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SUSANNE CRISTINE PERTSCHI
ASPECTOS DO CAMPO TÉRMICO DA ÁREA URBANA DE SÃO
JOSÉ DOS PINHAIS/PR: SITUAÇÃO DE VERÃO.
Dissertação apresentada como
requisito parcial à obtenção do
grau de Mestre em Construção
Civil, do Programa de Pós-
Graduação em Construção Civil,
Setor de Tecnologia, Universidade
Federal do Paraná.
Orientadora: Profª. Drª. Cristina de
Araújo Lima
Co-Orientadora: Profª. Drª Inês
Moresco Danni-Oliveira
CURITIBA
2005
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ii
AGRADECIMENTOS
Agradeço a todos que auxiliaram para que a presente pesquisa pudesse ser
realizada e em especial:
A Profª. Drª Cristina de Araújo Lima e Profª. Drª Inês Moresco Danni-Oliveira
por acreditarem em mim e aceitarem a orientação;
Ao Prof. Dr. Eduardo Krüger pelo empréstimo dos Dataloggers, sem os quais a
pesquisa não poderia ter sido realizada;
Ao Cindacta II e em especial ao Comandante Gonsalles e ao SIMEPAR, pela
disponibilidade dos dados necessários;
A Prefeitura Municipal de São José dos Pinhais pelo fornecimento dos mapas,
bases planialtimétricas e fotos aéreas;
Aos proprietários, que muitas vezes “desconfiados” do abrigo termométrico,
permitiram a instalação do mesmo em seus imóveis;
À Coordenação do Programa de Mestrado em Construção Civil e em especial
ao Prof. Dr. Ney Nascimento e à secretária do programa Ziza Nichele;
Aos meus pais pela formação, incentivo na formação profissional e carinho
durante toda a minha vida;
Aos meus irmãos pelo apoio e colaboração;
Ao Adilson pela ajuda e paciência e carinho.
Enfim, a todos aqueles que direta ou indiretamente contribuíram para a
concretização de mais essa etapa.
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SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS................................................................................................... v
LISTA DE FIGURAS .................................................................................................. vi
LISTA DE GRÁFICOS...............................................................................................viii
RESUMO ................................................................................................................... ix
ABSTRACT................................................................................................................. x
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................1
1.1 JUSTIFICATIVA DO TRABALHO.....................................................................5
1.2 PROBLEMA DE PESQUISA ..........................................................................10
1.3 OBJETIVO GERAL ........................................................................................10
1.4 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ..........................................................................10
1.5 HIPÓTESE .....................................................................................................11
1.6 LIMITAÇÕES DO TRABALHO.......................................................................11
1.7 ESTRUTURA DO TRABALHO.......................................................................12
2 REFERENCIAL TEÓRICO: UMA ABORDAGEM SOBRE AS PRINCIPAIS
TERMINOLOGIAS REFERENTES AO PLANEJAMENTO URBANO E O
ESTADO DA ARTE DOS ESTUDOS DE CLIMAS URBANOS ..........................14
2.1 ALGUNS REFERENCIAIS SOBRE A FORMAÇÃO DAS CIDADES..............14
2.2 CIDADES E MEIO URBANO..........................................................................16
2.3 URBANISMO..................................................................................................18
2.4 PLANEJAMENTO URBANO, TERRITORIAL E AMBIENTAL........................20
2.4.1 Planejamento Urbano ...............................................................................20
2.4.2 Planejamento Urbano em São José dos Pinhais......................................24
2.4.3 Planejamento Ambiental............................................................................26
2.5 LEGISLAÇÃO DE USO E OCUPAÇÃO DO SOLO URBANO........................30
2.5.1 Aspectos Gerais do Direito Urbanístico da Propriedade e da
Legislação de Uso e Ocupação do Solo ..................................................30
2.5.2 Legislação Urbanística de São José dos Pinhais..................................... 36
2.6 CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE CLIMA URBANO................................37
2.7 ESTADO DA ARTE DOS ESTUDOS DE CLIMAS URBANOS ......................42
3 MÉTODO DE PESQUISA: DIRETRIZES TEMPORAIS E ESPACIAIS DO
MONITORAMENTO ............................................................................................51
3.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS .........................................................................51
3.2 DELIMITAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO.........................................................51
3.3 CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA DE PESQUISA..................................61
3.4 DESCRIÇÃO DO MÉTODO DE PESQUISA ADOTADO ...............................61
3.5 VALIDAÇÃO DA PESQUISA..........................................................................70
3.7 PROTOCOLO DE COLETA DE DADOS........................................................70
3.8 DIRETRIZES TEMPORAIS E ESPACIAIS DO ESTUDO DE CASO..............70
3.7.1 Teste Preliminar das Opções de Revestimento dos Abrigos ....................70
3.7.2 Período de Monitoramento de Temperatura .............................................78
3.7.3 Especificações dos Abrigos Termométricos..............................................78
3.7.4 Determinação e Caracterização dos Pontos Monitorados........................79
3.7.4.1 Caracterização do Ponto Industrial 01 e Ponto Industrial 02...............89
3.7.4.2 Caracterização do Ponto Residencial 03.............................................95
3.7.4.3 Caracterização do Ponto Residencial 04.............................................97
3.7.4.4 Caracterização do Ponto Central 05 e Ponto Central 06...................101
3.7.4.5 Caracterização do Ponto Residencial 07...........................................107
3.7.4.6 Caracterização do Ponto Residencial 08...........................................110
3.7.5 Determinação das Condições Sinóticas.......................................................115
3.7.6 Espacialização do Campo Térmico..............................................................115
3.7.7 Relações entre as Temperaturas e o Uso do Solo.......................................117
4 ESPACIALIZAÇÃO DO CAMPO TÉRMICO E ALISE DOS RESULTADOS
OBTIDOS PARA A ÁREA URBANA DE SÃO JOSÉ DOS PINHAIS...............119
4.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS .......................................................................119
4.2 ANÁLISE DAS DIRETRIZES TEMPORAIS E ESPACIAIS DO ESTUDO
DE CASO ....................................................................................................119
4.2.1 Análise dos Dados de Temperatura........................................................119
4.2.2 Análise das Condições Sinóticas e Espacialização do Campo
Térmico ...................................................................................................125
4.2.3 Análise de Regressão Linear Simples ....................................................148
5 CONSIDERAÇÕES E RECOMENDAÇÕES FINAIS.........................................153
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................158
ANEXOS.................................................................................................................167
v
LISTA DE TABELAS
TABELA 01 – VALOR ADICIONADO, SEGUNDO MUNICÍPIOS DO PARANÁ
–2003..............................................................................................60
TABELA 02 – MÉTODOS DE PESQUISA – DEZ.2004............................................62
TABELA 03 – CATEGORIAS TAXONÔMICAS DA ORGANIZAÇÃO GEOGRÁFICA
DO CLIMA E SUAS ARTICULAÇÕES COM O CLIMA URBANO -
DEZ.2004...........................................................................................68
TABELA 04 – REVESTIMENTO DOS ABRIGOS – 2004 .........................................72
TABELA 05 – DIFERENÇAS ENTRE AS TEMPERATURAS DOS ABRIGOS – DEZ.
2004...................................................................................................74
TABELA 06 – USO DO SOLO DOS PONTOS MONITORADOS – DEZ.2004 –
JAN.2005...........................................................................................82
TABELA 07 – PORCENTAGENS DOS PADRÕES DE USO DO SOLO PARA O
RAIO DE 125 METROS – DEZ. 2004 – JAN.2005 ............................86
TABELA 08 – PORCENTAGENS DOS PADRÕES DE USO DO SOLO PARA O
RAIO DE 56 METROS – DEZ. 2004 – JAN.2005..............................86
TABELA 09 – SÃO JOSÉ DOS PINHAIS: USOS E ÍNDICES URBANÍSTICOS DOS
PONTOS MONITORADOS- DEZ. 2004 – JAN.2005.........................90
TABELA 10 – TEMPERATURAS MÉDIAS REGISTRADAS NOS PONTOS
MONITORADOS PARA OS PERÍODOS DA MANHÃ, TARDE, NOITE
E MADRUGADA – DEZ.2004 – JAN. 2005......................................119
TABELA 11 – COEFICIENTES DE DETERMINAÇÃO, PARA O PERÍODO DA
MANHÃ – DEZ. 2004 – JAN.2005 ...................................................149
TABELA 12 – COEFICIENTES DE DETERMINAÇÃO, PARA O PERÍODO DA
TARDE – DEZ. 2004 – JAN.2005....................................................149
TABELA 13 –COEFICIENTES DE DETERMINAÇÃO, PARA O PERÍODO DA NOITE
– DEZ. 2004 – JAN.2005.................................................................150
TABELA 14 –COEFICIENTES DE DETERMINAÇÃO, PARA O PERÍODO DA
MADRUGADA – DEZ. 2004 – JAN.2005.........................................150
vi
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 01 – CAMADAS DA ATMOSFERA ............................................................42
FIGURA 02 – LOCALIZAÇÃO DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA E DO
MUNICÍPIO DE SÃO JOSÉ DOS PINHAIS/PR-2001..........................53
FIGURA 03 – REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA - COMPARTIMENTOS
METROPOLITANOS - 2001................................................................55
FIGURA 04 – REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA - PRINCIPAIS
TENDÊNCIAS DO PROCESSO DE URBANIZAÇÃO - 2001..............57
FIGURA 05 – REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA - POPULAÇÃO EM 1996
E PROJEÇÃO PARA 2010 - 2001......................................................59
FIGURA 06- QUADRO SÍNTESE DO DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA –
DEZ.2004.............................................................................................65
FIGURA 07- SISTEMA CLIMA URBANO - SUBSISTEMA TERMODINÂMICO-
DEZ.2004 ............................................................................................67
FIGURA 08 – O ESTUDO DO SCU EM SÃO JOSÉ DOS PINHAIS – DEZ.2004-
JAN.2005.............................................................................................69
FIGURA 09 – DETALHE DOS DATALOGGERS OU HOBO – DEZ.2004 ................71
FIGURA 10 – VISTA DOS ABRIGOS NO INSTITUTO TECNOLÓGICO
SIMEPAR – TESTE PRELIMINAR DAS OPÇÒES DE
REVESTIMENTOS DOS ABRIGOS – DEZ.2004................................73
FIGURA 11 - FOTO EXTERNA DO ABRIGO REVESTIDO COM ALUMÍNIO –
DEZ.2004 JAN.2005............................................................................77
FIGURA 12 – FOTO DO INTERIOR DO ABRIGO – DEZ.2004 JAN.2005 ...............79
FIGURA 13 – LOCALIZAÇÃO DOS PONTOS MONITORADOS – 08 PONTOS......81
FIGURA 14 – USO E OCUPAÇÃO DO SOLO DOS TRANSECTOS – A, B, C, D, E,
F, G E H...............................................................................................88
FIGURA 15 – FOTO DO ABRIGO LOCALIZADO NO PONTO INDUSTRIAL 01 –
DEZ.2004 JAN. 2005...........................................................................89
FIGURA 16 – ANÁLISE QUANTITATIVA DO USO E OCUPAÇÃO DO SOLO –
PONTO INDUSTRIAL 01.....................................................................91
FIGURA 17 – USO E OCUPAÇÃO DO SOLO DOS TRANSECTOS – A, B, C ........92
FIGURA 18 – FOTO DO ABRIGO LOCALIZADO NO PONTO INDUSTRIAL 02......93
FIGURA 19 – ANÁLISE QUANTITATIVA DO USO E OCUPAÇÃO DO SOLO –
PONTO INDUSTRIAL 02.....................................................................94
FIGURA 20 – FOTO DO ABRIGO LOCALIZADO NO PONTO RESIDENCIAL 03...95
FIGURA 21 – ANÁLISE QUANTITATIVA DO USO E OCUPAÇÃO DO SOLO –
PONTO RESIDENCIAL 03..................................................................96
FIGURA 22 – FOTO DO ABRIGO LOCALIZADO NO PONTO RESIDENCIAL 04...97
FIGURA 23 – ANÁLISE QUANTITATIVA DO USO E OCUPAÇÃO DO SOLO –
PONTO RESIDENCIAL 04..................................................................98
FIGURA 24 – USO E OCUPAÇÃO DO SOLO DOS TRANSECTOS – D, E...........100
FIGURA 25 – FOTO DO ABRIGO LOCALIZADO NO PONTO CENTRAL 05........102
FIGURA 26 – USO E OCUPAÇÃO DO SOLO DOS TRANSECTOS – F, G, H......103
FIGURA 27 – ANÁLISE QUANTITATIVA DO USO E OCUPAÇÃO DO SOLO –
PONTO CENTRAL 05 .......................................................................104
FIGURA 28 – FOTO DO ABRIGO LOCALIZADO NO PONTO CENTRAL 06........105
FIGURA 29 – ANÁLISE QUANTITATIVA DO USO E OCUPAÇÃO DO SOLO –
vii
PONTO CENTRAL 06 .......................................................................106
FIGURA 30 – FOTO DO ABRIGO LOCALIZADO NO PONTO RESIDENCIAL 07.107
FIGURA 31 – ANÁLISE QUANTITATIVA DO USO E OCUPAÇÃO DO SOLO –
PONTO RESIDENCIAL 07................................................................109
FIGURA 32 – FOTO DO ABRIGO LOCALIZADO NO PONTO RESIDENCIAL 08.110
FIGURA 33 – ANÁLISE QUANTITATIVA DO USO E OCUPAÇÃO DO SOLO –
PONTO RESIDENCIAL 08................................................................112
FIGURA 34 – ANÁLISE QUANTITATIVA DO USO E OCUPAÇÃO DO SOLO –
PONTO DE CONTROLE PC.............................................................113
FIGURA 35 – EFEITO REFRESCANTE DA VEGETAÇÃO....................................123
FIGURA 36 – PERDAS DE CALOR NOTURNA.....................................................124
FIGURA 37 – ESPACIALIZAÇÃO DO CAMPO TÉRMICO – PERÍODO MANHÃ –
DIA 04 A 24 DE DEZEMBRO DE 2004 .............................................129
FIGURA 38 – ESPACIALIZAÇÃO DO CAMPO TÉRMICO – PERÍODO TARDE – DIA
04 A 24 DE DEZEMBRO DE 2004 ....................................................130
FIGURA 39 – ESPACIALIZAÇÃO DO CAMPO TÉRMICO – PERÍODO NOITE – DIA
04 A 24 DE DEZEMBRO DE 2004 ....................................................131
FIGURA 40 – ESPACIALIZAÇÃO DO CAMPO TÉRMICO – PERÍODO
MADRUGADA – DIA 04 A 24 DE DEZEMBRO DE 2004..................132
FIGURA 41 – ANÁLISE RITMICA – DIAS 4, 5, E 6 DE DEZEMBRO
DE 2004.............................................................................................133
FIGURA 42 – ANÁLISE RITMICA – DIAS 10, 11, E 12 DE DEZEMBRO
DE 2004.............................................................................................134
FIGURA 43 – ANÁLISE RITMICA – DIAS 15, 16, E 17 DE DEZEMBRO
DE 2004.............................................................................................136
FIGURA 44 – ANÁLISE RITMICA – DIAS 22, 23, E 24 DE DEZEMBRO
DE 2004.............................................................................................138
FIGURA 45 – ESPACIALIZAÇÃO DO CAMPO TÉRMICO – PERÍODO MANHÃ –
DIA 25 DE DEZEMBRO DE 2004 À 05 DE JANEIRO DE 2005........139
FIGURA 46 – ESPACIALIZAÇÃO DO CAMPO TÉRMICO – PERÍODO TARDE – DIA
25 DE DEZEMBRO DE 2004 À 05 DE JANEIRO DE 2005...............140
FIGURA 47 – ESPACIALIZAÇÃO DO CAMPO TÉRMICO – PERÍODO NOITE – DIA
25 DE DEZEMBRO DE 2004 À 05 DE JANEIRO DE 2005...............141
FIGURA 48 – ESPACIALIZAÇÃO DO CAMPO TÉRMICO – PERÍODO
MADRUGADA – DIA 25 DE DEZEMBRO DE 2004 À 05 DE JANEIRO
DE 2005.............................................................................................142
FIGURA 49 – ANÁLISE RITMICA – DIAS 30 E 31 DE DEZEMBRO DE 2004 E 01
DE JANEIRO DE 2005 ......................................................................144
viii
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 01 – RESULTADOS PERÍODO DA MANHÃ – DEZ.2004 .......................75
GRÁFICO 02 – RESULTADOS PERÍODO DA TARDE – DEZ.2004........................75
GRÁFICO 03 – RESULTADOS PERÍODO DA NOITE – DEZ.2004 .........................76
GRÁFICO 04 – RESULTADOS PERÍODO DA MADRUGADA – DEZ.2004.............77
ix
RESUMO
Esta pesquisa tem como objeto o topoclima decorrente da ocupação no contexto
urbano do município de São José dos Pinhais/PR. O crescimento populacional
conduz a altas taxas de ocupação urbana, que pode alterar a temperatura do ar. O
planejamento urbano, baseado na legislação urbanística, tem a possibilidade de
amenizar os efeitos negativos desta alteração. Como objetivo principal da presente
pesquisa, buscou-se analisar a possibilidade de correlação entre padrões de
ocupação do solo urbano e alterações na temperatura do ar. Utilizando-se da área
urbana de o José dos Pinhais/PR como cenário, partiu-se da hipótese que existe
diferenciação na temperatura da cidade decorrente do padrão urbano de ocupação.
Para isso, utilizou-se o Sistema Clima Urbano, que considera os elementos da
paisagem urbana, para monitorar e analisar a temperatura do ar em algumas
localidades da cidade. Na seqüência, foram definidas oito localidades, segundo a Lei
de Uso e Ocupação do Solo e Sistema Viário Municipal, com morfologias espaciais
diferenciadas, onde foram instalados abrigos termométricos durante os dias 04 de
dezembro de 2004 e 05 de janeiro de 2005. Os aparelhos utilizados para medição
foram sensores armazenadores do tipo HOBO H8RH/Temp. Posteriormente os
atributos urbanos, área construída, área pavimentada, área verde, área livre e área
com água, foram mensurados para que na seqüência, as informações pudessem ser
associadas e analisadas. Para responder ao problema de pesquisa e verificar a
hipótese, utilizou-se o todo estudo de caso, baseado na análise analítica e na
correlação entre os atributos urbanos e as temperaturas dos abrigos. Os resultados
indicaram a ocorrência de Ilhas de Calor em algumas localidades que tem
vinculação variada com os atributos urbanos quantificados. Quanto aos coeficientes
de correlação encontrados, a maioria mostrou-se baixo, porém isso pode ser
explicado pelo padrão de ocupação da cidade, caracterizado pela grande quantidade
de áreas verdes e livres, da pouca verticalização urbana e do fator sombreamento.
Os resultados, por terem sido amostrais, não puderam homogeneizar a relação clima
e padrão de ocupação no município, mas sim alertar para as futuras decisões de
planejamento e gestão. Acredita-se que as evidências da presente pesquisa podem
ser estendidas para outros municípios com as mesmas características climático-
morfológicas de São José dos Pinhais.
Palavras-chave: Planejamento Urbano, Ocupação Urbana, Tipologia da Ocupação
Urbana, Clima Urbano, Ilhas de Calor.
x
ABSTRACT
This research has as object the topoclima due to the occupation in the urban context
of the municipal district of São José dos Pinhais/PR. The population growth drives
the discharges rates of urban occupation, that can modify the temperature of the air.
The urban planning, based on the urban legislation, has the possibility to liven up the
negative effects of this alteration. This study has as main objective to analyze the
linking tendency between the occupation patterns of the urban soil and alterations in
the temperature of the air. Using the urban area of São José dos Pinhais/PR as
scenery, hypothetically there is a differentiation in the temperature of the city due to
the urban pattern of occupation. It also uses the Climate Urban System, that includes
the elements of the urban landscape, willing to relate the differences of the
temperature of the air with the occupation. So, eight places were defined according
to the Law of Use and Occupation of the Soil and the Municipal Railroad System,
with differentiated space morphologies where the thermometrical sheleters were
installed during December 4, 2004 and January 5, 2005. The equipments used for
the measurement were the storing sensors such as HOBO H8RT/Temp. After that,
the urban attributes, built area, paved area, green area and the area with water were
measured in order to, later, the information could be associated and analyzed. The
method that was used to verify the hypothesis was the study of case through the
analytic analysis and the correlation between the urban attributes and the
temperature of the shelters. The results indicated the occurance of Heat Islands in
some places that have a differentiated linking with the quantified urban attributes.
Regarding the coefficients of correlation that were found, most of them were low. It
can be explained by the occupation pattern of the city showed with the great quantity
of green and free areas, few upright and the overshadow factor, however. The
results, for having been samples, were not enough to homogenize the relation
between the climate and the occupation pattern in the municipal district, but it was
possible to alert for the future planning decisions and administration. It is believed
that the present study can be extended for other municipal districts with the same
climatic-morphologic characteristics of São José dos Pinhais.
Key-words: Urban Planning, Urban Occupation, Urban Climate, Heat Islands.
1
1 INTRODUÇÃO
o José dos Pinhais tem uma cultura e uma história específicas, que
dentre outros aspectos, caracterizam a ocupação urbana do município. A evolução
das ocupações no município atingiram níveis de destaque a partir da cada de 70,
principalmente devido à inserção do município na Região Metropolitana de Curitiba
(RMC) e, nas décadas posteriores, mais precisamente nas décadas de 80 e 90, com
a criação de dois distritos destinados ao uso industrial. Esses fatores, dentre outros,
modificaram a paisagem urbana da cidade, que impulsionada pelo aumento de
renda da população, propiciaram um desenvolvimento com características próprias
de ocupação. A partir de então, os vazios urbanos foram sendo ocupados, novos
loteamentos foram aprovados, grandes empreendimentos construídos, contribuindo
para a transformação da cidade.
De uma maneira geral, a área urbana de o José dos Pinhais vem
desenvolvendo-se buscando o equilíbrio entre áreas ocupadas e áreas livres. Com a
influência da especulação imobiliária e o crescente valor da terra, muitas vezes esta
relação tende a configurar concentração da população. Quando ocorre esta
situação, são verificadas altas taxas de ocupação, altas densidades, grandes áreas
impermeabilizadas, pequenos afastamentos laterais, diminuição de recuos, barreiras
de sol e vento, entre outros fatores que podem prejudicar a qualidade ambiental.
Essa realidade é verificada em algumas localidades da cidade, principalmente nas
regiões com população de baixa renda e carentes de infra-estrutura, onde crescem
as proporções de taxa de ocupação versus diminuição de áreas permeáveis. Sob o
ponto de vista dos moradores, não é a situação ideal, uma vez que, aos poucos, a
população está criando a consciência de suas necessidades e da qualidade da
moradia e de seu entorno. O poder público, através da legislação pertinente, induz
ao cumprimento das normas gerais que buscam garantir a habitabilidade e
segurança nas edificações e nos espaços abertos, muitas vezes sem considerar as
questões relativas ao clima e suas implicações.
O processo de urbanização do município modificou os elementos
naturais, como a presença de mata, de água, impermeabilização de grandes áreas,
2
direção dos ventos, áreas de insolação, espaços abertos em contraposição a
espaços altamente construídos ou adensados, entre outros fatores. De uma
forma geral, as edificações são responsáveis em grande parte por essas
modificações, que podem originar regiões com climas diferenciados dentro de uma
única cidade, ocasionando diferenças de temperatura significativas. Essa alteração
do clima pode interferir diretamente na vida da população, uma vez que devido ao
aumento ou diminuição considerável de temperatura pode ser necessário o uso de
equipamentos de climatização, que significam alto gasto energético. Ou ainda,
podem prejudicar o conforto térmico a nível individual através do desempenho
humano ou a nível social ocasionando problemas sanitários ou de higiene pública.
Com base nessa premissa, surge o problema de pesquisa: no padrão urbano
de ocupação de o José dos Pinhais condições para intensificar os campos
térmicos intra-urbanos? Ou seja, parte-se da hipótese que “existe diferenciação
na temperatura de São José dos Pinhais decorrente do padrão urbano de
ocupação progressivamente adensado”, para responder ao problema enunciado.
Para atender ao objetivo principal da pesquisa, que “é demonstrar a
existência de correlação entre a ocupação do solo e as possíveis alterações de
temperatura em diferentes áreas de São José dos Pinhais”, foram determinados oito
pontos
de medição na área urbana do município, com características próprias de uso
e ocupação do solo
(1)
, onde foram instalados abrigos em madeira, pintados de
branco, revestidos em alumínio, para monitoramento da temperatura, durante o
período de 04 de dezembro de 2004 e 05 de janeiro de 2005. Na seqüência, foram
quantificadas as áreas construídas, pavimentadas, livre, verde e com água, para
buscar uma correlação entre a temperatura do ar e a ocupação urbana
(2)
.
A pesquisa para a área urbana do município de São José dos Pinhais
pode embasar futuros estudos, uma vez que os resultados obtidos através da
seqüência determinada poderão ser aplicados para outros municípios, com
(1)
Os abrigos foram instalados de acordo com a Lei de Uso e Ocupação do Solo Urbano
Vigente, Lei 10/2004. Vide Capítulo 3.
(2)
Vide Capítulo 3.
3
características de ocupação semelhantes, para verificação dos resultados e
aprofundamento das conclusões que visam subsidiar ações para o planejamento
urbano regional.
Esses subsídios e as ações que enquadram o trabalho estão
embasados na tendência das cidades. Analisando a situação mundial, sob a ótica
das cidades, é possível perceber que, desde a Revolução Industrial, devido
principalmente às condições dos aglomerados, tem-se a preocupação com a
qualidade do ambiente urbano. A crescente necessidade de compatibilização das
diversas atividades humanas com o meio ambiente, principalmente a partir do século
XX, modificaram a paisagem e os aspectos naturais das cidades, aumentando
progressivamente os níveis de desconforto. Algumas das principais modificações
decorrentes da ação antrópica caracterizam a degradação ambiental, agravada pelo
comportamento da sociedade que contribui para impactar o meio ambiente. Alguns
desses impactos são: as altas taxas de ocupação, as ocupações em áreas
impróprias, a retirada de cobertura vegetal, a mudança no regime dos ventos e das
chuvas, a intensificação do campo térmico urbano (formando as chamadas ilhas de
calor), excesso de ruído, a emissão de poluentes no ar e na água, as instalações
industriais, o uso excessivo de veículos automotores, a produção e armazenamento
de calor, o aumento do consumo de energia e de água, entre outros fatores.
Cabe ao planejamento urbano regional desenvolver estratégias e
ações táticas que aliem o crescimento das cidades com o equilíbrio da qualidade
ambiental, visando ambientes mais agradáveis e salubres nos centros urbanos. Isso
significa dizer que além de incluir nos estudos do planejamento urbano os dados
ambientais da região, especialmente os relacionados ao clima, tais como,
temperatura, pluviometria, direção e intensidade dos ventos, entre outros, deve-se
aplicá-los mais veementemente nas ações de planejamento (ELNAHAS, 1999).
Dentre as questões relacionadas, é salientada a importância dos dados climáticos,
que o responsáveis pelas alterações nos regimes de chuvas e fluxos de ventos,
geram ilhas de calor e de frio, provocando o aumento no consumo de energia
decorrente do uso de sistemas de climatização artificial das edificações.
4
A literatura estrangeira relata estudos sobre clima urbano desde o
século XIX, sendo que, a partir do século XX, vários estudos foram realizados,
principalmente relacionando as mudanças no clima urbano com a urbanização ou
com padrões de ocupação nas cidades. Dentre os grupos pesquisados que estudam
o tema, estão o Global Hydrology & Climate Center GHCC (grupo de estudos da
Nasa e de universidades do estado do Alabama), World Meteorological Organization
WMO (Genebra), Ecocity Builders (Berkeley, Canadá), Passive and Low Energy
Architecture –PLEA (Bélgica), International Society for Solar Energy ISES (grupo
de estudos composto por mais de 50 países), Heat Island Group e Lawrence
Berkeley National Laboratory (Universidade da Califórnia), Institute for Environmental
Strategies (instituto para estratégias ambientais da Alemanha)
(3)
.
No Brasil, desde a década de 70 tem havido ampla produção nesta
área, através de várias dissertações e teses, além de artigos apresentados em
congressos. As principais pesquisas realizadas foram nas cidades de São Paulo,
Londrina, Rio de Janeiro, Cuiabá, Brasília, Maceió, Salvador, Recife, Natal e Porto
Alegre.
Esses estudos de uma maneira geral reforçam a necessidade de novas
pesquisas no campo da climatologia aliada ao planejamento urbano regional e a
gestão das cidades.
1.1 JUSTIFICATIVA DO TRABALHO
Com base nos dados das Nações Unidas (2004), é possível afirmar
que aproximadamente 48,3% da população mundial vivem nas cidades. Esse
número é da ordem de 74,5% nas regiões classificadas como mais desenvolvidas
(Europa, América do Norte, Austrália, Nova Zelândia e Japão) e 42,10% nas regiões
menos desenvolvidas (África, Ásia, América Latina e Caribe). A projeção para o ano
(3)
Esses grupos de estudos pesquisam, dentre outros temas, o aquecimento global, o Efeito
Estufa, a existência de Ilhas de Calor, clima urbano, estratégias ambientais para as cidades,
arquitetura sustentável, uso racional de energia nas cidades.
5
de 2030 é da ordem de 60,80% da população mundial vivendo em cidades (Nações
Unidas, 2004). Isso significa dizer que, caso os centros urbanos o sejam
gerenciados racionalmente, sua situação tenderá ao caos. A exemplo disso, nos
últimos anos, as altas taxas de urbanização
(4)
promoveram o agravamento dos
problemas em função do crescimento desordenado e concentrado, da ausência ou
carência de planejamento, da demanda não atendida por recursos e serviços
principalmente nas áreas mais carentes, da obsolescência da estrutura física
existente, dos padrões atrasados de sua gestão e das agressões ao meio ambiente
(AGENDA 21, 2000).
No Brasil, de acordo com dados do censo do IBGE (2000) cerca de
81,25% da população vivem em cidades. Esse número é ainda maior se analisarmos
a Região Sudeste, que registra 90,52% da população como urbana. Em decorrência
da grande quantidade de pessoas habitando nas cidades ocorrem transformações
no meio ambiente, dificilmente reversíveis e prejudiciais ao meio natural e social.
Um dos exemplos de mudanças causadas no meio ambiente, segundo
OKE (1991), diz respeito às alterações no clima, advindas do homem, que modifica
as condições climáticas através da urbanização, industrialização, desmatamento,
atividades agrícolas, drenagem e construção de lagos, entre outras ações, que
impactam o meio ambiente principalmente as áreas urbanas. Devido a esses
impactos, o clima urbano nas áreas urbanas é normalmente muito diferente do clima
nas áreas rurais. De acordo com LANDSBERG (1970) apud AYOADE (2002) os
elementos que sofrem modificações decorrentes da urbanização são, principalmente
a radiação, a nebulosidade, a precipitação, a temperatura, umidade relativa e
velocidade do vento.
Devido a essas modificações, as cidades necessitam ser gerenciadas
com foco mais específico para as questões ambientais. Atualmente a sociedade
(4)
Para exemplificar, a densidade no Brasil é de 19,94 hab/km² (IBGE, 2000); na Região Sul
do Brasil é de 43,56 hab/km² (IBGE, 2000); no Paraná é de 49,71hab/km² (IPARDES, 2000);
na Região Metropolitana de Curitiba é de 179,17 hab/k(IBGE, 2000); e em São José dos
do Pinhais é de 272,80hab/km² (IBGE, 2000).
6
reconhece que a sustentabilidade global ou local será determinada em grande parte
pelas cidades. Apesar de haver cidades planejadas, muitas diretrizes importantes do
ponto de vista ambiental não são percebidas pelos administradores públicos, uma
vez que o planejamento de uma cidade é um processo contínuo e dinâmico que
depende de muitos fatores, tais como os sociais, políticos e econômicos. Sem o
planejamento e gestão adequados, as formas de ocupação de uma cidade
podem causar danos irreversíveis ao meio ambiente e à população de uma forma
geral. As principais causas da falta de planejamento podem ser evidenciadas nas
cidades com altas taxas de ocupação e impermeabilização, pequenos afastamentos
entre as edificações, ruas estreitas e sem arborizações, entre outros fatores que
prejudicam a qualidade de vida dos habitantes. Essas altas densidades decorrentes
da crescente urbanização nos centros urbanos, segundo LIMA (2000a, 2000b),
comprometem a qualidade de vida da população, ou seja, o desenvolvimento do ser
humano é prejudicado nos mais diversos aspectos, sejam eles sociais, políticos,
econômicos, físicos e culturais.
Os dados de altas densidades são alarmantes se considerarmos todos
os impactos ao meio ambiente que podem ser causados pelas transformações
necessárias para abrigar a população. Os impactos negativos das ocupações nos
grandes centros urbanos, tais como desmatamentos, ocupações em áreas de
preservação, entre outros, podem ser previstos pelo planejamento e objeto da
gestão continuada, assim como as tendências de crescimento, o ordenamento do
uso do solo, a formação de climas locais mais amenos, através de critérios técnicos
da qualidade da ventilação, os efeitos da circulação local, a redução do vento e o
controle da poluição do ar, sempre devem considerar os aspectos ambientais da
região ( KATZSCHNER, 1988).
O planejador urbano
(5)
tem papel fundamental na gestão espacial
urbana e, para que seja possível intervir nesse território, é preciso produzir
(5)
Entende-se aqui que o planejamento deva ser elaborado por uma equipe multidisciplinar,
compreendendo geógrafos, economistas advogados, engenheiros, dentre outros
profissionais, coordenados por arquitetos urbanistas.
7
conhecimento imediatamente utilizável, baseado dos estudos e experimentos
teóricos, evidenciando diretrizes práticas para a atividade profissional. Sob a
pressão da ocupação é preciso encontrar a melhor relação entre condições
ambientais e o adensamento para justificar os investimentos e garantir o retorno
financeiro quanto à infra-estrutura instalada. Os critérios podem ser locais, e a
diversidade de situação é muito grande. Os resultados serão quantificados para os
locais estudados, mas os procedimentos poderão ser aplicados a outros lugares com
condições climáticas similares (DUARTE, 2002).
