Download PDF
ads:
U
NIVERSIDADE DE
S
ÃO
P
AULO
FFCLRP- DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA COMPARADA
Caracterização bioquímica das β-glucosidases
do Scytalidium thermophilum
Fabiana Fonseca Zanoelo
Tese de Doutorado apresentada a
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de
Ribeirão Preto- USP, como parte das
exigências para obtenção do Título de
Doutor em Ciências - Área de
Concentração: Biologia Comparada.
Ribeirão Preto
2005
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
FICHA CATALOGRÁFICA
Preparada pela Biblioteca Central do Campus Administrativo
de Ribeirão Preto / USP
Zanoelo, Fabiana Fonseca
Caracterização Bioquímica das β-glucosidases do
Scytalidium thermophilum. Ribeirão Preto, 2005.
110 p. il.; 30cm
Tese de Doutorado, apresentada à Faculdade de Filosofia,
Ciências e Letras de Ribeirão Preto/USP –
Á
rea de
concentração: Biologia Comparada.
Orientador: Jorge, João Atílio.
1. Scytalidium thermophilum 2. β-glucosidase 3. β-
glicosidase 4. termofilia
ads:
U
NIVERSIDADE DE
S
ÃO
P
AULO
FFCLRP- DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA COMPARADA
Caracterização bioquímica das β-glucosidases
do Scytalidium thermophilum
Fabiana Fonseca Zanoelo
Orientador: Prof. Dr. João Atílio Jorge
Tese de Doutorado apresentada a
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de
Ribeirão Preto- USP, como parte das
exigências para obtenção do Título de
Doutor em Ciências - Área de
Concentração: Biologia Comparada.
Ribeirão Preto
2005
Agradecimentos
Ao Prof. João Atílio, meus sinceros agradecimentos pela
oportunidade de realização deste trabalho, orientação, tempo
dedicado, confiança e especialmente pela amizade.
À prof. Maria de Lourde e ao Prof. Hector Francisco Terenzi, pela
ajuda, colaboração e valiosas sugestões.
Aos amigos do laboratório: Karina, Giovana, Flaviana, Vanessa,
Fabrício, Alexandre, Carol, Ana Carla, Altino, Luís, Simone, Michele
pela amizade e ajuda nos momentos difíceis.
À Renata Secretária da Pós-graduação, por estar sempre disposta
a me ajudar.
À Sandra por tornar nossos dias mais “saborosos”
Ao pessoal da Secretaria: Miriam, Isabel e Carlos, pela atenção e
Ao Maurício de Oliveira e Ricardo além do apoio técnico, pela
amizade.
A Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto.
À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo
(FAPESP), e Capes pelo apoio financeiro.
À todos que de alguma forma contribuíram para que fosse
possível a realização desse trabalho.
ÍNDICE
ÍNDICE DE FIGURAS..........................................................................................i
INDICE DE TABELAS........................................................................................iv
LISTA DE ABREVIATURAS................................................................................vi
RESUMO.........................................................................................................viii
SUMMARY........................................................................................................xi
1.INTRODUÇÃO.................................................................................................1
1.1. A
SPECTOS GERAIS.........................................................................................1
1.2. D
IVERSIDADE DOS ORGANISMOS TERMOFÍLICOS E PRODUÇÃO DE ENZIMAS.....................3
1.3. F
UNGOS COMO ORGANISMOS TERMOFÍLICOS...........................................................4
1.4. β-
GLUCOSIDASES.........................................................................................5
1.4.1. CONDIÇÕES PARA PRODUÇÃO DAS β-GLUCOSIDASES............................................8
1.4.2. MULTIESPECIFICIDADE DAS β-GLUCOSIDASES..................................................10
1.4.3. A
AÇÃO E IMPORTÂNCIA DAS β-GLUCOSIDASES.................................................12
1.5. O S
CYTALIDIUM THERMOPHILUM......................................................................13
2- OBJETIVOS.................................................................................................16
3. MATERIAL E MÉTODOS................................................................................17
3.1. L
INHAGEM UTILIZADA....................................................................................17
3.2. C
ONDIÇÕES DE CRESCIMENTO..........................................................................17
3.2.1. M
ANUTENÇÃO DA LINHAGEM EM MEIO SÓLIDO..................................................17
3.2.2. C
OMPOSIÇÃO DO MEIO LÍQUIDO..................................................................17
3.3. C
RESCIMENTO EM MEIO LÍQUIDO......................................................................18
3.4. O
BTENÇÃO DA MASSA MICELIAL E DO MEIO DE CULTURA............................................18
3.5. D
ETERMINAÇÃO DAS ATIVIDADES ENZIMÁTICAS......................................................19
3.5.1. D
ETERMINAÇÃO DA ATIVIDADE β-GLUCOSIDASE................................................19
3.5.2. D
ETERMINAÇÃO DA ATIVIDADE β-GALACTOSIDASE E β-XILOSIDASE.........................20
3.5.3. DOSAGEM DE CELOBIASE E LACTASE.............................................................20
3.5.4. D
OSAGEM DE XILANASE, AVICELASE E CMCASE................................................20
3.5. D
OSAGEM PROTÉICA.....................................................................................21
3.5.1. D
OSAGEM COLORIMÉTRICA........................................................................21
3.5.2. D
OSAGEM ESPECTROFOTOMÉTRICA (A280nm)................................................21
3.6. P
URIFICAÇÃO DAS ENZIMAS............................................................................21
3.6.1. P
URIFICAÇÃO DA β-GLUCOSIDASE EXTRACELULAR ............................................22
3.6.2. P
URIFICAÇÃO DA β-GLUCOSIDASE MICELIAL....................................................23
3.7. D
ETERMINAÇÃO DA PUREZA DAS FRAÇÕES PURIFICADAS............................................24
3.7.1. E
LETROFORESE EM GEL DE POLIACRILAMIDA EM CONDIÇÕES NÃO-DESNATURANTES
(PAGE).......................................................................................................24
3.7.2. E
LETROFORESE EM GEL DE POLIACRILAMIDA EM CONDIÇÕES DESNATURANTES (SDS-
PAGE)...........................................................................................................24
3.8. D
ETERMINAÇÃO DAS ATIVIDADES β-GLUCOSIDÁSICAS NO GEL DE POLIACRILAMIDA............25
3.8.1. H
IDRÓLISE DE SUBSTRATOS PRODUZINDO COMPOSTOS INSOLÚVEIS........................26
3.8.2. F
ATIAMENTO DO GEL DE POLIACRILAMIDA.......................................................26
3.9. D
ETERMINAÇÃO DA MASSA MOLECULAR DAS β-GLUCOSIDASES INTRA E EXTRACELULAR......26
3.10. I
NFLUÊNCIA DE DIFERENTES COMPOSTOS IÔNICOS SOBRE AS ATIVIDADES β-
GLUCOSIDÁSICAS DE SCYTALIDIUM THERMOPHILUM.......................................................27
3.11. D
ETERMINAÇÃO DOS PARÂMETROS CINÉTICOS.....................................................27
3.12. F
OCALIZAÇÃO ISOELÉTRICA...........................................................................27
3.13. D
ETERMINAÇÃO DOS CARBOIDRATOS NEUTROS....................................................28
3.14. C
ROMATOGRAFIA EM CAMADA DELGADA DE SÍLICA................................................28
3.15. I
MUNOENSAIO CONTRA A β-GLUCOSIDASE EXTRACELULAR PURIFICADA.........................28
3.15.1. I
MUNIZAÇÃO.......................................................................................28
3.15.2.T
ESTE ELISA (ENZYME-LINKED IMMUNOSORBENT ASSAY)...................................29
3.16. L
OCALIZAÇÃO SUBCELULAR POR IMUNOMICROSCOPIA.............................................30
4.-RESULTADOS..............................................................................................32
4.1. E
STUDO DAS CONDIÇÕES MAIS FAVORÁVEIS E DETERMINAÇÃO DAS ATIVIDADES β-
GLUCOSIDÁSICAS DE SCYTALIDIUM THERMOPHILUM.......................................................32
4.1.1. C
URVA DE CRESCIMENTO DO SCYTALIDIUM VERSUS PRODUÇÃO DAS β-GLUCOSIDASES...32
4.1.2. INFLUÊNCIA DE DIFERENTES FONTES DE CARBONO NA PRODUÇÃO E EXPORTAÇÃO DAS β-
GLUCOSIDASES...............................................................................................35
4.1.3. E
FEITO REPRESSOR DA GLICOSE NA PRODUÇÃO DAS β-GLUCOSIDASES DO SCYTALIDIUM
THERMOPHILUM
...............................................................................................39
4.1.4. EFEITO DA CICLO-HEXIMIDA NA PRODUÇÃO DAS β-GLUCOSIDASES..........................43
4.1.5. A
NÁLISE CROMATOGRÁFICA POR TROCA IÔNICA DAS β-GLUCOSIDASES.....................45
4.2. LOCALIZAÇÃO SUBCELULAR DAS β-GLUCOSIDASES DE SCYTALIDIUM THERMOPHILUM..........47
4.3. P
URIFICAÇÃO DAS β-GLUCOSIDASES DE SCYTALIDIUM THERMOPHILUM...........................49
4.3.1. PURIFICAÇÃO DAS β-GLUCOSIDASES EXTRACELULARES........................................49
4.3.1.1. PURIFICAÇÃO DA β-GLUCOSIDASE I EXTRACELULAR.........................................50
4.3.1.2. P
URIFICAÇÃO DA β-GLUCOSIDASE II EXTRACELULAR........................................50
4.3.1.3. A
NÁLISE ELETROFORÉTICA DAS ENZIMAS PURIFICADAS....................................51
4.3.1.3.1. β-G
LUCOSIDASE I.............................................................................51
4.3.1.3.2. β-G
LUCOSIDASE II............................................................................51
4.3.2. P
URIFICAÇÃO DA β-GLUCOSIDASE MICELIAL....................................................60
4.3.2.1. A
NÁLISE ELETROFORÉTICA DA β-GLUCOSIDASE MICELIAL PURIFICADA...................64
4.3.2.2. ESTIMATIVA DA MASSA MOLECULAR...........................................................64
4.4. C
ARACTERIZAÇÃO DAS β-GLUCOSIDASES PURIFICADAS...........................................67
4.4.1. INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA E PH NA ATIVIDADE DAS β-GLUCOSIDASES PURIFICADAS DE
SCYTALIDIUM THERMOPHILUM..............................................................................67
4.4.2. E
STABILIDADE TÉRMICA DAS β-GLUCOSIDASES PURIFICADAS......................................68
4.4.3. EFEITO DE ÍONS E EDTA SOBRE A ATIVIDADE DAS β-GLUCOSIDASES PURIFICADAS.......72
4.4.4. ESPECIFICIDADE AO SUBSTRATO DAS β-GLUCOSIDASES PURIFICADAS......................72
4.4.5. E
FEITO DE ÁLCOOIS NA ATIVIDADE DAS β-GLUCOSIDASES PURIFICADAS....................76
4.4.6. EFEITO DE AÇÚCARES NA ATIVIDADE DAS β-GLUCOSIDASES PURIFICADAS..................76
4.4.7. E
FEITO DA GLICOSE, XILOSE E CELOBIOSE NA ATIVIDADE DAS β-GLUCOSIDASES
PURIFICADAS
..................................................................................................79
4.4.8. D
ETERMINAÇÃO DO TEOR DE AÇÚCAR DAS β-GLUCOSIDASES PURIFICADAS.................84
4.4.9. F
OCALIZAÇÃO ISOELÉTRICA DAS β-GLUCOSIDASES PURIFICADAS............................84
4.4.9. PARÂMETROS CINÉTICOS..........................................................................86
4.4.10. C
ONSTANTES DE INIBIÇÃO DAS ENZIMAS (PLOT DE DIXON)............................... 87
4.4.11.
ESTUDO DA β-GLUCOSIDASE MICELIAL PURIFICADA FRENTE AOS SUBSTRATOS PNP-GLU E
PNP-FUC......................................................................................................87
4.5. E
STUDO DAS β-GLUCOSIDASES COMO TRANSGLUCOSIDASES....................................92
4.5.1. A
NÁLISE DOS PRODUTOS DE HIDRÓLISE DAS β-GLUCOSIDASES PURIFICADAS..............92
5. DISCUSSÃO................................................................................................98
6- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................................................110
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1
Sinergismo entre endoglucanases, celobiohidrolases e β-
g
lucosidases no sistema celulásico de fun
g
os
filamentosos............................................................................
7
Figura 2 Fotos em microscopia eletrônica de varredura do Scytalidium
thermophilum.........................................................................
15
Figura 3
Influência do tempo de crescimento na produção das β-
glucosidases micelial e extracelular ............................................
34
Figura 4 Influência da concentra
ç
ão de avicel e celobiose na produ
ç
ão das
β-glucosidases micelial e extracelular de Scytaldium
thermophilum..........................................................................
38
Figura 5
Perfil da eluição das β-glucosidases de Scytalidium thermophilum
em DEAE-celulose....................................................................
46
Figura 6
Perfil cromatográfico da atividade β-
g
lucosidase extracelular
precipitada com NH
2
(SO
4
)
2
e aplicada
em coluna de troca iônica
DEAE-celulose ........................................................................
53
Figura 7
Organograma do processo de purificação das β-
g
lucosidases
extracelulares de Scytalidium thermophilum................................
54
Figura 8
Perfil cromatográfico da atividade da β-glucosidase I (pico I DEAE-
celulose) extracelular em coluna de troca iônica CM-
celulose.....................................................
55
Figura 9
Perfil cromatográfico da atividade β-glucosidase II (pico II DEAE-
celulose) extracelular de Scytalidium thermophilum em coluna
filtração Sephadex G-100..........................................................
56
Figura 10
Perfil eletroforético em gel de poliacrilamida das β-
g
lucosidases
extracelulares produzidas pelo Scytalidium thermophilum..............
57
Figura 11
Perfil eletroforético em SDS-PAGE 15% das β-
g
lucosidases
extracelulares produzidas pelo Scytalidium thermophilum..............
58
Figura 12
Determinação da massa molecular das β-
g
lucosidase extracelular I
e II por cromatografia de filtração Sephadex G-100.....................
59
Figura 13
Perfil cromatográfico da atividade β-
g
lucosidásica micelial
precipitada com NH
2
(SO
4
)
2
e aplicada em coluna de filtra
ç
ão
Sephadex G-100 .....................................................................
62
Figura 14
Perfil cromatográfico da atividade β-
g
lucosidásica micelial em
coluna de troca iônica DEAE-
celulose..................................................................................
63
Figura 15
Perfil eletroforético em gel de poliacrilamida da β-
g
lucosidase
micelial produzida pelo Scytalidium thermophilum.......................
65
Figura 16
Determinação da massa molecular das β-
g
lucosidase micelial por
cromatografia de filtração Sephadex G-100................................
66
Figura 17
Efeito da temperatura nas atividades das β-
g
lucosidases
purificadas de Scytalidium thermophilum....................................
69
Figura 18
Efeito do pH nas atividades das β-
g
lucosidases purificadas de
Scytalidium thermophilum........................................................
70
Figura 19
Estabilidade térmica das β-
g
lucosidases purificadas de
Scytalidium
thermophilum.............................................................
................
71
Figura 20
Efeito da glicose e xilose nas atividades das β-
g
lucosidases
purificadas de Scytalidium thermophilum.....................................
81
Figura 21
Efeito da celobiose nas atividades das β-glucosidases purificadas
de Scytalidium thermophilum....................................................
82
Figura 22
Efeito da xilose na atividade celobiásica das β-
g
lucosidases
purificadas de Scytalidium thermophilum....................................
83
Figura 23
Focalização Isoelétrica das β-glucosidases purificadas de
Scytalidium thermophilum........................................................
85
Figura 24
Determinação dos parâmetros cinéticos (K
m
e
V
máx
) da β-
g
lucosidase
extracelular I purificada.............................................................
88
Figura 25
Cinética da atividade β-
g
lucosidásica micelial para os substratos
PNP-glu e PNP-fuc ...................................
89
Figura 26
Análise dos produtos de hidrólise e transglicosilação da β-
glucosidase extracelular I purificada em TLC.............
93
Figura 27
Análise dos produtos de hidrólise e transglicosilação da β-
glucosidase micelial purificada em TLC.......................................
94
Figura 28
Análise dos produtos de hidrólise e transglicosilação da β-
glucosidase micelial purificada em TLC na presença de PNP-
g
lu e
xilose....................................................................................
95
Figura 29 Localização subcelular por imunofluorescência do Scytalidium
thermophilum.........................................................................
97
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1
Influência das diferentes fontes de carbono na produção das β-
glucosidases de Scytaldium thermophilum...................................
37
Tabela 2
Influência da
g
licose associada a diferentes fontes de carbono na
produção da β-glucosidase micelial de Scytalidium
thermophilum..........................................................................
41
Tabela 3
Influência de diferentes fontes de carbono na produ
ç
ão e
exportação da β-glucosidase micelial de Scytalidium thermophilum
pré-crescido em meio M
8
suplementado com
g
licose
1%........................................................................................
42
Tabela 4
Efeito da adição de ciclo-heximida aos meios de reincuba
ç
ão na
produção da β-glucosidase micelial de Scytalidium
thermophilum..........................................................................
44
Tabela 5
Localização subcelular da β-glucosidase em células de Scytalidium
thermophilum crescidas em
g
licose como fonte de
carbono..................................................................................
48
Tabela 6
Localização subcelular da β-glucosidase em células de Scytalidium
thermophilum crescidas em avicel como fonte de
carbono..................................................................................
48
Tabela 7
Purificação das β-glucosidases extracelulares de Scytalidium
thermophilum.........................................................................
52
Tabela 8
Purificação da β-glucosidase micelial de Scytalidium
thermophilum..........................................................................
61
Tabela 9
Efeito de íons metais nas β-glucosidases purificadas de Scytalidium
thermophilum..........................................................................
