Nesse sentido, o currículo favorece a compreensão dicotomizada de saú.
de/doença, prevenção/cura, assistência hospitalar/saúde pública, un_i
dade de internação/ambulatório. Ao fragmentar, estruturalmente, a for_
mação do enfermeiro, o atual Currículo Mínimo comete, além de tudo ,
um grave equívoco para a formação profissional, que se reflete no
exercício profissional. Este equívoco evidencia-se, sobretudo, na de
terminação das habilitações (Enfermagem Médico-Cirúrgica, Enfermagem
Obstétrica e Enfermagem de Saúde Pública). Estas habilitações desio
cam da formação do enfermeiro conteúdos essenciais referentes, espe
cialmente, a assistência à mulher e à saúde coletiva. Há que se desta_
car ainda que, ao longo da aplicação da Resolução CFE ne 04/72, as
habilitações não tiveram quase nenhum impacto, quer na absorção do
enfermeiro pelo mercado de trabalho (haja vista, por exemplo, que a
existência do "enfermeiro habilitado" não criou nenhuma diferença nos
Planos de Cargos e Salários, nem tão pouco nos critérios de absorção),
quer na consolidação de um modelo de assistência de enfermagem dife_
renciado do que prevalecia desde a década de 20. Ainda é preciso con
siderar o caráter opcional das habilitações (tanto para o estudante
quanto para o órgão formador) que resultou na descaracterização do
profissional no mercado assim como o caráter de especialização preco
ce que se configurou com a adoção das habilitações. Toda esta disper;
são gerou problemas de ordem pedagógica, administrativa, conceitual e
ética para o exercício da enfermagem e para a consolidação da qualifi
cação do enfermeiro a partir da sua graduação.
A duração mínima estabelecida nos diplomas legais
do CFE é, para o curso de enfermagem, de 2.500 horas/3 anos (formação
geral do enfermeiro) e 3.000 horas/4 a 6 anos (habilitações). Esta
duração, não obstante pareça uma questão menos relevante, tem conse
quências pedagógicas na dinâmica dos cursos. Os estudos demonstram
que algumas escolas limitam-se, em geral, a cumprir somente o mínimo
acarretando prejuízos, ou pelo menos, um esvaziamento na formulação
da sua proposta de currículo pleno. Ademais, em todas as discussões
sobre a graduação em enfermagem, a duração está sendo considerada Co
mo um aspecto a ser redimensionado, tendo em vista a natureza da for_
mação do enfermeiro e a necessidade de garantir, ao estudante, espaço
para o trabalho individual, o uso da biblioteca, o desenvolvimento de
atividades de pesquisa e extensão.