Uma das maneiras de melhorar as condições de conforto em uma
cidade seria aliando o planejamento urbano aos estudos do clima local, de forma
que a ocupação interferisse o mínimo possível no clima original ou amenizasse os
efeitos negativos desse clima, caso necessário (ELNAHAS 1999). Isso significa dizer
que as estruturas e a paisagem urbana podem ser projetadas buscando criar
microclimas apropriados ao conforto humano, explorando as influências climáticas
favoráveis e amenizando as menos favoráveis. Com este objetivo, os estudos de
climatologia urbana podem contribuir para desenvolver critérios que auxiliem os
planejadores urbanos a estabelecer contextos de ocupação que melhorem o
conforto térmico para seus usuários (KEEBLE; COLLINS; RYSER, 1990). Um
exemplo de estudo dessa natureza, foi realizado por MENDONÇA (1994) para a
cidade de Londrina/PR, que resultou em proposições para o planejamento urbano
decorrente da análise do clima local.
O conhecimento das variáveis climáticas é importante para a
determinação do conforto ambiental urbano e das edificações (HACKENBERG;
MATTOS, 1993). No clima, o adensamento de volumes construídos altera as
condições climáticas locais, modificando as características de temperatura,
umidade relativa do ar, movimento dos ventos entre outros fatores. Esses fatores
modificam e interferem diretamente na vida da população. Os índices urbanísticos
regulamentados pelas legislações municipais de ocupação do solo devem
considerar os custos de implantação de infra-estrutura, a funcionalidade da cidade,
garantir aos munícipes condições de acessibilidade e mobilidade, além das
condições adequadas de habitabilidade, ou seja, relação adequada de elementos
8
construídos e áreas abertas, melhores condições de insolação e ventilação,
condições de salubridade nas edificações objetivando menores índices de
degradação ambiental (HARDT, 1998; DUARTE, 2000). Preocupações dessa ordem
podem evitar muitas doenças para a população, tais como problemas circulatórios,
cardíacos, respiratórios e de insônia (CAVALHEIRO, 1995).
Uma das alterações são as Ilhas de Calor. Elas intensificam
fenômenos extemporâneos de calor (ondas de calor) estendendo seus impactos
sobre os citadinos. Um exemplo disso, segundo dados do INTERGOVERNMENTAL
PANNEZ ON CLIMATE CHANGE (IPCC, 2004), um órgão de pesquisa estabelecido
através do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e da
Organização Meteorológica Mundial (OMM), foram as ondas de calor que atingiram
vários países da Europa no ano de 2003, as responsáveis pela morte de mais de
1000 pessoas no verão parisiense. De acordo com dados do CONSELHO DA
UNIÃO EUROPÉIA (2004), são preocupantes as alterações climáticas que estão
ocorrendo a nível mundial, uma vez que, segundo relatório da AGÊNCIA EUROPÉIA
DO AMBIENTE (2004), nos últimos cem anos a temperatura na Europa subiu mais
rapidamente (0,95ºC) do que a temperatura a nível mundial (0,7ºC). É imprescindível
citar que as mudanças climáticas não são decorrentes apenas dos fatores de
ocupação do solo, porém esse é considerado um agravante para a situação do clima
mundial.
Sabe-se que, a partir de uma arquitetura baseada no clima, é possível
evitar o desperdício energético. Muitos trabalhos foram desenvolvidos a partir da
chamada “Crise do Petróleo de 1973”, buscando principalmente economia e
conservação de energia convencional, associando também as preocupações com os
fatores ambientais (STEIN; STEADMAN; CETEC, 1978 apud ROMERO, 1984). Isso
não significa dizer que se deve adotar um “modelo energético” com vantagens
energéticas como forma de edificações, mas sim desenvolver técnicas que aliem o
projeto arquitetônico energeticamente compatível com a realidade nacional e
regional. Esse estudo deve basear-se no clima (micro) e nos métodos de redução de
energia (localizar, orientar, plantar, proteger, abrir e fechar) de modo a projetar o
9
edifício e seu entorno, buscando minimizar as perdas e ganhos térmicos, o que
tende à economia financeira e dos recursos ambientais (MASCARÓ 1985, 1986).
Na elaboração da pesquisa de dissertação foi definida a área urbana
de São José dos Pinhais/PR, Região Metropolitana de Curitiba (RMC), como
cenário de estudo. A justificativa da escolha desse município, como descrita no
Capítulo 3, está associada principalmente à dinâmica municipal, aos altos índices de
crescimento e pelo fato de estar inserida em uma Região Metropolitana.
A abordagem do tema temperatura do ar na área urbana de São José
dos Pinhais é resultado na ausência de estudos dessa natureza no município.
Atualmente o são sentidos os efeitos do aumento da temperatura do ar na área
urbana, porém devido aos altos índices de crescimento que a cidade vem
apresentando e da pressão de adensamento, esse problema tende a agravar-se.
Muito embora a cidade objeto de estudo esteja situada na Região Sul do país,
característica por invernos rigorosos, optou-se por estudar as maiores temperaturas
pelo fato dessas estarem relacionadas ao ambiente urbano e por repercutirem em
altos níveis de desconforto.
1.2 PROBLEMA DE PESQUISA
A presente pesquisa busca respostas à seguinte questão: no
padrão urbano de ocupação de São José dos Pinhais condições para
intensificar os campos térmicos intra-urbanos?
Com esse problema de pesquisa busca-se analisar a ocupação urbana
em determinados locais de São José dos Pinhais e suas possíveis interferências na
temperatura do ar.
1.3 OBJETIVO GERAL
O objetivo principal é demonstrar a existência de correlação entre a
ocupação do solo e as possíveis alterações de temperatura em diferentes áreas de
São José dos Pinhais.
10
1.4 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Como objetivos específicos têm-se:
- levantar as principais pesquisas realizadas sobre clima urbano e
conforto térmico associado ao urbanismo;
- identificar as variações de temperatura do ar em distintos ambientes
da área urbana de São José dos Pinhais;
- verificar os parâmetros urbanísticos de ocupação do solo urbano de
localidades de São José dos Pinhais;
- caracterizar o uso e ocupação do solo em cada ambiente monitorado
por meio da identificação das variações da temperatura;
- correlacionar as temperaturas registradas com os atributos urbanos
pesquisados.
1.5 HIPÓTESE
Estabelece-se como hipótese que existe diferenciação na temperatura
de São José dos Pinhais decorrente do padrão urbano de ocupação
progressivamente adensado.
A hipótese da presente dissertação baseia-se no princípio de que a
ocupação modifica o clima local, ou seja, as edificações, ruas estreitas, grandes
avenidas, desmatamentos, presença ou não de corpos d’água, entre outros fatores,
alteram a direção dos ventos e a insolação, além de criar regiões mais quentes ou
mais frias. Partindo do pressuposto que a grande maioria das ocupações respeitam
a legislação que trata dos parâmetros urbanísticos
(8)
, é de extrema importância o
estudo das possíveis variações da temperatura em função dos índices de ocupação
do solo e áreas permeáveis, para verificação dos impactos desses índices nas áreas
urbanas das cidades.
(8)
Vide Capítulo 3.
11
Para verificar a hipótese dessa pesquisa e responder ao problema
apresentado, é adotado o modelo de MONTEIRO (1976), da obra “Teoria e Clima
Urbano”, onde o autor subdivide o clima da cidade em canais de percepção, com
vários graus de hierarquia funcional e diferentes níveis de resolução
(9)
. A
determinação desse modelo ocorreu com base na literatura nacional e internacional
e por conduzir a análise do uso do solo, da morfologia urbana e das funções
urbanas juntamente com o conforto térmico.
1.6 LIMITAÇÕES DO TRABALHO
O presente trabalho não tem por objetivo esgotar todo o assunto
abordado, mas sim oferecer referenciais a outros pesquisadores que eventualmente
venham realizar estudos sobre o tema exposto.
Devido a limitações de tempo e dados secundários a serem levantados
e tabulados, nesta dissertação será analisada somente a condicionante climática
temperatura do ar como variável capaz de modificar o clima e, somente serão
analisadas área construída, área impermeabilizada, área verde e área com a
presença de água, como parâmetros urbanísticos de ocupação do solo, além da
altitude.
A variável umidade relativa importante em análises dessa natureza,
não pôde ser medida pelo fato dos aparelhos utilizados nas medições apresentarem
problemas.
As localidades mensuradas são consideradas amostrais, devido a
quantidade de pontos monitorados, porém esses pontos têm validade para fins de
pesquisa por representarem a realidade daqueles pontos, não podendo por esse
(9)
Vide Capítulo 3.
12
motivo ser estendidos para todo o município. Dessa forma, o trabalho de campo
pode ser considerado uma tendência para cada localidade, uma vez que o pequeno
número de pontos monitorados (oito localidades) o é suficiente para um
tratamento estatístico.
Devido a motivos operacionais e de segurança quanto aos aparelhos,
disponibilidade dos mesmos, não foi possível realizar medições em mais pontos da
cidade.
1.7 ESTRUTURA DO TRABALHO
Neste Capítulo 1, são apresentados os aspectos gerais que
conduziram a pesquisa, incluindo a introdução, as justificativas, problema de
pesquisa, objetivo, hipótese e limitações do trabalho, além da apresentação da área
de estudo.
No Capítulo 2, é feita uma revisão teórica sobre o problema de
pesquisa, abordando diversas terminologias referentes ao planejamento urbano,
cidade, meio urbano, planejamento ambiental, além das definições da legislação da
ocupação do solo, através de seus índices e parâmetros urbanísticos. Apresenta
ainda uma revisão bibliográfica sobre clima e clima urbano, abrangendo também o
estado da arte dos estudos que relacionam clima com planejamento urbano ou com
ocupações.
No Capítulo 3 é apresentado o recorte espacial da área de estudo e o
método de pesquisa utilizado neste trabalho. Descrevem-se as principais
características do Município de São José dos Pinhais, sua evolução e tendências de
ocupação. São abordadas questões como a delimitação do método de pesquisa,
visão estratégica e validação do mesmo. Neste capítulo são explicitados os
procedimentos e as estratégias do monitoramento realizado, apresentando os locais
monitorados, suas principais características, seus parâmetros de uso e ocupação do
solo de acordo com a legislação vigente.
13
O Capítulo 4 apresenta os resultados do monitoramento e suas
principais interpretações que permitiram que fossem tecidas algumas considerações
conclusivas.
No Capítulo 5, são apresentadas as observações finais do trabalho,
destacando as conclusões dos objetivos e da hipótese da pesquisa, além de apontar
sugestões para futuros estudos.
14
3 REFERENCIAL TEÓRICO UMA ABORDAGEM SOBRE AS PRINCIPAIS
TERMINOLOGIAS REFERENTES AO PLANEJAMENTO URBANO E O
ESTADO DA ARTE DOS ESTUDOS DE CLIMAS URBANOS
Neste capítulo foram traçadas algumas considerações pertinentes ao
planejamento urbano, procurando apresentar conceitos sobre cidades, sua história,
formas e parâmetros de uso e ocupação do solo, planejamento territorial e
ambiental. Os índices ou parâmetros de ocupação, tais como gabaritos,
coeficientes, áreas máximas, são instrumentos utilizados pela administração pública,
visando principalmente ao conforto e à habitabilidade das edificações e do meio
urbano. Ainda neste capítulo estão delineados os conceitos fundamentais sobre
climas urbanos, mesoclimas, microclimas, topoclimas, o estado da arte dos estudos
relacionados à climatologia urbana, principalmente relacionando as bases históricas,
culturais e ambientais no espaço da cidade. Também serão estudados alguns
aspectos do fenômeno conhecido como Ilha de Calor decorrente, entre outros
fatores, das altas taxas de urbanização.
2.1 ALGUNS REFERENCIAIS SOBRE A FORMAÇÃO DAS CIDADES
Para objetivar a presente pesquisa, serão feitas algumas
considerações sobre as cidades a partir da Revolução Industrial, por esse ter sido
um marco na transformação das cidades.
A Revolução Industrial provocou o aumento vertiginoso da população
urbana. Perde-se a homogeneidade da cidade antiga, formam-se bairros de acordo
com as classes sociais, os esgotos correm a céu aberto e as fábricas incomodam
com o barulho e com a fumaça. Tal é o perfil da cidade liberal, dotada de iniciativas
públicas e privadas não coordenadas e que acabam por comprovar a insuficiência
da intervenção exclusivamente particular em seu desenvolvimento urbano das
cidades (BENEVOLO, 1993; MUMFORD, 1982).
15
A partir da cidade s liberal a administração pública e a propriedade
particular encontram os limites para sua atuação. A primeira gera o mínimo
necessário para o funcionamento da cidade enquanto que a última administra os
espaços modificáveis. Os problemas mais evidentes de tais perfis são a excessiva
concentração nos centros e a falta de moradias acessíveis às camadas mais pobres
(BENEVOLO, 1993).
Na cidade da atualidade, os arquitetos vanguardistas definem seus
principais elementos constitutivos, quais sejam: a cidade deve ser um espaço que
vise a habitar, trabalhar, cultivar o corpo e a mente e circular; os espaços livres
devem ser esparsos por toda a cidade; as ruas devem ser divididas de acordo com o
meio de locomoção predominante; as estruturas internas das moradias devem ser
rigorosamente relacionadas; o agrupamento entre as moradias deve contemplar a
análise das necessidades dos habitantes e a relação com os serviços coletivos
(LAMAS, 1992).
A grande problemática da cidade atual, em países em
desenvolvimento, é o crescimento populacional desenfreado, pois ao passo que a
população urbana dobra a cada quinze anos, a população urbana marginal dobra a
cada sete anos e meio. Tal disparate gera um fracionamento das cidades em um
grupo de minoria dotada de condições mínimas de sobrevivência e de outro grupo
de maioria (marginalizados) que se multiplicam desde a cidade liberal do primeiro
período industrial até os dias hodiernos (BENEVOLO, 1993).
Com base nessas breves observações de alguns períodos da formação
das cidades, serão expostas as principais terminologias sobre cidades, meio urbano
e ambiente urbano, de forma a apresentar suas diferenças, subsidiando a presente
dissertação.
16
2.2 CIDADES E MEIO URBANO
A cidade pode ser definida como um ímã que atrai, reúne e concentra
os homens, onde necessariamente nunca se está só. Isso é claramente observado
nos terminais de ônibus nas horas de pico, nas saídas dos jogos de futebol, nas ruas
principalmente onde ocorre a regulação dos fluxos do cotidiano (ROLNIK, 1994). A
cidade hoje não é mais um aglomerado urbano com delimitações físicas claramente
definidas, mas sim um aglomerado de construções diversas, de redes de infra-
estrutura, de centros comerciais, de equipamentos públicos e de subúrbios
interligados (IPEA, 2000).
O termo cidade é amplamente definido por vários autores, que
enfatizam alguns aspectos para defini-la. Alguns como BRUNHES (1962), RATZEL e
BOBECK apud CARLOS (2003) consideram a ênfase social quando definem a
cidade como sendo um aglomerado de pessoas e suas respectivas habitações que
ocupam uma determinada superfície; outros autores como WAGNER et al. apud
CARLOS (2003), consideram a vertente econômica associada à estrutura espacial,
definindo cidade como um lugar onde um aglomerado organizado e permanente
de pessoas, o qual desenvolve suas atividades necessárias à manutenção do
comércio, da indústria e demais funções. VON RICHTOFEN apud CARLOS (2003)
destaca a ênfase cultural quando defende que cidade é uma aglomeração de
pessoas reunidas por questões culturais enquanto que PIERRE GEORGE (1983)
enfatiza a paisagem e o referencial histórico quando define cidade como
aglomeração de pessoas, de elementos arquitetônicos e de atividades produtivas
que se transformam à medida que a sociedade como um todo se modifica.
SOUZA (2003) define a cidade como sendo um assentamento humano,
com diversidade econômica desenvolvida em um determinado espaço,
(principalmente no desenvolvimento de atividades secundárias e terciárias), onde
a gestão do território. Segundo o autor, essa gestão do território abrange os poderes
econômico, político e religioso, uma vez que a cidade não pode ser identificada
apenas como um local da produção de bens e comercialização desses bens, mas
17
sim um local onde as pessoas se relacionam e interagem com base nos mais
diversos interesses e valores.
Para CARLOS (2003), a cidade é a localização da indústria, local do
trabalho social, aglomeração de mão de obra, mercadorias, materialização das
condições de produção. Segundo a autora, a cidade pode ser entendida ainda como
a relação entre o capital e a sociedade, ou seja, as relações entre o local de
moradia, os deslocamentos, o trabalho, o lazer e a cultura. Segundo TSIOMIS
(1994) a cidade é o espaço físico onde se desenvolve o fenômeno urbano.
Muitas bibliografias associam o termo cidade com urbano. Para
CARLOS (2003), urbano é o fruto da dinâmica das forças produtivas desenvolvidas
em um determinado local e mais precisamente da aglomeração gerada por essa
dinâmica. Segundo TSIOMIS (1994) o meio urbano é a inter-relação entre o tecido
espacial e o tecido social, como as culturas e as formas de convivência.
Quanto ao ambiente urbano, pode-se considerar que o mesmo seja
formado por dois sistemas: o sistema natural (composto pelo meio físico e biológico)
e o sistema antrópico (composto pelo homem e suas atividades) (MOTA, 1999). De
acordo com o mesmo autor, uma cidade não pode ser entendida como um ambiente
fechado (onde o homem possa encontrar tudo o que precisa), mas sim como um
sistema aberto funcionando de forma dependente de outros sistemas.
Diante de todas essas terminologias e para essa pesquisa, se
considerado que cidade é o oposto do termo rural, ou seja, é o espaço físico de altas
densidades, dotado das mais diversas infra estruturas, onde concentração de
indivíduos, que se relacionam sob os aspectos econômico, social, geográfico e
ecológico. As áreas urbanas serão consideradas como aquelas que possuem as
maiores concentrações populacionais por área, com infra estrutura característica.
Analisadas as terminologias de cidade e meio urbano, serão
apresentadas as principais considerações referentes ao termo urbanismo e sua
18
evolução, que evidenciarão a importância do estudo do fenômeno urbano
relacionado às condições ambientais.
2.3 URBANISMO
O termo urbanismo surgiu no século XX em decorrência do grande
crescimento demográfico ocorrido a partir do século XVIII nas cidades da Europa,
onde as aglomerações urbanas começaram a formar-se devido à atividade industrial
(BENEVOLO, 1993). Segundo CHOAY (1979) o processo de urbanização e
industrialização foi global e irreversível, a exemplo da instalação das indústrias nas
cidades européias no início do século XIX, que, com a necessidade de mão-de-obra,
fez com que cidades próximas a Londres, Cardiff e muitas regiões da Inglaterra
esvaziassem.
Urbanismo etimologicamente significa a ciência da organização das
cidades, e do latim urbe significa cidade e ismo sistemas. Segundo RAMOS apud
NOGUEIRA (1980) pode ser definido como “um conjunto de regras ou princípios
sobre uma matéria, ligados entre si, tendendo a formar um corpo de doutrina”. Ou
ainda, na visão de CHOAY (1979), o urbanismo, decorrente da expansão da
sociedade industrial, “é uma disciplina que se diferencia das artes urbanas anteriores
por seu caráter reflexivo e crítico, e por sua pretensão científica”.
O termo urbanismo surgiu quando o engenheiro Ildefonso Cerda, autor
do plano para Barcelona, escreveu a Teoria Geral da Urbanização, publicada em
1867. Nessa teoria, o engenheiro destacava que “a urbanização reside tão somente
na associação do repouso e do movimento”. Com essa afirmação, o autor ressaltava
dois conceitos primordiais no urbanismo, a habitação e a circulação, que hoje mais
do que nunca continuam sendo os dois pólos operacionais do urbanismo
(GONSALES, 2002)
Segundo BARDET apud NOGUEIRA (1980) os estudiosos do final do
século XVIII não vislumbravam a importância e a dimensão desta ciência, ou seja,
não consideraram a organização territorial dentre os objetos de estudo. Ainda
19
segundo o autor o termo urbanismo surgiu em 1910 durante o Congresso de
Londres, para substituir outras denominações como construção de cidades, higiene
urbana, estética edilícia entre outras.
A transição de uma sociedade rural para uma sociedade urbana
decorrente de mudanças a partir dos anos 50 é caracterizada como o fenômeno da
urbanização. Nas últimas décadas, a urbanização do planeta ocorreu por meio do
aumento da superfície das cidades existentes e da multiplicação do número dos
centros urbanos (IPEA, 2001). O termo urbanismo pode ser entendido como a
gerência do cotidiano de uma cidade, envolvendo fiscalizações, ordenamento do
solo, implementação e controle da cidade.
De acordo com NOGUEIRA (1980) o urbanismo pode ser enquadrado
em dois grupos, ou seja, os que restringem os estudos apenas na cidade e os que
abrangem mais os estudos para além da cidade propriamente dita, ou seja, em seu
raio de influência.
Para os autores que se restringem apenas ao estudo da cidade,
verifica-se uma diferença no emprego do termo na cidade pré-industrial e na cidade
industrial. A cidade industrial após absorver grandes aglomerações populacionais e
progressos técnicos necessitou rever a sua organização, antes preocupada com a
estética, para abrigar novos bairros, alocar indústrias, favorecer a mobilidade, prover
de infra estrutura novas áreas ocupadas com tratamento de água, escoamento das
águas pluviais, coleta de lixo, além de atender as necessidades quanto a
equipamentos sociais (NOGUEIRA, 1980). RANDLER apud NOGUEIRA (1980)
propôs ampliar os estudos do urbanismo para o campo da natureza sócio-econômica
devido à sua interdependência. Diante desse novo enfoque, o termo urbanismo foi
sendo atribuído ao planejamento com caráter mais científico (racionalista), com o
intuito de relacionar os setores físico, social e econômico, resultando nos planos
integrais, cujo princípio era a distribuição dos recursos disponíveis de forma
hierarquizada entre as esferas nacional, regional ou estadual, metropolitana, urbana
ou municipal (BIRKHOLZ, 1980).
20
De acordo com a Declaração de La Sarraz”, decorrente do 1 !
Congresso Internacional de Arquitetura Moderna (CIAM), realizado na Espanha em
1928, urbanismo é responsável pela organização da cidade de forma a resguardar a
vida material, sentimental e espiritual, tanto no que diz respeito ao individual quanto
ao coletivo, e tanto para as aglomerações urbanas quanto para as rurais. Diante
dessa colocação, o urbanismo é substituído do enfoque estético pelo aspecto
funcional da cidade, tendo como aspectos fundamentais o habitar, trabalhar e
recrear e como objetivos a ocupação do solo, a organização da circulação e a
legislação (BIRKHOLZ, 1980).
Das teorias de alguns pesquisadores que reafirmavam a declaração do
CIAM e outros que a contradiziam, surgiram muitas correntes do urbanismo, a
exemplo: o pré urbanismo progressista, o pré urbanismo culturalista, o pré
urbanismo sem modelo, o urbanismo progressista, o urbanismo culturalista, o
urbanismo naturalista, tecnotopia, antrópolis, entre outras (CHOAY, 1979). De
acordo com CAMPOS FILHO (1989) todas as correntes do urbanismo podem ser
divididas em três tipos de atores que são: o urbanismo político-globalizante, o
técnico-setorial e o político urbano militante.
De uma maneira ou de outra, as linhas de pensamentos ou correntes
do urbanismo ao longo das décadas, objetivaram basicamente resolver as questões
relativas às cidades, no que tange à sua organização, baseando-se para isso nas
questões estéticas, sanitárias, viárias, de uso do solo, entre outras que acabaram
por constituir as cidades da forma como são hoje.
2.4 PLANEJAMENTO URBANO, TERRITORIAL E AMBIENTAL
2.4.1 Planejamento Urbano
Para FERRARI (1986), autor tradicional sobre assuntos correlatos ao
urbanismo, o planejamento é um método e um processo contínuo, exigindo
revisões, atualizações e realimentações. Entende ainda que consiste na previsão
ordenada para ações, com adequação conforme funções existentes e com
21
antecipação de resultados. NOGUEIRA (1983) considera que planejamento é um
processo contínuo que procura adequar as ações dentro de uma realidade em
constante modificação. Segundo o autor, além das ações serem definidas, elas
precisam também obedecer a uma ordem de prioridades para que alcancem os
resultados esperados.
Segundo BIRKHOLZ (1980) a história do planejamento territorial e a
evolução dos seus conceitos ocorrem juntamente com as mudanças de atitude do
homem, no que diz respeito principalmente ao seu abrigo, seus meios de vida e ao
tempo destinado ao lazer e recreação. Durante muito tempo, o termo planejamento
territorial foi utilizado apenas para áreas urbanizadas, preocupando-se basicamente
com o traçado urbano, normalmente ortogonal, oriundo das cidades gregas e
romanas. No fim do século XIX o conceito de planejamento territorial,
acompanhando o pensamento de Camilo Sitte, incorpora a arte renascentista, onde
as cidades não o pensadas apenas tecnicamente, mas sim como objetos de arte,
ou seja, com necessidades de serem embelezadas. A partir da Revolução Industrial
na Europa, começam a crescer as aglomerações nas cidades em todo o mundo e
com esse crescimento surgem os problemas relacionados às condições precárias de
saneamento. Em meio a essas mudanças, em Barcelona, destaca-se o engenheiro
Ildefonso Cerda, um dos primeiros tratadistas de arquitetura e urbanismo a
reivindicar a salubridade das habitações como a condição primeira a satisfazer na
criação de novas cidades com qualidade de vida (GONSALES, 2002). No Brasil,
diante dos problemas sanitários das cidades, pesquisadores como Osvaldo Cruz,
Emílio Ribas e Saturnino de Brito, nas primeiras décadas do século XX, passaram a
associar o termo planejamento territorial com ordenar, embelezar e sanear
(BIRKHOLZ, 1980).
A partir disso, surgiram os Congressos Internacionais de Arquitetura
Moderna (CIAM) e o Comitê Internacional para a Realização dos Problemas
Arquitetônicos Contemporâneos (CIRPAC). Das reuniões desses grupos foram
elaborados alguns documentos que embasaram ainda mais o planejamento territorial
e o urbanismo moderno. O s m oderni s ta s do 4 C ong res s o I nterna ci ona l de !
Arquitetura Moderna (CIAM), ocorrido em 1933, criaram a Carta de Atenas, que
22
exprime as bases do planejamento territorial moderno. Segundo a Carta, as chaves
do urbanismo moderno são definidas a partir das funções básicas da cidade que são
habitar, trabalhar, recrear e circular; a cidade faz parte do conjunto econômico,
político e social da região; a cidade deve ser estudada em conjunto com a sua
região de influência; o interesse coletivo deve ser sobreposto ao interesse individual,
entre outras afirmações (BIRKHOLZ, 1980).
Em 1952, na França, estudiosos elaboraram a Carta de La Tourrette
ou Carta do Planejamento Territorial, que destacava o problema das finalidades
do planejamento: “O objeto do Planejamento Territorial é criar, pela organização
racional do espaço e implantação de equipamentos apropriados, as condições
ótimas de valorização da terra e as situações mais convenientes ao desenvolvimento
humano e de seus habitantes”. Neste documento, o planejamento começa a ser
visto como um processo permanente e não mais como um projeto estático e por
esse motivo desenvolve-se ao longo do tempo comportando as fases de eclosão do
planejamento, análise das necessidades e inventário, proposições de soluções e a
fase de averiguações dos programas (BIRKHOLZ 1980).
Em 1958, em Bogotá, um Seminário de Técnicos e Funcionários em
Planejamento Urbano elaborou um documento, conhecido como a Carta dos Andes
(BIRKHOLZ, 1980, p.14), onde consta que:
Planejamento é o processo de ordenamento e previsão para conseguir,
mediante a fixação de objetivos e por meio de uma ação racional, a utilização
ótima dos recursos de uma sociedade em uma época determinada. O
Planejamento é, portanto, um processo do pensamento, um método de
trabalho e um meio para propiciar o melhor uso da inteligência e das
capacidades potenciais do homem para benefício próprio e comum.
Considerado um documento sobre Planejamento Territorial
contemporâneo, a Carta dos Andes pregava para o processo de planejamento o
método científico de observação, análise e síntese, composto pelas seguintes
etapas: identificação do problema; pesquisa, análise, diagnóstico e determinação
dos objetivos; formulação de soluções alternativas; adoção do plano; programação;
e aferição, revisão e atualização.
23
No Brasil, durante o regime militar, as bases do planejamento urbano
desenvolveram-se, principalmente através da Política Nacional de Desenvolvimento
Urbano (PNDU) elaborada pelo governo do General Ernesto Geisel em 1973. Vários
órgãos foram criados para implementar as várias diretrizes de planejamento,
definidas por inúmeros Planos Diretores desenvolvidos, que perduraram até os anos
80 (MARICATO, 2000). A partir dessa época, segundo VILLAÇA (1999) muitos
novos planos foram definidos por especialistas que desconheciam a realidade local
ou sequer consideraram a participação popular.
Progressivamente, o termo e as atribuições do planejamento foram
sendo complementados de forma que são várias as suas definições ao longo dos
anos. RONCA (1980) definiu planejamento territorial como um processo de
mudanças físicas, que devem ser realizadas em um território, que foram previstas
devido a um planejamento econômico e social, sempre dentro de um pensamento
global e integrado. BRUNA (1980) definiu como um processo que não se restringe
somente em organizar as várias funções ou atividades humanas nas cidades,
embelezá-las criando avenidas arborizadas, praças, parques, proporcionar infra
estrutura com sistemas de coleta de esgoto, drenagem, abastecimento de água, mas
também, e talvez principalmente direcionar o crescimento das cidades através de
diretrizes de desenvolvimento econômico, social e de organização do uso do solo,
ou ainda como ações que objetivam essencialmente transformar os espaços
gerando melhores formas de adequação dos indivíduos ao ambiente urbano. Esse
processo de transformação ou adequação tem por condicionantes as características
físicas dos terrenos, as ações de saneamento básico, a qualidade de vida, as
relações sociais e culturais do grupo com seus espaços de lazer, moradia e trabalho
(CASÉ, 1996).
Segundo HILLHORST apud HARDT (1998) o planejamento
atualmente pode ser definido como um processo que busca a melhor relação entre
atividades de uma área específica, considerando os objetivos do sistema e as
limitações dos recursos disponíveis. Deve considerar também a organização racional
do espaço e desse modo deve englobar tanto as aglomerações urbanas quanto as
rurais, dentro de um raio de influência econômica (BRUNA, 1983). Segundo a
24
autora, a função do planejamento ocorre através da inter-relação com o
planejamento econômico, social, entre outros, no sentido de disponibilizar áreas
adequadas (uso do solo), sejam elas para os setores primários, secundários ou
terciários de produção, ou ainda para abrigar os equipamentos públicos, de forma a
atender as necessidades de crescimento (BRUNA, 1983).
Segundo MARICATO (2000) como atualmente vive-se em um
momento de muitas mudanças, sejam elas econômicas, tecnológicas, da produção,
nas relações do trabalho, o planejamento urbano também deve acompanhar tais
mudanças, de forma a incluir em suas bases a participação popular e buscar formas
de atender também às áreas irregulares, ou seja, à “cidade informal”.
O planejamento territorial, portanto, evoluiu ao longo dos anos,
ampliando-se do estudo das cidades isoladas para o estudo de aglomerados
urbanos, seu entorno imediato e sua área de influência. Diante disso, é possível
perceber que o planejamento pode ser considerado função básica dentro de uma
administração municipal, estadual ou federal, tendo o poder de integrar os diversos
escalões, propondo e revendo atividades para os espaços de um município como
um todo, englobando tanto as áreas urbanas quanto as rurais e contando com a
participação popular.
2.4.2 Planejamento Urbano em São José dos Pinhais
Muitos dos problemas urbanos de São José dos Pinhais têm origem no
modelo de planejamento adotado ao longo de sua história. O primeiro Plano de
Estruturação Urbana
(10)
do município foi aprovado através da Lei 14/1979 e definiu a
forma e o modelo de ocupação urbana, que acabou ocasionando vários prejuízos
para a cidade, principalmente na vertente ambiental. Um exemplo disso são os
loteamentos aprovados antes do plano, onde muitos lotes têm como limite os cursos
d’água ou áreas de vegetação nativa (PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ
DOS PINHAIS, 2005).
(10)
A legislação urbanística de São José dos Pinhais será comentada no Capítulo 3.
25
A administração pública, baseada na Lei 14/1979, não considerava no
planejamento municipal os altos custos de infra-estrutura, decorrentes de ações
equivocadas dos planejadores, tais como ampliação do perímetro urbano, sub-
utilização do lote, parcelamentos em áreas com baixas ou altas declividades, entre
outros. A não observação desses critérios de planejamento gerou altos gastos para
a implantação e manutenção de serviços urbanos, que muitas vezes o
conseguem ser absorvidos pela capacidade financeira e estrutural do município.
Em São José dos Pinhais pode-se verificar que não houve a
preocupação com a definição de um modelo espacial urbano, ou seja, com a
expansão do perímetro urbano, quando em meados dos anos sessenta várias
permissões foram fornecidas para o parcelamento de áreas distantes do quadro
urbano. Esses parcelamentos, distantes do centro da cidade, acarretam problemas
até os dias de hoje, com a carência de transporte coletivo, escolas, creches, postos
de saúde, áreas de lazer, entre outros equipamentos e serviços públicos.
Atualmente, o planejamento urbano municipal baseia-se na legislação
federal, estadual e municipal, tendo esta última, como pressuposto:
...“buscar a melhor relação entre áreas ocupadas e áreas livres, garantindo o
bem-estar do cidadão e a melhoria da qualidade de vida, aproveitando com
menores custos e maiores benefícios as funções urbanas e os investimentos
públicos e privados, orientando o crescimento urbano da sede Municipal,
evitando a ocupação desordenada ou em locais inadequados e organizando o
desenvolvimento urbano de forma a garantir a valorização dos aspectos
naturais, paisagísticos, históricos e culturais do Patrimônio Municipal, entre
outras condicionantes que consideram a organização do território com um
todo”
(11)
.
(11)
A lei municipal referente ao planejamento urbano é a 09/2004 (Lei do Plano Diretor
Municipal) e 10/2004 (Lei de Uso e Ocupação do Solo e Sistema Viário Municipal).