74
Tabela 10
Especificidade ao substrato das β-
g
lucosidases purificadas de
Scytalidium thermophilum.........................................................
75
Tabela 11
Efeito “in vitro” de álcoois nas atividades das β-
g
lucosidases
purificadas de Scytalidium thermophilum....................................
77
Tabela 12
Efeito “in vitro” de açúcares nas atividades das β-
g
lucosidases
purificadas de Scytalidium thermophilum..
78
Tabela 13
Determinação dos parâmetros cinéticos (K
m
e V
máx
) da β-
glucosidase extracelular I purificada.........................
90
Tabela 14
Parâmetros cinéticos da β-
g
lucosidase micelial purificada de
Scytalidium thermophilum......................................
91
LISTA DE ABREVIATURAS
Abs Absorbância
AE Atividade Específica
CMC Carboximetilcelulose
DEAE Dietilaminoetil
DNS Ácido- 3,5-dinitrosalicílico
EDTA Ácido etilenodiaminotetracético
ELISA Enzyme linked immunosorbent assay
GOD Glicose oxidase
HPLC High Performance Liquid Chromatography
IgG Imunoglobulina G
kDa Kilo dalton
Ki Constante de Inibição
K
m
Constante de Michaelis Menten
K
0,5
Constante de afinidade aparente
OPD o-fenilenediamino diidroclorito
PAGE Gel de poliacrilmaida
PBS Solução tampão fosfato salina
PMSF Fluoreto de fenil metil sulfônico
PNP p-nitrofenol
q.s.p. Quantidade suficiente para
rpm Rotações por minuto
SDS Dodecil sulfato de sódio
Temed N,N,N’,N’- tetrametiletilenodiamina
Tris Tris-(hidroximetil)aminometano
V Volts
V
máx
Velocidade Máxima
V/v Volume por volume
UNIDADES
°C Grau Celcius
cm Centímetro
g Grama
mA Miliampére
mg Miligrama
ml Mililitro
min Minuto
mm Milímetro
M Molar
mM Milomolar
mU Miliunidade
ηmoles
Nanomoles
ηgrama
Nanograma
μg
Micrograma
μmoles
Micromoles
μL
Microlitro
nm Nanômetro
U Unidade de Atividade enzimática
RESUMO
A celulose é a mais abundante fonte de carbono presente na madeira e nos resíduos
agrícolas, e a sua hidrólise completa é realizada pela ação sinergística de diferentes
enzimas, como: as endo-1,4-β-D-glucanase, exo-1,4-β-glucanase e β-glucosidase ou
celobiase. O presente trabalho descreve algumas propriedades fisiológicas e
bioquímicas do sistema β-glucosidásico do fungo termofílico Scytalidium thermophilum.
Tal fungo foi isolado originalmente do solo da Índia e gentilmente cedido pelo Dr. G.
Straastma (Holanda). O meio M
8
favoreceu a produção das β-glucosidases. Entre os
açúcares testados como fonte de carbono, avicel e celobiose foram os melhores
indutores das β-glucosidases extracelular e micelial. Quando o fungo foi crescido em
dois estágios, observou-se inicialmente a repressão da síntese por glicose e a indução
por avicel ou celobiose. Utilizando-se ciclo-heximida, observou-se a síntese “de novo”
das proteínas. A
β-glucosidase extracelular foi purificada utilizando-se um
fracionamento protéico e uma coluna de troca-iônica DEAE-celulose, de onde foram
obtidos duas atividades enzimáticas denominadas
β-glucosidases I e II. A β-glucosidase
I foi aplicada em coluna de troca iônica CM-celulose, enquanto que a
β-glucosidase II
foi aplicada em Sephadex G-100. A
β-glucosidase I foi purificada 2 vezes com 4.0% de
recuperação, ao passo que a
β-glucosidase II foi purificada 2,4 vezes com 2.0% de
recuperação. A
β-glucosidase micelial foi purificada utilizando-se um choque térmico,
fracionamento protéico, coluna de filtração Sephadex G-100 e uma coluna troca-iônica
DEAE-celulose. Foi purificada 23 vezes com recuperação de 25%. A
β-glucosidases
extracelular I e micelial apresentaram um temperatura ótima aparente de 70 e 60°C e
um pH de 5.5 e 6.0, respectivamente. Ambas enzimas foram inibidas por Ag
+2
e Hg
+2
.
A
β-glucosidases extracelular I e micelial possuem um peso molecular de 40.7 kDa e
39kda (SDS-Page) e 57 kDa e 33,8 kda (Sephadex G-100), respectivamente. A β-
glucosidase extracelular I foi capaz de hidrolisar PNP-glu, PNP-xil, celobiose , xilana e
CMC, enquanto que a
β-glucosidase micelial hidrolisou PNP-glu, PNP-fuc, PNP-xil, PNP-
gal, ONPG e lactose. Ambas enzimas foram ativadas por glicerol a 1M. A β-glucosidase
extracelular I foi ativada por xilose, frutose e lactose, e se mostrou resistente a glicose
50mM, enquanto que a
β-glucosidase micelial foi ativada por glicose e xilose. β-
glucosidases extracelular I e micelial apresentaram um PI de 4.0 e 6.5,
respectivamente. Os parâmetros cinéticos estimados para a
β-glucosidase extracelular I
foram de K
m
4,33 e 0,342mM e V
máx
de 5,37 e 2,0μmoles/min/mg prot. para celobiose
e PNP-glu, respectivamente. O valor de Ki (Constante de Inibição) foi de 71mM para
glicose. Para a
β-glucosidase micelial, os valores de K
m
e V
máx
foram de 0,29mM e
13,27μmoles/min/mg prot; 0,5 mM e 7,25μmoles/min/mg prot e 1,61 mM e
4,12μmoles/min/mg prot para os substratos PNP-glu, PNP-fuc e celobiose,
respectivamente. Na presença de glicose e xilose os valores de K
m
e V
máx
foram de
1,26mM e 40,04 μmoles/min/mg.prot, e 1,33mM, e 30,49 μmoles/min/mg prot,
respectivamente para o PNP-glu. O valor de Ki (Constante de Inibição) foi de 1,32mM
para celobiose. A análise dos produtos de hidrólise das
β-glucosidases extracelular I e
micelial foram anlisadas em TLC, e revelaram que ambas enzimas realizam hidrólise
quando celobiose foi utilizada a 10mM, e transglicosilação quando celobiose foi utilizada
a 250mM. Os resultados aqui apresentados demonstram importante papel importante
do Scytalidium como produtor de β-glucosidase com potencial na sacarificação
enzimática da celulose.
SUMMARY
Cellulose is the most abundant carbon source found in woods and waste residues. In
nature the complete hidrolysis of cellulose occurs by the sinergistic action of several
enzymes such endo-1,4-β-D-glucanase, exo-1,4-β-glucanase e β-glucosidase or
cellobiase. The present work describe some physiological and biochemical properties of
β-glucosidase system from thermophilic fungus Scytalidium thermophilum. The fungus
was gift to Dr. Straastma (Mushroom Experimental Station, The Netherlands). The
culture medium M
8
enhance the production of β-glucosidase. Among carbohydrates
tested as carbon source, avicel and cellobiose were the best inducers of β-glucosidase
extracellular and mycelial. When the fungus was grown in two stages, observed the
repression by glucose, and induction by avicel or cellobiose. The presence of cyclo-
heximide inhibited the syntesis of β-glucosidase, suggesting that the enzyme produced
in the presence of indutors required “ de novo “ synthesis. Extracellular β-glucosidase
was purified using the precipitation with 75% amonium sulfate, ion exchange
cromatography column DEAE-cellulose, and were obtained two activities: β-glucosidase
extracellular I and II. The β-glucosidase I was applied to a CM-cellulose colunm, while
β-glucosidase II was applied to a Sephadex G-100 colunm. The β-glucosidase II was
purified two times and 4% yield, and the β-glucosidase II was purified 2,4 times and
2% yield. The mycelial β-glucosidase was purified using the termic treatment, a
precipitation with 75% amonium sulfate followed by Sephadex G-100 and DEAE-
cellulose. The enzyme was purified 23 time with 23% yield. The β-glucosidase
extracellular II and mycelial shown optima of temperature and pH of 60°C and 70°C,
4.4 and 6.0, respectively. Hg
+2
and Ag
+2
ions were strong inhibitors of β-glucosidase
extracellular I and mycelial. The molecular weight of β-glucosidase extracellular I and
mycelial was stimated as 40.7 KDa and 39KDa (SDS-PAGE) and 57kDa and 33.8 kDa
(Sephadex G-100). The β-glucosidase extracellular I hydrolyzed PNP-glu, PNP-xyl,
cellobiose,xylan and CMC, while β-glucosidase mycelial hydrolyzed PNP-fuc, PNP-xyl,
PNP-gal, ONPG and lactose. Both enzymes were activeted by glycerol 1M. The β-
glucosidase extracellular I was activeted by xylose, fructose and lactose, and show
strong at glucose 50mM. The β-glucosidase mycelial was activeted by glucose and
xylose. β-glucosidase extracellular I and mycelial shows PI 4.0 and 6.5, respectively.
The kinects studies reveled for β-glucosidase extracellular I a Km of 4,33 and 0,342mM
and Vmáx of 5,37 and 2,0μmoles/min/mg prot for cellobiose and PNP-glu, respectively.
The Ki values obtained from Dixon plots was 71mM for glucose. To β-glucosidase
mycelial the Km and and Vmáx were 0,29mM e 13,27μmoles/min/mg prot; 0,5 mM e
7,25μmoles/min/mg prot and 1,61 mM and 4,12μmoles/min/mg prot for PNP-glu, PNP-
fuc and cellobiose, respectively. Using xylose or glucose the Km and Vmáx was
1,26mM e 40,04 μmoles/min/mg.prot, and 1,33mM, e 30,49 μmoles/min/mg prot,
respectively for PNP-glu. The Ki values obtained from Dixon plots was 1,32mM using
cellobiose. The products of hydrolisis of cellobiose by the action of purified enzymes
glucosidase extracellular I and mycelial were analised in thin-layer-cromatography, and
show hydrolisis of cellobiose at 10mM,and transglycosilation reaction when cellobiose
was using at 250mM. The intrinsic biochemical and regulatory properties the β-
glucosidase system of Scytalidium support the idea that organism may be useful for
biotechnological applications.
2- OBJETIVOS
O objetivo deste trabalho está centrado no estudo fisiológico e bioquímico das β-
glucosidases (extracelular e micelial) produzidas pelo fungo termofílico Scytalidium
thermophilum, visando demonstrar que a eficiência celulolítica do organismo estaria
estritamente relacionada com as propriedades diferenciais destas enzimas. Para isso as
enzimas foram purificadas e caracterizadas em suas propriedades físico-químicas e
cinéticas. Algumas metas foram seguidas na tentativa de atingirmos o objetivo do
trabalho:
1. Estudar a produção das β-glucosidases pelo Scytalidium thermophilum
2. Purificar e caracterizar cineticamente as maiores frações com atividade β-
glucosidásica
3. Caracterizar as propriedades físico-químicas das enzimas na tentativa de explicar as
diferenças bioquímicas por ela exibidas.
4. Verificar nas β-glucosidases do Scytalidium atividade de transglicosilação, já que
essas enzimas são conhecidas por catalisarem além das reações de hidrólise, as
reações de transferência.
5. Produção de anticorpos da β-glucosidase extracelular I
6.Determinação da localização subcelular da β-glucosidase extracelular I por
imunofluorescência
3- MATERIAL E MÉTODOS
3.1. LINHAGEM UTILIZADA
Para a realização deste trabalho foi utilizado o Scytalidium thermophilum
linhagem 77.7.8, isolado do solo da Índia e gentilmente cedido pelo Dr. G. Straastma
do “Mushroom Experimental Station” (Holanda).
3.2. C
ONDIÇÕES DE CRESCIMENTO
3.2.1. MANUTENÇÃO DA LINHAGEM EM MEIO SÓLIDO
A linhagem foi mantida em laboratório em tubos de ensaio contendo 5 ml de
meio sólido, composto por 4% de farinha de aveia Quaker e 1,8% de ágar (Peralta et
al, 1990). Após a esterilização, os meios de cultura foram solidificados de forma
inclinada. Os inóculos foram feitos utilizando uma alça de platina e as culturas mantidas
a 40° C por 7 dias e posteriormente conservadas em geladeira, sendo utilizadas até 30
dias de estocagem. Os conídios formados foram colhidos por suspensão aquosa,
acrescentando-se 10ml de água destilada estéril em cada tubo estoque, raspando-se a
superfície da cultura com a alça de platina. Nessas condições, 1 ml dessa suspensão,
contendo aproximadamente 10
5
a 10
6
esporos, foi utilizado para inóculo em meio
líquido.
3.2.2. C
OMPOSIÇÃO DO MEIO LÍQUIDO
O cultivo foi realizado em frascos de Erlenmeyers com capacidade cinco vezes
maior que o do volume de meio. O meio utilizado foi o Czapek modificado, denominado
de M8, cuja composição está descrita abaixo:
NaNO3............................................ 0,2%
KH2PO4.......................................... 0,1%
KCl................................................. 0,1%
MgSO4.7H2O................................... 0,05%
FeSO4.7H2O.................................... 0,01%
ZnSO4.7H2O.................................... 0,03%
Extrato de levedura........................... 0,8%
O meio foi preparado com água destilada, o pH acertado para 6.0 e autoclavado
a 127°C e 1,5 atm por 30 minutos.
3.3. C
RESCIMENTO EM MEIO LÍQUIDO
O fungo foi então inoculado no meio de cultivo M8, com agitação constante de
100rpm com as fontes de carbono desejadas a 1%, por tempos variados conforme
indicado para cada experimento.
O crescimento foi realizado de duas formas distintas: no primeiro o fungo foi
crescido em um único estágio, onde os esporos foram adicionados ao meio para
obtenção do micélio, ou em um sistema de dois estágios, onde o fungo cresce em
condições de repressão por glicose a 1% e posteriormente os micélios são lavados
assepticamente com água bidestilada e transferidos para um novo meio de cultura com
a fonte de carbono adequada.
3.4. O
BTENÇÃO DA MASSA MICELIAL E DO MEIO DE CULTURA
A massa micelial crescida nas condições descritas anteriormente foi separada do
meio de cultivo por filtração à vácuo utilizando funil de Büchener e papel de filtro
Whatman n°1. Essa massa obtida foi então lavada com 2 volumes de água destilada e
prensada entre folhas de papel de filtro para retirar o máximo possível de água
embebida. Posteriormente, o micélio foi mantido à baixa temperatura (-12°C) para
posterior utilização. Depois de congelado, o micélio foi macerado com 2 volumes de
areia lavada no ácido, em um cadinho de porcelana até a ruptura total das células. O
macerado foi ressuspenso em determinado volume de água destilada, suficiente para
obter-se uma suspensão não muito viscosa. A areia e restos de células foram
removidos por centrifugação a 10.000rpm a 4°C por 15 minutos. O sobrenadante dessa
centrifugação foi denominado extrato bruto e utilizado como fonte de enzima
intracelular. O meio de cultura que continha a enzima extracelular solúvel também foi
conservado à baixa temperatura até sua utilização.
3.5. D
ETERMINAÇÃO DAS ATIVIDADES ENZIMÁTICAS
3.5.1. D
ETERMINAÇÃO DA ATIVIDADE
β
-GLUCOSIDASE
A atividade β-glucosidásica foi detectada através do método descontínuo
utilizando-se o substrato sintético p-nitro-fenil-β-D-glucopiranosídeo. A mistura da
reação foi constituída de 0,4 ml do substrato (2mg/ml) dissolvido em tampão McIlvaine
(1921) pH 5.0 e 0,1 ml da enzima convenientemente diluída. A mistura foi incubada a
60°C por um tempo máximo de 60 minutos e a reação bloqueada pela adição de 1 ml
de tetraborato de sódio saturado. Controles sem adição da enzima (brancos) foram
incluídos em cada experimento, determinando-se assim a hidrólise espontânea do PNP-
glu nas condições de ensaio. A concentração do p-nitrofenol liberado foi estimada
espectofotometricamente em A410nm. A unidade (U) foi definida como a quantidade de
enzima necessária para hidrolisar 1 nanomol do substrato por minuto de reação
(ηmoles/min/mL), nas condições de ensaio. A atividade específica (AE) foi definida
como número de unidades enzimáticas totais por miligrama de proteína total (U/mg
proteína).
3.5.2. DETERMINAÇÃO DA ATIVIDADE
β
-GALACTOSIDASE E
β
-XILOSIDASE
As atividades β-galactosidásica e β-xilosidásica foram estimadas através do uso
dos substratos sintéticos PNP-Gal (p-nitrofenil-β-D-galactopiranosídeo) e PNP-xil (p-
nitrofenil-β-D-xilopiranosídeo), repectivamente. Os substratos foram diluídos em
tampão McIlvaine pH 5.0. Os demais passos foram idênticos aos descritos no item
anterior para a β-glucosidase.
3.5.3. D
OSAGEM DE CELOBIASE E LACTASE
A atividade de celobiase e lactase foi quantificada pela glicose liberada durante a
hidrólise dos respectivos substratos. A mistura continha 100μl da enzima e 100μl de
substrato 100mM em tampão McIlvaine pH 5.0. A mistura foi incubada a 70°C por um
período de até 30 minutos e interrompida em banho de água fervente por 3 minutos. A
glicose formada foi determinada pelo Método da glicose-oxidase (Bergmeyer & Bernt,
1974) utilizando o kit Labtest. A leitura foi feita em absorbância 550nm. Uma unidade
de enzima foi definida como a quantidade de enzima capaz de liberar 1 micromol de
glicose por minuto de reação (μmoles/min/mL), nas condições de ensaio. A atividade
específica (AE) foi definida como número de unidades enzimáticas totais por miligrama
de proteína total (U/mg proteína).
3.5.4. D
OSAGEM DE XILANASE, AVICELASE E CMCASE
A atividade das enzimas foi medida pela liberação do açúcar redutor, pelo
método de ácido 3,5-dinitrosalicílico (DNS) (Miller, 1959).
