nacional de Treinamento/Telebrás
Comut Programa de Comutação Bibliográfica
Contec Programa de Capitalização de Pequenas Empresas e Base Tecnológica
Coppe Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia
CPF Cadastro de Pessoa Física
CPqD Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações
CSA Canadian Standards Association
CTI Fundação Centro Tecnológico para Informática
CUT Central Única dos Trabalhadores
Cyted Programa Íbero-americano de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento
DAS Direct System Agent
Datasus Departamento de Informática do SUS
DB Database
Denatran Departamento Nacional de Trânsito
DEP/IBICT Departamento de Ensino e Pesquisa do Instituto Brasileiro de Informação em
Ciência e Tecnologia
DFN Deutsches Forschungsnetz
DGXIII The European Commission’s Directorate-General for Telecommunications, Information Market and Exploitation
of Research
DIB Direct Information Base
DiffServ Differentiated Services
DOE U.S. Department of Energy
DTH Direct-to-Home
DUA Directory User Agent
DWDM Dense Wavelenght Division Multiplexing
ECDL European Computer’ Driving License
ECOM Electronic Commerce Promotion Council of Japan
ECP.NIL Internet Service Providers Association Netherlands
EDI Electronic Data Interchange
Edifact Electronic Data Interchange for Administration, Commerce and Transport
Edusp Editora da Universidade de São Paulo
EHz Exahertz
EIC Escola de Informática e Cidadania
Embraer Empresa Brasileira de Aeronáutica S.A.
Embrapa Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
183
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Embratel Empresa Brasileira de Telecomunicações
EPA U.S. Environmental Protection Agency
Epusp Escola Politécnica da Universidade de São Paulo
Esso Marca principal da Exxon
Exxon Exxon Mobil Corporation
Faced/UFBA Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia
FAO Agência das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura
FAP Fundação de Amparo à Pesquisa
Faperj Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro
Fapesp Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo
FAT Fundo de Amparo ao Trabalhador
FCC Federal Communication Commission
Fenadados Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Processamento de Dados,
Serviços de Informática e Similares
Fenainfo Federação Nacional das Empresas de Informática
Fenasoft Fenasoft Feiras Comerciais Ltda.
FGTS Fundo de Garantia por Tempo de Serviço
Fidonet Rede de computadores para troca de correio eletrônico e arquivos via UUCP
Fiesp Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
Finep Financiadora de Estudos e Projetos
FITness Fluency with Information Technology
FNDCT Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico
FJN Fundação Joaquim Nabuco
Fucapi Fundação Centro de Análise, Pesquisa e Inovação Tecnológica
Fust Fundo de Universalização das Telecomunicações
G2B Government-to-Business
G2C Government-to-Consumer
G2G Government-to-Government
GCC GNU Compiler Collection
Gbps Gigabits por segundo
GHz Gigahertz
Giga PoP PoP para chaveamento de redes de alta velocidade respeitando políticas de uso
diferenciado
GII Global Information Infrastructure
GIMP GNU Image Manipulator Program
Gini Índice de desigualdade de distribuição de renda
GIS Geographical Information System
GMD Forschungszentrum Informationstechnik GmbH
GSM Global System Mobile
GT Grupo de Trabalho
HDTV High Definition Television
HPCC High Performance Computing and Communications
HTML Hypertext Makup Language
HTTP Hypertext Transfer Protocol
Hz Hertz
IAS/UNU Institute of Advanced Studies / United Nation University
Ibam Instituto Brasileiro de Administração Municipal
Ibase Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas
IBCC International Bureau of Chambers of Commerce
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IBICT Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia
184
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
IBM International Business Machines
ICANN Internet Corporation for Assigned Names and Numbers
ICC International Chamber of Commerce
ICMS Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços
ICNN International Conference on Neural Networks
IDC International Data Corporation
IDH Índice de Desenvolvimento Humano
IETF The Internet Engineering Task Force
IFLA The International Federation of Library Associations and Institutions
iG Internet Grátis
IMA Informática de Municípios Associados
Impa Instituto de Matemática Pura e Aplicada
IMT Internacional Mobile Telecommunications
Incra Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
Inep Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
INEXSK Infrastructure, Experience, Skills, Knowledge
Inpe Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
IP Internet Protocol
IPO Initial Public Offer
IPsec Internet Protocol Security
IPv6 Internet Protocol version 6
IPSec IP Security
IPVA Imposto sobre Propriedade de Veículo
IR Imposto de Renda
IRPF Imposto de Renda de Pessoa Física
IRPJ Imposto de Renda de Pessoa Jurídica
ISO International Standards Association
ISOC The Internet Society
IST Information Society Technologies
ISTEC Ibero-american Science Technology Education Consortium
ITA Instituto Tecnológico de Aeronáutica
ITU International Telecommunication Union
Kbr Projeto Kidlink no Brasil
KDE K Desktop Environment
KHz Kilohertz
LDAP Lightweight Directory Access Protocol
LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9394/96)
LGT Lei Geral de Telecomunicações
LMCS Local Multipoint Communication System
LMDS Local Multipoint Distribution Service
LNCC Laboratório Nacional de Computação Científica
Mbps Megabits por segundo
MC Ministério das Comunicações
MCI MCI WorldCom, Inc.
