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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
CONSELHO FEDERAL DE EDUCAÇÃO
INTERESSADO/MANTENEDORA
SERVIÇO SOCIAL DA INDÚSTRIA
UF
DF
ASSUNTO
PROPOSTA CURRICULAR QUE SISTEMATIZA EXPERIÊNCIA PEDAGÓGICA DE
ENSINO FUNDAMENTAL DE ADULTOS NO SESI
RELATOR: SR.CONS. SYDNEI LIMA SANTOS
PARECER Nº 194/92
CÂMARA OU COMISSÃO
CEGRAU
I RELATÓRIO
APROVADO EM 12/03/92
PROCESSO Nº 23001.000937/91-61
Este Conselho recebeu do Diretor do Departamento Nacio
nal do SESI - SERVIÇO SOCIAL DA INDUSTRIA - entidade de âmbito
nacional, atuando em 26 Estados da Federação, o ofício nº 18691
- DIVAD - DF, protocolado sob o número 23001.00093791-63, no
qual declara encontrar respaldo no art. 64 da Lei nº 569271,
para submeter à apreciação do Conselho Federal de Educação "pro-
posta curricular que sistematiza experiência pedagógica de Ensi-
no Fundamental de Adultos no SESI-."
Consta ainda da petição que a "proposta esta plenamen-
te inserida no espírito da Constituição Federal, que prevê o Ensi
no Fundamental para todos, inclusive aos que a eleo tiveram
acesso na idade própria. Está, também, referenciada na legisla-
ção em vigor."
E por fim, encerra-se a petição da seguinte forma:
"Cumpre o SESI o seu papel institucional, ao oferecer
uma proposta curricular cujo principio educativo é o trabalho,
integrando atividades complementares de saúde, alimentação, la-
zer e a própria preparação para o trabalho, dentro da ótica da;
interdisciplinaridade, concorrendo para resgatar, para esses tra
balhadores, o papel de sujeitos históricos que precisam novamen-
te assumir.
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Diante do exposto, vimos solicitar a validação da Proposta
Curricular para o Ensino Fundamental de Adultos, contida em anexo, e
oferecida à análise desse Colendo Conselho."
A petição faz as seguintes considerações:
»
ANTECEDENTES
0 SESI, enquanto entidade de direito privado, engajada no esforço
de coda a sociedade de melhoria das condições educacionais, no país e, em decor-
rincia dos padrões de qualidade e produtividade no trabalho dos seus atendidos ,
vem desenvolvendo, desde 1946, época de sua criação, programas voltados ao aten-
dimento do trabalhador da indústria, dos transportes, das comunicações e da pes-
ca, em sua: múltiplas facetas, seja como profissional, seja como ser biológico e
social.
Especificamente no tocante à educação de adultos, vem executando,
por meio dos seus Departamentos Regionais, projetos de Ensino Fundamental, desde
sua criação.
A diferenciação cesses projetos, ainda que rica, seguiu até 1989
sem uma política institucional única, que definisse o entendimento do SESI sobre
o trabalho com a educação de adultos, de forma a considerar nao só as necessida-
des dos trabalhadores, mas também a realidade da sociedade brasileira e as exi-
gências no tocante a formação do homem para atuar e transformar essa sociedade .
A partir de seminário realizado em setembro de 1989, em Alagoas, com representan
tes de todo o SESI, a entidade formulou seu Programa Nacional de Ensino Fundamen
tal de Adultos, apontando para a política que passará adotar na área, definindo
objetivos e estratégias capazes de viabilizar sua execução.
No presente, busca o SESI a formulação de proposta curricular que
dê cor;o ao Programa Nacional, na perspectiva de assegurar a todos os Departamen
tos Regionais unidade de princípios e de opção teórico-metodológica que preserve
o seu entendimento de Ensino Fundamental de Adultos sem, no entanto, perder a
necessária riqueza da diversidade, expressa pelas realidades de trabalho viven-
ciadas pelos alunos do SESI em todo o país.