A mistura da reação foi constituída de 2,5 mL de solução de xilana, avicel e
CMCelulose 10mg/mL em tampão McIlvaine pH 5.0 e 2,5 mL da enzima,
convenientemente diluída. Após a incubação a 60°C, nos tempos desejados, alíquotas
de 1 mL eram retiradas e adicionadas a 1mL de DNS para interromper a reação. A
mistura foi aquecida em banho de água fervente, por 5 minutos e diluída em 10 mL de
água destilada. A leitura foi feita em absorbância 540nm. A quantidade de açúcar
redutor liberado foi estimado através de uma curva padrão. Uma unidade de enzima foi
definida como a quantidade de enzima capaz de liberar 1 micromol de glicose por
minuto de reação (μmoles/min/mL), nas condições de ensaio.
3.5. D
OSAGEM PROTÉICA
3.5.1. D
OSAGEM COLORIMÉTRICA
As proteínas foram estimadas pelo Método de Lowry (Lowry et al., 1951)
utilizando-se soroalbumina bovina como padrão.
3.5.2. D
OSAGEM ESPECTROFOTOMÉTRICA (A280nm)
A proteína nos tubos coletados das colunas de cromatografia foi estimada a
A280nm utilizando-se o espectrofotômetro Du-7 da Beckman.
3.6. P
URIFICAÇÃO DAS ENZIMAS
3.6.1. P
URIFICAÇÃO DA
β
-GLUCOSIDASE EXTRACELULAR
O fungo foi cultivado em Meio M8 tendo avicel 1% como fonte de carbono por 96
horas a 40°C sob agitação para obtenção da β-glucosidase extracelular. O filtrado do
meio de cultura (aproximadamente 800ml) foi dialisado contra água por 24 horas a 4°C
e em seguida liofilizado. A amostra liofilizada foi dissolvida em água e precipitada com
fracionamento protéico de 75% de sulfato de amônio “overnight”. Posteriormente
amostra foi centrifugada 20 minutos a 10.000 rpm e o precipitado obtido dialisado
contra água e em seguida contra tampão fosfato de sódio monobásico 100mM pH 6.8.
A fração foi aplicada em coluna de troca iônica DEAE- celulose ( 14cm x 1.8cm ), pré-
equilibrada com o mesmo tampão e eluída com gradiente de NaCl. Frações de 5ml
foram coletadas por tubo, sendo estas submetidas à leitura de proteína a A280nm e a
atividade de β-glucosidase.
Dessa coluna foram obtidas 2 frações de atividade β-glucosidásica, uma que não
é retida na coluna de troca iônica denominada β-glucosidase I, e outra que é eluída com
gradiente de NaCl, denominada β-glucosidase II.
3.6.1.1. P
URIFICAÇÃO DA
β
-GLUCOSIDASE EXTRACELULAR I (PICO I DEAE-CELULOSE)
As frações que não interagiram na DEAE-celulose e que continham alta atividade
enzimática foram reunidas, dialisadas novamente contra tampão acetato de sódio
20mM pH 5.0 e aplicado em coluna de troca iônica CM-celulose ( 14 x 1.8 cm ) pré-
equilibrada com o mesmo tampão e eluída com o gradiente de NaCl( 0-0,5M ). Nas
frações obtidas foram dosadas a atividade de β-glucosidase e acompanhadas com
leituras em A280nm, e as frações que continham altas atividades enzimáticas foram
reunidas dialisadas contra água e concentradas por liofilização. O material concentrado
foi dissolvido em água destilada e conservado em congelador a –12°C. A pureza da
amostra foi analisada em gel de poliacrilamida (PAGE).
3.6.1.2. P
URIFICAÇÃO DA
β
-GLUCOSIDASE EXTRACELULAR II (PICO II DEAE-CELULOSE)
As frações obtidas a partir da eluição com o gradiente de NaCl da DEAE-celulose
foram reunidas, dialisadas contra água, e em seguida liofilizadas. Posteriormente, o
material foi dissolvido em 4ml de tampão fosfato de sódio monobásico 100mM pH 6.0
mais 100mM de NaCl e aplicados em coluna de filtração Sephadex G-100 ( 87cm X 2cm
) pré-equilibrada com o mesmo tampão. Foram coletadas frações de 1,5 ml por tubo
nas quais foram determinadas atividade de β-glucosidase acompanhadas de leitura de
proteínas a A280nm. As frações que continham alta atividade β-glucosidásica foram
reunidas e concentradas por liofilização. O material concentrado foi dissolvido em água
destilada e conservado em congelador a –12°C.
3.6.2. PURIFICAÇÃO DA
β
-GLUCOSIDASE INTRACELULAR
.
O fungo foi cultivado em meio M8, tendo avicel 1% como fonte de carbono, por
48 horas a 40°C, com agitação constante para a obtenção da β-glucosidase intracelular.
O micélio foi macerado com areia na presença de PMSF 2mM e centrifugado como já
descrito no item 3.4. O sobrenadante obtido foi deixado 20 minutos a 50°C e em
seguida em banho de gelo (choque térmico) e centrifugado nas mesmas condições
descritas anteriormente. O sobrenadante foi precipitado com 75% de sulfato de amônio
“overnight”, e novamente centrifugado. O precipitado obtido foi ressuspendido em um
pequeno volume de tampão fosfato de sódio monobásico 100 mM pH 6.0 e 100mM de
NaCl e dialisado contra o mesmo tampão. A amostra foi aplicada em coluna de filtração
Sephadex G-100 ( 87 x 2cm ), pré-equilibrada com o mesmo tampão. A eluição foi
efetuada com o mesmo tampão, coletando-se 1,5 ml por tubo com um fluxo de
20mL/hora. Nas frações obtidas foram dosadas a atividade enzimática, seguidas de
leitura a A280nm.
As frações eluídas na Sephadex G-100, como descrito na etapa anterior, com
atividade β-glucosidásica foram reunidas, dialisadas contra tampão fosfato de sódio
100mM pH 6.8 “overnight” a 4°C, e aplicado em coluna troca iônica DEAE-celulose
equilibrada com o mesmo tampão. As proteínas retidas na coluna foram eluídas com
um gradiente linear de 0 a 1M de cloreto de sódio (NaCl). As frações coletadas foram
dosadas quanto a atividade β-glucosidásicas seguidas de leitura a A280 nm. Assim
como na β-glucosidase extracelular obtivemos dois picos de atividade, uma que não
adere a resina e outra que é eluída com gradiente de NaCl.
As frações com atividade β-glucosidásica que foram eluídas com gradiente de
NaCl ( 0-0,5M NaCl ) foram reunidas, dialisadas contra água “overnight” a 4°C e
liofilizadas. O material foi dissolvido em água destilada e conservado em congelador a –
12°C.
3.7. DETERMINAÇÃO DA PUREZA DAS FRAÇÕES PURIFICADAS
3.7.1. E
LETROFORESE EM GEL DE POLIACRILAMIDA EM CONDIÇÕES NÃO-DESNATURANTES
(PAGE).
A determinação da pureza das preparações foi feita através de corridas
eletroforéticas em géis de poliacrilamida (PAGE).
3.7.1.1. PAGE PARA PROTEÍNAS BÁSICAS
As eletroforeses em condições não-desnaturantes foram realizadas em gel
poliacrilamida conforme metodologia básica de Reisfeld (1962), para proteínas básicas.
O gel numa concentração de 6% de acrilamida foi polimerizado em placas de
vidro ( 9,5 x 8,0cm ). As amostras a serem analisadas eletroforeticamente foram
diluídas em tampão de amostra (tampão de corrida diluído 1:10), pH 4,5, verde de
metila 0,002% e glicerol 10%.
As eletroforeses foram realizadas em tampão de corrida, pH 4,5 (constituído de
3,12g de β-alanina e 0,8ml de ácido acético glacial em 1000ml de água destilada)
durante 4-5 horas, a temperatura ambiente. A corrente aplicada foi de 70mA e uma
voltagem constante de 120V, mantida até o final da corrida eletroforética.
O gel foi corado com Comassie Blue R-250 para coloração de proteínas.
3.7.1.2. PAGE
PARA PROTEÍNAS ÁCIDAS
As eletroforeses não-desnaturantes foram realizadas em gel de poliacrilamida
conforme metodologia básica de Davis (1964), para proteínas ácidas.
O gel em uma concentração de 8% de acrilamida foi polimerizado em tubos ( 0,6
x 8.0 cm ). As amostras a serem analizadas eletroforeticamente foram diluídas em
Tampão de Amostra (Tris-Base 0,065M, Azul de Bromofenol 0,002%; Glicerol 10%), pH
6.8.
As eletroforeses foram realizadas em Tampão de corrida pH 8.9 (constituído de
Tris 50mM e Glicina 36mM) durante 4-5 horas, a temperatura ambiente. A corrente
aplicada foi de 5mA por tubo mantida até o final da corrida eletroforética.
Os géis foram retirados e a revelação das proteínas foi feita com Comassie Blue
R-250 (Sigma).
3.7.2. E
LETROFORESE EM GEL DE POLIACRILAMIDA EM CONDIÇÕES DESNATURANTES (SDS-
PAGE)
A fim de se confirmar os dados obtidos através da eletroforese em gel de
poliacrilamida em condições não-desnaturantes (PAGE), também foram realizadas
eletroforeses em gel de poliacrilamida em condições desnaturantes (SDS-PAGE),
segundo metodologia de Laemmli (1970).
Foram utilizados géis em placa ( 9,5 cm x 8,0cm ) na concentração de 15% de
acrilamida. As amostras foram diluídas 1:1 em tampão de amostra (glicerol 10%, SDS
7%, azul de bromofenol 0,002%, β-mercaptoetanol 10% e Trizma 0,12M pH 6,75) e
aquecidas durante 5 minutos em água fervente. A eletroforese foi realizada a
temperatura ambiente na presença de Tampão Trisma 0,025M, Glicina 0,19M e SDS
0,1%, pH 8,3. Utilizou-se uma corrente de 70mA/placa e uma voltagem constante de
120V/placa.
Os géis foram retirados da placa e a revelação das proteínas foi feita com
Comassie Blue R-250 (Sigma).
3.8. D
ETERMINAÇÃO DAS ATIVIDADES
β
-GLUCOSIDÁSICAS NO GEL DE POLIACRILAMIDA
Os géis de poliacrilamida submetidos a eletroforese foram testados quanto a
presença de atividade β-glucosidase e comparados com géis corados para proteínas
com Comassie-Blue por dois métodos:
3.8.1. HIDRÓLISE DE SUBSTRATOS PRODUZINDO COMPOSTOS INSOLÚVEIS
Para detecção da atividade da β-glucosidase II, foi feito um gel de poliacrilamida
para proteínas ácidas, como descrito no item 3.7.1.2. Após a corrida, o gel foi lavado
com 25% de ácido isopropílico em tampão Mc. Ilvaine pH 5.0 por 30 minutos e três
vezes com o mesmo tampão (20 minutos cada vez).
Após esse tratamento, o gel foi mergulhado numa solução de 6-bromo-naftil-β-
D-glucopiranosídeo em tampão McIlvaine (1921) pH 5.0, com 0,07mg/ml de Fast Blue
B. Em seguida o gel foi incubado a 50°C por aproximadamente 1 hora, até o
aparecimento da banda de atividade.
3.8.2. F
ATIAMENTO DO GEL DE POLIACRILAMIDA
Para detecção da atividade da β-glucosidase extracelular II e β-glucosidase
intracelular, foram feitos géis em duplicatas (PAGE). Após a corrida um gel foi corado
para proteínas com Comassie Blue e o outro era picotado em fatias de 25mm,
macerados com o auxílio de um bastão de vidro e incubado com o substrato PNP-glu
(2m
g
/mL, dissolvido em tampão McIlvaine
pH 5.5) por uma hora, e a reação bloqueada com 1ml de tetraborato de sódio saturado.
A leitura feita em A410nm.
3.9. D
ETERMINAÇÃO DA MASSA MOLECULAR DAS
β
-GLUCOSIDASES INTRA E EXTRACELULAR
As massas moleculares das β-glucosidases purificadas foram estimadas através
de filtração em gel, utilizando-se uma coluna Sephadex G-100 ( 87 x 2,0cm ),
equilibrada com tampão fosfato de sódio monobásico 100mM pH 6.0 e NaCl 100mM. A
cromatografia foi desenvolvida com um fluxo de 20 mL/h, coletando-se 1,5 mL por
tubo. Os padrões utilizados foram: álcool desidrogenase (150kDa), soroalbumina
(66kDa), anidrase carbônica (29kDa) e citocromo C (12,5kDa).
As massas moleculares das β-glucosidases foram estimadas através da
construção de um gráfico que continha na ordenada a massa molecular dos padrões, e
na abscissa a razão Ve/Vo (onde Ve= volume de eluição da coluna e Vo=”void”). O
valor de Ve de cada amostra foi considerado como sendo a somatória dos volumes das
frações coletadas desde a aplicação da amostra até a fração onde registrava-se maior
leitura em A280nm.
3.10. I
NFLUÊNCIA DE DIFERENTES COMPOSTOS IÔNICOS SOBRE AS ATIVIDADES
β
-
GLUCOSIDÁSICAS DE SCYTALIDIUM THERMOPHILUM.
As atividades β-glucosidásicas extra e intracelulares foram ensaiadas na
presença e ausência de diferentes compostos iônicos. Foi utilizada concentração de 1 e
5mM para cada íons testado. Os ensaios foram realizados em condições ótimas de pH e
temperatura.
3.11. D
ETERMINAÇÃO DOS PARÂMETROS CINÉTICOS
Amostras enzimáticas extra e intracelulares purificadas foram utilizadas para a
determinação de parâmetros cinéticos utilizando-se PNP-glu, PNP-fuc e celobiose como
substratos. O cálculo das constantes cinéticas foi feito utilizando-se o Programa
Computacional Sigraf (Leone et al, 1992).
3.12. F
OCALIZAÇÃO ISOELÉTRICA
A determinação do PI foi feita utilizando-se a metodologia básica de O’ Farrel et
al (1983), utilizando-se anfólitos (Pharmalyte) de pH 3-10. A concentração final do gel
foi de 6% e a focagem a 500V, durante 5 horas a temperatura ambiente. Após a
corrida, o gel foi fragmentado em fatias de 0,5 cm de espessura, as fatias deixadas por
uma noite em solução de KCl 25mM. Posteriormente, o pH foi determinado em
potenciômetro, construindo-se a curva do gradiente. O gel duplicata contendo a
amostra foi corado para proteínas com Comassie Blue R-250.
3.13. D
ETERMINAÇÃO DOS CARBOIDRATOS NEUTROS
O conteúdo de carboidrato das β-glucosidases purificadas foi estimada através da
metodologia do fenol-sulfúrico de Dubbois et al (1956), utilizando-se glicose como
padrão. Alíquotas da enzima pura contendo aproximadamente 20μg de proteína foram
diluídas a um volume de 2ml com água destilada. Em seguida, 50 μl de fenol 80% foi
adicionado e logo após 5.0 ml de ácido sulfúrico concentrado. Essa mistura foi deixada
em repouso por 10 minutos a temperatura ambiente. Após esse período, foi feita a
leitura de absorbância a 490nm. Procedimento idêntico foi conduzido com solução
padrão de glicose.
3.14. C
ROMATOGRAFIA EM CAMADA DELGADA DE SÍLICA
O produto de hidrólise da celobiose pela ação das β-glucosidases purificadas, foi
analisado em camada delgada de sílica (TLC) usando a Sílica Gel 60 da Merk. O sistema
de solvente utilizado foi butanol: piridina: água (6:4:3) por volume. A revelação foi
feita com orcinol 0,2% em ácido sulfúrico: metanol (1:9) e deixado a 100°C por
aproximadamente 5 minutos.
3.15. I
MUNOENSAIO CONTRA A
β
-GLUCOSIDASE EXTRACELULAR PURIFICADA
3.15.1. IMUNIZAÇÃO
Coelhos New Zealand foram imunizados por aplicações de injeções subcutâneas
(0,7ml) no dorso de cada animal contendo a β-glucosidase purificada diluída na
proporção de 1:1 com os Adjuvantes utilizados ou com salina 0,9%. A imunização
seguiu três etapas: na primeira utilizou-se Adjuvante de Freud Completo. Após 21 dias,
realizou-se a segunda aplicação com o Adjuvante de Freud Incompleto. Passados 21
dias, a terceira aplicação foi realizada com solução salina 0,9%. Em todas as etapas
foram utilizadas aproximadamente 300 μg/ml de proteína. Após 7 dias da última
aplicação o sangue foi coletado mediante punção cardíaca, sendo mantida a 4°C por 1
hora. O soro foi recolhido sem centrifugação e utilizado para a purificação da fração de
IgG.
Primeiramente, 17ml de soro foi mantido a 56°C por 30 minutos. Após esse
período o soro foi precipitado por adição de 8,5ml de uma solução de sulfato de amônio
saturado, deixado “overnight” a 4°C e centrifugado a 3000g por 10 minutos. O
precipitado foi ressuspenso com 8,5ml de sulfato de amônio 40% (p/v) e novamente
centrifugado nas mesmas condições descritas acima. O precipitado foi então dissolvido
em 8,5ml de salina 0,9% (p/v) mais tampão fosfato de sódio 0,02M, pH 7,5, dialisado
por 2 dias contra o mesmo tampão e aplicado em uma coluna de DEAE-celulose,
equilibrada e eluída com tampão fosfato e descrito acima, onde a fração IgG não
interage com a resina. Foi aplicado, então, um gradiente de contínuo de NaCl de 0 a 1M
em tampão fosfato, para a retirada de IgM e demais proteínas adsorvidas. A fração
contendo IgG foi dialisada contra água, liofilizada, ressuspensa em tampão PBS
(composto de NaCl 0,8% (p/v), KCl 0,02% (p/v), Na2HPO4 0,144% (p/v), KH2PO4
0,024% (p/v), pH 7.4) mais 0,1% (p/v) de BSA. Após estes procedimentos a amostra
foi filtrada (filtro Nalgene 0,45μm), e utilizada para a quantificação por teste de ELISA
dos anticorpos anti-β-glucosidase.