MCT Ministério da Ciência e Tecnologia
MDIC Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
MEC Ministério da Educação
Mhz Megahertz
MINC Ministério da Cultura
Minitel Serviço de informação francês
MITI Ministry of International Trade and Industry of Japan
185
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
MJ Ministério da Justiça
MP Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão
MPLS MultiProtocol Label Switching
MS Ministério da Saúde
NGI Next Generation Internet
NII National Information Infrastructure
NILC Núcleo Interinstitucional de Lingüística Computacional
Nitedi Núcleo de Inovação Tecnológica e Desenvolvimento Integrado
NLIP Vereniging van Nederlandse Internet Providers
NREN Nasa Research & Education Network
NRT Núcleo Regional de Tecnologia
NSF National Science Foudation
NTE Núcleo de Tecnologia Educacional
NUA Nua Ltd. (empresa de consultoria)
OCDE Organisation de Coopération et Dèveloppement Èconomique
OCYT Oficina de Ciencia y Tecnología
OECD Organisation for Economic Co-operation and Development
Oftel Office of Telecommunicatons
OMC Organização Mundial de Comércio
OMPI Organisation Mondiale de la Propriété Intellectuelle
ONG Organização Não Governamental
OPAS Organização Panamericana de Saúde
OSI Open Systems Interconnection
P&D Pesquisa e Desenvolvimento
PAD Processamento de Alto Desempenho
PART Parceiro Tecnológico
Pasep Patrimônio do Servidor Público
Paste Programa de Recuperação e Ampliação do Sistema de Telecomunicações e do
Sistema Postal (Anatel)
PC Computador Pessoal (Personal Computer)
PDI Plano Diretor de Informática
PEA População Economicamente Ativa
PEP Ponto Eletrônico de Presença
Perl Practical Extraction and Report Language
Petrobras Petróleo Brasileiro S.A.