Vide
Capítulo 3.
26
2.4.3 Planejamento Ambiental
O termo desenvolvimento sustentável divulgado pelo Relatório
Nosso Futuro Comum (1987) refere-se à possibilidade de desenvolvimento sem
destruição do meio ambiente. Esse termo traz em si o significado e a proposta de
esforços integrados entre países, no sentido de união para evitar uma catástrofe
global. Ainda segundo o relatório, o desenvolvimento sustentável implica
necessariamente a adoção de artifícios que visem à gestão do espaço urbano de
forma ordenada, objetivando o planejamento com vistas ao estabelecimento de
áreas dotadas de contingentes populacionais adequados à oferta de serviços e
estrutura urbana.
Em tal sentido, a COMISSÃO MUNDIAL SOBRE AMBIENTE E
DESENVOLVIMENTO (1991), na publicação denominada de Nosso Futuro Comum,
apregoa que somente a coerção fará frente ao crescimento das grandes cidades
nos seus primeiros estágios de desenvolvimento, e esta deve ser exercida de forma
perspicaz a fim de que apenas se manifeste estimulando, dessa forma, a
desconcentração urbana quando as vantagens auferidas com o crescimento
começarem a declinar. Dessa forma, a adoção de políticas que atraiam
contingentes populacionais às grandes cidades deve ser emplacada
cautelosamente, especialmente as relativas a subsídios energéticos e alimentícios,
as concernentes à dotação de infra-estrutura urbana e outros serviços, bem como as
que denotem excessiva centralização do poder administrativo nas capitais. Assim, o
crescimento de centros secundários
(12)
pode ser maximizado e impulsionado através
do aproveitamento das vantagens econômicas naturais de suas regiões e deve
coadunar com o crescimento dos centros urbanos, ou seja, o planejamento das
áreas urbanas e rurais não pode ser antagônico e conflitante, mas sim revestido de
complementaridade na medida em que as áreas urbanas devem ser supridas pelas
rurais, e estas, por sua vez, podem ser beneficiadas pelo potencial de consumo
daquelas.
(12)
O município de o José dos Pinhais como centro secundário será estudado nos
Capítulos 3 e 4.
27
De acordo com MOTA (1999) o planejamento ambiental deve ter sua
base no desenvolvimento sustentável, entendido como uma forma de atender às
necessidades atuais sem comprometer a subsistência das gerações futuras.
FRANCO (2001) apregoa que o planejamento ambiental parte do princípio da
valoração e da conservação das bases naturais de um dado território como base de
auto-sustentação da vida e das interações que a mantém. Como principal objetivo
do termo tem-se o desenvolvimento sustentável da espécie humana, alcançado
através do uso racional da energia elétrica e da água disponível no planeta, entre
outros recursos naturais existentes que tendem a extinguir-se caso não seja
racionalizado seu uso. O planejamento ambiental possui três princípios que são:
preservação, recuperação e conservação do meio ambiente. Segundo o princípio da
preservação (ou não-ação), os ecossistemas devem permanecer intocados como
bancos genéticos para vidas futuras; o princípio da recuperação trata as áreas
degradas devido à ação humana e a partir de um certo momento transformam-se em
áreas de preservação ou não-ação; o princípio da conservação ambiental preconiza
o usufruto dos recursos naturais pelo homem com o mínimo risco de degradação do
meio e o mínimo gasto de energia.
O planejamento ambiental atualmente, segundo FRANCO (2001),
pode ser entendido como o planejamento das ações humanas, considerando a
capacidade de sustentação dos ecossistemas local e regionalmente, assim como
continental e planetariamente, buscando sempre a qualidade de vida humana dentro
de uma ótica ecológica. Dessa forma, o Planejamento Ambiental pode ser também
entendido como um Planejamento Territorial Estratégico, Econômico-Ecológico,
Sócio-Cultural, Agrícola e Paisagístico.
Algumas cidades da Europa, baseadas nos preceitos do planejamento
ambiental, incluem dados do clima na planta de desenvolvimento urbano. o os
chamados planejadores “verdes”, que se utilizam do mapeamento climático na
tomada de decisões políticas para que o planejamento de novas áreas não atrapalhe
as vias aéreas de circulação de ventos (KATZSCHNER, 1988; DUARTE, 2000).
Em 1992, a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e
28
Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro em 1992, produziu um documento
denominado Agenda 21. Esse documento é um compêndio que reúne várias
premissas e recomendações sobre como as nações devem agir em prol de modelos
sustentáveis buscando o desenvolvimento (BEZERRA, 2000). O mesmo
documento inclui uma análise crítica com relação ao modelo de desenvolvimento
econômico adotado hoje, considerando o mesmo injusto socialmente e perdulário
sob o ponto de vista ambiental.
Da discussão da Agenda 21 resultaram algumas novas nomenclaturas,
tais como Cidades Sustentáveis”. Segundo BEZERRA (2000) a noção de cidades
sustentáveis ou ecológicas contrasta com as cidades biocidas ou doentes, onde o
primeiro termo reflete a existência de uma consciência ambiental dos gestores e
cidadãos e a segunda onde os ciclos não são pensados ou planejados. As cidades
sustentáveis devem ser planejadas como ecossistemas construídos, objetivando a
qualidade de vida da população, o equilíbrio entre os recursos naturais a serem
importados, compensando as cidades vizinhas ou países, ampliando a
responsabilidade ecológica, buscando a eficiência energética, alterando os padrões
de consumo, recuperando áreas degradadas, garantindo as condições sociais e
mantendo a biodiversidade existente.
De acordo com PLATT (1994) apud MOTA (1999) a sustentabilidade
do meio urbano deve considerar a proteção e restauração das características da
comunidade urbana e considerar também o impacto das cidades nos recursos
terrestres, aquáticos e atmosféricos. Sustentabilidade, portanto, deve considerar os
aspectos sociais (educação, saúde, renda, emprego), transporte, conservação de
energia, saneamento, controle da poluição do ar e da água, reciclagem de materiais,
entre outros.
Segundo a publicação ENTENDENDO O MEIO AMBIENTE (1997), no
volume denominado de Convenção sobre Mudança do Clima, o Brasil, sob a égide
ainda do regime militar, sempre se mostrou omisso com relação a programas
ambientais. Imperava a concepção de progresso a qualquer custo, com suas
implicações a serem futuramente resolvidas quando houvesse desenvolvimento
29
econômico instalado. Tal postura, conhecida como a “diplomacia do
desenvolvimento”, acabou por retardar o despertar das economias em
desenvolvimento para a conscientização ambiental e dos problemas urbanos
originários de tal omissão. Após a queda do regime, entretanto, várias foram às
iniciativas no sentido de estabelecer parâmetros de desenvolvimento e discussões
acerca do tema.
Dessa forma, a Convenção sobre Mudança do Clima é apontada como
sendo um importante instrumento na abordagem da questão, a despeito de seu
desprovimento de precisão e clareza. Foram acordadas certas premissas, tais como
o fato de se haver reconhecido o aquecimento global como sendo um fenômeno
merecedor de maior atenção pela comunidade cientifica, bem como da emissão de
gases na atmosfera. Assim, foi estabelecido que se deveria buscar a redução da
emissão de tais gases na atmosfera, através de sucessivos protocolos posteriores
que disporiam sobre os limites a serem fixados e respeitados, operacionalizando,
dessa forma, a Convenção.
A Convenção, por conseguinte, objetivou alcançar a estabilização dos
níveis de concentração dos gases provocadores do efeito estufa na atmosfera, a fim
de que o haja maiores implicações para o sistema climático terrestre. Tal escopo,
entretanto, deveria ser alcançado de forma a permitir aos ecossistemas a adaptação
às mudanças climáticas, suprindo a necessidade atual de alimentos e garantindo a
sustentabilidade econômica estabelecida.
Em 1997 foi aprovado o Protocolo de Kyoto que em linhas gerais
estabelece através de um acordo internacional a redução das emissões dos gases
que causam o aquecimento global (em especial o dióxido de carbono, produto da
queima de petróleo e derivados). Concluído em 11 de dezembro de 1997 em Kyoto
(Japão), o documento impõe a redução das emissões de seis gases causadores de
efeito estufa, responsáveis pelo aquecimento do planeta: CO2 (dióxido de carbono
ou gás carbônico), CH4 (metano), protóxido de nitrogênio (N20) e três gases flúor
(HFC, PFC e SF6). O protocolo representa um esforço considerável para alguns
países com relação ao aumento natural de suas emissões. É o caso de Canadá e
30
Japão, onde as emissões aumentaram 20% e 8%, respectivamente, desde 1990
(BURSZTYN, 2005).
Porém, somente em fevereiro de 2005 o Protocolo de Kyoto entrou em
vigor. O Brasil, tido como um dos países em desenvolvimento, não teve que se
comprometer com metas específicas. Como signatários, no entanto, eles precisam
manter a ONU informada do seu nível de emissões e buscar o desenvolvimento de
estratégias para as mudanças climáticas (ONU, 2005).
Após a análise das questões relativas ao planejamento urbano,
territorial e ambiental, fazem-se necessárias algumas considerações sobre a
legislação urbanística brasileira para que seja verificada sua inter-relação,
principalmente no que tange a estrita relação do planejamento urbano com as
questões ambientais e a legislação pertinente.
2.5 LEGISLAÇÃO DE USO E OCUPAÇÃO DO SOLO URBANO
2.5.1 Aspectos Gerais do Direito Urbanístico da Propriedade e da Legislação de
Uso e Ocupação do Solo
Segundo MEIRELLES (1983), foi completamente superado o conceito
absolutista de propriedade (jus utendi, jus fruendi, jus abutendi), o qual não
encontrava limites para seu exercício, tendo, usando e dispondo de seus bens, o
que se constituía como premissa principal no auge do individualismo do século
XVIII. No decorrer do tempo, houve a socialização da propriedade particular.
Segundo DUGUIT apud MEIRELLES (1983), “a propriedade não é mais o direito
subjetivo do proprietário, mas a função social do detentor da riqueza”. Em tal
sentido, é defeso o exercício anti-social do direito de propriedade; houve a evolução
da propriedade-direito para a propriedade-função.
Destarte, GOMES apud FIGUEIREDO (1980, p. 02) salienta que:
31
O próprio preceito legal que assegurou ao proprietário o direito de fruir e
dispor da coisa do modo mais absoluto estabeleceu que seu exercício
encontraria limites na lei e nos regulamentos. Essas restrições, sobretudo as
que decorrem de regulamentos administrativos, são consideráveis e se
avolumam dia a dia, em todas as legislações.
FIGUEIREDO (1980) aduz que a conformação dada pelo Estado
moderno à propriedade sofreu mutações, não mais a delineando “à luz dos
interesses individuais”. O Estado deve perseguir a conformação dos interesses
individuais com os sociais, dando enfoque principal à função social da propriedade,
premissa da qual baseia-se o Direito Urbanístico, cujos institutos vão se fortalecendo
no decorrer dos anos à medida que a necessidade de compatibilização da função
social da propriedade
(13)
com os direitos individuais vão se asseverando.
Assim, MEIRELLES (1983) relata que os limites para o exercício da
propriedade privada e para a intervenção estatal na atividade de particulares
decorrem da busca pelo bem-estar social, pela satisfação dos interesses
coletivos os quais justificam, em última análise, o motivo do Estado constituir-se.
O direito pode ser utilizado para evitar danos possíveis à coletividade (resguardado o
interesse público) como pode assegurar à coletividade uma determinada utilidade
específica a bens particulares singulares. Dessa forma, a Administração edita
normas genéricas de conduta (leis) ou impõe provimentos específicos de atuação
administrativa (decretos, regulamentos, provimentos de urgência, etc.) objetivando
resguardar a função social da propriedade privada, através do ordenamento das
(13)
O termo função social da propriedade é empregado no sentido de garantir, de modo justo
e democrático, o pleno acesso de todos os cidadãos aos bens e serviços essenciais a vida
digna. Dessa forma, através da Lei Federal 10.257/2001 (Estatuto da Cidade), foram criados
instrumentos para facilitar a subordinação do interesse particular ao interesse da
coletividade, através da determinação de parâmetros de intensidade de uso adequado à
disponibilidade da infra-estrutura urbana de equipamentos e serviços; uso compatível com
as condições de preservação da qualidade do meio ambiente e da paisagem urbana; e
aproveitamento e utilização compatíveis com a segurança e saúde de seus usuários e da
comunidade.
32
atividades individuais. O resultado almejado pelo Poder Público é o equilíbrio entre o
gozo dos direitos individuais e as exigências do bem comum. No que respeita
especificamente à legislação urbanística, o Estado, através de suas imposições,
visa organizar os espaços onde o homem exerça coletivamente as funções de
habitação, trabalho, circulação e recreação, embasando melhores condições de vida
na coletividade.
Posto isto, MEIRELLES (1983) destaca que as limitações urbanísticas
competem às três entidades estatais, resguardando à União a elaboração do Plano
Nacional de Urbanismo e de normas gerais de urbanismo; aos Estados, a
elaboração do Plano Estadual de Urbanismo e de normas urbanísticas regionais e
supletivas e complementares das federais; aos municípios, por fim, elaborar e
executar o Plano Diretor do Município e leis e, ou instrumentos complementares
responsáveis por promover o ordenamento urbano.
No âmbito federal, a União é competente para legislar a respeito de
urbanização nos limites e parâmetros constantes na Constituição Federal de 1988,
especificamente através dos artigos 182 e 183, que tratam do capítulo relativo à
Política Urbana. Esses artigos asseguram maior autonomia aos municípios, que
passaram a ter maior liberdade para a gestão local, uma vez que a política de
desenvolvimento urbano
(14)
será executada pelo poder público municipal, através
do planejamento territorial e da gestão urbana, objetivando o pleno desenvolvimento
das funções sociais da cidade, promovendo o bem estar de seus habitantes,
garantindo o direito à Cidade para todos os que vivem nela (IBAM, 1993).
(14)
Entende-se por desenvolvimento urbano não apenas a expansão ou modernização da
área urbana, mas a melhoria na qualidade de vida, através da distribuição equilibrada dos
recursos, considerando-se as questões ambientais, tais como preservação do meio
ambiente, diminuição dos níveis de poluição atmosférica, entre outros fatores que degradam
o meio urbano (SOUZA, 2003).
33
Na abordagem municipal, os municípios possuem a atribuição de
editar e executar o Plano Diretor
(15)
ou plano Diretor de Desenvolvimento
Integrado, o qual constitui-se num “complexo de normas legais e diretrizes técnicas
para o desenvolvimento global e constante do Município, sob os aspectos físico,
social, econômico e administrativo, desejado pela comunidade local”
(MEIRELLES, 1983). Trata-se de um processo contínuo de planejamento (não
estático), que estabelece as prioridades nas realizações do governo local, ordena o
crescimento da cidade e disciplina as atividades urbanas em benefício da
coletividade.
Especificamente quanto aos fatores territoriais, o Plano Diretor deve
conter propostas de uso e ocupação do solo urbano e de expansão urbana (que
servirão de base para a legislação urbanística), objetivando discussões a respeito do
desenvolvimento do Município. Entre os instrumentos legais mais utilizados estão a
Lei de Uso e Ocupação do Solo, Lei de Sistema Viário, Lei de Parcelamentos,
Código de Obras, Código de Posturas, entre outros, aplicados com fins urbanísticos
(IBAM, 1993).
A Lei de Uso e Ocupação do Solo ou de Lei de Zoneamento
Municipal está relacionada diretamente aos aspectos qualitativos (uso) e aos
aspectos quantitativos (ocupação) do solo (HARDT, 1998). Esta lei delimita e
regulamenta o uso e ocupação do território municipal. A partir do zoneamento, é
definida a distribuição espacial das atividades sócio econômicas e da população
(MOTA, 1999).
Para PUPPI (1981), zoneamento é um instrumento para a
sistematização das cidades e para a regulamentação urbanística, onde ocorre o
seccionamento da cidade em conformidade com suas características fisiográficas e
econômicas. O zoneamento utiliza-se da delimitação de áreas com a definição de
usos, para organizar a cidade, considerando sua capacidade de absorção quanto a
(15)
Essa atribuição está prevista na Constituição Federal, nos artigos 182 e 18, que tratam
da Política Urbana.
34
infra-estrutura existente (IBAM, 1993). Isso ocorre para ordenar o uso da terra e
dos edifícios, a altura e o gabarito das construções, a proporção que estas podem
ocupar e a densidade da população (BRUNA, 1983). O zoneamento em termos
legislativos é um preceito legal (FERRARI, 1986), que objetiva o solo em prol do
bem comum, devendo para tanto ser aprovado pela Câmara de Vereadores
Municipais. A importância do zoneamento também nas áreas rurais, pode ser
evidenciada, como por exemplo, na determinação de áreas mais propícias para
lavoura ou reflorestamento ou recreação ou outros usos. É o zoneamento que
determina, através de um estudo detalhado, as formas de circulação, principais vias,
terminais de transporte, locais com demanda para equipamentos sociais (creches,
escolas, postos de saúde, praças, parques, entre outros), áreas residenciais,
comerciais, industriais, ou seja, qualquer intervenção humana que possa exercer
impacto sobre a coletividade. É a Lei de Zoneamento que estabelece também a
indicação dos usos conformes (aqueles permitidos para o local pelas respectivas
normas legais), usos desconformes (aqueles considerados incompatíveis pela lei
para o local) e usos tolerados (são os admitidos por mera liberalidade da
Administração a título precário, sendo dotado apenas de autorização e não de
licença) (MEIRELLES, 1983).
A Lei de Uso e Ocupação do Solo Urbano também classifica as áreas
municipais para efeitos tributários, buscando o equilíbrio entre os detentores da
propriedade e o interesse comum. Também objetiva regulamentar sobre o
parcelamento das glebas urbanas, com destaque para os loteamentos, que é a
principal forma de expansão das cidades. A mesma lei controla o uso do solo
urbano, pois da urbanização decorreram muitas conseqüências funestas, tais como
a redução dos espaços habitáveis, deficiência dos transportes coletivos, insuficiência
dos equipamentos coletivos, promiscuidade do comércio e da indústria com as áreas
de residência e lazer. Tudo isso conduziu ao encarecimento de algumas áreas
consideradas nobres, formando um estado de segregação e exclusão dentro das
cidades, nas quais a minoria abastada desfruta de infra-estrutura impecável, a qual é
rateada pela maioria, sob a forma de impostos, que, por sua vez, não recebe a
contraprestação devida pelo Estado. Tal dinâmica, segundo MEIRELLES (1983),
somente pode ser revertida através de maciça intervenção estatal, especificamente
35
aplicada sobre determinadas áreas, a fim de compatibilizar a utilização do espaço
urbano com os interesses da coletividade.
A delimitação das zonas deve basear-se em estudos que demonstrem
as potencialidades, condicionantes e deficiências das áreas, sob os mais variados
aspectos, sejam eles, ambiental, territorial, social, econômico, institucional, entre
outros, buscando sempre assegurar condições mínimas de conforto e salubridade
nas edificações e no espaço urbano (HARDT, 1998). Com base nesse diagnóstico
elaborado do município é possível definir áreas ambientalmente de risco ou de
preservação, onde se deva restringir ou conter determinados tipos de usos e os
parâmetros que deverão ser obedecidos.
A determinação desses índices ou parâmetros de planejamento do uso
do solo são fixados para “... definir e manter determinados usos do solo, de acordo
com as metas e valores públicos; limitar os usos que são incompatíveis com os
processos ecológicos do solo” (WESTMAN apud MOTA, 1999). Ainda segundo o
autor, as leis de zoneamento especificam usos e índices urbanísticos em áreas
ou espaços pontuais dentro do município, ou seja, especificam as exatas
localizações onde determinados usos do solo são aceitáveis e os parâmetros
máximos permitidos. Esses índices urbanísticos podem ser configurados como
quotas, densidades e proporções (PUPPI, 1981). Geralmente são utilizados: índice
de utilização do terreno (relação entre a área construída e a área do terreno), índice
de ocupação do terreno (relação entre a projeção da edificação e área do terreno),
índice de elevação (gabarito), recuos laterais, frente e fundo e dimensões mínimas
do lote (FERRARI, 1986).
O estudo dessas proporções urbanísticas e suas relações com os
elementos naturais poderão servir de base para a proposição de novas alternativas
de ocupação, que garantam melhores condições de uso do meio urbano (DUARTE,
2000).
Nesse contexto, para esta pesquisa, é considerado que o zoneamento
visa dividir o município em zonas com o propósito de definir a cada uma delas, um
36
uso específico. Porém, nem sempre precede o desenvolvimento das cidades,
surgindo o zoneamento superveniente, que divide a área urbana em zonas
residenciais, zonas comerciais, zonas industriais e zonas institucionais. As zonas
residenciais devem prover ao cidadão condições de salubridade, segurança e
tranqüilidade, visando ao seu bem-estar. As zonas comerciais são destinadas ao
comércio varejista, o qual deve ser instalado junto às zonas residenciais, e ao
atacadista, o qual deve ser instalado junto às rodovias e ferrovias para a facilitação
do escoamento da produção. As zonas industriais são aquelas destinadas à
atividades industriais não incômodas ou nocivas que podem estar próximas das
áreas destinadas a serviço, às fábricas e atividades correlatas, ou em áreas
específicas como os distritos industriais. As zonas institucionais são aquelas
destinadas aos equipamentos públicos como escolas, creches, museus, entre
outros.
2.5.2 Legislação Urbanística de São José dos Pinhais
Em o Jo dos Pinhais, cidade objeto de estudo da presente
pesquisa, o crescimento urbano ocorreu de forma não planejada ameados dos
anos setenta, quando até então não existia a consciência da necessidade de leis
urbanísticas. No final da década de setenta, quando o município já apresentava uma
taxa de urbanização de 80,42% (IBGE, 2000), foi necessário que o crescimento
urbano tivesse uma forma de organização que conciliasse os interesses dos
diferentes agentes sociais que atuavam na cidade, bem como impedisse a ocupação
de áreas impróprias. Assim, a Lei 14/79 instituiu o zoneamento de uso do solo e
definiu as diretrizes do sistema viário, baseado no Plano de Estruturação Urbana
(PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ DOS PINHAIS, 2005).
Em 1985, a Prefeitura Municipal e a Coordenação da Região
Metropolitana de Curitiba (COMEC) elaboraram uma reavaliação da legislação
anterior, pois essa o definia claramente o destino de áreas parceladas dentro
do município, nem os conflitos resultantes das atividades lindeiras ao aeroporto.
Além desses fatores, somavam-se as questões inerentes às mutações urbanas.
37
Nesse contexto foi proposto o Plano de Reestruturação Urbana que não chegou a
ser regulamentado.
Em 1990, foi concluído o primeiro ordenamento territorial em forma de
Plano Diretor. De caráter mais abrangente que os anteriores, esse plano considerou
pela primeira vez o município como um todo, destacando a preocupação com a
preservação do ambiente natural. Decorrente desse Plano Diretor foi aprovada a
Lei de Zoneamento de Uso e Ocupação do Solo (Lei 57/1990) que
permaneceu em vigor durante quatorze anos (PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO
JOSÉ DOS PINHAIS, 2005). Nesse período algumas correções e adaptações foram
feitas, porém a legislação não conseguiu acompanhar a evolução do município,
ficando sob vários aspectos, defasada.
No final do ano de 2004, foi aprovado o novo Plano Diretor
Municipal, que contemplou tanto a área urbana quanto a área rural. Esse plano
considerou o disposto na Constituição Federal, no que concerne a política de
desenvolvimento urbano e os instrumentos previstos no Estatuto da Cidade, além da
legislação ambiental pertinente. Porém apesar de totalmente revisado, o Plano
Diretor aprovado não contempla a questão referente às condições climáticas, o que
reafirma a necessidade de estudos desta natureza.
Na seqüência, serão abordados os assuntos relativos a clima,
climatologia e clima urbano, que associados com os conhecimentos anteriormente
expostos de planejamento urbano e legislação urbanística, permitirão o
embasamento teórico necessário para a realização do monitoramento e posteriores
considerações finais da presente pesquisa.
2.6 CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE CLIMA URBANO
Para arquitetos como MASCARÓ (1978, 1996) o clima é uma
característica permanente do tempo, em um lugar, em meio a suas infinitas
variações, sendo constante e previsível. O clima é formado (composto) por fatores
estáticos (posição geográfica e relevo) e fatores dinâmicos (temperatura, umidade e
movimento do ar). O tempo, segundo a autora, é um estado atmosférico em um
38
determinado momento considerado em relação a fenômenos meteorológicos:
temperatura, umidade, ventos, entre outros.
A definição de clima difere de acordo com as áreas de estudo, ou seja,
para os climatólogos e geógrafos como SORRE(1934) apud TARIFA (2001, 12p.), o
“clima é a série de estados atmosféricos acima de um lugar em sua sucessão
habitual”. Através da comparação das definições é possível perceber que enquanto
a definição de Mascaró é estática a de Sorre demonstra o dinamismo do clima,
evidenciado particularmente no mês de dezembro de 2004, quando foram realizados
os monitoramentos
(16)
.
GIVONI (1976) e LYNCH (1980) apud ROMERO (2000) afirmam que o
clima de uma dada região é determinado pelo padrão das variações dos elementos
e suas combinações, destacando que os principais elementos climáticos que devem
ser considerados no planejamento urbano e no conforto humano são: radiação solar,
comprimento da onda da radiação, temperatura do ar, umidade, ventos e
precipitações. Para ELNAHAS (1999), formas de melhorar ou ao menos reduzir
os efeitos locais negativos do clima através do trabalho conjunto dos planejadores
e climatólogos urbanos, no sentido de realizarem estudos que contemplem o
planejamento no sentido político (gestão pública) e ambiental, procurando responder
a problemas e demandas locais. Estudos do clima em conjunto com a arquitetura
podem ser dirigidos a otimizar a energia ambiental do Sol e do vento, reduzindo o
consumo de energia e melhorando, desta forma, o conforto térmico humano
(ELNAHAS 1999). Esses estudos, buscando climas mais amenos, poderiam ser
baseados nos critérios da qualidade da ventilação, nos efeitos da circulação local, na
redução do vento e no controle da poluição do ar (KATZSCHNER 1988).
Segundo ELNAHAS (1999), as estruturas urbanas afetam os
elementos climáticos principais, tais como a radiação, a velocidade de vento e a
temperatura do ar. Essas estruturas urbanas, suas densidades e atividade dos seus
(16)
Vide Capítulo 3
39
ocupantes criam microclimas especiais. A pedra, o asfalto e outras superfícies
impermeáveis que substituem a vegetação têm uma alta capacidade de absorver e
reirradiar calor. A chuva é rapidamente escoada antes que a evaporação consiga
resfriar o ar. O calor produzido pelo metabolismo dos habitantes e aquele gerado
pelas indústrias e veículos ajudam a aquecer a massa de ar. Estas atividades
também liberam na atmosfera vapor, gases e partículas em grandes quantidades.
Estes processos normalmente ocasionam uma região de calor sobre as cidades
onde a temperatura tende a ser mais alta do que no ambiente circundante. Este
fenômeno é mais marcante no verão em áreas temperadas, quando os prédios
irradiam o calor absorvido (JACOBI, 1999).
Para ASSIS (1997), o clima é produto fundamentalmente do fenômeno
de transformação de energia, a partir da interação entre o ar atmosférico e o
ambiente urbano construído. ASSIS (2000) apud DUARTE (2000) defende que
possibilidade de manter boas condições climáticas nas áreas urbanas a partir da
análise da variável geometria da malha urbana, uma vez que a geometria urbana é
um dos fatores que mais modificam os microclimas urbanos (EMMANUEL, 1993
apud DUARTE, 2000). Segundo o autor, durante a concepção do projeto, por meio
da exploração da geometria, deve-se analisar a relação da massa edificada e da
vegetação, associada ao uso da água para resfriamento dos recintos urbanos,
visando reduzir a radiação solar durante o dia e o seu equilíbrio com os demais
elementos naturais. Essa visão coloca em evidência a geometria urbana e o uso dos
materiais da construção civil no processo de mudança climática causado pelos
assentamentos urbanos (OKE, 1981 apud DUARTE, 2000) e, conseqüentemente a
importância do planejamento urbano e de edificação no controle da qualidade do
clima da cidade, ou mais precisamente na qualidade de vida da população (ASSIS,
1997).
De acordo com MONTEIRO (2003), existem sete ordens de grandeza
taxonômica das unidades climáticas. São elas: Zonal, Regional, Sub-Regional,
Local, Mesoclima, Topoclima e Microclima. Os quatro primeiros espaços climáticos
dizem respeito a milhões, centenas ou dezenas de quilômetros, ou seja, a
megalópoles ou grandes áreas metropolitanas. O mesoclima pode ser
40
exemplificado como uma cidade grande ou bairros. O topoclima pode ser
exemplificado como pequenas cidades ou fácies de bairro. O microclima é a menor
fração da unidade sica, ou seja, um setor dentro de uma cidade, um conjunto
habitacional
(17)
.
Segundo ROMERO (1984, 1988), os microclimas podem ser
exemplificados como as formas criadas pelo homem, como edificações, ruas,
estacionamentos, sombras, associadas com a superfície do solo natural. Para
MASCARÓ (1996), no microclima o considerados os efeitos das ações humanas
sobre o entorno, assim como a influência que estas modificações exercem sobre a
ambiência dos edifícios.
Segundo MASCARÓ (1985, 1986) e GARCIA (1992), os climas
urbanoso caracterizados, em geral, pela grande influência que a superfície
construída exerce sobre a atmosfera adjacente, ou seja, são decorrentes da
urbanização dos centros urbanos, onde o uso excessivo de pavimento e concreto,
os altos edifícios próximos entre si, a emissão de calor de condicionadores de ar e
outras fontes de calor doméstico e a concentração de poluição induzem à
modificação do clima original. Esses fatores em geral contribuem para o
armazenamento de muito mais calor que a vegetação e a terra, ou seja, o meio
natural não antropizado. Esse fenômeno é conhecido como Ilhas de Calor, onde
durante o dia simultaneamente armazenamento ("c) e em i s s ão ("l ) de ca l or e à
noite somente emissão do calor armazenado durante o dia. Por estar relacionada à
urbanização, a Ilha de Calor alcança temperaturas mais altas nas áreas com maior
densidade e resfria-se gradualmente nas regiões com menores densidades. Para
LOMBARDO (1985), a ilha de calor é um fenômeno que associa as ações antrópicas
sobre o meio ambiente urbano (uso do solo) e os aspectos do meio físico e seus
atributos geoecológicos.
(17)
Esta pesquisa está focada no topoclima.
41
Estudos realizados demonstram que o fenômeno denominado Ilhas de
Calor deve-se menos ao efeito estufa (ERICKSEM apud CAVALHEIRO, 1995) e
muito mais aos fatores urbanos específicos, tais como: efeito da transferência de
energia nas construções urbanas, com formas geométricas especiais (estruturas
verticais, cores e tipo de material); evaporação reduzida e conseqüentemente falta
do efeito por ela produzido (pouco revestimento vegetal e rápido esgotamento das
águas pluviais por canalizações); redução da velocidade do vento devido às
edificações; aumento da radiação de onda longa; e fontes de calor estacionárias
oriundas das atividades humanas, tais como transporte coletivo, indústrias,
calefação, ar condicionado (GARCIA, 1992 e ROMERO, 2001).
De acordo com OKE (1973) apud DUARTE (2000), a apresentação
de um modelo relacionando a intensidade da ilha de calor com a população.
Entretanto, o mesmo autor (OKE 1981 apud DANNI, 1987) conclui que a geometria
urbana e as propriedades rmicas das superfícies influenciam de modo mais
acentuado na formação e no agravamento das Ilhas de Calor quando comparados
com o vento ou com a densidade populacional. Isso foi verificado também por
DANNI (1987), que aplicou o modelo de Oke em Porto Alegre e não obteve a
correlação entre a intensidade da ilha de calor e a população.
De acordo com OKE (1978) apud ROMERO (2001), a atmosfera, sob a
influência urbana, pode ser distinguida entre a camada limite urbana (urban
boundary layer) e a camada de cobertura urbana (urban canopy layer). A camada
limite urbana, definida por processos em meso-escala, é a camada mais próxima à
superfície urbana, sendo limitada pelo skyline
(18)
e por esse motivo recebe toda a
influência da urbanização. A camada de cobertura urbana, definida por processos de
micro-escala, é limitada pelo skyline, ou seja, está localizada entre o topo dos
edifícios e o solo, conforme demonstrado na figura 01 de autoria de OKE (1978)
(OKE (1978) apud ROMERO (2001)).
(18)
É o perfil das edificações no nível das coberturas, sendo calculado como o limite superior
a três vezes a altura do prédio mais alto.
42
FIGURA 01 – CAMADAS DA ATMOSFERA - 2001
FONTE: ROMERO, M. A. B. Arquitetura bioclimática do espaço público. Brasília: UNB,
2001, pág. 47.
NOTA: Adaptado por ROMERO a partir de OKE (1978).
Na seqüência serão apresentados os aspectos referentes ao estado da
arte dos estudos de climas urbanos, as pesquisas internacionais e nacionais
realizadas e os resultados obtidos que embasaram o monitoramento realizado.
2.7 ESTADO DA ARTE DOS ESTUDOS DE CLIMAS URBANOS
rios são os autores que estudam as diferenças do clima nas cidades,
principalmente a partir do século XX, quando se verificou um grande adensamento
nas cidades. A demanda para a melhor gestão dos espaços urbanos oriunda das
elevadas taxas demográficas e de urbanização mundial nos anos cinqüenta e
sessenta aproximaram os estudos de climas urbanos com o planejamento urbano
(MONTEIRO 1976 apud MENDONÇA 1994). Porém, mesmo com as elevadas taxas
demográficas e a conseqüente necessidade de melhorias na gestão dos espaços
urbanos, são pouco valorizadas as contribuições dos climatólogos para as decisões
de planejamento.