3.15.2.T
ESTE ELISA (ENZYME-LINKED IMMUNOSORBENT ASSAY)
Inicialmente, a amostra do antígeno foi quantificada pelo método de Lowry (item
3.5.1) e diluída em tampão carbonato/bicarbonato (Na2CO3 15mM e NaHCO3 35 mM
de água Milli-Q), pH 7.4. A placa de poliestireno de Corning de alta afinidade foi
sensibilizada com o antígeno diluído (máximo 30ng/poço) durante uma noite a 4°C. A
placa foi lavada 5 vezes com PBS mais Tween 20 0,05%, bloqueada com 200μl/poço de
tampão de bloqueio BSA 1% (p/v) em PBS por uma hora a 37°C, e novamente lavada.
A fração de IgG contendo os anticorpos foi diluída seriamente em log de 10 ou
log de 2 em tampão diluente (tampão de bloqueio mais Tween 20 0,05% distribuída
nos poços (100 μl/poço) excluindo-se o branco (poço 1) da reação, mantido a 4°C,
“overnight”. Após esse período a placa foi novamente lavada, e adicionou-se 100
μl/poço da solução de anticorpos conjugados à peroxidase contra imunoglobulinas de
coelhos diluído 1:1000 em tampão diluente por 1 hora, a 37°C. A placa foi novamente
lavada como descrito anteriormente. Em seguida, adicionou-se 100 μl/poço da solução
de substrato OPD (o-fenilenediamino diidroclorito) composto de 10mg do substrato
para 10ml de diluente de OPD. A placa foi coberta com papel alumínio e deixada a
temperatura ambiente de 5 a 15 minutos. A reação enzimática foi interrompida pela
adição de 50 μl/poço de solução de ácido sulfúrico 16% (v/v) e a quantificação dos
anticorpos realizada em leitor de ELISA com filtro de 490 nm.
3.16.
LOCALIZAÇÃO SUBCELULAR POR IMUNOMICROSCOPIA
Para determinação da localização subcelular da β-glucosidase extracelular no
micélio de Scytalidium thermophilum, o fungo foi crescido em meio M8 suplementado
com avicel 1% por 72 horas, sob agitação constante a 40°C. Após esse período, o
micélio foi lavado com tampão PBS, incluído em “tissue freezing medium 402” e
cortados em cristato, obtendo-se secções de 10μm de espessura, as quais foram
montadas em lâminas de vidro branco gelatinizadas.
As lâminas contendo os cortes foram então lavados inicialmente em tampão PBS
com formaldeído 2% (v/v) durante 15 minutos, e em seguida com apenas PBS (5’).
Posteriormente, as lâminas foram lavadas em PBS e glicina 100mM para bloqueios dos
sítios inespecíficos por 5 minutos, e depois em tampão PBS com BSA 1% (p/v) para
bloqueio das proteínas inespecíficas, por 5 minutos. Posteriormente, foram incubadas
com o anticorpo primário anti-β-glucosidase produzido em coelhos New Zealand,
diluídos em tampão PBS na proporção 1:1 por uma hora a temperatura ambiente. Após
a incubação as lâminas foram lavadas extensivamente com tampão PBS (6 vezes de 5
minutos cada), para retirada do excesso dos anticorpos primários e em seguida
incubados na presença de anticorpo secundário goat anti-rabbit IgG (H+L) conjugado
com o fluorocromo Alexa 488 por 30 minutos, a temperatura ambiente, em câmara
úmida, no escuro. Depois da incubação as lâminas foram novamente lavadas em
tampão PBS para a retirada do excesso de anticorpos secundários e montadas em
lamínulas com Fluormount G para observação em microscópio de fluorescência. Os
controles foram feitos sem a presença do anticorpo primário.
4- RESULTADOS
4.3. PURIFICAÇÃO DAS β-GLUCOSIDASES DE SCYTALIDIUM THERMOPHILUM
Para a possível purificação das enzimas utilizamos o avicel como indutor das β-
glucosidases, já que com esta fonte de carbono obtivemos uma quantidade significativa
de atividade β-glucosidásica. Foi através da cromatografia de troca iônica (DEAE-
celulose) que distinguimos pelo menos 2 frações β-glucosidásicas do Scytalidium, tanto
no filtrado como no micélio. Dessa forma inicialmente purificamos as atividades
extracelulares, denominadas β-glucosidases extracelular I e II, e sequencialmente a β-
glucosidase micelial.
4.3.1. Purificação das
β
-glucosidases extracelulares
Após ter padronizado as condições ótimas de cultivo para produção das β-
glucosidases em meio M
8
utilizando-se avicel como fonte de carbono, as enzimas foram
purificadas até sua homogeneidade eletroforética em gel de poliacrilamida (PAGE). Na
Tabela 7 observa-se o resumo dos passos empregados na purificação das β-
glucosidases extracelular.
O processo de purificação foi obtido utilizando-se fracionamento protéico com
75% de sulfato de amônio, uma coluna de troca iônica DEAE-celulose (Figura 6). Dessa
coluna foram obtidos 2 picos de atividades, denominados β-glucosidase I (que não
interagiu com a resina) e β-glucosidase II (eluída com aproximadamente 280 mM de
NaCl). É importante ressaltar que quando inicialmente a amostra foi aplicada em DEAE-
celulose (Figura 6) foi confirmado a hipótese da existência de duas β-glucosidases. O
primeiro pico que não interagiu com a resina corresponde a 44,7% da atividade
recuperada (dados referentes a partir da precipitação com sulfato de amônio) e foi
denominado β-glucosidase I. Na segunda fração denominado β-glucosidase II obteve-se
uma recuperação de 38,5 %.
Um organograma do processo de purificação das enzimas extracelulares é
demonstrado na Figura 7.
4.3.1.1. Purificação da
β
-glucosidase I extracelular
O pico I da DEAE-celulose (β-glucosidase I) foi aplicada em coluna de troca
iônica CM-celulose, e interagiu fracamente com a resina nas condições utilizadas, sendo
eluída logo após o “void” da coluna (Figura 8). Nesta etapa a enzima foi purificada 2
vezes com um rendimento de 4% e uma atividade específica de 736 ηmoles/mg prot
(Tabela 7). Posteriormente a amostra foi dialisada contra água, liofilizada dissolvida em
água destilada e estocada em pequenas alíquotas a –12°C até o momento do uso.
Armazenada dessa forma a enzima foi estável por mais de 6 meses.
4.3.1.2. Purificação da
β
-glucosidase II extracelular
Após a β-glucosidase II (pico II DEAE-celulose) ter sido eluída com 280mM de
NaCl foi concentrada e purificada até sua homogeneidade utilizando-se uma coluna de
filtração Sephadex G-100 (Figura 9). Esta Figura mostra ainda que a enzima foi eluída
num pico de atividade logo após o “void” da coluna e distante dos picos majoritários de
proteína. Com esse procedimento a amostra foi purificada 2,4 vezes, com uma
atividade específica de 830 ηmoles/mg prot e uma recuperação de aproximadamente
2%. Assim, como a β-glucosidase I foi dialisada contra água, liofilizada dissolvida em
água destilada e estocada em pequenas alíquotas a –12°C até o momento do uso.
Nestas condições a enzima foi estável por mais de 6 meses.
4.3.1.3. Análise Eletroforética das Enzimas Purificadas
4.3.1.3.1.
β
-Glucosidase I
A fração purificada apresentou uma única banda em eletroforese em gel de
poliacrilamida 6% pH 4.3 (Figura 10A) e em condições desnaturantes (Figura 11). A
enzima apresentou um peso molecular de 40.7 kDa em SDS-PAGE 15% e de 57 kDa
determinado em coluna de filtração Sephadex G-100 (Figura 12), sugerindo tratar-se
de uma proteína monomérica.
A enzima homogênea foi também aplicada em gel de poliacrilamida que, após
ser submetido a corrida eletroforética foi cortado em frações de 3mm. Estas frações
foram maceradas em tampão Mc Ilaine pH 6.0 e testadas quanto a capacidade de
hidrolisar PNP-glu. Observamos, que o pico de atividade enzimática coincide com a
banda corada com Comassie Blue para proteínas (Figura 10
A).
4.3.1.3.2.
β
-Glucosidase II
A enzima apresentou uma única banda em PAGE 8.9 7% e SDS-PAGE 15%
(Figuras 10B e 11) e apresentou um peso molecular de 147 kDa quando determinado
em coluna de filtração Sephadex G-100 (Figura 12).
A β-glucosidase II submetida a eletroforese de poliacrilamida 7% pH 8.9, foi
testada quanto a capacidade de hidrolisar o substrato sintético 6-bromo-naftil-β-
glucopiranosídeo. Esse substrato quando hidrolisado pela enzima produz um composto
insolúvel que se deposita no gel de poliacrilamida, possibilitando a visualização e
localização da enzima após corrida eletroforética. A hidrólise do 6-bromo-naftil-β-
glucopiranosídeo produziu uma cor avermelhada, e coincide com a banda corada com
Comassie Blue para proteínas (Figura 10C).
Tabela 7: Purificação das β-glucosidases extracelulares de Scytalidium thermophilum.
Passos de
Purificação
Proteínas
Totais (mg)
Unidades
Totais (U)
Atividade
Específica
(U/mg prot.)
Purificação
(vezes)
Rendimento
(%)
Bruta liofilizada 175 60200 344 1 100
(NH
4
)
2
SO
4
(75%) 27 27936 1032 3 46
DEAE-celulose
(Pico I)
β-glucosidase I
9 12500 1388 4 21
DEAE-celulose
(Pico II)
β-glucosidase II
12 10750 896 3 18
CM-celulose
β-glucosidase I
3 2430 736 2 4.0
Sephadex G-100
β-glucosidase II
1,28 1062 830 2,4 2
Condições: O fungo foi crescido em meio M
8
com 1% de avicel por um período de 96
horas a 40°C sob agitação constante para obtenção do filtrado extracelular.
0204060
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
N° Tubos
A
280nm
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
Pico II
Pico I
0-0,5M NaCl
Glucosidase (A
410 nm
)
Figura 6: Perfil cromatográfico da atividade β-glucosidase extracelular precipitada com
NH
2
(SO
4
)
2
e aplicada em coluna de troca iônica DEAE-celulose. A coluna
( 14 x 1,8 cm ) foi equilibrada com tampão fosfato monobásico de sódio
100mM pH 6.8 e eluída com gradiente de NaCl. Frações de 5ml foram
coletados por tubo com um fluxo de 60mL/hora. As setas indicam os tubos
selecionados para a purificação. A
280nm
(o) A
410 nm
().
Figura 7: Organograma do processo de Purificação das β-glucosidases extracelulares
de Scytalidium thermophilum.
Filtrado Extracelular (Bruto)
Bruta (liofilizada
)
Precipita
ç
ão com (NH
4
)
2
SO
4
DEAE-celulose
Pico I
β-glucosidase
Pico II
β-glucosidase
CM-celulose
Sephadex G-100
β
-
g
lucosidase II
Pico II
β-glucosidase I
Pico II
Não caracterizado
neste trabalho
0 20406080
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
N° Tubos
A
280nm
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
Pico II
Pico I
0-1M NaCl
Glucosidase (A
410nm
)
Figura 8: Perfil cromatográfico da atividade β-glucosidase I (pico I DEAE-celulose)
extracelular em coluna de troca iônica CM-celulose. A coluna ( 13 x 1,5
cm ) foi equilibrada com tampão acetato de sódio 20mM pH 5.0 e eluída
com o mesmo tampão e gradiente de NaCl. Frações de 5ml foram
coletados por tubo com um fluxo de 50mL/hora. A
280nm (
o) A
410nm
(). As
setas indicam as frações reunidas.
0 30 60 90 120 150 180
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
N° Tubos
A
280nm
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
Glucosidase (A
410nm
)
Figura 9: Perfil cromatográfico da atividade β-glucosidase II (pico II DEAE-celulose)
extracelular de Scytalidium thermophilum em coluna Sephadex G-100. A
coluna ( 87 x 2cm ) foi equilibrada com tampão fosfato monobásico de
sódio 100mM pH 6.0 com 100 mM de NaCl. Frações de 1,5ml foram
coletados por tubo com um fluxo de 20mL/h. A
280nm
(o) A
410nm
(). As setas
indicam as frações reunidas.
A B C
Figura 10: Perfil eltroforético em gel de poliacrilamida das β-glucosidases
extracelulares produzidas pelo Scytalidium thermophilum.
(A) PAGE 4.3 –15 μg da glucosidase I; (B) PAGE 8.9- 14μg da glucosidase
II, e (C) Atividade da glucosidase II utilizando o substrato sintético 6-
bromo-naftil-glucopiranosídeo. Os géis A e B foram corados para
proteínas com Comassie Brilhant Blue R-250.
66kDa
45kDa
36kDa
24kDa
igura 11: Perfil eletroforético em SDS-PAGE 15% da β-glucosidases extracelulares
1 2 3
F
produzidas pelo Scytalidium thermophilum.
Raia 1: Padrão ; Raia 2: Glucosidase I e Raia 3: Glucosidase II
1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0 2,2 2,4
4,0
4,2
4,4
4,6
4,8
5,0
5,2
5,4
β-glucosidase I (57 kDa)
β-glucosidase II (147 kDa)
Álcool Desidrogenase (150 kDa)
BSA (66 kDa)
Citocromo C (12,5 kDa)
Anidrase Carbônica (29 kDa)
Log Massa Molecular
Ve/Vo
igura 12: Determinação da massa molecular da β-glucosidase I e II por cromatografia
F
de filtração Sephadex G-100. A coluna ( 87 x 2 cm ) foi eluída com
tampão fosfato monobásico de sódio 100mM pH 6.8 com 100mM de NaCl
com um fluxo de 20mL/h coletando-se 1,5ml por tubo.
4.3.2. Purificação da
β
-Glucosidase Micelial
Pode-se observar na Tabela 8 a seqüência da operação empregada na purificação
da enzima. Obteve-se um rendimento de 25,3% e uma purificação de 23 vezes e uma
atividade específica de 9000ηmoles/mg prot., após a última coluna cromatográfica. É
importante ressaltar a eficiência do fracionamento protéico no processo de purificação
enzimática, visto que há uma considerável diminuição do número de proteínas totais do
extrato micelial.
A Figura 13 representa o perfil cromatográfico da β-glucosidase micelial em
Sephadex G-100, após fracionamento protéico e diálise. Nesta figura pode-se observar
que a enzima foi eluída num pico único de atividade e distante do picos maiores de
proteína. As frações contendo maiores atividades enzimáticas foram então reunidas,
dialisadas e aplicadas em coluna de troca iônica DEAE-celulose (Figura 14). Após a
eluição da amostra, com aproximadamente 230mM de NaCl pode-se confirmar a
hipótese da existência de duas β-glucosidases. A primeira atividade glucosidásica que
não interage com a resina, representa aproximadamente 15% da atividade total, e não
foi caracterizada devido seu baixo rendimento.
As frações eluídas com NaCl, indicadas pelas setas na Figura 14 foram então
reunidas, dialisadas contra água e utilizada para análise de pureza em gel de
poliacrilamida (PAGE). Posteriormente foram estocadas em pequenas alíquotas a –12°C
sendo utilizadas para caracterização físico-química.
Tabela 8: Purificação da β-glucosidase micelial de Scytalidium thermophilum.
Passos de
Purificação
Proteínas
Totais (mg)
Unidades
Totais (U)
Atividade
Específica
(U/mg prot.)
Purificação
(vezes)
Rendimento
(%)
Bruta 398,4 156500 392,8 1,0 100,0
Choque Térmico
(20’ a 50°C)
271,6 145700 536,5 1,4 93,0
(NH
4
)
2
SO
4
75% 72,6 50600 697 1,8 32,3
Sepahdex G-100 10,6 51500 4858 12,4 33,0
DEAE-celulose 4,4 39600 9000 23,1 25,3
Condições: O fungo foi crescido em Meio M
8
com 1% de Avicel por um período de 48
horas a 40°C sob agitação constante para obtenção da massa micelial.
0 20406080100120
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
N° Tubos
A
280nm
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
Glucosidase (A
410nm
)
Figura 13: Perfil cromatográfico da atividade β-glucosidásica micelial precipitada com
NH
2
(SO
4
)
2
e aplicada em coluna de filtração Sephadex G-100. A coluna (
87 X 2cm ) foi equilibrada com tampão fosfato monobásico de sódio
100mM pH 6.0 com 100mM de NaCl, com fluxo de 20mL/hora. Frações de
1.5 mL foram coletadas por tubo. A
280nm
( ο ) A
410nm
( ). As setas indicam
as frações reunidas.
0 20406080100
0,00
0,05
0,10
0,15
N° Tubos
A
280nm
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
II
I
0-0,5M NaCl
Glucosidase (A
410nm
)
Figura 14: Perfil cromatográfico da atividade β-glucosidásica micelial em coluna de
troca iônica DEAE-celulose. A coluna ( 13 x 2 cm ) foi equilibrada com
tampão fosfato de sódio pH 6.8 100mM e eluída com o mesmo tampão e
gradiente de NaCl. Frações de 5 mL foram coletados por tubo. A
280nm
( ο )
A
410nm
( ). As setas indicam as frações reunidas.
4.3.2.1. Análise eletroforética da
β
-Glucosidase Micelial purificada
O primeiro critério de pureza empregado foi a análise eletroforética da β-
glucosidase em gel de poliacrilamida em condições não-desnaturantes (PAGE 8.9).