Assim sendo, para validade da proposta curricular, recorre a esse
Conselho, passando a explicitar os motivos da presente consulta.
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JUSTIFICAÇÃO
Os dados do Censo I980-IBGE apontam para a existência, no país,
de uma população de 15 anos e mais da orcem de 73.541.186 pessoas. Destas,
18.716.730 nao sabem ler nem escrever. Cs queo sabem ler e escrever se inse-
rem nua total de 20.106.009 pessoas que ouo tem instrução oum menos de 01
ano de estudos. Na faixa de 01 a menos de 04 anos de estudos existem ainda
15.522.209 brasileiros, e na faixa de 4 a menos de S anos de estudos, ou se-
ja, ao nível de 1º Grau incompleto,chega-se 3 23.321.232 pessoas.
Restrivigindo-se, agora, os dados anteriores aos coletados pela
Relação Anual de Informações Sociais, RAIS-1938, do Ministério do Trabalho, che-
ga-se ao numero de 7.203.243 trabalhadores na indústria; desta população indus-
triaria, declararam-se analfabetos 264.951 pessoas; 1.218.179 som nível de
instrução de 4ª série incompleta; 1.903.387m a 4ª série completa, enquanto
1.381.797 nao lograram completar a 8ª série. Esses dados nos apontam que 67% da
população industriaria demanda, portanto. Ensino Fundamental.
Nao se pode mais compactuar, a partir dessa realidade, com pensa-
mentos correntes de que a prioridade para o Ensino Fundamental é só da infância.
Além da divida social que se tem com os adultos analfabetos ou
pouco escolarizados, aos quais se nega, sistematicamente, o acesso ao Ensino Fun
damental, hoje o atendimento a eles é imperioso pelo fato de ter a Constituição
Federal definido esse direito como direito do cidadão e, principalmente, porque
os dados mostram queo se investirá no homem improdutivo - como apregoam al-
guns -, mas sic no jovem, especialmente de 15 a 25 anos, maioria absoluta desse
contingente desprivilegiado do acesso à educação.
A sociedade se organiza pelo trabalho e sua força produtiva nao
"pode se encontrar afastada do código que domina nessa sociedade letrada.
0 SESI atendeu, em 1989, a cerca de 32.000 alunos adultos,o que demons-
trando umao correlação entre a oferta e os, níveis de escolaridade dos demanda
tários, permite-nos algumas reflexões. Se por um lado esse dado reflete o desgas_
te da educação como perspectiva de vida e projeto de futuro palpável para o tra-
balhador, por outro, aponta o envolvimento ainda tímido das empresas, na execu-
ção de projetos capazes da oferecer melhores condições aos seus empregados, seja
pela escolarização, seja pelos benefícios daí advindos, que se traduzemo só
pela produtividade, mas também pela satisfação no trabalho, melhor compreensão
do seu papel social e nas relações de produção - mais conscientes e autônomas.
Para a superação desse quadro, os objetivos do Programa estão
voltados para a expansão do atendimento, especialmente na busca da atividade na
própria empresa, per se reconhecerem as dificuldades do trabalhador em se deslo-
car após um exaustivo dia de labuta.
A possibilidade que também aqui se apresenta é a de negociação
com os empresários quanto a incorporação, na jornada de trabalho, no todo ou em
parte, do horário da classe, reconhecidamente como estímulo ao acesso e permanên
cia do aluno no sistema educativo.
Por esses caminhos, já em 1991. o atendimento chega a 33.443 alu-
nos-trabalhadores, indicando um crescimento de 19% em relação ao dados de 1989 .
Apesar dessa estratégia vir se mostrando mais adequada,o exclui a problemáti-
ca da evasao,mais ditada pela crise econômica que, quanto mais acerbada, deter
mina grande rotatividade de mão-de-obra e aumento crescente do índice de desem-
prego.