PFE Posto Fiscal Eletrônico
PGO Plano Geral de Outorgas
PHP Hypertext Preprocessor
PHz Petahertz
PIB Produto Interno Bruto
PIS Programas de Integração Social
Pitac President´s Information Technology Advisory Committee
PKI Public Key Infrastructure
PMC Prefeitura Municipal de Campinas
PME Pequena e Média Empresa
PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
PoP Point of Presence
Posig Perfil OSI do Governo Brasileiro
PPA Plano Purianual de Ações
Prodemge Companhia de Processamento de Dados do Estado de Minas Gerais
Proder Programa de Emprego e Renda
186
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Proinfo Programa Nacional de Informática na Educação
Pronex Programa de Apoio aos Núcleos de Excelência
Prossiga Programa de Informação e Comunicação para a Pesquisa
Protem Programa Temático de Pesquisa em Computação
PTT Pontos de Troca de Tráfego
PUC-RJ Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
QoS Quality of Service
RAI Radio Televisione Italiana
RCT Rede de Ciência e Tecnologia do Estado de Santa Catarina
RedeRio Rede Acadêmica do Estado do Rio de Janeiro
Remav Rede Metropolitana de Alta Velocidade
Riosoft Sociedade Núcleo de Apoio à Produção e Exportação de Software
Rits Rede de Informações para o Terceiro Setor
RNP Rede Nacional de Pesquisa
RSS Royal Scientific Society of Jordan
RSVP Resource reSerVation Protocol
SAC Serviço de Atendimento ao Cidadão
SBC Sociedade Brasileira de Computação
SBIS Sociedade Brasileira de Informática em Saúde
SBMicro Sociedade Brasileira de Microeletrônica
SBMO Sociedade Brasileira de Microondas e Optoeletrônica
SBMidia Sociedade Brasileira de Mídia
SBRS Simpósio Brasileiro de Rede de Computadores
SBT Sociedade Brasileira de Telecomunicações
Scielo Scientific Eletronic Library Online
SDH Synchronous Digital Hierarchy
Sebrae Sistema Brasileiro de Apoio à Micro e Pequenas Empresas
Sectma Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente
Seed Secretaria de Educação a Distância
Sefor Secretaria de Formação e Desenvolvimento Profissional
SEI Secretaria Especial de Informática
SEIS Secured Electronic Information in Society
Senac Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial
Sepin Secretaria de Políticas em Informática e Automação
Serpro Serviço Federal de Processamento de Dados
Sesi Serviço Social da Indústria
Sesu Secretaria de Educação Superior
Sinapad Sistema Nacional de Processamento de Alto Desempenho
Sintegra Sistema Integrado de Informações sobre Operações Interestaduais com Mercadorias
Sipam Sistema de Proteção da Amazônia
SITA Société Internationale de Télécommunications aé ronautiques
SLTI Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação
SMC Serviço Móvel Celular
SMTb Secretaria Municipal do Trabalho
SMTP Simple Mail Transfer Protocol
SocInfo Sociedade da Informação
Softex Sociedade Brasileira para Promoção da Exportação de Software
Sonet Synchronous Optical Network
SSI Server Side Includes
STFC Serviço Telefônico Fixo Comutado
Sucesu Sociedade de Usuários de Informática e Telecomunicações
187
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Sudam Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia
Sudene Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste
Surfnet Turnkey Public Access Internet Kiosk Network
SUS Sistema Único de Saúde
TCP Transmission Control Protocol
TDMA Time Division Multiple Access
Tecsoft Centro de Tecnologia de Software