Conforme observado na Figura 15A, a enzima purificada apresenta uma única banda
protéica após o gel ter sido corado para proteínas utilizando-se o corante Comassie
Blue R-250. A atividade enzimática no gel foi evidenciada após o gel ter sido picotado
em fatias de 25mm, incubado com o substrato PNP-glu por 1 noite a 50°C e,
posteriormente a reação bloqueada com tetraborato de sódio saturado, e a leitura feita
em A
410nm
. A banda protéica obtida coincide com a banda de atividade (resultados não
mostrados).
A análise de pureza também foi evidenciada em condições desnaturantes (SDS-
PAGE) em gel de poliacrilamida (Figura 15B). A enzima exibiu uma única banda em
SDS-PAGE quando corada por Comassie Blue R-250 e apresentou um peso molecular
estimado de 39kDa. Os dados obtidos em eletroforeses desnaturantes e não-
desnaturantes indicam a homogeneidade da enzima, que a partir daí pode ser
caracterizada nas suas propriedades físico-química.
4.3.2.2. Estimativa da Massa Molecular
Para estimativa da massa molecular da β-glucosidase foi empregado uma coluna
de filtração Sephadex G-100 e análise em gel de poliacrilamida SDS-PAGE (como já
demonstrado no item anterior). Através da Figura 16 e 15B estimou-se a massa
molecular nativa da enzima em 33,8 kDa em coluna de filtração e 39 kDa em SDS-
PAGE, respectivamente.
66kDa
45kDa
29kDa
A B
Figura 15: Perfil eletroforética em gel de poliacrilamida da β-glucosidase micelial
produzida por Scytalidium thermophilum. (A) PAGE 8.9 8%- 13μg;; (B)
SDS-PAGE 15%: Raia 1: Padrão de Peso Molecular; Raia 2: 8 μg β-
glucosidase micelial.
1,2 1,4 1,6 1,8 2,0 2,2
4,0
4,2
4,4
4,6
4,8
5,0
5,2
5,4
Glucosidase Intracelular (33,8 kDa)
Citocromo C (12,5kDa)
Anidrase Carbônica (29kda)
BSA (66kDa)
Álcool Desidrogenase (150kda)
Log da Massa Molecular
Ve/Vo
Figura 16: Determinação da massa molecular da β-glucosidase micelial por
cromatografia de filtração Sephadex G-100. A coluna ( 87 x 2 cm ) foi
eluída com tampão fosfato de sódio monobásico 100mM pH 6.0 com NaCl
100mM com um fluxo de 20mL/h coletando-se 1,5 mL por tubo.
4.4. CARACTERIZAÇÃO DAS β-GLUCOSIDASES PURIFICADAS
4.4.1. Influência da temperatura e pH na atividade das
β
-glucosidases
purificadas de Scytalidium thermophilum
Temperatura
Para a determinação da temperatura ótima, as β-glucosidases foram incubadas
com o substrato PNP-glu em diferentes temperaturas, variando-se de 35 a 80°C
(extracelular) e 40 a 70°C (micelial). Como demonstrado na Figura 17, foi obtido uma
temperatura de 70 e 60°C para as enzimas extra I e micelial, respectivamente, para
hidrólise do PNP-glu. Em temperaturas abaixo da ótima aparente (60°C e 50°C)
observa-se que as enzimas apresentam cerca de 75-80% das suas atividades
enzimáticas. Em temperaturas superiores a temperaturas ótimas das enzimas,
observamos um rápido decréscimo das atividades β-glucosidásicas.
pH
Como descrito em material e métodos a atividade das β-glucosidases purificadas
foi medida utilizando-se tampão McIlvaine pH 3.0 a 8.0. A atividade ótima da β-
glucosidase extracelular I foi obtida em pH 5.5 embora a enzima tenha se mostrado
relativamente estável entre os pHs 5.5-6.5 (Figura 18A) com aproximadamente 90%
da atividade enzimática. Já a atividade micelial mostrou maior eficiência na faixa de pH
de 6.0-6.5, como demonstrado na Figura 18B.
4.4.2. Estabilidade térmica das
β
-glucosidases purificadas
Enzimas que toleram altas temperaturas são de grande interesse, já que
possuem vantagens em processos industriais, evitando possíveis contaminações
bacterianas, além de serem facilmente armazenadas e manuseadas.
Para se determinar a estabilidade térmica das enzimas purificadas frente a
diferentes temperaturas, as amostras foram incubadas em água destilada por até 1
hora a diferentes temperaturas na ausência dos substratos. Em intervalos pré-
determinados alíquotas foram retiradas e ensaiadas em condições ótimas de
temperatura e pH.
Pode-se notar na β-glucosidase extracelular I (Figura 19A) que após 15 minutos
a 70°C, a enzima perdeu cerca de 32% da atividade e após 60 minutos apenas 6% da
atividade enzimática estava presente.
Como demonstrado na Figura 19B, observa-se a 50°C que nos 10 primeiros
minutos a β-glucosidase micelial perde cerca de 28-30% da atividade enzimática e
depois, sua atividade é mantida até 60 minutos, pelo menos. Contudo, a enzima
quando incubada na presença de tampão aumenta a sua estabilidade em
aproximadamente 40%.
30 40 50 60 70 80
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
A
Abs 410nm
Temperatura (°C)
40 45 50 55 60 65 70
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
B
Abs410nm
Temperatura (°C)
Figura 17: Efeito da temperatura nas atividades das β-glucosidase purificadas de
Scytalidium thermophilum. (A) β-glucosidase extracelular I (B) β-
glucosidase micelial. As enzimas foram convenientemente diluídas e
incubadas em diferentes temperaturas (35 a 80°C para A e 35 a 70°C para
B). As atividades foram determinadas em ensaios com até 10 minutos de
incubação.
345678
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
A
Abs 410nm
pH
345678
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
B
Abs 410nm
pH
Figura 18: Efeito do pH nas atividades das β-glucosidase purificadas de Scytalidium
thermophilum. (A) β-glucosidase extracelular I (B) β-glucosidase micelial.
As enzimas foram convenientemente diluídas em tampão McIlvaine (1921)
em pH de 3.0 a 8.0 a 50°C, e as atividades determinadas em ensaios com
10 minutos de incubação.
0 102030405060
1
10
100
A
40°C
50°C
55°C
60°C
65°C
70°C
Log Atividade Residual (%)
Tempo (min)
0 102030405060
1
10
100
B
40°C
45°C
50°C
55°C
55°C + Tampão
Log Atividade Residual (%)
Tempo (min)
Figura 19: Estabilidade térmica das β-glucosidases purificadas de Scytalidium
thermophilum. (A) β-glucosidase extracelular I (B) β-glucosidase micelial.
As enzimas foram dissolvidas em água em diferentes temperaturas por até
60 minutos, retirando-se alíquotas a cada 15 minutos. Após esse período a
atividade enzimática foi dosada nas condições ótimas de temperatura e pH.
4.4.3. Efeito de íons e EDTA sobre a atividade das
β
-glucosidases
purificadas
O efeito de diversos íons metálicos foram testados, determinando-se a atividade
β-glucosidásica numa concentração final de 1 e 5mM em associação com o substrato
PNP-glu, em condições ótimas de pH e temperatura. A Tabela 9 demonstra as
atividades relativas observadas. Dos íons testados a 1mM, a maioria não teve efeito
significativo sobre as atividades enzimáticas. No entanto, ambas enzimas (β-
glucosidases extra I e micelial) foram sensíveis aos íons AgNO
3
e HgCl
2
onde pode-se
observar uma drástica inibição das atividades enzimáticas, fato observado em muitas
enzimas estudadas (Peralta et al, 1997), que são inibidas pela presença de metais
pesados, quando adicionados ao meio de reação. Íons como CuSO
4,
AlCl
3,
CuCl
2,
FeSO
4,
CoCl
2
também reduziram a atividade enzimática micelial em 68, 48, 58, 76 e 60%
respectivamente, quando utilizados a 5mM.
Uma pequena ativação (aproximadamente 16%) foi observada para β-
glucosidase extracelular para os íons BaCl
2
, KCl, MnCl
2
e EDTA. Os valores obtidos de
íons quando utilizados a 5mM mostram que a ativação ou inibição das enzimas
purificadas apresentam propriedades distintas.
4.4.4. Especificidade ao substrato das
β
-glucosidases purificadas
O estudo da especificidade das β-glucosidases purificadas foi realizado testando-
se vários substratos, dentre esses substratos naturais como avicel e xilana e sintéticos
como PNP-glu (Tabela 10). Dentre os substratos testados, as enzimas foram capazes de
hidrolisar uma quantidade razoável de substratos, contudo vale ressaltar que a maioria
dos substratos testados hidrolisados pelas enzimas apresentam ligações glicosídicas do
tipo β-1,4. A β-glucosidase extracelular I foi capaz de hidrolisar substratos como PNP-
glu, PNP-xil, celobiose, xilana e CMC.
A enzima micelial hidrolisou eficientemente substratos sintéticos como PNP-glu e
PNP-fuc, e a celobiose como substrato natural. Contudo, ainda pode-se observar uma
atividade menor em relação aos substratos PNP-xil, PNP-gal, PNP-ara, ONPG, e lactose.
Tabela 9: Efeito de íons metais nas β-glucosidases purificadas de Scytalidium
thermophilum.
β-Glucosidase
extracelular I (%)
β-Glucosidase
micelial (%)
Íons 1mM 5mM 1mM 5mM
Controle 100 100 100 100
AgNO
3
2 0 0 0
AlCl
3
103 91 109 52
BaCl
2
101 116 118 69
CaCl
2
109 109 117 83
CoCl
2
107 93 113 40
CuCl
2
109 113 81 42
EDTA 113 118 103 90
FeSO
4
101 119 122 24
HgCl
2
3 0 0 0
KCl 108 111 105 85
MgCl
2
106 100 121 97
MnCl
2
95 117 119 45
NH
4
Cl 115 116 113 71
ZnCl
2
110 104 131 53
CuSO
4
105 88 91 52
Condições: Os íons foram adicionados ao meio de reação na concentração final de 1 e
5mM. Os resultados são expressos em relação ao controle.
Os valores representam a média de 4 experimentos.
Tabela 10: Especificidade ao substrato das β-glucosidases purificadas de Scytalidium
thermophilum.
Substrato ( concentração) β-Glucosidase
extracelular I
(U/mg prot.)
β-Glucosidase
micelial
(U/mg prot.)
PNP-β-glucopiranosideo (2mg/ml) 862 890
PNP-β-xilopiranosideo (2mg/ml) 112 140
PNP-β-manopiranosideo (2mg/ml) ND ND
PNP-β-fucopiranosideo (2mg/ml) ND 700
PNP-α-glucosideo (2mg/ml) ND ND
ONPG (2mg/ml) ND 200
PNP-α-arabinofuranosideo (2mg/ml) ND 700
Xilana (10mg/ml) 17 ND
CMC (10mg/ml) 5 ND
Avicel (10mg/ml) ND ND
Lactose (10mg/ml) ND 900
Celobiose (10mg/ml) 412 380
Sacarose ND ND
Trealose (10mg/ml) ND ND
Maltose (10mg/ml) ND ND
Sacarose (10mg/ml) ND ND
Xilobiose (10mg/ml) ND ND
Condições: As β-glucosidases purificadas foram incubada por até 2 horas minutos nas
condições ótimas de pH e temperatura, com os diferentes substratos.
ND: não detectável pelo método utilizado.
Os valores representam a média de 4 experimentos.
4.4.5. Efeito de álcoois na atividade das
β
-glucosidases purificadas
A Tabela 11 demonstra os resultados de experimento no qual diferentes álcoois
foram adicionados ao meio de reação para a determinação da atividade β-glucosidásica.
Observa-se que as enzimas apresentaram a maior ativação na presença de glicerol
como aceptor (203% e 180%) para as atividades β-glucosidásicas extra I e micelial,
respectivamente.
A enzima extracelular apresentou ativação pela maioria dos álcoois testados,
com exceção do álcool isopropílico e manitol. Já para atividade micelial, a presença de
manitol ativa a enzima em 33%, enquanto metanol inibe a atividade enzimática.
4.4.6. Efeito de açúcares na atividade das
β
-glucosidases purificadas
A Tabela 12 mostra os resultados obtidos quando diferentes açúcares a 50mM
foram adicionados ao meio de reação contendo PNP-glu como substrato. A atividade da
β-glucosidase extracelular I foi ativada significantemente por xilose, frutose e lactose,
sendo que xilose e lactose ativaram a enzima em 40 e 80%, respectivamente. Uma
pequena ativação também foi observada na presença de celobiose. A enzima mostrou-
se resistente à glicose 50mm. Maltose e sorbose inibiram ligeiramente a atividade da β-
glucosidase extracelular I.
Para a β-glucosidase micelial, glicose e xilose foram aqueles que causaram maior
ativação enzimática, aumentando cerca de 2.0 e 1.9 vezes a atividade. Celobiose inibiu
a atividade enzimática em aproximadamente 80%. Os demais açúcares, não afetaram
significantemente a atividade enzimática sobre o PNP-glu.
Tabela 11 : Efeito “in vitro” de álcoois nas atividades das β-glucosidases purificadas de
Scytalidium thermophilum.
Adição (1M) β-Glucosidase
extracelular I (%)
β-Glucosidase
micelial (%)
Controle 100 100
Metanol 131 81
Etanol 123 105
Glicerol 203 180
n-Butanol 129 100
Iso-propílico 100 105
Manitol 100 133
Condições: Os álcoois foram adicionados ao meio de reação na concentração final de
1M. Os resultados são expressos em relação ao controle.
Tabela 12: Efeito “in vitro” de açúcares nas atividades das β-glucosidases purificadas
de Scytalidium thermophilum.
Adição (50mM) β-Glucosidase
extracelular I (%)
β-Glucosidase
micelial (%)
Controle 100 100
Glicose 81 204
Xilose 140 191
Manose 115 100
Frutose 133 111
Ribose 107 100
Galactose 115 123
Sorbose 84 95
Arabinose 118 97
Lactose 181 92
Celobiose 120 24
Maltose 70 113
Sacarose 125 105
Condições: Os açúcares foram adicionados ao meio de reação na concentração final de
50mM. Os resultados são expressos em relação ao controle.
4.4.7. Efeito da glicose, xilose e celobiose na atividade das
β
-glucosidases
purificadas
A Figura 20 demonstra os efeito do aumento da concentração de glicose e xilose
e mistura equimolar na atividade das β-glucosidases extracelular I e micelial.
A atividade da β-glucosidase extracelular I sobre o PNP-glu (Figura 20A) foi
inibida drasticamente pela presença de glicose 150mM. Em contrapartida, a reação foi
ativada em 2.0 e 1.6 vezes na presença de xilose e celobiose a 50 e 150mM,
respectivamente (Figura 20A e Figura 21A). O efeito da xilose na atividade celobiásica,
foi analisado utilizando o método da glicose oxidase, pela quantificação da glicose
liberada (GOD). Na Figura 22A, observa-se um aumento de 1.4 vezes para uma
concentração de 100-200mM de xilose.
Na Figura 20B, observa-se que glicose e xilose exibem efeito máximo na
atividade enzimática da β-glucosidase micelial em uma concentração de 150mM,
aumentando a razão de hidrólise do PNP-glu de 2.6 a 2.4 vezes, respectivamente para
xilose e glicose. Na presença de 500 e 700mM, respectivamente para xilose e glicose, a
atividade da β-glucosidase micelial contra o PNP-glu foi idêntica a reação enzimática na
ausência dos ativadores (dados não mostrados). A mistura equimolar de glicose e
xilose não exibiu efeito aditivo.
Com base nos resultados obtidos, pode-se calcular os valores de constante de
afinidade aparente K
0,5
para glicose e xilose. Foram encontrados valores de 36,69 e
43,24 mM para glicose e xilose, respectivamente.
O efeito da xilose na atividade celobiásica está demonstrada na Figura 22B.
Observa-se um aumento de 2.1 vezes para uma concentração de 100-200mM de xilose
e a atividade não foi inibida até uma concentração de 500mM (dados não mostrados).
O efeito positivo da glicose na atividade celobiásica (2.3 vezes) também foi analisado
em HPLC (dados não mostrados). A hidrólise do PNP-glu pela β-glucosidase micelial foi
inibida drasticamente por celobiose (Figura 21B), sugerindo competição entre os
substratos sintéticos e natural.
0 50 100 150 200
100
150
200
250
B
Atividade Relativa (%)
(mM)
25 50 75 100 125 150
50
100
150
200
A
Atividade Relativa (%)
(mM)
Figura 20: Efeito da glicose e xilose nas atividades das β-glucosidases purificadas de
Scytalidium thermophilum. (A) β-glucosidase extracelular (B) β-glucosidase
micelial. Símbolos: () glicose; ({) xilose; () mistura equimolar
0 30 60 90 120 150
0
25
50
75
100
B
Atividade Relativa (%)
[celobiose mM]
0 30 60 90 120 150
100
120
140
160
A
Atividade Relativa (%)
[ celobiose mM ]
igura 21: Efeito da celobiose nas atividades das β-glucosidases purificadas de
F
Scytalidium thermophilum. (A) β-glucosidase extracelular (B) β-glucosidase
micelial. A atividade enzimática foi dosada em Tampão McIlvaine com PNP-
glu (2mg/mL) adicionando-se diferentes concentrações de celobiose.
0 50 100 150 200
100
120
140
160
180
200
220
B
Atividade Relativa (%)
Xilose (mM)
0 50 100 150 200
100
120
140
160
180
200
A
Atividade Relativa (%)
Xilose (mM)
igura 22: Efeito da xilose na atividade celobiásica das β-glucosidases purificadas de
F
Scytalidium thermophilum. A atividade enzimática foi dosada em Tampão
McIlvaine (1921) e celobiose (10mg/mL), com diferentes concentrações de
xilose, utilizando-se o método da glicose oxidase. (A) β-glucosidase
extracelular (B) β-glucosidase micelial.
4.4.8. Determinação do teor de açúcar das
β
-glucosidases purificadas
O experimento foi realizado segundo a metodologia descrita por Dubbois et al
(1956), utilizando-se glicose como padrão.
