51
A epidemia do HIV/Aids surgiu há 25 anos
28
. Nesse período,
registraram-se 65 milhões de pessoas infectadas e mais de 25 milhões de
óbitos
29
. Atualmente, existem 40 milhões de pessoas vivendo com HIV/
Aids, sendo que 95% encontram-se nos países em desenvolvimento
30
.
28
No dia 5 de junho de 1981, o Relatório Semanal de Morbidez e Mortalidade do Centro
para Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos Estados Unidos, registrou a estranha
disseminação, entre homens homossexuais jovens e saudáveis de Nova York, Los Angeles
e São Francisco, de um tipo raro e fatal de pneumonia que até então ocorria apenas em
pacientes com câncer em estágios avançados. No ano seguinte já se sabia que a estranha
doença, que destruía o sistema imunológico e deixava os pacientes vulneráveis à pneumonia
e a outras enfermidades, não acometia apenas homossexuais, mas também usuários de drogas
injetáveis e receptores de transfusão de sangue. Àquela altura, 14 países, entre os quais o
Brasil, haviam relatado casos da doença, que viria a ser denominada Síndrome de Imuno-
Deficiência Adquirida, mais conhecida pela sigla em inglês - AIDS. Anos depois, a análise
da amostra de sangue de um homem banto morto no Congo, em 1959, de doença não-
identificada, fez dele o primeiro caso confirmado de infecção pelo vírus HIV. Hoje, sabe-se
que a epidemia de HIV/AIDS tem origem zoonótica, relacionada aos vírus HIV-1 e HIV-2,
cada um dos quais possui diferentes subtipos. A pandemia está associada aos subtipos e
formas recombinantes do grupo M do HIV-1. Segundo a Organização Mundial da Saúde
(OMS), atualmente mais de 40 milhões de pessoas vivem com HIV/AIDS, das quais cerca
de 2 milhões de crianças. Apesar do alarme inicial ter acontecido em um país desenvolvido,
a maior quantidade de casos sempre foi registrada nos países em desenvolvimento.
29
United Nations - General Assembly - A/60/736 - Declaration of Commitment on HIV/
AIDS: five years later. Reporto d the Secretary-General. 24 March, 2006.
30
Em 1986, os boletins da OMS e do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/
AIDS (UNAIDS) indicavam que a doença atingia entre 1 a 5% da população nos países da
África Central; em Uganda, esse índice girava entre 5 e 10%. Segundo o último relatório do
UNAIDS (2005), a África subsaariana concentra, atualmente, entre 23,8 e 28,9 milhões de
infectados, o que representa 64% do total de casos de AIDS no mundo. Entre as mulheres,
esse índice chega a 77%. Nessa região, onde apenas 2% dos infectados têm acesso a ARV, a
AIDS isoladamente foi responsável pelo retrocesso de indicadores sociais como expectativa
de vida e mortalidade infantil a níveis semelhantes aos do século XIX, o que gera situação de
desigualdade inaceitável do ponto de vista ético, capaz de agravar a instabilidade regional e
mundial. O relatório aponta que, embora tenha havido redução da incidência de AIDS em
diversos grupos vulneráveis - jovens, trabalhadores do sexo, usuários de drogas injetáveis e
homossexuais - em vários países ocidentais, o número de pessoas vivendo com HIV aumentou
em todo o mundo, exceto no Caribe. Nessa região, a segunda mais afetada do mundo, o número
manteve-se estável entre 2003 e 2005, com taxa de incidência entre 1,1 e 2,7% da população.
No Haiti, 2 a 8% da população vive com HIV/AIDS. Na América Latina, as Guianas atingem
uma taxa entre 1 e 2% no boletim de 1991 e superam os 2% nos boletins seguintes. Países
como Venezuela, Brasil e Argentina têm índices entre 0,1 e 0,5% nos primeiros boletins e entre
0,5 e 1% em 2001. UNAIDS/OMS estimam que, na América Latina e Caribe, há 1,6 a 2,9
milhões de pessoas vivendo com HIV/AIDS; no sul e sudoeste da Ásia, entre 4,5 e 11 milhões
de pessoas, com a maior incidência na Tailândia, Camboja e Índia. O relatório de 2005 destaca,
ainda, o aumento acentuado de infecções pelo HIV no leste europeu e na Ásia Central, onde
Rússia, Ucrânia e Estônia já tinham taxas em torno do 1% agora atingido pela média da região.