Especialmente pela prolongada crise brasileira, o SESI entende
que, cada vez mais, precisa participar da superação de alguns problemas sociais
que vem afligindo agudamente a população laboral. E que, para isso é necessário
ultrapassar propostas de atendimento distanciadas da realidade desses trabalhado
res e de seus dependentes, inseridos e vitimados pela condição de absoluta desi
gualdade determinada pela distribuição da renda no país. Há que conhecer e re-
conhecer suas lutas, suas historias de vida, suas relações de trabalho para per-
mitir um diálogo com eles capaz de estabelecer um processo interativo facilita-
dor da aprendizagem. Nas prioridades de vida, que para eles se colocam, a educa-
ção certamente nao tem o lugar que eles mesmos desejariam que tivesse, ocupados
que estão nos misteres da sobrevivência.
Essa estruturação considera, além ao entendimento de que a
aprendizagem se faz por atos contínuos, o ato de ocorrer
expressiva rotatividade dos alunos-trabalhadores, quase sempre
ditadas pelas crises econômicas que afetam a oferta e o nível de
emprego no país. Para eles, precisa—se pensar na chance renovada
da escola quando as condições adversas sao controladas, e eles
voltam a buscar as atividades educativas.
Para tanto, admite-se estruturar a proposta em quatro etapas
contínuas sendo:
- a primeira, necessariamente, correspondente a
alfabetização, volta d a para alunos analfabetos , analfabetos
funcionais ou, ainda, que tenham insegurança e dificuldade na
leitura e compreensão dos textos, símbolos e operações
matemáticas básicas :
- a segunda, voltada para alunos alfabetizados, com relativo
domínio de leitura e de escrita, mas que necessitam ampliar os
conhecimentos até o nível de 1º segmento do ensino fundamental;
- a terceira, relativa a alunos cujos conhecimentos passam a
se estruturar por áreas mais definidas, guardando correspondência
às duas séries iniciais do 2º segmento do ensino fundamental;
a quarta, e última, em complementação à etapa anterior ,
guardando correspondência às duas últimas séries do ensino
fundamental.
Apesar de esta proposta se definir , teoricamente, como
descrita, sabe-se que, dentro dela, a variedade de níveis de
conhecimentos encontrada deverá ser bastante grande, cabendo ao
professor desenvolver atividades e alternativas de trabalho
diversificado nos grupos, que atendam à variedade de condições e
interesses dos alunos.
De maneira geral, os grupos apresentam diferentes formas de
viver o analfabetismo e detêm pouca igualdade entre seus membros,
além daquela referente ao fato de terem sido excluídos escola.
A essa heterogeneidade devem-se juntar as diferenças nos
ritmos os de aprendizagem e de recuperação do já aprendido, o que
permanecerá ao longo de todo o processo de aprendizagem, Esses
grupos reais, multiníveis, serão, na verdade, orientadores do
projeto a ser formulado, no sentido de, conhecendo a realidade
do grupo quanto aos níveis de conhecimento que detêm, se
estruturar a proposta curricular mais adequada a ele. Da mesma
Forma, as etapas subsequentes serão sempre estruturadas em
relação aos objetivos e conhecimentos trabalhados e aprendidos
Pelos alunos na etapa anterior, nao se permitindo qualquer
organização que desconsidere o conhecimento do grupo e, ainda,
suas necessidades. Portanto, a divisão didática em que o etapas
deverá ser o referencial da proposta curricular, mas somente o
projeto poderá cor. Firmá-la ou alterá-la, segundo a realidade
concreta dos alunos.
A flexibilidade de organização da proposta curricular deverá
ser o ponto de partida para a consecução de efetivo processo de
ensino—aprendizagem, viabilizando o prosseguimento para qualquer
aluno, mediante o diagnóstico dos objetivos e conhecimentos que
tenha alcançado. 0 que se espera garantir ao aluno é a
continuidade do processo, segundo o seu ritmo individual. Por
isso, sempre que um rol de objetivos e conteúdoso for atingido
em uma etapa, deve-se pensar a seguinte incorporando-se os
objetivos e os conteúdoso trabalhados, de modo a se permitir
ao aluno seguir, sem perder períodos de estudo preciosos para
ele, que é quase sempre desestimulado quando obrigado a repetir
um curso, série, etapa - ou seja - um conjunto de objetivos e
conteúdos que já domina, pelo fato de, ainda, nao ter dominado
outros. A aprendizagem dele deverá continuar sempre do ponto onde
ele chegou, e jamais do ponto onde ele dever ia ter chegado. De
nada adianta, especialmente com alunos-trabalnadores, reforçá-los
com expectativas de fracasso, pois, na maioria dos casos, eles já
m com esse fracasso internalizado em suas histórias de vida, e
revertê-lo é ponto básico para recuperar o papel de sujeito de
sua própria aprendizagem.