43
De acordo com ROMERO (2001) e GARCIA (1992), um dos primeiros
estudos sobre climatologia urbana, realizado em Londres, é atribuído a Luke
Howard, em 1818. Outros estudos foram realizados por Renou (1862) e Hann
(1897:1908), entre outros. Entretanto, inicialmente durante a Primeira Guerra
Mundial foram desenvolvidos equipamentos para medição dos elementos do clima,
quando também foram criados os serviços de meteorologia e climatologia. Até então
os estudos restringiam-se ao campo térmico e principalmente às diferenças do clima
nas áreas urbanas e rurais (MENDONÇA, 1994).
Após a Segunda Guerra Mundial, com as altas taxas de crescimento
das cidades e das regiões metropolitanas no mundo, as pesquisas quanto aos
climas urbanos avançaram consideravelmente, principalmente nos Estados Unidos,
Europa e mais recentemente no Japão. Segundo MONTEIRO (2003), o marco
teórico dos estudos sobre climas urbanos é atribuído a Landsberg, em 1956, com o
seu trabalho “The Climate of Towns”. Em 1965, Chandler, com seu estudo sobre o
clima de Londres, merece destaque por ser considerado o primeiro estudo sobre
clima de uma metrópole (GARCIA, 1992; MONTEIRO, 2003). Os principais
pesquisadores internacionais são Kratzer (1956), Bornstein (1968), Oke (1974,
1979), Givoni (1976), Landsberg (1976,1981), Lowry (1977), Garcia (1992), Lopez
Gomes (1984:1991), Carreras (1990), Brunet (1989), Tso (1995), Saitoh (1996,
2001), Yoon (2003), Lee (2003), entre outros.
Dentre as técnicas utilizadas para os monitoramentos dos climas
urbanos estão as mais tradicionais como instalação de rede de estações
meteorológicas, observação móvel da temperatura e da umidade do ar
(equipamentos acoplados a bicicletas e carros) ou termometria infravermelha (com o
auxílio de aeronaves ou satélites) (DANNI, 1987).
MENDONÇA (1994) ressalta que os estudos sobre clima urbano até
pouco tempo atrás se restringiam a uma abordagem meteorológica,
eminentemente estatística, em detrimento da analítica. Todavia, a partir da
apreensão da dinâmica atmosférica e seu inter-relacionamento com as atividades
44
humanas, houve a adoção de um enfoque mais geográfico para o estudo do clima e,
mais particularmente, do clima urbano.
GIVONI (1998) propôs que, em vista dos modelos de climas urbanos
existentes, a variável população fosse substituída por densidade, uma vez que esta
caracteriza-se por ser um elemento influenciador mais contundente no aquecimento
urbano do que aquela. Salienta ainda que existe a possibilidade de criar um
microclima nunca antes sentido para uma determinada localidade, os chamados
oásis urbanos. Para KEEBLE, COLLINS e RYSER (1990), as estruturas e as
paisagens urbanas devem ser projetadas buscando criar microclimas protegidos,
explorando as influências climáticas favoráveis e protegendo as menos favoráveis.
Com este objetivo, os estudos de climatologia urbana podem contribuir para
desenvolver critérios que auxiliem os planejadores urbanos a estabelecer climas
com maior conforto para seus usuários. Para isso, é necessário o conhecimento das
variáveis climáticas para a determinação do conforto ambiental urbano e das
edificações (HACKENBERG, 1993; MATTOS, 1993).
Desde o ano de 1996, segundo DUARTE (2000), vêm sendo
desenvolvidos estudos que perfazem o projeto POLIS da European Comission, em
Atenas, encabeçado pelo professor Matheos SANTAMOURIS (1998). Tal projeto
instalou aproximadamente quarenta estações de medição a fim de monitorar alguns
parâmetros climáticos. Chegou-se a diferenças climáticas da ordem de dezoito graus
entre algumas áreas da cidade de Atenas e a uma queda de 25% do nível de
eficiência dos aparelhos de ar-condicionado em virtude do aumento de temperatura
de determinadas áreas da cidade.
Algumas cidades da Europa estão incluindo dados do clima na planta
de desenvolvimento urbano. Estes estudos estão ajudando a encontrar soluções
para a melhoria da cidade principalmente no aspecto ambiental (KATZSCHNER,
1988). De acordo com DUARTE (2000), na Alemanha vários estudos tradicionais
relacionando o clima urbano com o planejamento em Frankfurt, Stuttgart, Hannover
e Kassel.
45
Na década de setenta, muitos estudos foram realizados buscando a
utilização de fontes naturais de energia na construção e na climatização de edifícios.
Muitos autores propõem inter-relação efetiva dos fatores ambientais e dos espaços
construídos, proporcionando ao homem o conforto térmico desejável. Essas
soluções foram exclusivamente arquitetônicas, o que significa dizer que seria
possível extrapolar essas diretrizes para a própria malha urbana, através de índices
urbanísticos (ROMERO, 1984).
MONTEIRO (2003), buscando avaliar o papel da urbanização na
criação de um ambiente climático diferenciado daquele regional, elaborou um
modelo teórico para a investigação do clima urbano. Em seu modelo teórico,
Monteiro desenvolve uma metodologia de análise em que considera o clima urbano
como um sistema (Sistema Clima Urbano - S.C.U.), composto de subsistemas, que
se articulam segundo canais de percepção.
De acordo com MENDONÇA (1994), por se tratar de uma proposta
metodológica, a primeira e única obra respeitando o clima urbano brasileiro foi a de
MONTEIRO (2003), a qual representou um marco histórico na climatologia brasileira
e a fundação de uma escola brasileira de estudos climatológicos. A partir de tal obra,
a grande maioria dos estudos de caso efetuados no país foram formatados com
base no SCU Sistema Clima Urbano uma proposição metodológica elaborada
pelo autor conjuntamente com o Laboratório de Climatologia da Universidade de São
Paulo.
O SCU constitui-se numa abordagem geográfica do clima da cidade,
abrangendo o somente os elementos de ordem meteorológica da atmosfera, mas
também os elementos da paisagem urbana. O autor aplicou as diretrizes da
funcionalidade sistêmica de Bertalanffy para propor três diferentes subsistemas, os
quais propiciam o estudo detalhado do ambiente atmosférico da cidade e, por
conseguinte, o detalhamento do seu clima e a formulação de soluções concernentes
ao planejamento (MONTEIRO, 2003). O modelo sistema clima urbano, portanto,
abrange o conforto térmico (resolução termodinâmica), a qualidade do ar
(resolução físico-química) e o impacto meteórico (precipitações) (MONTEIRO,
46
1976 apud MENDONÇA, 1994). Diante disso, os elementos climáticos devem ser
relevados em todos os níveis de planejamento, dotados de um caráter universal e
com a possibilidade de serem utilizados em separado para cada etapa do processo
de planejamento (BITAN 1988 apud DUARTE 2000). Porém conforme
PEARLMUTTER, BITAN e BERLINER (1999) apud DUARTE (2000), uma
carência de análises em micro-escalas de condições de conforto térmico aplicáveis
ao desenho urbano. Recentemente, estudos, nestas condições, foram realizados em
Curitiba por BLANCHET (2004), KRÜGER e ROSSI (2002, 2004).
O SCU é um sistema singular, aberto, dinâmico, podendo ser adaptado
e auto-regulado de acordo com as necessidades e limitações da pesquisa,
responsável por perpassar o clima local (natural) e a cidade (social) (MONTEIRO,
2003). Devido ao fato de considerar os canais de percepção humana, o modelo
possui grande potencial de integração interdisciplinar com a área de planejamento
urbano, uma vez que parte do ser humano o referencial para os problemas e valores
do espaço geográfico.
MENDONÇA (1994) relata que o subsistema termodinâmico
configurou-se como o principal foco de estudos de caso brasileiros, tendo
notoriamente se sobrepujado sobre os demais físico-químico e hidrometeórico. A
partir dos anos 80 a identificação das Ilhas de Calor contribuiu para que o primeiro
subsistema obtivesse ainda maior representatividade junto aos estudos de clima
urbano, tendo como seus precursores TARIFA (1977), SARTORI (1979) e DANNI
(1980), sendo que a última contribuiu com o primeiro estudo mapeado sobre Ilhas de
Calor no Brasil, aplicado a Porto Alegre.
Em OKE, TAESLER e OLSSON (1990) a apresentação do
programa TRUCE (The Tropical Urban Climate Experiment) da WMO (World
Meteorological Organization), o qual objetivou traçar o perfil dos mecanismos de
controle de modificação da atmosfera das cidades tropicais bem como estabelecer
parâmetros para o planejamento e previsão ambientais.
47
De acordo com DUARTE (2000), o ano de 1977 foi de grande
importância para o estudo do clima urbano na medida em que houve a divulgação
da Cartilha Urbanística do Clima, na qual o enfoque do clima urbano como fator de
vital importância para o planejamento passou a ser cada vez mais recorrente e
atuante. Segundo BAUMÜLLER (1986) apud DUARTE, a partir de tal momento
tornou-se fundamental a abordagem do meio ambiente atmosférico no planejamento
de uma cidade.
KATZSCHNER (1997), por sua vez, enumera três aspectos
influenciadores do clima urbano: ventilação e balanço de energia, topografia do sitio
e estrutura urbana. Com a identificação da tipologia da área edificada e das áreas
verdes em geral é possível identificar previamente as áreas mais apropriadas para o
adensamento, para a concentração de áreas verdes, verticalização, etc.
Para KATZSCHNER (1997), em uma primeira etapa, deve ser feita
uma analise geográfica de mapas de uso de solo, estruturas, vegetação, sistemas
de drenagem, etc. Tal análise pode ser utilizada junto a resultados de medições de
clima urbano, principiando um mapeamento de padrões climáticos que congrega
todos os fatores em um único sistema de classificação climática. O autor também
determina uma classificação dos fatores que influenciam o clima urbano associada
às condições de taxa de ocupação, altura, densidade dos edifícios e fator de
rugosidade, elementos os quais conduzem a uma classificação baseada na
intensidade da ilha de calor, de padrões de qualidade do ar e condições
microclimáticas.
ASSIS (1997) apud DUARTE (2000) ressalta que, para aplicação da
climatologia ao planejamento urbano, deve haver a compatibilização das escalas
de abordagem e a formulação de modos de representações úteis ao planejamento
urbano e a relevância da perspectiva histórica e dos valores humanos. Com relação
à abordagem sistêmica, esta deve ser aplicada em caráter restrito a fenômenos
específicos, os quais o abranjam relações complexas na organização sócio-
espacial. Porém ainda é difícil a integração entre os climatologistas urbanos e os
arquitetos ou planejadores urbanos, principalmente devido às diferenças de
48
linguagem entre os envolvidos. O trabalho do climatologista, muitas vezes, o
chega ao planejamento urbano porque o tem ferramentas para isso; e o arquiteto,
na maioria das vezes não domina a modelagem matemática oriunda dos estudos
dos climatólogos urbanos. Segundo DUARTE (2000), falta uma linguagem mais
acessível tanto para os arquitetos urbanistas quanto para os estudiosos dos climas
urbanos, que resulte no somatório de conhecimentos e em propostas concretas de
planejamento e desenho urbanos adequados ao clima. Esses estudos poderiam
estabelecer um padrão de ocupação mais adequado, ocasionando redução nos
gastos de energia e maior conforto para os usuários.
No que concerne ao Brasil, MENDONÇA (1994) relata que os estudos
relacionados ao clima urbano surgiram principalmente em virtude da preocupação
com a queda da qualidade ambiental das grandes cidades brasileiras sobretudo
na década de setenta. A partir de tal década surgiram os primeiros trabalhos
abordando o tema, sendo que o pioneiro foi o elaborado por GALLEGO (1972)
tratando dos problemas da poluição na cidade do Rio de Janeiro e ao qual se
sucederam dezenas de outros (MENDONÇA, 1994).
De acordo com MENDONÇA (2003), no Brasil, os estudos de climas
urbanos utilizam-se de dados meteorológicos oficiais (oriundos de estações da rede
pública de observação) e de mini-abrigos termométricos móveis, que o
distribuídos em rede e/ou transectos pela área a ser pesquisada.
Para MENDONÇA (1994) os estudos de climas urbanos no Brasil , até
os anos 90, utilizavam-se da cartografia, do uso do solo, da topografia do sítio
urbano em detrimento da orientação das vertentes do relevo e da dinâmica dos
ventos locais da superfície.
MENDONÇA (2003), afirma que a partir dos anos noventa, os estudos
no Brasil, passaram a utilizar-se de mini-estações meteorológicas automáticas,
sensores eletrônicos e imagens de satélites. No entanto, a grande maioria dos
estudos de climas urbanos no Brasil, consideram a variação hipsométrica e o uso do
solo urbano. O primeiro baseia-se na variação barométrica e térmica de acordo com
49
a altitude, enquanto que o uso do solo urbano relaciona-se com a densidade da
ocupação e suas superfícies.
Um levantamento efetuado por MENDONÇA (1994) reuniu cerca de
vinte e oito trabalhos publicados no Brasil com a temática do clima urbano. Se
considerados os demais trabalhos surgidos na segunda metade da década de
oitenta e início da década de noventa, somam-se quarenta e seis trabalhos. Porém,
de acordo com MENDONÇA, das 1865 obras internacionais listadas por IMAMURA-
BORNSTEIN and BORNSTEIN apenas seis são de autores brasileiros mero
que, segundo MENDONÇA (1994), não abrange toda a produção científica acerca
da climatologia urbana no Brasil.
Em 2003, MENDONÇA (2003), refez o levantamento sobre estudos de
climas urbanos no Brasil e chegou a setenta e sete obras
(19)
. A grande maioria dos
estudos refere-se ao campo termodinâmico, seguido do campo hidrometeórico e do
campo físico-químico.
Analisando-se o panorama nacional, de acordo com DANNI-OLIVEIRA
(1987) algumas cidades estudadas foram Porto Alegre, Londrina, São José dos
Campos, Salvador, Recife, Rio de Janeiro, São Paulo, Cuiabá, Curitiba, entre outras.
Em Recife, um estudo realizado junto à Universidade Federal de
Pernambuco (FERREIRA, 1999), constatou que os elementos climáticos são
alterados em suas proporções e direcionamentos, devido aos ambientes
construídos, gerando novos microclimas urbanos. Uma pesquisa realizada em
Brasília, com objetivo de elaborar intervenções urbanísticas na cidade, elencou
critérios e conceitos relacionados ao microclima (GOUVEA, 1995). Em Cuiabá,
DUARTE (2000), em sua tese de doutorado, constatou que os microclimas urbanos
desconfortáveis são formados através da relação desequilibrada entre adensamento
(19)
De acordo com o autor, a maioria dos estudos realizados foram para a região Sudeste
do país, seguido do Nordeste, Sul, Centro-Oeste e Norte.
50
e clima, muitas vezes decorrentes dos padrões inadequados de uso e ocupação do
solo urbano. Essa constatação foi verificada através das correlações entre taxa de
ocupação, coeficiente de aproveitamento, arborização urbana e água com as
variáveis climáticas: temperatura e umidade. LOMBARDO (1985) concluiu que
uma intensa relação entre os tipos de uso do solo urbano e a variação das
temperaturas superficiais na cidade de São Paulo, tendo concluído que a diferença
entre a área central e a zona rural pesquisadas foi de 10°C de temperatura. Dessa
forma, as maiores temperaturas são auferidas em áreas de acentuado crescimento
vertical, densidade demográfica acima de trezentos habitantes por hectare e pouca
quantidade de vegetação sobretudo nas regiões industriais e residenciais. Porém
verifica-se uma lacuna na integração de conhecimentos, onde o grande desafio é
transformar os dados de clima urbano em índices urbanísticos. Dessa forma,
LOMBARDO (1985), forneceu subsídios para o trabalho de SANTANA (1997), o qual
objetivou estabelecer a relação entre uso do solo, forma urbana e oscilações na
temperatura atmosférica em Fortaleza. Este concluiu que, durante o dia, as maiores
temperaturas foram auferidas nas zonas de maior densidade de edificações,
veículos e pessoas, dotadas de pouco sombreamento e vegetação. No entanto, pela
manhã, as áreas verticalizadas apresentaram menores temperaturas. Também com
menores temperaturas, as áreas à beira-mar e as zonas com presença de corpos de
água e vegetação em abundância. Nesse sentido, essa pesquisa resultou em
algumas recomendações para os planejadores urbanos, tais como: recuos entre os
edifícios a fim de garantir a circulação dos ventos, a arborização dos passeios,
colocação de praças arborizadas entre quadras densamente ocupadas, a
formatação de parques urbanos, criação de sombras visando o aproveitamento da
ventilação e a escolha mais criteriosa dos materiais urbanos.
Nesse contexto, baseado nos estudos pesquisados e seus resultados,
para esta pesquisa será utilizada a proposta desenvolvida por MONTEIRO (2003), o
Sistema Clima Urbano, por considerar o clima urbano como um sistema, aberto e
dinâmico.
51
6 MÉTODO DE PESQUISA: DIRETRIZES TEMPORAIS E ESPACIAIS DO
MONITORAMENTO
6.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS
Neste capítulo da dissertação será detalhada a delimitação da área de
estudo, o todo de pesquisa utilizado, suas vantagens e limitações, recursos
técnicos, além dos procedimentos adotados para o monitoramento da temperatura.
6.2 DELIMITAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
Na elaboração da presente pesquisa definiu-se a área urbana de São
José dos Pinhais/PR, Região Metropolitana de Curitiba (RMC), como cenário de
estudo. Essa determinação está associada à dinâmica municipal, aos índices de
crescimento, pelo fato de estar inserida em uma Região Metropolitana, pelo seu
porte e por não existirem estudos dessa natureza no município.
As regiões metropolitanas são assim denominadas quando
caracterizarem uma mancha de ocupação, oriunda da conurbação e/ou
periferização, diretamente polarizada com a metrópole, envolvendo municípios
limítrofes ou não, porém com forte relação social, econômica e política (IPEA, 2000).
De acordo com projeções do IBGE (2000), em 2010, 47% dos brasileiros residirão
em 49 Regiões Metropolitanas que agregam 379 dos 5.500 municípios do país.
Segundo dados do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada)
(2000) a Região Metropolitana de Curitiba (RMC) é categorizada como de nível
nacional devido ao seu padrão funcional e abrangência da polarização. Possui 26
municípios que a integram (Lei Estadual 12.125/1998), concentrando cerca de
30% da população total do Estado, com 2,7 milhões de habitantes. Segundo o PDI
(Plano de Desenvolvimento Integrado) (2001), a RMC diferencia-se das demais
regiões do Paraná pelo seu intenso processo de crescimento. De 1970 a 2000 a
região triplicou sua população, passando de 875 mil para 2,7 milhões de habitantes,
projetando cerca de 3,7 milhões de habitantes para o ano de 2010 (PDI, 2000).
52
A figura 02 apresenta a localização do Estado do Paraná, os
municípios que compõem a Região Metropolitana de Curitiba e o município de o
José dos Pinhais, que se inclui nesse adensamento metropolitano.
53
54
De acordo com o PDI de 1978 (PDI, 2000), o desenvolvimento
proposto para a Região Metropolitana de Curitiba não poderia ser homogêneo,
devido às questões ambientais e sócio-econômicas. Diante disso, foram articulados
cinco compartimentos que subdividiram a RMC de acordo com suas
peculiaridades. À norte de Curitiba, devido aos terrenos dobrados e a presença de
aqüífero subterrâneo cárstico, foi identificada a vocação para conservação ambiental
intensiva, admitindo atividades primárias, não apresentando portanto condições de
urbanização intensa. À oeste da capital, foi previsto o desenvolvimento industrial e o
crescimento urbano, porém com a criação da APA (Área de Preservação Ambiental)
do Passaúna, a área o pôde ser ocupada como se pretendia. À leste, inicialmente
previa-se áreas de preservação e destinada a mananciais, porém verificou-se um
intenso processo de urbanização
(6)
. À Sul de Curitiba, com terrenos planos, foi
previsto o crescimento urbano, resguardadas as condicionantes ambientais. Na
região central, mais especificamente o município de Curitiba, foi previsto o
crescimento, que extrapolou os índices inicialmente previstos.
De acordo com o Plano de Desenvolvimento Integrado (PDI)
desenvolvido em 2001, pela Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba
(COMEC), a RMC foi dividida em três compartimentos de acordo com suas
características geofísicas e socioeconômicas (figura 03). O Núcleo Urbano Central
possui malha urbana conurbada e forte interação com o pólo metropolitano. O
Primeiro Anel Metropolitano compreende a mancha não limítrofe ao lo, porém
apresenta um processo de inserção regional. O Segundo Anel Metropolitano é
composto por municípios mais afastados da capital, com predominância de
configuração rural e urbanização em processo de desenvolvimento.
(6)
Prova desse processo de urbanização são os 229.618 lotes aprovados na RMC no
período entre 1949 até 1994, onde, desses 46,34% localizam-se na porção leste da RMC.
Até 1980, foram aprovados 153.844 lotes, totalizando cerca de 67% do total relativo ao
período inicialmente citado, ou seja, antes da aprovação do PDI e da Lei 6766/1979 que
trata dos processos de parcelamentos no Brasil (LIMA, 2000).
55
56
Os estudos que embasaram a proposta do PDI 2001, desenvolvidos
pela COMEC, são resultados da análise de vários aspectos da região, entre eles, os
aspectos ambientais, aspectos sócio-econômicos, aspectos físico-territoriais. De
acordo com a figura 04, é possível perceber as regiões mais propícias para a
ocupação, que no mapa estão representadas com flechas indicando o sentido das
possíveis expansões. Aliado a isso estão demarcados os anteparos geoambientais e
institucionais e as áreas de mananciais. Dessa forma pode-se concluir que os
municípios com capacidade de expansão na RMC são Araucária, Fazenda Rio
Grande e São José dos Pinhais.
Considerando-se hoje as conurbações nas grandes cidades, é possível
perceber as interrelações entre as cidades que compõem as regiões metropolitanas.
Não somente por uma determinação política, mas também pelas características
físicas e pelas relações de troca que ocorrem entre as cidades consideradas de uma
mesma região metropolitana, através das dinâmicas de interações e fluxos de
pessoas e atividade. É importante salientar que, muitas vezes, apesar de alguns
municípios fazerem parte de uma região metropolitana, pode não ocorrer uma
relação tão estreita de troca de atividades, principalmente devido a sua localização.
57
58
O rápido crescimento da Região Metropolitana de Curitiba (RMC),
nos últimos 10 anos, 3,33% (IBGE, 2000) transformou a paisagem da região. De
acordo com dados do IBGE (1991:2000) a região teve um incremento de
aproximadamente 1.370.000 habitantes no período de 1970 a 1996, sendo que
desses, 867.227 habitantes em Curitiba, 134.911 em São José dos Pinhais e
134.440 em Colombo, perfazendo 82% do incremento total. De acordo com as
projeções populacionais do IPARDES para 2010, esses três municípios
participarão com 70% da população total da RMC nesse período (figura 05).
O município de São José dos Pinhais, integrante do Núcleo
Urbano Central (figura 05), possui dentre os municípios da RMC, conforme
citado no Capítulo 1, uma das maiores taxas de crescimento populacional, tendo
sido registrado no período de 1991 a 2000, 5,38% (IBGE, 1991:2000). Para o
mesmo período, foi registrado o crescimento de 1,39% para o estado do Paraná
(IBGE, 1991:2000).
Quanto à população, o município de acordo com dados do censo
de 2000 possuía 204.316 habitantes (IBGE, 2000). Segundo a projeção do
IBGE, para o ano de 2004, a população do município era de 243.750 habitantes
e para o ano de 2010 será de 339.891 habitantes, ou seja, um crescimento
acima da dia do estado do Paraná (IPARDES, 1999). Outro fator que merece
destaque para a apresente pesquisa é a densidade demográfica do estado do
Paraná que atualmente é da ordem de 49,71 hab/km², enquanto que a
densidade no município de São José dos Pinhais é de 272,40 hab/km², ou seja,
quase seis vezes a densidade estadual (IPARDES, 2004).
59
60
Um dos indicadores de crescimento municipal das três últimas décadas
é o número de alvarás expedidos pela prefeitura municipal, ou seja, na década de
80 foram expedidas 3.492 licenças para construção, número este que teve um
aumento de 74% na cada seguinte, totalizando 6.076 licenças e que no período
de 2000 a 2004 é da ordem de 3.764 (PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ
DOS PINHAIS, 2005).
Quanto aos aspectos econômicos, o município de São José dos
Pinhais é a terceira economia do Estado em termos de valor adicionado (tabela 01),
perdendo apenas para Curitiba e Araucária (IPARDES, 2003).
TABELA 01 – VALOR ADICIONADO, SEGUNDO MUNICÍPIOS DO PARANÁ -2003
MUNICÍPIO Valor Adicionado Total (R$)
Curitiba 12.842.517.134
Araucária 8.623.694.753
São José dos Pinhais 4.387.827.996
Foz do Iguaçu 4.065.176.543
Londrina 3.108.995.750
FONTE: IPARDES, 2003.
NOTAS: Considera-se Valor Adicionado Total a soma dos valores relativos à
Produção Primária, Indústria, Comércio, Recursos e Autos.
Dados adaptados por PERTSCHI, S.C., 2005.
O município de São José dos Pinhais está classificado no quesito
tipologia como um dos trinta e um municípios com Alto Grau de Desenvolvimento
no Paraná (IPARDES, 2003). Para determinação dessa classificação são
considerados vários indicadores, entre eles economia, renda, mercado de trabalho,
grau de escolaridade, saúde. Quanto ao Índice de Desenvolvimento Humano
Municipal (IDH-M)
(6)
, no Brasil o índice é de 0,764, enquanto que no Paraná é de
0,786 e no município de São José dos Pinhais é de 0,796 (IPARDES, 2000).
(6)
O IDH-M é composto pelos dados da educação (alfabetização e taxa de freqüência
escolar), longevidade e renda da população. Esse índice aponta o desempenho da melhoria
das condições de vida da população.
61
De acordo com dados do Plano de Desenvolvimento Urbano (PDU,
2003) a tendência é o aumento da ocupação da região, devido, entre outros fatores,
aos investimentos produtivos que estão localizados e serão realizados na periferia
imediata de Curitiba e no leste-sudeste e sul metropolitanos (Pinhais, São Jodos
Pinhais e Araucária), tais como o Contorno Leste, Aeroporto Internacional, acesso
ao Porto de Paranaguá, gasoduto Brasil-Bolívia, privilegiando novos investimentos
nessa "plataforma logística", donde se tem acesso aos mercados de São Paulo e do
sul do País.
Diante dessas colocações é possível reconhecer que São José dos
Pinhais é um núcleo importante, o na RMC como também no âmbito nacional,
devido ao seu crescimento e quantidade de investimentos. Concluindo, o município
e mais especificamente a área urbana de São José dos Pinhais, servirão com
cenário para a presente pesquisa e seus resultados poderão ser aplicados a outros
centros urbanos com características semelhantes.
6.3 CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA DE PESQUISA
Como problema de pesquisa da presente dissertação tem-se: no
padrão urbano de ocupação de São José dos Pinhais condições para
intensificar os campos térmicos intra-urbanos?
6.4 DESCRIÇÃO DO MÉTODO DE PESQUISA ADOTADO
O estudo do método está relacionado com o problema e o objetivo
desta pesquisa. Segundo GIL (1999), a escolha do todo deve estar relacionada
com o tipo de questão da pesquisa proposta, no controle que o pesquisador tem
sobre eventos comportamentais efetivos e no grau de enfoque de acontecimentos
históricos em relação a acontecimentos contemporâneos.
De acordo com YIN (1994), os métodos de pesquisa podem ser
entendidos de acordo com a tabela 02.
(7)
Vide Capítulo 3.
62
TABELA 02 – MÉTODOS DE PESQUISA – DEZ.2004
Estratégia Forma da questão
de pesquisa
Exige controle sobre
os eventos
comportamentais?
Focaliza
acontecimentos
contemporâneos?
Experimento
Como, por que. Sim Sim
Levantamento
Quem, o que, onde,
quantos, quanto.
Não Sim
Estudo de Caso
Como, por que. Não Sim
Pesquisa
Documental
Quem, o que, onde,
quantos, quanto.
Não Sim/Não
Pesquisa
Bibliográfica
Como, por que. Não Não
FONTE: YIN, R. K. Case study research: design and methods. Second edition. Applied
social research methods series, sage publications, 1994.
NOTA: Dados adaptados por PERTSCHI, S.C., 2005.
Para ROBSON (1993), os métodos de pesquisa podem ser assim
definidos: o método experimental que se utiliza de um objeto de estudo, com o qual
são realizadas comparações entre vários parâmetros para verificar quais são
aqueles que influenciam no objeto de estudo; Levantamento de dados compreende
o questionamento direto com as pessoas que estão envolvidas com o problema e
posteriormente uma análise quantitativa para obter as conclusões do dados
levantados; Estudo de caso pode ser definido como o conjunto de informações que
descrevem uma etapa ou totalidade do processo de uma fato; Pesquisa
documental utiliza-se de materiais que ainda o receberam um tratamento
analítico, ou aqueles que necessitam de alguma reelaboração; Pesquisa
bibliográfica baseia-se exclusivamente em material existente, como livros de leitura
corrente, livros de referência, publicações periódicas e impressos diversos.
O objetivo principal é investigar a relação entre ocupação do solo e as
possíveis alterações de temperatura em diferentes áreas de São José dos Pinhais.
Diante disso surge o questionamento “Como fazer?”. Segundo YIN (1994), os
63
métodos de pesquisa que respondem essa questão são o experimento, o estudo de
caso e a pesquisa bibliográfica.
O estudo de caso foi o principal método de pesquisa utilizado nessa
dissertação, seguido da pesquisa bibliográfica.
O método experimento por exigir um alto nível de controle das
variáveis do processo e buscar uma correlação estatística, induzindo a um modelo
matemático, não será utilizado como método de pesquisa. Esse método ainda mede
os efeitos ou resultados da manipulação de uma variável em outra, medindo-as,
controlando-as e normalmente envolvendo testes ou provas de hipóteses (ROBSON
1993). Para GIL (1991) experimento caracteriza-se em determinar um objeto de
estudo, selecionando variáveis que seriam capazes de influenciá-lo, definindo as
formas de controle e de observação dos efeitos que a variável produz no objeto.
O método estudo de caso envolve a análise profunda de um ou
poucos objetos sob vários pontos de vista, buscando seu amplo e detalhado
conhecimento. Atualmente, o estudo de caso é utilizado na investigação de
fenômenos das mais diversas áreas (GIL, 1991). Esse método, além de identificar as
relações entre os elementos analisados, tem a função de explicar sistematicamente
os fatos, que geralmente se relacionam com uma multiplicidade de variáveis. Os
dados normalmente devem ser representados sob a forma de tabelas, quadros e
gráficos estatísticos (FACHIN, 2003).
Segundo YIN (1994), o estudo de caso pode ser considerado uma
investigação empírica que analisa um fenômeno contemporâneo dentro de seu
contexto da vida real, principalmente quando os limites entre o fenômeno e o
contexto não estão claramente definidos.
O estudo de caso envolve a seleção de um caso único e de interesse
individual ou de um grupo para estudá-lo no seu contexto. As informações podem
ser coletadas a partir de uma gama de técnicas para obtenção de dados, incluindo
64
observação, entrevistas e análise de documentos (ROBSON, 1993). Esse método de
pesquisa ainda é analisado pelo autor como sendo um desenvolvimento minuncioso,
pormenorizado e intenso de um único caso ou sobre um pequeno número de casos
relacionados.
Pesquisa bibliográfica para ROBSON (1993) é definida como uma
investigação de fenômenos conhecidos e que estão descritos em material
publicado, como livros, publicações periódicas e impressos diversos. GIL (1991)
acrescenta que embora em quase todos os estudos seja exigido algum tipo de
pesquisa bibliográfica, pesquisas baseadas exclusivamente a partir de fontes
bibliográficas.
Oliveira (2001) salienta que a pesquisa bibliográfica não deve ser
confundida com pesquisa documental. Segundo o autor, a pesquisa bibliográfica tem
o objetivo de conhecer as diferentes formas de conhecimento científico, podendo ser
realizada em bibliotecas, institutos, centros de pesquisas, museus, acervos
particulares, bem como em outros tipos de fontes que possam fornecer dados de
determinado assunto. a pesquisa documental utiliza-se de materiais que ainda
não receberam tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados devido a
novas pesquisas.
A figura 06 mostra em linhas gerais, a ntese de um esquema teórico
das etapas do desenvolvimento da pesquisa.
65
FIGURA 06- QUADRO SÍNTESE DO DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA
DEZ.2004
Quanto às limitações do estudo de caso, segundo GIL (1991) pode-se
considerar a dificuldade de generalização dos resultados obtidos, podendo
acontecer do objeto de estudo ser atípico em relação a outros de mesma categoria.
YIN (1994), argumenta que o estudo de caso possui limitações quanto
à falta de rigor, ou seja, o pesquisador, baseado na flexibilidade, tem a tendência em
negligenciar os fatos e aceitar resultados equivocados ou visões tendenciosas, o
que pode alterar as conclusões; e dificuldades em generalizar, ou seja, a partir de
um número limitado de estudos há a tendência de generalização dos resultados.
66
A presente pesquisa está focada na obra “Teoria e Clima Urbano”,
proposta por Monteiro (1976), onde o autor, de acordo com o SCU (Sistema Clima
Urbano) descreve uma abordagem geográfica do clima da cidade. O presente
trabalho enquadra-se, segundo os canais da percepção, no primeiro subsistema
denominado de Termodinâmico devido aos estudos quanto ao conforto térmico,
bioclimatismo e urbanismo (Figura 07). Quanto a categoria taxonômica, este estudo
classifica-se no espaço climático denominado de topoclima (tabela 03), por tratar-se
de um estudo relacionado a bairros, subúrbios ou pequenas cidades (MONTEIRO,
2003).
67
FONTE: MONTEIRO, C.A. Teoria e Clima Urbano. In: MENDONÇA, F; MONTEIRO, C.A.
(org). Clima urbano. São Paulo: Contexto, 2003. p. 09-67.
NOTA: Dados adaptados por PERTSCHI, S.C., 2005.