Telebrás Telecomunicações Brasileiras S.A.
Telesp Telecomunicações de São Paulo S.A.
TERAFLOP 10
12
Float Point Operation
THz Terahertz
TI Tecnologia de Informação
TIC Tecnologia de Informação e Comunicação
TLS Transport Layer Security
TUP Telefone de Uso Público
TV Televisor
UCAID University Corporation for Advanced Internet Development
UCLA University of California at Los Angeles
UFBA Universidade Federal da Bahia
UFC Universidade Federal do Ceará
UFMG Universidade Federal de Minas Gerais
UFPE Universidade Federal do Pernambuco
UFPR Universidade Federal do Paraná
UFRGS Universidade Federal do Rio Grande do Sul
UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro
UFS Universidade Federal de Sergipe
UFSC Universidade Federal de Santa Catarina
UN United Nations
UnB Universidade Federal de Brasília
Unesco United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization
Unesp Universidade Estadual Paulista
Unicamp Universidade Estadual de Campinas
Unicitral United Nations Commission on International Trade Law
Unifacs Universidade Salvador
Unifesp Universidade Federal de São Paulo
UNU United Nations University
UOL Universo Online
UPM Universidad Politecnica de Madrid
URL Uniform Resource Locator
USP Universidade de São Paulo
UUCP Unix to Unix Copy Program
vBNS very high speed Backbone Network Service
VSAT Very Small Aperture Terminal
WAP Wireless Application Protocol
Web Sinônimo de WWW
WML Wireless Marke-up Language
WWW Word Wide Web
XDSL Digital Subscriber Line
XML Extensible Markup Language
188
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
189
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Índice Remissivo
190
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
191
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Índice Remissivo
A
Abilene 84, 140
Abinee 129
ABNT 104
Abranet 137, 138
ABTA 129
África 31
Agência Cidadão 75
Alemanha 20, 35, 84, 99, 115
alfabetização digital 27, 31, 38, 41, 42, 48, 49, 54, 55
América do Sul 22, 129
América Latina 5, 20, 24, 31, 34, 53, 60
Anatel 5, 14, 36, 78, 80, 88, 89, 91, 121, 122, 123, 138, 139. Ver também [email protected]ov;
C-INI; FUST
Paste 2000 36, 122
Aneel 138
ANP 138
Anprotec 88
ANSP 101, 137
Argentina 20
Ásia & Pacífico 31
Assespro 123
assinatura digital 27
Associação de Amigos da Biblioteca 64
ATM 104
AURORA 90
Austrália 21, 34, 107, 125, 140
autenticação 70, 73, 79, 99
auto-regulamentação 19, 20, 109, 110
B
backbones 32, 84, 100, 101, 102, 104, 122, 134, 135, 137. Ver também redes comerciais; RNP
Abilene 84, 140
vBNS 84, 140
backboning 100, 101, 138, 140
balança comercial 127, 128
exportação 127, 128
importação 127, 128
Banco do Brasil 28
Banco Mundial 34, 35, 92
bases de dados 59, 61, 63, 64, 66, 71
biblioteca eletrônica 63, 109
Biblioteca Nacional 64
bibliotecas digitais 104
bibliotecas públicas 34, 41, 42, 64, 66, 80
192
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Bireme 63
Scielo 63
Bitnet 4, 133
BNDES 12, 129
BNDESPAR 24
Booz-Allen & Hamilton 19, 26, 27, 32, 40, 41
[email protected]ov 78, 80, 122. Ver também Anatel
C
C-INI 78, 122. Ver também Anatel
Ca-Net3 104
Caixa Econômica Federal 12, 28
Canadá 20, 31, 35, 53, 99, 107, 108, 109, 140
Canal Futura 52
Canarie 99
Capes 53, 63
Cartão Nacional de Saúde 76, 77
CDI 38
celular 3, 36, 37, 89, 122, 129
acesso à Internet 36
terceira geração (3G) 88
WAP 89
Cenapad 102
centros comunitários 37, 40, 41, 42, 56, 75, 77