Para facilitar a visualização da estrutura da proposta
desenha-se abaixo, de forma simplificada, o seu esquema:
A proposta como um todo prevê uma carga horária mínima de
2.200h, distribuídas em quatro etapas de 550h cada uma.
Por se tratarem de alunos—trabalhadoreso se terá
necessariamente, que seguir o período escolar convencional,
apenas resguardando-se ums de intervalo na continuidade de uma
etapa para outra, razoavelmente compatibilizada com as férias
trabalhistas dos alunos, de modo a aproveitar, ao máximo, sua
frequência laboral para o exercício do Programa. Entende-se que
uma duração diária mínima de 2h e 30 min de efetivas atividades
seja um limite adequado às condições físicas e mentais
decorrentes do trabalho executado e um per iodo razoável que
permita desenvolver um processo de aprendizagem que nao sofra
solução de continuidade.
A carga horária corresponde à globalidade do curso, maso
é obrigatório o seu cumprimento por parte de todos os alunos, já
que o que determina a sua inserção e saída é seu nível de
conhecimentos.
A adoção, no entanto, de carga horária diferenciada desta
proposta é possível de acontecer, reservando-se o referencial
como exigência mínima que garanta amplas possibilidades ao aluno-
trabalhador .
d) Grade curricular
A 1ª etapa prevê, basicamente, o trabalho com a Iinguagem e
a matemática, ainda que os conteúdos de ciências sociais e
naturais devam ser temas propostos para discussão, debate,
leitura e escrita em textos e sua produção.- 0 processo de
alfabetização nao se concluirá ao final dessa etapa, entendendo-
se por processo um movimento contínuo e sistemático de ir
avançando na consolidação da leitura e dos conhecimentos
aprendidos.
0 equilíbrio e a dosagem dos conteúdos em uma e outra área
será tarefa do professor em interação direta com os alunos,
estabelecendo os momentos e os limites das atividades.
A 2ª "etapa, além da continuidade dos conteúdos da primeira,
prevê a inclusão sistemática do estude inicial da História, da
Geografia e das Ciências, como ampliação dos conhecimentos e do
universo de leitura, escrita e apreensão da realidade. Também
aqui se prevê que o professor, em interação com seus alunos, deva
estabelecer o equilíbrio entre as áreas e conteúdos, procurando
ao máximo, a partir da opção metodológica do ser
interdisciplinar , nao estanqueizá-las , fragmentando a totalidade.
do conhecer.
Para a 3ª e 4ª etapas, continuando e ampliando o conjunto de
conhecimentos aa aluno, introduzem-se outras disciplinas que
permitirão a visão multifacetada dos fenômenos, pela incorporação
de novas abordagens.
Para melhor visualizar a grade curricular por etapas,
propoe-se o seguinte esquema:
- Língua Estrangeira Moderna é componente opcional do currículo,
cabendo a decisão de incluí—lo a cada projeto, que levará em
conta a necessidade de oferecer outra língua que contribua no
desempenho produtivo do trabalhador-estudante. Quando
introduzida, deverá ser revista a distribuição de carga horária
mensal, recomendando-se a sua ampliação nesse caso.
** As atividades propostas nesse componente poderão ser ampliadas
em carga horária, em função do que for oferecido, nao havendo
rigor em respeitar mensalmente a distribuirão da carga, horária,
que poderá se concentrar mais em ums do que em outro.