68
TABELA 03 – CATEGORIAS TAXONÔMICAS DA ORGANIZAÇÃO
GEOGRÁFICA DO CLIMA E SUAS ARTICULAÇÕES COM O CLIMA
URBANO – DEZ.2004
Estratégias de
Abordagem
Ordens
de
Grandeza
Unidades
de
Superfície
Espaços
Climáticos
Espaços Urbanos
Fatores de Organização
II Milhões de
km
Zonal - Latitude – Centros de
ação atmosférica
III Milhões de
km
Regional - Sistemas meteorológicos
(circulação secundária)
IV Centenas
de km
Sub-
Regional
Megalópole/
Grande área
metropolitana
Fatores geográficos
V Dezenas
de km
Local Área metropolitana
/ Metrópole
Integração geológica –
ação antrópica
VI Centenas
de km
Mesoclima
Cidade Grande,
bairro ou subúrbio
de metrópole
Urbanismo
- Dezenas
de metros
Topoclima Pequena cidade,
Fácies de bairro,
subúrbio de cidade
Arquitetura
- Metros Microclima
Grande edificação,
habitação, setor de
habitação
Habitação
FONTE: MONTEIRO, C.A. Teoria e Clima Urbano. In: MENDONÇA, F; MONTEIRO, C.A.
(org). Clima urbano. São Paulo: Contexto, 2003. p. 09-67.
NOTA: Dados adaptados por PERTSCHI, S.C., 2005.
A figura 08 apresenta os procedimentos adotados para o estudo de
caso em São José dos Pinhais.
69
FIGURA 08 O ESTUDO DO SCU EM SÃO JOSÉ DOS PINHAIS DEZ.2004-
JAN.2005.
ÁREA URBANA DE SÃO JOSÉ DOS PINHAIS
CANAL DA PERCEPÇÃO:
TERMODINÂMICO
CATEGORIA TAXONÔMICA:
TOPOCLIMA
AS CONDIÇÕES
SINÓTICAS
ESPACIALIZAÇÃO DO
CAMPO TÉRMICO
DIRETRIZES TEMPORAIS
DO ESTUDO DE CASO
PERÍODO DO
MONITORAMENTO
ESPECIFICAÇÕES DOS
ABRIGOS
LOCAIS DO
MONITORAMENTO
USO DO SOLO DOS
PONTOS MONITORADOS
OS CAMPOS TÉRMICOS
SISTEMA
CLIMA URBANO
TESTE PRELIMINAR DOS
ABRIGOS: REVESTIMENTOS
RESULTADOS: COMPARA-
ÇÃO COM ESTAÇÃO FIXA
ANÁLISE DA OCUPAÇÃO
DO SOLO NOS PONTOS AMOSTRAIS
ANÁLISE DOS DADOS
DA TEMPERATURA
ANÁLISE DOS CAMPOS
TÉRMICOS
ANÁLISE DAS CONDIÇÕES
SINÓTICAS E DA ESPACIALI-
ZAÇÃO DO CAMPO TÉRMICO
ANÁLISE PARA O RAIO
DE 56 E125 METROS
ANÁLISE ESTATÍSTICA
DOS DADOS E SÍNTESE
DOS RESULTADOS
ANÁLISES
70
6.5 VALIDAÇÃO DA PESQUISA
A validação interna, segundo YIN (1994) é aplicável a estudos de
casos para verificação dos resultados obtidos. Uma das formas de validação interna
para a presente pesquisa, poderá ser feita por meio de outras análises estatísticas
dos dados pesquisadas, ou seja, a verificação através de programas estatísticos
apropriados, da existência ou não da correlação entre as variáveis levantadas.
A Validação Externa (YIN, 1994), consiste em saber se as descobertas
de um estudo são generalizáveis a partir do estudo de caso imediato. Para a
presente pesquisa, a validação externa poderá ser feita através de entrevistas com
outros profissionais ou através de workshops para discussões a respeito dos
resultados encontrados.
6.6 PROTOCOLO DE COLETA DE DADOS
Segundo ROBSON (1993) o método estudo de caso necessita de um
protocolo de coleta de dados, objetivando reduzir suas limitações. Para GIL (1991) a
coleta de dados pode ser feita através de observação, de análise de documentos, de
entrevistas ou de história de vida.
YIN (1994) salienta que o protocolo “é uma das táticas principais para
aumentar a confiabilidade da pesquisa de estudo de caso e destina-se a orientar o
pesquisador ao conduzir o estudo de caso”.
Nesta pesquisa foi desenvolvido um protocolo de coleta de dados de
acordo com o descrito no item 3.7.
6.7 DIRETRIZES TEMPORAIS E ESPACIAIS DO ESTUDO DE CASO
3.7.1 Teste Preliminar das Opções de Revestimento dos Abrigos
Para análise das alternativas de revestimento dos abrigos
termométricos, utilizados para medir as temperaturas do ar nos diversos pontos,
foram construídas inicialmente cinco caixas de 25x25x25 centímetros, em madeira,
71
com espessura de dois centímetros, com vários furos em quarenta e cinco graus
(semelhante a venezianas) nas laterais e fundos, com a tampa superior fechada e
fundo com dobradiça. As laterais e fundos furados em ângulo, permitem a passagem
de ar, porém impedem a entrada de chuva, funcionando como venezianas. Cada
abrigo recebeu internamente um datalogger (figura 09), que foi pendurado no centro
da caixa.
Os aparelhos utilizados para monitoramento foram os dataloggers do
tipo HOBO H8RH/Temp (figura 09), que, previamente calibrados, destinam-se a
medir temperaturas entre -20 e 70°C e umidade relativa entre 25 a 95%.
FIGURA 09 – DETALHE DOS DATALOGGERS OU HOBODEZ.2004
FONTE: PERTSCHI, S. C. 2004.
Foram feitas inicialmente cinco caixas com as características de
tamanho e aberturas conforme descrito anteriormente. Na seqüência, para
verificação de qual o material que menos interfere na medição de temperatura e
umidade, todos os abrigos foram pintados interna e externamente de branco e
receberam vários revestimentos de acordo com a tabela 04. Feito isso, os
revestimentos foram furados, acompanhando a ventilação existente nos abrigos.
72
TABELA 04 – REVESTIMENTO DOS ABRIGOS – DEZ.2004
ABRIGO REVESTIMENTO
01 Abrigo revestido internamente com isopor (1cm)
02 Abrigo revestido externamente com papel alumínio
03 Abrigo sem revestimento interno ou externo, apenas o
Hobo revestido com papel alumínio.
04 Abrigo revestido internamente com tetra pack
05 Abrigo revestido internamente com manta isolante (2mm)
FONTE: PERTSCHI, S. C. 2004. Organizado a partir do experimento realizado.
NOTA: Esses materiais foram definidos devido às suas propriedades térmicas.
Os abrigos foram instalados no Instituto Tecnológico SIMEPAR
(Sistema Meteorológico do Paraná) no Centro Politécnico da UFPR, no dia 29 de
novembro de 2004, por 23 horas. Os aparelhos foram dispostos de tal forma que
não sofressem interferência entre si e respeitando-se a altura padrão internacional,
de 1,50m do chão (figura 10). Nesse período, os aparelhos foram programados para
medir a temperatura a cada quinze minutos, com o propósito de obter um maior
número de leituras. Na seqüência, foram calculadas as dias horárias para
comparação com os dados oficiais da Estação Meteorológica do SIMEPAR
(20)
, que
são coletados de hora em hora. Os dados foram ainda distribuídos em quatro
períodos: manhã, tarde, noite e madrugada, para melhor análise dos mesmos.
Foram então calculadas as diferenças (#T ) entre os da dos ob ti dos do m oni tora m ento
e os dados oficiais da Estação do SIMEPAR. Os resultados obtidos foram
comparados com os dados oficiais e entre si para conclusões entre as alternativas
de revestimentos (tabela 05).
(20)
Como o objetivo era o de analisar as diferenças de temperatura entre os abrigos, as
mesmas não forma ajustadas em relação à Estação Meteorológica do SIMEPAR,
padronizando, dessa forma o erro.
73
FIGURA 10 VISTA DOS ABRIGOS NO INSTITUTO TECNOLÓGICO SIMEPAR-
TESTE PRELIMINAR DAS OPÇÕES DE REVESTIMENTOS DOS
ABRIGOS - DEZ.2004
FONTE: PERTSCHI, S. C. 2004.
Na seqüência, analisou-se comparativamente os resultados de forma a
obter como resultado o melhor revestimento, para aplicá-lo ao estudo de caso em
São José dos Pinhais.
74
TABELA 05 DIFERENÇAS ENTRE AS TEMPERATURAS DOS ABRIGOS
TESTE PRELIMINAR DAS OPÇÕES DE REVESTIMENTO DOS
ABRIGOS - DEZ.2004
HORÁRIO
(horas)
Abrigo
01
(isopor)
(1)
Abrigo
02
(alumí-
nio)
(1)
Abrigo
03
(hobo
com
alumínio)
(1)
Abrigo
04
(tetra-
pack)
(1)
Abrigo
05
(manta
isolan-
te)
(1)
SIME-
PAR
07:00 16,38
0,88
15,81
0,31
16,19
0,69
16,38
0,88
16,57
1,07
15,50
08:00 17,33
1,33
16,57
0,57
17,05
1,05
17,43
1,43
17,71
1,71
16,00
09:00 17,33
0,83
16,57
0,07
17,05
0,55
17,43
0,93
17,71
1,21
16,50
10:00 18,57
0,27
17,43
-0,88
18,57
0,27
18,76
0,46
19,14
0,84
18,30
11:00 22,60
2,50
21,33
1,23
22,47
2,37
23,50
3,40
23,24
3,14
20,10
12:00 23,82
2,52
22,39
1,09
23,92
2,62
24,79
3,49
24,69
3,39
21,30
MANHÃ 19,34
1,39
18,35
0,40
19,21
1,26
19,71
1,76
19,84
1,89
17,95
13:00 23,92
1,92
23,15
1,15
24,01
2,01
24,79
2,79
24,98
2,98
22,00
14:00 24,30
1,70
23,72
1,12
24,79
2,19
25,27
2,67
25,37
2,77
22,60
15:00 24,11
1,61
23,82
1,32
24,11
1,61
24,50
2,00
24,98
2,48
22,50
16:00 24,21
1,61
23,82
1,22
24,11
1,51
24,88
2,28
25,08
2,48
22,60
17:00 23,44
1,34
23,43
1,33
23,44
1,34
23,82
1,72
24,59
2,49
22,10
18:00 21,14
0,34
22,10
1,30
21,43
0,63
21,52
0,72
22,00
1,20
20,80
TARDE 23,52
1,42
23,34
1,24
23,65
1,55
24,13
2,03
24,50
2,40
22,10
19:00 18,57
0,07
19,81
1,31
18,57
0,07
18,38
-0,13
18,95
0,45
18,50
20:00 17,43
-0,07
18,28
0,78
17,33
-0,17
17,43
-0,07
17,62
0,11
17,50
21:00 16,95
-0,05
17,43
0,43
16,86
-0,15
16,86
-0,15
17,05
0,05
17,00
22:00 16,65
-0,05
17,05
0,35
16,57
-0,13
16,57
-0,13
16,57
-0,13
16,70
23:00 16,38
-0,12
16,76
0,26
16,10
-0,41
16,10
-0,41
16,38
-0,12
16,50
00:00 16,10
-0,31
16,38
-0,02
16,00
-0,40
16,00
-0,40
16,00
-0,40
16,40
NOITE 17,01
-0,09
17,62
0,52
16,90
-0,20
16,89
-0,21
17,09
-0,01
17,10
01:00 15,81
-0,19
16,00
0,00
15,72
-0,29
15,72
-0,29
15,81
-0,19
16,00
02:00 15,62
-0,18
15,62
-0,18
15,52
-0,28
15,52
-0,28
15,52
-0,28
15,80
03:00 15,04
-0,16
15,23
0,03
15,04
-0,16
14,85
-0,35
15,04
-0,16
15,20
04:00 15,23
-0,07
15,23
-0,07
15,14
-0,17
14,95
-0,36
15,14
-0,17
15,30
05:00 s 15,23
-0,17
15,23
-0,17
15,14
-0,27
15,14
-0,27
15,23
-0,17
15,40
06:00 15,23
-0,07
15,14
-0,17
15,14
-0,17
15,04
-0,26
15,23
-0,07
15,30
MADRU-
GADA 15,36
0,64
15,41
-0,09
15,28
-0,22
15,20
-0,30
15,33
-0,17
15,50
Fonte: PERTSCHI, S. C. 2004. Organizado a partir do experimento realizado.
(1) O #T s i g ni f i ca a di f erenç a entre o v a l or m edi do no res p ecti v o a b ri g o e a tem p era tu ra
oficial do SIMEPAR.
Analisando-se o gráfico 01 pode-se verificar que para o período da
manhã, o abrigo que obteve melhor resultado foi o de mero dois, devido à
proximidade dos resultados obtidos quando comparados com os dados oficiais do
SIMEPAR. Observando-se a tabela 05, no período da manhã, a diferença entre as
temperaturas do abrigo dois e o SIMEPAR, foi de apenas 0,4°C, período em que
ocorre principalmente o fenômeno de aquecimento do ar.
75
GRÁFICO 01 – RESULTADOS PERÍODO DA MANHÃ – DEZ.2004
15,00
17,00
19,00
21,00
23,00
25,00
7:00 horas 8:00 horas 9:00 horas 10:00 horas 11:00 horas 12:00 horas
HORÁRIOS
TEMPERATURAS
(ºC)
Abrigo
01
Abrigo
02
Abrigo
03
Abrigo
04
Abrigo
05
Médias do
Simepar
FONTE: PERTSCHI, S.C. 2004
No período da tarde, o abrigo que apresentou melhor resultado quando
comparado com os resultados do SIMEPAR, também foi o de mero dois (gráfico
02). Analisando-se a tabela 05, para o abrigo dois, é possível perceber que no
período da tarde, é observada a máxima diferença entre as temperaturas medidas
durante o dia entre o abrigo dois e o SIMEPAR, ou seja, 1,24°C a menos entre todos
os abrigos.
GRÁFICO 02 – RESULTADOS PERÍODO DA TARDE – DEZ.2004
20,00
22,00
24,00
26,00
13:00 Horas 14:00 Horas 15:00 Horas 16:00 Horas 17:00 Horas 18:00 Horas
HORÁRIOS
TEMPERATURAS
(ºC)
Abrigo
01
Abrigo
02
Abrigo
03
Abrigo
04
Abrigo
05
Médias do
Simepar
FONTE: PERTSCHI, S.C. 2004
76
Quanto ao período da noite, o abrigo que apresentou melhor resultado
foi o abrigo de número cinco (gráfico 03), ou seja, diferença de apenas 0,01 graus
em relação à medição do SIMEPAR (tabela 05). No que se refere ao abrigo dois, à
noite, período característico por perdas de ondas longas, a diferença observada
entre este e o abrigo do SIMEPAR, é de 0,52°C, caracterizando o período que mais
reteve calor (tabela 05).
GRÁFICO 03 – RESULTADOS PERÍODO DA NOITE – DEZ.2004
16,00
18,00
20,00
19:00 Horas 20:00 Horas 21:00 Horas 22:00 Horas 23:00 Horas 00:00 Horas
HORÁRIOS
TEMPERATURAS
(ºC)
Abrigo
01
Abrigo
02
Abrigo
03
Abrigo
04
Abrigo
05
Médias do
Simepar
FONTE: PERTSCHI, S.C. 2004
Por fim analisando o período da madrugada, período que não sofre
interferência da insolação direta ou do sombreamento, é possível observar que a
menor diferença entre o SIMEPAR e as medições realizadas, refere-se também aos
abrigo de mero dois (gráfico 04), com diferença entre os abrigos de -0,09°C
(tabela 05).
77
GRÁFICO 04 – RESULTADOS PERÍODO DA MADRUGADA – DEZ. 2004
14,50
15,00
15,50
16,00
01:00 Horas 02:00 Horas 03:00 Horas 04:00 Horas 05:00 Horas 06:00 Horas
HORÁRIOS
TEMPERATURAS
(ºC)
Abrigo
01
Abrigo
02
Abrigo
03
Abrigo
04
Abrigo
05
Médias do
Simepar
FONTE: PERTSCHI, S.C. 2004
Dentre as alternativas apresentadas de abrigo, optou-se pelo
revestimento do abrigo em alumínio (figura 11), pelo fato desta apresentar-se como
a solução com a menor diferença nos dados de temperatura, quando comparada
com as medições oficiais do SIMEPAR do Campus do Centro Politécnico.
FIGURA 11 - FOTO EXTERNA DO ABRIGO REVESTIDO COM ALUMÍNIO
DEZ.2004-JAN.2005
FONTE: PERTSCHI, S. C. 2004.
78
3.7.2 Período de Monitoramento de Temperatura
De acordo com MAACK (1968), para a região de São José dos Pinhais,
os meses de dezembro e fevereiro são os meses considerados mais representativos
da estação de verão. Diante disso, as medições foram feitas simultaneamente entre
os dias 04 de dezembro de 2004 e 05 de janeiro de 2005, durante vinte e quatro
horas por dia. Quatro locais foram monitorados durante 32 dias, enquanto que, por
motivos de segurança, outros quatro abrigos monitoraram 20 dias, tendo sido
retirados no dia 24 de dezembro de 2004. Os demais abrigos permaneceram em
seus locais de origem até o dia 05 de janeiro de 2005. Os principais motivos que
limitaram a presente pesquisa, quanto ao período de monitoramento e a quantidade
de pontos monitorados, foram de ordem operacional, ou seja, a falta de segurança
dos aparelhos e a disponibilidade dos mesmos. Diante desses fatos, não foi possível
realizar medições no inverno ou mesmo por tempo mais prolongado ou ainda em
mais pontos da cidade.
Apesar de importante condicionante na temperatura, a umidade relativa
não pôde ser medida porque alguns aparelhos apresentaram problemas.
3.7.3 Especificações dos Abrigos Termométricos
Os abrigos utilizados possuem as mesmas especificações do estudo
preliminar realizado para a determinação do melhor revestimento, como
demonstrado na seção 3.7.
Os aparelhos utilizados para monitoramento foram os dataloggers do
tipo HOBO H8RH/Temp
(21)
(figura 09), aferidos
(22)
um dia antes do início das
medições, programados para medir as temperaturas a cada uma hora. Na
seqüência, os abrigos revestidos com alumínio receberam os hobos, que foram
pendurados no centro interno das caixas (figura 12).
(21)
Ver especificações do aparelho na seção 3.6.
(22)
Os aparelhos foram aferidos, com o auxílio do programa Box Car Pro 4.0, pelo
CEFET/PR – Programa de Pós Graduação em Tecnologia.
79
FIGURA 12 – FOTO DO INTERIOR DO ABRIGO – DEZ.2004-JAN.2005
FONTE: PERTSCHI, S. C. 2004.
NOTA: Por problemas operacionais, a foto traz o abrigo revestido em alumínio. Porém
durante o experimento, os aparelhos não foram revestidos, apenas os abrigos.
Após o período de monitoramento, utilizou-se o programa Excel versão
2002 para manipulação dos dados. Os resultados foram então divididos nos quatro
períodos, ou seja, manhã (das 6:30 às 11:30 horas), tarde (das 12:30 às 17:30
horas), noite (das 18:30 às 23:30 horas) e madrugada (das 00:30 às 5:30 horas),
para uma melhor análise dos mesmos.
3.7.4 Determinação e Caracterização dos Pontos Monitorados
Segundo GIL (1991), delimitar o universo a ser pesquisado é uma das
tarefas mais difíceis dentro do estudo de caso. Para que os resultados sejam
significativos, recomenda-se o estudo de certa variedade de casos, buscando
analisar casos típicos, onde em função da informação prévia pareçam ser o tipo
ideal, casos extremos, onde através deles possa-se delinear os limites dentro dos
quais as variáveis possam oscilar, e casos marginais onde se possa encontrar casos
atípicos ou anormais para relacionar com os casos normais e tornar possível
identificar as possíveis causas do desvio.
80
De acordo com MONTEIRO (1990), a escolha dos pontos para
medição deve respeitar o critério de melhor representatividade da natureza ou do
caráter peculiar da cidade escolhida. O autor determina ainda, que o critério de
escolha deve obedecer ao caráter geo-ecológico do tio da cidade (não apenas as
formas naturais, mas também todas as derivações ocorridas ao longo das
ocupações), a estrutura urbana (morfologia associada a funções urbanas) e ao
dinamismo urbano representado pelas funções da cidade que oferecem condições
para resultados mais significativos (fluxos de veículos, atividade industrial, aparelhos
de ar condicionado, etc).
Diante disso, a determinação dos pontos que foram monitorados
ocorreu com base na morfologia urbana, nos aspectos geo-ecológicos
(23)
e nas Leis
do Plano Diretor e de Uso e Ocupação do Solo e Sistema Viário (Lei 09/2004 e
10/2004, respectivamente) do município de São José dos Pinhais, buscando áreas
com diferentes usos e índices de ocupação sobrepostos com o sistema viário
municipal
(24)
. Dessa forma, foram determinados oito pontos (figura 13) mais
representativos dentro das seguintes zonas: Setor Industrial e de Serviços da Rua
Tavares de Lyra, Zona Residencial 4 e Zona Central 1, sobrepostos com Via Local,
Via de Circulação Central e Via Arterial (tabela 06).
(23)
As variáveis geo-ecológicas são as relacionadas aos aspectos do meio ambiente, ou
seja, topografia, relevo, cobertura vegetal entre outros.
(24)
A Lei de Uso e Ocupação do Solo e Sistema Viário do Município de São José dos
Pinhais baseou-se na sobreposição do zoneamento com o sistema viário, ou seja, dentro de
uma mesma zona tem-se usos e índices urbanísticos diferenciados decorrentes do
cruzamento das informações das zonas com as vias públicas. Para isso, considerou-se a
capacidade das vias quanto ao tráfego e suas larguras, ou seja, para vias mais largas e
destinadas a longos deslocamentos, como por exemplo, as vias arteriais, foram permitidas
atividades de médio e grande porte. Para vias mais estreitas e destinadas a trajetos mais
curtos, como por exemplo as vias coletoras, foram indicadas as atividades de médio porte e
para as vias locais, foram permitidas as atividades de pequeno porte.
81
82
TABELA 06 USO DO SOLO DOS PONTOS MONITORADOS DEZ. 2004-
JAN.2005
LOCAL/
ABRIGO
LOCALIZAÇÃO LEI DE USO E SOLO (Lei 10/2004)
Industrial - 01 Rua Tavares de Lyra Setor Industrial e de Serviços – Rua
Tavares de Lyra
Industrial - 02 Rua Tavares de Lyra Setor Industrial e de Serviços – Rua
Tavares de Lyra
Residencial - 03 Rua Expedicionário
Afonso Licheski
Zona Residencial 04 – Via Local
Residencial - 04 Rua Castro Alves Zona Residencial 04 – Via Coletora
Centro - 05 Rua Izabel A. Redentora Zona Central – Via Central
Centro - 06 Rua Passos de Oliveira Zona Central – Via Arterial
Residencial - 07 Rua José Ivahi de
Camargo
Zona Residencial 04 – Via Local
Residencial - 08 Rua Quirino Zagonel Zona Residencial 04 – Via Coletora
FONTE: PERTSCHI, S. C., 2004.
Para verificação dos dados obtidos durante o monitoramento, foi
considerada a Estação Meteorológica do Aeroporto Afonso Pena como Ponto de
Controle (PT). De acordo com a literatura, o ponto de controle é um importante
balizador das medições efetuadas, ou seja, através da comparação dos resultados
obtidos, é possível verificar se não houve distorções dos dados mensurados. O
ponto de controle neste caso (por estar localizado no aeroporto) é considerado um
ponto nulo, sem a interferência de agentes externos, como por exemplo, a insolação,
ventilação, áreas pavimentadas, áreas construídas, sombreamento, entre outros
fatores que influenciam no monitoramento da temperatura
(25)
.
(25)
É importante salientar que o Ponto de Controle está locado sobre uma área pavimentada
de asfalto (pista do aeroporto) e não sobre grama, como estabelece o padrão internacional
das Estações Meteorológicas.
83
Os abrigos foram colocados o mais afastado possível de barreiras
físicas ou anteparos, tais como muros, edificações e árvores, para que as medições
não sofressem interferência. Quanto à sua posição em relação ao norte ou fachada
Sul, os mesmos não obedeceram a critério pré-definido.
Considerando que a determinação dos locais de implantação dos
abrigos foi associada à Lei de Uso e Ocupação do Solo e Sistema Viário Municipal
(Lei 10/2004), faz-se necessária a definição de alguns termos para entendimento
dos usos e parâmetros adotadas pela respectiva lei.
De acordo com a legislação vigente, considera-se habitação
unifamiliar aquela destinada à moradia de apenas uma família; habitação
geminada aquela contígua à outra de uso similar, a qual está separada por uma
parede ou outro elemento comum, sem ser necessariamente igual; habitação
coletiva aquela edificação que comporta mais de duas unidades residenciais
autônomas, agrupadas verticalmente com áreas de circulação interna comuns à
edificação e acesso comum ao logradouro blico, podendo ter mais de uma torre;
habitação institucional aquela edificação destinada à assistência social, onde se
abrigam estudantes, crianças, idosos e necessitados; agrupamento residencial as
habitações em série paralelas ao alinhamento predial composta de até dez unidades
ou as habitações em série transversais ao alinhamento predial quando este for
composto de até vinte unidades; conjunto residencial as habitações em série
paralelas ao alinhamento predial composta por mais de dez unidades ou as
habitações em série transversais ao alinhamento predial quando este for composto
de mais de vinte unidades.
De acordo com a lei municipal de Uso e Ocupação do Solo e Sistema
Viário, comércio e serviço vicinal são as construções com área não superior a
100,00 m², disseminadas no interior de zonas residenciais, de utilização imediata e
cotidiana, como um prolongamento da habitação. Comércio e serviço de bairro
são as construções com área não superior a 400,00 m², de utilização intermitente e
mediata, destinadas a atender determinado bairro ou zona, entre outras atividades.
Ainda segundo a mesma lei, considera-se comércio e serviço setorial, as
84
construções com área superior a 400,00 m², destinadas a atender a população em
geral. O comércio e serviço geral, o as atividades destinadas à população em
geral, as quais, por seu porte ou natureza, necessitam tratamento diferenciado,
exigindo assim, confinamento em áreas próprias, tais como marmorarias, armazéns,
depósitos, entre outras atividades. O comércio e serviço específico são as
atividades peculiares cuja adequação à vizinhança depende de uma série de fatores
a serem analisados pelo Conselho Municipal de Planejamento e Desenvolvimento
Urbano, independente de área construída.
Quanto às indústrias, são classificadas como: caseira, micro,
pequena e média, as construções com área não superior a 100 m², 200m², 400 m² e
2000 m², respectivamente, enquanto que as de grande porte possuem área superior
a 2000 m². O conjunto industrial é caracterizado por um agrupamento de indústrias
que guardam entre si um certo vínculo.
Na seqüência, com o objetivo de explicar as variações ocorridas nos
pontos de medições entre si e entre esses e o ponto de controle, fez-se a análise
quantitativa do entorno imediato onde foram fixados os abrigos.
Esta análise quantitativa teve como objetivo mensurar as porcentagens
de ocupação do solo em cada ponto monitorado. Para isso, verificou-se na literatura,
as pesquisas realizadas anteriormente e constatou-se que para determinar padrões
de ocupação do solo, LOMBARDO (1985) E BRANDÃO (1996) utilizaram áreas de
abrangência de 1km². ROSSI (2004) utilizou, além desta, áreas de abrangência de
49.000m² (que corresponde a um raio de 125 metros, definido em função das
quadras padrão de 100 metros somadas com as caixas de rua de 14 metros) e de
10.000m² (que corresponde a um raio de 56 metros, definido em função das quadras
padrão de 100 metros). De acordo com a pesquisa realizada por ROSSI (2004), para
as três áreas, a melhor relação raio de abrangência e ocupação do solo, sob o ponto
de vista da análise de regressão simples ocorreu para a área de 49.000m². Porém, é
importante salientar que ROSSI (2004) utilizou o abrigo na altura de dez metros, o
que influencia nos resultados encontrados.
85
Diante disso, para fins da análise quantitativa, objetivando verificar a
relação com raios de abrangência, utilizou-se a área de 10.000m² e de 49.000m²
aproximadamente, para mensurar as porcentagens de ocupação do solo para cada
ponto. Para isso foram utilizadas fotos aéreas na escala 1:8000, em meio digital, do
vôo do ano de 1999, cedidas pela Prefeitura Municipal de São Jodos Pinhais.
Juntamente com as fotos aéreas, foram utilizadas as bases planialtimétricas, na
escala 1:10.000, em meio digital, baseadas no vôo de 1999, cedidas também pela
Prefeitura Municipal de São José dos Pinhais. Para complementar a análise, foram
realizadas visitas nos locais de implantação dos abrigos e no seu entorno,
objetivando dirimir dúvidas quanto aos tipos de ocupação ou revestimentos
existentes no local.
As fotos aéreas e as bases planialtimétricas foram montadas com o
auxílio do programa AutoCad versão 2004, e vetorizadas para obtenção da escala
correta. Após isso, foram determinados cinco tipos de ocupações ou revestimentos:
área construída, área impermeabilizada (calçadas, ruas pavimentadas), área
verde (bosques ou matas), área livre (gramados, pedriscos, plantações, terra) e
área com a presença de água (rios, lagos, córregos, piscinas).
Observando as tabelas 07 e 08 é possível verificar que existem
diferenças nas porcentagens de ocupação dos atributos nos pontos monitorados.
Essas diferenças podem acarretar diferenças nos elementos climáticos principais,
tais como radiação, velocidade de vento e temperatura do ar. As figuras relativas às
porcentagens dos atributos urbanos para os raios determinados, serão apresentadas
quando da descrição de cada ponto monitorado.
É importante salientar que, verificando a base planialtimétrica e as
fotos aéreas, percebe-se que existe incompatibilidade de informações, ou seja, em
alguns lugares que na base planialtimétrica está demonstrada área de mata ou
bosque, na foto percebe-se que nem toda a área está coberta de árvores. Para a
presente pesquisa foram consideradas as informações contidas nas bases
planialtimétricas.
86
TABELA 07 PORCENTAGENS DOS PADRÕES DE USO DO SOLO PARA O
RAIO DE 125 METROS – DEZ.2004-JAN.2005
FONTE: PERTSCHI, S.C., 2005.
TABELA 08 PORCENTAGENS DOS PADRÕES DE USO DO SOLO PARA O
RAIO DE 56 METROS - DEZ.2004-JAN.2005
ABRIGOS/ PORCENTAGENS DE OCUPAÇÃO (%)
PADRÕES
DE USO DO
SOLO
1 2 3 4 5 6 7 8 PT
Área
Construída
10,24 39,35 38,58 23,83 40,83
45,01
16,90 35,72 0
Área Livre
65,32
43,98 26,85 26,45 30,07 17,85 42,94 35,73 99,35
Área
Pavimentada
21,37 14,77
34,57
30,89 27,69 33,09 18,23 25,42 0,65
Área Verde
3,07 1,90 0,00 18,83 1,41 4,06
21,94
2,95 0
Área de Água
0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
0,18
0
Altitude (m)
895,4 893,4 894,9 898,9 903,7
905,8
900,5 889,3 906,5
FONTE: PERTSCHI, S.C., 2005.
Como é possível observar, o atributo área com água foi inexpressivo
quando comparado com os demais. Por esse motivo, o mesmo foi desconsiderado
nas análises qualitativa e quantitativa. O atributo altitude também foi desconsiderado
pelo fato das diferenças terem sido pouco representativas. Os valores relativos à
esses atributos somente foram considerados na análise de regressão simples.
Na seqüência, foram traçados transectos entre os pontos monitorados
(figura 14), que são linhas imaginárias traçadas sobre a área urbana que facilitam a
identificação da variação da temperatura do ar na área urbana e a influência da
urbanização na formação das condições ambientais específicas. De acordo com a
ABRIGOS/ PORCENTAGENS DE OCUPAÇÃO (%)
PADRÕES
DE USO DO
SOLO
1 2 3 4 5 6 7 8 PT
Área
Construída
19,96 29,70 30,49 30,9 27,4
34,69
10,45 22,95 0
Área Livre
54,77
51,72 29,36 37,95 26,58 24,82 44,17 44,91 99,60
Área
Pavimentada
16,14 16,26
39,06
25,77
39,06
36,94 12,34 25,45 0,40
Área Verde 4,89 2,32 1,08 5,38 6,8 3,54
33,04
6,65 0
Área de
Água
4,23
0 0 0 0,16 0 0 0,04 0
Altitude (m) 895,4 893,4 894,9 898,9 903,7
905,8
900,5 889,3 906,5
87
literatura, comumente a técnica do transecto refere-se a linha imaginária traçada
entre o primeiro e o último pontos monitorados.Porém, na presente pesquisa, eles
serão abordados nas figuras por meio de suas seções, ou seja, os setores entre dois
pontos ou pontos contíguos.
Para o estudo do campo térmico de São José dos Pinhais, foram
estabelecidos nove transectos entre os pontos monitorados. A determinação desses
transectos ocorreu segundo o critério de menor distância entre os pontos, não sendo
considerados, portanto, barreiras físicas como ruas, rios, entre outras para
determinação das linhas imaginárias.
Os transectos foram confeccionados com o aulio do programa
AutoCad versão 2004, baseado nas pranchas planialtimétricas do município, nas
fotos aéreas e em pesquisa realizada no local.
88
89
3.7.4.1 Caracterização do Ponto Industrial 01 e Ponto Industrial 02
Os abrigos um e dois foram instalados no Setor Industrial e de Serviços
da Rua Tavares de Lyra. De acordo com a legislação vigente, esse setor apresenta
a predominância de atividades industriais e de serviços, bem como das atividades
que lhes são complementares, com demonstrado na tabela 09. A Rua Tavares de
Lyra é um importante eixo no sentido Leste-Oeste no município, sendo um dos
principais motivos que justificam as atividades industriais, de serviços, comerciais e
de logística, localizadas nesta área. Foram selecionados dois abrigos para esta
região devido a diferenças na ocupação.