China 35
cibercafé 34, 37, 38, 41
cidadania 7, 8, 10, 27, 31, 33, 38, 42, 45, 50, 70, 104
CNPq 53, 63, 87, 125
Cadastro de Pesquisadores 53
Lattes 63
Prossiga 63
comércio eletrônico 6, 9, 10, 17, 18, 19, 20, 27, 28, 109, 110, 116
agentes 18
Amazon 27
bens intangíveis 19
blocos econômicos regionais 27
Brasil 24
Comitê Executivo de Comércio Eletrônico 25
competitividade das empresas nacionais 10
crédito 12
empreendedorismo eletrônico 27
exportação de produtos brasileiros 27
fatores críticos 19
legislação 21
leis específicas 20
logística 19
mercado 24
modernização do setor produtivo 6
PME 20, 21
193
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
regulamentação e auto-regulamentação 19
substituição dos intermediários tradicionais 18
transações econômicas entres países 9
tributação 25, 27
Comissão de Ciência, Tecnologia e Comunicações 77
Comitê Executivo de Comércio Eletrônico 25
Comitê Gestor da Internet no Brasil 102, 104, 136, 137
ComprasNet 76
Confederação Nacional da Indústria (CNI) 52
Sesi 52
Congresso Nacional 12, 77
Comissão de Ciência, Tecnologia e Comunicações 77
Interlegis 76
Assembléias Legislativas Estaduais 76
Legislativo 77
Senado Federal 76
consórcios 56, 86, 87, 88, 90, 93, 99, 102, 140
de P&D 86, 88, 93
de pesquisadores 90
desenvolvimento de aplicações 93
empresas 102
governo, academia e indústria 99
NILC 90
Remav 102
UCAID 140
Uniredes 52
virtuais 87
conteúdos 2, 3, 7, 10, 11, 13, 20, 21, 23, 31, 33, 39, 42, 47, 50, 59, 60, 61, 62,
63, 65, 66, 90, 104, 109, 110, 138. Ver também globalização; identidade cultural; língua
portuguesa; metadados; portais
acervos culturais 65
arte, história 63
aspectos de regionalização 63
ciência e tecnologia 62
digitalização de acervos 61
obras de valor histórico 66
multilingüismo 61
produção de 61
Projeto Portinari 63
cooperação internacional 9, 13, 107
grupos cooperantes no exterior 93
grupos de pesquisa no exterior 124
integração e cooperação latino-americana 10
Mercosul 10
novo ciclo da Internet 104. Ver também UCAID
política 9
Programa Cyted 87
correio eletrônico 32, 97, 98, 124. Ver também e-mail
CPqD 86, 121
criptografia 90, 91
CTI 90
194
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
D
Datasus 76, 78
Denatran 77
Departamento de Defesa (EUA) 133
DFN 99
DGXIII 109, 110
Diário Oficial da União 80
DiffServ 103
direitos autorais 66. Ver também propriedade intelectual
diretórios eletrônicos 14, 78
diretórios distribuídos 97, 99
DOE 107
domínio 136, 138
estrutura de 136
nomes de 136
registro de 136
DWDM 14, 103, 104
E
e-business. Ver negócios eletrônicos
e-commerce. Ver comércio eletrônico
e-mail 14, 134. Ver também correio eletrônico
economia da informação 23
educação 7, 13, 14, 33, 45. Ver também alfabetização digital; bibliotecas públicas; Inep; Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional; língua portuguesa; Ministério: da
Educação; Senac; Sesi; Unesco; universalização do acesso
a distância 10, 46, 47. Ver também ensino a distância
censo escolar 50
continuada 7, 10, 28, 47, 50
currículos 28, 49, 52, 55
ensino fundamental 46, 49, 55
multimeios 55
nível médio 48, 49, 54, 55, 56
nível superior 50, 54, 55, 101. Ver também universidade
Parâmetros Curriculares Nacionais 49
supletiva 38
eEurope 2002 113, 116
Embrapa 91
Embratel 101, 121, 137
empreendedorismo 6, 27, 28, 90
emprego 6, 7, 20, 21, 26
alternativas de trabalho 7
aprendizado continuado 7