*** As atividades de História, Geografia, Ciências Físicas e
Biológicas serão trabalhadas na 1ª etapa por temas para
discussão, e nao como conteúdos sistematizados.
**** As atividades de EMC serão trabalhadas na 2ª etapa por temas
para a discussão, eo como conteúdos sistematizados.
II - PARECER DO RELATOR
Trata-se de proposta que encerra em seu bojo o pensamento
vivo da educação continuada, especialmente alicerçada no mundo do traba
lho, o que sem dúvida se constitui na forma ideal de inserção social do
aluno-trabalhador.
Desse entendimento pode-se concluir fácil e diretamente que,
a par da promoção humana decorrente do ingresso no mundo do conhecimen-
to, o aluno-trabalhador desenvolve suas habilidades e sua qualificação.
Percebe-se a melhor intenção de conjugar resgate da qualida-
de de ensino, em razão da metodologia a empregar, com o aperfeiçoamento
da qualificação para o trabalho.
Sente-se na proposta interação do homem com o mundo através
da relação educação-trabalho.
Hã um perseguir adequado do "desenvolvimento do espírito Cri
tico" e um buscar contínuo de dotar o trabalhador de um "instrumento de
conquista da cidadania."
A intenção da Direção do Departamento Nacional do SESI reve-
la-se altamente interessada em assegurar o "acesso e a permanência" do
aluno no sistema educativo.
A proposta curricular, em si, retrata a filosofia do SESI,no
que tange à elevação dos níveis de bem-estar do trabalhador e seus depen
dentes e ao conseqüente aumento da produtividade industrial. É um encon-
tro das famílias nessa escola especial.
E um motivo de satisfação constatar que essa "proposta é,
portanto, de busca, de inovação, de ousadia por novos caminhos que consi
derem, especialmente, esse aluno trabalhador cujas espectativas em rela-
ção à"escola" aindao morreram. Ao contrário, encontram-se renovadas
quando aceita o desafio de - superando seus estigmas, fracassos e histó-
ria de luta pela sobrevivência. voltar a interagir, como aluno, no
espaço oficial do saber."
A grandiosidade pedagógica e a magnitude social da proposta
atingem a sensibilidade de todo aquele que almeja alcançar as reais fina
lidades da Educação, principalmente num País que vive profundos confli-
tos sócio-econômico-culturais. Sem que essa terrível atração tome conta
do pensamento do Relator, ao examinar a solicitada validação da Proposta
Curricular para o Ensino Fundamental de Adultos e oferecida a análise
deste Colendo Conselho, faz-se mister examinar também o aspecto legal em
que se lastreou o peticionário (art. 64 da Lei 569271).
O manuseio continuado da Lei nº 569271 e, mais do que isso,
o espirito desbravador e estimulante da Lei, para propostas novas diante
de objetivos antigos, sempre colimados, comoi ser o de educar aqueles
que oo foram, por falta de tempo ou de oportunidade, no habitual, pe-
la razão de terem sido, precocemente, incorporados à força de trabalho,
conduzem o Relator a reflexões e a trilhas de possiveis veredas legais
para enquadrar o pedagógico.
O verdadeiro educador, diante do dilema permanente de optar
entre o pedagógico e o legal, percorre altaneiro a senda pedagógica.
0 art. 9° da Lei nº 569271 aponta o caminho da solução:
Art. 9° Os alunos que apresentem deficiências físicas ou men-
tais, os que se encontrem em atraso considerável quanto à idade regular
de matricula e os superdotados deverão receber tratamento especial, de
acordo com as normas fixadas pelos competentes Conselhos de Educação.
( o grifo é do Relator)
0 artigo 17 da citada Lei prossegue despertando a atenção do
pedagogo:
Art. 17. O ensino de 1º grau destina-se à formação da criança
e do pré-adolescente variando em conteúdo e métodos segundo as fases de
desenvolvimento dos alunos (o grifo é do Relator).