O ponto Industrial 01 (figura 15) foi instalado em um local aberto, em
superfície de grama e de acordo com a tabela 07 e figura 16, para o raio maior,
caracteriza-se por ter maior percentual de área livre, ou seja, quase 55%. Segue-se
a área construída, com cerca de 20% da área total e a área pavimentada, com
aproximadamente 16%. Para o raio menor (tabela 08) as diferenças entre os
atributos urbanos mensurados se acentuam, ou seja, predominância também de
área livre (65%), seguido da área pavimentada (21%) e de área construída (10%).
Quanto ao uso do solo (figura 17) predominância da atividade industrial, seguida
de algumas residências. A topografia é plana e as ruas possuem dimensão padrão
no município, ou seja, doze metros de largura e em geral não são arborizadas.
FIGURA 15 FOTO DO ABRIGO LOCALIZADO NO PONTO INDUSTRIAL 01
DEZ.2004-JAN.2005
FONTE: PERTSCHI, S.C., 2004
90
TABELA 09 SÃO JODOS PINHAIS: USOS E ÍNDICES URBANÍSTICOS DOS
PONTOS MONITORADOS - DEZ.2004-JAN. 2005.
USOS PARÂMETROS
PERMITIDOS/ PERMISSÍVEIS
Lote
mín.
(m²)
Altura
máx.
(pav)
T. O.
máx.
(1)
(%)
T.P.
mín.
(2)
(%)
C. A.
Máx.
(
3)
SETOR INDUSTRIAL
E DE SERVIÇOS DA
RUA TAVARES DE
LYRA
- Habitação unifamiliar;
- Comércio e Serviços de Bairro,
Geral e Específico;
- Indústria de micro, pequeno,
médio e grande portes e conjunto
industrial.
2.000
4 50 30 1
ZONA RESIDENCIAL
4 – VIA LOCAL
-Habitação unifamiliar, geminada,
coletiva, institucional,
agrupamento residencial e
conjunto residencial;
- Comércio e Serviços Vicinal e
de Bairro;
- Indústria caseira, micro e de
pequeno portes.
360
4 60 20 2
ZONA RESIDENCIAL
4 – VIA COLETORA
-Habitação unifamiliar, geminada,
coletiva, institucional,
agrupamento residencial e
conjunto residencial;
- Comércio e Serviços Vicinal, de
Bairro, Setorial e Específico;
- Indústria caseira, micro, de
pequeno e de médio portes.
360
4 60 20 2
ZONA CENTRAL 1
VIA ARTERIAL E DE
CIRCULAÇÃO
CENTRAL
-Habitação unifamiliar, geminada,
coletiva;
- Comércio e Serviços Vicinal, de
Bairro , Setorial , Específico e
Geral.
- Indústria caseira.
600
14 100 0 4
ZONA RESIDENCIAL
4 VIA LOCAL
LOTEAMENTO
POPULAR
-Habitação unifamiliar, geminada,
coletiva, institucional,
agrupamento residencial e
conjunto residencial;
- Comércio e Serviços Vicinal, de
Bairro, Setorial e Específico;
- Indústria caseira, micro, de
pequeno e de médio portes.
200
2 50 30 1
FONTE: SÃO JOSÉ DOS PINHAIS, Lei de Zoneamento, Uso e Ocupação do Solo e
Sistema Viário do Município de São José dos Pinhais, lei 10/2004. Jornal São José dos
Pinhais Metrópole, edição nº 827, 30.12.2004.
NOTA: Modificado por PERTSCHI, S.C., 2005.
(1) Taxa de Ocupação máxima permitida.
(2) Taxa de Permeabilidade mínima exigida.
(3) Coeficiente de Aproveitamento máximo permitido.
91
92
93
Dessa forma o ponto Industrial 01 fica caracterizado por grande
percentual de área livre, seguido de área construída e de área pavimentada. No seu
entorno imediato ocorre a predominância de atividades industriais.
O ponto Industrial 02 (figura 18) embora implantado em uma área
aberta, está mais protegido em relação ao abrigo Industrial 01 (figura 19) devido à
proximidade com áreas construídas. De acordo com a tabela 07, para o raio maior,
observa-se que ocorre a predominância de áreas livres (52%), seguido da área
construída (30%) e área pavimentada (16%). Para o raio menor (tabela 08), os três
atributos que se destacam obedecem a mesma ordem do raio maior, porém a
diferença entre a área livre e a área construída é menor, cerca de 5% de diferença.
De acordo com a figura 17, no entorno imediato do ponto monitorado ocorre a
predominância da atividade industrial.
O ponto Industrial 2 portanto é caracterizado pela maior porcentagem
de área livre, seguido de área construída e pavimentada. Seu entorno imediato é
caracterizado pela atividade industrial.
FIGURA 18 FOTO DO ABRIGO LOCALIZADO NO PONTO INDUSTRIAL 02
DEZ.2004-JAN.2005
FONTE: PERTSCHI, S.C., 2004
94
95
3.7.4.2 Caracterização do Ponto Residencial 03
O ponto Residencial 03 (figura 20) foi instalado em uma Zona
Residencial 4 sobreposta a uma Via Local
(26)
, ou seja, aquela destinada ao uso
habitacional de alta densidade
(27)
e atividade comercial de pequeno porte (tabela
09). O local determinado localiza-se em um conjunto habitacional (uso
exclusivamente residencial), em sua totalidade ocupado (figura 21), com padrão
médio de construção e lotes de tamanho usual no município, ou seja, doze metros
de testada por trinta metros de profundidade, totalizando 360,00 metros quadrados.
Próximo da localização do abrigo ocorre a predominância de residências térreas e
com dois pavimentos, áreas livres e com árvores e indústrias, principalmente
próximas ao ponto dois (figura 18). O relevo é plano e as ruas possuem largura entre
dez e doze metros e possuem arborização.
FIGURA 20 FOTO DO ABRIGO LOCALIZADO NO PONTO RESIDENCIAL 03
DEZ.2004-JAN.2005
FONTE: PERTSCHI, S.C., 2004
(26)
De acordo com a Lei Municipal 10/2004 que trata sobre o Uso e Ocupação do Solo e
Sistema Viário, é considerada Via Local aquela destinada prioritariamente ao acesso das
atividades locais e à condução de veículos em pequenos percursos.
(27)
De acordo com a Lei Municipal 10/2004 que trata sobre o Uso e Ocupação do Solo e
Sistema Viário, são consideradas altas densidades aquelas acima de 300 hab./ha.
96
97
Observando a figura 21, para o raio maior, verifica-se que o ponto
monitorado caracteriza-se pelo alto percentual de área pavimentada (cerca de 40%),
seguido da área construída (31%). Salienta-se também a baixa porcentagem de
área verde, cerca de 1%. Para o raio menor (tabela 08), a área construída é
ligeiramente maior (39%) em relação à área pavimentada (35%).
De uma maneira geral, o ponto Residencial 03 é caracterizado pela
grande quantidade de áreas construídas e pavimentadas, e pela pequena
porcentagem de área verde. Esse ponto, devido à peculiaridade de ocupação, pode
ser entendido como um ponto característico do centro da cidade.
3.7.4.3 Caracterização do Ponto Residencial 04
O ponto Residencial 04 (figura 22) foi instalado em uma área aberta,
próximo de árvores (figura 23), em uma Zona Residencial 4, de alta densidade,
sobreposta a uma Via Coletora, que é responsável pela condução do tráfego local,
permitindo, e induzindo o desenvolvimento de atividades comerciais e de serviços
(tabela 09).
FIGURA 22 FOTO DO ABRIGO LOCALIZADO NO PONTO RESIDENCIAL 04
DEZ.2004-JAN.2005
FONTE: PERTSCHI, S.C., 2004
98
99
De acordo com a tabela 07 e figura 23, para o raio maior, o ponto
Residencial 04 é caracterizado pela maior porcentagem de área livre (38%), seguido
da área construída (31%) e da área pavimentada (26%). Para o raio menor (tabela
08), as porcentagens dos atributos mensurados são próximas, ou seja, 31% de área
pavimentada, 26% de área livre e 24% de área construída. É importante salientar
que na área em frente onde foi instalado o abrigo, existe uma área verde.
Quanto às atividades existentes próximo ao ponto Residencial 4, de
acordo com a figura 24, há a predominância do uso residencial mesclado com
atividades comerciais, ruas pavimentadas, com largura de aproximadamente doze
metros e em sua grande maioria, arborizadas.
O ponto Residencial 4, portanto, é caracterizado pela maior quantidade
de área livre, seguido de área construída e pavimentada. O uso de seu entorno é
predominantemente residencial.
100
101
3.7.4.4 Caracterização do Ponto Central 05 e Ponto Central 06
Os abrigos de número cinco e seis foram colocados na Zona Central 1,
caracterizada pela alta densidade de ocupação e pelo centro tradicional da cidade,
tendo sido instalado o primeiro voltado para uma Via Arterial
(28)
e o segundo para
uma Via de Circulação Central
(29)
. Essa zona possui o uso voltado basicamente para
atividades pertinentes ao comércio e serviços (tabela 09). Por estar localizado na
área antiga da cidade, as ruas são estreitas, não arborizadas, pavimentadas, as
edificações não possuem recuo frontal e a grande maioria não possui afastamento
lateral. Quanto ao uso, a predominância é de atividades comerciais e de serviços. O
relevo é plano (figura 24).
A presença de dois abrigos nessa região deveu-se principalmente às
características urbanas peculiares da área central e ao zoneamento do centro, ou
seja, ruas estreitas, a presença de edificações sem recuo frontal ou afastamento
lateral, altas taxas de ocupação e impermeabilização, baixo índice de áreas verdes,
entre outros fatores que modificam o clima local.
(28)
De acordo com a Lei Municipal 10/2004 que trata sobre o Uso e Ocupação do Solo e
Sistema Viário, são consideradas Vias Arteriais
as que possuem a função de conduzir o
tráfego entre zonas urbanas afastadas entre si, bem como conectar-se com demais vias que
circundam a área urbana.
(29)
De acordo com a Lei Municipal 10/2004 que trata sobre o Uso e Ocupação do Solo e
Sistema Viário, são consideradas Vias de Circulação Central
as vias que por sua condição
de localização, em área de alta densidade de atividades urbanas, trabalham no limite de
suas capacidades, conduzindo simultaneamente o tráfego de veículos individuais e coletivos
e o tráfego de pedestres.
102
O ponto Central 05, como pode ser observado na figura 25, foi
implantado em uma área de grama, próximo de uma árvore. Esse fato pode ter
influenciado nos resultados da medição de temperatura do ar. Esse ponto é
caracterizado pelo uso comercial seguido do residencial, ruas estreitas e edificações
tombadas pelo Patrimônio Histórico Municipal (figura 26). De acordo com a figura 27,
para o raio maior, o predomínio das áreas pavimentadas (39%), seguido das
áreas construídas (27%) e das áreas livres (26%). Para o raio menor (figura 27),
observa-se o destaque para a área construída (41%), seguido das áreas livres (30%)
e pavimentadas (28%).
FIGURA 25 FOTO DO ABRIGO LOCALIZADO NO PONTO CENTRAL 05
DEZ.2004-JAN.2005
FONTE: PERTSCHI, S.C., 2004
Dessa forma, o ponto Central 05, implantado na grama e próximo de
uma árvore, é caracterizado pela maior quantidade de área pavimentada e
construída. Apesar de estar localizado no centro da cidade, não é um ponto
característico de centros urbanos. Em geral, nos centros das cidades as áreas
construídas são mais representativas, e as áreas verdes, quase inexistentes. Isso
não ocorre o claramente em São José dos Pinhais devido a sua característica
própria de ocupação, ou seja, edificações baixas, pouca verticalidade, presença de
áreas verdes e livres, entre outros fatores.
103
104
105
O ponto Central 06 (figura 28) foi instalado próximo à rua tradicional do
comércio no município, ou seja, o calçadão da Rua XV de Novembro, caracterizada
principalmente pelas atividades comerciais de pequeno, médio e grande portes.
Observando a figura 26, verifica-se a presença de edificações térreas e de dois
pavimentos e áreas livres. De acordo com a figura 29 e tabela 07, para a área maior,
as áreas pavimentada e construída possuem praticamente o mesmo percentual,
37% e 35%, respectivamente. Na seqüência, aparece a área livre com 25%. Para o
raio menor (tabela 08), a área construída, com 45%, destaca-se das demais. Segue-
se com a área pavimentada (33%) e área livre (18%).
FIGURA 28 FOTO DO ABRIGO LOCALIZADO NO PONTO CENTRAL 06
DEZ.2004-JAN.2005
FONTE: PERTSCHI, S.C., 2004
De uma maneira geral, o ponto Central 06 é caracterizado pela área
construída e pavimentada, e pela existência da área verde, ainda que pequena. É
importante salientar que esse abrigo foi instalado sobre área com vegetação e em
uma área com tendência em formar corredor de ventilação.
106
107
3.7.4.5 Caracterização do Ponto Residencial 07
O abrigo de número sete (figura 30) foi instalado na Zona Residencial 4
(tabela 09), característica de altas densidades, voltado para uma Via Local. Apesar
do abrigo três estar inserido no mesmo zoneamento que o abrigo sete, este possui
um diferencial de ocupação da área, ou seja, baixo índice de ocupação do entorno e
a presença considerável de áreas verdes e áreas livres.
FIGURA 30 FOTO DO ABRIGO LOCALIZADO NO PONTO RESIDENCIAL 07
DEZ.2004-JAN.2005
FONTE: PERTSCHI, S.C., 2004
De acordo com a figura 31, o abrigo foi instalado sobre superfície de
terra nua, próximo a muros e de edificação. Isso significa dizer que apesar do abrigo
ter sido instalado em uma região com presença de vegetação e áreas livres, o
mesmo sofreu interferências do confinamento, decorrente dos anteparos próximos
do abrigo. Devido à suas características, esse ponto pode ser considerado
adensado para fins de análise dos resultados. Quanto ao uso, o entorno próximo ao
ponto Residencial 07 é predominantemente residencial, com presença de vegetação
e áreas livres (figura 26). As ruas são pavimentadas, com largura entre doze e
quatorze metros e em geral não arborizadas.
108
O ponto Residencial 07, para o raio maior (figura 31), é caracterizado
pela grande porcentagem de área livre (44%), seguido da área verde (33%). Para o
raio menor, a relação se mantém, ou seja, a área livre possui 43%, seguida da área
verde com 23% da área total. A área construída para ambos os raios medidos,
permaneceu baixa, entre 11% e 17%.
109
110
3.7.4.6 Caracterização do Ponto Residencial 08
O último abrigo, o de número oito (figura 32), foi instalado em uma área
aberta e sobre grama. Está localizado em uma Zona Residencial 4, defronte a uma
Via Coletora, em uma região considerada de alta densidade. Este ponto de medição
foi instalado em um loteamento popular, ou seja, uma área destinada à população
de baixa renda. Por esse motivo o lote padrão possui 200,00m² de área, induzindo a
maiores índices de ocupação e impermeabilização do solo. No zoneamento
municipal ocorre a sobreposição de zonas, como neste caso, onde existe uma Zona
Especial de Interesse Social sobreposta à uma Zona Residencial 4 (tabela 09).
FIGURA 32 FOTO DO ABRIGO LOCALIZADO NO PONTO RESIDENCIAL 08
DEZ.2004-JAN.2005
FONTE: PERTSCHI, S.C., 2004
111
De acordo com a figura 26 é possível perceber que na região próxima
ao ponto Residencial 08 existem edificações térreas ou de dois pavimentos, além de
árvores e áreas livres. Possui topografia levemente acidentada (figura 26). As ruas
que cortam esse transecto possuem largura de aproximadamente doze metros, são
asfaltadas e pouco arborizadas.
O ponto Residencial 08 (figura 33), para o raio maior, caracteriza-se
pela grande quantidade de área livre (45%) seguido da área pavimentada (25%) e
da área construída (23%). Para o raio menor, a área livre e a área construída
possuem porcentagens muito próximas (cerca de 36%), seguidas da área
pavimentada com 25%.
Na seqüência, os atributos do ponto de controle também foram
mensurados para posterior comparação com os demais pontos monitorados (figura
34).
112
113
114
Observando-se as porcentagens dos atributos urbanos mensurados e
comparando-os com a literatura, é possível diagnosticar resultados parciais quanto a
temperatura do ar.
Para a área maior, considerando a altitude, o abrigo seis deveria ter a
menor temperatura e o oito a maior; quanto à vegetação, o abrigo sete deveria ter
menor temperatura, enquanto que o três a maior; no atributo área construída, o
abrigo seis e o sete deveriam ter respectivamente a maior e a menor temperatura;
no que tange a área pavimentada, os abrigos três e quatro deveriam ter as
maiores temperaturas enquanto que o abrigo sete a menor; quanto às áreas livres,
o abrigo um deveria registrar a menor temperatura e o abrigo três a maior; e
finalmente quanto à presença de água, o abrigo um deveria ter a menor
temperatura quando comparado com os demais.
Analisando-se os atributos em relação a área menor, quanto a
altitude, o abrigo seis deveria ter a menor temperatura e o oito a maior; no que se
refere a vegetação, o abrigo sete deveria ter menor temperatura e o abrigo três a
maior; quanto ao atributo área construída os abrigos seis e um deveriam registrar
respectivamente, a maior e a menor temperaturas; no que diz respeito às áreas
pavimentadas, o abrigo três deveria ter a maior temperatura enquanto que o dois
a menor; e finalmente analisando o atributo áreas livres, o abrigo seis deveria
registrar as maiores temperaturas e o abrigo um as menores.
Essas considerações são decorrentes das análises dos atributos
mensurados isoladamente, ou seja, desconsiderando suas interferências mútuas.
Também o foram consideradas as condições meteorológicas dos dias de
monitoramento, que exercem influência importante sobre as relações entre os
atributos urbanos e as temperaturas encontradas.
115
3.7.5 Determinação das Condições Sinóticas
As condições sinóticas demonstram quais os sistemas atmosféricos
atuantes durante o monitoramento e as possíveis relações desses sistemas nas
variações de temperatura.
As condições sinóticas foram analisadas com base nas seguintes
informações, levantadas diariamente:
1. Imagens de Satélite Meteosat, obtidas no site do CPTEC - Centro de Previsão de
Tempo e Estudos Climáticos (www.cptec.inpe.br), às 21:00 horas (horário de
Brasília, não considerando-se o horário de verão);
2. Cartas de Pressão ao Nível do Mar, obtidas no site da Marinha
(www.dhn.mar.mil.br), para os horários de 03:00 e 15:00 horas (horários de Brasília,
não considerando-se o horário de verão);
3. Carta de Superfície, obtida no site do INMET - Instituto Nacional de Meteorologia
(www.inmet.gov.br), às 00:00, 06:00, 12:00 e 18:00 horas (horários de Brasília, não
considerando-se o horário de verão);
4. Imagens de Satélites GOES, obtidas no site da Argentina (www.meteofa.mil.ar),
às 17:45 horas (horários de Brasília, não considerando-se o horário de verão);
5. Imagens do Satélite Synop, obtidas no site da MASTER - Meteorologia Aplicada a
Sistemas de Tempo Regionais dados sinóticos da América do Sul
(www.master.iag.usp.br), às 03:00, 09:00, 15:00 e 21:00 horas (horários de Brasília,
não considerando-se o horário de verão).
Para complementar os dados, foram utilizados também os Boletins da
Climanálise (www.inmet.gov.br), que disponibilizam informações sobre as frentes e
as massas de ar atuantes na região da área de estudo, na ocasião do
monitoramento.
3.7.6 Espacialização do Campo Térmico
Com o objetivo de verificar a relação entre as temperaturas do ar e as
distâncias entre os pontos de monitoramento, utilizou-se o programa SURFER,
116
opção estatística Kriging, versão 8.0. Este programa é utilizado principalmente para
a representação de superfícies de levantamentos topográficos. Optou-se por
representar a variação da temperatura em três dimensões, principalmente pela
limitação de cores do programa, o que acarretaria na dificuldade de visualização e
interpretação dos dados.
O gráfico foi elaborado com a distância (em km) entre os pontos de
monitoramento no eixo “x”, os dias monitorados no eixo “y” e média das
temperaturas em cada abrigo, para o período, no eixo “z”. Dessa forma, foram
elaborados quatro gráficos tempôro-espacial, que correspondem aos períodos da
manhã, tarde, noite e madrugada, compreendendo o período de 04 de dezembro à
24 de dezembro de 2004, que contemplaram os oito pontos monitorados e o ponto
de controle. Foram elaborados também mais quatro gráficos, para os quatro turnos,
que correspondem ao período de 25 de dezembro de 2004 à 05 de janeiro de 2005,
para quatro pontos monitorados (abrigos 01, 05, 07 e 08) e para o ponto de
controle
(30)
.
Optou-se pela divisão por turnos porque a temperatura comporta-se
diferentemente ao longo do dia. Dessa forma, o período da manhã é caracterizado
preferencialmente pelo aquecimento do ar, o período da tarde, pelo início do
resfriamento, o período da noite, ainda pelo resfriamento, porém com certa
manutenção do calor e finalmente o período da madrugada, pela intensificação do
resfriamento.
Através dos gráficos gerados foi possível observar a espacialização do
campo térmico na área monitorada, a presença relativa de Ilhas de Calor, bem como
a repercussão dos tipos de tempo nesta variação.
(30)
Os abrigos tiveram que ser retirados antes da data prevista por questões de segurança.
117
Os dias e os horários de maior e menor temperaturas estão
representados de acordo com as cores do arco-íris
(31)
. Dessa forma, as cores frias
representam as menores temperaturas, enquanto que as cores quentes as mais
altas.
Os dias que apresentaram as mais altas e mais baixas temperaturas do
ar, foram estudados sob o ponto de vista do controle do sistema atmosférico atuante,
por meio da análise rítmica, que com base nos dados de pressão, temperatura,
umidade relativa, precipitação, direção e velocidade dos ventos, nebulosidade e
sistemas atmosféricos, o que possibilitou o diagnóstico do controle dos tipos de
tempos sobre as temperaturas dos períodos selecionados.
3.7.7 Relações entre as Temperaturas e o Uso do Solo
Para análise da relação entre as variáveis da temperatura e do uso
solo (área construída, área impermeabilizada, área livre e área verde), duas a duas,
foram elaboradas regressões lineares simples entre os componentes. Devido à
pouca representatividade, o atributo área com água foi desconsiderado para fins
dessa análise. Os produtos dessa regressão o as equações da reta, que
representam as relações entre as duas variáveis e os “R-quadrados” que traduzem
seu grau de significância, ou seja, através de números indicam o quanto as variáveis
estão relacionadas (quanto mais próximo de um, melhor a relação entre as
variáveis). O coeficiente de determinação “r2” é um índice sem dimensão, situado
entre 0 e 1 inclusive, que reflete a extensão de uma relação linear entre dois
conjuntos de dados.
(31)
É importante salientar que nos gráficos diferença nos valores extremos da legenda
representada pela escala das cores, ou seja, por problemas técnicos não foi possível
padronizar a legenda em termos de seus valores.
118
O valor “r2” da linha de regressão é:
r2= n($X Y) – ($ $X ) ( Y)
% $ [ N X ² - ($X ) ² ] [N$Y² - ($Y) ² ]
Objetivando a operacionalização dos dados, as variáveis do presente
estudo foram classificadas em dependentes e independentes. A temperatura do ar
medida foi classificada como variável dependente porque ela explica a diversidade
dos pontos, por meio dos maiores e menores valores, caracterizando campos
térmicos diferenciados. As variáveis independentes são os atributos mensurados
associados ao uso do solo e que explicam a variável dependente temperatura.
Para análise dos dados, foram calculadas as temperaturas médias dos
dias dos pontos, que foram associadas com a área construída, pavimentada, livre e
verde, também de cada localidade. Esse procedimento foi repetido para o período
da manhã, tarde, noite e madrugada.
Os coeficientes de determinação foram calculados com o auxílio das
planilhas e gráficos do Excel 2002. Foram montadas tabelas com os atributos
quantificados e os coeficientes de determinação, para as áreas de aproximadamente
49.000 m² e 10.000m².
O resultado desta pesquisa pode ser considerado uma situação para
cada localidade, uma vez que, devido ao pequeno número de pontos monitorados,
apenas oito localidades, o é possível homogeneizar os resultados, estendendo os
mesmos para todo o município.
119
4 ESPACIALIZAÇÃO DO CAMPO TÉRMICO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
OBTIDOS PARA A ÁREA URBANA DE SÃO JOSÉ DOS PINHAIS
4.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS
Neste capítulo da dissertação serão apresentados os resultados do
monitoramento, as análises individuais dos pontos monitorados e a análise em
conjunto dos mesmos. Este capítulo tem como objetivo analisar as variações das
temperaturas entre os pontos monitorados e relatar as informações geográficas de
cada ponto, para que na seqüência seja possível verificar as influências de ordem
física sobre as temperaturas.
Sobre isto, MONTEIRO (1990, p.09) teoriza:
... advoga-se aqui a necessidade de, paralela ou complementarmente às
análises meteorológicas da atmosfera sobre as cidades, penetrar-lhes no
interior delas, tomando-as como ‘fato geográfico’, em sua real estruturação
físico-natural de ambiente altamente ‘derivado’ pelo homem sob uma
dinâmica funcional conduzida pelos condicionamentos econômicos.
Na seqüência, MONTEIRO (1990, p.17) afirma:
A experimentação dessa estratégia e seu aperfeiçoamento progressivo,
multiplicada em várias cidades médias, é um programa de investigação
necessário a atacar agora [ grifo nosso], para que se possa conhecer os
mecanismos fundamentais de geração e as características básicas do clima
de nossas cidades
(32)
.
4.2 ANÁLISE DAS DIRETRIZES TEMPORAIS E ESPACIAIS DO ESTUDO DE
CASO
4.2.1 Análise dos Dados de Temperatura
Com base na tabela 10, pode-se verificar além do lculo das médias
para os períodos por ponto monitorado, as diferenças entre as temperaturas médias
(32)
A estratégia de que comenta o autor refere-se ao método de abordagem para conduzir a
pesquisa.
120
em relação ao ponto de controle. No anexo constam as tabelas das temperaturas
médias diárias por turnos, para os pontos monitorados e para o ponto de controle.
TABELA 10 TEMPERATURAS MÉDIAS REGISTRADAS NOS PONTOS
MONITORADOS PARA OS PERÍODOS DA MANHÃ, TARDE,
NOITE E MADRUGADA – DEZ.2004 – JAN. 2005
LOCALIZAÇÃO DOS PONTOS MONITORADOS
PERÍO-
DO
Indus-
trial1
(1)
Indus-
trial2
(1)
Residen-
cial3
(1)
Residen-
cial4
(1)
Central
5
(1)
Central
6
(1)
Residen-
cial7
(1)
Residen-
cial8
(1)
PC
MANHÃ 21,68
1,7
19,93
0,6
20,93 1,6
20,59 1,3
20,02
0,1
19,61 0,3 20,02
0,1
21,58 1,6
19,95
TARDE
26,92
3,1
24,92 2,2 26,59 3,8 24,74 2,0 24,76 1,0 23,89 1,2 27,12 3,3 27,26 3,4 23,81
NOITE
19,93
0,9
18,95
0,75
19,42 1,22
18,81
0,61
20,18
1,1 18,48
0,28
20,92
1,9
20,25 1,2
19,05
MADRU-
GADA 17,58
0,2
16,86
0,1 16,79 0,0
16,70 -0,1 17,83 0,4 16,33 -0,4 9,14
0,4 17,60
0,2 17,40
FONTE: PERTSCHI, S.C., 2005. Organizado a partir do experimento.
(1) Diferença da temperatura no ponto monitorado em relação ao Ponto de Controle (PC
– SIMEPAR).
De acordo constantes na tabela 10, é possível observar diferenças
entre o ponto de controle e as medições ao longo dos pontos monitorados. Essas
diferenças certamente existem, mas a causa talvez esteja bastante ligada ao fator de
“isolamento” do ponto de controle e a “interferência” dos pontos monitorados com
relação às condições do entorno próximo ao ponto, edificado ou não.
As temperaturas registradas nos locais monitorados, no período da
manhã, apresentaram uma similaridade em suas variações, salvo picos verificados
principalmente no ponto Industrial 01 e Residencial 08, embora ambos tenham
mantido a mesma tendência de ocupação. Esses picos podem estar associados a
ventos, trânsito ou fonte externa de calor. Comparando entre si as temperaturas
médias nos pontos, no período da manhã, percebe-se claramente a predominância
de dois grupos similares entre si, que são: os pontos Industrial 02, Central 05,
Central 06 e Residencial 07, no grupo com as menores diferenças de temperatura
em relação ao Ponto de Controle e os pontos Industrial 01, Residencial 03,
Residencial 04, Residencial 08, com as maiores diferenças de temperatura entre os
mesmos e o Ponto de Controle.
121
Para o período da tarde, a similaridade das variações entre os pontos
se mantém, embora os contrastes passem a ser maiores, como é de se esperar para
esse turno, quando ocorre maior aquecimento dos materiais e superfícies urbanas.
Agrupando os valores apresentados na tabela 10, para o período da tarde, verifica-
se a predominância de três padrões de pontos, ou seja: diferenças de temperatura
média entre o ponto monitorado de igual ou superior a C (Industrial 01, Residencial
03, Residencial 07 e Residencial 08), diferenças de 2ºC ou mais (Industrial 02,
Residencial 04) e diferença de 1,2 ºC ou mais (Central 05 e Central 06).
Pode-se considerar o período da noite como sendo o melhor para
analisar os pontos monitorados, porque não existe a presença do elemento sombra,
que pode interferir na medição. A diferença entre os pontos monitorados é
acentuada no período noturno devido às trocas térmicas entre os edifícios, que
interferem no resfriamento do ar. Observando a tabela 10, é possível verificar a
predominância de dois padrões da diferença da temperatura do ar em relação ao
ponto de controle, o primeiro com valores iguais ou maiores que 1ºC (Residencial
03, Central 05, Residencial 07 e Residencial 08) e o segundo com valores menores
que 1ºC (Industrial 01, Industrial 02, Residencial 04 e Central 06). Para esse período
o ponto que apresentou maior temperatura média foi o Residencial 07 e a menor foi
o Central 06 (anexo ).
Na madrugada, os valores de temperatura média nos pontos
obedecem a um mesmo padrão, quase não sendo percebidas diferenças entre os
pontos. Isso ocorre porque o resfriamento está instalado, reforçando-se nesse
turno o resfriamento do ar mais acentuadamente, fazendo as diferenças entre os
pontos diminuírem.
Para análise ponto a ponto da temperatura do ar, serão inicialmente
abordados os pontos com maior diferença de temperatura devido à significância
desses resultados para a presente pesquisa.
O ponto Industrial 01, conforme demonstrado, possui
aproximadamente 55% de área livre (figura 16). As áreas livres favorecem a livre
122
circulação do ar e a entrada de radiação solar. Segundo OLGYAY (1998), o
resultado sobre a temperatura do ar nessas áreas, depende do revestimento desse
solo, ou seja, quando o solo for nu ou coberto com calçamento ou pedrisco, a
absorção de calor e sua emissão no processo de resfriamento serão eficientes
devido às suas propriedades de calor específico e capacidade térmica, que são
modificadas pela presença de água. Dessa forma, as áreas livres podem inibir ou
induzir o aquecimento do ar. No caso específico do ponto Industrial 01, as maiores
temperaturas podem ser associadas à presença de solo nu próximo ao ponto
monitorado.
Quanto ao ponto Residencial 03 ter registrado as maiores diferenças
de temperatura média em relação ao ponto de controle, o fato pode ser associado à
característica do ponto, ou seja, devido à grande quantidade de áreas construídas e
pavimentadas e pela pequena porcentagem de área verde. Esse ponto, devido à
peculiaridade de ocupação, pode ser entendido como um ponto característico do
centro da cidade (figura 21), onde, devido à grande porcentagem de área construída
e área pavimentada, as temperaturas tendem a ser maiores.
A diferença registrada no ponto Central 05 pode estar associada a
árvore presente próxima ao abrigo e pelo sombreamento dela (figura 25). A
vegetação atua como um filtro das radiações absorvidas pelo solo e pelas
superfícies construídas, refrescando os ambientes próximos, isso porque as folhas
atuam como anteparos protetores das superfícies que se localizam abaixo da
vegetação (figura 35). Quanto ao ponto Central 06, a menor temperatura pode estar
associada ao corredor de ventilação formado pela intersecção de dois corredores
abertos configurados por terrenos baldios (figura 29), que favorecem as menores
temperaturas, além da vegetação no local de implantação do abrigo. A vegetação
tem menor capacidade calorífica quando comparada com o pedrisco ou outras
superfícies pavimentadas, ou seja, o gramado pode absorver maior quantidade de
radiação solar e irradiar menor quantidade de calor, uma vez que grande parte da
energia absorvida pelas folhas é utilizada para seu processo metabólico, enquanto
que em outros materiais toda a energia absorvida é transformada em calor
(ROMERO, 2000). De acordo com OLGYAY (1998), a temperatura sobre uma
123
superfície de grama, em dias de Sol, no verão fica reduzida entre 5ºC e 7ºC quando
comparada, nas mesmas condições, com uma superfície pavimentada.
FIGURA 35 – EFEITO REFRESCANTE DA VEGETAÇÃO
ROMERO, M. A. B. Princípios bioclimáticos para o desenho urbano. São Paulo: Projeto,
2000. 123p.
Apesar de ter registrado o maior percentual de área construída (35%)
em relação aos demais pontos monitorados, o ponto Central 06, de uma maneira
geral, o registrou a maior temperatura, como apregoa a literatura. De acordo com
OKE (1978) apud MENDONÇA (1994), as áreas construídas em geral são eficientes
absorvedores-emissores de energia, principalmente devido aos materiais
empregados. Outra situação é o efeito sky view, fator que possibilita maior absorção
da radiação solar direta e inibe a perda de radiação de ondas longas emitidas pela
superfície, o que acarreta em uma maior conservação de calor na camada de ar
intra-urbana confinada pelas edificações. No caso específico do ponto Central 06, as
menores temperaturas podem ser atribuídas ao corredor de ventilação, conforme
explicado, ou à presença considerável de vegetação no centro da cidade, quando
comparado com outros centros urbanos (figura 29). De acordo com ROMERO
(2001), em áreas verdes a taxa de evaporação em relação a outras superfícies é
muito maior, contribuindo dessa forma para menores temperaturas. Em um contexto
geral, as menores temperaturas no centro da cidade também podem ser atribuídas
às características de ocupação do centro, ou seja, edificações antigas, com poucos
pavimentos, espalhadas entre si, entre outros motivos.