empregabilidade 7
mercado de trabalho 7
pessoas com necessidades especiais 26
PME 6
recolocação dos desempregados 21
195
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
relações de trabalho 21
remuneração 21
requalificação profissional 21
teletrabalho 21, 22, 26, 27, 28, 34, 116
legislação 26, 27
ensino a distância 9, 47, 52, 55, 56
aspectos críticos 47
Canal Futura 52
capacitação e formação tecnológica 55
Confederação Nacional da Indústria - CNI 52
FAT 52
Fiesp 52
Fundação Roberto Marinho 52
Prêmio Paulo Freire 52
Programa TV Escola 52
Secretaria de Educação a Distância 52
Sefor 52
Sesi 52
Telecurso 2000 52
Telessalas 2000 52
UFSC 52
Unirede 52
vídeo e Internet 56
EPA 107
Espanha 20, 35, 108, 125
espinha dorsal. Ver backbones
Estados Unidos 21, 25, 46. Ver também EUA
EUA 3, 20, 31, 35, 37, 46, 48, 49, 60, 64, 73, 84, 87, 90, 99, 102, 107, 108, 109, 110,
115, 126, 133, 134, 139, 140. Ver também Estados Unidos
Europa 30, 34, 85, 107, 109, 117
European Computer Driving License (ECDL) 42
F
Faperj 63
Fapesp 63, 87, 136, 138
Programa Genoma 87
Copersucar 87
Fundecitrus 87
Instituto Ludwig 87
Scielo 63
FAT 52
fibra ótica 3, 85, 97, 101, 121, 138, 139
fibra escura 100
Fidonet 4
Fiesp 52
Finep 12, 24, 28, 63, 87, 91, 125
Contec 24
Inovar 24, 28
FITness 49
196
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Foresight 86, 88
França 32, 35, 84, 85, 86, 108, 115
Minitel 32
Fundação Roberto Marinho 52
FUST 37, 41. Ver também Anatel
G
G7 107, 109
Genoma 84, 87. Ver também Fapesp: Programa Genoma
Projeto Genoma Humano 84
geoprocessamento 90, 91, 104
globalização 17, 23, 59
identidade cultural 60
tecnologias de informação e comunicação 17
governança na Internet 136
Comitê Gestor da Internet no Brasil 136. Ver também ICANN
Governo 5
administração pública 8, 10, 13, 107, 109
Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia 124
Estadual 11, 69, 74, 76, 77, 78, 80
Federal 11, 12, 69, 73, 74, 75, 76, 77, 78, 80, 86, 121, 123, 129, 133
Municipal 11, 77, 78, 80
poder de compra 73
comprador/contratador 69
poder público 6, 84, 116
política industrial 69, 124
políticas públicas 9, 11
Presidência da República 12
recursos humanos 73, 77
serviços públicos 8, 38, 39, 62, 72, 75, 79, 116
transparência 8, 45, 65, 69, 76
Grã-Bretanha 84, 86, 115
H
HDTV 54, 104
High Performance Computing and Communications. Ver HPCC
Holanda 20, 99, 115
host 34, 35, 115, 137
HPCC 84, 99, 107, 110
HTML 71, 89
HTTP 71, 76
I
Ibase 38
IBGE 37, 50, 62
IBICT 62
197
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
ICANN 14, 110
ICQ 134
identidade cultural 6, 7, 10, 59, 60, 61. Ver também língua portuguesa
IETF 79, 103, 135
IITA 110
IMT-2000 88, 89
incubadoras 24, 28, 88. Ver também Anprotec
financiamento 28
Inep 50, 51
INEXSK 14, 113
Inglaterra 35
Inpe 87, 91, 102
Interlegis 76
International Telecommunication Union (ITU) 88
Internet 2 84, 102, 103, 104, 139, 140
Internet de Nova Geração. Ver Internet 2
IP 13, 37, 54, 103, 104, 134, 136, 139. Ver também TCP/IP
IP Móvel 103
IPsec 90, 103, 116
IPv6 104
ISO 79, 103, 126
Itália 20, 35
J
Japão 20, 21, 35, 84, 108, 115, 140
K
Kidlink 39
L
Lattes 63
LDAP 79, 103
Lei 8248 de Incentivos Fiscais em Informática 87, 124, 126, 129
Programas Prioritários em Informática (PPI) 124
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 48
Lei Geral de Telecomunicações (LGT) 36, 122
Lei Rouanet 66
língua portuguesa 39, 60, 61, 62, 66, 90