O espírito da Lei nº 569271 continua a manifestar-se assim:
Art. 24 0 ensino supletivo terá por finalidade:
a) Suprir a escolaridade para os adolescentes e adultos que
o a tenham seguido ou concluído na idade própria;
b) Proporcionar, mediante repetida volta à escola, estudos de
aperfeiçoamento ou atualização para os que tenham seguido o ensino regu-
lar no todo ou em parte.
Parágrafo único. O ensino supletivo abrangerá cursos e exames
a serem organizados nos vários sistemas de acordo com as normas baixadas
pelos respectivos Conselhos de Educação.
Art. 25. O ensino supletivo abrangerá, conforme as necessida-
des a atender, desde a iniciação no ensino de ler, escrever e contar e a
formação definida em bi especifica até o estudo intensivo de disciplinas
do ensino regular e a atualização de conhecimentos.
§ 1º Os cursos supletivos terão estrutura, duração e regime
escolar que se ajustem às suas finalidades próprias e ao tipo especial de
aluno a que se destinam.
§ 2º Os cursos supletivos serão ministrados em classes ou me-
diante a utilização de rádio, televisão, correspondência e outros meios
de comunicação que permitam alcançar o maior número de alunos.
0 artigo 64 prossegue estimulando:
Art. 64. Os Conselhos de Educação poderão autorizar experiên-
cias pedagógicas com regimes diversos dos prescritos na presente lei,
assegurando a validade dos estudos assim realizados.
Ao pedagogo fica a crença de que a proposição do SERVIÇO SO-
CIAL DA INDUSTRIA-SESI, entidade de ÂMBITO NACIONAL, atuando em VINTE E
SEIS Estados da Federação encontra base legal,o apenas no art.64 (Lei
569271) senão também em toda a alquimia legal acima transcrita, para
executar sua "proposta curricular que sistematiza experiência pedagógica
de Ensino Fundamental de Adultos no SESI."
Além de ter "como princípio educativo, o trabalho", a propos-
ta que já atendeu, em 1991, trinta e oito mil quatrocentos e quarenta e
três alunos (38.443) dos duzentos e sessenta e quatro mil, novecentos e
cinqüenta e uma pessoas (264.951) da população industriaria que se decla-
raram analfabetas. A intenção é atingir inicialmente essas 264.951. Pos-
teriormente alcançar os 1.218.179 que só tem até a 4ª série incompleta.
Depois os 1.903.387 quem a 4d série completa e por fim os 1.381.797
queo lograram completar a 8ª série. Esses dados apontam para a grande
e permanente tragédia brasileira - o analfabetismo e/ou a parca instru-
ção - pois da população industrial de 7.203.243 trabalhadores, 67% deman
dam Ensino Fundamental.
A Constituição preconiza que a educação é direito do cida-
dão.
0 atendimento é imperioso!
A Lei Maior legaliza-o!
A PROPOSTA:
- ATENDIMENTO NA EMPRESA, por reconhecimento das dificuldades
do trabalhador em se deslocar após um dia de labuta.
- INCORPORAÇÃO, NO TODO OU EM PARTE, NA JORNADA DE TRABALHO,
DO HORÁRIO DA CLASSE, reconhecidamente como estímulo ao acesso e permanên
cia do aluno no sistema educativo.
E uma experiência pedagógica que atenderá muitas pessoas (que
o obtiveram escolaridade na idade própria) preparando-as para alcança-
rem a CIDADANIA PLENA!
III - VOTO DO RELATOR
O Relator vota no sentido de declarar que "a proposta curri-
cular que sistematiza a experiência pedagógica de Ensino Fundamental de
Adultos no SESI", para aplicação, em nível nacional, objeto deste Proces-
so nº 23001.00093791-61, merece a mais ampla acolhida deste Conselho,
no que forem pertinentes, atendidas as normas de competência dos Conse-
lhos de Educação fixadas sobre a matéria. E o Parecer. E o voto.
IV - CONCLUSÃO DA CÂMARA
Relator
A Câmara de Ensino de 1º e 2º Graus acompanha o voto do
Sala das Sessões, em 1º de março de 1992
Presidente
e Relator
!
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