Foi encontrado um valor estimado em 65% e 15% de açúcar presente nas β-
glucosidases extra e micelial purificadas, respectivamente.
Para confirmação dos dados de presença de açúcar nas proteínas, um
experimento em gel de poliacrilamida (PAGE) foi realizado utilizando-se tratamento com
isopropanol e coloração com bromotimol, como descritos em material e Método. Tais
resultados (dados não mostrados) evidenciaram que ambas enzimas (β-glucosidases
extra I e micelial) são glicoproteínas, e que a coloração da banda no gel é proporcional
a quantidade de açúcar presente na amostra.
4.4.9. Focalização Isoelétrica das
β
-glucosidases purificadas
O ponto isoelétrico das β-glucosidases foi determinado por focalização isoelétrica
em gel de poliacrilamida 6%, utilizando-se Pharmalyte de 3.0-10.0, seguindo-se a
metodologia de O’Farrel (1983). Os resultados obtidos revelaram um PI de 4.0 e 6.5,
para as β-glucosidases extra I e micelial, respectivamente (Figura 23A
e 23B).
PI=4.0
PI=6.5
A B
Figura 23: Focalização Isoelétrica das β-glucosidases purificadas de Scytalidium
thermophilum. (A) β-glucosidase extracelular I; (B) β-glucosidase micelial
4.4.9. Parâmetros Cinéticos
Após a purificação das β-glucosidases produzidas pelo Scytalidium thermophilum,
determinação de temperatura e pH ótimos, passamos a trabalhar com as constantes
cinéticas K
m
e V
máx
, para um maior esclarecimento das propriedades intrínsicas destas
proteínas. Os substratos utilizados foram aqueles em que as enzimas apresentaram
maior atividade (Tabela 10), PNP-glu, PNP-fuc e celobiose.
Nas Figuras 24A e 24B estão ilustradas as representações de Lineweaver Burk e
Hanes para a β-glucosidase extracelular I. A enzima apresentou valores de K
m
e V
máx
de 4,33 mM e 5,37 μmoles.min/mg prot e 0,342mM e 2,0 μmoles.min/mg prot
respectivamente, para celobiose e PNP-glu. A eficiência catalítica (V
máx
/K
m
) da enzima
foi de 5,84 e 1,24 para PNP-glu e celobiose, respectivamente (Tabela 13).
Os valores de K
m
e V
máx
da β-glucosidase micelial para os substratos celobiose,
PNP-glu e PNP-fuc foram de 1,61 e 4,12 μmoles.min/mg prot., 0,29 e 13,27
μmoles.min/mgprot. e 0,5 e 7,25 μmoles.min/mg prot., respectivamente, utilizando-se
do Programa Computacional Sigraf (Leone et al, 1992) (Tabela 14). A presença de
xilose e glicose no meio de reação contendo PNP-glu como substrato, aumentou ambos
valores de K
m
e V
máx
(Tabela 14), encontrando-se valores de K
m
de 1,26 e 1,33mM e
V
máx
de 40,04 e 30,49 μmoles.min/mg prot. para hidrólise do PNP-glu na presença de
glicose e xilose, respectivamente. A eficiência catalítica (V
máx
/K
m
) da enzima foi de
45,76, 14,5 e 2,56 e 1,24 para PNP-glu, PNP-fuc e celobiose, respectivamente. O
sumário dos valores de K
m
e V
máx
podem ser observados na Tabela 14.
4.4.10. Constantes de Inibição das Enzimas (Plot de Dixon)
As Tabelas 13 e 14 mostram as constantes de inibição-Plot de Dixon quando as
enzimas purificadas foram testadas com PNP-glu e glicose ou celobiose,
respectivamente.
Foram encontrados valores de K
i
71mM e 1.32mM, para glicose (β-glucosidase
extracelular I) e celobiose (β-glucosidase micelial), respectivamente.
4.4.11. estudo da
β
-glucosidase micelial purificada frente aos substratos
PNP-glu e PNP-fuc
O estudo da β-glucosidase micelial foi examinada pelo método cinético de
mistura de substratos (Thorn, 1949), usando os substratos PNP-glu e PNP-fuc nas
concentrações de 2mg/ml e uma mistura dos dois substratos. O resultado obtido na
Figura 25 mostra que a velocidade de hidrólise da mistura não foi aditiva, quando
comparada com as velocidades das reações determinadas usando um único substrato.
-4 0 4 8 12 16
0
20
40
60
80
100
B
S (mM)
S/V
-2 0 2 4 6
10
20
30
40
A
1/V
1/s (mM)
Figura 24: Determinação dos parâmetros cinéticos (Km) da β-glucosidase extracelular
I purificada. Os ensaios foram realizados com os diferentes substratos (A:
celobiose e B: PNP-glu) em tampão M. Ilvaine pH 5.5 a 70°C.
Tabela 13: Determinação dos parâmetros cinéticos (K
m
e V
máx
) da β-glucosidase
extracelular I purificada.
Substrato Parâmetros Cinéticos
Adição K
m
(mM) V
máx
Vmáx/Km
Ki (mM)
Celobiose - 4,33 5,37 1,24
PNP-glu - 0,342 2,0 5,84
PNP-glu Glicose 71
Condições: Os ensaios foram realizados com os diferentes substratos (celobiose; PNP-
glu) em Tampão McIlvaine (1921) pH 5.5 a 70°C.
V
máx
está expresso em μmoles de produto (p-nitrofenol ou glucose) por min/mg
proteína.
Tabela 14: Parâmetros cinéticos da β-glucosidase micelial purificada de Scytalidium
thermophilum
Substrato Adição K
m
(mM) V
máx
(U mg
prot
–1
)
V
máx
/ K
m
K
i
(mM)
PNP-glu (0.15-
10mM)
- 0.29 13.27 45.76
PNP-fuc (0,15-
10mM)
0,5 7,25 14,5
Celobiose (0.5-
10mM)
- 1.61 4.12 2.56
PNP-glu (0.15-
10mM)
Glicose (80mM) 1.26 40.04 31.78
PNP-glu (0.15-
10mM)
Xilose (100mM) 1.33 30.49 22.92
PNP-glu (0.15-
10mM)
Celobiose (0.5-
15mM)
- - - 1.32
Condições: Os ensaios foram realizados com os diferentes substratos (celobiose; PNP-
glu) em Tampão McIlvaine (1921) pH 5.5 a 60°C.
V
máx
está expresso em μmoles de produto (p-nitrofenol ou glucose) por min/mg
proteína.
igura 25: Cinética da atividade β-glucosidásica micelial para os substratos PNP-glu
0246810
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
Esperado
PNP-glu
Mistura
PNP-fuc
A
410nm
Tempo (min)
F
() e PNP-fuc (Ο) e mistura dos substratos ( ). O símbolo (+) representa
a soma dos valores de hidrólise do PNP-glu e PNP-fuc.
4.5. Estudo das
β
-glucosidases como transglucosidases
.5.1. Análise dos Produtos de hidrólise das
β
-glucosidases purificadas
As
β-glucosidases são conhecidas por catalisar além de reações de hidrólise,
badas por diferentes tempos e com
do substrato em altas concentrações (celobiose 250mM), as
4
reações de transferência, onde o resíduo de açúcar da molécula do substrato pode ser
transferido para outro aceptor hidroxílico, açúcar ou álcool. A análise dos produtos de
hidrólise das β-glucosidases purificadas de Scytalidium foram analisados em
cromatografia de camada delgada de sílica (TLC) .
Amostras das enzimas purificadas foram incu
diferentes concentrações de celobiose, na presença e ausência de glicose. As Figuras 26
e 27 demonstram os resultados obtidos. Observa-se que ambas enzimas β-glucosidases
extracelular I e micelial realizam hidrólise do substrato em concentração de 10mM,
liberando glicose como produto da reação. Contudo, β-glucosidase micelial na presença
de glicose adicionado ao meio de reação aparecem vestígios de outros produtos,
possivelmente celotriose e celotetraose, ou seja é confirmada a hipótese de que a
enzima na presença de um açúcar como aceptor realize reações de transglicosilação,
gerando outros glicosídeos. Como demonstrado na Tabela 12 a β-glucosidase
extracelular foi ativada por xilose utilizando como substrato PNP-glu. A reação quando
analisada em TLC (Figura 28) observa-se a presença de produtos gerados por reação
de transglicosilação.
Na presença
enzimas β-glucosidases extracelular I e micelial realizam facilmente reações de
transglicosilação, como pode ser observado nas Figuras 26B e 27C. Observa-se nestas
Figuras a presença de celotriose e celotetraose, como produto das reações.
Figura 26: Análise dos produtos de hidrólise e transglicosilação da β-glucosidase
ima incubada com 10mM de celobiose
extracelular purificada em TLC. O solvente utilizado foi n-butanol:piridina
água (6:4:3), e a revelação com metanol e ácido sulfúrico (9:1) e orcinol
0,2%
A- enz
B- enzima incubada com 250mM de celobiose
Figura 27: Análise dos produtos de hidrólise e transglicosilação da β-glucosidase
100mM de glicose
micelial purificada em TLC. O solvente utilizado foi n-butanol:piridina água
(6:4:3), e a revelação com metanol e ácido sulfúrico (9:1) e orcinol 0,2%
A- enzima incubada com 10mM de celobiose
B- enzima incubada com 10mM de celobiose +
C- enzima incubada com 250mM de celobiose
igura 28: Análise dos produtos de hidrólise e transglicosilação da β-glucosidase
g/mL + xilose
F
micelial purificada em TLC na presença de PNP-glu e xilose. O solvente
utilizado foi n-butanol:piridina água (6:4:3), e a revelação com metanol e
ácido sulfúrico (9:1) e orcinol 0,2%
A- enzima incubada com PNP-glu 2m
4.6. P DUÇÃO DE ANTICORPOS ANTI-β-GLUCOSIDASE EXTRACELULAR
produção de anticorpos anti-β-glucosidase foi realizada utilizando-se coelhos
New Z
.7. L
OCALIZAÇÃO IN SITUDA ATIVIDADE β-GLUCOSIDÁSICA
oi possível observar a imunolocalização da β-glucosidase no micélio de
Scytal
a imunolocalização da β-glucosidase no micélio de
Scytal
RO
A
ealand devidamente imunizados como descrito em material e métodos, sendo a
quantificação dos anticorpos produzidos realizada por teste de ELISA em um espectro
com filtro 490nm. A titulação obtida foi igual a 1:1000.
4
F
idium thermophilum. O fungo foi crescido em meio M
8
suplementado com glicose
e avicel como fonte de carbono.
A figura 29, representa
idium thermophilum. O fungo quando crescido em meio suplementado com avicel
(C) foi possível observar verificar a imunomarcação da β-glucosidase somente nos
septos ao passo que em meio suplementado com glicose (B) a imunomarcação da
enzima ocorre em toda extensão da hifa e está associada a membrana celular e/ou
parede celular.
A
B
C
C
A
Localização subcelular por imunofluorescência da β-glucosidase do fungo
Figura 29:
Scytalidium thermophilum cultivado em meio M
8
por 72 horas
suplementado com glicose (B) e avicel (C). (A) controle sem marcação
com anticorpo primário anti-β-glucosidase (B) marcação por toda
extensão da hifa (C) marcação apenas nos septos.
5. DISCUSSÃO
e um modo geral os fungos tem se mostrado como uma importante fonte para
obtenç
olases são um grupo de enzimas que catalisam a clivagem das ligações
covale
lentes fontes de enzimas degradadoras
de ce
fílico Scytalidium thermophilum
gentilm
D
ão de enzimas, proteínas, polímeros e outros compostos de interesse
biotecnológico, que podem ser obtidos a um baixo custo. Assim, estudos que levem a
um aumento da produção desse compostos têm sido frequentemente realizados com
base na padronização de parâmetros como: tempo de cultivo, composição do meio,
fonte de carbono, temperatura e pH, já que existe uma certa escassez desse tipo de
informação.
As hidr
ntes em moléculas pela reação com a água. Entre as hidrolases estão as
proteases que degradam polipeptídeos e as celulases e amilases que degradam
polímeros de celulose e amido, respectivamente. A modificação destes polímeros
naturais são necessários às indústrias, por exemplo na produção de etanol pela
fermentação. As celulases juntamente com as β-glucosidases são utilizadas para
hidrolisar celulose até glicose, e participam eficientemente na conversão natural de
resíduos celulósicos ( Béguin & Aubert, 1994).
Os microrganismos termofílicos são exce
lulose, visto que geralmente são encontradas na decomposição biológica e
combustão espontânea de resíduos celulolíticos da natureza. Além disso, possuem
complexos enzimáticos estáveis a altas temperaturas, e pouco se tem a respeito da
fisiologia e regulação metabólica destes organismos.
Neste trabalho foi utilizado o fungo termo
ente cedido pelo Dr. Straastma (Holanda) e isolado a partir de material em
decomposição. Procuramos caracterizar fisiológica e bioquimicamente o sistema β-
glicosidásico deste fungo.
Inicialmente, foi realizado um estudo para determinação das condições de
cultivo a fim de se otimizar a produção das enzimas do complexo β-glucosidásico
produzido pelo fungo. Os maiores níveis enzimáticos foram obtidos quando o fungo foi
crescido em meio M
8
a 40°C sob agitação orbital de 100 rpm. Posteriormente,
parâmetros como tempo de cultivo (Figura 3) e fonte de carbono (Tabela 1) foram
analisados, já que se sabe que a produção e a excreção das β-glucosidases é
dependente da fonte de carbono empregada, bem como do pH e temperatura.
Assim sendo, os maiores níveis de atividade β-glucosidásica foram obtidos em
culturas em que o meio de cultura foi suplementado com avicel (celulose
microscristalina) e celobiose quando o fungo foi crescido em um único estágio (Tabela
1), ou inicialmente com glicose e reincubação nas diferentes fontes de carbono quando
o fungo foi crescido em dois estágios (repressão-indução-Tabela 3). Assim como muitas
β-glucosidases de diferentes microrganismos ( Peralta et al, 1990; Peralta et al, 1997;
Venturi, 2002), as β-glucosidases do Scytalidum parecem seguir o padrão de
repressão-indução para o controle da síntese das enzimas, já que avicel e celobiose
foram bons indutores das enzimas e suas sínteses foram reprimidas por glicose
(Tabelas 1, 2 e 3).
Nos experimentos em que foi utilizado ciclo-heximida, os dados sugerem que as
enzimas sejam resultantes da síntese “de novo” das proteínas, assim como observado
para Humicola grisea var thermoidea (Peralta et al, 1990). O processo de secreção das
enzimas na presença de avicel e celobiose e como ocorre a sinalização celular, ainda
permanece desconhecido. Bhatia et al (2002) propõe que a indução por celulose pode
não ser efetuada diretamente pela celobiose, mas por produtos formados após uma
reação de transglicosilação, catalisada pela própria β-glucosidase existentes em
quantidades mínimas.
A diferença das fontes de carbono sobre a produção da β-glucosidase
extracelular pode ser observada na localização enzimática subcelular (Tabelas 5 e 6) e
por imunofluorescência (Figura 31). Na presença de avicel, a enzima permanece
associada aos septos, diferentemente de quando empregada glicose, em que a enzima
fica restrita a periferia celular. Os resultados obtidos sugerem fortemente que a
distribuição enzimática é dependente da fonte de carbono empregada no meio de
cultura, e confirmam os resultados obtidos da Tabela 1.
A otimização das condições de cultivo do fungo estudado considerando a
produção das β-glucosidases, bem como a determinação fonte de carbono e tempo de
crescimento da atividade enzimática desse fungo, constituíram conhecimentos prévios
fundamentais às etapas subsequentes de desenvolvimento deste trabalho.
Para que as indústrias possam utilizar as enzimas isoladas de microrganismos
em alguns casos, elas devem antes passar por um processo de purificação. A
purificação das β-glucosidases é um pré-requisito necessário para um completo
entendimento de sua natureza e mecanismo de ação. Os métodos usados para a
purificação são espécie-específicos, assim uma metodologia usado para purificar uma
enzima de um microrganismo não é necessariamente o mais indicado para a β-
glucosidase de um outro organismo.
Inicialmente foi feito uma análise das β-glucosidases do Scytalidium em coluna
de troca iônica DEAE-celulose (Figura 5), quando o meio foi suplementado com avicel
como fonte de carbono. Em ambas culturas extracelular e micelial foram detectadas
duas atividades enzimáticas. Relatos de inúmeras formas de β-glucosidases tem sido
observado em diferentes microrganismos (Bhatia et al, 2002). Contudo, o significado
desta heterogeneidade é difícil de ser esclarecida, podendo ser resultado de
modificação do mRNA, limite de proteólise, ou variação no conteúdo de carboidrato, nos
genes estruturais e na composição do meio de cultivo (Pandey et al, 2000 Bhatia et al,
2002).
Após a análise das atividades em DEAE-celulose (Figura 5), padronizamos uma
metodologia de purificação das β-glucosidases visando caracterizá-las em termos físico-
químicos e cinético.
As frações mais abundantes nos extratos celulares e filtrados de culturas foram
purificados até sua total homogeneidade eletroforética (Tabelas 7 e 8). É importante
ressaltar que as atividades específicas finais das enzimas purificadas, são superiores
quando comparadas com as atividades específicas da maioria de outros microrganismos
descritos na literatura (Mamma et al, 2004), e marcadamente crescentes à partir do
extrato bruto.
Os resultados demonstram que ambas enzimas são glicoproteínas, com 65% e
15% para as glucosidases extra I e micelial, respectivamente. A glicosilação em
enzimas de fungos termofílicos é muito comum e têm sido relatada em diferentes
organismos. Em Chaetomium thermphilum var coprophilum (Venturi, et al 2002) foi
encontrado um valor de 73% de carboidrato para uma β-glucosidase extracelular,
enquanto que em H. grisea var thermoidea (Peralta et al, 1997) esse valor foi de 35%.