LMCS 36
LNCC 87, 102
M
MCT 12, 13, 24, 53, 54, 63, 77, 86, 102, 108, 124, 125, 129, 133. Ver também
CNPq; IBICT; Ministério: da Ciência e Tecnologia; Sepin
198
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
MEC 38, 50, 51, 52, 56. Ver também Ministério: da Educação
meio ambiente 9, 84, 85, 90, 93, 109
Mercosul 10, 20, 27, 123, 129
metadados 59, 61, 66, 78, 80
microempresas. Ver Pequenas e Médias Empresas (PME)
Ministério
da Administração 74
da Ciência e Tecnologia 12, 25, 53, 74, 124, 127, 136
da Cultura 64
da Educação 50, 53, 74
da Fazenda 74
da Justiça 77
da Saúde 74, 76, 77
das Comunicações 136
do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior 25
do Planejamento 25, 74, 75, 77, 101, 139
do Trabalho e Emprego 52
Minitel 32
MPLS 103
multicasting 14, 103
N
Nações Unidas 21, 34, 47
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) 34
Nafta 27
Nasa 107
National Science Foundation. Ver NSF
negócios eletrônicos 6, 18, 21, 61. Ver também comércio eletrônico; emprego; nova economia
NGI 14, 84, 99, 103, 140
NII 107, 108, 109, 110
nova economia 6, 7, 8, 9, 17, 22, 25, 27, 50, 128
NREN 110
NSF 98, 99, 107, 133, 139
NSFnet 139
O
OCDE 107, 139 Ver também OECD
OECD 20
ONG 11, 38, 133
Organizações Não Governamentais. Ver ONG
Oriente Médio 31
P
P&D. Ver pesquisa e desenvolvimento
Pequenas e Médias Empresas (PME) 6, 10, 19, 20, 21, 22, 23, 26, 27, 28, 34, 109, 123. Ver
também comércio eletrônico; Sebrae
199
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
acesso à Internet 21, 22
comunidades virtuais 28
de base tecnológica 21, 24
empreendedor eletrônico 27
exportação 27
portais de 28
financiamento 21, 24, 25, 28
penetração da Internet 21
planos de negócios 28
redes de 23
setor de software e serviços 123
pesquisa e desenvolvimento
5, 8, 10, 11, 13, 14, 27, 41, 54, 59, 70, 74, 78, 83, 84, 86, 87, 88, 89, 92, 93, 98, 99,
100, 101, 103, 104, 108, 109, 110, 121, 127, 128, 129, 137, 140. Ver também tecnologias
capacitadoras; tecnologias-chave
articulação universidade-indústria 88. Ver também consórcios; universidade
grupos de pesquisa 53, 86, 90, 124, 125, 133
novos modelos de 86. Ver também Fapesp; Programa Genoma
pesquisa básica 17, 92, 107, 109
projetos mobilizadores 54, 93, 104
recursos humanos 5, 9, 11, 27, 49, 50, 54, 56, 83, 87, 92, 100, 107, 127. Ver também
universidade; pós-graduação
PKI 103
Plano Geral de Outorgas (PGO) 122
Plano Plurianual (PPA) 12, 125
PME. Ver Pequenas e Médias Empresas (PME)
Points of Presence. Ver PoP
Ponto de Presença. Ver PoP
Pontos de Troca de Tráfego. Ver PTT
Pontos Eletrônicos de Presença (PEP) 78. Ver também PoP
PoP 32, 104, 134
portais 18, 25, 28, 61, 62, 66, 78, 117
BOL 62
Globo 62
iG 62
Inovar 28
PME 28
Starmedia 62
Terra 62
UOL 61
Portugal 90, 108
privacidade 11, 19, 20, 50, 70, 73, 90, 99
privatização 5, 22, 36, 59, 107, 109, 110, 121, 122, 126, 127
processamento de alto desempenho
11, 13, 14, 84, 86, 87, 88, 91, 97, 98, 99, 102, 103, 104, 124, 125, 126. Ver também
Cenapad; Sinapad
programa “Uma Biblioteca em Cada Município” 64
Proinfo 51, 56
projeto Genoma Humano 84
propriedade intelectual 86, 93, 99. Ver também direitos autorais
200
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Prossiga 63
Protem-CC 124, 125
provedores 23, 32, 33, 37, 61, 126, 134, 135, 137, 138, 139
PTT 104, 135
interesses dos usuários 135
Public Key Infrastructure. Ver PKI
Q
QoS 14, 101, 103, 140