124
O ponto Residencial 07, apesar de vegetado, registrou altas
temperaturas. Este fato pode estar associado a presença de terra nua no entorno
imediato do ponto Residencial 07. Isso significa que a temperatura pode ter sido
influenciada pela boa capacidade térmica da terra, ou seja, boa parte da energia
absorvida é transformada em calor, aquecendo o ambiente (ROMERO, 2000), muito
embora esse fator dependa também do albedo e do teor de umidade do ar. Outro
fato relacionado às altas temperaturas encontradas no ponto Residencial 07 pode
ser explicado observando o entorno do ponto monitorado, principalmente a
proximidade de construções, caracterizando confinamento, o que impede a ação do
vento e favorece o aquecimento do ar. À noite, as maiores temperaturas no ponto
Residencial 07 podem ser explicadas observando o anteparo existente próximo ao
abrigo (figura 30). De acordo com ROMERO (2000), o céu recebe, além das
radiações solares diretas e difundidas pela atmosfera, os raios solares refletidos
pelas superfícies próximas. Desta forma, pelo fato de existir próximo ao abrigo um
muro, o ponto pode ter recebido à noite, quando cessou a radiação solar direta, o
calor perdido pela face daquela superfície (figura 36). Deve-se considerar também a
relação altura por largura construída que dificulta a irradiação noturna do calor
acumulado, mas resulta em menores temperaturas durante o dia devido ao
sombreamento provocado pelas edificações.
FIGURA - 36 – PERDAS DE CALOR NOTURNA
ROMERO, M. A. B. Princípios bioclimáticos para o desenho urbano. São Paulo: Projeto,
2000. 123p.
125
As maiores temperaturas registradas no ponto Residencial 08 podem
ser atribuídas ao padrão de ocupação, ou seja, lotes menores, edificações mais
próximas e a conseqüente mudança e obstrução da ação dos ventos. O ponto
registrou grande quantidade de área livre, aproximadamente 45% (figura 33) seguido
da área pavimentada (25%) e da área construída (23%). De acordo com OLGYAY
(1998), as áreas pavimentadas possuem capacidade térmica mais alta que a dos
materiais dos ambientes naturais, ou seja, tendem a absorver mais a radiação solar,
para posteriormente refletí-las sobre as superfícies construídas.
As menores temperaturas registradas no ponto Industrial 02 podem
ser atribuídas às características do ponto, uma vez que o mesmo foi implantado em
área aberta com grande porcentagem de área livre (52%). De acordo com ROMERO
(2000), as áreas abertas tendem a registrar menores temperaturas devido à ação
dos ventos. Quanto ao ponto Residencial 04, é importante destacar que, apesar do
ponto ter registrado considerável porcentagem de área construída e pavimentada, o
abrigo foi instalado próximo de uma área vegetada (figura 23). De acordo com
MASCARÓ (1996), as áreas próximas de vegetação tendem a registrar menores
temperaturas decorrentes da alteração de energia disponível no ambiente.
4.2.2 Análise das Condições Sinóticas e Espacialização do Campo Térmico
O clima da região em que está situado o município de São José dos
Pinhais é classificado como Clima Subtropical Úmido Mesotérmico, com verões
frescos, invernos com ocorrências de geadas severas e freqüentes, não
apresentando estação seca (MAACK, 1968).
As temperaturas médias registradas nos meses mais quentes do ano
no município são entre 27ºC e 29ºC, e as dos meses mais frios entre 14ºC e 16ºC
(SIMEPAR, 2004).
De acordo com dados obtidos por meio do Centro de Previsão de
Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC, 2005), na Região Sul do Brasil, no mês de
126
dezembro de 2004, os totais acumulados de chuva foram inferiores a 200 mm em
toda Região. As frentes frias apresentaram rápido avanço e contribuíram pouco para
a ocorrência de chuva. A temperatura mínima variou entre 14ºC e 20ºC e a
temperatura xima entre 24ºC e 28ºC, tendo sido registradas temperaturas
mínimas e máximas, em algumas regiões, abaixo da média histórica. Em janeiro de
2005, foi registrada a rápida passagem dos sistemas frontais, o que pouco contribuiu
para a ocorrência de chuvas. Os totais mensais foram inferiores a 150 mm em
grande parte da Região. Quanto à temperatura, a mínima variou entre 14ºC e 22ºC e
a máxima entre 26ºC e 34ºC no sul do País.
De uma maneira geral, atuaram na região de São José dos Pinhais, no
período do monitoramento, os seguintes sistemas atmosféricos: Frente Polar
Atlântica (FPA), Massa Polar Atlântica (MPA), Massa Polar Velha (MPV) e Massa
Tropical Atlântica (MTA). De acordo com as informações diárias que serão
apresentadas a seguir, percebe-se que, apesar do monitoramento ter sido realizado
no verão, houve em grande parte do período a ação de MPA e FPA.
Independentemente do padrão de uso e ocupação do solo, a circulação
de superfície caracterizou-se pela atuação das massas e frentes que impõem
contrastes térmicos muito nítidos conforme observa-se em todos os turnos nos dias
09 a 12 de dezembro e 20 a 24 de dezembro, ambos em 2004. Esses contrastes
evidenciam uma diminuição geral das temperaturas em decorrência das massas.
A Massa Polar Atlântica é caracterizada pelo deslocamento marítimo
do Anticiclone Migratório Polar, ocasionando períodos frios e úmidos. A Frente Polar
Atlântica é gerada pela passagem da MPA e regula as chuvas na região. Em alguns
dias, a MPA que estava dominando a região entrou em processo de tropicalização
que resultou em uma Massa Polar Velha (MPV), aumentando as temperaturas.
Sob os efeitos das massas e frentes já citadas, com a análise do
campo térmico, foi possível identificar áreas mais aquecidas em consonância com a
diferença dos atributos urbanos. Embora a presente pesquisa demonstre somente o
perfil transversal do campo térmico da atmosfera intra-urbana, serão denominadas
127
de Ilhas de Calor os valores da temperatura do ar de maior destaque representados
nos gráficos tempôro-espaciais.
De acordo com as figuras 37, 38, 39 e 40, em todos os períodos, os
dias 04, 05 e 06 de dezembro registraram temperaturas mais altas, com a presença
de Massa Tropical Atlântica, seguida de Frente Polar Atlântica e Massa Polar Velha,
que trouxe chuva no período e manteve o céu encoberto, como demonstra a análise
rítmica (figura 41). Dentre os três dias de acordo com as figuras 37, 38, 39 e 40,
ocorreram Ilhas de Calor mais expressivas no dia 06 de dezembro, tendo registrado
diferenças entre as localidades de 4,78 ºC (anexo). Nesse dia, sob a atuação de
uma MPV e céu parcialmente nublado, os pontos com as maiores temperaturas, no
período da manhã, foram o Industrial 01 (27,27ºC), seguido do ponto Residencial
08 com 26,61ºC, enquanto que a menor temperatura foi registrada no ponto
Residencial 07 (abrigo vegetado) com 22,49ºC. Registrou-se também a formação
de Ilhas de Calor secundárias ou com menor intensidade nos pontos Central 05 e
Central 06, localizados no centro da cidade. Na tarde do dia 06 de dezembro,
apesar do céu completamente nublado, fator que pode distorcer a realidade, uma
vez que as nuvens formam barreiras no céu que impedem as perdas de calor das
ondas longas, homogeneizando as temperaturas, e vento nordeste de intensidade
moderada (vente quente), verificou-se a formação de Ilha de Calor no ponto
Residencial 03 (31,45ºC), seguido do ponto Industrial 01 (31,04ºC). À noite e de
madrugada, as temperaturas registradas não apresentaram diferenciação
significativa.
Nos dias 07, 08 e 09 de dezembro, de acordo com as figuras 37, 38, 39
e 40, sob a ação de uma FPA, e céu parcialmente nublado, ocorreram Ilhas de Calor
de maior destaque no dia 08 de dezembro, com diferenças entre os pontos de até
2,55ºC (anexo). Para o período matutino, observam-se Ilhas de Calor no ponto
Industrial 01 (23,32ºC), seguido do ponto Residencial 03 (23,06ºC). À tarde,
ocorreram Ilhas de Calor também no ponto Industrial 01 (28,44ºC), seguido do
ponto Residencial 08 (28,18ºC) e do ponto Residencial 03 (27,59ºC). À noite, os
pontos seguem o mesmo padrão da manhã, quando o ponto Industrial 01 registra a
128
maior temperatura entre os pontos (23,38ºC), seguido do ponto Residencial 03
(22,81ºC). No período da madrugada as diferenças não são significativas.
Nos dias 10, 11 e 12 de dezembro, sob a ação de uma Massa Polar
Atlântica, a temperatura manteve-se baixa, com a ocorrência de chuva, céu nublado,
e ventos suaves e fortes de sudeste (figura 42). Dentre os três dias, merece
destaque o dia 11 de dezembro devido ao registro das mais baixas temperaturas do
período e variação de até 2,28ºC (anexo) entre os pontos monitorados. Na manhã e
à tarde desse dia (figura 37 e 38), as menores temperaturas foram registradas nos
pontos Central 05, com 14,66ºC e 16,51ºC, respectivamente e Central 06, com
14,98ºC e 16,32ºC, respectivamente. À noite (figura 39), o padrão das menores
temperaturas é modificado com o registro da menor temperatura no ponto
Residencial 04 (13,89ºC), seguido dos pontos Industrial 01 e Central 06, ambos
com 13,96ºC. No período da madrugada (figura 40), a menor temperatura foi
registrada no ponto Central 06, com 12,61ºC.
Nos dias 13 e 14 de dezembro, a temperatura sofreu elevação,
decorrente de uma Massa Polar Velha. No dia 13 de dezembro observou-se a
diferença de 5,04ºC entre os pontos monitorados. Na mandesse dia (figura 37)
ocorreram Ilhas de Calor no ponto Industrial 01 (23,49ºC), seguido do ponto
Residencial 03 (21,61ºC). Para esse período foram registradas as menores
temperaturas no ponto Residencial 07 (18,73ºC). À tarde (figura 38) o ponto
Residencial 07 apresentou a Ilha de Calor de maior destaque (32,17ºC), seguido do
ponto Industrial 01 (32,08ºC) e Residencial 03 (31,67ºC). Na noite de 13 de
dezembro (figura 39) o ponto Residencial 07 registrou a temperatura máxima de
22,50ºC, seguido do ponto Residencial 03 (22,18ºC). Na madrugada (figura 40), os
pontos Industrial 02 e Residencial 03 registraram Ilhas de Calor, ambos com
15,94ºC, seguido do ponto Central 05 (15,81ºC). A menor temperatura, para esse
período foi registrada no ponto Central 06 (15,30ºC).
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Nos dias 15, 16 e 17 de dezembro, sob a ação de uma Massa Polar
Velha seguida de uma Massa Polar Atlântica, as temperaturas oscilaram cerca de
12ºC, conforme demonstra a figura da análise rítmica 43. O céu permaneceu
encoberto e os ventos com velocidade suave, moderada e muito forte. Entre os dias
verificados o destaque foi o dia 16 de dezembro, que registrou diferenças de
temperatura de 4,93ºC. Nessa manhã, ocorreram Ilhas de Calor, com vento
nordeste, MPV e MPA, nos pontos Residencial 03 (24,35ºC), Residencial 08
(23,95ºC) e Industrial 01 (23,51ºC), contrastando com a menor temperatura
registrada de 21,16ºC para o ponto Residencial 07 (ponto vegetado). À tarde (figura
38) ocorreram Ilhas de Calor nas localidades dos pontos Residencial 03 (34,53ºC) e
Residencial 07 (33,41ºC), ou seja, no abrigo com maior porcentagem de área
pavimentada e no abrigo com elevada porcentagem de áreas verdes. À noite (figura
39), as Ilhas de Calor também ocorreram nos pontos Residencial 03 (26, 56ºC) e
Residencial 07 (25,72ºC). No período da madrugada (figura 40), as Ilhas de Calor
foram registradas nos pontos Residencial 03 (17,96ºC), Industrial 02 (17,90ºC) e
Residencial 07 (17,84ºC).
O dia 18, sob a atuação de uma MPA, com temperaturas em elevação,
registrou-se pela manhã e à tarde (figuras 37 e 38) Ilhas de Calor no ponto
Residencial 03 (20,64ºC e 26,15ºC, respectivamente). À noite (figura 39), ocorreram
Ilhas de Calor nos pontos Residencial 07 (20,63ºC) e Residencial 03 (20,51ºC). Na
madrugada (figura 40), as temperaturas permanecerem com o mesmo padrão tendo
sido registrados pontos mais frios no ponto Residencial 04 (16,76ºC) e Central 06
(16,44ºC).
Os dias 19, 20 e 21 estiveram sob a interferência de Massa Polar
Atlântica. Dentre esses dias, o de maior destaque foi dia 19 de dezembro, quando
foram registradas diferenças de temperatura de 7ºC. Na manhã e à tarde do dia 19
de dezembro (figura 37 e 38), com vento suave sudeste e céu parcialmente nublado,
verificou-se a ocorrência de Ilhas de Calor no ponto Residencial 03, com o registro
de 23,34ºC e 34,26ºC, respectivamente. À noite (figura 39), o ponto mais quente foi
o ponto Residencial 07 (24,70ºC). De madrugada (figura 40), os pontos que
registraram Ilhas de Calor foram o ponto Residencial 03 e Residencial 07, ambos
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137
com 18,47ºC. Na manhã do dia 20 de dezembro (figura 37), puderam ser
observadas, a ocorrência de Ilhas de Calor nos pontos Industrial 01 (26,14ºC),
Residencial 08 (24,40ºC) e Residencial 04 (23,86ºC). As menores temperaturas
foram registradas no ponto Residencial 07 (20,91ºC), resultando na diferença de
5,23ºC entre a menor e a maior temperatura. À tarde (figura 38) as Ilhas de Calor
ocorreram nos pontos Industrial 01 (33,52ºC), Residencial 07 (33,34ºC) e
Residencial 08 (33,00ºC). À noite e na madrugada do dia 20 de dezembro (figuras
39 e 40), houve a ocorrência de Ilhas de Calor nos pontos residencial 07, 21,40ºC e
17,90ºC respectivamente, e Central 05, 20,63ºC e 17,70ºC, respectivamente.
Nos dias 22 e 23 de dezembro a umidade relativa manteve-se estável,
tendo sofrido queda no dia 24 de dezembro. O céu nos dois primeiros dias manteve-
se encoberto, tendo registrado melhora no dia seguinte. Nesse período, a
temperatura manteve-se baixa (cerca de 15ºC), tendo apresentado aquecimento dia
24 de dezembro (23ºC) e precipitação no dia 22 de dezembro. Nos dias 22, 23 e 24
de dezembro os sistemas atmosféricos atuantes eram a Frente Polar Atlântica, a
Massa Polar Atlântica e a Massa Polar Velha (figura 44). O dia de maior destaque
desse período foi 23 de dezembro que registrou diferença de temperatura de 0,7ºC
entre os pontos monitorados. Em todos os turnos (figuras 37, 38, 39 e 40) as
menores temperaturas registradas ocorreram nos pontos Central 05 e Central 06 e
em geral com 0,7ºC de diferença entre o ponto mais quente e o mais frio.
Observando as figuras 45, 46, 47 e 48, para os dias 25, 26 e 27 de
dezembro de 2004, verifica-se que em geral os pontos Industrial 01 e Residencial 08
apresentaram maiores temperaturas. Dentre os dias apresentados, o que merece
destaque é o dia 27 de dezembro devido à diferença de 7,06ºC observada entre os
pontos monitorados. Na manhã e à tarde desse dia, de acordo com as figuras 45 e
46, observam-se Ilhas de Calor no ponto Industrial 01, 25,71ºC e 32,78ºC
respectivamente, seguido do ponto Residencial 08, 23,61ºC e 31,05ºC,
respectivamente. À noite (figura 47) as maiores temperaturas foram registradas nos
pontos Residencial 07 (22,75ºC) e Central 05 (21,46ºC). Na madrugada (figura 48)
as temperaturas obedeceram a um mesmo padrão, não tendo sido destacados valor
mais alto ou mais baixo.
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Nos dias 28 e 29 de dezembro (figuras 45, 46, 47 e 48), sob a
influencia de MPA e vento norte suave, observa-se que ocorreram Ilhas de Calor em
todos os períodos. No dia 29 de dezembro a maior diferença entre os pontos foi
3,26ºC. Na manhã desse dia (figura 45), observou-se a formação de Ilhas de Calor
nos pontos Industrial 01 (22,39ºC) e Residencial 08 (22,12ºC). À tarde (figura 46),
ocorreram Ilhas de Calor no ponto Residencial 07 (32,63ºC), seguido do ponto
Residencial 08 (31,81ºC). À noite e de madrugada (figura 47 e 48), observou-se a
formação de Ilhas de Calor nos pontos Residencial 07, 24,10ºC e 18,53ºC
respectivamente, e Central 05, 22,36ºC e 18,22, respectivamente.
Nos dias 30 e 31 de dezembro de 2004 e 01 de janeiro de 2005, a
temperatura manteve-se alta (figura 49). Nesse período, observando as figuras 45,
46, 47 e 48, o dia que merece destaque é 31 de dezembro, por não ter seguido o
padrão dos demais e por ter registrado diferença entre os pontos monitorados de
3,64ºC. Na manhã desse dia (figura 45), com vento sudeste de intensidade regular e
sob a ação de uma MPA, ocorreram de Ilhas de Calor no ponto Industrial 01
(27,02ºC) e no ponto Residencial 08 (26,89ºC). A ilha estendeu-se, com menor
intensidade, até o ponto Central 05, conforme demonstrado na figura 45. À tarde
(figura 46), registrou-se a ocorrência de Ilha de Calor no ponto Industrial 01
(34,97ºC) e no ponto Residencial 08 (34,45ºC). À noite (figura 47), o ponto mais
quente foi o ponto Residencial 07 (24,94ºC), seguido do ponto Central 05
(23,64ºC).Na madrugada (figura 48), sob a ação de uma MPV e céu praticamente
limpo, ocorreram Ilhas de Calor no ponto Central 05 (23,05ºC) seguido do ponto
Industrial 01 (22,22ºC).
Finalmente nos dias 02, 03, 04 e 05 de janeiro, sob a ação de MPA e
FPA, as temperaturas obedeceram a um mesmo padrão. De acordo com as figuras
45, 46, 47 e 48 os dias de maior destaque são o dia 02 de janeiro, com diferenças
entre os pontos de 5,67ºC, e 04 de janeiro, com diferença entre os pontos de 2,25ºC.
Na manhã do dia 02 de janeiro (figura 45), sob a ação de MPA, céu parcialmente
nublado e vento leve sudeste, ocorreram Ilhas de Calor nos pontos Residencial 08
(23,53ºC) e Industrial 01 (23,33ºC). À tarde (figura 46), ocorreram Ilhas de Calor
nos pontos Residencial 07 (34,18ºC e Residencial 08 (30,52ºC). À noite (figura 47)
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ocorreram Ilhas de Calor no ponto Residencial 07 (24,68ºC), seguido do ponto
Central 05 (22,74ºC). De madrugada (figura 48), ocorreram Ilhas de Calor também
nos pontos Residencial 07 (19,49ºC) e Central 05 (19,36ºC). No dia 04 de janeiro,
sob a ação de uma FPA, e céu totalmente nublado, no período da manhã e da tarde
(figuras 45 e 46), ocorreram Ilhas de Calor no ponto Residencial 08 (19,74ºC e
23,96ºC, respectivamente), seguido do ponto Industrial 01 (19,61ºC e 23,38ºC,
respectivamente). À noite (figura 47), também sob os efeitos do céu nublado e vento
nordeste, ocorreram Ilhas de Calor no ponto Residencial 07 (20,38ºC). Na
madrugada, de acordo com a figura 48, observa-se a formação de Ilhas de Calor no
ponto Industrial 01 e Residencial 07, ambos com 18,22ºC.
Observando todos os dias analisados, para o período da manhã é
possível verificar que o ponto Industrial 01 possui a maior ocorrência de Ilhas de
Calor, seguido do ponto Residencial 08 e Residencial 03. Agrupando os dados das
tardes analisados anteriormente, observa-se que, ocorre maior repetição das Ilhas
de Calor no ponto Residencial 08, seguido dos pontos Residencial 03, Industrial
01 e Residencial 07. À noite, de acordo com as informações apresentadas, é
possível verificar a maior ocorrência de Ilhas de Calor no ponto Residencial 07,
seguido dos pontos Central 05 e Residencial 03. E finalmente na madrugada, a
maior ocorrência de Ilhas de Calor foi verificada no ponto Residencial 07, seguido
do ponto Central 05 e Residencial 03.
A ocorrência de Ilhas de Calor no ponto Industrial 01 pode ser
associada a grande porcentagem de área livre, aproximadamente 55% (figura 16).
As áreas livres favorecem a livre circulação do ar e a entrada de radiação solar. O
caso específico das altas temperaturas nesse ponto pode ser explicado segundo
OLGYAY (1998), como o resultado do revestimento do solo, ou seja, quando o solo
for nu ou coberto com calçamento ou pedrisco, a absorção de calor e sua emissão
no processo de resfriamento serão eficientes devido às suas propriedades de calor
específico e capacidade térmica, que são modificadas pela presença de água.
Quanto às maiores temperaturas para o ponto Residencial 08, elas podem ser
explicadas pela proximidade das edificações, dimensões dos lotes e também pela
grande quantidade de área livre, aproximadamente 45% (figura 33) seguido da área
146
pavimentada (25%) e da área construída (23%). De acordo com OLGYAY (1998),
as áreas pavimentadas possuem capacidade térmica mais alta que a dos materiais
dos ambientes naturais, ou seja, tendem a absorver mais a radiação solar, para
posteriormente refletí-las sobre as superfícies construídas. A maior ocorrência de
Ilhas de Calor no ponto Residencial 03 pode ser associada à sua caracterização, ou
seja, pela grande quantidade de áreas construídas (31%) e pavimentadas (40%), e
pela pequena porcentagem de área verde, aproximadamente 1% (figura 21). Esse
ponto, devido à peculiaridade de ocupação, pode ser entendido como um ponto
característico do centro da cidade. De acordo com OKE (1978) apud MENDONÇA
(1994), as áreas construídas em geral são eficientes absorvedores-emissores de
energia, principalmente devido aos materiais empregados. Outra situação é o efeito
sky view, fator que possibilita maior absorção da radiação solar direta e inibe a perda
de radiação de ondas longas emitidas pela superfície, o que acarreta em uma maior
conservação de calor na camada de ar intra-urbana confinada pelas edificações.
Com relação a maior incidência de Ilhas de Calor no ponto Residência
07, o fato pode ser atribuído às suas características. De acordo com a figura 31, o
abrigo foi instalado sobre superfície de terra nua, próximo a muros e edificações.
Isso significa dizer que apesar do abrigo ter sido instalado em uma região com
grande porcentagem de vegetação (33%) e áreas livres (44%), o mesmo sofreu
interferências do confinamento, decorrente dos anteparos próximos do abrigo,
permitindo caracterizá-lo como um ponto adensado. De acordo com ROMERO
(2000), os muros e construções funcionam com anteparos que modificam a ação dos
ventos, a insolação e as conseqüências da existência da vegetação.
O ponto Central 05, implantado na grama e próximo de uma árvore, é
caracterizado pela maior quantidade de área pavimentada (39,06%) e construída
(27,40%) (figura 27). É importante salientar que as Ilhas de Calor nesse ponto
ocorreram principalmente à noite e de madrugada. Nesse período, não houve a
interferência do sombreamento durante as medições, o que contribuiu para registrar
a realidade do ponto. De acordo com MASCARÓ (1996), próximo de áreas com
árvores, a temperatura do ar é influenciada pela radiação solar, vento e umidade do
ar. Sob agrupamentos arbóreos, a temperatura do ar pode registrar diferenças de
147
4ºC a menos quando comparada com outros pontos. A diferença se acentua com a
redução do deslocamento do ar entre as áreas ensolaradas e sombreadas e com o
aumento do porte da vegetação.
De acordo com as figuras apresentadas referentes a espacialização do
campo térmico, é possível observar que, para quase todas as Ilhas de Calor
ocorridas houve a extensão das mesmas para os abrigos cinco e seis, que com
menor intensidade. O sombreamento, fator característico dos períodos matutino e
vespertino, dificultam a análise dos dados, uma vez que interferem nos resultados
através da criação de climas diferenciados. Nos dias de maior nebulosidade,
formam-se barreiras que impedem as perdas de calor das ondas longas na
atmosfera, que são limitadas ou distorcem a realidade da temperatura no horário
monitorado, homogeneizando os contrastes. Quanto aos ventos, a direção e
velocidade são responsáveis pela difusão de energia. Com isso, nos dias de vento
forte e muito forte, as temperaturas tendem a se homogeneizar.
Verificando o comportamento das temperaturas entre os pontos
monitorados, observa-se que ocorreram apenas duas Ilhas de Calor no ponto
Industrial 02, ambas durante a madrugada. Isso pode ser explicado analisando-se
as características do ponto, uma vez que o mesmo foi implantado em área aberta
com grande porcentagem de área livre (52%). De acordo com ROMERO (2000) as
áreas abertas tendem a registrar menores temperaturas devido a ação dos ventos.
Não foram registradas Ilhas de Calor no ponto Residencial 04 e Central 06. Quanto
ao ponto Residencial 04 é importante destacar que apesar do ponto ter registrado
considerável porcentagem de área construída e pavimentada, o abrigo foi instalado
próximo de uma área vegetada (figura 23). De acordo com MASCARÓ (1996), as
áreas próximas de vegetação tendem a registrar menores temperaturas decorrentes
da alteração de energia disponível no ambiente. Quanto ao ponto Central 06, a não
ocorrência de Ilhas de Calor pode ser atribuída também às características do ponto.
De uma maneira geral, o ponto Central 06 é caracterizado pela área construída e
pavimentada, e pela existência da área verde, ainda que pequena. É importante
salientar que esse abrigo foi instalado sobre área com vegetação e em uma área
com tendência em formar corredor de ventilação. O fato do ponto Central 06 seis
148
ter registrado a menor temperatura pode estar associado ao sombreamento do ponto
ou pela presença de vegetação rasteira no local de implantação do abrigo, ou ainda
porque o ponto estava na intersecção de dois corredores abertos configurados por
terrenos baldios (figura 29). Essa situação favorece a formação de corredor de
ventilação que acarreta o resfriamento do ar e as menores temperaturas. Apesar de
estar localizado no centro da cidade, o é um ponto característico de centros
urbanos. Em geral, nos centros das cidades, as áreas construídas o mais
representativas, e as áreas verdes, quase inexistentes. Isso não ocorre tão
claramente em São José dos Pinhais devido a sua característica própria de
ocupação, ou seja, edificações baixas, pouca verticalidade, presença de áreas
verdes e livres, entre outros fatores.
De uma maneira geral, analisando os gráficos tempôro-espaciais,
percebe-se que ocorreu a extensão das Ilhas de Calor durante os turnos de alguns
dias nos abrigos, principalmente sob a atuação de Massas Polar Velha. Isso pode
ser comprovado, verificando-se as figuras relativas a espacialização do campo
térmico, que evidenciam a intensificação das Ilhas de Calor identificadas no período
da manhã, tarde e noite. Esse fato pode ser atribuído às diferenças de
comportamento da temperatura do ar ao longo do dia. Pela manhã, com o
aquecimento do ar devido à insolação, a ocorrência de Ilhas de Calor é reduzida em
relação ao período da tarde. No período da tarde, quando ocorre o maior
aquecimento da atmosfera, as Ilhas de Calor se intensificam e multiplicam. À noite,
sem a presença da insolação e do sombreamento, a temperatura do ar tende a se
estabilizar.
4.2.3 Análise de Regressão Linear Simples
Alguns dos resultados obtidos através da análise de regressão linear
simples apresentaram-se inversos aos esperados. Isso ocorreu principalmente
devido à interferência do sombreamento nas áreas mais adensadas e ao padrão de
ocupação característico de São José dos Pinhais, com grande quantidade de áreas
verdes e livres e pouca verticalização.
149
O valor “r-quadrado”, resultante da equação da reta, pode ser
interpretado como a proporção da variância em y que pode ser atribuída à variância
em x. As tabelas 11 a 14 demonstram, para os períodos da manhã, tarde, noite e
madrugada, as equações da reta e os coeficientes de determinação para os raios de
125 metros e de 56 metros, comparados com os atributos área construída, área livre,
área pavimentada e área verde. Devido à sua pouca representatividade, o atributo
área com água foi desconsiderado para essa análise.
Baseado no grau de correlação entre a temperatura e a variável
explicativa é possível verificar qual a associação entre elas e quais os períodos de
influência de cada uma.
TABELA 11 COEFICIENTES DE DETERMINAÇÃO, PARA O PERÍODO DA
MANHÃ - 2005
RAIO DE 125 metros RAIO DE 56 metros
ATRIBUTO
R2 R2
Área Construída (%) 0,0668
0,2124
Área Livre (%)
0,2191
0,2528
Área Pavimentada (%) 0,0314
0,0008
Área Verde (%) 0,049
0,044
Altitude (m)
0,5461
0,5461
FONTE: PERTSCHI, S.C., 2005.
TABELA 12 –COEFICIENTES DE DETERMINAÇÃO, PARA O PERÍODO DA TARDE
- 2005
RAIO DE 125 metros RAIO DE 56 metros
ATRIBUTO
R2 R2
Área Construída (%) 0,5728
0,3102
Área Livre (%) 0,2701
0,3283
Área Pavimentada (%) 0,1963
0,0919
Área Verde (%) 0,1702
0,0083
Altitude (m)
0,4205
0,4205
FONTE: PERTSCHI, S.C., 2005.
150
TABELA 13 COEFICIENTES DE DETERMINAÇÃO, PARA O PERÍODO DA NOITE
- 2005
RAIO DE 125 metros RAIO DE 56 metros
ATRIBUTO
R2 R2
Área Construída(%) 0,7847
0,2030
Área Livre (%) 0,0777
0,2094
Área Pavimentada(%) 0,119
0,1671
Área Verde (%)
0,4884
0,0490
Altitude (m) 0,0361
0,0361
FONTE: PERTSCHI, S.C., 2005.
TABELA 14 –COEFICIENTES DE DETERMINAÇÃO, PARA O PERÍODO DA
MADRUGADA - 2005
RAIO DE 125 metros RAIO DE 56 metros
ATRIBUTO
R2 R2
Área Construída(%) 0,6513
0,2025
Área Livre (%) 0,1209
0,3067
Área Pavimentada(%) 0,1256
0,2354
Área Verde (%) 0,308
0,0141
Altitude (m) 0,0297
0,0297
FONTE: PERTSCHI, S.C., 2005.
De acordo com as tabelas 11, 12, 13 e 14, de uma maneira geral, os
coeficientes de determinação entre as variáveis dependentes e independentes não
demonstraram resultados satisfatórios. Para o período da manhã e raio de 125 e 56
metros (tabela 11), a melhor correlação encontrada foi com a altitude. Na seqüência,
para o maior raio, a melhor correlação, ainda que baixa, foi com a área livre
(0,2191). Para o raio de 56 metros e mesmo período, o melhor resultado do
coeficiente também foi para a área livre (0,2528). Os demais coeficientes
encontrados para os outros atributos mensurados não foram significativos.
151
Para o período da tarde, período de maior aquecimento do dia, de
acordo com a tabela 12, para o raio maior, o melhor coeficiente de determinação,
0,5728, ocorreu para a área construída. Esse fato pode estar associado a
estocagem de calor característica desse período. Na seqüência, o maior coeficiente
encontrado foi com a altitude (0,4205), que para o período da tarde pode ter sofrido
influência da insolação. Para o raio de 56 metros, dentre os atributos mensurados,
apesar de pequena, a melhor relação ocorreu com a área livre, 0,3283.
No período noturno, para o raio de 125 metros (tabela 13), o coeficiente
de determinação entre as temperaturas e a as áreas construídas quantificadas,
obteve a melhor resposta dentre todas as medições, tendo como “r-quadrado” o
valor 0,7847. Esse coeficiente por estar próximo do mero um, indica que as
variáveis associadas possuem boa correlação, além de refletir a maior influência do
espaço construído no período noturno e confirmar a literatura pesquisada. Ainda
para o mesmo raio, encontrou-se o coeficiente de 0,4884 para a área verde, fato que
pode ser associado ao papel fundamental da vegetação à noite, período
característico de resfriamento devido ao processo de evapotranspiração, que
umidifica o ar através da liberação de vapor d’água. Para o raio de 56 metros, as
correlações foram bastante baixas, não tendo sido registrado nenhum valor
representativo.
Segundo dados apontados na tabela 14, para o período da madrugada
e raio maior, a melhor correlação ocorreu com o atributo área construída, ou seja,
0,6513. As demais correlações apresentaram-se baixas. Para o raio menor, a melhor
correlação, ainda que bastante pequena, ocorreu com o atributo área livre, 0,3067.
Ainda de acordo com as tabelas 11 e 12, observa-se que para os
períodos da manhã e tarde, o atributo altitude obteve coeficientes mais
representativos, 0,5461 e 0,4205, respectivamente. Os coeficientes para a altitude
para os períodos da noite e madrugada, foram os mais baixos dentre os atributos,
fato que pode estar associado, dentre outros fatores, à insolação.
152
Os atributos que apresentaram as menores correlações para os
períodos matutino e vespertino foram a área pavimentada e área verde,
respectivamente. Apesar de baixas, as correlações entre áreas verdes e temperatura
merecem especial atenção, devido à transformação da energia absorvida.
È importante salientar que, baseado nas equações das retas obtidas da
análise estatística, a tendência é oposta ao esperado, ou seja, para a área
construída, quanto maior sua porcentagem, menor a temperatura, ou para a área
vegetada, quanto maior sua porcentagem, maior a temperatura. Todas as equações
das retas calculadas para os atributos urbanos, obtiveram resultados inversos aos
esperados.