Normalmente, os carboidratos estão na forma de glicose, glucosamina, manose e
galactose (James & Lee, 1997). Estas enzimas são ricas em resíduos de serina e
treonina já que são pontos ideais de glicosilação onde os carboidratos são ligados por
ligações O-glicosídicas. A presença de açúcar na molécula confere às enzimas certa
estabilidade a desnaturação pelo calor e resistência a proteólise, além de serem
importantes na manutenção da estrutura tridimensional de várias proteínas (Eichler,
2001). Geralmente, a remoção destes carboidratos reduz a estabilidade e a atividade
da enzima. A glicosilação é uma alteração pós-traducional de grande importância que
ocorre no Complexo de Golgi, estando intimamente ligada a secreção via vesículas
secretoras. A proteína ao chegar no Complexo de Golgi pode ter três destinos:
membrana celular, lisossomos ou meio extracelular. O que determina qual o destino
para cada proteína é a marcação presente na mesma. Usualmente, as enzimas
extracelulares são sempre mais glicosiladas do que as enzimas relacionadas ao micélio
ou intracelulares.
Como pode-se observar nas Figuras (11 e 15B) as β-glucosidases extracelular (I)
e micelial purificadas de Scytalidium thermophilum migraram com apenas uma banda
protéica em gel de poliacrilamida (SDS-PAGE), e embora apresentem massas
moleculares tão próximas (40.7 kda e 39 kDa), com uma ordem de apenas 1.7 kda,
algumas características obtidas nos levam a acreditar de que tratam-se de proteínas
distintas. Essas enzimas são muito abundantes em fungos celulolíticos, visto que
participam da degradação natural da celulose, e já foram bem caracterizadas e
estudadas, mostrando que suas massas moleculares variam de 12 a 350 kDa (Bathia et
al, 2002).
Tal como ocorre para maioria das reações químicas, a velocidade das reações
catalisadas por enzimas aumenta proporcionalmente com a temperatura, dentro de
uma faixa na qual a enzima é estável e mantém sua atividade integral. Ainda que as
reações catalisadas por enzimas pareçam muitas vezes apresentar um ótimo de
temperatura, o pico desse gráfico de atividade contra temperatura surge porque as
enzimas sendo proteínas são desnaturadas pelo calor e se tornam inativas à medida
que a temperatura é elevada além de um certo ponto. O ótimo aparente de
temperatura é assim, resultante de dois processos: o aumento usual na velocidade de
reação com a temperatura e o valor crescente de desnaturação térmica da enzima
acima de uma temperatura crítica (Lenninger, 1993). As enzimas estudadas
(glucosidase extra e micelial) apresentaram uma temperatura ótima de 70°C e 60°C,
respectivamente para hidrólise do PNP-glu (Figura 17). Acima destas temperaturas
observou-se uma rápido declínio das atividades enzimáticas. Os valores de temperatura
ótimas (70 e 60°C) são superiores aquelas obtidas para Aspergillus niger (Dan et al,
2000) e Humicola grisea var thermoidea bgl1 (Takashima et al, 1999) que
apresentaram temperatura ótima de 30 e 55°C, respectivamente. Contudo, são
inferiores do que aqueles obtidos para organismos hipertermófilos, como por exemplo
Thermatoga maritima (Gabelsberger et al,1993) e Thermatoga neapolitana (Zwerlaw et
al, 1997), com temperaturas de 90 e 95°C, respectivamente.
Um outro parâmetro analisado para classificação enzimática é seu pH ótimo, na
qual apresentam atividade ótima aparente. Sabe-se que pequenas variações no pH
podem conferir comportamentos diferentes entre proteínas de uma mesma classe. Os
valores encontrados de pH ótimos para β-glucosidase extra e micelial foram 6.0 e 5.5,
respectivamente (Figura 18). O pH ótimo aparente na região ácida, parece ser uma
característica geral das glucosidases fúngicas, como pode ser observado em Fusarium
oxysporum (Christakopoulos et al, 1994) e C. thermophilum var coprophilum (Venturi
et al, 2002).
Uma característica de grande interesse biotecnológico é a termoestabilidade,
visto que o uso de enzimas em altas temperaturas diminui uma possível contaminação
microbiana e um aumento da capacidade hidrolítica. Sendo estáveis, as enzimas são
facilmente armazenadas, manuseadas e transportadas a temperatura ambiente. A
estabilidade das enzimas foi testada frente ao substrato PNP-glu e as enzimas
extracelular e micelial apresentaram tolerâncias distintas as temperaturas testadas
(Figura 19). A uma temperatura de 65°C a β-glucosidase extracelular I é praticamente
3 vezes mais resistente em relação a β-glucosidase micelial, quando incubada num
período máximo de 60 minutos. Observa-se que o perfil da β-glucosidase micelial a
uma incubação de 55°C foi monofásico, e confirma a ausência de outras isoenzimas. As
enzimas quando incubadas na presença de tampão observa-se o aumento da
estabilidade, isso de ocorrer possivelmente devido a proteção dos sítios ativos das
enzimas pelo tampão. A β-glucosidase micelial do H. grisea var. thermoidea (Peralta et
al, 1990) apresenta uma meia vida de aproximadamente 15min a 55°C, e é inferior a
observada para a β-glucosidase micelial do Scytalidium que apresentou uma meia vida
de 22min na mesma temperatura. Este é mais um importante dado que vem para
consolidar a nossa hipótese de que o H. grisea var. thermoidea e o Scytalidium, embora
apresentem algumas características morfológicas e fisiológicas parecidas são gêneros e
espécies diferentes. E as análises bioquímicas vem para confirmar a nossa hipótese.
Várias teorias têm sido postuladas para explicar as propriedades termoestáveis
das enzimas isoladas de fungos termófilos, quando comparadas às enzimas
correspondentes de fungos mesófilos. Estas incluem fatores protecionais no interior da
célular, alto grau de hidrofobicidade e glicosilação (Koffer, 1957; Prasad & Maheswari,
1978). Dentre esses fatores o mais aceito por pesquisadores é a presença de
carboidratos na estrutura protéica (glicosilação).
Já é sabido que alguns íons como por exemplo cálcio, magnésio e manganês,
entre outros são capazes de aumentar a atividade de algumas enzimas ou são
essenciais para o funcionamento destas atuando como cofatores. No entanto, as β-
glucosidases parecem ser uma exceção, pois não necessitam obrigatoriamente de íons
metálicos para elevar sua atividade. As β-glucosidases de S. thermophilum foram
inibidas drasticamente por Ag
+2
e Hg
+2
, observando-se apenas vestígios de atividade
extracelular quando os íons foram utilizados a 1mM (Tabela 9). A β-glucosidase
extracelular não sofreu efeito da maioria dos íons testados. Em contrapartida a β-
glucosidase micelial é sensível a praticamente a todos os íons quando utilizados a 5mM,
destacando-se o Fe
+2
que reduz a atividade micelial em aproximadamente 75%, e ativa
a β-glucosidase extracelular em 20%.O EDTA, agente quelante, também não mostrou
ter efeito sobre as enzimas.
A inativação enzimática pela adição de metais é bem conhecida e já foi relatada
em β-glucosidases de fungos termofílicos como H. grisea e C.thermophilum (Peralta et
al, 1990; Peralta et al, 1997; Venturi et al, 2002). A inibição é ocasionada pela
formação de complexos e/ou oxidação de resíduos específicos, e inibem de forma
irreversível a atividade enzimática. O efeito diferenciado dos íons nas atividades
enzimáticas do Scytalidium é mais um dado importante na nossa hipótese de que se
tratam de proteínas distintas.
A β-glucosidase extracelular de Scytalidium mostrou-se altamente específica
para a configuração β-anomérica das ligações glicosídicas, uma vez que os substratos
com configuração α-anomérico não foram hidrolisados (Tabela 10) e foi capaz de
hidrolisar xilana e celobiose como substrato natural. A β-glucosidase micelial, a
exemplo de outras β-glucosidases descritas na literatura, mostrou uma ampla
especificidade com respeito a β-glicosídeos (β-galactosídeo, β-glucosídeo, β-fucosídeo,
β-xilosídeo), indicando uma perda da especificidade em relação a C4 e C6 dos
substratos, e ainda hidrolisou o substrato PNP-α-arabinofuranosídeo. Além disso, foi
capaz de hidrolisar eficientemente lactose e celobiose como substratos naturais.
A relação V
máx
/K
m
, o parâmetro mais eficiente com respeito a eficiência catalítica,
revelaram uma alta especificidade das enzimas extracelular e micelial por β-glucosídeo,
e devido sua ampla especificidade em relação ao substrato hidrolisado, podemos
classificá-las como β-glicosidases.
Como observado na Tabela 11, observa-se que ambas enzimas são ativadas
significantemente na presença de álcool. Essa ativação ocorre através da transferência
de resíduos glicosil para grupos hidroxil de álcoois e fenóis. Neste caso, os álcoois e
fenóis atuariam como moléculas aceptoras da metade β-glicosil formada durante a
catálise da β-glucosidase (Wallenfels & Malhotra, 1961). Caso a quebra do complexo
seja velocidade limitante, um aumento da velocidade da reação pode ser esperado se
um aceptor superior à água for adicionado ao sistema. Em muitas β-glucosidases
quando o álcool é adicionado ao sistema, reações de transglicosilção são geradas,
resultando a síntese de novos oligossacarídeos. Observou-se que ambas enzimas
tiveram suas atividades aumentadas na presença de glicerol com aumento de 2 e 1.8
vezes, para as β-glucosidases extra I e micelial, respectivamente. Em contrapartida a
atividade micelial foi reduzida em 20%na presença de metanol, enquanto que a
extracelular foi ativada em 30%. Manitol ativa a β-glucosidase micelial em 30% e não
tem efeito significativo para extracelular. Inversamente do que ocorre com metanol, o
etanol e o n-butanol ativam a β-glucosidase extracelular e não tem efeito na atividade
micelial. Em Fusarium oxysporum (Christakopoulos et al, 1994) também foi possível
observar o aumento das atividades enzimáticas quando diferentes álcoois foram
adicionados ao sistema.
As enzimas foram ativadas por alguns açúcares (Tabela 12), num fenômeno
semelhante aos obtidos na presença de álcoois. A β-glucosidase extracelular foi inibida
na presença de glicose, e ativada por celobiose, quando PNP-glu era usado como
substrato. A representação de Dixon obtida para a β-glucosidase extracelular I, sugere
que a glicose seja um inibidor competitivo, com um Ki de 71mM (Tabela 13). A β-
glucosidase extracelular foi ativada por baixas concentrações de celobiose, sugerindo a
existência de mais de um sítio catalítico. Em contrapartida, a β-glucosidase micelial
foiativada na presença de glicose e xilose, e drasticamente inibida por celobiose, com
um Ki de 1.32mM (Tabela 14). A inibição por celobiose, neste caso, pode indicar
competição entre o substrato sintético e o natural por um único sítio catalítico.
Com base nos valores de Constante de Inibição (Ki) obtidos para ambas
enzimas, observa-se que a celobiose é um inibidor muito mais potente (Ki= 1.32mM -β-
glucosidase micelial) do que a glicose (Ki = 71mM- β-glucosidase extracelular I). Dos
trabalhos publicados, poucas são as β-glucosidases produzidas por fungos filamentosos,
tolerantes a glicose, só tendo isso descrito em bactérias (Perez-Pons et al, 1995;
Zanoelo et al, 2004). Este é então, o primeiro trabalho, que descreve uma β-
glucosidase micelial de fungo termofilico ativada simultaneamente por xilose e glicose.
Os valores de focalização isoelétrica para as β-glucosidases extra I e micelial são
respectivamente 4.0 e 6.5 (Figura 23) e são compatíveis com a maioria de β-
glucosidases descritas na literatura (Bhatia et al, 2002). Esse é mais um dado
importante que vem para reforçar a nossa hipótese de que o nosso trabalho envolve β-
glucosidases distintas produzidas por um mesmo organismo, e com propriedades
diferentes das β-glucosidases do Humicola grisea var. thermoidea, que anteriormente
acreditava-se ser o Scytalidium thermophilum ( Straastma & Samson, 1993).
No que se refere a determinação dos parâmetros cinéticos, observou-se que
ambas enzimas possuem maior afinidade para o substrato sintético PNP-glu com K
m
e
V
máx
de 0,345mM e 2,0 μmoles/mg prot
-1
e 0,29mM e 5,37 μmoles/mg prot
-1
para as
atividades β-glucosidase extra e micelial, respectivamente. Observa-se também que a
β-glucosidase micelial hidrolisou eficientemente os substrato sintético PNP-fuc com K
m
e
V
máx
de 0,5mM e 7,25 μmoles/mg prot
-1
. Quando a β-glucosidase micelial foi ensaiada
com PNP-glu na presença de glicose ou xilose, observou-se um K
m
e V
máx
de 1,26mM e
40,04 μmoles/mg prot
-1
e 1,33mM e 30,49 μmoles/mg prot
-1
. Com base nesses
resultados, conclui-se que a enzima perde certa especificidade pelo substrato PNP-glu
embora tenha um aumento na sua velocidade de hidrólise. Esses resultados são dados
com base na eficiência catalítica (V
máx
/K
m
) (Tabela 14). O valor de K
0,5
obtido para a β-
glucosidase micelial foi de 36,69 e 43,29mM, para glicose e xilose, respectivamente.
Dentre as glucosidases estudadas observa-se uma maior preferência por substratos
sintéticos com K
ms
variando de 0,05 a 2mM (Bathia, 2002). As β-glucosidases de H.
grisea e C. thermophilum, parentes próximos do Scytalidium apresentaram K
m
e V
max
de 0,12 e 3,24mM, 0,76 e 3,13mM e para os substratos PNP-glu e celobiose,
respectivamente (Peralta et al, 1997; Venturi et al, 2002).
Em estudos realizados utilizando-se misturas dos substratos PNP-Glu e PNP-fuc
(Figura 25) para β-D-glucosidase micelial observou-se que os valores não foram
interacionais. Esse é um dado importante para confirmar a eficiência no processo de
purificação e a total ausência de contaminantes na amostra.
No estudo das enzimas como transglucosidases, observou-se (Figuras 26, 27 e
28) que as enzimas são capazes de sintetizar novos glicosídeos em altas concentrações
de celobiose, e hidrolise em baixas concentrações . Contudo, na presença de xilose ou
glicose (β-glucosidase micelial) a síntese desses glicosídeos é acelerada, mesmo em
baixas concentrações de celobiose. Como demonstrado por Wallenfels & Malhotra,
(1961) a síntese desses glicosídeos é resultante de reações de transglicosilações na
presença de açúcar ou álcool como aceptor. As mesmas reações foram analisadas em
HPLC e detectou-se novos glicosídeos sintetizados (dados não mostrados), contudo não
se conseguiu quantificar os produtos das reações de transglicosilação.
Com base do exposto até aqui, foi possível observar diferenças significativas
entre as β-glucosidases estudadas que vieram confirmar a nossa hipótese de que as β-
glucosidases produzidas pelo Scytalidium são proteínas distintas, e com propriedades
diferentes das produzidas pelo Humicola grisea var thermoidea (Peralta et al, 1990;
Peralta et al, 1997).
Os resultados também demonstram o importante papel do Scytalidium como
produtor efetivo de β-glucosidases com potencial na sacarificação enzimática da
celulose. A inibição das β-glucosidases por glicose é uma questão levantada por muitos
pesquisadores, uma vez que compromete a sacarificação enzimática da celulose pelo
acúmulo de celobiose. Em β-glucosidases de diversas fontes, a glicose atua como um
inibidor competitivo da enzima e poucos são os trabalhos que evidenciam um aumento
significante da atividade β-glucosidásica na presença de glicose ou xilose (Riou et al,
1998). Contudo, observou-se que a β-glucosidase micelial do Scytalidium teve um
aumento pronunciado da sua atividade na presença glicose ou xilose. Esse efeito até o
presente momento não é totalmente compreendido, mas vale ressaltar que a enzima
produzida Scytalidium possui grande interesse biotecnológico, principalmente
relacionado a conversão natural da celulose em monômeros de glicose, e produção de
combustível (etanol) por fermentação.
Além do efeito positivo da glicose na β-glucosidase micelial de Scytalidium, a
ampla especificidade e a complexidade cinética da enzima, tornam-se interessantes
estudos que direcionem para elucidação dos seus mecanismos de ação. É importante
ressaltar também a capacidade de síntese de novos glicosídeos através de reações de
transglicosilação, além da tolerância a altas temperaturas possivelmente relacionada a
presença de carboidratos na molécula.
6- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANDRADE, C.M.M.C.; PEREIRA JR., N.; ANTRANIKIAN G. (1999). Extremely
thermophilic microorganisms and their polymer-hidrolytic enzymes. Rev. Microbiol.
30(4): 1-18.
AQUINO, A. C. M.M.; JORGE, J. A.; TERENZI, H, F.; POLIZELI, M. L. T. M. (2001).
Thermostable glucose-tolerant glucoamylase produced by the thermophilic fungus
Scytalidium thermophilum. Folia Microbiol. 45(6): 11-16.
AQUINO, A. C. M.M.; JORGE, J. A.; TERENZI, H, F.; POLIZELI, M. L. T. M. (2003).
Studies on a thermostable α-amylase from the thermophilic fungus Scytalidium
thermophilum. AppL. Microbiol Biotechnol. 61(4):323-328.
BÉGUIN, P. & AUBERT, J. P. (1994). The biological degradation of cellulose. FEMS
Microbiol. Rev. 13: 25-58.
BERGEM, L. E. R.& PETTERSON, G. (1975). Location and formation of cellulases in
Trichoderma viride. J. Appl. Bact. 42: 65-75.
BERGMEYER, H. U. & BERNT, E. (1974). In Methodos of Enzymatic Analysis. Edited by
HU Bergemeyer. New Bermeyer. New York: Verlag-chimie/ Academic Press. 3: 1205-
1215.