qualidade de serviço 78, 98. Ver também QoS
quiosques 34, 40, 75, 76, 77, 78, 80, 99
R
redes comerciais 99, 140
troca de tráfego 101
redes governamentais 74, 78, 137
evolução tecnológica 71
infra-estrutura 70
Previdência 101
Prodemge 101
Serpro 101
redes para P&D 99, 100, 101, 104
testbed 100, 104, 140
redes regionais acadêmicas 137
Rede ANSP 101, 137
Rede Bahia 137
Rede Catarinense 101, 137
Rede Internet Minas 137
Rede Paraibana de Pesquisa 137
Rede Pernambuco de Informática 137
Rede Rio Grandense de Informática 137
Rede Tchê 137
RedeRio 101, 137
Reino Unido 20
Remav 102, 103, 104
Rits 38
RNP 38, 74, 87, 101, 102, 103, 124, 125, 133, 136, 137
RSVP 103
S
SBC 53, 54, 86
SBIS 78
Scielo 63
Sebrae 23, 24, 28
APEX 24
201
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Proer Especial 23
Secretaria da Receita Federal 75
Secretaria de Gestão 75
Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação 77
Secretaria do Livro e da Leitura 64
segurança 11, 19, 70, 73, 79, 85, 90, 99, 116, 135, 140. Ver também assinatura
digital; autenticação; criptografia; privacidade
SEI 86, 123
Senac 49
Senegal 34
Sepin 108, 124, 126, 129
Serpro 28, 73, 74, 75, 101
Sesi 52
set-top box 32, 37, 42
Sinapad 124, 125, 126
Sintegra 75
Sistema Único de Saúde (SUS) 76
Sivam/Sipam 90
SMTP 71
Softex 24, 124, 125
Softex 2000 124
software aberto 72
atividades governamentais 72
formatos não-proprietários 72
na Internet 72
no mundo 72
plataformas UNIX 72
Suécia 20, 115
SURFnet 99
T
TCP/IP 71, 76, 79
tecnologias capacitadoras 83, 84, 88, 93
tecnologias-chave 9, 11, 17, 83, 84, 86, 88, 92, 93, 103, 129
100 Tecnologias-chave da França 86
Foresight da Grã-Bretanha 86
identificação de 84
planejamento em C&T 84
Telebrás 86, 121. Ver também CPqD
telecentro 34, 76
Telecurso 2000 38, 52
telefones de uso público (TUP) 36, 122
telemedicina 9, 91
Telessalas 2000 52
televisão 3, 32, 37, 64, 91, 129. Ver também set-top box; TV
TEN-155 104
202
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
Terceiro Setor 12, 38
TLS 90
trabalho. Ver emprego
trunking 101
TV 3, 32, 36, 37, 42, 47, 91, 100, 115, 121, 129, 134, 139. Ver também televisão
a cabo 32, 36, 100
digital 91
por assinatura 129, 134, 139
TV Escola 52, 56
U
UCAID 102, 140
Unesco 38
União Européia 19, 20, 27, 61, 73, 77, 107, 108, 109, 110, 113, 116, 127, 140
Uniredes 52
universalização do acesso 7, 10, 19, 33, 34, 40. Ver também Agência Cidadão; alfabetização
digital; Anatel; bibliotecas públicas; centros
comunitários; cidadania; FUST; ONG; quiosques; telecentros; Terceiro Setor
acesso comunitário 34, 37, 70
acesso público 33, 34, 41, 65, 116
cabines públicas 34
custos para o usuário 32
dispositivos de acesso 37
inclusão social 10, 45
jovens 28, 38, 39, 48, 50
mulheres 39
penetração da Internet 21, 32, 40, 116
pessoas portadoras de deficiências 39, 40
universidade 50. Ver também educação; pesquisa e desenvolvimento (P&D)
Federal de São Carlos 90
graduação 48, 49, 50, 51, 53, 55, 56
pós-graduação 48, 49, 50, 52, 53, 54, 55, 56, 92, 128
PUC-RJ 63
UFCE 102
UFMG 90, 102
UFPE 90, 91
UFRGS 53, 102, 125
UFRJ 91
UFSC 52
Unesp 90
Unicamp 53, 90, 91, 102
USP 91
Epusp 53
Uruguai 20
UUCP 133
203
Sociedade da Informação no Brasil – Livro Verde
V
vBNS 14, 84, 140
videoconferência 14, 78, 97, 98
VivaRio 38
W
WAP 89
WML 89
World Wide Web. Ver WWW
WWW 14, 32, 97
X
XML 71, 78
204
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