De uma maneira geral as correlações apresentaram-se bastante
baixas, o que de acordo com a literatura demonstra que não ocorre influência dos
atributos mensurados na temperatura. Porém, de acordo com as outras análises
realizadas nessa pesquisa, ocorre a relação entre temperatura e área construída,
área pavimentada, área livre e área verde. O fato de não ter havido boa correlação
estatística, pode estar associado à seleção do método adotado, ou seja, a análise de
regressão pode não ser a melhor ferramenta para a análise dos dados dessa
pesquisa, devido a possível interferência de outras variáveis não consideradas. A
baixa correlação também pode ser associada as divergências encontradas entre a
foto aérea e a base planialtimétrica, que resultaram nas porcentagens dos atributos
urbanos.
153
5 CONSIDERAÇÕES E RECOMENDAÇÕES FINAIS
Os esforços mundiais apregoam o equilíbrio entre todos os setores e
em especial em relação ao meio ambiente. Porém, nem sempre os resultados
almejados são alcançados. As altas taxas de crescimento populacional nas cidades
dos países em desenvolvimento indicam que são necessárias ações emergenciais
que associem esse crescimento com o meio ambiente e em especial ao
aquecimento mundial. Estudos estão sendo desenvolvidos, para várias cidades, com
foco nessa problemática. No Brasil, a maioria dessas pesquisas, sobretudo acerca
das questões relacionadas ao aumento da temperatura do ar, refere-se a cidades de
grande porte, como São Paulo, Cuiabá, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Salvador, entre
outras, onde os problemas existentes são mais evidentes e as soluções
conseqüentemente, mais complexas. Para as cidades pequenas e médias, além das
localizadas em Regiões Metropolitanas, que registram altíssimas taxas de
crescimento, poucos estudos foram realizados. Para controlar o crescimento e evitar
o agravamento da situação, é necessário que as pesquisas tenham como objetivo a
produção de conhecimento aplicável às necessidades específicas desses centros
urbanos, principalmente no campo do planejamento urbano. Um exemplo dessa
problemática é o município objeto desse estudo, que registra índices altos de
crescimento, possui vazios urbanos, áreas loteáveis, possibilidade de adensamento
e verticalização, dentre outros fatores que, se não forem cuidadosamente
acompanhados, poderão transformar-se em problemas futuros de difícil solução.
Nesse contexto de adensamentos generalizados e especulação
imobiliária crescente, é importante refletir sobre diferentes padrões de ocupação
urbana. É fato que os planejadores urbanos são, muitas vezes, pressionados a
atender as necessidades de demanda, o que pode acarretar em prejuízos ao meio
ambiente. Nesse sentido, as soluções urbanísticas para as cidades devem ser
pensadas por uma equipe multidisciplinar, contando com a fundamental cooperação
de climatólogos urbanos para que juntos produzam o conhecimento necessário para
a gestão espacial.
154
Partindo dessas considerações, a presente pesquisa procurou
demonstrar de forma ilustrativa a relação entre a temperatura do ar e os padrões de
ocupação urbana. Com isso, não procurou uniformizar os resultados para todo o
município ou determinar uma equação matemática de aplicação para o
planejamento urbano, mas sim estabelecer uma tendência de relação entre os
parâmetros de ocupação e as variações de temperatura decorrentes da ocupação
urbana.
Buscando responder ao problema da presente dissertação, utilizando
as evidências apresentadas, verificou-se que os resultados do monitoramento da
área urbana de São José dos Pinhais em relação ao campo térmico formado,
considerando as alterações dos ambientes naturais pelos padrões de uso do solo,
favorece as diferenças de armazenamento e estocagem de calor, que induzem a
formação de Ilhas de Calor. Indicam também que as formas de ocupação urbana e a
temperatura do ar apresentam relações estreitas, porém, de acordo com a literatura
e com os resultados aqui demonstrados, não são lineares ou constantes ao longo do
tempo. Isso pode ser evidenciado observando a complexidade do sistema e os
vários agentes que atuam e interferem nessa relação.
As fases do método utilizado por essa pesquisa foram o monitoramento
de oito localidades simultaneamente, a separação dos dados por turnos (manhã,
tarde, noite e madrugada), a quantificação dos atributos urbanos (área construída,
pavimentada, livre, verde, com água), determinação de transectos, verificação das
condições sinóticas (sistemas atmosféricos atuantes), espacialização do campo
térmico (verificação das Ilhas de Calor) e determinação dos coeficientes de
correlação entre a temperatura do ar e os atributos urbanos quantificados. Utilizou-
se também o Sistema Clima Urbano proposto por MONTEIRO (1976), por ser um
sistema aberto, para verificar a relação temperatura do ar e padrão de ocupação
urbano. Os métodos aplicados apresentaram-se satisfatórios para responder ao
problema de pesquisa e para verificar a hipótese determinada.
155
As análises dos campos térmicos demonstraram a ocorrência de Ilhas
de Calor, nesta pesquisa considerados os valores da temperatura do ar de maior
destaque, em algumas localidades da área urbana e que essas podem estar
relacionadas aos padrões de ocupação urbana. As Ilhas de Calor de maior
intensidade, da ordem de 7ºC foram observadas principalmente nos pontos Industrial
01 e Residencial 03, sob a ação de Massa Polar Atlântica. As Ilhas de Calor de
média intensidade, aproximadamente 5ºC, foram verificadas nos pontos Residencial
03 e Residencial 07, sob a ação de Massa Polar Velha. E por fim, as Ilhas de Calor
de intensidade fraca ou moderada, com diferenças de 2,50ºC, foram observadas nos
pontos Industrial 01 e Residencial 08, sob a atuação de Frente Polar Atlântica.
Com base nesses resultados percebe-se que o ocorreram Ilhas de
Calor de intensidade alta ou média nos pontos centrais. Esse fato pode estar
associado, entre outros fatores, ao padrão próprio de ocupação do centro de o
José dos Pinhais, ou seja, edificações térreas, o verticalizadas, grande
porcentagem de áreas verdes e livres. Nesse contexto e baseado na tendência de
adensamento dos centros urbanos, o presente trabalho vem contribuir, no campo do
planejamento e da gestão urbana, nas decisões futuras, para que através da
definição cuidadosa dos parâmetros de ocupação, não ocorram mudanças
significativas na temperatura do ar dos ambientes urbanos.
A análise das condições sinóticas demonstrou que, como habitual na
região de São José dos Pinhais, apesar de verão, na maior parte do período de
monitoramento os sistemas atmosféricos atuantes foram a Massa Polar Atlântica e a
Frente Polar Atlântica. Isso significa dizer que o período apresentou quedas de
temperatura, períodos úmidos e nebulosidade. A ação desses sistemas
atmosféricos interferiu nas temperaturas, além de ter proporcionado grandes
períodos de nebulosidade que distorcem a realidade, uma vez que formam barreiras
no céu que impedem as perdas de calor das ondas longas, homogeneizando as
temperaturas.
156
Quanto aos resultados obtidos por meio da análise de regressão linear
simples, é possível perceber que o coeficiente de correlação resultante da
associação da área construída com as temperaturas, da ordem de 0,7847, para o
raio de 125 metros, mostrou-se representativo. Esse resultado confirma as análises
de ROSSI (2004) nas medições de Curitiba, para o raio de abrangência maior, além
de reafirmar a literatura quanto a associação da área construída com a temperatura
do ar, muito embora as equações das retas obtidas da análise estatística, tenham
evidenciado uma tendência oposta ao esperado. As correlações com os demais
atributos apresentaram valores distantes de um, ou seja, pouca relação entre as
variáveis relacionadas. As baixas correlações podem ser associadas ao método
estatístico aplicado que pode não ser o mais indicado para essa análise ou devido à
possível interferência de outras variáveis não consideradas. A baixa correlação
também pode ser associada as divergências encontradas entre a foto rea e a
base planialtimétrica, que resultaram nas porcentagens dos atributos urbanos.
Com base na pesquisa realizada reafirma-se que se devam
estabelecer padrões técnicos adequados de ocupação, associando as variáveis
climáticas nos parâmetros urbanísticos, através da revisão dos Códigos de Obras
dos municípios e dos Planos Diretores ou Planos de Desenvolvimento, buscando o
equilíbrio sob o ponto de vista ambiental, energético, econômico e social. Muitos
estudos desenvolvidos consideram as variáveis climáticas nas edificações, porém
estes estudos podem ser extrapolados no desenho das cidades. Um destes
exemplos, como preconiza GIVONI (1998) são os estudos dos recuos em função da
orientação do terreno e não em função única e exclusivamente da rua onde estão
implantados, melhorando assim a insolação das futuras edificações.
De acordo com consulta feita ao Laboratório de Estatística da
Universidade Federal do Paraná, seria necessário um maior número de pontos
monitorados, para se tentar chegar a uma equação na qual a temperatura do ar
pudesse ser representada em função de variáveis dos índices urbanísticos.
157
A presente pesquisa é pioneira em São José dos Pinhais e
secundariamente na Região Metropolitana de Curitiba, o que significa dizer que
muito ainda a ser estudado sobre o assunto, principalmente se forem consideradas
as altas taxas de crescimento populacional dos municípios que a compõe. Associado
a isso, as questões relacionadas ao clima urbano ainda são controversas, devido à
complexidade dos fenômenos que ocorrem nos centros urbanos. A hipótese de
existir diferenciação na temperatura de São José dos Pinhais decorrente do padrão
urbano de ocupação progressivamente adensado continua em questão e necessita
de novos estudos para ser melhor interpretada.
Pesquisas futuras podem compreender as seguintes sugestões:
medições em mais localidades, monitoramento em outras épocas do ano, análise de
outras variáveis como direção e velocidade do vento, precipitação, insolação, entre
outros. A incorporação dessas sugestões nas pesquisas futuras pode contribuir para
novos resultados que poderão explicar alguns dos fenômenos ocorridos nas áreas
urbanas.
Os métodos empregados para verificação do clima nas cidades têm
avançado significativamente, porém ainda é necessário investir mais, através de
análises e modelos matemáticas, análises estatísticas aplicadas ao clima, modelos
computacionais, enfim instrumentos que propiciem simulação dos cenários futuros.
Com a ajuda desses dispositivos será possível prever ocorrências futuras, além de
identificar potencialidade e deficiências das soluções propostas, objetivando a
intervenção consciente no ambiente urbano.
158
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167
ANEXO - TEMPERATURAS REGISTRADAS NOS ABRIGOS PARA O PERÍODO
DA MANHÃ – DE.2004-JAN. 2005
ABRIGOS
DIA
1
(1)
2
(1)
3
(1)
4
(1)
5
(1)
6
(1)
7
(1)
8
(1)
PT
4/dez
22,73
2,2
20,96
0,4
22,84
2,3
21,67
1,1
20,46
(0,1)
21,36
0,8
20,33
(0,2)
21,87
1,3
20,57
5/dez
25,63
2,3
23,97
0,6
25,70
2,3
24,96
1,6
23,66
0,3
23,85
0,5
23,07
(0,3)
25,63
2,3
23,37
6/dez
27,27
3,6
23,78
0,1
25,83
2,1
25,33
1,6
23,85
0,2
24,56
0,9
22,49
(1,2)
26,61
2,9
23,70
7/dez
24,84
2,3
22,49
(0,0)
23,53
1,0
23,46
1,0
22,04
(0,5)
22,17
(0,3)
21,59
(0,9)
24,05
1,6
22,50
8/dez
23,32
1,7
21,53
(0,1)
23,06
1,4
22,10
0,5
21,08
(0,6)
21,65
0,0
20,89
(0,7)
22,87
1,2
21,63
9/dez
21,46
1,6
21,84
1,9
22,42
2,5
21,91
2,0
20,82
0,9
20,89
1,0
21,27
1,4
21,85
2,0
19,90
10/dez
17,97
0,9
17,71
0,7
17,97
0,9
17,52
0,5
16,95
(0,1)
16,82
(0,2)
17,78
0,7
18,22
1,2
17,05
11/dez
15,49
0,4
15,29
0,2
15,55
0,4
15,36
0,2
14,66
(0,5)
14,98
(0,1)
15,36
0,2
15,74
0,6
15,12
12/dez
17,07
0,5
16,88
0,3
17,46
0,9
17,14
0,5
15,80
(0,8)
15,93
(0,7)
16,82
0,2
17,65
1,1
16,60
13/dez
23,49
3,9
18,92
(0,7)
21,61
2,0
21,28
1,7
19,56
(0,0)
20,19
0,6
18,73
(0,9)
21,87
2,3
19,60
14/dez
21,67
2,3
21,40
2,1
22,24
2,9
22,05
2,7
19,81
0,5
20,13
0,8
20,45
1,1
21,28
1,9
19,35
15/dez
21,48
2,6
20,51
1,6
22,45
3,5
21,86
2,9
19,94
1,0
20,07
1,1
20,13
1,2
21,41
2,5
18,93
16/dez
23,51
2,2
22,19
0,9
24,35
3,0
23,49
2,2
21,68
0,4
22,32
1,0
21,16
(0,2)
23,95
2,6
21,33
17/dez
20,51
0,6
21,08
1,2
21,08
1,2
20,70
0,8
20,06
0,2
19,81
(0,1)
20,31
0,4
20,57
0,7
19,90
18/dez
19,55
0,7
20,32
1,5
20,64
1,8
20,06
1,2
18,79
(0,0)
19,04
0,2
19,55
0,7
20,25
1,4
18,82
19/dez
22,44
1,8
22,11
1,5
23,34
2,7
22,89
2,2
20,83
0,2
21,34
0,7
21,15
0,5
23,35
2,7
20,65
20/dez
26,14
4,4
21,67
(0,1)
22,92
1,2
23,86
2,1
21,94
0,2
22,58
0,8
20,91
(0,8)
24,40
2,7
21,73
21/dez
18,54
0,4
18,54
0,4
18,85
0,7
18,92
0,8
18,22
0,1
18,16
0,0
18,60
0,5
18,60
0,5
18,13
22/dez
14,91
0,4
15,04
0,5
15,10
0,6
14,79
0,3
14,53
-
14,28
(0,3)
15,11
0,6
15,04
0,5
14,53
23/dez
14,15
-
0,1
14,21
(0,0)
14,28
0,1
14,28
0,1
13,70
(0,5)
13,76
(0,5)
14,28
0,1
14,40
0,2
14,22
24/dez
18,66
0,6
18,03
(0,0)
18,35
0,3
18,79
0,7
17,27
(0,8)
17,90
(0,2)
17,84
(0,2)
19,05
1,0
18,05
25/dez
21,74
2,4
19,50
0,1
19,37
-
21,09
1,7
19,37
26/dez
21,02
0,3
20,51
(0,2)
20,19
(0,5)
20,83
0,1
20,70
27/dez
25,71
4,5
21,54
0,3
19,56
(1,6)
23,61
2,4
21,20
28/dez
20,26
1,8
19,43
0,9
20,26
1,8
20,83
2,3
18,50
29/dez
22,39
2,0
20,90
0,5
20,58
0,2
22,12
1,7
20,42
30/dez
25,32
2,4
22,83
(0,1)
21,98
(0,9)
25,31
2,4
22,92
31/dez
27,02
2,5
24,82
0,3
23,91
(0,6)
26,89
2,4
24,53
1/jan
23,14
1,6
22,24
0,7
22,30
0,8
23,53
2,0
21,50
2/fev
23,33
1,9
21,85
0,5
21,73
0,3
23,53
2,1
21,40
continua
168
continuação
ABRIGOS
DIA
1
(1)
2
(1)
3
(1)
4
(1)
5
(1)
6
(1)
7
(1)
8
(1)
PT
3/jan
22,42
1,3
21,53
0,5
22,36
1,3
23,00
1,9
21,08
4/jan
19,61
0,0
18,98
(0,6)
19,42
(0,1)
19,74
0,2
19,57
5/jan
22,62
1,3
20,95
(0,4)
21,21
(0,1)
22,95
1,6
21,33
MÉDIA
21,68
1,7
19,93
0,6
20,93
1,6
20,59
1,3
20,02
0,1
19,61
0,3
20,02
0,1
21,58
1,6
19,95
FONTE: PERTSCHI, S.C., 2005. Organizado a partir do experimento.
NOTA: Os valores que estão entre parênteses significam valores negativos.
(1) Diferença da temperatura no ponto monitorado em relação ao Ponto de Controle.
TEMPERATURAS REGISTRADAS NOS ABRIGOS PARA O PERÍODO DA TARDE
– DE.2004-JAN. 2005
ABRIGOS
DIA
1
(1)
2
(1)
3
(1)
4
(1)
5
(1)
6
(1)
7
(1)
8
(1)
PT
4/dez
33,04
4,0
30,45
1,4
32,49
3,4
30,51
1,5
29,37
0,32
30,17
1,12
32,01
2,96
31,66
2,61
29,05
5/dez
27,60
3,2
26,41
2,0
28,10
3,7
25,82
1,4
26,14
1,74
25,42
1,02
26,40
2,00
28,08
3,68
24,40
6/dez
31,04
4,3
28,27
1,5
31,45
4,7
28,60
1,9
29,13
2,38
28,67
1,92
28,92
2,17
30,97
4,22
26,75
7/dez
26,89
3,2
26,03
2,3
27,61
3,9
25,77
2,1
25,26
1,56
24,61
0,91
25,51
1,81
27,02
3,32
23,70
8/dez
28,44
3,0
26,28
0,8
27,59
2,1
26,47
1,0
25,89
0,41
26,41
0,93
26,02
0,54
28,18
2,70
25,48
9/dez
21,27
1,1
21,91
1,7
22,87
2,7
21,72
1,6
21,27
1,10
20,63
0,46
21,78
1,61
21,21
1,04
20,17
10/dez
20,19
0,9
20,06
0,8
21,20
1,9
20,32
1,0
19,81
0,51
19,94
0,64
22,80
3,50
21,91
2,61
19,30
11/dez
17,01
0,5
17,67
1,1
17,65
1,1
17,14
0,6
16,51
(0,04)
16,32
(0,23)
18,60
2,05
18,22
1,67
16,55
12/dez
22,80
2,3
22,86
2,4
24,85
4,4
22,99
2,5
20,89
0,42
21,33
0,86
23,12
2,65
24,92
4,45
20,47
13/dez
32,08
5,9
28,72
2,5
31,67
5,5
28,65
2,5
27,13
0,93
27,52
1,32
32,17
5,97
32,01
5,81
26,20
14/dez
27,66
4,0
29,37
5,7
31,46
7,8
28,51
4,9
25,30
1,65
26,21
2,56
31,16
7,51
28,65
5,00
23,65
15/dez
30,13
4,9
31,48
6,2
34,53
9,3
30,11
4,9
27,39
2,14
27,89
2,64
33,41
8,16
30,86
5,61
25,25
16/dez
34,08
4,0
32,21
2,2
35,71
5,7
31,87
1,8
30,78
0,73
31,80
1,75
31,73
1,68
33,73
3,68
30,05
17/dez
21,08
1,3
21,08
1,3
21,78
2,0
20,95
1,2
20,06
0,31
19,74
(0,01)
20,82
1,07
20,57
0,82
19,75
18/dez
23,24
1,4
24,79
2,9
26,15
4,3
24,53
2,7
22,48
0,63
22,67
0,82
24,86
3,01
24,14
2,29
21,85
19/dez
32,50
5,0
30,88
3,4
34,26
6,7
30,92
3,4
27,26
(0,27)
28,98
1,45
31,77
4,24
33,12
5,59
27,53
20/dez
33,52
5,1
29,19
0,8
31,69
3,3
30,05
1,6
30,32
1,90
29,92
1,50
33,34
4,92
33,00
4,58
28,42
21/dez
18,79
1,5
18,86
1,5
19,49
2,2
18,47
1,1
18,15
0,82
17,84
0,51
20,76
3,43
19,62
2,29
17,33
22/dez
14,91
0,4
14,85
0,3
15,24
0,7
14,66
0,1
14,72
0,19
14,41
(0,12)
15,68
1,15
15,05
0,52
14,53
continua
169
Continuação
ABRIGOS
DIA
1
(1)
2
(1)
3
(1)
4
(1)
5
(1)
6
(1)
7
(1)
8
(1)
PT
23/dez
15,17
0,1
15,36
0,2
15,23
0,1
15,30
0,2
14,98
(0,14)
14,85
(0,27)
15,55
0,43
15,30
0,18
15,12
24/dez
24,21
2,3
26,69
4,8
27,3
5,4
26,12
4,2
21,84
(0,09)
26,33
4,40
25,37
3,44
25,89
3,96
21,93
25/dez
31,74
4,8
27,85
0,87
30,05
3,07
31,26
4,28
26,98
26/dez
28,24
3,4
25,04
0,24
26,28
1,48
27,72
2,92
24,80
27/dez
32,78
6,3
25,72
(0,76)
30,18
3,70
31,05
4,57
26,48
28/dez
26,93
3,4
25,56
1,98
29,18
5,60
27,78
4,20
23,58
29/dez
30,60
4,2
29,37
3,00
32,63
6,26
31,81
5,44
26,37
30/dez
33,40
4,6
30,65
1,87
31,80
3,02
33,39
4,61
28,78
31/dez
34,97
4,8
31,33
1,20
33,59
3,46
34,45
4,32
30,13
1/jan
28,54
3,4
28,20
3,07
31,91
6,78
29,80
4,67
25,13
2/jan
29,31
3,2
28,51
2,38
34,18
8,05
30,52
4,39
26,13
3/jan
27,26
2,7
25,57
0,99
26,74
2,16
27,93
3,35
24,58
4/jan
23,38
1,2
21,71
(0,52)
22,99
0,76
23,96
1,73
22,23
5/jan
25,45
2,4
22,93
(0,12)
23,70
0,65
25,78
2,73
23,05
MÉDIA
26,92
3,1
24,92
2,2
26,59
3,8
24,74
2,0
24,76
1,0
23,89
1,2
27,12
3,3
27,26
3,4
23,81
FONTE: PERTSCHI, S.C., 2005. Organizado a partir do experimento.
NOTA: Os valores que estão entre parênteses significam valores negativos.
(1) Diferença da temperatura no ponto monitorado em relação ao Ponto de Controle.
TEMPERATURAS REGISTRADAS NOS ABRIGOS PARA O PERÍODO DA NOITE -
DE.2004-JAN. 2005
ABRIGO
DIA
1
(1)
2
(1)
3
(1)
4
(1)
5
(1)
6
(1)
7
(1)
8
(1)
PC
4/dez
24,37
1,2
23,59
0,4
24,44
1,2
24,11
0,9
24,23
1,0
23,53
0,3
24,62
1,4
24,62
1,4
23,22
5/dez
20,63
0,7
20,63
0,7
20,83
0,9
20,25
0,3
20,63
0,7
19,93
(0,0)
20,57
0,6
20,70
0,8
19,95
6/dez
19,80
0,9
19,42
0,5
19,80
0,9
19,49
0,5
20,44
1,5
19,36
0,4
20,38
1,4
20,19
1,2
18,95
7/dez
20,32
0,5
20,44
0,7
20,63
0,8
20,25
0,5
20,06
0,3
19,36
(0,4)
20,12
0,3
20,38
0,6
19,78
8/dez
23,38
1,1
22,10
(0,2)
22,81
0,5
22,16
(0,1)
22,48
0,2
22,17
(0,1)
22,16
(0,1)
22,68
0,4
22,27
9/dez
16,06
0,1
15,94
(0,0)
16,00
0,1
15,81
(0,1)
16,25
0,3
15,62
(0,3)
16,25
0,3
15,87
(0,1)
15,95
10/dez
14,72
0,0
14,53
(0,2)
14,72
0,0
14,59
(0,1)
15,04
0,4
14,59
(0,1)
15,93
1,3
15,11
0,4
14,68
11/dez
13,96
0,3
14,02
0,3
14,15
0,5
13,89
0,2
14,34
0,6
13,96
0,3
15,30
1,6
14,79
1,1
13,70
12/dez
17,27
0,7
18,54
2,0
18,99
2,4
17,90
1,3
17,84
1,3
17,33
0,8
18,79
2,2
17,65
1,1
16,57
continua
170
continuação
ABRIGO
DIA
1
(1)
2
(1)
3
(1)
4
(1)
5
(1)
6
(1)
7
(1)
8
(1)
PC
13/dez
20,58
1,2
21,34
1,9
22,18
2,8
20,90
1,5
21,08
1,7
20,38
0,9
22,50
3,1
21,28
1,9
19,43
14/dez
19,36
1,1
21,02
2,8
21,54
3,3
20,32
2,1
20,00
1,8
19,24
1,0
21,92
3,7
20,00
1,8
18,22
15/dez
18,92
1,3
21,09
3,5
21,55
3,9
20,13
2,5
20,25
2,6
19,17
1,6
21,79
4,2
19,74
2,1
17,62
16/dez
25,54
0,9
24,64
0,0
26,56
2,0
25,15
0,5
25,46
0,9
25,21
0,6
25,72
1,1
26,32
1,7
24,60
17/dez
17,71
0,3
17,65
0,3
17,77
0,4
17,52
0,1
17,71
0,3
17,14
(0,3)
18,03
0,6
17,58
0,2
17,40
18/dez
19,11
0,7
19,93
1,5
20,51
2,1
19,62
1,2
19,61
1,2
18,98
0,6
20,63
2,2
19,61
1,2
18,42
19/dez
23,33
1,5
22,83
1,0
24,14
2,3
22,89
1,0
22,88
1,0
22,57
0,7
24,70
2,9
24,11
2,3
21,85
20/dez
19,04
0,8
18,92
0,7
19,24
1,0
19,17
0,9
20,63
2,4
19,49
1,2
21,40
3,2
20,19
1,9
18,25
21/dez
14,53
0,3
14,40
0,2
14,72
0,5
14,21
(0,0)
14,73
0,5
14,21
(0,0)
15,55
1,3
14,66
0,4
14,25
22/dez
13,38
(0,4)
13,38
(0,4)
13,38
(0,4)
13,38
(0,4)
13,38
(0,4)
13,00
(0,8)
13,83
0,1
13,45
(0,3)
13,75
23/dez
14,60
(0,5)
14,60
(0,5)
14,41
(0,7)
14,47
(0,6)
14,47
(0,6)
14,28
(0,8)
14,79
(0,3)
14,66
(0,4)
15,07
24/dez
18,85
0,9
19,11
1,1
20,32
2,3
19,23
1,3
17,97
25/dez
24,48
0,9
24,40
0,8
24,09
0,5
24,23
0,6
23,63
26/dez
23,12
0,9
22,86
0,7
22,93
0,8
23,64
1,5
22,17
27/dez
20,89
2,2
21,46
2,8
22,75
4,1
21,34
2,7
18,68
28/dez
19,87
1,4
20,38
1,9
21,78
3,3
19,93
1,4
18,52
29/dez
21,66
1,5
22,36
2,2
24,10
3,9
21,97
1,8
20,20
30/dez
25,83
2,5
26,15
2,8
26,09
2,7
26,42
3,1
23,35
31/dez
22,80
1,5
23,64
2,4
24,94
3,7
23,32
2,0
21,28
1/jan
20,57
1,1
21,08
1,6
22,42
2,9
21,08
1,6
19,52
2/jan
21,78
1,3
22,74
2,3
24,68
4,2
22,49
2,0
20,48
3/jan
20,00
1,2
19,55
0,8
19,74
1,0
19,30
0,5
18,78
4/jan
20,06
0,4
20,00
0,4
20,38
0,7
20,19
0,5
19,65
5/jan
21,02
0,5
20,82
0,3
21,01
0,5
21,40
0,9
20,52
MÉDIA
19,93
0,9
18,95
0,75
19,42
1,22
18,81
0,61
20,18
1,1
18,48
0,28
20,92
1,9
20,25
1,2
19,05
FONTE: PERTSCHI, S.C., 2005. Organizado a partir do experimento.
NOTA: Os valores que estão entre parênteses significam valores negativos.
(1) Diferença da temperatura no ponto monitorado em relação ao Ponto de Controle.
171
TEMPERATURAS REGISTRADAS NOS ABRIGOS PARA O PERÍODO DA
MADRUGADA - DE.2004-JAN. 2005
ABRIGOS
DIA
1
(1)
2
(1)
3
(1)
4
(1)
5
(1)
6
(1)
7
(1)
8
(1)
PT
4/dez
16,25
0,5
16,57
0,8
16,44
0,7
16,44
0,7
16,76
1,0
16,00
0,2
16,70
0,9
16,25
0,5 15,77
5/dez
19,42
0,1
19,36
(0,0)
19,11
(0,3)
19,30
(0,1)
19,42
0,1
18,66
(0,7)
19,49
0,1
19,49
0,1 19,37
6/dez
19,81
0,1
19,94
0,2
19,68
(0,1)
19,62
(0,1)
19,75
0
19,29
(0,5)
19,68
(0,1)
19,68
(0,1)
19,75
7/dez
18,79
(0,1)
18,72
(0,1)
18,47
(0,4)
18,53
(0,3)
19,11
0,3
18,15
(0,7)
18,79
(0,1)
18,53
(0,3)
18,85
8/dez
19,10
(0,0)
19,10
(0,0)
18,98
(0,1)
18,91
(0,2)
19,10
(0,0)
18,47
(0,7)
18,85
(0,3)
18,85
(0,3)
19,12
9/dez
19,74
0,4
19,62
0,3
19,62
0,3
19,36
0,0
19,74
0,4
19,23
(0,1)
19,49
0,2
19,62
0,3 19,33
10/dez
15,30
(0,3)
15,30
(0,3)
15,30
(0,3)
15,17
(0,4)
15,49
(0,1)
14,85
(0,7)
15,43
(0,1)
15,23
(0,3)
15,57
11/dez
13,00
(0,6)
12,93
(0,6)
12,80
(0,8)
12,74
(0,8)
12,93
(0,6)
12,61
(0,9)
13,00
(0,6)
12,93
(0,6)
13,55
12/dez
13,32
(0,2)
13,32
(0,2)
13,13
(0,3)
13,13
(0,3)
13,26
(0,2)
12,87
(0,6)
13,32
(0,2)
13,19
(0,3)
13,47
13/dez
15,68
(0,1)
15,94
0,2
15,94
0,2
15,75
0,0
15,81
0,1
15,30
(0,4)
15,75
0,0
15,56
(0,2)
15,73
14/dez
17,46
0,3
17,77
0,6
17,77
0,6
17,65
0,5
17,84
0,7
17,08
(0,1)
17,96
0,8
17,65
0,5 17,13
15/dez
17,27
0,4
17,71
0,8
17,71
0,8
17,52
0,6
17,52
0,6
16,89
(0,0)
17,96
1,1
17,46
0,6
16,9
16/dez
17,20
0,2
17,90
0,9
17,96
0,9
17,71
0,7
17,65
0,6
17,08
0,1
17,84
0,8
17,52
0,5 17,02
17/dez
19,17
0,0
19,04
(0,1)
19,10
(0,0)
18,91
(0,2)
19,36
0,2
18,66
(0,5)
19,49
0,4
19,42
0,3 19,13
18/dez
16,95
0,1
16,95
0,1
16,95
0,1
16,76
(0,1)
16,95
0,1
16,44
(0,4)
16,95
0,1
16,89
0,0 16,85
19/dez
18,09
0,1
18,41
0,4
18,47
0,5
18,28
0,3
18,22
0,3
17,84
(0,1)
18,47
0,5
18,34
0,4 17,97
20/dez
17,46
(0,0)
17,33
(0,2)
17,20
(0,3)
17,14
(0,3)
17,77
0,3
16,70
(0,8)
17,90
0,4
17,65
0,2
17,48
21/dez
17,20
(0,1)
17,08
(0,2)
17,14
(0,1)
17,08
(0,2)
17,52
0,3
16,76
(0,5)
17,58
0,3
17,33
0,1 17,27
22/dez
13,25
(0,1)
13,25
(0,1)
13,25
(0,1)
13,25
(0,1)
13,58
0,2
12,87
(0,5)
13,77
0,4
13,25
(0,1)
13,35
23/dez
13,06
(0,3)
13,00
(0,4)
13,06
(0,3)
12,93
(0,4)
13,00
(0,4)
12,61
(0,7)
13,19
(0,2)
13,00
(0,4)
13,35
24/dez
14,79
(0,5)
14,85
(0,4)
14,47
(0,8)
14,47
(0,8)
14,60
(0,7)
14,47
(0,8)
14,85
(0,4)
14,85
(0,4)
15,27
25/dez
16,63
0,1
16,89
0,4
17,20
0,7
17,01
0,5
16,53
26/dez
19,42
0,0
20,57
1,2
19,36
(0,0)
18,98
(0,4)
19,40
27/dez
19,43
0,5
19,87
0,9
19,30
0,4
18,92
(0,0)
18,93
28/dez
17,52
1,2
17,84
1,5
18,09
1,8
17,84
1,5
16,30
29/dez
17,84
0,2
18,22
0,6
18,53
0,9
18,03
0,4
17,62
30/dez
19,30
0,6
19,68
1,0
20,06
1,4
19,74
1,0
18,70
continua
172
continuação
ABRIGOS
DIA
1
(1)
2
(1)
3
t
(1)
4
(1)
5
(1)
6
(1)
7
(1)
8
(1)
PT
31/dez
22,22
1,0
23,05
1,8
22,03
0,8
21,90
0,7
21,23
1/jan
20,06
1,1
20,38
1,4
20,51
1,5
20,00
1,0
18,97
2/jan
18,85
0,9
19,36
1,4
19,49
1,5
19,04
1,1
17,95
3/jan
19,49
0,5
19,93
0,9
20,19
1,2
19,62
0,6
18,98
4/jan
18,22
0,1
18,09
(0,1)
18,22
0,1
17,90
(0,3)
18,17
5/jan
18,98
(0,2)
19,04
(0,2)
19,23
0,0
19,10
(0,1)
19,20
MÉDIA
17,58
0,2
16,86
0,1
16,79
0,0
16,70
(0,1)
17,83
0,4
16,33
(0,4)
9,14
0,4
17,60
0,2
17,40
FONTE: PERTSCHI, S.C., 2005. Organizado a partir do experimento.
NOTA: Os valores que estão entre parênteses significam valores negativos.
(1) Diferença da temperatura no ponto monitorado em relação ao Ponto de Controle.
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