BHATIA, Y; MISHRA, S; BISARIA, V. S. (2002). Microbial β-Glucosidases: Cloning,
Properties and Applications. Crit. Rev. in Biotechnol. 22(4): 375-407.
BISSET, F. & STENBERG, D. (1988). Immobilization of Aspergillus β-glucosidase on
chitosan. Appl. and Env. Microbiol. 35 (4): 750-755.
BROCK, T. D. (1978). Thermophilic microorganism and life at high temperatures.
Springer-verlag, NY.
BUSTO. M. D. & PEREZ-MATEOS. (2000). Characterization of a β-glucosidase extracted
soil fractions. Eur. J. Soil. Sci. 51: 193-200.
CHIRICO, W. J. & BROWN JR., R. D. (1987). Purification and characterization of a β-
glucosidase from Trichoderma reesei. Eur. J. Biochem. 165: 333-341.
CHRISTAKAPOULOS, P.; GOODDENOUGH, P. W.; KEKOS, D., MACRIS, B. J.;
CLAEYSSENS, M.; BHAT, M. K. (1994). Purification and characterization of an
extracellular β-glucosidase with transglicosylation and exo-glucosidase activities from
Fusarium oxysporum. Eur. J. Biochem. 224: 379-385.
COONEY, D. G & EMERSON, R. (1964). Thermophilc fungi: an account of their biology,
activities and classification. San Francisco- W.H.Freman, 1964.
D
AN, S.; MARTON, T.; BRAVDO, B. A.HE. S.; WITHERS, S. G.; SHOSEROV, O. (2000).
Cloning, expresion, characterization and nucleophile identification of family 3
Aspergillus niger β-glucosidase. J. Biol. Chem. 275: 4973-4980.
DAVIS, B.J. (1964). Disc Electrophoresis-II- Methods and application to human serum
proteins. Ann. N. Y. Acad. Sci. 121: 404-427.
DE BRUYNE, C. K.; AERTS, G. M,; GUSSEM, R. L. (1979). Hydrolisis of aryl-β-D-
glucopyranosides and β-D-xylopiranosides by an induced β-D-glucosidase from
Stachybotrys atra. Eur. J. Biochem. 102: 257-267.
DEMIRJIAN, D. C.; MÓRIS-VARAS, F.; CASSIDY, C. S. (2001). Enzymes from
extremophiles. Curr. Opinion Chem. Biology. 5: 144-151.
DESPHANDE, V.; ERIKSSON, K.E. AND PETTERSON, B. (1988). Production, purification
and partial characterization of 1,4-β-glucosidase enzyme from Sporotrichum
pulverulentum. Eur. J. Biochem. 90: 191-198.
DIXON, M. & WEBB, E. C. (1964).Enzymes. 75-80 and 315-330. 2
a
Ed. Academic Pres.
Inc., Publishers, New York.
DUBBOIS, M.; GILLES, K. A.; HAMILTON, J. K.; REBERS, P. A.; SMITH, F.
(1956).Colometric method for determination of sugars and related subst. Anal.
Chem. 28: 350-356.
EICHLER, J. ( 2001). Biotechnological uses of archael extremoenzymes. Biotecnol. Adv.
19: 261-278.
ERIKSSON, K. E. (1981). Cellulases of fungi.In: Trends in the Biology of fermentations
for fuels and chemicals. Basic Life Sciences. 18: 19-31.
FERREIRA, H.; MARANA, S. R.; TERRA, W. R.; FERREIRA, C. (2001). Purification,
molecular cloning, and prperties of a β-glycosidase isolated from midgut lumen of
Tenebrio molitor (Coleoptera) larvae. Ins. Biochem. Mol. Biol. 31: 1065-1076.
GABELSBERG, J.; LIEBL, W.; SCHLEIFER, K. H. (1993). Purification and properties of a
recombinant β-glucosidase of the hyperthermophilic bacterium Thermatoga
maritima. Appl. Microbiol. Biotechnol. 40: 44-52.
GUIMARÃES, L.H.; TERENZI, H.F.; POLIZELI, M.L.T.M. (2001) Thermostable conidial
and mycelial alkaline phosphatases from the thermophilic fungus Scytalidium
thermophilum. J. Ind. Microbiol. Biotechnol. 27: 265-270.
GOPALAN, V.; DANIELS, L. B.; GLEW, R. H.; CLAEYSSENSI, M. (1989). Kinetic analysis
of the interaction of alkylglycosides with two human β-glicosidases. Biochem. J.
262: 541-548.
GROVER, A. K & CUSHLEY, R. J. (1977). Studies on almond emulsin β-D-glucosidase-II-
kinetic evidence for independent glucosidase and galactosidase sites. Biochim.
Biophys. Acta. 482: 109-124.
HAMES, B. D. & RICKWOOD, D. (1985). Gel electrophoresis of proteins. 5. Ed.
Washington: IRL Press. cap. 1, p.1-86.
HARRIS, S. D.; MORREL, J. L.; HAMER, L. E. (1994). Identification and characterization
of Aspergillus nidulans mutants defective in cytokinesis. Genet. 136: 517-532.
HEYWORTH, R.& WALKER, P. G. (1961). Identity of a β-glucosidase and β-galactosidase
in sweet-almond emulsin. Biochem. J. 80: 44p.
HEYWORTH, R.& WALKER, P. G. (1962). Almond-emulsin β-D-glucosidase and β-D-
galactosidase. Biochem. J. 83: 331-335.
IGARASHI, K.; TANI, T.; KAWAL, R.; SAMEJIMA, M. (2003). Family 3 β-glucosidase
from cellulose-degrading culture of the white-rot fungus Phanerochaete
chrysosporium is a glucan 1,3-β-glucosidase. J. Biosc. Bioeng. 95 (6): 572-576.
IWASHITA, K.; TODOROKI, K.; KIMURA, H.; S, H.; ITO, K. (1998). Purification and
characterization of extracellular and cell wall bound β-glucosidases from
Aspergillus kawachii. Biosci. Biotechnol. Biochem. 62(10): 1938-1946.
IWASHITA, K. (2002). Recent Studies of protein secretion by filamentous fungi. J.
Biosc. Bioeng. 94 (6): 530-535.
JAMES J.A. & LEE, B.H. (1997). Glucoamylases: microbial sources, industrial
applications and molecular biology – a review. J. Biochem. 21: 1–52.
JORGENSEN, H.; MORKEBERG, A.; KROGH, K. B. R.; OLSSON, L. (2004).. Grown and
enzyme production by three Penicillium species on monosaccharides. J.
Biotecnol. 109: 295-299.
KADOWAKI, M. K.; POLIZELI, M. L. T. M.; TERENZI, H. F. ; JORGE, J. A. (1996).
Characterization of trehalase activities from the thermophilic fungus Scytalidium
thermophilum. Biochim. Biophys. Acta. 1291: 199-205.
KIMURA, I.; YOSHIOKA, N.; TAJIMA, S. (1999). Purification and characterization of a β-
glucosidase with β-xylosidase activity from Aspergillus sojae. J. Bioscience Bioeng.
Vol. 4: (4): 538-541.
KOFFER, H. (1957). Protoplasmatic differences between mesophilic and thermophilles.
Bacteriol. Rev. 21: 227:240.
KUBICEK, C. P. (1983). β-glucosidase excretion in Trichoderma strains with different
cell wall bound β-1,3-glucanase activities. Can. J. Microbiol. 29: 163-169.
LA MARCO, K. L. & GLEW, R. H.(1986). Hydrolysis of a naturally occurring β-glucoside
by a broad-specificity β-glucosydase from liver. Biochem. J. 237: 469-476.
LAEMMLI, U. K. (1970). Cleavage of structural proteins during the assembly of the head
of bacteriophage T7. Nature. 222: 680-685.
LASA, I. & BERENGUER, J. (1993). Thermophilic enzymes and their biotechnological
potential. Microbiol. 9: 77-89.
LEONE, F. A.; DEGREVE, L. ; BARANAUSKAS, J. A. (1992). Sigraf- A Versatile computer
program for fitting enzyme kinectic data. Biochem. educ. 20: 94-96.
LEPAROUX, S., PADRINES, M., PLACIER, G., COLAS, B. (1997). Characterization of a
strictly specific acid β-galactosidase from Achatina achatina. Biochim. Biophys.
Acta. 1336: 522-532.
LENNINGER, A. C.; NILSON, D. L.; COX, M. M. (1993). Principle of Biochemistry. 2
a
Edição. Worth Publishers. New York. N. Y.
LLANILLO, M.; PEREZ, N.; CABEZAS, J. A. (1987). β-galactosidase and β-glucosidase
activities of the same enzyme from rabbit liver. Int. J. Biochem. 8: 557-564.
LINEWEAVER, H. & BURK, D. (1934). The determination of the enzyme dissociation. J.
Am. Chem. Soc. 56: 658-666.
LOEWENBERG, J. R. (1984). Sophorose induction of na intracellular β-glucosidase in
Trichoderma. Arch. Microbiol. 137: 53-57.
LOWRY, O. H.; ROSEBROUGH, N. J.; FARR, A. L.; RANDALL, R. J. (1951). Protein
measurement with folin phenol reagent. J. Biol. Chem. 193: 265-275.
LUSIS, A. J. & BEKER, R.R. (1973). The β-glucosidase system of the thermophilic
fungus Chaetomium thermophile var. coprophile. Biochim. Biophys. Acta. 329: 5-16.
MAMMA, D.; HATZINIKOLAOU, D. G.; CHRISTAKOPOULOS, P. (2004). Biochemical and
catalytic properties of two intracellular β-glucosidases from the fungus Penicillium
decumbens active on flavonoid glucosides. J. Mol. Cat. B: Enzy. 27: 1836-190.
MADIGAN, M.T.& MARRS, B.L. (1997). Extremophiles. Sci. Am. 66-71.
MAHESHWARI, R.; BHARADWAJ, G.; BHAT, M. K. (2000). Thermophilic Fungi: Their
physiology and Enzymes. Microbiol. and Mol. Bio. Rev. 461-488.
MAWADZA. C.; HATTI-KAUL, R.; ZVAUYA, R.; MATTIASSON. (2000). Purification and
characterization of cellulases produced by two Bacillus strains. J. Biotech. 83: 177-
187.
McILvaine, T. C. (1921). A buffer solution for colorimetric comparison. J. Biol. Chem.
49: 183-183.
MEYER, H. P. & CANEVASCINI, G. (1981). Separation and some properties of two
intracellular β-glucosidase of Sporotrichum (Chrysosporium) thermophile. Appl.and
Environ. Microb. 41 (4): 924-931.
MILLER, G. H. (1959). Use of Dinitrosalicylic acid reagent for determination of reducing
sugar. Anal. Chem. 31: 426-429.
MORGAN, M. R. J. (1975). Characterization of the lactase of the african migratory
locust, Locusta migratoria migratorioides. Ins. Biochem. 5: 479-487.
O’ DONELL, K. & PETERSON, S. W. (1992). Isolation, preservation and taxonomy. In:
Finkeelstein, D. B.; Ball, C. (Eds). Biotechnology of filamentous fungi: technology
and products. Stoneham-Heinemann, 1992. Cap. 2, p.7-40.
O’ FARREL, P. Z.; GOODMAN, H. M.; O’ FARREL. (1977). High resolution two-
dimensional electrophoresis of basic as well as acidic proteins. Cell. 12: 1133-1142.
PANDEY, A.; SOCCOL, C. R.; NIGAM. P.; SOCOOL, V. T. (2000). Biotechnological
potential of agro-industrial residues: I sugarcane bagasse. Bio. Technol. 74: 69-80.
PAEZ DE LA CADENA, M.; RODRIGUEZ-BERROCAL, J,; CABEZAS, J. A.; PEREZ-
GONZALES, M. N. (1987). Heterogeneity of acid β-galactosidase from rabbit kidney.
Int. J. Biochem. 19(8): 685-691.
PERALTA, R. M.; TERENZI, H. F.; JORGE, J. A. (1990). β-D-Glycosidase activities of
Humicola grisea: biochemical and kinetic characterization of a multifunctional
enzyme. Biochem. Biophys. Acta. 1033: 243-249.
PERALTA, R. M.; KADOWAKI, M. K.; TERENZI, H. F.; JORGE, J. A. (1997). A highly
thermostable β-glucosidase activity from the thermophilic fungus Humicola grisea
var. thermoidea: purification and biochemical characterization. FEMS Microbiol.
Lett. 146: 291-295.
PEREZ-PONS, J. A.; REBORDOSA, X.; QUEROL, E. (1995). Properties of a novel
glucose-enhanced β-glucosidase purified from Streptomyces sp (ATCC 11238).
Biochim. Biophys. Acta 1251: 145-153.
PRASAD, A. R. S. & MAHESWARI, R. (1978). Purification and properties of a trhalase
from the thermophilic fungus Humicola lanuginosa. Biochem. Biophys. Acta. 525:
162-170.
POCSI, I. & KISS, L. (1988). Kinetic studies on the broad-specificty β-D-galactosidase
from pig kidney. Biochem. J. 256: 139-146.
REESE, E. T.; SIV, R. G. H.; LEVINSON, H. S. (1950). The biological degradation of
soluble cellulase derivates ship to the mechanism of cellulase hydrolysis. J. Bacteriol.
59: 485-497.
REISFELD, R. A.; LEWIS, U. J.; WILLIANS, D. E. (1962). Disk electroforesis of basic
proteins and peptides on polyacrylamide gels. Nature (Londom). 195: 281-283.
RIOU, C.; SALMOM, J. M.; VALLIER, M. J.; GUANATA, Z.; BARRE, P. (1998).
Purification, characterization, and substrate specificity of a novel highly glucose-
tolerant β-glucosidase from Aspergillus orzae. Appl. Microbiol. Environ. 64: 3607-
3614.
RODINOVA, N.A.; RUMYANTSEVA, N. G.; TINNOVA, N. A.; MARTINOWICK, L. T. AND
BAKTHADZE, L. N. (1997). β-glucosidase from the fungus Geotrichum candidum.
Biokhimiya. 42: 43-50.
RUSSEL, P. J. & PERRY, C. B. (1980). Cellobiose induced β-galactosidase and β-
glucosidase activities of Neurospora crassa. Neurospora Newlsletter. 27: 22-23.
SAHA, B. C. & BOTHAST, R. J. (1996).Production, purification and characterization of a
highly glucose-tolerant novel β-glucosidase from Candida peltata. Appl. Environ.
Microb. 62: 3165-3170.
SAHA, B. (2003). Production, purification and properties of endoglucanase from a
newly isolated strain of Mucor circinelloides. Process. Bioch. Xxx:xxx-xxx.
SAID, S.& PIETRO, R. (2002). Enzimas de interesse industrial e biotecnológico. Primeira
edição. Editora Eventos.
SALOHEIMO, M.; KUJA-PANULA, J.; YLOSMAKI, E.; WARD, M.; PENTTILA, M. (2002).
Enzymatic Properties and intracellular localization of the novel Trichoderma reesei β-
glucosidase BGLII (Cel 1A). App. And Env. Microbiol. 4546-4553.
SHEWALE, J. G. & SADANA, J. (1981). Cellulase and β-glucosidase production by a
basidiomycete species. Can. J. Microbiol. 24: 1204-1216.
STERNBERG, D.; VIJAYAKUMAR, P.; REESE, E. T. (1977). β-glucosidase: Microbiol
Production and effect on enzymatic hydrolysis of cellulose. Can. J. Microbiol. 23:
139-147.
STERNBERG, D. & MANDELS (1982). β-glucosidase induction and repression in the
cellulolytic fungus, Trichoderma reesei. Exper. Mycol. 6: 115-124.
STRAASTMA, G. & SAMSOM, R. (1993). Taxonomy of Scytalidium thermophilum, an
important thermophilic fungus in mushroom compost. Mycol. Res. 97(3): 321-328.
SUE, M.; ISHIHARA, A. & IWAMURA, H. (2000). Purification and characterization of a β-
glucosidase from rye ( Secale secale) seedlings. Plant Sc. 155: 67-74.
TAKASHIMA ET AL, 1999
THORN,
TSIKLINSKAYA, P. (1899). Sur les mucédinées thermophiles. Ann. Inst. Pasteur. 13:
500–515.
UZILE, M.; MATSUO, M.; YASUI, T. (1985). Possible identity of β-xylosidase and β-
glucosidase of Chaetomium trilaterale. Agric. Biol. Chem. 49(4): 1167-1173.
VENTURI, L. L.; POLIZELI, M.L.; TERENZI, H.F.; FURRIEL, R.P.M.; JORGE, J.A. (2002).
Extracellular β-glucosidase from Chaetomium thermophilum var. coprophilum.:
production, purification and some biochemical. J. Basic Microbiol. 42(1): 55-66.
WALLENFELS, K. & MALHOTRA, O. P. (1961). Galactosidases. Adv. Carbohydrate Chem.
16: 239-298.
WALLENFELS, K. AND WEIL, R. (1972). β-galactosidases. In: The Enzymes. Boyer, P. D.
Ed. 3
rd
edn., vol. 7., p.617-663, Academic Press, New York.
WOODWARD, J. & WISEMAN, A. (1982). Fungal and other β-glucosidases: their
properties and applications.Enzyme.Microbiol. Technol. 4: 73-79.
YAMADA, M.; IKEDA, K.; EGAMI, F. (1973). Further studies on glycosidases from the
liver of Turbo cornutus with special reference to β-galactosidase , α-L-arabinosidase
and β-D-fucosidase activities. J. Biochem. 175: 627-632.
ZANOELO, F. F. (2001). Caracterização bioquímica das enzimas do complexo xilanolítico
de Scytalidium thermophilum. Dissertação de Mestrado apresentado Faculdade de
Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.
ZANOELO, F. F.; POLIZELI, M. L. T. M.; TERENZI, H. F.; JORGE, J. A. (2004).
Purification and biochemical properties of a thermostable xylose-tolerant β-D-
xylosidase Scytalidium thermophilum. J. ind. Microbiol. Biotechnol. 31: 170-176.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo